10
“Nas sociedades dominadas pelas modernas condições de produção, a vida é apresentada como uma imensa acumulação de espetáculos, tudo o que era diretamente vivido vira uma mera representação.” Guy Debord CONTRACULTURA Jerusa Sá

Um Basta ao Conformismo

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Uma grande reportagem abordando o Movimento Contracultura e suas influências no Brasil e no Tocantins na sociedade pós-moderna. Projeto produzido pelas acadêmicas da Universidade Federal do Tocantins: Ana Elisa Martins Mylena Ribeiro Thalia Cristina Batista

Citation preview

“Nas sociedades dominadas pelas modernas condições de produção, a vida é apresentada como uma imensa acumulação de espetáculos, tudo o que era diretamente vivido vira uma mera representação.” Guy Debord

CONTRACULTURAJe

rusa

UM BASTA AO CONFORMISMO

A juventude sempre representou as possibilida-des de mudanças e inovações na sociedade por sempre carregar em seu seio o desejo de mudar

o mundo, a tal famosa rebeldia juvenil. Partindo dessa “rebeldia”, jovens do ocidente durante a década de 60 e 70 dariam início ao movimento denominado de Con-tracultura.

A década de 60 é marcada pela velocidade das vanguar-das artísticas, que tem Nova Yorque como capital cul-tural do século XX. Dentre as manifestações artísticas como Minimalismo, Op Arte, Arte Cinética, Novo Rea-lismo e Tropicália, a Pop Arte surgida na Inglaterra, mas apropriada e difundida pelos norte-americanos, foi a vanguarda mais decisiva da década. Sem programa pre-estabelecido, sem manifesto, utilizando-se do repertó-rio do cotidiano do consumo e da cultura de massa, foi rapidamente transformada em tendência internacional.

DESAFIO

O desafio aos policias e os protestos dos estu-dantes nas ruas de Paris foi um marco que desencadeou movimentos de contestação,

em vários Países, revoltas e guerrilhas urbanas. Es-tudantes, artistas e intelectuais ocupam as ruas, fa-zem passeatas. A contracultura, a revolução cultu-ral. Os artistas plásticos abandonam os museus, as galerias, saem da solidão dos ateliês e se misturam na multidão.

A Contracultura surge então como um movimen-to de protesto que aprofunda na crítica ao sistema capitalista e aos padrões de consumo desenfreado. Foram os jovens que integraram esse movimento de contestação aos valores morais e estéticos da sociedade global, os Hippies* que promoviam revo-luções em seus modos de vestir. Suas roupas e penteados tornavam-se símbolos desse uni-verso paralelo que eles elaboraram para romper com os modismos capitalistas das elites.

A forma diferente de manifestar e a temática nada comum – paz e amor, em vez de luta contra a fome e a miséria – davam à contracultura um ar de alienação. Não se restringia ao local; o movimento tinha proporções continentais, dizia respeito a toda uma aldeia global. O que se contestava eram os tabus morais e culturais, os costumes e padrões vigentes, en-fim, as instituições sociais. Propunha-se novas maneiras de pensar, sentir e agir, criava-se outro universo com regras e valores próprios.

GUY DEBORD

Escritor francês e autor do manifesto A Sociedade do Espetáculo que serviu

como base para as manifesta-ções de maio de 68 em Paris – França.Em termos gerais, as teorias de Debord no Manifesto atribuem a debilidade espiritual, tanto das esferas públicas quanto da privada, a forças econômicas que dominaram a Europa após a modernização decorrente do final da segunda grande guer-ra.Ele faz a crítica, como duas fa-ces da mesma problemática, tanto ao espetáculo de merca-do do ocidente capitalista (o espetacular difuso) quanto o espetáculo de estado do bloco socialista (o espetacular con-centrado).

GOOGLE IMAGENS

MUNDO

Na arte, a contracultura é o momen-to da transição da vanguarda para a contempora-

neidade. O atestado de óbito da Moderni-dade. Os procedimen-tos da arte passam dos polêmicos questiona-mentos dos suportes tradicionais ao fim do suporte como elemen-to essencial da obra de arte. Segundo o artista plástico e poeta baia-no Almandrade “Uma arte mais fria, cerebral, menos engajada, volta-da para interrogar sua própria natureza”.

O artista que bem ilustra essa época é o Andy Warhol, que utiliza dos motivos e conceitos da publicidade em suas obras, com o uso

de cores fortes e bri-lhantes e tintas acríli-cas reinventa a pop art com a reprodução me-cânica e seus múltiplos serigráficos. Ele utiliza de temas do cotidiano e artigos de consumo, como as reproduções das latas de sopas Cam-pbell e a garrafa de Co-ca-Cola, além de rostos de figuras conhecidas como Marilyn Monroe para fazer a sua crítica à cultura capitalista da

comercialização e exploração da arte.

MOVIMENTO HIPPIE

Na década de 1960, os Estados Unidos come-çavam a vivenciar um momento de transfor-mações advindas de novas mentalidades.

Crescia a descrença no modelo econômico e político, questionavam-se os benefícios da sociedade indus-trial. Uma parcela da população recusava-se a pagar impostos por discordar do destino dado ao dinheiro, jovens resistiam à prestação do serviço militar. Jus-

tamente neste contexto de insatisfação, surgiu – especificamente na Califórnia – o movimento hippie, que materializava as características da contracultura.Os hippies formavam um mundo à parte, colorido ao gosto deles. Diferenciavam--se dos outros pela aparência: cabelos agressivamente compridos e roupas exóti-cas. Seus protestos eram pacíficos, as manifestações tinham slogans alegres e pos-suíam o hábito nada comum de distribuir flores durantes as passeatas. A conduta hippie se fundamentava numa filosofia de “Paz e Amor”.Adeptos de um modo de vida comunitário queriam viver perto da natureza e pro-curavam organizar comunidades agrícolas baseadas no trabalho manual. Respei-tavam as questões ambientais, a emancipação sexual e a prática do nudismo. Sim-patizavam com religiões orientais como o budismo e o hinduísmo. Opunham-se à Guerra do Vietnã, ao nacionalismo, ao patriarcalismo, ao militarismo, ao poder governamental, ao capitalismo, às corporações industriais, à massificação, ao au-toritarismo e aos valores que, segundo sua concepção, eram ilegítimos.

GO

OG

LE IMA

GEN

S

Surgem também os Happenings, uma espécie de teatro instantâneo, uma mistura de artes visuais, música e dan-

ça, que convida o espectador a participar da obra ou da ação, uma forma de tira-lo da passividade fazendo-o reagir à provocação do artista e do cotidiano político social. Para Jean Jacques Lebel, autor de vários happe-nings em Paris: “Nosso primeiro objetivo é transformar em poesia a linguagem que a sociedade de exploração reduziu ao comér-cio e ao absurdo.”

Os festivais de Rock, o consumo de drogas e a postura underground afirmavam a identi-dade dos jovens que por meio da arte e da música mostravam suas posições e suas al-ternativas de vida. Músicos como Jimi Hen-drix e Janis Joplin entoavam o hino de luta por um mundo mais poético e menos incer-to.

BRASIL

A Contracultura aconteceu em vários Países É o momento da arte concei-tual que vai dominar na década 70,

quase ao mesmo tempo, inclusive no Bra-

sil, dando origem ao grupo chamado de Tropicália*, que contava com artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Tom Zé. Esse movimento musical no Brasil inovou bas-tante a música popular brasileira, trazendo em suas letras versos irreverentes que rom-piam com o tipo de música feito até então.

O cinema brasileiro, com o cineasta Glau-ber Rocha, contribuiu para o nascimento do chamado Cinema Novo, em que os fil-mes criticavam a pobreza e as desigualda-des sociais no Brasil. E nas artes visuais, os Happenings* realizados em espaços públi-cos das trocas coletivas, foram uma forma utilizada pelos artistas de vanguarda para chamar a tenção da população do que es-tava acontecendo nas prisões. Manifesta-ções muitas vezes interditadas pela polícia.

Não se pode deixar de mencionar também o importante papel que o escritor José Agri-ppino teve na difusão de ideias revolucio-nárias através de seus trabalhos, pois ele retratava temas centrais sobre alguns per-sonagens, como Che Guevara, sinônimo de ideais socialistas. Dentre os livros de sua autoria se destaca PanAmérica (1967), obra

TROPICÁLIAApesar de naquela época o país estar mergulhado em plena ditadura militar, a geração dos Centros Populares de Cultura, da Arena e dos movimentos estudantis continuava a pleno vapor, exercendo de uma energia criativa que parecia inesgotável.Foi neste ambiente que nasceu a Tropicália. Lidera-do pelos músicos Caetano Veloso e Gilberto Gil, o Tropicalismo usa as ideias do Manifesto Antropo-fágico de Oswald de Andrade para aproveitar ele-mentos estrangeiros que entram no país e, por meio

de sua fusão com a cultura brasileira, criar um novo produto artístico. A relação do Tropicalismo com a Contracultura está nos valores utilizados pelos inte-grantes do movimento, que eram diferentes dos aceitos pela cultura dominante, com referências consideradas cafonas, ultrapassadas e subdesenvolvidas. Os tropicalistas pretendiam subverter as convenções, transgredir as regras vigentes, tanto nos aspec-tos sócio-políticos, quanto nas dimensões da cultura e do comportamento.

GO

OG

LE IMA

GEN

S

fundamental para o desenvolvimento do movimento da Tropicália. Irreverente.

Essas inovações inspiraram artistas brasilei-ros mais adiante, como foi o caso do poeta da música Raul Seixas, que gritou ao mundo versos como “Viva a sociedade alternativa”, empolgando o surgimento de bandas de rock and roll no Brasil a partir da década de 1980. Assim, outros hinos foram entoados em solo brasileiro criticando temas relacio-nados à política e à desigualdade social, como nos casos das bandas Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Titãs etc.

CONTRACULTURA NA NOSSA REALIDADE

Sim, é possível enxergar o quanto a contracultura influencia ainda hoje na construção das expressões artísticas.

Principalmente no rumo que a música e as artes plásticas tomaram na contemporanei-dade, cada vez mais acessível e próximo do público. A música hoje com um click na in-ternet você possuí toda a bibliografia de um musico. A arte plástica mudou seu conceito para as artes visuais, englobando técnicas

antes consideradas marginais como os qua-drinhos e saiu dos museus e galerias para ir de encontro com o público. O público se tornou plural, e os interesses também. Os jo-vens começam a se juntar nas tribos urbanas e fazer com que a cena aconteça em vários pequenos grupos.

O Tocantins é o estado mais novo do Brasil, com 26 anos de emancipação o estado ain-da carrega predominantemente a influên-cias sertanejas da cultura goiana, mas em meio a miscigenação de pessoas é possível achar essas tribos que resistem à essa influ-ência, não da forma de confronto mas de reconhecimento da variedade cultural o es-tado. Como no caso dos artistas tocantinen-ses, Thiago Ramos, da Aperitivos e Ithalo da Silva, o KidKodó.

Em entrevista os dois nos contam sobre a im-portância da contracultura em suas produ-ções, como se dão os seus processos criativos e como enxergam sua arte como um meio de integração e resistência na nossa sociedade.

HAPPENINGS

Happenings é uma forma de expressão das artes visuais que, de certa maneira, apresenta carac-terísticas das artes cênicas. Neste tipo de obra, quase sempre planejada, incorpora-se algum ele-mento de espontaneidade ou improvisação, que nunca se repete da mesma maneira a cada nova apresentação.

Nos espetáculos, distintos materiais e elementos são orquestrados de forma a aproximar o espectador, fazendo-o participar da cena proposta pelo artista (nes-se sentido, o happening se distingue da performance, na qual não há participação do público). Os eventos apresentam estrutura flexível, sem começo, meio e fim. As improvisações conduzem a cena - ritmada pelas ideias de acaso e espontaneidade - em contextos variados como ruas, antigos lofts, lojas vazias e outros. O happe-ning ocorre em tempo real, como o teatro e a ópera, mas recusa as convenções artísticas. Não há enredo, apenas palavras sem sentido literal, assim como não há separação entre o público e o espetáculo. Do mesmo modo, os “atores” não são profissionais, mas pessoas comuns.

GO

OG

LE IMA

GEN

S

OS ZINES DE THIAGO RAMOS

A influência da contracultura se dá in-conscientemente, através da absor-ção dos produtos que consumimos,

é o que acredita Thiago, artista com passa-gens nas áreas de música, literatura, artes vi-suais, quadrinhos, audiovisual, e performan-ce. Formado em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo pela Universida-de Federal do Tocantins – UFT. Desde que se mudou para Palmas, em 2002, Thiago co-meçou a dedicar-se à produção de seus trabalhos artísticos.

Em 2004 foi um dos responsáveis pela criação do primei-ro fanzine da UFT, o Paralelopípedo (em que Thiago ilustra-va 90% das edições, além de transcrever, com sua própria le-tra, todos os textos, inclusive dos seus colaboradores). Em 2008 lançou seu próprio zine, a Ape-ritivos mantendo o caráter manual, mas desta vez respon-dendo pela autoria de todo o material publicado (poemas, textos diversos, quadrinhos e ilustrações), contando, até o momento, com 13 edições lançadas.

Ele encontra a projeção artística em tudo que o cerca acreditando que os elementos estruturantes e dialógicos se constroem na vida do artista com o passar dos anos, com as experiências vividas: “De certa forma, mesmo que inconscientemente, refletimos em nossa produção diversos elementos da contra-

cultura, quando, simplesmente, buscamos sa-ídas mais ousadas ou menos experimentadas em nossos trabalhos. Acho que muita coisa que li, vi, vivi e ouvi me influenciou e continua influenciando. Tudo, de certa forma, encontra projeção na obra artística. Mas é interessante que no meu caso diversos elementos estrutu-rantes e dialógicos foram construídos com o tempo, com o passar dos anos.”

Para Thiago a contracultura se deu de uma forma muito orgânica, quando percebeu

que não conseguia pensar nos padrões da estrutura poética clássica como o so-neto ou a quadrinha, ou as músicas com estrofes, rimas perfeitas, refrões e modu-lações de meio tom ou um tom inteiro no final. “Eu não consigo pensar assim mais, sabe? Eu penso em metar-refrão, em andamentos di-versos numa mesma peça, em musicalização de textos aparentemente nada mu-sicais. É uma surpresa que preciso ter primeiro comigo, um jogo muito solitário de descoberta, que ocorre num âmbito privado e que depois ecoa por canais difusos e infi-nitos.” A naturalidade se tor-nou a tônica do trabalho de Thiago.

Criador da Aperitivos, que surgiu como um fanzine em 2008 se tor-nou sua principal obra que com a própria naturalidade orgânica que Thiago sem-pre carregou em suas produções, se torna algo além, trazendo um leque de emoções e estímulos diversos, com algo diferente à cada página (que as vezes são colocadas aleatoriamente, numa sequência aparen-temente desconexa) e com muito humor, evitando sempre ser factual. O fanzine

THIAGO RAMOS

29 anosCristalândia - TO

Transita pelas artes visuais, mú-sica e literatura. É autor do Fan-zine Aperitivos, que lhe rendeu duas exposições e um prêmio e fez participações nos projetos musicais de Heitor Oliveira

surgiu da necessidade de experimentação e produção do Thiago. Desde 2004, já produ-zia em parceria com os artistas Antônio Fa-brício, Tácio Pimenta e Auro Silvestri um fan-zine chamado “O Paralelopípedo”, uma obra ligada à Universidade Federal do Toncatins. Durantes os anos de 2007 e 2008, as produ-ções do Paralelo estava diminuindo, Thiago sentiu a necessidade de continuar produzin-do: “Eu não queria parar de produzir, estava pegando certo ritmo e queria continuar crian-do meus personagens, dar vazão pros meus textos e quadrinhos, a saída foi a de um zine solitário em que essas personas teriam um lu-gar. A saída foi me lançar com a Aperitivos, o que na época ainda concomitante com a pro-dução do Paralelo eu dizia jocosamente ser o seu concorrente. Agora você veja que noção de capitalismo: Pra ampliação de mercado eu crio um segundo produto, dou uma impressão de concorrência, mas no final, sou eu comigo mesmo...” brinca Thiago sobre a construção desse novo trabalho.

APERITIVOS

Eassim surge a Aperitivos que acabou sendo muito bem sucedida e aceita pelo público. Em 2010 o fanzine se tor-

nou uma exposição, a primeira desse tipo no estado, com a curadoria do artista plástico paraibano Antônio Netto, uma parceria tão bem sucedida que rendou uma segunda ex-posição nem 2012, através do prêmio Prê-mio Kathie Tejeda de Apoio à Artes Visuais, da Fundação Cultural do Tocantins. Hoje se torna uma ideia da própria da concepção ar-tística de Thiago, virando uma marca, onde difunde não só suas obras, como de outros artistas tocantinenses.

Thiago é sem dúvida um exemplo de artis-ta da contracultura na pós-modernidade de Maffesoli onde o artista hoje não se envolve tanto com questões sociais, mas com ques-tões de laços afetivos, e busca a pluralidade.

FOTO

S RETIRAD

AS D

AS RED

ES SOC

IAIS D

O EN

TREVISTA

DO

THIA

GO

RAM

OS

Thiago não se vê mais como um ser ligado a uma expressão e nem dividido, mas inteiro em cada uma delas: “Em cada momento eu sou uma coisa. Somos, cada um à sua manei-ra, muitas coisas. Admitimos muitas perso-nas.” completa Thiago.

KID KODÓ

Ithalo da Silva ou Kid Kodó, é o idealiza-dor da Rua se Mistura que misturando as mais diversas tribos

numa ocupação cul-tural, fomenta a mais de dois anos o cená-rio cultural na cidade. Juntando hiphop, rock, reggae, artesanato, es-portes como slakline, skate e bike. O evento nômade reversa praças públicas na cidade, da região norte à taquaru-çu, dando espaço àque-les que estão a margem da indústria cultural e resistem em construir o cenário da contracultu-ra tocantinense. Sobre as dificuldades na pro-dução do evento. Kodó nos revela:

“Eu creio que o problema nem seja a cultura ser-taneja no estado, mas o conservadorismo mesmo, um problema que existe são as panelinhas no meio institucional mesmo, onde não abrem espaço pra quem não seja do mesmo grupo deles, pra que as-sim não percam espaço. A contracultura en-frenta dificuldade em vários estado, aqui é um pouco pior porque a gente tem essa visão con-servadora e além disso muita politicagem que também atinge as políticas culturais”

Numa era de comercializazão da cultura, a

Rua se Mistura vai de encontro à isso, como não possui fins lucrativos, o objetivo é mesmo incentivar à arte que não possui espaço para aparecer. Mesmo sob algumas dificuldades o evento se mantém através da motivação de pessoas como Ithalo, que nos conta qual sua inspiração em realizar o evento. “Como a Rua se mistura não ter fins lucrativos, isso vêm da minha escola de produção e de vida, tudo que me motiva à produção vem das minhas raiz do punk-hardcore, onde lá tem a premissa

do ‘Faça Você Mesmo’, en-tão as dificuldade a gente vai aprendendo a driblar, eu acho que nada mais é que minha obrigação em fazer isso. E a recom-pensa vem de diferentes formas, que vão além da grana envolvida, como o reconhecimento do públi-co, a gratidão dos artistas além do aprendizado de produção cultural”

MATA BURRO

A descrição da ban-da Mata Burro em sua página

em uma rede social, diz tudo: “Ninguém sai ileso da Guerra. Mas seguimos de cabeça erguida, fazen-do nosso rock calcado no protesto e na denuncia.

Som rápido, pesado é a nossa meta, enfiando o dedo nas feridas abertas deste Brasil, onde a música é a arma apontada para a cara do des-caso.” Há oito anos a banda Mata Burro vem fortalecendo a cena underground do Estado, e não pára por aqui, a banda já fez turnê em diversos estados do Brasil mostrando que o Tocantins tem Hardcore de qualidade. A Banda possui em seu currículo duas demos, um Split com outras duas bandas do Estado,

ITHALO SILVA

26 anosCodó - MA

Produtor cultural, contribui na realização de diversos festi-vais no Tocantins além de ser o idealizador da Rua se Mistura, recentemente saiu da banda Mata Burro onde foi vocalista por mais de 7 anos

participação em uma coletânea nacional, quatro vídeoclipes, e um CD.

A banda é responsável também pela reali-zação de eventos como a Rua se Mistura e o Burrada Rock Festival. Sobre as intensas ações da banda extra-palco, Ithalo que por 7 anos foi vocalista da banda, afirma “O Mata Burro teve seu papel importante na cultu-ra, pois além de tocar a gente se envolveu na produção cultural, e isso vale muito, a gente aprende muito, e acho que essa noção de pro-dução foi o que deu mais espaço pra gente.”

É inegável que por fazer parte do cenário da contracultura, as oportunidades de apre-

sentar o trabalho da banda ainda são muito limitados. “As dificuldade aqui no Tocantins, é realmente essa falta de lugares pra tocar, as veze temos aquelas panelinhas no insti-tucional que dificultam um pouco, e quanto a parte privada não dá pra cobrar, pois o pú-blico realmente valoriza mais um som cover, menos porrada.

Acabou que aqui pra gente tocar, tínhamos muitas vezes que produzir os show, o que tornava o trabalho muito cansativo, ter que produzir o evento a tarde e a noite ainda to-car” desabafou Ithalo sobre os empecilhos de fazer Hardcore no estado.

FOTOS RETIRADAS DAS REDES SOCIAIS DA BANDA MATA BURRO E A RUA SE M

ISTURA.

Universidade Federal do TocantinsComunicação Social

Habilitação em JornalismoProjeto Experimental

OrientadorasMarluce ZacariottiFátima Caracristi

AlunasAna Elisa Martins

Thalia BatistaMylena Ribeiro