Transtornos relacionados

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  • 1. Universidade Federal de Uberlndia Faculdade de Medicina Departamento de Clnica Mdica Disciplina de Psiquiatria Daniele de Arujo Ges Dannillo Guimares Pererira Diego Augusto Ribeiro de Lima Estevo Marques Santos Guilherme Csar Naves Borges Jander Massuda Hiplito Marcel Pereira Moussa Roger Cardoso Martins Tiago Augusto Fernandes Peres Valmir Tunla Junior Transtornos Relacionados ao lcool

2. Introduo lcool o depressor do SNC mais freqentemente usado, sendo causa de considervel morbidade e mortalidade. 90% dos adultos norte-americanos, em algum momento da vida, tiveram alguma experincia com o lcool, Em torno de 60% de homens e 30% de mulheres j tiveram um ou mais acontecimentos vitais adversos relacionados ao lcool. 3. Classificao O DSM-IV divide os Transtornos Relacionados ao lcool em dois grandes grupos e seus subgrupos: TRANSTORNOS POR USO DE LCOOL TRANSTORNOS INDUZIDOS PELO LCOOL 4. Classificao TRANSTORNOS POR USO DE LCOOL: 303.90 Dependncia de lcool. 305.00 Abuso de lcool. 5. Classificao TRANSTORNOS INDUZIDOS PELO LCOOL: 303.00 Intoxicao com lcool. 291.81 Abstinncia de lcool. 291.0 Delirium por Intoxicao com lcool. 291.0 Delirium por Abstinncia de lcool. 291.2 Demncia Persistente Induzida por lcool. 291.1 Transtorno Aminstico Persistente Induzido por lcool. 291.5 Transtorno Psictico Induzido por lcool, com Delrios. 291.3 Transtorno Psictico Induzido por lcool, com Alucinaes. 291.89 Transtorno do Humor Induzido por lcool. 291.89 Transtorno de Ansiedade Induzido por lcool. 291.89 Disfuno Sexual Induzida por lcool. 291.89 Transtorno do Sono Induzido por lcool. 291.9 Transtorno Relacionado ao lcool Sem Outra Especificao. 6. DEPENDNCIA DE LCOOL (DSM-IV 303.90) Alcoolismo Em 1856, um mdico sueco, Magnus- Huss - alcoolismo para designar os sinais e sintomas fsico-psquicos surgidos pela excessiva ingesto de doses elevadas, por tempo prolongado, de bebidas alcolicas. Grave problema mdico-social 7. DEPENDNCIA DE LCOOL (DSM-IV 303.90) uma toxicomania ou farmacodependncia: Um estado psquico e algumas vezes tambm fsico, resultante da interao entre um organismo vivo e uma substncia, caracterizado por um comportamento e outras reaes que incluem sempre compulso para ingerir a droga, de forma contnua e ou peridica, com a finalidade de experimentar seus efeitos psquicos e s vezes para evitar o desconforto de sua abstinncia. A tolerncia pode existir ou faltar e o indivduo pode ser dependente de mais de uma droga. Confirmar toxicomania: Necessidade de aumento progressivo das doses. Aparecimento da sndrome de abstinncia quando da interrupo brusca da substncia utilizada. 8. DEPENDNCIA DE LCOOL (DSM-IV 303.90) OMS Alcoolismo: uma doena de natureza complexa, na qual o lcool atua como fator determinante sobre causas psicossomticas preexistentes no indivduo e para cujo tratamento preciso recorrer a processos profilticos e teraputicos de grande amplitude. Alcolatras: so bebedores excessivos, cuja dependncia do lcool chega a ponto de acarretar-lhes perturbaes mentais evidentes, manifestaes afetando a sade fsica e mental, suas reaes individuais, seu comportamento socioeconmico ou prdromos de perturbaes desse gnero e que, por isso, necessitam de tratamento. 9. DEPENDNCIA DE LCOOL (DSM-IV 303.90) Aspectos Gerais: A falta de controle sobre a ingesto do lcool considerado um dos critrios mais importantes para se surpreender a toxicomania ainda no incio. O hbito de ingerir aperitivos s refeies, com o aumento progressivo das doses, pode acarretar prejuzos na ingesto de alimentos que agravam as conseqncias do consumo crnico do lcool. importante saber que, o uso de lcool diariamente, mesmo que em pequenas doses, o que conduz maior nmero de vtimas ao ingresso nas imensas legies de alcolatras crnicos. 10. ABUSO DE LCOOL (DSM-IV 305.00) O diagnstico de abuso de lcool requer menos sintomas e, portanto, pode ser menos grave do que a Dependncia Somente diagnosticado quando for estabelecida a ausncia de Dependncia. O abuso de substncias, em geral, consiste em um padro mal adaptativo de uso de substncia, manifestado por conseqncias adversas recorrentes e significativas relacionadas ao uso repetido da substncia. 11. ABUSO DE LCOOL (DSM-IV 305.00) Abuso de substncia: Uso recorrente da substncia acarretando fracasso em cumprir obrigaes importantes no trabalho, na escola ou em casa. Uso recorrente da substncia em situaes nas quais isto representa perigo para a integridade fsica. Problemas legais recorrentes relacionados substncia. Uso continuado da substncia, apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados pelos efeitos desta. Os sintomas jamais satisfizeram os critrios para Dependncia de Substncia relativos a esta classe de substncia. Obs: Entretanto, uma vez que alguns sintomas de tolerncia, abstinncia ou uso compulsivo podem ocorrer em indivduos com Abuso, mas sem Dependncia, importante determinar se todos os critrios para Dependncia so satisfeitos. 12. Alcoolismo 13. Causas do Alcoolismo A motivao para ingerir lcool pode estar radicada em vrios fatores: Ordem biolgica Ordem psicolgica ou social Muitas vezes uma nica razo no distinguvel De acordo com a maioria dos autores, no h alcoolismo primrio, propriamente dito, sendo os casos quase que totalmente secundrios a algo subjacente personalidade do paciente. Outros autores defendem ser o alcoolismo uma doena adquirida revelia de quaisquer predisposies psicossomticas preexistentes, sendo decorrente do uso contnuo do prprio lcool. Mas importante ressaltar que essa hiptese na maior parte das vezes descartada. 14. Causas do Alcoolismo Condies preexistentes de personalidade: Nvel intelectual, Traos neurticos ou psicticos, Traos epileptides Traos depressivos Fatores sociais (trabalho, profisso) Tais fatores favorecem o estabelecimento de uma dependncia mais precoce em relao ao txico e evoluo mais grave e rpida da doena alcoolismo. Muitas vezes o lcool utilizado como modo de fuga de problemas, onde a ingesto alcolica leva uma tranqilidade passageira O mesmo acontece com os constitucionalmente deprimidos que alcanam certa estimulao custa da bebida. 15. Causas do Alcoolismo Nas coletividades em que o consumo de lcool realizado em grupo a freqncia de alcoolismo menor. Nos cerimoniais em que o lcool participa como denominador comum, as crianas desde cedo aprenderiam a beber, da mesma forma com que aprendem a respeitar os princpios religiosos ou as regras do jogo de futebol. Nessas condies o lcool no seria ingerido com conotaes de prazer ou para produzir relaxamento, esse uso seria atribudo um papel sobrenatural ou divino, ou estaria reservado um significado de cimento familiar. Entre os israelitas, o lcool ingerindo segundo esse modelo, sendo raramente observado alcoolismo entre eles. 16. Metabolismo do lcool Ingesto oral incio do processo de absoro. Depois de absorvido, distribui-se uniformemente por todo o espao extracelular. O lcool se concentra nos tecidos mais ricos em gua ou que tm maior poder de oxid-lo. No LCR (muita gua) o teor alcolico existente aproximadamente 25% maior do que no sangue. Alm de poder atingir o sistema nervoso central, o lcool tambm tem a propriedade de atravessar a placenta, atingindo a circulao fetal. Em virtude disso, nascem crianas intoxicadas, com depresso respiratria, porque as gestantes se alcoolizam s vsperas do parto. 17. Metabolismo do lcool Os produtos finais do metabolismo do lcool no organismo so: Gs carbnico gua Degradao do lcool: Fgado(principalmente) Msculos Outros rgo Transformado em acetaldedo pela enzima lcool desidrogenase. Nessa reao o difosfopiridinonucleotdeo (NAD) participa como aceptor de ons hidrognio liberados do etanol. 18. Metabolismo do lcool Transformao do acetaldedo em acetil-Co- A, reao acelerada pela enzima aldedo- desidrogenase e pelo oxignio. A administrao de oxignio por via inalatria pode ser benfico na reduo de muitos sintomas da sndrome de abstinncia, devido ao aumento de saturao do mesmo no sangue, facilitando a formao de acetil Co- A. 19. Metabolismo do lcool O estgio final do metabolismo do lcool a incluso do acetil- Co-A no ciclo de Krebs, sendo que 90% do lcool ingerido e absorvido segue esse destino: Produtos finais: Protenas Carboidratos Gorduras Colesterol Corpos cetnicos que so eliminados pela urina De todo o lcool ingerido 2% excretado como tal Quando a ingesto muito grande, a excreo pode atingir at 10%, na sua maior parte pelos pulmes, pequena parte pelo suor e secreo lacrimal. 20. Metabolismo do lcool O hlito caracterstico: da pessoa embriagada proveniente das Vias digestivas Vias respiratria(principalmente) Odor do lcool Substncias aromticas da bebiba A dose letal de etanol introduzida rapidamente no organismo, em aproximadamente uma hora, de 1,5 a 2,5 g/Kg. 21. Efeitos Somticos do Alcoolismo O lcool compromete o organismo humano severamente, sendo os setores mais intensamente atingidos: Fgado Pncreas Sistema cardiovascular Aparelho digestivo Rins Aparelho respiratrio, Sangue e tecido hematopotico Aparelho reprodutor Musculatura esqueltica Glndulas endcrinas Sistema nervoso central. 22. No fgado o lcool lesa diretamente o hepatcito, alterando seu metabolismo e provocando morte celular Essa leso pode ser demonstrada pela dosagem de TGO, principalmente nas intoxicaes agudas de indivduos no portadores da doena heptica anteriormente. 8% dos alcolatras crnicos apresentam como complicao tardia cirrose heptica. A esteatonecrose heptica provoca a hiperproduo de clulas mesenquimais, fibrose intersticial e cirrose, secundariamente, distrbio circulatrio intra-heptico. Efeitos Somticos do Alcoolismo 23. Em virtude da esteatose, o fgado do alcolatra aumentado de volume. A cirrose um processo irreverssvel e aps estabelecida o prognstico torna-se muito reservado. Suas complicaes mais freqentes so: Insuficincia heptica Ascite, Edema de membros inferiores, Varizes do sistema porta(hematmese) Esplenomegalia Em fase terminal, coma heptico e morte. Efeitos Somticos do Alcoolismo 24. No pncreas o lcool age de forma aguda ou crnica. A pancreatite aguda surge at 24 horas aps grandes ingestes alcolicas, manifestando-se por: Dor abdominal intensa, em faixa, nos hipocndrios e epigstrio, menos comumente no trax e na regio dorsal, com durao de vrios dias Amilasemia elevada Na pancreatite crnica h um comprometimento do pncreas excrino levando digesto difcil e esteatorria, podendo tardiamente acompanhar-se de comprometimento do pncreas endcrino. O alcoolismo crnico compromete o ciclo de Krebs e a permeabilidade celular na fibra cardaca at mesmo em pacientes normais. Efeitos Somticos do Alcoolismo 25. Existe um tipo de cardiomiopatia alcolica, conhecida como dos bebedores de cerveja, observada em regies em que essa bebida contm muito cobalto, apresenta-se com insuficincia cardaca subaguda, com cianose, acidose ltica e bito em 50% dos casos. Em doses moderadas, o lcool provoca vasodilatao, especialmente dos vasos cutneos, com calor e rubor da pele. Pacientes com lcera gastroduodenal devem evitar a ingesto alcolica, pois alm de seu poder irritante sobre a mucosa, estimula a secreo cida do estmago, efeito mais grave, sobretudo quando as bebidas ingeridas so destiladas, com concentrao at 40% (gastrite crnica, responsvel por vmitos) Efeitos Somticos do Alcoolismo 26. Nos rins, o lcool exerce ao sobre os tbulos renais diminuindo a reabsoro de gua, o que se deve, por sua vez, inibio da produo do ADH. O lcool em pequenas quantidades, por aumentar a oferta calrica ao organismo, pode estimular o ritmo respiratrio de forma leve e transitria. Em maiores quantidades produzem depresso respiratria central, com risco para o paciente, pois nveis muito elevados podem conduzir ao bito. Os bebedores so anmicos crnicos por fatores relacionados dieta, ao aumento das perdas sanguneas, doena heptica e hemlise por hiperlipidemia, principalmente. Efeitos Somticos do Alcoolismo 27. Nas intoxicaes alcolicas crnicas, o paciente mostra impotncia sexual por: Prejuzo do reflexo medular de que depende a ereo Reduo da produo de andrgenos pela ao direta do lcool sobre os testculos Deteriorao que o paciente sofre no plano tico. As miopatias alcolicas so secundrias s polineurites que conduzem s atrofias musculares. Nos alcolatras crnicos, aps grandes bebedeiras, podem surgir cibras principalmente nos membros inferiores. O quadro completamente reversvel, desde que o uso de lcool seja completamente interrompido. Efeitos Somticos do Alcoolismo 28. Supe-se que o lcool possa induzir inibio do catabolismo dos aldedos, resultantes do metabolismo da serotonina e noradrenalina (supra-renal), txicos do sistema nervoso central. Ainda no tecido glandular, o lcool pode ser secretado com a saliva e o leite, atravs das glndulas salivares e mamrias. No sistema nervoso central, o lcool um agente depressor, com atividade preponderante sobre o sistema reticular ativador ascendente. A diminuio dos reflexos tendinosos, principalmente do patelar e aquiliano, frequentemente observado nos casos crnicos, decorre da polineurite perifrica. Efeitos Somticos do Alcoolismo 29. Efeitos Psquicos do Alcoolismo ALCOOLISMO AGUDO (embriaguez fisiolgica): Observa-se sempre certa proporo entre as quantidades de lcool ingeridas, os ndices alcanados pela alcoolemia e a intensidade dos sintomas psquicos apresentados pelo paciente. Em nveis perto de 150 mg% surge certa euforia e discreta excitao com aparente vivacidade intelectual, alegria e desembarao. Elevaes dos nveis at 300 mg% surgem perturbaes mais graves, comprometendo-se acentuadamente o nvel de conscincia, nestas ocasies a fala torna-se pastosa, surgem tremores das extremidades, a marcha torna-se ebriosa, as plpebras ficam pesadas, ocorrendo quedas freqentes. O agravamento da intoxicao causa certo grau de anestesia, diplopia, reduo do campo visual e sonolento. Quando a alcoolemia se encontra em torno de 400 a 500 mg%, segue-se a fase do sono profundo ou coma alcolico, com anestesia profunda, abolio dos reflexos, hipotermia, depresso cardiorrespiratria. 30. Efeitos Psquicos do Alcoolismo ALCOOLISMO AGUDO: A embriaguez patolgica caracteriza-se pela desproporo entre as pequenas quantidades ingeridas e a riqueza de manifestaes na esfera psquica. A dipsomania caracterizada por impulsos de ingesto de grandes quantidades de alcool, que surgem de forma episdica no indivduo. Quando no encontra bebidas alcolicas, desesperado, o dipsmano ingere outras substncias obtidas no momento, como ter, gasolina, perfumes, querosene ou gua de colnia. 31. Efeitos Psquicos do Alcoolismo ALCOOLISMO CRNICO: O delrio alcolico subagudo: o mais freqentemente observado na clnica, tendo como caracterstica os tremores finos das extremidades digitais, da lngua e da musculatura facial, alm de movimentos amplos e desordenados dos membros superiores e inferiores. Na esfera psquica, insnia rebelde, inquietao, grande sugestibilidade e riqueza de perturbaes perceptivas visuais. Em formas mais graves, o paciente apresenta grande dificuldade em falar. No incio ou durante o quadro podem ocorrer convulses generalizadas. So descritas tambm perturbaes vestibulares combinadas com vises de paredes caindo ou do solo se movendo sob os ps. 32. Efeitos Psquicos do Alcoolismo ALCOOLISMO CRNICO: O delrio alcolico agudo: muito raro, a sndrome desencadeada por condies estressantes, tais como: intervenes cirrgicas, traumatismos, infeces agudas, principalmente do aparelho respiratrio, modificaes do regime alimentar e choques emocionais. Tanto se pode observar o desencadeamento da sndrome por aumento da ingesto alcolica, reduo ou interrupo brusca e completa da bebida. O delrio alcolico agudo possui duas fases distintas, a fase prodrmica e a fase crtica. A prodrmica caracterizada por: distrbios gastrintestinais, sudorese excessiva, desequilbrio, incoordenao motora, marcha insegura e algumas vezes crises convulsivas; as queixas mais referidas pelo paciente nesse perodo so perturbaes visuais, secura da boca e da lngua, insnia rebelde, intensa ansiedade, sonhos aterrorizantes e alucinaes visuais; este perodo pode durar de 3 a 4 dias. 33. Efeitos Psquicos do Alcoolismo ALCOOLISMO CRNICO: O delrio alcolico agudo: O quadro biolgico dessa patologia severo, caracterizado por desidratao macia, global, com catabolismo intenso do nitrognio, acmulos de corpos cetnicos, hipocalemia, hipercaliria e queda dos eosinfilos circulantes no plano hematolgico. Deve ser realizado diagnstico diferencial com: quadros infecciosos, sndromes menngeas, pasicoses epilpticas, sndromes agudas de excitao manaca, outros delrios txicos agudos (ter, cloral, cocana), porfirias agudas, encefalopatias agudas de origem pancretica, insuficincia supra-renal aguda, encefalite psicsica aguda de Marchand Coutois, embriaguez alcolica fisiolgica e encefalopatias alcoolicas crnicas. So complicaes desse quadro: colapso cardiovascular, insuficincia renal, insuficincia heptica, perfuraes do tubo digestivo, complicaes respiratrias e neurolgicas. 34. Efeitos Psquicos do Alcoolismo ALCOOLISMO CRNICO: O delrio alcolico agudo: As crises convulsivas, surgidas alguns anos aps a instalao do alcoolismo crnico, foram generalizadas do tipo grande mal e no precedidas por aura, ocorrendo quase sempre no perodo inicial de abstinncia alcolica e raras vezes no apce da intoxicao etlica. Na maioria dos pacientes, as convulses ocorrem unicamente durante a sndrome de abstinncia alcolica. Em outros, a convulso desencadeada diretamente pela ao txica do lcool, que atua como fator precipitante. Num terceiro grupo, situam-se os epilpticos que, secundariamente, se tornaram alcolatras. 35. Efeitos Psquicos do Alcoolismo FORMAS DELIRANTES: Os delrios crnicos podem ser de dois tipos: Delrio de cime(associado a personalidade paranide) Psicose alucinatria: instala-se bruscamente sob a forma de uma crise onrica ou atravs de um quadro de automatismo mental ou ainda insidiosamente, sobretudo por distrbios do humor e do carter. As alucinaes so predominantemente auditivas e visuais. A alucinose alcolica caracterizada sempre por verdadeiras alucinaes, em funo das quais o paciente pode at cometer crimes pavorosos. As seqelas ps-onricas so a persistncia, no consciente, de idias, convices e vivncias ocorridas durante o perodo onrico. Evoluem por estgios progressivos, com participao cada vez maior da crtica at a remisso total. 36. Deficincia deDeficincia de tiaminatiamina Ataxia cerebelar Paralisia do Nervo Abducente Alteraes mentais Nistagmo Encefalopatia de Wernicke Psicose de Korsakoff Amnsia antergrada 37. Deficincia deDeficincia de tiaminatiamina Ataxia cerebelar Paralisia do Nervo Abducente Alteraes mentais Nistagmo Encefalopatia de Wernicke Psicose de Korsakoff Amnsia antergrada 38. Leses talmicas, dos corpos mamilares, da substncia cinzenta periaquedutal mesenceflica, dos colculos superiores e assoalho do IV ventrculo. 39. Fase inicial: Estado confusional global. Confabulao - inveno ou criao de histrias Incapaz de lembrar-se, utiliza-se de fragmentos de memrias de eventos passados A confabulao no est sempre presente nem um requisito para o diagnstico. Fase desenvolvida: Associao de amnsia, fabulao e desorientao. Amnsia - distrbio da memria antergrada - dificuldade ou impossibilidade de formar novas memrias Fabulao com falsos reconhecimentos e desorientao tmporo-espacial Quadro de confuso mental que evolui sobre um fundo de euforia. Fase terminal: Fabulaes e os falsos reconhecimento so mais freqentes Desorientao tmporo-espacial Confuso mental e at demncia 40. Duas condies raras. Mielinlise Central Pontina:Mielinlise Central Pontina: Disfagia, disartria, afonia, dificuldades para engolir, oftalmoplegia completa, falta de reao corneana, quadriparesia ou quadriplegia hipo ou arreflxica e, at, morte. Doena de Marchiafava Bignami:Doena de Marchiafava Bignami: o Necrose do corpo caloso, manifesta-se por deteriorao neurolgica rpida. o Agitao, confuso mental, alucinaes, negativismo, ataxia, disartria, hipertonia, julgamento prejudicado e desorientao. o Pode haver disfagia, ecolalia, distrbios da marcha, incontinncia urinria e fecal, perseverao do pensamento. 41. Alcoolistas com cirrose heptica (8%). Manifestaes enceflicas surgem medida que se agrava a hipertenso porta. Perturbaes do nvel de conscincia (obnubilao) e modificaes de humor, apatia, irritabilidade ou despreocupao jovial, pueril. Quadro psquico - amnia no sangue Cura - muito rara 42. Anamese com prprio paciente e familiares Bem conduzida e pormenorizada sobre o uso de alcolicos, seguida de minucioso exame fsico na maioria dos casos assegura ou no a existncia da doena. Nas intoxicaes agudas a retirada de sangue ou coleta do ar expirado e posterior dosagem do teor alcolico permitem esclarecer definitivamente o caso. 43. Fase ProdrmicaFase Prodrmica Doena AlcoolismoDoena AlcoolismoBebedor sintomtico, primeiros Black-outs, drinques s escondidas, preocupao pela bebida, copos inteiros em um s gole, negao de beber. Doena AlcoolismoDoena Alcoolismo Fase crucial ou bsica: perda do controle, libis, reprovao familiar, extravagncia, agresso, remorso persistente, bebidas mais concentradas, perda de amigos, perda de trabalho, mudana de hbitos familiares, primeira hospitalizao, ressentimentos, curas geogrficas, estoque de bebidas, drinques matinais. Fase crnica: grandes bebedeiras, deteriorao tica, ambivalncia, tremores, inibio psicomotora, necessidade de apoio religioso, bebe para esquecer que bebe, complicaes e contradies. Doenas Fsicas: heptica, SNC, SNP. 44. Para estabelecer diagnstico de forma prtica Hayman elaborou um questionrio a ser aplicado aos pacientes com suspeita de alcoolismo: Tem usado lcool excessivamente Bebe para fazer confidncias ou ter facilidades sociais Aborrece as demais pessoas quando bebe Necessita beber de manh Bebe sozinho Perde muito tempo de trabalho para beber J teve algum Black-out Teve o desejo de parar de beber e conseguiu ficar abstinente J esteve preso alguma vez por causa da bebida Tem tremores quando interrompe o uso do lcool 45. Se assemelham a transtornos mentais primrios ( ex: transtorno depressivo maior X transtorno do humor induzido por lcool, com caractersticas depressivas, com incio durante intoxicao). Fraca coordenao e o prejuzo associados com intoxicao com lcool - acidose diabtica, ataxias cerebelares, esclerose mltipla Sintomas de abstinncia do lcool hipoglicemia, cetoacidose diabtica e tremor essencial Intoxicao com lcool - sedativos, hipnticos ou ansiolticos. 46. Porque uns so mais facilmente aprisionados na farmacodependncia alcolica e outros no? Compete ao psicopatologista esclarecer a questo do ponto de vista cientfico, sem se descuidar no entanto, de que o alcolatra antes de tudo, uma pessoa humana, encerrando sempre mais profundamente dentro de si algo incognoscvel. Estudos cuidadosos mostram que os alcolatras no se encontram entre grupos sociais marginalizados. Ao contrrio, 70% destes vivem em bairros mais diferenciados, na companhia de suas famlias e em profisses de destaque. Os alcolatras crnicos no se recrutam de um tipo de personalidade determinado, normal ou anormal. 47. Exames subsidirios: 1)Alcoolemia intoxicao devida [lcool] nos rgos 2)Eletroencefalografia - deve ser realizado em alcoolismo agudo e crnico. A grande maioria dos casos de alcolatras crnicos sintomtico ou secundrio, isto , a personalidade subjacente dos alcolatras sempre anormal. Alm disso, o exame permite verificar a existncia de leses irreversveis do SNC provavelmente ocasionados pelo uso prolongado do lcool.A importncia da realizao deste exame prende-se s possveis complicaes neurolgicas do alcoolismo crnico: paquimeningites, acidentes vascolares cerebrais e traumatismos craniocerebrais a que estes pacientes esto particularmente expostos. 3)Lquor 4)Pneumencefalografia - processo expansivo insuspeito, responsvel por distrbios da conduta ou quadro demencial, como hematomas subdurais, freqentes nos alcolatras crnicos. 5)Testes psicolgicos 6)Outros exames - TGO, TGP, protenas totais e fraes, amilase, bilirrubinas, fosfatase alcalina, TAP, TTPA, US de abdome a fim de aferir a 48. Naltrexona - bloqueio da atividade dos opiides. uma espcie de antdoto para a intoxicao de herona, morfina e similares Acamprosato - atua mais na abstinncia, reduzindo o reforo negativo deixado pela supresso do lcool Ondansetrona - inibidor de vmitos Dissulfiram - substncia que fora o paciente a no beber sob a pena de intenso mal estar