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Ano 1- Número 4 - Dezembro de 2011 - R$ 2,00 A falência da Itália

Tribuna Classista n° 4

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Ano 1- Número 4 - Dezembro de 2011 - R$ 2,00

A falência da Itália

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Nos seus primeiros dez meses, o alíquota de 20% do INSS de setores acontece com seus financiadores e estão em completa crise (Mercosul). governo de Dilma Roussef passou afetados pela queda do dólar, como ideólogos civis. Certamente, a Essa política conspira contra a por seis crises de gabinete, confecções, calçados, móveis e aprovação do PL 7376/2010 pela unidade antiimperialista da América começadas pela demissão de softwares. O plano inclui devolução Câmara dos Deputados, a 21 de Latina. Não para criar um suposto Antonio Palocci (Casa Civil) até a de de impostos como PIS (Programa de setembro, impôs uma derrota aos “subimperialismo” brasileiro, mas Orlando Silva (Esporte), passando Integração Social) e Cofins s e t o r e s d e e x t r e m a - d i r e i t a para atuar como ponta de lança da p o r A l f r e d o N a s c i m e n t o (Contribuição para Financiamento representados por parlamentares penetração do capital financeiro (Transportes), Nelson Jobim da Seguridade Social) para como Jair Bolsonaro. Mas a internacional no continente. O ( D e f e s a ) , Wa g n e r R o s s i exportadores de manufaturados. Comissão Nacional da Verdade, na retrocesso industrial brasileiro abre (Agricultura), Pedro Novais Além disso, os 116 maiores configuração em que foi aprovada, essa perspectiva (já foi proposto o (Turismo), afetando todos os expor tadores do país te rão tende a resultar um simulacro de fim do limite ao capital estrangeiro partidos da “base governista”. As atendimento acelerado dos pedidos investigação, tais as limitações que nas companhias aéreas, assim como crises de gabinete não configuraram, de ressarcimento. De um lado o lhe foram impostas. na educação superior). A menina dos porém, situação de crise política governo subsidia os exportadores O ex-ministro Nelson Jobim e seu olhos é, porém, o setor financeiro; JP grave (institucional), embora sejam com renúncia fiscal que reduz as assessor José Genoíno foram os Morgan, maior banco dos EUA e seu sinal anunciador. Mais de 200 receitas da União. Do outro lado, leva-e-traz dos altos comandos das maior beneficiado pela quebra cargos em órgãos federais tiveram continua tomando recursos a 12,5% Forças Armadas nas “negociações” bancária norte-americana já tomou que ser cedidos por Dilma Roussef e para rolar a dívida pública, enquanto entre estas e o governo. O líder do PT m e d i d a s p a r a p e n e t r a r suas “art iculadoras” (Gleisi l ibera recursos aos grandes citou a boa tese de Tancredo: a agress ivamente no mercado Hoffman e Ideli Salvati) à “base capitalistas a taxa de 6% ao ano, o “conciliação nacional” deve ser brasileiro. aliada” para manter seu apoio que representa uma transferência de propiciada pela Comissão da A r e f o r m a p o l í t i c a e a pa r l amen ta r ( e ev i t a r uma R$ 20 bilhões anuais ao setor Verdade. A Corte Interamericana de regulamentação da Constituição de investigação sobre os escândalos de privado. Quanto maior é a fatura da Direitos Humanos, ao julgar o caso 1988 tendem a estreitar o espaço de Antôn io Pa locc i e Al f redo crise capitalista mundial maior é a da guerrilha do Araguaia, afirmou ação da classe operária e dos Nascimento). pressão por cortes das despesas que “as disposições da Lei de Anistia m o v i m e n t o s d e l u t a . A

Historicamente, a corrupção do sociais, que acabam por recair sobre b r a s i l e i r a q u e i m p e d e m a regulamentação da lei de greve tende Estado brasileiro é, como se sabe, os serviços públicos e sobre os investigação e sanção de graves a torná-la praticamente impossível oceânica. Desde o mensalão, logo no salários dos servidores públicos. violações de direitos humanos são para os servidores públicos, setor em início do governo Lula, até o Os supostos avanços em política incompatíveis com a Convenção que o corte de ponto por fato de presente, o governo PT/PMDB não externa independente, e na apuração Americana, carecem de efeitos greve tornou-se prática habitual no f e z s e n ã o a p r o f u n d á - l a e e punição dos crimes da ditadura jurídicos”... “são inadmissíveis as governo Dilma. A justiça trabalhista sistematizá-la, até transformá-la em militar não resistem qualquer d ispos ições de anis t ias , as atuou pesadamente contra a greve fator de crise política, agora com o análise. A defesa da Palestina na disposições de prescrição e o dos Correios (impondo-lhe uma envolvimento do Ministério dos O N U f o i u m d i s c u r s o estabelecimento de excludentes de multa diária de R$ 50 mil). As Esportes, sob controle do PC do B, c o m p l e m e n t a d o p e l o responsabilidade, que pretendam reformas em debate, além disso, acusado de montar um esquema de entrelaçamento entre as indústrias impedir a investigação e punição dos deixariam com margem de ação lavagem de dinheiro através de militares brasileiras e israelenses, responsáveis por graves violações político/eleitoral só os partidos ONGs (R$ 4,3 milhões foram sob cobertura do TLC Mercosul / dos direitos humanos, como tortura, organicamente vinculados ao capital apurados, só inicialmente, pela CGU Israel (enquanto o governo mais a s e x e c u ç õ e s s u m á r i a s , ( e m n o m e d o c o m b a t e à s - Controladoria Geral da União). O direitista na história de Israel extrajudiciárias ou arbitrárias e os “microssiglas”). 65 pessoas principal programa do ministério, o continua sua opressão do povo desaparecimentos forçados”. A continuam a ser assassinadas por “Segundo Tempo”, ter ia se palestino, do bloqueio de Gaza à Comissão Nacional da Verdade terá ano, em média, na luta pela terra. A transformado em instrumento instalação de novos assentamentos só sete membros, alguns dos quais previdência pública, depois do financeiro do PCdoB: sem licitação, na Cisjordânia), assim como pelo poderão ser militares; não terá fracasso das reformas precedentes, o ministro teria entregue o programa início da virada pró-imperialista autonomia financeira; será sujeita ao voltou a ser ameaçada pelo PL a entidades ligadas ao partido, cujos geral no Oriente Médio, isolando o sigilo; e, finalmente, não poderia 1992/2007, para o qual Dilma pediu contra tos com essas ONGs Irã (sob pretexto de “direitos remeter suas conclusões ao urgência à Câmara. somariam R$ 30 milhões só em humanos” e do programa nuclear, Ministério Público e à Justiça, para A situação é, porém, de crise da 2010. No Ministério do Trabalho e exatamente os argumentos do que os autores dos crimes cometidos coalizão de governo, sem alternativa Emprego, o PDT sofre uma imperialismo). pela ditadura militar sejam julgados (por enquanto) à direita. Há também investigação que soma um montante Na questão da “Comissão da e processados. E, simultaneamente, perspectiva de crise nas relações de R$ 57 milhões de dinheiro que Verdade”, a “verdade” é que o processa-se um amplo programa de internacionais, e já se vislumbra saiu pelo ralo das ONGs. A crise no acordo mediante o qual o governo rearmamento das Forças Armadas. também uma crise no pacto e s p o r t e s e r e s o l v e u , aceitou emendas do DEM, do PSDB Na América do Sul, o Brasil tende federativo em torno dos royalties do provisoriamente, com a saída do e até do PPS, mas rejeitou sem a ampliar o espaço de atuação de petróleo. A superação do marasmo bode expiatório de plantão (o apelação as emendas propostas pela seus monopólios (subsidiados pelo político da esquerda brasileira, ministro Orlando Silva), na sexta esquerda e pelos movimentos BNDES), ignorando qualquer ameaçada em sua própria existência, crise de gabinete do governo Dilma sociais, é a renovação da transição v e l e i d a d e “ i n t e g r a d o r a ” , só pode se alicerçar em um profundo em um ano, garantindo ao PC do B a conservadora de Tancredo Neves. O transformando as economias balanço político de seu retrocesso continuidade do controle do acordo que selou a “conciliação vizinhas em apêndices do grande nas últimas duas décadas, que abra o manancial de verbas, inchadas com a nacional”, celebrado nos estertores capital instalado no país (não caminho para uma luta política, em perspectiva da Copa 2014. da ditadura entre o líder do necessariamente “nacional”). Foi o todos os planos, pela independência

O governo Dilma lançou um conservadorismo civil e a cúpula caso do (fracassado) financiamento de classe, sentando as bases para pacote de incentivos fiscais para a militar, foi preservado por Lula e da estrada TIPNIS em território uma alternativa socialista e indústria, Brasil Maior, que acaba de ser repaginado e remoçado boliviano, e do alento a acordos revolucionária, para um governo dos desonera a “produção” em R$ 25 por Dilma Roussef. Os militares bilaterais entre empresas brasileiras trabalhadores da cidade e do campo.bilhões nos próximos dois anos. As ficaram intocáveis, não importa que e argentinas, ao arrepio de medidas incluem a redução da crimes tenham cometido, e o mesmo regulamentações e tratados, que

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Enquanto líderes da União Europeia, antes uma marcha. Mandravelis, um jornalista de direita do em junho, houve uma convergência particularmente da Alemanha e da Em 20 de Outubro, um número j o r n a l K a t h i m e r i n i e n o t ó r i o entre o movimento dos "indignados" e o França, divididos por antagonismos similar de pessoas se reuniram na Praça propagandista da troika), incluindo movimento operário. A brutalidade nacionais irreconciliáveis e paralisados Syntagma, em frente ao Parlamento, que alguns deputados da direita fascista do selvagem desencadeada pelo governo pelo terror da falência- não só da Grécia, votou o novo decreto infame que inclui Laos felicitaram ao KKE e sua contra a greve geral de junho 28/29 mas de seus sistemas bancários e de todo novas reduções nos salários e secretária-geral, Aleka Papariga, por sua contribuiu em grande parte para essa do projeto da União Européia com o seu aposentadorias dos trabalhadores, "responsabilidade" e "espírito cívico"! convergência. Mas acima de tudo, a euro - tiveram que adiar o encontro, no novos impostos para a classe média Não é a primeira vez: durante a revolta deterioração dramática da situação epicentro da crise, a Grécia, o país baixa e que condena centenas de da juventude em dezembro de 2008, o sóc io -econômica na Gréc ia e inteiro foi sacudido por uma tremenda milhares de funcionários públicos ao governo de ultradireita de Karamanlis e internacionalmente, nos últimos três mobilização dos setores da classe desemprego. o líder da extrema-direita Laos, meses, que resultou num absoluto beco operária e popular rapidamente Ficou claro para todos, incluindo os Kartzaferis, felicitaram Papariga e o sem saída da UE, a crise bancária empobrecida. Foi a maior desde 1974, membros do Parlamento e do poder, que KKE por sua "posição responsável", internacional e a aceleração da transição ano em que entrou em colapso a ditadura as massas com raiva estão se movendo quando se opuseram à revolta e de para um colapso mundial pior do que o militar imposta pela CIA. A greve geral muito mais além dos limites impostos e chamaram a juventude rebelde de de 1930, pelo que se criaram todas as convocada pela burocracia sindical da protegidos pela maioria das burocracias provocadora. Além disso, o KOE condições para um conflito social GSEE (Confederação Geral do sindicais que têm o PASOK na GSEE e maoísta, a coalizão centrista Antarsya e incontrolável. Após o fracasso da Trabalho), inicialmente para 19 de ADEDY. Portanto, em um acordo tácito, seus principais componentes - NAR (um burocracia sindical para atuar como um outubro, foi transformada pela pressão informal, mas óbvio, com o KKE, o grupo que se separou do KKE em 1989) freio no movimento de massas, a da ADEDY (Federação Nacional dos partido stalinista da Grécia e sua fração e SEK (organização irmã do SWP burguesia teve de apelar à força política Servidores Públicos) e dos sindicalistas do sindicato Pame, assumiu a defesa do britânico) - juntaram-se à campanha e burocrática, isto é, o stalinismo, que de base em uma greve geral por 48 Parlamento antes da rebelião das contra os anarquistas, chamando-os de salvou seu governo em 1944/45 com os horas, nos dias 19 e 20 de outubro, massas. A guarda do Pame / KKE "agentes provocadores", elogiando os acordos no Líbano, Gazerta e Varkiza, contra o novo pacote de medidas de formou uma corrente ao redor do stalinistas, sem fazer qualquer crítica os que desarmaram aos partisans canibalismo social impostas pela troika Parlamento, armados com faixas e pela proteção política ao Parlamento e à comunistas e traíram a revolução do FMI, a UE e o Banco Central bandeiras com grandes estacas, legalidade burguesa. nascida da resistência anti-nazista. Não Europeu, que também é impulsionado impedindo todos, não apenas aqueles é por acaso que um dos slogans por uma pequena maioria parlamentar que não estão controlados por sindicatos O t r o t s k i s t a E E K , e m u m principais da revolta de Dezembro de que participa em sua agonia mortal, do do KKE ou outras organizações comunicado de imprensa, atacou em 2008 foi: "Nunca mais Varkiza!".governo do PASOK. políticas ou comitês de cidadãos, mas primeiro lugar a polícia e o governo do As condições históricas presentes

A participação na greve foi inédita: aos simples cidadãos desorganizados, PASOK pela repressão do Estado que estão mudando drasticamente. Não entre 80 e 100 por cento dos jovens e velhos de aproximar-se do levou à morte de um membro do Pame, apenas o stalinismo entrou em colapso, trabalhadores e dos empregados dos Parlamento. expressando suas condolências à sua levando à dissolução da União Soviética setores público e privado, das fábricas e Em algum momento, um grupo de famí l ia e seus companhei ros . e abriu a saída para a restauração do dos serviços públicos foram à greve. Os jovens anarquistas entraram em Criticamos os anarquistas, sublinhando capitalismo, o capitalismo mundial comerciantes fecharam suas empresas confronto com guardas doPame / KKE, que as diferenças políticas dentro do também caiu em um abismo. As em solidariedade e em protesto contra a que depois de um falido contra-ataque movimento operário devem ser gerações mais jovens, com fortes austeridade e o peso dos impostos que os repelido por um combate corpo a corpo resolvidas por meios políticos de luta e tendências anti-burocráticas, lideram condenam à falência. Os proprietários com os anarquistas, tiveram que se não pela violência física. Mas também uma luta contra o sistema que os de táxis e motoristas aderiram à greve retirar sob uma chuva de pedras e criticamos fortemente o papel político condena suas vidas à miséria, sem dos trabalhadores dos transportes coque té i s Molo tov. A po l í c ia do KKE, que agiu como guarda do nenhum futuro. Ainda há muita públicos e dos marinheiros, que antidistúrbios não interveio até que a Parlamento e sua posição política para imaturidade e uma persistente falta da paralisaram todos os barcos no cais. luta generalizou-se, e através do uso controlar a raiva legítima do povo contra necessária organização revolucionária Mesmo na prisão central de Korydalos mac iço de gás l ac r imogêneo , aqueles que transformam sua vida num das massas da vanguarda dos (Atenas), os guardas de patrulha externa transformou a Praça Syntagma em uma inferno seguindo os ditames do FMI, da trabalhadores a nível nacional e tornaram a manhã de 19 de outubro em grande câmara de gás. Uma vítima desta UE e do BCE. internacional. Mas estamos confiantes uma manifestação contra o governo e a brutalidade policial foi um membro do Se em 2010 ainda havia ilusões sobre de que podemos rapidamente superar troika. Quase todos os ministérios, Pame, de 53 anos, que morreu de um as chances de uma saída rápida da crise, essas graves limitações.municípios e edifícios públicos foram ataque cardíaco causado pelas bombas que foram utilizados pela burocracia A irrupção das massas nas ruas de ocupados, algo inteiramente novo na de gás lacrimogêneo da polícia. s i n d i c a l p a r a a c a l m a r o Atenas e de toda a Grécia é o retrato do vida social da Grécia. A polícia, o estado e o governo do descontentamento das massas mediante futuro de todos os países europeus.

Todas as manifestações e marchas PASOK são os únicos responsáveis e greves gerais de 24 horas que foram Preparemo-nos política, programática e durante a greve geral de dois dias foram culpados deste crime. Mas a morte desse ineficazes, o 2011 foi o ano da grande organizativamente para uma batalha de enormes e impressionantes. Em 19 de trabalhador foi novamente utilizada, desilusão. O surgimento do movimento vida ou morte, para uma revolução outubro marcharam em Atenas mais de tanto pelo KKE, como pelo governo, dos "indignados", em maio, além de permanente, para conquistar um futuro meio milhão de trabalhadores e setores para acusar os anarquistas e também a s u a s f o r t e s l i m i t a ç õ e s de liberdade para todos os oprimidos e populares. Dezenas de milhares todas as outras organizações de pequenoburguesas, significou um novo justiça para todos os explorados e marcharam em cidades e vilas em todo o esquerda "de provocadores". A i m p u l s o . M u i t o e m b r e v e , marginalizados do mundo, para uma país, mesmo em lugares onde nunca teve imprensa de direita (por exemplo, especialmente durante as greves gerais, sociedade comunista.

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N o d i a d a m o b i l i z a ç ã o contra os cortes no orçamento comerão suas crises”, gritam em internacional contra o capital, em 15 educacional como parte de uma coros os indignados nor te -de outubro, centenas de milhares de greve geral. No dia seguinte fizeram americanos. Esta crise não é nossa e manifestantes em mais de mil o mesmo 20 mil funcionários nós não a pagaremos, dizem os cidades em 82 países em todo o p ú b l i c o s . N a G r é c i a , o s estudantes e professores italianos.mundo responderam à chamada dos trabalhadores vêm enfrentando um As causas que tem dado origem a "indignados" espanhóis e juntaram- plano de ajuste do governo. Depois estas mobilizações, não fazem mais se em uma manifestação quase sem de marcharem mais de cem mil que aumentar, evidenciando que o precedentes. Desde as mobilizações pessoas, iniciaram uma greve geral. caráter da marcha da crise social. Os contra a invasão norte-americana ao As centrais sindicais de Portugal indignados norte americanos Iraque em 2003, é a primeira vez que fizeram seu próprio anúncio nestes denunciaram que um trabalhador uma convocação para uma ação dias. ganha cerca de 450 vezes menos que internacional coordenada tem tanto Da Espanha aos Estados Unidos, um médio empresário em média, e o sucesso. As maiores manifestações a novidade é a participação aberta abismo entre ricos e pobres – recorde aconteceram na Espanha onde quase dos trabalhadores nas mobilizações, - continua aumentando, que se um milhão de pessoas marcharam não só de indivíduos isolados, mas proliferam as terceirizações, em 80 cidades (em Madri, cerca de também de suas organizações e em precarização trabalhista e que os 500 mil). O número de manifestantes muitos casos pressionados pelas bancos não pagam impostos. A taxa t e m s u p e r a d o a s m a i o r e s bases. Este apoio começa a ser de desemprego está acima de 16%. A mobilizações realizadas até hoje e já recíproco, os organizadores de renda média familiar tem diminuído inclui a tomada de prédios “Ocupe Wall Street” fizeram 3.600 dólares desde a década d e s t i n a d o s à e s p e c u l a ç ã o piquetes em frente à sede do passada, e que 46 milhões de norte imobiliária. Duzentas mil pessoas m o n o p ó l i o c a p i t a l i s t a d a americanos em média vivem na marcharam em Roma. Também comunicação Verizon e em outras pobreza.fizeram dezenas de milhares em empresas, com a participação dos Segundo estatísticas oficiais, na Portugal. Nos Estados Unidos, o trabalhadores destas empresas. Uma UE a taxa de desemprego entre os movimento demonstrou sua força e antecipação de tudo isto que jovens de 15 a 24 anos de idade é de popularidade ao somar o apoio de aconteceu em fevereiro e março 20,3%. Na Grécia, a vanguarda da milhares de pessoas sindicatos e quando no estado de Wisconsin se luta continental, está se reduzindo a políticos estendendo pelo país todo, chegou a ocupar a câmara estadual renda dos trabalhadores em até 40% inclusive em estados e cidades que para impedir que votassem leis anti- nos últimos vintes meses. Ao não costumam estar na vanguarda sindicais e de corte no orçamento. A diminuir a margem de manobra de como Las Vegas, em Nevada e várias greve de professores e estudantes no todas as tendências políticas, a cidades da Flórida e Texas. Chile realizou-se em conjunto com derrocada capitalista acelera a

Junto com a massiva expansão do as centrais dos trabalhadores. experiência política das massas. movimento, os analistas destacavam Parecem distantes os dias em que Desde a revolução árabe até os a crescente intervenção dos o movimento dos indignados, indignados da Espanha e Estados trabalhadores nas manifestações iniciado na Espanha, limitava-se a Unidos, desde as greves operárias indignadas. A simbiose entre as criticar a política corrupta ou a crise chinesas até a luta dos estudantes do classes exploradas se acelera com a de representação. As mobilizações Chile, o fio condutor é o mesmo: é a crise mundial. A manifestação vão identificando o inimigo de resposta do esgotamento do regime espanhola havia sido precedida por maneira clara: denuncia-se o resgate social e político do capital. A uma greve de professores que contou dos banqueiros, rejeitam-se os tendência à rebelião da juventude e com o apoio de pais e estudantes em planos de ajustes, as Reformas das massas percorre o mundo, e veio defesa da educação pública. Lá Trabalhistas, a precarização social da para ficar.havia, no dia 7 de outubro, 100 mil juventude e se chama a resistir aos estudantes que se mobilizaram despejos das casas. “Criem bancos e

Manifestantes paralisaram as operações no movimentado porto de Oakland, no estado americano da Califórnia, e bloquearam o tráfego durante protestos na quarta-feira (2) contra a desigualdade econômica e a brutalidade policial, os quais ficaram mais tensos ao anoitecer.

O protesto de cerca de 5 mil pessoas quase paralisou a cidade, que passou à linha de frente nas manifes tações nac ionais do movimento Ocupem Wall Street depois que um ex-fuzileiro naval foi gravemente ferido durante uma manifestação e passeata na semana passada.

Ao anoitecer, uma autoridade informou que as operações marítimas no porto de Oakland, que movimenta cerca de 39 bilhões de dólares por ano em exportações e i m p o r t a ç õ e s , h a v i a m s i d o "efetivamente encerradas".

"As operações marítimas estão efetivamente encerradas. As operações vão ser retomadas quando for seguro e houver proteção para isso", informou a direção do porto em um comunicado.

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Confirmado: somos agora 7 produtivas, poderia saltar do reino da pobreza sem fim, a bancarrota bilhões de habitantes no planeta, mas necessidade ao reino da liberdade. A genera l i zada e o l ixo sem não marchamos a nenhuma catástrofe estava colocada não por precedentes de recursos ociosos."explosão demográfica", que uma lei demográfica, mas sim a do O capital produz muito mais do durante muito tempo se apresentou próprio capital que potenciava as que pode fazer circular como como inevitável e catastrófica. Ao possibilidades do homem ao mesmo mercadoria de forma lucrativa. contrário, há pouco mais de uma tempo o degrada com a exploração Então, há uma abundância de pão e década foi estimada que a população do trabalho e uma crescente miséria existe a fome. Não faltam recursos, o mundial duplicará até 2050, social. Os limites relativos do que resta não é a população, mas o superando os 10 bilhões de capitalismo viriam a ser barreiras capital como forma social esgotada indivíduos. As previsões atuais intransponíveis para a humanidade, da produção do homem. Qualquer sugerem que não se superariam os 9 q u a n d o e s g o t a d a s a s s u a s entendido na matéria nos informa bilhões, mas apenas cerca de 2070, e possibilidades de desenvolvimento que com a biotecnologia, a depois o número cairia, talvez muito histórico. É o sinal dos nossos informática e as possibilidades de rapidamente. tempos. Muitos especialistas dizem recursos energéticos provenientes

É o colapso de um mito muito agora que o mal da "demografia" é o dos possíveis resultados da pesquisa antigo. Vão mais dois séculos desde inverso do levantado por Malthus: a em física nuclear, a tecnologia e a que Thomas Robert Malthus ameaça seria dada pela queda na taxa ciência podem oferecer, com uma formulara sua famosa equivocada reprodutiva dos homens. Ao reduzir planificação adequada, tudo o que lei, segundo a qual nossa espécie se a taxa de natalidade, aumentaria a bilhões de pessoas precisam. O multiplicaria a um ritmo impossível proporção de velhos e não haveria capital, entretanto, progride na de ser sustentado pelo crescimento como mantê-los. Seria o Apocalipse anarquia e destruição irracional do dos recursos materiais para malthusiano invertido: "O pesadelo é meio ambiente.alimentá-la. O homem seria um rápido envelhecimento da Na literatura especializada, a condenado assim à pobreza não pela população combinado com um questão da "explosão populacional" exploração capitalista, mas sim por colapso da taxa de natalidade," foi substituída pelo medo de uma uma lei natural demográfica. A segundo o comentário dos jornais espécie de "implosão" agora causada produtividade do trabalho humano, nos dias de hoje. Não haveria, de pelo envelhecimento da população, n o e n t a n t o , r e s o l v e u a acordo com esta versão, mãos por uma "pirâmide populacional" complexidade: a industrialização e o suficientes para o trabalho capaz de que se estreita na parte inferior e desenvolvimento da ciência como ajudar as pessoas idosas já retiradas média. Curiosa observação de um um fator da produção fizeram da força de trabalho. dos mais conhecidos divulgadores aumentar as possibilidades da vida A premissa é errada outra vez: a do assunto, o inglês Fred Pearce: humana como nunca antes. Isso produção depende agora não tanto da " A l g u n s a c r e d i t a m q u e a s explica a expansão da população a aplicação direta do trabalho da populações jovens poderiam estar um ritmo sem precedentes e também p o p u l a ç ã o a t i v a c o m o d a s por trás de tudo, desde o declínio do seus limites. O crescimento das possibilidades fantásticas abertas Ocidente aos levantes árabes até o forças produtivas do homem pela automatização os processos de milagre econômico chinês". Ele está mostrou que o domínio crescente da produção. O robô e a máquina errado em um ponto: os jovens do natureza implica, de um ponto, uma substituem ao homem trabalhando. "Ocidente" também estão no limite diminuição progressiva da taxa de O problema é que o capitalismo, da insurgência, como se mostra, natalidade, como resultado da e x p u l s a n d o o t r a b a l h o d o entre outras coisas, na "indignação" urbanização e da industrialização. metabolismo da produção imediata que cresce a nível planetário. O Então o povo acabou por ser uma converte ao trabalho desnecessário problema não é, como Pearce diz que variável do metabolismo social da não em fonte de liberdade para o a "festa acabou ... porque já não produção, uma dinâmica exatamente homem, mas de miséria, inanição e temos uma expansão da população oposta àquela representada por morte. O capital é potência e j o v e m . " N e m " e x p l o s ã o Malthus, quando anunciava um degradação crescentes: há comida demográfica", nem distorção da destino inevitável de fome para o para sustentar muito mais do que os 7 "pirâmide populacional", quando homem na Terra. bilhões de pessoas e a metade da nos tornamos 7 bilhões de seres,

Estavam certos Marx e seu humanidade esgota a sua existência assistimos a um capitalismo que parceiro Engels, quando, em na fome ou na busca de alimentos atingiu um nível de decomposição oposição ao economista inglês, básicos. Algo que a presente crise sem precedentes históricos. Este é o levantaram a possibilidade de que o mundial está levando ao paroxismo p o n t o : a " i m p l o s ã o " , n ã o homem, com suas capacidades com as demissões em massa, a demográfica, mas do capital.

O ex presidente uruguaio, Tabaré Vazquez, confessou diante de um grupo de estudantes que havia discutido a hipótese de uma guerra contra a Argentina, durante os momentos mais tensos no conflito pelo fechamento da fábrica de celulose Botnia. Ao detalhar as confissões, adverte-se que o primeiro presidente “socialista” do Uruguai considerava os assembleistas de Entre Rios (Argentina) quase que como eco-terroristas desejosos de dinamitar a fábrica de Botnia, e que em função desta ava l i ação mobi l i zou o exército para proteger a fábrica; que estava disposto a ir à guerra para defender o monopólio papeleiro que contaminava o ambiente binacional e degradava o solo, e que solicitou para a missão a participação do imperialismo norteamericano.

As declarações de Vazquez surgiram em meio da agitação política acompanhada pela possibilidade de prescrição dos crimes da última ditadura m i l i t a r , a b o r t a d a n o Congresso, devido a uma sentença da cor te que considerou “crimes comuns” e não crimes contra a humanidade. A bancada da Frente Ampla tentou este ano derrubar a Lei da Caducidade, o que não aconteceu por conta da deserção de um legislador, que enfileirou-se com a oposição “branco-colorada” e com o próprio presidente M u j i c a , c o n t r á r i o à aprovação. Setores da Frente Ampla aprovaram um projeto d e l e i q u e t o r n a imprescritíveis os crimes da ditadura.

No marco desta crise, as palavras de Vasques tem um propósito claro: resgatar as forças armadas e seu papel na defesa nacional. O ex-presidente frente-populista não só tem mostrado sua vocação defensora dos capitalistas contaminadores, c o m o t a m b é m d o s repressores.

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A crise do capitalismo italiano trabalhadores devem pagá-la. Os US 4 - Devem ser nacionalizados os está no coração da tempestade $ 90 bilhões de juros que o Estado grandes grupos capitalistas, sem econômica europeia e mundial. Os paga a cada ano para bancos e indenização e sob controle dos bancos italianos estão afetados pela grandes compradores de títulos do trabalhadores, as empresas que crise de credibilidade dos títulos governo devem ser simplesmente demitem ou que afetem os direitos públicos nos quais investiram eliminados. E também os 70 bilhões sindicais, a partir da Fiat. É uma maciçamente. A ação da usura sobre de dólares pagos anualmente pelas medida induzida pela nacionalização a dívida está se voltando contra os autoridades locais. Pequenos dos bancos, tendo em conta a estreita usurários. A UE enfrenta-se com o investidores serão totalmente relação entre o capital industrial e o colapso financeiro da Itália, sem os protegidos. Não aos banqueiros capital bancário. Mas é sobretudo recursos para um resgate. A usurários. Seu roubo tem que parar. E uma medida que é essencial para gigantesca recapitalização dos os recursos assim liberados devem ir i m p e d i r a s d e m i s s õ e s , a bancos é transformada em uma nova para o emprego, saúde e educação; reorganização da produção e ampliação das dívidas públicas. O 2 – Os bancos e as companhias de compartilhar o trabalho de todos, único ponto fixo do caos financeiro seguros devem ser nacionalizados iniciar uma transformação da europeu e mundial é um programa sem indenização aos acionistas de economia social e ecológica, de conjunto de todos os governos: grande porte, e sob o controle dos acordo com um plano definido salvar os banqueiros e os capitalistas trabalhadores, criando um banco democraticamente. Seria, além fazendo com que os trabalhadores público único. Não é apenas uma disso, uma medida de grande paguem sua crise. medida imposta pelo cancelamento economia para a sociedade como um

Este ataque é especialmente grave da dívida aos bancos. É uma medida todo, uma vez que destruiria a na Itália, o elo mais fraco do essencial para reduzir o fardo montanha de 40 bilhões de capitalismo internacional, sob o hipotecário sobre as famílias. Para pagamentos de transferências anuais Sem estas medidas não somente chicote do BCE. A precipitação da expor a evasão fiscal escandalosa das para as mesmas empresas privadas não existe possível saída da crise, crise financeira - o fundo da crise grandes empresas, dos quais os destruirem postos de trabalho. E, que vai continuar a cair com política de Berlusconi - determina bancos são o canal e o instrumento. portanto, já foram "compradas" intensidade cada vez maior sobre os um novo dramático ataque às Para atingir os santuários do grande pelos trabalhadores como os seus trabalhadores e o povo. Ao mesmo condições sociais das massas. O crime. Para capturar a alavanca principais contribuintes. A propósito tempo, nenhuma dessas medidas é projeto requeruma redução de 45 decisiva para uma reorganização da "guerra contra o desperdício". compatível com o capitalismo. bilhões anuais da dívida pública radical da economia e da sociedade 5 – Colocar em marcha um grande Nenhuma dessas medidas pode ser italiana, o que marcaria um de acordo com as necessidades plano de obras de utilidade pública realizada pelos governos burgueses, retrocesso histórico da situação já coletivas, e não o benefício de uns que ofereça o trabalho social e sanar todos entrelaçados com os interesses m i s e r á v e l d e m i l h õ e s d e poucos. Sem a nacionalização dos a condição de uma grande parte da da indústria e dos bancos. Somente trabalhadores, jovens, aposentados. bancos, verdadeiros vermes da sociedade italiana. É absurdo, de um um governo dos trabalhadores com Os "comissionados" europeus sociedade burguesa, qualquer lado, o desemprego de 30% dos base na sua organização e sua força, chamam a um aperto fechado. A reivindicação de "alternativa" é uma jovens e trabalhadores, e de outro a poderá realizá-las. E apenas uma revolta social contra tudo isso é a frase vazia. destruição de bens e serviços sociais. revolta dos trabalhadores pode condição necessária para a salvação. 3 - Se deve estabelecer o controle O trabalho será distribuído a todos i m p o r u m g o v e r n o d o s No entanto, a insurgência tem de se operário sobre a produção a partir da para que ninguém seja privado dele. trabalhadores. A crise política de basear em um programa alternativo abolição do segredo comercial e da Mas não é o suficiente. É necessário Berlusconi, que precipitou a crise do de ação contra a crise que ataque sua abertura dos livros das empresas. O um grande plano de novo trabalho. A capitalismo, é uma oportunidade raiz: a ditadura do capital financeiro segredo comercial já não mais se nacionalização dos bancos e das valiosa para o movimento operário, sobre a vida da sociedade. sustenta há muito tempo na relação grandes indústrias, o fim da sob condição de impor a sua agenda

entre os grandes capitalistas, que têm dependência da dívida pode liberar para a solução da crise política e muitos poucos segredos entre si. Que um plano de investimento público social. Sem esta ação independente, é como uma frente dos capitalistas sob controle social, de recuperação sem um programa autônomo, está contra os trabalhadores e a ambiental, energia alternativa, destinada a ser resolvida contra os

“Precisamos de um plano de sociedade, aplicando-se para reparar o abastecimento de água, o trabalhadores. Como antes, e pior do emergência contra a crise", gritam esconder a fraude, burlas, calotes de desenvolvimento da rede ferroviária, que antes. Ou nas mãos de um em uníssono todos os jornais todos os tipos. Incluindo o custo da garantindo a construção de escolas e governo Monti, ou nas mãos de uma burgueses e banqueiros que lhes corrupção pública. Não é suficiente a extensão de cuidados residenciais e ressuscitada centro-esquerda. Antes financiam, é um chamado para a que as contas possam ser acessadas hospitalares para idosos. Um plano das eleições, ou depois das eleições. expropriação dos empregados. ? ? a partir de tempos em tempos por capaz de usar toda a capacidade de A hora de agir é agora. O PCL faz um "Precisamos de um plano de uma complacente instituição trabalho e o profissionalismo dos chamado a toda esquerda política, emergência contra a crise", dizemos, burguesa "vigilante" ou pela Receita milhões de desempregados, para dar sindical, dos movimentos, a todas as mas um programa que ataque o poder Federal. Devem ser os trabalhadores trabalho aos migrantes, para mudar a organizações populares e de massas, dos bancos e os capitalistas, a e suas organizações a revelar os face das condições de vida. Por outro a um plano de ação unificado em l i b e r t a ç ã o d e m i l h õ e s d e "segredos" das suas empresas. Por lado, a prevenção de crimes sociais, torno a este programa. É hora de trabalhadores. Um programa radical que razão deve-se ser considerado como os das tempestades de Gênova acabar de uma vez por todas, sem para opor ao programa radical do "natural" que os capitalistas e seus e Liguria. comprometer o futuro com o PD, BCE. governos façam radiografias dos com os partidos burgueses, com a

1 - Rejeitar a dívida dos bancos salários, poupanças, da vida dos Confederação da Indústria. É hora de especuladores. A dívida não foi trabalhadores, e ao invés um assumir a responsabilidade de forma produzida pelos trabalhadores, mas o "escândalo" se os trabalhadores i n d e p e n d e n t e . À a l t u r a d a assalto dos bancos é contra os querem controlar os capitalistas, e x t r a o r d i n á r i a n a t u r e z a d o trabalhadores. Não vemos por que os suas contas, seus roubos? momento.

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entre os trabalhadores a concepção não tinham uma tradição de esquerda trabalho nos lugares de trabalho e que temos desta crise e a bancarrota - e todos os que temos lutado nesta nos lugares de estudo. Não temos do capitalismo, temos desenvolvido campanha eleitoral sabemos que é que deixar que este trabalho esta alternativa política dos assim. Não somente isso: nesta cotidiano se desenvolva nos trabalhadores. Esta é uma conquista eleição de hoje houve uma redução limitados marcos locais ou setoriais. irreversível para o desenvolvimento da votação que, na maior parte, vem Porque, em definitivo nosso político da classe operária e, daqui das cédulas do kirchnerismo. Um prognós t ico qua l é? Nosso em diante, temos que construir sobre s e t o r i m p o r t a n t e q u e h o j e prognóstico é que esta crise esta conquista, porque a Frente de acompanha ao governo disse "te capitalista vai cobrar a conta de todos Esquerda é, antes de mais nada, o acompanho, mas com deputados de os governos capitalistas, através de

Na entrada da noite do dia 23/10, reconhecimento de que na luta de esquerda no Congresso; acompanho- crises políticas severas. Inclusive, no domingo que ocorreram as classes dos explorados contra os te com uma consciência crítica", e mais dias, menos dias vai cair o eleições nacionais na Argentina, a exploradores, sempre tem que haver com uma consciência das limitações g o v e r n o d a G r é c i a c o m o militância da Frente de Esquerda uma delimitação política clara dos políticas do governo que votam. É conseqüência de um greciaço, de um mobilizou-se até a "casamata" da rua que estão de um lado e dos que estão uma antecipação de uma delimitação levantamento popular, porque todas Venezuela para comemorar os do outro. A Frente de Esquerda fez, política revolucionaria. Está me as classes sociais da Grécia sentem o resultados obtidos. Lá, a partir das em março e em abril, estabelecer esta ocorrendo agora mesmo que esgotamento: os capitalistas, de seus varandas das instalações, eles delimitação e nos permitiu, por isso, companheiras que me fazem o V da planos de ajustes; os trabalhadores improvisaram um ato que teve como fazer uma campanha operária, vitória do kirchnerismo, dizem- me: de suportar uma miséria sem saída. oradores a José Castillo (IS), socialista, classista e revolucionaria "Altamira, veja que reduzi a votação Depois de três anos de austeridade, a Christian Castillo (PTS) e Jorge (...). para que entre a esquerda no Grécia se afunda cada vez mais: pelo Altamira. Reproduzimos aqui o Companheiras e companheiros, Congresso nacional". lado das classes dominantes, não discurso do candidato presidencial temos uma caracterização bastante No seio dos trabalhadores que sabem que caminho tomar; e pelo da Frente de Esquerda: crua e clara da realidade. De onde ainda conservam ilusões no governo, dos trabalhadores da Grécia, afirma-

Companheiras e companheiros: vêm essas centenas de milhares de já está presente - neles mesmos, com se "basta", e as ações que No dia 14 de agosto passado, todos votos? Naturalmente, da juventude e esta redução da votação - a empreendem são cada vez mais nossos adversários políticos, de dos trabalhadores, claro, mas não alternativa que estão buscando, e que audazes; vai haver uma crise direita e de esquerda, disseram que vêm da esquerda. A Frente de é nossa tarefa desenvolver. po l í t i ca . Nós não devemos tinhamos obtidos 530.000 votos por Esquerda conseguiu, através de uma Companheiros: esta campanha abandonar o enquadramento político puro oportunismo, porque havíamos campanha obstinada, atrair até nosso eleitoral vai marcar um fato histórico de todas as lutas que se acontecerem saído a pedir um montante de votos campo - o campo da esquerda por um problema político essencial. daqui em diante na Argentina, que nos permitiria superar o piso da revolucionária - a milhares e Durante anos e anos de dominação porque essas lutas vão colocar um proscrição; que era um voto sem milhares de trabalhadores que no do peronismo e da burocracia problema de poder e a Frente de conteúdo, que não era um voto de passado não miravam a esquerda e, sindical no movimento operário, em Esquerda está se construindo como esquerda; que era um voto que não m u i t o m e n o s , a e s q u e r d a seus melhores anos, sempre alternativa para fazer frente a uma tinha outro alcance que a recepção, revolucionaria como uma alternativa buscamos, através de um trabalho ques tão de poder. Pa ra os po r pa r t e de uma mino r i a política. Porque como vocês sabem, persistente nas fábricas, abrir um revolucionários, todo trabalho heterogênea, de uma reivindicação a esquerda deste país, a esquerda que caminho à esquerda revolucionaria e político tem que ser integrado a uma oportunista da propaganda da Frente não é revolucionária, apóia ao chegamos a conquistar posições perspectiva de poder. Hoje, o de Esquerda. Em 14 de agosto, nos governo de Kirchner ou está com fantásticas neste empenho, mas não governo está arrancando milhões de disseram,"esse voto de vocês não Binner, ou vai com Pino Solanas. O pretendíamos quebrar a hegemonia votos, mas com tantos votos não tem conteúdo". Agora, no entanto, grande mérito da Frente de Esquerda política, o costume, o hábito de votar conseguem interromper a fuga de novamente centenas de milhares de frente à desmoralização e ao por partidos patronais. Parecera que capitais, a desvalorização da moeda; votos de trabalhadores e de jovens liquidacionismo da esquerda o mundo do trabalho fora uma coisa não podem fazer com que a Renault, nos estão dando esse voto, sem que tradicional foi dizer "vamos pelo até certo ponto e o mundo da política, Acindar ou a Fiat arquivem seus houvera alguma finalidade 'prática' v o t o a n t i c a p i t a l i s t a d o s outro. Na sexta-feira, em plena planos de demissões: são impotentes detrás desse voto, porque nós não trabalhadores e da juventude, e proibição, me reuni com um como classe e quando a classe é estávamos pleiteando concorrer em vamos vencer" . Os grandes conjunto de companheiros da impotente, não existem fotos que a um segundo turno. Apesar da derrotados hoje, antes de mais nada, Aerolíneas, da LAN, terceirizadas, reanimem, é um trabalho inútil. ausência de uma finalidade prática são os esquerdistas dissolvidos nos no Aeroparque, companheiros do Todas as classes e partidos são para votar pela Frente de Esquerda, partidos patronais, frente a nossa PTS, companheiros do PO, determinados por uma situação de no dia de hoje centenas de milhares homogeneidade e frente à claridade e companheiros independentes e, conjunto excepcional.de jovens trabalhadores disseram atualidade histórica de nossa posição através da conversação, comprovei O que começa a partir de amanhã "vamos votar na Frente de Esquerda, política. uma observação que havia feito na é o que acaba de concluir: uma luta sem outra finalidade prática que a de Estão se afundando os que, no campanha: os companheiros política de fundo. Amanhã começa desenvolver a alternativa política meio de uma catástrofe capitalista relataram "como está nos facilitando uma luta política ainda mais de que necessitamos neste país no mundial, estão indo abrigar-se sob o o trabalho em nossos lugares de fundo. A Frente de Esquerda nasceu marco da crise capitalista mundial". manto dos partidos patronais - em trabalho o desenvolvimento político c o m o u m i n s t r u m e n t o d e

O paradoxo é que esse voto alguns casos, 'nacionais e populares' que tem a Frente de Esquerda". Esta desenvolvimento, mobilização e 'oportunista' que nos 'beneficiou' em e , em out ro caso , so je i ros é uma contribuição extraordinária da organização da classe operária para 14 de agosto, agora acaba por ser um (defensores dos produtores de soja). campanha política; temos que terminar com a burocracia dos dos votos mais de princípios, mais Nestas circunstancias, temos-nos compreender bem, porque sou da s i n d i c a t o s , p a r a i m p o r a programáticos e mais consequentes. apresentado com um programa e opinião de que na etapa política que independência da classe operária e Nós, companheiros, todos nós, ao uma compreensão global do se abre devemos desenvolver, como para construir um grande partido de organizar a Frente de Esquerda, ao processo político, e atraímos a nosso prioridade estratégica, uma agitação t r a b a l h a d o r e s . O b r i g a d o , elaborar um programa, ao discutir campo a centenas de milhares que política nacional que sustente nosso companheiros.

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No dia 20 de outubro aconteceu, A vitória desta convocatória hediondos. Como consequencia em Buenos Aires, uma mobilização realizada pelo PO e dezenas de disso, o aniversario do crime de multitudinária pelo primeiro organizações de esquerda, sindicais Mariano encontrou o campo oficial aniversario do assassinato de nosso e de direitos humanos deixa muito em notório silencio. A Presidenta companheiro Mariano Ferreyra que claras conclusões políticas. disse, dias atrás, que outubro era "um produziu um enorme impacto para o Desde o minuto seguinte ao crime mês difícil" em relação direta com a conjunto da opinião pública. Quando de Mariano, o governo - que nunca morte de Néstor, mas não por o início da marcha chegou à Praça de condenou políticamente os seus Mariano Ferreyra. Um setor da Maio, a mobilização estendia-se por assassinos - lançou-se em troca a burocracia sindical só transitou o doze quadras ao largo da Avenida de atacar ao PO por todos os meios que terreno dos comunicados, mas não Maio. Pela composição da marcha e teve a seu alcance. O ministro puseram o corpo na mobilização. por seu conteúdo político, como T o m a d a l a m e n t o u u m Colocaram adiante os acordos com o o b s e r v a r a m n u m e r o s o s "enfrentamento" e esta tese nunca foi governo e com Moyano. Nem falar manifestantes, a luta por Mariano abandonada. Foi repetida pelos da oposição patronal, a que guardou converteu-se na bandeira de toda escribas oficiais ao interpretar o um rigoroso silencio que se estendeu uma geração militante. Por sua crime como uma resposta à desde Carrió a Binner, candidatos a magnitude e repercussão política, a "violência do PO e os terceirizados", presidência.marcha incorporou-se às grandes e a referendada por seus funcionarios Partindo do exposto acima, o dia m o b i l i z a ç õ e s o p e r á r i a s e e juizes quando processaram aos 20 de outubro encontrou a todas as democráticas na Argentina. l u t a d o r e s f e r r o v i a r i o s e vertentes do movimento de luta por

As colunas da marcha foram recentemente, detiveram a Sobrero. Mariano marchando junto ao PO e às encabeçadas por uma forte presença Nesta mesma linha, quiseram demais organizações convocantes. de representações operár ias introduzir uma cunha política - e até Entre eles, os diferentes grupos de antiburocráticas. O movimento jurídica - na luta pelo julgamento e terceirizados ferroviarios que foram estudantil se fez presente de um castigo aos assassinos. Ainda que seduzidos a ser cooptados pelo modo organizado, com colunas de Pedraza tenha sido preso, a Justiça e governo nos meses posteriores ao jovens que marcharam com a FUBA seus fiscais ligados ao governo estão crime. Por sua vez, a familia de (Federação Universitária de Buenos trabalhando cuidadosamente para Mariano enviou uma calorosa Aires) e outras entidades da deixar de fora da causa principal ao saudação à marcha, que reivindica j u v e n t u d e u n i v e r s i t á r i a e aparato repressivo do Estado. Os toda a luta empreendida neste ano s e c u n d a r i s t a s . A t r á s d e l e s polícias punidos estão sendo por justiça e castigo.m a r c h a r a m c e n t e n a s d e processados por um delito menor e, A mobilização foi um forte golpe organizações de esquerda. até há uma semana atrás, eram às tentativas oficiais por culpar ao

A coluna do Partido Obrero se defendidos por advogados do PO e dividir a causa de Mariano. A destacou por sua massividade e ministerio de Garré. Os K quiseram marcha se realizou um dia depois que composição (mais de cinco mil criar um "espaço de condenação" ao a Justiça definiu a data, para companheiros), em especial da crime de Mariano que, por sua vez, fevereiro próximo, ao julgamento a juventude trabalhadora e estudantil isolaria ao PO e a aos lutadores Pedraza e à sua gangue. Ou seja, que do interior e da Capital, por um lado, antiburocráticos. Mas inclusive para a jornada do dia 20 lhe imprimiu um e de numerosos núcleos de locais de esse propósito mesquinho, o governo forte impulsionamento à luta pela trabalho e dos bairros da provincia de devia distanciar-se dos assassinos. condenação de todos eles e à tarefa Buenos Aires. Um dado geral da E m t r o c a , m a n t é m a s e u s de levar ao banco dos réus a policia e mobilização - que também se refletiu representantes em postos chaves do os empresarios. A figura de Mariano na coluna do PO - foi a participação sistema ferroviário. O kirchnerismo e a luta que ele encabeçou não de milhares de pessoas que necessita da burocracia sindical pode rão se r submet idas à s assistiram de maneira espontânea c o m o i n s t r u m e n t o d e manipulações do "relato oficial".para dar seu apoio a esta luta, a qual arregimentação da classe operária, converteu-se definitivamente em mesmo que seja às custas de uma causa popular. encobrir-se em seus crimes mais

Chega de perseguição aos lutadores sociais! Eu digo com a voz desentoada, eu sei.

É que venho de uma pátria mal caminhada e desarmada, desentoada, que sacrifica seus filhos

para dar de comer aos herdeiros Do General Roca, a Raposa do Deserto.

A terra para quem nela trabalha, a terra para os filhos da terra!

Ontem, assassinaram-lhes às sombras: 30.000 desaparecidos: presentes!

Agora e sempre! Mas, na democracia,

os cárceres abriram seus portões: Há 865 presos políticos, atualmente!

Mas, outro dia,pelo genial invento da “legalidade”, Na Argentina, a morte se fabricou

com mãos invisíveis que, outra vez!, “fizeram desaparecer”Luciano Arruga e Jorge Julio López…

Presentes, até a Vitória sempre! Já não te atirava à morte, Argentina,

Em escuros chupadeiros, isso ficou atrás. Agora, em cada rancho nasce uma flor

de sangue, Vê-se o sol ao meio-dia,

com o caule cortado: 1995: Víctor Choque, na Terra del Fuego;

1997: José Luis Cabezas, em Buenos Aires, Teresa Rodríguez, em Cutral Co, Neuquén; 1999: Mauro Ojeda y Francisco Escobar,

em Corrientes; 2000: Alejandro Gómez, Orlando Justiniano y Aníbal Verón, em General Mosconi, Salta; 2001: Carlos Santillán y Oscar Barrios, em

General Mosconi, Salta; 21 de diciembre: 42 jóvens assassinados

durante o Argentinazo. Todos embora, Agora!,

Gritamos, ontem, hoje e amanhã. 2002: Javier Barrionuevo,

em Esteban Echeverría, Buenos Aires; Maxi Kosteki e Darío Santillán,

em Puente Pueyrredón, Buenos Aires; 2003: Cristian Ibáñez e Marcelo Cuéllar,

em Jujuy; 2007: Carlos Fuente Alba, em Neuquén;

2008: Lázaro Duarte, em Neuquén; Juan Carlos Erazo, em Mendoza;

Hugo Cornejo, em Rosario. 2009: Hernán González Moreno, em

Corrientes; Javier Chocobar, em Tucumán. Assassinados em democracia:

Presentes, até a Vitória, sempre! 2010: Coco Villanueva e Facundo Vargas

em Don Torcuato, Buenos Aires; Silvia Suppo em Santa Fe;

Orlando Vargas e Esteban Condorí, em Jujuy;

Diego Bonefoi, Nicolás Carrasco y Sergio Cárdenas, em Bariloche;

Adams Ledesma na Vila 21, Buenos Aires. 20 de Outubro de 2010:

Mariano Ferreyra, em Avellaneda,Buenos Aires;

24 de Novembro de 2010: Sixto Gómez e Roberto López,

em Formosa; 8 de dezembro de 2010: Bernardino Salgueiro,

Rosemarie Churapuña, Juan Quispe Castañeta e Julio Valero,

em Vila Soldati, Buenos Aires. 2011, 28 de Julho, faz 16 horas:

Juan José Velazquez, Ariel Farfan, Alejandro Farfan,

Félix Reyes, Victor Heredia No engenho Ledesma, Jujuy. Assassinados na democracia:

Presentes, até a Vitória sempre! Presentes, agora e sempre!

AS FLORES TEM DIREITO A RESPIRAR!

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Os 660 mil votos que obteve em externa, e de recorrer para isso às seu conjunto a Frente de Esquerda, reservas do Banco Central e ao são uma ratificação formidável de Fundo de Garantia da ANSES, bem um amplo setor de trabalhadores e como de dilapidar os fundos do da juventude a favor de desenvolver Tesouro em subsídios para as uma alternativa política anti- empresas privatizadas. O governo capitalista em todo o país. Este voto, habilita os recursos do Banco principista por seu conteúdo Central e da ANSES para financiar a p rogramát ico , desmente as fuga de capitais. A Frente de interpretações, durante as primárias, Esquerda, fortalecida nas eleições, que a votação na Frente de Esquerda lutará vigorosamente contra essas se limitava a facilitar uma medidas mediante um intenso participação na eleição nacional. Na trabalho político entre as massas categoria para deputados, a Frente trabalhadoras e a juventude.d e E s q u e r d a r e u n i u a l t o s A F r e n t e d e E s q u e r d a percentuais em Neuquen, Córdoba, posicionou-se pela abertura dos a cidade e província de Buenos Aires livros dos grandes conglomerados - no caso de Salta, chegam a 10% da econômicos e os bancos, para conter província. Apenas por decimais, no a fuga de capitais - que já é 20 caso da capital, e por uma norma bilhões de dólares desde janeiro - e proscritiva em vigor em Buenos evitar uma desvalorização do peso Aires, a Frente de Esquerda não que prejudica acima de tudo aos conseguiu eleger os dois deputados t r aba lhadores . Além d i sso , que tinha proposto. propomos a proibição de suspensões

A partir do mandato que nos e demissões , bem como a ortogou esta votação, temos a tarefa distribuição das horas disponíveis de fortalecer e desenvolver a Frente entre todos os trabalhadores, sem de Esquerda como uma alternativa prejuízo do salário. A ANSES deve política, no contexto dos desafios parar de servir ao resgate dos colocados pela crise capitalista especuladores e dos capitalistas, e mundial cada vez mais aguda. Os g a r a n t i r 8 2 % m ó v e l a o s conflitos que esta vai colocar aposentados; para isso, propomos desafiarão a capacidade de saída do que seja dirigida por representantes governo que recebeu uma votação dos trabalhadores e aposentados plebiscitária. As viagens dos eleitos. Com estas propostas, vamos governadores reeleitos e eleitos trabalhar para desenvolver a Frente pelos principais centros financeiros, de Esquerda como alternativa e indicam que se prepara um acordo referência política dos trabalhadores de ajuste social e endividamento e da juventude explorada em escala internacional. O projeto de de todo o país.

(comunicado de imprensa emitido no orçamento de 2012 reitera a decisão dia 25 de outubro de 2011)de continuar pagando a dívida

O anúncio dos Estados Unidos seguido os ditames de Washington e sobre a descoberta de um suposto Israel. Em setembro passado, plano do governo iraniano de atacar quando Israel e Estados Unidos se v á r i o s e m b a i x a d o r e s e m retiraram do plenário da ONU Washington e entre eles o da durante o discurso do presidente Argentina tem todo um sintoma de iraniano Ahmadinejad, a delegação uma grande manipulação política argentina ficou no recinto em acordo senão de provocação. Obama com a decisão de reconhecer a atribuiu a tentativa à Força Qudz, Palestina como Estado. A maioria uma unidade de elite da Guarda dos governos da América Latina Revolucionária do Irã. Sem dúvidas, tomou a decisão de repudiar a “tem muitas sombras” no plano do tentativa dos EUA e do sionismo de atentado garante Corriere – jornal transformar a região em uma italiano – que criam suspeitas sobre retaguarda incondicional de suas sua veracidade. A Força Quds provocações contra o movimento acusada de ter dirigido a operação, é Palestino e a favor da intervenção profissional. Em troca, de acordo militar que começou no Iraque, que com o plano, seria capaz de cometer continua na Líbia e se projeta até a o erro de enviar o dinheiro através de Síria.um banco. As razões são que os “Sherpas”

A inclusão da Argentina nesta a r g e n t i n o s e i r a n i a n o s – operação de contra-informação não funcionários de segundo e terceiro deveria chamar a atenção. A causa escalão – vêm se reunindo em sigilo AMIA tem sido sempre uma com o objetivo de avançar nas ferramenta política disponível para negociações relativas ao atentado essa necessidade. O governo contra a Amia. A novidade é a argentino reagiu com cautela diante p a r t i c i p a ç ã o d a S í r i a n a s da notícia que poderia ser palco de n e g o c i a ç õ e s . U m m e m b r o um novo atentado terrorista. O abandonou a comitiva de Cristina governo têm laços fortes com Israel Kirchner na viagem pelo Kwait, e também, ainda que de menor Qatar e Turquia para conversar com qualidade, com grupos dominantes o tirano sírio (Bashar Al Assad) dos países árabes. O Mercosul tem sobre o processo de paz no Oriente um tratado de livre comércio com Médio. Neste encontro, a Síria Israel, e o Brasil busca integrar-se advertiu os argentinos que o com sua indústria de armamentos à chanceler iraniano Salehvi estaria no indústria sionista. Enquanto ignora seu país neste exato momento. Em as provocações dos Estados Unidos dezembro do ano passado, o contra o Irã e acaba de subscrever Mercosul aprovou um tratado junto com seus sócios locais um comercial com uma série de países, tratado de livre comércio com a entre eles, a Síria, e se propõe a Palestina, de improvável eficácia avançar num acordo semelhante porque a economia Palestina está com o Irã. Também existe um acordo sobre controle de Israel. semelhante com a Autoridade

Jornalistas comentaram que o Palestina, o que revela uma absoluta governo argentino considerava h i p o c r i s i a d a d i p l o m a c i a operar uma mudança de frente na nacionalista que mantém por sua vez estratégia argentina na causa Amia, um tratado de livre comércio com para abrir um “diálogo” com o Irã Israel, que destruiu a economia num terceiro pais neutro. Até este palestina para expandir as fronteiras momento, o governo K sempre havia de um estado racista.

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O governo de Israel prepara um serviços de inteligência figuram se transformar em um ponto fora de bombardeio iminente contra as e n t r e o s q u e r e c h a ç a m o controle. A Líbia, no enteando, não instalações subterrâneas do b o m b a r d e i o u n i l a t e r a l e dá um panorama alentador para programa nuclear Iraniano, que reivindicam o apoio de Washington iniciar uma nova campanha militar seria sem dúvidas o começo de uma e Londres. A cúpula militar na Síria. guerra no vulcão do Oriente Médio. preferiria em todo o caso que fossem O regime de All Assad poderá Alguns dias atrás, o governo os EUA que assumissem a iniciativa encontrar um ponto de apoio no Irã, sionista levou adiante uma série de de atacar. Há uma divisão entre o o que reforça a necessidade de um exercícios militares com misseis de primeiro ministro Netanyahu e seu ataque “preventivo”, mas este longo alcance, que podem chegar ministro da Defesa, Ehud Barak, por poderia precipitar uma guerra de até o Irã, com capacidade para um lado, e o alto escalão militar e os magnitude na região. Dentro deste transportar ogivas nucleares. O serviços de inteligência por outro, complexo emaranhado, a divisão governo de Israel quer por fim à em torno de um ataque. Segundo dentro do regime iraniano funciona “ameaça nuclear iraniana” com seu uma pesquisa, 41% dos israelenses como um elemento de expansão do próprio armamento nuclear. O estariam de acordo com um ataque a taque . Alguns se to res do jornal israelense Haaretz garantiu contra o Irã. Isto num quadro de imperialismo ianque sugerem que o governo israelense tomaria b o m b a r d e i o s i s t e m á t i c o e incrementar a pressão politica e as uma decisão em novembro. Logo permanente sobre a população, que sanções militares como forma de após a libertação do soldado vive um clima bélico. Netanyahu derrubar o governo de Mahmoud s e q u e s t r a d o p e l o H a m a s , espera resolver o colapso social Ahmadinejad, em momentos em Netanyahu acredita que tem o produzido pela irrupção dos que atravessa a sua pior crise e caminho aberto para bombardear o indignados de Israel, unificando a evitar assim os custos de uma nova Irã. O correspondente militar do população em torno de uma guerra.Jerusalém Post, Yakov Katz, reivindicação chauvinista como a É impressionante que, apesar da assinalou que com a libertação de guerra contra o Irã. Porque evidencia que existe sobre os Shalit, “Israel agora pode avançar dificilmente pode enfrentar uma preparativos militares de uma nova para resolver outros problemas iniciativa militar com as forças guerra imperialista no Oriente estratégicos da região, como o armadas e o serviço secreto do lado Médio - a qual teria características programa nuclear do Irã”. “Se Israel oposto. sem dúvidas explosivas - e que teria tivesse atacado primeiro o Irã, o O governo norte-americano como objetivo último reforçar a patrão do Hamas, isto teria posto em observa com preocupação o Irã - dominação imperialista e esmagar a perigo o acordo por Shalit, disse o especialmente após a retirada de revolução das massas árabes, a Washington Post. Grã-Bretanha, s u a s t r o p a s d o I r a q u e . O diplomacia dos países com por sua vez, reconheceu a existência imperialismo ianque teme que Teerã governos nacionalistas resolveram de uma estratégia militar, para ocupe o vazio deixado pela calar a boca. A presidenta Cristina implantar tropas no Oriente Médio intervenção militar, que não Kirchner não hesitou, inclusive, em no caso de um ataque a Teerã. Os conseguiu reconstruir o aparato do posar para fotos com o “Nobel da motivos dos ataques seriam es tado e um governo com Paz” no G-20, que vem de algumas informações secretas que autoridade politica sobre as massas. encabeçar um massacre na Líbia. A indicam a iminente fabricação de Mesmo assim, Obama também deve classe trabalhadora e os explorados quatro bombas nucleares por parte enfrentar outros dois flancos abertos de todo o mundo devem repudiar do governo Iraniano - um dado na região: uma intervenção militar esta nova provocação militar, exigir severamente questionado pelos na Síria e a acelerada desintegração a expulsão do imperialismo do especialistas no assunto - e a suposta e decomposição do aparato estatal Oriente Médio e apoiar com todas vinculação de Teerã com uma série na Líbia. No primeiro caso, a suas forças a Revolução Árabe.de atentados desbaratados no situação aponta para um quadro de exterior. ”O Irã tem se tornado o guerra civil, em que a oposição pró-centro das atenções após o conflito imperialista agrupada no Conselho na Libia“ destacou o diário britânico Nacional de Transição reivindica Dayly Mail. Na verdade, tem se uma intervenção militar para transformado no centro das “proteger aos civis”. Da mesma conspirações e intrigas militares do forma, um memorando sobre a Síria imperialismo e do sionismo, no de Foreign Council sugere diante cenário da bancarrota capitalista desta situação, avaliar a necessidade mundial. de decretar uma liberação do espaço

No entanto existe uma divisão no aéreo para bombardeiros da OTAN, seio do sionismo e do imperialismo como foi feito para dar lugar a sobre as condições do ataque. O intervenção imperialista na Líbia. A chefe do exercito, General Bem outra razão de peso é a fronteira Gantz, como os chefes dos três entre a Síria e o Iraque, que poderia

O Quinto Congresso da Liga Operária Marxista foi realizdao na cidade finlandesa de Mikkeli, entre os dias 29 e 30 de Julho de 2011. foram realizados intensos debates e conferências sobre a atual crise capitalista e suas consequências, a chamada "primavera árabe", a dívida européia, o Estado e os partidos e o r g a n i z a ç õ e s d e e s q u e r d a finlandeses, as possibilidades de cooperaçlão entre a LOM e outras forças.

Como conclusão, foi definido que o permanente agravamento da crise capitalista mundial exige uma ação radical da esquerda revolucionária. Senão, o cenário será o do fortalecimento da extrema direita, que vem obtendo êxito na Finlândia e em outras partes da Europa. A Refundação da Quarta internacional tem que ser nossa principal tarefa. A Liga Operária Marxista continuará intensificando seus esforços para criar um novo partido revolucionário na Finlândia como seção do partido mundial da revolução socialista. No final do congresso, Jani Poimala foi eleito novo presidente, e Mikko N i e m i c o m o s e c r e t á r i o d e publicidade da LOM.

Acima, capa da 29ª edição do periódico publicado pela Liga

Operária Marxista da Finlândia

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Fora tropas de Ocupação!Pelo livre direito de

Organização Sindical!

das Questões Sociais e do Trabalho. Como um dos proprietários das Empresas onde trabalhadores, tem sido ameaçados, intimidades e demitidos

porque eles são membros ou simpatizam No Haiti as tensões com a ocupação com a iniciativa de formar sindicato para

militar e a repressão para garantir a defender seus direitos queremos lhes superexploração de seu povo continuam fazer um chamado: cessem com essas aumentando. práticas e cumpram com a legislação

As últimas denúncias, como o caso haitiana sobre relações de trabalho e o do estupro de um garoto por soldados código de conduta das empresas. uruguaios da ocupação militar, a Principalmente a Gildan Activewear p e r s e g u i ç ã o e d e m i s s ã o d o s Corporation. companheiros que fundaram o SOTA, Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Exigimos:Textil, e mesmo recentes declarações de representantes do governo brasileiro - a reintegração imediata de todos os falando em preparar a retirada das tropas, membros do Comitê Executivo do SOTA são expressão desta situação. e outros demitidos e o reconhecimento

Aumentar as nossas iniciativas de do SOTA como legitimo representante denúncia e solidariedade é uma tarefa dos trabalhadores têxteis;fundamental em nossa postura - que os empresários recebam o internacionalista. Comitê Executivo do SOTA para discutir

Segue abaixo a moção pedida pelos t o d a s a s r e i v i n d i c a ç õ e s d o s companheiros do Haiti, para ser enviada trabalhadores de todas as empresas em protesto contra a perseguição aos envolvidas;dirigentes do SOTA. Sindicato dos - que o Ministério das Questões Trabalhadores da Indústria Textil, recém Sociais e Trabalhistas tome medidas no fundado. sentido de garantir o direito de

É muito importante que dirigentes e organização sindical;organizações que possam assinar e - que a Gildan Company solicite a enviar o façam, o quanto antes. todos os seus fornecedores no Haiti que

A moção tem que ser enviada para os façam declarações, verbal e por escrito, endereços abaixo do texto, cc para o garantindo aos trabalhadores seu direito Batay Ouvriye e também para à livre associação sindical e à negociação [email protected] coletiva com os empresários;

- que todas as empresas têxteis M o ç ã o a s e r e n v i a d a a o s par t i c ipan tes da ADIH pa rem

empresários têxteis do Haiti em defesa imediatamente com a perseguição aos do livre direito de organização trabalhadores bem como o método de Sindical: listas contra os ativistas e sindicalizados.

Favor enviar emails para os Fomos informados da prática anti e n d e r e ç o s a b a i x o C C p a r a

sindical utilizada por vossa Companhia, [email protected] membro da ADIH (Associação das 1) Mr. Gerard APAID/GENESIS – Indústrias do Haiti), no último período. [email protected] de organização e associação é 2 ) M r. C h a r l e s H e n r y reconhecida na Constituição e no Código BAKER/ONE WORLD APPAREL – do Trabalho do Haiti. Os trabalhadores [email protected] o direito de se associar ao sindicato 3 ) M r . R i c h a r d de sua livre escolha. SOTA (Sindicato C O L E S / M U L T I W E A R - dos Operários Texteis de Abiman) é [email protected] legalmente reconhecido pelo Ministério 4) ADIH - [email protected]

A vitalidade do apoio ao movimento de luta expressou- se na última semana no “Plebiscito Pela Educação”, no qual votaram 1.016.827 de cidadãos em 2.950 mesas, colocadas em nível nacional. A consulta pedia a Educação Pública e Gratuita em todos os níveis, organizadas por estados, e a desmunicipalização de escolas, para

Depois de cinco meses de iniciada que voltem a depender do Ministério a luta por gratuidade da educação no da Educação. Também perguntou se Chile, os enfrentamentos entre o os lucros com fundos públicos governo e o movimento estudantil se devem ser proibidos em todos os encontram em seu ponto mais alto. O níveis da educação chilena e sobre a “diálogo” aberto entre Piñera e os necessidade de incorporar na estudantes durou apenas três constituição o Plebiscito Vinculante, reuniões. Após a negativa do convocados pelos cidadãos, para ministro de Educação, Felipe resolver os problemas fundamentais Bulnes, em discutir a gratuidade de caráter nacional. O apoio às universal na educação, os estudantes reivindicações estudantis se op t a r am po r r e t i r a r- s e das impulsionou com mais de 92% dos conversações. O último congresso da votos.Confederação de Estudantes do A nova situação política está Chile (CONFECH) chamou a não suscitando um debate dentro da voltar às aulas no 2° semestre, e oposição centro-esquerdista a convocou se a somar a uma nova Piñera, a chamada Concertação. O greve nacional. Como resposta, o debate divide, por um lado, os que governo lançou uma ofensiva desejam deixar para trás a aliança completa contra o movimento entre a Democracia Cristã e o PS, estudantil, proibindo aos estudantes para construir uma frente do PS com de manifestarem-se nos lugares o PC, e os que querem incorporar o solicitados (a repressão à última PC à Conce r t ação en t r e a manifestação, a de número 37; foi Democracia Cristã e o socialismo, das mais brutais desde que começou levando Michelle Bachelet como o conflito, com quase 150 detidos). A candidata presidencial. Estes provocação aos estudantes começou esforços perseguem o propósito de em meio às negociações, com o “encaixar” a luta dos estudantes no envio do governo de um projeto de e s p a ç o e l e i t o r a l , m e d i a n t e lei para regular os delitos contra a promessas que executaria um ordem pública, que penaliza com governo mais amplo com a esquerda; c a d e i a a s o c u p a ç õ e s d e os ar t i f ic ies desta manobra estabelecimentos educacionais. O subestimam o grau de decomposição projeto tipifica novas figuras que afeta a Concertação quando delituosas, como o impedimento ao acreditam que o Partido Comunista livre trânsito e a falta de respeito com tem condições para aceitar esta as polícias, facilita a obtenção de proposta. Para armar uma alternativa meios de provas mediante a a Piñera, a centro-esquerda deverá espionagem, e estabelece como atravessar por uma crise ainda mais agravante, o atuar “encapuzado”. severa do que a que golpeia os

O aprofundamento do ataque ao interesses capitalistas que representa movimento estudantil é uma aposta a direita. Em 19 de outubro, a calculada do governo, para forçar a CONFECH e o Colégio de uma radicalização da luta, e a uma Professores, junto com a Central polarização política, com o objetivo Unitária de Trabalhadores (CUT), de chantagear a oposição para que convocaram uma nova mobilização intervenha frente à direção dos pela educação gratuita e contra a estudantes para frear a luta e evitar a repressão. Do mesmo modo que no adoção de medidas políticas de movimento estudantil, o movimento exceção, incluindo o estado de sítio. de trabalhadores realiza uma Piñera tem levado a polarização ao experiência adiantada dos limites da Congresso com ameaças sobre direção da CUT, atrelada às medidas de ordem pública. Enquanto m a n o b r a s p a r a r e f o r ç a r a que em muitas universidades, os C o n c e r t a ç ã o . E n q u a n t o a estudantes regressaram às aulas para mobilização popular desgasta o fazer as provas finais e manter suas r e g i m e p o l í t i c o C h i l e n o , notas, mantém-se nas assembléias da multiplicam-se os reagrupamentos CONFECH a posição de continuar a de trabalhadores e estudantes greve, e as mobilizações. independentes do PC e do PS.

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Em 2006, no dia do processo A bolivariana Venezuela segue eleitoral que levou Daniel Ortega à com a prática do aborto penalizada. presidência, os deputados da Frente A presidenta do Brasil fez profissão Sandinistas de Libertação Nacional, de fé em plena campanha, e q u e r e s p a l d a r a m O r t e g a , abandonou seu passado a favor da terminaram com a exceção de liberação do aborto. No Uruguai o penalização nos casos de aborto governa da Frente Ampla vetou a lei terapêutico. Nicarágua passou a ser de educação sexual, que incluía a o país da América Latina que de prática legalizada do aborto. f o r m a m a i s c o n t u n d e n t e Enquanto na Argentina avançam os impulsionou um terrível retrocesso setores que bloqueiam o acesso aos nas condições de vida de suas casos de abortos não punidos, da mulheres e meninas. Os resultados designação de funcionários clericais dessa política se puderam ver antes à cabeça dos hospitais. O eixo do novo triunfo de Ortega no último progressista da América Latina se domingo, que utilizou o caso de uma encontra tragicamente enfileirado menina de 12 anos, que pariu um com os interesses do capital e do filho fruto de um estupro. clero. Tal combinação tem como

Acaba de ser aprovado, em Porto resu l tado , uma pol í t ica de Rico, uma legislação igualmente aprofundamento dos ataques às restritiva, que vai contra a decisão condições de vida das mulheres. Um Roe vs. Wade que nos Estados movimento de mulheres que Unidos permite o aborto de fetos pretenda ser consequente com cada sem viabilidade. No estado do uma das reivindicações deverá M i s s i s i p i , d e m o c r a t a s e adotar um programa revolucionário republicanos coincidem em plena para terminar com essas variantes campanha eleitoral em apoio à políticas que entregam os direitos emenda 26 para proteger “a vida das mulheres no altar do capital e do desde a concepção”. Idêntica obscurantismo, protagonizando um iniciativa está sendo tomada em retrocesso histórico nas condições mais de 12 es tados nor te- de vida das mulheres.americanos.

Após 64 dias de caminhada da Somente se apresentaram 581 cidade de Trinidad (650 km), três advogados para ocupar 56 postos do mil indígenas representantes de 36 T r i b u n a l C o n s t i t u c i o n a l p o v o s o r i g i n á r i o s d a Plurinacional, O Tribunal Agrário, A Bolívia(CIDOB) e o Conselho Corte Suprema e o Conselho de Nacional de AILLUS e MARCAS Magistratura, porém só 126 foram Q u l l a s u y u ( C O N A M A Q ) , pré-selecionados pelo Congresso ingressaram em La Paz rodeados de Plurinacional, onde o MAS supera dezenas de milhares de pessoas. A os dois terços dos votos. Na eleição mobilização terminou com a ideia não se elegeram os juízes locais - os de Evo Morales em construir uma que administram justiça na forma estrada em território indígena e no direta e que são os que influenciam Parque Nacional Isidoro Sécure ( diretamente o povo. Longe de uma TIPNIS) que o governo considera eleição democrática, pretendeu-se uma área petroleira. O 9,8% do dar legitimidade a uma seleção já TIPNIS está destinado a exploração realizada pelo governo.e exportação da transnacional Evo Morales havia pretendido brasileira Petrobrás e a Francesa converter a eleição em um plebiscito Total. Além disto, cerca de 17,7% no para derrotar os setores mobilizados centro do parque, é uma área hidro- que rechaçaram a eleição e carbonífera sob contrato com a chamaram ao boicote. A direita Petroandina. A principal zona na aproveitou a oportunidade do parte oeste - 9,8% do parque, ou enfrentamento de Evo com os seja, 128 mil hectares – está manifestantes para impulsionar uma destinada a exploração e exportação campanha pelo voto nulo e branco. da sociedade constituída por O revés eleitoral obrigou Evo a Petrobrás e Total, mediante contrato recuar em seu enfrentamento com os de operação da área petrolífera Rio setores indígenas mobilizados. O Hondo. A parte central, cerca de ministro da Economia e Finanças 17,7% do território, 23 mil hectares, Públicas da Bolívia, Luís Arce corresponde a uma parte da área Catacora, declarou na última S é c u r e e n t r e g u e a Y P F B semana que “o Tesouro vai acabar, Petroandina SAM - esta última, neste ano, no vermelho”, com formada por YPFB e a Venezuelana incidência negativa no incremento PDVSA. salarial do próximo ano. O

Evo Morales anunciou a presidente da Comissão de suspensão de forma definitiva da Planificação Econômica da Câmara iniciativa, e enviou ao congresso um dos Deputados, Marcel Hélio projeto que declara “intocáveis” as Chávez, confirmou que na gestão terras reivindicadas pelos indígenas, 2012, não haverá aumento salarial, ratificando a proibição de novos que será compensado com o assentamentos na região. Evo pagamento de bônus sociais. O Morales havia feito uma campanha Instituto Nacional de Estatísticas ( i m e d i a t a d e a t a q u e a o s INE) informou que a inflação até manifestantes, e os reprimiu de s e t e m b r o c r e s c e u a forma brutal quando tratou de 5,54%.Ingressamos em uma nova impedir que chegassem a La Paz. instância de diferenciação política

O triunfo da mobilização se para os setores populares que produziu três dias depois das levaram o Evo ao governo. A classe eleições promovidas por Evo para trabalhadora deve intervir com eleger o novo poder judiciário. A urgência no plano político porque o votação que convocou 5,2 milhões indigenismo pode desenvolver de bolivianos para eleger 56 tendências conservadoras e até o magistrados dos quatro máximos voto pela direita se não for guiado tribunais, terminou com os votos pelo proletariado.nulos e brancos superiores a 50% .

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F o i r e t i r a d a d a C i d a d e niversitária da

Universitária da USP uma placa que USP, é parte de parceria entre a

chamava o golpe militar de universidade e Secretaria de Direitos

"revolução de 1964". Ela indicava a Humanos da Presidência. Ela é

construção de um monumento no patrocinada pela Petrobras tem custo

local em homenagem aos mortos e e s t i m a d o e m R $ 8 9 m i l .

desaparecidos na ditadura. A reitoria O termo "revolução" é usado por

da USP disse que houve falha na militares que negam que tenha

confecção da placa, que foi removida havido uma ditadura no país de 1964

p e l a S c o p u s C o n s t r u t o r a , a 1985. Segundo a secretaria, a obra faz responsável pela obra. Uma nova

parte do projeto "Direito à Memória placa com a expressão "regime da e à Verdade", que inclui a criação da ditadura militar" será colocada em Comissão da Verdade. breve.

A obra, na Cidade u

As mobilizações de massas tomaram as ruas nas principais cidades em todo o planeta no dia de hoje, 15/10, com um caráter cada vez mais anti-imperialista, anticapitallista.

No Brasil, em algumas capitais, a juventude e os trabalhadores saíram às ruas de novo, dando continuidade aos atos públicos e marchas do dia 12/10, as quais haviam se limitado à política direitista da OAB e da CNBB, de tentativa de moralização de um regime político e um sistema de exploração do homem pelo homem, que traz contido no seu germe, a própria imoralidade. No dia de hoje, as pa lavras de ordem da esquerda , anticapitalistas, ainda que com todos os seus limites, impuseram-se sobre a direita escondida atrás do Movimento Agora Chega (OAB e CNBB). O caráter direitista desse movimento expressou-se na tentativa de reprimir os militantes da esquerda, inclusive tentando impedir a venda dos jornais. No site da OAB, o balanço do ato é um testemunho vivo e uma confissão desse reacionarismo: (...)"O presidente da Ordem gaúcha, Claudio Lamachia, reiterou o caráter apartidário do movimento, que tem como foco principal demonstrar o desejo de mudanças no cenário político nacional. Grupos minoritários, ligados a partidos políticos, também participaram com bandeiras e camisetas, contrariando acordo firmado na plenária ocorrida no último dia 12. Mesmo assim – e apesar das vaias – não foram registrados quaisquer atos de violência.(...)”

Cabe aos se to res c lass i s t a s e anticapitalistas tomarem como ponto de apoio a mobilização mundial desse dia, e constituírem um movimento independente da direita burguesa, escondida por detrás do apartidarismo

Os militantes do jornal Tribuna Classista venderam 86 exemplares nesse ato em Porto Alegre, o que é um sintoma de apoio considerável da juventude e dos trabalhadores à imprensa da esquerda revolucionária.

Em todos os eventos, sejam eles sindicais, culturais, políticos, em que o Jornal Tribuna Classista está sendo oferecido, percebe-se a grande simpatia e aceitação em que é recebido por diversos setores da classe operária e da juventude. Na Feira do Livro de Porto Alegre, que ocorreu entre os dias 28/10 e 15/11, o jornal foi muito bem recebido, tendo sido vendido cerca de 500 exemplares.

O terreno para que uma imprensa revolucionária, classista e internacionalista se desenvolva, é muito auspicioso, na medida em que a crise mundial do capitalismo impele cada vez mais as massas à indignação política.

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A greve dos bancários foi uma das mais fortes greves dos últimos anos, apesar do entrave que foram as direções dos sindicatos cutistas, e o c o m a n d o n a c i o n a l CONTRAF-CUT, que além de rebaixar o índice do reajuste, ainda ficou a reboque dos banqueiros que na hora que ofereceram a primeira proposta, já tinham como certo o acerto para fazer um acordo rebaixado, que apenas recuperou parte das perdas salariais do último período, sem lembrar as perdas reais da categoria, em torno de 120% nos últimos 20 anos, período em que os banqueiros brasileiros tiveram os maiores lucros da história. Em resumo, a greve foi derrotada pela política de chapa branca da direção do movimento, que nem sequer escondeu na assembléia de Brasília, que iria aceitar o acordo de qualquer maneira, mesmo sob as vaias e os protestos da base, que não se conformou em ter ido à luta para aceitar uma proposta tão rebaixada como a que os dirigentes da CONTRAF-CUT assinaram com os sanguessugas e parasitas. Para se ter uma ideia do prejuízo dos bancários, o BRB-

Repudiamos a atitude covarde do Ministro Carlos Lupi em atribuir aos 10.000 servidores do MTE a responsabilidade pelos escândalos de corrupção que envolvem a pasta.

Informamos que até o presente momento nenhum "servidor de carreira" do MTE foi citado nas denúncias de corrupção, pelo contrário, apareceram apenas os nomes de cargos de confiança e pessoas ligadas ao próprio partido do senhor ministro.

No Estado do Rio Grande do Sul d o i s s e r v i d o r e s r e c e b e r a m qualif icação específ ica para fiscalizar os convênios celebrados pelo MTE, mas até o momento não conseguiram desempenhar sua

Banco Regional de Brasília no começo da campanha salarial fez uma proposta que, apesar de limitadíssima, foi maior do que o índice reivindicado pelo comando nacional dos bancários. Por outro lado ficou um sabor de derrota também para as oposições, que deixaram a direção manobrar e não tiveram em momento algum a iniciativa de organizar, mobilizar e enfrentar a burocracia cutista, que assim, fez o que bem quis, ou melhor, o que bem quiseram os banqueiros brasileiros e o governo Dilma/PMDB. É preciso uma luta muito forte dos setores de oposição que não são ligados a esta central chapa branca, para que se tire uma lição e um balanço da participação na greve, e que comece a construção de uma nova direção para o movimento combativo dos bancários, que todo ano fica a mercê da política de derrota da direção cutista. É preciso organizar a oposição por local de trabalho e preparar a categoria para enfrentar de fato os banqueiros e arrancar verdadeiras conquistas. - Por uma nova direção combativa, independente e de luta para os bancários!

Os Servidores Administrativos do MTE em Pernambuco têm acompanhado o processo de negociação salarial (se é que pode ser chamado assim – melhor seria enrolação governamental) entre a Confederação Nacional dos Servidores Públicos Federais – CONDSEF e o Ministério do Planejamento.

Todos sabemos que o Projeto de Lei Orçamentária Anual para 2012 deve ser encaminhado até 31/08/11. No entanto, assistimos o Secretário Duvanier Pereira marcar e desmarcar reuniões contando com a incansável compreensão das nossas entidades sindicais sem que fôssemos chamados a responder à altura por tamanho descaso do Governo Federal com as carreiras que sustentam o Poder Executivo Federal, como já reconheceu o próprio Secretário do MPOG em diversas ocasiões em que pôde discussar para os servidores públicos, a convite dos colegas cutistas que ele tanto diz respeitar e ter orgulho dessa origem.

Também identificamos o processo de manipulação praticado em conjunto com nossas entidades sindicais dos estados quando, numa Plenária convocada pela CONDSEF, no dia 23/08, a Confederação foi “autorizada” a deliberar sobre a aceitação ou não da proposta do governo e a assinar um acordo (independente de qual fosse essa proposta?).

Assim, mais uma vez teremos um acordo assinado pelos nossos representantes sem sequer termos o direito de analisar o que estamos assinando e opinar sobre isso, com o claro objetivo desse acordo ser utilizado pelo Governo para jogar na nossa cara, em plena greve, que as nossas representações assinaram um acordo com o governo, como foi feito várias vezes durante a greve da categoria em 2010. Diante dos nossos olhos, o Secretário acusou nossas representações nacionais de assinar acordos nocivos aos servidores, em detrimento dos outros. Assistimos essa história se repetir e só nos resta dizer da indignação que temos diante de atitudes que envergonham trabalhadores como nós, servidores do MTE, que somos testemunhas de que não é se dobrando a todas as vontades do patrão que os trabalhadores conseguem condições dignas de trabalho e sim com o enfrentamento.

No caso de Pernambuco, as assembléias têm sido feitas na Sede do Sindicato em horários que dificultam a participação dos servidores do MTE, que não têm tido o encaminhamento devido para uma categoria em plena mobilização por seu plano de carreira para tratar as injustiças salariais que a categoria vem alardeando a todo o movimento sindical em alto em bom som durante o ano de 2010 para toda a sociedade, governo e opinião pública. Os representantes do Sindicato somente comparecem ao local de trabalho quando é para buscar votos para a reeleição da direção ou para candidatos a cargos eletivos. Enquanto isso, assistimos nossas entidades representativas perpetuando mandatos de servidores que se escondem atrás da atividade sindical para não estarem presentes a seu local de trabalho (É fácil aprovar qualquer aumento para quem nunca trabalhou no órgão e sempre ganhou seu salário sem precisar enfrentar a rotina exaustiva de trabalho).

Duvidamos de posturas de representantes que dispensam a ampla discussão com a categoria de uma proposta de aumento diferenciado para os três níveis de administrativos dos órgãos que já sofrem com a discriminação salarial – Essa proposta? R$ 105,00 (auxiliar), R$ 211,00 (intermediário), cujo salário é em torno de 2 mil reais e até R$ 7 mil para o último padrão do nível superior. Dar tratamento diferenciado, se não nos falha a memória, foi uma prática que todos criticaram no diversos momentos da discussão da campanha salarial desse ano e, agora, aceitam isso!

Somos contra uma entidade representativa de servidores públicos que representa milhares de pessoas no país aprovar uma proposta dessa natureza sem a deliberação da categoria em assembléia de base nos Estados.

Como continuar acreditando numa instituição representativa de trabalhadores que aceita ser tratada dessa forma? Por que essas nossas representações não convocaram a categoria para fazer um movimento nacional contra essa atitude do governo? Uma paralisação nacional das atividades, esse é a única linguagem que tem funcionado contra os desmandos do capitalismo há centenas de anos!

Não! Nossas entidades representativas continuam defendendo um projeto de governo, porque se confundem com ele nesse momento. Nem mesmo contra a desvalorização do serviço público e a política do Estado Mínimo, que vem se expandindo também nas gestões do PT, nossas representações se levantam!

Até quando vamos ter que aceitar tudo desse governo em nome da ideologia política dos nossos representantes, que agora se confundem com o governo?

Os servidores administrativos do MTE em Pernambuco REPUDIAM as práticas adotadas pela CONDSEF na negociação salarial com o governo para a CPST, a omissão das demais entidades nacionais e a conivência que o SINDSEP/PE tem tido com as atitudes do Governo Federal, que tem retirado os direitos dos servidores públicos e tem nos obrigado a aceitar práticas salariais discriminatórias e o desmonte do Ministério do Trabalho e Emprego.

função, devido à falta de acesso às informações dos convênios, pelo sistema SICONV.

Quem teria interesse em manter um servidor de carreira afastado dessas fiscalizações?

Queremos deixar claro que não adiantará, absolutamente nada, uma eventual "FAXINA NO MTE", por parte da Presidenta Dilma Rousseff, sem que haja imediatamente a reestruturação da carreira dos servidores e uma reformulação política na forma de gerenciar a pasta do Ministério do Trabalho e Emprego.

Atenciosamente,Diretoria da ASDERT

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Ficamos todos horrorizados como ato de violência e barbárie ocorrida com os nossos colegas professores da rede estadual de ensino na assembleia legislativa cearense!

Estamos horrorizados, chocados, indignados, comovidos, revoltados! Porém, nem um pouco surpresos, pois os princípios que regem essa atual gestão pública do Estado do Ceará sempre irão se materializar em uma práxis de violência moral, ética, f í s i c a , e m o c i o n a l e constitucional/jurídica!

Os princípios da “lei do mais forte”, do “ame-o ou deixe-o”, do “aos meus tudo, aos outros nada”, do “tem que rezar na minha cartilha para se dar bem”, do “os fins justificam os meios”, da eliminação de tudo que se constitua como oposição ou crítica, que não seja obediência cega, subserviênciaincondicional,quenãolegitimeamanutençãodopoderioabsolutista do “rei e sua corte”.

É a versão mais cínica de um despotismo não esclarecido, chulamente disfarçado de moderno, arrojado e eficiente!

E a Assembleia Legislativa, que deveria ser a casa do povo, virou masmorra do povo, palco de tortura e truculência, aos moldes da ditadura militar! Hoje, na assembleia legislativa cearense, quem manda e legisla, sem medo de ser contrariado, é o desmando do executivo, o desgoverno de um homem só! Onde se pratica a não democracia, a não vontade popular, a sim violência contra os direitos humanos, contra os direitos constitucionais!

O Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual Vale do Acaraú – SINDIUVA (SS ANDES) se solidariza com nossos colegas professores do ensino fundamental e médio, covardemente agredidos em plena assembleia legislativa, repudia o infame acontecimento e se manifesta, publicamente, contrário a atual política governamental para a educação e a ciência e tecnologia!

Nós, professores, estamos todos no mesmo barco, seja do ensino f u n d a m e n t a l e m é d i o o u universitário, pois as universidades públicas estaduais encontram-se na mesma situação de precarização, sem condições de exercer suas reais funções sociais de ensino, pesquisa e extensão. Estamos num barco furado, remando contra a maré, mas com muita disposição e garra para não afundar e alcançar a margem!

Essa sim é a nossa verdadeira “prova de amor” pela profissão: lutar sem medo e cheios de esperança, por UM SISTEMA PÚBLICO DEMOCRÁTICO, GRATUITO E DE QUALIDADE, QUE ZELE PELO BEM-ESTAR DE PROFESSOR E ALUNOS, GARANTINDO SEUS DIREITOS E CONDIÇÕES IDEAIS DE TRABALHO E (CON)VIVÊNCIA.

POR TUDO ISSO, PROPOMOS UMA GRANDE ASSEMBLEIA UNIFICADA, DE TODOS OS P R O F E S S O R E S D A R E D E PÚBLICA ESTADUAL, PARA D I S C U T I R M O S E DELIBERARMOS AÇÕES DE RESISTÊNCIA E DE CONQUISTA D O S N O S S O S D I R E I T O S PROFISSIONAIS E DEMANDAS.

EDUCACIONAL

A Universidade Federal de Rondônia está em greve desde 14 de setembro e ninguém fora de Rondônia sabe disso. A Reitoria está ocupada pelos estudantes há 25 dias. Ocupada significa fechada. Um professor de História foi preso arbitrariamente pela Polícia Federal enquanto chupava um pirulito.

Os bombeiros condenaram o c a m p u s u n i v e r s i t á r i o . O s departamentos de Biologia e Química são praticamente bombas-relógio. Todo dinheiro que entra pelo REUNI some num buraco negro e grande parte das vagas que o MEC manda são ocupadas por favorecidos pela Administração Superior.

Pedimos o afastamento do Reitor, mas ele não renuncia. Pedimos intervenção do MEC, mas demora. Resta fazer pressão e divulgar a greve fora de Rondônia. Aqui temos o apoio da mídia local e da sociedade (que traz comida e diesel para o gerador da Reitoria - cortaram a energia).

ESTAMOS NO FAROESTE

No Estado de Rondônia, hoje, alunos estão sendo ameaçados, professores universitários presos, deputados agredidos pela polícia federal e jornalistas coagidos por essa mesma polícia.

Resumidamente, em meados de setembro deste ano, professores e alunos da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) entraram em greve, não por melhorias salariais, mas por melhores condições de trabalho e estudo.

Em resposta a pauta grevista, a administração da Universidade disse que as reivindicações por melhorias não fariam sentido, já que a Univers idade, por mais que apresentasse problemas, estava bem, obrigado.

Aos poucos, o movimento dos alunos se transformou em um movimento para afastamento da administração atual, por entender que havia uma série de denúncias (em licitações, obras, recursos, fundação de apoio, concursos públicos, etc.) que precisavam ser tiradas a limpo. Ato contínuo, o movimento grevista montou um dossiê de 1.500 páginas onde es sas denúnc ias e ram sistematizadas e foi a Brasilia, encaminhá-las ao MEC e a Casa Civil, da Presidência da República.

Na Casa Civil, com todas as letras, ouviram de um assessor que uma vez que a administração atual da Universidade contava com o apoio de um político da executiva nacional do PMDB, base aliada do Governo Federal no Congresso, nada haveria a ser feito.

Há alguns dias a Polícia Federal, em uma tentativa desastrada (e desastrosa) de desocupação do prédio da Reitoria, ocupada por alunos da instituição há quase um mês, acabou agredindo um Deputado Federal que lá estava, tentando negociar (Deputado Mauro Nazif, PSB-RO) e prendendo um professor, o prof. Valdir , que nada fazia a não ser observar a cena, encaminhado a um presídio comum, chamado “Urso Panda”, onde passou a noite em uma cela.

Alguns dias após o ocorrido, um jornalista local foi coagido por Policiais Federais, por publicar notícias apoiando a greve na Universidade. Esta é, basicamente, a situação por aqui: agressão, medo, coerção e ameaças, fazendo uso da máquina pública e de agentes que deveriam proteger-nos.

O que nos parece, aqui em Porto Velho, é que tanto essas ações truculentas quanto a conivência do Governo Federal e a invisibilidade da questão na imprensa nacional se deve, sobretudo, ao fato de nosso reitor ser aliado político e amigo pessoal de membros da direção do maior partido da base aliada do Governo Federal.

Longe de mim acusar quem quer que seja. Afinal, é bem possível que todos os implicados nessa história sejam absolutamente inocentes e/ou tenham agido de boa fé. Entretanto, a única forma de garant irmos transparência no processo de investigação nos fatos aqui relatados divulgando esses acontecimentos junto aos nossos contatos em ONGs, Governo, imprensa, academia e associações científicas.

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N ó s , p e s q u i s a d o r e s d a forjados pela ditadura militar, entre Universidade de São Paulo auto- os quais: a inexistência de eleições organizados, viemos por meio desta representativas para Reitor, a n o t a d i v u l g a r o n o s s o ingerência do Governo estadual posicionamento frente à recente nesse processo de escolha e a não-crise da USP. revogação do anacrônico regimento

No dia 08 de novembro de 2011, disciplinar de 1972.vários grupamentos da polícia Valendo-se desta estrutura, o atual militar realizaram uma incursão reitor, não por acaso laureado pela violenta na Universidade de São ditadura militar, João Grandino Paulo, atendendo ao pedido de Rodas, nos diversos cargos que reintegração de posse requisitado ocupou, tem adotado medidas pela reitoria e deferido pela Justiça. violentas: processos administrativos Durante essa ação, a moradia contra estudantes e funcionários, estudantil (CRUSP) foi sitiada com o revistas policiais infundadas e uso de gás lacrimogêneo e um recorrentes nos corredores das e n o r m e a p a r a t o p o l i c i a l . unidades e centros acadêmicos, Paralelamente, as tropas da polícia vigilância sobre participantes de levaram a cabo a desocupação do manifestações e intimidação prédio da reitoria, impedindo que a generalizada.i m p r e n s a a c o m p a n h a s s e o s Este problema não é um momentos decisivos da operação.. privilégio da USP. Tirando proveito Por fim, 73 estudantes foram presos, do sentimento geral de insegurança, colocados nos ônibus da polícia, e cuidadosamente manipulado, o encaminhados para o 91º DP, onde Governo do Estado cerceia direitos permaneceram retidos nos veículos, c iv is fundamentais de toda em condições precárias, por várias sociedade. Para tanto, vale-se da horas. polícia militar, ela própria uma

Ao contrário do que tem sido instituição incompatível com o propagandeado pela grande mídia, a Estado Democrático de Direito, crise da USP, que culminou com essa como instrumento de repressão a brutal ocupação militar, não tem movimentos sociais, aos moradores relação direta com a defesa ou da periferia, às ocupações de proibição do uso de drogas no moradias , aos t rabalhadores campus. Na verdade, o que está em informais, entre outros. Por tudo jogo é a incapacidade das autoritárias isso, nós, pesquisadores da estruturas de poder da universidade Universidade de São Paulo, alunos de admitir conflitos e permitir a de pós-graduação, mestres e efetiva participação da comunidade doutores, repudiamos o fato de que a a c a d ê m i c a n a s d e c i s õ e s polícia militar ocupe, ou melhor, fundamentais da instituição. Essas invada os espaços da política, na estruturas revelam a permanência na Universidade e na sociedade como USP de dispositivos de poder um todo.

Em setembro último, a reitoria da biblioteca. Depois de abordar três USP, a Secretaria de Segurança estudantes, a polícia decidiu levá-los Pública e a Polícia Militar assinaram à delegacia por porte de drogas. Os um convênio para intensificar a e s t u d a n t e s d a F F L C H , atuação policial na USP, sob a espontaneamente, começaram a justificativa da necessidade de maior protestar contra a presença da polícia s e g u r a n ç a n o c a m p u s . A na Universidade e tentaram evitar C o n g r e g a ç ã o d a F F L C H que seus colegas fossem presos.manifestou-se contrária ao convênio Rapidamente, mais de uma e a sua diretoria recusou-se a assiná- dezena de viaturas policiais, além de lo. diversas motocicletas da ROCAM,

O verdadeiro objetivo da c h e g a r a m p a r a r e p r i m i r a intensificação da presença policial manifestação estudantil e, por meio no campus fica claro quando nos de bombas de gás lacrimogêneo e de lembramos da crescente repressão, efeito moral – atiradas inclusive por parte da reitoria, à livre dentro do prédio da História e o rgan ização de e s tudan te s , Geografia –, balas de borracha e trabalhadores e professores e quando spray de pimenta, atacaram os observamos os acontecimentos estudantes que bloqueavam os posteriores. Antes do convênio USP- veículos policiais e levaram os três PM, diversos processos criminais e estudantes para a delegacia.administrativos foram abertos contra Exigimos a revogação do estudantes e trabalhadores. Depois convênio entre a USP e a PM, a da assinatura do convênio, a já retirada da PM do campus e o fim de presente polícia passou a vigiar e todos os processos administrativos e revistar estudantes, professores e criminais movidos pela reitoria t r a b a l h a d o r e s c o m m a i o r contra estudantes e trabalhadores intensidade. que lutaram nos últimos anos contra

Depois de levar estudantes da Poli a destruição da Universidade e sua para a delegacia há algumas submissão aos interesses do semanas, a polícia, a 27 de outubro mercado. A Universidade não é (quinta feira) passou o dia na FFLCH compatível com nenhum tipo de (Faculdade de Filosofia, Letras e restrição às liberdades de produção, Ciências Humanas) revistando de pensamento e de organização. e s t u d a n t e s , p r o f e s s o r e s e Exige, para sua existência, a mais trabalhadores, inclusive dentro da completa liberdade e autonomia.

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O deputado Marcelo Freixo, o mais votado do estado de Rio de Janeiro, ex-presidente da CPI das milícias, é obrigado a sair do país por estar sob ameaças de morte do mesmo grupo que já assassinou a juíza Patrícia Acioli. O aparelho policial brasileiro, herança da ditadura militar, possui uma estrutura intocada, militarizada, com foro privilegiado e com uma cultura de violência e corrupção oriunda nos baixos salários. No Brasil o desfile de tropas de choque a disparar a esmo nas ruas é quase diário.

A PM na USP passou a adotar uma prática de policiamento sistemático contra os estudantes havendo inúmeros relatos de assédio contínuo em áreas de lazer e mesmo no interior de prédios. Na favela São Remo, ao lado da USP, uma bala perdida da polícia já matou uma pessoa inocente

Em que pese as recentes notícias d a s u b i d a n o s r a n k i n g s internacionais, a Universidade de São Paulo – USP vem passando há anos por um longo e profundo processo de precarização de suas condições de ensino, pesquisa e trabalho através de uma perversa reforma universitária, com o aumento da terceirização e das exigências metas na produção do conhecimento. Para atingir estes objetivos escusos, a reitoria põe em curso uma verdadeira ofensiva repressiva dirigida contra todos aqueles que não compartilhem com um projeto de universidade que atenda somente aos interesses da classe dominante, contradizendo o que deveria ser um espaço para o livre pensamento e debate de idéias.

Nesse contexto, estudantes, funcionários e professores que defendem uma universidade pública, gratuita, de qualidade vêm sendo alvos de ataques que cerceiam a l i b e r d a d e d e m o c r á t i c a d e pensamen to e o rgan ização . Dirigentes sindicais, delegados de base e ativistas do Sindicato dos Trabalhadores da USP – Sintusp, como Claudionor Brandão (demitido político ilegalmente em 2008), Magno de Carvalho, Neli Maria Paschoarelli Wada, Zelito Souza Santos, Anibal Ribeiro Cavali, Solange Conceição Lopes Veloso, Luiz Cláudio Lodino Nicomedes, Marcello Ferreira dos Santos (Pablito), Rosana Bullara, Patrícia Barbosa e os estudantes que lutaram contra os decretos de José Serra em 2007, em defesa da permanência

estudantil e em apoio às lutas dos trabalhadores, como Rafael Alves e mais 26 estudantes, vêm sendo sistematicamente perseguido s e processados administrativa e criminalmente pela reitoria que se utiliza das penalidades mais abusivas previstas no Regimento Geral da USP, datado de 1972, plena ditadura militar, para demitir ilegalmente dirigentes sindicais e exigir a “eliminação” de estudantes desta universidade.

A escalada repressiva chegou a tal ponto que o último processo administrativo disciplinar aberto pela reitoria em virtude da paralisação contra a demissão de 270 trabalhadores da USP, instaurado contra quatro dirigentes sindicais (Magno, Neli, Solange e Pablito), um membro do conselho de base – CDB (Nair Maria Pereira) e um estudante (Rafael), chegou a envolver até mesmo uma das f u n c i o n á r i a s d a C O S E A S (Coordenadoria de Assistência Social), Ana Mello, que sequer estava na linha de frente da organização do movimento grevista, indicada como os demais citados à pena de demissão por justa causa.

Chamamos todas as entidades, assoc iações es tudant i s , dos trabalhadores, organizações de direitos humanos e aqueles que d e f e n d e m a l i b e r d a d e d e o rgan ização e pensamen to , ameaçada pela escalada repressiva implementada pela reitoria, a manifestarem sua repulsa a estas medidas que tolhem o direito democrático de organização.

B u s c a m i n v e s t i m e n t o s capitalistas, não combater o narcotráfico

No Rio de Janeiro, tropas do exército, com tanques, ocuparam as favelas Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, as maiores da cidade. Isto é: a s v i l a s c a r i o c a s f i c a r a m militarizadas. “A favela tem agora polícia, mas não serviços essenciais”, declarou o deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL, que foi obrigado a abandonar o país temporariamente com sua família por indícios de que os narcotraficantes estão querendo assassiná-lo. Freixo havia denunciado a atividade de máfias dedicadas ao comércio de drogas em cumplicidade com políticos, policiais, ex-policiais, mi l i ta res aposentados e a té bombeiros. A ocupação militar das favelas não obedece a uma suposta “luta contra o narcotráfico”, apesar da detenção de Antonio Lopes Bonfim, o “Nem”, um bandido da Rocinha a quem agora pretendem fazer passar por um dos “chefões”.

“Quantos outros 'Nem' existem? – se pergunta Freixo. No existe um lugar com narcotráfico em que não se pague à polícia. Uma parte muito grande do que faturava 'Nem' ia parar na polícia. E eles protegiam ao narcotraficante”. Por outro lado, o controle do território já não é primordial para o narcotráfico. Foram criadas, já há muito tempo, redes de distribuição mais operativas, de maior eficácia e menor custo. Os modernos bandos têm sua atividade principal no tráfico de drogas, mas também controlam o negócio do

que trabalhava na USP. A polícia priorizar a repressão ao uso de maconha faz da polícia uma espécie de patrulha de costumes, de força de policiamento que prioriza a ação anti-estudantil. Em breve poderão prender também as fotocopiadoras ou quem vender cerveja em festas. Ter uma guarda e uma vigilância terceirizadas, por outro lado, como acontece na USP, c o m p a c t u a c o m t r a b a l h o s superexplorados e mal-qualificados. Com o episódio Marcelo Freixo, depois de tantos, fica mais claro porque a comunidade universitária (professores, alunos, funcionários) da USP prefere, no que segue uma antiga tradição de autonomia universitária, buscar resolver seus conflitos internos sem intervenção da Polícia Militar, e repudiando essa intervenção quando ela acontece.

transporte alternativo, redes de gás, sinais de televisão, e até empréstimos de dinheiro.

Existe no Brasil, como em qualquer parte em que opera o narcotráfico, uma extensa corrupção política que se retroalimenta com a corrupção policial. Os distribuidores de drogas controlam por sua vez “centros sociais”, os que oferecem inclusive serviços de saúde. Tudo isso se transforma em domínio eleitoral. Esse poder o exercem no Rio as chamadas “milícias”, que não operam nas favelas, sim fora delas. “Estão dentro do Estado – alerta Freixo -, são membros do Estado, vinculados com deputados federais, estaduais”. O narcotráfico penetra os poderes do Estado e está passando a formar parte dele – como forma parte do sistema financeiro internacional com os 2 bilhões de dólares que, segundo se calcula, põe em circulação anualmente.

O objetivo da ocupação militar das favelas cariocas não é a luta contra o narcotráfico, não é uma “guerra” contra as máfias e por isso não tem disparado um só tiro. Somente se trata de estabelecer um cordão de segurança que permita o investimento de capitais privados com vista aos Jogos Olímpicos e o Mundial de Futebol. O narcotráfico, como a prostituição, fará grandes negócios durante os Jogos e durante o Mundial. Enquanto isto, o governo brasileiro consegue um antigo objetivo: fazer das favelas uma zona de guerra, militarmente ocupada. Coisa muito conveniente, por certo, em tempo de crise.

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É com profunda indignação, tristeza e certeza da necessidade de transformação radical da sociedade, que vimos tornar público mais um exemplo do papel que cumpre o Estado democrático de direito e sua devida roupagem coronelista que se mostra em estados como o de Alagoas.

Infelizmente, o caso em questão envolve um estudante do curso de História da UFAL e, portanto, membro do CAHIS. Wilson de Magalhães é aluno de licenciatura em História, já cursou direito e há nove anos é policial civil. Além de ter participado do movimento estudantil na época em que fazia o curso de direito e atualmente, apoiar as lutas travadas pelo ME de História, ele também atua nas reivindicações sindicais de sua categoria enquanto policial civil.

Wilson está sendo ameaçado após denunciar um esquema de torturas, falsificação de provas e prisões ilegais contra inocentes dentro da casa de custódia I de Maceió exclusiva para detenção de policiais civis. Tais denúncias envolvem grandes nomes da cúpula da segurança pública de Alagoas, poder judiciário e a própria polícia civil, conforme detalhes em documentos anexados.

Este caso não é uma exceção a regra em Alagoas. Aqui, esta é a regra. Inúmeros casos de crimes e assassinatos de mando, em sua maioria executados para silenciar aqueles que não entram no jogo de corrupção disseminado pelos tentáculos da máquina estatal. Em nosso estado, nem a maquiagem de neutralidade que a ideologia dominante costuma pintar os poderes públicos é colocada em prática. Toda a podridão das contradições sociais do capitalismo são externadas numa violência típica dos tempos da época coronelista.

Se no Brasil, 10% da população mais rica detêm 75,4% de todas as riquezas (dados do IPEA), em

Alagoas esta realidade se apresenta de forma mais aguda: além da riqueza produzida, as três principais empresas de comunicação e a maioria dos cargos públicos do judiciário, executivo e legislativo são propriedades restritas a 12 (doze) famílias.

Para a manutenção desta “ordem”, toda a máquina do estado se fez e se faz necessária; quer sejam através das medidas mais gerais execradas pelo judiciário, legislativo e/ou executivo; quer sejam pelas medidas mais imediatas, como a execução e extermínio daqueles que “falam demais”, sobre coisas que “não se pode falar”. Aqueles que se colocaram – de uma forma ou de outra – contra este status quo alagoano ou morreram e viraram “estatísticas”, ou tiveram que fugir do estado.

Esta nota se faz necessária no sentido de estarmos divulgando o que está acontecendo neste exato momento de sua publicação, pois – conforme não poderia ser diferente – a mídia não toca no assunto. Ou seja, para a massa dos Alagoanos e sociedade brasileira em geral nada esta acontecendo, afinal, a ditadura militar -- afirmam cotidianamente os “grandes” jornais – acabou há duas décadas e hoje o país é um exemplo para o resto do mundo.

Dentro dos nossos limites, nos colocamos em solidariedade ao nosso companheiro Wilson e sua família e iremos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para que o caso não se torne mais um em Alagoas, a exemplo do professor de História Paulo Bandeira que, após denunciar desvios de verba na prefeitura de Satuba teve seu corpo amarrado e ateado fogo até a morte.

Sabemos dos riscos que estamos assumindo ao publicarmos este caso, mas enquanto estudantes de História seria uma contradição vergonhosa e covarde ficarmos calados diante desta brutal contradição da sociedade de classes em Alagoas.

Laísa, professora, 45 anos. Ela é o próximo alvo, isto fica claro quando olhamos para o que aconteceu com a irmã dela, Maria do Espírito Santo da Silva que no dia 24 de maio de 2011 foi assassinada juntamente de seu marido, José Claudio Ribeiro da Silva, ambos lideranças do Projeto de Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira, localizado a cerca de 50 quilômetros da sede do município de Nova Ipixuna, no

sudeste do Pará. Todas as etapas de ameaças, que parece um roteiro até: deixar sinal que esteve na casa, atirar no cachorro, tronco de palha de coco derrubada na estrada (ela disse: "Aqui, quando um tronco de palha de coco é atravessado no caminho de alguém, significa que está sendo feita uma ameaça") e recados ameaçadores. Só que mesmo assim ela não tem proteção nenhuma!

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C o n t e ú d o d a o c o r r ê n c i a n º 10517/2011 - Polícia Civil – 15ª DP

Ato: Injúria - ConsumadoLocal: Sociedade Educacional

Monteiro Lobato / Rua dos Andradas, 1180 Centro - Porto Alegre / RS – Brasil / Estabelecimento de Ensino - Particular

Nome da Vítima: Márcio Miguel Goularte Canquerini, 23 anos.

Informa estar sendo provocado por colegas de aula e até a professora de sociologia, que fazem comentários contra sua pessoa, sendo que a mestra inclusive lhe trata por negrinho. Que houve as mais variadas piadas racistas, é chamado de soldado do tráfico por que chega em aula com roupas e tênis de grife, é tudo o que pode caracterizar bullyng em seu local de estudo. Que não sabe o nome completo dos colegas que lhe perseguem, somente os conhecendo pelo primeiro nome como Raul, Diego, Estefani, Maiara, John Lennon e Guilherme, sendo que a professora se chama Andréia. Que deseja representar criminalmente contra todas essas pessoas, além de tomar outras providências na esfera judicial. Que ao procurar a direção da escola para ter algum respaldo, a mesma se omitiu e procurou abafar o caso marcando reunião com todas as partes envolvidas no dia de amanhã e ainda dando como opção a troca de turno do comunicante mudando do vespertino para o noturno ou então que faça o curso à distância. Sendo que no caso a vítima é que terá o prejuízo, já que até esta data suas notas são ótimas e não tem mais como arranjar outra escola.

DETALHES FORNECIDOS PELA VÍTIMA: Márcio é um rapaz tímido, calmo e não possui nenhum vício, declara que jamais teve qualquer tipo de indisposição com os colegas citados acima, somente provocações por parte deles. Relata que esse tipo de atitude iniciou-se em agosto, várias provocações direcionadas a ele com um único objetivo: que ele saia da escola. O motivo aparente a ser percebido se dá devido a sua cor, pois ela é o instrumento principal de todas as provocações. Conta que desde cantarem músicas como as do tema da novela A Escrava Isaura, até ser motivo de piadas do tipo: Qual a maior árvore que existe no Brasil? O estádio do Inter, por ter lugar para mais de 60.000 macacos. OUTRAS AÇÕES POR PARTE DOS COLEGAS: Fora criado um movimento fora Márcio, exclusivamente por afirmarem que negros do “tipo dele”, não teriam lugar reservado naquela escola (negro não pode ter boa aparência, nem usar boas roupas e calçados), ameaças constantes de surra e morte, instigações para que ele não freqüente mais a aula, atiravam objetos em sua cabeça, indagação sobre qual a opinião dos professores sobre a mistura de raças, etc. Cita que em uma aula de história, quando a professora explicava sobre o nazismo, Raul (um dos colegas), quis insinuar que os africanos tinham o mesmo comportamento, que a professora solicitou ao rapaz que deixasse os africanos em paz, disse que quando alguns negros se destacam, as pessoas querem tirá-los fora de seus papéis, talvez

O governo Dilma tem como prioridade, até o fim do primeiro ano de seu mandato, a criação do fundo de previdência complementar do servidor público federal, denominado Funpresp, para que os servidores que ingressarem no setor público federal a partir de 2012 já f a ç a m p a r t e d o n o v o r e g i m e previdenciário. O Funpresp faz parte do Projeto de Lei (PL) 1.992/07, que demorou quatro anos para ser aprovado na Comissão de Trabalho da Câmara, no início de setembro. Uma vez aprovado o Funpresp, o governo terá constituído o m a i o r f u n d o d e p r e v i d ê n c i a complementar da América Latina, disse orgulhosamente um ministro. Com as novas regras, a aposentadoria do servidor pode cair mais de 25%. O projeto de lei que modifica a previdência do setor público, se aprovado da forma como está, pode reduzir em mais de um quarto a aposentadoria de alguns servidores. Um auditor fiscal que inicia a carreira com vencimentos de R$ 13.600 mensais e encerre com R$ 16.500 aposenta-se, pelas regras atuais, com 93% do salário médio, ou R$ 14.008. Já com a previdência complementar proposta pelo governo, ele deve se aposentar com pouco mais de R$ 10 mil mensais. Professores de universidades federais também devem ter perda.

Pela proposta do governo, o Estado v a i g a r a n t i r a o s e r v i d o r u m a aposentadoria que seja, no máximo, igual à do trabalhador da iniciativa privada, cujo teto hoje é de R$ 3.691. Se quiser mais do que isso, o funcionário público poderá contribuir para um fundo de previdência complementar, ainda a ser criado. Se o servidor contribuir com até 7,5% do que exceder o teto, o governo também depositará igual quantia no fundo. Mais do que isso, o servidor contribui sozinho.

A inda e s t á em d i scussão a possibilidade de esse percentual de contribuição do governo aumentar, de modo que a perda não seja tão grande para o servidor. Atualmente, todos os funcionários públicos destinam à previdência obrigatoriamente 11% do salário. O dinheiro, no entanto, não é guardado em um fundo, mas usado para pagar os atuais aposentados. As mudanças valerão para os funcionários

a única pessoa que falou algo sensato nessa situação toda. Que quando ele foi relatar para a diretora sobre os ocorridos a partir dos colegas e professora de sociologia, a mesma falou que coisas como essas não abalariam a escola pelo nome que ela têm, que “SE” a professora não tivesse razão teria que se retratar, pois era uma excelente professora, só elogios. Que a diretora se dirigiu à sala de aula para falar que racismo é crime, etc, etc, e neste momento ela pediu a uma menina branca para sentar-se ao lado dele (tentando não fazer perceber que era uma armação) para aparentar que estava tudo bem. Ao mesmo tempo ela acabou prejudicando mais ainda o rapaz, pois deixou evidente que ele foi se queixar para ela. Após os fatos citados, a professora de sociologia disse que ele tinha cometido uma negrice ao ir a diretoria se queixar. Que devido as constantes ameaças ele não foi mais à aula desde a sexta feira passada, estando no final do ano letivo.

A reunião proposta pela diretora aconteceu hoje, com a presença do aluno Márcio, sua mãe, senhora Sonia, seu pai, senhor Carlos Milton, sua irmã Patricia e os advogados e militantes do Movimento Negro, Dr. Onir Araújo (MNU) e Drª Carla (ENJUNE), os militantes do Movimento Negro aguardaram junto com a imprensa (Correio do Povo e Sul 21) para dialogar com a diretora. Após muito esforço, fora recebido em nome do movimento social negro uma das Coordenadoras do MNU/RS, Silvia Regina e o representante da Comissão dos Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, onde acordaram que até terça feira a escola dará um retorno para o movimento e familiares sobre quais as providencias que a mesma tomará devido às atitudes dos alunos e professora de sociologia.

IMPORTANTE: Informamos que os integrantes do Movimento Negro ao estarem no pátio da escola aguardando a vez de falar com a Direção, ouviram alguns alunos que não sabiam quem eles eram, comentarem em tom de ameaça que Márcio era um e os alunos eram trinta.

ATÉ ONDE VAI ISTO???Diante tamanha atrocidade, caso a

escola não tome a devida atitude referente a esta ação, o Movimento Negro Organizado de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul, do Brasil vai tomar suas providências. Estaremos aguardando uma resposta que realmente nos convença de que a escola não está sendo conivente com a atitude desses alunos e professora, queremos acreditar que essa direção se colocará de maneira séria e convincente frente a essa questão, que terá real interesse em identificar de fato o que é uma ação de Racismo Institucional e que quer corrigir esse erro mediante a sociedade.

A t É Q U A N D O I S S O VA I ACONTECER? NÃO AO RACISMO INSTITUCIONAL! REPARAÇÃO JÁ!

Ana HonoratoCoordenadora Geral do MNU/RS

que forem contratados depois da aprovação do projeto. O projeto tramita em regime de urgência no Congresso.

A previdência complementar cria um mercado gigantesco para os monopólios financeiros. Em 30 anos, o fundo dos servidores públicos deverá estar com 440 mil participantes e R$ 500 bilhões em ativos. Esse patrimônio equivale ao triplo do que tem hoje a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, que é o maior da América Latina e 24º do mundo. Hoje, a Previ administra pouco mais de R$ 150 bilhões em ativos e cobra uma taxa de carregamento de 4%, que incide sobre a contribuição dos seus 192 mil participantes. Num primeiro momento, o novo sistema deve piorar as contas públicas do país. Isso acontecerá porque parte da contribuição dos novos servidores irá para o fundo, não mais para o pagamento dos aposentados, e o governo precisará trazer recursos de outras fontes para cobrir o rombo.

É falsa a idéia de que a previdência seja deficitária. O governo diz gastar com aposentados e pensionistas muito mais do que arrecada pelas contribuições do INSS Mas a Constituição de 1988 prevê que recursos de outros impostos também sejam destinados à Previdência. Quando consideradas no cálculo essas outras fontes de receita, a arrecadação é suficiente para bancar todos os gastos públicos com seguridade social, desde o orçamento do Ministério da Saúde até os benefícios previdenciários, e ainda assim sobraria dinheiro.

Na previdência do servidor público, o governo entende que o déficit tenha sido de R$ 51 bilhões no ano passado. No entanto, esse cálculo nunca foi feito corretamente: o empregador (no caso, o Estado) tem o dever de contribuir para a previdência com o dobro do que paga o servidor. Essa receita que vem da contribuição da União nunca aparece no cálculo do resultado; só colocam a receita da contribuição paga pelo servidor.

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Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), tramitavam nos tribunais federais, em 2010, 2804 ações de crimes de corrupção, improbidade administrativa e lavagem de dinheiro (nos estaduais, 10104). O montante da corrupção foi calculado, em 2010, entre R$ 50,8 bilhões e R$ 84,5 bilhões (o que significa que não se tem idéia de seu valor real, pois o hiato da estimativa é de nada menos que R$ 35 bilhões). Antônio Palocci, como se sabe, caiu supostamente por não conseguir explicar o incremento de seu patrimônio pessoal em 20 vezes (2000%) nos últimos quatro anos – uma característica marcante do governo frente populista, ao ponto de uma enquete de Transparência Brasil ter revelado que os membros da bancada parlamentar do PC do B, superando todas as outras, experimentaram um crescimento de seu patrimônio de 1154% em igua l pe r íodo (pa t r imôn io declarado, uma parcela do patrimônio real).

A corrupção da esquerda governamenta l não é uma decorrência “natural” da corrupção geral, nem uma manifestação de uma desonestidade peculiar da esquerda do país, mas uma evidência da integração desta ao Estado burguês (Gleisi Hoffman, substituta de Palocci, elegeu-se parlamentar com “doações” capitalistas equivalentes ao dobro das recebidas por Lula para ser presidente...), cuja estrutura é inseparável da corrupção, assim como o crime é inseparável do capitalismo, sendo uma fonte de lucros para o capital (indústria do seguro, da segurança, etc). A tarefa de uma esquerda classista e consequente seria mostrar o vínculo entre corrupção, negócios, e acumulação capitalista, para organizar a luta contra o Estado burguês.

A denúncia da corrupção deveria ser uma bandeira da esquerda? A resposta negativa baseia-se no a r g u m e n t o d e q u e e l a é instrumentalizada pela direita b u rg u e s a ( t a m b é m , c l a r o , corrupta), com a Veja na cabeça, devido a que a direita, proprietária, o respaldada pelos proprietários, dos meios de produção, não precisaria se corromper (pelo menos, não tanto quanto) .

Argumento fajuto, justificador da corrupção permanente, que pavimenta

o caminho da direita, e geralmente oriundo de setores que se beneficiam da corrupção. Deve-se mostrar o vínculo entre corrupção e Estado capitalista, inclusive quando aquela está institucionalizada e afeta as organizações da classe operária. O Imposto Sindical é um bom exemplo. As organizações de esquerda que defendem e vivem do Imposto Sindical não deveriam ser consideradas de esquerda (porque não o são). Denunciar a corrupção estatal, inclusive ao ministério público, não substitui a campanha e a propaganda independentes, destinadas a

evidenciar a funcionalidade da corrupção no sistema capitalista e em seu Estado.

Por que setores de direita se apropiaram da bandeira anti-

c o r r u p ç ã o ? A b u r g u e s i a , historicamente, institucionalizou a corrupção como meio de domínio político. A corrupção é sua forma de existência. A esquerda pró-burguesa, quando tem origem popular, vê na corrupção uma oportunidade, talvez única na vida, de fazer um "pé de meia" e ascender socialmente (se emancipando de sua classe de origem), e se lança sobre ela de modo voraz. A direita então a denuncia para recuperar o p o d e r p o l í t i c o . C e r t a intelectualidade chama a "fechar os olhos" à corrupção de esquerda com o argumento de que a direita é ainda pior, sendo preferível bancar politicamente à esquerda, incluso corrupta. Não haveria alternativa. E assim o capitalismo sobrevive muito

além de sua vigência histórica, graças à esquerda entregue ao capital e à intelectualidade cretina, que sorri sarcasticamente quando

confrontada aos revolucionários que ainda defendem seus "sonhos de criança" (o Estado-Comuna).

O Estado capitalista, inclusive em sua fase histórica progressista, baseou-se na corrupção. "Temos o melhor parlamento que o dinheiro pode comprar", dizia Mark Twain a respeito do parlamento norte-americano do século XIX, infinitamente menos corrupto que os parlamentos atuais (EUA incluído), o parlamento que fez a guerra contra os escravistas. Na sua época progressista, o capitalismo já era corrupto até a medula dos ossos. Hoje nem se fala. Logo no início do governo Lula, a “Frente Popular” (com o apoio do ubícuo PMDB, sempre perto de onde está o dinheiro público) aparelhou e inchou o Estado, com vistas a extorquir privilégios e capital (no sentido estrito da palavra) além das b e n e s s e s p r e v i s t a s institucionalmente. Este era, afinal, o conteúdo real da outrora badalada “luta institucional”, cantada em verso e prosa quando a esquerda era oposição

No 4º Congresso do PT, realizado de 2 a 4 de setembro, com 1300 delegados, foram feitas concessões a certa “moralização”, quando responsáveis regionais e municipais queixaram-se de que a grande maioria dos filiados de suas áreas de atuação (o partido tem 1,4 milhão de filiados) simplesmente ignoram sua condição de filiados. Essa é uma situação geral nas siglas de aluguel (que só existem para receber o “fundo partidário” e cobrar pelo uso da sigla a candidatos a corruptos), nos partidos burgueses e até em alguma seita de esquerda que não passa de sigla de aluguel. A crise mundial escancarou a matéria corrupta de que é feito o Estado capitalista, ampliando as bases para acabar com ele, pelo governo dos trabalhadores, pela unidade socialista da América Latina, pela revolução internacional. A atual c r i s e a b r e u m a g r a n d e oportunidade para recolocar o programa histórico do socialismo revolucionário na agenda política da classe operária e da juventude. Chile, Espanha, Grécia, os países árabes, marcam o caminho.

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A AIT já era teatro de disputas internas desde antes de 1870, opondo fundamentalmente Bakunin e Marx. Estas redobraram de intensidade depois da derrota da Comuna, com manobras de bastidores envolvendo todas as partes. A AIT, que protagonizara episódios grandiosos em 1870 e 1871, não sobreviveu à derrota dos proletários de Paris. A influência da Internacional na Comuna foi mais potencial que real, e por isso tanto mais temida. Um dos chefes militares da Comuna, um oficial francês que nada tinha de “ i n t e r n a c i o n a l i s t a ” o u d e “comunista”, mas que entendeu ser seu dever combater junto à Comuna “francesa” contra as orquestrações dos “prussianos” e dos “traidores”, disse claramente aos que o julgavam pelo seu “crime”: “Vocês estão vendo, legisladores imbecis, que é preciso abrir a sociedade para a horda que a sitia: sem isso, essa horda far-se-á uma sociedade fora da vossa. Se as nações não abrem suas portas à classe operária, a classe operária se precipitará em direção da Internacional”. E acrescentava: “Não tenho nenhum preconceito em favor dos communards: ainda assim, em que pesem todas as vergonhas da Comuna, reivindico ter combatido junto a esses vencidos do que junto aos vencedores... Se devesse recomeçar, talvez não serviria à Comuna, mas com certeza não iria

servir a Versalhes.” Marx respondeu a uma entrevista,

realizada pelo jornal Woodhull & Claflin's Weekly, dos EUA, a respei to da par t ic ipação da Internacional na Comuna, entrevista feita de modo bastante agressivo: “Gostaria que me provasse que houve complô e que tudo que aconteceu não foi o resultado normal das circunstâncias do momento. A supor que tivesse havido complô, peço para ver as provas de uma participação da AIT”, foi a resposta de Marx. Mas o jornalista insistiu: “A presença de tantos membros da

A Comuna não teve, para o desenvolvimento posterior do movimento proletário francês e europeu, os efeitos que eram de se esperar. Os blanquistas, a grande maioria presos ou exilados, acabaram aderindo à AIT nos seus derradeiros anos de existência, mas não superaram suas idéias , contrariadas pela Comuna, e desapareceram enquanto corrente do movimento nos anos seguintes. Entre os anarquistas, a Comuna teve a conseqüência de enfraquecer as p r i m i t i v a s c o n c e p ç õ e s proudhonistas e reforçar as tendências revolucionárias. A França pós-Comuna foi o berço das c o r r e n t e s q u e s e t o r n a r a m predominantes no anarquismo europeu nas décadas seguintes: o anarco-sindicalismo e o terrorismo individual, em cujo corpo de idéias as lições da revolução parisiense tinham pouco espaço. Em 1871, portanto, quando caíram os últimos communards atingidos pelas balas da reação francesa, encerrou-se um capítulo da história do movimento operário e socialista mundial. Uma cortina de violência desceu sobre o cenário político europeu. Liberais e conservadores, republicanos e monarquistas se uniram numa nova santa aliança contra o proletariado revolucionário e sua representante maior, a Internacional.

Associação na Comuna”. Ao que Marx respondeu: “Poderia muito bem ter sido também um complô de maçons, pois a sua participação, enquanto indivíduos, não foi desprezível... O levantamento de Paris foi realizado pelos operários parisienses. Os mais capazes dentre eles deviam necessariamente ser também os chefes e os responsáveis do movimento. Ora, acontece que os operários mais capazes são ao mesmo tempo membros da AIT. E, todavia, a Associação enquanto tal não tomou em que quer que seja decisão alguma sobre a sua ação.”

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Mas o fa tor decis ivo da dissolução da Internacional foram suas complicações políticas internas (que refletiam, claro, seu isolamento externo). Segundo o estudo de M i k l ó s M o l n a r s o b r e a I Internacional, Engels padeceu de um otimismo que permite supor que não havia previsto as conseqüências da predisposição dos operários em favor do anarquismo, em especial na Espanha e na Itália. O Conselho Geral da AIT havia sido criado em 1864, e estava composto por ingleses e emigrados residentes em Londres. Não possuía laços vivos com as seções nacionais. A correspondência não subs t i tu ía o conf ron to p e r m a n e n t e d e o p i n i õ e s e informações. Os correspondentes do Conselho Geral na Alemanha eram Liebknecht, Bebel, Kugelmann e Bracke, os «expertos» alemães no Conselho Geral eram nada menos que Marx e Engels.

Na verdade, a Internacional andava no vazio. Nascida do “movimento real”, não lhe restava, em 1872, um ano depois da derrota da Comuna, nenhuma base sólida no continente europeu. O programa adotado na Conferência de Londres privou o Conselho Geral do apóio dos federalistas e dos coletivistas, bases do futuro anarquismo, sem lhe trazer o sustento ativo dos socialdemocratas. Estes aprovaram o programa do Conselho, mas não se interessavam pela Internacional; os

primeiros, ao contrário, ficavam fiéis à Associação Internacional, mas reprovavam seu programa político. Durante oito anos (1864 – 1872), os interesses internacionais da classe operária tr iunfaram sobre a diversidade de tendências reunidas a o r e d o r d a b a n d e i r a d a Internacional. Mas, mudadas as condições históricas e políticas, os elementos que garantiam a coesão se

debilitaram. A diversidade venceu à unidade. A distância entre as tendências era demasiadamente grande para permitir que o Conselho Geral pudesse seguir uma política conforme as aspirações e o grau de desenvolvimento de cada uma delas. O Conselho teve que escolher entre elas, aceitando assim o perigo de provocar seu próprio fim.

A proclamação formal da nação alemã, que mudou totalmente a política européia, deu-se com a derrota da França na guerra franco-prussiana: as peculiaridades da unificação alemã marcariam decisivamente o destino da Europa (até o século XX) e, em decorrência, a configuração do movimento operário no continente. No prefácio de 1874 à A Guerra dos Camponeses na Alemanha, Engels afirmava que “a desgraça da burguesia alemã consiste em que, seguindo o costume favorito alemão, chegou demasiado tarde. Desse modo à Prússia correspondeu o peculiar destino de culminar no final deste século, e na forma agradável do bonapartismo, sua revolução burguesa que se iniciou em 1808-1813 e que deu um passo à frente em 1848. E se tudo caminha bem, se o mundo permanece quieto e tranqüilo e nós chegarmos à velhice, tal vez em 1900 vejamos que o governo prussiano acabou realmente com todas as instituições feudais e que a Prússia alcançou por fim a situação em que se encontrava a França em 1792”.

Engels constatava que, em 1848, como no começo do século XVI, com Lutero, a Alemanha só conseguiu se igualar à Europa, e até mesmo se colocar em sua dianteira,

no plano do espírito, do pensamento religioso e filosófico. Engels via que o processo de modernização da Prússia iniciava-se, em 1808-1813, como respos ta à s invasões napoleônicas, aprofundando-se, a partir de 1848, como resposta à revolução desse mesmo ano, culminando na unificação em 1870. E , n o s t r ê s m o m e n t o s , a transformação se fez sempre “por cima”, pelas mãos do Estado, não da r e v o l u ç ã o . M a r x e E n g e l s elaboraram a teoria da revolução p r o l e t á r i a n u m p e r í o d o “intermediário”, ou seja, num momento em que o desenvolvimento das forças produtivas e o grau de radicalização da oposição das classes burguesa e proletária não mais permitiam a revolução burguesa, e ainda não possibilitavam a revolução proletária. Marx e Engels tinham plena consciência dessa situação, e explicaram dessa forma a razão do conservadorismo da burguesia alemã em 1848, que procurou se associar à nobreza feudal para se proteger da ameaça proletária de uma revolução nacional burguesa.

Engels, depois de apresentar um resumo da revolução de 1848, de mostrar que, nela, apesar de ter sido uma revolução burguesa fracassada, “a burguesia tinha obtido uma parte -modesta é certa- do poder político, mas cada êxito político era explorado n a p e r s p e c t i v a d e u m desenvolvimento industrial”; depois, portanto, de mostrar como a Alemanha ingressara, apesar de tudo, no caminho da transformação capitalista, ao entrar no problema da unificação do país, exigido por esse mesmo desenvolvimento capitalista,

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perguntava-se: “Mas como unir as forças de toda a nação? Três vias se apresentavam após o malogro das tentativas de 1848 - que embora muitas vezes nebulosas contribuíram não obstante para dissipar algumas n u v e n s ” . D e p o i s d e t e c e r considerações sobre as duas primeiras vias, “a abertamente revolucionária” (como a unificação i t a l i a n a , q u e E n g e l s , equivocadamente, considera como tendo “enveredado por esse caminho”) e “a unificação sob a égide da Áustria”, detém-se sobre a terceira, “a unificação sob a égide da Prússia”. Com esta última, a que efetivamente se verificou, descemos, afirmava Engels, “do domínio da especulação para o terreno mais sólido, embora bastante sórdido, da política realista que foi praticado”.

Ao examinar o processo real histórico dessa unificação, Engels afirmou que “Bismarck realizou a vontade da burguesia alemã... contra a vontade desta. Os burgueses alemães continuavam a mover-se na sua famosa contradição: por um lado, reivindicavam o poder político para si sós. Por outro lado, reclamavam uma transformação

revolucionária das estruturas da Alemanha - o que só era possível com o recurso à violência, logo com uma verdadeira ditadura. Ora, desde 1848, a burguesia, em todos os momentos decisivos, deu sempre a prova de que não possuía nem sombra da energia necessária para realizar uma dessas tarefas, quanto mais as duas! Nas condições alemãs de 1871, um Bismarck estava efetivamente votado a conduzir uma política de tergiversação entre as diversas classes. A única coisa que importava era saber que objetivo prosseguia a sua política. Se, qualquer que fosse o seu ritmo, ela se dirigisse, conscientemente e resolutamente, para o reinado final da burguesia, estaria em harmonia com a evolução histórica - até ao ponto, evidentemente, que esta fosse compatível com a existência de classes possuidoras. Se a sua política se propunha a conservação do velho Estado prussiano e a prussificação g r a d u a l d a A l e m a n h a , e r a reacionária e acabaria por fracassar”. Basta apenas mencionar o rumo seguido pela Alemanha até a sua derrota na Primeira Guerra Mundial, para notar como a história deu, neste ponto, razão a Engels.

Mas, no desenvolvimento político consecutivo à derrota da Comuna de Paris, e dada a situação existente na França e na Inglaterra (ausência de independência política do movimento proletário, depois da derrota do cartismo em 1848), só Alemanha poderia servir de base e de centro para o movimento operário internacionalista: Marx seria o primeiro a admitir essa situação. A política do Conselho Geral da AIT se modelou, a partir de 1871, tendo como base o partido socialdemocrata alemão: foi uma transformação radical, de acordo com o modo de organização e o programa político da socialdemocracia alemã, reputada para ser o centro de atração européia e a força motriz da Internacional r enovada . Na fundação da Internacional Socialista, a II Internacional, a socialdemocracia

alemã seria considerada, e admitida, como “partido – guia”.

Em 1872, reuniu-se em Haia o último congresso da I Internacional em solo europeu. Por proposta de Karl Marx, o Conselho Geral da AIT foi transferido para os Estados Unidos. Ele queria com isto protegê-lo dos ataques da reação, e também da ação desagregadora dos anarquistas, que ameaçavam tomar por assalto a direção da organização. Os anarquistas, considerando-se os verdade i ros seguidores dos fundadores da Internacional, reagiram imediatamente, celebrando em Zurique uma reunião, e se deslocando imediatamente a Saint Imier, na Suíça, onde aconteceu, por iniciativa dos i talianos, um c o n g r e s s o q u e d e c i d i u a continuidade da AIT, que seria d e p o i s c o n h e c i d a c o m o a

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Internacional anti-autoritária. Havia quatro delegados espanhóis, seis italianos e dois franceses, dois pela Federação Jurassiana e um pelos Estados Unidos. Um total de quinze de legados que dec id iu por unanimidade não reconhecer o congresso de Haia, e deliberou resoluções sobre o «pacto de amizade, solidariedade e defesa mútua entre as federações livres», «a natureza da ação política do proletariado», a «organização da resistência do trabalho».

Os anarquistas fixaram sua condição “anti-política e anti-autoritária” afirmando: «1°, Que a destruição de todo poder político é o primeiro dever do proletariado; 2°, Que toda organização de um poder político pretensamente provisório e revolucionário, para trazer essa destruição, não pode ser mais que um engano, e seria tão perigoso para o proletariado como todos os governos que existem hoje; 3°, Que, rejeitando

todo compromisso para chegar à realização da Revolução Social, os proletários de todos os países devem estabelecer, fora de toda política burguesa, a solidariedade da ação

revolucionária». Os marxistas chamaram os bakuninistas de “cisionistas”. Estes finalmente celebraram seu Congresso em Genebra, em 1873, organizado pela Seção de Propaganda Socialista e Revolucionária de Genebra, com a presença de 26 delegados. Os estatutos da AIT foram modificados de acordo com os princípios defendidos pelos bakuninistas.

A Internacional “de Haia” (ou “marxista”) ainda viveu debilmente mais alguns anos, até que, em 1876, diante dos reveses sofridos pelo movimento operário e socialista, o Congresso de Filadélfia decidiu pela sua dissolução. Em Filadélfia, em ju lho de 1876, se acordou « s u s p e n d e r p o r t e m p o indeterminado a Associação Internacional dos Trabalhadores». Previamente, Marx e Engels já a tinham condenado. Em carta de Engels a Sorge, com motivo da demissão deste do cargo de Secretário da Internacional, se diz: «Com sua demissão, a velha Internacional fica definitivamente ferida de morte e chega ao seu fim. Isso é bom. Pertencia ao período do

Segundo Império... ».Na Inglaterra, berço inicial da

Internacional, as trade unions evoluíram para os sindicatos, que tiveram uma evolução lenta em suas reivindicações. As jornadas de trabalho tinham diminuído, o poder de compra do salário tinha crescido, mas ainda a situação nos bairros operários continuava precária. Paralelamente à movimentação operária, a burguesia industrial foi impondo suas reivindicações econômicas con t ra a ve lha aristocracia, na forma do liberalismo econômico. Os industriais passaram a pleitear a liberdade de comércio e o fim do protecionismo alfandegário existente sobre os produtos agrícolas, argumentando que a livre importação de cereais a preços mais baixos que os produzidos na Inglaterra seria um dos meios de se a cab a r co m a mi s é r i a d o s trabalhadores.

Os grandes proprietários de terra se opunham a isso, afirmando que nada disso valeria para o operário, pois com os alimentos mais baratos, os industriais acabariam por reduzir os seus salários. Foram finalmente

derrotados pela burguesia industrial. As trade unions, por sua vez, só seriam plenamente reconhecidas, como sindicatos da classe operária, em 1871. No plano dos direitos políticos, as conquistas foram mais lentas: foi só com a reforma eleitoral de Disraeli (1867) e com a reforma parlamentar de Gladstone (1884), que a maioria dos operários ingleses (urbanos e rurais) obteve o direito de sufrágio. Na França, o sufrágio universal foi instaurado depois da derrota da Comuna, na Terceira República: a plena vigência da “democracia representativa” exigiu, c o m o c o n d i ç ã o p r é v i a , o esmagamento físico da classe operária. Essa vigência, porém, alteraria por um longo período (até o final da Primeira Guerra Mundial) o terreno em que se livraria a luta política da classe operária e dos partidos socialistas. A “velha toupeira”, no entanto, continuou seu trabalho subterrâneo e, no final da “Grande Guerra”, foram o exemplo e as lições da Comuna que inspiraram os bolcheviques russos a encabeçar e dirigir o novo “assalto ao céu”.

Expediente:Este jornal é um produto do esforço coletivo de vários militantes e simpatizantes da luta dos trabalhadores pela sua emancipação política,

social e econômica, o que só pode acontecer plenamente na sociedade socialista pela qual lutamos. Abaixo, alguns contatos.

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