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1.Objetivo Este trabalho tem como objetivo mostrar as mudanças trazidas à contabilidade pela lei 11.638/07 e depois pela MP 449/08. 2.Introdução As alterações são fruto do processo de convergência contábil que o país tem passado. Desde a sanção da Lei 11.638 ao final de 2007, os organismos contábeis têm trabalhado fortemente no sentido de atender o principal objetivo da Lei: a migração das normas brasileiras de contabilidade (BR GAAP) para as normas internacionais de contabilidade (IFRS). Este processo de convergência anda a passos largos no Brasil e a edição da MP 449 traz maior consistência e estabilidade no modelo que será adotado pelas empresas. 3. Principais mudanças com lei 11.638/07 e depois pela MP 449/08 A Lei 6404/76 é a lei original que sofreu alterações da lei 11638 e MP 449. A seguir é mostrado como ela foi alterada. Com a lei as empresas devem estar adaptadas a partir de 1º de janeiro de 2008. 3.1. Mudanças na demonstração do Balanço Patrimonial A seguir é mostrado um Balanço Patrimonial antes e depois da Lei 11638/07 :

Trabalho Lei 11638 e MP449

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Page 1: Trabalho Lei 11638 e MP449

1. Objetivo

Este trabalho tem como objetivo mostrar as mudanças trazidas à contabilidade pela lei 11.638/07 e depois pela MP 449/08.

2. Introdução

As alterações são fruto do processo de convergência contábil que o país tem passado. Desde a sanção da Lei 11.638 ao final de 2007, os organismos contábeis têm trabalhado fortemente no sentido de atender o principal objetivo da Lei: a migração das normas brasileiras de contabilidade (BR GAAP) para as normas internacionais de contabilidade (IFRS). Este processo de convergência anda a passos largos no Brasil e a edição da MP 449 traz maior consistência e estabilidade no modelo que será adotado pelas empresas.

3. Principais mudanças com lei 11.638/07 e depois pela MP 449/08

A Lei 6404/76 é a lei original que sofreu alterações da lei 11638 e MP 449. A seguir é mostrado como ela foi alterada. Com a lei as empresas devem estar adaptadas a partir de 1º de janeiro de 2008.

3.1. Mudanças na demonstração do Balanço Patrimonial

A seguir é mostrado um Balanço Patrimonial antes e depois da Lei 11638/07 :

Lei 6404/76 - Balanço Patrimonial   Lei 6404/76 após Lei 11638/07 - Balanço Patrimonial

Ativo Passivo   Ativo PassivoAtivo Circulante Passivo Circulante   Ativo Circulante Passivo CirculanteAtivo realizável a Longo Prazo

Passivo Exigível a Longo Prazo

  Ativo realizável a Longo Prazo

Passivo Exigível a Longo Prazo

         Ativo Permanente

Resultados de Exercícios Futuros

  Ativo Permanente Resultados de Exercícios Futuros

Investimentos     Investimentos  Imobilizado Patrimônio Líquido   Imobilizado Patrimônio LíquidoDiferido Capital social   Intangível Capital social  Reservas de

Capital  Diferido Reservas de

Capital

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  Reservas de reavaliação

    Ajustes de avaliação patrimonial

  Reservas de lucros

    Reservas de lucros

  Lucros ou prejuízos acumulados

    Ações em tesouraria

        Prejuízos acumulados

No ativo permanente, entrou a conta de bens intangíveis, que são bens que não possuem existência física, porém representam uma aplicação de capital indispensável aos objetivos da empresa como direitos sobre marcas e patentes, ponto comercial, fundo de comércio após as alterações o permanente ficou dividido em investimento, imobilizado, intangível e ativo diferido.

Do lado do passivo, no patrimônio líquido incluiu-se a conta de ajustes de avaliação patrimonial no lugar da reserva de reavaliação a nova lei substitui a faculdade de reavaliações de bens pela obrigação de se ajustar o valor dos ativos e passivos a preço de mercado.

Como a lei 11638 ainda foi alterada pela MP 449, e é o que está em vigor no momento, as mudanças são mostradas abaixo:

após Lei 11638/07 - Balanço Patrimonial

  Lei 6404/76 e Lei 11638/07 após MP 449/08 - Balanço Patrimonial

Ativo Passivo   Ativo PassivoAtivo Circulante Passivo Circulante   Ativo Circulante Passivo

CirculanteAtivo realizável a Longo Prazo

Passivo Exigível a Longo Prazo

  Ativo não circulante

Passivo Não Circulante

      Ativo Realizável a Longo Prazo

Passivo Exigível a Longo Prazo

Ativo Permanente

Resultados de Exercícios Futuros

 

Investimentos     Investimentos Resultados de Exercícios Futuros

Imobilizado Patrimônio Líquido   Imobilizado Patrimônio Líquido

Intangível Capital social   Intangível Capital socialDiferido Reservas de

Capital    Reservas de

Capital  Ajustes de

avaliação patrimonial

    Ajustes de avaliação patrimonial

  Reservas de lucros     Reservas de lucros

  Prejuízos acumulados

    Prejuízos acumulados

Como podemos observar acima, o Ativo passou a ter somente dos grupos de Contas: Ativo Circulante e não-circulante. O grupo Permanente deixou de existir. O ARLP de grupo, virou subgrupo do Ativo Não- Circulante.

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A mudança mais significativa foi à extinção do subgrupo Diferido, que tinha a finalidade de contabilizar as despesas iniciais na implantação das empresas, e diluir em exercícios posteriores, os gastos necessários nas suas reorganizações.

Caso as empresas tenham ainda classificadas tais despesas no Diferido, após a edição da MP, podem deixar no Ativo Não-Circulante, até que sejam totalmente amortizadas.

Com relação ao Passivo, o grupo do PELP foi substituído pelo Passivo Não- Circulante, portanto todas as obrigações das empresas cujo vencimento seja após o exercício seguinte, deverão ser classificadas como não-circulantes.

A segunda e última mudança no Passivo foi extinguir o grupo Resultado dos Exercícios Futuro, famoso “REF”. Era previsto na Lei das S/A para classificar as contas que representavam recebimentos de receitas que ainda seriam realizadas (receitas antecipadas), atendendo o princípio da Competência; entretanto a doutrina contábil interpretava que naquele grupo, somente deveriam ser classificadas as receitas antecipadas que a empresa não teria a obrigação de devolução, casos raríssimos na Contabilidade, o exemplo clássico eram os “Aluguéis Recebidos Antecipadamente deduzidos de seus custos de locação”. Na prática pouquíssimas empresas utilizavam esse grupo, basta observar os balanços publicados na mídia.

Com a saída do REF, toda e qualquer receita antecipada deverá ser classificada no Passivo Circulante ou Passivo Não-Circulante, conforme o prazo de realização. Se houver saldo remanescente no REF de receitas antecipadas, após a edição da MP, estas deverão ser remanejadas para o grupo do Passivo Não-Circulante.

3.2. Substituição da DOAR

Na lei 11638 houve a substituição da demonstração das origens e aplicações de recursos (DOAR), pela demonstração do fluxo de caixa.

As sociedades anônimas de capital fechado deverão publicar as demonstrações de fluxo de caixa. Se ela for uma sociedade anônima de capital aberto além da demonstração de fluxo de caixa deverão publicar a demonstração do valor adicionado. Esta última é uma demonstração contábil destinada a evidenciar, de forma concisa os dados e as informações do valor da riqueza gerada em determinado período e sua distribuição.

3.3. Alteração na Reavaliação de Coligadas

Alteração no critério de avaliação de coligadas art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas cuja administração tenha influência significativa, ou de que participe com 20% ou mais do capital votante (ações ordinárias) em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sobre controle comum serão avaliadas pelo método da equivalência patrimonial.

E referente às empresas de grande porte (definidas como sociedades que tiveram no exercício anterior ativo total superior a 240 milhões ou receita bruta anual superior a 300 milhões) estão sendo obrigadas a elaborar as mesmas demonstrações contábeis que as sociedades anônimas de capital aberto.

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3.4. Criação da Reserva de Incentivos Fiscais

Antes da criação da lei 11638/07 os benefícios fiscais concedidos pelo governo eram contabilizados na conta de reserva de capital que são contribuições recebidas dos proprietários ou de terceiros que não representam receitas ou ganhos e que, portanto não devem transitar por contas de resultado exemplos: ágio na emissão de ações, incentivos fiscais, correção monetária do capital realizado.

Com a Criação da reserva de incentivos fiscais e com a contabilização sendo realizada diretamente no resultado do exercício, como estabelece a norma internacional. A assembléia geral poderá por proposta dos órgãos de administração destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de doações e subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser excluído da base de cálculo dos dividendos obrigatórios (50% do lucro líquido do exercício).

4. Conclusão

As mudanças trazidas pela Lei 11638 e pela MP 449 são vistas como verdadeiros marcos para a contabilidade brasileira. Dentre várias vantagens, as principais foram:

Aproximaram os demonstrativos às normas internacionais. Ou seja, ficou mais fácil de entender para os analistas estrangeiros. Isso significa que eles poderão analisar mais rápido e investir mais nas empresas brasileiras.

Aumentaram a quantidade e a qualidade da informação ao inserir o DFC (demonstrativo de fluxo de caixa) e o DVA (demonstrativo do valor adicionado). Com mais informação também ficou mais simples de definir o “valor” da empresa e o quanto ela está aumentando este “valor”. Este indicador é importantíssimo para a análise de uma empresa.

Tornaram a contabilidade um pouco mais próxima do real propósito desta. Isto é, a contabilidade - com as novas contas, demonstrativos e critérios - servirá mais como uma fonte de informações gerenciais em que se pode basear para tomar decisões do que um simples conjunto de demonstrativos que servem para o pagamento de impostos ou auditorias contábeis.