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Tormentos Eternos Do Inferno

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Livro Evangélico

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  • JonathanEdwards

    AEternidadedosTormentosdoInferno

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  • AEternidadedosTormentosdoInfeno.TraduzidodooriginaleminglsTheEternityofHell'sTorments

    JonathanEdwardsDomnioPblico

    Originaldisponvelem:www.APURITANSMIND.com

    TraduoeProduo:www.FirelandMissions.com

    Primeiraedio:Setembrode2013.

    Salvo indicao em contrrio, as citaes escritursticas so extradas da Bblia Sagrada, Nova Verso Internacional , NVI . Copyright 1993, 2000 by Biblica, Inc .(DisponvelemYouVersion.com).Usadascompermisso.

    Todos os direitos desta publicao esto diponveis sob a licena Creative Commons AttributionNonCommercialNoDerivs 3.0 Unported License e pertencem ao site FirelandMissions.com. Voc livre para copiar, distribuir e transmitir esta obra, desde que o crdito seja atribudo ao(s) seu(s) autor(es) mas no de maneira que sugira que este(s) concede(m) qualquer aval a voc ou ao seu uso da obra. Voc no pode utilizar esta obra para finalidades comerciais, nem alterar seu contedo,transformaloouincrementalo.

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  • AEternidadedosTormentosdoInfernoPregadoporJonathanEdwards

    Emabrilde1739.

    "Estesiroparaocastigoeterno"Mt25:46.

    Neste captulo temos a mais singular descrio do dia do juzo de toda a Bblia. Aqui Cristo declara que, futuramente, quando Ele se assentar no trono de Sua glria, o justo e o mpio sero postos perante Ele e separados uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos bodes (cf. Mt 25:3132). Em seguida temos um relato de como ambos sero julgados segundo as suas obras: como as boas obras de um e as ms obras de outro sero repassadas, e como a sentena ser anunciada de acordo com elas. Somos informados de qual ser a sentena de cada um, e ento temos uma descrio da execuo da sentena de ambos. Nas palavras do texto est o relato da execuo da sentena do imoral ou mpio, e concernente a esta, tenhoporobjetivoobservarduascoisas.

    Primeiro, a durao do castigo no qual dito que eles entraro: este chamado castigoeterno.

    Segundo, o momento da entrada deles neste castigo eterno. A saber, aps o dia do julgamento, quando todas as coisas que so passageiras tiverem chegado ao fim, e at mesmo aquelas que so as mais duradouras a estrutura do prprio mundo, a terra da qual dito que permaneceria para sempre, as antigas montanhas e eternas colinas, o sol, a lua e as estrelas. Quando os cus envelhecerem como um vestido e como roupas forem trocados (cf. Sl 102:2526), a ser o momento em que o perverso entraremseucastigo.

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  • Doutrina:OTormentodosmpiosnoInfernoSerAbsolutamenteEterno.

    H dois conceitos contra os quais eu pretendo me posicionar com esta doutrina. Um deles que a morte eterna com a qual os mpios so ameaados na Bblia no significa nada mais do que a aniquilao eterna: que Deus punir a maldade deles atravsdaabolioeternadeseuser.

    O outro conceito contra o qual pretendo me posicionar que, embora o castigo dos mpios consista no justo tormento, ele no ser absolutamente eterno, mas apenas porumgrandeperododetempo.

    Portanto, a fim de estabelecer a doutrina em oposio a esses conceitos distintos, eu mecomprometereiamostrarque:

    I. No contrrio s perfeies divinas punir os mpios com um castigo que absolutamenteeterno

    II. A morte eterna com a qual Deus ameaa o mpio no a aniquilao, mas uma justaepermanentepuniooutormento

    III. Este tormento no continuar somente por um grande perodo de tempo, mas ser absolutamentesemfim

    IV.Diversosfinsexcelentesseroobtidospormeiodocastigoeternodosmpios.

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  • I.NoContrriosPerfeiesDivinasPunirosmpiosComUmCastigoQueAbsolutamenteEterno.

    Esta a soma das objees que geralmente so feitas contra esta doutrina: ela inconsistente com a justia e, especialmente, com a misericrdia de Deus. E alguns dizem que se ela for terminantemente justa, ainda assim, como podemos supor que umDeusmisericordiosopodeeternamentesuportarotormentodesuascriaturas?

    Primeiro, irei mostrar rapidamente que no incompatvel com a justia de Deus infligir um castigo eterno. Para evidenciar isso, vou usar apenas um argumento: o pecado abominvel o suficiente para merecer tal punio, e tal punio no nada mais do que proporcional ao mal ou a culpa pelo pecado. Se o mal do pecado for infinito, como a punio o , ento evidente que a punio no mais do que proporcional ao pecado punido, e no nada mais do que o que o pecado merece. E se a obrigao de amar, honrar e obedecer a Deus for infinita, ento o pecado, que a violao dessa obrigao, a violao de uma obrigao infinita, e portanto um mal infinito. Novamente, se Deus for infinitamente digno de amor, honra e obedincia, ento nossa obrigao de amar, honrar e obedecerLhe infinitamente grande de modo que, Deus sendo infinitamente glorioso ou infinitamente digno de nosso amor, honra e obedincia, a nossa obrigao de amar, honrar e obedecerLhe (e assim evitar todo o pecado) infinitamente grande. Novamente, sendo a nossa obrigao amar, honrar e obedecer a Deus infinitamente grande, o pecado a violao de uma obrigao infinita, e assim ummal infinito. E mais uma vez, sendo o pecado um mal infinito, ele merece um castigo infinito. Um castigo infinito no nada mais do que o que ele merece. Portanto tal punio justa que era o que deveria ser provado. No h como fugir da fora deste raciocnio, a no ser negando que Deus, o soberano do universo, infinitamente glorioso, o que eu presumo que nenhumdemeusouvintesvaiseaventurarafazer.

    Segundo, mostrarei que no incompatvel com a misericrdia de Deus punir os mpios com um castigo eterno. uma noo irracional e antibblica da misericrdia de Deus, que Ele misericordioso a tal ponto que no pode suportar que a justia penal seja executada. Isto imaginar a misericrdia de Deus como uma paixo da qual sua natureza est to sujeita que Deus passvel de ser mudado, afetado, e subjugado ao ver uma criatura no tormento, de modo que Ele no pode suportar ver a justia sendo executada: o que uma noo extremamente indigna e absurda da misericrdia de Deus e que provaria, se fosse verdade, uma grande fraqueza seria um grande defeito, e no uma perfeio, no soberano e supremo Juiz do mundo, ser misericordioso a tal ponto de no poder suportar ter a justia penal executada. Esta

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  • uma noo antibblica da misericrdia de Deus. As Escrituras em toda a parte expem a misericrdia de Deus como sendo livre e soberana e no que a prtica dela seja to necessria a ponto de Deus no poder suportar que a justia seja feita. As Escrituras abundantemente falam dela como sendo a glria do atributo divino da misericrdia, que ela livre e soberana em suas prticas e no que Deus no pode fazer nada a no ser libertar os pecadores do tormento. Esta uma noo extremamenteindignaemedocredamisericrdiadivina.

    mais absurdo ainda, porque contrria realidade natural. Pois, se h algum sentido na objeo, presumvel nisto, que todo o tormento da criatura seja justo ou injusto em si mesmo contrrio natureza de Deus. Pois, se a Sua misericrdia for de natureza tal, que um grande grau de tormento apesar de justo contrrio sua natureza ento basta aumentar a misericrdia. E em seguida, um grau menor de tormento contrrio sua natureza bastando aumentar novamente a misericrdia , e um grau ainda menor de tormento, continua contrrio sua natureza. Portanto, se a misericrdia de Deus infinita, qualquer tormento contrrio sua natureza, o que vemos ser contrrio realidade. Pois vemos que Deus, em sua providncia, de fato, infligegrandssimasafliessobreahumanidade,mesmonestavida.

    Entretanto, fortes objees desse tipo. contra o tormento eterno dos mpios, podem parecer aos carnais homens de corao insensato como se o tormento fosse contrrio a justia e misericrdia de Deus todavia a sua fora aparente surge de uma falta de senso do mal infinito, da odiosidade e da provocao que h no pecado. Por isso, parecenos no ser adequado que qualquer pobre criatura seja objeto de tanto tormento, porque no temos nenhum senso de algo que abominvel e provocante em qualquer criatura responsvel por isso. Se tivssemos, ento esta aflio infinita no pareceria inadequada. Pois uma coisa apenas pareceria correspondente e proporcional a outra, e assim a mente descansaria nisto como sendo justo e apropriado, e nada mais do que prprio de ser ordenado pelo justo,santoebomGovernadordomundo.

    Podemos ser convencidos disso por esta considerao, quando ouvimos ou lemos alguns casos horrendos de crueldade, pode ser de alguma pobre criana inocente ou algum santo mrtir seus cruis perseguidores, no tendo nenhuma considerao por seus gritos e choros, apenas se divertindo com o tormento deles, e no tendo misericrdia nem mesmo para pr um fim s suas vidas ns temos uma compreenso do mal deles, e isso nos marca profundamente. Por isso parece justo em todos os sentidos, adequado e apropriado que Deus inflija um castigo terrvel sobre as pessoas que tenham cometido tal perversidade. No parece discordar em nada da perfeio do Juiz do mundo. Podemos pensar nisso sem nos chocarmos completamente. A razo porque temos um senso do mal da conduta deles, e um sensodarelaoqueexisteentreomalouculpa,eapunio.

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  • Da mesma forma, se vssemos a relao entre o mal do pecado e o castigo eterno, ou seja, se vssemos algo nos homens maus que pareceria to odioso para ns quanto o tormento eterno nos parece terrvel algo que nos instigaria tanta indignao e repulsa, quanto o tormento eterno nos aterroriza todas as objees contra esta doutrina desapareceriam de uma s vez. Embora agora parea inconcebvel, e quando ouvimos falar do tamanho do grau e da durao dos tormentos como manifestado nesta doutrina, e pensamos o que a eternidade, parece impossvel que tais tormentos devam ser infligidos pobres e dbeis criaturas por um Criador que tem infinita misericrdia. No entanto, isto originase, principalmente,destasduascausas:

    1. Esta doutrina to contrria s inclinaes depravadas da humanidade, que os homensodeiamacreditarnelaenoconseguemsuportarqueissosejaverdade.

    2. Eles no veem o castigo eterno como apropriado por causa do mal do pecado. Eles no veem que o castigo eterno no nada mais do que proporcional culpa do pecado.

    Tendo assim demonstrado que o castigo eterno dos mpios no inconsistente com as perfeies divinas, vou agora prosseguir mostrando o quo distante isto est de ser inconsistente com as perfeies divinas e que estas perfeies evidentemente exigem o mesmo, ou seja, elas exigem que o pecado receba to grande castigo, ou na pessoa que tenha cometido ou no fiador. E, portanto, com relao aos que no creem no Fiador (cf. Hb 7:22, 25 Cl 2:1314), e no tm interesse n'Ele, as perfeiesdivinasrequeremqueestapuniosejainfligidaneles.

    No apenas parece que no inadequado que o pecado seja punido desta maneira, mas terminantemente adequado, aceitvel e prprio. Se assim parecer, que terminantemente adequado que o pecado seja punido desta maneira, ento se seguir que as perfeies de Deus exigem o mesmo. Pois certamente as perfeies de Deus requerem que aquilo adequado seja realizado. A perfeio e excelncia de Deus exigem que acontea aquilo que perfeito, excelente e bom em sua prpria natureza. Mas com respeito ao pecado ter de ser castigado eternamente, algo que aparecenasseguintesconsideraes:

    1. apropriado que Deus odeie infinitamente o pecado, e seja um eterno inimigo dele. O pecado, assim como demonstrei anteriormente, um mal infinito, e portanto, infinitamente odioso e detestvel. apropriado que Deus odeie todo o mal e que o odeie de acordo com sua natureza odiosa e detestvel. E uma vez que o pecado infinitamentemaueodioso,apropriadoqueDeusoodeieinfinitamente.

    2. Se o dio infinito ao pecado for adequado ao carter divino, logo as expresses de tal dio tambm so adequados a este personagem. Pois aquilo que adequado

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  • de ser, adequado de ser expressado. Aquilo que belo em si mesmo, belo quando demonstrado. Se for adequado que Deus um eterno inimigo do pecado, ou que Ele o odeie infinitamente, ento adequado que Ele haja como tal inimigo. Se for adequado que Ele odeie e tenha inimizade contra o pecado, ento adequado que Ele expresse este dio e inimizade queles a quem o dio e a inimizade por sua prpria natureza tendem. Mas, certamente, o dio em sua prpria natureza tende a oposio, a se opor contra aquilo que odiado e a procurar o seu mal, e no o seu bem, e isto de acordo com o dio. Grande dio tende naturalmente para um grande mal,einfinitodioaoinfinitomaldeseualvo.

    Por isso se sucede que, se adequado que deve haver em Deus um infinito dio ao pecado, como eu mostrei que , adequado que Ele execute um castigo infinito sobre ele. E portanto, a perfeio de Deus exige que Ele puna o pecado com um infinito,ouoqueamesmacoisa,comumeternocastigo.

    Assim, vemos no somente a grande objeo contra esta doutrina respondida, mas a verdade da doutrina estabelecida por meio da razo. Eu agora prossigo a fim de estabelecla,considerandoosdemaiselementossobadoutrina.

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  • II.AMorteEternaComaQualDeusAmeaaompioNoaAniquilao,MasUmaJustaePermanentePunioouTormento.

    Averdadedestaproposioserdemonstradapelasseguintescaractersticas:

    Primeiro, a Escritura em toda a parte retrata o castigo dos mpios como algo que implica dores e sofrimentos extremos. Mas um estado de aniquilao no um estado de sofrimento. Pessoas aniquiladas no tm nenhum senso ou sentimento de dor ou prazer, e muito menos podem sentir esta punio que carrega em si mesma uma extrema dor ou sofrimento. Eles no sofrem nada mais na eternidade do que j sofreramdaeternidade.

    Segundo, est de acordo tanto com a Escritura quanto com a razo, supor que os mpios sero punidos de tal forma que estaro conscientes da punio que esto sofrendo: que eles estaro cientes que naquela circunstncia Deus executou e cumpriu o que havia ameaado ameaa a qual eles desconsideraram e no acreditaram. Eles sabero que a justia veio sobre eles, que Deus estar reivindicando aquela autoridade a qual eles desprezaram, e que Deus no um ser to desprezvel quanto eles pensavam que fosse. Enquanto estiverem sob a punio ameaada, eles estaro conscientes do porqu esto sendo punidos. sensato que eles estejam conscientes de sua prpria culpa, lembrem de suas antigas oportunidades e obrigaes, e vejam a sua prpria loucura e a justia de Deus. Se a punio ameaada for a aniquilao eterna, eles nunca sabero que isto infligido. Eles nunca sabero que Deus justo em punilos, ou que eles so merecedores do mesmo. Como pode isto estar de acordo com as Escrituras, em que Deus ameaa, que Ele retribuir o mpio diretamente Dt 7:10 com J 21:1920: "Deus reserva o castigo para ele, e ele o saber. Que os seus prprios olhos vejam a sua runa que ele mesmo beba da ira do Todopoderoso!" e com Ezequiel 22:2122: "Eu [Deus] 1os ajuntarei e soprarei sobre vocs a minha ira impetuosa, e vocs se derretero. Assim como a prata se derrete numa fornalha, tambm vocs se derretero dentro dela, e vocs sabero que eu, o Senhor, derramei a minha ira sobre vocs"? E como pode isto estar de acordo com aquela expresso tantas vezes anexada as ameaas dairadeDeuscontraosmpios:"EvssabereisqueeusouoSenhor"?(cf.Ez7:14)

    Terceiro, a Escritura ensina que os mpios sofrero diferentes graus de tormento, de acordo com os diferentes agravos de seus pecados. "Mas Eu lhes digo que qualquer que se irar contra seu irmo estar sujeito a julgamento. Tambm, qualquer que

    1Traduolivre.

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  • disser a seu irmo: Rac, ser levado ao tribunal. E qualquer que disser: Louco! , corre o risco de ir para o fogo do inferno" Mt 5:22. Aqui Cristo nos ensina que o tormento dos mpios ser distinto para cada pessoa, de acordo com o diferente grau de sua culpa. Haver mais tolerncia para Sodoma e Gomorra, para Tiro e Sidom do que para as cidades onde a maioria dos milagres de Cristo foram realizados (cf. Mt 11:2124). Novamente, nosso Senhor nos assegura que: "Aquele servo que conhece a vontade de seu senhor e no prepara o que ele deseja, nem o realiza, receber muitos aoites. Mas aquele que no a conhece e pratica coisas merecedoras de castigo, receber poucos aoites" Lc 12:4748. Essas vrias passagens da Escritura infalivelmente provam que haver diferentes graus de punio no inferno, o que totalmente inconsistente com a suposio de que a punio consiste na aniquilao,noqualnopodehavergraus.

    Quarto, a Escritura muito clara e rica neste assunto: que o castigo eterno dos mpios consistir no sofrimento e tormento consciente, e no na aniquilao. O que se diz sobre Judas digno de ser observado aqui: "Melhor lhe seria no haver nascido" Mt 26:24. Isso parece claramente nos ensinar, que o castigo dos mpios tal que a sua existncia, como um todo, pior do que a no existncia. Mas se a sua punio consiste meramente na aniquilao, isso no verdade! dito que os mpios, em seu castigo, lamentaro, choraro e rangero seus dentes o que no implica apenas na existncia real, mas em vida, conhecimento e atividade e que eles so, de uma maneira muito consciente e intensa, afetados por sua punio Is 33:14. Pecadores no estado de sua punio so retratados como seres habitando com chamas eternas. Mas se eles so apenas transformados em nada, onde a base para esta retratao? absurdo dizer que os pecadores habitaro com a aniquilao, pois no h habitao neste caso. Tambm absurdo chamar a aniquilao de fornalha ardente, o que implica em um estado de existncia, sensibilidadeedorextrema:enquantonaaniquilaonohnemumnemoutro.

    dito que eles sero lanados no lago de fogo e enxofre. Como pode esta expresso, com alguma propriedade, ser entendida como um estado de aniquilao? Sim, eles so expressamente avisados que no tero descanso nem de dia nem de noite, mas sero atormentados com fogo e enxofre, para todo o sempre Ap 20:10. Mas, aniquilao um estado de descanso, um estado em que nem mesmo o menor tormento pode, possivelmente, ser experimentado. O homem rico no inferno, ergueu os olhos de onde estava sendo atormentado, e viu ao longe Abrao, e Lzaro em seu seio, e entrou em uma conversa particular com Abrao: tudooqueprovaqueelenofoianiquilado(cf.Lc16:1931).

    Os espritos dos homens mpios antes da ressurreio no esto em um estado de aniquilao, mas em um estado de tormento. Eles so espritos em priso, como diz o apstolo sobre os que se afogaram no dilvio 1Pe 3:19. E isso aparece bem nitidamente no exemplo do homem rico, mencionado anteriormente, se

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  • considerarmos ele como o representante do mpio em seu estado intermedirio entre a morte e a ressurreio. Mas se os mpios, mesmo ali, esto em um estado de tormento, muito mais estaro, quando sofrerem aquilo que a punio adequada pelosseuspecados.

    A aniquilao no uma desgraa to grande assim, de forma que alguns a preferiram a um estado de sofrimento at mesmo nesta vida. Este foi o caso de J, um homem justo. Mas se um homem justo pode, neste mundo, sofrer o que pior do que a aniquilao, sem dvida, a punio adequada dos mpios, na qual Deus pretende manifestar Seu repdio singular pela maldade deles, ser uma desgraa muitssimo maior e, portanto, no pode ser a aniquilao. Esta s pode ser uma declarao muito vil e desprezvel da ira de Deus para com aqueles que se rebelaram contra Sua coroa e dignidade quebraram as suas leis, e desprezaram tanto a Sua vingana quanto Sua graa o que no uma desgraa to grande quantoaquelaquealgunsdeseusverdadeirosfilhostmsofridonestavida.

    O castigo eterno dos mpios considerado a segunda morte Ap 20:14 21:8. , sem dvida, chamado a segunda morte, em aluso morte do corpo, e como a morte do corpo normalmente assistida com grande dor e angstia, ento o mesmo, ou algo imensamente maior, est implcito em chamar o castigo eterno do mpio a segunda morte. No haveria propriedade alguma em chamlo assim, se o castigo consistisse meramente na aniquilao. E estes mpios que morrerem pela segunda vez sofrero, pois no poderia ser chamado a segunda morte com relao a nenhum outro ser, seno aos homens. No se pode chamar desta maneira quando se trata dos demnios, visto que eles no morrem de morte temporal, a qual a primeira morte. Em Apocalipse 2:11 diz: "Aquele que tem ouvidos oua o que o Esprito diz s igrejas. O vencedor de modo algum sofrer a segunda morte" sugerindo que todos os que no vencem os seus desejos, mas vivem no pecado, sofrero a segunda morte.

    Repetindo, os mpios sofrero o mesmo tipo de morte que os demnios, assim como diz no verso 41 do contexto: "Malditos, apartemse de mim para o fogo eterno, preparado para o diabo e os seus anjos". Ora, o castigo do diabo no a aniquilao mas o tormento. Portanto, ele treme de medo. No por medo de ser aniquilado ele estaria contente com isso. O que ele teme o tormento, como aparece em Lucas 8:28, onde ele grita e implora a Cristo que no o atormente antes do tempo. E diz: "O diabo, que as enganava, foi lanado no lago de fogo que arde com enxofre, onde j haviam sido lanados a besta e o falso profeta. Eles sero atormentadosdiaenoite,paratodoosempre"Ap20:10.

    estranho como os homens vo diretamente contra revelaes to claras e plenas das Escrituras, a ponto de supor, mesmo diante de todas estas coisas, que a punio eternaameaadacontraosmpiosnosignificanadamaisdoqueaaniquilao.

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  • III.EsteTormentoNoContinuarSomentePorUmGrandePerododeTempo,MasSerAbsolutamenteSemFim.

    Uma vez que a punio do mpio consiste em um justo tormento, logo, este tormento no continuar somente por um grande perodo de tempo, mas ser absolutamente semfim.

    H dois grupos distintos que tm sustentado que os tormentos do inferno no so absolutamente eternos. Alguns supem que nas ameaas do castigo eterno, os termos utilizados no necessariamente implicam uma eternidade propriamente dita, mas apenas um grande perodo de tempo. Outros supem que, se de fato implica em uma eternidade propriamente dita, ainda assim no podemos necessariamente concluirda,queDeusvaicumprirsuasameaas.Porissoirei:

    Primeiro, mostrar que as ameaas do castigo eterno de fato, clara e plenamente, implicam em uma absoluta eternidade propriamente dita, e no apenas um longo perododetempo.Issodemonstrado:

    1. Porque, quando a Escritura fala dos mpios sendo condenados a uma punio, no momento em que todas as coisas temporais chegarem a um fim, ela fala deste castigo como sendo eterno, assim como no texto e em outras passagens. verdade que o termo "para sempre" nem sempre utilizado na Escritura significando eternidade. s vezes, significa: "enquanto o homem vive" Rm 7:1. Nesse sentido, dito que o servo hebreu que escolhesse permanecer com seu mestre, deveria ter sua orelha furada e servir o seu senhor para sempre (cf. Ex 21:56). s vezes significa: "durante a continuao do estado e da igreja dos judeus". Nesse sentido, vrias leis, que eram particulares quela igreja e que s deveriam permanecer em vigor enquanto a igreja durasse, so chamados estatutos perptuos ver Ex 27:21 28:43 etc. s vezes, significa: "enquanto o mundo existir". Assim como em Eclesiastes 1:4: "Geraesvmegeraesvo,masaterrapermaneceparasempre".

    E este ltimo, a maior durao temporal para a qual o termo j fora utilizado com este significado. Pois a durao do mundo, a mais longa das coisas temporais, assim como o seu princpio foi o primeiro. Portanto, quando a Escritura fala de coisas que existiam antes da fundao do mundo, isso significa que elas existiam antes do incio do tempo. Ento, essas coisas que continuam a existir depois do fim do mundo, so coisas eternas. Quando o cu e a terra forem abalados e removidos, aquilo que permanecer ser o que no pode ser abalado e que permanecer para sempreHb12:2627.

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  • Mas o castigo dos mpios, no s permanecer aps o fim do mundo, mas chamado de eterno, como no texto: "E estes iro para o castigo eterno". Assim como em 2 Tessalonicenses 1:910: "Eles sofrero a pena de destruio eterna, a separao da presena do Senhor e da majestade do seu poder. Isso acontecer no dia em que ele vier para ser glorificado em seus santos", etc. Agora, o que pode se compreender por algo ser eterno, depois que todas as coisas temporais chegarem a umfim,queesteabsolutamentesemfim!

    2. Tais expresses que so utilizadas para estabelecer o perodo de durao do castigo dos mpios, jamais so usados nas Escrituras do Novo Testamento para significar qualquer outra coisa a no ser a eternidade propriamente dita. Dizse, no somente que o castigo ser para sempre, mas para todo o sempre. "A fumaa do tormento de tais pessoas sobe para todo o sempre" Ap 14:11. "Eles sero atormentados dia e noite, para todo o sempre" Ap 20:10. Sem dvida, o Novo Testamento tem certa expresso que significa a eternidade propriamente dita, a qual tem sido frequentemente ocasio para discusso. Mas no h maior expresso do que essa: se essa expresso no significa uma eternidade absoluta, no h nenhumaoutraquesignifique.

    3. A Escritura usa o mesmo modo de falar para expor a eternidade de tormento e a eternidade de felicidade, sim, a eternidade de Deus. "E estes iro para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna" Mt 25:46. As palavras eterno e eterna, no original, so as mesmas. "E eles [os santos] reinaro para todo o sempre" Ap 22:5. A Escritura no tem uma expresso maior para significar a eternidade do prprio Deus, do que a que Ele vive para todo o sempre: "quele que est assentado no trono e que vive para todo o sempre" Ap 4:9 tambm em Apocalipse 4:10 5:14 10:615:7.

    Novamente, a Bblia expressa a eternidade de Deus por esta expresso: que ela existir para sempre, depois que o mundo chegar ao fim. "Eles perecero, mas Tu permanecers envelhecero como vestimentas. Como roupas Tu os trocars e sero jogados fora. Mas Tu permaneces o mesmo, e os Teus dias jamais tero fim" Sl102:2627.

    4. A Escritura diz que os mpios no sero libertos at que tenham pago o ltimo centavo de sua dvida Mt 5:26. O ltimo centavo Lc 12:59 ou seja, at o ltimo que merecido, e toda misericrdia excluda por esta expresso. Contudo, ns mostramosqueelesmerecemuminfinitoeinterminvelcastigo.

    5. A Escritura diz de forma absoluta que a punio deles no ter fim: "Onde o seu verme no morre, e o fogo no se apaga" Mc 9:44. Ora, no faz sentido dizer que o significado que o seu verme viver por um grande tempo, ou que ele existir por

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  • um grande tempo antes que o fogo se apague. Se alguma vez chegar a hora em que o seu verme morrer, e se alguma vez houver a extino total do fogo, ento no verdade que o seu verme no morre e que o fogo no se apaga. Pois se haver a morte do verme e a extino do fogo, que seja no momento que for, logo ou bem maistarde,igualmentecontrrioatalnegao:nomorre,noseapaga.

    Segundo, h outros que admitem que a expresso das ameaas de fato denotam uma eternidade propriamente dita. Mas ento, eles dizem, que no se infere de certeza que o castigo ser realmente eterno, pois Deus ameaa, contudo no cumpre suas ameaas. Apesar de admitirem, sem qualquer reserva, que as ameaas so terminantes e decisivas, ainda assim eles dizem que Deus no obrigado a cumprir em um todo as ameaas terminantes, como Ele com relao s promessas terminantes. Porque nas promessas um direito dado, o qual a criatura a quem as promessas so feitas ir reivindicar. Mas no h nenhum perigo de que a criatura reivindique qualquer direito por uma ameaa. Por isso irei agora mostrar que o que Deus declarou terminantemente neste assunto, de fato, torna certo de que acontecercomoEledeclarou.Paraestefim,voumencionarduascoisas:

    1. evidentemente contrrio verdade divina, Deus terminantemente declarar que qualquer coisa seja verdadeira seja no passado, presente ou por vir se ao mesmo tempo Ele sabe que isto no verdadeiro. Ameaar de forma absoluta que algo acontecer, o mesmo que absolutamente declarar que assim ser. Pois, supor que Deus de forma absoluta declara que algo acontecer, o qual seja ao mesmo tempo sabidoquenoacontecer,blasfmia,seexistirtalcoisacomoblasfmia.

    De fato, realmente verdade que no h nenhuma obrigao sobre Deus, decorrente da reivindicao da criatura, como existe nas promessas. Eles parecem considerar o caminho errado, imaginando que a necessidade da execuo da ameaa surge a partir de uma obrigao posta sobre Deus, pela criatura, de executar o resultado de sua ameaa. Mas na verdade a certeza da execuo surge de outra maneira, surge da obrigao que existia sobre o Deus onisciente, em ameaar, e conformar a Sua ameaa ao que Ele sabia que seria executado no futuro. Embora, estritamente falando, Deus no seja, propriamente dito, obrigado pela criatura a executar o que ameaou, ainda assim Ele no era, de maneira alguma, obrigado a ameaar, se ao mesmo tempo Ele soubesse que no deveria ou no iria cumprir, pois isto no seria consistente com a Sua verdade. Portanto, na verdade de Deus h uma conexo inviolvel entre as ameaas terminantes e a execuo. Aqueles que supem que Deus declarou terminantemente que Ele faria ao contrrio do que sabia que iria acontecer, tambm supem, que Ele absolutamente ameaou ao contrrio do que sabia ser verdade. E como pode algum falar ao contrrio do que ele sabe ser verdade declarando, prometendo, ameaando, ou de qualquer outra maneira deformaconsistentecomainviolvelverdade?Istoinconcebvel.

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  • As ameaas significam algo, e se elas forem feitas de forma consistente com a verdade, elas tm verdadeiros significados, ou significam a verdade daquilo que deve ser. Se as ameaas absolutas significam alguma coisa, elas significam o futuro do que foi ameaado. Mas se o futuro do que foi ameaado no for verdadeiro e real, ento, como pode a ameaa ter um verdadeiro significado? E se Deus, nelas, fala ao contrrio do que Ele sabe, e ao contrrio do que Ele pretende, como pode Ele falar a verdade?Istoinconcebvel.

    Ameaas absolutas so uma espcie de previso. E embora Deus no seja definitivamente obrigado por causa de qualquer reivindicao nossa a cumprir as previses a menos que sejam da natureza das promessas ainda assim certamente seria contrrio verdade prever que tal coisa aconteceria, a qual Ele paralelamente sabia que no aconteceria. Ameaas so declaraes de algo futuro, e elas tm de ser declaraes de verdades futuras se forem declaraes verdadeiras. Se a questo fosse no presente, ela no seria diferente do que no futuro. igualmente contrrio verdade, declarar ao contrrio do que paralelamente se sabe ser a verdade, seja de coisas do passado, presente ou por vir: pois ambos soiguaisparaDeus.

    Alm disso, temos nas Escrituras frequentes declaraes do futuro castigo eterno dos mpios, sob a prpria forma de previses, e no na forma de ameaas. Assim como no texto: "E estes iro para o castigo eterno". Tambm, em frequentes afirmaes do castigo eterno no Apocalipse, algumas das quais eu j citei. O Apocalipse uma profecia, e assim chamado no prprio livro. Assim tambm so as declaraes do castigo eterno temos declaraes similares em muitos outros lugaresdaEscritura.

    2. A doutrina daqueles que ensinam que no certo que Deus cumprir as ameaas absolutas, blasfema, e como se Deus de acordo com a suposio deles estivesse obrigado a fazer uso de uma falcia para governar o mundo. Eles confessam que necessrio que os homens receiem estarem sujeitos a um castigo eterno, para que assim eles sejam restringidos do pecado, e que Deus ameaou tal castigo, com a prpria finalidade de que eles acreditassem estarem expostos a este castigo. Mas que conceito indigno essa doutrina transmite sobre Deus, Seu governo, Sua majestade infinita, Sua sabedoria e auto suficincia! Alm disso, eles supem que, embora Deus tenha feito uso de tal falcia, ainda assim esta no uma boa falcia, pois eles a detectaram. Embora Deus tenha planejado que os homens acreditariam nisso como certo que os pecadores so passveis de um castigo eterno ainda assim eles supem que foram to astutos a ponto de descobrirem que o castigo no certo. E ento, que Deus no fez Seu projeto to secreto, de modo que tais homens astutos como eles conseguiram discernir a fraude e anular o projeto, pois descobriram que no h nenhuma conexo necessria entre a ameaa docastigoeternoeaexecuodaquelaameaa.

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  • Considerando essas coisas, no de se admirar grandemente, que o Arcebispo Tillotson, que tem se destacado tanto entre os telogos recmformados, promoveria talconceitocomoeste?

    Antes de concluir este assunto, pode ser apropriado para eu responder a uma ou duasobjeesquepodemsurgirnamentedealguns.

    PrimeiraObjeo

    Pode ser dito aqui, que temos casos em que Deus no cumpriu as Suas ameaas, como a Sua ameaa a Ado, e atravs dele na humanidade, que eles certamente morreriam, se comessem do fruto proibido. Eu respondo: no verdade que Deus no cumpriu essa ameaa. Ele cumpriu e cumprir nos mnimos detalhes. Quando Deus disse: "Certamente morrers" Gn 2:17 se considerarmos a morte espiritual, ela foi cumprida na pessoa de Ado no dia em que ele comeu. Pois imediatamente sua imagem, seu esprito santo e justia original a qual foi a melhor e mais elevada vida de nossos primeiros pais foram perdidos, e eles passaram imediatamente a umestadosombriodemorteespiritual.

    Se considerarmos a morte fsica, a ameaa tambm foi cumprida. Ele trouxe a morte sobre si mesmo e toda a sua posteridade, e ele virtualmente sofreu aquela morte no mesmo dia em que ele comeu. Seu corpo foi trazido a uma condio corruptvel, mortal e degradativa, e assim permaneceu at que este se dissipou. Se olharmos para toda a morte que era abrangida na ameaa, ela foi, propriamente falando, cumprida em Cristo. Quando Deus disse a Ado: "Se comeres, morrers" , Ele no 2falou somente para ele, e dele pessoalmente, mas as palavras eram com respeito a humanidade, Ado e sua descendncia, e sem dvida assim foi entendido por ele. Sua descendncia deveria ser vista com o pecado dele, e portanto deveria morrer com ele (cf. Rm 5:1219). As palavras fazem, assim como justamente permitem, a imputao tanto da morte quanto do pecado. Elas so bem consistentes tanto com a morte de um fiador, quanto com o pecado de algum. Portanto, a ameaa cumprida namortedeCristo,ofiador.

    SegundaObjeo

    Outra objeo que pode surgir a ameaa de Deus a Nnive. Ele ameaou, que em quarenta dias Nnive seria destruda, o que por ora Ele no cumpriu. Eu respondo que esta ameaa no poderia justamente ser encarada de outra forma a no ser como condicional. Ela era da natureza de um aviso, e no de uma condenao absoluta. Por que Jonas foi enviado aos ninivitas, seno para darlhes o aviso a fim de que tivessem a oportunidade de se arrepender, reformar e evitar a destruio que

    2Traduolivre.

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  • se aproximava? Deus no tinha outro projeto ou finalidade em enviar um profeta a eles, seno que fossem advertidos e provados por Ele da mesma maneira como Deus advertiu os israelitas, Jud e Jerusalm, antes de sua destruio. Portanto, os profetas, juntamente com suas profecias da destruio que se aproximava, faziam fervorosas exortaes ao arrependimento e a reforma, a fim de que a destruio fosseevitada.

    Nada mais poderia ser justamente entendido por uma real ameaa, alm de que Nnive seria destruda em quarenta dias se continuasse como era. Pois foi por causa de sua maldade que aquela destruio foi prenunciada, e assim os ninivitas entenderam. Portanto, quando a causa foi removida, o efeito cessou. Era contrrio maneira habitual de Deus, neste mundo, ameaar uma punio e destruio de forma absoluta por causa do pecado, de forma que esta viesse inevitavelmente sobre as pessoas ameaadas, impedindo que elas se arrependessem, reformassem e fizessem o que deveriam. "Se em algum momento eu decretar que uma nao ou um reino seja arrancado, despedaado e arruinado, e se essa nao que eu adverti converterse da sua perversidade, ento eu me arrependerei e no trarei sobre ela a desgraa que eu tinha planejado" Jr 18:78. Portanto, todas as ameaas desta natureza tinham uma condio implcita nelas, de acordo com a forma conhecida e declarada do tratamento de Deus. E os ninivitas no tomaram isso como uma sentena absoluta de condenao: se tivessem, teriam desistido de qualquer benefciopormeiodojejumedareforma.

    Mas a ameaa da ira eterna terminante e absoluta. No h nenhum lugar na Palavra de Deus onde podemos obter qualquer condio. A nica oportunidade de escapar neste mundo. Este o nico estado de provao, no qual temos qualquer ofertademisericrdiaoulugarparaarrependimento.

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  • IV.DiversosFinsExcelenteseImportantesSeroObtidosPorMeiodoCastigoEternodosmpios.

    Primeiro, por este meio Deus vindica Sua majestade ofendida. Aonde os pecadores lanam seu desprezo e pisoteiam, Deus vindica honra e faz Sua majestade aparecer, uma vez que ela realmente infinita, mostrando que infinitamente terrvel rejeitlaouofendla.

    Segundo, Deus glorifica a Sua justia. A glria de Deus o maior bem. A Sua glria o fim principal da criao. mais importante do que qualquer outra coisa. Mas este nico caminho onde Deus glorificar a Si mesmo, como por exemplo na destruio eterna dos mpios, Ele glorificar a Sua justia. Ali, Ele aparecer como o justo Governador do mundo. A justia vingativa de Deus se mostrar terminante, precisa, temveleterrvel,eportanto,gloriosa.

    Terceiro, por meio disso, Deus indiretamente glorifica a Sua graa nos vasos de misericrdia. Os santos no cu contemplaro os tormentos dos condenados: "A fumaa do tormento de tais pessoas sobe para todo o sempre" Ap 14:11. "Sairo e vero os cadveres dos que se rebelaram contra mim o seu verme no morrer, e o seu fogo no se apagar, e causaro repugnncia a toda a humanidade" Is 66:24. E em Apocalipse 14:10 dito, que eles sero atormentados na presena dos santos anjos e na presena do Cordeiro. Logo, eles sero atormentados na presena tambmdossantosglorificados.

    Por meio disto os santos sero mais conscientizados de quo grande a sua salvao. Quando eles verem quo grande o tormento do qual Deus os salvou, e quo grande diferena h entre o seu estado e o estado dos outros, os quais no eram por natureza e, talvez, por algum tempo na prtica mais pecaminosos e imerecedores do que eles, isto os dar um senso maior das maravilhas da graa de Deus para com eles. Sempre que eles olharem para os condenados, isto os incitar a um senso vivo de admirao pela graa de Deus, em tlos dado tal graa para os diferenciar. O apstolo nos diz que esta uma das finalidades da condenao dos mpios: "E se Deus, querendo mostrar a Sua ira e tornar conhecido o Seu poder, suportou com grande pacincia os vasos de Sua ira, preparados para destruio? Que dizer, se Ele fez isto para tornar conhecidas as riquezas de Sua glria aos vasos de Sua misericrdia, que preparou de antemo para glria?" Rm 9:2223. A viso do tormento dos condenados far dobrar o ardor do amor e da gratido dos santosnocu.

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  • Quarto, a viso dos tormentos do inferno exaltar a felicidade dos santos eternamente. Eles no somente estaro mais conscientes da grandeza e da gratuidade da graa de Deus em sua felicidade, mas isso realmente aumentar a felicidade deles, uma vez que os far mais cientes de sua prpria felicidade. Isto os dar um deleite mais vvido do mesmo: os far atribuir grande valor felicidade. Quando eles verem outros, que tinham a mesma natureza e nasceram sob as mesmas circunstncias que eles, mergulhados em tal tormento, e em uma posio to distinta, oh, isso os conscientizar de quo felizes eles so. Um senso do tormento de outro, em todos os casos, aumenta grandemente o deleite de qualquer alegriaouprazer.

    A viso do poder maravilhoso, da grande e temvel majestade, e da terrvel justia e santidade de Deus, manifestos no castigo eterno dos mpios, os far apreciar o Seu favoreamLomuitomais.E,elesseromuitomaisfelizesnasatisfaodomesmo.

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  • AplicaoPrtica

    1. A partir do que foi dito, podemos aprender a insensatez e a loucura da maior parte da humanidade, em que, por causa da atual satisfao momentnea, correm o risco de sofrerem todos esses tormentos eternos. Eles preferem um pequeno prazer, ou um pouco de riqueza, ou um pouco de honra e grandeza terrena os quais duram apenas por um momento uma fuga desta punio. Se verdade que os tormentos do inferno so eternos, do que valeria ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou o que dar o homem em troca da sua alma? O que existe neste mundo, que no seja to frvolo e passageiro quanto a vaidade, em comparao com essascoisaseternas?(cf.Mc8:3637Sl62:9).

    Quo loucos so os homens, que tantas vezes ouvem essas coisas e fingem acreditar nelas os quais vivem apenas um pouco de tempo alguns anos que nem ao menos esperam viver aqui mais do que outros de sua espcie normalmente vivem e que mesmo assim esto desatentos sobre o que ser deles no outro mundo, ondenohmudananemfim!

    Quo loucos so eles, quando ouvem que se permanecerem no pecado eles sero eternamente miserveis que no so movidos por isso, mas ouvem com tanta descuido e frieza, como se no estivessem de jeito nenhum preocupados com o assunto quando no reconhecem, seno que este pode ser o seu caso, e que eles podemsofreressestormentosantesqueumasemanachegueaofim!

    Como pode os homens serem to descuidados sobre to importante assunto como a suaprpriadestruioetormentoeterno?

    Queestranhainsensibilidadesemsentidopossuemoscoraesdoshomens!

    Que coisa comum esta, ver homens, que so avisados de domingo a domingo do tormento eterno, e que so to mortais quanto outros homens, serem to descuidados quanto a isso que eles no aparentam, de forma alguma, restringidos de qualquer coisa que suas almas cobicem! O cuidado deles em escapar do tormento eterno, no nem a metade do cuidado que eles tm com coisas como obter dinheiro e posses, ser notvel no mundo e gratificar sua inteligncia. Seus pensamentos so muito mais exercitados nessas coisas, e eles tm muito mais cuidado e preocupao com elas. Embora eles sejam diariamente expostos ao tormento eterno, este algo negligenciado. O tormento eterno s ocasionalmente considerado, e considerado com uma grande quantidade de estupidez, e no com

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  • uma preocupao suficiente para levlos a fazer algo considervel para escapar dele. Eles no esto cientes de que vale a pena, durante sua vida, fazer todos os esforos considerveis para isso. E se eles, de fato, se esforam por um pouco de tempo, logo deixam de lado, e outra coisa ocupa seus pensamentos e preocupaes.

    Assim se v entre jovens e velhos. Multides de jovens levam uma vida descuidada, tendo pouca preocupao por sua salvao. Assim, voc pode ver entre as pessoas de meiaidade, com muitos que j so mais velhos, e que certamente se aproximam da sepultura. No entanto, essas mesmas pessoas parecem reconhecer que a maior parte dos homens que vo para o inferno e sofrem o tormento eterno no tm nenhumapreocupaocomisso.Noentanto,elesfaroomesmo!

    Quo estranho que os homens se divertem e repousam, enquanto esto, desta maneira, suspensos sobre as chamas eternas: ao mesmo tempo, no tendo nenhuma posse de suas vidas e no sabendo quo logo o fio, em que esto suspensos, vai arrebentar. Alis, eles nem fingem saber. E se o fio arrebentar, eles se foram: eles esto perdidos para sempre, e no h soluo! No entanto, eles no se incomodam muito com isso, nem daro ouvidos queles que os alertam, rogandolhes que cuidem de si mesmos e trabalhem para sair dessa condio perigosa. Eles no esto dispostos a fazer tanto esforo. Eles no escolhem se desviar de entreter a si mesmos com brinquedos e vaidades. Portanto, o homem sbio pode muito bem dizer: "O corao dos homens, alm do mais, est cheio de maldade e de loucura durante toda a vida e por fim eles se juntaro aos mortos" Ec 9:3. Quo mais sbios so aqueles poucos, que fazem disto o seu maior interesse a fimdeestabelecerumabaseparaaeternidade,afimdegarantiremasuasalvao!

    2. Irei aprimorar este assunto dando uma exortao aos pecadores, para tomarem cuidado de escapar destes tormentos eternos. Se eles forem eternos, algum poderia pensar que seria suficiente despertar o interesse e incitar a diligncia. Se o castigo for eterno, ele infinito, como alegamos anteriormente. E portanto, nenhum outro mal, nenhuma morte, nenhum tormento temporrio que voc j tenha ouvido falar, ou que voc pode conceber, nada em comparao com este castigo mas ele muito menos concebvel no apenas como um gro de areia menor do que todo o universo, mas como ele menor que o espao ilimitado que engloba o universo. Portanto,aqui:

    Primeiro, suplicarei a considerarem atentamente quo grande e terrvel a eternidade. Embora no seja possvel compreendla mais atravs da considerao, ainda assim voc pode se tornar mais consciente de que a eternidade no deve ser desconsiderada. Considere o que sofrer extremo tormento para todo o sempre: sofrer dia e noite de um ano a outro, de uma era outra, e de mil eras outra (e assim acrescentando era era, e milhares aos milhares), na dor, no choro e no

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  • lamento, gemendo e gritando, e rangendo os dentes com as suas almas cheias de terrvel agonia e espanto, e com os seus corpos e cada membro, cheios de exorbitante tortura sem qualquer possibilidade de obter conforto sem qualquer possibilidade de fazer Deus se compadecer por meio de seus gritos sem qualquer possibilidade de esconderse d'Ele sem qualquer possibilidade de desviar seus pensamentos de sua dor sem qualquer possibilidade de obter qualquer tipo de alvio,ajudaoumudanaparamelhor.

    Segundo, considere quo terrvel ser o desespero em tal tormento. Quo triste ser, quando voc estiver sob estes excessivos tormentos, ter a certeza que voc nunca, nunca ficar livre deles. No haveria nenhuma esperana: embora voc desejasse ser transformado em nada, voc no teria nenhuma esperana disso embora voc desejasse ser transformado em um sapo ou uma serpente, voc no teria nenhuma esperana disso embora voc se alegrasse se pudesse ter algum alvio, depois de ter sofrido esses tormentos milhes de eras, voc no teria nenhuma esperana disso. Depois de ter acabado a era do sol, da lua e das estrelas, em seus dolorosos gemidos e lamentaes, sem descanso nem de dia nem de noite, nem sequer um minuto de alvio, ainda assim voc no teria nenhuma esperana de um dia ser liberto. Depois de ter se passado mais de mil eras semelhantes, voc no teria nenhuma esperana, mas voc saberia que no estaria nem um pouco mais perto do fim de seu tormento. Mas ainda haveria os mesmos gemidos, os mesmos gritos, os mesmos lamentos, incessantemente vindos de voc, e que a fumaa do seu tormento continuaria a subir para todo o sempre. A sua alma, a qual estaria sendo afligida pela ira de Deus todo esse tempo, ainda existiria para suportar mais ira. O seu corpo, que estaria sendo queimado todo esse tempo nestas chamas ardentes, no seria consumido, mas permaneceria para ser queimado por toda a eternidade, quenoseria,demaneiraalguma,reduzidapeloqueaconteceunopassado.

    Voc pode atravs da considerao se tornar mais consciente do que normalmente voc . Mas voc apenas pode conceber um pouquinho do que no ter nenhuma esperana em tais tormentos. Quo avassalador isso seria para voc, suportar tamanha dor assim como voc tem sentido neste mundo sem qualquer esperana e saber que voc nunca ficar livre dela, nem sequer ter um minuto de descanso! Neste momento, voc apenas consegue, de forma bem escassa, conceber quo doloroso isso seria. Quo maior ser suportar o grande peso da ira de Deus, sem esperana!

    Quanto mais os condenados no inferno pensarem na eternidade de seus tormentos, mais assombroso estes parecero a eles. E ai deles, pois no sero capazes de manter a eternidade fora de sua mente! Sua tortura no os desviar de pensarem nela,masfixarosuaatenonela.

    Oh, quo terrvel a eternidade parecer para eles depois de terem pensado sobre ela

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  • porerasemaiseras,ejtendoexperimentadoportantotemposeustormentos!

    Os condenados no inferno tero dois infinitos para perpetuamente assombrlos e consumilos: um o Deus infinito, cuja ira eles suportaro, e em quem eles vero o seuperfeitoinimigoirreconciliveleooutroainfinitaduraodosseustormentos.

    Se fosse possvel aos condenados no inferno terem um conhecimento abrangente da eternidade, sua tristeza e dor teriam um grau infinito. A viso abrangente de tanta tristeza, a qual eles iro suportar, causaria uma tristeza infinita no presente. Embora eles no tero um conhecimento abrangente do mesmo, ainda assim, sem dvida, eles tero uma apreenso muito mais viva e forte do que podemos ter neste mundo. Seus tormentos iro darlhes uma impresso dela. Um homem em seu estado atual, sem qualquer ampliao de sua capacidade, teria uma impresso muito mais viva da eternidade do que ele tem, se ele apenas estivesse sob uma dor bem forte em algum membro de seu corpo, e tivesse ao mesmo tempo certeza de que ele suportaria essa dor para sempre. Sua dor lhe daria um maior senso da eternidade do que os outros homenstm.

    Quo maior efeito ter aqueles excruciantes tormentos, que o condenado h de sofrer!

    Alm de provavelmente a capacidade deles ser aumentada, seu entendimento ser mais rpido e mais forte no estado futuro, e Deus poder lhes dar um senso to grande e uma impresso to forte da eternidade, quanto Lhe aprouver, a fim de aumentarasuadoretormento.

    Oh, eu lhes imploro, vocs os que esto em um estado sem Cristo e esto indo a caminho do inferno, que esto diariamente expostos a condenao, considerem estas coisas. Se voc no fizer isso, certamente isso ser um pouco antes de voc experimentlos, e ento voc saber quo terrvel se desesperar no inferno. E isso pode acontecer antes deste ano, ou deste ms, ou desta semana, ou estar por um fio: antes de outro sbado, ou at mesmo, talvez voc jamais tenha oportunidade deouviroutrosermo.

    Terceiro, que voc efetivamente escape esses terrveis e pavorosos tormentos. Eu lhes suplico, fujam e abracem Aquele que veio ao mundo justamente com o propsito de salvar os pecadores destes tormentos que pagou toda a dvida para comaleidivina,eeliminouoeternoemSeussofrimentostemporais.

    Que grande incentivo este, para aqueles de vocs que esto conscientes de que esto expostos ao castigo eterno, que h um Salvador, que capaz e que livremente se oferece para salvlos daquele castigo, e que o faz de uma forma que perfeitamente consistente com a glria de Deus: sim, o que glorifica mais a Deus do

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  • que seria se voc sofresse o castigo eterno no inferno. Pois, se voc fosse sofrer aquele castigo, voc nunca pagaria a totalidade da dvida. Aqueles que so enviados para o inferno nunca pagaro a totalidade da dvida que devem a Deus, nem sequer uma frao, a qual no se compara com o todo. Eles nunca pagaro uma frao que se compare a grande proporo do todo, como um centavo de dez mil talentos. Portanto, a justia jamais pode ser efetivamente satisfeita em sua condenao. Mas efetivamente satisfeita em Cristo. Pois Ele aceito pelo Pai, e porconsequncia,todososquecreemsoaceitosejustificadosn'Ele.

    Portanto, creia n'Ele, venha a Ele, confie a sua alma a Ele para que seja salvo por Ele. Nele, voc estar seguro dos eternos tormentos do inferno. E isso no tudo, mas atravs d'Ele voc herdar inconcebvel bemaventurana e glria, que tero a mesma durao que os tormentos do inferno. Pois, assim como no ltimo dia os mpios iro para o castigo eterno, assim o justo, ou aqueles que confiam em Cristo, iroparaavidaeterna.

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