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BRUNA CRISTINA ALVES LEMOS A INFLUÊNCIA NEGATIVA DA MÍDIA NO TRIBUNAL DO JÚRI Palmas -TO

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BRUNA CRISTINA ALVES LEMOS

A INFLUÊNCIA NEGATIVA DA MÍDIA NO TRIBUNAL DO JÚRI

Palmas -TO

2017

BRUNA CRISTINA ALVES LEMOS

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A INFLUÊNCIA NEGATIVA DA MÍDIA NO TRIBUNAL DO JÚRI

Trabalho de Curso em Direito apresentado como requisito parcial da disciplina de Trabalho de Curso em Direito II (TCD II) do Curso de Direito do Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA.

Orientadora: Professora Especialista Andrea

Cardinale Urani Oliveira de

Morais

Palmas -TO

2017

BRUNA CRISTINA ALVES LEMOS

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A INFLUÊNCIA NEGATIVA DA MÍDIA NO TRIBUNAL DO JÚRI

Trabalho de Curso em Direito apresentado

como requisito parcial da disciplina de

Trabalho de Curso em Direito II (TCD II) do

Curso de Direito do Centro Universitário

Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA.

Orientadora: Professora Especialista Andrea

Cardinale Urani Oliveira de

Morais

Aprovado (a) em: ______/______/______

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________

Prof.(a). [nome e titulação do Professor(a)]

Centro Universitário Luterano de Palmas

__________________________________________________

Prof.(a). [nome e titulação do Professor (a)]

Centro Universitário Luterano de Palmas

__________________________________________________

Prof.(a). [nome e titulação do Professor (a)]

Centro Universitário Luterano de Palmas

Palmas-TO

2017

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Dedico este trabalho aos meus pais pelo

incentivo e ensinamentos dados até aqui, bem

como, a professora orientadora Andrea pela

compreensão e auxílio na execução dessa

pesquisa.

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É fundamental diminuir a distância entre o que

se diz e o que se faz, de tal forma que, num

dado momento, a tua fala seja a tua prática.

Paulo Freire

RESUMO

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Na atualidade a mídia age como uma formadora de opinião da sociedade. No tribunal do Júri, objeto de estudo do trabalho apresentado, agem de maneira significante e acabam prejudicando o acusado e aos seus direitos resguardados. O presente estudo, usando meios bibliográficos aborda a história do Júri, a organização da primeira e segunda fase, os princípios que precisam ser respeitados, a atuação da mídia, bem como, alguns casos concretos onde os meios de comunicação influenciaram bastante e tornaram acontecimentos de grande repercussão no Brasil. Nesse contexto ficou claro que a mídia pode ser algo positivo para a sociedade, mas quando explorada de maneira errônea, ela se torna mais negativa do que positiva, visto que a mesma pode ser uma mera propaganda enganosa.

Palavras-Chave: Influência; Mídia; Tribunal do Júri

SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO.......................................................................................................................08

1. TRIBUNAL DO JÚRI: ORGANIZAÇÃO E PRINCÍPIOS...........................................10

1.1 BREVE HISTÓRICO.........................................................................................................10

1.2 ORGANIZAÇÃO ..............................................................................................................13

1.3 PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM O TRIBUNAL DO JÚRI .............................................18

1.3.1 Plenitude da defesa.........................................................................................................18

1.3.2 Sigilo das votações..........................................................................................................19

1.3.3 Soberania dos veredictos ..............................................................................................20

1.3.4 Competência mínima para julgar os crimes dolosos contra a vida...........................21

1.3.5 Presunção de inocência..................................................................................................22

1.3.6 - Dignidade da pessoa humana ....................................................................................23

1.4 USO DE ALGEMAS: MEDIDA DE SEGURANÇA OU ABUSO DE

AUTORIDADE ..........................................................................................................................

.........................24

2.MÍDIA...................................................................................................................................26

2.1 LIBERDADE DE IMPRENSA .........................................................................................27

2.2 DA LIBERDADE DE IMPRENSA E PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA .........................28

2.3 CONFLITO ENTRE LIBERDADE DE IMPRENSA E OS BENS JURÍDICOS..............29

2. 4 O INTERESSE DA IMPRENSA PELA NOTÍCIA CRIMINAL ....................................30

2.4.1 Falta de regulamentação da imprensa brasileira........................................................31

2.4.2 Poder persuasivo da mídia brasileira ..........................................................................31

3. CASOS DE REPERCUSSÃO NA MÍDIA BRASILEIRA..............................................34

3.1 GOLEIRO BRUNO ...........................................................................................................34

3.2 ISABELLA NARDONI ....................................................................................................35

3.3 CASO RICHTHOFEN .......................................................................................................38

3.4 CASO IRMÃOS NAVES ..................................................................................................42

3.5 A INFLUÊNCIA DOS MEIOS DE

COMUNICAÇÃO .......................................................................................................................

............................46CONCLUSÃO.............................................................................................

............................49

REFERÊNCIAS......................................................................................................................50

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INTRODUÇÃO

Vivencia-se que a mídia exerce um papel de grande influência, na vida dos

brasileiros e que os meios de comunicação são essenciais no cotidiano, contudo precisam ser

fiscalizados para não confrontar com os direitos e garantias fundamentais, em especial nos

casos do Tribunal do Júri.

A competência do Tribunal do Júri refere-se a crimes dolosos contra a vida, onde

chamam a atenção da sociedade, por se tratar de assunto criminal. A relevância da população

nesse procedimento é de suma importância, visto que os mesmos irão decidir com base nos

seus conhecimentos, haja vista, nada técnicos.

O presente trabalho tem como objetivo analisar o confronto entre liberdade de

imprensa com os direitos e garantias do acusado, detalhar a história do Júri, os princípios que

norteiam a organização da primeira e segunda fase do Tribunal do Júri bem como, apresentar

casos concretos onde a mídia atuou de maneira gradativamente. Pode-se afirmar que o objeto

de estudo recai sobre a influência negativa que a mídia exerce em desfavor do réu.

A metodologia utilizada está pautada na pesquisa bibliográfica e também descritiva,

a primeira tem a finalidade de conhecer teoricamente o tema abordado onde é possível

confrontar diversos autores e com isso sustentar o que se defende e a segunda está voltada

para o registro de análise de acontecimentos que marcaram a época. Nota-se a importância da

pesquisa, devido a colisão de princípios e a atuação dos meios de comunicação em grande

parte onde ocorrem crimes, por se tratar de notícias que chamam atenção e instigam a

sociedade e consequentemente a imprensa opina de modo que prejudica o devido processo

legal.

A mídia é responsável por transmitir informações com o objetivo de propagar

notícias e diversos conteúdo. Pode-se citar uma série de maneiras de repassar conhecimento

para o público, dentre elas: jornais, revistas, televisão, internet, entre outras. Porém acontecem

de as informações serem repassadas de maneiras equivocadas onde surgem vários

questionamentos, a mídia transmite o que realmente ocorre ou o que visa lucro.

Nesse contexto, leva-se a afirmar que a mídia sensacionalista age de forma exagerada

para aumentar a audiência e nota-se que o conselho de sentença que compõe o Júri, assim

como,o restante da população são bombardeados por informações incertas e contraditórias e

antecipam o julgamento do acusado, sem utilizar dos direitos que os resguardam onde causa

prejuízos irreparáveis, pois além de serem condenados sem o devido

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julgamento, mesmo que sejam absolvidos pelo Júri, irão ter dificuldade para retornarem para

o convívio popular.

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1. TRIBUNAL DO JÚRI: ORGANIZAÇÃO E PRINCÍPIOS

1.1 BREVE HISTÓRICO

A instituição do Tribunal do Júri foi realizada para garantir as defesas mínimas para

aqueles que serão julgados, por pessoas do povo no qual não conhecem a legislação, por

pessoas iguais a ele, cidadãos comuns da sociedade onde vive. A palavra Júri deriva do latim

“jurare” no qual significa fazer juramento. O Tribunal Popular teve origem na palestina,

seguindo a teoria desse entendimento Nucci, (2008, p.41) explica:

Na Palestina, havia o Tribunal dos vinte e três, nas vilas em que a população fosse superior a 120 famílias. Tais cortes conheciam e julgavam processos criminais relacionados a crimes puníveis com a pena de morte. Os membros escolhidos dentre padres, levitas e principais chefes de Israel

Assim, nota-se que o instituto surgiu com a organização social, prevaleciam as

comunidades patriarcas e os homens mais velhos tinham administração e poder da

comunidade. Para Nucci, 2008, verifica a possibilidade de atribuir a origem do Júri à época

mosaica, o mesmo teria surgido com os Judeus no Egito antigo, pelas leis de Moises.

Todavia, é claro que foi na Inglaterra que o Tribunal do Júri começou a sua

delimitação para seu reconhecimento atualmente. Há doutrinadores que nem mencionam as

outras origens, limitando a origem para Inglaterra e até os autores que buscam origens mais

antigas, assume que o modelo do Júri é inglês, no ano de 1215, na Carta Magna. Partindo

dessa teoria sobre a propagação do Tribunal Popular Nuci (2008, p.42) enfatiza que:

Após a Revolução Francesa, de 1789, tendo por finalidade o combate às idéias e métodos esposados pelos magistrados do regime monárquico, estabeleceu-se o Júri na França. O objetivo era substituir um Judiciário formado, predominantemente por magistrados vinculados à monarquia, por outro, constituído pelo povo, envolto pelos novos ideais republicanos.

A revolução Francesa cooperou para a organização judiciária daquele país, a partir de

então as decisões dos órgãos significavam soberania pelos franceses, tornando uma obrigação

de todos que ali residiam. Dentre as características desse julgamento na França, pode-se

salientar a matéria criminal e a publicidade dos debates.

Segundo Ferreira (2011) naquela região, o procedimento se dividia em 3 fases: a

instrução preparatória, o júri de acusação no qual era composto por 8 jurados sorteados de

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uma determinada lista de trinta cidadãos, o voto era individual de acordo com o aberto voto

do acusado. Para totalizar a condenação teria que adquirir a maioria, ou seja, nove votos de

um total de doze jurados, bem oposto do sistema Inglês, que a condenação dependia da

totalidade dos votos.

Com a evolução do Júri, pode-se afirmar que percorreu séculos e continentes, passou

por tiranias e democracias, príncipes e burgueses, enfim atravessou diversas eras e culturas.

No Brasil, o Tribunal do Júri foi criado através da Lei de 18 de junho de 1822 com o

objetivo de julgar os crimes de imprensa. Naquele tempo o Tribunal do Júri era formado por

24 membros, homens bons, honrados, inteligentes e patriotas atuando como juízes.

(MARQUES, 2009).

Foi instalado através de um decreto do Príncipe Regente D. Pedro I, que:

O júri foi implantado no Brasil pelo Príncipe Regente D. Pedro um pouco antes da proclamação da independência em 1822, composto por juízes de fato que se encarregaram de julgar exclusivamente os abusos quanto à liberdade de imprensa. A partir daí evoluiu bastante e passou por diversas transformações legislativas, enfrentando até mesmo o desprezo protagonizado pela Carta de 1937. (TASSE, 2008, p.22)

Com a chegada da independência, uma inovação estava surgindo, tendo em vista esse

motivo havia necessidade de uma Constituição

Posteriormente no dia 25 de março de 1824, com a Constituição Imperial houve uma

ampliação de sua competência relativa no qual passou a julgar causa cíveis e criminais, anos

depois foi disciplinado pelo Código de Processo Criminal, de 29 de novembro de 1832, no

entanto, em 1842 foi limitado pela Lei nº 261 (CAPEZ, 2009).

Assim, no decorrer do ano de 1824, o Imperador D. Pedro I concedeu a primeira

carta política no Brasil, portanto o Tribunal do Júri foi implantado no capítulo de Poder

Judiciário. Sobre o nascimento do Júri no Brasil, destaca Rangel (2008, p. 488):

Em se tratando de Júri, o nosso nasceu na Lei de 18 de julho de 1822, antes, portanto da independência (7 de setembro de 1822) e da primeira Constituição brasileira (25 de março de 1824) e, ainda, sob o domínio português, mas sob forte influência inglesa. Entretanto, o júri era apenas para os crimes de imprensa e os jurados eram eleitos.

Devido a influência significante britânica, o Júri do nosso país tem grandes de suas

características. No decorrer dos anos, houve modificações evidentes nas Constituições, veja:

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A constituição de 1891 manteve o júri como instituição soberana. A constituição de 1937 silenciou a respeito do instituto, o que permitiu ao Decreto nº 167, de 5 de janeiro de 1938, suprimir esta soberania, permitindo aos tribunais de apelação a reforma de seus julgamentos pelo mérito. A Constituição democrática de 1964 restabelece a soberania do júri, prevendo-o entre os direitos e garantias constitucionais. A constituição de 24 de janeiro de 1967 também manteve o júri no capítulo dos direitos e garantias individuais, e a Emenda Constitucional de número 1, de 17 de outubro de 1969 manteve a instituição no mesmo capítulo, mas restrita ao julgamento dos crimes dolosos contra a vida. (CAPEZ, 2014, p.652)

No ano de 1832 nasceu e entrou em vigor o Código de Processo Criminal do

Império, o qual designou o conselho de jurados, a Lei n° 261 de 3 de dezembro de 1841

excluiu o Júri de acusação, continuando apenas o de sentença. Durante o momento

republicano a lei manteve o direito do Tribunal do Povo, no capítulo conexo aos direitos e

garantias individuais. Sob o Júri na época da República brasileira, Rangel (2008 apud

FERREIRA, 2011, p. 5) ressalta que:

Na primeira Constituição da República dos Estados Unidos do Brazil promulgada em 24 de fevereiro de 1891. o júri era colocado dentro do título referente aos cidadãos brasileiros e na secção da declaração dos direitos, estabelecendo, no seu art. 72, § 31, que era mantida a constituição do júri.

A afirmação acima elencou que quando a Constituição mantinha o Júri, havia

impedimento que leis posteriores alterassem o que fora decidido, tornando assim de forma

clara uma inconstitucionalidade.

Em 1941, entrou em vigor o nosso Código de Processo Penal Brasileiro, pelo decreto

lei nº 3.689, nos dias atuais ainda se encontra em vigor, contudo com algumas alterações.

Nessa linha de raciocínio, o acusado não era tratado com os direitos devidos, mas

como mero objeto no processo, não era assegurado o devido processo legal, tendo em vista a

influência fascista. De tal modo era comum confissão por meio de tortura, pois o direito de

ficar em silencio em seu interrogatório era interpretado por seu prejuízo. Nesse interrogatório

era proibida intervenção das partes, atribuindo competência exclusiva para o juiz.

(FERREIRA, 2011).

A democracia retorna no ano de 1946, depois da Segunda Guerra Mundial e a Carta

política contorna a instituição no capítulo “Dos Direitos e Garantias Individuais” Relata Nucci

(2008, p.43)

A Constituição de 1946 ressuscitou o Tribunal Popular no seu texto, reinserindo-o no capítulo dos Direitos e Garantias individuais como se fosse uma autêntica bandeira na luta contra o autoritarismo, embora as razões desse retorno tivessem

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ocorrido, segundo narra Victor Nunes Leal, por conta do poder de pressão do coronelismo, interessado em garantir a subsistência de um órgão judiciário que pudesse absolver seus capangas.

No século XX houve períodos de ditadura e democracia, de maneira introduzida, em

1964, os militares seguindo a guerra fria instalaram o regime ditatorial, época de grande

sofrimento para população, por ter bastante violência. Em 1967 veio a nova constituição, no

qual manteve a competência do Júri, contudo mais limitada.

E por fim, veio o tão sonhado Estado Democrático na nação brasileira. Sobre a

relevância do instituto Tribunal do Júri o autor preconiza:

Costuma-se afirmar que o Tribunal do Júri seria uma das mais democráticas instituições do poder judiciário, sobretudo pelo fato de submeter o homem ao julgamento de seus pares e não segundo a justiça togada. É dizer: aplicar-se-ia o Direito segundo a sua compreensão popular e não segundo a teoria dos tribunais. (OLIVEIRA, 2009, p.107)

Baseado nessa informação percebe-se que o Tribunal do Júri passou por diversas

fases e essas contribuíram para sua evolução. Dando continuidade a esse avanço a

Constituição Federal de 1988 elencou no seu artigo 5º, inciso XXXVIII, direitos e garantias

fundamentais, atribuindo sua competência para o julgamento de crimes dolosos contra a vida.

Pode-se citar como princípios que norteiam o Tribunal do Júri a soberania dos veredictos, o

sigilo nas votações, plenitude de defesa e a competência mínima para julgar crimes dolosos

contra a vida. (BRASIL, 1988).

1.2 ORGANIZAÇÃO

O procedimento do Tribunal do Júri é considerado bifásico, ou seja, há duas fases

sendo elas a primeira e segunda. Sendo a instrução preliminar que não deve ser confundida

com a investigação preliminar da qual o inquérito policial faz parte. A instrução preliminar

consiste no recebimento da denúncia ou queixa, onde se inicia o processo. Visivelmente,

pode-se confirmar a existência conforme reforma o artigo 29 do Código de Processo Penal,

será admitida Ação Penal Privada Subsidiária da Pública, mas se não for interditada no prazo

legal pelo Ministério Público. Ou seja, quando o Ministério Público deixar de propor a ação

penal no prazo cabível, a vítima ou seu representante, poderá fazê-lo (LOPES JUNIOR, 2017)

Feita essa observação, nota-se que a instrução preliminar é a fase entre o recebimento

da denúncia ou queixa e decisão de pronúncia. A denúncia ou a Queixa são as peças

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inaugurais da ação penal, ocorre a denúncia quando a ação penal for pública, cabe ao

Ministério Público propô-la e será queixa quando a ação penal for privada e deve ser

promovida pela vítima ou por meio de seu representante. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO

DISTRITO FEDERAL, s.d.).

A aceitação da peça inicial da ação penal implica na escolha do juiz em receber a

acusação. O juiz, ao decidir em aceitar a acusação, analisa apenas se há materialidade e

indícios de sua autoria (não analisa o mérito). Esse recebimento alude na ordem de citação do

acusado, para, por escrito, responder à acusação no prazo de 10 dias. (TRIBUNAL DE

JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL, s.d).

Depois da citação, o réu tem o prazo de 10 dias para apresentar devidamente sua

defesa. O início da contagem do prazo é a partir do efetivo cumprimento do mandado ou do

comparecimento, em juízo, do defensor ou do acusado. A apresentação de defesa é

indispensável e a sua ausência gera nulidade absoluta. Devido esse motivo, se o réu não a

apresentar no prazo legal, o juiz nomeará o defensor para oferecê-la em 10 dias. (BRASIL,

1941).

Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre

possíveis questões preliminares arguidas e documentos apresentados, no prazo de 5 dias.

(BRASIL, 1941). De tal modo o juiz poderá determinar a inquirição de testemunhas e

realização de diligências.

Na audiência de instrução, houve modificações na lei que alterou o rito do Tribunal

do Júri e prevê a realização de todos os atos instrutórios em somente uma audiência. Assegura

ao juiz indeferir as provas que são consideradas insignificantes, impertinentes ou protelatórias

e estabelece que, via de regra, nenhum ato poderá ser adiado. (JUSBRASIL, s.d.).

Primeiro, serão tomadas todas as declarações do ofendido e, se admissíveis

inquiridas as testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nessa ordem. Em caso de

testemunhas que moram em outro Estado, será escutada por carta precatória, artifício pelo

qual o juiz encaminha um requerimento ao juiz da localidade onde se encontra a testemunha

para proceder a oitiva. (BRASIL, 1941).

Posteriormente, ocorrerão as explicações dos peritos, as acareações e o

reconhecimento de pessoas e determinadas coisas. Após o acusado será questionado, e por

fim, as alegações. Essas alegações serão orais, concedendo a palavra à acusação e à defesa por

20 minutos, pode ser prorrogável por mais 10 minutos. Em caso de mais de um acusado, o

tempo previsto para acusação e defesa será individual. (BRASIL, 1941).

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Concluem-se as alegações e o juiz proferirá sua decisão na própria audiência ou pode

ocorrer em 10 dias por escrito. Nessa última hipótese, o juiz proferirá que os autos sejam

conclusos. As decisões, nessa fase do procedimento, devem ser fundamentadas e podem ser

de impronúncia, desclassificação, absolvição sumária e pronúncia. (JUSBRASIL, s. d.).

Na decisão de Impronúncia, é onde rejeita a imputação para julgamento diante o

Tribunal Popular, ou devido o juiz não ter se convencido da existência do delito ou não ter

indícios suficientes da autoria ou da participação. Ocorre quando a acusação não agrupa

elementos para serem discutidos. Vale frisar que o juiz não alega que o acusado é inocente,

contudo não encontrou indícios suficientes para a demanda ser debatida pelo Júri.

(JUSBRASIL, s. d).

Na desclassificação incide quando o juiz se convence da existência de tal crime, mas

não é doloso contra a vida. Nessa decisão, o juiz declara que aquele crime não é da

competência do Tribunal do Júri, pois o instituto tem como objetivo o julgamento de crimes

dolosos contra a vida. Assim o julgador desclassifica a infração e conduz para o juízo

competente. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL, s. d.).

Na absolvição sumária de acordo com os termos do artigo 415 do Código de

Processo Penal o magistrado pode absolver o acusado quando for provado não ser ele o autor

ou partícipe do fato; provada a inexistência do fato, o fato não constituir infração penal e

demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. A sentença de absolvição

sumária é de mérito, devido analisar as provas e revela a inocência do acusado. Portanto, tão-

somente poderá ser proferida em caráter excepcional, quando o juiz não estiver com nenhuma

dúvida..(TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL, s. d.).

Na sentença de Pronúncia, o juiz ao decidir pronunciar o acusado, acolhe a

imputação feita e encaminha para o julgamento perante o Tribunal do Júri. Acontece quando o

julgador se convence da materialidade do delito e de indícios aceitáveis de autoria ou

participação. Essa decisão é meramente processual e nela não analisa profundamente do

mérito, não se faz necessária prova completa de autoria, apenas indícios, o juiz, quando

sentencia pela pronúncia do réu usa como fundamento apena seus motivos de convencimento

de que o crime existiu e de que há possibilidade do acusado ser o autor ou partícipe.

(JUSBRASIL, s. d).

O julgador revela também a base legal utilizada e especifica também as

circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena. Vale lembrar que vigora o

princípio “in dúbio pro societate”, em caso de dúvidas o juiz deve levar a questão para o Júri,

visto que se há mera suspeita, o juiz verifica se a acusação é viável e a leva para o julgamento,

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que poderá entender diferente ao final. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO

FEDERAL, s. d.).

No artigo 420 do Código de Processo Penal, dispõe que a intimação da sentença de

pronúncia deverá ser pessoalmente ao acusado, ao defensor nomeado e ao Ministério Público

– MP. Porém, poderá ser intimado por meio de edital, o acusado solto que não for encontrado.

(BRASIL, 1941).

Já a segunda fase se inicia com a aprovação da pronúncia e totaliza na disposição

proferida no julgamento realizado no plenário do Júri. Na primeira fase ainda não existe

jurado, cabe toda decisão ser proferida pelo juiz:

Dessarte, na primeira fase, ainda não existem “jurados”, sendo toda a prova colhida na presença do juiz presidente (togado) que ao final, decide entre enviar o réu para julgamento pelo Tribunal do Júri (pronúncia) ou não (absolvição sumária, impronúncia ou desclassificação). Portanto, o processo pode findar nessa primeira fase, conforme a decisão do juiz (os detalhes de cada tipo de decisão serão analisados na continuação). A segunda fase somente se inicia se a decisão do juiz for de pronúncia, tem por ápice procedimental o plenário e finaliza com a decisão proferida pelos jurados. (Lopes Júnior, 2017, p.787)

Ante o exposto, nota-se que a sentença de Pronúncia dá início a segunda fase do Júri.

Portanto, de acordo com o que fora dito, o Júri pode ser encerrado na primeira fase ou se

estender para a segunda e passar por todos os trâmites legais.

De acordo com o artigo 433 do Código de Processo Penal, a organização do Júri

funciona da seguinte maneira:

Art. 433. O sorteio, presidido pelo juiz, far-se-á a portas abertas, cabendo-lhe retirar as cédulas até completar o número de 25 (vinte e cinco) jurados, para a reunião periódica ou extraordinária. § 1º O sorteio será realizado entre o 15º (décimo quinto) e o 10º (décimo) dia útil antecedente à instalação da reunião. § 2º A audiência de sorteio não será adiada pelo não comparecimento das partes.§ 3º O jurado não sorteado poderá ter o seu nome novamente incluído para as reuniões futuras. (BRASIL, 1941)

O Tribunal do Júri é composto por um juiz togado em que é o presidente e mais 25

cidadãos escolhidos através de sorteio. No decorrer de cada ano uma lista de jurados é

escolhida pelo juiz. Essa lista deverá ser divulgada pela imprensa no qual sua validade

permanece o ano todo. O artigo 426 § 1º do Código de Processo Penal ressalta que: “A lista

poderá ser alterada, de ofício ou mediante reclamação de qualquer do povo ao juiz-presidente,

até o dia 10 de novembro data de sua publicação definitiva”. (BRASIL, 1941).

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A convocação do Júri é feita através de edital, posteriormente designará os 25

jurados para compor a sessão, sendo que destes apenas 7 (sete) serão sorteados para compor o

conselho de sentença, lembrando que o sorteio obrigatoriamente terá que ocorrer de portas

totalmente abertas.(BRASIL, 1941).

Sabe-se que para ser jurado são necessários alguns critérios que de fundamental

importância para o bom andamento do processo, como por exemplo, ser brasileiro nato, maior

de 18 anos e não 21 anos.

Para comprovar a afirmação anterior Fernando Capez explica os requisitos para ser

jurado:

Para ser jurado, é preciso ser brasileiro, nato ou naturalizado, maior de 18 anos, notória idoneidade, alfabetizado e no perfeito gozo dos direitos políticos, residente na comarca, e, em regra, que não sofra de deficiências em qualquer dos sentidos ou das faculdades mentais (CAPEZ, 2014, p. 655).

Nessa conjuntura ficam claro os requisitos indispensáveis para formar um jurado,

assim sendo cabe a sociedade respeitar e acatar o que determina a lei, caso contrário não é

permitido acontecer nenhuma sentença.

Segundo o Código de Processo Penal o serviço do Júri é de caráter obrigatório e não

facultativo, portanto sua recusa sem justificativa plausível constituirá crime de desobediência,

mas, possui algumas pessoas isentas do serviço do Júri, dentre eles pode-se citar: o presidente

da República e seus ministros do Estado, os governadores e seus secretários, os membros do

poder legislativo, em qualquer das esferas Federativas, os prefeitos, os magistrados, os

representantes do Ministério Público, os servidores do Poder Judiciário, do Ministério Público

e da Defensoria Pública, os funcionários da policia e da segurança pública, os militares da

ativa, os cidadãos maiores de 70 anos que solicitam sua dispensa. (BRASIL, 1941)

O artigo 440 do Código de Processo Penal complementa que:

Constitui também direito do jurado, na condição do art. 439 deste Código, preferência, em igualdade de condições, nas licitações públicas e no provimento, mediante concurso, de cargo ou função pública, bem como nos casos de promoção funcional ou remoção voluntária. (BRASIL, 1941)

É notória a responsabilidade que um jurado assume, contudo, além de contribuir com

a justiça ainda tem algumas regalias que se não participasse do conselho de sentença não

usufruía com tamanhos privilégios.

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1.3 PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM O TRIBUNAL DO JÚRI

A Constituição Federal de 1988 garante sua identidade funcional em seu artigo 5º

inciso XXXVIII, alíneas a, b, c, d. onde menciona os princípios utilizados no júri, dentre eles

pode-se mencionar: Plenitude da defesa, Sigilo das votações, Soberania dos veredictos e a

competência mínima para julgar os crimes dolosos contra a vida. Importante frisar que esses

princípios devem ser respeitados e estão previstos no rol de direitos e garantias fundamentais.

(BRASIL, 1988)

1.3.1 Plenitude da defesa

A plenitude de defesa, na Constituição Federal em seu artigo 5º, assegura aos

acusados em âmbito criminal o contraditório e ampla defesa, no entanto, o réu do Tribunal do

Júri é assegurado ainda a plenitude de defesa, verificado no inciso XXXVIII alínea a, do

artigo referido. O princípio citado significa o exercício efetivo de uma defesa perfeita, sem

erros, cabe o defensor utilizar todos os meios possíveis para defesa do réu, desde que sejam

lícitas.

Nesse cenário Nucci (2010, p. 282) ressalta que:

A aplicação da plenitude de defesa, no âmbito do Tribunal do Júri, fomenta, de certo modo, o desequilíbrio das partes, privilegiando-se a atuação da defesa, em virtude das várias peculiaridades de sua situação processual. Há que se garantir ao defensor o amplo acesso às provas e sua produção, sem se importar, em demasia, com a forma ou com os prazos estipulados pela lei ordinária. Deve-se assegurar ao defensor, desde que haja justificativa, um tempo razoável de dilação para a sua manifestação, ainda que esgotado o tempo previsto pelo Código de Processo Penal. Todas as teses defensivas (autodefesa e defesa técnica) devem ser bem expostas aos jurados no momento da votação.

Assim, para que ocorra uma defesa célere e impecável o defensor do réu necessita de

todo documento probatório que constam nos autos (lícitos) e será fiscalizado pelo juiz

presidente. Todos os princípios têm sua importância, nesse caso específico a Plenitude de

Defesa norteia o Tribunal do Júri, visto que assegura a defesa do réu perante a acusação, cabe

ao defensor o papel de defender o réu, usando de argumentações emocionais, entre outras que

se fizer necessário. Cabendo ao juiz presidente fiscalizar a postura do defensor. (CAPEZ,

2009).

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Ante o exposto, observa-se que o defensor tem livre acesso ao caso e pode usar todas

as teses de defesa para melhor julgamento do réu, e cumprir detalhadamente o princípio

apresentado.

Sabe-se que os jurados são indispensáveis nesse processo e na maioria das vezes

esses são leigos, em outras palavras, não possuem conhecimento técnico em relação aos fatos

ali divulgados e julgam com bastante sentimento e emoção, porque se encontra em situações

de vulnerabilidade e se deixam influenciar pela mídia. Para melhor esclarecimento o autor

alerta que:

Não podemos deixar de falar que a cobertura excessiva da mídia em alguns casos pode afetar o princípio da plenitude da defesa, já que o jurado, cidadão comum, pode já estar com sua opinião formada pela mídia e não tenha condições de separar aquilo que a imprensa falou ou escreveu dos fatos. Muitas vezes, de forma parcial e sensacionalista a mídia acaba interferindo negativamente sobre o conteúdo daquilo que efetivamente restou como fato comprovado nos autos através do devido processo legal. Ao divulgar ou disseminar algumas opiniões e informações, fatalmente a mídia interfere na opinião pública. O constituinte, na verdade, deliberou, clara e incontestavelmente, que a ampla defesa no júri deve ser exercida na sua plenitude e essência. (VICENÇO, 2012 p.16)

Conforme citação acima observa-se que as convicções dos jurados em grandes casos

já estão formadas, antes mesmo do dia do julgamento e fica claro o papel negativo que os

meios de comunicação desempenham.

1.3.2 Sigilo das votações

É um princípio designado especialmente para o Tribunal do Júri, visto que não se

aplica a ele o artigo 93 inciso IX da Constituição Federal, onde trata que todos os atos do

poder judiciário serão públicos.

Para que o sigilo seja garantido os jurados tomam as decisões em uma sala secreta,

que de acordo com o STF não há inconstitucionalidade. Uma peculiaridade deste princípio é o

momento em que o quarto voto é feito, pois se interrompe a votação. (CAPEZ, 2009).

Já houve tempos em que ocorreu uma discussão doutrinária em que a sala secreta

seria inconstitucional devido ferir o princípio da publicidade, contudo tal discussão foi

resolvida por ampla maioria, doutrina e jurisprudência.

Em virtude do princípio abordado, aplica-se o sistema de incomunicabilidade, onde

os jurados não podem debater o processo, com objetivo de uma decisão não acarretar na

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opinião do outro. Em caso de descumprimento do que fora mencionado acarreta nulidade

absoluta. (BRASIL, 1941).

Para uma decisão justa e imparcial compreende-se que os jurados necessitam de

garantias nos quais tornam o julgamento livre de pressão. Em razão do conselho de sentença

ser pessoas do povo e posteriormente ao Júri, retornam para suas casas e para o convívio da

sociedade, o sigilo é indispensável para segurança, não seria justo um cidadão de bem ser

penalizado por um serviço obrigatório do Poder Judiciário.

1.3.3 Soberania dos veredictos

O princípio impede o Tribunal de modificar a decisão dos jurados em razão do seu

mérito. Intitular os veredictos como soberanos foi a solução para manter a expressão da

vontade popular. O autor esclarece que:

Um júri sem um mínimo de soberania é corpo sem alma, instituição inútil. Que vantagem teria o cidadão de ser julgado pelo tribunal popular se as decisões deste não tivessem um mínimo de soberania? Que diferença havia ser julgado pelo juiz togado ou pelo tribunal leigo? Se o tribunal ad quem, por meio do recurso, examinando as questiones facti e as questiones juris, pudesse, como juiz rescisório proferir a decisão adequada para que manter o Júri. (FILHO, 2012, p. 354)

O julgamento dos fatos realizados pelos jurados não pode ser modificado pelo juiz

togado ou pelo tribunal, apenas com um novo júri. Esse princípio resguarda as decisões dos

jurados, para manter seriedade no envolvimento da população no crime em questão.

Importante frisar que os jurados são pessoas leigas no qual não possui dever em entender a lei.

Conforme o juramento constante do artigo 472, do Código de Processo Penal, os

jurados devem decidir de acordo com sua consciência, seguindo a justiça, contudo, sem

precisar ater-se às normas escritas ou julgadas do país. (BRASIL, 1941).

Nesse mesmo sentido, Capez (2009, p. 587):

Trata-se de princípio relativo, logo não exclui a recorribilidade de suas decisões, limitando-se, contudo, a esfera recursal ao juízo rescindente (judicium rescindem), ou seja, à anulação da decisão pelo mérito e a consequente devolução para novo julgamento (art. 593, III, d). Do mesmo modo, em obediência ao princípio maior da verdade e em atenção ao princípio da plenitude da defesa, admite-se alteração do meritum causae, em virtude de revisão criminal. (CAPEZ, 2009, p. 587).

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O princípio aludido possui uma garantia para os jurados em questão, pois se suas

decisões mudassem sendo revistas de maneira simples, não obteriam credibilidade ao votarem

e sua sentença tornaria algo sem relevância alguma para a sociedade, além do empenho para

entender o caso em questão e o desgaste emocional e as decisões se reformulassem com

grande facilidade, extinguia a seriedade do instituto. Segue citação que aduz a questão da

soberania:

Esta soberania não é plena e nem absoluta porque admite exceções. O artigo 593, inciso III, alínea d do CPP que diz: “Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: [...] III- das decisões do Tribunal do Júri, quando: [...] d) for a decisão dos jurados manifestadamente contrária à prova dos autos”. Caso seja dado provimento ao recurso, a decisão será anulada e o acusado será novamente julgado por jurados diversos daqueles que o condenaram ou absolveram. Isto está previsto na revisão criminal, no artigo 621 do CPP, em que o direito à liberdade se sobrepõe ao direito da soberania dos veredictos (VINCENÇO, 2012, p.18).

Todavia, conforme esclarecido essa soberania não é absoluta, para não ferir

princípios constitucionais.

1.3.4 Competência mínima para julgar os crimes dolosos contra a vida

A Constituição Federal, na alínea d do inciso XXXVIII em seu artigo 5º aponta que o

Tribunal do Júri é competente para julgar crimes dolosos contra a vida, quais sejam:

homicídio, infanticídio, participação em suicídio e abordo, sendo eles na forma consumada ou

tentada. Visivelmente, os crimes que trazem maior clamor social, é avaliada como mínima

devido não poder ser suprimida, em outras palavras, somente o Júri pode julgar crimes dessa

natureza. Na determinação de competência por conexão ou continência serão observados no

concurso entre a competência do Júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a

competência do Júri. (BRASIL, 1941)

Nota-se que o Tribunal do Júri, deve julgar os crimes dolosos contra a vida, porém

também os que forem conexos. Acerca da competência, esclarece o autor:

Trata-se de uma competência mínima, que não pode ser afastada nem mesmo por emenda constitucional, na medida em que se trata de uma cláusula pétrea (artigo 60, § 4º, IV da Constituição Federal), o que, no entanto, não significa que o legislador ordinário não possa ampliar o âmbito de competência do tribunal do júri. É isso, aliás, o que já ocorreu com os crimes conexos e/ ou continentes. (LIMA, 2014, p. 1271.)

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Trata-se de competência mínima dos crimes dolosos contra a vida e fica evidente a sua

não afastabilidade.

1.3.5 Presunção de inocência

No sistema Penal Brasileiro “Assegura ao réu de um processo criminal que não seja

considerado culpado até que tenha condenado e julgado a sentença penal que a condenou”

(BRASIL, 1988). Esse princípio visa limitar e controlar o Estado no modo de punir o réu, sem

transcorrer a defesa.Fica evidente que o princípio mencionado impede a prisão do acusado

sem o devido processo legal, o trânsito em julgado da sentença, pois existe previsão

constitucional onde relata que “ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem

escrita e fundamentada de autoria judiciária competente salvo nos casos de transgressão

militar ou crime propriamente militar, definido em lei” (BRASIL 1988).O poder Judiciário

não detém da competência para penitenciar um cidadão de bem, honesto, portanto verifica-se

a tamanha importância do princípio aludido.

No que se refere a parte histórica, importante relatar as palavras de Ferreira:

Seu marco principal ocorreu no final do século XVIII, em pleno iluminismo, quando na Europa Continental, surgiu a necessidade de se insurgir contra o sistema processual penal inquisitório de base romano-canônica, que vigia desde o século XII. Nesse período e sistema o acusado era desprovido de toda e qualquer garantia. Surgiu, daí a necessidade de se proteger o cidadão do arbítrio do Estado que, a qualquer preço, queria sua condenação, presumindo-o, como regra, culpado [...](FERREIRA, 2007, P.165)

Tomando como base essa citação, nota-se que houve um avanço na defesa do

cidadão que sem dúvida foi de grande relevância para a sociedade, visto que, trouxe direitos

que até então era passado despercebido. Era visível a injustiça em casos onde acusam o réu

sem o devido processo legal. Foi recebido pela Carta Magna de 1988, onde o Brasil passa a

ser um estado Democrático de Direito, veja:

Há uma estreita vinculação entre a forma e o regime de governos adotados, o Direito Penal e o Direito Processual penal. Aliás, a maior ou menor proteção aos princípios de Direito Penal e Processo Penal, em dado ordenamento jurídico, é um importante termômetro de quanto se está mais próximo ou mais distante de um regime democrático ou ditatorial. Nas ditaduras verifica-se, inexoravelmente, a supressão ou redução substancial de direitos e garantias na esfera penal e processual penal. Em contrapartida, é no Estado Democrático que os princípios de Direito Penal e o Processo Penal encontram maior proteção. O Estado Democrático nasceu da luta contra o absolutismo e seus princípios advêm de três movimentos: a Revolução Inglesa; a Revolução Americana e a Revolução Francesa. Desses três movimentos

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advieram declarações de direitos, que prestigiaram, entre outros, direitos e garantias penais e processuais penais. (QUEIJO, 2003. p. 590)

A presunção de inocência, todavia é uma garantia constitucional provisória e

antecipada modifica-se com sentença transitada em julgado, pois com a existência da sentença

o direito já foi analisado e não há necessidade de tirar conclusões precipitadas, nem tampouco

suposições. Importante frisar as palavras de Moraes:

O princípio da presunção de inocência consubstancia-se, portanto, no direito de não ser declarado culpado senão mediante sentença judicial com trânsito em julgado, ao término do devido processo legal (due processo oflaw), em que o acusado pôde utilizar-se de todos os meios de prova pertinentes para sua defesa (ampla defesa) e para a destruição da credibilidade das provas apresentadas pelo acusado (contraditório). (2003. p. 386).

Ante o exposto pode-se afirmar que ninguém será condenado sem apresentação de

determinada defesa sendo permitido utilizar os meios legais para tal fato, contudo, é de grande

relevância referir que os meios devem ser necessariamente lícitos para a concretização de uma

excelente argumentação.

1.3.6 - Dignidade da pessoa humana

O termo dignidade vem do latim digna que é merecedor, honra. Inúmeras

características para conceituar, importante frisar que a Constituição Federal colocou a

dignidade da pessoa humana em foco no rol de direitos e garantias fundamentais. Todo ser

humano possui o direito de uma vida digna, para as decisões jurídicas, esse princípio exposto

torna-se o meio usado como referência para as aplicações e julgamentos da norma. Segue

palavras de Tepedino:

Com efeito, a escolha da dignidade da pessoa humana comofundamento da República, associada ao objetivo fundamentalde erradicação da pobreza e da marginalização, e de reduçãodas desigualdades sociais juntamente com a previsão do § 2ºdo art. 5º, no sentido da não exclusão de quaisquer direitos eGarantias, mesmo que não expressos, desde que decorrentesdos princípios adotados pelo texto maior, configuram umaverdadeira cláusula geral de tutela e promoção da pessoahumana, tomada como valor máximo pelo ordenamento. (1999, p.48)

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Carlos da Mota Alberto Pinto vincula a noção de personalidade de pessoa jurídica

com a dignidade da pessoa humana, que se valoriza com o reconhecimento de direitos e

personalidade. Nesse sentido é a manifestação do professor Elimar Szaniawski:

A Constituição Federal, edifica o direito geral de personalidade apartir de determinados princípios fundamentais nela inseridos,provenientes de um princípio matriz, que consiste no princípioda dignidade da pessoa humana, que funciona como cláusulageral de tutela de personalidade. A pilastra central, a viga mestra,sobre a qual se sustenta o direito geral da personalidade, estáconsagrado no inciso IIII, do art. 1º da Constituição, consistindono princípio da dignidade da pessoa humana. As outras colunasde sustentação do sistema da personalidade, consistem no direitofundamental de toda a pessoa possuir um patrimônio mínimo,previsto no Título II, art. 5º, inciso XXIII, e no Título VII, CapítuloII e III; e os demais princípios consagrados no Título VIII,garantindo, no Capítulo II, a toda pessoa, o exercício do direito àsaúde; no Capítulo VI, o direito ao meio ambiente ecologicamenteequilibrado, a fim de poder exercer seu direito à vida com o máximode qualidade de vida; e, no Capítulo VII, o direito de possuir umafamília e de planejá-la, de acordo com os princípios da dignidadeda pessoa humana e da paternidade responsável. Todos estesprincípios, asseguram a tutela da personalidade humana segundoa atuação de uma cláusula geral. (2005, p. 138 – 139).

O Tribunal do Júri envolve diversos direitos e princípios constitucionais de grande

relevância, como o princípio elencado no capítulo (dignidade da pessoa humana). A Justiça

necessita ser feita de forma igualitária aos próprios semelhantes e respeitando a honra e

integridade de cada pessoa, cabe o Estado averiguar se tal função social está sendo

desenvolvida de forma eficaz.

1.4 USO DE ALGEMAS: MEDIDA DE SEGURANÇA OU ABUSO DE AUTORIDADE

O uso das algemas no Brasil ainda é um assunto bastante polêmico, por ferir a

presunção de inocência do réu e a dignidade da pessoa humana. É de suma importância que o

acusado não transmita primeiros julgamentos para o conselho de sentença, se o réu chegar

algemado obviamente os jurados irão olhar e analisar com ar de crítica e reprovação.

Apesar de o artigo 199 da Lei de Execução Penal já ter disciplinado que o uso das

algemas será disciplinado por meio de decreto federal. Recentemente o Superior Tribunal

Federal tratou do tema abordado, onde relata que:

Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. Súmula Vinculante número 11. (STF, 2008)

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Torna-se grande polêmica, nos Júris onde não obedecem ao uso adequado das

algemas poderá ser anulado. A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou

uma sessão do Tribunal do Júri porque o réu acusado de homicídio foi mantido algemado

durante todo o julgamento, o voto de Sebastião Reis Nunes determinou a anulação do

julgamento, com base em decisão semelhante do analisado pelo STJ. (BRASIL, 2017)

O réu acusado de matar o tio, crime em que foi condenado, obteve o direito de

responder em liberdade. No júri teve que usar algemas, com a justificativa que não havia

policiamento suficiente para segurança das pessoas que estavam presentes. Após a

condenação, a defesa recorreu ao Tribunal de Justiça de São Paulo solicitando a nulidade do

julgamento em razão do uso das algemas, mas a corte de segunda instância não verificou

qualquer ilegalidade e negou o pedido. (BRASIL, 2017)

No recurso ao STJ a defesa argumentou que o Tribunal de origem se limitou ao

analisar a tese, alegou ainda que no fórum onde ocorreu o Júri possuía sim policiamento o

suficiente para o acusado ter permanecido sem a algema.(BRASIL, 2017)

Sebastião Reis Júnior citou precedente do STJ (Superior Tribunal de Justiça) em caso

semelhante no qual anulou o julgamento do réu que permaneceu algemado durante o Júri,

aduziu que o princípio presunção de inocência exige que o acusado seja tratado com respeito e

dignidade. (BRASIL, 2017)

O ministro em seu voto reconheceu a nulidade absoluta do julgamento realizado pelo

4º Tribunal do Júri da Comarca da capital S/P .(BRASIL, 2017).

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS . USO DE ALGEMAS. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. REGRA DE TRATAMENTO. ALEGADA NULIDADE ABSOLUTA DO JULGAMENTO REALIZADO EM PLENÁRIO PELO TRIBUNAL DO JÚRI. FUNDAMENTAÇÃO JUDICIAL INSUFICIENTE. MEDIDA RESTRITIVA QUE, POR SER EXCEPCIONAL, NÃO PODE SER ADOTADA SEM EXPLICITAÇÃO DE CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS, CONCRETAS E NÃO MERAMENTE ALEGADAS, QUE A JUSTIFIQUEM. NECESSIDADE DE SUBMETER O RECORRENTE A NOVO JULGAMENTO EM PLENÁRIO, A SER REALIZADO SEM O USO DE ALGEMAS, SALVO A OCORRÊNCIA DE MOTIVO APOIADO EM DADOS CONCRETOS E EXPRESSOS DOS AUTOS. RECURSO PROVIDO.

Ao fato ante o exposto, nota-se que para o uso das algemas é necessária bastante

cautela, devido ferir princípios constitucionais e conforme narrado, o Júri pode ser anulado, se

houver o uso indevido.

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2.MÍDIA

A mídia refere-se ao conjunto de informações, com a finalidade de transmitir o que

interessa o público alvo, podem existir conteúdos variados na sua exibição. Devido ao Brasil

ser um país de população carente e baixa escolaridade a mídia substitui a educação em alguns

lares, a formação de opinião na grande maioria é o quesito mais relevante dos casos ou o que

lhes faltam é o senso crítico nas notícias transmitidas

Como os meios de comunicação tornam-se cada dia mais hábeis, a sociedade

mantém-se refém dos recursos oferecidos, desse modo são influenciados pelo que ouve, vê

formando assim o chamado “opinião pública”. Sobre esse termo pode possuir inúmeros

conceitos, depende do autor e do enfoque dado, pode-se definir a opinião pública como “o

juízo coletivo adotado e exteriorizado no mesmo direcionamento por um grupo de pessoas

com expressiva representatividade popular sobre algo de interesse geral”. (NERY, 2010, p. 23)

Os veículos midiáticos são capazes de formar a consciência da coletividade, pode-se

afirmar ainda que as opiniões expressas não coincidam com a verdade dos fatos, observa a

Juliana de Azevedo Santa Rosa Câmara: (2013, p. 268).

Nesse contexto, pode-se afirmar que a opinião pública, considerada como o amálgama de ideias e valores que externam o modo de pensar de determinados grupos sociais acerca de assuntos específicos, é edificada sobre o tripé sujeito-experiência-intelecto. Com a difusão da comunicação de massa, foi acrescida a esse contexto a informação mediatizada, que, conjugada ao analfabetismo funcional que assola a população brasileira, passou a ditar unilateralmente o quadro fático-valorativo a ser absorvido pela massa populacional.

Os meios de comunicação social atuam como propagadora dos acontecimentos

relacionados ao mundo por determinado motivo é indispensável para o exercício ao direito de

informação e facilita a convivência, portanto visualiza-se a importância única e pontos

positivos da questão elencada, Bruna Leite, ao citar as palavras do jurista Sálvio de

Figueiredo Teixeira menciona: (2011, p.15)

A Imprensa, por sua vez, tornou-se indispensável à convivência social, com atividades múltiplas, que abrangem noticiário, entretenimento, lazer, informação, cultura, ciência, arte, educação e tecnologia, influindo no comportamento da

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sociedade, no consumo, no vestuário, na alimentação, na linguagem, no vernáculo, na ética, na política, etc. Representa, em síntese, o mais poderoso instrumento de influência na sociedade dos nossos dias.

No ramo jurídico verificam-se aspectos negativos em informações contraditórias,

diante do que fora narrado é imperioso uma visão cuidadosa sobre olhos e ouvidos que estão

sujeitos à se alienar no que ouve e vê.

2.1 LIBERDADE DE IMPRENSA

Teve início na França, no ano de 1789 através da Declaração dos Direitos do Homem

e Cidadão e logo após foi prevista na Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 1948.

De acordo com Francisco José Karam: (1997, p. 16-17)

A luta pela liberdade de imprensa tem já alguns séculos e sua origem está na própria luta pela liberdade literária constrangida pela Igreja. Com o aparecimento dos primeiros jornais periódicos, no final do século XVI, a luta toma nova dimensão em escala social. Este processo chega a dois momentos marcantes; a Independência dos Estados Unidos, em 1776 (quando a liberdade de imprensa passa a ser entendida como suporte da própria liberdade social), e a Revolução Francesa, que, a partir de 1789, proclamou também a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, dispondo que a liberdade de exprimir idéias e opiniões era um dos direitos mais preciosos da humanidade.

O nosso país por ser um Estado Democrático de Direito assegurou a sociedade a

liberdade de pensamento, de expressão, de culto, bem como a Liberdade de Imprensa, objeto

de estudo nesse capítulo. Sob a análise de Nery (2010), a constituição Federal também

defende a liberdade de imprensa. Segundo seu orçamento a pessoa pode publicar ou divulgar

informações através de todo meio de comunicação. Sobre determinado instituto, Flávio Prates

e Neusa Felipim dos Anjos Tavares se manifestam no sentido que:

Cumpre observar que o direito de informar, ou ainda, a liberdade de imprensa leva à possibilidade de noticiar fatos, que devem ser narrados de maneira imparcial. A notícia deve corresponder aos fatos, de forma exata e factível para que seja verdadeira, sem a intenção de formar nesse receptor uma opinião errônea de determinado fato. O compromisso com a verdade dos fatos que a mídia deve ter vincula-se com a exigência de uma informação completa, para que se evitem conclusões precipitadas e distorcidas acerca de determinado acontecimento.(2008, p. 35).

Contudo, é com clareza que afirmamos que a liberdade de imprensa não é absoluta

e sim imparcial, sofre restrições de acordo com parágrafo 1º do artigo 220 da CF/88, no quais

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pode-se citar a restrição de liberdade de imprensa no quesito honra, à imagem, à intimidade e

a vida privada e no Processo Penal o princípio presunção de inocência. Por ser verdade, Carla

Gomes de Mello relata:

Sabe-se que não é permitido aos meios de comunicação, se utilizar da prerrogativa da liberdade de informação jornalística, que lhe é garantida pela Constituição Federal, para divulgar notícias que ofendam a outras liberdades igualmente garantidas, tais como a intimidade, a vida privada e a presunção de inocência.(MELLO, 2010, p. 119).

Ante o exposto, nota-se que a liberdade de imprensa é um direito essencial, mas que

necessita de cautelas para não colidir com princípios elencados na Constituição Federal.

2.2 DA LIBERDADE DE IMPRENSA E PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA

A liberdade de imprensa encontra-se prevista na Constituição Federal de 1988, no

qual assegura mais ampla liberdade de manifestação de pensamento, o artigo 220 caput expõe

que “a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e informação, sob qualquer forma,

processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição

Federal” (BRASIL, 1998).

A presunção de inocência também possui base legal na Constituição Federal onde

menciona que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal

condenatória”. (BRASIL, 1998).

Todavia, ocorre colisão entre os direitos fundamentais expostos, visto que a

Liberdade de imprensa invade o Princípio da Presunção de Inocência. Távora e Alencar

abordam a presunção de inocência da seguinte maneira:

Não é outro entendimento do STF, que por sua composição plenária, firmou o entendimento de que status de inocência prevalece até o trânsito e julgado da sentença final, ainda que pendente de recurso especial / ou extraordinário (...) Pela presunção de inocência, as medidas cautelares durante a persecução estão a exigir redobrado cuidado. Quebra de sigilo fiscal, bancário, telefônico, busca e apreensão domiciliar, ou a própria exposição da figura do indicado ou réu na imprensa através de apresentação da imagem ou informações conseguidas no esforço investigatório podem causar prejuízos irreversíveis a sua figura. (2014 p.61)

Visto do que foi aludida a presunção de inocência deve ser respeitada e não causar

danos irreversíveis a figura do réu. A razão maior dos determinados institutos chocarem são

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os dois estarem dentro dos direitos e garantias fundamentais. Sobre a postura da mídia diante

de determinado fato delituoso, Odone Sanguiné (2001, p. 268) assevera:

Quando os órgãos da Administração de Justiça estão investigando um fato delitivo, a circunstância de que os meios de comunicação social proporcionem informação sobre o mesmo é algo correto e necessário numa sociedade democrática. Porém uma questão é proporcionar informação e outra realizar julgamentos sobre ela. É preciso, portanto, partir de uma distinção entre informação sobre o fato e realização de valor com caráter prévio e durante o tempo em que se está celebrando o julgamento. Quando isso se produz, estamos ante um juízo prévio/paralelo que pode afetar a imparcialidade do Juiz ou Tribunal, que, por sua vez, se reflete sobre o direito do acusado à presunção de inocência e o direito ao devido processo.

É notório que essa atuação da mídia no caso concreto não possui o papel de apenas

repassar a informação e sim de alienar o pensamento das pessoas e essa utilização dos meios

pode comprometer-se a dignidade do acusado.

Sendo assim quando ocorrer colisão entre esses princípios não sendo possível entrar

em harmonia para um melhor resultado, a liberdade de imprensa deve ceder de uma maneira

proporcional, pois não é razoável que a liberdade de imprensa sobressaia em prejuízo aos

direitos e garantias individuais.

2.3 CONFLITO ENTRE LIBERDADE DE IMPRENSA E OS BENS JURÍDICOS

O Homem é um ser dependente do que é transmitido, todavia a mídia aproveita da

situação do qual exerce e vincula opiniões diversas. Segue palavras de (FRANCO, 2011,

p.60) acerca do assunto: “Totalmente isolado é uma figura de ficção. A comunicação com o

outro é o dado básico, o único canal que permite ao indivíduo satisfazer suas necessidades,

atingir seus fins e, portanto, desenvolver plenamente sua personalidade e suas

potencialidades”.

Baseado nessa citação percebe-se que a comunicação é de suma importância na

sociedade, pois a mesma pode criar pensamentos reais ou até fictícios.

No mundo moderno, onde a velocidade das informações segue uma celeridade

imensurável em vários quesitos, mostra-se necessário o pensamento crítico dos

telespectadores, um lugar onde “a pessoa- qualquer pessoa possa representar e agir com plena

autonomia, à margem de toda a devassa intromissão e heteronomia” (ANDRADE apud LIRA,

2014, p. 8). Definir essa autonomia é dever do direito, como sistema de controlar os princípios

e garantias resguardados, onde harmoniza segurança jurídica no controle social. Dito isso,

surge a obrigação de ponderar o Direito Penal.

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Na verdade, o que pode ser usado no intuito de resolver conflitos pode gerar novos

conflitos, importante verificar a dosagem da liberdade de imprensa. Mesmo parecendo um

pleonasmo uma característica da liberdade de imprensa é a liberdade, pois deve ser livre e

esse livre-arbítrio é uma negação ao direito do cidadão de receber informações.

Assim, conviver com essa liberdade é uma grande limitação devido ao confronto de

garantias fundamentais, todavia é admirável mensurar que a comunicação social é de caráter

obrigatório para sociedade. Visto que essa liberdade é a ligação entre os cidadãos e o Poder

Judiciário.

Ainda que o cidadão no qual se encontre sendo acusado por um crime, tenha

devidamente sua defesa é bem possível que ocorra julgamentos precipitado, conforme alega

ANDRADE apud LIRA (2014, p.11)

Mistura de informações de facto e de juízos de valor ele veja a sua vida, a sua família, as suas atitudes interiores dissecadas perante a nação. No fim, ele estará civicamente morto, vítima de assassínio da honra. Mesmo quando estas conseqüências não são atingidas, a verdade é que a imprensa moderna pode figurar como continuadora directa da tortura medieval. Em qualquer dos casos é irrecusável o seu efeito de pelourinho.

Considerando a citação acima percebe-se a necessidade do ser humano em propagar

seus atos através de redes sociais no qual expõem cada atividade realizada no dia a dia, do

acordar ao adormecer, elencadas como pontos negativos.

2.4 O INTERESSE DA IMPRENSA PELA NOTÍCIA CRIMINAL

A Violência é clara na sociedade atual, no entanto no que se refere ao Direito Penal

consiste em preocupações significantes. Trata-se da exibição dos fatos e de que forma os

mesmos vêm sendo transmitidos pela imprensa. As pessoas associam os crimes como jogos

ou filmes e o aumento da gravidade torna-se mais interessante e distante da coisa correta, e

última hipótese irreal.

O tratamento dado a informação pelos meios de comunicação merece uma atenção

crítica, devido ser transmitido o que beneficia a imprensa e escondido o que prejudica ou não

conseguem audiência sobre determinada matéria. Haja vista que a criminalidade tem voz e

outros tipos de violência são mudos. Vale dizer que esse modo de punir da coletividade

afronta diversos princípios constitucionais.

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Assim, o âmbito criminal é alvo da mídia sensacionalista, algumas vezes até de

forma irregular, conforme o lucro aumenta tendem alargar também o noticiário, modificando

a verdade propriamente dita.

No Brasil, a falta de fiscalização dos serviços da imprensa contribui para o que foi

exposto até aqui. Não pode se confundir com censura e sim com restrições para resguardar os

direitos adquiridos.

2.4.1 Falta de regulamentação da imprensa brasileira

A existência de uma lei que atenda os direitos constitucionais é uma questão de

grande valia, importante frisar que a legislação que se refere a imprensa brasileira passou por

reformas para regularizar tal exercício. No contexto histórico, segue a linha traçada:

A sucessão histórica do contraste entre a declaração de liberdade e a institucionalização da censura, produzisse nos espíritos mais prevenidos a natural residência contra as chamadas leis de imprensa. Não é estranhável, portanto, essa compreensão do problema, se conhecermos que a história da lei mais óbvia quando se constata a grande intimidade entre a legislação que reprime os abusos da liberdade de informação e as leis que cuidam das infrações políticas. Leis de imprensa e leis de segurança nacional foram concebidas e utilizadas como vasos comunicantes dos regimes autoritários de governo e das práticas opressoras do Estado. Daí, então, a compreensível oposição à existência de uma lei especial para tornar efetiva a liberdade de informação e assegurar a sua prática (...) (LIRA, 2014, p.22)

Essa ligação entre as Leis de Imprensa e as Leis de segurança estava presente na Lei

5.250/1967 e se enquadravam como crimes políticos. Nesse referido ano de 1967 o Brasil

estava sobe regime militarismo. (LIRA, 2014)

As grandes censuras de liberdade no qual escoltou a história da imprensa brasileira e

os cidadãos portugueses vivenciaram tal acontecimento. Posteriormente houve grandes

acontecimentos simbólicos, no decorrer dos anos.

Contudo, com a criação da Lei 5.250/1967 vale dizer que com a data da propositura

da ADPF 130 e seu julgamento, todas as infrações dessa competência citada em andamento

no Brasil mantiveram suspensa, isso em razão do deferimento pelo relator o ministro Carlos

Ayres Brito, em um pedido de liminar. (LIRA, 2014)

2.4.2Poder persuasivo da mídia brasileira

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Os meios de comunicação possuem um relevante papel na formação de opinião dos

brasileiros, nessa visão percebe-se que a linguagem tanto visual e outras inúmeras maneiras

conseguem atingir rapidamente o alvo principal. Ao mencionar meios de comunicação pode

elencar: rádio, televisão, revistas ou meios mais atuais como: facebook. Bem como explica:

(TAMANAHA, 2006, p.01) “O termo Mídia é originário do inglês media, que por sua vez,

veio do latim e significa meios. É utilizado para se fazer referência aos meios e veículos de

comunicação. Os meios de comunicação são a televisão, o rádio, a revista, o jornal, a internet,

o cinema etc.”.

Normalmente, é o meio de fácil acesso que a população se apóia para os

acontecimentos contemporâneos, sem distinguir as informações e o senso crítico do que foi

transmitido. Nessa corrente, LIMA (2011, p. 217) traz suas considerações:

O poder simbólico, por sua vez, refere-se à capacidade de intervir no curso dos acontecimentos, de influenciar as ações e as crenças de outros e também criar acontecimentos, através da produção e transmissão de formas simbólicas. Para exercer esse poder, é necessária a utilização de vários tipos de recursos, mas, basicamente, usar a mídia, que produz e transmite capital simbólico.

Além do mais a mídia usa das forças que as imagens captura, mesmo que essas

imagens não levam para o verdadeiro lado da informação. Assim os veículos de transmissão

não importam com o certo e o errado, o justo e o injusto. Seu interesse está voltado para a

ampliação da propaganda, uma vez que, na medida em que aumenta a divulgação conseguinte

amplia o consumo no mercado. (SCHREIBER, 2013, p. 159) relata:

O poder simbólico, por sua vez, refere-se à capacidade de intervir no curso dos acontecimentos, de influenciar as ações e as crenças de outros e também criar acontecimentos, através da produção e transmissão de formas simbólicas. Para exercer esse poder, é necessária a utilização de vários tipos de recursos, mas, basicamente, usar a mídia, que produz e transmite capital simbólico.

Não se pode negar que os meios de comunicação há seu lado positivo, no entanto,

para filtrar as informações repassadas é necessária opinião crítica e formada. São intensas as

funções sociais, políticas, culturais, e a sociedade precisa ficar atenta e distinguir o que

realmente é de relevância ou não.

Nesse contexto. SCHREIBER (2013, p. 305) esclarece:

Na sociedade de informação, em que se desenvolvem mecanismos cada vez mais velozes de difusão de notícias, a atividade da imprensa demonstra a sua capacidade

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de potencializar danos. Não apenas a falsa notícia ou o dano sensível podem causar danos uma vez publicitados; também a opinião desfavorável ou negativa a respeito de certa pessoa, em princípio inofensiva (ou pouco ofensiva) quando mantida na esfera das relações pessoais de seu emissor, pode ocasionar lesões de grande escala à dignidade da pessoa a que se refere quando difundida por veículos de informação.

No ramo jurídico, o uso indevido da tecnologia prejudica de uma forma significativa

os cidadãos, alterando o sentido real da informação repassada. Ferramentas poderosas de

propagação sensacionalista, MORETZOHN (2014. p. 67) confirma a intenção manipuladora:

O que se pode afirmar, com segurança, é que há uma intenção em influenciar – o que implica, recorrentemente, a manipulação, ou seja, a deturpação ou a veiculação parcial de informações, ou mesmo a seleção de uma série de informações verdadeiras para uma edição que as contextualize de maneira enganosa.

Portanto, pelos motivos expostos, é imperioso o cuidado com o que é visto e ouvido

das pessoas que são vulneráveis, o noticiário busca o direito criminal como alvo,

preferencialmente o que acarreta medo e instiga a população.

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3. CASOS DE REPERCUSSÃO NA MÍDIA BRASILEIRA

Nesse capítulo serão abordados alguns casos ocorridos no Brasil, onde fica evidente

que a mídia atuou de maneira significante para decisões do conselho de sentença. Casos em

que ganhou grande repercussão, a questão é: Essa repercussão pode ter sido decisiva nas

opiniões dos jurados? A sentença seria a mesma se a mídia não tivesse colocado tanta

pressão? Ou até mesmo uma condenação precipitada por meio da imprensa brasileira.

Demonstram-se, os casos onde a mídia atuou grandemente, e formou a decisão dos cidadãos,

utilizando-se do emocional da população.

3.1 GOLEIRO BRUNO

No dia 04 de junho de 2010, ao deixar um hotel no Rio e foi ao sítio do atleta em

(Esmeraldo MG), três semanas depois, policias foram ao imóvel, mas não encontraram a

criança, Dayanne Rodrigues, mulher do Bruno negou a presença da criança no sítio. Mas o

funcionário Wemerson Marques vulgo coxinha, confessou ter recebido o bebê, repassando

para um terceiro (mulher em Ribeirão das Neves MG).(O GLOBO, 2009).

Logo após 2 (dois) dias a polícia procurou pistas no imóvel sobre o desaparecimento

de Eliza, encontrou vários objetos como: fraldas, roupinhas e uma passagem aérea com nome

ilegível, no automóvel do Bruno havia manchas de sangue, o interior do carro e porta malas,

no qual a perícia comprou serem de Eliza, óculos escuros e sandálias, foram reconhecidos por

testemunhas e alegaram sendo da jovem. (ibidem).

No dia 01 (primeiro) de julho, o jogador tocou no assunto e mencionou sua

preocupação em relação ao desaparecimento da modelo. No dia 06 de julho, o tio de um dos

envolvidos falou que o sobrinho, menor, com 17 anos, admite que levou a jovem para o sítio

do goleiro, com a ajuda do Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão. Durante o percurso, o

adolescente teria dado três coronhadas na Eliza. Ao chegar na casa do jogador, o adolescente

afirma que Bruno mandara matar Eliza e que o ex policial Marcos Aparecido dos Santos, o

Bola, teria ficado com essa função. Bola teria estrangulado a vítima e logo após esquartejado

o corpo. Não obstante das buscas em vários lugares, o corpo da jovem nunca foi encontrado.

(ibidem).

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Em 7 de julho, foi decretada a prisão de Bruno, Macarrão e Dayanne, e o flamengo

suspendeu o contrato com o goleiro, no dia seguinte foi decretada a prisão de Bola. Ainda

nesse dia (8) Bruno se apresentou à polícia. Em 29 de Julho a polícia encerrou o inquérito

policial e indicou Bruno por homicídio, sequestro, cárcere privado, ocultação de cadáver,

formação de quadrilha e corrupção de menores. Indiciados pelos mesmos crimes os outros

envolvidos: Macarrão, Coxinha e Dayanne, além de Flávio Caetano de Araújo, Elenílson

Vitor da Silva, Sérgio Rosa Sales e Fernanda Gomes e por fim Bola foi indiciado por

homicídio qualificado, formação de quadrilha e ocultação de cadáver. (O GLOBO, 2009).

No julgamento, finalizado dia 8 de março de 2013, no Fórum de Contagem, Bruno

recebeu 17 anos e seis meses em regime fechado, por homicídio triplamente qualificado; Três

anos e três meses em regime aberto pelo sequestro de Bruninho; Um ano e seus meses em

regime aberto por ocultação de cadáver. (ibidem).

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, conferiu habeas

corpus para o goleiro Bruno. Apesar de ter sido condenado, o goleiro está preso

preventivamente enquanto espera o julgamento de sua apelação ao Tribunal de Justiça de

Minas Gerais. O ministro chegou à conclusão que há excesso de prazo e que o goleiro possui

o direito a aguardar em liberdade, quando o recurso for julgado e se a decisão for mantida ele

volta para prisão. “A esta altura, sem culpa formada, o paciente está preso há 6 anos e 7

meses. Nada absolutamente nada, justifica tal fato. A complexidade do processo pode

conduzir ao atraso na apreciação da apelação, mas jamais à projeção, no tempo, de custódia

que se tem como natureza provisória” diz trecho da decisão

(http://estaticog1.globo.com/2017/02/24/decisao-goleiro-bruno.pdf). (G1, 2017).

Após conceder liberdade, o ministro Marco Aurélio assegurou que o alvará deve ser

expedido se não houver outra ordem de prisão provisória decretada e segundo advogado de

defesa o goleiro está preso apenas por conta do caso Eliza Samudio. Bruno também foi

condenado por outros crimes já elencados no decorrer do texto, mas segundo o advogado ele

já cumpriu essa pena. (G1, 2017).

A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal no dia 25/04/2017 decidiu que o goleiro

deve voltar de imediato para a prisão, no qual estava em liberdade desde o dia 25 de fevereiro,

quando o ministro Marcos Aurélio tinha concedido liminar autorizando sua soltura.

(CONJUR, 2017).

A posição do relator do caso em questão, o ministro Alexandre de Moraes, concluiu

que Bruno não poderia ser solto devido essa decisão contrariar o Júri popular, onde negou o

direito de responder a pena em liberdade. (CONJUR, 2017).

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3.2 ISABELLA NARDONI

Em março de 2008, a criança Isabella Nardoni de 5 anos, veio à óbito após ser

arremessada do sexto andar de um prédio na zona norte de São Paulo. Alexandre Nardoni, seu

pai e sua madrasta Ana Carolina Jatobá, foram condenados pelo homicídio de Isabella e estão

presos. O casal alega que não são culpados do crime e tentam recorrer de determinada

decisão, o delito gerou grande repercussão, onde a população foi para rua em busca de

manifestação e o clamor de justiça foram episódios de muitos dias. (ÚLTIMO SEGUNDO,

2011).

Na noite de 29 de março, a vítima Isabella foi jogada do apartamento, onde moravam

Ana Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni. Naquela noite a menina estava aos cuidados do

pai, onde ficava com o mesmo a cada duas semanas. (ibidem).

No decorrer da noite mencionada, a polícia rejeitou a hipótese de acidente devido a

tela de proteção da janela ter sido bruscamente cortada, o pai e a madrasta passaram a

madrugada toda depondo, onde cada um alegava sua versão do fato. Afirmaram que haviam

ido ao mercado com as crianças, onde as câmeras de segurança comprovaram. Ao retornarem,

o Pai Alexandre subiu primeiro com a Isabella, que tinha dormido no veículo. Ele a colocou

na cama e posteriormente trancou a porta do apartamento, após desceu para buscar os outros

filhos que estavam no carro aguardando, com a mãe, ressaltou que não tinha nada de atípico

no apartamento. (ibidem).

No retorno para o apartamento, o pai e madrasta declararam que Isabella não estava

na cama, onde havia sido deitada. Portanto notaram que a tela do outro quarto estava cortada e

que a criança tinha sido lançada, Alexandre ligou para o seu pai e logo o casal desceram e

começaram a gritar. A madrasta Ana Carolina Jatobá solicitava que chamassem o resgate, mas

Alexandre dizia que não era para nenhum morador sair e nem entrar no prédio, já que no

apartamento havia ali um “ladrão”. De acordo com o pai Alexandre, alguém possuía a cópia

da chave e entrou o apartamento nos minutos que ele manteve ausente. (ibidem).

O vizinho contou à polícia que escutou gritos de uma criança, onde falava “para pai”

minutos antes de Isabella ser jogada. Contou ainda, que o casal brigava diariamente e que

antes do crime, os dois tiveram uma briga horrível. (ibidem).

No dia 2 de abril de 2008, foi decretada a prisão temporária do pai e madrasta por

suspeita do envolvimento no homicídio. Eles se entregaram, mas continuaram alegando

inocência através de cartas “Todos estão me julgando sem ao menos me conhecer” disse o pai

e a madrasta em sangue frio “Amo ela como se fosse minha filha. (ibidem).

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Depois de 8 (oito) dias presos, Nardoni e Ana Carolina foram soltos por intermédio

de um habeas corpus, na saída da delegacia, uns grupos o esperavam, gritando e pedindo

justiça. No decorrer das investigações, peritos encontrou resíduos da tela de proteção na roupa

de Alexandre e em sua bermuda, sangue da Isabella. De acordo com a polícia, a tela de

proteção foi cortada pelo acusado e não havia indícios de terceira pessoa no lugar do delito.

(ÚLTIMO SEGUNDO, 2011).

Ana Carolina de Oliveira, mãe de Isabella contou que acreditava que o casal estava

envolvido na morte de sua filha, advertiu ainda que Alexandre já havia ameaçado ela e sua

mãe de morte, por motivo torpe, apenas por ter matriculado Isabella em uma escolinha, sem o

pai ter sido consultado. A família de Ana Carolina confirmou seu depoimento e declararam

que na época do relacionamento de Ana Carolina e Alexandre, desaprovaram em todo o

trajeto. (ibidem).

No dia 18 de abril, o casal foi indiciado pela morte pela morte da criança, nessa

mesma data a polícia constatou ainda, que no carro de Alexandre trazia sangue da menina. Em

maio, o poder judiciário aceitou a denúncia do Ministério Público e imediatamente o casal

voltou à prisão. (ibidem).

Segundo as investigações, Isabella foi machucada na testa com algum objeto

pontiagudo, mencionaram que poderia ser a chave do carro. Ao subir para o apartamento,

utilizaram uma fralda para estancar o sangue, e na sala do apartamento a vítima teria sido

estrangulada por aproximadamente sete minutos pela madrasta, enquanto o pai Alexandre

cortava a tela de proteção da janela do quarto. (ibidem).

O pai levou a menina até ao quarto, onde ainda estava viva, no entanto, inconsciente.

Logo após subir na cama rente à janela, ele segurou Isabella pelos pulsos e, com corpo virado

para ele, arremessou a menina do sexto andar, ela caiu de lado no jardim do prédio. Quando

encontraram, ainda estava viva e com a bacia e o punho direito fraturado, mas veio à óbito no

caminho para o hospital. (ibidem).

Em 2010, o casal foram levados a júri popular, após cinco dias de julgamento o juiz

Mauricio Fossen sentenciou Alexandre Nardoni a 31 anos, 1 mês e 10 dias de prisão e a

madrasta a 26 anos e 8 meses, foram condenados por homicídio triplamente qualificado “pelo

meio cruel (asfixia mecânica e sofrimento intenso), utilização de recurso que impossibilitou a

defesa da vítima (surpresa na esganadura e lançamento inconsciente pela janela) e com o

objetivo de ocultar crime anteriormente cometido (esganadura e ferimentos praticados

anteriormente contra a mesma vítima)” Lê de acordo com a sentença. (ibidem).

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Importante salientar que a menina era menor de 14 anos, motivo este utilizado como

agravante. Alexandre recebeu uma condenação maior, pois o crime foi contra sua própria

filha. Os dois foram sentenciados também em 8 meses de detenção, regime semi aberto por

fraude processual, onde alteraram a cena do crime. Na referida sentença, o juiz assegurou que

as penas ficariam acima da base definida no Código de Processo Penal em decorrência da

culpabilidade do casal e das ocasiões em que os réus demonstraram bastante frieza. Em

dezembro de 2010, o magistrado negou o novo júri e, em setembro do mesmo ano o Tribunal

de Justiça negou recurso para anulação do julgamento do casal, onde estão presos em

Tremembé. (ÚLTIMO SEGUNDO, 2011).

3.3 CASO RICHTHOFEN

Em outubro de 2002, noite do dia 31 em Campo Belo na zona sul de São Paulo,

ocorreu um fato terrível, que sem sombra de dúvida abalou todo o país. Era o início do “Caso

Richthofen“. (JUSBRASIL, s.d.).

Manfred e Marísia von Richthofen foram gravemente atingidos com vários golpes na

cabeça por dois agressores (Daniel e Cristian Cravinhos), onde ficaram conhecidos como “os

irmãos Cravinhos”. O cenário guardava como plano de fundo detalhes que choraria toda

população brasileira, qual seja: esse crime tinha sido planejado e comandado pela filha do

casal, a estudante Suzane von Richthfen, na época tinha apenas 18 anos de idade. O crime foi

cometido devido a família von Ritchthofen não aprovava o relacionamento entre Suzane

menina rica, culta, e Daniel, mais humilde e menos culto que a jovem. Portanto a solução

encontrada na visão do casal, foram ceifar a vida dos pais de Suzane. (JUSBRASIL, s.d.).

Depois da execução do plano, o casal de criminosos chegou à conclusão que iriam

simular um latrocínio, pois sem a presença dos pais, Suzane acreditava que poderia viver com

seu namorado e, contudo, receberia parte da grande herança de seus pais. Para execução do

crime, contaram com a ajuda do irmão de Daniel, Cristian Cravinhos. (JUSBRASIL, s.d.)

Os corpos do casal dormiam na cama, os dois com severas lesões na cabeça. Havia

respingos de sangue no chão, na cama e na parede do quarto, dentro da boca da mulher tinha

sido enfiada uma toalha. Somente o quarto e mais um cômodo da mansão estavam fora de

ordem, e, no chão, do lado do corpo do homem, havia uma arma com exclusivamente um

cartucho deflagrado. “O local do crime fala. Você apenas precisa aprender a sua linguagem.

Sabia-se que a pessoa que cometeu esse crime era íntima da casa, pois seu modus operandi

não era típico delito de latrocínio” (Dr. Ricardo Salada, Perito Criminal). (JUSBRASIL, s.d.).

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Na noite do crime, a jovem Suzane entrou e abriu a porta da casa, onde permitiu que

os irmãos Cravinhos tivessem acesso à residência. Depois disso, baseado nas confissões dos

acusados no plenário do júri, ela teria subido ao segundo andar da casa e verificou que seus

pais estavam realmente dormindo, avisando os irmãos cravinhos que poderiam subir e

cometer o homicídio, executando duros golpes na cabeça das vítimas. (JUSBRASIL, s.d.).

A família Von Richthofen tinha como patriarca um engenheiro alemão, naturalizado

brasileiro, e matriarca uma renomada psiquiatra, a família seguia uma cultura de bastante

rigidez, segundo relatos dos vizinhos, a família era muito discreta, não ocorria festas na

residência. Interessante frisar que Suzane, anos 18 anos cursava Direito e ainda falava três

idiomas. (JUSBRASIL, s.d.).

Na noite do crime, Suzane e Daniel Cravinho, iniciaram o planejamento criminoso,

onde levaram o irmão de Suzane, Andreas, na época com 15 anos de idade, para uma

lanhouse. Ao deixarem o adolescente no cyber café, Cristian, irmão de Daniel, se encontrava

perto do estabelecimento e entrou no carro de Suzanne, e os três foram para a mansão dos von

Richthofen. (ibidem).

O vigilante da rua notou que o carro de Suzane entrou na garagem da mansão por

volta de meia noite. Ao entrarem no pátio, a jovem abriu a porta de casa, permitindo a entrada

dos irmãos Cravinhos, já na posse de barras de ferro. A filha subiu até o segundo andar,

acendeu a luz do corredor e depois de verificar se os pais estavam dormindo, determinou que

os irmãos entrassem no quarto. (ibidem).

A jovem teria separado sacos e luvas cirúrgicas para usarem no crime. Daniel

golpeou o pai de Suzane (Manfred) enquanto Cristian golpeava a mãe (Marísia). Mas,

infelizmente sofreram golpes na cabeça até a morte, foram constatados também fratura nos

dedos da mão de Marísia, que, segundo a perícia, teria tentado se proteger dos ataques,

colocando a mão na cabeça. Todavia, a violência foi tamanha que os golpes impediram

qualquer reação do casal. (ibidem).

A cena do crime simboliza a crueldade, com a toalha suja de sangue que estava

enfiada na boca de Marísia. Esse detalhe teria sido realizado, de acordo com confissão de

Cristian, pois a vítima depois dos golpes emitia sons similares com roncos, onde levou os

agressores a conclusão que ela estava viva. (ibidem).

Verificaram que os dois estavam mortos, e posteriormente reviraram o quarto do

casal e colocaram um calibre 38, de propriedade do pai de Suzane, ao lado do corpo de

Manfred. Quando os agressores cometiam os golpes, não se sabe da posição de Suzane na

casa, mas, provavelmente estivesse aguardando o final do crime, no andar debaixo. Outras

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linhas de raciocínio apuraram que a jovem estava junto com os irmãos Cravinhos, no instante

que colocaram a toalha na boca de Marísia. Além disso, foi fornecido sacos plásticos para os

agressores depositassem as roupas e as barras de ferro usadas no delito, com o objetivo de

descartar o material que nunca foi descoberto. (JUSBRASIL, s.d.).

A jovem utilizou uma faca, como parte do plano, abriu uma maleta do seu pai, onde

sabia que havia dinheiro e pegou aproximadamente cerca de oito mil reais, seis mil euros e

cinco mil dólares, e mais algumas jóias do casal, na tentativa de convencer que havia sido

latrocínio, mas logo descartado pelos investigadores. O valor pego foi entregue a Cristian

como pagamento pela sua participação. (ibidem).

Após a consumação, o casal de namorados passou para o final do plano, produzir um

álibi. Depois de ausentar-se da mansão deixaram Cristian no apartamento onde residia e

Suzane e Daniel foram para um motel na zona sul de São Paulo. Ao chegar, solicitaram a suíte

presidencial, pagando a quantia de R$ 300,00 (trezentos reais) e Daniel pediu a nota fiscal do

valor. A intenção era de criar esse álibi, prejudicou o casal ao constatar que não era nada

casual solicitar nota fiscal para quartos de motéis e essa medida aumentou as suspeitas já

existentes. (ibidem).

Por volta das três horas da manhã, o casal abandonou o motel e buscou o irmão da

jovem na lanhouse. Quando pegaram o irmão, Andreas, os três foram até a casa de Daniel e

em meados de quatro horas da manhã, Suzane e Andreas voltaram para casa. (ibidem).

No momento em que chegaram na mansão, Suzane estranhou as portas abertas, seu

irmão Andreas teria entrado na biblioteca da casa e gritado para os pais, enquanto a jovem foi

até a cozinha, pegou uma faca e entregou ao seu irmão, falando para que ele esperasse do lado

de fora da casa, ligou para seu namorado Daniel e logo se juntou ao seu irmão. (ibidem).

O namorado da jovem ligou para polícia e requereu uma viatura, pois estavam

suspeitando de assalto na casa da namorada. Quando os policiais chegaram no local, tomaram

o cuidado que a ocorrência exigia, após ouviram os relatos de Suzane e Daniel que ainda

estavam ao lado de fora da mansão, adentraram na residência e observaram que a casa estava

toda em perfeita ordem, exceto o quarto do casal onde estavam os corpos. (ibidem).

Encontraram Manfred e Marísia mortos na cama com severas lesões na cabeça. Os

policias com bastante cautela foram contar para os filhos da vítima o que havia ocorrido. De

imediato, o policial Alexandre Boto, estranhou a frieza de Suzane ao receber a notícia de que

seus pais estavam mortos. Sua reação foi: “O que eu faço agora? Qual é o procedimento?”

Logo, o policial constatou que algo estava errado e isolou toda a casa para resguardar a cena

do delito. (ibidem).

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Desde o início das investigações, a possibilidade de latrocínio foi vista com bastante

desconfiança. No local do homicídio muitos elementos apontaram atenção dos investigadores,

sendo eles: o fato de apenas o quarto do casal estar bagunçado, algumas joias terem sido

deixadas no local e a arma da vítima não terem sido levados, dentre outras razões.

Em busca de respostas aos questionamentos, a polícia iniciou a investigação por

meio das pessoas mais próximas: filhos, empregados, colegas de trabalho. No decorrer das

averiguações veio à tona que o relacionamento de Suzane e Daniel não eram aceitos pela

família Von Richthofen, portanto, Suzane e Daniel foram considerados os principais

suspeitos. (JUSBRASIL,s.d.).

No decorrer das investigações, a autoridade policial apontou um elemento

imprevisto, qual seja a informação de que Cristian Cravinhos, irmão de Daniel, teria adquirido

uma motocicleta e efetuado o pagamento em notas de dólares. Intimado para prestar

informações, Cristian foi ouvido e simultaneamente, contudo em ambientes separados, com

Daniel e Suzane. Ocorre que Cristian, não suportou a pressão e foi o primeiro a ceder, tendo

confessado o crime: “eu sabia que a casa ia cair”. Em seguida, Daniel e Suzane também

cederam. (ibidem).

O julgamento dos três delongou aproximadamente seis dias, tendo abertura dia 17 de

julho de 2006. Na sessão plenária os réus apresentaram versões contraditórias, Suzane

afirmou que não teve qualquer participação na morte dos pais, que teria sido planejado e

executado pelos irmãos Cravinhos. (ibidem).

Cristian, de início teria atribuído a culpa da autoria para Daniel, afirmando não ter

participação no duplo homicídio. Explicou que assumiu a autoria na fase de investigação para

auxiliar seu irmão a enfrentar uma pena mais branda. Daniel afirmou ter sido usado por

Suzane como utensílio para dar cabo ao plano elaborado por ela. Logo após, Cristian prestou

um novo depoimento, alegando que desfechou golpes em Marísia Von Richofen até a morte.

(ibidem).

Durante o julgamento, as provas foram surgindo e os peritos que funcionaram no

crime explanaram seu entendimento com a apresentação de imagens e as considerações

técnicas sobre as perícias. Por oportuno, foram lidas cartas de amor trocadas pelo jovem casal

Daniel e Suzane, momento em que Daniel teve que ser retirado da sala, devido seu controle

emocional, e Suzane não demonstrou reação emotiva nenhuma. (ibidem).

Por fim, após votação na sala secreta, os jurados consideraram os três réus culpados

da prática do duplo homicídio qualificado, Daniel foi condenado à pena de 39 anos e 6 meses

de reclusão, Suzane à pena de 39 anos de reclusão e Cristian 38 anos de reclusão.

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Durante o cumprimento da sua pena na prisão, Suzane von Rithtofen se “casou” com

Sandra Regina Gomes, conhecida como “Sandrão”, essa detenta foi condenada à pena de 27

anos de reclusão, por sequestrar e matar um adolescente de 14 anos. (JUSBRASIL, s. d).

Atualmente, Suzan von Richthofen, com 32 anos de idade, encontra-se cumprindo a

pena pela qual foi condenada, do regime semiaberto, tendo conseguido recentemente

autorização para cursar Administração de Empresas na Universidade de Anhanguera de

Taubaté. No dia 11 de março de 2016, foi a primeira vez que a jovem deixou a prisão, em

saída temporária, desde o ano de 2006 onde foi condenada. Os irmãos Cravinhos também

cumprem pena no regime semiaberto.

3.4 CASO IRMÃOS NAVES

No ano de 9837 ocorreu um dos casos mais famoso de injustiça e erro judiciário do

nosso país, o caso dos irmãos Naves. Dois irmãos, da cidade de Araguari em Minas Gerais

foram alvos dessa triste história. Sebastião José Naves, trinta e dois anos, e seu irmão Joaquim

Rosa Naves, vinte e cinco anos. Os dois trabalhavam na lavoura e comercialização de cereais.

Joaquim tinha como sócio, seu primo Benedito Pereira Caetano, uma figura notável para essa

história. (REVISTAS LIBERDADE, s. d.).

Benedito compra várias sacas de arroz, gasta em torno de cento e trinta e seis contos

de réis, na intenção de revendê-las e obter lucro. Todavia, o preço do arroz cai, e recebe

apenas um chique no valor menor do que foi investido por toda mercadoria. Não obteve lucro,

aliás, a soma não cobriria todas as suas contas. Após receber esse cheque Benedito resolveu

sacá-lo e dois dias depois, desaparece. (ibidem).

Os irmãos buscaram o primo onde estava hospedado na casa de Joaquim, visitam sua

concubina Floriza, o fornecedor e o comprador das sacas de arroz. No decorrer do tempo, a

preocupação aumenta e eles entram em contato com a polícia, descrevendo ao delegado

Ismael do Nascimento, os últimos fatos. A polícia realiza buscas, mas Benedito não estava na

fazenda dos pais, nem em lugar algum. (ibidem).

O inquérito foi instaurado, os irmãos Naves, como Floriza, José Lemos (comprador

das sacas de café) e outros dois amigos do desaparecido são testemunhas do caso. Eles

relataram os últimos momentos com Benedito, que ocorreu na festa de inauguração de uma

ponte, entre Araguari e Goiás. Joaquim esclarece que após as comemorações, jantaram em

casa e o primo resolveu sair para passear no parque de diversões, levando toda importância

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que era de sua propriedade. Floriza descreve que na verdade, dançou com o desaparecido no

cabaré naquela noite, todavia não haviam passado a noite juntos. (ibidem).

Estava difícil resolver o sumiço, a polícia não encontrava pistas e a pressão popular

aumentava. “Nada. Tudo sem rumo. O povo quieto. O delegado malvisto. Mole. Mole. Mas

não era. Honesto, sensato. Não via, não atirava no escuro. Podia acertar noutro. Não queria ser

perigoso, nem injusto”. (REVISTAS LIBERDADE, s. d.).

Com a intenção de resolver o caso, um delegado militar é convocado para conduzir

as investigações, Francisco Vieira dos Santos. No mesmo dia em que assume o cargo, intima

novas testemunhas, dentre elas, José Prontidão, no qual trabalha no mesmo ramo dos irmãos

Naves e afirma ter visto e trabalhado em Uberlândia, data depois de seu desaparecimento.

(ibidem).

Dona Ana Rosa Naves, mãe dos irmãos Naves e de mais 12 filhos, viúva, com

sessenta e seis anos foi escutada pelo delegado e confirmou versão contada por Prontidão.

Posteriormente, o delegado tomou os depoimentos da esposa de Sebastião, Salvina e a de

Joaquim, Antônia. As duas sabiam que na noite anterior ao sumiço, os irmãos estavam nas

suas devidas casas. Um amigo de Benedito, Orcalino da Costa, no seu testemunho indicou que

os responsáveis pelo desaparecimento de Benedito, eram os irmãos Naves, portanto o

delegado resolveu seguir essa última “pista”. (ibidem).

Prontidão e os irmãos Naves são presos, sofrem inúmeras agressões. Passam fome e

bastante sede. O último não suporta a tortura por muito tempo e modifica seu testemunho, diz

que os irmãos mandaram dizer aquelas coisas em troca de uma gratificação, o delegado

consegue a acusação que tanto almejou para revelar aquele “crime, todavia ainda espera a

confissão. (ibidem).

Os irmãos continuam presos no porão da delegacia, sem receber comida ou água,

apanhando muito, todavia nada diziam. Depois dessa tentativa, resolvem prender Dona Ana,

retiram-lhes a roupa e mandam bater na mão bem idosa e eles, com toda certeza não bateram.

Todos são torturados, Dona Ana chega até ser estuprada, mas logo após é solta após alguns

dias e busca um advogado. Não sendo a primeira vez, que procura o Dr. João Alamy Filho

que resolve defender os irmãos. (ibidem).

O primeiro Habeas Corpus, em janeiro de 1938 e descreve a prisão ilegal dos irmãos,

com a intenção de que “confessem a sua suposta autoria ou responsabilidade pelo

desaparecimento de Benedito Pereira da Silva”. (ibidem).

Foram ouvidas novas testemunhas, como Guilherme Malta Sobrinho no qual afirma

ter visto o caminhão de Joaquim na madrugada do dia 23 de novembro, e que acreditava que

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os irmãos seriam os responsáveis pelo desaparecimento de Benedito. Enquanto isso, os irmãos

permanecem presos, o defensor de Naves conta:Dia a dia, levava os presos pro mato, Longe. Onde ninguém visse. Nos ermos cerradões das chapadas de criar emas. Batia. Despia. Amarrava às árvores. Cabeça pra baixo, pés pra cima. Braços abertos. Pernas abertas. Untados de mel. De melaço. Insetos. Formigas. Marimbondos. Mosquitos. Abelhas. O sol tinia de quente. Árvore rala, sem sombra. Esperava. Esperavam. De noite cadeia. Amarrados. Amardoçados. Àgua? Só nos corpos nus. Frio. Dolorido. Pra danar. Pra doer. Pra dar mais sede. Pra desesperar. Alamy , João Filho. (ALAMY, 1993, p. 58)

A única técnica concreta de tortura é a separação dos irmãos. Tramam o assassinato

de Sebastião, e Joaquim aterrorizado não suporta mais e decide confessar o suposto “crime”.

Alega, no dia 12 de janeiro de 1938 que ele e seu irmão atraíram Benedito para um passeio a

Uberlândia e no decorrer do caminho, resolveram tomar água na margem do rio, nessa hora,

Sebastião Agarrou Benedito pelas costas e ele, Joaquim, colocou uma corda no pescoço do

primo. Dessa maneira, o primo desfaleceu e os irmãos encontraram um pano em sua cintura,

com a quantia de noventa contos de réis, os quais colocaram em uma lata de soda.

Posteriormente, arremessaram o cadáver do primo na cachoeira do Rio das velhas. Na volta

para Araguari, sugeriram uma moita de capim entre duas árvores, onde esconderam o dinheiro

roubado. Para findar o plano, teriam que procurar Benedito assim que retornasse à cidade,

para que não tornassem suspeitos do crime. (REVISTAS LIBERDADE, s. d).

O delegado levou Joaquim, para reconstituir o delito, houve busca e apreensão

negativa, visto que não encontraram o pano que envolvia a importância roubada e muito

menos a lata. Não havia como buscar, como encontrar objetos que nunca foram usados?

Também não encontrava o cadáver do primo, desconhece o corpo de delito direto ou indireto

e utiliza somente a “confissão”. (ibidem).

O processo foi bastante tumultuado, após a denúncia do Ministério Público, ingressa

o pai de Benedito como assistente de acusação. Vale frisar que Dona Ana também foi

acusada, como cúmplice de latrocínio, os irmãos e sua mãe ficam presos durante o processo

de instrução. As esposas e até mesmo os filhos de Sebastião são presos, houve o falecimento

do menor deles. Outro habeas corpus é impetrado, mas apesar de ser concedido, não houve

cumprimento do mesmo. A decisão de pronúncia, no dia 21 de março de 1938 relata:

O crime de que se ocupa esse processo é da espécie daqueles que exige do julgador inteligência aguda, atenção permanente, cuidado extraordinário no exame das provas, pois no Juízo Penal, onde estão em perigo à honra e liberdade alheias, deve o julgador preocupar-se com a possibilidade de um tremendo erro judiciária. No caso em apreço, em que o cadáver da vítima não apareceu, como não apareceu também o dinheiro furtado, a prova gira em quase que exclusivamente em torno das

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confissões prestadas pelos indiciados à autoridade policial, sendo notar que o patrono dos acusados, nas razões de fls 143, informa ao juiz que tais confissões foram extorquidas e são produto da truculência, dos maus tratos e da desumanidade de que fez uso e abuso o delegado nas investigações primárias do delito. (ALAMY, op. Cit. Trecho da Decisão de Pronúncia, do Juiz Merolino Raimundo de Lima Corrêa, no Caso dos Irmãos Naves.).

Apesar de toda exposição acima, o juiz conclui que é procedente a denúncia em

relação aos irmãos Naves, e improcedência apenas à Dona Ana. Os réus recorreram da

decisão de pronúncia, mas o Tribunal de Apelação negou provimento ao recurso, e foram

levados ao Tribunal do Júri.

O júri negou a autoridade dos fatos aos acusados, absolvendo por seis votos a um.

Todavia, os réus deveriam permanecer presos, para o processamento da apelação. A

promotoria interpõe recurso, devido a decisão do Júri não ser unânime, portanto os réus vão a

julgamento novamente. (REVISTAS LIBERDADE, s. d).

Em março de 1939, acontece o segundo Júri, Joaquim foi absolvido por cinco votos a

dois e Sebastião, seis a um. Contudo, cabe novo recurso do Ministério Público, tendo em vista

à falta de unanimidade da decisão. Os irmãos são condenados a cumprir a pena de 25 anos e 6

meses de prisão, e mais a multa sobre o valor do objeto roubado. (ibidem).

A defesa solicita revisão criminal, no ano de 1940, onde foi negado, apesar da pena

ter sido reduzida para 16 anos e 6 meses. No ano de 1942, os réus demandam indulto para o

Presidente Getúlio Vargas, onde não foi atendido. Somente em 1946 conseguem o

deferimento do pedido de livramento condicional e retornam para Araguari. Mas, Joaquim

sofre uma doença grave e morre em 1948, apesar disso cabe a Sebastião provar sua inocência

e a do irmão falecido. (ibidem).

E apenas em 24 de julho de 1952 o caso teve uma viravolta, já que Benedito Pereira

Caetano reaparece, com vida, na fazenda de seus pais, em Nova Ponte. Ele é visto por

Prontidão, que adverte sobre a “ressurreição de Benedito” a Sebastião, onde acompanhado de

um repórter dirijam-se até a fazenda para reencontrar o primo. Na hora do reencontro

Benedito receia, todavia Sebastião o abraça e fala “– Graças a Deus te encontrei para provar

minha inocência, vem para cidade, para o povo ver que você está vivo e que sou inocente”

(ALAMY, 1993, p.. 321-322)

Assim, Benedito retorna a Araguari, onde é quase linchado pela raiva popular, é

preso preventivamente, acusado de apropriação indébita, fica detido por nove dias, mas pelo

prazo prescricional sua prisão é relaxada.

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Depois do reaparecimento de Benedito, Sebastião e a viúva de Joaquim pleiteiam a

revisão criminal cumulada com indenização, e foi deferida em 1953, no entanto o valor só foi

pago em 1962.

Importante frisar, que na época desse caso de grande repercussão, nosso país passava

por um momento ditatorial e os cidadãos não tinham seus direitos e garantias resguardados.

Esse acontecimento ficou caracterizado como maior erro do judiciário brasileiro. Ao longo do

caso narrado, nota-se grande desrespeito ao direito material de suas vítimas quanto à ordem

processual da época. Outro ponto importante para elencar é a utilização da confissão como a

“rainha das provas”. (REVISTAS LIBERDADE, s. d).

O advogado de defesa, João Alamy Filho, escreveu um livro, relatando todo o

processo envolvendo os irmãos Naves. A narrativa foi adaptada por Jean Claude Bernadet e

Luís Sérgio Person e o tão famoso filme “ O caso dos irmãos Naves” foi lançado no ano de

1967, Sebastião Naves foi interpretado por Raul Cortez e seu irmão Joaquim, por Juca de

Oliveira. (ibidem).

Na primeira cena já exibe Benedito fugindo da cidade de Araguari e segue

descrevendo a busca dos primos. O filme mostra fielmente as torturas sofridas pelos

personagens desse enredo, nota-se uma mudança na maneira que ocorre as investigações

quando o tenente militar assume o caso. Os interrogatórios são permeados pelas cenas de

sofrimento e tortura no porão da delegacia, onde as pessoas, atordoadas, assentem com o que

Francisco Vieira dos Santos dita ao escrivão, Aulete Ferreira. (ibidem).

Uma cena muito impactante é a que se realiza a busca pela lata de soda em que

conteria a quantia roubada, fica nítido a grande subjugação de Joaquim em relação aos

soldados, que mandam cavar com as mãos os possíveis locais onde poderia estar enterrado.

Outra cena perturbadora revela a tomada dos depoimentos das mulheres dos irmãos,

as terríveis ameaças de violência sexual são constantes, importante relatar também a ameaça

de derrubar um dos bebês, que estava no colo de um dos soldados. No momento do primeiro

júri, tem-se empate entre o advogado de defesa e seu eloquente fala a respeito de um

homicídio sem cadáver e um roubo sem dinheiro e a figura sombria do delegado militar,

tentando coagir pessoas presentes no tribunal. (ibidem).

Por fim, os irmãos foram presos, mesmo após duas absolvições no júri e as

manchetes de jornais, logo após retratam o aparecimento do “morto”, o processo de revisão e

indenização paga pelo Estado. (ibidem).

3.5 A INFLUÊNCIA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

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Constatou a influência da mídia em todos os casos elencados no presente capítulo,

ela é a principal formadora de opiniões dos leitores e ouvintes, importante frisar o interesse da

população por crimes que são de competência do Júri, visto que chamam atenção da imprensa

e dos telespectadores. Na intenção de transmitir informações acabam divulgando matérias que

não possuem veracidade absoluta, modificando as informações para aumentar o público alvo.

O Tribunal do Júri tem competência para julgar crimes contra a vida, na sua forma

tentada ou consumada, os delitos onde resultam o maior clamar público, sendo o foco

principal da mídia sensacionalista. Pode-se observar que os jornalistas excedem a ética e os

princípios que norteiam o Júri, tornando nítido o prejuízo ao acusado.

A publicidade e o interesse da sociedade em relação a esse instituto são de grande

seriedade e por ser notório, veja:

(...). No tribunal do Júri a publicidade no plenário potencializa-se, não somente pela participação ativa do cidadão comum que é chamado a julgar, mas também pelo grande interesse popular e dos meios de comunicação de massa no ritual que se estabelece no julgamento de uma pessoa pública, ou em um caso de intensa repercussão social (VIEIRA, 2003, p. 230) m

O grande e real interesse no repasse das informações, é o capital que recebem com

essas divulgações, e não o que de fato deveria ser, a revelação de notícias para informar com

clareza a realidade dos fatos. São publicados delitos falsos que instigam a curiosidade da

população e consequentemente gera revolta e o famoso clamor social, solicitando justiça. Nas

palavras de Schecaira:

O mundo atual, mundo das comunicações, vive da ficção, da fantasia, em que a definição da realidade assume um papel maior que a própria realidade. As notícias disseminam-se com rapidez incontrolável e com cores muito fortes: textos e imagens, fotos e vídeos, depoimentos e closes revelam a crueza dos acontecimentos – corpos mutilados, nus, desfigurados; vidas devassadas se qualquer pudor ou respeito pela privacidade; armas sofisticadas são retratadas em profusão; histórias de premeditação, de infortúnios e de deslizes morais. Nada escapa ao arguto olhar do repórter/narrador, que passa seu percuciente olho clínico na realidade, construindo seu próprio objeto de investigação e análise. Sentimentos intensos e ocultos como a agressividade, os preconceitos sociais, raciais e morais, e principalmente o medo ganham vida própria no espetáculo. (SHECAIRA, 2002, p. 378).

Diante do relato acima, surge o questionamento: após esse massacre da população e

da mídia, o réu realmente terá um julgamento justo? A defesa possui o potencial de

desconstituir as acusações que foram plantadas? É correto que se o acusado cometeu

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determinado crime, terá que ser condenado de acordo com o caso concreto e provas

apresentadas, mas, antes do julgamento tem o direito do devido processo legal. O objetivo não

é alegar que os réus são inocentes, contudo demonstrar para a sociedade o poder de persuasão

midiática.

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CONCLUSÃO

Diante do apresentado, evidenciou-se que a mídia tem grande influência nas decisões

judiciais, atua como formadora de opinião da sociedade e não se preocupa como as notícias

são divulgadas, de modo que anuncia matérias incertas e exageradas e esses julgamentos

equivocados prejudicam o poder Judiciário em atuar de forma condizente.

Observou-se que o Tribunal do Júri é um instituto composto pelo povo, onde estão

mais acessíveis à alienação dos meios de comunicação, e por se tratar da sociedade em geral

onde não possuem conhecimento técnico para julgamento, fica evidente que o conselho de

sentença detém de uma opinião formada antes da análise do caso concreto.

Assim, grande maioria já chega na audiência com decisões precipitadas. Contudo, de

acordo com o que foi estudado na pesquisa, essa influência fere os princípios que norteiam o

Tribunal do Júri e que necessariamente deveriam ser seguidos e respeitados. O correto seria a

mídia controlar suas publicações, de tal modo que os jurados julgassem sem conhecimento

prévio sobre o caso concreto e avaliasse de maneira adequada.

A liberdade de imprensa entra em confronto com os direitos e garantias

fundamentais, portanto, a publicidade excessiva sobressai o direito resguardado que o réu

precisa, fere notoriamente à presunção de inocência do acusado, bem como o direito do

devido processo legal. No âmbito criminal o interesse nas publicações torna-se ainda mais

almejada, todavia é o ramo onde carece de grande responsabilidade e análise detalhada do

acontecimento.

Sendo assim, o presente trabalho conclui que o cenário midiático visa

exclusivamente obter lucro e não divulgar matérias de veracidade absoluta ressalta ainda que

a população, em especial os jurados, devem saber distinguir as informações repassadas e

julgar sem deixar entusiasmo pelo que foi exposto. E quando ocorrer confronto em

publicidade enganosa e julgar um réu, lembrar-se que o que está sendo analisado é uma vida,

segundo nosso ordenamento jurídico, o ser humano necessita que a sua dignidade seja

respeitada.

Destaca-se o Tribunal do Júri como uma questão delicada, pois o mesmo avalia

crimes dolosos contra a vida e irão decidir sobre o direito de ir e vir de outra pessoa e quando

julgados de maneira errônea poderá o réu inocente ser condenado culpado por um crime que

não cometeu.

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REFERÊNCIAS

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CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. São Paulo: Saraiva, 2009.

________________. Curso de processo penal. São Paulo: Saraiva, 2014.

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