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8/17/2019 Trabalho Parentesco
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Apur Sansar:
Grupos domésticos e estratégias matrimoniais na Índia
,erceiro -ilme da trilogia do diretor indiano Sat.a/it 0a.) O Mundo de Apu
nos mostra o agora um /ovem adulto Apu) cu/a in-1ncia e adolesc2ncia -oram
retratadas nos dois primeiros -ilmes da série3 O 4r-ão Apu) aspirante a escritor e
escrevendo um romance) est5 a procura de emprego3 O pou6uíssimo din7eiro de 6ue
8s vezes disp9e é resultado de algumas aulas particulares 6ue ele consegue dar3 :ive
em um 6uartin7o supostamente alugado em uma espécie de pensionato ;
alcut5 da década de *%)
-ilmando as ruas e vielas pelas 6uais passa Apu no seu dia?a?dia a procura de tra+al7o)
mostrando as crianças +rincando em meio 8 miséria e retratando Apu col7endo 5gua
da c7uva com um +alde3
>erto dia) Apu rece+e uma visita de seu amigo Pulu) 6ue) di-erentemente dele
não passa por di-iculdades -inanceiras3 O /antar pago por Pulu durante o encontro -oi
a @nica re-eição decente de Apu em muito tempo3 Pulu o estimula a procurar um
emprego de verdade e desencora/a o amigo a escrever um romance de amor3 Segundo
ele) Apu não tem eperi2ncia alguma com mul7eres e com amor3 Pulu então convida
Apu para via/ar com ele e ir presenciar a cerimnia de casamento de sua prima) em
uma vila não muito longe dali) porém) na Índia da década de *%) de um acesso não tão
-5cil3 Apu aceita o convite e parte com seu amigo Pulu rumo 8 vila da -amília de seus
tios3
0a. -ilma então a c7egada do noivo 8 cerimnia) carregado e envolto por um
pun7ado de 7omens) todos de +ranco e parentes do noivo3 A -amília da noiva aguarda
em casa) en6uanto ela se acol7e em um aposento apenas com suas parentes mul7eres3
Cis 6ue o inesperado acontece3 uando o noivo c7ega ao local da cerimnia) revela?se
maluco de pedra e sem as mínimas condiç9es de participar de uma cerimnia de
casamento e 6uanto mais de ser um +om marido3 O casamento teria de ser cancelado3
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A -amília da noiva -ica angustiada3 Seria uma desgraça para eles se o casamento não
ocorresse no dia marcado3 A noiva seria amaldiçoada e nunca teria uma nova
oportunidade de casar3 S4 7avia uma solução) ac7ar um outro noivo ali) agora3 uem
mel7or então 6ue Apu) 6ue desde 6uando c7egara atraíra a simpatia dos -amiliares da
noiva) principalmente de sua mãeE Apu o+viamente não simpatiza com a ideia no
começo) ac7a tudo isso uma loucura3 >omo ele) 6ue nem con7ecia a -amília da noiva)
e muito menos a noiva) poderia se casar assim) de supetãoE !ogo ele) um po+re
miser5vel) 6ue estava ali por acaso e não teria condiç9es de sustentar a esposaE Pois
ele certamente não seria o pretendente ideal em uma situação convencional3 "as
devido 8s circunst1ncias) não so+rava muitas opç9es 8 -amília da noiva3 A não
realização do casamento representaria uma manc7a na 7ist4ria digna de orgul7o da
-amília3 Apu então -ica sensi+ilizado) e em um ato no+re para evitar a desgraça da
noiva) aceita casar?se com ela3
A cerimnia então ocorre) com Apu sentado no lugar onde deveria estar o
louco3 O 6ue parece até um roteiro de comédia pastelão é tratado pelo diretor com
peso e melancolia3 O 6ue se segue então é uma cena +elíssima) na 6ual Apu
-inalmente -ica a s4s com sua noiva) Aparna) o dois envoltos em uma clara tensão e
ansiedade3 Apu revela) em meio ao laconismo da +ela Aparna) sua condição miser5vel
e sua incapacidade de sustent5?la no padrão em 6ue ela est5 costumada na casa dos
pais3 "as a tradição manda 6ue a esposa v5 morar na casa do marido ap4s o
casamento) o+rigando?os a partir para a cidade de Apu) >alcut53
>omeça então o segundo ato do -ilme) 6ue mostra a vida con/ugal de Apu e
Aparna) numa das 7ist4rias de amor mais inusitadas porém +elas do cinema3 Os dois
vivem -elizes) em+ora muito po+res3 "as para eles isso não é pro+lema3 Aparna
sugere até 6ue Apu largue seu emprego para 6ue passe mais tempo com ela3 Cis 6ueela -ica gr5vida e) 8s vésperas do nascimento) parte para a casa dos pais) onde teria
mel7ores condiç9es de ter o +e+23 Apu -ica em >alcut5) de onde partir5 apenas ap4s o
nascimento de seu -il7o3 Cis 6ue algum tempo depois da partida de sua amada) c7ega
um mensageiro na casa de Apu para dar a notícia do nascimento de seu -il7o e) para o
desespero de Apu) da morte de Aparna no parto3 Apu -ica tão c7ocado 6ue d5 um
murro na cara do po+re arauto3
Desnorteado) Apu a+andona tudo e parte em uma viagem pela Índia) natentativa de ac7ar algo 6ue o -aça se recuperar3 >om raiva) não se preocupa nem em
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con7ecer o -il7o) 6ue) para Apu) é o respons5vel pela morte de Aparna3 Cle /oga -ora
seus rascun7os do romance3 Cm todos os -ilmes da trilogia de Apu) ocorrem duas
mortes importantes para a 7ist4ria3 Cm alcut5 rece+e o nome de khandan3 Os -il7os moram com os pais) assim como suas
respectivas esposas) -il7os e irmãs 6ue ainda não se casaram3 uando uma mul7er
indiana casa ela vai residir /unto com o marido e seus pais) caracterizando um tipo de
resid2ncia virilocal3 Nre6uentemente) no entanto) devido a tais características) o grupo
doméstico -ica grande demais e aca+a se dividindo em novos unidades domésticas
6ue) a medida 6ue vão gerando descendentes e estes vão casando) constituem um
novo grupo doméstico com os mesmos padr9es3 :ale lem+rar 6ue tal con-iguração
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não é a @nica encontrada na Índia) visto 6ue o país agrega v5rias etnias e culturas
di-erentes no seu territ4rio3 ,al arran/o -amiliar é) contudo) o mais comum no país3
Apu não possui uma -amília como a descrita acima3 Seus pais e sua irmã
morreram 6uando ainda era /ovem e ele tem de se virar sozin7o desde então3 Cleaca+a desenvolvendo alguma relação com seus compan7eiros de pensão) mas nada
6ue se compare 8 união de uma -amília tradicional indiana3 Cle é) portanto) mais
independente 6ue um /ovem indiano comum3
Podemos utilizar a an5lise de desenvolvimento de grupos domésticos
ela+orada por "e.er Nortes para descrever tais características de resid2ncia e -amília
do povo indiano3 Segundo Nortes) o grupo doméstico é o 6ue produz e mantém a
din1mica da sociedade3 Cle é
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6ue a a6uele grupo doméstico encontra?se na -ase de dispersão3 A esposa do patriarca
/5 se tornou in-értil e os -il7os estão se casando3
O casamento é o evento 6ue causa a maior comoção em uma -amília indiana)
6ue não mede es-orços para a sua realização3 As cerimnias geralmente contam comv5rios atos e duram mais de um dia3 A cerimnia do casamento é permeada de
sim+olismos 6ue remetem 8s o+rigaç9es sociais e econmicas das duas -amílias
envolvidas3 Usualmente ; e ainda mais na época em 6ue se passa o -ilme ; o
casamento é arran/ado3 Namílias -azem acordos entre si) -or/ando arran/os entre
grupos e +uscando pretendentes 6ue se encontrem no mesmo nível social3 5 na Índia
uma grande variedade de etnias e tri+os distri+uídas em diversas regi9es e)
conse6uentemente) uma variedade de regras de casamento3 Io entanto) a -orma maisusual de se escol7er um cn/uge se d5 por uma tentativa de ampliar os laços de
parentesco) +uscando -amílias com as 6uais os laços ainda não -oram esta+elecidos3
5 em algumas regi9es uma espécie de eogamia em 6ue pessoas de um determinado
vilare/o pre-erencialmente se casam com pessoas de outros vilare/os3 Ocorre assim
uma epansão geogr5-ica de alianças e laços -amiliares3 Assim a mul7er) devido 8
virilocalidade) vai morar longe de seus parentes de sangue3 Cntre os 7indus ainda 75
um outro -ator decisivo na escol7a do cn/uge a 6uestão das castas3 Cn-im) escol7er
um +om pretendente é uma tare-a 6ue eige um certo es-orço) es-orço esse nunca
negado) 7a/a visto a import1ncia de tal aliança para as -amílias) mais importante até
6ue para os pr4prios noivos3
O casamento é o evento mais importante na vida de um indiano e tam+ém na
teoria de !évi?Strauss3 Segundo ele) não se deve direcionar o -oco de an5lise para a
-amília nuclear ; pautada em -atores +iol4gicos ?) como -azia 0adcli--e?BroQn) e sim
em trocas matrimoniais ; -atores culturais3 O 6ue realmente dita as relaç9es de parentesco são as relaç9es esta+elecidas pro di-erentes grupos de descend2ncia3 Iesse
caso) a cultura transcende o +iol4gico) parte central do estruturalismo lévi?straussiano3
O casamento seria então a +ase dessas relaç9es nas mais variadas sociedades3
Segundo a teoria da aliança como ela+orada por !évi?Strauss) o matrimnio constitui
o principal meio de relacionamento e -irmamento de alianças entre grupos3 Os modos
como ele ocorre são pensados para 6ue o grupo epanda sua rede de relaç9es e se/a
capaz de gerar mais descendentes a partir da o+tenção de mul7eres de outro grupo3
Desse modo) di-ere um pouco de Nortes 6uanto a concepção do grupo doméstico
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como sendo a
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a ideia do /ogo social3 M claro 6ue o indivíduo est5 invariavelmente atrelado a certas
tradiç9es) a-inal ele /oga o
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pais o resto da vida3 Sendo assim) é mel7or 6ue o casamento ocorra) não importa as
circunst1ncias3 Aparna casa?se então com Apu) um /ovem 6ue vive uma realidade +em
di-erente de sua -amília3 Os dois) como manda a tradição) vão morar onde mora a
-amília de Apu) ou no caso onde mora Apu3
Bibliografia
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