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Trabalho final - Patrícia Fernandes - fe.uc.pt · Neste trabalho irei falar do desemprego, debatendo os conceitos fundamentais e discutindo as consequências que apesar de “invisíveis”

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Faculdade de Economia 

Universidade de Coimbra 

Desemprego e população qualificada 

Trabalho realizado no âmbito da unidade curricular de Fontes de Informação Sociológica 

 

Docentes: Professora Doutora Paula Abreu  

                    Professor Doutor Paulo Peixoto 

Ano Lectivo: 2013‐2014 

Imagem da capa composta a partir de: 

Doug Geisler, Flickr, 2009 

http://www.flickr.com/photos/55241410@N00/3401171091/in/photolist‐6bxTET‐6bBoTH‐6bBoY2‐6bBuEM‐6bBuJk‐6bBuWZ‐6bFC4W‐6bFCeJ‐6bFCqC‐6gw6my‐6ntbCD‐6qPoRa‐6qPoUR‐6qPoZT‐6qPp2T‐6qPp7P‐6qPpbP‐6qPpgP‐6qPpj8‐6qPpmP‐6qPpp8‐6qPprp‐6qPpwF‐6qPpBM‐6qPpDB‐6qPpWr‐6qPq3Z‐6qPq9g‐6qPqbk‐6qPqg4‐6qPqme‐6qPqrc‐6qPqtM‐6qPqvz‐6qPqBp‐6qPqJe‐6qTymm‐6qTyou‐6qTyxC‐6qTyKA‐6qTz5C‐6qTzaG‐6qTzkf‐6qTzn9‐6qTzpG‐6qTzsN‐6qTzvQ‐6qTzBq‐6qTzDo‐6qTzHJ‐6qTzQo 

 

 

 

Patrícia Fernandes 

Coimbra, 2013 

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Índice 1. Introdução…………………………………………………………………………………..         1 2. Estado das Artes………………………………………………………………………….         2 

2.1 Desemprego………………………………………………………………………….          2   2.1.1 Tipos de desemprego…………………………………………………             2   2.1.2 Desemprego qualificado e desemprego não qualificado.          3   2.1.3 Afectação do desemprego nos diversos níveis………………         4 2.2 Dificuldade na inserção no mercado de trabalho…………………..         6 2.3 Diferenças intergeracionais no mercado de trabalho…………….         9 2.4 Percursos alternativos de desemprego dos qualificados……….          9   2.4.1 Projectos criados para fugir ao desemprego…………………          9     2.4.1.1 Motivações…………………………………………………….          9     2.4.1.2 Dificuldades/obstáculos relacionados com esta  transição de trabalhador por conta de outrem para conta própria     10     2.4.1.3 Ameaças ao estabelecimento por conta própria     11     2.4.1.4 Impactos ligados à transição de trabalhador por  conta de outrem para trabalhador por conta própria……………...           12 2.5 Decisões tomadas………………………………………………………………           12   2.5.1 Migração……………………………………………………………………           12   2.5.2 O que influencia esta decisão………………………………………         13     2.5.2.1 Globalização………………………………………………….         13     2.5.2.2 Políticas adoptadas pelos países……………………         14 2.6 Impactos da migração nos países de envio…………………………..         15   2.6.1 Vantagens……………………………………………………………………         15   2.6.2 Desvantagens………………………………………………………………         15 2.7 Impactos da migração nos países de acolhimento……………….         15   2.7.1 Vantagens…………………………………………………………………..         15   2.7.2 Desvantagens……………………………………………………………..         16 2.8 Importância da migração para a criação da identidade nacional    16 2.9 Apesar da crise…………………………………………………………………….         17 

3. Descrição detalhada da pesquisa…………………………………………………         18 4. Avaliação da Página da Internet…………………………………………………..         18 5. Ficha de Leitura…………………………………………………………………………..          21 6. Conclusão……………………………………………………………………………………          33 7. Referências Bibliográficas…………………………………………………………..           35  

  Anexo I  Texto de Suporte da Ficha de Leitura    Anexo II Página da Internet Avaliada

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Fontes de Informação Sociológica  

Fontes de Informação Sociológica  Página 1  

1. Introdução 

  No âmbito do regime de avaliação contínua da unidade curricular de Fontes de Informação Sociológica foram propostos vários temas para a realização da mesma. 

  A minha escolha recaiu sobre o segundo tema “Desemprego e população qualificada”. 

  Esta escolha deve‐se ao facto de a meu ver este ser o problema mais grave da actualidade, visto que a maior parte dos licenciados de hoje se encontram em desemprego, tendo assim de optar por decisões difíceis, como as de emigrar. 

  Neste trabalho irei falar do desemprego, debatendo os conceitos fundamentais e discutindo as consequências que apesar de “invisíveis” advêm do mesmo.  

  Abordarei as diferenças intergeracionais no mercado de trabalho, visto que actualmente os jovens/adultos inseridos neste meio se encontram com menos “vantagens” que as pessoas inseridas no mesmo há uns tempos atrás.  

  Vou referenciar percursos alternativos que os qualificados adoptam, tal como a criação de um negócio próprio, e as consequências que este traz. 

  Irei abordar as decisões tomados pelos desempregados, sendo uma delas a migração e o que motiva esta decisão, falando ainda da importância deste para a construção da identidade nacional, para finalizar esta pesquisa deixo em aberto uma questão que actualmente não é debatida, mas que talvez seja das perguntas mais importantes da actualidade sendo ela relacionada com a quantidade/qualidade do emprego.  

  “Sabe‐se que ser desempregado não é simplesmente estar desocupado ou estar privado de um emprego. É também ser reconhecido como tal e vivenciar a experiência subjectiva do desemprego.” (Marques, 2009). 

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Fontes de Informação Sociológica  

Fontes de Informação Sociológica  Página 2  

2.Estado das Artes 

2.1.Desemprego: 

       Segundo a Infopédia das Ciências Sociais e Humanas (2003‐2013), o conceito desemprego pode ser definido por um individuo que se encontra em determinadas condições como idade activa (isto é que se encontra em idade para trabalhar), capacidade física e mental e não possui trabalho, por vontade própria ou não, ou seja há aqui uma distinção entre desemprego voluntário e desemprego involuntário.   

       É importante referir que as políticas adoptadas pelos Governos para combater o desemprego apenas visam combater o desemprego involuntário, ou seja aqueles indivíduos que procuram emprego, mas sem sucesso, isto traduz‐se na impossibilidade de trabalhar, contra a própria vontade. 

       2.1.1.Distinguem‐se assim quatro tipos de desemprego: 

o Cíclico: um individuo encontra‐se desempregado durante um momento de crise económica, ou seja de recessão. Por norma os períodos não são demasiados extensos, e esta situação tende para reverter em períodos de melhoria económica.  

o Estacional/Sazonal: acontece devido a diferenciação entre oferta e procura, dependendo da estação do ano, um exemplo que pode ser dado são as épocas de colheitas, por exemplo as vindimas, a oferta de trabalho aumenta nestas alturas e o desemprego diminui nos restantes meses.  

o Friccional/transição/mobilidade: ocorre quando não há acordo entre o empregado e o patrão, mais propriamente quando as condições de trabalho ou remuneratórias não correspondem às expectativas do trabalhador, então ele demite‐se e começa à procura de outro emprego. 

        

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Fontes de Informação Sociológica  

Fontes de Informação Sociológica  Página 3  

Neste contexto surge uma ideia de Foaud e Byner apud Almeida e Albuquerque, estes fazem a distinção entre duas transições, a transição voluntária, que já a descrevi, é uma opção do individuo, e a transição involuntária, que é quando o sujeito é despedido, quando é sujeito a reformas forçadas, entre outras coisas.  

Por norma, os indivíduos nestes casos são acompanhados de inúmeros obstáculos em relação a novas oportunidades. 

o Estrutural: este tipo de desemprego é o mais grave de todos, afinal de contas é o que coloca os indivíduos em desemprego num período extenso. Neste a mão‐de‐obra disponível é superior aos postos de trabalho disponíveis no mercado, tal como já referi acima é nesta situação, em que as pessoas procuram trabalho e não encontram que o Estado intervém, solucionando assim o desequilíbrio entre a oferta de emprego e a procura.  

       O desemprego, está a atingir taxas elevadíssimas a nível nacional, o que faz com que o conceito de desemprego comece a estar associado ao conceito de pobreza, a qual podemos designar por “pobreza envergonhada”, sendo esta a mais difícil de combater, visto que o desempregado em questão já se sente demasiado frustrado por não conseguir ter sucesso a nível pessoal, acabando por ter “vergonha” de pedir ajuda, começando assim a ter graves dificuldades. 

Este tipo de pobreza acontece principalmente quando se encontram ambos os cônjuges desempregados, desencadeando assim uma série de dificuldades. 

2.1.2. No contexto de desemprego vou ainda diferenciar desemprego qualificado de desemprego não qualificado: 

o Desemprego qualificado: já tendo definido o conceito de desemprego, vou agora apenas falar da qualificação, este conceito designa‐se por aquele que atingiu um elevado grau de 

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Fontes de Informação Sociológica  

Fontes de Informação Sociológica  Página 4  

escolaridade, ou seja que têm o ensino superior, podendo ser a licenciatura, o mestrado ou o doutoramento.  

o Desemprego não‐qualificado: ao contrário de “desemprego qualificado” este conceito abrange as pessoas que têm um menor grau de escolaridade, ou seja todos os indivíduos que tem escolaridade inferior ao 12ºano, que actualmente corresponde ao ensino secundário. 

2.1.3. Afetação do desemprego nos diversos níveis: 

o Nível pessoal: segunda a psicóloga Célia Félix (2012), o maior problema com que um desempregado se debate são as consequências que aparecem a nível pessoal, ou seja, a nível psicológico.  Devido ao desemprego os indivíduos condicionam o quotidiano, o que traz graves transtornos a nível psicológico, tal como, depressão, diminuição do auto‐estima, sentimento de frustração e insatisfação, dificuldades cognitivas.  A maior parte desta desagregação pessoal é visível quando um individuo se encontra desempregado há um longo período de tempo. 

 o Nível social: Tal como afirma a psicóloga Célia Félix 

(2012), o desemprego a nível social traz vários tipos de problemas.  Podem ser problemas dentro da própria família, como na sociedade. Dentro da família vai desestruturar e desorganizar a situação familiar, acabando por ser várias vezes as crianças as mais afectadas que vêm as suas vidas a mudar radicalmente.  Um dos graves problemas associados ao desemprego para além da pobreza é a exclusão social, este conceito implica uma análise da sociedade e do funcionamento, abordando os mecanismos através dos quais os 

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Fontes de Informação Sociológica  

Fontes de Informação Sociológica  Página 5  

indivíduos ou os grupos sociais são excluídos (Centeno, Erskine e Pedrosa, 2000).  Os indivíduos não trabalham apenas para assegurar o seu sustento, mas fazem‐no para estabelecer também laços sociais conseguindo assim ter laços com as pessoas que o rodeiam (Centeno, Erskine e Pedrosa, 2000: 39). Uma pessoa ao perder o trabalho vai de certo modo acabar por perder a ligação com a sociedade porque terá tendência para se isolar, acabando por ser o próprio individuo a “excluir‐se” da sociedade, mas muitas das vezes, as pessoas vão se isolando cada vez mais devido à forma como são vistas pela sociedade por serem desempregados.  

o Nível económico: a nível económico é também visível a exclusão social, visto que uma pessoa começa a ser excluída quando se vê impedida de participar plenamente na vida económica. Neste nível, não só o indivíduo se vê afectado com o desemprego, mas toda a economia.  Devido ao desemprego a Segurança Social começa a ter de pagar os subsídios de desemprego. O facto dos indivíduos se encontrarem desempregados faz com que as dificuldades em aceder a determinadas coisas que antes acediam frequentemente aumentem, o que faz com que haja uma dificuldade no escoamento dos produtos, o que origina a falência de inúmeras empresas, aumentando ainda mais o problema em que Portugal vive actualmente. 

 o Nível político: Tal como Jorge Sampaio apud Jornal 

Público (2013a) afirma, o desemprego é um dos problemas que mais afecta a democracia, não apenas pelas políticas adoptadas para solucionar este problemas, tendo em conta que muitas destas políticas 

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Fontes de Informação Sociológica  

Fontes de Informação Sociológica  Página 8  

       Apesar do aumento em relação ao ano 2012, este artigo de Jornal, dá‐nos a informação de a percentagem de desemprego jovem recuou. 

       “Em Portugal, Itália e Eslováquia, um em cada três jovens está desempregado, enquanto na Grécia e em Espanha a proporção sobe para 2 em 3.” (Jornal Público, 2013b). 

       Tal como Cláudia Mateus Marques (2008) explica, para existir a inserção no mercado de trabalho tem de existir a transição do ser‐se jovem, para o ser‐se adulto, havendo assim as seguintes fases: 

• Fim do percurso educativo. • Início de uma carreira remuneradora. • Saída de casa dos pais. • Constituição de uma família. 

        Só assim se pode falar em vida adulta, o que significa que actualmente há cada vez mais um adiar da vida adulta, não por opção, mas por dificuldade de inserção no mercado de trabalho, o que faz com que cada vez mais os jovens passem a depender dos pais ou mesmos dos avós. 

Criando assim relações intergeracionais, visto que antigamente a facilidade no acesso ao primeiro emprego era mais rápida. 

       Tal como Ana Amélia Camarano (2004) aborda, existe sempre uma ligação entre três gerações, “os pais, os filhos e os avós”, acabando por estas três gerações se relacionarem, visto que actualmente o desemprego está aumentar e trazer graves dificuldade na inserção no mercado de trabalho, e mesmo quando há emprego existe sempre um ajuda entre estas três gerações, nem que seja os avós ficarem com os netos para ao pais poderem ir trabalhar. 

       Portugal encontra‐se numa grave situação económico‐política. Arranjar emprego em Portugal está cada vez mais complicado o que faz com que muitas das vezes a única solução seja emigrar para que se consiga entrar no mercado de trabalho.  

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Fontes de Informação Sociológica  

Fontes de Informação Sociológica  Página 9  

Mesmo os políticos já apelam para que isto aconteça, um exemplo disto é o primeiro‐ministro que em 2012 aconselhou parte dos seus qualificados a emigrarem, pois sabe que em Portugal não conseguiriam inserir‐se no mercado de trabalho, mas esperava que quando a situação do país melhorasse que eles regressassem. 

2.3 Diferenças intergeracionais no mercado de trabalho: 

       Neste contexto de como o desemprego está relacionado com as relações intergeracionais baseio‐me em Ana Paula Marques (2010), que aborda a relações intergeracionais no contexto do trabalho. 

Afinal de contas os jovens que entram hoje no mercado do trabalho não terão os mesmos direitos laborais que as pessoas de maior idade, o que de certo modo poderá causar ressentimentos destes novos trabalhadores com as gerações anteriores, havendo assim conflitos geracionais.  

Na minha opinião um dos conflitos que vai ser mais visível dirá respeito à reforma, visto que as pessoas no final do ano 2013 tinham a reforma aos 65 anos, no início de 2014 alterou‐se para 66, mas já se pensa em aumentar para os 67, o que fará com que os jovens vejam cada vez mais o seu futuro negro, se vejam a descontar para depois não poderem gozar do que descontaram ao longo de anos, se os adultos que se encontram empregues já pensam assim, como pensarão os jovens que não têm acesso ao mercado de trabalho? 

2.4. Percursos alternativos de desemprego dos qualificados: 

2.4.1. Projectos criados para fugir ao desemprego: 

2.4.1.1. Motivações: Segundo uma pesquisa elaborada por Joana Gomes de Almeida, grande parte das motivações que levam os indivíduos a criarem o seu próprio negócio tem cariz pessoal e cariz contextual, o cariz pessoal diz respeito às pessoas já conhecerem a área o que lhe causa um maior conforto nessa área,  

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Este cariz pode ainda dizer respeito ao contacto que o indivíduo em causa têm com pessoas que trabalham nessas áreas, o que leva o individuo a ter conhecimento de grande parte da área e ter desejo por explorar essa área.  Outra motivação pode ser o individuo ser especializado nessa área. O cariz contextual diz respeito à “insatisfação com o trabalho assalariado”, sendo outra motivação deste cariz o “reconhecimento de oportunidade de negócio”. (2012: 56‐57). 

       No contexto da “insatisfação com o trabalho assalariado” surge o conceito de Storey apud Almeida e Albuquerque “empreendorismo de necessidade”. 

       Neste contexto Shane apud Almeida e Albuquerque afirma que um empreendedor apenas conhece uma oportunidade de acordo com o conhecimento que adquiriu anteriormente, mas este conhecimento tem de se desenvolver e esse desenvolvimento passa pelas mãos do Estado que tem de assegurar o acesso à formação e que a informação chega a todos os empreendedores. 

 

2.4.1.2. Dificuldades/obstáculos relacionados com esta transição de trabalhador por conta de outrem para conta própria: Também neste parâmetro Joana Gomes de Almeida faz uma abordagem a nível contextual e a nível pessoal, a nível contextual vê como principais problemas o “rendimento incerto”, a “burocracia excessiva”, e o “escasso apoio financeiro (Banca)”,  a nível pessoal regista como principal problema a “falta de experiência/conhecimento”, ou seja a inexperiência na gestão de um negócio próprio, 

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e pouco conhecimento sobre a linguagem financeira. (2012: 57) 

       Neste contexto Carter apud Almeida e Albuquerque, sustenta que o empreendorismo pode ser incentivado, visto que os desempregados podem adquirir as competências necessárias para se desenvolverem. 

        Recursos mobilizados face as dificuldades/obstáculos: na análise de Joana Gomes de Almeida, os recursos mobilizados dizem respeito à rede de suportes, sendo esta criada de modo formal, diz respeito à contratação de profissionais de modo a superar as dificuldades visíveis, e de modo informal que diz respeito aos apoios que o empreendedor pode encontrar, este pode ser na família, nos contactos pessoais. (2012: 57) 

 

2.4.1.3. Ameaças ao estabelecimento por conta própria: Neste contexto, Joana Gomes de Almeida também fez uma divisão, sendo uma abordagem feita a nível financeiro e sendo outra abordagem elaborada a nível social, a nível financeiro registou como principal problema a “acumulação de dívidas” grande parte delas causadas pela “obrigatoriedade de devolução do dinheiro emprestado pelo IEFP” (programa de apoio à criação da própria empresa), outro problema registado ainda neste nível é “o não retorno do investimento feito”. 

       A nível social o principal problema e único registado passa pela “situação actual do país”, devido ao desemprego as pessoas diminuem em poder de compra o que causa grandes problemas aos novos investidores. (2012: 57‐58) 

 

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2.4.1.4. Impactos associados à transição de trabalhador por conta de outrem para trabalhador por conta própria: nos registos de Joana Gomes de Almeida a dimensão pessoal têm como impactos, sendo todos eles negativos a “instabilidade financeira”, “o rendimento incerto”, “maiores responsabilidades/preocupações”, “acumulação de papéis”. 

       Já na dimensão contextual regista um impacto positivo como “ampliação da rede de contactos”. (2012: 58) 

2.5. Decisões tomadas: 

       2.5.1.  Migração: é o movimento de uma população, temporário ou definitivo, de uma área para a outra. 

       Este conceito pode ser dividido em migrações internas, estas correspondem às migrações que se realizam de uma área para outra, mas dentro do mesmo país, podendo ainda fazer a distinção entre êxodo rural (saída da população das áreas rurais, para as áreas urbanas), e êxodo urbano (saída das populações das áreas urbanas para as áreas rurais); e migrações externas, estas correspondem às migrações que se realizam de um país para outro, fazendo a distinção entre intercontinentais (migrações que se realizam entre continentes diferentes) e intracontinentais (migrações que se realizam dentro do mesmo continente), neste contexto de migração externa falamos ainda de emigração (saída da população de um país para outro) e imigração (entrada da população de um país estrangeiro para residir). 

       As durações das migrações podem ser definitivas (deslocam‐se por período indeterminado) ou temporárias (deslocam‐se por um determinado período de tempo). 

       Neste contexto de migração aparece o conceito de “fuga de cérebros” que é caracterizado como a deslocação em massa de técnicos qualificados dos países do Sul em direcção aos países mais desenvolvidos, 

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mas tal como abordei na ficha de leitura, esta definição é a definição mais antiga de “fuga de cérebros” actualmente esta “fuga” já não se dá apenas dos países em desenvolvimento para os países desenvolvidos. (Araújo e Ferreira, 2013) 

 

2.5.2. O que influencia esta decisão: 

       2.5.2.1. Globalização: este conceito é designado por um conjunto de transformações nas diversas ordens, tal como a ordem política e económica.  

       Este conceito criou pontos em comum em várias vertentes, como a económica, social, cultural e política. Hoje em dia pode‐se falar em Aldeia Global, afinal de contas o mundo encontra‐se interligado nas diversas vertentes. 

       O processo de globalização eliminou as fronteiras, o que fez com que os países se aproximassem. 

       Não podemos falar deste conceito sem ter em conta o avanço tecnológico que existiu e a evolução nos meios de transportes, afinal foi isto que construiu o mundo globalizado, estes factores fizeram com que o impacto da globalização fosse sentido no mercado de trabalho, no comércio internacional, na liberdade de movimentação e na qualidade de vida da população, visto que acedem com maior facilidade aos diferentes recursos que necessitam (Domingos, Lemos e Canavilhas, 2009). 

       Ou seja, a Globalização ao ser um conceito associado aos avanços tecnológicos faz com que as pessoas tenham facilidade em aceder ao que se passa dentro de outros países, sabendo assim as oportunidades que existem noutros países.  

Quando dentro do país de origem não encontram oportunidades, como é o caso de Portugal na actualidade, vêem‐se obrigados a emigrar, tendo os avanços tecnológicos uma grande influência nesta decisão. Sem desvalorizar a evolução dos transportes, que faz com que o acesso seja mais facilitado, e sem a existência das fronteiras, ou seja, sem grandes 

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contras para combater a emigração, é óbvio que a emigração é das únicas soluções viáveis, afinal de contas, pelo menos no nosso caso específico, em Portugal criar um negócio por conta própria neste momento é arriscado e nem todos têm as diversas capacidades necessárias. 

2.5.2.2. Políticas adaptadas pelos países: existem países que investem pouca na educação, mas têm noção que este é o principal factor de desenvolvimento, afinal de contas são os “grandes cérebros” que conseguem ter as grandes ideias devido à instrução obtida, daí adaptarem políticas de atracção aos grandes “cérebros”. Estes sentem‐se atraídos pelas excelentes oportunidades que o país em questão lhes fornece, vendo nesse país a grande oportunidade para atingirem o auge da sua carreira, tal como já referi anteriormente a globalização vem facilitar este processo de migração. 

       Um exemplo que pode ser utilizado para representar um país em desenvolvimento que aposta pouca na educação, mas aposta numa política de atracção é o Brasil, que de acordo com o Jornal BBC Brasil (2013a), Brasil é um dos países com menor proporção de imigrantes, mas vai abrir as fronteiras, porque necessita de profissionais qualificados, já se usa a expressão de “apagão na mão‐de‐obra” há alguns anos devido à falta de especialização, por causa da pouca aposta que o Brasil faz na educação, daí a grande aposta nas políticas de atracção de profissionais qualificados, para compensar a pouca qualificação existente dentro do país (BBC Brasil: 2013b) 

       Neste contexto pode‐se falar em subutilização da mão‐de‐obra qualificada, isto é, haver faltas de ofertas e de empregos que correspondem às qualificações académicas dos profissionais migrantes. 

Outro caso que pode acontecer é a sua instrução obtida no país de origem não corresponder a mesma instrução no país de recepção, em ambos os casos os migrantes podem ficar a perder, visto que terão de 

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trabalhar num emprego que inferior as suas qualificações (Brandi apud Sabino, 2003: 54‐55). 

 

2.6. Impactos da migração no país de envio: 

2.6.1. Vantagens: “os fundos enviados pelos emigrantes podem ter um impacto local positivo ao aumentar os rendimentos dos que ficaram no país” (Sabino, 2003: 59); quando os migrantes regressarem ao país irão trazer novos conhecimentos tecnológicos que poderão desenvolver o país (Sabino, 2003: 60); devido às influências dos migrantes nos países de acolhimento poderá iniciar‐se uma ligação entre os países envolventes na migração o que originará um maior mercado para negócios (Stalker apud Figueiredo, 2008: 56); haverá uma menos pressão populacional no que diz respeito ao Governo ter de assegurar as condições básicas de vida (Stalker apud Figueiredo, 2008: 56).  2.6.2. Desvantagens: empobrecimento da população local 

(Korner apud Figueiredo, 2003:56); investimentos na educação perdidos com a emigração (Sabino, 2003: 56); aumentos salariais devido à escassez da mão‐de‐obra (Stalker apud Figueiredo, 2008: 56); os indivíduos segundo Stalker apud Figueiredo (2008:56) são os que mais sofrem, visto que podem ter más condições de trabalho, horário de trabalho longo, baixo estatuto no trabalho, separação da família e podem vir a ser discriminados ou vítimas de racismo. 

  2.7. Impacto da migração no país de acolhimento: 

 2.7.1. Vantagens: aumentar a flexibilidade do mercado de 

trabalho; acorrer à escassez de mão‐de‐obra em alguns sectores (Findlay apud Figueiredo, 2003: 53); 

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aumento do trabalho qualificado no país receptor (Sabino, 2003: 54); poupança de despesas na formação (Sabino, 3003: 55); população mais diversificada e rejuvenescida; capital trazido pelos imigrantes; menor inflação; maiores mercados; novas experiências culturais (Stalker apud Figueiredo, 2008: 70). 

 2.7.2. Desvantagens: como o país tem uma política de atracção aos qualificados e sabe que essa política tem sucesso acaba por não investir na formação visto que poupa, como já referi no ponto anterior, o que causará um desequilíbrio na população do país visto serem poucos a obter qualificação, isto levará a que a população interna não consiga competir pelos empregos vagos com os imigrantes (Sabino, 2003: 55); choques culturais; as empresas têm necessidades de dar formações linguísticas; custos de serviços sociais; perdas para balanças de pagamento (Figueiredo apud Stalker, 2008: 70). 

 

2.8. Importância da migração para a criação da identidade nacional: 

       Tal como referi na minha ficha de leitura, Emília Araújo e Filipe Ferreira (2012), explicam que a migração ajuda na construção identitária, esta é feita pelos média, o facto de estarmos inseridos numa Aldeia Global faz com que as pessoas sejam facilmente influenciadas, especialmente pelos média, e no que diz respeito à construção identitária de um país estes podem falar bem, valorizando a força de vontade e de auto‐realização dos “cérebros” e o papel que eles ocupam no estrangeiro, como podem falar mal, criticando o facto do país de origem ter investido neles e eles estarem ajudar outro país que não o seu a ser bem‐sucedido, acabando por criticar o país de origem por não conseguir “reter” os grandes “cérebros”. 

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       Devido à situação actual do país existem cada vez mais qualificados a emigrar.  

Estes acabam por construir uma boa identidade para o país visto que nós, Portugueses, lá fora somos vistos com grandes qualificações, mas estes “cérebros” no estrangeiro acabam sempre por ficar a perder, visto que grande parte deles acaba por ocupar lugares que ficam muito aquém das qualificações que têm. 

 

2.9. Apesar da crise: em que Portugal e a Europa se encontram o que será preferível aumentar? O emprego (definido como, um individuo que se encontra em determinadas condições como idade activa (isto é que se encontra em idade para trabalhar), capacidade física e mental e possui trabalho)? Ou a empregabilidade (a capacidade do profissional ou empregado estar sempre a adaptar‐se às novas exigências que surgem em função das constantes mudanças no mercado de trabalho)? 

O que será melhor? Mais pessoas com emprego ou mais profissionalismo? 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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3. Descrição detalhada da pesquisa 

  Para a realização deste trabalho comecei por seleccionar palavras‐chaves, sendo frequentemente elas “desemprego”, “população qualificada”, “migração de cérebros”, “profissionais e relação com o emprego”. 

  Recorri inicialmente a um endereço URL, que dizia respeito ao capítulo que analisei para a minha ficha de leitura, recorri mais tarde a livros que achei pertinentes para o meu tema, acedendo a eles através de uma pesquisa realizada no site da biblioteca da FEUC, outra informação foi conseguida através de sites da internet, e alguns jornais, destacando entre eles o Público, visto que foi de onde retirei mais informação. 

  Para analisar dados recorri ao INE, visto que este é um site com dados estatísticos pertinentes para qualquer tema, com uma vasta escolha. 

  Como motor de busca na Internet utilizei não só o Google como o Google académico, visto que neste se poderia encontrar informação que no Google se chegaria a ela, mas com maior dificuldade. 

  Recorri ainda o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS), visto que este era uma página electrónica onde existem inúmeras ligações que nos permitem ver abordagens de diversos temas, falando sobre actualidade e sendo o meu tema da actualidade este seria um dos melhores sites para pesquisar informação, daí a minha escolha sobre ele para a análise de uma página da Internet, afinal de contas esta página não só me é útil a mim, como é útil para inúmeras pessoas devido ao vasto público para a qual se direcciona.  

Inicialmente fiz um esquema para como dividir o meu trabalho, mas essa estrutura foi‐se alterando à medida que ia lendo sobre o meu tema, por uma questão de lógica e de interligação de subtemas. 

 

 

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4. Análise da Página de Internet 

A minha escolha para a análise de uma página de Internet recaiu sobre o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS), tal como já havia referido. 

A informação disponível nesta página destina‐se essencialmente a informar, estando esta relacionado com a investigação das sociedades, dispondo ainda de documentação e informação que é disponibilizada aos utilizadores, de vastas áreas, ou seja, é uma página que se destina a um público vasto. Esta pode ainda ser acedida em duas línguas, Português e Inglês, o que faz com que uma maior quantidade de pessoas consiga aceder a esta página sem ter como barreira a língua em que ele se encontra. O endereço URL, http://www.ics.ul.pt/instituto/, é curto e intuitivo. 

Em relação ao autor desta página, exprime‐se em nome instituicional, ou seja, o ICS, não se exprime com um nome individual, destacando depois as pessoas de cada área abordada nesta página, sendo cada uma elas especializadas na área onde está a fazer a investigação, aparecendo o endereço electrónico de cada área investigada, aparecendo ainda o endereço electrónico da página geral, juntamente com o contacto e com a morada. 

  Esta página tem um motor de pesquisa interna, e disponibiliza vários instrumentos de investigação e navegação, sendo estes eficazes, e fáceis de interiorizar, as ligações que se estabelecem com estes instrumentos encontram‐se activas e são pertinentes para diversos temas, esta página possui assim de uma estrutura complexa, estabelecendo 31 ligações internas (quer com revistas, com bases de dados ou com arquivos). 

  Esta página ao contrário de muitas outras não tem publicidade, mostra apenas algumas notícias da actualidade relacionadas com a página em geral. 

Comentário global sobre a dimensão da estrutura e navegação: 

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Fontes de Informação Sociológica  

Fontes de Informação Sociológica  Página 20  

O conteúdo desta página deu‐me acesso a ligações que me foram úteis na realização do meu trabalho, visto que a informação corresponde ao meu nível de pesquisa, ou seja, pesquisa já avançado, a redacção da mesma é clara e objectiva, acabando por confirmar o que eu li noutros locais, as regras linguísticas são respeitadas.  

A data de actualização não se encontra acessível, contudo visualizei as recentes publicações e estas dizem respeito a 2013, o que me faz concluir que seja uma página frequentemente actualizada visto que tem imensas ligações e tem uma enorme dimensão de importância para diversos temas, todas as publicações tem as referências devidamente citadas. 

O grafismo da página é simples, o texto é legível sem esforço, os documentos podem sem imprimidos, as imagens que se encontram nesta página dizem respeito a símbolos das ligações que se podem estabelecer a partir deste site, ou seja, são úteis, pois uma pessoa pode reconhecer algum site onde sabe que há informação precisa para a sua pesquisa. 

Este site é útil na realização do meu trabalho devido às várias ligações que possui, podendo assim pesquisar em cada uma delas alguma documentação sobre o meu tema, cobrindo assim parte das questões abordadas no meu trabalho. 

Este site pode ser acedido através de 25 redes de investigação e ainda em 8 projectos em rede. 

Para comprovar a acessibilidade do site, recorri a um dos sites que o Professor Doutor Paulo Peixoto mencionou nas aulas, Web Accessibility Checker, WCAG, no endereço URL, http://achecker.ca/checker/index.php, coloquei o endereço URL da página da ICS, obtendo como nível de acessibilidade AA, não obtendo nenhum problema, nem nenhum potencial problema. 

 

 

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Fontes de Informação Sociológica  

Fontes de Informação Sociológica  Página 21  

 

5. Ficha de Leitura 

Título da publicação: Para um debate sobre a Mobilidade e a Fuga de Cérebros   

Edição: Emília Araújo, Margarida Fontes, Sofia Bento 

Data da publicação: 2013, Janeiro  

Capítulo: A “Fuga de Cérebros”: um discurso multidimensional 

Local onde se encontra: http://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=web&cd=1&ved=0CC0QFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.lasics.uminho.pt%2Fojs%2Findex.php%2Fcecs_ebooks%2Farticle%2Fdownload%2F1578%2F1494&ei=bCRxUquGKKas7QaB64HgDw&usg=AFQjCNGrFT2wgXS3kts5VgGNAPR3MIQBtw&bvm=bv.55617003,d.Yms 

Editora: CECS‐ Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade 

      Universidade do Minho 

      Braga, Portugal 

Data de leitura: 2013, Outubro 

Páginas do capítulo: 58‐82 

Área científica: Ciências Sociais 

Sub área científica: Qualificação da população/ Emprego/Migrações 

Assunto: Várias visões sobre as migrações da população jovem qualificada em busca de emprego para assegurar as condições de vida necessárias para a sobrevivência ou em busca de maior reconhecimento. 

Palavras‐chaves: “fuga de cérebros”; “mobilidade”; profissionais altamente qualificados; circulação de conhecimento, de capitais. 

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Fontes de Informação Sociológica  

Fontes de Informação Sociológica  Página 22  

Observações: Actualmente a saída de Portugal em busca de melhores condições é uma realidade constante, este capítulo irá trazer‐me os conhecimentos necessários para conseguir interpretar o tema e poder conhecer mais sobre esta realidade, não só no meu país mas também num contexto global, podendo assim ter uma opinião mais elaborada devido às várias visões que os autores dão sobre o tema. 

Resumo: 

  A “fuga de cérebros” ao longo dos tempos começou a ter outro significado. 

Não se ficou apenas pela antiga descrição de deslocação de profissionais qualificados de países em desenvolvimento para países desenvolvidos, foi mais além.  

  Começou abranger outra tipologia de profissionais e outras formas de deslocação, daí hoje em dia se falar em “mobilidade”.  

  Anteriormente quando se falava deste tema referíamo‐nos apenas as “perdas” para os países de origem, pois investiam nos estudo e depois este investimento não era retribuído, actualmente, fala‐se de “perdas” e “ganhos”, de escolhas dos profissionais qualificados, afinal de contas eles não se deslocam apenas pelo país não ter capacidades para os manter, mas em grande partem deslocam‐se por terem objectivos de auto‐realização superiores ao que o país de origem tem para oferecer. 

Estrutura: 

  Introdução/Apresentação: 

  Este capítulo escrito por Emília Araújo com a licenciatura e doutoramento em Ciências Sociais e mestrado em Economia e Gestão, e por Filipe Ferreira, vai trazer várias abordagens sobre a “fuga de cérebros”, muito direccionada para Portugal, vai dar assim uma visão do que este tema representa dentro do país e no estrangeiro. 

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Fontes de Informação Sociológica  

Fontes de Informação Sociológica  Página 23  

  Através da leitura deste capítulo conseguirei relacionar a mobilidade e a emigração de profissionais qualificados com a importância destes para a construção da identidade colectiva de Portugal. 

  Esta expressão “fuga de cérebros” causa grande interesse sobre tudo na área política, pois pode significar incapacidade por parte dos sistemas políticos o que faz com que o próprio país que educou estes “cérebros” não os consiga manter, ou pode significar que os outros países possuam melhores recursos conseguindo assim atrair estes para realizarem os seus grandes objectivos de auto‐realização, pois pensam desde cedo que dentro do seu país não terão esta possibilidade. 

  A “fuga de cérebros” é associada a fluxos de países subdesenvolvidos para países desenvolvidos, pois segundo Brandi (2001) a saída de população qualificada de um país desenvolvido para outro país na mesma posição não se usa a expressão “fuga de cérebros”, mas sim de mobilidade e circulação de pessoas, capitais e culturas, o que faz com que ao longo do tempo comece a existir uma fronteira entre “fuga de cérebros” e “mobilidade”. 

  Os “cérebros” são considerados os profissionais altamente destacados pelo nível de qualificação e de desempenho profissional. 

A partir de 2008, este termo passou a ser utilizado não só para designar esta tipologia de profissionais, mas passou abranger várias tipologias, até mesmo aqueles com menos experiência. Foi também a partir de 2008 que começou a ser marcante a “fuga de cérebros” e a “mobilidade”, afinal de contas foi neste ano que entrou a recessão das economias em Portugal.  

  A saída destes e de toda a população que actualmente emigra de Portugal deve‐se à necessidade de procurar emprego, assegurando assim a sobrevivência, não só da pessoa em questão, mas de toda a família. 

     Desenvolvimento: 

    Síntese: 

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Fontes de Informação Sociológica  Página 24  

  Hoje em dia não nos podemos ficar apenas pelas desigualdades de Norte/sul, vamos muito para além disso, as desigualdades são transversais, e fazem‐se sentir em todos os territórios. 

  A desigualdade é o principal factor de deslocação, pois as pessoas quando se deslocam procuram sempre melhores condições de vida. 

  Actualmente devido a esta deslocação mais facilitada há um controlo e um cuidado sobre o povo, através de políticas legislativas, conferindo assim direitos e deveres de cidadania e de nacionalidade. 

  Esta deslocação segundo os autores Emília Araújo e Filipe Ferreira (2013) podem ser consideradas como algo que em certas alturas pode ser bom, pois o Estado não tem assim de assegurar as condições básicas de vida aos cidadãos e mais tarde pode beneficiar com esta deslocação, pois os emigrantes voltam e irão investir no país, mas pode ser considerado também uma “perda” não apenas demográfica, mas também devido aos capitais educacionais que se investiram com a expectativa que houvesse mais tarde um retorno, afinal de contas são os qualificados que podem “salvar” o país, o que com eles a “fugirem” do país não irá acontecer. 

  Segundo os autores Emília Araújo e Filipe Ferreira referenciam, os autores Góis e Marques (2007) afirmam que a “fuga” passou a ser designada como “mobilidade”, devido às multinacionais.  

Estas são estratégias de recrutamento no mercado internacional e para os profissionais pode ser considerada uma forma de desenvolvimento curricular. 

  No mundo ocidental, sendo este o mais desenvolvido, a “fuga de cérebros” era caracterizada pela mobilidade de profissionais, de capitais, de saberes e de experiências que iriam enriquecer os países envolvidos. 

  Tal como referi na introdução, e tal como referem Araújo e Ferreira o autor Ackers (2005) diz que o conceito de “mobilidade” tem‐se distanciado do conceito de “fuga de cérebros”, pois num mundo 

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Fontes de Informação Sociológica  Página 25  

globalizado e sujeito a movimentações os profissionais não “fogem”, apenas se “movimentam” ou se “deslocam”. 

  Antigamente a emigração dos profissionais qualificados dos países em desenvolvimento para os países desenvolvidos era designada por “fuga de cérebros”, a partir dos anos 80 segundo Karadima (1982), esta emigração passou apenas a ser justificada pela oferta de melhores condições de realização. 

  Alguns países como o Reino Unido, o Brasil e a Austrália que vêem todos os anos muitos profissionais qualificados abandonar o país elaboraram políticas públicas centradas na “retenção” dos qualificados.  

  Existem várias interpretações sobre a temática “fuga de cérebros” o que vai levar os autores a pensar em três assuntos:  

• As transformações a nível geopolítico das governações e dos Estados‐Nações não conseguiram acompanhar as enormes transformações que se deram no conhecimento, o que faz com que o país não consiga oferecer soluções de vida. 

• A circulação de conhecimento é mais elevada e mais notória nos países com melhores e mais recursos o que faz com que estes se tornem mais atractivos essencialmente para quem tem grandes planos de auto‐realização. 

• Os profissionais qualificados que se deslocam vêem na emigração uma forma de eles próprios se afirmarem e ganharem conhecimento, mas no entanto é mais que isso, é uma forma dos países receptores ganharem com os novos conhecimentos que vão adquirir sem terem investido neles no passado. 

  Actualmente o continente Africano e o continente Asiático são os mais afectados com a partida dos “cérebros”. 

  Tal como referem Emília Araújo e Filipe Ferreira, em 2000 torna‐se visível que a mobilidade qualificada em Portugal é uma realidade devido aos grandes fluxos de mobilidade visíveis. 

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Fontes de Informação Sociológica  Página 26  

  Segundo um estudo elaborado por Franzoni, Scellato e Stephan (2012) os Estados Unidos para além de serem o destino que mais recebe os “cérebros” de todo o mundo, tem‐se destacado pelo enorme fluxo de profissionais qualificados que tem vindo a receber, oriundos da Índia e da China, os motivos que os autores que elaboraram este estudo destacam como as causas da emigração são:    

• Melhores perspectivas de carreira devido as boas condições económicas e tecnológicas que os países de acolhimento oferecem. 

• Relações internacionais por excelência que este país estabelece com o resto do mundo. 

  Tal como já havia referido na introdução, ou autores Emília Araújo e Filipe Ferreira (2013) vem reforçar a ideia de que as migrações e as mobilidades dos profissionais altamente qualificados vem potencializar a imagem do país e reforçar a economia interna, podendo assim ser útil para a recuperação do “orgulho nacional”. 

  Delicado (2008) “afirma não se poder falar em “fuga de cérebros”, pois a mobilidade pressupões, por norma, a manutenção de ligações produtivas com instituições do país de origem.”, página 65.  

  Ao longo do texto vai‐se notando a preocupação com as migrações e as mobilidades, pois estas mostram que um país começa a enunciar fragilidades em assegurar condições para a fixação das populações, fragilidades essas que são notáveis na economia, na sustentabilidade dos sistemas de protecção social e na demografia. 

  Salt (2011) cita que a “fuga de cérebros” vai mais além da deslocação de capitais, de conhecimentos, de comercialização, de riquezas, implica também uma movimentação de costumes, valores e modos de vida, e isto vai fazer com que haja tensões na cidadania do país para onde estes “cérebros” se deslocam, principalmente quando são valores e modos de vida opostos. 

  As migrações ajudam na construção da imagem do país e dependendo da qualificação ou da falta dela, o estrangeiro terá uma determinada imagem do país em questão. Contudo tal como Emília Araújo 

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Fontes de Informação Sociológica  Página 27  

e Filipe Ferreira explicam o método de construção identitária hoje em dia é polémico, pois pode ser justificada por vários factores, tais como: 

• Rápida circulação de informação devido ao avanço da tecnologia. 

• Devido à imagem que o exterior tem do país 

• Ao esforço do país para se afirmar, isto nas medidas que o país em questão toma para se tentar aproximar do estrangeiro.  

• Mas justifica‐se também pela vergonha e pelo desprestígio que o país sente ao ver os seus qualificados abandonar o país, pois não tem as capacidades necessárias para os manter dentro do país que os formou. 

    Apesar de os “cérebros” “fugirem” do país de origem em busca de condições necessárias para assegurar as condições básicas de vida, por vezes essas condições são encontradas, mas não a ocupar o cargo no nível de hierarquia social a que o curso deles correspondem, muitos destes jovens acabam a ocupar funções muito aquém do que mereciam. 

  Os média no que diz respeito à construção da identidade de um país têm um papel muito activo, pois podem falar bem, valorizando a força de vontade e de auto‐realização dos “cérebros” e o papel que eles ocupam no estrangeiro, como podem falar mal e criticar o facto de estes cérebros estarem a ajudar um país a ser bem‐sucedido quando foi outro país que investiu neles. 

  Nós portugueses temos dois tipos de média, os média Portugueses e os média Estrangeiros, e os autores deste capítulo, Emília Araújo e Filipe Ferreira são bem claros no que se refere a isto.  

Um exemplo do como o estrangeiro é mais sucedido que o nacional, é o facto de se fazer uma pesquisa associada a Portugal, ou seja, ao nacional, e se encontram mais informação relacionada com o tema no estrangeiro, ou seja, um exemplo é a pesquisa da “fuga de cérebros em Portugal”.  

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Fontes de Informação Sociológica  

Fontes de Informação Sociológica  Página 28  

Em suma, apesar de ser uma realidade Portuguesa, o estrangeiro transparece mais essa realidade que o próprio país. 

As reportagens dos média estrangeiros baseiam‐se essencialmente a partir do contacto que têm com Portugueses que actualmente trabalham nesses países, caracterizando assim a situação económica e social portuguesa, na maioria das vezes estabelecem uma relação de causalidade entre as políticas de austeridade por parte do governo e a falta de perspectivas de emprego e de vida para os jovens qualificados. 

  Ainda no que se refere aos média estrangeiros, na maior parte das reportagens eles referem‐se à desvalorização das qualificações no mercado laboral português, reforçando assim a ideia da “perda” que Portugal sofre com estas saídas, pois a maior parte de estes emigrantes não tencionam voltar nos próximos anos. 

  No que diz respeito aos média portugueses o termo de “fuga de cérebros” inicialmente era negado, como os autores referem para Joaquim Cunha a “fuga de cérebros” não existia, era apenas uma forma de circulação de conhecimento, pois mais tarde ou mais cedo voltariam para o país e trariam novos conhecimentos essenciais para o desenvolvimento, só mais tarde com o agravar da situação económica do país é que os portugueses começaram a ter noção que estas saídas iriam trazer graves problemas internos, Portugal acaba assim por sofrer com a saída de capitais humanos qualificados na economia. 

  Há uma necessidade das empresas “segurarem” estes talentos brilhantes pois são eles que farão o futuro de Portugal, mas ao mesmo tempo as políticas de austeridade não facilitam que estes “cérebros” queiram ficar dentro do país de origem quando há tantas facilidades e tantas oportunidades lá fora.  

  Um estudo feito ao longo de 3 anos por Ferin e Santos (2006) sobre o que as migrações representam nos meios de comunicação conclui que as problemáticas sociais são sempre associadas a emigrantes. Contudo as reportagens existentes sobre os emigrantes são nos contextos de integração e discriminação aos menos qualificados, são poucas as reportagens que mostram a coragem e o mérito dos portugueses pelo 

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mundo, nem quanto é importante para a construção identitária colectiva, ou como é importante para a projecção individual.  

  Tal como a revista Visão (2011) afirma, existe uma enorme tristeza por Portugal não conseguir manter no seu país aqueles cérebros que são nossos e se destacam no espaço internacional. 

  Em 2011 tanto o Jornal de Notícias como a revista Visão apontam o desemprego como motivo desta deslocação dos génios do nosso país, dizendo que é triste que os que mais se aplicaram, os que mais deram de si próprios para terem sucesso, agora que o podem ter, tenham de sair do país, uma frase que eu acho significativa citada pela revista Visão (2011) é “ao contrário de outros países, em Portugal os investimentos têm empurrado os portugueses para fora do país que neles investiu”, (página 69). 

  Apesar desta emigração forçada ser má, há que valorizar o esforço e a capacidade de aventura individual que movem estes cérebros, destacando o interesse e o trabalho individual que eles querem exaltar ao dar este passo de uma mudança radical. 

  Quando são profissionais ligados ao estudo do fenómeno das mobilidades o nível de complexidade e heterogeneidade discursivo é mais elevado, havendo assim os discursos mediáticos, neste a “fuga de cérebros” é causada pela ineficiência política interna que é incapaz de “segurar” os seus capitais. Nestes discursos mediáticos os emigrantes qualificados costumam colocar o país numa posição desvalorizada face ao resto do mundo, mas ao mesmo tempo coloca Portugal numa posição autopromocional pois valorizam a forma como Portugal prepara os seus profissionais, deixando assim o país orgulhoso. 

    Pontos fracos: Apesar de ser um capítulo bastante claro, torna‐se um pouco repetitivo, porque no fundo a ideia central é abordada imensas vezes, de maneira diferente, mas a ideia final é quase sempre a mesma, o que faz com que o capítulo à medida que se vai desenvolvendo se torna repetitivo e demasiado extenso em algumas explicações que poderiam ser dadas de forma breve. 

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    Pontos fortes: Na minha opinião este capítulo tem diversas coisas interessantes de destacar, sendo uma delas a contradição que existe dentro do mesmo nível, neste caso o nível político, visível na página 60 e 70 deste capítulo da “A “fuga de cérebros”: um discurso multidimensional”, o Jornal de Notícias destaca a opinião de dois políticos sobre a mobilidade, Paulo Rangel (2012), critica o facto de criticarem as pessoas que emigram, pois vê na emigração a solução para assegurarem as condições de vida necessárias para a sobrevivência, e José Seguro (2012), critica o primeiro‐ministro por apelar à emigração, mesmo sendo esta a única solução de encontrarem oportunidades, diz que quem apela à emigração é quem não acredita no país. Como pode um país desenvolver‐se e sair da crise em que se encontra se os políticos que são os que nos representam a nós e às nossas necessidades não conseguem chegar a um consenso? Se os políticos não conseguem tomar as decisões tendo em conta o que é melhor para a população toda e não apenas para a boa imagem do país como conseguirá Portugal sair deste “poço” que está cada vez mais fundo? 

  Outra “crítica” muitíssimo boa que os autores destacam no ponto número 4, correspondente à página 67 e 68 é o facto de mesmo quando são notícias Portuguesas haver mais meios de pesquisa no estrangeiro que no próprio país, é uma “pena” o estrangeiro transparecer melhor a nossa realidade que nós próprios, e são estas pequenas coisas que fazem com que nós, jovens, não vejamos futuro no país de origem, no país que nos educou, mas sim num país que por agora não nos é nada! 

  Na página 72 é visível como os média estrangeiros fazem uma coisa que nós portugueses não fazemos, comparam a situação actual do país com a situação em que Portugal se encontrava na época da descoberta dos descobrimentos, os estrangeiros baseiam‐se no que Portugal já foi e no que é agora. 

Eu, pessoalmente, acho que esta critica que por muitos pode ser interpretada como forma de gozo, é uma critica construtiva, uma critica para nos fazer abrir os olhos e lutar por um país como o que já fomos, um mais de lutadores e resistentes, que dão tudo pela pátria, podendo assim 

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desenvolver o país, Portugal é um país nosso, temos de ser nós a fazer por ele! 

  Em geral este é um capítulo que relata de uma forma clara a história da “fuga de cérebros”, fornecendo bastante informação sobre o tema, sobre como estes “cérebros” podem ser vistos de diferentes formas, dependendo de quem os está analisar, e sobretudo relata a visão com que Portugal vê esta “fuga” e como o estrangeiro vê esta “fuga” Portuguesa, mostrando um pouco como Portugal actualmente em relação a certos temas se encontra desvalorizado no contexto mundial. 

 

  Conclusão: 

  Ao longo dos tempos a expressão “fuga de cérebros” começou a ser ultrapassada e começou a ser utilizada a expressão “mobilidade”, iniciaram‐se aqui várias questões, tais como: 

• A “fuga de cérebros” é apenas uma forma de estes cérebros se afirmarem e se auto‐realizarem ou será mais que isso? Será uma estratégia dos países receptores para maximizarem recursos, minimizando custos? 

• Será mais uma perda para o país de origem? perde assim tanto com esta deslocação? Visto que certos investimentos destes cérebros serão realizados no país de origem, enquanto este país nem está a ter gasto com este cérebros ao não ter de lhes assegurar as condições básicas de vida? 

  O tema “fuga de cérebros” pode ter várias interpretações, principalmente a nível político, pode haver um apelo para a emigração ou pode existir uma crítica ao país por não ter capacidade governativa necessária para assegurar os seus capitais dentro do próprio país. 

   A “fuga de cérebros” deixou de ser apenas uma “fuga” dos qualificados em busca de prestígio condizente com a sua formação e passou a ser muitas das vezes uma deslocação internacional dentro das 

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mesmas empresas, daí o termo ter sido substituído pelo termo “mobilidade”. 

  Actualmente em Portugal esta “mobilidade” é motivada pela crise económica e pelos programas de austeridade.  

  Recursos de estilo e linguagem: Linguagem clara, simples e de fácil compreensão. Os autores recorrem algumas vezes à perífrase, e ao pleonasmo.  

  Conceitos: 

    Temas/problemáticas: o desenvolvimento da “ fuga de cérebros” até a sua substituição pela expressão “mobilidade”. 

    Quais os motivos que levam estes “cérebros” a deslocarem‐se.  

    A mobilidade é mais vantajosa para os “cérebros” ou mais vantajosa para os países receptores? 

    Os países de origem que vêm os seus “cérebros” partirem vêm isto como uma “perda” ou como um “ganho”? 

    Como estes “cérebros” são úteis para a construção identitária colectiva. 

    Como estes “cérebros” são vistos pelo mundo e pelo país de origem. 

 

 

 

 

 

 

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6. Conclusão:   Com a realização deste trabalho consegui concluir que os jovens licenciados sentem essencialmente necessidade de se inserirem no mercado laboral visto que esta é uma das fases que os levará a serem considerados adultos, conseguindo assim ultrapassar a maior barreira das suas vidas, ganhando a sua independência.   O desemprego é um dos mais graves problemas visto que deste advêm problemas intergeracionais devido as desigualdades no mundo laboral, não só por haver preferências pelos empregados com maior experiência, quer pela desigualdade de direitos laborais que existem, visto que os jovens que hoje se inserem no mercado de trabalho não têm as mesmas vantagens que as pessoas que saem “hoje” do mercado de trabalho tiveram.   Actualmente Portugal é um dos países com maior taxa de desemprego jovem, o que faz com que os jovens tomem a mais dura decisão, de emigrar.   Esta decisão é cada vez mais aliciante, visto que os países cada vez mais preferem apostar numa política de captação dos qualificados do que apostar na educação, sendo esta mais desvantajosa para o país, pois envolve mais gastos. Existem até países que apelam à emigração visto que não tem de assegurar as condições básicas do individuo em questão, e tendo noção que sairá a beneficiar devido aos investimentos que serão realizados no país de origem.   O facto de as pessoas terem de deixar o seu país para se conseguirem realizar a nível profissional e conseguirem ter as condições de vida a que têm direito é algo triste, mas uma realidade é que esta migração é necessária para a criação identitária do país, visto que em parte os países são conhecidos devido ao que representam dentro de outros países, não deixando de frisar que parte das ligações entre os países se deve as migrações que envolvem ambos os países (acolhimento/origem).   Apesar da dificuldade de combater o desemprego ainda há quem consiga adaptar formas de ultrapassar este problema, criando um negócio 

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próprio, isto torna‐se um exemplo do que se deve fazer, de não ficarmos parados, mas sim de fazermos algo para que as coisas mudem.                                    

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7. Referências Bibliográficas  

Araújo, Emília e Ferreira Filipe (2013), “A “Fuga de Cérebros”: um discurso multidimensional” in Emília Araújo, Margarida Fontes, Sofia Bento (orgs), Para um debate sobre a Mobilidade e a Fuga de Cérebros. Braga: CECS‐ Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, 58‐82.  Almeida, Joana Gomes (2012), “Percursos alternativos: transições empreendedoras”, Dissertação de Mestrado em Intervenção Social, Inovação e Empreendorismo. Coimbra: FEUC e FPCE. (56‐58)  Almeida, Joana Gomes; Albuquerque, Cristina Pinto (2013), De desempregados a empreendedores: percursos e experiências. Viseu: psicosoma.  BBC Brasil (2013a), “Emergentes buscam espaço na 'disputa por cérebros”, 4 de Abril. Acedido a 20 de Novembro, disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/04/130403_imigrantes_abre_cc.shtml>.  BBC Brasil (2013b), “Brasil precisa de 6 milhões de profissionais estrangeiros, diz SAE”, 22 de Abril, disponível em <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/04/130416_brasil_imigrantes_cc.shtml>.  Centeno, Luis; Erskine, Angus e Pedrosa, Célia (2000), “Em torno do conceito de exclusão social”, in Centeno, Erskine e Pedrosa (orgs), Percursos Profissionais de Exclusão Social. Lisboa: Observatório do Emprego e Formação Profissional, 39 –66.  Domingos, Cristina; Lemos, Jorge e Canavilhas, Telma (2009), Geografia C 12ºano. Porto: Plánato Editora.  

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Félix, Célia (2013), “O Desemprego e as Consequências Sociais e Psicológicas”. Psicologia 4U, 11 de Abril. Acedido em 16 de Dezembro de 2013, disponível em <http://www.psicologia4u.com/o‐desemprego‐e‐as‐consequencias‐sociais‐e‐psicologicas/>.  Figueiredo, Joana Miranda (2005), “Fluxos migratórios e cooperação para o desenvolvimento: realidades compatíveis no contexto europeu?”, Dissertação de mestrado em Desenvolvimento e Cooperação Internacional. Porto: Instituto Superior de Economia e Gestão.  Marques, Ana Paula (2009), Trajectórias Quebradas: a vivência do desemprego de longa duração. Braga: profedições.  Marques, Cláudia Mateus (2008), "Futuros (in)certos: Trajectos de transição para a vida adulta de jovens do Concelho de Loures”, Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação e Sociedade. Lisboa: Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.  Público (2013a), “Desemprego e falta de solidariedade estão a afectar a democracia, diz Sampaio”, 3 de Maio. Acedido a 21 de Novembro, disponível em  <http://www.publico.pt/politica/noticia/desemprego‐e‐falta‐de‐solidariedade‐estao‐a‐afectar‐a‐democracia‐diz‐sampaio‐1593270>.  Público (2013b), “Portugal continua a ser o terceiro país com maior taxa de desemprego da OCDE”, 10 de Outubro. Acedido a 24 de Novembro, disponível em  <http://www.publico.pt/economia/noticia/portugal‐continua‐a‐ser‐o‐terceiro‐pais‐com‐maior‐taxa‐de‐desemprego‐da‐ocde‐1608669>.  Público (2013c), “Aumenta a insatisfação com a vida nos países mais afectados pela crise”, 5 de Novembro. Acedido a 21 de Novembro, disponível em  

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<http://www.publico.pt/sociedade/noticia/crise‐esta‐a‐aumentar‐a‐insatisfacao‐com‐a‐vida‐nos‐paises‐mais‐afectados‐alerta‐ocde‐1611420>.  Sabino, Catarina Ribeiro Rua Lopes (2003), “As novas políticas de atracção dos migrantes altamente qualificadas e o desenvolvimento”, Dissertação de mestrado em Desenvolvimento e Cooperação Internacional pelo Instituto Superior de Economia e Gestão. Coimbra: Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.  

 

 

Anexo I  

Texto de Suporte da Ficha de Leitura 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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  Anexo II 

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