Tratado de Direito Privado Tomo 4

Embed Size (px)

Citation preview

551TRATADO DE DIREITO PRIVADO- TOMO IV - Validade. Nulidade. Anulabilidade. Parte Geral Tbua Sistemtica das MatriasII. Plano de ValidadeParte 1 - Validade. Nulidade. Anulabilidade. Captulo 1 Validade 356. Pressupostos de validade do negcio jurdico e de atos jurdicos strito sensu. 1. Validade e eficcia. 2. Pressupostos de validade. 3. Viciosidade. 4. Confuses de alguns juristas 357. Existncia, validade e nulidade, eficcia. 1. Existir e valer. 2. Valer e ser eficaz Captulo II Nulidade e Anulabilidade 358. Existncia e nulidade. 1. Problema liminar de ser ou no-ser. 2. Formalismo romano e conceito de nullus. 3.Os dois sentidos de nullus e de nulo. 4. Direito comum. 5. Concepo hodierna. 6. Solues tcnicas quanto ao conceito de nulo. 7. Preciso conceptual indispensvel aos sistemas juridicos. 8. Manifestaes tidas como no-escritas. 359. Limites entre o existente e o no-existente. 1. Problemas de tcnica juridica legislativa. 2. Validade e eficcia, erro grave nas confuses de conceitos. 360. Validade e no-nulidade. 1. Invalidade e ineficcia.2.Resistncias ao exato conceito de ato nulo; preciso de conceitos. 3. Conceito de nulidade e propriedades do ato jurdico nulo. 4. Eliminao necessria da confuso entre inexistncia e invalidade. 5. Confuso entre nulidade e algumas das propriedades do nulo. 6. Existncia e nulidade, quanto a defeito de forma 361. Nulidade, ineficcia e pendncio. 1. No-coincidncia entre a classe dos atos jurdicos ineficazes e a dos atos jurdicos nulos. 2. Pendncia e nulidade 362. Nulidade e anulabilidade. 1. A invalidade passa-se no mundo jurdico. 2. Nulo e anulvel. 3. Inconvalidabilidade da nulidade. 4. Conceito de anulabilidade 363. Nulidades, ditas absoluta e relativa. 1. Critica s duas expresses. 2. Outros sentidos das expresses. 3. Decises sobre invalidade 364. Conceito preciso de anulabilidade. 1. Preciso do conceito. 2. Nulo e anulvel; deficincias do suporte ftico; decretao da invalidade. 3. Eficcia interimstica do anulvel. 4. Plano da validade. 5. Vantagem tcnica 365. Eficcia do anulvel. 1. Eficcia e invalidade. 2. Ataque eficcia do ato jurdico anulvel. 3. Principio da eventualidade, quanto s alegaes de inexistncia, nulidade e anulabilidade. 4. Concorrncia cumulativa de alegaes. 5. O que que se ataca com a ao de nulidade ou com a ao de anulao551 366. Decretao da nulidade, de oficio, e irratificabilidade. 1. Contedo do art.146, pargrafo nico, do Cdigo Civil. 2. Insupribilidade, irratificabilidade 367. Insanabilidade do nulo. 1. Validao e insanabilidade. 2. Pseudosanaes do nulo. 3. Direito romano e sanao.4. Significao histrica do art. 208. 5. Negcio jurdico referente a ato jurdico nulo. 6. Ato constitutivo negativo para a desconstituio do ato jurdico nulo Captulo III Nulidade Total e Anulao Total; Parcial e Anulao Parcial 368. Nulidade total e nulidade parcial. 1. O que a nulidade atinge. 2. Nulidade total 369. Nulidade e anulao parcial. 1. Conceito de nulidade parcial. 2. Direito romano e direito contemporneo.3. Separabilidade das partes. 4. Autonomia da vontade (autoregramento) e separao de partes. 5. O art. 153 e os atos de disposio. 6. Independncia entre si das disposies de ltima vontade 370. Pressupostos do Cdigo Civil, art. 153, 1 parte (incontagiao). 1. Existncia do ato jurdico, complexidade, separabilidade das partes. 2. Complexidade das partes 3. Negcios jurdicos unidos e atos jurdicos stricto sensu unidos. 4. Resoluo por inadimplemento e o art. 153. 371. O art. 153 e os negcios jurdicos unitrios. 1. Impossibilidade parcial, originria, da prestao. 2. Ilicitude de parte da prestao. 3. Onus de alegar e provar 372. Obrigaes principais e obrigaes acessrias 1. Leitura do art. 153, 2 parte. 2. Lei sobre juros acima da taxa legal. 3. Pluralidade da prestao. 373. Se existe (nualidade subjetivanieflte relativa. 1. Posio do problema. 2. Anulabilidade e eficcia sentencial.. Captulo IV Converso 374. Natureza da converso. 1. complexidade do suporte ftico e pluralidade de atos possveis. 2. Fundamento da converso. 3. Converso e ignorncia da nulidade. 4. Converso supe nulidade ou anulabilidade. 5. Exemplos de converso 375. Construo da converso. 1. Como se h de explicar a converso. 2. Converso e sanao 376. Converso legal? 1. Se h converso legal. 2. Converso e verso 377. Converses freqoentes, 1. Negcio jurdico formal e negcio jurdico aformal 378. Quantitatividade e converso. 1. Nulidade total e nulidade parcial. 2. Quantidade e conversao 379. Repetio e nulidade. 1. Nulo e insanvel. 2. Ternpus regit actum. 3. Repetio, e no confirmao do nulo. 4. Negcios jurdicos unilaterais. 5. A espcie do art. 215 do Cdigo Civil551Capitulo V Desconstituio por Invalidade 380. Desconstituio por invalidade. 1. Desconstituio, e no declarao do ato jurdico nulo ou anulvel. 2. Nulidade e anulabilidade. 3. Ordem das questes perante a justia e pela justia. 4. Ao para se desconstituir 381. Alegao de no-validade. 1. Ao para a desconstituio do ato jurdico nulo, regra jurdica excepcional. 2. Permisso e dever de decretar de ofcio a nulidade. 3. Alegao incidental do nulo. 4. Regra jurdica de direito judicirio ou de direito administrativo. 5. Instrumentao pelo oficial pblico 382. Invalidades concorrentes. 1. Concorrncias de nulidade ou de anulabilidades, ou de nulidades e anulabilidades. 2. Ordem das questes. 3. Ao revocatria falencial 383. Reparao do interesse negativo. 1. Negcios jurdicos unilaterais, negcios jurdicos unilaterais com recepticiedade e interesse negativo. 2. Prestao do interesse negativo. 3. Fundamento do dever de reparar. 4. Dever de reparar o interesse negativo, se h decretao de nulidade ou de anulao. 5. Fundamento da reparao em caso de anulao. 6. Legitimao ao de reparao do interesse negativo. 7. Em que consiste o interesse negativo. 8. Pressuposto necessrio de no conhecer o que pede a reparao a causa da invalidade Captulo VI A Capacidade e Validade 384. A capacidade como pressuposto de validade em geral. 1. Capacidade e validade. 2. Mulher casada no incapaz. 3. Conseqncias da incapacidade absoluta. 4. Com seqncias da incapacidade relativa. 5. Quando se apreciam os pressupostos de validade. 6. Incapacidade e capacidade superveniente 385. Capacidade civil e atos jurdicos stricto sensu. 1. Capacidade, pressuposto de validade dos atos jurdicos stricto sensu. 2. Inteligncia dos art. 493,111, 493, pargrafo nico, e 82 do Cdigo Civil. 3. Atosfatos jurdicos e capacidade... 386. Proteo aos incapazes. 1. Sanes de nulidade e de anulabilidade a favor de incapazes. 2. Restituio segundo os princpios gerais e restituio in integrum. 3. Principio da preponderncia da tutela do incapaz e as excees a ele. 4. Atos vlidos por meio do absolutamente incapaz. 5. Outros atos de necessidade. 6. Intervalos lcidos. 7. Pagamento ao incapaz 387. Incapacidade e contagiao. 1. Invalidade, contagiao, legitimao ativa. 2. Invalidade subjetivamente parcial 388. Dono do negcio e sujeito. 1. Capacidade e poder de legitimao. 2. Representao legal. 3. Representao voluntria5511 9 Parte II Nulidade Capitulo 1 Causas das Nulidades 389. Causas da nulidade. 1. Discriminao das sanes de invalidade, problema de tcnica legislativa. 2. Dfice grave 390. Enumerao das causas, 1. Incapacidade absoluta.2. Ilicitude e impossibilidade. 3. Violao de regra jurdica sobre forma. 4. Preterio de solenidade essencial. 5. Infrao de regra jurdica cuja sano seja a nulidade Captulo II Incapacidade Absoluta 391. Absolutamente incapazes. 1. Contedo do art. 5 do Cdigo Civil. 2. Ratificao. 3. Repetio Captulo III Ilicitude 392. Conceito de ilcito nulificante. 1. Ilicitude e nulidade. 2. Interpretao do art. 145, II, 1 parte (ilcito), do Cdigo Civil. 3. Contrariedade moral inclusa na contrariedade a direito. 4. Conhecimento da nulidade e nulidade 393. Fundamento e natureza da nulidade por ilicitude.1. Ilicitude e fundamento da nulidade. 2. Sano de nulidade por ilicitude e auto-regramento da vontade. 3. Apreciao da ilicitude in casu 394. Pressupostos da nulidade. 1. Pressupostos. 2. Restries a direitos, pretenses, aes ou excees irrestringiveis. 3. Objeto lcito e objeto ilcito. 4. Ainda a distino entre existncia e validade. 5. Casustica da nulidade por ilicitude. 6. Negcios jurdicos abstratos. 7. Casas de tolerncia e bordis 395. Nulidade parcial e contgio. 1. Nulidade parcial e contgio. 2. Negcios jurdicos dependentes 396. Particularidades da nulidade por ilicitude. 1. Perenidade do nulo por ilicitude. 2. Legitimao ativa; inconvertibilidade Captulo IV Impossibilidade Fsica e Jurdica Originrias 397. Impossibilidade originria e suas espcies. 1. Espcies de impossibilidades. 2. Impossibilidade do negcio jurdico no se confunde com impossibilidade da prestao. 3. Prestao impossvel. 4. Em que momento se aprecia a impossibilidade. 5. Auto-regramento da vontade e impossibilidade fsica e jurdica. 6. Invalidade e ineficcia. 7. Cesso de crdito futuro. 8. Interesse negativo 398. Falta de objeto e objeto impossvel. 1. Falta de objeto. 2. Impossibilidade 21 0 20 9 20 321 1 22 0 22 323 3551Captulo V Forma 399. Validade e forma. 1. Forma, pressuposto de validade. 2. Forma especial e atos jurdicos. 3. Formas especiais e sano de nulidade; princpio da correspondncia da forma especial e da prova. 4. Tcnica legislativa da forma; convenientes e inconvenientes. 5. Forma especial negocialmente imposta. 6. Sanes por infringncia das regras jurdicas sobre forma. 7. Nulidade parcial por defeito de forma 400. As escrituras pblicas. 1. F pblica e escritura pblica. 2. Invalidade da escritura pblica. 3. Escritura pblica exigida negocialmente 401. Aes contra o instrumento pblico, 1. Falsidade e erro. 2. Ao declaratria. 3. Ao constitutiva negativa 402. Nulidade do instrumento e nulidade do ato jurdico. 1. Instrumento e ato jurdico. 2. Prova indiciria Captulo VI Elemento Essencial do Negcio Jurdico 403. Conceito de solenidade. 1. Essentialia negotii e nulidade. 2. Nulidade e mnimo para a validade 404. Pressupostos formais e pressupostos materiais. 1. Natureza das regras jurdicas sobre pressuposto formal. 2. O art. 145,1V, do Cdigo Civil, corrigiu seno de terminologia Captulo VII Sano de Nulidade 405. Sano nulificante. 1. Auto-regramento da vontade e sano de nulidade. 2. Expresso da sano de nulidade. 3. Negao de efeito. 4. Regras jurdicas proibitivas e sano de nulidade. 5. S a lei pode dar a sano de nulidade, salvo para o crculo em que atue a regra estatutria ou nas espcies de forma voluntariamente imposta. 6. Espcies que escaparam letra do art. 145, V, do Cdigo Civil. 7. Atos jurdicos stricto sensu e art. 145, V. 8. Direito estrangeiro... 406. Infrao da regra jurdica cogente proibitiva. 1. Contedo da regra jurdica e infrao. 2. Fraude lei. 3. Infrao indireta da lei 407. Eficcia da nulidade do art, 145, V 1. Reconhecimento do ato jurdico nulo. 2. Onus da prova. 3. Cessao do elemento que deu causa sano. 4. Negcios jurdicos superpostos Captulo VIII Desconstituio do Ato Jurdico Nulo 408. Julgamento da nulidade. 1. Alegaes da nulidade. 2. Alegaes e princpio da eventualidade. 3. Tempo para a alegao da nulidade. 4. Transferncia da ao. 5. Quem pode alegar a nulidade551 409. Invocao pelo causador da nulidade. 1. Decretao por invocao do causador. 2. Interesse na decretao 410. Eficcia da sentena que decreta a nulidade. 1. Fora e eficcia. 2. Desconstituio Parte III Anulabilidade Captulo 1 Defeitos dos Atos Jurdicos 411. Que so defeitos dos atos jurdicos. 1. Defeitos dos atos jurdicos. 2. Sanes jurdicas tcnicas 412. No-coincidncia da manifestao de vontade com o elemento volitivo. 1. Aparncia pura, nulidade e anulabilidade do ato jurdico. 2. Teorias sobre o elemento volitivo. 3. Nulo ou anulvel o ato jurdico, no a manifestao de vontade, de conhecimento ou de sentimento. 4. As duas teorias, a da declarao e a da vontade; a sntese. 5. Interpretao, reserva mental e invalidade 413. Construo da anulabilidade. 1. Situao do anulvel entre o nulo e o vlido. 2. No h invalidade superveniente. 3. Consequncias da anulao. 4. Efeitos pessoais e consequncias da anulao. 5. Direito de reteno e anulao. 6. Anulao e direitos formativos 414. Causas de anulabilidade. 1. Defeitos, inclusive vcios. 2. Mnimo de vontade. 3. Atos jurdicos stricto sensu 415. Ao de anulao. 1. Decretao de nulidade e decretao de anulao 2. Cesso de direitos e pretenses 416. Legitimao ativa nas aes de anulao. 1. Sujeitos ativos da a0 de anulao. 2. Contedo do art. 152, 2 parte, do Cdigo Civil. 3. Excees ao art. 152, 2 parte, do Cdigo Civil. 4. Direito hereditrio. 5. Cesso de direitos e assuno de dvida 417. Legitimao passiva nas aes de anulao por defeito de vontcide. 1. Sujeito passivo da pretenso anulatria. 2. Negcios jurdicos unilaterais 418. Extino da anulabilidade. 1. Anulabilidade extingue-se; nulidade, no. 2. Relativamente incapazes e nulidade. 3. Assentimento o ato de outrem 419. Ratificao 1. Conceito. 2. Sentidos 420. Natureza jurdica da ratificao. 1. Ratificao, negcio jurdico. 2. Ratificao segundo o art. 148, alnea 1, do Cdigo Civil. 3. Plano da existncia e plano da validade.4. Manifestao de vontade ratificante. 5. Ratificao tcita e conhecimento dos fatos causadores da anulabilidade 421. Agente ratificante 1. Faculdade de ratificar 2. Pluralidade de titulares. 3. Atos jurdicos ratificveis 422. Eficcia da ratificao. 1. Retroeficcia. 2. Validao ab initio 423. Prescrio das aes de anulao. 1. Interesse privado e anulabilidade 2. O adgio Quae ad agendum sunt temporalia, ad Excipiendum sunt perpetua. 3. Renncia prescrio 424. Eficcia da sentena anulatria. 1. Eficcia constitutiva negativa. 2 Restituio segundo o art. 158 do Cdigo Civil. 3. Efeito anteriores anulao. 4. Cumulao. 5. Transmisso dia propriedade. 6. Consequncias da anulao. 7. Anulat0 de parte do ato jurdico. 8. Direito ao interesse negativo. 9. Aes a551que a sentena de anulao pr-exclui. 10. Impossbilitao do restabelecimento da situao anterior 11. Definitividade da anulao. 12. Anulao e interesses de terceiro. 13. Contedo do art. 158 do Cdigo Civil e de outras regras jurdicas. 14. Actio judicatiCaptulo II Anulabilidade por Incapacidade 425. Quando se d a anulabilidade por incapacidade. 1. Incapacidade relativa. 2. Ato jurdico do relativamente incapaz. 3. Ato do que deve assistir. 4. Atos jurdicos stricto sensu e negcios jurdicos. 5. Curador estatal 426. Relativamente incapaz e malcia. 1. O art. 155 do Cdigo Civil. 2. Atos jurdicos por intermdio de representante Captulo III Anulabilidade por Falta de Assentimento de Outrem 427. Natureza do ato de assentimento de outrem. 1. Ato de assentir 2. Espcies de assentimento 428. Assentimento e consentimento. 1. Assentir e consentir. 2. Assentimento resguardativo e consentimento 429. Eficcia da sentena anulatria. 1. Assentimento resguardativo e anulao do ato jurdico. 2. Eficcia quanto a terceiros Captulo IV Erro 430. Conceito de erro. 1. Verdade, falsidade e erro. 2. Erro invalidante. 3. Erro e interpretao. 4. Erro e elementos conceptuais a serem afastados. 5. Primeiro, interpreta-se o ato jurdico. 6. Espcies de erro. 7. Erro substancial. 8. Naturalia negotii. 9. Errores iuris. 10. Erro duplo e erro mltiplo. 11. Motivos e erro; erro e abstrao. 12. Error in faciendo. 13. Erro e punibilidade 431. Quem erra invalidanternente. 1. Agente do erro. 2.Autor da ao de anulao 432. Pressupostos subjetivo e objetivo do erro. 1. Pressuposto subjetivo da importncia da divergncia. 2. Pressuposto objetivo da importncia transubjetiva da divergncia. 3.Convergncia dos dois pressupostos 433. Erro sobre a natureza do ato. 1. Error in negotio.2. Suposies e erro. 3. Tcnica legislativa e error in negotio 434. Erro sobre o objeto principal da manifestao de vontade. 1. Objeto principal e erro. 2. Identidade e qualidade 435. Erro sobre a pessoa do destinatrio e sobre a pessoa do beneficiado. 1. Pessoa do destinatrio e pessoa do beneficiado. 2. Identidade da pessoa e erro. 3. Qualidades que no so essenciais pessoa e erro substancial 436. Erro sobre as qualidades essenciais da pessoa.1.Qualidades essenciais da pessoa. 2. Fora patrimonial ou financeira; solvncia 437. Erro sobre as qualidades essenciais do objeto. 1. Qualidades essenciais do objeto. 2. Excluso do551principio da irrelevncia dos motivos. 3. Qualidades essenciais dos direitos e outros bens corpreos. 4. Relaes jurdicas e qualidades essenciais. 5. Erro sobre o contedo do ato jurdico. 6.Erro sobre o preo quanto qualidade 438. Falsa causa. 1. Conceito. 2. Pressupostos 439. Anulabilidade e vcios redibitrios. 1. Redibir e anular. 2. Crtica e soluo 440. Erro devido no-seriedade. 1. No-seriedade. 2.Problema de tcnica legislativa. 3. Esperana de ser conhecida a falta de seriedade. 4. Reparao 441. Transmisso errnea. 1. Erro do manifestante e erro na transmisso. 2. Troca de categorias jurdicas. 3. Procurador, representante e nncio 442. O erro tem de ser escusvel ou pode ser inescusvel? 1. Verba e voluntas. 2. Codificaes contemporneas. 3. Crtica aos argumentos de lege ferenda. 4. Prova do erro e anulao. 5. As teorias da vontade e da declarao; interpretao e erro 443. A culpa e a recognoscibilidade pela outra parte no so pressupostos. 1. Culpa e erro; erro com culpa. 2.Erro e conhecimento do erro 444. Alcance de anulabilidade. 1. Erro e todo do ato jurdico. 2. Anulabilidade por dolo e anulabilidade por erro. 3. Extino da anulabilidade. 4. Atos jurdicos processuas. 5. Nulidade e anulabilidade 445. Ao de anulao. 1. Ao anulatria e sua eficcia. 2.Onus da prova. 3. Eficcia erga omnes. 4. Questes prvias 446. Prescrio da ao de anulao. 1. O Cdigo Civil, art. 178, 9, V, b. 2. Posio do demandado. 3. rgo, nncio, mensageiro e instrumento 447. Restituio. 1. Restabelecimento do estado anterior. 2.Sentena anulatria e eficcia 448. Indenizao do interesse negativo. 1. Responsabilidade pelo interesse negativo. 2. Transmisso errnea Capitulo V Dolo 449. Conceito de dolo. 1. Dolus malus. 2. Dolo, causa de anulabilidade. 3. Dolo causal e dolo acidental. 4. Dolo causal (art. 92). 5. Dolo por omisso. 6. Dolo e motivos. 450. Pressupostos da anulabilidade por dolo. 1. Elementos essenciais do dolo. 2. Ato positivo e ato negativo. 3. Fato ou qualidade. 4. Dolo parcial. 5. Autor do dolo 451. Dolo de terceiro. 1. Influncia do dolo de terceiro. 2. Figurantes do mesmo lado e dolo. 3. Terceiro e proveito do dolo 452. Atos jurdicos anulveis por dolo. 1. Manifestaes de vontade no-receptcias e dolo. 2. Dolo acidental. 3. Atos jurdicos e anulao 453. Dolo bilateral dos figurantes. 1. Direito romano. 2. Direito brasileiro 454. Dolo do representante e pessoas postas em contacto. 1. Contedo do art. 96. 2. rgo de pessoa551jurdica, agentes, mediadores, corretores, gestores de negcios 455. Ao de anulao por dolo. 1. Anulao e ato jurdico nulo. 2. Concorrncia de aes. 3. nus da prova. 4. Perempo segundo o art 268, pargrafo nico do Cdigo de Processo Civil. 5. Indenizao do interesse negativo ao autor. 6. Incidncia do art. 158 do Cdigo Civil 456. Ao de indenizao. 1. Dolo e ato ilcito absoluto (Cdigo Civil, art. 159). 2. Pressupostos da ao de indenizao. 3. Fundamento do art. 93 do Cdigo Civil 457. Pretenses concorrentes. 1. Dolo, anulabilidade e ilictude. 2. Prescrio. 3. Concorrncia e cumulao. 4. Exceo de dolo Captulo VI Coao 47 1 458. Conceito de coao invalidante. 1. Vis absoluta e vis compulsiva. 2. Vis e consequncias no mundo jurdico. 3.Tcnica legislativa e coao 459. Pressupostos da anulabilidade por ter havido coao. 1. Ato positivo e ato negativo de coao. 2. Exerccio irregular de direito, pretenso, ao e exceo. 3. Direo da ameaa. 4. Suporte ftico do ato anulvel por vcio de coao. 5. Dano futuro e intimidao ou amedrontamento. 6.Elementos e circunstncias subjetivas. 7. Temor reverencial e exerccio normal de direito 460. Coactor e anulabilidade dos atos jurdicos. 1. Autor da coao. 2. Coactor e ato no-srio 461. Que atos jurdicos so anulveis por vis compulsiva? 1. Negcios jurdicos e atos jurdicos stricto sensu. 2. Atos-fatos jurdicos 462. Contrariedade a direito. 1. Meio contrrio a direito ou fim contrrio a direito. 2. Exerccio irregular de direito, pretenso, ao ou exceo 463. Coao invalidante exercida por terceiro. 1. Contedo do art. 101 do Cdigo Civil. 2. Desconhecimento da coao de terceiro, pelo outro figurante 464. Ao de anulao por ter havido coao. 1. Fundamento da ao de anulao. 2. Eficcia da sentena anulatria 465. Dever e obrigao de restituir. 1. Desconstituio e conseqncia. 2. Incidncia do art. 158 do Cdigo Civil 466. Dever e obrigao de indenizar. 1. Ilcito invalidante e ilcito absoluto. 2. O coator e o figurante ciente. 3. A ao de indenizao independente da ao de anulao. 4. Ao de indenizao como nica 467. Prescrio das aes de anulao pela coao e deindenizao. 1. Ao de anulao e prescrio. 2. Coao e comeo do prazo prescricional da ao de anulao. 3.Ao de indenizao, prescrita a de anulao. 4. Excees e defesas. 5. Exceptio metus Captulo VII Simulao 468. Conceito de simulao. 1. Simular e simulao. 2. Definio de negcios jurdicos e simulao 47 6 46 746 947 48 8 5 49 149 4 49 9 50 2551 469. Simulao e figuras parecidas. 1. Fingimento e simulao. 2. Negcios jurdicos fiducirios e simulao. 3. Cesso-procura. 4. Testa-de-ferro e homem de palha. 5. Atos jurdicos in fraudem legis. 6. Simulao unilateral 470. Simulao absoluta inocente. 1. Inocncia e nocncia da simulao. 2. Funo integrativa do juiz. 3. Inexistncia do ato jurdico simulado, figurantes e terceiros legitimados ao declaratria. 4. Ato aparente na simulao absoluta 471. Simulao relativa inocente. 1. Simulao relativa e inocncia. 2. Legitimao de terceiros. 3. Falta de pressuposto 472. Simulao invalidante. 1. Conceito. 2. Simulao. 3. Ao de anulao por simulao 473. Espcies de simulao invalidante. 1. Aparncia quanto a beneficiados. 2. Declarao, confisso, condio ou clusula no-verdadeira. 3. Antedata e ps-data 474. Elementos da simulao invalidante. 1. As duas espcies de simulao e seus elementos. 2. Acordo e inteno de simular, com entrada no mundo juridico. 3. Negcios jurdicos e atos jurdicos stricto sensu. 4. Prejuzo a terceiro ou violao da lei. 5. Violao da lei 475. Os figurantes na simulao. 1. Contedo do art. 104 do Cdigo Civil. 2. Figurantes na simulao 476. Ao declaratria de aparncia por simulao absoluta inocente. 1. Simulao absoluta, inocente. 2. A ao dos ads. 102, 104 e 105 do Cdigo Civil e a ao declaratria negativa. 3. Prova e irrenunciabilidade da ao. 477. Ao declaratria em caso de simulao inocente relativa. 1. Validade do ato jurdico dissimulado. 2. Invalidade do ato dissimulado 478. O ato jurdico dissimulado. 1. Simulao relativa e dissimulao. 2. Conceito de extraverso e pressupostos. 3. A extraverso eventual 479. Ao de anulao por simulao. 1. Simulao nocente. 2. Ao de anulao. 3. Prova da simulao. 4. Legitimao ativa. 5. Embargos do devedor 480. Simulao e transmisso. 1. Simulao e interesses de terceiros. 2. Registro 481. Conceito de reserva mental. 1. Reserva mental e origem do conceito. 2. Conceito de reserva mental. 3. Elemento ftico de reserva mental. 4. Inalegabilidade da reserva mental Captulo VIII Fraude Contra Credores 482. Conceito e fundamento da anulabilidade por fraude contra credores. 1. Precises terminolgicas. 2. Sanes. 3. Fundamento da anulabilidade. 4. Eventus damni 483. Fraude contra credores em direito romano. 1. Direito romano. 2. Eficcia dos remdios. 3. Partilha 484. Fraude contra credores, problema de tcnica legislativa. 1. Problema de tcnica legislativa. 2. Natureza da ao. 3. Revocatria falencial. 4. Pendncia de ao executiva. 5. O art. 1.586 do Cdigo Civil 485. Eventus damni (pressuposto necessrio). 1. Direito romano. 2. Credores anteriores 486. Consilium fraudis? 1. Interpretao do Cdigo Civil, arts. 106-112. 2. Cdigo Civil, arts. 106-107 487. Scientia fraudis? 1. Direito romano. 2. Direito brasileiro551 488. Natureza dos remdios romanos. 1. Condenatoriedade. 2. Restituio 489. Credores anteriores ao ato fraudulento. 1. Princpio da anterioridade do crdito. 2. Direito concursal simples e falencial 490. Atos jurdicos anulveis pela fraude contra credores. 1. Direito romano. 2. Direito brasileiro. 3. Dao em soluto. 4. A regra jurdica ao art. 112 do Cdigo Civil 491. Garantias reais. 1. Regra jurdica de prova. 2. Anulabilidade (arts. 111 e 113, pargrafo nico, do Cdigo Civil) e ineficcia relativa 492. Legitimao ativa. 1. Direito romano. 2. Direito brasileiro. 3. Credores por perdas e danos nas aes reais. 4. Terceiros. 5. Cessionrios. 6. Sndico. 7. Credores concursais e falenciais 493. Legitimao passivo. 1. Direito romano. 2. Direito brasileiro. 3. Legitimados passivos eventuais 494. O art. 106 do Cdigo Civil e seu contedo. 1. Atos jurdicos unilaterais e bilaterais a titulo gratuito. 2. Pr-excluso do pressuposto do consilium fraudis. 3. Pressuposto da gratuidade. 4. Gratuidade de excesso. 5. Restituio 495. Os arts. 107 e 108 do Cdigo Civil e seu contedo. 1. Pressuposto da scientia fraudis. 2. Estado e entidades paraestatais. 3. Depsito de preo pelo adquirente 496. Pagamentos antecipados. 1. Conceito. 2. Contedo do art. 110 do Cdigo Civil. 3. A sano do art. 11 do Cdigo Civil 497. A ao de anulao por fraude e a revocatria falencial. 1. Carter da ao de anulao. 2. Objeto da ao de anulao. 3. Eficcia da ao anulatria. 4. A anulatria e a revocatria. 5. Autor. 6. Rus. 7. Processualstica. 8. Onus da prova 498. Ao declarativa falencial de ineficcia relativa. 1. Contedo do art. 52 do Decreto-Lei n 7.661, de 21 de junho de 1945. 2. Eficcia da sentena. 3. Ao declarativa e ao de anulao ou de revogao 499. Ao revocatria falenial. 1. Natureza da ao. 2. Pressupostos da revocatria falencial. 3. Fundamento da ao. 4. Sentena anterior sobre o ato jurdico. 5. Hipoteca judiciria. 6. Exceo e rplica revocatrias. 7. Anulao, revogao; ao e exceo 500. Extino e prescrio da ao de anulao. 1. Direito romano. 2. Direito brasileiro 501. O art. 107 e o enriquecimento injustificado. 1. Direito romano. 2. Direito brasileiro 502. Aes cautelares. 1. Para prevenir atos do adquirente ou beneficiado. 2. Se h medida cautelar antes do ato fraudulento 503. Eficcia das sentenas na ao de anulao (Cdigo Civil, arts. 113, 106 e 107). 1. Natureza das sentenas dos arts. 106 e 113 e dos arts. 107 e 113. 2. Destino do valor restitudo. 3. Frutos. 4. Danos ao ru 504. Eficcia da sentena na ao revocatria falencial. 1. Fora constitutiva negativa. 2. Eficcia executiva mediata. 3. Ressarcimento eventual do dano. 4. Coisa julgada. 5. Registro e cancelamento551II. Plano da ValidadePARTE 1Validade, Nulidade, Anulabilidade Capitulo I Validade 356. Pressupostos de validade do negcio jurdico e de atos jurdicos stricto sensu 1. Validade e eficcia. Para que o ato jurdico possa valer, preciso que o mundo jurdico, em que se lhe deu entrada, o tenha por apto a nele atuar e permanecer. aqui que se lhe vai exigir a eficincia, quer dizer o no-ser deficiente; porque aqui que os seus efeitos se tero de irradiar (eficcia). A sua eficincia a afirmao de que o seu suporte ttico no foi deficiente, satisfez todos os pressupostos de que fala o art. 82: A validade do ato jurdico requer agente capaz (art. 145, n 1), objeto lcito e forma prescrita ou no defesa em lei (mis. 129, 130, 145). A regra jurdica seria mais exata se tivesse dito objeto licito e possvel e houvesse aludido a pressupostos materiais essenciais, alm daqueles dois primeiros (capacidade e objeto). Efficere (ex, ficere) d efficiens e efficax, mas causa efficiens que se diz, para que se deixe o nome eficcia irradiao dos efeitos. O negcio jurdico ou o ato juridico stricto sensu nulo de suporte ftico deficiente, e de regra negcio jurdico, ou ato jurdico stricto sensu ineficaz; o negcio jurdico, ou ato jurdico stricto sensu anulvel de suporte ftico deficiente, mas o negcio jurdico ou o ato jurdico stricto sensu eficaz enquanto se no admite, em sentena, que no tenha eficcia. Por isso mesmo, no se pode ligar o conceito de invalidade (nulidade, anulabilidade) ao de eficcia. O ordenamento jurdico somente atribui validade ao ato juridico que corresponde a suporte ttico que suficiente e eficiente, isto , suficiente e no-deficiente ou nodeficitrio: porque suficiente, entra no mundo jurdico como negcio jurdico ou como ato jurdico stricto sensu; se bem que seja deficiente. Quando se trata de saber quais so os negcios jurdicos, ou os atos jurdicos stricto sensu, vlidos, o que importa arrolarem-se os pressupostos de validade, que o mesmo dizer-se de no-ocorrncia de causas de nulidade ou de anulabilidade. A questo da eficcia e da ineficcia estranha ao assunto, se bem que possa acontecer que a classes de invalidade corresponda o ter ou o no ter eficcia o ato jurdico que se inclui nelas. Por outro lado, se algum dos elementos do suporte ftico posterior entrada dele no mundo juridico, e isso suscita questo do tempo em que se h de verificar se foi satisfeito o pressuposto de validade, veremos que isso de modo nenhum nos permite tratar em termos de pressupostos de eficcia os pressupostos de validade. Tenhamos sempre presente que a validade e a invalidade (nulidade, anulabilidade) s diz respeito aos negcios jurdicos e aos atos jurdicos stricto sensu. No h atos-fatos jurdicos vlidos, ou no-vlidos. Nem atos ilcitos, ou fatos jurdicos stricto sensu. O pagamento, por exemplo, pode ser ineficaz; no, invlido. 2. Pressupostos de validade. Os pressupostos de validade concernem: a) ao sujeito ou sujeitos do ato jurdico, que consentem ou devem assentir; b) ao objeto do ato jurdico; c) a elementos do ato juridico relativos ao gestum (forma + o que essencial em ato, sem ser a forma em sentido estrito): forma externa (mi. 145, 111) e interna (art. 145, IV). Se a falta de satisfao do pressuposto acarreta deficincia que se faz sentir, no mundo jurdico, desde a entrada e para sempre, do suporte ftico (nulidade), ou desde a entrada dele mas por algum tempo (anulabilidade), questo de tcnica legislativa que o sistema juridico resolve, conforme os seus intuitos de poltica jurdica. Em verdade, subordinados a formalismos externo e interno rgidos, os povos primitivos tratavam as espcies, que hoje temos como de deficincia, por espcies de insuficincia: o suporte ftico no entrava no mundo jurdico, em vez de entrar, posto que deficitariamente (nullus momenti!); era intil (expres-551so que foi a nica que empregou Gaio, no segundo e terceiro Livro das Instituies, pois s uma vez, III, 176, se disse nuila a obligatio). Quando Gaio (II, 123) fala de cessao de impedimento, com efeito de convalescena, ou (II, 198, 212 e 218) de confirmao do mutile, ou (II, 147) de efeito do nullus, o sentido j est adulterado (L. Mitteis, Rmisches Priuatrecht, 238, nota 4). O nullum esse no se confundia com o ad irritum revocari, recidere, irritum fieri (cf. Gaio, II, 145, 146). Quando a mudana de filosofia introduziu a diferena entre no-existir e no-valer, a alterao consistiu em que se concebeu como podendo entrar no mundo jurdico o suporte ftico que antes no poderia entrar: a nulidade passou a ser deficincia, e no insuficincia. Antes, somente o que poderia ser cassado, cair (caducidade), revogado, rescindido, resolvido, que entrava no mundo jurdico. O tido pro non scripto no era: no entrava no mundo jurdico; nem hoje entra. O nullus no entrava, e hoje entra. Inanis dizia-se o ato jurdico que no ofendia s regras jurdicas de forma, mas, por outra razo, era desnecessrio, vazio, oco (in-agn is); e.g., se h duas escrituras do mesmo negcio jurdico, como se o legado consta do testamento e do codicilo, a segunda inane (Celso, L. 12, D., de probationibus et praesumptionibus, 22, 3: et hic igitur cum petitor duas scripturas ostendit, heres posteriorem inanem esse, ipse heres id adprobare iudice debet) e o nus da prova tem o herdeiro, que o alega; se o pai da mulher morta reclama juros do dote e o vivo os reclamava sobre o que no se completara do dote, h compensao, salvo se o pai alimentava a filha, porque ento inanis usurarum stipulatio compensationi non proderit (Papiniano, L. 42, 2, D., soluto matrimonio dos quemadmodum petatur, 24, 3); se algumas coisas fazemos como se no fossemos o agente (ex nostro contractu originem trahunt, nisi ex nostra persona obligationis initium sumant), fazem inane o nosso ato (inanem actum nostrum efficiunt): por isso mesmo, no se pode estipular, nem comprar, nem vender, nem contratar, de modo que outro, em seu nome prprio, atue, et ideo neque stipulari neque emere vendere contrahere, ut alter suo nome recte agat, possumus (L. 11, D., de obliqationibus et actionibus, 44, 7). Verdade que ora falta o objeto, inteiramente, ora se alude exceo peremptria (O. Gradenwitz, Die Ungiltigkeit obligatorischer Rechtsgeschfte, 303, nota 1), ora e esse o sentido cientfico mais aconselhvel falta de identidade entre o que sujeito e o que manifesta a vontade, O ato de quem gere negcios de outro, em nome do outro, no ato jurdico da outra pessoa os negcios jurdicos, que ele suscitar, gerindo, so inanes, vazios, e s a ratificao os poderia encher. Hoje, a gesto de negcios (art. 1.331) ato jurdico stricto sensu; no negcio jurdico, nem ato real (da classe dos atos-fatos jurdicos): a fortiori, ato inane. A ratificao do dono do negcio que enche o inane dos negcios. 3. Viciosidade. A noo de vitiosus de origem sacral; deve ser velhssima, porque a regra Quod initio vitiosum est, non potest tractu temporis convalescere (Paulo, L. 29, D., de diversis regu lis ivris antiqui, 50, 17) refere-se a nuilus, estava, sem generalizao, em Javoleno (L. 201, D., 50, 17) e em Licnio Rufino, discpulo de Paulo, como aquele amicissimus (Plnio, Ep., VI, 15), e deve ter sido apenas formulada por Paulo, que j faz vi tiosus e nullus sinnimos, quando, no direito sacral e no direito pblico, nem sempre o ultium importava inexistncia (Th. Mommsen, Rmisches Staatsrecbt, 1, 115 s.). O sacral abrangia a vida toda; no separava, como o direito, o mundo ftico e o jurdico. Quando o direito cogita do vitiosus, comete esse erro de fazer coincidentes vicio e inexistncia. Muito mais tarde, o vicio (da vontade) j algo que se observa dentro do direito, razo por que no se pode traduzir, hoje, literalmente, a regra paulina da L. 29, D., de diversis regulis iuris antiqui, 50, 17. 4. Confuses de alguns jurista? Falando-se de elementos e pressupostos essenciais, no se devem confundir os dois planos, o da validade e o da eficcia; menos ainda, qualquer deles e o terceiro, que em verdade ao rs da realidade, o da existncia. Nenhum erro maior do que, por exemplo, o de E. Betti (Teoria Generale dei Negozio Giuridico, 158), ao cogitar dos essentialia negotii, dos naturalia e dos accidentalia negotii em termos de efeitos essenciais, naturais e acidentais. A coisa alheia, vendida, causa de ineficcia, e no causa de invalidade. A coisa alheia, vendida, causa de ineficcia, e no causa de invalidade. 357. Existncia, validade e invalidade, eficcia 1. Existir e valer. Para que algo valha preciso que exista. No tem sentido falar-se de validade ou de invalidade a respeito do que no existe. A questo da existncia questo prvia. Somente depois de se afirmar que existe possvel pensar-se em validade ou em invalidade. Nem tudo que existe suscetvel de a seu respeito discutir-se se vale, ou se no vale. No se h de afirmar nem de negar que o nascimento, ou a morte, ou a avulso, ou o pagamento valha. No tem sentido. Tampouco, a respeito do que no existe: se no houve ato jurdico, nada h que possa ser vlido ou invlido. Os conceitos de validade ou de invalidade s se551referem a atos jurdicos, isto , a atos humanos que entraram (plano da existncia) no mundo jurdico e se tornaram, assim, atos jurdicos. 2. Valer e ser eficaz. Os fatos jurdicos, inclusive atos jurdicos, podem existir sem serem eficazes. O testamento, antes da morte do testador, nenhuma outra eficcia tem que a de negcio jurdico unilateral, que, perfeito, aguarda o momento da eficcia. H fatos jurdicos que so ineficazes, sem que a respeito deles se possa discutir validade ou invalidade. De regra, os atos jurdicos nulos so ineficazes; mas, ainda a, pode a lei dar efeitos ao nulo. Capitulo II Nulidade e Anulabilidade 358. Existncia e nulidade 1. Problema liminar de ser ou no-ser. O problema de ser ou no-ser, no direito como em todos os ramos de conhecimento, o problema liminar. Ou algo entrou ou se produziu e, pois, , no mundo jurdico; ou nele no entrou, nem se produziu dentro dele, e, pois, no . Enunciados tais tm de ser feitos, a cada momento, no trato da vida jurdica. As vezes, incidentemente; outras vezes, como contedo de peties, de requerimentos, ou em simples comunicaes de conhecimento. O ser juridicamente e o no-ser juridicamente separam os acontecimentos em fatos do mundo jurdico e fatos estranhos ao mundo jurdico. Assente que todo fato jurdico provm da incidncia da regra jurdica em suporte ftico suficiente, ser resultar dessa incidncia. J aqui se caracteriza a distino, primeira, entre o ser suficiente e o ser deficientemente. Para algum ato jurdico ser deficiente, isto , para que seja deficitrio, preciso que seja. A despeito da claridade de tais enunciados, reminiscncias filosficas, que correspondem a idades superadas, perturbam aqueles que se no do conta de que h inmeras espcies de ser. Logo de comeo, em teoria geral do direito, e no s de direito privado, alguns juristas permitem que se identifiquem nada e nulo, inexistncia e no-validade, que o mesmo dizerem que o negcio jurdico nulo no existe. A sbitas, enfrentam o problema dos negcios jurdicos nulos, ou dos atos jurdicos strcto sensu nulos, que tm alguns ou algum efeito, e caem na contradio mais gritante: se o nulo no existe e se h nulo com efeitos, h efeito do que no existe e, pois, do nada. A educao lgicomatemtica e fsica do sculo XX repele tais imprecises conceptuais. Certamente, a produo de efeitos pelo nulo no ocorre sempre, rara; mas bastaria que, em algumas espcies, surtisse efeitos o negcio jurdico nulo, ou o ato jurdico stricto sensu nulo, para se ter de admitir que o ato jurdico nulo exista, seja. Se o ser pode no produzir efeitos, efeitos no podem vir do no-ser, do nada, do inexistente. Compreende-se o esforo dos pensadores do direito para se reduzir ou eliminar essa contradio, que depe contra a segurana racional do seu conhecimento. Em vez de procederem distino entre o inexistente e o nulo, o que a evitaria, procuram atribuir o efeito do ato jurdico nulo a algo que estaria no seu lugar; e.g., fato jurdico no-negocial, fato ajuridico (nova contradio, porque seria efeito jurdico de fato que no-seria jurdico). Os juristas alemes e italianos, no todos, incorreram nisso e reduziram os negcios jurdicos nulos cmoda expresso com que se designam no-entidades, no-negcios (por exemplo, Lothmar, Uber Causa im rrniscben Recht, 10 5.; A. Thon, Rechtsnorm und subjektives Recht, 358; E Zrodlowski, Das rmische Privatrecht, II, 60, nota 4; Fr Leonhard, Die Wahl bei der Wahlschuld, Jherings Jahrbcher, 41, 42 5.; recentemente, 12. Rubino, La Fattispecie e gli effetti giuridici preliminari, 86 s.). A reao a isso est em B. Windscheid (Lebrbuch, 1, Y ed., 313, inclusive a nota de Th. Kipp; nas edies anteriores, 69, texto e nota 1 d). A despeito do erro dos processualistas alemes, sob influncia dos civilistas romanizantes, de admitirem ao declaratria em caso de nulidade (absoluta), a doutrina mais recente repeliu a identificao do nulo com o inexistente (K. Cosack-H. Mitteis, Lehrbucb, 1, 8 ed. 147; K. Burchard e H. O. de Boor, Bdrgerliches Recht, 1, 61; A. Manigk, Willenserklrung und Willensgeschft, 189; Hopp, Eigentumsuorbehalt und Eigentumsanwartschaft, 30 s.). A identificao denuncia que ainda se raciocina com o elemento romanstico, correspondente a convices filosficas e tcnicas superadas. A concepo das nulidades tem fontes gnoseolgicas. O que a filosofia dominante, pelo menos na escola551de juristas a que pertence ou est ligado o legislador, assenta sobre o no-ser, o nada, ou o vcuo, determina ou influi em sua teoria jurdica das nulidades. No principio, o que decide a questo sobre existir no mundo, ou no, o nulo: ou o povo, que faz a teoria das nulidades, tem do nulo a noo de nada, de conjunto (absolutamente) vazio, Cconcepo faz vazio o nulo; essa, ainda o deixa cheio de no-i. Naturalmente, as variantes so muitas e tm determinao gnoseolgica, provavelmente psicanaltica, econmica e de estruturao poltica. 2. Formalismo romano e conceito de nullus. O formalismo romano construiu, com os seus sinais exteriores, visuais, bem mediterrneos, o mundo jurdico, de modo que o no-jurdico era o noconstruido, o noexistente, o nec ulius. Ser ato jurdico era ser formal, de tal sorte que se teve de construir, depois, a teoria das nulidades no ligadas infrao da forma. Qualquer pessoa podia argir ser nulo o ato, porque ele no existia, no era, e podia arguir a inexistncia como podia andar pelas estradas vazias, pelas ruas. O juiz no o via, porque o ato no era. Ser, ou no-ser. O esprito romano tinha de ficar aqum de toda noo de ato anulvel, do que existe e pode, em dadas circunstncias, vir a no ter existido. Quando ele construa, a sua construo l ficava; era no mundo. Fecharase o negcio jurdico; e, se alguma razao, concernente ao passado, havia, para que no tivesse sido, o caminho nico para o Romano era abri-lo, cort-lo, rescindi-lo. Compreendia que se rescindisse o negcio jurdico, no que se anulasse: ou o nec ullus, ou o ullus; se se quer desfazer, tem-se de demolir, rescindir. 3. Os dois sentidos de nullus e de nulo. medida que se ia caracterizando o significado de nulo, diferena de nullus, que perdia o significado latino e apenas se conservava para a exposio do direito romano clssico e ps-clssico, porm no do uso moderno, os juristas foram vitimas de confuses e obscuridades lamentveis. Se bem que E. 1. Bekker (Uber die Couponsprozesse, 36) tivesse posto o dedo na chaga, chamando a ateno para a frequente confuso entre negotium nullum e ne.gotium ominino non existens, uns tentavam manter o conceito romano, a despeito da mudana da filosofia e das regras jurdicas novas, e outros adaptavam tudo, que se afirmara em direito romano, ao conceito novo, que foi o de qualificao de ato jurdico. Se uns, como 5. Schlossmann (Zur Lebre vom Zwange, 17), exprobravam a ltima atitude, outros viam que a transformao conceptual se operara (e.g., Ph. Lotmar, Uber Causa, 11 s.), porque no (hoje) o mesmo dizer-se bic emptio non est e I-iaec emptio nula est. As lnguas ocidentais, romnicas, ou no, refletiram o que se passava nas convices filosficas, e teve-se de atender distino. No caminho, no importa se h quem tente considerar o nulo como o s aparentemente existente (e.g., J. Unger, .System, II, 140 5.; E. Zitelmann, Irrtum und Rechtsgeschjt, 288 e 377; contra, energicamente, J. Kohler, Der Kauf einer fremden Sache, Zeitschrijt fr deutscbes Brgerliches Recht und franzsische Ziuilrecht, VIII, 502, e R. Leonhard, Der Irrtum ais Ursacbe nicbtiger Vertrge, II, 2 ed., 5 s.), ou como s no existente para o direito (8. Windscheid, Lehrbuch, 1, 9 ed., 423 s., nota 1; cp. O. Karlowa, Das Rechtsgescbft, 117). O ato jurdico nulo no inexistente, porque satisfaz mnimo de suporte ftico, que basta para se falar de ato jurdico, embora nulo, e no basta para ser vlido, nem, sequer, somente anulvel. Para a anulabilidade, exige-se outro mnimo de suporte ftico (Minimaltatbestand). No se pode, para se raciocinar com esses conceitos, recorrer s fontes romanas, porque no os tinham (cf. R. Leonhard, Der Irrtum ais Ursacbe nichtiger Vertrge, II, 7; 5. Schlossmann, Lebre vom Zwange, 23; sem razo, 8. Windscheid, Lebrbucb, 1, 424 s., nota 2). 4. Direito comum. No direito comum, h duplo sentido de ato jurdico, que se deve evitar: ora se fala de ato jurdico como o elemento do suporte ftico, de que resulta o fato jurdico, irradiador de efeitos, ora de ato jurdico como o que entrou do suporte ftico no mundo jurdico (cp. E Regelsberger, Pandekten, 1, 488; E. Zitelmann, Irrtum und Recbtsgescbft, 293). O ato que elemento do suporte ftico; ato jurdico o suporte ftico, em que h o ato, tal como entrou no mundo jurdico (certo, H. lsay, Die Willenserklrung im Tatbestand des Recbtsgeschdfts, 2; E. Natter, Die teilweise Nichtigkeit, 2 s.). Se dissssemos que h atos jurdicos nulos, e nulo fosse igual a inexistente, existiria contradio evidente; porque no existiria ato jurdico, e sim somente ato mais outros elementos que compuseram suporte ftico que no entrou no mundo jurdico. A contradio agravar-se-ia com a afirmao de que h ao declaratria para se decidir sobre nulidade, e no ao constitutiva negativa. Ao declaratria sobre existncia ou inexistncia, ou do fato jurdico, ou do efeito, ou da relao jurdica. Se se pede a declarao de que tal efeito no existe, a questo de ser nulo, ou no, o ato jurdico, questo prvia, constitutiva negativa, que se pode pr na prpria ao declaratria, por551fora do art. 146, pargrafo nico, e em consequncia da distino mesma entre nulidade e anulabilidade. O ato jurdico nulo tratado como se no tivesse existido nunca; mas existiu e existe at que transite em julgado a deciso que o desconstitua. Por isso, embora excepcionalmente, pode ocorrer sanao (e.g., arts. 208, 211 e 215). 5. Concepo hodierna. A concepo hodierna das nulidades reflete, como as dos antigos, concepo do ser: o nada no existe no mundo, porm o vazio pode existir; porque espao vazio gs rarefeito, h milhares de tomos em centmetro cbico de espao interestelar. No estudo que se faz, cdigos mo, das nulidades, no se pode dizer, sequer, que elas tenham existncia s simblica, s (r); porque o nulo existe, negar-lhe existencialidade (existncia experiencial) e s lhe reconhecer existncia simblica no-seria traduzir a concepo contempornea, posto que tenha sido a dos juristas que, sem a explicao da declaratividade pela alegabilidade incidenter e, pois, tambm, em questo prejudicial, admitem a ao declaratria, em caso de eiva de nulidade. Tal o que aconteceu com os juristas alemes, que aceitaram ou no resistiram ao emprego, pelos advogados e juizes, da ao declaratria do 256 da Ordenao processual alem. Era surpreendente a simplicidade com que, diante das dificuldades causadas por seu romanismo tardio, procediam, como, e.g., ao dizerem, quanto ao 1.329 do Cdigo Civil alemo (exigncia da ao de nulidade), que outros princpios fundamentais valem para o casamento nulo (e.g., G. Planck, BUrgerliches Gesetzbucb, 1, 1 ed., 145; 1, 4, 229). Quando se exige a ao, ou a ao ordinria que s se permite a acionabilidade em ao, e no incidenter: excluiu-se o acionar-se em questo prejudicial, ou em exceo, e por isso, somente por isso (dizem), a ao declaratria seria fraca. Ora, encontraria ela o negcio jurdico nulo, ou o ato jurdico stricto sensu nulo, que se teria de desconstituir. Quando a lei no exige ao autnoma, ou ao de rit especial ou de rito ordinrio, a ao declaratria fraca; todavia, uma vez que tal nulidade decretvel a qualquer momento, suscite-a quem, interessado, a suscitar, ou de ofcio, o juiz, ao sentenciar, primeiro decide a questo prejudicial e, pois, desconstitui; aps isso, declara. Ao declarar, j o negcio jurdico nulo ou o ato jurdico stricto sensu nulo, no mais, no pertence mais ao mundo jurdico, j estava desconstituido. 6. Solues tcnicas quanto ao conceito de nulo. No adotar essa ou aquela linha de limites, tem liberdade o legislador; porm sena expor-se a si, e expor os outros aos riscos dos ces de Pavlov, indecisos entre crculos e tringulos, considerar o mesmo fato como existente e inexistente, ao mesmo tempo, no mundo jurdico. Por outro lado, dentro do existente, toda preciso se h de dar aos conceitos referentes defeituosidade dos negcios jurdicos: o negcio jurdico nulo defeituoso; o negcio jurdico anulvel tambm o . Alm disso, herdamos a noo de resciso, romana, de que os antigos juristas, impotentes para a criao da classe dos negcios jurdicos anulveis, e dos atos jurdicos stricto sensu anulveis, lanaram mo. 7. Preciso conceptual indispensvel aos sistemas jurdicos. Certamente, o legislador livre no incluir, ou no, no conjunto da inexistncia, ou no conjunto da existncia (mundo jurdico), o nulo. Porm ter de o tratar, sempre, como inexistente, se naquele conjunto o incluiu, ou como existente, se o incluiu nesse. No pode classificar o nulo como no-sendo e trat-lo como ser; nem classific-lo como ser e trat-lo como nosendo. So exigncias elementares de lgica, a que no se pode furtar qualquer jurista digno do seu oficio. Tomemos, por exemplo, a declarao de vontade. Ou ela foi feita, ou no foi feita. No se pode dizer que a declarao de vontade pelo que estava coagido, ou ameaado, no foi feita; foi-o, embora atingida pelo defeito. Defeito no falta. O que falta no foi feito. O que foi feito, mas tem defeito, existe. O que no foi feito no existe, e, pois, no pode ter defeito. O que foi feito, para que falte, h, primeiro, de ser desfeito. Toda afirmao de falta contm enunciado existencial negativo: no h, no , no existe; ou afirmao de ser falso o enunciado existencial positivo: falso que haja, ou que seja, ou que exista. Faltar derivado de faliere, como falso; ao passo que defeito vem de delicio (facio) e sugere estar mal feito. O nulo negao da validade; no negao da existncia. Mesmo porque se pressups o existente; tanto que nulo e no-nulo existem. A classe vazia e a classe cheia tm existncia; porque a classe , e os sinais se referem vaziez ou ao enchimento (vazio, no-vazio = cheio). Sem se dar conta do que se pressups, cair-seia em paradoxo, pois fa ~ e fa no-seriam contraditrios se fa no pressupusesse que f existe e a existe: a conjuno de f existe e a existe implica () fx) e, portanto, fa concede () fx. (cf. Everett J. Nelson, Contradiction and the pressupposition of existence, Mind, 55, 1946, 319 s.).5518. Manifestaes tidas como no-escritas. H regras jurdicas que limpam o campo dos atos jurdicos mais rigorosamente do que com as sanes de nulidade, anulabilidade e rescindibilidade. So as regras jurdicas que mandam considerar-se no-escrita alguma manifestao de vontade, ou comunicao de vontade, de conhecimento, ou de sentimento, ou parte dela. A tcnica jurdica lana mo, a, de expediente externo, que o de jogar a manifestao ou comunicao, ou a parte dela, no conjunto das manifestaes ou comunicaes ou partes inexistentes, em vez de s as empurrar para o conjunto complementar das manifestaes ou comunicaes no-vlidas e rescindveis. O ato, tido por nulo, ; o no-escrito no , no existe. A eficcia da sentena, que o proclama, declarativa; no constitutiva negativa. Da preferirem alguns textos (e.g., Cndigo Civil, art. 116), a expresso inexistentes. Os juristas que no distinguem o no-existente e o nulo momento, porque o direito, histrica e sistematicamente, alude a ela. Ao pretenderem trat-la como sinnimo de no-existente cometem ter todos no ope ram excluem a classe nula, e tropeam com ela a cada, erro de lgica (confuso entre nulo no sentido de no os elementos componentes, de modo que os que tm, e no-existente). 359. Limites entre o existente e o no-existente 1. Problemas de tcnica jurdica legislativa. A tcnica legislativa encontra problemas concretos assaz delicados, ao traar os limites entre o existente e o inexistente: a) O ato em que foi um dos sujeitos, ou o sujeito, quem no pessoa (= sem capacidade de direito), h de ser tido como inexistente ou existente mas nulo? b) H de ser tido como inexistente, ou como nulo, ou como anulvel, o ato em que foi agente o louco, o surdo-mudo, ou o menor? c) O negcio em que a violncia, o erro, ou a fraude, causou a manifestao ou comunicao, de ser considerado inexistente, nulo, ou anulvel? Desde que se inclui numa classe o fato relativo a ato, tem-se de ir s conseqncias da classificao, exceto no que a lei mesma as exclua. Existir, valer e ser eficaz so conceitos to inconfundveis que o fato jurdico pode ser, valer e no-ser eficaz, ou ser, no valer e ser eficaz. As prprias normas jurdicas podem ser, valer e no ter eficcia (H. Kelsen, Hauptprobleme, 14). O que se no pode dar valer e ser eficaz, ou valer, ou ser eficaz, sem ser; porque no h validade, ou eficcia do que no . 2. Validade e eficcia, erro grave nas confuses de conceitos. Se o que praticou o ato no era legitimado jurdico, por ser estranho ao declarado o declarar, ou estranho ao manifestar o manifestado, ou estranho ao comunicar o comunicado, declarou, manifestou ou comunicou, fora da ordem interior em que o mundo jurdico encadeia os direitos, as pretenses e aes, posto que dentro do mundo jurdico. A sano pode ser a nulidade; mas essa sano supe infrao das leis reguladoras do ato jurdico, em vez de acontecimento fora. Quem declara a vontade de vender a casa que pertence a outrem no infringe regra material ou formal do negcio jurdico; talvez haja observado todas elas: o que em verdade fez foi contratar a respeito do que lhe no pertence e, pois, por se pr fora de ordem, ineficazmen te. Os juristas alemes chamaram ao estado dessa declarao fora de trilhos, heterotpica, Rechtlosigkeit, que o negociar sem direito a faz-lo; e A. Brinz (Lehrbuch der Pandekten, 2 ed.,IV, 439) ps claro que a no se trata de nulidade: no se pode considerar nulo o negcio jurdico do possuidor, que pode mesmo vir a ser eficaz. Ao negcio jurdico, em si mesmo, nada faltou. Na teoria das nulidades, o estudo do processo histrico tem sido inferior contribuio histrica. H excesso de romanismo, que ficou, e insuficincia de conhecimento profundo do direito romano das nulidades. A tal ponto vai a confuso, que s vezes podemos dizer: ~Mas o direito romano no conhecia a teoria das nulidades!; e outras: Exatamente isso a teoria romana da nullitas = no-existncia!. 360. Validade e no-validade 1. Invalidade e ineficcia. A respeito dos atos jurdicos defeituosos, a terminologia tem sido catica, se no contraditria; e fcil calcular-se quo nociva ao direito tem sido essa falta de exatido e de clareza. Que551 nulo? Que anulvel? Que ineficaz? A distino entre nulidade e ineficcia assente na distino entre validade e eficacidade, depois que a cincia do direito apurou, a fundo, que a defeituosidade no se confunde com a falta de requisitos para a irradiao de efeitos. Toda validade se liga ao momento em que se faz jurdico o suporte ftico; toda eficcia ser produo da juridicidade do fato jurdico. A venda e compra da coisa alheia ineficaz; pode vir a ser eficaz. O no poder executar a obrigao produz o efeito da indenizao. Se o terceiro, que devia ser ouvido, no no foi, o negcio jurdico ineficaz quanto a ele. O no-registro da venda e compra de imveis ineficaz quanto a terceiros. A expresso invalidade (= no-validade), Ungiltigkeit, foi usada, primeiro, por E von Savigny (System, IV, 536). Os textos romanos falavam de negcios jurdicos vitiosi; e o jurista alemo encambulhou invalidade e ineficcia, complicando, ainda mais, a transio romana, inacabada, do conceito de nu llum (inexistente) para o conceito de inexistente, nulo e anulvel. Alis, penoso ver-se, nos pandectistas, como se deixaram eles levar, no tratamento das nulidades (em senso largo), pelo direito positivo dos seus pases, inclusive pelas mudanas por que esse direito passou. No h exemplo mais chocante do que o daquelas edies que, aps o Cdigo Civil alemo, que adotou impugnabilidade (Anfechtbarkeit), em lugar de invalidabilidade (Entkrftbarkeit), isto , depois de j haverem insinuado distino entre ntillus, que era inexistente, nulo, e anulvel, ou impugnvel, ou invalidvel, de todos falam como se fossem espcies de nulidade (senso largo, contemporneo, de invalidade, oposto inexistncia e validade). Para se ver quanto os tratadistas de direito romano versaram os problemas de nulidade e de anulabilidade com elementos novos, que os Romanos estranhariam, basta l-los. Por outro lado, misturaram atos jurdicos ineficazes e atos jurdicos nulos, ineficcia e nulidade. Toda identificao de anulabilidade (conceito novo) com resciso , para o direito romano, falso: o direito romano desconhecia aquele conceito. Conhecia a nulidade (para ele, = inexistncia): nullum est negotium, nibil acham est (Gaio, III, 176); e conhecia a resciso. Nos casos de vcio do consentimento (dolo, fraude), o direito romano nada possua, a princpio, de sano; as partes tinham de prometer a indenizao, fixada ou no, em caso de vicio do consentimento, e era a actio ex stipulati que se havia de propor, e o Pretor foi alm criou a exceptio doli; depois, o Pretor, talvez C. Aquilius Galus, contemporneo de Ccero, lanou a actio de dolo, que levava restituio ou indenizao, porm s se construa a sua eficcia como de resciso, ou diminuio da prestao. Nenhuma nulidade, ou anulabilidade. Quanto violncia, ou era efetiva, ou ameaa, metus. Aquela, eliminando a vontade, era causa de nulidade (no sentido romano); essa, no: o ato jurdico, a despeito da coao moral, existiu. A crer-se em Cicero (in Verrem, 11, 3, 65) foi o pretor Octavius quem criou a ao quod per vim aut metum abstulisset, para reparao do dano causado pela violncia. A exceptio quod metus causa podia ser usada antes de se executar o prometido. Nem nulidade, nem anulabilidade. Quanto leso, os imperadores Diocleciano e Maximiano estaturam que, se o vendedor fora lesado em mais de metade do preo, podia demandar pela resciso (L. 2, C., de rescindenda venditione, 4, 44). O ru podia completar o preo. No caso dos vcios da coisa, j as XII Tbuas haviam cominado a pena do dobro ao vendedor que houvesse afirmado qualidades que a coisa vendida no tinha e foi a jurisprudencia que estendeu tal responsabilidade quele que houvesse ocultado a existncia de vcios. Os Edis curuis, a quem tocava a policia dos mercados, regularam o assunto. O comprador podia pedir a diminuio do preo, ou a redhibitio, que era o re-haver o preo. Nem nulidade, nem anulabilidade; quase se re-dava (L. 21, D., de aedilicio edicto et redhibitione et quanti minoris, 21, 1: idcirco redhibitio est appellata quasi redditio), resolvendo-se o contrato (L. 23, 1: resoluta emptone). certo que A. Brinz (Lehrbuch der Pandekten, 2 ed., II, 422, nota 71, e 424) e O. Karlowa (Das Rechtsgeschft und sei ne Wirkung, 159) falavam de anulao; porm no era isso o que se passava, nem o que hoje se passa. O conceito romano era o de resolu tio, e o defeito da coisa que causava a actio redhibitoria, no o do contrato de venda e compra. A lei fizera resoluo legal o que fora resoluo convencional, com a actio ex stipulati. Lei de D. Duarte (18 de maro de 1435) supunha a existncia, no direito portugus, das aes de enjeitamento (redibitria e de diminuio do preo) e foi feita por escusar tais demandas e dar avisamento aos compradores de cavalos e outras bestas em Evora, a fim de perderem toda a esperana de desfazer a venda, ou troca (Ordenaes Afonsinas, Livro IV, Ttulo 22, 2-5, onde se atribui lei, com razo, a data de 18 de maro, em vez de 28, que consta do manuscrito de Santarm). As Ordenaes Manuelinas (Livro IV, Titulo 16) puseram em relevo o enjeitamento de escravos com doena ou manqueira, e acrescentaram que o dito sobre os escravos de Guine aja lugar nas compras e vendas e trocas, escaimbos de todas as bestas, que por quaisquer pessoas forem compradas, vendidas, trocadas, e escaimbadas, que se quiserem enjeitar por manqueira ou doena. Se o vcio no era doena ou manqueira, guardava-se o que por direito for achado,551isto , o que se houvesse de seguir, em direito romano. Nas Ordenaes Filipinas (Livro IV, Ttulo 17, 8 e 10), estatuiu-se: E ainda que os escravos se no podem enjeitar por qualquer vicio e falta de nimo, como atrs he declarado, as bestas se podem enjeitar por os tais vcios, ou faltas de nimo, assim como se sem causa e no lhe sendo feito mal algum, se espantarem, ou impinarem, ou rebelarem ( 8, 2 parte). E as coisas, que no so animadas, quer sejam mveis, quer de raiz, se podero enjeitar por vcios, ou faltas, que tenham, assim como um livro comprado, no qual falta um caderno, ou folha em parte notvel, ou que est de maneira, que se no possa ler, ou um pomar, ou horta, que naturalmente sem indstria dos homens produze plantas ou ervas peonhentas ( 10). O principio evitava a remisso ao direito romano. 2. Resistncias ao exato conceito de ato nulo; preciso de conceitos. Alguns juristas chegam a no compreender que possa haver diferena entre inexistente e nulo (e.g., Francesco Messineo, Istituzioni di Diritto Civile, 1, 220; A. Fedele, La Invalidit dei Negozio Giuridico, 32; von Eulitz, Ungdltigkeit von Verwaltungsakte wegen Irrtums, 12 5.; E Drogoul, Essai dune Thorie gnrale des Nuilits, 88). Porm, alm da regresso a Roma, em que importa tal atitude, choca-se ela com os sistemas jurdicos, a ponto de se pretender, depois, distinguir entre inexistncias (e.g., Ferrara-Santa-Maria, Inellicacia e inoppon ibilit, 15): no existir e ser invlido, ~como? No pode ser deficiente o que no existe, o que no . Para ser deficiente, preciso que exista. O que no existe nem vlido, nem invlido: no entrou, ou j no est, no mundo jurdico. Revela pouco estudo de lgica e, mais ainda, da estrutura dos sistemas lgicos, pensar-se que, se h o conceito de inexistncia, esse h de estar no mundo jurdico: e seria cometer o erro inverso, em vez de se forar a insero do nulo no inexistente, forar-se-ia a insero do inexistente no nulo, trazendo-se aquele para o mundo juridico. Assim, quando Mano de Simone (La Sanatoria dei Neqozio giuridico nulio, 95) tentou pr a inexistncia, a nulidade (e a anulabilidade) como graus de validade, no atendeu o que o suporte ftico insuficiente, que o do inexistente, no entra no mundo jurdico. Nulo e anulvel entram; o que no entra o que no existe e, por isso mesmo, se diz inexistente. Inexistente, porque ficou fora do mundo jurdico; dele pode-se falar, de dentro do direito, como, de dentro da casa, se pode falar do que se passa ou se passou na rua. O conceito de negcio jurdico inexistente ou de ato jurdico stricto sensu inexistente metajurdico; no mais do que o enunciado da no-juridicizao do ato. Esto-se a contemplar dois mundos, o dos fatos e o jurdico. No existir, estando no mundo jurdico, seria absurdo; no se pode raciocinar, em qualquer cincia, sem se respeitar o que lgico, o que matemtico e o que fsico. A categoria do inexistente ineliminvel, porque o mundo jurdico no abrange todo o mundo ftico, nem se identifica com ele; a categoria do nulo existe, porque se teve de classificar e nomear o que o mnimo tolerado dentro do mundo jurdico, embora para ser apontado como extremamente viciado, deficiente. No se pode dizer que o conceito de inexistente seja intil ao jurista: de interesse do nadador saber onde acaba a piscina. Ainda no plano da eficcia, o ato inexistente ato que no poderia produzir efeitos; o ato jurdico nulo, o que no os produz, porque nulo. A ineficcia do inexistente conseqncia de no-existir; a ineficcia do nulo supresso. V-se, no ato juridico nulo, a falta, o dfice, a cavidade, o suporte ftico sobre que a lei incidiu e entrou no mundo jurdico sem que enchesse o molde legal. Se A estava morto quando se diz que testou, no h testamento: o negcio jurdico inexiste. Se A vendeu a lua, no h negcio jurdico de venda e compra. Se A trocou o perfume do roseira! pela cadeira, no houve negcio jurdico. Se A doou o pedao de carne ao co alheio X, A no doou (a doao no existe), A apenas derrelinqiu a carne, ou destruiu bem. Se A doou o pedao de carne ao seu co Y, A usou a sua propriedade mvel, consumindo-a, no doou. O ato humano, ainda se havia inteno de que entrasse no mundo jurdico como negcio jurdico, ou como ato jurdico stricto sensu, no ato jurdico, se nele no entrou. No se fez jurdico. Se falamos de ato jurdico nulo, ou de ato jurdico anulvel, supomos que o ato humano entrou no mundo jurdico e nulo ou anulvel. Porque nulo e anulvel so conceitos do mundo jurdico. No mundo ftico, no h nulidades, nem anulabilidades. No prprio mundo jurdico, somente h nulidades e anulabilidades de negcios jurdicos e de atos jurdicos stricto sensu. 3. Conceito de nulidade e propriedades do ato jurdico nulo. O conceito de nulidade no coincide, j vimos, com o de inexistncia. Tanto assim que possvel, nos casos concretos, tirar-se algo do nulo, o que se no conceberia, se nulo e inexistente fossem o mesmo. Nulo no alude a no-ser, mas apenas a no valer. Os negcios jurdicos nulos e os atos jurdicos stricto sensu nulos so os que foram criados com vcio grave; tal que: a) so insanveis as suas invalidades e irratificveis, tanto que confirmao deles, a rigor, no h, h firmao nova, ex nunc, e de modo nenhum confirmao; b) qualquer interessado, e no s figurante, pode551alegar e fazer ser pronunciada a nulidade, dita, ento, deficincia absoluta; c) o juiz, encontrando-as, ainda se no arguidas, pode decret-las; d) para suscitar pronunciamento judicial sobre elas no precisa o interessado de prqpor demanda (ao ordinria, ou no), e at incidenter suscitvel; e) no corre prescrio da pretenso decretao da nulidade; ~ sem efeito. Ora, no direito escrito, h casos de nulidade em que falta alguma dessas propriedades, o que bem mostra que alguma ou algumas se lhes podem tirar, o que se no poderia admitir se nulo fosse o mesmo que inexistente. O ato jurdico nulo ato jurdico deficitrio, mas ato jurdico. No zero-negcio jurdico, ou zero-ato jurdico stricto sensu; ato jurdico menor que um ((1). Quando se admite que a sua estrutura no seja a do negcio jurdico nulo do tipo mais completo (insanabilidade, irratificabilidade; alegabilidade pelo simples interessado; decretabilidade de ofcio; desnecessidade de propositura de ao; imprescritibilidade; ineficcia), aproxima-se de 1, sem no alcanar, e sem alcanar ser, sequer, da classe dos atos jurdicos anulveis, que tambm so menores que 1, sem serem zero. So raros, porm o direito positivo conhece: negcios jurdicos nulos sanveis ou ratificveis; negcios jurdicos nulos de alegao relativa, e no pelo simples interessado; negcios jurdicos nulos cuja nulidade no decretvel de ofcio; negcios jurdicos nulos para cuja decretao de nulidade se precisa de ao e, por vezes, de ao ordinria; negcios jurdicos nulos a que se fixou prazo preclusivo, ou de prescrio, para ser pedida a decretao da nulidade; negcios jurdicos nulos, mas eficazes no todo ou em parte dos efeitos. D-se o mesmo, embora mais raramente, com atos jurdicos stricto sensu nulos. O conceito de nulidade , portanto, entre o tipo mais completo e o menos desfalcado possvel, isto , entre o nulo, tal como o feixe daquelas propriedades o define, e o nulo abcdef J, ou abcdef e, ou abcdef d, ou abcdef c, ou abcdef b, ou abcdef a. Essas consideraes, em espritos de educao cientfica, logo provocam as questes cruciais, que os juristas superficiais no viam: ~At onde se podem eliminar propriedades das nulidades, sem que os negcios jurdicos nulos deixem de ser nulos para se tornarem anulveis?tOnde comea o pano dos negcios jurdicos anulveis? 4. Eliminao necessria da confuso entre inexistncia e invalidade. Logo aps a publicao do Cdigo Civil alemo, juristas, levados pelos escritores romanizantes e pelos Motive (1, 126), entendiam que s era negcio jurdico o negcio jurdico vlido. No texto da lei, falava-se, porm, de negcio jurdico nulo (e.g., 125, 135, 138 e 140) e seria difcil deixar-se de considerar existente o negcio jurdico nulo (cf. Fritz Friedmann, Rechtshandlung, 14 s.). O negcio jurdico dirigido produo de eficcia: se se produziu ou no, essa eficcia, no importa ao conceito de negcio jurdico. Assim, o negcio jurdico nulo negcio jurdico, e o testamento antes da morte do testador, tambm o , sem se precisar de recorrer distino entre negcio jurdico efetivo ou no (wirkliches u. unwirkliches Rechtsgeschft), de que se socorria Ernst Zitelmann (Die RecbtsgescbJte, 285 s.). H, ou no h o negcio juridico; se h, ou vlido, ou nulo, ou anulvel; pode, tambm, ser rescindvel, ou no; e ser eficaz ou ineficaz. O suporte ftico pode fazer-se fato jurdico, no caso negcio juridico, que espcie de ato jurdico, e esse, de fato jurdico: o fato jurdico ter toda a eficcia, ou parte dela, ou nenhuma. O negcio jurdico nulo, ou anulvel, porque alguma regra jurdica sobre nulidade ou anulabilidade o atinge, mas entra ele no mundo jurdico. O mesmo raciocnio far-se quanto aos atos jurdicos stricto sensu. 5. Confuso entre nulidade e algumas das propriedades do nulo. (a) Tem-se procurado identificar a nulidade do negcio jurdico com a insanabilidade do defeito. Se o fato constitutivo do negcio jurdico foi atingido, ou h no-validade sanvel, ou h no-validade insanvel. O nulo seria o insanvel, o incompletvel (assim, L. Jacobi, Die fehlerhaften Rechtsgeschfte, Archiu fr die civilistische Praxis, 86, 73). Tal identificao remonta, pelo menos, a C. G. von Wchter (Pandekten, 1, 422 e 434). O art. 208 do Cdigo Civil refere-se nulidade, que pode ser sanada pelo tempo. Cai por terra a afirmao. (b)H a opinio dc que as nulidades so sempre alegveis (alegabilidade aberta) pelos interessados em que os negcios jurdicos nulos no logrem efeitos que, de direito, no tm. A expresso nulidade absoluta seria, a rigor, pleonstica; porque toda nulidade (ipso iure) absoluta. A ltima proposio verdadeira, porm a recproca no no : h anulabilidades que, nesse sentido, seriam absolutas. (Outros sentidos de nulidades absolutas so nulidades plurilaterais ou contra e a favor de todos, nulidades insanveis.) (c)A decretabilidade de ofcio tambm tem sido considerada elemento essencial, sinal, da nulidade, que ipso iure. A nulidade supe sano. No existir no sano repulsa radical; nulidade o . Certamente, casos h em que a lei diz que se tratem declaraes ou manifestaes de vontade como inexistentes, no escritas, porm, ai, a sua atitude de pr-excluso ou de enunciado prvio e geral de no-existncia, e no de simples reprovao. Para o direito j livre da identificao romana (nu Ilus = inexistente), a ordem jurdica551trata o negcio jurdico nulo ou o ato jurdico stricto sensu nulo como natimorto, porm, ainda assim, como ser. Por isso, de regra insanvel a nulidade, irratificvel e decretvel de oficio. Ocorre, todavia, que, a) se a lei faz dependente de ao a decretao da nulidade, ou de algum procedimento adequado (comum, especial), fica ao juiz cortado o seu poder e dever de a decretar. Outrossim, b) se a lei risca diretamente esse elemento essencial. Quanto a a, a questo desloca-se e dela trataremos sob (d); quanto a b, a atitude do legislador seria contraditria: deu a sano de nulidade, portanto a de enrgica reprovao dentro da ordem jurdica, e permitiu a impotncia do juiz diante do nulo. A alegabilidade s em ao, por parte dos interessados, no , sempre, determinante da indecretablidade de ofcio; mas preciso que a lei o diga. Alis, ainda a respeito de ineficcias per exceptionem (pretorianas), o direito romano teve decretabildade (para ele, declarablidade) de ofcio (O. Gradenwffz, Die Ungiltigkeit, 70, 73 s., 116 s). (d)O ramo de direito, em que nasce o negcio jurdico, trata a nulidade, invalidade de pleno direito, como arguvel em qualquer processo, ainda incidenter. Se esse ramo de direito exige a ao, ou a ordinariedade ou a sumariedade ou especialidade de rito (ao), que o legislador lanou mo da tcnica do direito processual, ou com o propsito de a materializar, ou, apenas, pelo habito, ou desenvoltura, ou desateno, de misturar direito material e processo. Por isso mesmo, a livre argibilidade no poderia deixar de ser considerada caracterstica material das nulidades ipso iure, salvo onde o prprio direito material, contra os princpios, houvesse materializado a exigncia do rito. A argibilidade incidenter , pois, elemento indciante, fortssimo, da nulidade, que invalidade ipso iure. No s: uma vez que a exceo regra provm do direito processual e, quase sempre, se mantm de direito processual, apesar da insero em cdigo ou em lei esparsa de direito material, o interessado tem a ao e pode exerc-la, sem a observncia da regra excepcional, se a lex lo ri, sendo outra que a do sistema a que pertence o direito material, no a adotou. Essa considerao de serem de Estados diferentes a lei de direito material e a de direito processual pe em relevo, de um lado, a importncia da classificao da regra jurdica como sendo, de ordinrio, regra de direito processual heterotpica, e, do outro, as consequncias, no plano internacional, da eventual materializao da regra pelo direito material em que se inseriu. Em estado puro, a nulidade produz ao, mas independe de ao e at incidenter pode ser arguida. A decretabilidade s em ao (ope exception is), tratando-se de nulidade, superpe diviso sistemtica romana (ipso iure, ope exception is); medida legislativa que atenua da sua radicalidade o invlido ipso iure; e esse nulo s se pode ter como, em verdade, nulo, em vez de anulvel, se mantm elementos, sinais, de no ter passado classe do anulvel. (J) Ineficcia, sem ser por motivo de defeituosidade, no resulta de nulidade, nem a produz. A nulidade pode produzir ou no produzir ineficcia. H atos anulveis e at nulos! eficazes. A ineficcia no , de modo nenhum, sinal de que o negcio jurdico seja nulo. Por outro lado, a nulidade no basta, em todos os casos, para se afirmar a ineficcia. Ser ineficaz, por deficincia de suporte ftico, apenas indicia tratar-se de nulidade; se no se mostra ter havido deficincia, nem sequer indicia. A questo tanto mais grave quanto se apura que as legislaes, ainda a alem, so obscuras. O 1 Projeto, 108, identificava negcio jurdico nulo e negcio jurdico ineficaz, portanto negcio jurdico nulo = f, o que falso, pois que se conhecem efeitos de negcios jurdicos nulos (Cdigo Civil alemo, 1.323 s.), ainda quando se exija serem efeitos provenientes do contedo do negcio jurdico. Alis, os mesmos juristas, que identificam nulo e ineficaz, definem a anulabilidade por ser dependente da eficcia da sentena a anulao e, pois, pela coexistncia da invalidade de segundo grau com a eficcia. Anulvel seria nulo e (ou mas) eficaz; nulo, ou invlido ipso iure, nulo e ineficaz. 6. Existncia e nulidade, quanto a defeito de forma. A ineficeia sem ser por infrao da forma foi posterior concepo da nulidade (= inexistncia) por ser sem a forma o negcio jurdico. Primeiro, em casos de violao de leis cogentes sem se ter violado a forma, se concebeu a repetio do que fora pago. A tal ponto resistia o esprito romano ao no valer distinto do no-ser que, poca da legis actio o doador no se podia recusar execuo da doao infringente, tinha de cumprir o negcio jurdico com vicio de forma e, aps, pela legis actio per condictionem, repetir o quanto doado. Tudo isso mostra como a concepo romana do nullus se tinha de confinar na dicotomia fundamental do ser e do no-ser. Para obter certos efeitos relativos, no lhe restavam outros meios que esses, como se, devendo passar do existente ao no-existente, tivesse de551fazer longos percursos. Se examinamos o caso das doaes, vemos que o direito romano conseguia relativizar a invocao da infrao (s a parte lesada), evitando a arguio por todos que o entendessem, e permitindo que a vtima deixasse de arg-la; tudo isso, sem recorrer noo de anulabilidade, a que era impermevel. A adoo da sano de nulidade, no sentido romano (= inexistncia), para violaes de regras de direito cogente atingiria o ato mesmo, o negcio, que, assim, no entraria no mundo jurdico. Preferia a esse conceito de noser o de ser seguido de outro ser superposto e em sentido negativo: a repetitia. jQue era a repetitio? O direito romano exigia a causa de dar. A toda dao havia de preceder causa. Se a causa faltava, o negcio jurdico era sine causa. Assim, executado ele, o executante sofria prejuzo e esse detrimento havia de ser reparado. Da a criao dos prudentes, fundada em equidade (L. 206, D., de diversis regulis iuris antiqui, 50, 17; L. 14, D., de condictione indebiti, 12, 6: Nam hoc naturam aequum est neminem cum alterius detrimento fieri locupletiorem; L. 66, D., 12, 6: ex bono et aequo). A dao transferia a propriedade; depois re-pedia-se, tal o repetere dos textos. A ao no se fundava no negcio jurdico; superpunhase, temporal e conceptualmente, a ele, e era quasi ex contractu. 361. Nulidade, ineficcia e pendncia 1. No-coincidncia entre a classe dos atos jurdicos ineficazes e a dos atos jurdicos nulos. A confuso entre nulidade e ineficcia agravou-se no direito comum. Chegou-se a definir o nulo pelo ineficaz (= nulo igual ao que no tem efeitos) e chamou-se de nulos a muitos casos de ineficcia sem nulidade. Nulo , de certo, o que eivado de causa de invalidade e, de regra, no produz efeitos: se falta o primeiro pressuposto, nulo no h; ao passo que a tcnica jurdica tem admitido excees exigncia do segundo pressuposto. O que verdade que o conceito de ineficcia no unitrio (= dentro de si, sem classes; e O. Fischer, Konversion unwirksamer Rechtsgeschfte, Festgabe fr Adolf Wach, 8 s., E. Strohal, Relative Unwirksamkeit, 2 s., bem o mostraram), razo por que h negcios jurdicos ineficazes no-nulos. Por isso mesmo, foi erro de L. Enneccerus (Lehrbuch, 1, 512, nota 3) considerar a alienao dos aquestos conjugais pela mulher como nula: ineficaz, e o 1.398 do Cdigo Civil alemo o diz; outro, o ter o ato jurdico do tutor (ou do curador), nos casos do art. 427 (art. 453), como nulo: ineficaz. Seria, como se viu, de todo inconveniente identificarem-se nulo e ineficaz. A venda e compra a non domino vlida e eficaz, no plano do direito das obrigaes, porque a venda e compra negcio jurdico consensual. Se a vista e com declarao de transmitir o vendedor ao comprador a propriedade e a posse, ex hypothesi no tem ele propriedade, que transmita, mas pode dar-se que tenha posse. O acordo de transmisso sem o efeito de transmisso da propriedade, por faltar ao vendedor poder de dispor. Se a venda e compra foi a prazo, o vendedor assumiu dever e obrigao de prestar o que prometeu prestar, sendo sem qualquer importncia, para a existncia, a validade e a eficcia do contrato, que consensual, o pertencer ao vendedor a coisa vendida, ou no lhe pertencer, ou, ainda, existir, ou no existir. No se trata de venda e compra nula, soluo que revela bem parcos conhecimentos jurdicos nos que a afirmam; nem de venda e compra condicional, artifcio inadmissvel que se v no acrdo da 2 Turma do Supremo Tribunal Federal, a 10 de junho de 1947 (RCJB 82/17). O que ocorre , to-somente, no poder ser prestado o que se prometeu, o que se resolve com a pretenso s perdas e danos, por inadimplemento da obrigao oriunda do contrato consensual de venda e compra, ainda se houve o acordo de transmisso, porque o acordo de transmisso adimplemento do contrato de venda e compra a vista, e na espcie no satisfez a obrigao de prestar a coisa vendida (inadimplemento positivo do contrato). A falta de poderes no determina nulidade, nem existncia (sem razo, J. M. Carvalho Santos, Cdigo Civil Interpretado, VIII, 269 e 26, 317). O ato jurdico do gestor de negcios ou do procurador sem poderes suficientes existe e vale, no tem eficcia quanto ao dominus negotii, o que outra coisa. A ratificao dlhes essa eficcia. 2. Pendncia e nulidade. Os negcios jurdicos nulos distinguem-se dos negcios jurdicos pendentes. O negcio jurdico condiciona! ou a termo j tem o seu suporte ftico dentro do mundo jurdico; se assim no fosse, no-seria negcio jurdico; o que lhe falta no concerne existncia, ou validade, mas eficcia. o que tambm acontece aos negcios jurdicos mortis causa, enquanto vive o testador, ao acordo sem entrega e transmisso em negcio jurdico sobre imveis sem a registro no registro predial. So negcios jurdicos em551que no existe, ou ainda no existe elemento do suporte ftico que dispensvel para o negcio ser jurdico e valer, mas que indispensvel para ter eficcia. Aqui, seria errado pr-se como negcio jurdico pendente o em que faltou ao relativamente incapaz a assistncia do titular do ptrio poder, do tutor, ou do curador. Tratase de invalidade (sem razo, Hans CarI Nipperdey, 39 ed. alem de L. Enneccerus, Lehrbuch, 189, n 3). A falta de poderes de procurao, sim, no causa de nulidade, mas de ineficcia. O mandante no tem de propor ao de nulidade ou de anulao, mas a ao declaratria da inexistncia de poderes, com o que se por claro que o ato do mandatrio foi s seu, sem eficcia quanto ao mandante, ou foi seu, no que excedeu os poderes. No art. 1.296, diz-se que pode o mandante ratificar ou impugnar os atos praticados em seu nome sem poderes suficientes; e no art. 1.297 acrescentouse: o mandatrio, que exceder os poderes do mandato, ou proceder contra eles, reputar-se- mero gestor de negcios, enquanto o mandante lhe no ratificar os atos. Nenhuma aluso validade; a, o mandante no figura do negcio jurdico; e o negcio jurdico, que houve, ineficaz quanto a ele. Tudo se passa como a respeito dos atos de disposio por parte do no-titular. Os negcios jurdicos que precisam de ratificao, sem serem invlidos, so pendentes; por exemplo: os que foram feitos pelo falso representante, ou pelo procurador que excadeu os poderes, ou quando j extinta a procurao. No assim, os feitos em nome falso. Pendncia irremedivel tem-se no negcio juridico, em que um dos figurantes representou pessoa inexistente. 362. Nulidade e anulabilidade 1. A invalidade passa-se no mundo jurdico. O negcio jurdico nulo ou o ato jurdico stricto sensu nulo corresponde a suporte ftico que, nulamente embora, entrou no mundo jurdico. Seria equivocante dizer-se que se h de tratar de ato que pelo menos exista como suporte ftico (e.g., E. Betti, Teoria Generale dei Negozio giuridico, 298: ... un negozio siccome nulo pressupone per lo meno che il negozio esista come fattispecie). O ato jurdico nulo entrou no mundo jurdico: se assim no fosse, nulo seria igual a inexistente; no haveria distino entre o ser e o ser nulamente. J no suporte ftico est o dfice; a despeito do dfice, o ato penetrou no mundo jurdico, embora nulamente, exposto, de regra, como ato jurdico de suporte ftico gravemente deficitrio, a ataques fceis e de quem quer que tenha interesse. No nasceu morto, o que seria no nascer; nasceu imprprio vida, por sua extrema debilidade. Quem quer que traduza por anular (decretar a anulao) o rescindere, ou o discedere, ou o infirmare, ou o distrabere, ou o dissoiuere, ou o revocare, o infrin gere, dos textos romanos, baralha coisas distintas entra si e com o hodierno conceito de anulabilidade. Todos aqueles termos nada tm, tampouco, com o nullus, a nulitas, o negotiunl nulum, o nullus momenti, que so conceitos, negativos, do plano da existncia. O conceito de anulabilidade comps-se no direito comum, no sem graves confuses com a de ineficcia. No se pode ligar a fontes romanas a distino entre nulidade e anulabilidade, devido a haver o direito civil e o direito pretrio (e.g., 5. Schlossmann, Zur Lebre vom Zwange, 27; O. Lenel, (ilber Ursprung und Wirkung der Exceptionen, 135; certo, L. Mitteis, Zur Lehre von der Ungiltigkeit der Rechtsgeschfte, Jberings Jahrbticher, 28, 95): houve casos que se poderiam considerar aproximativamente como de anulabilidade, tanto no direito civil (e.g., Gaio, III, 123; L. 4, D., de coliusione detegenda, 40, 16) quanto no direito do Pretor. No direito comum e no brasileiro, precisou-se a dicotomia. O Reg. n 737, de 25 de novembro de 1850, arts. 682-694, acentuou-a, posto que usasse de errada terminologia. O escrito de A. Thon (Die rechtsverfolgende Einrede, Jberings JabrbOcber, 28, 41; Recbtsnorm und subjektivs Recht, 269) mostra que se pendia, no direito alemo, para o conceito de impugnao (no s alegao, mas tambm ato de volio). 2. Nulo e anulvel. O nulo ato que entrou, embora nulamente, no mundo jurdico. Tambm entra, e menos dbil, no mundo jurdico o suporte ftico do negcio jurdico anulvel. Nulo e anulvel existem. No plano da existncia (= entrada no mundo jurdico), no h distingui-los. Toda distino s se pode fazer no plano da validade. Se dissssemos que aquele no existe, confundi-lo-amos com o inexistente; se dissssemos que nulo o que no tem efeitos, transpantariamos ao plano da eficcia problema que s h de ser posto e resolvido no plano da validade. Trata-se de distino interna ao plano da validade, baseada em maior ou menor gravidade do dfice. Nada adianta aduzir-se que a anulabilidade mais prxima da ineficcia superveniente; nem suportvel ao espirito cientfico o distinguirem-se existente e nulo, e falar-se de declarao de um e de outro, pois a deciso declarativa supe existncia ou inexistncia, e nunca pode subir ao plano da validade. Nesse, a551distino entre nulidade e anulabilidade criao tcnica, que determina tratamentos diferentes, um dos quais o da imprescritibilidade das aes de nulidade, ligada sua irrenunciabilidade. Seja como for, tcnica legislativa que toca discriminar as causas de nulidade e as de anulabilidade para que se observem os dois regimes, internos ao plano da validade, atendidas modificaes que se entendam, na lei, indispensveis. Quase sempre, essas modificaes de limites entre as duas espcies de invalidade provm de causas histricas, de pedaos de sistemas jurdicos diferentes (e.g., o romano, o germnico, o cannico, o foraleiro), que perduram no sistema jurdico vigente. 3. Inconvalidabilidade da nulidade. A nulidade inconvalidvel: no sobrevm, jamais, validao; salvo se lei nova apanha o mesmo suporte ftico, o faz no-deficitrio, ou simplesmente anulvel, e lhe pe data anterior, o que s admissvel se o direito, feito pelo poder estatal ou pelo poder constituinte, o permite, ou se a lei mesma, que regeu a entrada do suporte ftico no mundo jurdico, construiu alguma integrao posterior do suporte, atribuindo-lhe efeitos ex tunc, o que, em verdade, destoa da boa tcnica jurdica. De ordinrio e, pois, segundo os princpios gerais, toda pretendida confirmao referncia ao contedo do negcio jurdico nulo, em negcio juridico ex novo. 4. Conceito de anulabilidade. Mostrou E von Savigny certa perplexidade em que se pusesse no mundo jurdico, como ocorridas no plano da validade, a nulidade e a anulabilidade, porque, dizia ele, e o repetiu O. Gradenwitz (Die Ungiltigkeit, 4), o nulo no e o anulvel . Mas o erro provinha de confuso entre o nullus, que nada, que no , e o nulo, segundo o direito e a filosofia posteriores, que , embora invalidamente. Para o direito romano, a crtica estava certa; no para o direito contemporneo, onde, est claro, a confuso no continuou nos espritos. Defeituosidade no inexistncia. Para ter defeito, ou defeitos, preciso existir. A anulabilidade defeito mends grave, h o defeito de que resulta a nulidade, que mais grave. Tudo se passa no plano da validade, e no no plano da existncia. Defeito que no se sana, mas defeito. Foi o direito comum, que, atendendo a profundas mudanas na filosofia e na economia do mundo medieval e ps-medieval, fez de nulidade terminus technicus do plano da validade (cp. A. 5. von Engelbrecht, Die Besttigung nichtiger und anfechtbarer Rechtsgeschfte, 19 s.). Quanto converso, em vez de se pretender, como seria o caso de quem sustentasse a ratificabilidade do nulo, ser possvel recompor-se o suporte ftico com o elemento nulo, nada importa, o prprio suporte ftico h de conter o que baste a se encontrar a incidncia de outra regra jurdica, isto , de outra regra jurdica que faa entrar validamente no mundo jurdico o que, se se tratasse de regra jurdica em que se pensou, seria nulo. No suporte ftico, falta c, ou h, de mais, d, de modo que ab ou abcd no entra validamente no mundo jurdico, nulo; mas h regra jurdica que admite ab, ou abd, e ento h converso. No h, portanto, qualquer paradoxo (sem razo, Q. Lieven, Das nichtige und das anfechtbare Rechtsgescbft, 57). A nulidade pode ser arguida, de regra, por qualquer interessado, no porque o ato jurdico no seja, mas porque no produz qualquer efeito (H. Cremer, Beschrnkte Nichtigkeit, 6; C. Petersen, Die Besttigung nichtger und anfecbtbarer Rechtsgeschfte, 36). isso que mais leva os menos expertos confuso entre o inexistente e o nulo. Ambos no tm efeitos. Mas um no ; e o outro . Um pode, excepcionalmente, ter efeito; e o outro, no. 363. Nulidades ditas absoluta e relativa 1. Crtica s duas expresses. A nulidade, diz-se, absoluta; nulidade relativa a anulabilidade. Devemos evitar os dois adjetivos absoluta e relativa; porque, empregando-os em diferentes sentidos e baralhando a esses, a cada momento, os juristas e juizes cometem erros sem conta. O sentido adequado de relatividade e de absolutidade o referente aos limites subjetivos da eficcia: relativa a eficcia s atinente a um, ou a alguns; absoluta, a eficcia erga omnes. Ora, j esse sentido no pode ser o que serviria a se distinguirem o nulo e o anulvel. Absoluta, no plano da validade, seria a invalidade alegvel por um, que fosse, de todos os interessados; e relativa, a que s pudesse ser alegada por algum, ou algumas pessoas apontadas na lei. E esse o critrio dos arts. 146 e 152. As confuses, a que acima aludimos, levam a falar-se de invalidade relativa, quando se aliena a coisa empenhada, hipotecada, anticrtica, ou o ttulo caucionado, ou a coisa alheia, espcies em que apenas se trata de ineficcia. So confuses derivadas da insuficincia de cultura lgico-matemtica551dos juristas e da sua formao retrico-oratria, bice ao rigor de terminologia e reflexo percuciente. A relatividade no tocante ao (de anulao) a que consta do art. 152, 2 parte, onde se diz: S os interessados as podem alegar, e aproveitam exclusivamente aos que as alegarem, salvo o caso de solidariedade, ou indivisibilidade. S o comeo dessa 2 parte do art. 152 aqui nos importa entender. E de notar-se, desde logo, que se fala de interessados, expresso que aparece, idntica, no art. 146. As nulidades do artigo antecedente, l-se no art. 146, podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministrio Pblico, quando lhe couber intervir. J a ressalta que os interessados, a que se refere o art. 146 so interessados, segundo conceito de interesse, que no , de modo nenhum, o conceito de interesse que serviu a se cogitar de interessados, no art. 152. Se s um fosse o conceito, a nica diferena consistiria em ser alegvel pelo Ministrio Pblico, quando houvesse de intervir, a nulidade. Ora, nem historicamente, nem dentro da sistemtica do direito civil, seria possvel tal dilatao da alegabilidade do anulvel. O Cdigo Civil argentino, art. 1.047, 2e e 3 partes, diz que a nulidade (= nulidad absoluta): Puede alegarse por todos l