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O mandado de segurança é uma ação constitucional de natureza civil onde qualquer que seja a natureza do ato impugnado, podendo este ser administrativo, jurisdicional, trabalhista, criminal, eleitoral, etc. O mandado de segurança é constitucionalizado desde 1934, sendo introduzido na Carta Maior e permanecendo nas posteriores, com exceção da de 1937. Suas regras gerais foram regulamentadas pela Lei n. 1.533, de 31.12.1951.
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FACULDADE DE CIENCIAS JURIDICAS E SOCIAIS APLICADAS DO ARAGUAIA – FACISACURSO DE DIREITO
MARCELLO HENRIQUE MARQUES PEREIRAOLAVO JÚNIOR SANTOS LIMA
SAMUEL GOMES MACHADO DE SOUZAWILKER FELIPE FRANÇA ALVES
DIREITO PROCESSUAL CIVIL - PROCESSO CAUTELAR:MANDADO DE SEGURANCA
Barra do Garças-MTMarço, 2014
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MARCELLO HENRIQUE MARQUES PEREIRAOLAVO JÚNIOR SANTOS LIMA
SAMUEL GOMES MACHADO DE SOUZAWILKER FELIPE FRANÇA ALVES
DIREITO PROCESSUAL CIVIL - PROCESSO CAUTELAR:MANDADO DE SEGURANCA
Trabalho elaborado para fins de avaliação parcial, na disciplina de Direito Processual Civil - Processo Cautelar, sob orientação da Professora Eliane Beck, no 7º Semestre do Curso de Direito.
Barra do Garças-MTMarço, 2014
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SUMÁRIO
I – INTRODUÇÃO:...............................................................................................................................4
2 – MANDADO DE SEGURANÇA – CONCEITO:.............................................................................6
2.1 - DIREITO LÍQUIDO E CERTO:................................................................................................7
2.2 – CABIMENTO:..........................................................................................................................8
2.3 – NÃO CABIMENTO:.................................................................................................................9
2.5 – COMPETÊNCIA:....................................................................................................................11
3 – MANDADO DE SEGURANÇA REPRESSIVO E PREVENTIVO:.............................................12
3.1 - MANDADO DE SEGURANÇA REPRESSIVO:....................................................................12
3.2 - MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO:...................................................................13
4 - MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL:...........................................................................14
5 - MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO:...............................................................................14
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS:........................................................................................................15
7 – REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:..........................................................................................16
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I – INTRODUÇÃO:
O mandado de segurança é uma ação constitucional de natureza civil onde
qualquer que seja a natureza do ato impugnado, podendo este ser administrativo, jurisdicional,
trabalhista, criminal, eleitoral, etc.
O mandado de segurança é constitucionalizado desde 1934, sendo introduzido na
Carta Maior e permanecendo nas posteriores, com exceção da de 1937. Suas regras gerais
foram regulamentadas pela Lei n. 1.533, de 31.12.1951.
Na constituição de 1988 o constituinte apresenta o mandado de segurança para
proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que,
ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou
houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais
forem às funções que ela exerça.
Dessa forma, através do Mandado de Segurança busca-se a invalidação de ato de
autoridade ou supressão dos efeitos da omissão administrativa, geradores de lesão a direito
líquido e certo, por meio de ilegalidade ou abuso de poder, sendo cabível, em tese, contra
todas as autoridades pertencentes aos Poderes Públicos, inclusive perante o Ministério
Público.
Entende-se por direito líquido e certo aquele que resulta de fato certo, ou seja, é
aquele capaz de ser comprovado de plano, por documentação inequívoca. Desse modo, o
mandado de segurança não prospera em alegações carentes de comprovação. Até porque, seu
rito tem por característica a celeridade.
Embora a incidência do mandado de segurança seja ampla, ela é residual, em
virtude de que apenas após o exame das hipóteses de ocorrência, ao caso concreto, do Habeas
Corpus e Habeas Data, caberá seu ajuizamento.
O sujeito ativo é chamado de impetrante e é sempre pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, possuidora do direito líquido e certo. O sujeito passivo é conhecido como
impetrado deverá ser a pessoa jurídica de direito público ou privado que esteja no exercício de
atribuições do Poder Público.
O direito de requerer o mandado de segurança extingue depois de decorridos 120
(Cento e Vinte) dias contados da ciência pelo interessado do ato impugnado. Vale ressaltar,
que o prazo é decadencial, não admitindo interrupção nem suspensão.
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A finalidade do mandado de segurança é evitar dano ou ameaça de lesão aos
indivíduos que se encontram sob a obrigatória regulação de seus interesses particulares pela
atividade e administração do ente estatal, ainda que delegadas as outras pessoas jurídicas. Daí
se funda o Estado Democrático de Direito nas liberdades civis e políticas, assegurando-se a
proteção de direitos e garantias individuais e coletivas pelo acesso amplo ao judiciário.
O mandado de segurança se divide em duas espécies: repressivo ou preventivo. O
mandado de segurança repressivo é quando já tiver ocorrido ilegalidade ou abuso de poder,
cabendo, no sentido de corrigir a ilicitude e devolver o direito ao impetrado.
O mandado de segurança preventivo ocorre como forma de prevenir possíveis
ilegalidades passivas de acontecerem que havendo a comprovação de violação ao direito
liquido e certo poderá ser deferido um pedido de liminar.
Já o Mandado de Segurança Coletivo tem por objetivo tutelar direitos dos filiados
a partidos políticos, sindicatos ou associações, etc (...), onde o Direito Individual é o direito
próprio do impetrante pertencente também a quem o invoca e não apenas à sua categoria,
corporação ou associação de classe.
Em agosto de 2009 foi publicada a nova lei que disciplina o mandado de
segurança (Lei 12.016/09), em substituição à antiga lei regulamentadora (Lei 1.533/51).
Assim, em análise sobre a nova lei, é possível constatar alguns pontos que merecem destaque.
A Lei 12.016/09 trouxe também disposições anteriores da Constituição da
República, artigo 5º LXIX e LXX, da Lei 1.533/51, da Lei 2.770/56, da Lei 4.348/64, e,
ainda, de algumas súmulas do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça,
além da interpretação doutrinária, onde muitos dos artigos da nova lei são na essência, iguais
aos artigos da antiga lei e de outras leis e de normas constitucionais, recebendo, igualmente
um toque doutrinário e jurisprudencial. Pode-se dizer também que houve uma remodelagem à
lei.
Posto isso, tem-se, como exemplo, que no artigo 1º da nova lei houve o
acréscimo, em concordância com o texto constitucional, da palavra habeas data, bem como a
substituição da palavra “alguém” por “pessoa física” ou “jurídica”. Os parágrafos 1º e 2º da
Lei de 1951 equivalem aos parágrafos 1º e 3º da Lei de 2009, com algumas modificações.
Nesse sentido, mais um exemplo, as súmulas 294 e 512 do STF e 105 e 169 do
STJ que foram juntadas pela nova Lei, em seu artigo 25. Por uma linhagem de entendimentos
consolidados nos tribunais superiores, alguns sumulados, não foram positivados pela nova lei.
Em outro aspecto, no artigo 6º, parágrafo 5º, e artigo 7º, parágrafo 1º, da nova Lei, faz-se
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remissão ao procedimento do Código de Processo Civil no atinente, respectivamente, à
extinção do processo sem julgamento do mérito e à interposição de agravo de instrumento.
É bastante notório também a inclusão de vários prazos e, também, a diminuição de
prazos existentes na Lei antiga, de acordo com o princípio constitucional da celeridade
processual. A nova Lei foi adaptada ao processo eletrônico, alterou o procedimento antigo,
dispôs sobre a suspensão de segurança e sobre a tutela dos direitos coletivos etc.
2 – MANDADO DE SEGURANÇA – CONCEITO:
Mandado é um termo originado do latim mandatum ou mandatus que significa
uma ordem ou determinação, já o termo Segurança tem o sentido de estado em que se
encontra o seu perigo, sem dano ou incerteza, proporcionando uma carência de transtorno ou
remoção de suas causas.
Sendo assim, Mandado de segurança é a ação de fundamentos constitucionais pela
qual se torna possível proteger o direito líquido e certo do interessado contra ato do Poder
Público. O mandado de segurança, na definição de Hely Lopes Meirelles, é:
“o meio constitucional posto à disposição de toda pessoa física ou jurídica, órgão com capacidade processual, ou universalidade reconhecida por lei, para proteção de direito individual ou coletivo, líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, lesado ou ameaçado de lesão, por ato de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem às funções que exerça.” MEIRELLES 2008.
Na visão de Reynaldo Soares da Fonseca o mandado de segurança é ação civil de
rito sumário especial, por isso enquadra-se no conceito de causa, enunciada pela Constituição
para fins de fixação de foro e juízo competente para o seu julgamento.
Para Carlos Henrique Bezerra Leite:
“mandado de segurança é, portanto, uma garantia, um remédio de natureza constitucional, exteriorizado por meio de uma ação especial, posta à disposição de qualquer pessoa (física ou jurídica, de direito público ou privado) ou de ente despersonalizado com capacidade processual, cujo escopo repousa na proteção de direito individual ou coletivo, próprio ou de terceiro, líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, contra ato de autoridade pública ou de agente de pessoa jurídica de direito privado no exercício delegado de atribuições do poder público.” LEITE 1999.
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O objetivo principal do mandado de segurança é a invalidação de atos de
autoridade ou a supressão de efeitos de omissões administrativas capazes de lesar direito
individual, próprio, líquido e certo. Ou seja, o objeto do mandado de segurança será sempre a
correção de ato ou omissão de autoridade, desde que ilegal e ofensivo de direito líquido e
certo do impetrante.
O essencial para a impetração é que o impetrante tenha prerrogativa ou direito
próprio, individual ou coletivo, a defender, e que este direito se apresente líquido e certo ante
o ato impugnado.
É pacífico na doutrina, aceito correntiamente nos tribunais, que o mandado de
segurança tem a natureza jurídica de uma ação, por meio da qual se instaura um processo, no
qual exerce o juiz sua função típica, de exercer jurisdição.
Trata-se, o mandado de segurança, naturalmente, de ação que busca a formulação
da norma jurídica concreta aplicável à situação deduzida em juízo, quanto na sua fase
subsequente, em que, sendo necessário, se vai diligenciar no sentido de proporcionar ao titular
do direito aquilo a que faz jus. Ele segue rito especial, revestido de características próprias,
que lhe dão feição peculiar, no confronto com as demais ações.
2.1 - DIREITO LÍQUIDO E CERTO:
É o direito comprovado de plano. Se depender de comprovação posterior, não é
líquido nem certo, para fins de segurança. Quando a lei fala em direito líquido e certo, está
exigindo que esse direito se apresente com todos os requisitos para o seu conhecimento e
exercício no momento da impetração.
Segundo Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino:
Nem todo o direito é amparado pela via do mandado de segurança: a Constituição exige que o direito invocado seja liquido e certo. Direito líquido e certo é aquele demonstrado de plano, de acordo com o direito, e sem incerteza, a respeito dos fatos narrados pelo impetrante. È o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercido no momento da impetração.
Se a exigência do direito for duvidosa; se sua extensão ainda não estiver
delimitada; se seu exercício depender de situações e fatos ainda indeterminados, não será
cabível o mandado de segurança. Esse direito incerto, indeterminado, poderá ser defendido
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por meio de outras ações judiciais, mas não na via especial e sumária do mandado de
segurança.
Por essa razão, não há dilação probatória no mandado de segurança; as provas
devem ser pré-constituídas, documentais, levadas aos autos do processo no momento da
impetração.
Segundo a orientação dominante, a existência de liquidez e certeza recai sobre a
matéria de fato, sobre os fatos alegados pelo impetrante para ao ajuizamento do mandado de
segurança.
Segundo Hely Lopez Meirelles:
“Direito líquido e certo é o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercido no momento da impetração – ou seja, pressupõe fatos incontroversos, demonstrados de plano por prova pré-constituída, por não admitir dilação probatória.” MEIRELLES 2007.
Existe dúvida acerca do significado da expressão "direito líquido e certo". Por
isso, os doutrinadores desfazem esta obscuridade argumentando que direito liquido e certo é o
direito subjetivo, ou que o direito comprovado de plano, em que os fatos e situações
embaraçadoras do exercício do direito invocado devem, sim, estar comprovados com a
petição inicial, através das provas pré-constituídas, evitando qualquer dilação probatória.
Nesse patamar, o mandado de segurança é uma ação que visa proteger o titular de
direito subjetivo lesado ou ameaçado de lesão por ato de autoridade pública, em que os atos e
situações são demonstrados de plano, isto é, que são comprovados de início.
2.2 – CABIMENTO:
Na regra o mandado de Segurança é cabível contra o chamado “ato de
autoridade”, entendido como qualquer manifestação ou omissão do Poder Público ou de seus
delegados, no desempenho de suas funções.
Entende-se que “O Mandado de Segurança cabe na proteção de direito líquido e certo
não amparado por habeas corpus ou habeas datas ameaçado ou violado por ato ilegal ou abusivo de
autoridade pública. O ato de autoridade será a ação ou omissão de agente ou órgão com poder de
decisão que viole uma justa pretensão individual ou coletiva.”
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O direito líquido e certo protegido pelo mandado de segurança é aquele cujos
fatos sejam incontroversos mediante provas pré-constituída, documentalmente aferível e sem
a necessidade de investigações comprobatórias.
Segundo o magistério de Sérgio Ferraz, "líquido será o direito que se apresenta
com alto grau, em tese, de plausibilidade; e certo, aquele que se oferece configurado
preferencialmente de plano, documentalmente sempre, sem recurso a dilações probatórias".
O mandado de segurança pode ser impetrado em dois momentos: repressiva ou
preventivamente. O mandado de segurança repressivo deve ser ajuizado contra o ato concreto
violador do direito. O prazo para sua impetração é de 120 (cento e vinte) dias do
conhecimento pelo interessado do ato objurgado, nos termos do art. 18 da Lei do mandado de
segurança.
O mandado de segurança preventivo deve ser ajuizado se houver um justo receio,
em diante de uma ameaça plausível, de a autoridade cometer uma ilegalidade ou abuso de
poder violador do direito do interessado.
A expressão da Lei n. 1.533 “justo receio” é inadequada como critério para
fixação dos casos em que a ameaça ao direito justifique o recurso à via judicial, porque
nitidamente subjetivo. O que deve importar não é o receio do autor, que varia conforme a
sensibilidade. Nessa situação, entende-se que o que deve ser qualificado não é o receio, mas a
ameaça, que é elemento objetivo.
Aquele é apenas o reflexo subjetivo desta, e não elemento para a sua definição.
Como o legislador qualificou o receio, mas não a ameaça, fica o problema de saber quando se
considera justo o receio.
O Mandado de Segurança é uma ação subsidiária e as suas hipóteses de cabimento
são restritas. O direito, individual ou coletivo, tem de ser líquido e certo ameaçado ou violado
por ato concreto ilegal ou abusivo de autoridade, não amparado por habeas corpus ou habeas
datas, e atacado repressivamente dentro do prazo de 120 dias.
2.3 – NÃO CABIMENTO:
Serão explanadas agora as hipóteses legais de descabimento da referida Ação
Constitucional, expressas no art. 5º I, II e III da Lei 1.533/51.
O art. 5º da Lei n. 12.016/2009, a exemplo do revogado art. 5º da Lei n.
1.533/1951, ocupa-se com os casos em que é vedado o uso do mandado de segurança por
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restringir o uso de direito e garantias constitucional, importa interpreta as regras – assim como
era correto propugnar com relação à sua antecessora – restritivamente, identificando o
contexto em que elas podem, legitimamente, ser interpretadas e aplicadas.
A interpretação do inciso I do artigo que mais se combina com a Constituição é a
do não cabimento “temporário” do mandado de segurança quando o impetrante ainda não
tem, em sede administrativa, os contornos definitivos do ato que reputa ilegal ou abusivo. Ou
seja, se a pessoa ainda pode recorrer administrativamente, impugnando eficazmente o ato ou o
fato que entende ilegal ou abusivo, não há interesse jurídico na impetração do mandado de
segurança.
Surgiu na doutrina diversas discursões no sentido da consideração do prévio
esgotamento da esfera administrativa seja considerado pressuposto para o contraste
jurisdicional do ato respectivo em mandado de segurança. Mas diante da situação o que
importa é constatar se o impetrante optou pela via administrativa e em que medida que sua
insistência naquela sede não tem aptidão de lhe causar danos imediatos. É neste contexto que
ser analisado o seu interesse de agir.
O inciso II do art. 5º afasta o cabimento do mandado de segurança contra ato
judicial sempre que contra a decisão respectiva couber recurso com efeito suspensivo. A
pressuposição da regra é a que o recurso seja munido de efeito suspensivo.
O inciso III do art. 5º veda o uso do mandado de segurança contra decisão judicial
transitada em julgado. Trata-se de orientação segura na doutrina e na jurisprudência, como faz
suficiente antiga Súmula do Supremo Tribunal Federal, a de número 268, cujo enunciado é o
seguinte: “Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em
julgado”.
O combate à decisão transitada em julgado deve ser feito pelos meios próprios,
como nos termos da “ação rescisória” que tem aptidão para evitar quaisquer lesões ou
ameaças em face do que dispõe o art. 489 do Código de processo Civil:
“O ajuizamento da ação rescisória não impede o cumprimento da sentença ou acórdão rescindendo, ressalvada a concessão, caso imprescindíveis e sob os pressupostos previstos em lei, de medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela.” Art. 489 – CPC.
O fato é que o mandado de segurança contra atos judiciais não pode apresentar-se
como um “remédio alternativo à livre opção do interessado, e sim como instrumento que
completa o sistema de remédio organizado pelo legislador processual, cobrindo as falhas neste
existente no que diz com a tutela de direito liquido e certo”.
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2.4 – ESPÉCIES:
Ora dito inicialmente, no mandado de segurança existem duas espécies: o
primeiro chamado de repressivo em que já ocorreu o ato ou abuso tido por ilegal e o segundo
denominado de preventivo que ocorre quando existe o justo receio do impetrante vir a sofrer
os efeitos da violação de um direito líquido e certo por parte da autoridade.
O mandado de segurança poderá ser repressivo quando visar reparar uma
ilegalidade ou abuso de poder já cometido. E poderá ser preventivo quando o impetrante
demonstrar justo receio de sofrer uma violação de direito certo e líquido por parte da
autoridade impetrada, ou seja, quando o ato ilegal ou abusivo ainda não foi praticado, mas há
forte risco, uma ameaça concreta, ao impetrante de que ele venha a ser realizado.
Neste caso, haverá sempre a necessidade de comprovar se o ato ou a omissão
concreta que esteja pondo em risco o direito do impetrante. Ou seja, o pressuposto
fundamental para o cabimento da tutela preventiva reside na existência de "justo receio" e
"haver atos preparatórios ou indícios razoáveis, a tendência de praticar atos, ou omitir-se a
fazê-lo, de tal forma que, a conservar esse propósito, a lesão de direito torna-se efetiva".
Para tanto, faz-se necessário que a ameaça seja objetiva e real, não baseada em
meras suposições e, sobretudo, atual. Por outro lado, a autoridade coatora deve demonstrar
objetivamente a tendência de concretizar ato ameaçador.
2.5 – COMPETÊNCIA:
A competência para processar e julgar o mandado de segurança é definido em
função da qualificação da hierarquia da autoridade pública ou da delegação titularizada pelo
particular, não sofrendo alteração em virtude de posterior elevação funcional. Portanto, pouco
importa para fixação da competência, a matéria a ser discutida no mandado de segurança.
O mandado de segurança constitui remédio especial e garantia fundamental com
amparo na Constituição Federal. Desse modo, a Lei Maior oferece algumas regras de
competência que levam em consideração a maior ou menor posição do agente no contexto
geral do Poder Público.
Sendo assim, têm competência para processar e julgar mandado de segurança:
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a) o STF, quando o ato impugnado for praticado pelo Presidente da República,
pelas Mesas da Câmara e do Senado, pelo Tribunal de Contas da União, pelo Procurador-
Geral da República e pelo próprio STF (art. 102, I, “d”, CF); não compete, porém, ao STF
conhecer originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais.
b) o STF, quando se tratar de ato de ministro de Estado ou do próprio STF (art.
105, I, “b”, CF);
c) os Tribunais Regionais Federais, no caso de atos dos próprios Tribunais ou juiz
federal (art. 108, I, “c”, CF);
d) os juízes federais, quando se cuida de atos de outras autoridades federais (art.
109, VIII, CF).
Além das hipóteses contempladas pela Constituição Federal, as Constituições
Estaduais, os Regimentos Internos de Tribunais e os Códigos de Organização Judiciária
podem demarcar outras regras sobre competência, pelas quais o processamento e o
julgamento de mandado de segurança caberão a órgão jurisdicionais diversos da Justiça
Estadual.
Podem responder em mandado de segurança: Autoridade pública de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federas e dos Municípios, bem assim de suas
autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista; e o
Agente de pessoa jurídica privada, desde que no exercício de atribuições do Poder Público.
3 – MANDADO DE SEGURANÇA REPRESSIVO E PREVENTIVO:
Há dois tipos de mandado de segurança: repressivo ou preventivo. O primeiro vai
atingir ato já cometido, e o segundo é cabível quando há ameaça de produção de excessos.
3.1 - MANDADO DE SEGURANÇA REPRESSIVO:
O Mandado de Segurança Repressivo tem por objeto reparar uma ilegalidade ou
abuso de poder já cometidos. Ou seja, a autoridade coatora pratica o ato ilegal ou abusivo, o
titular do direito toma conhecimento e então impetra o mandado de segurança, com o objetivo
de reprimir a ilegitimidade da conduta.
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Neste caso, o mandado de segurança repressivo dirige-se contra ato já praticado
pela autoridade coatora e tendo por finalidade evitar que seus efeitos atinjam
irremediavelmente a esfera jurídica do particular.
A tutela repressiva, também denominada de sucessiva ou sancionatória, é aquela
que se opera a posteriori, ou seja, tem por escopo eliminar o prejuízo produzido pela lesão de
um determinado direito, permitindo-se ao titular do direito violado a restituição ao estado
anterior, quando possível, ou a reparação ou ressarcimento em face desse direito violado. A
finalidade dessa tutela é tentar eliminar ou compensar do prejuízo produzido pela lesão ao
direito.
3.2 - MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO:
É o art. 1º da Lei 1.533/51 que literalmente dispõe sobre a possibilidade da
impetração preventiva sempre que houver o “justo receio” da perpetração dos atos ilegais e
abusivos por parte da autoridade, seja de qual categoria for, ou seja, quais forem às categorias
que exerçam.
O mandado de segurança preventivo, junto com as cautelares, é o mais eficaz
instrumento de distribuição de justiça, posto que prevenir é melhor que recompor. Nenhuma
lesão é completamente reparada ou recomposta. É ilegal o provimento jurisdicional que
extingue Mandado de Segurança Preventivo à míngua de ato coator.
A tutela preventiva, por sua vez, é aquela que se opera antes, com a finalidade de
evitar que seja concretizada a ameaça de lesão a um direito, tendo em vista que seria inócuo
um sistema jurídico que de um lado assegura direitos fundamentais, mas, de outro, não detém
instrumentos eficazes que os ponham a saldo de qualquer ameaça, o que certamente impediria
o acesso eficaz e efetivo à justiça.
Nesta feita, extrai-se que o mandado de segurança preventivo tem por objetivo
uma ameaça ao direito líquido e certo do impetrante. O ato ilegal ou abusivo ainda não foi
praticado, mas há forte risco, uma ameaça concreta ao impetrante de que ele venha a ser
realizado.
Por isso é importante fazer a distinção entre ameaça e lesão a direito. A ameaça
apenas gera o justo receio de lesão. Ela não é em si mesmo e desde logo uma lesão. E por esse
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motivo é que se fala em impetração preventiva, que só é possível em face do justo receio
gerado pela ameaça, e tem por finalidade evitar a lesão ao direito do impetrante.
4 - MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL:
O Mandado de Segurança Individual protege o direito líquido e certo do
impetrante, de quem buscou a tutela jurisdicional. O direito individual a ser invocado deve ser
do impetrante. Se o direito for de terceiros, não será amparável por mandado de segurança
(poderá ser protegido por outras ações, como a ação popular ou ação civil pública).
Importante destacar que o número de indivíduos que figuram como impetrante na
ação não descaracteriza como mandado de segurança individual. Tanto é individual o
mandado de segurança impetrado por uma pessoa quanto aquele ajuizado por um grupo
determinado de pessoas, seja de cinco, dez ou vinte componentes.
Portanto, se o interesse de agir pertence a uma pessoa, ou determinado numero de
pessoas, sendo que o Direito a que se busca é destinado exclusivamente para tanto, será
impetrado o Mandado de Segurança de Caráter Individual.
5 - MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO:
O Mandado de Segurança Coletivo protege o direito pertencente a uma
coletividade ou categoria, devidamente representadas por quem de direito. Na atual
Constituição, o mandado de segurança coletivo só pode ser impetrado por:
a) Partido político com representação no Congresso Nacional;
b) Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente construída e
em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
associados.
No mandado de segurança coletivo, o interesse invocado pertence a uma
categoria, agindo o impetrante como mero substituto processual na relação jurídica. Vale
dizer, referidas entidades impetram o mandado de segurança coletivo em seu nome, mas na
defesa dos interesses de seus membros ou associados.
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6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
O mandado de segurança é uma das garantias previstas na Constituição Federal, a
qual assegura aos indivíduos a proteção de direito líquido e certo, lesado ou ameaçado de
lesão por ato de autoridade. Portanto, quando há uma suposta cobrança de tributo indevido
pode o contribuinte impetrar tal mecanismo.
Nesta feita, será preventivo para evitar a lesão de direito, tendo como pressuposto
a existência da situação de fato que ensejaria a prática do ato tido como ilegal e repressivo
para reparar uma ilegalidade ou abuso de poder já cometidos por autoridade coatora.
Neste diapasão, entende-se que o Mandado de Segurança é uma ação utilizada
adequadamente para corrigir as ilegalidades ou abusos cometidos pelos órgãos estatais ou
àqueles em função do Poder Público.
O impetrante é a pessoa Autora do mandado, cujo direito teoricamente teria sido
lesado, enquanto que o impetrado é a autoridade coatora, e não a pessoa jurídica ou órgão a
que pertence e ao qual seu ato é imputado em razão do ofício. Lembrando que, mesmo as
autoridades do Poder Judiciário respondem em mandado de segurança quando praticam atos
administrativos ou proferem decisões judiciais que lesem direito liquido e certo do impetrante.
Conseguinte, não são apenas as autoridades públicas que são sujeitos passivos no
mandado de segurança. A ilegalidade ou o abuso de poder podem advir, também, de agente de
pessoa jurídica privada, desde que no desempenho de atribuições do poder Público. É o caso,
por exemplo, dos concessionários e permissionários, que executam serviços públicos por
delegação do Poder Público.
Porém, vislumbra-se que os agentes de pessoa privada só respondem em mandado
de segurança se estiverem, por delegação, no exercício de atribuições do Poder Público. Atos
privados praticados por pessoas, empresas ou instituições particulares, não se consideram
“atos de autoridade”, para fins de impetração de mandado de segurança.
Portanto, o mandado de segurança é um excelente instrumento que a ordem
jurídica coloca à disposição dos usuários, tendo com base a Constituição Federal de 1988 no
intuito de assegurar que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário, lesão ou ameaça de
direto”.
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7 – REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1998.
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. Colaboração de Antonio L. de Toledo Pinto, Márcia V. dos Santos. Windt e Lívia Céspedes. 31. Ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
FACULDADES CATHEDRAL. Orientações para elaboração e apresentação do Projeto de Pesquisa. Barra do Garças: Cathedral, 2009.
FONSECA, Reynaldo Soares da. Manual do Mandado de Segurança. Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAZ7IAG/manual-mandado-seguranca Acesso em: Março 2014.
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Mandado de segurança no processo do trabalho. São Paulo: Ltr, 1999.
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado - 10ª Ed – São Paulo: Ed. Método, 2006.
MEIRELLES, Hely Lopes apud MORAIS, Alexandre de. Direito Constitucional. 23. Ed., São Paulo: Atlas, 2008. p. 151.
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MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 19° ed - São Paulo: Atlas, 2006.
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito constitucional descomplicado. 4. Ed., Rio de Janeiro: Método, 2009. p. 194.
Links visitados:
http://www.jusbrasil.com.br
http://www.stj.gov.br
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