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1
UFF – Universidade Federal Fluminense
CTC – TCE – TEC
Projeto final de Engenharia Civil III
Professor orientador: Rodrigo Menezes Raposo de Almeida
ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS TIPO HÉLICE
CONTÍNUA PELO MÉTODO SEMI-EMPÍRICO DE AOKI E VELLOSO
ALUNO:
Gabriel Camisão Nogueira
Mat: 210.37.112
Niterói - RJ
2017
GABRIEL CAMISÃO NOGUEIRA
2
ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS TIPO HÉLICE
CONTÍNUA PELO MÉTODO SEMI-EMPÍRICO DE AOKI E VELLOSO
Trabalho de conclusão de curso
apresentado ao curso de Bacharelado em
Engenharia Civil, como requisito parcial de
conclusão de curso. Área de concentração:
Geotecnia
Niterói - RJ
2017
GABRIEL CAMISÃO NOGUEIRA
3
4
ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS TIPO HÉLICE
CONTINUA PELO MÉTODO SEMI-EMPÍRICO DE AOKI E VELLOSO
Trabalho de conclusão de curso
apresentado ao curso de Bacharelado em
Engenharia Civil, como requisito parcial de
conclusão de curso. Área de concentração:
Geotecnia
Niterói, 24/07/2017
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Prof. Dr. Rodrigo Menezes Raposo de Almeida (Orientador) - UFF
_____________________________________________
Prof. André Maués Brabo Pereira – UFF
_____________________________________________
Prof. Me. Alessandro Reina Torres - UFF
5
DEDICATÓRIA
Aos meus pais e avós que me deram suporte até hoje com total dedicação. Em especial
aos meus avôs paterno e materno, ambos engenheiros, um formalmente graduado como
engenheiro civil e outro engenheiro polivalente formado pela vida, que tanto me inspiraram na
escolha de minha formação.
6
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos mestres que tive na Universidade Federal Fluminense que ao longo de
minha graduação passaram seus conhecimentos adiante. Aos amigos que fiz e que de certa
forma se tornaram uma família. À minha família pelo suporte incondicional.
7
RESUMO
O projeto a ser apresentado trata-se da avaliação da capacidade de carga de estacas tipo
Hélice Contínua para um projeto de uma ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) e sua
comparação com a previsão realizada para o tipo de estaca escolhido no projeto original. Por
meio de investigações geotécnicas de simples reconhecimento do tipo SPT foram colhidos os
dados necessários para gerar o perfil representativo do terreno. Em seguida, por falta do mapa
de cargas, foi feita a aferição da capacidade de carga das estacas almejada pelo projetista
utilizando o método semi-empírico de Aoki e Velloso, tendo como base o tipo de estaca
escolhida no projeto real e suas características. Por fim, pelo mesmo método semi-empírico de
Aoki e Velloso foram realizadas as estimativas de capacidade de carga das estacas do tipo
Hélice Contínua e determinado seu comprimento e diâmetro, tendo como base a capacidade de
carga encontrada para as estacas do projeto real.
Palavras chave: Estaca, fundação, geotecnia.
8
ABSTRACT
The project to be presented approaches the assessment of a Continuous Flight Auger
bearing capacity for a project of an Sewage Treatment Station in comparison to the prediction
fulfilled for the type of pile chosen in the original project. By means of geotechnical
investigations of simple recognition SPT, the necessary data were collected to generate the
representative profile of the terrain. Then, due to the lack of the load map, the bearing capacity
of the piles sought by the designer was measured using the semi-empirical method of Aoki and
Velloso, based on the pile type chosen in the real project and its characteristics. Finally, by
means of the same semi-empirical method of Aoki and Velloso, the prediction of bearing
capacity to Continuous Flight Auger was made, determining its length and diameter, based on
the bearing capacity found for the piles of the real project.
Key words: Pile, foundation, geotechnical engineering.
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Tipos de fundações profundas; Fonte Velloso e Lopes, Vol. 1 (2010) .................... 11
Figura 2- Estaca Hélice Contínua em combinação com concreto projetado Fonte: Hachich et.
al., 1998 .................................................................................................................................... 12
Figura 3- Estaca Hélice Contínua em combinação Fonte: Hachich et. al., 1998 ..................... 13
Figura 4- Etapas de execução; Fonte: Geofix (2017) ............................................................... 14
Figura 5-Estacas pré-moldadas tipo SCAC; Fonte: Arquivo pessoal ...................................... 16
Figura 6- – Martelo de gravidade; Fonte: Arquivo pessoal ...................................................... 17
Figura 7- Cravação; Fonte: Arquivo pessoal ............................................................................ 18
Figura 8- – Representação das parcelas de resistência; Fonte: Cabette, 2014 ......................... 20
Figura 9- Planta de locação de sondagens ................................................................................ 23
Figura 10- SP-01 ....................................................................................................................... 24
Figura 11- SP-02 ....................................................................................................................... 25
Figura 12- SP- 03 ...................................................................................................................... 26
Figura 13- SP- 04 ...................................................................................................................... 27
Figura 14- Planta de locação das estacas .................................................................................. 28
Figura 15- Perfil geotécnico representativo ............................................................................. 31
Figura 16- Estimativa da capacidade de carga Ø 0,50m .......................................................... 39
Figura 17- - Estimativa da capacidade de carga Ø 0,60m ........................................................ 40
Figura 18- - Estimativa da capacidade de carga Ø 0,70m ........................................................ 41
Figura 19- Parcela da resistência de ponta na composição da carga de ruptura a 5 m ............. 42
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Fatores de conversão; Fonte: Lobo (2004) ............................................................... 21
Tabela 2 – Fatores de correção de resistência; Fonte: Lobo (2004) ......................................... 22
Tabela 3 - Parâmetros do solo em estudo ................................................................................. 32
Tabela 4– Estimativa das cargas admissíveis de serviço método de Aoki e Velloso ............... 33
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 10
1.1 CONCEITOS GERAIS .............................................................................................. 10
1.2 FUNDAÇÕES PROFUNDAS ................................................................................... 11
1.2.1 ESTACAS HÉLICE CONTÍNUA MONITORADA .............................................. 12
1.2.2 ESTACAS PRÉ-MOLDADAS .......................................................................... 15
1.3 ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CARGA ATRAVÉS DE MÉTODOS SEMI-
EMPÍRICOS ......................................................................................................................... 18
1.3.1 MÉTODO DE AOKI E VELLOSO ........................................................................ 19
2 DADOS DO PROJETO ................................................................................................... 23
2.1 RESULTADOS DE SONDAGENS TIPO SPT ........................................................ 23
2.2 PLANTA DE LOCAÇÃO DAS ESTACAS ............................................................. 28
3 ANÁLISE DE DADOS .................................................................................................... 30
3.1 PERFIL GEOTÉCNICO REPRESENTATIVO DO SUBSOLO ................................... 30
3.1 MÉTODO DE AOKI E VELLOSO .......................................................................... 32
3.2.1 DETERMINAÇÃO DAS CARGAS ....................................................................... 32
3.1.1 ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CARGA DA ESTACA HÉLICE
CONTÍNUA MONITORADA ......................................................................................... 34
3.3.3 ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO DA ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE
CARGA ............................................................................................................................ 38
4 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ..................................................................................... 44
10
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONCEITOS GERAIS
As fundações têm como principal função realizar a absorção dos esforços provindos da
superestrutura e transferi-los ao solo, conferindo estabilidade e prezando pela segurança e
durabilidade do empreendimento. Consequentemente, é de grande importância para o sucesso
do projeto de engenharia civil o estudo do solo para que seja empregado o tipo de fundação
mais adequado às condições de carregamento. A opção a ser considerada pelo engenheiro vai
depender de vários fatores como a tecnologia disponível, a vizinhança do canteiro de obras,
fatores econômicos, características geotécnicas do solo e os carregamentos a serem aplicados.
Dentre essas variáveis, a que contém mais incertezas certamente são as características
geotécnicas do solo as quais provém do seu processo de formação. Propriedades como
resistência, permeabilidade e compressibilidade do solo são atributos que se alteram de acordo
com a maneira como estes foram formados e que está diretamente ligado a como as rochas que
o originaram foram transportadas, se depositaram e sofreram ações de temperatura e pressão ao
longo do tempo. Em vista disso, dá-se a importância às investigações geotécnicas.
11
1.2 FUNDAÇÕES PROFUNDAS
Assim como descrito na norma vigente para projetos e execução de fundações NBR
6122/2010, fundação profunda define-se pelo tipo de fundação o qual transmite as cargas para
o solo por sua superfície lateral, pela área da base ou ambas as áreas, caracterizando as
resistências de fuste e de ponta, respectivamente. De modo complementar a definição de
fundações profundas, a ponta da estaca deve estar assentada a uma profundidade maior que
duas vezes sua menor dimensão da projeção em planta, sendo esta no mínimo de três metros.
Dentre os tipos de fundações profundas destacadas na norma estão as estacas (a) e os tubulões
(b) ilustrados abaixo.
Figura 1- Tipos de fundações profundas; Fonte Velloso e Lopes, Vol. 1 (2010)
As estacas podem ser subdivididas em estacas de deslocamento e escavadas, ao passo
que os tubulões podem ser executados a céu aberto ou sob ar comprimido (Velloso e Lopes,
2010).
12
1.2.1 ESTACAS HÉLICE CONTÍNUA MONITORADA
Por definição na NBR 6122/2010, estacas hélice contínua monitoradas são estacas
escavadas de concreto moldadas in loco. Surgindo na década de 50, o equipamento era
composto por guindastes de torre acoplada, providos com mesa perfuradora que executavam
estacas com diâmetros reduzidos se comparados aos atuais, de somente 27,5 cm, 30 cm e 40
cm. Durante a década de 80, os equipamentos inicialmente adaptados foram substituídos por
maquinários específicos para a execução destas estacas. Mudanças substanciais como o
aumento do torque, diâmetros executáveis de até 80cm e profundidade alcançada pelo trado de
24 metros, tornaram as estacas de hélice contínua uma técnica popular em vários continentes.
Atualmente já são executadas estacas com diâmetros de 120 cm e 32 metros de comprimento
(Almeida Neto, 2002).
No Brasil, começou-se a utilizar as estacas de hélice contínua no final da década de 80
e desde então tem sido amplamente utilizadas no mercado pelas vantagens apresentadas. Além
de alta produtividade, pouco impacto na vizinhança por não gerar vibrações e custo razoável,
as estacas hélice contínua não se restringem apenas a elementos de fundação, mas também
podem atuar como paredes de contenção e cortinas em combinação com concreto projetado ou
colunas de Jet Grouting (CCP) (Hachich et. al., 1998).
Figura 2- Estaca Hélice Contínua em combinação com concreto projetado Fonte: Hachich et. al., 1998
13
Figura 3- Estaca Hélice Contínua em combinação Fonte: Hachich et. al., 1998
1.2.1.1 EXECUÇÃO
A execução é efetuada pela introdução, por rotação, de um trado contínuo em forma de
hélice, aplicando-se o torque necessário para vencer a resistência do solo. O material de
escavação por sua vez, é elevado à superfície alojado no passo da hélice, espaço entre as cristas
da hélice e o trado. Assim que atingida a profundidade de projeto inicia-se a concretagem, que
é feita pela cavidade central da haste do trado, injetando o concreto ao passo que o trado é
retirado de forma contínua e ininterrupta, prezando pela estabilidade da parede de escavação.
A armadura, por sua vez, é colocada somente após finalizar a concretagem assim como explicito
na figura 4. São estas dotadas de estribos circulares e barras longitudinais espessas para facilitar
a instalação.
14
Figura 4- Etapas de execução; Fonte: Geofix (2017)
As fases de execução são registradas por monitoramento eletrônico a partir de sensores
instalados na perfuratriz que permitem visualizar e registrar dados relevantes do processo como:
- Nivelamento do equipamento e prumo do trado;
- Pressão no torque;
- Velocidade de avanço do trado;
- Rotação do trado;
- Cota de ponta do trado;
- Pressão do concreto durante a concretagem;
- Sobreconsumo de concreto;
- Velocidade de extração do trado.
15
Pelo fato da concretagem ocorrer sob pressão, não é aconselhável executar uma nova
estaca próxima a outra recentemente concluída, podendo haver o risco de ruptura do solo de
regiões ainda instáveis.
Como definido na NBR 6122/2010, no mínimo 1% das estacas, sendo pelo menos uma
por obra, deve ser exposta abaixo da cota de arrasamento. Se possível, a escavação para
exposição deve ocorrer até o nivel d’agua, para a verificação da sua integridade e qualidade do
fuste.
1.2.2 ESTACAS PRÉ-MOLDADAS
Define-se estacas pré-moldadas ou pré-fabricadas de concreto armado as estacas de
deslocamento cujo segmento de concreto é introduzido no terreno por golpes de martelo de
gravidade, explosão, hidráulico ou martelo vibratório, assim como explícito na NBR
6122/2010. Estas podem ser de concreto armado ou protendido, de adensamento vibrado ou
centrifugado, de variadas formas geométricas e devendo apresentar resistência compatível com
as fases de projeto (transporte, manuseio, cravação e classe de agressividade do meio). Sua
grande vantagem sobre as estacas moldadas in loco está na qualidade do concreto, que por ter
a cura feita fora solo, previne a ação de agentes nocivos que podem acarretar alteração da pega
e cura do concreto. Sendo assim, preserva-se a integridade das estacas ao longo de sua vida útil.
16
1.2.2.1 EXECUÇÃO
Para a determinação do equipamento a ser usado na cravação, deve-se levar em conta o
tipo da estaca, suas dimensões, vizinhança do terreno e características do solo e de projeto. Caso
a cota de arrasamento esteja abaixo do nível de cravação das estacas, pode-se utilizar
ferramentas auxiliares de prolongamento de até 3 metros feitos de aço ou concreto que vão
garantir a execução da cravação até a cota desejada. Todo o sistema de cravação deve estar
ajustado adequadamente para evitar danos estruturais nas estacas durante a execução, até que
se atinja a profundidade almejada.
As estacas do projeto a ser estudado (Figura 5) são pré-moldadas de concreto protendido
centrifugado de 0,50m de diâmetro, tem cargas admissíveis do elemento estrutural de até 180
tf e cravadas por golpes de martelo de gravidade (Figura 6 e 7).
Figura 5-Estacas pré-moldadas tipo SCAC; Fonte: Arquivo pessoal
17
Figura 6- – Martelo de gravidade; Fonte: Arquivo pessoal
18
Figura 7- Cravação; Fonte: Arquivo pessoal
1.3 ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CARGA ATRAVÉS DE MÉTODOS SEMI-
EMPÍRICOS
Fórmulas teóricas para a avaliação da capacidade de carga em estacas conferem baixa
confiabilidade pelo fato da variação de seus parâmetros de cálculo, ao passo que a utilização de
provas de carga requer custos elevados e tempo para a sua realização (Nuernberg, 2014). A
partir daí, tornou-se necessário aos pesquisadores a criação de modelos matemáticos que
correlacionem parâmetros geotécnicos para obtenção da capacidade de suporte do elemento de
fundação. Como solução mais eficiente e econômica, os métodos semi-empíricos passaram a
relacionar dados de ensaios de campo (SPT, CPT entre outros) com as tensões resistentes de
projeto para estimar, com segurança, a capacidade de carga de diversos tipos de estacas.
19
Assim como Hachich et. al. (1998) descrevem, as estimativas dos parâmetros geotécnicos
são realizadas tomando como referência a resistência à penetração expressa pelo resultado de
ensaios como o SPT (Standard Penetration Test), pela resistência de ponta do ensaio CPT
(Cone Penetration Test) ou até mesmo uma correlação entre ambos.
1.3.1 MÉTODO DE AOKI E VELLOSO
Apresentado no quinto Congresso Panamericano de Mecânica dos Solos e Engenharia de
Fundações em Buenos Aires em 1975, Aoki e Velloso conceberam seu método comparando os
resultados dos ensaios de penetração (CPT) a resultados de prova de carga em estacas, para a
estimativa da capacidade de cargas de estacas (Lobo, 2005).
Visto que o fuste da estaca transpõe várias (n) camadas distintas de solo, pode-se expressar
as parcelas de resistência de ponta (Qp) e de resistência lateral (QL), que somadas constituem a
carga de ruptura da estaca (Qu), dada por:
Qu = QL + Qp
Qp = qp x Ap
QL = U x ∑qL x ΔL
Sendo:
Qu → Carga de ruptura da estaca;
QL → Parcela da carga de ruptura pelo atrito ao longo do fuste;
Qp → Parcela da carga de ruptura pela resistência de ponta da estaca;
U → Perímetro da estaca;
ΔL → Espessura da camada considerada;
20
qL → Tensão média de adesão na ruptura na camada considerada;
Ap → Área de ponta da estaca;
qp → Resistência de ponta da estaca.
Figura 8- – Representação das parcelas de resistência; Fonte: Cabette, 2014
Complementarmente:
qp = qc / F1
ql = fc / F2
F1 e F2 → Coeficientes de correção
qc → Resistência de ponta do ensaio CPT
fc → Atrito lateral unitário do ensaio CPT
21
Os coeficientes “F1”e “F2” (Tabela 2) são fatores de correção de resistências de ponta
e lateral, respectivamente, os quais correlacionam o comportamento da estaca e o cone estático.
Para a utilização de resultados de ensaios SPT, utilizam-se fatores de conversão “k” e “α”
(Tabela 1), correlacionando a resistência de ponta e atrito lateral do cone com o Nspt , sendo
estes dependentes do tipo de solo. Além dos valores propostos por Aoki e Velloso (1975), são
apresentados também sugestões de novos valores gerados em trabalhos mais recentes propostos
por Laprovitera (1988), Benegas (1993) e Monteiro (1993). Sendo assim:
qp = qc / F1 → qp = k.Nspt / F1
ql = fc / F2 → ql = α.k.Nspt/ F2
Tabela 1- Fatores de conversão; Fonte: Lobo (2004)
22
Tabela 2 – Fatores de correção de resistência; Fonte: Lobo (2004)
Em 2010, os valores de F1 e F2 para estacas de hélice contínua foram revistos por Cintra e
Aoki (2010), sugerindo os valores:
F1 = 2
F2 = 4
23
2 DADOS DO PROJETO
Localizada na área de um antigo terreno baldio com bastante vegetação e entulhos, a locação
dos pontos de sondagens da ETE foi prejudicada. Optou-se então por executar sondagens em
pontos retilíneos como observado na figura 9 abaixo.
Figura 9- Planta de locação de sondagens
2.1 RESULTADOS DE SONDAGENS TIPO SPT
Dentre os objetivos das sondagens de simples reconhecimento explicitados na NBR
6484/2001, que regulamenta o método de ensaio SPT, estão a determinação do nível d’agua,
índice de resistência à penetração Nspt a cada metro e a classificação dos tipos de solo e suas
profundidades. Também são apresentados em norma a lista de componentes da aparelhagem
padrão e os procedimentos do ensaio, todos seguidos e documentados nos relatórios a seguir
(Figuras 10, 11, 12 e 13).
24
Figura 10- SP-01
25
Figura 11- SP-02
26
Figura 12- SP- 03
27
Figura 13- SP- 04
28
2.2 PLANTA DE LOCAÇÃO DAS ESTACAS
Figura 14- Planta de locação das estacas
29
Total de estacas:
- 78 Estacas cravadas a 6 metros
- 6 Estacas cravadas a 8 metros
Todas as estacas apresentam compressão admissível sem excentricidade de 180 tf,
compressão admissível com excentricidade de 162 tf e tração admissível de 22,9 tf. As cotas
de arrasamento das estacas serão a 1,50 metros abaixo do nível de onde foram executados os
ensaios SPT, pois será executado um rebaixamento de nível de todo o terreno do canteiro.
30
3 ANÁLISE DE DADOS
3.1 PERFIL GEOTÉCNICO REPRESENTATIVO DO SUBSOLO
Como ferramenta para obtenção do perfil representativo do subsolo foi usado um software
de plataforma CAD (Computer-aided design) para auxiliar nos desenhos do perfil. A partir da
planta de locação, relatórios dos testes SPT e planta de locação das estacas foram tomados os
seguintes passos para a obtenção do perfil representativo para apoio aos estudos das estacas:
- Espaçamento dos relatórios de ensaio SPT de acordo com a planta de locação das
sondagens;
- Valores de Nspt para cada metro de penetração;
- Ligação entre as camadas com classificação em comum de cada relatório;
- Posicionamento dos eixos das estacas;
- Interpolação dos valores de Nspt para cada eixo de estaca.
Deste modo, gerou-se o perfil geotécnico representativo a seguir (Figura 15).
31
Figura 15- Perfil geotécnico representativo
32
3.1 MÉTODO DE AOKI E VELLOSO
3.2.1 DETERMINAÇÃO DAS CARGAS
Tendo como base os dados de projeto tais como tipo de estaca, dimensões, profundidade
de cravação e arrasamento explicitados nos itens anteriores, foi possível estimar as cargas
recebidas por cada estaca aplicando o método semi-empírico de Aoki e Velloso. Visto que se
tratam de 20 eixos de referência, foi utilizado o Microsoft Excel com o intuito de evitar erros
de cálculos e agilizar o processo de análise como um todo.
Dados:
Fatores de correção propostos por Aoki e Velloso
F1 = 1,75
F2 = 3,5
Tipo de Solo k α
kN/m² %
Silte areno-argiloso
450 2.8
Argila arenosa 350 2.4
Areia fina/media 1000 1.4
Areia media com pedregulhos de
quartzo 100 1.4
Argila arenosa 350 2.4 Tabela 3 - Parâmetros do solo em estudo
Após aferir as capacidades de carga para cada eixo de estaca, verificou-se certa
homogeneidade do terreno e adotou-se o eixo 1 como base para as demais. Sendo assim, para
estacas pré-moldadas de concreto armado com o diâmetro de 0,5 metros, cravadas a 6 metros
de profundidade foi encontrado o valor de 81 toneladas, já para as cravadas a 8 metros de
profundidade o valor de 119 toneladas, como observado na tabela a seguir.
33
Tabela 4– Estimativa das cargas admissíveis de serviço método de Aoki e Velloso
34
3.1.1 ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CARGA DA ESTACA HÉLICE
CONTÍNUA MONITORADA
Com a carga admissível de serviço das estacas estimadas no item anterior, foram
avaliadas várias possibilidades. A partir das profundidades de execução necessárias, foram
calculados também o volume de concreto necessário para a execução das 84 estacas.
Lembrando que a camada de silte arenoso-argiloso será retirada no rebaixamento de nível do
canteiro, esta foi desconsiderada nos cálculos.
Inicialmente, foram avaliadas estacas de diâmetro 0,50 metros, de mesmo diâmetro das
estacas de concreto pré-moldada do projeto original, para verificação de valores. Em seguida
foram avaliadas estacas de diâmetros comerciais 0,60 e 0,70 metros.
Dados:
Fatorares de correção propostos por Cintra e Aoki (2010)
F1 = 2
F2 = 4
Fator de redução de resistência de acordo como item 7.8.6.4 da NBR 6122/2010
γc = 1,8 (Fck até 20 Mpa)
35
3.1.1.1 ESTACAS DE DIÂMETRO 0,50 METROS
36
3.1.1.2 ESTACAS DE DIÂMETRO 0,60 METROS
37
3.1.1.3 ESTACAS DE DIÂMETRO 0,70 METROS
38
3.3.3 ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO DA ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE
CARGA
A partir da estimativa das profundidades de execução e da capacidade de carga
expressas nos itens anteriores, gerou-se os gráficos expostos nas figuras 16, 17 e 18. Percebe-
se que o gráfico da resistência de fuste, gerada pelo somatório desta nas “n” camadas de solo,
se comporta linearmente crescente (nunca inferior a camada anterior) e varia sua inclinação de
acordo com a camada de solo que atravessa. Nota-se uma expressiva diferença na transição das
camadas de argila arenosa (4,45 metros) para areia fina/média (5,45 metros). A resistência de
ponta por sua vez, é gerada exclusivamente pela camada em que se encontra a cota de ponta da
estaca, podendo esta ter um valor inferior à camada anterior como é visto nas profundidades
10,45 metros e 11,45 metros. Ao passo que o diâmetro é aumentado, a parcela da resistência de
ponta toma cada vez maior peso na composição da carga de ruptura. Isso acontece, pois, a
resistência de ponta está diretamente vinculada à área da seção transversal da estaca, variando
de forma exponencial quando o diâmetro é aumentado. Já a resistência de fuste, considerando
a mesma profundidade de cravação, varia linearmente com o perímetro da seção transversal da
estaca, tendo esta uma variação menos significativa, se comparada com a resistência de ponta.
Para melhor compreender
Afim de melhor compreender a interação da estaca com o solo, é importante observar a
contribuição da resistência de ponta (Qp) e de fuste (Qs) na composição da estimativa da
capacidade de carga da estaca (Qu). No caso das estacas escavadas, a resistência de ponta não
pode ser inferior a 80% da carga admissível, pois são necessários elevados recalques para a
mobilização da carga de ponta, como também dúvidas sobre a limpeza de fundo. Para expor a
mobilização da resistência de ponta para todos os diâmetros estudados, gerou-se o gráfico da
figura 19 e constatou-se que todas a hipóteses atendem o critério de no mínimo 80% da carga
39
admissível vindo por parte da resistência de ponta, sendo assim pode ser considerada a
mobilização da resistência de ponta.
Figura 16- Estimativa da capacidade de carga Ø 0,50m
40
Figura 17- - Estimativa da capacidade de carga Ø 0,60m
41
Figura 18- - Estimativa da capacidade de carga Ø 0,70m
42
Figura 19- Parcela da resistência de ponta na composição da carga de ruptura a 5 m
85.9
87.4
89.0
84.0
84.5
85.0
85.5
86.0
86.5
87.0
87.5
88.0
88.5
89.0
89.5
Ø 0,5 m Ø 0,6 m Ø 0,7 m
%
43
4 CONCLUSÃO
Para análise do caso foram cedidos os ensaios de penetração SPT, contendo as
características geotécnicas do canteiro tais como Nspt e tipo de solo a fim de gerar o perfil
representativo com seus índices de resistência a penetração. Fundamentado nos dados gerados,
foi estudado o projeto original de fundações da ETE que prevê a execução de 84 estacas de
concreto armado pré-moldadas de diâmetro 0,50 metros. Dentre estas, 78 seriam cravadas a 6
metros e 6 seriam cravadas a 8 metros.
A partir dos aspectos acima foi feita uma estimativa da carga de ruptura pelo método de
Aoki e Velloso e estimou-se uma carga de 81 e 119 toneladas para as estacas cravadas a 6 e 8
metros, respectivamente. A fim de atender as cargas solicitantes, foi feita a estimativa da
capacidade de carga com diversos diâmetros executáveis da estaca tipo hélice contínua (0,50
m; 0,60 m e 0,70 m) para observar o comportamento da resistência de fuste e de ponta na
composição da carga de ruptura da estaca. Em todas as estimativas foi atingido o mínimo de
mobilização da carga de ponta de 80% na composição da carga de ruptura para estacas
escavadas. Já que todas atenderam este requisito, tomou-se como critério para a escolha da
estaca o consumo de concreto.
A estaca de hélice contínua com o diâmetro de 0,60 metros se mostrou a mais eficiente
dentre as demais. Seria necessária uma profundidade mínima de 4 metros para atender a
solicitação de projeto estimada de 81 toneladas e uma profundidade mínima de 7 metros para
atender a solicitação de projeto estimada de 119 toneladas. Deste modo o consumo de concreto
para a execução das 76 estacas de 4 metros seria de 1,13 m3 por estaca, resultando no total de
88,2 m3 de concreto injetado. Já as outras 6 estacas executadas a 7 metros teriam um consumo
de 1,56 m3, resultando no total de 9,33 m3 de concreto injetado.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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