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TRIBUNAL DE JUSTIÇAPODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Registro: 2018.0000062113
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação / Reexame
Necessário nº 0030710-87.2013.8.26.0053, da Comarca de São Paulo, em que é
apelante PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO e Recorrente JUIZO EX
OFFÍCIO, é apelado JOSÉ SEVERINO COSTA (JUSTIÇA GRATUITA).
ACORDAM, em 11ª Câmara de Direito Público do Tribunal de
Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte
aos recursos. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este
acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores
OSCILD DE LIMA JÚNIOR (Presidente sem voto), AROLDO VIOTTI E JARBAS
GOMES.
São Paulo, 6 de fevereiro de 2018.
MARCELO L THEODÓSIO
RELATOR
Assinatura Eletrônica
TRIBUNAL DE JUSTIÇAPODER JUDICIÁRIO
São Paulo
APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO Nº 0030710-87.2013.8.26.0053 SÃO PAULO VOTO Nº 9509 - ARG2/23
11ª CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO
APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO nº 0030710-87.2013.8.26.0053
APELANTE: PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO
RECORRENTE: JUIZO EX OFFÍCIO
APELADO: JOSÉ SEVERINO COSTA
COMARCA: SÃO PAULO
VOTO Nº 9509
RELATOR: MARCELO L THEODÓSIO
RECURSO VOLUNTÁRIO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO – REEXAME NECESSÁRIO – Ação de indenização por danos morais e materiais - Alegação do autor de que sua permissão foi revogada por ato do Subprefeito da Sé pelo suposto uso de atestado médico falso com o objetivo de obter afastamento médico, ficando desse modo desde o dia 09/03/2011 até o dia 07/03/2013 sem poder exercer suas atividades de comerciante ambulante e, que houve o cerceamento de defesa no processo administrativo que causou a revogação e que tentou obter a suspensão da revogação por meio da Justiça, obtendo somente na segunda tentativa tal objetivo. Por fim, afirma que tal revogação causou-lhe danos materiais com a impossibilidade de exercer a sua atividade laboral no período supra referido e danos morais por ter a sua reputação abalada, passando a ser motivo de chacotas dos companheiros de profissão - Pretensão do autor a fim de obter o ressarcimento dos danos materiais e morais causados pela revogação do Termo de Permissão de Uso do autor, permissão essa essencial para o exercício da atividade de comerciante ambulante - Permissão de uso de área pública - Posterior revogação - Apesar de sua natureza precária e do poder discricionário do permitente para consentir e retirar o uso especial do bem público, em havendo limitações patrimoniais ao administrado, deve haver respeito ao devido processo legal - Nenhuma penalidade poderá ser imposta, tanto no campo judicial, quanto nos campos administrativos ou disciplinares, sem a necessária amplitude de defesa - "A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça firmou entendimento no sentido de que a desconstituição da eficácia de qualquer ato administrativo, que repercuta no âmbito dos interesses individuais dos servidores ou administrados, deve ser precedida de instauração de processo administrativo, em
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obediência aos princípios constitucionais do devido processo legal e da ampla defesa, com todos os recursos a ela inerentes, observados na espécie (MS 10.319 Min. HAMILTON CARVALHIDO, STJ).” - Descumprimento do "due process of law" - O autor foi obrigado a buscar a tutela jurisdicional por duas vezes a fim de ter o seu direito garantido, conseguindo somente na segunda tentativa o direito de retornar às suas atividades laborais - Tal análise se depreende da decisão proferida no processo nº 0039189-06.2012.8.26.0053, a qual decidiu por anular o ato de revogação do TPU, permitindo assim o retorno do autor as suas atividades laborais - Dano moral – Cabimento - Critério para fixação – Danos morais fixados em R$ 20.000,00 (vinte mil reais) - Valor fixado que atende os requisitos legais – Danos materiais (gasto com honorários advocatícios nas demandas anteriores) fixados em R$ 10.000,00 (dez mil reais) - Precedentes deste Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo - Sentença que julgou parcialmente procedente o pedido formulado, condenando o Município de São Paulo à pagar a quantia de R$ 30.000,00, sendo R$ 10.000,00 a título de danos materiais, correspondendo à indenização do gasto com honorários advocatícios nas demandas anteriores e R$ 20.000,00 a título de danos morais, mantida, por outro fundamento (inobservância do contraditório e da ampla defesa), aplicando-se o Tema nº 810 - Recurso voluntário do Município de São Paulo, parcialmente provido (aplicação do Tema nº 810) – Reexame necessário, parcialmente provido (aplicação do Tema nº 810).
Trata-se de ação de indenização por danos morais e
materiais proposta por JOSE SEVERINO COSTA em face da PREFEITURA
MUNICIPAL DE SÃO PAULO, a fim de obter o ressarcimento dos danos materiais
e morais causados pela revogação do Termo de Permissão de Uso do autor,
permissão essa essencial para o exercício da atividade de comerciante ambulante.
O autor na inicial afirma que sua permissão foi revogada por ato do Subprefeito da
Sé pelo suposto uso de atestado médico falso com o objetivo de obter
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afastamento médico, ficando desse modo desde o dia 09/03/2011 até o dia
07/03/2013 sem poder exercer suas atividades de comerciante ambulante. Afirma
ainda que houve o cerceamento de defesa no processo administrativo que causou
a revogação e que tentou obter a suspensão da revogação por meio da Justiça,
obtendo somente na segunda tentativa tal objetivo. Por fim afirma que tal
revogação causou-lhe danos materiais com a impossibilidade de exercer a sua
atividade laboral no período supra referido e danos morais por ter a sua reputação
abalada, passando a ser motivo de chacotas dos companheiros de profissão.
A Prefeitura do Município de São Paulo, em sede de
contestação (fls. 47/55), alega que a outorga ou a regularização dos Termos de
Permissão de Uso consiste em um ato unilateral, precário e discricionário da
Administração Municipal, cabendo, portanto a autoridade tomar medidas a fim de
averiguar eventuais irregularidades na concessão das permissões. Nessa linha
afirma que houve a abertura de prazo para a defesa do ora autor, bem como
notificação a autoridade policial com o objetivo de analisar o suposto uso de
atestado médico falso. Por fim afirma que não há a demonstração do dano
material causado, uma vez que não teriam sido apresentadas provas da renda
auferida anteriormente, bem como que o período não trabalhado seria menor do
que o pretendido pelo autor uma vez que o que o autor afirma que o tempo que
ficou sem trabalhar se inicio no dia 09/03/2011 e o ato que revogou a permissão
foi publicado somente no dia 29/03/2011. Quanto ao pedido moral do autor, afirma
que não há nos autos nada que demonstre tal dano.
Apresentado prazo para réplica, o autor não se
manifestou.
A r. sentença prolatada em 31 de agosto de 2015
(fls. 98/100), julgou parcialmente procedente o pedido formulado, com base
no artigo 269, I, do Código de Processo Civil/1973, condenando o Município de
São Paulo à pagar a quantia de R$ 30.000,00, sendo R$ 10.000,00 a título de
danos materiais, correspondendo à indenização do gasto com honorários
advocatícios nas demandas anteriores e R$ 20.000,00 a título de danos morais,
com atualização monetária pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial
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(IPCA-E), desde o desembolso, quanto aos honorários e desde a r. sentença,
quanto aos danos morais, além de juros de 1% ao mês, estes a partir do trânsito
em julgado. Em razão da sucumbência arcou o réu com as despesas processuais,
bem como com os honorários de sucumbência, fixados em R$ 3.000,00 nos
termos do art. 20, § 4º do CPC/73. Sentença sujeita ao reexame necessário.
Inconformado, o Município de São Paulo interpôs
recurso de apelação às fls. 105/118, requerendo, em suma, seja dado provimento
ao recurso de apelação, a fim de julgar totalmente improcedente a ação.
Subsidiariamente, requer, seja reduzido o valor dos danos morais, bem como a
incidência da Lei nº 11.960/09.
Contrarrazões (fls. 127/129).
É O RELATÓRIO.
O recurso voluntário do Município de São Paulo,
comporta parcial provimento.
O reexame necessário comporta parcial provimento.
No presente caso, o autor, ora apelado, ingressou
com a ação, a fim de obter o ressarcimento dos danos materiais e morais
causados pela revogação do Termo de Permissão de Uso do autor, permissão
essa essencial para o exercício da atividade de comerciante ambulante. O autor
na inicial afirmou que sua permissão foi revogada por ato do Subprefeito da Sé
pelo suposto uso de atestado médico falso com o objetivo de obter afastamento
médico, ficando desse modo desde o dia 09/03/2011 até o dia 07/03/2013 sem
poder exercer suas atividades de comerciante ambulante. Afirmou ainda que
houve o cerceamento de defesa no processo administrativo que causou a
revogação e que tentou obter a suspensão da revogação por meio da Justiça,
obtendo somente na segunda tentativa tal objetivo. Por fim afirmou que tal
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APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO Nº 0030710-87.2013.8.26.0053 SÃO PAULO VOTO Nº 9509 - ARG6/23
revogação causou-lhe danos materiais com a impossibilidade de exercer a sua
atividade laboral no período supra referido e danos morais por ter a sua reputação
abalada, passando a ser motivo de chacotas dos companheiros de profissão.
A r. sentença da Juíza a quo às fls. 98/100, por sua
vez, bem fundamentada, assim decidiu:
"[...].
Passando à análise dos autos, é possível se concluir
que o autor foi obrigado a buscar a tutela jurisdicional
por duas vezes a fim de ter o seu direito garantido,
conseguindo somente na segunda tentativa o direito
de retornar às suas atividades laborais. Tal análise se
depreende da decisão proferida no processo nº
0039189-06.2012.8.26.0053, a qual decidiu por
anular o ato de revogação do TPU, permitindo assim
o retorno do autor as suas atividades laborais. A
decisão retro se deu em decorrência de o fato que
originou a revogação não ter sido causado pelo autor,
não podendo apena-lo por isto. Emerge, de outra
banda, a responsabilidade objetiva da ré, nos termos
do art. 37, parágrafo 6º, da Constituição Federal, a
prescindir do elemento subjetivo, que pode ser
considerado apenas para ação regressiva, do poder
público, para com o agente estatal faltoso.
Neste sentido, a pretensão quanto ao ressarcimento
dos valores gastos a título de honorários advocatícios
deve ser acolhida, já que o autor realizou tais gastos
(R$ 10.000,00) a fim de buscar algo que lhe era de
direito.
Por sua vez, o autor não apresenta nenhum
demonstrativo dos valores que costumava auferir ou
gastar com a atividade de comércio ambulante, não
sendo possível assim acolher o pedido referente à
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APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO Nº 0030710-87.2013.8.26.0053 SÃO PAULO VOTO Nº 9509 - ARG7/23
indenização pelo que o autor deixou de lucrar com a
sua atividade laboral.
Em sentido oposto, o pedido de danos morais merece
o acolhimento em parte. O dano moral indenizável
vem a ser dor intensa, a tristeza profunda, a
humilhação, a angustia, a depressão, a mágoa forte,
a vergonha, a desonra, enfim, o grande sofrimento
que uma pessoa sente em razão de ato ilícito ou, com
abuso de direito, praticado por outrem. No caso em
tela, houve grande sofrimento impingido ao autor, que
foi privado do exercício de sua atividade laboral, que
coincide com sua fonte de sustento, há mais de 6
anos. Observa-se porém que para o acolhimento
desta pretensão, deve-se observar o princípio da
proporcionalidade e/ou razoabilidade sob o risco de
enriquecimento sem causa do autor da demanda.
[...].".
Assim, o conjunto probatório carreado aos autos,
corroborou para que a Juíza a quo proferisse com exatidão a r. sentença, que por
sua vez bem fundamentada, analisou in casu todos os elementos fático-jurídicos
alegados pelas partes.
No mais, segundo consta da inaugural, o autor, titular
do “Termo de Permissão de Uso” nº 11.0020/A/070509/DFCR, destinado ao
comércio ambulante na Rua 25 de Março, nº 680, Centro, São Paulo, a título
precário e oneroso (fls. 57), teve revogada sua permissão (fls. 81), sob a alegação
de ter utilizado “atestado médico falso” para instruir pedido de afastamento
temporário de suas atividades (fls. 56).
Aduziu, que a decisão administrativa se deu com
violação aos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, uma
vez que não lhe foi concedido prazo para oferta de defesa administrativa.
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É sabido que a permissão de uso, no dizer de HELY
LOPES MEIRELLES, “é ato negocial, unilateral, discricionário e precário
através do qual a Administração faculta ao particular a utilização individual
de determinado bem público”, e, em virtude dessa mesma natureza é “sempre
modificável e revogável unilateralmente pela Administração, quando o
interesse público o exigir, dados sua natureza precária e o poder
discricionário do permitente para consentir e retirar o uso especial do bem
público. A revogação faz-se, em geral, sem indenização, salvo se em
contrário se dispuser, pois a regra é a revogabilidade sem ônus para a
Administração. O ato da revogação deve ser idêntico ao do deferimento da
permissão e atender às condições nele previstas.” (“Direito Administrativo
Brasileiro”, 30ª ed., São Paulo, Malheiros Editores, 2005, págs. 508-509).
Não se questiona que a Administração Pública pode
anular seus próprios atos, quando ilegítimos ou ilegais.
Nesse sentido, a Súmula nº 473 do Colendo Supremo
Tribunal Federal:
“A Administração pode anular seus próprios atos,
quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência e oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial.”.
No entanto, curial e bem ao contrário do que supõe o
apelante, a necessidade de observância dos princípios constitucionais do
contraditório e da ampla defesa, tanto que a permissão de uso gerou para o autor
limitações patrimoniais, tratando-se em verdade de ato vinculado que criou direitos
e obrigações para ambas as partes.
E é igualmente por isso que, neste caso, a revogação
dependia de prévia concessão de direito de defesa ao permissionário, não
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podendo produzir os efeitos a que se preordenava da maneira unilateral como foi
implementada.
Nesse sentido, colhem-se precedentes deste Egrégio
Tribunal de Justiça de São Paulo:
“MANDADO DE SEGURANÇA REVOGAÇÃO (OU
ANULAÇÃO) DE PERMISSÃO DE USO. MALTRATO
DO DIREITO DE DEFESA E DE CONTRADITÓRIO
NA VIA ADMINISTRATIVA. 1. 'Tratando-se da
anulação de ato administrativo cuja formalização haja
repercutido no campo de interesses individuais, a
anulação não prescinde da observância do
contraditório, ou seja, da instauração de processo
administrativo que enseje a audição daqueles que
terão modificada situação já alcançada. Presunção de
legitimidade do ato administrativo praticado, que não
pode ser afastada unilateralmente, porque é comum à
Administração e ao particular' (RE 158.543 Min.
MARCO AURÉLIO, STF). 2. 'A jurisprudência desta
Corte Superior de Justiça firmou entendimento no
sentido de que a desconstituição da eficácia de
qualquer ato administrativo, que repercuta no âmbito
dos interesses individuais dos servidores ou
administrados, deve ser precedida de instauração de
processo administrativo, em obediência aos princípios
constitucionais do devido processo legal e da ampla
defesa, com todos os recursos a ela inerentes,
observados na espécie' (MS 10.319 Min. HAMILTON
CARVALHIDO, STJ).” (APELAÇÃO CÍVEL Nº
307.936-5/8-00, Decisão Monocrática nº 14.676,
proferida em 16.01.2007, rel. o Des. RICARDO DIP);
“MANDADO DE SEGURANÇA - Permissão de uso de
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área pública Posterior revogação Apesar de sua
natureza precária e do poder discricionário do
permitente para consentir e retirar o uso especial do
bem público, em havendo limitações patrimoniais ao
administrado, deve haver respeito ao devido processo
legal Nenhuma penalidade poderá ser imposta, tanto
no campo judicial, quanto nos campos administrativos
ou disciplinares, sem a necessária amplitude de
defesa Reexame necessário e recurso voluntário
improvidos.” (11ª CDP, APELAÇÃO CÍVEL Nº
344.906-5/2-00, j. 27.11.2006, rel. o Des.
FRANCISCO ROSSI);
"Mandado de Segurança. Permissão de uso. Poder
público que revoga unilateralmente permissão de uso
de área destinada a “comercio ambulante”, em local
público, por aventada apresentação de documento
falso, para concessão de licença para tratamento
médico. Ausência de concessão de direito de defesa.
Necessidade de observância dos princípios do
contraditório e da ampla defesa, não superável pelo
fato de se tratar de permissão de uso, em princípio
revogável pela Administração. Reexame necessário,
considerado interposto, e voluntário da
Municipalidade improvidos, mantida a sentença
concessiva. Precedentes da Corte." (TJSP, Apelação
nº 0014044-79.2011.8.26.0053, 11ª Câmara de
Direito Público, Rel. Des. AROLDO VIOTTI, j. em
17/3/2015).
E, ainda:
“MANDADO DE SEGURANÇA - OBJETIVO -
ANULAÇÃO DE DECRETO REVOGANDO
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PERMISSÃO DE USO DE BEM PÚBLICO POR
DESCUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO DE
REGÊNCIA DIREITO DE DEFESA DOS
INTERESSADOS NÃO OBSERVADO
INADMISSIBILIDADE ORDEM CONCEDIDA
SENTENÇA CONFIRMADA.” (4ª CDP, APELAÇÃO
CÍVEL Nº 345.372-5/1-00, j. 31.01.2008, rel. o Des.
RICARDO FEITOSA);
“Apelação Cível. Mandado de Segurança. Ambulante
Permissão de uso do espaço público da avenida do
mar Inexistência de procedimento administrativo, com
garantia de defesa Descumprimento do due process
of law Irregularidade do ato de revogação o qual,
inclusive, foi motivado Sentença mantida. Nega-se
provimento ao recurso interposto.” (5ª CDP,
APELAÇÃO CÍVEL Nº 351.360-5/6-00, j. 30.08.2007,
rel. o Des. RICARDO ANAFE);
"ADMINISTRATIVO. Termo de Permissão de uso.
Comércio ambulante. Precariedade da permissão que
não autoriza a Administração a cassá-la, mesmo sob
a alegação de cometimento de falta grave, sem a
observância dos princípios da ampla defesa e do
contraditório. Ordem concedida. Sentença
confirmada. Recursos não providos, considerada
interposta a remessa necessária." (TJSP, Apelação
nº 0011941-02.2011.8.26.0053, 7ª Câmara de Direito
Público, Rel. Des. COIMBRA SCHMIDT, j. em
5/11/2012).
Ademais, não há que se falar em “respeito ao devido
processo legal administrativo” quando, como aconteceu no caso, a oportunidade
de defesa é oferecida ao acusado depois que lhe foi aplicada a punição.
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Assim, resta certo o dano moral causado ao autor
para o qual este mesmo não deu causa e, por corolário, não tem ele de suportar
suas consequências danosas, antes cabendo ao réu arcar com elas na forma de
indenização, ex vi do art. 37, § 6º, da Lei Magna Federal, in verbis: "As pessoas
jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de
dolo ou culpa". E o direito a indenização nesses casos vem previsto
expressamente pelo inciso LXXV do art. 5º da Constituição Federal, que
preleciona que: "o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como
o que ficar preso além do tempo fixado na sentença".
A respeito da prova do dano moral, preleciona RUI
TOCO:
"... porque o gravame no plano moral não tem
expressão matemática, nem se materializa no mundo
físico e, portanto, não se indeniza, mas apenas se
compensa, é que não se pode falar em prova de um
dano que, a rigor, não existe no plano material.
Mas não basta a afirmação da vítima de ter sido
atingida moralmente, seja no plano objetivo como no
subjetivo, ou seja, em sua honra, imagem, bom
nome, intimidade, tradição, personalidade, sentimento
interno, humilhação, emoção, angústia, dor, pânico,
medo e outros.
Impõe-se que se possa extrair do fato efetivamente
ocorrido o seu resultado, com a ocorrência de um dos
fenômenos acima exemplificados". (Tratado de
Responsabilidade Civil, 7ª edição, 2007).
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No caso em tela, os fatos acontecidos com o autor
são elementos suficientes para caracterizar a ocorrência de danos morais.
"Não se trata de 'pecunia doloris' ou 'pretium doloris',
que se não pode avaliar e pagar; mas, satisfação de ordem moral, que não
ressarce prejuízos e danos e abalos e tribulações irressarcíveis, mas representa a
consagração e o reconhecimento, pelo direito, do valor e importância desse bem,
que se deve proteger tanto quanto, senão mais, do que os bens materiais e
interesses que a lei protege". (RTJ 108/194).
O dano moral não é estimável por critérios de
dinheiro. Sua indenização é esteio para a oferta de conforto ao ofendido, que não
tem a honra paga, mas sim, atribuição de responsabilidade ao seu desalento.
"Dano moral - Composição - Inconfundível e
acumulável com aquela decorrente do prejuízo patrimonial, sem o caráter de
ressarcimento desta - Situação que exige juízo valorativo segundo as
peculiaridades do envolvimento das partes - Desnecessidade da prova da perda
de valores materiais - Fixação econômica que cabe ao juiz proceder - Parâmetros
que envolvem oferta de conforto ao ofendido e efeitos pedagógicos ao ofensor, as
condições pessoais dos litigantes e equilíbrio entre os limites, dos bons princípios
e igualdade que regem as relações de direito, sem proporcionar situação
econômica que o ofendido, por sua força, não alcançaria - Reparação que pode
sofrer atualização e incidência de juros moratórios, o que terá como marco inicial a
data da prática do ilícito". (LEX 142/104).
No tocante à responsabilidade do Estado, o artigo 37,
parágrafo 6º, da Constituição Federal, prevê:
“As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
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culpa.”
Referido dispositivo legal não adotou o princípio do
risco integral, e sim a teoria do risco administrativo, pela qual o lesado não precisa
demonstrar a culpa da Administração para indenizar-se de ato danoso causado
por seus agentes.
Entretanto, a teoria do risco administrativo, como
ensina o ilustre HELY LOPES MEIRELLES:
"Embora dispense a prova da culpa da
Administração, permite que o Poder Público
demonstre a culpa da vítima para excluir ou atenuar a
indenização. Isto porque o risco administrativo não se
confunde com o risco integral. O risco administrativo
não significa que a Administração deva indenizar
sempre e em qualquer caso o dano suportado pelo
particular; significa apenas e tão-somente, que a
vítima fica dispensada da prova da culpa da
Administração, mas esta poderá demonstrar a culpa
total ou parcial do lesado no evento danoso, caso em
que a Fazenda Pública se eximirá integral ou
parcialmente da indenização”. (Direito Administrativo
Brasileiro, Ed. Malheiros, 37ª ed., 2010, pág. 700).
Nessa linha a lição de YUSSEF SAID CAHALI, ao
expor que segue:
"...a jurisprudência no sentido de não levar a
extremos uma concepção de risco integral e absoluto
da atividade da Administração por todos esses
eventos (que também são da Natureza), procurando
estabelecer não sem dificuldade até que ponto se
pode determinar a existência da falha do serviço,
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posta como causa para o reconhecimento da
responsabilidade indenizatória”. (cf. Responsabilidade
Civil do Estado, pág. 465, 2.ª ed., Ed. Malheiros).
Sobre a Constituição Federal de 1988, explica
TOSHIO MUKAI:
"determina, portanto, que aquele que tenha sido
lesado por agentes de pessoas jurídicas de direito
público e/ou de direito privado, prestadoras de
serviços públicos, seja indenizado
independentemente da constatação de dolo ou culpa
do agente, bastando a comprovação do nexo causal
entre o ato praticado e o dano sofrido. Daí dizer-se
que a responsabilidade do Estado é objetiva". (in
Direito Administrativo Sistematizado, pág. 526, Ed.
Saraiva, 1999).
Ao referir-se à responsabilidade objetiva da
Administração Pública, ensina HELY LOPES MEIRELLES que:
“para obter a indenização basta que o lesado acione
a Fazenda Pública e demonstre o nexo causal entre o
fato lesivo (comissivo ou omissivo) e o dano, bem
como seu montante. Comprovados esses dois
elementos, surge naturalmente a obrigação de
indenizar. Para eximir-se dessa obrigação incumbirá
à Fazenda Pública comprovar que a vítima concorreu
com culpa ou dolo para o evento danoso. Enquanto
não evidenciar a culpabilidade da vítima, subsiste a
responsabilidade objetiva da Administração”. (in
Direito Administrativo Brasileiro, Malheiros Editores,
32ª ed., 2006, p. 658).
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Portanto, a partir do dano causado a outrem é que
surge o dever de indenizar do agente causador do ato ilícito. Nada impede, porém,
que um mesmo fato gere a reparação indenizatória por dano material e moral. A
matéria já se encontra pacificada nos tribunais superiores, ex vi a Súmula 37 do
Superior Tribunal de Justiça, que garante: "São cumuláveis as indenizações por
dano material e dano moral oriundos do mesmo fato".
O Princípio da Proporcionalidade é um direcionador
em relação aos demais princípios, no sentido que em um conflito entre princípios
deve haver uma ponderação de valores baseada na proporcionalidade e
razoabilidade, buscando sempre a preservação da dignidade da pessoa humana.
Mesmo esse princípio não estando expressamente
previsto no ordenamento jurídico pátrio, é inafastável a sua aplicação visto ser um
pressuposto fundamental para efetivação do Estado Democrático de Direito.
Deste modo, a reparação de um dano deve ter
primordialmente um caráter disciplinador assumindo, dessa forma, uma
penalidade ao agente causador do ilícito e de alguma forma suavizar as
consequências da dor e do sofrimento trazidos à vítima. Esta é a função principal
exercida pelo princípio da proporcionalidade, que faz com que sejam preservadas
as ações que se revestem de abuso como aquelas que efetivamente reclamem
uma apreciação do Judiciário com uma consequente reparação do dano. A
conduta do agente deve ser compatível com a consequência prejudicial ao
ofendido.
Por fim, conclui-se, que a quantificação do valor
auferido por dano moral depende de critérios relacionados à razoabilidade e à
proporcionalidade entre fato lesivo e o dano causado por este. Isso advém da
analise a ser feita pelo julgador acerca: da avaliação das circunstâncias do fato,
como a duração do sofrimento experimentado pela vítima, os reflexos desse dano
no presente e futuro, as partes envolvidas no conflito e as condições físico-
psicológicas do ofensor e do ofendido, ou seja, respeitando, dessa forma, as
peculiaridades de cada caso.
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Os Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade
estão intimamente ligados à quantificação do valor atribuído ao dano moral, visto
serem princípios norteadores do ordenamento jurídico que determinam um justo
equilíbrio entre o dano experimentado pela vítima e o prejuízo causado pelo autor
do dano.
Quanto ao valor a ser indenizado ao autor, pelos
danos materiais (R$ 10.000,00 (dez mil reais) e danos morais (R$ 20.000,00),
devem ser mantidos, nos exatos termos da r. sentença monocrática (fls.
98/100).
Assim, tem o autor direito a se ver indenizado dos
danos materiais e morais que suportou, e a indenização fixada no valor total de R$
30.000,00 (trinta mil reais), sendo este valor hábil a atender ao binômio de
compensação dos dissabores suportados pelo autor, além de reprimir
desagradáveis condutas similares por parte da requerida, sem que seja fonte de
enriquecimento sem causa por parte daquele.
Quanto aos critérios de juros moratórios e atualização
monetária, ressalta-se, por oportuno, que a Lei federal nº 11.960/09 alterou o
artigo 1º-F da Lei 9.494, de 10.9.97, "in verbis":
“Art. 1º-F. Nas condenações impostas à Fazenda
Pública, independentemente de sua natureza e para
fins de atualização monetária, remuneração do capital
e compensação da mora, haverá a incidência uma
única vez, até o efetivo pagamento, dos índices
oficiais de remuneração básica e juros aplicados à
caderneta de poupança”.
Por sua vez, o E. Superior Tribunal de Justiça,
alterando a orientação que predominava em sua jurisprudência, estabelecera por
sua Corte Especial diretriz no sentido de que normas da espécie, “que dispõem
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sobre juros moratórios, possuem natureza eminentemente processual”, e assim
aplicam-se “aos processos em andamento, à luz do princípio tempus regit actum”
(cf. EDv no REsp 1.207.197-RS, Rel. o Min. CASTRO MEIRA, j. 18 de maio de
2011, v.u., DJe de 2.08.2011).
Desse modo, vinha esta Egrégia 11ª Câmara de
Direito Público adotando esse entendimento, entendendo ser aplicável referido
diploma legal, que alterou a redação do artigo 1º-F da Lei federal 9.494, de
10.09.1997, passando a assim dispor:
“Art. 1º-F. Nas condenações impostas à Fazenda
Pública, independentemente de sua natureza e para
fins de atualização monetária, remuneração do capital
e compensação da mora, haverá a incidência uma
única vez, até o efetivo pagamento, dos índices
oficiais de remuneração básica e juros aplicados à
caderneta de poupança.”.
Ademais, no julgamento das Ações Diretas de
Inconstitucionalidade nºs. 4425 e 4357, em 14 de março de 2013, o Colendo
Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade de dispositivos da
Emenda Constitucional nº 62, de 2009, e, “por arrastamento, do artigo 5º da Lei
11.960, de 2009”, isto é, precisamente do dispositivo daquela lei federal que
modificara a redação do artigo 1º-F da Lei 9.494, de 1997. O julgamento das
declarações de inconstitucionalidade foi concluído pelo Plenário do Pretório
Excelso na data de 25.03.2015, deliberando a Suprema Corte, no que interessa à
espécie, “conferir eficácia prospectiva à declaração de inconstitucionalidade dos
seguintes aspectos da ADI, fixando como marco inicial a data de conclusão do
julgamento da presente questão de ordem (25.03.2015) e mantendo-se válidos os
precatórios expedidos até esta data, a saber: 2.1. Fica mantida a aplicação do
índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança (TR), nos termos
da Emenda Constitucional nº 62/2009, até 25.03.2015, data após a qual (i) os
créditos em precatórios deverão ser corrigidos pelo Índice de Preços ao
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) e (ii) os precatórios tributários deverão
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observar os mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus créditos;
e (....)”.
A Suprema Corte reconheceu Repercussão Geral em
relação ao tema da extensão da inconstitucionalidade, já declarada, do artigo 5º da
Lei federal 11.969/09.
Essa suscitação, no RE 870.947-SE, j. 16.04.2015,
tomou o número 810, e do voto do Emin. Relator, Ministro LUIZ FUX, "in verbis":
“Essa controvérsia também está presente em
diversos casos apreciados pelo Supremo Tribunal
Federal. A título ilustrativo, cito os seguintes
precedentes: RE 851.079, Rel. Min. Cármen Lúcia,
DJe de 4/12/2014; RE 848.718, Rel. Min. Dias Toffoli,
DJe de 3/12/2014; RE 839.046, Rel. Min. Gilmar
Mendes, DJe de 20/10/2014; RE 825.258, Rel. Min.
Roberto Barroso, DJe de 2/2/2015; e RE 848.145,
Rel. Min. Teori Zavascki, DJe de 25/11/2014. Ainda
que haja coerência, sob a perspectiva material, em
aplicar o mesmo índice para corrigir precatórios e
condenações judiciais da Fazenda Pública, é certo
que o julgamento das ADIs nº 4.357 e 4.425, sob a
perspectiva formal, teve escopo reduzido. Daí a
necessidade e urgência em o Supremo Tribunal
Federal pronunciar-se especificamente sobre a
questão e pacificar, vez por todas, a controvérsia
judicial que vem movimentando os tribunais inferiores
e avolumando esta própria Corte com grande
quantidade de processos.”.
O Colendo Supremo Tribunal Federal, por seu Pleno,
de julgar na data de 20.09.2017 o Tema n. 810 de Repercussão Geral Mérito, no
R.E. 870.947.
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Diante disso, é caso de se observar, mesmo que
provisoriamente (porque ainda não transitado em julgado o Acórdão da Suprema
Corte), o entendimento que se colhe do voto condutor já divulgado do Ministro
LUIZ FUX, expresso nas seguintes teses:
“1. O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação
dada pela Lei nº 11.960/09, na parte em que
disciplina os juros moratórios aplicáveis a
condenações da Fazenda Pública, é
inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de
relação jurídico-tributária, aos quais devem ser
aplicados os mesmos juros de mora pelos quais a
Fazenda Pública remunera seu crédito tributário, em
respeito ao princípio constitucional da isonomia
(CRFB, art. 5º, caput); quanto às condenações
oriundas de relação jurídica não tributária, a fixação
dos juros moratórios segundo o índice de
remuneração da caderneta de poupança é
constitucional, permanecendo hígido, nesta extensão,
o disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a
redação dada pela Lei nº 11.960/09;
2. O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada
pela Lei nº 11.960/09, na parte em que disciplina a
atualização monetária das condenações impostas à
Fazenda Pública segundo a remuneração oficial da
caderneta de poupança, revela-se inconstitucional ao
impor restrição desproporcional ao direito de
propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não
se qualifica como medida adequada a capturar a
variação de preços da economia, sendo inidônea a
promover os fins a que se destina”. (Repercussão
Geral Mérito, Tema 810, R.E. 870.947, Pleno, j.
20.09.2017).
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Diante do julgamento do mérito do do RE nº
870.947/SE, Tema nº 810, STF, ATA Nº 27, de 20/09/2017, DJE nº 216, divulgado
em 22/09/2017, no sentido de que a fixação dos juros moratórios segundo o índice
de remuneração da caderneta de poupança é constitucional, permanecendo
hígido, nesta extensão, o disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação
dada pela Lei nº 11.960/09, aplica-se, pois, tal entendimento do C. STF.
Observa-se que, por oportuno, que a jurisprudência
solidada no âmbito do Supremo Tribunal Federal, é cabível a aplicação de
precedente vinculante, independentemente da publicação do referido acórdão
(AgR 612.375/DF, Min. Dias Toffoli, DJe 04.09.2017; AgR-ED 1027677/RS, Min.
Dias Toffoli, DJe 29.08.20117 e ARE 930.647/PR, Min. Roberto Barroso, DJe
11.04.2016).
In casu consimili, já decidiu este Egrégio Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo:
"Agravo de Instrumento. Decisão que acolheu
Impugnação à Execução de sentença oposta pela
Fazenda Estadual, na qual a executada apontou
excesso na execução, em razão de não terem os
exequentes aplicado as Leis Federais nºs. 11.960/09
e 12.703/12 no tocante à atualização monetária e os
juros de mora. Agravo dos exequentes parcialmente
provido para ser adotado o critério preconizado pelo
Supremo Tribunal Federal, quanto a correção
monetária e juros, no julgamento do Recurso
Extraordinário n. 870.947-SE (Tema 810 de
Repercussão Geral)." (TJSP, Agravo de Instrumento
nº 2230318-89.2016.8.26.0000, 11ª Câmara de
Direito Público, Rel. Des. AROLDO VIOTTI, j. em
31/10/2017).
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E, ainda:
"APELAÇÃO AÇÃO MONITÓRIA CONTRATO DE
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE EXAMES DE
CINTILOGRAFIA INADIMPLEMENTO DO
MUNICÍPIO Sentença de procedência para condenar
o apelante ao pagamento das parcelas inadimplidas,
corrigidas monetariamente a partir da propositura da
demanda, acrescidas de juros de mora de 1% ao
mês, desde a citação Pleito de reforma da sentença
para afastar a condenação ao pagamento de juros
moratórios ou determinar a observância da Lei
Federal nº 11.960, de 29/06/2.009 em relação a eles
Cabimento em parte JUROS MORATÓRIOS
Ausência de pedido expresso na petição inicial
Irrelevância Matéria de ordem pública Pedido
compreendido no principal, conforme estabelecido
pelo art. 322 do CPC Julgamento do Recurso
Extraordinário nº 870.947, pelo STF Aplicação
integral do art. 5º da Lei Federal nº 11.960, de
29/06/2.009, no que se refere aos juros de mora
APELAÇÃO provida em parte, para determinar a
observância da Lei Federal nº 11.960, de
29/06/2.009, no tocante aos juros de Mora." (TJSP,
Apelação nº 1000462-58.2016.8.26.0428, 3ª Câmara
de Direito Público, Rel. Des. KLEBER LEYSER DE
AQUINO, j. em 7/11/2017).
Desse modo, é de rigor a adequação do julgado
aos novos parâmetros definidos pelo C. STF, a fim de aplicar o Tema nº 810 -
RE nº 870.947.
Considera-se prequestionada toda matéria
infraconstitucional e constitucional, observando-se que é pacífico no Egrégio
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Superior Tribunal de Justiça que, tratando-se de prequestionamento, é
desnecessária a citação numérica dos dispositivos legais, bastando que a questão
posta tenha sido decidida. E mais, os embargos declaratórios, mesmo para fins de
pré-questionamento, só são admissíveis se a decisão embargada estiver eivada
de algum dos vícios que ensejariam a oposição dessa espécie recursal (STJ,
EDROMS 18205 / SP, Ministro FELIX FISCHER, DJ 8/5/2006, p. 240).
Ante o exposto, dou parcial provimento ao recurso
voluntário do Município de São Paulo e ao reexame necessário, para fins de
correção monetária e de juros moratórios, os critérios fixados pelo Colendo
Supremo Tribunal Federal no julgamento do Tema 810 de Repercussão Geral-
Mérito, no Recurso Extraordinário n° 870.947, em 20.09.2017. No mais,
mantida a r. sentença, por outro fundamento (inobservância do contraditório e da
ampla defesa).
MARCELO L THEODÓSIO
Relator