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UM CATECISMO BATISTA COM COMENTÁRIO Um Estudo Introdutório da Doutrina Bíblica Em Forma de Catecismo Com Comentário W. R. Downing PUBLICAÇÕES P.I.R.S. Um Ministério da Igreja Batista da Graça Soberana Avenida West Edmundson, 271 Morgan Hill - Califórnia - 95037 www.sgbcsv.org

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UM CATECISMO BATISTA COM COMENTÁRIO

Um Estudo Introdutório da Doutrina Bíblica

Em Forma de Catecismo

Com Comentário

W. R. Downing

PUBLICAÇÕES P.I.R.S. Um Ministério da Igreja Batista da Graça Soberana

Avenida West Edmundson, 271

Morgan Hill - Califórnia - 95037 www.sgbcsv.org

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Direitos Autorais © 2008 de W. R. Downing

Um Catecismo Batista com Comentário por W. R. Downing

Versão 1.7

Publicado por Publicações P.I.R.S.

Publicações Impressas nos Estados Unidos da América

ISBN 978-1-60725-963-3

As Citações Escriturárias são da Versão Almeida Corrigida Fiel da Sagrada Escritura ou de uma tradução

livre pelo autor.

Desenho da Capa: Paul S. Nelson. Pintura da Capa: Paulo diante do Areópago por Rafael: Domínio

Público.

Todos os direitos reservados somente ao autor. Nenhuma parte deste livro deve ser reproduzida em

qualquer forma que seja sem a prévia permissão do autor.

Edição em Português:

Tradução para português: Hiriate Luiz Fontouro

Revisão: Paul Cahoon, Benjamin Gardner, Albano Dalla Pria e Erci Nascimento

Editor: Calvin G Gardner

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PREFÁCIO

Este Catecismo é um estudo introdutório da Doutrina Bíblica. Ele se apresenta sob a

forma de um catecismo para a facilidade do estudo, da organização dos assuntos e da

memorização. Ele é destinado para o uso em nossa própria congregação. Nós

acreditamos que ele é proveitoso para os pais usarem no culto familiar, para Aulas

Bíblicas, aulas de educação no lar, para o uso de crianças maiores, e para o uso de todos

aqueles que desejarem obter uma compreensão básica da Doutrina Bíblica.

Este é um Catecismo Batista. É destinado para o nosso povo Batista. Enquanto que nós

temos muito em comum com outros Cristãos, nós também temos nossos próprios

distintivos que sustentamos ser escriturísticos. Estes são enfatizados e detalhados

quando necessário.

Este é um catecismo com Comentário. As questões básicas e salientes sob cada título

são brevemente explicadas e discutidas de forma ordenada. Como tal, torna-se um

manual introdutório para o estudo doutrinário.

É nossa intenção, se a Providência Divina fornecer o tempo e a facilidade, ampliar esta

obra introdutória em uma obra muito maior que fará uso de notas, estudos e citações de

vários autores exegéticos, históricos e teológicos.

Que esta obra elementar possa provar, na bondosa providência de Deus, ser aceitável e

útil entre nosso povo Batista.

W. R. Downing

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CONTEÚDO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................. .11 As Escrituras .................................................................................................................. 11

O Termo “Catequizar” ................................................................................................... 11 C. H. Spurgeon sobre Catequizar ....................................................................................12 O Uso Prático de um Catecismo .................................................................................... 12 Algumas Objeções Contra o Catecismo Respondidas ....................................................13 Perguntas e Respostas acerca do Uso de um Catecismo.................................................13 PARTE I: O CRENTE E SEU DEUS .......................................................................... .21 Questão 1: Qual é a única verdade inspirada, infalível e inerrante para o homem? ....... 21 Questão 2: Qual é a principal finalidade do homem? ................................................... 23 Questão 3: Qual é o único grande Objeto de nosso conhecimento, adoração e gozo? ... 24 Questão 4: Como Nós podemos conhecer Deus? .......................................................... 26 Questão 5: Quais são os dois tipos de revelação Divina que Deus nos deu para

que possamos conhecê-lo?...........................................................................27 Questão 6: Qual é a importância das Escrituras?............................................................28 PARTE II: AS ESCRITURAS COMO A PALAVRA DE DEUS ...............................3 O Questão 7: O que é a Bíblia? ......................................................................................... 30 Questão 8: Quais são os termos importantes acerca da Bíblia como A Palavra

escrita de Deus? .......................................................... .........................31 Questão 9: O que se entende por “inspiração” da Escritura?.....................................31 Questão 10: O que se entende por “autoridade” da Escritura? ..................................... 33 Questão 11: O que se entende por “infalibilidade” da Escritura?................................. 35 Questão 12: O que se entende por “inerrância” da Escritura?...................................... 36 Questão 13: O que se entende por “suficiência” da Escritura? .................................... 36 Questão 14: O que se entende por “canonicidade” da Escritura? ................................. 37 Questão 15: O que se entende por “iluminação”? ......................................................... 39 Questão 16: Em qual forma Deus nos deu sua Palavra? ...............................................40

Questão 17: Qual é a mensagem central da Bíblia? ...................................................... 41 Questão 18: Por que o estudo das Escrituras é vital para cada crente? ........................ 43 Questão 19: O que Deus exige de cada crente em sua Palavra ...................................... 44 PARTE III: A NATUREZA, O PROPÓSITO E O CARÁTER DE DEUS ..................46 Questão 20: O que nós podemos conhecer acerca de Deus a partir de sua Palavra? ....... 46

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Questão 21: Quais são os nomes de Deus?.............................................................. ...... 48 Questão 22: Quais são os atributos de Deus? ................................................................. 49 Questão 23: O que as Escrituras ensinam a respeito da natureza da Divindade? ........... 49 Questão 24: Quem é Deus o Pai? .................................................................................... 53 Questão 25: Quem é o Senhor Jesus Cristo? .........................................................................53 Questão 26: Quem é o Espírito Santo? ............................................................................57 Questão 27: O que as Escrituras ensinam a respeito do propósito de Deus? ................... 58 Questão 28: O que as Escrituras ensinam a respeito do caráter moral de Deus? ............. 61 Questão 29: O que as Escrituras ensinam a respeito da bondade amorosa de Deus? ...... 62 PARTE IV: AS OBRAS DA CRIAÇÃO E DA PROVIDÊNCIA DE DEUS ................. 63 Questão 30: O que vem a ser a obra da criação? .............................................................. 63 Questão 31: Como Deus criou o homem? ...................................................................... 67 Questão 32: De acordo com as Escrituras, por que Deus criou o homem? ...................... 68 Questão 33: As Escrituras ensinam que Deus criou o homem em um estado de

inocência ou de justiça original?................................................................69 Questão 34: O que as Escrituras ensinam a respeito da relação de Adão e o resto

da raça humana? .........................................................................................70 Questão 35: Quais são as obras da Providência de Deus? ..............................................71

PARTE V: O PECADO E A LEI ............................................................................. .. 72 Questão 36: De acordo com as Escrituras, o que vem a ser o pecado?...........................73 Questão 37: Qual foi o pecado de Adão? ....................................................................... 75 Questão 38: Quais foram os resultados do pecado de Adão?..........................................76 Questão 39: Qualquer ser humano, por seus próprios esforços, pode merecer ou

ganhar aceitação diante de Deus?...............................................................77 Questão 40: O que Deus tem dado ao homem para dissuadi-lo de tentar salvar a si

mesmo por seus próprios esforços e obras?.....................................................................78 Questão 41: A Lei foi ab-rogada pela obra redentora do Senhor Jesus Cristo? .............80 Questão 42: Qual é a relação entre a Lei e o Evangelho? ................................................84 Questão 43: Qual é a essência dos Dez Mandamentos?...................................................85 Questão 44: Qual é o Primeiro Mandamento? ................................................................86 Questão 45: Qual é o significado do Primeiro Mandamento? ..........................................86 Questão 46: Qual é o Segundo Mandamento? .................................................................88 Questão 47: Qual é o significado do Segundo Mandamento? ..........................................88 Questão 48: Qual é o Terceiro Mandamento? .................................................................90

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Questão 49: Qual é o significado do Terceiro Mandamento? ..........................................90 Questão 50: Qual é o Quarto Mandamento?....................................................................92 Questão 51: Qual é o significado do Quarto Mandamento? ............................................. 92 Questão 52: Qual é o Quinto Mandamento? ................................................................. 95 Questão 53: Qual é o significado do Quinto Mandamento? ........................................... 95 Questão 54: Qual é o Sexto Mandamento? .................................................................... 97 Questão 55: Qual é o significado do Sexto Mandamento? ............................................. 97 Questão 56: Qual é o Sétimo Mandamento? .................................................................100 Questão 57: Qual é o significado do Sétimo Mandamento? ..........................................100 Questão 58: Qual é o Oitavo Mandamento? ..................................................................102 Questão 59: Qual é o significado do Oitavo Mandamento? ...........................................102 Questão 60: Qual é o Nono Mandamento?.....................................................................105 Questão 61: Qual é o significado do Nono Mandamento? ............................................105 Questão 62: Qual é o Décimo Mandamento? ................................................................107 Questão 63: Qual é o significado do Décimo Mandamento? .........................................107 PARTE VI: O PROPÓSITO REDENTOR E REMIDOR ............................................109 Questão 64: Deus deixou toda a humanidade perecer debaixo de condenação

em um estado de pecado e miséria? .........................................................109 Questão 65: O que é a redenção? ...................................................................................111 Questão 66: O que vem a ser o “Pacto da Graça”?........................................................113 Questão 67: Quem são as Pessoas Divinas envolvidas no Pacto da Graça, e quais

são as respectivas obras delas?...............................................................115 Questão 68: O que vem a ser a Divina eleição?.............................................................116 Questão 69: O que vem a ser a predestinação Divina no contexto da redenção?......119 Questão 70: Quem é o Redentor dos eleitos de Deus? ..................................................120 Questão 71: Como o Senhor Jesus Cristo tornou-se o Redentor dos eleitos de

Deus?...............................................................................................................122 Questão 72: Quais os ofícios o Senhor Jesus Cristo executa como nosso Redentor?....124 Questão 73: Como o Senhor Jesus Cristo executa o ofício de um profeta? .................125 Questão 74: Como o Senhor Jesus Cristo executa o ofício de um sacerdote? .............127 Questão 75: Como o Senhor Jesus Cristo executa o ofício de um rei ..........................128

Questão 76: Como nós somos feitos participantes da redenção realizada

pelo Senhor Jesus Cristo? .........................................................................130 Questão 77: Como o Espírito Santo aplica sobre nós a Redenção comprada

por Cristo?................................................................................................................132

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PARTE VII: SALVAÇÃO E EXPERIÊNCIA CRISTÃ …................……................136 Questão 78: O que vem a ser o ministério da graça Divina na salvação e

experiência do crente? ............................................................................................................................137 Questão 79: Por que é vital considerar tanto os aspectos objetivos ou eternos, como

os subjetivos ou temporais e os experimentais da salvação? ....................140 Questão 80: Qual é a confiança, segurança e encorajamento do crente nesta vida

presente em sua experiência pessoal?............................................................................142 Questão 81: O que vem a ser o chamado eficaz? ...........................................................144 Questão 82: De quais benefícios aqueles que são chamados eficazmente participam

nesta vida?..............................................................................................................................................147 Questão 83: A regeneração o que é?..............................................................................149 Questão 84: Qual é o exato ministério do Espírito Santo no pecador antes da

conversão, na mesma pessoa no ato da conversão, e como crente

depois da conversão?.................................................................................153 Questão 85: O que vem a ser convicção salvadora do pecado? .....................................159 Questão 86: O que é conversão? ...................................................................................161 Questão 87: Qual é a relação necessária entre a regeneração e a conversão? ................163 Questão 88: Qual é a diferença entre a conversão Bíblica e o moderno

“decisionismo”?....................................................................................................164 Questão 89: O que vem a ser fé salvífica ou evangélica? ..............................................167 Questão 90: O que vem a ser arrependimento salvífico ou evangélico para a vida? ......170 Questão 91: Qual é a relação lógica e cronológica entre a fé e o arrependimento? .......172 Questão 92: O que é justificação?................................................................................. 172 Questão 93: O que é adoção?........................................................................................ 177 Questão 94: O que é santificação? ............................................................................... 179

Questão 95: Quais são os três aspectos necessários da santificação? ...........................183 Questão 96: Quais são os dois aspectos da santificação progressiva ou prática? ..........187 Questão 97: O que é oração?......................................................................................... 193 Questão 98: Qual é o significado da oração na vida e experiência do crente? ...............197 Questão 99: Qual regra Deus nos tem dado para nossa direção na oração? ...................199 Questão 100: O que o prefácio da Oração Modelo nos ensina? ....................................201 Questão 101: O que a primeira petição da Oração Modelo nos ensina? .......................202 Questão 102: O que a segunda petição da Oração Modelo nos ensina? ........................203 Questão 103: O que a terceira petição da Oração Modelo nos ensina? .........................204 Questão 104: O que a quarta petição da Oração Modelo nos ensina? ...........................206

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Questão 105: O que a quinta petição da Oração Modelo nos ensina? ...........................207 Questão 106: O que a sexta petição da Oração Modelo nos ensina?..............................208 Questão 107: O que a conclusão e a doxologia da Oração Modelo nos ensina?............209 Questão 108: Existem falsos Cristãos assim como verdadeiros Cristãos? ..................210 Questão 109: Como alguém conhece a diferença entre o “Cristão meramente

professo” e o verdadeiro Cristão? ......................................................... 211 Questão 110: Qual é a segurança da fé? ........................................................................213 Questão 111: Existe uma segurança defeituosa incompleta da fé assim como uma

segurança da fé verdadeira e escriturística? ........................................... 214 Questão 112: Quais são os aspectos bíblicos da segurança da fé? .................................215

Questão 113: Do que o crente é salvo ou entregue? ......................................................220 Questão 114:Qual é a relação do crente com o pecado? ...............................................221 Questão 115: Se o crente é eficazmente trazido a uma união com Cristo, com tudo que tal união implica, por que e como ele ainda peca? ...........................223 Questão 116: O crente pode obter a vitória sobre qualquer pecado conhecido? ..........226 Questão 117: Como o crente deve lidar com o pecado em sua vida? .......................... 227 Questão 118: O que se entende por “liberdade Cristã”?.................................................228 Questão 119: Os crentes verdadeiros, devido às suas imperfeições, tentações e pecados que os atingem, podem cair do estado da graça? .......................229 Questão 120: O que vem a ser uma cosmovisão? ..............................................................231 Questão 121: O que vem a ser uma cosmovisão Bíblica ou Teísta Cristã ? ..................233 Questão 122: Como a cosmovisão do crente difere daquela do não crente? ...............234 Questão 123: Por que uma cosmovisão bíblica é necessária para uma

cristandade consistente? ......................................................................... 235 Questão 124: Qual é o padrão moral para a vida do crente? ..........................................236 Questão 125: O que Deus tem infalivelmente ordenado como o objetivo espiritual

comum para todos os crentes sem exceção?...........................................239 Questão 126: Quais são os meios privados da graça que Deus tem ordenado para o bem-estar espiritual, crescimento e maturidade dos crentes? .................. 241 Questão 127: Quais são os meios públicos da graça que Deus tem ordenado para o

bem-estar spiritual, crescimento, e maturidade dos crentes?....................243 Questão 128: O crente, como filho de Deus e cidadão de seu reino celeste,

está isento dos problemas e males comuns ao homem? ........................244 Questão 129: O crente, ainda sujeito aos males, problemas e tristezas comuns ao homem, pode, contudo esperar por encontrar contentamento, cumprimento, e gozo nesta vida presente? ............................................247

Questão 130: Quem são os principais inimigos do crente nesta vida? .........................249

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Questão 131: Quem é o grande adversário do crente?....................................................251 Questão 132: Qual é o conforto do crente durante toda a vida, em seu leito de

morte, e na sua hora da morte? .............................................................. 252 Questão 133: Todos os crentes morrem com segurança total, conforto e

gloriosa expectação da glória? ............................................................. 254 VIII: EVANGELISMO E O MINISTÉRIO DO EVANGELHO ................................255 Questão 134: O que é o Evangelho? ............................................................................. 255 Questão 135: O que é Evangelismo?..............................................................................262 Questão 136: O que vem a ser Apologética................................................................... 263 Questão 137: Quais são as responsabilidades evangelísticas e apologéticas

incumbidas a todo crente?............................................................................................... 266 Questão 138: O que vem a ser a pregação?....................................................................267 Questão 139: O que se entende por “livre oferta do evangelho”? ................................269 Questão 140: Qual é a relação do chamado eficaz e a regeneração para com

a pregação do evangelho? ......................................................................270 Questão 141: Todo crente é chamado para o serviço Cristão? .....................................272 Questão 142: Quem deve se dedicar ao ministério público da Palavra? ........................273 Questão 143: O que é um reavivamento ou tornar despertado espiritualmente? ...........275 Questão 144: Os reavivamentos religiosos devem ser esperados nesta era

moderna da história da igreja?.................................................................279 Questão 145: Quais são os dois precursores bíblicos e históricos do reavivamento

espiritual e de um estado despertado?................................................. 284 IX: A IGREJA E AS ORDENANÇAS ………....................................................... ......285 Questão 146: O que significa a palavra “igreja”? ..........................................................286 Questão 147: O que vem a ser uma igreja Neotestamentária ou uma

igreja evangélica? ..................................................................................287 Questão 148: Qual é a distinção entre a igreja e o reino? ..............................................289 Questão 149: As igrejas Neotestamentárias sempre existiram desde o ministério terreno de nosso Senhor até o presente dia? .........................................291

Questão 150: Quem é o fundamento da igreja Neotestamentária? ................................293 Questão 151: Qual é o propósito de uma igreja Neotestamentária? ..............................294 Questão 152: Qual é o poder de uma igreja Neotestamentária? ................................... 295 Questão 153: Qual forma de governo eclesiástico é achada como sendo o mais

próximo dos ensinamentos do Novo Testamento? ............................... 297 Questão 154: Quais são os ofícios em uma igreja Neotestamentária? ..........................298 Questão 155: Quais são as duas ordenanças de uma igreja Neotestamentária? .............299

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Questão 156: O que vem a ser o batismo?.....................................................................300 Questão 157: Qual é o modo escriturístico e quem são os sujeitos apropriados

para o batismo? ......................................................................................301 Questão 158: Os filhos dos crentes professos devem ser batizados? ...........................304 Questão 159: O que vem a ser a Ceia do Senhor?..........................................................305 Questão 160: Quais são os elementos apropriados para serem usados na observância da Ceia do Senhor? ........................................................... 306 Questão 161: Todos os Cristãos devem comungar juntos na Ceia do Senhor? ............308 Questão 162: Quem deve participar da Ceia do Senhor? ..............................................310 Questão 163: O que é disciplina da igreja? ...................................................................311 Questão 164: Qual deve ser a principal marca distintiva dos verdadeiros

Cristãos em sua relação com os outros? ..........................................................315 X: AS ÚLTIMAS COISAS .......................................................................................316 Questão 165: Quais são as várias “mortes” descritas na Escritura? .............................317 Questão 166: O que é a morte física?.............................................................................319 Questão 167: Por que os crentes morrem?.....................................................................320 Questão 168: O que vem a ser o estado intermediário?..................................................322

Questão 169: O que vem a ser a ressurreição dos justos? ..............................................324 Questão 170: Quais são as três maiores visões acerca do milênio? ..............................326 Questão 171: O que vem a ser a ressurreição para julgamento? ....................................329 Questão 172: O que a Escritura ensina acerca do estado eterno? ...................................331

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INTRODUÇÃO

As Escrituras

“Tão-somente guarda-te a ti mesmo, e guarda bem a tua alma, que não te esqueças

daquelas coisas que os teus olhos têm visto, e não se apartem do teu coração todos os

dias da tua vida; e farás saber a teus filhos, e aos filhos de teus filhos…quando o

SENHOR me disse…os farei ouvir as minhas palavras, e aprendê-las-ão, para me

temerem todos os dias que na terra viverem, e as ensinarão a seus filhos.” Deuteronômio

4:9–10.

“E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos

e delas falarás assentados em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e

levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os

teus olhos. E escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.” Deuteronômio

6:4–9.

“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir,

para corrigir, para instruir em justice; para que o homem de Deus seja perfeito, e

perfeitamente instruído para toda boa obra.” 2 Timóteo 3:16–17.

“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,

que maneja bem a palavra da verdade.” 2 Timóteo 2:15

“…Pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação

do Senhor.” Efésios 6:4.

O Termo "Catequizar"

A palavra Portuguesa "catecismo" é derivada do verbo Grego katēchēo, "entoar em voz

alta, ensinar oralmente, instruir pela boca." Este termo tinha originalmente a ideia de

"falar para baixo ou por cima," ou seja, de atores num palco elevado. É um composto da

preposição kata, "para baixo, por toda parte, completamente" e do verbo ēchēo, "soar,"

a fonte da nossa palavra em Português, "eco." Parece haver nesta etimologia a ideia de

uma resposta responsiva. Catequese tem a conotação de instrução oral completa ou

repetida, e é apenas um dos vários termos relacionados para instrução ou ensino

encontrado nas Escrituras. O termo em si ocorre oito vezes no Novo Testamento (duas

vezes como "informado" em Atos 21:21,24, referindo-se à informação boca-a-boca):

“Para que conheças a certeza das coisas de que já estás catequizado.” Lucas 1:4.

“Este era constantemente catequizado no caminho do Senhor, e fervoroso de espírito,

falava e ensinava diligentemente as coisas do Senhor…” Atos 18:25.

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“E sabes a sua vontade e aprovas as coisas excelentes, sendo constantemente

catequizado por lei...” Romanos 2:18.

“Todavia eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para

que possa catequizar os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida.” 1

Coríntios 14:19.

“E o que é catequizado na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o

instrui.” Gálatas 6.6.

C. H. Spurgeon sobre Catequizar

(Da introdução de seu próprio Catecismo Batista)

Em matéria de doutrina você encontrará congregações ortodoxas habitualmente

mudadas para heterodoxia no decorrer de trinta ou quarenta anos, e isto acontece

porque, frequentemente, não tem havido a catequese das crianças nas doutrinas

essenciais do Evangelho. Da minha parte, estou cada vez mais convencido que o estudo

de um bom catecismo escriturístico é de valor infinito para os nossos filhos... Mesmo

que os jovens não entendam todas as perguntas e respostas... contudo, permanecendo

em suas memórias, elas serão de infinito valor quando o tempo do entendimento chegar,

por ter conhecido estas mui excelentes, sábias e judiciosas definições das coisas de

Deus... Vai ser uma bênção para eles — a maior de todas as bênçãos... uma bênção na

vida e na morte, no tempo e na eternidade, a melhor das bênçãos que Deus pode dar...

estou convencido que o uso de um bom catecismo em todas as nossas famílias será uma

grande proteção contra os crescentes erros dos tempos e, portanto, eu compilei este

pequeno manual... para o uso de minha própria igreja e congregação. Aqueles que o

usam em suas famílias ou classes devem trabalhar para explicar o sentido para os

menores; mas as palavras devem ser cuidadosamente aprendidas de coração, pois elas

serão entendidas melhor quando a criança avançar em idade.

O Uso Prático de um Catecismo

O uso prático deste catecismo pode ser sumarizado nas seguintes considerações:

1. A Catequese é uma prática escriturística. É ensinada tanto no Velho como

no Novo Testamento tanto por preceito como por exemplo .

2. Muitos podem ter um conhecimento geral da Bíblia, porém uma grande falta na

capacidade de raciocinar a partir das Escrituras de uma forma doutrinariamente

consistente. Nós devemos conhecer a Bíblia doutrinariamente e devemos conhecer

nossa doutrina bíblicamente. A menos que cheguemos a um conhecimento

doutrinário consistente das Escrituras, o nosso conhecimento da Palavra de Deus é

tanto deficiente quanto defeituoso. O uso de um catecismo leva alguém a pensar

tanto biblicamente como doutrinariamente. É uma introdução muito básica e

necessária para a doutrina Bíblica e para a teologia elementar.

3. Este é um catecismo com comentário. Tal trabalho se destina a educar toda a

família. Os comentários são destinados para os pais e alunos mais velhos como um

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meio de educarem a si mesmos na doutrina básica da Bíblia. As notas são destinadas

a servir de base para a instrução da família e discussão da verdade bíblica.

4. As perguntas e respostas são seguidas por um ou mais textos-prova, e devem ser

memorizados com a pergunta e sua resposta.

5. Quanto à metodologia, é sugerido que os pais instruam seus filhos nas perguntas,

respostas e textos-prova e, então discuta os assuntos envolvidos. Os filhos menores

podem ser capazes apenas de memorizar as perguntas e respostas, enquanto os filhos

mais velhos serão capazes de memorizar uma ou mais referências escriturísticas.

Aqueles que são mais velhos também podem começar a assimilar os assuntos

envolvidos.

Algumas Objeções Contra o Catecismo Respondidas

PRIMEIRA OBJEÇÃO: Por que, como Batistas, usar um catecismo? Os catecismos

não pertencem apenas aos Romanistas, Luteranos ou Cristãos Reformados? Nós temos

apenas um credo: a Bíblia! Nós não colocaremos e não podemos colocar qualquer

literatura no mesmo patamar com as Escrituras, ou adicionar à Palavra de Deus de

forma alguma.

RESPOSTA:

1. A Catequese ou a instrução oral repetitiva é escriturística. Ela foi dada por

ordem divina no Velho Testamento e é ratificada no Novo Testamento pelo

exemplo inspirado Apostólico.

2. Esta não é uma questão de acrescentar algo às Escrituras, mas sim o uso de

uma ajuda necessária para uma compreensão abrangente do seu ensino

doutrinário. Deus nos criou racionais, seres moralmente responsáveis, criados à

sua imagem e semelhança. Fomos criados tanto com capacidade como com

necessidade de organizar. Uma abordagem ordenada ou sistemática à verdade

divina é uma necessidade, como pode ser visto na existência necessária de

doutrina e teologia. Infelizmente, muitos que se opõem ao uso de um catecismo

se voltam para o uso muito questionável de outros materiais de ensino religioso

que são doutrinariamente superficiais ou doentios.

3. A catequese é uma abordagem elementar organizada para a verdade da Palavra

de Deus. É uma introdução primária ao ensino doutrinário das Escrituras.

4. Há uma grande necessidade que todos os crentes têm pelo menos de dois

tipos de conhecimento sobre a verdade de Deus: Primeiro, cada jovem deve

ter pelo menos um conhecimento geral das Escrituras. O que muitos chamam de

"Histórias Bíblicas" dá à criança mais jovem um conhecimento geral da Bíblia,

seu formato histórico, os princípios básicos da história redentora e algum

conhecimento sobre os vários livros da Bíblia e seus personagens principais.

Segundo, todo jovem deve ser ensinado a compreender, pensar e raciocinar

doutrinariamente a partir das Escrituras. Durante séculos, este tem sido o

propósito de um catecismo doutrinariamente sadio. A catequese cessou entre

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nossos antepassados Batistas quando eles não mais enfatizaram seus distintivos

doutrinários e Confissões de Fé. Nas escolas dominicais os catecismos foram

substituídos pelas revistas "trimestrais" que tem provado, acreditamos nós, ser

vastamente inferior.

5. Os Batistas usaram catecismos extensivamente e com muito proveito

espiritual até o século passado. Esta objeção por si mesma demonstra o

triste desvio de alguns Batistas de seus próprios distintivos e práticas

doutrinários, e a ignorância de alguns Batistas modernos sobre a sua própria

história e herança espiritual. A seguir estão alguns dos catecismos mais

conhecidos, escritos e usados pelos Batistas:

o Henry Jessey, Batista Particular, Um Catecismo para Crianças, ou para

os Pequeninos, 1652.

o Hercules Collins, Batista Particular, O Catecismo Ortodoxo (adaptado

do Catecismo Heidelberg), 1680.

o Thomas Grantham, Batista Geral, Catecismo do São Paulo (baseado

nos seis princípios dos Hebreus 6), 1687.

o Benjamin Keach e William Collins, O Catecismo Batista, 1693.

o A Associação Batista Filadélfia de Batistas Particulares publicou um

catecismo anexo à sua Confissão de Fé Filadélfia, 1742.

o William Gadsby, Evangelho Padrão Batista, publicou um catecismo

intitulado As Coisas Certamente Mais Cridas Entre Nós, 1809.

o C. H. Spurgeon publ icou Um Catecismo Batista (compilado a partir

do Breve Catecismo de Westminster e Catecismo Batista de Keach),

1855.

o A D i r e t o r i a d a E s c o l a D o m i n i c a l d a C o n v e n ç ã o

B a t i s t a d o S u l publicou dois catecismos: o primeiro de J. P.

Boyce, Um Breve Catecismo da Doutrina Bíblica (1864) e o segundo de

John A. Broadus (1892). A última obra foi publicada em conjunto por

ambas as Convenções Batista do Sul e a Sociedade de Publicação Batista

Americana.

SEGUNDA OBJEÇÃO: Os catecismos não introduzem o erro no pensamento de

muitos?

RESPOSTA:

1. Isto pode ser verdade, mas a culpa não está no uso de um catecismo, por si só,

mas em pressuposições não escriturísticas e às tradições religiosas, que foram

sobrepostas sobre a Palavra de Deus.

2. Um catecismo é verdadeiro e útil apenas quando ele comunicar com precisão a

verdade das Escrituras.

3. Idealmente, evangelismo através de catequese leva a uma profissão de fé

confiável.

4. Um catecismo deve ser um conservante da verdade e não uma introdução ao

erro. Um catecismo é dado apenas como bom, verdadeiro ou preciso quanto às

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pressuposições doutrinárias e teológicas de seu (s) autor (es). Como a própria

Palavra de Deus em si deve ser abordada com pressuposições consistentes,

como toda literatura religiosa, inclusive um catecismo.

TERCEIRA OBJEÇÃO: Há um grande perigo em se desviar da linguagem bíblica,

tanto na redação quanto na forma.

RESPOSTA:

1. Há sempre um perigo em desviar-se das Escrituras, tanto da doutrina e da

prática. Isto é verdade em qualquer tipo de pregação ou ensino.

2. A melhor prevenção contra tal desvio tem sido o uso conciso, declarações

compreensivas que afirmam precisa e consistentemente a verdade dos Credos,

Confissões e Catecismos Escriturários - se eles forem doutrinariamente sadios

e refletirem com precisão o ensinamento das Escrituras.

3. Há uma necessidade de proposições e resumos concisos e consistentes

doutrinários ou teológicos. A palavra "modelo" em 2 Timóteo 1:13 refere-se a

um esboço distinto ou resumo da verdade Divina. Uma dada proposição ou

declaração teológica é necessariamente mais concisa do que qualquer versículo

da Bíblia porque, se verdadeira ou fiel e coerente com a Palavra de Deus, é

baseada na analogia da fé [o ensino total, auto-consistente da Palavra de Deus,

uma vez que incide sobre qualquer aspecto dado da verdade Divina], e não

sobre um ou mesmo vários textos-prova.

QUARTA OBJEÇÃO É muito perigoso ensinar jovens e crianças não convertidos a

dar respostas bíblicas ou corretas á questões doutrinárias.

RESPOSTA:

1. Esta objeção é baseada numa preocupação grande e legítima pelas almas das

crianças que podem tornar-se Cristãos meramente professos pela simples

memorização e recitação da verdade sem uma operação interior da graça

salvadora.

2. Esta objeção pode ser igualmente trazida contra os jovens, crianças não

convertidas tendo lido ou memorizado a Escritura, aprendido a orar ou

assentado num ministério educacional de pregação consistente.

3. Cada avenida legítima para a comunicação da verdade Divina deve ser

usada para convicção, conversão, edificação e maturidade espiritual de

nós mesmos e nossas famílias. Isto inclui todos os meios da graça, tanto

públicos como privados — leitura e oração pessoal e familiar, adoração

coletiva, o ministério público da Palavra, comunhão santificada com o povo de

Deus e a leitura de literaturas religiosas sadias.

4. O instrumento primário depois das Escrituras deveria ser o uso de um

catecismo sadio. Isto é para manter os princípios de instrução Divinamente

ordenados na Escritura. Um catecismo é destinado a suplementar e reforçar, e

não para substituir a primazia da Palavra de Deus.

QUINTA OBJEÇÃO: O uso de um catecismo promove a prática perigosa de

desenvolver mentalmente um “texto-prova”, isto é, o perigo de basear um sistema

doutrinário em algumas passagens comparativamente selecionadas da Escritura, um

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método usado por várias seitas? e outros que sempre produz tanto um mau

entendimento como uma má interpretação da Escritura.

RESPOSTA:

1. Esta objeção é baseada em parte na falácia que a Palavra de Deus deve declarar

uma dada doutrina repetidamente como sendo verdade. Uma vez é suficiente,

embora nenhuma verdade bíblica esteja apenas num texto isolado. A

necessidade de repetição de qualquer aspecto dado da verdade Divina para

estabelecer sua validade revela uma visão muito deficiente tanto de Deus

como da Escritura. Cada declaração da Escritura é verdadeira e verdade.

2. A verdade da Escritura existe como um todo compreensivo, consistente,

unificado. Enquanto que o catecismo pode dar apenas uma declaração ou duas para

verificar o ensino doutrinário da Escritura, se estas declarações forem claras e

consistentes com a “analogia da fé”, elas formam uma base escriturística para a

fé de alguém. Muitas vezes no testemunho evangelístico ou no rigoroso

exercício de apologética evangelística, uma clara declaração sadia da

Escritura pode ser o único firme ou possível fundamento para discussão.

3. É quase impossível que qualquer catecismo possa ou deva existir sem uma

determinada quantidade de explicação ou a necessidade de um estudo mais

aprofundado. As perguntas, respostas e textos-prova do catecismo fornecem uma

introdução ao ensino doutrinário da Escritura, não a palavra final e exaustiva. As

perguntas e respostas despertam necessariamente a curiosidade da criança ou do

novo convertido e pedem por explicação adicional e discussão.

Perguntas e Respostas

Acerca do Uso de um Catecismo

As seguintes perguntas e respostas servirão para analisar e resumir os assuntos

envolvidos, e impor a grande necessidade para o uso consistente de um catecismo sadio.

1ª PERGUNTA – Por que usar um Catecismo?

RESPOSTA - Existem várias razões pelas quais as igrejas, famílias e indivíduos devem

fazer um bom uso de um catecismo adequado:

1. O uso de um catecismo é escriturístico em princípio e é baseado no

mandamento Divino para a instrução bíblica no Velho Testamento e também o

exemplo inspirado do Novo Testamento (Deuteronômio 4:9-10; 6:4-9; Lucas

1:4; Gálatas 6:6, Efésios 6:1-4). O formato de perguntas e respostas dos

catecismos modernos é incidental ao princípio escriturístico que permeia a

catequese, que evidentemente consistia de instrução oral repetitiva,

compromisso com a memória e uma resposta oral.

2. Toda pessoa precisa de dois tipos de conhecimento bíblico: primeiro, toda

pessoa deveria ter pelo menos um conhecimento geral da Bíblia, seu

formato histórico, os princípios básicos da história redentora e algum

conhecimento acerca dos vários livros da Bíblia, as circunstâncias históricas

da escrita deles e seus principais personagens. Segundo, toda pessoa deveria ser

ensinada a compreender, pensar e raciocinar doutrinariamente a partir das

Escrituras. Desde os tempos Bíblicos, este tem sido o propósito de um

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catecismo doutrinariamente sadio. Estes dois tipos de conhecimento, bíblico e

doutrinário, necessariamente se complementam. A verdade doutrinária é a

mensagem da Bíblia, a verdadeira "alma" da Escritura.

3. O uso de um catecismo é o método mais conciso e melhor para incutir a

verdade Divina na mente e no coração e imprimi-la na memória.

4. Os catecismos podem ser escritos (e têm sido escritos), de tal forma a serem

adequados e apropriados para qualquer idade ou nível de desenvolvimento

espiritual.

o As criancinhas podem pelo menos aprender as perguntas e respostas de

um catecismo muito simples, e muitas vezes começam a memorizar pelo

menos um versículo da Escritura em cada conjunto. Muito deve ser feito

quando a mente é jovem, propensa a aprender e absorver, e em grande

parte desocupada das questões da vida.

o As crianças mais velhas e os novos convertidos podem lucrar muito com

os catecismos, que, necessariamente, e, naturalmente, exigem explicação

e discussão.

o O processo real de catequese pressupõe que aqueles que catequizam os

outros tenham um fundamento suficiente e maturidade na verdade para

explicar a partir das Escrituras as verdades declaradas no catecismo.

2ª PERGUNTA – Quais são os requerimentos necessários para um catecismo?

RESPOSTA – Os requerimentos necessários ou essenciais para um catecismo sadio

são pelo menos quatro em número:

1. O catecismo deve ser completamente escriturístico na formulação de suas

respostas.

2. Os textos-prova devem ensinar claramente a verdade referente à pergunta e a

resposta dada. As pressuposições doutrinárias do catecismo devem ser sadias.

3. As perguntas e respostas devem ser adequadas, ou seja, de tal natureza que elas

não estejam nem muito envolvidas nem sejam complexas para serem

memorizadas nem simples demais para serem úteis àqueles que são mais

velhos.

4. Alguns catecismos são mais adequados para crianças pequenas, outros são

mais adequados para crianças mais velhas e adultos. Algumas perguntas

exigem respostas estendidas para transmitir adequadamente a verdade.

Algumas das respostas neste catecismo são necessariamente longas.

3ª PERGUNTA – Qual é o propósito de um catecismo?

RESPOSTA – O propósito para o uso de um catecismo é pelo menos nônuplo:

1. Instruir no essencial da fé Cristã. O assunto é a verdade, a verdade Divina!

Nós devemos fazer tudo o que pudermos para imprimir esta verdade na

mente e no coração tanto dos salvos quanto dos não salvos, e especialmente

dos nossos filhos. Existem duas questões: primeiro, toda criança e todo novo

convertido deve ser instruído nos fundamentos ou essências da fé Cristã, tanto

quanto possível (3 João 4). Segundo, todo Cristão deve procurar tornar-se

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tanto um estudante da Bíblia como um teólogo (2 Timóteo 3.16-17; Hebreus

5:11-14; 2 Pedro 3:18).

2. Para imprimir a verdade Divina no coração e na mente. A concisão do

catecismo como uma série de declarações doutrinais claras derivadas da

Escritura, é calculada para incutir a verdade no processo de pensamento e

imprimi-la na mente e no coração. A menos que a verdade doutrinária seja

cuidadosa e escrituristicamente contemplada, ela nunca será verdadeira e

plenamente compreendida, devidamente abraçada ou ter a prática

implementada na vida (Salmos 119:11).

3. Para evangelizar os não convertidos. Os pais Cristãos catequizando os seus

filhos é o melhor meio de evangelizá-los verdadeiramente de uma forma

consistente e equilibrada. As mentes deles têm que lidar com a verdade e as

consciências deles podem ser sondadas no contexto de todo o conselho de

Deus. Nos anos posteriores a verdade pode ser aplicada à consciência através

da lembrança de tal instrução (Efésios 6:1-4; 2 Timóteo 3:15).

4. Para preparar para o ministério público da Palavra. A p r e g a ç ã o

p ú b l i c a d a P a l a v r a d e D e u s d e v e a b o r d a r u m a s é r i e d e

a s s u n t o s : a v e r d a d e d o E v a n g e l h o , uma cosmovisão Cristã,

toda a gama de doutrina Cristã e sua aplicação à vida da igreja e do indivíduo,

a família cristã, a relação do Cristão com a sociedade não regenerada em que

vive e as variedades da experiência cristã. Catequizar necessariamente prepara

os pais, as crianças e jovens convertidos para o ministério da Palavra por

incutir neles uma consciência de Deus, permitindo-lhes começar a pensar de

forma consistente a partir das Escrituras, dando-lhes uma compreensão básica

das verdades escriturísticas e doutrinárias, e familiarizando-os com

terminologia doutrinária e teológica (2 Timóteo 1:13; 2:2)

5. Para atuar como uma prevenção do erro e da heresia. A melhor prevenção

contra o erro e a heresia é a Palavra de Deus certamente [correta ou

consistentemente] compreendida. O catecismo é uma declaração concisa e

exata da Palavra de Deus em sua expressão doutrinária (Efésios 4:11-16; 2

Timóteo 4:1-5; 2 Pedro 3:16-18).

6. Para atuar como uma prevenção da decadência espiritual. O verdadeiro

conhecimento das Escrituras é, necessariamente, um conhecimento

consistente [e, portanto, não contraditória] do seu ensino doutrinário. O uso

de um catecismo como uma abordagem concisa, lógica, sistemática à verdade

divina deve refrescar a mente e o coração e acelerar o zelo de alguém. Há uma

relação necessária e imediata entre a verdade e a consciência e entre a verdade

e o zelo, se o Espírito e a graça de Deus estão presentes (Hebreus 5:10-14; 2

Pedro 3:16-18).

7. Para edificar os crentes de todas as idades e níveis de maturidade espiritual.

Todos sem exceção vão se beneficiar com o uso de um catecismo. As

criancinhas e os novos convertidos serão instruídos consistentemente na fé,

crentes maduros devem ser atualizados e vivificados pela reiteração da verdade

e os crentes idosos devem ser sustentados e animados pela verdade imutável

estabelecida pelas Escrituras.

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8. Para rever a essência da doutrina Cristã. O âmbito do seu ensino e da

concisão de suas respostas fazem de um catecismo uma fonte primária para

uma revisão de qualquer aspecto da verdade doutrinária, declarada de forma

simples, concisa e escrituística.

9. Para proporcionar uma grande e necessária ajuda em defesa da fé. A concisão

do catecismo em expressar a verdade doutrinária, e a memorização dos textos-

prova, fornecem os elementos essenciais necessários para defender a fé ou

explicá-la aos outros de forma clara e escriturística (2 Coríntios 10:3-5; 1

Pedro 3:15; Judas 3).

4ª PERGUNTA – Quanto tempo e esforço devem ser dados ao uso de um catecismo?

RESPOSTA - O tempo e o esforço gastos na utilização de um catecismo devem ser

tanto quanto ou mais do que o tempo e esforço gasto em qualquer outra disciplina.

Muito tempo pode ser dado a eventos esportivos para o desenvolvimento motor e

habilidades sociais necessárias, mas qual é o bem que estes fazem para a alma? A

catequese é tanto para o tempo presente quanto para a eternidade. Como o estudo da

matemática, história, o uso básico de ferramentas manuais ou mecânicas, e a aquisição

geral de habilidades são consideradas necessárias para a educação da criança, assim o

tempo e o esforço devem ser despendidos para instruir a mente e o coração e, assim,

alcançar a alma. Que instrução é mais importante do que a verdade Divina? Que

habilidade é mais importante e duradoura do que a de compreender o ensino doutrinário

das Escrituras?

5ª PERGUNTA – Quem deve se beneficiar do uso de um catecismo?

RESPOSTA – Qualquer pessoa deveria se beneficiar grandemente do uso de um

catecismo:

1. As criancinhas, que precisam ser instruídas nos ensinos básicos da Escritura,

para o bem de suas próprias almas e sua salvação, e prepará-las para se

sentarem sob a pregação do Evangelho de forma inteligente.

2. As crianças mais velhas e jovens adultos, que precisam conhecer a verdade da

Palavra de Deus e do caminho da salvação.

3. Os novos convertidos, que necessitam de serem confirmados na fé através da

instrução básica na verdade doutrinária.

4. Os cristãos maduros, que necessitam ter um conhecimento abrangente da

verdade a fim de viver de forma consistente e inteligente na fé e também para

instruir os outros nas coisas Divinas.

5. Os anciãos, ministros e professores, que não só devem ser firmemente

radicados na fé, mas devem ensinar e ministrar para os outros também em seus

respectivos níveis. Uma revisão de um catecismo em pontos doutrinários

essenciais deve ser uma parte essencial da preparação do sermão.

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6. Os não convertidos de qualquer e todas as idades. No catecismo eles

encontrarão a verdade escrituristicamente, de forma simples e consistentemente

explicada. Isto certamente trabalhará para a sua compreensão da pregação, e

pode trabalhar para a sua convicção de pecado e de forma inteligente fechando

com Cristo na fé salvadora.

6ª PERGUNTA - Quais são os valores de um catecismo?

RESPOSTA – Existem dois grandes valores no uso de um catecismo:

1. Um valor imediato ou primário. Isto consiste em inculcar a verdade Divina na

mente ou no coração, e através disto, na consciência e na vida. Para os

descrentes, ele fornece uma base escriturística para a verdade do Evangelho e

para a esperança de salvação. Para o salvo, ele constrói uma base escriturística

e doutrinária sólida para toda a vida.

2. Um valor final ou secundário. O catecismo a um determinado grau marcará a

pessoa para a vida, sendo salva ou não salva. A verdade uma vez comissionada

à memória encontrará a sua marca em incutir uma consciência de Deus,

despertando a consciência e proporcionando um sentido escriturístico do certo

e do errado.

Que situação diferente existiria hoje em nossas famílias e na sociedade em geral, se a

maioria tivesse sido instruída com um catecismo sadio! Um clima moral diferente

prevaleceria, um abençoado ponto de contato com a verdade do Evangelho já teria sido

implantado na mente e no coração. Hoje nós vivemos em uma sociedade abertamente

secularizada onde muitos homens e mulheres não têm nenhuma crença em Deus ou em

um conceito de verdade qualquer que seja. Nada existe em seus corações ou mentes

para evitar a sua queda em mergulho para a impiedade e imoralidade. Ao mesmo tempo

as barreiras espirituais e morais necessárias foram erguidas e executadas com o uso de

um catecismo sadio em grande parte da sociedade.

O que dizer da atual falta, ou até mesmo, do desprezo pela verdade doutrinária entre os

professos Cristãos? Um verdadeiro e completo conhecimento das Escrituras é um

conhecimento doutrinário. A menos que nós cheguemos a um conhecimento doutrinário

da Escritura, o nosso conhecimento necessariamente permanecerá num determinado

tamanho parcial, inadequado e muitas vezes bastante inconsistente. Nós devemos

conhecer a Bíblia doutrinariamente e devemos conhecer a nossa doutrina bíblicamente.

Este é o objetivo da catequese.

E o que dizer de nossas igrejas? A tendência atual em direção à mera tradição, ao

mundanismo, ao subjetivismo e o irracionalismo é em grande parte o resultado da

terrível ausência da verdade, verdade acreditada e inculcada através da pregação e do

uso de um catecismo sadio. Que diferença seria vista em nossas igrejas hoje se nossos

pais tivessem sido fiéis em catequizar esta presente geração! Numa época que questiona

toda a autoridade, desafia a veracidade da Escritura e em grande parte se recusa a ouvir

a pregação bíblica com autoridade do púlpito, um fundamento escriturístico e

doutrinário sólido é extremamente necessário. Que diferença será vista se nós mesmos

revertêssemos este triste desvio da prática escriturística e começássemos sistemática,

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amorosa e pacientemente a instruir e doutrinar esta geração! Não seria isto por si mesmo

um verdadeiro avivamento?

PARTE I

O CRENTE E O SEU DEUS

O estudo das coisas Divinas em geral é chamado de "Teologia", do Gr. Theos , "Deus", e

logos ou logia, "palavra, estudo ou doutrina." A doutrina do homem é chamada de

"Antropologia," do Gr. anthropos. Literalmente, tudo é determinado por uma doutrina de

Deus revelada através da Escritura. É de extrema importância que seja tanto escriturística

como piedosa em tal estudo.

1ª Pergunta – Qual é a única verdade inspirada, infalível e inerrante para o homem?

Resposta - A única verdade inspirada, infalível e inerrante para o homem é a Palavra

escrita de Deus, a Bíblia.

2 Timóteo 3:16-17. 16 “

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para

ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17

Para que o homem de

Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”

Mateus 4:4. ... “Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra

que sai da boca de Deus.”

Veja também: Gênesis 2:17-19 ; 3:1-12; Deuteronômio 8:3; Hebreus 1:1-3; 2

Pedro 1:20-21; 3:15-16.

COMENTÁRIO

Alguns catecismos e obras sobre teologia começam com Deus e daí a razão para as

Escrituras ser como uma revelação necessária e de Deus. Esta é uma abordagem filosófica.

Nós devemos começar com as Escrituras. Somente a Bíblia é a verdade objetiva e escrita

(2 Timóteo 3:16-17). Isto deve garantir que o nosso pensamento permanecerá

escriturístico em vez de filosófico, tanto em consistência quanto em nossa abordagem das

realidades Divinas.

A Bíblia é a nossa única regra de fé [crença, doutrina] e prática [vida]. A Escritura é a

nossa única fonte objetiva de verdade e de conhecimento, e nosso padrão para uma vida

adequada, porque é a real Palavra de Deus escrita. Veja as perguntas 7, 9 e 10. É através

das Escrituras que nós temos um verdadeiro conhecimento de Deus, de nós mesmos e do

universo ao nosso redor. Nós podemos saber muito sobre Deus através de sua criação

(Romanos 1:18-20) e do nosso próprio processo de pensamento instintivo, como fomos

criados à imagem e semelhança [revelação natural] de Deus. Mas a auto-consistência

moral de Deus [seu caráter absolutamente justo], seu amor redentor, sua graça e

misericórdia, e outras características morais necessárias só podem ser conhecidas através

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da história redentora escrita em sua Palavra [revelação especial]. Veja a Pergunta 5. É

apenas nas Escrituras que encontramos a salvação do pecado, a esperança de libertação na

obediência ativa e passiva do Senhor Jesus Cristo; a verdadeira e objetiva reconciliação

com Deus, e a certeza da esperança para o futuro. A natureza pode nos alegrar com as suas

belezas e maravilhas; nós podemos ter pensamentos elevados e sublimes em nossas

imaginações, mas somente nas Escrituras é que vamos encontrar o coração de Deus

revelado e descobrir a glória e a doçura do evangelho.

Além disso, nós devemos entender que a Queda afetou os processos de pensamento do

homem, e sua percepção das realidades espirituais é muito limitada ou distorcida pelo

pecado [os efeitos noéticos do pecado, do Gr. noeō, "perceber, entender." O processo de

pensamento moral, intelectual e julgamento do homem caído ficou aleijado pela queda.

Conferir em Romanos 1:21-25; 1 Coríntios 2:14; Efésios 4:17-19]. Veja as perguntas 37 e

38. Assim, a revelação natural [Deus revelado através de sua criação] torna-se distorcida

através de uma perspectiva caída e pecaminosa. Finalmente, a verdade que o homem

conhece através da revelação natural em qualquer medida [suficiente para mantê-lo

indesculpável], ele procura suprimir, uma vez que agrava a sua mente, convence sua

consciência e define-se contra suas pressuposições naturais e pecaminosas (Romanos 1:18-

20). Veja a pergunta 10. A Escritura não revela tudo (Deuteronômio 29:29), mas revela

suficientemente o que nós necessitamos saber: que nós somos pecadores diante de Deus,

como ter o perdão dos pecados, como se reconciliar com Deus através do Senhor Jesus

Cristo, como viver de modo aceitável perante ele nesta vida e nos preparar para a

eternidade. É apenas através das Escrituras que nós temos uma cosmovisão Teísta Cristã

consistente, uma experiência Cristã válida e uma fé transcendente, contudo prática. Veja a

Pergunta 121.

Acreditando que a Bíblia é a real Palavra de Deus escrita não algo é meramente teórico ou

abstrato. É a substância de uma fé viva que repousa na verdade da Palavra de Deus,

independentemente das circunstâncias. Tal crença não é mero fideísmo [uma fé irracional

nua]. Nossa fé é fundamentada na Palavra racional de um Deus auto-revelado e inteligente.

O testemunho do Espírito Santo autentica esta Palavra para a mente, para o coração e para a

alma do crente. Seus mandamentos, profecias, advertências e promessas são total e

infalivelmente verdadeiros. As Escrituras são, portanto, para formar a verdadeira estrutura

de nossas vidas. Veja a Pergunta 10.

Muitos podem negar o Cristianismo porque não conseguem acreditar em milagres, ou

presumir que existam inconsistências no sistema Cristão. Estes se opõem à Divindade do

Senhor Jesus Cristo, ao Nascimento Virginal, à natureza vicária da morte de nosso Senhor

ou à ressurreição, etc.. Estes são pensados como sendo irracionais, ou seja, contrários à

razão. Tais realidades nunca são a questão real. A questão primária é que Deus falou

claramente e com autoridade absoluta para o homem (Hebreus 1:1-2), e este registro foi

escrito. Esta revelação Divina em forma escrita continua com plena autoridade [o

significado de "está escrito" (Gr. gegraptai, tempo perfeito) é "Ela permanece escrita com

autoridade inalterada"]. A verdadeira questão é sempre a veracidade de Deus na e através da

Bíblia. As Escrituras são a sua Palavra, e nós somos obedientes ou desobedientes a ele e à

elas. Veja a Parte II.

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Será que as Escrituras têm seu devido lugar em nossas vidas? As nossas vidas refletem a

sua orientação e poder transformador? Será que nós amamos e obedecemos a Deus,

conforme revelado em sua Palavra?

2ª Pergunta - Qual é a principal finalidade do homem?

Resposta - A principal finalidade do homem é glorificar a Deus e desfrutar dele para

sempre.

1 Coríntios 10:31. “Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra qualquer

coisa, fazei tudo para a glória de Deus.”

Apocalipse 4:11. “ Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque

tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas.”

Veja também: 1Crônicas 29:10-14; Eclesiastes 7:29; 12:13-14 .

COMENTÁRIO

Este universo e todas as coisas e todos que estão nele existem para o bom prazer e

glória de Deus. O homem é o portador da imagem de Deus, criado como ele e para ele

(Gênesis 1:26-28). O homem foi criado originalmente justo para encontrar significado

e satisfação em servir a Deus e desfrutar de sua comunhão (Eclesiastes 7:29). Veja a

Pergunta 33. O primeiro homem, Adão, foi criado para "pensar os pensamentos de

Deus depois dele," isto é, para dar o mesmo significado a tudo o que Deus tinha dado a

ele em virtude de seu ato criativo. Veja a Pergunta 31. No contexto da criação

primitiva, não caída, nada mais poderia ser acrescentado à alegria e satisfação do

primeiro par. No entanto, em Adão a raça humana caiu da sua retidão original e tornou-

se intelectualmente incapacitada, moralmente depravada e pecaminosamente empírica

(Gênesis 3:1-8; Romanos 1:18-25; 5:12; 1 Coríntios 2:14; Efésios 4:13-17). Veja as

perguntas 34, 37 e 38. A salvação no tempo e na história humana é a redenção da

imagem Divina no homem (Romanos 8:29). Isto exigiu a encarnação, humilhação e

exaltação do Senhor Jesus Cristo (Filipenses 2:5-11), e a união dos crentes com e em

Cristo (Romanos 6:1-14; 8:28-39; Colossenses 3:1-4). Veja a Pergunta 125.

Finalmente, todos os atributos Divinos serão glorificados, seja no julgamento ou

redenção do homem e do universo (2 Pedro 3:7-13).

A natureza e o caráter de Deus revelados nas Escrituras formam a base de toda a

verdade, conhecimento, esperança e confiança para o crente. Nós confiamos em Deus e

descansamos nEle pela fé, não por causa do que ele fez, faz, ou pode fazer por nós,

para nós ou através de nós, mas sim, por causa de quem e do que ele é, ou seja, a fé

repousa na Pessoa de Deus, não meramente em suas ações. Nós só encontramos sentido

e plenitude quando o fazemos no contexto do verdadeiro prazer e glória de Deus.

Você já descobriu a principal finalidade do homem? Você está percebendo porque

Deus criou você e situou você neste ponto do tempo na história? A glória de Deus é seu

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constante e maior objetivo? Você encontra prazer em seu relacionamento com o

Altíssimo?

3ª Pergunta - Quem é o único grande Objeto de nosso conhecimento, adoração e

prazer?

Resposta - O único grande Objeto de nosso conhecimento, adoração e prazer é o

triuno, o autorrevelado Deus da Escritura.

Salmos 29:2. “Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome, adorai o SENHOR na

beleza da santidade.”

Salmos 73:25-26. 25

“Quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu

deseje além de ti. 26

ª minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a

fortaleza do meu coração, e a minha porção para sempre.”

Salmos 96:9. “Adorai o Senhor na beleza da santidade; tremei diante dele toda a

terra.”

Provérbios 1:7. “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos

desprezam a sabedoria e a instrução.”

Provérbios 9:10. “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o

conhecimento do Santo é o entendimento.”

João 17:3. “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus

verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.”

1 Coríntios 10:31. “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer

coisa, fazei tudo para a glória de Deus.”

Veja também: Romanos 1:18-32; 11:33-36; Atos 17:27; Efésios 4:17-19.

COMENTÁRIO

Existem várias abordagens para a crença ou descrença em Deus. Nenhuma crença, ou

sistema é simplesmente neutro; cada um traz com ela implicações teológicas, morais e

éticas necessárias. Estas implicações foram e são vistas ao longo da história da

humanidade e em suas várias culturas e sociedades. Cada religião, portanto, tem uma

visão de mundo e da vida correspondente.

O teísmo é a crença em um Deus ou deuses. O ateísmo é a descrença em Deus ou

deuses. O ateísmo, como sustentado pelo homem moderno, secularizado, pressupõe a

evolução, o acaso e o destino. O deísmo é a ideia racionalista de que Deus é um ser

pessoal absoluto e criador do universo, mas que ele nem se revelou nem está envolvido

nos eventos da natureza, história ou no drama humano. Assim, o homem não precisa

temer a Deus ou a retribuição. O politeísmo é a crença em vários deuses. O politeísmo

não pode trazer todas as características Divinas em um só ser. O ceticismo, negando a

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revelação Divina, acredita que a razão não pode provar a existência de Deus. O

panteísmo sustenta que Deus é semelhante à criação. É a negação da personalidade de

Deus, e, portanto, de qualquer responsabilidade para com Deus. O Panenteísmo

fornece uma base filosófica para o teísmo aberto ou Processo Teológico. Deus é

identificado com o universo, mas ele é mais do que o universo. Ele é a mente eterna da

qual o universo é o corpo, por assim dizer. Tanto Deus quanto o universo estão em

processo de expansão; o futuro é desconhecido. O Pluralismo Religioso, característica

da filosofia pós-moderna, é a ideia de que todas as religiões têm algo de bom, e os

homens podem ter um relacionamento significativo com Deus através de vários

caminhos religiosos. Todas estas várias visões têm falta uma fonte revelada definitiva,

uma revelação Divina autoatestada, e, portanto, uma base epistemológica suficiente

[fonte da verdade e do conhecimento].

O Cristianismo Bíblico não é meramente teísta, ou seja, não se limita a acreditar na

existência de um Deus. O Cristianismo Bíblico sustenta o Teísmo Cristão, o que

necessariamente significa que o triuno, o Deus autodescoberto? se revelou na criação,

providência, história, sua Palavra escrita e no Senhor Jesus Cristo. Apenas o Teísmo

Cristão possui a base suficiente, como religião revelada, para fornecer um sistema

coerente de verdade para a teologia, criação, história, moral e ética - uma cosmovisão

inclusiva. Veja Perguntas 120-123. O Teísmo Cristão como um sistema de crenças que

sustenta que o Deus triuno revelou a si mesmo, que ele é o único Grande Objetivo do

conhecimento, e que ter um relacionamento correto com ele através da Pessoa e obra de

seu Filho leva ao mais alto significado e satisfação.

O triuno, o autorrevelador Deus da Escritura é a fonte de todo o conhecimento

verdadeiro. O homem como um ser criado deve encontrar a fonte da verdade e do

conhecimento fora de si mesmo. Assim, o homem é por necessidade uma criatura de fé.

Embora o homem moderno de bom grado se considere científico e empírico em sua

epistemologia [ciência do conhecimento e reivindicações da verdade], ele é

necessariamente levado a um princípio de fé, e, portanto, a uma postura pressuposicional

para aquilo que ele considera ser verdadeiro e verdade. Como o portador da imagem de

Deus, o homem deve encontrar o sentido - a verdade e o conhecimento - em seu Criador.

Veja as Perguntas 31, 120 e 121. Para o homem conhecer a si mesmo, ele deve, como o

portador da imagem de Deus, começar com Deus.

Deus é o Criador, Sustentador e Governador do universo criado, e suas leis reinam em

todas as esferas - espiritual, moral e física (Romanos 11:36). Conhecer a Deus é possuir

o verdadeiro conhecimento; suprimir o conhecimento de Deus é negar a possibilidade da

verdade, do conhecimento e da realidade. Ter um relacionamento correto com Deus no

contexto de sua Lei - Palavra, ou seja, ser reconciliado com Deus por meio de Jesus

Cristo pela fé é realmente conhecê-lo e, assim, possuir a única base correta e consistente

para verdadeiramente entender algumas coisas ou a totalidade das coisas. Ter um

relacionamento correto com Deus, através da Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo é

encontrar o perdão, a reconciliação, a paz e a comunhão, e, portanto, a comunhão com

alegria em Deus (Romanos 3:21-26; 5:1-2; 1João 1:3-7).

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Para os crentes, a Palavra escrita de Deus constitui a nossa única regra de fé e prática.

Sob o senhorio soberano de Jesus Cristo (Mateus 28:18, Atos 2:36), esta Palavra é para

governar todas as esferas da vida – os reinos espiritual, religioso, moral, ético, social,

político e espiritual. Jesus Cristo é o Senhor soberano do universo e sua palavra é a lei do

crente. As reivindicações totalitárias de Cristo Jesus como Senhor soberano devem ser

acreditadas, amadas e obedecidas alegremente, declaradas e defendidas em todas as

esferas da existência humana.

Como o Senhor DEUS é o Criador, Possuidor e Governante Soberano do céu e da terra,

como todo fato é um fato criado e como nós devemos fazer tudo para a glória de Deus,

não há nada que seja secular; tudo é enfim sagrado. Assim, tudo em nosso pensamento,

fala e atos são enfim uma forma de adoração - ou deveria ser. A adoração formal, seja

pública ou privada, deve refletir o caráter de Deus; deve ser santa, justa, reverente, alegre

e honrosa a Deus, ou seja, a adoração deve ser teocêntrica [centrada em Deus] e não

antropocêntrica [centrada no homem]. A verdadeira adoração deve ser regulada pela

Palavra de Deus, e não pela inovação do homem. Adoração e entretenimento são

mutuamente exclusivos. Muito do "culto" contemporâneo nem é digno desse nome, nem

glorifica ao Deus da Escritura. Ver Perguntas 144 e 151.

A verdadeira espiritualidade é essencialmente intelectual, como alguém deve apreender e

entrar em acordo com a verdade de Deus escrita a fim de cumprir com o evangelho e

consistentemente aplicar esta verdade à vida e experiência. Não existe lugar para uma

religião irracional. Uma fé inteligente, que é baseada na Bíblia, dá a base adequada e

suficiente para o sentimento. A verdade e as emoções estão inerentemente relacionadas.

A primeira deve servir de base para a última ou a religião seria irracional e inconsistente.

Veja a Pergunta 7. Você conhece a Deus? Você se alegra nele do modo como ele tem se

revelado a você em sua Palavra? O seu culto honra a Deus? Ele reflete Seu caráter santo

e justo?

4ª Pergunta - Como nós podemos conhecer a Deus?

Resposta – Nós podemos conhecer a Deus apenas como ele tem tido o prazer de revelar-

se a nós.

Jó 11:7.” Porventura alcançarás os caminhos de Deus, ou chegarás à perfeição do

Todo-Poderoso?”

Salmos 19:1-3. 1”Os céus declaram a glória de Deus, e o firmamento anuncia a

obra das suas mãos. 2Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra

sabedoria a outra noite. 3Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz.”

Atos 17:27-28. 2”7

Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o

pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós; 28

Porque nele

vivemos, e nos movemos, e existimos ...”

Veja também: Gênesis 1:1; João 1:9,18; Romanos 1:18-25; 2:14-16; Colossenses

2:9; 1 Timóteo 3:16; Hebreus 1:1-3.

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COMENTÁRIO

Deus é o nosso Criador; nós somos suas criaturas. As Escrituras devem cuidadosamente

manter esta distinção e relação Criador-criatura. Portanto, nós só podemos conhecê-lo

como ele tem o prazer de revelar-se a nós. Ele é infinito; nós somos finitos. Ele é

absoluto [autoexistente e sem quaisquer limitações externas]; nós somos relativos

[dependentes de Deus e das circunstâncias externas para a nossa existência e

significado]. Nós não somos apenas limitados por nossa condição de criaturas, mas

também pelas consequências intelectuais [efeitos noéticos] do pecado (Romanos 1:18-

25; 1 Coríntios 2:14).

Deus se revelou a nós de várias maneiras. Estes caminhos são de natureza progressiva e

histórica: primeiro Deus revelou-se a nós através da luz da natureza. O homem é o

portador da imagem de Deus e possui um instinto para o Divino. Os efeitos noéticos do

pecado têm entorpecido e distorcido isto. O homem por natureza é incuravelmente

religioso, mas falta tanto a capacidade como a motivação para buscar a Deus

corretamente (Atos 17:22-31). Ele é "epistemologicamente falido, ou seja,

pecaminosamente fútil em seu raciocínio incapacitado e suprime o que ele sabe da

verdade, como seu ser interior está "às escuras" (Romanos 1:18-25; Efésios 4:17-19).

Segundo, Deus revelou-se em e através de sua criação na medida em que o homem caído

é inescusável, embora ele suprima este testemunho (Romanos 1:18-20). Veja a Pergunta

10. Terceiro, Deus revelou-se através de suas relações providenciais na história, mas o

homem interpreta supersticiosamente como de suas próprias pressuposições em termos

de acaso, destino ou sorte, não dando glória a Deus (Romanos 1:21-25; 2 Pedro 3:3-6).

Veja a Pergunta 35. Quarto, Deus revelou-se através da sua Palavra. Esta revelação foi

escrita e preservada (João 17:17; 1 Timóteo 3:16; 2 Pedro 1:20-21). Permanece em todo

tempo como testemunha da natureza, do caráter, do propósito e da veracidade de Deus.

Somente nas Escrituras está a mensagem da salvação e reconciliação. Finalmente, Deus

revelou-se em e através do Senhor Jesus Cristo, seu Filho eterno e o único Redentor

(João 1:14,18; Filipenses 2:5-11; 1 Timóteo 3:16; Hebreus 1:01-4). Veja as perguntas 25,

70-75.

É através das Escrituras que nós podemos conhecer a Deus, a nós mesmos, compreender

o mundo à nossa volta, e ter uma revelação definitiva e com autoridade acerca da salvação

do pecado, de uma vida justa, da história humana e de nosso próprio destino. Você O

conhece? Você O conhece e a si mesmo como revelado em sua Palavra? Você O conhece

salvíficamente no Senhor Jesus?

5ª Pergunta - Quais são os dois tipos de revelação divina que Deus nos deu para que

possamos conhecê-lo?

Resposta - Deus nos tem dado tanto a revelação geral quanto a revelação especial.

Mateus 4: “4. Ele [Jesus], porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de

pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.”

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Gênesis 2:16-17. 16“

E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda

árvore do jardim comerás livremente, 17

Mas da árvore do conhecimento do bem e

do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente

morrerás.”

Veja também: Gênesis 1:28-29; Salmos 19:1-14; Romanos 1:18-20; Hebreus

1:1-3.

COMENTÁRIO

A revelação geral inclui a luz da natureza, a criação e as obras da providência. A

revelação especial é falada diretamente de Deus para que nós entendamos. O homem

não foi destinado a viver separado nem nunca esteve sem uma Palavra direta e

compreensível da parte de Deus. Mesmo antes da queda Adão no Jardim do Éden tinha

uma palavra direta de Deus para governar sua vida e suas ações (Gênesis 2:15-17).

Ninguém pode entender simples e completamente a verdade de Deus a partir da

natureza (Romanos 1:18-20) ou a partir de seu próprio pensamento ou sentimentos. A

revelação natural é insuficiente por si só, embora seja suficiente deixar o homem

inescusável quanto à realidade e o poder de Deus. A filosofia começa com o homem e

sua busca pelo definitivo; a Escritura é uma revelação direta de Deus.

A consciência sozinha não é um guia seguro ou infalível, já que o homem é um

pecador, um ser caído (Atos 26:9; Romanos 1:18-32). A consciência deve estar sujeita

à Palavra e ao Espírito de Deus (Romanos 9:1). Veja a Pergunta 10.

O homem foi criado "para pensar os pensamentos de Deus após ele," isto é, para dar o

mesmo significado a tudo o que Deus tinha dado a ele. Isto foi necessário porque o

homem era uma criatura e foi colocado em um mundo que já havia sido criado e

definido por Deus. O homem foi criado e continua como uma criatura de fé porque a

fonte da verdade e do conhecimento permanece externa a si mesmo. Mesmo aqueles

que não reconhecem a Deus ou a sua Palavra são criaturas de fé, isto é inevitável. O

homem por natureza tem que acreditar. Ele deve acreditar em alguém ou em algo. Na

verdadeira raiz de seu ser, cada pessoa é uma criatura de fé, e pressupõe ou presume

isto quando procura interpretar qualquer fato ou raciocinar sobre qualquer assunto.

Atrás do racionalismo, do empirismo [o moderno método científico] ou intuição, o

homem ainda postula sua abordagem pela fé em algo ou em alguém. Ele continua a ser,

por natureza, um pressuposicionalista.

A Palavra que Deus deu ao homem é inteligente, compreensível e perpétua. Deus deu

sua Palavra para ser compreendida e obedecida. Sua Palavra permanece para sempre –

ela nunca diminui em sua autoridade. Embora Deus desse sua Palavra a milhares de

anos atrás, ela é tão completa e cheia de autoridade como se ele tivesse acabado de

falá-la. Note as palavras: "Está escrito," quando o Novo Testamento refere-se às

Escrituras do Velho Testamento. A Palavra de Deus escrita permanece para sempre

com plena autoridade. Você conhece Deus através de ambas as revelações, natural e

especial?

6ª Pergunta - Qual é a importância das Escrituras?

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Resposta - As Escrituras são necessárias para conhecer, servir, gozar e glorificar

verdadeiramente a Deus.

2 Timóteo 3:16-17. 16

”Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa

para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17

Para que o

homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”

Mateus 4:4. “Ele [Jesus], porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de

pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.”

Veja também: Salmos 1:1-3; 19.7-14; 1 Coríntios 10:31; 2 Timóteo 3:15-17;

1João 5:13.

COMENTÁRIO

Longe das Escrituras, o nosso conhecimento de Deus, nós mesmos e do mundo ao

nosso redor seria seriamente, mesmo fatalmente, imperfeito. A intuição natural, a

especulação e a razão provam ser tanto insuficientes quanto enganosas por causa dos

efeitos noéticos do pecado e da aversão natural contra Deus (Romanos 1:18-32; 8:7; 1

Coríntios 2:14; Efésios 4:17-19). Não importa quão fervorosa ou emocional a

experiência religiosa seja sem uma base de estabilização necessária na revelação

Divina. Nós igualmente necessitamos ter uma palavra direta, inteligente e suficiente de

Deus.

A afirmação de abertura da Escritura, "No princípio criou Deus o céu e a terra"

(Gênesis 1:1), está determinando a todos que seguem completamente a revelação

Divina escrita. Esta afirmação é pressuposicional acerca da existência de Deus, sua

soberania absoluta, a eterna relação e distinção Criador-criatura, e a verdade que cada

fato é um fato criado, ou seja, não existem quaisquer fatos "brutos" [indefinidos ou não

criados] no universo. Veja a Pergunta 30.

Porque o homem é feito à imagem e semelhança de Deus, ele só pode realmente

conhecer a si mesmo começando com um estudo de Deus. Deus só pode ser conhecido

verdadeiramente e adequadamente ao passo que ele tenha prazer em revelar-se em sua

Palavra escrita. Assim, as Escrituras nos revelam quem Deus é, quem somos, o que

ocorreu na Queda, como devemos ser reconciliados com ele, viver para ele e antegozar

estar para sempre com Ele. As Escrituras revelam tudo o que é necessário a nós para

vivermos piedosamente nesta vida e nos prepararmos para a eternidade. Assim, a

Escritura deve ser nossa única regra de fé [o que acreditamos] e prática [como devemos

viver]. Da Palavra de Deus nós devemos encontrar e implementar uma cosmovisão

Cristã Teística ou filosofia bíblica e abrangente de vida, que seja piedosa e consistente.

Ver as Perguntas 120-123. Você reconciliou-se com o Deus que se revelou em sua

Palavra? Você busca alinhar a sua vida à verdade dEle?

PARTE II

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AS ESCRITURAS SÃO A PALAVRA DE DEUS

O estudo doutrinário das Escrituras é denominado de "Bibliologia," do Gr. biblos,

"livro," que é a primeira palavra do Novo Testamento em Grego. Nesta era, quando as

Escrituras são atacadas quanto à sua inspiração e autoridade Divina, deve ser entendido

que a Bíblia é a nossa única verdade objetiva; todo o resto é subjetivo e sujeito a mal-

entendidos ou mudança.

7ª Pergunta – O que é a Bíblia?

Resposta – A Bí b l i a é a r ev e l ação es pec i a l d e D eus p a ra o h om em em

f o rm a es c r i t a .

2 Timóteo 3:16–17. 16

”Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa

para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justice; 17

Para que o

homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”

Veja Também: Êxodo 17:14; 24:12; 31:18; Lucas 24:25–27,45–47; João 5:45–

47; Hebreus 1:1–3; 2 Pedro 1:20–21; 3:15–16.

COMENTÁRIO

A palavra "Bíblia" deriva da palavra Grega "livro." Ela ocorre como a primeira palavra

do Novo Testamento em Grego: "O livro [biblos] da geração de Jesus Cristo..."

(Mateus 1:1). É a partir desta ocorrência que temos a nossa palavra Portuguesa

"Bíblia," que agora se refere a toda a Palavra de Deus escrita. A Bíblia é tanto um livro

quanto uma biblioteca de sessenta e seis livros que compõem o cânon da Escritura. As

Escrituras formam um todo não contraditório [coerente], unificado, como a própria

Palavra do Deus vivo escrita [preservada em forma escrita].

A Bíblia também é conhecida como "Escritura," ou "As Escrituras." A palavra significa

"escritos" [Gr. graphai] e refere-se especialmente à Palavra de Deus em forma escrita -

a Palavra de Deus escrita e preservada para nós. A fórmula encontrada setenta e uma

vezes no Novo Testamento: "Está escrito," significa que ela está escrita com plena e

inalterada autoridade.

A vida cristã é composta de dois aspectos, o objetivo e o subjetivo. O objetivo é

revelado na verdade das Escrituras como o padrão de crença e conduta; o aspecto

subjetivo é a nossa experiência pessoal, que deve derivar e refletir o aspecto objetivo.

Separados da Escritura, nós seríamos deixados inteiramente com o aspecto subjetivo.

Todos se tornariam necessariamente relativistas (sem fim, palavra de autoridade, com

exceção da força da experiência individual), empíricos (todo julgamento seria baseado na

experiência apenas), existenciais (completamente subjetiva e tendendo para o irracionalismo

ou emocionalismo) e pragmáticos (aquilo que parecia operar melhor seria direito). Assim, o

mais emocional ou místico seria o mais espiritual, e as personalidades mais fortes ou

mais persistentes determinariam a direção do Cristianismo. A única salvaguarda para

tais desvios é a Palavra de Deus escrita devidamente compreendida e corretamente

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interpretada (Salmos 119:105; Isaías 8:20; João 17:17; 2 Timóteo 2:15).

A finalidade de todo estudo da Bíblia é a verdade doutrinária. Alguém simplesmente

não conhece as Escrituras até que ele cheque consistentemente ao seu ensino

doutrinário, e reciprocamente, ninguém conhece a Doutrina Cristã como deveria, a não

ser que ele a entenda biblicamente. É o ensino doutrinário da Escritura que deve

governar nosso pensamento, guiar nossas vidas e reger sobre nossas emoções.

Alguns poderiam contestar um Cristianismo "intelectual," preferindo uma abordagem

mais simplista ou "devocional," não percebendo que o devocional - se legítimo em tudo -

deve derivar do doutrinário, e o doutrinário da hermenêutica, e a hermenêutica da exegese

[exata leitura do texto]. Muitos parecem querer uma religião "coração" e não uma religião

"cabeça," que muitas vezes se torna um zelo mal colocado sem o conhecimento adequado.

Irracionalidade não é espiritualidade, nem o sentimento é a base adequada para a fé ou

prática. Nós devemos entender que a ignorância da verdade Divina, o irracionalismo

religioso, e uma aversão à doutrina, a um estudo e aprendizagem sérios, não são virtudes

Cristãs nem características que devam ser imitadas.

Como Deus fez o homem com um coração e um cérebro, e o fez vertical com o cérebro

acima de seu coração, nós preferimos um equilíbrio necessário como reflexo da concepção

Divina. As emoções devem ser responsivas à verdade Divina, nunca causativas. O Apóstolo

Paulo não escreveu a uma de suas mais queridas igrejas: "E peço isto: que o vosso amor

cresça mais e mais em ciência e em todo o discernimento, para que aproveis as coisas

excelentes..." (Filipenses 1:9-10) E para outra assembleia: "Eu .... não cesso de dar graças a

Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações: Para que o Deus de nosso Senhor

Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de

revelação " (Efésios 1:15-17). E o Apóstolo Pedro não fechou sua última epístola com as

palavras: "Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus

Cristo..." (2 Pedro 3:18)?

Por que estudar a Bíblia? A seguir estão as principais razões corretas: glorificar a Deus,

estar em comunhão com Cristo, para conhecer a vontade de Deus, ser obediente a Deus,

crescer em direção à maturidade espiritual, promover a nossa santificação, preparar para

o ministério da Palavra, compreender o propósito e manter a pureza da igreja, edificar os

outros, evangelizar os não convertidos, inteligentemente defender a fé e se preparar para

a eternidade. Você é um amante e estudioso da Bíblia?

8ª Pergunta - Quais são os termos importantes acerca da Bíblia como a Palavra

escrita de Deus?

Resposta - Os termos importantes acerca da Bíblia como a Palavra de Deus escrita são:

"inspiração", "autoridade", "infalibilidade", "inerrância", "suficiência", "canonicidade"

e "iluminação".

COMENTÁRIO

Se a Bíblia é a própria Palavra de Deus preservada em forma escrita - e ela é - então há

certas coisas que são necessariamente verdadeiras: A Bíblia é a Palavra inspirada de

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Deus, e não apenas a obra ou as palavras dos homens. Porque a Bíblia é a própria Palavra

de Deus, ela é plena em autoridade, a autoridade mais alta. Como a própria Palavra de

Deus escrita, é infalível - incapaz de errar e sem engano. Como a Palavra de Deus escrita,

inspirada, plena em autoridade e infalível, é necessariamente inerrante ou sem erro e

totalmente verdadeira em todos os aspectos. Porque a Bíblia é a própria Palavra de Deus e

totalmente confiável em todos os aspectos, ela é suficiente como nossa única regra de fé

[aquilo em que devemos acreditar] e prática [como devemos viver]. Deus achou por bem

autenticar e preservar certos livros e não outros. Juntos eles formam o cânon ou corpo da

verdade Divina que nós chamamos de "a Bíblia" ou "as Escrituras." O processo pelo qual

apenas estes certos livros foram devidamente reconhecidos é chamado de canonização da

Escritura.

A verdadeira natureza da inspiração Divina, autoridade, infalibilidade e inerrância

necessariamente determina a preservação das Escrituras ao longo dos tempos nos

idiomas originais como a própria Palavra de Deus.

Há mais três, termos importantes com os quais alguém deve estar familiarizado:

exegese, hermenêutica e aplicação. Exegese [mostrar o significado do texto

(significado da palavra, gramática e sintaxe) na língua original] refere-se à leitura do

texto, ou seja, ela responde à pergunta: "O que o texto diz?" Hermenêutica é a ciência

de interpretação. Ela responde à pergunta: "O que o texto quer dizer?" (Lucas 10:26).

Aplicação refere-se ao texto da Escritura, uma vez que ele pode ser aplicado a uma

determinada situação: "Como esta passagem é ou pode ser legitimamente aplicada a

nossa moderna era e situação?" A aplicação deriva da interpretação. Uma distinção

necessária deve ser feita entre a interpretação e a aplicação. Se estas estão confusas,

então alguém pode acreditar que a aplicação é a interpretação, e, assim, ser removido

de entender verdadeiramente uma determinada passagem. Algumas pregações violam

este princípio e conduzem a mal-entendidos e confusões.

9ª Pergunta - O que se entende por "inspiração" das Escrituras?

Resposta - "Inspiração" é o trabalho de Deus sobre os corações, mentes e mãos dos

homens para nos dar a própria Palavra de Deus em forma escrita.”

2 Timóteo 3:16. “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para

ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça.

2 Pedro 1:20-21. 20”

Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da

Escritura é de particular interpretação. 21

Porque a profecia nunca foi produzida

por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados

pelo Espírito Santo.”

Veja também: Isaías 8:20; 1 Coríntios 2:9-14; Hebreus 1:1-3.

COMENTÁRIO

O termo inspiração deriva do Latim inspiro, "respirar para dentro," referindo-se aos

autores humanos. A questão real, no entanto, é que as próprias Escrituras são

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"inspiradas por Deus", ou seja, soprada por Deus [theopneustos] (2 Timóteo 3:16).

A grande verdade da revelação Divina é que Deus falou aos homens (Hebreus 1:1-3).

Ele não só falou aos homens, mas falou em termos compreensíveis. A grande verdade

da inspiração é que esta revelação é preservada e protegida como a própria Palavra de

Deus escrita. A inspiração é a influência sobrenatural exercida sobre os escritores

sagrados pelo Espírito de Deus, em virtude da qual os seus escritos são a própria

Palavra de Deus. Assim, a inspiração Divina se estende aos próprios escritos. Qualquer

visão de inspiração Divina, que não se refira ao verdadeiro texto como inspirado, é

tanto inadequada quanto defeituosa. A inspiração é desta forma tanto verbal [estende-

se às verdadeiras palavras, e, portanto, às nuances de gramática e sintaxe nas línguas

originais] e plenária [completa ou igual em todo].

Há uma nítida diferença entre uma tradução e uma versão. O excesso de versões

modernas torna esta discussão necessária. A tradução estrita começa com a língua

original e, ao passo que, expressando-se em outro idioma, mantém-se o mais próximo

possível do texto no idioma original com suas complexidades gramaticais, de sintaxe e

expressões idiomáticas - mesmo ao sacrifício de estilo. Uma versão difere de uma

tradução na medida em que ela é uma versão de uma tradução anterior, em uma

segunda língua, ela usa a gramática, sintaxe e expressões dessa segunda língua e torna

muito maiores as concessões para a suavidade da leitura e da expressão do pensamento.

Em suma, uma tradução se detém mais perto da linguagem original, enquanto que uma

versão se detém mais de perto da segunda língua. Na medida em que uma determinada

tradução ou versão expressa o pensamento e a verdade da língua original, tal tradução

ou versão é a autoridade da Palavra de Deus. Isto leva necessariamente à consideração

das expressões idiomáticas de uma língua, a incapacidade de alguns idiomas

secundários em expressar a plenitude do original, e uma determinada fidelidade à

gramática, sintaxe, contexto e teologia do texto.

Muitas "versões" modernas são totalmente inadequadas, uma vez que elas não se baseiam

em qualquer texto dado, mas são, na realidade, paráfrases, e algumas realmente mudam o

sentido do texto e por isso alteraram o seu ensinamento doutrinário. Não há substituto

para um conhecimento e um estudo das línguas originais.

A inspiração divina da Escritura é a pressuposição primária do Cristianismo. Ela é a

religião Divinamente revelada e, portanto, permanece única entre as religiões do

mundo. As Escrituras são então o pou sto [Lit: "um lugar onde eu possa ficar"] ou

ponto de referência para o Cristão. O Cristianismo Bíblico é o Teísmo Cristão, ou seja,

a verdade do triuno, o Deus auto-divulgado das Escrituras. Toda fé posterior [aquilo

que deve ser crido] e prática [como nós devemos viver] derivam desta verdade. As

Escrituras são, portanto, a nossa única regra de fé e prática. Que importância vital é

então, tanto conhecê-la e como interpretá-la corretamente. A Escritura é sua regra de fé

e prática?

10ª Pergunta - O que se entende pela "autoridade" da Escritura?

Resposta - A "autoridade" da Escritura é a regra ou governo que a Bíblia deve ter

totalmente sobre nossas vidas como a própria Palavra de Deus.

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Mateus 4:4. “Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá

o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.”

2 Timóteo 3:16-17. 16

”Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa

para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17

Para que o

homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”

Veja também: 2 Coríntios 10:4-5; Hebreus 1:1-2; 1 Pedro 3:15; 2 Pedro 1:20-

21.

COMENTÁRIO

O termo "autoridade" deriva do Latim autor, "originador" ou "autor." A autoridade da

Escritura deriva do auto-divulgado ou auto-revelado Deus triuno da Escritura. A Bíblia

é a Palavra com plena autoridade de Deus porque é exatamente isso - a própria Palavra

de Deus escrita. O homem como o portador da imagem de Deus é Divinamente e

instintivamente pré-condicionado a receber a revelação de plena autoridade Divina

tanto na criação [revelação natural] quanto na Palavra de Deus [revelação especial]

(Salmos 19:1-6; João 14:6; Romanos 1:18-20; Colossenses 2.3; 1 Tessalonicenses

2:13; 2 Timóteo 3:16-17; 2 Pedro 1:20-21). Ambas são suficientes para mantê-lo

inescusável (Romanos 1:18-20; 2:11-16; 2 Pedro 3:3-5). As Escrituras são auto-

autenticadas ou auto-certificadas, ou seja, elas testemunham a si mesmas em virtude

de sua coerência [natureza não contraditória], o testemunho do Senhor Jesus Cristo, o

testemunho e poder do Espírito Santo e o poder delas de transformar vidas. Veja

perguntas 14 e 136.

A autoridade da Escritura é necessária. O homem precisa de uma revelação especial [a

palavra direta e plena de autoridade de Deus] para guiá-lo a conhecer verdadeira e

justamente a Deus, reconciliá-lo com ele e a viver no contexto de sua vontade revelada.

A autoridade das Escrituras é abrangente. Ela engloba a totalidade da vida e da

realidade. A autoridade das Escrituras é executiva. A Palavra de Deus vem a nós como

mandato ou comando - sua "Lei-Palavra" - não apenas sugestão ou informações - nós

devemos ler, estudar, nos submeter e nos conformar a ela como tal. A autoridade das

Escrituras é legislativa. Ela deve ser nossa regra de fé e prática. A autoridade da

Escritura é judicial. É o padrão supremo e absoluto do que é certo ou errado, revelando

a auto-consistência moral de Deus. A autoridade das Escrituras é perpétua. Nunca é

"antiquado" crer e obedecer a Bíblia. "Está escrito" significa "está escrito com plena

autoridade e inalterada." Veja Pergunta 1. A autoridade das Escrituras é irrevogável.

Porque as Escrituras derivam do próprio Deus, não há outro critério ou autoridade à

qual elas possam estar sujeitas ou pela qual elas possam ser julgadas. Assim, usando os

fatos da história, ciência ou vários argumentos para credenciar a Escritura é

inerentemente dar a tais provas mais autoridade do que a própria Escritura. Veja a

Pergunta 136.

Existe uma questão essencial e primária que deve ser abordada sobre a autoridade

bíblica. Em uma troca significativa [uma conversação inteligente no nível

pressuposicional, ou seja, uma conversa em que se fala de suas suposições básicas,

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expressando sua fé e cosmovisão. Veja as Perguntas 120 e 136] quando o crente é

questionado por um incrédulo por que ele acredita e sustenta que a Bíblia é a própria

Palavra de Deus, ele responde: "Porque a própria Bíblia declara ser a Palavra de Deus,

e esta afirmação é evidenciada pelo testemunho da Escritura a si mesma." A isto, o seu

entrevistado pode retrucar: "Isto é ‘raciocínio circular, ’ e logo, é inválido! Raciocínio

circular é uma falácia lógica. Não está entendendo a pergunta!" [petitio principii. Isto

ocorre quando alguém assume em suas premissas o que ele está tentando provar em sua

conclusão]. Mas quando falando ou discutindo no contexto das últimas questões, todo

o raciocínio humano é amplamente circular ou pressuposicional, e é necessariamente

baseado na fé.

Em outras palavras, todos os fatos são interpretados pelas pressuposições de alguém. Isto

vale para o Cristão que reconhece suas pressuposições baseadas na fé, e também para o

não crente que pode negar isto, e reivindica descansar na suposta "neutralidade de fatos

científicos." Todos os fatos são fatos criados. Não existem fatos "brutos" ou "neutros", e o

próprio incrédulo necessariamente, embora inadmitidamente ou inconscientemente,

assume princípios e leis Teísticos Cristãos ou ele não pode argumentar "cientificamente"!

De fato, a menos que alguém assuma um universo ordenado estabelecido por

determinadas leis, coerência alguma é possível sobre a qual se possa fundamentar

qualquer ciência. As leis pressupostas pela ciência são as leis de Deus. A questão é: os

argumentos de alguém são consistentes com o seu sistema professado? A este respeito, o

crente é consistente [não contraditório ou coerente] e o não crente prova ser inconsistente.

Veja a Pergunta 136. A Palavra de Deus tem plena autoridade em sua vida?

11ª Pergunta - Qual é o significado da "infalibilidade" das Escrituras?

Resposta - A "infalibilidade" da Escritura significa que a Escritura como a própria

Palavra de Deus é incapaz de erro e, portanto, totalmente confiável e livre de engano.

João 17:17. “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.”

Lucas 24:44. “E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda

convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na

lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos.”

Veja também: Tito 1:2; Hebreus 6:13-18.

COMENTÁRIO

Infalibilidade significa incapaz de erro e livre de engano. Porque a Escritura é a própria

Palavra de Deus é necessariamente infalível. A Infalibilidade resulta necessariamente da

inspiração Divina. A Palavra de Deus reflete os atributos de seu Divino Autor quanto à

sua veracidade ou confiabilidade.

O termo "infalibilidade" também significa "infalível" ou "certo." A Palavra de Deus é

infalível, no sentido de que toda coisa revelada ou predita nas Escrituras, certamente,

acontecerá no eterno propósito de Deus (Isaías 46:9-11; Efésios 1:3-11; Filipenses 2:9-

11; 2 Pedro 3:7-13). Além disso, a Palavra de Deus enviada não voltará vazia de

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resultado, mas cumprirá o propósito Divino (Isaías 55:10-11). A infalibilidade da

Escritura é fundamental para todas as promessas e profecias que Deus deu.

A Igreja Ortodoxa Oriental ou Grega sustenta que a infalibilidade repousa nos

Concílios da Igreja. A Igreja Católica Romana ensina que a infalibilidade repousa no

Papa [infalibilidade papal em matéria de fé]. O Cristianismo Bíblico sustenta que a

infalibilidade repousa somente nas Escrituras [sola scriptura]. Alguém pode facilmente

ver quão perto a autoridade e a infalibilidade das Escrituras estão relacionadas. Nós

sustentamos a infalibilidade das Escrituras em um sentido prático? Nós confiamos nas

promessas de Deus? Nós prestamos atenção às suas advertências?

12ª Pergunta - O que significa a "inerrância" das Escrituras?

Resposta - A "inerrância" das Escrituras significa que as Escrituras são isentas de erro e

totalmente verdadeiras em todos os aspectos.

João 17:17. “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.”

Veja Também: 2 Timóteo 3:16; 2 Pedro 1:20–21.

COMENTÁRIO

Porque a Bíblia é a Palavra inspirada e autorizada de Deus, é infalível e inerrante. O

termo "inerrância" [sem e incapaz de erro] remonta ao século XIX, quando a

confiabilidade das Escrituras em assuntos históricos e científicos foi questionada. Este

termo foi adicionado ao termo "infalibilidade" como um novo teste de ortodoxia.

Alguns têm tentado satisfazer as acusações do criticismo racionalista bíblico e da ciência

moderna e ao mesmo tempo parecer ortodoxo pela tentativa de sustentar-se a uma

inerrância "salvífica" [que as Escrituras só são verdadeiras e confiáveis quando elas se

referem à verdade da salvação, enquanto alegam que elas contêm erros históricos e

científicos]. Este ponto de vista nada mais é do que uma visão relativista da Escritura - a

acomodação sutil à incredulidade - e é em si uma negação inerente da inerrância. Se as

Escrituras contivessem qualquer erro, tal seria uma reflexão sobre a veracidade de Deus.

Ele não poderia ou não nos daria a Sua Palavra sem erro.

13ª Pergunta - Qual é o significado da "suficiência" das Escrituras?

Resposta - A "suficiência" das Escrituras significa que somente a Bíblia é suficiente

para governar ou regular nossas vidas e nos ensinar a respeito de Deus e de nossa

relação com ele.

Mateus 4:4. “... Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a

palavra que sai da boca de Deus.”

Veja também: João 17:17; Colossenses 3.16, 2 Timóteo 3:16-17; 2 Pedro 3:18.

COMENTÁRIO

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O homem, como o portador da imagem de Deus foi criado como uma criatura de fé

porque, primeiro, cada fato é um fato criado, e segundo, porque a fonte da verdade e do

conhecimento era externa a si mesmo, ou seja, sua fé devia ser colocada na Palavra de

Deus. Só o homem caído procura encontrar a fonte da verdade dentro de si mesmo,

independente de Deus, ou seja, o homem caído e pecador considera que ele mesmo seja

autônomo [uma lei em si mesmo, ou seja, autodeterminado e completamente

independente de Deus] (Gênesis 3:1-7).

Os Cristãos devem ter uma "epistemologia de revelação" [Epistemologia é a ciência do

conhecimento e das reivindicações da verdade], ou seja, as Escrituras devem formar a

nossa fonte de autoridade não contraditória para a verdade e o conhecimento. Isto vale

para a nossa vida, adoração, moralidade, vida corporativa da igreja, evangelismo e defesa

da fé.

Embora as Escrituras não revelem todas as coisas (Deuteronômio 29:29 ), a revelação dela é

suficiente para o nosso conhecimento, obediência e expectativa. Ir além das Escrituras em

questões não reveladas a nós é especulação. Argumentar a partir das Escrituras e tirar "boas e

necessárias consequências" é legítimo, como é por este meio que nós podemos aplicar as

Escrituras de forma consistente às nossas vidas, permanecer consistentes com a pregação

sobre os aspectos da verdade doutrinária ou a situações que podem nos confrontar - mas

apenas se tais consequências ou raciocínio forem bons e necessários. Nós nunca devemos

basear qualquer doutrina em tal raciocínio. As consequências boas e necessárias estão

preocupadas com a aplicação, e não com a interpretação. Nosso Senhor usou esta forma de

raciocínio a partir da natureza espiritual de Deus para a verdadeira adoração espiritual (João

4:23-24). Ele argumentou com base nas Escrituras para justificar a cura, fazer o bem no dia

de sábado, e argumentou que o Sábado foi feito para o homem e não o homem para o

Sábado (Mateus 12:10-12; Marcos 2:23-28; 3:1-5). Ele também argumentou sobre o cuidado

de Deus para com a criação, seu conforto e provisão (Mateus 6:28-32; 10:28-31; Lucas

12:22-31).

Historicamente, na igreja organizada ou igreja estatal [Católica Romana], a autoridade e a

suficiência derivavam da Escritura, da tradição [escritos dos Padres da Igreja, as tradições

eclesiásticas, etc.] e do édito Papal. Na Reforma Protestante, o brado se tornou, sola

scriptura [pela Escritura somente], sola fide [pela fé somente], sola gratia [pela graça

somente] e solo Christo [por Cristo somente], em oposição à Cúria Romana, com suas

tradições, decretos Papais, orações à Maria e aos santos, e sua doutrina sacerdotal e

sacramental da salvação. Os reformadores Protestantes sustentavam que somente a

Escritura era suficiente e plena em autoridade para guiar tanto a igreja e quanto a vida

individual.

Os Batistas, como verdadeiros Cristãos Neotestamentários e herdeiros do Cristianismo

primitivo sempre defenderam a suficiência das Escrituras como o nosso principal

distintivo ou característica. Todos os outros distintivos derivam deste. Veja a Pergunta

156. Aproximamos-nos das Escrituras de forma consistente e prática?

14ª Pergunta - O que significa a "canonicidade" das Escrituras?

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Resposta - A "canonicidade" das Escrituras faz referência aos vários livros que, juntos,

compõem a Bíblia [o cânon escriturário] e o processo pelo qual somente eles são

reconhecidos como Escritura [canonização].

2 Pedro 3:15-16. 15”

E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como

também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi

dada; 16

Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos

difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras

Escrituras, para sua própria perdição.

Veja também: 2 Timóteo 3:16-17; 2 Pedro 1:20-21.

COMENTÁRIO

Todas as Sagradas Escrituras juntas formam um livro - a Bíblia. Mas a própria Bíblia é

composta por sessenta e seis livros. É uma biblioteca Divina de vários livros - trinta e nove

no Velho Testamento [Genesis à Malaquias em nossa Bíblia Portuguesa] e vinte e sete no

Novo Testamento [Mateus à Apocalipse em nossa Bíblia Portuguesa] - que juntos formam o

cânon das Escrituras.

A palavra cânon é derivada do Grego canōn, e originalmente significava um bastão de

medição ou haste reta. Era provavelmente um derivado do hebraico kaneh, ou cana, um

termo do Velho Testamento para uma vara de medir [uma cana utilizada como um

instrumento de medição]. Na época de Atanásio (c. 350), o termo "cânon" era aplicado

à Bíblia, tanto como regra de fé e prática, e como o corpo de verdade inspirada e plena

de autoridade.

A existência e a validade de um cânon escriturístico [um certo número de livros ou

escritos que são verdadeiramente oriundos de Deus e são exclusivos nesse sentido]

necessariamente pressupõe o Teísmo Cristão [a crença no triuno, o auto-divulgado

Deus do Cristianismo revelado nas Escrituras]. Apenas se for pressuposto que o triuno,

o auto-revelado Deus das Escrituras falou, e que esta revelação foi escriturada [escrita]

sob superintendência Divina [inspiração], a questão da canonicidade [quais livros são

realmente dados por Deus] pode ser resolvida de uma maneira positiva. Veja a

Pergunta 9.

O Cristianismo primitivo não canonizou as Escrituras por sua própria [da igreja]

autoridade, ou seja, selecionou quais escritos deviam ser incluídos, mas ao contrário

reconheceu aqueles escritos que eram e são canônicos. As diferenças entre os escritos

canônicos e os não canônicos eram e são imediatamente perceptíveis. Como os primeiros

Cristãos reconheceram certos livros como Escritura e rejeitaram outros? A resposta está

na aplicação de vários princípios recolhidos a partir dos escritos dos primeiros Cristãos

que detalharam o processo utilizado por eles e igrejas: primeiro, o livro é pleno em

autoridade? Será que possui autoridade Divina? Segundo, o livro é autêntico, ou seja, ele

foi escrito por um dos Apóstolos ou ditado pelo autor? Terceiro, ele concorda com o resto

da revelação Divina e com a regra ou "analogia da fé?" [Isto se refere à natureza

inclusiva, não contraditórias, mas coerente da Escritura como a própria Palavra de Deus

escrita. Isto também se refere ao ensino auto-consistente da Escritura como ele toca em

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qualquer ponto determinado]. Quarto, é o livro dinâmico, ou seja, ele possui o poder de

Deus para evangelizar e edificar? Isso se refere ao testemunho do Espírito no poder de sua

Palavra. Quinto, o livro é reconhecido pelos primeiros Pais da Igreja? Sexto, o livro é

recebido pelo povo de Deus? Assim, as Escrituras formaram as igrejas, e não o inverso. A

Escritura está sobre a autoridade Divina e não sobre qualquer autoridade eclesiástica. As

Escrituras, então, são auto- atestadas ou auto-autenticadas. O Espírito Santo dá

testemunho quanto à veracidade das Escrituras para o crente. Veja a Pergunta 10.

Alguns negam a conclusão do cânon das Escrituras, sustentando uma inspiração contínua,

ou seja, que Deus ainda fala diretamente para e através dos homens por meio de visões,

"línguas" [eloquência extática] ou "profecias" inspiradas. Tais pessoas deixam a Palavra de

Deus em um estado incompleto e finalmente sem autoridade. Veja a Pergunta 84. Será que

nós reverenciamos as Escrituras e amamos seu Autor como deveríamos?

15ª Pergunta - O que se entende por "iluminação"?

Resposta - Iluminação é o discernimento espiritual das Escrituras dada ao crente pela

graça do Espírito Santo.

1João 2:20,27. 20”

E vós tendes a unção do Santo, e sabeis todas as coisas... 27

E a

unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que

alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é

verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis.”

1 Coríntios 2:9-10. 9”

Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o

ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou

para os que o amam. 10

Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o

Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.”

Veja também: Mateus 4:4; Lucas 24:13-32,44-47; João 17:17; 1 Coríntios 2:9-

16; Efésios 1:15-21; Colossenses 3.16; 2 Timóteo 3:16-17; Hebreus 5:10-14; 2

Pedro 3:18.

COMENTÁRIO

O Espírito de Deus, que especialmente habita em cada crente verdadeiro, dá uma visão

espiritual das Escrituras, e através das Escrituras, da verdade espiritual ou doutrinária.

A iluminação, portanto, não diz respeito apenas à mente; ela também inclui a vida em

um sentido duplo: primeiro, a finalidade de todo estudo Bíblico é a chegada até a

verdade proposicional ou doutrinária. Neste sentido cada Cristão deve ser um teólogo.

Segundo, a verdade doutrinária deve ter um profundo efeito sobre a vida do crente, ou

seja, "a teologia determina a moralidade de alguém," ou, "tudo na vida é finalmente

disciplinado pela teologia de alguém." Existe uma relação necessária entre a Escritura

corretamente aprendida e sustentada e o caráter pessoal, ou seja, a vida de uma pessoa

é necessariamente o reflexo de sua teologia.

Essa unção ou iluminação é diferente, pois é uma marca da graça e absolutamente

necessária para a experiência e o crescimento do Cristão (Romanos 1:18-22; 1

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Coríntios 2:9-16; Efésios 4:17-19). Esse discernimento ou percepção espiritual

capacita os verdadeiros Cristãos ao estudo das Escrituras, a alimentar-se da Bíblia

como seu alimento espiritual, a receber instrução, a tornar-se doutrinariamente

consistente e astuto, a estar totalmente equipado para a sua vida espiritual e a crescer

em direção à maturidade espiritual.

Embora não haja graus de inspiração, existem graus de iluminação, dependendo da fé, da

piedade, do estudo das Escrituras e da maturidade espiritual de alguém (1 Coríntios 2:9-13;

Efésios 1:15-19; 2 Pedro 3:18).

Deve-se cuidadosamente notar que a iluminação espiritual não é estática, mas ela poderá

diminuir devido ao pecado não confessado, ao entristecer do Espírito da Verdade, à

incredulidade, à preguiça espiritual, ou ainda, poderá diminuir por desviar-se pelo medo

ou descrença de qualquer aspecto da verdade Divina (Efésios 4:30; Hebreus 5:10-14).

Alguém que consiga chegar a um acordo com qualquer aspecto da verdade escriturária e

depois rejeitá-la por qualquer motivo, apresentará necessariamente o mesmo grau de

incapacidade de discernir a verdade do erro. Nós oramos pela compreensão e iluminação

(Salmos 119:18)? Será que procuramos seriamente viver de acordo com o padrão da

verdade que conhecemos?

16ª Pergunta - De que forma Deus nos deu a Sua Palavra?

Resposta - Deus nos deu sua Palavra na forma de história redentora [a história ou

registro da salvação].

Gálatas 4:4-5. 4”

Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho,

nascido de mulher, nascido sob a lei, 5Para remir os que estavam debaixo da lei, a

fim de recebermos a adoção de filhos.

Lucas 24:44-47. 44

”E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando

ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito

na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. 45

Então abriu-lhes o entendimento

para compreenderem as Escrituras. 46

E disse-lhes: Assim está escrito, e assim

convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, 47

E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em

todas as nações, começando por Jerusalém.”

Veja também: Gênesis 3:15; Lucas 24:25-27; 1 Timóteo 3:16; Hebreus 1:1-3.

COMENTÁRIO

A auto revelação do Deus triuno ao homem foi escrita. Essa revelação é denominada

"As Sagradas Escrituras" ou "A Bíblia." Essa revelação Divina é de natureza

progressiva. Deus não comunicou sua verdade completamente em Gênesis [tanto a

criação (Romanos 1:18-20) quanto a redenção (João 3:14-16; Gálatas 4:4-5) são

revelações de Deus e a partir de Deus], no Pentateuco, nos Profetas, nos Salmos e até

mesmo nos Evangelhos. Há um princípio progressivo que se estende ao longo de toda a

revelação Divina - Deus começou sua auto revelação em Gênesis, depois continuou

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essa revelação através da história patriarcal, depois através da lei, depois pela história

de Israel como uma nação separada para esta finalidade. Após isso, pela história da

encarnação de nosso Senhor e de seu ministério terreno, e finalmente, através dos

Apóstolos inspirados que trouxeram essa revelação a um fim. Em outras palavras, as

Escrituras não vêm de Deus como uma Teologia Sistemática, mas como uma revelação

redentora em um formato histórico, isto é, na forma da história redentora, que é

progressivamente revelada e desenvolvida a partir da criação (Gênesis 1) até a

consumação (2 Pedro 3; Apocalipse 19-22). A doutrina não está completa e finalizada

na Escritura logo de início, mas é primeiro revelada em germe ou essência, então

progressivamente revelada em sua plenitude e finalidade. O princípio orientador da

revelação Divina é, desta forma, progressivamente histórico, pessoal, cronológico e

doutrinário.

As Escrituras contêm historicamente dois Testamentos. O primeiro, ou o Velho

Testamento [que contém a Antiga Aliança], é preparatório e antecipatório. O segundo,

ou Novo Testamento [que contém a Nova ou a Aliança do Evangelho], é caracterizado

pela finalidade e pelo cumprimento. Marque as seguintes linhas:

O Novo está contido no Velho, O Velho é explicado pelo Novo.

O Velho Testamento é em grande parte pessoal (história patriarcal - Abraão, Isaque,

Jacó, José), depois nacional (a legislação Mosaica, a história da nação de Israel sob o

Reino Unido, Reino Dividido e Reino Isolado) e profético. O Novo Testamento é em

grande parte pessoal, eclesiástico, universal (a vida terrena e ministério de nosso

Senhor, as várias epístolas às igrejas e o evangelho à humanidade pecaminosa, sem

distinção racial, nacional ou cultural) e profético.

Toda a verdade redentora orgânica e doutrinária culmina na pessoa e obra do Senhor

Jesus Cristo (Confira João 14:6; Efésios 1:10; Colossenses 1:12-17; Hebreus 1:1-3).

Culmina, assim, praticamente em uma vida piedosa pareada com a graça de Deus

(Conferir a união do crente com Cristo tanto em sua morte quanto em sua ressurreição -

vida e seus resultados necessários e práticos na experiência, Romanos 6:1-14; Efésios

1:3-14; 4:1; Conferir 4:22-6:9, e a ética Cristã prática que deve ser demonstrada na

vida. Conferir também Tito 2:11-14). Veja a Pergunta 77. Esta união culminará,

escatologicamente, na futura ressurreição para a glória e para a nova criação (Isaías

65:17; 66:22; Romanos 8:11-23; Efésios 1:10; 2 Pedro 3; Apocalipse 19-22). Veja a

Parte X.

17ª Pergunta - Qual é a mensagem central da Bíblia?

Resposta - A mensagem central da Bíblia é a redenção dos pecadores através da

Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo para a glória de Deus.

2 Coríntios 5:21. “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para

que nele fôssemos feitos justiça de Deus.”

Gálatas 3:13. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por

nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro.”

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Veja também: Gênesis 3:15; Isaías 9:6; Mateus 1:21-23; Lucas 24:25-27,44-47;

Romanos 3:21-26; 8:28-39; 1 Coríntios 15:20-26; Gálatas 4:4-5; Efésios 1:3-14;

1 Timóteo 1:15; 3:16; Hebreus 1:1-4; 7:23-25; 9:12; 10:10-14; 1 Pedro 3:18;

1João 2:1, Apocalipse 4:11.

COMENTÁRIO

A Bíblia não é um livro sobre história, embora ela venha até nós em um formato

histórico. A Bíblia não é um livro sobre ética ou moralidade, embora a auto-

consistência moral [justiça] de Deus seja predominante e a ética Cristã seja um

elemento necessário. A Bíblia não é um livro sobre ciência, ainda que ela fale sobre a

criação, o universo, a terra, o céu, as plantas, os animais, o homem e os seres

espirituais. A Bíblia não é um livro sobre filosofia, embora ela trate da (1)

epistemologia [a ciência do conhecimento e do significado], (2) da metafísica

[perguntas finais a respeito de Deus, a realidade, ou seja, vida, morte, etc.] e nos traz

(3) uma distinta visão de mundo e vida além de falar da (4) Ética [um padrão de

conduta e julgamento moral]. Ela também fala sobre várias questões diversas como o

governo civil, o meio-ambiente, a inflação monetária, o saneamento e o bem-estar

público dando princípios operativos para essas questões. A Bíblia é essencialmente

sobre a salvação - a história do propósito eterno redentor do Deus triuno para salvar os

pecadores da maldição, do poder reinante do pecado e de suas consequências finais.

A doutrina da salvação, ou redenção nas Escrituras, é uma salvação verdadeira e

completa, não meramente algo potencial ou teórico aguardando a capacidade do

pecador para poder torná-la eficaz. A doutrina, ou mensagem da salvação escriturária,

deve ser inteiramente de livre e soberana graça por causa do estado pecaminoso e da

terrível condição espiritual do homem. Se a salvação deriva de Deus, então ela

necessariamente chega de forma completa ao homem pela graça [favor imerecido e

totalmente imerecido].

A mensagem escrita da salvação deve advir totalmente do pecado e de seus efeitos e

consequências - a culpa, a pena, a poluição, o poder e a real presença do pecado. A

salvação é do pecado, com todos os seus efeitos, consequências e potencial. Porque a

salvação revelada na Escritura deriva de Deus em conteúdo e eficácia então ela é uma

salvação completa e eficaz. Veja a Pergunta 36.

A doutrina da salvação na Escritura deve necessariamente resgatar o pecador do poder

reinante do pecado e verdadeiramente reconciliá-lo com Deus, restaurá-lo a uma

posição correta [Justiça imputada e transmitida], e transformar a sua alma, mente e

corpo. Veja as perguntas 92 e 94. A verdade das escrituras da salvação não é

fragmentada, mas sim é um todo unificado e totalmente completo.

Deus não pode arbitrariamente por de lado o pecado dos pecadores (Conferir Romanos

3:21-26). Sua auto consistência moral [justiça absoluta e perfeita] o proíbe disso. O

pecado deve ser tratado, em plenitude, na pessoa do pecador ou na pessoa de um

substituto inocente. Toda a Escritura aponta para o Senhor Jesus Cristo: o Velho

Testamento por tipo e profecia; o Novo Testamento por realização e cumprimento. Em

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Sua pessoa e em sua obra o Senhor Jesus atende a todos os requisitos como Mediador,

Redentor, Senhor e Advogado [Sumo Sacerdote]. Vejas as Perguntas 72 e 92 .

Esta mensagem de salvação - a redenção e o perdão dos pecados por meio do Senhor

Jesus Cristo e reconciliação com Deus - deve ser declarada em todo o mundo. O meio

ordenado por Deus é através da pregação do evangelho. Ver as Perguntas 138-139.

Esta mensagem de salvação do poder reinante e das consequências finais do pecado

tornou-se a sua esperança e alegria?

18ª Pergunta - Por que é vital para cada crente estudar as Escrituras?

Resposta - As Escrituras são as únicas e suficientes regras de fé e prática. O Espírito

Santo nunca guia o crente a apartar-se ou ao antagônico desta Palavra escrita.

Mateus 4:4. “...Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a

palavra que sai da boca de Deus.”

2 Timóteo 2:15. “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não

tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”

2 Timóteo 3:16-17. 16”

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa

para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17

Para que o

homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”

Veja também: Salmos 11:03; 19.7-14; 119; 138:2; Amós 8:11; Mateus 5:17-18;

1João 2:3-5.

COMENTÁRIO

As Escrituras são a própria Palavra de Deus escrita. A importância vital de possuir a

própria Palavra de Deus escrita de forma exata não pode ser superestimada. Isto é ao

mesmo tempo uma grande bênção, um grande privilégio e uma grande

responsabilidade. Ela é a única regra objetiva e o único guia do crente. Todo o resto é

relativo e sujeito a alterações. Experiências religiosas subjetivas podem facilmente ser

mal entendidas e mal interpretadas. Sentimentos ou impressões religiosos são capazes

de enganar. Fervor religioso, zelo ou experiência subjetiva jamais podem se tornar um

substituto para uma obediência inteligente e humilde à Palavra de Deus.

Os crentes precisam estudar a Palavra de Deus para manter a sua saúde espiritual, a

pureza doutrinária e a consistência da prática. A vida das igrejas como o pilar da

verdade exige uma grande fidelidade bíblica. O Evangelismo e a defesa da fé

pressupõe conteúdo baseados na Bíblia.

Em um dia que ocorrer: o desinteresse doutrinário; o relaxamento tanto na crença como

no modo de viver; ênfase nas experiências subjetivas; e uma falta de estudo Bíblico

cuidadoso. Podem abalar os fundamentos do Cristianismo. Quase toda a doutrina

bíblica têm sido modificada ou está sob ataque. O Trino santo Deus da Escritura é

largamente desconhecido. Multidões de Cristãos professos são totalmente ignorantes

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de seus atributos Divinos. A salvação de pecadores, biblicamente um trabalho

espiritual de Deus, é muitas vezes reduzida somente ao nível psicológico. O serviço

fiel e piedoso que Deus requer em sua Palavra muitas vezes é posto de lado por uma

abordagem pragmática e inovadora que não é bíblica nem piedosa. O princípio

regulador do culto, que procura ser totalmente glorificante a Deus, é frequentemente

posto de lado por expressões contemporâneas que são caracterizadas pelo

entretenimento e tornam-se centradas no homem.

Ainda é possível verificar, mesmo dentro das comunidades do Cristianismo evangélico,

a autoridade das Escrituras ficam, muitas vezes, pouco valorizada. Muitos já não olham

para inovações religiosas modernas a partir da perspectiva da Escritura, mas tendem a

ver pragmaticamente a Escritura a partir da perspectiva de tais inovações modernas! As

Escrituras são, então, torcidas para se conformarem com este moderno pragmatismo

religioso. A única prevenção contra esta miríade atual dos males é retornar fielmente a

adoração e serviço de Deus através do conhecimento da sua Palavra, para assim

conduzir todos à bênção do avivamento! Tanto a Escritura como a história

testemunham isso. Veja as Perguntas 143-145.

Devemos notar, cuidadosamente, que Deus honra a sua Palavra acima de tudo, e assim

devemos fazer o mesmo (Salmos 138:2; Mateus 5:17-18). Além disso, é incontestável

que o Espírito Santo nunca conduz o crente ao oposto ou o deixa fora da Palavra de

Deus escrita. Se devemos conhecer a vontade revelada de Deus e andar obedientemente

diante dele, então precisamos ter um conhecimento profundo dela, o que nem sempre é

uma tarefa fácil. É preciso tornar-se um estudante espiritual sério das Escrituras,

voltado à oração pela orientação e compreensão, tornando-se assim familiarizado com

os princípios apropriados de interpretação, fazendo a necessária distinção entre a

interpretação e a aplicação chegando a um acordo com a doutrina bíblica. Todo esse

estudo deve, então, ser aplicado consistentemente na prática. Pode o verdadeiro Cristão

ter que ficar sozinho em suas convicções bíblicas. Bem-aventurado é o crente que

encontra a comunhão daqueles que compartilham a mesma mentalidade na sua

reverência e obediência à Palavra de Deus! Você vive, diariamente, sob a autoridade

prática da Palavra de Deus?

19ª Pergunta - O que Deus exige em sua Palavra de todo crente?

Resposta - Deus em sua Palavra exige que cada crente viva em obediência amorosa e

em humilde submissão à sua vontade revelada.

1João 2:3-5. 3”

E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus

mandamentos. 4Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus

mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. 5Mas qualquer que guarda

a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto

conhecemos que estamos nele.”

2 Timóteo 3:16-17. 16”

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa

para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17

Para que o

homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”

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Veja também: Romanos 12:1-2; 15:18; 2 Coríntios 2:9; 7:15; Filipenses 2:8;

Filemon 21; Hebreus 12:2-13; 1 Pedro 1:13–16; 2 Pedro 3:18; 1João 1:8–10;

2:1.

COMENTÁRIO

Há um princípio de humilde obediência e submissão a Deus e a sua Palavra que

caracteriza os verdadeiros crentes. No contexto da verdade e da vontade revelada de

Deus, os seres humanos estão divididos naqueles que são descritos como os incrédulos,

ou "filhos da desobediência", e crentes, ou "filhos obedientes" (Efésios 2:2; 1 Pedro

1:14). Mas os crentes ainda pecam e agem fora do caráter de Cristãos quando eles

negligenciam ou desobedecem a vontade revelada de Deus. Há uma correlação direta

entre a fé e a obediência de alguém para com a Palavra de Deus. A obediência amorosa

e intencional prenuncia uma fé relativamente saudável; a desobediência revela uma

determinada quantidade de incredulidade. O grau de amor, de obediência e de

submissão intencional para com a Palavra de Deus na vida de alguém está

correlacionado diretamente com a maturidade espiritual (Hebreus 5:10-14). A falta de

obediência e submissão significa castigo Divino, que, embora feito com amor é

corretivo e pode ser muito grave (Hebreus 12:1-14).

O propósito final de Deus na vida e na experiência do crente é conformá-lo à imagem

de seu Filho (Romanos 8:29; 2 Coríntios 3:17,18; 1João 3:1-3). Isso é encontrar o

caminho da obediência e da vontade revelada da Palavra de Deus. A desobediência, ou

o agir fora do caráter de um crente, necessariamente suscita o castigo Divino e várias

provações e ainda muitas adversidades, que são concebidas para trazer de volta esse

alguém para o caminho da obediência, o caminho da bênção e o caminho da

maturidade. Veja a Pergunta 125.

Por que os Cristãos - os próprios redimidos de Cristo Jesus - desobedecem a Palavra de

Deus? As razões podem variar. O pecado é uma triste realidade, uma falha, uma

terrível contradição na experiência de cada crente. Infelizmente, quase todos os crentes,

por vezes, simplesmente negligenciam as Escrituras, e assim pensam ou agem contrário

à verdade de Deus, porque não está tão fixo ou atualizado em sua mente como deveria

estar. Assim, ele pensa ou age sem a santa contenção da verdade de Deus. Todos

podemos estar cegos para alguns de nossos pecados através de nossa ignorância ou

através de negligência sobre Palavra de Deus, isso por causa de nossa intrínseca

vontade de autojustiça, ou o suposto direito de alguma causa, ou alguma controvérsia

ou alguma disputa. Muitas vezes pode ser fácil defender-nos em detrimento da verdade

Divina. Cada um de nós devemos lidar com a realidade do pecado interior e da

corrupção remanescente, dos quais todo pecado é uma lamentável manifestação

(Romanos 7:13-25).

A incredulidade disfarça-se por trás de cada pecado e é inerente à nossa natureza. Às

vezes, o orgulho espiritual a autojustiça podem aborrecer nossas mentes e enganar

nossos corações. Podemos até mesmo desculpar os próprios pecados que cometemos e

que mesmo assim condenamos nos outros, porque nossas consciências não são

condenadas pelas Escrituras nem exercitadas regularmente na oração. A negligência de

oração entristece o Espírito de Deus que usa a Palavra para convencer-nos do pecado.

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Estas são algumas das razões mais comuns pelas quais os Cristãos desobedecem a

Palavra de Deus. A única cura esperançosa, além da severa disciplina de castigo

Divino, é fazer com que o estudo das Escrituras juntamente com a oração pessoal

sejam nosso principal exercício espiritual de cada dia. Você ora? Você obedece?

PARTE III

A NATUREZA, O PROPÓSITO E O CARÁTER DE DEUS

O estudo geral da Pessoa de Deus é denominado de "teologia" do Gr . theos , "Deus," e

logos ou logia , "palavra ou estudo ." O estudo doutrinário específico de Deus é

denominado de "Teologia Próprio." Um verdadeiro e inspirado conhecimento de Deus é

essencial para um conhecimento de todas as coisas e de todos. O homem é o portador da

imagem de Deus. Apenas quando ele vem conhecer Deus pelas Escrituras é que o homem

pode realmente se conhecer, assim conhecer a criação acerca dele, entender a própria

história, situar-se neste grande contexto Divinamente ordenado e ver o futuro com a

certeza da fé.

20ª Pergunta - O que podemos conhecer acerca de Deus a partir de sua Palavra?

Resposta – Podemos conhecer tudo o que precisarmos saber acerca de Deus para

reconciliarmos com ele, para adorá-lo apropriadamente e vivermos em obediência a sua

vontade revelada.

Deuteronômio 6:4-5. 4”

Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. 5Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de

todas as tuas forças.”

Mateus 22:37-39. 37

”E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu

coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. 38

Este é o primeiro e

grande mandamento. 39

E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo

como a ti mesmo.”

João 4:23-24. 23”

Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores

adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o

adorem. 24

Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em

verdade.”

Veja também: Gênesis 1:1; Êxodo 20:1-17; 1Samuel 15:22-23; Isaías 57:15 ; 64:6;

Atos 4:12; 16:30-32; Romanos 3:19-26; 5:1-3; 8:7-8; Efésios 2:4-5; 8-10; 1 Timóteo

6:15-16; Apocalipse 4:11.

COMENTÁRIO

Deus é incognoscível, exceto quando ele teve o prazer de revelar-se, e se revelou tanto na

criação [revelação natural] como em sua Palavra [revelação especial]. Ele é o nosso

Criador; nós somos suas criaturas. Ele é infinito; nós somos finitos. Ele é eterno, é

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supratemporal; nós somos temporais. Ele é espírito; nós somos corporais. Ele é

onipresente; nós estamos fisicamente localizados. Ele é imutável; nós somos mutáveis. Ele

é onipotente e onisciente; nós somos relativamente impotentes e ignorantes. Ele é infalível;

nós somos falíveis. Ele é absolutamente soberano em todas as esferas; nós somos

totalmente dependentes dele para a vida, para a respiração e para todas as coisas (Atos

17:24-25, 28). Quando deixamos analisar pelo reino metafísico e vamos para o reino

moral, o contraste permanece: Deus é absolutamente santo; nós somos ímpios. Ele é

absolutamente justo; nós somos injustos. Ele é sem pecado ou impecável; nós somos

pecadores e depravados.

Os atributos morais, porém, coincidem com o nosso estado caído e pecaminoso no

contexto do propósito do redentor eterno: Deus é gracioso e demonstra sua graça na

redenção dos absolutamente indignos. Ele é misericordioso e estende sua misericórdia

àqueles que sofrem com as devastações do pecado. Ele é justo e imputa a justiça a nós

através da fé em Jesus Cristo. Ele é amor. E os crentes são os objetos deste amor. Ele

se revela redentoramente como nosso "Pai Celestial," e nós pela graça e fé nos

tornamos seus "filhos" ou "crianças." (Mateus 6:9; Romanos 8:14-18; Gálatas 4:5-7;

1João 3:1-3). Na realidade da graça redentora, os crentes, embora imperfeitamente,

refletem os atributos morais de Deus a um elevado grau (Mateus 5:7; Lucas 6:36; João

13:34-35; 15:12; Romanos 5:21; 8:4; 13:8; Gálatas 5:22-23;Colossenses 3:12-14; 1

Pedro 1:15-16; 1João 2:29; 3:7,10). Veja a Pergunta 94.

A revelação natural nos aponta para a grandeza, o poder e a majestade de Deus, mas a

revelação especial também nos aponta para os seus atributos morais para a redenção e

julgamento. A revelação natural é tão poderosa e inclusiva que o seu testemunho deixa

o homem inescusável quanto ao poder e a natureza divina de Deus (Romanos 1:18-20).

A revelação especial satisfaz a mente e o coração quando revela a plenitude de Deus

em seu propósito redentor e sua obra da salvação.

Deus é absolutamente santo [absolutamente puro e separado de toda a sua criação], e

não pode ser abordado por alguém ímpio ou pecaminoso. Ele também é moralmente

auto consistente e absolutamente justo [correto e incapaz de erro, incapaz de

inconsistência]. Ele exige, como é seu direito soberano, que os seres humanos, feitos à

sua imagem e semelhança, também sejam santos e justos (1 Pedro 1:15-16). No

esquema da redenção, o amor, a graça e a misericórdia de Deus surge para responder às

exigências de sua auto-consistência moral sem qualquer contradição ou inconsistência,

proporcionando libertação e reconciliação através da Pessoa e obra do Senhor Jesus

(João 3:16; Romanos 3:21-26).

`

Mesmo sendo criado originalmente justo, o homem apostatou de Deus em uma

tentativa empírica de se tornar autônomo de Deus e da sua Lei-Palavra (Gênesis 3:1-

19). Em Adão, que era o Homem Representante [cabeça federal da raça humana], o

homem se tornou um pecador por imputação, pela natureza, pela tendência e pela

transgressão pessoal (Gênesis 5:3; Romanos 3:23; 5:12-19). Por isto, ele se tornou

totalmente alienado de Deus e colocou-se sob a condenação Divina.

Ultimamente a realidade e a necessidade de redenção descansa na auto consistência

moral, santa e justa de Deus. Um Deus reto, justo e santo não pode arbitrariamente

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retirar o pecado sem se tornar moralmente inconsistente e autocontraditório (Romanos

3:21-31). É por isto que o eterno Filho de Deus entrou na raça humana através da

encarnação (Mateus 1:21; Romanos 8:2-3; Filipenses 2:5-9; 1 Timóteo 3:16). O Senhor

Jesus Cristo era e é Deus em carne, o Deus-homem, o "Segundo Homem," o "Último

Adão," o Redentor para salvar os pecadores, o Mediador para reconciliar Deus e os

homens (1 Timóteo 2:5). Em seu infinito e eterno amor redentor, Deus enviou seu

Filho para ser a grande propiciação [aquele através do qual as exigências de justiça

absoluta de Deus podem ser satisfeitas. Através de sua obediência ativa ele conheceu

as exigências da Lei Divina e, através de sua obediência passiva, ele pagou sua pena

terrível]. Então, crendo, os pecadores poderão reconciliar com ele (João 3:16; Romanos

3:24-26). Somente desta maneira – através da fé no Senhor Jesus - Deus poderá ser

"justo e justificador daquele que crê em Jesus" (Romanos 3:26).

Como somos pecadores por imputação, bem como por natureza e por transgressões

pessoais, tudo o que pensamos, dizemos ou fazemos é manchado, inerentemente, com

o pecado. Não podemos fugir disso. A justiça é própria de nós é uma autojustiça (Isaías

64:6). É por isto que a salvação não pode ser pelas obras ou esforço-próprio. Esta é a

razão pela qual Deus não pode aceitar os nossos esforços para agradá-lo. Se nós

queremos ser salvos do pecado, deve ser pela graça [favor imerecido - total e

absolutamente imerecido - no lugar ou a serviço da ira merecida] apenas. Não pode

haver uma mistura de graça e obras. Qualquer adição de obras [capacidade humana]

destruiria o princípio e a realidade da graça Divina (Romanos 11:5-6). A livre graça e a

livre vontade são totalmente opostos um ao outro.

Como podemos ser salvos de nossos pecados? Como podemos ser reconciliados com

Deus? Como podemos receber a graça de Deus? Pela fé. Fé é crença, é confiança, é

compromisso e essa confiança é em alguém ou alguma coisa ["fé" é o substantivo;

"acreditar" é o verbo]. A Fé salvífica confia, crê e depende de Deus, da sua Palavra, e

especificamente do seu Filho como Senhor e Salvador. A fé salvífica se apodera da

perfeita justiça do Senhor Jesus Cristo em total compromisso e se apropria dela. Isso é

o que significa "crer no Senhor Jesus Cristo" e ser salvo (Atos 16:31). Veja a Pergunta

89. Você está salvo de acordo com a verdade de Deus?

21ª Pergunta - Quais são os nomes de Deus?

Resposta - Os nomes de Deus são aqueles títulos ou designações pelos quais Deus se

revelou ao homem.

Êxodo 20:7. “ Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor

não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.”

Mateus 6:9. “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus,

santificado seja o teu nome.”

Veja também: Gênesis 22:14; 32:27; Êxodo 3:13-15; 6:3; 9:16; 15:3; 17:15;

34:14; 2Samuel 6:18; Salmos 20:1; 83:18; Isaías 9:6; 57:15; João 10:25;

Filipenses 2:5-11.

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COMENTÁRIO

Na sociedade moderna ocidental os nomes podem significar muito pouco, mas Deus

revelou-se em outra época, em outras línguas, e numa cultura em que os nomes tinham

uma grande significância. É neste contexto muito importante que os nomes de Deus

devem ser entendidos. Um nome não era apenas para identificação pessoal, mas também

para uma revelação pessoal.

Os nomes de Deus são muito significativos como parte essencial de sua auto revelação

aos homens para que eles, apesar de sua finitude, possam compreender suficientemente o

Deus incompreensível e infinito. Estes são os principais meios de sua identificação

quanto de sua auto revelação como uma pessoa distinta (Gênesis 17:1; Êxodo 6:3). Eles

revelam vários aspectos e características de seu caráter Divino, por exemplo: auto-

existência (Êxodo 3:14-15), majestade (Gênesis 14:18; 21:33; 24:3), poder, força ou

poderio (Gênesis 17:1; Apocalipse 4:8), onisciência (Gênesis 16:13; Atos 1:24),

suficiência (Gênesis 17:1), provisão (Gênesis 22), santidade (Isaías 57:15), justiça

(Jeremias 23:6), ciúme (Êxodo 34:14), um Deus que deve ser temido (Gênesis 31:42,53),

etc. Os nomes de Deus revelam sua fidelidade em promessas, em poder, em julgamento,

na relação de aliança e na redenção (Gênesis 24:12; Êxodo 6:3).

Os nomes de Deus no Velho Testamento podem ser classificados como aqueles que são

geralmente usados por ele e aqueles que denotam mais especificamente algum aspecto de

seu caráter. Os nomes gerais são: "Deus" [El, Elohim, "forte, poderoso, potente"],

"SENHOR" [Yahweh, "Jeová," o auto existente, o Deus que guarda o concerto"] e

"Senhor" [Adonai, "Soberano Mestre"]. Os títulos mais específicos denotam algum

aspecto ou atributo do caráter Divino, como "O Nome" (Levítico 24:11), "A Rocha"

(Deuteronômio 32:4), "Deus Todo-Poderoso " (Gênesis 17:1), "O Altíssimo" (Gênesis

14:19), "Senhor dos Exércitos" (Isaías 1:9), "O Santo" (Isaías 40:25), "Zeloso" (Êxodo

34:14), etc.

Também podemos classificar os nomes de Deus no Novo Testamento como gerais e

mais específicos. Os títulos gerais são: "Deus" [Theos, equivalente ao "El" do Velho

Testamento e "Elohim"] e "Senhor" [Kurios], usado para Jeová, para o Senhor Jesus

Cristo e também em um mero contexto humano para "Senhor" (Atos 9:5; João 4:11).

Despotēs para Adonai, ["Soberano Mestre"]. Os títulos mais específicos incluem: "O

Todo-Poderoso" [Ho Pantokratōr, ou "Todo-Poderoso"], "O Abençoado" [Aquele que

receber louvor e honra] e "Pai" (Mateus 6:9-13; Romanos 8:14-16; 1 Coríntios 1:3; 8:5-

6; 2 Coríntios 1:2-3; 6:17-18; Gálatas 4:6; Efésios 1:3 e seguintes).

Os títulos de Divindade que são usados para nosso Senhor Jesus Cristo no Velho

Testamento têm grande importância (Isaías 9:6; Malaquias 3:1). No Novo: "Deus" (1

Timóteo 3:16; Tito 2:13), "Senhor" (João 20:28; Atos 9:5-6; 22:6-10; Hebreus 1:10;

Judas 4; Apocalipse 19:16), "A Palavra" (João 1:1) e "Filho" implicam uma igualdade e

uma relação única de intimidade com Deus, o Pai (João 1:18; Colossenses 2:9; Hebreus

1:8). O termo "Filho do Homem" pode não se referir meramente à sua humanidade; é um

título messiânico, decorrente do Velho Testamento (Daniel 7:13-14).

22ª Pergunta - Quais são os atributos de Deus?

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Resposta - Os atributos de Deus são aquelas perfeições inerentes à natureza Divina que

a Bíblia revela a respeito de Deus.

Êxodo 3:14. “E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim

dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.”

Romanos 11:36. “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória,

pois, a ele eternamente. Amém.”

Veja também: Levítico 11:43-45; 1Reis 8:27; 1Crônicas 29:11-12; Salmos 31:5;

90:2; 139:1-17; 145:3,17; 147:5; Isaías 6:1-3; 57:15; Jeremias 23:24; Malaquias

3:6; 1 Coríntios 8:6; 1João 4:16.

COMENTÁRIO

A palavra "atributos" refere-se àquelas características e qualidades que são inerentes à

essência divina e, portanto, atribuídos a [revelado sobre, atribuído ou descritivo de]

Deus pelas Escrituras. Nós conhecemos ou compreendemos Deus em nossa finitude

através desses atributos e dessas características. Todos esses atributos são perfeições,

ou seja, Deus é necessariamente perfeito em cada uma dessas qualidades e

características.

Os atributos Divinos são coerentes em Deus. O termo "coerência," quando utilizado

logicamente, filosoficamente ou teologicamente, denota consistência, ou seja, sem

contradição e nenhum conflito. Se um sistema tiver quaisquer inconsistências ou

quaisquer contradições, considera-se ser "incoerente." Quando aplicado aos atributos

Divinos e às perfeições, significa que essas características Divinas não se contradizem

nem entram em conflito umas com as outras. Não há incoerência dentro da

personalidade Divina.

Só podemos conhecer a Deus quando ele tiver o prazer de se revelar para nós. Contudo

podemos procurar compreender a Deus nas Escrituras e fazer o nosso conhecimento de

forma ordenada e sistemática. Podemos tentar categorizar ou organizar as perfeições

Divinas para nos ajudar a pensar apropriadamente sobre Deus "como espírito, infinito e

perfeito, a fonte, o suporte e a finalidade de todas as coisas" (Romanos 11:36). Embora

o nosso conhecimento de Deus seja apenas parcial e inadequado devido à nossa

finitude, devido ao nosso estado caído e devido aos efeitos noéticos do pecado, torna-

se um verdadeiro conhecimento através da nossa capacidade dada por Deus como os

portadores da imagem de Dele, no contexto da revelação Divina e na obra iluminadora

do Espírito Santo.

Foram feitas várias tentativas para classificar os atributos Divinos. A maioria

classificou esses atributos Divinos como: os Atributos Comunicáveis e

Incomunicáveis, ou seja, aqueles que pertencem a Deus (por exemplo, onipresença,

onipotência, imensidão, eternidade, etc.) e aqueles que de certa forma são

comunicáveis às suas criaturas morais (por exemplo, amor, misericórdia, sabedoria,

etc.) Outros os classificaram como Absolutos (os que pertencem somente a Deus) e

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Relativos (aqueles expressos em certa medida no homem). Alguns tentaram classificá-

los como Atributos Imanentes ou Intransitivos e Eminentes ou Transitivos. Todas essas

tentativas provam-se insuficientes, pois Deus é simplesmente transcendente em todas

as suas perfeições.

Deus Considerado como Espírito, Infinito e Perfeito

Deus é espírito, ou seja, Deus não é visível nem material; ele é incorpóreo (João 4:24).

Ele pode ser percebido através do universo criado (Salmos 19:1-6; Romanos 1:19-20),

no Senhor Jesus Cristo (João 1:18; Colossenses 2:9), e também pessoalmente e

espiritualmente pela fé (Hebreus 11:6,27). Porque Deus é espírito, não podemos vê-lo

com os nossos olhos físicos. Nós o "vemos" através do "olho" da fé, isto é, pela fé ou

através dela (Hebreus 11:6).

Quando a Bíblia fala de Deus como tendo "olhos," "mãos," "pés," "orelhas," etc., ele está

usando termos humanos [antropomorfismos] para nos ajudar a entender que Deus vê,

trabalha, movimenta, ouve, etc. Seres espirituais puros como anjos ou demônios são

muito superiores aos seres físicos, e Deus é absolutamente superior e supremo - não há

ninguém ou coisa alguma acima ou além dele. Ele é supremo e infinito, o Criador, o

Governador e o Sustentador de todas as coisas.

Como Espírito, Deus tem vida em si mesmo e dá vida a todas as coisas (Atos 17:25,28;

Hebreus 1:3; 10:31). Ele é uma personalidade, e não apenas uma influência (Gênesis 1:1;

Êxodo 3:14; Romanos 11:33-36).

Deus é absolutamente perfeito em todas as coisas e em todos os sentidos. Se houvesse

qualquer imperfeição em Deus, ele não seria e não poderia ser o Deus das Escrituras. Ele

é a verdade perfeita. Porque Deus é tanto verdadeiro como é a verdade, ele é confiável -

acreditado sem falhar (Deuteronômio 32:4; Salmos 146:5-6; Tito 1:2; 1João 5:10). Ele

também é perfeito amor. O amor de Deus não pode ser separado de suas outras

perfeições. Seu amor é santo, justo, gracioso, misericordioso e compassivo (João 3:16;

1João 4:8-10,16). Ele é de um modo perfeito: santo (Salmos 145:17; Isaías 57:15; 1

Pedro 1:15-16), justo (Gênesis 18:25; 2 Crônicas 12:6; Salmos 11:7) e sábio (Romanos

11:33-36; 1 Timóteo 1:17).

Deus Considerado como a Fonte, Sustento e Fim de Todas as Coisas

Isso significa que Deus é o Criador, o Originador e o Definidor de todas as coisas, aquele

que sustenta todas as coisas no universo, e que todas as coisas existem e estão sendo

trazidas à consumação final [seu fim ordenado final ou conclusão] nele (Atos 17:24-28;

Romanos 11:33-36; Colossenses 1:17; Hebreus 1:1-3).

Em relação ao tempo e espaço, Deus é transcendente, isto é, ele excede em muito todas

as limitações do universo que ele criou. Ele está acima e além de todo tempo e espaço.

Não há nada que existe acima ou além Deus. Não existe lei alguma, pessoa ou coisa às

quais ele deve responder; ele é absoluto, e toda realidade criada é relativa a ele. Ele é

movido apenas a partir de si mesmo e de sua própria auto-consistência moral (Salmos

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90:4; 113:5-6). Deus também é eterno e supratemporal, isto é, ele existe acima e além do

tempo (Gênesis 1:1; 1 Timóteo 1:17). Ele é imenso e iminente, ou seja, pleno e

pessoalmente presente em todo o universo (1Reis 8:27; Hebreus 4:12-13).

Em relação à criação, Deus é onipresente (Salmos 139:7-10), onisciente (Salmos 139:1-

5; Jeremias 17:9-10; 23:24; Atos 1:24; 15:8) e onipotente (Gênesis 1:1,3; Salmos 115:3;

Isaías 46:9-11).

Em relação aos seres morais, Deus é fiel, verdadeiro (Deuteronômio 7:9-10; João 17:17;

1 Coríntios 1:9; 10:13; Tito 1:2; Hebreus 6:13-18; 1João 5:10), gracioso,

misericordioso, bondoso (Salmos 103:1-2,8-14,17; Romanos 2:4; 8:28-39), carinhoso,

gentil (João 3:16; Romanos 5:5, Efésios 2:4-10; 1João 4:8,16), reto, justo e santo

(Salmos 145:17; Isaías 6:1-4; Oséias 1:1-11; Romanos 3:21-26; 11:33-36).

23ª Pergunta - O que as Escrituras ensinam sobre a natureza da Divindade?

Resposta - As Escrituras ensinam que há um único Deus que existe eternamente em Três

Pessoas.

Deuteronômio 6:4. “Ouve, Israel, O Senhor nosso Deus é o único Senhor.”

Mateus 28:19. “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome

do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.”

Veja também: Gênesis 1:1-3,26-28; Isaías 44:6-8, 1 Coríntios 8:4-6; Colossenses 2:9;

1 Timóteo 3:16.

COMENTÁRIO

O termo "Trindade" deriva do Latim trinitas, de tres, três, e uno, um. A trindade ou tri-

unidade de Deus é um grande mistério. É uma verdade Divinamente revelada porque

ela só é revelada nas Escrituras e é recebida pela fé. Não existe qualquer analogia

[verdade ou ilustração correspondente] encontrada na criação. Qualquer tentativa de

ilustrar a trindade ou tri-unidade de Deus a partir da criação necessariamente falhará.

A verdade da Trindade pode ser vista como é apresentada a partir das Escrituras em

quatro afirmações: Deus, o Pai é Deus (Mateus 11:25). Deus o Filho [o Senhor Jesus

Cristo] é Deus (Isaías 9:6; João 1:1-3,14,18; Colossenses 2:9). Deus o Espírito Santo é

Deus (Gênesis 1:1-2; Atos 5:3-4; 2 Coríntios 3:17). Há um único Deus (Deuteronômio

6:4; Isaías 44:6-8; 1 Coríntios 8:4-6).

Existem dois termos teológicos com os quais devemos estar familiarizados - a Trindade

Ontológica e a Econômica. Essas são duas únicas maneiras de ver a Trindade por causa

da nossa compreensão finita. A palavra "ontológico" significa "ser" [Gr. ontos, "ser"], e

refere-se às Pessoas da Divindade em suas essências e a relação de uma para com a

outra. A palavra "econômica" [Gr. oikonomia, "economia"] significa "gestão" ou

"administração," e refere-se às Pessoas da triuna Divindade em sua cooperação

unificada nas obras da criação, da redenção e da providência. A terminologia "Trindade

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Ontológica" significa que Deus tem existido eternamente em Três Pessoas. Alguns

sustentam erroneamente que Deus é trinitário apenas em relação ao universo criado.

Tal visão nega, de forma intrínseca, a Trindade Ontológica negando assim a filiação

eterna do Senhor Jesus Cristo e a personalidade do Espírito Santo. Veja perguntas 25 e

26.

24ª Pergunta - Quem é Deus o Pai?

Resposta - O Pai é o Deus eterno, co-igual e co-eterno com o Deus Filho e o Deus

Espírito Santo.

Mateus 6:9. “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus,

santificado seja o teu nome.”

Veja também: Mateus 11:27; Romanos 8:14-16; Efésios 1:3.

COMENTÁRIO

Para uma introdução a essa pergunta e resposta, veja as Perguntas 20-23. Deus o Pai

revelou-se como "o Deus e Pai do Senhor Jesus Cristo," o "Pai" para a nação de Israel

como um povo de aliança coletiva (Isaías 64:8; Malaquias 1:6; João 8:41), e como

"Pai" para o Cristão individualmente e coletivamente (Mateus 6:9; Romanos 8:14-16).

Essa distinção é eterna e ontológica, e não meramente relacionada com a Trindade

Econômica (isto é, Deus não é uma trindade apenas em relação à criação e a redenção,

mas as distinções dentro da Divindade são eternas - o Pai sempre foi o "Pai" em

relação ao Filho e ao Espírito). Veja a Pergunta 23. Essa auto revelação de Deus como

o "Pai" nas Escrituras é para a nossa compreensão, o nosso conforto, a nossa confiança

e a nossa esperança.

A revelação de Deus como nosso "Pai" nos permite – como criaturas finitas e seus

filhos espirituais – entendê-lo, conhecer o seu amor, amá-lo e em troca se alegrar em

um relacionamento filial. Essa revelação capacita o crente a conhecer a Deus como

Aquele que o ama, o recebe, o protege, o provê, o castiga, ouve suas orações, conhece

suas provações e que um dia o receberá para si mesmo na glória. Lutero afirmou essa

bendita verdade quando disse que se pudesse chamar Deus de "Pai," ele podia orar - e

nós também podemos! Veja as Perguntas 99-102.

25ª Pergunta - Quem é o Senhor Jesus Cristo?

Resposta - O Senhor Jesus Cristo é o Filho eterno de Deus, co-igual e co-eterno com o

Pai e o Espírito Santo.

João 1:1. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era

Deus.”

Colossenses 2:9. “Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da

divindade.”

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1 Timóteo 3:16. “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se

manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos

gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.”

Tito 2:13. “Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória

do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo.”

Veja também: Isaías 7:14; João 1:14,18; 14:6-11; Filipenses 2:5-11; Tito 2:13;

Hebreus 1:8.

COMENTÁRIO

Deus é Espírito e, assim, invisível, isto é, incorpóreo [sem partes corporais] (João 4:24;

1 Timóteo 6:15-16). O Senhor Jesus Cristo em sua encarnação é a revelação plena e

final e a representação do Deus eterno (João 1:1-3; 14:6-11; Colossenses 2:9; 1

Timóteo 3:16) - a própria "exegese" de Deus (João 1:18). É no Senhor Jesus Cristo que

o desejo natural do homem de "ver" Deus é cumprido (João 14:9). É em sua

personalidade e através dela e das ações do Senhor Jesus durante o seu ministério

terreno que vemos a revelação do poder e dos atributos morais de Deus. Em sua

transfiguração, vemos um vislumbre de sua glória eterna como o próprio Deus (Mateus

17:1-8; Marcos 9:1-8; Lucas 9:27-36; João 17:4-5; 2 Pedro 1:16-18).

O eterno Filho de Deus encarnou-se [tomou para si uma verdadeira e completa

natureza humana, uma alma e um corpo] para a redenção dos pecadores (Lucas 1:35;

Gálatas 4:4). Ele não se tornou encarnado como um mero indivíduo, mas como um

Homem Representante, "o segundo homem," "O último Adão" (Romanos 5:12-18; 1

Coríntios 15:45-47). É nesta capacidade que nós devemos ver e entender sua

humanidade, sua perfeita obediência à Lei, sua tentação no deserto, sua vida terrena e

ministério, seu sofrimento e morte, sua gloriosa ressurreição e sua ascensão ao céu para

governar como o Deus-Homem no trono da sua glória (Mateus 28:18; 1 Coríntios

15:20-26; Filipenses 2:9-11; Hebreus 1:3).

Ele era e permanece sendo o perfeito e o imaculado Filho de Deus em virtude do

nascimento virginal, e assim apenas ele estava qualificado para ser o nosso Redentor e

Salvador (Gálatas 4:4-5; Lucas 1:26-35; Romanos 5:12-19). O Senhor Jesus Cristo não

poderia ser um mero ser humano e viver uma vida perfeita sob a lei para depois sofrer e

morrer pelos pecadores - nem sua vida, nem o sofrimento e a sua morte realizaria

qualquer coisa. Ele apenas teria morrido como um mártir - e por seus próprios pecados.

A eficácia [efetividade] de sua obra dependia de sua Pessoa – da sua natureza Divina e

da sua natureza humana impecável.

Através da encarnação e na/da encarnação, o eterno Filho de Deus entrou no reino do

tempo. O Senhor Jesus Cristo é, portanto, o "Deus-Homem," não o "Homem-Deus."

Com isto nós queremos dizer que ela era Deus o Filho, a segunda Pessoa da trina

Divindade, que tomou para si uma natureza humana plena e completa através do

milagre do Nascimento Virginal, incluindo uma alma e um corpo, e não um homem

que foi ou está em processo de se tornar Deus. As duas naturezas dentro de nosso

Senhor (isto é, a união hipostática de suas naturezas humana e Divina) não estão

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misturadas ou confusas, mas separadas e distintas, ou seja, ele não é metade Deus e

metade homem. A encarnação foi necessária para o Senhor Jesus Cristo fosse o

Mediador perfeito e eficaz entre Deus e os homens (1 Timóteo 2:5), e portanto, nosso

Redentor, Salvador e Intercessor (Romanos 3:21-26; 2 Coríntios 5:21; 1 Pedro 3:18;

1João 2:1). Por causa de sua única Pessoa e sua obra redentora realizada, ele sozinho se

qualifica como o Salvador dos pecadores (Atos 4:12).

Os primeiros Pais da Igreja, visando salvaguardar do erro e da heresia as distinções

eternas dentro da Divindade, e usando a terminologia da escritura, referiram-se à

distinção eterna entre o Espírito Santo e o Pai e o Filho como a "geração eterna" do

Filho pelo Pai, para salvaguardar a Filiação eterna do Senhor Jesus Cristo. Eles

também se referem à distinção eterna entre o Espírito Santo, o Pai e o Filho como a

"procissão eterna" do Espírito Santo, como a Escritura declara que ele procede do Pai e

do Filho (João 14:16-17,26; 16:7; Atos 2:32-33). Essa tentativa na linguagem da

escritura foi usada para preservar as distinções dentro da Divindade e não foi para

implicar qualquer subordinação, sucessão ou emanação. Além da linguagem da

Escritura, nós não ousamos ir. A encarnação do Filho eterno de Deus permanece como

o mais profundo mistério de todos os tempos. Negar a filiação eterna de Cristo Jesus é

negar a Trindade Ontológica e manter apenas a Trindade econômica e, portanto, negar

implicitamente a imutabilidade da natureza da Divindade. Veja a Pergunta 23.

Através do Nascimento Virginal (Mateus 1:18-25; Lucas 1:26-35), através de sua vida

completamente sem pecado e vivida sob a Lei (João 8:46; Gálatas 4:4-5; 1 Pedro 2:21-

22), e depois pela sua morte sacrificial (Lucas 19:10; Filipenses 2:5-8; 1 Timóteo

1:15; Hebreus 9:12,27-28) e pela sua ressurreição (Mateus 28:5-6; Atos 2:22-33;

Romanos 1:3-4) o nosso Senhor se tornou o Deus-Homem, santo, impecável e único

Redentor qualificado dos pecadores (Atos 4:12), tornou-se o nosso Grande Sumo

Sacerdote (Hebreus 4:14-16; 5:5-10; 7:11-28; 1 João 2:1) e também o Juiz final de

todos os homens (Atos 17:30-31; 2 Coríntios 5:10; Filipenses 2:9-11; Apocalipse

20:11-15). O nome "Jesus" [Gr. Iēsus, "Yahweh é salvação"] refere-se à sua

humanidade, "Cristo" [Gr. Christos, "O Ungido"] refere-se ao seu ofício e missão

como o Messias prometido (Jo]ao 1:41; 4:25) e "Senhor" [Gr. Kurios, "Yahweh"]

refere-se à sua Divindade e posição de exaltação (Mateus 28:18; Atos 2:36; Filipenses

2:9-11; Hebreus 1:1-13). Seu nome completo e título apropriado é "O Senhor Jesus

Cristo."

A natureza Divina do nosso Senhor formou a base para sua personalidade e manteve

sua natureza humana como o Deus-Homem na união hipostática [a união das duas

naturezas em uma Pessoa]. Assim, ele foi totalmente impecável, ou seja, ele não pecou

e não podia pecar. As duas frases Latinas são posse non peccar, capaz de não pecar

[pecável], e non peccar posse, incapaz de pecar [impecável]. A impecabilidade do

nosso Senhor era necessária para sua obra redentora.

Embora a ênfase moderna esteja sobre a obra redentora de Cristo, ao invés de estar

sobre sua Pessoa, a maioria das controvérsias, historicamente analisando, têm sido

centrada sobre a última. A grande questão discutida é a Divindade do Senhor Jesus

Cristo e a relação de suas duas naturezas em uma só Pessoa. As heresias doutrinárias

acerca da Pessoa do Senhor Jesus Cristo foram: Gnosticismo Valentiniano, que negou a

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verdadeira Divindade de Cristo por sustentar que o "elemento Cristo" veio sobre ele no

seu batismo e o deixou no jardim da agonia antes de sua crucificação. Assim, ele

morreu como um mero homem (João 1:14,18). Gnosticismo Docético, onde diziam que

toda a matéria era inerentemente má, negou a verdadeira humanidade de Cristo,

sustentando-o como sendo um espectro (1João 1:1; 4:2-3). Monarquianismo Dinâmico,

uma heresia antitrinitária do segundo século que negava a Divindade de Cristo e

ensinava que ele era um mero homem e recebeu uma unção no batismo por isso estava

em processo de se tornar Divino. Os representantes modernos, a princípio, incluíam os

Socinianos, Cristadelfianos, Unitárianos, Teosofistas e Mórmons. Monarquianismo

Modalistico, uma heresia antitrinitária que sustentavam uma Pessoa em três

manifestações, ao invés de Pessoas distintas na Divindade. Também chamada de

Sabelianismo, Patripassianismo, etc. Pentecostais Unidos ["Só Jesus"] ou a "Igreja

Apostólica" é a representante moderna dessa antiga heresia. Arianismo, uma heresia

antitrinitária que negava a Divindade absoluta de Cristo. Os representantes modernos

são os Socinianos e Russelitas [“Testemunhas de Jeová”] (1 Timóteo 3:16).

Apolonarianismo, uma heresia antitrinitária que negava a verdadeira humanidade de

Cristo. Euticianismo, que ensinava a fusão das duas naturezas em Cristo.

Nestorianismo, que parecia indevidamente separar a união hipostática das duas

naturezas de Cristo em duas pessoas. Monofisistismo, que ensinava que Cristo tinha

uma natureza composta, em vez de duas naturezas distintas. Monotelitismo, que

sustentava que Cristo tinha apenas uma vontade e, assim, humilhava sua verdadeira

humanidade. Havia dois pontos de vista: a vontade humana foi fundida com a vontade

Divina de modo que apenas a vontade Divina agia, ou as duas vontades foram fundidas

em uma só. A mais moderna Teoria Kenosis, decorrentes de Filipenses 2:7, a forma

extrema desta teoria sustenta que Cristo se esvaziou de sua Deidade, ou de sua natureza

Divina, tornando-se um mero homem. Formas modificadas desta teoria suscitam que

de alguma forma ele se esvaziou de alguns dos atributos Divinos e assim era inferior na

Deidade.

As controvérsias a respeito da obra redentora de nosso Senhor são centradas sobre a

natureza e a extensão da expiação. Alguns sustentam que ele sofreu e morreu por todos

os homens sem exceção e assim todos serão salvos [universalismo consistente], Outros

afirmam que ele morreu para tornar a salvação possível e assim todos os homens

poderão buscar a salvação se eles adicionarem a capacidade deles à sua obra

[universalismo inconsistente]. Alguns consistentemente sustentam que nosso Senhor

sofreu e morreu por um povo específico, e que cada um desses será infalivelmente

redimido [particularismo consistente].

O Senhor Jesus Cristo é ao mesmo tempo o único Mediador entre Deus e os homens (1

Timóteo 2:5), o único Redentor e Salvador dos pecadores (Romanos 3:24-26; Efésios

1:5-7) e o nosso Grande Sumo Sacerdote (Hebreus 4:12-16; 7:19-28; 8:1-2; 9:11-

14,24; 1João 2:1). Ele será o Juiz de todos os homens que virá (Jo 5:22). Ele também é

o nosso exemplo e sendo assim é a nossa meta. O Senhor Deus está no processo do

resgate da sua imagem nos crentes e nós, constantemente, sendo conformados à

imagem de seu Filho pela obra do Espírito Santo, em nossa adoção, em nossa

santificação, em nossa correção e em nosso teste. Essa conformidade será completa na

ressurreição para a glória (Romanos 8:23,29; 2 Coríntios 3:17-18; Filipenses 3:20-21).

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Para uma descrição completa do Senhor Jesus Cristo, veja as Perguntas 70-76. Você

tem uma relação de salvação para com o Senhor Jesus através da fé?

26ª Pergunta - Quem é o Espírito Santo?

Resposta - O Espírito Santo é o Espírito eterno de Deus, co-igual e co-eterno com o

Pai e o Filho.

2 Coríntios 3:17. “Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor,

aí há liberdade.”

Mateus 28:19. “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os

em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.”

Efésios 4:30. “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados

para o dia da redenção.”

Veja também: Gênesis 1:2; Marcos 3:28-30; Atos 5:3-4,9; 13:2-4; 16:6; 20:28; 1

Timóteo 4:1.

COMENTÁRIO

Deus e o Espírito Santo são pessoas distintas dentro da Divindade. Como a questão

com o Senhor Jesus Cristo tem sido a sua Deidade, de modo que a grande questão a

respeito do Espírito Santo tem sido a sua personalidade distinta. Ele não é uma mera

influência, uma força impessoal ou uma emanação de Deus (Atos 13:2,4), Mas Ele

possui peculiaridades, possui um poder e tem prerrogativas de uma personalidade

distinta: ele fala (Atos 13:2; 1 Timóteo 4:1), cria (Gênesis 1:2), comanda (Atos 13:2-4),

possui julgamento inteligente, possui prerrogativa (Atos 15:28; 20:28), proíbe (Atos

16:6), pode ser tentado, pode ser mentido (Atos 5:3-4,9), pode ser entristecido (Efésios

4:30) e se pode pecar contra ele (Marcos 3:28-30). [Nosso Senhor por vezes usou a

forma masculina em vez do neutro no Grego para se referir ao Espírito Santo, quando a

palavra "espírito" em si é neutra, enfatizando, assim, a sua personalidade (João

14:16,26; 15:26; 16:8,13-14)]. Ele estava envolvido com as outras pessoas da

Divindade triuna na criação (Gênesis 1:1-3) e na eterna Aliança da Redenção e da

Graça [o propósito redentor eterno]. Veja Perguntas 67, 77 e 84.

Os Pais da Igreja, visando salvaguardar do erro e da heresia as distinções eternas

dentro da Divindade, e usando a terminologia da escritura, referiram-se à distinção

eterna entre o Espírito Santo e o Pai e o Filho como a "procissão eterna" do Espírito

Santo, como as Escrituras declaram que ele procede do Pai e do Filho (João 14:16-

17,26; 16:7, Atos 2:32-33). Essa linguagem foi usada para preservar as distinções

dentro da Divindade, e não foi para implicar qualquer subordinação inerente, sucessão

ou emanação. Negar a personalidade eterna do Espírito Santo é negar implicitamente a

Trindade Ontológica e a imutabilidade da Divindade. Veja as Perguntas 23 e 25.

É o ofício peculiar do Espírito Santo aplicar a obra consumada da redenção ou da

satisfação de nosso Senhor [a obra consumada de Cristo] para a vida e a experiência

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individual do Cristão - em especial: a regeneração, o arrependimento, a fé, a adoção e a

santificação - e para a Igreja coletivamente (Gálatas 5:22-23; Efésios 1:15-20; 13-14;

4:11-16,30; 2 Tessalonicenses 2:13; 1 Pedro 1:2). Veja a Pergunta 84. Assim, ele torna

a nossa experiência Cristã possível e prática.

A obra do Espírito Santo dentro da personalidade do crente é de uma graça

capacitadora, transformadora e santificadora. Os crentes são ordenados a andar no

Espírito e assim não cumprir os desejos da carne. O Espírito de Deus lhes contém de

viver como eles viviam antes (Gálatas 5:16-18). O "fruto do Espírito”, isto é, aquelas

graças que o Espírito Santo manifesta na vida, estão entre as marcas essenciais da

graça (Gálatas 5:22-23). Veja a Pergunta 112. Será que nós carregamos as marcas da

graça e do Espírito de Deus em nossas vidas e experiências?

27ª Pergunta - O que as Escrituras ensinam a respeito do propósito de Deus?

Resposta - As Escrituras ensinam que Deus propôs eternamente todas as coisas sem

exceção para a sua própria glória e para o bem maior.

Efésios 1:11.” Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido

predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o

conselho da sua vontade.”

Romanos 8:28-30. 28

”E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para

o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu

propósito. 29

Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem

conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre

muitos irmãos. 30

E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que

chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também

glorificou.”

Veja também: Salmos 115:3; Isaías 46:9-11; Romanos 11:33-36; Efésios 1:3-14;

2:1-10; Apocalipse 4:11.

COMENTÁRIO

Deus como uma pessoa com personalidade distinta é um ser com propósito e

determinação. Como o próprio Deus é infinito, iminente e eterno, o seu propósito em

relação a sua criação é necessariamente um propósito todo-inclusivo e eterno. Como

uma personalidade infinitamente sábia e inteligente, seu propósito deve ser o mesmo.

As Escrituras revelam que Deus "faz todas as coisas, segundo o conselho da sua

vontade," isto é, que ele propôs ou predeterminou todas as coisas. Isso é conhecido

como pré-ordenação ou predestinação. Por definição "predestinação" significa

"determinar o destino de antemão." O termo tem um uso triplo na Escritura referindo-

se: primeiro ao propósito abrangente e eterno de Deus (Efésios 1:11); segundo ao seu

propósito soteriológico [pertencente a salvação] (Romanos 8:28-31; 9:1-24; Efésios

1:3-14); e terceiro ao propósito escatológico realizado na glorificação do crente e

conformidade final para com a imagem de Cristo (Romanos 8:29).

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O uso abrangente do termo pode ser descrito como o eterno (Isaías 46:9-10; Atos

15:18; 1 Pedro 1:20; Apocalipse 4:11) , o imutável (Isaías 14:24; 46:11; Provérbios

19:21), o todo-inclusivo (Atos 17:25,28; Efésios 1:11; Apocalipse 4:11), o onisciente

(Jr 51:15; Romanos 11:33-35;16:27; Efésios 3:10-11; 1 Timóteo 1:17; Judas 25), o

justo (Isaías 45:21; Sofonias 3:5; Romanos 9:14), o santo (Êxodo 15:11; Isaías 57:15) e

o amoroso (Romanos 8:38-39; Efésios 1:3-5) decreto ou propósito de Deus (Isaías

14:24; Daniel 4:17,24; Efésios 1:11), por meio do qual, desde a eternidade, de dentro

de si mesmo (Salmos 115:3; Daniel 4:35; Romanos 11:33-36; Efésios 1:5,9) e para a

sua própria glória (1Crônicas 29:11-13; Efésios 1:3-6,12-14; Apocalipse 4:11), ele

determinou tudo o que acontece (Romanos 11:33-36; Colossenses 1:17; Hebreus 1:3;

Neemias 9:6).

Embora os termos "predestinar," "predestinação" e "pré-ordenado" ocorram raramente

nas Escrituras, há uma grande variedade de termos nas línguas originais [trinta e dois

em Hebraico e Grego] que conotam o propósito Divino, a determinação, a vontade, a

soberania e a predestinação. Eliminar a ideia da predestinação Divina das Escrituras

iria mudar completamente a natureza e o caráter de Deus, e assim tornar as suas

promessas e profecias relativas, nulas e vazias, destruindo a própria essência e o feitio

das Escrituras. Seria, com efeito, o abandono completo do Cristianismo bíblico para

um "Teísmo Aberto" ou "Processo Teológico" no qual o próprio Deus estaria

crescendo e se expandindo com o universo, e o futuro permaneceria desconhecido, até

mesmo para ele. Dizer "Deus" é dizer "propósito," e dizer "propósito," no contexto de

Deus como revelado nas Escrituras, é dizer "predestinação."

A doutrina bíblica da predestinação é uma verdade mais gloriosa, mais misteriosa e

contudo intensamente prática. Como parte da revelação Divina, a predestinação deve

ser conhecida, estudada e acreditada (Atos 20:20,26-27). Ela preserva a relação

Criador-criatura que permeia as Escrituras. A Predestinação é a fonte de toda a graça,

dando à livre e soberana graça sua natureza gloriosa e caráter distinto (Romanos 11:5-

6; Efésios 1:3-11; 2:1-10). É a expressão do soberano, eterno e imutável amor de Deus

para com os seus, e é o próprio fundamento da confiança do crente e certeza da

salvação (Deuteronômio 7:6-8; Romanos 8:28-39; Efésios 1:13-14; 1 Pedro 1:3-5,18-

20; 1João 4:9-10,19). A predestinação é a fonte bíblica de toda a ousadia,

encorajamento e conforto na aflição (Romanos 8:28-39; 1 Coríntios 15:58; Gálatas

6:7-9; Efésios 2:8-10). Corretamente entendida, é um incentivo adequado para a

santidade bíblica e ação responsável (Efésios 1:4; 2:8-10; Filipenses 1:29; 2:12-13; 2

Tessalonicenses 2:13; 1 Pedro 1:1-2; 1João 2:28-3:3). Devemos lembrar sempre que,

nas escrituras, Deus ordenou os meios, bem como ordenou também o fim. Veja as

Perguntas 67 e 68.

O suposto "Problema do Mal" deve ser considerado. Isso pode ser estabelecido nos

seguintes termos: "Como pode o mal existir em um universo criado e governado por

um Deus todo-poderoso e benevolente [inerentemente e completamente bom]?" Este

"problema" é mais psicológico do que lógico, teológico ou filosófico. O homem

preferiria envolver Deus e suas ações na questão do que se submeter a Deus em

completa confiança, mesmo sendo esse a um Deus benevolente no contexto de sua

onipotência e justiça (Romanos 9:11-24). Essa questão é largamente um assunto de

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incredulidade diante do testemunho Escriturário para com o propósito e paciência de

Deus, no cumprimento de seu eterno propósito. Mas continua a ser uma questão

frequentemente lembrada como uma refutação aos crentes em geral, e para aqueles que

sustentam a soberania Divina bíblica em particular.

As respostas possíveis, de acordo com o raciocínio humano, são: primeiro, se o mal

existe [e ele existe como uma realidade triste e horrível], então não existe onipotente

[todo-poderoso], benevolente Deus - o argumento do ateu.

Segundo, o mal existe e, portanto, se Deus existe, ele deve ser limitado em seu poder

ou arbitrário em seu caráter moral - o argumento daqueles que apostam em um

conceito não bíblico [pagão] de Deus.

Terceiro, o mal existe, portanto existe mais do que um Deus ou existem forças

dualistas iguais [o bem e do mal] em conflito. Esse é o argumento não bíblico [pagão]

daqueles que postulariam um dualismo (um "deus bom" e "deus mau" ou opondo

forças ou princípios bons e maus) em conflito pelo controle do universo.

Quarto, o mal não existe, exceto como uma ilusão em nosso pensamento humano. Essa

é a visão não bíblica de alguns cultos ocidentais e religiões Orientais (ex.: Ciência

Cristã, Budismo). Isso faria com que qualquer distinção final entre o bem e o mal

arbitrários, e, portanto negam a auto-consistência moral do caráter Divino.

Quinto, o mal existe como um mistério, independente de Deus, que permanece em um

determinado [limitado] grau poderoso e benevolente, necessariamente operando em um

sentido utilitário. Esse é o argumento inconsistente de alguns (incluindo os Plagiados e

os Arminianos) que tentam acusar Deus pela autoria do "autor do pecado" e, assim, não

limitar não pelas escrituras o seu poder a fim de manter a sua bondade.

Finalmente, o mal existe no universo de um Deus benevolente e onipotente, que é

completamente soberano sobre ele e o usa para a sua própria glória e o bem maior – o

argumento do Cristão bíblico [calvinista consistente].

Esta afirmação final é a única visão que pode ser consistentemente alinhada com o

ensino das Escrituras (por exemplo: Gênesis 50:20; Juízes 2:15; 9:23; 1Samuel 16:14;

2Reis 22:16; Salmos 76:10; Isaías 10:5-15; 45:7; Amós 3:6; Atos 4:27-28; Romanos

8:28; 9:11-21). Qualquer outra visão, decorrente de raciocínio humanista pecaminoso,

e, assim, questionador de Deus e de suas ações (Romanos 9:19-21), procura apontar

uma incoerência [inconsistência] nas Escrituras e no sistema Cristão. Essas visões

negam a Deus e o seu poder sobre o mal ou limitam Deus e procuram trazê-lo até o

nível finito (Romanos 1:21-25) e destruir sua soberania e auto-consistência moral – e

assim qualquer fundamento suficiente ou consistente para coerência Divina.

Não é incoerente, a existência do mal em um universo criado e governado por um Deus

Todo-poderoso e Benevolente se Deus tem uma razão moralmente bastante para este

mal existir. Tal visão não tira todo o mistério para fora do problema do mal. Deus é

infinito, e assim é Sua sabedoria, poder e propósito. Nós somos finitos, e simplesmente

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não podemos compreender tudo o que está implícito neste profundo assunto. Por que

Deus, o Altíssimo, que é de forma absoluta auto-consistente moralmente, deveria

ordenar o mal, deve em um determinado grau permanecer um mistério para os seres

finitos.

Além disso, ao considerar o problema do mal, alguém deve levar em conta a realidade

do tempo. O que poderia ser considerado como o mal no contexto da realidade passada

ou presente pode mais tarde vir a ser grande bênção ou resultar em tal (Gênesis 42:36;

50:20; Atos 4:27-28; Romanos 8:28-31). Finalmente, apenas se Deus está no controle

absoluto do mal que ele pode ordená-lo para o bem, e nós podemos confiar no

propósito, profecias e promessas de Sua Palavra. Confiamos no propósito de Deus,

embora não possamos entendê-lo? Reclamamos contra sua providência? Pela fé

podemos compreender a verdade de Romanos 8:28?

28ª Pergunta - O que as Escrituras ensinam sobre o caráter moral de Deus?

Resposta - As Escrituras ensinam que Deus é Santíssimo e Meritíssimo, isto é,

completamente justo e reto, ou moralmente auto-consistente.

1 Pedro 1:15-16. 15”

Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também

santos em toda a vossa maneira de viver; 16

Porquanto está escrito: Sede santos,

porque eu sou santo.”

Salmos 145:17. “Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, e santo em todas

as suas obras.”

Veja também: Isaías 6:1-3; 57:15; Romanos 3:21-26.

COMENTÁRIO

Deus é moralmente auto-consistente, ou seja, Ele é ,Santíssimo e justo e, portanto não

pode ser inconsistente em seu caráter moral. Ele é ao mesmo tempo reto e justo, nunca

errado ou injusto e por ser absolutamente justo, tudo o que Ele faz ou ordena é correto

(Gênesis 18:25). Porque o Magnífico e Excelentíssimo Deus é absoluto e

transcendente, não existe lei moral alguma ou princípio maior do que o caráter moral

Dele. O homem é inteiramente responsável perante Deus, mas Ele não é de forma

alguma responsável perante o homem - ou qualquer outra pessoa. Embora Deus não

seja responsável perante o homem,.Contudo, os crentes são desafiados a discutir Suas

promessas e perseverar em sincera oração (Lucas 11:1-13; 18:1-8; Tiago 5:16-18).

Absoluto é Deus, nunca arbitrário, como Ele próprio é tanto a fonte, suporte e fim de

todas as coisas, quanto é de forma moral auto-consistente (absolutamente justo), por

isso, Ele não pode arbitrariamente retirar o pecado - Ele deve ser propiciado. Sua auto-

consistência moral exige que o pecador seja punido, ou um substituto inocente e

adequado tome o lugar do pecador (expiação vicária ou substitutiva). O propósito

eterno e redentor de Deus é redimir um povo da aliança, torná-los conformáveis à sua

auto-consistência moral e conformá-los à imagem de seu Filho (Romanos 8:29; 2

Coríntios 3:17-18; Efésios 1:3-7; 1 Pedro 1:15-16; 2:9). Este propósito redentor

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necessariamente liberta da culpa, da pena (justificação), da poluição, do poder

(santificação) e da presença (glorificação) do pecado (Romanos 8:29-30). Você já foi

reconciliado com este Deus através do Senhor Jesus Cristo?

29ª Pergunta - O que as Escrituras ensinam sobre a bondade amorosa de Deus?

Resposta - As Escrituras ensinam que Deus é consistente em seu amor, graça e

misericórdia.

João 3:16. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho

unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida

eterna”.

1João 4:8,16. 8”

Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor... 16

E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor, e quem

está em amor está em Deus, e Deus nele”.

Veja também: Êxodo 34:6-7; Salmos 23:6; 103:8-14; 136:1-26; Romanos

8:35,38-39; Gálatas 2:20; Efésios 1:6; 2:4-5.

COMENTÁRIO

Deus tem uma benevolência geral para com toda a sua criação. Isto faz com que Ele se

importe providencialmente com Sua criação, incluindo a terra (Levítico 26:34-35; 2

Crônicas 36:21), as plantas (Mateus 6:28-30), os animais (Deuteronômio 25:4; Salmos

147:9; Mateus 10:29; 12:11-12) e a humanidade (Mateus 10:28-31; Romanos 8:28-39).

Esta benevolência geral, no entanto, não deve ser confundida com o Seu amor redentor.

Este amor deve possuir um caráter ou qualidade moral definitiva. O amor redentor está

em perfeita harmonia com os outros atributos de Deus. É um amor santo, justo,

infinito, inteligente, gracioso e perfeito. Tal amor deve ter objetos definidos; por

necessidade tal amor não poderia ser por tempo indeterminado ou de natureza

nebulosa. Os objetos deste Divino e redentor amor são os eleitos de Deus dentre os

judeus e os gentios (João 3:16; Efésios 1:3-7). Os cristãos devem refletir este amor em

suas próprias vidas e relacionamentos (Mateus 22:36-40; João 13:34-35; Romanos

13:8-10; 1 João 3:10-18).

A graça é um favor imerecido na posição ou lugar da ira merecida. A graça Divina vê

os pecadores inteira ou totalmente como indignos de amor e bondade. Contudo, move-

se em direção a eles para abençoar ao contrário da ira e do julgamento que eles tão

justamente merecem. Existem dois aspectos da graça Divina para com os homens

pecadores: a graça comum ou a bondade de Deus para com os homens em geral, e

graça salvífica, ou o propósito redentor de Deus exercido pessoal e efetivamente em

direção aos objetos da salvação tanto na eternidade quanto no tempo. Veja a Pergunta

78.

Como a graça vê indignos os pecadores, a misericórdia os vê sofrendo sob as

devastações e limitações do pecado, e tem piedade deles (Salmos 103:13-17). As

Escrituras enfatizam que a "misericórdia de Deus dura para sempre" (Salmos 136), ou

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seja, que Ele é longânime e mostra a Sua amorosa bondade e compaixão para com

aqueles que não merecem. Você já encontrou esta graça e misericórdia?

PARTE IV

AS OBRAS DA CRIAÇÃO E DA PROVIDÊNCIA DE DEUS

As obras de Deus são tradicionalmente consideradas de uma forma tripla: criação,

providência e redenção. Esta seção considera as duas primeiras obras. Como os portadores

da imagem de Deus, nós temos que encontrar sentido e significado apenas no contexto de

Deus e Seu propósito criador e redentor, isto é, devemos conhecer a Deus como Ele se

revelou a nós antes que pudéssemos conhecer-nos a nós mesmos.

O propósito de Deus é progressivamente revelado pela Providência Divina, esse

processo através do qual Ele faz acontecer o Seu decreto eterno no tempo e na história.

Nós deveríamos estar admirados com o poder e o propósito de Deus revelado através de

sua criação e da providência!

30ª Pergunta - Qual é a obra da criação?

Resposta - A obra da criação é Deus fazendo todas as coisas do nada, pela palavra do Seu

poder, por si mesmo, no espaço de seis dias, e tudo muito bom.

Gênesis 1:1. “No princípio criou Deus o céu e a terra”.

Hebreus 11:3. “Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram

criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente.”

Isaías 45:18. “Porque assim diz o SENHOR que tem criado os céus, o Deus que

formou a terra, e a fez; ele a confirmou, não a criou vazia, mas a formou para que

fosse habitada: ‘Eu sou o SENHOR e não há outro.’

Veja também: Gênesis 1:1-31; Salmos 148:1-5; Provérbios 16:4; Isaías 40:26; 42:5;

45:12; 65:17; Atos 17:24-25; Romanos 11:33-36; Efésios 3:9; Colossenses 1:15-17;

2 Pedro 3:4-13; Apocalipse 4:11.

COMENTÁRIO

O Deus triuno criou o universo ex nihilo (do nada) (Gênesis 1:1-3; João 1:1-3;

Colossenses 1:15-17). A trindade da Divindade é ontológica, ou seja, Deus é

essencialmente uma triunidade em si mesmo, fora da criação. Veja a Pergunta 23.

(Pressupõe-se que neste nada ou vazio, Ele criou este universo). Também deve ser

evidente que se Deus criou todas as coisas, então cada fato é criado e a criação foi um ato

definitivo. Assim, cada fato deve ser interpretado ou entendido no contexto de Deus e seu

significado pretendido e significância. Isto tem grandes implicações doutrinárias,

científicas e morais.

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As palavras de abertura da Escritura, Gênesis 1:1, são mais profundas e colocam

em ordem o restante da revelação Divina. Esta declaração de abertura é mais do que uma

declaração histórica sobre a origem do universo ou de um texto-prova contra a evolução. É

uma declaração determinante para tudo o que se segue nas Escrituras. A Bíblia é

inspirada? É infalível? Ela é inerrante? È coerente? Se assim for, então, como a própria

Palavra de Deus é necessária e completamente a autoridade final, auto-consistente e não-

contraditória. Veja a Parte II. O que encontramos no discurso de abertura deve provar

consistente até a própria conclusão das Escrituras - de Gênesis a Apocalipse.

Primeiro, existe um princípio pressuposicional. As Escrituras começam com uma

postura pressuposicional. A Bíblia nunca busca "provar" a existência de Deus; isto é

pressuposto desde o próprio início. Este princípio é fundamental. O homem foi criado à

imagem de Deus como uma criatura de fé, com a fonte da verdade e do conhecimento fora

de si mesmo, e, portanto foi criado como um pressuposicionalista. Ele foi colocado em um

mundo já criado e definido por Deus, ele foi, em outras palavras, criado para "pensar os

pensamentos de Deus depois os dele," isto é, para dar o mesmo significado a tudo o que

Deus tinha lhe dado. Fazer o contrário seria pecado. Este princípio pressuposicional é

absolutamente determinante para a humanidade. As nossas pressuposições, tomadas em

conjunto formando a nossa visão de mundo e vida, determinam necessariamente nossos

pensamentos, motivos, palavras e ações. Ver as Perguntas 120-123. De fato, todos os fatos

são interpretados por nossas pressuposições. Isto é absolutamente inevitável. Em última

análise, portanto, todas as coisas derivam de um princípio de fé – sistema de crença de

alguém - se alguém é crente ou incrédulo. Veja as Perguntas 31, 120 e 136;

Segundo, a Bíblia necessariamente começa com uma afirmação declarativa ou

reveladora sobre o poder e a obra de Deus. Este princípio também caracteriza as Escrituras

de maneira completa. O homem por natureza começa com as suas necessidades; Deus

começa com uma declaração em sua autorrevelação, seja criativa ou redentora (por

exemplo: Gênesis 1:1-3; 17:1; 28:10-17; 35:11; Êxodo 3:1-6,19-20; 5:2; 6:1; 20:1-2; Atos

7:2; 9:3-6; 22:14; Romanos 9:17). A criação em si é parte desta revelação Divina. Ela

reflete o seu poder e Divindade, e existe para revelar sua glória. Esta revelação natural é

tão difundida que faz o homem indesculpável com o seu testemunho (Romanos 1:18-20;

Salmos 19:1-3; Apocalipse 4:11);

Terceiro, nós encontramos a autoexistência e natureza infinitas de Deus, ou Sua

absoluta independência da Sua criação. Dizer "... Deus criou..." é sustentar que Ele não é

parte da Sua criação. Ele está acima e além dela, antecedente a ela, separado dela; e assim

não depende de forma alguma dela. O homem não pode acrescentar coisa alguma a Deus,

nem pode tirar nada Dele, exceto em sua própria imaginação depravada – a qual não tem

qualquer efeito sobre a realidade objetiva de qualquer natureza (Romanos 1:18-32 ). Este

princípio separa a verdadeira da falsa religião;

Quarto: somos confrontados com a soberania absoluta de Deus sobre a Sua criação.

Veja a Pergunta 22. Isto, as Escrituras consistentemente mantêm. Deus é infinito,

onipotente, imanente e transcendente. O homem é finito e cercado com as limitações de

criatura. O homem nunca, jamais deve difamar Deus nem um jota, atribuir-lhe atributos

finitos ou limitações humanas, ou difamar sua glória. Suas perfeições são necessariamente

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imutáveis. Qualquer limitação ou inconsistência percebida na natureza divina é apenas

subjetiva e irracional, e deriva de um princípio inato de incredulidade e hostilidade

pecaminoso.

Quinto, nós devemos marcar que cada fato é um fato criado. Isto necessariamente significa

que não há fatos "brutos", ou seja, não interpretadas ou fatos "neutros" no universo porque

cada fato é criado, todo o terreno, literal e figurativamente, pertence a Deus. Assim, não

existem fatos "neutros" aos quais os incrédulos ou a ciência secular possam recorrer. Não

existe um "terreno neutro," no qual o crente e o não crente possam se encontrar para uma

troca significativa. Existe um terreno comum ou um ponto de contato, mas este está no

contexto do homem, sendo o portador da imagem de Deus, tendo a lei de Deus

indelevelmente inscrita em seu coração, e existindo no contexto dos fatos criados que ele

inconscientemente pressupõe (Gênesis 1:26; Romanos 2:14-15; 1:18-20). Esta verdade é

determinante para a adoração, para a pregação do Evangelho, para a defesa da fé, para a

vida cristã, para a ciência e para a filosofia cristã da educação. Deve ser lembrado que

todos os fatos são necessariamente interpretados pelas pressuposições de alguém. Veja a

Pergunta 136.

Finalmente, nós temos uma revelação da distinção e relacionamento Criador-

criatura. Deus é o Criador, o homem é a Sua criatura. O homem não está no processo de se

tornar Deus, e não deve humanizar Deus, o Todo-poderoso. Da declaração de abertura até

a de encerramento, a Bíblia mantém esta distinção Criador-criatura. O homem é agora, e

para sempre será, totalmente dependente de Deus para a sua própria existência e tudo o que

pertence a ela. Não há, nem pode haver nunca, qualquer autonomia humana real - qualquer

independência real ou percebida de Deus - nem no tempo, nem na história, nem em um

estado de pecado, nem em um estado de graça, nem na terra, nem no céu e muito menos no

inferno.

São fundamentais para toda adoração, apologética e para todos os aspectos da vida

cristã, estas realidades reveladas Como cristãos, nós somos sempre desafiados no ponto de

nossa fé, e nossa fé é sempre desafiada em seu ponto de contato com a Palavra de Deus.

Esta era a verdade de Adão e Eva (Gênesis 3:1-12). Eles foram tentados no ponto que a fé

deles foi fundamentada na Palavra de Deus. Cada desafio ou ataque e toda tentação vem

aos crentes neste mesmo ponto crucial como o foi com nossos primeiros pais - e pela

mesma razão - separar-nos da Palavra de Deus e seduzir-nos a agir de forma autônoma.

Nossa fé, se ela for bíblica, não é irracional; é necessariamente inteligente e

consistente, como é dada por Deus e distinta da mera confiança humana (Atos 18:27;

Efésios 2:8-10). Esta fé engendrada por Deus nos capacita primariamente a acreditar que a

Bíblia é a própria Palavra de Deus escrita. Todo o resto flui a partir desta realidade vital - a

pressuposição básica e essencial - nossa crença na criação, em oposição à evolução, nossa

compreensão e resposta ao Evangelho, nossa compreensão da doutrina bíblica, nosso

crescimento na graça e maturidade espiritual, e nosso serviço para o Senhor Jesus Cristo.

Esta é a conexão vital entre as Escrituras e a fé. Veja a Pergunta 9. A Bíblia é o

fundamento da nossa "epistemologia com revelações," nossa única regra de fé e prática - e,

qualquer que seja o desafio ou ataque, este é o terreno que deve ser sustentado a todo

custo. Veja a Pergunta 13. Amar reverentemente seu Autor, estudá-la minuciosamente,

viver com humildade em obediência a seus mandamentos e manter sua autoridade absoluta

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e veracidade diante de um mundo descrente, é o chamado primário e tarefa de todo cristão.

É neste contexto abrangente das Escrituras que nós devemos considerar a criação Divina

do universo, do mundo e do homem.

A ideia de evolução não é nem benigna ou neutra, nem ainda meramente

acadêmica. Na ciência secular moderna e no moderno sistema de educação secular estatal,

a necessidade de evolução é a questão predominante na filosofia do ateísmo. A crença na

evolução capacita os homens a excluir completamente Deus do mundo deles (um

"universo fechado," sem lugar para o sobrenatural). Ela alegadamente responde à questão

dos assuntos finais (metafísica) origens, moralidade e significado. O homem é deixado

como o seu próprio "deus," autônomo, e assim determinando por si mesmo o que é certo

ou errado (Gênesis 3:1-7; Romanos 1:18-32; Efésios 4:17-19).

Se a evolução fosse verdade, seria necessariamente verdadeira apenas em

princípios ateístas. Não haveria nenhuma base consistente para o reino espiritual, para a

moralidade, para a ética, para a ordem social, ou esperança para o futuro. Toda a existência

seria finalmente sem sentido. Qualquer tentativa de lidar de maneira consistente com estas

realidades necessárias seria completamente arbitrária e baseada na tentativa relativa de um

consenso humano. O Darwinismo Social (os princípios da evolução aplicados à sociedade)

têm trazido apenas materialismo, relativismo, doença, morte, destruição, socialismo e

totalitarismo forçado. Não é sem razão que as filosofias modernas tendem a ser

materialistas, relativistas, pluralistas, existencialistas e niilistas1. Veja a Pergunta 120.

A crença na criação ou na evolução é uma questão de fé - fé em Deus e na sua

Palavra infalível ou fé na percepção humana caída dos pressupostos “fatos” "brutos" ou

neutros (Hebreus 11:6). Cada fato é interpretado pela pressuposição de alguém. Assim,

nenhuma quantidade de evidência pode ser de forma completa convincente. Uma

abordagem científica verdadeiramente consistente com a ideia da evolução falha quando

alinhada com o método moderno, científico (empírico ou baseado na experiência). É,

essencialmente, uma suposição baseada na fé. A crença na criação Divina repousa em uma

fé inteligente dada por Deus na Sua Palavra inspirada e infalível .

O Deus triuno criou o universo e este mundo para si mesmo como o palco no qual

ele iria demonstrar a glória múltipla de seus atributos para e através da criação (Salmos

19:1-3; Romanos 11:33-36; Apocalipse 4:11). Aprouve a Deus levar seis dias literais para

o processo criativo. A ideia de idades geológicas na referência a "tarde e manhã" é

intrusiva e ilógica no contexto do registro bíblico (Gênesis 1:5,8,13,19,23,31). Tudo na

criação original era "muito bom," e isto inclui o homem primordial, Adão. Os defeitos,

sofrimentos e horrores observados no mundo atual são o resultado do pecado do homem

(Gênesis 3:1-19 ; Romanos 5:12; 8:19-23). O propósito redentor inclui necessariamente a

restauração completa do universo ao seu estado primitivo e sem pecado (Isaías 65:17;

66:22; 2 Pedro 3:7-13; Apocalipse 21:1).

1 Niilismo: Atitude de negação dos valores intelectuais e comuns a um grupo social; niilista; os adeptos

desta atitude

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Uma visão cristã da criação é aquela inclusivamente escriturística, abrangendo

questões como a teologia, a criação ou o Mandamento Cultural (este mandamento para se

multiplicar, encher e dominar a terra foi dado ao homem na criação, Gênesis 1:26-28 , mas

era para ser cumprido no contexto de uma determinada cultura, portanto, podia ser

denominado o Mandamento Cultural, a ciência natural, a redenção, uma ética de trabalho,

meio ambiente e a escatologia. Nós devemos "pensar os pensamentos de Deus”, segui-lo

em todas as áreas e aspectos da criação. Devemos?

31ª Pergunta - Como Deus criou o homem?

Resposta - Deus criou o homem macho e fêmea, segundo sua própria imagem, em

conhecimento, justiça e santidade, com domínio sobre as criaturas.

Gênesis 1:26. E disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa

semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o

gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.”

Gênesis 2:7. “E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra, e soprou em

suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”.

Gênesis 5:1-2. 1”

Este é o livro das gerações de Adão. No dia em que Deus criou o

homem, à semelhança de Deus o fez. 2Homem e mulher os criou; e os abençoou e

chamou o seu nome Adão, no dia em que foram criados”.

Veja também: Gênesis 1:1,26-28; 2:18-25; 3:19; Salmos 8:6-8; Eclesiastes 7:29;

12:7; Atos 17:23-29; Romanos 2:14-15; 5:12; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9-10;

Tiago 3:8-9.

COMENTÁRIO

As Escrituras declaram que Deus criou o universo e tudo o que nele há, inclusive o

homem (Gênesis 1:1; Atos 17:24; Romanos 1:19-20). As Escrituras são muito cuidadosas

em manter esta relação Criador-criatura e distinção ao longo de Gênesis até Apocalipse.

Veja a Pergunta 30.

A criação Divina foi um ato definitivo, isto é, Deus não criou todas as coisas a

partir do nada [ex nihilo] apenas. Ele definiu todas as coisas nesta criação - deu-lhe o seu

significado. Cada fato no universo é, portanto, um fato criado com o seu próprio sentido e

significado distinto dado por Deus. Não existem fatos arbitrários ou "brutos", que existem

ou têm significado à parte de Deus. Para uma pessoa verdadeiramente conhecer a Deus, a

realidade e a verdade, ela deve dar o mesmo significado a todas as coisas que Deus deu a

elas. Ela deve "pensar os pensamentos de Deus , segui-lo " - interpretar tudo nos termos da

Lei-Palavra de Deus. Isto tem sido chamado de "epistemologia com revelações," ou seja,

sustentando a revelação Divina, a Escritura, como a nossa fonte de verdade e

conhecimento. (Epistemologia, do Gr. epistamai é a ciência do conhecimento e das

reivindicações da verdade). porque a fonte da verdade e do conhecimento era e é externa

ao homem, ele é necessariamente uma criatura de fé. Ele é também um

pressuposicionalista por necessidade, ou seja, como o portador da imagem de Deus o

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homem natural e axiomaticamente interpreta todos os fatos por suas pressuposições ou

suposições (axiomas, primeiros princípios). Veja a Pergunta 30.

O homem foi criado à imagem de Deus. Assim, a imagem de Deus é a definição

essencial e primária do homem. Esta imagem de Deus é ontológica, ou seja, ela expressa a

essência do ser humano. É pelo fato de ser portador da imagem de Deus que o homem é

um ser racional, moralmente responsável , um autodeterminado. Quando o homem pecou e

caiu, a imagem de Deus não foi destruída; ele não se tornou um animal. A imagem de

Deus foi distorcida, mas não apagada. Sua natureza intelectual, espiritual e moral,

devastada na queda, é restaurada em princípio na regeneração (João 3:3; Efésios 4:22-24;

Colossenses 3:9-10). Ver as Perguntas 83, 94 e 95. O próprio fato de que o homem é agora

um pecador,e precisa de redenção, é um testemunho à retenção da imagem de Deus

(Gênesis 9:6; Atos 17:28-29; Tiago 3:9). Além disso, porque a redenção se estende apenas

para o homem, e não às bestas brutas nem aos anjos caídos, é evidente que Deus foca o

propósito redentor de redimir sua imagem no homem através de Jesus Cristo (Romanos

8:29; 2 Coríntios 3:17-18; 1 Jo 3:1-3).

Porque o homem é portador da imagem de Deus, Deus incutiu nele os princípios da

lei, a moralidade, a lógica, a matemática e a capacidade de expressão ou de comunicação

tanto nos planos vertical (Divino-humano) e horizontal (humanos – humano). Os tais são

necessários para o homem como um ser racional no universo ordenado de Deus e também

para o cumprimento do Mandamento Cultural (Gênesis 1:26-28).

Deus criou o ser humano como homem e mulher. Assim, o indivíduo, seja homem

ou mulher, é incompleto em si mesmo. A sociedade se torna fragmentada quando o seu

elemento básico, o indivíduo, é contrário ao matrimônio e à família. O casamento é o

estado natural e normal para a humanidade. Casamento e família são necessidades para o

cumprimento do mandamento cultural. É primariamente no contexto da família que a

verdade de Deus deve ser tanto mantida quanto promulgada para as gerações futuras. Veja

a Pergunta 52.

O homem não pode ser considerado como o portador da imagem Divina à parte de

seu chamado para se multiplicar e dominar a terra - o Mandamento Cultural (Gênesis 1:26-

28; Salmo 8). A responsabilidade espiritual, uma visão bíblica de mundo e de vida, uma

ética de trabalho piedosa, e a instituição ordenada por Deus do casamento e da família, de

forma necessária, caracterizam o homem verdadeiramente piedoso.

Porque o homem foi criado e continua a ser em essência o portador da imagem de

Deus, a atitude do crente para com os outros deve ser aquela de compreensão e compaixão,

vendo suas quedas, seres humanos, companheiros pecaminosos como objetos de

evangelismo. Nós já chegamos a um acordo com o nosso ser criado à imagem de Deus e

suas implicações?

32ª Pergunta - De acordo com as Escrituras, por que Deus criou o homem?

Resposta - Deus criou o homem porque Ele quis fazê-lo, para sua própria satisfação, para

glorificar a si mesmo e dominar a terra em obediência ao seu mandamento.

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1 Coríntios 10:31. “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer

coisa, fazei tudo para glória de Deus”.

Apocalipse 4:11. “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu

criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas”.

Romanos 11:33-36. 33”

Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da

ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus

caminhos! 34

Por que quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu

conselheiro? 35

Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? 36

Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente.

Amém”.

Veja também: Gênesis 1:26-28; 2:15-24; Salmos 8:1,3-9; Eclesiastes 7:29; Efésios

1:3-11.

COMENTÁRIO

Deus criou o universo e todas as coisas Nele para Sua própria satisfação de acordo

com a Sua vontade soberana (Apocalipse 4:11). Ele foi motivado exclusiva e integralmente

a partir do Seu próprio interior e de sua própria auto-consistência. Ele positivamente

ordenou tudo o que acontece a partir de si mesmo e não meramente previu pessoas e

eventos em uma moda fatalista (relativista). Por que ele ordenou que o mal deveria entrar

neste universo e que o homem deveria cair? Por que ele propôs, mesmo antes da criação

deste universo, salvar um número de seres humanos e resgatá-los para si mesmo (Efésios

1:3-5)? A partir da revelação divina, pode-se afirmar que Deus criou o universo e tudo que

nele há, ordenou a existência do mal e a subsequente queda e redenção do homem para

manifestar a esta criação a plenitude de seus atributos ou perfeições Divinas para o louvor

de sua própria glória. Isto será feito em glória consumada ou julgamento. Veja a Pergunta

27 e "O Problema do Mal."

Deus criou o homem para a sua própria glória. Tudo o que diz respeito à criação e à

subsequente redenção, da eleição para a glorificação, encontrará a sua realização e

cumprimento final na glória de Deus (Romanos 8.28-39; 11:33-36; Efésios 1:3-14). Os

Cristãos, entendendo isto das Escrituras, devem procurar viver para Deus e fazer tudo para

a Sua glória agora (1 Coríntios 10:31). "[...] Não sois de vós mesmos[...] Porque fostes

comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os

quais pertencem a Deus” (1 Coríntios 6:19-20).

33ª Pergunta - As Escrituras ensinam que Deus criou o homem em um estado de

inocência ou de justiça original?

Resposta - Deus criou o homem em um estado de justiça original.

Eclesiastes 7:29. “Eis aqui, o que tão somente achei: que Deus fez ao homem reto,

porém eles buscaram muitas astúcias”.

Veja também: Gênesis 1:31; Efésios 4:24.

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COMENTÁRIO

Como portador da imagem de Deus, o homem foi criado num estado de justiça

original., refletindo o caráter moral Divino, e portanto, sendo inevitavelmente moral a si

mesmo, o homem não poderia ter sido criado apenas inocente, isto é, moralmente neutro.

Nenhuma neutralidade moral humana verdadeira poderia ou pode existir em um universo

criado e governado por um Deus moralmente auto-consistente (absolutamente justo). Os

Romanistas, Pelagiados e Arminianos sustentam que Adão foi criado em um estado de

inocência original, porque eles mantêm a ideia de "livre arbítrio" (o poder de escolha

contrária – que o homem pode consistentemente escolher o contrário à sua natureza) tanto

para a humanidade não caída quanto caída, Adão era "inocente" apenas em que, antes de

sua queda, ainda não tinha experimentado pessoalmente o pecado. Esta justiça original não

era a perfeição moral, e era evidentemente frágil. Na tentação, o diabo só tinha como tentar

Adão e Eva de acordo com suas tendências naturais (e ainda como não caídos) (Gênesis

3:1-14).

34ª Pergunta - O que as Escrituras ensinam sobre a relação de Adão para com o resto da

raça humana?

Resposta - Adão era o cabeça da aliança ou representante de toda a raça humana.

Romanos 5:12. “Portanto, como por um homem [Adão] entrou o pecado no mundo,

e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens [a raça

humana] por isso que todos pecaram”.

Veja também: Gênesis 3:1-7; 5:3; Romanos 5:12-21; 1 Coríntios 15:45-47.

COMENTÁRIO

Adão não foi criado apenas como um ser humano individual, ele foi criado como

um Homem Representativo, ou seja, a raça humana estava em Adão como seu cabeça

federal [Latim, foedus, uma liga ou compacto] ou cabeça de aliança. Quando Adão agiu,

ele não só agiu com referência a si mesmo, mas para todos aqueles que ele representava.

Quando Adão pecou e apostatou de Deus, toda a raça humana caiu com ele. Como o

cabeça da aliança da raça humana nesta ação representativa, Adão era um tipo [figura] de

Cristo (Romanos 5:12-14,17-18).

Em virtude da liderança de Adão e de seu caráter representativo, a queda deixou a

humanidade posterior com a imputação do pecado de Adão (pecado original ou imputação

imediata), a herança de sua natureza pecaminosa (imputação indireta), e as próprias

transgressões pessoais dele. Mesmo que a humanidade pudesse perfeitamente guardar os

mandamentos de Deus (o que é impossível devido às naturezas pecaminosas dela), ela

nunca poderia reparar ou expiar a imputação do pecado original. Tanto o perfeccionismo

em todas as suas formas quanto uma obra de retidão (legalismo) são absolutamente

condenados.

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Como Adão era o cabeça da raça humana em sua queda e apostasia, assim o

Senhor Jesus Cristo é a aliança ou o Cabeça federal da raça redimida em sua obra de

salvação (obediência ativa e passiva) o protótipo, isto é, o primeiro exemplo da

humanidade redimida. O Senhor Jesus Cristo é o "Segundo [representante] Homem," o

"Último Adão," em contraste com o primeiro homem, Adão (Romanos 5:11-18; 1

Coríntios 15:21-22,45-47). Assim, o Senhor Jesus não se tornou encarnado, viveu, morreu

e ressurgiu dos mortos simplesmente como uma pessoa individual, mas como um Homem

Representativo. Aqueles identificados com ele redentoramente (estão em união com

Cristo) participam de Sua perfeita justiça. Veja a Pergunta 77. Você ainda está em união

com Adão decaído, ou pela graça está em união com Jesus Cristo?

35ª Pergunta - Quais são as obras da providência de Deus?

Resposta - As obras da providência de Deus são sua santíssima e poderosa sabedoria para

preservar e governar todas as suas criaturas e todas as ações delas.

Salmos 145:17. Justo é o Senhor em todos os seus caminhos, e santo em todas as

suas obras.

Neemias 9:6. “Só tu és SENHOR; tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu

exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto neles há, e tu os

guardas com vida a todos; e o exército dos céus te adora.”

Atos 4:27-28. 27”

Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu

ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os

povos de Israel; 28

Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham

anteriormente determinado que se havia de fazer.”

Veja também: Gênesis 9:21-22; Êxodo 34:24; Deuteronômio 29:5; 45:5-8; Juízes

9:23; 2Samuel 17:14; 24:1; 1Reis 12:15; 1Crônicas 21:1; Jó 1:6-22; 2:1-10; Salmos.

103:1-6; 104:24; Jonas 1:4,15,17; 2:10; 4:6-7; Mateus 10:29-31; Atos 2:23; 14:15-

17; 17:23-28; Romanos 11:33-36; Efésios 1:11.

COMENTÁRIO

A providência Divina é aquele processo no tempo, na história e na experiência no

qual Deus executa o seu decreto eterno (Isaías 14:24-27; 46:9-11; Romanos 8:28-31;

Efésios 1:3-11).

O tempo está contido dentro de Deus. Biblicamente, o tempo passa do futuro para o

presente e do presente para o passado. Isto por si só é fiel à predestinação Divina, e forma a

base para todas as profecias e cada promessa Divina. É desta perspectiva que nós devemos

considerar a vontade de Deus e sua infalibilidade.

O reino eterno governa o reino temporal; o mundo espiritual governa o mundo

físico. Deus não criou apenas o mundo, ele também o preserva e governa nos mínimos

detalhes e leva-o à sua consumação Divinamente predeterminada. Não há lugar para o

acaso, o destino ou a sorte na ordem criada. As leis da natureza são as leis de Deus, e a

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palavra de seu poder rege soberanamente nos reinos espirituais, físicos, morais e sociais.

Não há força alguma, poder ou princípio que existam ou funcionem sem a sua permissão

ou à parte de seu propósito. Para os crentes, este é um propósito gracioso e amoroso no

contexto de Romanos 8:28-39.

A evolução, como a ideia predominante do ateísmo, nega a concepção e o

propósito na ordem criada, postulando a oportunidade universal e aleatoriedade. O deísmo

nega o atual governo de Deus sobre o Seu universo. O panteísmo nega que Deus está

separado de Sua criação e é assim soberano sobre ela. O panteísmo vê Deus expandindo

com o seu universo. O politeísmo nega a existência de uma Deidade toda poderosa e

absolutamente soberana. Todos negam um propósito abrangente ou inclusivo e uma ordem

Divinamente determinada constante. Em contraste, a Escritura declara que o Senhor Jesus

Cristo, o Filho eterno de Deus, sustenta todas as coisas pelo seu fiat decreto [Latim: "Faça-

se "], e na esfera de sua prerrogativa , o universo adere (Mateus 28:18; Hebreus 1:1-3;

Colossenses 1:13-17).

Mesmo os atos pecaminosos dos homens sendo ordenados e rejeitados por Deus

(Salmo 76:10; Atos 2:23; 4:27-28), a fé verdadeira não questiona Deus ou Seus negócios,

pois conhecer a Deus por meio das Escrituras significa necessariamente que nós

conhecemos sua natureza e caráter, e, por isso, não devemos duvidar que tudo está de

acordo com a sua vontade e operará para a sua glória e nosso bem mais elevado - mesmo

que não O compreendemos de todo (Romanos 8:28; 9:19-21). Que o triuno, o

autodescoberto Deus das Escrituras é absolutamente soberano, mesmo sobre os atos

perversos e pecaminosos da humanidade caída, é um grande mistério que pode testar a fé

mesmo do maior dos crentes. A incredulidade, dúvida e medo de tudo surgem da

enfermidade da carne, do nosso conhecimento limitado ou total ignorância do propósito

geral de Deus e seu fim e da nossa própria inerente falta de fé (Deuteronômio 29:29;

Romanos 8:28). Veja a Pergunta 27 e "O Problema do Mal." Nós confiamos em Deus por

Ele ser Quem é, mesmo que não entendamos o que Ele faz? Se apenas confiarmos Nele

pelo que Ele faz, ou pelo que percebemos, então vamos duvidar Dele por quem Ele é!

PARTE V

O PECADO E A LEI

A doutrina do pecado é denominada "Hamartiologia," do Gr. hamartia, o termo Grego

geral para "pecado." O estudo doutrinário da Lei de Deus é denominado "Deontologia," de

dei e deontos, o termo Grego para "dever" ou " necessário," referindo-se à obrigação que o

homem tem para com a justiça absoluta da lei moral de Deus. O pecado deve ser definido

pela lei. Aparte da Lei de Deus, o pecado torna-se relativo e a doutrina da salvação pode

ser correspondentemente alterada. O legalismo, justiça própria, antinomianismo, isto é, a

oposição entre o princípio da lei e o da fé, perfeccionismo, a negação da depravação

humana inata e o alegado poder de escolha contrária (capacidade humana, livre arbítrio)

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todos derivam de uma falta de influência adequada do padrão divino da lei moral e uma

consciência de seu poder de convencimento.

36º Pergunta - De acordo com as Escrituras, o que é pecado?

Resposta - O pecado é qualquer transgressão ou falta de conformidade com a lei moral de

Deus em disposição, em pensamento, ato ou estado de ser.

1 João 3:4. “Qualquer que comete pecado, também comete iniquidade; porque o

pecado é iniquidade.”

Veja também: Gênesis 39:9; Êxodo 20:1-17; Levítico 4:13; 1 Reis 15:30; Salmos

19:7-14; 39:1; 51:4; 109:7; Provérbios 14:9; 21:4; Isaías 53:10-12; Romanos 3:19-

20,23; 6:1-14,17-18,23; 7:7-9; 1 Coríntios 6:18; 2 Coríntios 5:21; Efésios 4:26;

Tiago 1:15; 2:9; 1João 1:8-10; 2:1; 3:3-10.

COMENTÁRIO

O pecado não se originou com a queda (apostasia) do homem. O pecado se originou dentro

do mundo espírito ou do angelical. Lúcifer (Satanás, o diabo) apostatou de Deus por

orgulho e vontade própria, e levou consigo uma série de seres angelicais (Isaías 14:12-15;

Lucas 10:18). Ele estava na forma da serpente que tentou Adão e Eva e através desta

provocou a queda e apostasia da humanidade (Gênesis 3:1-19).

A entrada do pecado na raça humana veio através da desobediência voluntária de Adão ao

mandamento explícito de Deus (Gênesis 2:16-17; 3:1-7; Romanos 5:12). A raça humana

apostatou de Deus em Adão como sua cabeça federal ou representante (a imputação da

transgressão de Adão ou pecado original). Toda a humanidade caída ficou, assim, sob o

poder reinante do pecado (Romanos 6:1-23) e sob a sentença de morte (Romanos 5:12).

O pecado é uma violação ou qualquer coisa contrária à lei moral de Deus. A lei moral é a

expressão eterna da auto-consistência moral de Deus, a transcrição de seu justo caráter.

Como este universo criado no contexto do caráter moral de Deus, tudo o que é em violação

ou contrário a isto é pecado. O pecado assim pressupõe Deus em sua absoluta perfeição

moral. O epítome, ou seja, o resumo da lei moral de Deus em sua forma positiva está

contido em Deuteronômio 6:4-5 e sua versão do Novo Testamento, em Mateus 22:36-40.

O epítome desta lei, em sua forma amplamente negativa, é encontrada nos Dez

Mandamentos (Êxodo 20:1-17). O pecado pode existir como uma imputação, uma

concepção, uma inclinação, uma disposição, um pensamento, um ato ou um estado do ser.

Como o pecado pressupõe Deus e sua auto-consistência moral, então todo e qualquer

pecado é contra Deus (Salmos 51:4): O pecado é rebelião contra a lei de Deus (1João

3:4); é um desafio à autoridade de Deus; é a recusa obstinada de submeter-se à Sua

vontade revelada (Gênesis 3:9-13; 4:3-14; Romanos 9:14-21); é uma ignorância

deliberada da imanência de Deus (Jeremias 23:23-24); é um desafio à vontade revelada

de Deus (Mateus 6:10); é uma negação da justiça de Deus que considera levemente o

precioso sangue de Cristo, que nos redimiu, e despreza os sofrimentos infinitos de nosso

amoroso Salvador (Hebreus 10:26-31; 1 Pedro 18-20); é uma recusa da justiça de Deus

(Romanos 3:21-26; Tito 3:5); é um abuso da bondade de Deus (Romanos 2:4). O pecado

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é um repúdio da graça de Deus (Efésios 2:5, 8-10); é uma rejeição da misericórdia de

Deus (Salmos 103:8-18; Salmos 136; Efésios 2:4); é uma traição do amor de Deus (João

3:16; Tiago 4:4; 1 Pedro 1:18-20; 1João 4:9-10); é presunção sobre a providência de

Deus (Salmos 19:13); é uma difamação da santidade de Deus (Levítico 10:1-3;

Romanos 6:15-22; 1 Pedro 1:15-16 ); é um poluente da pureza moral de Deus (Êxodo

20:14; Habacuque 1:13; Hebreus 7:25; 1João 2:1); é um desprezo da sabedoria de Deus

(Romanos 11:33-36); é engano e hipocrisia diante de Deus (Gênesis 4:5-10; Atos 5:3-4;

Romanos 6:16-18); é uma perversão da ordem de Deus quanto ao tempo (Êxodo 20:8-

11; 2 Coríntios 6:2; Efésios 5:14-15); é um desrespeito à autoridade ordenada por

Deus (Êxodo 20:12; Efésios 6:1-4); é uma presunção sobre a justiça e o caráter de Deus

(Salmos 19:13; Romanos 6:1-6; Efésios 5:3-4; Apocalipse 20:11-15); é um insulto à

inteligência de Deus (Hebreus 12:3-15); é uma provocação da ira de Deus (Hebreus

10:31; 12:3-15).

O Pecado possui cinco realidades: culpa, pena, poluição, poder e presença. A doutrina

bíblica da salvação lida com cada aspecto: a justificação trata da culpa e da pena do

pecado, a santificação da poluição e poder do pecado, e glorificação da própria presença do

pecado. Qualquer doutrina da salvação que não corrigir completamente estas realidades

não é bíblica.

O pecado não é natural para a ordem das coisas, ele é antinatural. É uma intrusão em um

universo de outro modo criado e estabelecido por Deus para ser "muito bom" (Gênesis

1:31). O pecado fraturou o universo e permeou o mundo. Ele trouxe desunião e

desarmonia espiritual, religiosa, mental, moral, ética, social e física. Em um mundo

amaldiçoado pelo pecado nada é como deveria ser. Em um mundo afetado tão

grandemente pelo pecado, é normal que as coisas deem errado e, às vezes que tudo dê

errado.

A consequência final do pecado é a morte - morte espiritual, física e eterna (ou seja, a

separação eterna de Deus sob julgamento). Veja a Pergunta 165. Quando Adão pecou por

sua desobediência e apostasia de Deus, ele morreu espiritualmente - a imagem de Deus

dentro dele foi desfigurada. Ele mais tarde morreu fisicamente. Veja a Pergunta 167.

Haverá uma ressurreição para o julgamento de todos os que fisicamente morrem apartados

da fé salvadora em Jesus Cristo, ou seja, os que estão espiritualmente "mortos"). Este

julgamento será eterno. Veja a Pergunta 171.

A salvação é do pecado, não só do juízo eterno. Existe uma libertação presente e necessária

do poder reinante do pecado bem como uma libertação futura da pena final do pecado

(Romanos 6:11-14,17-18; 8:29; 2 Coríntios 3:17-18). Sustentar o contrário é negar o

caráter essencial de Deus (1 Pedro 1:15-16) e as realidades bíblicas necessárias de

regeneração, conversão, justificação, adoção e santificação. As consequências imediatas do

pecado, no entanto, devem ser frequentemente suportadas. Não devemos interpretar mal

isto. Deus pode não, e geralmente não liberta das consequências imediatas de pecado. A

conversão pode não restaurar um casamento fracassado. A saúde do bêbado pode não ser

restaurada. Os frutos da imoralidade podem ter que ser suportados nesta vida. Os crimes

cometidos antes da conversão não são anulados ou perdoados automaticamente pelo

sistema judicial. Tais questões devem ser suportadas e santificadas na experiência do

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crente; a libertação final do pecado é a nossa esperança gloriosa, sem libertação de suas

consequências imediatas.

O pecado tem fraturado e permeado tanto este universo, que a sua completa erradicação

deve ser a destruição do velho e a recriação do novo, ou seja, "novos céus e uma nova terra

onde habita a justiça ." (Isaías 65:17; 66:22; 2 Pedro 3:7-13). O poder reinante do pecado

foi quebrado em sua vida?

37ª Pergunta - Qual foi o pecado de Adão?

Resposta - O pecado de Adão foi uma rebelião intencional contra o conhecido

mandamento de Deus.

Gênesis 2:16-17. 16”

E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore

do jardim comerás livremente, 17

Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal,

dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”

Gênesis 3:1-7. 1”

Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que

o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não

comereis de toda a árvore do jardim? 2E disse a mulher à serpente: Do fruto das

árvores do jardim comeremos, 3Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim,

disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais. 4Então a

serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. 5Porque Deus sabe que no dia

em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o

bem e o mal. 6E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável

aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e

deu também a seu marido, e ele comeu com ela. 7Então foram abertos os olhos de

ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para

si aventais.”

Veja também: Romanos 5:12-14; 1 Timóteo 2:12-14.

COMENTÁRIO

A tentação centrou-se sobre a veracidade da Palavra de Deus - no próprio ponto de fé na

verdade de Deus. Satanás retratou Deus como sendo muito restritivo e irracional, e de

negar algo bom para Adão e Eva, ou seja, de ser mentiroso. Eva tornou-se a primeira

"porta-voz" de si mesma e de seu marido. Ele falhou em agir sobre e sustentar sua chefia.

Ambos, como criaturas de fé, falharam no ponto da fé deles que devia coincidir com e

descansar na Palavra de Deus.

A oferta de Satanás em seu engano e sedução era uma suposta autonomia ou

independência de Deus. O homem podia ser o seu próprio "deus" e determinar por si

mesmo o que era certo ou errado. Ele já não teria de "pensar os pensamentos de Deus e

segui-los," ou definiria ele próprio ou qualquer outra coisa em termos da Palavra de Deus.

Ele seria como o próprio Deus - os mesmos pecados que causaram a queda de Lúcifer -

orgulho e egocentrismo. Nesta tentação, tudo que o diabo fez foi jogar sobre as tendências

naturais – e ainda não pecaminosas – que ele percebeu na natureza humana de Adão e Eva.

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Eles eram justos, mas evidentemente muito vulneráveis. A tentativa empírica de Adão e

Eva em ganhar e possuir conhecimentos apartados de Deus resultou em um conhecimento

e experiência pecaminosos. Isso é tudo que o homem pode esperar quando pensa ou age à

parte da ou contrário à Palavra revelada de Deus.

Eva foi seduzida pela astúcia da serpente, mas Adão, falhando em agir de forma

responsável como o cabeça da relação, agiu deliberadamente e como chefe responsável

abaixo de Deus, foi considerado primariamente como responsável por Deus (Gênesis 3:1-

19; 1 Timóteo 2:12-14). A raça humana caiu em Adão, seu cabeça constituído ou federal,

não Eva. Veja a Pergunta 34.

Qual é a nossa atitude diante do pecado? Nós entendemos que a tentação vem a nós da

mesma forma que veio aos nossos primeiros pais - no mesmo ponto que nossa fé deve ser

fundamentada na Palavra de Deus?

38ª Pergunta - Quais foram os resultados do pecado de Adão?

Resposta - Adão morreu espiritualmente. Seu ato de pecado foi imputado a toda a sua

posteridade. Todo o ser humano também herdou sua natureza pecaminosa, a qual se

expressa constantemente sob o poder reinante do pecado.

Romanos 3:23. “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”.

Veja também: Gênesis 5:3; Romanos 5:12,18-19; 1 Coríntios 15:21-22.

COMENTÁRIO

Adão teve morte espiritual imediatamente após seu ato de desobediência, ou seja, sua

relação com Deus, sua personalidade e sua natureza sofreram uma mudança substancial de

relacionamento. Sua personalidade estava originalmente sob o controle de uma inteligência

justa, mas ficou sob a influência da natureza física e os seus apetites. Esta mudança

pecaminosa na personalidade só pode começar a ser posta de lado pela graça salvadora

(João 3:3,5; Romanos 6:6; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:1-3; 9-10). Veja a Pergunta 164.

Adão ficou como o Homem Representante, e, portanto, quando ele pecou em apostatar de

Deus, toda a raça humana caiu nele como seu cabeça federal. Isso é chamado de "pecado

original," ou imputação imediata. Mesmo se uma pessoa pudesse começar de qualquer

ponto de sua vida e viver perfeitamente sem pecado - mesmo que isso fosse possível - ele

ou ela ainda estariam totalmente condenados por causa do pecado original (a imputação da

transgressão de Adão). A condenação e culpa do pecado são, portanto, inevitáveis. Veja a

Pergunta 66.

Quando Adão e Eva, como pecadores, tiveram filhos, eles também foram pecadores

(Gênesis 5:3). A desfiguração da imagem Divina no homem foi passada para toda a

posteridade de Adão tanto pela imputação quanto pela herança. Assim, todos os seres

humanos não têm apenas o pecado original, mas também uma natureza pecaminosa e, por

isso, são propensos ao pecado pessoal. A herança da natureza pecaminosa de Adão e à

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propensão à transgressão é chamada de "imputação ‘indireta" (Romanos 3:9-18). Tanto a

imputação imediata quanto à indireta do pecado são realidades terríveis.

Todo ser humano subsequente, de modo consequente, evidencia o seu estado pecaminoso

através dos pecados pessoais na disposição, inclinação, motivação, pensamento, palavra e

ação, estando sob seu poder reinante porque todos os seres humanos são pecadores, todos

necessitam de salvação tanto do poder reinante do pecado quanto de suas consequências

imediatas e finais.

Não é digno apenas de nota, mas absolutamente vital compreender que, mesmo com a

maldição, veio a promessa de um redentor (Gênesis 3:15) [o protevangelium, ou primeira

promessa do Evangelho]. Esta revelação Divina para a serpente como um desafio e para o

homem como uma promessa demonstra constantemente que Deus é um Deus de propósito,

que se deleita na misericórdia e se glória na graça (Isaías 45:22; João 3:16-18)!

39ª Pergunta - Qualquer ser humano por seu próprio esforço ou mérito pode ganhar

aceitação diante de Deus?

Resposta - Não. Por qualquer tentativa de justificação pelas boas obras ou esforço próprio

o homem apenas se estabelece contra a graça de Deus em sua própria justiça

inevitavelmente pecaminoso.

Isaías 64:6. “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças

como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas

iniquidades como um vento nos arrebatam”.

Tito 3:5. “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua

misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito

Santo”.

Veja também: Lucas 18:9-14; Romanos 1:16-17; 3:9-18; 5:1; 10:1-4; Efésios 1:6-7;

2:8-10; Tito 3:5.

COMENTÁRIO

A grande questão a respeito de nossa relação com Deus como seres humanos pecadores é:

"Como um homem pode ser correto diante de Deus?" (Jó 9:2). Ser "correto" significa ser

"justo," isto é, justificado (declarado justo) diante de Deus. Deus enviou seu Filho eterno, o

Senhor Jesus Cristo, para viver e morrer pelos pecadores para responder a Suas

reivindicações de justiça (as justas exigências de Sua santa lei) contra eles. Pela obediência

ativa de Cristo (Sua vida perfeita vivida sob a lei), Ele cumpriu suas exigências. Por sua

obediência passiva (sofrimento e morte), Ele pagou a pena exigida por aquela lei quebrada.

Assim, por Sua vida e morte Ele satisfez todas as exigências da lei Divina. Tanto a vida

impecável do Senhor Jesus quanto Seu sofrimento sacrificial e morte eram necessários, e

ambos são imputados aos crentes. A mensagem do Evangelho é uma mensagem de

justificação, perdão dos pecados e reconciliação através da imputação da justiça de Cristo

(Romanos 1:16-17; 1 Coríntios 15:1-4). Apenas pela fé, o cristão está diante de Deus

justificado pela justiça imputada de Jesus Cristo.

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O que é justiça própria? É tudo o que podemos fazer em nossa própria força e por nossos

próprios esforços para fazer de nós mesmos supostamente aceitáveis a Deus (nossas ações

mais fervorosas, santas e religiosas). É uma justiça que tenta deixar de lado ou ignorar a

pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo como Mediador, Redentor e Fiador. Porque nós

somos pecadores por imputação (pecado original), por disposição (a natureza pecaminosa),

por dominação (poder reinante do pecado) e por comissão (pecado pessoal), não podemos

fazer absolutamente nada para merecer (merecer, ganhar) a aceitação de Deus ou atingir o

padrão de suas justas absolutas exigências. Qualquer afastamento da graça em princípio ou

desempenho é justiça própria (Romanos 11:5-6). A justiça própria (justiça pelas obras, a

esforço próprio, autodeterminação ou habilidade humana) pode ser muito sutil. Por

exemplo, se a fé e o arrependimento são considerados de alguma forma como merecimento

de nossa aceitação diante de Deus, eles, também, são apenas a manifestação de uma

mentalidade de obras, um estado enganoso de justiça própria e sem graça.

A graça salvadora é a obra redentora de Deus na salvação dos pecadores através da Pessoa

e obra do Senhor Jesus Cristo. Dizer que "a salvação é pela graça," é dizer que a graça

salvadora de Deus é livre e soberana, isto é, não há nada que os homens possam fazer para

merecê-la (ganhar) (ou não seria mais graça mas obras, capacidade humana, mera

autodeterminação)- é livre graça. É da mesma maneira que a graça soberana, ou seja, Deus

soberanamente concede esta graça sobre quem Ele quiser. Se houvesse alguma dose de

habilidade humana – obras, mera autodeterminação – seja o que for, então a salvação não

seria pela graça apenas (Romanos 11:5-6; Efésios 1:3-14; 2:1-10). Você conhece a graça

como uma realidade em sua vida?

40ª Pergunta - De acordo com as Escrituras, o que Deus deu para evitar que o homem

tente salvar a si mesmo por seu próprio esforço ou obras?

Resposta - Deus deu sua lei moral para revelar Seu caráter justo, revelar o Seu padrão para

o homem, expor o pecado e levar os pecadores a Cristo para a salvação.

Deuteronômio 6:4-5. 4”

Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. 5Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de

todas as tuas forças.”

Gálatas 3:24. De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo,

para que pela fé fôssemos justificados.

Veja também: Êxodo 20:1-17; Mateus 22:36-40; Romanos 7:7-14; 1 Timóteo 1:5-

11.

COMENTÁRIO

O termo "lei" é usado nas Escrituras de várias maneiras diferentes. Devem-se tomar

cuidados para fazer as distinções adequadas dentro do contexto. Marque os seguintes usos

nas Escrituras: a integridade da Palavra de Deus (1 João 2:3-4; 3:4.). Todo o Velho

Testamento (Mateus 5:17-18; Romanos 2:17-20; Hebreus 10:1). Os Cinco Livros de

Moisés ou Pentateuco (Lucas 24:44; Romanos 3:21). Toda a legislação Mosaica. A lei

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humana ou personalizada (Romanos 7:1-3). Vários princípios ou poderes de atuação que

existem na ordem espiritual ou moral criada de coisas (Romanos 3:27; 7:21-23; 8:1-3). Os

Dez Mandamentos (Êxodo 20:1-17).

A lei moral é sintetizada no Decálogo ou Dez Mandamentos, e responde à lei

ontologicamente embutida na natureza do homem na criação como o portador da imagem

de Deus (Romanos 2:11-16). A lei moral não foi formulada nem instituída no Sinai, ao

contrário, foi codificada e sintetizada no Sinai no Decálogo. A lei moral expressa a auto-

consistência moral ou o caráter justo e absoluto do Deus triuno. A lei moral foi codificada

como parte do propósito redentor progressivamente revelado (Romanos 5:20-21). [Toda

revelação Divina pós-queda é essencialmente redentora em natureza]. A lei moral foi

revelada a Moisés e dada a Israel em uma forma codificada e sintetizada ou sumarizada.

Israel, como o povo da aliança de Deus, formava o repositório da lei moral Divinamente

revelada e codificada até que o evangelho levasse todas as nações da terra a conhecer de

fato a Deus e a sua auto-consistência moral.

Qual é o propósito da lei para o incrédulo?

Primeiro, é reveladora. A lei dá o reconhecimento adequado de Deus. É primariamente

uma revelação da natureza e do caráter Divino. É particularmente uma transcrição da

perfeita justiça ou auto-consistência moral de Deus e o que Deus requer do homem (Êxodo

20:1-17; Eclesiastes 12:13-14; Mateus 22:35-40);

Segundo, a lei foi feita para trazer uma restrição sobre o pecado (Romanos 2:14-16; 7:7);

Terceiro, a lei também agrava a mente ou o coração não regenerado e faz com que ele

tanto se rebele contra os mandamentos de Deus quanto cobice o que é proibido (Romanos

7:7-13);

Quarto, é o meio de convicção do pecado ordenado por Deus (Romanos 3:19-20; 5:20;

7:7-13; 1 Coríntios 15:56; Gálatas 3:24; 1 Timóteo 1:8-11).

Finalmente, ela é concebida para levar o pecador a Cristo (Gálatas 3:23-24). Note que o

tempo perfeito do Grego em Gálatas 3:24 deveria ser traduzido "A lei nos serviu e

continua a servir de aio, para nos conduzir a Cristo [..."].

Qual é o propósito da lei para o crente? Primeiro, é a sua regra de vida, e não

legalisticamente, mas como o padrão objetivo que é cumprido no contexto da graça

(Mateus 22:34-40; Romanos 6:14). Deve ser notado, em Romanos 6:14 que o artigo

definido ["a"] não ocorre antes da palavra "lei" no Grego. Assim, refere-se a um princípio

de lei, ou seja, um princípio de mero comando exterior, como contrastado com o princípio

interior de graça;

segundo, é a essência da ética Cristã no contexto do amor (Romanos 13:8-10). Como o

amor cumpre a lei, por isso, ele é definido por ela; Veja a Pergunta 163. Terceiro, a lei é

para a humildade do crente (Romanos 7:14-8:4).

Finalmente, a lei faz o crente olhar constantemente para e glorificar a Pessoa e a obra de

Cristo no contexto da graça soberana, como Aquele que o libertou de sua condenação

(Gálatas 3:13; 4:4-5; 6:14; 16; Filipenses 3:7-9).

Um conceito bíblico consistente da lei moral deve incluir ambas as suas formas negativas e

positivas, como claramente ilustrado no ministério e ensino de nosso Senhor Jesus Cristo.

O Seu ensino e o dos Apóstolos inspirados não anularam a lei moral, mas sim a reforçou

(Mateus 5:17-18; 22:36-40; Romanos 3:19-20, 27-31; 7:7-13; 13:8-10; 1 Timóteo 1:5-11).

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É absolutamente incompreensível que alguém deva estabelecer a doutrina de nosso Senhor

e dos Apóstolos inspirados contra a verdade e a realidade da lei moral como dada no Velho

Testamento. Além disso, a lei moral em sua expressão mais completa deve incluir os

comandos morais de nosso Senhor mesmo e de seus Apóstolos inspirados. É, portanto,

inclusivo de todos os mandamentos morais da Palavra de Deus. O Decálogo e os "Dois

Grandes Mandamentos" são apenas o epítome, isto é, resumo da lei moral, e o melhor

comentário sobre a lei moral é o restante das Escrituras.

A terminologia "Palavra-Lei" de Deus é usada ao longo desta seção. Por isto se entende a

Palavra de Deus que está na natureza do comando ou lei para o homem. Por este uso, nós

procuramos manter a natureza e autoridade da Palavra de Deus. No contexto da

Palavra de Deus, estamos em obediência ou desobediência.

41ª Pergunta - Será que a lei foi destruída pela obra redentora do Senhor Jesus Cristo?

Resposta - A Lei de Deus não foi destruída pela obra redentora do Senhor Jesus Cristo.

Em vez disso, o seu conteúdo foi modificado e sua administração foi alterada.

Êxodo 20:1-3. 1”

Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: 2Eu sou o Senhor

teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. 3Não terás outros deuses

diante de mim.”

Romanos 7:12. “E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom”.

Mateus 5:17-19. 17”

Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-

rogar, mas cumprir. 18

Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra

passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido. 19

Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim

ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os

cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus.”

Romanos 8:4. “Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos

segundo a carne, mas segundo o Espírito.”

Romanos 10:4. “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê”.

Veja também: Êxodo 20:1-17; Deuteronômio 5:1-22; Mateus 22:36-40; Romanos

7:7-14; 8:1-9; 1 Timóteo 1:5-11.

COMENTÁRIO

Os Antinomianos [Gr. anti, "contra," e nomos, "lei"] afirmam que a lei moral foi

destruída por meio da obra redentora do Senhor Jesus Cristo. Assim, ela supostamente não

tem lugar na vida do crente.

Alguns antinomianos sustentam que "a lei" foi substituída pela "graça," e que desde a

morte sacrificial de nosso Senhor, a lei é irrelevante. Assim, ela não tem qualquer relação

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com incrédulos ou crentes. Veja a Pergunta 134. Qual dos Dez Mandamentos, como o

epítome, isto é, resumo da lei moral, com a possível exceção do Quarto, foi destruído

Nenhum. Cada Mandamento ainda está em vigor e sua violação é considerada pecado. A

questão do sábado, corretamente entendida, também precisa encontrar a sua expressão

moderna tanto na devida observância quanto na antecipação da glória eterna. Veja as

Perguntas 50-51. A questão não é a destruição dos Dez Mandamentos, mas uma

abordagem escriturística à sua perpétua relevância, como todos eles são claramente

reiterados no Novo Testamento, com exceção da observância do sábado, que presume um

contexto da Nova Aliança.

A lei como uma aliança não foi destruída. Ao invés disso, o seu conteúdo e

administração foram modificados: Primeiro, seu conteúdo foi alterado. A lei Cerimonial -

o sistema de sacerdócio,e sacrificial e os rituais – foi cumprida na Pessoa e na obra

redentora de nosso Senhor. A lei Civil com suas restrições sociais e suas leis dietéticas

eram em grande parte nacionais e históricas. As distinções do Velho Testamento sobre o

povo da aliança de Deus (Israel nacional) eram essencialmente físicas, dietéticas e

cerimoniais; os distintivos do povo (crentes) da aliança de Deus do Novo Testamento são

espirituais

Neste contexto, a ideia de "lei" na Epístola aos Gálatas, deve ser considerada. O

Apóstolo Paulo está se referindo à "lei" em um sentido inclusivo, não à lei moral, como ele

define "lei" e "graça" em justaposição. Ele inclui festivais e circuncisão judaicos nesta

ideia de "lei," e assim está se opondo à instituição geral mosaica como representante de

uma obra-religião em oposição ao evangelho da graça. A questão é a justificação, não

santificação; funciona em oposição ao evangelho da graça. A lei moral permanece como a

revelação e o epítome do caráter Santo e Justo de Deus.

Segundo, sua administração foi alterada. (Ezequiel 36:25-27; Jeremias 31:31-34;

Hebreus 8:1-13; Romanos 2:11-16; 6:14; 8:1-9; 2 Coríntios 3:1-3,6). A Lei de Deus não

está mais apenas escrita em tábuas de pedra, mas no coração (ser interior) do crente

individual em regeneração. A lei foi interiorizada pelo Espírito de Deus no contexto de sua

graça capacitadora. Assim, o crente, pela dinâmica da graça Divina por meio do Espírito, é

necessária e efetivamente posto em conformidade com a lei moral de Deus, que existe

desde o princípio.

A fraqueza da Antiga Aliança era que o coração mantinha-se inalterado e a religião era

meramente externa, exceto por um remanescente eleito de verdadeiros crentes. Sob a Nova

Aliança ou Aliança do Evangelho, o coração ou o ser interior é transformado através da

graça regeneradora para agir conforme, em princípio, com a lei moral. Veja a Pergunta 83.

Qualquer negação desta realidade é uma negação da graça Divina na regeneração,

conversão e santificação - e isto atinge no próprio coração do prático antinomianismo (da

negação da lei). A união do crente com Cristo é necessariamente uma transformação da

vida espiritual, moral, intelectual e ética. Veja a Pergunta 77.

Se a lei não foi destruída, então qual é a sua relevância? A relevância e a perpetuidade

da lei moral podem ser entendidas pelas seguintes considerações:

Primeiro: O prólogo do Decálogo estabelece o contexto histórico, redentor e da aliança

com a lei: “Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o Senhor teu Deus, que

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te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.” (Êxodo 20:1-2). Deus revela-se como Deus e

Redentor da aliança de Israel. Assim, a lei foi dada a um povo redimido da aliança para que

eles pudessem refletir o caráter moral do Senhor seu Deus, e não como um meio de

salvação, ou simplesmente como um documento legalista para Israel. A redenção requer

revelação, e a revelação contém a legislação, tanto na Antiga quanto na Nova Aliança

(Romanos 3:19-20; 1 Timóteo 1:8-10; 1João 2:3-5). Esta doação histórica da lei nesta

maneira codificada deve ser entendida no maior contexto da aliança Abraâmica (Gênesis

12:1-3; Êxodo 2:24; Deuteronômio 29:12-13). Os crentes na economia do Evangelho

devem também refletir o caráter moral de Deus como seu povo da aliança redimido em

Jesus Cristo (Hebreus 12:14; 1 Pedro 1:14-16; 2:9), que é a verdadeira "Semente de

Abraão" e o cumprimento dessa promessa de aliança (Gálatas 3:6-26). A lei amplia o

Senhor Jesus que com Sua obra redentora cumpriu as exigências da lei quanto a nossa

justificação. Nós devemos refletir a justiça da lei como a nossa santificação em obediência a

Ele, pela graça e pelo Espírito de Deus (Romanos 8:1-4 ; 1João 2:3-5).

Segundo, a natureza, o caráter e a autorrevelação de Deus deve determinar a relevância

da lei- não os nossos próprios pensamentos ou sentimentos. Deus é imutável. A lei moral é

a transcrição de Sua auto-consistência moral ou caráter corretíssimo. É por esta razão que a

lei moral e seus princípios permanentes reaparecem no Novo Testamento e têm

necessariamente uma afinidade mais próxima com o Evangelho (Mateus 22:37-39;

Romanos 7:12,14; 8:1-4; Gálatas 3:24; 1 Timóteo 1:5-11; 6:14-16; Tiago 2:8; 1 Pedro

1:15-16).

Terceiro, deve haver uma lei moral para os seres morais na ordem e no governo moral

criados por Deus. A lei moral é para seres racionais, moralmente responsáveis, que um dia

estarão diante de Deus para serem julgados (Romanos 3:19-20). Seria impensável para um

Deus Santo e Justo ter um povo ímpio e injusto como o resultado glorioso de sua concessão

da graça, ou que o padrão Divino para o povo de Deus deve ser deixado para a experiência

subjetiva ou especulação (Romanos 2:14-16; Tito 2:11-14; Hebreus 12:14; 1 Timóteo 1:5-

11; 1 Pedro 1:13-16; 2:9).

Quarto, a santificação é a conformidade em princípio, com o caráter moral de Deus - a

santidade, que reflete a lei de Deus. A Santificação do Evangelho não é legalismo, mas uma

conformidade graciosa e intencional à Palavra de Deus pela graça capacitadora do Espírito

Santo (Romanos 8:1-4; 2 Coríntios 3:6,17-18; 1João 2:3-5; 3:22).

Quinto, não há "graça antinomiana." A graça leva o crente a um princípio de

conformidade com a lei de Deus (Romanos 8:1-4; 1João 2:3-5). Embora a própria lei não

possui o poder de santificar (o fracasso dos homens em cumprir a Antiga Aliança Romanos

6:14; 8:3-4), é o nosso padrão para a santificação como ela expressa a auto-consistência

moral ou perfeita justiça de Deus (Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:25-27; Romanos 8:3-4;

Efésios 2:5,8-10; Hebreus 8:1-13).

Sexto, o pecado, a justiça e o amor devem ser definidos e compreendidos nos termos da

lei (Romanos 8:3-4; 13:8-10; 1João 3:4). O "Amor" não é o cumprimento da lei no sentido

temporal, mas em um sentido interpretativo. Apartado da lei, o amor permanece indefinido

biblicamente e despojado de seu caráter moral necessário. A ausência ou a destruição da lei

não é liberdade, mas ilegalidade (Romanos 13:8-10; Gálatas 5:22-23; 1 Timóteo 1:5).

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Finalmente, a lei moral de Deus não é apenas reiterada - é fortalecida no Novo

Testamento, que revela sua verdadeira natureza espiritual (Mateus 5:17-19, 27-29; 43-

44,48; Romanos 7:12; 1 Timóteo 1:5-11; 1João 3:15).

A fé não torna a lei de Deus vazia, mas sim a estabelece (Romanos 3:21-31). Como

crentes, nós "morremos para a lei" como um instrumento de condenação. Em virtude de

nossa união com Cristo e fé nele, a lei é estabelecida, não destruída (Romanos 3:21-31; 7:4;

Gálatas 2:16-21). Este "estabelecimento da lei" pela fé é mostrado de duas maneiras:

primeiro, em sua obediência ativa (sua vida santa, sem culpa) e passiva (seu sofrimento e

morte), nosso Senhor vicariamente tanto guardou a lei por nós como então pagou sua

penalidade. Assim, as reivindicações da lei contra nós foram totalmente respondidas em

virtude de nossa união com Cristo;

Segundo, com base na obra redentora de nosso Senhor, o Espírito Santo nos capacita a

estar em conformidade com os princípios da lei,. Isto não é justificar o comportamento, mas

a obra santificadora do Espírito da graça que nos refaz completamente, dando-nos um novo

coração, uma nova mente (Ezequiel 36:25-27; Romanos 6:14; 8:1-4; 2 Coríntios 3:1-6;

Gálatas 5:22 -23; Hebreus 8:1-13).

A lei é boa, se alguém dela usa legitimamente, ou seja, a maneira como Deus destinou

que ela fosse usada (Romanos 7:10,12,14, 1 Timóteo 1:8), e não como um assunto de

debate, contenda e tradição religiosa legalista. A lei é espiritual na medida em que deriva de

Deus e trata não só com a vida exterior, mas o coração ou ser interior do homem. (Romanos

7:12,14). Ela não só proíbe o ato externo, mas qualquer coisa que leva a tal (Mateus 5:17-

18; Gálatas 3:19-24; Romanos 3:19-20; 5:20; 7:12-14a; 1 Timóteo 1:8-11; 1João 3:15).

Nenhuma mera conformidade externa com estes preceitos é a verdadeira obediência que

Deus exige, mas uma conformidade de coração através da graça capacitadora.

A lei Divina é absoluta e original; a lei humana é relativa e derivada. A lei humana deve

refletir a lei de Deus. Apartada da lei Divina, a lei humana é necessariamente baseada em

costumes sociais ou consenso humano, e assim torna-se estatística, positiva ou inclusiva de

uma forma totalitária (a lei negativa é necessariamente limitada específica, a lei positiva é

ilimitada e inclusiva), moralmente relativista, e de modo arbitrário, e muitas vezes

contraditória e injusta’.

A administração da Lei de Deus está nas mãos de Seu ressurreto, glorificado e assunto

Filho, o Senhor Jesus Cristo, que agora se senta com todo o poder e autoridade como "Rei

dos reis" e "Senhor dos senhores" sobre o universo criado e como o juiz final de todos os

homens (Salmos 2:1-12; Mateus 5:18; 28:18; João 5:22; Atos 2:36; 1 Coríntios 15:25-26;

Filipenses 2:9-11; Colossenses 1:13-17; Hebreus 1:1-3; Apocalipse 11:15; 19:11-16).

Assim, o Senhorio de Jesus Cristo se estende a todas as esferas da vida - individual, civil,

familiar, espiritual, eclesiástica, moral, ética, social, política e educacional; científico,

econômico e ambiental. A neutralidade é um mito. Não pode haver qualquer autonomia

para o homem, nenhuma área de realidade onde Jesus Cristo não é o Senhor. A autonomia

humana leva à anarquia política e moral ou ao totalitarismo e à escravidão. Submissão ao

Senhorio de Cristo significa a verdadeira liberdade sob a palavra de Deus. Nós amamos a

Lei de Deus?

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42ª Pergunta - Qual é a relação entre a lei e o Evangelho?

Resposta - A lei e o evangelho não são contraditórios, mas complementares. A lei deve

ser pregada evangelicamente e o Evangelho não deve ser pregado legalisticamente.

Romanos 3:20. “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras

da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.”

Gálatas 3:23-24. 23”

Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da

lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. 24

De maneira que a lei nos

serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.”

1 Timóteo 1:8. “Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa

legitimamente”.

COMENTÁRIO

O legalismo e o antinomianismo representam os dois extremos a respeito da lei. O

legalismo em sua forma mais extrema é simplesmente a salvação pelas obras. Em sua forma

mais comum, é uma abordagem legalista para questões espirituais. O legalismo não é a

verdadeira espiritualidade. É antes, um sistema "faça" e " não faça" feito pelo homem que

substitui os comandos escriturísticos. O Antinomianismo é um tipo de ilegalidade, como a

ausência da lei não é liberdade, mas anarquia. O Antinomianismo, no entanto, geralmente

leva ao legalismo, porque o homem, supostamente libertando-se da lei de Deus,

inevitavelmente substitui uma "lei" (sistema legalista) de si mesmo - inevitavelmente um

sistema sem graça.

A pregação da lei não é necessariamente uma "pregação legalista." Como existe uma

forma legalista de pregar o Evangelho, assim existe uma forma evangélica de pregar a lei. O

Evangelho é pregado de forma legalista quando é pervertido em um sistema de obras ou

habilidade natural para a salvação. Se alguém olhar para o seu próprio arrependimento ou fé

para a salvação, em vez de Cristo, ele é um legalista inconsciente. O Evangelho também é

pregado de uma forma legalista quando é expresso em termos de regras e regulamentos que

não sejam escriturísticos, mas sim pelo homem.

A lei é pregada de uma forma evangélica quando está em sua devida conexão com o

Evangelho. A lei é pregada evangelicamente quando não contradiz o Evangelho, nem se

opõe a ele, nem fica como um substituto para o Evangelho. Nem ainda, a lei deve ser

pregada à parte do Evangelho, ou deve se tornar mera pregação legalista. Biblicamente,

lógica, e evangelisticamente, a lei prepara o pecador para o Evangelho expondo o pecado

por aquilo que ele é no contexto de Deus e Sua Justiça (Gálatas 3:24; Romanos 3:19-20;

5:20; 7:7-13).

A menos que alguém note tanto o uso explícito quanto o implícito da lei, ele poderia

bem não compreender o lugar dela no ministério evangelístico de nosso Senhor e dos

Apóstolos inspirados: primeiro, o uso explícito da lei é bastante evidente na pregação do

nosso Senhor, como foi notado nos casos do "jovem rico" (Mateus 19:16-26; Marcos 10:17-

27; Lucas 18:18-27), e o "advogado" (Lucas 10:25 - 37 ). Este uso explícito da lei também

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parece ser evidente no ministério de Estêvão e a consequente conversão do Apóstolo Paulo

(Atos 6:8-15; 7:58-60; Atos 9:1-8; Romanos 7:7-13; Filipenses 3:1-9);

Segundo, existem muito mais exemplos do uso implícito da lei tanto na pregação de

nosso Senhor e dos Apóstolos. Em nossos exemplos do ministério do Senhor pode ser

tirado de sua entrevista com a mulher samaritana no poço (João 4:1-29), e a mulher achada

em adultério (João 8:1-11). Ambos estão preocupados com o Sétimo Mandamento. Uma

nota deve-se tomar da pregação inspirada de Pedro (Atos 2:23-24; 3:13-15; 4:10; 5:26-33),

Estêvão (Atos 7:51-54) e Paulo (Atos 13:26-30), acusando os judeus de assassinato do

Filho de Deus - uma violação clara do Sexto Mandamento. A pregação implícita da lei

também é evidente na defesa do Apóstolo Paulo diante do Areópago de Atenas [Atos

17:22-31, e a declaração contra a idolatria e do juízo futuro em justiça) e em seu discurso

com Felix e Drusila, quando "ele tratou da justiça, da temperança e do juízo vindouro"

(Atos 24:24-25).

43ª Pergunta - Qual é a soma dos Dez Mandamentos?

Resposta - A soma dos Dez Mandamentos é amar a Deus com a totalidade de nossos

seres e amar o nosso próximo como a nós mesmos.

Deuteronômio 6:4-5. 4”

Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único

SENHOR. 5Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua

alma, e de todas as tuas forças.”

Mateus 22:37-39. 37”

E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu

coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. 38

Este é o primeiro e

grande mandamento. 39

E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo

como a ti mesmo. 40

Desses dois mandamentos dependem toda a lei os profetas”.

Tiago 2:10. “Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto,

tornou-se culpado de todos.”

Veja também - Êxodo 20:1-17; Deuteronômio 6:4-5; 1 Timóteo 1:5-11; Tiago

2:10-11.

COMENTÁRIO

Uma introdução geral à lei moral, Decálogo ou Dez Mandamentos é necessária antes de

uma exposição de cada Mandamento separado a fim de obter uma compreensão adequada

da natureza e do caráter da lei de Deus.

O Decálogo pode parecer extremamente simples, já que cada mandamento é dado em

termos muito específicos, ou seja, como um exemplo de jurisprudência. A jurisprudência é

representante de princípios muito amplos e inclusivos - como demonstrado por outros

exemplos de jurisprudência em todo o restante das Escrituras. Estes princípios derivam da

auto-consistência moral de Deus, e assim cada Mandamento necessariamente condena

qualquer e todos os pensamentos e inclinações que levam a qualquer ato evidente de

transgressão, e do mesmo modo recomenda a consciência para todos os pensamentos e

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inclinações para obediência. Por exemplo, aquele que olha para uma mulher com desejo já

cometeu adultério em seu coração diante de Deus (Mateus 5:27-28). Aquele que odeia a

seu irmão é assassino (1João 3:15). Isto significa que a lei moral de Deus codificada no

Decálogo é capaz de expansão infinita e inclusiva.

Em cada Mandamento, o negativo implica o positivo, e o positivo implica o negativo. A

lei em sua declaração positiva exige obediência total e inabalável, fidelidade e devoção

(amor) à Deus; e o devido respeito às relações equitativas com e um amor por todos os

homens (Deuteronômio 6:4-5; Mateus 22:36-40 ). A lei negativa é necessariamente

específica e restrita; a lei positiva é necessariamente totalitária e assim a lei positiva é o

domínio de Deus apenas.

A lei de Deus é uma unidade. Quebrar um dos mandamentos de Deus é quebrar todos

eles (Romanos 3:19-20 ; Gálatas 3:10; Tiago 2:10). Veja a Pergunta 63. Todo pecado é

contra Deus. Todo pecador é um fraudulento, infrator, transgressor da lei, um "fora da lei",

um adúltero diante de Deus – independente se um ou todos os mandamentos são quebrados

- e uma punição para a quebra de um ou de todos os mandamentos é a morte – morte eterna

- porque todo e cada pecado é contra o próprio Deus - um Deus Infinito, Eterno, Santo e

Justo. Deus legislou a moralidade no Decálogo. Estes Mandamentos não podem ser

melhorados, e, em princípio, estão sujeitos à base social, religiosa, moral, filosófica e legal

de todas as tentativas históricas na lei humana equitativa e consistente.. Nós simplesmente

não devemos casualmente por de lado ou ignorar a lei moral de Deus!

O melhor comentário sobre a lei moral são as próprias Escrituras. O princípio

vastamente conhecido como a "analogia da fé," tanto a clareza das “Escrituras” ou

“Escrituras” são autointerpretativas " demonstram o verdadeiro significado e implicações da

lei moral. O Novo Testamento é o grande inspirado comentário evangélico sobre a natureza

relevante e inclusiva da lei moral.

No Decálogo, oito Mandamentos estão enquadrados na negativa, cada um definitiva e

fortemente aplica uma proibição perpétua no hebraico. Dois estão enquadrados na positiva,

e também são muito rigorosos na força deles, usando o mais forte construção gramatical

possível.

44ª Pergunta - Qual é o Primeiro Mandamento?

Resposta - O Primeiro Mandamento é: "Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da

terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim." (Êxodo 20:1-3)

45ª Pergunta - Qual é o significado do Primeiro Mandamento?

Resposta - O Primeiro Mandamento exige que o homem conheça e adore a Deus, e o

reconheça como o único Deus verdadeiro em todas as esferas da vida.

Veja também: Gênesis 1:1-3; 39:8-9; Deuteronômio 4:28; 5:6-7; 6:4-5; 26:17-

18; 32:15-21; Josué 24:14-15; 2Samuel 22:32; 1Reis 18:21; 2Reis 19:15; 1Crônicas

28:9; Salmos 14:1; 66:18; 81:8-16; 96:4-10; 139; Isaías 40:15-31; Mateus 4:10; 6:24;

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Romanos 1:18-22; 11:33-36; 1 Coríntios 8:4-6; Filipenses 2:9-11; Hebreus 1:2-12;

Apocalipse 1:10-18; 4:8-11.

COMENTÁRIO

O Primeiro Mandamento faz uma introdução ao restante do Decálogo através da

autorrevelação de Deus, e está dividido em três partes: uma revelação do Senhor Deus, uma

declaração de libertação com poder e uma proibição perpétua contra todo e quaisquer falsos

"deuses."

Deus é absoluto e, assim os Seus direitos sobre o homem em Sua Palavra são absolutos.

Porque Deus é absoluto, e cada fato é criado e definido por Ele, todo o reino da realidade e

da humanidade criada é sagrado, ou seja, não pode ser dividido em "secular" e "sagrado."

Todas as coisas sem exceção existem por e para Deus, e existem para glorificá-Lo. Ele deve

ser absolutamente Soberano sobre todas as esferas da vida e atividade. Assim, o

reconhecimento, a submissão e obediência a Deus em todas as esferas da vida é a própria

essência da adoração.

Este mandamento proíbe qualquer desvio ou perversão da autorrevelação do Senhor

Deus das Escrituras, incluindo: o ateísmo (sem Deus), politeísmo (muitos deuses), dualismo

(princípios bons e maus iguais disputando o controle do universo), panteísmo (Deus

sinônimo inseparável da criação), panenteísmo (uma mistura de teísmo e panteísmo

sustentando que Deus é o universo e ainda mais do que o universo, um ser complexo que

está por si mesmo em processo de mudança), idolatria, e também a ignorância religiosa,

neutralidade e hipocrisia. Tudo o que está em primeiro na vida de alguém é o seu "deus,"

exigindo seu tempo, seus pensamentos, seus recursos e as suas energias. Nem todos os

ídolos são feitos de madeira ou pedras, ou de ouro ou prata. Alguns são mentais ou

constituídos num coração-idólatra. Qualquer pessoa ou coisa que se torna um fim em si

mesma torna-se um ídolo (1 Coríntios 10:31; Colossenses 3:5). Deus legitimamente exige

que ele seja a nossa única grande prioridade.

Embora este mandamento esteja enquadrado no negativo, ele ordena certos deveres

positivos: primeiro, Deus deve ter prioridade absoluta nos pensamentos, ações e adoração

de todos os homens em todas as esferas da vida e da atividade. Esse é o seu direito soberano

como Criador e Regente do universo (Romanos 11:36; 1 Coríntios 10:31);

Segundo: o homem deve conhecer a Deus. Como Ele é infinito e o homem é finito, ele

só pode conhecer a Deus ao passo que Este tenha o prazer de revelar-se tanto na natureza

quanto nas Escrituras (Romanos 1:18-25; 2 Timóteo 3:16-17);

Terceiro: o homem deve temer a Deus e conhecê-Lo corretamente por meio de sua

auto- revelação. Este medo é um temor reverencial que é consistente com um amor

reverente e admiração. Temê-Lo, leva o homem a adorá-Lo (Êxodo 20:20; Deuteronômio

6:2; 4-5; 13:4; Salmos 86:11; Eclesiastes 12:13-14; Mateus 22:36-40). Os israelitas foram

ensinados a temer a Deus por Ele ter julgado os "deuses" do Egito nas pragas e os livrou

com mão forte (Êxodo 3:19-20; 6:6; 9:13-14; 11:9; 12:12; Romanos 9:17). Os crentes são

ensinados a temer a Deus lendo Sua Palavra, percebendo Seu poder, Seu ódio ao pecado,

Sua absoluta Santidade e Justiça, e experimentando Sua Mão Corretora (Hebreus 12:3-12);

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Quarto: O Único e Verdadeiro Deus deve ser o Único e Verdadeiro objeto de adoração

do homem. Isto exige necessariamente adoração de coração e não mera religião exterior,

como a verdadeira adoração começa no coração e na mente (Deuteronômio 4:29; 10:16;

6:4-5; Salmos 19:8,14; 37:13; Mateus 22:37; Romanos 2:28-29);

Quinto: para adorar a Deus escrituristicamente o homem caído e pecador deve

aproximar-se Dele por meio do Senhor Jesus Cristo como Mediador, Redentor, Salvador,

Penhor e Grande Sumo Sacerdote. A verdade do Evangelho é uma parte essencial da

Palavra-Lei de Deus (João 14:6; Atos 4:12; 1 Timóteo 2:5);

Sexto: Adoração implica serviço. Nosso Senhor sabia disso na Tentação do Deserto

(Mateus 4:8-10). A verdadeira adoração não pode permanecer teórica, abstrata ou separada

do restante da vida, mas deve ser expressa na totalidade da vida (Êxodo 20:5;

Deuteronômio 11:13; Romanos 12:1-2). Será que Deus tem a prioridade em nossas vidas?

Nossa adoração é teórica ou expressa em serviço?

46ª Pergunta - Qual é o segundo mandamento?

Resposta - O segundo mandamento é: "Não farás para ti imagem de escultura, nem

alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas

debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus,

sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração

daqueles que me odeiam. E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que

guardam os meus mandamentos." (Êxodo 20:4-6).

47ª Pergunta - Qual é o significado do segundo mandamento?

Resposta - O Segundo Mandamento exige que o homem receba, observe e mantenha

puro e inteiro todas essas adorações religiosas e ordenanças como Deus designou em sua

Palavra.

Veja também: Gênesis 4:1-8 (1João 3:11-12); Êxodo 20:25-26; 32:1-8; 34:12-

17,23; Levítico 10:1-3; 19:4; 26:1; Deuteronômio 4:15-20; 11:16-17; 12:28-32;

16:21-22; 27:15; Juízes 17:1-13; 1Reis 11:1-11; 12:28; Salmos 106:34-39; Isaías

40:18-20; 42:8; 44:8-20; Jeremias 10:14-15; Ezequiel 8:1-18; 36:25-27; Habacuque

2:18-20; João 1:1,14,18; 4:24; Atos 17:16,22-31; Romanos 1:21-25; 1 Coríntios.

10:7; Efésios 5:5; Colossenses 2:18, 3:5; 2 Timóteo 3:5; Apocalipse 2:14; 21:8.

COMENTÁRIO

O Segundo Mandamento pode ser resumido em quatro partes: a proibição perpétua

contra fazer qualquer objeto ou representação com a intenção de usá-lo em adoração

idólatra, uma revelação do caráter de Jeová Deus, a retribuição contra os pecadores e os

descendentes deles até a quarta geração e uma expectativa de misericórdia estendida para

aqueles que são obedientes.

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Ambos, o Catolicismo e o Luteranismo mesclam este Segundo Mandamento com o

Primeiro, então dividem o último Mandamento em dois para preservar o número total. Isto

foi feito em ambos os casos para evitar o problema do uso de imagens e figuras na

adoração, ou seja, com o mesmo recurso chegamos à conclusão de que não se dever adorar

imagens em hipótese alguma, justamente ao contrário do que eles acreditam.

O homem como o portador da imagem de Deus possui um instinto religioso, e assim

não precisa de ordem para adoração; ele ao contrário precisa ser orientado sobre como deve

ser sua adoração por causa de sua natureza pecaminosa decaída. O Primeiro Mandamento

revela o Objeto de nossa adoração que se revela como Único e Verdadeiro Deus, o

Segundo: O modo de nossa adoração. Deus revela Sua natureza e como Ele deve ser

adorado. e aponta-nos para a única religião verdadeira. O Primeiro se opõe a todos os falsos

deuses; o Segundo se opõe a toda a adoração obstinada e idólatra.

Deus é espiritual e deve ser adorado em espírito e em verdade (João 4:24; 1 Timóteo

6:15-16). Qualquer tipo de idolatria, representação material ou física perverte e limita o

conceito de alguém acerca de Deus. Nem toda idolatria, no entanto, é física ou material. Há

uma idolatria mental não escriturística que limita a concepção alguém acerca de Deus. A

idolatria mental distorce a verdade de Deus no pensamento de alguém em tais realidades

como a sua natureza, caráter (Êxodo 5:2; Salmos 50:21-22; Isaías 29:15; 36:2-20), auto-

consistência moral (Salmo 73:9-11; Sofonias 1:12) ou poder (Gênesis 20:9-11; 1 Reis

20:23,28-29; 2Reis 5:1s). Assim, alguém - mesmo sem um ídolo material - ainda pode

adorar o "deus" de sua própria imaginação.

Deus determina como, quando e com o que Ele deve ser adorado. Não há lugar para a

vontade própria humana na adoração Divina (Colossenses 2:23). Este foi o pecado de Caim.

Ele estava determinado que Deus deveria aceitá-lo e sua "oferta" em seus termos, não da

maneira que Deus tinha revelado (Gênesis 4:1-12; 1João 3:11-12). Deus é gracioso em suas

exigências, e não aceitará os enfeites ou adições da inovação humana (Êxodo 20:25-26),

uma abordagem pragmática (1Samuel 15:17-24), ou adoração que Ele não ordenou

(Levítico 10:1-3).

A verdadeira adoração a Deus é simplesmente a adoração que Ele mesmo ordena - sem

quaisquer adições (Levítico 10:1-3) ou exclusões (Mateus 28:20). Isto é conhecido como "o

princípio regulador." Adoração deve ser escriturística, e aquilo que não é escriturístico

(contrário ao ensino explícito ou implícito das Escrituras, inovador, pragmático ou

meramente tradicional ou "contemporâneo") deve ser evitado.

O desejo inerente do homem em ver ou visualizar o Deus invisível encontra sua

resposta no Senhor Jesus Cristo, que é Deus manifestado em carne (Isaías 9:6; João 1-

3,14,18; João 17:1-5; Colossenses 1:12-19 ; 2:9; 1 Timóteo 3:16; Hebreus 1:3). Adorar o

Senhor Jesus não é idolatria, mas é adoração verdadeira e bíblica. Nós já renunciamos e

derrubamos todos os nossos ídolos? Existe alguma coisa em nossas vidas que seja um fim

em si mesma e não um meio pelo qual devamos glorificar a Deus (1 Coríntios 10:31;

Colossenses 3:5)?

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48ª Pergunta - Qual é o Terceiro Mandamento?

Resposta - O Terceiro Mandamento é: "Não tomarás o nome do SENHOR teu Deus

em vão; porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão."

(Êxodo 20:7).

49ª Pergunta - Qual é o significado do Terceiro Mandamento?

Resposta - O Terceiro Mandamento exige o uso Santo e Reverente dos nomes,

títulos, atributos, palavra, obras e instituições de Deus, e proíbe a profanação Deles de

qualquer forma.

Veja também: Levítico 19:12; 24:10-14; Deuteronômio 6:13; 23:21; 28:58;

Salmos 8:1; 20:1; 29:2; 68:4; 109:17-18; 138:2; Provérbios 30:8-9; Eclesiastes

5:1-6; Isaías 48:1-2; 65:16; Jeremias 23:10-11; Ezequiel 36:23; Mateus 5:37; 6:9;

7:21-23; 12:36-37;

Lucas 6:46; João 17:6; Atos 1:8; 4:12; 9:15-16; Romanos 2:24; 3:13-14; 2

Coríntios 5:20; Filipenses 2:9-11; Colossenses 3:17; 2 Timóteo 2:19; Tito 2:5;

Apocalipse 13:5-6; 15:4.

COMENTÁRIO

Este Mandamento é duplo em sua análise: primeiro, uma proibição perpétua

declarada. O nome de Deus não deve ser tomado de forma alguma inferior do que

apropriada e reverentemente reflita sua verdadeira natureza, valor, honra, glória e

majestade. Segundo, um aviso emitido: o julgamento ou castigo Divino é uma certeza

para o profanador.

O Primeiro Mandamento revela o Objeto de nossa adoração - o Único Verdadeiro

Deus, o Segundo, o modo de nossa adoração - espiritualidade verdadeira; o Terceiro,

nossa atitude interior diante de Deus em adoração - reverência verdadeira, ou um molde

apropriado de espírito.

Existem muitas maneiras pelas quais o nome de Deus pode ser tomado em vão: em

pensamento, palavra ou ação. Blasfêmia, profanação, juramentos, e maldições são os

quatro principais meios explícitos de violação deste Mandamento. Futilidade ou

frivolidade a respeito do nome de Deus também é proibido, como é a hipocrisia na

profissão religiosa.

Rebaixar a Palavra de Deus também está necessariamente incluído nesta proibição,

como está invocar o Seu nome em oração quando a oração é de vontade própria ou de

forma incompatível com a Sua natureza e caráter (Mateus 6:9). Veja a Pergunta 101.

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Existem várias maneiras comuns nas quais o nome de Deus é tomado em vão:

primeiro, quando a blasfêmia, maledicência ou injúria é intencional, discurso injurioso

contra a majestade de Deus (Mateus 12:24-32; Romanos 2:21-24).

Segundo, profanação, que pressupõe o nome de Deus. Profanação se refere

especificamente ao uso irreverente do nome de Deus ou objetos religiosos. O termo

deriva de pro, "antes," e fanum," templo, relicário, santuário," e assim diante do (ou

fora) templo (morada de "deus") e, portanto, "comum, secular, fora do reino de Deus."

Deus, porém, é o Deus de toda a realidade criada, Onipresente, Imenso e Imanente. Não

existe nada além Dele, nada secular, comum ou profano. Assim, profanar qualquer coisa

associada com Deus é tomar o Seu nome em vão (Mateus 5:33-37).

Terceiro, proferindo um juramento. Juramento pode se referir à linguagem vulgar

em geral, mas refere-se especificamente a um juramento que invoca ou se refere ao

nome de Deus ou algum objeto religioso como um meio de impor a veracidade ou

determinação de alguém. Proferir um juramento pode ser justo e legítimo ou

pecaminoso, ou seja, tomar o nome de Deus em vão (1Samuel 14:44; 1Reis 17:1;

Mateus 5:33-37). Um cristão deve ser tomado por sua palavra, e, portanto, não deve

jurar por algo ou alguém (Mateus 5:33-37).

Quarto, amaldiçoar, que pode se referir à linguagem vulgar em geral, mas

tecnicamente se refere a chamar a ira ou o julgamento de Deus sobre um inimigo ou

malfeitor. Amaldiçoar pode ser legítimo ou pecaminoso (Levítico 24:11; Números 23:8;

Deuteronômio 27:15-25; Josué 6:26; 1Samuel 17:43; 2Reis 2:23-24; 2 Timóteo 4:14).

Amaldiçoar é o mais inútil e sem sentido dos pecados. Ao contrário da idolatria, é

transparentemente irreligioso e imediatamente revela o hipócrita, Ao contrário do

assassinato, não existe nem mesmo a possível satisfação momentânea de vingança. Ao

contrário da mentira ou do roubo, não traz nem mesmo vantagem temporária. Ao

contrário de imoralidade, não traz qualquer prazer momentâneo que seja, nem satisfaz

qualquer desejo. Ao contrário da cobiça, que é necessariamente previdente, é irracional

e impensado. Por que, então, a maldição é tão predominante? A humanidade, criada à

imagem de Deus, tem o dom da palavra para louvar a Deus e comunicar uns com os

outros. Blasfêmia, maldição ou juramento são terríveis expressões de pecadores

depravados que são espiritualmente impotentes para criar, e só podem articular a

frustração de seu pervertido "complexo de deus" por vocalizar seu ódio e desprezo tanto

por Deus quanto pelo homem em termos perversos e destrutivos. As palavras se tornam

armas, os juramentos se tornam encantamentos frustrados e a maldição se torna uma

teologia pervertida de autodestruição. O próprio dom da palavra, dado com o propósito

de declarar a verdade de Deus e tornar a sociedade coerente, ao invés disto, profana o

nome de Deus, perverte a verdade e fragmenta a sociedade (Romanos 3:13-14).

Um juramento civil ou religioso é um reconhecimento de que Deus é o Todo-

envolvente, Realidade Viva, que Ele é moralmente auto-consistente, Imanente e

infalivelmente trará os homens ao juízo. Tal juramento reconhece ainda Seu Senhorio e

Domínio sobre todo o governo humano e religioso, e a validade e prioridade de Sua lei.

Assim, juramentos devem ser levados a sério e perjúrio é uma ofensa grave para ambos

Deus e homem. Um juramento civil sem a lei-ordem de Deus é, no entanto, sem sentido,

como testemunhado diariamente nos tribunais civis modernos.

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É lícito fazer um juramento civil ou religioso? Alguns sustentam que todos os

juramentos - um juramento de escritório político, testemunhando sob juramento em

assuntos jurídicos, juramentos religiosos ou votos - são proibidos por nosso Senhor

(Mateus 5:33-37). Os juramentos proibidos pelo Senhor eram juramentos pessoais

desnecessários ou distorcidos. Algo religioso foi chamado para dar-lhes força. O crente,

nosso Senhor ensinou, deve ser tomado por sua palavra ["Sim" ou "Não"] sem tais

juramentos. Além disso, deve-se notar que a Escritura registra juramentos apropriados

em uma forma positiva. Um voto ou juramento é um assunto sério e não deve ser

tomado de ânimo leve (Eclesiastes 5:1- 6). Deus abençoa a pessoa que faz um

juramento e se mantém fiel à sua palavra, apesar da perda pessoal (Salmos 15:4). Muitas

personalidades bíblicas fizeram seus juramentos em circunstâncias adequadas: por

exemplo: Abraão e Eliezer (Gênesis 24:2-9), Jacó (Gênesis 28:18-22; 31:44-55) e Rute

(Rute 1:17). Paulo clamou a Deus para ser sua testemunha (Romanos 1:9; 9:1; 2

Coríntios 1:23; Gálatas 1:20; Filipenses 1:8), um anjo faz um juramento (Apocalipse

10:5-6), nosso Senhor mesmo testemunhou sob juramento (Mateus 26:59-64) e o

próprio Deus fez o Seu juramento para fortalecer sua promessa (Isaías 45:22-23;

Hebreus 6:13-18). Você toma o nome de Deus em vão em seus lábios ou em sua vida?

50ª Pergunta - Qual é o quarto mandamento?

Resposta - O quarto mandamento é: "Lembra-te do dia do sábado, para santificá-lo.

Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu

Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo,

nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas

portas. Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há,

e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o SENHOR o dia do sábado, e o

santificou." (Êxodo 20:8-11).

51ª Pergunta - Qual é o significado do Quarto Mandamento?

Resposta - O Quarto Mandamento revela que Deus é Soberano ao longo do tempo,

e requer que o homem se mantenha santo para Deus nesses momentos que Ele destinou

em Sua Palavra.

Veja também - Gênesis 2:2-3; Êxodo 16:25-30; 23:10-12; 31:13-17; Levítico

19:30; 23:3; 26:2; Números 15:32-36; Deuteronômio 5:12-15; 2Reis 4:22-23;

Neemias 13:15-22; Isaías 58:13-14; Ezequiel 23:38; Amós 8:4-5; Mateus 12:1-13;

28:1; Marcos 2:23-28; Lucas 4:16; 23:56; 24:1; João 7:22-23; 20:1,19; Atos

13:14-41; 17:3; 20:7; Romanos 14:5-6; 1 Coríntios 16:2; Gálatas 4:10-11;

Colossenses 2:16-17; 2 Tessalonicenses 3:10-12; Hebreus 4:1-11; 10:25;

Apocalipse 1:10; 10:5-6.

COMENTÁRIO

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O Quarto Mandamento revela a soberania absoluta de Deus sobre o homem no que

diz respeito ao uso de seu tempo de trabalho, descanso, adoração e recreação. O

Sábado, refletindo o descanso de Deus ao terminar a obra da criação, vem ao homem

como uma bênção divina e dom, não uma restrição ou carga (Isaías 58:13-14). A

divisão deste Mandamento é em quatro partes: primeiro, a admoestação mais forte tanto

para lembrar o sábado quanto para o santificar (separar). Segundo, o reconhecimento do

trabalho, Terceiro, descanso do trabalho. Quarto, a razão para o sábado. Ele reflete o

descanso Divino após a obra da criação, um descanso de prazer e satisfação.

O Primeiro Mandamento revela a soberania absoluta de Deus sobre nossa adoração;

o Segundo, a espiritualidade de nossa adoração; e Terceiro, a nossa atitude interior na

adoração. O Quarto Mandamento revela a soberania absoluta de Deus sobre o nosso

tempo de trabalho e de descanso, adoração e vocação, ocupação e recreação.

Alguém deve trabalhar antes de poder descansar. Seis dias são os dados por Deus

para o trabalho. Note que seis dias de trabalho não estão necessariamente ordenados,

mas sim que todo o trabalho do homem deve ser feito em seis dias para que ele pudesse

descansar no sétimo: As palavras de abertura "Seis dias, trabalharás,..." não devem ser

arbitrariamente separadas do restante da declaração: "...e farás toda a tua obra,"

implicando um prazo de seis dias para o trabalho para que o sábado pudesse permanecer

separado como um dia de descanso.

O sábado semanal não foi o único "sábado" que Deus ordenou a Israel para

observar. Haviam semanais (Êxodo 20:8-11; Deuteronômio 5:12-15), mensais

(Números 28:11-15; Romanos 14:5-6) e sábados anuais (Êxodo 12:1-20,43-50; Levítico

23:15-44; Números 28:16-25; 29:1-40), um observado a cada sete anos (Êxodo 23:10-

11; Levítico 25:1-7,18-22; 2 Crônicas 36:20-21) e um observado a cada cinquenta anos

(Levítico 25:8-18). Alguns eram puramente dias de descanso, alguns eram dias de festa

e alguns eram dias de adoração coletiva. Para entender corretamente o significado

completo do sábado semanal, alguém deve entender todo o princípio do sábado

ordenado por Deus. O seguinte é um breve estudo sobre os vários "sábados":

O princípio do sábado de Israel era o de repouso para o homem, os animais e a terra,

instituído por Deus. Este princípio olhou para trás, para a criação e libertação de Israel

do Egito, olhou para Deus em um relacionamento de aliança e olhou para frente

profeticamente para a redenção de toda a criação. Este princípio também foi um

princípio de celebração. Ambos tipicamente anteciparam a redenção-repouso no Senhor

Jesus Cristo e na glória futura (Deuteronômio 5:12-15; Romanos 8:18-23; Hebreus 4:1-

11; 2 Pedro 3:7-18).

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Para ser bíblico e consistente, alguém deve fazer uma distinção entre o provisório

(cerimonial, civil) e o perpétuo: O princípio do sábado (descanso e adoração) é

perpétuo, como está refletido em ambos, na criação e repouso de Deus (Gênesis 2:2-3;

Êxodo 20:11) e na necessidade do homem descansar, ou seja, "o sábado foi feito para o

homem, não o homem para o sábado" (Marcos 2:27). O princípio do sábado aponta para

frente para o descanso redentor no Senhor Jesus Cristo (Deuteronômio 5:12-15;

Hebreus 4:1-11. Note que em Hebreus 4:9 se lê literalmente "um repouso sabático" no

grego), e por isso tem um significado típico que encontrará cumprimento completa na

redenção final do homem e da terra, quando o descanso sabático de Deus e do homem

encontrará sua realização final (Romanos 8:18-23; 2 Pedro 3:13).

Qual, então, em essência, é o significado perpétuo e final do sábado? O sábado é

descrito como "o sábado do Senhor Deus," isto é, Seu sábado e é rastreado até Seu

descanso primitivo de celebração, realização, satisfação ["tudo era muito bom"] e

antecipação (Gênesis 2:1-3). O significado nacional ou aliança de Israel era tanto

temporária quanto tipológica (Êxodo 16:25-30; 23:10-12; 31:13-17; Deuteronômio

5:12-15), aguardando a sua verdadeira e plena significação entre os crentes dentro da

Nova ou Aliança do Evangelho (Hebreus 4:1-11).

Os crentes agora são trazidos em união com Cristo e assim se alegram em sua obra

redentora acabada e espiritualmente "descansam" pela fé nele. Celebramos nossa

gloriosa salvação. Note a antecipação desse "repouso (sabático) que resta para o povo

de Deus" (Hebreus 4:9). Aguardamos a nossa futura glorificação (Romanos 8:14-23) e a

restauração de toda a criação que, mais uma vez, tornará todas as coisas puras e muito

boas" na criação de "novos céus e uma nova terra em que habita a justiça" (2 Pedro 3:7-

13). Com a criação final e infalivelmente restaurada, e os eleitos de Deus final e

completamente redimidos, o descanso completa e final de Deus será cumprido. O

sábado, então, deveria ser uma celebração da nossa redenção, um deleite, um descanso,

tanto físico como espiritual e uma antecipação daquela glória que está por vir. Tais

pensamentos devem santificar e tornar o Dia do Senhor um deleite.

Embora seja verdade que nem no Velho ou no Novo Testamento Deus

explicitamente mudou-se o sábado semanal do sétimo para o primeiro dia, desde a

ressurreição de nosso Senhor, os cristãos se reuniram no primeiro dia da semana

(Mateus 28:1; Atos 2:1ss; 20:7; 1 Coríntios 16:2; Apocalipse 1:10). Foi no dia da

ressurreição de nosso Senhor, o dia de Pentecostes, que marcou a igreja do Novo

Testamento como instituição ordenada por Deus para esta economia do Evangelho pelo

poder do Espírito; e antecipa a restauração total e definitiva de todas as coisas, das quais

a sua ressurreição foi apenas a primeira declaração. O primeiro dia (tradicionalmente

"Domingo") distingue, assim, o culto cristão do culto judaico. Esta foi a prática

apostólica inspirada em todo o Novo Testamento. Assim, observar o primeiro dia da

semana como o dia do Senhor não é meramente tradicional, é implícita e explicitamente

bíblica (Atos 20:7; 1 Coríntios 16.2).

Você já encontrou essa promessa de repouso no Senhor Jesus? Você encontra prazer

no Dia do Senhor? Você tira algum tempo para antecipar e se alegrar com a vinda do

sábado da criação?

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Pergunta 52ª: Qual é o quinto mandamento?

Resposta: O Quinto Mandamento é: "Honra a teu pai e a tua mãe, para que se

prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá." (Êxodo 20:12).

53ª Pergunta - Qual é o significado do Quinto Mandamento?

Resposta - O Quinto Mandamento requer que o homem preserve a honra, e execute

os deveres que pertencem a todos em suas posições e relações como legítimos

superiores, inferiores ou iguais.

Veja também: Levítico 19:32; Deuteronômio 5:16; 6:6-15; 21:18-21; 1Reis 2:19;

Provérbios 6:20-24; 22:6,15; 13:24; 23:13,22; 30:17; Jeremias 35:18-19; Mateus 10:37-

38; 15:3-6; Marcos 7:9-13; Lucas 2:51; 9:59-60; 10:16; 14:26; João 19:26-27; Romanos

12:10; 13:1-7; Gálatas 6:6; 1 Coríntios 4:15; Efésios 5:21-24; 6:1-9; Filipenses 2:3;

Colossenses 3:18-4:1; 1 Timóteo 5:4,16-17; 2 Timóteo 3:15; Tito 2:2-3,9-10; Hebreus

12:11; 13:7,17; 1 Pedro 2:13-18.

COMENTÁRIO

O Quinto Mandamento, pois representa a extensão e a representação da autoridade

Divina nos relacionamentos humanos, forma uma ligação entre os quatro primeiros (a

"Primeira Tábua da Lei," ou a responsabilidade do homem para com Deus) e os últimos

seis Mandamentos (a "Segunda Tábua da Lei," ou a responsabilidade do homem para

com o homem). A divisão é dupla: primeiro, o Divino mandamento intensivo para

honrar pai e mãe, segundo, a promessa Divina de longevidade na terra. O Apóstolo

Paulo estende esta expressão para envolver todas as famílias com os pais crentes e

longevidade na terra (Efésios 6:1-3).

Os filhos devem honrar seus pais. O termo "honra" tem o sentido de "honra,

reverência, respeito, dando muito peso aos" seus pais e mães. Os pais estão no lugar de

Deus para os seus filhos, como uma parte inerente da ordem ordenada por Deus (1

Coríntios 11:3; Efésios 3:14-15; 5:22-25; 6:1-4; Colossenses 3:18-22; 1 Pedro 3:1,5-

7), e nunca deve ser tomada de ânimo leve em seus comandos. É a posição ordenada por

Deus dos pais sobre a criança que deve ser honrada, independentemente do determinado

caráter moral da pessoa que ocupa essa posição. As crianças e os adultos não devem

desonrar seus pais por causa de imperfeições ou falhas percebidas. Os pais da mesma

forma carregam uma grande responsabilidade para com os seus filhos sob Deus, como

seus representantes. Na ordem moral ordenada por Deus, não há lugar para desonra,

arbitrariedade ou irresponsabilidade.

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O termo "pai" é de aplicação muito ampla, referindo-se a toda a autoridade legítima,

como a família é a principal instituição social ordenada por Deus. Para a mentalidade

hebraica, "pai" se refere a qualquer um o qual era devido respeito e honra como estando

em um lugar de superioridade, autoridade, influência ou liderança. É biblicamente usado

para se referir aos pais literais, físicos (Gênesis 15:15; 27:19; Hebreus 12:9), aos

patriarcas ou antepassados célebres (Êxodo 3:6; João 8:39; Tiago 2:21), a alguém ou

coisa como progenitora ou fonte (Jó 38:28), a Deus como um Pai espiritual (Salmos

89:26; Isaías 63:16; Malaquias 1:6; 2:10; Mateus 6:9; João 8:41; Romanos 8:13-16;

Efésios 3:15,19; Filipenses 1:2), a um ídolo (Jeremias 2:27), aos reis ou governantes

(1Samuel 24:11; Isaías 22:21; 38:5; 49:23), aos superiores (Atos 22:1), aos

conselheiros, assessores ou profetas (Gênesis 45:8; 2Reis 2:12; 6:21; 13:14) , aos líderes

espirituais ( 2Reis 13.14; 1 Coríntios 4:15-17; 1 Timóteo 1:2,18; 2 Timóteo 1:2; 2:1; 1

Pedro 5:13), àqueles que instruem a outros (2 Reis 2:12; Provérbios 1:8,10,15), àqueles

em um relacionamento próximo (2 Samuel 7:14; 2 Reis 2:12; Jó 31:18; Hebreus 1:5),

àqueles que provêm ou protegem outros (Jó 29:16; Salmos 68:5; Jeremias 31:9), àqueles

cujo caráter é rivalizado (Ezequiel 16:3,45; João 8:28-49; Romanos 4:12,16-17) e,

geralmente, como um título do maior respeito.

O universo criado existe no contexto da lei Divina – que é espiritual, moral, social

e física. Porque a lei Divina governa em todas as esferas, a ordem Divina foi

estabelecida e deve ser mantida e quando ela é mantida em qualquer esfera, há bênção,

quando ela é desobedecida e desconsiderada, há contradição, confusão, irracionalidade,

anarquia, dissolução e fracasso. Socialmente, a ordem Divina se estende para baixo para

e por meio da raça humana de Deus, o Pai, para o Senhor Jesus Cristo [como o Deus-

Homem, Mediador e Salvador], para o homem, para a mulher e depois, para os filhos

(Gênesis 1:26-28; 2:18-24; 3:16; Efésios 3:14-15; 5:22-24; 1 Coríntios 11:3,7-9,12;

Colossenses 3:18-20; 1 Pedro 3:1-7). A família é, portanto, o microcosmo da raça

humana ordenado por Deus.

A família é ordenada por Deus como a principal unidade social, ou entidade, não o

indivíduo. Quando o indivíduo se torna a unidade social primária, há fragmentação,

contradição, confusão e anarquia - porque a ordem Divina é desobedecida, e cada um

faz o que é reto aos seus próprios olhos (Juízes 17:6; 21:25). Não resta nenhum veículo

ou contexto social para a preservação e transmissão da verdade Divina, moralidade,

autoridade ou responsabilidade (Gênesis 1:26-28; Provérbios 30:11-14,17; Romanos

1:18-32; 2 Timóteo 3:1-7). Tal desordem social fragmentada se espalha como veneno

através de uma sociedade em desintegração. Embora, o governo humano deva começar

com autonomia individual por intermédio da graça regeneradora, a família é a entidade

social primária. É a primeira "igreja,", "sociedade,", "escola" e "emprego" para as

crianças, pela qual elas aprendem a agir e a viver responsavelmente, no contexto de

obedecer, compartilhar e cuidar por meio do trabalho e da cooperação. Quando a

instituição da família ordenada por Deus é ameaçada, a sociedade está em perigo;

quando a família é fortalecida, a sociedade está salvaguardada.

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Deus ordenou a família, a igreja e o Estado. O estado ou o governo civil foi

concebido para ter uma esfera limitada dentro do reino da humanidade. Quando o

estado revoga a si mesmo jurisdição total – se torna totalitário - na formação e

transmissão da cultura, necessariamente usurpa o lugar tanto de Deus quanto dos Pais.

Em outras palavras, ele domina a família e a religião institucionalizada ou procura

torná-los irrelevantes. Ao abandonar a realidade da lei e do propósito Divino

(predestinação Divina), ele simplesmente substitui com o seu próprio (por exemplo: o

Darwinismo Social). Numa sociedade secularizada, que existe sem referência à Palavra-

Lei de Deus, o Estado tende a perceber-se tanto como "deus" exercendo domínio

imanente, estabelecendo moralidade (ou amoralidade) e "equidade" "econômica e

justiça social" por consenso humano quanto "pais" (substituindo a família e os pais). O

sistema educacional estatal torna-se o veículo para a transmissão de uma cultura secular

sem Deus. Os cristãos sempre tiveram de lidar com um conceito deificado do Estado ou

de seus líderes. É vital manter uma família piedosa, como sua dissolução significa,

necessariamente, a desintegração da sociedade. Nós honramos nosso Pai Celestial nesta

área vital?

54ª Pergunta - Qual é o Sexto Mandamento?

Resposta - O Sexto Mandamento é: "Não matarás." (Êxodo 20:13).

55ª Pergunta - Qual é o significado do Sexto Mandamento?

Resposta - O Sexto Mandamento declara a soberania de Deus sobre vida e morte, e

proíbe a tirar ilegalmente a vida humana, ou tudo quanto tende a isso.

Veja também: Gênesis 1:26; 4:2-15; 9:3-6; 37:18-20; 49:6; Êxodo 21:29;

22:2-3; Números 35:29-34; Deuteronômio 5:17; 19:21; 21:1-9; 22:08; 2Samuel

12:9; Salmos 8:3-8; 82:3-4; Provérbios 12:10; 22: 3; 23:1-3; Habacuque 2:9-12;

Mateus 5:21-22,38-48; 15:18-20; Marcos 7:21-23; João 8:44; Romanos 13:4;

12:19-21; 1 Coríntios 6:19-20; Gálatas 5:19-21; Efésios 5:28-29; 1 Timóteo 4:1-

6; Tiago 3:9; 2 Pedro 1:5-6 ; 1João 3:10-19.

COMENTÁRIO

O Sexto Mandamento declara a soberania de Deus sobre a vida e a morte. Há neste

Mandamento: primeiro, uma proibição perpétua contra tirar ilegalmente a vida humana;

segundo, uma implicação positiva. A antítese é que Deus nos ordena amá-Lo suprema e

completamente, e neste contexto, devemos amar o nosso próximo como a nós mesmos

(Deuteronômio 6:4-5; Mateus 22:36-40). O termo "próximo" é inclusivo de qualquer

um e todos os seres humanos, sem exceção, incluindo não apenas os amigos, colegas,

conterrâneos, ou aqueles da mesma fé, mas "estranhos" (estrangeiros) e até mesmo os

inimigos (Êxodo 22:21; 23:9; Deuteronômio 10:12-19; Mateus 5:43-48; Lucas 10:25-

37, Romanos 12:19-21).

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O Quinto Mandamento forma uma conexão entre os quatro primeiros (amor a Deus)

e os cinco últimos (amor ao próximo), uma vez que protege e perpetua toda autoridade

apropriada que Deus ordena. O Sexto protege a vida humana, o Sétimo protege a

instituição do casamento ordenada por Deus, e assim, a família; o Oitavo protege a

propriedade privada, o Nono protege a reputação, e o Décimo protege tudo o que

pertence ao próximo pela obrigatoriedade da atitude interior adequada para com os

outros e para com aquilo que pertence a eles.

Deus é a fonte de toda a vida - vegetal, animal, humana e angelical. Como o

Criador, Sustentador e Governador moral da criação, Deus é absolutamente Soberano

sobre a vida e a morte (Deuteronômio 32:39; João 18:10-11; Romanos 11:33-36;

Apocalipse 1:18). Ele tanto dá quanto tira a vida como Sua prerrogativa soberana e

delega a responsabilidade para o homem, seu portador da imagem e vice-regente, tanto

para preservar quanto para tirar a vida nos termos de Sua Palavra-Lei (Gênesis 9:6;

Números 35:31-33; Deuteronômio 19:11-13). Assim, o governo civil tem a

responsabilidade de manter a pena capital.

O Sexto Mandamento proíbe tirar ilicitamente a vida humana. Este mandamento é

muito amplo, e se aplica ao homicídio premeditado (Gênesis 4:6-8; 35:16-18 Números

20-21, 29-34; Deuteronômio 19:11-13; Marcos 7:21-23; Gálatas 5:19-21; 1 Timóteo

1:9), homicídio involuntário (crime passional) (Números 35:22-28), homicídio culposo

por negligência, falta de cuidado, ou "acidente" (Êxodo 21:28-29; Números 35:10-15;

Deuteronômio 19:1-10; 22:8) e ser cúmplice de assassinato (2 Samuel 11:1-27; 12:9).

O Sexto Mandamento não só proíbe o ato evidente de tirar ilegalmente a vida

humana, como da mesma forma proíbe todos os pensamentos, motivação, inclinação e

ação que tende para esse ato. Assim, este Mandamento, como jurisprudência, condena

toda raiva, vingança, inveja, ciúme, cobiça, ódio, injustiças, etc. Todo pecado,

incluindo tirar ilegalmente a vida humana, começa no coração. Isto é absolutamente

claro pelo ensino de nosso Senhor (Mateus 5:21-22,27-28; Marcos 7:21-23). A tradição

judaica ensina que somente o ato evidente era pecado; nosso Senhor revelou que tudo o

que levou até aquele ato era, em si, também pecado! A isto todas as Escrituras

concordam (Gênesis 4.6-8; Mateus 27:18; Marcos 15:10; Romanos 1:28-32; Gálatas

5:19-21; Efésios 4:17-19; 1 João 3:11-15).

As Escrituras revelam que Deus cuida de todas as coisas vivas - plantas, animais e

homem (Gênesis 1:1-31; 2:15-24; Levítico 36:33-35,43; 2 Crônicas 36:20-21; Salmos

104:1-31; Mateus 6:28-30; 10:29-31; Atos 17:25; Romanos 8:19-23; Colossenses 1:17).

Na ordem criada, há diferentes níveis de vida. A vida vegetal sustenta o homem e o

animal. Os animais fornecem alimentos e roupas para o homem (Gênesis 3:21; 9:3).

Deus deu ao homem domínio sobre a criação menor e permite tirar a vida animal

(Gênesis 1:29; 9:1-5; Salmos 8:3-8; Mateus 6:28-30; Romanos 14:2,6,14-23; 1 Timóteo

4:1-6). Assim, nem toda a vida é igual. A vida humana é distinta e única porque o

homem foi criado à imagem de Deus (Gênesis 1:26,9:6; Lucas 3:38; Atos 17:28-29;

Efésios 4:24; Colossenses 3:10; Tiago 3:9). A vida humana possui, portanto, um valor

derivado estabelecido por Deus, e não um valor inerente (Gênesis 9:5-6).

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De acordo com a Palavra-Lei de Deus, o aborto necessariamente é assassinato, tirar

ilegalmente uma vida humana (Êxodo 21:22-23; Jó 10:8-12; Salmos 139:13-17; Lucas

1:41-44). Tudo o que é vida humana tem sido sempre exclusivamente vida humana,

mesmo no início e em sua forma mais elementar (Salmo 139:13-16). A linguagem

inspirada deste Salmo é exatamente descritiva de um feto - um ser humano ainda por

nascer. Não há evolução no útero, nenhum ponto onde a vida das células, tecidos ou

animal evolui para a vida humana. É antiescriturístico, anticientífico e irracional até

mesmo sugerir que um zigoto [um óvulo fertilizado ou embrião humano] ou feto [bebê

por nascer] é simplesmente uma parte do próprio corpo de uma mulher. É evidente que

é uma entidade própria, a combinação do esperma de um homem e o óvulo de uma

mulher, o resultado é a concepção e o início de uma vida diferente e única. O

Humanismo Moderno Secular, sendo ateu, anticristão, imoral, materialista e

evolucionista, nega a existência da alma humana, do pecado e da responsabilidade

moral. Mas a perversão da verdade não altera nem a verdade, nem suas consequências

necessárias. O assassinato com qualquer outro nome não muda nada.

A eutanásia é o equivalente ao aborto. É a morte de idosos, enfermos, loucos e senis,

pois estes se tornam um fardo psicológico, emocional, físico ou econômico para a

sociedade. É muitas vezes chamado de "golpe de misericórdia" porque termina com o

sofrimento, tirando estes do mero sofrimento físico para aquele da alma em tormentos?.

Em nossa era moderna e tecnológica, a "morte por causas naturais" deve ser redefinida e

grandes questões morais existem.

Nós devemos diferenciar entre tais realidades como o suicídio assistido de paciente,

a eutanásia sem o consentimento ("golpe de misericordiosa"), a eutanásia passiva e

suspensão do tratamento.

Devemos reconhecer que só Deus tem a prerrogativa de dar e tirar a vida. Mesmo

sob circunstâncias aparentemente simples, as questões morais sempre permanecerão,

porque a tecnologia em muitos casos tem feito "mortes por causas naturais" quase

anormais. Lembre-se, a morte é o resultado do pecado; ela não é "natural," ela é

antinatural (Gênesis 2:16-17). A declaração em João 12:24, frequentemente serve para

descrever a morte humana como se fosse natural , refere-se à nosso Senhor, e não à

qualquer outra pessoa. A morte física não é natural e é o "último inimigo," que será

destruído (Gênesis 2:16-17; 1 Coríntios 15:21-26).

Defesa pessoal não é apenas ensinada nas Escrituras, está implícito no Sexto

Mandamento. Ao defender-se a si mesmo ou outros que alguém deve proteger, a pessoa

está buscando impedir uma culatra deste Mandamento (Efésios 5:25-29). Um ladrão

poderia ser morto quando estivesse arrombando durante a noite, porque as

circunstâncias envolvidas na escuridão, a possibilidade de armas ou cúmplices ocultos,

e os meios e motivação para ferir gravemente ou matar os habitantes da casa, etc.,

(Êxodo 22:2-3). Esta era necessariamente uma forma de defesa pessoal.

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O ensino de nosso Senhor é muito importante, uma vez que tenha sido mal usado

para ensinar um pacifismo não escriturístico (conferir Mateus 5:38-48; Lucas 6:28-36).

A reação quando se é ferido na face direita para virar a outra (esquerda) não tem a ver

com a legítima defesa, mas o sofrimento como um Cristão. Como a maioria dos homens

é destro, este – e o contexto parece apoiar esta interpretação - necessariamente refere-se

a um tapa dado de desprezo. Nós temos o direito à uma legítima defesa pessoal à luz do

Sexto Mandamento, mas podemos ser chamados a sofrer perseguição pessoalmente

como Cristãos, e tal pode ser suportada pela graça de Deus (Mateus 5:9-12; João 15:18-

25; Romanos 12:19-21; 1 Pedro 2:12-25; 4:1,12-19).

Corporativa e nacionalmente, os Cristãos podem tomar a espada como cidadãos

responsáveis em defender sua nação ou para reconstituir um governo justo. Em defesa

própria, alguém não pode usar um grau maior de força sem assumir o papel de um

agressor. Pode haver uma linha muito fina entre a legítima defesa e o ataque

pecaminoso; só Deus conhece o coração e é o Juiz final. Nós somos culpados mesmo de

coração assassino (1João 3:15)?

56ª Pergunta - Qual é o Sétimo Mandamento?

Resposta - O Sétimo Mandamento é: "Não adulterarás." (Êxodo 20:14).

57ª Pergunta - Qual é o significado do sétimo mandamento?

Resposta - O Sétimo Mandamento proíbe todos os pensamentos impuros, intenções,

palavras e ações.

Veja também: Gênesis 2:18-25; 39:9; Levítico 18:1-30; 19:29; 20:10-23; 21:9;

Deuteronômio 5:18; 22:13-24; 2Samuel 11:1-12:14; Jó 31:1,9-11; Salmos 51:1-4;

Provérbios 2:16-19; 5:3-23; 6:24-35; 7:1-27; 9:13-18; 23:27-28; Eclesiastes 9.9;

Cantares de Salomão; Jeremias 5:7-9; 29:23; Ezequiel 16:15-17; Livro de Oséias;

Malaquias 3:5; Mateus 5:27-32; 19:3-9; Marcos 7:18-23; 10:2-12; João 4:16-18; 8:1-11;

Romanos 1:24-27; 12:1-2; 1 Coríntios 5:1-13; 6:9-20; 7:1-40; 10:7-8; Gálatas 5:19-21;

Efésios 5:3-6, 21-33; Colossenses 3:5-6; 1 Tessalonicenses 4:3-7; Hebreus 13:4; Tiago

4:4; 2 Pedro 2:14; Apocalipse 22:14-15.

COMENTÁRIO

Tal como acontece com o Sexto e Oitavo Mandamentos, há necessariamente uma

declaração negativa: uma proibição perpétua contra toda a imoralidade, e uma dupla

implicação positiva: primeiro, nós devemos santificar constantemente nossos

pensamentos, intenções, palavras e ações, esforçando-nos pela graça de Deus para

mantê-los puros. Segundo, como o casamento é o estado natural ordenado ao homem

por Deus, nós devemos nos manter fiéis à nossa própria esposa ou marido, cumprindo e

sendo cumpridores nesse relacionamento íntimo de amor que Deus ordenou (Gênesis

2:18,24-25; Provérbios 5:15-19; 1 Coríntios 7:2-6,9; Efésios 5:25; Colossenses 3:19;

Tito 2:4; Hebreus 13:4; 1 Pedro 3:7).

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Como o Quinto Mandamento protege a autoridade necessária para a manutenção e

perpetuação da família e subsequentemente todo o governo humano, o Sexto

Mandamento dá a importância que se deve à vida humana (o homem como o portador

da imagem de Deus), o qual é necessário para a família e o seu mandamento ordenado

por Deus e subsequentemente para a própria sociedade. O Sétimo Mandamento protege

a instituição ordenada por Deus do casamento, o qual é essencial para a família e para

toda a moralidade subsequente. Todos estes separam os homens da criação bruta e são

fundamentais para a preservação da sociedade humana.

O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, e, portanto, possui uma

qualidade moral e caráter responsáveis e inescapáveis (Gênesis 1:26). O homem

também foi criado como um ser sexual (Deus os criou homem e mulher, Gênesis 1:27).

Assim, a sexualidade humana em si, não é inerente ou moralmente errada (tudo o que

Deus criou era "muito bom," Gênesis 1.31), mas dada por Deus para o propósito do

homem (o cumprimento da Criação e Mandamento Cultural), a procriação (para

propagar a raça humana e prazer, para ser a expressão mais íntima do amor humano).

Veja Cantares de Salomão. Deus ordenou o casamento como o contexto apropriado,

exclusivo, puro, responsável e gratificante para a relação sexual. No casamento, o

homem e a mulher se tornam um diante de Deus e dos homens. Qualquer atividade

sexual fora da relação do casamento é imoral e uma perversão da ordem determinada

por Deus.

O conceito contemporâneo de e obsessão por sexo é pervertido. O sexo tem sido

divorciado da Lei de Deus, e, portanto, divorciado do verdadeiro amor, que encontra o

seu cumprimento legítimo no casamento, responsabilidade, compromisso e moralidade.

O sexo é desta forma comercializado, a concupiscência legitimada e a perversão

normalizada. Esta geração vê as drogas e o sexo meramente como amoral, recreativo,

escapista, ou a última experiência quase religiosa.

Tal como o restante do Decálogo, este Mandamento inclui todo e qualquer pecado

da mente, coração e ato preliminar que leva ao ato evidente do pecado sexual. Considere

Mateus 5:27-28. Por que nosso Senhor enquadrou a questão de uma forma tradicional ?

"Ouvistes que foi dito aos antigos" (v.27) - quando as palavras vieram diretamente

de Deus no Sétimo Mandamento?” Ele não estava revogando a Escritura, mas

corrigindo a tradição judaica, que ensinava que somente o ato manifesto era pecado. Ele

afirmou que aqueles que concebem o pecado no coração, no olhar lascivo e no

pensamento já cometeram adultério de coração diante de Deus (v. 28). Nessa sociedade,

a mulher, casada ou solteira, estaria vestida condizente com seu estado civil. O próprio

homem seria casado ou solteiro. Portanto, o primeiro olhar seria moralmente

determinante. Aqui, como em outros casos, a lei aplica-se aos pensamentos, inclinações

e motivações, bem como à atividade pecaminosa evidente. A lei literalmente atinge o

verdadeiro coração da questão. Além disso, a admoestação extrema que segue

imediatamente nos versos 29 e 30 para "cortar a mão direita" e "arrancar o olho direito"

deve ser tomada no sentido figurado e não literal. O significado solene é que alguém

deve tomar as medidas mais imediatas, radicais e drásticas contra até mesmo todas as

formas iniciais de pecado para o bem da sua alma à luz do eterno juízo eterno!

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A ideia de evolução, com sua subsequente aprovação legislativa em redefinir a

sexualidade, teve um efeito devastador sobre a sexualidade humana, da ideia de amor e

da instituição do casamento. Ela divorciou a sexualidade humana de toda a moralidade,

responsabilidade, verdadeira masculinidade e verdadeira feminilidade. Ela tem

redefinido a sexualidade nos termos de "amor livre" (sexo desprovido de barreiras

morais ou compromisso), "amor próprio" (autoerotismo), uni-sexualidade,

bissexualidade, voyeurismo, travestismo, prostituição, feminismo, homossexualidade,

lesbianismo, incesto, pornografia, pedofilia e até mesmo a bestialidade. Ela tem

necessariamente reduzido a sexualidade humana a um nível mais baixo do que o bruto.

Qualquer redefinição de qualquer parte das leis de Deus é inerentemente pecaminosa e

causa estragos espirituais, morais, sociais e físicos (Romanos 1:18-32). As ideias têm

consequências, e "teorias" aceitas ou costumes sociais não absolvem os pecadores de

seus pecados. A imoralidade traz sobre qualquer povo o juízo de Deus (Romanos 1:24-

32). Nossas mentes, corações e corpos estão puros para o Senhor?

Uma palavra deve ser dada a respeito do adultério espiritual e seu paralelo ao

adultério físico. Escrituristicamente, há um paralelo distinto entre o adultério físico e o

espiritual.

Nos tempos antigos, a prostituição masculina e a feminina estavam intimamente

ligada à adoração pagã. Os cananeus deveriam ter sido exterminados por causa de suas

religiões, formas brutais de perversão sexual. Mil prostitutas serviam o santuário do

Akro-Korinthus acima da antiga cidade de Corinto nos dias de Paulo. A questão é mais

do que o mero ato físico de relação sexual. Há uma quebra de um juramento e um

vínculo da aliança, e a maior traição de confiança e compromisso. Deus frequentemente

ilustra sua relação com seu próprio povo tanto no Velho como no Novo Testamento

pelo relacionamento do casamento – a mais profunda e íntima relação humana possível

- para retratar o pecado horrível de desviar dele para os ídolos (por exemplo: Êxodo

34:15-16; Levítico 17:7; 20:5-6; Números 14:33; 1 Crônicas 5:25; Ezequiel 16:17,23;

Oséias 1:2 ss) ou para os próprios desejos egoístas, mundanos, pecaminosos (1

Coríntios 6:15-17; Tiago 4:1-4).

Nós temos sido infiéis à nossa aliança com o nosso Deus pelo adultério espiritual,

ou seja, estabelecendo ídolos em nossos corações? Qualquer coisa ou qualquer pessoa

que se torna um fim em si mesmo é idolatria (1 Coríntios 10:31; Colossenses 3:5)!

58ª Pergunta - Qual é o Oitavo Mandamento?

Resposta - O Oitavo Mandamento é: "Não furtarás." (Êxodo 20:15).

59ª Pergunta - Qual é o significado do Oitavo Mandamento?

Resposta - O Oitavo Mandamento proíbe qualquer coisa que dificulte ou possa

dificultar ou prejudicar nossa própria riqueza, ou de outra pessoa, dentro ou fora da

propriedade.

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Veja também: Êxodo 12:35-36; 21:33-34; 22:21-30; 23:4-11; Levítico

19:11,13,15,35-

36; 25:13-17; Deuteronômio 5:19; 8:6-18; 22:1-4; 23:24-25; 27:17; Josué

7:20-21; 2 Samuel 12:1-6; Salmos 37:21; 50:18; Provérbios 3:27; 6:6-11,30-35;

10:15; 11:15-16,26; 18:9; 20:10,14,23; 21:4-7; 22:7,9,13,20-21,23; 27:23-27;

28:15-17,19-22; 30:8-9; Isaías 1:21-26; Jeremias 17:11; 22:13; Ezequiel 45:9-12;

46:18; Oséias 12:7; Amós 8:4-8; Malaquias 3:8-10; Mateus 7:12; 10:9-10; 17:24-

27; 22:15-22; 25:19-30; Marcos 7:21-23; 10:19; Lucas 11:39-42; João 12:4-8;

Atos 2:44-45; 5:1-4; Romanos 13:8-10; 12:17; 1 Coríntios. 5:10-13; 6:1-11; 7:23;

2Coríntios 8:21; Efésios 4:28; 6:5-8; Colossenses 4:1; 1 Tessalonicenses 4:6; 2

Tessalonicenses 3:10-12; 1 Timóteo 5:8,16-18; 6:9-10,17-19; Tito 2:9-10;

Filemom 18-19; Hebreus 13:5; Tiago 4:1-4,13-17; 5:1-6.

COMENTÁRIO

Tal como o Sexto e o Sétimo Mandamentos, há tanto uma declaração negativa

perpétua proibindo o roubo quanto uma implicação positiva que todo homem deve ser

diligente quanto à sua própria propriedade, e também estar praticamente preocupado

com a pessoa e a propriedade dos outros.

Há três pensamentos necessariamente relativos a este Mandamento no contexto da

lei moral. Primeiro, cada Mandamento tem uma relação direta com o prólogo em Êxodo

20:1-2, "Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: “Eu sou o SENHOR teu Deus,

que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão." Deus possuiu a nação de Israel como

seu Redentor e Libertador. Assim, ele tinha autoridade absoluta sobre eles por meio de

sua lei. Segundo, como Jeová livrou-os da casa da servidão, eles deveriam compreender

tanto da escravidão quanto da liberdade (O Oitavo Mandamento proíbe o sequestro,

inclusive o sequestro para fins de escravatura, especialmente no contexto dos

Mandamentos Sexto-Oitavo). Terceiro, há uma relação imediata entre o sexto, o oitavo

e o nono Mandamentos, como aquele que rouba uma pessoa ou sua propriedade está

presumivelmente também pronto tanto para matar quanto para mentir.

É natural e comumente pensado que quando qualquer indivíduo ganha, recebe,

encontra ou herda uma propriedade que é sua por direito. Ele pode fazer aquilo que ele

considere oportuno como único proprietário e possuidor. A posse da propriedade

privada é um direito? Qual é a fonte de tal direito? A propriedade privada é uma

necessidade? Qual era o propósito original para a propriedade privada? Como o homem

deve usar o que ele ganhou que lhe foi dado ou herdado? O que exatamente é a

propriedade privada?

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Finalmente, o homem não possuiu e não possui nada. Ele é uma criatura de Deus

que Dele depende para todas as coisas (Atos 17:24-25), incluindo cada respiração

(Gênesis 2:7; Salmos 104:29; Isaías 2.22; Daniel 5:23; Atos 17:25) e o sustento diário

(Mateus 6:11,19-33). A totalidade da realidade criada pertence - é de propriedade do -

Todo-Poderoso Deus. "...O Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra..." (Gênesis

14:19, 22). "Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele

habitam." (Salmos 24:1; 50:10). "...Toda a terra é minha." (Êxodo 19:5). O Domínio

Iminente pertence somente a Deus, e não ao Estado. O homem é desta forma

simplesmente um mordomo das habilidades, do tempo, da reputação, das realizações,

das vantagens, da saúde, da riqueza ou de outros bens que lhe fora dado por Deus. Ele

não possui nada que ele possa finalmente chamar ou tratar como seu. Tudo o que ele é e

possui deve ser considerado como delegado a ele por Deus para o uso responsável e

sábio de acordo com a sua Palavra-Lei.

O Mandamento Cultural é " e domine sobre... toda a terra... e multiplicai-vos, e

enchei a terra, e sujeitai-a" (Gênesis 1:26-28). Este é a "Carta Magna" da humanidade,

sua Carta Primitiva, Comissão Original ou Constituição Divinamente obtida. O homem

foi criado para trabalhar e para exercitar piedosamente, o domínio responsável perante

Deus, e encontrar significado, satisfação, prazer e bênção nos frutos do seu trabalho

(Gênesis 2:7-8,15; 39:5; Levítico 25:18-23; Deuteronômio 28:1-13; Provérbios 10:22;

Malaquias 3:10-12).

O homem é o fiel depositário da terra sob Deus. O Mandamento Cultural é assim a

base escriturística e moral para a propriedade privada, como a acumulação de riqueza

(propriedade privada) é necessária para o seu cumprimento. Assim, a propriedade

privada é um direito inalienável, dado por Deus. O Homem neste contexto tem o direito

à posse (mordomia) da propriedade, se ele a ganhou legitimamente, se lhe foi dado, ou

herdou. É uma confiança sagrada dada por Deus. Portanto, toda propriedade, sem

exceção deve ser responsavelmente mantida e utilizada de acordo com a vontade

revelada e a Palavra de Deus. Sobre esta ordenança de Deus é fundado o Mandamento

penetrante, "Não furtarás."

O homem foi criado e chamado para exercer o domínio piedoso sobre a terra sob

Deus (Gênesis 1:26-28). Como ele foi criado para este propósito, domínio inteligente e

responsável era mais do que a sua vocação, era também uma parte inevitável de sua

natureza. Era e é a natureza inerente do homem exercer domínio. É no contexto do

homem como o portador da imagem de Deus e do Mandamento Cultural que nós

devemos ver a ética bíblica do trabalho. O homem foi destinado para trabalhar como

servo de Deus, ou seja, exercer uma mordomia piedosa, responsável, e consistente.

Cada tarefa deve ser abordada, realizada e completa "como para o Senhor" (Eclesiastes

9:10; Efésios 6:5-8; Colossenses 3:22-24; 1 Pedro 4:11). Isto é para se manter fiel, em

especial para o crente, apesar da maldição e seu efeito subsequente sobre o trabalho

como exaustivo e, às vezes, a frustrante labuta (Gênesis 3:17-19; Eclesiastes 2:10-

11,17-24). A ética bíblica do trabalho encontra a sua mais plena e mais alta expressão

no contexto de um estilo de vida convertido. O domínio começa com o governo próprio

e o governo próprio começa com a regeneração (João 3:3,5; Efésios 4:22-24; Tiago

1:18; 1 Pedro 1:23).

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105

A apostasia humana de Deus na pessoa e no pecado de Adão foi centrada em sua

busca para ser o seu próprio "deus" e determinar por si mesmo o que era certo e errado

(Gênesis 3:1-6), ou seja, buscando autonomia em relação à sua natureza, posição e

vocação. Veja as Perguntas 37-38. Não é a existência da propriedade que é pecaminosa

ou errada, nem o desejo por ela; e sim a grande transição espiritual e moral do

Mandamento Cultural sob Deus para tentativa de autonomia do homem caído e pecador

em seu "complexo de deus." Sua natureza tornou-se pervertida, mas o desejo de

dominar permaneceu divorciado do efeito equitativo, santificante e dirigente da

Palavra-Lei de Deus. Deste desejo egoísta e profano de dominar autonomamente a terra

e todas as pessoas e coisas nela, deriva toda inveja, ciúme e orgulho; cada ato de

contenda pessoal, conjugal e social; estupro, furto, roubo, pilhagem e assassinato;

opressão pessoal, corporativa e nacional; toda forma de governo que nega a seus súditos

a propriedade privada - Monarquia absoluta, Comunismo e socialismo [Darwinismo

Social], e toda tentativa de dominação eclesiástica, perseguição política religiosa. O

homem Caído e pecaminoso, tanto individual quanto coletivamente é um ladrão, intruso

e vândalo na terra de Deus. Assim, destaca-se a necessidade da Palavra-Lei de Deus,

"Não furtarás." Nós roubamos?

60ª Pergunta - Qual é o Nono Mandamento?

Resposta - O Nono Mandamento é: "Não dirás falso testemunho contra o teu

próximo." (Êxodo 20:16).

61ª Pergunta - Qual é o significado do Nono Mandamento?

Resposta - O Nono Mandamento exige tanto a manutenção quanto a promoção da

verdade entre os seres humanos, e de nós mesmos e do bom nome de nosso vizinho,

especialmente em testemunho.

Veja também: Gênesis 12:11-13,19; 20:1-14; 30:31-33; Êxodo 1:15-21; 22:10-12;

23:1; Levítico 5:1,19:11,15-16; Números 35:30; Deuteronômio 1:15-17; 13:1-18; 17:6-

12; 8:20-22; 19:15-21; 22:13-21; Josué 2:2-21; 1Samuel 16:1-5; 19:1-5; 2Samuel

17:15-22; 1Reis 21:1-13; 22:6-28; 2Reis 5:5-27; 6:8-20; Jó 5:21; 27:3-6; Salmos 5:6;

12:1-5; 15:1-4; 27:12; 31:6; 35:11,16,20-21; 50:16-20; 55:21; 58:3; 116:11; 139:4,23-

24; Provérbios 6:16-19; 9:7-8; 10:18-21; 11:12-13; 12:6,13,18,22; 14:5,7,9; 14:15,25;

18:8,21; 19:5; 25:9-10,18; 26:18-28; Eclesiastes 5:1-8; Isaías 5:23; 59:13-15; 63:8;

Jeremias 18:18; 20:10; Oséias 4:2; Zacarias 8:17; Mateus 5:33-37,48; 7:1-6; 10:17-20;

11:16-19; 12:34-37; 26:59-62; João 8:44; 14:06; Atos 5:1-10; 24:5-6; Romanos 1:25;

3:8,13-14; 1 Coríntios 4:3-5; 2 Coríntios 2:17; Efésios 4:25,29-31; Colossenses 3:8-9;

4:6; Tito 1:2; Hebreus 6:13-18; 10:28-29; Tiago 1:26; 3:5-13; 1 Pedro 3:16; 1João

2:21-23; Apocalipse 21:8,27; 22:15.

COMENTÁRIO

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106

Tal como acontece com os três Mandamentos precedentes, a análise é dupla:

primeiro, uma declaração negativa perpétua proibindo a falsidade, e segundo, uma

implicação positiva, "Amarás o teu próximo como a ti mesmo," ou seja, manter e

promover a veracidade e equidade a todos aqueles com quem entramos em contato ou

temos qualquer relação - dentro dos limites das Escrituras.

O Terceiro Mandamento proíbe perjúrio contra Deus, o Nono proíbe perjúrio contra

os nossos semelhantes. O Quinto protege os direitos de autoridade, o Sexto protege os

direitos da pessoa e da vida, o Sétimo protege os direitos do casamento e da família, e,

portanto, da sociedade; o Oitavo protege os direitos de propriedade, O Nono protege os

direitos tanto de nome quanto de reputação, e assim, necessariamente, protege o sistema

de justiça que é absolutamente essencial para a própria sociedade (Salmos 11:1-4; Isaías

1:17,23,26).

O propósito deste mandamento é garantir a verdade entre os homens, a qual é

absolutamente essencial para preservar a vida individual, a reputação, a justiça e a

sociedade. Quando a verdade é considerada relativa, ou seja, existencial ou separada dos

absolutos ordenados por Deus, o próprio fundamento da sociedade é potencialmente

destruído, pois a sociedade humana é baseada na pressuposição de que os homens estão

falando a verdade um ao outro.

A natureza de falsidade deriva do diabo. Ele proferiu a primeira mentira (Gênesis

3:1-6), e é chamado o pai da mentira (João 8:44). satanás ou o diabo é descrito nas

Escrituras como destruidor (Apocalipse 9:11), adversário (1 Pedro 5:8), enganador

(Efésios 6.10; Apocalipse 20:10) e caluniador ou acusador (1 Timóteo 3:6-7; 1João 3:8;

Apocalipse 12:10). Sua intenção é destruir a lei-ordem de Deus pela oposição, engano e

acusação. Cada mentira reflete este princípio diabólico. Assim, todo mentiroso está

ligado com o diabo e é contra a lei-ordem de Deus.

O homem caído se afastou de Deus e assim de qualquer possibilidade da verdade ou

realidade absoluta e objetiva. O homem caído e pecador tem, propositadamente

"mudado a verdade de Deus ‘em mentira,'" e assim todo o reino da humanidade é

baseado em um princípio universal de falsidade com seus resultados depravados

(Salmos 58:3; Romanos 1:18-32). Este princípio de falsidade pode ser relativamente

moderado na forma de lisonjas ou cortesia social; ou maligno na forma de perjúrio e

outros mentiras maliciosas - contudo permanece como a única característica

generalizada da humanidade caída.

Para garantir a verdade, o homem deve voltar-se para o objetivo, a Palavra de Deus

plena de autoridade, aos absolutos Divinamente ordenados, ou seja, para uma

"epistemologia com revelações," ou seja, uma teoria prática do conhecimento e da

verdade com base na revelação Divina. Veja a Pergunta 13. A única abordagem à

verdade e ao conhecimento é por intermédio e na da Palavra de Deus (João 17:17;

Romanos 1,18-25). Deus não é apenas verdadeiro, ele é a fonte de toda a realidade,

verdade e significado. Separado Dele, não existe qualquer verdade - somente

especulação empírica no melhor e no pior, absoluta irracionalidade (espiritual e moral).

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107

O silêncio pode ser pecado. É preciso exercer um discernimento piedoso como

quando falar e quando não falar. Às vezes, é pecaminoso não falar, e em outras vezes,

pecaminoso falar. Sob certas circunstâncias, deve-se falar a verdade ou cometer pecado

(Êxodo 23:1-2; 1Samuel 19:4-5; Salmos 50:18; Provérbios 12:22), e em outras,

permanecer em silêncio para proteger-se a si mesmo ou daqueles que não têm o direito

de conhecer certas informações (Provérbios 11:9-13). Em outros momentos, devemos

discernir quando a verdade deve ser revelada ou oculta (1Samuel 16:1-5). Nós devemos

procurar manter a consciência limpa diante de Deus de acordo com a sua Palavra (Atos

23:1).

Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, como um ser racional,

moralmente responsável para exercer o domínio piedoso sobre a criação. Para cumprir

este mandamento, o homem foi criado com a faculdade da fala para ter comunhão com

Deus e se comunicar com seus semelhantes. O pecado terrivelmente perverteu o uso da

língua. O próprio instrumento criado para louvar a Deus se volta para amaldiçoá-lo - e

amaldiçoar os semelhantes do homem. A língua revela a plenitude do coração ou o ser

interior e expressa sua natureza depravada (Mateus 12:34; Marcos 7:21-23; Romanos

3:13-14; Tiago 2:2-12).

A fala é "a exalação da alma." O crente é ordenado a exercer o domínio sobre o seu

coração e sua língua (Provérbios 4:23; Romanos 6:14-18; Gálatas 5:23; Efésios 4:22-

25,29-31; Tiago 1:26; 2:2-12). Todo o governo começa necessariamente com

autonomia, e autonomia começa necessariamente com a regeneração. Um coração

transformado é necessário para uma língua transformada, e uma personalidade

santificada é essencial para mortificar os pecados da língua (Romanos 6:12-13; 8:13;

Colossenses 3:5, 9-10). Nós mentimos?

62ª Pergunta - Qual é o Décimo Mandamento?

Resposta - O Décimo Mandamento é: "Não cobiçarás a casa do teu próximo, não

cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi,

nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.” (Êxodo 20:17).

63ª Pergunta - Qual é o significado do Décimo Mandamento?

Resposta - O Décimo Mandamento proíbe todo o descontentamento para com o

nosso próprio patrimônio, toda inveja do, ou entristecer-se com o bem dos outros, e

todas as emoções ou afeições desordenadas à qualquer coisa ou à qualquer pessoa que é

deles.

Veja também: Gênesis 6:5; 13:10-11; 30:1; 31:1-2; 39:6-12; Êxodo 18:21-22;

34:23-24; Deuteronômio 5:21; Josué 7:1,21; 1Samuel 8:1-3; 12:3-5; 16:7; 25:1-

38; 2Samuel 11:1-4; 1Reis 21:1-16; 2Reis 5:5,16,19-27; Neemias 5:1-13; Salmos

10:2-8; 16:5-6; 51:1-17;

66:18; Provérbios 3:5-10; 4:23; 6:6-11,24-26; 10:4; 23:5-8; 26:24-26; 28:16;

30:8-9,15;

Eclesiastes 5:10; Jeremias 17:9; 45:5; Miquéias 2:1-2 ; Habacuque 2:9;

Mateus 5:27-30;

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6:19-34; 13:7,22; 15:1-9,19; 19:17-26; 25:14-30; Marcos 4:18-19; 7:21-23;

Lucas 2:13-

32; 16:14; João 12:4-6; Atos 5:1-4; 20:32-36; 24:24-26; Romanos 1:29-32;

7:7-13; 13:8-10; 1 Coríntios 5:10-13; 6:9-11; 10:1-13,24,31; 12:31; Gálatas 5:13-

14,19-26; Efésios 4:17-20; 5:3-5; Filipenses 2:1-5; 3:11-14; Colossenses 3:1-6; 1

Tessalonicenses 2:14-16; 1 Timóteo 3:3; 5:8; 6:6-11,17-19; Hebreus 4:12-13; 13:

5; Tiago 1:13-16; 3:14-16; 4:1-4; 5:4-5; 1 Pedro 2:1-2; 2 Pedro 2:15; 3:11-14;

1João 2:15-17.

COMENTÁRIO

Uma análise e exposição do Décimo Mandamento inclui necessariamente duas

considerações: primeiro, a proibição perpétua contra a cobiça; segundo, a pressuposição

que todo pecado começa no coração ou na mente e depois se manifesta em ação

evidente. A cobiça está na raiz de todos os pecados e é pressuposta em todos os

mandamentos negativos.

O Décimo Mandamento ataca a raiz de todo e qualquer pecado. Todo pecado

começa no coração ou na mente (Provérbios 4:23; Mateus 12:34-35; Marcos 7:21-23;

Romanos 7:7; Tiago 1:13-16). O Décimo Mandamento, portanto, tem uma relação

imediata com todos os outros Mandamentos. Positivamente, esta relação pode ser

estabelecida assim: Deus é soberano sobre a nossa adoração (Primeiro e Segundo

Mandamentos), nossas palavras e ações (Terceiro Mandamento), nosso tempo (Quarto

Mandamento), toda autoridade (Quinto Mandamento), nossas vidas e corpos (Sexto

Mandamento), nossos corpos e moralidade (Sétimo Mandamento), nossa propriedade

(Oitavo Mandamento), toda a verdade (Nono Mandamento) e nossas mentes ou

corações (Décimo Mandamento). Não há absolutamente nenhuma esfera de nossas

vidas onde nós devemos ser ou podemos ser independentes de Deus - não há lugar para

a autonomia ou ilegalidade - mesmo no mais profundo recesso de nossos corações e

mentes. Deus reivindica o coração, a mente e a consciência, assim como o corpo, a alma

e a vida.

O desejo de adquirir não é errado. A propriedade privada, a acumulação de riqueza,

a conquista de uma esposa, são essenciais para cumprir da Mandamento Cultural

(Gênesis 1:28). O Décimo Mandamento proíbe desejar ou colocar o coração sobre

aquilo que já pertence a outro, e assim pensar e agir de forma injusta para adquiri-lo.

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As ideias que envolvem a cobiça, a concupiscência, a inveja e o ciúme estão inter-

relacionados e representados nas Escrituras por uma variedade de condições. A cobiça

coloca o coração de alguém sobre aquilo que pertence a outro, de ansiar com inveja. A

concupiscência é um desejo desenfreado ou intenso de satisfazer os sentidos e assim

tornar-se cobiça como encontra o seu objeto ou cumprimento em quem ou o que

pertence a outro. A inveja é um sentimento de descontentamento e desagrado por causa

das vantagens ou bens de outra pessoa e por isso é um aspecto da cobiça. O ciúme é um

guarda vigilante de si mesmo ou de uma suspeita ressentida de outra pessoa ou daquilo

que o outro tem e por isso é um aspecto da cobiça. O cobiçoso coloca seu coração em

(cobiça, anseio, luxúria, ou estende-se avidamente e agarra) mais e mais, é invejoso do

que os outros possuem, procura obtê-lo injustamente (por meio de fraude , roubo,

assalto, sedução), e é ciumento (egoísta) acerca daquilo que já possui. Ele peca em

pensamento, inclinação, motivação e implementação.

A cobiça é o pecado mais antigo. Foi o pecado de satanás, que disse que iria subir e

"ser semelhante ao Altíssimo" (Isaías 14:12-15). Foi o pecado de Adão, como ele

desejou ser o seu próprio "deus" e determinar por si mesmo o que estava certo ou errado

(Gênesis 3:1-6). A raiz deste pecado cresce no solo do descontentamento e o desejo de

mais, para o que propriamente pertence a outras - pessoas, propriedade, posição,

prestígio, prazer ou poder.

Nós desejamos aquilo que os outros têm? Nós estamos insatisfeitos com a

providência Divina?

PARTE VI

O PROPÓSITO REDENTOR E O REDENTOR

O estudo doutrinário da Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo, nosso Redentor, é

denominado de "Cristologia," do Grego Christos: "Cristo," "Messias, "ou seja, "O

Ungido." O estudo da redenção está contido dentro do contexto maior da salvação, que

é doutrinariamente denominada "Soteriologia," do Grego soteria, ou "salvação,

libertação, restauração, saúde." O termo "redenção" significa uma compra, a libertação

ou livramento mediante o pagamento de um resgate.

Deus é um Deus de propósito e determinação. O núcleo central de toda a história é o

propósito redentor de Deus que está centrado na pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo -

a redenção dos pecadores por meio do sangue da cruz para a glória de Deus. A redenção

encontrará sua máxima expressão em uma humanidade dos eleitos redimidos e em um

universo restaurado (Isaías 65:17; 2 Pedro 3:13; Apocalipse 21:5).

64ª Pergunta - Deus deixou toda a humanidade perecer sob a condenação no estado

de pecado e miséria?

Resposta - Deus tendo, da sua boa vontade desde a eternidade, eleito alguns para a

vida eterna, entrou em uma Aliança de Graça para livrá-los do estado de pecado e

miséria, e trazê-los a um estado de salvação por intermédio de um Redentor.

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Romanos 3:24-26. 24”

Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela

redenção que há em Cristo Jesus, 25

ao qual Deus propôs para propiciação pela fé

no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes

cometidos, sob a paciência de Deus; 26

Para demonstração da sua justiça neste

tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em

Jesus”.

2 Tessalonicenses 2:13-14. 13”

Mas devemos sempre dar graças a Deus por

vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a

salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade; 14

Para o que pelo nosso

evangelho vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.

Efésios 1:3-7. 3Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos

abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; 4Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos

santos e irrepreensíveis diante dele em amor; 5e nos predestinou para filhos de

adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, 6para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado,

7Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as

riquezas da sua graça.”

Veja também: João 17:1-10; Atos 4:12; Romanos 3:19-25; 5:11-21; 8:11-

23,28-39; 9:6-24; 11:5-6; Efésios 2:11-19; Colossenses 2:9-14; 1 Tessalonicenses

1:4-5; 5:9; 1 Pedro 1:1-2,18-20.

COMENTÁRIO

Como os pecadores podem ser declarados justos aos olhos de Deus e ter os seus

pecados perdoados? Como nós podemos ser reconciliados com Deus? Como podemos

ser libertos da culpa, da pena, da poluição e do poder reinante do pecado? Como

podemos escapar do julgamento necessário, certo e terrível de Deus (Mateus 3:7; 2

Tessalonicenses 1:7-9; Hebreus 10:26-31)? Como podemos obter o perdão de nossos

pecados? Estas perguntas são respondidas com a gloriosa verdade bíblica que Deus na

graça livre e soberana, de acordo com o seu eterno propósito, escolheu alguns em Cristo

- uma multidão que ninguém pode contar - para serem resgatados dentre a humanidade

caída (Romanos 8:28-39; Efésios 1:3-14; Apocalipse 7:9). Ele realiza esta redenção -

perdoa, justifica e reconcilia os pecadores consigo mesmo, adota e santifica-os, e ainda

continua Santo, Justo e Imutável - pela mediação do Senhor Jesus Cristo, o Deus-

Homem, o Mediador e Único Redentor (Romanos 3: 21-26).

A salvação, ou redenção dos pecadores, deriva de Deus, não do homem. Não é o

miserável estado pecaminoso do homem por natureza que é a fonte ou causa da

salvação; mas sim a auto-consistência moral (justiça Absoluta) de Deus. A gloriosa

mensagem do evangelho é que há libertação do ego, do poder reinante do pecado, da ira

e da condenação de Deus, por intermédio da Pessoa e obra de nosso Senhor Jesus

Cristo. Este evangelho veio de Deus em sua amorosa bondade, não do homem em seu

estado intencional de miséria pecaminosa e rebelião. A obra redentora de nosso Senhor -

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sua obediência ativa e passiva - respondeu as justas reivindicações de Deus contra os

pecadores por quem ele morreu, permitindo que Deus seja moralmente auto-consistente,

contudo amoroso, gracioso e clemente (Romanos 3:25-26).

O propósito de Deus para redimir os pecadores não foi um adendo; não começou

quando ou depois que o homem caiu e apostatou em Adão. O propósito redentor de

Deus é eterno. Tudo começou antes do início do tempo no eterno conselho do Deus

triuno. Veja as Perguntas 69-70. Foi manifesto no tempo, na história e na redenção

realizada por nosso Senhor Jesus Cristo em sua vida terrena, sofrimento, morte e

ressurreição. Está sendo evidenciado no tempo e na experiência de Deus chamar,

regenerar, converter, justificar e santificar o seu povo. Será consumado na glória futura

em total e definitiva redenção dos eleitos de Deus na glorificação deles (Romanos 8:17-

23; 1João 3:1-3).

Deus não pode arbitrariamente pôr de lado ou cancelar o pecado. Esta não é alguma

incapacidade ou limitação inerente da parte de Deus, mas sim uma questão de sua auto-

consistência moral [Absoluta Santidade e Retidão ou Justiça]. Se ele pudesse pôr de

lado o pecado sem sua pena ser paga, sua culpa ser suspensa, sua poluição ser purgada,

ou sua natureza reinante ser derrotada, ele seria necessariamente incompatível consigo

mesmo. Ele não seria – não poderia ser - o Deus das Escrituras, pois a Escritura revela

que a salvação ou redenção é do pecado em todos os seus aspectos, com todas as suas

obrigações e de todas as suas penalidades. Um Deus Santo e Justo determinou fazer seu

povo santo e justo. Este é o propósito Divino de eternidade a eternidade (Romanos 8:29-

30; Efésios 1:3-14; 1 Pedro 1:15-16; 2:9).

Mas quem poderia se qualificar como um redentor? Não um mero homem, pois ele

próprio é uma criatura pecadora, incapaz de salvar a si mesmo, muito menos um outro

ser humano. Nem um anjo, pois embora não pecaminoso, nenhum anjo possui as

propriedades necessárias para ser um redentor - uma pessoa tanto com a natureza divina

quanto humana. Além disso, tem havido uma queda ou apostasia em ambos os planos

angelicais e humanos. Tomaria necessariamente aquele que fosse ao mesmo tempo

Deus e homem para se tornar Mediador, Penhor e Redentor, a fim de redimir os

pecadores, satisfazer as exigências da lei de Deus, e reconciliar Deus com os homens e

os homens com Deus (Isaías 53:4-11; Romanos 3:24-26 ; 1 Timóteo 2:5). Você se

alegra no propósito Divino da graça? Você já lançou mão de suas promessas?

65ª Pergunta - O que é a redenção?

Resposta - Biblicamente, a redenção significa a real e completa aquisição para si

mesmo mediante o pagamento de um preço de resgate.

Romanos 3:24. “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela

redenção que há em Cristo Jesus.”

Marcos 10:45. “Porque o Filho do homem também não veio para ser servido,

mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.”

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Atos 20:28. “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito

Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou

com seu próprio sangue.”

1 Coríntios 6:20. “Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a

Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.”

Gálatas 3:13. “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição

por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro.”

Colossenses 1:14. “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a

remissão dos pecados;”

Hebreus 9:12. “Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio

sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.”

Veja também: Isaías 53:4-12; Mateus 1:21; 20:28; João 10:11-18; 11:50-53;

17:1-2; Romanos 5:8-11,18-19; Gálatas 1:3-4; 4:4-5; 2 Coríntios 5:18-21; Efésios

2:11-22; 1 Tessalonicenses 1:10; Tito 2:11-14; Hebreus 10:1-14; 1 Pedro 1:18-

20; 2:9, 24; 3:18; Apocalipse 1:5; 5:9.

COMENTÁRIO

A salvação é realizada através do Redentor, nosso Senhor Jesus Cristo. Esta

redenção encontra sua necessidade primária na auto-consistência moral de um Deus

Santo, Justo e Imutável que não pode arbitrariamente pôr o pecado de lado (Romanos

3:21-26). Além disso, o Redentor deve ser ao mesmo tempo Deus e Homem para

qualificar-se totalmente como um substituto vicário sem pecado (impecável), para pagar

o preço de aquisição exigido pela justiça Divina e para elevar os homens até o nível

Divino em amor redentor e graça (Romanos 6:1-10; Gálatas 2:20; Efésios 1:3-7; 2:4-7).

Que santidade e justiça Divina exigiu amor Divino provido. Esta é a Glória e Infinita

Perfeição da auto-consistência moral de Deus. Apenas secundariamente a expiação se

torna necessária devido à pecaminosidade humana.

A salvação é por meio da redenção. O Senhor Jesus Cristo não é o Salvador por

causa de sua encarnação, seu amor, seu exemplo, seus milagres, sua moralidade, ou seu

ensinamento. Ele é o único e suficiente Salvador por meio de sua obra redentora – sua

encarnação, vida (obediência ativa), sofrimento, morte (obediência passiva) e

ressurreição (Romanos 3:24-26; 4:25). O pecado deve ser expiado para ser perdoado. O

homem como um pecador deve ser justificado (declarado justo) diante de um Deus

absolutamente Justo. Ele só pode ser reconciliado com Deus mediante a obra de um

redentor.

Biblicamente, há nove termos em nossa Bíblia Portuguesa que revelam a essência da

doutrina da redenção: "redenção," "redimir," "redentor," "resgate," "propiciação,"

"justificação," "expiação," "reconciliação" e "satisfação."

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Os quatro primeiros termos estão diretamente relacionados com a redenção. Estes

têm a ver com a aquisição de si mesmo mediante o pagamento de um preço. Eles

ensinam claramente que o Senhor Jesus Cristo, em sua obra redentora - vida perfeita,

sofrimento vicário e substitutivo, morte e ressurreição – redenção verdadeiramente

realizada (Hebreus 9:12). Os cinco termos finais estão indiretamente relacionados com a

redenção. Biblicamente, "propiciação" significa apaziguar a ira de um Deus ofendido

(Romanos 3:24). Esta propiciação (não meramente expiação) foi realizada pela

mediação da morte sacrificial do Filho de Deus. A "justificação" significa ser declarado

reto ou justo diante de Deus como Justo Juiz de todos os homens perante as exigências

da Lei Divina. Deus pode declarar o crente pecador justo ou reto aos seus olhos somente

por meio da justiça imputada de Jesus Cristo (Isaías 53:4-12; Romanos 3:25-26; 4:1-8).

Esta justiça está tanto na vida sem pecado [obediência ativa] quanto na morte

substitutiva (obediência passiva) de nosso Senhor e é apropriada pela fé apenas

(Romanos 5:1). "Expiação" e "Reconciliação" são as traduções ou interpretações do

mesmo termo. Eles querem dizer "cobrir, pacificar, reconciliar, troca" e assim mudar de

atitude e relacionamento (Êxodo 29:37; Romanos 5:10-11; 2 Coríntios 5:18-20; Efésios

2:16). Um termo histórico e teológico adicional," Satisfação," é utilizado para denotar a

obra redentora do Senhor Jesus que total e completamente satisfez as reivindicações da

natureza Divina e da lei (Para a ideia de satisfação, ver Números 35:31-32; Isaías

53:11).

De acordo com o registro escriturístico da terminologia utilizada, o Senhor Jesus

Cristo não morreu apenas para tornar os homens salváveis ou tornar a salvação possível,

mas morreu uma morte vicária substitutiva. Isto significa, necessariamente, que ele

morreu por pecadores e pecados específicos, e que aqueles por quem ele morreu deve

infalivelmente ser redimidos. Seu sofrimento e morte são, portanto, eficazes e

particulares, isto é, os pecados do povo de Deus foram-lhe imputados e Ele realmente se

aborrece com eles, tornando-se seu substituto. Nada pode ou deve ser adicionado à obra

redentora de nosso Senhor; ela é, portanto, a obra consumada de Cristo. Assim, há um

doce conforto e uma segurança na morte vicária e substitutiva do Filho de Deus. Você

possui tal conforto e segurança?

66ª Pergunta - O que é a Aliança da Graça?

Resposta - A Aliança da Graça é o eterno propósito redentor do Deus triuno para

salvar totalmente e finalmente os pecadores.

1 Timóteo 2:5. “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os

homens, Jesus Cristo homem”.

João 17:1-2. 1Jesus falou assim e, “levantando seus olhos ao céu, e disse: Pai,

é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a

ti; 2Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a

todos quantos lhe deste”.

Hebreus 12:24. “E a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da

aspersão, que fala melhor do que o de Abel.”

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Romanos 8:29-31. 29”

Porque os que dantes conheceu também os predestinou

para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito

entre muitos irmãos. 30

E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que

chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou. 31

Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”

Veja também: referências escriturísticas após a Pergunta 65; Jeremias 31:31-

34; Ezequiel 36:25-27; Romanos 3:21-25; 5:21; 8:28-39; 9:6-24; Efésios 1:3-7; 1

Tessalonicenses 1:4-5; 5:9; 2 Tessalonicenses 2:13-14; 2 Timóteo 1:9; Hebreus

2:9-18; 8:1-13; 9:1-26; 10:1-18; 1 Pedro 1:1-2,18-20; 2:9.

COMENTÁRIO

A palavra portuguesa "aliança" significa um acordo vinculativo e solene. A fonte do

termo hebraico "aliança" é incerto, e pode denotar "cortar" ou "acorrentar ou ligar." O

termo grego "aliança" ou "testamento" foi usado tanto no Velho quanto no Novo

Testamento para o termo hebraico berith. Uma aliança era um acordo vinculativo entre

as partes envolvidas. Foi por vezes selada com uma cerimônia solene – um juramento,

um sacrifício, uma refeição, um símbolo ou um memorial solene. As alianças entre

Deus e os homens eram unilaterais (isto é, "incondicionais" ou dependentes apenas de

Deus) (exemplos: Gênesis 12.1-3; 15:7-21) ou bilaterais (isto é, "condicionais" ou

parcialmente dependentes sobre a fidelidade dos homens) (por exemplo: Êxodo 19:3-6;

Levítico 26:1-46). A Aliança da Graça em sua revelação progressiva, reiteração e

expansão na Escritura, sempre foi unilateral ou incondicional como uma aliança de

fidelidade de Deus na livre e soberana graça.

Deus sempre tratou com o homem dentro de uma relação de aliança – de um

princípio de representação e de imputação - e não meramente a título pessoal. Esta foi e

é a prerrogativa Divina por direito tanto de criação quanto de redenção. Os seres

humanos não têm voz nesta matéria ou direito de reclamar contra ela como meras

criaturas de Deus - e criaturas pecaminosas ainda por cima (Romanos 9:19-24). O

homem foi criado para viver em uma relação de aliança com Deus (Gênesis 1:27-28;

2:16-17; João 17:1-2; Romanos 8:28-31; Efésios 1:3-14). Houve duas alianças que

determinam o estado do homem diante de Deus - comumente chamadas de Aliança das

Obras (Gênesis 1:26-28; 2:16-17) e a Aliança da Graça.

As Alianças da Redenção e da Graça referem-se ao eterno propósito redentor do

Deus triuno para salvar os pecadores. A natureza incondicional desta aliança é revelada

nos seguintes termos, que se estendem desde a eternidade passada à eternidade futura:

Eleição (Atos 13:48; Efésios 1:3-4; 1 Tessalonicenses 1:3-5; 2 Tessalonicenses 2:13).

Predestinação (Romanos 8:29-39; Efésios 1:5-11.) Redenção (Mateus 1:21; Marcos

10,45; Romanos 3:24-25; 1 Coríntios 1:30; 2 Coríntios 5:14-17; Efésios 1:6-7;

Hebreus 9:12). Chamado Eficaz (João 6:37,44; Atos 18:27; Romanos 8:28; 1 Coríntios

1:24). Regeneração (Ezequiel 11:19-20 ; 36:25-27; João 3:3; Romanos 8:7-8; 2

Coríntios 4:3-4; Efésios 2:4-5,22-24; Colossenses 3:9-10). Conversão (Efésios 2:8-10).

Adoção (Romanos 8:17-23; Gálatas 4:5; Efésios 1:5). Justificação (Romanos 3:21-28;

4:1-5; 5:1-2). Santificação (Romanos 5:12-6:23; 8:1-16; Gálatas 5:16-17,22-23;

Hebreus 12:14). E Glorificação (Romanos 8:17-23,29-39; 1João 3:1-4 ).

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Esta aliança é incondicional porque ela descansa no eterno decreto de Deus e não

depende da habilidade do homem ou de fidelidade para a sua iniciação, manutenção ou

conclusão. Ela é denominada de Aliança da Redenção porque é redentora por natureza.

Ela é denominada de Aliança da Graça, porque nesta aliança o homem é considerado

como um pecador e deve ser salvo somente pela graça. Caso qualquer capacidade

humana entre nesta aliança, ela seriam necessariamente uma Aliança de Obras

(Romanos 11:5-6).

A Aliança da Graça refere-se ao eterno propósito redentor do Deus trino para salvar

os pecadores. A fim de redimi-los, o Deus Filho se encarnou, não meramente como

Salvador e Redentor, mas também necessária e incisivamente como Homem

Representante. A Aliança da Graça foi feito especialmente com o Senhor Jesus Cristo -

o "Segundo Homem" (em contraste com o "Primeiro Homem," Adão) e "Último Adão"

(em contraste com o "Primeiro Adão") (Romanos 5:12-21; 1 Coríntios 15:21-22,45-

47). Pela obediência ativa de nosso Senhor (sua vida perfeita vivida em conformidade

com a Lei e seu cumprimento)e obediência passiva (seu sofrimento vicário e morte, que

pagou a pena da lei, removeu sua maldição, e respondeu à justiça de Deus, Romanos

1:16-17; 3:24-26; 2 Coríntios 5:21; Gálatas 3:13], aqueles a quem ele representa estão

libertos da maldição da lei (Gálatas 4:4-5; 3:13), justificados e reconciliados com Deus

(Atos 13:38-39; Romanos 5:1-11; Hebreus 9:12), os predestinou para serem conformes

à imagem do Filho de Deus (Romanos 8:29; Efésios 1:5), e infalivelmente, plenamente

e finalmente redimidos (Romanos 8:23,29-39). Você está incluído nesta aliança?

67ª Pergunta - Quem são as Pessoas Divinas envolvidas na Aliança da Graça, e

quais são as suas respectivas obras?

Resposta - As Pessoas Divinas envolvidas na Aliança da Graça são o Pai, que

elege, predestina, eficazmente chama, justifica e adota os eleitos; o Filho, que é o

Mediador, Penhor, Redentor e Grande Sumo Sacerdote deles; e o Espírito Santo, que

aplica aos eleitos a redenção adquirida por Cristo.

Gálatas 4:4-6. 4Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho,

nascido de mulher, nascido sob a lei, 5Para remir os que estavam debaixo da lei, a

fim de recebermos a adoção de filhos. 6E, porque sois filhos, Deus enviou aos

vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.

Romanos 8:33-34. 33”

Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus?

É Deus quem os justifica. 34

Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou

antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também

intercede por nós”.

Gálatas 4:6. “E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o

Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.”

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Veja também: as referências escriturísticas nas Perguntas 64-66; João 16:7-

14; Romanos 8:1-17; 1 Coríntios 2:9-14; 12:4-13; 2 Coríntios 3:3-6,17-18;

Gálatas 5:16-18,22-23; Efésios 1:13-20; 4:30-32.

COMENTÁRIO

Tem sido tradicional sustentar que o Pacto da Graça foi feita entre Deus, o Pai

(João 6:37,44; 17:1-4; Romanos 8:28-32; Efésios 1:3-14) e Deus o Filho (João 14:6;

17:1-4; Romanos 3:21-26; 5:1-21; Romanos 6:1-14; 1 Coríntios 15:20-22, 4-47;

Efésios 1:6-7; 1 Timóteo 2:5; Hebreus 10:1-18; 1João 2:1-2), que agiu em nome dos

eleitos como Mediador, Penhor e Representante deles, ou seja, que este pacto envolveu

essencialmente duas Pessoas da Divindade triuna. No entanto, todas as três Pessoas da

Divindade estão inerentemente e necessariamente envolvidas neste eterno propósito

redentor. O Espírito Santo deve, necessariamente, ser incluído como a Pessoa que

aplica a obra redentora do Senhor Jesus Cristo aos eleitos no tempo e experiência (João

16:7-14; Romanos 5:5; 6:4-5; 8:1-17,26-27; 2 Coríntios 1:22; 3:17-18; Gálatas 4:5-7;

5:16-18,22-23; Efésios 1:12-14). O Espírito Santo, em outras palavras, faz da salvação

e da experiência Cristã realidades necessárias.

A obra redentora da eleição, da predestinação, do chamado eficaz, da adoção e da

justificação é atribuída, em especial, a Deus, o Pai. Veja as Perguntas 68-69, 81, 92-93.

A obra redentora do Senhor Jesus Cristo é essa de Mediador, Penhor, Redentor,

Salvador e Grande Sumo Sacerdote. Veja as Perguntas 70-76.

O Espírito Santo é o agente ativo em nosso chamado e regeneração (Ezequiel

36:25-27; João 3:3-8; 2 Tessalonicenses 2:13), é ativo em nossa própria consciência de

que somos filhos de Deus (Romanos 8:13-16; 1 Coríntios 1:22; Efésios 1:12-14; 1João

3:24), é o agente ativo na concessão de iluminação espiritual, ou seja, no abrir das

Escrituras para o nosso entendimento e nos dando essa percepção espiritual que é

exclusiva dos crentes (1 Coríntios 2:9-15; 1João 2:20,27). Ele é ativo em nossa

santificação – guiando-nos e convencendo-nos do pecado, capacitando-nos para

mortificá-lo, influenciando o nosso pensamento, capacitando-nos a orar corretamente e

edificando-nos sob o ministério público da Palavra (João 16:13; Romanos 8:11-13,26-

27; 1 Coríntios 6:11; Gálatas 4:6; Efésios 2:18; 4:30-32; 5:9; 6:18; Hebreus 10:29).

Ele é ativo em dar força espiritual, coragem e poder aos crentes (Efésios 1:15-20; 3:16;

6:10-20), e em dar e manter a esperança do crente da salvação final e da glória futura

(Romanos 5:1-5; 8:23-25; Efésios 1:13-14). Além disso, ele é ativo em levar os dons

dados pelo Cristo assunto e doá-los efetivamente aos chamados servos de Deus para

evangelizar os não convertidos e para a edificação das igrejas (Atos 13:2-4; 1

Coríntios 12:1-11; Efésios 4:3-16; Filipenses 1:19; 1 Tessalonicenses 5:19). Ele opera

nos crentes, individual, e coletivamente no contexto mais amplo da igreja local,

trazendo unidade e harmonia escriturística e espiritual entre os crentes (1 Coríntios

12:1-13; Efésios 4:3-16; 5:18-21; Filipenses 2:1-4). Veja as Perguntas 77, 83, 94-96.

68ª Pergunta - O que é a eleição Divina?

Resposta - A eleição Divina é a livre, soberana e graciosa obra de Deus pela qual

alguns têm sido eternamente escolhidos para obter a salvação.

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Efésios 1:3-4. 3”

Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual

nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; 4Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos

santos e irrepreensíveis diante dele em amor”.

Romanos 8:33. “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É

Deus quem os justifica.”

Romanos 11:5-6. 5”

Assim, pois, também agora neste tempo ficou um

remanescente, segundo a eleição da graça. 6Mas se é por graça, já não é pelas

obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é

mais graça; de outra maneira a obra já não é obra.”

1 Tessalonicenses 1:4-5. 4”

Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de

Deus; 5Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas

também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis

quais fomos entre vós, por amor de vós”.

2 Tessalonicenses 2:13. “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós,

irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a

salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade”.

Veja também: Deuteronômio 4:37; 7:6-7; 10:14-15; Salmos 33:12; Mateus

22:14; 24:22-31; Lucas 18:7; Atos 13:48; Romanos 9:11-13,16; 11:4-7,28; 1

Coríntios 1:27-31; Efésios 1:11; Colossenses 3:12-14; 1 Tessalonicenses 5:9; 2

Timóteo 2:10; Tito 1:1;

1 Pedro 1:1-2; 2:8-9; 2 Pedro 1:4-11; Apocalipse 17:8,14.

COMENTÁRIO

Existem vários tipos de eleição de pessoas reveladas na Escritura: nacional,

messiânica, ministerial e salvífica: primeiro, há a escolha Divina de Israel para ser o

povo escolhido de Deus em um sentido nacional, embora apenas um pequeno

remanescente dessa nação fosse verdadeiramente o povo espiritual de Deus (Conferir

Deuteronômio 4:37; 7:6-7; 10:14-15; Salmos 135:4; Isaías 41:8-9; 44:1; 45:4;

Romanos 4:11-17; 9:6-9,23-24; 11:1-6). Israel em sua eleição nacional era os eleitos de

Deus espiritualmente escolhidos sob a Nova Aliança ou Aliança do Evangelho;

Segundo, há a eleição do Senhor Jesus Cristo como o "Eleito" de Deus e a

verdadeira "Semente de Abraão." Na escolha de Abraão, Deus escolheu uma nação, e

nela, Ele escolheu um indivíduo - o Messias - e nesse indivíduo, Ele escolheu um povo

de aliança verdadeira - crentes (Isaías 42:1-7; Jeremias 31:31-34; Lucas 23:35; Gálatas

3:15-16; Efésios 1:4-5; Hebreus 8:8-13; 1 Pedro 2:4-9);

Terceiro, há também uma eleição para o serviço, como revelado na escolha de

Moisés, os Levitas, vários reis, etc. (Deuteronômio 21:5; 2Samuel 6:21; 1Crônicas

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28:5; Salmos 78:67-68; 105:26; 106:23). Este princípio é retido no Novo Testamento

com a chamada Divina para o ministério do evangelho (Atos 9:10-16; 13:2-4);

Finalmente, existe uma eleição pessoal eterna para a santificação, que inclui a

totalidade da salvação e deriva da Aliança eterna da Redenção e da Graça, ou união

eterna do crente com Cristo (Romanos 8:29-31; 11:5-6; Atos 13:48; Efésios 1:4-5,11; 1

Pedro 1:1-2; 2 Pedro 1:10). Veja as Perguntas 66 e 69.

Há duas possíveis bases ou fundações para a eleição Divina: a fé prevista baseada

em uma mera previsão (presciência), ou uma aliança de amor fundamentada na

prerrogativa Divina e expressa na livre e soberana graça. As Escrituras revelam que a

causa final da eleição Divina repousa nas profundezas do amor e da prerrogativa

Divina. Deus nunca é movido ou motivado externamente de si mesmo. Ele é sempre

motivado de dentro de sua própria auto-consistência. Se fosse possível Ele ser mutável

devido a causas externas, ele cessaria de ser Deus, e seria relativo à sua criação e

sujeito a alguma força absoluta externa e nebulosa, como acaso ou algum princípio

fatalista impessoal. As Escrituras revelam que a escolha Divina dos pecadores para a

salvação repousa em Deus. Isto é para a garantia e encorajamento do crente em sua

experiência presente - que ele podia ter certeza de natureza certa e infalível de sua

salvação, especialmente no contexto dos julgamentos presentes e oposição

(Deuteronômio 4:37; 7:6-7; 10:14-15; Efésios 1:4-5; Romanos 8:28-39; 9:13-14;

11:33-36).

E a respeito da presciência? A eleição Divina, baseada na fé prevista seria eleição

por mera presciência (presciência). O uso bíblico deve determinar o significado exato

do termo. Qual é o ensino bíblico a respeito da presciência de Deus? A presciência não

é sinônimo de onisciência. Ela não está preocupada com contingência, mas com certeza

(Atos 2:23; 15:18; Romanos 8:29-30), e assim implica em um conhecimento daquilo

que foi tornado certo. Atos 2:23 faria a presciência dependente do "conselho

determinado" de Deus pela construção gramatical que combina ambos juntos como um

pensamento com "presciência", referindo-se e fazendo cumprir o termo anterior. A

presciência está relacionada com o termo do Velho Testamento "conhecer," implicando

um conhecimento íntimo de relação ao seu objeto (Conferir Gênesis 4:1; Amós 3:2).

Todas as passagens do Novo Testamento (Romanos 8:29; 11:2; 1 Pedro 1:2) falam de

pessoas que são conhecidas de antemão, implicando muito mais do que mera

presciência ou onisciência - um relacionamento que é absolutamente certo, pessoal e

íntimo. O único exemplo de coisas, sendo conhecidas de antemão está claramente

baseado na determinação Divina (Atos 15:18).

Já que a eleição Divina ou predestinação para a vida eterna é fundamentada no

Caráter Imutável de Deus, ela é infalível. Se fosse baseada em fé prevista, a mera

presciência, ou capacidade humana, permaneceria falível e mutável. Devido ao seu

caráter infalível e imutável, a eleição Divina ou predestinação para a vida eterna é a

fonte do maior conforto, encorajamento e perseverança para o crente. Esta é

exatamente a forma na qual e o motivo pelo qual esta verdade é revelada na Escritura!

Note em especial a grande e gloriosa declaração do Apóstolo em Romanos 8:28-39.

Sob inspiração, ele coloca esta verdade no contexto da presente promessa (v. 28), o

eterno propósito redentor (v. 29-34), o pior que os crentes podem experimentar (v. 35-

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36), a aliança de amor redentora do Senhor Jesus Cristo (v. 37) e da infalibilidade da

Aliança da Graça (v. 38-39).

Deus ordenou a pregação do evangelho como o meio para trazer os eleitos à fé em

Cristo no tempo e na experiência (Romanos 10:14-15,17; 1 Tessalonicenses 1:4-10;

2:13). Ele ordenou os meios, bem como o fim. Regozijar-se no final sem cumprir os

meios seria inconsistente e pecaminoso por desobediência. Veja as Perguntas 139-140.

Você pode dizer que está incluído neste número pela graça Divina?

69ª Pergunta - O que é a predestinação Divina no contexto da redenção?

Resposta - A predestinação Divina no contexto da redenção é a determinação

infalível para conformar os eleitos à imagem do Senhor Jesus Cristo e garantir a

salvação final deles.

Romanos 8:28-31. 28”

E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente

para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o

seu propósito. 29

Porque os que dantes conheceu também os predestinou para

serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito

entre muitos irmãos. 30

E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que

chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou. 31

Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”

Efésios 1:5-6,11-12. 5”

E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus

Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, 6Para louvor da

glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado, 11

Nele, digo, em

quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o

propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade; 12

Com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos

em Cristo.”

Atos 13:48. “E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a

palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida

eterna.”

1 Tessalonicenses 5:9. “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a

aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo,”

2 Timóteo 1:8-9. 8”

Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso

Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do

evangelho segundo o poder de Deus, 9Que nos salvou, e chamou com uma santa

vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e

graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos”;

Veja também: Neemias 9:6; Daniel 4:17,24,35; Isaías 46:9-10; Atos 13:48;

15:18; Romanos 9:6-24; 11:33-36; 2 Pedro 3:18; Apocalipse 4:11.

COMENTÁRIO

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A predestinação Divina, no que se refere à salvação pessoal, é uma verdade repleta

de gloriosa bênção, insondável amor e grande encorajamento. A predestinação é a

fonte de toda a graça, dando à livre e soberana graça sua natureza gloriosa e caráter

distinto, como coloca a salvação nas mãos Amorosas, Propositais, e Onipotentes de um

Deus Soberano (Romanos 11:5-6; Efésios 1:3-11; 2:1-10). É a expressão do Amor

Soberano, Eterno, Imutável de Deus Consigo mesmo e é no próprio fundamento da

confiança, coragem, zelo e certeza de salvação do crente (Deuteronômio 7:6-8;

Romanos 8:28-39; Efésios 1:13-14; 1 Pedro 1:3-5,18-20; 1João 4:9-10,19). Que

esperança ou certeza assistiria a salvação se deixada finalmente à disposição mutável e

falível de homens pecadores? A predestinação é a fonte bíblica de toda a ousadia,

encorajamento e conforto na provação. Tudo está finalmente nas mãos de nosso

amoroso Pai celestial, que ordenou todas as coisas para o nosso bem. (Romanos 8:28-

39; 1 Coríntios 15:58; Gálatas 6:7-9; Efésios 2:8-10; Filipenses 1:29). Deus concede

graça suficiente para aquilo que ele propôs. A predestinação, corretamente entendida, é

um incentivo bíblico adequado para a santidade e ação responsável. Nenhum esforço é

inútil, nenhum testemunho passa despercebido ou não abençoado e nenhum serviço fiel

fica sem recompensa (1 Coríntios 15:58; Efésios 1:4; 2:8-10; Filipenses 1:29; 2:12-13;

2 Tessalonicenses 2:13; 1 Pedro 1:1-2; 1João 2:28-3:3).

Tudo que acontece aos crentes nesta vida está no contexto do propósito glorioso

amoroso de Deus para nos conformar à imagem de seu Filho (Romanos 8:28-31; Efésios 2:8-10; Filipenses 2:12-16; 2 Coríntios 3:17-18). Tudo que pensamos, fazemos ou dizemos nos aproxima deste objetivo ou necessariamente nos coloca no caminho da correção, castigo e disciplina Divina (Hebreus 12:4-8). Quanto tempo foi perdido, energia gasta, e provações sofridas desnecessariamente, simplesmente porque alguns ignorantemente pensavam que a salvação fosse conversão ⎯ simplesmente um evento, uma experiência, a obra de um momento ⎯ ou que Deus ignoraria o pecado em suas próprias vidas ou que a vida cristã fosse uma das opções. A verdade do propósito de Deus deve governar nosso pensamento, transformar nossas vidas, santificar nossos motivos, mitigar nosso sofrimento, determinar todas as relações humanas, e acelerar nossos débeis esforços para viver obediente e fielmente como cristãos ⎯ como aqueles que estão infalivelmente ser conformes à imagem de Cristo. A sua experiência religiosa manifesta o propósito amoroso da graça de Deus?

70ª Pergunta - Quem é o Redentor dos eleitos de Deus?

Resposta - O único Redentor dos eleitos de Deus é o Senhor Jesus Cristo, que sendo

o eterno Filho de Deus, se fez homem, e assim foi e continua a ser Deus e homem, em

duas naturezas distintas e uma Pessoa para sempre.

1 Timóteo 2:5. “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os

homens, Jesus Cristo homem”.

Atos 4:12. “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu

nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.”

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1 Timóteo 3:16. “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus

se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos

gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.”

Veja também: Isaías 7:14; 9:6; Miquéias 5:2; Mateus 1:18-23; Lucas 1:30-

35; João 1:14,18,29; 3:16-18; 17:1-5; 20:28; Romanos 9:5; Gálatas 3:13; 4:4-5;

Efésios 1:3-7; Colossenses 1:12-17; 2:9; 1 Timóteo 3:16; Tito 2:13; Hebreus 1:1-

4,10; 2:9-15; 4:14-16; 7:11-28; 1João 2:1-2; Judas 4.

COMENTÁRIO

A palavra "Único" é extremamente importante na resposta a esta pergunta. Ela

realça que há redenção em e por meio do Senhor Jesus Cristo - e somente nele.. Esta

pequena palavra implica que o Senhor Jesus Cristo é único, o próprio Filho de Deus na

carne, assim tanto Divino quanto humano, e que ele tem operado a redenção necessária

e completa para o seu povo. Implica também que não há salvação ou redenção fora ou

separado dele (João 14:6; Atos 4:12; Romanos 3:24-26; Hebreus 9:12; 10:18). Este

termo implica ainda que o Cristianismo bíblico é a única religião verdadeira e todas as

outras religiões e "salvadores" são falsos e sem esperança.

O nome completo e os títulos de nosso Senhor e Redentor são o "Senhor Jesus

Cristo," e deve ser usado reverente e inteligentemente. "Senhor" é o título Divino, quem

ele é concernente a sua Deidade e Filiação Eterna, e sua posição como Rei, Senhor e

Mestre sobre toda a criação, o Cabeça sobre sua igreja e Senhor de todo verdadeiro

crente. O Senhorio de Jesus Cristo foi estabelecido pelo próprio Deus na ressurreição e

ascensão de nosso Senhor ao céu. Portanto, não é uma questão para a negação ou debate

(Mateus 28:18; Atos 2:36; Romanos 1:3-4; 9:5; 10:09; 2 Coríntios 4:5; Efésios 1:17-

23; Filipenses 2:9-11; Colossenses 1:12-17; Apocalipse 19:16). "Jesus" é o seu nome

humano e enfatiza tanto sua natureza humana quanto que somente ele é o nosso

Salvador (Mateus 1:21).

“Cristo” ou “Messias” significa “O Ungido” e é um título que se refere ao seu

cumprir de profecias do Velho Testamento como o Prometido cheio do Espírito Santo, o

Servo ungido de Jeová, que veio para revelar Deus, cumprir Sua vontade e redimir Seu

povo (Mateus 3:16; Lucas 4:32-37; João 3:34; Atos 1:22; 10:38).

A Eterna Filiação do Senhor Jesus Cristo refere-se ao seu ser eternamente como o

Filho em relação a ambos o Pai e o Espírito. Veja a Pergunta 25. Assim, referências

bíblicas de seu ser “gerado” pelo Pai referem-se, não à sua encarnação, mas à sua

ascensão ao trono de sua glória à mão direita de Deus, o Pai como Senhor (Conferir

Salmos 2; Atos 1:9-10; 2:30-33; Filipenses 2:9-11; Hebreus 1). O termo “unigênito”

também significa a singularidade e a relação cativante entre o Pai e o Filho (Gênesis

22:2; Hebreus 11:17-19; João 1:14,18; 3:16,18; 1João 4:9).

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O Filho eterno de Deus “Se fez homem,” isto é, tornou-se encarnado. O pré-existente

Filho de Deus tomou para si uma verdadeira e completa natureza humana, alma e corpo.

Ele entrou no reino do tempo. Isto foi realizado pelo Espírito Santo por intermédio do

milagre do Nascimento Virginal (Isaías 7:14; Lucas 1:26-35; João 1:1-3,14; Romanos

8:2-4). A Encarnação não alterou nem diluiu sua Deidade, mas sua natureza humana e

corpo subiram para um estado glorificado em sua ressurreição, e Ele permaneceu para

sempre o Deus-Homem, exaltado à mão direita do Pai como o presente Grande Sumo

Sacerdote do crente e o Juiz vindouro de todos os homens (Salmos 2:6-12; 96:13; João

5:22; Romanos 1:3-4; 1 Coríntios 15:20-28; Filipenses 2:9-11; 3:20-21; 2

Tessalonicenses 1:6-10; 2 Timóteo 4:1; Hebreus 1:1-4; Apocalipse 20:11-15). A

Encarnação permanece como o maior e mais profundo mistério, não só na história da

redenção, mas na história do universo. Embora muitos tropecem no Nascimento

Virginal, os milagres e a ressurreição de nosso Senhor, estes são totalmente credíveis -

de fato, eles são necessários - uma vez que nos concede sua encarnação (João 20:27-29;

Colossenses 2:9; 1 Timóteo 3:16).

Jesus Cristo é a revelação do Pai [João 1:18, “declarou,” iluminado: exegeted, isto é,

uma revelação e manifestação ou expressão do original]. Na pessoa e obra de nosso

Senhor durante sua vida terrena e ministério e por meio de sua humanidade, nós

podemos ver o caráter do Pai manifesto em amor, bondade e compaixão para com e

entre os homens (Mateus 9:36-38; 11:28-30; 14:14; 15:32; 20:34; 23:37; Lucas 13:34;

João 3:16-18; 4:23; 5:36; 10:25,32,37; 14:9-10). Cada emoção e traço humano

santificado foram achados nele e erguido à sua máxima expressão: retidão, justiça,

santidade (Mateus 23:13-39); sofrimento e zelo justo (Hebreus 4:14-16; 5:1-10; João

2:13-17). Tudo o que ele disse era verdade absoluta; tudo o que ele fez, fez com

sinceridade e foi motivado a partir do interior de sua alma; coração e mente sem pecado

(João 8:46; 17:1-5).

As doutrinas da Trindade e da Encarnação estão intimamente relacionadas. A

doutrina da Trindade declara que Jesus, o homem era e é verdadeiramente Divino ou

Deus na carne; a Encarnação declara que o Divino Jesus foi e continua sendo

verdadeiramente humano (1 Timóteo 3:16; Filipenses 2:9-11). Você tem este

relacionamento salvífico com o Senhor Jesus?

71ª Pergunta - Como o Senhor Jesus Cristo se tornou o Redentor dos eleitos de

Deus?

Resposta - O Senhor Jesus Cristo tornou-se o Redentor dos eleitos de Deus por

meio de sua humilhação e exaltação, como o Deus-Homem.

Gálatas 4:4-5. 4”

Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho,

nascido de mulher, nascido sob a lei, 5para remir os que estavam debaixo da lei, a fim

de recebermos a adoção de filhos.”

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João 1:14,18. 14”

E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória,

como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. 18

Deus nunca foi

visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou.”

1 Timóteo 3:16. “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se

manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios,

crido no mundo, recebido acima na glória.”

Veja também: Isaías 7:14; 9:6; Mateus 1:22; João 1:14,18; Atos 1:8-11; 2:22-

36; 1 Coríntios 15:1-4, 20-28,45-47,51-58; 2 Coríntios 5:14-17; Filipenses 2:5-11; 1

Timóteo 3:16.

COMENTÁRIO

Teologicamente, costuma-se dividir a existência de nosso Senhor em três estados

distintos:

Primeiro: o seu estado pré-existente de glória e comunhão que ele tinha com o

Pai antes de sua encarnação (João 1:1-3; 17:1-5; Filipenses 2:5-6);

Segundo: o seu estado de humilhação, que começou com sua encarnação e

terminou com sua morte e sepultamento (Gálatas 4:4-5; Filipenses 2:7-8;

Hebreus 2:9ss);

E terceiro: o seu estado de exaltação ou glória como o ressurreto e assunto Deus-

Homem, que iniciou em sua ressurreição e ascensão ao céu e durará para sempre

(Mateus 28:18; Atos 2:31-33,36; Romanos 1:3-4; Filipenses 2:9-11; 1 Timóteo

3:16; Hebreus 1:1-3; Apocalipse 1:10-18).

É necessário compreender a humilhação e exaltação do Senhor Jesus Cristo em um

contexto de redenção, pois isto dá o verdadeiro e completo contexto bíblico para o

cumprimento da redenção ou a “obra acabada” de Cristo. A discussão a seguir é

principalmente um resumo das perguntas e respostas anteriores. A segurança da fé de

alguém repousa em grande parte em uma compreensão bíblica do propósito redentor

eterno de Deus e na verdade da união do crente com Cristo.

Como o Deus-Homem, nosso Senhor cresceu de uma criança para a idade adulta sob

a disciplina de seus pais terrenos (Lucas 2:49-52). Como o Deus-Homem, ele estava

sujeito a todas as emoções sem pecado (Isaías 53:2-4; Mateus 26:36-38; João 11:35;

Hebreus 5:7-9) e enfermidades, tais como tentação, fome, fadiga, e a necessidade de

descanso e sono (Mateus 4:2; 8:23-25; João 4:6; Hebreus 2:18; 4:14-16). Como o Deus-

Homem que viveu debaixo da lei, e manteve a Lei de Deus perfeita e indiretamente para

o seu próprio povo (Gálatas 4:4-5). É vital compreender que a obediência ativa ou

manutenção da Lei de Cristo é tão importante quanto a sua obediência passiva.

Mediante a sua obediência ativa, ele totalmente manteve e cumpriu as exigências justas

e absolutamente perfeitas da Lei de Deus.

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A obediência passiva de Cristo, comumente chamada e resumida em sua “paixão,”

refere-se a todo o seu sofrimento terreno e finalmente à sua morte. Isto começou com o

seu nascimento, circuncisão e continuou com os escárnios e provações ilegais; a

flagelação cruel e tortura, e então, sua crucificação pública; morte e sepultamento. O

verdadeiro significado Divino e redentor é que Deus, por meio de mãos involuntárias,

mas dispostas de homens maus, entregou seu Filho à morte para responder as

reivindicações da justiça divina (para pagar completamente a pena devida à Lei de

Deus), para morrer por seus eleitos, e assim para prover uma justiça perfeita para ser

imputada (colocada na conta de) aos que creem nele para a salvação (Isaías 53:1-12;

Marcos 10:45; João 3:16; Atos 2:23; 16:31; 20:28; Romanos 1:16-17; 3:19-26; 5:8-

11,18-21; 1 Coríntios 2:6-8; 2 Coríntios 5:21; Gálatas 1:3-4; 3:13; Efésios 1:5-7;

Colossenses 1:14; 2:10-15; 1 Pedro 1:18-20; 2:24; 3:18). É de extrema importância

compreender biblicamente que tanto a obediência ativa quanto a passiva de Cristo são

imputadas ao seu povo redimido para a própria justificação deste.

Somente neste contexto, nós podemos falar da “obra consumada,” ou da

“satisfação” de Cristo. Veja a Pergunta 92.

O glorioso estado de exaltação começou com a ressurreição de nosso Senhor dos

mortos, com a revivificação e glorificação de seu corpo (Mateus 28:1-10; João 20:19-

20, 26-29) e sua ascensão ao céu para a Mão direita do Pai sobre o trono da Sua glória

(Atos 1:9-11; 2:30-33,36; Filipenses 2:9-11; Colossenses 1:13-17; 1 Timóteo 3:16;

Hebreus 1:1-3). Ele agora intercede como o Grande Sumo Sacerdote do crente (Hebreus

4:14-16; 5:1-10:18 ; 1João 2:1), e retornará em glória e poder para julgar o mundo e

tomar o seu próprio povo para si mesmo (1 Tessalonicenses 4:13-18; 2 Tessalonicenses

1:7-10; Tito 2:13; Judas 14-15). Você se curvará agora na fé e arrependimento ou no

Dia do Juízo na condenação silenciosa (Romanos 3:19-20; Filipenses 2:9-11;

Apocalipse 20:11-15).

72ª Pergunta - Quais os ofícios que o Senhor Jesus Cristo executa como nosso

Redentor?

Resposta - Como nosso Redentor, O Senhor Jesus Cristo, executa os ofícios de

Profeta, Sacerdote e Rei, tanto em seu estado de humilhação quanto de exaltação.

Atos 3:22. Porque Moisés disse aos pais: “O Senhor vosso Deus levantará de

entre vossos irmãos um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos

disser.”

Hebreus 5:6. “Como também diz, noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente,

Segundo a ordem de Melquisedeque.”

Salmos 2:6. “Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião.”

Atos 2:36. “Saiba pois com certeza, toda a casa de Israel que a esse Jesus, a

quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.”

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Veja também: Deuteronômio 18:18-19; Isaías 9:6-7; Mateus 4:23; 21:5; 28:18-

20; Lucas 4:18,21; João 1:9; 17:1-26; Atos 17:5-7; 1 Coríntios 1:30; Filipenses 2:5-

11; Colossenses 1:12-13; 2:3; Hebreus 2:5-18; 4:14-16; 5:5-10; 7:11-25; 8:1; 9:11-

14,24-28; 10:1-18; Apocalipse 19:11-16.

COMENTÁRIO

O que se entende por “executar”? Este termo significa cumprir os deveres de um

determinado ofício. O que se entende por “ofício”? Refere-se a uma posição designada

de dever ou serviço feito com referência aos outros. Nosso Senhor como Redentor

cumpre ambos os requisitos e as atribuições de Profeta, Sacerdote e Rei que diz respeito

à criação, humanidade, profecia bíblica, sua igreja e seu povo. Ele é o Rei sobre toda a

criação, o Senhor sobre sua igreja e seu povo, e o Grande Sumo Sacerdote, intercedendo

pelos redimidos por ele.

Quando um pecador crê no Senhor Jesus Cristo para a salvação, ele deve crer neste

como ele é - como Deus em sua Palavra o revelou - não como alguém possa querer,

sentir ou pensar que ele seja, isto é, Jesus Cristo como Profeta, Sacerdote e Rei, e não o

“Jesus” da imaginação de alguém. Assim, quando o pecador arrependido crê

salvificamente e se aproxima de Cristo pela fé, ele o faz com Jesus Cristo como Rei ou

Senhor de sua vida. Ele vem sob o reinado de Jesus (o Senhorio de Cristo, Atos 2:36).

Ele também vem a Jesus Cristo como Profeta. Ele é liberto de sua ignorância

pecaminosa sendo ensinado pela Palavra e pelo Espírito de Cristo e é levado em

submissão à vontade revelada de Deus (Atos 20:32; Hebreus 8:1-13; 1João 2:20,27).

Por intermédio do sangue do Senhor Jesus Cristo, como o único Grande Sumo

Sacerdote , que vive sempre para interceder por ele, finalmente, ele é liberto da culpa,

da pena e do poder poluente dos seus pecados (Hebreus 4:14-16; 7:25; 1João 2:1). Em

suma, o pecador é salvo pela graça eficaz de Deus - redimido e convertido somente e

por meio do Senhor Jesus Cristo como Profeta (At. 3:22), Sacerdote (Hebreus 9:12) e

Rei (Mateus 28:18).

73ª Pergunta - Como o Senhor Jesus Cristo executa as funções de um profeta?

Resposta - O Senhor Jesus Cristo executa o ofício de profeta em revelar a nós, por

sua Palavra e Espírito, a vontade de Deus para a nossa salvação e nossas vidas.

Atos 3:22. Porque Moisés disse aos pais: “O Senhor vosso Deus levantará de

entre vossos irmãos um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos

disser.”

João 1:18. “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio

do Pai, esse o revelou.”

João 14:26. “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em

meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos

tenho dito.”

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Veja também: Deuteronômio 18:18-19; Isaías 9:6; Mateus 11:25-27; Lucas

7:16; 10:16; 24:45; João 1:1-4; 6:45; 14:6; 15:15; 20:31; Atos 20:32; Romanos 12:1-

2; 1 Coríntios 2:9-12; 2 Coríntios 4:3-7; Efésios 2:21; 4:11-13; 5:8; Colossenses

3:9-10,16; 1 Tessalonicenses 4:7; 2 Timóteo 3:15-17; Hebreus 1:1-3; 12:14; Tiago

1:5-8; 1 Pedro 1:10-12; 2 Pedro 1:20-21; 1João 2:20,27.

COMENTÁRIO

A ideia bíblica de “profeta” é de alguém que declara a Palavra ou a vontade de

Deus, bem como a prediz. Os profetas eram pregadores ou porta-vozes de Deus. Os

nomes básicos para os profetas no Velho Testamento designavam as pessoas que eram

recipientes da verdade Divina por intermédio de visões, sonhos, transes, ou uma palavra

direta e audível de Deus. O Novo Testamento segue o exemplo. Tais comunicações

Divinas foram então declaradas aos homens em nome de Deus pela unção do Espírito

Santo (1Reis 18:1; 22:5-28; Ezequiel 1:3; Hebreus 1:1; Hebreus 1:1-3). No Novo

Testamento, havia alguns que tinha um dom de revelação profética temporário e

transitório, até à conclusão do cânon escriturístico e do estabelecimento ou maturidade

do cristianismo (Atos 11:27-28; 13:1-2; 20:22-23; 21:4,10-14; 1 Coríntios 12:10; 13:8-

10).

O Senhor Jesus Cristo é primariamente tanto a revelação quanto a representação de

Deus aos homens como o eterno Filho de Deus encarnado (Colossenses 2:9; 1 Timóteo

3:16). Ele foi e é a única “exegese” de Deus (João 1:18). Veja a Pergunta 71. O ofício

profético do Velho Testamento encontrou seu cumprimento em nosso Senhor, ou seja,

todos os profetas eram os tipos do grande Antítipo (Deuteronômio 18:18; Atos 3:22;

Efésios 2:21). Durante sua vida terrena e ministério, nosso Senhor foi quem revelou e

ensinou sobre Deus e a verdade divina aos homens (Mateus 11:25-27; Lucas 7:16, João

1:14,17; 3:2). Quando ele ensinou, o fez com uma autoridade única e inconfundível,

porque ele estava expondo Sua Própria Palavra (Mateus 7:28-29).

A Palavra de Deus é a Palavra de Cristo, e o Espírito de Deus é o Espírito de Cristo

(Romanos 10:14,17; Colossenses 3:16; 1 Pedro 1:10-12.). Estes não são mutuamente

exclusivos nem eles se contradizem. A Palavra é insuficiente por si só e frequentemente

permanece ineficaz a menos que o Espírito autorize-a (Romanos 1:16; 1 Coríntios 2:14;

2 Coríntios 2:14-17 ; 4:3-4; Efésios 2:1-5). O Espírito trabalha sempre com a Palavra e

nunca separado Dela (1 Coríntios 2:9-16; 1João 2:20,27). Enfatizar a Palavra separada

do Espírito tende para um intelectualismo vazio e frio; enfatizar o Espírito separado da

palavra tende para o irracionalismo (emocionalismo) e o misticismo.

Dizer que o nosso Senhor Jesus Cristo como Profeta revela a vontade de Deus para a

nossa salvação e/ ou nossa vida, é simplesmente dizer que sua Palavra deve ser nossa

única regra tanto de fé (aquilo que nós devemos crer) quanto de prática (como nós

devemos viver). As Escrituras revelam o Senhor Jesus Cristo como O Caminho, A

Verdade e A Vida - O Único caminho para Deus (João 14:6; Atos 4:12). A salvação é

pela fé somente nele (Atos 4:12; Romanos 3:21-31; 10:9-10,17; Efésios 2:8-9). Os

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crentes devem viver vidas santas e piedosas por alinhamento à sua Palavra (João 7:17;

Atos 20:32; Romanos 6:17-18; 12:1-2; Hebreus 12:14; 1 Pedro 1:15-16). O Senhor

Jesus é o seu Profeta?

74ª Pergunta - Como o Senhor Jesus Cristo executa o oficio de um Sacerdote?

Resposta - O Senhor Jesus Cristo executa o ofício de sacerdote por seu único

oferecer-se a si mesmo como um sacrifício para satisfazer a justiça Divina,

reconciliando-nos com Deus, e fazendo contínua intercessão por nós.

Hebreus 2:17. “Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos,

para ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os

pecados do povo.”

Hebreus 4:14-16. 14”

Visto que temos um grande Sumo Sacerdote, Jesus, Filho de

Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. 15

Porque

não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas;

porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. 16

Cheguemos, pois,

com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar

graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.”

Hebreus 7:25. “Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se

chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.”

Hebreus 9:28. “Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os

pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para

salvação.”

1 João 2:1. “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se

alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo.”

Veja também: Êxodo 40:1-35; Levítico 16:1-34; João 17:1-26; Romanos 3:24-

26; 8:34; Efésios 13:17; Colossenses 1:21-22; 2:10-15; Hebreus 4:14-5:10; 7:1-

10:18,21-22; 1 Pedro 1:18-20; 2:24.

COMENTÁRIO

Por que é necessário um sacerdócio? O homem caído e pecaminoso não pode estar

diante de um Deus Santo, Justo e Reto sem lidar com a realidade do pecado. Seu pecado

separa-o para sempre de Deus como uma instransponível barreira espiritual e moral.

Deus estabeleceu o princípio de sacrifício de sangue para tratar do pecado (Gênesis

3:21; Hebreus 9:22). Deus exige que deva haver uma pessoa adequada para ser um

mediador e representante para o pecador, que necessariamente funcione por meio de um

princípio de sacrifício de expiação de sangue (apaziguamento, propiciação), e interceda

por ele. Esta pessoa é um Sacerdote.

Os grandes ministérios espirituais do Velho Testamento eram os cargos de sacerdote

e profeta. Os profetas eram porta-vozes de Deus. Eles apresentavam Deus ao povo. A

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ascensão e ministério de um profeta sinalizava um tempo de declínio espiritual. Deus

levantaria (chamado, dom e comissão) um porta-voz para declarar a sua verdade ao

povo (Jeremias 1:1-10; Ezequiel 1:1-3). Os sacerdotes, porém, representavam o povo

diante de Deus. Eles oficiavam por meio do chamado de Deus, de um sistema de

sacrifícios e da intercessão (Números 16:44-48). As únicas pessoas adequadas eram

aquelas a quem Deus ordenava (Êxodo 28:1-4; 40:12-13). O único sacrifício adequado

era O que Deus ordenava (Levítico 10:1-3) e a única intercessão eficaz era A que Deus

ordenava (Êxodo 28:30). O sacerdócio encontrou seu cumprimento e culminação no

Sumo Ministério Sacerdotal de nosso Senhor Jesus Cristo. (Mateus 27:50-51; Marcos

15:37-38; Lucas 23:45-46; João 19:30; Hebreus 2:10-18; 5:1-10; 7:1-28; 1João 2:1).

O Senhor Jesus era ao mesmo tempo Sacerdote e Sacrifício. Ele ofereceu a sua

própria vida ao Pai - sangue (Hebreus 9:11-14, 26; 10:10). Em virtude de sua perfeita

Pessoa e do infinito valor de seu sacrifício, ele fez uma completa e plena expiação

(reconciliação) pelos pecados de cada crente. Ele “efetuou uma eterna redenção por

nós” (Hebreus 9:12).porque ele, uma vez ressurreto e assunto à destra do Pai, vive para

sempre, seu sacerdócio é perpétuo e não terá fim (Hebreus 1:1-3; 5:10-10:10). Ele é o

único mediador entre Deus e os homens (1 Timóteo 2:5). Tal é a plenitude de sua alta

obra sacerdotal e sua identificação com os crentes, que temos a maior confiança e

segurança para nos aproximar de Deus por meio dele. Nós temos acesso contínuo neste

estado de graça mediante a fé para encontrar o trono de Deus para ser um trono de graça

ao qual podemos livremente vir no tempo de necessidade (Romanos 5:1-2; Hebreus

4:14-16).

A Escritura declara ainda que os crentes têm sido feitos “reis e sacerdotes para

Deus” pelo Senhor Jesus Cristo (Efésios 2:13-22; Apocalipse 1:6; 20:6). Esta verdade é

conhecida como “o sacerdócio do crente,” isto é, nenhum cristão precisa de um

sacerdote terreno, mas pela fé pode ir diretamente a Deus como seu Pai espiritual pela

mediação e intercessão do Senhor Jesus Cristo. Esta é a realidade gloriosa da obra

redentora consumada de nosso Senhor e de seu Alto ministério Sacerdotal eficaz. O

Senhor Jesus Cristo é o seu Grande Sumo Sacerdote?

75ª Pergunta - Como o Senhor Jesus Cristo executa as funções de um Rei?

Resposta - O Senhor Jesus Cristo executa o ofício de Rei sujeitando-nos a ele

mesmo, ao governar e defender-nos e ao restringir e conquistar todos os seus e os

nossos inimigos.

Atos 2:36. “Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem

vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.”

Mateus 28:18. E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: “É-me dado todo o

poder no céu e na terra.”

1 Coríntios 15:25. “Porque convém que reine até que haja posto a todos os

inimigos debaixo de seus pés.”

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2 Coríntios 4:5. “Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o

Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus.”

Veja também: Salmos 2:6-9; 8:3-8; 24:8; 110:3; Isaías 9:6-7; 32:1-2; 33:22;

Jeremias 23:5-6; Daniel 2:44; 7:13-14; Miquéias 5:2; Zacarias 9.9; Mateus 2:2-6;

4:17; 16:19; 21:4-5; 27:37; Lucas 1:32-33,69-71; 17:20-21; 19:38; João 1:49;

5:22,26-27; 18:36; 19:19; Atos 2:22-36; 4:25; 15:14-16; 17:5-7; 1 Coríntios 15:25-

26; Efésios 1:22; Filipenses 2:9-11; Colossenses 1:13,18; Hebreus 1:8-13;

Apocalipse 1:5; 5:5-14; 19:16.

COMENTÁRIO

É claro ensinamento das Escrituras que o Senhor Jesus Cristo é um Rei, e que, como

Tal, ele tem um Reino sobre o qual ele reina. Um estudo das Escrituras tanto das

profecias e das promessas do Velho Testamento quanto o cumprimento do Novo

Testamento, leva à conclusão de que o Senhor Jesus Cristo é o Rei em um sentido

duplo: primeiro, como o eterno Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Triuna Divindade, e

por isso, o próprio Deus. Ele governa sobre um reino absoluto e universal (João 17:1-5;

Hebreus 1:1-3). Como Divindade, Criador e Senhor soberano sobre toda a criação ele

governa sobre toda a realidade criada - o universo, a terra, os anjos, os homens e todos

os animais e plantas (Gênesis 1:1-3; João 1:1-3; Hebreus 1:8-12; Colossenses 1:15-17).

Este reino é dele por direito de Divindade, criação e uma soberania absoluta que é

intrínseca, não derivada e inalienável. Segundo, como o Deus-Homem, o “Segundo

Homem,” o “Último Adão” (1 Coríntios 15:21-26,45-47), o ressurreto e assunto Senhor

da glória, o cabeça da igreja, o Senhor de todo crente, e o “Rei dos reis e Senhor dos

senhores” (Apocalipse 19:11-16), ele governa sobre um reino mediador e universal de

poder, graça e glória (Jeremias 23:5-6; Daniel 2:44; 7:13-14; Mateus 28:18; Efésios

1:22-23; Filipenses 2:9-11; Colossenses 1:12-17; Hebreus 1:1-14). Este reino é seu por

direito derivado de seu sofrimento, morte, ressurreição e ascensão à mão direita de Deus

como o único Mediador entre Deus e os homens (1 Timóteo 2:5), Homem

Representante, o cabeça da humanidade redimida ( Atos 2:22-36; 1 Coríntios 15:20-28;

Filipenses 2:5-11).

Um aspecto central do reino mediador de nosso Senhor é sua liderança sobre sua

igreja (Efésios 1:22-23). Ele reina como cabeça funcional de sua igreja externamente

por meio de sua providência e seus oficiais nomeados, protegendo seu povo e

subjugando seus inimigos. Ele reina internamente pelo seu Espírito e sua Palavra. Por

estes meios, ele edifica sua igreja pelo chamado eficaz, regenerando e convertendo os

pecadores por intermédio da proclamação do evangelho. Estes são santificados e

disciplinados por meio do ministério da Palavra (Efésios 4:11-16).

O Senhor Jesus Cristo não é apenas o cabeça de sua igreja em um sentido ideal e

corporativo, mas ele é o Senhor ou Rei sobre o crente em um sentido individual. Em sua

ressurreição e ascensão, Jesus Cristo foi constituído como Senhor (Atos 2:36; Romanos

10:9; 2 Coríntios 4:5; Filipenses 2:9-11). Ele é pregado como Senhor (2 Coríntios 4:5).

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O pecador que se torna crente, salvificamente, se aproxima de Jesus Cristo como Senhor

de sua vida (Romanos 10:9-10). Isto significa que todo verdadeiro crente deve

submeter-se à sua Palavra; viver em obediência à sua Palavra-Lei e reconhecer suas

régias reivindicações (Senhorio) em todas as esferas da vida.

Como o Senhor soberano absoluto e Rei, ele assentar-se-á em julgamento final sobre

os destinos dos homens (João 5:22; Mateus 28:18; Apocalipse 20:11-15). Ele é seu

Senhor e Rei?

76ª Pergunta - Como somos feitos participantes da redenção realizada pelo Senhor

Jesus Cristo?

Resposta - Nós somos feitos participantes da redenção realizada pelo Senhor Jesus

Cristo mediante a obra do Espírito Santo, que aplica esta redenção efetivamente para

nós.

João 1:12-13. 12”

Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem

feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; 13

Os quais não nasceram do

sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.”

João 3:3,5-6,8. 3Jesus respondeu, e disse-lhe: “Na verdade, na verdade te digo

que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus. 5Jesus respondeu:

Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não

pode entrar no Reino de Deus. 6O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido

do Espírito é espírito. 8O vento assopra aonde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes

de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.”

João 6:37,44. 37”

Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de

maneira nenhuma o lançarei fora. 44

Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou

o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.”

2 Tessalonicenses 2:13-14. 13”

Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós,

irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a

salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade; 14

para o que pelo nosso

evangelho vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.”

Tito 3:5-6. 5”

Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a

sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito

Santo, 6que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso

Salvador.”

Veja também: Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:25-27; João 1:12-13; 3:3-8; Atos

20:28; Romanos 3:9-12; 5:5; 8:1-16; 29-30; 1 Coríntios 3:6-7; 6:11,20; Efésios 1:3-

14; 2:1-5; Hebreus 8:1-13; 1 Tessalonicenses 1:4-6; 1 Pedro 1:1-2.

COMENTÁRIO

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Esta pergunta e resposta marcam a transição da redenção adquirida por nosso

Senhor para a aplicação dela pelo Espírito Santo. Como esta é a questão transicional do

cumprimento da redenção para a sua aplicação, existem três questões a considerar: a

relação entre o cumprimento e a aplicação da redenção, a Trindade e a salvação, e uma

introdução à doutrina bíblica da graça.

O Senhor Jesus Cristo não sofreu e morreu simplesmente para tornar os homens

salváveis ou para fornecer uma ambígua (indefinida), expiação geral. Sua obediência

ativa cumpriu as exigências da lei moral. Sua obediência passiva foi uma satisfação da

justiça Divina. Ele realizou uma redenção total e completa por seu povo eleito, de

acordo com o propósito Divino (Isaías 53:10-11; Lucas 19:10; 1 Timoteo 1:15; Hebreus

9:12). Sua obra redentora (obediência ativa e passiva) é assim uma obra acabada de

valor infinito. Esta redenção realizada se aplica eficazmente em tempo e na experiência

em cada um dos eleitos de Deus pelo Espírito Santo, de acordo com o propósito

redentor infalível e eterno. Os meios ordenados para esta aplicação é a pregação do

evangelho. Veja as Perguntas 135, 138-139. A satisfação de Cristo forma a base da

aliança e redentora para a conversão do crente e a subsequente experiência cristã.

A doutrina da Trindade é fundamental para o entendimento da doutrina da salvação.

Deus, o Pai deu um povo eleito para o Seu Filho (João 17:2-4; Romanos 8:29-39;

Efésios 1:3-7). Ele também deu o Seu Filho para ser o único Redentor do Seu povo

eleito. Seu Filho realizou uma redenção completa e final por este povo eleito (Hebreus

7:28; 9:12; 1 Pedro 2:24; 3:18). O Espírito Santo eficazmente aplica esta redenção aos

eleitos em tempo e na experiência (João 3:3,5-6,8; 1 Coríntios 6:11; 2 Tessalonicenses

2:13). Qualquer sistema que reivindica ser “Cristão” pode ser julgado de acordo com a

sua fidelidade ou infidelidade a esta verdade revelada.

A verdade que o Espírito Santo aplica a redenção de Cristo efetivamente aos

pecadores nos leva ao estudo da natureza bíblica da graça Divina. Uma introdução à

natureza da graça Divina já foi dada em detalhe. Veja as Perguntas 20, 29, 39, 66 e 78.

Resta apenas definir a graça Divina em princípio e rever e resumir Sua natureza. A

graça Divina, em princípio, é um favor imerecido (totalmente imerecido) em vez (no

lugar) da ira merecida (totalmente merecida). Isto significa que não há absolutamente

nenhuma coisa boa vista ou prevista tanto na humanidade pecaminosa como um todo ou

de qualquer pecador individualmente. Até mesmo, a própria fé salvadora é um dom

de Deus soberanamente concedido. Se a fé salvadora e o arrependimento fossem natos

no homem, por natureza, então eles se tornariam obras, como seria qualquer capacidade

humana (Atos 11:18; 18:27; 3:9-12 Romanos 23-24; 9:11-17; 11:5-6; Efésios 2:1-10).

A graça salvadora é muito mais que um mero princípio passivo ou neutro. É um

princípio de operação, totalmente imerecido (Romanos 11:5-6; Efésios 2:9). Qualquer

distinção dentro do pecador que fizesse a graça de Deus ser aplicada, destruiria o

próprio princípio da graça. É também uma personificação, ou seja, toda a graça é

mediada pela Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo (João 1:16; 1 Timóteo 2:5). Ele é a

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própria personificação da graça Divina. Cada aspecto da salvação e da experiência cristã

existe em virtude da redenção adquirida por Cristo e a união subsequente do crente com

ele. Além disso, é uma prerrogativa, ou seja, Deus concede graça a quem Ele quer, de

acordo com Seu eterno e infalível propósito redentor (Efésios 1:3-11; 2:10; Atos 11:18).

Finalmente, é um poder aplicado por e de Deus e para tanto salvar o pecador (João 1:12-

13; Romanos 1:16; Efésios 2:8-10; Atos 11:18; 18:27) quanto habilitar o crente a viver

piedosamente em Jesus Cristo (Romanos 5:21; 6:14; 1 Coríntios 15:10; Efésios 1:15-

20; Filipenses 1:29). Você conhece a presença e o poder do Espírito?

77ª Pergunta - Como o Espírito Santo aplica a nós a redenção adquirida por Cristo?

Resposta - O Espírito Santo aplica a redenção adquirida por Cristo operando a fé

em nós, e assim unindo-nos a Cristo em nosso chamado eficaz.

João 6:37,44. 37”

Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de

maneira nenhuma o lançarei fora. 44

Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou

o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.”

Romanos 8:30. “E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que

chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.”

Gálatas 2:20. “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo

vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o

qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.”

Efésios 2:5,8-10. 5”

Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou

juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), 8Porque pela graça sois salvos, por

meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. 9Não vem das obras, para que

ninguém se glorie; 10

Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas

obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.”

2 Tessalonicenses 2:13. “Mas devemos sempre dar graças a Deus, por vós,

irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a

salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade.”

2 Timóteo 1:8-9. 8”

Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor,

nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes participa das aflições do evangelho

segundo o poder de Deus, 9que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não

segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi

dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos.”

Veja também: Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:25-27; João 1:12-13; 3:3-5,8;

6:37,44,63; 14:20; Atos 18:27; 26:18; Romanos 5:10,17; 6:1-14; 8:2,9-11,29-30; 1

Coríntios 1:9,22-24,26-31; 6:17; 15:22; 2 Coríntios 5:14-17; 13:5; Gálatas 2:20;

3:27; 6:14; Efésios 1:3-14; 2:4-7; Filipenses 2:13; Colossenses 1:12-13,26-27; 2:9-

13; 3:1-3; 1 Tessalonicenses 1:3-5; 2:13; 2 Timóteo 2:11-12; 1 Pedro 5:10,14; 1João

3:24 .

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COMENTÁRIO

A verdade do chamado do crente para a salvação é considerada na pergunta 81: “O

que é o chamado eficaz?” Neste ponto nós precisamos considerar as realidades

escriturísticas da união do crente com Cristo, que são algumas das verdades mais

profundas e gloriosas em todo o ensino escriturístico. As Escrituras ensinam claramente

que todo cristão verdadeiro, sem exceção, foi trazido para uma união espiritual com

Cristo, e que esta relação vital encontra seu fundamento no eterno propósito redentor de

Deus (Efésios 1:3-11), é analogicamente entendido pela união ou a identificação de toda

a humanidade em Adão (Romanos 5:12-21; 1 Coríntios 15:22), encontra sua realidade

na encarnação e na obra redentora (morte e ressurreição) de Cristo (Romanos 5:10,18-

21; 6:1-10; Gálatas 2:20; Colossenses 3:1-3), encontra expressão na experiência bíblica

cristã (Romanos 6:1-14; Gálatas 2:20; Colossenses 3:1-5ss) e serão integralmente

realizados na glória futura (Efésios 2:6-7). Esta verdade forma a base eterna e objetiva

para a experiência; confiança e esperança do crente. A sua união com Cristo é assim a

realidade bíblica que forma “a verdade central de toda a teologia e toda a religião.” Aqui

está a única base escriturística para uma verdadeira garantia de salvação.

O ensino do Novo Testamento acerca da união do crente com Cristo consiste de

uma abordagem dupla: declarações doutrinárias que são explícitas, e analogias que são

ilustrativas:

As declarações doutrinárias a respeito da união espiritual e indissolúvel do crente

com Cristo podem ser organizadas em quatro categorias:

Primeira: afirmações que descrevem a posição do crente “em Cristo” ou “para

Cristo” (Romanos 6:3; Gálatas 3:27; Romanos 6:11; 8:1; 1 Coríntios 1:2,30; 15:22;

Efésios 1:1,3,4,6,7,11; 2:6-7,10; 1 Pedro 5:14);

Segunda: afirmações declarando que os crentes são identificados “com Cristo,”

especialmente com referência à sua morte, ressurreição e ascensão ao céu (Romanos

6:4,6,8; Gálatas 2:20; Efésios 2:4-7; Colossenses 2:10-15; 3:1-3; 2Timóteo 2:11-12).

Terceira: afirmações que descrevem o relacionamento do crente em pé diante de Deus

“por” e “através de” Cristo (Romanos 5:1-2,21; 6:8; Gálatas 6:14). Finalmente,

afirmações revelando que Cristo está “no” crente (João 14:20,23; Romanos 8:9-10;

Gálatas 2:20; Efésios 3:17; Colossenses 1:27).

Existem várias analogias escriturísticas usadas para ilustrar esta vital união do

crente com Cristo:

Primeira: a da videira e dos ramos (João 15:1-7). O ramo deve estar em vital união

com a videira tanto para estar vivo quanto para produzir frutos;

Segunda: o marido e a esposa ou o relacionamento matrimonial (Romanos 7:1-4;

Efésios 5:23-33), os dois se tornam “uma só carne” diante de Deus, ou seja, uma única

entidade;

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Terceira: o corpo e seus membros ou partes (1 Coríntios 6:15,19; 12:13; Efésios

1:22-23; 4:11-16). Embora cada membro possua certas distinções, cada um deles é um

membro orgânico ou vital de um conjunto maior;

Quarta: o edifício e sua fundação (Efésios 2:20-22; Colossenses 2:6-7; 1 Pedro 2:4-

5);

Quinta: a identificação natural de todos os homens com Adão, que encontra sua

contrapartida espiritual ou antítipo em união do crente com Cristo (Romanos 5:12-19; 1

Coríntios 15:22,45-47).

Sexta: o rito do batismo escriturístico, que é por imersão para os crentes,

simbolizando assim a identificação do crente ou união com Cristo. De fato, a figura do

“batismo” (identificação) é usada para a realidade espiritual (Romanos 6:3-5; Gálatas

3:27; Colossenses 2:12).

Devemos estar familiarizados com os aspectos negativos e positivos de nossa união

com Cristo. Negativamente, a união com Cristo não é: uma mera união natural - o erro

racionalista ou panteísta. Isto supõe que a união com Cristo é apenas parte da imanência

de Deus como Criador em relação à sua criação e, por isto, Deus habita em cada

indivíduo. Não é meramente uma união moral - o erro Sociniano e Arminiano de uma

união de mero amor e simpatia. Não é uma união de essência - o erro místico. Alguns

místicos medievais e cultos modernos ensinam que os crentes participam da essência

Divina e tornam-se parte de Deus. Não é uma união sacramental - o erro

sacramentariano, que afirma que alguém participa fisicamente de Cristo mediante os

sacramentos.

Positivamente, o que a união com Cristo é: É uma união orgânica. Os crentes se

tornam membros de Cristo, como membros de um organismo, se bem que este

organismo é espiritual. Esta união espiritual deve encontrar expressão na assembleia

local (1 Coríntios 12:27; Efésios 4:11-16; Filipenses 1:27). É uma união vital. A vida

de Cristo torna-se o princípio dominante e energizante no crente por meio do Espírito

Santo (Gálatas 2:20; Romanos 5:10; 6:11-14; 8:5-14; 2 Coríntios 13:5.). É uma união

espiritual. Isto não é apenas união espiritual na natureza, ela é mediada e sustentada

pelo ministério do Espírito Santo (Romanos 5:5; 8:9-16; Efésios 3:16-19). É uma união

pessoal. Cada crente está pessoal ou individualmente unido a Cristo diretamente com

sua vida espiritual (2 Coríntios 5:17; Gálatas 2,20). É uma união legal ou federal.

Como o crente foi uma vez identificado em união com Adão, por isso, ele está agora em

união com Cristo (Romanos 5:12-21; Gálatas 2:20; 6:14). Todas as obrigações legais ou

de aliança do crente repousa em ou são atendidas em Cristo, e todos os méritos legais ou

de aliança do Senhor Jesus revertem para o crente. É esta união com Cristo que está na

base da justificação do crente pela fé e pela imputação da justiça de Cristo.

Ela é, além disso, uma união recíproca. Isto leva em conta tanto os aspectos

objetivos e subjetivos. A ação inicial é da parte de Cristo, a quem o crente na fé reage,

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interage, ou retribui. Isto não é apenas união, mas necessariamente, a comunhão com a

Divindade triuna por meio de Cristo (João 14:6,9,16-17,20; Romanos 8:9-16; Efésios

3:16-19). É uma união transformadora. Os crentes são mudados à imagem de Cristo,

segundo a natureza humana dele. Isto começou na regeneração, quando a imagem de

Deus foi restaurada, em princípio na justiça, na santidade da verdade e no conhecimento

(Efésios 4:22-24; Colossenses 1:28-29; 3:9-10) e continua durante toda a experiência

cristã como os crentes são “conformados à imagem de seu Filho” na maturidade,

sofrimentos, etc., pela obra do Espírito Santo (Romanos 6:6,14; 8:9-10,14-17,29; 2

Coríntios 3:17-18; Efésios 2:10).

Ela é, finalmente, uma união inescrutável e indissolúvel: Por inescrutável, os

teólogos antigos davam a entender a “união mística” entre Cristo e si mesmo, ou seja,

esta união é misteriosa, no sentido de ser incompreensível e incapaz de compreensão

inteligente em nosso estado finito. É também uma união indissolúvel. Esta relação,

identificação ou união entre Cristo e o crente jamais pode ser dissolvida. Note que, no

ensino bíblico, justificação pela fé tem uma relação imediata com a garantia de fé (por

exemplo: Romanos 5:1-3). O crente está em união com Cristo e até agora é feito para

assentar-se junto a ele nos lugares celestiais (Efésios 2:4-7)! Toda e qualquer bênção

espiritual está ligada a nosso Senhor, inseparável e indissolúvel. Isto se encontra no

próprio coração do crente com a sua garantia objetiva de salvação.

Esta identificação com, posição em, ou união vital com Cristo, deve ser considerada

em ambos os seus aspectos, objetivos e subjetivos. Objetivamente, a união com Cristo é

o centro, ou o coração e a alma da aplicação da redenção. Os crentes têm sido

eternamente identificados com ou em união com Cristo na eterna Aliança da Redenção

e da Graça, iniciando na eleição, continuando através da predestinação, chamado,

regeneração, conversão (fé e arrependimento), justificação, adoção, santificação e

glorificação (Efésios 1:3-7; Romanos 8:29-30). Este é o fundamento ou fonte de toda a

segurança, confiança e certeza para o crente.

Subjetivamente, as Escrituras ensinam uma relação vital entre os aspectos objetivos

e subjetivos da união do crente com Cristo. A Bíblia não separa a justificação da

santificação, mas revela claramente que quem é justificado também deve ser

santificado. A Justiça imputada nunca está separada da justiça

transmitida/compartilhada. Além disso, todos assim justificados e santificados,

inevitavelmente, serão glorificados.

Este é o argumento do apóstolo Paulo em Romanos 3:21-8:39. Depois de

estabelecer a condenação absoluta dos pecadores de várias abordagens (Romanos 1:18-

3:20), ele doutrinaria e historicamente demonstra a realidade da justificação pela fé

(Romanos 3:21-4:25). Então ele mostra que tal justificativa livre dá extrema segurança e

acesso ilimitado a Deus, não pode ser abalada pelos rigores da experiência cristã, é

feito relevante ao nosso coração pelo amor engendrado pelo Espírito de Deus, pode ser

raciocinado do amor de Deus pela entrega de Cristo (Romanos 5.1-11) e encontra sua

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fonte em nossa união com Ele (Romanos 5:12-21). De nossa união com Cristo, ele

explora a santificação, e adverte contra o antinomianismo (Romanos 6:1-23), o

legalismo e a presunção (Romanos 7:1-8:16), e então demonstra que aqueles que foram

justificados (3:21-5:21) e estão sendo santificados (6:1-8:16), devem infalivelmente ser

glorificados (Romanos 8:17-39). No centro destas verdades gloriosas, está a nossa união

com Cristo como a realidade essencial. Você tem em sua experiência e esperança uma

afinidade com capítulos 1-8 de Romanos?

PARTE VII

SALVAÇÃO E EXPERIÊNCIA CRISTÃ

O estudo doutrinário da salvação é chamado de “Soteriologia,” do Grego soteria,”

libertação, restauração, saúde e salvação.” A doutrina bíblica não é apenas de uma

“libertação” ou salvação vazia, mas também uma “restauração” para saúde espiritual, ou

seja, uma condição espiritual que é consoante com o ensino bíblico sobre a salvação.

Tradicional, histórica e culturalmente, o termo “Cristão “ pode ser utilizado muito

livre ou geralmente. Um verdadeiro cristão é quem é ao mesmo tempo o objeto do amor

Divino no eterno propósito redentor de Deus e quem está experimentalmente

descansando em Cristo pela fé para a salvação. As Escrituras apresentam o Cristão a

partir de dois aspectos, objetivo e eterno, e subjetivo e temporal.

Escrituristicamente, a palavra “Cristão” significa aquele que é identificado com

Cristo, imita, reflete, ou é como Cristo. Ele é um “crente” (aquele que entrou em uma

vida de crença ou fé), um “discípulo” (aprendiz e seguidor), aquele que professa ao

mundo que ele é salvo, isto é, renunciou a uma vida de egocentrismo próprio e pecado e

tomou a sua cruz (identificou-se sem ressalvas com a causa) em uma base diária e é um

seguidor de nosso Senhor (Lucas 9:23). A “cruz” do Cristão é tudo o que lhe custa para

ser total e completamente identificado com Cristo (Mateus 16:24; Marcos 8:34; 2

Coríntios 5:14-15).

A salvação é tanto do poder reinante quanto das últimas consequências do pecado

(Mateus 1:21; Romanos 5:9; 6:1-23; Gálatas 1:4-5). Pensa-se e ensina-se, geralmente,

que a salvação é principalmente do inferno ou da condenação eterna e do castigo. Tal

ideia é equivocada. Embora seja verdade que a salvação seja das últimas consequências

do pecado, as Escrituras esclarecem muito bem que a salvação é primariamente do

pecado - de sua culpa, pena, poluição e poder reinando ou controlando a vida (Romanos

6:1-23; Gálatas 1:4; Tito 2:11-12). Esta presente libertação é encontrada na regeneração,

conversão, justificação, adoção e santificação. A salvação é também das últimas

consequências do pecado – castigo eterno, mas não necessariamente com as

consequências imediatas do pecado – problemas de saúde pela dissipação, abuso de

drogas, doenças sexualmente transmissíveis; doenças terminais devido ao pecado, um

casamento arruinado ou lar destruído, a desaprovação da família e dos amigos, perda de

emprego, processo criminal ou até mesmo a morte, etc. Em suma, embora Deus salve o

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crente do poder reinante do pecado e das últimas consequências dele, ele não

necessariamente liberta-o das consequências imediatas da pecado, nem erradica esse

princípio de pecado, habitando e permanecendo a corrupção dentro do crente até a

morte física (Romanos 7:13-8:4). Veja Perguntas 165-167.

78ª Pergunta - Qual é o ministério da graça Divina na salvação e na experiência do

crente?

Resposta - O ministério da graça Divina na salvação e na experiência do crente é

abrangente: eleição, redenção, chamado, renovação, capacitação, justificação, adoção,

santificação, ressurreição e glorificação do crente.

Efésios 2:8-10. 8”

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de

vós, é dom de Deus. 9Não vem das obras, para que ninguém se glorie;

10Porque

somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus

preparou para que andássemos nelas.”

2 Coríntios 12:9. E disse-me: “A minha graça te basta, porque o meu poder se

aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas,

para que em mim habite o poder de Cristo.”

2 Pedro 3:18. “Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e

Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da

eternidade. Amém!”

Veja também: Gênesis 6:8; João 1:16; Romanos 11:5-6; 1 Coríntios 15:10;

Gálatas 1:6-7; Tito 2:11-15; Hebreus 4:14-16; 1 Pedro 5:5.

COMENTÁRIO

A graça pode ser resumida da seguinte forma:

Primeiro: é um princípio de favor imerecido que é estendido aos homens como

pecadores. Literalmente, tudo vem aos homens pecaminosos - crentes e descrentes -

como uma questão de graça – o homem como pecador não merece nada além da

condenação (Efésios 2:8-10);

Segundo: é uma personificação, ou seja, a graça é mediada pelo Senhor Jesus

Cristo. Ele é a própria personificação da graça de Deus;

Terceiro: é um poder ou capacitação Divina na salvação e na experiência do crente.

A graça capacita os crentes a acreditar, perseverar, sofrer e servir (Romanos 6:14; 1

Coríntios 15:10; 2 Coríntios 12:9; Filipenses 1:29). Finalmente, é uma prerrogativa,

ou seja, a graça Divina é tanto livre quanto soberana – Deus concede tal graça a quem

Ele quer.

“A salvação pela graça” significa que a salvação ou a libertação do pecado é

completamente a obra de Deus e, portanto, totalmente imerecida pelo recipiente. Veja a

Pergunta 20. É monergística (a obra de um Deus apenas) em sua iniciação, e não

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humanista (a obra do homem , ou seja , a salvação pelas obras), nem sinérgica (a

cooperação de Deus e do homem), ou seja, uma mistura de graça e obras. Além disso,

esta salvação é mediante a Pessoa e Obra do Senhor Jesus, “o qual para nós foi feito por

Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Coríntios 1:30-31). Veja as

Perguntas 70-71.

Em um contexto criativo-cultural, isto é, no que diz respeito ao homem como a

realização do Mandamento Cultural e, apesar de ser um pecador, como uma criatura

viva em um mundo criado e governado por Deus, a graça Divina é dada à humanidade

caída. Ela é denominada “graça comum,” ou seja, a graça Divina comum a todos os

homens separados da salvação. Tal graça é necessária para a preservação e manutenção

da humanidade caída e pecaminosa, a restrição geral do mal e para a realização do

Mandamento Cultural para subjugar e dominar a Terra.

Em um contexto redentor, ou seja, no que se refere à salvação de alguém do

pecado, a graça é um favor imerecido (imérito, inapropriada) no lugar (posição) da ira

merecida (apropriada). Esta graça salvadora existe e opera no contexto mais amplo da

graça comum, como Deus, de acordo com o Seu eterno propósito redentor salva a Si

próprio da humanidade caída. Enquanto a graça comum preserva e estabiliza a

humanidade em geral, dentro deste contexto, frequentemente de pessoas e famílias não

convertidas, os eleitos de Deus nascem, crescem, são evangelizados, convertidos, vivem

a sua respectiva experiência cristã para a glória de Deus e eventualmente morrem na

esperança da ressurreição.

A graça de Deus que traz a salvação está fundamentada no eterno decreto Divino ou

o propósito de Deus. Ela tem uma base objetiva eterna. A primeira nota positiva do

princípio da graça é encontrada na eleição Divina e eterna união do crente com Cristo

(Efésios 1:3-7). Este princípio da graça salvadora permeia todos os aspectos da salvação

como experiência - convicção de salvação do pecado, regeneração, conversão e

santificação - e atinge o seu triunfo final na ressurreição e glória eterna do crente

(Romanos 8:18-23). A graça salvadora de Deus é, portanto, eficaz e infalível - não pode

ser anulada (Romanos 8:28-39).

As passagens do Novo Testamento que colocam a graça e a lei em justaposição são

destinadas a contrastar o princípio da salvação pela graça com um princípio de lei-obras

ou uma justiça-própria legalista - uma perversão do propósito da Lei. Qual é a relação

entre a graça e a lei? A graça nos liberta do poder reinante do pecado (Romanos 6:14) e

da maldição da Lei (Gálatas 3:13) - mas ela não nos liberta da Lei de Deus por si

mesma. A ausência de lei não é graça, mas ilegalidade. É por isto que a graça sem lei

tende para o antinomianismo - e não há graça antinomiana. A Graça por sua própria

natureza nos coloca em conformidade com a Lei-Palavra de Deus (Romanos 8:3-4). O

fracasso dos homens em cumprir a Antiga Aliança era que ela era meramente externa -

escrita em tábuas de pedra. A Nova Aliança é interna – a Lei está escrita efetivamente

sobre o coração (ser interior), e assim eficaz, pela graça do Espírito Santo, e não apenas

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em tábuas de pedra (Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:25-27; Romanos 6:14; 8:1-4; 2

Coríntios 3:3). Veja as Perguntas 40-43.

A graça livre e soberana de Deus na salvação começa com a eleição eterna (Atos

13:48; Romanos 8:29-31; 9:11-14; 11:5-6; 1 Coríntios 1:27-31; Efésios 1:3-4; 1

Tessalonicenses 1:4-5; 2 Tessalonicenses 2:13; 1 Pedro 1:1-2 ). A escolha Divina dos

pecadores totalmente indignos de serem resgatados pelo Senhor Jesus Cristo e salvos

dos seus pecados no contexto do tempo, e ordenados para a glória eterna, começou na

prerrogativa Divina antes dos tempos começarem. Veja a Pergunta 68.

O Senhor Jesus, na eternidade, livremente se entregou para tornar-se o redentor do

povo de Deus - os objetos de seu gracioso amor (João 17:1-5; Gálatas 4:4-5; Filipenses

2:5-11; 1 Timóteo 2:5; 1 Pedro 1:18). Esta graça imutável do Filho eterno de Deus para

consigo mesmo continua quando ele intercede como nosso Grande Sumo Sacerdote

(Hebreus 4:14-16; 9:11-12,24). Veja as Perguntas 71, 74 e 76.

No tempo e na história, a graça salvadora é feita ativa e eficaz na experiência

pessoal de cada um dos objetos de amor e do propósito redentor de Deus. Os pecadores

eleitos são vivificados para a vida espiritual (João 3:3,5-8; Efésios 2:1,4-5), e

eficazmente chamados ou atraídos para o Senhor Jesus Cristo em fé para perdão dos

pecados e a reconciliação com Deus (João 6:44,47; Atos 13:48; Romanos 8:29-31;

Efésios 1:3-14; 2 Tessalonicenses 2:13). Embora o chamado geral por meio da pregação

possa ser e muitas vezes resistido, este chamado eficaz não é. Trata-se, na realidade de

uma doação de vida, uma obra capacitante do Espírito de Deus trazendo um

despertamento espiritual necessário, a convicção do pecado, um desejo por libertação do

poder reinante do pecado, e uma compreensão do Evangelho. Deus ordenou os meios,

bem como o fim. A mensagem do evangelho deve ser pregada completamente e sem

restrições a todos os homens. Não há esperança, nem realidade para qualquer um que

não se aproxime de Cristo pela fé por intermédio do evangelho. Veja as Perguntas 134-

135, 138-140.

A graça renovadora descreve o amor livre e soberano e a graça de Deus na obra

efetivamente na regeneração ou “novo nascimento.” É a vivificação do pecador para a

vida espiritual, a transmissão da vida divina, a obra transformadora da graça de Deus

dentro da personalidade espiritual, moral e intelectualmente (João 3:3,5-8; 1 Coríntios

2:9-14; Efésios 2:5; 4:22-24; Colossenses 3:9-10; 1João 3:9). A regeneração ocorre no

contexto da pregação do evangelho. Veja a Pergunta 83.

A graça capacitadora de Deus é eficaz e transformadora evidenciada na conversão.

Tanto a fé salvadora quanto o arrependimento salvador são os dons de Deus concedidos

na graça regeneradora. Estes não são meramente obras ou esforços do pecador sozinho.

Esta obra da graça Divina dá um caráter salvador tanto para a fé quanto para o

arrependimento, distinguindo a fé da mera confiança humana e o arrependimento da

mera reforma humana ou um de indivíduo querendo voltar-se, pela sua própria força, ao

legalismo de pecados considerados mais graves por ele, uma conversão superficial e

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aparente (Efésios 2:8-10; Atos 11: 18). Uma consciência ferida e a convicção podem ser

muito fortes, contudo não levam à salvação (João 8:9). Veja as Perguntas 83-84, 87, 90-

91.

Nossa justificação – sermos pronunciados justos diante de Deus por meio da fé

apenas, aquela fé dada por Deus, repousando na justiça imputada de nosso Senhor Jesus

Cristo - é imputada aos pecadores que creem (Romanos 3:21-26; Tito 3:4-7). Veja a

Pergunta 92.

É dito que cada crente é “adotado” na família de Deus, isto é, torna-se filho de Deus,

ou “filho” na conversão (João 1:12-13; Romanos 8:12-14; Gálatas 4:4-5; Efésios 1:5).

Esta é uma obra da graça Divina na qual Deus toma os pecadores para Si Mesmo como

Seus filhos, dá-lhes o Espírito de adoção, uma prova antecipada da adoção final deles na

glória da ressurreição (Romanos 8:23). Veja a Pergunta 93.

A santificação, em seu sentido mais inclusivo, é a doutrina mais abrangente nas

Escrituras. É um processo tanto de separação quanto de purificação, e assim, inicia-se

com a eleição Divina e termina com a glorificação. Como a salvação é pela graça, assim

a santificação, ou a santidade é pela graça. Na experiência prática, a obra da graça de

Deus pelo Espírito Santo e da Palavra é a dinâmica para a santificação (João 17:17;

Romanos 8:11-14; 1 Tessalonisenses 4:3; Hebreus 12:14). Ninguém pode viver a vida

cristã em sua própria força, por sua própria determinação, ou separado do Espírito e das

Escrituras. Veja as Perguntas 94-96.

A salvação é inteiramente da graça, incluindo a futura ressurreição do crentes.

Aqueles sobre os quais Deus colocou o Seu amor, são ultimamente destinados à

ressurreição para a glória eterna (Romanos 8:18-23,28-31). Todo aquele que é

justificado (Romanos 3:21-5:21) deve inevitavelmente ser santificado (Romanos 5:12-

8:16 ), e todo aquele que é santificado deve, de forma inevitável, ser glorificado

(Romanos 8:17-39). A graça livre e soberana de Deus consumada na glorificação do

crente. A adoção deste será plenamente realizada (Romanos 8:18-23), sua conformidade

à imagem do Filho de Deus será levada à consumação (Romanos 8:29; 2 Coríntios

3:17-18), e sua redenção será completa (Filipenses 3:20-21; Tito 2:11-15; 1João 3:1-4).

Sua experiência coincidirá então com sua posição (Efésios 2:4-7). Veja as Perguntas

165, 167 e 169. Você pode pela fé, experiência e esperança ter a mão lançada, isto é, ser

alcançado(a) destas abençoadas verdades?

79ª Pergunta - Por que é vital considerar tanto os aspectos objetivos ou eternos,

quanto os subjetivos ou temporais e experienciais da salvação?

Resposta - A salvação deve ser vista tanto nos aspectos objetivos ou eternos quanto

nos aspectos subjetivos ou temporais e experienciais para entender corretamente a

verdade bíblica da salvação, a fim de evitar erros e heresias, e de possuir uma garantia

bíblica da fé.

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Romanos 8:28-31. 28”

E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para

o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu

propósito. 29

Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem

conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos

irmãos. 30

E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes

também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou. 31

Que diremos,

pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”

Efésios 1:3-7. 3”

Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos

abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; 4como

também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e

irrepreensíveis diante dele em amor”;

5E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo,

segundo o beneplácito de sua vontade, 6para louvor da glória de sua graça, pela qual

nos fez agradáveis a si no Amado, 7Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a

remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça,”

1 Tessalonicenses 1:4-5. 4”

Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de

Deus; 5Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também

em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos

entre vós, por amor de vós.”

1 Tessalonicenses 2:13. “Por isso também damos, sem cessar, graças a Deus,

pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como

palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus, a qual

também opera em vós, os que crestes.”

2 Timóteo 2:19. “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O

Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se

da iniquidade.”

Hebreus 12:14. Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém

verá o Senhor;

Veja também: Romanos 6:1-23; 8:5-13; 12:1-21; Gálatas 5:16-26; Efésios 4:25-

32; Colossenses 3:1-10,12-17; 1 Tessalonicenses 1:4-10; 4:3-4; Tito 2:11-15;

Hebreus 12:1-8; 1João 3:4-18.

COMENTÁRIO

As Escrituras veem o cristão de dois aspectos, objetivo e eterno, subjetivo e

temporal. Nós devemos ver o verdadeiro cristão em ambos os aspectos? Sim, porque as

Escrituras tratam de ambos por uma boa razão. Sem estes dois aspectos muito

necessários, nossa visão da realidade de nossos seres cristãos, nossa relação com Deus,

nossa experiência seria muito desequilibrada na melhor das hipóteses ou na pior destas,

absolutamente incompreensível. O propósito eterno e redentor de Deus dá-nos como

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crentes uma garantia objetiva e escriturística de nossa posição diante de Deus e

esperança da glória. O aspecto experimental também é essencial, pois a fé salvadora é a

identificação primária do verdadeiro cristão, seguida pelas marcas da graça ou pelas

características bíblicas essenciais em sua experiência subsequente. Veja as Perguntas

110-112.

Sem o propósito eterno e o poder de Deus, podemos tender a desesperar-nos e

procurar viver a vida cristã em nossa própria força, inerentemente negar a graça de

Deus, entender mal Seu propósito, amor e vida,. e ficar vivendo em constante medo do

fracasso Sem o aspecto subjetivo e temporal, nós poderíamos tender a uma atitude

passiva e à indolência. O evangelismo e a piedade tenderiam a diminuir ou se tornarem

separados do rigoroso exercício necessário deles. Ao longo da história do cristianismo,

alguns têm ido para os dois extremos por causa do seu desequilíbrio doutrinário destes

aspectos. Enquanto sustentando tenazmente um aspecto da verdade Divina, é bem

possível negar ou falhar em perceber o outro.

Uma perspectiva equilibrada do ensino bíblico sobre a salvação necessariamente

inclui tanto o seu objetivo quanto os seus aspectos eternos, bem como os seus aspectos

temporais e subjetivos. Uma desordenada ênfase no primeiro tem por vezes levado a um

antinomianismo doutrinal e prático, ou até mesmo uma espécie de fatalismo -

pensamento que a experiência cristã é ou não essencial ou arbitrária e irrelevante para o

estado de graça de alguém. Uma ênfase incorreta sobre o último levou à ideia de que a

salvação está essencialmente na prerrogativa e nas mãos do homem. Isso muitas vezes

resultou em ênfases doutrinárias que têm ensinado que os crentes poderiam apostatar e

se perderem, ou que a natureza humana é aperfeiçoável através do esforço humano, ou

com as metodologias evangelísticas que se degeneraram à mera manipulação

psicológica. Nós devemos procurar ser tão equilibrados quanto as próprias Escrituras,

deixando as coisas secretas de Deus para Ele (Deuteronômio 29:29), e sermos o mais

fiéis e zelosos como Deus ordena naquelas áreas que Ele revelou (Mateus 28:18-20; 2

Coríntios 2:14-17; 7:1; Filipenses 2:12-13). Sua esperança tem uma base objetiva na

Palavra de Deus?

80ª Pergunta – Qual é a confiança, a garantia e o incentivo, isto é, o incentivo do

crente nesta vida e em sua experiência pessoal?

Resposta: A confiança, garantia e incentivo do crente nesta vida e em sua

experiência pessoal, repousa na infalibilidade do propósito redentor eterno revelado na

Palavra de Deus, o sempre presente cuidado providencial de seu amoroso Pai celestial, o

ministério constante da graça Divina em virtude de sua união com Cristo e o poder do

Espírito Santo.

Romanos 8:28-31. 28”

E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para

o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu

propósito. 29

Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem

conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos

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irmãos. 30

E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes

também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou. 31

Que diremos,

pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”

2 Coríntios 1:3-4. 3”

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o

Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação; 4que nos consola em toda a

nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma

tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus.”

1 Tessalonicenses 1:4. “Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de

Deus.”

Veja também: Atos 17:23-28; Romanos 6:1-6; 8:18-39; Efésios 1:3-14; 1

Tessalonicenses 2:13; 4:13-18; Romanos 6:1-23; Colossenses 3:1-5ss.

COMENTÁRIO

A Bíblia não é apenas um livro de história, princípios, advertências e ordens, é

também um livro de gloriosas promessas, grande incentivo e abençoado conforto. A

questão decisiva é a relação de alguém com Deus por intermédio da obra redentora do

Senhor Jesus Cristo. As promessas Divinas, incentivos, e garantias, todos pertencem

àqueles cujos pecados são perdoados e que são vitalmente reconciliados com Deus pela

fé salvadora em Jesus Cristo como Senhor e Salvador. É um equívoco fatal na

interpretação das Escrituras assumir que alguém possa tomar promessas, incentivos e

garantias das Escrituras de forma arbitrária ou mística sem causa apropriada. Usar as

Escrituras de qualquer forma para a qual elas não foram destinadas - como uma coleção

de máximas filosóficas ou morais - deve do mesmo modo ser condenado. A Bíblia dá

advertências de certos julgamentos e um mandamento para a fé e arrependimento para o

incrédulo, mas nenhum conforto. As bênçãos de conforto, incentivo e garantias são para

aqueles que vivem pela fé pessoal no Senhor Jesus, de acordo com a Palavra de Deus.

É uma tragédia que muitos cristãos professos modernos têm sido ensinados a

desprezar ou negar as verdades gloriosas da livre graça como Divinamente revelada na

eleição, predestinação e no abençoado princípio do particularismo escriturístico.

Inevitavelmente, o conforto, incentivo e garantia têm que tirar de outros recursos -

necessariamente, de uma falsa exposição de Deus ou de uma experiência subjetiva de

alguém. Isto levou à religião existencial moderna à uma distorção da verdade bíblica. A

infalibilidade do propósito redentor de Deus é tanto revelada quanto reiterada nas

Escrituras para o conforto, garantia e incentivo do crente – e deve ser reiterada em

nossas próprias mentes e corações, como Deus tem em Sua Palavra.

A Divina providência é aquele processo pelo qual Deus, no tempo e na história, faz

acontecer o seu eterno propósito. O tempo, de acordo com uma filosofia bíblica

consistente do tempo e da história, regride do futuro para o presente e então do presente

para o passado. Deus predestinou todas as coisas desde o princípio (Isaías 42:9; Atos

4:27-28; 15:18; Efésios 1:11). A Divina providência por sua própria natureza é tanto

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abrangente quanto íntima, governando todas as coisas, tanto grandes quanto

aparentemente pequenas, da ascensão e queda de civilizações sucessivas (Atos 17:26-

27), para a derrota ou sucesso das campanhas militares (Isaías 10:5-15), para a vida ou

morte de um único soldado (1Reis 22:30,34) para os incidentes e circunstâncias

menores (Salmos 139:1-18). Enquanto a revelação Divina escrita deve ser nosso guia

racional, nós somos deixados para o funcionamento da providência Divina nos assuntos

da vida sobre a qual não temos controle ou direção definida. Isto também significa que

tudo deveria e deve ser feito como um assunto para a oração (Romanos 8:26-28; Efésios

6:18s; 1 Tessalonicenses 5:16-17).

Todo crente verdadeiro foi levado a uma união indissolúvel com Jesus Cristo. Veja

a Pergunta 77. Esta união vital e espiritual inclui, entre outras realidades, a união na

morte de Cristo, o que significa que o poder reinante do pecado foi quebrado. A união

em sua ressurreição para vida significa necessariamente, que o mesmo poder que

ressuscitou o Senhor Jesus dentre os mortos habita agora e capacita o crente - o

ministério constante da obra graciosa do Espírito Santo (Romanos 6:1-14; Colossenses

3:1-4; Efésios 1:15-23; Romanos 8:1-14; 1 Coríntios 2:9-13; 2 Coríntios 12:9-10;

Gálatas 5:16-26). Como é impossível viver uma vida convertida privada da capacitação

e sustento constante do ministério da graça Divina, assim é impossível viver uma vida

não convertida dentro do contexto da graça Divina (Romanos 6:15-18,20,22). Nós

nunca devemos esquecer que Deus ordenou os meios, bem como a finalidade, seja ela a

proclamação do evangelho ou nossa responsabilidade de viver piedosamente em Jesus

Cristo em obediência alegre à Palavra de Deus. Veja as Perguntas 134-140. No que e

em quem sua esperança descansa?

81ª Pergunta - O que é o chamado eficaz?

Resposta - O chamado eficaz é a obra do Espírito de Deus, por meio do qual,

convencendo o pecador de seu pecado e miséria, iluminando sua mente no

conhecimento de Cristo, e renovando sua vontade, Deus persuade e habilita-o a abraçar

Jesus Cristo oferecido gratuitamente a ele no evangelho.

João 6:44. “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu

o ressuscitarei no último Dia.

Romanos 8:30. “E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que

chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou.”

Atos 13:48. “E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra

do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna.”

2 Timóteo 1:8-9. 8”

... [Deus]... 9Que nos salvou, e chamou com uma santa

vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça

que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos,”

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1 Pedro 1:14-16. 14”

Como filhos obedientes, não vos conformando com as

concupiscências que antes havia em vossa ignorância; 15

mas, como é santo aquele

que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver;

“16

porquanto está escrito: ‘Sede santos, porque eu sou Santo.’

Veja também: Ezequiel 36:25-27; Mateus 20:16; João 1:12-13; Atos 2:37; 7:51-

53; 18:27; Romanos 1:6; 9:11,23-24;1 Coríntios 1:22-31; 2 Coríntios 4:3-6; Gálatas

1:6; Efésios 1:18; 2:1-10; 4:4; Filipenses 1:29; Colossenses 1:12-13; 1

Tessalonicenses 2:13; 2 Tessalonicenses 2:13-14; Hebreus 3:1; 1 Pedro 2:9; 2 Pedro

1:10; Judas 1.

COMENTÁRIO

A obra da redenção foi completa e finalmente realizada na e por intermédio da

pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo. É apropriado falar da “obra consumada de

Cristo.” Mediante a obediência ativa (sua vida perfeita vivida sob a Lei para cumprir

suas exigências) e passiva (sua obra de sofrimento, morte e ressurreição) de nosso

Senhor, a redenção foi comprada, concluída, terminada. A justiça Divina foi

completamente satisfeita. É assim totalmente eficaz sem qualquer obra adicional ou

esforço por parte do homem para fazê-la assim. É o Espírito Santo, a Terceira Pessoa da

Divina trindade, que predominantemente aplica a obra consumada de Cristo ao pecador

individual no tempo, na história e na experiência. A aplicação desta redenção começa

com o chamado eficaz, prossegue para a regeneração, para a conversão (fé e

arrependimento), para a adoção, para a justificação e para a santificação nesta vida, e

para a nossa gloriosa ressurreição na vida por vir.

Se fosse necessário perguntar por que, no esquema da graça salvadora, alguém é

chamado e outro não, ou por que um é regenerado e outro não, ou por que um é

convertido e outro não, a resposta estaria no propósito inescrutável de Deus e da

aplicação de uma redenção realizada. A aplicação da redenção é parte integrante da

Aliança eterna da Redenção e da Graça. Veja a Pergunta 66. É sobre o valor infinito e

sobre a base particularista da expiação - o sangue derramado de Cristo - que todos os

aspectos da aplicação da redenção são fundados.

As Escrituras distinguem entre uma chamada exterior ou externa, geral para a

salvação que deve ser feita por meio da oferta gratuita do evangelho a todos os homens,

sem discriminação ou distinção, e a chamada pessoal, interna e eficaz para a salvação.

Esta distinção é feita pelo contexto e pela implicação, ou seja, o contexto doutrinário em

que ocorre o termo (por exemplo: João 6:44-45; Romanos 8:28-30; 1 Timóteo 1:9; 1

Pedro 2:9), as implicações do contexto (por exemplo: Romanos 9:23-24; Efésios 4:1;

Hebreus 9:15), ou o contraste com o chamado geral (por exemplo: Mateus 22:14)

servem para fazer a distinção necessária. Este chamado individual, interno ou eficaz

para a salvação foi por diversas vezes chamado de “o chamado eficaz,” “chamada

eficaz,” “graça irresistível,” “graça infalível,” ou “graça eficaz” para distingui-lo do

chamado externo e geral por intermédio do evangelho.

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O evangelho deve ser pregado a todos os homens, sem distinção ou discriminação

(Mateus 28:18-20; Marcos 16,15; Lucas 24:47; Atos 1:8; 17:30-31). Esta proclamação

do evangelho - a “oferta gratuita” dele - declara que Deus é absolutamente Justo e

Santo, e que Ele está jurado para punir o pecado, que o homem por natureza é caído,

pecador, e está sob a ira e sob a condenação divina, e que a redenção foi realizada pelo

Senhor Jesus Cristo para os pecadores pela sua obediência ativa e passiva. Os pecadores

são instados a se converterem dos seus pecados em arrependimento e em olhar para

Jesus Cristo na fé como Senhor e Salvador, e assim terem os seus pecados perdoados

por Deus e serem reconciliados com Ele por meio da justiça imputada de Jesus Cristo.

Os pecadores devem crer (Atos 16:31) e arrepender-se (Marcos 1:15; Atos 17:31;

26:18-20). Se os pecadores vêm a Cristo pela fé salvadora e arrependimento, eles serão

salvos, - libertos, perdoados de seus pecados e reconciliados à um Reto, Justo e Santo

Deus (João 6:37; Romanos 3:23-26). Veja a Pergunta 34.

Este chamado exterior ou geral vai adiante da e pela mensagem do evangelho - um

chamado ao arrependimento e à fé (Atos 17:30-31). Frequentemente, o chamado é

rejeitado ou as reivindicações do evangelho são deturpadas ou mal interpretadas

(Mateus 7:21-23; 13:5-6,20-21; Atos 8:13; 1 Coríntios 15:2; Hebreus 6:1-6). Ele é

rejeitado ou desviado, porque vem somente em palavras e não também no poder

salvador do Espírito Santo (João 3:3,5,7-8; 6:44-45; 1 Coríntios 2:4-5; 1

Tessalonicenses 1:4-5; 2:13). É rejeitado por causa da condição do pecador como um

ser caído e pecaminoso por natureza (1 Coríntios 2:14); por causa da natureza do

pecado e de um poder maligno superior, que impede efetivamente os pecadores de

compreender a verdade do evangelho (2 Coríntios 4:3-6). Além disso, ele pode ser

recebido de uma forma defeituosa e temporária por meio da má-compreensão, um medo

de julgamento, ou por uma reação psicológica ou emocional (Mateus 13:20-22; Marcos

4:16-19; Lucas 8:13-14).

A glória da graça de Deus na salvação é que Ele proclama vida ao pecador, que é,

em seu ser, um cadáver espiritual (João 3:3,5; Efésios 2:4-5), recria novamente a

imagem de Deus nele, espiritual, moral e intelectualmente (Efésios 4:22-24;

Colossenses 3:9-10), quebra o poder reinante do pecado (Romanos 6:14,17-18), remove

o ódio inato contra si mesmo e Sua Lei (Romanos 8:6-8) , e remove o poder para cegar

de satanás (2 Coríntios 4:3-6), de modo que o pecador pode abraçar livremente e de

bom grado a Cristo como pregado no evangelho. Este chamado eficaz vem no contexto

da declaração do evangelho e não separado dele. Qualquer ensinamento que denigre a

pregação do evangelho ou o evangelismo bíblico, ou busca outros caminhos para mover

os corações dos homens é decididamente antiescriturstico.

Deve-se notar que as evidências do chamado eficaz e convicção do pecado podem

variar grandemente. Saulo de Tarso era com evidência grandemente perturbado e

condenado por um período de tempo, lutando contra o cristianismo com todas as suas

forças (Atos 9:1-6). O carcereiro de Filipos foi grandemente afetado (Atos 16:23-34).

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Lídia, no entanto, foi simplesmente movida para acreditar, sua convicção do pecado

sendo mais interna com pouca, ou nenhuma, evidência externa (Atos 16:14). O único

denominador comum é que estes foram todos convertidos e suas vidas transformadas.

A relação da graça eficaz com a oferta gratuita do evangelho é um aspecto da

relação entre a soberania Divina e a responsabilidade humana. Nós - seres humanos,

cristãos, pregadores, evangelistas - não sabemos quem são os eleitos, ou quem serão

eficazmente chamados para a salvação. Estas são algumas das “coisas secretas” que

pertencem apenas a Deus (Deuteronômio 29:29), e são reveladas em tempo após o fato.

Certamente Deus tem chamado e convertido o mais improvável, como testemunhado na

conversão de Saulo de Tarso, e perseguidores marcantes, opositores, membros do culto

e as pessoas geralmente más da história, cujas vidas subsequentes demonstraram a

devoção deles à Cristo (1 Coríntios 1:26-3). Nossa preocupação deve ser a fidelidade

ao que Deus revelou no reino da responsabilidade humana – pregando o evangelho a

todos os homens sem restrição ou reserva (Mateus 28:18-20; Marcos 16:15; Lucas

24:47; Atos 1 :7-8; 20:26-27; 1 Timóteo 2:1-6). O fardo do ministério do evangelho é,

portanto, duplo: primeiro, que o evangelho seja pregado a todos, sem restrição, e,

segundo, que o evangelho é pregado em sua plenitude, ou seja, sem qualquer

truncamento de seu conteúdo doutrinário ou implicações práticas. Nossas vidas

evidenciam que temos sido “chamados das trevas para sua maravilhosa luz?” (1 Pedro

2:9).

82ª Pergunta – Aqueles que são efetivamente chamados participam de quais

benefícios nesta vida?

Resposta - Aqueles que são eficazmente chamados são feitos nesta vida

participantes da regeneração, conversão, justificação, adoção, santificação, e dos vários

benefícios que nesta vida acompanham ou fluem deles.

Romanos 8:28-31. 28”

E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para

o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu

propósito. 29

Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem

conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos

irmãos. 30

E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes

também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou. 31

Que diremos,

pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”

Romanos 5:1-5. 1”

Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus,

por nosso Senhor Jesus Cristo; 2pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça,

na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. 3E não

somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação

produz a paciência, 4e a paciência a experiência, e a experiência a esperança.

5E a

esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos

corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.”

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Efésios 1:3-6. 3”

Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos

abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; 4como

também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e

irrepreensíveis diante dele em amor; 5e nos predestinou para filhos de adoção por

Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, 6para louvor da

glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado.”

Veja também: Romanos 5:2; 1 Coríntios 1:26-31; Efésios 5:18-20; Colossenses

3:15-17; Filipenses 3:1; 4:4; 1 Tessalonicenses 4:16; 1 Pedro 1:6,8.

COMENTÁRIO

A Aliança da Graça refere-se ao eterno propósito redentor como ela se dirige aos

pecadores. Veja a Pergunta 66. É unilateral e, portanto, infalível, imutável e irrevogável.

Da eleição divina para a glorificação, o número e a identidade pessoal dos eleitos de

Deus - os objetos de seu amor eterno, soberano, graça e misericórdia - permanecem os

mesmos. Assim, aqueles que são eficazmente chamados como a primeira evidência

experimental desta relação de aliança, receberão cada um e todos os benefícios desta

relação, apesar das circunstâncias variadas da peregrinação terrena e experiência deles

(Romanos 8:28-39). Este é e deve ser o maior conforto e incentivo para todos os

crentes.

Os benefícios ou bênçãos que vêm para aqueles que são eficazmente chamados

necessariamente transcende esta vida terrena e são apenas totalmente cumpridos e

experimentados na glória da eternidade (Romanos 8:18-23,28-39 ; 2 Coríntios 4:14-18;

2 Pedro 3:13). Existem muitos incentivos e confortos dirigidos àqueles que

experimentam sofrimentos presentes, perseguições e oposição que apontam para a

eternidade e glória futura, a partir da qual os crentes estão certos que “as recompensas

deles estão no céu” e “que eles descansarão das suas obras e elas os seguirão” (por

exemplo: Mateus 5:11-12; Romanos 8:35-39; Apocalipse 14:13).

Esta pergunta e resposta, no entanto, concentram-se na atual experiência do crente.

Há grandes e presentes benefícios e bênçãos nesta vida terrena, para que cada crente

tenha o dever de ser constante e humildemente grato e também deva alegrar-se sem

cessar . Ser ou fazer de outra forma seria simplesmente incredulidade, prioridades

erradas, ou um egocentrismo pecaminoso que falharia em elevar-se ao nível da fé

bíblica. Os crentes são regenerados (João 3:33,5-8), convertidos (João 1:12-13);

experimentalmente levados à união com Cristo (Romanos 5:12-6:23; Gálatas 2:20;

Colossenses 3:1-4), adotados (Romanos 8:14-17 ; Efésios 1:3-7), justificados (Romanos

5:1-11) e santificados (Romanos 6:1-8:14).

Os benefícios e bênçãos que fluem a partir destas realidades espirituais são

inumeráveis. Incluídos nestes inúmeros benefícios estão:

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A quebra do poder reinante do pecado ao longo da vida (Romanos 6:14,17-18), uma

entrada abençoada e gloriosa em uma vida de graça, fé e esperança (Romanos 5:1-2);

uma transformação espiritual e moral (Efésios 2:8-10; 4:22-24);

Uma nova mentalidade (Colossenses 3:9-10), todos os pecados perdoados (Atos

13:38-39), reconciliação com Deus (Romanos 3:23-26; 2 Coríntios 5:18-21);

Uma verdadeira percepção que todas as coisas são Divinamente ordenadas para o

nosso bem (Romanos 8:28), nosso conforto divino nas provações (2 Coríntios 1:3-4);

Um Grande Sumo Sacerdote para interceder constantemente, e assim um acesso

constante ao Deus da glória (Romanos 5:1-2; Hebreus 4:14-16; 9:11-14,24; 1João 2:1);

e, em todas estas bênçãos uma conformidade progressiva à imagem do Filho de Deus

(Romanos 8:29; 2 Coríntios 3:17-18). Menção especial deve também ser feita e uma

grande atenção dada à nova, necessária e eficaz dinâmica na vida – a presente habitação

do Espírito Santo (Romanos 6:4-6,14; 8:13-27; Gálatas 4:4-7; Efésios 1:18-20). Embora

o crente tenha uma relação imediata e íntima com a Divindade triuna (João

14:6,16,20,23), é o Espírito Santo especificamente que é dito habitar no crente. Nós

temos este testemunho? (Romanos 8:11-16).

83ª Pergunta - O que é regeneração?

Resposta - A regeneração é o ato soberano de Deus, realizada abaixo do nível da

consciência, no qual ele comunica a vida Divina ao pecador, dando uma santa

disposição à mente, e é tal que garante uma certa, imediata e voluntária obediência ao

Evangelho.

João 1:12-13. 12”

Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem

feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; 13

Os quais não nasceram do

sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.”

João 3:3. Jesus respondeu, e disse-lhe: “Na verdade, na verdade te digo que

aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.”

Tito 3:5. “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua

misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito

Santo.”

Tiago 1:18. “Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para

que fôssemos como primícias das suas criaturas.”

1 Pedro 1:23. “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da

incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre.”

Veja também: Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:25-27; João 3:3-8; Colossenses

1:12-13; Mateus 19:28.

COMENTÁRIO

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Muitos equívocos rodeiam a verdade da regeneração ou do “novo nascimento.”

Considerado negativamente ou o que a regeneração não é: primeiro, a regeneração não é

um ritual, ou seja, um sacramento. Muitos acreditam que a regeneração é o resultado de

uma função sacerdotal ou eclesiástica, como a regeneração batismal. Necessariamente,

incluídos nesta visão estão os que sustentam que o batismo é essencial para a salvação.

Ainda inclui aqueles que igualam o movimento físico com a salvação, por exemplo,

responder a um “apelo” como sinônimo da própria salvação. As Escrituras ensinam que

a regeneração, ou o “novo nascimento” é um ato de Deus separado das ordenanças e

rituais humanos (Confira João 1:12-13; 3:3; Efésios 2:1-5). (Os versos-chave para a

regeneração batismal são João 3:5; Atos 2:38; 22:16; Tito 3:5; 1 Pedro 3:21).

O ensino da regeneração batismal ou da salvação por ritual é baseado em um

equívoco sobre a natureza da regeneração e uma confusão do símbolo ou figura com a

realidade. João 3:5, “ nascer da água e do Espírito” refere-se a Ezequiel 11:19-20;

36:25-27 e a promessa da Nova Aliança, que Nicodemos deveria ter claramente

entendido (João 3:5-10). Note Atos 2:38: “... Arrependei-vos, e cada um de vós seja

batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados...” A ordem, apesar

de um verbo composto em Português, é desigual em Grego, dando ênfase ao

arrependimento, com visão à remissão dos pecados. A ordem para ser batizado é uma

ordem muito menor. Marque o contexto e a declaração de Atos 22:16, “... Levanta-te, e

batiza-te, e lava os teus pecados...” Saulo estava convertido quando esta ordem foi dada,

e por isso deve ser interpretada figurativamente ou simbolicamente. Note Tito 3:5 e “

lavagem da regeneração.” A afirmação é autoexplicativa. O rito do batismo encontra-se

dentro da esfera das ações humanas. Finalmente, note 1 Pedro 3:21. O batismo é a

resposta de uma boa consciência; ele não tira fora a imundícia da carne, isto é, não

regenera ou purifica o individuo;

Segundo: a regeneração não é uma experiência emocional ou irracional. Alguns

confundem a regeneração com a conversão, e a conversão com irracionalismo. Outros

fazem da regeneração a resposta Divina para a fé do homem. A relação entre a

regeneração e a conversão é uma de causa e efeito. Veja a Pergunta 87. É uma

vivificação Divina para a vida espiritual, um “nascimento espiritual,” que é

necessariamente evidenciada tanto intelectual quanto emocionalmente no

arrependimento e na fé.

A seguinte resposta é geral e resumida para que sua natureza penetrante possa ser

percebida. A regeneração é “nascer de cima” ou “nascer de novo” (João 1:12-13; 3:3,5).

Há seis realidades espirituais essenciais que compõem a regeneração, ou o “novo

nascimento.” Se qualquer uma destas realidades não for verdadeira ou real dentro da

personalidade, o indivíduo é ainda não regenerado: primeiro, a transmissão da vida

Divina (João 3:3,5; Efésios 2:1,4-5). A não ser que o indivíduo receba tal princípio de

vida espiritual, ele não pode nem mesmo “ver” o Reino de Deus, muito menos entrar

nele. Ele pode perceber, conhecer ou entender muito, até mesmo de modo a ficar sem

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desculpa, mas sua vontade é dobrada em relação ao pecado e ao mal e seu interior é

escurecido (Romanos 1:18-25; 1 Coríntios 2:14).;

Segundo: a quebra do poder reinante do pecado (Romanos 6:3-14,17-18,20,22).

Todo ser humano, por natureza, é um escravo disposto ao pecado. Este poder é

quebrado por Deus em um ato definitivo da graça, e uma separação radical é feita com o

poder reinante do pecado na vida; Veja as Perguntas 94-95.

Terceiro: a remoção da inimizade natural do coração (Romanos 8:7-8; 1 Coríntios

2:14). O homem por natureza tem uma aversão inata de Deus e de Sua verdade. Esta

animosidade é removida por um ato soberano de Deus, permitindo o pecador voltar

salvificamente para Deus no contexto de Sua verdade;

Quarto: a recriação da imagem de Deus em princípio (Efésios 4:22-24; Colossenses

3:1-10). Ambas as passagens se referem a um ato passado, não uma súplica. O homem

foi criado como o portador da imagem de Deus. Na queda, esta imagem foi devastada

espiritual, moral e intelectualmente; o processo de pensamento tornou-se fragmentado e

dado à futilidade. O corpo físico, com seus apetites e desejos, assumiu uma influência

controladora sobre o indivíduo (Romanos 6:6,11-14; Efésios 4:17-19). Na graça

regeneradora, Deus recria a Sua imagem em princípio, na justiça, na santidade da

verdade e no conhecimento - uma transformação espiritual, moral e intelectual. Com a

mente assim liberta, e uma santa disposição dado à personalidade, o pecador é

habilitado a retornar livremente a Cristo na fé tal como apresentada na mensagem do

evangelho;

Quinto: a remoção da cegueira satânica (2 Coríntios 4:3-6). Acima e além de todos

os assuntos da vontade ou do coração, aparece (como que de um nevoeiro) o terrível

poder, o poder maligno de satanás, que cega especificamente os pecadores para a

verdade do evangelho, procura ainda remover qualquer influência do evangelho de

qualquer maneira que puder (Mateus 13:3-4,18-19; Marcos 4:4,15; Lucas 8:5,12). Esta

influência ofuscante é removida por um ato da graça de Deus;

Sexto: o dom da fé salvadora (Efésios 2:4-10). A conversão, ou o arrependimento do

pecado e a fé no Senhor Jesus Cristo, é inseparável da regeneração. A conversão é a

consequência infalível e imediata da obra do Espírito Santo sobre e dentro da

personalidade (Atos 16:14). As Escrituras geralmente consideram a regeneração e a

conversão inclusivamente como uma só. A conversão, especificamente a fé pessoal no

Senhor Jesus e o arrependimento do pecado, que necessária e infalivelmente expressa a

obra de Deus dentro da personalidade (Atos 13:12,48; 14:1; 16:14,27-34; 17:4,11-

12,34; 18:8,27; 19:18; Romanos 10:9-10,13,17; 1 Coríntios 2:4-5; Efésios 2:4-10).

Veja as Perguntas 86-88.

A necessidade de regeneração ou do novo nascimento é encontrada na impotência

espiritual absoluta do homem; no poder de cegueira do diabo; no propósito redentor

eterno,;e no reto caráter e na onipotência de Deus. Em qualquer ser humano depois de

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salvo ou liberto do poder reinante do pecado, da sua própria animosidade inata para com

Deus, do poder de cegueira de Satanás e finalmente do inferno eterno, Deus deve iniciar

a obra da salvação (Isaías 64:6; Mateus 13:3-4,18-19; Atos 16:14; Romanos 1:18-25;

3:11,27-21; 8:5-8; 1 Coríntios 2:14; 2 Coríntios 4:3-6; Efésios 2:1-10; 4:17-19; Tito

3:5; 1João 5:19). Dizer tudo isso é declarar que a salvação é pela graça.

Por causa do mistério desta operação Divina, a inabilidade de nossas mentes finitas

para compreendê-la totalmente, e a grande possibilidade de equivocar a Sua natureza,

Deus teve o prazer de representar a regeneração em termos humanos, usando figuras ou

metáforas para ajudar a nossa compreensão. A regeneração é descrita como um

“nascimento espiritual.” Esta é a designação mais comum. Conferir João 1:12-13; 3:3,5-

8; Tiago 1:18; 1 Pedro 1:23; 1João 3:9. Como um “nascimento,” é misteriosa e

milagrosa e assim expressa em termos figurativos. A regeneração é descrita como uma

“vivificação” para a vida espiritual, como um “transplante de coração.” A linguagem do

Velho Testamento de Jeremias 31:31-34; Ezequiel 11:19-20; 36:25-27, como cumprida

em 2 Coríntios 3 e Hebreus 8, embora expressa em termos simbólicos do Velho

Testamento, antecipa a Nova Aliança ou Aliança do Evangelho.

A regeneração é descrita como um “translado” de um reino para outro. Os crentes

foram transladados para fora do reino das trevas (do mal) para o Reino do Filho do

amor de Deus (Colossenses 1:12-13). Ela é descrita como uma “lavagem.” (Tito 3:5),

que não pode se referir ao batismo, pois este é um ritual dentro do reino e ao alcance da

atividade e do poder humano. Além disso, o batismo não pode vivificar ou limpar

espiritualmente (1 Pedro 3:18-21). Isto deve ser entendido simbolicamente e de acordo

com a analogia da fé ( Ezequiel 36:25-27).

A regeneração é ainda descrita como um “renovo do Espírito Santo.” Esta

linguagem é inerente à da regeneração (Tito 3:5). Refere-se à restauração da imagem de

Deus no homem (Colossenses 3:9-10; Efésios 4:22-24), o “coração de carne” (Ezequiel

36:25-27), o “novo homem,” ou a personalidade regenerada (Romanos 6:6). A

regeneração é descrita como uma “mudança de natureza” ou “de caráter” (2 Pedro 1:4;

Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9-10). Estas passagens referem-se à transformação

moral da personalidade ou a restauração da imagem de Deus, em princípio, no homem.

A regeneração é descrita como uma “nova criatura” (Efésios 2:4-10; 2 Coríntios 5:17;

4:3-6). A nova vida, nova natureza ou nova entidade transmitida por Deus é a criação do

“novo homem” que corresponde em princípio ao caráter moral de Deus.

Finalmente, a regeneração é descrita como uma “circuncisão” espiritual. Confira

Deuteronômio 10:16; 30:6; Jeremias 4:4; 9:26; Atos 7:51-53 com Romanos 2:28-29;

Filipenses 3:1-3; Colossenses 2:10-13. O antítipo da circuncisão é a regeneração. Os

que eram na Antiga Aliança circuncidados, agora na Nova Aliança são regenerados. A

regeneração é assim o sinal ou o selo da Aliança do Evangelho ou da Nova Aliança. A

regeneração, como o antítipo da circuncisão, é uma operação de coração realizada

somente por Deus (”uma circuncisão feita sem mãos”) em tirar a preeminência da carne,

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ou seja, quebrando o poder reinante do pecado. Conferir Romanos 6:1-14. Veja a

Pergunta 157.

Quem ou o que é a causa eficiente da regeneração? As duas áreas de tensão

teológica são:

Primeiro: que a pessoa deve ser vivificada espiritualmente, a mente e o coração

devem ser libertos da cegueira satânica, a mentalidade deve ser restaurada, a inimizade

natural removida, e o poder reinante do pecado deve ser quebrado antes que o pecador

possa realmente entender, acreditar e salvificamente responder ao evangelho;

Segundo: as Escrituras implicam que a Palavra pregada é fundamental para a obra

da regeneração e especificamente quanto à fé salvadora. Nós nunca devemos confundir

a ordem lógica com uma ordem cronológica. O que pode ser consistente e seguramente

indicado é que a regeneração ocorre no contexto da audição e compreensão da verdade

de Deus, e não fora Dela (Mateus 28:18-20; Marcos 16,15; Lucas 24:44; Romanos

10:13-15,17; 1 Coríntios 2,1-5; Efésios 1:3-14; 1 Tessalonicenses 1:4-5; 2:13; 2

Tessalonicenses 2:13-14). Como Deus ordenou o fim - a salvação dos pecadores - assim

Ele ordenou os meios para este fim que se trata da vivificação dos pecadores (uma

convicção salvífica do pecado), renovação (regeneração) e conversão (arrependimento e

fé) pela pregação do evangelho. Você é uma pessoa regenerada? Você exemplifica as

marcas da graça conversora?

84ª Pergunta – Qual é o exato ministério do Espírito Santo no pecador antes da

conversão, na mesma pessoa na conversão, e como um crente após a conversão?

Resposta - O Espírito Santo é a Pessoa da Divindade triuna que aplica a redenção

adquirida por Cristo. Antes da conversão, ele eficazmente chama, regenera, desperta; e

convence o pecador. Na conversão, ele graciosamente capacita o pecador a crer e se

arrepender. Após a conversão, ele ministra toda graça necessária para a experiência do

crente.

João 16:8. “E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do

juízo.”

João 3:5. “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não

nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.”

Romanos 5:5. “E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está

derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.”

Romanos 8:26-27. 26”

E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas

fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo

Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. 27

E aquele que examina os

corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos

santos”.

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Gálatas 5:22-23. 22”

Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade,

benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. 23

Contra estas coisas não há lei.”

Efésios 5:18. “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas

enchei-vos do Espírito.”

Veja também: Ezequiel 36:27; João 4:24; 7:39; 14:16-17; 15:26; 16:8-11,13;

Atos 10:19; 11:12; 13:2; 16:7; Romanos 8:1-5,11-16; 1 Coríntios 2:4.9-14; 3:16;

6:11; 12:1-7,11; 12:13; 2 Coríntios 1:22; 3:3,17-18; 5:5; Gálatas 3:2,4; 4:6; 5:16-

18,22-23,25; 6:8; Efésios 1:13,17-18; 2:18,22; 3:16; 4:3,30; 5:9,18-20; 6:17-18;

Filipenses 1:19; 2:1; 3:3; Colossenses 1:8; 1 Tessalonicenses 4:8; 5:19; 2

Tessalonicenses 2:13; 1 Pedro 1:2,22; 1João 3:24; 4:13; Apocalipse 22:17.

COMENTÁRIO

Dentro da Divindade triuna e no contexto da eterna Aliança da Redenção e da

Graça, é o Espírito Santo que aplica a redenção comprada pelo Senhor Jesus Cristo.

Veja as Perguntas 64 e 77. Assim, Ele não está apenas intimamente envolvido em toda a

nossa redenção, mas está especialmente proeminente em sua aplicação ao longo de

nossa experiência cristã: do nosso chamado para a salvação para o nosso estado final de

glória. Ao longo da obra do Espírito Santo na salvação, admite-se que Ele age sempre

em sintonia com a Palavra de Deus e nunca separado dela.

Antes da conversão, o Espírito Santo providencialmente supervisiona a vida e as

circunstâncias do indivíduo eleito, mas ainda incrédulo. Ele é de maneira providencial

preservado e protegido e é trazido em contato com a verdade salvadora. O Espírito

Santo chama, desperta, convence e regenera o pecador. Ele opera a convicção salvadora

na mente e no coração do pecador e revela-lhe Cristo, Tal como apresentado no

evangelho.

Na conversão, é o Espírito Santo que abre os ouvidos, os olhos, a mente e o coração

do pecador para a verdade do evangelho (1 Coríntios 2:14-16). O Espírito Santo

graciosamente habilita o pecador a crer e se arrepender (Atos 11:18; 18:27; Efésios 2:4-

10). Essa fé salvadora que é o dom de Deus é dada pela mediação do Espírito no

contexto da audição da verdade do evangelho. É o Espírito Santo quem opera essa

convicção que resulta em arrependimento na mente, no coração e na vida. É o Espírito

que remove a cegueira espiritual imposta por satanás na mente e no coração do pecador

(2 Coríntios 4:3-6).

Após a conversão, o Espírito Santo, como a principal Pessoa da Divindade triuna

habita no, e ministra toda a graça necessária para a experiência do crente. Ele é

geralmente chamado de “O Consolador,” ou Parakletos [ Gr. para, “ao lado” e kletos,

“chamados,” portanto, “ajudante,” “advogado”], aquele que substituiu a presença

pessoal e visível de nosso Senhor durante o seu ministério celestial até o segundo

retorno (João 14:12,16,26; 15:26; 16:7; Atos 2:32-33). Ele autorizou a igreja do Novo

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Testamento como a instituição ordenada por Deus para esta economia do evangelho no

dia de Pentecostes (Atos 1:8; 2:1ss). Ele inicia o envio de ministros do evangelho, e é

Aquele que encarrega e chama os homens para tal ministério (Atos 13:2-4; Efésios 4:7-

12). Ele dota os homens para o ministério e distribui variados dons para suas igrejas (1

Coríntios 12:1-7ss; Efésios 4:11-12).

Em um nível individual, Ele santifica o crente em conexão com a Palavra de Deus

(João 17:17; Romanos 6:1-23; 8:11-14; 1 Coríntios 1:30-31; 2 Tessalonicenses 2:13) e

lhe dá um senso de aceitação pelo Espírito de adoção (Romanos 8:14-17). Ele ilumina

todo crente a compreender as Escrituras (1João 2:20,27). Ele revela aos crentes as

“coisas profundas de Deus” (1 Co 2:9-13). Ele enche os crentes com um sentido do

amor de Deus e do amor de Cristo (Romanos 5:5; Efésios 3:14-20). Ele dá aos crentes

tanto uma restrição (Gálatas 5:16-18) quanto uma capacitação ou autoridade que é real e

eficaz em suas vidas (Romanos 6:14; Efésios 1:15-20). Ele capacita os crentes a

mortificar as manifestações do pecado interior e corrupção remanescente (Romanos

8:11-13; Colossenses 3:1-5ss). Ele intercede como um segundo, Paracleto interna em

nossas orações (Romanos 8:26-27).

É por meio do ministério da graça pelo Espírito que os crentes estão sendo

conformados à imagem do Filho de Deus (Romanos 8:29; 2 Coríntios 3:17-18). O

Espírito de Deus também media todo o nosso conforto, graça e incentivo, bem como

qualquer convicção de pecado ou liderança providencial. O fruto do Espírito são aquelas

graciosas virtudes que são as marcas essenciais da graça na personalidade (Gálatas 5:22-

23). Os crentes são assim ordenados a serem cheios com Espírito como a grande

realidade determinante das vidas deles e autoridade para todo o serviço deles (Lucas

11:11-14; Atos 2:4; 4:8,31; 6:3; 7:55; 9:17; 11:24; Efésios 5:18-20). Finalmente, é o

Espírito Santo que, como o penhor da redenção final, fala de paz à mente e ao coração

do crente a respeito de sua certeza de fé e de salvação (Romanos 8:14-16; 1 Coríntios

1:22; 2 Coríntios 5:5; Efésios 1:13-14).

Por causa deste variado e necessário ministério da graça, o Espírito de Deus não

deve ser entristecido (Efésios 4:30), nem o Seu variado ministério em nossas vidas

apagado ou escondido pelo pecado flagrante (1 Tessalonicenses 5:19). Os crentes são

convidados a “andar no Espírito,” de modo que eles “não cumprirão os desejos da

carne.” O Espírito de Deus ministra a graça na vida dos crentes de modo que estes não

podem viver como antes (Romanos 6:14; 2 Coríntios 3:17-18; Gálatas 5:16-18).

E os dons espirituais? O assunto Senhor Jesus Cristo pelo Espírito Santo dá vários

dons para o exercício no contexto da assembleia local e o seu ministério (Efésios 4:11-

16). Estes dons são para a edificação do povo de Deus e para a promoção da sua obra.

Se as listas dos vários dons espirituais forem intimamente estudadas, será notado que

muitos deles eram temporários e para a “infância” (estado imaturo) da igreja, ou seja,

eles foram dados até que o cristianismo fosse firmemente estabelecido e tivesse atingido

o seu lugar maduro no mundo (1 Coríntios 12:1-11,28-31; 13:8-13; 14:1-19). Os dos

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restantes são principalmente aqueles de ensino, pregação e ministração, e, portanto,

devem ser exercidos pela liderança masculina da assembleia.

Muitos hoje procuram “descobrir os seus dons espirituais.” Seja qual for o dom que

alguém possa ter, ele só é dado pelo Espírito Santo, de acordo com as Escrituras, e dado

para o exercício, para a edificação da assembleia por causa de uma determinada

necessidade. Ele é, ainda, um dom somente se tal habilidade é realmente necessária e

dada por Deus, e não apenas uma característica humana que é louvável. Qualquer

competição, discórdia ou confusão no exercício de um suposto dom simplesmente

revela que o crente está provavelmente equivocado sobre o seu “dom”! Deus não é o

autor da confusão (1 Coríntios 14:26-37).

O Pentecostalismo à antiga e o Movimento Carismático mais moderno fazem muito

mais do que o “batismo no Espírito.” Marque o seguinte: primeiro, considere a razão

para este fenômeno. Estes movimentos religiosos derivados do Perfeccionismo

Metodista (Wesleyano) e do Perfeccionismo Oberliniano, que ensinam que a conversão

está totalmente dentro da capacidade da pessoa (livre arbítrio), e também uma “segunda

obra de graça,” ou seja, que uma pessoa deve ser tanto “salva” (convertida, receber

Jesus como Salvador) quanto posteriormente “santificada” (isto é, receber o Espírito

Santo em uma obra separada da graça distinta de receber a Cristo na conversão). Veja a

Pergunta 115. Assim separando completamente a justificação da santificação. Portanto,

se alguém fosse perder sua santificação (isto é, cometer pecado), ele se tornaria

injustificado e perderia sua salvação. Isto inverte a ordem bíblica e baseia a justificação

de alguém sobre a própria santificação! A posse do Espírito Santo, então, é uma

evidência da santificação de alguém - e uma garantia de salvação. Portanto, é dada

muita atenção para o “batismo no, com ou do Espírito.” Pode ser facilmente notado que

uma abordagem antiescriturística a respeito da capacidade humana, o Espírito Santo,

justificação e santificação pode construir um sistema totalmente falso de doutrina,

prática e experiência. Veja as Perguntas 92 e 94.

Segundo, no pentecostalismo e no Movimento Carismático, a evidência deste

“batismo” é “falar em línguas.” É através de tal experiência que o indivíduo tem a

certeza da salvação e é “santificado.” Se os padrões escriturísticos fossem mantidos, o

moderno movimento de línguas seria visto totalmente como antiescriturístico:

As diversas línguas faladas no dia de Pentecostes não precisavam de

intérprete, como cada um os ouvia na sua própria língua (Atos 2:1-11). Este foi

definitivamente um evento miraculoso.

As línguas em Pentecostes e na casa de Cornélio foram sinais para os

judeus, e não sinais para o povo deles mesmos (Atos 2:1-11; 10:44-48; 11:1-18).

As línguas de Corinto, se eram línguas definitivas ou expressões de

êxtase, precisavam de interpretação de alguém distinto do orador, um outro que

tinha o dom de interpretação correspondente.

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As línguas eram um dom temporário para a infância do cristianismo, e

cessariam quando atingisse seu lugar de maturidade no mundo e o cânon

estivesse fechado (1 Coríntios 13:8-12). Veja a Pergunta 14.

As línguas nunca foram promovidas como uma forma de garantia.

O dom de línguas era um dos menores dons (1 Coríntios 12:7-11),

apenas para ser usado sob completo domínio próprio (1 Coríntios 14:29-32;

Gálatas 5:23), para nunca mais ser exercida sem um intérprete e nunca exercida

na assembleia por uma mulher (1 Coríntios 14:26-35).

Assim esses dons deviam ser exercidos através dos homens da

assembleia apenas.

Terceiro, embora muitos afirmem que “cada crente é batizado no corpo (místico) de

Cristo (a igreja universal invisível) na conversão,” as Escrituras ensinam de forma

diferente. Há seis passagens no Novo Testamento que definitiva e expressamente

ensinam o batismo com o Espírito Santo: Mateus 3:11; Marcos 1:8; Lucas 3:16; João

1:33; Atos 1:5; 11:15-17. Estas declarações, então, deve formar a substância para a

doutrina em questão. Uma investigação completa revela o seguinte: primeiro, o próprio

Senhor Jesus Cristo é o administrador, ou aquele que faz o “batismo,” “Ele (o Senhor

Jesus Cristo) vos batizará com (no) o Espírito Santo...” (Mateus 3:11; Marcos 1:8;

Lucas 3:16). “... Esse é o que batiza com ([no) o Espírito Santo.” (João 1:33). Segundo,

o Espírito Santo é o único em Quem ou com Quem eles foram batizados ou

identificados. Isto é expressamente declarado por cada passagem. Terceiro: os

incidentes que ocorreram no dia de Pentecostes (Atos 1:5; 2:1) e na casa de Cornélio

(Atos 10:44-47; 11:15-17) são os únicos casos identificados pela inspiração com o

batismo do Espírito Santo.

Há quatro passagens no Novo Testamento que são assumidas para ensinar o batismo

com o Espírito Santo: Romanos 6:3; Gálatas 3:27-28; Efésios 4:5; Colossenses 2:11-13.

Apesar de algumas destas passagens serem questionáveis quanto à sua relevância, elas

são, no entanto, tão usadas e assim incluídas. Um cuidadoso estudo trará a seguintes

conclusões: primeiro: não há absolutamente nenhuma menção de qualquer

administrador ou pessoa que realiza o batismo. Não há a menor menção do Espírito

Santo. Segundo, o Senhor Jesus Cristo é Aquele em quem eles são batizados. Terceiro,

pode ser inferido do contexto nestas declarações que todos os crentes estão incluídos.

Estas passagens referentes ao ser “batizados em Cristo” referem-se à união do crente

com Cristo. Veja as Perguntas 77 e 95.

Para explicar a aparente contradição, alguns usam 1 Coríntios 12:13 para ensinar

que o Espírito Santo batiza todos os crentes em “um só corpo,” que eles interpretam

como o “Corpo de Cristo,” ou a “igreja universal invisível.” Isto, certamente, não

explica o ensino primário dado na primeira lista (que deve ser o próprio fundamento da

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doutrina), nem o considera absolutamente. A segunda lista é utilizada como base para a

doutrina com base na suposição.

1 Coríntios 12:13 é vital para a compreensão da doutrina e merece uma exame

detalhado. Uma exegese deste versículo justamente o traz em harmonia com as

passagens que definitivamente ensinam o batismo do Espírito Santo. Marque o seguinte:

primeiro, a interpretação “por um Espírito” é literalmente “em um Espírito.” Isto traria a

primeira parte desta declaração em harmonia com o ensino básico e fundamental. A

frase “...todos nós somos batizados formando um corpo...” se lê: “...todos nós fomos

batizados formando um corpo...” O verbo é aoristo (um evento), referindo-se ao evento

de Pentecostes, e deve ser gramaticalmente traduzido como “fomos” ao contrário de

“somos.” Além disso, Paulo inclui-se no “nós.” Isto ainda está contra o argumento de

que este versículo se refere ao batismo com água na assembleia local de Corinto. Se este

versículo for tomado sob a luz daquelas declarações, elas definitivamente ensinam o

batismo do Espírito Santo, então logicamente se refere ao batismo do Espírito Santo no

dia de Pentecostes sobre a igreja do Novo Testamento como uma instituição - um

evento único.

Finalmente, qual é o significado de Pentecostes e do batismo no Espírito?” Há duas

considerações: primeira, era o antítipo ou o cumprimento final da “Festa das Primícias”

anualmente observada naquele momento. (Êxodo 23:16,19; 34:22; Levítico 23:10-12;

Números 28:26). Neste Pentecostes, a Igreja Neotestamentária autorizada pelo Espírito

(Atos 1:4-5,8) fez uma colheita das “Primícias,” cerca de três mil almas, o protótipo,

isto é, o exemplo do Espírito enviado e do Espírito capacitando - avivamento e o seu

estado de ser despertado;.

Segundo, este Pentecostes foi o credenciamento e a capacitação da igreja

Neotestamentária já existente como instituição ordenada por Deus para esta economia.

Isto é visto claramente quando a consideração é dada às antigas instituições. A

instituição ordenada por Deus para os Israelitas em suas viagens foi o Tabernáculo, ou

Tenda. (Veja Êxodo 25:1-9). Quando este Tabernáculo foi completamente construído e

funcional, os sacerdotes ordenados e as primeiras ofertas completadas, então Deus na

Shekinah visível desceu sobre o Tabernáculo “e a glória do Senhor encheu” ele (Êxodo

40:33-35). Tornou-se então a instituição ordenada por Deus para essa economia.

Quando o Templo de Salomão foi concluído, o povo e os sacerdotes santificados e

as primeiras ofertas completas, em seguida a Shekinah, ou a glória visível da presença

de Deus, desceu sobre e encheu o Templo (1Reis 7:51-8:11). O templo foi então

marcado como a instituição ordenada por Deus para a época. O mesmo se refere á igreja

Neotestamentária, neste Pentecostes. O grande e último antítipo ou cumprimento tanto

do Tabernáculo quanto do Templo foi visível e inequivocadamente separado, ou

credenciado como a única instituição ordenada por Deus para esta economia do

Evangelho.

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Este é o significado do batismo do Espírito Santo, que ocorreu no dia de Pentecostes

(Atos 1:4-5,8; 2:1-21,32-33). Veja a Pergunta 147. Nós possuímos o Espírito de Deus?

Ele é muitas vezes entristecido por nossos pensamentos e ações? Nós entendemos a sua

obra na vida dos crentes e da Igreja?

85ª Pergunta - O que é a convicção salvífica do pecado?

Resposta – A convicção salvífica do pecado é uma convicção operada pelo Espírito,

não apenas de determinados pecados, mas do pecado como o princípio reinante e

controlador da vida. É uma convicção que persevera até a fé salvífica e o

arrependimento, e continua ao longo da experiência do crente.

Salmos 90:8. “Diante de ti puseste as nossas iniquidades, os nossos pecados

ocultos, à luz do teu rosto.”

João 16:8-11. 8”

E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e

do juízo. 9do pecado, porque não creem em mim;

10da justiça, porque vou para meu

Pai, e não me vereis mais; 11

e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está

julgado.”

Atos 2:36-37. 36”

Saiba, pois, com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a

quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo. 37

E, ouvindo eles isto,

compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que

faremos, homens irmãos?”

Atos 24:25. “E, tratando ele da justiça, e da temperança, e do juízo vindouro,

Félix, espavorido, respondeu: Por agora vai-te, e em tendo oportunidade te

chamarei.”

Veja também: Mateus 27:3-5; João 8:9; Atos 9:1-6; 16:27-34; 26:9; Romanos

3:19-20; 7:7-13.

COMENTÁRIO

A terminologia evangélica “convicção do pecado” não ocorre na Bíblia, embora a

verdade e o sentido dessa terminologia está definitivamente presente. O termo

Neotestamentário comum [Gr. elencho] ocorre dezoito vezes, e é variadamente

traduzido como “repreensão,” “evidência,” “convencer,” “contar a culpa de alguém” e

“reprovar.” Este é um termo legal ou forense, que denota uma decisão ou veredito com

base em uma análise completa e cuidadosa das evidências. Num sentido espiritual, a

consciência ou o “coração” (ser interior) é alcançado através da mente pela recepção da

Verdade Divina, que produz um sentido pessoal consciente de culpa (João 8:9; Atos

2:37; 24:24-25).

Em essência, uma convicção do pecado ocorre quando a mensagem do evangelho,

enfatizando as verdades do caráter Justo de Deus, da terrível realidade do pecado e da

condenação eterna dos pecadores apresentadas para a mente, produz um intenso

sentimento de culpa consciente e pessoal (Atos 2:37). A consciência é a entidade dentro

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da personalidade humana, que é agitada, repreendida, reprovada ou condenada e

convencida da culpa. É uma consciência do pecado, junto com a sua pena e culpa que

leva o pecador a Cristo. A consciência é alcançada por intermédio da mente, ou seja, por

uma compreensão inteligente e recepção da verdade Divina, e não pela vontade ou das

emoções (afeições). Deveria haver substância suficiente na mensagem pregada para

despertar a consciência e produzir uma verdadeira convicção do pecado. É na

consciência, ou no “coração” (ser interior) que a Lei de Deus está escrita em virtude de

o homem ser o portador da imagem de Deus (Romanos 2:11-16). É este padrão absoluto

da justiça Divina, que, uma vez que a consciência é despertada e iluminada, produz uma

convicção salvífica do pecado pela graça do Espírito Santo (Romanos 3:19-20; 7:7-13).

Embora a lei moral seja o meio ordenado por Deus para a convicção do pecado, os

pecadores não devem ser expostos aos terrores da lei separados da pregação do

evangelho. Veja a Pergunta 38. Isto é mera pregação legalista sem esperança no

evangelho. A lei e o evangelho não são inimigos, e um não deve ser pregado em

detrimento do outro. Veja as Perguntas 41-42.

Desde que o homem é um ser caído e pecaminoso, a imagem de Deus nele foi

pervertida, e nem mesmo a consciência por si só é um guia seguro (Atos 26:9). Veja a

Pergunta 5. A consciência pode ser despertada e agitada por outros fatores que não seja

a obra do Espírito de Deus (João 8:3-9), mas ela apenas deve ser despertada, iluminada

e ativada pelo Espírito de Deus, trazendo uma consciência do poder condenatório do

pecado de uma forma mais poderosa. Os Antigos Teólogos chamam isto de “convicção

do Espírito Santo” ou convicção salvífica do pecado. Tal convicção deve infalível e

finalmente guiar o pecador à Cristo para a remissão, perdão e reconciliação.

Nem toda a convicção do pecado é salvífica. A convicção de consciência pode ser

muito grande. Contudo, ser apenas psicológica ou religiosa (João 8:9). Algumas

convicções de fazer o errado podem expressar-se em grande remorso, até mesmo

chegando ao extremo de se perder a esperança da vida completamente, ou até mesmo ao

suicídio, mas tal não é necessariamente uma convicção salvífica do pecado (Êxodo

9:27; 10:16; Números 22:34; Josué 7:20; 1Samuel 15:24,30; 26:21; Mateus 27:3-5). A

personalidade pode ser grandemente afetada por uma série de fatores que se

evidenciarão em algum tipo de comportamento ou compromisso religioso. Contudo, o

Espírito de Deus não está efetivamente operando em uma convicção evangélica de

pecado, por exemplo: o medo da morte e do inferno, o medo de ser pego por algum

crime ou ofensa moral, a consciência perturbada por motivo de uma educação religiosa

rigorosa, certos pecados ou crimes que podem muito bem afligir a consciência e evocar

a lei escrita no coração (Atos 24:24-26; Romanos 2:14-16), porém, se tal convicção não

leva o pecador a Cristo pela fé e pelo o arrependimento, ela é meramente religiosa ou

psicológica, não uma convicção espiritual ou salvífica.

Ao considerar o tema da convicção, deve-se fazer uma distinção necessária entre

“pecados” e “pecado.” Uma pessoa pode ser grandemente convencida em razão de

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certos pecados particulares que cometeu, e que podem atormentar sua consciência,

quando o agente produtivo não é o Espírito de Deus (Mateus 27:3-5; João 8:9). Ela pode

demonstrar grande medo (Atos 24:24-26) e remorso por tais pecados, e pode até mesmo

tornar-se religiosa ou reformar seu comportamento, sem experimentar uma verdadeira

mudança de coração (1Reis 21:27-29).

Como pode ser isto? A diferença está entre ser convencido e arrepender-se de

pecados particulares em oposição a ser convencido do pecado como o princípio

dominante e governante da vida e de vir a Cristo em fé com um coração arrependido. É

o pecado como a entidade dominante, reinante, controladora da vida que deve ser

tratado, pois este princípio perverso dominante está por trás dos pecados individuais e

particulares que podem tornar-se proeminentes à consciência. A menos que nós sejamos

dirigidos a Cristo para a salvação de todo e qualquer pecado, nossa consciência é

enganosa e nossa convicção defeituosa. Ser convencido de, e deixar de fora alguns

pecados, contudo retendo uma afeição de coração por outros, é simplesmente um

engano próprio fatal (Romanos 6:14). No entanto, é possível que a convicção salvífica

do pecado possa começar com a convicção sobre certos pecados específicos. A

pregação de Pedro no dia de Pentecostes e posteriormente no Templo acusou o povo de

Israel de assassinar o Príncipe da vida, um exemplo de ressaltar um pecado - a pregação

implícita do Sexto Mandamento (Conferir Atos 2:23,36-37; 3:13-15). Veja a Pergunta

42. Os seus pecados, e o pecado como o poder reinante em sua vida têm conduzido você

ao Senhor Jesus para remissão e reconciliação com Deus?

86ª Pergunta - O que é conversão?

Resposta - A conversão é o efeito necessário e imediato da graça regeneradora, o

retorno da vida de pecado para a justiça e piedade pela fé salvadora e do

arrependimento.

Mateus 18:3. e disse: “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não

vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no Reino dos céus.”

Atos 3:19. “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os

vossos pecados, e venham’ assim’ os tempos do refrigério pela presença do Senhor.”

João 12:40. “Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, A fim de que não

vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure.”

Atos 16:14. “E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da

cidade de Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para

que estivesse atenta ao que Paulo dizia.”

Veja também: Salmos 19:7; Isaías 6.10; Mateus 13:15; Marcos 4:12; Lucas

22:32; Atos 11:18; 15:03; 18:27; 28:27; 1 Tessalonicenses 1:4-9.

COMENTÁRIO

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O termo “conversão” é usado para significar virar-se para o Senhor Jesus Cristo em

fé, em arrependimento dando as costas ao pecado. Embora raramente mencionado por

este termo, é um conceito salvífico fundamental nas Escrituras para uma mudança ou

reversão de vida. No Novo Testamento, é tanto um evento quanto um estado ou

processo, ou seja, é tanto uma entrada para a experiência da vida cristã pela fé e

arrependimento iniciados pela graça de Deus como também o estilo de vida do crente

sustentado pela graça de Deus. As principais palavras tanto do Velho quanto do Novo

Testamento têm o sentido de “retornar,” ou “ (voltar) novamente.” Enquanto estes

termos se referem à obra inicial de graça na conversão, há também palavras do Novo

Testamento utilizadas para a mudança no estilo de vida que, em determinadas

passagens, demonstram o estado convertido. Estas são geralmente traduzidas como

“conversação” [anastrophe, “virar o lado de cima para baixo,” tropos, “modo de vida”]

(2 Coríntios 1:12; Gálatas 1:13; 1 Timóteo 4:12; Hebreus 13:5) ou “caminhar”

[peripateō, “caminhar por, estilo de vida”] (Romanos 6:4; 8:1; 13:13; 1 Coríntios 7:17).

(Em Filipenses 1:27 e 3:20 “conversão” é a tradução de politeuma, “o comportamento

de um cidadão”).

A conversão é o resultado inevitável e imediato da regeneração. A relação é de

causa e efeito (João 3:3-8; 1João 3:9). Os dois são inseparáveis. Embora a ordem lógica

possa parecer distinta, nós devemos tomar cuidado em confundir isto com qualquer

ordem cronológica. Estes ocorrem simultaneamente; regeneração é a causa, a conversão

é o efeito imediato. Veja as Perguntas 83 e 87.

Os elementos constitutivos da conversão são a fé e o arrependimento. Estes são “as

graças gêmeas” da conversão, a evidência ou manifestação da graça regeneradora.

Como eles são considerados em perguntas e respostas seguintes, apenas um resumo

precisa ser dado neste momento: primeiro tanto a fé quanto o arrependimento são as

expressões experimentais ou manifestações de graça regeneradora. A fé salvadora é um

dom de Deus, concedido na graça livre e soberana (Atos 18:27; Efésios 2:8-10;

Filipenses 1:29). Como tal, está em contraste gritante com a mera confiança humana ou

crença, que é nativa da natureza religiosa do homem, mas pode ser meramente

psicológica ou presumível. Este é um ponto mais crítico e equivocado, aqui significa

uma entrada para um outro sistema de crença; outro evangelho; outra mensagem; outra

metodologia; e outra experiência religiosa – tudo antiescriturístico;

Segundo: arrependimento salvífico ou evangélico é do mesmo modo um dom de

Deus (Atos 11:18). Isto distingue o arrependimento verdadeiro e evangélico de uma

experiência legalista autoimposta ou autoconjurada de remorso e tentativa de

autorreformação;

Terceiro: tanto a fé quanto o arrependimento são essenciais para a conversão. Como

deve haver um retorno para Deus em fé, também deve haver um virar do pecado para a

justiça (Mateus 3:7-8; Marcos 1:14-15; Atos 17:30-31; 26:19-20).

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Embora a fé e o arrependimento sejam ambos os dons Divinos e graciosos, o

pecador apropria-se deles e acredita, confia e depende do Senhor Jesus Cristo para a

remissão e perdão dos pecados, para , ser visto como justo diante de, e reconciliado com

Deus com um coração crendo voluntariamente, ele se arrepende por conta própria sem

ser convencido pelo Espírito Santo, e retorna de seu pecado para Deus. Mas o seu

próprio arrependimento e fé podem tornar-se enganosamente os elementos de uma

tentativa de salvação pelas obras.

Como pode ser isto? A salvação pela graça e a salvação pelas obras são sempre

distintas e opostas uma à outra (Romanos 11:5-6). A salvação pela graça não permite

qualquer mérito humano qualquer que seja. Até mesmo o dom da fé salvadora, quando

se torna a possessão do indivíduo, é não meritório, ou seja, a salvação é pela graça “por

meio da fé,” nunca “por causa da fé.” A fé é sempre instrumental, nunca causativa. Veja

as Perguntas 87-89. Tentar obrigar Deus a salvar porque alguém creu ou se arrependeu é

dar a estes os graciosos dons e mérito salvador. Este é um caminho sutil para a salvação

pelas obras. Nunca devemos transformar a graça de Deus em um sistema de obras. Esta

é a causa pela qual nós devemos estar absolutamente claros que a fé e o arrependimento

são concedidos graciosamente e não apenas os produtos da natureza humana, ou seja, a

mera confiança humana e a mera autorreformação. Nós estamos arrependidos?

87ª Pergunta - Qual é a relação necessária entre a regeneração e a conversão?

Resposta - A relação necessária da regeneração para a conversão é uma de causa e

efeito. A fé e o arrependimento são os efeitos graciosos imediatos da regeneração,

derivando a realidade deles da graça regeneradora.

João 1:12-13. 12”

Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem

feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome; 13

Os quais não nasceram do

sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.”

João 3:3. Jesus respondeu, e disse-lhe: “Na verdade, na verdade te digo que

aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.”

João 3:7-8. 7”

Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. 8O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem

para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.”

1 João 3:9. Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua

semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus.

Veja também: Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:25-27; João 6:44; Atos 11:18;

16:14; Efésios 2:1-10; Colossenses 2:13; 1 Tessalonicenses 1:4-10; Tiago 1:18; 1

Pedro 1:23; 1João 3:4-10; 5:1.

COMENTÁRIO

A relação da regeneração com a conversão é uma de causa e efeito imediato (João

1:12-13; 3:3-8; 1João 3:9). A regeneração é monergista; a conversão é sinérgica, ou

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seja, na regeneração o indivíduo é passivo, na conversão o indivíduo é

responsavelmente ativo, exercendo fé e arrependimento pela graça de Deus (Tiago 1:18;

1 Pedro 1:23; Atos 11:18; 16:31; 18:27). A regeneração é interna; a conversão é a

manifestação externa ou discernível da graça regeneradora. A regeneração é assim

invisível, enquanto que a conversão é visível em sua maioria (João 3:7-8). A

regeneração significa um novo coração; a conversão significa uma nova vida. A

regeneração é a transmissão da vida espiritual, a conversão é a imediata e contínua

expressão ou manifestação dessa vida espiritual. A regeneração é um nascimento

espiritual; a conversão é a vida espiritual resultante. Tal como acontece com a sua

contraparte natural, é uma vida que cresce e atinge um grau de maturidade (Romanos

8:29; 2 Pedro 3:18). A regeneração é causativa; a conversão é responsiva. Deve ser

lembrado que na experiência de alguém, é a conversão e não regeneração que é

percebida. A regeneração e a conversão ocorrem inseparavelmente e simultaneamente.

A ordem lógica não deve se tornar cronológica nem considerada separada do contexto

do evangelho. Nós manifestamos a realidade da graça regeneradora?

88ª Pergunta - Qual é a diferença entre a conversão bíblica e o “decisiãoismo”

moderno?

Resposta - A conversão bíblica é o retorno necessário do pecado para a justiça e

piedade por meio da fé e do arrependimento pela graça de Deus. O “decisãoismo” é um

substituto moderno para a conversão, e é escrituristicamente deficiente e inadequado

como uma experiência de salvação.

Atos 16:31. E eles disseram: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua

casa.”

Atos 17:31. “Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar

o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos,

ressuscitando-o dentre os mortos.”

Atos 26:19-20. 19”

Por isso, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial. 20

Antes, anunciei primeiramente aos que estão em Damasco e em Jerusalém, e por

toda a terra da Judeia, e aos gentios, que se emendassem e se convertessem a Deus,

fazendo obras dignas de arrependimento.”

Hebreus 12:14-15. 14”

Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual

ninguém verá o Senhor; 15

Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus,

e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se

contaminem.”

Veja também: Lucas 9:23; Gálatas 1:6-9; Filipenses 3:17-19; Tito 1:15-16.

COMENTÁRIO

A discussão a seguir é necessariamente expressa em termos contrastantes. Embora

possa haver diferentes graus de “decisisãoismo” ou “crendice fácil,” o sistema em si não

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tem uma base bíblica suficiente e frequentemente contradiz a doutrina do evangelho. É

relativamente uma nova inovação na história religiosa. A conversão e o “decisisãoismo”

são definidos pelo contexto bíblico doutrinário e histórico deles. A conversão é bíblica;

o “decisisãoismo” é biblicamente defeituoso. Doutrinariamente, a conversão é

necessária em virtude da terrível realidade e dos resultados devastadores do pecado; o

“decisisãoismo” frequentemente falha em compreender e lidar de forma adequada com

essa terrível realidade e devastação. A conversão é uma transformação profunda da

personalidade; o “decisisãoismo” é um mero redirecionamento da vontade. Conversão é

espiritual; o “decisisãoismo” como geralmente praticado, é psicológico. A conversão é o

início de uma vida transformada, o “decisisãoismo” como um sistema está isolado da

dinâmica do Espírito Santo e da necessidade da piedade.

A conversão é a prova infalível e evidência imediata da graça regeneradora. Ela é

composta pela fé e por meio do arrependimento, sendo que ambos são graciosamente

dados por Deus (Atos 11:18; 18:27; Efésios 28-10), capacitando o pecador a cumprir

salvificamente o mandamento do evangelho para se arrepender e crer. O

“decisisãoismo” refere-se à ideia moderna de que o que é necessário para a salvação não

é uma mudança radical da natureza (regeneração), evidenciada por uma mudança

radical de vida (conversão), mas simplesmente uma reorientação da vontade. Assim, o

“decisisãoismo” inverte a ordem escriturística e lógica, fazendo da regeneração a

resposta Divina para a decisão religiosa de alguém, implicando que a vontade do

homem se manteve inalterada pela queda e que ele possui plena (completa) capacidade

ou poder da escolha contrária - a habilidade consistente de escolher contrário à sua

natureza governante. Veja as Perguntas 83, 86-87.

A conversão, em seu contexto bíblico, mantém e glorifica a graça de Deus; o

“decisisãoismo” é antropocêntrico por natureza, e permanece isolado de um contexto

bíblico e doutrinário necessário. Onde está o contexto bíblico e doutrinário necessário

da graça regeneradora; da união do crente com Cristo; da justificação e da santificação?

Veja as Perguntas 83, 86-87.

A conversão é composta de tanto da fé no Senhor Jesus Cristo quanto do

arrependimento do pecado. Uma “decisão” religiosa é um ato da vontade, geralmente no

contexto do “sistema de convite” (”caminhando pelo corredor,” “vindo para a frente”

durante o “apelo”) que é equiparado a “receber Jesus como Salvador pessoal de

alguém.” O movimento físico e a realidade espiritual são considerados como sendo um

e o mesmo. No entanto, alguém pode fazer o movimento físico, sem renovação

espiritual, sendo simplesmente emocionalmente agitado em direção a uma decisão

psicológica ou emocional. O arrependimento é geralmente uma não entidade, como

alguém que tem a opção de viver como um “Cristão Carnal,” ou em algum momento

posterior “fazer Jesus ‘Senhor’ da vida de alguém” - uma contradição direta da

Escritura. Veja as Perguntas 70, 72, 75, 112 e 123

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O que motiva o pecador à conversão é o terrível fardo do pecado que ele carrega

consigo. Esse fardo o leva a Cristo para a libertação. A motivação para uma "decisão"

religiosa pode ser a salvação e a libertação de vários tipos de abusos ou vícios,

salvando o casamento ou a família de alguém, ou encontrando sentido para a realização

na vida. A conversão é necessariamente precedida por uma convicção salvífica do

pecado, uma "decisão" religiosa pode ser irracional (emocional, subjetiva , existencial)

ou pura e simplesmente intelectual.

As gloriosas realidades da regeneração, da conversão e de um estilo subsequente

de vida convertida (santificação) são muitas vezes reduzidas a uma mera "decisão"

religiosa intelectual ou emocional que deriva sua legitimidade do tempo e do lugar ou

do contexto de sua ocorrência. Qualquer metodologia evangelística que seja baseada no

pragmatismo religioso (sistema filosófico de regras e rituais para se obter salvação),

deve ser imediatamente suspeita. É certamente inadequado, o evangelismo que culmina

em uma decisão religiosa, em vez dos requisitos escriturísticos de uma vida

convertida,. Veja as Perguntas 86, 94-96, 109-112. A conversão é apenas o começo da

experiência cristã de alguém, não o culminar dela. O foco deve estar em proclamar

biblicamente a mensagem da salvação e ganhar conversos, não apenas obter decisões

religiosas. A vida subsequente é que vai testemunhar a realidade ou a não realidade da

graça de Deus em uma vida transformada, não uma mera, isto é, simples decisão

religiosa ou uma experiência de conversão verdadeira,

É totalmente antiescriturístico, o ensinamento que alguém pode simplesmente

receber Jesus como seu "Salvador" e depois fazê-lo "Senhor" de sua vida - uma forma

de ensino perfeccionista modificado que se trata da ideia de que a natureza humana

caída é perfectível). Isto traduz em qualquer pessoa um perfeccionismo sem pecado

nesta vida ou alguma forma modificada na qual a pessoa experimenta uma "segunda

obra da graça" ou progride do "carnal" para o "espiritual" por qualquer experiência ou

algum ritual de "rededicação". Veja as Perguntas 108-110. Deus fez de Jesus Cristo

"Senhor" em sua ressurreição e ascensão à glória (Atos 2:36). "Recebê-lo" como

menos é receber o "Jesus" da própria imaginação e não o Senhor Jesus Cristo da Bíblia

(Atos 2:36; Romanos 10:9-10; 1 Coríntios 12:3; 2 Coríntios 4:5). Qualquer

metodologia evangelística que iguale o movimento físico ["caminhando pelo corredor,"

"vindo para a frente" a convite] com o vir a Cristo salvificamente é na verdade

sacramental, ritualista e psicológica - não espiritual. O "convite," o exortar dos

pecadores a Cristo, é escriturístico; o "sistema de convite," como é geralmente

praticado, não é. Os pecadores devem ser instados a Cristo, exortados a escapar para

Cristo e apontados para Cristo para a salvação na pregação, durante o sermão e depois

do sermão (Atos 2:40; 17:30-31), e em conversa evangelística de forma pessoal.

Adicionar uma outra parte ao serviço religioso a fim de tornar a mensagem

evangelística eficaz é altamente questionável. Não é uma admissão tácita ou

subentendida que a mensagem em si é incompleta ou inadequada ou que deva ter

alguma metodologia psicológica adicionada a ela para torná-la eficaz?

Qual garantia de salvação é dada no sistema “decisisãonista”? A garantia está

geralmente ligada a um tempo, a um lugar e a uma decisão religiosa, ao invés de

derivada da verdade doutrinária das Escrituras. A garantia bíblica da fé repousa

objetivamente nas realidades doutrinárias do eterno propósito redentor de Deus e suas

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promessas. Subjetivamente, a garantia repousa na própria santificação, que testemunha

a realidade de sua justificação (Romanos 5:1-6:23; 1João 2:3-5), ou seja, as marcas da

graça se manifestam na vida - num estilo de vida convertido (2 Pedro 1:4-11).

Finalmente, a garantia reside no testemunho do Espírito Santo e sua obra peculiar no

verdadeiro crente (Romanos 5:5; 8:11-16). Veja as Perguntas 110-112. Nós somos

convertidos ou tivemos apenas uma experiência religiosa momentânea?

89ª Pergunta - O que é a fé evangélica ou salvífica?

Resposta - A fé evangélica ou salvífica é um dom de Deus, a consequência da

graça regeneradora, que, sem reservas, se apodera de Jesus Cristo como Senhor e

Salvador para a salvação.

Atos 16:30-31. 30”

E, tirando-os para fora, disse: Senhores, que é necessário

que eu faça para me salvar? 31

E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás

salvo, tu e a tua casa.

Romanos 10:9-10. 9”

A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor

Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás

salvo. 10

Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz

confissão para a salvação.”

Efésios 2:8-10. 8”

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não

vem de vós, é dom de Deus. 9Não vem das obras, para que ninguém se glorie;

10Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais

Deus preparou para que andássemos nelas.”

Veja também: os seguintes são exemplos de fé como pessoal, crença

salvadora: Mateus 18:6; Marcos 1:15; João 1:12-13; 9:35-38; 11:27; 12:39-41;

20:31; Atos 4:4; 8:36-37; 13:39,48; 14:1; 18:27; Romanos 3:21-23,27-31;

4:11,24; 10:13-14,17; 1 Coríntios 1:21; 2:1-5; Filipenses 1:29; 1 Tessalonicenses

2:13; 2 Tessalonicenses 1:10; 1 Timóteo 1:16; 4:3,10; Hebreus 4:3; 10:38-39;

11:1-40; Tiago 1:2-4; 1 Pedro 1:5,7; 2:7; 1João 2:23; 5:5,13.

Os seguintes são exemplos da "fé" como se estivesse conotando o conteúdo

doutrinário ou o ensino substancial do cristianismo, o conteúdo da revelação Divina que

os fiéis devem acreditar: Atos 6:7; 13:8; 14:22; 16:5; Romanos 1:5; 10:8; 14:1; 1

Coríntios 16:13; 2 Coríntios 13:5; Gálatas 1:23; Efésios 4:5,13; Colossenses 1:23; 2:5;

1 Timóteo 6:21; 2 Timóteo 4:7; Tito 1:4,13; Judas 3.

Os seguintes são exemplos de uma "fé" defeituosa ou "crença" temporária, que é

distinta da verdadeira fé salvífica: Lucas 8:13; João 2:23-25; 8:30-59; 12:42; Atos 8:13-

24; 26:27-28; Hebreus 6:1-9; 10:38-39; Tiago 2:14-26.

COMENTÁRIO

Existem poucas palavras e entidades nas Escrituras ou na religião cristã que são

mais importantes e significativas do que a "fé." A fé permanece como o epítome, ou

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168

seja, resumo da salvação pela graça. O próprio termo é utilizado para designar o

conteúdo doutrinário ou substancial do cristianismo. Além disso, a fé é sinônimo da

relação de alguém com Deus e é descritiva da experiência cristã como um todo. Tal

assunto exige assim um exame minucioso. Qualquer desvio aqui pode bem se revelar

fatal para a relação de alguém com Deus e Sua verdade, e para a esperança de salvação

eterna de alguém.

Os termos bíblicos são tanto nominais, "fé," quanto verbais, "crer." Crer é ter fé, e

ter fé é crer. A fé, a menos que seja totalmente irracional precisa de uma natureza

distinta, uma base ou garantia, uma função, um objeto e uma confiança ou segurança.

A natureza da fé salvífica pode ser encontrada nas seguintes indicações: a fé

consiste de uma crença, uma aprovação da verdade e suas implicações, um

compromisso correspondente – uma confiança ou dependência extrema no seu

Objeto. É o dom de Deus, graciosamente transmitido na regeneração. Isto torna a fé

salvífica única e dá a ela seu caráter distinto e objetivo. Embora ela seja um dom de

Deus, a fé é exercida pelo indivíduo como sua. A mera confiança humana, no entanto, é

inteiramente subjetiva, e possivelmente sem qualquer caráter objetivo, e assim

necessariamente variaria de uma pessoa para outra. Como o dom de Deus, a fé salvífica

reflete essa única fé descrita na Escritura e permanece idêntica em caráter para cada

convertido verdadeiro. A fé necessita de um tipo correspondente de vida ou expressão

consistente, ou seja, a fidelidade cristã. A pessoa entra em uma vida de fé e confiança.

Ao considerar a natureza da fé salvífica, devemos cuidadosamente observar que

nem toda fé é salvífica. Sobre isso, as Escrituras são muito claras (Mateus 13:5-6,20-21;

Lucas 8:14; João 2:23-25). A atitude de muitos dentro do moderno Cristianismo

evangélico é que toda a fé é salvífica, e que a profissão de fé de uma pessoa deve ser

tomada pelo valor nominal e nunca questionada. Além disso, presume-se que a fé

salvífica é sinônimo de mera confiança humana, e que tal fé é, de fato, o produto de

nossas próprias personalidades. Presume-se que cada pessoa tem a fé para crer em

Cristo, o único problema é para onde ela dirige tal fé. Veja a Pergunta 88.

Existem vários tipos de "fé" descritas nas Escrituras, e estas precisam

cuidadosamente ser identificadas. Estar defeituosa, neste ponto crucial é estar

fatalmente enganado:

Primeiro, há uma fé doutrinária (Atos 6:7; 13:8; 14:22; 16:5; 24:24; Romanos 1:5;

10:8; 2 Timóteo 4:7; Judas 3). Falar de uma fé doutrinária é legítimo. O Novo

Testamento usa o termo "fé" para denotar tanto o conteúdo doutrinal do Cristianismo

quanto o Cristianismo em geral. É bem possível, no entanto, ter uma fé meramente

doutrinária sem a graça salvífica. Existem aqueles cuja fé está contida dentro de credos

ou confissões, mas ela não é vital e nem transformadora de vida;

Segundo: há uma fé meramente intelectual (1 Coríntios 15:1-2; Tiago 2:19). É

possível ter uma fé vazia, contudo "crer em vão" (sem propósito). Esta é uma fé que está

isolada das Escrituras e uma experiência de conversão com a sua vida subsequente. Isto

pode descrever muitos que têm apenas uma experiência religiosa momentânea ou

isolada. Este parece ser o caso daqueles "semeados entre os espinhos" que, embora

retendo a profissão deles "não dão fruto com perfeição" (Lucas 8:14). Isto pode bem

descrever muitos cristãos professos nominais;

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Terceiro: há uma fé temporária (Mateus 13:20-21; João 2:23-25), que pode ser

meramente intelectual ou emocional, baseada em alguma coisa vista ou sentida, mas não

solidamente fundamentada nas Escrituras. Foi assim com as pessoas em João 2:23-25,

que se espantaram com as visões, mas os corações delas se mantiveram inalterados. O

mesmo foi verdade dos ouvintes do solo pedregoso que permanecem na profissão deles

apenas por um curto período de tempo (Mateus 13:5-6,20-21);

Quarto: há uma fé meramente teórica, que existe apenas em princípio, por uma

questão de conveniência ou de vantagem pessoal (João 12:42-43; Atos 26:27-28). Esta

caracterizava alguns líderes judeus secretos e comprometidos, e também o Rei Agripa II

que, apesar de um Idumeu [descendente de Esaú], tornou-se um devoto do Judaísmo;

Finalmente, há uma fé seletiva, que escolhe crer em algumas coisas na Escritura,

mas não em outras. Por exemplo, esta pode ser uma fé que pode crer no céu, mas não no

inferno; ou pode ser uma fé que não chega a um acordo escriturístico com o Senhorio de

Jesus Cristo (Mateus 28:18; Atos 2:36; Romanos 10:9-10 ; 2 Coríntios 4:5). Nós não

podemos aceitar ou receber o Senhor Jesus Cristo como ninguém menos do que ele é.

Deus o fez "Senhor," e nós devemos recebê-lo como tal. "Aceitá-lo" como ninguém

menos não é a fé salvífica no Senhor Jesus Cristo das Escrituras.

A fé salvífica possui três elementos:

primeiro, um elemento intelectual ou conhecimento. Esta é a base cognitiva para a

fé, ou seja, sua base ou garantia em Deus e Sua Palavra (Romanos 10:17). Segundo, um

elemento emocional ou uma confirmação de acordo com a cognição, passa para a

convicção que Cristo é o Único e Suficiente Salvador (Atos 4:12; Romanos 10:9-10;

Efésios 2:8-10). Terceiro: um elemento volitivo, ou a confiança ativa, alegre e

autoabandonada em Cristo para a libertação, perdão, remissão e reconciliação (Romanos

1:17; Efésios 1:13; Filipenses 1:29; 1 Pedro 1:3-5). A fé salvífica é total, um

compromisso sem reservas com Jesus Cristo como Senhor e Salvador (João 3:16; Atos

16:31; Filipenses 1:29). As construções gramaticais do Novo Testamento são as

seguintes: Nós temos "fé em Cristo" (Gálatas 3:26), "crer em (sobre) Cristo" (João 3:16;

Filipenses 1:29), ou "crer em Cristo" (Atos 16:31) para a salvação. Estas eram

expressões técnicas na cultura e na língua daquele dia, não havia dúvida alguma quanto

ao compromisso de fé, aonde quer que o evangelho fosse pregado– ela não significava

nada menos do que compromisso absoluto e sem reservas a Jesus Cristo como Senhor.

A Base ou Garantia da fé. A fé envolve uma crença correta acerca de Deus e Sua

Palavra. A fé bíblica em geral, e fé salvífica em particular, tem sua base ou fundamento

no triuno e autorrevelado Deus das Escrituras. Sua Palavra escrita é a verdade absoluta

(João 17:17), e como a própria Palavra de Deus, ela é autoautenticada. A fé recebe as

Escrituras como a própria Palavra de Deus. A fé bíblica tem assim como sua garantia ou

razão para crer, a veracidade ou a confiabilidade de Deus por intermédio de Sua

Palavra. Veja as Perguntas 7-19. Na questão da salvação, a fé repousa na verdade de

Deus em geral, e nas promessas do evangelho em particular. O pecador tem garantia

suficiente porque ele é um pecador e é convidado, sim, insistido e ordenado a se

arrepender e crer. O ponto de foco da fé salvífica é a justiça imputada de Jesus Cristo.

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Esta perfeita justiça, adquirida pela obediência ativa e passiva do Senhor Jesus, é

apropriada somente pela fé. Veja as perguntas 70-71 e 89;

A Função da Fé Salvífica. A fé é instrumental, não causativa, em nossa salvação.

Em outras palavras, nós não estamos salvos "por causa da fé," mas sim "mediante a" ou

"por meio da" fé (Efésios 2:8-10). Esta é uma questão crítica. Este é, de fato, o divisor

de águas entre a salvação pela graça e a salvação pelas obras (capacidade humana

inata). Ser salvo por causa da fé significaria necessariamente que tal fé seria mera

confiança humana, que se oporia ao próprio princípio e à realidade da graça Divina.

O Objeto da Fé Salvífica: A eficácia da fé salvífica repousa em seu Objeto, o

Senhor Jesus Cristo, na plenitude de sua Pessoa e obra, como revelado nas Escrituras.

Não é a fé em si que salva, mas a fé no Senhor Jesus Cristo que salva. A fé sem um

objeto é totalmente irracional.

A Garantia da Fé Salvífica: A fé e a garantia estão inerentemente relacionadas.

Reivindicar ou expressar a fé religiosa, a confiança ou dependência, alguém também

necessariamente reivindica algum tipo de persuasão, confiança ou segurança. Uma fé

sem confiança ou garantia seria um absurdo, como a fé em si é a crença subjetiva,

confiança ou dependência em Cristo para todas as coisas pertinentes à salvação. Se a fé

é verdadeira, genuína e salvífica, então a garantia é válida; se a fé é defeituosa ou falsa,

então assim é a garantia. Veja as Perguntas 91, 110-112. Nossa fé pessoal reflete a

verdade das Escrituras?

90ª Pergunta - O que é o arrependimento evangélico ou salvífico para a vida?

Resposta - O arrependimento evangélico ou salvífico para a vida é um dom de

Deus, a consequência imediata da graça regeneradora, e é evidenciado ao retornar do

pecado para Deus.

Marcos 1:15. E dizendo: “O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está

próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho.”

Lucas 24:47. “E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão

dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém.”

Atos 11:18. “E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e glorificaram a

Deus, dizendo: Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a

vida.”

Atos 17:30-31. 30”

Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância,

anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam; 31

Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo,

por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o

dentre os mortos.”

Veja também: Gênesis 6:6; Êxodo 32:7-14; 1Samuel 15:28-29; Jó 42:6; 2

Crônicas 7:14; Jeremias 31:19; Jonas 3:4-10; 4:2; Mateus 3:2,7-8; 11:21; 12:41;

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Marcos 2:17; Lucas 11:29-32; 13:1-5; 15:7; 16:30; 17:3; Atos 2:38; 3:19; 5:31;

8:22; 20:21; 26:20; Romanos 2:4; 11:29; 2 Coríntios 7:9-10; 2 Timóteo 2:25;

Hebreus 6:5-6; 12:17; 2 Pedro 3:9; Apocalipse 2:5,16,21-22; 3:3,19.

COMENTÁRIO

Tal como acontece com a fé salvífica, uma compreensão do arrependimento

evangélico ou salvífico é vital para a compreensão do Cristianismo bíblico. No

Cristianismo evangélico moderno, o arrependimento tem predominantemente se tornado

uma doutrina perdida. Ou está em desacordo com as Escrituras por ser feito necessário

para a salvação por estar ligado ao batismo, feito sinônimo da fé, sendo mesclado com a

fé, ou ainda relegado basicamente aos judeus, até que ele simplesmente não seja mais

relevante.

O termo "arrependimento" significa uma mudança de mente. Soteriologicamente,

é uma mudança de mente ou coração por causa do pecado que resulta em revoltar-se

contra o pecado e voltar-se para Deus, assistido por uma subsequente mudança do estilo

de vida (Mateus 3:7-8; Marcos 1:14-15; Atos 17:30-31; 20:21; 26:19-20).

O arrependimento aplica-se tanto aos não convertidos quanto aos convertidos, ou

seja, quando alguém é convertido, ele se arrepende de seus pecados e pecado (Lucas

24:47; Atos 17:30-31). Após a conversão, por ser um crente, e por ele ainda ter que lidar

com as manifestações do pecado interior e da corrupção remanescente, ele continua

arrependido ao longo de sua experiência Cristã (1 João 1:7-10; 2:1; Apocalipse 3:1-3).

O uso do termo "arrependimento" na Bíblia portuguesa pode resultar em alguma

confusão porque há dois termos gregos diferentes traduzidos como tal. Por exemplo, em

Mateus 27:3-5, Judas é dito ter-se "arrependido" (estava cheio de remorso ou desgosto)

então depois, "foi-se enforcar." Judas não se arrependeu no sentido de mudar sua mente

ou retornar sua vida do seu pecado para Deus no contexto de seu ato perverso, mas

estava sim apenas cheio de remorso ou desgosto (metamelomai). É verdade que o

arrependimento salvífico terá a sua quota de remorso, desgosto, tristeza ou pesar, mas

também será uma mudança de mente (metanoia) acerca do pecado, uma confissão dele,

e em seguida uma saída dele pela graça capacitadora de Deus.

Existem três elementos necessários que pertencem ao verdadeiro arrependimento

evangélico. Note que há uma imagem tirada das Escrituras para nós no arrependimento

de Nínive (Note a relação entre Lucas 11:29-32 e Jonas 3:1-8);

Primeiro: o elemento intelectual: o pecado admitido, ou convicção. Segundo, o

elemento emocional: o pecado abominado, ou contrição;

Terceiro: o elemento volitivo: o pecado abandonado, ou conversão. O

arrependimento é do pecado diante de Deus, uma mudança da mente e vontade. É um

ato da vontade, capacitado pela graça, a abandonar e retornar do pecado. É verdade que

o arrependimento salvífico culmina na conversão. Você já retornou dos seus pecados -

todos os pecados e pecado como o princípio governante de sua vida - para o Senhor

Jesus?

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91ª Pergunta - Qual é a relação lógica e cronológica entre a fé e o

arrependimento?

Resposta - Lógica e cronologicamente, os graciosos efeitos da regeneração são a

fé e o arrependimento. Embora o arrependimento seja geralmente dado prioritariamente

no comando e na experiência, tanto a fé quanto o arrependimento ocorrem

simultaneamente.

Marcos 1:14-15. 14

E, depois que João foi entregue à prisão, veio Jesus para

a Galiléia, pregando o evangelho do reino de Deus, 15

E dizendo: “O tempo está

cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no

evangelho”.

Veja também: Atos 3:19; 20:21.

COMENTÁRIO

Em resumo, a fé e o arrependimento são dons Divinos da livre e soberana graça

(Atos 11:18; Efésios 2:4-10), concedidos na regeneração (João 3:3,5-8), e

imediatamente evidenciados na vida e na experiência. Veja as Perguntas 83, 86-87. Na

conversão, alguém não só acredita e se arrepende, mas entra em um estado de crença e

em um estado de arrependimento que se estende ao longo de sua experiência cristã. É

importante notar que o arrependimento surge de um coração e de uma mente crente.

É vital entender que o arrependimento e a fé não são obras pelas quais nós

ganhamos ou merecemos nossa salvação. Apesar de livre e espontaneamente nos

arrependermos e crermos, estamos graciosamente habilitados a fazê-lo. O primeiro

passo para pensar que o arrependimento ou a fé pode merecer a posição de alguém

diante de Deus é tomado quando se pensa que a salvação em geral e justificação em

particular é "por causa da fé" ao invés de "por meio ou por intermédio da fé." Este é o

divisor de águas entre a salvação pela graça e a salvação pelas obras (compra com

obras). Você está repousando em Cristo ou naquilo que você tem feito? A salvação é

pela graça, não pelo desempenho.

92ª Pergunta – O que é a justificação?

Resposta - A justificação é um ato forense e gracioso de Deus, em que ele perdoa

todos os pecados do crente, declara que ele é justo diante de Seus olhos, em virtude da

justiça de Cristo imputada ao crente, este é recebido e reconciliado com Deus pela fé

apenas.

Romanos 3:24. “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela

redenção que há em Cristo Jesus.”

Gálatas 2:16. “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei,

mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos

justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei; porquanto pelas obras da

lei nenhuma carne será justificada.”

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Romanos 5:1-2. 1”

Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com

Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; 2pelo qual também temos entrada pela fé a

esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de

Deus.”

Filipenses 3:9. E seja achado nele, não tendo a minha justiça que vem da lei,

mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé;

Romanos 4:5-8. 5”

Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que

justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça. 6Assim também Davi

declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras,

dizendo: 7Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, E cujos

pecados são cobertos. 8Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o

pecado.”

Veja também: Gênesis 15:6; Deuteronômio 25:1; Jó 9:2; 25:4; Eclesiastes

7:20; Isaias 5:23; 53:11; Habacuque 2:4; Mateus 5:6; 12:37; Lucas 18:14; Atos

13:39; Romanos 1:17; 3:19-20; 3:21-5:21; 8:1,29-34; 1 Coríntios 1:30-31; 6:11; 2

Coríntios 5:13-21; Gálatas 2:15-5:1; Efésios 1:7; Filipenses 3:4-14; Hebreus

10:38; Tiago 2:14-26; 1 Pedro

3:18; 1João 1:9.

COMENTÁRIO

A questão essencial da justificação é a mais fundamental e básica de todas as

religiões: "Como se justificaria o homem para com Deus?" (Jó 9:2). Na realidade, esta

questão pressupõe a queda, a apostasia e a alienação do homem pecador, a terrível

realidade e natureza do pecado, e da justiça absoluta e terrível ira de um Deus três vezes

Santo. Somente através da imputação de uma justiça que atende tanto aos requisitos

quanto à penalidade da lei moral de Deus. O ímpio pode ser justificado e reconciliado

com o Deus das Escrituras.

A justificação pela fé é assim o próprio coração do Evangelho. Já que esta

doutrina bíblica é o núcleo da verdade objetiva, é vital compreendê-la completamente.

A justificação pela fé, ou seja, uma justificação gratuita ou graciosa, determina o

verdadeiro caráter do Cristianismo como uma religião de graça e de fé. Ela define a

vida, o sofrimento e a morte de nosso Senhor como uma plena satisfação no contexto da

Lei e da Justiça Divina. Ela define tanto na perspectiva adequada quanto no alívio

corajoso da justiça Divina, misericórdia e graça na punição do pecado e no perdão dos

pecadores em relação à Pessoa e à obra do Senhor Jesus Cristo. Ela esclarece tanto a fé

quanto a moralidade Cristã, e forma a base da confiança, garantia e esperança Cristã

(Romanos 5:1-2). A justificação pela fé torna o Cristianismo a única religião verdadeira

para toda a humanidade. Qualquer outro suposto refúgio para o homem é falso

(Romanos 3:21-26).

Os termos em língua portuguesa "justificar" e "justificação" derivam do Latim

justificare e justificatio (de justum e facere), e podem significar tanto "declarar justo ou

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reto" ou "tornar justo ou reto." Esta ambiguidade resultou no falso ensino de que a

justificação é uma justiça infundida (justitia infusa), isto é, transmitida em vez de uma

justiça imputada (justitia imputata), a qual Deus perdoa e assume a responsabilidade

pelos pecados dos pecadores. Por causa desta ambiguidade, o significado de justificação

deve derivar da utilização dos próprios termos bíblicos, e não simplesmente da

etimologia deles. Uma justiça infundida (transmitida) confundiria a justificação com a

santificação, e inevitavelmente resultaria em salvação pelas obras, ou seja, a justificação

dependeria da santificação de alguém (santidade de vida) - o erro tanto do Catolicismo

quanto do perfeccionismo. Veja as perguntas 34, 84, 88 e parágrafo introdutório à Parte

V.

Separada em suas partes constituintes, a verdade da justificação pela fé é explicada

nas declarações seguintes. Esta análise serve como um resumo e uma introdução para o

restante deste estudo sobre a justificação:

Primeiro, a justificação é uma verdade revelada sem analogia na esfera natural de

revelação geral ou Teologia Natural, ou até mesmo no sistema jurídico humano, que

procura justificar os inocentes e condenar os culpados. É apenas uma questão de

revelação redentora e especial Divina;

Segundo: a justificação é um ato objetivo, declarativo e constitutivo de livre graça

da parte de Deus, não é nem merecida, nem é um processo (Romanos 3:24). Não é uma

experiência subjetiva, ou seja, não deve ser combinada ou confundida com a

santificação. Deus declara o pecador crente reto ou justo; ele não faz dele justo. A

primeira é a justificação; a segunda é a santificação). Veja a Pergunta 94.

Terceiro, a justificação é forense e constitutiva, ou seja, é um pronunciamento

legal que declara o pecador justo diante do tribunal Divino. Ela responde total e

completamente tanto às demandas quanto à penalidade da lei moral de Deus (Atos

13:38-39; Romanos 3:19-31);

Quarto: a justificação é a imputação da justiça, e não a transmissão da justiça

(santificação), ou seja, é a própria justiça de Cristo imputada ao pecador crente, não

uma justiça transmitida ou infundida. A justificação muda a posição ou o estado de

alguém diante das demandas e das penas da lei como o padrão de justiça Divina, ela não

muda o caráter ou a natureza da pessoa. Em suma, o pecador é declarado justo, não feito

justo. Deus justifica o ímpio (Romanos 4:5-8);

Quinto: a justiça mediadora do Senhor Jesus Cristo, adquirida por sua obediência

ativa à lei durante sua vida terrena, na qual ele cumpriu completamente suas exigências,

e sua obediência passiva, incluindo seu sofrimento e morte, na qual ele promoveu a

plena satisfação para pena da lei, são ambas imputadas ao pecador crente que, até o

momento da justificação, é ainda ímpio (Romanos 4:5; 2 Coríntios 5:21);

Sexto: os pecados do crente são todos imputados a Cristo e sua justiça é imputada

ao crente (Romanos 5:12-19; 2 Coríntios 5:21). Assim, há o perdão, a misericórdia e a

remissão dos pecados, a imputação de uma justiça positiva e reconciliação com Deus;

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Sétimo: a imputação da justiça de Cristo é por meio da fé tão somente (Romanos

5:1). Como um ato declarativo ou constitutivo gracioso, ela não pode ser "por causa da

fé," nem pode a fé do pecador ficar no lugar de tal justiça Divina sem a destruição da

natureza da justificação graciosa e da realidade da imputação Divina.

Oitavo: a justificação é um ato declarativo e absoluto. Todos os pecados são

perdoados ou remidos - passado, presente e futuro. O crente nunca entrará debaixo da

condenação Divina por seus pecados (Romanos 8:1). Ele está em um estado justificado

diante de Deus. Ele pode perder a consciência de sua comunhão com seu Pai Celestial

(Efésios 4:30; 2 Pedro 1:4-10), e ser castigado (Hebreus 12:4-14), mas nunca

condenado. Uma pessoa não pode perder sua justificação, isto é, tornar-se "

injustificada," e assim tornar-se perdido e estar sob condenação novamente.

Nono, como um ato da livre e soberana graça de Deus, a justificação não varia de

um crente para outro, ou seja, não há graus de justificação. Tanto o pecador mais

perverso quanto o hipócrita mais moralista podem ser igualmente justificados por meio

da fé. O mesmo é verdadeiro dos crentes mais fracos e dos crentes mais fortes. Todos

estão igualmente justificados pela justiça imputada de Jesus Cristo e têm igual acesso ao

Pai (Romanos 3:21-31; 5:1-2; Efésios 2:13-22);

Décimo: a justificação é inseparável da regeneração, da adoção e da santificação.

Aqueles a quem Deus vivifica e a quem imputa a justiça, Ele também faz infalivelmente

justos. Embora ele justifique o ímpio (Romanos 4:5), eles não permanecem assim, mas

são declarados tanto justos (justificação) quanto, em seguida, feito justos (santificação)

(1 Coríntios 1:30-31; 6:11);

Décimo primeiro: a justificação resulta em um estado de paz entre o pecador

crente e um Deus absolutamente Justo (Romanos 5:1). Não só existe perdão ou

remissão de todos os pecados, mas também uma restauração ao favor Divino, com todas

as comodidades e privilégios de filiação (João 1:12-13; Romanos 5:1-10; 8:14-34;

Gálatas 3:6-7, 24-26; 4:4-7);

Décimo segundo: embora não uma experiência, tal como a conversão ou a

santificação, a realidade da justificação forma a base para a paciência, alegria, confiança

e esperança da experiência cristã (Romanos 5:1-11);

Décimo terceiro, a fé salvífica é justificadora, e o único objeto de tal fé é a Pessoa

e obra do Senhor Jesus Cristo. A fé agarra o Senhor Jesus Cristo no momento de sua

justiça. A Escritura gráfica e sucintamente declara que nós somos "...justificados

gratuitamente pela sua graça pela redenção que há em Cristo Jesus...pela fé no seu

sangue..." (Conferir João 3:16,36; Atos 10:43; 16:31; Romanos 3:22,25; 10:9-10;

Gálatas 2:16; Filipenses 3:9).

Décimo terceiro: as Confissões Protestante e Batistas adicionam a palavra "só" à

afirmação bíblica da justificação pela fé, ou seja, "... só pela fé," porque a Igreja de

Roma e outras ensinam uma mistura de fé e obras. Fé e obras (capacidade humana)

estão em justaposição. Elas são opostas. A fé salvífica é um dom de Deus, e, portanto, a

justificação é um ato gracioso. Nós somos justificados pela fé, mas por uma fé que não

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está sozinha, ou seja, a justificação não deve ser dissociada da santificação. A fé

justificadora, posteriormente, produz boas obras (Efésios 2:8-10; Tiago 2:14-26). Veja a

seguinte comparação e contraste de Paulo e Tiago sobre a justificação;

Foi alegado que, enquanto Paulo ensina a justificação pela fé somente, sem obras

(Romanos 3:24-31; 4:1-8; Gálatas 2:16), Tiago ensina a justificação pela fé e obras

(Tiago 2:14-26). Uma alegada contradição foi percebida que levou a vários erros a

respeito da natureza da justificação, mesmo à confusão da justificação e da santificação.

Isto resultou na crença em uma justiça infundida em vez de uma justiça imputada.

Deve ser lembrado que a Bíblia como a Palavra de Deus escrita é necessariamente

coerente (não contém quaisquer contradições inerentes). Quaisquer aparentes

contradições são o resultado da incompreensão humana e preconceito doutrinário. Os

seguintes contrastes e comparações revelam as respectivas ênfases de Tiago e Paulo, e

compatibilidade deles:

Primeiro: Tiago escreveu aos cristãos judeus, alguns cujas profissões de fé eram

contrariada por sua conduta. Paulo escreveu aos crentes gentios que tinham caído

vítimas dos judaizantes que ensinavam que alguém deve se tornar um judeu, ao invés de

se tornar um cristão, ou seja, procuravam trazê-los sob a escravidão da lei (por exemplo:

Atos 15:1). Tiago estava lidando principalmente com a fé; Paulo principalmente com

justificação. Assim, os assuntos, as situações religiosa-culturais, as razões para a escrita

e os leitores eram diversas;

Segundo: Tiago denuncia uma fé morta; Paulo escreve sobre a necessidade de uma

fé viva. Tiago descreve o que uma fé viva é evidenciada na vida e na experiência, Paulo

escreve sobre a fé como o meio instrumental na justificação;

Terceiro: Tiago escreve contra o antinomianismo, que, enquanto professa a fé,

falta o seu fruto necessário e adequado. Paulo escreve contra o legalismo, que procurou

justificação por uma obra própria de justiça (manutenção da lei), ou uma combinação de

ambas fé e obras;

Quarto: a preocupação de Tiago era com a fé e sua manifestação por intermédio de

boas obras (os frutos do espírito). A preocupação de Paulo era com os meios

instrumentais de justificação, que é por meio da fé somente. As boas obras são as

evidências de nossa fé e da justificação, mas nunca a sua causa.

Quinto: a ênfase de Tiago é que somos salvos pela fé somente, mas por uma fé

que não está sozinha. A ênfase de Paulo é que somos justificados pela fé. Em outros

lugares, Paulo afirma que esta fé não está sozinha, mas "opera pelo amor," isto é,

evidencia-se como uma fé viva (Gálatas 5:6). Tanto Tiago quanto Paulo condenam uma

fé "morta," e sustentam que a verdadeira fé deve evidenciar-se em boas obras (Tiago

2:14,18,26; Tito 3:8). Tiago fala de justificar a nossa fé diante dos homens. Paulo fala

de nossa justificação diante de Deus pela fé.

Sexto: Tiago e Paulo apontam à Abraão como o grande exemplo de justificação

pela fé, e por uma fé que se evidencia em boas obras (Tiago 2:21-24; Romanos 4:1-3, 9-

22). A questão é a justaposição de dois incidentes na vida de Abraão. Paulo aponta para

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Gênesis 15:6, que incide sobre a fé de Abraão separada de quaisquer e todas as suas

obras posteriores. Tiago aponta para o ato de fé no oferecimento de Isaque, que ocorreu

cerca de vinte e cinco anos mais tarde (Gênesis 22). Assim Paulo, usando Abraão como

exemplo, enfatiza a justificação pela fé somente, e Tiago, usando Abraão como

exemplo, enfatiza que a fé justificadora evidencia-se em atos de fé, ou seja, as boas

obras;

Qualquer sistema que nega a necessidade da obediência ativa de nosso Senhor, ou

nega a imputação da justiça de Cristo, é um grave desvio do evangelho bíblico, pois

toda a verdade do evangelho é intrinsecamente interligado e coerente. As posições

heréticas defendidas pela Igreja de Roma, esquemas Perfeccionistas e

semiperfeccionistas, a "Nova Perspectiva sobre Paulo" e a Teologia da "Visão Federal"

são exemplos, não só de negar estas verdades, mas de centrar a salvação no batismo e

"aliança de fidelidade" ao invés da justificação pela fé somente no evangelho da graça

de Deus.

Você está correto com Deus? Você pode responder à velha questão: "Como um

homem pode ser justo para com Deus?" na afirmativa? Você descansa na justiça

imputada do Senhor Jesus Cristo?

93ª Pergunta - O que é adoção?

Resposta - A adoção é um ato da livre graça de Deus, por meio do qual o crente é

recebido no número, e tem direito a todos os privilégios dos filhos de Deus, incluindo

receber o Espírito Santo. A realização total e definitiva da adoção aguarda a ressurreição

do corpo para a glória.

João 1:12-13. 12”

Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de

serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; 13

Os quais não nasceram

do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.”

Romanos 8:14-16. 14”

Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus

esses são filhos de Deus. 15

porque não recebestes o espírito de escravidão, para

outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo

qual clamamos: Aba, Pai. 16

O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que

somos filhos de Deus.”

Romanos 8:22-23. 22”

Porque sabemos que toda a criação geme e está

juntamente com dores de parto até agora. 23

E não só ela, mas nós mesmos, que

temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a

adoção, a saber, a redenção do nosso corpo.”

Gálatas 4:4-7. 4”

Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho,

nascido de mulher, nascido sob a lei, 5para remir os que estavam debaixo da lei, a

fim de recebermos a adoção de filhos. 6E, porque sois filhos, Deus enviou aos

vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. 7Assim que já não

és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo.”

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Efésios 1:3-6. 3Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual

nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; 4como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos

santos e irrepreensíveis diante dele em amor; 5e nos predestinou para filhos de

adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, 6para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado.

1 João 3:1-3. 1”

Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que

fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque

não o conhece a ele. 2Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é

manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar,

seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. 3E qualquer que nele

tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.”

Veja também: Romanos 8:17-23; Filipenses 3:20-21; 1João 3:1-3 .

COMENTÁRIO

A Paternidade de Deus é revelada nas Escrituras em vários relacionamentos filiais

diferentes, nenhum dos quais deve ser confundido com os outros:

Primeiro: uma relação filial trinitária ou ontológica escrituristicamente designada

em termos de “Filiação.” O Senhor Jesus Cristo é Deus, o Filho, uma Filiação

ontológica, eterna ou geracional, a qual é única. Veja as Perguntas 23 e 25. Esta

designação distingue a segunda Pessoa da Divindade triuno da primeira e terceira

pessoa;

Segundo: a filiação criacional, que inclui os seres angelicais e os seres humanos

criados por Deus como seres racionais, morais e autodeterminantes. Apesar de todos os

homens serem filhos ["prole"] de Deus em um sentido criacional, portando a imagem

Divina (Gênesis 1:26; Atos 17:28; Efésios 3:14-15; Tiago 3:9), isto não implica a

"Paternidade universal de Deus" e a "fraternidade universal de todos os homens." Tal

negaria a queda, suas consequências, a realidade do pecado e a necessidade de

redenção;

Terceiro: a filiação nacional, que designou Israel sob a Antiga Aliança (Êxodo

4:22-23; Romanos 9:4,6-8);

Quarto: uma filiação ou relação filial redentora. Este relacionamento é

fundamentado no amor soberano de Deus o Pai (Efésios 1:3-5), pela obra de mediação

do Filho (Gálatas 4:4-6; Efésios 1:5-7), e evidenciado pelo ministério e testemunho do

Espírito Santo (Romanos 5:5; 8:14-17; Gálatas 4:4-6). É inseparável da regeneração e

da justificação, e, contudo, redentivamente único. É a esta última filiação que a doutrina

bíblica da adoção se refere.

O termo Português "adoção" deriva do Latim adoptio (de ad, "a" e opto,

"escolha"). O termo ocorre cinco vezes nas Escrituras, todos no Novo Testamento, e

todos nos escritos de Paulo: Romanos 8:15,23; 9:4; Gálatas 4:5; Efésios 1:5. O termo

Grego é huiothesia, de huios, "filho," e thesis, "uma colocação," e significa literalmente

"colocar como um filho," um processo e cerimônia sobre a maioridade de uma pessoa,

que se refere aos filhos naturais no seio da família, bem como para filhos adotados de

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fora da família. As pessoas devem tomar cuidado para não ler nas Escrituras a

etimologia Latina despida, a legal, ou a ideia moderna de adotar alguém na família

como uma criança. A terminologia bíblica e seu uso designam isto, mas também muito

mais.

A adoção, então, é um ato distinto, forense, separado e gracioso de Deus que nos

leva a esse relacionamento filial e de intimidade como seus filhos amados e crianças. É

por meio da adoção que nós recebemos o Espírito Santo e a condição de filiação

(Romanos 8:14-17; Gálatas 4:4-7).

Este ato forense e gracioso de Deus - separado e distinto da regeneração e da

justificação - está na fundação de nossa relação filial com Deus como nosso Pai

Celestial, e inclusive de toda a nossa experiência cristã. Está no contexto de nossa

adoção que devemos considerar a misericórdia e a graça de nosso Pai (Efésios 1:3-7;

2:18; 3:14-19), nossa relação com Ele como "Pai" (Gálatas 4:5-7) , nossas orações e

comunhão com Ele (Mateus 6:9,14-15; Lucas 11:02), Sua amorosa bondade, correção e

cuidado providencial (Romanos 8:14-17,23,28; Hebreus 12:5-14), e que a gloriosa

presença, testemunha, selo e penhor do Espírito Santo, que torna a nossa experiência

cristã uma realidade, retenha nossa gloriosa herança e nos preserve para o Seu Reino

Celestial (Romanos 5:5; 8:15-16; Gálatas 4:4-7; Efésios 1:13-14; 4:30; 2 Timóteo 4:18;

1 Pedro 1:4).

A adoção possui um aspecto escatológico vital. O Novo Testamento associa nossa

adoção final (colocando como um filho) com a nossa ressurreição para a glória. Nossos

corpos ressurretos e glorificados sinalizarão o nosso estado completo e final como os

filhos de Deus manifestos diante de toda a criação (Romanos 8:17-23; Filipenses 3:20-

21; 1João 3:1-3). Você tem o Espírito de adoção? (Romanos 8:11-16).

94ª Pergunta - O que é santificação?

Resposta - A santificação é a obra da Palavra e do Espírito de Deus, pela qual o

crente é renovado no homem inteiro segundo a imagem de Deus, morreu para o poder

reinante do pecado, e está habilitado a viver mais e mais para a justiça, e mortificar as

manifestações do pecado interior e corrupção remanescente.

1 Coríntios 1:1-2. 1”

Paulo (chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade

de Deus), e o irmão Sóstenes, 2à igreja de Deus que está em Corinto, aos

santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo o lugar

invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso.”

1 Coríntios 1:30-31. 30”

Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós

foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; 31

Para que,

como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor.”

Efésios 4:22-24. 22”

Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho

homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; 23

E vos renoveis no

espírito da vossa mente; 24

E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é

criado em verdadeira justiça e santidade.”

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1 Tessalonicenses 4:3-4,7. 3”

Porque esta é a vontade de Deus, a vossa

santificação; que vos abstenhais da fornicação; 4Que cada um de vós saiba possuir

o seu vaso em santificação e honra; 7Porque não nos chamou Deus para a

imundícia, mas para a santificação.”

Hebreus 12:14. “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual

ninguém verá o Senhor”;

1 Pedro 1:15-16. 15”

Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós

também santos em toda a vossa maneira de viver; 16

Porquanto está escrito: Sede

santos, porque eu sou Santo.”

2 Pedro 2:9. “Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e

reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados”;

João 17:17. “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.”

2 Coríntios 7:1. “Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-

nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no

temor de Deus”.

1 Tessalonicenses 5:23. “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e

todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados

irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.”

Veja também no Velho Testamento: Gênesis 2:3; Êxodo 13:2; 19:14;

20:08; 28:36,41; 29:43; Levítico 10:3; 20:7; 21:08; Números 27:14;

Deuteronômio 5:12; Esdras 9:2; Salmos 24:3-4; 29:2; Jeremias 1:5; Ezequiel

22:26; Joel 2:16.

Veja também no Novo Testamento: Mateus 1:21; Atos 26:18; Romanos

6:1-23; 7:12; 8:29; 1 Coríntios 6:9-11; 7:14; Efésios 1:4; 5:26; Filipenses 2:12-

13; Colossenses 3:1-10; 1 Timóteo 2:8; 4:1-5; 2 Timóteo 1:9,14; 2:19-22; 3:15;

Hebreus 7:26; 1 Pedro 3:5,15; 2 Pedro 1:20-21; 3:11; Judas 1.

COMENTÁRIO

A essência da santificação é essa de separação e purificação. Embora estes dois

princípios caracterizem todo o eterno propósito redentor, eles são preeminente na

verdade e na realidade bíblica da santificação ou santidade de vida do crente. A

santificação significa praticamente uma vida vivida refletindo o caráter moral de Deus

como revelado em Sua Palavra escrita - uma vida vivida em obediência voluntária aos

Seus mandamentos. O processo de santificação é inclusivo de toda a experiência do

crente, e o objetivo da santificação é a conformidade final para com a imagem do

Senhor Jesus Cristo (Romanos 8:29; 2 Coríntios 3:17-18; 2 Pedro 3:18). Veja a

Pergunta 125.

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Os termos essenciais relacionadas com a santificação na Bíblia Portuguesa são:

"santificação," "santificar," "santo," "santuário," "santo" e "santidade." As primeiras

derivam do Latim sanctus e sanctificatio, que carregam a conotação de "consagrado,

estabelecido como inviolável, sagrado, divino, puro, santo," e "santificação ou feito

santo, consagrado." A palavra "santo" é mantida ou considerada como inviolável de uso

normal e separado para uso religioso, consagrado, dedicado, e sagrado. Os termos do

Velho Testamento são qadash, "cortar ou separar," e chasiyd "gentil, misericordioso." O

termo principal do Novo Testamento é hagios, uma forma nominal do verbo hagiazō,

"cortar ou separar" Outros termos são: hosios, "devoto, piedoso, puro;" eusebeia,

"piedade, reverência, piedoso ou devoto;" katharizein, "limpar, purificar," e hieroprepes

, "reverência."

O duplo princípio da santificação - separação e purificação - é o da separação

daquilo que é comum ou imundo e separação ou dedicação a Deus, com as realidades

cognatas de pureza, limpeza e devoção a Deus. A ênfase do Velho Testamento está

sobre as pessoas, sacrifícios, objetos, lugares, momentos e coisas separadas do comum

ou profano para Deus e assim dedicadas ou consagrados a Ele. A ênfase do Novo

Testamento está sobre a separação da poluição do mundo e do pecado, e a subsequente

piedade pessoal, a piedade ou santidade de vida. Em outras palavras, o Velho

Testamento tende a enfatizar o ritual ou cerimônia externa de separação e purificação,

enquanto o Novo enfatiza pureza moral pessoal e uma obediente conformidade ao

caráter e à Palavra de Deus (1 Pedro 1:14-16; 2 Coríntios 3:1-18; João 17:17; 1João

2:3-5; 3:22-24; 5:2-4).

A necessidade e o caráter da santificação derivam de seis verdades bíblicas:

Primeira: o Caráter Moral e Glória de Deus (1 Coríntios 10:31; 1 Pedro 1:15-16;

2:9; 1 Coríntios 10:31; 2 Coríntios 3:17-18);

Segunda: a natureza do pecado como um poder poluente e reinante na vida

(Romanos 6:14; 2 Coríntios 7:1);

Terceira: a natureza e o objetivo do propósito redentor (Efésios 1:4; 1

Tessalonicenses 5:23; 1 Pedro 1:15-16; 2:9);

Quarta: a restauração da imagem de Deus em princípio no crente (Romanos 8:29;

2 Coríntios 3:17-18; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9);

Quinta, a salvação final de toda a pessoa, ou seja, a glorificação ou a redenção do

corpo (Romanos 8:23; Filipenses 3:20-21; 1 Tessalonicenses 5:23; 1João 3:1-4).

Finalmente, a santificação corporativa da igreja. Os crentes não são apenas santificados

como indivíduos, mas no contexto de seus irmãos e irmãs em Cristo dentro do contexto

da assembleia local (João 13:34-35; 1 Coríntios 12:13-27; Efésios 4:25-32;

Colossenses 3:9-23).

O pecado na Bíblia é caracterizado por cinco realidades: de culpa, pena, poluição,

poder e presença. A realidade bíblica da salvação necessariamente lida com todos os

aspectos do pecado. A culpa e o castigo do pecado, e a alienação resultante de Deus são

tratados na Justificação e Adoção. A poluição e o poder do pecado são tratados na

regeneração e santificação. A presença do pecado, assim como todos os outros aspectos,

são completa e finalmente resolvidos com a glorificação. A santificação é, portanto,

uma necessidade bíblica. Qualquer ponto de vista da salvação que não trata adequada e

eficazmente com a natureza poluente e o poder reinante do pecado é biblicamente

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defeituoso. A santificação mantém e perpetua a realidade da regeneração em seus

aspectos posicionais (união com Cristo), definitivos (uma rachadura radical com o

poder reinante do pecado) e progressivos (prática).

O que é a própria essência da experiência cristã? A realidade da verdade salvífica

não é concedida graciosamente para a vida? Nossa justificação é evidenciada pela nossa

santificação. Sem santificação discernível, não há realidade para qualquer reivindicação

da justificação. A justiça imputada nunca está isolada da justiça transmitida. O

argumento abrangente do Apóstolo Paulo nos primeiros oito capítulos de Romanos,

depois de explorar a condenação de todos os homens sob o pecado (1:18-3:20) é que

todo aquele que é justificado (3:21-5:21) é necessariamente da mesma forma santificado

(5:11-8:16). Todo aquele que é justificado e santificado deve infalivelmente ser

glorificado (Romanos 8:17-8:39).

A fé bíblica é histórica repousa exclusivamente sobre a Palavra de Deus escrita

como seu ponto de referência. A santificação prova ser sem exceção. A total suficiência

das Escrituras tanto para a fé quanto para a prática aplica-se integralmente à santificação

do crente. É a Escritura que é usada pelo Espírito de Deus em nossa santificação (João

17:17; 1 Coríntios 2:6-16; 2 Coríntios 3:1-18; 2 Timóteo 3:16-17; Tiago 1:19-25;

1João 2:20,27). O Espírito Santo usa a Palavra e ilumina nossas mentes para a Palavra a

fim de nos ensinar, edificar, repreender, corrigir, condenar e santificar.

A lei moral ou Lei de Cristo, como uma parte essencial da Palavra de Deus, é o

único padrão de santificação para os crentes. Embora ela esteja sintetizada no Decálogo

(Êxodo 20:1-17), amplamente em sua forma negativa, é positiva em sua essência

(Mateus 22:36-40; Romanos 13:8-10). Este é o único padrão de certo e errado, que foi

dado como uma ordenança da criação, e ontologicamente implantado dentro do peito do

homem, e ainda mantido depois da queda (Romanos 2:14-16). Todos os outros padrões

sugeridos, como "a lei do amor," são necessariamente relativos a esta lei. Veja as

Perguntas 40-43. A lei moral sozinha se destaca como a revelação ou manifestação da

autoconsistência moral Divina. A obediência à lei moral nunca pode santificar, e pode

em si provar ser mero legalismo, mas a lei moral continua sendo o padrão Divino. É

pela graça que os crentes amam e se conformam a ela em princípio no contexto da graça

da Nova Aliança ou Aliança do Evangelho (Romanos 6:14; 8:1-4).

A santificação Evangélica, ou seja, a santificação do crente no contexto do Novo

Testamento é ao mesmo tempo uma posição ou relacionamento, um ato definitivo e

também um estado prático e progressivo. Os defeitos, erros doutrinários e heresias

resultaram da não compreensão da completa realidade da santificação evangélica, e

enfatizando assim um aspecto em detrimento dos outros. Cuidadosamente marcam o

seguinte:

Primeiro: a santificação é uma posição espiritual ou estado, uma relação que é

descrita como a união do crente com Cristo. O crente é considerado diante de Deus

justificado e santificado "em Cristo" e até mesmo, por assim dizer, já no céu, como a

sua posição, embora ele prove ser imperfeitamente santificado na atual experiência (1

Coríntios 1:2,30; 6:11; Gálatas 2:20; Efésios 2:4-7) . Veja a Pergunta 77;

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Segundo, a santificação é um ato definitivo que ocorre simultaneamente com e a

regeneração. Ela consiste na quebra do poder reinante do pecado, na recriação da

imagem de Deus em princípio, na remoção da cegueira satânica (2 Coríntios 4:3-6), a

transmissão do Espírito Santo em virtude da união do crente com Cristo em sua morte e

ressurreição para vida, e adoção como filho (Romanos 6:1-14,17-18; 8:9-16; Gálatas

4:6; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:1-10). Veja a Pergunta 83;

Terceiro: a santificação é o estado prático e progressivo descritivo da experiência

e peregrinação espiritual do crente. Este estado deve ser visto no contexto do ministério

vivificante do Espírito, da mortificação do pecado, do castigo Divino, e de uma

conformidade cada vez maior à imagem do Filho de Deus (Gálatas 5:16-18; Romanos

8:1-4,11-16,29; Hebreus 12:4-11; 2 Coríntios 3:17-18). Veja a Pergunta 95. Você

exemplifica essa "santidade sem a qual ninguém pode ver o Senhor" (Hebreus 12:14)?

95ª Pergunta - Quais são os três aspectos necessários da santificação?

Resposta - A santificação é ao mesmo tempo uma posição ou estado espiritual,

um ato definitivo e um estado experimental e progressivo. Estas três realidades são

todas necessariamente verdadeiras para todos e cada crente.

1 Coríntios 1:30-31. 30”

Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós

foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; 31

Para que,

como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor.”

1 Coríntios 6:9-11. 9”

Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino

de Deus? 10

Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem

os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os

bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. 11

E é

o que alguns foram; mas foram lavados, mas foram santificados, mas foram

justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus.”

2 Tessalonicenses 2:13. “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós,

irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a

salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade.”

1 Pedro 1:15-16. 15

Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós

também santos em toda a vossa maneira de viver; 16

Porquanto está escrito: Sede

santos, porque eu sou Santo.

2 Coríntios 7:1. “Ora, amados, pois que temos tais promessas,

purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a

santificação no temor de Deus.”

1 Tessalonicenses 5:23. “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e

todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados

irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.”

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Veja também: Romanos 5:12-8:16, o que é uma exposição longa e

detalhada da santificação no contexto da justificação, da a união com Cristo e da

glorificação. Confira também Romanos 12:1-2; 1 Coríntios 1:1-2 ; 2 Coríntios

7:1; Gálatas 5:16-18; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:1-10.

COMENTÁRIO

Quando todas as afirmações bíblicas concernentes à santificação são reunidas, a

exegese devidamente interpretada, sistematizada e harmonizada, fica-se com a

santificação necessariamente revelada em três aspectos, que se sobrepõem com outras

verdades doutrinárias, mas que podem ser extraídas e estudadas separadamente.

A santificação posicional se refere à posição espiritual ou estado que resulta da

união do crente com Cristo. Veja a Pergunta 77. Esta união é indissolúvel e inalterável

que eleva o crente à maior identificação possível e à posição mais alta possível "em

Cristo" (Efésios 2:4-7). Toda sorte de bênçãos espirituais e privilégio que está "em

Cristo" assim revertem para o crente, que é "santificado em Cristo Jesus."

As passagens bíblicas intimamente mais associadas com a santificação posicional

são:

Primeiro: aquelas declarações nas quais os crentes já são considerados como

santificados, ou seja, a santificação, não como um processo, mas como um ato

concluído. Tal ato se refere à união do crente com e a identificação em Cristo, e não à

sua experiência (Atos 20:32; 26:18; 1 Coríntios 1:2; 1:30; 6:9-11; 2 Tessalonicenses

2:13; Hebreus 10:10,14; Judas 1).

Segundo: as declarações referentes a todos os crentes, independentemente da

experiência cristã individual deles, como "santos" ou "os sagrados (santificados)" (por

exemplo: Atos 9:13; 26:10; Romanos 1:7,15:26; 1 Coríntios 1:2; 6:1; 14:33; 2

Coríntios 1:1; 8:4; 9:1; Efésios 1:1; 2:19; 4:12; 5:3; Filipenses 1:1; 4:22; Colossenses

1:2; Judas 3).

Terceiro: declarações que descrevem a posição do crente como "em Cristo"

(Romanos 6:3; Gálatas 3:27; Romanos 6:11; 8:1; 1 Coríntios 1:2,30; 15:22; Efésios

1:1,3,4,6,7,11; 2:6-7,10; 1 Pedro 5:14). Tais declarações ocorrem pelo menos vinte e

oito vezes no Novo Testamento;

Quarto: as declarações revelando que Cristo está "no" crente (João 14:20,23;

Romanos 8:9-10; Gálatas 2:20; Efésios 3:17; Colossenses 1:27).

Finalmente, as metáforas que são descritivas da união do crente com Cristo e

assim de seu estado e posição: a videira e os ramos (João 15:1-8), a cabeça e o corpo (1

Coríntios 12:12-27; Efésios 1:22-23; 4:12-16), o marido e a esposa (Efésios 5:22-33),

um edifício do qual o Senhor é o fundamento (1 Coríntios 3:9-11) ou pedra angular

(Efésios 2:20-22; 1 Pedro 2:4-8), o batismo, que simboliza esta união em sua morte,

sepultamento e ressurreição (Romanos 6:1-6) e, por comparação e contraste, a

identificação tanto com Adão quanto com Cristo (Romanos 5:12-21).

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O crente é assim considerado diante de Deus como santificado "em Cristo" e até

mesmo, por assim dizer, já no céu, quanto à sua posição inalterável, embora ele prove

ser imperfeitamente santificado na atual experiência (1 Coríntios 1:2,30; 6:11; Gálatas

2:20; Efésios 2:4-7). Isto tem uma relação imediata com a garantia da fé do crente

como um objetivo, a verdade imutável e a realidade.

A santificação definitiva é o aspecto do propósito e do processo redentor, no qual

uma brecha definitiva ou clivagem, isto é, separação radical é feita com o poder

reinante do pecado na vida começando na regeneração. Este aspecto da santificação

deriva de forma necessária da posição de alguém "em Cristo" (santificação posicional)

e é em si necessariamente evidenciada em uma vida convertida (santificação

progressiva). A santificação definitiva é, portanto, distinta, mas inseparável da união

do crente com Cristo e da graça de Deus na regeneração.

A união do crente com Cristo é determinante para a sua experiência cristã. Ela

como uma verdade revelada nas Escrituras, é necessariamente uma união tanto na

morte do nosso Senhor quanto em sua ressurreição. Ambos os aspectos são essenciais

para a realidade da experiência cristã do crente. (Conforme Romanos 6:1-14). Qual é o

significado exato de ser trazido em união com a morte de nosso Senhor? A resposta é

dada em detalhes em Romanos 6:1-10,14; Colossenses 2:20; 3:1-5ss; 1 Pedro 2:24;

4:1-2. Marque cuidadosamente os verbos gregos em Romanos 6:2-10. Eles estão todos

no tempo aoristo e devem ser traduzidos como um evento passado ("morremos" em vez

de "mortos" ou "estamos mortos") a ser contado como um estado objetivo, realidade

presente, não um estado meramente possível que deve ser buscado como uma

experiência religiosa subjetiva, ou seja, "sermos capacitados a sofrer uma morte lenta

para o pecado, pouco a pouco até que o pecado deixe de reinar em nós. Se ainda

estamos mortos ou morrendo para o pecado como podemos dizer que somos novas

criaturas e nascemos de novo e temos os frutos do Espírito? Está escrito, o Espírito

vivifica. Pode alguém estar morto e vivo ao mesmo tempo? A semente só brota depois

de enterrada." A conclusão inevitável é que a união na morte de Cristo significa

necessariamente que o poder reinante do pecado foi quebrado na vida do crente – de

cada crente. As Escrituras não ensinam uma salvação ou santificação em dois estágios,

nem elas contrastam um cristão "carnal" e "espiritual" como normais para a vida cristã.

Alguns dos Coríntios eram chamados de "carnais," porque eles olhavam para os

homens como o ideal deles em vez de nosso Senhor (1 Coríntios 3:1-4). Em Romanos,

o contraste é entre os convertidos e os não convertidos (Romanos 8:1-11) .

Mas o crente ainda peca? Sim, mas ele já não vive sob o poder reinante do

pecado. O pecado não mais "terá domínio sobre ele" (Romanos 6:14). Embora ele

cometa atos de pecado, ele já não vive mais em pecado como seu elemento nativo ou

sob seu poder dominador como seu mestre (Romanos 6:14,17-18; 1João 2:1; 3:9). Os

verbos traduzidos "pecar" em 1 João 2:1 estão no aoristo, referindo-se a atos de

pecado. O poder reinante do pecado foi quebrado, como testemunhado pela própria

linguagem usada em Romanos 6:11-14. "Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo

mortal, para lhe obedecerdes (o corpo) em suas concupiscências." A prerrogativa cabe

ao crente, ou seja, ele não é mais visto como quem está sob o domínio do pecado

reinante. Além disso, a ordem para parar de ceder às solicitações do pecado e render-se

a Deus sem reservas significa necessariamente que o poder dominante do pecado sobre

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o crente foi quebrado. A salvação neste aspecto é a mudança de mestres (Romanos

6:17-18). Veja as Perguntas 113-117.

Romanos 6:6 descreve a crucificação do velho homem. "O nosso velho homem

foi com ele crucificado, para que o corpo, dominado pelo pecado, pudesse ser roubado

de sua proeminência e poder, de modo que deste ponto em diante nós já não devemos

servir como escravos dispostos ao pecado." Quem ou o que é o "velho homem"?

Confira Romanos 6:6; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9-10. Note que Efésios 4:22-24

e Colossenses 3:9-10 não são mandamentos a serem implementados, mas realidades

presentes baseadas sobre um fato passado. O contraste entre o "velho homem" e o

"novo homem" não é um contraste entre uma "velha natureza" e uma "nova natureza,"

nem é o crente um esquizofrênico espiritual composto de duas pessoas que vivem

dentro dele. O "velho homem" era o antigo eu, não regenerado, que foi crucificado com

Cristo. Os crentes são agora o "novo homem," ou o eu regenerado, recriado à imagem

de Deus em justiça, em santidade da verdade e do conhecimento - uma transformação

espiritual, moral e intelectual necessária. A fonte do pecado do crente não está em uma

"velha natureza" ou "velho homem," mas um princípio de pecado interior e corrupção

remanescente que será posta de lado no momento da morte (Romanos 7:7-8:4,23). Veja

a Pergunta 114.

A união com Cristo não significa apenas que todo crente tem sido identificado

com a morte de Cristo, mas também identificado necessariamente com sua ressurreição

para a vida (Romanos 6:4-5; Colossenses 3:1-4). Como esta união na ressurreição para

a vida de Cristo se traduz na experiência cristã? O mesmo poder que levantou o Senhor

dos mortos - a presença e o poder do Espírito Santo (Romanos 1:3-4) - agora habita em

cada e em todo crente e formam a dinâmica espiritual de sua vida.

Assim, a união com Cristo, a regeneração, a adoção e a santificação do crente

estão todas inerentemente inter-relacionadas (Romanos 1:3-4; 6:4-5; 8:11-16; Efésios

1:13-14,17-20; Colossenses 3:1-4). Houve uma transferência dinâmica de poder

envolvente ou operatório naquele unido a Cristo e assim identificado em sua morte e

ressurreição de vida. Uma vez que ele foi desligado do princípio da justiça, ou seja,

embora a justiça tivesse uma reivindicação sobre ele, não tinha poder de motivação

para levá-lo a viver em retidão (Romanos 6:20). Agora, ele é envolvido pela justiça e

tirado do poder reinante do pecado (Romanos 6:22). Assim, a união com Cristo

significa necessariamente a união tanto em sua morte quanto em sua ressurreição de

vida, e ambas se traduzem como realidades presentes na experiência do crente em

santificação definitiva.

A santificação progressiva ou prática é a manifestação tanto da santificação

posicional quanto da santificação definitiva na vida, na experiência e na peregrinação

espiritual do crente. Em outras palavras, a santificação prática ou progressiva é

coextensiva com a experiência cristã. Este processo deve ser visto no contexto da

realidade da conversão e em ambos na continuidade e no progresso da graça na vida (2

Pedro 3:18).

Marque o seguinte:

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Primeiro: o propósito redentor e a graça de Deus são infalíveis. A santificação

posicional deve necessariamente expressar-se em santidade pessoal (Hebreus 12:14);

Segundo: a Escritura contém exortações para o crente se conformar com a

autoconsistência moral de Deus (2 Coríntios 7:1; Hebreus 12:14; 1 Pedro 1:14-16;

2:9), para viver uma vida consagrada no corpo e na alma (Romanos 12:1-2), e ter uma

mentalidade regenerada por causa da recriação da imagem de Deus dentro dela

(Colossenses 3:9-10). Tais exortações não são abandonadas à força ou determinação

natural, mas em todos os lugares pressupõem a graça capacitadora de Deus (Efésios

4:22-32; Colossenses 3:1-10);

Terceiro: a experiência Cristã, embora possa às vezes ser caracterizada por

castigo Divino (Hebreus 12:4-14) e batalha espiritual (Efésios 6:10-18), é

essencialmente uma progressão espiritual (Romanos 8:29; 2 Coríntios 3:17-18; Efésios

4:13-16; Colossenses 2:6-7; 1 Pedro 2:2; 2 Pedro 3:18);

Quarto: o conflito interno de um filho de Deus não é que ele é ao mesmo tempo

um "velho homem" e um "novo homem," ou tem tanto uma "velha natureza" quanto

uma "nova natureza." Pelo contrário, porque a natureza física permanece relativamente

inalterada e ainda aguarda a sua redenção (Romanos 8:23; Filipenses 3:20-21), um

princípio de pecado interior e corrupção remanescente responde por meio dos membros

do corpo às solicitações do pecado (Romanos 6:11-13; 7:13-8:9). O crente deve tomar

uma atitude agressiva em direção a quaisquer manifestações de pecado interior e

corrupção remanescente pela mortificação destes (Romanos 8:11-13; Gálatas 5:16-17;

Colossenses 3:5ss).

A falha em relacionar a santificação posicional tanto com a santificação definitiva

quanto com a progressiva, ou negar estes outros aspectos, tem levado muitos ao erro.

Em outras palavras, derivando da união do crente com Cristo, e assim, sua santificação

posicional, é sua santificação definitiva. Sua santificação posicional e definitiva torna

possível e necessária sua santificação prática (progressiva). A santificação posicional é

de uma vez por todas, realidade objetiva imutável. A santificação prática, por outro

lado, é necessariamente incompleta nesta vida. Na morte do crente, e certamente em

sua ressurreição para a glória, a santificação posicional e a santificação prática tornar-

se-ão uma e a mesma coisa. A graça divina é eficaz e infalível em conformar-nos à

imagem do Filho de Deus, e assim todos os três aspectos são necessários. Nossa

experiência cristã eleva-se para aquilo que está descrito na Palavra de Deus?

96ª Pergunta - Quais são os dois aspectos da santificação progressiva ou prática?

Resposta - Os dois aspectos da santificação progressiva ou prática são o positivo,

ou a vivificação, e o negativo, ou a mortificação do homem para o pecado.

Romanos 6:11-14. 11”

Assim também vós considerai-vos certamente mortos

para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor. 12

Não reine,

portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas

concupiscências; 13

nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por

instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre

mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça. 14

Porque o

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pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo

da graça.”

Romanos 8:12-14. 12”

De maneira que, irmãos, somos devedores, não à

carne para viver segundo a carne. 13

porque, se viverdes segundo a carne,

morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. 14

Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de

Deus.”

Colossenses 3:5. “Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a

terra: a fornicação, a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e a

avareza, que é idolatria.”

Veja também: Romanos 7:13-8:16; 12:1-2; 1 Coríntios 9:27; 2 Coríntios

7:1; Gálatas 5:16-18,24; Efésios 4:22-32; Filipenses 2:1-16; 3:10-21;

Colossenses 3:1-14; Hebreus 12:14-15; 2 Pedro 1:4-11.

COMENTÁRIO

A "santificação," no sentido restrito da santificação prática ou progressiva, como

contrastada com a mortificação do homem para o pecado, pode ser nomeada de

"vivificação," isto é, a vivificação positiva de graças cristãs, pelo poder do Espírito

Santo e pelos meios constituídos da graça subjacente, isto é, da graça na qual o crente

está sob, uma vida de humilde obediência à Palavra de Deus.

Vivificação. Há cinco elementos que devem ser seriamente considerados em tal

santificação ou vivificação:

Primeiro: o pecado foi destronado em cada indivíduo que tenha sido chamado

eficazmente, regenerado e convertido, e assim, em todos sem exceção que foram e

estão sendo santificados. Os crentes não estão mais sob o poder dominante do pecado,

mas cometem atos de pecado que devem ser tratados (Romanos 6:11-14; 1João 2:1;

3:9). Veja as Perguntas 114-115. As realidades da união com Cristo, o chamado eficaz,

a regeneração e a santificação definitiva devem encontrar expressão adequada na

santificação prática ou progressiva (Romanos 6:14; 2 Coríntios 5:14-17; 1João 3:9;

1João 5:4,18).

Segundo: os crentes professos, isto é, declarados publicamente são o assunto da

graça redentora e transformadora de Deus. Se não for assim é porque eles estão sem

graça. Não há meio termo ou lugar para um verdadeiro cristão continuar a viver em

pecado (Mateus 7:21-23; Atos 8:18-24; 2 Coríntios 13:5; 2 Timóteo 4:10; Hebreus

3:12-13; 12:7-8,14-15).

Terceiro: o agente ou o poder operante em tal santificação é o Espírito Santo. Os

crentes não se santificam na própria força deles, embora eles sejam necessariamente

exortados a vidas piedosas (2 Coríntios 7:1; 1 Tessalonicenses 4:7; 1 Pedro 2:9). Há

uma dinâmica graciosa e operativa que opera para conformar os crentes à imagem do

Filho de Deus em princípio no contexto do eterno propósito redentor (Romanos 6:14; 2

Coríntios 3:17-18; Filipenses 2:12-13);

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Quarto: a meta da santificação progressiva é a conformidade com o caráter moral

de Deus; especificamente, a conformidade com a imagem do Filho de Deus (Romanos

8:29; 2 Coríntios 3:17-18 ; 1 Pedro 1:15-16 ; 1João 3:1-4);

Quinto: há um princípio inegável de progressão na santificação prática que as

Escrituras revelam claramente. Esta natureza progressiva é devido ao trabalho eficaz

do Espírito Santo. Assim, a santificação prática é bem mais descrita como santificação

progressiva (Mateus 5:48; Romanos 12:2; 2 Coríntios 7:1; Efésios 1:17-20; 3:14-19;

4:12-16; Filipenses 1:9-11; 2:12-13;Colossenses 1:9-12; 2:6-7; 1 Pedro 1:15-16; 2:2;

2Pedro 3:18; 1João 3:3).

A vivificação às vezes pode ser débil, estática, e por vezes parece mesmo estar

retrocedendo, contudo no estado de graça, tal é uma realidade em curso. A santificação

pode ser ilustrada pelo fluxo de um rio. Um rio que às vezes flui para o oeste, o leste e

o norte conforme anda em seu caminho, mas sua tendência é o sul, e que finalmente

flui para o sul entrando em um golfo. A correção Divina está presente na forma de

convicção de pecado e do castigo Divino (Hebreus 12:4-13).

A mortificação do pecado. Este é o aspecto que para o crente pode parecer

negativo da santificação prática. A "mortificação" deriva do Latim mortifico, e

significa “colocar à morte.” A palavra "mortificar" ocorre duas vezes nas Escrituras:

Romanos 8:13 (thanatoute, pres. imp., "constantemente colocado à morte") e

Colossenses 3:5 (nekrōsate, aor. imp., "com um senso de urgência e determinação

amortecida, privar de poder"). Ambas as passagens tratam de como o crente deve lidar

com o pecado em sua vida e experiência.

Marque as quatro seguintes considerações:

Primeira: a doutrina da mortificação do pecado não é questionável nem de pouca

importância, porque o termo só ocorre duas vezes nas Escrituras. Deus tem a declarar

uma dada realidade apenas uma vez nas Escrituras para que seja verdadeiro e

significativo;

Segunda: a omissão da doutrina da mortificação deixaria um vazio enorme na

doutrina da própria santificação, bem como os aspectos práticos da união do crente

com Cristo, da regeneração e do papel do Espírito Santo na experiência do crente. Tais

omissões abririam a porta a várias formas de ensino antinomiano e perfeccionista

errôneo;

Terceira: o contexto de cada afirmação é digno de nota. Romanos 8:13 está

situado no contexto da necessidade, da realidade, do poder e da orientação do Espírito

Santo. Colossenses 3:5 está no contexto da união do crente com Cristo em sua morte e

ressurreição de vida, e da recriação da imagem de Deus intelectualmente dentro dele.

Em ambas as passagens, a mortificação é vista como uma marca absolutamente

necessária da graça de Deus;

Quarta: ambas as afirmações lidam com o pecado interior e a corrupção

remanescente, e não diretamente com o corpo, ou seja, a mortificação está relacionada,

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não com o corpo, mas com "as ações do corpo" (Romanos 8:13). Os "membros que

estão sobre a terra" não são membros do corpo, mas os pecados que são expressos por

meio do corpo (Colossenses 3:5-6). A mortificação bíblica não é legalismo nem

ascetismo.

Tal como acontece com todos os aspectos da verdade bíblica, existem muitos

pontos de vista errôneos. Isto é especialmente verdadeiro em matéria de santificação.

Por quê? Porque cada indivíduo religioso sincero dentro da cristandade está ciente de

que o pecado (ou pecado percebido) é estranho ao teor do Cristianismo e uma violação

das Escrituras, da tradição e de uma consciência religiosa. É uma contradição inerente.

Isto é especialmente verdade para o crente genuíno cuja consciência está sujeita à

instigação do Espírito Santo e da verdade objetiva das Escrituras. (Veja a Pergunta 112

e a declaração sobre a consciência renovada sob "Garantia Evidente"). As

inconsistências, transgressões, e fraquezas para com certos pecados, as ofensas

repetidas e fragilidades humanas afligem a pessoa religiosa, despertam a consciência e

muitas vezes dão origem a um desejo intenso de romper com o pecado por completo -

cessar e desistir - e viver em comunhão ininterrupta com Deus. Mas é este mesmo

desejo que torna sinceramente as pessoas religiosas, salvos ou não salvos, vulneráveis

ao erro. Esta é a fonte provável para tais erros como o perfeccionismo (a ideia que a

natureza humana caída é perfectível). Isto se traduz ou um perfeccionismo sem pecado

nesta vida ou em alguma forma modificada na qual alguém progride de "carnal" para

"espiritual" por qualquer experiência ou algum ritual de "rededicação", uma "segunda

obra da graça," em que alguém é ambos "salvo e santificado." O perfeccionismo

modificado assola a maioria das formas do Cristianismo professo.

As grandes questões acerca da mortificação devem ser: "Como nós realmente

mortificamos o pecado?" "Como tratamos com o pecado bíblica e eficazmente em

nossa vida e experiência?" O seguinte deve ser cuidadosamente observado como

cristãos:

• Nós temos uma natureza humana corrupta e pecaminosa herdada de

Adão (imputação indireta), que tem uma propensão para o pecado em geral, e

para alguns pecados em particular (Gênesis 5:3; Hebreus 12:1);

• Nós retemos nesta natureza corrupta e em nossos corpos ainda a serem

redimidos, uma tendência natural a utilizar os nossos membros a serviço do

pecado (Romanos 6:11-13);

• Todo pecado é uma manifestação desta natureza corrupta, que ainda

retém a realidade do pecado interior e da corrupção remanescente (Romanos

7:13-25);

• Devido a este princípio do pecado interior e a corrupção remanescente,

cada um de nós ainda temos um determinado nível de rebelião em nossos

corações contra o próprio Deus de nossa salvação e da justiça de sua santa lei,

resultando em contradição e aflição;

• Deus recriou sua imagem dentro de nós em princípio e em justiça, em

santidade da verdade e do conhecimento - uma transformação espiritual, moral

e intelectual (Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9-10);

• Deus nos deu a presença interior e o poder do seu Espírito para nos

capacitar a viver vidas convertidas em princípio (Romanos 6:1-6; 8:1-4,10-16;

2 Coríntios 3:17-18; Gálatas 4:5-7; 5:16-17);

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• O poder reinante do pecado foi destituído, por isso nós estamos

tratando com um inimigo ferido e destronado (Romanos 6:1-14);

• Nós ainda mantemos uma determinada medida de uma "mentalidade

escrava" e força do hábito que têm uma tendência a ceder às solicitações do

pecado (Romanos 6:11-14);

• Nós somos exortados a substituir os maus hábitos por hábitos

consistentes da verdadeira piedade (Efésios 4:25-32);

• Nosso adversário, o diabo, procura nos enganar, dominar e derrotar

(Efésios 6:11; 1 Pedro 5:8-9).

Assim, nós estamos envolvidos numa guerra espiritual constante (Mateus 6:13;

Efésios 6:10-18; 1 Pedro 5:8-9). Deve ser notado, então, que apesar de sermos um

povo redimido - crente, os eleitos e amados de Deus – ainda somos vulneráveis e

devemos atender aos meios da graça que Deus ordenou para o nosso bem-estar

espiritual.

Os meios para a mortificação do pecado incluem o seguinte:

Primeiro: a mortificação do pecado é uma impossibilidade absoluta separada do

poder do Espírito. A mortificação é necessariamente "pelo Espírito" (Romanos 8:1-

4,11-13), porque é de forma necessária um trabalho espiritual. Qualquer tentativa

,separada do Espírito, de lidar eficazmente com o pecado na vida está condenada ao

legalismo, farisaísmo, ascetismo e mera autodeterminação. Enfim, ao fracasso.

Segundo: a fé é descritiva e determinante de tudo que é de graça e de poder na

experiência do crente (por exemplo: Atos 6:5,8; 11:24; Romanos 5:1-2; 12:3; 14:23; 2

Coríntios 4:13; 5:7; Efésios 6:16; Hebreus 11:1-39; 1João 5:4). A fé se apropria da

verdade de Deus e atua sobre ela. Assim, cada ato verdadeiramente cristão é um ato de

fé, seja oração, perseverando sobre a tentação ou tragédia, pregando, dando

testemunho, estudando as Escrituras, perseverando na piedade, etc. A fé antecipa ainda

mais a graça de Deus, ou seja, a fé tanto apropria quanto antecipa a graça e o poder de

Deus para mortificar o pecado. Em suma, quando buscamos mortificar o pecado pela

graça de Deus, fazemos isto pela fé;

Terceiro: a oração é a fé articulada, ou seja, a própria oração é um ato e expressão

de fé e tão intrinsecamente relacionada a ela. A oração é a fé alcançando tanto o louvor

quanto a petição. Nós temos um dever geral e constante de orar, e buscar a comunhão

com Deus, ou seja, partilhar dos mesmos pensamentos e sentimentos de Deus, para o

bem de nossas almas e a consistência de nossa caminhada. A oração, por assim dizer,

deve ser o teor de nossas vidas (1 Tessalonicenses 5:17; Filipenses 4:6-7). Nós também

temos garantia escriturística de orar pelo livramento da tentação e do diabo (Mateus

6:13; Lucas 22:40). A oração e a mortificação assim vão de mãos dadas. Veja as

Perguntas 97-107;

Quarto: temos o dever geral de acreditar, ler, estudar, alimentar-nos e agir de

acordo com a Palavra de Deus escrita (Salmos 1:1-2; 19.7-14; João 17:17; 2 Pedro

3:18). A Palavra de Deus é o único grande arsenal e arma ofensiva para o cristão

(Mateus 4:4; Efésios 6:17; 2 Timóteo 3:16-17). O Espírito de Deus dá poder à Palavra.

O locus classicus para a relação entre as Escrituras e a tentação. Na tentação de nosso

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Senhor no deserto. Ele começou cada resposta à tentação de satanás com: "Está

escrito..." (Mateus 4:1-11). É por meio das Escrituras que nós expomos o pecado por

aquilo que ele é. Nós o definimos, desmascaramos e confessamos como tal por

intermédio do princípio definitivo e espiritual da verdade Divina - e depois o

abandonamos pela graça de Deus;

Quinto: Deus tem prazer às vezes em revelar-nos providencialmente a corrupção

natural de nossos corações e a nossa propensão ao pecado para despertar-nos para um

sentido renovado de urgência na mortificação (Provérbios 30:8-9). Deus também tem

prazer às vezes de nos convencer e de nos corrigir acerca de nossos pecados de coração

antes que se tornem ações visíveis. Um coração e consciência feridos que nos livra do

pecado sem rodeios e do envolvimento de outras pessoas é uma providência doce! Nós

somos ensinados repetidamente a mortificar a primeira quebra consciente do pecado

interior e corrupção remanescente (Provérbios 4:23; Marcos 7:21-23). Deus pode

permitir-nos cair em alguns pecados e castigar-nos a fim de guardar-nos de outros e

maiores pecados (Hebreus 12:4-13). Um espírito ferido e arrependido por causa do

pecado pode se tornar um grande preventivo! Ele pode até mesmo ferir-nos com algum

grande desconforto a fim de guardar-nos do pecado (Gênesis 20:6). Esta foi a própria

experiência do Apóstolo Paulo que, na providência Divina, contraiu uma doença

crônica e devastadora para mantê-lo humilde, e manter o seu ministério em uma

perspectiva correta (2 Coríntios 12:7-10);

Sexto: nós podemos ser providencialmente alertados da necessidade de mortificar

o pecado pelo exemplo terrível de outros. Os horríveis pecados de Davi com relação à

Bate-Seba e Urias, e o julgamento subsequente sobre sua família deve servir como um

aviso severo para não deixar o pecado habitar no coração (2Samuel 11ss). O episódio

de Ananias e Safira está preservado para nós nas Escrituras para servir como um alerta

contra a hipocrisia (Atos 4:32-5:11), como é o triste fim de Demas (2 Timóteo 4:10).

Por causa do pecado na igreja de Corinto e da falha em administrar a disciplina da

igreja, Deus interveio e julgou a igreja, administrando devastação espiritual, doenças e

até a morte (1 Coríntios 11:30-32)!

Sétimo: por natureza, nós não odiamos o pecado, o amamos (Salmos 66:18 ;

Jeremias 17:9-10). Mesmo como crentes, temos o pecado interior e a corrupção

remanescente que têm uma grande afinidade pela manifestação por meio de nossos

membros (Romanos 6:11-13; 7:13-25; Colossenses 3:5). Mas devemos odiar o pecado,

confessá-lo, lutar contra ele e abandoná-lo. A menos que façamos, nunca o

mortificaremos (1João 1:9; Hebreus 12:4; Provérbios 28:13).

Oitavo: a abnegação é um dos princípios básicos do Cristianismo (Lucas 9:23;

Mateus 5:27-30; Romanos 15:1-3; 2 Coríntios 7:1; Tito 2:12; 1 Pedro 2:11). É

evidenciado pela primeira vez na fé salvífica e no arrependimento, nos quais o pecador

se volta de uma vida de pecado e de autoindulgência para uma de arrependimento,

humilde obediência a Deus e à sua verdade. Jesus Cristo torna-se o seu Senhor e

Salvador (Atos 2:36; Romanos 10:9-10; 2 Coríntios 4:5). O Senhorio ou Realeza de

Jesus Cristo com suas reivindicações totalitárias durante a vida inteira é assim uma

realidade prática para o crente. Abnegação significa abster-se de qualquer coisa

contrária à Palavra do Soberano a quem nós juramos lealdade eterna. A abnegação

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deve incluir tudo o que é pecaminoso, que poderia guiar-nos ao pecado ou corromper

nossas almas.

Nono, a vida cristã em geral e a mortificação do pecado em particular requer uma

atitude santificada e agressiva tanto para com a vivificação quanto para a mortificação

do pecado, pela graça do Espírito Santo (Provérbios 4:23; Romanos 6:11-14,17-18; 1

Coríntios 9:24-27; 2 Coríntios 3:17-18; Filipenses 4:8; 1 Timóteo 4:7; Hebreus 12:1-

4,14). Nós temos que parar de ceder ao pecado, Devemos recusar a submeter-nos às

tentações do pecado. Devemos quebrar hábitos e tendências ao pecado. Devemos estar

em guarda contra o pecado. Devemos substituir velhos hábitos e tendências

pecaminosos com novos hábitos e tendências piedosas (Efésios 4:25-32). Nós

manifestamos as realidades da graça e o poder para mortificar o pecado em nossas

vidas?

97ª Pergunta - O que é a oração?

Resposta - A oração é um discurso a Deus em nome de Cristo como Mediador,

sob a influência e com a assistência do Espírito de Deus, em fé, para as coisas que nós

estamos necessitando, as quais são consistentes com a vontade de Deus, e são para a

sua glória conceder, e, portanto, para ser feita com humilde submissão.

Salmos 62:8. “Confiai nele, ó povo, em todos os tempos; derramai perante

ele o vosso coração; Deus é o nosso refúgio. “(Selá.)

Mateus 6:7-8. 7”

E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios,

que pensam que por muito falarem serão ouvidos. 8Não vos assemelheis, pois, a

eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.”

Marcos 11:24. “Por isso vos digo que todas as coisas que pedirdes, orando,

crede receber, e tê-las-eis.”

Tiago 4:2-3. 2”

Cobiçais, e nada tendes; matais, e sois invejosos, e nada

podeis alcançar; combateis e guerreais, e nada tendes, porque não pedis. 3Pedis, e

não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.”

Hebreus 11:6. “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário

que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos

que o buscam.”

1 João 5:14-15. 14”

E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos

alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. 15

E, se sabemos que nos

ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe

fizemos.”

Veja também: Salmos 66:18; Mateus 6:5-15; Lucas 11:1-13; 18:1-8; Atos

9:11; Efésios 1:15-20 ; 3:14-19; Filipenses 1:9-11; Colossenses 1:9-13; 1

Tessalonicenses 5:17,25.

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COMENTÁRIO

A descrição da oração na resposta acima exige comentário adicional. "A oração é

um discurso a Deus..." Ela é um discurso, portanto, nós estamos entrando na presença

consciente de Deus e falando com Ele da maneira mais articulada que pudermos,

buscando ser compreendidos, e plenamente consciente com Quem nós estamos a

discursar. Ele é Deus, o Todo-Poderoso, o Criador Soberano e Governante de toda a

criação; Ele também é nosso Pai Celestial que nos ama, cuida de nós e está

intimamente preocupado com todas as coisas em nossas vidas (Gênesis 1:1; Salmos

62:8; 139:1-18; Mateus 10:30; 1 Pedro 5:7);

“ ...em nome de Cristo como Mediador..." Nós não temos outra base sobre a qual

para nos aproximar de Deus. "Nome" significa autoridade. Nós estamos na justiça

imputada de nosso Senhor, temos acesso somente por meio dele, e devemos ser

conscientes do seu ministério de intercessão (Romanos 5:1-2; Hebreus 4:14-16; 7:25);

"...sob a influência e com a assistência do Espírito de Deus..." O trabalho do

Espírito Santo é crucial para as nossas orações. Se Ele deve guiar-nos, nós não

devemos extinguir nem entristecer Suas influências em nossos corações, mentes e

vidas (Romanos 8:26-27; Efésios 4:30; 1 Tessalonicenses 5:19);

"...na fé..." Nós não podemos legitimamente orar em incredulidade. A oração é a

fé articulada - fé expressa (Hebreus 11:6). Nossa fé deve repousar no próprio Deus -

Quem e o Que Ele é - e não meramente no que Ele faz, como o que nós discernimos

em nossa experiência presente pode muitas vezes ser mal interpretado (2 Coríntios.

12:7-10);

"...para as coisas que nós estamos necessitando..." O próprio ato de oração

expressa nossa extremidade. Como nosso Pai Celestial, Deus está preocupado com as

nossas necessidades, e nos convida a colocá-las diante Dele (Mateus 6:7-8,11-13;

Lucas 11:1-13);

"...as quais são consistentes com a vontade de Deus..." Devemos sempre ir a

Deus em submissão, como Ele sabe muito melhor do que nós o que precisamos. É a

vontade de Deus, NÃO nossa, que deve sempre ser o fator determinante na oração

(Mateus 6.10; Lucas 22:41-42; 1 Jo 5:14-15);

"...são para a sua glória para conceder..." O fim de todas as coisas é a glória de

Deus; assim a oração deve buscar isto e não simplesmente a nossa própria vontade,

modo ou ordem do dia (1 Coríntios 10:31);

"...e, portanto, ser feita com humilde submissão." A verdadeira oração resigna-se

a Deus como Aquele cuja vontade deve reinar suprema em todas as coisas. Respostas à

oração derivam do Seu Poder, Seu Propósito e Sua Vontade, NÃO nossa. A oração está

colocando assim de lado o nosso próprio inerente "complexo de deus" e tomando o

nosso legítimo lugar diante Dele como suas criaturas, súditos, servos dispostos e filhos

espirituais. Tal não impede ou desencoraja o fervor e a perseverança na oração, mas

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sim nos alinha com a vontade de Deus e a sua glória (Lucas 18:1-8; 22:42; Atos 21:10-

14; Tiago 5:16-18).

A oração é o supremo ato de fé na experiência presente do crente, o grande ponto

de foco da doutrina, da experiência e da esperança. É o sopro de vida da alma

renovada. É a fé articulada. Quando o Senhor revelou a Ananias que Saulo de Tarso

tinha sido convertido, Ele o fez com as palavras: "...eis que ele está orando" (Atos

9:11). Um "cristão sem oração" seria uma contradição em termos.

Os seres humanos não são apenas criaturas, mas criaturas pecadoras, e por isso

necessitam de uma posição correta diante de Deus a fim de orar corretamente. Toda

verdadeira oração é mediada pela obra de intercessão do Senhor Jesus Cristo tanto

como nosso Mediador quanto nosso Sumo Sacerdote (1 Timóteo 2:5; Hebreus 4:14-16;

7:25; 9:24; 1João 2:1). Se alguém não estiver justificado em um relacionamento correto

com o Pai, ele não tem uma posição correta da qual possa orar (Romanos 5:1-2; 8:33).

As criaturas podem orar? As Escrituras retrata as feras clamando a Deus pela

alimentação delas (Jó 38:41; Salmos 147:9). As criaturas pecadoras podem orar? Elas

podem clamar a Deus como criaturas pecadoras, e rogar a Deus para mostrar-lhes Sua

misericórdia. Deus ouve a oração do pecador por libertação do pecado e pelo perdão

(Lucas 18:13-14). Nenhum pecador jamais porá seu coração para buscar ao Senhor em

vão (Oséias 10:12; João 6:37; 2 Coríntios 6:2).

Além disso, a verdadeira oração é autorizada pela obra intercessora do Espírito

Santo (Romanos 8:26-27). Não é significativo que na realidade e no ato de oração,

mais do que em qualquer outra atividade espiritual, nós devemos ter dois intercessores

dentro da Divindade, um dentro, o Espírito Santo, e um no céu, até mesmo nosso

Senhor Jesus Cristo (Romanos 8:26-27; Hebreus 7:25; 9:24; 1João 2:1)? Isto também

pressupõe que não estamos entristecendo o Espírito de Deus com nossos pecados e que

Ele está operando em nossos corações e mentes para nos carregar e levar a orar

corretamente (Salmo 66:18; Efésios 4:30; 1João 5:14 -15).

A oração é, na verdade, um exercício trinitário, como é dirigida a Deus, o Pai

(Mateus 6:9); é na e pela mediação e intercessão do Senhor Jesus Cristo (1 Timóteo

2:5; Hebreus 4:14- 16; 7:25; 1João 2:1); e é pela graça capacitadora, orientação e

intercessão do Espírito Santo (Romanos 8:26-27).

A oração é inclusiva da experiência e do relacionamento do crente com Deus. Ela

inclui, necessariamente louvor, ação de graças, confissão de pecados, petição, súplica,

intercessão, e comunhão com Deus. A oração pode ser alegre ou triste (Salmos 103:1-

5; 51:1-12), cheia de elogios ou de petições ardentes (Filipenses 4:6-7). Pode ser

chorosa e agonizante (1Samuel 1:10) ou ser preenchida com ações de graças (1 Sam

2:1-10), ou proferida por vezes com gemidos (Salmos 6:6; 32:3), ou em uma luta com

uma mistura de fé e incredulidade (Marcos 9:24). O crente em oração, pela sua variada

experiência e peregrinação espiritual, pode, eventualmente, viajar todo o alcance de

profundidades e alturas espirituais, mentais e emocionais. A oração tem sido descrita

simplesmente como "falar com Deus," "derramar o coração a Deus," ou como

"realização de negócios sérios com o céu." Deve ser notado que em toda verdadeira

oração do Novo Testamento as petições são enquadrados no aoristo imperativo, uma

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abordagem fervorosa, apaixonada preenchida com um senso de urgência e

determinação. Não existem orações casuais verdadeiras! A própria natureza da oração

suscita um sentimento de fervor (Salmos 62:8; Tiago 5:16-18). A questão que permeia

da oração é, Deus sabe; Ele ama; Ele entende; Ele responde às orações - e se não, sua

vontade permanece o bem supremo.

As Escrituras descrevem a verdadeira oração como aquilo que é escriturístico,

piedoso, fervoroso, persistente e eficaz (Marcos 11:24; Lucas 11:1-13; 18:1-8; Tiago

5:16-18). Os grandes inimigos da oração são a incredulidade e a impaciência. A

incredulidade sufoca a oração. A impaciência nos leva a abandonar a oração antes que

uma resposta seja dada. O problema com a maioria dos cristãos professos é que eles

oram, mas com uma mistura de fé e incredulidade, com presunção, arrogância ou por

tradição, e assim querem simplesmente "tentar orar" ou não persistir na oração até que

recebam uma resposta. Nós oramos com fé ou podemos tentar orar com incredulidade.

A primeira é a verdadeira oração, a segunda é um ato de presunção ou frustração.

É bem possível que muitos cristãos professos nunca compreenderam

adequadamente o significado escriturístico da verdadeira oração. A maioria se contenta

em simplesmente tentar orar sem procurar entender o seu grande e incrível significado.

Outros só procuram orar quando alguma crise surge. Alguns simplesmente recitam as

palavras e frases que eles foram ensinados ou aprenderam dos outros e "dizem suas

orações;" outros experimentam dificuldade na tentativa de orar por causa de uma

consciência de pecado ou uma incerteza de sua posição diante de Deus. Alguns tentam

orar na simplicidade da fé deles, contudo em erro porque eles são ignorantes das

Escrituras ou do poder e do propósito de Deus. Outros ainda buscam orar

escrituristicamente e tentam enquadrar as suas orações na verdade e nos princípios

bíblicos. Apenas se a realidade da oração é entendida a partir das Escrituras, ela

começa a assumir o seu devido lugar e perspectiva na vida e na experiência do crente.

É extremamente útil considerar os pressupostos da oração, ou seja, aquelas

suposições escriturísticas que fundamentam a verdadeira oração. Considere o seguinte:

Deus existe. Ele responde a nossa fé. Nós não oramos para um Ser não existente

(Hebreus 11:6). Ele é uma Pessoa distinta, com Quem devemos ter um relacionamento

íntimo pela mediação do Senhor Jesus (Mateus 6:5-13; Romanos 5:1-2; 1 Coríntios

8:6). Ele é um Deus que ouve e responde às orações (2 Crônicas 7:14; Jeremias 33:3).

Ele é absolutamente soberano sobre todas as coisas, incluindo as esferas físicas (1Reis

18:21-39; Mateus 6:11), sociais (Êxodo 3:19-22; 12:35-36; 34:23-24), políticas (Juízes

9:22-23; Provérbios 21:1; Isaías 10:5-15; 1 Timóteo 2:1-3), morais (Gênesis 20:06;

Salmos 76:10; Mateus 6:12-15) e espirituais (João 3:3,5-8; 6:44). Assim, as orações

relativas a qualquer uma destas esferas podem ser orações respondidas para o perdão,

para a proteção, para as condições sociais, por mudanças no governo ou para a

conversão dos pecadores. Além disso, Deus como uma personalidade distintamente

moral tem um propósito ou vontade definidos, e Ele responde a essas orações que são

agradáveis a Ele (Efésios 1:3-14; Romanos 8:26-27; 1João 5:14-15). É dever do crente

e privilégio submeter-se à vontade Divina, que é o bem maior, se esta é imediatamente

compreendida ou não (Gênesis 18:25; Mateus 26:39,42; Lucas 22:41-44; Atos 21:14;

Romanos 8:26-27). Novamente, Deus tem um caráter moral distinto. Nenhuma

resposta à oração pode ser arbitrária ou contrária à sua Santa e Justa vontade (Gênesis

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18:25; Salmos 145:17-20). Veja a Pergunta 98 para uma discussão sobre a oração e a

predestinação. A oração não pode derivar de nosso próprio preconceito, egocentrismo,

justificação própria ou concupiscências (Tiago 4:2-4). Não podemos verdadeiramente

orar com uma atitude implacável (Mateus 6:12, 14-15). Finalmente, Deus está

intimamente envolvido em Sua criação. Assim, nada é tão grande ou pequeno para ser

uma questão de oração (Salmos 147:7-9; Mateus 6:11,24-34; 10:29-31; Filipenses 4:6-

7; 1 Pedro 5:7). Nós oramos ou simplesmente "dizemos nossas orações?"

98ª Pergunta - Qual é o significado da oração na vida e experiência do crente?

Resposta - A oração é a marca principal da graça, a comunhão vital com Deus

que expressa a fé do crente, alinha a vida com a natureza e a vontade de Deus, vivifica

todas as outras graças, adquire todas as bênçãos e santifica todo o serviço obediente.

Hebreus 11:6. “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário

que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e que é galardoador dos

que O buscam.”

1 Tessalonicenses 5:17. “Orai sem cessar.”

Tiago 5:16. “...A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.”

Veja também: Salmos 66:18; Mateus 6:5-15; Lucas 18:1-8,9-14; Atos

9:11; Efésios 1:15-20; 3:14-19; Filipenses 1:9-11; Colossenses 1:9-13; 1

Tessalonicenses 5:17,25; 2 Tessalonicenses 3:1-2; Tiago 4:2-3; 5:13-18; 1João

5:14-15.

COMENTÁRIO

Como observado na pergunta e resposta anterior, a oração é a marca principal da

graça. Veja a Pergunta 112. É a marca universal e inevitável de um crente sincero.

Embora satanás possa falsificar algumas marcas da graça, ele nunca leva o simples

cristão professo a procurar sinceramente a face de Deus em oração. A oração reflete a

própria essência da fé do crente, que é, talvez, a principal razão pela qual muitos

crentes acham a oração sincera, piedosa, e persistente o exercício mais difícil.

Por quem e pelo quê devemos orar? A Escritura revela o seguinte: nós devemos

orar para a Glória de Deus, para a Extensão de Seu Reino e para Sua vontade ser

feita sem oposição ou reclamação (Mateus 6:9-10), por nós mesmos (Mateus 6:11-

13), por nossas necessidades diárias (Mateus 6:11), para perdão dos pecados

(Mateus 6:12), por outros crentes (Efésios 1:15-20; 3:14-19; 6:18; Filipenses 1:9-11;

Colossenses 1:3,9-12), pela causa de Cristo (Efésios 6:19-20; Colossenses 4:3; 2

Tessalonicenses 3:1), pela salvação dos não convertidos (Romanos 10:1; 1 Timóteo

2:1-4), por tempos de avivamento e despertamento espiritual por meio do Espírito

Santo (Mateus 7:9-11; Lucas 11:9-13; Atos 3:19; 4:29-31), para o sucesso do

evangelho e da libertação dos ímpios (2 Tessalonicenses 3:1-2), por funcionários

públicos, governantes e magistrados (1 Timóteo 2:1-3) e até mesmo por nossos

inimigos (Mateus 5:44-48; Romanos 12:14).

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Como devemos orar? Com fé (Marcos 11:24; Hebreus 11:6; Tiago 1:6), com

fervor e gratidão (Filipenses 4:6-7; Tiago 5:16-18), com uma visão para a

Majestade e Glória de Deus, e nossa própria indignidade (Gênesis 18:27;

Eclesiastes 5:2; 1 Coríntios 10:31), com fervor e persistência (Lucas 11:5-13; 18:1-8;

Tiago 4:2; 5:16-18) e com uma humilde submissão à Sua vontade (Mateus 6:9;

Lucas 22,42; 1João 5:14-15).

A oração é o grande santificador. Qualquer obra tentada pela causa de Cristo,

qualquer serviço Cristão que não é santificado pela oração, necessariamente carece

dessa qualidade espiritual e caráter que recebe a plenitude da bênção Divina. Muita

energia pode ser gasta e tempo consumido sem a bênção pretendida porque a vontade e

a face de Deus não foram cuidadosa e humildemente procuradas pela oração e

obediência piedosas à vontade revelada de Deus.

É digno de nota que o nosso Senhor mesmo orou constantemente durante sua

jornada terrena (Mateus 14:23; 26:36-44; Lucas 5:16; 11:1; 22:31-32; João 11:41-42).

Suas orações registradas são fervorosas e íntimas, embora reverentes (João 17). Ele

passou noites inteiras em oração (Lucas 6:12). Se nosso Senhor, o Filho de Deus sem

pecado, o Deus-Homem, o último Adão, aquele que sempre fez a vontade do Pai e lhe

agradou - tanto precisava quanto desejava passar horas sozinho com seu Pai Celestial

em oração, quanto mais nós que somos fracos, criaturas pecadoras, necessitando de

graça constante, misericórdia e perdão, proteção Divina, liderança e o ministério

sustentador do seu Espírito!

A oração muda as coisas? Se virmos respostas à oração apenas do nosso próprio

ponto de vista humano, então, sim; mas se da perspectiva Divina, pode-se afirmar que a

oração é o meio ordenado por Deus de cumprir a Sua vontade (1João 5:14-15). É

também a maneira na qual Deus muitas vezes muda a pessoa que ora para ser conforme

à Sua vontade. O crescimento na graça e na realização espiritual estão sempre

relacionados a uma vida de oração. A oração vivifica, santifica e fortalece todas as

outras graças. Assim, as provações e adversidades que cada crente deve enfrentar e

superar são santificadas para sua experiência em grande parte por meio da oração

piedosa e perseverante. Como Deus é absolutamente perfeito e qualquer mudança seria

uma imperfeição, é errôneo pensar que podemos mudar o propósito de Deus por meio

da oração.

Pode ser perguntado: "Por que orar se tudo está predestinado? "Veja as perguntas

27 e 69. Frequentemente é contestado se Deus predestinou todas as coisas, a oração

seria sem significado. Marque o seguinte:

Primeiro: esta não é uma objeção válida contra a predestinação como tal, pois

poderia ser argumentada da mesma forma com base em mera presciência (uma

presciência vazia) que se Deus previu o que iria receber em oração, tal oração seria

igualmente desnecessária (Mateus 6:7-8);

Segundo: tal protesto ignora os mandamentos bíblicos para orar e com urgência

com perseverança (Mateus 7:7-11; Marcos 11:24; Lucas 18:1-8; 1 Timóteo 2:1-8;

Tiago 5:16-18). Os crentes são ordenados, instados e ensinados a orar por preceito,

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princípios e pelos exemplos de orações da Bíblia, que cobrem em princípio cada

condição e situação humana concebível;

Terceiro: tal pensamento surge de um equívoco sobre o uso bíblico dos meios e

da própria natureza da oração. Deus ordenou a oração como um meio de cumprir Sua

vontade assim como Ele ordenou pregar para converter os pecadores e ordenou

fidelidade à Sua vontade revelada nas Escrituras para obter Sua bênção. Concluir que a

oração muda Deus é não compreender a natureza de Deus e interpretar mal o

significado da oração;

Quarto: a própria essência da oração inclui necessariamente o reconhecimento de

uma submissão à vontade de Deus (Mateus 6:9-10; 26:39,42; Romanos 8:26-27; 1João

5:14-15). A oração é um ato de adoração no sentido mais elevado, nunca uma tentativa

de forçar nossa vontade sobre Deus.

Nossas preocupações, no contexto da vontade secreta de Deus (Deuteronômio

29:29), devem ser as seguintes:

Primeira: não devemos viver ou pensar de modo a entristecer o Espírito Santo e

assim impedir Sua direção e impressões em nossas vidas e orações (Romanos 8:26-27;

Efésios 4:30).

Segunda: nós devemos orar inteligentemente de acordo com Sua vontade

revelada, ou seja, as Escrituras.

Terceira: devemos buscar pela oração e das Escrituras discernir a Sua vontade;

Quarta: devemos chegar por nós mesmos em tal estado diante de Deus que

estejamos abertos para conhecer a Sua vontade, independentemente de qual seja Ela.

Impressões, relacionamentos humanos, providências mal interpretadas e nossos

próprios preconceitos e desejos podem impedir o discernimento correto de Sua

vontade. Finalmente, devemos orar fervorosamente e com perseverança até que nossas

orações sejam respondidas ou a vontade de Deus seja de outro modo

providencialmente conhecida. Isto explica por que muitas, mesmo a maioria de nossas

orações não podem ser respondidas, respondidas de maneira que nós nunca

pretendemos ou após atrasos aparentemente longos.

Nós somos pessoas que oram? Buscamos seriamente a vontade de Deus em cada

situação dada pelo estudo da Palavra e oração perseverante? Nós vivemos de tal modo

diante de Deus que o Seu Espírito não seja entristecido nem extinguido? Estamos

prontos para conhecer e nos submeter à vontade de Deus, independentemente do que

Ela é ou quais são Suas consequências?

99ª Pergunta – Qual foi a regra que Deus deu para a nossa direção na oração?

Resposta - A inteira Palavra de Deus é útil para nos dirigir em oração, mas a

direção específica é dada pelo Senhor na Oração Modelo.

Mateus 6:9-13. 9”

Portanto, vós orareis assim: “Pai nosso, que estás nos

céus, santificado seja o teu nome; 10

Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade,

assim na terra como no céu; 11

O pão nosso de cada dia nos dá hoje; 12

E perdoa-

nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; 13

E não

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nos conduzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e

a glória, para sempre. Amém”.

Veja também: Lucas 11:1-4; Romanos 8:26-27; 12:12; Efésios 6:17-18; 1

Tessalonicenses 5:17; Tiago 1:5-8; 4:2-3; 5:16-18.

COMENTÁRIO

Precisamos de direção na oração (Lucas 11:1-13; Romanos 8:26-27). Nós muitas

vezes oramos errado por várias razões, e podemos encontrar algumas das nossas

orações mais sinceras e ardentes sem resposta ou respondidas de uma forma bastante

diferente de como oramos ou esperamos (2 Coríntios 12:8-9; Tiago 4:2-3; 1 Jo 5:14-

15). É digno de nota que nosso Senhor deu essa direção para a oração em duas ocasiões

diferentes (Mateus 6:5-15; Lucas 11:1-13).

Esta oração é comumente chamada "A Oração do Senhor," mas esta ele não a fez

e não podia orar como o Filho impecável e eterno de Deus, pois ela contém uma

confissão de pecado e também pede a libertação tanto da tentação quanto do mal. Esta

é ao contrário a Oração Modelo que nosso Senhor ensinou aos seus discípulos como

um modelo para a oração pessoal, privada e pública, "Portanto, vós orareis assim"

(Mateus 6:5-8). Esta oração tem um prefácio, seis petições e uma conclusão ou

doxologia.

Esta Oração Modelo não deve ser relegada a uma época passada, como se ela

pertencesse mais ao Velho Testamento e à lei do que ao Novo Testamento e à graça,

ou, contudo, à algum tempo futuro. De fato, a graça caracteriza ambos os Testamentos.

Ela é em princípio e em substância o modelo ensinado por nosso Senhor e é

inteiramente adequada para cada crente. Duas outras objeções têm sido levantadas

contra ela:

Primeira, esta oração não termina em nome de Jesus. O ensinamento de Nosso

Senhor sobre a oração em seu nome foi dado mais tarde para os mesmos discípulos que

ele preparou para a sua paixão (João 14:13-14; 15:16; 16:23-24,26). Ela foi a lição

final de nosso Senhor em oração antes de sua paixão;

Segunda, o nosso próprio perdão é baseado em nosso perdão aos outros, em vez

da justiça de Cristo e confissão do pecado. A verdade que permanece é que ninguém

pode simplesmente orar estaticamente com uma atitude implacável e ter qualquer

expectativa que o Senhor responderá tal oração. A presunção é o oposto da atitude

humilde necessária para a oração (Isaías 57:15; Mateus 6:14-15). Os presunçosos têm

uma atitude imperdoável porque eles não sentiram a desesperada necessidade de serem

perdoados ou a alegria de serem perdoados. Uma atitude imperdoável estaria

completamente fora de funcionamento com todo o teor não só desta oração, mas da

oração em si. Orações sem graça não são de autoria do Espírito nem respondidas por

um Deus gracioso (Lucas 18:9-14).

O contexto desta Oração Modelo (Mateus 6:5-8) deve ser considerado, pois ele

contém algumas advertências necessárias e orientações valiosas:

Primeiro: as instruções para esta Oração Modelo preocupam-se com a oração

pessoal, assim o que o nosso Senhor aqui nos ensina é principalmente para a oração

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pessoal; não está diretamente relacionada com a oração pública. A repetição mecânica

desta oração no culto público, em vista do ensino de nosso Senhor, é no mínimo

questionável. NÃO devemos orar a fim de fazer uma cena ou buscar produzir um

efeito;

Segundo: a oração é um assunto privado entre o indivíduo e Deus. Tal oração, se

possível, deve ser a mais privada possível para que não haja distrações ou ouvintes

humanos. Isto pode implicar que alguém pode dar lugar a toda variedade de palavras e

emoções sem qualquer audiência humana. Quando alguém está a sós com Deus em

comunhão com Ele, não deve haver quaisquer restrições ou inibições;

Terceiro: nosso Senhor proíbe rigorosamente frases sem sentido e expressões

vazias que não denotam o verdadeiro espírito de oração, e refletem negativamente

sobre a concepção de alguém acerca de Deus. Nós devemos orar como cristãos, não

como pagãos! O crente deve orar com um conhecimento bíblico de Deus e não com

equívocos e mal-entendidos.

Quarto: nossa oração deve refletir o caráter de Deus. Ele sabe as coisas das quais

temos necessidade, antes de pedir a Ele. Isto implica que o nosso conhecimento de

Deus, Sua natureza e caráter, devem ser refletidos em nossas orações. Ele é um

verdadeiro teólogo que pode orar corretamente!

Finalmente, nosso Senhor promete uma recompensa aberta em resposta à oração

privada. Nós somos um povo verdadeiramente de oração? Você é uma pessoa que ora?

(Atos 9:11).

100ª Pergunta - O que o prefácio da Oração Modelo nos ensina?

Resposta - O prefácio ensina que Deus é nosso Pai, que está exaltado em

soberano poder e glória, e que a nossa aproximação deve ser sempre com a devida

reverência e humildade.

Mateus 6:9. “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus...”

Veja também: Lucas 11:13; Romanos 8:15; Efésios 2:18; 1João 3:1-2 ,10.

COMENTÁRIO

Esta Oração Modelo é um modelo para as nossas orações pessoais, privadas e

públicas quanto ao seu conteúdo e características (Mateus 6:5-15; Lucas 11:1-4). Ela

não é uma oração para ser repetida de forma mecânica ou de forma ritualística, pouco

inteligente, embora ela possa servir para dar ao coração e à mente uma estrutura

adequada.

Embora o contexto marque claramente esta como oração privada (v. 5-9),

contudo Deus deve ser tratado como "Pai Nosso." Como nosso Senhor estava

ensinando os seus discípulos, o uso do plural seria de se esperar, mas não existe um

senso de comunidade, uma consciência de outros, especialmente outros crentes, mesmo

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na oração particular? Esta pluralidade caracteriza toda a oração em ambos os exemplos.

O crente não é considerado nas Escrituras, nem deve considerar-se, como uma entidade

isolada. Não há lugar para o egoísmo no crente, nem mesmo na oração privada.

Somente aqueles que podem reivindicar corretamente Deus como Seu Pai de

acordo com o testemunho das Escrituras podem orar verdadeiramente. A oração

verdadeira e bíblica pressupõe um relacionamento correto com Deus, uma base correta

de abordagem por meio do Senhor Jesus Cristo tanto como Mediador quanto como

Sumo Sacerdote (Romanos 5:1-2; 1 Timóteo 2:5; Hebreus 4:14-16; 7:25; 9:11-14;

1João 2:1), com o auxílio do Espírito Santo (Romanos 8:14-17,26-27; Gálatas 4:6-7), e

uma atitude correta de abordagem (Filipenses 4:6; Lucas 24:42). As orações de

Cornélio foram notadas por Deus, que o estava preparando para a conversão (Atos

10:1-6,22,34-35; 11:13-14).

O prefácio ensina que embora Deus seja nosso Pai (Romanos 8:14-15), Ele não

deve ser abordado com familiaridade indevida, mas com reverência, humildade e uma

consciência de Seu poder, Glória e Majestade. Esta consciência Divina e do progresso

de humildade correspondente ao longo desta oração. Nós vivemos com uma verdadeira

consciência Divina?

101ª Pergunta - O que a primeira petição da Oração Modelo nos ensina?

Resposta - A primeira petição nos ensina que o nome de Deus deve ser

magnificado e que nós devemos glorificá-lo em todas as coisas.

Mateus 6:9. “...Santificado seja o teu nome”.

Veja também: Salmos 5:11; 86:11; 111:9; 145:1; Isaías 42:12; Mateus

5:16; 1 Coríntios 10:31; 1 Pedro 4:11.

COMENTÁRIO

Esta petição nasce tanto de um desejo quanto de um senso de dever. Esta oração

começa com uma verdadeira consciência Divina que permeia sua totalidade. Nós

devemos desejar que o Nome de Deus seja tratado e considerado como sagrado em

todas as coisas. Isto pressupõe uma aversão ao pecado em nós mesmos, uma submissão

voluntária à providência Divina e um esforço para trazer os nossos poderes de suportar

dentro de nossa esfera de influência para a glória e honra de Deus. Isto deve ser

primário e estar em primeiro lugar em nossas vidas e pensamentos. Deve cancelar

imediatamente qualquer egocentrismo, presunção ou agenda pessoal. Nós também

precisamos da Palavra de Deus para direção, e sua graça e Espírito para a

capacitação de glorificá-lo corretamente.

Esta primeira petição deve ser uma que transforma a vida, uma vez que afeta toda

a vida e a realidade. Orar para que o nome de Deus seja santificado significa

literalmente que todas as coisas na esfera da realidade devem ser trazidas em

subserviência para esta grande e gloriosa verdade - nosso trabalho, energias, prazeres,

relacionamentos, propósitos, serviço, desejos e esperanças. Quão rapidamente nós

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esquecemos isto a menos que seja constantemente impressionado em nossas mentes e

corações!

102ª Pergunta - O que a segunda petição da Oração Modelo nos ensina?

Resposta - A segunda petição nos ensina que o reino de satanás será destruído e o

Reino da graça de Cristo será aumentado e o Reino da glória será acelerado.

Mateus 6:10. “Venha o teu Reino...”

Veja também: Daniel 7:27; Mateus 3:2; 6:33; 7:21; 11:12; Marcos 10:15;

Lucas 1:33; 17:21; Romanos 8:28; 14:17; 16:20; 1 Coríntios 4:20; 15:24-28;

Efésios 2:2-3; Colossenses 1:12-13; 1 Tessalonicenses 2:12; 2 Timóteo 4:1,18; 2

Pedro 1:11; 3:13; 1 João 3:8; Apocalipse 12:12; 20:1-10; 22:20.

COMENTÁRIO

Como a primeira petição está relacionada com a santidade ou a glória e honra do

Nome de Deus, a segunda está relacionada com o aumento do Seu Reino. Não é

significativo que o aumento do Reino de Deus deve ser um dos principais interesses de

todos os crentes? Deve ser mais um interesse primário do que as nossas próprias

necessidades diárias.

Nosso Senhor veio para desfazer as obras, ou o reino, de satanás (1João 3:8). Isto

começou com sua tentação no deserto (Mateus 4:1-11) e terminou com sua paixão,

ressurreição e ascensão ao céu (Hebreus 1:1-3; 2:9-15). O reino de satanás é mantido

pelo seu poder (2 Coríntios 4:3-6; Efésios 2:2-3; Apocalipse 12:12), mas Deus está

destruindo-o e acabará por destruí-lo para sempre (1 Coríntios 15:24 -25; Efésios 2:4-

10; Colossenses 1:12-13; Apocalipse 20:1-6,10).

Nesta petição, nós oramos para que o reino de satanás seja destruído e que o reino

de Cristo aumente Isto implica:

Primeiro, a vitória final do evangelho por todo o mundo, ou seja, que o evangelho

será pregado a todas as nações, a conversão dos judeus (Romanos 11), e que nossa fé

deve elevar-se acima e além das presentes provações, da guerra e da oposição espiritual,

para descansar em si mesma no propósito final e infalível de Deus;

Segundo: esta petição implica que os crentes devem ser evangelísticos

domesticamente e pelas missões estrangeiras. O reino de Deus é o domínio espiritual

Dele, e isto começa sobre uma base individual na regeneração e na conversão. A

proclamação do evangelho foi concedida aos crentes individualmente e às igrejas

corporativamente (Mateus 28:18-20; Marcos 16:15; Lucas 24:46-47; Atos 1:8);

Terceiro: esta petição implica que nós devemos orar por tempos de avivamento e

despertamento espiritual, os prometidos "tempos de refrigério (que devem vir) pela

presença do Senhor" (Atos 3:19). Orar verdadeiramente esta oração é estar disposto a

fazer o que pudermos para estender o Reino de Deus entre os homens. O aumento do

Reino de Deus é uma prioridade em nosso pensar e em nosso agir?

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103ª Pergunta - O que a terceira petição da Oração Modelo nos ensina?

Resposta - A terceira petição nos ensina que devemos orar para que Deus em Sua

graça nos torne capazes e dispostos a conhecer, obedecer e submeter-nos à Sua vontade

em todas as coisas, sem dúvida ou reclamação, como é feito no céu.

Mateus 6:10. “...Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.”

Veja também: Salmos 119:4-5; Daniel 4:35; Atos 21:14; Romanos 8:7-9;

12:1-2; 1 Coríntios 2:14; Colossenses 1:11; Hebreus 12:5; Tiago 1:2-4; 4:1-3,13-

15.

COMENTÁRIO

As três primeiras petições estão todas ocupadas com os pensamentos de Deus,

sua santidade, glória, reino, vontade e propósito. Estas são as grandes prioridades

para nossas mentes, corações e vontades. Estas devem ser mantidas como as maiores

prioridades, antes mesmo de nossas próprias necessidades pessoais e diárias.

Esta petição refere-se tanto à vontade secreta de Deus (Deuteronômio 29:29)

quanto à Sua vontade revelada, ou seja, a Sua verdade escrita. Enquanto devemos nos

submeter a esta última em obediência, podemos ser provados intensamente pela

primeira quando ela ocorrer sob a forma de providências sombrias, provação inesperada

ou tragédia, tudo muito contrário à nossa vontade ou expectativa. Murmurar ou afligir-

se contra a vontade secreta de Deus quando ela é dada a conhecer de forma contrária

deriva tanto de uma falta de santificação quanto de um elemento inerente da

incredulidade. Tal fato, por vezes, pode importunar até mesmo os mais piedosos entre

os crentes até que o coração e a mente sejam subjugados (2 Coríntios 12:7-10).

Por natureza, esta petição vai contra nossas mentes, corações e vontades. Nós

queremos naturalmente nosso próprio conforto e caminho como uma grande prioridade.

Na esfera da graça, no entanto, nós seremos chamados a sofrer adversidades e

injustamente sofrer perseguição por causa do Reino de Deus (Atos 14:22; Romanos

8:35-37; 2 Timóteo 3:12; 1 Pedro 4:1-2). É somente pela fé que podemos

verdadeiramente submeter-nos à vontade de Deus, sem dúvida e reclamação, e sem

ansiedade ou receio (Romanos 8:28-31; Filipenses 4:6-7; 1 Pedro 2:19-23; 5:6-7).

Ao considerar a questão da vontade de Deus, e a humilde submissão do crente a

Ela, o assunto da oração sem resposta deve ser discutido. Poucas coisas são mais

difíceis, mesmo agonizantes para o crente que as suas orações permanecerem sem

resposta. Se tais fervorosas orações são manifestamente para a causa de Cristo e para a

glória de Deus, e NÃO de próprio interesse ou de conforto, por que tais pedidos

fervorosos não são sempre respondidos? Não é verdade que "a oração feita por um justo

pode muito"? Que "os homens devem orar sempre e nunca desfalecer"? Que nós

devemos "chegar com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar

misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno"? Que nós

estamos a persistir sem inibições até que tenhamos uma resposta? (Lucas 11:5-8; 18:1-

8; Tiago 5:16-18; Hebreus 4:16).

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As razões para orações não respondidas são variadas:

Primeira: simplesmente pode não ser a vontade de Deus responder a uma

determinada oração. A vontade de Deus é o último fator decisivo não nossa urgência,

fervor ou importunação,.Ele glorifica-se a si mesmo no bem maior, e isso muitas

vezes é uma questão de Sua vontade secreta, que permanece desconhecida para nós

(1João 5:14-15). Podemos ser muito fervorosos ou emocionais, mas não temos a

liderança do Espírito para tais petições (Romanos 8:26-27). Esta é uma palavra pesada,

mas está de acordo com o ensinamento das Escrituras. Confiamos que tais encargos na

oração derivam do Espírito, portanto, as emoções e anseios do coração podem

facilmente se tornarem substitutos para o impulso do Espírito. Muitas vezes, o tempo

deve revelar por que Deus não respondeu a algumas das nossas orações. Poderíamos ter

decidido por algo muito abaixo daquilo que nosso Senhor foi mais tarde conceder.

Teríamos cometido grandes erros aos quais nós estávamos cegos no momento. Deus

nunca é cruel quando Ele não responde às nossas orações como queremos (Romanos

8:28). Não há dureza em Sua atitude em relação a nós (Efésios 2:7). Um grande cristão

disse uma vez que ele tinha vivido o suficiente para agradecer a Deus porque Ele não

tinha respondido muitas das suas orações! Outro escreveu: "Tenho certeza de que

receberei o que eu peço ou o que deveria pedir.";

Segundo: nós devemos ter a certeza de que nossas orações estão de acordo com a

vontade revelada de Deus, ou seja, sua Palavra escrita. As orações que vão contra a

vontade revelada de Deus são perguntadas erradas, assim como as orações que são

simplesmente egoístas (Tiago 4:1-4). A pessoa que ora melhor deve ser a que está

saturada com as Escrituras corretamente entendida;

Terceiro: o pecado não confessado impede nossa comunhão com Deus e impede a

verdadeira oração (Salmos 66:18). Pensar que podemos orar com um conhecimento

consciente de pecado não confessado é uma afronta à santidade e à autoconsistência

moral de Deus;

Quarto: a oração é um ato de fé. Na verdade, ela é o supremo ato de fé para o

crente nesta vida. Todas as pressuposições da oração necessitam a fé. Veja a Pergunta

97. Se nós orarmos em incredulidade, não podemos esperar que nossas orações sejam

respondidas. Devemos lembrar, no entanto, os grandes exemplos de oração descrente

que Deus, contudo, respondeu: o murmúrio do povo de Israel em Cades-Barnéia

(Números 14:1-30), e a oração pela libertação de Pedro da prisão (Atos 12:1-17). No

primeiro exemplo, Deus ouviu as murmurações e queixas deles, e deu-lhes a sua

resposta horrível, que eles nunca esperavam. No segundo, a igreja manteve-se em

oração, embora eles equivocadamente pensassem que se Deus tivesse respondido a

oração deles, Ele teria feito isso antes. Ele literalmente esperou até o último momento.

Assim, nós aprendemos que deveríamos levar nossas orações e queixas diante de Deus

seriamente e deveríamos perseverar na oração com fé apesar de quaisquer dúvidas,

medos ou incredulidade que possam surgir;

Quinto: poderia não ser o tempo de Deus. Ou nós não poderíamos estar preparados

para receber tais respostas como tão ardentemente desejávamos, ou as variadas

circunstâncias não poderiam,contudo, estar alinhadas no propósito Divino. Os atrasos de

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Deus não são necessariamente Suas negações. Se nossa causa é justa, devemos

perseverar até que haja provas claras de que não é a vontade de Deus (2 Coríntios 12:7-

9);

Finalmente, Deus pode não responder por um tempo prolongado até que sejamos

trazidos ao fim de nós mesmos e totalmente quebrados. Essa agonia da oração sem

resposta torna-se então uma grande provação para fortalecer a nossa fé, para nos

conduzir à confissão de pecados que não podíamos usualmente tratar ou querer tratar, e

para nos ensinar a paciência (Lucas 11:5-8; 18:1-18; Tiago 1:2-8). As maiores bênçãos

de Deus nunca são obtidas facilmente. Se todas as nossas orações fossem respondidas

de imediato, onde estaria a nossa fé, paciência e perseverança? Não causaria uma certa

quantidade de presunção e impaciência ?

Nós devemos, portanto, procurar ser tão corretos o quanto pudermos de tal modo

que nossas orações procedam por motivos puros, que honrem e glorifiquem a Deus, que

elas sejam escriturísticas em princípio, que nosso fardo seja do Senhor e não meramente

de fervor emocional ou idealismo religioso, que nós peçamos na fé e não na

incredulidade, e que nós oremos com uma resignação à vontade de Deus. Nós podemos

e nos submeteremos à vontade do Pai sem objeção ou reclamação?

104ª Pergunta - O que a quarta petição da Oração Modelo no ensina?

Resposta - A quarta petição nos ensina que nossas necessidades diárias para com

os cuidados desta vida são da preocupação de Deus e são legítimos para serem assuntos

para a oração.

Mateus 6:11. “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.”

Veja também: Gênesis 2:17; 3:17-19; Deuteronômio 8:7-18; 28:15-18;

Salmos 103:1-5; 128:2; Provérbios 6:6-8; 30:8-9; Mateus 4:4; 6:25-34; Marcos

7:18-23; Lucas 24:30; Romanos 8:35-37; Efésios 4:28; Filipenses 4:6-7,19; 1

Timóteo 4:1-5; 6:17; Tiago 4:2-3; 1 Pedro 5:6-7.

COMENTÁRIO

Quando o homem caiu em Adão e apostatou de Deus, ele perdeu o direito à

abundância da terra e tornou-se sujeito a várias privações, trabalho exaustivo e

resultados diminuídos (Gênesis 2:16-17; 3:17-19). Contudo, Deus cuida de todas as

Suas criaturas, mesmo os pecadores, e especialmente de Seus próprios filhos espirituais.

O essencial da vida e até mesmo seus prazeres mundanos são assuntos de interesse para

Ele (Atos 14:15-17; Filipenses 4:6-7,19; 1 Timóteo 4:1-5; 6:17; 1 Pedro 5:6-7).

Nesta petição somos lembrados de nossa fragilidade e limitações como criaturas e

da nossa dependência total de Deus como nosso Pai celestial amoroso e carinhoso. Para

os crentes, todos os dias de nossa existência terrena com suas necessidades e cuidados é

um teste de fé.

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Somos ensinados nesta petição que devemos confiar em Deus em uma base diária

para as necessidades e legítimas alegrias da vida. Como o homem não deve viver só de

pão, esta petição pode ser considerada como se estendendo também às nossas

necessidades espirituais diárias (Mateus 4:4). Também estamos proibidos de nos

preocupar com o futuro, como se o nosso Deus ignorasse nossas necessidades ou

falhasse em sustentar-nos (Mateus 6:24-34). Ainda somos ensinados que devemos

aprender a contentar-nos com o que Deus providencialmente tem fornecido (Filipenses

4:11-13,19). Finalmente, somos ensinados que nosso Pai Celestial é um Deus que está

próximo e não distante de nós (Salmos 103:1-6,13-14; 139:1-18; Mateus 10:29-31; Atos

17:25-28; Hebreus 4:13). Nós levamos todas as coisas a Deus em oração?

105ª Pergunta - O que a quinta petição da Oração Modelo nos ensina?

Resposta - A quinta petição nos ensina que todos nós somos culpados do pecado,

e que esta consciência deve proibir um espírito implacável e nos levar a perdoar os

outros.

Mateus 6:12. “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos

aos nossos devedores.”

Lucas 11:4. “E perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos

a qualquer que nos deve.”

Veja também: Salmos 68:11; Mateus 5:43-44; 6:14-15; Lucas 18:9-14;

Romanos 12:14; Tiago 4:2-3.

COMENTÁRIO

O pecado, aqui denominado de dívida, possui cinco terríveis realidades: é real ou

verdadeiro, e não meramente a invenção da imaginação de alguém. Ele carrega tanto a

culpa quanto a pena; também polui e existe como um poder usurpador que pretende

dominar a vida. Veja a Pergunta 36. Todo ser humano é um pecador por imputação, por

natureza e por pensamentos pessoais, palavras e ações. Cada e todo pecado é contra

Deus (Salmos 51:4). Uma consciência de Deus e uma consciência do pecado devem ser

inseparáveis para criaturas pecadoras (Gênesis 18:27; Jó 40:4; 42:5-6). Isto significa

que quando alguém busca verdadeiramente a face de Deus em oração, ele é

necessariamente assediado por sua própria pecaminosidade inerente. Sua única base de

aceitação e abordagem é a justiça imputada de Jesus Cristo e Sua obra de intercessão

(Romanos 5:1-2; Hebreus 7:25; 9:11-14; 1 Jo 2:1). Veja a Pergunta 74. Esta petição

contradiz toda pretensa de superioridade e presunção por parte de qualquer crente.

Tanto a glória da cruz quanto da realidade da oração são destinadas a humilhar e a

endireitar cada um de nós. Deve ser notado que esta petição é a única para a qual nosso

Senhor acrescenta mais um comentário após o seu ensinamento sobre a oração (Mateus

6:14-15).

Esta petição nos ensina que não podemos nos aproximar de Deus em oração com

uma atitude implacável. Tal seria totalmente estranha e impediria qualquer possibilidade

de verdadeira oração. Tal atitude implacável deriva de uma presunção e egocentrismo

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pecaminosos e uma falta de compreensão adequada de nosso próprio estado perdoado

diante de Deus. Quando nos aproximamos de nosso Pai Celestial, que está entronizado

em glória, com uma verdadeira consciência de Deus e uma consciência própria,

aproximamo-nos Dele como um verdadeiro ato de adoração, somos grandemente

humilhados, e preenchidos com um senso de nosso próprio perdão, aceitação e

reconciliação por meio de Jesus Cristo. Uma consciência própria pecaminosa pode

produzir grande humildade, mas a consciência da graça Divina traz tanto grande

humildade quanto grande alegria. Nós temos uma atitude de perdão? (Marcos 11:25-26;

Lucas 11:04; 17:3-4; Efésios 4:32).

106ª Pergunta - O que a sexta petição da Oração Modelo nos ensina?

Resposta - A sexta petição nos ensina que, mesmo como crentes, somos

suscetíveis à tentação e ao mal, e necessitados de constante apoio Divino e libertação.

Mateus 6:13. “E não nos conduzas à tentação; mas livra-nos do mal;...”

Veja também: Gênesis 3:1-7; 22:1; 39:7-9; Deuteronômio 13:3; Juízes

2:21-22; 1 Reis 22:19-23; 2Crônicas 32:31; Jó 1:12; 2:6; Salmos 119:113; 141:4;

Mateus 16:21-23; 26:41; Lucas 9:53-56; 22:31-32; João 13:2; 1 Coríntios 10:13;

2 Coríntios 2:11; 11:3; Efésios 6:10-17; 1 Timóteo 2:12-14; Hebreus 11:37;

Tiago 1:2-4; 13-16; 1 Pedro 5:8-9.

COMENTÁRIO

Neste ponto, podemos notar a escala descendente nesta Oração Modelo. Tem sido

dito que nós começamos como uma criança a seu Pai, então como uma criatura a seu

Deus, como um súdito a seu Rei, como um servo ao seu Mestre, como um mendigo ao

seu Benfeitor, como um devedor ao seu Credor, como um escravo ao seu Libertador, e

finalmente, subimos como um cidadão ao seu Soberano.

Esta petição introduz o chamado "Problema do Mal" no pensamento de alguns que

são desprovidos de uma fé escriturística. Isto é discutido na pergunta 27.

A linguagem desta petição pode ser entendida em um sentido diferente do Grego:

"Não comece a conduzir-nos em tentação," isto é, mantenha-nos longe da tentação ou

provação, como a mesma palavra pode ser "tentação" ou "teste." Torna-se então o grito

de coração do crente, consciente de sua suscetibilidade para com a tentação e o pecado,

para ser mantido longe de qualquer um. A segunda parte pode ser traduzida, "mas livrai-

nos do maligno," referindo-se ao diabo pessoalmente em vez de apenas do mal em

geral. Constantemente necessitamos de libertação de ambos.

Devido ao pecado interior e à corrupção remanescente (Romanos 7:13-8:4), às

astutas ciladas do diabo e aos seus ataques ferozes (Efésios 6:11; 1 Pedro 5:8-9), e à

sedução do mundo (1 João 2:15-17), os crentes ainda estão muito suscetíveis à tentação

e ao pecado nesta vida (Eclesiastes 7:20; Tiago 1:13-16; 1 João 1:8-10; 2:1). Isto revela

a necessidade de vigilância, de mortificação e do ministério constante da graça Divina

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em nossas vidas (João 1:16). A graça nos santifica, sustenta-nos e mantém-nos (Efésios

2:8), nos encoraja a orar (Romanos 5:1-2; Hebreus 4:14-16), nos capacita a servir na

causa de Cristo fielmente (1 Coríntios 15:8-10), nos capacita a perseverar fielmente e a

sofrer adversidade (2 Coríntios 12:7-10; Filipenses 1:29).

Quantos cristãos diária e seriamente oram por livramento do maligno? satanás

pode ter um tremendo poder sob a permissão soberana de Deus (2 Tessalonicenses 2:8-

9). Ele pode influenciar as decisões (1Crônicas 21:01ss), influenciar saqueadores e

exércitos (2 Reis 6:15-17; Jó 1:6-17), enviar catástrofes naturais (Jó 1:18-19), ferir com

a doença (Jó 2:4-7; Lucas 13:16; 2 Coríntios 12:7) e foi descaradamente ousado o

suficiente para tentar o próprio Filho de Deus (Mateus 4:1-11)! O diabo está ativamente

empenhado em enganar os crentes (Mateus 16:21-23; Lucas 22:31; 2 Coríntios 2:10-

11; Efésios 6:10-18), interromper os seus trabalhos evangelísticos e ministeriais

(Mateus 13:19; Marcos 4:15; Atos 26:18; 2 Coríntios 4:3-6; 1 Tessalonicenses 2:18) e

torná-los ineficazes nas vidas deles (1 Pedro 5:8-9). Ele é o nosso arqui-inimigo e nós

necessitamos de libertação constante e diariamente, de acordo com os ensinamentos de

nosso Senhor sobre oração. A terrível referência a Ananias e Safira serve como uma

severa advertência quanto ao poder e influência do diabo nos crentes professos (Atos

5:1-10). A família e a igreja fornecem solo fértil para as obras do diabo (1 Coríntios

5:1-5; 7:5; 2 Coríntios 11:13-15; 1 Timóteo 5:14-15). Nós levamos esta petição a sério?

107ª Pergunta - O que a conclusão e a doxologia da Oração Modelo nos ensinam?

Resposta - A conclusão e a doxologia nos ensinam a aplicar nossos argumentos

na oração com um apelo a Deus em Sua soberania, poder e glória. O testemunho de

nosso desejo e segurança é afirmado no "Amém."

Mateus 6:13. “...Porque Teu é o Reino, e o Poder, e a Glória, para sempre.

Amém!”

Veja também: 1 Crônicas 29:11-13; 2 Crônicas 20:6; Salmos 21:9; 96:10;

Isaías 6:1-3; Daniel 4:35; 7:27; 9:18; Romanos 15:30; 2 Coríntios 10:17; Efésios

3:21; Filipenses 4:6-7.

COMENTÁRIO

Embora alguns textos antigos e o outro registro do evangelho (Lucas 11:2-4) não

contenham a conclusão e a doxologia, os elementos são ensinados em outros lugares nas

Escritura e estão de pleno acordo com a analogia da fé ou o ensino geral e coerente da

Escritura (1Crônicas 29:11). A conclusão e a doxologia são apropriadas para a

verdadeira oração. A afirmação é uma conclusão condizente com toda a oração e

também tem uma estreita ligação com a petição imediata. Nós oramos para sermos

libertos do maligno, pois o Reino e o poder e a glória pertencem a Deus, não ao

maligno! Em tempos de grande provação, tentação e oposição espiritual, e no contexto

deste mundo mal, este é um lembrete abençoado.

A Escritura nos ensina a usar argumentações ou razões quando submetemos

nossas súplicas a Deus em oração (Isaías 41:21). Nossa própria fidelidade ou obras não

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devem servir de argumentação e/ou barganha, mas a nossa a argumentação deve ser

baseada na regra, fidelidade, promessas, propósito e glória de Deus. Como aqui,

devemos unir nossas petições com louvores (Salmos 103:1-5; Filipenses 4:6). Esta

conclusão nos ensina, ainda, que toda nossa força, poder e a esperança estão no Senhor

Jesus Cristo, separado de Quem NADA podemos fazer (João 15:5).

A palavra "Amém" deriva do verbo Hebraico "crer, confirmar." "Abraão creu no

Senhor," isto é, literalmente, disse: "Amém" à promessa de Deus ou confirmou-a em e

para si mesmo (Gênesis 15.6). Quando nós oramos no nome de Jesus, buscamos orar

apropriadamente sob sua autoridade, confiando única e corajosamente em sua justiça e

em submissão à sua vontade. Quando terminamos nossa oração com um "amém,"

estamos dizendo pela fé, "Que assim seja," ou "eu creio" (Números 5:22; Deuteronômio

27:15-26; 1 Reis 1:36; 1 Crônicas 16:36; Neemias 5:13; 8:6; Salmos 41:13; Romanos

1:25; 11:36; 1 Coríntios 14:16). Nossas orações são verdadeiros atos de adoração?

108ª Pergunta - Existem falsos cristãos bem como verdadeiros cristãos?

Resposta - Sim. Existem "Cristãos meramente professos,", isto é, que apenas

alegam ser cristãos sem ter uma prática cristã, por isso, não são verdadeiros crentes, e

existem Cristãos verdadeiramente bíblicos, isto é, que vivem em conformidade com a

Bíblia.

2 Coríntios 13:5. “Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé;

provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo

está em vós? Se não é que já estais reprovados.”

1 Coríntios 15:1-2. 1”

Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos

tenho anunciado; o qual também recebestes e no qual também permaneceis; 2pelo

qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é

que crestes em vão.”

Mateus 7:21-23. 21”

Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no

reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. 22

Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu

nome? E em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos

muitas maravilhas? 23

E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-

vos de mim, vós que praticais a iniquidade.”

Veja também: Mateus 7:21-29; 13:20-22; João 2:23-25; 12:42-43; Atos

8:5-23; Gálatas 2:4; 2 Timóteo 4:10; Hebreus 6:1-10; 10:38-39; 12:14-15; Tiago

2:14-26.

COMENTÁRIO

A Palavra de Deus revela que nem todos os que exteriormente professam a fé em

Jesus Cristo são verdadeiros Cristãos. De acordo com a Escritura, é perfeitamente

possível ter uma mera profissão de fé cristã tradicional ou vazia de fé, sem um

verdadeiro relacionamento salvífico com Deus por intermédio do Senhor Jesus Cristo.

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Veja a pergunta 89. É possível experimentar impressões religiosas muito fortes, mas

temporárias, e, contudo, estar perdido e sem Cristo (Por exemplo: Mateus 13:5-6,20-21;

João 2:23-25; João 8:30-44; Atos 8:9-13,18-24; 2 Timóteo 4:10). É possível ter uma fé

vazia que é desprovida das obras que são as necessárias manifestações de fé verdadeira

(Por exemplo: Tiago 2:14-26). Tal fé é meramente conversa, além da falta de caráter e

da atividade da fé salvífica. Os demônios "creem," e estão aterrorizados por sua crença

em Deus. Alguém pode ter fé salvífica e permanecer desmotivado, sem medo e inativo,

e desprovido de obras condizentes com tal fé? Também é possível ter uma fé meramente

intelectual ou irracional (Mateus 7:21-23), ou uma fé meramente teórica? (Atos 26:27).

Alguns crentes professos nas igrejas do Novo Testamento não eram convertidos e

operavam desordem (1 Coríntios 5:10-13; 2 Pedro 2:1-22 ; 1 Joâo 2:9,18-19; Judas 3-

4,8,10-16).

É possível até mesmo pregar e operar poderosos sinais maravilhosos em nome de

Cristo e, contudo, ser infiel e condenado, perdido e totalmente arruinado (Mateus 7:21-

23). Considere Judas, que foi completamente ignorado pelos outros discípulos, mesmo

depois de três anos de ministério. Com os outros, ele operava milagres, expulsava

demônios, e até mesmo ressuscitava os mortos? Evidentemente que sim. Ninguém, além

de nosso Senhor sabia ou suspeitava de seu verdadeiro estado espiritual (Mateus 10:1-8;

Lucas 10:17-20).

Nós devemos lembrar que a Escritura nos dá o nosso único guia e medida objetiva

e infalível. Tudo o mais é subjetivo, empírico e relativo. Mas a nossa garantia é de

forma necessária parcialmente subjetiva e inseparável de nossa experiência. Se a nossa

fé reflete ou responde para o que está delineado na Escritura, temos algum grau de

certeza de que ela é verdadeira, a fé salvífica. A Escritura declara que podemos e

devemos examinar a nós mesmos quanto ao nosso estado espiritual (2 Coríntios 13:5).

Para apurar qualquer grau de garantia subjetiva, devemos colocar de lado todo o pecado,

especialmente os nossos pecados que nos assediam, e somente olhar para Cristo

(Hebreus 12:1-4). Além disso, é nossa responsabilidade adicionar as graças da

verdadeira salvação à nossa fé. Em outras palavras, devemos preparar-nos

espiritualmente e perseverar de modo a considerar o nosso estado espiritual, que

não é algo a ser considerado levemente ou dado pelo Espírito Santo aos que são

indulgentes quanto ao pecado ou estão espiritualmente despreparados. É verdade, a fé

salvífica nunca existe ou está sozinha, deve existir em uma mistura harmoniosa de

graças a qual testemunha do estado espiritual de alguém e é expresso na vida por meio

da responsabilidade humana e do crescimento na graça (Gálatas 5:22-23; 2 Pedro 1:4-

11; 3:18). Você é um verdadeiro Cristão, ou apenas um professo?

A garantia bíblica da fé é tripla, ou seja, é inferencial, probatória e interna ou

imediata. Veja as perguntas 109-112.

109ª Pergunta - Como é possível saber a diferença entre o "Cristão meramente

professo" e o Cristão verdadeiro?

Resposta – Alguém pode saber, com um determinado grau, a diferença entre o

"Cristão meramente professo" e o Cristão verdadeiramente bíblico pela evidência da

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graça deste, da fé escriturística, do amor da verdade, da prática consistente e da

perseverança continuada, de acordo com a Escritura.

2 Coríntios 13:5. “Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé;

provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo

está em vós? Se não é que já estais reprovados.”

Veja também: Mateus 7:21-23; João 2:23-25; 8:30-44; 12:42-43; Atos 8:5-

23; 1 Coríntios 15:1-2; Hebreus 6:1-10; 10:38-39; 12:14-15; Tiago 2:14-26; 2

Pedro 1:4-11.

COMENTÁRIO

Só Deus conhece infalivelmente o verdadeiro Cristão, como Ele conhece tudo e

todos, e em Sua graça livre e soberana eternamente propôs a redenção infalível dos seus

eleitos (Romanos 8:29-39; Efésios 1:3-14). Nenhum cristão conhece completamente a si

mesmo (Salmo 139:23-24; Jeremias 17:9-10; 2 Pedro 1:9-10), e, como uma mera

criatura e ainda atormentado pelos efeitos noéticos do pecado, pode sinceramente

acreditar em si mesmo como sendo um verdadeiro crente e contudo estar enganado, ou

ser um verdadeiro crente e às vezes ter sérias dúvidas. Nenhum crente está sem pecado,

e todo crente é por vezes assediado por ele (1João 1:8-10), tentações satânicas e

problemas (Efésios 6:10-18; 1 Pedro 5:8-9). Há, no entanto, um conhecimento

escriturístico e relativo para o crente a respeito de seu próprio estado espiritual e dos

outros.

Em nossa resposta a esta pergunta, cinco características Cristãs são dadas. Cada

uma é agora considerada brevemente:

Primeira: A evidência da graça do indivíduo. A graça de Deus é uma realidade

gerada pelo Espírito Santo na vida e na experiência? Nós estamos em um estado de

graça ou em um estado sem graça. A graça Divina está necessariamente nos

transformando pela presença interior e poder do Espírito Santo (Atos 18:27; Romanos

6:14; Gálatas 5:22-23; 2 Coríntios 5:17; Efésios 2:1-10). A verdadeira graça pode

existir quando pouco dela pode ser evidenciado. Um crente fraco e trêmulo ainda é um

crente. Um santo pecando, embora julgado e castigado, ainda é um santo (Hebreus 12:4-

13). Veja a Pergunta 78;

Segunda: A fé do indivíduo. Nossa fé é escriturística ou meramente tradicional,

teórica ou presumida? Nossa fé corresponde à fé que é revelada e descrita na Escritura

(Romanos 4:13-22; Efésios 2:8-10; Tiago 2:14-26)? Veja a Pergunta 89;

Terceira: O amor do indivíduo pela verdade bíblica. Este é meramente exterior ou

ele é operado pela graça de Deus (Mateus 7:21; 1 Tessalonicenses 1:3-10; 2:13; 2

Tessalonicenses 2:10; 1João 2:3-4)? Um amor genuíno da verdade necessariamente nos

leva à obediência dela a um grau perceptível;

Quarta: A prática consistente do indivíduo. Nossas experiências correspondem

com a Escritura em algum grau? Mesmo os mais piedosos dos crentes têm

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inconsistências, e são atacados pelo pecado interior e a corrupção remanescente (Mateus

7:21; Rom 7:14-8:4; Gálatas 5:16-18,22-23; 1 João 3:4-10);

Quinta: A perseverança contínua do indivíduo. Apesar do pecado interior e da

corrupção remanescente (Romanos 7:13-8:4) e da realidade da guerra espiritual (Efésios

6:10-18), há algum crescimento discernível na graça (2 Pedro 3:18)? Nós perseveramos

na fé (2 Timóteo 4:7) e em nossa experiência Cristã (Romanos 8:11-16; Efésios 4:20-

32; Colossenses 3:1-10; Filipenses 3:8-17), evidenciando que já passamos da morte para

a vida (João 5:24; 17:3)? Quando todas estas características são tomadas em conjunto,

dão certo grau de certeza que alguém está em um estado de graça. Veja as perguntas

111 e 112. O que a sua vida manifesta?

110ª Pergunta - Qual é a garantia da fé?

Resposta - A garantia da fé é a esperança escriturística, persuasão e confiança que

o crente está verdadeiramente descansando no Senhor Jesus Cristo pela fé.

2 Coríntios 13:5. “Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé;

provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo

está em vós? Se não é que já estais reprovados.”

2 Pedro 1:8-11. 8”

Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não

vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. 9Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, nada vendo ao longe, havendo-

se esquecido da purificação dos seus antigos pecados. 10

Portanto, irmãos, procurai

fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca

jamais tropeçareis. 11

Porque assim vos será amplamente concedida à entrada no

Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.”

Veja também: 2 Coríntios 5:17; 1João 2:3-4; 3:4-10, 14-15; 5:10-13.

COMENTÁRIO

"A garantia de fé," "a garantia de salvação" e "a garantia de esperança" são

geralmente sustentadas como termos sinônimos (Romanos 5:1-2; 1 Tessalonicenses 1:5;

Hebreus 6:11; 10:22; 1João 3:14-19). Há uma grande diferença, porém, entre "a eterna

segurança do crente" e "a perseverança dos santos." A primeira pode ser presumida,

enquanto que a última é necessariamente exortativa. A vida subsequente pode desmentir

a profissão no primeiro caso, mas não no último. A ênfase bíblica está sobre a

perseverança de alguém, não pressupondo um estado espiritual (Mateus 10:22; João

8:30-32; Hebreus 3:14), juntamente com várias advertências contra a possibilidade

terrível de apostatar da sua profissão de fé exterior (Hebreus 2:1; 3:7-19; 6:1-6; 10:24-

39; 12:14-17).

A partir do testemunho do Novo Testamento, nós podemos afirmar que um grau

de garantia é normalmente o ponto culminante da experiência de conversão. O pecador

que se torna crente no contexto da fé e do arrependimento dados por Deus (Efésios 2:4-

10; Filipenses 1:29; Atos 11:18; 18:27), por meio da compreensão da verdade Divina

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(João 17:17; 1João 2:20,27), o testemunho do Espírito de Deus (Romanos 5:5; 8:11-16),

e a realização da dinâmica da graça Divina na vida (Romanos 6:1-14,17-18), possui

uma certeza razoável de que ele é uma nova criatura em Cristo Jesus e se alegra neste (2

Coríntios 5:17; Romanos 5:1-2). Ele está ciente do amor incondicional de Deus, que é

concedido a ele pelo Espírito (Romanos 5:5). Esta garantia elementar é doutrinária,

inferencial e experiencial. Veja a Pergunta 112. As profundas realidades da regeneração

e conversão são transformadoras de vida - não pela determinação humana, mas pela

dinâmica da graça Divina.

A questão da segurança da fé não parece ser o problema no Cristianismo do Novo

Testamento que está em nossos dias. Paulo, por exemplo, teve que exortar os Coríntios

a se examinarem quanto à salvação e o próprio estado espiritual (2 Coríntios 13:5); ela

era de maneira evidente simplesmente assumida. A era do Novo Testamento foi uma

época de avivamento para os primeiros vinte anos após o Pentecostes, e também um

tempo de oposição social e perseguição religiosa e estatal. Tais obstáculos e oposições,

por sua própria natureza, reforçou a profissão Cristã.

Além disso, deve ser notado que no Cristianismo Apostólico, não havia falta de

pregação doutrinária e ensino sadios, nenhuma "crença fácil," e nenhum erro "Carnal

Cristão." Veja a pergunta 88. Que a fé e o arrependimento eram dons Divinos não foi

questionado (Atos 11:18; Efésios 2:8-10). A fé e o arrependimento nunca eram

separados - ambos eram exigidos, o que significava uma conversão radical, não uma

“decisão” religiosa. A santidade de vida e obediência aos mandamentos de Cristo eram

assumidos (Hebreus 12:14; 1 João 2:3-6). A lei moral era idêntica a Lei de Cristo. Não

havia dicotomia entre ter Jesus como Salvador e tê-lo como Senhor. A fé salvífica em

Jesus Cristo significava possuí-lo como Senhor e Rei da vida (Atos 2:36; Romanos

10:9-10; 2 Coríntios 4:5). A salvação era tanto doutrinária quanto praticamente uma

troca de mestres (Romanos 6:17-18). A justificação de alguém era evidenciada por sua

santificação (Romanos 5:1-8:16; Hebreus 12:14). O sistema de doutrina bíblica

promulgado pelos Apóstolos culminou na glória de Deus e na glorificação do crente

(Romanos 8:28-31; 11:33-36; 2 Timóteo 1:13). Esperava-se que os convertidos do

Novo Testamento conduzissem vidas transformadas - e evidentemente em grande parte

o fizeram pela graça de Deus.

111ª Pergunta - Existe uma defeituosa segurança de fé bem como uma garantia

verdadeira e escriturística da fé?

Resposta - Sim. Uma verdadeira garantia da fé repousa sobre uma base

escriturística, enquanto que uma garantia defeituosa repousa sobre princípios não

escriturísticos.

Mateus 7:21-23. 21”

Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no

Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. 22

Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu

nome? E, em teu nome não expulsamos demônios? E, em teu nome não fizemos

muitas maravilhas? 23

E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-

vos de mim, vós que praticais a iniquidade.”

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215

Veja também: João 6:37,44; Filipenses 1:6; 3:17-19; 2 Pedro 1:5-11; 2:1-

22; Judas 3-19.

COMENTÁRIO

A moderna negação ou ausência de vários aspectos da verdade bíblica, como

delineado na pergunta, resposta e comentário anterior, teve como resultado uma

denigração correspondente da segurança bíblica. Correspondendo a uma doutrina

defeituosa da salvação ("crença fácil" ou "decisionismo") em muitos lugares em nossos

dias surgiu uma doutrina defeituosa de garantia. Está fundamentada em um lugar

específico, em um tempo específico e em uma ação, experiência ou decisão religiosa

subjetiva específica, em vez de em critério e exemplo bíblico.

A garantia ou confiança do crente, compreensivamente considerada, é ao mesmo

tempo objetiva e subjetiva. Objetivamente, ela repousa no propósito eterno redentor e

imutável da Divindade triuna (Romanos 8:28-39; Efésios 1:3-14; 2:4-10; Filipenses

1:6); subjetivamente, ela repousa no seguinte: nas promessas da Palavra de Deus (João

5:24; 6:37,44; 10:27-30; Romanos 10:9-10; Filipenses 1:6; 1 Pedro 1:3-5); nas várias

características comuns aos crentes (Lucas 9:23; Atos 09:11; Romanos 6:1-14; 7:13-8:4;

8:11-13; Colossenses 3:5-10; 1 Tessalonicenses 4:3,7; Hebreus 12:4-14; 2 Pedro 1:4-

11; 1João 2:3-6; 2:15-17; 3:1-19); e no testemunho do Espírito Santo (Romanos 5:5;

8:16; 9:1). Tomados em conjunto, estes dão uma garantia de fé bíblica geral e inclusiva.

A sua garantia de fé é escriturística?

112ª Pergunta - Quais são os aspectos bíblicos da garantia da fé?

Resposta - Biblicamente, a garantia/segurança da fé é tripla: inferencial,

probatória, e interna.

João 5:24. “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha

palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entrará em

condenação, mas passou da morte para a vida.”

1 João 3:14. “Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque

amamos os irmãos. Quem não ama a seu irmão permanece na morte.”

Romanos 8:16. “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos

filhos de Deus.”

Veja também: João 6:37,44; 10:27-30; Lucas 9:23; Romanos 6:1-14;

Filipenses 1:6; 2 Pedro 1:4-11; 1João 2:1-4.

COMENTÁRIO

Apenas Deus conhece infalivelmente o verdadeiro Cristão. Há, no entanto, um

conhecimento relativo, escriturístico e subjetivo para o crente a respeito de seu próprio

estado espiritual e dos outros. Os três aspectos de uma garantia subjetiva da fé são: (1)

inferencial, (2) probatório, e (3) interno ou imediato. Cuidados devem ser tomados para

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notar que cada um destes é apenas um aspecto ou faceta do todo e é necessariamente

inadequado em e de si mesmo fornecer uma doutrina da garantia escrituristicamente

completa. Estes três aspectos estão necessariamente inter-relacionados. O aspecto

inferencial por si mesmo pode conduzir à presunção, o evidencial por si mesmo poderia

ser mero legalismo, e o interno ou imediato, por si mesmo pode tender para o

misticismo - mas quando tomados em conjunto estes três aspectos dão uma garantia de

fé escriturística inclusiva ou abrangente.

Garantia inferencial. Esta se refere às declarações explícitas da Escritura a partir

das quais o crente pode inferir que ele tem uma reivindicação válida para a salvação

(João 5:24; 6:37; Atos 16:31; Romanos 10:9-10,13). Se ele acredita, então ele é salvo,

passou da morte com sua condenação para a vida espiritual com suas realidades

graciosas e é o objeto do amor de Deus e da graça salvadora. O Apóstolo assim

argumenta da justificativa para certa expectativa da glória futura (Romanos 5:1-2). É

comum limitar a garantia de salvação de alguém para tais declarações inferenciais, sem

lidar com a necessidade de uma vida convertida subsequentemente, que exibe as marcas

da graça, ou as realidades da presença interior e do poder do Espírito Santo. A garantia

inferencial só pode coincidir com o "decisionismo" religioso em vez de uma conversão

escriturística e assim, por si mesma pode deixar de dar uma garantia escriturística

adequada.

Garantia Evidencial. Esta se refere ao alinhamento da vida e da experiência com a

Escritura. A justificação de alguém é evidenciada por sua santificação, ou seja, a justiça

imputada é manifesta pela justiça transmitida. Veja Romanos 3:21-8:39. O argumento

inspirado do Apóstolo se estende ao longo dos primeiros oito capítulos de Romanos.

Depois de estabelecer a condenação absoluta de todos os homens (Romanos 1:18-3:20),

ele demonstra que todo aquele que é justificado (Romanos 3:21-5:21) deve

inevitavelmente ser santificado (Romanos 6:1-8:16) e todos assim justificados e

santificados serão infalivelmente glorificados (Romanos 8:17-39).

O crente professo possui algumas "marcas da graça, ou seja, algumas das

"características distintivas" do verdadeiro caráter Cristão? Estas marcas ou

características são variadas e cobrem toda a variedade de experiência Cristã. Estas são

discerníveis na vida, apesar do princípio de pecado interior e da corrupção

remanescente, e as enfermidades espirituais que afligem a todos e a cada crente nesta

vida de guerra, luta e imperfeição espiritual:

• A essência da graça conversora se manifesta na vida? Existe alguma

evidência da graça regeneradora ou do poder reinante do pecado tendo sido

quebrado (Jeremias 31:31-34; Ezequiel 36:25-27; Romanos 6:1-14; Gálatas

5:16-18; 1 João 3:4-10)? Veja as perguntas 78, 95, 114 e 115.

• Os princípios e frutos do verdadeiro arrependimento salvífico são

evidenciados na vida? O arrependimento salvífico não é meramente um ato

único, mas um princípio constante em operação na experiência do crente

quando ele confessa continuamente e volta do pecado em sua vida (Mateus

3:7-8; Atos 11:18; 17:30-31; 1 João 1:8-10). Veja a Pergunta 90.

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• A realidade da fé salvífica em qualquer medida é manifesta na vida? A

fé salvífica nada mais é do que um compromisso absoluto sem reservas a Jesus

Cristo como Senhor e Salvador. Ela é a resposta do homem inteiro para Cristo.

A fé salvífica é dada por Deus e assim uma entidade distinta que evidencia um

determinado caráter, incluindo uma aceitação de toda a Palavra de Deus na

Escritura (Atos 2:36; 8:36-37; Romanos 10:9-10). Alguém é liberto do poder

reinante do pecado em sua experiência presente? Veja a Pergunta 89.

• Existe uma boa consciência diante de Deus no contexto de Sua verdade

escrita? Uma consciência renovada deve ser governada pelo Espírito e pela

Palavra de Deus. Muita ênfase deve ser colocada sobre uma consciência

renovada, que responde ao Espírito de Deus e deve ser conduzida pela Palavra

de Deus. Isto é, distinta o bastante de uma consciência meramente religiosa ou

legalista (João 8:9; Atos 26:9), que, embora possa ser muito poderosa, é

facilmente distorcida. Esta obra de consciência é parte integrante da obra do

Espírito na experiência do crente (Romanos 5:5; 8:11-16; 9:1; 2 Coríntios

3:17-18; 1 Timóteo 1:5,19; Hebreus 9:12-14; 10:22);

• Existe um princípio de obediência de coração para com o Senhor e Seus

mandamentos? Alguém pode não ter uma reivindicação válida para um

relacionamento correto com Deus e, contudo, viver em desobediência

constante e intencional à Palavra de Deus (Romanos 6:16; 1 Tessalonicenses

2:13; 1 Pedro 1:2; 1João 2:3-5);

• Existe uma piedade experimental e conformidade com a Palavra de

Deus na vida, que pode ser caracterizada com alguma medida dada como “a

prática de justiça?” O Cristianismo é tanto doutrinário quanto prático; é um

sistema da verdade Divina e também uma vida a ser consistentemente vivida

no contexto dessa verdade (1 João 3:3-10);

• Existe alguma evidência de um coração que ora ou dá assistência aos

meios particulares da graça? Os meios particulares da graça são principalmente

a oração e a comunhão com Deus e com a leitura e estudo da Escritura. Um

coração que ora é um indicador primário da graça salvífica (Atos 9:11).

(Conferir Salmos 1:2; Mateus 26:41; 1 Tessalonicenses 5:17; 2 Timóteo 2:15;

3:16-17). Veja as Perguntas 96 e 126.

• O poder reinante do pecado tem sido quebrado na vida? Não existe

qualquer pecado que possa anular ou cancelar a união do crente com Cristo e

suas consequências necessárias. De acordo com o claro e inequívoco ensino da

Escritura, no entanto, não existe pecado que possa dominar continuamente o

crente. O crente pode cometer atos de pecado, mas ele não pode habitualmente

viver em pecado e sob seu poder reinante, contrariando a obra eficaz da graça

do Espírito de Deus (Romanos 6:1-14,17-18,20,22; Efésios 2:1-5; 1João 2:1;

3:9). Veja as Perguntas 95 e 115.

• Existe uma consciência dolorosa do pecado interior e corrupção

remanescente? Deve haver uma consciência crescente do pecado quando o

crente cresce na maturidade espiritual. Esta consciência do pecado pode ser

mal interpretada por um novo convertido, e intensificada por uma introspecção

mórbida, mas o exame de consciência é muitas vezes uma necessidade

(Romanos 7:13-8:9; 2 Coríntios 13:5). A cura para a realidade e agonia de

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todo e qualquer pecado é o sangue do Senhor Jesus Cristo (Romanos 3:24-26;

1João 1:8-10). Veja a Pergunta 115.

• Existe alguma evidência do princípio e do poder da graça para

mortificar o pecado? O pecado deve ser tratado escriturística e agressivamente

pelo crente pelo poder do Espírito Santo (Romanos 8:11-13; Gálatas 5:16-18;

Colossenses 3:5-10). Ninguém está sem pecado. O verdadeiro crente, no

entanto, não pode permanecer muito tempo no pecado uma vez que lhe é dado

a conhecê-lo. As consequências serão o arrependimento ou o castigo Divino

(Hebreus 12:4-14; 1 João 1:8-10). Veja as Perguntas 96 e 117.

• Existe alguma realidade para oposição espiritual na vida e na

experiência? O crente, como um cidadão e súdito do Reino de Deus, agora vive

em um mundo estrangeiro. Ele está necessariamente envolvido na guerra e em

uma luta espiritual com "o mundo, a carne e o diabo," e muitas vezes com sua

própria falta de fé. Ele experimentará a oposição satânica de várias formas

(Mateus 6:13; Lucas 11:4; João 17:15; Gálatas 5:16-17; Efésios 4:27; 6:10-18;

Filipenses 1:27; 1 Timóteo 3:6-7; 2 Timóteo 2:26; Tiago 4:7; 1 Pedro 5:7-8).

Ver as Perguntas 130-131.

• Existe um princípio ou uma prática de abnegação escriturística? A vida

Cristã não é uma vida de autoindulgência ou autoperdão, mas principalmente

uma vida de abnegação (renúncia) e mortificação do pecado, caracterizada

pelas prioridades espirituais e submissão em tudo para o Senhorio de Jesus

Cristo (Lucas 9:23; 14:25-33; 1João 2:15-17). Veja a Pergunta 96.

• Existe alguma experiência do castigo Divino? Tal disciplina ou correção

é uma realidade na vida de cada crente verdadeiro. Se uma pessoa nunca é

corrigida e restaurada de pecar, é uma marca horrível de ser espiritualmente

ilegítimo (Hebreus 12:4-17). A persistência no comportamento pecaminoso

pode até resultar em ser levado desta vida prematuramente (1 Coríntios 11:30-

32; 1João 5:16-17).

• O teor da vida foi transformado do amor e da sedução do mundo? O

"Cristão carnal" é, simplesmente, um "mundano," e não um Cristão. O

chamado "Cristão carnal" no sentido moderno de um crente professo

habitualmente vivendo uma vida não convertida não existe. Ele é simplesmente

carnal. Os Coríntios eram chamados de "carnais," porque eles olhavam para os

homens e não para o Senhor Jesus, não porque eles viviam vidas não

convertidas. Romanos 8:1-11 é um contraste entre os convertidos e não

convertidos. Tal "Cristianismo de duas fases" não pode ser derivado da

Escritura (por exemplo: Romanos 6:1-23). Os verdadeiros crentes não podem

continuar no pecado sem experimentar as mais graves consequências

(Romanos 6:1-23; 8:1-9; 1 Coríntios 3:1-4; 11:29-32; 1João 2:15-17; 5:16-17).

Veja a Pergunta 88.

• Existe alguma evidência do fruto do Espírito na vida e na experiência?

Tal "fruto" não é o que pode ser operado ou produzido pelo esforço humano,

mas sim o que o Espírito Santo dá na vida como graças ou virtudes (Romanos

8:11-17,26-27; Gálatas 5:22-23). A obra do Espírito, que capacita, sustenta e

restringe está absolutamente em evidência (1 Coríntios 15:10; 2 Coríntios

12:9; Gálatas 5:16-18)? Veja as Perguntas 26, 77 e 84;

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• Existe um desejo pela e evidência da verdadeira santidade Evangélica

na vida? A Santidade Evangélica é a única grande exigência para o céu. Não

existe quaisquer substitutos (2 Coríntios 7:1; Efésios 1:3-5; 4:1; Hebreus

12:14; 1 Pedro 1:14-15; 2:9). Veja a Pergunta 94;

• Existe alguma progressão experiencial em conformidade à imagem do

Filho de Deus? A realidade abrangente e gloriosa da experiência Cristã pela

obra do Espírito é conformar os crentes à imagem de Cristo e refletir o caráter

moral de Deus na vida. Cada aspecto da aplicação da redenção aponta para

isto. Isto explica todo o crescimento espiritual, individual e coletivamente, toda

unidade e maturidade espiritual, todo castigo Divino e relações providenciais

(Romanos 8:29; 2 Coríntios 3:17-18; 1 Pedro 1:15-16; 2:9). Veja a Pergunta

125;

• Existe uma compreensão crescente ou progressiva da verdade como ela

é no Senhor Jesus Cristo? Ao contrário de algumas crianças nascidas no reino

humano, que estão cercadas com os piores males e enfermidades mentais da

humanidade pecaminosa, Deus não tem idiotas, débeis mentais ou pessoas

retardadas espirituais como Suas filhas. Nenhum crente verdadeiro permanece

uma criança espiritual. O Espírito Santo na regeneração não aborta nem falha

em reproduzir progressivamente a imagem de Cristo em seus próprios filhos

espirituais (João 17:3; Romanos 8:29; 2 Coríntios 3:17-18; Efésios 2:10; 4:13-

16; Colossenses 2:1-7; 2 Timóteo 3:15-17; 2 Pedro 3:18). Esta imagem será

aperfeiçoada na ressurreição para a glória (Romanos 8:17-23; 1 Jo 3:1-4). Veja

a pergunta 115;

• Existe um desejo pela e uma prática de assistência dos meios públicos

da graça? Como o Cristão professo pode esperar outra coisa senão castigo e

declínio espiritual se ele optar por ausentar-se em desobediência? Como pode

ser que ele não anseie pelo ministério do Evangelho nem pela adoração e

comunhão do povo de Deus? (Hebreus 10:25; 1 João 3:14)? Veja as Perguntas

96 e 127.

• Existe alguma afinidade com o povo de Deus? Este não é um amor

cheio de emoções e irracional ou um sentimento desprovido de caráter moral,

mas um amor verdadeiro e escriturístico que reflete o caráter moral de Deus e é

expresso no desejo e comportamento responsável (1 João 3:10-19; 4:7-11). Nós

não queremos estar entre o povo de Deus na adoração e comunhão públicas

(João 13:34-35; Hebreus 10:23-31)? O nosso amor Cristão é expresso em

abnegação e praticidade (2 Coríntios 12:15; 1 João 3:10-19)? Veja a pergunta

164;

• Existe alguma manifestação de uma atitude de perdão que reflete a

união do crente com Cristo? Se alguém foi perdoado total, completa e

finalmente, como ele pode, possivelmente, continuar a exibir um espírito de

ódio ou implacável (Mateus 6:14-15; Lucas 17:3-4; Efésios 4:32; Colossenses

3:12-14)? Os presunçosos são imperdoáveis porque eles nunca sentiram a

necessidade ou experimentaram a alegria do perdão em si mesmos. Veja a

Pergunta 105.

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Garantia Interna ou Imediata. Esta se refere ao testemunho interno e imediato ou

direto do Espírito Santo que foi dado a nós como o "Espírito de adoção." Ele tirou a

atitude servil de medo e capacitou-nos com confiança para clamar a Deus, "Abba, Pai,"

- a confiança instintiva de uma criança espiritual, um verdadeiro membro da família

(Romanos 8:9,14-16). O Espírito Santo constantemente testifica com o nosso espírito ou

com a nossa mais profunda autoconsciência regenerada, que somos verdadeiramente

filhos de Deus e nos torna conscientes do Seu amor (Romanos 5:5; 8:11-17, 26-27; 2

Coríntios 1:21-22; 5:5; 3:17-18; Gálatas 5:16-17, 22-25; Efésios 4:30; 1João 4:13) e de

nossa união com Cristo.

Ele abre nossas mentes e corações para serem preenchidos com a consciência do

Senhor Jesus e a plenitude de nossa vida nele. Veja a Pergunta 77. O Espírito Santo

nunca nos guiará contrário à Escritura e Seu testemunho será sempre de acordo com a

Escritura.

Este testemunho parece ser direto e imediato, e, portanto, distinto da presença e

poder do ministério interior do Espírito revelado em tais realidades,. permitindo-nos a

entender a Escritura (1 Coríntios 2:11-13; 1 Jo. 2:20, 27), convencendo-nos do pecado,

incitando-nos à ação piedosa ou a chamada divina para e orientação em um determinado

trabalho. Veja a Questão 85.

Uma autoexaminação (2 Coríntios 13:5) que é inclusive de tal ampla abordagem bíblica,

deve trazer um crente a uma garantia plena de fé à medida que é possível nesta vida.

Você, pessoalmente, desfruta de tal segurança?

113ª Pergunta – Do que o crente é salvo ou liberto?

Resposta - O crente é salvo do presente poder reinante do pecado e das últimas

consequências do pecado, embora ele não possa ser presentemente salvo de todas as

consequências imediatas do pecado.

João 5:24. “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha

palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em

condenação, mas passou da morte para a vida.”

Romanos 6:14. “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não

estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.”

Romanos 8:1. ”Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão

em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.”

Veja também: 2 Samuel 12:5-13; Romanos 3:21-8:23; Hebreus 12:14; 1

João 1:8-10; 2:1; 3:3-10.

COMENTÁRIO

A salvação denota tanto a libertação quanto a restauração. Veja a introdução a

esta seção. A salvação, conforme revelada na Escritura, é necessariamente tanto

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presente quanto também futura. Pensar que a salvação é meramente da condenação

futura ou do juízo eterno é ler mal a Escritura e entender mal a própria natureza da

libertação do pecado. Lembre-se, o pecado possui as realidades da culpa, da pena, da

poluição, do poder e da presença - e a salvação deve necessariamente lidar com todos

estes aspectos. Veja a pergunta 36. Começando com a regeneração e terminando em

nossa experiência atual com a santificação, a salvação é do poder reinante e poluente

do pecado na vida (Romanos 6:1-23). Se o poder reinante do pecado não foi quebrado,

então nós não estamos em um estado de graça, mas sim em um estado sem graça. A

liberdade do poder reinante do pecado significa uma justiça positiva evidenciada na

vida pela graça de Deus (Romanos 6:17-18; 1 João 3:3-10). As verdades e realidades

escriturísticas da conversão, nossa união com Cristo, a justificação, adoção,

santificação e glorificação futura não podem ser fragmentadas ou desassociadas

(Romanos 3:21-8:23). Todo aquele que é justificado também está sendo santificado e

somente aqueles que têm sido justificados e estão sendo santificados, por fim serão

glorificados. Este é o raciocínio total do apóstolo em Romanos capítulos 1-8.

Quais as consequências imediatas do pecado? Embora o crente seja liberto do

pecado como o princípio e poder reinante ou dominante em sua vida, ele pode ainda

sofrer as consequências imediatas de seus pecados. O que isto que dizer? Deus

geralmente deixa os crentes sofrer os efeitos de seus pecados cometidos anteriormente

e, às vezes cometidos após a conversão. Isto pode ser explicado pelo exemplo: O

bêbado, após sua conversão, não ganha um fígado novo e pode não ganhar uma nova

reputação. O prisioneiro que é convertido não tem sua pena comutada

automaticamente. A conversão pode não reverter um divórcio pecaminoso ou restaurar

uma família dividida. O assassino, embora perdoado por Deus, não é liberado pelo

Estado. Processos não são descartados porque uma pessoa se torna um Cristão. Embora

a imoralidade possa e será perdoada, doenças sexualmente transmissíveis não serão

curadas pela conversão. Quando os Cristãos pecam, alguns dos efeitos imediatos

podem permanecer com eles ao longo de suas vidas. Às vezes, Deus não intervém em

sua providência onisciente e abençoada para anular algumas das consequências

imediatas do pecado. Normalmente, porém, tais coisas devem tornar-se parte da

experiência Cristã de alguém por sua humildade e instrução na graça.

114ª Pergunta - Qual é a relação do crente com o pecado?

Resposta - O poder reinante do pecado foi quebrado para todo crente em virtude

de sua união com Cristo em sua morte e ressurreição de vida.

Romanos 6:14. “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não

estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.”

Romanos 6:17-18. 17”

Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado,

obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. 18

E, libertados

do pecado, fostes feitos servos da justiça.”

Veja também: Jeremias 17:9; João 8:31-36; Romanos 6:1-23; 7:13-8:4;

Efésios 4:22-24,25-32; 5:1-12; Colossenses 3:1-10; Hebreus 12:14 ; 1 Pedro 2:9;

1João 1:8-10; 2:1; 3:3-10; 5:16-17.

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COMENTÁRIO

Há uma diferença entre estar em um estado de graça e estar em um estado sem

graça. Todo ser humano peca. Se alguém diz que não tem nenhum pecado (como uma

realidade constante em sua vida), apenas engana a si mesmo (1 João 1:8). Os crentes

bem como os incrédulos pecam. Qual, então, é a diferença entre o pecado no incrédulo

e o pecado no crente? Enquanto o incrédulo, de acordo com seu caráter, vive sob o

constante poder reinante do pecado (Romanos 1:18-32; 6:20; Efésios 2:1-3; 4:17-19); o

crente, ao contrário do seu caráter, comete atos de pecado (1 João 2:1). (O Grego usa o

aoristo, referindo-se aos atos em vez do tempo presente, o que se referia a uma ação ou

prática constante).

O incrédulo não é regenerado, nem convertido, está assim sem graça e vive desta

forma sob o poder reinante ou dominante do pecado. O pecado é o princípio

governante de sua vida. Ele é o servo disposto do pecado, que é o seu mestre (Jeremias

17:9; Romanos 3:9-12; 6:17). Tudo o que ele pensa, diz ou faz é contaminado ou

permeado com o pecado; isto é inevitável separado da graça salvífica. O pecado atinge

os próprios motivos, inclinações e manifestações de seu coração e mente, e é,

inevitavelmente expresso em sua vida. Além disso, ele não tem qualquer interesse

verdadeiro permanente na verdade de Deus, mas se opõe a ela e acha-a insípida

(Romanos 1:18-20; 8:5-9; 1 Coríntios 2:14). Isto não significa que um descrente não

possa ser muito religioso, moral ou ético, ou ser socialmente íntegro e filantrópico com

o seu camarada. Significa que tais ações não emergem de motivos e inclinações

corretas, ou seja, de um coração regenerado e mentalidade renovada, e são, portanto,

pecaminosas. Além disso, um incrédulo pode ser física, moral e até mesmo

religiosamente ativo, mas ele permanece espiritualmente morto (Efésios 2:1-3).

O crente, por contraste, foi libertado da dominação ou do poder reinante do

pecado (Romanos 6:11-14,17-18). Ele não é mais um escravo disposto a pecar; o

pecado não é mais seu mestre. Depois de ter sido liberto do poder reinante do pecado,

ele é agora em princípio o escravo voluntário de justiça (Romanos 6:17-18,20,22). A

salvação é, em essência, uma mudança de mestres. A fonte dessa transformação é um

princípio da graça que deriva da união do crente com Cristo, a qual é uma união tanto

em sua morte quanto em sua ressurreição de vida (Romanos 6:1-23; Efésios 4:22-24;

Colossenses 3:1-10). A união na morte de Cristo significa, necessariamente, que o

poder reinante do pecado foi quebrado na vida. A união em sua ressurreição de vida

significa, necessariamente, que a graça capacitadora de Deus pelo Espírito Santo é a

dinâmica atribuição de poder na vida e na experiência de cada crente. Veja a Pergunta

77.

É vital compreender Romanos 6:6 nesta conexão: "Sabendo isto, que o nosso

homem velho... (foi, aoristo) crucificado com Cristo (de modo) que o corpo do pecado

seja desfeito, (de modo) para não servirmos mais (como escravos dispostos) ao

pecado." O "velho homem" era o eu não regenerado, que foi crucificado com Cristo, ou

seja, morreu com Cristo em sua morte. A razão é que o corpo com seus apetites já não

pode mais dominar a personalidade, e que o crente não viverá mais como ele uma vez

vivia - um escravo disposto a pecar. O crente é o "novo (regenerado) homem" em

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Cristo. A "crucificação do velho homem" não é, portanto, uma experiência subjetiva de

ser procurada, mas uma realidade a ser considerada na experiência, como observado

em Romanos 6:11-14 e 1 Pedro 2:24. Veja a Pergunta 95.

Contrário a alguns ensinamentos tradicionais, o crente não é composto de um

"velho” e um “novo homem;" ele é o "novo homem" em união com Cristo. O "velho

homem," ou o eu não regenerado, foi crucificado com Cristo. Se ele fosse composto

por dois diferentes "homens" ou "naturezas" dentro de si mesmo, então ele sempre

seria frustrado e impedido de qualquer tentativa em direção à santidade e a vitória

sobre o pecado. Ele seria uma espécie de "esquizofrênico espiritual," não a descrição

bíblica da pessoa em quem o poder reinante do pecado foi quebrado. A piedade

permaneceria para sempre uma meia possibilidade aleijada, dependente de sua própria

autodeterminação ou uma opção, ou seja, ele poderia ou permaneceria um "Cristão

Carnal" ou procuraria tornar-se um crente "espiritual." Ele poderia constantemente

culpar o "velho homem" ou a "velha natureza" por suas dificuldades e nunca assumir

total responsabilidade por seu pecado. Sua união com Cristo poderia ser em grande

parte anulada. Mas a Escritura declara que cada crente é um "novo homem" em união

com Cristo (2 Coríntios 5:17). Esta é a realidade do aspecto definitivo da santificação.

Veja as perguntas 94-95.

Qual, então, é a fonte da luta do crente com o pecado em sua vida? Não é o

"velho homem" ou a "velha natureza," mas sim um princípio de pecado interior e

corrupção remanescente que se expressa em atos de pecado. Foi tradicional da parte de

muitos se referir a esta realidade de pecado interior e corrupção remanescente como a

"velha natureza."

Marque cuidadosamente Romanos 6:15-8:15 e note de perto as seguintes

realidades: Primeiro: A declaração de Romanos capítulo sete termina, não em 7:25,

mas em 8:16. A ideia, portanto, de "sair de Romanos, Capítulo Sete e entrar em

Romanos, Capítulo Oito" é baseada em um mal-entendido desta passagem;

Segundo: Capítulos e divisões de versículos não são inspirados. A passagem

termina com uma nota de vitória por meio da graça capacitadora do Espírito, não em

derrota; Terceiro: o Apóstolo esperou até o capítulo oito para discutir a realidade e o

poder do Espírito Santo na vida do crente. A seção inteira, que revela a relação do

crente com a lei, se estende 6:15-8:9; Quarto: Romanos 7:14-25 é, nós acreditamos, a

declaração de um crente maduro que é terrivelmente consciente de todo e qualquer

pecado interior e corrupção remanescente. Quando realizado antes do padrão absoluto

da lei, ele é o epítome de fraqueza e inconsistência, ou "carnal" [lit : "feito de carne"].

Quinto: ele faz uma distinção muito clara entre o "eu" ou si mesmo e o "pecado

que habita em mim," não o "velho homem" ou a "velha natureza." Finalmente, sua

força e esperança de vitória reside na graça ou no poder do Espírito Santo, que o

capacita a conformar em princípio com as justas exigências da lei moral (Romanos 8:1-

16). O poder reinante do pecado foi quebrado em sua vida?

115ª Pergunta - Se o crente é efetivamente trazido em união com Cristo, com

toda essa união implícita, por que e como ele ainda peca?

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Resposta - O crente, embora não mais sob o poder reinante contínuo do pecado,

ainda comete atos de pecado devido a um princípio de pecado interior e corrupção

remanescente.

Romanos 6:15. “Pois que? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei,

mas debaixo da graça? De modo nenhum!”

Romanos 6:17-18. 17”

Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado,

obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. 18

E, libertados

do pecado, fostes feitos servos da justiça.”

Romanos 6:17-21. 17”

Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado,

obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. 18

E, libertados

do pecado, fostes feitos servos da justiça. 19

Falo como homem, pela fraqueza da

vossa carne; pois que, assim como apresentastes os vossos membros para

servirem à imundícia, e à maldade para maldade, assim apresentai agora os

vossos membros para servirem à justiça para santificação. 20

Porque, quando éreis

servos do pecado, estáveis livres da justiça. 21

E que fruto tínheis então das coisas

de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.”

1 João 2:1. “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não

pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o

Justo.”

Veja também: Romanos 6:1-23; 7:13-8:16; Efésios 4:22-24; Colossenses

3:1-10; 1 Tessalonicenses 5:24; 1João 1:8-10.

COMENTÁRIO

Veja as perguntas 95, 113 e 114. É o claro ensino das Escritura que o poder

reinante do pecado foi quebrado na vida de cada crente verdadeiro em virtude de sua

união com Cristo. Isto não depende da força, determinação e dedicação pessoal do

crente, mas de sua união objetiva com o Senhor Jesus Cristo e entrada em um estado de

graça. Embora o crente não esteja mais sob a dominação ou poder reinante do pecado,

ele ainda comete atos de pecado, ou seja, ele "morreu" para o poder reinante do

pecado, mas ele não está "morto" para a sua realidade em sua experiência (Romanos

6:11-14; 7:13-8:4). A grande e determinante diferença entre o crente e o descrente, ou

o mero Cristão professo, é que o incrédulo vive em um estado de pecado e sob o seu

poder reinante, enquanto o crente, porque ele está em um estado de graça, age fora do

caráter e comete atos de pecado.

Cinco realidades devem ser observadas:

Primeira: A Escritura não ensina "perfeição sem pecado" ou um "perfeccionismo

Cristão" modificado (1 João 1:8-10). Veja a Pergunta 88. Tais ensinamentos falham em

levar em conta a hediondez do pecado em sua verdadeira natureza, o princípio do

pecado remanescente e da corrupção interior no crente, a realidade da guerra espiritual

e a sutileza do diabo (Efésios 6:10-18), e o uso dos termos "perfeito" e "perfeição" no

Novo Testamento (por exemplo: 1 Coríntios 2:6; 2 Coríntios 13:11; Filipenses 3:12-

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15; Colossenses 1:28). Estes termos são usados no sentido de "maduro" ou sendo feito

"completo," "trazido à conclusão," ou "inteiro." Inevitavelmente, qualquer ideia de

perfeccionismo deve ser modificada para acomodar a realidade do pecado

remanescente e da corrupção ou colocar a lei moral de Deus em uma escala móvel para

fazê-lo relativo à habilidade de alguém - ou alguém deve se manter na ideia que um

verdadeiro crente pode finalmente apostatar;

Segunda: o crente nesta vida presente, embora salvo na alma e na mente, está

ainda no mesmo corpo que possui um princípio de pecado interior e corrupção

remanescente (não uma "velha natureza" ou "o velho homem") (Romanos 7:13-8:4).

Isto vai atormentar cada crente até a sua morte e ressurreição em glória (Romanos

8:17-23; Filipenses 3:20-21). O pecado não é mais seu mestre, e ele não está sob a

obrigação constrangedora de suas solicitações, mas abrange sua "enfermidade" ou

fraqueza para o pecado (Romanos 6:11-14,17-19; 8:26);

Terceira: Antes da regeneração e da fé, ele estava "livre" (desembaraçado) do

princípio da justiça, mas agora, como um crente, ele está "livre" (desembaraçado) do

princípio reinante do pecado (Romanos 6:20,22);

Quarta: Embora o poder reinante do pecado tenha sido quebrado, um princípio do

pecado interior e da corrupção remanescente manifesta-se em vários atos de pecado,

nos quais o crente age fora do caráter como um Cristão. Note que a linguagem de

Romanos 6:15 e 1 João 2:1 (aoristo) refere-se a atos de pecado, ou seja, "...pecaremos

(levemente cometeremos atos de pecado)?" "...estas coisas vos escrevo, para que não

pequeis (cometam um ato de pecado), e se alguém (cometer um ato de pecado)

pecar..." Nesta vida cada crente retém um princípio de pecado interior e corrupção

remanescente que assombra e zomba dele, e às vezes o seduz ao pecado. Tais

manifestações devem ser mortificadas pelo Espírito e pela graça de Deus (Romanos

8:13; Colossenses 3:5);

Quinta: Não há desculpa para o pecado na vida do crente. Que nós pecamos é

uma triste realidade; mortificar todas as manifestações conhecidas do pecado interior e

da corrupção remanescente é o nosso dever; arrepender-nos de todo pecado cometido é

imperativo; que somos repreendidos por Deus em sua bondade é uma necessidade; que

Deus perdoa-nos é uma bênção insondável e indizível. Que ele faz isso por meio do

Senhor Jesus é a glória da graça.

Um crente, embora ainda peque, nunca apostatará total ou finalmente de Deus ou

retornará a uma vida evidente de pecado. Ele pode pecar por um tempo, até que

condenado ou confrontado com a culpa dele, mas, quando assim confrontado pela

Palavra, pelo Espírito ou pela pregação, ou confrontação pessoal, ele será levado ao

arrependimento. Os grandes preventivos contra a apostasia são a infalibilidade do

propósito redentor Divino, sua união com Cristo, a realidade do castigo Divino e as

relações providenciais tanto de Deus quanto dos irmãos crentes por intermédio do

Espírito e da Palavra. Se um crente continuar a entristecer o Espírito de Deus por pecar

evidentemente constante, é possível que Deus possa tirar sua vida para preservar a sua

alma (1 Coríntios 5:1-5; 11:30-32; 1João 5:16-17). Nós cometemos até mesmo leves

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atos de pecado? Somos rápidos em mortificar as manifestações do pecado interior e da

corrupção remanescente?

116ª Pergunta - O crente pode ganhar a vitória sobre qualquer pecado?

Resposta - Não há nenhum pecado que deva continuar dominando o crente.

Romanos 6:14. “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não

estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.”

Romanos 6:15. “Pois que? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei,

mas debaixo da graça? De modo nenhum!”

1 João 2:1. “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não

pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o

Justo.”

Veja também: Romanos 3:9; 6:1-23; 7:13-8:16; Gálatas 5:16-17; Efésios

4:22-24; Colossenses 3:1-10; 1João 1:8-9; 2:1; 1João 3:4-10.

COMENTÁRIO

Em virtude da união do crente com Cristo, o poder reinante do pecado foi

quebrado, embora o crente agora cometa atos de pecado. Ele deve, portanto, lidar com

estes atos como manifestações do princípio do pecado interior e da corrupção

remanescente. Veja as Perguntas 95 e 115.

As próprias palavras da Escritura revelam que ele não está mais sob o domínio do

pecado, e, por isso, nenhum pecado apresenta uma impossibilidade insuperável ou

pode anular a graça capacitadora de Deus. Nota em Romanos 6:11-14 que o crente

deve ser totalmente indiferente à solicitação do pecado, seu antigo mestre. As próprias

palavras "considerai" e "Não..." pressupõem que o poder reinante do pecado foi

quebrado pela graça de Deus. Romanos 6:14 liquida o assunto. O crente não está mais

sob um mero princípio de comando externo, mas sob a dinâmica da graça interior. Não

há pecado que não possa ser superado pela graça de Deus, a menos que a pessoa esteja

ela mesma em um estado sem graça.

Uma outra explicação pode ser necessária acerca das palavras de Romanos 6:14,

"pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça." O artigo definido antes de "lei"

deve ser omitido, uma vez que não está no idioma original. Este não é um contraste

entre as dispensações, como se os indivíduos já estivessem "sob a lei," mas agora estão

"sob graça." O que é denotado é um princípio da lei, ou seja, o mero mandamento

exterior. O contraste é entre um princípio de mero comando exterior o qual só poderia

dirigir, mas não transmitir nenhuma habilidade para cumprir, e um princípio interior de

graça que fornece a dinâmica do cumprimento. Isto explica por que nenhum pecado

pode continuar a dominar o verdadeiro crente.

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O Senhor Jesus Cristo não ganhou crentes numa vitória oca sobre o pecado, mas

uma vitória real que é realizada pela graça capacitadora do Espírito Santo. Ele faz

nossa união com Cristo e a mortificação do pecado eficaz em nossa experiência

(Romanos 8:13; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:1-10). Nossa relação com o pecado

não deve ser pensada em termos de derrota ou vitória, que está no contexto da obra

redentora de nosso Senhor, mas sim em termos de obediência ou desobediência. Ele

ganhou a vitória; nós estamos vivendo em obediência. Precisamos de mais graça para

mortificar o pecado? Oremos por ela!

117ª Pergunta - Como o crente deve tratar com o pecado em sua vida?

Resposta - O crente deve lidar com o pecado em sua vida, confessando-o,

arrependendo-se dele, abandonando-o e mortificando-o de acordo com a Escritura.

1 João 1:9. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos

perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.”

Isaías 55:7. “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus

pensamentos, e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele; torne para o

nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.”

Romanos 8:13. “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se

pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis.”

Colossenses 3:5. “Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a

terra...”

Veja também: Romanos 6:1-23; 8:1-16; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:1-

11; 1João 1:8-10 .

COMENTÁRIO

Embora o seguinte possa ser parecido com uma afirmação perigosa, contudo, é

verdade, se nós devemos ser escriturísticos. Antes de nós podermos escrituristicamente

tratar com o pecado, devemos chamar de "pecado" o que a Bíblia chama de pecado, e

devemos também parar de chamar "pecado" o que a Bíblia não chama pecado. Caso

não tentemos ser consistentes com a Escritura, podemos permitir alguns pecados por

causa da tradição, cultura, orgulho pessoal ou preconceito, ou sofrer com uma

consciência muito sensível e inclinar-se para uma mentalidade legalista, chamando de

"pecado" as coisas que a Escritura não chama.

O pecado deve ser confessado, arrependido e abandonado a fim de ter o perdão (1

João 1:8-10). Confessar o pecado é tomar partido com Deus contra o nosso pecado. A

palavra "confessar" significa "dizer a mesma coisa." A menos que confessemos as

nossas faltas e transgressões a Deus como pecado, nunca tomaremos uma ação justa e

agressiva contra eles. Nós devemos nos arrepender. Estar arrependido acerca do pecado

é uma atitude constante que devemos ter quando conhecemos os nossos pecados.

Abandonar o pecado é a ação culminante de uma mente e coração arrependidos.

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Como o crente deve tratar com o pecado em sua vida? Alguns ensinam que ele

tem a opção de viver em um estado de pecado como um "Crente Carnal." Outros

ensinam que ele deve "dedicar sua vida" a Deus. Outros ainda ensinam que ele pode

continuar a desculpar-se como sendo o pecado do "velho homem" ou a "velha

natureza," e que o "novo homem" ou a "nova natureza" não peca. Nenhum destes, no

entanto, se enquadra com a Escritura, que declara expressamente como o crente deve

lidar com o pecado em sua vida. Ele deve tomar medidas positivas contra ele e

mortificá-lo. Veja as perguntas 95 e 96. Observe atentamente que tal mortificação é

uma dívida e um dever a Deus em virtude de nossa união com Cristo (Romanos 6:1-14;

8:11-14; Colossenses 3:1-10), e que esta união é a base para a mortificação do pecado.

Note ainda, que não é o corpo, mas sim as ações do corpo que devem ser mortificadas

(Romanos 8:13; Colossenses 3:5-11). A mortificação não é ascetismo nem legalismo.

Finalmente, note cuidadosamente que a mortificação só é possível pelo poder do

Espírito Santo (Romanos 8:11-14; Gálatas 5:16-18). Nós praticamos uma mortificação

constante pela graça e pelo Espírito de Deus?

118ª Pergunta - O que se entende por "liberdade Cristã?"

Resposta – A liberdade Cristã pertence à indulgência do crente em matéria de

dieta, bebida e outras coisas, atividades e observâncias, que são escrituristicamente

neutras, mas pode fazer um irmão mais fraco tropeçar.

Romanos 14:13. “Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes

seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão.”

1 Coríntios 10:31-32. 31”

Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra

qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus. 32

Portai-vos de modo que não deis

escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus.”

Veja também: Romanos 14:1-23; 1 Coríntios 6:12-13; 10:12-33; Gálatas

5:13-14,22-3; 6:14; 1 Pedro 1:13-16,22; 2:9-17; 2 Pedro 3:13-14.

COMENTÁRIO

A liberdade Cristã não está relacionada com as questões que são claramente

delineadas na Escritura como certas ou erradas, justas ou injustas, piedosas ou

pecaminosas. Está ao contrário relacionada com questões que são de natureza neutra, e

geralmente que dizem respeito àquelas questões que incluem práticas religiosas,

comida e bebida, e as associações ou assuntos que podem variar de cultura para

cultura.

A questão da liberdade Cristã ou da liberdade de consciência em assuntos neutros

deve ser regida por vários princípios:

Primeiro: o padrão objetivo para todo o comportamento é a Palavra de Deus

escrita. Nenhum crente tem a opção ou a liberdade de ser antiescriturístico. Questões

ou assuntos surgem quando os homens, por várias razões, procuram fazer a Escritura

mais ampla ou mais estreita para incluir e decidir em assuntos neutros. Embora nós

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devamos chamar "pecado" o que a Bíblia chama de pecado, e não chamar de "pecado"

o que ela não chama, várias interpretações, diferenças e preconceitos continuam a

existir entre os crentes sinceros;

Segundo: Só Deus é o Senhor da consciência. A natureza humana religiosa tem a

tendência inata para forçar a si mesma na consciência dos outros, seja certo ou errado.

Isto pode violar a consciência de alguém como sendo ou não sendo submissa a Deus e

à sua Palavra;

Terceiro: O motivo supremo para todas as coisas é a glória de Deus - e isto é

inclusivo de todas as ações (1 Coríntios 10:31). Aquelas ações que não podem ser

feitas para a glória de Deus tornam-se pecaminosas. Finalmente, a consciência do

irmão mais fraco deve ser sempre considerada e não violada. Sua consciência mais

fraca deve orientar e governar as ações do irmão mais forte (Romanos 14:1-23; 1

Coríntios 10:14-33).

Quem é o "irmão mais fraco" e o "irmão mais forte?" Alguns pensam que o irmão

mais fraco é o que se sacia em certas ações ou práticas, frequentemente equiparando as

tais com a vida dissoluta ou uma falta de espiritualidade. Pensa-se, em contraste,

muitas vezes, que o irmão mais forte, é a pessoa muito rigorosa em suas limitações.

Escrituristicamente, o inverso se aproxima da verdade. O irmão mais fraco é aquele

cuja consciência é excessivamente sensitiva em assuntos neutros. O irmão mais forte é

aquele cuja consciência não é tão sensitiva em tais assuntos. Isto, no entanto, pressupõe

que os assuntos em causa sejam neutros, e que ambos acreditem que cada um esteja

sendo bíblico em sua fé, atitudes e ações.

Que tendências devem ser evitadas no assunto da liberdade Cristã? Qualquer

tendência ao legalismo, antinomianismo, hipocrisia, ou ostentação da alegada liberdade

Cristã de alguém é inconsistente com a Escritura. Então, é uma consciência mais

sensitiva que pode ser constantemente utilizada para promover tendências legalistas ou

dominar as consciências e ações dos outros.

Consideração deve ser dada aos termos "ofensa," "ofender" e "tropeçar." As

palavras "ofensa" ou "ofender" não significam ferir os sentimentos de alguém, mas sim

para fazer outra pessoa tropeçar. "Tropeçar" é ser conduzido a uma situação ou ação

por outra pessoa, de modo a violar a consciência de alguém. Um irmão mais fraco é

ofendido ou escandalizado quando ele é levado a agir em uma determinada questão

contra a sua consciência por um outro que é supostamente mais forte na fé. "Ferir

sentimentos" ou transgressões pessoais não têm nada a ver com uma ofensa bíblica.

Nós entendemos a liberdade cristã? Manifestamos uma compaixão amorosa e

compreensão para com aqueles que acreditamos serem nossos irmãos mais fracos?

119ª Pergunta – Podem os verdadeiros crentes, em razão das suas imperfeições,

das tentações e dos pecados que os atinjam, cair do estado de graça?

Resposta - Os verdadeiros crentes, em razão do amor imutável e do eterno

propósito redentor de Deus, em virtude da união inseparável deles com Cristo e da

presença interior e do poder do Espírito Santo, não pode total nem finalmente cair do

estado de graça.

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João 10:27-29. 27”

As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as,

e elas me seguem; 28

E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém

as arrebatará da minha mão. 29

Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e

ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.”

Filipenses 1:6. “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós

começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo.”

1 Pedro 1:5. “Que mediante a fé, estais guardados na virtude de Deus, para

a salvação, já prestes para se revelar no último tempo.”

Veja também: Jeremias 31:3; Lucas 22:32; João 14:16-17; 17:24;

Romanos 5:5; 6:1-14; 8:1-4,28-39; 1 Coríntios 1:8-9; Efésios 1:3-14; 2:4-10;

4:22-24; Colossenses 3:1-10; 2 Timóteo 2:19; Hebreus 7:25; 9:11-12; 1 Pedro

1:3-5; 1João 3:1-3,9.

COMENTÁRIO

A classe de pessoas a quem esta questão é endereçada são os crentes verdadeiros.

Não estão inclusos os "Cristãos meramente professos" cuja religião consiste apenas em

cerimônias exteriores, meros sentimentos irracionais ou uma única experiência

religiosa subjetiva. Para os crentes verdadeiros finalmente perecer teriam que anular a

imutabilidade do amor e do propósito Divino (Veja as perguntas 64, 66, 68, 69 e 78), a

união deles com Cristo (Veja a Questão 77), sua obra intercessora por eles e obra do

Espírito Santo neles (Veja as perguntas 84, 94-96). Seriam anuladas ainda todas as

promessas da Palavra de Deus para eles. Assim, os crentes não poderiam confiar na

Palavra de Deus e seriam deixados sem qualquer conforto objetivo ou esperança em

Deus ou Sua Palavra. Veja a pergunta 9.

Mesmo os mais santos e mais piedosos dos crentes, se deixados a si mesmos,

separados da graça capacitadora e sustentadora de Deus, cairiam pela força da tentação,

o pecado interior e corrupção remanescente. Os verdadeiros crentes são guardados pelo

poder de Deus de modo que eles não caiam total nem finalmente do estado da graça

(João 10:27-29; Filipenses 1:6; 1 Pedro 1:3-5), embora eles possam cair em tentação,

cometer atos de pecado, experimentar a mão castigadora de Deus, e possam mesmo por

um tempo perder uma sensação da garantia deles. A graça Divina infalivelmente nos

salva e também necessariamente nos mantém. "Porque pela graça sois salvos (foram

salvos e são mantidos nesse estado, tempo perfeito) por meio da fé..." (Efésios 2:8).

Como crentes em nossa presente experiência, somos produtos brutos da graça

salvífica, ainda longe da obra completa que Deus ordenou (Romanos 8:29; 2 Coríntios

3:17-18; Efésios 2:8-10; 1João 3:1-3). Nós somos, por assim dizer, levados a Cristo

como minério bruto, colocado no forno da tentação e da aflição, o cadinho do

julgamento e do castigo, e o pote de fundição da guerra espiritual até que a escória da

presunção, da autoconfiança, do orgulho e da vaidade seja queimada. Por meio de tais

adversidades somos levados a uma compreensão mais completa do propósito e do amor

Divino. Mais e mais graça é misturada em nossas vidas como o coque é adicionado ao

ferro no cadinho para fazer aço. Mais e mais esvaziado do eu, nós submetemos nossos

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primeiros passos no processo de sermos conformados à imagem do Filho de Deus.

Aprendemos da graça., aprendemos a orar, a confiar e a viver cada vez mais como

crentes consistentes. Somos aquecidos, forjados, temperados e depois tirados para que

pela graça de Deus, possamos dobrar mas não quebrar. O final deste processo gracioso

no propósito de Deus é que seremos semelhantes ao Senhor Jesus (João 3:30; Romanos

8:29; 2 Coríntios 3:17-18; 1João 3:1-3).

Mas e acerca de certas declarações na Escritura que parecem ensinar que os

verdadeiros crentes podem desviar-se, cair da graça ou apostatar? E acerca do desvio?

Embora seja comum para muitos falar do "Cristão desviado," deve-se notar o seguinte:

Primeiro: os termos "apóstata," "desviado" e "rebeldias" ocorrem dezessete vezes

na Escritura, e todos em três livros do Antigo Testamento (Provérbios, Jeremias e

Oséias). É, portanto, uma designação peculiar ao Antigo Testamento;

Segundo: dezesseis destas referências são para Israel;

Terceiro: existem quatro diferentes termos Hebraicos utilizados, e todos estes são

sinônimo de rebelião aberta, jogando fora o jugo de Deus, ou apostasia. A ideia de

"deslizando ou deslizar de volta" para um estado de pecado é estranho ao significado

dos termos Hebraicos utilizados nos vários textos. O ensino tradicional e a

terminologia a respeito da "rebeldia," se importado para o Novo Testamento, só

poderia descrever apostasia.

E acerca de "cair da graça"? Esta terminologia é tomada de Gálatas 5:4. Ela não

tem referência à perda da salvação de alguém, mas sim retornar à escravidão da lei para

justificação, incluindo a circuncisão, e voltando atrás a partir do princípio da graça e da

fé (Gálatas 5.1-5).

E acerca da possibilidade de apostasia? Muitos podem voltar de uma profissão

defeituosa e temporária da fé (Mateus 13:5-6; 20-21; João 6:66). Existem severas

advertências contra apostatar da profissão de fé de alguém por meio de voltar para a

legislação Mosaica e o Judaísmo, com medo da perseguição. Este foi o caso dos

professos Judeus convertidos na Epístola aos Hebreus. Marque as fortes advertências

contra a apostasia: "Não desviem!" (Hebreus 2:1-4). "Não Descreia! (Hebreus 3:6 b-

4:13). "Não degenerem!"(Hebreus 5:11-6:20). "Não desprezem!"(Hebreus 10:26-31) e

"Não Profanem!"(Hebreus 12:12-17). Embora um verdadeiro crente não apostate por

razões anteriormente expostas, aquele que tem meramente uma profissão exterior de

religião pode fazê-lo. Essas tristes realidades impõem a necessidade de clareza na

proclamação do Evangelho e para doutrina Bíblica forte e consistente e solidez na fé

(Atos 20:26-27; 2 Coríntios 13:5; 2 Timóteo 1:13).

120ª Pergunta - O que é uma visão de mundo e de vida?

Resposta - A visão de mundo e de vida é uma filosofia de vida, a soma total das

pressuposições de alguém ou o que ele presume ser verdadeiro e, portanto, acredita

sem questionar, e, portanto, o que ultimamente determina como ele pensa e age.

Gênesis 1:1. “No princípio criou Deus o céu e a terra.”

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232

Mateus 4:4. “...Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a

palavra que sai da boca de Deus.”

2 Timóteo 3:16-17. 16”

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e

proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17

Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a

boa obra.”

Apocalipse 4:11. “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder;

porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas.”

Veja também: Atos 14:8-18; 17:22-31; Romanos 1:18-25; 8:28-31; 11:33-

36; 1 Coríntios 8:4-6.

COMENTÁRIO

É errôneo pensar que o Cristianismo pode ser truncado em algumas doutrinas

fundamentais que caracterizam a ortodoxia, ou seja, doutrina tradicional e formam a

base para a experiência e vida Cristã. O Cristianismo bíblico abraça toda a Escritura

para toda a vida . Quando interpretada apropriada e consistentemente, a Escritura fala

com autoridade absoluta para toda situação de vida possível e circunstância. Devemos

entender o Cristianismo bíblico em termos de uma visão de mundo e de vida.

Todo mundo, conscientemente ou não, tem uma filosofia de vida, um quadro ou

conjunto de pressuposições das quais ele pensa e age - uma visão de mundo e de vida.

É uma percepção de realidade do indivíduo e como ele se relaciona com ela, suas

convicções e pressuposições (suposições inquestionadas, axiomas, primeiros

princípios) que representa sua perspectiva total na vida, o mundo acerca dele e a

realidade final. A nossa visão de mundo e de vida determina literalmente tudo em

nossa percepção e relacionamento com a realidade.

O contraste seguinte em visões de mundo e de vida demonstra a importância

delas: o ateu, se consistente, deve pressupor que não há Deus, nada transcendente ou

sobrenatural, um processo evolutivo aleatório, sem absolutos; sem certeza exceto o

fatalismo, sem esperança exceto no acaso, no destino ou na sorte; nenhuma base para a

moralidade exceto por consenso humano; sem sentido último exceto aquilo que o

homem dá às coisas, e nenhum futuro além da vida presente. Assim, o ateu, se for

consistente, deve encarar a falta de sentido último e a futilidade - uma perspectiva

necessariamente niilista.

O Cristão, se consistente com a Escritura, pressupõe que o Deus da Escritura é o

todo-abrangente, Realidade viva, que Ele soberanamente governa este universo e tudo

que nele há, e está infalivelmente trazendo Seu propósito eterno de conclusão para a

Sua própria glória e bem dos seus eleitos. Ele pressupõe que Deus criou todas as coisas

e lhes deu o significado, que a obediência a Deus começa por dar o mesmo significado

a tudo o que Deus deu a ele. Assim, ele acredita que o homem foi criado à imagem de

Deus para viver pela Palavra de Deus e para "pensar os pensamentos de Deus ,

seguindo-o," e que o caráter moral de Deus determina a moralidade humana. O Cristão

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233

olha mais para o futuro com esperança e alegria porque sua fé é fundada sobre a

Palavra do Deus eterno e imutável, que revelou seu propósito redentor, esclareceu isto

pela profecia e encoraja por meio das promessas de Sua Palavra infalível. Você tem

pensado seriamente sobre a sua própria visão de mundo e de vida pessoal? Você a tem

alinhado consistentemente com a Escritura?

121ª Pergunta - O que é uma Visão de Mundo e de Vida Bíblica ou Teísta

Cristã?

Resposta – Uma Visão de Mundo e de Vida Bíblica ou Teísta Cristã é uma

filosofia de vida dada por Deus que deriva da interpretação coerente, inclusiva e da

aplicação da verdade bíblica.

Mateus 4:4. “...Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a

palavra que sai da boca de Deus.”

2 Timóteo 3:16-17. 16”

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e

proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17

Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a

boa obra.”

Veja também: Salmos 19:1-6; 139:1-18; Atos 17:22-31; Romanos 8:28-39;

11:33-36; 1 Coríntios 8:6; 10:31; 2 Pedro 3:1-18.

COMENTÁRIO

Toda religião por sua própria natureza possui uma "metanarrativa" ou visão de

mundo, uma ideia de significado, propósito e destino mais abrangente. É neste dado

contexto que o indivíduo encontra significado em uma divindade ou divindades, para si

e para o mundo acerca dele. É a partir deste ponto de referência que ele vê o passado, o

presente e o futuro. Veja a pergunta 35. A visão de mundo bíblica é chamada de Visão

de Mundo e de Vida Cristã Teísta porque expressa a verdade e a realidade do triuno

Deus autorrevelado da Escritura e Seu propósito eterno, que está sendo operado em e

por meio da Sua criação. Este conceito de Deus e da realidade é derivado da revelação

especial (a Escritura) e é testemunhado em revelação natural (criação, o tempo e a

história). Tal conceito é teocêntrico (centrado em Deus) e focado na redenção não só da

humanidade caída (João 3:16; Apocalipse 5:9), mas finalmente de toda a criação. Será

realizado na redenção final do povo amado de Deus, a consumação final da história no

Senhor Jesus Cristo e os "novos céus e nova terra, onde habita a justiça" (1 Coríntios

15:21-28; Efésios 1:3-11; 2 Pedro 3:7-14). Veja a Pergunta 172.

A Visão de Mundo e de Vida Cristã Teísta dá o significado apropriado para a

criação em geral e a do homem como o portador da imagem de Deus em particular. Ela

define a queda do homem, o caráter providencial da história humana; a encarnação, a

obediência ativa e passiva, ressurreição e ascensão do Senhor Jesus Cristo, e a presente

economia do evangelho tudo em sua devida importância. Ela dá significado ao

indivíduo e ao seu lugar no tempo e na história. Em seu âmbito mais amplo, a Visão de

Mundo e de Vida Cristã Teísta envolve praticamente tudo sem exceção, não deixando

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lugar para o destino, para a sorte, para o acaso ou fortuna. Deus não é apenas o

Soberano do universo, Ele também é o Deus do minuto e do íntimo que rege a partir

das estrelas, galáxias e planetas aos elementos de cada átomo individual. Nada é

escondido Dele, nada está fora de Seu controle, e tudo está se movendo em direção a

Sua gloriosa culminação de acordo com o Seu decreto. A verdade abençoada de

Romanos 8:28 deve necessariamente ser vista neste contexto (Romanos 8:17-39).

O discurso do Apóstolo Paulo ao conselho filosófico em Atenas (Atos 17:16-34),

o primeiro confronto intelectual registrado entre o Cristianismo bíblico e a filosofia

Grega, era uma apologética (defesa da fé) em termos de uma Visão de Mundo e de

Vida Cristã Teísta. Veja a pergunta 136. É o locus classicus da apologética na Escritura

(Conforme Romanos 1:18-25; 1 Coríntios 10:3-5; Filipenses 1:7,17; 1 Pedro 3:15;

Judas 3). Suas palavras foram as mais profundas jamais proferidas naquele antigo

centro de filosofia pagã. Para compreender adequadamente esta declaração, deve-se

notar que este discurso foi a culminação de várias semanas pregando Cristo

diariamente na Ágora, que explica o fundo de doutrina necessária de sua defesa final, e

por que ele não necessita especificamente nomear nosso Senhor (Atos 17 :16-18).

Seu tema era a natureza e o caráter de Deus (Atos 17:22-24), Sua íntima relação

com o Seu governo soberano sobre toda a criação (Atos 17:24-25), a unidade da raça

humana (Atos 17:26), a ascensão e queda das civilizações sucessivas (Atos 17:26), a

natureza do homem como portador da imagem de Deus (Atos 17:26-28), sua condição

caída (Atos 17:27,30), a ignorância deliberada e culpabilidade da idolatria (Atos

17:28), e julgamento iminente baseado na ressurreição do Senhor Jesus Cristo (Atos

17:30-31). Embora ele não tenha citado qualquer Escritura, cada afirmação foi uma

declaração que estava firmemente fundamentada na revelação Divina. A apologética do

Apóstolo foi completamente pressuposicional.

122ª Pergunta - Como a visão de mundo e de vida do crente difere da do

incrédulo?

Resposta – A visão de mundo e de vida do crente é dada por Deus, é

escriturística, e, portanto, autoconsistente e transcendente, em contraste com a do

incrédulo, que é autoapropriada, antiescriturística e, portanto. inconsistente e

inadequada.

Provérbios 14:12. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o

fim dele são os caminhos da morte.”

Mateus 4:4.” Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão

viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.”

2 Timóteo 3:16-17. 16”

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e

proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17

Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a

boa obra.”

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Veja também: Gênesis 1:1; Salmos 139:1-18; Provérbios 16:25; Atos

17:22-31; Romanos 11:33-36; Apocalipse 4:11.

COMENTÁRIO

Normalmente, os indivíduos desenvolvem ou escolhem as suas próprias filosofias

de vida ou visão de mundo. Pode ser pelo ensino religioso, da educação filosófica

especulativa, ou empiricamente por intermédio do processo de ciências ou experiências

de vida. Muitos são bem ignorantes de suas visões de mundo e suas implicações até

que sejam forçados a chegarem a um acordo tanto com elas quanto consigo mesmos. A

maioria das abordagens da vida e o significado em nossos dias são existenciais

(totalmente subjetivas) ou pós-moderna (relativista, pluralista e sem sentido na

comunicação objetiva), e assim são fragmentadas (falta de uma unidade coerente), e,

portanto, inadequadas ou contraditórias e muitas vezes totalmente subjetivas e

irracionais. Isto resulta da falta de qualquer base metafísica, de fundação religiosa

absoluta ou adequada para a moralidade e ética. Tais pessoas estão à deriva em um mar

de contingência e incerteza. Estas aprendem pouco ou nada do passado, vivem apenas

para o presente, e têm no máximo uma esperança irracional do futuro.

Ao crente, por contraste, é dada sua visão de mundo e de vida de Deus na

Escritura. A Bíblia deve formar sua pou sto [lit: "[um lugar] onde eu possa ficar"] ou

ponto de referência. As Escritura são para ele, pela obra do Espírito Santo na

regeneração (João 3:3,5), a conversão (1 Tessalonicenses 2:13) e iluminação (1João

2:20,27), a própria Palavra de Deus. Em virtude de seu novo estado espiritual de graça,

a ele é dado um novo ponto de referência, e assim um conjunto de absolutos

escriturísticos, uma nova moralidade, ética, significado e propósito para o presente e

esperança para o futuro (Mateus 4:4; 2 Timóteo 3:16-17). Sua visão de mundo e da

vida é então inclusiva e harmoniosa é tanto autoconsistente quanto transcendente

(profeticamente alcança o futuro) (1 Tessalonicenses 4:13-18; 2 Pedro 3:7-14; 1João

3:1-3). Este é o ideal. Sua experiência Cristã está equipada para trazê-lo cada vez mais

em conformidade com ela. A chave, então, para tal conformidade e consistência é a fé -

fé no triuno, o autorrevelado Deus da Escritura, e assim, fé em Sua Palavra infalível. É

toda a Escritura (consistentemente interpretada) para toda a vida.

123ª Pergunta - Por que uma Visão de Mundo e de Vida Bíblica é necessária

para um Cristianismo consistente?

Resposta - O Cristianismo bíblico é de forma necessária consistente e

abrangente, como a Escritura fala com autoridade para toda a vida, trazendo todos os

aspectos sob a autoridade da Palavra de Deus, e, portanto, sob o senhorio de Jesus

Cristo.

Mateus 4:4. “Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão

viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.”

Romanos 11:36. “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas;

glória, pois, a ele eternamente. Amém.”

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2 Timóteo 3:16-17. 16”

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e

proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; 17

para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a

boa obra.”

Veja também: Mateus 28:18; Atos 2:36; Romanos 10:9-10; 1 Coríntios

8:6; 10:31; 2 Coríntios 4:5; Filipenses 2:9-11; Colossenses 1:12-17; Hebreus

1:1-4; Apocalipse 4:11.

COMENTÁRIO

Muito do Cristianismo moderno tende a ser truncado em algumas doutrinas

principais, ou inclina-se para experiência subjetiva e assim tende a refletir a

fragmentação da abordagem do mundo incrédulo para a vida e para a realidade. Muitos

cristãos professos separam a religião deles de certas questões morais, de vários

problemas éticos e econômicos, e muitas vezes de questões sociais, políticas e

ambientais, como se estas estivessem fora da esfera da religião e preocupação Cristã.

Quando o Cristianismo é abordado biblicamente, no entanto, a pessoa começa a ver

todas suas completas implicações. Não existe qualquer área da vida e da realidade onde

a Palavra de Deus não fale com a autoridade final ou dê a direção positiva. Se a

Escritura é estudada de forma consistente e inclusivamente, será descoberto que cada

área da vida é tocada. Por preceito, princípio e exemplo, a orientação pode ser

inteligente e consistentemente obtida para cada questão pelo uso de boas e necessárias

consequências. É o fardo do crente, trazer todas as áreas e aspectos da vida e da

realidade sob o domínio do senhorio de Jesus Cristo, segundo a Escritura.

Qual é a relação entre a Bíblia e as questões práticas da vida? A Bíblia é a própria

Palavra de Deus escrita. Ela é total e finalmente autorizada porque é a própria Palavra

de Deus. Deus nos deu Sua Palavra tanto para ser compreendida quanto para ser

obedecida. Ela vem a nós como mandamento Divino, e não meramente para

informação ou debate. A finalidade do estudo da Bíblia é chegar à verdade doutrinária.

É esta verdade doutrinária que é então aplicada à vida.

Primeiro: Deve haver um estudo diligente e piedoso, depois um entendimento do

que o texto diz, do que ele significa, e então a aplicação legítima e consistente. A

regeneração, a conversão, a iluminação espiritual e a obediência estão assim

intrinsecamente relacionadas. Veja as Perguntas 7-19. Nossa fé e nossa perspectiva são

inclusivas de toda a vida?

124ª Pergunta - Qual é o padrão moral para a vida do crente?

Resposta - A lei moral de Deus é o padrão moral para a vida do crente.

Salmos 119:97. “Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o

dia.”

Romanos 7:12. “E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom.”

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Romanos 8:4. “Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não

andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.”

Veja também: Êxodo 20:1-17; Deuteronômio 6:4-5; Mateus 5:17-18;

22:37-40; João 13:34-35; Gálatas 3:24; 1 Timóteo 1:5-11; Hebreus 4:9; 1 João

2:3-5; 5:1-3.

COMENTÁRIO

A natureza e relevância da lei moral são apresentadas nas perguntas 39-42. Uma

exposição da lei moral como sintetizado no Decálogo é apresentada nas perguntas 43-

63. Em resumo, várias questões podem ser notadas:

Primeira: O prólogo do Decálogo revela que a lei foi dada, não como um meio de

salvação, mas sim para um povo de aliança resgatado poder refletir o caráter moral do

seu Deus e Redentor. A legislação sempre acompanha a redenção. Isto permanece

verdadeiro, tanto na Velha quanto na Nova ou Aliança do Evangelho (Mateus 22:36-

40; Romanos 7:12; 8:1-4; 13:8-10; 1 Timóteo 1:8-11; 1João 2:3-5);

Segunda: A lei moral não se limita ao Decálogo ou Dez Mandamentos, mas é

inclusiva de todos os mandamentos morais da Escritura. Isto é exemplificado na

natureza coerente ou não contraditória da Escritura em si. Os vários sumários da lei

moral (Êxodo 20:1-17; Deuteronômio 6:5; Mateus 22:36-40; Romanos 13:8-10; 1

Timóteo 1:5-11) resumem o que está expandido em sua plenitude tanto no Velho

quanto no Novo Testamento. De fato, a lei moral é desdobrada ou amplificada e

interpretada explicita e implicitamente no e pelo Novo Testamento;

Terceira: O Decálogo como o epítome, isto é, resumo da lei moral é uma série de

julgamentos que podem ser expandidos coerentemente para cobrir cada questão moral

(por exemplo: Mateus 5:27-28; 1João 3:15). No Decálogo, como o epítome da lei

moral, Deus legislou a moralidade. Ele não mudou nestes preceitos. A lei moral de

Deus é a Lei de Cristo;

Quarta: O pecado deve ser visto nos termos da lei de Deus. Todo e qualquer

pecado é abominável aos olhos de Deus. É uma transgressão da Sua lei ou ilegalidade

(1 João 3:4). Veja a Pergunta 36. A lei moral nos impede de deturpar e mal interpretar

o pecado ou desculpá-lo. Lembre-se, a ausência ou oposto da lei não é graça; é

ilegalidade;

Quinta: Existe necessariamente uma lei moral para as criaturas morais de Deus. A

lei está interiorizada ou escrita no coração do crente nas operações da graça Divina,

respondendo à lei ontologicamente incorporada no coração do homem na criação como

o portador da imagem de Deus, e agora está renovada com uma mentalidade

regenerada (Romanos 8:1-9; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9-10). A graça de Deus

mediante a obra do Espírito leva a um amor e desejo de se conformar com o caráter

moral e os mandamentos de Deus (Salmos 1:1-3; 119:159; Romanos 6:14; 8:1-9; 1João

2:3-5);

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Sexta: A própria obra de salvação, especialmente a santificação, deve produzir

um povo santo. Esta santidade reflete do próprio caráter moral de Deus (Tiago 1:18; 1

Pedro 1:15-16; 2:9). A graça de Deus produz "um povo Seu especial, zeloso de boas

obras" (Tito 2:14). Não é o propósito de Deus que Seu povo seja profano ou injusto.

Qualquer padrão subjetivo ou indefinido estaria fora de manter a simplicidade objetiva

da lei moral e caráter de Deus, como seria a ausência de qualquer padrão moral!

Sétima: a fraqueza do homem na Antiga Aliança foi que o seu coração manteve-

se inalterado e a religião era meramente externa, exceto por um remanescente eleito de

verdadeiros crentes. Sob a Nova Aliança ou Aliança do Evangelho, o coração ou o ser

interior é transformado pela regeneração (a transmissão da vida Divina, a recriação da

imagem de Deus em justiça, santidade da verdade e do conhecimento, a quebra do

poder reinante do pecado e a remoção do coração natural - inimizade para a Lei de

Deus) para ser conforme em princípio com a lei moral. A graça nos deixa conforme em

princípio para amar e obedecer aos preceitos de Deus. Assim, a lei não é meramente

externa, mas também interna quanto ao seu conteúdo e motivação (Jeremias 31:31-34;

Ezequiel 11:19-20; 36:25-27; Romanos 2:11-16; 6:14; 2 Coríntios 3:3,17-18; Efésios

4:22-24; Colossenses 3:1-10; Hebreus 8:8-11);

Deve-se notar em Romanos 6:14 que a contração preposicional com o artigo

definido ["da"] não ocorre antes da palavra "lei" no Grego. Assim, refere-se a um

princípio da lei, ou seja, um princípio de mero comando exterior, como contrastado

com o princípio interior e dinâmico da graça. O legalismo não é espiritualidade; é

externo. É das obras (habilidade humana), não da graça. A graça divina santifica

interiormente; ela reflete o caráter justo de Deus. Qualquer negação desta realidade é

uma negação da graça Divina na regeneração, na conversão e na santificação - e isto

atinge o próprio coração do antinomianismo. Embora a lei moral não possa justificar

nem santificar, ela permanece o padrão Divino;

Oitava: A maioria dos erros no Cristianismo pode ser atribuída a uma negligência

ou negação da relevância da lei moral– perfeccionismo Wesleyano, misticismo

[Quakerismo], justiça própria (mero legalismo), a visão defeituosa da depravação

inerente no Socinianismo e Arminianismo, antinomianismo e os erros modernos da

heresia do "Cristão carnal" e "decisionismo." O Dispensacionalismo extremo é

inerentemente antinomiano, como ele erroneamente substitui a lei com a graça e falha

em ver a graça da lei;

Nona: Como a lei é cumprida no amor, assim é o amor definido pela lei

(Romanos 13:8-10). Se não tirarmos ilegalmente a vida de nosso próximo, roubá-lo,

agir imoralmente diante dele, diminuí-lo de qualquer maneira ou procurar o seu dano

em pensamento, palavra ou ação, ou mentir acerca dele ou para ele e não cobiçar o que

ele tem, e ao buscamos o seu bem - então estamos biblicamente amando o nosso

próximo. Apenas no contexto da lei bíblica e do amor - um amor objetivo, obediente e

inteligente - podemos consistentemente amar os outros, até mesmo nossos inimigos;

Veja a Pergunta 164.

Décima: A fé não torna a Lei de Deus vazia, mas sim a estabelece (Romanos

3:21-31). Como crentes, nós "morremos para a lei" como um instrumento de

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condenação. Em virtude de nossa união com Cristo e da fé nele a lei é estabelecida, não

ab-rogada (Romanos 3:21-31; 7:4; Gálatas 2:16-21). Veja a Pergunta 41.

Finalmente, existem três usos da lei: uma vara, uma regra, e uma bengala:

Primeiro: É o meio ordenado por Deus para a convicção do pecado, como a

transcrição do caráter Divino - uma "vara" para nos levar a Cristo, por assim dizer

(Gálatas 3:24). Cuidado deveria ser tomado para observar o tempo Grego usado nesta

afirmação: "A lei foi (gegonen, tempo perfeito, "foi e continua a ser") o nosso mestre

escolar, para nos conduzir a Cristo, para que fôssemos justificados pela fé." Nosso

Senhor usou a lei moral para revelar o coração do rico, jovem príncipe (Mateus 19:16-

22). Os primeiros pregadores usaram a lei implicitamente na pregação deles,

especialmente a do Sexto Mandamento sobre assassinato (por exemplo: Atos 2:22-23;

3:15; 7:51-52).

O Apóstolo Paulo, embora repentina e dramaticamente convertido na estrada para

Damasco, dá uma visão sobre as "picadas" (aguilhões) que ele experimentou antes de

sua conversão, como uma operação da lei em sua consciência, privando-o de sua

justiça própria e trazendo sobre ele uma sensação de condenação absoluta (Filipenses

3:4-6; Atos 9:5; Romanos 7:7-14). Paulo evidentemente fez uso da lei quando tratava

com o Governador romano Félix (Atos 24:24-25). Ele fala da lei moral estando em

pleno vigor e incluindo toda a raça humana dentro de sua jurisdição como ela forçosa e

estritamente define o pecado (Romanos 3:19-20). No moderno Cristianismo

evangélico, no entanto, o amor substituiu a justiça - o amor despojado de seu caráter

moral necessário. Assim, a visão defeituosa da conversão e da santificação no moderno

Cristianismo evangélico;

Segundo: Ela é a "regra" ou a transcrição do caráter moral de Deus, que deve ser

refletida na vida do crente de um princípio de obediência amorosa e no contexto da

graça capacitadora pelo poder do Espírito (Romanos 6:14,20,22; 8:3-4; 1 Pedro 1:15-

16; 2:9);

Terceiro: a lei é, por assim dizer, uma "bengala" para nos auxiliar em nossa

caminhada. "E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom" Romanos 7:12).

Enquanto a própria lei não pode justificar, nem santificar, ela, contudo, revela o padrão

da absoluta justiça - e o pecado como Deus o vê - para o crente. A lei liberta de todo

relativismo religioso, e obediência aos seus preceitos deve ser de um coração cheio de

amor pela graça capacitadora de Deus, nunca de um mero princípio formal, externo ou

legalista.

A graça de Deus trouxe você a uma conformidade amorosa com a Lei de Deus?

Você pode dizer como Davi? "Oh! quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo

o dia" (Salmos 119:97)? O padrão absoluto de justiça na lei leva você a magnificar a

graça de Deus como dela em Jesus Cristo, que libertou você do poder condenatório da

lei?

125ª Pergunta - O que Deus infalivelmente ordenou como o objetivo espiritual

comum para todo e cada crente?

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Resposta - Deus ordenou que todo e cada crente deve ser levado em direção à

maturidade espiritual pelo crescimento na graça, no conhecimento, e finalmente,

conformado à imagem de Cristo.

Romanos 8:29. “Porque os que dantes conheceu, também os predestinou

para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito

entre muitos irmãos.”

2 Coríntios 3:17-18. 17”

Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do

Senhor, aí há liberdade. 18

Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como

um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na

mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.”

Veja também: Romanos 8:3-4; 18-23; Gálatas 5:16-17,22-25; Efésios

3:14-19; 4:22-24; Filipenses 1:6; 2:12-13; 3:10-17; Colossenses 3:1-10; 1

Tessalonicenses 4:13-18; 2 Pedro 3:18.

COMENTÁRIO

O estado de graça ao qual cada crente é levado não é estático. Deve existir

crescimento em direção à maturidade espiritual dentro deste estado (Romanos 8:29; 2

Pedro 3:18). A salvação não começa e termina com uma "decisão" religiosa ou uma

simples experiência subjetiva. Tudo na experiência do Cristão tende para a maturidade

espiritual e conformidade com o Senhor Jesus, ou torna-se o inverso dela (Hebreus

5:11-14). O objetivo final da redenção em geral e da santificação em particular é a

nossa conformidade com o Senhor Jesus Cristo. Este processo infalível, embora

começado nesta vida, será aperfeiçoado apenas na eternidade com a ressurreição para a

glória. Veja a Pergunta 94. Ele não é apenas o nosso exemplo, ele também é o grande e

glorioso protótipo da humanidade redimida como o "Último Adão" e o "Segundo

Homem" (Romanos 5:12-18; 1 Coríntios 15:22,45-49).

Este é o propósito Divino para a nossa salvação - a redenção e a restauração da

imagem de Deus no homem. O Deus triuno da Escritura propôs restaurar toda a sua

criação (Isaías 65:17; 66:22; 1 Coríntios 15:23-28; 2 Pedro 3:7-13; Apocalipse 21:1).

Quanto à nossa redenção pessoal, começou no conselho eterno com a eleição Divina

(Efésios 1:3-11). Veja a pergunta 68. Este princípio da graça soberana flui para baixo

por meio do tempo, da história e da experiência pessoal, sendo expressa por intermédio

de todos os aspectos da graça salvadora de nosso chamado e regeneração para a nossa

santificação. Veja as perguntas 66 e 78. Este processo será levado à consumação final

em nossa ressurreição para a glória (Romanos 8:18-23). Veja a Pergunta 169.

O crescimento na graça e qualquer grau de conformidade à imagem do Filho de

Deus é realizado em nossa experiência Cristã pelo ministério da Palavra (1

Tessalonicenses 2:13; 2 Timóteo 3:16-17; 2 Pedro 3:18) e o Espírito Santo. O Espírito

de Deus graciosamente opera tal graça para nós, dentro de nós e por nós (Romanos

6:14; 2 Coríntios 3:17-18). Ele revela as verdades profundas de Deus para nós (1

Coríntios 2:9-13), capacita-nos a orar espiritualmente (Efésios 6:18), intercede por nós

de acordo com a vontade de Deus em nossas orações (Romanos 8:26-27), revela as

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verdades e glórias do Senhor Jesus para nós (Efésios 1:15-20; 3:14-19), capacita-nos a

mortificar o pecado (Romanos 8:11-13), testifica com o nosso espírito que somos

filhos de Deus (Romanos 8:14-16) e capacita-nos em nossa caminhada Cristã

(Romanos 6:14; Efésios 1:17-18; Gálatas 5:16-18).

O "fruto do Espírito" (Gálatas 5:22-23) é a manifestação ou evidência do poder

transformador, da capacitação e da presença interior do Espírito. Esta é uma obra

espiritual para conformar-nos à imagem do Filho de Deus quanto ao nosso caráter,

atitude e caminhada espiritual (Gálatas 5:16-18).

É neste contexto que devemos entender a nossa união com Cristo, e também

todas as provações, testes, oposição espiritual e tempo de castigo Divino (1 Coríntios

3:21-23; Hebreus 12:4-13; Tiago 1:2-4). Veja a Pergunta 77. Tudo o que Deus faz, Ele

faz no contexto de Seu eterno propósito. Nada está fora de Seu controle ou é contrário

ao Seu conselho. Embora muitas coisas, situações e circunstâncias possam parecer

totalmente contrárias aos nossos desejos, expectativas e até mesmo às nossas orações, o

propósito Divino está infalivelmente fazendo acontecer. É exatamente por isso ser

verdade que podemos e devemos pela fé descansar na providência e no amor de Deus

(Hebreus 3:17-19; Romanos 5:1-5; 8:28-39; Efésios 3:14-19). Veja as perguntas 35 e

69. Isto inclui até mesmo o pior que possamos experimentar (Romanos 8:35-39).

Assim, tudo na experiência Cristã torna-se um teste de fé - uma fé que se mantém

infalível na Palavra do Deus VIVO. Você vê toda sua vida e experiência Cristã nos

termos para ser conforme à imagem do Filho de Deus?

126ª Pergunta - Quais são os meios particulares da graça que Deus ordenou para

o bem-estar espiritual, crescimento e maturidade dos crentes?

Resposta - Os meios particulares da graça são o estudo diligente da Escritura e a

oração.

João 17:17. “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.”

2 Timóteo 2:15. “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que

não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”

1 Tessalonicenses 5:17. Orai sem cessar.

Veja também: Mateus 6:5-15; Marcos 14:38; Efésios 1:15-20; 3:14-19;

6:18-20; Filipenses 1:9-11; Colossenses 1:3; 9-12; 2 Timóteo 1:13; 2 Pedro 1:5-

11.

COMENTÁRIO

Cada crente, embora no estado de graça, deve atender aos meios dela, o que

deveria ser as marcas da graça. Veja as perguntas 78 e 112. Tais meios tornam-se

eficazes por intermédio da presença e poder do Espírito Santo. Uma pessoa sem graça

pode ser religiosa, mas ela não é uma Cristã. Pouca ou nenhuma graça é evidenciada

por uma atitude presunçosa e orgulhosa. Graça suficiente é evidenciada por um espírito

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humilde e contrito, que é facilmente tratável. No verdadeiro crente, a graça tempera a

personalidade, e a fé surge para descansar em Deus em face a assaltos e oposições. Um

espírito vingativo é um espírito sem graça, como o é um espírito orgulhoso, cruel ou

com raiva. Um espírito irracional não é um espírito gracioso, mas um que é sem graça,

pois o fruto do Espírito é: "temperança" (autocontrole) (Gálatas 5:23). A graça comum,

essa graça que Deus dá para preservar e beneficiar a humanidade em geral, não é a

graça salvífica. A graça comum pode ser temperada pela religião e pela cultura

refinada, mas não pode ser equiparada à verdadeira graça salvadora.

A graça divina na vida não é estática. Embora todo crente esteja no estado de

graça, o grau dado de graça dentro do crente pode relativamente ser grande ou

pequeno, e pode aumentar ou diminuir (Hebreus 5:11-14; 2 Pedro 3:18). Nós, como

Cristãos, temos pouca graça? Se sim, então vamos a Deus e humildemente imploremos

por mais. A graça é tudo. Ela nos leva e nos mantém em Cristo; tempera a

personalidade, atenua os impulsos naturais, dá coragem, nos capacita a orar, a servir e a

sofrer e fixa a mente nas realidades eternas. Seja qual for o problema, a situação ou a

circunstância, estamos a agir fielmente em relação à nossa medida de graça Divina - e

esta graça, Deus declarou, é sempre suficiente (Romanos 12:3; 2 Coríntios 12:9).

O crente deve desenvolver as graças Cristãs dentro de sua própria personalidade

por meio do seu crescimento na graça. Sua fé não é para ficar sozinha, mas deve ser

associada a um conjunto de outras graças que surgem para um coro de plena segurança

em sua profissão de fé e caráter Cristão (2 Pedro 1:4-11). (A palavra "acrescentar" no

versículo 5 é a fonte da nossa palavra "Coreografia." A fé não é para cantar um solo)!

Porque a graça Divina não é estática na experiência do crente, Deus ordenou

certos meios da graça, tanto particulares quanto públicos, para o sustento, edificação e

amadurecimento de seu povo. Os principais meios particulares da graça são a oração e

o estudo da Escritura.

A oração é a ligação espiritual vital entre o crente e o Deus de sua salvação. O

"Cristão sem oração" seria uma contradição em termos. Veja a pergunta 112. A oração

é o primeiro sinal de vida espiritual, análogo (referente) ao choro de um recém-nascido

(Atos 9:11). É natural a um estado de graça. A oração é o único fio entrelaçado que

funciona durante todo o panorama da experiência Cristã. É a expressão absoluta da

alma redimida em todas as suas variadas circunstâncias que alcança um soberano,

contudo amoroso e gracioso Pai Celestial (Mateus 6:9-13; Lucas 11:2-4,11-13). Por

intermédio da oração, adoramos a Deus na fé e somos levados em comunhão viva com

Ele por meio da intercessão do Senhor Jesus (Hebreus 4:14-16; 7:25; 1João 2:1) e o

Espírito Santo (Romanos 8:26-27). É na oração que oferecemos o nosso louvor e

petições, e mantemos a intimidade de verdadeira comunhão espiritual. Veja as

perguntas 98-107.

A Palavra de Deus escrita fornece o segundo meio particular da graça. Pela

leitura, estudo e meditação sobre a Escritura, discernimos a vontade de Deus e somos

graciosamente levados em conformidade com ele, pelo menos em princípio, levados a

confessar e arrepender-nos de nossos pecados, e somos renovados no espírito de nossa

mente (Romanos 12:1-2; 2 Timóteo 3:16-17; 1João 1:8-9). É por meio da Escritura

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que somos edificados e levados a um crescimento perceptível na graça e no

conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo (Tiago 1:21-25; 2 Pedro 3:18).

Como a graça não é irracional, então seus meios são inteligentes. Tanto a oração

quanto o estudo da Palavra são inteligentes exercícios que surgem da comunhão com

Deus. A verdadeira espiritualidade não é irracional, mas primariamente intelectual, ou

seja, as emoções surgem de uma correta compreensão da verdade divina e da aplicação

dessa verdade tanto à vida prática quanto à oração. Como o puritano John Flavel

escreveu em verso há vários séculos atrás:

Sentimentos vêm e sentimentos vão,

E sentimento é enganoso,

Nossa garantia é a Palavra de Deus,

Nada mais é digno de crédito.

Negligenciar estes meios da graça significa certo declínio espiritual. Você faz uso

diariamente destes meios da graça?

127ª Pergunta - Quais são os meios públicos da graça que Deus ordenou para o

bem-estar espiritual, crescimento e maturidade dos crentes?

Resposta - Os meios públicos da graça incluem a adoração coletiva, o ministério

da Palavra, as ordenanças, a oração coletiva e a comunhão santificada de outros crentes.

Hebreus 10:25. “Não deixando a nossa congregação, como é costume de

alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se

vai aproximando aquele Dia.”

Atos 2:42. “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no

partir do pão, e nas orações.”

Atos 4:31. “E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e

todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de

Deus.”

Romanos 1:12. “Isto é, para que juntamente convosco eu seja consolado

pela fé mútua, assim vossa como minha.”

Colossenses 4:6. “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com

sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.”

Veja também: Salmos 42:1-5,11; João 13:34-35; Atos 4:23-31; Romanos

12:3-13; 14:19; Efésios 4:11-16, 29; 5:29-32; 6:17-18; Colossenses 3:12-17; 1

Tessalonicenses 5:11; 2 Timóteo 1:13; 2:2; Hebreus 13:7,17; Tiago 1:19-27; 2:1-

5; 3:1-18; 1 Pedro 1:22; 3:8-9; 5:1-11; 1João 3:13-19.

COMENTÁRIO

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Os meios públicos primários da graça incluem, mas não estão necessariamente

limitados à adoração coletiva do povo de Deus, o ministério da Palavra, a observância

das ordenanças, a oração coletiva e a comunhão edificante do povo de Deus. Cada um

destes meios tem um ministério peculiar na experiência do crente.

A adoração coletiva nos leva para esse ministério do Espírito que santifica a

assembleia local em conjunto como um corpo coletivo (Efésios 4:11-16; Filipenses

1:27). Tal deve incluir o canto dos "salmos, hinos e cânticos espirituais," e também a

oração pública e da exposição da Escritura (Efésios 5:16-21). Os verdadeiros crentes

têm uma afinidade pelo povo de Deus (1 Jo 3:14).

É neste contexto coletivo da verdadeira adoração que o ministério da Palavra é

exercitado em poder na atmosfera prescrita (Romanos 10:14-15; 16:25; 1 Coríntios 2:4-

5; 14:24-25; Efésios 6:18-20). A pregação é a ordenança principal que nosso Senhor

tem ordenado para a edificação de Seu povo, bem como para a evangelização dos não

convertidos. As ordenanças do batismo e da Ceia do Senhor, ambas as quais significam

a união do crente ou identificação com o Senhor Jesus Cristo, são para edificar pelos

meios das verdades simbolizadas.

As reuniões de oração coletiva edificam como vários crentes articulam os seus

louvores e anseios de coração. Quão frequentemente nós ampliamos ou intensificamos

os nossos próprios corações, mentes, petições e louvor orando com os outros! A reunião

de oração coletiva antes do Pentecostes foi histórica e espiritualmente transformadora

(Atos 1:14). As reuniões de oração coletiva são frequentemente notadas na Escritura

(Josué 7:6-9; Esdras 8:21; Salmos 62:8; Atos 1:24-26; 2:42; 4:23-31; 6:6; 13:2-3; 14:23;

16:25; 20:36; 21:5-6; Tiago 5:14-16).

A comunhão piedosa e a conversação procuram explícita e implicitamente edificar

os outros (Efésios 4:15,29-32; 5:1-4,19-21; Filipenses 1:27; Colossenses 3:8-10,12-17;

4:6; Tito 2:7-8). A comunhão piedosa e conversação de crentes maduros e experientes

devem constituir um dos principais meios de graça para os outros, especialmente os

crentes mais jovens ou os que estão enfrentando grandes provações pessoais. Quão

pouco nós parecemos que temos deste último meio coletivo da graça em nossos dias!

Quantas vezes falhamos em subir para o nível da comunhão e conversação piedosa! Não

é porque existe uma negligência dos meios particulares da graça que devem constituir a

base dos meios públicos? Quantas vezes fofoca e indelicadeza ou presunção

caracterizam as conversas entre Cristãos professos (Efésios 4:29-32; 5:1-4)! E alguém é

completamente inocente disso? Quando os pecados predominantes dos crentes estão

listados no Novo Testamento, eles sempre enfatizam os pecados de atitude e discurso.

Que possamos buscar ser bíblicos e graciosos em nossa conversação tanto nas intenções

quanto no conteúdo! Você ama e é fiel na adoração pública? Você tem uma afinidade

verdadeira com o povo de Deus?

128ª Pergunta - O crente, como filho de Deus, um cidadão do Seu Reino celestial,

está isento dos problemas e males comuns ao homem?

Resposta - Não. O crente, embora um filho de Deus e um cidadão do Seu Reino

celestial, está ainda sujeito aos problemas e males comuns ao homem.

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João 16:33. “Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo

tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.”

Romanos 8:35-36. 35”

Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação,

ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? 36

Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos

reputados como ovelhas para o matadouro.”

Filipenses 1:27. “Somente deveis portar-vos dignamente conforme o

evangelho de Cristo...”

Filipenses 1:29-30. 29”

Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo,

não somente crer nele, como também padecer por ele, 30

tendo o mesmo combate

que já em mim tendes visto e agora ouvis estar em mim.”

2 Timóteo 3:12. “E também todos os que piamente querem viver em Cristo

Jesus padecerão perseguições.”

Veja também: Salmos 103:1-5; Mateus 5:10-13,43-48; 13:21; Marcos

10:30; João 3:3,5; 15:20; Atos 8:1-4; 14:22; Romanos 5:3-5; 14:17; 2 Coríntios

12:10; Efésios 3:13; 6:10-18; Filipenses 3:20-21; 2 Tessalonicenses 1:4; 1

Timóteo 1:18-19; 2 Timóteo 3:11.

COMENTÁRIO

Como Cristãos, sofremos, experimentamos grandes provações e podemos muitas

vezes tropeçar ou falhar em nossa peregrinação espiritual. Como criaturas que vivem

em um mundo caído, amaldiçoado pelo pecado, estamos sujeitos a todos os males

comuns e sofrimentos da humanidade. Nós fomos ordenados por Deus a experimentar

adversidade em nossa peregrinação espiritual, tanto como membros de uma raça caída

quanto também como Cristãos.

Há pelo menos seis questões pertencentes ao sofrimento do Cristão que devem ser

discutidas:

Primeira: Os crentes não estão isentos dos males comuns que acontecem com

outros membros de nossa raça humana caída. Sofreremos perdas, reveses, isto é,

contratempos, decepções, enfermidades, doenças e morte como crentes. Veja a pergunta

167. Às vezes, os casamentos e as famílias serão disfuncionais e tornar-se-ão divididos

(Mateus 10:34-36; 1 Coríntios 7:1-6,10-16). As igrejas sofrerão deserções e divisões de

ambas as causas legítimas e ilegítimas (1 Coríntios 11:18-19; 1João 2:19). Pastores e

outros obreiros na obra de Deus serão mal interpretados, caluniados e maltratados (2

Coríntios 12:15; 1 Tessalonicenses 2:2,14-16.). Alguns Cristãos professos

escandalizarão a fé (Mateus 13:20-21; 1 Coríntios 5:1-13; 1 João 2:19). Nós teremos,

inevitavelmente, nossos inimigos (Mateus 5:10-13,44; Rom 12:14,17-21). Os justos

geralmente sofrem junto aos ímpios, em tempos de guerra, tumultos, pragas e desastres

naturais ou calamidades nacionais. Isto é amplamente ilustrado, tanto no Velho quanto

no Novo Testamento (por exemplo: 1 Reis 17:1-16; Lamentações 1:1-5:22; Atos 11:27-

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30). Em todas essas circunstâncias contrárias, somos chamados a viver pela fé e sofrer

os males mais comuns de todos os homens. Devemos confiar na providência Divina e

olhar adiante para a glória eterna, e não devemos esperar encontrar satisfação duradoura

em nossas vidas presentes (Romanos 8:17-23,38-39; 2 Coríntios 4:8-18; 1João 3:1-3);

Segunda: Os crentes sofrerão injustamente por causa de mal-entendidos,

preconceitos ou ódio absoluto, simplesmente porque eles são Cristãos (Lucas 21:16-17;

João 15:18-21; Romanos 8:35-36; 1 Tessalonicenses 2:2,14-16; 1 Pedro 2:11-12,19-

20). A história do Cristianismo verdadeiro e fiel é uma história escrita em sofrimento e

sangue. Nós não estamos apenas sujeitos aos mesmos males que são comuns aos

incrédulos, devemos também sofrer por amor de Cristo, seu evangelho e seu Reino

(Mateus 5:10-13; João 15:18-20; Romanos 12:14,17-21; Filipenses 1:29-30; 2 Timóteo

2:8-10; 3:12). É ordenado por Deus que muitos do povo de Deus devem sofrer por Ele e

por Sua causa no mundo. Alguns sofrerão perseguição do governo; outros sofrerão nas

mãos da sociedade das maneiras mais sutis, alguns das instituições religiosas, e alguns

até mesmo nas mãos de companheiros que professam ser Cristãos (Filipenses 1:14-18).

Haverá falsos Cristãos que são na realidade os inimigos da cruz de Cristo (Efésios 4:29-

32; Filipenses 3:17-21). Tais maus tratos não devem chegar sobre nós como totalmente

inesperados, mas em consonância com a nossa identificação com nosso Senhor e

fidelidade à sua verdade:

Terceira: Os crentes devem necessária e inevitavelmente envolver-se na guerra

espiritual (Efésios 6:10-18; 1 Timóteo 6:11-12; 2 Timóteo 2:3; 4:7; 1 Pedro 5:8-9).

Assim como nosso Senhor foi tentado (Mateus 4:1-13), também somos neste mundo

(Mateus 6:13; 1 Coríntios 10:1-13; Tiago 1:13-16; 1João 4:17). Toda realidade

espiritual e suporte a Deus e Sua verdade devem ser desafiadas pelo maligno,

diretamente ou por meio de seus emissários (Lucas 22:31-32). Nós devemos entender

que nossos inimigos reais são: "...não temos que lutar contra a carne e o sangue..."

Nossos inimigos não devem ser os outros seres humanos, seja Cristão ou não Cristão.

Isto seria mero sectarismo ou simples animosidade. Devemos ver qual é a nossa guerra

espiritual. Nossos inimigos são um grande mal ou poderes espirituais perversos - o

diabo e seus demônios - nunca aqueles companheiros humanos que poderiam ser

involuntariamente usados como tais (Mateus 5:44; 16:21-23; Lucas 9:55; Romanos

12:18- 21; Efésios 6:10-18);

Quarta: Deus ordenou que a nossa fé seja provada. Nem todo sofrimento ou

adversidade é em razão do pecado. Algumas provações são para o nosso aumento da fé;

outras são para o nosso testemunho aos outros (1Samuel 30:6; Salmos 73; Habacuque

2:4; 3:17-19). Uma fé não testada é apenas teórica no mínimo e fraca no máximo. Uma

fé testada é uma fé forte, e quanto mais forte a fé, maior será o testemunho da graça de

Deus (1 Pedro 1:6-9; 4:12-13). Veja a pergunta 89;

Quinta: prosperidades material, monetária e física se não forem verdadeiramente

santificadas e realizadas em seu devido lugar, devem tornar-se prejudiciais para o crente

(1 Timóteo 6:6-10; 3 João 2). O moderno mal entendido e má aplicação da chamada

"Saúde e Riqueza do Evangelho" ("Deus quer você próspero e saudável. Qualquer

doença, falta ou sofrimento não é de Deus, mas deriva de uma falta de fé") tem

enganado alguns (Josué 1:7-9; Mateus 13:7,22; Marcos 4:7,18-19; Lucas 8:7,14).

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Muitos dos mais eminentes servos de Deus sofreram enfermidades, doenças,

adversidades e pobreza, prisão, tortura e morte (Romanos 8:35-37; 2 Coríntios 4:7-18;

11:22-33; 12:7-10; Filipenses 4:11-13; Hebreus 11:35-40);

Sexta: Devemos considerar a realidade do castigo Divino (1 Coríntios 11:32; 2

Coríntios 6:9; Hebreus 12:4-13; Apocalipse 3:19). Não existe um crente que não seja

castigado pelo Senhor. Alguns sofrimentos, provações, amarguras, reveses e

adversidades derivam da mão graciosa de Deus em corrigir seus filhos amados.

Devemos saber discernir a razão do sofrimento, se sofremos porque somos meramente

seres humanos, sofremos como crentes ou sofremos por causa do nosso pecado como

crentes. Deus não nos castiga sem causa nem Ele esconde o motivo por muito tempo.

Quando caímos em circunstâncias graves, devemos primeiro perguntar sobre a sua

origem pela Escritura e pela oração. Se for por causa do pecado, devemos arrepender-

nos; se não, então, temos uma consciência clara para orar por libertação e por

perseverança pela graça de Deus. Nós devemos lembrar que tudo o que nosso Pai

Celestial faz, Ele faz com amor e para o nosso bem, embora a experiência possa ser

muito grave. O objetivo comum de todos os crentes é a nossa conformidade à imagem

do Filho de Deus. Veja a Pergunta 125.

Nós somos chamados a uma vida de fé, santidade, obediência e humilde

submissão a Deus e à sua vontade soberana. Nossa recompensa está no céu, não na terra

(Mateus 5:11-12). Se a nossa sorte é sofrer fisicamente, espiritual e mentalmente, aí está

o nosso testemunho e a nossa fidelidade. Sejam aqueles males comuns a todos, ou

sofrendo por causa de Cristo, devemos permanecer fiéis (Apocalipse 2:10). Nosso Pai

Celestial será misericordioso e sua graça será suficiente (Salmos 136; 2 Coríntios 12:7-

10). Ele conhece nossas fraquezas e enfermidades, e nunca nos testará acima ou além de

sua graciosa capacitação (Salmos 103:1-5,13-14; 1 Coríntios 10:1-13). Nós confiamos

primeiramente em Deus pelo que Ele faz ou por quem Ele é? As providências negras

nos levam a desconfiar Dele?

129ª Pergunta - O crente, ainda sujeito aos males, problemas e tristezas comuns

ao homem, pode, contudo, esperar encontrar contentamento, satisfação e alegria na vida

presente?

Resposta - O crente, embora atormentado por males comuns, problemas e

tristezas características da vida presente, deve encontrar contentamento, satisfação e

alegria em Deus.

Romanos 5:3-5. 3”

E não somente isto, mas também nos gloriamos nas

tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, 4e a paciência, a

experiência, e a experiência a esperança. 5E a esperança não traz confusão,

porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo

que nos foi dado.”

Romanos 14:17. “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas

justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.”

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Gálatas 5:22-23. 22”

Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz,

longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. 23

Contra estas

coisas não há lei.”

1 Timóteo 6:17. “Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem

ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente

nos dá todas as coisas para delas gozarmos.”

Veja também: Salmos 103:1-5; Eclesiastes 9:7-10; Habacuque 3:17-19;

Mateus 5:10-13,43-48; 13:21; Marcos 10:30; João 3:3,5; 15:20; Atos 8:1-4; 14:22;

Romanos 5:3-5; 14:17; 2 Coríntios 4:17-18; 12:10; Efésios 3:13; 6:10-18;

Filipenses 3:20-21; 2 Tessalonicenses 1:4; 1 Timóteo 1:18-19; 2:1-2; 2 Timóteo

3:11-12.

COMENTÁRIO

Devem ser encontradas em Deus somente, a nossa única satisfação verdadeira e

alegria duradoura (Salmos 73:23-26). Quatro questões precisam ser consideradas:

Primeira: Os crentes, juntamente com os incrédulos, experimentam muito da graça

comum de Deus com suas bênçãos subordinadas nos confortos legítimos, alegrias e

prazeres desta vida terrena (Salmos 103:1-5; Atos 14:15-17). Estas podem ser

apreciadas, desde que elas não se tornem um fim em si (que é idolatria. Veja a Pergunta

45 e 1 Coríntios 10:31; Colossenses 3:5) como elas fazem com os incrédulos, ou

seduzem-nos a abandonar Cristo (3 João 2). Vantagens mundanas, abundância e

cuidados têm uma tendência para seduzir o coração e a mente para longe da fidelidade e

devoção ao Senhor Jesus (Mateus 13:22; 19:21-24; Lucas 12:15; Colossenses 3:5; 1

Timóteo 6:6-10; Hebreus 13:5; 1João 2:15-17). Assim, algumas vantagens mundanas,

riqueza, abundância ou progresso podem ser negados a alguns do povo de Deus;

Segunda: Os crentes devem entender que tais vantagens terrenas e confortos nunca

são um fim em si mesmas, mas simplesmente coisas a serem apreciadas no respectivo

lugar delas, e como um meio pelo qual elas devem trazer glória à Deus, e assim a serem

recebidas na fé com ações de graças (1 Coríntios 10:31; 1 Timóteo 4:1-5; 6:17). Todas

as coisas dadas ao crente pela providência Divina torna-se uma questão de mordomia

fiel a ser santificada pela causa de Cristo e da glória de Deus. Isto inclui a saúde,

riqueza, habilidades, energia e o tempo de alguém (Deuteronômio 8:18; 1 Coríntios

4:7; 6:20);

Terceiro: Os crentes precisam aprender com as Escritura que a verdadeira

satisfação, contentamento e alegria são realidades espirituais, que podem até existir na

experiência de alguém independentemente das circunstâncias externas (Habacuque

3:17-19). A pessoa verdadeiramente piedosa deve encontrar seu grande prazer na

Palavra do Seu Deus (Salmos 1:2). O contentamento pode ser um estado de mente ou

coração que é fixado em Deus, em Sua providência e Seu propósito (Filipenses 4:6-

7,11-13). Alegria no Senhor não é necessariamente a felicidade. Deus pode dar alegria

mesmo em tempo de grande aflição (Jó 35:10; Atos 5:40-41; 16:23-25):

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Quarta: Os crentes devem entender pela Escritura que a vida cristã deve ser uma

de fé, não de felicidade. Esta fé deve muitas vezes ser testada, amadurecida e purificada

pela provação, da oposição e do sofrimento (2 Timóteo 3:10-12; 1 Pedro 1:3-9). Esta

perspectiva deve tornar-se uma de aceitação e resignação, e até mesmo de alegria e

antecipação do que é eterno (Romanos 8:17-23; 2 Coríntios 4:17-18; Gálatas 6:7-10; 2

Pedro 3:9-14). Não há comparação entre a felicidade passageira do mundo e a

verdadeira alegria do Cristão. Ó Senhor, aumenta a nossa fé! Nós encontramos nossa

satisfação ou alegria em Deus e suas bênçãos ou precisamos do mundo para encontrar a

nossa satisfação? (Salmos 1:1-3).

130ª Pergunta - Quais são os principais inimigos do crente nesta vida?

Resposta - Os principais inimigos do crente nesta vida são o mundo, a carne e o

diabo.

1 João 2:15-16. 15”

Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se

alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. 16

Porque tudo o que há no

mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da

vida, não é do Pai, mas do mundo. 17

E o mundo passa, e a sua concupiscência;

mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.”

Gálatas 6:7-8. 7”

Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o

que o homem semear, isso também ceifará. 8Porque o que semeia na sua carne,

da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a

vida eterna.”

1 Pedro 5:8-9. “8Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário,

anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; 9ao qual

resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos

irmãos no mundo.”

Veja também: Gênesis 3:1-19; Jó 1:6-12; 2:1-7; Mateus 16:18, 21-23;

Lucas 9:51-56; Efésios 6:10-18; Filipenses 1:27; 3:20-21; 1 Pedro 2:11-12;

1João 4:4.

COMENTÁRIO

Embora os Cristãos possam legitimamente desfrutar das coisas positivas da vida

(Salmos 103:1-5; 3 João 2), eles são verdadeiramente "estrangeiros e peregrinos sobre

a terra" (Hebreus 11:13). Existe em cada estágio perceptível uma diferença entre o

verdadeiro filho de Deus e os não convertidos. O verdadeiro crente não deve e não

pode estar completamente em casa neste mundo - entre os filhos caídos e pecaminosos

da raça de Adão. Caso isto aconteça, então a providência e o castigo Divinos se movem

para afastar tal da sedução e dos confortos temporários ou falsos que o mundo oferece

(Romanos 12:1-2; Hebreus 12:4-13). O destino do crente é ser conformado à imagem

do Filho de Deus (Romanos 8:28-31; 2 Coríntios 3:17-18; 1 João 3:1-3). Portanto, ele

deve permanecer separado do mundo em sua visão de mundo e de vida, sua motivação

e inclinação, suas atividades e seus objetivos finais (1 João 2:15-17; 1 Coríntios 10:31;

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Romanos 12:11-13). Aqueles que se acomodam com o mundo e nele encontram

satisfação são no mínimo questionáveis e possivelmente estão em um estado sem

graça. Se crentes, estes estão sujeitos à correção Divina (Mateus 13:22; Marcos 4:18-

19; Lucas 8:14; Hebreus 12:14-17; 1 João 2:15-17).

Os grandes inimigos do verdadeiro crente são:

Primeiro: O mundo, com suas esperanças vazias, sonhos e promessas, que

procura o seduzir de Cristo, de seu senhorio e seus comandos. Um barco é feito para

estar na água, o problema começa quando a água entra nele. Assim é com o Cristão e o

mundo. Nós fomos feitos para estar no mundo, mas não devemos ser parte dele, nem

ele deve entrar em nós (Mateus 5:13-16). Existe um princípio de animosidade entre o

crente e o mundo em virtude de pertencer e estar identificado com o Senhor Jesus

Cristo (João 15:18-22). O mundo procura conquistar o Cristão por seduzi-lo para longe

de sua fidelidade ao Senhor ou neutralizá-lo (1 João 2:15-17). Isto é vividamente

descrito como adultério espiritual (Tiago 4:1-6). A estratégia contra este inimigo é

parar de amar o mundo e fugir de suas armadilhas (1 Coríntios 10:14; 1 Timóteo 6:22);

Segundo: A carne, esse princípio pecaminoso do pecado interior e da corrupção

remanescente dentro do crente que se expressa por meio do corpo e seus apetites,

desejos e fraquezas (Romanos 6:12-13; Tiago 1:13-17). Nós, por assim dizer, temos

um traidor em nosso meio. Não é o corpo, mas um princípio do pecado que se expressa

através do corpo e suas particularidades. É por isto que a mortificação do pecado em

grande parte trata de pecados que utilizam o corpo com as suas fraquezas e funções

(Romanos 8:11-13; Colossenses 3:5-10). A mente deve ser constantemente renovada,

realinhada para a verdade de Deus, mas está sujeita a pensamentos pecaminosos

(Romanos 12:1-2; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9-10). A língua, dada a louvar a

Deus e declarar a Sua verdade, pode ser usada para fofocas, enganos e propósitos

destrutivos (Êxodo 20:16; Efésios 4:25; Tiago 3:2-13). Os ouvidos ouvem o que não

convém. Os olhos olham para as coisas que se tornam pecaminosas em percepção

mental (Mateus 5:27-30; 2 Pedro 2:14). Os pés transportam o corpo para lugares onde

não deveriam (Romanos 3:12,15; Hebreus 12:12-13). A virilha é governada mais pelo

apetite natural do que pela verdade de Deus com os seus limites morais (Êxodo 20:14;

1 Tessalonicenses 4:3-5). A estratégia contra este inimigo é mortificação ou fuga

(Romanos 8:12-13; 1 Coríntios 6:18; Colossenses 3:1-10; 2 Timóteo 2:22):

Terceiro: O diabo, que é o arquienganador, o adversário, aquele que está por trás

de todo o mal neste mundo e é o inimigo declarado de toda a justiça (João 8:44). Ele

persegue os crentes, procurando completamente desfazer e devastá-los (1 Pedro 5:8-9).

A estratégia contra este inimigo não é apenas buscar a libertação, mas também resistir

ou lutar (Mateus 6:13; Efésios 6:10-17; Tiago 4:7; 1 Pedro 5:8-9). Veja a pergunta

131;

Poderíamos acrescentar um quarto inimigo: nossa própria incredulidade nativa. A

incredulidade é dita ser mãe do pecado, como base de todos os outros, e se disfarça

com mil faces. A incredulidade afrouxa o nosso uso dos meios constituídos da graça.

Veja as perguntas 126 e 127. Ela enfraquece as nossas orações, mina a nossa

fidelidade, amortece o nosso zelo, paralisa nossos esforços para evangelizar e anula

qualquer ousadia ou coragem que nós teríamos pela causa de Cristo (Lucas 24:25). A

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estratégia contra este inimigo é pedir mais fé (Marcos 9:23-24; Lucas 17:5; 22:32;

Romanos 12:3; 2 Coríntios 4:13). A incredulidade e impaciência desfazem a força e a

persistência de nossas orações. Que Deus nos capacite a acreditar, ser paciente e

perseverar! Nós não levamos tais inimigos a sério ou temos nos tornado amigos dessas

terríveis realidades que nos seduzem?

131ª Pergunta - Quem é o grande adversário do crente?

Resposta - O grande adversário do crente é o diabo, que se opõe ao evangelho, e

trabalha como um enganador espiritual para desencorajar, derrotar e dominá-lo.

Efésios 6:10-11. 10”

No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na

força do seu poder. 11

Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais

estar firmes contra as astutas ciladas do diabo;”

1 Pedro 5:8-9. 8”

Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário,

anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; 9Ao qual

resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos

irmãos no mundo.”

Veja também: Juízes 9:23; 1 Reis 22:19-23; 2 Reis 6:13-16; Jó 1:6-12;

2:1-7; Daniel 10:12-14; Mateus 4:1-11; 13:49,18-19; 16:18,21-23; Marcos 5:2-

13; Lucas 9:51-56; 22:31-32; Lucas 11:18-23; João 12:31; 14:30; 16:11; 2

Coríntios 4:3-4; 12:7; Efésios 2:2-3; 6:10-18; Hebreus 2:14-15; 1 Pedro 5:7-9 ;

1 João 5:18-19; Judas 9; Apocalipse 2:10; 9:11; 12:3-9; 20:7-12.

COMENTÁRIO

As Escrituras revelam que existe um mundo espiritual, a morada dos seres

espirituais, que afeta grandemente o mundo material no sentido em que vivemos (Por

exemplo: Jó 1:6-12; 2:1-7; Efésios 2:2-3; 1 João 5:19). Neste mundo espiritual existem

os anjos e os demônios, e existe uma cena de conflito que alcança o nosso mundo

(Mateus 4:1-11; 6:13; 16:22-23; Lucas 22:31-32; Efésios 6:10-16; 1 Timóteo 3:6-7;

Judas 9; Apocalipse 12:7-10). Dentro deste mundo espiritual existe um reino de trevas

governado pelo diabo e seus demônios (Colossenses 1:12-13), uma hierarquia de

espíritos malignos que fazem o que podem para se opor a justiça, o povo de Deus, a

causa de Cristo neste mundo (2 Reis 6:13-16; Daniel 10:12-14; 2 Coríntios 4:3-4;

Efésios 6:12) e cegar o incrédulo para a verdade do Evangelho (Mateus 13:19; Marcos

4:15; Lucas 8:12; 2 Coríntios 4:3-6).

Deus é Espírito (João 4:24). Veja a pergunta 22. Ele é infinito, onipresente e

iminente. Ele governa sobre ambos os reinos sensuais e espirituais em soberania

absoluta, infalivelmente regendo todas as coisas no processo do tempo para a sua

consumação em seu infalível propósito redentor (Efésios 1:3-11). O diabo por outro

lado é um ser espiritual maligno finito, uma criatura com poder delegado sob

permissão Divina (Jó 1:6-19; 2:1-7; Lucas 4:5-6; 2 Coríntios 12:7; Hebreus 2:14), que

busca interromper, derrotar e destruir a obra de Deus, que é realizada por meio dos

crentes neste mundo (Efésios 6:10-18; 1 Pedro 5:8-9).

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Quais são os poderes delegados que o diabo e seus demônios possuem? Às

vezes, e sob permissão Divina, estes espíritos malignos têm os seguintes poderes:

poder sobre os governos humanos (Mateus 4:8-9; Lucas 4:5-6); para infligir doença

física e morte (Jó 2:1-7; Marcos 5:2-13; Lucas 13:11-16; 1 Coríntios 5:5; 2 Coríntios

12:7; Hebreus 2:14), para possuir os incrédulos e oprimir os crentes (Marcos 5:1ss;

Lucas 22:31-32; Atos 5:3), para motivar, enganar e influenciar saqueadores, líderes,

exércitos, nações e governos (1 Reis 22:19-23; 2 Reis 6:13-17; 1 Crônicas 21:1-14; Jó

1:6-17; Lucas 4:5-6; Apocalipse 2:10; 13:7; 20:2-3), para causar calamidades naturais

(Jó 1:18-19), para realizar milagres enganosos (Mateus 7:21-23; 2 Tessalonicenses 2:8-

10; Apocalipse 13:13-15), para enganar e devorar os crentes (Efésios 6:10-11; 1 Pedro

5:8-9); e ,para cegar os incrédulos para a verdade do evangelho e anular os esforços do

evangelho (Mateus 13:19 ; Marcos 4:15; Lucas 8:12; 2 Coríntios 4:3-6).

Como crentes buscando sempre identificar-nos com Deus, testemunhando de sua

verdade e graça, e ganhando uma audiência para o evangelho, devemos esperar por

oposição, sedução e engano satânicos (Efésios 6:10-18). Isto pode ser muito sutil e

muito poderoso (1 Pedro 5:8-9). Nós podemos até ser atacados por intermédio dos

nossos maiores motivos, maiores preocupações ou presumida força de fé (Mateus

16:21-23; Lucas 9:53-56; 22:31-32)!

Existem duas realidades que são da maior importância e maior conforto para o

crente:

A primeira: satanás [Hebraico "adversário"] ou o diabo [Grego "caluniador"] é

um ser criado. Ele não é onipresente e possui apenas um poder delegado. Ele está sob o

controle de Deus e, por toda a sua raiva, ele não pode derrotar o propósito Divino;

Segunda: O Senhor Jesus Cristo com a sua tentação do deserto, a sua obra na

cruz, sua ressurreição e ascensão à glória, começou a destruir [lit: desmantelar] as

obras do diabo e destruirá finalmente todo o reino das trevas com todos os seus poderes

(Gênesis 3:15; Mateus 4:1-11; 16:18; Lucas 11:18-23; João 12:27-31; 1 Coríntios

15:20-26; Colossenses 2:14-15; Hebreus 1:1-4; 1 João 3:8). Apesar "do ofício e do

poder do demônio ser grandes, e dele estar armado com ódio cruel e não haver na terra

igual a ele," contudo "maior é Aquele que está em vós do que aquele que está no

mundo" (1 João 4:4. Conferir Mateus 28:18; Colossenses 1:12-17; Hebreus 1:3). Nossa

força está "no Senhor e na força do Seu poder," não em nós mesmos. Permita-nos

então, crer, confiar, orar, amar nosso Senhor e servi-Lo com fidelidade, sendo armados

com a panóplia ou armadura de Deus (Efésios 6:10-18).

132ª Pergunta - Qual é o conforto do crente ao longo da vida, em seu leito de

morte, e na hora da morte?

Resposta – O conforto do crente ao longo de sua vida, sobre seu leito de morte e

em sua hora da morte está na graça livre e soberana e na aliança do amor de Deus

manifestado em seu eterno, infalível propósito redentor mediante o Senhor Jesus

Cristo. Isto dá certo adiantamento da ressurreição para a glória.

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Romanos 8:28-31. 28”

E sabemos que todas as coisas contribuem

juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados

segundo o seu propósito. 29

Porque os que dantes conheceu também os

predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o

primogênito entre muitos irmãos. 30

E aos que predestinou a estes também

chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes

também glorificou. 31

Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem

será contra nós?”

Veja também: João 5:24; 6:37,44; Romanos 8:18-23,28-39; 2 Coríntios

1:9-10; 4:17-18; 5:1-8; Efésios 1:3-14; Filipenses 1:6; 1 Tessalonicenses 4:13-18;

5:23-24; 2 Timóteo 2:19; 4:18; 1 João 3:1-3; Judas 23-25.

COMENTÁRIO

O verdadeiro e duradouro conforto do crente não deve finalmente repousar em

sua experiência religiosa subjetiva, mas na verdade objetiva da revelação Divina.

Demência, ferimentos graves, doenças e enfermidades mentais podem roubar o crente

de sua experiência ou trabalho religioso passado e de sua segurança subjetiva. As

promessas de Deus permanecem certas, apesar das adversidades que o crente possa

experimentar. A esperança e conforto final do filho de Deus é a graça livre e soberana

e a aliança do amor do Deus Todo-Poderoso para Consigo mesmo. A eterna Aliança da

Redenção e da Graça é tão imutável quanto o Seu gracioso e amoroso Autor, e é tão

infalível quanto o restante de Sua Santa Palavra. Veja a pergunta 66. Nossa união com

Cristo é indissolúvel. Veja a pergunta 77. Sua plenitude e finalidade será nossa

ressurreição para a glória. O poder do pecado reinante quebrado em nossa experiência

atual dará lugar à eterna bem-aventurança e a liberdade de todo e qualquer pecado, e

até mesmo a sua própria presença. Veja a pergunta 169. A aliança de amor do Senhor

Jesus, que agora nos sustenta, será consumada na plenitude da glória.

Isto não quer dizer que Deus às vezes não entregue à morte, crentes com uma

plenitude extraordinária de fé, uma antecipação do céu, uma premonição abençoada e

expectativa da glória vindoura e estar com Cristo, que é "muito melhor" (Filipenses 1:

23). Mas até mesmo experiências de êxtase podem ser enganosas se não existir o

prolongamento de uma vida piedosa e santa (Salmos 73:3-4; Mateus 7:21-23).

A realidade completa da salvação pela livre graça sozinha nunca se tornará tão

plenamente evidente ou gloriosa como quando nós estivermos diante de nosso Deus, e

o estado de graça der lugar ao estado de glória (Romanos 8:18-23; 2 Coríntios 5:1-2,8;

1 João 3:1-3).

Nós estamos destinados à eterna glória, mas ao mesmo tempo, devemos suportar

as aflições, provações e adversidades em nossa atual experiência - e continuamos

ignorantes a respeito de como devemos orar nestas circunstâncias. Mas Deus, em

Romanos, capítulo oito, deu-nos um fundamento ou base sétuplo, isto é, sete vezes

maior, para nossa fé, para nosso ânimo presente em tais aflições e provações:

Primeiro: A presença e o poder do Espírito Santo como a dinâmica de nossas

vidas (8:1-11); Segundo: O poder e o testemunho do Espírito Santo na mortificação do

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pecado, acesso ao Pai e um conhecimento de nossa identidade espiritual (vs. 12-17);

Terceiro: A verdade que nossa glória futura será desproporcional às nossas aflições

presentes (vs. 18-25):

Quarto: A realidade da ajuda do Espírito Santo na oração para superar a

ignorância das nossas circunstâncias atuais (vs. 26-27);

Quinto: A confiança de que Deus está operando todas as coisas para o nosso bem

(vs. 28-30);

Sexto: O Deus triuno não muda em Sua aliança de amor e obra (vs. 31-34);

Sétimo: O pior que pode acontecer-nos nesta vida, mesmo nas mãos dos homens,

não pode separar-nos do amor de Deus em Cristo Jesus (vs. 35-39);A fé salvífica se

apodera de tal verdade e sustenta-nos por meio das provações e adversidades de nossa

presente experiência.

A glória da graça soberana deve nos humilhar excessivamente e encher nossos

corações e almas com amor contínuo e gratidão (Romanos 5:5; 1 João 4:19). Aconteça

o que for a nossa atual experiência. Tal acontecimento nunca, jamais pode anular a

infalibilidade do amor Divino. Os crentes podem contrair doenças debilitantes, perder a

razão e memórias por intermédio de percalços, acidentes vasculares cerebrais ou

demência ou,nas mãos dos homens, sofrer muito por causa de sua fé diante de Deus

que pode chamá-los para casa, para Si mesmo. Contudo, Suas promessas estão sempre

certas, o seu gracioso propósito é inalterável e seu amor é imutável (Romanos 8:28-

39). Que nossa fé sirva-se de tal verdade!

133ª Pergunta - Todos os crentes morrem com plena segurança, conforto e

expectativa gloriosa da glória?

Resposta - Alguns podem morrer de repente e sem preparação imediata, outros

podem ter tempo suficiente para se preparar. Alguns podem morrer em fraqueza de fé

ou mentalmente incapacitados, outros podem morrer com grande fé e esperança da

glória. Mas todos morrem descansando pela fé no Senhor Jesus Cristo.

Independentemente da experiência de morte deles, estão destinados para a glória

eterna.

Salmos 73:24. “Guiar-me-ás com o teu conselho, e depois me receberás na

glória.”

Salmos 90:12. “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que

alcancemos corações sábios.”

Romanos 8:29-30. 29”

Porque os que dantes conheceu também os

predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o

primogênito entre muitos irmãos. 30

E aos que predestinou a estes também

chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes

também glorificou.”

Veja também: Jó 19:23-27; 2 Coríntios 4:17-18; 13:5; 1 Tessalonicenses

4:13-18; 2 Timóteo 1:7-10; 4:6-8; Hebreus 2:9-15; 1 Pedro 1:3-9; 2 Pedro 3:10-

14.

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255

COMENTÁRIO

Nós simplesmente não conhecemos o futuro imediato. Mas pela fé, por meio da

Palavra de Deus, conhecemos o futuro final, e sabemos que nosso Pai Celestial tem o

nosso destino em Suas Mãos. Não sabemos o dia, nem a hora ou as circunstâncias de

nossa morte, mas sabemos que todas as coisas, incluindo este último inimigo, estão sob

o controle soberano do Senhor Jesus (Apocalipse 1:10-18). Alguns crentes nunca

morrerão (1 Tessalonicenses 4:13-18). Em nossa atual experiência, estamos a viver

pela fé (Romanos 1:17; Gálatas 2,20), servindo a Deus de acordo com Sua Palavra e

confiando Nele de acordo com as Suas promessas (Romanos 8:28). Isto significa ter fé

e sob todas as circunstâncias, confiando-nos a Deus, ao Seu amoroso propósito e ao

Seu cuidado providencial.

Nós devemos ser regidos e guiados pela fé, não por nossos medos. No entanto

todos, até mesmo os mais piedosos, às vezes tornam-se temerosos, e a fé nem sempre é

uma constante na nossa experiência (Atos 18:9-10; 2 Coríntios 4:8-18; 7:5). A

incredulidade é nativa dos nossos corações e se expressa com todos os tipos de

sutilezas. A cura para a incredulidade é sempre a mesma: orar pedindo fé e descansar

nas promessas da Santa Palavra de Deus. A verdadeira fé salvífica é a Cristã, e esta fé é

o dom da graça de Deus (Atos 18:27; Efésios 2:4-10). Esta fé se alimenta da Palavra de

Deus (Romanos 10:17).

Os Patriarcas, embora "mortos" para este mundo, estão vivos na presença de

Deus (Mateus 22:23-32). O crente experimentará morrer, mas nunca, a morte. A morte

em toda a sua realidade e finalidade é a separação definitiva de Deus, e esta já passou

para o verdadeiro crente em Jesus (João 5:24; 2 Timóteo 1:8-9). Nosso Senhor morreu

e saiu vitorioso da sepultura. Assim nós seremos porque fomos trazidos em uma vital e

viva união com ele. Veja a pergunta 165. Alegremo-nos na graça livre e soberana de

Deus!

VIII

EVANGELISMO E O MINISTÉRIO DO EVANGELHO

Estes assuntos são geralmente tratados na esfera da Teologia Prática sob o título

de "Evangelísticos" [Gr. euaggelion, "Evangelho"]. O Cristianismo Bíblico é por

necessidade e mandamento uma religião missionária. É assim evangelístico por sua

própria natureza. Biblicamente, o evangelismo assume duas formas básicas: a pregação

pública e o testemunho pessoal. Pregar o evangelho e evangelizar onde vivemos pode

ser chamado de missões caseiras (nacionais); evangelismo externo é denominado

missões estrangeiras. Cada crente é chamado para ser uma testemunha fiel da verdade

do evangelho pelo lábio e vida. A Apologética, ou uma defesa inteligente da fé, é parte

integrante do evangelismo.

134ª Pergunta - O que é o evangelho?

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Resposta - O evangelho é a boa notícia da libertação do eu, do pecado e da ira

Divina e da condenação por meio da fé na pessoa e na obra redentora do Senhor Jesus

Cristo.

Romanos 1:16-17. 16”

Porque não me envergonho do evangelho de Cristo,

pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e

também do grego. 17

Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como

está escrito: Mas o justo viverá pela fé.”

2 Coríntios 4:3-4. 3”

Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para

os que se perdem está encoberto. 4nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho

da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.”

Gálatas 1:6-7. 6”

Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que

vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; 7o qual não é outro, mas há

alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo.”

1 Tessalonicenses 1:4-5. 4”

Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é

de Deus; 5porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas

também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis

quais fomos entre vós, por amor de vós.”

Veja também: Mateus 4:23; 9:35; 24:14; Marcos 1:14-15; 16:15; Atos

20:24; Romanos 1:1-4; 2:11-16 ; 1 Coríntios 1:17-18; 9:12-18; 1 Coríntios

15:1-4; 2 Coríntios 4:3-6; Gálatas 1:6-9; 3:8; Efésios 1:13-14; Filipenses

1:7,12,16-17,27; Colossenses 1:19-23; 1 Tessalonicenses 2:1-4; 2

Tessalonicenses 1:7-8; 2:13-14; 1 Timóteo 1:1-11; 1 Pedro 1:12,23-25; 4:17-18.

COMENTÁRIO

Da mesma forma que a palavra Inglesa "gospel" é derivada da palavra anglo-

saxônica "god- spell," isto é, "história de Deus," ou seja, a história a respeito de Deus, a

palavra Portuguesa “evangelho,” do Latim significa “boas novas.” O termo Grego do

Novo Testamento é euaggelion, ou "a boa notícia." Esta realização das boas novas de

salvação foi bem colocada por William Tyndale, o Reformador e mártir Inglês, quem

primeiro traduziu o Novo Testamento do Grego para o Inglês. Na introdução desta

grande obra, Tyndale escreveu que o evangelho significa "notícia boa, alegre, feliz,

jubilosa, que faz um coração feliz, e o faz cantar, dançar, e buscar alegria! "A palavra

"evangelho" ocorre 114 vezes na Bíblia ACF, todas no Novo Testamento. Existem

vários termos para a pregação do evangelho, um dos quais é “euaggelizo”, a forma

verbal, seguindo disto, "evangelizar" (pregar o evangelho) "evangelismo" (o ato de

pregar o evangelho) e "evangelista" (aquele que prega o evangelho).

Escrituristicamente, o "evangelho" é o registro da vida do Senhor Jesus Cristo, a

totalidade de seus ensinamentos acerca da salvação, de seus milagres credenciando Sua

Pessoa e mensagem, do significado salvífico de sua Pessoa e obra redentora

(encarnação, vida, sofrimento, morte, ressurreição e ascensão ao céu), e da mensagem

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257

resultante proclamada pelos Apóstolos a respeito do perdão dos pecados e da

reconciliação com Deus por meio dEle. Toda esta verdade, reunida como a verdade

salvífica compreende a mensagem do evangelho. A ênfase da mensagem do evangelho

no Novo Testamento está sobre a vida e morte vicária (obediência ativa e passiva) e da

ressurreição e ascensão de Cristo como prova final de Sua Pessoa e mensagem. É a

mensagem de reconciliação com Deus por meio da fé no Senhor Jesus Cristo.

O Novo Testamento contém referências ao evangelho com várias designações: "o

evangelho do Reino de Deus" (Mateus 4:23; 9:35; 24:14; Marcos 1:14), "o evangelho

da graça de Deus" (Atos 20:24), "o evangelho da glória do Deus bendito" (1 Timóteo

1:11), "o evangelho de Deus" (Romanos 1:1; 15:16; 2 Coríntios 11:7, etc.), "o

evangelho de seu filho" (Romanos 1:9), "o evangelho de Cristo" (Romanos 1:16;

15:19,29; 1 Coríntios 9:12, etc.), "o evangelho da paz" (Romanos 10:15; Efésios 6:15),

"o evangelho de Cristo" (2 Coríntios 2:12), "o evangelho da glória de Cristo" (2

Coríntios 4:4), "o evangelho da vossa salvação" (Efésios 1:13), "o evangelho de nosso

Senhor Jesus Cristo" (2 Tessalonicenses 1:8) e "o evangelho eterno" (Apocalipse 14:6).

Estes todos se referem ao único e mesmo evangelho. Existe ainda "um outro

evangelho" (Gálatas 1:6), "o evangelho da circuncisão...e o evangelho da

incircuncisão" (Gálatas 2:7).

Existe, então, mais do que um evangelho? O "evangelho da circuncisão" e

"incircuncisão" é linguagem figurada referindo-se aos respectivos ministérios do

evangelho de Pedro aos judeus, e de Paulo aos gentios. Seus ministérios diferentes;

porém com a mesma mensagem . A referência a "um outro evangelho (de um tipo

diferente) que não é outro (do mesmo tipo)" é a perversão do evangelho pelos

judaizantes que haviam seduzido os Cristãos da Galácia em uma forma de judaísmo

que substituía a graça por obras, especialmente a circuncisão (Gálatas 1:6-9; Atos

15:1). Sempre houve "um outro evangelho," que quer omitir ou perverter a verdade de

Deus e seduz os pecadores por uma falsa segurança seja por negar a graça de Deus, ou

misturá-la com obras.

O evangelho, em seu completo sentido teológico, é a boa notícia de libertação do

ego, do poder reinante do pecado, e da ira e da condenação Divina pela fé na Pessoa e

obra redentora do Senhor Jesus Cristo. Em outras palavras, o evangelho, quando

considerado em seu contexto bíblico e teológico completo, é inclusivo de todas as

doutrinas associadas a salvação e necessariamente estabelecido no contexto da

autoconsistência moral de Deus (a lei moral), imutabilidade e soberania Divina; o

estado caído e pecaminoso da humanidade, a destruição iminente da condenação e do

castigo eterno, a essência e a natureza da graça Divina, e a centralidade da Pessoa e

obra do Senhor Jesus Cristo.

A necessidade pelo evangelho surge de três grandes realidades: da

autoconsistência moral do Deus triuno (que é absoluta e perfeitamente Reto, Justo e

Santo); da natureza caída e depravada do homem pecador, e da imutabilidade do

propósito redentor eterno.

Para o pecador ser reconciliado com Deus, ou seja, ter seus pecados perdoados, e

ser justificado (declarado justo diante de Deus) por intermédio da imputação da justiça

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de Cristo. Isso deve ser por meio de um princípio de graça (favor imerecido no lugar da

ira merecida). Veja a pergunta 92. Essa graça deve ser tanto livre (sem uma causa

encontrada no pecador) e soberana (Deus concede a graça a quem Ele quer). Deve ser

livre graça, por causa do estado espiritual, moral e intelectual do pecador. A livre graça

vem ao pecador como um princípio de poder espiritual, vivificando, iluminando,

habilitando e libertando-o para fugir livre e espontaneamente para Cristo pela fé (João

5:40; 6:37,44; Romanos 9:16). A livre graça salva os pecadores que não podem e não

salvarão a si mesmos. A graça soberana salva indivíduos específicos, que são os

objetos do infinito e eterno amor de Deus (Efésios 1:3-5). Veja as perguntas 66 e 78. A

graça soberana nunca falha, é eficaz. Veja a pergunta 78. No contexto do evangelho,

pela Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo, Deus pode consistentemente ser Justo

(Reto) e Justificador (aquele que declara a retidão) de quem acredita em Jesus

(Romanos 3:21-26).

Nem o princípio e nem o conteúdo do evangelho se originou na mente ou no

coração de uma humanidade caída e pecadora. Quando entregue a si mesmo, sendo

inescapável e incuravelmente religioso como o portador da imagem de Deus, o homem

por natureza evoca sua própria religião. O Paganismo sempre foi inerentemente e

muitas vezes religioso de forma intensa. Apenas na moderna sociedade secularizada

que o homem tem procurado disfarçar a religião formando-a em uma educação

materialista, estatal e psicológica ou uma forma ambientalista. O Paganismo era

politeísta e abertamente idólatra (Romanos 1:23); o secularismo moderno adora o

homem, o materialismo, a educação, a ciência, o estado e o meio ambiente. Homo

mensura ("homem a medida (de todas as coisas)") como manifesto pelo moderno

Humanismo Secular, é idolatria tão certo como se curvar a esculturas de pau, pedra e

metais.

Em princípio, a religião antrópica (originada pelo homem) tem sido

historicamente uma religião de justiça própria e habilidade humana, e manifesta em

obras de mentalidade legalista. A história revela que o princípio da graça é estranho ao

homem pecador. Até mesmo a verdadeira religião derivada da revelação Divina foi

pervertida pelos judeus no sistema religioso do Judaísmo da justiça própria e das obras

(Atos 15:1; Romanos 9:32-10:3). Mero Cristianismo tradicional, embora o ponto

culminante da religião revelada (crença teísta Cristã) sofreu o mesmo, degenerando

rapidamente em um mero sistema religioso sacerdotal exterior de ritos, rituais e

cerimônias que são idólatras. O Cristianismo moderno tende em grande parte tanto para

o cerimonial ou o irracional. Nem parece compreender a graça de Deus em princípio ou

em prática.

Deus levou milhares de anos para preparar o mundo para a plenitude e a

finalidade do evangelho (Gálatas 4:4-5). Ele primeiro prometeu no Protevangelium de

Gênesis 3:15; que a semente da mulher esmagaria a cabeça da serpente. O princípio de

sangue para sacrifício e expiação vicária foi estabelecido pelo próprio Deus nas peles

de animais que ele providenciou para os nossos primeiros pais (Gênesis 3:21). Abel

ofereceu as primícias do rebanho, o primeiro cordeiro sacrificial, que culminaria no

"Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Gênesis 4:4; João 1:29). Em Caim

encontramos a primeira instância da autodeterminação (livre arbítrio) na religião. Ele

descaradamente ofereceu a Deus o que ele mesmo tinha produzido por seus próprios

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esforços (Gênesis 4:3-7; 1 João 3:11-12). O livre arbítrio se opõe à livre graça (João

1:12-13; 6:44; Tito 3:5).

Deus de modo soberano escolheu e se revelou salvificamente a Abraão (Atos 7:2-

3), e, em Abraão, à nação Hebraica, a "semente física de Abraão," e naquela nação Sua

verdadeira "Semente de Abraão" ("Semente" singular), O Messias - e no Messias, ele

escolheu uma "semente" espiritual, todos os verdadeiros crentes. Ele prometeu a

Abraão que nele todas as famílias da terra seriam abençoadas, uma promessa do

evangelho centrada no Senhor Jesus, a verdadeira "Semente de Abraão" (Gênesis 12:1-

3; Gálatas 3:6-9).

Sob Moisés a nação foi liberta do Egito pelo sangue (o cordeiro da Páscoa) e

poder (as pragas, a divisão do Mar Vermelho e o afogamento do exército de Faraó)

(Êxodo 20:1-2). O Livro de Levítico detalha o sistema Levítico de oferendas e

sacrifícios ordenados por Deus. Cada um deles antecipa, ou é um tipo da Pessoa e obra

do Senhor Jesus Cristo. Mais tarde, Israel exigiu um rei, e depois de Saul, a dinastia

Davídica foi estabelecida. Assim, por meio da promessa, aliança, governo e do sistema

religioso de Israel, Deus estabeleceu os princípios para os ofícios sacerdotais,

proféticos e reais (Senhorio) do Senhor Jesus Cristo. Veja as perguntas 72-75. A nação

de Israel foi, então, uma incubadora para a preparação do evangelho. De Moisés a

Malaquias, a Palavra de Deus foi dada e escrita. Israel continuaria sendo o repositório

para a Palavra de Deus escrita até a plenitude dos tempos (Gálatas 4:4-5). Mediante a

Encarnação, do Nascimento Virginal, da vida perfeita e sem pecado, do sofrimento e

morte vicários, e da gloriosa ressurreição e ascensão do Senhor Jesus Cristo, os fatos

históricos do evangelho foram unidos como verdade salvífica (1 Coríntios 15:1-4). Em

Pentecostes, a igreja, já formada e comissionada como a instituição ordenada por Deus

para esta economia do evangelho, foi autorizada pelo Espírito Santo a publicar o

evangelho até os confins da terra (Atos 1:8; 2:1ss).

Os elementos essenciais do evangelho foram todos antecipados ou explicados nas

seções anteriores. Se fossem colocados juntos em um sumário, eles poderiam ser

considerados como uma entidade compacta, um todo unificado e inter-relacionado para

a nossa compreensão. Estes podem ser resumidos em seis afirmações sobre Deus, o

pecado, o homem, a graça, o Senhor Jesus Cristo, e a mensagem e metodologia do

evangelho:

Primeiro: A natureza e o caráter de Deus ou o elemento Divino. O triuno, a

autorrevelado Deus da Escritura é Absoluta e Infinitamente Perfeito e NÃO

contraditório em todos os Seus atributos Divinos. Por causa disto, Sua amorosa

bondade, graça e misericórdia não podem contradizer Sua Santidade, Retidão e Justiça.

Porque Ele é imutável e moralmente autoconsistente, Ele não pode de forma arbitrária

pôr o pecado de lado. O pecado fraturou o universo, poluiu a criação, devastou a raça

humana e torceu a imagem de Deus no homem. A criação, assolada no tempo e na

história, deve ser restaurada. A imagem de Deus no homem deve ser redimida. Cada

atributo Divino clama por exoneração: A justiça deve ser satisfeita, a retidão vindicada,

e a santidade preservada. O amor, a graça e a misericórdia Divinos devem surgir para

responder a estas demandas na autoconsistência dos atributos Divinos. Para revelar

exonerar totalmente o amor, a graça e a misericórdia de Deus, e redimir a imagem de

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Dele no homem, alguns homens devem ser redimidos. Para vindicar a justiça Divina,

alguns devem ser sentenciados a uma condenação eterna e ao inferno por seus pecados.

A criação em si deve ser destruída e recriada, e haverá "novos céus e uma nova terra,

onde habita a justiça" (Isaías 65:12; 66:22; 2 Pedro 3:7-13). Assim, o evangelho

encontra as suas mais profundas raízes - sua motivação final, causa e essência - na

autoconsistência moral do triuno e a autorrevelado Deus da Escritura;

Segundo: A natureza e o caráter do pecado, ou o elemento destrutivo. Veja a

pergunta 36. O pecado é um princípio regente e reinante do mal que se estabelece

contra o Altíssimo. Ele está arraigado no coração do homem e capacitado por satanás.

Cada um e todo pecado é contra Deus. O pecado corrompeu toda a criação e governa

sobre cada ser humano. Toda a criação deve ser destruída e recriada - tal é o mal, a

poluição permeando e a impiedade do pecado. E o homem caído e pecador? Alguns

serão condenados pelos seus pecados. Outros devem ser libertos pela livre graça de

Deus. Qualquer obra está sobre a mais enorme escala por causa da natureza horrenda e

efeitos consequentes do pecado. O salvo deve ter, totalmente transformada, a sua

mente, alma e corpo. Em suma, estes devem ser necessariamente transformados como

os novos céus e a nova terra para o pecado ser erradicado da criação de Deus;

Terceiro: A natureza e o caráter do homem caído, ou o elemento humano. O

homem caído desfigurou a imagem de Deus. O intelecto pressuposicional que

governou a personalidade do homem em seu estado primitivo e originalmente justo

tornou-se horrivelmente mutilado pelos efeitos noéticos do pecado - ele está

epistologicamente falido (Romanos 1:18-32; Efésios 4:17-19). Veja as perguntas 4, 13

e 31. As afeições e volição, isto é, manifestação da vontade, tornaram-se terrivelmente

corruptas. O corpo, uma vez que subserviente ao intelecto, surgiu, com seus apetites e

desejos pecaminosos, para dominar a personalidade (Romanos 6:6,12,17-18). Veja a

pergunta 95. Doença, infecção, morte física e eterna pairam sobre cada membro da raça

humana caída. Veja a pergunta 165. Todo ser humano é pecador por imputação, por

herança e por transgressão pessoal. Veja a pergunta 38. A transgressão de Adão é nossa

por imputação – o pecado original. Nós herdamos sua natureza depravada. A isto,

devem ser acrescentadas as inúmeras transgressões pessoais de cada indivíduo. Veja a

pergunta 36. O homem, caído e pecador, está em um estado tão depravado que sua

condição é irreparável se for entregue a si mesmo. Ele não pode salvar os outros; não

pode libertar-se. Ele é mais um súdito disposto e obediente do reino ímpio de satanás.

Veja a pergunta 131. A Lei de Deus clama por sua condenação absoluta. Veja as

perguntas 39 e 40. Contudo, ele é chamado para crer no Senhor Jesus Cristo em fé

salvífica, comprometer-se -absolutamente sem reservas -com Ele -, arrepender-se do

próprio pecado, e descansar sobre a justiça imputada do Filho de Deus. Veja as

perguntas 89 e 90. O perdão do pecado, a imputação da justiça e da reconciliação com

Deus são encontrados apenas em Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Veja a

pergunta 92. O que o homem não podia fazer e não faria, Deus o fez. Veja a pergunta

66;

Quarto: A natureza e o caráter da graça Divina, ou o elemento eficaz. O pecado é

indescritivelmente horrendo - uma injustiça, poluição, maldade, um poder e mal

aparentemente infinitos, o qual se estabeleceu contra Deus, Sua criação e Seu

propósito. Deus deve punir o pecado. A graça divina reina da eleição até a glorificação.

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Veja a pergunta 78. Sua natureza e poder gloriosos supervisionam a redenção dos

pecadores e a retirada deles do reino das trevas para o Reino do Filho do amor de Deus

(Colossenses 1:12-13), o chamado deles das trevas para a luz; a transformação

completa da personalidade deles em justiça; santidade da verdade e do conhecimento

(Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9-10); a obra graciosa da regeneração, conversão,

justificação, adoção e santificação. Veja as perguntas 83, 86 , 92, 93 e 94. Esta obra

gloriosa, graciosa e soberana de Deus não terminará até todos os pecadores redimidos

estiverem diante de Deus glorificados no corpo, completamente redimidos em todos os

sentidos. Veja a pergunta 169. A salvação da pena, culpa, poluição, poder e até mesmo

da presença do pecado então estará completa;

Quinto: A importância do Senhor Jesus Cristo, ou o elemento redentor. Não

existe salvação ou reconciliação com Deus fora dele (João 14:6; Atos 4:12; 1 Timóteo

2:5). A Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo estão no centro do eterno propósito

redentor. Ele é em si mesmo a própria personificação da graça. Toda graça é mediada

por ele. Veja a pergunta 78. Em sua encarnação, obediência ativa e passiva, e gloriosa

ressurreição, ele realizou uma redenção completa e final para todos por quem ele viveu,

sofreu e morreu. Esta redenção gloriosa, completa e final é aplicada no tempo, na

história e na experiência dos pecadores individuais por intermédio da obra eficaz do

Espírito Santo, de acordo com o eterno propósito redentor. Veja a pergunta 81;

Sexto: A mensagem e metodologia do evangelho, ou o elemento instrumental.

Deus ordena que a mensagem da salvação seja declarada por meio da pregação. Veja as

perguntas 135 e 138. Ela deve ser considerada como a mensagem e a sua metodologia.

A mensagem da "boa nova" do Evangelho é declarada contra o pano de fundo escuro

do horror do pecado e de suas consequências. Somente os pecadores em desesperada

necessidade de libertação precisam ou querem “as boas novas.” Apenas aqueles a quem

Deus desperta, vivífica e capacita respondem a esta mensagem de salvação, todos os

outros ou rejeitam-na completamente, ou são seduzidos por uma falsa mensagem, ou

na melhor das hipóteses, tornam-se companheiros de caminhada por um tempo, ainda

não regenerados e contentes com uma mera religião exterior (Mateus 13:18-22). Veja a

pergunta 108.

Esta mensagem do evangelho deve conter várias características necessárias:

Primeira: Os pecadores devem ser despertados para a necessidade deles. A

natureza e o caráter de Deus devem ser declarados. Os homens devem ser confrontados

com a própria incapacidade total de estarem diante do Santo e Justo Deus das

Escrituras. As exigências da lei moral devem frequentemente ser exercidas para

convencer os homens da sua própria culpa e absoluta condenação.diante de Deus. A lei

descreve o pecado nos termos de Deus, não do homem. Veja a pergunta 40.

Segunda: A salvação deve ser oferecida gratuitamente a todos sem exceção ou

distinção. O Senhor Jesus Cristo é a única esperança de salvação deles. Os pecadores

devem estar confinados com Cristo somente e com a fé somente. Veja a pergunta 139;

Terceira: A necessidade de fé no Senhor Jesus Cristo e arrependimento do

pecado devem ser proclamados fielmente. A fé repousa na justiça imputada operada

por nosso Senhor em sua obediência ativa e passiva. Tanto a fé quanto o

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arrependimento são necessidades absolutas. O arrependimento não é simplesmente de

certos pecados, mas do pecado como a entidade dominante da vida. Veja a pergunta 90.

É de um coração e de uma mente crente que o arrependimento salvífico surge. A fé

sem arrependimento é engano; arrependimento sem fé é meramente remorso;

A metodologia ordenada por Deus para espalhar o evangelho é por meio da

pregação e do testemunho pessoal (Atos 1:8; 8:1,4; Romanos 10:14-17; 1

Tessalonicenses 2:13). Deus chama e presenteia os homens para levar esta "boa

notícia" para os outros. Este chamado e presente da pregação são aparentemente muito

fracos e precários para o homem sozinho realizar, mas Deus o capacita, ordenando

glorificar o poder da sua graça.

O ponto focal do evangelho é a justiça de Deus (Romanos 1:16-17). Essa justiça

que Ele exige em Sua autoconsistência moral é provida na obra redentora do Senhor

Jesus Cristo. Este é o cerne (parte essencial) da mensagem do evangelho no contexto

do perdão dos pecados e da reconciliação com Deus. A fé salvífica se apodera e se

apropria da própria justiça de Cristo. Este é o coração do Evangelho, "a justificação

pela fé." Veja a pergunta 92 ;

A mensagem do evangelho não traz consigo nenhum poder intrínseco ou

inerente. A mera pregação do evangelho não garante por si só conversões. O poder do

evangelho é externo a si mesmo. Seu poder é encontrado na graça salvadora de Deus (1

Coríntios 2:2-5). É o "poder de Deus para salvação de todo aquele que crê" (Romanos

1:16). O evangelho em poder é a única esperança para este mundo amaldiçoado pelo

pecado, confuso, devastado pela guerra e alienado no qual vivemos. Ele é o único

poder que pode transformar a natureza humana no contexto da graça Divina. Veja a

pergunta 140.

Você tem sido alcançado pela salvação pela fé no Senhor Jesus Cristo como

apresentada no evangelho para seu direito de estar diante de Deus? Somente nele está o

perdão do pecado, a imputação da justiça e a reconciliação com Deus!

135ª Pergunta - O que é evangelismo?

Resposta - Evangelismo é declarar a mensagem do evangelho.

1 Coríntios 2:2. “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus

Cristo e este crucificado.”

Atos 8:4. “Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando

a palavra.”

Veja também: Mateus 28:18-20; Marcos 16:15; Lucas 24:45-47; Atos

8:25; 13:2-5; 14:1,4-7; 15:7; 16:10,17-18,21; 17:1-3; Romanos 10:9-15; 15:18-

20; 1 Coríntios 1:17-31; Efésios 6:18-20; Filipenses 1:7; 1 Tessalonicenses 1:3-

5; 2:2; 1 Timóteo 1:9-11; 1 Pedro 1:25; 4:17; Apocalipse 14:6.

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263

COMENTÁRIO

Biblicamente, evangelismo é simplesmente pregar ou proclamar a verdade do

evangelho. Ele é inerente ao Cristianismo. Qualquer conceito de Cristianismo que não

é evangelístico é antibíblico. O evangelismo pode assumir muitas formas, tais como: o

testemunho pessoal da verdade do evangelho na conversação, na pregação pública, na

distribuição de Bíblias, folhetos e literatura religiosa, e missões tanto caseiras

(nacionais) quanto estrangeiras. Embora Deus especifique e pessoalmente chame

alguns homens para o ministério evangélico para servir em sua terra natal ou em um

campo estrangeiro, cada crente é chamado para ser testemunha da verdade do

evangelho, tanto de lábio quanto pela vida;

Há três assuntos de importância vital acerca do evangelismo:

Primeiro: O testemunho do crente é o de toda a vida (Atos 1:8). A vida que ele

vive e a doutrina professada não devem ser contraditórias caso alguém deva possuir

credibilidade diante dos homens e experimente a bênção de Deus (2 Timóteo 2:19-21;

1 Pedro 1:15-16; 2:9-12);

Segundo: Deve haver uma gratidão fervorosa nascida da grandeza e glória da

graça salvífica e da realidade da própria experiência de alguém da graça e do amor de

Deus (Atos 9:1-31; Romanos 5,5; 1 Timóteo 1:15-16). Sem tal devoção e convicção,

uma tendência natural tanto para complacência, ou seja, o desejo de agradar os outros,

quanto para indolência (indiferença) pode estabelecer-se;

Terceira: É Deus quem salva os pecadores (João 1:12-13; 6:37,44; 1 Timóteo

1:15). Assim, nós precisamos de Suas bênçãos e do poder do Seu Espírito sobre o

nosso testemunho (João 15:5; Atos 1:8; 1 Coríntios 2:2-5; Efésios 2:4-10; 1

Tessalonicenses 2:13).

Enquanto as Escrituras enfatizam a proclamação da doutrina do evangelho; o

evangelismo moderno dá ênfase à metodologia. O Novo Testamento dá a primazia à

pregação pública e testemunho pessoal; o Cristianismo moderno tende a estar

embaraçado em várias metodologias engrenadas para fazer o evangelismo eficaz. Por

que esta mudança da mensagem para a metodologia? As causas parecem ser em

número de três:

Primeira: Uma mudança na teologia da graça de Deus para o livre arbítrio do

homem. Se o pecador possui o poder de escolha contrária, então a distinção entre a

livre agência moral e o livre arbítrio torna-se obscurecida, e toda a abordagem ao

evangelismo é alterada;

Segunda: A ideia do evangelismo centrado no homem tende a rebaixar a

metodologia evangelística do espiritual até o mero nível psicológico ou emocional;

Terceira: Ao invés de ver o evangelismo como uma testemunha fiel à mensagem

do evangelho, a ênfase tende a ser sobre a obtenção de uma "decisão" do pecador. A

mensagem torna-se assim secundária à metodologia empregada. O pragmatismo então

se torna a regra para o evangelismo eficaz, e o sucesso é medido pelo número de

"decisões" religiosas em vez de fidelidade à mensagem bíblica e de conversões

bíblicas. Veja a Pergunta 88. Nós somos evangelísticos?

136ª Pergunta - O que é Apologética?

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Resposta - Apologética é uma defesa inteligente da fé.

1 Pedro 3:15. “Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e

estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que

vos pedir a razão da esperança que há em vós.”

2 Coríntios 10:3-5. 3”

Porque, andando na carne, não militamos segundo a

carne. 4Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em

Deus para destruição das fortalezas; 5destruindo os conselhos, e toda a altivez

que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o

entendimento à obediência de Cristo.”

Judas 3. “Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência

acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a

batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.”

Veja também: Filipenses 1:7,17.

COMENTÁRIO

Existem tentativas racionais e irracionais na defesa da fé de alguém. As tentativas

irracionais, subjetivas ou emocionais são geralmente focadas nos sentimentos

religiosos, experiência ou crenças pessoais. Existem momentos nos quais ensaiar a

experiência de conversão de alguém pode ser proveitosa para outros (Atos 22:1-21;

26:1-18). Declarar a verdade objetiva da salvação, no entanto, é própria e tecnicamente

evangelismo.

Uma defesa inteligente ou racional está preocupada com o conteúdo objetivo ou

doutrinário da fé. A Apologética é o termo técnico para este objetivo, a defesa racional

e inteligente da fé Cristã. Este termo deriva do termo Gr. apo, "de," e legō ou logia,

"falar uma palavra," e assim falar de uma determinada posição a fim de defendê-la. O

evangelismo e apologética são inseparáveis. O apóstolo compreendeu isto quando ele

afirmou que estava pronto para "a defesa e confirmação do evangelho" (Filipenses

1:7,17). O evangelista e o testemunho pessoal são chamados para defender a fé quando

as objeções são feitas à Escritura com sua mensagem de salvação. O apologista deve

também ser evangelístico. Apologética sem evangelismo reduz isso ao mero debate

intelectual ou religioso, o que é estranho à Escritura. A questão não é ganhar os

argumentos, mas as almas (Provérbios 11:30; Atos 26:26), ou seja, de forma

inteligente, de forma clara e convincente apresentar a verdade da salvação, e, no

processo, para responder de forma inteligente tais objeções que podem ser levantadas.

Quais são as questões essenciais na defesa da fé?

Primeira: Todo Cristão deve ser capaz de defender não só a validade de sua

experiência de conversão pessoal, mas também o conteúdo doutrinário da religião

Cristã (1 Pedro 3:15; Judas 3);

Segunda: Ele deve ser capaz pela graça e pelo Espírito de Deus de desmontar os

argumentos lógicos de seus opositores pela Palavra de Deus por meio do Espírito. (Em

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2 Coríntios 10:3-5 as palavras "Destruindo os conselhos" são literalmente

"desmantelando argumentos lógicos");

Terceira: A questão de decidir em nossa abordagem à apologética é esta:

Devemos argumentar a partir de ou até a Escritura? Em outras palavras, devemos

começar de fora da revelação Divina com vários fatos científicos, históricos,

arqueológicos ou argumentos filosóficos e persuasão psicológica a fim de credenciar as

Escrituras como uma base para defender a fé; ou devemos pressupor a autoridade

Divina e a autocertificada natureza da Escritura e a razão dela como nosso ponto de

referência? Veja a pergunta 10. A primeira abordagem é denominada Apologética

Clássica ou Evidencialista, esta última é denominada Apologética Pressuposicionalista.

A primeira pode ser resumida como "Eu entendo, e, portanto, acredito," a segunda

pode ser resumida como "eu acredito e entendo." A primeira dá prioridade à

compreensão, esta última dá a prioridade à fé. Às vezes, é contestado que o

Pressuposicionalismo recorre ao raciocínio circular. Todas as questões finais recorrem

a um raciocínio circular. Veja a pergunta 10;

As questões decisivas são as seguintes:

Primeira: Qual abordagem é encontrada no ensino doutrinário das Escrituras e em

seus exemplos evangelísticos e apologéticos?

Segunda: Qual metodologia é coerente com a natureza caída do homem? O

Evidencialismo falha perante a Escritura. Nenhum milagre testemunhado por Israel

nacional por meio de sua longa história trouxe a eles a verdadeira e duradoura fé. A

mera repetição de milagres, até mesmo em uma base diária, em grande parte, se

mostrou ineficaz para conter a incredulidade deles. Os milagres de Nosso Senhor,

realizados em uma base constante, e dados para credenciar sua identidade e mensagem,

falharam em convencer ou converter os líderes religiosos de seus dias. Até mesmo seus

próprios discípulos ficaram em dúvida até a fé de eles ser avivada quando viram o

Senhor ressuscitado (Lucas 24:1-11,13-26; João 20:24-25). O que os homens precisam

na salvação não é mais evidência ou conhecimento, ou mesmo milagres [Eles

suprimem o que a evidência faz conhecer e ver (Romanos 1:18-20)], mas a graça

salvífica em poder Divino – uma mudança de coração e mente. A ordem Divina é "Pela

fé entendemos..." (Hebreus 11:3). As palavras de Abraão devem também apontar, que

se os homens não ouvem a Palavra de Deus ("Moisés e os profetas"), eles não serão

persuadidos pelo maior dos milagres ou evidências (Lucas 16:29-31).

A clássica passagem é o discurso do apóstolo Paulo em Atenas (Atos 17,22-34).

Veja a pergunta 121. Este discurso foi precedido por várias semanas de pregação diária

do evangelho no mercado, o que explica sua forma abreviada e por que ele não

mencionou diretamente nosso Senhor. Este discurso foi a conclusão e o resumo deste

longo ministério evangelístico (Atos 17:16-18). Ele estava simplesmente colocando

"Jesus e a ressurreição" no contexto histórico remidor com eles. Embora ele não tenha

citado a Escritura, cada declaração pressupôs a verdade e autoridade Dela. Em cada

ponto ele e seus ouvintes basicamente discordaram, contudo, ele declarou a verdade da

natureza, do caráter, da soberania e da iminência de Deus; do homem sendo o portador

da imagem de Deus, de sua inabilidade pecaminosa de buscar salvificamente a Deus,

da futilidade e da culpabilidade da idolatria, e finalmente do Dia do Juízo destinado em

virtude da ressurreição do Senhor Jesus dos mortos.

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Estes e outros exemplos são claramente pressuposicionais. Na verdade, a própria

Bíblia, como claramente revelada em Gênesis 1:1, começa com uma declaração

pressuposicional. A declaração de abertura das Escrituras pressupõe a existência de

Deus, a distinção Criador-criatura, e a realidade que cada fato é um fato criado - e não

procura provar nenhum destes. As evidências podem ser importantes para ilustrar a

verdade Divinamente revelada (Atos 14:8-18), mas elas nunca podem credenciá-la. O

maior não pode ser credenciado pelo menor, ou seja, qualquer evidência que pode ser

usada para credenciar a Bíblia deve ter maior credibilidade do que a Bíblia. A

Apologética Cristã deve lidar com a verdade absoluta, e não apenas com a

plausibilidade ou possibilidade de uma abordagem empírica. Deus dá a maior

autoridade para sua própria Palavra. O testemunho do Espírito Santo confirma a

autocertificação da Escritura. Veja a pergunta 10.

Se os pecadores devem ser inteligentes, com autoridade, sincera e amorosamente

confrontados com a verdade doutrinária da fé, ao invés de meros fatos científicos e

históricos, existem algum fundamento comum? Se cada fato é um fato criado (Gênesis

1:1), e todos os fatos são interpretados pelas pressuposições de alguém, então não

existe um fundamento comum viável ou acordo entre o crente e o não crente fora do

triuno e a autorrevelado Deus das Escrituras e Sua Palavra. Então que base existe por

uma troca significativa entre o crente e o não crente, se a graça regeneradora é a

necessidade primária?

Existe um ponto de contato, que é triplo:

Primeiro: O homem é o portador da imagem de Deus que o torna um ser racional

e moralmente responsável. Ele possui um senso inato de Deus, do qual ele não pode

escapar (Gênesis 1:26; Atos 17:28-29; Tiago 3:9). Ele também é Divinamente pré-

condicionado a reconhecer o testemunho de Deus, tanto na criação quanto na Escritura.

Veja a pergunta 10;

Segundo: A lei de Deus está indelevelmente inscrita sobre seu ser interior

(Romanos 2:11-16). Estes testemunhos e realidades, ele constantemente procura

suprimir ao passo que ele vê a criação (evidência) que o rodeia. Esta evidência é

suficiente para torná-lo indesculpável (Romanos 1:18-20).

Terceiro: Embora ele professe ser autônomo em seu pensamento, ainda

inconscientemente age sobre certas pressuposições que ele toma como concedidas

enquanto suprime a verdade. Em outras palavras, ele deve assumir os fatos e leis

criados por Deus que lhe permitam ser consistente, lógico e científico. Estas três áreas

fornecem um ponto de contato para uma apologética evangelística. Nós estamos

dispostos e somos capazes de defender a fé?

137ª Pergunta - Quais são as responsabilidades evangelísticas e apologéticas

incumbidas para cada crente?

Resposta - Cada crente é uma testemunha da verdade do Cristianismo por seu

estilo de vida e conversação. Este testemunho inclui a propagação e a defesa da fé.

Atos 1:8. “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre

vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e

Samaria, e até aos confins da terra.”

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Filipenses 1:7. “Como tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos

retenho em meu coração, pois todos vós fostes participantes da minha graça...”

Veja também: Mateus 28:18-20; Marcos 16:15; Lucas 24:46-47; Atos

2:36-42; 8:4; 13:1-4; 14:8-18; 17:2-3,16-18,22-31; 20:26-27; 1 Timóteo 1:11-12;

2:7.

COMENTÁRIO

Cada crente é chamado para ser testemunha fiel à verdade do evangelho e também

para defender às suas reivindicações. Portanto, cada crente deve se preparar tornando-se

um Cristão consistente e um estudante sério e piedoso das Escrituras, buscando entender

completamente a doutrina do evangelho e aprender a responder às objeções mais

comuns levantadas contra ela.

Um cristão consistente é aquele que ordena a sua vida de acordo com a Palavra de

Deus (Salmos 1:1-3; 19:7-13; 2 Timóteo 2:15; 1 João 2:3-5). É de tal vida que alguém

pode esperar a bênção de Deus sobre o seu testemunho. Uma vida profana ou

inconsistente desacreditará o testemunho da pessoa diante dos homens e impedirá a

bênção de Deus. A força do testemunho de alguém é pela graça e poder do Espírito

Santo (1 Coríntios 2:3-5). Tornar-se um estudante sério das Escrituras necessariamente

inclui tanto uma visão espiritual para as verdades da Escritura como também uma firme

compreensão do ensino doutrinário dela. Ser um apologista da fé significa ser capaz de

responder biblicamente objeções levantadas contra a verdade das Escrituras em geral e

do evangelho em particular. O testemunho de alguém não deve ser apenas preparado

com estudo, mas também com oração sincera e fervorosa. Todo esforço feito no serviço

Cristão deve ser santificado pela oração para ser eficaz e receber a bênção Divina. Veja

a pergunta 98.

Nós não devemos apenas testemunhar (um verbo) pela verdade como ela é em

Jesus, mas devemos ser testemunhas (um substantivo) da verdade (Atos 1:8). Isto não

implica só uma atividade, mas uma vida!

138ª Pergunta - O que é a pregação?

Resposta - A pregação é a entrega autorizada de uma mensagem dada por Deus,

inteligentemente impressa sobre as mentes e os corações dos ouvintes com paixão e a

unção do Espírito Santo.

Atos 14:1. “E aconteceu que em Icônio entraram juntos na sinagoga dos

judeus, e falaram de tal modo que creu uma grande multidão, não só de judeus,

mas também de gregos.”

1 Coríntios 2:3-5. 3”

E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em

grande tremor. 4E a minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em

palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de

poder; 5para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no

poder de Deus.”

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1 Tessalonicenses 2:13. “Por isso também damos, sem cessar, graças a

Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes,

não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de

Deus, a qual também opera em vós, os que crestes.”

Veja também: Mateus 28:18-20; Marcos 16:15; Lucas 24:45-47; Atos

17:1-4,11-12; 15-34; 18:4-11; 1 Coríntios 2:1-5; 2 Coríntios 2:14-17;

Colossenses 1:28-29; 1 Tessalonicenses 1:3-10; 2:2-4; 1 Timóteo 1:8-16.

COMENTÁRIO

A pregação do evangelho é a primeira ordem do Cristianismo (Mateus 28.19;

Marcos 16:15; Romanos 10:9-15). O Novo Testamento dá o primeiro lugar para a

pregação do evangelho. Por quê? A resposta repousa na natureza da verdadeira

pregação: O que é a verdadeira pregação? É a proclamação autorizada de uma

mensagem dada por Deus para uma ocasião especial, uma mensagem que é

inteligentemente entregue com paixão humana, e também com a unção do Espírito

Santo. Esta mensagem é impressa sobre as mentes e os corações dos ouvintes com

convicção e poder. A verdadeira pregação pressupõe que Deus deu ao pregador uma

mensagem distinta e específica, e que o Espírito Santo capacita-o para entregá-la.

A natureza única da pregação é observada no seguinte:

Primeiro: É bíblica. Deus ordenou a pregação como o principal meio para

converter os não salvos (Romanos 10:17). A era do Novo Testamento foi caracterizada

por uma grande e eficaz pregação do evangelho. A era Apostólica de Pentecostes até a

primeira perseguição do governo sob Nero foi uma era de constante avivamento [c. 33-

68 AD]. O Cristianismo espalhou-se pelo Império Romano de Jerusalém para

Antioquia, e da Babilônia no Oriente até as Ilhas Britânicas no Ocidente - e se espalhou

pela pregação. A pregação evangelística e missionária geralmente precede o testemunho

pessoal, que é o trabalho daqueles convertidos sob a pregação;

Segundo: A pregação é autorizada. O testemunho pessoal geralmente não é

autorizado, mas conversacional; a verdadeira pregação carrega uma nota autêntica e

autorizada de que ela é única e inconfundível. A verdadeira pregação não só atrai a

atenção, ela exige a atenção;

Terceiro: A verdadeira pregação se expressa na unção do Espírito Santo. Existe

frequentemente uma consciência por parte tanto do pregador quanto dos ouvintes que

um poder maior do que o próprio pregador está presente e em operação. Isto não é e não

pode ser um mero falar em público. A verdadeira pregação é uma elocução profética,

uma palavra dada com autoridade e unção Divina. O testemunho pessoal por contraste

geralmente ocorre dentro do contexto de uma troca mútua.

Finalmente, a pregação do evangelho habilita o pregador a entregar uma

mensagem completa que faz uma impressão definitiva sobre a mente e o coração. O

testemunho pessoal é muitas vezes incompleto ou inadequado por causa do contexto

conversacional dado.

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Estas gloriosas realidades da pregação têm infelizmente declinado em nossos dias.

Por quê? As razões são variadas:

Primeira: A mudança na teologia, o pós-modernismo e o crescimento da igreja ou

o sucesso moderno, com sua abordagem "amigável para o usuário" criaram uma

tendência afastada de qualquer autoridade bíblica no púlpito;

Segundo: O foco é mais sobre os programas ou psicologia do que sobre a

doutrina; mais na mera persuasão humana do que no poder Divino. O espiritual em

grande parte deu lugar ao psicológico, social ou emocional;

Terceiro: A pregação doutrinária, que Deus ordenou, é vista como desnecessária

ou muito intelectual, muito impopular ou muito autoritária para o pluralismo moderno.

Finalmente, o mero emocionalismo tende a substituir a unção do Espírito Santo.

Não parece estranho que Deus ordenou a propagação do evangelho por um meio

aparentemente tão débil ou variável como a pregação - comunicação oral por meio de

homens falíveis? Mas é assim. Por quê? A pregação é usada por Deus para trazer glória

para si mesmo (Isaías 54:17; Jeremias 1:4-10,17-18; 1 Coríntios 2:1-5; 15:8-11; 2

Coríntios 4:1-7; Efésios 6:18-20).

A pregação detém uma posição única e primária no propósito Divino. Nós

precisamos orar acerca do pregar e para que Deus levante pregadores (Mateus 9:37-38;

Romanos 10:14-15). Além disso, precisamos encontrar e sentar sob a verdadeira

pregação, nós mesmos - o melhor na pregação bíblica - e incitar outros a fazerem o

mesmo. Ore para que possamos sempre ter a verdadeira pregação!

139ª Pergunta - O que se entende pela "livre oferta do evangelho"?

Resposta - "A livre oferta do evangelho" significa que a verdade do evangelho

deve ser oferecida a todos os homens sem discriminação ou distinção.

Marcos 16:15. “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a

toda criatura.”

1 Timóteo 2:1-4. 1”

Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam

deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; 2Pelos

reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e

sossegada, em toda a piedade e honestidade; 3Porque isto é bom e agradável

diante de Deus nosso Salvador, 4que quer que todos os homens se salvem, e

venham ao conhecimento da verdade.”

Veja também: Mateus 7:6; 28:18-20; Lucas 24:45-47; Apocalipse 5:9;

14:6.

COMENTÁRIO

As Escrituras são claras que quaisquer restrições não devem ser colocadas sobre o

convite do evangelho para se arrepender e crer no Senhor Jesus Cristo para perdão dos

pecados e a reconciliação com Deus. De fato, o convite do evangelho é na realidade um

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mandamento Divino que atinge a todos os homens sem exceção: "... Deus... anuncia

agora a todos os homens, e em todo o lugar que se arrependam...!" (Atos 17:30).

Existem várias questões vitais sobre a livre oferta do evangelho:

Primeira: A mensagem do evangelho é a única mensagem de salvação e esperança

para este mundo perdido. Separados da pregação da pessoa e da obra redentora de

Nosso Senhor, não existe absolutamente nenhum livramento para os pecadores (João

14:6; Atos 4:12);

Segunda: Toda geração precisa ser regenerada. Todo ser humano nasce pecador, e

assim sob o seu poder reinante, sob a ira e a condenação Divina (João 3:18-21,36). A

oferta universal do evangelho encontra a necessidade universal da humanidade perdida

e condenada (Atos 4:12);

Terceira: Existe uma nota inata de urgência dentro da mensagem do evangelho.

Os pecadores são instados a arrependerem-se e crerem imediatamente, e não

demorarem. As súplicas do evangelho são sempre fortes e imperativamente urgentes

(Marcos 1:14-15; Atos 16:31; Romanos 10:9-10,13; 1 Coríntios 6:1-2).

Existem duas visões que precisam de menção:

Primeira: Dos esquemas universalistas que ensinam que todos os homens

eventualmente serão salvos, ou que os pagãos que nunca ouviram o evangelho serão

salvos sem ele. O primeiro é baseado na ideia de uma expiação universal, o segundo

deriva da ideia de que os homens podem alcançar a "perfeição sem pecado" por seus

próprios esforços legais numa escala em que eles serão aceitos por Deus quando fizerem

o seu melhor de acordo com a própria capacidade individual. Ambas as visões são

antibíblicas e cortam o nervo da urgência do evangelismo e do evangelho;

Segunda: Alguns sustentam que o eleito de Deus será regenerado separado do

evangelho e assim será redimido, embora não convertido nesta vida ("salvação

Condicional no tempo"). Veja as perguntas 83-84 e 87. Ambas as visões são contrárias

às Escrituras. O que é sustentado como teoria eventualmente se manifesta em

praticidade. A natureza humana tende para a indolência (indiferença). A graça dá um

fardo para as almas dos homens e uma urgência para escutar o evangelho. Nada deve ser

admitido para pôr de lado o claro ensino da Escritura e o mandamento para evangelizar

todos os homens (Mateus 28:18-20; Marcos 16:15; Lucas 24:46-47). Nós possuímos

este impulso e fardo para evangelizar?

140ª Pergunta - Qual é a relação do chamado eficaz e a regeneração para a

pregação do evangelho?

Resposta – O chamado eficaz e a regeneração limpam, habilitam e renovam as

faculdades do pecador, quebram o poder dominante do pecado, renovam a imagem de

Deus em princípio, e mediante a concessão da fé e do arrependimento, motivam e

habilitam o pecador a responder salvificamente ao evangelho.

João 1:12-13. 12”

Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de

serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; 13

Os quais não nasceram

do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.”

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João 6:44. “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer;

e eu o ressuscitarei no último Dia.”

Atos 13:48. “E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a

palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna.”

2 Tessalonicenses 2:13-14. 13”

Mas devemos sempre dar graças a Deus por

vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a

salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade; 14

Para o que pelo nosso

evangelho vos chamou, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.”

Veja também: Jeremias 31:31-34; Ezequiel 11:19-20; 36:25-27; Mateus

19:28; 28:18-20; João 3:3-8; Efésios 4:22-24; Colossenses 1:12-13; 3:9-10; 1

Timóteo 1:9; Tito 3:5.

COMENTÁRIO

Veja as perguntas 81, 83, 84 e 87. O estado do pecador por natureza é tal que ele é

absolutamente incapaz de salvar a si mesmo. Sua incapacidade é espiritual, moral,

intelectual e satânica. Ele está espiritualmente "morto," ou seja, um "cadáver" em um

estado de morte espiritual (Efésios 2:1-4; Colossenses 2:13) – total e, absolutamente

incapaz e sem vontade de responder de forma salvífica à oferta gratuita do evangelho.

Além disso, ele é moralmente incapaz, estando sob o poder reinante do pecado como o

princípio controlador e motivador de sua existência (Romanos 6:17-18,20). Seu estado

moral pecaminoso é enfatizado em sua animosidade inata contra Deus e a Sua verdade

(Romanos 8:5-8). Ele também é intelectualmente aleijado de tal forma que não pode

discernir a verdade do evangelho de modo a compreendê-la salvificamente. A verdade

do evangelho que ele conhece, ele suprime (Romanos 1:18-25; 3:11; 1 Coríntios 2:14;

Efésios 4:17-19). A imagem de Deus foi devastada dentro dele. Finalmente, ele está sob

o controle do diabo que o cegou para a verdade do evangelho para que ele não venha a

crer, e que ainda tira qualquer verdade que possa ser impressa em seu coração (2

Coríntios 4:3-6; Mateus 13:4,19; 2 Coríntios 4:3-6).

O pecador também não está disposto a responder à livre oferta do evangelho. Sua

vontade, como um livre agente moral, é a expressão irrestrita de sua natureza caída e

pecaminosa (João 5:40). Portanto, se este indivíduo deve ser salvo do poder reinante do

pecado, convertido e reconciliado com Deus, a salvação deve vir de fora, de cima, de

uma fonte espiritual superior e com uma força espiritual superior - externa e

sobrenaturalmente. Isto nada mais é do que a livre e soberana graça de Deus na

realização da salvação. É a salvação pela graça, no sentido mais completo do termo!

Assim, a fé e o arrependimento são os dons de Deus gratuitamente concedidos (Efésios

2:8-10; Atos 11:18), as consequências imediatas da graça regeneradora, e a resposta

salvífica à oferta gratuita do evangelho.

A livre e soberana graça de Deus ao efetuar a salvação do pecador não é aquela de

coerção, ou seja, aquela que externa e forçosamente faz alguém crer, por assim dizer,

contra a sua vontade. Pelo contrário, é uma obra de atração, recriação, livramento,

libertação, capacitação e remoção da inclinação natural do coração e da mente humana

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272

(Cf. Jeremias 31,31-34; Ezequiel 36:25-27; João 1:12-13; 6:37,44; Romanos 6:1-14,17-

18,22; 2 Coríntios 4:3-6; Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9-10). Por intermédio da

operação gloriosa do chamado eficaz e da regeneração, o pecador é habilitado a fugir de

livre e espontânea vontade para Cristo por libertação e encontrar o perdão dos pecados,

por uma justiça imputada e uma reconciliação com Deus. Veja as perguntas 81, 83 e 92.

Ele é desperto de seu estado perdido, convencido do pecado, acredita, compreende, se

arrepende e voluntariamente abraça o Senhor Jesus Cristo como tudo o que está na

oferta gratuita do evangelho. Sua experiência subjetiva é aquela de grande convicção de

pecado, de vir a Cristo em fé, arrependendo-se, recebendo o perdão, de reconciliação

com Deus e encontrando a paz pela fé em seu Filho. Veja a pergunta 79.

Nós não devemos confundir a ordem lógica de salvação com uma ordem

cronológica. Na experiência, algumas destas realidades espirituais ocorrem

simultaneamente. Deve-se lembrar e enfatizar que o chamado e novo nascimento do

pecador ocorrem no contexto da pregação do evangelho. A Palavra de Deus declarada,

pregada, lida ou inculcada pelo ensino é a instrumentalidade por meio da qual o

chamado, a regeneração e a conversão são efetuados e o contexto no qual ocorrem.

Qualquer ensinamento doutrinário que diminui o fervor evangelístico ou causa

indolência em buscar a salvação dos pecadores é uma visão desequilibrada e

desobediente de evangelismo bíblico. Ver as perguntas 135 e 139.

141ª Pergunta – Todo crente é chamado para o serviço Cristão?

Resposta - Todo crente é chamado para servir ao Senhor Jesus Cristo sem

reservas.

Gálatas 2:20. “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas

Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de

Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.”

1 Coríntios 10:31. “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra

qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.”

Veja também: Mateus 22:36-40; Romanos 1:1; 6:11-14,17-18; 1 Coríntios

9:24-27; Efésios 4:1; 2 Timóteo 2:24-26; 2 Pedro 3:18.

COMENTÁRIO

Existe frequentemente uma dicotomia entre "o serviço Cristão em tempo integral"

e o chamado do crente nominal. Esta dicotomia é antiescriturística. Todos os crentes são

chamados a serem Cristãos em tempo integral, para serem "escravos dispostos" do

Senhor Jesus Cristo e da justiça (Romanos 6:17-18) e serem fiéis até a morte

(Apocalipse 2:10)! Nós somos aqueles a quem o Senhor comprou com o seu próprio

sofrimento e sangue de vida, resgatou-nos de entre a humanidade condenada, e ele nos

fez seus próprios filhos queridos. Quem nós somos, o que somos e o que temos tudo

pertence a ele (Romanos 6:17-18). Cada pensamento, palavra e ação devem ser feitos

subservientes ao seu serviço e glória (1 Coríntios 10:31).

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Enquanto alguns são chamados por Deus para o ministério evangélico ou serviço

missionário estrangeiro, cada crente é chamado por Deus para ser testemunha da

verdade do evangelho de lábio e de vida (Atos 1:8). Veja a pergunta 142. Nós também

somos chamados para sermos fiéis ao ministério de uma igreja local. Os Cristãos do

Novo Testamento nunca são considerados como entidades isoladas, separadas do

ministério, da disciplina e do companheirismo de uma assembleia local; supõe-se que

eles estejam em comunhão, servindo, doando, crescendo e confraternizando, todas essas

ações implicam participação em uma igreja local (Mateus 28:18-20; 1 Coríntios 12:27;

Filemom 2; Hebreus 10:25).

O que o Cristão nominal e individual pode fazer?

Primeiro: Ele deve entregar-se ao Senhor; em reservas, e , assim, ser um Cristão

bíblico em tudo que fizer, aonde quer que vá e em tudo o que disser (Romanos 1:1;

6:17-18; 12:1-2). Esta é a verdadeira base para um testemunho evangélico consistente.

Segundo: Ele deve procurar crescer na graça e conhecer o Seu Senhor e Salvador

cada vez mais (2 Pedro 3:18). Assim, deve atender fielmente aos meios públicos e

privados da graça. Veja as perguntas 126 e 127.

Terceiro: Ele deve encontrar um lugar de serviço dentro da irmandade e do

ministério de sua igreja local;

Quarto: Ele deve procurar evangelizar pelo testemunho pessoal e reunir esforços

para difundir o Evangelho. Muitos pregadores e missionários descobriram a vocação

Divina deles enquanto envolvidos em tal serviço prático dedicado. O que estamos

fazendo para o bem do evangelho?

142ª Pergunta - Quem deve se dar ao ministério público da Palavra?

Resposta - Aqueles que devem se dar ao ministério público da Palavra são

homens fiéis e qualificados a quem Deus chamou e dotou para tal trabalho.

Atos 20:28. “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito

Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou

com seu próprio sangue.”

1 Timóteo 1:12. “E dou graças ao que me tem confortado, a Cristo Jesus

Senhor nosso, porque me teve por fiel, pondo-me no ministério,”

Veja também: Romanos 10:14-15; Gálatas 1:15-16; 1 Coríntios 1:17; 2

Coríntios 4:1-2; Efésios 4:11-12; Colossenses 1:28-29; 1 Timóteo 3:1-7, 5:1,17-

20; 2 Timóteo 1:6-8,11,15; 2:24-26; 4:1-8; Tito 1:4-9.

COMENTÁRIO

Deus chama os homens para o ministério evangélico. Alguns estão empenhados

na obra evangelística; outros pregam no contexto do pastorado, ou pregam na arena da

obra missionária seja doméstica ou estrangeira.

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Embora qualquer homem possa ficar de pé e falar em nome de Cristo em público,

a verdadeira pregação é a esfera da obra deixada para Os que foram Divinamente

chamados e dotados para esse trabalho. Este reconhecimento ou foco é essencial por

causa da natureza da pregação em si, e por causa dos rigores e provações do ministério

evangélico. Veja a pergunta 138.

O chamado Divino para o ministério evangélico normalmente vem por meio de

um relacionamento de uma igreja que está intimamente familiarizada com o homem,

conhece seu caráter moral, seus pontos fortes e fracos e reconhece seus dons dados por

Deus. O discernimento espiritual da igreja fica, assim, atrás do homem em apartá-lo

para o ministério do evangelho, acreditando que ele tem o discernimento corporativo

necessário (1 Timóteo 3:1-7; Tito 1:5-9), e conhece a vontade do Espírito Santo (Atos

13:2-4; 20:28; Romanos 10:15).

Deve ser um verdadeiro homem de Deus, o homem verdadeiramente chamado por

Deus. Ele deve ser um homem de convicções fortes, de honestidade e de uma grande

coragem moral, contudo, também suave, gentil, paciente e razoável. O ministério do

evangelho não é lugar para um homem mal-humorado ou pugilista (2 Coríntios 4:1-2;

Gálatas 5:22-23; 1 Timóteo 3:1-7; 2 Timóteo 2.24-26; Tito 1:4-9). Deve ser marcado

que a ênfase sobre as qualificações para o ministério do evangelho e do pastorado são

mais dadas ao caráter pessoal e moral e às relações familiares do homem do que à

pregação ou dons ministeriais. O ministério do evangelho pode e provavelmente custará

tudo ao homem tudo - se ele é fiel – até mesmo, talvez, dos seus amigos e família.

Ambos os profetas do Antigo Testamento e pregadores do Novo Testamento tiveram

que enfrentar grande oposição e suportar grandes provações e perseguição de seus

inimigos e muitas vezes de seu próprio povo. As vidas e os ministérios de Moisés,

Samuel, Elias, ou do próprio Senhor Jesus, Estevão, do apóstolo Paulo e de muitos

outros todos testificam que um homem chamado por Deus deve suportar muito. O

ministério deve ser a sua própria vida, e esta deve estar comprometida com ele sem

reservas (2 Timóteo 4:1-5). Ele deve estar preparado para enfrentar a oposição,

adversidade e perseguição tanto de dentro quanto de fora da igreja, deve doar-se a si

mesmo sem reservas, independentemente das consequências (2 Coríntios 12:15; 2

Timóteo 4:2). Sua pregação deve carregar as marcas da autoridade Divina e deve ser

caracterizada pelo poder Divino (1 Coríntios 2:3-5; 15:10). Caso ele não seja

Divinamente chamado, ele acabará por falhar, perder o ânimo e falhar ou tender a

comprometer a verdade.

Embora a ênfase nas qualificações esteja sobre caráter moral e pessoal de um

homem, ele deve ser dotado e dado a estudar de forma adequada e espiritualmente

progredir por si mesmo, e também se alimentar e levar sua congregação a um

determinado grau de maturidade espiritual (João 21: 15-17; Colossenses 1:28-29; 1

Timóteo 3:2; 4:6,11-16; 2 Timóteo 1:13; 2:2,15; 3:16-17; Tito 1:9-11).

Nenhuma língua sem inspiração tem retratado tão gloriosa e idealisticamente o

ministro do evangelho como as palavras de John Bunyan em O Peregrino, quando ele

descreve a cena na Casa do Intérprete e o retrato de um ministro do evangelho:

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...Cristão viu o retrato de uma pessoa muito séria pendurado na parede; e esta

era a forma dele. Tinha seus olhos levantados para o céu, o melhor dos livros em sua

mão, a lei da verdade estava escrita em seus lábios, o mundo estava atrás dele. Ficava

como se pleiteasse com os homens, e uma coroa de ouro pairava sobre a sua cabeça.

Qual é a nossa responsabilidade primária? "Grande é, em verdade, a seara, mas os

obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua

seara." (Lucas 10:2). Caso a chamada venha a nós, devemos responder!

143ª Pergunta - O que é um avivamento ou despertamento espiritual?

Resposta - Um avivamento ou despertamento espiritual é uma obra extraordinária

do Espírito de Deus sobre o povo Deste, trazendo-o para uma vida espiritual renovada e

também resultando em um despertar espiritual entre os não convertidos.

Atos 2:41-42. 41”

De sorte que foram batizados os que de bom grado

receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas, 42

E

perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas

orações.”

Atos 3:19. “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados

os vossos pecados, e venham assim, os tempos do refrigério pela presença do

Senhor.”

Atos 4:31. “E, tendo eles orado, moveu-se o lugar em que estavam

reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a

palavra de Deus.”

Veja também: Atos 2:47; 4:4,31; 6:7; 8:5-6; 9:35,42; 10:44; 11:21; 13:2-

4,44; 14:1; 17:4,11-12; 18:8-11; 19:10,20; Filipenses 1:13-14.

COMENTÁRIO

"Avivamento" é um termo geral para uma obra extraordinária do Espírito de Deus

avivando uma igreja, um grupo de igrejas ou crentes em uma determinada área

geográfica, e também para um despertamento espiritual entre os que não são

convertidos. Existem vários termos inter-relacionados: "reforma," "avivamento,"

"despertamento espiritual" e "revivalismo."

Reforma. (Latim: reformare, uma correção, uma remoção de falhas e defeitos). Os

Cristãos individuais e igrejas devem estar em um constante estado de reforma ou em um

aumento da conformidade e alinhamento com as Escrituras. Escriturística, lógica e

historicamente, existe uma correspondência direta entre reforma e avivamento. A

reforma pode trazer avivamento; o avivamento trará reforma. Lógica e historicamente,

um retorno e conformidade com as Escrituras, coincide com o avivamento do povo de

Deus.

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Avivamento. (Latim: revivere, voltar a um estado vigoroso depois de um declínio)

é tecnicamente um termo que aponta para uma revitalização individual ou coletiva da

espiritualidade ou da religião experimental. O avivamento pressupõe um estado de

declínio e letargia ou desânimo espiritual em um determinado indivíduo, igreja ou

igrejas, ou geralmente entre o povo de Deus, o avivamento é um derramamento do

Espírito de Deus trazendo um grau elevado de vida espiritual, uma seriedade nas coisas

espirituais e uma pureza renovada na vida e na adoração. Tal revitalização e urgência

evangélica fomentadas pelo Espírito de Deus, geralmente se estendem aos não

convertidos dentro e fora da igreja em um despertar espiritual. O termo "avivamento,"

no entanto, é usado frequentemente em um sentido muito geral para descrever reforma ,

avivamento, despertamento espiritual e revivalismo.

O avivamento pode ser geralmente dividido em dois tipos:

Os avivamentos que são mais orientados para a experiência e os que são

fundamentados na pregação e doutrina bíblica. Enquanto os primeiros são verdadeiros

avivamentos, geralmente de curta duração e a influência deles diminui rapidamente. Os

últimos são mais substanciais e os seus efeitos podem durar uma geração ou mais. A

maioria dos avivamentos no século XX foram mais orientados para a experiência.

Existe uma grande diferença entre um avivamento e uma cruzada religiosa. Os

avivamentos verdadeiros sejam de que tipo for tendem a mudar a sociedade. Além de

uma comunidade Cristã avivada e uma infinidade de conversões, existe uma força moral

elevada na operação da transformação da sociedade em geral. Os registros históricos

testemunham menos crime, uma elevação do padrão moral e menor necessidade de

aplicação da lei e dos tribunais! A depravação do homem na população em geral parece

ser mantida à distância por um tempo prolongado.

Os avivamentos do Velho Testamento eram essencialmente tempos de reforma. O

maior ocorreu durante o reinado de Ezequias, que afetou tanto o reino do norte quanto o

reino do sul (2 Crônicas 29:1-31:21). Houve um grande avivamento em Nínive pela

pregação de Jonas (Jonas 1:1-2; 3:1-2,4,-10). O Avivamento caracterizou as primeiras

décadas do Cristianismo Apostólico. O avivamento que começou no Dia de Pentecostes

durou até a Perseguição sob Nero (c. 33-64 AD).

Infelizmente, mesmo entre aqueles que podiam acreditar nos princípios do

verdadeiro avivamento enviado dos céus, há muitos que se referem a encontros

especiais como "reuniões de avivamento." Isto além do mais desassocia o avivamento

de seu necessário significado verdadeiro e espiritual e de suas raízes como uma obra

inconfundível e soberana de Deus. Tempos de bênçãos espirituais incomuns são muitas

vezes chamadas de "visitações Divinas," porém, poucas chegam ao nível do que é

bíblica e historicamente conhecido como avivamento.

O verdadeiro avivamento vem do céu! É enviado por Deus, é uma obra soberana

do Espírito de Deus, é pedido para descer, não operado. Ele vem, não com meios

engendrados pelo homem, mas por meios ordenados por Deus: a oração perseverante e a

pregação bíblica. Veja a pergunta 145.

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Despertado Espiritualmente. Este termo se refere a um derramamento do Espírito

de Deus sobre a pregação que resulta em um número incomum de conversões (Atos

2:36-42; 4:1-4; 14:1). Como o avivamento tecnicamente se refere a um grau elevado ou

uma renovação da vida espiritual entre o povo de Deus. Ele inevitavelmente não fica

reduzido apenas ao povo de Deus, mas também se espalha para os não convertidos ou

inconversos e àqueles que sem o Cristianismo institucionalizado são convencidos,

convertidos e trazidos para a membresia e comunhão do povo de Deus. Estas realidades

são geralmente associadas como avivamento historicamente - vida renovada para os

espiritualmente letárgicos e vida espiritual para os mortos espiritualmente.

Revivalismo. Este termo se refere à aplicação e ao uso de certos métodos ou

medidas para produzir excitação religiosa e promover decisões religiosas. Veja a

pergunta 88. O revivalismo entrou em voga no início de 1800 durante os

"Reavivamentos da Fronteira do Kentucky" americana, no leste do Estado de Nova

York e no Vale de Ohio. As "Novas Medidas" de Charles G. Finney (1792-1875)

provou ser o ponto de retorno no evangelismo americano do avivamento para

revivalismo. Por volta de 1840 e no final do "Segundo Grande Despertamento" (c.

1793-1840), o revivalismo veio a ser estabelecido e aceito no Cristianismo evangélico

americano.

O Revivalismo continua a dominar o pensamento de muitos Evangélicos, que

confundem avivamento com cruzadas evangelísticas e excitação religiosa. O verdadeiro

avivamento e revivalismo, no entanto, nunca devem ser confundidos. Enquanto o

verdadeiro avivamento deriva do poder soberano e da prerrogativa de Deus, o

revivalismo é simplesmente o trabalho e metodologia do homem. Avivamento e

revivalismo podem ser misturados ou podem ocorrer separadamente, como em cruzadas

ou reuniões religiosas programadas, ou seja, o avivamento pode ocorrer sem

revivalismo, pode haver uma mistura de avivamento e revivalismo, ou o revivalismo

pode existir sem avivamento. Um estudo da história do avivamento, tanto bíblica como

pós-bíblica, revela que o avivamento por sua própria natureza é um trabalho misto.

A Era do Novo Testamento começou com o grande avivamento e despertamento

espiritual no dia de Pentecostes e durou várias décadas, espalhando o Cristianismo sobre

o Império Romano e além. Este avivamento era, em princípio, o grande protótipo,

exemplo, de todos os avivamentos verdadeiros que ocorreram na história. Marque as

seguintes características do verdadeiro avivamento:

Primeira: Avivamento não ocorre em um vácuo. Há sempre um trabalho de

preparação ou outros eventos necessários – geralmente tempos de declínio religioso e

espiritual dando origem a momentos de intensa oração de intercessão a Deus para olhar

por Sua obra com favor e bênção. O pentecostes foi precedido por uma intensa e

perseverante reunião de oração por um derramamento do Espírito Santo (Atos 1:1-8,13-

14);

Segunda: Há sempre um derramamento do Espírito de Deus sobre o seu povo em

resposta à oração de intercessão. Esta é uma obra soberana do “Espírito de Deus,"

estabelecer tempos de refrigério (avivamento) da presença do “Senhor" sobre ambos os

convertidos e não convertidos. A igreja de Jerusalém orou constantemente até que a

bênção antecipada veio (Atos 2:1-42,47; 3:11-4:5). Também houve sucessivos

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momentos de poder renovado e bênção espirituais (Atos 4:21-31; 9:32-42; 14:1; 17:1-

4,10-12; 19:11-20);

Terceira: Há sempre um retorno marcado para os princípios da religião bíblica.

Isto aponta para a necessária relação entre a reforma e o avivamento. Os avivamentos

não são a regra geral - eles são a exceção, o inusitado. O estado normal da religião tende

para o declínio espiritual. O avivamento é um retorno à verdade e ao poder espiritual de

tal forma que transforma a vida do indivíduo, da igreja, e muitas vezes da própria

sociedade. A vida espiritual veio no dia de Pentecostes. O Judaísmo deu lugar ao

Cristianismo sob o ministério do evangelho de nosso Senhor e seus Apóstolos;

Quarta: Há sempre um retorno à pregação bíblica. Deus não envia um verdadeiro

avivamento separado da pregação da verdade. A pregação do erro pode aumentar a

excitação religiosa, mas qualquer avivamento será prejudicado e sua pureza estragada.

A Pregação apostólica estava em contraste com a tradição Judaica. Marque a pregação

de Pedro no dia de Pentecostes e a pregação subsequente dos Apóstolos (Cf. Atos 2:14-

42; 3:1-26; 6:8-10; 14:1; 17:1-5);

Quinta: Sempre existem obstáculos ao avivamento. Estes vêm de dentro das

fileiras dos que professam o Cristianismo na forma de falsos convertidos, motivos

errados, desvio doutrinário, da prática doutrinária e mundanismo. De fato, o avivamento

em si é sempre uma obra mista. Se o diabo não pode parar o avivamento, ele imita e

corrompe-o com falsos convertidos, doutrinas errôneas, práticas e extremos. Os adeptos

do avivamento são considerados entusiastas e perturbadores da tradição religiosa. O

primeiro avivamento evangélico que começou em Pentecostes e seguiu, experimentou

tudo isto: por exemplo, problemas na Igreja de Jerusalém, devido à parcialidade e

negligência de certos membros (Atos 6:1-7), o pecado e a morte de Ananias e Safira

(Atos 5:1-11), a falsa conversão de Simão, o Mago (Atos 8:9-13,18-24) e a heresia dos

Judaizantes (Atos 15:1ss);

Sexta: Sempre existe oposição ao avivamento. Toda obra verdadeira de Deus,

necessariamente, enfrentou oposição espiritual, religiosa, social e muitas vezes política.

Os primeiros cristãos experimentaram a oposição da sociedade (Atos 2:13; 13:44-50;

14:4-5,19-20), dos líderes religiosos (Atos 4:1-22; 5:17-33; 9:1ss) e do governo (Atos

12:1);

Sétima: Existem consequências necessárias e incomum para o avivamento. Tais

consequências podem ser positivas, negativas ou incomuns. Situações ocorreram em

tempos de avivamento que não ocorrem em tempos normais, tais como experiências

espirituais incomuns (Atos 8:26ss; 9:1-11; 10:1-20) ou a conversão dos libertinos

notórios e mesmo os principais inimigos do evangelho. Saulo de Tarso foi o grande

troféu da graça no primeiro avivamento, que, por sua vez, como o Apóstolo Paulo,

tornou-se a principal força do Cristianismo do Novo Testamento (Atos 9:1-18). Durante

os tempos de avivamento há uma ênfase missionária renovada e um grande número de

pessoas que são chamadas para o ministério Cristão.

Embora se deva tomar cuidado com argumentos históricos que podem suplantar

ou ignorar a Escritura, um estudo sobre a história dos avivamentos revela grandes

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movimentos do Espírito de Deus nos primeiros séculos do Cristianismo, a Idade

medieval, a Era da Reforma, dos séculos XVIII e XIX e para o século XX. Muitos

avivamentos testemunham a verdade dos princípios bíblicos primeiro evidenciados no

grande protótipo, exemplo, de avivamento que começou no dia de Pentecostes. Veja a

pergunta 144. Se o avivamento é uma obra soberana de Deus, então ele deve ser pedido

para descer dos céus! Nós estamos orando por avivamento? Por qual tipo de avivamento

deveríamos orar?

144ª Pergunta - Os avivamentos religiosos devem ser esperados nesta era

moderna da história da igreja?

Resposta - Como as realidades do poder Divino, o pecado, a oração, o evangelho

e a salvação permanecem os mesmos, assim os avivamentos religiosos podem ser

esperados como aprouver a Deus conceder os tais.

Atos 3:19. “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados

os vossos pecados, e venham assim,os tempos do refrigério pela presença do

Senhor.”

Veja também: Atos 2:47; 4:4,31; 6:7; 8:5-6; 9:35,42; 10:44; 11:21; 13:2-

4,44; 14:1; 17:4,11-12; 18:8-11; 19:10,20.

COMENTÁRIO

A história do Cristianismo tem ecoado a Era Apostólica com épocas de grandes

avivamentos e despertamentos espirituais. A promessa do Espírito mediante a pregação

de Pedro em Atos 3:19 antecipou esses tempos de avivamento: "Arrependei-vos, pois, e

convertei-vos para que sejam os vossos pecados apagados, e venham assim os tempos

(tempos ou épocas determinados) de refrigério (avivamento) pela presença do Senhor."

Por que nenhum avivamento em nossos dias? As razões podem incluir:

Primeiro: A grande maioria dos Cristãos, professos hoje, não oram pelo

verdadeiro avivamento. Eles parecem ter medo de colocar as suas orações e vidas na

linha em completa submissão e suplicar a Deus para uma efusão de seu Espírito sobre o

ministério da Palavra, sobre as igrejas e por um despertar entre os inconversos. Por quê?

Como se limitam às orações "seguras," ou têm medo de que Deus possa perturbar a

conveniência relativa deles, talvez nunca tenham apanhado a verdade e a visão do

avivamento bíblico e histórico - um Cristianismo verdadeiramente bíblico, santo e

agressivo –

Segundo: estes não esperam o verdadeiro avivamento. Alguns sustentam que

houve uma "era de avivamentos" que durou do XVIII até o início do século XX, e que

esta "era de avivamentos" já terminou. Os tempos, dizem-nos, são muito pecaminosos,

muito secularizados em nossa sociedade "pós-Cristã" por avivamento. Eles falham em

levar em conta o estado horrível das coisas antes dos tempos históricos de avivamento e

despertamento espirituais. Isso foi particularmente verdadeiro nos primeiros séculos do

Cristianismo sob a severa perseguição do estado e também no tempo degenerado antes

do primeiro "Grande Despertar" do século XVIII:

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Terceiro: Estes não acreditam no verdadeiro avivamento. Eles foram seduzidos

pelo moderno "revivalismo," e veem o alegado progresso em termos de atividades e

programas promocionais da igreja. A ideia deles de "avivamento" é uma reunião

evangelística programada. Nós frequentemente somos informados de que estamos

vivendo a fase final da apostasia antes do Segundo Advento e, portanto, não podemos

esperar avivamento.

Finalmente, muitos destes não querem o verdadeiro avivamento. Ele

transformaria suas vidas e igrejas, sobrecarregar-lhes-ia com um Cristianismo rigoroso,

santo e bíblico. Também pode haver um grande número de crentes temporários. Um

maior número de falsos professores e escândalos parece ocorrer em épocas de

avivamento. A religião poderia sair de controle, a posição de poder ou de influência

deles em suas igrejas poderiam ser ameaçadas. A pregação poderia levá-los a um estado

de terrível convicção sobre o pecado e as práticas antibíblicas. Muitos querem a

"segurança" do status quo - um Cristianismo nominal. Historicamente, na maioria dos

avivamentos, a salvação veio em grande parte para os membros da igreja não

convertidos, e os novos convertidos foram os mais usados na obra.

A verdade é que Deus envia avivamento e o despertamento espiritual por um

derramamento de Seu Espírito em resposta à oração importuna e a pregação fiel da

verdade. Os avivamentos ocorreram nos piores momentos da história - tempos de

horrível declínio espiritual e moral e desintegração social, em tempos de peste, de fome

e de apostasia. Deus não mudou, os pecadores não mudaram, o evangelho não mudou,

as necessidades espirituais do Cristianismo não mudaram, a oração não mudou e a

pregação fiel e bíblica permanece como os meios ordenados por Deus para converter os

pecadores.

O que mudou? O Cristianismo institucionalizado mudou. A tendência das últimas

décadas tem sido um desvio gradual do Cristianismo tanto bíblico quanto histórico. O

espiritual e doutrinário, em grande parte degenerou para o psicológico. A adoração

reverente em muitas igrejas tem sido deslocada pelo entretenimento. O aconselhamento

substituiu a pregação autorizada e a disciplina piedosa. A verdadeira conversão em

grande parte degenerou em um mero "decisionismo" no pensamento e metodologia de

muitos. Uma pessoa pode continuar a ser uma "crente carnal," vivendo em pecado, e,

contudo, ser considerada como uma verdadeira crente. O revivalismo substituiu o

avivamento. O Emocionalismo (irracionalismo) substituiu a verdadeira espiritualidade

no professo Cristianismo moderno. Igrejas e ministros olham para o mundo com seus

princípios comerciais de sucesso e abordagens pragmáticas ou inovadoras e

condicionam seus ministérios de acordo. Por que buscar a face de Deus em oração por

aquilo que pode ser produzido pelo homem em sua própria força e inovação? Veja as

perguntas 3 e 151.

A pós-modernidade caracteriza tanto a sociedade quanto a religião. O

existencialismo (subjetivismo extremo), o relativismo (a negação da autoridade e dos

absolutos bíblicos), o pluralismo (a negação da exclusividade absoluta do Cristianismo

bíblico) e a desconstrução da linguagem (O texto bíblico não tem um significado

objetivo, e, portanto, nenhuma autoridade. O significado é encontrado somente na

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interpretação do ouvinte) e o questionamento de toda a autoridade tem destripado a

moderna religião evangélica.

Um estudo cuidadoso da história dos avivamentos, no entanto, revela que "as

estações de avivamento da presença do Senhor" (Atos 3:19) ocorreram ao longo da

história do Cristianismo, mesmo durante os seus momentos mais sombrios. Um breve

esboço de alguns avivamentos históricos e despertamentos espirituais deve provar ser

tanto esclarecedor quanto encorajador:

Na Era Apostólica, os avivamentos irromperam em Jerusalém (Atos 2:1ss, 3:1ss;

4:22-31; 6:7), em Samaria (Atos 8:1-6), em Lida e Sarona (Atos 9:32-35), em Antioquia

da Síria (Atos 11:39-24), em Antioquia da Pisídia e em Icônio (Atos 13:13-49; 14:1),

em Tessalônica, Berea e Corinto (Atos 17:1-4,10-12; 18:1-10) e em Éfeso (At 19:1-20).

Apesar da intensa perseguição do Império Romano e, mais tarde, de Roma

eclesiástica, o Cristianismo se espalhou por todo o mundo romano e além. Pelo final do

século II, Tertuliano (c. 160-215) poderia escrever:

Nós somos de ontem, e, contudo, temos preenchido todos os lugares que vos

pertencem - metrópoles, ilhas, castelos, cidades, assembleias, o vosso próprio campo,

vossas tribos, empresas, palácio, senado, fórum. Nós vos deixamos apenas com os

vossos templos. Nós podemos contar os vossos exércitos; nossos números em uma

única província serão maiores.

Ele ainda declarou em sua defesa do Cristianismo o agora famoso ditado, que o

sangue dos Cristãos é a semente da igreja:

Excelentes governadores, vós podeis atormentar, afligir, e maltratar-nos; vossa

maldade coloca a nossa fraqueza em teste, mas vossa crueldade é de nenhum proveito. É

apenas um convite mais forte para levar os outros à nossa persuasão. Quanto mais

formos ceifados, mais brotaremos novamente. O sangue dos Cristãos é semente.

Foi durante esta época que Patrick (c. 387-460) evangelizou a Irlanda e ganhou

milhares de convertidos. Seu ministério foi caracterizado por princípios do Novo

Testamento. Ele viveu, ministrou e morreu a mais de um século antes que o primeiro

missionário Romano (Austin) fosse enviado para os Bretões pelo Papa Gregório, o

Grande (c. 590).

As "Idades Escuras" testemunharam grandes movimentos do Cristianismo

evangélico em oposição à igreja estatal. Embora registros específicos sejam falhos em

algumas áreas, os registros da Igreja de Roma e os fatos conhecidos da história são que

milhões de "hereges" ou separatistas existiam até a época da Reforma Protestante. Entre

os grupos que existiram separados de Roma e mantiveram o essencial do evangelho,

frequentemente sob o nome genérico de "Anabatista," foram os Donatistas, Paulicianos,

Valdenses, Paterinos, os Albigenses do sul da França [o Papa Inocêncio III massacrou

mais de dois milhões], Berengarianos, Bogomili ["Amigos de Deus." A maioria da

nação na Península dos Balcãs foi convertida por volta do século IX], Cátaros

["Puritanos"], Gezaris, Arnoldistas, Petrobrusianos, Os Homens Pobres de Lyons

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[Leonistas], Henricianos, Waldenses [que existiram como um grupo religioso separado

do terceiro para o século XVI], Lollardos, Wycliffites, Os Irmãos Bohemios, Hussitas,

etc. Estes grupos foram considerados heréticos pelos romanistas e foram tanto

caluniados quanto rigorosamente perseguidos. Foi contra os tais que a "Santa

Inquisição" Romanista foi estabelecida pela primeira vez e muitas cruzadas Romanistas

Europeias foram levantadas. Os nomes deles variavam, mas as suas doutrinas eram

geralmente as mesmas e frequentemente existiam entre eles durante toda esta longa era

escura um tratado espiritual e uma proteção mútua. Alguns Waldenses juntaram-se com

Calvino na Reforma e se tornaram os perseguidos Huguenotes da França. A Reforma

Protestante do século XVI, apesar de suas ações políticas e militares, foi também uma

época de avivamento e despertamento espiritual. Uma série de desperta mentos

espirituais, especialmente pela obra dos reformadores Batistas e Mennonitas, ocorreu na

Holanda, no século XVI. Milhares de pessoas foram convertidas e muitas martirizadas.

O avivamento na Irlanda do Norte em 1625 foi descrito como "um dos

derramamentos registrado mais notáveis do Espírito.", ajudou a tornar a Irlanda do

Norte, uma fortaleza protestante arrancada da Igreja de Roma. Pregadores vieram da

Escócia para pregar o evangelho e evangelizar. A sociedade inteira foi transformada

pelos efeitos do evangelho. Este despertamento espiritual foi declarado por um

contemporâneo de "ter sido uma das maiores manifestações do Espírito, e um dos

momentos mais solenes de derramamento já foi visto quase que desde os dias dos

Apóstolos."

Um avivamento Escocês, pejorativamente chamado de a "Doença de Stewarton,"

continuou por vários anos, durante os tempos de perseguição sob o reinado de Carlos I.

O avivamento Kirk O'Shotts na Escócia em 1630 contou com mais de quinhentos

convertidos em um único sermão pregado por John Livingston.

O avivamento Kidderminster estendeu cerca de 1641 a 1660, unindo o tempo da

Reforma ao fim da era dominada pelos Puritanos. Este avivamento ocorreu sob o

ministério pastoral de Richard Baxter. Os registros são escassos, mas uma obra evidente

de Deus teve lugar entre algumas tribos nativas americanas durante a época de John

Eliot (c. 1674), um ministro e missionário da Nova Inglaterra, e também no Vinhedo de

Martha sob os ministérios dos Mayhews.

1662-1688 viu o início do movimento Pietista na Alemanha sob Jacob Spener e

August Herman Francke entre os alunos na Universidade de Halle. Este avivamento se

espalhou por toda a Europa, e deu ímpeto aos Morávios posteriores. Estes avivamentos

foram caracterizados por uma grande ênfase sobre o Cristianismo prático e viver

piedoso.

A "Grande Expulsão" de 1662 deixou a maioria das igrejas inglesas desprovidas

de ministros piedosos e fiéis. No ano de 1665, Londres e arredores foram devastados

com uma grande praga. Muitos fugiram da cidade, incluindo o clero conformista.

Muitos pastores não conformistas e pregadores reentraram em Londres apesar da

proibição e ministraram aos doentes e moribundos e pregaram às multidões. Um

avivamento espiritual geral ocorreu naquele ano de extremidade quando multidões

estavam atingidas e morrendo, milhares foram convertidos.

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O avivamento da Morávia no Distrito von Zinzindorf (c. 1724) levou a um

despertamento espiritual que se espalhou por toda a Alemanha até as Ilhas Britânicas e

eventualmente para as Américas.

Antes do Primeiro "Grande Avivamento," sob a pregação de Edwards e

Whitefield, ocorreu uma série de despertamentos ou avivamento na Nova Inglaterra

como precursores dessa grande obra que viria a seguir. Esse avivamento ocorreu em

1705 por meio da oração e do jejum de várias sociedades religiosas. Jonathan Edwards

menciona os primeiros avivamentos em 1712, 1718 e 1721, tanto em Massachusetts

quanto em Nova Jersey. Outro avivamento ocorreu cerca 1727. A maior série de

avivamentos ou despertamentos espirituais ocorreram sob o ministério de Theodore

Freylinghuysen, um pastor Holandês Reformado e evangelista, na área de Nova Jersey

na década de 1720.

Este "Grande Despertamento" começou primeiro com a pregação de Jonathan

Edwards em Northhampton, Massachusetts, em 1734. Embora apenas alguns trezentos

fossem convertidos no primeiro ano, todo o teor moral e religioso da cidade foi

transformado. Juntamente a pregação de George Whitefield, que viajou por todas as

colônias, e homens como William e Gilbert Tennent, todas as Colônias testemunharam

momentos de avivamento e despertamento espiritual. Houve um despertar espiritual

entre os nativos americanos sob o ministério seráfico de David Brainerd nos anos 1743-

1747. Avivamento também estava ocorrendo na Grã-Bretanha sob a pregação de

Whitefield (c. 1738), Howell Harris, John Cennick, os Wesleys e uma série de outros

homens. O próprio clima e o caráter do mundo de fala Inglesa foram alterados e a

sociedade elevados espiritual, moral e socialmente, como resultado desta grande revolta

espiritual. Um grande avivamento eclodiu antes de Whitefield ter chegado à Escócia,

em Cambuslang, sob a pregação de William M'Culloch e outros, que tinham sido

estimulados pelas contas do avivamento na América escrito por Jonathan Edwards. Os

batistas estavam grandemente envolvidos no Grande Despertamento, e em muitos

avivamentos desta época.

O segundo "Grande Despertamento" (c. 1793-1840) ocorreu na Nova Inglaterra

por uma variedade de ministros e evangelistas enviados por Deus, tal como Asael

Nettleton. Por volta de 1832, a América quase pôde ser realmente chamada de a "Nação

Cristã," devido ao vasto número de convertidos e igrejas.

Nos anos de 1854 a 1855 C. H. Spurgeon, um Batista Calvinista, e sua

congregação em New Street Park em Londres testemunhou um poderoso derramamento

do Espírito, que continuou mais ou menos em todo o seu ministério inteiro de trinta

anos.

1857-1858 O Avivamento da Rua Fulton, conhecido como "O Grande

Avivamento de Oração," que começou na Metrópole de Nova York, se espalhou pelos

Estados Unidos, em questão de meses. Este despertamento espiritual mais tarde se

espalhou pela Irlanda do Norte e, em seguida, em toda a Escócia e para baixo na

Inglaterra e País de Gales como o "Grande Avivamento Evangélico de 1859." Houve

uma série de grandes avivamentos durante a guerra entre os Estados (1861-1865),

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especialmente entre os dos Exércitos do Sul. De fato, durante o século XIX,

avivamentos e despertamentos espirituais ocorreram na maioria dos países do mundo.

Alguns avivamentos, como o Avivamento Welsh (Gales) de 1904, circundou o mundo

dentro de uma década, afetando o continente africano e, posteriormente, parte da Ásia.

A década de 1920 testemunhou o Avivamento Fisher Folk e o Avivamento

Anglian do Leste na Escócia e Inglaterra do Norte. De 1949 a 1952 uma série de

avivamentos veio até a Ilha de Lewis na costa Escocesa. Avivamentos localizados têm

ocorrido em vários países até nossos dias atuais. Existem alguns registros de

avivamentos em: Madagascar (c. 1927-1936), na Hungria, nos Países Bálticos e

Escandinávia (1930). Avivamentos ocorreram no Canadá, Estados Unidos, Nova

Zelândia, Austrália e África do Sul (1930), na China (1935), em Madagascar (1946), na

Coréia (1949), no Congo (1950), em várias universidades americanas (1949, 1970,

1995), na Índia (1951). Um despertamento no Brasil (1952).

Este é apenas um breve e muito incompleto esboço daquilo que o Senhor tem tido

o prazer de fazer em enviar tais estações do avivamento. É a incredulidade, uma

abordagem em revivalismo centrada no homem, a falta de oração fervorosa e

perseverante e de um retorno à pregação bíblica, fervente e fiel do evangelho (Atos

14:1; 1 Coríntios 2:4-5; 1 Tessalonicenses 2:13), que são o cerne do problema. Se nós

acreditarmos que o "avivamento vem dos céus," e buscarmos a Deus em oração até que

Ele envie o Seu Espírito para animar e converter, então temos razão para esperar

avivamento. De fato, esta era do Evangelho não finalizará em um momento de

despertamento espiritual com a conversão dos Judeus? (Romanos 11). Oremos até que

Deus responda em poder e bênção!

145ª Pergunta - Quais são os dois precursores bíblicos e históricos para o

avivamento e o despertamento espiritual?

Resposta - Os dois precursores bíblicos e históricos para o avivamento e

despertamento espiritual são a oração fervorosa e importuna e a pregação bíblica fiel.

Atos 1:14. “Todos estes perseveravam unanimemente em oração e

súplicas...”

Atos 2:41-42. 41”De sorte que foram batizados os que de bom grado

receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas, 42

E

perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas

orações.”

Atos 4:31. “E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e

todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de

Deus.”

1 Coríntios 2:4-5. 4”

E a minha palavra, e a minha pregação, não consistiram

em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e

de poder; 5para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no

poder de Deus.”

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Veja também: Lucas 11:1-13; Atos 1:4-5,8; 3:19; 9:31-35; 13:42-49; 14:1;

17:1-4,10-12; 18:8-11; 19:8-20; 1 Tessalonicenses 5:17; Hebreus 4:14-16; Tiago

5:16-18.

COMENTÁRIO

Escriturística e historicamente, Deus usou duas coisas no avivamento: a oração

importuna e a pregação bíblica (Atos 1-2). Cada avivamento registrado foi precedido

por oração sincera, fervorosa, perseverante, pregação fiel e bíblica.

Tal oração revela uma dependência total de Deus, e Ele é glorificado em

responder tal oração. Nós devemos orar por tempos de avivamento e estações espirituais

de refrigério pela presença do Senhor (Atos 3:19). Precisamos orar para que Deus

capacite a pregação do evangelho (1 Coríntios. 2:4-5). A grande necessidade de nosso

dia não é mais dinheiro, programas, abordagens pragmáticas e inovadoras para a obra de

Deus, que usam os métodos do mundo e buscam aclamação dele. Precisamos de um

derramamento do Espírito de Deus que habilite a pregação, santifique o povo de Deus, e

uma dependência total de Deus para a Sua intervenção. Isto rende glória a Ele. Que o

Senhor possa impressionar o Seu povo a orar fervorosamente até que a bênção desejada

seja concedida. E o testemunho da Escritura e o eco da história eclesiástica ao longo dos

tempos carreguem amplo testemunho desses "tempos de refrigério pela presença do

Senhor."

Em nossos dias modernos, o homem se vê como capaz, autônomo e de posse das

habilidades necessárias para produzir os efeitos religiosos e o sucesso sem estar de todo

comprometido com Deus e Sua Palavra ou piedosamente em estilo de vida. A própria

ideia da oração por uma obra soberana de Deus em um derramamento de Seu Espírito é

estranho para a moderna mente religiosa. Que o Senhor de todo o poder e toda a graça

possa enviar sobre nós o espírito de oração e um desejo insaciável por essa bênção do

avivamento que só Ele pode dar!

A pregação bíblica, intransigente, autorizada e compassiva, tem aparentemente

caído sobre dias maus. A tendência é de programas, entretenimento, psicologia e música

contemporânea, em vez de hinos de adoração que honram a Deus. A pregação ideal e

verdadeira precisa de uma atmosfera reverente e a congregação precisa estar inclinada

com um sentido consciente da presença de Deus ou elevada no verdadeiro louvor. No

entanto, quando Deus envia um derramamento de seu Espírito, Ele levantará homens

que são chamados por Deus, que honram a Deus, homens que proclamarão a Palavra de

Deus sem compromisso (Marcos 9:37-38; Lucas 10:2). Este será um momento de

avivamento e despertamento espiritual! Você está aflito por avivamento? Ore para que

Deus derrame Seu Espírito sobre Seu povo e Suas igrejas!

IX

A IGREJA E AS ORDENANÇAS

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A doutrina da Igreja é chamada Eclesiologia, a forma latinizada do termo Gr.

ekklēsia, que significa uma assembleia reunida. Esta área da verdade inclui a natureza, o

governo e os distintivos da igreja e suas ordenanças. Infelizmente, muitos consideram

que a doutrina da igreja é nebulosa, e tem se tornado muito pragmática e inovadora com

relação à igreja, sua identidade, natureza e função. Esta área da doutrina nunca deve ser

considerada como menos importante do que outros aspectos da verdade bíblica. O

padrão inspirado conforme estabelecido no Novo Testamento deve ser obrigatório para

todos os crentes. Tal como as demais áreas da verdade bíblica, nós somos obedientes ou

desobedientes às Escrituras. Existe uma grande variedade de visões, mesmo entre os

Cristãos supostamente bíblicos, sobre todos os aspectos deste assunto. Assim, cabe ao

crente ser escrituristicamente cauteloso nesta doutrina.

146ª Pergunta - O que significa a palavra "igreja"?

Resposta - A palavra "igreja" significa uma assembleia reunida.

Atos 11:26. “E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja, e

ensinaram muita gente; e em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez,

chamados cristãos.”

Efésios 3:21. “A esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as

gerações, para todo o sempre. Amém.”

Veja também: Mateus 18:15-17; Atos 7:38; Atos 19:32,37,39,41; 1

Coríntios 1:2; 11:18-20; Colossenses 4.15; Filemom 2.

O termo Gr. ekklēsia ocorre 114-115 vezes no Novo Testamento e é traduzido

como "igreja" ou "assembleia." Em Atos 7:38, refere-se à congregação de Israel no

deserto, e em Atos 19:37, a palavra adequada é "sacrílegos" [hierosulous] não "igrejas."

Ekklēsia denota uma assembleia, uma congregação de gente. Nunca indica um edifício.

Na Septuaginta [Antigo Testamento Grego, c. 246 aC], a palavra é a tradução do

Hebraico qahal, que também denota uma congregação ou assembleia. Este conceito de

uma assembleia é refletido em tais termos como o Espanhol Iglesia e o Francês l'Eglise.

A palavra Inglesa "igreja" (church) foi derivado de um termo Gr. [kuriakou ou

kuriakon] que denotava um edifício "de ou pertencente ao Senhor [Kurios]," usado

quando as primeiras casas de reuniões Cristãs existiram no final do século III AD. Este

uso posterior é reconhecível no Escocês Kirk e o Alemão Kirche. Assim, existe uma

certa confusão sobre o termo Inglês "igreja," (church) que tradicional e variadamente

significava uma congregação, um edifício, uma denominação, um sistema eclesiástico, o

agregado de todos os verdadeiros crentes em união mística com Cristo ou a totalidade

do Cristianismo em toda a história.

Alguns sustentam o conceito de uma "igreja universal invisível" composta de

todos os eleitos de todas as idades, ou pelo menos de todos os crentes vivos em todo o

mundo em qualquer dado momento. Esse conceito da igreja se confunde com o Reino

de Deus. Tal entidade, é claro, nunca reunida, não é propriamente uma assembleia, não

possui nenhum dos atributos de uma igreja, e, portanto, não pode realmente ser

chamado de uma "igreja" [ekklēsia, ou assembleia reunida]. É antes, um conceito

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espiritual e abrangente da mística (espiritual) união de todos os verdadeiros crentes com

o Senhor Jesus Cristo, e não encontra eclesiasticamente qualquer expressão concreta,

exceto em uma assembleia local ou reunida (1 Coríntios 12:27. O artigo definido "o"

antes da palavra "corpo" deve ser omitido). A ideia de uma "igreja universal invisível,"

no entanto, é difundida no pensamento Cristão, e é evidente tanto para o pensamento

Reformado quanto Dispensacional. Os reformadores do século XVI, reagindo contra a

ideia Romanista de uma "igreja universal visível," estabelecendo suas próprias igrejas

estatais com um padrão semelhante, e entendimento de que nem todos os que professam

Cristo foram verdadeiramente convertidos, desenvolveram a ideia de uma igreja tanto

"visível" quanto "invisível." A primeira era composta por crentes e não crentes; esta

última apenas por verdadeiros crentes. Alguns sustentam que esta teoria deriva da

filosofia Gnóstica Neoplatônica que viu o mundo visível como o reflexo imperfeito do

perfeito mundo invisível, ou seja, o mundo das “ideias” de Platão.

Mas e àquelas passagens onde "a igreja" é referida em um sentido abstrato (por

exemplo: 1 Coríntios 10:32; Efésios 3:10-21; Colossenses 1:18)? Isto não se refere ao

conjunto de todos os crentes verdadeiros que estão em união com Cristo como seu

"corpo místico"? "A Única Igreja Verdadeira"? Nós preferimos uma outra interpretação,

que é consoante com todos os usos do termo "igreja" no Novo Testamento:

Primeiro: O uso local ou concreto de "igreja," referindo-se a qualquer assembleia

de crentes biblicamente batizados;

Segundo: O uso abstrato, genérico ou institucional do termo. Uma ilustração

comum é o de "o júri," referindo-se não a qualquer júri particular, mas à instituição

desta entidade legal no sistema judicial. Quando tal utilização encontra a expressão

concreta, é um júri local, visível. Este mesmo princípio se manteria verdadeiro para

aquelas declarações que são usadas frequentemente para se referir à "igreja universal

invisível." Nós preferimos classificar estas como o uso "institucional" da palavra

"igreja," que encontra expressão concreta na assembleia local;

Terceiro: O uso escatológico do termo "igreja," referindo-se "a assembleia geral

[panēguris, o ajuntamento festivo de todo um grupo, nação ou país] e a igreja (ekklēsia)

dos primogênitos," que está em processo de ser reunida no céu. Quando todos os eleitos

forem reunidos de todas as idades, eles compreenderão a igreja [panēguris] na glória,

totalmente reunida pela primeira vez (Efésios 5:27; Hebreus 12:22-23; Apocalipse

21:2). Este uso triplo responde de forma coerente a cada uso do termo "igreja" no Novo

Testamento sem violar a gramática ou a doutrina - ou o significado e uso bíblico de

qahal do Velho Testamento e de ekklēsia do Novo Testamento.

O significado e a história da igreja não são autointerpretados. O Novo Testamento

é o padrão e, portanto, o significado e a história da igreja devem ser interpretados à luz

do Novo Testamento.

147ª Pergunta - O que é uma igreja Neotestamentária ou igreja evangélica?

Resposta - Uma igreja Neotestamentária ou igreja evangélica é uma igreja

caracterizada pelos distintivos do Novo Testamento e do Evangelho.

Atos 2:41-42,47. 41”

De sorte que foram batizados os que de bom grado

receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas, 42

E

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perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas

orações. 47

Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias

acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.”

Veja também: Mateus 28.18-20; Atos 2:36-47; 13:1; 20:17; 1 Coríntios

1:2; Efésios 3:3-10; Colossenses 4.15; 1 Tessalonicenses 1:1; 1 Timóteo 3:15;

Filemom 2; Apocalipse 2:1.

COMENTÁRIO

A igreja é uma instituição Neotestamentária. Foi um "mistério" oculto no

propósito redentor de Deus até a economia do evangelho e a inclusão dos gentios

(Efésios 2:11-22; 3:1-10). As igrejas do Novo Testamento eram igrejas evangélicas, ou

seja, elas estavam reunidas, ligadas e caracterizadas pelo evangelho, e assim compostas

de crentes batizados (Mateus 28:18-20). Apesar de algumas igrejas terem excessos,

inconsistências ou divergências da verdade, se estes não se tornassem desfigurações

permanentes ou desvios, estas igrejas permaneceriam igrejas Neotestamentárias em

doutrina e prática. O princípio regente deve ser: na medida em que a igreja mantém a

verdade do Novo Testamento - nessa medida, é uma igreja Neotestamentária.

Reciprocamente, na medida em que a igreja se desvia da verdade do Novo Testamento -

nessa medida, ela deixa de ser uma igreja Neotestamentária. Em outras palavras, cada

igreja Neotestamentária tem uma relação imediata com o Novo Testamento quanto à

doutrina e prática.

Existem várias opiniões sobre a identidade e natureza da igreja. O Catolicismo

Romano ensina que a igreja é composta de seus fiéis seguidores em todo o mundo desde

o início até o fim dos tempos. Esta "igreja universal visível" encontra expressão

concreta pela sua hierarquia eclesiástica dos papas, cardeais, bispos e padres. Seu

sacerdotalismo [função sacerdotal] é expressa por meio dos sete sacramentos - Batismo,

Crisma, Eucaristia, Penitência, Extrema Unção, Santa Ordem e Matrimônio.

Muitos outros sustentam que a igreja deve ser vista em um sentido

denominacional ou nacional. Estes geralmente possuem a dicotomia de uma igreja

"visível" e "invisível" por necessidade. Estes e outros costumam considerar que a igreja

existia no Velho Testamento. Isto eles denominam "a Igreja Judaica." A única

referência relevante é Atos 7:38, que se refere a Israel como uma assembleia

(congregação) reunida durante a peregrinação no deserto. A ideia de uma "Igreja do

Velho Testamento" é essencial para aqueles que padronizariam a igreja do Novo

Testamento segundo a do o Velho Testamento, e veriam a Igreja do Novo Testamento

como uma continuação da "Igreja do Antigo Testamento." Isto seria fundamental para o

argumento de que a Aliança Abraâmica é idêntica à Aliança da Graça, que o batismo

substituiu a circuncisão, e a Ceia do Senhor substituiu a Páscoa.

Outros sustentam que a igreja foi formada no Dia de Pentecostes, e denominam

"O Nascimento da Igreja." Um estudo minucioso do Novo Testamento revela que a

igreja como instituição, que teve a sua expressão concreta na assembleia de Jerusalém,

existiu como uma entidade distinta antes de Pentecostes (Atos 1) durante o ministério

terreno de nosso Senhor. Nosso Senhor e os seus discípulos possuíam todos os

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elementos essenciais de uma igreja anterior ao Pentecostes: Eles tinham o Evangelho

(Marcos 16:15; Mateus 28:18-20), eram convertidos (João 6,67-69). foram batizados

(Mateus 3:6; Atos 1:22). (Tem sido contestado com base em Atos 19:1-7 que o batismo

de João não era o batismo Cristão. Deve-se notar que João batizou somente para o

arrependido de (e neste contexto de sua missão, converteu) indivíduos. Seu batismo foi

o único batismo que o Senhor ou seus discípulos já receberam. Com referência a Atos

19:1-7 deve ser lembrado que cada mensagem registrada de João enfatizava o ministério

do Espírito Santo. (Veja Mateus 3:1-3,7-12; Marcos 1:1-8; Lucas 3:2-18; João 1:32-33).

Além disso, o ministério de João foi a entrada marcada para o Novo Testamento, ou

dispensação do evangelho (Atos 1:21-22). Se estes homens em Éfeso tivessem estado

sob o ministério de João o tempo suficiente para ter ouvido sua mensagem e se tornado

seus convertidos, eles teriam sido ensinados a respeito do Espírito Santo. É uma

conclusão válida que João não os batizou). Eles eram funcionais (Atos 1:12-26).

Além disso, eles tinham o Senhor Jesus Cristo como seu cabeça (Mateus 23:8),

tinham a disciplina da igreja (Mateus 18:15-17), foram ordenados (Mateus 10:1-5; João

15:16), tiveram a própria comissão (Mateus 28:18-20; Marcos 16:15), eram

suficientemente organizados para as suas necessidades. Cristo foi o Cabeça e Professor

deles. Eles tinham um tesoureiro (João 12:4-6; 13:27-29), eram missionários na

comissão e no caráter (Mateus 10:1-5; 28:18-20; Marcos 16,15; Lucas 24:46-47),

tinham um ministério de ensino (Mateus 28:18-20; João 21:15-17), tinham autoridade

Divina (Mateus 28:18-20; João 20:21-22), possuíam as essências da vida na igreja

(Mateus 28:19-20), tinham pastores qualificados (João 15:16; João 21:15-17),

observavam a Ceia do Senhor (Mateus 26:26-28), possuíam o Espírito Santo (João

20:22), mantinham reuniões de oração (Atos 1:12-14), tinham uma membresia da igreja

definida (Atos 1:15) (O texto implica um rol de membros definido, uma membresia da

igreja organizada). Eles realizavam uma reunião de negócios (Atos 1:15-26), que era a

vontade de Deus, como as declarações posteriores revelam, ou seja, o Espírito ordenou

que Matias fosse contado com os Doze originais (Atos 2:14; 6:2).

Qual era, então, o significado de Pentecostes? No dia de Pentecostes, o Espírito

Santo de forma visível e audível credenciou a igreja já existente como a instituição

ordenada por Deus para esta economia do evangelho (Atos 2:1-21), assim como o

Tabernáculo (Êxodo 40) e o Templo de Salomão (2 Reis 8) tinha sido credenciados por

suas respectivas eras pela Shekinah ou presença visível e poder de Deus. Com este

credenciamento e capacitação, a igreja como uma instituição estava equipada e pronta

para evangelizar o mundo (Atos 1:4-5,8; 4:8,31; 7:55; 9:17; 10:44-45; 11:24; 13:2-4).

Veja a pergunta 84 para uma discussão aprofundada tanto do batismo do Espírito quanto

do Pentecostes.

Nós somos fiéis ao conceito bíblico da assembleia reunida? Estamos em

comunhão com e fiel a Deus por meio de uma igreja local?

148ª Pergunta - Qual é a distinção entre a igreja e o Reino?

Resposta - A igreja e o Reino não são sinônimos nem coextensivos. A igreja é

uma instituição dentro da maior entidade do Reino.

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João 3:3. “Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que

aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.”

1 Coríntios 12:27. “Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em

particular.”

Nota: Mateus usa o termo "Reino dos céus" dezenove vezes. Estas referências

ocorrem todas também em passagens paralelas aos outros registros do evangelho. Em

cada caso, o termo é alterado nestas passagens paralelas ao "Reino de Deus," o que faz

destes dois sinônimos.

COMENTÁRIO

Ambas as teologias Romana e Protestante confundem "a Igreja," sejam visíveis ou

invisíveis, com o "Reino de Deus" ou "Reino dos céus" e "Reino de Cristo." Um estudo

minucioso revelará que estes três últimos são termos sinônimos, em última instância. O

Romanismo erra em ver a igreja como uma entidade universal visível, coextensiva com

o Estado e sua contraparte espiritual. Se "a igreja" e "o reino" são sinônimos e

coextensivos, então se alguém não está na "igreja verdadeira," ele está excluído do

Reino e, portanto, não salvo.

O Protestantismo erra em acreditar que a igreja seja composta de salvos e não

salvos em seu aspecto "visível," assim, identificando-a com as parábolas do Reino (que

enfatizam a natureza mista do Reino para o bom e o mau), ou recuando para a "igreja

universal invisível" sinônimo de um Reino espiritual composto apenas dos

verdadeiramente regenerados. A essência de todo esse erro é encontrada em um desvio

radical do uso do termo "igreja" [ekklēsia] do Novo Testamento. Veja a pergunta 146.

A igreja Neotestamentária e o Reino de Deus estão intimamente relacionados,

contudo, são distintos. Um estudo aprofundado revelará que o Reino de Deus é um

termo abrangente para o governo soberano de Deus e a esfera sobre a qual este governo

se estende. Escrituristicamente, o Reino tem aspectos passados (proféticos), presentes

(históricos) e futuros (escatológicos). Assim, o Reino de Deus é universal e inclui todos

os crentes. Também inclui uma esfera na qual o poder do governo Divino é

experimentado. Estas qualidades levaram alguns a confundir o Reino com a igreja.

As distinções entre o Reino de Deus e a igreja Neotestamentária podem ser vistas

por contraste. Os homens "veem" e "entram no" Reino de Deus pela regeneração. Isto

está totalmente separado de qualquer conexão direta com uma igreja, mas está

relacionado com a graça soberana e poder de Deus em sua realização (João 3:3,5). A

entrada em uma igreja Neotestamentária está sobre os pré-requisitos escriturísticos da

conversão, do batismo e do voto da igreja (Atos 2:41). O Reino é universal; a igreja é

necessariamente local, [isto é, um corpo, uma assembleia, uma congregação. Essa

linguagem seria totalmente estranha em referência ao Reino de Deus]. O reino é uma

monarquia; a igreja é uma democracia sob a liderança de Jesus Cristo e do governo de

sua Palavra. Existe um evangelho do Reino (Mateus 9:35), mas nunca um evangelho da

igreja. O Reino é uma entidade não observável indistinta (Lucas 17:20-21), a igreja é

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observável e totalmente distinta em todas as suas características (por exemplo:

membresia, liderança, ordenanças, ministérios, etc.) Veja a pergunta 147.

O Reino de Deus é a obra inclusiva, abrangente, soberana e redentora de Deus no

mundo; a igreja é um organismo dentro deste Reino, proclamando a Sua mensagem e

promovendo o Seu avanço, assim como ela foi comissionada (Mateus 16:18-19; Atos

19:8; 20:24-25; 28:23,31; Colossenses 4:11; 1 Tessalonicenses 2:12; 2 Tessalonicenses

1:4-5). O Reino de Deus será progressivamente manifesto até que seja totalmente

abrangente em Seu âmbito revelado ou experimental, encontrando Sua conclusão final

em encher o mundo e nos "novos céus e terra" (Daniel 7:13-14; 1 Coríntios 15:24-28; 2

Pedro 3:13; Apocalipse 11:15; 19:6; 21:1). A igreja Neotestamentária como uma

instituição vai acabar com esta economia, encontrando o seu cumprimento na igreja

gloriosa (Efésios 3:20-21; Hebreus 12:22-23). Assim, a igreja está contida dentro do

Reino, mas o Reino não está contido dentro da igreja nem é equivalente a ela. Tal

contraste distingue manifestamente entre o Reino e a igreja, e não oferece qualquer

fundamento adequado para uma teoria da "igreja universal invisível."

Deve ser notado na história da igreja que quando ela e o Reino são considerados

sinônimos, existem implicações políticas, sociais e militares inevitáveis. Ambos o

Catolicismo e o Protestantismo, historicamente recorreram ao poder político e até

mesmo à espada para fazer valer os seus ditames e defender a suas causas (Cf. 2

Coríntios 10:3-5).

149ª Pergunta - Sempre existiram igrejas Neotestamentárias desde o ministério

terreno de nosso Senhor até os dias de hoje?

Resposta - A promessa de nosso Senhor e do testemunho da história é que as

igrejas Neotestamentárias já tiveram uma existência contínua desde o ministério terreno

de nosso Senhor até os dias atuais.

Mateus 16:18. “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra

edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”

Mateus 28:20. ...”e eis que eu estou convosco todos os dias, até a

consumação dos séculos. Amém.”

Efésios 3:21. “A esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as

gerações, para todo o sempre. Amém!”

COMENTÁRIO

Deve-se tomar cuidado em dar muito peso aos argumentos históricos sozinhos. O

único padrão de autoridade é a Palavra de Deus. A história, no entanto, pode adicionar

seu testemunho da verdade das Escrituras. Pode-se argumentar de tais afirmações como

Mateus 16:18; 28:20 e Efésios 3:21 que são escriturísticas, ou seja, as igrejas

Neotestamentárias têm existido continuamente desde os dias dos Apóstolos até o

presente momento. Além disso, pode-se historicamente demonstrar que ao longo da

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história do Cristianismo têm existido igrejas evangélicas que acreditavam e continuam e

acreditando nos dois fundamentos básicos da salvação pela graça e, consequentemente,

no batismo do crente. Alguns grupos pré-reforma mantiveram muitos distintivos do

Novo Testamento. A ideia de que a Igreja de Roma era a "Igreja Mãe," e que até a

Reforma Protestante do século XVI outras igrejas não começaram a ser estabelecidas,

simplesmente não é a verdade dos fatos da história.

Considere o seguinte:

Primeiro, todas as igrejas da era do Novo Testamento eram verdadeiras igrejas

Neotestamentárias ou evangélicas, apesar de seus erros. Durante os primeiros séculos,

uma divisão geral tornou-se evidente entre o partido Katholikos, que foi negligente em

sua disciplina de readmitir aqueles que haviam negado a fé sob a perseguição

[traditores] e aqueles que exigiam rigorosa disciplina na igreja. O partido Católico

eventualmente tornou-se a Igreja do Estado sob Constantino e Imperadores

subsequentes (c. terceiro para o sexto século). As igrejas que mantiveram os distintivos

do Novo Testamento foram consideradas cismáticas e foram perseguidas. Estas igrejas

perseguidas foram localizadas do Oriente Médio através da Península dos Balcãs, por

toda a Europa, até os vales do Piemontês, até as montanhas dos Pireneus entre a França

e Espanha, e na Grã-Bretanha;

Segundo: Do segundo século em diante, os grupos evangélicos como os Valdenses

("dos vales") tiveram uma existência continuada nos vales do Piemontês, a noroeste da

Itália e além. Estes continuaram no tempo da Reforma do século XVI. Na Armênia, os

Paulicianos existiram por muitos séculos. Crentes Neotestamentários continuaram a

existir, separados e contrários à Igreja Romanista ao longo desta época inteira. Estes

crentes eram numerados em muitas centenas de milhares de pessoas, tiveram relações

sociais e religiosas comuns, possuíam doutrina e catecismos semelhantes, e seus

pregadores com frequência viajavam livremente entre os vários grupos. Estes foram

variadamente conhecidos como Montanistas, Novacianos, Donatistas, Paulicianos,

Valdois, Paterinos, Albigenses, Berengarianos, Bogomili, Cátaros, Gezari, Arnoldistas,

Petrobrusianos, Os Pobres Homens de Lyons (Leonistas); Henricianos, Valdenses,

Lollardos, Wycliffites, Irmãos Bohemios, Hussitas, etc. O nome genérico mais comum

para muitos deles foi o termo pejorativo "Anabatista," como se pensava que eles

"rebatizavam" seus adeptos, negando a eficácia do batismo da Igreja Romanista Estatal.

Veja a pergunta 144;

Terceiro: Os registros históricos e testemunhos existem, e tanto autores

Romanistas quanto Protestantes, ambos confiáveis, atestam a existência continuada de

um grande número destes grupos e a sua influência contínua desde a antiguidade até o

tempo da Reforma Protestante e além. Foi contra os tais que A Inquisição Romanista foi

estabelecida, e muitas cruzadas foram levantadas contra eles, resultando no massacre de

literalmente milhões durante a Idade Média. Eles foram difamados e acusados de vários

crimes e heresias, mas os fatos da história têm exonerado muitos deles. Embora alguns

destes grupos possam ter sido de perto ou mais remotamente Neotestamentários, em

princípio e na prática, entre eles estavam evidentemente Cristãos e igrejas

Neotestamentários. Existem evidências suficientes ao longo da história para

testemunhar a promessa de Nosso Senhor que a instituição da igreja do Novo

Testamento não seria um fracasso e sua perpetuidade e testemunho seriam mantidos.

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Pelo menos, nunca houve um momento no qual uma igreja Neotestamentária não tenha

fielmente existido. Você está em comunhão com o Senhor e fiel a ele por meio de uma

igreja Neotestamentária escriturística?

150ª Pergunta - Quem é o fundador e fundamento da igreja Neotestamentária?

Resposta - O fundador e fundamento da igreja Neotestamentária é o próprio

Senhor Jesus Cristo.

Mateus 16:18. “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra

edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”

1 Coríntios 3:11. “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que

já está posto, o qual é Jesus Cristo.”

Veja também: Mateus 16:15-23; 1 Coríntios 3:5-15; Efésios 2:19-22.

COMENTÁRIO

O ensino e a tradição Romanista afirmam que a igreja está edificada sobre Pedro,

o "primeiro papa," e seus sucessores pela "Sucessão Apostólica." Os fatos das Escrituras

e o testemunho da história desacreditam totalmente tal visão. Não existe absolutamente

qualquer fundamento para qualquer "Sucessão Apostólica" por meio de uma linha de

bispos Romanistas e a comunicação do Espírito Santo. Isto segue a tradição Romanista

de que Pedro recebeu as chaves do Reino e poder de ligar e desligar as coisas no céu e

na terra (Mateus 16:19). Esta declaração, com duas construções perifrásticas passivas

perfeitas, deve ser lida: "E eu te darei as chaves do Reino dos céus, e tudo o que ligares

na terra já foram ligados nos céus, e tudo o que tu desligares na terra já terá sido

desligados nos céus." Esta é obediência, e não prerrogativa papal. Nosso Senhor depois

repreende Pedro por sua admoestação e tentativa de correção, afirmando que ele estava

sob a influência imediata de satanás (Mateus 16:21-23). Veja a pergunta 131. Pedro

supostamente se mudou para Roma após a reunião de Jerusalém (Atos 15) para se tornar

Bispo lá por vinte e cinco anos antes de seu martírio. Estranhamente, Paulo nunca o

menciona em sua Epístola Romana (Romanos 16). Pedro estava, em sua vida posterior,

ministrando em "Babilônia" (1 Pedro 5:13), a não ser que o local era figurado para

Roma - uma admissão insustentável para a doutrina e tradição Romanista (Apocalipse

17:1-7).

Outros sustentam que a Igreja está edificada sobre a confissão de fé de Pedro.

Mateus 16:18 deve ser cuidadosamente observado: "Pois eu também te digo que tu és

Pedro [petros, um seixo, uma rocha ou uma pedra], e sobre esta pedra [petra, um estrato

de rocha sólida, alicerce] edificarei a minha igreja..." Nós sustentamos que a referência

é a o nosso próprio Senhor (1 Coríntios 3:11).

Por o Senhor Jesus Cristo ser o Cabeça e o fundamento da sua igreja, "as portas do

inferno não prevalecerão contra ela." Esta declaração significa que a igreja deve ser

agressiva em sua missão e habilitada pela autoridade Divina. Uma cidade não leva as

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suas portas para a guerra. O reino de satanás deve ser assaltado pelo mandato

missionário agressivo dado à igreja (Mateus 28:18-20; Marcos 16:15; Atos 1:8).

151ª Pergunta - Qual é o propósito de uma igreja Neotestamentária?

Resposta - O propósito de uma igreja Neotestamentário é glorificar a Deus.

1 Coríntios 10:31. “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra

qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.”

Efésios 3:21. “A esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as

gerações, para todo o sempre. Amém.”

Veja também: Romanos 11:33-36; Filipenses 1:27; 1 Pedro 4:11;

Apocalipse 4:11.

COMENTÁRIO

A igreja não existe para o bem, interesse ou conveniência de qualquer dos seus

membros ou da sociedade em geral. Pelo contrário sua existência é para a glória de

Deus em todas as coisas. Deus criou todas as coisas para a sua própria glória, incluindo

sua igreja. Assim, a igreja corporativamente deve buscar a glória de Deus em sua

adoração, obediência, evangelismo, comunhão, ministério, disciplina e amor à verdade.

A igreja deve glorificar a Deus, manifestando sua sabedoria. É por intermédio da

igreja Neotestamentária que Deus designou revelar sua infinita sabedoria aos poderes do

universo (Efésios 3:8-11; 1 Pedro 1:10-12). Neste mundo da humanidade caída,

pecaminosa, rebelde e cega, Apenas na igreja Neotestamentária, a ordem ordenada de

Deus foi mantida (1 Coríntios 11:1-16, esp. v. 2-10; Efésios 3:8-11). O eterno propósito

redentor de Deus que se centra na Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo, é revelado por

meio da instituição e da mensagem de sua igreja.

A igreja deve glorificar a Deus pela reverência em sua adoração. Ela deve ampliar

o Seu nome e regular Sua adoração e vida pública de acordo com a Sua Palavra. O

princípio regulador do culto é que tal adoração é escriturística e reverente em princípio,

conteúdo e expressão. Deve-se adorar O Senhor "na beleza da santidade" (1 Crônicas

16:29-30; Salmos 29:2; 96:9). Aquilo que não é escriturístico em princípio, ou não

reflete o caráter Santo e Susto de Deus, NÃO é adoração que honre a Deus. Muito no

Cristianismo contemporâneo é contrário aos comandos e ao espírito do Cristianismo

bíblico e é simplesmente entretenimento ou cúmplice da carne. Na adoração coletiva, a

pregação deve ter o lugar central (Atos 2:42; Romanos 10:5-15; 1 Coríntios 1:17-18; 2

Timóteo 4:1-5). Veja as Perguntas 3 e 144.

A igreja deve glorificar a Deus defendendo a Sua verdade. A igreja do Novo

Testamento existe como "a coluna e a firmeza da verdade" (1 Timóteo 3:15). Assim, ela

deve ser fiel à doutrina que lhe foi concedida por seu Senhor e por isso deve "batalhar

pela fé que uma vez foi dada aos santos" (Judas 3). A igreja NÃO tem a liberdade de

alterar, modificar, negligenciar, substituir, retirar-se desta ou negar esta verdade, mas

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PRECISA defendê-la. Com base em um falso amor sentimental, em contraste com um

amor escriturístico que reflete o caráter moral de Deus, alguns desdenham e evitam a

controvérsia doutrinária (Romanos 13:8-10; 1 João 4:1; Judas 3). Mas Deus não é

glorificado em um Cristianismo passivo ou em uma falsa paz; Ele é glorificado na

verdade. O Espírito de Deus que habita na igreja e capacita-a é o Espírito da verdade

(João 14:16-17; 15:26; 16:13; 1 João 4:6; 5:6). A Palavra de Deus que é a substância e

única autoridade para a igreja é a Palavra da verdade (João 17:17; Efésios 1:13; Tiago

1:18). O próprio Cabeça e Senhor da Igreja, Jesus Cristo, é a própria verdade (João

14:6). A mensagem do Evangelho é a mensagem da verdade (Gálatas 2:55; Efésios

1:13; 1 Tessalonicenses 2:13). A adoração aceitável a Deus é aquela que é em verdade

(João 4:24). Mesmo a atitude de amor Cristão que os crentes devem imitar e manifestar

NÃO é um amor sentimental, mas um amor caracterizado pela VERDADE (1 Coríntios

13:6; Filipenses 1:9-11; 2 Tessalonicenses 2:10; 2 João 1; 3 João 1,4).

A igreja deve reverenciar, em sua adoração, a VERDADE de Deus, declarar a

VERDADE em Seu ministério, defender a VERDADE em Seu testemunho, ilustrar a

VERDADE em Suas ordenanças, refletir a VERDADE em sua vida e reivindicar a

VERDADE em Sua disciplina. A igreja não pode glorificar a Deus se ela não o fizer

em, por meio e por causa da VERDADE (João 17:17; Efésios 4:11-16; 1 Timóteo 3:15).

A igreja deve glorificar a Deus no evangelismo. É um princípio bíblico de que a

igreja glorifica a Deus pela obediência à Sua Palavra; desobediência traz desonra (1

Coríntios 10:31). O Senhor Jesus Cristo comissionou sua igreja para ser evangelística

por natureza (Mateus 28:18-20; Marcos 16:15; Atos 1:4-8). Assim, qualquer igreja

desonra o Senhor quando ela modifica, negligencia ou repudia esta comissão. Deus não

pretendia que Sua igreja fosse uma das muitas agências sociais, mas uma entidade

espiritual vitalizante na sociedade para a conversão dos homens e mulheres. A igreja

Neotestamentária como instituição na sociedade pode ter ministérios sociais, mas eles

estão inerentemente dentro e nunca divorciados da essência do evangelho. Alguns

desonram a Deus repudiando esta comissão, considerando-a fora de validade, inútil ou

desnecessária na sociedade moderna (por exemplo: o "modernismo" com o seu

evangelho social). Quando a igreja perde seus distintivos espirituais, ela deixa de ser

uma igreja Neotestamentária. O evangelismo com o motivo apropriado - a glória de

Deus - deve expressar-se em todos os aspectos da vida da igreja.

A igreja deve glorificar a Deus na edificação. A palavra "edificar" significa

instruir, melhorar ou construir espiritualmente. O Novo Testamento ensina que Deus é

glorificado quando Sua Palavra é obedecida na edificação da igreja. (Mateus 28:18-20;

Atos 2:42, 46-47; 1 Coríntios 10:31; 12:12-17; Efésios 4:7-16). O ministério da

pregação e ensino da igreja é para edificação, e assim é a comunhão dentro da

assembleia. A base da comunhão da igreja não é meramente social, mas espiritual e

doutrinária. Deve ser a Palavra de Deus e o Espírito de Deus que juntos ligam a

assembleia. A verdadeira comunhão, portanto, deve ser edificante e trazer glória a Deus.

Nós estamos buscando glorificar a Deus nestas questões?

152ª Pergunta - Qual é o poder de uma igreja Neotestamentária?

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Resposta - O poder de uma igreja Neotestamentária é espiritual, moral, ético e

social, e não político, civil ou militar.

Atos 1:8. Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre

vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e

Samaria, e até aos confins da terra.

2 Coríntios 10:3-5. 3Porque, andando na carne, não militamos segundo a

carne. 4Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em

Deus para destruição das fortalezas; 5Destruindo os conselhos, e toda a altivez que

se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à

obediência de Cristo,

Veja também: Mateus 28:18-20; Marcos 12:13-17; João 18:36; Romanos

12:17-21; 1 Coríntios 2:1-5; 1 Timóteo 2:1-2; 1 Pedro 2:9-20.

COMENTÁRIO

A igreja Neotestamentária possui poder ou autoridade derivada do Senhor Jesus

Cristo por meio da sua Palavra e comunicada pelo Espírito Santo (Mateus 16:18-19;

28:18-20; Atos 1:4-8; 2:1-4; 4:29-33; 5:12-16; Romanos 1:16-17; 1 Coríntios 5:1-5;

6:1-8). Tal poder ou autoridade é espiritual, moral, ético e social; nunca civil, político

ou militar. A igreja como uma instituição, por intermédio da pregação do evangelho, do

poder do Espírito, da autoridade das Escrituras, pela conversão dos pecadores, e as vidas

de seus membros, está habilitada para transformar a vida dos outros e também trazer um

forte princípio ético e moral para a sociedade como o "sal da terra" e "luz do mundo"

(Mateus 5:13-14; 1 Coríntios 2:4-5; 6:9-11).

O princípio Neotestamentário de uma assembleia regenerada em uma sociedade

composta, isto é, uma sociedade composta de vários elementos religiosos e sociais tão

distintos de uma sociedade monolítica ou sacra mantidos juntos por uma lealdade

religiosa comum que exige conformidade total, tem sido historicamente rejeitado ou

resistido pelo Romanismo e pelo Protestantismo tradicional. A principal razão para o

uso do estado, da força magistrada civil ou militar para fins religiosos foi a identificação

da Igreja com o Reino, e a manifestação daquele Reino entre os homens. Veja a

pergunta 148. Sempre foi muito fácil substituir o poder civil ou militar pelo poder

espiritual. O zelo religioso facilmente se torna coercivo quando a oportunidade é

apresentada e as salvaguardas das Escrituras são ignoradas.

A igreja pode envolver-se em assuntos sociais? Sim, mas somente se ela fizer isso

com uma ênfase evangélica. Deus não chamou a igreja para limpar a sociedade não

regenerada, mas para manter-se distinta dela. Ela existe como uma subcultura espiritual

dentro de uma dada sociedade. O poder espiritual, moral e ético da igreja é o que dá a

ela o direito e influência adequada na sociedade (1 Timóteo 2:1-4). Em tempos de

avivamento, o clima moral da sociedade foi bastante melhorado e aumentado, e as

instituições sociais têm sido geradas pelos esforços de pessoas piedosas. Veja a

pergunta 144.

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Deve ser necessariamente feita uma distinção entre a igreja e o Cristão individual.

As funções do crente individual não são apenas como um Cristão, mas também como

cidadão de um determinado país e um membro dentro de uma determinada sociedade.

Um Cristão pode estar envolvido em questões civis, governamentais ou militares como

uma pessoa correta e cidadão - se ele pode manter seu Cristianismo pessoal e está

habilitado a adquirir uma esfera de influência espiritual, moral e eticamente. Os Cristãos

individuais não incluem "a igreja" em questões nas quais o termo secular força "a

separação entre a igreja e o estado," um termo usado frequentemente para sufocar a

influência Cristã e a moralidade na sociedade. Nos Estados Unidos a Constituição e os

Pais Fundadores daquele país estavam preocupados com a Igreja Estatal (que tinha sido

uma perseguidora dos Batistas e outros), não com o envolvimento político e social dos

Cristãos individual ou coletivamente. De fato, foi a forte influência e esforços dos

Batistas em todas as Colônias que finalmente trouxe a aceitação da Constituição dos

Estados Unidos com A Declaração de Direitos, incluindo o texto da Primeira Emenda

que "o Congresso não fará nenhuma lei com relação a estabelecer religião, ou proibição

do livre exercício de tal..."

153ª Pergunta - Qual forma encontrada de governo da igreja é a mais próxima do

ensino do Novo Testamento?

Resposta - A forma encontrada de governo da igreja como a forma mais próxima

do Novo Testamento é um governo congregacional sob a liderança do Senhor Jesus

Cristo e obediência à Sua Palavra.

Mateus 18:17. “E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não

escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano.”

Atos 6:2-3. 2”

E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram:

Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. 3Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do

Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante

negócio.”

Veja também: Mateus 18:15-17; Romanos 10:14-15; 1 Coríntios 5:1-5;

Efésios 1:17-23.

COMENTÁRIO

Todas as três formas de governo eclesiástico reivindicam ser derivadas do Novo

Testamento: Episcopal, ou governo por bispos; Presbiteriano, ou governo por um

presbitério; e governo congregacional. O Romanismo e o Anglicanismo são formas de

governo Episcopal ou governo por bispos. Isto implica tanto uma "Sucessão Apostólica"

de bispos pela comunicação do Espírito Santo de um bispo para outro, como também

uma hierarquia eclesiástica de padres, bispos e arcebispos, e, no caso de Roma, cardeais

e papas. Os Apóstolos do Novo Testamento não tinham sucessores. Este ofício foi único

para essa era e infância da igreja. A próxima geração não tinha Apóstolos, e nenhuma

hierarquia eclesiástica.

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O Presbiterianismo e a maioria dos grupos Reformados sustentam a ideia tanto de

anciãos ou pastores que ensinem, como de anciãos que governem. Uma sessão de

anciãos dirigentes governa a igreja local e, além disso, existem presbitérios compostos

de anciãos que ensinem de várias igrejas. O governo final é de uma assembleia ou

sínodo nacional. A maioria das denominações, assim, têm "tribunais de igreja" mais

elevados que podem julgar os membros uma determinada igreja ou igrejas, e um corpo

nacional que toma as decisões finais ou julgamentos sobre decisões religiosas. Os

Batistas, por contraste, não fizeram nenhuma distinção entre um ancião que ensina e um

ancião que governa (1 Timóteo 5:17), e enfatizaram a autonomia da igreja local sob

Cristo.

O governo Congregacional pode assumir diversas formas. O elemento essencial é

que a própria congregação é autônoma sob o senhorio de Jesus Cristo e em obediência à

sua Palavra. Na maioria das assembleias congregacionalmente governadas, pastores e

diáconos tomam as posições de liderança, mas o julgamento final é deixado para a

congregação como um todo. O que define os pastores separados dos outros na

congregação e os coloca na liderança deve ser o reconhecimento do caráter necessário e

dons que revelam o chamado de Deus. Veja a pergunta 142. No Novo Testamento a

última instância de recurso e o julgamento final eram evidentemente deixados para a

congregação decidir como um todo. Isto era verdade em matéria de enviar pregadores,

de escolher os diáconos, e no exercício de disciplina, etc. (Mateus 18:15-17; Atos 6:2-3;

Romanos 10:14-15; 1 Coríntios 5: 4-5).

O Novo Testamento, separado do único ofício e poder dos Apóstolos, não ensinou

qualquer hierarquia eclesiástica, e não existia nenhuma autoridade sobre e acima de

cada assembleia local sob o senhorio imediato de Jesus Cristo. Atualmente, muitas

congregações locais independentes, incluindo muitos Batistas, identificam-se com

entidades religiosas maiores, como "irmandades," "associações" e "convenções," e

alguns desistiram de uma medida de seu governo próprio ao fazê-lo, mas tal não é

escriturístico. Parece haver uma tendência inerente, mesmo entre os Batistas, em direção

ao coletivismo.

154ª Pergunta - Quais são os ofícios em uma igreja Neotestamentária?

Resposta - Os ofícios em uma igreja Neotestamentária são os de pastores e

diáconos.

Filipenses 1:1. “Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos

em Cristo Jesus, que estão em Filipos, com os bispos e diáconos:”

Consulte também : Atos 20:28-31; 1 Timóteo 3:1-13; 5:17; 2 Timóteo

2:24-26; Tito 1:5-11; 1 Pedro 5:1-6.

COMENTÁRIO

O governo de uma igreja Neotestamentária é muito simples e os seus ofícios são

apenas dois: pastores e diáconos.

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Existem várias considerações:

Primeira, os vários termos "pastor," "ancião," "bispo," "servo," "ministro" e

"assistente" todos se referem ao mesmo ofício, não a qualquer tipo de hierarquia

eclesiástica (1 Pedro 5:1-5). "Pastor" [poimēn] significa "pastor de ovelhas," ou seja,

aquele que acompanha, cuida e alimenta o rebanho de Deus (Atos 20:28; Efésios 4:11).

Um "bispo" [episkopos] é um supervisor, ou aquele que supervisiona a obra de Deus (1

Timóteo 3:1). "Ancião" [presbuteros] enfatiza a dignidade do ofício pastoral (1 Timóteo

5:17). "Servo" e "ministro" referem-se ao pastor como servo de Deus. O termo usual é

diakonos, que é mais frequentemente usado de pastores como servos de Deus no Novo

Testamento do que os diáconos como servos da igreja. "Mordomo" [oikonomos] denota

um gerente, ou seja, aquele que é fiel no gerenciamento da igreja em um sentido

espiritual (Tito 1:7);

Segunda: O termo "governo" [prohistēmi, hegeomai], quando usado de pastores

no Novo Testamento, não conota a ideia de poder ou dominância eclesiástica [arkōn],

mas é um termo para presidir, conduzir, guiar e cuidar de (1 Timóteo 5:17; Hebreus

13:7,17; 1 Pedro 5:1-5);

Terceira: Por causa do grande esforço, labuta e responsabilidades do pastorado,

elevadas exigências feitas a eles (Colossenses 1:28-29; 1 Timóteo 3:1-7; 2 Timóteo

2:24-26), e a tendência deles sofrerem acusações e abusos, várias testemunhas são

necessárias para intentar acusação contra um pastor (1 Timóteo 5:17-21);

Quarta: os diáconos são os servos da igreja, e servem para tirar cargas

desnecessárias dos pastores (Atos 6:1-7; 1 Timóteo 3:8-13). Os diáconos normalmente

servem nas áreas de finanças, propriedades e ministrando àqueles dentro da assembleia

que necessitam de coisas temporais. Qual desses oficia como secretário ou tesoureiro da

igreja? Estes são ofícios que estão incluídos dentro da obra do diaconato, mas podem

ser delegados a outros que são mais especializados e qualificados em tais assuntos, e os

conduziria sob a administração do diaconato. A ideia moderna de que os diáconos

formam um "conselho," ou agem como um corpo para governar a igreja e

contrabalançar o pastor não é escriturística. Eles são servos da igreja, e não seus

senhores; eles devem ajudar o pastor, não procurar controlar ou contrabalançá-lo.

Finalmente, é digno de nota para ambos os pastores e diáconos que as

qualificações focam na irrepreensibilidade pessoal, pureza moral, maturidade espiritual,

caráter piedoso, retidão, fidelidade e adequação conjugal e familiar; não meramente em

dons ou habilidades (1 Timóteo 3:1-13; Tito 1:5-11). Como necessitamos orar por

nossas igrejas e pela liderança delas!

155ª Pergunta - Quais são as duas ordenanças da igreja Neotestamentária?

Resposta - As duas ordenanças da igreja Neotestamentária são o Batismo e a Ceia

do Senhor.

Mateus 28:19. “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-

os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.”

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1 Coríntios 10:16. “Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a

comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão

do corpo de Cristo?”

COMENTÁRIO

A Igreja de Roma tem sete sacramentos - Batismo, Crisma, Eucaristia, Penitência,

Extrema Unção, Santa Ordem e Matrimônio. O Protestantismo mantém dois, o batismo

e a Ceia do Senhor. Estes dois, Batistas e alguns Evangélicos chamam de "ordenanças,"

como estas têm sido comandadas por nosso Senhor (Lat. “ordinare" colocar em ordem).

Um sacramento (Gr. musterion, "mistério;" Lat. sacramentum, "secreto," e sacer,

"sagrado") é um ritual físico que postula algo misterioso e além dos elementos físicos na

comunicação da graça. Histórica e teologicamente, portanto, o termo "ordenança"

distingue o batismo e a Ceia do Senhor como sendo apenas simbólico e representativo

em natureza, e os considera como meios da graça somente na medida em que trazem a

mente e o coração para serem focados nas realidades espirituais assim simbolizadas. O

termo não pressupõe qualquer significado místico como meio da graça.

156ª Pergunta - O que é batismo?

Resposta - O batismo é uma ordenança do Novo Testamento, instituída pelo

Senhor Jesus Cristo, para servir à pessoa batizada como um símbolo e testemunho da

sua união com o seu Senhor em sua morte, sepultamento e ressurreição de vida.

Mateus 28:19. “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-

os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;”

Veja também: Mateus 3:7-17; 28:18-20; Marcos 1:4; 16:16; Atos 1:21-22;

2:36-41; 19:1-4; Romanos 6:2-6; 1 Coríntios 1:13-17; 1 Pedro 3:20-21.

COMENTÁRIO

O primeiro e determinante distintivo dos Batistas não é que nós imergimos aqueles

que demonstram uma profissão de fé credível no Senhor Jesus Cristo. É, antes, que nós

consistentemente sustentamos as Escrituras, tanto na doutrina quanto na prática e,

portanto, batizamos somente os crentes, e isso por imersão após o ensino e exemplo

bíblico. Sola scriptura é, de fato, o principal distintivo Batista do qual todos os outros

distintivos escriturística e logicamente seguem. Veja a pergunta 13.

O Batismo, se realizado escrituristicamente e sobre um sujeito escriturístico, é ao

mesmo tempo um ato de obediência, identificação e submissão. Ele é o primeiro ato de

obediência, o primeiro testemunho externo do novo crente correspondendo à palavra de

nosso Senhor: "Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será

condenado" (Marcos 16:16). Esta afirmação revela que aquele que está verdadeiramente

convertido desejará estar exteriormente identificado com e em obediência à palavra de

seu Senhor e Salvador (Atos 2:36-42; 8:36-38; 9:17-19). Ela também refuta a ideia de

que o batismo é essencial para a salvação;

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Segundo: É um ato de identificação. Os termos Gr. baptizein e baptisma derivam

da raiz baph, que significa "profundidade." Estes termos denotam literalmente

"mergulhar ou lavar por imersão." Há também um uso figurado da palavra "batizar,"

significando identificar ou uma mudança de identidade. João, o Batista, era João o

"Identificador," ou seja, ele não apenas imergia seus convertidos, mas era o único cujo

ministério era preparar um povo para o Senhor e identificá-lo para Israel (Mateus 3:13-

17; João 1:29-33). Nosso Senhor mesmo, em sua tristeza e sofrimento, usou este termo

em sentido figurado de sua própria identificação com os nossos pecados (Mateus 20:22-

23; Marcos 10:38-39; Lucas 12:50). Nenhum sentido de identificação, no entanto, deve

substituir a verdade do batismo por imersão.

Com o que ou com quem os crentes são então identificados? O ato de ser

"enterrado" na água do batismo e então levantado da água é o símbolo da união do

crente com Cristo (Romanos 6:3-5). Esta união espiritual, que o batismo nas águas

simboliza, é uma união tanto em sua morte quanto em sua ressurreição. Veja a pergunta

77. A união na morte de Cristo significa necessariamente que o poder reinante do

pecado foi quebrado. O verdadeiro crente comete atos de pecado (1 João 2:1), mas ele já

não vive em pecado como um princípio reinante de sua vida (Romanos 6:6,14; 1 João

3:9). A união em sua ressurreição de vida significa, necessariamente, que o mesmo

Espírito que ressuscitou o Senhor dos mortos agora habita e torna-se a graciosa

dinâmica da vida do crente. Assim Paulo pôde categoricamente declarar: "O pecado não

terá domínio sobre vós" (Cf. Romanos 6:1-14). Os crentes não estão mais sob um mero

princípio externo de comando, mas um princípio interno de graça capacitadora. Veja a

pergunta 95. Nós sustentamos que Romanos 6:3-5 refere-se a nossa união com Cristo, e

o termo "batizado" é usado no sentido figurado. Se esta passagem se referia ao batismo

com água literal, então um forte argumento poderia ser feito pela regeneração batismal.

Tomar a terminologia figuradamente tanto refuta a ideia da regeneração batismal,

quanto também se estabelece a importância e necessidade de ambos o modo e o sujeito

do batismo, ou seja, o batismo do crente por imersão;

Terceiro: O batismo é um ato de submissão. Algumas passagens afirmam que os

ouvintes foram batizados em Nome do Senhor Jesus (por exemplo: Atos 2:38; 8:16;

19:5). Isto não contradiz Mateus 28:18-20, que ensina claramente o batismo em nome

da Divindade triuna. Estas passagens ao contrário enfatizam que os crentes publica e

voluntariamente estão sob o senhorio de Jesus Cristo - sob a autoridade de seu Nome

(Atos 2:36; Romanos 10:9; 2 Coríntios 4:5). Isto teve grande significado para os Judeus

e prosélitos que foram convertidos do Judaísmo, e outros de origens pagãs, que

tomaram o Nome do Senhor Jesus publicamente no batismo. Ele significava uma

ruptura definitiva com a antiga vida e religião deles, e frequentemente com famílias e

todos os relacionamentos passados. Ele ainda deve transmitir o mesmo. Você foi

escrituristicamente batizado? Você identificou-se publicamente com o Senhor Jesus

Cristo e seu povo?

157ª Pergunta - Qual é o modo escriturístico e quem são os sujeitos adequados

para o batismo?

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Resposta - O modo escriturístico é por imersão e os únicos sujeitos apropriados

são os crentes.

Atos 8:35-38. 35

Então Filipe, abrindo a boca, e começando nesta Escritura,

lhe anunciou a Jesus. 36

E, indo eles caminhando, chegaram ao pé de alguma água,

e disse o eunuco: ‘Eis aqui água; que impede que eu seja batizado?’ 37

E disse

Filipe: “É lícito, se crês de todo o coração.” E, respondendo ele, disse: ‘Creio que

Jesus Cristo é o Filho de Deus.’ 38

E mandou parar o carro, e desceram ambos à

água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou.

Veja também: Mateus 3:5-9; Marcos 1:5,8; Marcos 16:16; Lucas 3:7-8;

Atos 2:38-39,41; 8:12; 9:17-18; 10:44-48; 16:14-15; 1 Coríntios 1:13-16.

COMENTÁRIO

E quanto ao modo de batismo? O termo Gr. rhantizein denota "polvilhar;" a

palavra proschusis denota "derramar" ou "aspersão;" e a palavra louō denota "lavagem"

ou "banho." Estes são os termos do Novo Testamento, e poderiam ter facilmente sido

usados para "batismo" [baptizein, baptisma] se estes designassem o modo. No entanto,

tanto o modo quanto os sujeitos podem ser argumentados a partir dos termos

decorrentes do termo raiz baph [profundidade], o simbolismo do batismo nas águas, e

sua relação bíblica com a união do crente com Cristo. Se, como Romanos 6:1-14;

Gálatas 3:27; Colossenses 2:12 ensina claramente, que a união do crente com Cristo é

descrita sob a figura do batismo, então tanto o modo quanto os sujeitos estão

estabelecidos. Veja a pergunta 156.

Primeiro: Apenas a submersão e a imersão seriam apropriadamente transmitidas

pela terminologia utilizada,

Segundo: Somente estas poderiam simbolizar adequadamente a união na morte e

ressurreição de nosso Senhor;

Terceiro: Somente os crentes têm o direito e o privilégio de identificar-se

simbolicamente com nosso Senhor nesta união espiritual. Historicamente, a imersão era

o modo habitual e normal do batismo, mesmo na Igreja de Roma, até pelo menos o

século XII.

Por que, então, os argumentos pela aspersão infantil?

Primeiro: Estes derivam de uma mentalidade sacramentariana que no início da

história da igreja substituiu o símbolo pela realidade e resultou no erro da regeneração

batismal (c. 150 AD). O Pedobatismo tornou-se arraigado por decreto imperial até o

quinto século sob os Imperadores Justino e Justiniano. Os reformadores do século XVI

mantiveram este conceito sacramentariano em uma forma modificada. A partir do

terceiro século em diante, o "batismo clínico" por derramamento ou aspersão foi

praticado pela Igreja Estatal em casos de doença ou morte iminente. A grande transição

de imersão para aspersão, no entanto, não prevaleceu, mesmo no protestantismo, até o

século XVI.

Em segundo está a ideia de que o batismo é supostamente esse de lavagem ou

limpeza, em vez de mergulho, e o significado triplo que o Novo Testamento dá a

entender. Vários argumentos têm sido avançados pela aspersão ou derramamento como

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um modo adequado para o batismo. Tais argumentos baseiam-se em passagens que

falam figuradamente sobre ser lavado no sangue de Cristo, a lavagem da regeneração ou

o lavagem dos pecados (Atos 22:16; Tito 3:5; 1 Pedro 20-21). Quanto ao termo

baptisma, é usado da "lavagem de 'mesas,'" que, alegado, seria e não poderia ser imerso

(Marcos 7:4). O termo "mesa" [klinōn] no entanto, refere-se a uma cama de doente,

almofada ou colchão, que pode ser imerso. Do Velho Testamento Grego [A

Septuaginta], duas passagens foram utilizadas no argumento pela aspersão: a primeira é

Isaías 52:15: "Assim borrifará muitas nações..." A palavra traduzida como "borrifar"

[thaumazein] corretamente significa "assustar", e isso por si só se encaixa de forma

coerente no contexto da v. 13-15 . O segundo texto é Dan 4:33 , em que o termo ebaphē

deve ser tomado como uma hipérbole, " batizado", ou seja , "encharcado com o orvalho

do céu." Nenhum destes deixa de lado o modo bíblico de imersão, a único que está de

acordo com a terminologia e uso bíblico. O ensino claro do Novo Testamento da

imersão dos crentes não podem simplesmente ser anulados por um outro sujeito e outro

modo, sem alterar todo o significado do batismo. Tal seria uma contradição absoluta da

verdade revelada;

Em terceiro lugar: A maioria dos protestantes tendem a se posicionar, por assim dizer,

no Antigo Testamento, e ver o Novo Testamento pelos olhos do Velho; Batistas se

posicionam no Novo Testamento, e veem o Velho Testamento pelos olhos do Novo , ou

seja, os protestantes, nunca tendo totalmente saído da sombra de Roma, tem uma

perspectiva predominantemente dominada pelo Antigo Testamento, enquanto os batistas

têm uma perspectiva decididamente Neo-Testamentária. Assim, tanto o Romanismo e

muito do protestantismo têm uma tendência a exercer uma "mentalidade do Antigo

Testamento ", que vê o Novo Testamento como uma mera continuação do Velho,

negando, em essência, o princípio completo da revelação progressiva nas Escrituras do

Antigo Testamento da "sombra" (contorno escuro, tipo) (Heb 10:1) para a realidade

(cumprimento, antítipo) do Novo Testamento cumprida em realidades do Evangelho.

Afirma-se que os ritos e cerimônias do Velho Testamento foram meramente

substituídos por novos ritos e cerimônias do Novo em vez de verdades plenas e finais do

evangelho, ou seja, que o batismo substituiu a circuncisão como um sinal da aliança e a

Ceia do Senhor substituiu a Páscoa. Esta é a fonte de ideias, tais como o sacerdócio

romano com os seus alegados poderes místicos, paramentos e rituais, e a ideia de que o

batismo substituiu a circuncisão. O argumento que o batismo substituiu a circuncisão

como o sinal ou selo da aliança foi usado pela primeira vez por Ulreich Zwingli e

Heinrich Bullinger em suas disputas com os Anabatistas no início do século XVI, e tem

sido trazido até o presente como o argumento essencial para o pedobatismo protestante.

Deve-se notar que em Rom. 4:9-11, um dos principais textos-prova para este

argumento, que Abraão foi circuncidado como um crente, e que a circuncisão foi para

ele pessoalmente um selo de sua fé, a fé que ele tinha antes de sua circuncisão! O ante-

tipo do evangelho do Novo Testamento na circuncisão é a regeneração, a " circuncisão

espiritual ", e não o batismo—é uma operação espiritual realizada apenas por Deus em

cortar a carne para o que esta não tenha a preeminência (Rom 2:28-29; Rom 6:1-14; Col

2:11-13 ). Se o batismo é "o sinal ou selo da (Nova ou Evangélica) aliança, então se

refere necessariamente apenas aos crentes, ou seja, aqueles que são regenerados.

Aqueles da Antiga Aliança eram circuncidados, os do Novo ou Evangelho Pacto passam

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por uma " circuncisão espiritual", isto é, regeneração. Assim, de forma consistente e

inevitavelmente somos traziodos ao batismo daqueles que creem. Veja a questão 83.

(Nota: O tipo nunca é igual totalmente ao ante-tipo ou realização. Levamos em conta

que o tipo, o sinal do Antigo Testamento ou "sombra" era meramente preparatório. Nem

todos os circuncidados foram incluídos na aliança, por exemplo, Ismael e muitos

israelitas eram apenas nominalmente o povo da aliança. A regeneração, o ante-tipo ou

realização, dá a plenitude e a finalidade da verdade. Todos os regenerados estão

incluídos na Nova ou Aliança Evangélica).

Além disso, a Páscoa não foi substituída pela Ceia do Senhor, mas foi cumprida em

Cristo mesmo (1 Coríntios. 5:7). Você já foi biblicamente batizado em obediência à, em

identificação com, e em submissão ao nosso Senhor ? 158ª Pergunta - Os filhos de crentes professos devem ser batizados?

Resposta - Os filhos dos crentes professos não devem ser batizados, porque não

há mandamento nem exemplo nas Escrituras para o batismo deles.

Atos 2:38-39. 38”

E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja

batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom

do Espírito Santo; 39

Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a

todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.”

Atos 16:32-34. 32”

E lhe pregavam a palavra do Senhor, e a todos os que

estavam em sua casa. 33

E, tomando-os ele consigo naquela mesma hora da noite,

lavou-lhes os vergões; e logo foi batizado, ele e todos os seus. 34

E, levando-os à

sua casa, lhes pôs a mesa; e, na sua crença em Deus, alegrou-se com toda a sua

casa.”

Veja também: Marcos 16:16; Atos 2:41; 8:35-39; 18:8; 22:13-16.

COMENTÁRIO

É indiscutível que o Novo Testamento ensina claramente o batismo do crente, e

que o modo simboliza a união dele com Cristo, ou seja, um enterro e uma ressurreição

espirituais. Veja a pergunta 77. Sustentar de outra maneira seria necessariamente mudar

o sentido, o modo e os sujeitos do batismo.

Os argumentos para batismo infantil ou pedobatismo, em oposição ao batismo do

crente são:

Primeiro, que o batismo substituiu a circuncisão, e, por isso, as crianças de crentes

professos devem ser batizadas. Já foi demonstrado que apenas para Abraão,

pessoalmente, a circuncisão foi como um selo da justiça da fé que ele já possuía, ou

seja, Abraão foi circuncidado como um crente (Romanos 4:9-11). Veja a pergunta 157.

O Novo Testamento não tem qualquer exemplo da prática de pedobatismo. O

argumento que a transição da circuncisão para o batismo foi tão grande e penetrante que

ele não precisa ser mencionado é um argumento de silêncio que contradiz os fatos e

práticas conhecidos;

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Segundo: Que os batismos domésticos no Novo Testamento devem ter incluído as

crianças também é contrário aos fatos conhecidos, como em cada exemplo está

registrado que toda a família ouviu o evangelho e creu;

Terceiro: Um dos principais textos-prova, Atos 2:39, estende a promessa de "a

vós e a vossos filhos," mas também estende a promessa do evangelho "a todos os que

estão longe, a tantos quantos o Senhor nosso Deus chamar." Omitindo a última parte do

versículo não fortalece o argumento pelo pedobatismo.

Existe um perigo inerente em considerar os infantes, isto é, os bebês e as crianças

pequenas como "filhos da aliança" ou "dentro dos limites da igreja," e de alguma forma

no contexto da graça salvadora embora distante do evangelho e da fé pessoal. A

regeneração presuntiva pode provar em muitos casos ser um obstáculo ao evangelho e

evangelismo, pois ao tornarem-se adultas, as crianças podem tornar-se confiantes de sua

salvação sem a necessidade de crer e de arrependerem-se de seus pecados. Onde está a

sua confiança e a sua esperança de salvação? Está colocada no Senhor Jesus Cristo pela

fé? Em qualquer lugar ou qualquer outra pessoa que nunca salvará você?

159ª Pergunta - O que é a Ceia do Senhor?

Resposta – A Ceia do Senhor é uma ordenança do Novo Testamento instituída

por nosso Senhor Jesus Cristo, um rito memorial no qual a igreja se reúne para

participar de uma maneira digna do pão e do vinho não levedados , que simbolizam o

corpo partido e o sangue derramado do Senhor Jesus Cristo, um rito que comemora

tanto a sua morte quanto antecipa o seu retorno.

1 Coríntios 10:16. “Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a

comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão

do corpo de Cristo?”

1 Coríntios 11:23-26. 23”

Porque eu recebi do Senhor o que também vos

ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; 24

E, tendo

dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por

vós; fazei isto em memória de mim. 25

Semelhantemente também, depois de cear,

tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei

isto, todas as vezes que beberdes, em MEMÓRIA de mim. 26

Porque todas as

vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor,

até que venha.”

Veja também: Mateus 26:26-30; 28:18-20; Marcos 14:17-29; Lucas 22:8-

22; João 13-17; 1 Coríntios 10:16-17; 11:17-34.

COMENTÁRIO

Esta observância é simbólica e memorial, e de forma alguma é um sacramento ou

"meios visíveis da graça" de tal forma que a igreja participa de Cristo literalmente como

no Romanismo, ou misticamente como no Luteranismo e tradição Reformada. Este rito

é um "meio da graça" em seu simbolismo como fixa a mente e o coração sobre a Pessoa

e obra do Senhor Jesus Cristo e assim traz os pensamentos de alguém para a verdade e

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306

para a realidade do Evangelho. Como o termo "sacramento" etimológica, histórica e

teologicamente sugere algo misterioso e sacerdotal, é uma terminologia totalmente

inadequada para uma igreja Neotestamentária. Veja a pergunta 155. Esta é uma razão

para o uso do termo "Ceia do Senhor" em vez de "comunhão." Este último termo é

igualmente mal interpretado e associado a uma relação mística entre o indivíduo e o

Senhor, geralmente por mediação sacerdotal (isto é, por meio de um sacerdote ou

igreja), embora seja verdade que a assembleia local como um corpo esteja em

comunhão com o Senhor corporativa e simbolicamente na observância.

A Igreja de Roma sustenta a transubstanciação, ou seja, que os elementos são

manipulados sacerdotalmente para se tornar no corpo e no sangue literal do Senhor, e os

comungantes real e literalmente participam de Cristo desta maneira. O Luteranismo

sustenta a consubstanciação, ou seja, que os elementos são um e ao mesmo tempo tanto

misticamente e literalmente o corpo e o sangue de Cristo, apreendidos pela fé. Tal

ensino exige a doutrina da "Ubiquidade do Corpo de Cristo," isto é, que ele pode estar

fisicamente em vários lugares ao mesmo tempo. A tradição Reformada sustenta que os

elementos conferem a graça onde a verdadeira fé está ativa na participação. Os Batistas

e outros sustentam que a participação torna-se um meio da graça pela contemplação das

realidades espirituais simbolizadas nos elementos; a Ceia é simplesmente simbólica e

memorial.

A Ceia do Senhor é tanto uma ordenança do evangelho quanto da igreja, como é o

batismo. Ambos simbolizam as realidades do Evangelho como eles centram na Pessoa e

obra do Senhor Jesus Cristo, e ambos ocorrem dentro do contexto da igreja local; o

primeiro sob sua autoridade, e a segundo sob sua disciplina.

Existem três aspectos da consciência dos participantes na observância deste rito:

Primeiro: Deve haver um "olhar para trás" ("Fazei isto em MEMÓRIA de mim").

A igreja celebra a morte do seu Senhor com todo o seu significado redentor.

Segundo: Um "olhar interior" ("examine-se, pois, o homem a si mesmo"). Isso

implica, neste contexto, uma séria preparação antes da participação, uma preparação que

não centra necessariamente na introspecção, mas em Cristo (Cf. 1 Coríntios 11:27-32).

Finalmente, deve haver um "olhar para a frente" ("até que [Ele] venha"). Uma gloriosa

expectativa deve repousar sobre as mentes e corações dos membros da igreja.

160ª Pergunta - Quais são os elementos apropriados para serem utilizados na

observância da Ceia do Senhor?

Resposta - Os elementos apropriados para serem utilizados na observância da

Ceia do Senhor são o pão não levedado e o vinho.

1 Coríntios 11:26. “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes

este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha.”

Veja também: Mateus 26:26-30; Marcos 14:17-29; Lucas 22:8-22; João 13-

17; 1 Coríntios 10:16-17; 11:17-34.

COMENTÁRIO

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Os elementos da Ceia do Senhor são dois:

O pão não levedado e o vinho. Estes o Senhor usou na finalização da refeição da

Páscoa para os símbolos de sua pessoa e obra para instituir esta ordenança evangélica. O

pão não levedado (ázimo) não foi utilizado apenas para sua conveniência naquela

refeição da Páscoa quando o Senhor instituiu a Ceia, mas ele possuía um significado

simbólico também. O fermento (levedura) é o símbolo comum do mal nas Escrituras.

[Note que os sacrifícios do Velho Testamento não deviam ser oferecidos com fermento,

veja 1 Coríntios 5:6-8]. O simbolismo final no pão não levedado (ázimo) é a

impecabilidade da humanidade do Senhor. Isto tem uma relação direta e vital sobre a

significância de sua obra redentora. Assim, o pão não levedado é o único símbolo

apropriado e escriturístico que se deve usar.

O Senhor instituiu a Ceia dos restos da ceia da Páscoa. Ele tomou a taça final de

vinho tinto para simbolizar Seu sangue que devia ser derramado em aliança e redenção

por seu povo. Fortemente contesta-se que "vinho fermentado" (uma redundância) não

deve ser usado para a Ceia do Senhor. Tais objeções são baseadas em uma má

interpretação da Escritura, uma tradição, um mal-entendido de conversão da graça e

uma atitude legalista derivada em última análise da influência gnóstica (veja

Colossenses 3:16,21; 1Tm 4:1-5).

O vinho é o elemento apropriado e deve ser usado. Considere o seguinte:

Primeiro: O vinho foi usado na Ceia do Senhor no Novo Testamento. É digno de

nota que Paulo não repreendeu a igreja em Corinto pelo uso do vinho, mas sim por

embriaguez (l Coríntios 11:21). O vinho foi usado até o final do século XIX, quando o

processo de pasteurização foi inventado.

Segundo: O consumo de vinho per se não é condenado nas Escrituras, mas o seu

abuso é. As várias advertências associadas ao consumo de vinho em todos os exemplos

implicam os pecados de embriaguez e aquelas coisas associadas com a embriaguez (por

exemplo: Gênesis 9:20-27; Gênesis 19:30-38; Provérbios 20:1; 23:29-35; 31:1-5;

Habacuque 2:15). A temperança era necessariamente um princípio para a consideração

dos reis, juízes ou aqueles em autoridade para que eles não pervertessem o julgamento.

A abstinência total foi exigida para os sacerdotes apenas quando eles estavam oficiando

(Levíticos 10:5-10). Os Recabitas foram abençoados por Deus e estabelecidos como

exemplos, não porque eram abstêmios totais per se, mas sim porque tinham obedecido

ao mandamento do pai deles (Jeremias 35:10-19). Nas Escrituras, o vinho é um símbolo

de alegria e de bênção Divina (Veja Deuteronômio 14:22-29; Salmos 104:14-15;

Provérbios 3:10; Eclesiastes 9:7-9; Atos 2:13-16). O Nazireu devia abster-se não só do

vinho, mas de tudo o que derivava da videira porque ele estava carregando uma

reprovação por Deus durante o tempo de seu voto (Números 6:1-20). O vinho era

utilizado como medicamento, tanto externo quanto interno (veja Lucas 10:34; 1

Timóteo 5:23). Também foi usado para aliviar o sofrimento e depressão (Salmos

104:14-15; Provérbios 31:6-7). O vinho foi incluído nas libações feitas ao Senhor

(Êxodo 29:40). Assim, a única proibição nas Escrituras é contra o abuso do vinho ou

embriaguez;

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Terceiro: O próprio Senhor Jesus Cristo tanto bebeu quanto fez vinho (Mateus

11:19; Lucas 7:34; João 2:1-11). Se ele tivesse sido um abstêmio total, a acusação teria

sido sem sentido, pois ele era evidentemente um homem que se alimentava bem e bebia

de forma equilibrada. Aqueles que ensinam que a abstinência total é absolutamente

essencial e uma exigência para a piedade lançam uma sombra tanto sobre ética quanto a

moral do Senhor. Além disso, o vinho que ele fez na festa de casamento não foi apenas

fermentado, mas envelhecido à perfeição, tal como foi reconhecido pelo governador da

festa;

Quarto: Todas as modernas objeções contra o uso do vinho na Mesa do Senhor

pressupõem que o vinho é inerentemente mau ou imoral; no entanto, a questão de beber

vinho é ética, não moral. A moralidade está relacionada com absolutos, coisas que são

certas ou erradas inerentemente como refletindo ou se opondo ao caráter moral de Deus.

A ética está relacionada também com o assunto da liberdade Cristã. Beber vinho em si

não é certo nem errado, mas uma questão de liberdade Cristã. Os princípios desta

liberdade prevalecem na medida em que é o "irmão mais fraco" que deve abster-se por

causa de sua consciência sensível. É o "irmão mais forte," que pode desfrutar de sua

liberdade - desde que ele não ofenda seu irmão mais fraco. A carga está sobre o irmão

mais forte de se abster de qualquer coisa que possa ofender o mais fraco. Veja a

pergunta 118;

Quinto: Os usos sociais e cerimoniais do vinho devem ser distintos. O último não

está dentro da esfera da liberdade cristã, mas deve ser governado pelo exemplo do Novo

Testamento.

Finalmente, o simbolismo é perdido em grande parte se suco de uva é usado. O

"fruto da vide" é uma terminologia cerimonial e não necessariamente defende o uso de

suco de uva. Esta terminologia tradicional Judaica era usada na ação de graças pelo

vinho nas refeições. Além disso, existe um fermento natural do suco que é consumido

no processo de fermentação. Se for necessário o uso de pão não levedado, pode ser

argumentado que é igualmente necessário o uso de vinho.

161ª Pergunta - Todos os Cristãos devem comungar juntos na Ceia do Senhor?

Resposta - A observância da Ceia do Senhor é para os membros da assembleia

local como um corpo coletivo.

1 Coríntios 11:20-22. 20”

De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é

para comer a ceia do Senhor. 21

Porque, comendo, cada um toma antecipadamente

a sua própria ceia; e assim um tem fome e outro embriaga-se. 22

Não tendes

porventura casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja de Deus, e

envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto não vos

louvo.”

Veja também: Mateus 26:26-30; Marcos 14:17-29; Lucas 22:8-22; João 13-

17; Atos 20:11; 1 Coríntios 10:16-17; 11:17-34.

COMENTÁRIO

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Em nossos dias é comum para os grupos religiosos celebrar a "comunhão" como

uma demonstração de unidade ecumênica, e assim ter "comunhão," como parte de uma

cerimônia de casamento, ou levar os elementos para os doentes ou confinados que não

podem comparecer aos serviços religiosos corporativos. Nenhum destes tem um

precedente escriturístico. Os Apóstolos não tinham "comunhão" no alegado "Primeiro

Concílio da Igreja," em Atos 15, ou na conturbada reunião em Antioquia (Gálatas

2:11ss) para afirmar a unidade deles. "Comunhão" em uma cerimônia de casamento

ecoa o Sacramento do Matrimônio na Igreja de Roma. O padrão do Novo Testamento

era observância quando a assembleia local se reunia, e só então (1 Coríntios 11:17ss).

Quem deve participar da Ceia do Senhor? Algumas igrejas abrem a Mesa do

Senhor a qualquer um, sem exceção, ou seja, são servidos os elementos a qualquer

pessoa que passa a estar presente no momento da observância (isto é, comunhão

"aberta" ou "irrestrita"). Outros restringem a participação. Alguns sustentam que o rito é

apenas para os crentes (comunhão "restrita"); outros, que ele é para todos os crentes da

mesma fé e prática que são membros em boa posição de igrejas irmãs e têm sido

"escrituristicamente batizados" (isto é, comunhão "fechada"). Outros ainda admitem

apenas aqueles em boa posição que são membros dessa assembleia local (isto é,

comunhão "estreita"). Este ponto de vista final é simplesmente o praticado no Novo

Testamento. A única exceção possível é a do apóstolo Paulo, que "partiu o pão" com os

crentes em Trôade (Atos 20:6-11). Isto provavelmente se referiu a uma refeição comum,

e não a Ceia do Senhor. Mas, se fosse, Paulo, como apóstolo, teria tido uma autoridade

apostólica sobre todas as igrejas. Este único, questionável exemplo não põe de lado a

prática universal de uma comunhão estreita.

Considere os quatro princípios bíblicos seguintes:

Primeiro: A Ceia do Senhor é uma ordenança da igreja, dada à esta como uma

instituição na Grande Comissão (Mateus 28:18-20). O Novo Testamento revela que ela

só era observada na assembleia (l Coríntios 11:17). Assim, qualquer outra instituição

(isto é, organização paraeclesiástica, família ou irmandade informal de crentes) está

impedida de administrar esta ordenança;

Segundo: Esta ordenança é para a igreja congregada ou para a igreja reunida, ou

seja, somente para os crentes que pertencem à igreja local e que puderem comparecer no

dia da cerimônia,isto é, os membros que estiverem doentes e acamados e aqueles que

são parentes dos membros da igreja, mas não são convertidos não podem participar e

nem a ceia pode ser levada até eles; veja 1 Coríntios 11:17-34);

Terceiro: Este rito está sob a disciplina da assembleia local. Nenhuma pessoa,

portanto, deve ser admitida que não seja um membro em boa posição com a igreja (Veja

Mateus 18:15-17; Romanos 16:17; 1 Coríntios 5:1-13; 10:16; 2 Tessalonicenses 3:6,14-

15; Tito 3:10-11). Fazer de outra maneira seria ignorar e desobedecer a Palavra de Deus.

Sem disciplina escriturística eclesiástica, a devida observância desta ordenança é

impossível;

Quarto: De acordo com o mandamento do Senhor e o padrão das igrejas

apostólicas, a Ceia do Senhor era observada no contexto da assembleia local (Mateus

28:18-20; Atos 2:41-42);

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Alguns pensam e ensinam que Judas participou da "Última Ceia," e, portanto,

Cristãos professos, pecaminosos ou até mesmo os incrédulos não devem ser barrados.

Considere, no entanto, o seguinte:

Primeiro: Judas e sua situação permanecem únicos. Nosso Senhor escolheu Judas

como discípulo "para que a Escritura se cumprisse" no propósito inescrutável de Deus,

sabendo que ele não era apenas um não regenerado, mas um instrumento de satanás

(João 6:64; 6:70-71; 17:12). Ninguém além de nosso Senhor conhecia a mente e o

coração de Judas, e exteriormente, este estava evidentemente acima de qualquer

suspeita contado como um deles e tesoureiro. Ninguém suspeitava de ele ser um ladrão

ou o traidor (João 12:6; Mateus 26:22). Agora é possível que alguém possa ser admitido

à Mesa do Senhor e seja um pecador secreto, não regenerado ou mesmo um criminoso -

se ninguém souber de seu estado e ele for contado exteriormente com o povo de Deus e

incluído dentro desse grupo local como foi Judas - mas essa não pode ser a prática

consciente de uma igreja! Nosso Senhor somente conhecia e tinha que manter Judas até

o tempo determinado "para que se cumpra a Escritura," então o removeu imediatamente

(João 13:21-31);

Segundo: Como a situação de Judas permanece como a única, ele não pode ser

usado intencionalmente como exemplo de admissão de um pecador não regenerado ou

deliberado à Mesa do Senhor. Nosso Senhor não só escolheu este homem e chamou-o

como seu discípulo ("para que se cumprisse a Escritura"), mas capacitou-o para pregar o

Evangelho, curar os doentes e expulsar demônios (Mateus 10:1-4; Lucas 9:1-2). Agora,

se for argumentado que nós devemos admitir qualquer um ou todo mundo sem exceção

porque Judas supostamente estava na Ceia com o Senhor e os discípulos então também

devemos permitir um ministério não regenerado e tolerar aqueles que supostamente

possuem certos "dons" sem qualquer relação com a doutrina, ética ou estado e condição

espiritual deles - como Judas demonstrou; estes também demonstram!

Terceiro: Judas não estava presente na instituição da Ceia do Senhor. É evidente

que ele já havia deixado o aposento superior antes de sua observância (Mateus 26:20-

30; Marcos 14:17-26; Lucas 22:14-24; João 13:1-30; 18:1). O seguinte deve ser

observado para o necessário esclarecimento:

Primeiro: Mateus, Marcos e João, todos colocam o anúncio da traição no início ou

durante a refeição da Páscoa, que precedeu a instituição da Ceia do Senhor.

Segundo: Em cada caso a instituição da Ceia do Senhor começa um novo

parágrafo, denotando uma mudança de assunto e de tempo. É absolutamente possível

que Lucas se refira ao primeiro copo de vinho tinto durante a refeição da Páscoa, ao

invés da taça final com a qual nosso Senhor provavelmente instituiu a ordenança (Lucas

22:14-23);

Terceiro: João afirma que Judas saiu durante a ceia Pascal imediatamente depois

de receber o bocado (Nota: João 13:1-2 deve ler, "a ceia tendo começado," "durante a

ceia" ou "começando a ceia," e não "acabada a ceia." Cf . vv. 4, 12, 26). Assim, o

testemunho da Escritura é que Judas não estava presente na instituição desta ordenança.

Você está em comunhão com a assembleia reunida a qual escrituristicamente participa

da Ceia do Senhor?

162ª Pergunta - Quem deve participar da Ceia do Senhor?

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Resposta: Devem participar da Ceia do Senhor, somente os crentes que foram

batizados e, são membros dessa assembleia local e mantêm uma caminhada ordenada.

Atos 2:41-42. 41”

De sorte que foram batizados os que de bom grado

receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas, 42

E

perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas

orações.”

1 Coríntios 5:11. “Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele

que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou

beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais.”

Veja também: 1 Coríntios 11:17-34.

COMENTÁRIO

Existem quatro pré-requisitos para participação da ordenança:

Primeiro: conversão. Como este rito é uma ordenança do evangelho, não tem

qualquer significado para uma pessoa não salva. O Novo Testamento ensina a salvação

antes da Ceia do Senhor. Assim, membresia infantil da igreja, relações familiares ou

simples participação nos cultos não qualificam ninguém a participar.

Segundo: o batismo. Esta ordenança é sempre antecedente à Ceia do Senhor. É

antiescriturístico admitir à Mesa do Senhor alguém que não foi escrituristicamente

imerso como um crente. Isto exclui com base na Escritura quaisquer que tenham sido

batizados ou aspergidos na infância antes de terem se convertido, ou batizados para

qualquer outro propósito que não se1a de um crente em obediência à Palavra de Deus.

Terceiro: membresia da igreja. Como a ceia deve ser observada no contexto da

assembleia local, é dentro de sua comunhão e sob a sua disciplina. Admitir aqueles de

outras assembleias seria fazer uma exceção desconhecida no Novo Testamento.

Quarto: um andar ordenado. A Mesa do Senhor é coextensiva com a disciplina da

igreja. É impossível observar apropriada e escrituristicamente a Ceia do Senhor na

assembleia se não houver disciplina escriturística. (Veja Mateus 18:15-17; Romanos

16:17; 1 Coríntios 5:1-13; 10:16; 2 Tessalonicenses 3:6,14-15; Tito 3:10-11). A

assembleia local deve ser unificada na verdade ou ela não pode observar corretamente o

rito. Se existem divisões ou cismas, a verdadeira participação é impedida. (1 Coríntios

10:16-18; 11:17-20). Assim, um andar ordenado é um pré-requisito necessário. Você

está escrituristicamente preparado para observar esta ordenança tanto no coração quanto

na mente?

163ª Pergunta - Qual é a disciplina da igreja?

Resposta - A disciplina da Igreja é a ação amorosa, mas necessária da Igreja para

qualquer um entre os seus membros que abertamente pecar e trazer opróbrio, isto é,

sobre o nome de Cristo e sua igreja.

1 Coríntios 5:11-13. 11”

Mas agora vos escrevi que não vos associeis com

aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou

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maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. 12

Porque, que

tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão

dentro? 13

Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai pois dentre vós a esse

iníquo.”

1 Coríntios 11:30-32. 30”

Por causa disto há entre vós muitos fracos e

doentes, e muitos que dormem. 31

Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos,

não seríamos julgados. 32

Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo

Senhor, para não sermos condenados com o mundo.”

Tito 3:10-11. 10”

Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação,

evita-o, 11

Sabendo que esse tal está pervertido, e peca, estando já em si mesmo

condenado.”

Veja também: Mateus 18:15-17; Romanos 16:17; 1 Coríntios 5:1-

13,10:16; 2 Tessalonicenses 3:6,14-15.

COMENTÁRIO

A igreja Neotestamentária deve apoiar ou sustentar a verdade como concedida a

ela por seu Senhor (1 Timóteo 3:15). Um elemento essencial é reivindicar essa verdade

na disciplina da igreja. O princípio da disciplina é essencial para a organização da

igreja, para o crescimento ou a maturidade dos membros e para o progresso do

evangelho. Também é necessário manter a pureza da assembleia e seu testemunho de

acordo com o ensino claro das Escrituras. Assim, a disciplina da igreja é tanto formativa

quanto corretiva.

A palavra "disciplina" é derivada do Latim, disco, "eu aprender" - daí os termos

"discípulo" ou "aprendiz," e "disciplina" ou "ensino, formação, submissão." O Novo

Testamento vê a igreja como um corpo disciplinado. Os vários membros devem crescer

em direção à maturidade espiritual, individual e coletivamente. Deve existir um

princípio crescente de unidade permeando a congregação que é o resultado de tal

disciplina formativa. (1 Coríntios 12:1-28; Efésios 2:21-22; 4:1-3,11-16; 5:1-2,21;

6:10-18; Filipenses 1:9-11,27; 2:1-5,12-16; 4:1-9; Colossenses 1:28-29; 2:6-7; 3:1-8; 2

Pedro 1:4-8; 3:18). Este elemento formativo deve manifestar-se naquilo que poderia ser

chamado de "Ética Cristã" ou "santificação corporativa" governando a relação dos

crentes uns com os outros e de todos dentro da assembleia. (Veja Efésios 5:1-17; 6:5-9;

Colossenses 3:22-25; Romanos 12:17-21). Veja a pergunta 94. Tal disciplina formativa

pressupõe uma igreja na qual o Espírito Santo esteja ativamente operando e pelo

ministério apropriado da Palavra, e uma igreja na qual haja também a prática da

disciplina corretiva.

Como a disciplina da igreja possui um elemento formativo ou positivo

impregnado, por isso tem um aspecto corretivo ou negativo. Normalmente é este

aspecto que chama a atenção. A disciplina corretiva está preocupada com membros

errando e pecando que devem ser tratados de acordo com o ensinamento do Novo

Testamento. Existem sete considerações acerca deste aspecto corretivo.

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Primeira: Existe uma base escriturística definitiva para a disciplina no Novo

Testamento. A disciplina da igreja, portanto, não deve repousar sobre a tradição,

qualquer padrão legalista ou influência denominacional, mas sobre o claro ensino da

Palavra de Deus. Existe um tipo de disciplina ou confrontação mais pessoal ou privada,

tanto positiva como negativa, que em si não se aproxima da disciplina da igreja.

(Mateus 5:22-24; 18:21-22; Lucas 17:3-4; Efésios 4:32; Colossenses 3:12-13; Hebreus

3:12-13; 10:23-25). Estas declarações ensinam que é fundamental buscar a

reconciliação com os irmãos ou irmãs em Cristo que foram ofendidos. Além disso, é

semelhante à disciplina de Cristo perdoar em questões pessoais menores. Existe também

um princípio de exortação ou encorajamento que seria corretivo, contudo, pessoal.

Entretanto, as questões que não podem ser perdoadas ou dispensadas numa base pessoal

ou se tornam de conhecimento público, estão sujeitas à disciplina da igreja. Estas

questões podem ser majoritariamente pessoais, embora situações irreconciliáveis

(Mateus 18:15-17); imoralidade, ganância ou extorsão manifesta ou característica (1

Coríntios 5:1-13); pecados conhecidos ou públicos (Gálatas 6:1); 2 Tessalonicenses

3:14-15; comportamento desordenado (1 Tessalonicenses 5:14; 2 Tessalonicenses 3:6;

Tito 3:10-11), ou diferenças de ruptura na doutrina (Romanos 16:17; 2 Tessalonicenses

3:14-15; Tito 3:10-11);

Segunda: É o dever da assembleia local diante do Senhor Jesus Cristo, o Cabeça

da Igreja, exercer a disciplina escriturística que NÃO é opcional. Abster-se de

disciplinar um membro de acordo com o comando da Palavra de Deus é em si um

pecado corporativo para toda a igreja. Veja este princípio e forte admoestação em 1

Coríntios 5:1-13; 11:30-32;

Terceira: Existe um propósito múltiplo para a disciplina da igreja. Ele deve ser

feito com o motivo de glorificar a Deus pela obediência à Sua Santa Palavra. Não

exercer a disciplina quando as Escrituras exigem-na desonra a Deus por desobediência

(1 Coríntios 5:1-8,12-13; 10:31). Deus nunca é glorificado na desobediência. Um amor

sentimental (isto é, um amor que deriva das emoções, em vez de refletir o caráter Justo e

Santo de Deus nas Escrituras) é pecaminoso se faz com que uma igreja se abstenha da

disciplina adequada. A disciplina da Igreja é para a manutenção da própria pureza dela

na doutrina e na prática (por exemplo: Romanos 16:17; Tito 3:10-11; 2 Tessalonicenses

3:6) e é absolutamente necessária quando apropriada e exigida pelas circunstâncias e

pela Palavra de Deus em qualquer ofensa ou extinção do ministério do Espírito Santo

dentro da assembleia (Efésios 4:30; 1 Tessalonicenses 5:19). A disciplina é ainda

necessária para manter um testemunho escriturístico piedoso na comunidade para a

glória de Deus. Qualquer escândalo ou situação pecaminosa que torna-se conhecida

perante a sociedade traz opróbrio, isto é, vergonha sobre o nome e a causa de Cristo (1

Timóteo 3:7). Finalmente, o propósito é restaurar ou remover o membro ofensor. Se

houver arrependimento genuíno, isto é, um arrependimento evidenciado por "frutos"

adequados, Mateus 3:8; Lucas 17:3, então pode haver restauração, mas sem

arrependimento, deve haver remoção (Mateus 18:17; 1 Coríntios 5:13; Tito 3:10-11);

Quarta: A atitude expressa pela igreja na disciplina corretiva deve ser de amor,

interesse, brandura e fidelidade a Cristo (João 13:34-35; Romanos 12:19-21; Gálatas

6:1). A igreja deve lembrar-se coletivamente de suas próprias responsabilidades para

com a tentação e o pecado e não agir de uma maneira vingativa, egoísta ou arrogante. Se

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o amor da membresia é justo, santo, humilde amor (reflexo do caráter moral de Deus,

como em Romanos 13:8-10) e não sentimental, haverá simples fidelidade ao Senhor

Jesus e à Sua Palavra. Quando um membro errado é excluído, os membros da

assembleia devem evitar o contato desnecessário com esse indivíduo, considerando-o

apenas como um possível objeto de evangelismo até que ele seja restaurado em

verdadeiro arrependimento (Mateus 18:15-17; Romanos 16:17; 2 Tessalonicenses

3:6,14);

Quinta: A autoridade final em questões disciplinares cabe à assembleia como um

todo: "...dize-o à igreja..." (Mateus 18:17). A assembleia local é a última instância de

recurso e só ela possui a autoridade para disciplinar qualquer um dos seus membros. A

disciplina corretiva é uma questão da igreja local e deve incluir toda a membresia da

igreja (ou seja, a igreja agindo como um corpo, e não meramente por meio de seus

representantes ou liderança espiritual);

Sexta: O alcance da disciplina da igreja é a retirada do companheirismo ou a

exclusão dos membros (termos sinônimos). (Veja Mateus 18:17; 1 Coríntios 5:12-13; 2

Tessalonicenses 3:6). A natureza e o alcance da disciplina são determinados pela

natureza da igreja e da ofensa;

Sétima: Quais ofensas devem ser disciplinadas pela igreja? Esta questão vital deve

ser investigada tanto positiva quanto negativamente. Negativamente, a Igreja deve

permanecer no ensinamento claro e nos princípios permanentes do Novo Testamento. A

igreja não pode disciplinar apropriadamente alguém por uma ofensa que não seja pelo

menos tratada em princípio na Escritura. Preconceitos ou práticas tradicionais, costumes

culturais ou sociais e áreas dentro de liberdade Cristã legítima não podem ser usados

como fundamentos adequados para a disciplina da igreja. O Novo Testamento revela

uma grande latitude para as preferências e diferenças individuais que são em si mesmas

legítimas se observadas dentro da ética Cristã apropriada. [Veja, por exemplo: Romanos

12:1-2,16; 14:1-23; 15:1-7; 1 Coríntios 8:1-13; 9:4, Colossenses 2:16,20-23]. As

Escrituras devem sempre ser a única e toda suficiente regra de fé e prática da igreja.

Positivamente, existem vários tipos ofensa que estão dentro da área de disciplina da

igreja:

Primeiro: Ofensas de natureza pessoal que não possam ser resolvidas pessoal e

reservadamente, que se tornem públicas e de tal natureza que a igreja deva agir (Mateus

18:15-17).

Segundo: Existem pecados de natureza claramente moral, por exemplo:

embriaguez, cobiça, calúnia, roubo e prostituição, veja 1 Coríntios 5:1-13; Efésios 5:3.

Terceiro: Existem ofensas gerais de má conduta de tal natureza que a unidade e o

testemunho da igreja são ameaçados (2 Tessalonicenses 3:6,11,14-15). Finalmente,

existem casos em que graves erros doutrinários ou discordância ameaçam a verdade e a

unidade doutrinária da igreja (Romanos 16:17; Gálatas 1:6-9; Tito 3:10-11). Os tais

devem ser tratados por causa da pureza doutrinária da assembleia.

A disciplina da Igreja em si pode ser disruptiva, mas "nós devemos obedecer a

Deus do que aos homens." (Atos 5:29). É a igreja do Senhor; infidelidade para Ele

significa mais do que a ofensa daqueles que não permanecerão por Sua Palavra.

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164ª Pergunta - Qual deve ser a principal marca distintiva dos verdadeiros

Cristãos em sua relação com os outro?

Resposta - A principal marca distintiva dos verdadeiros Cristãos na relação

entre si, deve ser um amor semelhante ao de Cristo.

João 13:34-35. 34”

Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos

outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. 35

Nisto

todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.”

Romanos 12:9-10. 9”

O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos

ao bem. 10

Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-

vos em honra uns aos outros.”

1 João 3:14,16. 14”

Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque

amamos os irmãos. Quem não ama a seu irmão permanece na morte. 16

Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a

vida pelos irmãos.”

Veja também: Mateus 5:43-48; João 3:16; Romanos 5:8; 13:8-10; 1

Coríntios 13:1-13; Efésios 4:13-16; Filipenses 2:1-16; Colossenses 3:12-14; 1

Pedro 2:7; 4:8; 1João 3:10-19; 4:7-21; 5:1-3.

COMENTÁRIO

O assunto do amor Cristão é considerado aqui, no contexto da Igreja e suas

ordenanças, como ele pressupõe o contexto imediato de uma assembleia Cristã, onde o

amor deve ser expresso em sua verdadeira natureza pessoal, íntima e prática.

O Novo Testamento repetidamente aponta para um único amor Cristão verdadeiro

consistente como a marca distintiva do povo de Deus. Infelizmente, isto de modo

frequente não é o caso. A própria história do Cristianismo em geral está mergulhada em

sangue por causa do ódio humano, do sectarismo religioso, do poder eclesiástico, do

conflito político e religioso, da agenda pessoal, da falta de graça e de um desejo de

controle. As Diferenças denominacionais, as disputas doutrinárias e os preconceitos

pessoais, mesmo no cristianismo moderno, fazem com que o Nome de Cristo seja

desprezado. A proibição de "armas carnais" não deve ser limitada ao armamento militar,

à coerção política ou tortura religiosa, mas também deve incluir qualquer coisa que não

seja espiritual, isto é, o uso da psicologia, da filosofia humanista ou dos métodos

mundanos (2 Coríntios 10:3-5). O amor bíblico verdadeiro para todos e cada crente, é

uma marca distinta da graça (1 João 3:10-19). Veja a pergunta 112.

Alguns sustentariam que o amor está condicionado ao arrependimento por algum

pecado ou erro contra o próximo. O perdão pode estar condicionado ao arrependimento

(Mateus 6:12,14; 18:21-35; Marcos 11:25-26; Lucas 17:3-4), mas não o amor Cristão. O

amor Cristão bíblico é incondicional. Devemos amar a Deus e nosso próximo, que é

todo inclusivo (Mateus 22:36-39; Lucas 10:25-37), e até mesmo os nossos inimigos - e

tal amor deve ser demonstrado pelo comportamento prático (Mateus 5:43-48; Romanos

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12:14,17,19-21; 1 João 10-19)! O amor verdadeiro como o de Cristo não é meramente

uma emoção nem é irracional, é prático e demonstrável. Como a lei é cumprida em

amor, então o amor é definido pela lei (Romanos 13:8-10). Se nós não tirarmos

ilegalmente a vida de nosso próximo, não o roubarmos, agir imoralmente para com ele,

diminuir sua reputação de qualquer forma, procurar seu mal em pensamento, palavra ou

ação, não mentir acerca dele ou para ele e não cobiçar o que ele tem, e quando nós

buscamos o seu bem - então nós estamos amando biblicamente o nosso próximo.

Apenas no contexto da lei bíblica e do amor bíblico - um amor objetivo, obediente,

inteligente – nós podemos consistentemente amar os outros, até mesmo nossos

inimigos.

A verdade une, mas a verdade também divide. Um amor da verdade como

demonstrado em Jesus deve reunir os verdadeiros crentes. Há um amor múltiplo que

deve se manifestar no verdadeiro Cristianismo bíblico:

Primeiro: Um amor para companheiros de fé no contexto imediato da igreja local.

Esta é a nossa igreja "família" de irmãos e irmãs próximos em Cristo. Se o verdadeiro

amor Cristão não reinar nesta proximidade, é triste mesmo! O amor Cristão definha

onde há um espírito amargo ou excessivamente crítico, uma atitude egoísta, um orgulho

espiritual ou espírito partido ou a feiura da inveja e do ciúme;

Segundo: O amor Cristão deve ser evidenciado em relação a todos os que

carregam o Nome de nosso Senhor, a despeito de várias diferenças doutrinárias

pessoais, denominacionais ou falta de resposta (2 Coríntios 12:15; Gálatas 6.10;

Colossenses 3:12-14). Embora tais diferenças sejam importantes, nós devemos ser

capazes de diferenciar entre as questões e aqueles que possam sustentá-las. O amor é

vinculado pela verdade e ama melhor no contexto da verdade;

Terceiro: O amor Cristão tem sua expressão evangelística quando estende a mão,

embora seja não desejado, frequentemente inesperado e odiado por um mundo

pecaminoso. Deve-se esperar que os Cristãos sofram, sejam perseguidos e até mortos

pela causa de Cristo caso eles possuam e sejam motivados pelo amor do Senhor Jesus

Cristo pelos pecadores. Nosso amor deve refletir Seu Amor.

O amor Cristão é um amor inteligente, o qual decorre da natureza racional. É um

amor que pode ser e é comandado (João 13:34-35; Efésios 5:25,28; Colossenses 3:19; 1

Tessalonicenses 4:9; Tito 2:4; 1 João 3:9; 4:7-8, 11, 20-21; 5:1). É um amor que tem um

caráter moral distinto e é capaz de cumprimento espiritual, moral e prático. Não é

meramente emocional, nem é irracional; é moral, piedoso e consistente (1 Coríntios

13:1-8). Apenas o verdadeiro amor Cristão pode mover os corações, agitar mentes e

constantemente glorificar a Deus. O que manifestamos uns aos outros e ao mundo?

X

AS ÚLTIMAS COISAS

A doutrina das últimas coisas é chamada de "escatologia," da palavra Gr. eschatos,

denotando "último" ou "final." Esta área doutrinária inclui tais realidades como

profecias sobre o futuro, a imortalidade, a morte, o estado intermediário, a ressurreição,

o milênio, o juízo e o estado final de condenação ou glória. A escatologia geral está

frequentemente preocupada com as várias visões milenaristas. A escatologia pessoal

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está mais preocupada com aquelas realidades que pessoalmente dizem respeito ao

indivíduo com a morte, o estado intermediário, a ressurreição, céu, inferno e com o

estado eterno de alguém. Uma questão é dada ao milênio; o resto àquelas realidades que

são de natureza mais pessoal.

Biblicamente, o tempo regride do futuro para o presente e do presente para o

passado, como tudo foi predestinado por Deus (Efésios 1:3-11). Veja perguntas 35, 79 e

80. Assim, no contexto das profecias e promessas Divinas, a vida de alguém deve ser

vivida no contexto de certa expectativa futura (Romanos 8:9-23; 2 Coríntios 4:17-18;

5:1-11; 1 Tessalonienses 4:18; 1 Pedro 1:3-9; 2 Pedro 3:11-14). Que os crentes possam

ser levados a "se alegrar com gozo inefável e glorioso."

165ª Pergunta - Quais são as várias "mortes" descritas nas Escrituras?

Resposta - A Bíblia descreve a morte espiritual, a do poder reinante do pecado, a

física e a segunda morte.

Gênesis 2:17. “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não

comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”

Romanos 5:12. “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo,

e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso

que todos pecaram.”

Romanos 6:11. “Assim também vós considerai-vos certamente mortos para

o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo, Jesus nosso Senhor.”

Apocalipse 20:14. “E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo.

Esta é a segunda morte.”

Veja também: a morte espiritual: Mateus 8:21-22; Efésios 2:1-3; a morte

física: Gênesis 23:1-4; 25:7-10; 2 Samuel 14:14; Ezequiel 18:4,20; João 8:21-24;

Romanos 5:12-14,17-18; 6:23; Hebreus 9:27-28; a morte para o poder reinante do

pecado: Romanos 6:2-14; 2 Coríntios 5:14-15; Gálatas 2:20; Colossenses 3:1-4; a

segunda morte: Mateus 10:28; Apocalipse 2:11; 20:6,11-15; 21:8.

COMENTÁRIO

A morte como um conceito bíblico denota separação. A separação que ocorreu

com a morte espiritual no caso de Adão e sua posteridade deve ser primeiro

considerada:

No mesmo dia em que Adão comeu do fruto proibido - um ato intencional de

desobediência e rebelião contra o governo Justo e Benevolente de Deus - ele morreu

espiritualmente (Gênesis 2:16-17; 3:1-21), ou seja, tornou-se separado de sua relação

original com Deus e com aquelas realidades em sua personalidade as quais mantinham

esse relacionamento. A imagem de Deus dentro dele tornou-se distorcida; ele se tornou

depravado [de, completamente, pravus, torto], ou seja, os efeitos do pecado permeou

sua natureza e personalidade (Romanos 1:18-32; 3:9-18). A parte espiritual de sua

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natureza, a qual mantinha sua justiça original morreu, e sua personalidade, uma vez

governada por uma mentalidade justa, tornou-se sujeita aos desejos de sua natureza

física (Veja Romanos 6:6,11). Ele tinha uma inimizade contra Deus e Seu governo

(Romanos 8:6-8). Sua mente se tornou espiritualmente incapacitada (os efeitos noéticos

do pecado) (Romanos 1:21-22; 1 Coríntios 2:14; Efésios 4:17-19). Ele ficou sob o

poder dominante do pecado. A verdade que ele conhecia, tentou suprimir (Romanos

1:18-20). O pecado de Adão foi imputado a toda a sua posteridade; ela também herdou

sua natureza caída ou depravada e sua mentalidade torcida (Gênesis 5:3; Romanos

3:23). Veja as perguntas 31-34;

Segundo: A morte para o poder reinante do pecado está inclusa no assunto mais

amplo da salvação. A salvação é a reversão da sentença e dos efeitos da morte espiritual

pela união do crente com Cristo, que é a união tanto em sua morte quanto em sua

ressurreição de vida. Veja a pergunta 77. A regeneração é a transmissão dessa vida

espiritual ou natureza que morreu com a queda (João 3:3-8; Efésios 2:4-5). A imagem

de Deus é recriada em princípio, em uma transformação de espírito moral e intelectual

(Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9-10). O poder reinante do pecado é destruído

(Romanos 6.1-14), a inimizade natural do coração é removida (Romanos 8:6-11) e a

cegueira satânica que obscurecia o Evangelho é tirada (2 Coríntios 4:3-6). Veja a

pergunta 83. Na conversão, simultaneamente com a regeneração, a fé salvífica e o

arrependimento são concedidos (Atos 11:18; 18:27; Efésios 2:8-10). Veja as perguntas

86-87, 90-91. A justificação, a imputação da justiça de Cristo, trata da pena e da culpa

do pecado (Romanos 3:21-26). Veja a pergunta 92. A adoção, de forma simultânea com

a regeneração, renova o Espírito Santo dentro da personalidade (Gálatas 4:4-7). Veja a

pergunta 93. Por meio da santificação, ou da transmissão de justiça, o indivíduo é

posicional, definitiva e progressivamente (pela obra positiva da Palavra e do Espírito, e

negativamente por tentações e castigo) santificado no estilo de vida e posto em

conformidade essencial com a imagem do Filho de Deus (Romanos 8:29; 2 Coríntios

3:17-18; Hebreus 12:3-14). Veja as perguntas 94-96. A glorificação na ressurreição

completa o processo de salvação com a redenção do corpo, que permanece inalterado na

atual experiência - embora o seu papel dominante tenha sido quebrado pela união com

Cristo (Romanos 6:6,11-13; 08:11-23; 1 Coríntios 15:49,51-57; 2 Coríntios 4:16-5:8).

Veja a Pergunta 169;

Terceiro: A morte física ou a separação da alma e do corpo. Adão acabou por

sofrer a morte física,e passou esta sentença para toda a raça humana por meio de seu

pecado (Gênesis 5:5; Romanos 5:12-14,17; 1 Coríntios 15:21-22; Hebreus 9:27). A

morte física, então, a separação do corpo e da alma, não é natural, mas antinatural; é

penal, o juízo de Deus sobre o pecado. A Escritura descreve a morte física como um

inimigo – o inimigo final a ser destruído (1 Coríntios 15:26). O Senhor Jesus tornou-se

encarnado, não meramente como um indivíduo, mas como o "Segundo Homem," o

"Último Adão" para desfazer o que o "Primeiro Adão" fez, para desmantelar as obras do

diabo e por meio da morte conquistar a morte (Romanos 5:17; 1 Coríntios 15:21-26,45-

49; Hebreus 2:5-15; 1João 3:8). Veja a pergunta 66;

Quarto: A "segunda morte," descreve, não a aniquilação ou a cessação do ser ou

da existência, mas um estado eterno de separação de Deus. Este é o destino dos ímpios

ou injustos após o julgamento final quando para sempre se instalará o seu grau de

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tormento e sofrimento eterno (Apocalipse 2:11; 20:6,11-15; 21:8). Veja a pergunta 171.

Você foi liberto da morte espiritual? Você escapará da segunda morte?

166ª Pergunta - O que é a morte física?

Resposta - A morte física é a interrupção desta presente vida terrena pela

separação da alma do corpo.

Filipenses 1:21. “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.”

Hebreus 9:27. “...está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o

juízo,...”

Apocalipse 14:13. “...Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem

no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas

obras os seguem.”

Veja também: Gênesis 2:7,17-19; 3:19; Levítico 24:17; Números 23:10;

35:16-19; Salmos 23:4; 55:4; 104:29; 116:15; Provérbios 8:36; 14:12 e 18:21;

Eclesiastes 7:1-4; 12:5-7; Ezequiel 18:32; Atos 25:11; Romanos 5:12-14,21; 6:23;

8:35-39; 1 Coríntios 3:21-23; 15:26,54-58; Filipenses 1:20-21; Colossenses 1:20-

22; 2 Timóteo 1:8-10; Hebreus 2:9-15; 9.13-28; 1João 5:16-17; Apocalipse

12:11; 21:4.

COMENTÁRIO

A morte física é a cessação desta presente vida terrena, a separação da alma do

corpo. A alma, no momento da morte, deixa o corpo e continua sua existência seja

consciente na presença de Deus ou em um estado consciente de tormento e sofrimento

até a ressurreição e o julgamento final. O corpo se decompõe e eventualmente volta aos

seus elementos químicos naturais - em termos bíblicos, ele retorna ao pó de onde foi

tirado (Gênesis 2:7; 3:19; Jó 10:9; 34:15; Salmos 103:14; Eclesiastes 3:19-21).

A Bíblia descreve a morte física em uma variedade de termos: Um retorno ao pó

(Eclesiastes 12:7). A ida pelo caminho de toda a terra, (Josué 23:14). Sendo congregado

aos seus pais, ou recolhido ao seu povo (Juízes 2:10; Deuteronômio 32:50). Dormir, ou

adormecer com seus pais (1 Reis 11:21; 22:50; 2 Crônicas 26:23). Dormir, ou

adormecer em Jesus (João 11:11; 1 Coríntios 11:30; 1 Tessalonicenses 4:13-15). A

morte (Lucas 9:31 , 2 Pet . 1:15). A partida, ou uma partida para estar com Cristo

(Filipenses 1:23; 2 Timóteo 4:6). Render o espírito (Gênesis 25:8; Mateus 27:50; Atos

5:5). Sendo oferecido ou derramado como libação (2 Timóteo 4:6). Deixar este

tabernáculo (2 Pedro 1:14). Desfazer a casa terrestre deste tabernáculo (2 Coríntios

5:1). Deixar este corpo, para habitar com o Senhor (2 Coríntios 5:8).

A realidade da morte física é um lembrete de que a humanidade caída e pecadora

ainda está em um sentido muito real, sob essa aliança de obras que Deus fez com Adão

(Gênesis 2:15-17). Adão quebrou essa aliança pela sua desobediência como Homem

Representante, e a humanidade tem tido a sentença universal da morte por causa do

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pecado original de Adão (Romanos 5:12-14; 1 Coríntios 15:21-22) e também por causa

de suas próprias transgressões individuais adicionadas (Ezequiel 18:4; Romanos 3:9-

12,23; 6:23). A morte, então, tem uma relação imediata e necessária com o pecado

(Romanos 5:12; Tiago 1:15). El é, portanto, antinatural; e não fazia parte da ordem

criada, mas é o resultado do pecado. A Escritura chama a morte de inimigo (1 Coríntios

15:26). Porque a morte é o inimigo final a ser conquistado, ela continuará como uma

realidade até a ressurreição de crentes e não crentes (João 5:29).

Houve apenas duas exceções à morte física: Enoque (Gênesis 5:23-24) e Elias

(2Reis 2:1,11). Os que estão vivos e permanecerem quando o Senhor voltar serão

igualmente glorificados sem a experiência da morte (1 Tessalonicenses 4:15-18).

O crente, estando em união com Cristo, tem removido o medo da morte em seu

significado final por meio da ressurreição do Senhor Jesus e da revelação do evangelho

(Romanos 6:1-11; 2 Coríntios 4:8-5:8; Filipenses 1:21; 2 Timóteo 1:8-10; Hebreus 2:9-

15; 1 Pedro 1:3-5).

167ª Pergunta - Por que os crentes morrem?

Resposta - A morte é o resultado final de viver em um mundo caído. Ela não é

penal para o crente, mas completa o processo de santificação do crente. É o último

inimigo, que permanecerá até a ressurreição final para a vida.

Romanos 8:1. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão

em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.”

1 Coríntios 15:26. “Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a

morte.”

Veja também: Lucas 23:39-43; Atos 7:54-60; 1 Coríntios 11:30; 15:20-

28,51-58; 2 Coríntios 4:17-5:8; Filipenses 1:19-23; 3:10; 2 Timóteo 4:6-8;

Hebreus 9:27-28; 12:1-13; 2 Pedro 1:13-15; 1 João 5:16-17; Apocalipse 14:13.

COMENTÁRIO

Por que os crentes morrem? Se todos os nossos pecados foram lançados sobre o

Senhor Jesus, e nenhuma condenação há sobre qualquer crente em virtude da imputação

da justiça de Cristo a ele e da imputação de seus pecados à Cristo, então a morte do

crente não pode ser penal (Romanos 5:1-2,8-11; 8:1). Veja as perguntas 77 e 92. O

ladrão arrependido crucificado com nosso Senhor, sem qualquer experiência Cristã além

de algumas palavras e horas finais, estava certo de que ele naquele dia estaria com nosso

Senhor no paraíso (Lucas 23:39-43).

Pode-se perguntar, como nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho eterno de Deus, o

impecável Deus-Homem, o único não contaminado pelo pecado de Adão, poderia

morrer? Sua morte é um testemunho da realidade, não apenas de sua verdadeira

humanidade, mas da imputação de nossos pecados a ele. Ele poderia morrer, tinha que

morrer e morreu por aqueles cujos pecados lhe foram imputados no propósito de Deus

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(Romanos 3:24-26; 2 Coríntios 5:21; 1 Pedro 3:18), e por sua morte aniquilou aquele

que tinha o império da morte, o diabo (Hebreus 2:14; 1 João 3:4-5,8).

Se a morte física para os crentes não é penal, então a que finalidade ela serve?

Primeiro: A morte é uma parte necessária e essencial da vida em um mundo caído.

Como os crentes não estão isentos de pesares, tristezas, sofrimentos, fraquezas,

oposição e violência deste mundo caído, ou as realidades da enfermidade, da doença e

da velhice, então eles também não estão isentos da experiência de morrer e da morte. A

morte permanecerá sendo uma realidade até a ressurreição e julgamento final; quando

será destruída como último inimigo. .(1 Coríntios 15:26). Até lá, é uma realidade

sempre presente para ambos os descrentes e crentes.

Segundo:,A morte traz à consumação do processo e nossa experiência terrena de

santificação, que começou na regeneração e na conversão. Nós devemos ser fiéis até a

morte (Apocalipse 2:10). Na separação do corpo e da alma, o corpo, como a sede e

instrumento de pecado interior e da corrupção remanescente, será finalmente posto de

lado (Romanos 6:6-14; 7:13-8:4; Filipenses 3:20-21; 2 Pedro 2:14). A Bíblia nunca

considera o corpo como sendo inerentemente mal (Gnosticismo), mas é o instrumento

pelo qual um princípio de pecado se expressa. A expectativa do crente não é de escapar

do corpo, mas de experimentar a sua glorificação (Romanos 8:22-23,29-30; 1 Coríntios

15:49-58; 2 Coríntios 5:1-4; Filipenses 3:20-21; 1 João 3:1-3);

Terceiro: A morte completa nossa união experimental com Cristo. Veja a pergunta

77. As adversidades e sofrimentos de nossa experiência Cristã, culminando na morte,

enquadram-nos completamente em nossa conformidade com a imagem de nosso Senhor

(Romanos 8:11-18,29-30; 2 Coríntios 3:17-18). Como ele foi aperfeiçoado, e

exemplificou uma perfeita obediência por intermédio de seus sofrimentos terrenos e

morte, então Deus ordenou que em nossa experiência terrena, devêssemos igualmente

experimentar o sofrimento e possivelmente a morte por causa dele (Hebreus 5:5-10;

Romanos 8:17; Filipenses 3:10; Colossenses 1:24, 1 Tessalonicenses 4:13-18; 1 Pedro

4:1). Nós devemos notar de maneira cuidadosa que absolutamente nada, nem mesmo a

morte com todo o seu possível sofrimento e de várias formas, pode separar-nos do amor

de Deus que está em Cristo Jesus nosso Senhor (Romanos 8:35-39);

Quarto: A morte física é o meio normal pelo qual os crentes são levados à

presença consciente do Senhor Jesus Cristo para estar com ele, onde ele está para que

eles vejam a sua glória (João 17:24; Atos 2:30-33; 7:55-56; 2 Coríntios 5:6-8;

Filipenses 1:23; Hebreus 1:2-3). Isto é em resposta ao desejo de sua Oração Sacerdotal,

e, portanto, a morte de cada crente está dentro dos limites de sua vontade soberana e

amorosa (Apocalipse 1:17-18);

Quinto: Em alguns casos, a doença, o sofrimento ou a morte de um crente pode ser

disciplinar, embora nunca penal. É possível para um crente cometer um pecado ou

crime pelo qual ele deva sofrer as consequências como um criminoso perante um

tribunal terreno ou como uma criança desobediente diante de seu Pai Celestial. O

castigo Divino pode resultar na doença ou mesmo na morte de tal crente (1 Coríntios

5:1-5; 11:30; Hebreus 12:1-13; 1 João 5:16-17). Só Deus conhece infalivelmente o

coração, a mente e o motivo de qualquer crente, e ninguém deve pronunciar condenação

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sobre qualquer crente insinuando que a enfermidade, a doença ou a morte é de forma

alguma penal ou até mesmo de alguma forma disciplinar. Tais questões devem ser

deixadas com nosso Pai Celestial, que sempre atua em amor para consigo mesmo,

sempre em castigo e disciplina.

Qual deveria ser a atitude do crente diante da morte? O Novo Testamento não foca

o aspecto físico e o sofrimento que pode caracterizar a experiência de morrer, mas

enfatiza a antecipação de estar ausente do corpo e estar presente com o Senhor (2

Coríntios 5:1-8), um estado que é "ainda muito melhor" (Gr. de Filipenses 1:23).

Assim, se o viver é Cristo, então morrer é lucro (Filipenses 1:21). Para nosso Senhor

Jesus, a morte foi um "êxodo," ou a saída de seu sofrimento e vergonha após a

consumação de sua obra redentora (Lucas 9:31, a palavra "morte" é a Gr. "êxodo"). O

apóstolo Pedro usa a mesma terminologia de sua própria morte (2 Pedro 1:15). O

Apóstolo Paulo usa o termo "soltar," que poderia ser parafraseado "soltar as estacas," ou

tomar tenda (Filipenses 1:23; 2 Timóteo 4:6). Esta vida deve ser vista como temporária;

a vida após a morte com o Senhor Jesus é vista como eterna (Romanos 8:17-23; 2

Coríntios 4:17-18; 5:1ss; 1 Tessalonicenses 4:17; Hebreus 12:1-2).

Os crentes sofrem com a morte por causa do rompimento dos laços terrestres e de

uma sensação de perda pessoal de companheiros de fé a quem eles conhecem e

amam.,Tal sofrimento é natural; mas ele é mitigado pela esperança de um futuro

reencontro com os remidos na glória (1 Tessalonicensses 4:13-18). Os incrédulos por

contraste "não têm esperança," e, portanto, nada para diminuir seu sofrimento. Que

possamos nós viver e morrer na expectativa gloriosa de estarmos "para sempre com o

Senhor"!

168ª Pergunta - Qual é o estado intermediário?

Resposta - O estado intermediário ou desencarnado refere-se àquele estado de

existência consciente da alma entre a morte física e a ressurreição.

Lucas 23:42-43. 42

E disse a Jesus: “Senhor, lembra-te de mim, quando

entrares no teu Reino.” 43’

E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás

comigo no Paraíso.’

2 Coríntios 5:2-4. 2”

E por isso também gememos, desejando ser revestidos

da nossa habitação, que é do céu; 3se, todavia, estando vestidos, não formos

achados nus. 4Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos

carregados; não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal

seja absorvido pela vida.”

Filipenses 1:22. “Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não

sei então o que deva escolher.”

Veja também: Êxodo 3:6; Jó 19:26-27; Mateus 22:31-32; Lucas 16:22-25;

Atos 7:59-60; Romanos 2:7; 2 Timóteo 1:8-10; Hebreus 12:22-23; Judas 6-7.

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COMENTÁRIO

O estado intermediário é o desencarnado consciente entre a morte e a ressurreição

(Lucas 16:22-28; 2 Coríntios 5:1-8). É um estado temporário que terminará com a

ressurreição dos justos e a ressurreição dos injustos (1 Coríntios 15:51-55; Apocalipse

20:12-13). Para os crentes, é um estado de bem-aventurança no gozo consciente de estar

com Cristo (2 Coríntios 5:5,8; Filipenses 1:23). Quando nosso Senhor declarou que

Deus era "o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó, Deus não é Deus dos

mortos, mas dos vivos," Ele implicou que estes patriarcas estavam apenas "mortos" para

o mundo dos homens, mas estavam conscientemente vivos na presença de Deus

(Mateus 22:31-32), assim como Moisés e Elias (Luas 9:29-33), todos à espera da

ressurreição dos justos. Veja a pergunta 169. Para os ímpios, o estado intermediário é

um de sofrimento e tormento antes da ressurreição e do julgamento final (Lucas 16:22-

28; Apocalipse 20:11-15; 21:8). Veja a pergunta 171.

O estado intermediário entre a morte e a ressurreição também envolve várias

outras questões: a imortalidade, o purgatório, o limbo, a aniquilação, a provação e o

sono da alma.

As Escrituras declaram que somente Deus é inerentemente imortal. Ele tem a vida

em si mesmo e é a fonte de toda a vida (Atos 17:24-25,28; 1 Timóteo 6:16). Os seres

humanos têm uma imortalidade derivada como os portadores de imagem de Deus

(Gênesis 1:26-28; 2:7; Eclesiastes 12:7). A doutrina bíblica não é simplesmente essa da

imortalidade da alma (um conceito grego pagão), mas da pessoa toda na ressurreição

para a glória (Daniel 12:2; 1 Coríntios 15:51-57) ou na ressurreição para o juízo (Dan.

12:2; Apocalipse 20:5,11-15). Assim, a morte não finaliza a existência humana, mas

guia ao estado intermediário ou desencarnado até a ressurreição de todos os homens. O

Velho Testamento antecipou a revelação completa da imortalidade na futura

ressurreição dos mortos (Jó 19:26-27; Salmos 16:9-11; 17:15; 73:24; Daniel 12:2). A

realidade completa da ressurreição para a vida e para glória é revelada na ressurreição

de nosso Senhor e no Evangelho (Mateus 8:11; Lucas 24:36-43; João 20:19-20, 26-28;

Atos 17:18; Romanos 8:17-23; 2 Timóteo 1:8-10; 1 Pedro 1:3-9).

A doutrina Romanista do Purgatório, um lugar onde as pessoas supostamente

permanecem por um tempo determinado após a morte para expiar seus pecados, é uma

negação da obra consumada de Cristo. A doutrina da justificação tem grandes

implicações escatológicas bem como as implicações salvíficas imediatas (Jo 5:24;

Romanos 3:21-31; 5:1-2). Veja as perguntas 82 e 92. Além disso, este ensino é baseado

em textos apócrifos não canônicos. Limbo [limbus patrum], o alegado lugar das almas

que partiram antes da ressurreição de nosso Senhor e ascensão ao céu [e limbus

infantum no dogma Romanista o alegado lugar para crianças não batizadas], é outra

doutrina Romanista que não é substanciada pelas Escrituras (Eclesiastes 12:7; Isaías

8:20).

A aniquilação é a ideia que na morte tanto o corpo quanto a alma deixam de

existir; ou que a alma deixa de existir após o julgamento final (a negação do castigo

eterno, a ideia da imortalidade condicional). A Escritura afirma a existência continuada

da alma após a morte e também a realidade da ressurreição dos mortos - tanto justos

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quanto injustos (2 Samuel 12:13-23; Jó 19:26-27; Dan 12:02; Mateus 22:31-32; Lucas

9:29-33; 16:22-25; Romanos 8:11-23,29-31; 1 Coríntios 15:51-57; 2 Coríntios 5:1-8;

Filipenses 1:23; Apocalipse 20:1-7,11-15). A palavra Hebraica Sheol (Deuteronômio

32:22) e a Grega Hades (Mateus 16:23), referindo-se ao mundo invisível dos mortos ou

dos espíritos, são frequentemente traduzidas como "inferno" ou "sepultura" como um

lugar de descanso para o corpo, têm sido erroneamente usadas para ensinar a

aniquilação, como se tudo chegasse ao fim na sepultura (1 Samuel 28:7-19; Oséias

13:14; Amós 9:2). Os termos Tophet e Gehenna denotam um lugar literal de fogo no

vale de Hinom, fora de Jerusalém, que a Escritura figuradamente retrata como um lugar

de fogo infernal e tormento sem fim (Isaías 30:33; Mateus 5:22; 18:9; Marcos 9:43-49).

Os anjos caídos, como seres espirituais, foram lançados no Tártarus, o equivalente a

Gehenna (2 Pedro 2:4). A coerência da Escritura está contra a ideia de aniquilação.

Alguns sustentam que o estado intermediário é um tempo de provação e uma

"segunda chance" para aqueles que morrem separados do evangelho e sem

arrependimento, uma interpretação errônea de 1 Pedro 3:19. As Escrituras afirmam que

a morte sela o estado do indivíduo para sempre, as ações de sua vida terrena e o estado

espiritual determinam o destino de alguém (Lucas 13 4-5; 16:22-26; João 8:21; Hebreus

9:27-28; Apocalipse 22:11).

O sono da alma é a ideia de que ela é inconsciente entre a morte física e a

ressurreição. Enquanto a morte do crente é frequentemente eufemizada como "sono" (1

Coríntios 11:30; 1 Tessalonicenses 4:13-17), as Escrituras dão testemunho abundante

para a consciência dos crentes e descrentes no estado intermediário (Mateus 22:31-32;

Lucas 16:22-25; 1 Coríntios 15:51-57; 2 Coríntios 5:1-8; Filipenses 1:23).

169ª Pergunta – O que é a ressurreição dos justos?

Resposta - A ressurreição dos justos é a primeira ressurreição, ou a ressurreição

para a vida, no segundo advento de nosso Senhor, no qual os redimidos serão

ressuscitados incorruptíveis com seus corpos glorificados.

Lucas 14:14. “...recompensado te será na ressurreição dos justos.”

João 5:29. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida.

Romanos 8:23. “...nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também

gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso

corpo.”

Romanos 8:30. “E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que

chamou a esses também justificou; e aos que justificou a esses também

glorificou.”

Tito 2:13. “Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da

glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo.”

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Apocalipse 20:6. “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira

ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de

Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos.”

Veja também: Daniel 12:2; Mateus 22:23-30; 27:50-53; Lucas 20:34-38;

João 5:28-29; 6:39,44; Atos 2:24,32; 13:33-34; 23:6; 24:15; Romanos 1:1-4;

8:11,22-23,29-30; 1 Coríntios 15:12-26,35-58; Filipenses 3:20-21; 1

Tessalonicenses 4:13-18; Hebreus 6:2; 1João 3.2; Apocalipse 20:5-6.

COMENTÁRIO

A ressurreição dos retos ou justos é chamada a "primeira ressurreição," e "a

ressurreição para a vida." Esta ressurreição ocorrerá no Segundo Advento de nosso

Senhor (Tito 2:13). Os corpos físicos de todos os crentes serão então glorificados, e

feitos como o de nosso Senhor (Daniel 12:2-3; Mateus 13:43; Romanos 8:11,17-23; 1

Coríntios 15:35-58; 2 Coríntios 5:1-8; Filipenses 3:20-21; 1 Tessalonicenses 4:13-18;

1 João 3:2). As limitações físicas, com o pecado interior e a corrupção remanescente,

tendo cessado na morte, terão ido para sempre. Os corpos serão reconhecíveis mas

"glorificados," isto é, não limitados, mas elevados a seu mais alto potencial participando

da glória de Cristo (Veja as Escrituras anteriores, e também: Romanos 8:30; 1

Tessalonicenses 2:12; Hebreus 2:10-11; 1 Pedro 5:1,4). A conformidade com a imagem

de Nosso Senhor estará então completa (Romanos 8:29).

Os crentes enfrentarão o julgamento? A Escritura declara que o estado regenerado

e justificado do crente foi estabelecido para sempre. Nenhum crente será condenado ou

perderá sua posição justificada diante de Deus (João 5:24; Romanos 5:1-2; 8:1). No

Tribunal de Cristo, ele evidentemente terá que responder pelos pecados cometidos como

um crente e receber ou perder suas recompensas por sua fidelidade ou infidelidade

(Romanos 14:10-12; 1 Coríntios 3:10-15; 4:5; 2 Coríntios 5:9-10; Colossenses 3:23-25

), mas o gozo da presença do Senhor e do estado glorificado na eternidade não será

mitigado.

Se tomada literalmente, esta primeira ressurreição ocorrerá antes do Reino milenar

de nosso Senhor (Apocalipse 20:1-6). Veja a pergunta 170. No final do milênio, haverá

uma segunda ressurreição, a dos ímpios, e então o seu julgamento final (Apocalipse

20:11-15; 21:8). Veja a pergunta 171. O Velho Testamento antecipou a ressurreição de

todos os homens, mas não distinguiu as duas ressurreições quanto ao tempo (Daniel

12:2). Muito do Novo Testamento, mencionando as ressurreições juntas não distingue

qualquer distinção temporal (por exemplo: João 5:28-29; Atos 24:15). Apocalipse 20:1-

7, porém, distingue duas ressurreições quanto a ambos os participantes e tempo. Esta é

certamente definitiva se a "ressurreição dos mortos" [Gr. ek nekrōn] deve ser traduzida

como "de entre [os] mortos" (Atos 4:2, etc.)

Esta, então, é a antecipação gloriosa dos verdadeiros crentes! Nós seremos

totalmente transformado em corpo e alma, e nossa redenção será completa, "e assim

estaremos sempre com o Senhor. “Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas

palavras" (1 Tessalonicenses 4:17-18). Você estará na ressurreição para a vida?

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170ª Pergunta - Quais são os três principais pontos de vista sobre o milênio?

Resposta - Os três principais pontos de vista sobre o milênio são: o Pré-

milenarismo, Pós-milenarismo e Amilenarismo.

Apocalipse 20:1-3. 1”

E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do

abismo, e uma grande cadeia na sua mão. 2Ele prendeu o dragão, a antiga

serpente, que é o diabo e satanás, e amarrou-o por mil anos. 3E lançou-o no

abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações,

até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de

tempo.”

Veja também: 1 Coríntios 15:20-28; 1 Tessalonicenses 4:13-5:4;

Apocalipse 20:1-15.

COMENTÁRIO

O termo "milênio" é o Latim para o Grego Chilia, que significa "mil," e refere-se

aos mil anos nos quais satanás deve ser preso e os santos deverão reinar sobre a terra,

após o qual satanás deve ser solto por um curto período de tempo antes do julgamento

final (Apocalipse 20:1-15).

Os pontos de vista diferentes do milênio estão preocupados com a parousia ["a

vinda," Mateus 24:27,37,39], epiphaneia ["aparecimento," 2 Timóteo 4:1,8; Tito 2:13],

ou retorno visível (Segundo Advento) de nosso Senhor em relação aos mil anos, e

também com a natureza do próprio milênio. Pré-milenarismo: nosso Senhor voltará

antes do milênio; Pós-milenarismo: nosso Senhor voltará após o milênio; Amilenismo:

o milênio deve ser interpretado no sentido figurado, simbólica ou espiritualmente como

um período indefinido de tempo atualmente sendo cumprido.

Estes vários pontos de vistas dependem da exegese (leitura do texto) e da

hermenêutica (método de interpretação ou o sentido do texto) de cada um, e

especificamente, a interpretação da profecia. Isto é especialmente determinante da

compreensão que cada tem um dos livros de Isaías, Daniel, Ezequiel e Apocalipse como

sendo, em suas passagens apocalípticas, histórico, profético ou simbólico. A grande

questão na interpretação é, o Novo Testamento seria trazido em conformidade com a

literalidade do Velho Testamento, ou o Velho seria interpretado e entendido à luz do

Novo? A teologia dispensacionalista torna o Velho Testamento determinante na

interpretação e a teologia não dispensacionalista torna o Novo Testamento determinante

e explicativo do Velho. Além disso, a teologia não dispensacionalista sustenta que Jesus

Cristo está atualmente reinando sobre o universo como Senhor; a teologia

dispensacionalista ensina que ele não reinará como Senhor e Rei Messiânico até o reino

milenar (Salmos 110:1ss; Atos 2:24-36; 1 Coríntios 15:24-28; Filipenses 2:5-11;

Colossenses 1:13-17; Hebreus 1:1-4; Apocalipse 3:21).

Cada ponto de vista milenar sustenta um tipo bem diferente de milênio. O pré-

milenarismo dispensacionalista sustenta uma série de eventos cataclísmicos que

inauguram um milênio terreno. (um tempo de crescente apostasia, o Arrebatamento; a

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primeira ressurreição; o Tribunal de Cristo; a Grande Tribulação; o Segundo Advento; a

vinda visível de Cristo em glória). O Pós-milenarismo tem tradicionalmente

vislumbrado o sucesso gradual do evangelho ou um Último Dia de Glória - um tempo

de avivamento sem precedentes pouco antes do fim desta era do evangelho. O

Amilenarismo sustenta que o milênio é espiritual e se refere ao presente Reino de Cristo

ordenando todos os eventos até a ressurreição geral e o juízo final.

O Pré-milenarismo ensina que o calendário e os eventos de Apocalipse 20:1-7

devem ser interpretados literalmente, e sustenta que o Senhor Jesus Cristo voltará à terra

e pessoalmente reinará por mil anos, após os quais a derrota final de satanás e o

julgamento final ocorrerá. Tem havido três diferentes pontos de vista dentro da posição

pré-milenarista:

Primeiro, Chiliasmismo, uma forma primitiva de pré-milenarismo, que dividiu a

história em sete períodos de mil anos cada, os últimos mil anos (o milênio) sendo o

"Sábado" da história mundial. Este ponto de vista foi amplamente difundido no

Cristianismo primitivo;

Segundo: O pré-milenarismo histórico, que sustenta que o segundo advento

contará com a presença da primeira ressurreição e inaugurará o Reino milenar de nosso

Senhor. O pré-milenarismo histórico ensina ainda que continua a haver uma distinção

entre Israel nacional e os Cristãos, mas que todo o verdadeiro povo de Deus, seja Judeu

ou Gentio compreendem o verdadeiro Israel espiritual;

Terceiro: Pré-milenarismo Dispensacional. (Deve-se cuidadosamente notar que

Dispensacionalismo é uma hermenêutica inclusiva e não apenas um ponto de vista

escatológico. É uma abordagem hermenêutica da Escritura, a qual é relativamente

recente. É este último ponto de vista que atualmente é difundido no Cristianismo

Fundamentalista e Evangélico. Sua hermenêutica é essencialmente um estrito

literalismo do Velho Testamento ao qual o Novo Testamento é feito para ser conforme.

Pensa-se na "Igreja" como um parêntese no relacionamento de Deus com a nação de

Israel, e os dois são considerados distintos e separados ao longo da história redentora. O

milênio, embora sendo o Reino pessoal de nosso Senhor, será caracterizado por um

Reino terreno centrado em Jerusalém, um retorno a um tipo de Velho Testamento,

incluindo o sacrifício de animais e um templo Judaico. Entre pré-milenaristas

Dispensacionais há mais discordância referente a um Arrebatamento pré-Tribulacional,

meso-Tribulacional ou pós-Tribulacional, ou as várias "fases" do Segundo Advento de

nosso Senhor.

O pós-milenarismo geralmente sustenta que o Segundo Advento de nosso Senhor

ocorrerá após o milênio. Mil anos literal é muitas vezes relegado a um cumprimento

mais indefinido de tempo. Novamente, existem vários pontos de vista divergentes

dentro do conceito pós-milenarista. Alguns têm sustentado que este é um avanço geral,

universal do Reino de Deus entre os homens em todo o mundo, culminando com a

vitória final do evangelho na presente economia. Outros têm vislumbrado um era do

Espírito, quando Deus operará poderosamente antes do fim do tempo. Alguns sustentam

uma "Glória dos Últimos Dias," ou um momento ímpar de avivamento e despertamento

espiritual, geralmente coincidindo com a conversão da nação de Israel (Romanos 11), a

qual eles mantêm geralmente distinta dos Cristãos que compõem o "Israel espiritual."

Um ponto de vista recente é o do Pós-milenarismo Reconstrucional, que antecipa a

reconstrução de uma sociedade Cristianizada após a Tribulação. Um ponto de vista

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final, estranhamente associado com o pós-milenarismo, é aquele do Humanismo

Secular, que postula o avanço evolutivo da humanidade pela ciência e da transformação

- a filosofia do Darwinismo Social e do "Evangelho Social."

O aminelarismo afirma que o Livro do Apocalipse é essencialmente simbólico e,

portanto, um livro de linguagem e símbolos figurados. . Em geral, este ponto de vista

ensina que o milênio que se refere à Apocalipse 20 é um número simbólico, e, portanto,

espiritual e não literal, referindo-se a "A Era da Igreja" ou ao presente reinado do

Senhor Jesus Cristo sobre este mundo (1 Coríntios 15:20-28; Colossenses 1:12-20).

satanás é visto como tendo sido sujeito à cruz, e o subsequente sucesso do evangelho é

visto como uma manifestação que ele já não engana as nações. A primeira ressurreição

é pensada como sendo espiritual, em vez de literal. O Segundo Advento inaugurará a

ressurreição geral, o juízo final e o estado eterno. Em contraste com o Pré-milenarismo

Dispensational, o Amilenarismo sustenta que "a Igreja" é agora o "Israel espiritual." As

promessas da aliança e as profecias referentes ao Israel nacional agora são cumpridas

espiritualmente na "Igreja," que é composta tanto de um remanescente judeu convertido

quanto de crentes gentios.

Grandes e piedosos homens, mesmo os maiores estudiosos bíblicos conservadores

e ortodoxos, têm defendido cada uma destas posições escatológicas e até as

divergências dentro destas posições, e nem todas podem estar corretas, seja no geral ou

quanto às especificidades. Nenhum ser humano, ao que parece, tem toda a verdade. Há

mais divergência na escatologia do que em qualquer outra área da doutrina bíblica.

O que se deve aprender a partir da discussão anterior?

Primeiro: Nós devemos ser completa e consistentemente bíblicos em nosso

pensamento. Nossa leitura do texto deve ser cuidadosa e nossa interpretação do texto

deve ser consistente de forma bíblica com os princípios autoconsistentes de

interpretação. Confira a "analogia da fé" (o ensino autoconsistente total da Palavra de

Deus como ele pesa sobre qualquer aspecto dado da verdade Divina; a clareza da

Escritura, ou "Escritura interpreta a Escritura". Veja a pergunta 14. De acordo com o

princípio da revelação que Deus revela progressivamente mais de si mesmo e de seu

propósito redentor como Escritura progride, especialmente do Velho Testamento para o

Novo), o Velho Testamento deve ser interpretado à luz e da mais completa revelação do

Novo (Confira Hebreus 10:1);

Segundo: Devemos interpretar as Escrituras literalmente ("literal" pode ter ampla

aplicação) a menos que haja uma necessidade de tomar as coisas figurada ou

simbolicamente. As Escrituras devem ter o seu lugar primordial em nosso estudo e

pensamento, e não as obras dos homens. Devemos buscar ardentemente um

conhecimento geral e abrangente das Escrituras como uma base sobre a qual lidar com

detalhes, e procurar a mente do Espírito, pela oração para a compreensão (1João

2:20,27);

Terceiro: Devemos estar sempre prontos e dispostos a aprender e modificar nossos

pontos de vista, se necessário. Como a maturidade espiritual não é alcançada de uma só

vez, assim é com o nosso conhecimento das Escrituras e o ensino doutrinário delas (2

Pedro 3:18);

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Quarto: Devemos viver no contexto imediato de nossas pressuposições

escatológicas e antecipação. O Senhor pode voltar a qualquer momento - e nosso

pensamento escatológico pode ser inútil. Como criaturas do tempo nas incertezas desta

atual vida terrena, nós temos apenas o hoje. Nenhum ponto de vista escatológico deve

levar à indolência ou à procrastinação, isto é, nos levar a adiar a decisão de viver

conforme o evangelho. Devemos ser zelosos nas coisas de Deus e viver em obediência à

Sua Palavra.

Finalmente, devemos tomar cuidado para não sermos excessivamente

influenciados por questões externas e temporais. Cada ponto de vista escatológico tem

diminuído ou florescido em relação à situação natural, teológica, histórica, política,

social ou religiosa. Tempos de grandes desastres naturais, convulsões políticas e guerras

ou tempos de grande paz, disputas teológicas e grandes eras de avivamentos ou

momentos de grande declínio espiritual e apostasia, todos tiveram a sua forte influência

sobre o ponto de vista de muitos - mas os tais já ocorreram, seja para o desapontamento

ou para o alívio de seus prognosticadores, isto é videntes. (O autor, de acordo com os

princípios anteriores mencionados, mantém a posição pré-milenarista histórica).

171ª Pergunta - O que é a ressurreição para o juízo?

Resposta - A ressurreição para o juízo é a ressurreição dos ímpios para o

julgamento final de acordo com as suas obras e punição eterna pelos seus pecados.

Daniel 12:2. “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns

para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.”

João 5:28-29. 28”

Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que

todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. 29

E os que fizeram o bem

sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da

condenação.”

Romanos 2:5-6. 5”

Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente,

entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus; 6O qual

recompensará cada um segundo as suas obras.”

Apocalipse 20:12. “E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante

de Deus, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida. E os

mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as

suas obras.”

Veja também: Salmos 9:16–17; Isaías 45:23; Mateus 5:22; 8:12; 12:36–37;

13:36–42,49–50; 18:9; 22:13; 24:51; 25:31–46,46; Lucas 12:4–5; João 12:48;

Atos 17:30–31; 24:24–25; Romanos 2:3, 8–9; Filipenses 2:9–11; 1

Tessalonicenses 1:2–3; 2 Tessalonicenses 1:7–9; Hebreus 6:2; 12:25–29; 2 Pedro

2:9; Judas7,13; Apocalipse 14:9–11; 20:11–15; 21:8.

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COMENTÁRIO

A morte não acaba com tudo. Os tormentos conscientes do inferno seguem

imediatamente à morte do ímpio tão certo como a consciente, abençoada presença do

Senhor segue à morte do crente (Mateus 22:31-32; Lucas 16:22-25; 2 Coríntios 5:6-8).

A "ressurreição da condenação" e o julgamento final seguem necessariamente (João

5:28-29; Hebreus 9:27). O injusto ou não convertido deve ser ressuscitado dentre os

mortos para estar diante do eterno Filho de Deus para ser final e totalmente julgado.

A justiça de Deus e Seu Reto caráter exigem um Dia do Juízo Final para os ímpios

e impenitentes (Gênesis 18:25; Hebreus 9:28). A natureza do homem como um ser

moralmente responsável inteligente, criado à imagem de Deus, assim o exige

(Eclesiastes 3:16-17). O mal nem sempre é punido nem é o bom sempre recompensado

nesta vida, e, portanto, há um sentimento de injustiça sobre esta realidade inerente entre

os homens - embora a maioria deles não pensem em termos de um Dia do Juízo Final, e

de bom grado se julgam isentos! A própria ideia de que o mundo está carregado de

injustiça e desigualdade, e que tal condição agrava mais a humanidade, deve fazer com

que todos considerarem a terrível realidade do Dia do Juízo Final!

Este julgamento será de acordo com a justiça absoluta de Deus; não haverá graça

ou misericórdia aqui - só justiça Divina dada a cada pessoa não convertida de acordo

com suas obras e apenas o que cada um tem direito (Romanos 6:23; Apocalipse 20:12-

13). Este será um julgamento de busca pelo Filho onisciente de Deus, alcançando a

análise de todos os motivos ou a inclinações que se expressaram em cada palavra jamais

falada (Salmos 139:1-4; Provérbios 4:23; Eclesiastes 12:13-14; Mateus 12:36-37; 1

João 3:15). Nada deve ser deixado de lado. Este será um julgamento forense, ou

absolutamente justo de acordo com a lei - a vontade revelada de Deus - o padrão

absoluto de Sua justiça, que deve condenar como culpado segundo as suas obras, cada

ser humano não convertido (Romanos 2:11-16; 3:20-21; Apocalipse 20:12-13). O juiz

será o Senhor Jesus Cristo, o eterno Filho de Deus, a quem foi dado todo o poder

(Mateus 25:31-32; 28:18; João 5:22,25-27; Atos 10:42; 17:31; Filipenses 2:9-11; 2

Timóteo 4:1). Ele se assentará como o Mediador, o Senhor soberano absoluto e Rei

deste universo. É neste ofício que ele será o juiz final dos homens. Veja a pergunta 75.

Haverá graus de punição para os incrédulos, uma vez que haverá graus de recompensa

para os crentes (Mateus 11:21-26; Romanos 2:11-16). Veja a pergunta 169. Este será o

julgamento final. Não haverá "Corte de Apelação." Após este julgamento, "a morte e o

inferno serão lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte" (Apocalipse 20:14-15;

21:8).

Tal cena deve preencher cada pessoa não convertida com um sentido terrível de

pavor. A face do Soberano Juiz, o glorificado Senhor Jesus Cristo, a quem todo o

julgamento foi comissionado, será tão terrível que "a terra e o céu fugiram; e não se

achou lugar para eles" (Apocalipse 20:11). "Os mortos, grandes e pequenos," aqueles

que permaneceram impenitentes e rebeldes em suas vidas terrenas, devem todos ser

total e eternamente condenados. Pilatos, diante de quem nosso Senhor uma vez esteve,

estará diante dele condenado, como estarão os sacerdotes e os líderes que o entregou

para ser crucificado. Os criminosos de todos os tipos estarão lá. Os transgressores e

profanos também Políticos, presidentes, reis, conquistadores, generais, ditadores,

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filósofos, cientistas, médicos, educadores, filantropos - os grandes homens da terra -

estarão lá, ressuscitados dentre os mortos e das tormentas do inferno, para estar no juízo

final e ser totalmente condenados para sempre por seus pecados pessoais e de acordo

com a posição deles em suas vidas terrenas. Papas, padres, pastores e ministros não

convertidos e muitos líderes religiosos estarão diante do Filho de Deus condenados

(Mateus 7:21-23). Então ficarão diante da terrível face do Senhor Soberano e Juiz dos

pequenos povos da terra, dos insignificantes, dos pobres, dos pagãos, dos desterrados -

todos condenados por suas próprias obras e desprovidos da justiça imputada do Senhor

Jesus recebida por fé. Tal realidade deve levar os crentes a um intenso sentimento de

gratidão renovado pela graça livre e soberana de Deus que os salva de si mesmos e dos

seus próprios pecado, para uma renovada determinação de viver em obediência à

Palavra escrita de Deus, e à uma consciência renovada da urgência da promulgação do

evangelho (1 Timóteo 1:15). Por que você acredita que não estará neste terrível juízo

para condenação?

172ª Pergunta - O que as Escrituras ensinam sobre o estado eterno?

Resposta - O estado eterno dos ímpios será um de eterna punição. O estado eterno

dos justos será um de alegria eterna, para sempre com o Senhor nos novos céus e na

nova terra.

Apocalipse 20:14-15. 14”

E a morte e o inferno foram lançados no lago de

fogo. Esta é a segunda morte. 15

E aquele que não foi achado escrito no livro da

vida foi lançado no lago de fogo.”

2 Pedro 3:13. “Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e

nova terra, em que habita a justiça.”

Veja também: Salmos 102:25–27; Isaías 65:17; 66:22; Daniel 12:2–3;

Mateus 3:12; 5:5; 8:11–12; 13:41–43, 49–50; 18:8–9; 19:27–30; 25:46; Marcos

9:42–49; Lucas 3:17; Atos 3:21; Romanos 8:19–21; 2 Tessalonicenses 1:7–10;

Hebreus 1:8–12; 12:26–28; Apocalipse 14:9–11; 20:11–5; 21:1–5,8.

COMENTÁRIO

Algumas verdades reveladas são agradáveis; outras são extremamente solenes. A

verdade sobre o estado eterno é tanto agradável quanto solene. A incapacidade de

nossas mentes finitas para compreender o estado eterno, de julgamento ou de felicidade,

nunca deve levar-nos a abster-nos de sua contemplação. É uma parte essencial das

Escrituras em geral e da profecia em particular.

O estado eterno dos não salvos é uma realidade horrível. Nós devemos estremecer

ao ler a verdade escriturística, ou sequer pensar no o castigo eterno! O pecado contra um

Ser infinito exige uma penalidade infinita. Nisto reside a terrível realidade de um

inferno eterno. É o lugar da exclusão de tudo o que é santo, justo, bom, abençoado,

tranquilo e alegre. É um lugar de tormento absoluto e eterno sofrimento. Neste local

estarão o diabo, os anjos caídos e todos os incrédulos que morrerem em seus pecados. A

realidade da felicidade eterna, pela revelação Divina e por contraste, é

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indescritivelmente gloriosa! Mesmo a antecipação de tal realidade deve preencher a

mente e a alma de glória inexprimível. "Em que vós grandemente vos alegrais ...

alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas" (1 Pedro 1:6,9).

O estado eterno da criação renovada "em que habita a justiça" (2 Pedro 3:13) será

a completa restauração do universo da maldição, dos efeitos e da própria presença do

pecado . Os justos serão final e totalmente conformados à imagem do Filho de Deus; a

redenção deles estará completa. A própria criação será liberada da carga colocada sobre

ela por causa da realidade e dos efeitos da queda. A humanidade redimida será

glorificada para sempre (Romanos 8:18-23). Os ímpios estarão excluídos no tormento

eterno, e os justos habitarão a nova criação (Apocalipse 21-22). "Depois virá o fim,

quando Cristo tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo

o império, e toda a potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a

todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é

a morte" (1 Coríntios 15:24-26). Qual é a sua expectativa? Você tem confiança pela

Palavra de Deus que a sua esperança de salvação eterna repousa no Senhor Jesus Cristo?