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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Orientações metodológicas para sua construção Professora Clara Maria C. Brum de Oliveira PARTE 1 – Orientações Gerais O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de graduação objetiva alcançar uma qualificação teórica e metodológica dos graduandos (BOAVENTURA, 2009, p. 20) através da pesquisa. Sua elaboração exige um cuidadoso processo de pesquisa que se inicia com a definição do tema, sua delimitação, investigação bibliográfica, atendendo às orientações da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Você saberia dizer o que é Pesquisa? É um trabalho para entregar ao seu professor? É a cópia de vários textos e vários livros investigados? Impressão de tudo o que você acha na Internet sobre determinado assunto? A Internet é confiável? Qual o resultado que se espera ao término de uma Pesquisa? A Pesquisa precisa ser original, ou um resumo do que já foi produzido? Desmistificando o conceito de Pesquisa! Vamos conhecer algumas definições? Pesquisa: (...) atividade intelectual intencional que visa a responder às necessidades humanas. (...) Pesquisar é o exercício intencional da pura atividade intelectual, visando a melhorar as condições práticas de existência (SANTOS, 2007, 17-20). A pesquisa é um procedimento reflexivo, sistemático, controlado e crítico que permite descobrir novos fatos ou dados, soluções ou leis, em qualquer área do conhecimento. Dessa forma, a pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas por meio dos processos do método científico. Podemos, assim, indicar os três elementos que caracterizam a pesquisa: a) o levantamento de algum problema; b) a solução à qual se chega; c) os meios escolhidos para chegar a essa solução, a saber, os instrumentos científicos e os procedimentos adequados (RAMPAZZO, 2005, p.49). Uma definição pertinente de pesquisa poderia ser: diálogo inteligente com a realidade, tornando-se como processo e atitude, e como integrante do cotidiano. (...) Diálogo é fala contrária, entre atores que se encontram e se defrontam (DEMO, 2009, p.37). Pesquisar é pensar, refletir, ler, discutir, perguntar, criticar, descobrir, enfim, é buscar uma visão, uma explicação, uma idéia, uma solução

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PARTE 1 – Orientações Gerais O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de graduação objetiva alcançar uma qualificação teórica e metodológica dos graduandos (BOAVENTURA, 2009, p. 20) através da pesquisa. Sua elaboração exige um cuidadoso processo de pesquisa que se inicia com a definição do tema, sua delimitação, investigação bibliográfica, atendendo às orientações da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Você saberia dizer o que é Pesquisa? É um trabalho para entregar ao seu professor? É a cópia de vários textos e vários livros investigados? Impressão de tudo o que você acha na Internet sobre determinado assunto? A Internet é confiável? Qual o resultado que se espera ao término de uma Pesquisa? A Pesquisa precisa ser original, ou um resumo do que já foi produzido? Desmistificando o conceito de Pesquisa! Vamos conhecer algumas definições? Pesquisa:

(...) atividade intelectual intencional que visa a responder às necessidades humanas. (...) Pesquisar é o exercício intencional da pura atividade intelectual, visando a melhorar as condições práticas de existência (SANTOS, 2007, 17-20). A pesquisa é um procedimento reflexivo, sistemático, controlado e crítico que permite descobrir novos fatos ou dados, soluções ou leis, em qualquer área do conhecimento. Dessa forma, a pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas por meio dos processos do método científico. Podemos, assim, indicar os três elementos que caracterizam a pesquisa: a) o levantamento de algum problema; b) a solução à qual se chega; c) os meios escolhidos para chegar a essa solução, a saber, os instrumentos científicos e os procedimentos adequados (RAMPAZZO, 2005, p.49).

Uma definição pertinente de pesquisa poderia ser: diálogo inteligente com a realidade, tornando-se como processo e atitude, e como integrante do cotidiano. (...) Diálogo é fala contrária, entre atores que se encontram e se defrontam (DEMO, 2009, p.37). Pesquisar é pensar, refletir, ler, discutir, perguntar, criticar, descobrir, enfim, é buscar uma visão, uma explicação, uma idéia, uma solução

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para as perguntas e problemas que nos movimentam e interessam; é construir, formar e organizar um pensamento (próprio ou não); é alcançar um resultado que apazigúe ou que confirme a inquietude inicial. Saber pesquisar é uma maneira para enfrentar qualquer desafio novo, e a vida dos profissionais é uma constante renovação destes desafios (MARQUES, 2003).

Segundo Pedro Demo (2009) pesquisar coincide com criação e emancipação. Através da pesquisa se estabelece um verdadeiro diálogo com a realidade nos permitindo construir uma consciência crítica, um espírito crítico. Por isso, não se trata de copiar o que já foi dito, mas reconstruir oferecendo novas possibilidades. O processo da pesquisa não está reservado a poucos, mas integra o caminho de todo o estudante universitário. Para tanto, é preciso conhecer a trajetória acadêmica, ter o domínio das técnicas, o manejo dos dados e o conhecimentos das regras de formatação – as regras do jogo. Podemos concluir que toda pesquisa revela um:

Procedimento reflexivo, Procedimento sistemático, Procedimento crítico É uma atividade voltada para a solução de problemas

Três elementos caracterizam a pesquisa: a) o levantamento de algum problema; b) a solução à qual se chega; c) os meios escolhidos para chegar a essa solução. A pesquisa pressupõe o conhecimento dos conteúdos mais importantes, a atualização nas polêmicas teóricas, a precisão no uso dos conceitos e a criatividade na interpretação. Como afirma Pedro Demo (2009), quem não pesquisa apenas reproduz ou apenas escuta. Ou aproveitando uma ideia do senso comum: o que os olhos não vêem [ leia-se lêem], o coração não sente! Por que pesquisar? Na vida, encontramos muitas razões que direcionam um profissional a realizar uma pesquisa. Na universidade, a pesquisa assume um lugar de destaque. É indiscutível que o ensino sempre foi considerado uma atividade primordial da universidade, desde a Idade Média. Todavia o princípio que relaciona ensino e pesquisa foi apresentado por Wilhelm Von Humboldt, na ocasião que criou a Universidade de Berlim, em 1810, introduzido no ensino brasileiro em 1968, para enriquecer a atividade universitária (BOAVENTURA, 2009, p. 20). Nesse sentido, a nossa trajetória tem mostrado que essa relação se tornou um instrumento útil de qualificação teórica para os estudantes.

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O ponto de partida! Para iniciar uma pesquisa é preciso conhecer os tipos disponíveis. E, nesse sentido, uma classificação com base em critérios poderá ser útil. Nesse processo alguns cuidados são recomendáveis. Encontramos em farta literatura sobre o assunto uma classificação do ponto de vista de sua

Natureza, ou seja, essência;

Abordagem, que significa forma de tratar alguma questão;

Objetivos, entenda-se finalidade ou motivo;

Procedimentos, que se traduz no sentido de maneiras de agir ou instruções. Recomendamos que você estude o significado de cada um, considerando a pesquisa que terá de realizar. Classificação da Pesquisa: Do ponto de vista da sua natureza, ou seja, aquilo que compõe a substância do ser ou essência

da pesquisa.

Pesquisa Pura: Pesquisa Aplicada:

Objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais. Motivada basicamente pela curiosidade intelectual do pesquisador;

Objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais.

Do ponto de vista de sua abordagem, o que significa dizer modo de tratar ou ponto de vista de

uma questão.

Pesquisa Quantitativa: Pesquisa Qualitativa:

Traduz em números opiniões e informações para classificá-los e organizá-los. Utiliza métodos estatísticos.

Neste enfoque não há medição numérica, como as descrições, mas o seu propósito está em reconsiderar ou reconstruir a realidade observada. Assim, considera a existência de uma relação dinâmica entre mundo real e o sujeito. Busca dar significado às relações entre os fenômenos*.

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* Importante esclarecer que o termo fenômeno pode designar um fato percebido por alguém. Neste caso, a percepção que determinado observador tem de um fato é o que o caracteriza como fenômeno. Do ponto de vista dos objetivos, ou seja, quanto ao seu fim, propósito:

Quanto aos procedimentos, significa maneira de agir, modo de proceder, modo de fazer (algo),

técnica, processo ou método. Assim, vejamos:

Pesquisa bibliográfica: Trata-se de uma etapa fundamental em todo trabalho científico que influenciará todas as etapas de uma pesquisa, na medida em que der o embasamento teórico em que se baseará o trabalho. Consistem no levantamento, seleção, fichamento e arquivamento de informações relacionadas à pesquisa. Bibliografia é o conjunto dos livros escritos sobre determinado assunto, por autores conhecidos e identificados ou anônimos. Segundo Carlos Antônio Gil (1991, p.48):

A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.

Pesquisa documental:

Exploratória:

Descritiva:

Explicativa:

É considerado o passo inicial de qualquer pesquisa. Trata-se de uma observação, ou seja, consiste em recolher e registrar os fatos da realidade. Neste modelo temos a possibilidade de aprimoramento de ideias. Geralmente, neste tipo de pesquisa há o levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que experimentaram situações que estejam sendo pesquisadas e análise de exemplos.

O objetivo principal é descrever as características de algum fenômeno observado, descobrir a freqüência com que ocorre, sua relação e sua conexão com outros fenômenos. Esta modalidade é típica das ciências humanas e sociais. Neste tipo de pesquisa, o estudante deve observar, registrar, analisar e correlacionar fatos ou fenômenos (variáveis), sem manipulá-los.

O objeto está em identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Neste modelo temos um efetivo aprofundamento de conhecimentos, porque busca entender ou explicar as razões das coisas, o que amplia o entendimento. Nada impede que uma pesquisa explicativa seja a continuação de uma descritiva ou exploratória.

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Trata-se de uma pesquisa realizada através de documentos que podem ser: documentos pessoais, cartas, diários, jornais, balancetes, microfilmes, fotografias, memorandos, ofícios, vídeos, documentos estatísticos e outros. Há uma análise da descrição do conteúdo manifesto para se alcançar uma rede de significados. Em ciência, documento é toda forma de registro e sistematização de dados, informações, colocando-os em condição de análise por parte do pesquisador. Pesquisa de campo: É a investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno. Pode incluir entrevistas, aplicação de questionamentos, testes e observações. Segundo Antônio Joaquim Severino (2007, p. 123), na pesquisa de campo “o objeto é abordado em seu próprio meio. A coleta de dados é feita nas condições naturais em que os fenômenos ocorrem, sendo assim diretamente observados”.

Histórica: Descreve o que já aconteceu, sob a forma de investigação, registro, análise e interpretação de fatos ocorridos no passado, para poder compreender o presente. Os dados podem ser coletados em: fontes primárias - quando o investigador foi o observador direto dos eventos ou utiliza materiais de primeira mão; fontes secundárias - quando os eventos foram observados e reportados por outras pessoas e não diretamente pelo investigador. Neste caso, os dados exigem cuidadosa e objetiva análise a fim de avaliar sua autenticidade e relevância. Você já reparou que os filmes de época exigem um estudo histórico prévio? Vamos verificar Comparada: Procura estabelecer semelhanças e diferenças entre situações, fenômenos e coisas, por meio de relações entre os elementos que são comparados. Estudo de caso: É o estudo circunscrito a uma ou poucas unidades, entendidas essas como uma pessoa, uma família, um produto, uma empresa, um órgão, uma comunidade ou um país. O estudo de casos constitui-se numa metodologia de ensino participativa, voltada para o envolvimento do aluno. Os casos apresentam situações em que empresas e pessoas reais precisam tomar decisões sobre um determinado dilema. A condução do método envolve um processo de discussão, em que alunos devem se colocar no lugar do tomador de decisão, gerar e avaliar alternativas para o problema, e propor um curso de ação.

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O que se pode pesquisar na internet? A internet é um conjunto de redes de computadores interligados no mundo inteiro. Nesse sentido, permite a pesquisa de milhares de informações diferentes, hoje, um acervo extraordinário. Como encontramos muitas informações, temos que selecionar o material de pesquisa em sites confiáveis. Para pesquisar na internet temos sites de busca tais como: Google, Alta Vista, Excite e Yahoo. Além de vários endereços eletrônicos de bibliotecas que colocam disposição informações de fontes bibliográficas. Também encontramos disponível na internet o site das editoras contendo informações sobre os lançamentos editoriais; sites de revistas eletrônicas, jornais, instituições de pesquisas e entidades culturais. Em qualquer situação é importante respeitar as regras de utilização das informações disponíveis. Nunca utilize informações de outrem sem referenciar a fonte. Ademais, observe a veracidade das informações postadas na Web. Administre as imperfeições no conteúdo, verificando a fonte da informação obtida. Lembre-se, a internet é livre, mas há autoria que deve ser respeitada.

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Wikipédia A Wikipédia é uma enciclopédia livre, baseada na edição do seu conteúdo de forma colaborativa. Qualquer pessoa poderá se tornar um editor de algum conteúdo. Observe que é uma enciclopédia multilíngüe, podendo ser escrita em diversos idiomas e em diferentes regiões. Por ser uma enciclopédia livre, não há fins lucrativos e qualquer informação publicada poderá ser transcrita, modificada e ampliada por qualquer pessoa. Será que é confiável?

Aproveite e conheça as Agências de Fomento e de apoio à pesquisa: www.cnpq.br – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ( a Plataforma Lattes); www.capes.gov.br – Coord. De Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.

Sites interessantes para referências bibliográficas: www.scielo.br – Scielo Scientific Eletronic Library www.books.google.com.br – Google Livros www.scholar.google.com.br - Google Acadêmico http://cabana-on.com/Biblioteca/biblio.html - Bibliotecas virtuais http://www.dominiopublico.gov.br - Portal Domínio Público

Referências: BOAVENTURA, E. M. Metodologia da pesquisa. São Paulo: Atlas, 2009. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

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MARQUES, Cláudia de Lima. Pesquisa de Iniciação Científica: da inquietude ao sucesso! Palavra do orientador. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/propesq/informativo/ic04/orientador.htm>. Acesso em: 14 mar. 2003. RAMPAZZO, Lino. Metodologia Científica: para alunos dos cursos de pós-graduação e pós-graduação. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2005. SANTOS, A. R. Metodologia Científica. A construção do conhecimento. RJ: Lamparina, 2007. SEVERINO, Antônio J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2007.

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PARTE 2 - Como começar uma pesquisa? Inicia-se uma pesquisa pela escolha do tema. Para tanto é preciso uma série de cuidados e, nesse sentido, é importante observar que independente da área de saber, todos enfrentam desafios parecidos: escolher um tema para pesquisar não é fácil! O tema representa o objeto da pesquisa. Por objeto, entende-se aquilo que é pensado, que será investigado (LALANDE, 1993). Assim, deve ser mais restrito que o assunto, faz parte dele. Isso mostra que o assunto é mais amplo e abrangente que o tema (LEITE, 2008, p. 190). Acrescente-se, também, que o tema precisa ser específico para que as respostas, ao final da pesquisa, sejam igualmente específicas. Por isso, costuma-se dizer que a primeira e fundamental fase de qualquer pesquisa é a definição do que vai ser pesquisado. Logo, a escolha do tema não deve ser apressada (SANTOS; MOLINA; DIAS, 2007). Nesta tarefa requer-se habilidade teórico-crítica, ou seja, conhecer e dominar os conceitos, as abordagens e os autores relevantes para a pesquisa como um pressuposto importante para a escolha do tema. Há uma recomendação neste caso:

Ler tanto quanto o tempo permita sobre o seu tema pode-lhe dar ideias não somente sobre a pesquisa que outros têm feito, mas também sobre sua abordagem e seus métodos (BELL, 2008, p. 57).

Do tema ao objeto de pesquisa! Quando se pretende construir um objeto de pesquisa, deve-se transformar o assunto em tema e este num objeto de investigação delimitado e preciso. Se por hipótese, um pesquisador desejar investigar o assunto violência. Deve-se indagar a que tipo de violência se refere, pois há muitas possibilidades. Poderá investigar tal assunto sob o enfoque teórico, mas deverá escolher as teorias, os autores, por exemplo. Podemos investigá-la sob o ponto de vista social, jurídico, psicológico, filosófico etc. Se preferir direcionar sua pesquisa para um estudo empírico precisará delimitar a um caso concreto, descrevendo-o minuciosamente. Assim, conseguirá transformar um tema em um verdadeiro objeto de pesquisa. Poderá pesquisar, por exemplo, os aspectos da violência doméstica contra adolescentes na realidade fluminense e suas relações com as condições sociais e econômicas das famílias moradoras nas comunidades carentes. Temos aqui um tipo específico de violência: a violência doméstica. Acrescente-se que a pesquisa pretende focalizar adolescentes na realidade fluminense e, em comunidades carentes. A partir de um tema específico poderemos alcançar respostas específicas. Imagine que um pesquisador pretende investigar o tema liderança. Para tanto, deverá transformá-lo num objeto de pesquisa, porque falar tudo o que sabe sobre liderança não caracteriza seu trabalho como um trabalho científico. E mais. O tema é muito amplo e fatalmente haverá omissões.

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Após as leituras necessárias poderá investigar como a liderança autoritária compromete a motivação dos funcionários da Empresa XYZ. Observe que delimitou a um tipo específico de liderança e sua influência em determinada empresa. A partir de agora pense no assunto que você gostaria de pesquisar. Lembre-se: originalidade não é pré-requisito. E que critérios devem ser considerados para a escolha do tema?

1º - O tema deve ser ESPECÍFICO! O autor do tema deve ser, nas palavras de Umberto Eco, “a maior autoridade viva sobre o assunto”. Não se assuste, mas é preciso conhecer e dominar o assunto escolhido, pois um tema mal delimitado eliminará qualquer possibilidade de uma contribuição inovadora. Segundo Welber Oliveira Barral (2010, p. 38), com um tema muito amplo, o pesquisador fará, no máximo, a revisão bibliográfica do tema, ou seja, um “fichamento”: uma listagem aborrecida de “fulano disse”, “beltrano falou” que não trará novidade à matéria. Não se esqueça!

Um tema amplo possibilita omissões; Um tema específico dará mais segurança ao pesquisador;

2º - O tema deve ser ACESSÍVEL! Um tema acessível significa que as fontes devem ser examinadas pelo pesquisador. Como sugestão, observamos que: “(a) não se pode fazer uma pesquisa sobre tema cujas fontes primárias estejam em idioma estrangeiro; (b) se a pesquisa for sobre a obra de um autor estrangeiro, deve-se ler no original; (c) algumas disciplinas dependem mais da literatura estrangeira na revisão bibliográfica” (BARRAL, 2010, p. 39-40). Imagine que alguém resolva fazer uma pesquisa original sobre a estrutura familiar entre os ianomâmis. Provavelmente, não encontrará literatura disponível sobre o assunto. Neste caso, vale indagar: teria disponibilidade para viver por algum tempo numa reserva indígena? Que resposta daria? E se um pesquisador decidir realizar uma pesquisa sobre o novo código civil húngaro. Teremos aqui um grande problema: ele não domina a língua húngara. Certamente, não terá acesso às fontes primárias mais importantes para desenvolver o seu tema. 3º - A necessidade de que o tema seja EXEQUÍVEL no prazo estipulado! Um erro comum é acreditar que um trabalho inovador poderá ser feito em poucos dias. Um trabalho científico exige tempo para pesquisar as fontes, ler a bibliografia, refletir, escrever, revisar, corrigir. Nesse sentido, o pesquisador deve estar atento ao prazo determinado por sua instituição de ensino e “não ceder à tentação de mudar de tema ao longo da pesquisa” (BARRAL, 2010, p. 39-40). 4º - A escolha do tema também deve considerar as EXIGÊNCIAS INSTITUCIONAIS!

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O curso pode ter linhas de pesquisa específicas, dentro das quais devem se encaixar os trabalhos realizados pelos alunos. Esse direcionamento temático é relevante porque reflete na disponibilidade de um orientador, ou seja, um professor que domine o tema, e possa, assim, auxiliá-lo ao longo da pesquisa (BARRAL, 2010, p. 39-40). 5º - Sugere-se que o tema seja ATUAL e CONTROVERTIDO! Um tema histórico pode ser interessante se há a necessidade de se esclarecer um problema atual. O conhecimento das experiências passadas, certamente, contribui para a compreensão da atualidade, bem como poderá minimizar eventuais erros. Todavia, há algumas dificuldades num tema histórico, principalmente no que tange ao acesso às fontes.

A escolha de um tema do momento – também traz riscos e dificuldades. Algumas recomendações podem ser feitas também para se identificar temas atuais: conversas com o orientador e outros pesquisadores, participação em congressos na área de interesse e leitura de periódicos atualizados (BARRAL, 2010, p. 43).

6º - A aptidão para o tema, o interesse pessoal e a maturidade intelectual! Entende-se por aptidão, a facilidade de aprendizado de uma determinada área de conhecimento. E neste ponto, é bom recomendar que “será mais fácil ao estudante dedicar-se a uma área de conhecimento para a qual tenha aptidão, para a qual demonstre facilidade de aprendizado e entusiasmo para conhecer mais”. Deve-se tomar muito cuidado para não ser seduzido pela simpatia a professores, palestrantes, e não a temas (BARRAL, 2010, p. 43). Possivelmente, o trabalho será árduo se o estudante não tiver maturidade intelectual para enfrentar os desafios do tema escolhido. Essa maturidade se adquire com o tempo e com horas de leitura e análise. Não se pode aguardar a inspiração chegar, pois não há atalhos ou fórmulas mágicas para elaboração de um trabalho. A recomendação é a seguinte: o estudante deve se esforçar para compatibilizar o tema escolhido com o seu interesse pessoal. Segundo Antônio Carlos Gil (2010, p. 1), há razões de ordem intelectual e de ordem prática que determinam uma pesquisa. Welber Oliveira Barral (2010, p. 43), ilustra, com muita propriedade, o critério da maturidade intelectual, a partir de um exemplo interessante:

Imagine um pesquisador que apresentou um excelente projeto, sobre a caracterização do crime na obra de Michel Foucault, sobre quem havia lido apenas um artigo. Ora, Foucault é um autor difícil, com obras extremamente densas, que demandam prévias leituras, para conhecer termos e conceitos criados pelo próprio autor. E isso não era possível no prazo que o pesquisador tinha à disposição, e que não lhe permitiria desenvolver a maturidade necessária à compreensão do tema.

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De um modo geral, os autores em metodologia da pesquisa observam que o envolvimento com a pesquisa exige a disposição para a aprendizagem de conceitos e teorias da área de saber escolhida pelo estudante. À medida que o estudante se insere nessa tarefa, vai adquirindo mais autonomia intelectual para produzir uma pesquisa. [ “conceitos” - “representação mental de um objeto abstrato ou concreto, que se mostra como um instrumento fundamental do pensamento em sua tarefa de identificar, descrever e classificar os diferentes elementos e aspectos da realidade” (Dicionário HOUAISS) [ “teorias” – “uma série de proposições abstratas inter-relacionadas sobre as questões humanas e o mundo social que explicam suas regularidades e relacionamentos” (BREWER, 2000, p. 192 apud BELL, 2008, p. 90). “Um conjunto de constructos (conceitos) inter-relacionados, definições e proposições, que apresenta uma concepção sistemática dos fenômenos mediante a especificação de relações entre variáveis, com o propósito de explicá-los e prevê-los” (KERLINGER, 1973 apud CERVO; BERVIAN; SILVA, 2006, p. 22). As atividades acadêmicas, tais como elaboração de resumos, resenhas, pesquisa bibliográfica, relatórios, seminários e fichamento de textos contribuem para a ideia de atividade científica, a partir de três elementos, a saber: adquirir conhecimentos, criar novos conhecimentos e comunicá-los à comunidade científica através de um trabalho de conclusão de curso. A atividade científica, nesse sentido, envolve criticidade, rigor, disciplina e sistematicidade no manejo co objeto da pesquisa. Uma dica! Procure elaborar um mapa conceitual sobre o tema da sua pesquisa. Podemos dizer que mapa conceitual é uma representação gráfica de um conjunto de conceitos que se relacionam dentro de um tema. Neste mapa inserimos conceitos e observamos as relações que guardem entre si. As relações entre os conceitos são especificadas através de frases/palavras de ligação nos arcos que unem os conceitos. As frases/palavras de ligação têm funções estruturantes e exercem papel fundamental na representação de uma relação entre dois conceitos. Muitos denominam o mapa conceitual como um brainstorm, expressão em língua inglesa que denota “tempestade de idéias”.

[ “brainstorm” - técnica de discussão em grupo que se vale da contribuição espontânea de idéias por parte de todos os participantes, no intuito de resolver algum problema ou de conceber um trabalho criativo (Dicionário HOUAISS).

Vamos ver um exemplo?

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Observe que o tema central é Tempos Modernos. Na tentativa de delimitar o tema, o pesquisador relacionou o conceito aos termos: filme, crescimento populacional, violência etc. Usou palavras de ligação tais como: facilitou, aumenta, ampliou, modifica etc. Siga este exemplo! Sempre que se inicia uma pesquisa, há muitas informações que precisam ser selecionadas, organizadas e classificadas. É preciso pensar nas questões-chave que envolvem o seu tema, as principais teorias, como foram aplicadas e desenvolvidas, bem como as principais críticas que foram elaboradas em relação ao tema escolhido. Com o mapa conceitual você terá um quadro contendo os pontos centrais que envolvem o seu tema, ou seja, elabora um esboço de estrutura teórica com os aspectos principais a serem estudados. [estruturas são mecanismos eficientes para reunir e sumarizar fatos. Estrutura teórica é um dispositivo explanatório que explica os pontos principais a serem estudados (BELL, 2008, p. 91). Concluindo...

Escolher um tema é mais difícil do que parece de início. Dispondo de tempo limitado, há a tentação de escolher um tema antes do trabalho base ter sido realizado, mas tente resistir à tentação. Prepare-se bem e você economizará tempo mais tarde. Suas discussões e indagações vão ajudá-lo a escolher um tema que possa ser de seu interesse, que você tenha uma boa chance de concluir, que valerá o esforço e que poderá até ter alguma aplicação prática mais tarde (2008, p. 31)

Referências:

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BELL, Judith. Projeto de pesquisa: guia para pesquisadores iniciantes em educação, saúde e ciências sociais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. BOAVENTURA, E. M. Metodologia da pesquisa. São Paulo: Atlas, 2009. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A.; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. MARQUES, Cláudia de Lima. Pesquisa de Iniciação Científica: da inquietude ao sucesso! Palavra do orientador. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/propesq/informativo/ic04/orientador.htm>. Acesso em: 14 mar. 2003. RAMPAZZO, Lino. Metodologia Científica: para alunos dos cursos de pós-graduação e pós-graduação. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2005. SANTOS, A. R. Metodologia Científica. A construção do conhecimento. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007. SANTOS, G. do R. C. M.; MOLINA; N. L.; DIAS, V. F. Orientações e dicas práticas para trabalhos acadêmicos. Curitiba: IBPEX, 2007. SEVERINO, Antônio J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2007.

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PARTE 3 – A pesquisa bibliográfica

“Se enxerguei um pouco mais longe, foi por estar em pé sobre ombros de gigantes”

Isaac Newton Isaac Newton foi considerado um grande pensador da Física Moderna, mas confessou que não chegou ao lugar que queria sozinho. Precisou investigar pensadores e suas obras. Newton não elaborou sua teoria da gravidade do nada, mas seu ponto partida foram as ideias de quem veio antes dele. Assim, nos ensina uma boa lição: qualquer estudo científico deve partir de pesquisas bibliográficas e/ou documentais. Isto significa dizer que o estudante deve basear suas ideias em teorias já existentes ou informações específicas sobre o tema a ser estudado. Dessa maneira, não vai realizar o seu trabalho às cegas, mas tudo o que disser encontrará apoio em autores estudiosos do assunto e em trabalhos publicados. A estrutura teórica a ser utilizada na pesquisa científica deve resultar de dados bibliográficos e documentais selecionados criteriosamente em leituras e fichamentos. Segundo autores de metodologia:

Qualquer espécie de pesquisa, em qualquer área, supõe e exige uma pesquisa bibliográfica prévia, quer para o levantamento do estado da arte do tema, quer para a fundamentação teórica ou ainda para justificar os limites e as contribuições da própria pesquisa (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2006, p. 60).

Lembre-se, qualquer trabalho científico só assumirá esse caráter se discutido, analisado ou fundamentado em conceitos e teorias já consagradas, seja para confirmar ou não as ideias presentes no trabalho. Tal fundamentação teórica se faz por meio de uma pesquisa bibliográfica e/ou documental exaustiva. Conceitos importantes! Antes de tudo é preciso conhecer alguns conceitos, tais como: fonte bibliográfica, fontes primárias e secundárias. Em metodologia, entende-se por fonte a informação essencial para a construção do conhecimento a partir da escolha do objeto de pesquisa. Nesse aspecto, é muito comum diferenciar fontes primárias de secundárias. Sendo a fonte primária, o objeto em análise. Nos dizeres de Welber Oliveira Barral (2010, p. 91), “numa pesquisa de laboratório, as fontes primárias serão os resultados obtidos a partir da experiência química. Numa pesquisa antropológica, serão os relatórios relativos ao comportamento do grupo social observado”. Quando investigamos fontes secundárias, analisamos os comentários sobre as fontes primárias. Trata-se da literatura disponível sobre o tema, estudos publicados, palestras e conferências em que um pesquisador apresenta seus estudos sobre determinado objeto de pesquisa (BARRAL, 2010).

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Nesta classificação das fontes, uma consequência é inevitável: a fonte primária é prioritária para qualquer pesquisa. Não se deve construir o embasamento teórico de uma pesquisa apenas sobre fontes secundárias (BARRAL, 2010). Alguns cuidados são importantes: 1. Não podemos usar a fonte secundária para confirmar a existência de um dado primário. Por exemplo: “Segundo Norberto Bobbio, o conceito de vontade geral é definido por Rousseau como...”. Observe que Rousseau é a fonte primária, assim o estudante deve examiná-lo e interpretá-lo diretamente. Como adverte Welber Oliveira Barral (2010, p. 92), “ao socorre-se de argumento de autoridade, na realidade enfraquece seu papel de intérprete. E isso não é admissível numa pesquisa científica.” 2. Deve-se esgotar a fonte primária, lendo o conteúdo com cuidado para embasar suas ideias de maneira eficiente. Por exemplo: Imagine uma pesquisa realizada por um estudante de Direito sobre os direitos da companheira. Ele deseja investigar como o Tribunal de Justiça do seu Estado está interpretando a lei. Neste caso é importante examinar minuciosamente a íntegra dos acórdãos deste Tribunal e não somente a ementa das decisões. 3. Numa pesquisa deve-se evitar o uso de manuais, porque são publicações didáticas que apresentam uma abordagem inicial e superficial sobre os temas discutidos. Tais publicações servem ao propósito de despertar o interesse do estudante. Assim, cuidado, pois manuais não são fontes primárias, bem como não são considerados como fontes secundárias. 4. Todo estudante pergunta quantas fontes devem ser consultadas. O fato é que sobre o tema da sua pesquisa, você deverá ler tudo o que já se publicou. Como recomenda Welber Oliveira Barral (2010, p. 93), “todas as publicações referentes ao problema escolhido devem ser analisadas”. 5. Não confie na sua memória! Faça anotações e previna-se contra o plágio. Todos os dados utilizados na sua pesquisa devem provir de fontes confiáveis, e mais, identificáveis. Anote os elementos essenciais da obra que está sendo utilizada. Para tanto, consulte a ficha catalográfica que fica no verso da folha de rosto da publicação. Vamos combinar que perder horas para achar o nome da editora daquele livro importantíssimo, mas que você não anotou, ninguém merece! Pesquisa Bibliográfica É uma etapa fundamental em todo trabalho científico que influenciará todas as etapas de uma pesquisa, na medida em que der o embasamento teórico em que se baseará o trabalho. Consistem no levantamento, seleção, fichamento e arquivamento de informações relacionadas à pesquisa. O termo bibliografia significa o conjunto dos livros escritos sobre determinado assunto, por autores conhecidos e identificados ou anônimos. Há uma regra de ouro no caso da pesquisa bibliográfica: nunca vá a uma biblioteca sem saber exatamente o que procurar. Existem obras de referência que são publicações que trazem resumos de trabalhos publicados em diversas áreas, consulte-as!

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A pesquisa bibliográfica é, portanto o exame de uma bibliografia para levantamento e análise do que já se produziu sobre determinado assunto que assumimos como tema de pesquisa científica. E nesse sentido encontramos dois tipos de fontes: Fontes primárias: Contém trabalhos originais com conhecimento original e publicado pela primeira vez pelos autores. Exemplos: Monografias, teses universitárias, livros, relatórios técnicos, artigos em revistas científicas, anais de congressos. Fontes secundárias: Contém trabalhos não originais e que basicamente citam, revisam e interpretam trabalhos originais. Exemplos: Artigos de revisão bibliográfica, livros-texto, tratados, enciclopédias, artigos de divulgação. Segundo Carlos Antônio Gil (2010, p. 29):

A pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso, como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anis de eventos científicos. Todavia, em virtude da disseminação de novos formatos de informação, estas pesquisas passaram a incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas magnéticas, CDs, bem como o material disponibilizado pela Internet.

Pesquisa documental: Trata-se de uma pesquisa realizada através de documentos que podem ser: documentos pessoais, cartas, diários, jornais, balancetes, microfilmes, fotografias, memorandos, ofícios, vídeos, documentos estatísticos e outros. Há uma análise da descrição do conteúdo manifesto para se alcançar uma rede de significados. Em ciência, documento é toda forma de registro e sistematização de dados, informações, colocando-os em condição de análise por parte do pesquisador. Para Antônio Carlos Gil (2010) a pesquisa documental assemellha-se muito à pesquisa bibliográfica. A diferença está no fato de a bibliográfica utilizar fundamentalmente as contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto. Neste caso, utiliza materiais que não receberam o tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados. Neste aspecto, observa: “O conceito de documento, por sua vez, é bastante amplo, já que este pode ser constituído por qualquer objeto capaz de comprovar algum fato ou acontecimento” (GIL, 2010, p. 31). O que se pode pesquisar na internet? A internet é um conjunto de redes de computadores interligados no mundo inteiro. Nesse sentido, permite a pesquisa de milhares de informações diferentes, hoje, um acervo extraordinário. Como encontramos muitas informações, temos que selecionar o material de pesquisa em sites confiáveis. Para pesquisar na internet temos sites de busca tais como: Google, Alta Vista, Excite e Yahoo. Além de vários endereços eletrônicos de bibliotecas que colocam disposição informações de fontes bibliográficas. Também encontramos disponível na internet o site das editoras contendo informações sobre os lançamentos editoriais; sites de revistas eletrônicas, jornais, instituições de pesquisas e entidades culturais.

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Em qualquer situação é importante respeitar as regras de utilização das informações disponíveis. Nunca utilize informações de outrem sem referenciar a fonte. Ademais, observe a veracidade das informações postadas na Web. Administre as imperfeições no conteúdo, verificando a fonte da informação obtida. Wikipédia A Wikipédia é uma enciclopédia livre, baseada na edição do seu conteúdo de forma colaborativa. Qualquer pessoa poderá se tornar um editor de algum conteúdo. Observe que é uma enciclopédia multilíngüe, podendo ser escrita em diversos idiomas e em diferentes regiões. Por ser uma enciclopédia livre, não há fins lucrativos e qualquer informação publicada poderá ser transcrita, modificada e ampliada por qualquer pessoa. Deve ser manipulada com muito cuidado. Veja algumas dicas de pesquisa na internet:

Saber usar as ferramentas do Google muitas vezes é a diferença entre demorar ou não para encontrar a informação que você precisa. Vamos conhecer algumas dicas:

1. O Google não considera acentos e não faz diferença entre maiúsculas e minúsculas. 2. Utilize aspas (“ ”) para frases. 3. Quando você coloca duas ou mais palavras na pesquisa do Google, ele não necessariamente

vai procurar essas palavras juntas. Por exemplo: procurando pelas palavras [pesquisa e método] (sem colchetes ou aspas), aparecerá uma infinidade de resultados.

4. Mas procurando por [“método e pesquisa”] (com aspas) dará um resultado mais eficiente, porque o Google vai mostrar páginas que tenham as palavras selecionadas nesta ordem específica e juntas.

5. Coloque várias palavras na pesquisa. Se você for específico e incluir mais de duas palavras, a chance é muito mais alta de você ter o site que procura na primeira página dos resultados. Exemplo: Se você quer procurar informações sobre alugar um livro de determinada editora ou autor, seja específico e coloque várias palavras. Eu procuraria por [metodologia científica “Bervian”]

6. Use o sinal de menos (-) para excluir palavras. Você deseja achar uma receita para cozinhar lula (o molusco). Se você pesquisar por [receita lula], você vai achar 1.070.000 páginas, muitas delas falando sobre o presidente e o seu governo. Mas procurando por [receita lula –presidente –governo] dará um resultado específico. Isso porque o Google excluiu todas as páginas que tinha as palavras ‘presidente’ e ‘governo’. Para utilizar o sinal menos (-), coloque-o antes da palavra que você quer excluir e não deixe espaço entre o sinal e a palavra.

7. Utilize “OR” para alternativas. Vamos imaginar que você deseja pesquisar sobre as diferentes raças de cachorro que tenham “Pastor” no nome (pastor alemão, pastor belga, etc.). Existem sites que utilizam a palavra “cão” e outros a palavra “cachorro” para se referir aos cachorros. Para incluir todos esses sites, utilize o termo “OR” (que quer dizer OU em inglês).

8. Abuse do termo “define:” para achar definições. Se você quiser achar rapidamente definições de palavras, utilize o a expressão ‘define: <palavra>’. Por exemplo, para saber o que quer dizer o termo “metodologia”, [define: metodologia].

Para fazer uma boa pesquisa bibliográfica é preciso seguir algumas etapas. Vamos conhecê-las?

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1. Identificar e conhecer o acervo existente sobre o assunto nas bibliotecas a serem consultadas; 2. Localizar e fichar os diferentes tipos de obras e documentos ali catalogados, como livros, artigos, revistas, jornais, relatórios científicos etc. 3. Iniciar a consulta pela leitura geral sobre o assunto, depois pela leitura especializada; 4. Copiar os dados e informações obtidos anotando as referências indispensáveis para o trabalho; Dica! Alguns autores sugerem o fichamento como recurso útil no momento de uma pesquisa bibliográfica. De fato, nos parece um recurso valioso. Vamos aproveitar os exemplos ofertados por Welber Oliveira Barral (2010, p. 100-101) sobre os tipos de fichamento: Preparando o terreno... Já vimos que se deve ler tanto quanto o tempo permita. Nesta tarefa, certifique-se se você pode confiar no que está lendo. E se existem outras fontes confirmando ou não tais ideias. Cabe lembrar que é preciso saber quem é o autor que está sendo lido, sua trajetória em determinado campo do saber e se o seu pensamento é tendencioso ou não. Assim que você estabelecer uma rotina para isso, o registro de tais informações será automático. Não dependa somente de informações obtidas da internet e utilize o tipo de fichamento que lhe for mais conveniente. Consulte obras de referências, periódicos científicos, teses e dissertações, anais de encontros científicos e periódicos de indexação e resumo. Por fim, uma recomendação bem interessante de Welber Oliveira Barral (2010, p. 94) e que poderá ser muito útil:

Um recomendação especial se refere a coleta e armazenamento de dados por meio eletrônico. Em outras palavras, o seu cândido computador não é um ser confiável. Ele terá algum problema grave por ano. Por isso, tome cuidado em gravar semanalmente uma cópia de segurança de todos os dados obtidos eletronicamente e, obviamente, dos capítulos redigidos. Lembre-se da Lei de Murphy: se alguma coisa pode dar errado, ela vai dar errado. E normalmente às vésperas da data de entrega do trabalho.

Referências: BARRAL, Welber O. Metodologia da pesquisa jurídica. 4. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2010. BELL, Judith. Projeto de pesquisa: guia para pesquisadores iniciantes em educação, saúde e ciências sociais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. BOAVENTURA, E. M. Metodologia da pesquisa. São Paulo: Atlas, 2009. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A.; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

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GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. São Paulo: Cortez, 2007.

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PARTE 4 - A problematização do tema Quando realizamos uma pesquisa, não basta delimitar o tema a um objeto de pesquisa, mas deve-se identificar em seguida um problema específico que será analisado no trabalho. Problematizar é outro desafio após a escolha do tema, mas configura passo importante para o estudo. Quando problematizamos explicitamos a dificuldade que pretendemos resolver. É neste ponto que a problematização se relaciona diretamente com o foco do trabalho, no que se refere ao tema selecionado. É a pergunta a ser respondida ao final, pois um tema pode abranger problemas distintos. Por isso, se o estudante não delimitar claramente o problema – o enfoque – terá dificuldades em organizar a pesquisa e a redação. Para dar maior clareza, deve-se formular o problema como um questionamento, encerrando a frase com um ponto de interrogação. O trabalho pretenderá, portanto, responder àquele questionamento específico.

Assim como a descrição de um tema, sua delimitação, a explicação de um objetivo, seja ele real ou específico, a formulação do problema é imprescindível à pesquisa. O mesmo deve ter as seguintes características: clareza, objetividade, concisão e especificidade, evitando, assim, formulações genéricas que lembrem um questionário qualquer, em que não se consiga um desenvolvimento mais profundo (KAHLMEYER-MERTENS, 2007, p. 39).

Com a formulação do problema como uma pergunta, deve-se esclarecer para o próprio estudante qual é o foco central do trabalho, o que se saberá quando a pesquisa for concluída. Podemos denominar de questão problema, pergunta de partida ou questão norteadora da pesquisa. Os dicionários definem o termo problema como obstáculo, contratempo, dificuldade que desafia a capacidade de solucionar de alguém. Também mencionam: situação difícil, conflito, pessoa, coisa ou situação incômoda, preocupante. E problema científico como assunto controverso, ainda não satisfatoriamente respondido, em qualquer campo do conhecimento, e que pode ser objeto de pesquisas científicas ou discussões acadêmicas. Dizendo de outro modo, questão não solvida e que é objeto de discussão, em qualquer domínio do conhecimento. Problematizar significa ( MARTINS, 2005, p. 137): 1. Transformar o assunto e problema, pois assim se torna pesquisável de modo a poder produzir respostas específicas; 2. Identificar no tema escolhido alguma dificuldade teórica ou prática, para a qual se deve encontrar uma solução; 3. Descobrir no assunto uma situação controvertida, passível de discussão. Não são problemas científicos

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Segundo Antônio Carlos Gil (2010, p. 8-9), nem todo problema é passível de tratamento científico! Vamos começar observando o que não pode ser considerado um problema científico e as razões dessa negativa. Deve-se indagar se o problema formulado se enquadra na categoria de problema científico. Portanto, não são problemas científicos aqueles que expressam o sentido de problemas ou questões de engenharia. Essa denominação foi criada por Fred Kerlinger (1980 apud Gil, 2010) porque denotam a preocupação em como fazer algo de maneira eficiente. Em nada se relaciona com a faculdade de engenharia, mas com construção, criação, execução de algo em que se utilize engenho e arte. Nas palavras de Antônio Carlos Gil (2010, p. 8), não indagam como são as coisas, suas causas e consequências, mas indagam acerca de como fazer as coisas. Exemplo: “Como fazer para melhorar os transportes urbanos?” “Como aumentar a produtividade no trabalho?” Outra categoria que não configura um problema científico são os problemas de valor. Estes são aqueles que indagam se algo é bom ou mau, desejável ou indesejável, certo ou errado, melhor ou pior, se algo deve ou não ser feito (GIL, 2010, p.9). Aqui, também, não há a possibilidade de uma investigação nos moldes próprios da ciência. Estamos no terreno da subjetividade. Exemplo: “Os pais devem dar palmadas nos filhos?” “Qual a melhor técnica para a propaganda?” Como formular um problema científico? Deve-se tomar como ponto de partida uma proposição que poderá ser testada, verificada. Há critérios para isso. Preste atenção em alguns! (Gil, 2010, p. 10) O problema deve ser claro e preciso:

Não deve ser formulado de maneira vaga; Os termos usados devem ser adequados; Deve ser solucionável; Deve apresentar objetividade; Não pode conduzir a julgamentos morais (considerações subjetivas);

Um bom exemplo para uma questão que prescinde de clareza é a seguinte pergunta: “Como funciona a mente?” ou “Os cavalos possuem inteligência?” Não são problemas solucionáveis, porque ambíguos, vagos ou apresentam uma linguagem do senso comum (GIL, 2010). Imagine a seguinte questão: “os moradores dos grandes centros são melhores que os do campo?” Estamos diante de julgamentos morais, no campo da subjetividade, inviabilizando uma possível investigação científica.

O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável:

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A delimitação do problema está relacionada com os meios disponíveis para

investigação Delimitar significa impor limites, objetivar e restringir.

Dica! Após delimitar o tema procure ler o que os autores falam sobre ele e anote como problematizaram o tema. Observe como levantaram questões norteadoras da pesquisa, bem como responderam a essas questões formuladas. Eis um bom exercício para ajudá-lo na problematização de um tema. Pesquisa alguma poderá prescindir de uma boa problematização! Não se preocupe, porque formular um problema científico nada mais é do que aperfeiçoar, isto é, estruturar com mais detalhes o objeto da pesquisa. Temos que evitar questões demasiado gerais, tais como (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006, p. 36-37): “Por que alguns casamentos duram mais que outros?” “As pessoas que se submetem à psicoterapia mudam com o tempo?” “Os empresários se comprometem mais com suas empresas que os funcionários?” “Como estão relacionados os meios de comunicação de massa com o voto?” De fato, a maneira como foram formuladas dá margem à grande quantidade de dúvidas. Como poderei investigá-las? É melhor que sejam precisas. O problema deve conter variáveis Um problema é de natureza científica quando envolve variáveis que podem ser tidas como testáveis, que podem ser observadas e manipuladas, enfim, verificadas na realidade ou em seu meio. O que entendemos por variáveis? Uma variável é uma propriedade que pode variar e, por conseguinte é suscetível de medição e observação (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006, p. 121). Podemos pensar em alguns exemplos de variáveis: sexo, atributos físicos, tipos de personalidade, uma situação, um tipo de motivação, produtividade de determinado tipo de objeto, eficiência em procedimentos, eficácia de determinada medida, dentre outros. O termo variável é o dos mais utilizados na linguagem acadêmica. Seu objetivo é o de conferir maior precisão aos enunciados científicos, sejam hipóteses, teorias, leis, princípios ou generalizações. O conceito de variável refere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes valores ou diferentes aspectos, segundo os casos particulares ou as circunstâncias (GIL, 2002, p.36). Assim, adquirem valor para a pesquisa científica quando se relacionam com outras variáveis possibilitando a formulação de uma teoria ou hipótese. É preciso definir conceitualmente as variáveis que integram o problema científico (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006, p. 121). Exemplo 1: “Em que medida a escolaridade determina a preferência político-partidária?” Aqui temos duas variáveis relacionando-se:

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escolaridade

preferência político-partidária. Exemplo 2: “Os alunos de Administração são mais conservadores que os de ciência sociais.” Aqui temos duas variáveis relacionando-se:

Curso

conservadorismo Exemplo 3: “A classe social da mãe influencia no tempo de amamentação dos filhos.” Aqui temos duas variáveis relacionando-se:

classe social

tempo de amamentação As variáveis podem ser: Independentes: são aquelas que influenciam, determinam ou afetam outra variável. São percebidas como a condição ou a causa para certo resultado, efeito ou conseqüência. Exemplo: “Se dermos uma pancada no joelho dobrado de um indivíduo, sua perna esticar-se-á”. [variável independente] Dependentes: consistem nos valores a serem explicados ou descobertos, em virtude de serem influenciados, determinados ou afetados pela variável independente. Exemplo: “Se dermos uma pancada no joelho dobrado de um indivíduo, sua perna esticar-se-á”. [mouse over – variável dependente] Intervenientes: são aquelas que numa sequência causal, se colocam entre a variável independente e a dependente, tendo como função ampliar, diminuir ou anular a influência de uma sobre a outra. Exemplo: “A liderança autoritária influencia na motivação dos colaboradores.” [variável interveniente, pois interfere na relação entre a variável independente(liderança) e a dependente (motivação)] Hipóteses: de onde surgem?

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Quando formulamos um problema científico refletimos sobre possíveis respostas para o problema proposto. Essa resposta provisória é a hipótese do trabalho. “As hipóteses indicam o que estamos buscando ou tentando provar e se definem como tentativas de explicações do fenômeno pesquisado” (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006, p. 118). A hipótese é a ideia que o trabalho se propõe a apresentar. Advertem alguns autores que nem todas as pesquisas suscitam hipóteses, dependerá da área de saber e o do estudo proposto, porque em muitas situações, principalmente em pesquisas exploratórias não será possível a formulação de hipóteses antes da coleta de dados. Exemplo: Problema: O índice de câncer pulmonar é maior entre fumantes? Hipótese: O índice de câncer pulmonar é maior entre os fumantes que os não fumantes. Como se percebe no exemplo acima, as hipóteses podem ou não ser comprovadas ao final de uma pesquisa. Ela difere de uma afirmação de fato, porque não estamos certos de sua comprovação antes do término da pesquisa. Inicialmente, há uma tentativa de resposta à pergunta. Observa-se que:

A pesquisa científica, as hipóteses são proposições quanto às relações entre duas ou mais variáveis e se fundamentam em conhecimento organizado e sistematizado. As hipóteses podem ser maios ou menos gerais ou precisas, e envolver duas ou mais variáveis, mas em todo caso são apenas são apenas proposições sujeitas à comprovação empírica (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006, p. 120).

Exemplo: “Quanto maior a auto-estima, haverá menor medo de sucesso” [Você percebeu que nesta hipótese quando uma variável aumenta a outra diminui? Podemos observar a relação entre as variáveis e o seu sentido.] Quais os critérios que devem ser observados na formulação de hipóteses? (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006, p. 124). 1. As hipóteses devem referir-se a uma situação real. 2. As variáveis da hipótese devem ser compreensíveis. 3. A relação entre variáveis propostas na hipótese deve ser clara e verossímil. 4. A relação entre as variáveis deve ser observável e mensurável. 5. As hipóteses devem estar relacionadas às técnicas disponíveis para comprová-las.

Referências: BARRAL, Welber O. Metodologia da pesquisa jurídica. 4. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2010.

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BELL, Judith. Projeto de pesquisa: guia para pesquisadores iniciantes em educação, saúde e ciências sociais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. BOAVENTURA, E. M. Metodologia da pesquisa. São Paulo: Atlas, 2009. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A.; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. SAMPIERI, Roberto H.; COLLADO, Carlos F.; LUCIO Pilar B. Metodologia da pesquisa. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2006.

PARTE 5 - A determinação dos objetivos e justificativa da pesquisa

Se toda pesquisa está direcionada ao conhecimento, deverá conter objetivos e, nesse sentido, podemos afirmar que os objetivos se aproximam da definição do objeto a ser investigado. Como observa Welber Oliveira Barral (2010, p. 59), “a função do objetivo é justamente repetir onde o autor [da pesquisa] pretende chegar”. Logo, a intenção do pesquisador é percebida a partir dos seus objetivos. Mas o que entendemos por objetivos? Os dicionários definem objetivo como aquilo que se pretende alcançar quando se realiza uma ação. O alvo, fim, propósito e objeto. Assim, indicam o que se pretende conhecer, avaliar, ou provar no decorrer da pesquisa. São as metas que se deseja alcançar. Se não construirmos objetivos, não há o que se pesquisar de maneira eficiente (JACOBINI, 2006). É importante expressar os objetivos com clareza, pois constituem as orientações do estudo, ou seja, tenha-os em mente durante todo o desenvolvimento dos estudos para a pesquisa. Nada impedirá que ao longo das leituras surjam objetivos adicionais, modificações nos objetivos estipulados, tudo depende dos rumos que o trabalho de pesquisa irá tomar após o aprofundamento teórico. Objetivo Geral Indica o resultado pretendido. Por exemplo: identificar, levantar, descobrir, caracterizar, descrever, traçar, analisar, explicar, etc.

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Apresenta de forma genérica o que pretende o pesquisador no desenvolvimento do assunto a ser abordado, independentemente das motivações “pessoais” que podem ter sido apresentadas na justificativa. É importante lembrar que o objetivo geral não pode fugir ao tema proposto (SOARES, 2003, p. 46).

Objetivos específicos Indicam as etapas que levarão à realização do objetivo geral. Por exemplo: classificar, aplicar, distinguir, enumerar, exemplificar, selecionar, etc.

É a subdivisão do objetivo geral em outros menores, os quais poderão até vir a constituir-se em possíveis capítulos [partes] do trabalho final. Assim como o objetivo geral, os objetivos específicos não devem fugir ao tema (SOARES, 2003, p. 46).

Não apontam para o fim último do trabalho, mas para etapas intermediárias, o que a pesquisa terá de galgar até o objetivo final.

Como construir objetivos? 1º passo: ler a questão de partida (problematização do tema) Os objetivos informarão o que está se propondo com a pesquisa, isto é, quais os resultados que pretende alcançar ou qual a contribuição que irá efetivamente proporcionar. 2º passo: escolher verbos de ação Os enunciados dos objetivos devem começar com um verbo no infinitivo e este verbo deve indicar uma ação passível de mensuração. Uma ação individual ou coletiva se materializa através de um verbo. É importante a precisão na escolha do verbo, escolhendo aquele que exprime a ação que o estudante pretende executar (BARRETO; HONORATO, 1998). 3º passo: escolher os verbos de ação. Algumas sugestões:

Conhecimento Compreensão Análise Avaliação

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Apontar Definir

Descrever Distinguir Enumerar Relacionar

Concluir Deduzir Derivar

Descrever Diferenciar

Analisar Comparar

Correlacionar Contrastar Identificar

Escolher Precisar Medir Avaliar

É importante construir objetivos?

Constituem a base do planejamento racional da pesquisa; Possibilitam pensar e planejar em termos específicos; Auxiliam na escolha da metodologia da pesquisa; Informam ao leitor e demais interessados acerca do que a pesquisa se propõe a

realizar; Auxiliam a efetuar um estudo seletivo; Ajudam a rever o conteúdo mediante a verificação da relevância no contexto da

pesquisa. Vamos conhecer alguns exemplos? Tema: Liderança autoritária e a motivação Problematização: Como a liderança autoritária pode comprometer a motivação dos funcionários da Empresa XYZ. Objetivo Geral: Investigar como o estilo de liderança autoritária compromete a motivação dos funcionários na Empresa XYZ. Objetivos específicos: Definir o conceito de liderança autoritária; Descrever alguns exemplos de liderança autoritária na Empresa XYZ; Definir o conceito de motivação; Analisar a relação entre liderança e motivação nas organizações. Tema: A violência doméstica contra adolescentes Problematização: Quais os aspectos da violência doméstica contra adolescentes na realidade fluminense e suas relações com as condições sociais e econômicas das famílias moradoras nas comunidades carentes. Objetivo Geral: Investigar a relação entre a violência doméstica contra adolescentes e as condições sociais e econômicas. Objetivos específicos: Definir o conceito de violência doméstica; Descrever alguns exemplos de violência doméstica; Definir o conceito de pobreza;

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Analisar a relação entre a violência doméstica e condição sócio-econômica. Os erros mais freqüentes são...

O esquecimento do verbo que indica a ação a que se objetiva; A confusão entre o objetivo da pesquisa e o seu objeto; O uso dos verbos achar, gostar, desejar, conscientizar, acreditar e opinar que não

atendem ao requisito metodológico da objetividade. Justificar! Após construir os objetivos, é preciso justificar o estudo apresentando as razões da pesquisa. A esta parte denominamos de justificativa. Os dicionários definem o termo como a explicação, razão, motivo e fundamento. Este é o momento em que o pesquisador precisa fazer algumas perguntas a si mesmo: o tema é relevante? Por quê? Quais pontos positivos você percebe na abordagem proposta? Que vantagens/benefícios você pressupõe que sua pesquisa irá proporcionar? A justificativa indica a relevância do estudo que propomos.

A justificativa deve esclarecer as razões da escolha do tema e sua importância na área de conhecimento em que se situa. Deve ser uma exposição sucinta, porém completa, dos motivos de ordem teórica e/ou prática para sua realização, enfatizando a importância do tema numa visão global; o estágio atual do tema pesquisado e as possibilidades de solução para o problema levantado (MAIA, 2008, p. 90).

A justificativa de um projeto de pesquisa configura o conjunto de razões (acadêmicas, sociais e pessoais) que conferem legitimidade ao trabalho científico. Um trabalho de pesquisa poderá ser conveniente porque poderá ajudar a resolver uma questão controvertida ou contribuir com novo olhar sobre algum tema. A seguir, indicamos algumas sugestões para a justificativa, não se preocupe se a sua pesquisa não conseguir responder a todos os critérios(SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006, p. 40): 1. Conveniência: para que serve a pesquisa? 2. Relevância social: Quem se beneficiará com os resultados da pesquisa? De que modo? Qual o alcance social da pesquisa? 3. Implicações práticas: A pesquisa ajudará a resolver algum problema real? 4. Valor teórico: Com a pesquisa, alguma brecha de conhecimento será preenchida? A informação obtida pode servir para comentar, desenvolver ou apoiar uma teoria? 5. Utilidade metodológica: A pesquisa ajuda a definir um conceito, variável ou relação entre variáveis? A pesquisa sugere como estudar mais adequadamente uma situação?

O que se pretende, enfim com a justificativa é oferecer, nos dizeres de Antônio Raimundo santos (2007, p. 93), motivos suficientes para que algo aconteça e mereça uma investigação científica.

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Referências: BARRAL, Welber O. Metodologia da pesquisa jurídica. 4. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2010. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A.; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MAIA, Paulo Leandro. O abc da metodologia. 2. ed. São Paulo: Universitária de Direito, 2008. SAMPIERI, Roberto H.; COLLADO, Carlos F.; LUCIO Pilar B. Metodologia da pesquisa. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2006. SANTOS, Antonio Raimundo. Metodologia científica: a construção do conhecimento. 7. ed. Rio de Janeiro: lamparina, 2007.

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PARTE 6 - Revisão de literatura e Embasamento Teórico O pesquisador, ao iniciar uma pesquisa, indaga a si mesmo: quem já escreveu sobre o tema? O que disse? Como disse? Suas indagações decorrem da necessidade de sustentar teoricamente o seu estudo. Para tanto, elege um marco teórico, ou seja, analisa teorias e pesquisas anteriores para selecionar o que será útil como ponto de partida para suas investigações. O marco teórico fornece uma referência para o problema científico (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006) Quais as vantagens de se buscar um marco teórico? Podemos destacar algumas, tais como: ajuda a prevenir erros cometidos em outros estudos; serve de orientação para realização do estudo, pois percebendo como os autores trabalharam seu problema científico, aperfeiçoamos habilidades; expandimos nossas ideias sobre o objeto da pesquisa; inspira na construção das hipóteses etc. O marco teórico é construído a partir de dois momentos importantes na pesquisa: a revisão da literatura e a posterior escolha de uma perspectiva teórica como referência. Por revisão de literatura entende-se a tarefa de identificar, obter e consultar a bibliografia, bem como outros materiais disponíveis e úteis ao objeto de estudo. Um processo seletivo das referências na nossa área de atuação. É importante ter em mente que se devem selecionar as obras mais importantes e recentes, bem como aquelas que tenham abordado o tema com enfoque similar ao que pretendemos na pesquisa. Assim, o pesquisador deverá apresentar o resultado desta tarefa no seu embasamento teórico ou fundamentação teórica da pesquisa (SAMPIERI; COLLADO;

LUCIO, 2006). É importante mencionar que o termo embasar significa servir de fundamento a ou ser fundamento de; basear (-se), fundar (-se). O item embasamento teórico é a parte do projeto de pesquisa em que o pesquisador expressa determinado ponto de vista sobre o problema formulado. Revisão de literatura: o que já se publicou sobre o tema? Estudamos que após a escolha do tema e sua delimitação em um problema científico, realiza-se uma pesquisa bibliográfica. Além da bibliografia geral e específica, devem-se buscar outras visões em monografias, dissertações e teses, porque muito se aprende com outros pesquisadores que apresentam produção recente sobre o tema do seu interesse. A leitura inicial é seguida de uma releitura exploratória para um maior aprofundamento nos conteúdos pertinentes ao objeto da pesquisa. Dessa maneira, o pesquisador poderá apurar o sentido de palavras-chave, definições, a situação histórica do seu objeto de investigação, eventuais classificações etc. Enfim, o conhecimento inicial é substituído por um aprofundamento na literatura disponível que viabilizará a delimitação do conteúdo a ser investigado. Por cautela não deve

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desviar o olhar do problema proposto e seus objetivos para que a revisão de literatura seja seletiva (SANTOS, 2007). Importa esclarecer que revisão de literatura não é um amontoado de informações lidas, nem resumos de autores, mas uma discussão do que foi encontrado e relacionado com o problema da pesquisa. Um processo de análise das informações contidas em documentos que colaboram para a eficácia da pesquisa. Por isso, muitos autores afirmam que a revisão de literatura “objetiva demonstrar o que foi escrito sobre o tema. Consiste na análise e síntese das informações, visando definir as linhas de ação para abordar o assunto ou problema e gerar ideias novas e úteis” (BOAVENTURA, 2009, p. 46). Após a revisão da literatura, o que se deve inserir no embasamento teórico? No embasamento teórico deve-se inserir o resultado da revisão da literatura realizada pelo estudante e, nesse sentido, inclui a referência aos principais autores e obras pertinentes ao objeto da pesquisa. Dentre os pontos de vista apresentados, deve-se escolher uma linha a partir da qual responderá à sua questão de partida. Como assim? O embasamento teórico é uma parte do projeto de pesquisa em que o estudante procede à análise da bibliografia escolhida, observando como os autores têm tratado a questão. Apresenta a que disciplina ou ramo do conhecimento o seu problema científico está vinculado. Não é apenas uma relação bibliográfica, mas uma revisão crítica do que se produziu no plano do pensamento sobre aquele tema. Apresenta-se uma releitura crítica das obras elencadas, com vistas a se posicionar, do ponto de vista teórico, sobre o objeto de investigação. É neste ponto que se percebe a maturidade intelectual do estudante frente ao tema selecionado e ao problema formulado. Desta maneira, o embasamento teórico permite ao estudante posicionar-se ante o objeto de investigação, tomando como referência uma linha de abordagem. E podemos afirmar que

É fundamental que os aspectos teóricos embasadores de sua perspectiva no tratamento do objeto sejam apontados de forma clara e extensiva nesse ponto, para que fique manifesto o seu marco teórico ou o conjunto de referenciais teóricos que irão embasar seu enfoque ou o conjunto dos critérios categoriais fundamentais para tratar de seu tema (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2003, p. 207).

Dica!

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• Nenhum assunto pode ser abordado numa visão onisciente; • O olhar da ciência é sempre direcionado: parte de um determinado conceito e

procura interpretar os fenômenos, à luz de paradigmas; • Outro pesquisador pode buscar fundamentos teóricos diferentes; • O pesquisador precisa eleger um marco teórico para abordar o seu problema; • A literatura relacionada é a base da procura sobre o que já se publicou sobre o

tema. Vamos conhecer um pequeno roteiro para construção do embasamento teórico? 1. Apresentar a bibliografia sobre o tema que você irá pesquisar, destacando:

A riqueza ou escassez de obras sobre o assunto escolhido;

O caráter polêmico do assunto;

As principais linhas de abordagem sobre o assunto.

2. Apresentar os autores e as obras que compõem cada uma das linhas de abordagem:

Apresentar o autor em um pequeno parágrafo (três linhas no máximo – dizer qual a especialização, ramo de atividade principal)

Resumir sua ideia em dois ou três parágrafos (parafrasear)

Citar uma passagem mais significativa do texto do autor, procurando ilustrar o que falou o autor.

3. Posicionar-se elegendo uma das linhas de abordagem especificadas anteriormente.

Metodologia Como o estudante desenvolverá o trabalho? Uma vez realizada a revisão de literatura, o passo seguinte consiste em decidir a metodologia a ser adotada para a pesquisa. Nesta parte do projeto de pesquisa devem-se apontar os procedimentos a serem adotados para a resolução do problema proposto. A metodologia de um trabalho de pesquisa deve ser prevista e analisada no projeto. Em linhas gerais, representa o conjunto de meios materiais e humanos empregados pelo investigador para concretizar a pesquisa. Este momento é bastante importante. É por meio dele que as questões de natureza prática relativas à execução do trabalho serão devidamente analisadas. Metodologia vem do termo método que significa “a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessários para atingir um certo fim ou resultado desejado”

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(CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007, p. 29). O método a ser adotado decorre do objeto da pesquisa que exigirá procedimentos para que se alcance os resultados previstos. Nesse sentido, a pesquisa poderá ser exploratória, descritiva, explicativa, estudo de caso, pesquisa de campo, documental, bibliográfica, quantitativa ou qualitativa. Poderá misturar os tipos, pois nada impede que apresente uma abordagem qualitativa e quantitativa ao mesmo tempo. Vejamos um exemplo de estudo de caso que envolve a dimensão exploratória e descritiva:

A construção de um plano estratégico de marketing para uma empresa de pequeno porte: o caso do recanto do sorvete - Tiago Nemuel Custódio Resumo A pesquisa objetivou analisar a importância do planejamento estratégico para as organizações, principalmente às empresas de pequeno porte, caracterizando o plano de marketing como um elemento fundamental conectado às diretrizes do plano global da empresa. A metodologia utilizada na primeira etapa constituiu-se de caráter exploratório. O modelo desenvolvido por Westwood foi selecionado pelo autor e adaptado como referencial para confecção do plano de marketing sugerido ao Recanto do Sorvete. A segunda etapa da pesquisa foi de caráter descritivo, apontando a organização como exemplo de estudo de caso. Verificou-se que o plano de marketing é possível de ser implementado, desmistificando o paradigma de que os planos são aplicados somente às organizações de grande porte, pois a pequena empresa também deve crescer baseada na cultura do planejamento (Disponível em: http://sare.unianhanguera.edu.br/index.php/rcger/article/viewArticle/115)

Exploratória – “O objetivo é examinar um tema ou problema de pesquisa pouco estudado, do qual se tem muitas dúvidas ou não foi abordado antes” (SAMPIERI;

COLLADO; LUCIO, 2006, p. 99). Descritiva – “O objetivo do examinador é descrever situações, acontecimentos, e feitos, isto é, dizer como é e como se manifesta determinado fenômeno” (SAMPIERI;

COLLADO; LUCIO, 2006, p. 100). Exemplo: o censo nacional da população é um estudo descritivo. Explicativa – “Destina-se a responder as causas dos acontecimentos, fatos, fenômenos físicos ou sociais. Seu interesse está em responder por que ocorre um fenômeno e em

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quais condições ou por que duas ou mais variáveis estão relacionadas” (SAMPIERI;

COLLADO; LUCIO, 2006, p. 107). Estudo de caso – Inicia-se com a formulação de um problema, com a definição pormenorizada de uma unidade-caso. Poderá integrar diferentes abordagens para coleta de dados: bibliografia, documentos, entrevista etc. ( GIL, 2010) Pesquisa de campo - É a investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno. Pode incluir entrevistas, aplicação de questionamentos, testes e observações. Segundo Antônio Joaquim Severino, na pesquisa de campo “o objeto é abordado em seu próprio meio. A coleta de dados é feita nas condições naturais em que os fenômenos ocorrem, sendo assim diretamente observados” (2007, p. 123).

No caso de uma pesquisa bibliográfica de cunho teórico, por exemplo, a metodologia consistirá basicamente na escolha do material bibliográfico e documental com o qual o pesquisador trabalhará para desenvolver a investigação. Pode-se dizer que a pesquisa bibliográfica configura o primeiro passo a ser dado em qualquer tipo de pesquisa, porque pesquisa alguma poderá prescindir de um marco teórico. Dicas! Se minha pesquisa é bibliográfica, o que devo mencionar? O estudante deve mencionar criteriosamente os tipos de livros e documentos que estudará, para em seguida prever em quais bibliotecas e arquivos pesquisará. Mas só falará dos tipos de livros, não havendo necessidade de relacioná-los um a um. Posso inserir pesquisa de campo? Podem ser consideradas como forma complementar ao estudo documental e bibliográfico. A técnica da entrevista só deverá ser realizada quando o assunto da pesquisa estiver amadurecido pelo estudante, para que ele possa extrair do entrevistado o máximo de informações que seu conhecimento permitir. O que é uma pesquisa empírica? Como difere da pesquisa teórica? É aquela que se refere à experiência no mundo material. Já a pesquisa teórica se situa no nível conceitual e prescinde de uma experimentação. Como devo nomear uma pesquisa sobre as decisões nos tribunais? Podemos nomear de pesquisa documental, pois a análise das decisões configura o que se entende por documentos, fontes primárias. Referências:

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BARRAL, Welber O. Metodologia da pesquisa jurídica. 4. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2010. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A.; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. KAHLMEYER-MERTENS, R. et al. Como elaborara projetos de pesquisa: linguagem e método. Rio de Janeiro: FGV, 2007. MAIA, Paulo Leandro. O abc da metodologia. 2. ed. São Paulo: Universitária de Direito, 2008. SAMPIERI, Roberto H.; COLLADO, Carlos F.; LUCIO Pilar B. Metodologia da pesquisa. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2006. SANTOS, Antonio Raimundo. Metodologia científica: a construção do conhecimento. 7. ed. Rio de Janeiro: lamparina, 2007. SANTOS, G. do R. C. M.; MOLINA, N. L.; DIAS, V. F. Orientações e dicas práticas para trabalhos acadêmicos. Curitiba: IBPEX, 2007.