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APLICAÇÃO DO ULTRA-SOM
NA INDÚSTRIA E SAÚDE
Alessandra Proetti
Charles A. Ferreira
Deise Spimpolo dos Santos
Edelson Colleri
João Manuel Duarte
Profª. Maria Fernanda
Radiações
Engenharia de Segurança do Trabalho
Ano 2010
APLICAÇÃO DO ULTRA-SOM NA
INDÚSTRIA
PRINCÍPIO
O ensaio ultra-sônico baseia-se no fenômeno de reflexão de ondas acústicas quando
encontram obstáculos à sua propagação dentro do material. A onda será refletida
retornando até a sua fonte geradora se o obstáculo estiver numa posição normal
(perpendicular) em relação ao feixe incidente
Ultra-som são ondas acústicas com freqüências acima do limite audível. Normalmente,
as freqüências ultra-sônicas situam-se na faixa de 0,5 a 25 Mhz.
O pulso ultra-sônico é transmitido para o material através de um transdutor especial,
usualmente denominado de cabeçote. Os pulsos ultra-sônicos refletidos por uma
descontinuidade, ou pela superfície oposta da peça ( ecos de fundo ), são captados pelo
transdutor, convertidos em sinais eletrônicos e mostrados na tela plana de cristal líquido
do aparelho.
Geralmente, as dimensões reais de uma descontinuidade interna podem ser estimadas
com uma razoável precisão através da altura dos ecos refletidos, fornecendo meios para
que a peça possa ser aceita, ou rejeitada, baseando-se nos critérios de aceitação da
norma aplicável.
As maiores aplicações deste ensaio são os ensaios em soldas, laminados, forjados,
fundidos, materiais compostos, medição de espessura, corrosão, etc.
O ensaio ultra-sônico é, sem sombra de dúvidas, o método de ensaio não destrutivo mais
utilizado e o que apresenta o maior crescimento, para a detecção de descontinuidades
internas.
Isto se deve a:
• facilidade na execução do ensaio;
• baixo investimento.
• velocidade de realização;
• alta sensibilidade;
• ampla gama de espessuras que podem ser ensaiadas (acima de 10m em
aço)
Por muito tempo o ultra-som tem sido empregado nos ensaios de aprovação, controle de
processo, inspeção de aeronaves e nas indústrias nuclear, petroquímica e siderurgia.
É utilizado na caracterização de materiais; um exemplo típico é a avaliação da
resistência do cimento baseada na velocidade de propagação do som, ou na
determinação do grau de nodularização de ferro fundido nodular utilizado em pontas de
eixo da industria automobilística.
As aplicações mais recentes ocorrem no controle da qualidade de materiais compostos,
no ensaio de uniões coladas de madeira, plásticos, metais e no controle de solda a
ponto.
A escolha do equipamento, transdutores e os procedimentos de ensaio requerem um
cuidadoso estudo para que se obtenha o nível de sensibilidade requerido e a correta
interpretação do resultado.
As aplicações mais recentes ocorrem no controle da qualidade de materiais compostos,
no ensaio de uniões coladas de madeira, plásticos, metais e no controle de solda a
ponto.
A escolha do equipamento, transdutores e os procedimentos de ensaio requerem um
cuidadoso estudo para que se obtenha o nível de sensibilidade requerido e a correta
interpretação do resultado.
As aplicações mais recentes ocorrem no controle da qualidade de materiais compostos,
no ensaio de uniões coladas de madeira, plásticos, metais e no controle de solda a
ponto.
A escolha do equipamento, transdutores e os procedimentos de ensaio requerem um
cuidadoso estudo para que se obtenha o nível de sensibilidade requerido e a correta
interpretação do resultado.
TÉCNICAS DE ENSAIO
As técnicas ultra-sônicas são, basicamente, divididas em duas: técnicas de contato e
técnicas sem contato (imersão).
Na técnica de contato o transdutor é diretamente aplicado no objeto usando-se água,
óleo ou outros agentes que sirvam de meio acoplante; na técnica sem contato o
transdutor é manipulado a uma certa distância do objeto de ensaio, dentro de um meio
que pode ser água ou óleo leve; isto traz vantagens por eliminar a influência da variação
do acoplamento.
A escolha da técnica deverá ser feita levando-se em consideração a sensibilidade, norma
geométrica da peça, tipo e orientação da descontinuidade, simplicidade de operação,
velocidade necessária para a inspeção, etc..
A técnica de contato é mais aplicada a produtos de grandes dimensões e estruturas
soldadas, ao passo que a técnica de imersão é utilizada para o ensaio de grandes lotes
de peças pequenas e idênticas através de sistemas automatizados, especialmente na
indústria automobilística e aeronáutica onde se exige alta sensibilidade no ensaio
Em ambos os casos a avaliação da descontinuidade é baseada na comparação entre os
sinais obtidos através dos blocos de calibração com descontinuidades artificiais com
dimensões e localizações conhecidas, com aqueles obtidos da peça ensaiada.
LIMITAÇÕES:
• Materiais com alta atenuação acústica (madeira, concreto, certos fundidos e metais
não ferrosos), ou a alta temperatura, são ensaios de difícil realização;
• Peças com formato complexo;
• A sensibilidade do ensaio é afetada pela condição superficial do objeto;
• A relativa dificuldade na interpretação do sinal, a qual requer um longo treinamento.
APRESENTAÇÃO DAS DESCONTINUIDADES
As descontinuidades se tornam visíveis na tela de cristal liquido sob a forma de um
ecograma produzido por um sinal eletrônico (sinal do eco X tempo). Além deste tipo de
apresentação, o qual é o mais comum, existem outros métodos mais sofisticados tais
como o que mostra toda uma secção da peça com todas as suas relativas
descontinuidades.
DESENVOLVIMENTOS
As últimas palavras, como alternativa ao sistema de avaliação baseado na amplitude do
sinal, são as técnicas denominadas de "tempo de vôo" e "difração da extremidade" que
estão em franco desenvolvimento.
Resultados promissores estão sendo obtidos na análise do espectro do sinal para o
reconhecimento da descontinuidade.
Através do uso de sistemas automatizados para aquisição de dados e sistemas de
processamento, está ocorrendo pesquisa no sentido de se substituir as tradicionais
formas de apresentação vista "A", "B" e "C", por sistemas que proporcionam mais
informações sobre a localização e forma do refletor (descontinuidade).
Novos transdutores foram desenvolvidos para a transmissão do ultra-som sem a
necessidade de acoplamento (Transdutores EMAT), utilizado com sucesso do ensaio em
superfície a quente (lingotamento contínuo); permitem uma melhor localização e
identificação das descontinuidades.
Transdutores multicristais (array de cristais) corretamente multiplexados, permitem
“injetar” o feixe sônico no material em vários ângulos seqüenciais, efetuando verdadeira
varredura no material.
UTILIZAÇÃO NO PROCESSO PARA INSPEÇÃO DE
CHAPAS:
1- Exemplo
A USIMINAS desenvolveu uma sistemática para utilização da técnica de ensaio por
ultra-som no método de imersão para inspeção em chapas grossas.Esta técnica
possibilita a USIMINAS executar o ensaio por ultra-som em material laminado de
pequenas espessuras a partir de 6mm, utilizando cabeçotes monocristal, de ondas
longitudinais, e à prova d'agua. Neste trabalho é mostrada esta sistemática, os recursos
desenvolvidos e o dispositivo utilizado para realizar o ensaio
Esse tipo de inspeção até alguns anos atrás era considerado impraticável nos materiais
com espessuras abaixo de 50 mm, pela dificuldade de interpretação do ecograma
causada pelo tamanho da zona morta e turbulência sônica do campo próximo. O ensaio é
feito através de um dispositivo mecânico que possui um reservatório com água, onde o
cabeçote é alojado. Nesse reservatório o campo próximo é absorvido pela coluna d’água.
Nesse caso, a inspeção no laminado é feita dentro do campo longínquo ou zona de
Fraunhofer, resultando com isso um ecograma de interpretação mais fácil.
A importância alcançada pelo ensaio por imersão entre os demais métodos é uma
certeza, pois esse tipo de inspeção que até alguns anos atrás podia ser considerado
como ensaio de laboratório, converteu-se atualmente em prática corrente no material
laminado plano.
Com esse método podemos medir não só a amplitude dos ecos, como também a posição
dos ecos de interface água/aço, ecos de descontinuidades e eco de fundo. O processo
por imersão tem como grandes vantagens o acoplamento uniforme e constante, além da
eliminação do campo próximo na peça a ser ensaiada. Salientamos ainda que as
literaturas pelo método de imersão encontradas no mercado são de capacidade limitada,
haja vista que é o material a ser ensaiado que é completamente mergulhado em um
tanque com água para realizar o ensaio, conforme a ilustração (fig.1) abaixo:
TÉCNICA DO ENSAIO - COLUNA DʼÁGUA – USIMINAS
Essa técnica é executada em chapas grossas conforme o procedimento do setor de ultra-
som da Gerência de Seção de Acabamento e Expedição de Chapas Grossas – ILQG.
Neste procedimento o cabeçote é que fica dentro da água e não o material a ser
ensaiado. No dispositivo onde o cabeçote é alojado é criada uma coluna dʼágua de, por
exemplo, 40 mm de altura. Essa coluna dʼágua é retirada pelo controle de ajuste zero do
aparelho com valores na ordem de 53,67 µ/s de atraso do pulso inicial, até aparecer o eco
de superfície, sendo mantida esta distância em 160mm.
Isso nos possibilita executar ensaios em materiais com espessuras a partir de 6mm,
mantendo assim um acoplamento acústico perfeito e com uma grande vantagem em
relação ao contato direto que é absorver o campo próximo. Com isso, a região de
inspeção será no campo longínquo ou zona de Fraunhofer.
A figura 2 mostra a tela do aparelho (desenvolvida), usando os valores citados acima,
após calibração usando o bloco V1. Nesse caso foi feita uma escala de 100 mm e usou-
se o recurso do bloco (plexiglass) na espessura de 50 mm.
DISPOSITIVOS
Na Gerência de Seção de Acabamento e Expedição de Chapas Grossas – ILQG, o ensaio
é realizado através de um dispositivo (fig. 3). Este dispositivo possui três partes e dois
acessórios: Ø tampa (bronze): local onde o cabeçote é fixado; Ø anel de borracha:
acessório para nivelamento do cabeçote; Ø corpo (bronze) local onde o cabeçote é
alojado e a sua imersão na coluna dʼágua; Ø sapata (aço ligado tratado) local para
colocação do plástico para represar a água e o anel de borracha para amortecer o atrito
entre a sapata e o corpo; Ø anel de borracha: acessório amortecedor para diminuir o atrito
entre o corpo e a sapata durante o ensaio e vedar a água. O cabeçote é fixado com um
parafuso na tampa e essa por sua vez, é fixada no corpo, onde existe a coluna dʼágua. Ao
enroscar a sapata no corpo, coloca-se um plástico para represar o líquido.
Após essa etapa verifica-se a perpendicularidade do cabeçote utilizando os parafusos que
assentam a tampa no corpo. Finalmente é acoplada uma haste no dispositivo para
execução da varredura. A montagem da haste possui duas partes: o cabo ( PVC ) e o
gancho ( aço ), ( fig. 4 ).
Após o estabelecimento correto dos parâmetros da calibração e sensibilidade, o inspetor
estará seguro da confiabilidade do ensaio, reconhecendo os sinais indicativos das
descontinuidades, a delimitação do seu tamanho aproximado e sua localização correta.
O feixe sônico, neste método irá propagar-se em dois meios ( água e aço ) com
velocidades e elasticidade diferentes, e apenas para ressaltar, teremos ainda a
divergência do feixe sônico do cabeçote com 4MHz que é utilizado nos ensaios ( fig. 5 ).
AVALIAÇÃO E JULGAMENTO
A técnica e o dispositivo apresentados são utilizados para a varredura e localização das
descontinuidades. Em alguns casos, as normas permitem a avaliação das
descontinuidades com esse dispositivo. Em outros casos, elas exigem que a delimitação
das descontinuidades, seja feita utilizando cabeçotes com duplo cristal. Durante o ensaio,
utilizamos a água como acoplante e a varredura é executada pelo eixo transversal do
sentido de laminação.
A garantia da qualidade do produto obedecerá ao critério de julgamento da norma
USIMINAS e outras normas internacionais de ultra-som com vários níveis de aceitação
conforme a relação seguinte:
CONCLUSÃO
O ultra-som é um ensaio muito confiável para garantir a sanidade interna dos materiais,
principalmente em aço, onde várias técnicas são usadas com muita confiabilidade.
No entanto, algumas restrições tornam o ensaio as vezes de difícil execução e com
confiabilidade duvidosa. Uma dessas restrições é o campo próximo, que em função do
tamanho do cristal do cabeçote, da freqüência, da velocidade sônica do material em teste,
etc. , pode ser maior ou menor.
Dentro do campo próximo, as descontinuidades podem ser detectadas, porém seu
dimensionamento é algo que não se pode confiar, principalmente em função da pressão
sônica exercida naquela região.
A Gerência de Seção de Acabamento e Expedição de Chapas Grossas – ILQG através do
uso deste dispositivo, consegue ensaiar chapas grossas com espessuras a partir de 6mm,
com alto grau de confiabilidade e segurança.
Também é possível conseguir um acoplamento uniforme e constante, o que é muito
importante em se tratando da diversidade de materiais e espessuras que produzimos.
Com isso podemos assegurar que os ensaios realizados em nosso setor, são feitos dentro
das mais modernas técnicas, de acordo com as normas em vigência, sem no entanto
comprometer a avaliação dos resultados, devido a utilização deste dispositivo.
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Miranda, J. r.g., Filho, W.f., Curso de Ultra-som N1 e N2. Apostila de Ultra-som
Cetre,Centro de Treinamento Abende, pp 01-111.
Ultra-som – técnica e aplicação – Jorge Luiz Santin – editora Qualitymark – ed.
1996, pp 52-60, 72, 96-101, 258.
Bittencourt, M.s.q., Lamy, C.a., Payão Filho, J.c; Potencialidade Da Técnica Ultra-sônica.
Suplemento Técnico da Revista Soldagem e Inspeção, ano 4 número 12, dezembrode
1998, pp 01-11.
Ultrasonic Inspection 2 - Training for Nondestructive Testing E.A. Ginzel; Prometheus
Press Canada.
Magnetic system for ultrasonic probe providing operation with magnetic liquid coupling
layer.- Defectoscopiya,Russian Acad. Sc., 1989, No.3, pp.33-39. /V.Korovin,
I.Lebedev,Yu.Raykher, V.Epifanov
APLICAÇÃO DO ULTRA-SOM NA SAÚDE
Na saúde podemos citar alguns exemplos do ultra-som, como para verificar o
desenvolvimento da criança no útero materno durante a gestação, análise vascular
(trombose), pedras nos rins, pedras na vesícula, investigação de tumores e de pólipos em
diversos órgãos, análise de músculos. Tem sido aplicado para fins terapêuticos e na
fisioterapia, em caso específico ´que vamos comentar abaixo:
Efeitos obtidos com a aplicação do ultra-som no tratamento do fibro edema geloide
– FEG (celulite).
RESUMO
O fibro edema gelóide (FEG), popularmente conhecido como “celulite” é um problema que
acomete muitas mulheres, podendo proporcionar, além de transtornos estéticos,
problemas álgicos, psicológicos e sociais. O objetivo desse trabalho foi analisar o efeito
do ultra-somterapêutico sobre o FEG. Para isso foi realizada uma pesquisa quase
experimental do tipo estudo de caso, sendo estudada uma paciente do sexo feminino, 21
anos de idade, cor branca, 52 quilos, 1,58 metros, nuligesta, aparecimento do FEG na
adolescência, graus 1 e 2 nas regiões glútea e superior da coxa. Foram utilizados ficha de
avaliação, registro fotográfico e uma escala de opinião. A paciente foi submetida a 20
sessões de aplicação do ultra-som, 0,6 w/cm², 3 MHz, modo contínuo, na região dos
glúteos e porção superior das coxas. Ao final do tratamento, observou-se redução do FEG
grau 1 e 2 e a paciente referiu estar satisfeita com os resultados. Assim, o ultra-som
mostrou-se como um recurso eficaz no tratamento do FEG. Sugere-se conciliar ao
tratamento com o ultra-som, uma prática de atividade física, dieta alimentar e drenagem
linfática
INTRODUÇÃO
O fibro edema gelóide (FEG), popularmente conhecido como "celulite",segundo Guirro;
Guirro (1992), é uma afecção que provoca deficiência na circulação sanguínea e linfática,
hipotonia muscular freqüente, podendo levar à quase total imobilidade dos membros
inferiores, além de dores intensas e problemas emocionais. Pode estar presente em três
graus diferenciados de acordo com suas manifestações. Existem diversos nomes
utilizados para designar o FEG, como lipodistrofia localizada, infiltração celulítica,
hidrolipodistrofia, infiltração celulálgica, etc. Entretanto, a definição fibro edema gelóide
tem-se demonstrado como conceito mais aceito atualmente para descrever esse quadro.
Vários recursos são utilizados para o tratamento do FEG, no entanto, poucos apresentam
resultados satisfatórios. Dentre os recursos, o ultra-som, de acordo com seus efeitos
biofísicos específicos, vem destacando-se como um dos mais utilizados.
JUSTIFICATIVA
As exigências impostas pelo atual padrão de beleza têm trazido maior preocupação com o
diagnóstico e controle de algumas síndromes dermato-funcionais. Dentre elas o FEG
aparece como uma das mais agressivas formas de interferência nesse parâmetro. O alto
grau de insatisfação por parte das pessoas acometidas pelo FEG determina, além de
problemas estéticos, sérias alterações psicológicas e sociais. Várias propostas
terapêuticas são veiculadas ao público, porém poucas com resultados efetivos. Este fato
pode ocorrer por haver, no lugar de promoção da saúde, propagandas enganosas, falta
de esclarecimento dos pacientes e profissionais inabilitados, gerando grandes frustrações
tanto aos pacientes quanto aos profissionais. Isso acarreta descredibilidade quanto à
eficácia dos tratamentos e a possível solução do problema.
OBJETIVOS
Objetivo geral
Analisar os efeitos do ultra-som terapêutico sobre o FEG.
Objetivos específicos
- Verificar e identificar os graus de celulite existentes na paciente do estudo de caso;
- Verificar as alterações visuais da região tratada;
- Verificar a eficácia do ultra-som nos diferentes graus de FEG;
- Verificar o nível de satisfação da paciente durante e após o tratamento;
- Contribuir para fundamentação científica.
DELINEAMENTO DA PESQUISA
Esta pesquisa classifica-se em pesquisa quase experimental, tendo como projeto
experimental o delineamento de experimentos “antes e depois” com um único grupo.
Caracteriza-se ainda por um estudo de caso que, segundo Gil (1994), consiste num
estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, permitindo um conhecimento
amplo e detalhado do mesmo. A paciente do estudo de caso é do sexo feminino, 21 anos
de idade, cor branca, 52 quilos, 1,58 metros, sedentária, alimentação regular e variada,
nuligesta, menarca aos doze anos, aparecimento do FEG na adolescência, após menarca
(12 anos), com maior concentração na região do glúteo e superior da coxa, faz uso de
anticoncepcional hormonal oral, não faz tratamentos específicos.
Para realizar a coleta dos dados, foi utilizada uma ficha de avaliação validada por três
fisioterapeutas, uma câmera fotográfica Zenit DF-300, uma escala de opinião (Escala de
Likert) e um aparelho de ultra-som da marca Bioset, modelo Sonacel Dual.
Quanto aos procedimentos utilizados na coleta dos dados, foi realizado uma avaliação da
paciente no início do tratamento, um registro fotográfico antes de iniciar a 1ª sessão, ao
término da 10ª e 20ª sessão (pré-teste e pós-teste) de aplicação do ultra-som na região
acometida pelo FEG (glúteo e porção superior da coxa), um questionário estruturado do
tipo Likert, que objetivou avaliar o nível de satisfação da paciente, durante e após o
tratamento, um aparelho de ultra-som, utilizando o protocolo proposto no manual do
equipamento (freqüência de 3 Mhz, intensidade de 0,6 w/cm², modo contínuo), com um
tempo de aplicação, de acordo com Hoogland apud Young (1998), de 1 minuto para cada
1 cm², aplicação de forma direta, utilizando gel comum, em cada membro inferior, na
região glútea e superior da coxa. Foi realizado um total de 20 sessões.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Quanto aos dados da avaliação, foi estudada uma paciente do sexo feminino, cor branca,
menarca aos 12 anos, nuligesta, faz uso de anticoncepcional hormonal oral, sedentária,
relatou aparecimento do FEG na adolescência, na região de glúteos e coxa, 52 quilos,
1,58 metros de altura, IMC de 20,83.
Para Campos (2000), as mulheres são mais atingidas pelo FEG devido ao fato de terem
duas vezes mais células adiposas que o homem.
O surgimento pode acontecer após a puberdade, em função das alterações hormonais
ocorridas nesse período. A falta de exercício físico, segundo Campos (2000), diminui a
capacidade circulatória, diminuindo a drenagem e aoxidação de toxinas. Na inspeção,
apresentou pele em “casca de laranja”, com estrias na região glútea e microvarizes nos
glúteos e coxas, sendo que o lado esquerdo apresentava-se mais acometido que o lado
direito, embora não apresentasse nenhuma alteração postural que justificasse essa
diferença.
O teste da casca de laranja teve resultado positivo e o teste da preensão, negativo.
O grau do FEG da paciente em questão é grau 1 e 2, do tipo flácido, brando ou difuso.
Ciporkin; Paschoal (1992) referem que no tipo flácido de FEG, a circulação faz-se mais
lenta, as veias se dilatam, provocando o aparecimento de varizes, veias varicosas e
ramificações de microvasos.
De acordo com Ulrich apud Guirro; Guirro (2002), o FEG grau 1 é percebido pela
compressão do tecido entre os dedos ou da contração muscular voluntária.
E o de grau 2 apresenta depressões visíveis mesmo sem compressão dos tecidos,
podendo ficar mais aparentes mediante a compressão dos mesmos.
Segundo Guirro; Guirro (2002, p. 364) “Os estágios do fibro edema gelóide não são
totalmente delimitados, podendo ocorrer uma sobreposição de graus em uma mesma
área de uma mesma paciente”.
Quanto às alterações visuais, apresentam-se a seguir os registros fotográficos realizados
sobre as regiões acometidas e submetidas à aplicação do ultra-som.
As fotos localizadas à esquerda são as que a paciente encontra-se relaxada,ou seja, sem
contração voluntária da musculatura envolvida.
Já nas situadas à direita, foi solicitado à paciente, realizar contração máxima da
musculatura envolvida.
As primeiras duas fotos horizontais, foram realizadas antes (pré-teste) da aplicação do
ultra-som.
As fotos centrais foram realizadas após 10 sessões de aplicação do ultra-som.
E por fim, as duas últimas fotos foram realizadas ao final de 20 sessões (pós-teste) de
aplicação do ultra-som sobre a região dos glúteos e parte superior das coxas da paciente,
apresentando os seguintes resultados:
Após ser submetida a 10 sessões de aplicação do ultra-som, observou-se uma redução
parcial do FEG grau 1 e 2 nas regiões acometidas, sendo que a redução do FEG grau 1
foi mais evidente que o de grau 2.
Ao término das 20 sessões realizadas com a terapia proposta, observou-se uma redução
significativa, tanto do FEG grau 1, quanto o de grau 2, com melhora no aspecto da pele
em “casca de laranja”.
Para Ulrich apud Guirro; Guirro (2002), o FEG grau 1 é sempre curável e o de grau 2,
freqüentemente curável. Foi observado que no período pré-menstrual e menstrual, houve
piora no quadro, provavelmente devido à retenção de líquidos. Polden; Mantle (2000)
afirmam que na fase pré-menstrual é comum ocorrer à retenção de água e ganho de
peso.
E que a retenção de líquido pode ser devida a uma falta relativa da progesterona do
ovário e uma maior produção de hormônio antidiurético (HAD) pela glândula pituitária
posterior.
Sendo que foram realizadas reavaliações ao final da 10ª e 20ª sessão de tratamento,
convém destacar que a paciente manteve seus hábitos e dados físicos (peso, altura e
IMC), pré-estabelecidos numa primeira avaliação, inalterados durante o período em que
foi submetida ao tratamento.
Não se observou redução nas microvarizes e estrias apresentadas pela paciente, na
região tratada, apesar da literatura afirmar que o ultra-som tem efeito sobre a circulação.
Fuirini; Longo (1996) descrevem como efeitos terapêuticos do ultra-som, o aumento da
circulação tissular, com melhora na drenagem das substâncias irritativas tissulares.
Quanto ao nível de satisfação, a paciente relatou, ao final da 10ª sessão, estar
parcialmente satisfeita com os resultados. Já ao término da 20ª sessão, a mesma afirmou
estar satisfeita com os resultados obtidos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível verificar, com realização desse trabalho, que a paciente estudada
apresentava FEG graus 1 e 2, do tipo flácida, com pele em aspecto de “casca de laranja”,
microvarizes, estrias e acometimento mais evidente no lado esquerdo.
O ultra-som, como meio terapêutico no tratamento do FEG grau 1 e 2, mostrou-se eficaz,
trazendo benefícios estéticos visuais e satisfatórios.
No entanto foram necessárias várias aplicações de ultra-som, para se observar uma
melhora significativa no quadro.
Com 10 aplicações, o resultado foi pouco perceptível e mais evidente para o FEG grau 1,
enquanto que após 20 sessões de aplicação do ultra-som, a melhora no quadro foi
notória, apresentando redução tanto no FEG de grau 1 como no de grau 2.
Apresentou também, melhora no aspecto da pele em “casca de laranja”. Mas não se
observou modificações nas microvarizes e estrias.
Quanto ao nível de satisfação, a paciente relatou estar satisfeita com os resultados
obtidos ao final das 20 sessões.
Por se tratar de uma patologia com abordagem literária e prática recente, que só agora
vem despertando interesse da fisioterapia, é restrito o material didático disponível para
pesquisa do FEG, popularmente conhecido como celulite.
Acredita-se que, se associado a este tratamento, houvesse a prática de atividade física,
reeducação e/ou controle alimentar através de uma dieta apropriada, e a utilização de
outros recursos, como a drenagem linfática e até mesmo o tratamento através da
fonoforese, poder-se-ia obter um resultado mais imediato, quiçá mais significativo, no
tratamento dessa patologia.
REFERÊNCIAS
BIOSET, Manual do usuário. São Paulo. [s. d.].
CAMPOS, M. S. P. de. Curso de fisioterapia estética corporal. [s. l.], set. 2000.
(Apostila).
CIPORKIN, H. PASCHOAL, L. H. Atualização terapêutica e fisiopatogênica da
lipodistrofia ginóide. 5. ed. São Paulo: Santos, 1992.
FUIRINI, N. J.; LONGO, J. G. Ultra-som KLD biossistemas equipamentos
eletrônicos
LTDA, [s. l.], 1996. (Manual KLD).
GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994.
GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcional: fundamentos recursos
patologias. 3. ed. São Paulo: Manole, 2002.