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UM NOVO MÉTODO ANALÍTICO PARA A DETERMINAÇÃO DO TEOR DE LIGNINA EM PRODUTOS VEGETAIS. Pesquisadores responsáveis: Romualdo S. Fukushima Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, Pirassununga, SP, Brasil, Bolsista do CNPq, [email protected] Ronald D. Hatfield U.S. Dairy Forage Research Center, U.S. Department of Agriculture, Agricultural Research Service, Madison, Wisconsin, USA. Equipe técnica: Adriana Paula Fuzeto Aluna de Mestrado em Nutrição Animal pela FMVZ/USP Carolina Barbosa Bacha Aluna de Mestrado em Nutrição Animal pela FMVZ/USP Ana Carolina R. Port Bolsista de IC na FMVZ/USP Pesquisas financiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

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UM NOVO MÉTODO ANALÍTICO PARA A DETERMINAÇÃO DO

TEOR DE LIGNINA EM PRODUTOS VEGETAIS.

Pesquisadores responsáveis:

Romualdo S. Fukushima Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São

Paulo, Pirassununga, SP, Brasil, Bolsista do CNPq, [email protected]

Ronald D. Hatfield

U.S. Dairy Forage Research Center, U.S. Department of Agriculture,

Agricultural Research Service, Madison, Wisconsin, USA.

Equipe técnica: Adriana Paula Fuzeto Aluna de Mestrado em Nutrição Animal pela FMVZ/USP

Carolina Barbosa Bacha Aluna de Mestrado em Nutrição Animal pela FMVZ/USP Ana Carolina R. Port Bolsista de IC na FMVZ/USP

Pesquisas financiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado

de São Paulo (FAPESP)

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RESUMO

A oferta de forragens verdes em pastagens tropicais sofre diretamente das

conseqüências das variações sazonais do clima. A produção de massa verde é

substancialmente menor na época da seca, que vai dos meses de junho a setembro.

Neste período, na maior parte do Brasil agro-pastoril, o bovino de corte geralmente

perde peso e a vaca de leite produz menos leite. Uma consulta à Bolsa de

Mercadorias e Futuros (BM&F) confirma elevação dos preços dos "commodities"

carne e leite, devido à menor oferta destes produtos, durante a entressafra. Nesta

época do ano, as chuvas são mais escassas e o capim do pasto está seco, velho e de

baixo valor nutritivo. Plantas forrageiras em avançado estádio de maturidade

comportam-se como resíduos da agroindústria, tais como as palhadas de trigo,

centeio, arroz, o bagaço da cana de açúcar, etc. Elas tem em comum, altas

concentrações de lignina.

A lignina é um complexo polímero fenólico e um dos componentes da parede

celular dos vegetais, ao lado dos carboidratos estruturais celulose e hemicelulose. A

lignina não é digerida pelas enzimas dos animais herbívoros e ainda interfere

negativamente na degradação microbiana dos carboidratos estruturais, reduzindo a

energia alimentar disponível para os fins zootécnicos.

O capim maduro, as palhadas de cereais e o bagaço da cana são ricos em

carboidratos estruturais, mas de baixa digestibilidade e de pequeno consumo

voluntário. Com o progressivo aumento da população mundial, que necessariamente

deveria fazer paralelo na mesma grandeza com oferta de alimentos para consumo

humano, a quantidade de cereais fornecida aos animais terá de ser reduzida no

futuro (FAO, 1994). Portanto, animais ruminantes terão que depender mais e mais de

volumosos grosseiros, mesmo porque a terra disponível para pastagens também

está se tornando escassa. Estes volumosos grosseiros ainda assim são importantes

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fontes energéticas, uma vez que contém pelo menos 70% de carboidratos, que são

inaproveitados devido ao alto teor de lignina.

Em outras palavras, aproveitamento de resíduos agrícolas pelos animais

ruminantes, necessariamente esbarra na lignina. Portanto, antes de se pensar em

qualquer mecanismo para a melhoria do valor nutritivo de um volumoso grosseiro

(por exemplo, tratamento alcalino) é de vital importância a quantificação do real teor

de lignina.

Os procedimentos analíticos atualmente mais empregados para a

quantificação do conteúdo de lignina são a lignina detergente ácido (LDA), lignina

permanganato de potássio (Lper) e lignina Klason (LK). Entretanto, estes métodos

são questionáveis quanto às suas reais acurácias. Este manuscrito pretende oferecer

uma visão global dos principais métodos analíticos empregados para quantificar a

concentração de lignina em plantas forrageiras e outros produtos vegetais. A

presente apresentação dá um especial enfoque ao nosso recém-desenvolvido

método espectrofotométrico de determinação da lignina, denominado de lignina

brometo de acetila (LBA).

Além disso, abordarmos alguns aspectos ligados ao tema lignina do sistema

"Cornell Net Carbohydrate and Protein System" (CNCPS), que vem sendo

amplamente empregado para a estimativa da energia disponível nos alimentos. Os

alimentos utilizados na alimentação de ruminantes devem ser fracionados para

adequada caracterização dos mesmos. No caso dos carboidratos, estas frações são a

A, B1, B2 e C, respectivamente, fração solúvel, de degradação ruminal rápida, de

degradação mais lenta e porção indigerível da parede celular. Nas equações da

CNCPS, um dos componentes das frações B2 e C, é a lignina, e usualmente é

empregada a LDA com base na FDN, corrigida por um fator numérico igual a 2,4.

Entretanto, não há respaldo científico que sustente esta operação. Existem duas

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possíveis razões: a metodologia LDA propriamente dita, falha na sua concepção e o

fator 2,4, uma constante um tanto quanto empírica. Portanto, nas equações para

estimar as frações de carboidratos pelo sistema CNCPS, sugerimos a possibilidade

de se empregar a LBA como uma alternativa ao "LDA x 2,4" nas frações B2 e C.

Temos algumas evidências que respaldam esta hipótese; entretanto, são necessários

mais dados experimentais.

Palavras chave: bovinos, lignina, método analítico, parede celular, plantas

forrageiras.

HISTÓRICO

O principal enfoque desta linha de pesquisa é o desenvolvimento de um novo

método analítico para a determinação do conteúdo de lignina em produtos vegetais.

Esse método é espectrofotométrico na sua essência e baseia-se na solubilização da

lignina em uma solução de brometo de acetila, daí o seu nome – lignina solúvel em

brometo de acetila (LSBA), e posterior leitura a 280 nm em um espectrofotômetro.

Pesquisas correlatas ao presente projeto de pesquisa são:

1) Modification of a colorimetric analysis for lignin and its use in studying the

inhibitory effects of lignin on forage digestion by ruminal microorganisms, The

Ohio State University, Tese Ph.D., 1985-1989, Bolsa de Doutorado no Exterior –

CNPq;

2) Projeto lignina - efeito da lignina sobre a digestibilidade da parede celular de

plantas forrageiras, CNPq, 1991-1993;

3) Aperfeiçoamento e emprego do método colorimétrico lignina solúvel em brometo

de acetila usando como padrão a lignina extraída da própria planta forrageira,

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FAPESP, 1995-1997;

4) Determinação quantitativa da lignina e sua relação com a digestibilidade in vitro

da aveia forrageira (Avena sativa), FAPESP, 1999-2001 (colaborador);

5) Utilization of Acetyl Bromide Lignin as Standard to Determine Lignin

Concentration in Forage Species”, United States Department of Agriculture –

Dairy Forage Research Center, Madison, Wisconsin, EUA – Pós-doutorado no

Exterior, FAPESP, 1999-2001.

6) Validação de um novo método analítico para quantificar o teor de lignina em

alguns materiais ligno-celulósicos (forrageiras; sub-produtos agroindustriais;

madeiras e outros produtos vegetais) pertencentes a importantes segmentos do

agro-negócio. FAPESP (Processo número 02/05854-3 – em andamento).

INTRODUÇÃO

As plantas forrageiras e a lignina

A porção fibrosa (parede celular) das plantas forrageiras fornece energia para

os animais ruminantes. Entretanto, utilização desta fonte de energia será inadequada

se substancial porção for excretada nas fezes.

A lignina é um complexo polímero fenólico, encontrada integralmente como

componente da parede celular e não pode ser digerida pelas enzimas dos animais

mamíferos (Van Soest, 1994) (Figura 1).

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Figura 1 – A parede celular de plantas forrageiras.

É geralmente considerado que a lignina e a respectiva ligação covalente com

os polissacarídeos da parede celular, é o principal obstáculo ao ataque enzimático da

fibra (Jung et al., 1996). Observe-se pela figura abaixo (Figura 2), que estas ligações

são do tipo éster, típicas em gramíneas, mas não em leguminosas. Estas ligações

são susceptíveis à hidrólise alcalina. Por esta razão, é que tratamentos alcalinos

(hidróxido de sódio, amônia, etc.) são mais eficazes em gramíneas, mas não em

leguminosas.

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Figura 2 – A ligação covalente entre lignina e

carboidrato da parede celular.

A lignina é um complexo polímero fenólico, formado pela união covalente de

vários monômeros fenólicos. Estas ligações são do tipo éter (C – C e C – O),

resistentes a vários agentes hidrolíticos, inclusive a vários sistemas enzimáticos.

Uma possível configuração deste polímero é representada na Figura 3. Essa malha

funciona como uma substância cimentante dos carboidratos da parede celular,

dificultando a digestão dos mesmos.

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Figura 3 – Configuração espacial da lignina.

Os compostos fenólicos que constituem os blocos construtivos da lignina são

os núcleos guaiacílico, siringílico e p-coumarílico (Figura 4). A distribuição e

proporção destes monômeros obedece à origem filogenética de cada vegetal. Por

exemplo, as madeiras duras possuem núcleos guaiacílicos e siringílicos na lignina,

enquanto que as madeiras moles são quase que exclusivamente formadas de

núcleos guaiacílicos. Por outro lado, as gramíneas possuem uma certa quantidade

de unidades p-coumarílicas.

Figura 4 – Os blocos constitutivos da lignina.

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Figura 5 – Comportamento “diferenciado” da digestibilidade.

Entretanto, os exatos mecanismos desta ação inibitória não estão

completamente elucidados; veja-se o exemplo de gramíneas, que muito embora

apresentem menores concentrações de lignina que as leguminosas, aparentemente

a lignina de gramíneas inibe mais acentuadamente a digestão (Mowat et al., 1969)

(Figura 5).

Outro exemplo reside na constatação que forrageiras jovens, contendo baixas

concentrações de lignina, um pequeno acréscimo na concentração de lignina

acarreta em significativo efeito negativo na digestibilidade, enquanto que forrageiras

maduras, com altos teores de lignina, um subsequente aumento na concentração de

lignina, mostram pequenos decréscimos na digestibilidade (Jung & Vogel, 1986). É

por esta razão que se considera que a curva de inibição da lignina é quadrática,

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obedecendo a lei da “surface limiting law” proposta por CONRAD et al. (1984)

(Figura 6).

Figura 6 – A relação entre concentração de lignina e

digestibilidade é quadrática.

Usualmente constata-se forte correlação negativa entre estádio de maturidade

e digestibilidade da matéria seca para a maioria das plantas forrageiras; à medida

que as forrageiras amadurecem, aumenta o teor de parede celular em função

primordialmente do engrossamento da parede celular e ao decréscimo da relação

folha:caule (Buxton et al., 1996), bem como maiores concentrações de lignina na

fração caule em relação à fração folha (Hatfield et al., 1994) (Figura 7). Corrobora

com essa constatação, a observação de que a parede celular da fração caule

apresentou valor de digestibilidade in vitro inferior à fração folha (Fukushima &

Savioli, 2001), se bem que é necessário também levar-se em conta a observação de

que a lignina presente no caule é possivelmente diferente daquela presente na folha

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(Savioli & Fukushima, 2000). Não apenas a concentração de lignina aumenta com a

maturidade, mas também existem indícios de que ocorrem modificações estruturais

na molécula da lignina (Fukushima & Dehority, 2000).

Figura 7 – O efeito da maturidade na digestibilidade.

Os mecanismos pelos quais a lignina inibe a digestão dos carboidratos da

parede celular, ainda não estão elucidados. Uma das teorias, diz respeito à ligação

covalente entre carboidrato e lignina (figura mostrada acima), onde a configuração

espacial da lignina interferiria na ação enzimática. Uma prova que favorece esta

teoria é que palhadas e outros alimentos volumosos grosseiros apresentam

melhoria na digestibilidade quando tratados com álcalis. Outra teoria diz que a

lignina inibe a digestão dos carboidratos estruturais da parede celular por agir como

uma barreira física à ação das enzimas microbianas. A lignina age como uma

substância cimentante destes carboidratos, e ela própria sendo indigestível, acaba

eventualmente por inibir a digestão da parede celular. Algumas evidências

experimentais foram apresentadas por Dehority & Johnson (1961), que moeram

capim timothy bem maduro em 4 granulometrias: moínho laboratorial normal,

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partículas de 1 mm e moinho de bolas por 6, 24 e 72 horas. A Figura 8 mostra

claramente que o tamanho de partícula influenciou substancialmente a taxa e a

extensão de digestão do capim. A explicação mais plausível residiria no fato de que

ao se reduzir o tamanho particular, aumentar-se-ia a área de exposição à ação

microbiana. A hipótese da lignina atuar como uma barreira física à digestão da

parede celular, condiz com esta observação experimental.

Figura 8 – Efeito do tamanho de partícula na digestão.

Estes mesmos AA. apresentaram outra evidência experimental ao

fermentarem por duas vezes seguidas o capim timothy. Na primeira fermentação, o

capim foi moído de maneira convencional. Na segunda fermentação, o resíduo

sólido foi dividido em duas partes: uma metade foi submetida à segunda fementação

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sem qualquer alteração enquanto que a outra metade foi moída em moinho de

bolas. A Figura 9 mostra o drástico aumento na digestibilidade da celulose, quando

foi mecanicamente removida a lignina.

Figura 9 – A segunda fermentação de capim timothy.

Os métodos analíticos para determinar o teor de lignina

O conteúdo de lignina pode ser útil na estimativa da digestão da fibra (Akin et

al., 1977; Jung & Vogel, 1986); entretanto, qualquer estimador de digestibilidade

precisa ser quimicamente determinado com aceitáveis níveis de precisão e acurácia

(FAICHNEY, 1975). Os métodos da lignina em detergente ácido (LDA) preconizado

por Van Soest (1963), o da lignina permanganato de potássio (LPer) de Van Soest &

Wine (1968) e o tradicional método da lignina Klason (Theander & Westerlund, 1986),

todos eles de natureza gravimétrica, podem nem sempre refletir o real valor da

lignina. Por exemplo, o método LDA tipicamente subestima os teores de lignina

devido à parcial solubilização da mesma na solução de detergente ácido durante a

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preparação da fibra em detergente ácido (FDA) (Kondo et al., 1987). Apesar dos

métodos LDA e Klason basearem-se essencialmente na hidrólise ácida (solução de

ácido sulfúrico a 72%) dos componentes da parede celular, exceto a lignina, estes

tem produzidos resultados conflitantes para as mesmas amostras de plantas

forrageiras (Hatfield et al., 1994). A perda de lignina solúvel no método LDA é

substancial, particularmente em gramíneas, chegando até a 50% (Lowry et al., 1994).

Essa perda, no entanto, tem sido menor no método LK; uma das razões é o tipo de

material pré-extraído que é usado, como por exemplo, a fibra em detergente neutro

(Sewalt et al., 1996) e a preparação de parede celular bruta (Hatfield et al., 1994). O

método LDA emprega a FDA. Entretanto, a LK padece do problema de apresentar-se

contaminado por proteína; enquanto que a lignina de madeiras é essencialmente

livre de proteína, nas plantas forrageiras, particularmente as leguminosas, esse

problema pode assumir dimensões sérias (Van Soest, 1994). Também valores de

LDA e Klason podem ser erroneamente determinados em função da presença de

contaminantes insolúveis, por exemplo, a cutina (Fukushima, 1989).

O conteúdo de lignina determinado pelo método LPer geralmente é mais

elevado do que o obtido pela LDA (Traxler et al., 1998). Entretanto, contrariamente

ao que é imputado ao método LDA, deve-se considerar que os teores de LPer podem

estar artificialmente elevados, uma vez que outros componentes da parede celular

(celulose, hemicelulose e pectina) podem ser atacados pela solução de

permanganato de potássio, particularmente nas gramíneas imaturas (Van Soest &

Wine, 1968). Além disso, parte da hemicelulose e alguns tecidos do mesófilo de

Festuca sp. foram oxidados pela solução de permanganato (Barton II & Akin, 1977).

O fato que gramíneas e leguminosas mostraram diferentes regressões entre LDA e

digestibilidade (Tomlin et al., 1965; Kondo et al., 1987) e que distintas equações para

a estimativa da FDN indigerível foram obtidas quando se empregaram os dois dos

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mais comuns métodos para lignina (LDA e LPer), fortemente sugere que algum

problema analítico esteja presente em algum dos métodos, ou em ambos

(Fukushima & Hatfield, no prelo).

Estes métodos, embora relativamente fáceis, nem sempre fornecem dados

seguros sobre o real teor de lignina. Um método alternativo para quantificar lignina

foi proposto por Morrison (1972a,b), que é baseado na solubilização da lignina numa

solução a 25% de brometo de acetila em ácido acético glacial, o método da lignina

solúvel em brometo de acetila (LSBA). A determinação da concentração de lignina é

baseada na leitura da densidade óptica a 280 nm. Entretanto existe um entrave que é

a ausência de um padrão de referência, pois todo método espectrofotométrico

pressupõe a existência de um padrão (Fengel & Wegener, 1984). E o método em

pauta vinha carecendo de um padrão de referência confiável para desenvolver as

curvas de calibração, com as quais as leituras de absorbância pudessem ser

comparadas. Diversos materiais já foram empregados como padrões: Indulina

(Chesson, 1981), lignina “kraft” (Brillovet & Riochet, 1983), guaiacol (Sharma et al.,

1986), ácido ferúlico (Al-Ani & Smith, 1988) e lignina nativa (Fukushima et al., 1991).

Iiyama & Wallis (1990) desenvolveram o coeficiente específico de absorção de 20,0 g-

1.litro.cm-1 baseados em espectroscopia infra-vermelho e produtos de oxidação pelo

nitrobenzeno de amostras isoladas de lignina. Desafortunadamente este amplo leque

de padrões levou a sérios questionamentos quanto à exequibilidade e confiabilidade

do método espectrofotométrico.

Fukushima & Dehority (2000) desenvolveram um padrão de referência, obtido

através da extração da lignina do material vegetal com o reagente brometo de

acetila; curvas-padrão foram desenvolvidas para cada tipo de lignina isolada bem

como espectrogramas no intervalo de 220 a 320 nm. Ambas técnicas grafométricas

permitiram algumas análises quanto ao aspecto qualitativo das ligninas isoladas. Por

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exemplo, pela análise de espectrogramas de ligninas provenientes de plantas jovens

ou maduras, esses AA. concluíram pela existência de diferenças entre elas,

possivelmente pela diferenciada deposição de monômeros fenólicos à medida que a

planta amadurece. Por outro lado, análises das curvas-padrão provenientes de

lignina da fração caule ou folha, também revelaram a existência de diferenças na

absorção da luz ultra-violeta entre as ligninas, possivelmente devido a diferenças na

composição fenólica entre as ligninas (Savioli & Fukushima, 2000). Estes efeitos da

maturidade ou parte vegetal, refletidos nas ligninas, podem ter decisivo efeito na

digestibilidade da planta forrageira.

Muito embora tenha sido exequível o emprego dessa forma de lignina,

Fukushima & Hatfield (2001) demonstraram que a lignina extraída com solução ácida

de dioxano (LDiox) continha menores teores de contaminantes, particularmente de

carboidratos; esta lignina empregada como padrão de referência nas leituras

espectrofotométricas, resultou em concentrações de lignina mais consistentes entre

si. Um dos escopos da nossa linha de pesquisa é investigar a nossa proposta de que

o método analítico LSBA é o que melhor estaria estimando a real concentração de

lignina nas plantas forrageiras.

A Tabela 1 mostra resultados de lignina determinados pelos 4 métodos: LK,

LDA, LPer e LSBA (Fukushima & Hatfield, no prelo).

Tabela 1 – Resultados de quatro métodos analíticos para lignina.

Nome ADL (%) PerL (%) LK (%) ABSL (%)

Setaria M 7,25 8,09 13,53 15,13

Setaria M, perfilhos 6,16 6,58 12,60 14,25

Palhada de trigo (caule) 8,91 12,20 18,42 21,74

Palhada de trigo (folha) 10,34 7,43 14,15 17,50

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Palhada de aveia (caule) 8,33 11,14 17,11 20,54

Palhada de aveia (folha) 10,69 7,13 13,80 14,73

Alfalfa Y 8,36 13,46 12,30 11,60

Alfalfa M 9,06 15,37 13,88 11,14

Alfafa M, 30 cm inferior 9,25 15,75 14,48 11,92

Alfalfa M, 30 cm superior 5,93 9,53 11,14 7,49

Trevo vermelho M 4,17 11,55 7,12 8,32

Bromegrass M, nativo 4,56 6,70 13,01 14,27

Pinheiro 24,55 25,53 24,97 32,48

Álamo 6,95 19,05 15,86 21,11

Milho M 2,48 4,52 7,67 8,91

Bromegrass J 2,85 5,60 10,22 12,35

Bromegrass M1 3,04 6,41 10,04 12,98

Bromegrass M2 3,65 6,98 10,98 14,61

Observe as diferenças nas concentrações de lignina para uma mesma

amostra. Regra geral, os maiores valores foram registrados para o método LSBA,

ficando os menores valores para a LDA. Como já descrito anteriormente por vários

autores, o método LDA fornece teores menores de lignina, particularmente para as

gramíneas imaturas (a Tabela 1 mostra estes valores sublinhados).

É aceito sem restrições a observação de que o caule, regra geral, apresenta

concentrações mais elevadas de lignina do que o tecido foliar, justamente por ser

uma estrutura de sustentação. Na Tabela 1, estão os resultados das determinações

dos teores de lignina em caule e folha das palhadas (em azul). Enquanto que os

métodos LPer, LK e LSBA foram coerentes com esta observação, os dados de LDA

foram claramente em direção oposta. A digestibilidade in vitro, tanto da matéria seca

como da parede celular, das folhas foi maior que a do caule, concordando com os

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dados de LPer, LK e LSBA. As folhas caracteristicamente possuem uma malha de

lignina que é proporcionalmente mais abundante nos monômeros guaiacílicos do

que os caules, enquanto que estes seriam mais ricos nos núcleos siringílicos.

Hatfield et al. (1994) reportaram que ligninas ricas em unidades siringílicas seriam

mais susceptíveis ao ataque ácido. Como resultado, os tecidos ricos em unidades

guaiacílicas seriam mais preservados, o que explica os altos valores de LDA para as

folhas das palhadas.

No caso particular do álamo (uma madeira), o valor de LDA de 6,95 (versus

19,05 para a LPer, 15,86 para a LK e 21,11 para a LSBA) está claramente

subestimado. Fukushima & Hatfield (no prelo) reportaram que os produtos da

oxidação pelo nitrobenzeno da lignina do álamo são predominantemente formados

pelos núcleos siringílicos que, conforme visto acima, é mais susceptível ao ataque

do ácido sulfúrico, o que explicaria o baixo conteúdo de LDA do álamo. A segunda

mais rica lignina em núcleo siringílico, foi a lignina do milho, que ironicamente

mostrou o menor conteúdo de LDA (Tabela 1).

Outra evidência a mostrar que ligninas siringílicas são mais hidrolisadas pelo

H2SO4 do que as ligninas guaiacílicas: o valor da LDA do pinheiro, que tem uma

lignina do tipo guaiacílico, foi similar aos valores de LPer e LK. O teor de LSBA foi

mais elevado.

Para todas amostras de gramíneas e as duas de madeira, os teores de LSBA

foram mais elevados do que a LK. À exceção do trevo vermelho, essa constatação

seguiu a direção oposta nas leguminosas: os valores de LK foram mais elevados do

que a LSBA. Como já mencionado anteriormente, o método da LK padece da

contaminação protéica.

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Tabela 2 – Resultados de quatro métodos analíticos para lignina.

Nome ADL (%) PerL (%) LK (%) ABSL (%)

Setaria M 7,25 8,09 13,53 15,13

Setaria M, perfilhos 6,16 6,58 12,60 14,25

Palhada de trigo (caule) 8,91 12,20 18,42 21,74

Palhada de trigo (folha) 10,34 7,43 14,15 17,50

Palhada de aveia (caule) 8,33 11,14 17,11 20,54

Palhada de aveia (folha) 10,69 7,13 13,80 14,73

Alfalfa Y 8,36 13,46 12,30 11,60

Alfalfa M 9,06 15,37 13,88 11,14

Alfafa M, 30 cm inferior 9,25 15,75 14,48 11,92

Alfalfa M, 30 cm superior 5,93 9,53 11,14 7,49

Trevo vermelho M 4,17 11,55 7,12 8,32

Bromegrass M, nativo 4,56 6,70 13,01 14,27

Pinheiro 24,55 25,53 24,97 32,48

Álamo 6,95 19,05 15,86 21,11

Milho M 2,48 4,52 7,67 8,91

Bromegrass J 2,85 5,60 10,22 12,35

Bromegrass M1 3,04 6,41 10,04 12,98

Bromegrass M2 3,65 6,98 10,98 14,61

Esse problema é particularmente sério para as leguminosas, como parece ser

o presente caso. O reagente cetil trimetilamonio brometo é incluido na solução de

detergente ácido especificamente para a remoção de proteína no método LDA (Van

Soest, 1963), enquanto que o método LK não contempla um passo de remoção

protéica. Foi reportado que o conteúdo de nitrogênio nos resíduos de LK foi quase

sempre maior do que nos resíduos de LDA (Hatfield et al., 1994).

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Para todas amostras de gramíneas e as duas de madeira, os teores de LSBA

foram mais elevados do que a LPer. Essa constatação seguiu a direção oposta nas

leguminosas: os valores de LPer foram mais elevados do que a LSBA. Como já

mencionado anteriormente, o método da LPer pode estar artificialmente inflacionado

uma vez que o KMnO4 pode oxidar outros componentes da parede celular,

particularmente a pectina. Fukushima & Hatfield (2001) e Fukushima & Hatfield (no

prelo) observaram que a parede celular de leguminosas é particularmente rica em

substâncias pécticas, os quais poderiam contribuir para a superestimação dos

valores de LPer.

Por outro lado, deve-se levar em conta a possibilidade de que os valores de

LSBA possam estar artificialmente elevados, uma vez que regra geral, este método

forneceu as mais concentrações de lignina. Diversos compostos fenólicos podem

contribuir com a densidade óptica e que são facilmente removidos pelo tratamento

com o H2SO

4 (Fahey et al., 1979). Exemplos destes compostos fenólicos são os ácidos

cinâmicos éster ligados (Morrison & Stewart, 1995). Após tratamento com hidróxido

de sódio de algumas ligninas extraídas de gramíneas, foram detectados típicos picos

de uma mistura de ácidos p-coumárico e ferúlico entre 250 e 350 nm; estes picos não

estiveram presentes quando as amostras de lignina foram provenientes de

leguminosas ou do pinheiro (Fukushima & Hatfield, 2003).

A presença destes ácidos cinâmicos poderia ser uma das explicações do

porquê os coeficientes de extinção para as gramíneas foram mais elevados do que

para as leguminosas ou o pinheiro; entretanto, a lignina do álamo também mostrou

elevado valor do coeficiente de extinção, apesar de não possuir ácidos cinâmicos

éster ligados na sua estrutura (Fukushima & Hatfield, no prelo). Remoção destes

ácidos antes da confecção da curva padrão pode ser uma opção para verificar

melhoria na quantificação da concentração de lignina em gramíneas, se for aceito o

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conceito de que ácidos cinâmicos éster ligados à molécula de lignina não são partes

integrantes da mesma (Morrison & Stewart, 1995).

Também outros compostos que não a lignina, tais como os taninos,

flavonóides e aminoácidos aromáticos, se não removidos durante a preparação da

parede celular, podem ser solubilizados na solução de brometo de acetila e

contribuir com a densidade óptica (Morrison, 1972; Van Soest, 1994).

A acurácia com que a lignina é quantificada também assume grande

relevância quando o assunto é estimativa do valor energético de plantas forrageiras.

Menores estimativas de FDN indigestível foram obtidas quando o método LDA foi

empregado ao invés de LPer, possivelmente porque os valores de LDA foram cerca

de 76% da LPer (Traxler et al., 1998).

Qual o método analítico de escolha para quantificar o teor de lignina em produtos

vegetais?

Com tantas opções analíticas para estimar o conteúdo de lignina, e ainda

fornecendo diferentes valores numéricos para uma mesma amostra, a questão óbvia

que se apresenta é: “qual o método analítico de escolha para quantificar o teor de

lignina em produtos vegetais?”. Nenhum desses métodos é dominante; portanto, a

escolha do método analítico é do arbítrio do pesquisador executando as análises

químicas (Traxler et al., 1998). Mas não responde à essa importante questão: “qual

desses procedimentos é o que reflete o real conteúdo de lignina?” Não é uma

pergunta com fácil resposta; para tentar responder, pelo menos em parte a esta

questão, outros procedimentos analíticos são necessários. Por exemplo, pode-se

lançar mão da análise quantitativa dos ácidos/aldeídos fenólicos individuais após a

oxidação alcalina pelo nitrobenzeno da lignina (Billa et al., 1996; Lam et al., 1990);

entretanto, este procedimento resulta em apenas parte dos monômeros que fazem

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parte da estrutura da lignina, exigindo correções matemáticas para estimar o total de

fenóis que compõem a lignina (Iiyama & Lam, 1990). Fukushima & Hatfield (2001)

quando oxidaram a lignina dioxana com nitrobenzeno, também não obtiveram a

totalidade da lignina medida através da somatória dos seus constituintes individuais.

Outro procedimento que objetiva a partição da macromolécula, também não a

hidroliza na totalidade dos seus blocos constitutivos (Lu & Ralph, 1997; Lu & Ralph,

1998). A ressonância magnética nuclear (RMN) é um instrumento analítico dos mais

valiosos, fornecendo informações detalhadas e específicas sobre os componentes

moleculares da lignina, e possíveis substâncias contaminantes (Ralph et al., 1994;

Fukushima & Hatfield, 2003); entretanto, a técnica da RMN é de caráter qualitativo,

ficando desta maneira limitado o seu emprego quando se deseja avaliação

quantitativa do teor de lignina em produtos vegetais.

Possivelmente as melhores ferramentas coadjuvantes para auxiliar na

determinação de um método analítico adequado, sejam os ensaios de digestibilidade

(tanto in vivo, in vitro ou in situ) através da correlação estatística (regressão) entre as

variáveis teor de lignina medida pelos métodos analíticos e o valor obtido após

fermentação por um determinado número de horas do produto vegetal com fluido

ruminal (Tomlin et al., 1965; Smith et al., 1972; Jung et al., 1996; Traxler et al., 1998;

Fukushima & Dehority, 2000). Nos nossos projetos de pesquisa, temos empregado a

digestibilidade in vitro, devido ao elevado número de amostras, ser de fácil execução

e expressar com grande fidelidade os fenômenos observados nos experimentos de

digestibilidade in vivo (Reinhart & Sunvold, 1996).

Como é do conhecimento geral, a lignina é obstáculo à degradação enzimática

dos carboidratos estruturais da parede celular e essa relação é essencialmente linear

e negativa (Mertens, 1987). O grau de correlação existente entre a digestibilidade e o

parâmetro sendo medido é muitas vezes empregado para avaliar procedimentos

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analíticos; se bem que o grau de correlação seja muitas vezes um critério

insatisfatório, este índice reflete a praticidade de se obter a estimativa mais acurada

do valor nutritivo a partir de dados da composição bromatológica (Van Soest &

Robertson, 1980). Entretanto, o grau de correlação para ser uma medida de valor,

exige que a determinação química de um dado nutriente seja pelo menos satisfatória

(Fonnesbeck, 1976). A correlação tem sido empregada objetivando obter subsídios

que possam dar sustentação a um método analítico mais adequado para a

estimativa quantitativa da concentração de lignina (Fukushima & Dehority, 2000;

Fukushima & Savioli, 2001; Schmidt et al., no prelo).

Uma comparação entre os métodos LDA, LPer, lignina Klason e LSBA,

mostrou ser a LSBA o procedimento analítico que consistentemente produziu altas

correlações com a digestibilidade in vitro tanto da matéria seca como da parede

celular; e foi o único método a mostrar a maior significância para todos os grupos

vegetais estudados (Fukushima & Hatfield, no prelo) (Tabela 3).

Tabela 3 – Correlação entre método analítico e digestibilidade in vitro.

IVDMD IVCWD

Method

all samples all samples

but wood

only

roughages

all samples all samples

but wood

only

roughages

Acid detergent

lignin

-0.66**** -0.60*** -0.22NS

-0.49** -0.21NS

-0.30NS

Permanganate

lignin

-0.54*** -0.09NS

-0.21NS

-0.50** -0.12NS

-0.19NS

Klason lignin

-0.84**** -0.81**** -0.38NS

-0.78**** -0.69**** -0.63*

Acetyl bromide

soluble lignin

-0.79**** -0.89**** -0.89**** -0.74**** -0.79**** -0.85****

a IVDMD – in vitro dry matter digestibility; IVCWD - in vitro cell wall digestibility.

* = P 0.1; ** = P 0.01; *** = P 0.001; **** = P 0.0001

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As frações de carboidratos e o CNCPS

Como os animais ruminantes dependem essencialmente das plantas

forrageiras na sua alimentação, estas precisam ser avaliadas quanto ao seu valor

nutritivo. O sistema de Weende foi um marco histórico, tendo sido utilizado por

aproximadamente um século na quantificação de proteína e energia dos alimentos.

Entretanto, como apresentava diversas falhas, houve a necessidade de substituição

por um procedimento mais eficaz. O sistema “Cornell Net Carbohydrate and Protein

System” (CNCPS) vem sendo amplamente empregado para a estimativa das frações

protéicas e de carboidratos dos alimentos e se utiliza de equações que estimam a

digestão e a passagem dessas frações, considerando a dinâmica da fermentação

ruminal (Sniffen et al., 1992; Russel et al., 1992; Fox et al., 1992). Os alimentos

utilizados na alimentação de ruminantes devem ser fracionados para adequada

caracterização dos mesmos. No caso dos carboidratos, estas frações são a fração A -

solúvel (constituída de açúcares de rápida degradação no rúmen), fração B1 - de

degradação ruminal rápida (composta basicamente por amido e pectina), fração B2 -

de degradação mais lenta (porção digerível da parede celular) e fração C - porção

indigerível da parede celular (lignina e FDN indigerível) (Sniffen et al., 1992).

Essas frações de carboidratos (na base dos carboidratos totais - %CHO) podem

ser obtidas utilizando-se das equações propostas por Sniffen et al. (1992):

A (%CHO) = [100 – Amido (%CNE)] [100 – B2 (%CHO) – C (%CHO)] / 100,

onde %CNE é na base da MS.

B1 (%CHO) = Amido (%CNE) [100 - B

2 (%CHO) – C (%CHO)] / 100,

B2 (%CHO) = 100 [FDNc (%MS) – PIDN (%PB) 0,01 PB (%MS) – FDNcp

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(%MS) 0,01 Lignina (%FDNcp) 2,4] / CHO (%MS),

onde FDNc é FDN isenta de cinzas e FDNcp é FDN isenta de cinzas e proteína.

Esta correção de cinzas e/ou proteína mostrou-se necessária (Ribeiro et al.,

2001). PIDN é a proteína insolúvel na solução de detergente neutro.

C (%CHO) = 100 [FDNcp (%MS) 0,01 Lignina (%FDNcp) 2,4] / CHO

(%MS), onde CHO (%MS) = 100 – PB (%MS) – EE (%MS) – MM (%MS).

Nas equações da CNCPS, um dos componentes das frações B2 e C é a lignina,

usualmente a lignina em detergente ácido (LDA), corrigida por um fator numérico

equivalente a 2,4. A equação original foi desenvolvida por Chandler (1980): U = 2,4

(Lig / FDN), onde U é a FDN indigerível. Esta equação foi incorporada ao modelo

CNCPS e no nível 2 do NRC de gado de corte (National Research Council, 1996).

Entretanto, esta operação não tem tido respaldo generalizado. Existem duas

possíveis razões: a metodologia “LDA” propriamente dita, falha na sua concepção e

o fator 2,4, uma constante e um tanto quanto empírico. De acordo com a “surface

limiting law” proposta por Conrad et al. (1984), a inibição da lignina na

digestibilidade da FDN segue uma curva quadrática, ou seja, planta com baixo teor

de lignina, um pequeno acréscimo na lignina tem substancial efeito negativo na

digestibilidade enquanto que a planta madura, com alto teor de lignina, um

subsequente aumento, mostra pequeno efeito na digestibilidade. Logo, uma

constante, como é o caso do fator 2,4 não pode explicar suficientemente a inibição.

Corrobora com isso, o achado de Malafaia et al. (1998) que, ao estimar a fração C,

obtiveram um fator diferente (3,03), devido ao acréscimo no percentual de lignina

quando a amostra era incubada por mais tempo. Traxler et al. (1998) também

reportaram um outro valor numérico, igual a 3,2.

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Devido às estas constatações, um outro objetivo de nossa linha de pesquisa é

investigar se a substituição daquela constante um tanto quanto empírica (LDA 2,4)

por um dado mais concreto, que é o valor numérico proveniente da LSBA, não

resultará em estimativas das frações B2 e C mais consistentes. Assim, as equações

para as estimativas das frações B2 e C ficariam:

B2 (%CHO) = 100 [FDNc (%MS) – PIDN (%PB) 0,01 PB (%MS) – FDNcp

(%MS) 0,01 LSBA] / CHO (%MS),

C (%CHO) = 100 [FDNcp (%MS) 0,01 LSBA] / CHO (%MS), onde CHO

(%MS) = 100 – PB (%MS) – EE (%MS) – MM (%MS).

Em termos práticos, a fração C é o resíduo indigerível, como porcentagem da

MS, que sobra no tubo de ensaio após as 144 horas de digestão (96 h de

fermentação + 48 h de digestão protéica). Portanto, é fácil verificar a validade do

modelo matemático de Cornell, no que diz respeito à equação para cálculo da fração

C (se com a equação de Chandler ou nossa proposta de LSBA). Caso se comprove a

validade da equação C, com quaisquer das duas hipóteses, ficará também muito fácil

comprovar a validade da equação da fração B2 dos carboidratos. Restariam portanto,

apenas as equações que estimam as frações A e B1. Malafaia et al. (1998)

propuseram a caracterização dos carboidratos não-estruturais como sendo o

somatório das frações A e B1, fundamentados na praticidade do cálculo de rações

para ruminantes e no aspecto analítico, uma vez que as metodologias de

determinação do amido não resultam em valores verossímeis e não apresentam boa

repetibilidade.

A importância da correta avaliação da fração B2 dos carboidratos diz respeito

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diretamente ao teor de FDN. Alimentos volumosos, com mais altos teores de FDN,

possuem maior proporção da fração B2, que por fornecer energia mais lentamente

no rúmen, pode afetar a eficiência da síntese microbiana e o desempenho animal

(Ribeiro et al., 2001). Além disso, o consumo pode ser limitado pela elevada fração

indigerível, a fração C dessas forrageiras (Malafaia et al., 1998).

Entretanto, ainda não justificamos a propositura da substituição do elemento

LDA 2,4 pela LSBA. A Tabela 4 mostra os valores de LDA, LSBA e a razão entre eles

para todas as amostras estudadas.

Tabela 4 – Teores de lignina pelos métodos LDA e LSBA, e a razão entre as mesmas.

Nome ADL (%) ABSL (%) ABSL / ADL

Setaria M 7,25 15,13 2,09

Setaria M, perfilhos 6,16 14,25 2,31

Palhada de trigo (caule) 8,91 21,74 2,44

Palhada de trigo (folha) 10,34 17,50 1,69

Palhada de aveia (caule) 8,33 20,54 2,47

Palhada de aveia (folha) 10,69 14,73 1,38

Alfalfa Y 8,36 11,60 1,39

Alfalfa M 9,06 11,14 1,23

Alfafa M, 30 cm inferior 9,25 11,92 1,29

Alfalfa M, 30 cm superior 5,93 7,49 1,26

Trevo vermelho M 4,17 8,32 1,99

Pinheiro 24,55 32,48 1,32

Álamo 6,95 21,11 3,04

Bromegrass M, nativo 4,56 14,27 3,13

Milho M 2,48 8,91 3,59

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Bromegrass J 2,85 12,35 4,33

Bromegrass M1 3,04 12,98 4,27

Bromegrass M2 3,65 14,61 4,00

Média 2,40

É interessante que a média das razões tenha sido exatamente 2,40. Vale

ressaltar que foram justamente nas gramíneas (os principais alvos de críticos ao

método LDA), onde se verificaram as maiores diferenças. Outra observação

interessante é que as razões flutuaram, isto é, não foram valores constantes e desta

maneira, seguiriam a “surface limiting law” proposta por Conrad et al. (1984).

Se partirmos da premissa que a LSBA está quantificando o teor de lignina com

maior acurácia do que a LDA, certos “dogmas” emitidos no passado e referendados

pelos mais diversos autores, tais como “gramíneas muito embora apresentem

menores concentrações de lignina que as leguminosas, aparentemente a lignina de

gramíneas inibe mais acentuadamente a digestão (Mowat et al., 1969)”, os gráficos

apresentados na Figura 10 deverão ser vistos de uma maneira completamente

diferentes.

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Figura 10 – Comportamento “diferenciado” da digestibilidade.

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