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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE DIREITO DIR 140 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL I Trabalho Gemima Santos Arcanjo - 64918 Viçosa Minas Gerais Brasil Julho de 2014

Trabalho Legislação ambiental

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Page 1: Trabalho Legislação ambiental

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE DIREITO

DIR 140 – LEGISLAÇÃO AMBIENTAL I

Trabalho

Gemima Santos Arcanjo - 64918

Viçosa

Minas Gerais – Brasil

Julho de 2014

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1. Conceitue e diferencie, dentro dos critérios funcionais e

objetivos, a proteção às áreas de reserva legal e preservação

permanente.

De acordo com o Art. 3º, II, da Lei 12.651/12, Área de Preservação Permanente

(APP) é a área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental

de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a

biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o

bem-estar das populações humanas.

Ainda no Art. 3º, III, da mesma Lei, define-se Reserva Legal como a área

localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art.

12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos

naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos

ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a

proteção de fauna silvestre e da flora nativa.

A primeira diferença é que para a Reserva Legal se permite o uso econômico

sustentável, o que não se pode dizer sobre a APP, pois deve ser protegida. Além disso, a

APP pode estar coberta com vegetação nativa ou não, sendo que a área de Reserva

Legal deverá ser recomposta quando não estiver vegetada.

A APP é uma área específica, por exemplo, topos de morro, margens de cursos

d’água, que são fundamentais para a proteção dos recursos hídricos, da fauna e da flora.

A Reserva Legal é uma reserva de florestas, para garantir a conservação da

biodiversidade, não é uma área específica, como a APP, devendo ser respeitada a

delimitação constante na Lei.

Com relação às áreas consolidadas, o Art. 61-A diz que nas Áreas de

Preservação Permanente, é autorizada, exclusivamente, a continuidade das atividades

agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em áreas rurais consolidadas até 22

de julho de 2008. No § 6º do citado artigo define as faixas marginais que deverão ser

recompostas dependendo do tamanho da propriedade e independentemente da largura

do leito do curso d’água, porém essas faixas são muito menores que o proposto no Art.

4º, mostrando uma incompatibilidade nos critérios de proteção das APPs para que

cumpram suas funções ambientais. No § 13 são apresentadas as formas de

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recomposição, sendo considerada a regeneração natural, podendo levar bastante tempo,

e provocando perdas ainda maiores nas funções das APPs.

Reservatórios artificiais de água mesmo que não decorrentes de barramento ou

represamento de cursos d’água naturais cumprem função ambiental, portanto deveriam

ter APP, porém o Art 4º § 1º não exige.

Em áreas de Reserva Legal, de acordo com o Art. 17, § 3º da mesma Lei, é

obrigatória a suspensão imediata das atividades na área desmatada irregularmente após

22 de julho de 2008. Estas devem recompor a área, sendo que aquelas propriedades com

atividades anteriores a esta data não têm a mesma obrigação. Não cumprindo, portanto,

com o papel de auxiliar na conservação e reabilitação de processos ecológicos.

2. Disserte sobre Zoneamento Ambiental, instrumento da política

nacional do meio ambiente, comentando seus requisitos, funções e

dispositivos legais cabíveis. Exemplifique por intermédio de um caso

concreto noticiado em mídia ou órgão oficial, explicando o mesmo com

o dissertado acima.

O Decreto nº 4297, de 10 de julho de 2002, regulamenta o Zoneamento

Ecológico-Econômico do Brasil - ZEE, como instrumento da Política Nacional do Meio

Ambiente. Definindo, no Art 2º, o ZEE como instrumento de organização do território a

ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e

privadas. O ZEE deve estabelecer medidas e padrões de proteção ambiental destinados a

assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da

biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de

vida da população.

O principal objetivo do ZEE é dividir o território de acordo com suas

necessidades e capacidades, sendo vinculadas ao ZEE, as decisões dos agentes públicos

e privados quanto a planos, programas, projetos e atividades que, direta ou

indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena manutenção do capital e

dos serviços ambientais dos ecossistemas.

Quando as atividades forem incompatíveis com as diretrizes do ZEE, as mesmas

devem ser realocadas, para não proporcionar maiores danos a áreas fragilizadas dos

ecossistemas.

Todos os entes (União, Estados e Municípios) que abrangem biomas de acordo

com o interesse e necessidade dos mesmos tem competência para elaborar e executar o

ZEE.

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O ZEE somente poderá ser alterado após o mínimo de 10 anos de sua conclusão

ou última alteração, salvo os casos de ampliação do rigor da proteção ambiental da zona

a ser alterada, ou de atualizações decorrentes de aprimoramento técnico-científico. Essa

alteração somente poderá ocorrer após consulta pública e aprovação pela comissão

estadual do ZEE e pela Comissão Coordenadora do ZEE, mediante processo legislativo

de iniciativa do Poder Executivo.

A reportagem do jornal Notícias do dia Online, com título “Liminar proíbe

crematório de começar a funcionar em Joinville”, mostra um exemplo de divergência de

opiniões quanto ao ZEE.

A justiça proibiu o início das atividades de um crematório pelo fato de a

população do bairro em que está localizado ser contra o empreendimento. O

zoneamento do município estava em fase de alterações e a licença de instalação não

deveria ter sido concedida. Nem a população, nem órgãos consultivos fizeram parte do

processo de alteração do zoneamento, estando em desacordo com o § 1º do Art. 19 do

Decreto que regulamenta o ZEE.

Parte da ação popular se dá por crenças religiosas, mas a localização do

crematório, mesmo que polua menos que um cemitério, deveria ter seguido o ZEE.

A Prefeitura da cidade diz que a obra está em dentro da legalidade, em seus

aspectos técnicos. Independentemente disto, qualquer obra deve seguir o zoneamento,

de acordo com o Art. 3º do Decreto, em que as decisões dos agentes públicos e privados

quanto a planos, programas, projetos e atividades que, direta ou indiretamente, utilizem

recursos naturais, assegurando a plena manutenção do capital e dos serviços ambientais

dos ecossistemas. Além disso, não se deve prejudicar o meio social e cultural da

população. O crematório, mesmo poluindo menos que um cemitério, afeta as crenças

religiosas de muitos e altera a rotina quando da realização de cortejos fúnebres.