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TURISMO RURAL, LAZER E AVENTURA
MÓDULO DE ECOTURISMO
Ecoturismo Página | 1
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ....................................................................................................................................... 2
1. A SEGMENTAÇÃO NO TURISMO E O DESENVOLVIMENTO DOS SEGMENTOS ................................ 3
2. INTRODUÇÃO AO ECOTURISMO ..................................................................................................... 5
2.1. Conceitos e Características ...................................................................................................... 6
2.2. Principais atividades praticadas no âmbito do segmento ..................................................... 12
2.3. Estudos e pesquisas sobre o segmento ................................................................................. 14
2.4. O Perfil do Ecoturista ............................................................................................................. 17
3. BASES PARA O DESENVOLVIMENTO DO SEGMENTO .................................................................... 22
3.1. Diagnóstico dos recursos naturais e de serviços ................................................................... 22
3.2. Controle e manutenção do meio .......................................................................................... 25
3.3. A cadeia produtiva do segmento .......................................................................................... 29
3.4. Estabelecimento de parcerias e formação de redes ............................................................. 30
3.5. Envolvimento da comunidade local ...................................................................................... 33
3.6. Agregação de atratividade .................................................................................................... 33
3.7. Acessibilidade ........................................................................................................................ 36
4. RECOMENDAÇÕES ......................................................................................................................... 39
GLOSSÁRIO ............................................................................................................................................ 41
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................ 43
Ecoturismo Página | 2
APRESENTAÇÃO
Este é o módulo de Ecoturismo do programa de capacitação “Turismo Rural, Lazer e
Aventura”. Este programa de capacitação está inserido na proposta de realizar um roteiro
turístico que permita gerar renda complementar às pessoas que vivem no campo por meio
da venda e comercialização de produtos e serviços gerados em suas propriedades rurais,
seja da venda de produtos da agricultura, do beneficiamento artesanal, do artesanato, da
vinda de turistas interessados em conhecer o dia a dia das propriedades ou mesmo da
própria beleza natural existente.
Este curso de turismo é parte de uma estratégia de preservação dos recursos
naturais ao abrigo do projeto “Novo Modelo de Preservação e Recuperação dos Recursos
Hídricos”, que tem como propósito elaborar um planejamento da Microbacia Hidrográfica da
Cachoeira dos Pretos, que se utilize de técnicas preservacionistas dos recursos hídricos e
permita pensar, de forma crítica e inovadora, as oportunidades de melhoria da qualidade de
vida das pessoas que no município de Joanópolis vivem.
Pensar na questão ambiental no município requer uma visão de futuro que
privilegie de forma harmoniosa o desenvolvimento econômico ao ambiente natural,
valorizando a cultura local e os interesses sociais e políticos inerentes a uma dada sociedade.
E, isto sendo, o projeto considera ao programa de capacitação a importância do setor
comercial no estabelecimento do desenvolvimento de negócios sustentáveis no meio rural
com possibilidades de crescimento nos próximos anos.
Esta apostila teve como principal referência a publicação do Ministério do Turismo:
Turismo de Aventura: Orientações Básicas. Está é uma publicação de coleção denominada
Cadernos e Manuais de Segmentação. Esta coleção tem por objetivo apresentar as
orientações básicas para o desenvolvimento do turismo de maneira segmentada.
Como veremos, a Segmentação é uma estratégia de organização para o setor
turístico para que os produtos e atividades sejam desenhados a fim de que sejam
compatíveis com as premissas do segmento sob o ponto de vista da oferta e levem em
consideração as necessidades e desejos do consumidor para que atendam suas expectativas.
Ecoturismo Página | 3
1. A Segmentação no Turismo e o Desenvolvimento dos Segmentos
Esta é uma breve introdução para entendermos de maneira geral porque
atualmente se fala em tipos ou segmentos diferentes de turismo como, por exemplo, o
Turismo Rural, o Turismo de Aventura, o Ecoturismo e etc. Resumidamente, podemos
afirmar que esta divisão do turismo em tipos, ou melhor, segmentos, é o fruto de estratégias
para organizar o setor de turismo.
Estas estratégias foram desenhadas pelo órgão máximo de organização do turismo no
Brasil – o Ministério do Turismo (MTur) – a partir de sua separação do antigo Ministério do
Esporte e Turismo em 2003, especificamente em janeiro de 2003, quando o MTur passou a ser
uma pasta autônoma e inaugurou um processo de planejamento estruturado do turismo.
Esse planejamento teve diversas fases e documentos de referência foram sendo
gerados à medida que o processo avançou. Entre as referências geradas temos os Cadernos
e Manuais de Segmentação que trazem as orientações básicas para o desenvolvimento dos
segmentos. Vale destacar aqui o caderno que trata dos Marcos Conceituais e é nele que
temos uma primeira referência sobre a segmentação (MTur, 2006, p. 3):
Observa‐se que a segmentação é, portanto, uma estratégia de marketing, uma
tendência que está presente em diversos mercados, incluindo o mercado do turismo. Assim
para atender as necessidades e demandas específicas de determinados clientes é preciso
“desenhar” os produtos com base no conhecimento das características e variáveis
relacionadas à demanda, bem como os elementos ligados à oferta.
Assim, com base na oferta, a segmentação define tipos de turismo, cuja identidade
será estruturada pela existência de:
atividades, práticas e tradições como, por exemplo: agropecuária, pesca,
esporte, manifestações culturais, manifestações de fé;
A SEGMENTAÇÃO É ENTENDIDA COMO UMA FORMA DE ORGANIZAR O TURISMO PARA FINS
DE PLANEJAMENTO, GESTÃO E MERCADO. OS SEGMENTOS TURÍSTICOS PODEM SER
ESTABELECIDOS A PARTIR DOS ELEMENTOS DE IDENTIDADE DA OFERTA E TAMBÉM DAS
CARACTERÍSTICAS E VARIÁVEIS DA DEMANDA
Ecoturismo Página | 4
aspectos e características geográficas, históricas, arquitetônicas,
urbanísticas, sociais entre outras;
determinados serviços e infraestrutura como, por exemplo: saúde,
educação, eventos, hospedagem, lazer.
Já o enfoque na demanda, definirá a segmentação pela identificação de grupos de
consumidores que possuem suas especificidades em relação aos fatores que determinam
suas decisões, preferências e motivações de compra.
Os serviços turísticos – produtos e roteiros turísticos – são definidos, de maneira
abrangente, a partir da oferta em relação à demanda, caracterizando segmentos ou tipos de
turismo específicos. Ou seja, o que determina as características dos segmentos, a imagem
dos roteiros, a sua identidade é a oferta, que irá embasar a estruturação de produtos,
sempre em função da demanda.
No decorrer do curso veremos que apesar de hoje a segmentação ser um fator
determinante, que vem sendo utilizado como estratégia no planejamento do turismo
brasileiro, alguns tipos de turismo já eram tendência e se desenvolviam em destinos
espalhados pelo Brasil bem antes de o atual Ministério do Turismo iniciar o planejamento.
Este é o caso do Ecoturismo que em Bonito (MS) já estava dando os primeiros passos em
meados da década de 1980 sob a denominação de Turismo Ecológico, ou o caso do Turismo
de Aventura no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira – PETAR, que se encontra em uma
região que recebia visitantes para a prática esportiva de Espeleologia antes dos idos de
1958, quando parte das cavernas e mata atlântica da região passou a ser protegida na forma
do PETAR. Na atualidade o Espeleoturismo (Turismo de Aventura) se desenvolve
conjuntamente com a Espeleologia (Esporte) e até mesmo com o Ecoturismo.
A segmentação, portanto, é uma das maneiras de entender e de organizar a
multiplicidade de atividades e práticas, algumas das quais já existiam em função da
existência de oferta e demanda em determinados destinos.
Neste módulo seguiremos com o entendimento do segmento de Ecoturismo, suas
atividades e práticas e as orientações de base para o seu desenvolvimento.
Ecoturismo Página | 5
2. Introdução ao Ecoturismo
O surgimento do Ecoturismo está intimamente ligado à crescente discussão sobre a
necessidade de conservação do meio ambiente. Esse debate, que é certamente muito mais
amplo e diz respeito a muitos aspectos da vida moderna, inevitavelmente atinge as
atividades turísticas, especialmente em virtude daquelas que, de alguma maneira,
desenvolvem‐se em ambientes naturais.
A reflexão sobre o uso sustentável dos recursos naturais e sobre a urgência de se
encontrarem formas de refrear a degradação promovida especialmente no último século
motivou a percepção de que é necessário desenvolver um modelo de turismo responsável,
que não atue como meio de degradação e isso logo levou à proposta de que o turismo seja
também um meio de promover uma conduta humana responsável em relação ao uso e à
conservação dos recursos naturais.
Entre os princípios do Ecoturismo estão a conservação ambiental e o envolvimento
das comunidades locais, segundo diretrizes de sustentabilidade, baseada em referenciais
teóricos e práticos e na legislação nacional pertinente. Sob um ponto de vista empresarial, o
Ecoturismo é também uma forma de promoção de crescimento econômico comprometida
com a igualdade social e a preservação do patrimônio natural. Entre seus pressupostos estão
a conservação dos ecossistemas1 e, ao mesmo tempo, a promoção de benefícios econômicos
e socioambientais sustentáveis, ou seja, que satisfaçam as pessoas envolvidas e toda a
sociedade sem, no entanto, exaurir tal potencial benéfico, que poderá ser usufruído também
por gerações futuras.
O Brasil oferece boas oportunidades para o Ecoturismo. Mas a implantação de uma
atividade nesse segmento requer muito mais do que um belo cenário natural. Os produtos
de Ecoturismo apresentam particularidades que envolvem a escolha da área, a seleção dos
atrativos naturais a serem aproveitados, a identificação da legislação ambiental aplicável, as
definição das atividades desenvolvidas, o emprego de um marketing responsável, com ações
de promoção e comercialização que observem os princípios de preservação e uso
sustentável dos recursos e ambientes naturais.
1 Para as palavras sublinhadas, consulte o Glossário.
Ecoturismo Página | 6
Além disso, é importante ressaltar que o estabelecimento de parcerias e o
envolvimento comunitário são fatores fundamentais para o desenvolvimento do Ecoturismo.
Isso porque o segmento tem por pressuposto a integração com as comunidades locais
receptoras, o que requer um processo participativo desde o início, com um planejamento
que identifique os investimentos necessários em infraestrutura e qualificação profissional
para viabilizar a atividade na região escolhida. Em outras palavras, para desenvolver uma
atividade de Ecoturismo é fundamental um processo de planejamento multissetorial
participativo, com todos os atores se envolvendo em todas as fases do desenvolvimento.
2.1. Conceitos e Características
O ECOTURISMO teve sua definição oficial no Brasil estabelecida por uma publicação
do antigo Ministério da Indústria, Comercio e Turismo – MICT (1994), que atualmente é
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Assim, dois anos após a RIO‐
92 definiu‐se Ecoturismo como “um segmento da atividade turística que utiliza, de forma
sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação
de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o
bem‐estar das populações”.
Esta foi uma evolução para a organização deste segmento, visto que antes dela
havia uma multiplicidade de produtos sendo comercializada apenas como “propaganda
verde”, mas que não levavam em consideração os princípios implícitos e bem desenvolvidos
do Ecoturismo mundial. Antes de o Ministério do Turismo passar a utilizar esta definição, o
Ecoturismo no Brasil também era reconhecido como Turismo Ecológico e, obviamente,
existia também a comercialização de produtos que estavam seguindo as boas práticas
internacionais e os princípios intrínsecos do Ecoturismo.
Aqui temos um primeiro indício da relevância de estabelecer os conceitos, e em
função das dimensões e da diversidade do nosso país, optar pela segmentação como
estratégia para o desenvolvimento mais coerente dos segmentos, contribuindo para a
melhoria do turismo como um todo.
O uso sustentável do patrimônio natural e cultural remete ao conceito de
sustentabilidade, que é alvo de muita reflexão, e também muita crítica. Sem adentrar na
profundidade desse debate, pode‐se dizer que a sustentabilidade, no que se refere ao
Ecoturismo Página | 7
patrimônio natural, diz respeito à garantida de que as gerações futuras não serão privadas
dos recursos disponíveis na atualidade. Dessa forma, o uso sustentável pressupõe
consciência e responsabilidade, de modo que as atividades desenvolvidas não sejam mera
satisfação imediatista de necessidades e desejos, mas, ao contrário, que sejam realizadas
tendo em vista a manutenção das condições que possibilitem a outras pessoas realizarem as
mesmas atividades ou utilizarem os mesmos recursos no futuro.
Vale ressaltar, no entanto, que Ecoturismo não se confunde com Turismo
Sustentável. Embora este segmento dissemine práticas sustentáveis no setor turístico, os
princípios do Turismo Sustentável são premissas para todos os segmentos turísticos.
No que diz respeito ao patrimônio cultural, a sustentabilidade está ligada a uma
atividade ética e socialmente equitativa, que respeite os costumes e a história das
comunidades receptoras, e a elas se integre.
O Ecoturismo, no entanto, vai além do uso consciente e responsável. Entre seus
objetivos estão o incentivo à conservação do patrimônio natural e cultural, bem como a
promoção de uma consciência ambientalista, por meio da interpretação do ambiente. Desse
modo, uma atividade de Ecoturismo não se limita a não degradar; mais do que isso, propõe‐
se a educar, incentivando uma reflexão que vai além do momento experimentado durante a
atividade.
Por fim, o conceito faz referência à promoção do bem‐estar das populações. Os
benefícios resultantes das atividades desenvolvidas devem ser distribuídos de forma justa e
nesse sentido o Ecoturismo tem um compromisso especialmente com as comunidades
receptoras, que devem ser entendidas como protagonistas do desenvolvimento de sua
região, para o qual o Ecoturismo pretende contribuir.
O Ecoturismo, portanto, caracteriza‐se pelo contato com ambientes naturais, por
meio de atividades que proporcionem a vivência e o conhecimento da natureza e pela
proteção das áreas onde ocorre. Isso se traduz em três diretrizes:
Em função das diretrizes, que são os pilares para o desenvolvimento do Ecoturismo,
é necessário observar alguns cuidados importantes para o desenvolvimento do segmento.
interpretação conservação sustentabilidade
Ecoturismo Página | 8
Tais cuidados devem ser considerados no planejamento e operação de produtos de
Ecoturismo de forma integrada, uma vez que se tornam interdependentes nas atividades do
segmento.
Aqui apresentamos os cuidados essenciais a serem observados. Deve‐se, no
entanto, ressaltar que o desenvolvimento do Ecoturismo com excelência deve ir além desta
lista, levando em consideração as especificidades ambientais e socioculturais dos locais onde
as atividades são realizadas.
A gestão, proteção e conservação dos recursos naturais é um destes cuidados
essenciais que caracterizam o segmento. O objetivo é minimizar possíveis impactos
negativos da visitação turística por meio do emprego de um modelo de gestão
sustentável da atividade que consiste principalmente na adoção de estratégias e
ações de conservação dos recursos.
Aqui é importante levar em consideração a legislação ambiental que cria áreas
especialmente protegidas por lei como, por exemplo, as Unidades de Conservação,
sejam elas de caráter público, ou ainda privado, como as Reservas Particulares do
Patrimônio Natural. Tais espaços são fundamentais no desenvolvimento do
Ecoturismo, tanto pelo aspecto histórico quanto pelas oportunidades de educação
ambiental, de geração e distribuição de renda local e conservação do patrimônio
ambiental.
Assim, é preciso planejar, organizar e gerenciar um conjunto de medidas de forma
sistêmica, de maneira que a aplicação de tais medidas promovam a conservação, e a
recuperação da área em questão em sintonia com as demais atividades
desenvolvidas no território.
A boa relação entre a dimensão do empreendimento e o fluxo de visitantes
também é uma das preocupações. Para isso é importante levar em consideração dois
aspectos principais desta relação: A Capacidade de Suporte de cada ambiente e da
atividade a ser desenvolvida. Considera‐se aqui o porte dos Equipamentos Turísticos,
ou seja, a dimensão das instalações – pequena, média e grande –, e o volume e
intensidade do fluxo de visitantes. O Ecoturismo, geralmente, é caracterizado por
empreendimentos de pequeno porte que, levando em consideração a fragilidade do
meio em que estão inseridos, podem não dar conta de grandes fluxos turísticos.
Ecoturismo Página | 9
Ressalta‐se que ademais do porte dos equipamentos turísticos é importante
considerar a capacidade de suporte dos ambientes, ou seja, a capacidade que o
ambiente tem em suportar uma quantidade de visitantes sem que sofra alteração
significativa de suas qualidades.
Existem diversas metodologias de avaliação e dimensionamento da capacidade de
suporte. Tais métodos visam identificar os potenciais impactos, número de visitantes
e a frequência que visitam a área a fim de determinar padrões que sejam
sustentáveis para o ambiente.
Outra preocupação consiste em minimizar as alterações na paisagem e integrar a
ela as edificações e serviços. A paisagem é um dos principais elementos na
caracterização do Ecoturismo; na verdade é um recurso turístico por excelência, pois
são os locais preservados ou conservados e sua atmosfera que compõem o cerne da
motivação dos turistas. Assim a preocupação aqui é buscar realizar o mínimo de
intervenções na paisagem quando da instalação ou ampliação de infraestrutura e
equipamentos, e quando as intervenções forem necessárias, garantir que sejam
realizadas com técnicas que permitam integrar as estruturas com a paisagem e
valorizando as técnicas arquitetônicas regionais, com o uso de materiais alternativos,
bem como as fontes alternativas de energia.
As edificações devem ser realizadas levando‐se em consideração o meio físico em
que serão inseridas (montes, rios, lagos, penhascos, cachoeiras, ilhas e praias), além
de aspectos biológicos (flora e fauna) e culturais (ser humano e artefatos em
interação), com o emprego de elementos que expressem e fortaleçam a identidade
local.
O uso de materiais, artesanato e gastronomia locais aumenta as oportunidades de
interpretação de características importantes do meio ambiente e da cultura em que o
ecoturista está inserido, e permite fortalecer e resgatar o uso de técnicas tradicionais
na confecção de produtos, que geram emprego e renda para as populações locais.
Outra característica do segmento é a preocupação em transmitir valores sociais
voltados para a conservação do meio ambiente por meio da educação ambiental. A
educação ambiental é o processo pelo qual o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
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conservação do meio ambiente. Trata‐se de usar a prática do Ecoturismo como um
caminho para a valorização e o respeito a todas as formas de vida, estimulando o
indivíduo a repensar seu papel na sociedade frente ao desafio de conservação e
transformação social necessária para resultar em um ambiente ecologicamente
equilibrado e uma sociedade socialmente justa.
No que tange à educação ambiental, existe no Brasil o Programa Nacional de
Educação Ambiental – ProNEA (2005), o qual tem como base legal a Lei n. 9.795/99,
que instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental. Tal Programa deve ser
levado em consideração, pois tem por objetivo a promoção da Educação Ambiental
tal como preconizada pela Constituição Federal do Brasil: “promover a educação
ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a
preservação do meio ambiente”.
Nesse sentido, as ações do ProNEA têm por objetivo “assegurar, no âmbito
educativo, a integração equilibrada das múltiplas dimensões da sustentabilidade –
ambiental, social, ética, cultural, econômica, espacial e política – ao desenvolvimento
do País, resultando em melhor qualidade de vida para toda a população brasileira,
por intermédio do envolvimento e participação social na proteção e conservação
ambiental e da manutenção dessas condições ao longo prazo” (ProNEA, 2003, p. 33).
A preocupação em sensibilizar o turista sobre a importância da localidade e de sua
conservação por meio da Interpretação Ambiental. Esta é uma ferramenta essencial
para sensibilização, que contribui também para que a atividade seja educativa.
Interpretação da Natureza ou Interpretação Ambiental trata‐se de um conjunto de
técnicas que estimulam o entendimento do ambiente por meio de uma experiência
direta, despertando o interesse e a atenção do visitante para os aspectos do local
visitado, da natureza, da cultura e as relações entre dados e fatos que não seriam
perceptíveis ao olhar desatento.
A Interpretação Ambiental serve aos propósitos de sensibilizar e de conscientizar
sobre a importância da conservação do meio e, assim, pode‐se dizer que é uma
estratégia de educação ambiental, uma maneira de comunicação do conhecimento,
da natureza e da cultura que se integra à prática do Ecoturismo.
A Interpretação Ambiental pode ser obtida por um processo planejado, que exige um
Ecoturismo Página | 11
plano de interpretação. Entretanto, mesmo sem um plano de interpretação, um
condutor pode utilizar‐se das técnicas como método de trabalho, transformando a
abordagem técnica usada para comunicar dados e fatos (mais fria e entediante) em
uma experiência prática (mais rica e com maior potencial de sensibilização). Esta
abordagem como método de trabalho promove a inter‐relação entre condutores e
visitantes. Diante desse contexto, cabe ressaltar algumas orientações para a
interpretação ambiental (MTur, 2010, p. 25):
Às preocupações aqui elencadas, acrescenta‐se o compromisso de observar a
legislação relativa a turismo, direitos do consumidor, responsabilidade civil e proteção
ambiental, bem como as normas técnicas aplicáveis, como é o caso das normas para turismo
de aventura e ecoturismo, e normas de sistema de gestão da qualidade, ambiental e da
segurança. Esse tema será tratado de maneira mais detalhada no módulo de Legislação
deste curso.
ESTIMULAR AS PERCEPÇÕES E SENTIDOS DO VISITANTE, DE MODO A ESTABELECER UMA COMPREENSÃO DAS
CARACTERÍSTICAS SINGULARES DO ECOSSISTEMA VIVENCIADO, PARA QUE SE SENSIBILIZE SOBRE A IMPORTÂNCIA
DA CONSERVAÇÃO;
NÃO APENAS INSTRUIR, MAS PROVOCAR, ESTIMULAR A CURIOSIDADE DO VISITANTE ENCORAJANDO A EXPLORAR
O AMBIENTE INTERPRETADO POR MEIO DO USO DOS SENTIDOS – TATO, OLFATO, AUDIÇÃO;
BUSCAR A INTERFACE NOS DADOS TÉCNICOS DA FAUNA E FLORA LOCAL COM CAUSOS, LENDAS E HISTÓRIAS DE
OCUPAÇÃO TERRITORIAL, ENTRE OUTROS;
REALIZAR A INTERPRETAÇÃO EM PARCERIA COM INTEGRANTES DA COMUNIDADE RECEPTORA, ESTIMULANDO A
TROCA DE CONHECIMENTOS DOS SABERES E DOS FAZERES;
UTILIZAR UMA LINGUAGEM ACESSÍVEL QUANDO O GRUPO FOR MAIS HETEROGÊNEO VIABILIZANDO A
INTERPRETAÇÃO DE ASPETOS SOCIOAMBIENTAIS COMPLEXOS, PARA UM PÚBLICO MAIS LEIGO;
PREPARAR‐SE TECNICAMENTE PARA ATENDER PÚBLICOS E PRODUTOS DE ECOTURISMO MAIS ESPECÍFICOS, COMO
OBSERVAÇÃO DE AVES, ORQUÍDEAS, MAMÍFEROS, ENTRE OUTROS;
PREPARAR‐SE TECNICAMENTE, VERIFICAR A ACESSIBILIDADE DOS ATRATIVOS E EQUIPAMENTOS TURÍSTICOS PARA
ATENDER PÚBLICOS QUE DEMANDAM MAIOR ATENÇÃO NA EXECUÇÃO DE ATIVIDADES COMO PESSOAS COM
DEFICIÊNCIAS OU COM MOBILIDADE REDUZIDA;
NÃO TENTAR VENDER UMA VERDADE UNIVERSAL, MAS DESTACAR A DIVERSIDADE AMBIENTAL E SUAS RELAÇÕES
SOCIOCULTURAIS COM O ENTORNO.
Ecoturismo Página | 12
2.2. Principais atividades praticadas no âmbito do segmento
Como a maioria dos segmentos do turismo, a oferta no Ecoturismo, pode
contemplar serviços e produtos tais como os serviços de hospedagem, transporte,
alimentação, entretenimento, agenciamento, recepção, guiamento e condução, mas o cerne
do segmento contempla atividades na natureza. No âmbito do Ecoturismo as atividades
devem considerar algumas premissas conforme descrito no caderno “Ecoturismo:
Orientações Básicas” (MTur, 2010, p. 26):
Ou seja, as atividades ecoturísticas devem seguir premissas conservacionistas e
também as exigências contidas na legislação ambiental assim como os requisitos legais
relacionados aos padrões de qualidade e de segurança.
No âmbito do Ecoturismo há um grande leque de atividades possíveis de serem
desenvolvidas e que mantêm a característica de propiciar um contato próximo à natureza,
seja com a fauna, a flora, as formações rochosas, as paisagens, os espetáculos naturais
extraordinários, e até mesmo vários deles ou todos ao mesmo tempo. Por exemplo, o turista
percorre uma trilha com a intenção de conhecer a flora de uma região e ao mesmo tempo
terá a possibilidade de observar os animais, de apreciar as paisagens naturais e de
aprofundar seus conhecimentos sobre a região como um todo.
Nas atividades de Ecoturismo é comum o acompanhamento de condutores
especializados ou um guia de turismo; isto contribui para intensificar a experiência do
visitante na medida em que a condução é realizada levando em conta as premissas do
Ecoturismo e fazendo o uso da Interpretação Ambiental.
Abaixo reproduzimos uma tabela com algumas possibilidades de atividades no
MATERIAIS, TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS ADOTADOS NA CONSTRUÇÃO DAS INSTALAÇÕES
RELACIONADOS COM OS PRINCÍPIOS DA SUSTENTABILIDADE E EM HARMONIA COM AS
CARACTERÍSTICAS DO LOCAL E DA REGIÃO, COMO SEU PORTE E ESTILO ARQUITETÔNICO;
MEIOS E VIAS DE TRANSPORTE QUE GEREM O MÍNIMO IMPACTO AMBIENTAL POSSÍVEL;
SERVIÇOS E PRODUTOS DE ACORDO COM OS PRINCÍPIOS DA QUALIDADE, DA
SUSTENTABILIDADE E DA CULTURA LOCAL.
Ecoturismo Página | 13
âmbito do segmento de Ecoturismo. Entretanto, essa lista não se esgota aqui, pois qualquer
atividade de turismo cuja execução possa ser adaptada para considerar as premissas e
preocupações implícitas no Ecoturismo poderá ser incluída nesta lista. Percebe‐se que
muitas delas se relacionam com o Turismo de Aventura, exigindo o uso de equipamentos e
vestuário adequados, bem como um serviço de condução para garantir a segurança e o
atendimento às premissas.
Tabela 1 ‐ As atividades possíveis de serem desenvolvidas no segmento de Ecoturismo
Atividade Descrição Observação de fauna Relaciona‐se a observação do comportamento e habitats de
determinados animais. Observação de flora Relaciona‐se à observação e compreensão da diversidades dos elementos
da flora, sua forma de distribuição e paisagens que compõem um bioma. Observação de formações geológicas
No Brasil esta atividade ainda é incipiente. Trata‐se geralmente de caminhadas por áreas com características geológicas peculiares que propiciem, por exemplo, discussão sobre a origem dos ambientes.
Visitas a cavernas – Espeleoturismo
Atividade originada do estudo de cavernas (Espeleologia); trata‐se de visitação a cavidades, o que pode envolver caminhadas em locais muito acidentados, travessia de rios subterrâneos e desníveis que podem exigir o uso de técnicas específicas. As cavernas têm características singulares e são ambientes de rara beleza.
Observação astronômica
Observação de estrelas, astros e outros fenômenos. Para realizar a atividade é importante o uso de locais propícios com baixa luminosidade e características atmosféricas favoráveis.
Caminhadas Caminhadas por caminhos já definidos, que podem se estender de algumas horas a vários dias, o que eventualmente pode exigir o uso de equipamentos para acampamentos ao ar livre. Podem estar associadas a qualquer uma das atividades de observação citadas acima, mas a caminhada em si pode ser a atividade.
Trilhas interpretativas São caminhos cujo percurso tem uma função vivencial que possibilita a apresentação de características ecológicas e socioambientais. Podem ser realizadas em trilhas autoguiadas por meio de mapas e sinalização no terreno ou percorrida com o acompanhamento de condutores ou monitores ambientais especializados.
Como mencionado anteriormente, há uma gama de outras atividades que, embora
possam caracterizar outros tipos de turismo, podem também ser ofertadas em produtos e
roteiros de Ecoturismo, turismo de aventura, atividades náuticas, culturais entre outras,
desde que cumpram as premissas e cuidados característicos do Ecoturismo. Outros
exemplos são citados em (MTur, 2010, p. 30):
Ecoturismo Página | 14
No Ecoturismo ou em outros segmentos é importante ficar atento às boas práticas
das atividades específicas. As boas práticas podem estar documentadas em forma de
normas, como é o caso das atividades de Turismo de Aventura, ou em outras referências,
mas também podem ser parte da cultura e do próprio desenvolvimento da atividade, sem
que existam documentos sólidos como referência. Em todo caso, é preciso seguir as boas
práticas que entre outras pontos apresentam padrões de segurança e qualidade.
2.3. Estudos e pesquisas sobre o segmento
Sempre que pretendemos entender um segmento turístico ou vamos iniciar o
planejamento de atividades para um determinado segmento, é interessante recorrer a
estudos realizados sobre o tema com o qual se deseja trabalhar.
De maneira geral existem algumas referências e estudos voltados para o
entendimento do mercado de turismo, tanto do ponto de vista da oferta quando da
demanda. Alguns desses estudos já estão orientados pelas estratégias da segmentação,
sendo, portanto, mais específicos. Estudar essas fontes permite construir uma visão ampla
sobre o desenvolvimento do segmento, o que dá apoio ao planejamento ou adequações às
atividades de Ecoturismo em um dado destino.
O importante, no quesito estudo e pesquisas, é entender que os mercados são
dinâmicos e o que motiva alguns consumidores hoje pode não ser tão relevante no futuro,
assim um estudo realizado alguns anos atrás pode não ter muita importância hoje.
VISITA A COMUNIDADES ANFITRIÃS, QUE PERMITE A INTERAÇÃO OU ACOMPANHAMENTO DE ATIVIDADES
COTIDIANAS OU EVENTOS TRADICIONAIS DE COMUNIDADES LOCAIS, COMO FORMA DE VALORIZAÇÃO DO AMBIENTE
NATURAL E CULTURAL DESSAS COMUNIDADES E DE OPORTUNIDADE DE GERAÇÃO DE RENDA EXTRA ÀS INICIATIVAS
SOCIAIS COMUNITÁRIAS, POR MEIO DO ECOTURISMO;
VISITAS A SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS INSERIDOS EM AMBIENTES NATURAIS, UNIDADES DE CONSERVAÇÃO OU PRÓXIMOS
A COMUNIDADES;
VISITA DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO EM AMBIENTES NATURAIS PARA ATIVIDADES DE CUNHO EDUCATIVO QUE
AUXILIAM NO PROCESSO ENSINO‐APRENDIZAGEM. É UM RECURSO MOTIVADOR DE APRENDIZAGEM, CAPAZ DE
AUXILIAR NA FORMAÇÃO DOS ALUNOS ‐ REFORÇANDO CONCEITOS COMO O DE CIDADANIA, CONSCIÊNCIA AMBIENTAL
E PATRIMONIAL – E DE FORNECER EXPERIÊNCIAS DE VIDA EM GRUPO;
CAMINHADAS EM PROPRIEDADES RURAIS PARA OBSERVAÇÃO DA VIDA COTIDIANA DO HOMEM NO CAMPO E DA
BIODIVERSIDADE DA REGIÃO.
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Aqui faremos um resumo breve dos apontamentos baseados em alguns dos estudos
apresentados no caderno “Ecoturismo: Orientações Básicas”, do Ministério do Turismo, mas
o aluno deve estar atento e sempre buscar fontes de informação mais atualizadas e também
utilizar estudos que se aproximem de sua área geográfica com abrangência regional ou local,
tais como inventários turísticos e estudos de hábitos do consumidor, entre outros.
O Ministério do Turismo mantém em seu portal da internet uma área reservada
especificamente para abrigar dados e fatos sobre o setor do turismo2, na qual estão
disponíveis diversos estudos. Além disso, o Ministério mantém informações atuais sobre
diversos indicadores que podem ser muito úteis no processo de planejamento e adequação
de um produto de Ecoturismo.
Primeiro, vejamos aos dados referentes ao mercado internacional, de acordo com o
Plano Aquarela – Marketing Turístico Internacional do Brasil 2007‐20103 (MTur, 2010, p. 32):
Já em relação ao mercado nacional, um estudo de demanda que apresenta diversas
informações importantes para compreender as principais motivações de viagem do turista
brasileiro é o documento com os resultados da pesquisa de Caracterização do Turismo
Doméstico no Brasil – 20074. O documento (MTur, 2010, p. 33):
2 Disponível em: <http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/dadosefatos/home.html>. 3 EMBRATUR. Plano Aquarela – Marketing Turístico Internacional do Brasil 2007‐2010. Tem como objetivo impulsionar o turismo internacional no Brasil, incrementando o número de turistas estrangeiros no país e a conseqüente ampliação de entrada de divisas. Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/turismo/ o_ministerio/publicacoes/cadernos_publicacoes/06planos_mkt.html>. 4 BRASIL. Ministério do Turismo; FIPE. Caracterização e Dimensionamento do Turismo Doméstico no Brasil. Relatório Final. Brasília: Ministério do Turismo, 2007. Disponível em: <http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/dadosefatos/demanda_turistica/domestica/>.
O TURISMO E O LAZER DESTACARAM‐SE (70%) COMO PRINCIPAL MOTIVAÇÃO DA VIAGEM AO BRASIL EM 2004 E 2006.
DENTRE O LAZER, DE MODO GERAL, AINDA COM BASE NESSES DOIS ANOS, OS PRINCIPAIS ASPECTOS MOTIVADORES DA
VISITA AO BRASIL FORAM AS BELEZAS NATURAIS E A DIVERSIDADE BRASILEIRA, BEM COMO O POVO E A CULTURA
POPULAR. QUANTO À IMAGEM DOS TURISTAS ESTRANGEIROS SOBRE O BRASIL, A NATUREZA, JUNTO COM O POVO
BRASILEIRO, REPRESENTA O ASPECTO DETERMINANTE DA IMAGEM POSITIVA PERANTE O PAÍS.
AINDA COM BASE NO PLANO AQUARELA, NA ANÁLISE DOS PRODUTOS OFERTADOS PELO TRADE INTERNACIONAL EM
SEUS CATÁLOGOS IMPRESSOS, O ECOTURISMO APARECE COMO O SEGUNDO SEGMENTO MAIS OFERTADO ENTRE OS
OPERADORES INTERNACIONAIS DOS DESTINOS ANALISADOS. EM ALGUNS PAÍSES ESPECÍFICOS, COMO REINO UNIDO E A
ESPANHA, O SEGMENTO APARECEU COMO O DE MAIOR OFERTA, TENDO AINDA NOS ESTADOS UNIDOS E NA ITÁLIA A
MESMA PROPORÇÃO QUE O SEGMENTO DE SOL E PRAIA.
Ecoturismo Página | 16
A tabela a seguir resume informações apresentadas neste estudo. Mas ressaltamos
que a apresentação destes apontamentos não tem o objetivo de traçar um prognóstico, mas
apenas demonstrar a relevância do Ecoturismo na motivação de compra, ou seja, o que
motivou os visitantes – sejam internacionais ou do mercado doméstico – a realizarem suas
viagens.
Tabela 2 ‐ Principal motivação para realização de viagem doméstica, por renda (em %)
Na avaliação de um estudo como esse, é importante considerar e entender seu
conteúdo por completo, observando as conclusões de seus autores. Entretanto, é
igualmente importante e possível analisar os dados e tirar novas conclusões. Por exemplo,
observando a Tabela 1, não se pode desprezar a possibilidade de que as pessoas que viajam
com a motivação de visitar parentes e amigos para lazer, por exemplo, podem, em algum
momento da viagem, ter contato e consumir algum produto de Ecoturismo. Pode‐se chegar
a dizer que a possibilidade de estas pessoas entrarem em contato com o Ecoturismo é
razoável, visto que sua motivação não se opõe a qualquer dos valores disseminados pelo
segmento.
Motivos Classes de Renda Mensal Familiar de 0 a 4 SM de 4 a 15 SM acima de 15 SM Total
Visita parentes/amigos (lazer) 59,0 52,3 41,9 54,4 Sol e praia 26,5 38,1 49,3 33,8 Compras pessoais (lazer) 9,8 10,5 11,9 10,3 Negócios ou trabalho 9,2 9,0 9,1 9,1 Turismo cultural 6,2 8,6 12,7 7,9 Diversão noturna 7,2 8,3 8,8 7,8 Saúde 9,4 5,4 3,4 7,0 Visita parentes/amigos (obrigação) 6,2 3,3 2,6 4,6 Religião 5,1 3,0 1,4 3,8 Ecoturismo 2,2 4,3 5,2 3,4 Eventos esportivos/sociais/culturais 3,3 3,0 2,8 3,1 Estâncias climáticas/hidrominerais 1,1 3,1 3,6 2,2 Turismo Rural 2,2 2,2 2,3 2,2
Fonte: Adaptado de MTur e FIPE. Caracterização e Dimensionamento do Turismo Doméstico no Brasil, 2007.
POSSUI UM PAINEL COMPLETO SOBRE AS MOTIVAÇÕES POR FAIXA DE RENDA E
LOCAL DE ORIGEM, FORMAS DE ORGANIZAÇÃO E ESTIMATIVAS DO VOLUME DE
DESLOCAMENTOS REALIZADOS DENTRO DO PAÍS PELO PÚBLICO NACIONAL.
DENTRE OS ENTREVISTADOS, 3,4% TÊM COMO PRINCIPAL MOTIVAÇÃO DA
REALIZAÇÃO DE VIAGEM DOMÉSTICA O ECOTURISMO, APRESENTANDO, AINDA,
UM CRESCIMENTO PROPORCIONAL AO AUMENTO DE RENDA.
Ecoturismo Página | 17
Os estudos também podem apontar dados importantes sobre a preferência do
consumidor em relação ao ambiente, se prefere montanhas ou praia, calor ou frio e assim
por diante e outras variáveis podem ser adicionadas e apontar fatores importantes no
momento de desenhar uma nova atividade de Ecoturismo.
Nesse contexto deixamos aqui algumas referências importantes para consulta e que
estão disponíveis na internet:
Cadernos e Manuais de Segmentação. Disponíveis em:
http://www.turismo.gov.br/turismo/o_ministerio/publicacoes/cadernos_publ
icacoes/14manuais.html
Planos de Marketing (Nacional e Internacional). Disponíveis em:
http://www.turismo.gov.br/turismo/o_ministerio/publicacoes/cadernos_publ
icacoes/06planos_mkt.html
Além da página dados e fatos que é possível acessar outros estudos e
relatórios. Disponíveis em:
http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/dadosefatos/home.html
Neste ínterim, vale mencionar também um estudo bastante atual e dirigido para
traçar o Perfil do Turista de Aventura e Ecoturismo do Brasil5 que será tratado a seguir.
2.4. O Perfil do Ecoturista
Não é possível falar em mercado sem mencionar a palavra competitividade e
quando falamos do Ecoturismo enquanto segmento de mercado turístico podemos afirmar
que este é um mercado bastante competitivo. Para conseguir êxito na participação deste
5 BRASIL. Ministério do Turismo; ABETA. Perfil do Turista de Aventura e do Ecoturista no Brasil. São Paulo: ABETA, 2010.
CONHECER O PERFIL DA SUA DEMANDA, AS CARACTERÍSTICAS DA OFERTA, OS PRODUTOS E AS ATIVIDADES DISPONÍVEIS NO MERCADO, O IMPACTO ECONÔMICO DE SEU DESENVOLVIMENTO EM ÂMBITO LOCAL,
REGIONAL E NACIONAL, ENTRE OUTROS, É DE GRANDE RELEVÂNCIA COMO SUBSÍDIO DE INFORMAÇÕES PARA
A FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E DIRECIONAMENTO DE ESFORÇOS PARA A INICIATIVA PRIVADA. A ESTRUTURAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS TURÍSTICOS, BEM COMO DE DESTINOS, DEVE ESTAR ATENTA ÀS
PESQUISAS RELACIONADAS AO ECOTURISMO. (MTur, 2010, p. 52)
Ecoturismo Página | 18
mercado é importante que os produtos sejam compatíveis com as exigências do Ecoturismo,
visto que é de nosso conhecimento que este “tipo” de turista possui consciência ambiental e
busca por experiências únicas aliadas à conservação do ambiente – histórico e cultural.
Na verdade, a pessoa que tem o perfil específico do ecoturista possui elevada
expectativa em relação à atividade e quer estar certo de que esteja satisfazendo seus
desejos como o descanso e contato com o ambiente preservado que renovam suas energias
ao mesmo tempo em que está contribuindo para a sustentabilidade do local e região,
podendo aprender mais sobre sua importância.
Em geral os ecoturistas buscam um relacionamento de afinidade com a região e
com as possibilidades de recreação e roteiros possíveis antecipadamente. São pessoas que
buscam interagir com as localidades que visitam a partir de informações anteriormente
obtidas, preocupando‐se com “a qualidade dos serviços e equipamentos, com a
singularidade e autenticidades da experiência, e com o estado de conservação do ambiente”
(MTur, 2010, p. 37).
Um estudo que apoia o entendimento do perfil do ecoturista e de potenciais
turistas é o já citado “Perfil do Turista de Aventura e do Ecoturista no Brasil”. Este foi um
estudo dirigido para identificar informações relativas à decisão de compra e também os
hábitos de consumo de pessoas que praticam o Ecoturismo e aqueles que demostraram
interesse em algum dia praticar. Esta é uma boa ferramenta e deve ser estudada com
cuidado, visto que é primordial entender o que as pessoas buscam em um produto turístico
para que se possa desenvolvê‐lo a contento.
Entre as informações relevantes para qualquer segmento do turismo que envolve o
ambiente natural, podemos r a percepção dos entrevistados na pesquisa em relação ao que
eles sentem quando estão dentro e fora do sistema, ou seja, no dia a dia ou fora deles.
Vejamos a Figura 1:
Figura 1 ‐ Percepção dos entrevistados em relação ao “sistema” – o dia a dia.
Ecoturismo Página | 19
Fonte: MTur & ABETA. Perfil do turista de aventura e do ecoturista no Brasil, 2010
A figura mostra bem a necessidade de viajar como um contraponto ao
funcionamento mecânico do dia a dia das pessoas. “São vários os relatos que mostram o
desconforto do indivíduo no ‘sistema’, a necessidade de sobrevivência e a contenção de
emoções: a vida como funcionamento de uma máquina. Desse lugar, os entrevistados olham
para ‘fora’, querem extravasar, gritar, chegar mais perto da natureza, como forma de
resgatar suas forças” (MTur; ABETA, 2010, p. 30).
Em relação ao sentido da viagem para suas vidas, o resultado se resume na Figura 2,
que mostra duas grandes necessidades como porta de entrada para o mundo das viagens,
no qual o Ecoturismo tem início. A primeira é a fuga, justamente para sair do cotidiano e a
segunda é de resgatar o prazer da vida, um resgate da infância.
Figura 2 ‐ Das necessidades às viagens, caminhos para o autoconhecimento e autodesenvolvimento.
Fonte: MTur; ABETA. Perfil do turista de aventura e do ecoturista no Brasil, 2010
Analisando a Figura 2, é possível notar que esses dois caminhos são apontados
pelos entrevistados, primeiro como uma fuga em busca de descanso, que pode ser
conseguido com a prática do não fazer nada (ócio) ou de fazer algo diferente e, segundo,
como uma forma de resgatar memórias da infância, quando se viajava com os pais para o
sítio dos avós, para um parque, para praia ou para as montanhas. Ambos os caminhos
envolvem o viajar, ainda que seja uma viagem para não fazer nada.
Ecoturismo Página | 20
As viagens para a natureza representam três níveis de envolvimento distintos:
primeiro, apenas de contato, seguido da interação e por último uma combinação dos dois
primeiros. No contato a natureza aparece como algo admirável, intocável, uma espécie de
santuário. Na interação, a natureza dinâmica, repleta de boas surpresas, convida a uma
experiência de troca. A combinação é o equilíbrio entre todas as variáveis – turista, atividade,
comunidade e natureza. Assim, tem‐se a viagem como (MTur; ABETA, 2010, p. 31):
Segundo o estudo, a maioria das pessoas que desenvolvem atividades de
Ecoturismo e Turismo de Aventura possuem como características:
sexo masculino;
idade entre 18 e 29 anos;
solteiros;
ensino médio completo e ensino superior incompleto;
classe social B;
hábitos de viajar em grupos;
contribui para o planejamento da sua viagem;
demonstra respeito pelo ambiente natural e social;
exige qualidade, segurança, acessibilidade e informação.
É importante pensar o desenvolvimento de atividades de Ecoturismo com base
nesses dados, mas também notar a possibilidade de oferecer atividades para diferentes
perfis de turistas, lembrando ainda que, geralmente, o turista se dedica aos seus diversos
interesses passando de forma fluida e dinâmica por vários segmentos do turismo que os
locais visitados oferecem.
A PRINCIPAL FORMA DE ATENDER ÀS NECESSIDADES DE FUGA E RESGATE. O TURISMO
PARECE SER VISTO COMO O LUGAR DE SENTIR‐SE HOMEM, DE SENTIR‐SE ALGUÉM E
NÃO UMA MOEDA. ISSO ESTÁ RELACIONADO COM A VISÃO DA ATUALIDADE, POIS OS
INDIVÍDUOS SENTEM, EM GERAL, A DESUMANIZAÇÃO DAS RELAÇÕES. ALÉM DISSO,
ESTÁ RELACIONADO AO QUE ALGUNS AUTORES CHAMAM DE REALIZAÇÃO DAS
NECESSIDADES DE AUTODESENVOLVIMENTO OU AUTOCONHECIMENTO. OS
INDIVÍDUOS BUSCAM SE CONHECER NAS VIAGENS, QUE SÃO TAMBÉM UM RESGATE
DO QUE A PESSOA É.
Ecoturismo Página | 21
Outras informações importantes estão no documento e vale um estudo mais
aprofundado. Temos duas fontes de estudos sobre o perfil do turista; o primeiro é mais
detalhado e está focado nos segmentos de Ecoturismo e turismo de aventura e o segundo
contempla aspectos é mais amplos:
Perfil do Turista de Aventura e do Ecoturista no Brasil. Disponíveis em:
http://www.abeta.com.br/pesquisaperfil/
Pesquisa de Hábitos de Consumo do Turismo Brasileiro. Disponíveis em:
http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/dadosefatos/demanda_turistica/pes
quisa_habitos/
Ecoturismo Página | 22
3. Bases para o desenvolvimento do segmento
Ao se pensar o Ecoturismo como alternativa econômica para uma região turística
deve‐se compreender esse segmento como uma forma de promover a conservação,
valorização dos recursos ambientais e turísticos e a efetiva inserção das comunidades locais.
A seguir são apresentados pontos que merecem destaque para a estruturação de produtos
turísticos e o desenvolvimento do segmento.
3.1. Diagnóstico dos recursos naturais e de serviços
Para iniciar qualquer atividade turística, idealmente parte‐se de um processo de
planejamento que tem início com a realização de um inventário que visa analisar os recursos
naturais e sua potencialidade como atrativo turístico e dar bases para a estruturação do
destino, identificando equipamentos e serviços básicos e de apoio ao turismo necessários à
prática do segmento.
Para a identificação dos atrativos turísticos – recursos naturais que possam atrair o
fluxo turístico, tais como: rios, montanhas, praias, cachoeiras etc. –, é preciso verificar quais
estão presentes na região e quais têm capacidade potencial de atrair fluxos turísticos. Para
tanto, consideram‐se suas características singulares, a beleza da paisagem e seu valor.
É importante também identificar as áreas especialmente protegidas, como as
Unidades de Conservação existentes na região. Por concentrarem uma grande diversidade
de recursos, tais áreas representam um grande atrativo para os ecoturistas.
Com estas informações fica clara a importância do uso de estudos e pesquisas para
o correto planejamento de ações que valorizem o meio natural e contribuam para o
desenvolvimento sustentável das regiões e o fortalecimento do Ecoturismo.
O inventário da oferta turística compreende o levantamento, a
identificação e o registro dos atrativos turísticos, dos serviços e equipamentos
turísticos e da infraestrutura de apoio ao turismo, como instrumento base de
informações para fins de planejamento e gestão da atividade turística. Assim, é
possível sistematizar dados e informações sobre a oferta turística local e regional e
as potencialidades dos atrativos turísticos.
Ecoturismo Página | 23
Além disso, conhecer o perfil da demanda, as características da oferta, os produtos
e as atividades disponíveis no mercado, o impacto econômico de seu desenvolvimento em
âmbito local, regional e nacional, entre outros, é de grande relevância. Tais informações
consistem em subsídio para o direcionamento de esforços por parte da iniciativa privada,
além de servirem de base para a formulação de políticas públicas. Por isso, a estruturação de
produtos e serviços turísticos, bem como de destinos, deve estar atenta às pesquisas
relacionadas ao Ecoturismo.
Para a visitação ser viável, o segmento necessita de uma rede de negócios locais
(hospedagem, alimentação, condução etc.) que, juntamente com os atrativos, reúnem as
condições favoráveis para o estabelecimento de roteiros e produtos de Ecoturismo a serem
comercializados por agências ou operadoras. Logo, a região deve dispor de meios de acesso
em boas condições, serviços de infraestrutura básica (água, coleta de lixo), além dos serviços
de hospedagem, transporte, alimentação e apoio ao turismo como centros de informação,
sinalização interpretativa e educativa e profissionais qualificados, entre outros fatores.
Os serviços de condução, guiamento ou monitoria são fundamentais no
Ecoturismo, assim como os serviços médicos e de busca e salvamento – que devem ser
disponibilizados a partir de um processo de capacitação adequado às peculiaridades das
atividades do segmento. A profundidade com que os prestadores de serviço irão se capacitar
dependerá da disponibilidade de recursos públicos de emergência na região; desta maneira,
localidades com menos recursos terão que articular esforços privados, seja de maneira
individual, agregando os serviços de atendimento a emergência ao produto, ou de maneira
coletiva, articulando‐se politicamente para mostrar a necessidade destes recursos e
conseguir apoio junto ao poder público a fim de que as condições locais sejam melhoradas.
Ressalta‐se, ainda, que apesar de em geral os praticantes do Ecoturismo aceitarem
acomodações e serviços menos sofisticados, bem como formas de acesso menos
estruturadas, isso não significa que tais serviços e equipamentos não devam primar pela
qualidade e pelo bom atendimento.
Algumas peculiaridades dos serviços e infraestrutura devem ser observados:
a. Acesso e Transporte : É preciso considerar o acesso ao destino e aos atrativos,
bem como as condições destes acessos. Assim, o tipo de transporte deverá estar adaptado
Ecoturismo Página | 24
às condições de acesso de maneira a manter a segurança, com atenção para minimizar o
impacto ao meio;
b. Hospedagem: Alguns destinos oferecem meios de hospedagem e alojamentos
chamados “ecoturísticos”, inseridos em regiões distantes dos grandes centros urbanos, que
podem se situar em áreas protegidas ou núcleos populacionais e comunidades adjacentes a
elas. A maioria deles tem poucas acomodações. Atualmente é possível observar iniciativas
de turismo de base comunitária e acomodações em casas das comunidades receptoras como
uma alternativa de hospedagem. O planejamento de meios de hospedagem para o
segmento deve incluir questões organizacionais, de planejamento do local, design das
edificações, utilização de energia e infraestrutura dentro do conceito de tecnologias limpas,
disposição de resíduos e acessibilidade;
c. Alimentação: Observa‐se que, em geral, a alimentação é oferecida em
conjunto com os serviços de hospedagem, sendo caracterizada pela simplicidade, pelo
respeito e valorização à culinária e gastronomia locais e pela disponibilidade de alimentos
característicos da região. Em qualquer situação, é fundamental garantir a manipulação
segura de alimentos e a higiene;
d. Infraestrutura: Entre os aspectos de infraestrutura de apoio ao turismo, para
o Ecoturismo é essencial que sejam disponibilizados os seguintes serviços:
Busca e salvamento: geralmente as atividades realizadas em meio a natureza estão
em localidades denominadas áreas remotas, o que quer dizer que na eventualidade
de um acidente, o resgate oferecido pelas forças públicas pode estar a horas ou
mesmo dias de distância; assim é importante garantir a presença de grupos e
equipamentos para busca e salvamento no local ou, quando disponíveis na
localidade ou região, mecanismos rápidos para acioná‐los. Este é um fator
fundamental na execução e na gerência de riscos da atividade de Ecoturismo e
precisa ser planejado de acordo com as características e recursos disponíveis.
Serviço médico‐hospitalar: item fundamental para o segmento, tendo em vista as
distâncias entre os atrativos e os centros urbanos capacitados a atendimentos
médico e hospitalar. Nesse sentido, recomendam‐se ambulatórios ou postos de
atendimento emergencial (pronto‐socorro) em concordância com os processos de
gerenciamento de riscos existentes;
Ecoturismo Página | 25
e. Seguro de vida: É aconselhável aos operadores que forneçam seguro de
viagem ou comuniquem sua não realização, para que o cliente neste caso opte pela a
aquisição direta do seguro para o período de deslocamento e permanência no destino.
f. Condução: A condução exerce papel fundamental no segmento por auxiliar e
promover a educação ambiental por meio da interpretação dos recursos. São algumas das
principais funções dos guias e condutores em Ecoturismo: organizar, liderar o grupo,
interpretar o meio ambiente, motivar o grupo, instruir e prover entretenimento. Nesse
sentido é importante que se invista permanentemente em capacitação e aperfeiçoamento.
É importante salientar que o papel do guia não se restringe apenas ao momento da
atividade, mas também ao período que a antecede. É fundamental fornecer informações
claras e detalhadas de todas as atividades, da região e do atrativo, promovendo o equilíbrio
das expectativas do visitante com aquilo que o empreendimento tem a oferecer, diminuindo
problemas de comunicação, como falta de informação, e constrangimentos pela realização
de atividades das quais o visitante não tinha conhecimento.
As técnicas utilizadas variam de acordo o objetivo da interpretação e do público –
que está conhecendo a localidade ou região, visto que não se pode desassociar a área
natural interpretada de sua dinâmica sociocultural.
g. Receptivo: As agências de turismo locais são essenciais para promover a
relação entre a região turística visitada, o turista e o tipo de experiência por ele vivenciada.
Guias, condutores ambientais locais e profissionais das áreas da biologia, geografia, história,
entre outras, podem compor o quadro de funcionários das agências de receptivo ou
estabelecer acordos para terceirização de serviços, sendo os responsáveis, em parte, pela
satisfação dos turistas. É importante destacar ainda que o receptivo é o responsável pela
articulação dos negócios locais, sejam eles geridos pelo setor privado, poder público,
terceiro setor ou comunidade, na medida em que reúne todos os serviços em um só
produto.
3.2. Controle e manutenção do meio
Como vimos, o primeiro passo para o desenvolvimento do segmento é a
identificação e análise dos recursos naturais existentes. Mas não basta apenas uma
identificação e análise de qualidade, é necessário controlar seu uso para garantir a
Ecoturismo Página | 26
manutenção e a viabilidade do segmento. A minimização dos possíveis impactos negativos é
um eixo que caracteriza segmento, para isso é necessário utilizar um modelo de gestão
sustentável da atividade, o que significa dispor de um conjunto de medidas planejadas,
organizadas e gerenciadas de forma sistêmica, capazes de promover a conservação,
recuperação, preservação e manejo da área em questão, em sintonia com as demais
atividades no território. A isso denomina‐se gestão ambiental.
Portanto, pode‐se afirmar que a gestão ambiental é um processo fundamental para
o desenvolvimento do Ecoturismo. É indispensável observar alguns instrumentos e
mecanismos reguladores pertinentes ao processo de gestão ambiental, tais como as normas,
os métodos e as tecnologias disponíveis para adequar os planos e os projetos de Ecoturismo
às metas de conservação ambiental e de qualidade de vida.
Existem diversas metodologias de gestão ambiental e aqui apresentamos alguns
instrumentos importantes nesse processo:
a. Sistema de Gestão Ambiental (SGA): o SGA é parte do sistema total das
organizações e inclui a estrutura organizacional, as atividades de planejamento, as
responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver,
implementar, alcançar, proceder à avaliação crítica e manter as políticas sociais e
ambientais. A implementação de sistemas de gestão exigem a articulação destes elementos
e um processo de verificação sistemático e documentado para obter e avaliar objetivamente
o desempenho ambiental das organizações, que poderá ser atestado por meio de auditorias
de forma a determinar se o SGA está em conformidade com os critérios formados pela
própria organização. O Padrão é instrumento de utilização frequente na gestão ambiental,
sendo os principais:
Padrões de qualidade ambiental: determinam os limites máximos de concentração de
poluentes no meio ambiente;
Padrões tecnológicos: determinam o uso de tecnologias específicas;
Padrões de emissão: determinam os limites máximos para as concentrações ou
quantidades totais de poluentes a serem despejados no ambiente por uma fonte
específica;
Padrões de desempenho: especificam, por exemplo, a percentagem de remoção ou
eficiência de um determinado processo;
Ecoturismo Página | 27
Padrões de produto e processo: estabelecem limites para a descarga de efluentes
por unidade de produção ou por processo.
Também merecem destaque mencionar os Selos de Qualidade e Certificação,
instrumentos de marketing oriundos da implantação de SGAs, remetendo diretamente ao
consumidor uma comunicação (o selo) de que determinado empreendimento adota
medidas de controle de impactos sociais e ambientais.
b. Capacidade de Suporte: A capacidade de suporte, aplicada na prática, depende
das condições da área, do número e da qualidade dos equipamentos instalados, dos hábitos
da vida animal e das populações locais. Seu objetivo principal é minimizar impactos
negativos como descaracterização da paisagem, desmatamentos, erosões, entre outros.
A capacidade de suporte pode ser entendida como um processo para monitorar as
atividades turísticas e correlatas no meio ambiente físico, social e cultural. Este processo
deve ser utilizado como uma estratégia de manejo a ser implementada pelos gestores de
destinos, das Unidades de Conservação e proprietários de empreendimentos.
Embora sua análise esteja vinculada ao limite do número de visitantes, é necessário
entender as causas e efeitos da possível saturação do ambiente para encontrar outras
soluções para a resolução do problema. É uma ferramenta necessária para o gerenciamento
dos atrativos naturais em áreas com forte pressão de demanda, como trilhas e cachoeiras. A
gestão do limite de capacidade de carga deve estar diretamente relacionada à gestão da
segurança, aliadas à qualidade da experiência do visitante.
Por se tratar de um processo bastante complexo, existem muitos métodos e
ferramentas que são mais apropriadas a um dado contexto. Muitos métodos de
monitoramento e controle de impactos da visitação têm sido aplicados, mas os resultados
desses controles não são totalmente conhecidos. Algumas metodologias estão em
elaboração no Brasil e no mundo. Das diversas metodologias existentes vamos apresentar
apenas alguns exemplos que são facilmente encontradas em referências sobre manejo de
trilhas e do uso público:
VIM (Visitor Impact Management) – Manejo do Impacto da Visitação, 1990 –
metodologia que exige análise de políticas, legislação e aspectos sociais e ambientais,
enfatizando a causa dos impactos. Estabelece os potenciais impactos negativos sobre os
recursos e indica o monitoramento e ações que possam minimizar os impactos gerados.
Ecoturismo Página | 28
A aplicação dos métodos de seleção e impactos deve ser realizada por equipes
multidisciplinares e integrar representantes das comunidades locais;
Metodologia de Cifuentes para Capacidade de Carga, 1992 – representa um modelo
matemático que define um número exato de visitantes em um local. Foi desenvolvida
para ser uma metodologia mais facilmente aplicável às áreas protegidas dos países em
desenvolvimento, em razão da falta de recursos e de informações de pesquisas
necessárias para a utilização dos outros modelos mais difundidos;
LAC ou Limites de Mudança Aceitável, 1985 – baseia‐se no princípio de que qualquer
ação de manejo ou uso em um ambiente natural necessariamente gera alterações no
mesmo. Portanto, o objetivo do gestor não deve ser evitar ou eliminar as alterações no
ambiente natural causadas pela ação humana, mas sim mantê‐las dentro de parâmetros
aceitáveis. No caso da visitação, os gestores devem estabelecer a quantidade e o tipo
admissíveis ou aceitáveis, sendo que o método não define os limites em termos de
quantidade e tipo de uso da área, mas sim em termos de impactos gerados pelo uso.
É importante ressaltar que o limite de saturação de um ambiente não se esgota só
pela análise de carga ecológica e biofísica; cabe também sinalizar o limite de suporte
sociocultural e de capacidade de suporte estética, relacionada com a experiência do
visitante e seu nível de satisfação na viagem por meio da prestação de serviços locais. Os
moradores da localidade também precisam ser considerados, evitando que se formem
situações em que, por exemplo, os turistas sejam por eles rejeitados, porque destroem o
meio, agridem sua cultura e impedem sua participação nas atividades e frequência a lugares
da região que habitam.
EM BONITO/MS, OBSERVA‐SE EM ALGUMAS PROPRIEDADES UMA ALTERNATIVA PARA SE REALIZAR O
CONTROLE DE VISITANTES EM UMA TRILHA, EVITANDO A DEGRADAÇÃO DO AMBIENTE E A LOTAÇÃO DE
UMA MESMA ATIVIDADE EM UM ATRATIVO TURÍSTICO. ALÉM DO CONTROLE DE VISITANTES NA
PROPRIEDADE E DA QUANTIDADE PERMITIDA DE TURISTAS PARA REALIZAR A TRILHA POR PERÍODO, FORAM
COLOCADOS VÁRIOS RELÓGIOS COM CRONÔMETROS. AO PASSAR, O GUIA ZERA O CRONÔMETRO.
QUANDO O PRÓXIMO GUIA CHEGAR COM O NOVO GRUPO, SABERÁ EXATAMENTE HÁ QUANTO TEMPO O
ÚLTIMO GRUPO PASSOU E QUANTO DEVE SER O INTERVALO ENTRE OS GRUPOS, EVITANDO QUE A
CAPACIDADE DE CARGA SEJA ULTRAPASSADA E GARANTINDO UMA MELHOR QUALIDADE NA VIVÊNCIA DOS
TURISTAS. (MTur, 2006)
Ecoturismo Página | 29
Afim de minimizar os impactos, é necessário transmitir aos turistas informações
sobre como participar da atividade causando o mínimo de impacto à natureza. Para isso,
o Ministério do Meio Ambiente possui a Campanha Conduta Consciente em Ambientes
Naturais, que dissemina práticas de conduta consciente entre os visitantes destinos de
natureza.
3.3. A cadeia produtiva do segmento
A cadeia produtiva é constituída de alguns elos que, interligados, permitem que o
produto de Ecoturismo chegue até um determinado número de clientes. Os elos são todas
as organizações que, de alguma forma, contribuem para que o produto seja oferecido:
aqueles que executam o serviço de condução/monitoria, os que oferecem a alimentação, os
que realizam o transporte dos clientes, e mesmo aqueles que estão fora do destino e apenas
o comercializam, viabilizando o acesso do público‐alvo aos produtos oferecidos. Nesse
sentido, o conhecimento das possíveis regiões emissoras é imprescindível para a seleção dos
locais, a fim de que seja possível promover a comercialização direta e rápida dos produtos
ecoturísticos.
Além disso, no caso do Ecoturismo, os agentes promotores e operacionalizadores
não são compostos apenas pelo setor privado. O governo é parte da cadeia de estruturação
dos produtos de Ecoturismo, em função de atividades e ações desenvolvidas em Unidades
de Conservação, cuja gestão é pública. Ainda assim, há diversos parques nacionais e
estaduais que contam com a prestação de serviços em atividades especializadas em
transporte, alimentação, hospedagem, entretenimento e aventura terceirizados ao setor
privado. Porém, no que se refere às unidades de conservação, cabe ressalvar as reservas
privadas, de propriedade de particulares e muitas vezes de entidades do terceiro setor.
Outro elo da cadeia do Ecoturismo que merece especial atenção são organizações
não governamentais (ONGs) – ambientalistas ou socioambientalistas, que promovem
destinos, serviços e produtos de caráter ecoturístico, especialmente os relacionados às
comunidades locais.
No que tange ao processo de distribuição e comercialização, temos no turismo, de
maneira geral, 4 níveis de intermediação no processo de compra:
Ecoturismo Página | 30
o primeiro é realizado diretamente aos consumidores, quando o prestador de serviço (o
“produtor”, seja uma agência de receptivo ou associação de guias e condutores) oferece
e vende diretamente seus produtos, serviços e atividades diretamente aos turistas e
visitantes – aqui não há intermediação;
o segundo possui um nível intermediário em que a venda é realizada, por exemplo, o
serviço oferecido por uma agência de turismo;
o terceiro possui dois níveis de intermediação – uma operadora que cria um produto
(roteiro) e uma agência que vende ao consumidor;
o quarto possui três níveis de intermediação até chegar ao consumidor – operadora de
turismo, agência de viagens e o “produtor”.
3.4. Estabelecimento de parcerias e formação de redes
Estabelecer parcerias para o desenvolvimento do Ecoturismo é fundamental, mas as
parcerias devem envolver um nível de participação da comunidade no âmbito da qual o
produto de Ecoturismo acontece. Assim as parcerias podem ter início entre vários
empresários que ofertam produtos em uma região de forma conjunta, incluindo o poder
público e a iniciativa privada que oferece serviços complementares de apoio ao turista, bem
como membros de uma comunidade que ofertam atividades do segmento.
Para isso é necessário desenvolver poder de articulação institucional e envolver os
diversos atores sociais do turismo – governo, empresários, organizações não
governamentais, instituições de ensino e pesquisa e associações comunitárias –, para que
sejam realizadas ações para a efetiva inserção de produtos no mercado turístico, como
planejamento participativo, ordenamento, monitoramento, implantação de infraestrutura e
qualificação profissional.
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Figura 3 ‐ Inter‐relações entre os diversos atores e setores dos destinos de Ecoturismo
Fonte: MTur. Ecoturismo: Orientações Básicas. 2010
Uma prática comum no Ecoturismo é o estabelecimento de cooperativas, formadas
por pequenos empreendedores que atuam com turismo, cujo intuito é promover e organizar
a atividade, por meio da comercialização de roteiros que visam à geração de renda para as
comunidades, promovendo a conservação da natureza e oferecendo maior qualidade com
serviços diferenciados aos turistas que visitam a região.
Outra maneira de desenvolver a capacidade de articulação é a formação de Redes.
As Redes são instrumentos de troca de informações, experiências e fortalecimento das
relações entre os diversos parceiros envolvidos no processo de desenvolvimento do turismo.
A troca de informações organiza a colaboração desses agentes e permite que eles
implementem ações comuns e articulações para o desenvolvimento do turismo.
A formação de redes, além do papel de ação coletiva para alcance de objetivos,
também é fundamental para trazer legitimidade às decisões e ações definidas, bem como
para estimular que tais ações tenham continuidade, independentemente de trocas de
gestão e mudanças políticas. As redes também constituem uma forma eficaz de
desenvolvimento do setor à medida que colaboram para a melhoria da produtividade,
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redução de custos, facilidades de acesso a novos mercados, trocas de experiências, maior
acesso a informações, assim como maior acesso a instituições e programas governamentais.
Para o desenvolvimento do turismo em uma região, é fundamental o
estabelecimento de uma instância de governança, a fim de reforçar a capacidade dos
grupos para lidar com seus objetivos, metas e problemas relativos à atividade, bem como
gerenciar seus recursos. A instância pode ser um fórum, um conselho, uma associação, um
comitê ou outro tipo de colegiado, sendo ainda de nível local ou regional, a depender da
forma que o turismo é desenvolvido.
Nesse contexto algumas referências para consulta são fundamentais; entre elas
estão os Módulos Operacionais de Regionalização do Turismo, que é um conjunto de
direcionamentos para promover o desenvolvimento regionalizado, propiciando a integração
de todos os setores econômicos e sociais em prol de um objetivo comum: melhorar a
qualidade de vida das populações e dinamizar a economia do País.
Outro exemplo de metodologia desenvolvida pelo Ministério foi aplicado no
município de Santarém/ PA, como Destino Referência em Ecoturismo, onde foram realizadas
ações de planejamento e estruturação do segmento. Trata‐se de uma metodologia que
estimula o envolvimento dos diferentes setores turísticos na gestão do destino: Sistema
Cores de Planejamento de Gestão de Destinos, que é um dos capítulos de: Destinos
Referência em Segmentos Turísticos – Metodologia6.
O papel das parcerias também pode ser percebido na estruturação de roteiros
6 Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/turismo/o_ministerio/publicacoes/cadernos_publicacoes/31 SegmetosTuristicos.html>.
No que tange à formação de redes, consultar: Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil – Conteúdo Fundamental – Formação de Redes.
No que diz respeito a fortalecer a capacidade de articulação, consultar: Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil – Módulo Operacional 3 – Institucionalização da Instância de Governança Regional.
Ambos os módulos estão disponíveis em:
<http://www.turismo.gov.br/turismo/o_ministerio/publicacoes/cadernos_publicacoes/07modulos_operacionais.html>.
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turísticos. Neste contexto, é bastante útil a consulta a outro módulo do Programa de
Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil – Módulo Operacional 7 – Roteirização
Turística7.
3.5. Envolvimento da comunidade local
O envolvimento comunitário é essencial para o desenvolvimento do Ecoturismo.
Isso inclui todas as fases do processo de criação e oferecimento dos produtos turísticos,
incluindo os processos de tomada de decisão – que devem ser efetivamente democráticos –
e também as ações de apoio à proteção dos recursos naturais, principalmente em áreas
protegidas.
É fundamental que as pessoas e instituições envolvidas na atividade turística
percebam seu papel neste processo. Esta é uma etapa que envolve sensibilizar a
comunidade, tornando‐a parte integrante do processo. A sensibilização pode ser entendida
como “oferecer, às pessoas da comunidade ou da região, os meios e os procedimentos que
as façam perceber novas possibilidades e lhes permitam enfrentar as mudanças e as
transformações necessárias quando se adota uma nova postura frente ao turismo” (MTur,
2007, p. 17).
Neste sentido, uma boa referência a ser consultada é o Módulo Operacional I –
Sensibilização, do Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil8.
3.6. Agregação de atratividade
Quando se incorporam atividades, serviços, valores e outros atributos ao produto
turístico, sua atratividade é, consequentemente, ampliada. Os produtos diferenciados são
mais competitivos e a sua escolha pelo consumidor ocorre porque o turista percebe maior
valor nos produtos e atividades complementares, o que valoriza seu investimento de
viagem, além de estimular a ampliação da permanência no destino.
Alguns meios para agregação de atratividade em produtos do segmento merecem
destaque, como os exemplos apresentados a seguir:
7 Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/turismo/o_ministerio/publicacoes/cadernos_publicacoes/ 07modulos_operacionais.html>. 8 Disponível em: <http://www.turismo.gov.br/turismo/o_ministerio/publicacoes/cadernos_publicacoes/ 07modulos_operacionais.html>.
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a. Conhecimento – por meio do levantamento de informações é possível
compreender as dinâmicas dos ecossistemas, seus aspectos ecológicos, culturais e interagir
com os recursos. Durante um passeio com atrativos naturais, os condutores devem
transmitir aos turistas informações sobre a flora e a fauna local de forma lúdica e
interessante, sensibilizando os turistas para a experiência junto à natureza.
b. Incentivo à pesquisa e promoção de conhecimento – investir na capacitação em
resultados de pesquisas científicas, de modo a produzir informações exatas e atuais faz parte
de um bom produto ecoturístico. Além disso, incentivar e patrocinar pesquisas e publicações
direcionadas à região é estratégia para agregar atratividade ao produto oferecido. Assim,
adaptar o conhecimento científico para o uso turístico, com informações e curiosidades
ambientais, é uma excelente oportunidade de negócio.
c. Responsabilidade social – o turismo se caracteriza pelas ações dos vários atores
sociais envolvidos na atividade, promovendo iniciativas que favoreçam o desenvolvimento
local e a inclusão social nas comunidades menos favorecidas. Nas áreas ecoturísticas com
baixo índice de renda, é necessário, em parceria com as operadoras e visitantes, estimular
projetos nas comunidades locais de proteção da natureza, narração de histórias, artes,
interpretação ambiental, para ampliar as possibilidades de promoção da qualidade de vida
dessas populações. A competitividade do Ecoturismo depende da capacidade de inovação de
suas atividades e da qualidade da oferta.
d. Tecnologias limpas e técnicas sustentáveis – Utilização de novas tecnologias e de
técnicas tradicionais ou inovadoras como práticas responsáveis em relação ao ambiente:
geração de energia de baixo impacto (solar ou eólica); tratamento de resíduos líquidos e
sólidos (implementação de estações de águas servidas, sistemas de fossas sépticas);
NA COSTA RICA, UM BIÓLOGO POSSUI UM BORBOLETÁRIO QUE REPRODUZ OS SEIS
ECOSSISTEMAS DO PAÍS DE ONDE AS ESPÉCIES SÃO ORIGINÁRIAS. AUTORIZADO PELO
GOVERNO, CRIA UM NÚMERO ESPECÍFICO DE BORBOLETAS POR ESPÉCIE,
RESPONSABILIZANDO‐SE QUE AS EXCEDENTES SEJAM REINTRODUZIDAS NO MEIO NATURAL
DA ESPÉCIE, COMO CONTRAPARTIDA AMBIENTAL. A ATRAÇÃO DESTE LOCAL VAI ALÉM DA
BELEZA E DO CONTATO COM AS BORBOLETAS, POIS TRANSMITE AO PÚBLICO
INFORMAÇÕES DESENVOLVIDAS POR PESQUISADORES.(MTUR, 2005)
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reutilização de água e materiais; coleta seletiva de lixo e reciclagem; edificações sustentáveis
(técnicas e elementos construtivos); permacultura.
e. Valorização da cultura local – há uma tendência à valorização da diversidade
cultural nas viagens, enfatizando os saberes e fazeres e a identidade cultural na experiência
turística que, antes de tudo, é uma experiência cultural. Entre essas vivências destacam‐se:
artes, artesanato, gastronomia típica, sítios históricos, danças, músicas, folclore e museus.
Além disso, a história, os costumes e o cotidiano da comunidade proporcionam intercâmbios
entre a comunidade e o visitante.
f. Integração de atividades e segmentos – no âmbito do Ecoturismo, o território é
um elemento que permite a interação com outros segmentos pela oferta de diferentes
atividades, agregando‐lhes valor. O uso dos recursos com motivações e segmentos distintos
permite que uma mesma cachoeira seja entendida, no Ecoturismo, como um atrativo
natural a ser contemplado e interpretado e, no Turismo de Aventura, como um recurso
adequado à prática do rapel. Assim é possível a promoção de diferentes práticas, tais como
caminhadas, passeios a cavalo, de bicicleta, de canoa, mergulho, arvorismo, que podem
fazer parte tanto do Turismo Rural, como do Ecoturismo e do Turismo de Aventura, entre
outros segmentos.
Pressupõe‐se que as atividades sejam oferecidas com qualidade, segurança e
respeito ao ambiente e às comunidades desde que sejam mantidas as características do
segmento principal, que imprime identidade ao produto comercializado.
UM EXEMPLO DE UM LOCAL QUE ALIA O DESENVOLVIMENTO DE SEUS PRODUTOS
ECOTURÍSTICOS À VERTENTE CULTURAL É O PERU, QUE TEM O ECOTURISMO COMO FORMA
PARA A VISITA AOS SEUS PONTOS MAIS CONHECIDOS, COMO MACHU PICCHU. (MTur, 2005)
NO RIO GRANDE DO SUL, UMA PROPRIEDADE DE TURISMO RURAL OFERECE DUAS
CAMINHADAS TEMÁTICAS, UMA NA LUA CHEIA E OUTRA SOBRE OS CICLOS DO SOL, ALIANDO O
ECOTURISMO À SUA OFERTA AOS VISITANTES.
(Projeto Economia da Experiência. Disponível em:
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Outro exemplo é o Ecoturismo trabalhado em conjunto com o Turismo de Saúde,
em que se enfatizada a questão do bem‐estar proporcionado pela pureza do ar, pelo verde
da mata e pela beleza natural.
g. Economia da Experiência – nova tendência de mercado, baseada em estudo
intitulado “Economia da Experiência”, realizado por James Gilmore e Joseph Pine,
renomados especialistas em mercado pela Universidade de Harvard. Neste estudo, sobre as
tendências de vida e consumo na atualidade, eles apontaram que as ofertas, para
contemplar as novas demandas, deveriam priorizar a “promoção e venda de experiências
únicas”, ou seja, “emoções memoráveis para os consumidores em geral”. É preciso
transformar sonhos em realidade, surpreender o turista, emocioná‐lo, encantá‐lo, buscar
apresentar o inusitado, trabalhando com os seus cinco sentidos. Estas estratégias
proporcionam ao turista uma experiência única, com alto valor agregado.
3.7. Acessibilidade
Na estruturação de um produto turístico é fundamental dedicar atenção especial à
acessibilidade. O Turismo Acessível refere‐se à possibilidade e condição da pessoa com
EM BONITO/MS, UMA PROPRIEDADE PROPORCIONA UM MAIOR CONHECIMENTO SOBRE AS
SERPENTES, PERMITINDO, APÓS AS ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, QUE O VISITANTE TOQUE NO
ANIMAL, VISANDO A APROXIMAÇÃO E A DESMISTIFICAÇÃO DA SERPENTE.
NA ILHA DO COMBÚ/PA, UM RESTAURANTE OFERECE UMA CAMINHADA PELA FLORESTA
AMAZÔNICA PARA QUE O VISITANTE CONHEÇA AS ESPÉCIES NATIVAS DA REGIÃO E DESCUBRA O AÇAÍ.
APÓS, O ALMOÇO É SERVIDO UM PEIXE COM AÇAÍ À BEIRA DO RIO, ACOMPANHADO DE UM BANHO DE
CHEIRO.
EM PETRÓPOLIS/RJ, UMA POUSADA, APÓS OS VISITANTES REALIZAREM UMA CAMINHADA ATÉ
A CACHOEIRA DAS BROMÉLIAS, DENTRO DO PARQUE NACIONAL DAS SERRA DOS ÓRGÃOS, OS RECEBE COM
ESCALDA PÉS EM BACIA DE BARRO, BOLAS DE GUDE E ERVAS FRESCAS – CAPIM LIMÃO, HORTELÃ, ALECRIM,
PÉTALAS DE ROSA E SAL GROSSO.
(Projeto Economia da Experiência. Disponível em: http://www.tourdaexperiencia.com)
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deficiência alcançar e utilizar, com segurança e autonomia, edificações e equipamentos de
interesse turístico.
No Turismo de Aventura e no Ecoturismo, o conceito de acessibilidade se estende
aos produtos oferecidos, equipamentos e procedimentos operacionais, que devem ser
acessíveis, sob o ponto de vista físico e também da comunicação, a todas as pessoas,
inclusive as com deficiência ou mobilidade reduzida.
As áreas naturais, sejam elas unidades de conservação ou propriedades particulares
que desenvolvem o Ecoturismo, devem ser acessíveis para a visitação de qualquer pessoa,
pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Para tanto, muitas vezes é necessário
adaptar instalações e espaços, tornando‐as acessíveis. As adaptações devem estar de acordo
com os princípios da preservação ambiental, permitindo que a pessoa com deficiência tenha
a experiência mais completa possível com a interpretação e educação ambiental. Alguns
A ABNT NBR 9050:2004, que trata de acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos e por isso é uma das referências no assunto, define acessibilidade como a possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaços, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos.
Assim, acessível é o espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento que possa ser alcançado, acionado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa, inclusive aquelas com deficiência ou mobilidade reduzida. E nesse sentido, o termo acessível implica tanto acessibilidade física como de comunicação. (MTur; ABETA. Manual de Boas Práticas em ecoturismo e turismo de aventura, 2010, p .13)
Acessível x Adaptado
A ABNT NBR 9050 define:
Acessível: espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento que possa ser alcançado, acionado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa, inclusive aquelas com mobilidade reduzida. O termo acessível implica tanto acessibilidade física como de comunicação.
Adaptado: espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento cujas características originais foram alteradas posteriormente para serem acessíveis.
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exemplos de adaptação para a acessibilidade são: rampas de acesso aos equipamentos,
instalação de passarelas com corrimãos em trilhas, treinamento de monitores para
atendimento em libras, material informativo em Braile e fontes de textos informativos
ampliadas.
Para oferecer atividades de turismo acessível, é importante conhecer os direitos e
necessidades de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e estar atento às inovações
dos recursos de acessibilidade disponíveis no mercado (tecnologias, equipamentos e
procedimentos).
Conhecer a legislação sobre esses direitos é fundamental. Outro passo importante
para quem atende ou quer atender pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida é
consultar as disposições da ABNT NBR 9050:2004, que estabelece critérios e parâmetros
técnicos a serem observados por ocasião do projeto, construção, instalação e adaptação de
edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade.
Além disso, é possível consultar o material produzido pelo Ministério do Turismo
em 2009, intitulado “Turismo Acessível”9. Trata‐se de uma excelente fonte de pesquisa e
referência:
1. Turismo Acessível – Introdução a uma Viagem de Inclusão
2. Turismo Acessível – Mapeamento e Planejamento do Turismo Acessível em
Destinos Turísticos
3. Turismo Acessível – Bem Atender no Turismo Acessível
4. Turismo Acessível – Bem Atender no Turismo de Aventura Adaptada
Outras publicações também servem de referência aos interessados no tema, como
Turismo e Acessibilidade: manual de orientações, publicado pelo Ministério do Turismo em
2006.
9 Disponíveis em: <http://www.turismo.gov.br>.
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4. RECOMENDAÇÕES
Em resumo, elencamos aqui alguns aspectos essenciais para a estruturação de um
produto no segmento de Ecoturismo (MTur, 2010):
Entender os conceitos, princípios e características que perpassam o segmento de
Ecoturismo;
Conhecer e aprofundar o perfil do ecoturista e do público‐alvo que se deseja atingir,
assim como dos consumidores em potencial;
Pesquisar os marcos legais aplicáveis ao segmento, adequando‐se de forma a garantir
o respeito a todas as normas estabelecidas, com base principalmente nos princípios da
sustentabilidade;
Perceber as diversas variações e atividades que podem ser realizadas no âmbito do
segmento de Ecoturismo;
Levantar os recursos naturais existentes, assim como as disponibilidades de
equipamentos e serviços necessários ao desenvolvimento de um produto turístico;
Identificar os diferenciais competitivos da região e do empreendimento turístico,
buscando o fomento ao conhecimento, integração de atividades com outros segmentos,
envolvimento da cultura local e responsabilidade social;
Buscar a formação de redes e parcerias entre comunidades locais, proprietários de
áreas naturais, empreendedores de equipamentos e serviços turísticos, gestores, órgãos
oficiais de turismo, incentivando a conservação do patrimônio natural e o bem‐estar das
populações;
Desenvolver estratégias para diminuir os impactos da sazonalidade, observando a
capacidade de suporte das regiões ecoturísticas e as possibilidades de agregação de
atratividade;
Utilizar boas práticas relacionadas ao segmento de Ecoturismo, incluindo gestão
ambiental com observância aos instrumentos reguladores, tecnologias limpas,
interpretação e educação ambiental, métodos de recuperação e reflorestamento de
áreas;
Estruturar o produto ecoturístico para sua comercialização e promoção no mercado;
Descobrir as formas existentes de incentivo ao desenvolvimento do segmento;
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Promover as regiões e os serviços ecoturísticos com o fortalecimento da imagem do
produto por meio do marketing responsável baseado na ética, legalidade e
responsabilidade social.
Observar a legislação e normas técnicas referentes à acessibilidade, de modo a
oferecer um produto acessível a todos, incluindo pessoas com deficiência ou mobilidade
reduzida.
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GLOSSÁRIO
Bioma: conjunto de diferentes ecossistemas, que possuem certo nível de homogeneidade.
São as comunidades biológicas, ou seja, as populações de organismos da fauna e da flora
interagindo entre si e interagindo também com o ambiente físico chamado biótopo. (Fonte:
Wikipedia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org>.)
Capacidade de Suporte: A capacidade de suporte corresponde ao número máximo de
visitantes e frequência dos fluxos (dia/mês/ano) que um local pode suportar em relação a
possíveis alterações nos meio físico e social.
Ecossistema: Conjunto formado por todas as comunidades que vivem e interagem em
determinada região e pelos fatores abióticos que atuam sobre essas comunidades.
Consideram‐se como fatores bióticos os efeitos das diversas populações de animais, plantas
e bactérias umas com as outras e abióticos os fatores externos como a água, o sol, o solo, o
gelo, o vento. Em um determinado local, seja uma vegetação de cerrado, mata ciliar,
caatinga, mata atlântica ou floresta amazônica, por exemplo, a todas as relações dos
organismos entre si, e com seu meio ambiente chamamos ecossistema.
Equipamentos Turísticos: conjunto de serviços, edificações e instalações indispensáveis ao
desenvolvimento da atividade turística e que existem em função desta. Compreendem os
serviços e os equipamentos de hospedagem, alimentação, agenciamento, transporte,
eventos, lazer etc. (BRASIL. Ministério do Turismo. Programa de Regionalização do Turismo –
Roteiros do Brasil: Introdução à Regionalização do Turismo. Brasília, 2007). (Fonte:
Wikipedia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org>.)
Permacultura: é uma síntese das práticas tradicionais com ideias inovadoras que une o
conhecimento secular às descobertas da ciência moderna, proporcionando o
desenvolvimento integrado de forma viável e segura. Envolve o planejamento, a
implantação e a manutenção consciente de ecossistemas produtivos em relação à
diversidade, à estabilidade e à resistência dos ecossistemas naturais. Deve resultar na
integração harmoniosa das pessoas e da paisagem, provendo alimentação, energia,
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habitação, entre outras necessidades materiais e não materiais, de forma sustentável.
(Adaptado de André Luis Jaeger Soares. Conceitos básicos sobre permacultura. Brasília:
MA/SDR/ PNFC, 1998.)
Rio‐92: ECO‐92, Rio‐92, Cúpula ou Cimeira da Terra são nomes pelos quais é mais conhecida
a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD),
realizada entre 3 e 14 de junho de 1992 no Rio de Janeiro. O seu objetivo principal era
buscar meios de conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a conservação e proteção
dos ecossistemas da Terra. (Fonte: Wikipedia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org>.)
Tecnologias Limpas: podem ser entendidas como ambientalmente saudáveis, termo
utilizado para designar aquelas tecnologias que protegem o meio ambiente; são inovações
de caráter preventivo na redefinição dos processos de produção, de composição de insumos
e de menor impacto. Informações disponíveis em: www.ibama.gov.br/ambtec
Unidades de Conservação: Lei Nº 9.985, de 18 de Julho de 2000 – Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza (SNUC).
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Relatório de visita técnica em Bonito, 2006. Disponível em: <http://www.excelenciaemturismo.gov.br>.
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como objetivo impulsionar o turismo internacional no Brasil, incrementando o número de
turistas estrangeiros no país e a conseqüente ampliação de entrada de divisas. Disponível
em: <http://www.turismo.gov.br/turismo/o_ministerio/publicacoes/cadernos_publica
coes/06planos_mkt.html>.
SOARES, André Luis Jaeger. Conceitos básicos sobre permacultura. Brasília: MA; SDR; PNFC,
1998.
AUTORES
Edner Antônio Brasil
Esportista praticante do montanhismo e da escalada. Trabalha com qualificação e desenvolvimento
de competências técnicas e gerenciais nas áreas de gestão do risco e segurança para os segmentos
de Ecoturismo e Turismo de Aventura. Desenvolve trabalhos diretamente ligados à gestão de
pessoas, à produção de conhecimento técnico sobre gestão do risco, ao processo de normalização
para o Turismo de Aventura. Coautor do Manual de Boas Práticas de Competências Mínimas do
Condutor.
Contatos: (11) 3774 9068 / 5436 7844 Skype: brasil_brasa E‐mail: [email protected]
Rubens Hashimoto
Entusiasta de esportes de natureza, entre eles o surfe, a escalada e o montanhismo clássico.
Desenvolve trabalho de guia de montanha, guia de turismo especializado em atrativo natural,
educador ao ar livre e instrutor de treinamentos empresariais, assim como de alpinismo industrial
(trabalho em altura). Coautor do Manual de Boas Práticas de Competências Mínimas do Condutor e
tutor do curso de educação à distância.
Contatos: (11) 3774 9068 / 7164 7961 Skype: rubensyuri E‐mail: [email protected]