Trabalho realizado para a unidade curricular de Direito Social 2010/2011 1 Os Regimes Complementares...
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Trabalho realizado para a unidade curricular de Direito Social 2010/2011 1 Os Regimes Complementares Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa
Trabalho realizado para a unidade curricular de Direito Social
2010/2011 1 Os Regimes Complementares Faculdade de Direito da
Universidade Nova de Lisboa
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INTRODUO: Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa 2
A questo das iniciativas e das modalidades de segurana social
complementar, em princpio de natureza privada, constitui um tema
extremamente actual e cada vez mais importante. Porm, tem sido na
sua globalidade, matria insuficientemente sujeita investigao e a
analise crtica objectiva. Apercebemo-nos, de que existe uma certa
fluidez e impreciso em torno da ideia do sistema previdencial
complementar, talvez porque aquilo que os regimes complementares
visam alargar, ou seja, o campo material de proteco dos sistemas
pblicos, apresentam tambm fronteiras algo difusas. Desta forma, com
este trabalho pretendemos sintetizar o tema da segurana social
complementar, para que esta ideia se torne mais clara. Trataremos
essencialmente do conceito de regime complementar; da necessidade
de eliminar algumas perplexidades e desfazer alguns equvocos a
respeito do papel no domnio da proteco social poder ser
desempenhado pelos regimes privados complementares, como a tendncia
maximalista da proteco pelo sistema pblico e a tendncia maximalista
das modalidades privadas de proteco; da diversidade de tcnicas que
podem ser usadas na organizao dos meios de gesto dos regimes
complementares; do fundamento e vantagens dos regimes
complementares e, por ltimo, mas sem menos importncia, dos
princpios que justificam a necessidade de interveno dos regimes
privados.
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Conceito de regime complementar: Entende-se por regime
complementar, a diversidade do campo de interveno e organizao. A
proteco social complementar visa proporcionar todas as garantias
que so acrescentadas s previstas no quadro social obrigatria; 3
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Consideraes Gerais: A questo das iniciativas e das modalidades
de segurana social complementar, em princpio de natureza privada,
constitui um tema extremamente actual e cada vez mais importante;
Existe alguma fluidez e impreciso na segurana social complementar,
porque aquilo que os regimes complementares visam alargar o campo
material de proteco dos sistemas pblicos; Em Portugal, semelhana do
que acontece em muitos pases da Europa Ocidental, comea a ser comum
aceitar que os regimes tradicionais da Segurana Social, baseados na
repartio, na mera distribuio do rendimento dos activos para os
pensionistas, est a abrir brechas significativas, no sendo em
muitos casos possvel prolongar a situao por muito tempo sob pena d
estrutural falncia do sistema. 4 Faculdade de Direito da
Universidade Nova de Lisboa
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Consideraes Gerais (cont.): Nos ltimos tempos tm sido
salientadas as dificuldades com que os sistemas pblicos de segurana
social se debatem ou com que podem vir a confrontar-se no futuro,
tendo em conta os previsveis efeitos da evoluo demogrfica e do
crescimento de encargos; A soluo para estas dificuldades, ser uma
reduo dos regimes legais de penses, que se manteriam em repartio
com o objectivo de garantirem prestaes bsicas, designadamente para
combater a pobreza, dando origem defesa de uma ampla interveno de
regimes privados colectivos (eventualmente obrigatrios); 5
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Concepes opostas: A legitimidade e a necessidade de interveno
de formas privadas de segurana social no devem ser definidas pela
negativa, isto , no tm que ver apenas com crise, suposta ou real,
presente ou futura, dos sistemas oficiais, mas com a prpria
natureza, a vrios ttulos estruturalmente limitada, destes mesmos
sistemas; Por outro lado, se a crise da segurana social resulta em
parte, da prpria economia, h que ponderar tambm de que modo uma tal
situao susceptvel de prejudicar o desenvolvimento de modalidades
privadas, mesmo considerando que aplicam o modelo de gesto por
capitalizao. 6 Faculdade de Direito da Universidade Nova de
Lisboa
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Tendncia maximalista da proteco pelo sistema pbico: Faculdade
de Direito da Universidade Nova de Lisboa 7 Estamos perante a ideia
da mxima publicizao da segurana social. Esta tendncia exprime o
desejo de um Estado totalmente protector, em estar presente em
todas as necessidades humanas. Em regra, como acontece em Portugal,
este sentimento totalista da segurana social pblica est ligada de
maneira muito forte a tradies, a hbitos, a prticas polticas e a
correntes de pensamento que exprimem uma enorme dependncia da
sociedade civil em relao ao Estado. Este aspecto cultural da maior
importncia para o desenvolvimento de iniciativas privadas de tipo
previdencial. Contudo, a fragilidade e pouca intensidade destas
iniciativas e a tendncia pouco segurista do cidado comum, expresso
num certo distanciamento sobre a actividade seguradora, constituem
um aviso para os que pensam que a reduo da segurana social pblica
levar as pessoas a correrem em massa a subscrever produtos
previdenciais privados.
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Tendncia maximalista das modalidades privadas de proteco:
Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa 8 O sistema
pblico de segurana social deve ocupar a menor rea possvel,
assegurando pouco mais do que prestaes bsicas, eventualmente
dependentes de condio de recursos, deixando para os planos privados
de penses e de outras prestaes todo o restante espao de proteco.
Assim, no s os regimes complementares teriam um enorme campo de
actuao, mas tambm funcionariam em muitas situaes como autnticos
regimes substitutivos, a prpria base da proteco social, ainda que
voluntariamente assumida. Porm, alguns defendem uma espcie de
privatizao obrigatria, que de todo inaceitvel designadamente em
termos de mercado e em termos sociais.
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Tcnicas utilizadas: Existe uma diversidade de tcnicas
utilizadas nos regimes complementares: As tcnicas de gesto: -
Tcnica da solidariedade: Concretiza-se por meio de organismos ou
instituies sem fim lucrativo, que actuam, no domnio da economia
social, segundo normas jurdico - institucionais precisas. Em regra,
actuam com a adequada participao dos interessados, como acontece em
certos fundos de base legal, as iniciativas das empresas e as
associaes mutualistas; - Tcnica de seguro: So exemplo desta tcnica,
os produtos oferecidos pelas companhias de seguros. Utiliza os
velhos mecanismos do seguro comercial, com maiores ou menores
adaptaes decorrentes da necessidade de assegurar certas
formalidades de forma colectiva; - Tcnica financeira: So exemplo
desta, os produtos com as caractersticas dos fundos de penses ou
dos planos poupana-reforma. Privilegia os mecanismos de reproduo
financeira dos fundos em que se apoiam os planos, de prestaes
definidas ou de contribuies definidas, organizados pelas empresas
ou pelos prprios interessados. Os objectivos financeiros da
instituio prevalecem face aos objectivos sociais; 9 Faculdade de
Direito da Universidade Nova de Lisboa
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10 As tcnicas de garantia: - Previdncia individual: Representa
uma forma de aforro e de proviso pessoal com largas tradies e agora
de novo em desenvolvimento, como acontece com os seguros, as
mutualidades, os planos poupana-reforma e produtos semelhantes; -
Previdncia colectiva: Casos em que a cobertura do risco social,
baseada ou no numa terceira entidade, realizada de forma organizada
e em grupo, pela considerao global das caractersticas do universo
abrangido, o que reduz as particularidades individuais e introduz
factores de solidariedade. Vantagens da previdncia colectiva:
Possibilidade de reduo dos custos de gesto, uma certa solidariedade
financeira entre os participantes assim associados e as isenes
fiscais (aquando existem). Desvantagens das modalidades colectivas
: Inadequao da cobertura especificidade de certas situaes
concretas, as limitaes impostas pela prpria solidariedade e o facto
da proteco poder depender da manuteno do vnculo do contrato de
trabalho dos interessados e da participao financeira da
empresa.
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Variedade dos vnculos jurdicos: A natureza jurdica da vinculao
dos interessados aos respectivos regimes complementares destacam-se
em dois tipos: O primeiro vnculo so os regimes complementares que
podem ser legais, isto , criados por lei, mediante iniciativa
estatal ou em alguns casos impostos; O outro tipo de vnculo jurdico
so os regimes complementares no legais ou estritamente privados,
que se subdividem em duas modalidades diferenciadas: - Os regimes
convencionais, quando decorrem de convenes colectivas subscritas
entre organismos empresariais ou sindicais e, - Os regimes
contratuais, quando so consequncia de compromissos assumidos pelas
empresas, com incidncia nos contratos de trabalho celebrados por
cada um dos trabalhadores, ou individuais quando resultem de meras
iniciativas das partes. 11 Faculdade de Direito da Universidade
Nova de Lisboa
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Regimes Complementares - Fundamento e vantagens:
Independentemente da questo do futuro dos sistemas pblicos,
designadamente face aos possveis efeitos da evoluo demogrfica,
podem ser alinhadas vrias razes a favor da interveno privada no
domnio dos programas de proteco pela segurana social; Os sectores
pblico e privado tm vocaes especficas, que os tornam mutuamente
necessrios, logo interdependentes (Condenando-se as teses
maximalistas de que um sector tenta excluir o outro); Deve pr-se de
parte, a ideia de que os regimes privados so consequncia da crise
dos sistemas pblicos de segurana social; 12 Faculdade de Direito da
Universidade Nova de Lisboa
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Princpios em relevncia Faculdade de Direito da Universidade
Nova de Lisboa 13 Existem quatro princpios que justificam a
necessidade de interveno dos regimes: Princpio da limitao
estrutural dos regimes legais; Princpio da liberdade de
empreendimento; Princpio da imposio forada de receitas; Princpio da
adequao
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O Princpio da limitao estrutural dos regimes legais: Este
princpio radica na ideia de que o direito segurana social garantido
pelos regimes legais , por concepo, um direito limitado; A aceitao
deste princpio contraria a ideia da mxima publicizao da segurana
social; Apresentamos cinco situaes de limitao, com uma amplitude de
efeitos varivel, que so: - Limitao material, relativa ao elenco de
eventualidades consideradas para efeitos de proteco; - Limitao
pessoal, resulta das regras definidoras do mbito pessoal dos
regimes; - Limitao jurdica, inerente ao facto do reconhecimento do
direito a prestaes, depender de uma srie de requisitos; - Limitao
econmica, ligada ao facto das prestaes no compensarem certos
salrios, mas apenas parcelas dos valores remuneratrios; - Limitao
temporal, muitas prestaes esto sujeitas a um regime de durao
limitado. 14 Faculdade de Direito da Universidade Nova de
Lisboa
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15 A amplitude do campo de interveno dos regimes privados
depende das tcnicas de proteco escolhidas para a organizao de
sistemas pblicos de segurana social; As modalidades privadas de
proteco social, cobrindo as lacunas verificadas nos regimes
pblicos, podem adequar-se de modo eficaz s caractersticas
scio-profissionais dos grupos mais afectados pela aplicao
conjugada, dos princpios da universalidade e da selectividade dos
regimes pblicos. Como podemos constatar, efectivam uma dupla funo
de complementaridade e ajustamento.
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O Princpio da liberdade de empreendimento: um princpio que se
baseia na convico de que os sistemas de segurana social devem
respeitar um espao prprio para as iniciativas privadas, isto , que
as organizaes de um sistema pblico no podem nem devem eliminar as
iniciativas dos cidados. Trata-se assim, da simples aplicao rea da
proteco social do princpio fundamental da liberdade individual,
inerente dignidade humana e ao exerccio da cidadania; 16 Faculdade
de Direito da Universidade Nova de Lisboa
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O Princpio da imposio forada de receitas: Este princpio
relaciona-se com os modelos e as tcnicas de financiamento e de
gesto financeira dos sistemas pblicos de segurana social, que impem
determinados limites, maiores ou menores, conforme as circunstncias
e os pases, ao mbito de actuao dos regimes legais. Esse limite vem
a ser a fronteira financeira dos sistemas pblicos de segurana
social. Por isso, para alm desse limite, a proteco social s deve
ser efectivada atravs de regimes complementares privados que se
baseiam em poupanas voluntariamente assumidas; 17 Faculdade de
Direito da Universidade Nova de Lisboa
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O Princpio da adequao: Adequao econmico-social: Os regimes
privados apresentam condies de melhor adequao s actividades
econmicas, ao funcionamento das empresas e s caractersticas dos
diferentes grupos econmico-sociais, isto , harmonizam-se melhor com
os imperativos do aparelho produtivo (pensada numa perspectiva
puramente territorial, revelia de exigncias, institucionais e
scio-profissionais, sentidas pela sociedade civil); 18 Faculdade de
Direito da Universidade Nova de Lisboa
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19 Adequao financeira: Por vezes, h um excesso de solidariedade
financeira dos regimes legais baseados na concepo laborista do
direito segurana social, financiados por cotizaes de salrios;
Realmente, as transferncias financeiras entre regimes e tambm para
regimes no contributivos, leva a descaracterizar o esforo
contributivo dos interessados e a desorganizar a estrutura interna
dos regimes contributivos, afectando a sua capacidade protectora;
Os sistemas privados superam este inconveniente, dada a sua base
contratualista e sinalagmtica e o enquadramento do seu regime
financeiro. Neles os interessados tm em princpio a garantia de uma
razovel adequao entre o esforo financeiro efectuado e os resultados
protectores obtidos;
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Verifica-se ainda que, em termos financeiros, os sistemas privados
funcionam em regime de capitalizao; Contrariamente aos sistemas
pblicos que funcionam em regime de repartio; Regime de capitalizao,
est previsto no artigo 82 Lei de Bases: Vantagens: Permite maior
solidez financeira; Menos custos globais; Maior ligao dos
interessados aos mesmos regimes.
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Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa 21 Tambm
permite efeitos benficos na prpria economia: Transformao do aforro
em investimento; Equilbrio financeiro dessas modalidades de proteco
social, que ficam em menor dependncia da evoluo demogrfica.
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Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa 22 Adequao
gestionria: A burocracia prpria das grandes organizaes dos sistemas
pblicos, aliado a uma menor flexibilidade e sentido informativo e
promocional da Administrao pblica tende a originar menor eficincia
no atendimento aos cidados, maior desresponsabilizao funcional
individual, menor sensibilidade para desperdcios gestionrios e
mesmo para comportamentos fraudulentos dos beneficirios e
contribuintes, bem como o adequado controlo das situaes de infraco
lei;
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Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa 23 Pelo
contrrio, os regimes privados parecem estar em condies de cumprir
melhor certos princpios de organizao e de gesto, visto que actuam
em mbitos mais circunscritos e controlveis, mais ligados s empresas
e eventualmente organizaes de representao profissional dos
interessados, sujeitos as regras da concorrncia e enquadrados em
estruturas mais flexveis, menos formais e mais dinmicas;
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Bibliografia: Faculdade de Direito da Universidade Nova de
Lisboa 24 NEVES, Ildio. Direito da Segurana Social Princpios
Fundamentais numa anlise prospectiva. Coimbra Editora 1996 pp.827 e
SS.
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Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa 25 Trabalho
realizado por: Nafia Pires, n.2588 Susana Botelho, n.2391 Zenaide
Taveira, n.2390 Unidade Curricular: Direito Social Docente: Dr.
Ricardo Guvea Pinto 2010/2011