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SEMINÁRIO DE TEXTOS : TÓPICO 21. REPRESSÃO, RESISTÊNCIA POLÍTICA E PRODUÇÃO CULTURAL NO BRASIL AS BASES LEGAIS DOS GOVERNOS MILITARES Texto 1 - Informativo sobre o conteúdo da Constituição de 1967. CONSTITUIÇÃO DE 1967 – Promulgada pelo Congresso Nacional no governo Castello Branco. Institucionaliza a ditadura Militar de 1964. Principais medidas–Mantém o bipartidarismo criado pelo Ato Adicional nº 2, e estabelece eleições indiretas para presidente da República, com mandato de quatro anos. Os prefeitos das capitais continuavam sendo nomeados pelos Governadores dos Estados que, por sua vez, eram eleitos por voto indireto. Essa situação foi criada em 1966 com a o Ato Institucional nº 3. Texto 2 - Ato Adicional número 5 (AI-5), pelo então presidente Costa e Silva[1]. O AI-5 trazia, dentre outros, os seguintes dizeres: Art. 2º - O presidente da República poderá decretar o recesso do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, por Ato Complementar, em estado de sítio ou fora dele, só voltando a funcionar quando convocados pelo presidente. § 1º - Decretado o recesso parlamentar, o Poder Executivo correspondente fica autorizado a legislar em todas as matérias e exercer as atribuições previstas nas Constituições ou na Lei Orgânica dos Municípios. Art. 3º - O presidente da República, no interesse nacional, poderá decretar a intervenção nos estados e municípios, sem as limitações previstas na Constituição. Art. 4º - No interesse de preservar a Revolução, o presidente da República, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, e sem as limitações previstas na Constituição, poderá suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais. Art. 5º - A suspensão dos direitos políticos, com base neste ato, importa simultaneamente, em: II. Suspensão do direito de votar e de ser votado nas eleições sindicais; III. Proibição de atividades assunto de segurança: a) liberdade vigiada; b) proibição de freqüentar determinados lugares;c) domicílio determinado. Art. 10 - Fica suspensa a garantia de habeas corpus , nos casos de crimes políticos, contra a segurança nacional, a ordem econômica e social e a economia popular. Movimentos de resistência de esquerda, censura e repressão. Texto 3 Terroristas raptam Elbrick. “O embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, foi raptado às 13 e 40 de ontem por terroristas, numa via pública do Rio de Janeiro, em Humaitá. Dois dos terroristas entraram no carro do embaixador, obrigando seu motorista a seguir por diversas ruas, e por fim retiraram o diplomata, obrigando-o a entrar em outro veículo. No carro do embaixador os terroristas deixaram um documento assinado pela Ação Libertadora Nacional e pelo Movimento Revolucionário 8 de outubro – MR-8. Os terroristas dizem no manifesto que só libertarão o embaixador se, dentro de 48 horas, o governo divulgar por todos os jornais e emissoras de rádio e televisão do País o texto do documento; e se, dentro do mesmo prazo, o governo libertar, e entregar a guarda dos governos do Chile do México ou da Argélia quinze terroristas que estão presos.” Estado de São Paulo, 05 de setembro de 1969. Texto 4 Manifesto da ALN e do MR-8 Grupos revolucionários detiveram hoje o Sr. Charles Burke Elbrick, embaixador dos Estados Unidos, levando-o para algum lugar do país, onde o mantém preso. Este ato não é um episódio isolado. Ele se soma aos inúmeros atos revolucionários já levados a cabo: assaltos a bancos, nos quais se arrecadam fundos para a revolução, tomando de volta o que os banqueiros tomam do povo e de seus empregados; ocupação de quartéis e delegacias, onde se conseguem armas e munições para a luta pela derrubada da ditadura; invasões de presídios, quando se libertam revolucionários, para devolvê-los à luta do povo; explosões de prédios que simbolizam a opressão; e o justiçamento de carrascos e torturadores. Na verdade, o rapto do embaixador é apenas mais um ato da guerra revolucionária, que avança a cada dia e que ainda este ano iniciará sua etapa de guerrilha rural. Com o rapto do embaixador, queremos mostrar que é possível vencer a ditadura e a exploração, se nos armarmos e nos organizarmos.(...) A vida e a morte do sr. Embaixador estão nas mãos da ditadura. (...) Finalmente, queremos advertir aqueles que torturam, espancam e matam nossos companheiros: não

Tópico 21

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  1. 1. SEMINRIO DE TEXTOS: TPICO 21. REPRESSO, RESISTNCIA POLTICA E PRODUO CULTURAL NO BRASIL AS BASES LEGAIS DOS GOVERNOS MILITARESTexto 1 - Informativo sobre o contedo da Constituio de 1967.CONSTITUIO DE 1967 Promulgada pelo Congresso Nacional no governo Castello Branco. Institucionaliza a ditadura Militar de1964.Principais medidasMantm o bipartidarismo criado pelo Ato Adicional n 2, e estabelece eleies indiretas para presidente daRepblica, com mandato de quatro anos. Os prefeitos das capitais continuavam sendo nomeados pelos Governadores dos Estadosque, por sua vez, eram eleitos por voto indireto. Essa situao foi criada em 1966 com a o Ato Institucional n 3.Texto 2 - Ato Adicional nmero 5 (AI-5), pelo ento presidente Costa e Silva[1]. O AI-5 trazia, dentre outros, os seguintesdizeres:Art. 2 - O presidente da Repblica poder decretar o recesso do Congresso Nacional, das Assemblias Legislativas e das Cmarasde Vereadores, por Ato Complementar, em estado de stio ou fora dele, s voltando a funcionar quando convocados pelo presidente. 1 - Decretado o recesso parlamentar, o Poder Executivo correspondente fica autorizado a legislar em todas as matrias e exerceras atribuies previstas nas Constituies ou na Lei Orgnica dos Municpios.Art. 3 - O presidente da Repblica, no interesse nacional, poder decretar a interveno nos estados e municpios, sem aslimitaes previstas na Constituio.Art. 4 - No interesse de preservar a Revoluo, o presidente da Repblica, ouvido o Conselho de Segurana Nacional, e sem aslimitaes previstas na Constituio, poder suspender os direitos polticos de quaisquer cidados pelo prazo de 10 anos e cassarmandatos eletivos federais, estaduais e municipais.Art. 5 - A suspenso dos direitos polticos, com base neste ato, importa simultaneamente, em:II. Suspenso do direito de votar e de ser votado nas eleies sindicais; III. Proibio de atividades assunto de segurana:a) liberdade vigiada; b) proibio de freqentar determinados lugares;c) domiclio determinado.Art. 10 - Fica suspensa a garantia de habeas corpus, nos casos de crimes polticos, contra a segurana nacional, a ordemeconmica e social e a economia popular.Movimentos de resistncia de esquerda, censura e represso.Texto 3Terroristas raptam Elbrick.O embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, foi raptado s 13 e 40 de ontem por terroristas, numa via pblica doRio de Janeiro, em Humait. Dois dos terroristas entraram no carro do embaixador, obrigando seu motorista a seguir por diversasruas, e por fim retiraram o diplomata, obrigando-o a entrar em outro veculo. No carro do embaixador os terroristas deixaram umdocumento assinado pela Ao Libertadora Nacional e pelo Movimento Revolucionrio 8 de outubro MR-8.Os terroristas dizem no manifesto que s libertaro o embaixador se, dentro de 48 horas, o governo divulgar por todos os jornais eemissoras de rdio e televiso do Pas o texto do documento; e se, dentro do mesmo prazo, o governo libertar, e entregar a guardados governos do Chile do Mxico ou da Arglia quinze terroristas que esto presos. Estado de So Paulo, 05 de setembro de1969.Texto 4Manifesto da ALN e do MR-8Grupos revolucionrios detiveram hoje o Sr. Charles Burke Elbrick, embaixador dos Estados Unidos, levando-o para algum lugar dopas, onde o mantm preso. Este ato no um episdio isolado. Ele se soma aos inmeros atos revolucionrios j levados a cabo:assaltos a bancos, nos quais se arrecadam fundos para a revoluo, tomando de volta o que os banqueiros tomam do povo e deseus empregados; ocupao de quartis e delegacias, onde se conseguem armas e munies para a luta pela derrubada daditadura; invases de presdios, quando se libertam revolucionrios, para devolv-los luta do povo; exploses de prdios quesimbolizam a opresso; e o justiamento de carrascos e torturadores.Na verdade, o rapto do embaixador apenas mais um ato da guerra revolucionria, que avana a cada dia e que ainda este anoiniciar sua etapa de guerrilha rural.Com o rapto do embaixador, queremos mostrar que possvel vencer a ditadura e a explorao, se nos armarmos e nosorganizarmos.(...) A vida e a morte do sr. Embaixador esto nas mos da ditadura. (...)Finalmente, queremos advertir aqueles que torturam, espancam e matam nossos companheiros: no vamos aceitar a continuaodessa prtica odiosa. Estamos dando o ltimo aviso. Quem prosseguir torturando, espancando e matando ponha as barbas demolho. Agora olho por olho, dente por dente. Fonte: http://www.historia.uff.br/nec/textos/docbrs02.pdfTexto 5"[...] A ditadura jogava bruto, censurava o jornal, sonegava notcias, mentia, manipulava ndices de custo de vida. [...] Houve umperodo em que no se podia acreditar em nada que saa impresso; era publicado nos jornais que um guerrilheiro tinha morridoatropelado, quando na verdade tinha morrido numa cela, sob torturas mais brbaras. (...) preciso que se diga, a bem da verdade,que muitos jornalistas arriscaram seus empregos e mesmo a vida, enviando mensagens com notcias para o exterior e passandoalgumas informaes apesar da censura. Jornais, como a Folha de S. Paulo, transformaram-se em porta-vozes do governo militar emesmo cmplices de algumas aes.(Cludio Abramo, jornalista da Folha de So Paulo durante aos anos de chumbo. Citado por KUSHNIR, Beatriz. Ces de Guarda:entre jornalistas e censores. REIS, D. A, RIDENTI, M., MOTTA, R. P., In: O golpe e a ditadura militar quarenta anos depois (1964 2004). So Paulo: EDUSC, 2004, p. 250/256.)1- O que foi o bipartidarismo Durant a ditadura militar?(T.1)2- Como os presidentes eram eleitos durante a ditadura militar? E os prefeitos como chegavam ao poder?(T.1)3- Qual foi a principal funo do AI5, em relao ao presidente da Repblica (executivo)?(T.2)4- Quais atitudes poderiam ser tomadas pelo presidente depois de AI5? (T.2)5- Que ttica de guerrilha so exemplificadas nos textos 3 e 4?6- Que caracterstica da Ditadura Militar apresentada no texto 5? TPICO 21. REPRESSO, RESISTNCIA POLTICA E PRODUO CULTURAL NO BRASILObserve as letras das msicas.
  2. 2. I- PR NO DIZER QUE NO FALEI DASII- CLICEFLORES"Pai, afasta de mim esse clice"Caminhando e cantando e seguindo a canoPai, afasta de mim esse cliceSomos todos iguais braos dados ou noPai, afasta de mim esse clice. De vinho tinto de sangueNas escolas nas ruas, campos, construes Como beber dessa bebida amarga. Tragar a dor, engolir a labutaCaminhando e cantado e seguindo a canoMesmo calada a boca, resta o peito. Silncio na cidade no se escutaVem vamos embora que esperar no saberDe que me vale ser filho da santaQuem sabe faz a hora no espera acontecer Melhor seria ser filho da outraPelos campos a fome em grandes plantaes Outra realidade menos mortaPelas ruas marchando indecisos cordesTanta mentira, tanta fora brutaAinda fazem da flor seu mais forte refro Como difcil acordar caladoE acreditam nas flores vencendo o canhoSe na calada da noite eu me danoVem vamos embora que esperar no saberQuero lanar um grito desumanoQuem sabe faz a hora no espera acontecer Que uma maneira de ser escutado esse silncio todo me atordoaH soldados armados, amados ou noAtordoado eu permaneo atento na arquibancada pra a qualquer momentoQuase todos perdidos de armas na moVer emergir o monstro da lagoa de muito gorda a porca j no andaNos quartis lhes ensinam uma lio: de morrerDe muito suada a faca j no corta como difcil, pai, abrir a portapela ptria e viver sem razo Essa palavra presa na gargantaVem vamos embora que esperar no saberEsse pileque homrico no mundoQuem sabe faz a hora no espera acontecer De que adianta ter boa vontadeNas escolas, nas ruas, campos, construesMesmo calado o peito, resta a cucaSomos todos soldados, armados ou noDos bbados do centro da cidadeCaminhando e cantando e seguindo a cano Talvez o mundo no seja pequenoSomos todos iguais, braos dados ou no Nem seja a vida um fato consumadoOs amores na mente, as flores no cho Quero inventar o meu prprio pecadoA certeza na frente, a histria na moQuero morrer do meu prprio venenoCaminhando e cantando e seguindo a cano Quero perder de vez tua cabeaAprendendo e ensinando uma nova lio Minha cabea perder teu juzoVem vamos embora que esperar no saberQuero cheirar fumaa de leo dieselQuem sabe faz a hora no espera acontecer"Me embriagar at que algum me esquea"(Geraldo Vandr)(Letra e msica: Gilberto Gil e Chico Buarque) 1- As canes acima foram censuradas. Por qu? Msica I 2- Destaque o fragmento do texto (parte) que identifique o engajamento poltico.presente na cano 1 Msica II 2- O autor teve uma inteno de comparao ao colocar o ttulo CLICE, na cano. Com o que compara e porque repetiu muitas vezes essa palavra no texto? 3- O que significa no texto eu quero inventar o meu prprio pecado 4- Em duplas, identifiquem e analisem outras duas outras metforas* e os sentidos polissmicos. 5- Roda de discusso para que cada dupla apresente e discuta o resultado de seu trabalho. *(Metfora: o emprego de palavras fora do seu sentido normal, por efeito de analogia (comparao)) CRONOLOGIA DOS FATOS MAIS IMPORTANTES QUE MARCARAM A HISTRIA DO BRASIL DURANTE A DITADURAMILITAR. Ditadura Militar - Em 31 de Maro de 1964, os militares depuseram o presidente Joo Goulart e assumiram o poder. Em 13 de dezembro de 1968, teve incio a fase mais dura da ditadura, com o decreto do Ato Institucional N 5. O AI5, no governo de Mdici, que institucionalizou o arbtrio nas mos dos militares, pois suspendeu todos os direitos polticos civis. No perodo, houve tambm censura prvia nos jornais e na rea cultural (msica, teatro). Com a forte represso policial, parte da esquerda migrou para a luta armada. Com o fim do milagre econmico (perodo de grande crescimento econmico de 1969 a 1973), o presidente general Ernesto Geisel props a abertura poltica lenta, segura e gradual. Nos anos 1977 e 1978, comeam os protestos estudantis e as greves nas fbricas. Em 1978, Geisel retira o AI-5. No ano seguinte, o novo presidente, o general Joo Figueiredo, mantm a abertura poltica e decreta a Lei da Anistia - que permite a libertao de presos polticos e o retorno dos exilados.1- Que ato dos militares ficou conhecido como GOLPE DE 64?2- Que ao dos militares fez com que uma fase do governo fosse conhecida como LINHA DURA?3- Que situaes foram permitidas pelo AI5?4- O que foi o MILAGRE ECONMICO?5- Que presidente militar, foi considerado o mais linha dura?6- No governo de Geisel, comearam greves e protestos. Porque?7- O que foi a lei da Anistia?8-Qual foi o ltimo presidente militar do Brasil?OBSERVE AS IMAGENS E FAA UMA SNTESE DA DITADURA MILITAR NO BRASIL.