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Escola Superior de Educação de Coimbra | Arte e Design | 2º ano | 2011/2012

Materiais e Técnicas de Produção | Docente Pedro Bandeira Maia Ana Margarida Correia; Ana Rita Vaz; Mafalda Caetano; Marina Salvado Página 0


Projecto: MATERIAIS NATURAIS

TRABALHO TEÓRICO DE INVESTIGAÇÃO



ÍNDICE INTRODUÇÃO

1-CARACTERÍSTICAS/ TIPOLOGIA DOS MATERIAIS NATURAIS.

2- PRODUTOS PROVENIENTES DE MATERIAIS NATURAIS

3- RELAÇÕES EXISTENTES ENTRE OS MATERIAIS NATURAIS E O DESIGN

4- MATERIAIS NATURAIS MANUFACTURADOS E NÃO MANUFACTURADOS

5- MATERIAIS NATURAIS UTILIZADOS NA CONSTRUÇÃO E EM PORTUGAL

6- MATERIAIS NATURAIS DO FUTURO

7- ECO DESIGN

8- DESIGN E SUSTENTABILIDADE

9- RECICLAGEM DOS MATERIAIS NATURAIS

10- HISTÓRIA DOS MATERIAIS NATURAIS

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS



INTRODUÇÃO

Segundo o dicionário, material significa tudo aquilo que se refere à matéria, ou compostos de matéria, assim, o nosso mundo é constituído de material. Ao olhar em redor, deparamo-nos com uma imensidão de materiais variados. Todos os elementos que nos rodeiam desde o mais pequeno ao maior são compostos por materiais, quer naturais, quer modificados.

Podemos definir como materiais naturais, os materiais que encontramos na natureza, quer se apresentem em bruto, quer se apresentem modificados pela própria natureza.

A natureza oferece-nos uma vasta panóplia de materiaas, que têm ajudado o Homem a nível do conhecimento e da descoberta, permitindo assim o avanço dos produtos. Estes materiais têm grande importância na vida humana, uma vez que a produção de objectos com estes minimiza o impacto ambiental, ao mesmo tempo que têm qualidade igual ou superior aos de matéria sintética, respondendo às necessidades para que o produto foi idealizado, de maneira positiva.



Vegetais Minerais

1-Características/ tipologia dos materiais naturais.

Os materiais naturais são os materiais que encontramos em bruto ou sujeitos a um processo de purificação na natureza. Existem diferentes tipos de materiais naturais, que se dividem em três grupos: materiais naturais de origem vegetal, de origem animal e de origem mineral. Existem ainda os polímeros naturais, que são o caso do algodão, do látex, pois estes são compostos por celulose.

Exemplos de materiais naturais:

Animais

Lã;

Seda;

Couro;

Marfim;

Pele de porco,

cobra, crocodilo;

Caseína (botões);

…

Algodão;

Linho;

Palha;

Bambu;

Cortiça;

Madeira;

Mármore;

Ferro;

Areia;

Barro;

Terra;

Argila;

Pedra;

Mercúrio;

Carvão;

Magnetite (Íman);

Sisal;

Resina;

Látex (borracheira);

Vime;

Amido;

Petróleo

Calcário;

Xisto;

Granito;

Ouro;

Prata;

Quartzo;

Mica;

Chumbo;

Cacitrite

(estatuetas);

Cobre.



ORIGEM DE MATERIAIS NATURAIS:

Enquanto as matérias-primas de origem mineral são consideradas não-renováveis, as matérias-primas de origem e animal podem ser consideradas renováveis.

Origem Vegetal:

Os materiais de origem vegetal, tal como o próprio nome indica, são de origem vegetal, provenientes das árvores, plantas… Estão presentes numa vasta gama de produtos de uso diário. Existem numa grande diversidade e as propriedades e características variam muito de uns para os outros. Entre eles podemos encontrar madeira, celulose, algodão, cânhamo, borracha, etc.

Origem Animal:

Os materiais de origem animal provêm da exploração dos animais para utilização das suas peles, pelo, e tudo o que se possa aproveitar para a criação de produtos. A variedade destes materiais é muito grande, com propriedades e características que variam muito Podemos referir como exemplo o couro, lã, seda, etc.



Origem Mineral:

Os materiais naturais de origem mineral são geralmente divididos em metálicos e não metálicos (metais e não-metais).

Metal: Os materiais metálicos são os metais e as suas ligas. Os metais são

elementos químicos que têm um maior ou menor grau, características como condutividade eléctrica e térmica boa, brilho, opacidade, dureza, fusibilidade, a plasticidade, etc.

Simplificando, metal é o elemento que se considera "uma substância química elementar com boa condutibilidade térmica e dieléctrica, podendo ser opaca, lustrosa (reflectora de luz) quando devidamente polida".

Também podemos definir os metais por terem certo grau de ductilidade e plasticidade e de serem mais pesados que outras substâncias elementares.

Os materiais metálicos dividem-se em dois grupos: metais ferrosos e metais não ferrosos. No grupo dos metais ferrosos, podemos incluir o ferro e os seus materiais derivados como o aço e o ferro fundido. O grupo dos metais não ferrosos é constituído por todos os outros metais e suas ligas.



Propriedades a ter em conta na escolha de um produto

Quando pensamos em utilizar um material temos de ter em conta: dureza, fragilidade, resistência, impermeabilidade, elasticidade, condução do calor, etc. Ou seja, temos que ter a certeza se as propriedades do mesmo suportam as solicitações do futuro trabalho a que devem ser aplicados.

Propriedades, estas podem ser:

· Propriedades físicas.

· Propriedades químicas.

-Propriedades físicas:

É o grupo de propriedades que delimitam o comportamento do material no momento do processo de fabricação como também durante a sua utilização posterior.

Propriedades mecânicas:

Conjunto de propriedades importantes na indústria mecânica. Estas propriedades são aquelas que surgem quando o material está sujeito a esforços de natureza mecânica.

É testada a capacidade que o material tem para transmitir ou resistir aos esforços que lhe são aplicados (é levado em conta no processo de fabricação e posterior utilização).



Resistência mecânica: é a resistência à acção de determinados tipos de esforços, como a tração e a compressão.

Exemplo: cabo de aço.

Elasticidade: é a capacidade que um material deve ter de se deformar, quando submetido a um esforço, e de retornar a forma original quando o esforço termina.

Exemplo: borracha, aço para fabricação de molas.

Plasticidade: é a capacidade que um material, quando submetido a um esforço tem de se deformar e manter-se quando o esforço desaparece.

Nota: a plasticidade pode se apresentar no material com maleabilidade e como ductilidade.

Maleabilidade: é a propriedade que um material, por exemplo, uma peça de aço, apresenta de poder ser laminado, estampando, forjado, entortado e repuxado.

Ductilidade: é o oposto de fragilidade, são materiais que, ao sofrerem a acção de uma força, deformam-se plasticamente sem se romperem.

Exemplo: processos que necessitam conformação mecânica, como por exemplo, na prensagem, para fabricação de partes de carroceria de veículos, na laminação, para a fabricação de chapas, na extrusão, para a fabricação de tubos.

Dureza: é a resistência do material à penetração, deformação plástica permanente, ao desgaste mecânico.

Em geral materiais duros são também frágeis. Quanto maior a dureza maior a resistência ao desgaste.



Fragilidade: é a baixa resistência aos choques. Podemos dizer que

são materiais duros, que tendem a quebrar quando sofrem choques

ou batidas.

Exemplo: vidro.

Densidade: é a medida da quantidade de matéria (massa) que um material ocupa por volume.

Tenacidade: é a resistência a choques, pancadas, vibrações, golpes, impactos.

Propriedades térmicas:

Estas propriedades testam o comportamento dos materiais quando são submetidos a variações de temperatura. Esta propriedade é verificada no comportamento que o material pode oferecer quando em trabalho (materiais resistente a altas temperaturas ou baixas temperaturas).

Um material pode contrair ou dilatar com a temperatura, a sua estrutura pode alterar-se . O conhecimento dessas propriedades também está relacionado com a fabricação do material:

Ponto de fusão: temperatura que o material passa do estado sólido para o estado liquido (entre os matérias metálicos o ponto de fusão e muito importante para determinar sua utilização).

Ponto de ebulição: é a temperatura em que o material passa do estado líquido para o estado gasoso.

Dilatação térmica: propriedade que faz com que os materiais em geral aumentem de tamanho quando a temperatura sobe.

Condutividade térmica: capacidade que determinados materiais têm de conduzir o calor.



Propriedades eléctricas:

Condutividade eléctrica: capacidade que determinados materiais têm de conduzir corrente eléctrica.

Resistividade: resistência que o material oferece à passagem da

corrente eléctrica.

Exemplo: a capa plástica que recobre o fio eléctrico.

Propriedades químicas:

Estas propriedades mostram-se quando o material entra em contacto com outros materiais ou com o ambiente. Elas apresentam-se sob a forma de presença ou ausência de resistência à corrosão, aos ácidos, às soluções salinas. Outra propriedade que os metais podem ser divididos é quanto às características do seu peso: metais leves e metais pesados.

Consideramos metais leves aqueles cujo peso é inferior a 5kg/dm ³ (alumínio, magnésio, titânio, berílio, lítio, bário, sódio, potássio, cálcio, estrôncio, rubídio, césio, rádio, etc.).

Metais pesados são aqueles cujo peso é superior a 5 km / dm ³ (ferro, chumbo, cobre, estanho, cromo, manganês, zinco, cobalto, molibdénio, mercúrio, prata, ouro, platina, etc.



2- Produtos provenientes de materiais naturais

À nossa volta conseguimos encontrar variados produtos feitos à base de materiais naturais.

Um dos materiais naturais já usados na produção de alguns produtos

é o amido de milho:

Exemplo: Talheres biodegradáveis tendo como base o amido de milho: este produto ambiental é feito de amido de milho através de uma tecnologia apropriada, comparando com os talheres descartáveis de papel ou de plástico, estes à base de amido tem vantagens:

Inofensivo ao corpo humano --Porque é feito de amido de milho, não incluindo qualquer material nocivo ao corpo humano.

Não poluente- Os produtos que são feitos neste material, podem ser completamente biodegradáveis. Não prejudiciais nem ao solo nem ao ar.

Economiza recursos - O amido de milho é um recurso renovável inesgotável, mas os talheres feitos de papel ou plástico levam uma grande quantidade de madeira e produtos químicos de petróleo. Este produto pode salvar um enorme número de recursos petrolíferos e reservas florestais.

Alta qualidade - os produtos de amido têm boa densidade de tecelagem, são capazes de suportar água, óleo, e não são absorventes. Estes talheres também têm o bom desempenho na presença de alta temperatura e de baixa temperatura.



Polpa de açúcar

- Embalagens de polpa de açúcar:

A polpa de açúcar é a polpa que sobra depois de o caldo de cana ser extraído. A celulose na polpa de açúcar pode substituir a madeira na fabricação de papel. Para criar embalagens através deste material, pressiona-se a polpa em placas e tiram-se as placas em embalagens moldadas. O material final pode ser aquecido a 350 ° F, pode ser utilizado no microondas, e pode ser congelado até -13 ° C. Estas embalagens feitas a partir de polpa de açúcar estão classificadas para utilização doméstica ou de compostagem industrial. Degrada-se em 30 a 90 dias quebrando-se em pequenos pedaços, quando lhe é fornecida humidade adequada, oxigénio e temperatura.

É renovável anualmente, pois é uma planta de rápido crescimento. Para a conversão do amido nestes produtos é consumida muito pouca energia, e quase não são utilizados químicos.

Ácido poliláctico:

É um plástico transparente biodegradável feito a partir de recursos naturais. Este não só se assemelha a plásticos petroquímicos convencionais (como o PE-polietileno ou PP-polipropileno) nas suas características, mas também pode ser processado facilmente. PLA geralmente vêm na forma de granulados, com várias propriedades e são utilizadas na indústria de transformação de plástico para a produção de alumínio, moldes, latas, copos, garrafas e outras embalagens.

Assemelha-se ao poliestireno, fornece boa estética (brilho e nitidez), mas é duro e quebradiço e precisa de modificações para a maioria das aplicações práticas (plastificantes ou seja, aumentar a sua flexibilidade). Este pode ser processado como a maior parte dos termoplásticos em fibras, filmes, termo formadas ou injectadas. É utilizado para a produção de sacos de adubo, vasos de plantas, fraldas e embalagens.



Diferentes tipos de Tecidos e Fibras Sustentáveis

Na vertente de decoração e design podemos encontrar na natureza bastantes materiais que darão origem a muitos dos produtos que nos rodeiam hoje em dia. Alguns tecidos e fibras são:

Biofuton

Aplicação: decoração.

Descrição: é um produto elaborado com enchimento natural de algodão orgânico e látex revestido com tecidos sustentáveis.

Diferencial ambiental: confeccionado com matérias-primas de carácter renovável, o Futon favorece o fluxo de energia corporal e dá uma sustentação especial à coluna durante o sono.

- Tecido Locomotiva Eco Juta

Aplicação: decoração

Descrição: tecido composto de 60% algodão e 40% juta

Diferencial ambiental: desenvolvida a partir da fibra da juta, cujo plantio não utiliza fertilizantes ou defensivos. No descarte, a juta decompõe-se em 2 anos enquanto o algodão leva 10, e o poliéster pode chegar a 100 anos.

- Sedas artesanais

Aplicação: confecção de cortinas, almofadas, revestimento de estofados, etc…

Descrição: tecidos artesanais em fio 100% seda.

Diferencial ambiental: produzidos a partir de casulos refugados da indústria e tingidos naturalmente.



- Rolinhos e almofadas em fibra de bananeira

Aplicação: decoração

Descrição: produtos desenvolvidos a partir do uso consciente de fibras naturais diferenciadas

Diferencial ambiental: produzidos artesanalmente.

- Manta e puff com fibra de bambu


Descrição: confeccionados manualmente com fios de fibra de bambu e algodão.

Diferencial ambiental: resgata antigas técnicas manuais.

- Toalhas


Descrição: confeccionada com fio de fibra de bambu.

Diferencial ambiental: além de ser uma fonte natural e altamente renovável, as fibras de bambu possuem maciez, conforto, excelente absorção e alta concentração de vitamina B, proteínas e agente bio bactericida.

- Tapete Broinha


Descrição: tapete confeccionado com a tira da rama, apara de malha descartada pela indústria Têxtil.

Diferencial ambiental: os trabalhos são feitos à mão



3- Relações existentes entre os materiais naturais e o

design

Os designers enquanto produtores, têm de ter em conta vários aspectos como por exemplo a preocupação e o respeito com o ambiente. Posto isto, o design deve cooperar para um ambiente estável e um uso consciente e moderado dos materiais naturais proporcionando assim o equilíbrio entre o homem e a natureza, através da responsabilidade ambiental. Isto não significa apenas a eliminação da poluição real, mas também a poluição visual e a destruição do nosso ambiente. O designer é responsável por desenvolver uma cultura de limites que estabeleça o equilíbrio ecológico, de forma a oferecer aos objectos maior estabilidade e profundidade no tempo.

Os materiais naturais fizeram surgir uma nova vertente no design, denominada de Eco design ou Design Ecológico. Desta maneira proporciona a existência de novos produtos que podem substituir outros já existentes não ecológicos, que prejudicavam assim a sustentabilidade da vida na Terra.

Desta forma o Eco design veio mudar a forma de projectar, ou seja, passou a haver o uso optimizado e sustentado de recursos naturais e de energia, havendo assim diminuição da quantidade de lixo, através da reciclagem.

O design tem uma relação com os materiais naturais mais antiga do que com qualquer outro tipo de material. Na pré-história, o homem foi desenvolvendo utensílios que lhe eram necessários a partir do que encontrava no meio ambiente, pois só existia ele e a Natureza.



Primeiramente, fabricou utensílios de pedra, osso e madeira, construindo os primeiros machados, martelos, lâminas cortantes e arpões feitos de pedra lascada, anzóis e agulhas de osso, arco e flecha de madeira e fabricou trajes de pele para se abrigar do frio.

Mais tarde aperfeiçoou os seus utensílios de pedra, osso e madeira, polindo-os. Surgiram assim centenas de utensílios, armas e instrumentos. Melhorou os trajes com os teares manuais que faziam roupas de fibras vegetais de linho e lã.

Descobriu as qualidades do barro, para fazer potes e jarros de cerâmica.

As construções para os materiais que encontrava foram ganhando maiores dimensões, Aparecem monumentos e construções com grandes pedras, no que diz respeito às habitações e jangadas, barcos e carroças nos transportes.

Com a descoberta do uso dos minerais, como o cobre, o bronze e o ferro, o homem dá um grande passo para o progresso, abrindo uma nova era de utensílios, construções e peças de arte.

Hoje em dia, a utilização dos materiais naturais por parte do homem é bem diferente. Com a evolução dos tempos e o surgimento de todo o tipo de materiais artificiais, grande parte dos objectos, utensílios e construções deixaram de ser produzidos em materiais naturais, sendo estes substituídos por uma vasta gama de matérias-primas criadas pelo homem.

Apesar da grande utilização de materiais artificiais podemos assistir a uma preferência pelos materiais naturais por parte de muitos designers, nas diferentes áreas do design, produto, interiores, moda…



4- Materiais naturais manufacturados e não manufacturados

No mundo em que vivemos, temos à nossa volta e à nossa disposição, uma grande quantidade/variedade de materiais, por isto classificamo-los para ser mais fácil de os distinguir.

Neste caso, os materiais naturais não manufacturados provêm do meio natural directamente (superfície terrestre e/ou nos seres vivos que a habitam) sem sofrer qualquer tipo de transformação. Ex.º: lã de ovelha, cortiça, madeira das árvores, carvão.

Os materiais naturais manufacturados resultam da transformação dos não manufacturados e subdividem-se em duas subcategorias: materiais artificiais e materiais sintéticos.

Os materiais artificiais são provenientes de materiais naturais e são obtidos através de tratamentos químicos ou físicos.

Os materiais sintéticos são elaborados em laboratórios através de processos químicos e não são directamente ligados à matéria-prima que é utilizada na sua fabricação.



5- Materiais naturais utilizados na construção e em Portugal

A construção de uma nova habitação ou qualquer infra-estrutura gera uma grande despesa para o planeta. A elaboração de 1,7 milhões de casas com estruturas tradicionais de madeira, aço e betão armado consome tanta quantidade de energia como o aquecimento e a refrigeração de 10 milhões de casas por ano (de acordo com a Sociedade de Pesquisa sobre Materiais Industriais Renováveis). Assim sendo há cada vez mais uma maior preocupação e procura de construções “amigas do ambiente”.

Na construção utilizam-se materiais naturais manufacturados e não manufacturados.

Os materiais manufacturados ou também chamados de materiais de construção são usados abundantemente pois derivam de matérias-primas baratas e que existem em grandes quantidades.

Por isso, a maioria dos materiais de construção são elaborados a partir de materiais naturais de grande disponibilidade, como é o caso da areia, da argila/barro, da pedra, de fibras vegetais, da madeira e da palha.

Quanto aos materiais naturais de origem mineral são:

- Areia - Argila - Barro -Pedra (andesito, basalto, brechia, calcário (poroso; calcário sólido; calcário para produção de Cal tecnológico; calcário tipo mármore), dolomia, gabbro, giz (natural enriquecido), granito, grés, labradoite, mármore (migalhas de mármore electrotécnica), quartzito, shungite) Terra (cobertura de terra, sacos de terra, terra socada (batida))



Quanto aos materiais naturais de origem vegetal são: - Bambu - Palha - Balsa - Madeira - Cortiça

Quanto aos materiais naturais compostos: - Coba - Adobe

Diferentes tipos de madeiras utilizadas em construção e design

- Madeira Taxodium ( taxodium distichum )

Aplicação: produção de móveis.

Descrição: árvore originária do Canadá, produz madeira leve, com boa trabalhabilidade e resistente ao apodrecimento.

- Madeira Teca ( tectona grandis )

Aplicação: produção de móveis, esquadrias e pisos de qualidade decoração e construção naval.

Descrição: árvore nativa das florestas tropicais do sudeste asiático

- Madeira de Demolição

Aplicação: produção de móveis, revestimento de piso.

Descrição: madeiras nobres de lei, em extinção, provenientes principalmente de elementos de antigas construções, como esquadrias, assoalhos entre outros.



- Bambu

Aplicação: produção de móveis, construção civil.

Descrição: composto basicamente de longas fibras vegetais. É uma planta muito resistente, possível de ser cultivada em solos áridos, é um material altamente renovável que pode substituir o uso da madeira (material e combustível), impedindo o corte indevido de árvores essenciais ao equilíbrio natural.

- Madeira Lyptus

Aplicação: confecção de móveis, piso para área interna.

Descrição: madeira de alta qualidade e grande resistência mecânica produzida em escala comercial.

- Tambura to

Aplicação: confecção de móveis.

Descrição: o painel estrutural é composto de duas camadas externas de partículas finas de madeira prensada e miolo de papel reciclado.

O uso de materiais naturais em produtos e construções são uma realidade em Portugal e têm em comum o facto de serem executados por empresas lideradas por jovens empreendedores da nova geração.

Materiais naturais como a argila, ramos de urze, cerejeira ou videira, palha, bambu, lã de ovelha, casca de arroz ou cortiça são utilizados na construção de paredes, pavimentos e isolamentos de casas.

A ideia era resolver algumas das debilidades económicas e sociais do país através da utilização maciça de matérias-primas naturais que se encontram em abundância nas diversas regiões, podendo assim impulsionar uma indústria local, por exemplo.



Substituindo o cimento e as tintas pelas argilas que, em Portugal, existem em variadas tonalidades e dispensando assim as pinturas, isto seria voltar à construção tradicional mas com recurso às novas técnicas construtivas diminuindo assim o custo final das construções e melhorar o ambiente com construções ecológicas.

6- Materiais naturais do futuro

A utilização dos materiais naturais tem vindo a ganhar um novo olhar por parte dos produtores e fabricantes, devido à sua conotação de sustentabilidade. Actualmente o mercado tem vindo a valorizar marcas que, dentro de uma estratégia de sustentabilidade mais vasta, optam pelos materiais naturais deixando os materiais artificiais para segundo plano.

Muitos objectos e os seus componentes começam agora a ser repensados sobre uma perspectiva de sustentabilidade. Num futuro próximo, em casos em que os materiais naturais são uma alternativa mais adequada, a sua utilização deverá intensificar-se na área do design.

Poderemos assistir então a uma maior quantidade de produtos fabricados com materiais naturais, o caso dos computadores com revestimento de bambu, mais tecidos de fibras vegetais…

O modelo, conhecido como Asus Eco Book, tem revestimento de tiras de bambu laminadas, disponíveis em tons distintos. A empresa Dell, também lançou um computador revestido a bambu, dando assim um passo para o ecoproduto. A colheita do bambu, uma gramínea abundante, flexível, durável e de rápido cultivo, tem menos probabilidade de prejudicar o meio ambiente do que seria o caso com o processamento de madeira de árvores.

Também na área do design de moda os materiais naturais começam a estar em voga. Como parte da linha de verão 2012, a estilista Stella McCartney lançou uma linha de óculos escuros feitos com materiais e



processos completamente sustentáveis. Os plásticos utilizados, por exemplo, foram feitos com óleo de sementes de rícino, não utilizando petróleo na composição. Já o acetato utilizado é feito com materiais naturais, como celulose e fibras plásticas naturais, feitas a partir de ácido cítrico.



7- Eco design

O Design ecológico ou eco design tem por objectivo o desenvolvimento de produtos, sistemas e serviços que reduzam o uso de recursos não renováveis e minimizem o seu impacto ambiental sendo assim amigos do meio ambiente. Esta tendência mundial tem vindo a crescer nos campos da arquitectura engenharia e design.

É a aplicação prática de requisitos ambientais de projecto desde o início, substituindo então a matéria-prima, materiais, tecnologia, processos e manufactura por outros menos prejudiciais ao meio ambiente. Para além do seu papel tecnológico tem também um papel educativo pois consciencializa o consumidor do seu impacto negativo no ambiente e da possibilidade de minimizar esse impacto apresentando-lhe produtos, sistemas e serviços mais ecológicos como a utilização de equipamentos recicláveis, com maior durabilidade, com processos menos tóxicos e poluentes, com maior eficiência energética, etc.

8- Design e sustentabilidade

Desde 1972 que se tem vindo a falar de sustentabilidade, quando os países se aperceberam do estado planeta. Sustentabilidade é o uso sustentável dos recursos naturais de modo a satisfazerem as necessidades da geração presente sem afectar a possibilidade das gerações futuras satisfazerem as suas, é possível através da preocupação com o meio ambiente, o cuidado com a extracção da matéria-prima e da energia necessária para sua fabricação. O resultado destes actos serão produtos que devem ser acessíveis economicamente ao maior número de pessoas possível cumprindo sua função principal que é trazer o bem-estar e a satisfação a quem os utiliza.



9- Reciclagem dos materiais naturais

Nos materiais naturais não podemos afirmar que existe reciclagem devido à sua origem na Natureza. Não é possível reciclar um material natural, apenas é possível reutilizá-lo através de transformações, ou aglomera-lo com outros materiais naturais, ou não naturais de forma a criar assim outros tipos de materiais.



10- História dos materiais naturais

No início, antes do ser humano ter consciência da utilização dos materiais e das suas características, começou por usar os materiais para as coisas mais básicas e necessárias como abrigos/casas, e vestimentas/roupas. Posto isto a história da aplicação de materiais naturais pelo Homem é quase tão antiga como a história dos próprios materiais, quer por circunstâncias acidentais, quer por acção deliberada.

Idade da Pedra ou Idade da Pedra Lascada e Idade do Bronze ou Idade da Pedra Polida e Idade do Ferro, são os nomes dados a épocas diferentes da evolução do homem, atribuídos conforme a predominância do uso de um ou de outro, evidenciando assim a importância dos materiais naturais na história do ser humano.

Na construção desses abrigos ou casas, eram aproveitados os acidentes topográficos reconvertendo ou aproveitando um ponto de abrigo de uma montanha, ou o declive de uma colina, para erguer uma casa. Inicialmente o homem utilizava os materiais conforme os encontrava de forma bruta na natureza e só com o passar dos tempos e muito lentamente começou a modelá-los, adaptando-os assim às suas necessidades. Tudo se resumia a modelar os materiais que descobriam: a madeira, a pedra e o barro, ossos, peles, metais e fibras vegetais. Dadas as dificuldades de transporte e inexistência da indústria, os materiais utilizados no passado eram de produção ou origem local: madeira nos E.U.A., adobe em países com climas quentes e gesso no Mediterrâneo. Em muitos aspectos, as formas arquitectónicas ficavam assim circunscritas ao tipo de construção e à natureza do lugar, consolidando, com o andar dos anos, um tecido urbano enraizado no fundo rochoso da terra e das chuvas.

Tendo como exemplos a madeira e a cortiça, sabemos que estas são utilizadas pelo homem desde os tempos mais remotos.



A uma certa altura, assim como as exigências do homem, os paradigmas requeridos para o uso dos materiais foram aumentando procurando assim uma melhor aparência, maior durabilidade e maior resistência. Foi-se descobrindo a possibilidade de criação de novos materiais, como cerâmica e outros metais.

Os Egípcios (2500 a.C.) já produziam mobiliário, esculturas, caixões, e máscaras mortuárias feitos de madeira. Durante o Império Grego (700 a.C.) foram produzidos poltronas e camas de madeira. Os antigos Bretãos utilizavam a madeira para fabricar os punhos das armas e ferramentas para construir cabanas e canoas. Na época medieval surgiram utilizações mais diversificadas para a madeira, quando para além do seu uso nos arcos e flechas e nas estruturas de casas e barcos e na manufactura de instrumentos musicais. No séc. XX verificou-se uma expansão da utilização da madeira em certas áreas e um decréscimo noutras, onde foi substituída por novos materiais.

No que se refere à cortiça pode dizer-se que os mensageiros Romanos (400 a.C.) utilizavam este material no fabrico de flutuadores, que lhes permitiam atravessar o Tibre de noite, uma vez que as pontes se encontravam guardadas pelos seus inimigos Gauleses. Muito embora a descoberta da rolha de cortiça sem recurso à utilização de qualquer vedante e com a tecnologia semelhante à que se utiliza hoje em dia apenas tenha ocorrido no séc. XVII, sabe-se que os Romanos já usavam as rolhas de cortiça para fechar barris de vinho. Nesses tempos, as rolhas de cortiça eram vedadas com lacre ou cera. A cortiça é igualmente utilizada como isolante térmico desde a antiguidade.

A madeira e a cortiça são como já foi anteriormente referido, produtos naturais que tem origem nas árvores, por isso dado que existam cerca de 30 000 espécies de árvores diferentes, não é de estranhar que a madeira seja um material extremamente variável.



Com a necessidade de construir estruturas maiores foram desenvolvendo materiais e assim surgiram o betão armado, ou concreto armado que se diferencia do betão devido à armadura metálica que recebe, e o betão pré-esforçado utilizado hoje em dia em diversas construções.

As rochas e madeiras encontram cada vez mais concorrência com os materiais industrializados, que substituem com vantagens os elementos naturais, devido às falhas naturais e extracção limitada do material bruto.

Devido a uma maior oferta de novas tecnologias que fizeram avançar esta área, os materiais e técnicas de construções foram mudando assim como a utilização de materiais naturais. Assim, enquanto novos produtos e processos inovadores foram surgindo, outros tornaram-se antiquados.

Hoje, a tecnologia avança com rapidez e os materiais são simples ou compostos, obtidos directamente da natureza ou elaborados industrialmente. As propriedades e variedades de um mesmo material são variadas para respeitar diferentes estilos e opções de construção.

Na área da arquitectura e design, um profissional deve estar sempre actualizado para melhor aproveitar as técnicas mais avançadas, utilizando matérias de melhor qualidade e menor custo.



CONCLUSÃO

Desde o início da humanidade que os materiais tiveram um papel indispensável na vida do homem. Inicialmente, ele só tinha acesso aos materiais naturais, e a partir deste criou ferramentas e utensílios necessários à sua sobrevivência. Com o passar do tempo foi-se apercebendo da possibilidade de criação de outros materiais, e com a evolução dos tempos, podemos assistir hoje em dia a uma interminável quantidade de materiais.

Como futuras designers, este trabalho sobre os materiais e incidindo na área dos materiais naturais, foi essencial para a nossa aprendizagem.

Para além dos nos ter clarificado acerca das propriedades dos materiais naturais, características, as suas mais diversas utilizações e a sua história, também nos alertou para o actual estado insustentável do planeta e tomada de medidas importantes como a alternativa pelo Eco-design.

Seja qual for a área que cada uma de nós seguir, seja o design de moda, produto, interiores, entre outras áreas, sabemos que devemos procurar uma correcta exploração dos materiais naturais e procurar contribuir para a sustentabilidade do nosso planeta.



REFERÊNCIAS

Imagem da capa- http://savoirbeds.be/about/materials.aspx

Http://arboaventura.files.wordpress.com/2011/08/madeiras-ufpr.pdf

http://materiotecafeevale.wordpress.com/

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Fortes, M. Amaral; Ferreira, P. J., Materiais dois mil, Lisboa 2003, Editora Ist Press.

Webgrafia

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http://www.cateringsupplies.com/modules/cart/navigate.php/cart_nav_id/89

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Documents

trabalho de materiais.pdf