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Universidade Federal Fluminense (UFF) Centro Tecnológico Escola de Arquitetura e Urbanismo Departamento de Arquitetura Disciplina Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo Arquitetura e urbanismo renascentistas na Itália, na Espanha e nas colônias espanholas Integrantes da equipe: Raquel Carvalho Franklin Carlos Eduardo da Cunha Brandão Carolina de Campos Alves da Costa Professores orientadores: Ana Lúcia V. dos Santos Anna Rachel Julianelli

Trabalho de Arquitetura e Urbanismo

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Trabalho de arquitetura

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Universidade Federal Fluminense (UFF)Centro Tecnolgico Escola de Arquitetura e UrbanismoDepartamento de ArquiteturaDisciplina Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

Arquitetura e urbanismo renascentistas na Itlia, na Espanha e nas colnias espanholas Integrantes da equipe:Raquel Carvalho FranklinCarlos Eduardo da Cunha BrandoCarolina de Campos Alves da Costa

Professores orientadores:Ana Lcia V. dos SantosAnna Rachel Julianelli Niteri - RJ2014Arquitetura e urbanismo renascentistas na Itlia, na Espanha e nas colnias espanholas

Equipe: Raquel Carvalho FranklinCarlos Eduardo da Cunha BrandoCarolina de Campos Alves da Costa Trabalho submetido ao Departamento de Arquitetura, como parte dos requisitos necessrios para aprovao na disciplina Fundamentos de Arquitetura e urbanismo.

Aprovado por:Ana Lcia V. dos SantosAnna Rachel Julianelli

Niteri - RJ2014 2 Equipe: Raquel Carvalho FranklinCarlos Eduardo da Cunha BrandoCarolina de Campos Alves da Costa

Arquitetura e urbanismo renascentistas na Itlia, na Espanha e nas colnias espanholasTrabalho da disciplina de Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo

Palavras chave:ArquiteturaUrbanismoRenascimentoItliaEspanhaColnia

Orientadores:Ana Lcia V. dos SantosAnna Rachel Julianelli UFF - Escola de Arquitetura e Urbanismo 3Sumrio1 Introduo...................................................................................................................62 Tratadistas do Renascimento........................................................................................73 Renascimento na Itlia................................................................................................83.1 Contexto histrico...................................................................................................83.2 Urbanismo...............................................................................................................93.2.1 Caractersticas gerais......................................................................................93.2.2 Via Giulia.......................................................................................................93.2.3 Fortaleza de Palmanova................................................................................103.2.4 Obras urbansticas do papa Sixto V..............................................................113.2.5 Praas italianas..............................................................................................12

3.3 Arquitetura...........................................................................................................133.3.1 Caractersticas gerais.....................................................................................133.3.2 Baslica de So Pedro....................................................................................143.3.3 Cpula de Santa Maria del Fiore...................................................................153.3.4 Capela Pazzi...................................................................................................173.3.5 Tempietto.......................................................................................................183.3.6 Palazzo del Te................................................................................................194 Renascimento na Espanha...........................................................................................20 4.1 Contexto histrico..................................................................................................20 4.2 Urbanismo..............................................................................................................20 4.2.1 Caractersticas gerais........................................................................................20 4.2.2 Escorial.............................................................................................................20 4.2.3 A Vila de Lerma...............................................................................................21 4.2.4 Plaza Mayor......................................................................................................21 4.3 Arquitetura.............................................................................................................22 4.3.1 Caractersticas gerais........................................................................................22 4.3.2 Fachada da Universidade de Salamanca...........................................................23 4.3.3 Baslica do Monastrio do Escorial..................................................................23

45 Renascimento nas colnias espanholas.......................................................................24 5.1 Contexto histrico..................................................................................................24 5.2 Urbanismo..............................................................................................................25 5.2.1 Caractersticas gerais........................................................................................25 5.2.2 Cidade de Trujillo.............................................................................................26 5.2.3 Cidade de Len................................................................................................27 5.3 Arquitetura.............................................................................................................28 5.3.1 Caractersticas gerais........................................................................................28 5.3.2 Convento de Octopan.......................................................................................28 5.3.3 Abbada da igreja de Yecapixtla......................................................................296 Concluso....................................................................................................................30 7 Referncias bibliogrficas............................................................................................31

51 Introduo Este trabalho um requisito necessrio para a aprovao na disciplina Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo, ministrada pelas professoras Anna Rachel e Ana Lcia. Ele discorrer sobre o tema: arquitetura e urbanismo renascentistas na Itlia, na Espanha e nas colnias espanholas. At o sculo XIV, a Igreja Catlica dominava o conhecimento e sua difuso, divulgando apenas o que no comprometesse a f e seus dogmas. Nas escolas, nos mosteiros e nas universidades, o ensino era transmitido em latim, dificultando ainda mais a sua propagao, mesmo em setores da elite. O teocentrismo era a base de sustentao do conhecimento. Entretanto, a crise do sculo XIV produziu uma profunda inquietao intelectual, caracterizada pela ideia de renovao cultural. Um grupo de professores vai crescendo nas universidades, estudando leis para criar medidas que organizassem o funcionamento das cidades. Logo, os mesmos propuseram mudanas nos currculos tradicionais, propondo o estudo de disciplinas mais ligadas ao homem como a matemtica. Esses homens eram os humanistas, que se empenharam na renovao cultural a partir de uma viso crtica da sociedade europeia. Eles denominaram esse movimento com o termo Renascimento. Para os mesmos, a Idade Mdia representou um vazio cultural e cientfico, o que uma inverdade, mas, por isso, era necessrio ressuscitar a civilizao Greco-Romana. A valorizao do homem, ou seja, o humanismo; a reinterpretao dos valores greco-romanos como base para a construo de uma nova forma de pensar; a razo como instrumento para chegar ao conhecimento e o antropocentrismo so algumas caractersticas do Renascimento que influenciaro diretamente o pensamento da arquitetura e o urbanismo do perodo renascentista primeiramente na Itlia, por conseguinte na Espanha e nas suas colnias. Ao longo do trabalho, sero explanadas, a arquitetura e o urbanismo renascentista da Itlia, da Espanha e de suas colnias atravs da contextualizao histrica, das caractersticas gerais e da anlise de construes ou transformaes urbansticas mais relevantes. Por conseguinte, ser realizada uma anlise comparativa entre os diferentes pases.

62 Tratadistas do Renascimento

Cidade ideal de Vitrvio O modelo de cidade ideal do Renascimento oriundo dos textos de Vitrvio. Ele diz que a cidade idealmente perfeita poligonal, podendo ter oito ou mais lados. A cidade regular do Renascimento adota uma planta na qual o polgono pode ser inserido em um crculo. Alm de Vitrvio, h outros tratadistas como Len Alberti e Sebastiano Serlio, que propem intervenes urbansticas. O primeiro teoriza que as ruas principais deveriam ser retas e largas, devendo ser margeadas por edifcios de mesma altura em ambos os lados, mas ressalta que as secundrias deveriam ser curvas a fim de facilitar a observao de novas formas de edifcios. Ademais, Sebastiano Serlio menciona que, na frente de edifcios monumentais, haja uma praa quadrada ou de dimenses proporcionais fachada do monumento.

73 Renascimento Italiano 3.1 Contexto histrico A permanncia de resqucios da cultura greco-romana, a fuga dos sbios bizantinos para Itlia, protegendo-se da invaso dos turco-otomanos a Constantinopla, levando consigo a tradio greco-romana preservada naquela cidade e o rico comrcio desenvolvido pelas cidades italianas foram fatores determinantes para o incio do renascentismo na Itlia. O interesse pelas realizaes do passado foi estimulado pela redescoberta de bibliografia clssica dada como perdida, como o De Architectura de Vitrvio, encontrado na biblioteca do mosteiro de Monte Cassino em 1415. Nele, o autor exaltava o crculo como forma perfeita e elaborava teorias sobre propores ideais da edificao e da figura humana, e sobre a simetria e as relaes da arquitetura com o homem. O renascimento iniciou-se na Itlia, particularmente em Florena, e foi precedido por uma fase de transio que, pelos fins do sculo XIII, j paulatinamente substitua a arte Gtica. Foi, sobretudo, um fenmeno urbano, produto das cidades que floresceram no centro e no norte da Itlia, resultado de um perodo de grande expanso econmica e demogrfica. Os principais traos do renascimento foram a reinterpretao das formas clssicas da antiguidade greco-romana e a preocupao com a vida profana, o humanismo e o indivduo. Essas novas ideias seriam ento desenvolvidas por vrios arquitetos da poca, dentre eles, o primeiro grande expoente do classicismo arquitetnico, Filippo Brunelleschi, o qual tambm inspirou-se nas runas que estudou em Roma. As duas formas arquitetnicas, a gtica e a renascentista, conviveram durante mais de duzentos anos. Se, no princpio, rivalizaram entre si, como, por exemplo, nos arcos curvilneos renascentistas que buscaram esse formato do romano clssico, logo mais passaram a completar-se. Os adornos, os elementos decorativos, a forma das colunas gticas, desapareceram em favor da decorao renascentista. Contudo, muitas das grandes obras renascentistas no poderiam ter surgido sem o conhecimento da tcnica do gtico, como o prprio arco ogival, que tpico do gtico e que permitiu sustentar as abbadas elevadas do renascimento.

8 3.2 Urbanismo 3.2.1 Caractersticas gerais Na Itlia, as atividades urbansticas se desenvolvem, alterando o interior das cidades pr-existentes, modificando um pouco sua estrutura geral. As mudanas urbansticas ocorrem em ambientes medievais, nas praas irregulares, nas ruelas estreitas e tortuosas, apesar dos pensadores utpicos elaborarem cidades geomtricas ideais. H abertura de ruas novas com edifcios uniformes e, principalmente, a criao de praas novas, que tendero a ser regulares, para enquadramento de um monumento destacado, para honrar um rei ou para eventos festivos pblicos. As praas italianas tambm serviram para enaltecer as cidades mais nobres, pois so grandes praas de arquitetura suntuosa e ordenada.

3.2.2 Via Giulia

Via Giulia em 2012

A Via Giulia um exemplo de rua com traado retilneo e uniforme, segundo as ideias dos tratadistas. A mesma foi concebida para ligar algumas instituies governamentais como o Palazzo della Cancelleria e o Palazzo del Tribunali.

9 3.2.3 Fortaleza de Palmanova

Fortaleza de Palmanova

Em meados do sculo XVI, foi construda a fortaleza de Palmanova em Veneza, almejando proteo militar contra a ameaa turca. A mesma foi construda em ngulo obtuso a fim de torn-la menos vulnervel aos bombardeios. Alm disso, as paredes dos basties tambm possibilitavam muitas linhas de fogo aos canhes que escondiam. Palmanova um dos exemplos mais completos de uma cidade estelar, assemelhando-se ao modelo de cidade ideal de Vitrvio, pois uma fortaleza poligonal, contendo nove lados. No centro, h uma praa hexagonal, de onde saem seis ruas principais, sendo que trs desembocam nos baluartes e as outras, nas portas. Aos outros seis baluartes, chegam ruas oriundas do primeiro anel concntrico. Logo, percebe-se que as ruas da fortaleza de Palmanova so distribudas radialmente.

103.2.4 Obras urbansticas de Sixto V

Obras urbansticas do Papa Sixto V

As obras urbansticas do papa Sixto V foram relevantes para o urbanismo italiano e so de cunho esttico-religioso. Duas radiaes foram traadas: uma com o vrtice na Santa Maria Maior e a outra na Porta do Povo. Elas cruzam a cidade com diagonais de alinhamento reto que interligam pontos religiosos, principalmente as baslicas maiores. Ademais, construram-se obeliscos nos cruzamentos e no centro das mesmas a fim de orientar os peregrinos.

113.2.5 Praas italianas

Praa de So Pedro As praas renascentistas tornam-se um lugar geomtrico de destaque no traado do espao urbano, deixando de ser somente mais um espao vazio no mesmo, diferentemente dos perodos anteriores. Alm disso, so construdos, visando simetria e regularidade, segundo os ideais renascentistas. Ela concebida conjuntamente com alguma obra arquitetnica ou escultura, buscando destacar o monumento. Sua funo integrar o espao pblico com o urbanismo e a arquitetura, pertencendo a uma unidade. A fim de integrar a Baslica de So Pedro com a cidade, o arquiteto Bernini projeta a praa de So Pedro, pensando em construir dois espaos abertos conjuntos. O primeiro possui uma forma elptica e cercado por colunatas que se abrem como em um abrao materno, simbolizando a Igreja me e ainda h um obelisco ao centro, que representa a ligao entre a antiguidade e a cristandade. Alm disso, como as colunatas so abertas, possibilitam a observao do bairro ao redor da praa, facilitando a integrao da igreja com a cidade. Entretanto, o outro espao aberto tem o formato trapezoidal, que aumenta gradualmente medida que se aproxima da Baslica de So Pedro, trabalhando com a iluso de tica, uma das caractersticas renascentistas, para diminuir a amplitude da fachada da Baslica de So Pedro. 123.3 Arquitetura 3.3.1 Caractersticas gerais Brunelleschi foi o primeiro a usar modernamente as ordens arquitetnicas de maneira coerente, instaurando um novo sistema de propores baseado na escala humana, uma das caractersticas marcantes da arquitetura renascentista. Outra caracterstica da arquitetura que surgiu tambm nessa poca foi o uso precursor da perspectiva para a representao ilusionista do espao tridimensional em um plano bidimensional. Referindo-se ao espao religioso, a caracterstica mais notvel est na retomada do modelo centralizado de templo, desenhado sobre uma cruz grega e coroado por uma cpula. Ele era baseado em uma escala mais humana, abandonando a intensa verticalidade das igrejas gticas e, tendo na cpula, o coroamento de uma composio que primava pela inteligibilidade humana, especialmente no que tange estrutura e s tcnicas construtivas da cpula. Alm disso, a ocupao do espao pelo edifcio baseia-se em relaes matemticas estabelecidas de tal forma que o observador possa compreender a lei que o organiza de qualquer ponto em que se posicione. A simetria e a simplicidade da construo, a presena de arcos de volta perfeita, o predomnio do horizontal sobre o vertical so outras caractersticas do renascimento italiano. Durante a renascena, destacou-se, na Itlia, a construo do Palazzo ou palcio renascentista. Ele, no incio do renascimento, constitua em uma edificao intermediria entre a fortaleza e a casa senhorial. Sua estrutura particular era uma consequncia das contnuas lutas polticas que se desencadeavam nas cidades, por isso os palcios constituam verdadeiros blocos de pedra macia. Ademais, o ptio renascentista conferia ao interior do palcio o aspecto elegante e sbrio que faltava ao exterior da construo. Em muitas cidades italianas, era comum que esses palcios fossem tambm estabelecimentos comerciais. Os grandes mercadores e suas famlias habitavam o primeiro andar do edifcio, enquanto que o trreo era ocupado por lojas e armazns.

13 3.3.2 Baslica de So Pedro

Baslica de So Pedro Planta baixa da Baslica de So Pedro A Baslica de So Pedro trata-se do maior e mais importante edifcio religioso do catolicismo e um dos locais cristos mais visitados do mundo. Situa-se na praa de So Pedro, responsvel pela integrao da Baslica com a cidade. Alm disso, sua construo recebeu contribuies de alguns dos maiores artistas da histria da humanidade tais como Bramante, Michelangelo, Rafael Sanzio e Bernini. Ela um projeto arquitetnico em formato de uma cruz que possui trs naves, sendo que no cruzeiro, projeta-se uma cpula alinhada com a sepultura do apstolo So Pedro.Na Baslica de So Pedro, notam-se colunas e capitis (parte superior da coluna) suspensos, mostrando uma clara influncia greco-romana. Ademais, observa-se que as propores das alturas das colunas cobrem o equivalente a dois ou mais pavimentos, tornando a fachada mais imponente, transferindo para o conjunto, ou seja, para a Baslica, a ideia de monumentalidade. Outras caractersticas da arquitetura renascentista so as janelas de dupla abertura, os altos-relevos, a sua grande cpula, a qual foi idealizada e construda sobre a superviso de Michelangelo, a simetria da Baslica, o lanternim e os arcos de volta perfeita.

14 3.3.3 Cpula de Santa Maria del Fiore

Catedral Santa Maria del Fiore Cpula de Santa Maria del Fiore

Santa Maria del Fiore uma catedral, da qual a construo consumiu diversas geraes. Essa no foi uma construo totalmente planejada de seu incio ao fim, pois seu desenho e sua execuo ocorreram de forma paralela. Ainda que existisse um plano geral para sua forma e sua distribuio interna, os detalhes construtivos, segundo a prtica construtiva medieval, foram sendo resolvidos medida que eram feitos, no prprio local. Previa-se, portanto, a existncia de uma cpula na qual no estava definida de antemo. Quando chegou o momento de construi-la, os artesos florentinos depararam-se com um vo de mais de quarenta metros, impossvel de ser vencido atravs das tcnicas construtivas tradicionais.A soluo encontrada em 1418, quando a repblica de Florena j demonstrava claras intenes de manifestar seu poder econmico na arquitetura de sua cidade, foi promover um concurso de ideias para a concluso da cpula, cujos ganhadores foram Brunelleschi e Lorenzo Ghiberti em um projeto conjunto. Brunelleshi, na poca, j era um arteso relativamente reconhecido e aceitou o desafio. Decidiu, porm, viajar at Roma para tentar solucionar o problema. Roma era naquele perodo o local, em todo o mundo, cujas runas da Antiguidade Clssica mais estavam visveis, e quase que integradas paisagem urbana. A principal fonte de inspirao para Brunelleschi revelou-se no Panteo daquela cidade: uma estrutura com um vo similar ao de Santa Maria del Fiore vencido com uma cpula em arco pleno.

15 Arco pleno ou romano um arco que formado por um semicrculo inteiro, apoiado em duas extremidades e fechados por uma nica pedra em forma de cunha, que pressionava as demais, sendo um tipo de arco com um nico centro localizado no nvel da linha superior das impostas, exatamente no centro do arco. Brunelleschi no s observou a soluo construtiva existente no Panteo como comeou a estudar as relaes estilsticas, proporcionais e formais entre os vrios elementos que compunham aquele espao. efetivamente nessa atitude que o esprito do Renascimento comea a se manifestar: o indivduo observa uma determinada situao e atravs de um desejo, uma inteno, interfere na mesma, buscando as solues para as no conformidades da sua prpria realidade. Em 1420, comeou a tomar forma o projeto audacioso que precisou de um estudo acurado das construes da antiga Grcia e Roma. Brunelleschi usou o modo construtivo de tijolos inter travados sem nenhum tipo de apoio, subindo em crculos e se fechando assim como ele tinha estudado no Panteo Romano e nas runas de Roma. Ele construiu vrios anis concntricos de tijolos e pedras, sendo que elas formaram oito espiges que se assentaram nas esquinas do octgono. Alm disso, a estrutura interna, na qual os tijolos so ordenados na diagonal, suportam o peso dessa construo. Brunelleschi projetou uma cpula octogonal, simbolizando os oito lados de uma flor e dando assim origem ao nome Santa Maria del Fiore. Alm disso, a cpula nica simbolizava a f em um nico Deus. E a mesma pode ser vista de quase toda a cidade como queria Brunelleschi, era para cobrir o cu da Toscana. Brunelleschi no se limita a utilizar as solues romanas, mas prope algo totalmente novo: sua cpula ser a primeira em estrutura octogonal da histria da arquitetura. Tal foi o impacto da nova cpula na cidade de Florena que a imagem da catedral passou a ser elemento fundamental na prpria constituio da cultura da cidade.

16 3.3.4 Capela Pazzi

Capela Pazzi Planta baixa da capela Pazzi

A capela Pazzi uma construo simtrica que foi projetada por Brunelleschi. A fachada da mesma composta por seis colunas corntias que sustentam um entablamento retangular, sendo que a mesma parece encobrir o corpo principal da capela. Ademais, tambm possui um arco de volta perfeita, que conecta as duas sees de uma colunata clssica para enquadrar o portal e dirigir o olhar at a cpula.

17 3.3.5 Tempietto

Tempietto Planta baixa do Tempietto

Tempietto uma capela, construda por Donato Bramante e sintetiza as ideias renascentistas, j que prioriza as propores equilibradas, orientadas escala do homem, a simetria da construo e predomina-se, na planta baixa, o crculo, que smbolo da perfeio. Ele criou um claustro circular, com uma arquitetura perfeitamente hermtica e tambm incluiu um templo circular no seu interior. Essa capela cilndrica, possui dois pavimentos e apresenta uma cpula hemisfrica. Alm disso, rodeada por colunatas dricas.

183.3.6 Palazzo del Te

Vista interior do Palazzo del Te Palazzo del Te O Palazzo del Te foi construdo por Giulio Romano, que nasceu em Roma, logo possua conhecimento das construes da antiguidade oriundo de uma experincia ntima e pessoal com a mesma. A primeira imagem mostra a utilizao do ponto de fuga e de um nmero mpar de arcos para possibilitar a utilizao dessa tcnica explorada pelos renascentistas. Ele um edifcio retangular ao redor de um ptio quadrado. Sua superfcie externa apresenta grandes pilastras dricas lisas, entretanto o espao entre elas desigual. Suas paredes apresentam rustificao, que s se revelava na parte externa do palcio, pois nas junes, a pedra era minuciosamente recortada, caracterizando sua condio de ornamentao. Alm disso, o ptio tambm possui colunatas dricas e os espaos entre elas so revestidos com gesso, proporcionando profundidade superfcie da construo. Ademais, as janelas revelam a distino do andar nobre do superior.

194 Renascimento na Espanha4.1 Contexto histrico

Na Espanha, a reconquista do territrio espanhol pelos rabes e a grande explorao de ouro e prata das colnias espanholas, com o intenso intercmbio comercial e cultural associados, sustentou-se um expansionismo e enriquecimento da arte local. Particularmente, na arquitetura, a ornamentao excessiva torna-se tpica do estilo plateresco, que consiste na unio das ideias renascentistas italianas com as influncias gticas e mouriscas. 4.2 Urbanismo 4.2.1 Caractersticas gerais A Espanha, ao final do sculo XVI e devido dedicao de Filipe II ideia de elevar o urbanismo e a arquitetura espanhis a um plano de grandeza de rigor conceitual, realiza algumas construes de grande originalidade. Os conjuntos reais e a praa maior regular, a Plaza Mayor, constituem a inovao no urbanismo espanhol. 4.2.2 Escorial

O Escorial O Escorial um conjunto de enormes dimenses com paredes nuas com estilo herreriano que obrigam a organizar , segundo critrio urbanstico, o espao em seu entorno como armazns e jardins. A disposio em esquadria ou em formato de grelha revela a sobrevivncia das tradies medievais e islmicas. Atrs dessas paredes externas, agrupam-se ptios, mosteiro, faculdade, palcio e igreja com cpula e torre. 20 4.2.3 A vila de Lerma

Palcio de Lerma

Vrios conventos de fundao ducal esto agrupados com o Palcio de Lerma, distribudos linearmente, sendo que os blocos edificados alternam-se com espaos abertos sob a forma de praas. Sua organizao livre e a tradio castia espanhola sobrepe a simetria renascentista. Essa vila pode ser considerada uma construo de estilo herreriano apesar de ter sido construda no incio do sculo XVII.

4.2.4 Plaza Mayor

Plaza Mayor de Madrid

Durante o renascimento espanhol, vrias praas foram regularizadas, originando a Plaza Mayor, sendo importantes na histria do urbanismo espanhol. As praas catals geralmente apresentam prticos construdos com arcos de pedra, enquanto as castelhanas possuem prticos com ps-direitos de madeira. 214.3 Arquitetura 4.3.1 Caractersticas gerais A arquitetura renascentista dividida em trs fases: o estilo Plateresco, o Purismo e o estilo Herreriano. O estilo Plateresco combinava a tradio gtica espanhola com as novas ideias renascentistas italianas, criando uma corrente espanhola do estilo, que conhecido pela decorao que recobre inteiramente as superfcies das fachadas. Alm disso, em geral, as propores no so clssicas, sendo que alguns elementos arquitetnicos so empregados com muita liberdade como as colunas. Ao longo das dcadas, a influncia do estilo gtico vai desaparecendo e desenvolvido um estilo mais ortodoxo, a partir das ideias renascentistas, o Purismo. Os aspectos espaciais e construtivos prevalecero sobre os decorativos. A fachada dos edifcios deixa de ser excessivamente decorativa e passa a apresentar um aspecto mais sereno, harmnico e equilibrado. O estilo herreriano se caracterizar pela predominncia de linhas retas, volumes cbicos, de elementos construtivos e ausncia de decorao, havendo a introduo de ideias maneiristas vindas da Itlia.

224.3.2 Fachada da universidade de Salamanca

Fachada da Universidade de Salamanca

A fachada da Universidade de Salamanca um dos melhores exemplos de arquitetura plateresca, pois percebe-se a utilizao exacerbada de elementos decorativos na fachada da universidade, que possui elementos gticos. Outro aspecto importante nessa obra que a decorao aumenta em tamanho no sentido do piso inferior ao superior, entretanto se torna cada vez menos denso medida que atinge o piso superior a fim de que o olho humano possa observar com a mesma nitidez as imagens de cada piso.

4.3.3 Baslica do Monastrio do Escorial

Baslica do Monastrio do Escorial

A Baslica do Monastrio do Escorial pertence ao estilo herreriano, caracterizando-se pela predominncia de linhas retas, de elementos construtivos e ausncia de decorao, diferentemente do estilo plateresco.235 Renascimento nas colnias espanholas

5.1 Contexto histrico

Mural La colonizacin de Diego Rivera

Nos sculos XV e XVI, durante o Renascimento, h a expanso martima e comercial da Espanha, sendo que a mesma a segunda nao ibrica a comear sua expanso alm-mar. Ela financia a viagem de Colombo, possibilitando a concretizao de modelos e planos de cidades ideais e utpicos que no puderam ser aplicados amplamente na Europa devido ao crescimento populacional e por haver cidades j construdas. Os espanhis conquistaram terras favorveis colonizao como os planaltos da Amrica Central e Meridional, encontrando civilizaes pr-colombianas como os maias, incas e astecas, dizimando grande parte das mesmas. No incio do sculo XVI, implantaram algumas cidades na Amrica Central como La Habana e Guatemala, cujos planos de cidade eram prticos e se adaptavam topografia local. Alm disso, conquistaram a capital do imprio asteca, Tenochtitln, impondo um modelo de cidade com planta em forma de tabuleiro de xadrez. Nas outras regies do continente americano, os espanhis destroem as aldeias dos nativos e obrigam os mesmos a ocuparem as novas cidades.

24 5.2 Urbanismo

5.2.1 Caractersticas gerais

Nas colnias espanholas, o conceito urbano geralmente segue um padro. A cidade organizada em quarteires idnticos e, se possvel, quadrados. Alm disso, h a supresso de um ou mais quarteires centrais para criar uma grande praa regular, a Plaza Mayor e repousam sobre a mesma os edifcios pblicos. Ademais, as ruas eram retilneas e ortogonais. Em meados do sculo XVI, Filipe II institui a lei das ndias, que rene as ideias renascentistas, as influncias do tratado de Vitrvio e as experincias na Amrica. Dentre elas, sero citadas as mais importantes: a planta de algum estabelecimento a ser fundado deveria ser levada pronta de Portugal; a cidade deveria ser projetada a partir da Plaza Mayor, de onde sairiam as ruas; a praa principal deveria se localizar ao centro da cidade e a igreja deveria estar situada livremente em uma rea com topografia elevada e de forma independente. Os traados dessas cidades so prticos e visam defesa e sua expanso. Alm disso, so uniformes e no se importam com as especificidades de cada local. Os mesmos no acompanharam a evoluo urbanstica europeia e a quadrcula disseminou-se. Apesar da falta de diversidade no urbanismo da Amrica espanhola, pode-se dividir a cidades em cinco grupos. As cidades irregulares so algumas muito antigas sem plano preestabelecido como Loja, uma cidade equatoriana, cujo relevo era acidentado. Havia cidades que eram semirregulares, sendo produto da adaptao daquela rgida quadrcula s condies locais. Entretanto, as cidades regulares eram as mais numerosas, definindo tipo de urbanismo das colnias espanholas. Tambm havia, em pequeno nmero, cidades fortificadas de traado regular por razes militares e por um maior conhecimento tcnico dos peritos em fortificao, que se assemelhavam ao modelo italiano, mas se diferenciavam na distribuio das ruas, pois, na Amrica Espanhola, elas no eram radiocntricas. Ademais, ainda existiam os casos especiais de cidade que no possuam praa como Nossa Senhora de Lujn, na Argentina, mas esses casos eram rarssimos.

25 5.2.2 Trujillo

Planta de fundao da cidade de Trujillo

A cidade de Trujillo uma das poucas cidades renascentistas coloniais espanholas que fortificada e que apresenta traado regular, possuindo quinze lados e quinze baluartes, inscritos em um oval. As ruas so retilneas e ortogonais, diferentemente das cidades fortificadas italianas como a fortaleza de Palma Nova, onde o traado das ruas era radiocntrico.

26 5.2.3 Len

Planta de fundao da cidade de Len

A cidade de Len, que atualmente compreende Caracas, foi dividida, segundo a planta de fundao da cidade em quarteires idnticos com forma quadrada, havendo a supresso do quarteiro central para dar lugar praa. Alm disso, suas ruas eram retilneas e ortogonais.

275.3 Arquitetura

5.3.1 Caractersticas gerais

A arquitetura das cidades coloniais espanholas contrasta com o requinte e as ambies da cultura renascentista europeia, principalmente a italiana. Ela ser influenciada pelos diferentes estilos arquitetnicos espanhis, mas, inicialmente, pelo Plateresco. Relativo ordenao e organizao das casas, as Leis das ndias tambm aconselhavam que as casas da cidade fossem da mesma forma, conservando uma grande unidade.

5.3.2 Convento de Octopan

Fachada do convento de Octopan

Essa fachada plateresca, pois decorada alm de possuir arcos com influncia do renascimento italiano, eles deixam de ser arcos gticos.

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5.3.3 Abbada da igreja de Yecapixtla

Abbada da igreja de Yecapixtla

A abbada da igreja plateresca, sendo que sua estrutura gtica. A riqueza de flexes nos nervos que constituem essas abbodas estreladas impossibilita seu carter estrutural, sendo tratados como elementos decorativos. Logo, esses ressaltos se organizam em curvas e contracurvas, substituindo o funcional pelo ornamental.

296 Concluso A arquitetura e o urbanismo renascentistas na Itlia, na Espanha e nas colnias espanholas apresentam caractersticas semelhantes e distintas entre si, mas deve-se ressaltar que todas foram inspiradas pelas caractersticas do movimento renascentista como o antropocentrismo e o racionalismo. A partir das informaes relacionadas ao urbanismo mencionadas ao longo desse trabalho, percebe-se que a organizao das cidades hispano-americanas em torno da Plaza Mayor e os edifcios monumentais que a rodeiam conferem identidade a essa cidade e ainda causa um forte impacto a um observador. Devido ao marcante e representativo carter da sua praa regular central, superam, sob esse aspecto, as de sua metrpole, que no alcanavam a predominncia e dominao das praas americanas, logo as cidades hispano-americanas assemelhavam-se, nesse sentido, s cidades italianas. Alm disso, a fundao dessas cidades coloniais espanholas obedeceram os planos de cidades ideais e utpicas, que no podiam ser aplicadas na Itlia ou na Espanha, por serem regies com cidades j pr-estabelecidas, em sua grande maioria, realizando basicamente a expanso da malha urbana, principalmente na Itlia. Os traados das cidades americanas so prticos e visam defesa e sua expanso. Alm disso, so uniformes e no se importam com as especificidades de cada local. Os mesmos no acompanharam a evoluo urbanstica europeia e a quadrcula disseminou-se, porque a maioria dessas cidades era regular, entretanto algumas cidades coloniais fortificadas tambm se diferenciavam das italianas, porque suas ruas eram ortogonais, logo no eram radiocntricas como as ruas das fortalezas italianas. Ademais, a arquitetura renascentista da Espanha e de suas colnias sofreram influncia dos mesmos estilos, entretanto a metrpole possua uma arquitetura mais requintada devido ao capital adquirido a partir da explorao de metais preciosos das colnias. O estilo plateresco espanhol recobre inteiramente a superfcie das fachadas, entretanto o das colnias espanholas se restringe, geralmente, a alguns detalhes decorativos, deixando de apresentar decorao exacerbada. Durante o renascimento, percebe-se que o urbanismo e a arquitetura desses pases apresentaram algumas diferenas devido ao contexto histrico e a forma da qual se deu as influncias renascentistas, mas a singularidade identifica cada um desses pases, tornando-os nicos. 307 Referncias bibliogrficas

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