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ISSN: 2175-8875 www.enanpege.ggf.br/2017
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UM NOVO REGIONAL-NACIONALISMO? XENOFOBIA E IMIGRAÇÃO NO RIO GRANDE DO SUL DO SÉCULO 21
ROBERTO RODOLFO GEORG UEBEL1
ALDOMAR ARNALDO RÜCKERT2
Resumo: A partir de estudos desenvolvidos no âmbito do Laboratório Estado e Território da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pesquisas de campo nas regiões fronteiriças do Rio Grande do Sul, bem como no Litoral Norte, Região Metropolitana de Porto Alegre e Serra Gaúcha junto a imigrantes haitianos e senegaleses, surgiram algumas inquietações e ponderações. Por meio da ótica da geografia política clássica e contemporânea, bem como dos aportes advindos da Geopolítica das fronteiras e migrações, em voga com a crise migratória europeia e norte-americana/mexicana, observamos tendências a um surgimento de um discurso e práxis regional-nacionalista no estado em análise, a partir de agências de atores políticos e da própria sociedade civil. Desde 2010 o Rio Grande do Sul recebeu pouco mais de cinco mil imigrantes de origem haitiana e senegalesa, que se instalaram em regiões que demandavam mão de obra nos setores de indústria, comércio e serviços, com vagas ociosas não ocupadas por brasileiros – em sua maioria descendentes de imigrantes europeus. Com o boom destas imigrações, observamos uma inquietação por parte da imprensa, que chegara a registrar diariamente a chegada dos migrantes nas rodoviárias estaduais, com números irrelevantes, se considerarmos a pendularidade e mobilidade diária intermunicipal do estado. Somando-se a este destaque midiático, semelhante àquele verificado nas regiões fronteiriças e portos de entrada de imigrantes nos Estados Unidos, França e Itália – conforme apontam Rosière (2007) e Amilhat-Szary (2015), os fatores oriundos da crise econômica, política e moral iniciada após as eleições de 2014 fomentaram o surgimento de um sentimento regional-nacionalista justamente nas cidades que acolheram estes imigrantes, então enquadrados ou relacionados à: clandestinidade, ilegalidade, portadores de doenças como ebola, violência, criminalidade e desemprego, o que resultou em uma inverdade, num cenário composto de fact checking e pós-verdades. Ademais, ascensão de um governo federal ilegítimo, com a paralisação das ações e programas de integração e inserção dos imigrantes, bem como o sentimento separatista no Rio Grande do Sul (ainda que diminuto e inconstitucional), culminou com alguns cenários identificados na presente pesquisa: ataques verbais e físicos a imigrantes, publicação de opiniões, editoriais e artigos com traços de xenofobia, reforço dos controles migratórios nas fronteiras, aumento da remigração destes grupos para as regiões transfronteiriças de Uruguai, Argentina e Paraguai. Destarte, identificamos repercussões do globalismo nacionalista emergente pós-Brexit, eleição de Donald Trump e populismo europeu em rede e sintonia com os fatos no Rio Grande do Sul, atingindo diretamente às populações imigrantes. Posto isto, o presente artigo identifica: a) as rotas destes imigrantes; b) sua real inserção; c) discursos e práticas regionais-nacionalistas xenofóbicas; d) repercussões em rede dos cenários globais-locais; e) remigrações como saída à xenofobia e cenário de crise. Os resultados finais apontam, portanto, uma falha na formulação e continuidade de políticas públicas para os grupos imigratórios estudados, bem como na (des)integração regional transfronteiriça, com o fortalecimento do immigration enforcement e dos sentimentos de separatismo, regional-nacionalismo e xenofobia aparente, contrários à globalização e contemporaneidade em rede, como bem advoga Geografia Política.
1 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pesquisador do Laboratório Estado e Território (LABETER/UFRGS). Mestre em Geografia (UFRGS). E-mail de contato: [email protected]. 2 Docente dos programas de pós-graduação em Geografia (POSGEA) e Planejamento Urbano e Regional (PROPUR) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pesquisador-Líder do Laboratório Estado e Território (LABETER/UFRGS). Doutor em Geografia Humana (USP). E-mail de contato: [email protected].
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Palavras-chave: Xenofobia; nacionalismo; regionalismo; imigração; Rio Grande do Sul.
Abstract: Based on studies developed in the Laboratory State and Territory of the Federal
University of Rio Grande do Sul and field research in the bordering regions of Rio Grande do Sul, as well as in the North Coast, Metropolitan Region of Porto Alegre and Serra Gaúcha (Mountain Region) with Haitian and Senegalese immigrants, we found some concerns and considerations. From the perspective of classical and contemporary Political Geography, as well as contributions from the Geopolitics of borders and migrations, in vogue with the European and North American/Mexican migratory crisis, we observed tendencies towards a regional-nationalist discourse and praxis in the state under analysis, from the agencies of political actors and civil society as well. Since 2010, Rio Grande do Sul has received just over five thousand Haitian and Senegalese immigrants, who settled in areas that demanded workers in the sectors of industry, commerce and services, with unfilled vacancies not occupied by Brazilians - mostly of those descendants of European immigrants. With the boom of this immigration, we observed an inquietude by the press, which sometimes daily reported the arrival of immigrants in the state's bus stations, with irrelevant numbers, if we consider the pendularity and daily inter-municipal mobility within the state. Adding to this media highlight, similar to the one found in the border regions and ports of entry of immigrants in the USA, France and Italy - as Rosière (2007) and Amilhat-Szary (2015) point out, the factors stemming from the economic, political and moral crisis started after the elections in 2014 fostered the emergence of a regional-nationalist sentiment exactly in the cities that welcomed these immigrants, then framed or related to: clandestinity, illegality, carriers of diseases such as Ebola, violence, crime and unemployment, which resulted in an untruth, in a scenario composed of fact checking and post-truths. In addition, the rise of an illegitimate federal government, with the interruption of the actions and programs of integration and insertion of immigrants, as well as the separatist sentiment in Rio Grande do Sul (although insignificant and unconstitutional), culminated with some scenarios identified in the present research: verbal and physical attacks on immigrants, publication of open-eds, editorials and articles with traces of xenophobia, reinforcement of migratory controls at the borders, increased remigration of these groups to the transbordering regions of Uruguay, Argentina and Paraguay. Thus, we identified repercussions of the post-Brexit nationalist globalism, Donald Trump's election, and European populism in a network and attuned to the facts in Rio Grande do Sul, directly affecting immigrant populations. So, this article identifies: a) the routes of these immigrants; b) their real insertion; c) xenophobic regional-nationalistic discourses and practices; d) network repercussions of global-local scenarios; e) remigrations as an escaping from xenophobia and crisis scenarios. The final results show, therefore, a failure in the development and continuity of public policies for the studied immigration groups, as well as in the regional transbordering (des)integration with the strengthening of immigration enforcement and the sentiments of separatism, regional-nationalism and apparent xenophobia, contrary to the globalization and network contemporaneity, as advocates the Political Geography.
Key-words: Xenophobia; nationalism; regionalism; immigration; Rio Grande do Sul.
1 – Introdução
Embora ao final do segundo milênio as perspectivas globais de integração
dos povos, consenso entre as nações pós-Guerra Fria e o neoliberalismo
institucionalizado dessem a tônica do século vindouro, questões adjacentes como
nacionalismo, pertencimento e xenofobia estavam em estado de hibernação
temporária (HAJJAT; MOHAMMED, 2016).
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Com a consecução dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 e as
conseguintes repercussões no plano bélico e securitário global, este estado de
hibernação findou e despertou com intensidade os sentimentos supracitados,
fomentados anualmente por novos atentados terroristas, discursos populistas da
extrema-esquerda e extrema-direita e com os efeitos das crises financeira,
econômica, política e moral que atingiram o concerto das nações (BASHI, 2004),
inclusive o Brasil.
Conforme apontam Rosière (2007) e Amilhat-Szary (2015), estas questões
acabaram por repercutir em escala e em rede nas mais distantes regiões periféricas
– afastadas dos grandes centros do capital –, dentre elas, o estado do Rio Grande
do Sul, nosso recorte espacial de análise neste artigo.
Considerando o boom imigratório vislumbrado pelo Brasil a partir de 2010
(UEBEL, 2015), e que as migrações se inserem nestas repercussões em escala e
rede supracitadas, este artigo analisará o caso específico das imigrações haitiana e
senegalesa no Rio Grande do Sul e suas relações tensionadas com os issues de
xenofobia.
Vislumbra-se que estas estão igualmente correlacionadas aos sentimentos de
um novo regional-nacionalismo no estado, este, por fim, supostamente conectado
aos diminutos e inconstitucionais anseios separatistas sul-rio-grandenses
(ALBUQUERQUE, 1994; LUVIZOTTO, 2003; CARAMELLO, 2005).
Deste modo, o presente artigo reparte a análise em cinco breves seções: a)
identificação das rotas e inserção dos imigrantes haitianos e senegaleses no Rio
Grande do Sul; b) os discursos e práticas regionais-nacionalistas xenofóbicas; c) as
repercussões em rede dos cenários globais-locais; d) a questão das remigrações; e)
análise dos resultados, que indica falhas programáticas, distensões transfronteiriças
e desintegração regional, todos conectados aos temas mencionados.
Nas considerações finais elencaremos o ponto de vista dos autores sobre o
papel das migrações na sociedade contemporânea sul-rio-grandense e brasileira e
suas capitulações ante os sentimentos de nacionalismo e xenofobia crescentes pré-
eleições gerais de 2018.
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2 – Imigração haitiana e senegalesa no Rio Grande do Sul: rotas e
inserções
A fim de fornecer um panorama geral acerca da problemática estudada neste
artigo, esta seção discorrerá sucintamente as rotas e inserções da imigração
haitiana e senegalesa no Rio Grande do Sul a partir do ano de 2010 – quando
ocorreu o boom imigratório.
Utilizando-se dos aportes da cartografia temática, apresentamos inicialmente
os dois mapas a seguir (Figura 1), que descrevem as principais rotas
transcontinentais e transfronteiriças utilizadas pelos cerca de cinco mil imigrantes
haitianos e senegaleses entre 2010 e 2015.
Figura 1 – Mapas das rotas dos imigrantes haitianos e senegaleses até o Rio Grande do Sul
Fonte: Adaptado de Uebel (2015).
Por ora, observa-se que estas migrações tiveram um papel de destaque na
ressignificação das fronteiras terrestres brasileiras, ao passo em que as imigrações
até então se davam predominantemente via marítima ou aérea.
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Ademais, há que se notar também o caráter transnacional das migrações de
haitianos e senegaleses, uma questão que reconfigura não apenas o perfil
imigratório brasileiro, mas também a forma como se dá a atuação estatal ante estes
fenômenos, ou seja, com significativa correlação às questões subjetivas de
nacionalismo e xenofobia, que destacaremos nas próximas seções.
Sobre a inserção destes dois grupos migratórios no território sul-rio-
grandense, os mapas da Figura 2 aportam uma discussão relevante sobre as
práticas xenofóbicas entre populações descendentes das imigrações históricas de
europeus, predominantemente alemães, italianos, poloneses, espanhóis e
portugueses:
Figura 2 – Mapas de concentração dos imigrantes haitianos e senegaleses no Rio Grande do Sul
Fonte: Adaptado de Uebel (2015).
Como se tratam de duas imigrações que se destinaram exclusivamente às
regiões que mais demandavam mão de obra – especialmente nos setores de
indústria e serviços com vagas não ocupadas por brasileiros (TEDESCO, 2016) –,
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percebe-se uma concentração territorial na região leste do estado, no eixo
compreendido desde a Região Metropolitana de Porto Alegre, até a Serra Gaúcha,
Litoral Norte e Vales do Taquari e Rio Pardo.
Nesse sentido, tais indivíduos viram-se inseridos em comunidades
historicamente compostas por descendentes de europeus e enraizadas e fechadas
quanto aos costumes, valores e tradições, estes díspares daqueles de origem
africana e caribenha (HANDERSON; JOSEPH, 2015).
Esta nova composição microterritorializada, vide-se o número de imigrantes,
que não chegam a 1% da população das cidades que os receberam, gerou tensões
e a observância de discursos e práticas xenofóbicas, majoradas por vereadores e
subjetivadas na própria imprensa local e regional, o que discutiremos na próxima
seção.
Entretanto, esta seção encerra com o destaque para um fato importante: o
número de haitianos e senegaleses no Rio Grande do Sul é dez vezes menor do que
o de imigrantes mercosulinos e espanhóis, que jamais receberam destaque –
negativo anti-multiculturalista – de igual tamanho no mesmo período estudado.
Riccio (1999) aponta que esta mesma situação ocorreu na Itália com os
senegaleses, e Portes (2016) destaca isto no Reino Unido com os europeus pós-
Brexit, isto é, proporções demográficas semelhantes.
3 – Discursos e práticas regionais-nacionalistas xenofóbicas
Aferido o cenário de inserção e das rotas da imigração haitiana e senegalesa
com direção ao estado do Rio Grande do Sul, nesta seção faremos uma breve
discussão – à luz da Geografia Política, Cultural e Geopolítica – sobre os discursos e
práticas que consideramos regionais-nacionalistas xenofóbicas no meio da
sociedade sul-rio-grandense.
A hipótese principal que lançamos à arguição é que estas migrações tiveram
destaque, tanto midiático como no meio da sociedade civil, não em virtude do seu
número – contingente demograficamente irrelevante, com menos de cinco mil
imigrantes –, mas sim pela origem nacional, etnicidade e cor destes imigrantes, fato
que se ampara em pesquisas similares de Jakubowski (1997) e Rydgren (2008).
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Entretanto, na nossa análise dividimos essas práxis e discursos em três
categorias distintas, mas complementares: a) política; b) midiática; c) coletiva.
Rocha-Trindade (1995) sugere este tipo de categorização com base na sociologia
das migrações, que pode ser complementada pela Geografia Cultural de Corrêa e
Rosendahl (2010).
Em relação à incipiente prática de um discurso regional-nacionalista na
categoria política, identificou-se a mesma em diferentes níveis federativos:
municipal, estadual e nacional, que se confundem com as próprias escalas de
análise geográfica (DORFMAN, 2009).
Apesar do discurso xenofóbico ser atrelado historicamente ao espectro da
extrema-direita (já o nacionalista identifica-se em todos os espectros ideológicos-
partidários), no caso sul-rio-grandense-brasileiro há uma peculiaridade: este é
facilmente identificado em membros de partidos tradicionalmente de centro-
esquerda, de matriz trabalhista inclusive. O caso abaixo exemplifica esta
argumentação:
A declaração de um vereador causou polêmica em Caxias do Sul, na Serra do Rio Grande do Sul. Em sessão na terça-feira (18) para discutir os casos de racismo ocorridos na cidade, Flávio Dias, do PTB, disse ser contra a ida de senegaleses e haitianos para o município. “Eu não gostei nada desse pessoal vir para cá. Não vieram trazer benefício para o Brasil coisa nenhuma. Vieram trazer mais pobreza. Então eu não sou favorável a esses caras aqui, de jeito nenhum. O pessoal daqui precisa de muito apoio também e não tem”, afirmou Dias ao subir na tribuna da Casa na terça. (G1 RS, 2014).
Embora tal discurso tenha sido pontual em diversos municípios sul-rio-
grandenses, no âmbito coletivo social é cada vez mais frequente, especialmente
após a aprovação da nova Lei de Migração em abril de 2017, inclusive com ataques
diretos ao seu autor (Figura 3), o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), atual
chanceler brasileiro:
Figura 3 – Comentários na rede social “Facebook” contrários à aprovação da nova Lei de Migração
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Fonte: https://www.facebook.com/aloysionunes/posts/1521838407857889
O engajamento – que representa um total desconhecimento da realidade
imigratória brasileira – teve o seu ápice com a hashtag #VetaTemer, conforme
aponta Córdova (2017) em sua pesquisa.
Por fim, cabe ressaltar ainda que esta agenda migratória restritiva encontra
ressonância no próprio Parlamento brasileiro, como consta na declaração do
senador sul-rio-grandense Lasier Martins (PSD): “informo que manifestei-me ontem
em plenário com voto contrário a diversos pontos do projeto, acompanhando
destaque do senador Ronaldo Caiado (Dem/GO). Entendo que a nova lei da
migração aprovada ontem, sem meu apoio, traz insegurança à soberania nacional.”
(MARTINS, 2017).
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Ou seja, as categorias política e coletiva estão diretamente conectadas, num
viés de interdependência, conforme colocado por Chavez (2008) e Hing (2009) em
suas pesquisas para o mesmo cenário nos Estados Unidos, durante a reforma
migratória do governo Barack Obama.
No que se refere à categoria midiática de práxis xenofóbica – ainda que
aparente e subjetiva – Uebel (2016) identifica que veículos de imprensa de diversos
espectros ideológicos noticiavam a chegada diária de haitianos e senegaleses ao
Brasil e ao Rio Grande do Sul, utilizando termos inadequados (COLFORD, 2013)
para este tipo de issue, tais como: invasão, pobres, ilegais, clandestinos, fronteiras
abertas.
O ápice da cobertura midiática, levada à exaustão diária, pode ser percebido
na Figura 4:
Figura 4 – Notícias sobre a chegada de imigrantes haitianos em Porto Alegre no jornal Correio do Povo.
Fonte: http://www.correiodopovo.com.br/busca/?Texto=haitianos.
Este tipo de abordagem é muito comum na imprensa norte-americana e
europeia desde o fim da 1ª Guerra Mundial, como bem coloca Ureta (2011) ao citar o
papel da mídia como formadora de opinião sobre as “imigrações ilegais”, mas
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surpreende na sua contraparte brasileira, ao passo em que ao mesmo tempo em
que caracteriza o imigrante haitiano e senegalês como negativo, assim como as
fronteiras, como entidades sem vida e dotadas de portões e muros voláteis, também
celebra a imigração de outros grupos, como japoneses, russos, alemães e italianos.
Inúmeros são os exemplos nos jornais e revistas de maior circulação do Brasil
que se utilizam desta conceituação, errônea e propícia à criação do pensamento
xenofóbico na sociedade, assaz influenciadas pelas escolas de jornalismo anglo-
saxãs e europeias, sem a dotação de um contrassenso crítico ou questionador do
porquê do aumento dos fluxos imigratórios de haitianos.
Assim, na próxima seção destacaremos estes porquês e repercussões em
rede dos cenários globais-locais que levaram a este aumento dos discursos
regionais-nacionalistas e xenofóbicos no Rio Grande do Sul.
4 – Repercussões em rede dos cenários globais-locais
Dentre as motivações que levaram ao aumento deste novo discurso regional-
nacionalista3 e xenofóbico no ínterim da sociedade sul-rio-grandense, encontramos
nas repercussões em rede dos cenários globais-locais explicações e um sentido de
conexão e interdependência entre os fatos regionais e mundiais.
Guimarães (2014) e Vizentini (2015) destacam alguns acontecimentos pós-11
de setembro de 2001 que instam a nossa inferência acerca das repercussões
supracitadas no cenário do Rio Grande do Sul, a saber: a preocupação global com o
terrorismo (majoritariamente o extremismo islamizado), a crise migratória nos
Estados Unidos e na União Europeia, o populismo de direita com a ascensão de
Donald Trump, Marine Le Pen4 e Brexit em pleitos eleitorais no Hemisfério Norte, e
3 Como regional-nacionalismo, utilizamos a base teórica-conceitual de Rosière (2007) e de Brunet, Ferras e Théry (2005), que entendem o mesmo como um nacionalismo regionalizado, isto é, dotado de características e especificidades desenvolvidas em determinada região, mas sem perderem a essência nacionalista universal. No Brasil e no Rio Grande do Sul, esta essência é diretamente ligada ao ufanismo e ao populismo, ora mais à esquerda, ora mais à direita no espectro político-ideológico. 4 Apesar de ter ganhado notório destaque nas eleições presidenciais francesas de 2017 e ter logrado acesso ao segundo turno, Marine Le Pen, candidata de extrema-direita da Frente Nacional, foi derrotada no pleito de 07 de maio de 2017, demonstrado uma sobrevivência do modelo europeu comum ante às ameaças do extremismo populista e da xenofobia nacionalista. Esta derrota para o centrista Emmanuel Macron retrata o que autores como Alesina e Roubini (1990) advogam como
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do neoconservadorismo cristianizado no Hemisfério Sul (SANTOS, 2014; ALENCAR,
2015).
A reboque destes fenômenos, a principal repercussão na sociedade e na
política rio-grandense é justamente a ascensão de políticos com discursos
nacionalistas, anti-sistêmicos, populistas ou separatistas (quando não misturados),
notadamente alguns com assento na Assembleia Legislativa local, como o caso de
um jovem deputado de origem neerlandesa, com claro discurso anti-imigração:
A Lei [nova Lei de Migração], de fato, é polêmica, começando pelo fato de que qualquer crítica pode ensejar um debate sobre uma suposta xenofobia. O texto ficou concentrado nos direitos. Pouco ou quase nada se refere a deveres. Essa lei trata, dentre outros aspectos, do direito ao acesso dos imigrantes aos serviços públicos de saúde e educação, bem como ao registro da documentação que permite ingresso no mercado de trabalho e direito à previdência social. A nova lei também autoriza o migrante a participar livremente de manifestações políticas e sindicatos, além de outras atividades que antes eram destinadas aos brasileiros natos, como transmissões radiofônicas e obter a propriedade de aeronaves. [...] Admitir a entrada irrestrita de refugiados e de estrangeiros pode, em muitos casos, levá-los a uma situação de pobreza maior do que aquela que eles se encontravam antes. Basta lembrar o caso dos haitianos e senegaleses que, após passarem pelo pior aqui no Brasil, iludidos com a mentira de prosperidade que aqui existiria, resolveram retornar ao seu país. [...] Pior ainda é a questão da segurança nacional. Não se pode abrir as fronteiras para qualquer um. Não queremos receber terroristas, traficantes ou criminosos de qualquer espécie. Preocupa também a anistia que se quer dar “independentemente de situação migratória prévia” aos imigrantes que tenham ingressado no país até o dia 06 de julho de 2016. (VAN HATTEM, 2017).
Desafortunadamente, os legisladores brasileiros, salvo exceções como o
chanceler Aloysio Nunes Ferreira, senador por São Paulo, seguem na esteira deste
falso discurso acerca da ameaça dos imigrantes à economia e à segurança nacional
brasileira.
Carneiro Filho (2015) em sua pesquisa já demonstrou que as fronteiras
terrestres brasileiras, desde o final do governo socialdemocrata de Fernando
Henrique Cardoso, tiveram um aumento no seu controle migratório e de defesa, com
apenas um ciclo de curta duração da direita populista (assim como da esquerda na década anterior), que estaria a findar-se.
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crescentes investimentos dos Ministérios da Defesa, Justiça e Cidadania e Relações
Exteriores nesta seara.
Esta preocupação com as possíveis ameaças ao Brasil advindas dos fluxos
imigratórios não encontra respaldo verdadeiro nos dados oficiais sobre migrações.
Uebel (2017) aponta que o fluxo emigratório e as remigrações de estrangeiros para
outros países aumento após a crise multiestrutural de 2015, com um saldo revertido:
há mais migrantes internacionais saindo do Brasil do que chegando.
Ademais, o estudo da OCDE citado pelo movimento político de direita “Livres”
aponta que os imigrantes estrangeiros são responsáveis integralmente pelo seu
trajeto, estadia e permanência no território brasileiro, uma responsabilidade
financeira pensada e calculada minuciosamente antes da tomada de decisão por
migrar (HAUG, 2008):
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que 1 milhão de imigrantes, legais e ilegais, vivam atualmente no Brasil. Aqueles que estão legalizados pagam tantos impostos como qualquer cidadão brasileiro. São tantos! Quanto aos ilegais, a verdade é que eles também pagam tributos: e num volume tão grande quanto boa parte da população brasileira. Isso porque 65% do volume total que pagamos em impostos estão embutidos no consumo. Logo, não importa se o comprador é um cidadão brasileiro legalizado: quando compra uma água mineral, um jogo de panelas ou um cacho de bananas, ele paga tantos tributos quanto qualquer outra pessoa. Muita gente esquece disso. Na realidade, muitos brasileiros sequer tem consciência de que pagam impostos sobre o consumo. Essa percepção é fruto do quadro tributário brasileiro extremamente confuso. Vale a pena ilustrar a situação com mais alguns fatos. Por terem uma renda baixa, mais de 85% dos brasileiros não pagam imposto de renda, por exemplo. Por trabalharem no mercado informal, cerca de 45% das pessoas não contribuem com a seguridade social ou encargos sociais. Sendo assim, quem banca a vinda e a inclusão de estrangeiros honestos no país? Eles mesmos. Para além disso, o caos na segurança pública brasileira torna compreensível a preocupação sobre a vinda de eventuais criminosos para o país. Nesse sentido, é importante esclarecer que a lei em questão é cautelosa, ao contemplar o seguinte trecho: "Não se concederá autorização de residência a estrangeiro condenado criminalmente no Brasil ou no exterior, desde que a conduta esteja tipificada na legislação penal brasileira". (LIVRES, 2017).
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Nesse sentido, de forma semelhante como ocorrera nos Estados Unidos e na
França, a geografia política do sentido migratório tem encontrado nuances e
diferentes percepções no âmbito do Rio Grande do Sul.
Não se verifica um consenso dentro dos próprios espectros políticos, apesar
da ascensão do pensamento conservador na sociedade brasileira, que se traduz na
eleição e manutenção de indivíduos contrários às migrações, consoante
supramencionado, embora descendentes de imigrantes e de países que tem
demonstrado uma política de acolhimento de refugiados, como a Alemanha e Países
Baixos (Holanda).
A explicação para a replicação deste fenômeno em uma sociedade tão
distante dos acontecimentos no Hemisfério Norte e multiculturalista, como o caso do
Rio Grande do Sul e do Brasil, é dada por Fridkin, Kenney e Wintersieck (2015), que
apontam a efervescência e não-limitação das informações em rede (inclusive redes
sociais) e a carência de um mínimo fact checking numa era de pós-verdade, o que
levou a situações como o próprio Brexit e a eleição de Donald Trump nos Estados
Unidos.
Isto é, muito embora os dados oficiais brasileiros apontem que há uma
diminuição dos fluxos imigratórios e aumento das emigrações e remigrações para
outros países, a ameaça de um possível “roubo de empregos” e da assistência
sanitária e educacional, ainda são colocados em voga nos discursos políticos,
notadamente com pretensões eleitorais e, em menor grau, fomentadas por
sentimentos nacionalistas-individualistas natos, explicados tão bem por Hobbes
(1974).
Percebe-se, assim, que cada vez mais os acontecimentos globais possuem
repercussões no pensamento e na práxis política e coletiva do Rio Grande do Sul,
gerando em alguns casos, velados casos de xenofobia, com o ocorrido com um
imigrante senegalês, agredido enquanto dormia, apenas porque era imigrante
(DIÁRIO DE SANTA MARIA, 2015); posteriormente, este decidiu voltar para o
Senegal, em situação mais agravante que a do Brasil, inserido em uma expansão
das rotas do novo fenômeno das remigrações, que abordaremos na próxima seção.
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5 – As remigrações: uma consequência da xenofobia
Antes de prosseguirmos à análise dos resultados na seção a seguir,
pensamos em introduzir esta breve seção acerca do fenômeno das remigrações de
haitianos e senegaleses para os países fronteiriços Argentina, Uruguai e Paraguai e
para os Estados Unidos e Canadá, como uma consequência do crescente
sentimento de xenofobia no Rio Grande do Sul.
Dados não-oficiais estimados por organizações não-governamentais de
assistência aos imigrantes, como a Pastoral dos Migrantes, bem como de
consulados, sindicatos e associações de imigrantes indicam um novo fenômeno
relacionado às migrações no Brasil: a remigração, isto é, uma nova migração, para
outros países em detrimento do agravamento da crise econômica e laboral no país,
além das crescentes práticas e discursos xenofóbicos por parcela da sociedade.
Rocha-Trindade (1995), Sassen (2014) e Massey (2017) indicam que, ao
contrário do senso comum, a xenofobia não é a causa principal para uma
comunidade imigrante deixar o país que a acolheu – vide-se as frequentes tensões
entre norte-africanos e franceses nos banlieues parisienses –, mas sim a falta de
oportunidades de trabalho e carência de assistência econômica e social aparecem
como as principais motivações à remigração.
Entretanto, o caso sul-rio-grandense aporta peculiaridades que merecem
destaque nesta seção. Em entrevistas informações com haitianos e senegaleses,
estes elencam o crescente sentimento de aversão e pressão popular, das prefeituras
e polícias como razão para deixarem o Brasil com suas famílias com destino:
a) ao Uruguai, Argentina e Paraguai, aqueles que não conseguiram visto ou
status de refugiado com os consulados norte-americano e canadense, ou que não
possuem recursos para migrar a estes países irregularmente.
b) aos Estados Unidos e Canadá, aqueles que conseguiram economizar
recursos financeiros e já possuem familiares ou amigos residindo nos dois países,
migrando regularmente ou não.
As agressões físicas e verbais a estes dois grupos começaram a ser
percebidas ainda no primeiro boom imigratório em 2010, somadas a outras questões
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globais, como a epidemia do vírus ebola (SANTINI, 2014), o expansionismo da fé
islâmica (BRAGA, 2017) e a própria crise dos refugiados (CAVALHEIRO, 2014).
No período de uma década, portanto, o Brasil experimentou dois fenômenos
diametralmente opostos quando se trata de migrações internacionais: dois booms,
que pareciam firmar a agenda do Estado brasileiro sobre o tema nos fóruns
internacionais, e a onda das remigrações, fundada em aumento das xenofobias e
das crises já mencionadas.
Na análise dos resultados na próxima seção arguiremos novamente esta
questão e sua relação direta com o fim da política externa altiva e ativa a partir da
interrupção do mandato presidencial democrático em 2015 e as perspectivas
políticas e institucionais face às questões de nacionalismo e xenofobia no país vis-à-
vis o pleito eleitoral de 2018, que possui presidenciáveis explicitamente contrários à
imigração e ao refúgio (AZEVEDO, 2015).
6 – Análise dos resultados
Considerando as questões elencadas nas seções anteriores, que discorreram
o fenômeno imigratório enfrentado pelo Rio Grande do Sul nas primeiras décadas do
século XXI, nesta seção discorreremos sucintamente à análise dos resultados.
Os resultados finais apontam uma falha na formulação e continuidade de
políticas públicas para os grupos imigratórios estudados – haitianos e senegaleses,
bem como na (des)integração regional transfronteiriça, com o fortalecimento do
immigration enforcement e dos sentimentos de separatismo, regional-nacionalismo e
xenofobia aparente.
Esta falha na formulação e continuidade de políticas públicas está
diretamente ligada ao processo de ruptura democrática ocorrido com o impeachment
irregular da presidente Dilma Rousseff e conseguinte ascensão de Michel Temer,
que colocara não-diplomatas e não-técnicos nas pastas que fazem a gerência da
questão migratória e fronteiriça no Brasil, isto é, o Itamaraty e o Ministério da Justiça
e Cidadania.
Apesar da aprovação da nova Lei de Migração em abril de 2017, que
substituiu o Estatuto do Estrangeiro, promulgado à época da ditadura militar, os
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episódios de ataques e xenofobia, bem como de nacionalismo e separatismo
continuam em evidência no Rio Grande do Sul, mesmo com a redução destes
fluxos.
Os resultados apontam ainda que a tríade sociedade civil-Estado policial-
mídia sensacionalista corroboram para a continuidade destes sentimentos anti-
imigração, seja na forma objetiva, com o discurso individual ou repressão policial,
seja subjetivamente, por meio de matérias que “denunciam” a chegada diária de
imigrantes no estado.
Sobre o separatismo-nacionalista verificado em movimentos e coletividades
sul-rio-grandenses, destacamos este item da carta de princípios de um dos grupos
inconstitucionais que se declaram separatistas do sul do Brasil:
Fatores Culturais: A população Sulina hoje é de cerca de 25 milhões de pessoas, de origem europeia, miscigenada ao africano, ao americano nativo e ao asiático. Esta miscigenação que absorveu cultura, costumes e tradições de quatro continentes, associada aos fatores climáticos e geográficos inerentes à Região Sul, moldou o perfil que é peculiar do sulino, diferenciando-o das demais regiões brasileiras. O povo Sulino tornou-se assim detentor de uma diversificadíssima cultura, que se expressa através dos costumes e das tradições que a região cultiva, de onde se projetaram expressões artísticas para o mundo inteiro (SUL LIVRE, 2017).
É curiosa a forma como a miscigenação é tratada na questão do povo
“Sulino”, ora positiva, aos anseios separatistas-nacionalistas, ora negativa, como nos
casos de xenofobia e aversão citados anteriormente (inclusive de próprios
parlamentares defensores destes movimentos sectários).
Nesse sentido, seguindo ao pensamento de Seyferth (2002), os resultados
destacam uma ambiguidade sobre o ser imigrante no Rio Grande do Sul e como
este insere-se nos discursos da sociedade, da imprensa e da política regional.
Considerações Finais
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Ambiguidade é o termo que consideramos mais adequado para definir os
imigrantes e a questão imigratória per se no cenário contemporâneo coletivo sul-rio-
grandense.
As seções anteriores, amparadas na literatura clássica e contemporânea da
Geografia Política, Geopolítica e Relações Internacionais, tentaram sumarizar
questões que se relacionam a partir de um ponto comum: as migrações, e que
possuem repercussões generalizadas na política, na sociedade, na imprensa de
uma determinada região, neste caso, o Rio Grande do Sul.
Na nossa análise foi possível inferir, portanto, dissonâncias, contradições e
desconhecimento acerca do panorama imigratório do estado, seja quanto à
quantidade de imigrantes, seja relacionado a sua inserção no mercado de trabalho
e, mais recentemente, as remigrações para outros países.
Destacamos a forte ligação interdependente entre o discurso da sociedade
civil e o de seus políticos legisladores no que tange à xenofobia, que inicialmente, no
começo do primeiro boom imigratório, parecia ser pontual e tímida, porém, que vem
se mostrado crescente e identificável em todas as classes sociais, de renda,
escolaridade, gênero e distribuição espacial, exemplo disso, as agressões e
comentários exaltados em redes sociais, portais de notícias e espaços de opinião,
públicos e em publicações impressas como jornais e revistas.
Não podemos descartar destas considerações finais o papel da política
nacional, colocada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como
“politicalha”, desde a formulação de políticas migratórias e da nova Lei de Migração,
como o próprio discurso de senadores e deputados federais ante as imigrações.
Salvo exceções, percebe-se igualmente no Parlamento brasileiro um sentimento de
aversão as migrações, considerando-as como ameaças à economia, soberania e
segurança nacional.
Não obstante, a Geografia como ciência humana insta-nos a denunciar que o
aparato estatal brasileiro, apesar de movimentos pró-migrações no passado, tem se
mostrado, por meio das identificadas influências externas, cada vez mais restritivo
às imigrações, não à chegada, facilitada pelo amparo normativo e legal, mas sim à
inserção das comunidades imigrantes nas cidades.
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Salienta-se, deste modo, que é perceptível não apenas no estado do Rio
Grande do Sul, mas no Brasil como um todo, um aumento considerável e
preocupante de tendências xenofóbicas, nacionalistas (regionalizadas) e
separatistas, que contrastam e contradizem o caráter naturalmente multiculturalista
do povo e sociedade brasileira. Seria esta uma nova roupagem do Brasil
contemporâneo?
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