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transtrono do autistas na visão brasileira
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07/06/2013 12:08, atualizada às 11/06/2013 12:00
Revista Brasileiros (http://brasileiros.com.br/revistabrasileiros/)
Transtorno do Espectro AutistaNovo nome, novas perspectivas.
Liliane Oraggio
Durante todo o mês de junho, a Brasileiros publicará em seu portal a série “Direito deEscolha”, com textos sobre autismo e psicanálise. No primeiro artigo, falamos sobre oCentro de Referência da Infância e Adolescência e sobre o Movimento Psicanálise, Autismoe Saúde Pública. No segundo texto, abaixo, o assunto é o Transtorno de Espectro Autista(TEA). A série se encerra em julho, com uma reportagem na edição 72 da Brasileiros.
O termo Transtorno do Espectro Autista foi lançado na recémpublicada edição do DSMV, oManual de Classificação de Doenças Mentais da Associação Americana de Psiquiatria que servede referência mundial para estabeldiagnósticos. Outra mudança: o DSMV desconsidera ascategorias Autismo, síndrome de Asperger, Transtorno Desintegrativo e Transtorno Global doDesenvolvimento Sem Outra Especificação. Todos são designados como TEA e as avaliaçõespriorizam a intensidade dos sintomas, que podem ser leves, moderados ou severos. O Manualestá causando polêmica e muitos consideram simplistas seus critérios de elaboração. Porém, orótulo autista, além de politicamente incorreto, tornase ultrapassado, pois todos os aspectosdesse tipo de deficiência intelectual estão ganhando contornos mais amplos, ajudando a vencer opreconceito e o estigma em torno da doença. A Lei nº 12.764 da Constituição Brasileira, do final de2012, já considerou essa atualização e instituiu uma Política Nacional de Proteção dos Direitos daPessoa com Transtorno do Espectro Autista, que favorece cerca de 2 milhões de pessoas.
Organização das Nações Unidas estima que existem 70 milhões de pessoas com TEA em todo omundo e, pode apostar, não existem dois pacientes exatamente iguais. Embora haja parâmetrosexatos de avaliação do desenvolvimento da criança – não falar uma frase inteira aos 2 anos deidade, não apontar objetos e pessoas, não atender ao ser chamado pelo nome, balançar a cabeçae as mãos – cada um desenvolve comportamentos autistas de maneiras pessoais e intransferíveis,por isso não basta apenas um diagnóstico e uma receita a seguir, é preciso considerar asingularidade de cada caso. A história de vida, a realidade social, as experiências de linguagem emuitos outros fatores subjetivos mudam a realidade de cada paciente, como acontece comqualquer outro cidadão. Da mesma forma, a interação com vários tipos de prática durante otratamento também influem no desenvolvimento das crianças e adolescentes. Sem dúvida, oconceito de reabilitação e deficiência é mais amplo e vai além dos tratamentos puramentefisiológicos. O neurologista e pai da psicanálise, Sigmund Freud (18351930) e seu discípulo, opsicanalista Jacques Lacan (19011981) se debruçaram na análise desses aspectos subjetivosque não apenas indicam as causas, mas também são fundamentais para tratar o TEA, justificandoplenamente a presença dos psicanalistas nas equipes dos serviços de saúde pública e depesquisa.
O Relatório da Organização Mundial de Saúde, de 2012, atesta a necessidade de haver equipesmultidisciplinares no atendimento às pessoas com deficiência, justamente, por se constatarbenefícios à reabilitação. E ali estão alguns exemplos: “Observouse que a reabilitação
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multidisciplinar para deficientes com doença pulmonar obstrutiva crônica associada, reduz o usodos serviços de saúde”. A OMS também registrou que “Serviços terapêuticos multidisciplinarespara idosos mostraram que a capacidade desses pacientes em realizar atividades da vida diáriamelhorou, e a perda funcional foi reduzida”. E ainda: “O uso da abordagem em equipe paramelhorar a participação social de jovens com deficiências físicas mostrou uma boa relação custobenefício”.
“Existe um esforço mundial para mensurar as interações entre os serviços e se definir políticas quetêm foco no indivíduo (prover um dispositivo assistivo), na sociedade (implementar leis contra adiscriminação), ou em ambos. A ONU e a OMS desenvolvem programas com o objetivo deidentificar elementoschave para assegurar uma agenda para o desenvolvimento que tenha emconta as pessoas com deficiência para 2015. O tratamento atual impõe uma mudança nasociedade e uma ampla assistência para além do que se convencionou como reabilitação e,portanto, cabe a defesa da psicanálise neste campo”, afirma a psicanalista Cristina Abranches,uma das articuladoras do Movimento Psicanálise, Autismo e Saúde Publica, que citou o relatório daOMS durante reunião plenária, em São Paulo.
Ao contrário das linhas mundiais, o Sistema Único de Saúde criou a Rede de Cuidados as Pessoascom Deficiência e os Centros Especializado de Reabilitação, mas, no decreto 835, de abril de2012, ao definir o incentivo financeiro, determina uma equipe mínima composta por: médico;fisioterapeuta; fonoaudiólogo; terapeuta ocupacional; assistente social; e enfermeiro. “Notase queo psicólogo não foi contemplado e muito menos o psicanalista”, conclui.
Link curto: http://brasileiros.com.br/K2geE (http://brasileiros.com.br/K2geE)
LISTA DE COMENTÁRIOS
Luciana 20 de março de 2014 16:26
Gostaria de saber se vocês tem dicas de como trabalhar com alunos autistas em sala de aula.Com provas, exercícios e etc.
Att,
Luciana
Patricia Rousseaux 12 de junho de 2013 18:31
Recebemos um comentário sobre esta matéria por email aos cuidados da direção de redação daBrasileiros.Solicitamos ao autor que a ideia seja desenvolvida, com o objetivo de publicar e criar uma correntede debate sobreo tema.PatriciaDiretoraBrasileiros Editora Ltda.
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Cristina Abranches Mota Batista 12 de junho de 2013 16:08
A reportagem reflete bem a atual polêmica diante dos avanços dos estudos e pesquisas sobre oautismo, o atual conceito de TEA e o DSMV. O MPASP (Movimento de Psicanálise, Autismo eSaúde Pública) ratifica as considerações a respeito da necessidade de se englobar a psicanáliseno tratamento de pessoas com TEA, mas não está de acordo com o fato do TEA ser classificadocomo uma deficiência intelectual. Por vezes o TEA e a deficiência intelectual podem fazer parte deum mesmo quadro e estarem associados, mas isto não implica que correspondam a uma mesmacategoria, ou estrutura psíquica. Para a psicanálise existem formas distintas do sujeito seestruturar e se posicionar no que concerne à deficiência intelectual e ao TEA.
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