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1 PRABHUPADA NO RADHA-DAMODARA Por Mahanidhi Swami Tradução de Indumukhi devi dasi

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PRABHUPADA NO RADHA-DAMODARA

Por Mahanidhi Swami

Tradução de Indumukhi devi dasi

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Prefácio Por Satswarupa dasa Goswami

Penso que todo seguidor de Bhaktivedanta Swami irá querer ler Praphupada no Radha-Damodara. É um guia literário essencial para uma visita real que um devoto deve fazer aos aposentos de Prabhupada no templo de Radha-Damodara em Vrindavan, India. Aqueles que possivelmente não puderem viajar fisicamente à India, podem meditar na visita através do poder da mente, graças a este livro-guia. ...Gradualmente, começando com as histórias do templo de Radha-Damodara, começamos a compreender que os aposentos no Radha-Damodara são inconcebivelmente valiosos. Por ouvir sobre eles e sobre Prabhupada em Vrindavan, somos introduzidos ao significado interno das atividades de Prabhupada, o que para muitos de nós nunca foi muito óbvio ou até mesmo conhecido. Nós apreciamos Prabhupada como o escritor dos significados Bhaktivedanta, e como o líder mundial e inaugurador do movimento ISKCON, mas com que freqüência meditamos nele em seu humor como um devoto confidencial de Rupa Goswami, e dos passatempos de Radha-Krishna em Vrindavan? Com que freqüência conseguimos ver com os olhos de nossa mente (bem como em fotografias) como Prabhupada era realmente como um sadhu de coração puro nos dias em que viveu em Vrindavan antes de vir para a América em 1966? Vislumbres de todas essas realidades confidenciais são dados nas páginas do Prabhupada no Radha-Damodara. 1990, Impresso na Índia

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A meu mestre espiritual

Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada,

Que reside eternamente No Radha-Damodara.

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Conteúdo Prefácio 1 Índice 2 Introdução 3 1 Rupa Goswami e Damodaraji 5 2 A Pregação de Jiva Goswami no Radha-Damodara 8 3 O Templo de Radha-Damodara 10 4 Lembrando de Vrindavan 14 5 Passatempos de Vanaprastha em Vrindavan 19 6 Anos de Sannyasa no Radha-Damodara 22 7 Retorno ao Radha-Damodara 33 8 “Swamiji na Terra Natal” 35 9 Kartik no Radha-Damodara 38 10 “Centro do Mundo Espiritual” 50 11 “Minha Eterna Residência” 53 12 O Plano de Prabhupada 54 Apêndices: Cronologia dos Goswamis 61 Cronologia de Prabhupada 61 Agradecimentos 62 Os que contribuíram com entrevistas 62

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Introdução

“Eu resido eternamente em meus aposentos no templo Radha-Damodara”, é uma declaração que Bhaktivedanta Swami fez muitas vezes. Isto significa que tanto os aposentos onde Prabhupada morou durante mais de 10% de sua vida, e o templo Radha-Damodara são extremamente importantes para todos seguidores de Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada. As almas sinceras podem perceber ali a presença de Prabhupada. O não-devoto, contudo, não consegue ver; assim como ele não consegue cheirar o doce aroma de tulasi manjaris desfrutado pelos transcendentalistas na serenidade do alvorecer. Entre 1959-1972, Bhaktivedanta Swami manifestou muitos passatempos maravilhosos aqui, e até seu desaparecimento em 1977, ele continuou a falar sobre seus aposentos no Radha-Damodara. Prabhupada no Radha-Damodara começa com uma descrição da história do templo, e termina recontando as experiências e ensinamentos da vida de Bhaktivedanta Swami no templo Radha-Damodara. No Srimad Bhagavatam há uma história sobre os semideuses, que há eons atrás bateram o oceano celestial de leite para produzir muitos objetos milagrosos, inclusive: um lindo cavalo branco como a lua, um gigantesco elefante com quatro presas de marfim, raras gemas exóticas, Sri Laksmidevi – a deusa da fortuna, e finalmente o néctar da imortalidade. Similarmente, este livro é uma pequena tentativa de bater o oceano puro e original dos passatempos de Prabhupada. Como a natureza do verdadeiro néctar é dar vida nova aos moribundos e um rejubilante refresco para os vivos, esperamos que este livro irá aumentar a fortuna de todos que bebem este néctar. Este livro é o sub-produto de uma realização recebida após viver e servir por um ano nos aposentos de Prabhupada no templo de Radha-Damodara. Percebi que devido a meu coração estar cheio da impureza do desejo egoísta, ele está destituído de devoção por Bhaktivedanta Swami. Porém tenho fé que este esforço irá limpar meu coração, porque Prabhupada disse que: “Se deve escrever para a auto-purificação.” Srila Krishna das Kaviraj nos encoraja ainda mais no Chaitanya Charitamrta. Após glorificar muitos dos grandes seguidores Gaudiya Vaisnavas do Senhor Nityananda, Senhor Advaita e Sri Gadadhara Pandit, ele diz: “Simplesmente por lembrar dos nomes de todos estes Vaisnavas, se pode alcançar os pés de lótus de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Na verdade, simplesmente por lembrar de seus santos nomes, se pode obter a realização de todos desejos.” (Adi 9/5)

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Em seu significado ao Srimad Bhagavatam 3.28.18, Bhaktivedanta Swami elabora o mesmo ponto: “Conforme a pessoa se purifica pelo cantar do santo nome do Senhor, assim também pode ser purificada simplesmente por cantar o nome de um devoto santo. O devoto puro do Senhor e o próprio Senhor não são diferentes. Às vezes é possível cantar os nomes de devotos santos. Isso é um processo muito santificado.” Bhaktivedanta Swami é o devoto mais santo, um devoto 100% puro da Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Sri Krishna. Estas referências escriturais indicam que por ouvir sobre e lembrar de Bhaktivedanta Swami, a pessoa irá se tornar purificada, obter a misericórdia de Sri Chaitanya Mahaprabhu e realizar todos seus desejos. Este livro está repleto do nome e fama de Bhaktivedanta Swami. Oro para que Bhaktivedanta Swami, Srila Jiva Goswami, Srila Rupa Goswami, e Sri Sri Radha-Damodara, venham a realizar meu desejo de algum dia, de alguma maneira, me tornar devoto de Bhaktivedanta Swami. A informação no Prabhupada no Radha-Damodara provém dos livros, gravações, e cartas de Bhaktivedanta Swami. A publicação da Bhaktivedanta Book Trust, Prabhupada Lilamrta por Satsvarupa das Goswami também forneceu dados importantes. Inéditas antes do presente lviro, são minhas entrevistas pessoais com os discípulos e irmãos espirituais de Prabhupada, os exaltados Gaudiya Vaisnavas e os conhecidos brijbasis de Prabhupada. O leitor irá ficar sabendo de muitos novos passatempos de Prabhupada, e aprenderá alguns detalhes interessantes sobre os famosos 6 Goswamis de Vrindavan e suas atividades no templo Radha-Damodara. Não é possível verificar a exatidão dos passatempos mencionados nas entrevistas, porque em muitas instâncias somente duas pessoas estavam presentes, Prabhupada e o narrador do passatempo. Contudo, este livro contém somente os passatempos que melhor refletem o humor, missão e caráter puro de nosso eterno preceptor e eterno bem-querente, Bhaktivedanta Swami.

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CAPÍTULO UM

Rupa Goswami e Damodaraji Em 1516, um ano após a extática excursão de Sri Chaitanya Mahaprabhu a Vrindavan, Sri Rupa e Sri Sanatana Goswamis chegaram ao “playground” extático (local de passatempos) do Senhor Krishna. O Senhor Chaitanya ordenou que os dois irmãos descobrissem os locais dos passatempos de Krishna na sagrada Vrindavan que haviam desaparecido ao longo dos séculos. Vagando pelas muitas florestas de Vrindavan, os Goswamis viviam austeramente, parando a cada noite sob uma árvore diferente. Externamente, Rupa e Sanatana Goswamis estavam constantemente movimentando-se a fim de desvelar os vários bosques, lagos, cavernas, montes, vales, florestas, rios, caminhos, jardins, etc. em que Krishna Se divertia livremente com Seus eternos amigos, família e amantes. Porém mais importante, em suas eternas formas espirituais como Sri Rupa Manjari e Labanga Manjari, eles estavam ativos internamente como as servas íntimas assistindo os sempre-presentes passatempos prazerosos do casal divino, Srimati Radhika e Senhor Shyamasundar. É através desta visão interna que Sri Rupa Goswami e Sanatana Goswami revelaram os locais dos doces divertimentos do Senhor Krishna para o benefício das almas condicionadas. Bhaktivedanta Swami certa vez disse que: “Vrindavan é o presente de Rupa e Sanatana Goswamis. Eles escreveram muitos livros para que as pessoas pobres pudessem aproveitar e se tornar conscientes de Krishna.” Apesar de suas frequentes viagens, os Goswamis permaneciam em locais selecionados das lilas de Krishna, durante pequenos períodos. Sri Rupa Goswami realizou bhajan em Ter Kadamba (próximo a Nandagram), Varsana, Radha Kund e Seva Kunj. Os bhajan kutirs (moradias) dos Goswamis não eram estruturas formais de tijolos ou madeira, mas arranjos temporários como um ôco de árvore, uma clareira sob um arbusto espinhoso, ou uma caverna subterrânea. Narayan Maharaj explica em Sri Vraja Mandala Parikrama que Jiva Goswami passou algum tempo em Nanda Ghat morando numa toca vazia de crocodilo. Neste cenário austero, natural, Rupa Goswami e Jiva Goswami cantavam Hari Nam e escreveram as literaturas mais exaltadas e sublimes sobre os assuntos íntimos espirituais de Radha e Krishna. Segundo Narayan Maharaj, “Sanatana Goswami costumava dormir somente duas a três horas por dia, e a noite ele queimava folhas secas, e com essa luz escrevia seus livros.”

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Chegando em Vrindavan em 1535, Jiva Goswami tomou refúgio em Rupa Goswami, considerado o principal Goswami. Ele foi saudado por Sanatana Goswami, Raghunath das Goswami, Raghunath Bhatta Goswami, Gopala Bhatta Goswami, Krishna das Kaviraj, Prabhodananda Sarasvati, e Kasisvara Pandit. Jiva Goswami tomou iniciação de Sri Rupa Goswami, ao provar sua humildade por prestar os pequenos serviços de mendigar doações, cozinhar, lavar os pés de Rupa, e preparar manuscritos. Nessa época, alguns Vaisnavas estavam escrevendo seus livros em folhas de palmeira, cascas de árvore, ou mesmo velhas roupas da Deidade. Os Goswamis, contudo, usavam papel feito à mão, caridosamente doado pelos reis de Jaipur para escrever tais clássicos como Ujjvala Nilamani, Bhakti Rasamrta Sindhu, e Gopal Champu. Em Jaipur ainda se pode comprar papel feito à mão. Não havia templos, somente densas florestas quando os Goswamis primeiro se fixaram em Vrindavan. Sua Santidade Narayan Maharaj descreve a situação: “Rupa Goswami não tomou nenhum terreno ou qualquer escritura. Ele apenas vivia sob diferentes árvores. Jiva e Rupa costumavam viver juntos no meio de Seva Kunj. É claro, naquela época Seva Kunj era uma área grande. Mas não havia templos, nem prédios, nem construções, nada. O administrador do imperador, que era dono da área, estava pensando: “Sou tão afortunado que Rupa Goswami está vivendo aqui em minha terra.” Muitos Vaisnavas se reuniram em Seva Kunj para ouvir Sri Rupa Goswami explicar a filosofia de consciência de Krishna. Vivendo junto dos Goswamis havia personalidades famosas como Lokanath Goswami, Subuddhi Raya, Raghava Pandit, Uddhava das e Gopal das. Saddhana Dipika menciona que Sri Rupa Goswami tinha excelentes habilidades: conseguia preparar Deidades, desenhar com perícia, era mestre em astrologia e matemática, e fluente em sânscrito, persa, bengali e outros idiomas. Também era um renomado filósofo e erudito Gaudiya Vaisnava, bem conhecido por toda sampradaya. No Kartik (mês de Damodara) de 1542, Sri Rupa Goswami, sabendo do desejo de Jiva Goswami por uma Deidade, pessoalmente esculpiu, instalou e ofereceu uma pequena Deidade de Damodaraji (Krishna) a seu principal discípulo. Com aproximadamente 8 polegadas de altura, o Senhor Damodara provinha de um bloco de mármore negro trazido de Vindhya Parvat (montanha) em Madhya Pradesh, Índia central.

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Antes dos grandes templos serem construídos, os Goswamis adoravam suas Deidades simplesmente, mantendo-As na árvore sob a qual dormiam. Radha-Raman, a Deidade auto-manifestada de Gopal Bhatta Goswami, também surgindo em 1542, foi adorada numa árvore durante 2 séculos. Jagat Guru Swami explica: “Na área do atual templo Radha-Raman, costumava haver um grande lago conectado ao Rio Yamuna. Durante dois séculos adoravam Radha-Raman numa árvore, e de noite O colocavam num barco ancorado no meio do lago. Ficavam de guarda com arcos e flechas. As flechas eram mergulhadas em veneno caseiro, de modo que se apenas te arranhassem, caías; isso se alguém vinha perturbar a Deidade de Radha-Raman. No templo Radha-Raman eles ainda tem os arcos e as flechas.” Com o desaparecimento de Sanatana Goswami em 1558, Jiva Goswami oficialmente comprou terras para preservar Seva Kunj para os Gaudiya Vaisnavas. Seva Kunj era um local sagrado especial por muitos motivos. Aqui Sanatana Goswami adorou sua amada Deidade de Madanmohan e mais tarde ele entrou em samadhi. O Supremo Senhor Damodara apareceu aqui para aceitar serviço de Sri Rupa e Sri Jiva Goswamis. Muitos famosos Vaisnavas viveram aqui fazendo bhajan, e eles compareciam às palestras realizadas de Rupa Goswami sobre prema bhakti. E mais significativamente, dentro de Seva Kunj, Sri Shyamasudnar eternamente desfruta de superexcelentes passatempos com Srimati Radharani e as gopis. Por 30 rúpias Jiva Goswami comprou o trecho de Ali Kant Chaudhari, administrador local do Imperador Akbar. A escritura original guardada no Vrindavan Research Institute, menciona que o trecho incluía Seva Kunj, Dan Gulli, Imli Tala, Sringhar Sthali, e Rasa Sthali. Seus limites eram demarcados por quatro árvores: tamarindo, banyan, pipal e kadamba. Em seus últimos dias, Rupa Goswami deu todos seus manuscritos a Jiva Goswami, solicitando que ele escrevesse os comentários. Em 1564 no Sravan Dvadasi Pavitra, Sri Rupa Goswami entrou em samadhi. Jiva Goswami colocou o corpo transcendental de Rupa Goswami em seu samadhi mandir, onde está agora no templo Radha-Damodara. Naquele dia mais sagrado, os Goswamis, Raghunath Bhatta, Gopal Bhatta, Raghunath das e todos os Vaisnavas que compareceram proclamaram para Jiva Goswami: “A partir deste dia, és nosso mestre, e nosso líder.”

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CAPÍTULO DOIS

Jiva Goswami Pregando no Radha-Damodara

No Sri Chaitanya Charitamrta Adi 10/85, Bhaktivedanta Swami declara: “Após o desaparecimento de Srila Rupa Goswami e Sanatana Goswami em Vrindavan, Srila Jiva Goswami se tornou o acharya de todos os Vaisnavas na Bengala, Orissa, e do resto do mundo, e é ele que costumava guiá-los em seu serviço devocional.” Em breve após o desaparecimento de Rupa, Jiva Goswami estabeleceu um “Visva Vaisnava Raja Sabha”, tipo de escola ou assembléia formal para ensinar sânscrito, baseada em seu próprio Hari Namamrta Vyakarana e nos bhakti granthas (escritos devocionais) dos Goswamis, como Bhakti Rasamrta Sindhu, Brhad Bhagavatamrta, e Ujjvala Nilamani. Os primeiros estudantes de Jiva foram Narottama das Thakur, Srinivas Acharya, e Shyamananda Prabhu, que viviam com Jiva Goswami e ouviam continuamente. Jiva Goswami se tornou o mais sistemático pregador, e logo foi aclamado como maior filósofo de toda Índia. Muitos Vaisnavas da Bengala e Orissa viajavam para Vrindavan para receber shiksa dele. Devotos leais partidários como Krishna das Kaviraj, Hari das Goswami, Vijaya das, Madhupandit Goswami, e Kumudananda Chakravarti prezavam grandemente a associação de Jiva Goswami. Sri Govinda, um discípulo de Srinivas Acharya, era um grande cantor e um siddhanta paramatha (mestre em kirtana), que ocasionalmente tocava diante das classes de Jiva Goswami. Satisfeito com a proficiência poética de Sri Govinda, Jiva Goswami entitulou-o de kaviraj, rei dos poetas. Em Templos de Vrindavan, R.K. Das descreve a escola de Jiva Goswami: “Jiva Goswami por sua vasta erudição atraía estudiosos de toda Índia a virem estudar com ele. Transformaram as dependências do templo num raro centro de pesquisa, e produziram vasto número de escrituras Vaisnavas e tratados filosóficos.” Jiva Goswami consolidou as obras de seus tios Rupa e Sanatana Goswamis, e ele compilou muitos volumes baseados nas escrituras védicas, provando conclusivamente que os ensinamentos de Sri Chaitanya eram a essência da sabedoria védica. Compilando 25 livros de mais de 400.000 versos, e empoderando seus representantes para ensinar o

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bhakti siddhanta pela Índia afora, Jiva Goswami definitivamente estabeleceu Vrindavan como sede central dos seguidores do Gaudiya Vaisnavismo. Bhaktivedanta Swami glorifica Jiva Goswami no Ensinamentos do Senhor Chaitanya: “Para compreender o Senhor Chaitanya, se deve seguir os descendentes diretos do Senhor Chaitanya – os seis Goswamis – e especialmente a senda traçada por Srila Jiva Goswami. Srila Jiva Goswami é o mais autorizado acharya na Gaudiya Sampradaya.” Sendo o mais jovem, Sri Jiva Goswami herdou muitos dos escritos originais dos Goswamis mais velhos, Deidades, propriedades, e templos. Ele administrava pessoalmente os templos de Madanmohan, Govindaji, Gopinatha, e Damodaraji. Um velho documento menciona que sem obter permissão de Jiva Goswami, os sevaitas (sacerdotes) do templo não podiam começar seu puja. A pedido de Raghunatha das Goswami, Jiva Goswami auxiliou na escavação do Radha Kund e mais tarde foi nomeado proprietário e supervisor do projeto no testamento de Raghunatha das Goswami. Embora Jiva Goswami fosse o líder da Gaudiya Vaisnava Sampradaya, sempre se comportava como um humilde servo de todas jivas (entidades vivas). No Chaitanya Charitamrta Adi 10/85, Bhaktivedanta Swami comenta: “Jiva Goswami era muito caridoso para com os Gaudiya Vaisnavas, os Vaisnavas da Bengala. Para quem quer que fosse a Vrindavan, ele providenciava uma residência e prasad.” Em 1570, o Imperador moghul Akbar veio para Vrindavan encontrar com os largamente aclamados Goswamis. Após receber darshan de Nidhuvan e Jiva Goswami, o Imperador ficou profundamente impressionado e reciprocou erigindo uma biblioteca no Radha-Damodara a fim de guardar como relíquias as literaturas Vaisnavas. O Imperador Akbar, um ardoroso adepto da religião e filosofia, certa vez convidou Jiva Goswami a seu palácio real para debater sobre as posições ontológicas dos rios, Ganga e Yamuna. Jiva Goswami declinou o convite devido a seu voto de nunca deixar Vrindavan. Entretanto, ele aquiesceu depois que o Imperador despachou sua carruagem imperial puxada por oito saudáveis cavalos, e com a promessa de retornar até a noite. Vinte anos depois, Jiva Goswami louvou o Imperador Akbar em seu Govinda Mandir Astakam, oito orações sânscritas de glorificação entalhadas nas paredes de pedra de arenito vermelho do templo Radha-Govindaji. A inscrição diz:

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“O Imperador Akbar é uma pessoa de muito bom coração e um Vaisnava. Dou minhas bençãos ao Imperador Akbar. Em seu reino todos os Vaisnavas estão vivendo muito pacificamente.” Era costume de Jiva Goswami, mesmo como acharya e líder de todos Gaudiya Vaisnavas, de primeiro consultar devotos seniores antes de tomar decisões maiores. Em 1582, mesmo ano em que Srila Krishna das Kaviraj Goswami deixou este mundo, Jiva Goswami conclamou uma reunião no templo Radha-Damodara. Compareceram Gopala Bhatta Goswami, Raghunatha Bhatta Goswami, Radha-Krishna Goswami e Hari dasji. Para beneficiar a humanidade, eles ordenaram que Narottam das Thakur, Srinivas Acharya e Shyamananda Prabhu, três perfeitos exemplos dos ensinamentos, copiassem os ensinamentos dos Goswamis e divulgassem a mensagem de consciência de Krishna em Bengala e Orissa.

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CAPÍTULO TRÊS

O Templo Radha-Damodara Jiva Goswami orientou Mansingh Raja de Ajmer, Rajasthan, na construção do templo Radha-Damodara. A data de abertura permanece desconhecida já que só dois dos templos dos Goswamis tem datas de inscrição que denotam o ano de consecução: 1580-Radha-Madanmohan, e 1590-Radha-Govindaji. Para continuar suas extensas atividades de escrever e viajar, os Goswamis chamaram brahmanas bengalis para manter suas Deidades. Sri Chaitanya Mahaprabhu enviou Kasisvara Pandit, um renunciante, para assumir o puja de Govindaji a fim de liberar Rupa Goswami para seu compromisso literário. Embora o templo Radha-Damodara não seja grande e muito ornamentado, já foi famoso por sua vasta biblioteca, onde Jiva Goswami guardava bem arrumados todos manuscritos originais dos Goswamis. Infelizmente, o fator tempo e a negligência combinaram-se para demolir a maioria das preciosas obras. O Vrindavan Research Institute, contudo, tem salvado e conscienciosamente preservado um pequeno acervo restante da biblioteca original, inclusive manuscritos autografados de Sanatana e Rupa Goswamis. Antes do desaparecimento de Jiva Goswami em 1608, ele fez um testamento, deixando todas as Deidades, templos, propriedades e bibliotecas que havia herdado de Sanatana, Rupa e Raghunatha das Goswamis, para Sri Vilas das, que era o sucessor de Jiva como principal sacerdote do templo Radha-Damodara. Sri Krishna das sucedeu a Sri Vilas das como o administrador seguinte. A custódia do templo Radha-Damodara permaneceu em mãos dos descendentes de Sri Krishna das por aproximadamente um século. Por Sri Krishna das não ter filhos, dois sobrinhos vieram de Bengala para realizar a adoração de Damodaraji. O atual sevaita (proprietário do templo) provém diretamente dos descendentes de um destes sobrinhos. Em 1670, o maligno e demoníaco Imperador mogul Aurangzeb atacou brutalmente Vrindavan e execrou os templos dos Goswamis, especialmente Radha-Madanmohan e Govindaji. Sendo alertados de antemão, todas as Deidades inclusive Radha-Damodara foram rapidamente transferidas a Jaipur, que era protegida pelos invencíveis reis Rajput. Os atacantes de Aurangzeb, confundindo-o com uma residência particular, não poluiram o templo Radha-Damodara projetado com tanta simplicidade. Os sacerdotes do templo portanto, imploraram ao rei de Jaipur para devolver Radha-Damodara.

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Após um passeio de sessenta e nove anos em Jaipur, Radha-Damodara voltaram para casa em Vrindavan. O Senhor não ficou por muito tempo, entretanto, porque um Maharaja determinado, Jai Singh, prevalesceu sobre o sacerdote de Damodara para que permitisse que a Deidade voltasse para Jaipur, onde permanece até hoje. Atualmente uma Deidade de Damodara de mármore negro com um metro e meio de altura, de expansivos olhos-de-pétala-de-lótus que dançam sobre um rosto semelhante à lua, e poderosos braços, pernas e peito que destroem o medo, reside no templo de Jiva Goswami em Seva Kunj. Esta Deidade é chamada de prati-bhu-murti, e não é diferente da Deidade original de Damodara, que agora existe simultaneamente em dois locais, Vrindavan e Jaipur. Sri Sri Radha-Damodara compartilham Seu altar com três outros conjuntos de Deidades Radha-Krishna: Radha-Vrindavanchandra; Radha-Madhava e Radha-Chalchikan. Em 1967, quando Acyutananda estava em Vrindavan, Bhaktivedanta Swami explicou porque este templo tem quatro conjuntos de murtis Radha-Krishna: “Há diversos anos atrás cada uma das quatro Deidades agora no altar do templo Radha-Damodara tinha Seu próprio templo, terras, renda e sacerdotes. Mas para efeito de economia os goswamis (chefes-de-família proprietários) venderam a propriedade, reduziram a opulência da adoração e amalgamaram as Deidades.” Outra característica atrativa do templo Radha-Damodara é uma grande Govardhan Shila que tem gravada a impressão do pé direito do Senhor Krishna, uma pegada de casco de bezerro, e marcas da flauta e vara de Krishna. Quando Sanatana Goswami ficou velho demais para realizar seu parikrama diário de 14 milhas diárias ao redor da Colina de Govardhana, o Senhor Krishna lhe deu esta shila, e assegurou-lhe que apenas quatro vezes em torno dela seriam iguais a uma circumambulação completa da Colina de Govardhana. Gopal Ghosh conta a história: “Embora velho e fraco, Sanatana Goswami lutava para manter seu voto de circumambular diariamente a Colina de Govardhana. Sentindo compaixão por Seu devoto, o Senhor Madanmohan apareceu diante de Sanatana em seu bhajan kutir de Manasa Ganga. Krishna ofereceu a Sanatana trazer uma grande pedra da Colina de Govardhana. O Senhor Krishna então ficou de pé naquela pedra e tocou uma encantadora melodia de flauta, que atraiu um pequeno bezerro a vir dançar jubilosamente. Ouvindo a flauta transcendental de Krishna, a Govardhana shila derreteu de êxtase e capturou a impressão dos pés de lótus de Krishna.”

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Porque a Govardhana shila de Sanatana Goswami é mantida no templo de Radha-Damodara? Jiva herdou-a de Rupa Goswami, que adorava esta Govardhan shila depois do desaparecimento de Sanatana Goswami. Detrás de uma cortina dilacerada o principal sacerdote chama alto: “Giriraj Maharaj Ki Jai”. Um segundo depois a cortina é puxada de lado e vinte peregrinos de pés doídos porém sorridentes, ecoam o sacerdote com um “Giriraj Maharaj Ki Jai”, enquanto vislumbram cheios de gratidão a pegada transcendental de Krishna. Esta cena se repete dúzias de vezes durante cada dia, conforme milhares de devotos de Manipur, Bengala, Orissa, Nepal, Rajasthan, Uttar Pradesh e outros lugares fielmente acorrem ao templo Radha-Damodara para receber “Giriraj Charan Darshan” e rapidamente circumambular a expansão da Colina de Govardhana. Movimentando-nos em direção horária pelo templo, entramos no pátio de cem samadhis. Do lado direito sob uma arcada estão os samadhis do fundador do templo, Sri Jiva Goswami, e seu discípulo, Krishna das brahmachari. Bhaktivedanta Swami oferece comentários apropriados em seu significado ao Chaitanya Charitamrta, Adi 12/85: “Krishna das Brahmachari antigamente fazia parte do grupo de sakhis conhecido como asta sakhis (oito principais gopis associadas de Srimati Radhika). Seu nome era Indulekha. Krishna das Brahmachari vivia em Vrindavan. Existe uma tumba de Krishna das Brahmachari e Krishna das Kaviraj Goswami. Em ambos casos nós oferecemos nossos respeitos, porque ambos eram peritos em distribuir amor por Deus para as almas caídas desta era.” O samadhi um tanto ou quanto alto no canto externo da segunda fileira é o puspa samadhi de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakur. Após andar pela parte detrás do templo, se entra na área delimitada do norte, que abriga o bhajan kutir de Rupa Goswami e seu samadhi diretamente em frente. Porque o samadhi de Rupa Goswami é ali em vez de no templo Govindaji? Durante a presença de Rupa Goswami, Raghunatha Bhatta Goswami ordenou que seu discípulo, Maharaj Man Singh, construísse um pequeno templo para adorar as Deidades de Yogamaya e Govindaji. O Maharaj prometeu construir um grande templo semelhante a um forte, ao retornar de uma campanha política na Bengala. Trinta anos antes do magnífico Govindaji mandir abrir, o amado servo da Deidade e fundador Sri Rupa Goswami, entrou em samadhi no Radha-Damodara, porque a estrutura massiva do templo Govindaji usurpou todo espaço disponível.

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No canto mais ao norte do pátio fica o pequeno samadhi quadrado de Bhugarbha Goswami. Antes da chegada de Rupa e Sanatana Goswamis, Lokanatha e Bhugarbha Goswamis excursionaram por Vrindavan. Enquanto ainda na Bengala, tiveram o mesmo sonho do Senhor Chaitanya lhes avisando para viajarem para Vraja Dham e procurar pelos locais dos passatempos de Sri Krishna. Perambulando por Vrindavan, Lokanatha e Bhugarbha cantavam os nomes das florestas cheias de folguedos de Krishna: Talavan, Mahavan, Kamvan. Pela misericórdia de Vrinda devi, eles receberam realizações das localizações exatas dos principais kunjas (bosques) dos passatempos amorosos de Radha e Krishna. O Chaitanya Charitamrta Adi 12/82 declara: “O décimo primeiro ramo de Gadadhara Goswami era Bhugarbha Goswami, que foi para Vrindavan e ali residiu a vida toda.” O significado de Prabhupada explica ainda: “Bhugarbha Goswami, antes conhecido como Prema Manjari (Krishna lila) era um amigo de Lokanatha Goswami, que construíu o templo de Gokulananda, um dos sete mais importantes templos de Vrindavan.” Sakhi Charan Raya Bhakta Vijaya, um discípulo de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati, está sepultado no samadhi de arenito vermelho ao lado de Bhugarbha Goswami. Ele era um rico proprietário de terras da Bengala que contribuiu grandemente para reformar tanto o templo de Radha-Damodara e o de Imli Tala. O templo de Radha-Damodara de hoje em dia foi construído há aproximadamente duzentos e cinquenta anos atrás.

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CAPÍTULO QUATRO

Lembrando de Vrindavan Começando desde sua infância em Calcutá, Bhaktivedanta Swami frequentemente pensava em viajar a Vrindavan enquanto estudava as tabelas de horários dos trens e indagava sobre o valor das passagens. Em 1925, enquanto fazia uma viagem de negócios para manter sua família, Bhaktivedanta Swami fez sua primeira visita à sagrada Vrindavan, realizando sua aspiração de infância. Após uma rápida visita aos principais templos dos Goswamis, ele não retornou antes de 1932, quando viajou para Kosi a fim de ouvir uma palestra de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati, seu futuro mestre espiritual. Três anos mais tarde, durante Kartik no Radha Kund, Bhaktivedanta Swami novamente se associou com Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati, que lhe disse: “Se algum dia conseguir dinheiro, imprima livros.” Em setembro de 1956, dois anos após retirar-se da vida familiar, Bhaktivedanta Swami tomou refúgio no templo Vamsi Gopal de Vrindavan. Ao mudar-se para Vrindavan, Prabhupada estava seguindo seus mestres espirituais predecessores. Praticamente todos acharyas Gaudiya Vaisnavas tinham vivido em Vrindavan ou em Navadvipa, perto do local de nascimento de Sri Chaitanya Mahaprabhu. Jagannatha das Babaji ficou cinquenta anos em Vrindavan num kunj perto de Vamsivata. Gaurakishor das Babaji fez bhajan por alguns meses no Karoli Kunj de Vrindavan atrás do templo Radha-Madanmohan. Sobre o breve período de Gaurakishor das Babaji em Vrindavan, Gopal Ghosh escreve: “Siddha Gaurakishor das Babaji não viveu muito tempo em Vrindavan porque estava nistha (fixo) em Gaur Mandala, Navadvipa Dhama. Viveu mais ali, cantando “Gaura, Gaura, Gaura, Gaura, Gaura!” Srila Bhaktivinoda Thakur veio para Vrindavan somente com propósito de peregrinação e permanecia em seu bhajan kutir no Radha Kund. Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati conduzia Vraja Mandala parikramas durante Kartik, e fazia palestras que duravam um mês sobre bhakti, enquanto vivia na casa de seu pai em Radha Kund. Vivendo sozinho, Bhaktivedanta Swami escrevia, visitava templos, e orava pela misericórdia dos acharyas anteriores, especialmente Srila Rupa Goswami e Srila Jiva Goswami. Ele regularmente cantava as orações aos seis Goswamis.

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“Eu trabalhava na revista Back to Godhead dia e noite. No início, quando eu era chefe-de-família, não me importava se alguém pagava ou não. Costumava distribuir liberalmente. Mas quando deixei a vida doméstica e fui viver sozinho, às vezes em Vrindavan e às vezes em Delhi, ou às vezes viajando para empurrar Back to Godhead – foram dias muito difíceis.” (Bhaktivedanta Swami, SPL I). Quatro anos após tomar vanaprastha, Bhaktivedanta Swami escreveu um poema bengali: “Vrindavan-bhajan”. (1958) Este trecho revela o total desapego de Prabhupada da vida material: “Estou sentado sozinho em Vrindavan-dham. Neste humor estou recebendo muitas realizações. Tenho minha esposa, filhos, filhas, netos, tudo, Mas não tenho dinheiro, portanto eles são uma glória infrutífera. Krishna me mostrou a forma nua da natureza material, Através da força Dele tudo se tornou sem gosto para mim hoje em dia.” Embora Bhaktivedanta Swami estivesse absorto na santidade espiritual de Sri Vrindavan Dham, ele estava sempre se preparando para deixar a sagrada morada de Krishna a fim de pregar suas glórias para as pessoas do ocidente, tão longe no seu esquecimento. Bhaktivedanta Swami aceitou sannyasa em 17 de setembro de 1959, mudou para um aposento no andar superior do templo Radha-Damodara, e concentrou sua energia em traduzir para o inglês o Srimad Bhagavatam. Após passar nove anos, mais de 10% de sua vida, em Vrindavan, Bhaktivedanta Swami, empoderado por Sri Chaitanya Mahaprabhu e seu guru maharaja, Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati, e encorajado por sua recente publicação do Srimad Bhagavatam, marchou para fora de Vrindavan como um corajoso Vaisnava transmitindo a vontade do Senhor Supremo. “Deixei a vida tranquila de Vrindavan para assumir tanta carga e ansiedade por Krishna.” (Bhaktivedanta Swami, 1974). Em 1965, Bhaktivedanta Swami deixou Vrindavan para distribuir consciência de Krishna na América e pelo mundo afora. Apesar da separação física de Vrindavan, Bhaktivedanta Swami estava sempre lembrando de Vrindavan e internamente servindo os pés de lótus de Sri Sri Radha-Damodara. A bordo do navio Jaladutta, Prabhupada fez esta anotação em seu diário para 10 de setembro, 1965:

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“Hoje o navio está navegando suavemente. Sinto-me melhor. Mas estou sentindo separação de Sri Vrindavan e meus Senhor Sri Govinda, Gopinatha, Radha-Damodara.” Quando Bhaktivedanta Swami começou a pregar em Nova Iorque em 1966, frequentemente se apresentava como “vindo de Vrindavan.” “Aqui estou, sentado em Nova Iorque, a maior cidade do mundo, uma cidade tão magnífica, mas meu coração está sempre ansiando por Vrindavan... Ficaria muito feliz em retornar para minha Vrindavan, aquele local sagrado... Se eu for e me sentar em Vrindavan, isso será muito bom para minha consciência pessoal. Ficarei muito confortável ali, e não terei nenhuma ansiedade, nada desse tipo.” (Palestra SP 1966) Em Caminho da Perfeição, Prabhupada fala sobre Vrindavan: “Quando Krishna desceu à terra, Ele apareceu em Vrindavan. Embora eu esteja atualmente vivendo na América, minha residência é em Vrindavan, porque estou sempre pensando em Krishna. Embora eu possa estar num apartamento de Nova Iorque, minha consciência está lá, e isso equivale a viver lá.” (POP p.128) Um dia em maio de 1970, antes de uma classe de Srimad Bhagavatam em Los Angeles, Prabhupada ouviu um disco novo de seu discípulo cantando versos do Sri Brahma Samhita, glorificando o Senhor Krishna em Vrindavan. “De repente, Prabhupada ficou estarrecido de êxtase. Seu corpo tremia, e lágrimas jorravam de seus olhos. Os devotos presentindo um vislumbre das emoções de seu mestre espiritual, começaram a cantar Hare Krishna como se cantassem japa. Prabhupada falou: “Govindam adi purusham tam aham bhajami.” E ficou novamente silencioso. Então ele perguntou: “Está tudo bem?” A resposta foi um grande brado: “Jaya Prabhupada!” (SPL IV p. 92) Bhaktivedanta Swami estava satisfeito em lembrar de Vrindavan enquanto pregava entre os americanos, mas a Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Krishna desejava seu retorno a Vraja Dham. No Bhaktivedanta Swami Lilamrta, Prabhupada descreve sua conversa com Krishna em Los Angeles no ano de 1970: “Meu plano era assim, ficar na América. Mas o plano de Krishna era diferente. Quando eu estava retornando, estava falando para Dvarakadish (a Deidade em Los Angeles): ‘Vim aqui para pregar. Não sei porque estás me arrastando de volta.’

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Isso foi quando eu estava deixando Los Angeles. Eu não estava feliz. Mas Ele tinha Seu plano. Krishna disse: ‘Vem, te darei um lugar melhor em Vrindavan. Te retiraste para Vrindavan, e pedi que a deixasses. Agora tens que voltar. Mas vou te dar um lugar melhor.’ Assim, Ele me deu um templo cem vezes melhor que qualquer outro lugar. Não é assim?” (SPL VI p.331) Em fevereiro de 1971, enquanto viajava por Gorakpur, Índia, com uma banda de discípulos, Bhaktivedanta Swami introduziu um bhajan entitulado “Jaya Radha Madhava” que descreve muitos aspectos da transcendental Vrindavan. “A lila de Vrindavan é a perfeita apresentação da Suprema Personalidade de Deus – Ele está simplesmente desfrutando. Todos os habitantes de Vrindavan, as gopis, os vaqueirinhos, Maharaj Nanda, Yasoda – todos estão simplesmente ansiando por como fazer Krishna feliz. Eles não tem nenhum outro interesse. Assim também, Krishna está brincando bem como um vaqueirinho. Sua misericórdia suprema como a Suprema Personalidade de Deus nunca está ausente ali.” Após cantar “Jaya Radha Madhava” pela terceiro dia consecutivo, Prabhupada disse que Radha Madhava tem Seus eternos passatempos amorosos nos bosques de Vrindavan. Depois, “Prabhupada parou de falar. Seus olhos se fecharam marejados de lágrimas, e ele começou a balançar suavemente sua cabeça. Seu corpo tremia. Diversos minutos se passaram, e todo mundo na sala permaneceu completamente em silêncio. Finalmente, ele retornou à consciência externa e disse: “Agora apenas cantem Hare Krishna.” (SPL IV p.180) Para divulgar as glórias de Vrindavan, Bhaktivedanta Swami deixara Vrindavan, porém vemos que ele era intensamente apegado à morada transcendental de Krishna. Gour Krishna Goswami lembra do amor de Prabhupada por Vrindavan: “Prabhupada tinha muita atração pelo Radha Kund e a Colina de Govardhana. Ele não tinha tanta inclinação pelo Douji, Gokula e outros lugares. Costumava dizer que Radha Kund é de fato o local para os Vaisnavas.” Bhaktivedanta Swami frequentemente instruía seus discípulos para não o hospitalizarem se ficasse doente, mas para trazê-lo de volta para o lar em Vrindavan a fim de passar seus últimos dias. Prabhupada uma vez comentou: “Vrindavan é minha residência, Bombay meu escritório, e Mayapur é onde adoro a Suprema Personalidade de Deus.” Durante sua vida, Bhaktivedanta Swami estava sempre pensando em Vrindavan. Por compaixão pelas pessoas sofredoras da Kali-yuga, ele escrevia incansavelmente livros sobre os relacionamentos eternamente jubilosos, espirituais experimentados pelas almas

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liberadas residentes em Vrindavan. Ele estabeleceu um ashram, gurukul, restaurante e pousada em Vrindavan para proporcionar facilidades modernas, limpas e confortáveis para o povo ocidental provar da paz e prazer da vida devocional. Bhaktivedanta Swami deixou Vrindavan para repartir seu raro tesouro com o mundo. Com Prabhupada, Vrindavan era uma realidade sempre presente na qual ele atuava como o servo amoroso de Krishna. Para salvar as almas caídas, Bhaktivedanta Swami sacrificou tudo – inclusive o benefício de residir em Vrindavan. Mas após uma vida de serviço devocional puro, o Senhor Sri Krishna trouxe Prabhupada de volta pessoalmente para Vrindavan, para partir desse mundo e entrar na doce terra amorosa de Sri Goloka Vrindavan. Nos capítulos seguintes iremos retornar a Vrindavan, e nos associar com Bhaktivedanta Swami ouvindo sobre os muitos passatempos transcendentais que ele encenou enquanto residia no templo de Radha-Damodara. É simultaneamente agradável e benéfico ouvir sobre e apreciar as atividades de um devoto puro de Sri Krishnachandra. A perfeição da vida é sempre lembrar do Senhor Krishna em Vrindavan junto com Seus devotos associados puros.

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CAPÍTULO CINCO

Passatempos de Vanaprastha em Vrindavan

Sri Chaitanya Mahaprabhu perguntou a Ramananda Raya: “Onde uma pessoa deve viver, abandonando todos outros prazeres?” Ramananda Raya respondeu: “Deve-se viver em Vrindavan onde o Senhor Krishna teve tantos passatempos” Aos cinquenta e oito anos, Bhaktivedanta Swami assumiu o Vanaprastha ashram e mudou-se para Vrindavan, a principal floresta, para retirar-se da vida familiar. No Srimad Bhagavatam Prabhupada exalta a posição suprema de Vrindavan em seu significado do verso 9.19.19: “Se tivermos de fato algum interesse em sermos liberados da prisão dos repetidos nascimentos, morte, velhice e doença, após certa idade devemos ir para a floresta. Pancasordhvam vanam vrajet.” Após cinquenta anos de idade, se deve abandonar voluntariamente a vida familiar e ir para a floresta. A melhor floresta é Vrindavan, onde não é preciso viver com os animais, mas podemos nos associar com a Suprema Personalidade de Deus, que nunca deixa Vrindavan. Cultivar consciência de Krishna em Vrindavan é o melhor meio para ser liberado do enredamento material, pois em Vrindavan se pode automaticamente meditar em Krishna. Vrindavan tem muitos templos, e em um ou mais desses templos se pode ver a forma do Senhor Supremo como Radha-Krishna ou Krishna-Balaram e meditar na sua forma.” Nunca houve um acharya na nossa linha que não vivesse em Navadvipa, Jagannatha Puri ou Vrindavan, e muitos realizaram serviço devocional em todas três. Começando por Sri Chaitanya Mahaprabhu, todos acharyas Gaudiya Vaisnavas passaram tempo em Vrindavan. No sagrado dham eles circumambulavam conforme o Senhor Chaitanya fazia, e faziam bhajan solitário, madhukari, escreviam, adoravam a Deidade e executavam austeridades. Como um humilde devoto da sucessão discipular, Bhaktivedanta Swami se estabeleceu em Vrindavan para a vida de simplicidade e rendição de mendicante.

MADHUKARI Madhukari é uma prática espiritual para desenvolver humildade, na qual a pessoa aborda muitos lares para receber uma doação de prasadam. Como vanaprastha vestido de branco, Bhaktivedanta Swami sempre carregava um guarda-chuva e uma pequena tigela para mendigar.

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Gopal Ghosh: “Algumas vezes Prabhupada pegava uma pequena porção de prasadam em nossa casa. Quando ele vinha à porta fazendo madhukari, lembro dele dizendo: ‘Radhe Shyam, Sri Gaura Hari.’ Sempre que eu comparecia a grandes festivais de prasadam nos templos como Radha-Damodara e outros, nunca via Prabhupada. Por exemplo durante as celebrações de desaparecimento de Sri Jiva ou Rupa Goswamis no templo Radha-Damodara, eu não vi Prabhupada sair e confraternizar. Ele apenas saíu, pegou pequena quantidade de prasadam, e voltou para dentro de seu kutir.”

SADHU SANGHA Gour Krishna Goswami: “A rotina diária de Bhaktivedanta Swami era tomar darshan de Radha-Damodara e Radha-Raman, e depois sentar em frente ao samadhi de Gopal Bhatta. Com o que recebesse em seu madhukari, ele ficava satisfeito. Ele tinha uma amizade estreita com os Radha-Raman goswamis. Às vezes me perguntava o significado dos slokas sânscritos, e revelava sua mente. Tinhamos uma amizade muito próxima. Lembro que Prabhupada costumava escrever a revista Back to Godhead ele mesmo, provindenciar a impressão e distribuir para os grandes, grandes goswamis em Vrindavan. Ele nunca desperdiçava um momento, e sempre se ocupava em fazer o serviço do Senhor. Bem mais tarde em 1971 ou por aí, lembro que discutimos como ele aceitou e realizou a ordem de Sri Chaitanya Mahaprabhu de pregar em cada cidade e vilarejo.” Bhaktivedanta Swami junto com seu querido amigo Nrsingha Vallabha Goswami (grande estudioso Vaisnava anterior), certa vez tomou prasadam na casa de Gopal Ghosh: Gopal Ghosh: “Nossas Deidades da família desde há duzentos anos se chamam Sri Radha-Madhava, e quando Prabhupada veio para nossa casa para prasadam, ele cantou muito bem um bhajan “Jaya Radha Madhava”. Na verdade ele veio várias vezes porque estava morando perto. Uma noite ele cantou muito bem o Gopi Gita (SB 10:31) para o prazer de nossas Deidades Radha-Madhava.”

VAISNAVA SEVA Bhaktivedanta Swami servia entusiasticamente os devotos durante o mês inteiro de Kartik (outubro) no templo Radha-Damodara.

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Gopal Ghosh: “Era mês de Kartik e Nrsingha Vallabha Goswami estava cantando Bhagavat todo dia no templo Radha-Damodara. Prabhupadaji estava de roupa branca na época. Ficava sentado no pátio de Radha-Damodaraji e ouvia as palestras de Bhagavat dadas por Nrsingha Vallabha Goswami. Também, Prabhupadaji trazia diariamente uma guirlanda nova de flores e oferecia para Vrindaji, depois ao Srimad Bhagavatam, depois ao orador Nrsingha Vallabha Goswami. Prabhupada também preparava uma pequena tigela de pasta de sândalo, e pessoalmente ele a oferecia a todos Vaisnavas reunidos.”

PREGAÇÃO Uma vez Rupa Goswami expulsou Jiva Goswami de Vrindavan, porque Jiva Goswami tinha derrotado insolentemente um dig vijaya pandit. Enquanto Gopal Ghosh estava visitando-o no templo Vamsi Gopal, Prabhupada explicou essa história. Gopal Ghosh: “Prabhupada disse: ‘Sabe porque Rupa Goswami expulsou Jiva Goswami?’ Isso foi feito para ensinar uma lição a nós, os devotos de hoje em dia. Não foi feito para ensinar Jiva Goswami. Foi feito para ensinar uma lição não a Jiva Goswami, mas para todas jivas, entidades vivas. Rupa estava ensinando e ele escreveu no Néctar da Instrução: vaco vegam, deve-se controlar a língua. Além disso um devoto deve sempre permanecer humilde, trnad api sunicena.”

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CAPÍTULO SEIS

Anos de Sannyasa no Radha-Damodara 1959 foi um ano muito importante para Bhaktivedanta Swami. Ele se mudou para a associação eterna de Sri Rupa Goswami (Sri Rupa Manjari) e Sri Jiva Goswami (Vilas Manjari) aos pés de lótus de Sri Sri Radha-Damodara. Ele renunciou formalmente à vida material aceitando sannyasa. E em Delhi, começou o principal trabalho de sua vida e obra-prima, traduzindo e comentando o Srimad Bhagavatam. Bhaktivedanta Swami relata os eventos que levaram-no a entrar na ordem renunciada de vida. Bhaktivedanta Swami: “Eu estava sentado sozinho em Vrindavan, escrevendo. Meu irmão espiritual insistiu comigo: ‘Bhaktivedanta Prabhu, você tem que fazê-lo. Sem aceitar a ordem renunciada de vida, ninguém pode se tornar um pregador.’ Ele insistiu assim. Ele queria que me tornasse um pregador, assim forçou-me através desse irmão espiritual: ‘Aceite.’ Assim, sem querer, eu aceitei.” No Bhaktivedanta Swami Lilamrta, Satsvarupa das Goswami descreve a mudança de Prabhupada do templo Vamsi Gopal para Radha-Damodara. Satsvarupa das Goswami: “Um dia Gourachand Goswami, proprietário do templo Radha-Damodara, abordou Bhaktivedanta Swami convidando-o a vir morar no templo Radha-Damodara; sendo o lar eterno de Jiva Goswami e Rupa Goswami, seria mais adequado para ele escrever e traduzir. Bhaktivedanta Swami estava interessado. Ele nunca parou suas visitas regulares até lá, e sempre se sentia inspirado na presença dos mausoléus samadhi dos grandes líderes do movimento do Senhor Chaitanya, Jiva Goswami e Rupa Goswami” (SPL I p.234) Embora seus aposentos no Radha-Damodara fossem austeros e pobremente equipados, proporcionavam acesso direto a Prabhupada para a opulência espiritual da associação íntima com os grandes Goswamis, Sri Rupa e Sri Jiva. Era um dos templos mais importantes de Vrindavan, anterioremente a sede dos Goswamis onde eles se reuniam para tomar prasadam e falar sobre Krishna. Prabhupada primeiro ficou em dois quartos no andar de cima, enquanto viajava entre Vrindavan e Delhi. Estava escrevendo ativamente artigos para dois tablóides transcendentais em hindi e inglês, o Bhagavat Darshan e o Back to Godhead, os quais também distribuía.

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Bhaktivedanta Swami: “Com relação ao templo Radha-Damodara, porque é um dos mais importantes templos em Vrindavan, tomei refúgio nesse templo, apenas para melhorar a condição dilapidada.” (cartas de SP 14/11/68) Outra razão para a mudança de Prabhupada para o templo Radha-Damodara é contada abaixo. Gopal Ghosh: “Prabhupada me contou um sonho que teve certa vez. Prabhupada disse que sonhou que via muitos Vaisnavas cantando Hari Nam Sankirtan e dançando enquanto circumambulavam o samadhi de Rupa Gowami. Ao mesmo tempo, Rupa Goswami estava sentado sob uma árvore de tamarindo. Um grande vaso de barro estava ao lado de Rupa Goswami, que estava olhando os devotos cantarem. De repente um brilhante raio de luz emanou de Rupa Goswami e iluminou totalmente Bhaktivedanta Swami. Prabhupada disse que desse dia em diante ele disse a Rupa Gowami: ‘Vou ficar no Radha-Damodara e realizar bhajan.’” Ao passar seus primeiros seis anos de sannyasa no templo Radha-Damodara, Prabhupada absorveu o humor, misericórdia, e missão de Sri Rupa Goswami e Sri Jiva Goswami. Como um rupanuga, seguidor dedicado de Rupa Goswami, Bhaktivedanta Swami encontrou a situação ideal. Os Goswamis proporcionaram a Prabhupada a orientação e inspiração para executar seu serviço externo a seu mestre espiritual, apresentando a consciência de Krishna em inglês. Além disso, o templo Radha-Damodara tinha a maior coleção de escritos originais dos seis Goswamis e seus seguidores – mais de dois mil manuscritos separados, muitos com 300-400 anos de idade. Rupa Goswami e Jiva Gowami, com uma produção literária combinada de mais de meio milhão de versos autorizados sobre a ciência do serviço devocional, eram definitivamente os mais prolíficos escritores entre os Goswamis. Sri Chaitanya Mahaprabhu empoderou diretamente Rupa e Jiva Goswamis para escreverem livros sobre bhakti. E eles, por sua vez, infundiram em Bhaktivedanta Swami a dinâmica energia espiritual para compilar setenta volumes de autênticas escrituras Vaisnavas, totalizando mais de noventa milhões de palavras em louvor à Suprema Personalidade de Deus, Sri Krishna. Residir no templo Radha-Damodara também era conducente ao serviço devocional interno de Prabhupada, como serva pessoal de Sri Rupa Manjari, a forma espiritual de Rupa Goswami em Goloka Vrindavan. Perguntado se Radha-Damodara era o melhor lugar para Prabhupada prestar seu serviço externo de traduzir e pregar e seu serviço interno a Radha-Krishna, Narayan Maharaj replicou:

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“Sim, Rupa Goswami fez a mesma coisa. E sob a orientação de Rupa Goswami, Swami Maharaj (Bhaktivedanta Swami) também fez, tanto externamente como internamente. Internamente, ele estava ocupado no serviço a Srimati Radhika e Krishna ali. Rupa Goswami era uma manjari, portanto ele era manjari. Foi-lhe dado o gopi (sannyasa) mantra.” Em Goloka Vrindavan, Srimati Radharani é servida amorosamente por oito principais gopis entre as quais Lalita sakhi é Sua amiga mais querida. Estas servas íntimas de Srimati Radhika são assistidas por oito principais manjaris, com Sri Rupa Manjari como a líder. Elas agradam o casal divino levando mensagens, preparando bebidas saborosas, fazendo guirlandas fragrantes, oferecendo nozes de betel, decorando os kunjas, abanando, etc.. Em suas formas espirituais puras como servas manjaris, os seis Goswamis mais Lokanatha e Krishna das Kaviraj Goswamis, constituem o círculo interno de manjaris. Desde a época do Senhor Chaitanya, todos os acharyas Gaudiya Vaisnavas em suas formas espirituais de manjaris, servem Lalita, Visakha, e Radha-Shyamasundar sob a direção de Sri Rupa Manjari (Rupa Goswami). As formas espirituais dos eminentes acharyas Gaudiya Vaisnavas são listadas a seguir: 1. Rupa Goswami – Rupa Manjari 2. Jiva Goswami – Vilas Manjari 3. Sanatana Goswami – Labanga Manjari 4. Raghunatha das Goswami – Rati, Rasa Manjari 5. Raghunatha Bhatta Goswami – Raga Manjari 6. Gopala Bhatta Goswami – Guna, Ananga Manjari 7. Krishna das Kaviraj – Kasturi Manjari 8. Lokanath Goswami – Manjulali Manjari 9. Narottama das Thakur – Carnak Manjari 10. Visvanatha Chakravarti Thakur – Vinoda Manjari 11. Jagannath das Babaji – Rasika Manjari 12. Bhaktivinoda Thakur – Kamala Manjari 13. Gaurakishor das Babaji – Guna Manjari 14. Bhaktisiddhanta – Nayana Manjari No Ensinamentos do Senhor Chaitanya, Bhaktivedanta Swami descreve as manjaris: “É muito difícil expressar as relações das manjaris com Krishna porque elas não tem desejo de se misturar com Krishna ou desfrutar Dele pessoalmente. Em vez disso, estão

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sempre prontas a ajudar Radharani a Se associar com Krishna. A afeição delas por Krishna e Radharani é tão pura que elas simplesmente ficam satisfeitas quando Radha e Krishna estão juntos. Na verdade o prazer transcendental delas é ver Radha e Krishna unidos. A forma real de Radharani é bem como uma trepadeira abraçando a árvore de Krishna, e as donzelas de Vraja, as associadas de Radharani, são tal como as folhas e flores dessa trepadeira.” (ESC p.331) No momento atual, a forma espiritual de Bhaktivedanta Swami é desconhecida, mas por sua atividades, escritos, e palestras entendemos que ele é um associado muito querido e confidencial de Sri Rupa Goswami. Um bibliotecário e um oficial do exército indiano aconselharam Prabhupada a escrever livros, uma contribuição permanente, em vez de jornais, que logo eram descartados. Prabhupada escolheu o Srimad Bhagavatam porque é a escritura Vaisnava mais completa e autorizada. Seu mestre espiritual, Bhaktisiddhanta Sarasvati, e outros acharyas ilustres, inclusive Bhaktivinoda Thakur, Jiva Goswami e Visvanath Chakravarti Thakur haviam comentado sobre Srimad Bhagavatam. Sri Chaitanya Mahaprabhu recomenda Srimad Bhagavatam como a literatura védica imaculada. Rupa Goswami menciona no Bhakti Rasamrta Sindhu que ouvir Srimad Bhagavatam é uma das cinco atividades devocionais essenciais. Simultaneamente a morar no Radha-Damodara, Prabhupada estabeleceu um escritório em Delhi no templo Radha-Krishna de Krishna Pandit, onde Prabhupada de fato começou seu magnum opus de traduzir o Srimad Bhagavatam. Krishna Pandit: “Prabhupada costumava traduzir Srimad Bhagavatam antes do alvorecer, mais ou menos às 3 da manhã. No início não havia nem máquina de escrever, mas então ele arranjou uma portátil. Todo dia ele datilografava. E ele próprio estava lendo um pouco do Bhagavatam.” (SPL I p.243) No outono de 1960, após imprimir Fácil Viagem a Outros Planetas, seu primeiro livro de bolso, Prabhupada se convenceu da necessidade de livros. Satsvarupa Goswami: “Para pregar ele teria que ter livros – especialmente se fosse ao ocidente. Com livros ele poderia criar uma revolução espiritual. E se conseguisse publicar mesmo apenas alguns livros, sua pregação seria aumentada, ele poderia ir ao exterior com confiança e não aparecer de mãos vazias.” (SPL I p. 241) Prabhupada preferia viver em Vrindavan para traduzir mas frequentemente ficava detido em Delhi para imprimir e distribuir seus livros. Um dia enquanto passava uns dias no

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andar superior em seus aposentos no Radha-Damodara, ofereceram dois quartos a Prabhupada no térreo. Bhaktivedanta Swami: “Eu ficava em dois aposentos no andar de cima, quando um dos Goswamis me perguntou se eu gostaria de ficar nos dois quartos de baixo onde um Babaji que cuidava das tumbas ficava. Os quartos eram dilapidados, assim ele propôs que eu arrumasse os quartos e o que quer que pagasse de aluguel estaria bem. Investi aproximadamente mil rúpias e pagava cinco rúpias mensalmente.” (Cartas de SP 73-9-4) Levou três anos para Prabhupada juntar (1959-1962) mil rúpias necessárias para reformar os dois quartos do térreo. Qualquer dinheiro que conseguia coletar era imediatamente utilizado para imprimir a mensagem da consciência de Krishna. Ambiente confortável e refeições saborosas não importavam para ele. Prabhupada pensava nos outros, não em si, e através dessa compaixão abnegada angariou a graça dos Goswamis. Os passatempos de Prabhupada no Damodara são completamente compatíveis com a descrição dos seis Goswamis dada no bhajan de Srinivas Acharya, Orações aos Seis Goswamis.

nana shastra vicaranaika nipunau sad dharma samsthapakau lokanam hita karinau tri-bhuvane nanyau saranyakarau radha krishna padaravinda bhajananandena mattalikau

vande rupa sanatana raghu yugau sri jiva gopalakau “Ofereço minhas respeitosas reverências aos seis Goswamis... que são muito peritos em estudar cuidadosamente todas escrituras reveladas com a meta de estabelecer princípios religiosos para o benefício de todos seres humanos. Assim, eles são honrados por todos três mundos, e vale a pena refugiar-se neles porque estão absortos no humor das gopis e estão ocupados no serviço amoroso transcendental de Radha e Krishna.” À uma da manhã, na calada da noite e à luz de lampião de querosene, Bhaktivedanta Swami começava a derramar seus significados Bhaktivedanta do Srimad Bhagavatam. Após trabalhar algumas horas, Prabhupada costumava cantar japa em seu quarto, ou sentado diante do samadhi de Rupa Goswami, ou enquanto caminhava pela varanda de 18 pés de comprimento que ligava sua cozinha e quarto de dormir. De sua escrivaninha ele podia ver o grande rosto de lótus sorridente de Vrindavanchandra, a maior Deidade de Krishna no altar do Damodara. Embora haja mais de cento e oito samadhis no complexo do templo Radha-Damodara, a rotina diária de Bhaktivedanta Swami incluía circumambular o templo e reverências a quatro samadhis: Rupa Goswami, Jiva Goswami, Krishna das Kaviraj, e

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Bhaktisiddhanta Sarasvati. Às 10 da manhã, Bhaktivedanta Swami ia visitar templos vizinhos para o darshan, comprar vegetais e voltar até as 11 para cozinhar. Usando um fogareiro a querosene e uma panela com três andares separados, Prabhupada preparava arroz, dahl, batatas, chapatis e às vezes sabji. Tomava uma vez ao meio-dia e outra à noite, um copo de leite quente. Prabhupada honrava a maha-prasadam do Radha-Damodara sempre que não era possível cozinhar para si mesmo. Diariamente Prabhupada contemplava o samadhi de Rupa Goswami enquanto tomava prasadam em sua cozinha. Muitos anos mais tarde Prabhupada disse que recebia grande inspiração de Rupa Goswami, e que os planos para o movimento para consciência de Krishna foram formulados durante seus anos no Radha-Damodara. Após a prasadam do almoço ele descansava durante quinze minutos, e depois escrevia. Era espantoso que Bhaktivedanta Swami tivesse tanto auto-controle que descansasse apenas quinze minutos, apesar de estar cercado por um meio-ambiente muito duro Era verão na época, e os verões de Vrindavan são tão opressivamente quentes que muitos sadhus expiram na rua. A temperatura frequentemente permanece acima de cento e quinze graus Fahrenheit. Ironicamente, durante a parte mais quente do dia, logo após o almoço, a eletricidade invariavelmente é cortada, tornando um ventilador de teto inútil. Consequentemente, Bhaktivedanta Swami tinha que aguentar grandes austeridades enquanto escrevia em seus aposentos e esperava que o calor do meio-dia abatesse. No acariciante frescor do anoitecer, Bhaktivedanta Swami ocasionalmente conversava com amigos enquanto sentava em sua varanda. Em 1962, Bhaktivedanta Swami passou um verão solitário trabalhando no Srimad Bhagavatam. Começando em setembro de 1962, Prabhupada residiu em Delhi por quatro meses enquanto batalhava vigorosamente para publicar o primeiro volume do Srimad Bhagavatam. Prabhupada pessoalmente pegava papel, revisava manuscritos, providenciava a encadernação, checava as capas, coletava doações para a publicação e supervisionava a impressão e distribuição. Com 1.100 cópias de seu recém–publicado Srimad Bhagavatam em mãos, Bhaktivedanta Swami começou o novo ano vendendo-os, e apresentando Srimad Bhagavatam a personalidades notáveis como Dr. Radha Krishna e Hanuman Prasad Poddar, fundador da Gita Press. Prabhupada também colocou seus volumes do Srimad Bhagavatam nas principais bibliotecas, universidades, escolas e instituições. A embaixada americana pegou 18 cópias para distribuir nos E.U.A.. Críticas literárias favoráveis dos editores, políticos e irmãos espirituais provavam o valor do Srimad Bhagavatam, e o sucesso dos esforços de Bhaktivedanta Swami.

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Prabhupada voltou contente para Vrindavan para terminar o volume dois do Srimad Bhagavatam. Após muitos meses de escrita determinada, Prabhupada retornou a Delhi em fins de 1963, ansioso para conseguir fundos para imprimir o volume dois. Ficou em Delhi para promover seu livro entre tais luminares como o Primeiro Ministro Lal Bahadur Shastri e o Vice Presidente Zakim Hussein. Em junho de 1964, Bhaktivedanta Swami voltou a se estabelecer na vizinhança serena do Radha-Damodara para completar o último volume do Primeiro Canto do Srimad Bhagavatam. Uma ida para ver Sumati Morarji da Scindia Steamship Company, assegurou suficientes fundos para imprimir o Bhagavatam de Prabhupada. A 31 de agosto de 1964, Bhaktivedanta Swami organizou uma bem-sucedida celebração de Janmastami no templo Radha-Damodara a fim de promover o Srimad Bhagavatam e sua pregação mundial antecipada. Para promover o evento ele distribuiu um pequeno livreto, anunciando o Governador de U.P Biswanath Das como convidado especial, e com direito a Gaudiya Kirtans; mencionava as críticas literárias e havia um anúncio com preços e endereço postal para obter o Srimad Bhagavatam. Nesse dia, Bhaktivedanta Swami ocupou com perícia as exuberantes energias de seu jovem amigo, Gopal Ghosh: Gopal Ghosh: “Eu pregava naquele dia com um rickshaw (taxi de triciclo indiano). Prabhupada me deu dinheiro para alugar um rickshaw equipado com um megafone e sistema de som. Durante uma hora andei por Vrindavan, anunciando em hindi e bengali: ‘Haverá uma reunião no templo Radha-Damodara, por favor compareçam.’ Muitos dignitários compareceram, como o Governador de U.P., o Superintendente da Polícia, Magistrado Distrital, e todos outros. Prabhupada distribuiu livremente muitas cópias autografadas de seus livros Srimad Bhagavatam para os líderes de templo como Visvambhar Goswami do templo Radha-Raman. Naquela hora pedi a Prabhupadaji uma cópia do Srimad Bhagavatam e Bhaktivedanta Swami disse: “Oh, isto é inglês muito, muito difícil, vou te dar um em bengali. Após algum tempo vou imprimir em bengali e te darei um.” Em janeiro de 1965, Bhaktivedanta Swami deixou o templo Radha-Damodara, com destino à América, e não retornou por dois anos. Imprimiu o volume três do Srimad Bhagavatam em janeiro, vendeu-os em Bombay em março, e até 10 de junho de 1965, ficou em Delhi conseguindo um passaporte e papéis de patrocínio para poder viajar aos E.U.A.. Prabhupada retornou a Bombay onde obteve passagem grátis até Nova Iorque a bordo do navio “Jaladutta” da Scindia Steamship.

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Bhaktivedanta Swami tinha fé indemovível na ordem de seu guru para pregar nos países de idioma inglês. E tinha absoluta confiança na potência espiritual ilimitada dos santos nomes do Senhor Krishna. Antes de deixar seus aposentos no Radha-Damodara para ir em missão de pregação, Prabhupada teve esta interessante conversa. Narayan Maharaj: “Frequentemente tinhamos kirtan no quarto dele no Radha-Damodara; Prabhupada tocava mrdanga, eu tocava kartals. Ele costumava me contar como estava planejando ir para a América e outros países do ocidente. Disse ele: ‘Quero pregar como Prabhupada (Bhaktisiddhanta Sarasvati) me ordenou, e quero publicar a Back to Godhead em grande escala, e pregar nos países ocidentais. Se houver necessidade, estabelecerei alojamentos para as pessoas interessadas. Se quiserem, também darei carne, e também ovos, e vinho também.’ Acredito que após ouvir Hari Nam Sankirtan e o shiksha (instruções) de Sri Chaitanya Mahaprabhu, então certamente eles irão rejeitar todas essas coisas, e com certeza se tornarão Vaisnavas puros.” Com Rupa Goswami, Jiva Goswami e Radha-Damodara atrás dele, Bhaktivedanta Swami saiu de Calcutá a 13 de agosto, 1965, para levar os ensinamentos dos seis Goswamis e consciência de Krishna pelo mundo todo. Jiva Goswami é o verdadeiro pai da transcendental distribuição de livros, e o templo Radha-Damodara é o local de onde começou, 380 anos antes que Prabhupada viesse para a América com seu baú cheio de Srimad Bhagavatams. Sabendo que a consciência de Krishna erradica todo sofrimento, Sri Jiva Goswami, em 1582 no templo Radha-Damodara, comandou que seus discípulos shiksha, Narottam das Thakur, Srinivas Acharya e Shyamananda Prabhu copiassem todas escrituras dos Goswamis e as dessem ao povo de Bengala e Orissa. Bhaktivedanta Swami absorveu a mesma ordem de Jiva Goswami, e similarmente também levou os ensinamentos dos Goswamis para fora de Vrindavan. No caso de Prabhupada, contudo, Krishna empregou-o como um instrumento para distribuir o bálsamo suavizante da consciência de Krishna para aliviar a humanidade sofredora, não só na Índia, mas em todos lugares. O próprio Bhaktivedanta Swami era uma encarnação das diretrizes devocionais puras do Srimad Bhagavatam. Através do seu contato divino, milhares de almas famintas receberam satisfação emocional e realizações espirituais satisfatórias.

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Bhaktivedanta Swami apresentou puramente por intermédio do Srimad Bhagavatam, o qual fornece orientações espirituais exatas, inspiração transcendental e padrões práticos para organizar uma sociedade centrada em Deus na qual toda entidade viva possa gozar do máximo de felicicade, paz e prosperidade. Por realizar a perfeição dos ensinamentos do Bhagavatam, se obtém a meta máxima de vida – voltar ao lar, de volta para Deus, para uma eternamente doce vida de serviço devocional bem-aventurado a Sri Sri Radhika Krishnachandra. medium Quando um repórter certa vez perguntou a Prabhupada sobre seu sucessor, Bhaktivedanta Swami, soando como a personificação da voz da eternidade, disse em voz retumbante: “Nunca vou morrer, viverei para sempre em meus livros.” Srimad Bhagavatam, O Bhagavad-gita Como Ele É, Néctar da Devoção, Sri Ishopanishad, Néctar da Instrução, Chaitanya Charitamrta, o Krishna Book, primeiramente apareceram nos aposentos de Prabhupada no templo Radha-Damodara.

O SONHO Gopal Ghosh: “Uma vez encontrei-me com Prabhupada e ele estava sentado numa pequena esteira e frequentemente se encostava contra a parede atrás. Disse me: ‘Gopal, ouça-me. À noite muitas vezes sento em frente do samadhi de Rupa e canto Hari Nam Sankirtan e queimo uma vareta de incenso. Oro a Rupa Goswami todo dia dizendo: ‘Se és a verdade, e esse lugar é a verdade, então por favor me mostre tua face e tua graça, para que eu possa sentir tua graça.’ Sinto que a graça imortal de Rupa Goswami está fluindo. Mas a massa do povo em geral não consegue recebê-la. Eles simplesmente curvam suas cabeças ali todo dia. Mas eu estou sentindo que Rupa Goswami está aqui e está ouvindo tudo. E Rupa Goswami me contou num sonho que um grande trabalho será feito por ti. Ele também disse que deves sempre cantar Chaitanya Charitamrta e Bhakti Rasamrta Sindhu, e que estarei bem atrás de ti.”

RENUNCIADO Narayan Maharaj: “Eu visitava Bhaktivedanta Swami muitas vezes enquanto ele residia no templo Radha-Damodara entre 1962-1964. Uma vez fui lá e ele estava sentado no chão em cima de um acolchoado rasgado. Após sentar em meu chaddar, ambos discutimos o Srimad Bhagavatam. Não tinha cama no quarto de Prabhupada, ele estava dormindo no chão.”

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DE VOLTA PARA DEUS Satsvarupa das Goswami: “Bhaktivedanta Swami me contou a história de uma viúva bengali que andava até o Rio Yamuna toda manhã para tomar banho, e retornava com um pote d’água do Yamuna para o banho de Radha-Damodara. Às vezes Bhaktivedanta Swami abria o portão para ela. Bhaktivedanta Swami disse que ela retornaria a Deus por esta atividade.” (SPL IV p.155)

VISÃO DE UM BRIJBASI Banwari Lal Prathak: “Conheci Bhaktivedanta Swami num evento com o Governador de U.P., Biswanatha das, em 1962. As pessoas de Vrindavan na época achavam Bhaktivedanta Swami um grande erudito de Vrindavan e um grande filósofo. Ele escreve muito bem em inglês, hindi, sâncrito e bengali. Tinhamos grande consideração por ele mas não sabíamos que este homem iria se tornar um dos maiores do universo após algum tempo.”

BEIRA DO YAMUNA Gopal Ghosh: “Vi Bhaktivedanta Swami na beira do Rio Yamuna uma vez. A danda dele estava enfiada na areia, e estava tocando karatals e cantando Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare.”

PARIKRAMA VESPERTINO Gopal Ghosh: “Quando Prabhupada ia visitar os principais templos de Vrindavan, costumava tocar kartals e realizar kirtan durante o caminho. Uma vez no novo templo de Radha-Govinda, ouvi Prabhupada cantar muito bem todos stotras completos do Brahma Samhita, ‘Govindam adi purusham’ e ele estava levemente dançando.”

PASSATEMPO DA CANETA PARKER Gopal Ghosh: “Certa vez visitei Prabhupada em seu quarto no Radha-Damodara em 1960. Ele era sannyasi e estava sentado no chão em uma pequena escrivaninha, escrevendo um Gita em bengali com uma caneta-tinteiro Parker americana. Prabhupada segurou a caneta para me mostrar e falou em bengali ‘Par-kar’. Em bengali, par significa bhava sagar, o oceano de nascimento e morte. E kar – quer dizer atravessar o rio de barco.” Então Prabhupada disse: ‘Assim Gopalji, por sempre fazer Hari Nam

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Sankirtan, o Senhor Krishna irá te carregar através do oceano de repetidos nascimentos e morte.’”

PREGANDO Gopal Ghosh: “Em 1959, Prabhupada era um sannyasi e o visitei junto com uns sannyasis da Missão Ram Krishna. Prabhupada falou em inglês por várias horas, mas não fiquei porque queria ouvir um pouco de Gauranga lila kirtan que estava se realizando no templo Radha-Damodara.”

PAI AFETUOSO Gopal Ghosh: “Prabhupada amava as crianças pequenas. Lembro duma noite sentado com Prabhupada na varanda dele. Os meninos e meninas Brijbasis estavam sempre brincando no pátio do templo e às vezes chegavam perto de Prabhupada e diziam: ‘Baba, Baba,’ e apenas dançavam e riam. Prabhupada então os chamava até si e dava doces prasadam a todos eles.”

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CAPÍTULO SETE

Retorno ao Radha-Damodara Em agosto de 1967, Bhaktivedanta Swami retornou ao Radha-Damodara com o propósito de recuperar sua saúde, que havia sacrificado durante dois anos de pregação tenaz e sem parar na América. Kirtanananda, um discípulo americano, atendia-o e atuava como prova prática da pregação de Prabhupada. Saudando Prabhupada em Delhi e acompanhando-o a Vrindavan, Narayan Maharaj disse que ao chegar no templo Radha-Damodara, o proprietário ofereceu-lhes maha-prasadam. Bhaktivedanta Swami estabeleceu-se novamente em seus antigos aposentos no Radha-Damodara. Estava relaxado e vivia simplesmente, usando apenas uma peça de vestuário enrolada em torno da cintura a partir de trás, cruzando o peito e amarrada atrás da nuca. No calor saudável, a vitalidade de Prabhupada florescia como um lótus bebendo luz do sol. Após um dia em Vrindavan, Prabhupada sentia-se rejuvenescido e imediatamente planejou seu retorno à América. Pensando em seus filhos espirituais, escreveu: Bhaktivedanta Swami: “Vrindavan é apenas uma inspiração, mas nosso campo real de trabalho é pelo mundo todo. Mesmo se eu morrer, vocês são minha esperança futura e irão fazê-lo. Estou sentindo muito por todos vocês. Por favor mantenham a bola rolando assim como está determinado.” Prabhupada tinha uns conhecidos encantadores no Radha-Damodara. Sarajini, uma velha viúva que usava cabeça raspada e sikha, costumava varrer a cozinha de Prabhupada e lavar suas roupas. Toda noite um babaji venerável que ria constantemente, trazia pasta de sândalo para Prabhupada. Bhaktivedanta Swami queria construir uma “Casa Americana” no templo Radha-Damodara, onde seus discípulos ocidentais pudessem estudar sânscrito e as escrituras Vaisnavas. Prabhupada indicou anteriormente esse desejo numa carta a Nripen Babu, co-fiduciário do templo Radha-Damodara, datada de 15 de dezembro de 1966, de Nova Iorque: Bhaktivedanta Swami: “Agora só uma coisa peço para chamar à atenção de vocês – é o Rupanuga Para Vidya Pitha, que eu queria começar em Vrindavan, nas vizinhanças do Radha-Damodara Mandir... minha meta é começá-lo nas terras do templo Radha-Damodara, que penso serem muito boas para todos envolvidos. Quero começar um bom instituto internacional no local de Sri Rupa Goswami e Jiva Goswami.”

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Há 450 anos atrás no templo Radha-Damodara, Rupa Goswami, e depois Jiva Goswami, ensinavam regularmente os princípios da devoção pura a um grupo de Vaisnavas, que aqui congregavam vindos de toda Índia. Seguindo nos passos deles, Bhaktivedanta Swami tentou erigir uma escola Vaisnava no terreno do Radha-Damodara atrás do muro interno. As autoridades do templo, contudo, rejeitaram a proposta de Prabhupada. Oito anos após a tentativa infrutífera dele no templo Radha-Damodara, Prabhupada esquematizou um plano similar para seu discípulo, Ravindra Svarupa das. “Bhaktivedanta Swami queria estabelecer a ISKCON Bhagavat College – uma universidade para a ISKCON. Um detalhe da faculdade seria uma biblioteca abrigando uma coleção completa de textos das sampradayas Vaisnavas.” Porém o plano do Supremo Senhor Krishna era deixar esse desejo de Bhaktivedanta Swami para os discípulos dele realizarem.” Em 28 de agosto, 1967, dia de Janmastami, fez-se história da ISKCON no templo Radha-Damodara. Bhaktivedanta Swami deu sannyasa a Kirtanananda, seu primeiro discípulo a entrar para a ordem renunciada. Para marcar a ocasião auspiciosa, Prabhupada organizou um pequeno festival. Gopal Ghosh: “Quando cheguei Prabhupada chamou-me para sentar ao lado dele, e ouvimos a palestra de Kirtanananda Maharaj. Foi distribuída prasadam de arroz doce naquele dia, e Prabhupada dôou jari, mukut,roupas e lindos makhara kundala para todas Deidades no templo Radha-Damodara.”

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CAPÍTULO OITO

“Swamiji na Terra Natal” Dezembro, 1971 Com um grupo de sankirtan mundial de quarenta exuberantes discípulos ocidentais, Bhaktivedanta Swami entrou triunfantemente em Vrindavan. Os Brijbasis ficaram atônitos ao verem os estrangeiros usando dhotis, cabeças raspadas, tilak, sikhas e saris. Simultaneamente, eles estavam imensamente orgulhosos de Prabhupada, o “herói da terra natal”. Radhanath Swami: “Todo povo de Vrindavan estava glorificando Prabhupada. Estavam tão orgulhosos dele. Eles amam Krishna, e vivem em Vrindavan, porque Vrindavan é o lugar onde Krishna vive. É esse o humor deles. Eles adoram a terra de Vrindavan. Mas eles me contavam como apreciavam Prabhupada. A maioria deles o chamava de “Swami Bhaktivedanta”. Eles diziam que ele era o maior santo, porque estava levando Vrindavan ao mundo inteiro.” Banwari Lal Pathak: “Em Vrindavan as pessoas eram muito felizes e cheias de entusiasmo. Ficaram realmante espantadas ao ver tal atmosfera, com devotos da América e devotos da Europa. E eles estavam fazendo um trabalho melhor que nós as pessoas de Vrindavan, como pessoas religiosas. Eram hindus melhores, eram Vaisnavas melhores, Sanatanistas melhores e estavam cantando Hare Krishna, Hare Rama.” Indagado sobre sua resposta à volta de Prabhupada a Vrindavan com tantos discípulos ocidentais iniciados, Narayan Maharaj replicou: Narayan Maharaj: “Pensei, muito bem. Ele fez algo que Vivekananda e outras pessoas não conseguiram fazer nem num longo período. Mas dentro de bem pouco tempo, ele o fez maravilhosamente. Outros foram aos países ocidentais, mas não conseguiram fazer o que Swami Maharaj (Bhaktivedanta Swami) fez, serviço muito valioso a seu mestre espiritual.” O município de Vrindavan honrou Prabhupada e seus discípulos ocidentais com uma recepção formal na Prefeitura. Gopal Ghosh: “Muitos cavalheiros de Vrindavan, os reitores das faculdades de Vrindavan e Mathura, e o Diretor-Presidente Ramesh Chandra Sharma ofereceram guirlandas de flores a Prabhupada. Fizeram enorme sankirtan com dança. Prabhupada

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sentou numa grande almofada sob um para-sol, com um devoto abanando-o com uma chamara. Prabhupada deu uma palestra sobre Nama abhasa. Ele disse que Ajamila havia chamado seu filho Narayan, e foi para Vaikuntha. Assim estas pessoas, meu discípulos ocidentais, estão sempre cantando o santo nome de Krishna. Se o nome é divino e sincero, então através da graça do nome, eles irão se tornar puros e retornar ao lar, ao local do Senhor Krishna.” Um representante do Município elogiou Bhaktivedanta Swami com esta fala: “Ó grande alma! Hoje nós, os habitantes de Vrindavan, conhecidos como Brijbasis, todos juntos oferecemos nossas humildes boas-vindas a Sua Santidade, nesse local sagrado de Vrindavan, e ao fazê-lo nos sentimos muito orgulhosos... Durante muitos anos ficaste no templo Radha-Damodara, e adoraste Sua Majestade Srimati Radharani num humor meditativo, e assim agora tens a visão transcendental para salvar o mundo inteiro. Como prova de tua perfeição, podemos ver estes discípulos estrangeiros diante de nós, e nos sentimos muito orgulhosos ao ver como os transformaste em devotos tão puros. Consideramos que és um de nós em Vrindavan. Temos certeza que onde quer que viajes, deves levar contigo a impressão de Sri Vrindavan Dham. A cultura, religião, filosofia, e existência transcendental de Sri Vrindavan Dham viajam contigo. Através da grande mensagem que Sua Santidade carrega, todas pessoas do mundo agora estão tornando-se intimamente relacionadas com Vrindavan Dham. Temos a maior certeza de que somente através de tua pregação, a mensagem transcendental de Vrindavan irá se espalhar pelo mundo inteiro.” (SPL V p.20) Bhaktivedanta Swami escreveu para seu amigo Sri Biswanath Das, Principal Ministro de Orissa, e anterior Governador de U.P.: “Recentemente estive em Vrindavan, e a cidade inteira de Vrindavan apreciou meu serviço nos países estrangeiros. Oficialmente, tanto o chefe do município, bem como o público Brijbasi, me fizeram discursos de boas-vindas em grandes reuniões.” (Cartas de SP 72/1/8) Prabhupada também informou um discípulo sobre esse evento. Bhaktivedanta Swami: “Os funcionários públicos e residentes de Vrindavan nos saudaram muito bem, e estão simplesmente atônitos de ver nosso cantar sankirtan com grande júbilo pelas ruas da cidade. O prefeito proclamou em público que fiz algo maravilhoso, e praticamente eles realizam que antes que eu tivesse ido aos países ocidentais, ninguém ali sabia sobre Vrindavan. Agora centenas de visitantes e hippies de seus países vem aqui para ver o local de Krishna. Os devotos de Vrindavan tem compreendido que Vrindavan agora ficou mundialmente famosa devido a meu trabalho

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de pregação, assim eles estão apreciando muito o Swamiji da terra natal deles.” (SPL V p.30) Prabhupada veio para Vrindavan em peregrinação a fim de compartilhá-la com seus discípulos. Juntos, eles excursionaram pelos locais dos passatempos lúdicos de Krishna: Colina de Govardhana, Radha Kund, Varsan, Nandagram, Gokula, Mathura. Durante sua estadia de dez dias, Prabhupada passou uma noite no Radha-Damodara. Enquanto mostrava seus aposentos a seus discípulos, Prabhupada falou para o pujari chefe sobre usar o templo Radha-Damodara para a ISKCON: Bhaktivedanta Swami: “Vamos preparar o templo todo muito bem, e faremos um trono de prata para a Deidade. 50 a 100 homens irão tomar prasadam aqui. Será algo singular. Se quiser, podemos fazê-lo. Senão, podemos começar nosso templo em algum lugar. Estamos preparados para gastar dinheiro. Se nos der uma chance, iremos gastá-lo aqui.” Os discípulos viram muitas cópias antigas do seu Back to Godhead hindi, o Bhagavat Darshan e outros manuscritos ainda presentes no quarto de Prabhupada. Onde uma vez Prabhupada se sentara sozinho e sonhara um movimento para consciência de Krishna mundial, agora se sentavam 40 discípulos ocidentais iniciados, membros da International Society for Krishna Consciousness. Bhaktivedanta Swami falou intimamente sobre os dias de seu bhajan solitário no Radha-Damodara: Bhaktivedanta Swami: “Todo dia eu ía ao samadhi de Jiva Goswami e Rupa Goswami, e também orava a Rupa Goswami para escrever estes três volumes do Bhagavatam. E esse é o local onde de fato escrevia em meu quarto. Eu circumambulava o templo diariamente e oferecia reverências aos samadhis de Rupa Goswami e Jiva Goswami. E pela misericórdia deles eu orava a Radha-Damodara para que pudesse realizar o desejo de meu guru maharaj e ir ao ocidente e pregar.” (Kshirodakashayi, Memórias) Padmanabha Goswami: “Quando primeiro conheci Bhaktivedanta Swami, ele estava sentado num choki (assento baixo) na entrada de seu quarto de dormir, em frente ao templo Radha-Damodara. Meu pai me mandou entregar uma mensagem de congratulações a Prabhupada porque ele acabava de chegar de volta dos países ocidentais. Entreguei a mensagem a Bhaktivedanta Swami e lhe disse que era o filho de Sri Visvambhar Goswami do templo Radha-Raman. Assim, depois disso Prabhupada disse: “Por favor sente aqui” e me perguntou sobre a saúde de meu pai e tudo. Então ele me deu alguma prasadam.

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Na verdade, eu estava muito impressionado com a personalidade de Prabhupada, senti algo muito bom em meu coração.”

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CAPÍTULO NOVE Kartik no Radha-Damodara

Março, 1972 Enquanto Bhaktivedanta Swami estava em Bombay comparecendo a um evento de pregação, seis devotos (Devananda Maharaj, Subal Maharaj, Anand Maharaj, Guru das, Sachidananda e Kshirodakashayi) estavam vivendo em seus aposentos no Radha-Damodara. Os discípulos de Prabhupada estavam negociando terras para o projeto da ISKCON em Vrindavan. Durante o dia os devotos faziam kirtan, arati, e aula no quarto de dormir de Prabhupada, e de noite alguns dormiam ali para escapar ao calor intolerável do verão. Ananda Maharaj, irmão espiritual de Prabhupada e antigo cozinheiro pessoal de Bhaktisiddhanta Sarasvati, preparava a prasadam diária dos devotos, que estes honravam enquanto sentavam na varanda de Prabhupada. Bhaktivedanta Swami: “Estou muito contente por saber que Ananda Maharaj está ficando com vocês. Ele é meu velho irmão espiritual, um Vaisnava sincero. Por favor tratem-no como um pai.” Ainda vivo, Anand Maharaj aos 89 anos relembra Bhaktivedanta Swami: “Ele estava sempre falando inglês. Disse-me: ‘cozinhe bem’, e fiz isso fazendo muitas preparações assim como em Jagannatha Puri.” Em 12 de março de 1972, a ISKCON assinou o certificado de compra das terras de Raman Reti, futuro local do templo Krishna-Balaram. Kshirodakashayi, que conseguiu a propriedade para Prabhupada, retrata o clima social daquela época. Kshirodakashayi: “Os habitantes de Vrindavan não erão tão favoráveis aos devotos logo que chegaram. Mas depois de verem a determinação deles de realizarem Hari Nam Sankirtan diariamente, mesmo no escaldante sol de verão, ficaram muito impressionados achando que os devotos eram sérios.” Em agosto, Bhaktivedanta Swami notificou Guru das sobre seu plano de passar Kartik em Vrindavan. Bhaktivedanta Swami: “Meu plano é de vir para Vrindavan entre 12 e 15 de outubro para o Kartik Vrata, e quero assentar-me ali no templo Sri Sri Radha-Damodara até aproximadamente final de novembro. Darei palestras diariamente no pátio sobre Bhakti-

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rasamrta-sindhu, especialmente para o benefício dos devotos. Portanto você pode fazer arranjos nesse sentido.” Em seu Néctar da Devoção, Bhaktivedanta Swami escreve sobre Kartik: “A execução de serviço devocional durante o mês de Kartik (out/nov) é especialmente recomendada para ser realizada em Mathura. Este sistema ainda é seguido por muitos devotos. Eles vão a Vrindavan ou Mathura e ficam lá durante o mês de Kartik, especificamente para realizar serviço devocional.” Srila Rupa Goswami enaltece o mês de Damodara (Kartik) em seu Mathura Mahatmyam: “Aos que adoram Krishna em Vrindavan, o Senhor lhes dá suas formas espirituais originais. A perfeita expiação para purificar os pecados de uma vida é adorar o Senhor Damodara em Vrindavan durante Kartik. O mês de Kartik passado em Vrindavan traz o destino supremo.” Outubro, 1972 A plenitude da estação em Vrindavan é acrescida da beleza sensual e shakti espiritual. Os pavões exibem livremente suas cores irisadas, e as árvores altaneiras aromatizam a brisa com doces fragrâncias de suas flores. O Rio Yamuna, com os braços de suas ondas, oferece água cristalina para provar, e correntes refrescantes para tomar banho. Durante todo o mês de Kartik no templo Radha-Damodara, e outros, há um puja especial que realizam chamado Niyam Seva. Todo dia milhares de peregrinos Vaisnavas dão a volta no templo, participando dos muitos kirtans, e ouvem as esclarecedoras palestras do Bhagavat dadas por diferentes pandits, falando por turnos. Esta atmosfera espiritual, crescendo pelos sons, aromas e sentimentos, satura qualquer alma sincera de amor puro por Sri Krishna. O mês de Kartik também é chamado de mês de Damodara, o que se refere àquele menino travesso, Krishna, que Mãe Yashoda amarrou pela cintura com uma corda. Durante este mês de Damodara, se a pessoa conseguir capturar Krishna com as cordas da devoção pura, será libertada do enredamento de repetidos nascimentos e morte. Em outubro, Bhaktivedanta Swami veio para Vrindavan para começar a construção em sua nova propriedade e para palestrar para seus 50 discípulos americanos, europeus e indianos, reunidos no templo Radha-Damodara. Prabhupada também esperava que George Harrison dos famosos Beatles viesse de Londres.

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Bhaktivedanta Swami: “Ontem, encontrei com George Harrison e sua esposa na casa deles em Henley, e eles estão muito favoráveis. Querem passar algum tempo no templo Radha-Damodara neste inverno.” (SP 72/7/17) Os devotos haviam renovado completamente os aposentos de Prabhupada. O toque final foi de uma pintura do Hare Krishna maha mantra, em sânscrito, num padrão repetitivo na porção superior de todas quatro paredes. Prabhupada ficou muito satisfeito. Quando Prabhupada chegou no Radha-Damodara, teve uma interessante reunião com um velho irmão espiritual. O.B.L. Kapoor: “Eu estava sentado na varanda imediatamente oposta ao quarto de Prabhupada no templo Radha-Damodara. Estava apenas esperando por alguém, não sabia que Prabhupada havia chegado. De repente, vi um sannyasi saindo do quarto, seguido por dois ou três discípulos. Como não havia visto Prabhupada em 40 anos, não pude reconhecê-lo. Porque não o conhecera como “Prabhupada” mas como Abhay Charan De. Enquanto vivia em Allahabad como estudioso religioso entre 1932-1938, encontrei com ele. Costumavamos ir juntos visitar o templo Rupa Gaudiya Math quase toda noite. Vosso Prabhupada costumava tocar mrdanga no sankirtan. Nossa amizade cresceu e nos tornamos amigos muito chegados. Prabhupada costumava fabricar remédios naquela época, e uma vez fez um tônico e me presenteou com ele. Certa vez na presença de Prabhupada, alguém me perguntou: “Qual o segredo de sua saúde, Dr. Kapoor?” Respondi “os tônicos de Prabhupada.” Trinta e dois anos depois é que revi Prabhupada no templo Radha-Damodara. Naturalmente, não me foi possível reconhecê-lo porque a idade trouxera tanta diferença. E ele estava com vestes de sannyasi, ao passo que antes andava como chefe-de-família, de branco. Não consegui reconhecê-lo, mas fiquei olhando para ele, e ele para mim. Então Prabhupada arriscou um palpite e disse: “Dr. Kapoor?” Reconheci-o imediatamente pela voz, e disse: “Abhay Babu” e então ele me abraçou. Não sei para onde ele ía com seus discípulos, mas cancelou seu programa, e me levou para seu quarto. Contou-me sobre seu trabalho no ocidente, e mostrou os recortes de jornal. Fiquei muito impressionado.” Vivendo sem muita pretensão, Bhaktivedanta Swami dividia seu quarto de dormir e banheiro com seus discípulos. Yamuna dasi, usando dois baldes de carvão, cozinhava para Prabhupada que tomava prasadam ou no quarto de dormir, cozinha ou na varanda. Malati dasi cozinhava para os devotos que moravam no Keshi Ghat próximo. Às vezes Prabhupada sentava num choki (assento baixo) e ele mesmo cozinhava. Mantendo

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temperos, sabjis, fogão, água, potes e tudo ao alcance das mãos, Bhaktivedanta Swami preparava refeições completas sem sair de seu assento. Prabhupada seguia sua usual rotina de acordar cedo para traduzir Srimad Bhagavatam. Em Vrindavan, diferente de outros lugares, Prabhupada ficava facilmente acessível para aconselhar livremente os devotos. Após as aulas matutinas e vespertinas, Bhaktivedanta Swami frequentemente dava uma ou duas horas de darshan em seus aposentos. Havia também diversos programas vespertinos feitos nos lares locais dos Brijbasis. Não foi coincidência que Bhaktivedanta Swami escolheu fazer um mês de palestras corridas sobre o Bhakti-rasamrta-sindhu (Néctar da Devoção). Em 1933, na iniciação de Bhaktivedanta Swami, seu guru maharaj, Bhaktisiddhanta Sarasvati, instruiu-o que estudasse esse livro Bhakti-rasamrta-sindhu, o livro de regras do serviço devocional. Ao deixar este mundo em 1937, Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati disse a seus discípulos: “Aconselho todos vocês a pregarem os ensinamentos de Rupa-Raghunath com todas energia e recursos. Nossa meta máxima deve ser tornarmo-nos a poeira dos pés de lótus de Sri Sanatana, Sri Rupa e Raghunath Goswamis.” Bhaktivedanta Swami seguiu entusiasticamente esta ordem escrevendo em fevereiro de 1950, um estudo resumido do primeiro capítulo do Bhakti-rasamrta-sindhu. Vinte anos depois, em 1970, Bhaktivedanta Swami publicava Néctar da Devoção, um estudo resumido do Bhakti-rasamrta-sindhu inteiro. Néctar da Devoção foi um dos primeiros livros que Prabhupada apresentou para benefício de seus discípulos ocidentais. É considerado como uma das obras fundamentais para sua Sociedade ISKCON. Agora, Bhaktivedanta Swami tinha voltado ao templo Radha-Damodara, o local de Sri Rupa Goswami e dos pés de lótus de Sri Sri Radha-Damodara, a fonte do néctar da devoção. A época era Kartik e a platéia estava cheia de discípulos neófitos ansiosos por nutrição. Portanto foi a escolha natural, conforme tempo, lugar e circunstância, para Bhaktivedanta Swami passar o Néctar da Devoção. Ganga Mayi dasi: “Toda manhã os devotos de Keshi Ghat se reuniam fora do quarto de Prabhupada no pátio do Radha-Damodara e faziam uns kirtans muito loucos e maravilhos, de arrasar, com uns trinta devotos. Aproximadamente meia dúzia de sannyasis (Subal, Parivrajakacharya, Paramahamsa, Tusta Krishna) costumavam pular para cima e para baixo com suas dandas girando. E eles saltavam no ar, como no salto com vara, usando suas dandas. Esses kirtans eram bastante espantosos, se pensarmos bem. Eram muito extáticos.

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Lembro que pensei em gravar um, mas era tão louco que não pude imaginar aonde colocaria o gravador. Porque eles ficavam saltando pelo pátio de qualquer jeito, em êxtase.” Gopal Ghosh: “Prabhupada vinha para fora de seu quarto com sua vara, e seu chaddar jogado por cima do ombro. Dois devotos acompanhavam-no, agitando chamaras e ventarolas de pena-de-pavão. Primeiro ele prestava pranams a Radha-Damodaraji, depois Jiva Goswami, Rupa Goswami e então sentava para palestrar. Durante suas palestras, frequentemente pausava e perguntava a Hari Charan Goswami, famoso pandit que comparecia, se ele tinha alguma pergunta. Prabhupada o convidava muitas vezes para vir a Nova Iorque ou Londres, e pregar as glórias de sua Deidade, Radha-Raman e as metas de Gopal Bhatta Goswami.” Ganga Mayi: “Prabhupada falava de uma pequena asana voltada para o norte, entre o bhajan kutir e samadhi de Rupa Goswami. Era um grupo apertado de cinquenta discípulos sentados no pátio, que era apenas de terra batida e moitas de grama. O público não prestava atenção, apenas passeavam em torno da gente. Durante as palestras, os macacos ficavam pulando nas árvores, se pendurando em fios soltos, ou ocasionalmente saltando entre os devotos.” Porque o Senhor Krishna tem um velho macaco de estimação chamado Dadhilobha, e porque o Senhor gosta muito de dar iogurte e manteiga roubados a seus amigos primatas, e porque o Senhor Damodara governa Seva Kunj, parece que os macacos são uma característica eterna do templo Radha-Damodara. Mas os devotos poderão compartilhar da opinião de um padre cristão Tieffenthaler, que visitou Vrindavan em 1754, e descreveu os macacos de Vrindavan como uma “perturbação intolerável.” As palestras sobre o Néctar da Devoção de Prabhupada concentravam-se em três assuntos: associação com devotos, o mundo espiritual e viver em Vrindavan, e a posição do mestre espiritual. As seguintes páginas contém trechos transcritos de suas palestras relativas a esses tópicos. Ao lê-los podemos apreciar o sabor especial da pregação íntima de Bhaktivedanta Swami para seus discípulos, dentro do cenário santificado do Seva Kunj.

ND: O MESTRE ESPIRITUAL Bhaktivedanta Swami: “Um mestre espiritual deve ser tratado tão bem como Hari, a Pessoa Suprema. Mas o mestre espiritual não pensa em si como Hari, embora lhe ofereçam respeito como a Hari. Ele pensa em si como o servo humilde de Hari e todos

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outros. Um mestre espiritual toma seus discípulos como seus mestres espirituais. Essa é a posição. Ele pensa Krishna me mandou tantos mestres espirituais. Não pensa em si como o mestre espiritual. Ele pensa em si mesmo como servo deles, porque eles tem que ser treinados. Krishna nomeoou-o para treiná-los. Portanto, ele pensa em si como o servo do discípulo.” (72/44)

ND: HUMILDADE Bhaktivedanta Swami: “Trnad api sunicena... amanadena. Devemos sempre estar prontos a oferecer respeitos, não só a devotos mas a todo mundo, porque cada entidade viva originalmente é um devoto de Krishna. Mas circunstancialmente estando cobertos pelo manto de Maya, estamos atuando como demônios. Mas nossa natureza original é de devoto de Krishna.”

ND: DANÇAR COM KRISHNA Bhaktivedanta Swami: “Se alguma vez formos ao mundo espiritual, não iremos querer voltar. Vamos ficar com Krishna e dançar com Ele, e brincar com Ele. Ou O serviremos como árvore, planta, água, vaca, terra, e como meninos vaqueiros, como pai ou mãe, ou como gopis. Esta é nossa filosofia. Uma vez que formos para Krishna, iremos viver para sempre com Ele em alguma dessas posições. Me deixe viver em Vrindavan em alguma dessas posições, não importa, mas que eu viva ali.” (72/46)

ND: VIVENDO EM VRINDAVAN Bhaktivedanta Swami: “Assim como Vrajendranandana Krishna é adorável, o Seu dham, Sri Vrindavan, também é adorável. Devemos ser muito respeitosos com Vrindavan Dham. Senão, seremos ofensores, dham aparadha. Se permanecermos aqui em Vrindavan, devemos saber que estamos vivendo com Krishna. O quanto devemos ser cuidadosos, quanto devemos tomar cuidado, se de fato entendemos o que é dham. Dham também é Krishna. Se de fato viverem aqui em Vrindavan cuidadosamente sem cometer qualquer ofensa ou vida pecaminosa, então nesta vida irão até Krishna.” (72/48)

ND: ASSOCIAÇÃO DE RUPA GOSWAMI Bhaktivedanta Swami: “Se vocês lerem Néctar da Devoção regularmente e tentarem compreender isso, estarão se associando com Sri Rupa Goswami diretamente. E se tentarem agir de acordo, então estarão servindo seus pés de lótus. A não ser que estejam

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se associando com devotos, não serão capazes de entender a importância dos escritos de Srila Rupa Goswami.” (72/43)

ND: CUPIDO Bhaktivedanta Swami: “Cupido é um dos agentes desta energia material ilusória. Se estivermos perfeitamente em consciência de Krishna, este Cupido não consegue furar com suas flechas. Isso não é possível. Vocês conhecem a história de Haridas Thakur... Vejam só, na calada da noite, uma linda jovem, mas ainda assim ele permaneceu firme cantando Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare. Portanto Cupido não consegue atingir. Esse é o exemplo. Pode haver milhares de lindas jovens diante de um devoto, mas isso não perturba a mente dele. Ele vê que são todas energias de Krishna. Elas são gopis de Krishna. São desfrutáveis por Krishna. Tenho que serví-las, elas são gopis, porque sou um servo do servo: ‘Gopi bhartuh pada kamalayor das anudas anudas.’ Assim um devoto deve tentar ocupar todas belas mulheres a serviço de Krishna, esse é seu dever. Não desfrutá-las, pois isso é gratificação dos sentidos.” (72/55)

ND: SRIMATI RADHARANI Bhaktivedanta Swami: “Se tomarmos refúgio na energia externa de Krishna, onde o esquecimento de Krishna é muito proeminente, então ficaremos mais e mais afastados de Krishna. Mas se nos abrigarmos na energia interna de Krishna, Radharani, porque Ela está servindo diretamente Krishna. Assim como em Vrindavan, estão sempre falando em Radharani, porque se abrigaram em Radharani para se aproximarem de Krishna muito facilmente.” Daivim prakrtim asritah. A facilidade de Vrindavan é que você pode tomar refúgio em Radharani diretamente, e Ela irá lhe ajudar a se aproximar de Krishna logo logo. Essa é a idéia de vir a Vrindavan.” (72/55)

ND: O SINAL DE UM DEVOTO Bhaktivedanta Swami: “Esse é o sinal de um devoto, apreciação. Narada Muni diz que o devoto sempre aprecia as qualidades dos outros devotos. Sim, esse é o sinal, apreciação das atividades dos devotos. Um devoto que de fato está livre de toda contaminações não encontra defeitos em outros devotos. Ele não pensa em si como sendo mais notável ou maior devoto que os outros. Ele pensa em si como o mais baixo de todos. Como diz o autor do Chaitanya Charitamrta, Krishna das Kaviraj: “Sou inferior ao inseto no excremento, sou maior

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pecador que Jagai e Madhai. Qualquer um que tome meu nome, imediatamente verá todos resultados de suas atividades piedosas arrojados por terra. Não é imitação ou blefe. Qualquer devoto que está avançando de verdade, se sente assim. Assim como o grande cientista Sir Isaac Newton costumava dizer: “Simplesmente coletei alguns grãos de areia do oceano do conhecimento.” Na verdade, isso é um fato, tudo é ilimitado. Portanto ninguém deve ficar orgulhoso falsamente, de ter se tornado um grande devoto. Todo mundo deve ser humilde. Trnad api sunicena taror iva sahisnuna, amanena manidena, kirtaniyah sada Harih. Se pensarmos que nos tornamos um devoto muito avançado, então isso é muito perigoso. Chaitanya Mahaprabhu disse: “Meu mestre espiritual via-Me como um grande tolo, portanto ele Me fez a seguinte reprimanda: “Não leia Vedanta, cante Hare Krishna.” Ele Se apresentava assim. E Chaitanya Mahaprabhu por acaso é murkha? (tolo) Mas essa é a concepção de um devoto avançado. Eles nunca pensam que são devotos altamente avançados. Que é avançado. Que devoção podemos oferecer a Krishna. Ele é ilimitado. Ele está bondosamente aceitando nosso pequeno serviço, é só isso. Não fiquem orgulhosos por virar um grande devoto. Isso é uma queda de primeira classe.” (72/55) Esta seção contém vários passatempos de Prabhupada que ocorreram durante o Kartik de 1972 no templo Radha-Damodara. Cada passatempo tem um cabeçalho individual seguindo a categoria principal de “Kartik”.

KARTIK: ACHARYA Ganga Mayi dasi: “Sou uma das três pessoas que Bhaktivedanta Swami ensinou pessoalmente como se limpa um chão. Prabhupada disse: “Não, assim não” e ele se abaixou, colocou o pano de chão no balde, e depois passou no chão uma vez. Depois o pano voltou ao balde, ele o espremeu e disse: “Ok, você faz assim.”

KARTIK: BRIJBASIS Banwari Lal Pathak: “Prabhupadaji veio a minha casa para prasadam junto com uns cinquenta devotos. Quando Prabhupadaji estava tomando prasadam, Tamal Krishna me contou que Prabhupada deveria receber prasadam em utensílios de ouro. Mas Prabhupada disse: “Não, esse não é o caso aqui, porque a família Pathak é uma família

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Brijbasi, portanto essas tradições imponentes não são permitidas aqui, de pegar os utensílios dourados como os dos maharajas, porque estamos aqui numa casa Brijbasi.”

KARTIK: O CIRCO Visvambhara Goswami: “Prabhupada, está fazendo um circo em Vrindavan?” Bhaktivedanta Swami: “Circo? Não estou fazendo um circo.” VG: “Sim, pegou muitos leões e os jogou no mercado de Vrindavan. Muitos leões estão dançando aqui.” SP: “Leões dançando? Goswamiji, você é advogado, um grande, grande estudioso, e uma pessoa muito importante em Vrindavan. E é meu amigo. Porque está dizendo isso?” VG: “Com meus próprios olhos, vi cinco de seus discípulos andando em rickshaws e pegando dos lojistas e comendo. Os lojistas me perguntaram: ‘Goswamiji, salve-nos, esses ingleses estão pegando nosso leitelho, e pegando nosso pera, e nossos doces, e nossas frutas, e eles só dizem: Hari Bol e Hare Krishna! Isso é muito ruim. Por favor dá para ir até Prabhupada?’” SP: “Quem fez esse trabalho?” (cinco discípulos errantes são trazidos ao quarto de Prabhupada) Discípulos errantes: “Prabhupada, o Senhor Krishna roubou iogurte, e manteiga, porque não podemos? Também estamos seguindo Ele.” SP: “O Senhor Krishna tocava flauta e realizava rasa lila. Vocês façam maha-rasa lila. E Ele levantou a Colina de Govardhana, portanto levantem a Colina de Govardhana. E Ele dançou numa serpente, podem fazê-lo? Assim quando vocês saírem, antes de tudo obedeçam nossa ordem Vaisnava. Trnad api sunicena taror iva sahisnuna. Sempre cantem Hare Krishna. Quando saírem na rua e virem os Vaisnavas, digam Hare Krishna e curvem sua cabeça.” No mercado vocês podem mendigar do lojista para lhes dar uma amostra e depois podem comprar. E se não tiverem dinheiro, então se pedirem a um Brijbasi, ele lhes dará algum leitelho ou o que quiserem. Mas vocês pegaram, isso é muito vergonhoso.” (Memórias de Gopal Ghosh)

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KARTIK: VAISNAVA Gopal Ghosh: “Lembro de sentar em seu quarto e se algum visitante entrava e começava a falar mal de algum outro devoto, Prabhupadaji apenas começava a cantar Hare Krishna, Hare Krishhna. Ele não queria ouvir nenhum devoto ser ofendido.”

KARTIK: ETIQUETA Ganga Mayi dasi: “Costumavamos comparecer a muitos programas externos nessa época, nos lares dos Brijbasis. Prabhupada usualmente falava em hindi, assim uma vez Guru das quis ir embora. Prabhupada forçou-o a ficar, para mostrar respeito pelo hospedeiro, e para treinar seus discípulos na prática da etiqueta Vaisnava.”

KARTIK: C.I.A. Banwari Lal Pathak: “Porque as pessoas não podiam compreender o grande sucesso de Prabhupadaji, então em geral diziam que essa organização estava conectada com a C.I.A.. O povo não sabia o que era o C.I.A., mas diziam que era o C.I.A.. Após algum tempo as alegações desapareceram. Era a primeira vez que pessoas em grande quantidade vinham da Europa para Vrindavan, assim o pessoal de Vrindavan não podia compreender como isso acontecera. Isso é um milagre, tem que haver alguma super potência por trás dessa organização, deve ser o C.I.A.. Agora tudo ficou claro. Agora todas pessoas de Vrindavan tem fé, confiança, respeito, e devoção pela ISKCON.”

KARTIK: PREGAÇÃO Kshirodakashayi: “Subal Maharaj estava vivendo conosco de março até junho, 1972. Muitos devotos indianos estavam vindo curiosamente para nos ver enquanto estavamos vivendo no Radha-Damodara. Subal queria falar com eles mas ninguém falava inglês. Subal escreveu para Prabhupada que estava desperdiçando seu tempo no Radha-Damodara, dizia, ‘porque não consigo pregar nada, e sou um sannyasi, e devo pregar. Assim quero voltar para a América.’ Bhaktivedanta Swami escreveu de volta uma instrução: ‘Em Vrindavan onde quer que você fique, mesmo as paredes, as aves, as árvores, todos eles ouvem. Continue falando e pregue para eles, eles ouvirão.’”

KARTIK: JUNTE-SE A ISKCON

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Gopal Ghosh: “Prabhupada nessa hora estava sentado numa cadeira e escrevia seus livros numa mesa. Duas vacas de mármore ficavam sobre sua mesa. Pradyumna estava lá fora datilografando numa máquina de escrever elétrica. Prabhupada tomou minha mão e me pediu para ir e juntar-me a ISKCON.” Quando terminou Kartik, Prabhupada deixou Vrindavan para pregar em Delhi, Bombay e o mundo todo. Durante os anos seguintes, Bhaktivedanta Swami realizaria o impossível. Ele traduziu, imprimiu e distribuiu milhões de livros transcendentais glorificando a Suprema Personalidade de Deus, o Senhor Sri Krishna. Hare Krishna se tornou uma palavra familiar em todos continentes. Templos de Radha-Krishna abriram na América do Sul e do Norte, África, Europa, Índia. Ásia, e Austrália. Milhares tomaram iniciação e seguiam entusiasticamente o programa espiritual estrito de Prabhupada. Assim como os raios de uma roda irradiam em todas direções a partir de um centro comum, todas essas notáveis consecuções repartiam a mesma fonte em comum, os aposentos de Bhaktivedanta Swami no Radha-Damodara. Embora Prabhupada nunca mais ficou em seus aposentos no Radha-Damodara depois de 1972, ele disse na época: Bhaktivedanta Swami: “Este canto no templo Radha-Damodara é assim como o cubo da roda do mundo espiritual – ele é o centro.”

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CAPÍTULO DEZ

“Centro do Mundo Espiritual” O centro da ilimitada expansão dos planetas Vaikuntha é Goloka Vrindavan, a supremamente doce morada de Sri Sri Radhika-Krishnachandra e Seus amorosos associados puros. Aqui a Suprema Personalidade de Deus, Sri Krishna, desfruta de uma ilimitada variedade de relacionamentos pessoais extáticos, culminando em Seus assuntos conjugais com Srimati Radharani e as gopis de Vraja, Suas amantes íntimas, eternas. Após agitar a madhurya rasa até sua mais suave consistência, refinando-a e extraindo a essência extática mais concentrada, Srimati Radharani e Sri Krishna, ao beberem esse néctar, gozam da mais alta bem-aventurança espiritual na floresta conhecida como Sri Vrindavan. Dentre as principais florestas de Vrindavan, Sri Vrindavan-vana é a maior, espraiando-se desde o atual município da cidade de Vrindavan até Nandagram de um lado, e até Govardhana pelo outro. A forma é algo como uma estreita pétala de lótus com o Rio Yamuna abraçando todo comprimento de um dos lados. Vrindavana-vana é a floresta favorita de Krishna, onde o Rio Yamuna flui por toda extensão, e Krishna encena Seus mais confidenciais passatempos. Nandagram, Varshan, Colina de Govardhana, Radha Kund, Seva Kunj, Raman Reti, Imli Tala, Vamsi Vat, Rasa Mandala, Sringhar Sthali, Nidhuvan, e mais, localizam-se dentro da floresta de Sri Vrindavan-vana. Os seis Goswamis de Vrindavan faziam a maioria de seu bhajan, meditação e escritos nesta floresta. Em Sri Vraja-riti Chintamani, Visvanatha Chakravarti Thakur escreve: “Dentre as esplêndidas florestas de Vrindavan, que fazem os esplendores de Vaikuntha parecerem muito pálidos, a floresta chamada Vrindavan-vana é a melhor. O Rio Yamuna é como uma guirlanda de flores de lótus azuis, um colar de safiras, ou um cinto azul usado pela deusa de Vrindavan.” (Kusukratha p.67) Muitos dos Goswamis fizeram votos de nunca deixar esta floresta de Vrindavan-vana. Srila Prabhodananda Sarasvati exemplifica este humor em seu Sri Vrindavan-mahimamrta: “Se saíres de Vrindavan, se saíres desta floresta de árvores kalpa-vrksha e fores para outra floresta, se parares de falar sobre o néctar de Vrindavan e te regozijares em outras conversas, então conscientemente, descartando o mais doce néctar, desejas comer excremento de cachorro.” (Sutaka um p. 46)

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Os Goswamis deviam ter elevada consideração pela floresta de Vrindavan situada entre Kaliya Ghat e Vamsi Vat porque é nessa área que construíram templos muito vistosos para suas amadas Deidades de Madanmohan, Govindaji, Damodaraji, e Radha-Raman. Atualmente Seva Kunj surge como um pequeno parque rodeado por um muro protetor. Mas durante a época do Senhor Krishna, englobava vasta área. Quando Rupa Goswami veio para essa parte da floresta de Vrindavan, sentou no meio do Seva Kunj a fim de servir Radha e Krishna e escrever livros para beneficiar outrem. O templo Radha-Damodara fica no meio do Seva Kunj original. Porque Goloka Vrindavan está no centro de um número ilimitado de planetas espirituais Vaikuntha, e a floresta central de Goloka é Vrindavan-vana onde o Senhor Krishna experimenta a rasa espiritual máxima de madhurya prema, por isso, os locais sagrados em Vrindavan-vana, onde Rasaraj Sri Krishna prova a madhurya prema estão situados no centro do mundo espiritual. Em 1972, quando Bhaktivedanta Swami contou a seus discípulos que esse canto no templo Radha-Damodara era como o cubo do mundo espiritual – era o centro; pode ser que estivesse se referindo ao fato que o templo Radha-Damodara está situado bem no meio de Seva Kunj. Seva Kunj é o local transcendental onde o Senhor Krishna serve humildemente Srimati Radharani a fim de acalmar a maan (ira) Dela oriunda de um conflito conjugal. A fim de compreender mais ainda a profunda declaração de Bhaktivedanta Swami sobre a significativa localização do templo Radha-Damodara, ouçamos alguns dos Gaudiya Vaisnavas mais importantes. Nararayan Maharaj: “Porque Rupa Goswami vive ali eternamente e Jiva Goswami vive ali eternamente, todos os Vaisnavas estão reunidos ali eternamente. E aqui Bhakti-rasamrta-sindhu, Ujjvala Nilamani e outros livros autênticos foram escritos por Rupa Goswami. Krishna está situado no meio do Rasa Sthali, Seva Kunj. Seva Kunj não é o único local dentro do muro mas toda aquela area de aproximadamente meia milha ou tal, se chama Seva Kunj. Radha-Damodara, Sringhar Sthali, Imli Tala, nosso Rupa Sanatana Gaudiya Math, estão todos no Seva Kunj. Não havia nenhum templo Radha-Damodara quando Rupa Goswami passou por ali, apenas uma floresta esparsa, Seva Kunj. Assim aqui é o local da dança da Rasa. E mais que a dança da Rasa, é o local onde Krishna está fazendo o seva (serviço) de Srimati

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Radhika ali. Isto é Seva Kunj. Ele está realizando diferentes serviços como escovar e decorar o cabelo de Srimati Radhika com flores e outras coisas, tais como pintar desenhos nos pés de lótus Dela com mistura de alta. Assim esse é o local mais importante para os Gaudiya Vaisnavas, mais importante que Rasa Sthali (o local da dança da rasa). Krishna deixou a dança da rasa mas Ele não deixou Srimati Radhika. Srimati Radhika era tão próxima e querida por Krishna que Ele costumava fazer seva para Radhika, mas nenhuma das outras gopis. Esse local onde Krishna serviu Radhika é a atual localização do templo Radha-Damodara.” Kshirodakashayi: “Porque depois Bhaktivedanta Swami aceitou vida de vanaprastha e depois sannyasa, ele permaneceu em Vrindavan durante tantos anos. Sua realização foi através do templo Radha-Damodara. Ali, outros grandes acharyas como Rupa Goswami, Jiva, Kaviraj Goswami e outros tem seus samadhis. Eles também vivem ali. Assim Prabhupada percebeu que recebeu a misericórdia desses grandes acharyas.” Gopal Ghosh: “Prabhupada disse muitas vezes que tarde de noite, por volta da meia-noite ou uma da madrugada, ele sentia aquela Vrindavan, a Chinmoya Vrindavan, yoga pitha Vrindavan onde Radha e Krishna e as gopis estão todos brincando no Seva Kunj. E os Goswamis cantando Hare Nam Sankirtan até mesmo agora.” Mas nós estamos vendo com nossos olhos externos, mithya jagat. Há terras, e propriedades e grandes casas, etc.. Porém com o olho interno, se pode ver que isto também é o playground de Krishna, cinmoya dhama, Também se pode sentí-lo num lugar solitário pela graça de Goswamipad, Guru e o santo nome. Estas coisas Prabhupada me contou.” Jagat Guru Swami: “Prabhupada disse que o templo Radha-Damodara estava no centro do mundo espiritual por causa das atividades que aconteciam por lá entre os seguidores de Chaitanya Mahaprabhu e devido à intimidade da associação e o que foi revelado ali aos devotos e o que estes experimentaram lá. A intensidade do enlevo divino o tornaria o centro não importa onde fosse. Mas acontece que também era em Vrindavan.”

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CAPÍTULO ONZE

“Minha Residência Eterna” “Bhaktivedanta Swami refereria-se a estes aposentos no templo Radha-Damodara como sua ‘residência eterna’, o lugar onde de fato começou seus planos para o movimento de consciência de Krishna.” (SPL V p.122) Em 1972, de Los Angeles, Bhaktivedanta Swami enviou uma carta a um discípulo declarando resumidamente o mesmo ponto profundo: “Em 1961 mudei-me para o templo Radha-Damodara e ainda estou vivendo lá.” (72/8/31) Alguns devotos respondem à pergunta “Que Prabhupada quis dizer quando falou “eu resido eternamente em meus aposentos no templo Radha-Damodara?” Narayan Maharaj: “Prabhupada estar eternamente situado naquele lugar significa que ele irá servir Radha e Krishna sob guia de Lalita e Visakha e Rupa Manjari. Assim, Prabhupada está dizendo que estou lá sempre, eternamente.” Dr. O.B.L Kapoor: “Prabhupada costumava praticar sadhana ali. Mesmo após o desaparecimento deles, os siddhas (almas aperfeiçoadas) tem uma dupla personalidade, por assim dizer. Numa forma eles vivem em Golok Vrindavan, Vrindavan celestial. Em outra forma eles vivem neste mundo, na forma que costumavam viver antes como sadhaka. Às vezes eles também dão darshan ao discípulo deles. Gauranga das Babaji, meu shiksha guru e anterior siddha mahatma de Vrindavan, costumava falar-me que ‘ninguém foi para nenhum outro lugar. Todo mundo está aqui. Todas grandes almas ainda estão aqui. Se teu coração for puro, poderás obter o darshan deles. Ninguém foi a lugar algum, todo mundo está aqui.’ Tem havido registros de que Jiva e Rupa Goswami tem dado darshan a diversos devotos.” Jagat Guru Swami: “Sempre senti que foi aqui no Radha-Damodara onde Prabhupada teve o que ele mesmo consideraria suas revelações mais divinas e experiências internas em consciência de Krishna.” Kshirodakashayi: “Percebo que todas essas grandes e santas pessoas vivem eternamente no dham, não só em Vrindavan, mas neste planeta. E minha experiência pessoal é a seguinte. Quando Prabhupada partiu fisicamente em 1977, ele me veio num sonho assim como se estivesse de pé diante de mim. Ele disse: ‘Kshirodakashayi, já te disse

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muitas vezes, porque não vai para Vrindavan e fica ali.’ Portanto, sendo assim, Prabhupada e outras pessoas santas ainda estão vivas. Qualquer um que tenha fé em seu mestre espiritual pode imediatamente vê-lo face a face. Não é que ele só resida no templo Radha-Damodara, mas também pode ser visto através de seus livros. Podemos vê-lo através de seus ensinamentos, e podemos vê-lo através da tremenda obra que realizou pelo mundo todo.” Bhaktivinoda Thakur:

“Raciocina mal aquele que diz que os Vaisnavas morrem Quando ainda estão vivendo no som!

Os Vaisnavas morrem para viver, e vivendo tentam Propagar o santo nome à toda volta.”

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CAPÍTULO DOZE

O Plano de Prabhupada Bhaktivedanta Swami amava seus aposentos no templo Radha-Damodara, e frequentemente frisava a importância deles. Desde o início da ISKCON, Bhaktivedanta Swami permitiu que seus discípulos vivessem em seus aposentos no Radha-Damodara por duas razões: para manter a posse dos quartos e para dar aos seus discípulos a chance de receber as bençãos transcendentais de Sri Rupa Goswami, Sri Jiva Goswami, Sri Vrindavan dham, e Sri Sri Radha-Damodara. Em junho de 1969, Bhaktivedanta Swami escreveu nas palavras conclusivas de seu Néctar da Devoção: Bhaktivedanta Swami: “Enquanto fisicamente presente, Srila Rupa Goswami estava vivendo em diferentes partes de Vrindavan, e seu quartel-general era no templo Radha-Damodara, na atual cidade de Vrindavan. O local de bhajan, execução de serviço devocional, de Rupa Goswami, ainda é comemorado; uma estrutura é chamada de local de bhajan dele, e na outra, está sepultado seu corpo. Bem atrás desse mausoléu, é que tenho meu local de bhajan, mas desde 1965 tenho estado longe. O local, entretanto, está sendo cuidado pelos meus discípulos. Pela vontade de Krishna, agora estou residindo no templo de Los Angeles da Sociedade Internacional para Consciência de Krishna.” Para Gargamuni: “Entrementes você pode usar meus aposentos no Radha-Damodara, mas torne seguras as trancas e portas.” (Cartas de SP 71/12/27) Para Guru das Maharaj: “Se quiser ficar nos meus aposentos no Radha-Damodara, então poderá ficar lá. Eu permito. Pregar também significa ler e escrever, senão o que você vai pregar.” (77/2/4) Satsvarupa das Goswami: “Nesse momento (fev. 1977) Bhaktivedanta Swami aconselhou seus discípulos a sempre viver em seus aposentos no Radha-Damodara a fim de preservar seus direitos de ocupação.” Prabhupada deixou planos definidos e padrões para manter seus aposentos no Radha-Damodara.

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Jagat Guru Swami: “Lembro que Prabhupada conclamou uma reunião em 1977 com alguns dos sannyasis. Então ele nos disse: “Em geral, a adoração no bhajan kutir do mestre espiritual não começa antes que ele tenha partido desse mundo. Mas quero iniciar o sistema de adoração agora, a fim de que eu saiba que está acontecendo.” Assim depois dessa reunião, desde aquela época, “os aposentos de Prabhupada no Radha-Damodara’ tornaram-se conhecidos como ‘bhajan kutir de Prabhupada.’ Bhaktivedanta Swami: “Em meu quarto no Radha-Damodara vocês devem manter uma foto de mim, e oferecer prasadam de Sri Sri Radha-Damodara para a mesma.” (77/3/4) Bhaktivedanta Swami: “Conforme descreveram a colocação de minha foto e oferecimento de prasadam à mesma, está bem. Consultando Akshayananda Maharaj, apenas encontre alguns homens responsáveis para ficar ali. Tudo deve ser mantido limpo e arrumado, como se eu estivesse ficando ali. É bom se alguém vender livros diariamente a partir dali.” (77/3/8) Bhaktivedanta Swami deixou planos específicos para a adoração em seu bhajan kutir no templo Radha-Damodara. Jagat Guru Swami: “Durante aquelas palestras iniciais com seus sannyasis sobre começar adoração nos aposentos dele, Prabhupada disse que queria um inventário por escrito de todas coisas que estavam nos aposentos dele, inclusive quantos livros, manuscritos, potes, pratos, colheres, xícaras, tudo. Prabhupada disse que Gargamuni Maharaj supervisionaria os aposentos, mas que seus discípulos sannyasis do mundo todo, deviam viver sozinhos, e fazer serviço em seus aposentos no Radha-Damodara. Os sannyasis deviam ficar em seus quartos por um a três meses e depois fazer rotação. Assim como durante a presença de Prabhupada, ele estava sempre chamando pregadores de elite para vir serví-lo e depois enviando-os alhures. Mas isso nunca aconteceu. Os sannyasis deviam sair para fazer compras, comprar tudo, cozinhar a oferenda para Bhaktivedanta Swami, e basicamente viver ali assim como ele havia feito. A posição é mais que apenas um toma-conta, mas aquela pessoa era como um cozinheiro pessoal de Prabhupada.” Ao longo dos anos o serviço se expandiu para incluir um arati depois da oferenda do almoço de Prabhupada, e todo dia uma guirlanda fresca para o retrato dele no quarto de dormir. Em 1970, na ausência de Bhaktivedanta Swami, seus discípulos no templo de Los Angeles continuaram oferecendo uma guirlanda para o retrato de Prabhupada. Prabhupada escreveu a eles sobre servir em preparação.

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Bhaktivedanta Swami: “Agradeço a todos vocês, e todos devotos por me oferecerem uma guirlanda diariamente, como estavam fazendo quando eu estava presente fisicamente. Se um discípulo está constantemente ocupado em executar a instrução do mestre espiritual, supostamente ele está em constante companhia do mestre espiritual. Isso se chama Vaniseva. Meu mestre espiritual, Sarasvati Goswami Thakur, pode parecer que não está presente fisicamente, mas porque tento servir as instruções dele, nunca sinto separação dele.” (cartas de SP 22/8/70) Alguns devotos pensam que manter a adoração no bhajan kutir de Prabhupada é uma forma trivial, inferior de serviço destinada a devotos neófitos. Mas ouvimos que Bhaktivedanta Swami queria que seus pregadores senior, os sannyasis, fizessem esse serviço. O exame da tradição Gaudiya Vaisnava mostra que a maioria dos samadhis e bhajan kutirs são mantidos por babajis, devotos muito avançados. Jagat Guru Swami: “Hoje vemos que o samadhi de Raghunath das Goswami está no mesmo nível que seu bhajan kutir. São como manifestações iguais do sol. A casa de Bhaktisiddhanta no Radha Kund, o samadhi de Haridas Thakur em Puri, o samadhi de Rupa Goswami e bhajan kutir no Radha-Damodara, todos são cuidados pela seção babaji. Na verdade Bhaktisiddhanta escreveu um texto certa vez, que nós, os tridandi sannyasis, nos mantivessemos um passo abaixo dos babajis. O babaji tem a veste e a vida de um paramahamsa. Portanto ou a facção dos babajis mantém os bhajan kutirs e samadhis, ou os sannyasis e brahmacharis da Gaudiya Math tomam conta deles.” Quais os benefícios de viver e servir no bhajan kutir de Bhaktivedanta Swami? Kshirodakashayi, que viveu ali por nove meses em 1972, responde. Kshirodakashayi: “Aqueles que ficam ali irão realizar que aqueles acharyas ainda estão vivendo lá. E se a pessoa estiver realmente avançando no campo espiritual, pode receber instrução dos acharyas que vivem lá. Cabe ao indivíduo, como ele realiza isto pelo seu serviço devocional. Por ficar ali deverás realizar quão puro é o ambiente. O próprio ambiente dá um elevado gosto da consciência. Radha-Damodara estão ali e os samadhis dos grandes acharyas estão lá. Não pode haver melhor lugar para viver, que no Radha-Damodara!” Embora agora o bhajan kutir de Bhaktivedanta Swami seja um lugar obscuro, desconhecido dos milhares de peregrinos Vaisnavas que afluem ao templo Radha-Damodara, no futuro milhões de gratos Gaudiya Vaisnavas da China, Rússia, Índia, Europa, Ásia e Américas do Sul e Norte irão prostrar-se diante da porta do bhajan kutir de Prabhupada e implorar por sua divina misericórdia. Prabhupada disse que o Primeiro

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Canto de seu Srimad Bhagavatam continha todas instruções necessárias para guiar a humanidade pelos próximos dez mil anos. Em seu significado ao Srimad Bhagavatam, 10.2.20, Bhaktivedanta Swami declara: Bhaktivedanta Swami: “Portanto, Krishna tomou nascimento ou refúgio dentro do ventre do movimento de consciência de Krishna.” Como o Senhor Krishna tomou nascimento dentro do útero da ISKCON, similarmente o Srimad Bhagavatam tomou nascimento dentro do ventre do bhajan kutir de Prabhupada no templo Radha-Damodara. É aqui que Prabhupada traduziu o Primeiro Canto do Bhagavatam e projetou seus significados, desenhados para penetrarem a escuridão de Kali pelos próximos cem séculos. O bhajan kutir de Prabhupada é o maha-grantha janmasthan, o local de nascimento da melhor das escrituras, o Srimad Bhagavatam. Qual a importância do bhajan kutir de Prabhupada? Kshirodakashayi: “Não só é importante para os membros da ISKCON e os discípulos de Prabhupada, mas é importante para todo Vaisnava. Uma pessoa santa purifica a atmosfera onde quer que vá. Quando uma pessoa santa fica muito tempo num lugar, esse local se torna santificado pela pureza. E qualquer um que curve sua cabeça em tal local irá receber a misericórdia do acharya. Os discípulos de Bhaktivedanta Swami e outros que realizarem isto através de seus ensinamentos, irão compreender que Bhaktivedanta Swami começou seu movimento espiritual a partir dali, seus aposentos no templo Radha-Damodara. Se queremos obter a misericórdia de Prabhupada, devemos ir até lá no bhajan kutir dele e pedir misericórdia. Na verdade, Prabhupada ficou em muitos lugares diferentes, mas esse local (o bhajan kutir dele) foi a vela original e essa luz vai para o mundo todo.” Gopal Ghosh: “Foi lá que Prabhupada teve a idéia da ISKCON. É onde Prabhupada fazia seu próprio bhajan pessoal, e ali muitas vezes ele me contou que Rupa e Jiva Goswamis apareceram para ele em sonhos. Ele tirava poder daquele lugar. O poder para pregar e espalhar consciência de Krishna. Porque um dia ele me falou um poema em bengali do Chaitanya Bhagavat: ‘Até agora, o Senhor Chaitanya está fazendo Sua lila. Ele também está cantando e dançando. Ele está distribuindo isso. É chinmoya lila, e satya – verdade. Algumas raras pessoas estão

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recebendo esta graça, mas as massas em geral estão enredadas em vishaya, gratificação dos sentidos, e não conseguem seguir.’” Prabhupada no Radha-Damodara termina com eulogias glorificando Bhaktivedanta Swami e uma oração. Banwari Lal Pathak: “Nós, o povo de Vrindavan, pensamos que Vrindavan é um local de templos, um lugar de santos. Esta terra antiga do Senhor Krishna sempre foi afortunada e produziu muitos videntes e santos. E estes foram glorificados nesta piedosa terra do Senhor Krishna. Dentre eles nosso Prabhupadaji é o maior. Porque ninguém podia fazer tanto trabalho pelo bem da religião e espiritualismo quanto Prabhupadaji fez. Ele viajou pelo mundo todo pregando o nome do Senhor Krishna. E nossa Vrindavan, como viemos a saber, ficou conhecida pelo mundo todo. Estes são os créditos por conta de Prabhupadaji. Nós, pessoas de Vrindavan temos grande e elevada consideração por ele. Vrindavan tem produzido muitos santos. Vimos Oriya Baba, um grande santo de Vrindavan. Vimos Ananda Mayee Ma. Vimos Swami Akhandanandaji, ele era um grande estudioso. Vimos Hari Baba. Vimos Nim Karoli Baba, um santo cheio de milagres. Assim Vrindavan tem produzido muitos grandes santos, mas a obra deles estava dentro dos limites deste país. Ninguém podia sair. Mas Prabhupadaji viajou pelo mundo inteiro, e convenceu as pessoas a se tornarem devotas e ver como suas vidas se tornam cheias de felicidade pela graça do Senhor Krishna.” Narayan Maharaj: “Prabhupada Swami”, como o chamavamos e o amavamos quando vivia entre nós no final da década de 1950, na verdade foi quem realizou a profecia que o santo nome de Krishna seria ouvido e cantado em cada aldeia, cidade, e vilarejo pelo mundo inteiro. Somos eternamente gratos por sua imensa e prolífica contribuição. Na verdade não é possível para mim louvá-lo adequadamente ou glorificá-lo. Pois ele estava seguindo a senda de raganuga bhakti no nível mais elevado de madhurya rasa. Esse nível é extremamente difícil de apurar e compreender. Porque seres humanos que manifestam características dessa natureza são extremamente raros. E suas verdadeiras naturezas, não as que vemos, eles encobrem suas verdadeiras naturezas que são extremamente esotéricas e não podem ser compreendidas pela mente e inteligência mundana.” (SVMP p.238)

UMA ORAÇÃO

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Mãe Yashoda amarrou Krishna a uma pedra de moer, que Ele arrastou pelo pátio para liberar dois semideuses caídos amaldiçoados por sua nudez a ficarem como árvores. Bhaktivedanta Swami, por seu amor puro por Radha-Damodara, amarraste Krishna em Suas formas de Deidade, às mós das cidades de cimento e aço de Kali, como Nova Iorque, Londres, Bombay, Paris e Sidney. Pela ilimitada força atrativa de Sua transcendental beleza e doçura, o Senhor Shyamasundara está arrastando milhões de almas amaldiçoadas e caídas de volta ao lar, de volta para Deus. Como Mãe Yashoda amarrou o Senhor Damodara com as cordas da afeição pura, eu oro a ti, Bhaktivedanta Swami, para por favor me amarrar afetuosamente aos teus pés de lótus. Completado em 15 de junho, 1990 Pela misericórdia de Bhaktivedanta Swami, Sri Jiva Goswami, Sri Rupa Goswami, E Sri Sri Radha-Damodara

CRONOLOGIA DOS GOSWAMIS 1489 aparecimento de Rupa Goswami 1511 aparecimento de Jiva Goswami 1515 Sri Chaitanya visita Vrindavan 1516 Rupa e Sanatana vem para Vrindavan 1531 Raghunatha Bhatta Goswami vem para Vrindavan 1533 desaparecimento de Sri Chaitanya 1535 Jiva Goswami vem para Vrindavan 1542 Deidade Radha-Raman, primeiro seva puja 1542 Deidade Damodara, primeiro seva puja 1545 Jiva Goswami compra terras no Radha-Kund

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1552 Rupa Goswami escreve Néctar da Devoção (Bhakti-rasamrta-sindhu) 1558 Jiva Goswami compra terra no Seva Kunj/desaparecimento de Sanatana Goswami 1564 desaparecimento Rupa Goswami 1570 Imperador Akbar encontra Jiva Goswami em Vrindavan 1580 abre o templo Radha-Madanmohan 1581 Chaitanya Charitamrta, completado por Krishna das Kaviraj no Shyama Kund 1582 desaparecimento Krishna das Kaviraj 1582 Jiva Goswami ordena que Narottama, Srinivas e Shyamananda preguem 1583 desaparecimento de Raghunatha das Goswami 1585 desaparecimento de Gopal Bhatta Goswami 1590 abre o templo Radha-Govinda 1592 Jiva Goswami escreve Gopal Champu 1608 desaparecimento de Jiva Goswami 1670 Aurangzeb destrói templo de Vrindavan 1739 Deidade Radha-Damodara retorna a Vrindavan de Jaipur 1764 Deidade Radha-Damodara volta de novo para Jaipur e fica

CRONOLOGIA DE BHAKTIVEDANTA SWAMI

1954 deixa família, vanaprastha 1954 residência Vrindavan, templo Vamsi Gopal 1959 começa traduzir Srimad Bhagavatam em Delhi julho – muda-se para andar de cima do templo Radha-Damodara 17 set.- toma sannyasa, ordem renunciada de vida 1960 outono – publica livro de bolso Fácil Viagem a Outros Planetas 1962 julho – muda-se para térreo no Radha-Damodara set. – publica volume 1 Srimad Bhagavatam em Delhi 1963 dez – publica volume 2 Srimad Bhagavatam 1964 dez.- publica volume 3 Srimad Bhagavatam 1965 13 ago.- deixa Calcutá no Jaladutta para ir a América 1967 Retorna ao Radha-Damodara 1971 Visita Radha-Damodara e Vrindavan com quarenta discípulos 1972 Kartik no Radha-Damodara, dá famosas palestras do Néctar da Devoção 1977 Entra na lila eterna de Radha e Krishna em Goloka Vrindavan

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AGRADECIMENTOS Desejo agradecer especialmente a todos os devotos que deram seu tempo livremente para as entrevistas, que falando francamente, são o néctar real desse livro. A atraente capa do livro foi feita por Jagattarini devi dasi e Bhakta Charles. Duradarsha Prabhu pacientemente tirou todos maravilhosos retratos para o livro, e Aditya dasi mui caridosamente colocou tudo no microcomputador. Estou muito grato à Bhaktivedanta Book Trust por publicá-lo, e muito obrigado a Satsvarupa das Goswami por compilar o Bhaktivedanta Swami Lilamrta. Ofereço meus sinceros agradecimentos a Bhakta Das e Pradip Deb que contribuíram generosamente para com os custos de impressão. Agradecimentos especiais a Sudarshana Prabhu por contribuir com a reimpressão deste livro.

CONTRIBUÍRAM COM ENTREVISTAS Anand Maharaj – discípulo e cozinheiro pessoal de Bhaktisiddhanta Sarasvati. Brahmachari de 89 anos de idade que cozinhou para discípulos de Bhaktivedanta Swami no Radha-Damodara de 1971-1972. O.B.L. Kapoor – discípulo de Bhaktisiddhanta Sarasvati, professor de religião e filosofia, estudioso Gaudiya Vaisnava e prolífico autor. Gour Krishna Goswami – Gaudiaya Vaisnava de 80 anos de idade, pandit sânscrito e vaidya, atua como secretário do comitê administrativo do templo Radha-Raman. Narayan Maharaj – discípulo de Bhakti Prajna Keshava Maharaj, estudioso Gaudiya Vaisnava, fundador do Rupa Sanatan Gaudiya Math, Seva Kunj, Vrindavan Banwari Lal Pathak – Brijbasi, pandit, assistente social, e um “devoto de Prabhupadaji” Padmanabha Goswami – filho Brijbasi de Sri Visvambhara Goswami, e sevaíta do Radha-Ramanji Gopal Ghosh – Gaudiya Vaisnava, sevaíta do templo Radha-Raman, bibliotecário da Vrindavan Research Institute Jagat Guru Swami – discípulo de Bhaktivedanta Swami, autor Vaisnava, serviu no bhajan kutir de Prabhupada no Radha-Damodara Kshirodakashayi – discípulo de Bhaktivedanta Swami, estudioso Vaisnava, editor que publica literaturas Gaudiya Vaisnavas Ganga Mayi dasi – discípula de Bhaktivedanta Swami, compareceu ao Kartik no templo Radha-Damodara em 1972