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UIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRADE DO SUL ESCOLA DE EGEHARIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EGEHARIA DE PRODUÇÃO Avaliação do Sistema de Pontuação e da Validade Preditiva de um Método de Auditoria de Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho Carlo do Amaral Chanin Porto Alegre, 2011

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U�IVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRA�DE DO SUL ESCOLA DE E�GE�HARIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM E�GE�HARIA DE PRODUÇÃO

Avaliação do Sistema de Pontuação e da Validade Preditiva de um Método de Auditoria de Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho

Carlo do Amaral Chanin

Porto Alegre, 2011

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U�IVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRA�DE DO SUL ESCOLA DE E�GE�HARIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM E�GE�HARIA DE PRODUÇÃO

Avaliação do Sistema de Pontuação e da Validade Preditiva de um Método de Auditoria de Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho

Eng. Carlo do Amaral Chanin

Orientador: Professor Dr. Tarcísio Abreu Saurin

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção, modalidade Profissional, na área de concentração em Sistemas de Produção.

Porto Alegre, janeiro de 2011

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Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em

Engenharia de Produção na modalidade Profissional e aprovada na sua forma final pelos

orientadores e pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Prof. Tarcísio Abreu Saurin, Dr.

Orientador

Prof. Flávio Sanson Fogliatto, Dr.

Coordenador do PPGEP/UFRGS

Banca examinadora

Profa. Cláudia Medianeira Cruz Rodrigues, Dra. Eng. (UFRGS) Prof. Marcelo Fabiano Costella, Dr. Eng. (UNOCHAPECÓ) Profa. Morgana Pizzolato, Dra. Eng. (UFSM)

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AGRADECIME�TOS

Primeiramente gostaria de agradecer aos meus pais Ricardo e Lêda Chanin que

sempre foram os maiores incentivadores de todos os meus passos, obrigada pelo amor,

carinho, respeito e amizade!

Aos meus irmãos e amigos que sempre com os pequenos e grandes gestos

estiveram ao meu lado!

Ao meu orientador Tarcísio Abreu Saurin, por toda paciência e ensinamentos,

obrigado!

E a todos que de uma forma ou de outra contribuíram para a realização deste

trabalho, obrigado!

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�DICE

RESUMO ......................................................................................................................... 1

1. Introdução.................................................................................................................. 2

1.1 Comentários Iniciais ............................................................................................... 2

1.2 Justificativa ............................................................................................................. 3

1.3 Objetivo .................................................................................................................. 4

1.4 Método de Pesquisa ................................................................................................ 4

1.5 Estrutura do trabalho ............................................................................................... 5

2. Primeiro Artigo ......................................................................................................... 6

Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho no Setor de Energia Elétrica: revisão bibliográfica da produção científica nacional ...................................................... 6

RESUMO ...................................................................................................................... 6

ABSTRACT .................................................................................................................. 6

1. Introdução ................................................................................................................. 7

2. Referencial Teórico ................................................................................................... 8

2.1 Setor de energia elétrica no Brasil ....................................................................... 8

2.2 Sistema de Gestão em Segurança e Saúde no trabalho (SGSST) ..................... 10

2.3 Normatização no Setor Elétrico ........................................................................ 13

3. Método de Pesquisa ................................................................................................ 14

4. Resultados e discussão ............................................................................................ 16

5. Conclusões .............................................................................................................. 20

Referências bibliográficas ........................................................................................... 22

3. Segundo Artigo ....................................................................................................... 28

Avaliação do Sistema de Pontuação e da Validade Preditiva de um método de auditoria de Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho ......................... 28

RESUMO .................................................................................................................... 28

ABSTRACT ................................................................................................................ 29

1. Introdução ............................................................................................................... 30

2. Referencial Teórico ................................................................................................. 31

2.1 Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SGSST) ..................... 31

2.2 Engenharia de Resiliência ................................................................................. 34

2.3 Método de Avaliação de Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (MASST) ................................................................................................................. 35

3. Método de Pesquisa ................................................................................................ 39

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4. Resultados e discussão ............................................................................................ 41

4.1 Avaliação do sistema de pontuação .................................................................. 41

4.2 Validade Preditiva ............................................................................................. 42

5. Conclusões .............................................................................................................. 46

Referências Bibliográficas .......................................................................................... 48

4. Considerações Finais ............................................................................................... 50

Referências Bibliográficas .............................................................................................. 52

ANEXO A: Sistema de atribuição de pontuação aos itens avaliados (FNQ, 2009) ... 54

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RESUMO

O objetivo dessa dissertação é avaliar a validade preditiva e o sistema de

pontuação de um método de auditoria de sistemas de gestão de segurança e saúde no

trabalho. Inicialmente, contribuindo para justificar o tema de pesquisa, foi realizada uma

revisão bibliográfica sobre segurança e saúde no trabalho no setor elétrico brasileiro.

Quanto à avaliação, ela foi realizada com base em dados coletados durante a aplicação

do método de auditoria desenvolvido por Costella, 2008 em uma empresa de

distribuição de energia elétrica. Para a avaliação do sistema de pontuação, que havia

sido considerado muito subjetivo em estudos anteriores, quatro indivíduos foram

solicitados a atribuir notas para cada item do método de auditoria. As notas individuais

foram então comparadas, sendo investigado, qualitativamente, se as diferenças nas notas

individuais eram mais influenciadas pela subjetividade do sistema de pontuação ou pelo

perfil dos avaliadores. Os resultados apontaram que o único avaliador que não

participou da coleta de dados atribuiu notas substancialmente diferentes dos demais

avaliadores. Com a finalidade de avaliar a validade preditiva, os problemas detectados

durante a aplicação do método foram confrontados com um banco de dados de

incidentes registrados durante um período de 6 meses na mesma empresa, após a

aplicação do método. Concluiu-se que o método havia identificado problemas

relacionados a 85% dos incidentes.

Palavras-chave: sistemas de gestão de segurança e saúde no trabalho; auditoria;

validade preditiva

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1. Introdução

1.1 Comentários Iniciais

Em 1802, na Inglaterra, foi criada a primeira lei de proteção ao trabalhador, “Lei

de Saúde Moral de Aprendiz”, que estabelecia a jornada de trabalho em doze horas

diárias, proibia o trabalho noturno e estabelecia a obrigatoriedade de medidas de

melhoramento no ambiente de trabalho. Na França, em 1862, ocorreu a regulamentação

da Segurança e Higiene do Trabalho. Em 1865, na Alemanha, surge a “Lei de

Indenização Obrigatória dos Trabalhadores”, a qual responsabiliza o empregador a

pagar ao empregado pelo acidente de trabalho. Em 1873, também na Alemanha, criou-

se a primeira Associação de Higiene e Prevenção de Acidentes, que visa prevenir o

acidente e amparar o trabalhador acidentado (ARANTES, 1994).

Estudos relacionados às ações, atitudes ou medidas de prevenção, começaram

em 1926, através de Herbert William Heinrich que verificou os custos das seguradoras

para reparar os danos decorrentes de acidentes do trabalho. Em 1966, Frank Bird Jr.

propôs o controle de danos, considerando o enfoque para a segurança e saúde a partir da

idéia de que a empresa deveria se preocupar não somente com os danos aos

trabalhadores, mas também com os danos às instalações, aos equipamentos e a seus

bens em geral. Em 1970 Jonh Fletcher ampliou o conceito de Frank Bird Jr.,

englobando também as questões da proteção ambiental, de segurança patrimonial e

segurança do produto, (CICCO, 1997).

No Brasil, a primeira lei contra acidentes surgiu em 1919, e impunha

regulamentos prevencionistas ao setor ferroviário, já que, nessa época,

empreendimentos industriais de peso eram praticamente inexistentes. O ano de 1934

constitui-se num marco em nossa história, pois surge uma lei trabalhista que instituiu

uma regulamentação bastante ampla, no que se refere à prevenção de acidentes

(BITENCOURT, 1998).

No setor privado, em 1941 é fundada a ABPA (Associação Brasileira para

Prevenção de Acidentes), sob patrocínio de empresas do setor privado. Em 1972,

integrando o Plano de Valorização do Trabalhador, o governo federal baixou a portaria

nº 3237, que torna obrigatória além dos serviços médicos, os serviços de higiene e

segurança em todas as empresas onde trabalham 100 ou mais pessoas. Nos dias de hoje,

leva-se em consideração não só o número de empregados da empresa, mas também o

grau de risco da mesma (BITENCOURT, 1998).

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No que diz respeito às Normas Regulamentadoras (NR), estas foram criadas no

dia 08 de junho de 1978, através da Portaria no 3.214. As NR são de observância

obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração

direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que

possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT (MPS,

2010).

No Brasil, estatísticas sobre acidentes de trabalho vêm sendo divulgadas, em

especial, pelo Ministério da Previdência Social (MPS). Verifica-se que tem havido um

consistente crescimento do número de acidentes de trabalho nos últimos anos. Em 2006,

registraram-se 512.232 ocorrências de acidentes, crescendo para 659.523 em 2007, o

que corresponde a um crescimento relativo de 28,75%, nesse ano. Em 2008, último ano

com informações disponíveis, este número alcançou 747.663, o que equivale a um

aumento de 46% em apenas dois anos (AEAT, 2008).

1.2 Justificativa

A saúde e segurança no trabalho (SST) está passando por uma transformação

considerável de valores. Normalmente, os resultados de SST são mensurados com

indicadores reativos, que avaliam o número de acidentes ocorridos e suas conseqüências

em dias perdidos. São as já bastante conhecidas “taxas de freqüência” e “taxas de

gravidade”, respectivamente. Estes indicadores mensuram a perda ocorrida e não

refletem, especialmente quando a base de dados é pequena, os esforços desenvolvidos

por uma organização na construção, implantação e desenvolvimento de um sistema de

gestão de SST (SGSST).

Assim, é necessária a utilização de medidas pró-ativas, tais como aquelas

provenientes das auditorias (GARCIA, 2004). De fato, normas de cumprimento não

obrigatório, como a OHSAS-18001 (BSI, 1999), requerem que a organização estabeleça

e mantenha procedimentos para a execução de auditorias periódicas do SGSST.

As auditorias de SGSST embasam as ações de planejamento e controle, bem

como propiciam a melhoria contínua e a retroalimentação a todas as partes interessadas

no SGSST (LINDSAY, 1992; MITCHISON e PAPADAKIS, 1999 apud COSTELLA

et al., 2008). Em função disso, é importante o sistema de pontuação de uma ferramenta

de auditoria, pois este atribui notas a cada item avaliado, permitindo priorizar os

problemas. A validade preditiva é uma característica muito importante em um método

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de avaliação de desempenho de segurança, uma vez que reflete a relação causa-efeito

entre os indicadores de desempenho e os resultados de segurança, esta indica a

capacidade do método de prever desempenhos futuros. Caso essa capacidade seja boa,

justifica-se a implantação de planos de ação a partir dos resultados da auditoria.

Embora existam diversos métodos de auditoria de SGSST (ISRS – International

Safety Rating System (KUUSISTO, 2001), Sistema Dupont de Gestão de Segurança de

Processo (DUPONT, 2010), Tripod Delta (LAMBERS, 2001), SMAS – Safety

Management Assesment System, entre outros (BEA, 1998)), geralmente eles não são

avaliados quanto à validade preditiva e quanto à confiabilidade dos sistema de

pontuação (diferentes auditores atribuem pontuações consistentes?). Nesta dissertação,

esses dois aspectos são avaliados no método de auditoria de SGSST desenvolvido por

Costella (2008), o qual é identificado pela sigla MASST. Tal método foi originalmente

desenvolvido e testado em uma metalúrgica. Posteriormente, Carim Junior et al. (2008),

aplicaram o mesmo em uma pequena escola de aviação civil. Saurin e Carim Júnior

(2010) relatam a aplicação do método em uma distribuidora de energia elétrica, estudo

no qual o autor dessa dissertação participou durante a etapa de coleta de dados. A

disponibilidade de dados empíricos, bem como a experiência prática do autor no uso do

método, foram os fatores que levaram a escolha do MASST, ao invés de outros

métodos, como objeto das avaliações descritas nessa dissertação.

1.3 Objetivo

O objetivo principal deste trabalho é avaliar o sistema de pontuação e a validade

preditiva do método de auditoria de SGSST desenvolvido por Costella (2008).

1.4 Método de Pesquisa

A primeira etapa da pesquisa envolveu um levantamento bibliográfico referente

à gestão da SST no setor de energia elétrica brasileiro, contribuindo para justificar a

relevância e originalidade da pesquisa, em âmbito nacional.

A segunda etapa da pesquisa consiste na aplicação do método de auditoria do

SGSST em uma empresa de distribuição de energia elétrica, com o intuito de

disponibilizar dados para avaliar a sistema de pontuação e a validade preditiva deste

método. Após a conclusão desta etapa, foi realizado um seminário envolvendo

pesquisadores e representantes da empresa, com a finalidade de validar os resultados

obtidos durante a aplicação do MASST.

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A terceira etapa envolve a avaliação propriamente dita. Para a avaliação do

sistema de pontuação, quatro indivíduos foram solicitados a atribuir notas para cada

item do método de auditoria, usando como base, o relatório com os resultados da

aplicação do MASST. As notas individuais foram então comparadas, sendo investigado,

qualitativamente, se as diferenças nas notas individuais eram mais influenciadas pela

subjetividade do sistema de pontuação ou pelo perfil dos avaliadores.

Com a finalidade de avaliar a validade preditiva, os problemas detectados

durante a aplicação do método foram confrontados com um banco de dados de

incidentes registrados durante um período de 6 meses na mesma empresa, após a

aplicação do método.

1.5 Estrutura do trabalho

Este trabalho esta organizado em quatro capítulos. No primeiro capítulo é feita

uma introdução ao tema justificando a importância do sistema de gestão de segurança e

saúde no trabalho, este capítulo também consta alguns conceitos básicos do assunto,

bem como o objetivo, os métodos de trabalho e a sua estrutura.

O segundo capítulo contém um artigo que trata em particular do setor de

distribuição elétrica no Brasil, levantando os trabalhos que tratem do assunto segurança

e saúde no trabalho neste ambiente.

O terceiro capítulo apresenta o segundo artigo que compõe esta dissertação.

Neste artigo é realizada a avaliação de um método de auditoria do sistema de segurança

e saúde no trabalho sobre dois aspectos, o sistema de pontuação e a validade preditiva

deste método, através da aplicação desta ferramenta em uma empresa distribuidora de

energia elétrica.

O quarto capítulo apresenta as conclusões obtidas a partir dos trabalhos

desenvolvidos, esclarecendo as limitações da pesquisa. Neste capítulo também são

propostas sugestões de trabalhos futuros.

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2. Primeiro Artigo

Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho no Setor de Energia

Elétrica: revisão bibliográfica da produção científica nacional

Carlo Chanin1, Tarcísio Abreu Saurin1

1 Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.Escola de Engenharia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul

RESUMO

Este estudo busca identificar, através de uma revisão bibliográfica, as práticas

relativas a Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde no Trabalho no setor de energia

elétrica no Brasil. Os resultados indicaram que inexistem trabalhos que efetivamente

abordem o tema Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde no Trabalho no setor de

energia elétrica como um todo. Os trabalhos que abordam a temática de segurança e

saúde ocupacional no setor de energia elétrica os fazem tratando basicamente de

práticas e técnicas pontuais do SGSST.

Palavras-chave:, Sistemas de Gestão Segurança e Saúde no Trabalho, Setor elétrico,

Acidentes

ABSTRACT

This study seeks to identify, through a bibliographic revision, the practices relating to

Health and Safety Management Systems in the power sector in Brazil. The results

indicated that are inexistent the studies that effectively broaches the theme Health and

Safety Management Systems in power sector as a whole. The studies concerning the

thematic of occupational health and safety in the power sector are, basically, of the

practical and technical points of the OHSMS.

Keywords: Health and Safety Management Systems, Power sector, Accidents

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1. Introdução

Os riscos e acidentes de trabalho são inerentes a todas as atividades produtivas

humanas. No entanto, por meio de medidas preventivas bem planejadas, eles podem ser

amenizados ou evitados em sua quase totalidade, como ressalta Rousselet (1999).

Considera-se, entretanto, que não existe dano maior do que a perda de vidas humanas,

fato que ocorre diariamente nos diferentes tipos de atividades profissionais. Em algumas

atividades, ditas perigosas, como os serviços em redes de energia elétrica, ainda

ocorrem graves acidentes, mesmo contando com padrões de segurança.

O trabalho no setor elétrico destina-se à geração, transmissão e distribuição de

energia elétrica e é caracterizado pela presença de demandas físicas e mentais, co-

existindo riscos à segurança e saúde dos trabalhadores que são de origem elétrica,

mecânica, biológica, física, biomecânica e psicossocial. Como exemplo, um estudo

junto a eletricitários do setor de distribuição de energia elétrica do Estado do Rio de

Janeiro, cita, entre outras situações vivenciadas na execução do trabalho, o choque

elétrico, as lesões de pés e mão por acidentes envolvendo manutenção de equipamentos

e de rede elétrica, o esforço visual e mental na leitura e interpretação de plantas, as

posturas inadequadas, os riscos de acidentes de trânsito, a exposição às condições

climáticas, a ameaça de desemprego e a perda de benefícios anteriormente obtidos

(NOGUEIRA, 1999; GUIMARÃES, 2002).

De acordo com os dados do Relatório de Estatísticas da Fundação Coge foram

75 os acidentes fatais no setor elétrico em 2008: 72 ocorridos com a força de trabalho de

empresas distribuidoras e outros três com os trabalhadores das empresas geradoras. Os

acidentes fatais ao longo dos anos na etapa de distribuição têm como causas principais:

origem elétrica, queda e veículos. Tais causas podem ser minimizadas, especialmente as

duas primeiras, com o cumprimento de procedimentos técnicos do trabalho

(planejamento, passo-a-passo, supervisão, etc.). Os riscos na etapa de geração (turbina e

geradores) de energia elétrica são similares e comuns a todos os sistemas de produção

de energia, destacando o choque elétrico como principal causa de acidentes fatais. A

etapa de transmissão que é constituída basicamente por linhas de condutores destinadas

a transportar a energia elétrica desde a etapa de geração até a etapa de distribuição, os

incidentes ocorrem na manutenção destas linhas e tem como principais causas de

mortes, o choque elétrico e a queda de diferentes níveis.

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Os condutores, postes e estruturas fazem parte da paisagem e da vida cotidiana

das cidades brasileiras. Apesar da padronização das estruturas, as características de cada

ponto são diversificadas, variando por bairro, rua e poste, devido à influência do meio

ambiente. Esses fatos tornam os serviços realizados nas redes de distribuição bastante

complexos, haja vista a conseqüente dificuldade em orientar, programar e planejar os

serviços.

O elevado número de ocorrências relacionadas a acidente de trabalho,

envolvendo agentes diversos da eletricidade, foi fundamental para a escolha do setor de

distribuição de energia elétrica como foco de estudo deste artigo. Este trabalho tem com

objetivo, com base em uma revisão bibliográfica, identificar e descrever práticas de

gestão em segurança e saúde no trabalho no setor elétrico no Brasil.

O presente artigo inicialmente explicita alguns conceitos de Sistema de Gestão

em Segurança e Saúde no Trabalho (SGSST) bem como do setor de energia elétrica no

Brasil e sua normalização. Em seguida é apresentado o método de pesquisa. Após, são

apresentados os resultados das evidencias encontradas bem como uma discussão a

respeitos desses estudos.

2. Referencial Teórico

2.1 Setor de energia elétrica no Brasil

O setor de energia elétrica no Brasil destaca-se pela infra-estrutura, que atende a

95% da população brasileira, segundo Atlas de Energia Elétrica no Brasil (ANEEL,

2008). O país utiliza um sistema integrado para as atividades de geração, transmissão e

distribuição de energia, o Sistema Interligado Nacional (SIN), que é composto por

usinas, linhas de transmissão e de distribuição (ANEEL, 2008).

As privatizações ocorridas no setor de energia elétrica na década de 90

ocasionaram a necessidade de melhorias, e aumento, nas taxas de produtividade e

eficiência das empresas geradoras, transmissoras e distribuidoras de energia elétrica.

Para tanto, foram introduzidas novas tecnologias e materiais, terceirização da mão-de-

obra, assim como modificações nos processos e na forma de organizar o trabalho

(LOURENÇO e LOBÃO, 2008). Tal cenário teve como conseqüência, ainda, a inserção

de modelos de gestão que viabilizassem tais mudanças (PEREIRA, 2005 apud

BORDIGNON et al. 2008).

O aumento dos níveis de produtividade conseqüentemente ocasionou aumento

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da carga de trabalho dos trabalhadores do setor, o que aumentou a exposição destes à

periculosidade e à precariedade das condições de segurança nas funções desempenhadas

e exigiu maior atenção, tanto por parte das empresas como dos próprios trabalhadores, à

segurança e saúde do trabalhador (LOURENÇO e LOBÃO, 2008; BORDIGNON et al.

2008).

De acordo com dados da Fundação COGE (Fundação Comitê de Gestão

Empresarial), que reúne empresas geradoras, transmissoras e distribuidoras de energia

elétrica, no ano de 2008 ocorreram 2440 acidentes de trabalho com afastamento nas 77

empresas participantes do comitê e empresas contratadas destas, sendo 409 acidentes

fatais.

Um comparativo da evolução dos indicadores de acidentes de trabalho fatais do

setor elétrico brasileiro e do Brasil estão representados na figura 1.

Figura 1- Número de acidentes fatais por 100.000 trabalhadores relacionando o Setor

Elétrico com os dados dos demais setores do Brasil (AEAT, 2008)

No intuito de modificar esse panorama e oferecer maior segurança aos

trabalhadores do setor, ações preventivas e uma crescente preocupação com a

integralidade da saúde e vida dos mesmos vêm ocorrendo no setor energético do país.

Exemplo disto é a Norma Regulamentadora nº 10 (NR-10), atualizada em 2004, que

estabelece requisitos e condições de trabalho com objetivo de garantir a segurança e

saúde dos trabalhadores que, de qualquer forma, trabalhem em instalações elétricas ou

serviços com eletricidade (MTE, 2008). Ainda com objetivo de gerir a segurança e

saúde do trabalhador tem-se a OHSAS-18001, que estabelece requisitos dos sistemas de

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gestão de segurança e saúde ocupacional (AMARAL et al. 2008).

2.2 Sistema de Gestão em Segurança e Saúde no trabalho (SGSST)

A segurança do trabalho está associada à relação das pessoas e suas atividades

cotidianas, aos equipamentos e materiais, ao ambiente de trabalho e aos indicadores de

produtividade. Assim, para que haja segurança e saúde no trabalho é necessário que

exista equilíbrio entre o trabalho seguro e as taxas de produtividade (SKYPBA, 1998

apud AMARAL et al. 2008).

Em meados dos anos 90, com a publicação das normas de qualidade ISO 9000 e,

posteriormente, de meio ambiente ISO 14000, cresceu entre as organizações

internacionais a preocupação com a distância entre a segurança e saúde no trabalho e as

funções que já apresentavam sistemas de gestão (ALCOFORADO, 2008).

Com a crescente necessidade de as empresas criarem sistemas de gerenciamento

da SST, foram desenvolvidos guias e normas sobre o assunto. O British Standart,

organismo regulamentador britânico foi pioneiro nessa iniciativa, com a criação do guia

BS8800, que apresentou normas de sistemas de gestão em segurança e saúde no

trabalho (BENITE, 2004 apud ALCOFORADO, 2008).

O objetivo do BS8800 era oferecer auxílio às organizações na abordagem do

gerenciamento da segurança e saúde no trabalho, viabilizando a saúde e proteção dos

trabalhadores expostos a riscos nas suas atividades. O guia foi elaborado a partir dos

conceitos prévios das normas ISO 9000 e ISO 14000, contudo não têm fins de

certificação, como as suas referências.

A partir da investigação das melhores práticas em gestão da SST existentes até

então, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), elaborou a o guia ILO-OSH

2001, Guidelines on Occupational Safety and Health Management Systems com o

objetivo de unificar os conceitos de GSST e de, segundo a OIT (2001), contribuir para

manter a integridade dos trabalhadores, oferecendo proteção e eliminando lesões,

incidentes, acidentes e fatalidades ocorridas no ambiente de trabalho. Cabe salientar que

o guia ILO-OSH 2001 recomenda que, quando necessário, sejam designadas

instituições com competência para formulação, implantação e revisão de políticas

nacionais a fim de que sejam estabelecidos procedimentos para o desenvolvimento e

promoção de sistemas de gestão em segurança e saúde no trabalho dentro das empresas.

E, ainda, recomenda que seja estabelecida uma Estrutura Nacional para que diretrizes e

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normas específicas de cada país sejam elaboradas, aliando as peculiaridades de cada

nação às orientações da OIT (ALCOFORADO, 2008).

A ILO-OSH 2001 possui aplicabilidade ampla em organizações de diferentes

nacionalidades, mas não define detalhadamente as orientações para o estabelecimento

de um sistema voltado à gestão da SST (AMARAL et al. 2008).

Nesse panorama, no final dos anos 90, com o intuito de estabelecer requisitos

passíveis de auditoria e certificação, organismos certificadores, assim como entidades

normatizadoras de vários países, elaboraram a OHSAS-18001. Tal norma visava

substituir todas as normas anteriores e ser utilizada internacionalmente.

A OHSAS-18001 tem requisitos para o SGSST que possibilitam às empresas

controlar os possíveis riscos associados às atividades no ambiente de trabalho e

melhorar o desempenho organizacional. Além disso, a norma proporciona às

organizações elementos que podem, quando corretamente planejados, interagir e

integrar o sistema de gestão em segurança e saúde no trabalho às demais normas de

gestão da qualidade, ISO 9000, e de gestão ambiental, ISO 14000 (ALCOFORADO,

2008).

A Figura 2 representa os elementos do sistema de gestão OHSAS e a seqüência

em que são apresentadas na norma.

MELHORIA CONTÍNUA

Levantamento da situação inicial

Política de Saúde e Segurança do

Trabalho

PlanejamentoImplementação e Operação

Verificação e ação corretiva

Revisão gerencial

Figura 2 – Elementos do sistema OHSAS-18001 (Adaptado de Alcoforado, 2008)

Ainda segundo Alcoforado (2008) e Amaral et al. (2008), a OHSAS-18001- bem

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como suas antecessoras, BS 8800 e ILO-OSH 2001 - constitui um sistema de gestão em

segurança e saúde no trabalho estruturado de acordo com o ciclo PDCA (Plan, Do,

Check, Act), inserido na abordagem de melhoria contínua, o que justifica a difusão e

sucesso de tais normas, especialmente da OHSAS-18001.

A figura 3 apresenta um quadro com a correlação entre os requisitos do SGSST do

guia ILO-OSH e da norma OHSAS-18001.

REQUISITOS GUIA ILO-OSH

REQUISITOS DA NORMA BSI-OHSAS-18001

4.1

4.2

4.3

.1

4.3

.2

4.3

.3

4.3

.4

4.4

.1

4.4

.2

4.4

.3

4.4

.4

4.4

.5

4.4

.6

4.4

.7

4.5

.1

4.5

.2

4.5

.3

4.5

.4

4.6

3. Sistema de gestão da SSO na organização X

3.1 Política de Segurança e Saúde X

3.2 Participação do trabalhador P P

3.3 Responsabilidade e prestação de contas X

3.4 Competência e Treinamento X

3.5 Documentação do sistema de gestão de SSO (Segurança e Saúde Ocupacional)

X X X X

3.6 Comunicação X

3.7 Análise crítica inicia P P

3.8 Planejamento, desenvolvimento e implementação do sistema

X P X P

3.9 Objetivos de segurança e Saúde X

3.10 Prevenção de perigos X

3.10.1 Prevenção e medidas de controle X P X

3.10.2 Gerenciamento de mudanças P P

3.10.3 Prevenção de emergências, preparação e Resposta

X

3.10.4 Compras P X

3.10.5 Contratação P X

3.11 Medição e monitoramento de desempenho X

3.12 Investigação, lesões relacionadas ao trabalho, problemas de saúde, doenças e incidentes e seus impactos no desempenho em segurança e saúde

X

3.13 Auditori X

3.14 Análise crítica pela administração X

3.15 Ações preventivas e Corretivas X

3.16 Melhoria contínua P P P

Legenda: X – Relação identificada (referência explicita) P – Relação Parcial (não explicita, mas pode estar implícita)

REQUISITOS DA NORMA BSI-OHSAS-18001 4.1. Requisitos gerais 4.2. Política de SST 4.3 Planejamento 4.3.1. Planejamento para identificação de perigos, avaliação e controle de riscos 4.3.2. Exigências legais e outras 4.3.3. Objetivos 4.3.4. Programa(s) de gestão de SST 4.4 Implementação e operação 4.4.1. Estrutura e responsabilidade 4.4.2. Treinamento, conscientização e competência 4.4.3. Consulta e comunicação 4.4.4. Documentação 4.4.5. Controle de documentos e de dados 4.4.6. Controle operacional 4.4.7. Preparação e atendimento a emergências 4.5 Verificação e ação corretiva 4.5.1. Medição e monitoramento do desempenho 4.5.2. Acidentes, incidentes, não-conformidades e ações preventivas e corretivas 4.5.3. Registros e gestão de registros 4.5.4. Auditoria 4.6. Análise crítica pela administração

Figura 3 Correlação entre os requisitos do guia ILO-OSH e da norma OHSAS-18001.

Fonte: Adaptado de Dias (2003)

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2.3 �ormalização no Setor Elétrico

No setor elétrico se aplica toda a legislação aplicada à segurança de todos os

tipos de organização e, mais especificamente voltada ao setor, a NR-10 que trata das

condições de segurança dos trabalhadores em instalações e serviços em eletricidade

(DALBERTO, 2005).

A NR-10, regulamentada em 1978, foi atualizada em 2004 em função das

mudanças no cenário energético no Brasil. As privatizações no setor introduziram novas

tecnologias, novos materiais e uma nova forma de organização do trabalho

(DALBERTO, 2005). O texto atualizado da norma tem como objetivo a implementação

de medidas de controle e de prevenção que garantam a segurança e saúde dos

trabalhadores que, de alguma forma, interajam em instalações elétricas e serviços com

eletricidade. A norma abrange todo o setor de energia elétrica, desde as fases de geração

de energia até as etapas de projeto que envolvam eletricidade ou instalações elétricas e

suas proximidades (MTE, 2008). Segundo Bordignon et al. (2008), a NR-10 “exige

gestão, administração, envolvimento, decisão e responsabilidade”. O mesmo autor

ressalta, ainda, que a norma necessita de estudo e interpretação, caracterizando a mesma

como ferramenta para viabilizar um sistema de gestão em segurança e saúde no trabalho

nas empresas do setor elétrico.

A reformulação no texto da norma, de acordo com Dalberto (2005), têm

destaque em relação à versão anterior em função de mudanças tais como:

(i) a obrigatoriedade de conceitos de segurança no projeto de instalações elétricas; (ii)

referências a outras normas como a NR-23, de proteção contra incêndio e explosão, e a

NR-26, sobre sinalização de segurança; (iii) obrigatoriedade de treinamento aos

profissionais aptos a atuar em instalações elétricas, (iv) obrigatoriedade de utilização de

equipamentos de proteção coletiva, (v) definição de responsabilidades aos contratantes

e aos contratados, (vi) estabelecimento de relatórios técnicos de inspeção; (vii)

estabelecimento de zonas de risco ao redor de pontos energizados,(viii) obrigatoriedade

de procedimentos operacionais, (ix) estabelecimentos de critérios para proteção e

prevenção de acidentes em trabalhos com instalações energizadas e (x) obrigatoriedade

de utilização de vestimentas adequadas à atividade, com proteção anti-chama.

As medidas de prevenção e proteção requeridas pela NR-10, segundo Lourenço e

Lobão (2008), sugerem uma redução no número de acidentes, visto que os

procedimentos de segurança ficaram mais complexos. Ainda ressalta-se a abrangência

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da norma quanto à estratégia de prevenção com objetivo de reduzir ou eliminar riscos a

partir da identificação e avaliação destes na busca de um melhor planejamento do

trabalho para a execução segura do mesmo, seguindo os moldes dos SGSST.

3. Método de Pesquisa

Inicialmente foi realizado um levantamento, no período de Janeiro a Agosto de

2010, em periódicos de acesso livre e congressos científicos, sobre gestão em segurança

e saúde no trabalho no setor elétrico. Para tal levantamento, usou-se no portal Capes e

diretamente no Google Acadêmico as palavras “gestão de segurança e saúde no

trabalho” combinado com “setor elétrico”, “setor de energia elétrica” e “eletricista”.

Consideraram-se para este estudo, somente artigos em publicações nacionais a partir do

ano 2000. Em seguida, foram estratificados e selecionados, usando somente os trabalhos

que apresentavam melhorias ao SGSST relativos ao setor de energia elétrica no Brasil.

Por fim, com base no método proposto por Amaral et al. (2008), os trabalhos foram

selecionados e classificados conforme coerência e adesão dos recursos e práticas

apresentadas aos requisitos do sistema de gestão em segurança e saúde no trabalho. A

Figura 3 apresenta os critérios para a classificação dos trabalhos.

Critérios

1 Tipos de Recurso Política de Gestão Sistema de avaliação Técnicas Específicas

2 Abrangência

Equipamentos Software Recursos Humanos Procedimentos e técnicas Organização

3 Associação metodológica

Planejamento Estratégico de Gestão

Implantação e Operação Treinamentos Controles

Verificação Indicadores de desempenho Ação corretiva Manutenção e reciclagem

Figura 3 – Critérios de classificação dos trabalhos de acordo com os requisitos do

sistema de gestão em SST (Adaptado de Amaral et al. 2008).

O primeiro critério classifica os trabalhos conforme:

(i) políticas de gestão – apresentam orientações para a gestão da segurança, sem

profundidade e poucos detalhes; (ii) sistema de avaliação – trabalhos que apresentam

recursos de avaliação do sistema de gestão da segurança do trabalho; (iii) Técnica

específica – diz respeito aos artigos que apresentam ações específicas e pontuais em

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relação à segurança e saúde no trabalho.

No segundo critério, os trabalhos são classificados de acordo com a abrangência

dentro das empresas do setor de energia elétrica e da amplitude das melhorias por esses

proporcionadas em:

(i) Software – melhorias nos sistemas de informática; (ii) Recursos Humanos – práticas

associadas a mudanças culturais e comportamentais nas empresas; (iii) Procedimentos e

técnicas – melhoria nos processos e atividades; (iv) Organização - melhorias

envolvendo toda a empresa, desde o nível estratégico.

O terceiro e último critério avalia a contribuição dos trabalhos e do que é

apresentado pelos mesmos à implantação de um sistema de gestão de segurança e saúde

no trabalho, orientada sob o viés do ciclo PDCA.

De acordo com os critérios apresentados, foi elaborada uma matriz a fim de

identificar quais os critérios são mais freqüentemente abordados nos trabalhos

pesquisados sobre segurança e saúde no trabalho no setor de energia elétrica, em que

profundidade tais aspectos são tratados pelos artigos e quais trabalhos apresentam maior

número de critérios relativos à gestão em segurança e saúde no trabalho, pois os

critérios não são excludentes. Para melhor constatação dos resultados, foram atribuídos

pesos para a abordagem dos critérios nos trabalhos estudados. Essa relação varia de

zero, quando o trabalho não apresenta nenhuma relação com o critério; 3 (três), quando

apresenta o critério de forma sucinta e 9, quando o critério é profundamente abordado

pelo trabalho. A Figura 4 apresenta o modelo da matriz elaborada.

Critérios/ Trabalhos

Critério

1

Critério

2 Critério

3 Critério

4 Critério

N

Total

Trabalho 1 Trabalho 2 Trabalho 3 Trabalho 4 Trabalho N Total

Figura 4 – Modelo de Matriz de classificação dos trabalhos (fonte: Amaral et al. 2008).

O somatório das linhas identifica qual trabalho apresenta maior aderência aos

critérios do método proposto e, assim, aos requisitos e modelos apresentados nas

normas e, conseqüentemente, apresenta maiores características de um sistema de gestão

em segurança e saúde no trabalho. O somatório das colunas identifica a freqüência e

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profundidade com que os critérios estabelecidos são abordados no universo de estudo

deste trabalho.

4. Resultados e discussão

Foram analisados 45 artigos neste trabalho, onde 7 destes foram publicados em

revistas indexadas, 13 em anais de congressos e 25 em seminários do setor elétrico. Os

artigos são apresentados na matriz abaixo (figura 5) com os respectivos pesos atribuídos

a cada critério. Onde zero (representado pelos quadrantes em branco na figura 5) não

apresenta nenhuma relação com o critério; 3 (três), quando atende ao critério de forma

parcial e 9 quando o critério é totalmente atendido pelo trabalho.

Figura 5 - Matriz de classificação dos trabalhos

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A Figura 6 apresenta o gráfico das classificações dos trabalhos estudados.

Figura 6 – Distribuição percentual dos trabalhos de acordo com as características apresentadas na matriz

A quantidade de trabalhos que apresentam as características da matriz elaborada,

assim como o gráfico de Pareto das classificações demonstrando que a maior parte dos

trabalhos analisados (aproximadamente 85%) abrange metade das características

listadas no estudo (figura 6).

A partir da análise da matriz de classificação, verificou-se que 19% dos trabalhos

tratam de técnicas específicas associadas a Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde

no Trabalho, destacando-se os trabalhos de Oliveira (2009) (maior pontuação, dentre

todos os trabalhos avaliados) que apresenta o estudo de levantamentos ergonômicos a

fim de avaliar as condições de trabalho na Cia. Energética de São Paulo (CESP) e para

tanto realizou questionários, entrevistas e sugestões de melhoria dadas pelos próprios

trabalhadores. Outro trabalho de destaque e relacionado a técnicas específicas de

SGSST é o de Thomaz, (2009) que apresenta algumas medidas preventivas de acidentes

em empresa distribuidora de energia visando, especialmente, à conscientização dos

trabalhadores em relação ao uso de EPI’s e inspeção de equipamentos. Contudo, tais

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trabalhos não apresentam aspectos gerais de um SGSST como uma sistemática de

treinamentos, planejamento das melhorias, desenvolvimento e implantação de

indicadores de desempenho associados à Segurança e saúde no Trabalho, manutenção e

reciclagem das medidas adotadas, etc.

Outros 12% dos trabalhos analisados, referem-se a políticas de gestão,

destacando-se os trabalhos de Figueira et al. (2009), que trata das melhores práticas em

relação à NR-10 na CESP, bem como os trabalhos de Cruz e Cordeiro (2009) que trata

de um programa de auditoria de Segurança e Saúde no trabalho das empresas

prestadoras de serviços na Cia Energética de Pernambuco – CELPE e de Costa et al.

(2009) e Sousa (2009) que abordam as intervenções das Comissão Interna de Prevenção

de Acidentes (CIPA) na CESP e Cia. Energética do Maranhão (CEMAR),

respectivamente. Em relação a estes trabalhos, observou-se que as políticas de gestão

relacionadas ao SGSST foram iniciativas pontuais, visto que não são citadas nos artigos

ações de continuidade das intervenções, nem previstas avaliações periódicas em relação

à Segurança e saúde no Trabalho, visando adequar as políticas à lógica de PDCA no

Sistema de Gestão de Segurança e saúde no Trabalho.

Os trabalhos que se referem principalmente a treinamentos ou indicadores de

desempenho ou controle do SGSTT, representantes de 19% do total. Entre esses

trabalhos cita-se o de Assmann (2009) que conclui sobre o impacto dos indicadores na

gestão da segurança da CELESC Distribuidora (Cia Energética do Estado de Santa

Catarina). Este estudo, que está classificado pelo critério de verificação do SGSST, não

apresenta o planejamento para a criação dos indicadores, bem como avalia parcialmente

seu impacto na gestão da segurança na Cia Energética estudada. Além disso, não

menciona as razões pelas quais os indicadores foram controlados e qual a expectativa da

Cia energética em analisar tais aspectos. No critério referente a sistemas de avaliação ou

controle do SGSST, o estudo de Neves (2009) propõe e define um índice para avaliação

dos riscos de acidentes de trabalho, considerando a legislação para determinação dos

riscos e o número de inspeções de segurança na empresa objeto do estudo. Tal definição

busca estabelecer os riscos laborais, contudo não avalia o sistema de gestão como um

todo. Desta forma, o estudo seria mais bem complementado se apresentasse os possíveis

indicadores para o sistema, bem como indicadores acerca do desempenho do sistema

como um todo e a apresentação de possíveis pontos de melhoria no mesmo. Já o

trabalho de Alencar (2009), realiza uma avaliação e um diagnóstico sobre a condição

inicial da empresa estudada em relação à gestão de Segurança e saúde no Trabalho. A

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partir de tal diagnóstico relata o estabelecimento de um plano de ação para o

desenvolvimento de um SGSST na empresa. As conclusões do trabalho, no entanto, não

apresentam claramente quais os pontos de observação deste plano de ação nem

apresentam maiores informações e indicações que norteiem os passos subseqüentes da

manutenção do sistema de gestão. Ainda sobre sistemas de avaliação do SGSST, o

trabalho de Craveiro et al. (2009) apresenta diferentes indicadores referentes a

Segurança e saúde de Trabalho e que envolvem a manutenção dos riscos e a prevenção

de acidentes de trabalho. O estudo apresenta o conjunto de indicadores e sua interação

como forma de avaliar o desempenho da Segurança e saúde no Trabalho, mas apenas de

forma pontual, sem considerar um sistema de gestão. Poderiam ser identificados neste

estudo os pontos de melhoria nas atividades e estabelecidos planos de ação para tais

melhorias, bem como verificações da implantação das mesmas. Configurando, na

totalidade a lógica de um sistema de gestão. Ainda neste contexto, Päivinen (2006)

avaliou a percepção dos trabalhadores do setor elétrico sobre o risco do trabalho em

condições de frio extremo, especial as ferramentas manuais, evidenciando através de

entrevistas, questionários e observações diretas que as quedas de ferramentas,

equipamentos e gelos dos postes são os principais agentes causadores de incidentes, e

propuseram mudanças nas ferramentas e equipamentos utilizados como uma maneira de

minimizar os riscos, porém está etapa não foi contemplada pelo mesmo.

No critério referente a software de gestão, os artigos de Duran e Godoi (2009) e

Sabino et al. (2009) apresentam diferentes ferramentas que auxiliam na composição de

um SGSTT. O primeiro trata da definição de um sistema informatizado que avalie e

estabeleça, com base em critérios pré-definidos, os riscos através de uma análise

preliminar de riscos referentes à Segurança e saúde no Trabalho. O segundo trata das

etapas de desenvolvimento e dos efeitos no envolvimento com SST e na qualidade de

vida dos colaboradores diante da implantação de um portal de relacionamento com os

colaboradores da empresa estudada. As conclusões do estudo evidenciaram que a

interação empresa – colaborador contribui para a qualidade de vida dos funcionários e

na divulgação das atividades relacionadas a Segurança e saúde no Trabalho. Ambos

estudos, apresentam seus softwares pontualmente, sem apresentá-los inseridos no

SGSST das empresas estudadas. O que poderia ser esclarecidos em tais estudos é a

contribuição dos softwares para o sistema como um todo, em que momento durante a

gestão esses sistemas serão úteis e em que momento serão utilizados os resultados

destes softwares.

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Os demais critérios apresentaram alguma citação nos artigos revisados, contudo,

apesar de os trabalhos apresentarem tais aspectos, nenhum contemplava os critérios

como componentes de um Sistema de Gestão de Segurança e saúde no Trabalho. De

fato, poucos trabalhos citavam o SGSST e naqueles em que o SGSST é citado, isso

ocorre de forma superficial.

5. Conclusões

Com base na pesquisa realizada no presente trabalho e também nos trabalhos

analisados e classificados conforme o método exposto neste trabalho, conclui-se que

inexistem trabalhos que efetivamente abordem o tema Sistemas de Gestão em

Segurança e Saúde no Trabalho no setor de energia elétrica. Os trabalhos que abordam a

temática de segurança e saúde ocupacional no setor de energia elétrica os fazem

tratando basicamente de práticas e técnicas pontuais do SGSST.

Segundo o método utilizado neste trabalho, cerca de 19% dos estudos tratam de

técnicas específicas de Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde no Trabalho, outros

12% tratam de políticas de gestão associadas à SGSST. Verificou-se também que, no

universo estudado, a maior parcela dos trabalhos (80%) foi classificada em 50% das

características estabelecidas no método. Entretanto, ainda que técnicas específicas,

políticas de gestão, métodos de controle e avaliação do SGSST sejam citadas nos

trabalhos estudados, a integração destes critérios no SGSST não é citada nem explícita

nos estudos. Como conseqüências disto, os trabalhos apresentados não apontam

similaridades entre as empresas estudadas, ainda que pertençam ao mesmo setor, e

apresentam diferentes formas de gerir a SST. A literatura carece de um estudo do

sistema de gestão como um todo, que permeie todas as fases e suas possibilidades -

desde o planejamento estratégico da Gestão da Segurança e saúde no Trabalho,

planejamento das ações, definição de metas e de indicadores de desempenho do sistema,

até verificação destas ações e elaboração de ações corretivas para alinhar a SST ao

modelo de gestão do SGSST - ou de estudos que identifiquem em que fase do SGSST se

enquadra as técnicas ou políticas, bem como softwares e programas de manutenção,

entre outros.

Neste contexto, sugere-se para estudos futuros a abordagem da implantação e

funcionamento de Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde no Trabalho - através de

todas as etapas do ciclo de planejamento, ação, verificação e ações corretivas necessário

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ao SGSST - no setor elétrico, visto que este expõe notadamente os trabalhadores do

setor à periculosidade à precariedade das condições de segurança e risco.

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3. Segundo Artigo

Avaliação do Sistema de Pontuação e da Validade Preditiva de um método de

auditoria de Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho

Carlo Chanin1, Tarcísio Abreu Saurin1

1 Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção.Escola de Engenharia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul

RESUMO

Um instrumento de gestão empregado amplamente pelas organizações para gerar

informações, a fim de avaliar o desempenho do sistema de gestão da SST, são as

auditorias. Este artigo tem como objetivo avaliar dois aspectos de um método de

auditoria do sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho, denominado MASST:

o seu sistema de pontuação e a sua validade preditiva. Os dados necessários para a

avaliação foram coletados a partir de uma aplicação do MASST em uma empresa de

distribuição de energia elétrica do Estado do Rio Grande do Sul. Para a avaliação do

sistema de pontuação, quatro pesquisadores que participaram da aplicação na

distribuidora foram solicitados a atribuir notas para cada item do MASST. Em relação à

avaliação da validade preditiva, os problemas detectados durante a aplicação do

MASST foram confrontados com registros de incidentes ocorridos durante um período

de 6 meses na mesma empresa, após a aplicação do método. Concluiu-se que o MASST

identificou problemas relacionados a 85% dos incidentes.

Palavra Chave: sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SGSST);

validade preditiva; auditorias de SGSST

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ABSTRACT

A management tool widely used by organizations to generate information in order to

evaluate the performance of Health and Safety management systems are the

audits. This article aims to evaluate two aspects of an auditing method of Health and

Safety management systems (MASST): it scoring system and its predictive validity. The

data used for evaluation were obtained from an application of MASST in a company

that distributes electrical energy in the province of Rio Grande do Sul. To evaluate the

scoring system, four researchers whom applied the MASST in the company, attributed

score for each item of MASST. To assessment of predictive validity, the problems

encountered during MASST application were confronted with incidents recorded in the

same company over six months after the method be applied. The results showed that the

MASST identified problems related to 85% of the incidents.

Keywords: Health and Safety Management Systems (HSMS), predictive validity,

HSMS audits

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1. Introdução

As organizações da produção e as alterações das relações sociais, tanto físicas

quanto naturais, são resultados do progresso técnico e globalizado acelerado que o

desenvolvimento econômico vem proporcionando. Estes fatores tornam o mundo do

trabalho complexo, o que exige a criação de novas técnicas, novos sistemas e novas

tecnologias de produção. Técnicas essas necessárias para que as empresas se

mantenham competitivas e se tornem mais produtivas em um mercado globalizado.

Desta forma, é necessário também a criação de técnicas para o gerenciamento do trade-

off entre produção e segurança (WREATHALL, 2006).

A busca de melhor desempenho em Segurança e Saúde no Trabalho (SST)

requer por parte das organizações a combinação de ações e o emprego de instrumentos

de gestão apropriados ao longo do tempo. Isso vai muito além de simplesmente buscar

conformidade com os requisitos legais mínimos exigidos pelo poder público. Um

instrumento de gestão empregado amplamente pelas organizações para gerar

informações, a fim de avaliar o desempenho do sistema de gestão da SST são as

auditorias, definido pela British Standards Institution (1999) como:

“um exame sistemático para determinar se as atividades

e resultados relacionados estão em conformidade com as

providências planejadas, e se essas providências estão

implementadas efetivamente e são adequadas para atender à

política e aos objetivos da organização”.

Attie, (1998) caracteriza auditoria como um processo sistemático para verificar a

conformidade e determinar a eficiência dos sistemas de gestão. A auditoria é um

instrumento que possui princípios que orientam sua aplicação. Os princípios tornam a

auditoria um instrumento eficiente e confiável que fornece informações importantes

para o planejamento das ações futuras de uma organização, objetivando melhoria do seu

desempenho.

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2002) a aderência aos

princípios é um pré-requisito para que auditores que trabalhem independentemente entre

si cheguem a conclusões semelhantes em circunstâncias semelhantes.

Com base nesse contexto, a engenharia de resiliência (ER) vem sendo apontada

como um novo modelo de gestão da SST, e se concentra em como ajudar as pessoas a

lidar sob pressão com a complexidade do sistema com o intuito de alcançar o sucesso.

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Uma organização resiliente trata a segurança como um valor fundamental, não algo que

possa ser contado. Ao invés de ver o sucesso do passado como uma razão para a

desaceleração dos investimentos, essas organizações continuam a investir em antecipar

os modos de falhas. Uma medida da resiliência é, portanto, a capacidade de antecipar a

mudança antes que a falha ou dano ocorram (HOLLNAGEL et al. 2006).

Neste trabalho, é utilizado o método de avaliação do Sistema de Gestão da

Segurança e saúde no Trabalho - SGSST, identificado pela sigla MASST, desenvolvido

por Costella et al. (2009), o qual tem um enfoque na ER e contempla as três principais

abordagens de auditorias de SGSST: (a) estrutural, que avalia o sistema prescrito com

base na análise de documentos; (b) operacional, que avalia o sistema real, com base em

entrevistas e observações de campo; (c) desempenho, que avalia os resultados dos

indicadores da empresa. O objetivo deste artigo é avaliar este método de auditoria sobre

dois aspectos, o sistema de pontuação e a validade preditiva. O sistema de pontuação é

importante, pois contribui para priorizar os problemas detectados na auditoria. A

validade preditiva demonstra a capacidade do método de prever desempenhos futuros.

Essas avaliações foram conduzidas tendo como base a realização de um diagnóstico,

usando o MASST, do SGSST em uma empresa do setor elétrico.

O presente artigo inicialmente explicita alguns conceitos de SGSST, bem como

engenharia de resiliência e o método de auditoria MASST. Em seguida, é apresentado o

método de pesquisa. Após, são apresentados os resultados da avaliação do método em

relação aos critérios pontuação e validade preditiva. Finalmente, são apresentadas as

considerações finais.

2. Referencial Teórico

2.1 Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SGSST)

O termo gerenciar significa fazer gestão de negócios, de finanças, estratégica, de

pessoas, de segurança e saúde no trabalho. Este tem um objetivo comum a todos:

conduzir uma determinada atividade ou um grupo delas, para o alcance de uma ou mais

metas, que podem variar de acordo com os propósitos da organização. Para tal, uma

série de conformidades deve ser atendida, e caso isto não ocorra, as perdas são certas,

em grande parte das situações, com dimensões e impactos que podem variar, de caso

para caso (SANTOS, 2008).

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As boas praticas de gestão de Segurança e Saúde do Trabalho são implantadas

de modo semelhante em várias empresas líderes, um exemplo disso são as reuniões

matinais de segurança, proteções em determinado tipo de máquinas, a CIPA, as

participações dos trabalhadores, dentre outras. No entanto, as boas práticas são

constituídas geralmente de ações fragmentadas, ou seja, não são aplicadas com uma

visão sistemática, além de que as empresas que as utilizam atingiram um platô de

desempenho (HOWELL et al. 2002; AMALBERTI, 2006).

A norma ABNT NBR ISO 19011 – Diretrizes para auditorias de sistema de

gestão da qualidade e/ou ambiental (ABNT, 2002) define auditoria como “um processo

sistemático, documentado e independente para obter evidências de auditoria e avaliá-las

objetivamente para determinar a extensão na qual os critérios da auditoria são

atendidos”.

Existem três abordagens para as auditorias de SGSST: por desempenho,

estrutural e operacional. A abordagem por desempenho é baseada nos indicadores de

segurança obtidos pela empresa nos últimos anos, e tem por finalidade avaliar se o

sistema de gestão da segurança é eficaz ou não. Esta abordagem é amplamente utilizada,

porque é de fácil implementação, rápida e não tem grandes custos, porém, esta não

retrata fielmente a real situação do SGSST (Cambon et al, 2006).

Já a abordagem estrutural, que é a mais clássica, podendo ser realizada com base

em especificações e guias de SGSST, tais como a OHSAS-18001 (Occupational health

and safety assessment systems) e a ILO-OSH 2001 (Guidelines on occupational safety

and health management systems). Essa abordagem pode ser baseada na verificação do

grau de cumprimento dos requisitos legais. Além disso, essa auditoria está focada na

investigação da descrição formal de todos os esforços que a empresa tem feito em

termos de gestão da SST. (CAMBON et al., 2006).

Se tratando da abordagem operacional, esta avaliação é feita com base nos

processos, mede o desempenho na prática de cada processo gerencial que constitui o

SGSST. Através de entrevistas com o pessoal operacional e gerencial da empresa, esta

abordagem verifica se o SGSST projetado está sendo posto em prática. Assim, nessa

abordagem, a documentação requerida tem importância secundária (CAMBON et al.

2006).

Qualquer que seja a abordagem da auditoria, Hale et al. (1997) consideram que

ela é mais eficaz se for realizada por membros externos à organização e independentes

da mesma, bem como, quando for conduzida por especialistas em segurança.

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A Série de Especificações para Avaliação da Saúde e da Segurança (OHSAS)

tem como objetivo fornecer requisitos a um sistema de gestão de segurança e saúde

ocupacional, para melhorar o seu desempenho. Porém, não é considerado como

objetivos da OHSAS, fornecer critérios específicos de desempenho da Segurança e

Saúde Ocupacional, ou fornecer especificações para um projeto de sistemas de gestão.

A finalidade da OHSAS é inicialmente estabelecer um Sistema de Gestão de

Segurança e Saúde Ocupacional (SSO), para eliminar ou minimizar riscos que possam

estar presentes no local de trabalho, possuindo como finalidade específica, a

implementação, manutenção e melhoria contínua do Sistema de Gestão em SSO, além

de Assegurar conformidade com a política definida e demonstrar tal conformidade a

terceiros. De igual forma, são objetivos de OHSAS, buscar certificação e registro do seu

Sistema de Gestão de SSO por uma organização externa; ou realizar uma auto-avaliação

e emitir auto-declaração de conformidade com essa especificação. Segundo o que

prescreve a própria especificação OHSAS-18001, a mesma foi desenvolvida para ser

compatível com as normas ISO 9001e ISO 14001, com a finalidade de facilitar a

integração dos sistemas de gestão de qualidade, meio ambiente, segurança e saúde.

Uma grande vantagem da legislação atual é ser direta na implementação das

regras de segurança, principalmente no que diz respeito às condições físicas de trabalho.

Contudo, ela penaliza o empresário por contrariá-la ou deixar de cumpri-la, o que não se

traduz em melhorias, em longo prazo, para a padronização da segurança, nem tão pouco

constrói uma cultura de segurança entre os empresários e trabalhadores (ARAÚJO,

2002).

Para Araújo (2002), a OHSAS-18001 não é uma norma nacional nem

internacional, mas sim uma especificação que objetiva prover às organizações os

elementos de um SGSST eficaz, auxiliando na integração das metas da segurança

ocupacional, de forma integrada com outros requisitos de gestão.

A norma ILO–OSH (ILO, 2001 apud Costella, 2008 – Guidelines on

occupational safety and health management systems) é um guia de diretrizes passível de

certificação, elaborado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) com o

objetivo de proteção da segurança e a saúde dos trabalhadores. Essa norma possui uma

abordagem que proporciona bases adequadas para o desenvolvimento de uma cultura

sustentável de segurança e saúde na organização.

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2.2 Engenharia de Resiliência

A resiliência é a habilidade do sistema de impedir ou adaptar-se às circunstâncias

a fim manter o controle sobre uma propriedade do sistema, nesse caso, a segurança ou o

risco. Assim, a resiliência inclui tanto a propriedade de evitar falhas e perdas, quanto à

propriedade de responder apropriadamente após essas ocorrerem (Leveson et al., 2006).

Cook e Nemeth (2006) acrescentam que a resiliência é característica de sistemas que,

após alguma perturbação, retornam rapidamente a sua condição de operação normal e

com um mínimo de decréscimo em seu desempenho.

A Engenharia de Resiliência (ER) vem gradativamente se consolidando como

uma alternativa às abordagens tradicionais de gestão de SST, na medida em que adota

princípios como os seguintes: o comprometimento da alta direção com a segurança e

saúde, a aproximação entre o trabalho real e o trabalho prescrito, o monitoramento pró-

ativo, o gerenciamento do trade-off entre produção e segurança, a visibilidade dos

limites do trabalho seguro e a capacidade de adaptação à variabilidade do ambiente

(WREATHALL, 2006).

Segundo Hollnagel e Woods (2005), dentre os fatores que afetam a complexidade,

pode-se destacar: a) o treinamento insuficiente e a falta de experiência, os quais

dificultam a correta interpretação dos eventos; b) o conhecimento e tempo insuficiente,

os quais dificultam a tomada de decisão correta; c) a dificuldade de utilização da

interface, seja uma máquina, um equipamento ou display. Assim, a definição da

complexidade de um sistema é relativa a uma série de fatores, não podendo ser definida

de um modo absoluto.

Para sistemas complexos, a engenharia de resiliência é uma disciplina

fundamental na gestão da segurança, onde melhorias são propostas a partir da análise

das variabilidades do ambiente e das relações entre elementos heterogêneos, humanos e

não-humanos que impõem um alto grau de complexidade no desempenho de tarefas

cognitivas. A resiliência é um paradigma que se concentra em entender como as pessoas

lidam sob pressão com a complexidade do sistema de forma bem sucedida

(HOLLNAGEL et al. 2006).

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2.3 Método de Avaliação de Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde no

Trabalho (MASST) (COSTELLA, 2008)

Costella (2008) verificou a necessidade de uma nova ferramenta de auditoria do

Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho, a partir da identificação de

limitações nos modelos existentes de auditoria de SGSST encontrados na literatura. As

principais limitações descritas por Costella (2008) são: (i) não especificar o contexto em

que o modelo de SGSST, implícito nas mesmas, é válido ou mais eficaz; (ii) foco em

relação às situações de risco iminente de acidentes, dando pouca importância aos

perigos latentes e aos riscos de saúde em longo prazo; (iii) os itens avaliados são

estáticos, não havendo diretrizes para sua contínua adaptação às condições dinâmicas

dos ambientes de trabalho modernos e (iv) não são consideradas dimensões estratégicas

e culturais que interferem na SST.

Considerando esse contexto, Costella (2008) apresentou um método de avaliação

de SGSST (MASST) com enfoque na ER e que contemple as três principais abordagens

de auditorias de SGSST. A definição dos elementos de avaliação a serem contemplados

pelo MASST foi embasada por uma revisão bibliográfica em três grandes áreas

(SGSST, ER e auditorias de SGSST), bem como em um estudo exploratório de

avaliação de um SGSST conduzido em uma fábrica de máquinas agrícolas.

Costella, (2008) utilizou como referencial para o método de avaliação, a

compilação do conjunto de princípios da Engenharia de Resiliência, identificando assim

quatro princípios, os quais tem interfaces entre sim e não possuem limites regidamente

definidos:

(a) comprometimento da alta direção: implica em demonstrar uma devoção a SST acima

ou do mesmo modo que a outros objetivos da empresa;

(b) aprendizagem: a ER enfatiza a aprendizagem a partir da análise do trabalho normal,

em complemento à aprendizagem a partir de incidentes. Segundo esse princípio, o

monitoramento dos procedimentos é tão ou mais importante do que o seu

desenvolvimento, uma vez que isso contribui para reduzir a distância entre o trabalho

prescrito do real;

(c) flexibilidade: uma vez que a ER assume que os erros são inevitáveis em função das

pressões da produção, o sistema deve ser flexível para resistir às mesmas e reconhecer

que a gestão da variabilidade é tão importante quanto a sua redução;

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(d) consciência: todas as partes interessadas devem estar conscientes do limite da perda

de controle, do seu próprio desempenho e do estado das defesas contra acidentes. Duas

abordagens para implantar esse princípio são a medição de desempenho e o projeto de

limites de desempenho visíveis e palpáveis.

Além desses quatro princípios, pode-se destacar outro que permeia os demais, a

proatividade, a qual se refere à antecipação de problemas, necessidades ou mudanças,

desenvolvendo ações que alteram diretamente o ambiente ao redor. Em termos de SST,

a proatividade se refere à antecipação dos perigos e medidas de controle, de modo a

interromper o curso evolutivo dos incidentes (COSTELLA, 2008)

A seleção dos critérios para a criação do método além de ter sido baseada na ER,

também foi feita com base nas normas OHSAS-18001 – Occupational health and safety

assessment systems, ILO-OSH 2001 - Guidelines on occupational safety and health

management systems e EASHW - European agency for safety and health at work.

(COSTELLA et al. 2008)

A aplicação do MASST ocorre por meio da avaliação de cada item, com base em

uma série de questionamentos acerca das práticas de gestão da organização. Ao longo

do questionário, em cada item, são explicitados o tipo de abordagem de avaliação, que

são: desempenho, estrutural ou operacional, estas são abordagens de auditoria de

SGSST, e as fontes de evidências recomendadas para a avaliação de cada requisito, tais

como: entrevistas com a alta direção, com gerentes e com representantes do setor de

SST, entrevistas com trabalhadores, análise de documentos e registros e observação

direta (CAMBON et al., 2006).

Um resumo das fontes de evidência requeridas pelo MASST está representado

na Figura 1.

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37

Fontes de Evidência

Requisitos relacionados à

ER

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1. Planejamento do Sistema de Gestão

1.1 Objetivos e Políticas do SGSST

1.2 Planejamento do SGSST

1.3 Estrutura e Responsabilidade

1.4 Documentação e registro

1.5 Requisitos legais

1.6 Compromisso da alta direção

2. Processo de Produção

2.1 Ident. de perigos de acidentes e doenças com enf. Tradicional

2.2 Ident. de perigos de acidentes e doenças com enf. na ER

2.3 Avaliação de riscos

2.4 Planej. de ações preventivas com enfoque tradicional

2.5 Planej. de ações preventivas com enfoque na ER

3. Gestão e capaci-tação das pessoas

3.1 Participação dos trabalh-adores

3.2 Treinamento e capacitação

4. Fatores genéricos da segurança

4.1 Integração de sistemas de gestão

4.2 Gerenciamento de mudanças

4.3 Manutenção

4.4 Aquisição e contratação

4.5 Fatores externos

5. Planeja-mento do monitoramento de desempenho

5.1 Indicadores reativos

5.2 Indicadores proativos

5.3 Auditoria interna

6. Retroalimentação e aprendizado

6.1 Investigação de incidentes

6.2 Ações Preventivas

6.3 Ações corretivas

6.4 Condução da análise crítica e melhoria contínua

7. Resultados 7.1 Desempenho reativo

7.2 Desempenho proativo

Figura 1 – Associação entre os itens do MASST e as fontes de evidência para

avaliação (COSTELLA et al., 2009)

O MASST é constituído de sete grandes critérios de avaliação e 27 itens

distribuídos entre esses critérios. O método especifica quais devem ser as fontes de

evidencia para cada requisito a ser avaliado, por exemplo, entrevistas, observações e

documentos, bem como quais os princípios da engenharia de resiliência associado a

esses requisitos. É possível atribuir uma pontuação a cada item, conforme o

desempenho do mesmo através da tabela desenvolvida pela Fundação Nacional para o

Prêmio da Qualidade (FNPQ, 2006) que é usada como base para a atribuição da

pontuação do método.

Assim, para cada item dentre os critérios de 1 a 6, deve ser definido o percentual

que mais se aproxima da realidade observada, segundo os fatores de avaliação de

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38

enfoque (subdividido em adequação, proatividade, refinamento e inovação) e aplicação

(subdividido em disseminação, continuidade e integração). Já os itens do critério 7 do

MASST (resultados) devem ser avaliados com base nos fatores de relevância, nível

atual e tendência, também definidos pelo PNQ para avaliar os resultados do sistema de

gestão da qualidade (COSTELLA, 2008).

Para atribuir a pontuação, no intuito de avaliar o enfoque e aplicação das práticas

de gestão (figura 2), deve-se obedecer a seguinte seqüência: (a) escolher a linha da

figura 2 que melhor se ajusta à situação observada em cada item; (b) escolher a coluna

da figura 2 cuja descrição mais se aproxima da situação observada em cada item; (c)

identificar a intersecção da coluna com a linha selecionada por meio das letras e

números localizados nas laterais da tabela de pontuação, obtendo assim o percentual

correspondente.

Figura 2 – Tabela do Prêmio Nacional de Qualidade (2006) para avaliação dos fatores

de enfoque e aplicação

1 2 3 4 5 6• As práticas de gestão

apresentadas não

estão disseminadas .

• Uso não relatado.

• Nenhuma evidência

de integração

• As práticas de gestão

apresentadas estão

disseminadas em

algumas áreas,

processos, produtos e/ou

pelas partes

interessadas pertinentes.

• Uso continuado em

algumas práticas de

gestão.

• Nenhuma evidência de

integração

• As práticas de gestão

apresentadas estão

disseminadas pela

maioria das principais

áreas, processos,

produtos e/ou pelas

partes interessadas

pertinentes.

• Uso continuado na

maioria das práticas

de gestão.

• Algumas evidências

de integração

• As práticas de gestão

apresentadas estão

disseminadas pelas

principais áreas,

processos, produtos e/ou

pelas partes

interessadas pertinentes.

• Uso continuado em

quase todas as práticas

de gestão.

• Apresentada a maioria

das evidências

esperadas de integração

• As práticas de gestão

apresentadas estão

disseminadas em quase

todas as áreas,

processos, produtos e/ou

pelas partes interessadas

pertinentes.

• Uso continuado em

todas as práticas de

gestão.

• Apresentada a maioria

das evidências

esperadas de integração

• As práticas de gestão

apresentadas estão

disseminadas em

todas as áreas,

processos, produtos

e/ou pelas partes

interessadas

pertinentes.

• Uso continuado em

todas as práticas de

gestão.

• Evidências de plena

integração

F

• As práticas de gestão são adequadas a todos requisitos

do Item.

• O atendimento a todos requisitos é pró-ativo

• Todas as práticas são refinadas.

• A inovação está presente em algumas práticas.

10% 30% 50% 70% 90% 100%

E

• As práticas de gestão são adequadas a todos requisitos

do Item.

• O atendimento a quase todos requisitos é pró-ativo

• Quase todas as práticas são refinadas.

• A inovação está presente em algumas práticas.

10% 30% 50% 70% 80% 90%

D

• As práticas de gestão são adequadas a quase todos

requisitos do Item.

• O atendimento à maioria dos requisitos é pró-ativo

• A maioria das práticas são refinadas

10% 30% 50% 60% 70% 70%

C

• As práticas de gestão são adequadas à maioria dos

requisitos do Item.

• O atendimento a alguns requisitos é pró-ativo.

• Algumas práticas são refinadas

10% 30% 40% 50% 50% 50%

B• As práticas de gestão são adequadas a alguns requisitos

do Item. 10% 20% 30% 30% 30% 30%

A• As práticas de gestão são inadequadas aos requisitos do

Item ou não estão relatadas. 0% 0% 0% 0% 0% 0%

Notas: Abrangência: alguns (menor ou igual a 50%), maioria (maior que 50%), quase todos (maior que 75%) e todos (100%).

Disseminação, continuidade e integração

Adequação, proatividade, refinamento e inovação

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39

3. Método de Pesquisa

A primeira etapa do projeto foi a realização de um diagnóstico do SGSST em uma

empresa do setor elétrico do estado do Rio Grande do Sul que atua nos serviços de

distribuição de energia Elétrica, atendendo 72 municípios, abrangendo 73.627 km², com

47.000 km de redes urbanas e rurais.

Este diagnóstico foi realizado no período de 23 de março de 2009 a 24 de junho

do mesmo ano, com o intuito de fazer um levantamento de dados, com base no método

desenvolvido por Costella (2008).

No que diz respeito à modalidade de auditoria estrutural, a avaliação do sistema

prescrito foi feito com base na análise dos documentos, tais como: relatórios de

investigação de acidentes, modelos de APR, programa do curso de treinamento

admissional, plano de participação nos resultados, resultados de taxas de freqüência e

taxas de gravidade de acidentes, plano de contingência, atas da CIPA, organogramas,

especificações de materiais de segurança e boletins de inspeção.

Já a modalidade de auditoria operacional avalia o sistema real e é feito com base

em observações de campo. Para isto foram observadas reuniões da Comissão Interna de

Prevenção de Acidentes (CIPA), treinamentos dos novos sistemas de proteção contra

quedas, acompanhamento do técnico de segurança durante inspeções ao trabalho das

equipes nas ruas de Porto Alegre, visitas às instalações do centro de treinamentos e

Nesta modalidade também foram feitas entrevistas com diversos profissionais de

diferentes setores da empresa. As entrevistas foram realizadas tanto com os eletricistas,

como com presidente da empresa, passando por cargos como técnicos e engenheiros de

segurança, assistente social, psicólogos, médicos do trabalho, chefes de departamentos e

diretores.

Na modalidade de auditoria de desempenho, que avalia os resultados dos

indicadores da empresa, foram verificados quais indicadores a empresa possuía e qual a

importância dos mesmos na gestão da segurança e saúde no trabalho na empresa.

Após a conclusão desta primeira etapa, foi realizado um seminário envolvendo

pesquisadores e representantes da empresa com o intuito de validar os resultados

obtidos no diagnóstico, foi então confeccionado um relatório com esses resultados e

apresentado aos diretores da empresa.

A segunda etapa do projeto consiste em avaliar o sistema de pontuação e a

validade preditiva do método. O sistema de pontuação foi avaliado comparando as

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avaliações de diferentes auditores na aplicação do MASST. Os avaliadores foram

nivelados em relação ao conhecimento da ferramenta aplicada, isto ocorreu através de

um treinamento sobre o conteúdo e procedimentos para aplicar o MASST, bem como

acerca dos princípios da ER. Este treinamento teve duração de 4 horas, e foi ministrado

pelo avaliador líder, que era a pessoa que possuía maior conhecimento da ferramenta.

Após a aplicação da ferramenta, todos os avaliadores (apresentados na figura 3)

atribuíram suas notas para cada item do MASST. Foi feita então uma reunião para

discutir as diferentes opiniões e chegar a um consenso, onde o avaliador líder (AL) tinha

a palavra final. Os avaliadores deram notas com base em um relatório, com os

resultados qualitativos do diagnóstico, preparado pelo avaliador líder. Cada avaliador

recebeu o relatório e teve algumas semanas para dar retorno ao pesquisador, com as

suas notas para cada item do MASST.

Formação Experiência

Prévia no MASST

Treinamento Participação

no diagnóstico

AL Doutorado em Eng. De Produção Sim Sim Sim

A1 Médica do Trabalho (Mestranda em Eng. de Produção) Não Não Não

A2 Fisioterapeuta (Mestranda em Eng. de Produção) Não Sim Sim

A3 Eng. De Alimento (Mestrando em Eng. de Produção) Não Sim Sim

Figura 3- Avaliadores do MASST

Entende-se por validade preditiva a capacidade do instrumento prever estados

futuros. Esta validação comprova se o instrumento de avaliação, no caso, o MASST,

esta conseguindo prever incidentes. A validade preditiva permite que sejam

estabelecidas ações pontuais e especificas sobre as questões preditas pela ferramenta.

No presente estudo, a validade preditiva foi avaliada utilizando um banco de

dados criado por Gonçalves (2010), comparando os incidentes registrados por este aos

fatos previstos pelo MASST. O banco de dados foi criado no período de novembro de

2009 a abril de 2010, ou seja, seis meses após a aplicação do MASST. Gonçalves

(2010) coletou os dados através de um representante da equipe de pesquisa, que atuou

como responsável pela disseminação dos procedimentos de relatos em reuniões

semanais de segurança com os eletricistas, gerando assim 57 relatos.

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41

4. Resultados e discussão

4.1 Avaliação do sistema de pontuação

Na tabela 1 são apresentadas as notas atribuídas a cada item do MASST

utilizando a FNQ, 2009. Foram utilizadas as tabelas recomendadas pela FNQ (2009),

com base em um estudo feito por Saurin e Carim Junior (2010), onde eles concluíram

que estas descrevem os critérios de avaliação em maiores detalhes (ANEXO 1),

comparativamente às tabelas da FPNQ (2006).

Tabela 1: Notas atribuídas a cada item do MASST utilizando a FNQ (2009)

Item A1 A2 A3 AL 1.1 - Objetivos e política do SGSST 20 20 20 20 1.2 - Planejamento do SGSST 0 0 10 10 1.3 - Estrutura e responsabilidade 0 20 10 10 1.4 - Documentação e registros 0 10 10 20 1.5 - Requisitos legais 10 20 20 40 1.6 - Compromisso de alta direção 10 10 10 20 2.1 - Identificação de perigos com enfoque tradicional 10 20 30 40 2.2 - Identificação de perigos com enfoque na ER 0 0 10 10 2.3 - Avaliação de riscos 0 20 10 10 2.4 - Planejamento de ações preventivas com enfoque tradicional 10 30 30 20 2.5 - Planejamento de ações preventivas com enfoque na ER 0 0 0 10 3.1 - Participação dos trabalhadores 10 30 30 30 3.2 - Treinamento e capacitação 30 50 50 50 4.1 - Integração de sistemas de gestão 0 0 0 0 4.2 - Gerenciamento das mudanças 10 10 10 10 4.3 – Manutenção 0 10 10 20 4.4 - Aquisição e contratação 30 50 50 50 4.5 - Fatores externos 20 30 20 20 5.1 - Indicadores reativos 10 20 20 20 5.2 - Indicadores proativos 0 0 20 20 5.3 - Auditoria interna 0 0 0 0 6.1 - Investigação de incidentes 0 20 40 30 6.2 - Ações preventivas 0 0 0 0 6.3 - Ações corretivas 0 0 0 0 6.4 - Condução da análise crítica e melhoria contínua 0 20 20 10 7.1 - Desempenho reativo 0 20 10 10 7.2 - Desempenho proativo 0 0 0 0 Média (%) 6,3 15,2 16,7 17,8

Dos 27 itens do MASST, somente em sete deles houve a mesma pontuação por

todos os avaliadores. Desconsiderando o avaliador A1, que não passou pelo

treinamento, este valor passa para 11 itens, o que deixa clara a necessidade do

treinamento sobre a ferramenta. Além disso, a média final de todos os item avaliados

apresentada pelo avaliador A1 é muito menor (6,3%) do que a dos demais avaliadores

(15,2/16,7/17,8), o que reforça a importância do treinamento e do envolvimento direto

na coleta de dados,a o invés do simples acesso ao relatório.

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42

Ainda desconsiderando o avaliador A1, e considerando o AL como referência, a

diferença na maioria dos casos foi de 10 pontos percentuais, para mais ou para menos, o

que pode ocorrer devido a subjetividade do método de pontuação, e mostra a

importância de uma reunião para chegar a um consenso final. Comparando as médias

finais dos avaliadores A2, A3 e AL, a pequena diferença final entre estes faz com que o

sistema de pontuação do método, mesmo sendo pouco objetivo, seja considerado

apropriado para esta ferramenta.

Considerando a complexidade dos problemas avaliados e com base na

Engenharia de Resiliência, a maneira de reduzir a subjetividade do método é concentrar

esforços em garantir um profundo conhecimento do método e seus princípios através de

treinamentos e, principalmente, garantir que haja um grande envolvimento dos

avaliadores na coleta e analise de dados.

Os baixos valores atribuídos a empresa se devem ao fato de que quando as

práticas de segurança observadas atendiam aos requisitos, não eram disseminadas por

toda a empresa ou não estavam sendo aplicadas por um período grande de tempo. Outro

agravante, com impacto na avaliação de todos os itens, se refere ao fato da empresa

mudar periodicamente sua direção em função de interesses político-partidários, não

mantendo assim uma continuidade na política de segurança e saúde no trabalho.

4.2 Validade Preditiva

Os relatos coletados por Gonçalves (2010) foram classificados em diferentes

categorias. Uma delas foi a identificação ou anonimato, onde se observou que 75% dos

relatores se identificaram. Destes, 27 eram eletricistas, 13 técnicos de segurança do

trabalho e somente 3 deles eram ouvidores da CIPA; 25% não se identificaram.

Um dos relatos foi descartado, pois era anônimo e não apresentava descrição

clara dos eventos. Ao classificar os incidentes quanto a seu tipo, Gonçalves (2010)

observou que três dos relatos se referiam a sugestões de boas práticas e, cinco deles a

condições latentes individuais, ou seja, que não atingem necessariamente todo o grupo

de eletricistas. Os 48 relatos restantes eram sobre incidentes, os quais foram

classificados em três tipos, predominando “condições latentes” com 75%, “quase

acidente” aparecendo em 15% dos casos e o restante classificado como “acidente com

dano”.

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43

Os incidentes também foram classificados de acordo com sua natureza. Assim,

preponderou a “exposição à energia elétrica” com 54,24% dos casos, o “contato com

objeto ou substância a temperatura muito elevada” corresponde a 23,73% dos casos, o

restante foi classificado entre “queda de pessoa com diferença de nível”, “impacto

sofrido por pessoa” e “outros”, vale salientar que cada relato pode envolver mais de

uma categoria.

A análise dos relatos identificou como agentes causadores dos incidentes as

categorias “estrutura fora do padrão”, que foi o agente predominante responsável por

48% dos casos, 30% dos incidentes foram causados por “falhas no cumprimento do

procedimento” ou outros agentes causadores dos incidentes foram “inexistência de

procedimentos”, “falhas na concepção dos procedimentos”, “falhas de material ou

equipamento” e “material ou equipamento inadequado” o que somando representa 22%

dos casos.

Uma relação entre os agentes causadores de incidentes apontados pelo banco de

dados de Gonçalves (2010) e o previsto pela aplicação do MASST são apresentados na

tabela 3, com o intuito de comprovar a validade preditiva do método.

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Tabela 3: Agentes causadores de incidentes e previsões do MASST

Agente causador do incidente

Detectado pelo MASST Item do MASST Requisito do MASST

Estrutura fora de padrão

- Falta de manutenção preventiva da rede; - Mistura de Redes, elétrica, telefônica, TV a cabo e redes clandestinas; - Vegetação excessiva próximos as redes; - Diferença entre o real e o prescrito;

2.5 Planejamento de ações preventivas com enfoque na ER;

Req. A: Como é gerenciada a diferença entre o real e o prescrito?

4.3 Manutenção Req. C: Avaliar se a manutenção preventiva leva em conta os perigos

Falha no cumprimento do procedimento

- Inexistência de treinamento de reciclagem; - Diferença entre o real e o prescrito;

3.2 Treinamento e capacitação

Req. A: Qual os procedimentos para treinamentos? Req C: Quando os funcionários recebem treinamento?

Inexistência de procedimentos

- Falta de procedimentos para cada tarefa; - Falha na disseminação dos procedimentos escritos

2.4 Planejamento de ações preventivas com enfoque tradicional;

Req. B: Como é feita a comunicação e implantação de procedimentos?

1.5 Requisitos legais Req F: Como os funcionários são informados de com proceder em casos de emergência?

Falhas na concepção dos procedimentos

Falha de material ou equipamento

- Falta de controle acerca de extravios e danos de equipamentos de proteção; - Falta de cuidado com os equipamentos; - Burocracia para aquisição de equipamentos;

1.5 Requisitos Legais

Req. B: A empresa possui critérios para aquisição e troca de EPI? Req, D: Os funcionários são orientados em relação a utilização e manutenção dos equipamentos?

Material ou equipamento inadequado

- Falta de equipamentos do tamanho adequado; - Falha na transferência de equipamento de um veículo para outro; - Falta de um lençol isolante;

1.5 Requisitos legais; Req. A: A empresa fornece equipamentos adequados?

2.2 Identificação de perigo de acidentes e doenças com enfoque na ER

Req. A: Quais são as pressões de trabalho?

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Durante aplicação do MASST, através das entrevistas para a elaboração do

diagnóstico, constatou-se que a falta de manutenção preventiva da rede elétrica,

apontada por diversos entrevistados, é um sério obstáculo a SST, o que deixa a rede

mais suscetível a danos e acaba por exigir serviços emergenciais, sempre de maior risco

e com maior freqüência. Deste modo, a manutenção corretiva é mais freqüente, às vezes

em caráter emergencial. De acordo com diversos relatos, os aspectos mais visíveis da

falta de manutenção preventiva são os postes podres e a falta de poda na vegetação, que

implicam em maiores riscos de quedas, o que evidencia o agente, “estrutura fora do

padrão”, apontado por Gonçalves (2010).

No que diz respeito ao agente “falha no cumprimento dos procedimentos”, o

diagnóstico associou a dificuldade de cumprir os procedimentos padrões as más

condições da rede, dos postes e estruturas. Outro fator que evidencia este agente

causador de incidentes é a inexistência de treinamentos de reciclagem, que foi bastante

enfatizada em entrevistas com os eletricistas, que identificaram esse fator como

contribuinte para o agravamento de alguns acidentes.

Ao buscar evidências que comprovem a previsão do MASST ao agente

“inexistência de procedimentos”, foi verificado ausência de procedimentos de execução

de tarefas para todas as atividades executadas pela empresa. Essa foi uma forte

reclamação dos supervisores, ilustrada através da seguinte fala: “... só a minha palavra

não basta, e ao procurar alguma coisa escrita dizendo passo a passo o que deve ser

feito, eu não acho″. O método também identificou a existência de um plano de

contingência tratando de como devem ser gerenciadas situações de pico de demanda de

emergência, notadamente no caso de tempestades. Porém este plano é de pouco

conhecimento por parte do departamento de segurança e saúde ocupacional, não

constituindo uma prática para as contingências.

Não houve uma evidência direta para o agente “falha na concepção dos

procedimentos”, isto pode ter ocorrido devido o período de aplicação da ferramenta não

ter contemplado o treinamento de iniciação dos eletricistas, bem como suas primeiras

atividades como tal.

O MASST detectou problemas relacionados a materiais e equipamentos. Foram

identificadas reclamações quanto à falta de um melhor controle acerca de extravios e

danos aos equipamentos de proteção individual (EPI) e equipamentos de proteção

coletiva (EPC). Foi constatado também que os EPI recebem manutenção periódica,

embora tenha havido queixa quanto a falta de cuidado de alguns eletricistas com o

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armazenamento dos equipamentos, o que segundo eles contribui para danos aos

mesmos. Também houve reclamações quanto à falta de EPI no tamanho adequando a

cada funcionário, o que é ilustrado pelo relato de um eletricista, “tem gente trabalhando

com roupas maiores, sapatos maiores, pois não tem o seu número”.

Outro ponto identificado pelo método referente a materiais e equipamentos, é

que na troca de veículo, o que às vezes mesmo com a existência de um check list , é

feito sem que todos os equipamentos de segurança sejam transferidos para o outro

veículo, devido a urgência do serviço. A burocracia excessiva da empresa para a

aquisição de equipamentos de segurança faz com que haja um baixo estoque ou mesmo

a falta de equipamentos, fato este ilustrado pela fala de um eletricista: ″a questão não é

saber se o equipamento chega cedo ou tarde, a questão é que muitas vezes não chega″.

Outras evidências que comprovam a previsão do método quanto aos agentes

falha de material ou equipamento e material ou equipamento inadequado são os relatos

de eletricista citados a seguir: ″tu usas as luvas e sobe, só que nas costas tem um monte

de ramais passando, então tu podes encostar, pegar no rosto, na escada...″. Nesse caso,

é necessário o uso de um equipamento de segurança denominado lençol, que poderia

proteger as costas dos eletricistas, ″mesmo com o uniforme tu ficas exposto em função

do suor, de estar molhado″.

5. Conclusões

Este trabalho teve como objetivo central a avaliação de um método de auditoria

do Sistema de Gestão de Segurança e saúde no Trabalho, conhecido pela sigla MASST.

Esta avaliação começou com a aplicação deste método em uma empresa do setor

elétrico do estado do Rio Grande do Sul. A avaliação ocorreu com base em dois

aspectos do método, um foi o mecanismo de pontuação e o outro a validade preditiva do

método.

Os resultados obtidos através da aplicação do MASST geraram um relatório que

foi usado como base do estudo desta ferramenta, a pontuação obtida e apresentada neste

relatório foi comparada com os resultados gerados através da aplicação da tabela de

pontuação da FNQ (2009) com o intuito de avaliar o mecanismo de pontuação, por

outro lado, a validade preditiva do método, foi avaliada usando um banco de dados,

elaborado por Gonçalves (2010) nesta mesma empresa.

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Ao avaliar o mecanismo de pontuação do MASST, observou-se que ao

desconsiderar o avaliador que não passou pelo treinamento da ferramenta, houve um

aumento no número de itens com o mesmo valor para todos os avaliadores, o que deixa

clara a importância deste treinamento. Considerando somente os avaliadores que

passaram pelo treinamento, a diferença das notas atribuídas foi de 10 pontos para mais

ou para menos, caracterizando assim a subjetividade do método e enfatizando a

importância da reunião para discutir os resultados finais.

Se tratando da avaliação da validade preditiva do método, 85% dos agentes

causadores de incidentes mencionados pelo banco de dados de Gonçalves (2010) foram

previstos pelo MASST através, principalmente, das entrevistas realizadas com os

membros da empresa e das observações diretas realizadas nos serviços dos eletricistas.

Concluindo assim que esta ferramenta esta cumprindo seu propósito, conseguindo

prever incidentes futuros, dando assim a oportunidade de preveni-los.

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50

4. Considerações Finais

Segundo o Anuário estatístico de acidente de trabalho tem havido um constante

crescimento do número de acidentes de trabalho no Brasil nos últimos anos, com um

valor de aproximadamente 25% ao ano, número este que coloca a saúde e segurança no

trabalho no centro das atenções de nossa sociedade.

Um setor que requer atenção especial é o setor elétrico, que segundo a Fundação

COGE apresenta um elevado número de acidentes de trabalho com uma elevada taxa de

gravidade nos acidentes ocorridos. Este elevado número de ocorrências relacionadas a

acidente de trabalho, envolvendo agentes diversos da eletricidade, foi fundamental para

a escolha do setor de distribuição de energia elétrica como foco de estudo desta

dissertação.

Com base na pesquisa realizada, conclui-se que inexistem trabalhos que

efetivamente abordem o tema Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho

no setor de energia elétrica. Os trabalhos que abordam a temática de segurança e saúde

ocupacional no setor de energia elétrica tratam basicamente de práticas e técnicas

pontuais do SGSST.

Segundo o método utilizado neste trabalho, cerca de 19% dos estudos tratam de

técnicas específicas de Sistemas de Gestão em Segurança e Saúde do Trabalho, outros

12% tratam de políticas de gestão associadas à SGSST. Verificou-se também que, no

universo estudado, a maior parcela dos trabalhos (em torno de 80%) foi classificada em

50% das características estabelecidas no método.

A literatura carece de um estudo do sistema de gestão como um todo, que

permeie todas as fases e suas possibilidades - desde o planejamento estratégico da

Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho, planejamento das ações, definição de metas

e de indicadores de desempenho do sistema, até verificação destas ações e elaboração de

ações corretivas para alinhar a SST ao modelo de gestão do SGSST.

A busca de melhor desempenho em Segurança e Saúde no Trabalho requer por

parte das organizações a combinação de ações e o emprego de instrumentos de gestão

apropriados ao longo do tempo. Isso vai muito além de simplesmente buscar

conformidade com os requisitos legais mínimos exigidos pelo poder público.

Um instrumento de gestão empregado amplamente pelas organizações para gerar

informações, a fim de avaliar o desempenho do sistema de gestão da SST são as

auditorias, O sistema de pontuação de uma ferramenta de auditoria e a validade

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preditiva, são características importantes de uma ferramenta de auditoria. Em função

disso, esses dois aspectos foram avaliados.

Ao avaliar o mecanismo de pontuação do MASST, observou-se que ao

desconsiderar o avaliador que não passou pelo treinamento da ferramenta, houve um

aumento no número de itens com o mesmo valor para todos os avaliadores, o que deixa

clara a importância deste treinamento. Considerando somente os avaliadores que

passaram pelo treinamento, a diferença das notas atribuídas foi de 10 pontos para mais

ou para menos, caracterizando assim a subjetividade do método e enfatizando a

importância da reunião para discutir os resultados finais.

Se tratando da avaliação da validade preditiva do método, a maioria dos agentes

causadores de incidentes mencionados pelo banco de dados de Gonçalves (2010) foram

previstos pelo MASST através, principalmente, das entrevistas realizadas com os

membros da empresa e das observações diretas realizadas nos serviços dos eletricistas.

Concluindo assim que esta ferramenta esta cumprindo seu propósito, conseguindo

prever incidentes futuros, dando assim a oportunidade de preveni-los.

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Referências Bibliográficas

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ANEXO A: Sistema de atribuição de pontuação aos itens avaliados (FNQ, 2009)

Os itens são pontuados segundo as diretrizes da “Tabela de Pontuação (%) e de

acordo com a seguinte seqüência:

• Determine o nível que melhor explica o estágio de cada um dos fatores de avaliação

Enfoque / Aplicação / Aprendizado / Integração;

• O valor percentual do item é igual ao do fator de menor avaliação, acrescido de 10

pontos percentuais caso pelo menos 2 outros fatores estejam em estágio superior;

0% 20% 40% 60% 80% 100% Enfoque

• As práticas de gestão são inadequadas aos requisitos do item ou não estão relatadas.

• As práticas de gestão apresentadas são adequadas para algum (ns) dos requisitos do Item.

• As práticas de gestão apresentadas são adequadas para muitos requisitos do item.

• As práticas de gestão apresentadas são adequadas para a maioria dos requisitos.

• As práticas de gestão apresentadas são adequadas para quase todos os requisitos do item.

• As práticas de gestão apresentadas são adequadas a todos os requisitos do item.

• O atendimento aos requisitos é reativo.

• O atendimento a algum requisito é proativo.

• O atendimento a muitos requisitos é proativo.

• O atendimento à maioria dos requisitos é proativo.

• O atendimento a quase todos os requisitos é proativo.

• O atendimento a todos os requisitos é proativo.

Aplicação • As práticas de gestão apresentadas não estão disseminadas.

• O conjunto de práticas de gestão apresentadas abrange alguma das áreas, processos, rodutos ou partes interessadas pertinentes.

• O conjunto de práticas de gestão apresentadas abrange muitas áreas, processos, produtos ou partes interessadas pertinentes.

• O conjunto de práticas de gestão apresentadas abrange a maioria das áreas, processos, produtos ou partes interessadas pertinentes.

• O conjunto de práticas de gestão apresentadas abrange quase todas as áreas, processos, produtos ou partes interessadas pertinentes.

• O conjunto de práticas de gestão apresentadas abrange todas as áreas, processos, produtos ou partes interessadas pertinentes.

• Uso não relatado. • Início de uso ou uso continuado de alguma prática de gestão apresentadas.

• Uso continuado de muitas das práticas de gestão apresentadas.

• Uso continuado da maioria das práticas de gestão apresentadas.

• Uso continuado de quase todas as práticas de gestão apresentadas.

• Uso continuado de todas as práticas de gestão apresentadas.

Aprendizado • Não há melhorias sendo implantadas; e as práticas de gestão apresentadas não demonstram evidências de refinamento.

• Há melhorias sendo implantadas; ou algumas práticas de gestão apresentadas são refinadas.

• Muitas práticas de gestão apresentadas são refinadas.

• A maioria das práticas de gestão apresentadas é refinada.

• Quase todas as práticas de gestão apresentada são refinadas e espelham o estado-da-arte mundial.

• Todas as práticas de gestão apresentadas são refinadas e espelham o estado-da-arte mundial; alguma apresenta uma inovação de ruptura representando um novo referencial de excelência.

Integração • As práticas de gestão apresentadas não são coerentes com as estratégias e objetivos da organização.

• Quase todas as práticas de gestão apresentadas são coerentes com as estratégias e objetivos da organização.

• Todas as práticas de gestão apresentadas são coerentes com as estratégias e objetivos da organização; quase todas as práticas de gestão apresentadas estão inter-relacionadas com outras práticas de gestão da organização, quando apropriado.

• Todas as práticas de gestão apresentadas são coerentes com estratégias e objetivos da organização e estão inter-relacionadas com outras práticas de gestão, havendo cooperação entre quase todas as áreas da organização na sua implementação, quando apropriado.

• Todas as práticas de gestão apresentadas são coerentes com estratégias e objetivos da organização e estão inter-relacionadas com outras práticas de gestão, havendo cooperação entre quase todas as áreas da organização e com as partes interessadas pertinentes.

• Plena integração das práticas de gestão; as áreas da organização trabalham em harmonia entre si e com as partes interessadas pertinentes, construindo parcerias e obtendo elevada sinergia.

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