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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA RENATA BESSA PONTES ENVOLVIMENTO DA ENDOTELINA-1, DE RECEPTORES (TRPV1 E NMDA) E DA SUBSTÂNCIA P NA NEUROPATIA SENSITIVA PERIFÉRICA INDUZIDA PELO AGENTE ANTINEOPLÁSICO OXALIPLATINA FORTALEZA 2015

UFC - ENVOLVIMENTO DA ENDOTELINA-1, DE RECEPTORES … · 2019-10-21 · 0 universidade federal do cearÁ faculdade de medicina departamento de fisiologia e farmacologia programa de

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMACOLOGIA

RENATA BESSA PONTES

ENVOLVIMENTO DA ENDOTELINA-1, DE RECEPTORES

(TRPV1 E NMDA) E DA SUBSTÂNCIA P NA NEUROPATIA

SENSITIVA PERIFÉRICA INDUZIDA PELO AGENTE

ANTINEOPLÁSICO OXALIPLATINA

FORTALEZA

2015

1

RENATA BESSA PONTES

ENVOLVIMENTO DA ENDOTELINA-1, DE RECEPTORES

(TRPV1 E NMDA) E DA SUBSTÂNCIA P NA NEUROPATIA

SENSITIVA PERIFÉRICA INDUZIDA PELO AGENTE

ANTINEOPLÁSICO OXALIPLATINA

Tese apresentada ao programa de Pós-graduação

em Farmacologia da Faculdade de Medicina do

Departamento de Fisiologia e Farmacologia da

Universidade Federal do Ceará, como parte dos

requisitos para obtenção do título de Doutor em

Farmacologia.

Orientador: Prof. Dr. Ronaldo de Albuquerque Ribeiro

Co-orientadora: Profa. Dra. Mariana Lima Vale

Trabalho desenvolvido no Laboratório de Farmacologia da Inflamação e do Câncer

(LAFICA) da Universidade Federal do Ceará

FORTALEZA

2015

2

RENATA BESSA PONTES

ENVOLVIMENTO DA ENDOTELINA-1, DE RECEPTORES (TRPV1 E NMDA) E DA

SUBSTÂNCIA P NA NEUROPATIA SENSITIVA PERIFÉRICA INDUZIDA PELO AGENTE

ANTINEOPLÁSICO OXALIPLATINA

Essa tese foi submetida como parte dos requisitos necessários à obtenção do Grau de Doutor em Farmacologia, outorgado pela Universidade Federal do Ceará e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca setorial da referida Universidade. Data da aprovação: ___/___/_____

BANCA EXAMINADORA

3

Dedico essa tese a toda minha família que tanto

me apoia. Em especial aos meus pais que

sempre acreditaram no meu sucesso, aos meus

irmãos que sempre estiveram ao meu lado, ao

meu querido esposo, meu companheiro, pelo

apoio, dedicação e compreensão nos momentos

difíceis e ao meu amado filho que na sua

pequenenice ainda não compreendeu minhas

ausências quando me chamava para brincar.

4

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por todas as oportunidades em minha vida, pelos dons

da ciência e sabedoria tão necessários para o desenvolvimento desse trabalho. E a

Nossa Senhora por sempre guiar meus caminhos.

Muito especialmente ao meu orientador Prof. Dr. Ronaldo de Albuquerque

Ribeiro pela oportunidade e ensinamentos durantes todos esses anos no

laboratório, por ter acreditado em mim e pelo exemplo de competência e

profissionalismo. E hoje, um mês do seu falecimento não tenho como deixar de

mencionar a enorme falta que faz no LAFICA! Saudades eternas!

Agradeço à minha co-orientadora Profa. Dra. Mariana Lima Vale pela sua

paciência e dedicação, transmitindo-me apoio para a realização desse trabalho.

Aos Profs. Thiago Cunha e Fernando Cunha pelo apoio durante o

desenvolvimento da pesquisa na FMRP (USP).

À amiga, grande amiga, Juliana Lino pela disponibilidade e organização dos

experimentos que juntas realizamos, sentirei saudades.

Aos amigos Fábio Bezerra, Ana Paula, Anamaria, Carol, Cibele, Aline,

Deysen pela participação neste trabalho e de um modo geral a todos que fazem o

LAFICA.

Aos Professores Alexandre Havt e Roberto César e aos amigos Deysi

Wong, Karoline Aragão, Marco Clementino, Mário Pontes, Kalina Souza,

Rosinha pela amizade e disposição para ajudar.

À técnica de laboratório Vandinha, que é mais que uma técnica, pelo

reiterado carinho e apoio.

5

Ao corpo docente do programa de Pós-graduação do Departamento de

Fisiologia e Farmacologia pela formação que me legaram e à Dra Margarida, do

Departamento de Patologia, por gentilmente ter cedido espaço em seu laboratório,

assim como ao técnico Adalberto Júnior.

À Unichristus por todo apoio a mim conferido em especial ao Dr. José

Rocha e à Profa. M.Sc. Romina Mourão representando meus amigos na

Instituição.

À Profa. Elzenir Coelho e Prof. Edson Alencar pelo atendimento linguístico,

à Profa. M.Sc. Cymara Kuhener pela bioestatística, à Profa. Dra. Mirizana Alves

pelo apoio metodológico e à Profa. M.Sc. Cintia Rocha pelo apoio psicológico.

À Profa M.Sc. Ediara Rios e Profa. M.Sc. Mylza Carvalho pelo apoio no

início da vida acadêmica como exemplos de profissionais e de docentes.

À Profa. M.Sc. Fabiane Elpídio pelo apoio como coordenação do curso de

Fisioterapia (UFC) e ao colegiado pelo incentivo nesta fase final.

Ao Grupo São Vicente (GSV), in memoriam Ir. Yolanda Brasil, pela formação

pessoal e religiosa a mim conferidos.

Aos meus pais, amigos incondicionais, pelo eterno e imensurável amor, pela

minha existência e o que dela sou.

Aos meus irmãos, cunhadas, sobrinhos, tios, primos, sogros e amigos por

sempre acreditarem na minha dedicação e nos frutos dela colhidos.

6

Ao meu esposo, Júlio César, amigo e confidente, pelo lindo amor que me

dedica, por me tornar uma pessoa mais feliz e por acreditar em meus e, em nossos,

sonhos, fazendo até o impossível para a realização dessa tese.

Ao meu abençoado filho por sempre perguntar, quando a mamãe estava no

computador, se já estava perto de terminar para ir com ele brincar.

À FUNCAP pelo grande apoio financeiro durante os anos de pesquisa.

E a todos que participaram direta ou indiretamente em alguma etapa para a

realização desse trabalho.

7

Buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça,

e todas as coisas vos serão acrescentadas (Mt

6, 33).

8

RESUMO

ENVOLVIMENTO DA ENDOTELINA-1, DE RECEPTORES (TRPV1 E NMDA) E DA SUBSTÂNCIA P NA NEUROPATIA SENSITIVA PERIFÉRICA INDUZIDA PELO AGENTE ANTINEOPLÁSICO OXALIPLATINA. Renata Bessa Pontes. Doutorado em Farmacologia Departamento de Fisiologia e Farmacologia. Faculdade de Medicina. Universidade Federal do Ceará. Orientador: Prof. Dr. Ronaldo de Albuquerque Ribeiro. Co-Orientadora: Profa. Dra. Mariana de Lima Vale.

Introdução: A neurotoxicidade cumulativa é uma toxicidade que pode advir da terapia à base de

oxaliplatina (OXL), que é a 3ª geração de agentes platinos com amplo espectro de atividade

antitumoral, incluindo câncer colorretal, ovariano e pulmonar. A neurotoxicidade associada à OXL

gera uma toxicidade dose-limitante, crônica, a neuropatia sensitiva periférica (NSP). Objetivo:

Investigar o envolvimento da endotelina-1, de receptores TRPV1 e NMDA e da substância P

envolvidos na patogênese da neuropatia sensitiva periférica induzida pelo agente antineoplásico

oxaliplatina. Materiais e métodos: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Animal

da UFC (protocolo nº 75/12). Camundongos Swiss machos (20g) foram pré-tratados com

antagonistas de receptores de endotelina-1 (Bosentana 100mg/kg, VO; BQ-123 e BQ-788 30µl,

intraplantar) e antagonistas do receptor TRPV1 (capsazepina, 5mg/kg, IP), antagonista do receptor

NK-1 da Substancia P (apreptanto, 1mg/kg, IP) e antagonista de receptores NMDA (MK-801,

0,5mg/kg, IP) 30 minutos antes da administração de OXL (1mg/kg, IV) por 4 semanas e meia.

Paralelamente foram realizados testes nociceptivos para avaliar o desenvolvimento da neuropatia

sensitiva periférica. A hipernocicepção foi avaliada pelo teste de imersão da cauda (TIC) em água fria

(10ºC) ou aquecida (43ºC) e pelo teste Von Frey (HPM). Em seguida, foi realizado

imunofluorescência do segmento medular e gânglio da raiz dorsal e RT-PCR. Resultados: Como

resultados observou-se que com o pré-tratamento ao uso de OXL que houve atenuação da

hiperalgesia da NSP induzida por OXL. Ao realizar a administração de antagonistas seletivos de

endotelina-1 intraplantar na pata direita observou-se redução significativa na hiperalgesia na pata

direita (tratada) em comparação à pata esquerda (controle). Ao analisar a expressão gênica para

cFos, NK-1 e o receptor de endotelina B, observou-se que houve redução significativa da expressão

dos marcadores no grupo pré-tratado com Bosentana ao comparar com o grupo OXL, que

demonstrou a expressão aumentada para esses marcadores. Conclusão: Conclui-se no presente

estudo que há evidências do papel da endotelina-1, de receptores (TRPV1 e NMDA) e da substância

P na patogênese da NSP induzida pelo agente antineoplásico OXL.

Palavras-chave: 1. Compostos de Platina. 2. Endotelina 3. Doenças do Sistema Nervoso Periférico.

4. Camundongos.

9

ABSTRACT

INVOLVEMENT OF ENDOTHELIN-1, RECEPTORS (TRPV1 AND NMDA) AND

NEUROPEPTIDE SP IN PERIPHERAL SENSITIVE NEUROPATHY INDUCED BY

ANTINEOPLASTIC AGENT OXALIPLATIN. Renata Bessa Pontes. PhD in Pharmacology

Department of Physiology and Pharmacology. Faculty of Medicine. Federal University of Ceara.

Advisor: Prof. Dr. Ronaldo Ribeiro de Albuquerque. Co-Advisor: Prof. Dra. Mariana Lima Vale.

Introduction: The cumulative neurotoxicity is a toxicity that can result from oxaliplatin-based therapy

(OXL), which is the 3rd generation platinum agent with broad spectrum of antitumor activity, including

colorectal, ovarian and lung cancer. Neurotoxicity associated with OXL generates a dose-limiting

toxicity, chronic, peripheral sensory neuropathy (NSP). Objective: To investigate the involvement of

endothelin-1, TRPV1 receptors and NMDA and substance P involved in the pathogenesis of

peripheral sensory neuropathy induced by oxaliplatin antineoplastic agent. Methods: Male Swiss mice

(20g) were pre-treated with antagonists of endothelin-1 receptors (Bosentan 100mg / kg orally; BQ-

123 and BQ-788 30μl, intraplantar) and TRPV1 receptor antagonists (capsazepine, 5mg / kg , IP),

antagonist of NK-1 receptor for substance P (apreptanto, 1 mg / kg, IP), and a NMDA receptor

antagonist (MK-801, 0.5mg / kg, IP) 30 minutes before administration of OXL (1mg / kg, IV) for 4.5

weeks. Parallel nociceptive tests performed to assess the development of peripheral sensory

neuropathy. The hyperalgesia assessed by the tail immersion test (ICT) in cold water (10° C) or warm

(43° C) and test Von Frey (HPM). Then it was performed spinal segment, and the dorsal root ganglion

immunofluorescence and RT-PCR the Ethics Committee approved the study for Animal Research

UFC (Protocol 75/12). Results: The results observed when using the antagonists, as a pretreatment

to the use of OXL there was attenuation of the induced hyperalgesia (NSP) OXL. Upon administration

of selective antagonists of endothelin in the right paw was significant reduction in paw hyperalgesia in

the right (treated) compared to the left paw (control). By analyzing the gene expression of cFos, NK-1

and endothelin B receptor, it was observed that there was significant reduction of expression of the

markers in pre-treated bosentan group versus OXL group that showed increased expression for these

markers. Conclusion: It was concluded in this study that there is evidence of the role of endothelin-1

receptors (TRPV1 and NMDA) and substance SP in the pathogenesis of NSP induced antineoplastic

agent OXL.

Keywords: 1. Platinum Compounds. 2. Endothelin 3. Peripheral Nervous System Diseases. 4. Mice.

10

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Mecanismo de ação antitumoral da oxaliplatina. 25

FIGURA 2 Modelo do envolvimento do eixo endotelina–

receptores na neuropatia sensitiva periférica induzida

por oxaliplatina.

34

FIGURA 3 Protocolo experimental para o uso dos antagonistas

seletivos para receptores de endotelina-1, TRPV1,

NMDA e da substância P na indução da neuropatia

sensitiva periférica induzida por oxaliplatina.

52

FIGURA 4 Coleta de segmento medular e gânglio da raiz dorsal 55

FIGURA 5 Lista de anticorpos primários e seus respectivos

secundários.

57

FIGURA 6 Sequência de primers utilizados no RT-PCR. 59

FIGURA 7 Avaliação do antagonista não seletivo de endotelina

(Bosentana) na hiperalgesia mecânica plantar

induzida por oxaliplatina.

63

FIGURA 8 Avaliação do antagonista não seletivo de endotelina

(Bosentana) no desenvolvimento de alodínia térmica

ao frio (10 ºC) induzida por oxaliplatina.

64

FIGURA 9 Avaliação do antagonista seletivo de receptor de

endotelina A (BQ-123) na hiperalgesia mecânica

plantar induzida por oxaliplatina.

66

FIGURA 10 Comparação da pata Direita e pata Esquerda da

administração do antagonista seletivo de receptor de

endotelina A (BQ-123) na hiperalgesia mecânica

plantar induzida por oxaliplatina no 28º dia.

67

FIGURA 11 Avaliação do antagonista seletivo de receptor de

endotelina B (BQ-788) na hiperalgesia mecânica

plantar induzida por oxaliplatina.

69

FIGURA 12 Comparação da pata direita e pata esquerda da

administração do antagonista seletivo de receptor de

70

11

endotelina B (BQ-788) na hiperalgesia mecânica

plantar induzida por oxaliplatina.

FIGURA 13 Avaliação do antagonista do TRPV1 (capsazepina) na

hiperalgesia mecânica plantar induzida por

oxaliplatina.

72

FIGURA 14 Avaliação do antagonista do TRPV1 (capsazepina) no

desenvolvimento de alodínia térmica ao calor (43 ºC)

induzida por oxaliplatina.

73

FIGURA 15 Avaliação do antagonista do receptor NK-1

(apreptanto) na hiperalgesia mecânica plantar

induzida por oxaliplatina.

75

FIGURA 16 Avaliação do antagonista do receptor NK-1

(apreptanto) no desenvolvimento de alodínia térmica

ao frio (10 ºC) induzida por oxaliplatina.

76

FIGURA 17 Avaliação do antagonista do receptor de NMDA (MK-

801) na hiperalgesia mecânica plantar induzida por

oxaliplatina.

78

FIGURA 18 Avaliação do antagonista do receptor de NMDA (MK-

801) no desenvolvimento de alodínia térmica ao frio

(10 ºC) induzida por oxaliplatina.

79

FIGURA 19 Fotomicrografias da marcação por

imunofluorescência para cFOS de medula espinhal

de camundongos submetidos ao pré-tratamento com

Bosentana.

82

FIGURA 20 Porcentagem de área imunomarcada para cFOS em

medula espinhal de camundongos submetidos ao

pré-tratamento com Bosentana.

83

FIGURA 21 Fotomicrografias da marcação por

imunofluorescência para cFOS de DRG de

camundongos submetidos ao pré-tratamento com

Bosentana.

84

FIGURA 22 Fotomicrografias da marcação por

imunofluorescência para o receptor NK-1 de medula

86

12

espinhal de camundongos neuropáticos.

FIGURA 23 Fotomicrografias da marcação por

imunofluorescência para o receptor NK-1 de DRG de

camundongos neuropáticos.

87

FIGURA 24 Fotomicrografias da marcação por

imunofluorescência para NK-1 de medula espinhal de

camundongos submetidos ao pré-tratamento com

Bosentana.

89

FIGURA 25 Porcentagem de área imunomarcada para NK-1 de

medula espinhal de camundongos submetidos ao

pré-tratamento com Bosentana

90

FIGURA 26 Fotomicrografias da marcação por

imunofluorescência para NK-1 de DRG de

camundongos submetidos ao pré-tratamento com

Bosentana.

91

FIGURA 27 Fotomicrografias da marcação por

imunofluorescência para o receptor de endotelina B

de medula de camundongos neuropáticos.

93

FIGURA 28 Fotomicrografias da marcação por

imunofluorescência para o receptor de endotelina B

de DRG de camundongos neuropáticos.

94

FIGURA 29 Expressão gênica para Receptor de Endotelina A em

medula espinhal nos grupos controle e oxaliplatina.

97

FIGURA 30 Expressão gênica para Receptor de Endotelina A em

DRG nos grupos controle e oxaliplatina.

98

FIGURA 31 Expressão gênica para Receptor de Endotelina B em

medula espinhal nos grupos controle e oxaliplatina.

99

FIGURA 32 Expressão gênica para Receptor de Endotelina B em

DRG nos grupos controle e oxaliplatina.

100

FIGURA 33 Expressão gênica para TRPV1 em medula espinhal

nos grupos controle e oxaliplatina

102

FIGURA 34 Expressão gênica para TRPV1 em DRG nos grupos

controle e oxaliplatina

103

13

FIGURA 35 Expressão gênica para SP em medula espinhal nos

grupos controle e oxaliplatina

105

FIGURA 36 Expressão gênica para SP em DRG nos grupos

controle e oxaliplatina

106

FIGURA 37 Modelo do envolvimento da endotelina, dos

receptores NMDA e TRPV1 e do neuropeptídeo SP na

neuropatia sensitiva periférica induzida por

oxaliplatina.

117

14

LISTA DE TABELAS

TABELA 1

Agonistas e antagonistas dos receptores de

endotelina usados em pesquisa básica e estudos

clínicos

33

TABELA 2

Descrição dos grupos experimentais 49

15

LISTA DE ABREVIATURAS

ANOVA Análise de Variância

CEPA Comitê de Ética em Pesquisa com Animais

cm Centímetros

CMC Carboximetilcelulose Sal Sódico

CZP Capsazepina

DACH 1-2-Diaminociclohexano

DMSO Dimetil sulfóxido

DNA Ácido desoxirribonucléico

DOPA Dopamina

DRG Gânglio da Raiz Dorsal

ET-1 Endotelina-1

ETA Receptores de endotelina A

ETB Receptores de endotelina B

EPM Erro padrão da média

FU Fluourouracil

HCO3- Bicarbonato de sódio

H2PO4 Dihidrogênio fosfato

IP Via Intraperitoneal

I.pl. Via Intraplantar

IV Via intravenosa

16

lafica Laboratório de Farmacologia da Inflamação e do Câncer

min Minutos

mm Milímetros

MMII Membros inferiores

MMSS Membros superiores

MMR Reparo de má combinação

NaCl Cloreto de sódio

NK-1 Neuroquinina-1

NMDA Ácido N-metil-D-aspartato

NSP Neuropatia Sensitiva Periférica

OXL Oxaliplatina

PFA Paraformaldeído

Pt Platina

RNA Ácido ribonucleico

SNC Sistema Nervoso Central

SNP Sistema Nervoso Periférico

SP Substância P

TRPV1 Receptor de potencial transiente vanilóide 1

VO Via Oral

17

SUMÁRIO

RESUMO VIII

ABSTRACT IX

LISTA DE FIGURAS X

LISTA DE TABELAS XIV

LISTA DE ABREVIATURAS XV

1 INTRODUÇÃO 20

1.1 CÂNCER 21

1.2 FARMACODINÂMICA E FARMACOCINÉTICA DA

OXALIPLATINA E O MECANISMO DE AÇÃO ANTITUMORAL

22

1.3 TOXICIDADE POR OXALIPLATINA 26

1.4 SISTEMA ENDOTELINA-1, RECEPTORES TRPV1 E NMDA E

SUBSTÂNCIA P NA NEUROPATIA SENSITIVA PERIFÉRICA

31

1.5 RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA 38

2 OBJETIVOS 41

2.1 OBJETIVO GERAL 42

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 42

3 MATERIAIS E MÉTODOS 44

3.1 ANIMAIS 45

3.2 ASPECTOS ÉTICOS 45

3.3 AMBIENTE 46

3.4 HORÁRIO DOS EXPERIMENTOS 46

3.5 OBSERVAÇÕES CLÍNICAS 46

3.6 APARELHOS E INSTRUMENTOS LABORATORIAIS 47

3.7 DROGAS, SOLUÇÕES E OUTROS LÍQUIDOS 47

3.8 PROTOCOLO EXPERIMENTAL E DESENHO DO ESTUDO 49

3.8.1 GRUPOS EXPERIMENTAIS 49

3.8.2 INDUÇÃO DA NEUROPATIA SENSITIVA POR OXALIPLATINA 50

3.8.3 AVALIAÇÃO DO ENVOLVIMENTO DA ENDOTELINA NA NSP

INDUZIDA POR OXALIPLATINA

50

18

3.8.4 AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA NEUROPATIA

SENSITIVA PERIFÉRICA EM ANIMAIS TRATADOS COM

ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES TRPV1, NK-1 E NMDA

51

3.8.5 TESTES PARA AVALIAÇÃO DE HIPERNOCICEPÇÃO

MECÂNICA E TÉRMICA

53

3.8.5.1 Teste de hiperalgesia mecânica plantar (Von Frey eletrônico) 53

3.8.5.2 Teste de imersão da cauda em água fria (10ºC) ou aquecida

(43ºC)

53

3.8.6 COLETA DO SEGMENTO MEDULAR E GÂNGLIOS DA RAIZ

DORSAL

54

3.8.7 IMUNOFLUORESCÊNCIA EM SEGMENTO MEDULAR E

GÂNGLIO DA RAIZ DORSAL

56

3.8.8 TRANSCRIÇÃO REVERSA - REAÇÃO EM CADEIA DE

POLIMERASE (RT-PCR) PARA SP, NMDA-R, ENDOTELINA A

E ENDOTELINA B DA MEDULA ESPINHAL E DO GÂNGLIO DA

RAIZ DORSAL

58

3.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA 59

4 RESULTADOS 60

4.1 ENVOLVIMENTO DO ANTAGONISTA NÃO SELETIVO PARA

OS RECEPTORES A E B DA ET-1 (BOSENTANA)

62

4.2 ENVOLVIMENTO DO ANTAGONISTA SELETIVO PARA O

RECEPTOR A DA ET-1 (BQ-123)

65

4.3 ENVOLVIMENTO DO ANTAGONISTA SELETIVO PARA O

RECEPTOR B DA ET-1 (BQ-788)

68

4.4 ENVOLVIMENTO DO ANTAGONISTA DE RECEPTORES

TRPV1 NA NSP INDUZIDA POR OXL

71

4.5 ENVOLVIMENTO DO ANTAGONISTA DE RECEPTORES NK-1

NA NSP INDUZIDA POR OXL

74

4.6 ENVOLVIMENTO DO RECEPTOR NMDA NA NSP INDUZIDA

POR OXL

77

4.7 IMUNOFLUORESCÊNCIA PARA CFOS EM SEGMENTO

MEDULAR E DRG APÓS PRÉ-TRATAMENTO COM

81

19

BOSENTANA.

4.8 IMUNOFLUORESCÊNCIA PARA O RECEPTOR DE NK-1 EM

SEGMENTO MEDULAR E DRG

85

4.9 IMUNOFLUORESCÊNCIA PARA NK-1 EM SEGMENTO

MEDULAR E DRG APÓS PRÉ-TRATAMENTO COM

BOSENTANA

88

4.10 IMUNOFLUORESCÊNCIA PARA O RECEPTOR DE

ENDOTELINA B EM SEGMENTO MEDULAR E DRG

92

4.11 EXPRESSÃO GÊNICA PARA RECEPTORES DE ENDOTELINA

A E B NA MEDULA ESPINHAL E NO GÂNGLIO DA RAIZ

DORSAL

96

4.12 EXPRESSÃO GÊNICA PARA A TRPV1 NA MEDULA E NO

GÂNGLIO DA RAIZ DORSAL

101

4.13 EXPRESSÃO GÊNICA PARA SP NA MEDULA ESPINHAL E NO

GÂNGLIO DA RAIZ DORSAL

104

5 DISCUSSÃO 107

6 CONCLUSÃO 118

REFERÊNCIAS 120

ANEXO 137

20

INTRODUÇÃO

21

1 INTRODUÇÃO

1.1 CÂNCER

No Brasil, o câncer é um problema de saúde pública e, por isso, seu controle

e prevenção deve ser priorizada no país. O número estimado de canceres para

2014/2015 é de aproximadamente 576 mil casos novos no Brasil. Em homens, os

tipos mais incidentes aproximadamente são os canceres de próstata (69 mil),

pulmão (16 mil), cólon e reto (15 mil), estômago (13 mil) e cavidade oral (11 mil); e

nas mulheres, os de mama (57 mil), cólon do útero (15 mil), pulmão (11 mil), cólon e

reto (17 mil), e glândula tireóide (8 mil) (INCA, 2014).

Essa também ressalta as mudanças no perfil demográfico brasileiro nos últimos anos, denominado de “envelhecimento” da população, que, junto com a transformação nas relações entre as pessoas e seu ambiente, mostrou uma alteração importante no perfil de morbimortalidade, diminuindo a ocorrência das doenças infectocontagiosas e colocando as doenças crônico-degenerativas como novo centro de atenção dos problemas de doença e morte da população brasileira (INCA, 2014, p.63).

As estimativas de câncer são de grande importância, pois a partir delas,

ações para o controle dos tipos de câncer mais esperados podem ser planejadas e

tanto os serviços de saúde quanto os profissionais em saúde podem se preparar

para oferecer as diversas modalidades de atendimento à população.

Nos últimos anos, em nível mundial, tem-se presenciado grandes progressos

no tratamento do câncer. O que traz grande estresse para a pessoa com câncer e

sua família são os efeitos colaterais que são acentuados e são grande desafio para

os profissionais de saúde. Dentre as modalidades de tratamento, encontra-se o uso

de antineoplásicos, cuja toxicidade pode desencadear inúmeros sintomas

estressantes, comprometendo seriamente a qualidade de vida do paciente.

Com a descoberta da solução de Fowler (arsenito de potássio) por Lissauer,

no final do século XIX (1865), e da toxina de Coley (associação de toxinas

bacterianas), em 1890, os agentes antineoplásicos começaram a ser estudados e

utilizados. Porém, foi durante a Segunda Guerra Mundial, após a explosão de um

depósito de gás mostarda em Bari na Itália (1943), que foi observado, pela primeira

22

vez, mielodepressão intensa e morte por hipoplasia de medula óssea entre soldados

acidentalmente expostos (BONASSA; SANTANA, 2005; ROCHA; MARZIALE;

ROBAZZI, 2004).

O gás de mostarda provocou alterações rápidas na medula óssea, para tanto

deveria ter ação similar em células neoplásicas. Após essa observação, iniciaram-se

estudos clínicos para a sua utilização no tratamento do câncer. Em 1940, vários

pacientes foram tratados com esse agente, por via endovenosa, principalmente os

com linfomas avançados. A experiência levou pesquisadores a buscarem outras

substâncias que pudessem ter efeitos semelhantes contra o câncer, pois a melhora

foi espantosa, porém temporária. Como resultado, muitas outras drogas têm sido

desenvolvidas desde então (ACS, 2009).

1.2 FARMACODINÂMICA E FARMACOCINÉTICA DA OXALIPLATINA E O

MECANISMO DE AÇÃO ANTITUMORAL

Dentre as modalidades de tratamento para o câncer encontra-se o uso de

antineoplásicos, cuja toxicidade pode desencadear inúmeros sintomas,

comprometendo seriamente a qualidade de vida do paciente. A oxaliplatina (OXL) é

a terceira geração de compostos platinos amplamente utilizados como um fármaco

de primeira linha em quimioterapia de câncer gastrointestinal, em particular colorretal

metastático que tem atual importância epidemiológica mundial, visto que, a cada

ano, muitos novos casos são diagnosticados em todo o mundo. A principal

toxicidade limitante da dose de OXL é uma neuropatia que pode manifestar-se em

mais de 60% dos pacientes tratados (KAGIAVA et al., 2015).

Este fármaco foi desenvolvido na década de 70 como um dos vários

compostos platinos 1,2-Diamino-Ciclo-Hexano (DACH) na tentativa de se obter

análogos com índices terapêuticos mais favoráveis (STEIN; ARNOLD, 2012). Esses

compostos 1,2-DACH provocaram um entusiasmo imediato por não apresentarem

resistência cruzada com a cisplatina e carboplatina e por terem um perfil pré-clínico

distinto dos análogos mais antigos. Entretanto o interesse nesses agentes diminuiu

após a constatação dos severos efeitos tóxicos neurológicos nos estudos de fase I

(SAIF; READORN, 2005; SHAH; DIZON, 2009; STEIN; ARNOLD, 2012).

23

As diversas combinações quimioterápicas, principalmente as associadas à

OXL para a terapêutica cancerígena, são extremamente úteis visto a gravidade

dessa patologia. As estimativas de câncer têm sua importância, pois ações para o

controle podem ser planejadas e tanto os serviços de saúde quanto os profissionais

em saúde podem se preparar para oferecer as diversas modalidades de

atendimento à população.

Nos últimos anos, em nível mundial, tem-se presenciado progressos no

tratamento do câncer, porém um dos fatores que geram e comprometem o

tratamento para a pessoa com câncer e sua família são os efeitos colaterais que são

acentuados e são um grande desafio para os profissionais de saúde.

A neuropatia periférica é um efeito colateral de diversas classes de

antineoplásicos, como os taxanos (p.e., paclitaxel e docetaxel), os alcaloides da

vinca (p.e., vincristina e vimblastina) e principalmente os derivados de platina (como

a OXL) (SISIGNANO et al. 2014). Esses fármacos causam alterações celulares e

moleculares que interferem na condução e interpretação de impulsos dolorosos

(CAROZZI et al., 2014).

Com a chegada da OXL o valor gasto no mercado para tratamento de câncer

colón retal metastático foi de mais de US$ 1,6 bilhão até 2012. Estudos de Fase III

de uso de OXL também estão em andamento no câncer de pâncreas e câncer

gástrico. O sucesso desses tratamentos tende a aumentar significativamente o valor

gasto com OXL (GRAHAM; MUHSIN; KIRKPATRICK, 2013).

Quanto ao seu mecanismo de ação antitumoral sabe-se que a OXL é

extensamente distribuída por todas as células do corpo, com volume de distribuição

mais elevado que a cisplatina. Ao final da perfusão, 50% da platina (pt) estão fixados

nos eritrócitos e 50% encontram-se no plasma, sendo que 25% na forma livre e 75%

ligados às proteínas plasmáticas. A ligação às proteínas aumenta progressivamente,

estabilizando-se em 95% no quinto dia após a administração (CHU, 2004;

INFARMED, 2010).

A OXL tem rápida captação pelos tecidos e é muito reativa. A eliminação é

bifásica, com meia vida terminal de cerca de 40 horas (h). Sua meia-vida plasmática

é curta (0,2 a 0,3h), média (15 a 16h) e longa (252 a 273h). As concentrações

plasmáticas máximas variam de 1 a 1,5µg de platina/ml para pacientes que recebem

de 80 a 130mg/m2 por via intravenosa (IV) (BRUCE et al., 2007). Um máximo de

24

50% da dose administrada é eliminado na urina em 48h e 55% ao fim de 6 dias. A

excreção fecal é pequena (5% da dose ao final de 11 dias) (INFARMED, 2010).

Quanto à distribuição, é largamente dispersa na maioria dos tecidos, com um

volume mais elevado do que a cisplatina, devido aos metabólitos de OXL, que se

ligam irreversivelmente a proteínas, ácido desoxirribonucleico (DNA) e outras

moléculas celulares. Após duas a cinco horas de infusão de OXL, 40% do platino se

liga de forma irreversível às hemácias, formando produtos não tóxicos. Os 30%

restantes se ligam às proteínas do plasma, e os outros 30% correspondem ao

platino ultrafiltrado. Esse último possui a droga ativa, ou seja, a OXL intacta,

representando o maior componente citotóxico (CHU, 2004; JERREMALM; WALLIN;

EHRSSON, 2009).

Com relação ao metabolismo, a OXL faz uma extensa conversão não

enzimática para ativar espécies citotóxicas, semelhante ao observado com cisplatina

e carboplatina. Essa é uma reação aquosa que ocorre na presença de cloreto e

água, e as espécies formadas Pt (DACH)Cl, Pt (DACH)Cl2 e o complexo de OXL

desidratado, sendo que esses são mais citotóxicos do que a OXL dentro da célula

(JERREMALM; WALLIN; EHRSSON, 2009).

A ligação dos metabólitos da OXL ao DNA resulta em inibição da síntese e da

função, bem como a inibição da transcrição (Figura 1). Apesar da lesão ao DNA pela

OXL aparentar semelhança com a lesão provocada por cisplatina e carboplatina, os

metabólitos 1,2-DACH-Pt produzidos pela OXL são significativamente mais

citotóxicos do que os destes fármacos. Os nucleófilos fracos como o bicarbonato de

sódio (HCO3-) ou dihidrogênio fosfato (H2PO4) do meio intracelular desacoplam o

grupamento oxalato resultando na formação de intermediários não estáveis que são

rapidamente hidrolisados a espécies platinas DACH-pt (PARK et al., 2008).

Consequentemente, os adutos da OXL tornam-se mais eficientes em inibir a síntese

de DNA, sendo geralmente mais citotóxicos ocorrendo apoptose celular

(FOLTINOVÁ et al., 2008).

As interações da platina com o DNA, através da formação de complexos Pt-

DNA, principalmente na posição N7 das bases de guanina no DNA originam ligações

cruzadas inter e intrafilamentares (CHU, 2004; FOLTINOVÁ et al., 2008). Esses

complexos podem interferir na duplicação do DNA através do bloqueio da DNA

polimerase inibindo a transcrição do ácido ribonucleico (RNA), resultando em

bloqueio do ciclo celular e do reparo do DNA (CHO et al., 2008; NADIN et al., 2006).

25

Os complexos Pt-DNA, também, afetam o metabolismo e a organização espacial

celular, a bainha de mielina, os corpos celulares, as células da glia e os axônios

(STILLMAN; CATA, 2006).

FIGURA 1 - Mecanismo de ação antitumoral da Oxaliplatina.

Fonte: AUTOR, 2015

Legenda: Diamino-ciclo-hexano (DACH); Reaparo de má combinação (MMR)

Essas exposições das células tumorais à OXL induzem apoptose celular

programada (LOWE; LIN, 2000; GOURDIER et al., 2002; JOHNSTONE; RUEFLI;

LOWE, 2002). As cascatas de sinalização que conduzem à apoptose podem ser

divididas em dois grandes grupos. A via intrínseca que é caracterizada pelo papel

central das mitocôndrias na iniciação da cascata de caspase (DESAGHER;

MARTINOU, 2000). E a via extrínseca, onde a ativação de caspase é iniciada por

receptores de apoptose na superfície da célula. Os agentes quimioterapêuticos são

conhecidos por induzir apoptose por qualquer um destes dois mecanismos (LOWE;

LIN, 2000; JOHNSTONE; RUEFLI; LOWE, 2002).

Como citado anteriormente, a OXL está associada com graves efeitos tóxicos.

A neurotoxicidade da OXL é muito comum em pacientes tratados com o fármaco,

com 68% passando por algum grau de toxicidade. A toxicidade limitante da dose é

exacerbada pela exposição ao frio ou em doses maiores do que 135mg/m2, com o

desenvolvimento precoce da hipernocicepção a estímulos frios e quentes (ATTAL et

al., 2009).

26

Evidências sugerem que o 1,2-DACH-pt formado a partir da OXL liga-se de

forma mais potente e também é capaz de escapar do reconhecimento do complexo

de enzimas de reparo de má combinação (MMR mismatch repair) que é uma

correção de bases mal pareadas do DNA com maior afinidade por adutos de OXL

guanina-guanina (ZAANAN et al., 2013).

A replicação e posterior separação do DNA são inibidas, da mesma forma

que, secundariamente, é inibida a síntese do RNA e das proteínas celulares. O fato

dos adutos de OXL escaparem do complexo MMR explica a sua excelente atividade

contra tumores que exibem complexos MMR aberrantes, como é o caso dos

carcinomas colorretais e também explica um efeito melhor do que a cisplatina em

tumores sensíveis a essa droga, assim como tumores refratários à cisplatina

possivelmente respondem bem a OXL (CHU, 2004; JERREMALM; WALLIN;

EHRSSON, 2009).

Cada ciclo de quimioterapia dura em geral algumas semanas, mas, no caso

da OXL, durante esses ciclos, pode haver a instalação de um efeito colateral, que

muitas vezes leva a alterar a dose para mais ou menos que é a neuropatia sensitiva

periférica (NSP) (ARETI et al., 2014).

1.3 TOXICIDADE POR OXALIPLATINA

A OXL pode causar dois tipos de sintomas neuropáticos graves: uma

síndrome de dor aguda que desaparece dentro de poucos dias após o tratamento, e

uma neuropatia sensorial distal crônica que ocorre em fases posteriores durante o

tratamento. Os mecanismos celulares da NSP induzida por OXL diferem dos

mecanismos da indução por paclitaxel e vincristina. A OXL tem efeitos neuronais

mais severos, tais como aumento da atividade dos canais iônicos dependentes de

voltagem (PARK et al., 2008).

As toxicidades agudas mais comuns são: laringoespasmo (onde cerca de 1-

2% dos pacientes apresentam dificuldade de respiração e deglutição), náuseas,

vômitos, diarreia e reações de hipersensibilidade. Essa toxicidade aguda é rápida,

transitória, e pode ocorrer durante a infusão ou horas depois. Ocorre em 85-95% dos

pacientes que fazem tratamento com OXL sendo caracterizada pela exacerbação ao

27

frio. Pode ser manifestada toxicidade motora e sensorial que consistem em:

parestesia e/ou disestesia em extremidades, miotomias, espasmos musculares e

fasciculações na região oral (MARSHALL, 2004; SCHIFF; WEN; VAN DEN BENT,

2009).

Os pacientes descrevem as parestesias como sensações de formigamento

nas mãos, pés, garganta e região perioral. É um distúrbio neurosensitivo comumente

provocado pela alteração de sensibilidade na área nervosa atingida, ou seja, em

virtude de lesão do tecido nervoso num dado segmento sensitivo (BENATTI;

GUIMARÃES, 2009). Seu principal sintoma é a ausência de sensibilidade na região

afetada. Em estágios mais evoluídos o paciente poderá relatar alteração de

sensibilidade ao frio, calor e dor, sensação de dormência, choque e prurido (ROSA;

ESCOBAR; BRUTO, 2007). Esses sintomas apresentam início rápido, podendo ser

reversíveis dentro de algumas horas ou alguns dias.

Em geral, os sintomas da NSP aparecem nos membros inferiores (MMII) e em

seguida nos membros superiores (MMSS). Inicialmente do centro dos pés,

tornozelos e, depois, panturrilhas e progridem para os dedos das mãos, palmas e

punhos (SMITH; BECK; COHEN, 2008).

Estudos mostram que a neuropatia em MMSS, em mulheres, gera sensação

de frustração devido à dificuldade de colocar adornos como brincos ou colares. Além

disso, homens e mulheres queixam-se da dependência no momento de se vestir, e

muitos deixam de usar roupas que exigem atividades motoras finas. As sensações

de dor e parestesia nos pés levam a mudanças nos tipos de calçados, suspensão do

uso de tapetes em casa, além de dificuldades para correr, andar de bicicleta ou

permanecer de pé por períodos prolongados. Alguns relatam isolamento pela

dificuldade de andar ou dirigir, fato que impacta significativamente nas atividades

laborais, sociais e na prática de atividades físicas. Impaciência, raiva, cansaço,

frustração e depressão são sentimentos frequentemente relatados pelos pacientes

(BAKITAS, 2007).

Os sintomas crônicos mais comuns, não induzidos pelo frio, são as

disestesias e parestesias de extremidades que persistem entre os ciclos e

aumentam com o acúmulo das doses. Podem ocorrer ataxia, déficit em coordenação

sensório-motora fina e dor neuropática. São caracterizados pela persistência dos

sintomas com degeneração axonal sensorial distal, com perda de mielina que

envolve fibras grandes na ausência de um componente motor (CORIAT, 2014). Os

28

efeitos da neurotoxicidade dependerão de vários fatores diferentes tais como a dose

que uma pessoa foi exposta, as características da neurotoxicidade, da capacidade

para metabolizar e excretar e da capacidade para se recuperar depois de cessada a

aplicação do agente quimioterápico.

A neuropatia como efeito colateral foi descrita há 30 anos com a droga

cisplatina e, a partir de então, não saiu mais do cenário oncológico (VELASCO;

BRUNA, 2010). Essa toxicidade está associada a protocolos de tratamento que

envolvam derivados da platina e taxano atingindo cerca de 60% dos pacientes em

tratamento antineoplásico (CHAUDHRY et al., 1994; VELASCO; BRUNA, 2010).

As taxas de NSP induzidas por quimioterápicos disponíveis na literatura são

muito variáveis. Entre os fatores que podem influenciar essa variabilidade destacam-

se: o tipo de agente citostático; o regime de administração do antineoplásico (dose

total ou por ciclo, assim como o número de ciclos e o tempo de infusão); as

combinações de diferentes quimioterápicos; o tipo de tumor; as características dos

pacientes ou tratamento concomitante com outros fármacos neurotóxicos e a técnica

de diagnóstico ou os critérios de avaliação da NSP (VELASCO; BRUNA, 2010).

A neurotoxicidade pode ser limitada afetando apenas o sistema nervoso

central (SNC) ou o sistema nervoso periférico (SNP), sendo as neuropatias

periféricas as mais comuns. Outros fatores que podem interferir na incidência e

severidade da neurotoxicidade são a idade do paciente, a dose, a via de

administração, as funções renal e hepática, uso concomitante ou prévio de outras

drogas neurotóxicas, administração adequada ou não de agentes neuroprotetores

como cálcio e magnésio e o tratamento radioterápico concorrente do SNC

(BONASSA; SANTANTA, 2005).

A NSP associada à OXL é diferente daquela associada à cisplatina, embora

as duas causem sintomas em “meia e luva” que piora com o aumento da dose a que

o paciente está exposto sendo mais proeminente a toxicidade dose-limitante do

antineoplásico OXL, podendo causar sintomas substanciais que podem durar vários

anos. É a complicação neurológica mais comum do tratamento antineoplásico, e

afeta aproximadamente um terço dos pacientes submetidos a esse tipo de

tratamento.

A OXL não provoca os efeitos tóxicos renais e hematológicos e nem induz

ototoxicidade, comumente observados com cisplatina. Os efeitos eméticos também

são mais bem controlados. A neurotoxicidade, entretanto, apesar de ser na maioria

29

das vezes reversível, parece ser o efeito colateral que mais chama a atenção

(CORIAT t al., 2014).

Assim, a neurotoxicidade causada pela OXL pode ocorrer caracterizada por

neuropatia sensorial em fibras nervosas pequenas e grandes, o que leva a perda ou

alterações sensoriais importantes tais como diminuição da percepção do tato,

temperatura e dor, além da síndrome de Lhermitte’s (sensação similar a choque

elétrico que se irradia pelo membro). Há 28 alterações neurológicas descritas que

podem vir acompanhadas de dor ou deficiências funcionais (BONASSA; SANTANA,

2005; GAMELIN et al., 2002; LEONARD, et al., 2005).

Vários estudos evidenciam algum grau de disfunção neurológica periférica em

quase todos os pacientes que fazem uso da OXL e dependendo da intensidade em

que ocorrem, é recomendada a diminuição da dose em 25% a 50% ou mesmo a

interrupção do tratamento (MCWHINNEY; GOLDBERG; MCLEOD, 2009; VELASCO;

BRUNA, 2010).

Independente da intensidade foi demonstrado que a NSP induzida por

quimioterápicos interfere no estado de saúde geral e psicocognitiva dos pacientes,

tendo ainda um impacto financeiro, devido à incapacidade e a busca por tratamento

(HERSHMAN et al. 2011; MOLS et al. 2015).

Em um âmbito socioeconômico, poucos dados encontram-se disponíveis em

relação aos custos associados ao tratamento da NSP induzida por quimioterápicos.

O tratamento de pacientes com neuropatia custa, para cofres públicos, o triplo do

tratamento de pacientes que não apresentam essa condição (BERGER et al., 2004).

Pacientes com NSP induzida por antineoplásicos geram um gasto anual de US$

21.739,00 a mais do que os pacientes que não desenvolvem este efeito colateral

(PIKE et al., 2012).

Outros aspectos de impacto sobre as condições de vida levam em

consideração a presença de depressão ou ansiedade, transtorno do sono, questões

relacionadas ao trabalho, expectativas do tratamento, necessidades de reabilitação

e disponibilidade de apoio social da família e amigos (DWORKIN et al., 2003) e

também as co-morbidades psiquiátricas (SMITH; BECK; COHEN, 2008).

Apesar de a NSP ser um dos principais fatores limitantes nas dosagens dos

quimioterápicos, ainda não há um protocolo científico e clinicamente aceito para

tratar esta condição (BEIJERS; MOLS; VREUGDENHIL et al., 2014; HERSHMAN et

al. 2014). De fato, estudos clínicos (LOUKAPIS et al., 2014; NAKAYAMA 2015)

30

apresentaram dificuldades na manutenção das doses dos antineoplásicos em

consequência do desenvolvimento de dores de origem neuropática, o que poderia

causar uma diminuição do efeito terapêutico da quimioterapia.

A dor neuropática, por sua complexidade, é um desafio constante para os

profissionais da dor. O tratamento baseado no quadro doloroso não é, entretanto,

eficaz em vista da maior importância representada pelos mecanismos subjacentes à

expressão dolorosa. Contudo, o tratamento da etiologia obviamente deve ser

realizado buscando minimizar os mecanismos e sintomas, os quais serão o centro-

alvo do tratamento (ALVES NETO et al., 2009). Pode ser tratada com abordagens

psicológicas, físicas, cirúrgicas e farmacológicas como: anticonvulsivantes,

antidepressivos, opióides, antiarrítmicos, gabaérgicos, antagonistas de ácido N-

Metil-D-Aspartato (NMDA), bloqueios anestésicos, L-dopamina (DOPA), anti-

inflamatórios não esteroidais (AINEs) e neurolépticos (ALVES NETO et al., 2009).

Medicamentos de primeira linha como gabapentina, lidocaína, opióides,

tramadol e antidepressivos tricíclicos são muito utilizados, assim como os de

segunda linha lamotrigina, carbamazepina e inibidores seletivos da recaptação da

serotonina (DWORKIN et al., 2003). Da mesma forma, dois dos principais

moduladores de canais de Ca2+ (por se ligarem a uma subunidade α2δ) como a

gabapentina e a pregabalina também são utilizados (ALVES NETO et al., 2009;

GILRON, 2015). Atualmente, outros fármacos como Duloxetina (ENGEL, 2014) e

Venlafaxina (RICHARDS et al., 2015) são relatados na literatura para tratamento de

dor neuropática, porém o uso desses fármacos é de forma paliativa para amenizar a

dor da neuropatia. Para tal, surgiu o interesse em saber qual o envolvimento da

endotelina-1, de receptores TRPV1 e NMDA e da substância P na gênese dessa

importante afecção induzida pelo antineoplásico OXL com o intuito de trazer luz para

o desenvolvimento de novas drogas.

1.4 SISTEMA ENDOTELINA-1, RECEPTORES TRPV1 E NMDA E SUBSTÂNICA P

NA NEUROPATIA SENSITIVA PERIFÉRICA

31

A NSP é uma consequência frequente e incapacitante da administração de

OXL sendo o principal determinante de uma má qualidade de vida. Oitenta por cento

dos pacientes com câncer sentem uma forte dor em seus últimos dias de vida

(QUANG; SCHMIDT, 2010). A etiologia da dor do câncer envolve a sinalização por

meio de mediadores (como endotelina) entre as células cancerosas e os neurônios

sensoriais aferentes primários (PETERS et al., 2004; PICKERING et al., 2008;

SCHMIDT et al., 2008).

A ET-1 é produzida por vários canceres, incluindo o da próstata (NELSON et

al., 2000), mama (YAMASHITA et al., 1993), colorretal (INAGAKI et al., 1992;

SHANKAR et al., 1998), hepatocelular (KAR; YOUSEM; CARR, 1995), do pâncreas

(OIKAWA et al, 1994); endometrial (PEKONEN et al., 1992); pulmonar (AHMED et

al., 2000); feocromocitoma (OHNAKA et al., 1993) e carcinoma epidermóide de boca

(PICKERING; JORDAN; SCHMIDT, 2007).

A ET-1 foi descrita pela primeira vez em 1989, pelo grupo de pesquisa do

Prof. Sérgio Ferreira, em seu estudo injetaram ET-1 em ratos que apresentaram

hiperalgesia e ao administrarem por via intradérmica em seres humanos causou

respostas como de mácula e pápula, que foram acompanhadas por prurido. Estes

resultados indicam que a ET-1 pode desempenhar um papel na modulação da dor

(FERREIRA; ROMITELLI, NUCCI, 1989).

Existem dois tipos de receptores de endotelina denominados A (ETA) e B

(ETB). Ambos pertencem à superfamília dos receptores acoplados à proteína G. A

ET-1 ativa principalmente os receptores ETA. O RNA-mensageiro para o receptor

ETA é expresso em muitos tecidos humanos, incluindo o músculo liso vascular, nos

sistemas cardiovascular (BLACK et al., 2007; BOHM; PERNOW, 2007; CERNACEK

et al., 2003; RUSSELL; MOLENAAR, 2000), pulmonar (WATTS, 2009), renal

(GRANGER et al., 2006; KOHAN, 1996; NEUHOFER; PITTROW, 2006), nervoso

central (SCHINELLI, 2006) , gastrointestinal (HUANG, 2005), hipófise (LANGE et al.,

2002), adrenal (DELARUE et al., 2004; HINOJOSA-LABORDE; LANGE, 1999;

ROSSI et al.; 2002; ROSSI et al., 2000), nasal (MULLOL; PICADO, 2000), nervoso

periférico (DAMON, 1999; FUKURODA et al., 1996; MORTENSEN, 1999),

imunológico (MENCARELLI et al., 2009), hepática (MALLAT; LOTERSZTAJN, 1996),

geniturinárias (CAMERON et al., 1995) e endócrino (MEIDEN; LEVY, 2007).

Os receptores ETA são expressos principalmente por neurônios sensoriais de

diâmetro pequeno no gânglio da raiz dorsal (DRG), enquanto que a expressão de

32

receptores de ETB em DRG é restrita a células satélites da glia (POMONIS et al.,

2001). Os ETA são expressos em terminações periféricas do nociceptor, bem como

em axônios e em corpos celulares localizados do DRG (POMONIS et al., 2001)

sendo em uma proporção de 60:40, entre receptores ETA e ETB respectivamente

(PLANT et al., 2007).

O receptor ETB pode estar localizado nas células do musculo liso visceral

sendo um vasoconstrictor e no endotélio é vasodilatador. Os receptores de ETB nas

células endoteliais estimulam a produção de óxido nítrico (NO) e de prostaglandinas

(PGI2) e induz efeitos vasodilatadores e antiproliferativos (GHONEIM et al., 1993;

SAKURAI-YAMASHITA et al., 1997; SHETTY et al., 1993; SCHIFFRIN; TOUYZ,

1998). Também são encontrados nas células satélite da glia e células de Schwann,

mas não são nos nociceptores, podem sim, serem expressos em macrófagos,

queratinócitos na epiderme e derme da pele onde as terminações periféricas dos

nociceptores estão localizados (BERTI-MATTERA et al., 2006; POMONIS et al.,

2001).

No câncer, a ET-1 age nos receptores ETA sobre os nociceptores aferentes

primários que levam à dor (QUANG; BRIAN; SCHMIDT, 2010). O mecanismo de

nocicepção provavelmente envolve regulação por sódio e de tetrodoxina-resistente.

O mecanismo de antinocicepção deve envolver a regulação do receptor opióide de

proteína G por canais de potássio sobre nociceptores aferentes primários (HANSA;

SCHMIDT; STRICHARTZ, 2009).

Sabe-se que a ET-1 e as outras isoformas desencadeiam a dor em humanos

e respostas nociceptivas em animais (FERREIRA; ROMITELLI; DE NUCCI, 1989;

RAFFA et al., 1996). A ET-1 no SNP atua como um algógeno e está relacionada na

patogênese de uma variedade de estados de dor, tais como dor inflamatória, dor

neuropática e dor do câncer. As endotelinas no SNP podem ser expressas e

secretadas por células não neuronais, tais como células endoteliais (YANAGISAWA

et al., 1988), mastócitos (YAMAMOTO et al., 1994), monócitos e macrófagos

(EHRENREICH et al., 1990). Considerando que a literatura sugere que a Pro-ET-1 é

sintetizada por queratinócitos e neutrófilos, não é de se surpreender que o peptídeo

da endotelina tenha sido relacionado com inflamação.

Um inibidor não seletivo dos receptores de ET-1 é a Bosentana que foi o

primeiro antagonista de endotelina desenvolvido para os receptores. Vários ensaios

clínicos em longo prazo já estabeleceram a eficácia da bosentana oral (BRUNTON,

33

2012). Antagonistas seletivos dos receptores ETA e ETB, já foram isolados e incluem

respectivamente BQ-123 e BQ-788 que foram utilizados nesse estudo (Tabela 1)

Fonte: SMITH et al., 2014

Atualmente, a NSP induzida por OXL é tratada de forma empírica com drogas

que são utilizadas para tratamento de outros tipos de neuropatias. É sabido,

entretanto, que a neuropatia induzida por esse agente antineoplásico tem

características clínicas únicas importantes, como citado anteriormente, que suscitam

a real necessidade de um tratamento adequado e baseado em evidências

científicas. Na prática clínica, o que se tem observado é que o tratamento atual tem

tido pouco sucesso e que muitas vezes a neuropatia acaba persistindo dificultando

em demasia as atividades de vida diária, mesmo as mais básicas como caminhar ou

segurar objetos.

Há evidência crescente de que o eixo endotelina–receptores A e B

desempenham um papel no desenvolvimento de alodínia mecânica (tátil), em

condições de dor neuropática, como polineuropatia diabética e neuralgia do trigêmeo

(HANSA; SCHMIDT; STRICHARTZ, 2009), o que sugere que pode ter participação

no desenvolvimento da NSP em condições de lesão periférica ocasionado pelo

tratamento crônico com OXL. Para isso buscou-se identificar a relação entre o

receptor de potencial transiente vanilóide 1 (TRPV1) e receptores de NMDA e o

neuropeptídeo substância P (SP) na neurotoxicidade da OXL (Figura 2).

Receptor Agonistas Antagonistas

Receptor ETA ET-1 BQ-123, Atrasentana,

SB234551, ABT-627,

FR 139317, A-

127722.5, YM598

Receptor ETB ET-1, ET-2, ET-3, IRL-

1620, sarafotoxina S6c

BQ-788, A-192621

Receptores ETA/ETB ET-1, ET-2, ET-3 Bosentana

TABELA 1 – Agonistas e antagonistas dos receptores de endotelinas usados em

pesquisa básica e estudos clínicos.

34

FIGURA 2 – Modelo do envolvimento do Eixo endotelina–receptores na neuropatia sensitiva periférica induzida por oxaliplatina.

Fonte: AUTOR, 2015.

Legenda: endotelina-1 (ET-1); Receptor de potencial transiente vanióide 1 (TRPV-1); Ácido N-metil-D-aspartato (NMDA); Substância P (SP); Neuroquinina 1 (NK-1).

Tem sido relatado que cerca de 50% dos neurônios DRG que expressam o

TRPV1 também exibem imunoreatividade para receptores de ETA (PLANT et al.,

2006). Esses canais iônicos são conhecidos como TRPs que promovem a

sensibilização e ativação de neurônios sensoriais como os nociceptores (ASIA et al.,

2005). Com base na sequência de aminoácidos, os canais TRPs são divididos em

seis subfamílias TRPC (canonical), TRPM (melastatina), TRPV (vanilóide), TRPP

(Polistatina), TRPML (mucolipina), e TRPA (anquirina). São compostos de 700-2000

resíduos de aminoácidos e a abertura desses canais é seguida por fluxo de cátions

monovalentes (Na+, H+) e bivalentes (Ca2+, Mg2+) que causam a despolarização

(RAMSEY et al., 2006; GAUDET, 2009).

O TRPV é subdividido em seis membros que são: TRPV1, TRPV2, TRPV3,

TRPV4, TRPV5 e TRPV6 (ZHENG, 2013). Os canais TRPV estão envolvidos em

uma variedade de funções celulares incluindo sensação de dor e bom gosto, termo

regulação, tensão e manutenção da homeostase óssea, na regulação da água no

rim, motilidade gastrointestinal, digestão, contratilidade uterina e vasculite e

NSP/OXL x ET-1

Lesão Periférica

SP

Nk-1 NMDA

ET-1

TRPV1

35

permeabilidade celular (HOLZER, 2011; JULIUS, 2013; LIEBEN; CARMELIET,

2012).

O TRPV1 é um receptor vanilóide de capsaicina, que é ativado por estímulos

químicos dolorosos, por calor nocivo (por exemplo, a 43 °C) e inflamação

(CATERINA et al., 2000). É expresso principalmente em neurônios peptidérgicos, e

em menor grau nos nociceptores não peptidérgico. A expressão de TRPV1 aumenta

em vários estados de dor crônica humana (SZALLASI, A. et al., 2007). Em modelos

de câncer em ratos é regulado nos neurônios e também tem sido demonstrado que

o TRPV1 pode mediar tanto nocicepção mecânica quanto térmica (BEAUDRY;

DUBOIS; GENDRON, 2011; ASAI et al., 2005; SHINODA et al., 2008) sendo um

importante contribuinte para a dor e seu papel é mais complexo do que se tem sido

relatado na literatura.

Já se sabe que a OXL induz a expressão de TRPV1 e que as mudanças

funcionais contribuem para alterar a excitabilidade neuronal e a neuropatia. A

regulação positiva de TRPV1 reflete aumento na responsividade nos nociceptores

que contribuem para os mecanismos moleculares da hipernocicepção térmica e

mecânica, resultados já observados em camundongos tratados com cisplatina. É,

também, conhecido por desempenhar um papel importante na sensibilidade ao calor

e alguns dados sugerem que o aumento dos níveis de RNAm de TRPV1 que são

encontrados nos corpos de células nervosas sensoriais, poderiam resultar num

aumento dos nociceptores terminais periféricos (TA et al., 2010).

A sensibilidade e expressão de TRPV1 é modulada pelo fator de crescimento

neuronal (AMAYA et al., 2004) e fator neutrófico derivado de linha de células gliais

em roedores (ZHANG; HUANG; MCNAUGHTON, 2005) e nos seres humanos (ASAI

et al., 2005). A dor neuropática é causada por lesão do SNC ou SNP e para seu

tratamento, drogas visando os antagonismos dos receptores TRPV1 estão atraindo

interesse (SINISCALCO et al. 2005; MALMBERG; BLEY 2005; PREVARSKAYA et

al. 2007). Uma vez que tem sido demonstrada a expressão da atividade do TRPV1

nas fibras sensoriais em neuropatias que conduzem a hiperalgesia

(PUNTAMBEKAR et al., 2004; RASHID; INOUE; BAKOSHI, et al., 2003a; RASHID;

INOUE; KONDO, et al. 2003b). Também é expresso em estruturas cerebrais

superiores (CRISTINO et al., 2006), como a substância cinzenta periaquedutal e o

córtex (DE NOVELLIS et al., 2011).

36

Outra ação do TRPV1 é que após a sua a ativação há despolarização

neuronal, que leva à dor e liberação de neuropeptídeos sensoriais, tais como CGRP

e SP a partir das terminações nervosas centrais e periféricas. Os neuropeptídeos

ativam seus receptores de células efetoras e aumentam a sensibilização dos

nociceptores. Esta categoria neuronal expressa SP nas células DRG e em axônios

num grupo de células finamente mielinizadas (A delta), a maioria dos nociceptores

são mecanorreceptores de alto limiar (QUARTU et al., 2014).

A SP é um neuropeptídeo, que tem ação em um receptor que tem em sua

constituição sete domínios transmembrânicos, denominado neuroquinina-1 (NK-1) o

qual está acoplado à proteína G. É responsável por transmitir impulsos de dor para

medula espinhal e para o cérebro, produzir um impulso nervoso gerado que dilata os

vasos sanguíneos e fazer com que os fluidos e proteínas das células migrem para

fora (JANG et al., 2004; LEE; KIM, 2007). É um ligante natural com a afinidade mais

elevada para a NK-1 e a ação biológica da SP é mediada principalmente por este

receptor (MUÑOZ et al., 2015).

A ligação ao receptor NK-1 com a SP é muito importante para o controle de

movimento, para a percepção sensorial, a sobrevivência neuronal e degeneração,

motilidade gástrica, salivação, micção, inflamação, dor, depressão e na regulação do

sistema cardiovascular e dos mecanismos respiratórios (MUÑOZ et al., 2015). NK-1

é expresso em muitas linhagem celulares cancerígenas incluindo carcinomas do

colorretal (MUÑOZ et al., 2012; ROSSO et al., 2008), sendo demonstrado que há

aumento da expressão de RNAm para receptores de NK-1 em tecidos malignos

(SINGH et al., 2000).

O envolvimento do receptor NK-1 em modelo de dor neuropática foi citado em

alguns estudos sugerindo que a SP é responsável pelo desenvolvimento de

hiperalgesia em ratos (JANG et al., 2004; LEE; KIM, 2007) e quando esses

receptores são bloqueados há reversão do quadro (CAHILL; CODERRE, 2002).

Antagonistas do receptor NK-1 estão presentes em atividades antitumorais em

linhas celulares de câncer, estes antagonistas têm sido demonstrados por induzir a

apoptose dessas células (MUÑOZ et al., 2012). O antagonista de receptores de NK-

1, aprepitanto, é um agente não peptídico, bem tolerado, degradado por peptidases

e que pode atravessar a barreira hematoencefálica (BERGER et al., 2004; MUÑOZ

et al., 2012).

37

Outro receptor que pode estar envolvido na NSP induzida por OXL são os

receptores de NMDA, no qual sua sensibilização pode ser induzida com aumento da

plasticidade dendrítica (METZ et al., 2009). É um subtipo de receptores do

glutamato, localizado pré e pós-sinapticamente no DRG da medula espinhal e tem

um papel crucial na transmissão da sinalização de dor. O glutamato é um importante

transmissor excitatório na medula e os receptores de NMDA são conhecidos por

estarem envolvidos em neuropatia dolorosa (MIHARA et al., 2011). A fosforilação

dos receptores de NMDA e um aumento subsequente na sua ativação nos terminais

pós-sinápticos podem contribuir para o desenvolvimento de dor neuropática induzida

por quimioterapia.

Foi demonstrado que os receptores de NMDA desempenham um papel

importante em estados de dor mais prolongados por melhorar, prolongar e alterar a

atividade na via nociceptiva na medula espinhal, pois parece ser responsável pela

hiperalgesia (AHMADI et al., 2014). Os nociceptores enviam seus axônios para o

DRG, onde seus terminais fazem sinapse em neurônios de segunda ordem

(ALMEIDA; ROIZENBLATT; TUFIK, 2004).

Assim, uma vez que o canal dos receptores de NMDA é bloqueado por

magnésio, o receptor NMDA e seu canal não participam da atividade normal dos

circuitos de dor, sob certas condições (WOOLF; SALTER, 2000), porém um

mecanismo possível para a hipersensibilidade em nociceptores é o estímulo térmico,

que por sua vez envia sinais, remove o magnésio dependente de voltagem dos

receptores NMDA permitindo mais rapidamente influxo de Ca2+ nos neurônios de

segunda ordem pós-sinápticos no caminho da dor. Isto por sua vez vai ativar o Ca2+

e a cascata de sinalização intracelular que conduzem à fosforilação do NMDA e

outros canais do receptor iônico, o que pode dar início a aumentos prolongados na

excitabilidade de neurônios da medula espinhal. Assim, os receptores NMDA,

também, têm demonstrado ser uma peça-chave na hipersensibilidade à dor

(WOOLF; SALTER, 2000; INTURRISI, 2005).

Antagonistas do receptor de NMDA parecem inibir a plasticidade neural

subjacente a algumas formas de tolerância à opióides, sensibilização e dependência

física, sugerindo que os receptores de NMDA estão envolvidos no desenvolvimento

de alterações do comportamento induzidas por opióides (TRUJILLO, 2000). No

entanto, a utilização dos antagonistas de NMDA pode ser limitada devido aos seus

efeitos colaterais de, por exemplo, dano neuronal (NIKOLAEV et al., 2012). Os

38

antagonistas são altamente eficazes na redução da dor neuropática, esses agentes

causam efeitos secundários graves em doses terapêuticas, o que limita as suas

aplicações clínicas (CHEN et al., 2009).

Muitos pesquisadores têm explorado diversos outros mecanismos envolvidos

no desenvolvimento da NSP por OXL, a fim de promover uma gestão eficaz dessa

condição (JAGGI; SINGH, 2012). Por isso tentou-se relacionar os receptores

(TRPV1 e NMDA) e o neuropeptídeo SP com a neurotoxicidade sensitiva periférica

da oxaliplatina.

1.5 RELEVÂNCIA E JUSTIFICATIVA

É de conhecimento como as estatísticas de câncer são elevadas e ao

considerar o êxito do tratamento do câncer colorretal com a utilização da oxaliplatina

como antineoplásico de 3ª geração faz-se necessário investigar os mecanismos

envolvidos no principal efeito colateral desse tratamento cuja incidência compromete

o tratamento do câncer. Pois mesmo sendo muito eficaz a toxicidade desse fármaco

é muito limitante ao paciente que muitas vezes interrompe a terapia, para tal busca-

se a prevenção.

Essa pesquisa tem sua relevância em vista que a neurotoxicidade induzida

pela oxaliplatina é extremamente inconveniente podendo causar efeitos prejudiciais

à qualidade de vida do paciente e levando a redução da dose ou até mesmo à sua

descontinuação do uso do quimioterápico, o que em última instância pode trazer

prejuízos ao tratamento do câncer como um todo. Levando-se em consideração o

bom êxito da utilização da oxaliplatina no tratamento do câncer colorretal faz-se

necessário investigar os mecanismos envolvidos na dor neuropática associada à

oxaliplatina para preveni-la ou tratá-la.

Recentemente foi desenvolvido um modelo experimental de NSP por OXL,

objeto de estudo de minha dissertação de mestrado no Laboratório de Farmacologia

da Inflamação e do Câncer (LAFICA) do Departamento de Fisiologia e Farmacologia

da UFC. O modelo foi desenvolvido em camundongos dado ao fato de serem mais

econômicos, tanto no que diz respeito à quantidade de drogas e reagentes gastos

39

no estudo, quanto aos gastos com a manutenção dos animais e dada à possibilidade

de podermos utilizar futuramente animais nocaute para diversos fatores, pois

camundongos são os mais utilizados no desenvolvimento de animais geneticamente

modificados.

No entanto, após o desenvolvimento do modelo questionou-se: quais seriam

os principais mecanismos envolvidos na gênese dessa NSP? De acordo com nossos

estudos preliminares utilizando técnicas de imunohistoquímica observamos que

receptores como NK-1 e NMDA pareciam estar envolvidos no fenômeno. Estes

receptores, principalmente SP, foram expressos na periferia, mesmo após

administração sistêmica de OXL.

Para tanto, havia a necessidade de um estudo aprofundado de receptores e

neuropeptídeos envolvidos na NSP induzida pelo agente antineoplásico OXL em

camundongos, no sentido de esclarecermos o envolvimento e fornecer uma base

para a prevenção e o tratamento adequado desta importante e incapacitante afecção

clínica.

Vários estudos em animais de laboratório e em humanos sugerem o

envolvimento da endotelina na patogênese da dor. Ambos os subtipos de receptores

têm demonstrado ter participação na nocicepção induzida por ET-1, porém não se

sabe os mecanismos através dos quais a ET-1 induz a sensibilização periférica ou

central, o envolvimento com os receptores TRPV1, NMDA e o neuropeptídeo SP e

nem as suas contribuições para o desenvolvimento de nocicepção em condições

cancerosas. No intuito de desvendar os mecanismos envolvidos nessa neuropatia

justifica-se esse estudo, pois é importante identificar o envolvimento da endotelina,

de receptores e da substância P na NSP induzida por OXL, tendo como base esses

resultados preliminares.

40

OBJETIVOS

2 OBJETIVOS

41

2.1 OBJETIVO GERAL

Investigar o papel dos receptores endotelina 1 (ETA e ETB), de receptores

TRPV1 e NMDA e da substância P na neuropatia sensitiva periférica induzida pelo

agente antineoplásico oxaliplatina.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Esclarecer a participação dos receptores de endotelina-1 (ETA/ETB) na

patogênese da neuropatia sensitiva periférica induzida pelo agente antineoplásico

oxaliplatina através da avaliação comportamental e imunomarcação para cFOS,

receptor NK-1 e receptor ETB e expressão gênica por PCR;

Estudar o envolvimento do receptor somatossensorial de calor (TRPV1) na

patogênese da neuropatia sensitiva periférica induzida pelo antineoplásico

oxaliplatina através da avaliação comportamental e expressão gênica por PCR;

Estudar o envolvimento do neuropeptídeo Substância P (SP) na patogênese

da neuropatia sensitiva periférica induzida por oxaliplatina através da avaliação

comportamental e imunomarcação para NK-1 e expressão gênica por PCR;

42

Estudar a participação do receptor do ácido N-Metil-D-Aspartato (NMDA) na

patogênese da neuropatia sensitiva periférica induzida pelo antineoplásico

oxaliplatina utilizando testes nociceptivos;

Verificar a expressão gênica por PCR dos receptores de endotelina ETA e

ETB, TRPV1 e da SP nos tecidos (medula espinhal e gânglio da raiz dorsal) em

animais com neuropatia sensitiva periférica induzida por oxaliplatina.

43

MATERIAIS E MÉTODOS

3 MATERIAIS E MÉTODOS

44

3.1 ANIMAIS

Para a realização dos experimentos foram utilizados camundongos Swiss

adultos (Mus muscullus), adultos (n=6, por grupo), machos, pesando 20 gramas(g),

provenientes do Biotério Setorial do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da

Universidade Federal do Ceará (UFC). Os animais foram acondicionados em caixas

de polipropileno, à temperatura ambiente, com ciclos de claro/escuro de 12 em 12h,

recebendo ração padrão (Purina Chow) e água “ad libitum”.

Os experimentos foram desenvolvidos no Laboratório de Farmacologia da

Inflamação e do Câncer (LAFICA) da UFC e no Laboratório de Inflamação e Dor da

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (SP).

3.2 ASPECTOS ÉTICOS

Os protocolos experimentais foram realizados de acordo com os padrões de

uso de animais experimentais e esse projeto foi encaminhado para apreciação pelo

Comitê de Ética em Pesquisa com Animais (CEPA) da UFC, e foi aprovado com o

protocolo número 75/2012. Todos os experimentos foram realizados no sentido de

reduzir o número de animais, a dor, o sofrimento e o estresse dos mesmos

(ANEXO).

3.3 AMBIENTE

45

Os camundongos foram colocados, em número aproximadamente de 20

animais, em gaiolas de plástico medindo 40 centímetros (cm) de comprimento, 31cm

de largura e 17cm de altura. O fundo destas gaiolas foi coberto por raspas de

madeira e o teto consistia em grade de metal com um espaço para serem colocados

comida e água. Os animais foram deixados em ambiente com temperatura de 25ºC,

com exaustão de ar, ciclo claro-escuro de 12h e acesso à agua e comida ad libitum.

Os animais foram alimentados com ração Fri-lab camundongos, tal ração leva

composto de milho moído, farelo de arroz desengordurado, farelo de arroz integral,

farelo de girassol, fosfato monoamônico. Cada 100g de ração contém 23% de

proteína, 22% de água, 4% de extrato etírico, 8% de fibra, 11% de minerais (ferro,

cobalto, cobre, manganês, zinco, iodo), 1% de cálcio, 0,45% de fósforo e vitaminas

(A, B1, B2, B6, ácido nicotínico, ácido pantotênico, C, D3, E, potássio e folato).

3.4 HORÁRIO DOS EXPERIMENTOS

Todos os experimentos, observações clínicas e comportamentais foram

realizados entre 8 e 18h. Os animais foram tratados e testados uma vez por semana

durante dois meses para um dos estímulos no mesmo horário em todos os testes

realizados.

3.5 OBSERVAÇÕES FÍSICAS

Diariamente foram realizados exames clínicos atentando para trofismo

muscular, coloração e aspecto do pelo, cor dos olhos, presença de parasitas, sinais

de infecção local ou generalizada, marcha e sinais de autonomia.

3.6 APARELHOS E INSTRUMENTOS LABORATORIAIS

46

• Alicate;

• Aparelho Von-Frey eletrônico (Insight®);

• Balança analítica (Sartorious modelo BL2105);

• Balança para pesagem de animais modelo ID-1500 (Filizola®);

• Bisturi;

• Capela de fluxo laminar, vertical (modelo TROX do Brasil);

• Cassetes;

• Confocal (LM 710 Zeiss);

• Cronômetro;

• Eppendorf (1ml);

• Equipo (Embramed®);

• Estufa de cultura celular com atmosfera de 5% de CO2;

• Filtro estéril;

• Grade para eppendorf;

• Grade para tubo falcon;

• Lâminas para imunohistoquímica (Fisherbrand);

• Material cirúrgico;

• Micropipetas automáticas (GILSON);

• Micrótomo Olympus;

• Pipetas automáticas de 200 e 1000;

• Ponteiras para as pipetas automáticas estéreis (SIGMA);

• Seringas de 1 e 5ml (BD Plastipak);

• Sonicador (THORNTOW – TT7);

• Termômetro;

3.7 DROGAS, SOLUÇÕES E OUTROS LÍQUIDOS

• Água destilada;

• Água filtrada;

• Albumina bovina (BSA a 1% Sigma-Aldrich®);

• Álcool à 70% (Dinâmica);

• Anticorpos para imunohistoquímica (Santacruz Biotecnology®);

• Aprepitanto (125mg, EMEND; Merck Research Laboratories®);

• Bosentana (125mg, Tracleer® Acetilom);

47

• BQ-123 (200UG, Sigma-Aldrich®);

• BQ-788 (200UG, Sigma-Aldrich®);

• Capsazepina (5mg, Sigma-Aldrich®);

• Carboximetilcelulose Sal Sódico P.A. (CMC, Synth®);

• Dimetil sulfóxido (DMSO, Dinâmica);

• Eosina (Merk Research Laboratories);

• Éter etílico P.A. (Dinâmica – Reagentes Analíticos);

• Formol à 10% (Dinâmica);

• Glicina Sigma-Aldrich®);

• Hematoxilina (Reagen);

• Ketamina (Zoovet®);

• Metanol (Dinâmica);

• MK-801 (Sigma-Aldrich®);

• Oxaliplatina (5mg, Sigma-Aldrich ®);

• Paraformaldeído (PFA 4%, Sigma-Aldrich®);

• Solução glicosada (D-glucose anidra – dextrose synth, Dinâmica);

• Solução salina estéril (NaCl 0,9%, Farmace);

• Solução salina tamponada (PBS 0,1M, Dinâmica);

• Soro fetal bovino (Sigma-Aldrich®);

• Tampão fosfato-salino (PBS, 0,01M (Dinâmica);

• Tampão Hanks com HEPES (Sigma-Aldrich®);

• Tissue Tek® (Sakura, Torrance, CA, EUA)

• Triton X 100 0,1% (Sigma-Aldrich®);

• Tween® 80 (Sigma-Aldrich®);

• Xilazina (Zoovet®).

3.8 PROTOCOLO EXPERIMENTAL E DESENHO DO ESTUDO

48

3.8.1 GRUPOS EXPERIMENTAIS

Na tabela 2 abaixo são descritos os grupos controles (veículos) e os grupos

de fármacos utilizados na pesquisa, identificando a diluição e a via de administração

de cada um. A quantidade utilizada para cada grupo foi de seis animais.

TABELA 2 – Descrição dos grupos experimentais.

Grupo de Fármacos /

Via de administração

Grupos Controles /

Veículo / Via de administração

Oxaliplatina (OXL)

(Grupo Neuropático)

1mg/kg, IV Glicose 5%, IV

Bosentana 100mg/kg, VO Carboximetilcelulose

(CMC)

2%, VO

BQ-123 30µl, i.pl. Tampão fosfato-salino

(PBS)

0,01M,

i.pl.

BQ-788 30µl, i.pl. Tampão fosfato-salino

(PBS)

0,01M,

i.pl

Capsazepina (CZP) 5mg/kg, IP Dimetil sulfóxido

(DMSO) + Solução

salina estéril (NaCl)

2% e

0,9%, IP

Aprepitanto 1mg/kg, IP Solução salina estéril

(NaCl)

0,9%, IP

MK-801 0,5mg/kg, IP Solução salina estéril

(NaCl)

0,9%, IP

Fonte: AUTOR, 2015.

Legenda: Intravenoso (IV); Via oral (VO); Intraperitoneal (IP); intraplantar (i.pl.); Carboximetilcelulose (CMC); Tampão fosfato-salino (PBS); Dimetil sulfóxido (DMSO); Solução salina estéril (NaCl); Oxaliplatina (OXL); Capsazepina (CZP).

3.8.2 INDUÇÃO DA NEUROPATIA SENSITIVA POR OXALIPLATINA

49

Os animais foram tratados por via intravenosa (IV) com OXL (1mg/kg)

dissolvida em solução glicosada estéril na veia lateral da cauda do camundongo

utilizando-se agulha de calibre 0,45 x 0,75cm em seringa de 1ml. Os animais

utilizados como controle receberam solução glicosada (5%) estéril na veia lateral da

cauda. Esse modelo utilizado foi o da minha dissertação de mestrado, no qual se

estabeleceu a curva de tempo para se chegar a essa dose.

No início do estudo os animais foram pesados (n=6) utilizando uma balança

de precisão digital Filizola® e aferido os testes nociceptivos em tempo zero. Em

seguida foi realizada a divisão dos grupos, cada grupo recebeu durante quatro

semanas e meia, nove administrações IV de OXL e o grupo controle com solução

glicosada (0,3ml/30g).

Foram realizados testes nociceptivos (descritos a seguir) concomitantemente

às administrações de OXL uma vez por semana durante 30 dias para avaliar o

desenvolvimento dos sintomas de neuropatia. Também foi realizado com esses

grupos imunofluorescência e RT-PCR.

3.8.3 AVALIAÇÃO DO ENVOLVIMENTO DA ENDOTELINA NA NSP INDUZIDA

POR OXALIPLATINA

Para verificação do envolvimento da endotelina na NSP induzida por OXL,

procedeu-se à administração dos antagonistas dos receptores ETA e ETB. Foi

administrado Bosentana (100mg/kg) diluída em CMC (2%) por via oral (VO) 30min

antes da administração de OXL para observação de ambos os receptores visto que

a Bosentana não é seletiva. Os animais utilizados como controle receberam solução

CMC (2%) VO.

Para análise específica administrou-se BQ-123 (antagonista de receptor de

endotelina ETA) e BQ-788 (antagonista de receptor de endotelina ETB) diluidos em

PBS e injetou-se (30µl), intraplantar (i.pl.), na pata direita de cada animal, em grupos

50

de tratamento separados, 30min antes da administração de OXL, obedecendo o

protocolo de duas injeções semanais, totalizando nove injeções, durante 4,5

semanas. Os animais utilizados como controle receberam PBS (0,01M, 30µl) intra-

plantar direita.

Em seguida foram realizados os testes nociceptivos descritos a seguir.

Posteriormente os animais foram eutanasiados para remoção da medula espinhal

lombar e DRG, para posterior análise de imunofluorescência.

3.8.4 AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA NEUROPATIA SENSITIVA

PERIFÉRICA EM ANIMAIS TRATADOS COM ANTAGONISTAS DOS

RECEPTORES TRPV1, NK-1 E NMDA

Os camundongos submetidos à NSP induzida por OXL foram tratados por via

sistêmica, 30min antes de cada injeção de OXL, com antagonistas especificos:

capsazepina (antagonista do receptor TRPV1, 5mg/kg, IP), aprepitanto (antagonista

do receptor NK-1 da substância P, 1mg/kg, IP) e MK-801 (antagonista dos

receptores NMDA, 0,5mg/kg, IP). Os animais utilizados como controle receberam

solução salina (0,9%, IP).

Em seguida foram realizados os testes nociceptivos descritos a seguir. A

Figura 3 representa o protocolo experimental utilizado para a indução da NSP pela

OXL e para o uso dos antagonistas seletivos para receptores de endotelina, de

TRPV1, de NMDA e do neuropeptídeo SP.

51

FIGURA 3 - Protocolo experimental para o uso dos antagonistas seletivos para receptores de endotelina-1, TRPV1, NMDA e da substância P na indução da neuropatia sensitiva periférica induzida por oxaliplatina

Fonte: AUTOR, 2015.

Legenda: Medula espinhal (ME); Gânglio da Raiz Dorsal (DRG); Via oral (VO); intra-plantar (i.pl.);

intraperitoneal (IP); oxaliplatina (OXL).

IMUNO PCR

Bosentana (100mg/kg, VO)

ou CMC (2%, VO)

BQ-123 (30µl, i.pl.) ou PBS (30µl, i.pl.)

OXL (1mg/kg, IV, 9x) Grupo neuropático

ME

DRG

BQ-788 (30µl, i.pl.) ou PBS (30µl, i.pl.)

Capsazepina (5mg/kg, IP) ou DMSO (2%) + NaCl

(0,9%, IP)

Aprepitanto (1mg/kg, IP) ou NaCl (0,9%, IP)

MK-801 (0,5mg/kg, IP) ou NaCl (0,9%, IP)

30 min Antes

Testes nociceptivos 1x por semana

(0-56 dias)

52

3.8.5 TESTES PARA AVALIAÇÃO DE HIPERNOCICEPÇÃO MECÂNICA E

TÉRMICA

3.8.5.1 Teste de hiperalgesia mecânica plantar (Von Frey eletrônico)

A intensidade de hiperalgesia foi avaliada pelo limiar de sensibilidade de cada

animal a um estímulo mecânico produzido pela pressão gradual exercida por um

filamento rígido acoplado ao aparelho Von Frey (Insight®) que registra a pressão em

gramas exercida na ponta desse filamento.

A estimulação mecânica foi exercida na região plantar das patas traseiras. O

aparelho eletrônico Von Frey registra a pressão em gramas suficiente para provocar

uma reação descrita como uma flexão da pata seguida por um “flinch” após a

retirada da pata em contato com o aparelho (CUNHA et al., 2004). A hiperalgesia

mecânica (grau de sensibilidade ao estímulo mecânico) foi medida antes (tempo

zero) e após os tratamentos. Foi avaliado o limiar mecânico de cada animal.

Vale ressaltar que para a realização do teste nociceptivo Von Frey foi utilizado

o tipo eletrônico, pois o experimentador não precisa fazer a troca de filamentos de

calibres diferentes, como no Von Frey filamentos, já que o eletrônico registra os

diversos níveis de pressão como uma força em gramas que aparece no visor do

aparelho assim que o animal retira a pata em contato com o sensor. Cabe ao

experimentador interpretar se a retirada da pata foi uma reação de comportamento

nociceptivo ou não, o que depende da forma como ele retira a pata. Em nosso

estudo o mesmo pesquisador realizou a avaliação desse teste em todas as fases

dos experimentos.

3.8.5.2 Teste de imersão da cauda em água fria (10 ºC) ou aquecida (43 ºC)

Baseado no modelo de Authier et al. (2003) a cauda do camundongo foi

imersa em água fria mantida a temperatura de 10 ºC ou em água aquecida (43 ºC)

53

para testar a hipernocicepção, sendo contado o tempo de permanência até o

camundongo levantar a extremidade da cauda em contato com a água.

Outro teste realizado foi o de imersão da cauda que permite tanto o uso de

estimulos quentes como frios. Ficou mais conveniente na hora de comparar qual tipo

de estímulo térmico os animais tratados com OXL respondem com maior

intensidade. Fizemos uma modificação do modelo original no qual os animais são

imobilizados na mão do experimentador. Depois de fazermos várias tentativas de

registro do limiar nociceptivo normal de cada animal com esse tipo de imobilização,

percebemos que a imobilização pelo experimentador causa certo desconforto ao

animal que fica durante um bom tempo tentando fugir, causando reações falso-

positivas. Decidimos lançar mão de outro método de imobilização utilizando um

contensor de acrílico transparente. Com essa metodologia conseguimos realizar

registros de limiar mais fidedignos e que se repetiam.

Observamos que com o contensor de acrílico os animais, depois de alguns

minutos, se acostumavam e desistiam de tentar escapar ficando com a cauda

imóvel, o que permitiu melhores resultados. As temperaturas foram constantemente

mantidas e monitorizadas através do uso de caixas isolantes de isopôr e

termômetros.

Tanto os testes térmicos quentes e frios, assim como o teste mecânico foram

realizados em grupos de animais diferentes, de modo que cada animal foi submetido

somente a um tipo de teste, tentando minimizar o nível de estresse.

Observando todos esses cuidados, bem como o local de experimentação

silencioso e com exaustão e iluminação adequadas podemos garantir que nossos

resultados são fidedignos e com o mínimo de variáveis possíveis para um

experimento de comportamento evitando os vieses de interferência pessoal.

3.8.6 COLETA DO SEGMENTO MEDULAR E GÂNGLIOS DA RAIZ DORSAL

A coleta dos segmentos medulares e gânglios da raiz dorsal foi realizada

após o 56º dia. Os animais (camundongos) foram anestesiados com xilazina (20µl) e

quetamina (20µl/kg) por via intraperitonial (IP) e perfundidos via intracardíaca com

parafolmaldeído 4% em PBS 0,01M. A porção torácica do camundongo foi removida

54

para exposição do coração, então foi introduzida uma agulha descartável de calibre

0,70 x 25cm, sem o bisel, no ventrículo esquerdo cardíaco e foi realizado um

pequeno corte na aurícula direita, para escoamento das soluções. A agulha foi

conectada na seringa de 20ml com equipo simples (Embramed®), onde os animais

foram perfundidos via intracardíaca com solução salina (50ml) por 5min e solução

paraformaldeído (PFA) 4% por mais 5 min.

Após a perfusão, os animais foram fixados sobre uma superfície plana, na

posição em decúbito ventral para retirada do segmento medular e do DRG, como

segue o protocolo abaixo (Figura 4):

Ressecção da pele do dorso do animal com uma tesoura.

Retirada do tecido ao redor da coluna vertebral com pinça, limitada pelos

cortes de bisturi.

Discos vertebrais eram fragmentados com o auxílio de um alicate, até que a

medula fosse totalmente visualizada.

Dissecção da medula com alicate comum.

Observar o DRG na altura da crista ilíaca com a visualização do nervo ciático.

FIGURA 4 – Coleta do segmento medular e gânglio da raiz dorsal.

Fonte: AUTOR, 2015.

O segmento L4-L5 foi identificado pelo alargamento lombar e raízes nervosas.

Após a remoção, esse material foi colocado em gelo seco para congelar

Medula

Espinhal

Gânglio

da raiz

dorsal

55

rapidamente e em seguida colocado em cassetes e fixado na solução de formol PFA

4% por duas horas, seguido de crioproteção em sacarose 30% por um dia.

No dia seguinte, cada tecido foi colocado em um blister com OCT (tissu tek) e

congelado em freezer -80 ºC. Para montagem das lâminas, essas foram cortadas no

criostato (Crycout 1800) com temperatura entre -20 ºC ou –22 ºC (cortes de 10-15

micras) em lâminas silanizadas especiais para imunofluorescência.

Para realização do RT-PCR os animais foram perfundidos com solução salina

dando seguimento após anestesia à retirada da medula espinhal e do DRG. Os

tecidos foram colocados em eppendorf e congelados no freezer -80 ºC.

3.8.7 IMUNOFLUORESCÊNCIA EM SEGMENTO MEDULAR E GÂNGLIO DA

RAIZ DORSAL.

O ensaio de imunofluorescência foi realizado na seguinte sequência:

descongelar as lâminas em temperatura ambiente; fixação em metanol (2min);

hidratação em PBS 0,01M por 3 repetições (5min cada); depois foi realizada a

recuperação antigênica (95 ºC por 18min) no micro-ondas em citrato; resfriar por 20

minutos (min); lavagem em PBS por 3 repetições (5min cada); permeabilização com

Triton X 100 0,1% em PBS-BSA 0,1% (10min) etapa não realizada no anticorpo para

receptor de endotelina B; posteriormente foi realizada a lavagem das lâminas em

PBS por 3 repetições (5min cada); seguido por bloqueio com glicina 0,5M; as

lâminas foram então mergulhadas em uma solução com albumina bovina (BSA a

1%) durante 30min; lavagem em PBS por 5min; em seguida as amostras foram

incubadas em anticorpos primários (cFOS, receptores de endotelina B e NK-1) na

diluição de acordo com descrito na Figura 5 abaixo e ficaram em temperatura de 4

ºC durante uma noite (over night).

No dia seguinte, procedeu-se a seguinte sequência: lavagem das lâminas em

PBS por 3 repetições (5min cada); incubação com anticorpo secundário biotinilado

universal (LSAB – DAKO, anticorpo anti IgG de camundongo da Santa Cruz

Biotechnology) durante 1,5h em temperatura ambiente; lavagem em PBS por 3

repetições (5min cada); incubação do NeuN (1:100) por 1,5h; lavagem em PBS por

5min; colocado o 4´,6-diamidino-2-fenil-indol (DAPI), por 30min; em seguida as

56

lâminas foram montadas, examinadas e fotografadas no microscópio MO Confocal

LM 710 Zeiss.

A quantificação da área marcada nas fotos (pixels) foi realizada pelo

programa Fiji Image com os resultados representados por intensidade de

fluorescência no aumento de 100x, sendo analisados cinco fotos de cada lâmina de

medula espinhal. Foi diferenciado as áreas marcadas pela maior saturação de cor

associada à marcação (vermelha ou verde). Para isso, foi utilizado o procedimento

baseado na saturação da cor associada à marcação positiva para um determinado

marcador. Os limites necessários para definição de pixels marcados e não marcados

foram definidos previamente.

FIGURA 5 – Lista de anticorpos primários e seus respectivos secundários.

Anticorpo primário

(Diluição)

Anticorpo secundário

(Diluição)

NK-1 (1:400)

Rabit anti-NK1

Sigma

Goat anti-rabit (1:400) Alexa-fluor 594

Invitrogen

Endotelina B (1:200)

Rabit anti-EndB

Sigma

Goat anti-rabit (1:400) Alexa-fluor 568

Invitrogen

cFOS (1:200)

Rabit anti-cFOS

Santa Cruz

Goat anti-rabit (1:400) Alexa-fluor 568

Invitrogen

NeuN (1:100)

Anti-NeuN Alexa-fluor 488

Millipore

-

4´,6-diamidino-2-fenil-indol (DAPI),

(1:400)

Invitrogen

-

3.8.8 TRANSCRIÇÃO REVERSA - REAÇÃO EM CADEIA DE POLIMERASE (RT-

PCR) PARA SP, TRPV1, ENDOTELINA A E ENDOTELINA B DA MEDULA

ESPINHAL E NO GÂNGLIO DA RAIZ DORSAL

57

A expressão gênica foi realizada usando um sistema de detecção PCR em

tempo real (síntese de cDNA sobre um molde de RNA catalisada pela transcriptase

reversa, seguida de amplificação por meio de PCR, reação em cadeia de

polimerase). Foi realizada utilizando uma amostra de cDNA proveniente de um pool

de RNA total (produzido a partir de quantidades iguais de RNA extraído do gânglio

da raiz dorsal e segmentos medulares).

Todos os PCRs foram analisados pelo tempo real (CFX96 TouchTM PCR)

com instrumento de sistema de detecção de Bio-Rad (Bio-Rad iQTM SYBR® green

Supermix). Condições de ciclos térmicos incluiu uma passo inicial de desnaturação a

95° C durante 7 min seguido de 45 ciclos (cada ciclo começou com um passo de

desnaturação (20s a 95° C), uma temperatura de recozimento a 60° C durante 20s e

terminou com uma extensão de 45s a 72° C).

Primers DNA foram projetados com base em sequências de RNAm obtidas a

partir do National Center for Biotechnology Information (http://www.ncbi.nlm.nih.gov).

que foram utilizados para SP, TRPV-1, receptor de endotelia A e receptor de

endotelina B, como se segue na Figura 6:

FIGURA 6 – Sequência de primers utilizados no RT-PCR.

PRIMERS

SP

AGCCTTTAACAGGGCCACTTG

TRPV1

TCCCCAACGGTGTTATTCAG

Receptor de

Endotelina A

GGCTATTGCCCACAGCAGAC

Receptor de

Endotelina B

ACCTGCGAAATGCTCAGGAA

58

3.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os resultados foram expressos como média ± erro padrão da média (EPM).

Para comparação múltipla dos dados paramétricos dos testes comportamentais e

farmacológicos foi utilizado à análise de variância (one way - ANOVA) e o nível de

significância entre os grupos foram determinados pelos testes Newmann-Keuls para

detectar as diferenças entre o grupo controle e os grupos em tratamento.

O número (n) de animais foi de seis em cada grupo experimental. Em todas

as análises estatísticas, considerou-se o nível crítico para rejeição da hipótese de

nulidade menor que 5%. Os asteriscos indicam *p<0,05, **p<0,01 e ***p<0,001.

59

RESULTADOS

60

4 RESULTADOS

Evidências indicam que a endotelina-1 é ativada nos neurônios nociceptivos

após diferentes estímulos nocivos, mas o envolvimento dos mecanismos, como o

papel dos receptores da endotelina-1, de receptores (TRPV1 e NMDA) e da

substância P na patogênese da neurotoxicidade experimental induzida pelo agente

antineoplásico OXL ainda não foi totalmente compreendido, para tanto, buscou-se

fazê-lo de acordo com os resultados descritos abaixo. Para os testes nociceptivos

seguiu-se a metodologia já descrita:

RESULTADOS DOS TESTES NOCICEPTIVOS

Bosentana (100mg/kg, VO) BQ-123 (30µl, intra-plantar em

pata direita) BQ-788 (30µl, intra-plantar em

pata diteita) (2x por semana)

0º dia 30º dia 1º dia

Tempo zero

dos testes

nociceptivos

TIC e Vonfrey (1x por semana

0-56º dia)

56º dia

Capsazepina (5mg/kg, IP) Aprepitanto (1mg/kg, IP) MK-801 (0,5mg/kg, IP)

(2x por semana)

30 min antes

1ª - 9ª injeção de OXL (1mg/kg, IV) /

Controles 2x por semana

61

4.1 ENVOLVIMENTO DO ANTAGONISTA NÃO SELETIVO PARA OS

RECEPTORES A E B DA ET-1 (BOSENTANA)

Para analisar o envolvimento da endotelina na NSP induzida por OXL,

administrou-se o antagonista para os receptores ETA e ETB não seletivo Bosentana

(100mg/kg, VO).

A administração de OXL resultou em diferenças significantes entre os grupos

neuropático e controle (grupo de animais que receberam apenas o veículo). A

administração de bosentana 30 min antes da OXL foi capaz de prevenir a NSP fato

observado no teste de hipernocicepção Von Frey a partir do 28º dia (**p<0,01), no

35º dia a atenuação do efeito da NSP foi de 42,3% (**p<0,01). Nos dias 42º, 49º e

56º dias houve redução no limar (***p<0,001) de 50,9%, 47,9% e 50%

respectivamente no grupo tratado concomitantemente com Bosentana em

comparação ao grupo neuropático, que foi o grupo que recebeu administração IV

somente de oxaliplatina (Figura 7).

Ao realizar o teste TIC a 10ºC, observou-se que a partir do 7º dia houve

aumento significativo (***p<0,001) do tempo da resposta do grupo tratado com

Bosentana em comparação ao grupo neuropático atingindo o máximo no 56º dia, um

tempo de resposta 6 vezes maior (84,5%) que o grupo com NSP por OXL (Figura 8).

62

Figura 7 - Avaliação do antagonista não seletivo de endotelina (Bosentana) na hiperalgesia mecânica plantar induzida por oxaliplatina. O uso de Bosentana (100 mg/kg, VO, n=6) administrada trinta minutos antes de cada uma das nove administrações (setas) de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. Nos grupos controles foi administrado glicose (5%, IV, n=6) e CMC (2%, VO, n=6). O teste nociceptivo (hiperalgesia mecânica plantar – Von Frey eletrônico) foi realizado uma vez por semana durante 56 dias. Os resultados foram expressos como média ± erro padrão da média (EPM) da variação do limiar de retirada da pata em gramas (intensidade de hiperalgesia). Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo neuropático (** p<0,01; ***p<0,001; Two-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls). Legenda: neuropatia sensitiva periféria (NSP); Carboximetilcelulose (CMC); Oxaliplatina (OXL).

CMC e OXL

43,5

%%

42,3

%%

50,9

%%

47,9

%%

50%

Teste de hiperalgesia

mecânica

Von Frey

(1x por semana 0-56

dias)

Bosentana

100mg/kg (VO)

30 min antes

63

Figura 8- Avaliação do antagonista não seletivo de endotelina (Bosentana) no desenvolvimento da hipernocicepção térmica ao frio (10 ºC) induzida por oxaliplatina. O uso de Bosentana (100 mg/kg, VO, n=6) administrada trinta minutos antes de cada uma das nove administrações (setas) de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. Nos grupos controles foi administrado glicose (5%, IV, n=6) e CMC (2%, VO, n=6). O teste nociceptivo (teste de imersão da cauda a 10ºC) foi realizado uma vez por semana durante 56 dias. Os resultados foram expressos como média ± erro padrão da média (EPM) da variação do tempo de retirada da cauda (intensidade de alodínia térmica). Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo neuropático (***p<0,001; Two-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls). Legenda: Teste de imersão da cauda (TIC); neuropatia sensitiva periféria (NSP); Carboximetilcelulose (CMC); Oxaliplatina (OXL).

CMC e OXL

84,5%

%

Bosentana

100mg/kg (VO)

30 min antes

64

4.2 ENVOLVIMENTO DO ANTAGONISTA SELETIVO PARA O RECEPTOR A

DA ET-1 (BQ-123)

Após a administração intraplantar do antagonista de receptores de endotelina

ETA (BQ-123) observou-se ao realizar o teste de hipernocicepção Von Frey, que a

partir de 35º dia (62,6%) houve redução significativa (***p<0,001) da NSP por

bloqueio do receptor A, sendo de 61,3%, 59,7% e 54,6% nos dias 42º, 49º e 56º

respectivamente ao comparar com o grupo neuropático (OXL) (Figura 9).

Ao analisar a diferença entre as patas direita e esquerda percebeu-se a

notável inibição da NSP na pata direita do grupo BQ-123 e OXL em comparação ao

grupo neuropático (OXL) de 62,6% (p<0,001). Na pata esquerda, que não recebeu a

administração do antagonista BQ-123, houve manutenção da neuropatia (Figura 10).

65

Figura 9 - Avaliação do antagonista seletivo de receptor A de endotelina (BQ-123) na hiperalgesia mecânica plantar induzida por oxaliplatina. O uso de BQ-123 (30µl, i.pl., n=6) administrado trinta minutos antes de cada uma das nove administrações (setas) de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. Nos grupos controles foi administrado glicose (5%, IV, n=6) e PBS (0,01M, i.pl., n=6). O teste nociceptivo (hiperalgesia mecânica plantar – Von Frey eletrônico) foi realizado uma vez por semana durante 56 dias. Os resultados foram expressos como média ± erro padrão da média (EPM) da variação do limiar de retirada da pata em gramas (intensidade de hiperalgesia). Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo neuropático (***p<0,001; Two-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls). Legenda: neuropatia sensitiva periféria (NSP); PBS (tampão fosfato-salino); Oxaliplatina (OXL).

62,6%

61,3% 59,7%

54,6%

PBS e OXL

Teste de hiperalgesia

mecânica

Von Frey

(1x por semana 0-56 dias)

BQ-123

30µl (i.pl.)

30 min antes

66

Figura 10 – Comparação entre as patas direita e esquerda com a administração do antagonista seletivo de receptor A de endotelina (BQ-123) na hiperalgesia mecânica plantar induzida por oxaliplatina no 28º dia. O uso de BQ-123 (30µl, i.pl., n=6) administrado trinta minutos antes de cada uma das nove administrações de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. Nos grupos controles foi administrado glicose (5%, IV, n=6) e PBS (0,01M, i.pl., n=6). Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo neuropático (***p<0,001; One-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls). Legenda: neuropatia sensitiva periféria (NSP); PBS (tampão fosfato-salino); Oxaliplatina (OXL).

62,6%

67

4.3 ENVOLVIMENTO DO ANTAGONISTA SELETIVO PARA O RECEPTOR B

DA ET-1 (BQ-788)

Após a administração intraplantar do antagonista de receptores de endotelina

ETB (BQ-788) observou-se ao realizar o teste de hipernocicepção Von Frey, que a

partir de 35º dia houve redução (**p<0,01) da NSP por bloqueio do receptor B

(53,5%), sendo de 62,7%, 59% e 57,6% nos dias 42º, 49º e 56º respectivamente ao

comparar com o grupo neuropático (OXL) (Figura 11).

Ao analisar a diferença entre as patas direita e esquerda percebeu-se

redução significativa na pata direita do grupo BQ-788 e OXL em comparação ao

grupo neuropático (OXL) de 18,8% (**p<0,01). Na pata esquerda, que não

administrado o antagonista BQ-788, houve manutenção da neuropatia (Figura 12).

68

Figura 11 - Avaliação do antagonista seletivo de receptor B de endotelina (BQ-788) na hiperalgesia mecânica plantar induzida por oxaliplatina. O uso de BQ-788 (30µl, i.pl., n=6) administrado trinta minutos antes de cada uma das nove administrações (setas) de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. Nos grupos controles foi administrado glicose (5%, IV, n=6) e PBS (0,01M, i.pl., n=6). O teste nociceptivo (hiperalgesia mecânica plantar – Von Frey eletrônico) foi realizado uma vez por semana durante 56 dias. Os resultados foram expressos como média ± erro padrão da média (EPM) da variação do limiar de retirada da pata em gramas (intensidade de hiperalgesia). Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo neuropático (***p<0,001; Two-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls). Legenda: neuropatia sensitiva periféria (NSP); PBS (tampão fosfato-salino); Oxaliplatina (OXL).

Teste de hiperalgesia

mecânica

Von Frey

(1x por semana 0-56 dias)

BQ-788

30µl (i.pl.)

30 min antes

69

Figura 12 – Comparação das patas direita e esquerda da administração do antagonista seletivo de receptor B de endotelina (BQ-788) na hiperalgesia mecânica plantar induzida por oxaliplatina. O uso de BQ-788 (30µl, i.pl., n=6) administrado trinta minutos antes de cada uma das nove administrações de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. Nos grupos controles foi administrado glicose (5%, IV, n=6) e PBS (0,01M, i.pl., n=6). Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo neuropático (**p<0,01; One-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls). Legenda: neuropatia sensitiva periféria (NSP); PBS (tampão fosfato-salino); Oxaliplatina (OXL).

18,8%

70

4.4 ENVOLVIMENTO DO ANTAGONISTA DE RECEPTORES TRPV1 NA NSP

INDUZIDA POR OXL

Os camundongos submetidos à NSP induzida por OXL foram tratados

previamente, por via sistêmica, concomitantemente às injeções de OXL, com o

antagonista do receptor TRPV1 (Capsazepina, 5mg/kg, IP).

O antagonista do TRPV1, a capsazepina (CPZ), foi capaz de diminuir a

hipernocicepção plantar significativamente (***p<0,001) a partir do 28º dia (30,4%).

Diminuiu também significativamente (***p<0,001) nos dias 35º, 42º, 49º e 56º dias.

As reduções foram de 48,6%; 51,9%; 48,5% e 50,7% respectivamente ao comparar

o grupo pré-tratado com a capsazepina e o grupo neuropático (Figura 13).

No TIC houve aumento significativo (***p<0,001) do limiar de resposta a partir

do 7º dia atingindo o máximo em 56º dia (92,4%) ao comparar o grupo pré-tratado

com a capsazepina e o grupo neuropático (Figura 14).

71

Figura 13 - Avaliação do antagonista do TRPV1 (capsazepina) na hiperalgesia mecânica plantar induzida por oxaliplatina. O uso de Capsazepina (5 mg/kg, IP, n=6) administrada trinta minutos antes de cada uma das nove administrações (setas) de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. Nos grupos controles foi administrado glicose (5%, IV, n=6), DMSO (2%) e salina (NaCl 0,9%, IP, n=6). O teste nociceptivo (hiperalgesia mecânica plantar – Von Frey eletrônico) foi realizado uma vez por semana durante 56 dias. Os resultados foram expressos como média ± erro padrão da média (EPM) da variação do limiar de retirada da pata em gramas (intensidade de hiperalgesia). Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo neuropático (***p<0,001; Two-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls). Legenda: neuropatia sensitiva periféria (NSP); Dimetil sulfóxido (DMSO); Solução salina estéril (NaCl); Oxaliplatina (OXL).

30,4%

48,6%

51,9% 48,5%

50,7%

DMSO e NaCl

Teste de hiperalgesia

mecânica

Von Frey

(1x por semana 0-56 dias)

Capsazepina

5mg/kg (IP)

30 min antes

72

Figura 14 - Avaliação do antagonista do TRPV1 (capsazepina) no desenvolvimento de alodínia térmica ao calor (43ºC) induzida por oxaliplatina. O uso de Capsazepina (5 mg/kg, IP, n=6) administrada trinta minutos antes de cada uma das nove administrações (setas) de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. Nos grupos controles foi administrado glicose (5%, IV, n=6), DMSO (2%) e salina (NaCl 0,9%, IP, n=6). O teste nociceptivo (teste de imersão da cauda a 43ºC) foi realizado uma vez por semana durante 56 dias. Os resultados foram expressos como média ± erro padrão da média (EPM) da variação do limiar de retirada da cauda (intensidade de alodínia térmica). Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo neuropático (***p<0,001; Two-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls). Legenda: Teste de imersão da cauda (TIC); neuropatia sensitiva periféria (NSP); Dimetil sulfóxido (DMSO); Solução salina estéril (NaCl); Oxaliplatina (OXL).

92,4%

Teste Térmico TIC

(1x por semana 0-56 dias)

Capsazepina

5mg/kg (IP)

30 min antes

73

4.5 ENVOLVIMENTO DO ANTAGONISTA DE RECEPTORES NK-1 NA NSP

INDUZIDA POR OXL

Os camundongos submetidos à NSP induzida por OXL foram tratados

previamente, por via sistêmica, concomitantemente as injeções de OXL, com o

antagonista do receptor de Substância P (Aprepitanto 1mg/kg, IP).

O antagonista do receptor da SP (NK-1), aprepitanto, foi capaz de diminuir a

hipernocicepção plantar significativamente (***p<0,001) no 14º, 21º, 28º, 35º, 42º,

49º e 56º dias, as reduções foram de 42,5%, 44,3%, 47,8%, 55,5%, 56,7%, 50,5%,

52,3% respectivamente ao comparar o grupo pré-tratado com o aprepitanto e o

grupo neuropático (Figura 15).

Ao realizar o teste TIC a 10ºC, observou-se que a partir do 14º dia houve

aumento significativo (**p<0,01) da resposta do grupo tratado com aprepitanto em

comparação ao grupo neuropático, atingindo o máximo no 56º dia, uma resposta de

96,8% comparando com o grupo com NSP por OXL (Figura 16).

74

Figura 15 - Avaliação do antagonista do receptor NK-1 (aprepitanto) na hiperalgesia mecânica plantar induzida por oxaliplatina. O uso de Aprepitanto (1mg/kg, IP, n=6) administrado trinta minutos antes de cada uma das nove administrações (setas) de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. Nos grupos controles foi administrado glicose (5%, IV, n=6) e solução salina (NaCl 0,9%, IP, n=6). O teste nociceptivo (hiperalgesia mecânica plantar – Von Frey eletrônico) foi realizado uma vez por semana durante 56 dias. Os resultados foram expressos como média ± erro padrão da média (EPM) da variação do limiar de retirada da pata em gramas (intensidade de hiperalgesia). Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo neuropático (***p<0,001; Two-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls). Legenda: Neuropatia sensitiva periféria (NSP); Solução salina estéril (NaCl); Oxaliplatina (OXL).

Aprepitanto

1mg/kg (IP)

30 min antes

Teste de hiperalgesia

mecânica

Von Frey

(1x por semana 0-56 dias)

55,5%

44,3% 42,5% 47,8%

56,7% 50,5%

52,3%

75

Figura 16 - Avaliação do antagonista do receptor NK-1 (aprepitanto) no desenvolvimento de alodínia térmica ao frio (10 ºC) induzida por oxaliplatina. O uso de Aprepitanto (1mg/kg, IP, n=6) administrado trinta minutos antes de cada uma das nove administrações (setas) de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. Nos grupos controles foi administrado glicose 5%, IV, n=6) e solução salina (NaCl 0,9%, IP, n=6). O teste nociceptivo (teste de imersão da cauda a 10ºC) foi realizado uma vez por semana durante 56 dias. Os resultados foram expressos como média ± erro padrão da média (EPM) da variação do limiar de retirada da cauda (intensidade de alodínia térmica). Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo neuropático (**p<0,01; Two-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls). Legenda: Teste de imersão da cauda (TIC); neuropatia sensitiva periféria (NSP); Solução salina estéril (NaCl); Oxaliplatina (OXL).

Teste Térmico TIC

(1x por semana 0-56 dias)

Aprepitanto

1mg/kg (IP)

30 min antes

76

4.6 ENVOLVIMENTO DO RECEPTOR NMDA NA NSP INDUZIDA POR OXL

Os camundongos submetidos à NSP induzida por OXL foram tratados

previamente, por via sistêmica, concomitantemente às injeções de OXL, com o

antagonista do receptor de NMDA (MK-801 0,5mg/kg, IP).

O antagonista dos receptores de NMDA, MK-801, foi capaz de inibir a

hipernocicepção plantar significativamente (**p<0,01) no 42º, 49º e 56º dias, as

reduções foram de 34,2%, 29,4%, 33,2% respectivamente ao comparar o grupo pré-

tratado com o MK-801 e o grupo neuropático (Figura 17).

Ao realizar o teste TIC a 10ºC, observou-se que a partir do 21º dia houve

aumento significativo (**p<0,01) da resposta do grupo tratado com MK-801 em

comparação ao grupo neuropático de 45% no 56º dia (Figura 18).

77

Figura 17 - Avaliação do antagonista do receptor de NMDA (MK-801) na hiperalgesia mecânica plantar induzida por oxaliplatina. O uso de MK-801 (0,5mg/kg, IP, n=6) administrada trinta minutos antes de cada uma das nove administrações (setas) de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. Nos grupos controles foi administrado glicose (5%, IV, n=6) e solução salina (NaCl 0,9%, IP, n=6). O teste nociceptivo (hiperalgesia mecânica plantar – Von Frey eletrônico) foi realizado uma vez por semana durante 56 dias. Os resultados foram expressos como média ± erro padrão da média (EPM) da variação do limiar de retirada da pata em gramas (intensidade de hiperalgesia). Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo neuropático (** p<0,01, Two-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls). Legenda: neuropatia sensitiva periféria (NSP); Oxaliplatina (OXL).

34,2% 29,4%

33,2%

Teste de hiperalgesia

mecânica

Von Frey

(1x por semana 0-56 dias)

MK-801

0,5mg/kg (VO)

30 min antes

78

Figura 18 - Avaliação do antagonista do receptor de NMDA (MK-801) no desenvolvimento de alodínia térmica ao frio (10ºC) induzida por oxaliplatina. O uso de MK-801 (0,5mg/kg, IP, n=6) administrada trinta minutos antes de cada uma das nove administrações (setas) de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. Nos grupos controles foi administrado glicose (5%, IV, n=6) e solução salina (NaCl 0,9%, IP, n=6). O teste nociceptivo (teste de imersão da cauda a 10ºC) foi realizado uma vez por semana durante 56 dias. Os resultados foram expressos como média ± erro padrão da média (EPM) da variação do limiar de retirada da cauda (intensidade de alodínia térmica). Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo neuropático (**p<0,01; Two-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls). Legenda: Teste de imersão da cauda (TIC); neuropatia sensitiva periféria (NSP); Oxaliplatina (OXL).

MK-801

0,5mg/kg (VO)

30 min antes

Teste Térmico TIC

(1x por semana 0-56 dias)

45%

79

RESULTADOS DAS IMUNOFLUORESCÊNCIAS

30 min antes

30º dia 1º dia

Imunofluorescência

cFOS

Receptor NK-1

Receptor de endotelina B

Bosentana (100mg/kg, VO) (2x por semana)

56º dia

Coleta do segmento medular e gânglios da

raiz dorsal

1ª - 9ª injeção de OXL (1mg/kg, IV) /

Controles 2x por semana

Quantificação da

imunoexpressão no

programa Image J

80

4.7 IMUNOFLUORESCÊNCIA PARA cFOS EM SEGMENTO MEDULAR E DRG

APÓS PRÉ-TRATAMENTO COM BOSENTANA.

Observa-se em verde o marcador NeuN (Anti-NeuN Alexa-fluor 488), que é

uma proteína expressa em neurônios adultos ao qual é conjugado com um fluóforo

(488) marcando a atividade neuronal; em vermelho o Alexa-Fluor 568 que marca o

anticorpo ativado (cFOS) e a co-marcação (Merge). É bem notório observar a

marcação neuronal pelo cFOS bem presente no grupo OXL estando ausente nos

núcleos do grupo controle e bem discreto no grupo pré-tratado com Bosentana no

qual foi induzida a NSP com OXL (Figuras 19 e 20).

Foi realizada análise quantitativa através do programa Image J da

imunoexpressão para cFOS na medula espinhal dos camundongos submetidos à

NSP induzida por OXL, no qual houve redução de 99,9% ao comparar o grupo OXL

com o pré-tratado, demonstrando que o pré-tratamento com Bosentana regride os

sintomas da NSP (Figura 21). Não foi possível realizar a quantificação da

imunoexpressão para cFOS em DRG devido à quantidade insuficiente de amostras

para comparação estatísticas e realização das fotografias.

81

Figura 19 - Fotomicrografias da marcação por imunofluorescência para cFOS de medula espinhal de camundongos submetidos ao pré-tratamento com Bosentana. O uso de Bosentana (100 mg/kg, VO, n=6) administrada trinta minutos antes da administração de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. No grupo controle foi administrado glicose (5%, IV, n=6). Observa-se em verde o marcador NeuN (Anti-NeuN Alexa-fluor 488), em vermelho o Alexa-Fluor 568 (marcação de núcleo neuronal pelo cFOS) e a conjugação de todos (Merge) (Aumento 20x).

82

Figura 20 - Porcentagem de área imunomarcada para cFOS em medula espinhal de camundongos submetidos ao pré-tratamento com Bosentana. O uso de Bosentana (BOS, 100 mg/kg, VO, n=6) administrada trinta minutos antes da administração de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. No grupo controle foi administrado glicose (5%, IV, n=6). Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo neuropático (***p<0,001; One-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls).

99,9%

***

83

Figura 21 - Fotomicrografias da marcação por imunofluorescência para cFOS de DRG de camundongos submetidos ao pré-tratamento com Bosentana. O uso de Bosentana (BOS, 100 mg/kg, VO, n=6) administrada trinta minutos antes da administração de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. No grupo controle foi administrado glicose (5%, IV, n=6). Observa-se em verde o marcador NeuN (Anti-NeuN Alexa-fluor 488), em vermelho o Alexa-Fluor (marcação de núcleo neuronal pelo cFOS) e a conjugação de todos (Merge) (Aumento 40x).

84

4.8 IMUNOFLUORESCÊNCIA PARA O RECEPTOR DE NK-1 EM SEGMENTO

MEDULAR E DRG

Observa-se em verde o marcador NeuN (Anti-NeuN Alexa-fluor 488 Observa-

se em verde o marcador NeuN (Anti-NeuN Alexa-fluor 488), que é uma proteína

expressa em neurônios adultos ao qual é conjugado com um fluóforo (488)

marcando a atividade neuronal; em vermelho por Alexa-Fluor 568 que marca o

anticorpo ativado NK-1 e a co-marcação (Merge). É bem notório observar a

marcação de núcleo neuronal para o receptor de NK-1 bem presente no grupo OXL

estando quase ausente nos núcleos do grupo controle ao comparar com o grupo que

foi induzida a NSP com OXL, fato observado tanto no gânglio como na medula

(Figuras 22 e 23).

85

Figura 22 - Fotomicrografias da marcação por imunofluorescência para o receptor NK-1 de medula espinhal de camundongos neuropáticos. Os animais foram tratados com oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) e no grupo controle foi administrado glicose (5%, IV, n=6). Houve a aumento da expressão de NK-1 no grupo neuropático (OXL) comparado com o grupo controle. Observa-se em verde o marcador NeuN (Anti-NeuN Alexa-fluor 488), em vermelho o Alexa-Fluor 568 (expressão do receptor NK-1) e a conjugação de todos (Merge) (Aumento 20x).

Merge

86

Figura 23- Fotomicrografias da marcação por imunofluorescência para o receptor NK-1 de DRG de camundongos neuropáticos. Os animais foram tratados com oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) e no grupo controle foi administrado glicose (5%, IV, n=6). Houve aumento da expressão de NK-1 no grupo neuropático (OXL) comparando com o grupo controle. Observa-se em verde o marcador NeuN (Anti-NeuN Alexa-fluor 488), em vermelho o Alexa-Fluor 568 (expressão do receptor NK-1) e a conjugação de todos (Merge) (Aumento 40x).

87

4.9 IMUNOFLUORESCÊNCIA PARA NK-1 EM SEGMENTO MEDULAR E DRG

APÓS PRÉ-TRATAMENTO COM BOSENTANA.

Observa-se em verde o marcador NeuN (Anti-NeuN Alexa-fluor 488), que é

uma proteína expressa em neurônios adultos ao qual é conjugado com um fluóforo

(488) marcando a atividade neuronal; em vermelho o Alexa-Fluor 594 que marca o

anticorpo ativado e a co-marcação (Merge). É bem notório observar a marcação de

núcleo neuronal pelo NK-1 bem presente no grupo OXL estando ausente nos

núcleos do grupo controle e bem discreto no grupo pré-tratado com Bosentana no

qual induzida a NSP com OXL (Figuras 24 e 25). Houve redução de 94,9% ao

comparar o grupo OXL com o pré-tratado na medula, demonstrando que o pré-

tratamento com Bosentana regride os sintomas da NSP (Figura 26).

88

FIGURA 24 - Fotomicrografias da marcação por imunofluorescência para NK-1 de medula espinhal de camundongos submetidos ao pré-tratamento com Bosentana. O uso de Bosentana (BOS, 100 mg/kg, VO, n=6) administrada trinta minutos antes da administração de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. No grupo controle foi administrado glicose (5%, IV, n=6). Observa-se em verde o marcador NeuN (Anti-NeuN Alexa-fluor 488), em vermelho o Alexa-Fluor 594 (expressão do receptor NK-1) e a conjugação de todos (Merge) (Aumento 20x).

89

Figura 25 - Porcentagem de área imunomarcada para NK-1 em medula espinhal de camundongos submetidos ao pré-tratamento com Bosentana. O uso de Bosentana (BOS, 100 mg/kg, VO, n=6) administrada trinta minutos antes da administração de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. No grupo controle foi administrado glicose (5%, IV, n=6). Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo neuropático (***p<0,001; One-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls).

94,9%

***

90

Figura 26 – Fotomicrografias da marcação por imunofluorescência para NK-1 de DRG de camundongos submetidos ao pré-tratamento com Bosentana. O uso de Bosentana (BOS, 100 mg/kg, VO, n=6) administrada trinta minutos antes da administração de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. No grupo controle foi administrado glicose (5%, IV, n=6). Observa-se em verde o marcador NeuN (Anti-NeuN Alexa-fluor 488), em vermelho o Alexa-Fluor 594 (expressão do receptor NK-1) e a conjugação de todos (Merge) (Aumento 40x).

91

4.10 IMUNOFLUORESCÊNCIA PARA O RECEPTOR DE ENDOTELINA B EM

SEGMENTO MEDULAR E DRG.

Observa-se em azul o 4´,6-diamidino-2-fenil-indol (DAPI), que é um marcador

fluorescente que se liga fortemente a núcleos de DNA em células mortas ou vivas.

Em verde o marcador NeuN (Anti-NeuN Alexa-fluor 488). Observa-se em verde o

marcador NeuN (Anti-NeuN Alexa-fluor 488), que é uma proteína expressa em

neurônios adultos ao qual é conjugado com um fluóforo (488) marcando a atividade

neuronal; em vermelho por Alexa-Fluor 568 que marca o anticorpo ativado (receptor

de endotelina B) e a co-marcação (Merge). É bem notório observar a marcação de

núcleo neuronal para receptor de Endotelina B bem presente no grupo OXL estando

ausente nos núcleos do grupo controle e bem discreto no grupo pré-tratado com

Bosentana no qual foi induzida a NSP com OXL (Figuras 27 e 28).

92

Figura 27 - Fotomicrografias da marcação por imunofluorescência para receptor de endotelina B de medula espinhal de camundongos submetidos ao pré-tratamento com Bosentana. O uso de Bosentana (BOS, 100 mg/kg, VO, n=6) administrada trinta minutos antes da administração de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. No grupo controle (veículo) foi administrado glicose (5%, IV, n=6). Observa-se em verde o marcador NeuN (Anti-NeuN Alexa-fluor 488), em azul o DAPI, em vermelho o Alexa-Fluor 568 (expressão do receptor de endotelina ETB) e a conjugação de todos (Merge) (Aumento 20x). Legenda: neuropatia sensitiva periféria (NSP); 4´,6-diamidino-2-fenil-indol (DAPI); endotelina -1 (ET); Oxaliplatina (OXL).

93

Figura 28 - Fotomicrografias da marcação por imunofluorescência para receptor de endotelina B de DRG de camundongos submetidos ao pré-tratamento com Bosentana. O uso de Bosentana (BOS, 100 mg/kg, VO, n=6) administrada trinta minutos antes da administração de Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi capaz de atenuar o efeito da NSP. No grupo controle (veículo) foi administrado glicose (5%, IV, n=6). Observa-se em verde o marcador NeuN (Anti-NeuN Alexa-fluor 488), em azul o DAPI, em vermelho o Alexa-Fluor 568 (expressão do receptor de endotelina ETB) e a conjugação de todos (Merge) (Aumento 40x). Legenda: neuropatia sensitiva periféria (NSP); 4´,6-diamidino-2-fenil-indol (DAPI); endotelina -1 (ET); Oxaliplatina (OXL).

94

RESULTADOS DO RT-PCR

28º dia 49º dia 7º dia

RT-PCR

Receptor de endotelina A

Receptor de endotelina B

TRPV1

SP

Coleta do segmento medular e gânglios da

raiz dorsal

1ª - 9ª injeção de OXL (1mg/kg, IV) / Controle (glicose

5%, IV) 2x por semana

14º dia

95

4.11 EXPRESSÃO GÊNICA PARA RECEPTORES DE ENDOTELINA A E B NA

MEDULA ESPINHAL E NO GÂNGLIO DA RAIZ DORSAL.

Ao analisar a expressão gênica para o receptor de Endotelina A (ETA) na

medula espinhal não se observou significância estatística em comparação ao grupo

controle (Figura 29). No DRG foi significante, também, no 14º e 28º dias (***p<0,001)

em comparação ao grupo controle. A quantificação de RNAm do grupo controle e

grupo OXL no DRG foi 2,5 vezes maior no 14º dia e 2 vezes maior no 28 para a

expressão do receptor ETA, demonstrando um aumento na expressão do receptor no

grupo neuropático (OXL) comparado ao grupo controle tanto na medula espinhal

quanto no DRG (Figura 30).

Ao analisar a expressão gênica para o receptor de endotelina B (ETB) na

medula espinhal não se observou significância estatística do grupo OXL em relação

ao controle (Figura 31). No DRG foi significante no 14º dia (***p<0,001) e no 28º dia

(**p<0,01). A quantificação de RNAm foi 3 vezes maior no 14º dia e 2 vezes maior

no 28º dia ao comparar o grupo neuropático (OXL) com o grupo controle para a

expressão do receptor ETB, demonstrando um aumento na expressão do receptor no

grupo neuropático (OXL) comparado ao grupo controle tanto na medula espinhal

quanto no DRG (Figura 32).

96

Figura 29 - Expressão gênica para Receptor de Endotelina A em medula espinhal nos grupos controle e oxaliplatina. A Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi administrada por 4,5 semanas (9 injeções) e o grupo controle foi tratado com glicose (5%, IV, n=6). Foi realizado o RT-PCR no 7º, 14º, 28º e 49º dias.

97

Figura 30 - Expressão gênica para Receptor de Endotelina A em DRG nos grupos controle e oxaliplatina. A Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi administrada por 4,5 semanas (9 injeções) e o grupo controle foi tratado com glicose (5%, IV, n=6). Foi realizado o RT-PCR no 7º, 14º, 28º e 49º dias. Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo controle (***p<0,001 no 14º e 28º dias; One-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls).

***

***

98

Figura 31 - Expressão gênica para Receptor de Endotelina B em medula espinhal nos grupos controle e oxaliplatina. A Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi administrada por 4,5 semanas (9 injeções) e o grupo controle foi tratado com glicose (5%, IV, n=6). Foi realizado o RT-PCR no 7º, 14º, 28º e 49º dias.

99

Figura 32 - Expressão gênica para receptor de endotelina B em DRG nos grupos controle e oxaliplatina. A oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi administrada por 4,5 semanas (9 injeções) e o grupo controle foi tratado com glicose (5%, IV, n=6). Foi realizado o RT-PCR no 7º, 14º, 28º e 49º dias. Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo controle (***p<0,001 no 14º dia e **p<0,01 no 28º dia; One-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls).

***

**

100

4.12 EXPRESSÃO GÊNICA PARA TRPV1 NA MEDULA ESPINHAL E NO

GÂNGLIO DA RAIZ DORSAL

Ao analisar a expressão gênica para TRPV1 na medula observou-se

significância estatística no 7º dia (***p<0,001) no 14º e 28º dias (**p<0,01) ao

comparar grupo controle com grupo OXL. A quantificação de RNAm do grupo

controle e grupo OXL na medula espinhal foi duas vezes maior no 14º dia em

comparação ao grupo controle (Figura 33).

No DRG foi significante a expressão gênica para TRPV1 no 7º, 14º e 28º dias

(***p<0,001). A quantificação de RNAm do grupo controle e grupo OXL no DRG foi 2

vezes maior, demonstrando um aumento na expressão do receptor no grupo

neuropático (OXL) comparado ao grupo controle tanto na medula espinhal quanto no

DRG (Figura 34).

101

Figura 33 - Expressão gênica para TRPV1 em medula espinhal nos grupos controle e oxaliplatina. A Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi administrada por 4,5 semanas (9 injeções) e o grupo controle foi tratado com glicose (5%, IV, n=6). Foi realizado o RT-PCR no 7º, 14º, 28º e 49º dias. Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo controle (***p<0,001 no 14º dia; One-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls).

***

102

Figura 34 - Expressão gênica para TRPV1 em DRG nos grupos controle e oxaliplatina. A Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi administrada por 4,5 semanas (9 injeções) e o grupo controle foi tratado com glicose (5%, IV, n=6). Foi realizado o RT-PCR no 7º, 14º, 28º e 49º dias. Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo controle (***p<0,001 no 7º, 14º e 28º dias; One-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls).

*** ***

***

103

4.13 EXPRESSÃO GÊNICA PARA SP NA MEDULA ESPINHAL E NO GÂNGLIO

DA RAIZ DORSAL

A Expressão gênica para SP em medula revelou diferença estatística

significante nos dias 14º e 28º (***p<0,001) entre o grupo controle e o OXL para os

níveis de RNAm. A quantificação de RNAm do grupo controle e grupo OXL na

medula espinhal mostrou um aumento na expressão do receptor no grupo

neuropático (OXL) comparado ao grupo controle duas vezes maior no dia 7 (Figura

35).

A Expressão gênica para SP no DRG revelou diferença estatística significante

no 14º e 28º (***p<0,001) entre o grupo controle e o OXL para os níveis de RNAm. A

quantificação de RNAm ao comparar o grupo neuropático (OXL) com o grupo

controle foi 2 vezes maior no 14º dia e 3 vezes maior no 28º dia (Figura 36).

104

Figura 35 - Expressão gênica para SP em medula espinhal nos grupos controle e oxaliplatina. A Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi administrada por 4,5 semanas (9 injeções) e o grupo controle foi tratado com glicose (5%, IV, n=6). Foi realizado o RT-PCR no 7º, 14º, 28º e 49º dias. Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo controle (***p<0,001 no 7º dia; One-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls).

***

105

Figura 36 - Expressão gênica para SP em DRG nos grupos controle e oxaliplatina. A Oxaliplatina (OXL, 1mg/kg, IV, n=6) foi administrada por 4,5 semanas (9 injeções) e o grupo controle foi tratado com glicose (5%, IV, n=6). Foi realizado o RT-PCR no 7º, 14º, 28º e 49º dias. Os asteriscos indicam a diferença estatística em relação ao grupo controle (***p<0,001 no 14º e 28º dias; One-way ANOVA seguida do teste de Newman-Keuls).

*** ***

106

DISCUSSÃO

No estudo foi investigado o envolvimento da endotelina, dos receptores

TRPV1 e NMDA e do neuropeptídeo SP na neuropatia periférica desencadeada pela

107

oxaliplatina, que é um fármaco antineoplásico muito utilizado no manuseio clínico de

diversos tumores como o câncer colorretal. O presente trabalho mostra o

envolvimento desses receptores e do neuropeptídeo SP foi demonstrada, algumas

vezes de forma mais ativa e outras menos, porém com resultados que justificam tal

assertiva, conforme descrito a seguir.

Baseado nos dados da presente investigação foi possível constatar o possível

papel da endotelina-1, provavelmente via ativação dos seus receptores. Tal sugestão

baseia-se no fato de que ao ser realizada a administração não seletiva do antagonista

dos receptores A e B da ET-1 (Bosentana) houve, de fato, significativa atenuação da

hiperalgesia mecânica plantar e alodínia térmica ao frio (10o C), através da

diminuição do limiar de nocicepção do animal, a partir do 28º e 7º dias

respectivamente. E com a administração não seletiva dos antagonistas específicos

dos receptores de endotelina A (BQ-123) e B (BQ-788) houve significativa

atenuação da hiperalgesia mecânica plantar, demonstrada através da diminuição do

limiar de nocicepção do animal, também a partir do 35º dia para ambos os

antagonistas. Esses dois dados conjuntos nos levam a sugerir que a ET-1 deve

exercer algum papel no desencadeamento da resposta hiperalgésica consequente à

administração crônica de oxaliplatina.

Nossos resultados foram coerentes com aqueles mostrados nos estudos de

Coriat (2014) e Blasi et al. (2015) os quais realizaram administração de ET-1 em

ratos e observaram que os animais desenvolveram franca hiperalgesia térmica.

Khodorova et al. (2009) ao realizarem a sensibilização térmica de uma das patas

dos camundongos, tornaram-nas mais sensíveis a ET-1 após a injeção de formalina.

A alodínia tátil também se desenvolveu na pata contralateral, com a sensibilização

após a injeção. Esse fato não foi observado em nossos estudos, pois ao administrar

os antagonistas seletivos de ET-1 (BQ-123 e BQ-788) na pata direita dos animais foi

percebida a atenuação da NSP induzida por OXL nessa pata, mas não na

contralateral (esquerda), que continuou neuropática.

Uma vez que, em boa parte das vezes em que se utiliza a oxaliplatina ela é

feita no tratamento quimioterápico de cânceres metastáticos colorretais, o que

significa que há doença em atividade com presença de tumor, é possível que o

tumor assim como o microambiente tumoral tenha alguma participação na liberação

de ET-1 e esta também possa estar contribuindo no surgimento e/ou amplificação da

resposta hiperalgésica observada na NSP induzida pela oxaliplatina. Embora não se

108

tenha investigado a hipótese supramencionada no presente estudo, a literatura

registra algumas tentativas de associação de mecanismos da hiperalgesia da

endotelina em animais portadores de tumor, porém não encontramos registros que

associem tumor, endotelina e oxaliplatina.

Nesse contexto, nos estudos de Cain et al. (2001) em que foram

simultaneamente realizadas a administração sistêmica do antagonista de receptores

ETA, BQ-123, e a injeção simultânea no tumor de um antagonista de receptores ETB,

BQ-788, antes da injeção da própria ET-1, foi possível se observar que não houve

nenhum efeito sobre o comportamento da resposta nociceptiva. Esses dados

parecem sugerir que ativação local dos receptores de ET-1 parece ser um evento

crucial no surgimento da hiperalgesia consequente à administração de ET-1 e que a

presença de tumor não influencia na magnitude dessa resposta. Nesse ínterim,

deve-se registrar que os dados aqui apresentados frutos de nossa investigação,

sustentam a sugestão da ativação local dos receptores, desde que a atenuação da

resposta hiperalgésica à oxaliplatina, foi observada em animais tratados com

administração local (intraplantar ipsilateralmente) e não sistêmica, dos antagonistas

dos receptores A e B de endotelina-1.

Também são interessantes os dados de Pickering e colaboradores (2008) os

quais ao utilizarem um modelo em ratos, conseguiram demonstrar que a injeção

sistêmica do antagonista de receptores ETA, BQ-123, promoveu uma atenuação da

resposta nociceptiva de ET-1, quando esta foi administrada diretamente no

microambiente tumoral, o que reforça a ideia da ativação periférica dos receptores

pela ET1, neste caso, provavelmente em células residentes presentes nos tecidos

em volta do tumor, possivelmente macrofágos. Esses dados também corroboram

com nossos achados, uma vez que ao administrar os antagonistas seletivos de ET-

1, BQ123 e BQ788, na pata de animais tratados sistemicamente com OXL, foi

percebida uma atenuação da hiperalgesia mecânica, apenas na pata ipsilateral, mas

não na contralateral.

Já nos estudos de Chichorro, Zampronio e Era (2009) a potenciação da

nocicepção induzida por capsaicina foi abolida pela injeção prévia de BQ-123

(antagonista do receptor ETA), mas não foi afetada pelo BQ-788 (antagonista dos

receptores ETB), ao passo que o aumento de hiperalgesia por ET-1 induzida por

capsaicina foi atenuada por ambos os antagonistas. Assim, como em nossos

109

resultados, só com a diferença de que o BQ-788 também atenuou a resposta

hiperalgésica em animais com NSP induzida por OXL.

Em outras pesquisas como as de Schmidt et al. (2008) e Pickering et al.

(2008), os autores concluíram que ET-1 é liberada a partir do próprio tumor e que

este fato está associado a uma amplificação do efeito nociceptivo que se segue

após injeção de ET1. Dessa forma demonstraram que a ET-1 endógena produzida

pelo próprio câncer também desencadeia hiperalgesia mecânica em modelo de

ratos. Assim, é possível que na vigência de NSP consequente ao tratamento

quimioterápico com regimes à base de OXL, os eventos associados à nocicepção

reclamados pelos pacientes possam ter como desencadeantes a presença de ET-1

liberada por células residentes, nos tecidos periféricos pertencentes ou não ao

microambiente tumoral. Novos estudos são necessários, entretanto para comprovar

tal assertiva.

Outro estudo como o de Baamonde (2004) revelou resultados semelhantes

utilizando modelo de constrição crônica do nervo ciático, onde ET-1 e os receptores

de ET-1 foram encontrados regulados no local da constrição em ratos que

apresentavam sinais de dor neuropática. Chichorro, Zampronio e Era (2009) em

seus estudos avaliaram os efeitos de antagonistas dos receptores de ETA e ETB em

um modelo de constrição crônica do nervo infra-orbital em ratos e observaram que a

administração intravenosa de um antagonista seletivo ETB foi capaz de promover

abolição completa da alodínia mecânica ao longo de duas horas, ao passo que a

administração de um antagonista seletivo ETA não o foi. Surpreendentemente, os

mesmos autores relataram em outro estudo que a hiperalgesia ao frio foi aliviada

pelos antagonistas dos receptores ETA e ETB no mesmo modelo de dor neuropática.

Os resultados de Quang, Brian e Schmidt (2010), também indicaram que a

hiperalgesia térmica foi mediada pelos receptores ETA e ETB, enquanto a alodínia

mecânica foi mediada exclusivamente por ETB. Parece que os receptores ETA

promovem sempre a nocicepção, mas o efeito biológico final de ETB é muito mais

complexo. Não apenas este depende da dose exógena de ET-1, mas também de

uma possível condição patológica associada, como no caso da NSP da OXL.

Para Hansa, Schmidt e Strichartz (2009) na inflamação e lesão, os receptores

ETB parecem ser pró-nociceptivos, baseado em anti-hiperalgesia de bloqueio com

BQ-788. Mas a ativação de receptores ETB, por um agonista de ET1, IRL-1620, por

110

exemplo, é também anti-hiperalgésico, o que sugere que depende de onde as

células são expressas, assim mais pesquisas terão de especificar o caminho exato.

Nossos resultados mostraram que os receptores ETA parecem estar mais

envolvidos com NSP induzida por OXL que os receptores ETB. Na confirmação de

observações anteriores, o presente estudo também mostra que ambos os receptores

ETA e ETB medeiam a hipernocicepção mecânica plantar observada quando se

administra o antagonista em uma das patas e se compara. Essa conclusão é

apoiada pela descoberta de que a inibição de ET-1 que pudesse ser alcançada

pelos antagonistas seletivos foi significativamente maior do que a observada com o

não seletivo. Ambos os subtipos de receptores ETA e ETB de ET-1 parecem estar

envolvidos, como pré-tratamento por antagonistas e estão limitados na sua inibição,

mas juntos eles podem atenuar a NSP induzida por OXL.

Com o intuito de avaliar essas hipóteses propusemos ensaios de

imunofluorescência. Observou-se uma notável participação dos receptores de SP

(NK-1), receptores de endotelina B e cFOS. Fato comprovado pela identificação da

ausência dos marcadores ao comparar o grupo pré-tratado com antagonista não

seletivo para os receptores A e B (Bosentana) e o grupo neuropático (OXL).

Há aproximadamente duas décadas, Hunt, Pini e Evan (1987) descreveram

pela primeira vez a expressão do gene cFos e seu produto protéico, a proteína cFos,

em neurônios do corno dorsal da medula espinhal lombar de ratos submetidos à

estimulação nociva. Desde então, a análise da expressão da proteína cFos tem sido

utilizada em estudos de bases neurais de nocicepção.

O cFos, um gene de ativação imediata, vem sendo utilizado como um

marcador anatômico de atividade neuronal, permitindo a avaliação da ativação

nociceptiva de uma grande população de neurônios espinhais, e a determinação do

padrão de ativação neuronal, de acordo com a natureza do estímulo e a localização

da lâmina espinhal onde os neurônios expressam esse gene.

Smits et al., (2009) citam que a proteína cFos é expressa pós-sinapticamente

em núcleos dos neurônios do corno dorsal da medula espinhal. A maioria dos

estímulos utilizados para induzir a expressão de c-Fos na medula é nociva, tais

como estímulos elétricos, tóxicos, químicos e lesão nervosa. Estímulos inócuos

também podem resultar na expressão de cFos na medula, principalmente em casos

de dores crônicas e devido à sensibilização central.

111

Observou-se, no presente estudo, um aumento da expressão de cFos no

DRG e na medula espinhal dos camundongos com neuropatia periférica, sugerindo

haver um aumento da atividade neuronal central nos animais tratados com OXL. O

pré-tratamento com o antagonista não seletivo, Bosentana, promoveu uma redução

importante da expressão de cFos na medula espinhal e no DRG.

Em um modelo de neuropatia periférica por constrição do nervo ciático, em

ratos, Jergova, Kolesar e Cizkova (2008) evidenciaram um aumento da expressão

de c-Fos nos neurônios da região parabraqueal da medula espinhal, relacionado

com a duração da alodínia mecânica. E Khodorova et al. (2009) e Smith et al. (2014)

citam que a ET-1 potencializa a nocicepção induzida por capsaicina através do

receptor ETA e aumenta a liberação de capsaicina estimulada por CGRP em

neurônios sensoriais e expressão de cFos no DRG, fomentando a ideia que

substância P também participa.

Com a realização do pré-tratamento com Bosentana também foi investigado a

expressão dos receptores NK-1, que são os receptores de SP, e a expressão do

receptor de endotelina B. Identificou-se a participação desses receptores ao

comparar o grupo neuropático que foi administrado OXL com o grupo pré-tratado

com Bosentana.

Jamieson et al. (2005) argumentam que mudança na expressão do

neuropeptídeo SP tem sido mostrada em modelos animais. Foi descrito que a SP

tem estado presente em fibras tratadas com cisplatina e OXL. A SP contribui para

sensibilizar os receptores nociceptivos diretamente na periferia ou na membrana

pós-sináptica ou através da interação com outros elementos algiogênicos.

A transmissão de sinais nociceptivos está associada com a liberação de SP

das terminações centrais de nociceptores peptidérgicos que terminam na lamina I e

II do CDME. Carozzi, Marmiroli e Cavaletti (2010) relatam que esses neurônios

também liberam os mesmos peptídeos na periferia para induzir inflamação

neurogênica em vários tecidos-alvo.

Os resultados de Kim, Kim e Yoon (2015) sugerem que a ET-1 está envolvida

no desenvolvimento de alodínia mecânica em síndrome de dor por compressão

regional, com reversão do quadro ao utilizarem o BQ-788, demonstrando que o

receptor de ETB parece estar realmente envolvido. Fato que em nossos resultados

de imunofluorescência pode ser comprovado com a redução da imunomarcação da

desse receptor ao utilizar o antagonista não seletivo Bosentana.

112

Assim, demonstramos a participação de receptores de endotelina B, do

receptor de SP, NK-1, e de cFOS nos quais houve a expressão na medula espinhal

e no DRG no grupo neuropático (OXL) e as suas inibições no grupo com pré-

tratamento com o antagonista não seletivo Bosentana, sugerindo o seu

envolvimento.

Outro receptor analisado foi o TRPV1, um dos membros da superfamília dos

TRPs vanilóide, com função de detecção e regulação da temperatura corporal,

proporcionando sensação de queimação calor e dor (nocicepção). Identificamos o

envolvimento desse receptor na patogênese da neuropatia sensitiva induzida por

oxaliplatina, na qual houve atenuação significativa da hiperalgesia mecânica e

térmica dos animais pré-tratados com o antagonista dos receptores TRPV1,

capsazepina, ao comparar com o grupo oxaliplatina que apresentou a neuropatia

crônica.

O envolvimento do receptor TRPV1, segundo cita Schumacher (2010), já foi

descrito em diversas doenças, sendo que o seu principal foco de estudo é em

patologias dolorosas. Assim, diversas evidências como as de Levine e Alessandrini-

Haser et al. (2007), Patapoutian, Wong e Gavva (2010), levam a crer que o

desenvolvimento de fármacos que possam agir como antagonistas do receptor

TRPV1 em humanos possa ser utilizado em diversos tipos de síndromes dolorosas.

Rashid e colaboradores (2003b), em seus estudos, também citam que a expressão

da atividade TRPV1 nas fibras sensoriais já foi comprovada com hiperalgesia em

neuropatias.

No presente estudo foram mostradas evidências farmacológicas, inicialmente,

acerca da participação do TRPV1 na patogênese de eventos associados à NSP

consequente ao tratamento crônico com oxaliplatina. Nesse sentido, foi possível

mostrar que o pré-tratamento de animais com o antagonista de TRPV1

(capsazepina), promoveu significativa redução na hiperalgesia mecânica plantar e

alodínia térmica observados após tratamento crônico com oxaliplatina a partir do 28º

e 7º dias respectivamente. Estes dados dão sustentação à hipótese de que a

ativação de receptores TRPV1 parece ser evento presente neste tipo de condição

associada à neurotoxicidade da quimioterapia do câncer, particularmente aquela

devida ao uso de oxaliplatina.

Adicionalmente, ao se analisar o papel do neuropeptídeo SP nesta mesma

condição patológica, também foi demonstrado, farmacologicamente, o seu provável

113

envolvimento uma vez que, o pré-tratamento de animais, posteriormente tratados

com oxaliplatina, com o antagonista de receptores NK-1 (apreptanto), promoveu

franca e significativa atenuação da hiperalgesia mecânica plantar e alodínia térmica,

ambas observadas a partir do 21º e 14º dias respectivamente. À semelhança do que

foi dito para o TRPV1, podemos afirmar que tais dados dão sustentação à hipótese

de que a ativação de receptores NK-1 parece ser também um evento presente neste

tipo de condição associada à neurotoxicidade da quimioterapia do câncer,

particularmente aquela devida ao uso de oxaliplatina.

Outra evidência farmacológica sobre a participação de receptores associados

à gênese de respostas nociceptivas, foi a demonstração aqui apresentada do efeito

inibidor parcial, porém significativo do pré-tratamento com o antagonista de NMDA

(MK-801), sobre a hiperalgesia mecânica plantar (a partir do 42º dia) e térmica (no

21º dia) observadas em animais tratados com oxaliplatina. Este resultado sugere a

participação do receptor NMDA nos eventos nociceptivos associados à NSP da

oxaliplatina.

Mihara et al. (2011), em seus estudos com animais de experimentação,

citaram que o antagonista do receptor NMDA reverte completamente a alodínia

mecânica induzida por OXL quando administrada depois do desenvolvimento da

neuropatia. Outros autores demonstraram (QU et al. 2009) que através de um

modelo de neuropatia por ligadura do nervo espinhal em ratos, há a ativação dos

receptores NMDA-2B na medula espinhal e este fato parece, segundo os autores,

ter um papel crucial no desenvolvimento da dor neuropática, especialmente no

estágio inicial da injúria nervosa. Com não muito menos evidência poderíamos

propor o mesmo com base em nossos resultados, para a NSP da OXL.

Nos estudos de Yamamoto et al., (2006) e Khodorova et al. (2006) a ET-1

induz alodínia tátil que é inibida por antagonista de receptores como do TRPV1, a

capsazepina, se administrada em torno de 1-1,5h após a administração de ET-1,

sendo também reduzida ao longo do seu curso por antagonistas dos receptores de

glutamato do tipo NMDA.

Chen, Samoroski e Pan (2009) relataram a participação do receptor NMDA no

desenvolvimento de dor crônica, onde a administração de um antagonista de NMDA

(neramexane) foi capaz de reverter a alodínia e a hiperalgesia mecânicas em um

modelo de neuropatia diabética em ratos semelhante aos nossos achados.

114

A maioria dos estudos vem demonstrando que a ativação excessiva do

receptor NMDA é capaz de produzir uma excitotoxicidade neuronal, e que a

administração de inibidores desses receptores é utilizada para reverter o dano

neuronal de diversas patologias. Em contrapartida, outros estudos vêm mostrando

um papel oposto do receptor NMDA na neuropatia crônica, sugerindo uma ação

antinociceptiva e antiapoptótica na neurotoxicidade induzida por quimioterápicos.

Em seguida verificamos a expressão gênica por análise de RT-PCR nos

tecidos (medula espinhal e gânglio da raiz dorsal) dos animais com neuropatia

sensitiva periférica induzidos por OXL, no qual houve presença marcante de todos

os receptores (ETA, ETB, TRPV1 e SP) nos dias 14 e 28, fato que coincide com o

pico da instalação da NSP induzida por oxaliplatina.

Na análise da quantificação de RNAm nos receptores de endotelina A e B

observou-se maior envolvimento do receptor A na NSP induzida por OXL em

camundongos do que do receptor B no 28º dia, sendo essa expressão maior em

DRG do que na medula espinhal ao comparar o grupo OXL com o controle.

Para Hansa, Schmidt e Strichartz (2009) os receptores ETA são expressos

principalmente por neurônios sensoriais de diâmetro pequeno do DRG, a expressão

de receptores ETB em DRG é restrita a células satélites da glia. Assim, o sistema

endotelina pode estar localizado em vários níveis do neuroeixo da dor e participa de

cascatas de sinalização, fundamentais na fisiologia da dor.

Em uma revisão sobre os mecanismos da NSP induzida por fármacos

antineoplásicos, como OXL, cisplatina, paclitaxel e vincristina os autores Jaggi e

Singh (2012), Descoeur et al. (2011), Ghelardini et al. (2010), Nietro et al. (2008) e

Ling et al. (2007) relataram que esses parecem estar interligados. Postularam que

estes agentes antineoplásicos desencadeiam mudanças na expressão e

características funcionais dos canais de sódio no DRG e em neurônios sensoriais no

corno dorsal. Nos estudos de Lalich et al. (2007), Nelson (2000), Quang e Schmidt

(2010) o RNAm da ET-1 é hipersecretado por muitos tipos de câncer, como próstata,

mama, pâncreas, câncer colorretal, e de carcinoma de células escamosas de boca.

Esses relatos são importantes, pois corroboram com nossos achados visto

que o antagonismo dos receptores de endotelina-1, de TRPV1 e SP atenuaram a

hiperalgesia mecânica e alodínia térmica da NSP nos animais induzidos com OXL,

comprovando a participação desses receptores na análise por PCR e

imunofluorescência. Pode-se comprovar, com os nossos resultados, que o fármaco

115

OXL induz a expressão e mudanças funcionais que contribuem para a sensibilidade

neuronal e alteram a excitabilidade neuropática.

Desse modo é sugerido o seguinte modelo do envolvimento da endotelina-1,

dos receptores TRPV1 e NMDA e do neuropeptídeo SP na gênese da NSP induzida

por OXL (Figura 38), por sua vez essa descoberta pode dar início a uma abordagem

terapêutica inovadora no tratamento da NSP induzida pela OXL e o provável

aumento da resposta dos pacientes com câncer colorretal ao tratamento

quimioterápico.

116

FIGURA 38 - Modelo do envolvimento da endotelina, dos receptores NMDA e TRPV1 e do neuropeptídeo SP na neuropatia sensitiva periférica induzida por oxaliplatina.

Fonte: AUTOR, 2015.

Legenda: Setas (utilização dos respectivos antagonistas); Oxaliplatina (OXL); Endotelina (ET-1); Receptor de endotelina A (ETA); Receptor de endotelina B (ETB); Corno Dorsal da Medula Espinhal (CDME); Receptor do ácido N-metil-D-Aspartato (NMDA); Gânglio da Raiz Dorsal (DRG); Neuropatia Sensitiva Periférica (NSP); Receptor de Potencial Transiente Vanilóide 1 (TRPV1); Substância P (SP); Receptor de substância P neuroquinina -1 (NK-1).

Oxaliplatina

117

CONCLUSÃO

118

Diante dos dados apresentados neste trabalho, foi possível concluir que:

Na patogênese da neuropatia sensitiva periférica induzida por oxaliplatina, a

utilização de antagonistas de endotelina-1, de receptores TRPV1 e NMDA e da

substância P, promoveram uma importante atenuação da hiperalgesia mecânica e

alodínia térmica, além da redução da imunoexpressão de cFos, NK-1 e receptor de

endotelina B no corno dorsal e na medula espinhal dos animais pré-tratados com o

antagonista não seletivo de endotelina-1, fato também comprovado pela

quantificação de RNAm para os receptores de endotelina A e B, TRPV1 e SP.

Portanto, conclui-se com este estudo que o sistema endotelina-1 e os

mecanismos subsequentes da via de dor, com a participação dos receptores NMDA

e TRPV1 e do neuropeptídeo SP estão envolvidos na patogênese da neuropatia

sensitiva periférica por indução da oxaliplatina, e que esses resultados podem ser

utilizados para estudos futuros com a oxaliplatina sugerindo que a neuropatia

sensitiva periférica, ao ser instalada, poderá ser no mínimo atenuada.

119

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