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Texto escrito pelo Professor Fernando Vechi para o jornal local da cidade de Criciúma-SC
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Tudo se resolve através da violência?
A violência é um fenômeno por demais complexo e merece ser tratado com muito
cuidado. Disseminada entre os mais diversos âmbitos e camadas sociais, ela aparece como um
modos operandi de resolução, correção ou disciplinamento de conflitos. Seu agente causador
provoca a dor física ou psicológica como forma de manter ou impor determinada conduta a
outrem. Desse modo, é eminentemente um meio para se chegar a um fim. Pode ser
considerada até uma vertente da própria política com suas variadas teias de poder e seus
sujeitos. E nessa linha, até que ponto as instituições consideram legítimas as formas de
violência e, afinal de contas, quem detém o papel principal neste teatro caótico? A família? O
Estado (por meio da polícia)? A história mostra essa troca de experiências num complexo de
definição e comportamento condicionado das pessoas gerou um fruto denominado violência
que é visto por um viés benigno e necessário.
Freud dizia em seu livro denominado “Mal Estar na Civilização” que a violência é
parte natural do ser humano e que desde os primórdios, os problemas eram resolvidos através
dela. Outro pensador visto e revisto pela teoria sociológica, principalmente no âmbito do
direito, é o inglês Thomas Hobbes que proclamou no século XVI sua famosa frase “o homem
é o lobo do homem”. A dominação do homem pelo próprio homem se dá através da violência
como forma de não ser dominado, mas continuar com esses status de dominador, garantindo
os privilégios do monarca. Atualmente os tempos são outros e o contexto histórico mudou,
mas a violência continua sendo trazida à tona pelos mais variados personagens da sociedade.
A televisão pode ser ligada às 7h da manhã, na hora do café matinal, e em algum programa
jornalístico será encontrada notícias de alguma morte ultra-violenta em qualquer recanto do
Brasil. Perto do meio dia, é perceptível o trânsito caótico nas grandes cidades e a cena de
violência perpassando a todo momento, seja numa batida violenta entre veículos, seja nos
xingamentos constantes entre os motoristas por algum erro de conduta. Por fim, quando se
deita para dormir e relaxar, assiste-se a um filme que mostra as cenas da guerra do Vietnã e as
bombas jogadas sobre “Ho Chi Minh”, cidade vietnamita.
As pessoas foram condicionadas a se acostumarem com a violência. Ela é propagada
por todos: em páginas do Facebook, em botecos e botequins, nos estádios de futebol, inclusive
nas instituições estatais. Em pleno século XXI, a sociedade com todo seu aparato tecnológico
disponível no mercado, continua a manter esse fantasma a rondar o ambiente público e
privado. E a violência é um completo círculo vicioso, que não tem fim. Causa uma onda
devastadora onde passa, como se fosse a peste negra na Europa, ou a pedra no lago que
reverbera ondas por toda a superfície. Se a violência continuar a ser propagada como estamos
vendo diariamente, o saldo será sempre negativo. É preciso paz em todas as relações
interpessoais, verticais ou horizontais, familiares ou estatais. A frase “se queres paz, prepara-
te para guerra” não faz parte do Estado Democrático de Direito atual, mas sim de um Estado
expansionista e belicista como foi o romano há milênios atrás. As coisas estão muito sérias, e
o atual cenário político deve ser tratado com muito cuidado para não manter esse status quo
de que a violência é algo necessário a garantir o bem-estar das pessoas.