Uma Análise Conjuntural Do Comércio Exterior de Marília e Região

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COMÉRCIO EXTERIOR,MARÍLIA

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  • FUNDAO DE ENSINO EURPEDES SOARES DA ROCHA CENTRO UNIVERSITRIO EURPIDES DE MARLIA - UNIVEM

    GRADUAO EM ADMINISTRAO COM LINHA DE FORMAO

    EM COMCIO EXTERIOR

    ALEXANDRA VACCARI DE SOUZA

    ALISON MACHADO DE MORAES

    DAVID FERNANDO MARCELINO

    UMA ANLISE CONJUNTURAL DO COMRCIO EXTERIOR

    DE MARLIA E REGIO

    MARLIA

    2009

  • ALEXANDRA VACCARI DE SOUZA

    ALISON MACHADO DE MORAES

    DAVID FERNANDO MARCELINO

    UMA ANLISE CONJUNTURAL DO COMRCIO EXTERIOR

    DE MARLIA E REGIO

    Trabalho de Curso apresentado ao Curso de

    Administrao com linha de formao em

    Comrcio Exterior da Fundao de Ensino

    Eurpides Soares da Rocha, mantenedora do Centro Universitrio Eurpides de Marlia UNIVEM, como requisito parcial para obteno do

    grau de Bacharel em Administrao com linha de formao em Comrcio Exterior.

    Orientadora: Prof. Dra. Marisa Rossinholi

    Marlia

    2009

  • SOUZA, Alexandra Vaccari; MORAES, Alison Machado;

    MARCELINO, David Fernando.

    Uma Anlise Conjuntural do Comrcio Exterior de Marlia e

    Regio / Alexandra Vaccari de Souza, Alison Machado de Moraes,

    David Fernando Marcelino; orientadora: Marisa Rossinholi. Marlia,

    SP: [s.n.], 2009.

    64 f.

    Trabalho de Curso (Bacharelado em Administrao com linha de

    Formao em Comrcio Exterior) - Fundao de Ensino Eurpides Soares da Rocha, Mantenedora do Centro Universitrio Eurpides de Marlia.

    1. Desenvolvimento Regional 2. Conjuntura 3. Comrcio Exterior

    CDD: 338.9

  • Dedicamos este trabalho a todos os profissionais de

    Comrcio Exterior, sobretudo, os que atuam na

    Regio Administrativa de Marlia.

    A todos os agentes que promovem de alguma forma

    esta atividade.

    Dedicamos principalmente a aqueles que nos

    auxiliaram de alguma forma na elaborao deste

    estudo:

    Marisa Rossinholi; Vnia E. Herrera; Alcides M.

    Vinholo; Eduardo Machado da Silva;Paulo Boechat;

    Aline (Ncleo de Referncia); Sergio Pereira; Milena

    A. Liberato; CIESP Marilia; Denio L. Costa; Banco do

    Brasil de Marlia; Leandro T. C. Alves; Aldemiro

    Bignarde Junior; Derci Comandini; Fundao SEADE;

    Aqueles que por algum motivo no pudemos citar.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradecemos a Deus por tudo que temos e tudo que somos, por permitir que

    um dia nos encontrssemos e nos tornssemos amigos e trilhssemos juntos

    esta jornada de conhecimento.

    A aqueles que nos apoiaro sempre: Leandro, ngela e Adriana; Conceio,

    Adriana e Kananda.

    Aos docentes que colaboraram para o nosso crescimento profissional durante

    todo perodo letivo. Com carinho aos professores da linha de formao em

    Comrcio Exterior, especialmente ao Prof. Alcides M. Vinholo. E tambm a

    nossa Patronesse Prof. Vnia Erica Herrera e a colaborao do Prof. Eduardo

    Machado da Silva.

    Principalmente a nossa Orientadora pela confiana depositada em nossa

    capacidade, e pelo direcionamento que nos fez chegar at aqui.

  • Para ter mais amanh, voc precisa ser mais do que hoje. (Jim Rohn)

  • SOUZA, Alexandra Vaccari; MORAES, Alison Machado; MARCELINO, David Fernando.

    Uma Anlise Conjuntural do Comrcio Exterior de Marlia e Regio. 2009. 64 f.

    Trabalho de Curso (Bacharelado em Administrao com Linha de Formao em Comrcio

    Exterior) - Centro Universitrio Eurpides de Marlia, Fundao de Ensino Eurpides Soares da Rocha. Marlia, 2009.

    RESUMO

    Este estudo tem como objetivo apresentar uma anlise conjuntural do comrcio exterior da

    Regio Administrativa de Marlia. Levando em conta o crescimento e desenvolvimento do

    Brasil nos ltimos anos. Buscou-se por meio de pesquisa bibliogrfica, questionrios e

    entrevistas a empresrios e autoridade pblica, entender o que tem impedido as empresas de

    exportar mais e ter uma melhor participao neste setor. As cidades escolhidas para o estudo

    so Marlia, Ourinhos, Paraguau Paulista, Pompia e Tarum, a escolha desta regio levou

    em conta seu plo industrial e capacidade de crescimento nas exportaes. O trabalho busca

    primeiro uma anlise histrica, atravs da abertura comercial brasileira, onde possvel

    entender como estava o Mundo, o Brasil e a Regio estudada durante este perodo. Analisou-

    se o perfil de cada uma destas cidades, comeando por seu histrico e chegando a sua situao

    atual com anlise de dados estatsticos. Aps conhecer a regio, buscou-se entender os

    entraves ao crescimento das exportaes na regio e tambm encontrar sugestes de como

    melhorar este cenrio. possvel entender que os agentes do comrcio exterior locais tem

    trabalho de forma fechada e independente da cadeia e para que haja desenvolvimento regional

    seria importante integrar as aes da Indstria com as Universidades e Governo.

    Palavras-Chave: Desenvolvimento Regional. Conjuntura. Comrcio Exterior.

  • LISTA DE SIGLAS

    APEX: Agncia Brasileira de Promoo das Exportaes

    BNDES: Banco Nacional do Desenvolvimento

    CIF: Cost, Insurance and Freight

    CNI: Confederao Nacional da Indstria

    CPI: Comisso Parlamentar de Inqurito

    DDP: Delivered Duty Paid

    DDU: Delivered Duty Unpaid

    DEPEA: Departamento de Documentao, Pesquisa, Estudos e Avaliaes

    FCA: Free Carrier

    FIESP: Federao das Indstrias do Estado de So Paulo

    FIRJAN: Federao das Indstrias do Estado do Rio de Janeiro

    FOB: Free on Board

    GATT: General Agreement on Tariffs and Trade

    IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IDH: ndice de Desenvolvimento Humano

    IDH-M: ndice de Desenvolvimento Humano do Municpio

    IFDM: ndice Firjan de Desenvolvimento Municipal

    INA: Indicador de Nvel de Atividade

    IPEA: Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada

    IPMEF: Imposto Provisrio sobre Movimentao Financeira

    MDIC: Ministrio do Desenvolvimento Indstria e Comrcio Exterior

    MERCOSUL: Mercado Comum do Sul

    OMC: Organizao Mundial do Comrcio

    PAC: Programa de Acelerao do Crescimento

    PAI: Programa de Ao Imediata

    PBQP: Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade

    PCI: Programa de Competitividade Industrial

    PIB: Produto Interno Bruto

    PNUD: Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento

    Pta.: Paulista

    R.A.: Regio Administrativa

    SEADE: Sistema Estadual de Anlise de Dados

    SECEX: Secretaria de Comrcio Exterior

  • LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1: Crescimento do PIB chins desenvolvimento sustentado .................................. 18 Grfico 2: Alquotas Nominais Mdias de Importao ......................................................... 20

    Grfico 3: Crescimento Populacional - Populao 1989 1994 ............................................ 25 Grfico 4: Total de vnculos empregatcios 1991 - 1994 ....................................................... 26

    Grfico 5: Indstria - Nmero de Estabelecimentos da Indstria 1991 1994 ...................... 27 Grfico 6: Evoluo das Operaes de Crdito (1988=100%) .............................................. 29

    Grfico 7: Atividade das Empresas Exportadoras da Cidade de Marlia em 1994 ................. 29

    Grfico 8: Balana Comercial de Marlia 08/2008 08/2009 ............................................. 33 Grfico 9: Balana Comercial de Ourinhos 08/2008 08/2009 .......................................... 35 Grfico 10: Balana Comercial de Paraguau Paulista. 08/2008 08/2009 ........................ 36 Grfico 11: Balana Comercial de Pompia 08/ 2008 08/ 2009 ....................................... 37 Grfico 12: Balana Comercial de Tarum 08/2008 08/2009 .......................................... 39 Grfico 13: Participao das R.As. nas exportaes do estado de So Paulo - 2008 .............. 41

    Grfico 14: Densidade Demogrfica das R.As. do Estado de So Paulo - 2008..................... 42

    Grfico 15: Nmero de Indstrias das R.As. do Estado de So Paulo - 2008 ........................ 42

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1: Mdia de crescimento anual do PIB (em %).......................................................... 17

    Tabela 2: Balana Comercial - Exportaes e Importaes (US$ Milhes) ........................... 21

    Tabela 3: IDH-M 2000 ......................................................................................................... 48

    Tabela 4: IFDM 2006 ........................................................................................................... 49

  • SUMRIO

    INTRODUO ................................................................................................................... 11

    CAPTULO 1 - APRESENTAO DO TEMA .................................................................. 13

    1.1. Objetivos ..................................................................................................................... 13

    1.2. Justificativa ................................................................................................................. 13

    1.3. Metodologia ................................................................................................................ 14

    CAPTULO 2 - A ABERTURA COMERCIAL BRASILEIRA E SUA INFLUNCIA NA

    REGIO DE MARLIA ...................................................................................................... 15

    2.1. A Abertura Comercial no Ambiente Internacional ....................................................... 15

    2.2. A Abertura Comercial no Brasil .................................................................................. 19

    2.3. Impactos para a Economia Regional ............................................................................ 23

    CAPTULO 3 - PERFIL DOS MUNICPIOS ...................................................................... 31

    3.1. Marlia ........................................................................................................................ 31

    3.2. Ourinhos ..................................................................................................................... 33

    3.3. Paraguau Paulista ...................................................................................................... 35

    3.4. Pompia ...................................................................................................................... 36

    3.5. Tarum ........................................................................................................................ 38

    3.6. Anlise do Perfil dos Municpios ................................................................................. 40

    CAPTULO 4 - PERSPECTIVAS DO COMRCIO EXTERIOR REGIONAL ................... 41

    4.1. Viso dos Industriais ................................................................................................... 44

    4.2. Secretaria de Indstria e Comrcio de Marlia ............................................................. 47

    4.3. Viso Macroeconmica Especializada ......................................................................... 52

    CONSIDERAES FINAIS ............................................................................................... 54

    REFERNCIAS .................................................................................................................. 57

    ANEXOS ............................................................................................................................. 60

  • 11

    INTRODUO

    O mundo est vivendo mais uma difcil transformao econmica. Os ambientes

    poltico e econmico internacional se apresentam instveis e as relaes comerciais se vem

    num mar de incertezas, dificultando assim as decises e aumentando a exigncia sobre a

    eficincia dos fatores que compem o comrcio internacional mundial.

    A posio de destaque no ambiente internacional, assumida definitivamente pelo

    Brasil desde os primeiros anos deste milnio, o apresenta como potncia emergente tanto no

    mercado de capitais como no de bens e servios.

    Com uma economia recm aberta comercialmente, o Brasil conseguiu ano a ano

    reestruturar-se e desenvolver seu comrcio exterior de maneira slida e ascendente. Esta

    consistncia e habilidade brasileira tm se mostrado competente ao ser posta a prova nova

    crise mundial que estamos vivendo.

    No entanto, o Brasil ainda estruturalmente precrio e ineficiente para a capacidade

    de seu comrcio exterior, carecendo seriamente de investimentos para potencializar a

    magnitude de seu poder comercial.

    O estado de So Paulo, enquadrado neste cenrio brasileiro como motor produtivo

    da economia nacional, compreende a Regio Administrativa de Marlia, que mesmo inserida

    nesse ambiente altamente propcio ao crescimento, apresenta nmeros relativamente

    inexpressivos em comparao com as outras regies administrativas paulistas.

    Com o promissor parque industrial regional, importante que sejam visualizadas as

    dificuldades que impedem ou atrapalham o comrcio exterior de ser colocado como

    importante ferramenta do desenvolvimento industrial e social das cidades estudadas.

    Este estudo fundamental para a economia local, ao discutir solues cabveis j

    evidenciadas por estudos sobre o assunto, ou ainda, permitir que tais problemas encontrados

    sejam assim aprofundados e devidamente resolvidos, permitindo Regio Administrativa de

    Marlia um desenvolvimento mais expressivo e um destaque maior dentro do estado,

    valorizando a indstria local como um todo.

    Para tanto, este trabalho estruturado em quatro captulos que serviro de base para

    o estudo do tema e elaborao de nossas consideraes finais.

    Dedica-se o primeiro captulo integralmente apresentao do tema, bem como a sua

    justificativa de escolha, e tambm com a respectiva metodologia de trabalho escolhida para a

    elaborao deste estudo acadmico.

  • 12

    O Segundo Captulo ser dedicado anlise de fatos importantes e informaes que

    compreendem o perodo da abertura comercial brasileira, ocorrida a partir do final da dcada

    de 1980. Aborda-se tal tema Internacional, nacional e regionalmente. Sero apresentados

    indicadores econmicos e financeiros com o objetivo de embasar a problemtica estudada

    neste trabalho.

    Complementando as informaes apresentadas no captulo anterior a respeito das

    cidades estudadas na Regio Administrativa, o terceiro captulo ser dedicado exposio do

    perfil de algumas cidades que compe nossa regio administrativa. Devido ao grande espao

    amostral de cidades, optou-se por realizar uma amostragem, desta forma, apenas cinco perfis

    so apresentados neste captulo.

    J no quarto captulo, objetiva-se coletar por meio de entrevistas e questionrios

    aplicados junto formadores de opinio, empresrios e autoridade pblica, opinies,

    informaes e perspectivas de futuro para o comrcio exterior da regio.

    E por ltimo, mas no menos importante, apresentam-se as consideraes finais

    sobre o tema. Tais consideraes sero elaboradas aps a minuciosa anlise das informaes,

    dados e opinies, colhidos durante todo o processo de pesquisa e investigao do tema

    apresentado. Ser nesta parte do captulo, que sero apresentadas idias, sugestes e

    consideraes sobre a problemtica envolvida, bem como sinalizar possveis aes que

    possam otimizar e maximizar o comrcio exterior regional.

    Portanto, o estudo objetiva contribuir da melhor forma acadmica com o progresso

    regional, esperando que este trabalho sirva de base para muitos outros estudos similares, bem

    como o aprofundamento do tema aqui proposto.

  • 13

    CAPTULO 1 - APRESENTAO DO TEMA

    1.1. Objetivos

    O objetivo geral deste trabalho consiste em apresentar quais so as maiores

    dificuldades encontradas no processo de exportao pelas principais empresas exportadoras

    de Marlia e regio.

    Para atender este objetivo geral tm-se como objetivos especficos:

    Identificar o campo de atuao do comrcio exterior na regio analisada;

    Discutir os principais fatores de entrave das exportaes com origem na regio

    analisada;

    Fazer um levantamento de informaes tericas e estatsticas sobre as cinco cidades

    analisadas;

    Analisar os motivos que causam dificuldades no aumento das exportaes na regio;

    Sugerir solues e melhorias viveis para incrementar as exportaes da regio

    estudada.

    1.2. Justificativa

    Segundo a Fundao Sistema Estadual de Anlise de Dados - SEADE (2009), a

    regio administrativa de Marlia composta por 54 municpios, porm cinco deles se

    destacam, sendo responsveis por 70% das exportaes de tal regio. So eles: Marlia,

    Pompia, Gara, Tarum, Paraguau Paulista e Ourinhos.

    Com a crescente tendncia de integrao comercial dos mercados mundiais, e

    principalmente a posio que o Brasil tem galgado nos ltimos anos no cenrio econmico

    global, faz-se necessrio um estudo de oportunidades, carncias e necessidades no que diz

    respeito s operaes comerciais que envolvem tal regio, uma vez que, dessa forma ser

    possvel compreender com maior clareza os motivos que levam a regio pesquisada a no

    obter um xito maior em suas operaes.

    Justifica-se o estudo no sentido de as exportaes serem responsveis pela gerao

    de emprego e renda na regio, e tambm porque as empresas analisadas destinam grande parte

    de sua produo ao exterior, podendo dessa forma garantir seus mercados em perodos

    sazonais.

  • 14

    1.3. Metodologia

    A pesquisa ser exploratria quanto ao objetivo, ter como sujeito as principais

    empresas exportadoras da regio administrativa de Marlia e tambm rgos governamentais.

    E o objeto a ser investigado ser o conjunto das maiores dificuldades encontradas no processo

    de exportao das mesmas.

    Para alcanar o objetivo proposto o mtodo de abordagem utilizado ser o

    qualitativo, no qual possvel analisar as variveis do objeto em questo, se aprofundar na

    interpretao dos dados e sugerir solues para as dificuldades encontradas.

    A coleta de dados ser feita com o uso de dois procedimentos tcnicos: a pesquisa

    bibliogrfica e entrevista estruturada. No primeiro momento da pesquisa o mtodo utilizado

    ser a pesquisa bibliogrfica com a utilizao de livros de autores nacionais e internacionais,

    artigos cientficos, jornais, revistas e dados extrados de rgos governamentais. Em um

    segundo momento, ser utilizada a observao direta atravs de questionrio e entrevistas em

    algumas empresas exportadoras de Marlia e Pompia, apresentado no Anexo I. O

    questionrio, Anexo A deste trabalho, a princpio seria enviado para empresas de cada cidade

    da regio, mas muitas empresas se mostraram fechadas a pesquisa acadmica.

    A principal vantagem da pesquisa bibliogrfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenmenos muito mais ampla do

    que aquela poderia pesquisar diretamente. Essa vantagem torna-se

    particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados

    muito dispersos pelo espao. (GIL, 1996, p.45)

    Com a finalidade de compreender a atual situao das empresas exportadoras da

    regio estudada, a pesquisa inicial ser no mbito histrico, realizando uma anlise da

    conjuntura internacional, nacional e regional e suas influncias nestas empresas. Essa

    pesquisa visa identificar tambm possveis fatores econmicos, polticos e sociais, que

    possam ter influenciado a atual capacidade da regio em seus negcios internacionais. Sero

    levantados tambm dados estatsticos para melhor embasamento e entendimento do estudo em

    questo.

  • 15

    CAPTULO 2 - A ABERTURA COMERCIAL BRASILEIRA E SUA INFLUNCIA NA REGIO DE MARLIA

    2.1. A Abertura Comercial no Ambiente Internacional

    A dcada de 1970 foi marcada pela liberalizao econmica generalizada dos pases

    da Amrica Latina, iniciando-se com o Chile em 1973, Argentina em 1976, Mxico em 1977

    e posteriormente a Venezuela em 1979 (REGO, 2005).

    No entanto, a crise de dvida externa de 1982 causou certo atraso em tal

    liberalizao, que somente foi tomar fora novamente no final daquela dcada, quando houve

    uma abertura comercial dos pases latino americanos em geral.

    O Brasil inicia seu processo de abertura em meados do ano de 1988, quando o ento

    presidente da Repblica Fernando Collor de Mello, adotou uma poltica que enfatizava a

    concorrncia e a competitividade.

    No tpico 2.2 sero abordados os processos de abertura comercial no Brasil, durante

    os governos Sarney e Collor, e tambm durante o Plano Real, que foi implantado no ano de

    1994, durante o governo do ento presidente da Repblica Itamar Franco, e conduzido pelo

    seu Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso.

    Entretanto, quando se fala em pioneirismo em abertura comercial dos pases da

    Amrica Latina, Kunzler (2002) destaca o Chile que foi o precursor na regio desta tendncia

    econmica, tentando realiz-la j no ano de 1956. Mas obteve insucesso, uma vez que tal ao

    teve de ser revertida em 1961 pelo infortnio do descontrole econmico, provocado pela

    balana comercial. certo que suas decises serviram de marco norteador para as decises de

    abertura comercial de pases na ltima dcada. Kunzler (2002) cita como exemplo de

    influncia das polticas de abertura comercial chilenas, a reduo da inflao para um dgito,

    adotada por todos os pases do territrio americano.

    Outro exemplo do xito da poltica econmica chilena que pode ser citado que nos

    anos que compreendem o perodo de 1985 a 1994, a taxa mdia de inflao anual chilena foi

    de 18,5%, enquanto a brasileira foi de 900,3%.

    Kunzler (2002) cita ainda, relacionado ao xito chileno na poca da abertura

    comercial brasileira, que o Produto Interno Bruto (PIB) do pas teve um crescimento de 4,1%

    nos anos de 1980 a 1990, e de 7,5% nos anos de 1990 a 1994

  • 16

    No que tange as polticas tarifrias de importaes, o Chile tambm seguia o modelo

    de substituio de importaes, quando aplicava tarifas mdias de 94% e mximas que

    giravam em torno de 750%.

    Com a inevitabilidade da abertura comercial no inicio da dcada de 1980, surgem

    dvidas sobre a correta sequncia de abertura econmica. Rego et. al. (2005) salienta que a

    liberalizao do mercado de bens deve ser feita antes do que a liberalizao de capitais.

    Defende que no aspecto microeconmico, existe uma tendncia de adaptao muito mais gil

    por parte do mercado de capitais, enquanto no ambiente macroeconmico existe a necessidade

    de uma eventual desvalorizao do cmbio e tambm da adoo de uma poltica de juros que

    possa incentivar o investimento externo.

    A questo relativa sequncia de liberalizao, envolvendo os mercados de

    bens e de capitais, a que apresenta maior polmica [...] pautando-se pelas experincias de Chile e Argentina na dcada de 1970, recomenda em

    primeiro lugar a liberalizao do mercado de bens, para, apenas depois

    liberalizar o mercado de capitais. (REGO et al., 2005, p.200)

    O ano de 1991 marcado pela assinatura do Tratado de Assuno, por Argentina,

    Brasil, Paraguai e Uruguai, caracterizando-se efetivamente o incio do Mercado comum do

    Sul, o MERCOSUL. O tratado entrou em vigncia a partir de 29 de novembro do mesmo ano,

    por meio de legislao prpria e especfica ratificada pelos pases membros, sendo que o

    referido tratado estabeleceu uma srie de objetivos e princpios para o xito da integrao

    desejada, sendo definida a data de 31 de dezembro de 1994 para a sua constituio, conforme

    definem Kunzler (2002) e Cervo (2008).

    Ainda no ambiente econmico-comercial internacional no perodo da abertura

    comercial Brasileira, destacam-se as rodadas do GATT1, que culminaram com a criao da

    Organizao Mundial do Comrcio (OMC), no ano de 1994 em uma reunio realizada em

    Marrakesh no Marrocos, atravs da Rodada do Uruguai. Tal organizao foi criada com o

    intuito de suprir uma srie de deficincias de seu antecessor, o GATT.

    1 O GATT (General Agreement on Tariffs and Trade), assinado em 1947 com o fim de regular o comrcio internaiconal, era flexvel e pouco ambicioso, visto que envolvia interesses vitais para as naes, os quas

    repercutiam sobre seu desenvolvimento e sua segurana (CERVO, 2008, p. 4).

  • 17

    No mbito poltico europeu, a reunificao alem no ano de 1990, simbolizou o

    fracasso do comunismo europeu, propiciando uma abertura das fronteiras da ento Alemanha

    Oriental. No ano seguinte, na Europa Oriental, os primeiros conflitos se rompem na regio

    dos Blcs, com enfrentamentos na Crocia e Bsnia-Herzegovina.

    Na Europa, em termos econmicos, o ano de 1992 tem como marco a assinatura do

    tratado da Unio Europia, que aconteceu em 7 de fevereiro de 1992, e previa regras claras

    para uma constante integrao europia, com a adoo de uma moeda nica, e tambm uma

    poltica das 4 liberdades integradoras: Livre circulao de mercadorias; Livre circulao de

    servios; Livre circulao de pessoas; e Livre circulao de capitais.

    Tal tratado foi primordial para a constituio do Mercado nico Europeu, e

    desaparecimento das barreiras entre os pases-membros.

    Na sia, o incio da dcada de 1990, representou um grande desafio ao crescimento

    da economia Japonesa.

    Tabela 1: Mdia de crescimento anual do PIB (em %)

    Pas 1953-1973 1974-1982 1983-1991 1992-1995

    Japo 9,4 4,0 4,4 0,7

    EUA 3,6 1,5 3,0 3,2

    Reino Unido 3,1 1,0 2,4 2,2

    Alemanha Ocidental 5,8 1,6 3,1 1,1

    Frana 5,3 2,4 1,9 1,4 Fonte: Torres Filho apud Scott, B. 1976; OECD, Economic Outlook, vrios anos.

    Como pode ser observado na Tabela 1, a partir do ano de 1992 a economia japonesa

    entrou em uma estagnao tcnica, crescendo a meros 0,7%, ante os 4% verificados em mdia

    at o ano de 1991, num comparativo com o crescimento de outros pases.

  • 18

    Grfico 1: Crescimento do PIB chins desenvolvimento sustentado

    Fonte: Cmara de Comrcio e indstria Brasil-China, 2009

    Elaborao Prpria

    Ainda no ambiente asitico, a China teve um crescimento surpreendente ps 1988,

    com o aumento de suas exportaes anuais de cerca de US$ 10 bilhes em 1988, para cerca

    de US$ 250 bilhes no ano de 1997, com crescimentos mximos do PIB de 14,2% no ano de

    1992, como possvel observar no Grfico 1.

    Os Estados Unidos da Amrica viviam na ocasio do incio da dcada de 1990, um

    perodo de transio poltico-econmica, quando o final da Guerra Fria transformou os

    Estados Unidos na condio de ento principal superpotncia mundial, como evidencia

    Magnoli (1997).

    O ano de 1992 foi marcado pela eleio do democrata Bill Clinton, que foi eleito

    para ocupar o cargo de Presidente dos Estados Unidos no lugar do ento presidente George

    Bush. Foi o primeiro democrata eleito aps 12 anos de republicanos no poder.

    Houve, portanto, no incio da dcada uma consolidao dos EUA no papel de lder

    econmico no cenrio mundial, principalmente, segundo Malin (2002), quando se compara as

    taxas de crescimento anuais do PIB, porm, relao a seu concorrente direto, o Japo (que

    teve uma estagnao no PIB a partir do ano de 1992, como j visto acima), em relao ao

    Brasil. Comparativamente, o PIB dos EUA em relao ao do Japo cresceu em torno de 41%

    nos dez anos que compreendem a lacuna entre os anos de 1991 e 2001, indo de 1,7 vezes no

    primeiro ano do perodo e chegando marca de 2,4 vezes no ltimo ano do perodo citado.

    O perodo que compreende a abertura comercial brasileira, no contexto internacional,

    marcado, portanto, por significantes mudanas polticas e econmicas que de certa forma

    moldaram o ambiente internacional do presente. Muito embora o incio do sculo XXI tenha

  • 19

    trazido srias mudanas no contexto econmico como, por exemplo, a evidncia comercial de

    China e Brasil no comrcio internacional, ou a decadncia da economia americana, sem

    dvida os acontecimentos do final da dcada de 1980 e incio da dcada de 1990, foram de

    suma importncia para o crescimento da economia mundial, e definio do cenrio econmico

    mundial atual.

    2.2. A Abertura Comercial no Brasil

    A abertura comercial brasileira ocorreu entre os anos de 1988 a 1993 e trouxe

    grandes mudanas no desenvolvimento do comrcio exterior brasileiro. Segundo Averbug

    (1999), antes do governo Collor o comrcio exterior brasileiro era caracterizado pelo

    protecionismo ligado a substituio de importaes2 e o foco era conter as importaes e

    incentivar as exportaes para assim obter supervits comerciais.

    De acordo com Rego et. al. (2005):

    O principal instrumento ao controle das importaes durante os anos 1980 foram medidas no tarifrias, dentre as quais se destacava a Lei do Similar

    Nacional, que listava alguns produtos cuja importao era proibida. Alm

    disso, havia os Programas Especiais de Importao e licenas de importao.

    Com essa poltica as exportaes brasileiras cresceram no perodo de 1980 a 1990

    em mdia 4% ao ano, segundo Rego et. al. (2005), havia no perodo uma instabilidade que

    levou ao sucateamento da indstria nacional e tambm a um grande atraso tecnolgico tanto

    nos equipamentos quanto na gesto das empresas e mo-de-obra. A infraestrutura neste

    perodo era precria refletindo assim na qualidade da educao, que por sua vez dificultava a

    aplicao de novas tecnologias, pois a mo-de-obra no era capacitada, esse quadro levava a

    uma baixa produtividade.

    Em 1988 o Brasil iniciou uma reforma eliminando os controles sobre as importaes

    e propondo uma reduo tarifria. A lista de 3500 produtos que no podiam ser importados

    foi extinta no governo Collor e houve a introduo de uma nova tarifa chamada de Modal,

    com alquota de 20% que era aplicada na importao da maior parte dos produtos

    2 O conceito de substituio de importaes, alm de significar o incio da produo interna de um bem antes importado, denota tambm uma mudana qualitativa na pauta de importaes do pas (REGO et al., 2005, p.73)

  • 20

    manufaturados (SILVA, 2006, p. 25). Averbug (1999) diz em seu artigo que em 1990 foi

    lanada uma nova Poltica Industrial e de Comrcio Exterior e esta nova proposta cuidou da

    reduo das tarifas que se daria entre 1990 e 1994. Como efeito deste plano a alquota mdia

    caiu pela metade entre 1990 e 1993.

    Grfico 2: Alquotas Nominais Mdias de Importao

    Fonte: Rego, 2005

    Elaborao Prpria

    Houve um ajuste das tarifas de importao, que indiretamente era cobrado duas vezes

    com o uso de outras tarifas, e das de bens de capital intermedirio tambm foi reduzido.

    possvel visualizar no Grfico 2 que a partir de 1988 a tarifa nominal mdia de importao

    teve sua reduo gradativa e atingiu o seu nvel mais baixo em 1995 quando chegou a 13%.

    Esses ajustes foram necessrios no processo de abertura comercial para ajudar as empresas a

    sobreviverem a nova concorrncia que se instalou.

    Averbug (1999) mostra que no perodo de 1988 a 1997 houve um aumento de 57%

    das exportaes brasileiras com crescimento mdio anual de 4,6%, e no mesmo perodo as

    importaes quadruplicaram crescendo em mdia 15,4% ao ano, levando o superavit da

    balana comercial de 1988 se tornar dficit a partir de 1995. Esse dficit ocorre com o

    crescimento das importaes que no teve como contrapartida o aumento das exportaes de

    bens e servios. Esse crescimento do comrcio exterior brasileiro se deu por vrios fatores,

    tanto internos quanto externos, mas o estudo foca neste tpico os fatores internos. possvel

    observar na Tabela 2 o comportamento da balana comercial no perodo.

  • 21

    Tabela 2: Balana Comercial - Exportaes e Importaes (US$ Milhes)

    Ano Exportaes Importaes Saldo Comercial

    1988 33.789 14.605 19.184

    1989 34.383 18.263 16.120

    1990 31.414 20.661 10.753

    1991 31.620 21.041 10.579

    1992 35.793 20.554 15.239

    1993 38.597 25.480 13.117

    1994 43.544 32.701 10.843

    1995 46.506 49.859 -3.353

    1996 47.747 53.303 -5.556

    1997 52.987 61.351 -8.364

    1998 51.120 57.550 -6.430

    Fonte: Banco Central do Brasil, 2009

    Elaborao Prpria

    Em 1990 implementada uma nova poltica industrial que visava modernizar e

    reestruturar a indstria por meio de estratgias como: fortalecimento da infraestrutura,

    divulgao da indstria no mercado internacional, melhora de qualidade, preos, tecnologia,

    etc. Junto com essas estratgias lanaram-se programas para controle das mesmas.

    Foram disponibilizadas novas linhas de financiamento que eram baseadas em

    resultados, como a Integrao Competitiva.

    O BNDES tambm teve papel fundamental nesse processo. No final dos anos 1980 e incio dos 1990, definiu um modelo de desenvolvimento

    denominado integrao competitiva, baseado nos conceitos de

    competitividade e produtividade, desvinculado de polticas setoriais. As novas linhas de financiamento eram direcionadas s indstrias que

    apresentassem resultados em termos de competitividade, como programas de

    qualidade total e aprimoramento de tecnologia e de mo-de-obra. (REGO et

    al., 2005, p.203)

    A abertura tambm tinha como foco a reestruturao do parque industrial brasileiro,

    que estava em atraso comparado com a maioria dos pases desenvolvidos, que comearam

    esse processo no final do sculo XVII. Para fomentar este crescimento o governo implantou

    programas de incentivo a qualidade e produtividade, os principais mecanismos foram o

  • 22

    Programa de Competitividade Industrial (PCI) e o Programa Brasileiro de Qualidade e

    Produtividade (PBQP) 3.

    Muitos setores no tiveram tempo de se adaptar a esta situao o que levou muitas

    empresas, devido ao menor consumo de seus produtos, a se endividarem e abrirem falncia.

    Essas empresas sofreram com a concorrncia dos produtos importados que entravam no

    mercado com melhor qualidade e preo. Pochmann (2001, p. 47) lembra que a falta de

    planejamento afetou algumas cadeias produtivas devido substituio de produtos nacionais

    por importados, o que aumentou a dependncia externa do pas. Outra conseqncia foi a

    reduo da oferta de empregos aps as fuses e incorporaes entre empresas, terceirizao e

    automao que ocorreram no perodo.

    O presidente Collor apostou na idia de modernizao e abertura comercial, pois ele

    tinha uma viso de que o problema na economia brasileira era o atraso e a falta de

    competitividade, mas seu governo enfrentou estagnao e altas taxas de inflao. Com uma

    crise econmica no pas e ainda enfrentando uma crise poltica, Collor foi alvo de uma

    Comisso Parlamentar de Inqurito (CPI) da qual resultou no seu impeachment em 29 de

    setembro de 1992. Quem assumiu a presidncia foi seu vice Itamar Franco, em seu governo

    foi lanado o Plano Real que acabou com a crise hiperinflacionria.

    Em 1993, foi lanado o Plano Real pelo ministro da Economia Fernando Henrique

    Cardoso, que teve sua implantao divida em trs fases. Na primeira fase foi lanado o

    Programa de Ao Imediata (PAI) que segundo Rego et. al. (2005) visava: Reduzir os gastos

    da unio e aumentar sua eficincia; Recuperar receita tributria; Equacionar as dvidas dos

    Estados e Municpios com a da Unio; e Sanear bancos federais;

    Aperfeioar o programa de privatizao, ou seja, reduzir a participao do governo

    na economia atravs da privatizao das estatais.

    O governo encontrou neste perodo como empecilho a falta de recursos que levou a

    aprovao do Imposto Provisrio sobre Movimentao Financeira (IPMEF) 4.

    A segunda fase comeou em 1994 com a implantao da Unidade Real de Valor

    (URV) com o objetivo de servir de transio para uma nova moeda. A URV servia para

    3 PCI e PBQP foram programas lanados em 1990 pelo governo federal com o objetivo de levar a industria alcanar competitividade atravs do aperfeioamento substancial da gesto da produo, atravs de esforo de

    melhoria da qualidade e produtividade. (FLEURY, 1993, p. 4). 4 Imposto que depois se tornou a CPMF (Contribuio Provisria sobre Movimentao Financeira)

  • 23

    determinar preos, salrios e contratos, devido a isso se tornavam imunes as desvalorizaes

    provocadas pela inflao. Rego et. al. (2005) diz sobre este perodo que O objetivo principal

    deste trabalho foi preservar o equilbrio econmico-financeiro das empresas pblicas, na

    tentativa de no ferir o princpio da neutralidade da converso do ponto de vista do usurio

    final. Ele nos mostra que o governo adotou a URV de maneira gradual de modo a evitar

    distores que ocorreram na implantao de polticas anteriores.

    E objetivando o combate a inflao, se inicia a terceira fase com o lanamento da

    nova moeda, o Real, em 1 de julho de 1994. importante destacar que foi colocado um teto

    mximo na taxa de cmbio, onde um real era equivalente a um dlar deixando desta forma o

    Real ligado ao Dlar.

    Com o Plano Real houve um aumento da tarifa de importao de alguns produtos

    como automveis, calados, tecidos e brinquedos.

    O Real tambm mostrou suas fragilidades, de 1995 a 1998 o saldo da Balana

    Comercial apresentou dficits, como foi apresentado na Tabela 2, que decorreram do

    crescimento da economia devido reduo das alquotas tarifarias e paridade cambial que

    levou ao aumento das importaes e em contrapartida a reduo das exportaes.

    A restrio externa tornou-se o maior fator de limitao ao crescimento econmico, porque, sempre que a atividade econmica cresce, as

    importaes aumentam. Adicionalmente, quando o mercado interno est

    aquecido, os produtores tendem a se voltar para o atendimento da demanda interna, geralmente em condies mais rentveis devido situao cambial.

    A combinao desses dois processos aumento das importaes e reduo das exportaes provoca o desequilbrio externo. (REGO et al., 2005, p.203).

    O governo tomou medidas para conter o desequilbrio externo, sendo uma delas a

    manuteno das taxas de juros para atrair a entrada de capitais e assim equilibrar a balana de

    pagamentos.

    2.3. Impactos para a Economia Regional

    A abertura comercial no Brasil no final da dcada de 1980 e primeiros anos da

    dcada seguinte, tambm influenciou o desenvolvimento das cinco cidades da Regio

    Administrativa de Marlia estudadas neste trabalho.

  • 24

    Os nmeros desta poca mostravam que aquele momento era de industrializao do

    interior paulista. Vrios industriais viram que o interior do estado apresentava um terreno

    propcio ao desenvolvimento e certamente visando uma reduo de custos, traavam

    estratgias de buscar no interior de So Paulo conciliar a potencializao de seus fatores de

    produo com a qualidade de vida interiorana.

    Segundo Nvel... (1994), artigo da Federao das Indstrias do Estado de So Paulo

    (FIESP), a Universidade de Campinas (UNICAMP) tornava publico que 24% da produo

    nacional era oriunda do interior paulista, e segundo o Departamento de Documentao,

    Pesquisa, Estudos e Avaliaes (DEPEA) 57% dos empresrios da capital do estado de So

    Paulo manifestavam interesse em transferir suas operaes para o interior do estado.

    Estes nmeros apresentados pela FIESP em Nvel... (1994), mostravam naquele

    incio dos anos 1990, que o parque industrial paulista estava crescendo na direo do interior.

    E entre as principais razes para este fenmeno a Entidade destacava o crescimento da

    agroindstria de exportao e a expanso da agroindstria canavieira. Em adio a isso pode-

    se destacar a agroindstria canavieira como principal alavanca para o crescimento,

    desenvolvimento e emancipao de Tarum naquele perodo, e conferindo atualmente a esta

    cidade a vice-liderana no ranking de exportaes em 2008, conforme dados do Ministrio do

    Desenvolvimento Indstria e Comrcio Exterior (MDIC). Isso comprova as informaes

    estatsticas apresentadas em Nvel... (1994) pela FIESP.

    Entre 1991 e 2000, de acordo com a Fundao SEADE (2009), a regio de Marlia

    manteve um ritmo de crescimento praticamente constante, exibiu taxa de 1,3% ao ano, abaixo

    da mdia estadual, 1,8% ao ano, e caracterizada pelo baixo incremento populacional em

    varias dcadas.

    De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA) (2009),

    em 1991, a regio apresentava 30,7% da sua populao nos grupos de menores de 15 anos,

    18,8% dos indivduos eram jovens (15 a 24 anos), 41% deles correspondiam populao

    entre 25 e 59 anos e 9,3% eram idosos (60 anos ou mais).

    O Grfico 3 apresenta o crescimento populacional das cidades analisadas.

  • 25

    Grfico 3: Crescimento Populacional - Populao 1989 1994

    Fonte: Fundao SEADE, 2009

    Elaborao Prpria

    At 1992, as pesquisas no eram aplicveis cidade de Tarum, que no detinha sua

    emancipao. No entanto, possvel visualizar que em todas as cidades analisadas o

    crescimento populacional foi contnuo naquele perodo.

    Com essa populao crescente, a mo-de-obra local exigia maiores investimentos em

    qualificao. No que se refere a educao tcnica e graduao tem-se, segundo a FIESP em

    Nvel... (1994), que o interior paulista como um todo contava com mais de 47 mil metros

    quadrados de escolas, laboratrios e outras dependncias didticas profissionalizantes do

    Servio Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e do Servio Social da Indstria

    (SESI), nas principais regies industrializadas do Estado, no final de 1994.

    A partir de 1990, o nmero de empregados sem carteira e empregados por conta

    prpria comeou a aumentar mais rapidamente que o nmero de empregados com carteira no

    Brasil, conforme observaram Cardoso Jr. e Fernandes (2000), demonstrando que a tendncia

    de lenta formalizao do mercado de trabalho desde os anos 1970 sofreu uma inverso.

    Segundo a Fundao SEADE (2009), a Regio Administrativa analisada apresentava

    em 1992 uma queda no percentual de vnculos empregatcios de 0,96% em comparao a

    1991. E em 1993 este dado apresentou uma reao tendo um pequeno crescimento de 0,55%,

    para em 1994 o nmero de vnculos empregatcios da R.A. eram 6,23% maior que em 1991.

    Mostrando que as observaes de Cardoso Jr. e Fernandes (2000) destoavam do que se

    registrava na Regio de Marlia.

    O Grfico 4 apresenta os nmeros de vnculos empregatcios em cada cidade

    analisada de 1991 a 1994.

  • 26

    Grfico 4: Total de vnculos empregatcios 1991 - 1994

    Fonte: Fundao SEADE, 2009

    Elaborao prpria

    Nota-se que, excluindo Paraguau Paulista, todas as cidades em 1994 registravam

    crescimento em seu nmero de vnculos empregatcios.

    No entanto, para Soares, Servo e Arbache (2001), em pases como o Brasil, as

    mudanas nas relaes comerciais foram, em geral, muito rpidas e concomitantes com

    transformaes no mercado de trabalho, uma vez que muitos pases adotaram polticas de

    liberalizao comercial repentinas e, por vezes, radicais, o que traz potenciais efeitos para os

    preos relativos e na alocao dos fatores, limitando assim uma concluso a este respeito.

    O fato que o nmero de vnculos empregatcios teve crescimento, mostrando uma

    divergncia com as observaes de Cardoso Jr. e Fernandes (2000), porm, conforme

    destacaram Soares, Servo e Arbache (2001), outros fatores tambm podem ter influenciado

    este nmeros. Como por exemplo, o crescimento de postos de trabalho atravs do

    desenvolvimento industrial da regio.

    Segundo dados da Fundao SEADE (2009), o nmero de estabelecimentos

    industriais neste perodo foi crescente. No agregado a regio administrativa apresenta em

    1992 um crescimento de 0,99%, em comparao ao ano anterior. J em 1993, este ndice

    apresentou uma queda 4,22%, mostrando que as indstrias da regio tiveram seu momento de

    maior dificuldade neste perodo, onde aproximadamente 79 estabelecimentos industriais

    tiveram que encerrar suas operaes. Indo de conformidade com os nmeros de vnculos

    empregatcios, que se mostrou em seu nvel mais baixo naquele perodo. Nos anos que se

    seguiram a regio apresentou crescimento mdio de 5,65% ao ano, assim como os vnculos

    empregatcios retomam seu crescimento em 1995.

  • 27

    De acordo com a FIESP em Nvel... (1994), no ano de 1993 foi registrado um

    declnio acentuado nas vendas reais do perodo, que registraram uma retrao de 12,4% em

    abril de 1994, em comparao com o mesmo ms do ano anterior. Em termos

    dessazonalizados, a queda verificada foi de 13% em maro do mesmo ano. Enquanto o

    Indicador de Nvel de Atividade (INA) na indstria paulista registrava uma perda de 5,6% em

    comparao com 1980. Evidenciando assim, que a indstria local estava produzindo 5,6%

    menos em 1994 que em 1980.

    Como as vendas reais do perodo tiveram queda to acentuada nos ndices de

    crescimento somada instabilidade do perodo evidente que alguns estabelecimentos

    industriais no iriam resistir s dificuldades. O Grfico 5 apresenta o desempenho de cada

    uma das cidades em estudo no nmero de estabelecimentos industriais.

    Grfico 5: Indstria - Nmero de Estabelecimentos da Indstria 1991 1994

    Fonte: Fundao SEADE, 2009

    Elaborao prpria

    O Grfico 5 apresenta que as cidades de Tarum, Pompia e Ourinhos tiveram um

    aumento no nmero de estabelecimentos industriais, enquanto Marlia e Paraguau Paulista

    tiveram decrscimos, porm, destaca-se o decrscimo na cidade de Marlia, que j detinha o

    maior parque industrial da regio, e estava registrando um crescimento negativo mdio de 5%

    ao ano, encerrando o perodo em 1994 com 10% menos indstrias que em 1991.

    Mesmo no sendo possvel fazer concluses com estas informaes, sugestivo que

    se faa um paralelo desta queda no nmero de estabelecimentos industriais na regio com o

    momento de abertura comercial, pois segundo Silber (2009) neste perodo houve uma

    significativa reordenao da produo brasileira.

  • 28

    Esta abertura comercial possibilitou uma parcial desverticalizao do processo produtivo domstico, a descontinuidade de atividades produtivas

    incompatveis com condies de custo de produo internacional, a

    modernizao do parque produtivo domstico e ganhos de escala importantes para a ampliao do comrcio intraindstria e intrafirma, to

    importantes no comrcio mundial contemporneo. [...] De uma maneira

    abrangente, para todos os setores industriais brasileiros, houve uma

    significativa reordenao da produo de um caso de quase autarquia para uma maior insero no comrcio internacional. (SILBER, 2009, p.07)

    De acordo com Kupfer (2003), os impactos da valorizao do cmbio e da reduo

    tarifria aps o Plano Real sobre os nveis de proteo real da indstria provocaram o

    acirramento da competio com produtos importados. Como resultado ocorreu rpida

    deteriorao da balana comercial.

    Esta presso pela modernizao do parque produtivo citada por Silber (2009) pode

    ter sido empregada de uma forma imperativa e sem programas de proteo industrial

    suficientes por parte do Governo Federal, que se encontrava neste perodo em um momento

    poltico delicado, portanto, no atendeu suficientemente as necessidades emergentes de defesa

    e apoio a indstria nacional, refletindo inclusive no desenvolvimento domstico regional.

    Silber (2009) destaca que neste novo ambiente, os ganhos de produtividade foram

    maiores e que essas modificaes da estrutura industrial brasileira foram acompanhadas pela

    alterao da produtividade mdia da mo-de-obra. E que logo em seguida de uma dcada de

    isolamento do mercado mundial, inflao e estagnao, a abertura ao exterior, a estabilizao

    e a perspectiva de um crescimento mais consistente da renda percapta, criaram condies

    favorveis ao investimento direto.

    No que diz respeito ao capital e sua disponibilidade durante a abertura comercial,

    segundo a Fundao SEADE (2009), o fluxo de depsitos totais em instituies financeiras da

    R.A. de Marlia em comparao com o ano de 1988 oscilava anualmente entre altas e baixas,

    porm, nos sete anos analisados, os depsitos em instituies tiveram percentuais negativos.

    Estes nmeros indicam que a captao de recursos externos dos bancos seguia um

    ritmo instvel. Quando a captao das instituies financeiras alta, tambm maior a

    disponibilidade e oferta de crdito no mercado. No caso da R.A. que apresenta os dados de

    fluxo de depsitos mencionados no pargrafo anterior, a instabilidade da captao indica uma

    forte possibilidade de que o capital tivesse uma oferta baixa naquele perodo, acarretando em

    juros mais altos e com isso baixos investimentos.

    O Grfico 6 apresenta as operaes de crdito nas cidades analisadas.

  • 29

    Grfico 6: Evoluo das Operaes de Crdito (1988=100%)

    Fonte: Fundao SEADE, 2009

    Elaborao prpria

    Com isso verifica-se no Grfico 6 que as operaes de crdito registraram na regio

    durante o perodo de abertura comercial, queda de 30,13% no volume em comparao com

    1988. Ano a ano este ndice acompanhou a oscilao dos depsitos totais, registrando um

    crescimento mdio de 11% ao ano.

    De acordo com o Ramos Sobrinho (1994), em Marlia, 3% das empresas eram

    exportadoras, e se dividiam nos segmentos industriais conforme apresenta o Grfico 7.

    Grfico 7: Atividade das Empresas Exportadoras da Cidade de Marlia em 1994

    Fonte: Anurio da Cidade de Marlia, 1994

    Elaborao prpria

  • 30

    Por ser a cidade com maior nmero de empresas exportadoras naquele ano, Marlia

    j se destacava no comrcio internacional de alimentos conforme evidencia o Grfico 7. Os

    outros segmentos eram representados por uma ou duas empresas, como era o caso da

    Metalurgia.

    A infraestrutura logstica outro tema tambm fundamental para o comrcio

    internacional. Segundo a CNI - Confederao Nacional da Indstria (2005), a infraestrutura

    logstica de transportes compreende rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e transporte areo, e

    segundo Mascarenhas (2009), vice-presidente da CNI, desde a constituio de 1988, o Brasil

    passou a investir menos em infraestrutura, sem avaliar as conseqncias futuras e hoje, est

    pagando um preo cuja maior parte sai do bolso dos empresrios.

    Segundo o Ramos Sobrinho (1994), o municpio contava na poca em seu sistema de

    transportes com trs principais rodovias modernas e em bom estado de conservao:

    BR 153: Lins / Marlia / Ourinhos

    SP 294: Bauru / Marlia / Tup

    SP 333: Assis / Marlia / Ribeiro Preto

    Naquele ano, 42 empresas operavam no transporte rodovirio de carga atendendo a

    indstria, comrcio e agricultura da regio.

    O municpio era atendido pelo transporte ferrovirio na linha que ligava So Paulo a

    Panorama, e registrava um transporte mensal de 2.100 toneladas de cargas, principalmente de

    pedras, cimento, adubos, tijolos e gros.

    Concluindo a rede de transporte de Marlia da poca, o transporte aerovirio era feito

    no aeroporto da cidade, Frank Miloye Milenkovich, onde eram transportadas mensalmente 1,5

    toneladas de carga.

    Era neste cenrio que se localizava a Regio Administrativa de Marlia nos anos em

    que o Brasil realizava sua abertura comercial.

    Um ponto convergente para todas estas anlises, a regio estava em crescimento e a

    abertura comercial movimentou a economia local, ora positivamente, ora negativamente, mas

    imps novos desafios aos empresrios locais.

    Com esta retrospectiva histrica, se faz necessria uma maior analise dos municpios

    envolvidos na pesquisa.

  • 31

    CAPTULO 3 - PERFIL DOS MUNICPIOS

    3.1. Marlia

    De acordo com a Prefeitura Municipal de Marlia (2009), a fertilidade do solo das

    glebas a oeste de Botucatu vendidas por Jos Teodoro de Souza em meados do sculo XIX,

    atraiu pioneiros de vrias regies, entre eles, Antonio Pereira da Silva e seu filho, Jos Pereira

    da Silva, que, em 1923, adquiriram 53 alqueires, formando um patrimnio chamado Alto

    Cafezal.

    Ao lado deste, desenvolveu-se o da Vila Barbosa, aberto pelo Sr. Vasques Carrin.

    Um terceiro patrimnio, aberto em 1925 por Bento de Abreu Sampaio Vidal, cresceu

    rapidamente, em funo da cultura cafeeira, e foi elevado a distrito de paz, do municpio de

    Cafelndia, em 22 de dezembro de 1926, com o nome de Lcio. Seu fundador ofereceu terras

    Companhia Paulista para a construo de uma estao e sugeriu que lhe fosse dado o nome

    de Marlia, inspirado no conhecido poema de Toms Antnio Gonzaga.

    O primeiro trem de passageiros chegou nova estao em 1928, mesmo ano em que,

    no dia 24 de dezembro, foi criado o municpio de Marlia, com territrio desmembrado de

    Cafelndia e Campos Novos Paulista. Sendo que sua instalao oficial deu-se 4 de abril de

    1929, data em que comemorado seu aniversrio.

    Segundo a Fundao SEADE (2009), pode-se dizer, portanto, que Marlia nasceu da

    incorporao de trs povoados que se desenvolveram com o caf. Posteriormente, o caf foi

    substitudo pelas culturas do algodo, arroz e amendoim. Em 1937, instalou-se na cidade,

    prximo linha frrea, um complexo das Indstrias Reunidas Francisco Matarazzo, destinado

    ao beneficiamento do algodo e do arroz, dando novo impulso ao desenvolvimento da cidade.

    A partir de ento, passou a atrair para a regio diversas atividades agroindustriais, alm da

    pecuria, consolidando-se como um plo de desenvolvimento do oeste paulista.

    No incio a economia de Marlia era baseada no cultivo de caf que com o tempo foi

    sendo substitudo pelo algodo. Graas ao algodo, em 1934 e 1935 foram instaladas as duas

    primeiras indstrias no municpio (duas fbricas de leo). Com a expanso da industrializao

    ao interior paulista, houve um aumento da malha ferroviria e rodoviria, com isso Marlia

    ligou-se a vrias regies do estado de So Paulo e ao norte do Paran.

    Na dcada de 1940 o municpio se firmou como plo de desenvolvimento do Oeste

    Paulista, quando se verificou um grande crescimento urbano e populacional. Neste perodo,

  • 32

    foi bero de grandes empresas atuais como o Banco Bradesco fundado em 1943, e em 1961

    nascia a empresa area Taxi Areo Marlia, atualmente conhecida com a TAM.

    Na dcada de 1970 houve um novo ciclo industrial no municpio com a instalao de

    novas indstrias principalmente na rea alimentcia e metalrgica. Com a posterior instalao

    de vrios cursos universitrios, Marlia pde atrair vrios jovens regio o que ajudou no

    desenvolvimento do comrcio do municpio.

    Segundo o ltimo dado divulgado da Fundao SEADE, hoje Marlia conta com

    aproximadamente 490 estabelecimentos industriais destes, 50 so da rea alimentcia sendo

    conhecida como "Capital Nacional do Alimento". Em 2000, o Municpio teve um grau

    avanado de urbanizao de 96,14%, em sua rea que registrou em 2009 a marca de 1170,05

    Km.

    Com estes dados, o Municpio tem um Produto Interno Bruto PIB de 2,460

    bilhes de reais correntes.

    A populao da cidade chegou em 2009 com 227.649 habitantes, com uma taxa

    geomtrica de crescimento anual5 de 1,62. Tendo uma taxa de natalidade de 12,01

    nascimentos por mil habitantes, e mortalidade infantil de 14,79 mortes por mil nascidos vivos.

    Devido ao nmero populacional do Municpio, o PIB percapta de aproximadamente R$

    10.900,00 o segundo mais baixo das cidades estudadas.

    No que tange a riqueza municipal, a Fundao SEADE apresenta os indicadores do

    IPRS, ndice Paulista de Responsabilidade Social, que sintetizam a situao de cada

    municpio no que diz respeito riqueza, escolaridade e longevidade, e quando combinados

    geram uma tipologia que classifica os municpios do Estado de So Paulo. Nos ltimos dados

    divulgados em 2006, segundo a tabela da Fundao o Municpio teve uma classificao baixa

    no indicador da Dimenso da Riqueza, alta na Dimenso de Longevidade e alta na Dimenso

    de Escolaridade. Ainda sobre este ltimo indicador, a Fundao revela que 49,48% dos jovens

    de 18 a 24 anos possuem o ensino mdio completo.

    Com estes dados possvel se enquadrar Marlia no Grupo 3 da classificao

    estadual, Municpios com nvel de riqueza baixo, mas com bons indicadores sociais.

    5 Expressa em termos percentuais o crescimento mdio da populao em um determinado perodo de tempo. Geralmente, considera-se que a populao experimenta um crescimento exponencial tambm denominado como

    geomtrico. (IBGE, 2009)

  • 33

    Confirmando essa maior ateno para a rea social com ndice de Desenvolvimento Humano

    do Municpio (IDH-M), que entre as cidades estudadas o mais alto, sendo 0,821, e segundo

    a Organizao do ndice, o Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento PNUD o

    Municpio que possui indicador acima de 0,800, possui um alto desenvolvimento humano.

    Em meio a isto, chega-se ao item comrcio exterior como ferramenta de

    desenvolvimento regional, e foco deste estudo, verificamos uma participao baixssima do

    Municpio nas exportaes do estado, de 0,059% em 2008.

    Com este ltimo dado, pode-se avaliar que Marlia historicamente centro industrial e

    logstico da regio poderia se utilizar mais ferramenta de desenvolvimento regional,

    potencializando todo o seu complexo industrial e suas reconhecidas aes sociais.

    Segundo dados da Secretaria de Comrcio Exterior SECEX Marlia teve apenas

    18 empresas, dos diversos setores, exportando seus produtos em 2008. Isso se agrava quando

    a SECEX nos apresenta os dados da Balana Comercial de agosto de 2009 em comparao

    com agosto de 2008, pois o saldo positivo de 2 milhes e 73 mil dlares FOB do ano passado

    foi convertido este ano 805 mil negativo. Este ltimo ano a balana comercial do Municpio

    se apresentou instvel oscilando entre altas e baixas, conforme grfico abaixo:

    Grfico 8: Balana Comercial de Marlia 08/2008 08/2009

    Fonte: Fundao SEADE, 2009

    Elaborao Prpria

    3.2. Ourinhos

    Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE (2009), por volta da

    dcada de 1910, o Sr Jacinto Ferreira de S, vindo de Santa Cruz do Rio Pardo, adquiriu da

    Sra. Escolstica Milcert da Fonseca, um lote de terras no povoado de Salto Grande do

    Paranapanema.

  • 34

    Em 1908, cria-se o distrito de Paz de Ourinhos, o qual se desmembrou de Salto

    Grande na ocasio de sua elevao em 1918, categoria de municpio. Elevado a municpio

    autnomo em 13 de dezembro de 1918 atravs da lei 1618 de 13 de dezembro do mesmo ano,

    a cidade conta hoje com cerca de 105.356 habitantes, de acordo com o dados disponibilizados

    pela Fundao SEADE (2009).

    Conforme dados da Prefeitura Municipal de Ourinhos (2009), o municpio possui

    uma rea de 296 km, a cidade se destaca por ter um grau de urbanizao de 95%, superior

    mdia da regio, e at mesmo do estado de So Paulo.

    Com um Produto Interno Bruto PIB de 2,460 bilhes, hoje a segunda colocada

    neste quesito entre as cidades pesquisadas, ficando atrs apenas de Marlia.

    A renda per capita de cerca de R$ 11.705,99, um valor razoavelmente baixo,

    ocasionado pelo grande nmero populacional do municpio. Com a populao de 105.356

    habitantes e com taxa de crescimento anual prxima de 1,31, revela-se a segunda pior

    colocada, melhor apenas do que Pompia, porm perdendo no quesito de PIB Per Capita para

    a mesma.

    Em relao a indicadores estatsticos vitais e de sade, a cidade conta com taxa de

    natalidade prxima dos 13,11% - superando cidades como Marlia e Pompia, - e com uma

    taxa de mortalidade Infantil de 7,24 por mil nascidos vivos bem abaixo da mdia estadual

    que gira em torno de 12,56.

    Analisando os dados estatsticos cerca dos saldos comerciais da balana comercial

    do municpio, pode-se observar a predominncia de valores deficitrios. De acordo com dados

    disponibilizados pelo MDIC Ministrio de Desenvolvimento Indstria e Comrcio - a maior

    indstria importadora do municpio a Fertilizantes Heringer S.A., e os produtos que lideram

    o ranking dos 5 produtos mais importados so exatamente componentes de fertilizantes.

    Consequentemente, possvel concluir que o alto valor deficitrio apurado na

    balana comercial, deve-se exclusivamente s altas importaes provenientes desta empresa.

  • 35

    Grfico 9: Balana Comercial de Ourinhos 08/2008 08/2009

    Fonte: Fundao SEADE, 2009

    Elaborao Prpria

    3.3. Paraguau Paulista

    De acordo com o histrico divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

    Estatstica (2009), por volta do ano de 1871, o Sr Jose Teodoro de Souza vendeu para o Sr

    Antonio de Paiva e Manoel Pereira Alvim, as terras pertencentes ao atual distrito de

    Conceio de Monte Alegre. Foi iniciada ento a plantao de caf, na cabeceira do Ribeiro

    So Mateus, para que pudesse proteg-las dos ndios, seguindo-se ento a implementao da

    estrada de ferro Sorocaba, indo at o povoado de Moita Bonita, e que recebeu o nome de

    Paraguau, que deriva do Tupi-Guarani, e quer dizer Rio Grande.

    A partir de ento, houve um grande e rpido desenvolvimento ao redor da estao,

    sendo Paraguau elevada a Municpio em 30 de dezembro de 1924.

    No ano de 1944, o nome da cidade foi alterado para Araguau, e posteriormente, em

    24 de Dezembro de 1948, finalmente, teve seu nome alterado para Paraguau Paulista.

    Posteriormente, em 5 de maro de 1997, Paraguau Paulista transformada em

    estncia turstica.

    Com cerca de 43.848 habitantes de acordo com a Fundao SEADE (2009),

    Paraguau Paulista a 3 maior cidade em termos de habitantes dentre as cidades pesquisadas,

    possuindo uma taxa de crescimento anual de 1,15% ao ano. Ainda falando em indicadores de

    territrio e populao, a cidade possui um grau de urbanizao de 92,44%, ante uma mdia

    estadual de 93,41%.

    A cidade destaca-se em termos de indicadores educacionais, uma vez que possui uma

    taxa de 45,02% de sua populao com ensino mdio completo, sendo que mdia estadual de

  • 36

    41,88%. Neste quesito, faz frente das cidades de Tarum e Ourinhos, com ndices de

    27,12% e 36,02% respectivamente.

    Uma anlise superficial aos dados apresentados na balana comercial do municpio

    denota um saldo bastante varivel em termos superavitrios. Talvez se deva pelo fato de que

    as duas empresas exportadoras local atuem ou no ramo de commodities agrcolas ou na

    produo de cachaa, que esto sujeitas s variaes das safras aumentando ou diminuindo

    suas exportaes em razo da poca do ano, para de certa forma, suprir o mercado interno. Tal

    afirmao baseia-se no fato de em pleno ms de Outubro do no de 2008, a balana comercial

    do municpio tenha ficado positiva em cerca de 5 milhes de dlares.

    Grfico 10: Balana Comercial de Paraguau Paulista. 08/2008 08/2009

    Fonte: Fundao SEADE, 2009

    Elaborao Prpria

    3.4. Pompia

    Segundo a Prefeitura Municipal de Pompia (2009), em 1852, o Governo Imperial

    concedeu a posse primria das terras localizadas na bacia do Rio do Peixe a Joo Antnio de

    Moraes, Francisco de Paula e Francisco Rodrigues de Campos, alm da concesso a este

    ltimo das terras na bacia do Rio Feio (ou Aguape). reas que, reunidas, demarcaram

    inicialmente, o territrio onde seria instalado o municpio de Pompia. Nova movimentao

    ocorreria bem mais tarde, em 1919, quando vrios compradores provenientes de Cravinhos

    seguiram pela Estrada de Ferro Noroeste do Brasil at a estao de Penpolis, abrindo cerca

    de 90 quilmetros de picada no meio da mata at a regio que recebeu a denominao Nova

    Cravinhos, composta por terras adquiridas da Fazenda Guataporanga, ocupadas com o plantio

    do caf.

    Em 1928, nas vertentes do Ribeiro Futuro, aproximadamente 250 hectares de matas

    foram derrubados, e o terreno, ento, loteado e arruado, passou a abrigar um povoado. Em 17

  • 37

    de setembro do mesmo ano, foi criado o distrito do municpio de Campos Novos (atual

    Echapor), recebendo o nome de Pompia em homenagem a Aretuza Pompia da Rocha

    Miranda, esposa de Rodolfo Nogueira da Rocha Miranda e me de Luiz Miranda, ambos

    responsveis pelo planejamento e pela formao da cidade. Logo depois, em 24 de dezembro,

    o distrito foi transferido para o municpio de Marlia. Em 30 de novembro de 1938, tornou-se

    municpio autnomo, com terras desmembradas dos municpios de Marlia e Glicrio.

    Atualmente, Pompia destaca-se pelo nvel de desenvolvimento j atingido e o

    caminho progressista que vem percorrendo. Com 19.390 mil habitantes, abriga uma das

    maiores indstrias de implementos agrcolas do pas em seu forte setor industrial que

    contempla empresas tambm de outros setores. A pecuria e a agricultura tambm orgulham a

    populao e condizem ao perfil desenvolvimentista do municpio.

    A presena de conceituadas escolas eleva o nvel cultural da populao e garantem a

    preparao moral, social e intelectual de cada gerao que substitui outra e adiciona esforos

    para a consecuo de uma mais alta qualidade de vida a todos os membros da comunidade.

    Grfico 11: Balana Comercial de Pompia 08/ 2008 08/ 2009

    Fonte: Fundao SEADE, 2009

    Elaborao Prpria

    Ao analisar a balana comercial de Pompia de agosto de 2008 at o mesmo ms de

    2009 possvel verificar uma queda gradativa nas exportaes devido ao cenrio de crise no

    mundo. Mesmo com essas mudanas Pompia teve um saldo da balana com supervit de

    25.857.671 milhes de dlares no perodo analisado.

    Pompia tem uma populao de 19.390 mil habitantes em uma rea de 786,41 km2.

    O PIB (em milhes correntes) de 309,22 e a participao nas exportaes do estado de

    0,186393%. possvel verificar que a grande indstria de implementos agrcola que se

    localiza na cidade altera muitos dos ndices suas operaes, inclusive as oscilaes da balana

    comercial refletem as vendas da mesma.

  • 38

    3.5. Tarum

    Conforme a Prefeitura Municipal de Tarum (2009), Gilberto Lex herdou uma

    grande gleba de terras de seu pai, Mathiae Lex, imigrante alemo que chegou ao Brasil em

    1825. Esta propriedade se situava na regio de Assis, entre a cabeceira da Fortuna e o Rio

    Paranapanema. Dessas terras ele escolheu as que se localizavam na cabeceira do rio Tarum e

    fez ali sua fazenda a qual deu nome de fazenda Dourado Tarum. A parte restante de suas

    terras foi dividida em pequenos lotes que passou a vend-los a pequenos proprietrios que

    ento se estabeleceram nas proximidades da fazenda Lex.

    A partir das transaes de venda de terras e com auxlio de um engenheiro, Dr.

    Japolussi, iniciou-se a construo de uma Vila, que no decorrer do tempo passou a ser

    denominada Vila Lex.

    O primeiro estabelecimento comercial, a ser instalado na vila foi uma farmcia de

    propriedade de Gilberto Lex, instalada em 1924.

    A partir desse momento a Vila inicia um progresso passando no s a receber novos

    moradores como tambm a primeira Igreja e a primeira escola, tudo sob os cuidados de

    Gilberto Lex.

    Um dos meios de diverso das pessoas na poca, era o campo de futebol que se

    localizava em frente a antiga Igreja. Um dado interessante a respeito desses tempos refere-se a

    extrema dedicao de Gilberto Lex pelo futebol, o que de resto correspondia ao interesse

    comum da populao. Por isso a contratao dos trabalhadores para a fazenda deveria sempre

    cumprir um requisito fundamental: alm da competncia o candidato deveria ser bom de bola.

    Os jornais da poca publicados na Capital, traziam sempre esta condio.

    Em 1927, a Vila Lex foi elevada a Distrito pois j reunia condies econmicas e

    demogrficas para tal. O novo Distrito tomou o nome de uma rvore, naquele tempo comum

    na regio: Tarum.

    Na dcada de 1930, Tarum viu nascer o Cartrio de Paz para poder registrar seus

    casamentos e os nascimentos da decorrentes.

    Na dcada de 1940, a histria de Tarum sofreu grande transformao com a

    chegada da famlia Rezende Barbosa, que comprou a Fazenda Nova Amrica transformando-a

    em Usina. Anteriormente a propriedade pertencia a Jos Pires.

    A Usina Nova Amrica comeou a absorver a mo-de-obra de Tarum e de toda

    regio, tendo a cana-de-acar passado a ser principal cultura da regio.

  • 39

    Nas dcadas de 1950/60 Tarum j possua Escola de 1 e 2 grau, telefone, centro

    comercial, automveis, e o aumento populacional era evidente. Em novembro de 1.961 morre

    aquele que foi o pioneiro de Tarum, Gilberto Lex.

    De 1970 1990 a cidade se desenvolveu paulatinamente at o momento em que

    atingindo o carter de cidade tornou-se municpio. Isso se deu atravs de reunies realizadas

    com os moradores tarumanenses que lutaram a favor da emancipao pelo plebiscito de 1.990.

    Tarum obteve sua emancipao que resultou na implantao de sua Prefeitura no dia 1 de

    Janeiro de 1993, sendo empossado como Prefeito nessa data o Sr. Oscar Gozzi.

    Portanto, nota-se que a Histria de Tarum pode ser dividida em dois grandes

    momentos, marcados pela presena de duas famlias que tiveram um importante papel para o

    desenvolvimento da cidade. O que pode ser chamada de primeira fase representa o momento

    em que a famlia Lex que se instalou na regio, possibilitou o aparecimento da "Vila Lex j

    na Segunda fase, tem-se a chegada da famlia Rezende Barbosa, dando continuidade ao

    desenvolvimento da vila e tambm a implantao da Usina Nova Amrica, atuante no ramo de

    acar e lcool, que acaba por se tornar a grande Empresa responsvel pelo progresso de

    Tarum e regio, e nica exportadora da cidade.

    Pela analise dos dados da balana comercial de Tarum possvel verificar que ela

    tambm foi afetada pela crise mundial e que os meses de maro e junho de 2009 foram

    crticos. Os dados ainda mostram que at agosto de 2009 ainda no uma recuperao efetiva

    apesar de j mostrar sinais de melhora.

    Grfico 12: Balana Comercial de Tarum 08/2008 08/2009

    Fonte: Fundao SEADE, 2009

    Elaborao Prpria

    Com uma populao de 12.813 mil habitantes a cidade tem 89,79% de sua rea

    urbanizada. Sua participao nas exportaes do estado de 0,166473%, esse dado mostra

    que a usina, que tem suas instalaes na cidade, reflete tanto nos dados da balana comercial

    quando nos outros dados relativos a economia e desenvolvimento da cidade.

  • 40

    3.6. Anlise do Perfil dos Municpios

    possvel notar, com base nos histricos apresentados, que as cidades estudadas

    possuem uma histria de fundao que ocorre praticamente num mesmo intervalo de tempo,

    desde o final do sculo XIX at meados do sculo XX. Marlia a cidade que mais se destaca

    frente s outras pesquisadas em termos populacionais, haja visto que sua densidade

    demogrfica atual superior s quatro outras cidades pesquisadas, contando atualmente com

    mais da metade da populao da regio. Com a anlise dos histricos possvel notar que as

    cidades tm em comum um incio na atividade agrcola, porm atualmente concentrando

    importantes indstrias, da rea alimentcia, de commodities e de mquinas agrcolas, por

    exemplo.

    No campo de Responsabilidade Social, possvel notar um avano contnuo nos

    indicadores de ligados s reas de riqueza, longevidade e escolaridade, mantendo sempre

    mdias crescentes, mesmo algumas cidades pesquisadas mantendo nveis abaixo da mdia

    estadual no caso do ltimo indicador.

    Outro ponto em comum das cidades estudadas, o efeito que a crise econmica

    mundial ocasionou nas exportaes da regio. Nota-se com base nos grficos que compem a

    balana comercial de cada municpio que, no perodo que compe o incio da crise, a balana

    comercial dos municpios sofreu uma visvel alterao negativa. Vale ressaltar, porm, que

    este estudo no contempla a destinao entre a produo excedente das indstrias, que

    eventualmente no tenha sido exportada no perodo de crise, e sua possvel absoro pelo

    mercado interno.

    Desta forma, aps apresentar o perfil das cinco cidades estudadas, o estudo parte para

    as perspectivas do comrcio exterior regional, que d nome ao prximo captulo.

  • 41

    CAPTULO 4 - PERSPECTIVAS DO COMRCIO EXTERIOR REGIONAL

    Analisando as estatsticas atuais (2009) do comrcio exterior da Regio

    Administrativa de Marlia verificou-se que os dados so surpreendentes para a anlise que

    est sendo realizada, posicionando a regio de Marlia, com um potencial demogrfico e

    industrial maior, atrs de cidades com ndices inferiores quando se refere a estes aspectos.

    O Grfico 13 demonstra a representatividade de cada regio nas exportaes do

    estado de So Paulo.

    Grfico 13: Participao das R.As. nas exportaes do estado de So Paulo - 2008

    Fonte: Fundao SEADE, 2009

    Elaborao Prpria

    No Grfico 13 fica evidente que a representao das exportaes da R.A. estudada

    inferior a qualquer expectativa que possa ser feita analisando o porte da cidade de Marlia e

    sua regio.

    Para aprofundar neste assunto, o estudo verifica se demogrfica e industrialmente a

    R.A. estudada tambm se posiciona inferiormente.

  • 42

    Grfico 14: Densidade Demogrfica das R.As. do Estado de So Paulo - 2008

    Fonte: Fundao SEADE, 2009

    Elaborao Prpria

    Verifica-se que h regies que possuem uma densidade demogrfica bem menor que

    a da regio de Marlia e mesmo assim, como se pode observar no Grfico 14, esto com uma

    representatividade bem maior nas exportaes do estado. Esta ligao feita entre densidade

    demogrfica e exportaes, se refere ao desenvolvimento urbano da R.A., verificando-se uma

    necessidade de empregar esta mo-de-obra concentrada.

    Para que a anlise seja mais completa, no Grfico 15 verifica-se o nmero de

    indstrias das R.As.

    Grfico 15: Nmero de Indstrias das R.As. do Estado de So Paulo - 2008

    Fonte: Fundao SEADE, 2009

    Elaborao Prpria

    habitantes/km2

  • 43

    O nmero de indstrias da Regio estudada realmente maior que de quatro regies

    que possuem nmeros de exportao mais significativos.

    Basicamente os dois grficos anteriores apresentam que a R.A. de Marlia tem

    potencial para ter um comrcio exterior mais forte e representativo do que tem atualmente.

    O estudo ento busca identificar quais so os impedimentos para o desenvolvimento

    do comrcio exterior regional, para a partir da encontrar caminhos cabveis e formas

    endgenas de criar o desenvolvimento local.

    Segundo Amaral Filho (1996) apud Boisier (1988), o modelo de planejamento de

    desenvolvimento centralizado e de forma intervencionista conduzidos pelo Governo Federal

    passa a ser estruturada a partir dos prprios atores locais realizada por meio de um processo

    definido como organizao social regional, que tem por caracterstica marcante deste modelo

    a ampliao da base de decises autnomas por parte dos atores locais.

    [...] o conceito de desenvolvimento endgeno pode ser entendido como um processo interno de ampliao contnua da capacidade de agregao de valor

    sobre a produo, bem como da capacidade de absoro da regio, cujo

    desdobramento a reteno do excedente econmico gerado na economia local e / ou a atrao de excedentes provenientes de outras regies. Esse

    processo tem como resultado a ampliao do emprego, do produto e da renda

    local ou da regio, em um modelo de desenvolvimento regional definido. (AMARAL FILHO, 1996, p.37)

    Assim, o estudo ir apresentar a seguir as consideraes de alguns formadores de

    opinies como empresrios de empresas exportadoras de Marlia e Pompia.

    Inicialmente j foi possvel perceber que o acesso a informaes a primeira barreira

    que o comercio exterior local tem para se desenvolver com pesquisas e projetos de

    desenvolvimento, no mbito acadmico.

    Seriam pesquisadas empresas de todas as cidades estudadas, mas ao se contatar as

    empresas responsveis por mais de 90% das exportaes de Paraguau Paulista e de Tarum,

    excluindo-se as que no se obteve sucesso no contato, descobriu-se que estas empresas no

    esto abertas para divulgar nenhum tipo de dado a este respeito, e que qualquer tipo de

    entrevista deveria ser descartada, devido a polticas internas. Este perfil incomunicvel torna o

    acesso a informaes dificultoso e consequentemente torna impraticveis alguns projetos de

    desenvolvimento na rea, pois ficam sem a viso do empresariado que atua na rea. Alm de

    impedir que a mo-de-obra que est sendo qualificada visualize a rea estratgica de comrcio

    exterior com uma maior proximidade da prtica profissional. Mo-de-obra esta que, muito

    provavelmente, ser absorvida futuramente por estas empresas.

  • 44

    Em Marlia a dificuldade encontrada sobre este aspecto tambm no foi diferente,

    grandes empresas se recusaram a incluir suas vises a respeito do comrcio exterior.

    Entretanto, algumas empresas com grande representatividade no comrcio exterior local,

    tradicionalmente ligadas ao meio acadmico permitiram que as vises dos industriais fossem

    apuradas e apresentadas neste e em outros trabalhos acadmicos.

    E para complementar buscou-se a viso da Secretaria da Indstria e Comrcio de

    Marlia, com intuito de visualizar as estratgias endgenas de comrcio exterior do

    Municpio, e tambm buscar compreender o que poder pblico municipal entende ao se

    deparar com dados que posicionam o Municpio abaixo das outras quatro cidades estudadas

    da regio. Verificando se h uma desacelerao na economia da cidade, ou ainda se o papel de

    lder regional deveria ser revisto.

    4.1. Viso dos Industriais

    Aps analisar alguns dados da regio e verificar que a mesma tem um potencial para

    exportar mais e assim promover um maior desenvolvimento, verificou-se a necessidade de ter

    viso de profissionais da rea, especialistas e autoridades municipais. Desta forma, foi

    elaborado um questionrio para identificar as dificuldades, potenciais e possveis solues em

    relao ao comrcio exterior regional.

    Com o objetivo de obter uma viso mais ampla da realidade de cada municpio que

    compe a regio estudada, decidiu-se entrevistar ao menos um profissional e uma autoridade

    municipal de cada cidade. Esbarrou-se, porm na dificuldade em obter entrevistas com

    algumas empresas, uma vez que muitas delas so extremamente fechadas divulgao de

    dados relacionados esse departamento. Foram contatadas com xito empresas de Marlia e

    Pompia, totalizando 4 empresas, nas quais se aplicou o questionrio padro, que se encontra

    em anexo.

    Na entrevista realizada com o profissional da cidade de Pompia, foi citado que a

    maior dificuldade enfrentada pelas empresas em geral no quesito exportao o medo de

    arriscar, despreparo e desconhecimento do mercado. Especificamente em relao empresa a

    quem representa, citou as barreiras comerciais e exigncias do mercado externo como

    principais fatores que dificultam as exportaes. Contudo, em sua viso profissional, ele

    acredita que so fatores que podem ser adequados e superados. Cita como exemplo, a

    estratgia adotada pela empresa, de produo no exterior seguida da importao e posterior

  • 45

    reexportao com a utilizao de facilidades como o Drawback. Em relao s dificuldades

    enfrentadas pelas empresas em geral, conforme citado anteriormente, o profissional sugere a

    difuso de conhecimentos sobre o assunto com os empresrios.

    Drawback um incentivo fiscal exportao que permite empresa

    industrial ou comercial importar, livre do pagamento de impostos e taxas,

    mercadoria para ser utilizada na fabricao de novo produto a ser gerado por transformao, beneficiamento ou integrao, com a condio bsica de este

    novo produto ser integralmente exportado. (CASTRO, 2001, p.181)

    Barreiras comerciais e dificuldade de penetrao no Mercado Comum Europeu e nos

    Estados Unidos da Amrica so outras dificuldades comentadas. Os europeus impem muitas

    normas e padres tcnicos que acabam aumentando o custo do produto e tornando a

    exportao invivel. J os Estados Unidos impem barreiras e oferecem subsdios a suas

    empresas. Ao ser questionado sobre os meios que a empresa usa para abordar seus clientes,

    ele respondeu que a empresa usa quase todos meios disponveis como, por exemplo,

    distribuidoras, feiras, representantes, lojas no exterior, etc.

    Ele informa tambm que nas negociaes internacionais a Empresa tem como

    Incoterm mais usado o FCA6 seguido pelo FOB

    7, ele ainda frisou que a Empresa tem que se

    preocupar em vender e em momentos de cmbio desfavorvel fazer os reajustes necessrios

    nos preos.

    Visando uniformizar e universalizar conceitos operacionais, dar preciso aos

    termos utilizados em transaes internacionais de mercadorias e evitar interpretao errnea quanto s responsabilidades de exportadores e

    importadores, a CCI organizou os INCOTERMS Internacional Commercial Terms ou Termos de Comrcio Internacional.

    [...]Ao adotar os Incoterms, exportadores e importadores tm a certeza de que esto definindo suas respectivas responsabilidades nas transaes

    comerciais, com simplicidade e segurana, reduzindo ou mesmo eliminando

    a possibilidade de mal-entendidos, desavenas e disputas judiciais que representam desgaste para ambas as partes envolvidas, alm de acarretar

    perda de tempo e dinheiro. (CASTRO, 2001, p.111 - 112)

    6 Nesse INCOTERM, a obrigao do exportador entregar a mercadoria em local designado pelo importado,

    livre e desembaraada para exportao, porm no descarregada do veculo transportador, custdia do

    transportador indicado pelo importador, o qual assumir a partir desse momento o controle da mercadoria e

    responder por quaisquer perdas ou danos que eventualmente venham a ocorrer. 7 Na condio FOB, exclusiva do transporte martimo, o exportador arca com todos os custos e se compromete a

    entregar a mercadoria, livre e desembaraada, dentro do navio indicado pelo importador e no porto designado no

    contrato de venda.

  • 46

    Na cidade de Marlia, foi entrevistado o proprietrio de uma comercial exportadora

    que exporta produtos variados como, bala, biscoitos, pirulitos, mveis, calados, etc. Este

    profissional detalhou suas dificuldades em trabalhar neste setor citando como empecilhos, a

    vulnerabilidade cambial, a lentido de rgos governamentais em liberar licenas e outros

    documentos, os impostos para micro e pequenas empresas que so muito elevados e a emisso

    de muitos documentos aumentando a burocracia de cada operao.

    Para melhorar as operaes de comrcio exterior na regio ele sugere que o governo

    trabalhe com uma poltica de cmbio mais equilibrada, promova uma desburocratizao,

    invista em infraestrutura nas estradas e portos, incentive empresas exportadoras no item

    tributao e cobre taxas menores nos fechamentos de cmbio para assim incentivar as

    empresas a continuar exportando seus produtos.

    A Empresa do entrevistado tem sofrido com medidas protecionistas e o pas no qual

    encontra maiores empecilhos para exportar os Estados Unidos da Amrica, neste pas eles

    relutam em dar garantias de pagamento gerando assim um entrave nas negociaes. O

    entrevistado tem como estratgia para abordar clientes a participao em feiras, visita a

    possveis clientes, telefone entre outros meios disponveis. Ele ainda diz que o cmbio

    desfavorvel faz a Empresa perder competitividade global. O Incoterm mais usado pela

    comercial exportadora o CIF8.

    Outro entrevistado, atuante no mercado h cerca de 17 anos, representa uma Empresa

    que produz e exporta principalmente balas, pirulitos e confeitos, concorrendo principalmente

    com Turquia no cenrio Europeu, EUA e Canad na Amrica do norte, e Argentina e

    Colmbia na Amrica do Sul.

    A principal dificuldade nas exportaes, em sua opinio, se refere ao cmbio

    constantemente instvel, que muitas vezes obriga a empresa a aumentar os preos, podendo

    tornar seu produto menos competitivo no mercado mundial e a poltica econmica atual.

    Ressalta tambm o impacto das medidas protecionistas adotadas por alguns pases nas

    exportaes brasileiras. Especificamente falando em relao aos Estados Unidos, o

    profissional destaca alm do protecionismo, a concorrncia local classificando-a como muito

    forte. Tambm se refere, mas em menor intensidade, s dificuldades ocasionadas pelas

    deficincias logsticas, de falta de mo-de-obra qualificada, e da burocracia brasileira.

    8 CIF cost, insurance and freight (custo, seguro e frete): o exportador efetua o pagamento do seguro e frete at o ponto de destino; o importador assume os demais custos. (LUDOVICO, 2008, p. 136)

  • 47

    O prximo entrevistado representa outra empresa comercial exportadora que teve sua

    iniciao no mercado internacional no ano de 2005. Tem sede na cidade de Marlia, porm,

    representa produtos de toda a regio, principalmente produtos da cidade de Pompia, sendo

    em grande parte peas, componentes de peas e maquinrios agrcolas.

    Fazendo um paralelo sobre os entraves s exportaes, cita tambm a carga tributria

    como um dos principais problemas enfrentados pelas empresas da regio, uma vez que a alta

    tributao, mesmo que feita de forma indireta, tende a aumentar o preo dos produtos

    brasileiros frente aos concorrentes. Em relao s variaes cambiais, ressalta que so fatores

    decisivos na tomada de deciso, pois podem afetar significativamente o preo do produto

    nacional no mercado internacional, porm, como estratgia de mercado, sua empresa busca

    adequar sua oferta e demanda ao fator econmico, adequando seus negcios fim de evitar

    prejuzos decorrentes de uma eventual variao cambial negativa.

    Em sua opinio, a APEX Agncia Brasileira de Promoo das Exportaes tem

    papel fundamental na promoo do comrcio exterior local e nacional, uma vez que atravs

    de feiras e exposies muitas delas promovidas pelo rgo em questo que so

    prospectados novos clientes.

    Curiosamente, o entrevistado cita como dificuldade externa, a barreira da

    comunicao. [...] Pases que no utilizam o ingls para comunicao. Exemplo: Senegal

    [...]. Quando muda-se o foco das dificuldades para o ambiente nacional, quando se fala de

    empresas brasileiras buscando prospeco internacional, ele cita como dificuldades,