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5º Nas Nuvens... Congresso de Música – de 01 a 08 de dezembro de 2019 – ANAIS Artigo

Nas Nuvens... (musica.ufmg.br/nasnuvens)

Um Podcast musicado e seu uso como recurso interdisciplinar

Thércio Lima Menezes1

Paulo Roberto Affonso Marins2

Eloisa Assunção de Melo Lopes3

Categoria: Comunicação

Resumo: Ao buscar aliar tecnologias às práticas educacionais, o presente trabalho apresenta uma opção de uso do Podcast como recurso didático, com um grupo de alunos do Ensino Médio. O trabalho investigou a possibilidade de uso do recurso tecnológico e da música, para o compartilhamento de conteúdo de Ciências Naturais, sendo realizada uma intervenção pedagógica e como produto foi gerado um Podcast de caráter informativo para um conteúdo de ciências e que utilizasse a música como linguagem. Para discutir os dados, obtidos a partir da investigação processual da elaboração do Podcast, foram divididos temas que visaram evidenciar pontos do impacto da prática nos estudantes, principalmente sobre o que mudou após a intervenção. A pesquisa revelou que o conteúdo foi aprendido de uma forma mais independente e com uso intenso da música, podendo instigar futuros trabalhos similares com o uso deste recurso, e ainda da linguagem musical como uma conexão interdisciplinar. Palavras-chave: Tecnologia. Interdisciplinaridade. Música. Ensino de Ciências. Podcast.

A music Podcast and its use as an interdisciplinary resource Abstract: When seeking to combine technologies with educational practices, this paper presents an option to the Podcast as a didactic resource, working with a group of high school students. This work researched the possibility of using technological resources and music, in order to share science education content, performed by a pedagogical intervention and creating an informative Podcast for a science content and using music as language. In order to discuss the data, obtained from the procedural investigation of the Podcast elaboration, themes were chosen to highlight the points of impact of the students’ practice, especially about what changed after this intervention. This research showed that the content was learned more independently and with intense use of music and that could instigate future similar works with the use of this resource, as well as musical language as an interdisciplinary connection.

1 Mestrando em Música, Universidade de Brasília – UnB, Departamento de Música, [email protected]. 2 Doutor em Música, Universidade de Brasília – UnB, Departamento de Música, [email protected]. 3 Doutora em Educação em Ciências, Universidade de Brasília – UnB, Faculdade de Educação, [email protected].


Keywords: Technology. Interdisciplinarity. Music. Science teaching. Podcast.

Introdução

Iniciando os estudos musicais e o envolvimento com a música no contexto da

Banda de Música do Colégio Militar de Salvador, e ainda, a partir das experiências

inspiradas pelos docentes de Ciências e Biologia, tive a oportunidade de seguir

estudando e buscando a educação superior em ambas as áreas. Por essa formação dupla,

a interdisciplinaridade se evidencia na minha prática docente, além de possuir afinidade

com a tecnologia digital pois, desde 1998, tive acesso ao primeiro computador em casa e

sempre me mantive interessado pela área.

Ampliando os escopos de trabalho da música e das ciências da natureza,

atrelado ao uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) (KENSI, 2012),

conheci o recurso do Podcast, que é “uma forma de transmissão de arquivos[...]. Nestes

arquivos, as pessoas disponibilizam[...] seleções de músicas ou simplesmente falam[...].

Pense no podcast como um blog, só que ao invés de escrever, as pessoas falam.”

(SCHMIDT, 2008). Esse recurso gerou o interesse de se conhecer mais a respeito da

visão dos estudantes sobre seu uso, seja como um meio de se difundir música e

informação, seja relacionando e difundindo conhecimentos acerca dos demais conteúdos

estudados nas ciências da natureza, já que também possuo formação nessa área.

Por ocasião da graduação em Ciências Biológicas na Universidade de Brasília

(UnB), e elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), e com o intuito de

observar a interação entre os estudantes com o uso do Podcast, por meio do uso da

música e, consequentemente, difundir conteúdo de ciências, foi pensada uma atividade

prática de elaboração e gravação sonora que foi desenvolvida com alunos de Ensino

Médio. O local escolhido foi uma escola pública na qual eram realizadas atividades

extracurriculares, entre elas, um pequeno grupo de alunos se reunia para seleção e

reprodução de músicas a serem tocadas nos intervalos, com o uso de caixas de som. A

esta atividade, denominavam de rádio escolar, e este grupo foi convidado a participar da

prática. Este tipo de prática se caracterizou por pesquisa intervenção pedagógica, na

qual há um pesquisador, também participante, que ajuda na transformação e

empoderamento dos discentes a partir desta ação (DAMIANI et al, 2013).


1 Revisão de Literatura

De acordo com Oliveira et al. (2011, p. 232) “todos dependem, hoje em dia, das

ciências e da tecnologia, em maior ou menor grau, basta que o professor as indique e

utilize em suas aulas”. Sendo assim, torna-se imprescindível que um docente avalie as

possibilidades tecnológico-digitais à sua disposição para que quando possível as

incremente, fazendo seus objetivos de ensino serem mais facilmente alcançados. Na

pesquisa em questão, foi utilizado o Podcast a fim de aproveitar suas potencialidades em

relação à capacidade de mesclar os conhecimentos de música, ciência e tecnologia.

Para Kenski (2003, p. 48-49) as “tecnologias existentes em cada época,

disponíveis para utilização por determinado grupo social, transformaram radicalmente

as suas formas de organização social, a comunicação, a cultura e a própria

aprendizagem.”. Dessa forma, a tecnologia tem um grande impacto sociocultural no

decorrer da história, e sendo o processo de ensino-aprendizagem também decorrente de

transformações histórico-sociais, é necessário planejamento para utilizá-la, tanto pelos

docentes, quanto pelos estudantes.

A união entre a música e a educação é capaz de transformar o ser humano a

níveis individual e social (ULIANA, 2017), e por esse caráter foi cogitado que a música

despertaria interesse dos discentes em relação à proposição de uma prática pedagógica.

Unindo esse caráter à minha inquietação, a respeito de que os estudantes sejam

protagonistas de sua aprendizagem, foi proposta o desenvolvimento de uma prática que

pudesse incitá-los, por meio do uso da tecnologia, a usar as linguagens da música e da

ciência para difundir conhecimento, e também para aprender durante esse processo.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) embasam o uso da Ciência e

Tecnologia, incitando que seu uso se alie a outras linguagens, ao afirmar que “Ciência e

Tecnologia são herança cultural, conhecimento e recriação da natureza. Ao lado[...] das

artes e da linguagem, a tecnologia é um traço fundamental das culturas” (BRASIL, 1998,

p. 23). Com isso, diferentes formas de expressão e linguagens são estimuladas a serem

utilizadas na educação, entre elas a música como uma das formas de linguagem artística.

Ainda no contexto legislativo, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de

2013, trazem a Lei nº 11.769/2008, reiterando a obrigatoriedade da música nos


currículos escolares, e reforçam a importância de seu ensino ao afirmar que “abrem

ricas possibilidades de vivências e desenvolvimento para as crianças” (BRASIL, 2013, p.

94).

Numa sociedade que se desenvolve com essa necessidade educacional, e com a

dependência das tecnologias, é um desafio, também obrigação dos educadores,

desenvolver novas práticas de ensino que abarquem esse escopo. Como explicitado por

Kenski (2003, p. 51), “saber utilizar adequadamente essas tecnologias para fins

educacionais é uma nova exigência da sociedade atual em relação ao desempenho dos

educadores.”

Na atualidade, as tecnologias digitais oferecem novos desafios. As novas

possibilidades de acesso à informação, interação e de comunicação,

proporcionadas pelos computadores (e todos os seus periféricos, as

redes virtuais e todas as mídias), dão origem a novas formas de

aprendizagem. São comportamentos, valores e atitudes requeridas

socialmente neste novo estágio de desenvolvimento da sociedade.

(KENSKI, 2003, p. 50)

Para Swanwick (2014) a apreciação, a execução e a composição são as

principais atividades do fazer musical. Com isso, o Podcast poderia demonstrar sua

completude como uma prática também de educação musical. Quando, por exemplo, os

estudantes fazem buscas e escutas de músicas, a apreciação pode ser trabalhada, e ao

gravar o seu próprio programa, a execução é vivenciada juntamente com as composições

musicadas criadas.

2 Metodologia da pesquisa

O trabalho se deu em uma escola pública do Distrito Federal que atende

aproximadamente 700 alunos entre 14 e 19 anos, exclusivamente no Ensino Médio

regular, no segundo semestre de 2017. Esta escola já possui experiência com

desenvolvimento de projetos, sejam de iniciativa interna pelos funcionários, estudantes

e professores, como de iniciativa externa. Isso se deve principalmente pela proximidade

desta com a UnB. Tal proximidade facilita tanto a busca da escola pelas atividades de


extensão da universidade, quanto a procura dos universitários por locais de atuação seja

para estágios obrigatórios ou desenvolvimento de pesquisa.

Na escola já havia sete estudantes envolvidos em um projeto “rádio escolar”,

destes, cinco se dispuseram a engajar no trabalho com Podcast, e este foi o público alvo

da atividade proposta. Era importante convidar os que já participavam da rádio escolar,

pois, um dos fatores escolhidos para a avaliação era a diferenciação e o impacto que os

próprios estudantes notariam a respeito do trabalho que já desenvolviam e a noção do

potencial a ser explorado. Todos os estudantes eram do 3º ano do Ensino Médio.

Após o convite, foi concedido 90 minutos por dia de prática na escola, e assim

pude planejar um cronograma de cinco encontros entre os meses de outubro e

novembro de 2017. O objetivo, destes encontros, era formular um Podcast que

trabalhasse a questão musical e as ciências da natureza, contribuindo para uma maior

autonomia na aprendizagem do conteúdo a ser trabalhado e do Podcast como um

recurso a mais que eles iriam dispor para a rádio escolar, tornando-os protagonistas

neste processo. Além do programa gravado como produto, seriam gerados subprodutos

que contribuíssem no entendimento sobre o processo de criação e composição que ali

seria coletivamente realizado.

Os subprodutos planejados foram os roteiros que os estudantes iriam escrever

para cada etapa do programa, bem como respostas escritas e individuais às perguntas

propostas que os levassem a refletir sobre a atividade prática. Como o pesquisador

estaria inserido e atuando juntamente às atividades, isso caracteriza uma pesquisa

intervenção pedagógica que para Damiani et al. (2013, p. 58) é definida por

investigações que envolvem o planejamento e a implementação de

interferências (mudanças, inovações) – destinadas a produzir avanços,

melhorias, nos processos de aprendizagem dos sujeitos que delas

participam – e a posterior avaliação dos efeitos dessas interferências.

A participação e engajamento dos estudantes foram essenciais para o

desenvolvimento do trabalho. O planejamento das etapas de criação do Podcast, podem

ser visualizadas na Tabela 1.


Tabela 1. Atividades propostas nos encontros

Encontro Atividades Produtos gerados Duração (em

minutos)

1º

Apresentação de exemplos de

Podcast, jogo rítmico, conversa

sobre rádio/Podcast

Gravação em áudio do

jogo rítmico 60

2º Produção de noticiário

Gravação em áudio da

abertura do programa e

noticiário

90

3º

Produção das perguntas da

entrevista; início da produção

de jingle

Gravação em áudio das

perguntas da entrevista 90

4º Produção do jingle; início da

produção da paródia

Gravação em áudio do

jingle 90

5º Produção da paródia Gravação em áudio da

paródia 90

No primeiro encontro, alguns exemplos de Podcast que seguiam a mesma

proposta foram levados para que os estudantes pudessem apreciá-los e para servir de

inspiração. Em seguida, foi utilizado o método do passo (CIAVATTA, 2009) como jogo de

imitação rítmica, a fim de incentivar e facilitar a abertura dos membros por meio da

ludicidade da atividade. Essa atividade teve o áudio gravado para escuta ao fim da

atividade, visando que os alunos atentassem à própria prática e pudessem autocriticar

se atingiram os objetivos rítmicos propostos. Este dia ainda houve a definição do tema

das ciências da natureza que iriam trabalhar, que foi sobre moluscos, foi realizada uma

rápida explanação sobre o conteúdo e foi pedido que pesquisassem sobre o assunto para

o próximo encontro. O encerramento se deu por meio da aplicação de um questionário

(denominado Exercício de Reflexão 1) sobre concepções iniciais que visava saber qual o

conceito de rádio que eles possuíam, se eles consideravam que em sua escola havia uma

rádio, o que eles entendiam por funcionamento da rádio e o que eles gostariam de


mudar na rádio escolar. Neste dia também foi pedido para responderem o Exercício de

Reflexão 2, que visava conhecer sobre a concepção deles a respeito do dia de atividades

e os indagava sobre o que mais haviam gostado naquele dia e o que não haviam gostado,

bem como o que poderia melhorar.

O segundo encontro iniciou com a averiguação do material trazido pelos

estudantes sobre moluscos, e em seguida fizemos um levantamento complementar com

uso da Internet e livros didáticos da escola pois o material prévio havia sido pouco. Os

estudantes então escreveram um roteiro em formato de noticiário que seria o início do

programa, ainda que mais informalmente a nível de vocabulário e descontração, e o

gravaram. Encerramos o encontro com a apreciação do conteúdo gravado e

respondendo o Exercício de Reflexão 2.

Com a notícia pronta, no terceiro encontro, os estudantes desenvolveram

perguntas sobre o assunto que surgiram a partir do conteúdo estudado, criando um

roteiro de entrevista a ser feita para uma professora da UnB especialista da área de

moluscos. Neste dia também foi elaborado um produto e marca fictícios (Lasanha

GooDemais) que visava a composição de uma propaganda musicada, um jingle. Após a

gravação das perguntas da entrevista, o encontro foi encerrado com apreciação da

gravação e respostas ao Exercício de Reflexão 2.

Antes do quarto encontro realizei a gravação das respostas à entrevista

juntamente à professora da UnB, então pudemos iniciar com esta escuta das respostas e

seguindo para a gravação do jingle que já estava escrito. Foi escolhida então a música

Olha a Explosão (MC Kevinho) para a escrita da paródia, agora que já possuíam mais

informações sobre o conteúdo, e iniciaram sua escrita. O encontro encerrou com

apreciação do jingle e respondendo ao Exercício de Reflexão 2.

O quinto e último encontro foi para a finalização da escrita da paródia, sua

gravação, e aplicação do Exercício de Reflexão 2, e agora também do Exercício de

Reflexão 3. As perguntas deste retomavam a questão sobre a visão de rádio (pós

intervenção pedagógica), além de questionar sobre o que pensavam em relação ao tema

das ciências da natureza abordado, à questão musical e ao uso do Podcast.


Posteriormente realizei a edição final do material, que estava fragmentado entre

os subprodutos dos encontros, para obtenção do Podcast - versão de publicação. O

software utilizado foi o Audacity4, sua escolha foi dada pela praticidade e gratuidade.

Para compilação e análise de dados segui a categorização de respostas, dos

Exercícios de Reflexão, proposta por Franco (2012). Também foram consideradas

algumas habilidades dos estudantes, como interesse demonstrado e nível de

contribuição em relação aos colegas, para refletir a utilização do Podcast como recurso

pedagógico que mesclasse música, ciência e tecnologia.

3 Resultados e discussão

Dos cinco estudantes envolvidos apenas dois tinham tido contato com algum

tipo de ensino formal de música, um deles ainda toca violão, e outro estudou flauta doce

na infância. A participação deles também foi mensurada pela assiduidade, que foi em

média de quatro estudantes por encontro, e é importante ressaltá-la pois só os presentes

em cada dia puderam responder aos Exercícios de Reflexão aplicado em cada encontro.

Vide tabela 2.

Tabela 2. Assiduidade nos encontros. Os “X” representam os dias nos quais os estudantes

estiveram presentes.

Estudante 1º encontro 2º encontro 3º encontro 4º encontro 5º encontro

A X X X X X

B X X X X

C X X X X

D X X

E X X X

Ainda que alguns tenham demonstrado timidez, isso não os impediu de

contribuir ativamente nas atividades propostas, e ainda que por vezes essa

característica possa ser confundida com desinteresse, por meio das respostas aos

Exercícios de Reflexão foi possível observar que todos estavam engajados e gostando da

4 uma DAW – digital audio workstation


intervenção proposta. Contudo, os Estudantes A e B demonstraram possuir uma visão

mais crítica dos fatos, refletindo sobre suas atitudes, as do pesquisador, e a própria

prática. Um deles, quando questionado a respeito do que poderia melhorar, respondeu:

“nossa força de vontade para a paródia”. Neste ponto pude perceber que já não

pensavam mais na prática em si, mas na qualidade do trabalho que estavam realizando.

Foram três temas de análise escolhidos para discutir os dados: visão a respeito

do rádio (pré e pós prática), Feedback diário (a partir dos Exercícios de Reflexão 2), e

Mudanças sugeridas. Esses temas basicamente categorizaram entre o que mudou para

os estudantes, o que eles sentiram durante a realização da intervenção, e o que poderia

ser diferente numa futura intervenção desenvolvida por mim enquanto pesquisador, ou

mesmo em aplicação independente do aprendido.

Com respeito à visão que tinham, todos demonstraram considerar que havia

uma rádio dentro da escola, ainda que somente para escolher e reproduzir músicas, o

que os limitava e engessava o formato. O estudante A, no início do projeto disse que

rádio é “um meio de comunicação de apenas uma via voltado para o entretenimento”, já

ao fim afirmou que é “um meio de comunicação, que pode transmitir conteúdo de forma

divertida”, isso revela que sua visão foi ampliada a partir da noção que poderia haver

algo além da música como entretenimento, mas também como informação. Ainda a

respeito dos relatos foi possível notar que eles se sentiram lisonjeados por estarem

participando de uma pesquisa científica: rádio é “um lugar de descontração, onde pode

se ouvir música e até virar um local de trabalho para TCC” (Estudante B, Exercício de

Reflexão 3).

Em relação aos feedbacks de cada encontro:

1º - gostaram do passo, não gostaram tanto de escutar os exemplos de Podcast;

2º - gostaram de descobrir curiosidades sobre os moluscos, não houve críticas

negativas;

3º - estavam desanimados no início, então recorri a uma brincadeira para

estimulá-los, pois “as brincadeiras, [...] as músicas e os jogos [...] precisam ser

considerados componentes curriculares ou instrumentos pedagógicos

importantes [...], tornando mais prazeroso o aprendizado [...] dos conhecimentos

das ciências, [...] das artes” (BRASIL, 2013, p. 386-387). Isto refletiu no feedback


deste dia sendo a parte mais citada no quesito do que mais gostaram, como

crítica somente uma foi feita pelo Estudante C, onde comentou que poderiam

melhorar a própria criatividade (composicional);

4º - gostaram de terminar o jingle, mas não gostaram de ainda não terem

terminado a paródia neste encontro;

5º - não gostaram de não terem conseguido fazer uma música autoral, ficando

somente com jingle e paródia, o que seria proposto caso dentro dos cinco

encontros restasse tempo. O que mais gostaram foi de ter conseguido terminar a

paródia.

A paródia demonstrou o conhecimento adquirido a respeito do conteúdo de

ciências de moluscos, focando na parte que mais havia lhes chamado atenção durante as

fases de pesquisa e entrevista.

“Essa lulinha é terrorista, ela solta tinta. Olha o que ela faz quando se

sente reprimida. Olha o que ela faz quando se sente reprimida. Classe

das bivalvias têm as ostras e os mexilhões, a lula e o polvo no mar eles

estão. Olha o moluscão. Eles apresentam reprodução, sexuada com

fecundação, e a concha de proteção, ção, ção, ção.” (Letra da Paródia)

Estes resultados levam a crer que o processo o qual vivenciaram os instigou a

participar ativamente num recurso envolvendo música, ciência e tecnologia. E

principalmente gerando expectativas de que realizem tal experiência novamente, seja da

mesma forma, ou trabalhando cada aspecto individualmente.

Em relação aos comentários sobre o que poderia ser mudado, recorrentemente

os alunos sentem a necessidade de melhor infraestrutura e apoio da direção escolar, que

poderia oferecer mais apoio pedagógico ao projeto da rádio escolar. Como autocrítica,

em futuras aplicações do projeto, sempre levaria atividades lúdicas para início das

atividades diárias, bem como planejaria mais encontros para engajar os alunos também

na edição do programa e ter tempo de realizar ao menos uma composição autoral.


Envolver mais alunos durante esse projeto também seria o ideal, podendo separá-los em

frentes de trabalho, o que poderia reduzir os tempos atribuídos a cada etapa.

4 Considerações finais

Ao analisar os Exercícios de Reflexão, ficou nítida a consciência e o

empoderamento que os estudantes foram oportunizados quanto à sua prática pré-

existente na rádio escolar. A criação do Podcast, quase que de forma independente, fez

com que se sentissem participantes ativos do seu próprio processo educacional.

O interesse pela música, pelas Ciências Naturais e pela tecnologia foi também

despertado em alguns, em outros foi novamente instigado pela intervenção. Todo o

grupo demonstrou desenvoltura nos aspectos rítmico-musicais, habilidades de escrita

tanto no jingle como na paródia, e ainda habilidades composicionais, principalmente por

parte dos Estudantes A e C.

Um ponto no qual despertaram minha atenção foi que rapidamente, logo no

segundo encontro, explicitaram pensamento crítico quanto à prática, tanto em relação às

minhas habilidades quanto às deles próprios. Fui também surpreendido quanto ao

cumprimento do cronograma, ainda que não tenha sido possível realizar a composição

autoral, atrasos nas demais propostas eram esperados, e não ocorreram.

Como docente, a prática foi satisfatória, visto que foi uma experiência tanto de

pesquisa como pedagógica, e atendeu aos objetivos inicialmente delineados. Trouxe a

mim elucidação a respeito da elaboração de práticas a serem utilizadas em sala de aula,

que podem possuir, e trabalhar, aspectos musicais, interdisciplinares, e neste caso, das

Ciências Biológicas.

Para conhecer o Podcast, nosso trabalho final, segue o endereço eletrônico:

<https://youtu.be/3r_8qz0siYA>.

Referências

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: Ciências Naturais. Brasília: MEC, SEF, 1998. 138 p.

______. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. 565 p.

https://youtu.be/3r_8qz0siYA


CIAVATTA, Lucas. O passo: um passo sobre as bases de ritmo e som. Rio de Janeiro: Edição do autor, 2009.

DAMIANI, Magda Floriana; et al. Discutindo pesquisas do tipo intervenção pedagógica. Cadernos de Educação, n. 45, p. 57-67, 2013.

FRANCO, Maria Laura Puglisi Barbosa. Análise de Conteúdo. Ed. 4. Brasília: Liber Livro, 2012.

KENSKI, Vani Moreira. Aprendizagem mediada pela tecnologia. Revista Diálogo Educacional. Curitiba, v. 4, n. 10, p. 47-56, 2003.

______. Educação e tecnologias: O novo ritmo da informação. Campinas: Editora Papirus, 2012.

OLIVEIRA, Adriane Dall’Acqua de; et al. Interação entre música e tecnologia para o Ensino de Biologia: uma experiência utilizando a web-rádio. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências. Belo Horizonte, v. 13, n. 3, p. 231-241, 2011.

SCHMIDT, Alana. O que é Podcast?. 2008. Disponível em: <https://goo.gl/S7whdD>. Acesso em: 20 set 2019.

SWANWICK, Keith. Música, mente e educação. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2014.

ULIANA, Silvana. Educomusicalização: novas possibilidades para o ensino de música nas escolas. In: SILVA, Diva Souza. (Org.). Educomunicação: reflexões e práticas educativas. Uberlândia: Navegando Publicações, 2017. p. 55-70.

https://goo.gl/S7whdD

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