70
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: Cuidados Neonatais em Pequenos Animais Revisão de Literatura Tchainyse Mussi Goerhing Osorio Orientador: Prof. Dr. Jair Duarte da Costa Júnior BRASÍLIA - DF Julho/2016

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: Cuidados ......iv FOLHA DE APROVAÇÃO Nome do autor: OSORIO, Tchainyse Mussi Goerhing Título: Cuidados Neonatais em Pequenos Animais – Revisão

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO:

Cuidados Neonatais em Pequenos Animais – Revisão de Literatura

Tchainyse Mussi Goerhing Osorio Orientador: Prof. Dr. Jair Duarte da Costa Júnior

BRASÍLIA - DF

Julho/2016

Page 2: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: Cuidados ......iv FOLHA DE APROVAÇÃO Nome do autor: OSORIO, Tchainyse Mussi Goerhing Título: Cuidados Neonatais em Pequenos Animais – Revisão

ii

TCHAINYSE MUSSI GOERHING OSORIO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO:

Cuidados Neonatais em Pequenos Animais – Revisão de Literatura

Trabalho de conclusão de curso de

Graduação em Medicina Veterinária

Apresentado junto à Faculdade de

Agronomia e Medicina Veterinária da

Universidade de Brasília

Orientador: Prof. Dr. Jair Duarte da Costa Júnior

BRASÍLIA - DF

Julho/2016

Page 3: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: Cuidados ......iv FOLHA DE APROVAÇÃO Nome do autor: OSORIO, Tchainyse Mussi Goerhing Título: Cuidados Neonatais em Pequenos Animais – Revisão

iii

OSORIO, Tchainyse Mussi Goerhing

Cuidados Neonatais em Pequenos Animais – Revisão de Literatura / Tchainyse Mussi

Goerhing Osorio; Orientação do Prof. Dr. Jair Duarte da Costa Júnior – Brasília, 2016.

p. 70 :il.

Trabalho de conclusão de curso de graduação – Universidade de Brasília/ Faculdade de

Agronomia e Medicina Veterinária, 2016.

Cessão de direitos

Nome do Autor: Tchainyse Mussi Goerhing Osorio

Título da Monografia de Conclusão de Curso: Cuidados Neonatais em Pequenos

Animais – Revisão de Literatura

Ano: 2016

É concedida a Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta

monografia e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos

acadêmicos e científicos. O autor reserva-se a outros direitos de publicação e

nenhuma parte desta monografia pode ser reproduzida sem a autorização por

escrito do autor.

____________________________

Tchainyse Mussi Goerhing Osorio

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iv

FOLHA DE APROVAÇÃO

Nome do autor: OSORIO, Tchainyse Mussi Goerhing

Título: Cuidados Neonatais em Pequenos Animais – Revisão de Literatura

Trabalho de conclusão de curso de

Graduação em Medicina Veterinária

Apresentado junto à Faculdade de

Agronomia e Medicina Veterinária da

Universidade de Brasília

Aprovado em: 01/07/2016

Banca Examinadora

Professor: Jair Duarte da Costa Júnior Instituição: Universidade de Brasília

Julgamento: Aprovado Assinatura: __________________

Professor: Christine Souza Martins Instituição: Universidade de Brasília

Julgamento: Aprovado Assinatura: __________________

Professor: Rodrigo Cardoso Rabelo Instituição: Universidade de Brasília

Julgamento: Aprovado Assinatura: __________________

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v

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS I ............................................................................................. vii

LISTA DE FIGURAS I ............................................................................................. vii

Resumo .................................................................................................................... ix

Abstract ..................................................................................................................... x

PARTE I – RELATÓRIO DE ESTÁGIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 2

2 INTENSIVET

2.1 Atendimento e Estrutura Física .................................................................... 3

2.2 Atividades desenvolvidas ............................................................................. 3

2.3 Casuística .................................................................................................... 4

2.4 Discussão ................................................................................................... 10

3 HOSPITAL VETERINÁRIO ESCOLA DE PEQUENOS ANIMAIS – UNB

3.1 Atendimento e Estrutura Física .................................................................. 12

3.2 Atividades Desenvolvidas .......................................................................... 13

3.3 Casuística .................................................................................................. 14

3.4 Discussão ................................................................................................... 18

4 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 20

PARTE II – CUIDADOS NEONATAIS EM PEQUENOS ANIMAIS

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 22

2 ASPECTOS GERAIS DO CUIDADO NEONATAL ............................................... 24

2.1 Avaliação pré-natal..................................................................................... 24

2.2 Parto........................................................................................................... 27

2.3 Cuidados pós-parto .................................................................................... 30

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vi

2.4 Transição fetal-neonatal ............................................................................. 30

2.5 Exame clínico e parâmetros fisiológicos .................................................... 32

2.5.1 Peso .................................................................................................... 33

2.5.2 Temperatura ........................................................................................ 34

2.5.3 Parâmetros cardíacos .......................................................................... 36

2.5.4 Frequência respiratória ........................................................................ 37

2.5.6 Órgãos dos sentidos ............................................................................ 38

2.5.7 Reflexos ............................................................................................... 39

2.5.8 Dados laboratoriais .............................................................................. 40

2.6 Nutrição ...................................................................................................... 42

3 CUIDADOS CRÍTICOS DO PACIENTE NEONATO ............................................ 45

3.1 Reanimação ............................................................................................... 45

3.2 Avaliação de Apgar .................................................................................... 49

3.3 Vias de administração de medicações ....................................................... 49

3.4 Infusões ...................................................................................................... 50

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 53

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 54

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vii

LISTA DE TABELAS

Parte I

TABELA 1 - Relação de suspeitas clínicas e diagnósticas nos pacientes

caninos atendidos durante o período de estágio...................................................... . 7

TABELA 2 - Relação de suspeitas clínicas e diagnósticas nos pacientes

felinos atendidos durante o período de estágio........................................................ . 8

TABELA 3 - Relação de suspeitas clínicas e diagnósticas nos pacientes

felinos atendidos durante o período de estágio.......................................................15

Parte II

TABELA 4 - Desenvolvimento do recém-nascido .................................................... 33

TABELA 5 - Parâmetros hematológicos do cão neonato ........................................ 41

TABELA 6 - Parâmetros hematológicos do gato neonato ....................................... 41

TABELA 7 - Parâmetros bioquímicos do cão e do gato neonato............................. 42

TABELA 8 – Quadro de fármacos utilizados na reanimação neonatal ...................51

LISTA DE FIGURAS

Parte I

FIGURA 1 - Estrutura da INTENSIVET - Núcleo de Medicina Veterinária

Avançada....................... .......................................................................................... .3

FIGURA 2 - Relação entre pacientes caninos e felinos atendidos durante

o período de estágio...................................................................................................5

FIGURA 3 - Relação entre cães machos e fêmeas atendidos durante o

período de estágio......................................................................................................5

FIGURA 4 - Relação entre gatos machos e fêmeas atendidos durante o

período de estágio......................................................................................................6

FIGURA 5 - Relação das raças de cães atendidos durante o período de

estágio........................................................................................................................6

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viii

FIGURA 6 - Relação entre os sistemas acometidos por enfermidades

nos pacientes caninos................................................................................................8

FIGURA 7 - Relação entre os sistemas acometidos por enfermidades

nos pacientes felinos................................................................................................10

FIGURA 8 - Estrutura do Hospital Escola de Pequenos Animais – UnB

.................................................................................................................................12

FIGURA 9 - Relação entre gatos machos e fêmeas atendidos durante

o período de estágio.................................................................................................14

FIGURA 10 - Relação das raças de gatos atendidos durante o período

de estágio.................................................................................................................14

FIGURA 11 - Relação entre os sistemas acometidos por enfermidades

nos pacientes felinos................................................................................................18

Parte II

FIGURA 12 - Formulação caseira de sucedâneo do leite materno para

caninos.....................................................................................................................44

FIGURA 13 - Formulação caseira de sucedâneo do leite materno para

felinos.......................................................................................................................44

FIGURA 14 - Posição ideal para a amamentação do filhote....................................44

FIGURA 15 - Fluxograma de reanimação cardiorrespiratória do neonato...............46

FIGURA 16 - Ponto Jen Chung VG 26 .................................................................... 48

FIGURA 17 - Escore de viabilidade neonatal (Escore de Apgar)............................49

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ix

RESUMO

OSORIO, T. M. G. Cuidados Neonatais em Pequenos Animais. Small Animal

Neonatal Care. 2016. Trabalho de conclusão de curso de Medicina Veterinária –

Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, Brasília,

DF.

A Neonatologia é a ciência que estuda os recém-nascidos. Esta especialidade tem

despertado o interesse de médicos veterinários principalmente pelo fato da taxa de

mortalidade ser alta nesta fase da vida. O acompanhamento da mãe durante o

período gestacional está diretamente relacionado ao nascimento de filhotes sadios

e diminuição na morbidade. As especificidades fisiológicas e os cuidados básicos de

um neonato devem ser de conhecimento do médico veterinário para que esses

animais sejam assistidos com maior sucesso. O profissional deve conhecer o parto

normal e as necessidades de realizar uma cesariana, além de conhecer as

particularidades do exame clínico a fim de identificar as anormalidades dignas de

intervenção e, se necessário, iniciar a reanimação do neonato. No caso do filhote

órfão, o tutor deve ser orientado para atuar desde os cuidados ambientais até a

substituição do leite materno. O neonato tem suas especificidades e uma maior

fragilidade, que exige cuidados individuais e atenção detalhada à cada fase do

atendimento.

Palavras-chave: filhotes órfãos, recém-nascidos, cuidados intensivos, pequenos

animais.

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x

ABSTRACT

OSORIO, T. M. G. Small Animal Neonatal Care. 2016. Trabalho de conclusão de

curso de Medicina Veterinária – Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária,

Universidade de Brasília, Brasília, DF.

Neonatology is the science that studies the newborns. This specialty has aroused

veterinarians attention mainly because there is a high mortality rate at this stage of

life. The monitoring of the mother during the pregnancy period is directly related to

the healthy birth and decrease in mortality rate. The physiological characteristics and

newborn special care must be known so that these animals are watched with greater

success. The professional must know the normal parturition, whether cesarean

section is needed or not, besides knowing the peculiarities of the neonatal patient for

the clinical examination in order to identify abnormalities that require intervention. In

addition to previously detected emergencies maybe it will be necessary to perform all

resuscitation efforts of the newborn. In the case of orphan kittens and puppies, the

owner should be oriented on how to proceed with environmental care and when to

replace breast milk. The neonate has its specificities and fragility, which requires

individual care and detailed attention to each phase of care.

Keywords: orphan kittens and puppies, newborn, intensive care, small animals.

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1

Parte I

Relatório de estágio curricular

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2

1. INTRODUÇÃO

O Estágio Supervisionado Obrigatório do Curso de Medicina Veterinária

da Universidade de Brasília – UnB é de extrema importância para o aperfeiçoamento

do aluno que está em formação, e permite por meio da prática uma melhor

assimilação da teoria obtida ao longo do curso de graduação.

O estágio tem por objetivo familiarizar o formando à rotina médica. Isto é

de suma relevância para auxiliar o jovem profissional no desenvolvimento do

raciocínio clínico e de suas habilidades nas tarefas clínicas como, por exemplo,

conter animais e coletar amostras para exames. Além disso, o treinamento permite

uma maior proximidade do estagiário com o meio veterinário, que inclui as

adversidades encontradas na rotina da sua futura profissão, o convívio com os

tutores, e o desenvolvimento de condutas diferenciadas para cada animal.

O estágio foi realizado nas áreas de medicina veterinária intensiva e

clínica médica de felinos, dividido em duas etapas. A primeira foi realizada no Núcleo

de Medicina Veterinária Avançada (INTENSIVET), sob supervisão da Médica

Veterinária Tatiana Dourado; a segunda etapa foi realizada no Hospital Veterinário

Escola de Pequenos Animais da Universidade de Brasília (HVet - UnB), sob a

supervisão do prof. Dr. Jair Duarte da Costa Júnior. A duração do período de estágio

foi de 3 meses, com início em 07/03/2016 e término 03/06/2016, completadas 480

horas de atividades referentes à rotina do Médico Veterinário de animais de

companhia.

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3

2. INTENSIVET

2.1 Atendimento e Estrutura Física

O Núcleo de Medicina Veterinária Avançada – INTENSIVET é uma clínica

veterinária localizada na SHIS QI 23 1º Comércio Local, Bloco “A” Loja “7”, Lago Sul

– Brasília – DF. Possui atendimento nas áreas de clínica médica geral, clínica

cirúrgica geral e unidade de tratamento intensivo, assim como nas especialidades de

oftalmologia, neurologia, ortopedia, dermatologia, cardiologia, odontologia, medicina

holística, hematologia, nutrição e diagnóstico por imagem.

O espaço físico da clínica é composto dos seguintes ambientes: um

consultório, centro cirúrgico e de procedimentos odontológicos, unidade de

tratamento intensivo e internação para cães e gatos, lavanderia, recepção, copa e

banheiro (Figura 1).

FIGURA 1 - Estrutura da INTENSIVET - Núcleo de Medicina Veterinária Avançada: (A) Consultório; (B) UTI; (C) Internação para cães e gatos; (D) Centro cirúrgico

2.2 Atividades desenvolvidas

As principais atividades que a estagiária realizou na clínica foram o

acompanhamento de consultas; abordagem aos pacientes e tutores, anamnese,

exames físicos gerais e coleta de materiais para exames laboratoriais; tratamento, e

acompanhamento de pacientes internados, além de procedimentos anestésicos e

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4

cirúrgicos. A aluna também acompanhou o atendimento de especialidades clínicas

como dermatologia, oftalmologia, diagnóstico por imagem, onde teve a oportunidade

de acompanhar procedimentos como exames radiográficos e ultrassonográficos,

entre outros.

Embora todas as condutas de suspeita clínica, diagnóstico e tratamento

tenham sido tomadas pelo médico veterinário responsável, a aluna era

constantemente questionada a respeito de cada caso. A coleta de materiais para

exames laboratoriais e a contenção física dos animais eram realizadas pelo

estagiário sempre que solicitado, estando sempre sob a supervisão do médico

veterinário.

As atividades eram iniciadas às 9h e se encerravam às 18h, exceto em

casos emergenciais em que o horário poderia se estender caso o estagiário quisesse

acompanhar, não tendo isso como obrigatoriedade. A clínica também dispunha de

plantões noturnos iniciados as 21h com encerramento às 9h; sem obrigação de

acompanhamento, mas o estagiário poderia se voluntariar para este horário.

Cada estagiário deveria trajar pijamas cirúrgicos, não sendo obrigatório

possuir termômetro e estetoscópio, já que era disponibilizado constantemente tanto

na unidade de tratamento intensivo quanto na clínica.

2.3 Casuística

Durante o período de 7 de março de 2016 a 15 de abril de 2016, em que

a estagiária acompanhou a rotina da INTENSIVET, foram atendidos 64 pacientes,

sendo que destes foram 43 cães e 21 gatos (Figura 2). Com relação ao sexo dos

animais, 24 cães eram fêmeas e 19 eram machos e entre os felinos, 8 eram fêmeas

e 13 eram machos (Figura 3 e 4, respectivamente). As raças de cães atendidos estão

representadas na figura 5, sendo que os felinos eram em sua totalidade sem raça

definida. As relações de diagnósticos e suspeitas diagnósticas para os pacientes

caninos e felinos acompanhados estão listadas nas tabelas 1 e 2, respectivamente.

As figuras 6 e 7 mostram a relação entre os sistemas acometidos por enfermidades

nos pacientes caninos e felinos, respectivamente.

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5

FIGURA 2 - Relação entre pacientes caninos e felinos atendidos durante o período de estágio.

FIGURA 3 - Relação entre cães machos e fêmeas atendidos durante o período de estágio.

67%

33%

Relação entre pacientes caninos e felinos

Cães Gatos

44%

56%

Sexo - Cães

Macho Fêmea

Total: 64

Gatos: 21

Cães: 43

Total: 43

Macho: 19

Fêmea: 24

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6

FIGURA 4 - Relação entre gatos machos e fêmeas atendidos durante o período de estágio.

FIGURA 5 - Relação das raças de cães atendidos durante o período de estágio (em números absolutos). *SRD: Sem Raça Definida.

62%

38%

Sexo - Gatos

Macho Fêmea

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

2

2

2

4

5

17

Akita Inu

American Starffordshire Terrier

Beagle

Bulldog Inglês

Terrier Brasileiro

Jack Russell Terrier

Lhasa Apso

Spitz Alemão Anão

Pastor Alemão

Pinscher Doberman

West Highland White Terrier

Cocker Spaniel Inglês/Americano

Labrador Retriever

Rottweiler

Dachshund

Shih Tzu

SRD

Cães - Raça

Total: 21

Macho: 13

Fêmea: 8

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7

TABELA 1 - Relação de suspeitas clínicas e diagnósticas nos pacientes caninos atendidos durante

o período de estágio.

Suspeita/Diagnóstico nos pacientes caninos Total

Cirurgia

Ovariosalpingohisterectomia 1

Dermatologia

Otite 2

Dermatofitose 1

Sarna sarcóptica 1

Urgências

Intoxicação por cipermetrina e k-othrine 1

Ingestão de corpo estranho 1

Palato prolongado e angústia respiratória 1

Piometra 1

Trauma Crânio-Encefálico 1

Endocrinologia

Hipotireoidismo 2

Infectocontagiosas

Leishmaniose 1

Parvovirose 1

Odontologia

Doença periodontal 3

Oftalmologia

Cherry eye 1

Uveíte 1

Ortopedia

Fratura de membro pélvico direito 1

Respiratório

Pneumonia 4

Urologia

Doença Renal Crônica 2

Insuficiência Renal Aguda 1

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8

Suspeita/Diagnóstico nos pacientes caninos (Continuação) Total

Outros

Avaliação pediátrica/Vacina 15

Check up 1

FIGURA 6 – Relação entre os sistemas acometidos por enfermidades nos pacientes caninos.

TABELA 2 - Relação de suspeitas clínicas e diagnósticas nos pacientes felinos atendidos durante o

período de estágio.

Suspeita/Diagnóstico nos pacientes felinos Total

Cirurgia

Ovariosalpingohisterectomia 1

2% 9%

12%

5%

5%

7%

5%2%9%

7%

37%

Casuística por sistema

Cirurgia Dermatologia

Urgência Endocrinologia

Infectocontagiosas Odontologia

Oftalmologia Ortopedia

Respiratório Urologia

Outros (Check up/ Avaliação pediátrica)

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9

Suspeita/Diagnóstico nos pacientes felinos Total

Cirurgia (Continuação)

Orquiectomia 1

Urestrostomia 1

Urgências

Atropelamento 1

Complicação cirúrgica 1

Intoxicação por lírio 1

Tríade neonatal 1

Endocrinologia

Hipertireoidismo 1

Gastrointestinal

Lipidose hepátca 2

Gastroenterite 1

Doença periodontal 1

Oncologia

Linfoma intestinal 1

Linfoma pulmonar 1

Ortopedia/Neurologia

Paralisia à investigar 1

Urologia

Doença Renal Crônica 2

Cistite 1

Outros

Avaliação pediátrica/Vacina 2

Check up 1

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10

FIGURA 7 – Relação entre os sistemas acometidos por enfermidades nos pacientes felinos.

2.4 Discussão

Durante o período de estágio realizado na INTENSIVET, foram

comumente observados animais em estado de urgência. Essa ocorrência se deve

ao fato de ser uma clínica especializada principalmente em tratamento intensivo de

animais em estado grave, que recebe, encaminhamentos de outros profissionais.

A clínica se localiza no lago sul, uma área considerada endêmica para

leishmaniose em Brasília, o que não acarretou em grande ocorrência de atendimento

da doença, mas sim de uma considerável busca por vacinação.

A alta ocorrência de pneumonia na espécie canina se deu pelo fato de

uma ninhada ter sido atendida no mesmo dia.

14%

19%

5%

19%

10%

5%

14%

14%

Casuística por sistema

Cirurgia Urgência

Endocrinologia Gastrointestinal

Oncologia Ortopedia

Urologia Outros (Check up/ Avaliação pediátrica)

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11

Nos pacientes caninos foi observada também uma alta ocorrência de

doença periodontal, provavelmente pela falta de conhecimento dos tutores quanto à

importância dos tratamentos profiláticos, como a limpeza diária dos dentes dos

animais.

Nos pacientes felinos, enfermidades do trato urinário e gastrointestinal

foram as mais observadas. A doença renal crônica e a lipidose hepática se destacam

dentre elas. O grande número de animais com doença renal crônica normalmente

está relacionado com a idade mais avançada, sendo, portanto, mais encontrada em

animais mais idosos. A lipidose hepática estava diretamente relacionada com fatores

de estresse, principalmente por mudanças na casa ou a chegada de um novo animal.

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12

3. HOSPITAL VETERINÁRIO ESCOLA DE PEQUENOS ANIMAIS DA UNB –

HVET/UNB

3.1 Atendimento e Estrutura Física

O Hospital Escola de Pequenos Animais está localizado na Via L4 norte,

na altura da quadra 610 (campus Darcy Ribeiro – UnB). Nele são realizados

atendimentos nas áreas de clínica médica geral e clínica cirúrgica geral, assim como

nas especialidades de oftalmologia, cardiologia, ortopedia, neurologia, hematologia,

clínica de felinos, diagnóstico por imagem e fisioterapia. O hospital é composto por

seis consultórios, três centros cirúrgicos, internação para cães, internação para

gatos, internação para doenças infectocontagiosas, sala de exame radiográfico, sala

de exame ultrassonográfico, banco de sangue, dispensário de medicamentos e

materiais de consumo, recepção, administração, sala de descanso dos residentes,

lavanderia, copa e banheiros.

FIGURA 8 - Estrutura do Hospital Escola de Pequenos Animais - UnB: (A) Consultório; (B) Sala de exame Ultrassonográfico; (C) Sala de exame Radiográfico; (D) Sala do Banco de Sangue; (E) Internação dos cães; (F) Internação dos gatos.

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13

3.2 Atividades Desenvolvidas

No Hospital Escola de Pequenos Animais da UnB (HVet – UnB) o estágio

foi realizado apenas na clínica médica e internação de felinos, dando à estudante a

oportunidade de se aprofundar mais no conhecimento desta espécie.

As atividades realizadas durante o período do estágio no hospital foram

diversas. Dentre elas houve o acompanhamento de consultas, onde era realizada a

anamnese do felino, o exame físico geral (avaliando as frequências cardíaca e

respiratória, estado e aparência gerais, temperatura retal, tempo de preenchimento

capilar, coloração das mucosas, estado de hidratação e palpação de linfonodos),

bem como a obtenção de materiais para exames laboratoriais quando necessário.

Além disso foram acompanhados os procedimentos realizados nos felinos

internados, como a fluidoterapia e terapia suporte, aferição de parâmetros vitais e

condutas tomadas em situações de urgência. Caso fosse requisitado, o estagiário

também acompanharia o paciente em exames com diagnóstico por imagem, como

radiografias e ultrassonografias.

Embora todas as condutas de suspeita clínica, diagnóstico e tratamento

tenham sido tomadas pelo médico veterinário responsável, a aluna era

constantemente questionada a respeito de cada caso. A coleta de materiais para

exames laboratoriais e a contenção física dos animais eram feitas pela estagiária

sempre que solicitado, estando sempre sob a supervisão do médico veterinário.

Embora a triagem começasse as 7h, o estagiário deveria chegar ao

hospital às 8h e as atividades se encerravam às 18h. O horário de almoço era de

12h as 14h, variando a depender do ritmo das atividades. O estagiário deveria trajar

roupa branca, sapato fechado e jaleco ou pijama cirúrgico e ter sempre um

termômetro, um estetoscópio, um caderno e uma caneta para anotações.

Às terças-feiras, após o horário do almoço, acontece uma reunião entre

os professores da clínica médica e os residentes do hospital para discussão dos

casos clínicos, sendo essa aberta à participação dos estagiários. Periodicamente

essas reuniões eram substituídas por aulas sobre abordagem emergencial, também

aberta aos estagiários.

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14

3.3 Casuística

Durante o período de 18 de abril de 2016 a 3 de junho de 2016 em que a

estagiária acompanhou a rotina da clínica de felinos do HVet-UnB, foram atendidos

122 gatos. Com relação ao sexo dos gatos, 71 eram fêmeas e 51 eram machos

(Figura 9). As raças dos gatos atendidos estão representadas na figura 10. As

relações de diagnósticos e suspeitas diagnósticas para os pacientes felinos

acompanhados estão listadas na tabela 3. A figura 11 mostra a relação entre os

sistemas acometidos por enfermidades nos pacientes felinos.

FIGURA 9 - Relação entre gatos machos e fêmeas atendidos durante o período de estágio.

FIGURA 10 - Relação das raças de gatos atendidos durante o período de estágio (em números absolutos). *SRD: Sem Raça Definida.

41%

59%

Sexo

Macho Fêmea

1

2

119

Sphynx

Persa

SRD

Raça

Total: 122

Macho: 51

Fêmea: 71

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TABELA 3 - Relação de suspeitas clínicas e diagnósticas nos pacientes felinos atendidos durante o

período de estágio.

Suspeita/Diagnóstico Total

Dermatologia

Dermatofitose 4

Abcesso 2

Alergopatia 2

Sarna otodécica 2

Compactação da glândula ad-anal 1

Criptococose 1

Dermatite Alérgica à Picada de Ectoparasitas 1

Ferida membro pélvico direito 1

Nódulo em membro pélvico direito 1

Plug de cerume 1

Pólipo no ouvido 1

Sarna notoédrica 1

Cardio-circulatório

Micoplasma 2

Anemia hemolítica imunomediada 1

Trombocitopenia 1

Urgência

Hérnia diafragmática 2

Tríade neonatal 2

Intoxicação 1

Intussuscepção 1

Piotórax 1

Trauma crânio encefálico 1

Endocrinologia

Pancreatite 2

Compactação da glândula ad-anal 1

Gastro-Intestinal

Lipidose hepática 4

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Suspeita/Diagnóstico Total

Gastro-Intestinal (Continuação)

Gengivite 3

Gastroenterite 3

Colangite 2

Complexo gengivo-estomatite 2

Giardíase 2

Pancreatite 2

Doença periodontal grave 1

Megacolon 1

Prolapso retal 1

Tritrichomonas 1

Verminose 1

Vômito crônico à esclarecer 1

Urinário

Doença renal crônica 9

Cistite intersticial 2

Urolitíase 2

Hematúria a esclarecer 1

Obstrução uretral 1

Ureterolitíase 1

Infectocontagiosas

FeLV (Leucemia Viral Felina) 5

Neurologia

Lesão medular cervical 2

Lesão medular tóraco-lombar 1

Lesão medular lombo-sacra 1

Epilepsia 1

Estupor à esclarecer 1

Oftalmologia

Entrópio 1

Uveíte 1

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Suspeita/Diagnóstico (Continuação) Total

Oncologia

Neoplasia mamária 3

Linfoma mediastínico 2

Linfoma medular 2

Carcinoma de células escamosas 1

Linfoma de células pequenas 1

Ortopedia

Artrose em membro anterior esquerdo 1

Avulsão de plexo braquial direito 1

Displasia coxo-femoral 1

Fratura membro torácico esquerdo 1

Fratura mandíbula e maxila 1

Reprodutor

Distocia 3

Respiratório

Complexo respiratório felino 5

Bronquite 1

Mycobacterium 1

Outros

Check up/Avaliação pediátrica 15

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FIGURA 11 – Relação entre os sistemas acometidos por enfermidades nos pacientes felinos.

3.4. Discussão

Durante o período de estágio no Hospital Veterinário Escola de Pequenos

Animais da UnB, foi observado pela estagiária que a maior ocorrência em gatos é a

de doença renal crônica. Normalmente essa doença está relacionada com a idade

mais avançada nos animais. No entanto, nos atendimentos no Hospital Veterinário,

ela era comumente encontrada em adultos jovens, estando mais relacionada à

doenças infectocontagiosas, como a FeLV. Muitos animais foram com FeLV

(Leucemia Viral Felina), sendo esses, em sua maioria, animais retirados das ruas ou

que viviam constantemente em contato com outros gatos errantes, sendo assim de

fácil transmissão e grande casuística.

Outra grande incidência foi a de linfomas, o que pode ser explicado pelo

fato de que o vírus da FeLV está intimamente relacionado ao seu surgimento o que

15%

3%

7%

20%

13%4%

5%2%

7%

4%

2%6%

12%

Casuística por sistema

Dermatologia Cárdio-Circulatório

Urgência Gastro-Intestinal

Urinário Infectocontagiosas

Neurologia Oftalmologia

Oncologia Ortopedia

Reprodutor Respiratório

Outros (Check up/ Avaliação pediátrica)

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explica a forte prevalência de animais infectados pelo vírus causador da FeLV e com

esta neoplasia.

Dentre as doenças do trato urinário obstrução uretral e formação de

urólitos apresentaram grande ocorrência, talvez pela maior pré-disposição que a

espécie felina apresenta para inflamação do trato urinário, e como consequência a

obstrução uretral.

Nos pacientes felinos foi observado também uma alta ocorrência de

doença periodontal nos animais, talvez pela falta de conhecimento dos tutores

acerca da importância dos cuidados profiláticos, como por exemplo a limpeza diária

dos dentes dos animais.

Doenças dermatológicas, gastro-intestinais e respiratórias também

tiveram uma alta casuística. A lipidose hepática se descata entre estas. Sua

ocorrência estava diretamente relacionada com algum fator estressante que

aconteceu na vida dos felinos atendidos, seja por mudanças na casa ou a chegada

de um novo animal.

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4. CONCLUSÃO

O estágio realizado no Núcleo de Medicina Veterinária Avançada –

INTENSIVET e no Hospital Veterinário Escola de Pequenos Animais proporciona ao

aluno formando a oportunidade de acompanhar a rotina da clínica médica de

pequenos animais. O estagiário tem a oportunidade de vivenciar situações da rotina

clínica do médico veterinário, além de consultas e procedimentos das

especialidades, cuidados com pacientes internados em casos de urgência e

emergência, melhor compreensão da leitura de exames radiográficos e

ultrassonográficos e diferentes formas de manejo e contenção de cães e gatos, o

que é de grande importância para auxiliar e direcionar na formação do futuro

profissional. A grande oportunidade dada ao acompanhar as discussões sobre cada

caso vivenciado e a disponibilidade de aprendizado com os profissionais são de

suma relevância para um melhor aproveitamento e aprendizado na clínica médica

de pequenos animais.

Além disso, o estágio ao final do curso proporciona o contato com os

tutores dos pacientes, uma relação complexa de extrema importância e

complexidade que a experiência adquirida permite uma melhor compreensão.

O conhecimento prático que o estágio final proporciona é importante para

a introdução do formando veterinário no ambiente de trabalho, nas atividades diárias

desenvolvidas, na convivência com o paciente e seu tutor e com os colegas de

trabalho.

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Parte II

Cuidados Neonatais em Pequenos Animais

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1. INTRODUÇÃO

Define-se neonatologia como a ciência responsável pelo estudo

concernente aos recém-nascidos (SILVA et. al., 2008). Para o clínico de pequenos

animais, as doenças neonatais representam um grande desafio, pelas consideráveis

perdas, estimadas entre 20 e 30%, devido a imaturidade fisiológica e imunológica

que torna o neonato particularmente sensível ao ambiente, aos agentes infecciosos

e parasitários, e pela sintomatologia clínica comum às diversas afecções

(SORRIBAS et. al., 2007).

A determinação do período neonatal é cercada de controvérsias, podendo

ser o intervalo desde o nascimento até a queda do cordão umbilical ou até o

momento em que o filhote abre os olhos, ou ainda, como descrito por Grundy (2006)

até o desmame. Alguns autores ainda acreditam que o filhote seja neonato até o

momento em que adquire competência imunológica adequada. Para os caninos,

Davidson (2003) considera que o período neonatal é o tempo que se estende do

nascimento até o décimo dia de vida, sendo corroborado por Prats (2005a) quando

descreve o mesmo período nos felinos. Greco e Partington (1997) afirmam que seria

o período até o fim da segunda semana de vida, enquanto Prats (2005a) afirma isso

apenas para cães. No entanto, a tendência atual é considerar o período neonatal

como aquele em que o filhote ainda depende da mãe para sobreviver, sendo em

média, de 30 dias. Além disso, neste período os sistemas orgânicos estão em

processo de amadurecimento anátomo-fisiológico, e gradativamente o filhote se

torna apto para sobreviver sem os cuidados maternos. A maior parte do

desenvolvimento do filhote ocorre nos primeiros 15 dias de vida, seguido por um

período de transição (15 a 30 dias), de socialização (4 a 12 semanas) e juvenil (12

semanas) até a puberdade (SORRIBAS et. al., 1995, 2007).

Os pacientes neonatos muitas vezes são encaminhados para consulta no

final do curso da doença e pesam menos de um quilo. A punção venosa pode ser

um desafio, e técnicas padrão de exame físico, tais como auscultação e palpação

abdominal, podem ser complicadas. A chave para desmistificar os cuidados

neonatais de cães e gatos é deixar de considerar tais pacientes como miniaturas dos

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adultos e proceder o cuidado compreendendo o seu estado fisiológico único, além

das transições que ocorrem durante todo o período (GRUNDY et. al., 2006).

O período neonatal é caracterizado por uma função neurológica pouco

desenvolvida, desenvolvimento inicial dos reflexos e total dependência materna.

Nesse período os animais comumente dedicam 30% de seu dia à alimentação e os

70% restantes ao sono (SORRIBAS et. al., 1995).

O organismo de recém-nascidos e animais adultos diferem muito entre si

e o conhecimento dessas particularidades é fundamental para a formulação de

diagnósticos e tratamentos. Algumas dessas variações encontram-se na função

hepática, função renal, termorregulação, função cardiopulmonar, digestiva,

imunológica, neurológica e comportamental.

O acompanhamento da gestante e um cuidado pré-natal adequado estão

intimamente relacionados com o nascimento de filhotes sadios e a consequente

redução da mortalidade neonatal (PRATS et. al., 2005a). As causas mais comuns de

doenças e falhas no desenvolvimento são maternais, gestacionais, ambientais,

genéticas e por fatores infecciosos (LITTLE et. al., 2011). O conhecimento das

necessidades específicas dos pacientes neonatos e pediátricos, em geral bastante

frágeis, é o primeiro passo para o sucesso da terapêutica (LITTLE et. al., 2006).

Sendo assim, esse trabalho tem como objetivo realizar uma revisão de

literatura sobre os cuidados dos pacientes neonatais, sendo eles básicos ou

intensivos, levando em consideração a fisiologia diferenciada, a fragilidade e

susceptibilidade desses pacientes.

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24

2. ASPECTOS GERAIS DO CUIDADO NEONATAL

Diversos aspectos devem ser apreciados quando se trata do cuidado com

o paciente recém-nascido, e esses aspectos, se possível, devem ser analisados

desde momentos anteriores à prenhez da mãe, com a busca de uma boa herança

genética materna e paterna, além de uma saúde adequada (DAVIDSON et. al.,

2003). Além disso, o acompanhamento gestacional e um cuidado pré-natal

apropriados estão fortemente relacionados com o nascimento de filhotes sadios e a

consequente diminuição da mortalidade neonatal (PRATS et. al., 2005a).

2.1 Avaliação pré-natal

A gestação é um período determinante para o neonato, fase em que erros

nutricionais, tratamentos inadequados e quaisquer doenças podem vir a causar

reabsorções embrionárias, abortos ou mortalidade perinatal (PRATS et. al., 2005a).

Para que isso seja evitado é indispensável que o veterinário realize uma investigação

genética adequada, imunização apropriada, bem como controle parasitário antes da

gestação da cadela ou da gata (DAVIDSON et. al., 2003).

O exame físico da mãe é fundamental. Nele deve ser incluída a avaliação

do estado geral com atenção especial para as glândulas mamárias, observando a

anatomia destas, para que o processo de amamentação ocorra normalmente

(DAVIDSON et. al., 2003).

Para que a gestação transcorra de forma adequada, é importante que

certos cuidados sejam tomados a respeito de algumas modificações que ocorrem

durante esse período, incluindo o tipo de alimentação oferecida. A gestante possui

necessidades nutricionais diferentes das necessidades de uma fêmea em condições

normais, além disso, o período indicado para a mudança no tipo de alimentação

difere entre as espécies. A alimentação deve ser adequadamente manejada para

manter as condições normais do corpo da gestante, prevenindo a obesidade

(DAVIDSON et. al., 2003). A dieta aconselhada durante a gestação e a lactação deve

conter níveis adequados de proteína, energia, lipídios, vitaminas e minerais,

permitindo a manutenção corporal da cadela, assim como, o nascimento de fetos

viáveis (KIRK et. al., 2001).

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Durante as primeiras cinco a seis semanas de gestação ocorre menos de

30% do crescimento fetal dos caninos. Mesmo que os fetos se desenvolvam

rapidamente, são muito pequenos até o ultimo terço de gestação. A cadela, como

regra geral, pode ter um aumento de 25% do peso normal durante a gestação, porém

este ganho é perdido no momento do parto. Por isso, uma nutrição excelente durante

as três últimas semanas de gestação é de grande importância para assegurar altos

padrões de crescimento e desenvolvimento fetal, assim como manter reservas de

gordura apropriadas para a lactação (CASE et. al., 1998; PRATS et. al., 2005a),

principalmente se tratando de cadelas pequenas a fim de evitar a hipocalcemia

puerperal (FRASER et. al., 1996).

Diferente das cadelas, o ganho de peso em gatas parece ser linear desde

a concepção até o parto, iniciando-se por volta da segunda semana após a

fecundação (CASE et. al., 1998; PRATS et. al., 2005a). Além disso, as gatas perdem

40%, do peso que ganharam no momento do parto (CASE et. al., 1998). Os 60%

restantes são para o desenvolvimento neonatal por meio da lactação (PRATS et. al.,

2005a). Por conta dessa quantidade extra de depósito energético acumulada durante

a gestação, a gata é capaz de se preparar para as grandes necessidades do

aleitamento (CASE et. al., 1998).

As gatas também devem receber uma dieta elaborada ao longo da

gestação e do período de lactação, elevando-se essa quantidade gradualmente

desde a segunda semana de gestação até o parto, em quantidade 25 a 50% maior

que o necessário habitual (CASE et. al., 1998).

Gatas e cadelas devem ser incentivadas a movimentar-se ou praticar

exercícios físicos com moderação, a fim de permitir a manutenção da condição física

e evitar a obesidade. (PRATS et. al., 2005a; DAVIDSON et. al., 2003).

Quanto aos exames pré-natais, alguns métodos são utilizados para o

diagnóstico de gestação em cadelas. O exame ultrassonográfico é o método de

escolha para a determinar se a cadela ou a gata estão prenhes, além de ser útil para

avaliar o desenvolvimento, a taxa de crescimento e a viabilidade fetais (JOHNSON

et. al., 2008). A visualização ultrassonográfica da atividade cardíaca se dá por volta

de 24 a 25 dias e a movimentação dos embriões e fetos aos 28 dias. Essas

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visualizações são indicativas da viabilidade fetal (LANDIM-ALVARENGA &

PRESTES et. al., 2006; LOPATE et. al., 2008). O ultrassom também apresenta

potencial valor para o diagnóstico de morte embrionária e fetal, possibilitando a

visualização dos batimentos cardíacos, bem como os movimentos fetais

determinantes de viabilidade. A ausência de um destes sinais e a visualização da

anatomia fetal mal definida e distorcida, assim como a observação de vesículas

gestacionais de formato irregular, ou mesmo de reabsorção embrionária, podem ser

consideradas sinais de morte embrionária e fetal (LOPATE et. al., 2008).

A palpação do abdome, realizada em qualquer exame físico rotineiro em

cães, também é uma forma de examinar a gestante antes do parto. Esse

procedimento permite que um examinador experiente avalie modificações

morfológicas das estruturas presentes no abdome. No segundo terço da gestação a

palpação abdominal apresenta uma taxa de precisão de 87 a 88% para diagnóstico

positivo. Exames de glândulas mamárias e mamilos também devem ser realizados

(LOURENÇO & FERREIRA et. al., 2015).

Nos últimos 15 dias da gestação pode ser feita a auscultação dos

batimentos cardíacos fetais por estetoscópio ou Doppler fetal. A frequência cardíaca

fetal durante o parto varia de 170 a 230 bpm, sendo que fetos normais se apresentam

mais ativos à medida que o parto se aproxima. A diminuição da movimentação fetal

e da frequência cardíaca (150 a 160 bpm) pode ser indício de angústia fetal e hipóxia.

Quando a frequência cardíaca fetal estiver inferior a 130 bpm, isso pode indicar uma

menor chance de sobrevivência neonatal (LANDIM-ALVARENGA & PRESTES et.

al., 2006; JOHNSON et. al, 2008).

A radiografia abdominal pode ser realizada para confirmação da gestação

após a calcificação óssea esquelética, frequentemente aos 45 dias. O número de

fetos pode ser determinado radiograficamente, por meio da contagem de crânios

fetais (FREITAS & SILVA et. al, 2008; MAMPRIM & CASTRO et. al., 2006). De

acordo com Kustritz (2005), esse exame não pode ocorrer antes que tenha havido a

mineralização do esqueleto dos fetos, isso por que o perigo da radiação ionizante é

inversamente proporcional à idade fetal. Com isso, a pouca idade gestacional deve

ser considerada por conta do risco de malformações (KUSTRITZ et. al., 2005).

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27

Os exames laboratoriais de triagem podem ser realizados para detecção

de afecções maternas, contudo, é necessário que o clínico esteja familiarizado com

as alterações fisiológicas que ocorrem durante a gestação e se refletem nos

resultados (MOON et. al., 2000).

2.2 Parto

Quando o parto se aproxima, orientações básicas devem ser fornecidas

aos tutores para que este momento seja o mais confortável possível para a fêmea

gestante. O local do parto e onde serão mantidos os neonatos deve ser planejado

para que a fêmea esteja acostumada pelo menos 21 dias antes de dar à luz e seguro

para as crias, para que não haja risco de canibalismo, fuga ou pisoteamento. A

maternidade deve estar em um lugar seco, arejado, livre de insetos e a uma altura

do chão que possibilite a entrada e saída da fêmea com facilidade. Para cadelas,

pode ser de madeira, com furos no assoalho para eliminação de urina e secreções

vaginais, ou mesmo uma caixa plástica que permita a higienização frequente. No

caso de gatas, é melhor que se utilize uma caixa ou uma cesta. A maternidade deve

ser ampla o suficiente para a fêmea aconchegar seus filhotes, mas não tão grande

que os mesmos mantenham-se muito longe da fonte de calor. Para forrá-la, utilizam-

se panos que devem ser trocados ou higienizados diariamente, ou papel absorvível

específico. Além disso o ambiente deve ser tranquilo, calmo e sem correntes de ar,

principalmente durante os últimos 7 a 10 dias de gestação e após o parto

(LOURENÇO & FERREIRA et. al., 2015).

O preparo para a hora do parto corresponde ao primeiro passo para evitar

os problemas capazes de colocar em risco a saúde e a vida do neonato (PRATS et.

al., 2005b). O acompanhamento da gestação desde sua fase inicial é o que

determina a qualidade do parto e o diagnóstico precoce de um evento distócico. O

reconhecimento precoce dos sinais do parto e as orientações ao tutor sobre o

desenvolvimento normal deste momento crítico para a gestante são de extrema

importância (LOURENÇO & FERREIRA et. al., 2015).

Quando o parto se aproxima, algumas alterações comportamentais

ocorrem, fazendo com que a fêmea se torne mais quieta, agressiva ou carente,

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dependendo do caso. Durante 2 a 3 dias que antecedem o parto, as cadelas

normalmente ficam inquietas, procuram esconder-se, alimentam-se menos e

trabalham o ninho (BAGGOT et. al., 2001). Além disso, deve-se notar o

aparecimento de leite nas mamas e a distensão da vulva, a liberação de tampão

mucoso cervical e a queda da temperatura retal, que é resultante da queda dos níveis

séricos de progesterona, nas 12 a 24 horas anteriores ao início do parto (LANDIM-

ALVARENGA & PRESTES et. al., 2006; JOHNSON et. al., 2008).

O parto é um momento crítico para a parturiente, em que deve suportar a

dor, remover os filhotes dos envoltórios fetais, romper o cordão umbilical, limpar e

massagear os neonatos, estimular a amamentação, fornecer calor e cuidar de toda

a ninhada (LOURENÇO & FERREIRA et. al., 2015).

A assistência ao parto deve ser realizada para assegurar o nascimento e

o bem-estar de todos os neonatos. Notas sobre o desenvolvimento do parto, como

o horário de rompimento da membrana corioalantoideana do nascimento de cada

neonato e a descrição da apresentação, posição e atitudes fetais auxiliam no

diagnóstico de doenças neonatais relacionadas com o parto (SORRIBAS et. al.,

2007).

Alguns parâmetros podem confirmar se o trabalho de parto está próximo,

como a dosagem de progesterona e a temperatura retal. As concentrações

plasmáticas de progesterona caem para menos de 1ng/mL durante as 24 horas que

antecedem o parto. Já a temperatura retal decresce pelo menos 1ºC cerca de seis a

18 horas antes do parto. Por isso seria importante que o tutor monitorasse a

temperatura retal duas a três vezes ao dia durante as últimas semanas de gestação.

Nas gatas, a redução da temperatura retal é um dado inconsistente e, com

frequência, elas se recusam a se alimentar durante as últimas 12 a 24 horas de

gestação (WANKE & GOBELO et. al., 2006).

O parto normal em cadelas e gatas pode ser dividido em três estágios. O

primeiro estágio é caracterizado pelo comportamento de organização de ninho,

inquietação, tremores e anorexia (WANKE & GOBELO et. al., 2006). No caso das

gatas haverá vocalização intensa, agitação, andar em círculos e lamberão com

frequência a região vulvar. É nesse período, com duração de seis a 12 horas, que

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ocorre a queda dos níveis de progesterona e da temperatura (WANKE & GOBELO

et. al., 2006). Landim-Alvarenga e Prestes (2006) afirmam que esse estágio pode

perdurar até 36h.

O segundo estágio, normalmente concluído de três a seis horas, é

caracterizado por contrações abdominais evidentes, passagem de fluido amniótico e

a parição de um filhote (WANKE & GOBELO et. al., 2006). Segundo Baggot (2001),

esse estágio pode durar até 12 horas. É nesse estágio que a temperatura retal

retorna ao normal. Geralmente, o intervalo entre o parto do primeiro filhote e dos

subsequentes é menor do que uma hora segundo Wanke e Gobelo (2006), mas

Landim-Alvarenga e Prestes (2006) afirmam que pode durar até duas horas. A

expulsão fetal pode ocorrer com a fêmea deitada ou em estação, sendo que desta

última forma é importante haver assistência ao filhote, a fim de evitar traumas,

especialmente em se tratando de animais maiores ou de raças grandes

(LOURENÇO & FERREIRA et. al., 2015).

O terceiro estágio é marcado pela saída da placenta, que normalmente é

expelida cinco a 15 minutos após o nascimento de cada neonato. Pode ainda ocorrer

entre o nascimento de dois ou três filhotes segundo Lourenço e Ferreira (2015). A

fêmea remove as membranas amnióticas e limpa o neonato, rompendo o cordão

umbilical e alimentando-se da placenta (WANKE & GOBELO et. al., 2006). O início

da involução uterina se dá no terceiro estágio e a expulsão dos lóquios ocorre

durante três ou mais semanas após o parto, sendo, contudo, mais intensa na

primeira semana (LOURENÇO & FERREIRA et. al., 2015).

A duração do parto é muito variável, dependendo da raça e do tamanho

da ninhada, mas de maneira geral, dura cerca de quatro a oito horas (LANDIM-

ALVARENGA & PRESTES et. al., 2006).

A gestante deve ser examinada nos casos em que houver ruptura da

membrana corioalantoideana, eliminação de secreção vulvar do pigmento

uteroverdina e contrações irregulares e fracas há mais de duas horas e sem nenhum

nascimento, ou nas contrações fortes com duração maior que 30 minutos sem

expulsão fetal (LOURENÇO & FERREIRA et. al., 2015).

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30

2.3 Cuidados pós-parto

Após o parto, a fêmea remove as membranas amnióticas e limpa o

neonato, rompendo o cordão umbilical e alimentando-se da placenta (WANKE &

GOBELO et. al., 2006). É importante assegurar que o neonato fez a ingestão do

colostro de forma adequada. Quando o parto é natural, a reanimação do filhote é

realizada pela mãe por meio da liberação das membranas fetais sobre a boca e nariz,

lambedura para estimular a respiração, secagem e manutenção da temperatura

corporal, secção do cordão umbilical e estímulo da amamentação (MOORE et. al.,

2000).

Algumas informações devem ser obtidas do tutor para que haja uma

melhor avaliação do quadro, como o tamanho da ninhada, idade, condição corporal,

alimentação, vacinação e vermifugação da mãe, tamanho e aparência do filhote em

relação a ninhada, local onde ficam, frequência de alimentação, acesso às mamas e

a atitude dos filhotes (BELONI et. al., 2003).

Associar a ideia de “órfão” apenas àquele filhote que não tem nutrição da

mãe e propor seu manejo unicamente com a substituição da fonte de alimentação é

um grave erro clínico (PRATS et. al., 2005b; DOMINGOS et.al, 2008).

Quando a mãe é incapaz de realizar a limpeza do neonato ou quando este

não responde à típica manipulação materna, alguns cuidados importantes devem ser

executados pelo médico veterinário ou pelo responsável (DOMINGOS et. al., 2008).

2.4 Transição fetal-neonatal

O nascimento ou período de transição fetal-neonatal, que engloba as

primeiras 24 horas de vida, é um período que exige cuidados e que tem alto índice

de mortalidade. Imediatamente após o nascimento o neonato precisa assumir as

funções vitais realizadas pela placenta. Ao analisar as profundas modificações pelas

quais o feto passa ao nascimento, não se pode deixar de caracterizar um tipo de

indivíduo, que não é mais um feto nem ainda se assemelha a um filhote com 30 dias

de idade. Ele é um indivíduo extraútero, com características anatômicas e fisiológicas

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de um ser intraútero. Na terminologia inglesa, ele é denominado newly born, ou o

filhote nos primeiros minutos ou horas de vida (TRASS et. al., 2008).

A transição da vida fetal para a neonatal é caracterizada por uma série de

eventos fisiológicos únicos, como a substituição do conteúdo alveolar líquido por ar,

o aumento dramático do fluxo sanguíneo pulmonar e alterações de desvios intra e

extracardíacos da circulação sanguínea (forame oval e ducto arterioso). Todas as

alterações anatômicas que ocorrem ao nascimento favorecem a adaptação do

neonato ao novo ambiente. Os eventos fisiológicos respiratórios e cardiovasculares

delimitam a transição da vida fetal para a neonatal (MATTOS et. al., 1997).

Na vida intrauterina, todo oxigênio utilizado pelo feto é de origem materna,

difundindo-se da placenta para o sangue fetal. Esse sangue é, em seu maior volume,

uma mistura de sangue oxigenado e não oxigenado. Este sangue é suficiente, pois

as necessidades metabólicas do feto são reduzidas. Como não há respiração

pulmonar no feto, os pulmões não estão expandidos e são preenchidos por um

líquido proveniente do plasma, com baixo teor de oxigênio (MATTOS et. al., 1997;

LÚCIO et. al., 2008).

Após o nascimento, com o rompimento do cordão umbilical, o feto não

está mais ligado à placenta, e passa a depender apenas de seus pulmões como

fonte de oxigênio. O aumento da pressão parcial de dióxido de carbono dentro dos

vasos umbilicais e o esfriamento do corpo desencadeiam o reflexo inspiratório. Há

uma elevação da resistência vascular sistêmica e da pressão arterial e um

decréscimo da resistência vascular pulmonar, seguido do aumento do fluxo

sanguíneo pulmonar. Assim, em questão de segundos, os pulmões devem ser

preenchidos por oxigênio, bem como os vasos sanguíneos pulmonares devem

dilatar-se para perfundir os alvéolos e absorver o oxigênio, distribuindo-o para todo

o organismo do neonato (MATTOS et. al., 1997; MOON et. al., 2001).

O líquido contido no alvéolo pulmonar é absorvido pelo interstício e

substituído gradativamente por oxigênio. Nem todos os alvéolos são inflados durante

a primeira inspiração. Com as inalações seguintes todo o pulmão é inflado e a

substância surfactante se distribui por toda superfície alveolar (MATTOS et. al., 1997;

TRASS et. al., 2008) A forte expansão pulmonar ao nascimento é um importante

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estímulo para a liberação desta substância, o que facilitará o preenchimento alveolar

e prevenirá a atelectasia (SILVA et. al., 2009).

Terminada a transição da vida fetal para a extrauterina, o neonato respira

e utiliza seus pulmões para a captação de oxigênio. O choro inicial e as respirações

profundas colaboram para a remoção do líquido amniótico restante em suas visas

respiratórias. A adequada oxigenação e a distensão gasosa pulmonar são agora o

principal estímulo para o relaxamento da vasculatura pulmonar (LÚCIO et. al., 2008;

TRASS et. al., 2008).

Quaisquer causas que diminuam a intensidade da primeira inspiração

comprometem a expansão alveolar. Neonatos nascidos de cesariana, por exemplo,

podem apresentar estresse respiratório transitório, por não reabsorverem o fluido

pulmonar tão rapidamente quanto aqueles oriundos de parto normal (MATTOS et.

al., 1997).

2.5 Exame clínico e parâmetros fisiológicos

O exame clínico consiste na inspeção geral do animal com o objetivo de

observar alterações neonatais, como malformações e lesões que ocorreram durante

o parto decorrente de um manejo inadequado, podendo levar a morte ainda na fase

pré-natal (BLUNDEN et. al., 2000; BARRETO et. al., 2003). De acordo com Davidson

(1998) e Barreto (2003), primeiramente é necessário que as vias aéreas do filhote

fiquem livres do líquido amniótico, das membranas placentárias e do mecônio, para

que assim possa respirar com maior facilidade dentro de três a cinco minutos. A

tabela 4 mostra como se dá o desenvolvimento do recém-nascido.

Segundo Blunden (2000), neonatos são mais sensíveis às oscilações na

saúde por terem o mecanismo de termorregulação deficiente, um alto risco de

desidratação, de hipoglicemia e um sistema imunológico imaturo. Freshman (1998)

alerta que alguns sintomas são críticos e que devem ser estudados com cautela,

como a descarga nasal, diarreia e onfaloflebite. Além disso, a avaliação neurológica

deve ser levada em consideração pelo fato de que muitas doenças afetam

diretamente o sistema nervoso central (DAVIDSON et. al., 1998; FEITOSA &

CIARLINI et. al., 2000).

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TABELA 4 – Desenvolvimento do recém-nascido (LOURENÇO & FERREIRA, 2015)

Idade em dias

Desenvolvimento do recém-nascido Gato Cão

Queda do cordão umbilical 2 a 3 2 a 3

Resposta à luz 3 a 5 4 a 5

Abertura das pálpebras 8 a 12 12 a 15

Abertura do canal auditivo 12 a 15 12 a 17

Termorregulação (igual à do adulto) 45 28 a 30

Sono ativo Nascimento a 25 Nascimento a 30

Sucção láctea Nascimento Nascimento

Controle voluntário de micção/defecação 15 a 25 15 a 25

Desenvolvimento completo do pavilhão auricular 31 -

Movimento do pavilhão auricular a estímulos: tátil, visual, olfatório, auditivo

Nascimento Nascimento

Resposta auditiva definitiva (orientação pelo som) 7 a 14 18 a 25

Localização espacial 10 a 26 18 a 25

Focalização visual 12 15

Manter-se em pé 12 a 16 15 a 18

Caminhar bem, postura adulta (alimentar-se sozinho) 25 a 30 30 a 35

Função renal completa 50 a 60 55 a 60

2.5.1 Peso

O peso ideal está diretamente ligado à lactação adequada e ao

comportamento normal do filhote (DAVIDSON et. al., 1998). Freshman (1998) e

Patitucci (2001) concordam que o peso é o parâmetro mais adequado para avaliar

seu estado geral. Se o peso estiver muito abaixo da média padrão, alguns problemas

na saúde devem ser considerados, mas deve ser levada em conta a variação de

acordo com a raça. Para Greco e Partington (1997), ao nascimento, raças pequenas

devem ter de 100 a 400g de peso corporal, raças médias de 200 a 300g e raças

grandes de 400 a 500g. Beloni (2001) afirma que o peso, dependendo da raça, pode

variar de 95g até 710g.

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A maneira mais autêntica de acompanhar o desenvolvimento do filhote é

pesá-lo logo após o nascimento, repetir a pesagem depois de 12 horas e diariamente

até o 14º dia de vida (BARRETO et. al., 2003). Devido à desidratação, o neonato

tende a perder 10% do seu peso inicial entre o nascimento e as primeiras 24 horas

de vida (JOHNSTON et. al., 2001; BARRETO et. al., 2003; DAVIDSON el. al, 2003).

Quando o filhote completa 3 dias, começa a recuperar o peso perdido (BARRETO

et. al., 2003). Um filhote de cão deve ter seu peso duplicado entre 10 a 12 dias de

idade (DAVIDSON et. al, 2003; PRATS et. al., 2005a); já os gatos demoram cerca

de 14 dias para duplicar seu peso. Essas espécies devem ganhar de 50 a 100g por

semana ou 7 a 10g por dia (PRATS et. al., 2005a; DOMINGOS et. al., 2008). Se o

neonato estiver sadio ele deve ter um aumento de 5 a 10% do seu peso por dia

(DAVIDSON et. al., 2003). Se em um período de 10 a 12 dias para o cão, e de 14

dias para o gato, eles não tiverem alcançado o dobro do peso, é indicada a

suplementação alimentar (GRECO & PARTINGTON et. al., 1997; MOON et. al.,

2001; BARRETO et. al., 2003).

Devido à facilidade em perder peso, qualquer dificuldade que o neonato

tenha ao mamar, seja pela falta de leite da mãe ou dificuldade na sucção, pode leva-

lo à óbito (BLUNDEN et. al., 2000). Para a mensuração do peso é aconselhável uma

balança sensível graduada em gramas (PATITUCCI et. al., 2001).

2.5.2 Temperatura

Os neonatos não possuem a capacidade de realizar termorregulação até

os primeiros 15 dias de vida (GRECO & PARTINGTON et. al., 1997); desta forma

são considerados pecilotérmicos, ou seja, sua temperatura varia de acordo com a

temperatura do ambiente. O controle hipotalâmico do filhote não é suficiente manter

sua temperatura corporal (MOON et. al., 2001) de 36°C (GRECO & PARTINGTON

et. al., 1997), e que pode variar de 29° a 35° dependendo da temperatura ambiente

(SORRIBAS et. al., 1995; DAVIDSON et. al., 1998). Segundo Christiansen (1998), a

temperatura do neonato pode chegar até 29,5°C nos primeiros minutos de vida. Little

(2006) afirma que abaixo dos 34°C seus reflexos primários começam a desaparecer,

o que é prejudicial para o desenvolvimento adequado do neonato. Após uma ou duas

semanas esse valor tende a aumentar, já que o filhote começa a controlar seu

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sistema termorregulador (BELONI et. al., 2001). Outro fator que pode agravar a

situação térmica do filhote é a ausência do reflexo de tremor e de piloereção que

aumentaria seu metabolismo e consequentemente a temperatura; além disso, sua

superfície corporal é muito grande em relação ao seu peso (LAREDO et. al., 2009)

e eles possuem pouca gordura subcutânea (PRATS et. al., 2005b; LAREDO, et. al.

2009).

Em um filhote canino sua temperatura adequada varia da 1ª até a 4ª

semana se vida, sendo que nas primeiras 24h pode ser de 34,7 a 36,3°C, entre a 1ª

e a 2ª semana de 34,5°C a 37,2°C e entre a 2ª e a 4ª de 36°C a 37,8°C (BELONI et.

al., 2001). Já em um filhote felino, na 1ª semana sua temperatura pode variar de 35,5

a 36,5°C, na 2ª semana de 36 a 37,2°C e na 3ª de 36,8°C a 37,6 °C (LITTLE et. al.,

2006).

Durante esse período inicial, o filhote é dependente do calor que vem do

corpo da mãe para a manutenção de sua temperatura (FRESHMAN et. al., 1998).

Devido a essa necessidade de mecanismos termorreguladores até as primeiras

quatro semanas de vida, durante a primeira semana sua temperatura ambiente deve

ser de aproximadamente 32°C para os cães e 33°C no caso dos gatos, o que vai

facilitar a manutenção da temperatura corporal de pelo menos 36°C (DAVIDSON et.

al., 2003; PRATS et. al., 2005b). A temperatura ambiente é diminuída gradualmente

a partir da segunda semana até a quarta, quando deverá estar em torno dos 27°C

para ambas as espécies (PRATS et. al., 2005b).

Foi demonstrado que quando se suplementa o calor irradiante na tentativa

de elevar a temperatura do ambiente à 30°C e de se manter a umidade relativa em

aproximadamente 60%, durante as primeiras semanas de vida, principalmente em

filhotes caninos órfãos, foram reduzidas as taxas de mortalidade de 25% para menos

de 10% (CARMICHAEL et. al., 2004).

A hipotermia compromete de forma negativa a imunidade, a digestão e a

assistência materna (DAVIDSON et. al., 2003). Quando um filhote hipotérmico é

percebido pela mãe, frequentemente ele tende a ser afastado da ninhada, o que

agrava ainda mais seu quadro (CHRISTIANSEN et. al., 1998; BARRETO et. al.,

2003). Se a temperatura retal estiver igual ou inferior a 35°C, o filhote perde a

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capacidade de mamar por falta do reflexo de sucção. A frequência respiratória então

é aumentada e a frequência cardíaca diminui; e, como resultado da falta de aporte

energético, acorrerá hipóxia tecidual e acidose respiratória (PRATS et. al., 2005b).

Alguns sinais de hipotermia devem ser considerados para evitar o óbito,

como frieza ao toque, flacidez muscular, frequência cardíaca diminuída além de

gemidos constantes que podem gerar hipoglicemia que agrava a (JOHNSTON et.

al., 2001). Patittucci (2001) relata que os recém-nascidos podem também se resfriar

facilmente sem demonstrar nenhum desses sinais por 48 horas.

O aquecimento lento evita a vasodilatação periférica de forma que não

ocorra anóxia dos órgãos vitais (JOHNSTON et. al., 2001). Esse aquecimento pode

ser realizado com caixas e panos, incubadora ou lâmpadas incandescentes (20 a

40W), sempre com cuidado necessário para evitar queimaduras (BELONI et. al.,

2001). Também recomenda-se a utilização de bolsas térmicas ou luvas com água

aquecida (PATITUCCI et. al., 2001). É recomendado o uso de tecidos cobrindo as

bolsas de água quente para que estas não entrem em contato direto com o corpo e

assim, reduz-se o risco de queimaduras na pele delicada dos filhotes. Quando

lâmpadas incandescentes são utilizadas, devem ser cuidadosamente posicionadas

e constantemente monitoradas para prevenir o calor excessivo, queimaduras e

desidratação. Além disso, mamar permite a manutenção da temperatura, já que o

leite materno tem de 3 a 4°C a mais que o corpo do filhote (BLUNDEN et. al., 2000;

BARRETO et. al., 2003).

Mesmo não mantendo a temperatura de forma adequada, os neonatos

costumam arfar quando estão hipertérmicos. A temperatura ambiente não deve

passar de 32°C quando uma alta umidade é oferecida. Quando a temperatura

ambiente está acima de 35°C e a umidade acima ou igual a 95%, os filhotes podem

desenvolver estresse respiratório (JOHNSON et. al., 2001).

2.5.3 Parâmetros cardíacos

A auscultação é a primeira maneira de detectar alterações cardíacas,

além de ser também a forma mais sensível. Porém, deve-se considerar a dificuldade

de se localizar os sons cardíacos e avaliar o pulso arterial (GRECO & PARTINGTON

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et. al., 1997). Além disso, também existe a palpação torácica como forma de

avaliação. Os batimentos cardíacos do filhote comumente variam de 167 a 179 por

minuto (BARRETO et. al., 2003) e o ritmo normal do coração é regular e sinusal

(HOSKINS et. al., 2008).

Os batimentos cardíacos sofrem alteração de acordo com o período de

vida, sendo de 200 a 250 bpm nas primeiras 24h, 220 bpm na primeira semana, 212

bpm na segunda, 192 bpm na terceira, 156 a 137 bpm na quarta e 208 bpm na quinta

semana (MOON et. al., 2001; STURGESS et. al., 2000). A observação desse

parâmetro tem sua importância principalmente por que se o débito cardíaco estiver

baixo, a resposta vai ser a hipóxia (STURGESS et. al., 2000), que pode vir a afetar

o próprio coração, além do cérebro, rins, fígado, trato gastrintestinal, diafragma e

glândulas adrenais (MOON et. al., 2001).

O aparelho circulatório de cães e gatos recém-nascidos em muito se

difere fisiologicamente dos adultos (HOSKINS et. al., 2008). A pressão arterial

periférica, o volume sistólico cardíaco, a contratilidade e a resistência vascular

periférica são menores nos filhotes, e a frequência cardíaca, o débito cardíaco,

volume plasmático e a pressão arterial central são maiores (HOSKINS et. al., 2008;

LAREDO et. al., 2009).

Ao nascimento, os filhotes possuem a inervação parassimpática do

coração madura e a simpática imatura, sendo assim, os filhotes não conseguem

elevar o débito cardíaco aumentando a contratilidade, baseando assim a

manutenção do débito exclusivamente com o aumento da frequência cardíaca

(HOSKINS et. al., 2008; LAREDO et. al., 2009). A inervação autônoma tanto do

coração quanto dos vasos é incompleta, e o controle circulatório é limitado pelos

barorreceptores (HOSKINS et. al., 2008).

2.5.4 Frequência respiratória

A forma mais comum de se aferir a frequência respiratória do filhote é por

meio da observação dos movimentos torácicos (GRECO & PARTINGTON et. al.,

1997). Freshman (1998) e Beloni (2001) concordam que a média de movimentos

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respiratórios que deve ser observada em um neonato é de 15 a 35 por minuto nas

primeiras quatro semanas de vida.

Pacientes com menos de seis semanas de idade têm uma demanda por

oxigênio duas a três vezes maior que os adultos. A partir da quarta semana de vida

o volume corrente necessário começa a se assemelhar ao de um adulto. Com a alta

demanda por oxigênio, os filhotes elevam a taxa de respiração basal de duas a três

vezes mais que a frequência respiratória dos adultos (LAREDO et. al., 2009).

A circulação de ar tanto nas vias aéreas superiores quanto nos pulmões

dos neonatos é muito pequena, tornando difícil a distinção entre sons normais e

anormais. Quando há ausência de sons pulmonares ou uma assimetria perceptível,

pode ser indicativo de anormalidade (HOSKINS et. al., 2008).

Em um quadro de hipóxia, a frequência respiratória fica elevada (acima

de 40 mpm) para haver compensação, a frequência cardíaca diminuída (de 80 a 100

bpm) e o neonatos emitem vocalização estridente (CRISSIUMA et. al., 2005).

2.5.5 Órgãos dos sentidos

Filhotes são considerados cegos ao nascer, isso porque sua retina ainda

não está totalmente desenvolvida (FEITOSA & CIARLINI et. al., 2000), o que vai

acontecer somente após 28 dias de vida, quando também já estará apta a focalizar

objetos (PATITUCCI et. al., 2001). O neonato nasce com os olhos fechados e só os

abre por volta do 8º dia de vida, podendo variar entre o 5º e o 14º dia. Quando

abertos, os olhos apresentam uma coloração cinza-azulada típica, que mudará de

cor por volta do 30º dia de vida (LITTLE et. al., 2006; HOSKINS et. al., 2008).

Entre cinco a 14 dias de vida já existem evidências do reflexo de ameaça,

mas este é lento. Esse reflexo pode não aparecer em alguns filhotes entre a terceira

ou quarta semanas de vida. O reflexo palpebral no nono dia de vida já se encontra

maduro. O reflexo de lacrimejamento e o corneal se inicia assim que as pálpebras

se abrem; 24 horas depois desse acontecimento a resposta pupilar à luz já pode

estar presente, salvo algumas exceções quando podem não estar evidentes até os

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primeiros 21 dias de vida (HOSKINS et. al., 2008). O nervo óptico se desenvolve

gradativamente (GRECO & PARTINGTON et. al., 1997).

De acordo com Patitucci (2001) e Beloni (2001), os ouvidos dos neonatos

se abrem entre 10 e 14 dias, mas a reação ao estímulo sonoro só é eficaz entre as

terceira e quarta semanas de vida, e segundo Little (2006) ao 12º dia os neonatos

felinos giram a cabeça em direção ao ruído, ao 15º já conseguem se orientar em

função de um som e ao 20º distingue os sons conhecidos dos desconhecidos. Com

um mês de vida a audição dos gatos encontra-se totalmente operacional e a cria já

reconhece a voz da mãe (LITTLE et. al., 2006). Barreto (2003) e Little (2006) afirmam

que o conduto auditivo é semifechado e sua pele é sanfonada nos primeiros dias de

vida. Com o amadurecimento essa pele se torna lisa e o neonato felino se

sobressalta com ruídos mais fortes (LITTLE et. al., 2006). Hoskins (2008) também

afirma que embora a orientação sonora apareça mais tardiamente, os neonatos

podem perceber o som antes do conduto auditivo se abrir, embora a audição seja

fraca.

O tato e o paladar desde o nascimento são sentidos funcionais e são

imprescindíveis para que haja a sobrevivência do filhote nos primeiros dias, já que a

alimentação e a percepção do calor da mãe seriam dificultadas sem eles (PRATS et.

al., 2005a; DOMINGOS et. al., 2008).

De acordo com Feitosa e Ciarlini (2000), o olfato não é um parâmetro

muito bem observado no exame de um filhote. Ele está presente ao nascimento, mas

parece pouco desenvolvido, e Little (2006) relata que é um sentido bastante

desenvolvido, e que isso se mostra pelos reflexos de orientação e amamentação e

que este sentido vai se apurando progressivamente até a terceira semana de vida.

2.5.6 Reflexos

Diversos reflexos são monitorados no desenvolvimento normal do

neonato (GRECO & PARTINGTON et. al., 1997). O reflexo de termotropismo positivo

é o que leva o filhote a ir em direção a alguma fonte de calor, sendo de grande

importância para o vínculo de permanência com a mãe e o restante da ninhada,

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evitando o esfriamento e a desnutrição (PRATS et. al., 2005b; HOSKINS et. al.,

2008).

O reflexo de estimulação do focinho é responsável pelo fato de que

quando o focinho do filhote é estimulado por algum contato, ele o empurra contra,

sendo isso fundamental na localização dos mamilos da mãe para se alimentar.

Quando os olhos se abrem, esse reflexo desaparece (PRATS et. al., 2005b).

O reflexo de sucção está presente desde o nascimento, mesmo que nas

primeiras 24 a 48 horas possa estar menos pronunciado (GRECO & PARTINGTON

et. al., 1997; FEITOSA & CIARLINI et. al., 2000). O reflexo acontece quando os lábios

do recém-nascido tocam alguma estrutura que lembre o mamilo da mãe (PRATS et.

al., 2005b). Quando o filhote apresenta fenda palatina, esse é o primeiro reflexo

perdido quando há aspiração de liquido (GRECO & PARTINGTON et. al., 1997).

Os atos de defecar e de urinar não acontecem espontaneamente nos

neonatos, eles precisam ser estimulados pela lambedura da mãe (FEITOSA &

CIARLINI et. al., 2000; HOSKINS et. al., 2008). Na ausência da mãe, esse reflexo

pode ser estimulado com massagens suaves com algodão umidificado em água

morna na região perianal ou abdominal (FEITOSA & CIARLINI et. al., 2000). Na

terceira ou quarta semanas de vida já existe um controle cortical sobre esses reflexos

pelo filhote (GRECO & PARTINGTON et. al., 1997).

2.5.7 Dados laboratoriais

Os valores laboratoriais de referência para cães e gatos durante os

primeiros quatro meses de vida são diferentes dos de cães e gatos adultos como

descritos nas tabelas 5, 6 e 7. Devido à dificuldade em coletar quantidade suficiente

de amostras para os exames laboratoriais serem feitos, o médico veterinário tem

como alternativa alguns exames específicos, como microhematócrito para

determinar o volume globular, esfregaço de gota de sangue para morfologia de

hemácias e leucócitos, mensuração de glicose, lactato, creatinina e ureia

sanguíneas, urinálise por meio de fita reagente e refratômetro para sedimento

urinário e gravidade específica, além de sólidos totais no plasma. Os resultados

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destes testes podem ser suficientes para confirmar a presença de alguma

enfermidade e auxiliar no tratamento de doenças (HOSKINS et. al., 2008).

TABELA 5 – Parâmetros hematológicos do cão neonato (LOURENÇO & FERREIRA et. al., 2015)

Idade em semanas

Parâmetros Nascimento 1ª 2ª 3ª 4ª

Hemácias (x 106/μℓ) 4,7 a 5,6 (5,1) 3,6 a 5,9 (4,6) 3,4 a 4,4 (3,9) 3,5 a 4,3 (3,8) 3,6 a 4,9 (4,1)

Hemoglobina (g/dℓ) 14,0 a 17,0 (15,2) 10,4 a 17,5

(12,9) 9,0 a 11,0 (10,0) 8,6 a 11,6 (9,7) 8,5 a 10,3 (9,5)

Hematócrito (%) 45,0 a 52,5 (47,5) 33,0 a 52,0

(40,5) 29,0 a 34,0

(31,8) 27,0 a 37,0

(31,7) 27,0 a 33,5

(29,9)

VCM (fℓ) 93 89 81,5 83 73

CHCM (%) 32 32 31,5 31 32

Reticulócitos (%) 4,5 a 9,2 (6,5) 3,8 a 15,2 (6,9) 4,0 a 8,4 (6,7) 5,0 a 9,0 (6,9) 4,6 a 6,6 (5,8)

Leucócitos (x 10³/μℓ) 6,8 a 18,4 (12,0) 9,0 a 23,0 (14,1) 8,1 a 15,1 (11,7) 6,7 a 15,1 (11,2) 8,5 a 16,4 (12,9)

Neutrófilos 4,4 a 15,8 (8,6) 3,8 a 15,2 (7,4) 3,2 a 10,4 (5,2) 1,4 a 9,4 (5,1) 3,7 a 12,8 (7,2)

Linfócitos 0,5 a 4,2 (1,9) 1,3 a 9,4 (4,3) 1,5 a 7,4 (3,8) 2,1 a 10,1 (5,0) 1,0 a 8,4 (4,5)

Monócitos 0,2 a 2,2 (0,9) 0,3 a 2,5 (1,1) 0,2 a 1,4 (0,7) 0,1 a 1,4 (0,7) 0,3 a 1,5 (0,8)

Eosinófilos 0 a 1,3 (0,4) 0,2 a 2,8 (0,8) 0,08 a 1,8 (0,6) 0,07 a 0,9 (0,3) 0 a 0,7 (0,25)

Basófilos 0 0 a 0,2 (0,01) 0 0 0 a 0,15

VCM = Volume Corpuscular Médio; CHCM = Concentração de Hemoglobina Cospuscular Média

TABELA 6 – Parâmetros hematológicos do gato neonato (LOURENÇO & FERREIRA et. al., 2015)

Idade em semanas

Parâmetros 0 a 2ª 2ª a 4ª 4ª a 6ª

Hemácias (x 106/μℓ) 5,29 ± 0,24 4,67 ± 0,10 5,89 ± 0,23

Hemoglobina (g/dℓ) 12,1 ± 0,6 8,7 ± 0,2 8,6 ± 0,3

Hematócrito (%) 35,3 ± 1,7 26,5 ± 0,8 27,1 ± 0,8

VCM (fℓ) 67,4 ± 1,9 53,9 ± 1,2 45,6 ± 1,3

CHCM (%) 34,5 ± 0,8 33,0 ± 0,5 31,9 ± 0,6

Leucócitos (x 10³/μℓ) 9,67 ± 0,57 15,31 ± 1,21 17,45 ± 1,37

Bastonetes 0,06 ± 0,02 0,11 ± 0,04 0,20 ± 0,06

Neutrófilos 5,96 ± 0,68 6,92 ± 0,77 9,57 ± 1,65

Linfócitos 3,73 ± 0,52 6,56 ± 0,59 6,41 ± 0,77

Monócitos 0,01 ± 0,01 0,02 ± 0,02 0

Eosinófilos 0,96 ± 0,43 1,41 ± 0,16 1,47 ± 0,25

Basófilos 0,02 ± 0,01 0 0

VCM = Volume Corpuscular Médio; CHCM = Concentração de Hemoglobina Cospuscular Média

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TABELA 7 – Parâmetros bioquímicos do cão e do gato neonato (LOURENÇO & FERREIRA et. al.,

2015)

Cães Gatos

Teste bioquímico 1 a 3 dias 2 semanas 4 semanas Adulto 2 semanas 4 semanas Adulto

Ácidos biliares (µm/l) < 15 < 15 < 15 0 a 15 ND < 10 0 a 10

Bilirrubina total (mg/dl) 0,5 (0,2 a 1,0) 0,3 (0,1 a 0,5) 0 (0 a 0,1) 0 a 0,4 0,3 (0,1 a 1,0) 0,2 (0,1 a 0,2) 0 a 0,2

ALT (IU/L) 69 (17 a 337) 15 (10 a 21) 21 (20 a 22) 12 a 94 18 (11 a 24) 16 (14 a 26) 28 a 91

AST (IU/L) 108 (45 a194) 20 (10 a 40) 18 (14 a 23) 13 a 56 18 (8 a 48) 17 (12 a 24) 9 a 42

FA (IU/L) 3.845 (618 a

8.760) 236 (176 a 541) 144(135 a 201) 4 a 107 123 (68 a 269) 111 (90 a 135) 10 a 77

GGT(IU/L) 1.111 (163 a

3.558) 24 (4 a 77) 3 (2 a 7) 0 a 7 1 (0 a 3) 2 (0 a 3) (0 a 4)

Uréia 30 (23 a 37) 23 (15 a 23) 15 (10 a 21) 7 a 27 39 (22 a 54) 23 (17 a 30) 15 a 34

Creatinina 0,5 (0,4 a 0,6) 0,4 (0,3 a 0,5) 0,4 (0,3 a 0,5) 0,4 a 1,8 0,4 (0,2 a 0,6) 0,4 (0,3 a 0,5) 0,8 a 2,3

Proteína total (g/dL) 4,1 (3,4 a 5,2) 3,9 (3,6 a 4,4) 4,1 (3,9 a 4,2) 5,4 a 7,4 4,4 (4,0 a 5,2) 4,8 (4,6 a 5,2) 5,8 a 8,0

Albumina (g/dL) 2,1 (1,5 a 2,8) 1,8 (1,7 a 2,0) 1,8 (1,0 a 2,0) 2,1 a 2,3 2,1 (2,0 a 2,4) 2,3 (2,2 a 2,4) 2,3 a 3,0

Colesterol (mg/dL) 136 (112 a 204) 282 (223 a 344) 328 (266 a 352) 103 a 299 229 (164 a 443) 361 (222 a 434) 150 a 270

Glicose (mg/dL) 88 (52 a 127) 129 (111 a 146) 109 (86 a 115) 65 a 110 117 (76 a 129) 110 (99 a 112) 63 a 144

ALT = Alamina Aminotransferase; AST = Aspartato Aminotransferase; FA = Fosfatase Alcalina; GGT = Gamaglutamil Transferase

2.6 Nutrição

Nas primeiras duas ou três semanas de vida, é normal que o filhote

saudável passe a maior parte do tempo comendo e dormindo. A nutrição com leite

materno deve ser vigorosa e ativa e sua quantidade e qualidade devem ser

adequadas. Quando a mãe é saudável e bem nutrida, as necessidades nutricionais

dos filhotes devem ser totalmente supridas por ela nas primeiras três a quatro

semanas de vida (GRECO & PARTINGTON et. al., 1997), não sendo necessários

outros cuidados especiais com a alimentação (CASE et. al., 1998).

Assim que acontece o parto, a mãe disponibiliza o colostro, que é de vital

importância para proporcionar aos recém-nascidos a imunidade passiva, concedida

na forma de imunoglobulinas que serão absorvidas pela mucosa intestinal do filhote

dando a ele proteção diante de algumas doenças infecciosas. No entanto, o conduto

gastrintestinal é permeável a essas imunoglobulinas por um período muito curto de

24 horas (CASE et. al., 1998).

Além dos benefícios nutricionais e imunológicos do colostro, o volume do

líquido ingerido após o nascimento também contribui para o volume circulatório pós-

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natal significativamente. Se houver falha nessa ingestão, podem haver

consequências deletérias ao sistema circulatório do animal (CASE et. al., 1998).

No decorrer da lactação a composição do leite de cadelas e gatas vai se

modificando para suprir a necessidades dos filhotes em desenvolvimento. Nas

primeiras 24-72 horas após o nascimento, o colostro vai se modificando até se tornar

leite. A composição do colostro é menor em proteínas, gorduras e sódio e o leite

possui uma quantidade de ferro mais elevada inicialmente que com o tempo vai

reduzir (CASE et. al., 1998).

A transição do leite materno para outros alimentos deve acontecer

gradualmente começando aproximadamente entre a terceira e a quarta semanas de

vida, mas se for necessário, assim que o filhote abrir os olhos a alimentação poderá

ser suplementada (HOSKINS et. al., 1997).

Alguns sinais de que o filhote não está recebendo adequadamente o leite

materno devem ser observados, como o choro constante, a extrema inatividade e/ou

insuficiência para ganhar o peso esperado (2 a 4 g/dia/kg do peso adulto esperado)

(HOSKINS et. al., 1997).

Quando a ninhada encontra-se privada do leite materno, isto é, quando a

mãe é ausente ou está em agalactia, ou hipogalactia ou até mesmo lactação tóxica,

um dos maiores problemas é na escolha da alimentação adequada. Como a melhor

alimentação seria o leite materno, primeiramente busca-se uma “mãe de leite”. Se

isso não for possível, deve haver um substituto do leite que tenha uma composição

correta (COFFMAN et. al., 2001) como mostram as receitas de sucedâneo canino e

felino especificadas nas figuras 12 e 13 respectivamente. Este leite deverá nutrir o

filhote até que suas funções metabólicas se desenvolvam ao ponto de poder ser

introduzida uma alimentação sólida. Um leite que não seja similar ao leite natural da

espécie pode provocar diarreia e transtornos digestivos, podendo influir de forma

negativa no desenvolvimento do filhote (CASE et. al., 1998).

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Receita (aquecido a 38 °C)

800 mL de leite integral de vaca 200 mL de creme de leite

1 gema de ovo 2000 UI de vitamina A 500 UI de vitamina D 1-2 gotas de limão

FIGURA 12 – Formulação caseira de sucedâneo do leite materno para caninos. (Fonte: PRATS, 2005a)

Receita

90 ml de leite condensado 120 ml de iogurte integral

3-4 gemas de ovos 90 ml de água

FIGURA 13 – Formulação caseira de sucedâneo do leite materno para felinos. (Fonte: PRATS, 2005a)

Comercialmente existem muitos substitutos do leite para cães e gatos. A

maioria tem como base o leite de vaca modificado para que a composição do leite

da gata ou da cadela seja simulada. Esses leites são melhores que as formulações

caseiras pois buscam não ter lactose, composto que na formulação caseira causa

diarreia nos filhotes (MOORE et. al., 2000).

Antes de ser amamentado, o filhote deve estar aquecido. Para a

administração pode ser usada mamadeira, seringa de 1ml, colher, conta-gotas ou,

em último caso, uma sonda oro-gástrica. Além disso o animal tem que estar

posicionado de forma que não haja falsa-via (MOORE et. al., 2000). A vantagem da

alimentação com a mamadeira é que estimula o reflexo de sucção, além de evitar

falsa via (PRATS et. al., 2005a), como mostra a figura 11. Em geral, o intervalo de

administração do substituto lácteo é de 2 a 3 horas, mas existem outros protocolos

de administração (MOORE et. al., 2000; SORRIBAS et. al., 2005).

FIGURA 14 – Posição ideal para a amamentação do filhote. (FONTE: Acervo pessoal)

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45

3 CUIDADOS CRÍTICOS DO PACIENTE NEONATO

Mais de 75% das mortes dos filhotes ocorrem antes da terceira semana

de vida, a grande maioria ainda durante a primeira semana. As causas estão, em

sua maioria, ligadas às condições fisiológicas, congênitas ou genéticas,

comportamentais, ambientais ou por ocorrência da sepse. Exames da cadela quanto

à saúde geral e reprodutiva, antes e após o parto, alimentação ou suplementação

alimentar de filhotes que não conseguem mamar e o fornecimento de calor (vital para

os filhotes nas primeiras duas semanas de vida) são fatores importantes para

redução desta taxa (CARMICHAEL et. al., 2004).

3.1 Reanimação

O conhecimento da necessidade de reanimar um recém-nascido pode ser

antecipado, na maior parte das vezes, por meio de uma anamnese detalhada.

Problemas pré-natais como a idade materna, ausência de assistência, doenças,

utilização de fármacos na gestação, má-formação e diminuição nos movimentos

fetais; e problemas durante o parto como apresentação anômala, trabalho de parto

prematuro ou prolongado, bradicardia fetal e deslocamento prematuro da placenta,

atentam para a possibilidade de um procedimento de reanimação logo após o

nascimento (TRASS et. al., 2008).

Ao nascimento algumas questões importantes devem ser avaliadas, como

se a gestação foi a termo, se o neonato está chorando ou respirando, se apresenta

um bom tônus muscular e se a coloração das mucosas está avermelhada. Se

qualquer uma dessas questões tiver uma resposta negativa, a reanimação (Figura

15) é necessária (TRASS et. al., 2008).

Alguns problemas podem acontecer imediatamente após o parto, seja ele

normal, distócico ou cesariana programada ou não. A hipóxia é uma das causas mais

comuns na morte dos recém-nascido e por isso suas vias aéreas devem ficar livres

que quaisquer fluidos placentários ou mecônio de um a três minutos após o

nascimento (HOSKINS et. al., 2008).

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FIGURA 15 – Fluxograma de reanimação cardiorrespiratória do neonato. S = sim; N = não; FR = frequência respiratória; FC = frequência cardíaca; IV = intravenoso; IO = intraosseóssea (FONTE: Adaptado de LOURENÇO & FERREIRA, 2015)

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A otimização da reanimação neonatal após o nascimento natural ou por

cesariana envolve o mesmo processo de ABC que qualquer reanimação

cardiopulmonar. Quando o neonato nasce e tem respiração e vocalização

espontânea, isso é associado positivamente com sua sobrevivência até os 7 dias de

idade (DAVIDSON et. al., 2003).

O processo de reanimação, principalmente para os filhotes nascidos por

cesariana, compreende primeiramente a limpeza das vias aéreas (A = Ar) na retirada

da placenta ao redor da cabeça, principalmente aquelas partes que podem

comprometer a abertura das narinas (HOSKINS et. al., 2008). Após a rápida

desobstrução das vias aéreas, o filhote deve ser posicionado com a cabeça

estendida. Essa desobstrução pode ser feita com a sucção delicada da área oro-

faringiana com um bulbo e o tórax deve ser friccionado com uma compressa seca

(DAVIDSON et. al., 2003). Além disso, a pressão positiva de oxigênio por meio de

uma máscara facial bem adaptada na cabeça do filhote pode ser de grande auxílio

(HOSKINS et. al., 2008). Todas essas ações têm como objetivo a promoção da

ventilação do neonato (B = Breathing) (DAVIDSON et. al., 2003; HOSKINS et. al.,

2008).

Fluidos placentários podem ser retirados do lúmen da laringe e da traqueia

e das vias respiratórias por meio do balanço suave do recém-nascido, fazendo com

que sua cabeça erguida faça uma trajetória descendente, estando ele apoiado em

uma toalha quente e seca (HOSKINS et. al., 2008). Davidson (2003) por outro lado

afirma que os filhotes não deveriam ser balançados devido o potencial de hemorragia

cerebral que esse movimento pode causar após uma concussão.

Devem ser realizadas compressões torácicas seguidas de suporte

ventilatório afim de evitar a hipóxia do miocárdio que é a causa mais comum de

bradicardia ou assistolia. Outra forma de obter uma melhora na respiração do

neonato é a estimulação do ponto Jen Chung de acupuntura com uma agulha de

acupuntura ou de um calibre pequeno inserida no filtro nasal, na base da narina, e

rotacionada quando chegar ao osso ou a cartilagem, como mostra a figura 13

(DAVIDSON et. al., 2003).

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Se essas manobras realizadas não produzirem respiração espontânea,

inicia-se a massagem no tórax e na face com toalha quente e seca. Caso o neonato

esteja com pouca reação responsiva por conta da administração de anestésicos na

cadela durante a cesariana, 1 ou 2 gotas de naloxona devem ser instiladas na língua

e no céu da boca do recém-nascido. Se isso não for suficiente, uma máscara de

oxigênio é requerida. A ausência de batimentos cardíacos ou a ocorrência de

palpitações geralmente são acompanhadas de esforços respiratórios improdutivos

(HOSKINS, et. al. 2008). Se o suporte com oxigênio com a máscara ainda assim for

ineficaz por mais de um minuto, deve-se fazer intubação endotraqueal e utilizar o

ambú. O tubo endotraqueal mais utilizado é o de 2mm ou cateter intravenoso de 12

ou 16 como tubo endotraqueal de menor calibre (DAVIDSON et. al., 2003).

FIGURA 16 – Ponto Jen Chung VG 26 (FONTE: Adaptado de MORAIS, 2011 e

www.animais.culturamix.com)

A monitoração dos batimentos cardíacos deve acontecer por meio da

palpação ou ausculta do tórax. Quando os batimentos cardíacos não forem

detectados, deve ser feita massagem cardíaca externa (C = Circulação). Se houver

bradicardia, deve ser administrada epinefrina 0,01 mg/kg em 4 minutos intravenoso

ou intraósseo ou 0,1 mg/kg via respiratória (HOSKINS et. al., 2008).

Durante a reanimação a glicemia deve ser constantemente monitorada,

uma vez que a glicose é o principal substrato energético para os neurônios e as

células do miocárdio. Recém-nascidos com baixo peso corpóreo ou expostos à

hipóxia perinatal, sepse ou quadros toxêmicos durante a gestação são predispostos

à hipoglicemia (ANDRADE, et. al. 2008).

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A reanimação deve ser suspensa caso não haja resposta depois de 15 a

20 minutos de esforço (se o neonato continuar hipotérmico, com respiração anormal

e bradicardia) ou caso algum defeito congênito grave seja detectado (DAVIDSON et.

al., 2014).

3.2 Avaliação de Apgar

O escore de Apgar é um método simples de avaliação sistemática

neonatal que indica se as medidas de reanimação são eficazes em um minuto, cinco

minutos e 60 minutos após o nascimento. O escore baseia-se em frequências

cardíaca e respiratória, esforço respiratório e vocalização, tônus muscular,

irritabilidade reflexa e coloração das mucosas, atribuindo-lhes notas de 0 a 2, sendo

que o somatório das notas será um escore de 0 a 10 (TRASS et. al., 2008), como

mostra a figura 17.

FIGURA 17 – Escore de viabilidade neonatal (Escore de Apgar). (FONTE: Adaptado de LOURENÇO & FERREIRA, 2015)

Ao nascimento, valores entre 9 e 10 podem ser considerados ideais,

entre 6 e 8 indicam asfixia e valores abaixo de 3 baixa viabilidade neonatal (TRASS

et. al., 2008).

3.3 Vias de administração de medicações

O acesso mais indicado para a aplicação de fármacos durante o

procedimento reanimatório é o intravenoso. A veia umbilical é facilmente acessada

pelo cordão umbilical com uma agulha de 24 G e o cateter não deve ser introduzido

completamente para não se chegar na veia hepática. Se não vier retorno venoso na

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canulação, é um forte indicativo de que o cateter foi introduzido com mais

profundidade que o permitido. O acesso nessa veia não deve permanecer por muito

tempo pelo risco de contaminação, então o melhor a se fazer é usá-lo e já retirá-lo

(CRISSIUMA et. al., 2005; SANTOS et. al., 2005).

Em situações de choque hipovolêmico quando as veias se colapsam e se

tornam de difícil acesso, são indicadas as vias intraperitoneal e intraóssea. A via

intraperitoneal é de rápida absorção de soluções isotônicas e caso precise ser feita

transfusão sanguínea, ela garante absorção de até 70% das hemácias (BOOTHE &

HOSKINS et. al.,1997; CRESPILHO et. al., 2007).

Davidson (2006) afirma que a via intraóssea é bem aceitável pela

quantidade maior de medula vermelha quando comparado aos adultos, sendo por

isso a via mais ideal nessa faixa etária. A administração de fármacos e fluidos por

essa via assemelha-se à via intravenosa pela concentração sanguínea resultante. A

fossa trocantérica do fêmur e a crista da tíbia são frequentemente utilizadas. Deve

ser feita a tricotomia do local, sua limpeza e um botão de lidocaína 1% pode ser

aplicada no subcutâneo até próximo ao periósteo da fossa. A introdução da agulha

deve ser feita com movimentos rotatórios e de forma cuidadosa para não se atingir

o nervo ciático que é localizado caudalmente ao fêmur. O tempo de permanência do

cateter pode ser de até 72 horas (DAVIDSON et. al., 2006). O filhote pode sentir dor

caso a infusão seja muito rápida ou se o fluido estiver frio (SORRIBAS et. al., 2007).

A via subcutânea só é utilizada caso o animal não esteja em estado crítico,

caso contrário não é interessante por sua absorção ser muito lenta (CRESPILHO et.

al., 2007). A via transretal tem boa absorção e é uma rápida e efetiva opção para a

administração de medicamentos em todas as idades (BOOTHE & HOSKINS, 1997;

CRESPILHO et. al. 2007). As vias sublingual e endotraqueal também podem ser

utilizadas (ANDRADE et. al., 2008).

3.4 Infusões

Quando a ventilação e a massagem não são suficientes para aumentar a

frequência cardíaca, é necessária a utilização de fármacos. Os mais comumente

utilizados na reanimação cardio-respiratória são os agonistas adrenérgicos, como

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epinefrina e vasopressina para a manutenção da perfusão sanguínea, doxapram,

aminofilina, naloxona, bicarbonato de sódio e fluidos com glicose (PASCOE et. al.,

2001; ANDRADE et. al., 2008) como mostra a tabela 8.

A fluidoterapia é muitas vezes necessária durante a reanimação. A taxa

de infusão recomendada para pacientes em choque é de 4,5 a 6 ml/100g de peso

corporal/h, contudo em neonatos, pela possibilidade de sobrecarga de volume, deve

ser cuidadosamente monitorado para evitar hiper-hidratação (DAVIDSON et. al.,

2006). A velocidade do fluido de manutenção para o neonato é de 6 a 18 ml/100g de

peso corporal/dia (PASCOE et. al., 2001)

TABELA 8 – Quadro de fármacos utilizados na reanimação neonatal. *A administração de glicose em

bolus deve ser sempre seguida de infusão continua para evitar o risco de hipoglicemia de rebote.

Solução isotônica + glicose a 1,25 a 5% para reposição. (FONTE: Adaptado de LOURENÇO &

FERREIRA, 2015)

Fármaco Dose Concentração Via Resultado

Epinefrina 0,01 a 0,03 ml/100g de

peso corporal 0,1 mg/ml SL, IV, IO

Aumento do débito cardíaco, diminuição da resistência vascular

periférica

Doxapram 0,1 a 0,2

ml/neonato 20 mg/ml SL, IV

Aumenta a ventilação pulmonar e a frequência respiratória

Aminofilina 0,2 ml/neonato 24 mg/ml SL, IV Diurese, vasodilatação pulmonar e

sistêmica e aumento da contratilidade e frequência cardíaca

Naloxona 0,02ml/100g de peso corporal

0,4 mg/ml IV Reverte bradicardia e depressão

respiratória causada por opióides nas cesarianas

Bicarbonato de sódio

0,05 a 0,1 ml/100g de

peso corporal

diluído em 1:2 de solução fisiológica

IV

Usado em neonatos extremamente deprimidos em acidose que não respondem a outras manobras

reanimatórias

Glicose* 0,2 a

0,4ml/100g de peso corporal

10%

IV, PO (para neonatos alertas e normotérmicos

nascidos de cesariana)

Suplementação enquanto a mãe não se recupera da anestesia

A utilização de atropina durante a reanimação do neonato não é

aconselhada por não exercer influência na frequência cardíaca em filhotes de cães

e gatos com menos de 14 e 11 dias de idade, respectivamente (ANDRADE et. al.,

2008). Mesmo havendo muita indicação para o uso da vasopressina ela também não

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52

é preconizada uma vez que todas as ramificações metabólicas deste tipo de

intervenção ainda não estão claras (SANTOS et. al., 2005).

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53

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O acompanhamento da mãe no período gestacional é de grande

importância para que o parto ocorra bem e para que os filhotes nasçam de forma

apropriada e em condições adequadas para se manterem saudáveis até o período

pediátrico.

No caso do paciente neonato não nascer da melhor forma, é importante

que o médico veterinário saiba que seu cuidado não é apenas uma extrapolação do

cuidado com o animal adulto, mas que o filhote tem suas particularidades e

diferenças e que deve ser cuidado tendo isso como base.

Desde o nascimento até as primeiras semanas de vida a fragilidade

desses animais é evidente, e seu limite entre a vida e a morte é muito tênue. Devido

às poucas horas de existência, pouco conhecimento e prática dos médicos

veterinários em relação à neonatologia, a negligência com os cuidados desses

pacientes ocorre com frequência.

Devemos levar em conta que ao cuidar desses pacientes desde a mais

tenra idade, estamos nos comprometendo também com o futuro deles, que deve ser

estimado com saúde, para que possamos acompanhar sua vida adulta e, não tão

distante, geriátrica.

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