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I I ' I I I I I I I I I I I I I I I I I'
Uma Análise das Mudanças na Estrutura Industrial
Brasileira nos anos 90
Carmen de Jesus Garcia
I . I I l---------- ----------------------------1
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatlstica
UMA ANÁLISE DAS MUDANÇAS NA ESTRUTURA
INDUSTRIAL BRASILEIRA NOS ANOS 90
Carmen de Jesus Garcia
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CI~NCIAS EM ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO.
Aprovada por:
, Prof. Orlando Cosenza, D.Sc.
vi Uma Análise das mudanças na
lllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll 0386/01
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
JUNHO DE 2001
IBGE -SET
\ I"Y~(' -': ~~
I'~ . .. . t • i,
.;./ .t
GARCIA, CARMEN DE JESUS
Uma Análise das Mudanças na
Estrutura Industrial Brasileira nos
Anos 90 [Rio de Janeiro] 2001
VIII, 132 p. 29,7 em (COPPEIUFRJ, M.Sc.,
Engenharia de Produção, 2001)
Tese- Universidade Federal do Rio
de Janeiro, COPPE
I. Estrutura Industrial
I. COPPEIUFRJ 11. Título (série)
-----~---------
i i
Ao meu pai, pela firmeza; A minha mãe, pela flexibilidade;
i i i
Ao meu querido filho, Alexandre Bruno,
torcendo para que consiga equilibrar essas energias.
AGRADECIMENTOS
Fazer essa tese foi muito agradável, uma vez dissipadas as nuvens turvas do horizonte. Nesse sentido sou muito grata a todos que me fizeram prosseguir, revelando a "tese duende".
Pelo colo, pelo amparo, pela amizade e pela ajuda, muito obrigada a aqueles que me acompanharam total ou em algum momento durante a caminhada mais difícil:
Vera Dutra e Geraldo Kikoler, Maria Helena Faria e Maria Luiza Barcellos Zacharias Elizabeth Saramella, Mamãe, Bruno, Arthur e Maria
À Luisa Maria La Croix, que brilhou na hora certa, como sempre, a quem muito devo essa chegada.
Ao Eduardo Luiz de Mendonça, muito querido velho amigo, pela esperança de novas caminhadas.
A minha irmã Lílian, pintora e mestre em outras artes, meu reconhecimento pelo minucioso trabalho de leitura final.
Agradeço especialmente a: Odisséa e a toda a equipe da Biblioteca do IBGE na Av. Chile, pela
eficiência e apoio na busca sempre renovada de novos textos; Sérgio Cortes, pela cobrança diária;
Wasmália Bivar, da área de planejamento do Departamento de Indústria . do IBGE, pela cessão dos dados que me fizeram concluir esse trabalho.
A Ednea, a Mariana e ao Valdilson, pelas dúvidas de última hora. Aos meus colegas de trabalho, pela tolerância com a ausência.
Aos membros da banca Sonia Regina de Mendonça e Orlando Cosenza, pela presença. Em especial agradeço a paciência pela leitura atenta e
pelas críticas aos primeiros originais feitas pela prof. Sonia Regina.
Carlos Alberto Nunes Cosenza, orientador e companheiro de outras jornadas,
minha gratidão.
E a todos aqueles que estão aqui, nessa madrugada final, no meu coração e na minha cabeça - Bruninho querido, dorme; minhas irmãs Roberta e Renata e Lílian - Roberta, um especial e desculposo Feliz Aniversário !, minha lindinha Luana, Zezé, Sylvia, Luísa ainda acordada, Maria (da Luisa), o Tinelli que não leu, querida D. ANNA, e Dudu também não leu; Vovó Margarida (saudades e culpa), a Bárbara, o Glauco David, Maria Lúcia, Ana Lúcia e Zé Carlos Miranda - obrigada a vocês dois por quase terem participado da banca, a mamãe rezando e o papai preocupado, a Glória (do papai), Zé Antonio, Israel, PC (obrigada), a Glorinha, o Fernando Costa, Helena, Juliana, Maria Luisa no Maranhão, Sonia em Neuquen e quem mais chegar porque a noite vai ser longa ...
Um brinde à vida !
Ao IBGE, pela oportunidade, meu renovado reconhecimento.
i v
Resumo da Tese apresentada à COPPEIUFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
UMA ANÁLISE DAS MUDANÇAS NA ESTRUTURA INDUSTRIAL
BRASILEIRA NOS ANOS 90
Carmen de Jesus Garcia
Junho/2001
Orientador: Carlos Alberto Nunes Cosenza
Programa: Engenharia de Produção
Este trabalho analisa as mudanças ocorridas na estrutura industrial brasileira nos
anos 90, comparando as alterações verificadas nas participações das distintas
atividades industriais no total da indústria de transformação, em termos de valor da
produção industrial e valor da transformação industrial entre vários anos no período
1985/1998. São usadas quatro bases de dados industriais, duas oficiais e duas
produzidas por pesquisadores fora do êmbito dos institutos oficiais de produção de
estatísticas. Apontam-se limites no uso dessas bases em função dos pressupostos
que presidem suas construções e do êmbito das mesmas, nem sempre cobrindo toda
a estrutura industrial. Calculou-se um índice de mudança estrutural, segundo
metodologia da UNIDO, e seu resultado é elevado, indicando forte mudança estrutural
entre os anos 85 e 98. Agregando os dados segundo tipologia de indústrias a partir de
fatores principais de especialização competitiva, conclui-se que a mudança estrutural
observada ocorreu entre as indústrias intensivas em trabalho, que encolheram sua
participação na última década e as intensivas em recursos naturais, que ampliaram
sua presença na estrutura industrial, seguidas das atividades de produção intensiva
em escala. Em que pese essa mudança, a configuração da estrutura industrial, para
vários anos, descreve um formato que não se altera, indicando um padrão de
especialização competitiva que, pelo menos dos anos 85 para cá, não variou no que
se refere à participação de atividades tecnologicamente mais complexas.
v
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
BRAZILIAN INDUSTRIAL STRUCTURAL CHANGES DURING THE NINETYS
A PARTICULAR APPROACH
Carmen de Jesus Garcia
June/2001
Advisor: Carlos Alberto Nunes Cosenza
Department: Production Engineering
This work analysis the industrial structure changing between 1985 and 1998 in
Brazil. Comparisons are made considering the rate of production value, value added
census and employment of each activity in the role of industry in each year. Activities
are defined in National Classification System at 3 digits-level, conceming the ISIC,
Rev. 3. Agregate leveis are built to reflect the tecnological degree and resources leveis
intensity. Preliminary conclusions indicate a dowsizing in tecnological complex
activities, with an expansive movement towards natural resources activities.
vi
ÍNDICE DO TEXTO
Introdução................................................................................................................. 1
Cap. I - O contexto das transformações................................................................... 6
1.1 -Ao nível mundial . ..... .. ... . . . . . . . . . . . .. . . .. . . . . . . . . . . . . . . ..... ...... .. .. .. . . . . .. . . . . . . . . . . . .. . . . 6 a) O contexto macro........................................................................... 6 b) A expansão produtiva e financeira................................................. 14
1.2- Ao nível interno.................................................................................. 17 a) Perspectiva histórica..................................................................... 17 b) A política econômica nos anos 90 e as estratégias
empresariais de reestruturação...................................................... 21
Cap. li-Interpretações paradigmáticas para o desenvolvimento industrial nos anos 90................................................................................................ 29 11.1- O discurso 'oficial'- reintegração produtiva.................................... 30 11.2- O discurso 'crítico' -especialização regressiva ....... ................. ...... 36
Cap. 111- Bases de Dados Industriais ....................................................................... 41 111.1- Disponibilidade de Informações, Classificações e
Compatibilidades . . . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . .. .. . . .. .. . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . . . .. . .. . . . . . . . . 41 111.2- Bases de Dados Industriais........................................................... 51
a) Base VP - Mesquita, 1999 . . . .. . ... . .. ... ........ ... .. ........... .. . ........ ...... 53 b) Base VP- Haguenauer, 1998 ................................................... 55 c) Base VP- Contas Nacionais..................................................... 60 d) Censo lndustrial1985- PIA 96/98 ........................................... 61
111.3- Possibilidades e Limites no Uso das Bases de Dados Industriais ... 67
Cap. IV- Estruturas Industriais Comparadas ..... .... . . . . ... .... ..... ... .. ... .... .. . . . . .. . . . . ......... 72 IV.1 - Busca de Mudanças ..................................................................... 73 IV.2- Índice de Mudança Estrutural....................................................... 81 IV.3 -Interpretando as Mudanças.......................................................... 84
Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . 1 04
Bibliografia................................................................................................................. 114
Anexo Estatístico- Bases de Dados de Estrutura Industrial. 123
vi i
«País nas mãos de multinacionais não manda em seu destino. País sem projeto nacional é um país fantasma. Brasil."
vi i i
Aloysio Biondi Saudades de um tal de Brasil ...
(FSP, Opinião Econ8mica, 291511999)
INTRODUÇÃO
Essa Introdução apresenta o objetivo da dissertação, sua motivação, as
principais questões associadas ao tema da tese, as hipóteses que serão
investigadas e a metodologia de desenvolvimento do estudo.
O objetivo dessa dissertação é investigar as mudanças ocorridas na estrutura
industrial brasileira nos anos 90, levantando questões sobre a natureza da
indústria que emerge dessas transformações.
A motivação deriva de interesse de muitos anos acompanhando a evolução da
indústria no Brasil e preocupações, ao longo dos anos 90, de várias naturezas.
É indiferente a um país ter seu parque industrial nas mãos de empresários
estrangeiros? Como interpretar mudanças tão abruptas e tão profundas como
as verificadas na primeira metade dos anos 90, num país cuja consolidação da
indústria foi resposta a uma ideologia de desenvolvimento nacional, que se
efetivou a partir de um padrão de acumulação em que o Estado e os capitais
privados, tanto nacionais como estrangeiros, assumiram funções específicas e
articuladas nesse processo? Antes disso, que mudanças foram essas? A
reflexão sobre as duas primeiras questões fugiu ao âmbito desta tese,
constituindo-se, desde já, espaços de pesquisa futura, o mesmo não ocorrendo
com a última preocupação, que, com certeza, será respondida no decorrer da
mesma.
Importante esclarecer que essa tese é descritiva. Marcos teóricos de referência
analítica estarão sendo apontados ao longo da tese, sendo tomados como uma
opção de interpretação dos fenômenos considerados ou dos passos que se
deva percorrer para captar esses fenômenos - parte dessas assunções estão
pontuadas nos parágrafos seguintes. Por isso o título começa com 'Uma análise
das mudanças ... ". É o que se pretende: fazer uma análise, dentre tantas outras
possíveis.
1
Curiosamente ficou-se muito tempo sem ter mais que estudos específicos de
cunho setorial abrangendo pequeno número de empresas, como base de dados
para estudar esses anos. Depois da metade da década foi grande o esforço de
pesquisadores independentes na construção de séries históricas de dados para
atender a essas e outras questões relativas à performance da indústria na
década, sendo notáveis os estudos de Maurício Mesquita e Lia Haguenauer
que, de forma independente, construíram séries históricas de valor da produção
industrial, por atividades, para grande número de anos, cobrindo parte dos anos
90. Na segunda metade da década o IBGE divulgou as novas Contas Nacionais
do Brasil, com dados relativos aos anos 1990 a 1996 e, apenas recentemente,
disponibilizou as Pesquisas Industriais Anuais de 1996 a 1998, traçando uma
comparação com o Censo Industrial de 1985. Serão os dados 1985 e 1998,
gentilmente cedidos pela Divisão de Planejamento do Departamento de
Indústria do IBGE, que comporão uma das bases de dados industriais (a mais
relevante) para verificação das mudanças estruturais nessa tese, que ainda vai
trabalhar com outras três bases, ao mesmo tempo: a de Contas Nacionais e as
duas construídas pelos pesquisadores independentes, não vinculados a órgão
oficiais de estatística - Mesquita e Haguenauer.
Toma-se como um dado que profundas alterações se processaram na estrutura
industrial, ao se admitir a pesquisa da natureza da indústria que surge das
mesmas.
A estrutura industrial será observada a partir das participações relativas das
distintas atividades industriais na produção total, medidas através do valor da
transformação industrial na base do Censo Industrial e pelo valor da produção,
nas outras três bases. Não se trabalhará com a indústria extrativa, apenas com
a indústria de transformação.
O ideal seria poder cruzar as duas informações citadas com outros dados,
como a penetração das importações e a presença do capital estrangeiro, a
partir de amplas evidências já disponíveis na literatura, até porque as
interpretações que serão confrontadas têm um raio de abrangência maior que o
que pode permitir visualizar as estatísticas que serão aqui tratadas. Mas esse é
2
o limite dessa dissertação. O desdobramento dos estudos derivados das
motivações que a promoveram ficarão também para outros espaços de
reflexão.
E essas informações serão analisadas à luz de interpretações conflitantes que
servirão de paradigma para se concluir sobre o efeito das mudanças. De um
lado os que acreditavam que o processo de abertura comercial e de
desregulamentação dos mercados seria suficiente para reproduzir uma
dinâmica de crescimento semelhante à dos países desenvolvidos; de outro os
que consideravam que o processo de liberalização levaria a uma especialização
regressiva da cadeia industrial, com sérios danos para o futuro do
desenvolvimento industrial brasileiro.
Sob um outro aspecto, interpreta-se que as aludidas mudanças resultaram do
casamento de interesses internos com tendências predominantes na ordem
mundial a partir do esgotamento do pacto que presidiu a consolidação da
indústria no Brasil, pós 50, em função dos problemas financeiros vividos ao
longo dos anos 80. Ou seja, refletiram a forma de inserção internacional da
economia brasileira pretérita e em resposta às transformações havidas na
ordem política e econômica mundiais no passado recente.
Quanto à indústria que emerge dos anos 90, a hipótese com que se trabalhará
é a de que ela reflete um processo de forte reestruturação produtiva mas com
comprometimento de nossas perspectivas de crescimento e auto determinação
como nação.
O desenvolvimento do estudo está estruturado na discussão das questões a
seguir itemizadas, cujo detalhamento compõe o tema dos quatro capítulos
seguintes.
a) O contexto das transformações tanto mundiais pós anos 70, como
em relação à economia brasileira, com ênfase nos anos 90:
3
i) as transformações globais vivenciadas nos países desenvolvidos,
destacando-se a importância norte-americana na tentativa de definição de
uma nova divisão internacional do trabalho, a emergência de uma nova base
técnica de produção e de organização do processo de trabalho, mudanças
nas estratégias competitivas das grandes corporações e no padrão mundial
de difusão de informações e a globalização financeira;
ii) a industrialização brasileira como ideologia de desenvolvimento,
levando à consolidação de uma estrutura industrial complexa, integrada,
diversificada, protegida até o final da década de 80, com forte presença do
Estado como produtor e do capital estrangeiro e com padrão de
financiamento apoiado na captação de recursos externos; as mudanças
ocorridas nos anos 90 na política econômica, levando a um novo padrão de
articulação do Estado e de marcos para atuação empresarial e as
estratégias empresariais de ajustamento.
2. A explicitação de duas posições presentes no debate sobre o futuro da
industrialização. Primeiro a daqueles que defenderam que o resultado do
processo de abertura comercial e de desregulamentação permitiria que a
industrialização avançasse na direção de uma dinâmica industrial semelhante à
dos países desenvolvidos, que será tratada como a tese da reintegração
produtiva; segundo a dos que apontaram que, tal como foi desenvolvido, o que
se conseguirá é uma regressão industrial, perda de adensamento das cadeias
produtivas, desnacionalização e que o processo de liberalização deveria ser
articulado a outras medidas visando à construção deliberada da competitividade
- esta posição será tratada como a tese da especialização regressiva.
3. Discussão de questões pertinentes à ausência de informações estatísticas
para os anos 90, aos seus atrasos e às mudanças na classificação de
atividades econômicas e no conceito de indústria; apresentação das bases de
dados que serão trabalhadas para avaliação da configuração da indústria no
final da década em relação à década anterior, seus limites e possibilidades.
4
4. Construção de passos metodológicos para comparação entre as estruturas
industriais derivadas das bases de dados apresentadas no Capítulo anterior.
Serão consideradas as variações observadas nas estruturas de cada base
individualmente, na busca de semelhanças de comportamento; serão
calculados índices de mudança estrutural, consoante metodologia da UNIDO,
para inferir o efeito agregado das mudanças detectadas; a seguir, apresentam
se os dados por atividades reagregados em cinco categorias, segundo tipologia
de indústria alternativa, conforme metodologia da OECD, relativa a
grupamentos de atividades por principais fatores de especialização
competitiva, de modo a que se possa interpretar as mudanças de um ponto de
vista 'setorial' para identificar sua natureza. Por fim uma avaliação a partir dos
formatos das curvas de mudança estrutural e a interpretação de seu significado.
Em adendo a essa análise, acrescentam-se as estruturas industriais de alguns
países para confronto.
Nas conclusões historiam-se os principais aspectos detectados em cada
uma das partes aqui itemizadas e reproduzem-se as principais conclusões das
análises desenvolvidas ao longo do Capítulo precedente, referentes a cada um
dos passos metodológicos percorridos.
Antecipando conclusões, confirmaram-se as duas hipóteses
trabalhadas: primeiro a de que as mudanças ocorridas na ordem mundial e a
forma como rebateram na economia brasileira, esta em função de uma inserção
internacional dependente, subordinada e passiva (como caracterizado no
Capítulo 1) acarretaram mudanças na estrutura industrial; segundo que a
natureza dessas mudanças reafirma um padrão industrial e tecnológico que não
abre perspectivas promissoras para nosso futuro, reiterando uma estrutura
industrial que não se move na direção das atividades de maior conteúdo
tecnológico e capazes de imprimir uma dinâmica interindustrial alimentadora de
emprego e crescimento em todas as pontas, revelando-se uma estrutura mais
conforme com a tese da especialização regressiva.
5
CAPÍTULO I
O CONTEXTO DAS TRANSFORMAÇÕES
1.1 -Ao nível mundial
Com o fim da 11 GG conformou-se uma ordem econômica mundial baseada no
dólar como meio internacional de pagamentos, erigiram-se instituições para
cuidar da liquidez do sistema, como o Fundo Monetário Internacional - FMI e o
Banco Mundial, definiu-se um Acordo Geral sobre Comércio e Tarifas- GATT
para permitir a livre circulação comercial: no plano político emergiu da Guerra
um mundo bipolar e sob ameaça de permanente confronto entre Estados
Unidos e a então União Soviética -a chamada Guerra Fria.
Foi a ruptura desses dois marcos e seus efeitos que caracterizaram as três
últimas décadas do século XX. Nesse ítem o que se espera é sumariar o
conjunto de transformações ocorridas na ordem mundial pós anos 70 que
vieram a se configurar em um novo ambiente externo, com o qual a economia
brasileira passaria a se defrontar.
a) O contexto macro
O padrão de acumulação capitalista vigente pós 11 Guerra Mundial começou a
alterar-se em meados da década de 1970. As contradições intrínsecas à ordem
econômica anterior levaram à sua crise. As autoridades monetárias norte
americanas atuaram no sentido de revitalizar o poder do dólar, com o fim das
paridades cambiais fixas, na primeira metade da década, e com a brutal
elevação das taxas de juros, ao seu final, lançando as bases para uma nova
etapa de acumulação capitalista, com a valorização do capital na esfera
financeira.
6
O novo padrão de acumulação se espraiará tendo por suporte político o
advento dos governos conservadores de Tatcher (Inglaterra) e Reagan (EUA),
em 1979, difundindo em escala mundial as idéias neoliberais, as quais
consolidaram-se nos países capitalistas centrais no decorrer da década de 80,
ainda que com ritmos e conteúdos históricos distintos. A expansão neoliberal
ganhou novo impulso com o fim da União Soviética em 1991, fator fundamental
para o realinhamento das relações internacionais de poder e o fortalecimento
da liderança política, militar e ideológica norte-americana.
Ou seja, ao nível mundial, a transformação importante do ponto de vista da
acumulação capitalista, que se passará a chamar de globalização financeira,
ocorreu a partir da reação das autoridades norte-americanas às crises
monetária, cambial e financeira dos anos 70, visando restaurar 'ordem na casa',
sob a hegemonia da nação norte-americana.1
Consoante TAVARES e MELIN (1997}:
"Os movimentos em curso de desregulação e financeirização da
economia Internacional não eram o fruto de um desenvolvimento
espontâneo e autônomo das forças de mercado. Pelo contrário,
faziam parte de um esforço estratégico bem sucedido de
restauração da hegemonia mundial dos Estados Unidos, posta em
xeque durante os anos setenta". ( pp. 8 e 9)
As autoridades norte-americanas elevaram substancialmente as taxas de juros,
declarando que o dólar manteria sua posição de padrão internacional e que
teria seu poder de compra restaurado, contra a opinião de seus parceiros e
interrompendo o processo de desvalorização desde o início da década2.
1 A reafirmação dessa hegemonia se deu na visão de TAVARES, em "dois movimentos: no plano geoeconômico, através da 'diplomacia do dólar' e, no plano geopolítico, pela 'diplomacia das armas'. Por 'diplomacia do dólar' entenda-se, ironicamente, o enquadramento obrigatório dos sócios e principais competidores dos Estados Unidos ao dólar, a partir de 1979".
2 "( ••• )Washington devolvia a Wall Street o comando de sua politica financeira. Estavam definidos os interesses de classe e as bases ideológicas que orientariam o esforço americano de recuperaçlo de sua hegemonia mundial." FlORI (1997), p.115
7
A forte valorização do dólar levou à desvalorização de todas as moedas
internacionais relevantes e a crise econômica que se sucedeu foi acompanhada
de quebra de empresas, os países endividados ficaram à beira do colapso e
políticas de ajuste recessivo foram seguidas por quase todos.
Os bancos americanos detinham 17% dos empréstimos internacionais em 1980;
em setembro de 1982, passaram a responder por 92% desse total, assumindo
as posições dos demais bancos no mercado de crédito. A dívida pública
americana triplicou em três anos, em resposta ao aumento dos gastos militares
(a 'diplomacia das armas' significava a retomada do poderio militar norte
americano) e aos déficits financeiros crescentes provocados pela taxa de juros
elevada. Essa dívida, em 1985, era de US$ 1.600 bilhões, equivalentes a 80%
do volume de dinheiro do mercado mundial, jogando os Estados Unidos na
posição de devedor do resto do mundo - calcula-se que a América Latina tenha
efetuado uma transferência real de renda de US$ 1 00 bilhões entre 1982/84
(TAVARES e ASSIS, 1998).
Esses déficits expressavam a política de proteção do sistema financeiro
americano pelo governo Reagan como meio de permitir a recomposição
patrimonial dos bancos e fundos de pensão, às custas do Tesouro americano.
Começa nessa época a 'expansão dos derivativos como mecanismo de
securitização dos passivos'. 3
MEDEIROS ( 1999) retrata que as transformações a partir dos anos 80 vão
rebater de forma diferenciada nos países asiáticos e na América Latina.
No primeiro caso, em função da forte valorização do iene após o Acordo de
Plaza realizado pelo G7 em 1985, os capitais produtivos japoneses migraram
para os quatro tigres (chamados de primeira geração) - Coréia, Cingapura,
Formosa e Hong-Kong, ao que se vai somar a migração de capitais industriais e
3 Derivativos = um ativo derivado de outro sobre o qual paira um risco; a existência do mercado pressupõe que alguém vai tentar se precaver e que outro vai tentar ganhar, especulando em cima disso.
8
subcontratação por parte destes, aos outros tigres (de segunda geração) -
Malásia, Filipinas, Tailândia e Indonésia, acentuando uma divisão regional de
trabalho intra Ásia. Por um lado, economias absorvedoras de investimentos e
exportações japonesas de bens de capital, motivo de elevado déficit comercial
com o Japão e, por outro, economias exportadoras de manufaturados de baixo
preço para os países da OCDE, especialmente os Estados Unidos, com quem
mantiveram grande superávit comercial. E esse superávit, associado ao
financiamento externo, financiou o déficit comercial com o Japão e lhes permitiu
crescer a taxas razoáveis nos anos 80.
Destaca MEDEIROS (1999) que essa tendência exportadora teve a ver com a
estratégia americana no pós-guerra de ampliação de seus interesses
econômicos e políticos na Ásia. Ou seja a inserção internacional dessas
economias foi mediada pelo Japão através de uma particular divisão regional de
trabalho e pelo interesse norte-americano na região.
Já na América Latina, a inserção foi mais subordinada, conforme enfatiza esse
autor:
"É a inserção externa da América Latina como receptora de fluxos
financeiros de curto-prazo e como mercado em expansão para os
EUA que confere uma especificidade comum à região. Ao contrário
do Japão que deslocou para a região asiática setores produtivos
de menor densidade tecnológica e se especializou na exportação
de bens de capital, cedendo posição nas manufaturas tradicionais,
os EUA vêm protegendo seus mercados tradicionais, disputando
mercados no continente." (pág. 281)
No fundo, nessa visão, o que caracteriza o "papel subordinado dos palses
periféricos, sejam latinos ou asiáticos, é a forte dependência das finanças
internacionais" (p. 286).
Sem negar valor à essa assertiva, SAMPAIO Jr. (1999) considera que o
significado da dependência estaria no atraso com que se absorve as
estruturas e o dinamismo do capitalismo e o caráter subordinado pela
9
incapacidade de controlar os meios e os fins do desenvolvimento, subjugando
se à lógica do mercado, o que torna a inserção, além de dependente e
subordinada, passiva.
A desregulação dos principais mercados de capitais ocorreu entre 1986 e 1988.
A partir daí ampliou-se o mercado de derivativos ligados a operações de
securitização de risco e arbitragem financeira. Todas as operações passaram a
se realizar em dólar, qualquer que fosse a paridade cambial e assim as funções
do dólar voltaram a ser de segurança e de arbitragem.
"Esses mercados passam a apresentar um efetivo e crescente
risco privado intra-sistêmico, levando à securitização cada vez
maior dos ativos, em que o dólar tem estado crescentemente
presente em alguma das pontas, o que amplia continuamente a
influência da moeda americana como referencial financeiro básico
da economia internacional".
De 1985 a 1991 os Estados Unidos e a os países europeus voltaram a crescer,
naquilo a que FlORI ( 1997) chamou de uma fase de hegemonia coordenada.
Nesse período caíram os regimes comunistas da Europa Central e o Muro de
Berlim.
Como destacou FlORI "começam a propor as regras do 'novo reinado'- um
sistema de regimes e instituições internacionais" - reuniões em torno do G7,
nova filosofia livre cambista no comércio internacional através da Rodada
Uruguai, precursora do fim do GATT, plano Baker e depois Brady para
renegociação da dívida externa dos países, novo papel para FMI e BIRD,
intermediários entre governo americano, banca privada e governos endividados
do Terceiro Mundo
"Consolida-se e generaliza-se a nova estratégia econômica norte
americana para sua periferia imediata e para todos os que deixam
de ser 'paises em desenvolvimento' para transformar-se em
'mercados emergentes'.
10
Em 1989 um economista norte-americano chamou de Consenso de
Washington ao programa de politicas fiscais e monetárias
associadas a um conjunto de reformas institucionais destinadas a
desregular e abrir as velhas economias desenvolvimentistas,
privatizando seus setores públicos e enganchando seus
programas de estabilização na oferta abundante de capitais
disponibilizados pela globalização financeira. Chegava desta
maneira à periferia capitalista endividada, e em particular à
América latina, uma versio adaptada das idéias liberal
conservadoras que já se difundiam pelo mundo desde o início da
grande restauração." FlORI ( 1997), p.121
Os anos 90 começam com a crise da Bolsa de Tóquio, o fim da URSS, a
reunificação da Alemanha e da própria Europa (Tratado de Maastricht, início de
1992), a Guerra do Golfo, onde os Estados Unidos teriam conseguido reunir
mais de 20 países para derrotar o lraque, estimando-se mais de 200 mil mortes
nesse país.
Reiterando argumentos anteriores e ainda conforme FlORI, nesse momento, os
Estados Unidos redesenharam mais uma vez sua estratégia de poder ao nível
mundial, desfazendo a 'coordenação hegemônica'. Está presente, no discurso
de George Bush, ao anunciar a destruição de Bagdá, "o início de um novo
século americano", o que se interpreta como a intenção de reorganizar o mundo
à imagem e semelhança dos Estados Unidos, numa concepção imperial.
Sem o contraponto das nações socialistas, a ideologia liberal espalha-se pelo
mundo. A adesão brasileira se deu em 1991, tardia frente aos demais países da
América Latina. Como ressaHaram TAVARES e MELIN (1997):
( •.• ) a partir de 1992, com a desregulaçlo cambial e financeira
atingindo três continentes, o capital financeiro tem voado para
todos os portos num jogo de cassino em que ganhadores e
perdedores só têm contribuído para reforçar a posição financeira
11
do dólar. ( •.• ) empresas e bancos podem quebrar-se uns aos
outros, mas não podem quebrar a banca." {p. 63)
Em janeiro de 1995, transformaram o GA TT em OMC - Organização Mundial
do Comércio, com status de organismo internacional, contra a posição anterior
do GATT, de simples fórum de negociações, aprofundando as políticas de
liberalização e desregulação 'multilaterais', comandadas pelos EUA A OMC
pode intervir em qualquer matéria (legislação nacional, direitos trabalhistas,
meio ambiente, etc.) que considere contrária aos interesses da liberdade de
comércio.
Por fim, há o Acordo Multilateral de Investimentos - MAl, cujas negociações
vem se desenvolvendo desde 1985, sem que esteja completamente concluída a
adesão dos países signatários, o que envolve o Brasil. A implementação desse
Acordo restringirá de vez a capacidade de os Estados nacionais regularem os
movimentos de capitais externos, sejam de capitais produtivos, sejam de
aplicações em porta-fólios (ações, títulos, etc.). Como destacou o diretor-geral
da OMC: "o MAl é a Constituição da economia única global"- ele vai limitar a
remessa de divisas em caso de desequilíbrios do balanço de pagamentos.
Fica claro que os movimentos de desregulação e de financeirização da
economia internacional não resultaram de um desenvolvimento espontâneo do
mercado, mas representaram um esforço estratégico bem sucedido dos EUA .
Como ressaltou TAVARES, os Estados Unidos, na afirmação de sua hegemonia
ao mundo, compele seus sócios ou rivais capitalistas "não apenas a submeter
se, mas a racionalizar a visão dominante como sendo a 'única possível'. Esta
racionalização vem passando em matéria de política econômica pela aceitação
de um ajuste recessivo que corresponde a uma sincronização da política
econômica e da ideologia conservadoras sem precedente.( ... )". E isso porque:
''0 problema principal da questão da hegemonia nlo estaria no
maior poder econômico e militar da potência dominante, mas sim
na sua capacidade de enquadramento econômico, financeiro e
12
politico-ideológico de seus parceiros e adversários. Esse poder
deve-se menos à pressão transnacional de seus bancos e
corporações em espaços locais de operação, do que a uma visão
estratégica da elite financeira e militar que se reforçou com a
vitória de Reagan." TAVARES (1997), p.29
O trabalho recente de MEDEIROS (1999) acrescenta importantes considerações
ao concluir que a inserção externa da América Latina se fez a partir de sua
abertura aos fluxos de capitais de curto-prazo (investimentos de portafólio) ª como mercado em expansão para os Estados Unidos - tanto para suas
exportações como no sentido de transnacionalização produtiva. Dito de outra
forma, essa é a estratégia norte-americana para o continente. E quanto ao fato
de se 'aceitar' isso, acrescenta que:
"( ... ) espera-se que os investimentos estrangeiros liderem a
expansão, apesar de mercados internos constrangidos e
mercados externos inibidos pelo câmbio, protecionismo e ofensiva
comercial dos EUA ( ... ) embora nada possa servir de base para
essa expectativa". (p. 282)
Para alguns economistas de viés mais crítico, o ajuste da economia brasileira
pela via neoliberal "é um ajuste impossível" {TEIXEIRA, 1996), que passa pela
desindustrialização e pela reversão a um modelo primário exportador, ainda que
de novo tipo. E isso seria impossível de ser ajustado a partir de uma economia
com estrutura industrial complexa, encadeada, com grande dimensão
continental e enorme contingente populacional.
FLORESTAN FERNANDES deixou um artigo em que qualifica os anos pós 90
como um "novo ciclo de desenvolvimento periférico", o quarto ciclo em nossa
história:
"0 quarto ciclo de modernização é recente e tende a multiplicar-se
pela falta de mentalidade capitalista autonoma e de
responsabilidade civica das classes dominantes. As exigências de
premissas para o desenvolvimento limitam-se às nações centrais e
13
seus blocos econômicos. Desencadeia-se uma modernização de
dupla face: produtos sofisticados importados e transferência para
fora de fortunas especulativas e bens econômicos. Ao contrário do
ciclo anterior, não há necessidade de formação de uma infra
estrutura especifica. A reprodução do sistema de produção se dá
no exterior. O pais se torna mais periférico, combina dependência
com múltiplas malhas neocoloniais e sucumbe nas garras de
imposições regressivas, das quais resulta o atual pós moderno.
Esperar o que desse estilo de desenvolvimento tão devastador?"
(Folha de São Paulo, 26/12/94).
b) Expansão produtiva e financeira.
Em paralelo a essas transformações, também foram verificadas, nos países
desenvolvidos a partir de meados da década de 70, mudanças na estrutura
industrial provocadas pela difusão das tecnologias de informação baseadas na
microeletrônica, o que se intensificou na década de 80.
A desregulamentação financeira (antes citada) mais o desenvolvimento das
telecomunicações e da informática levaram, pela integração dos mercados
financeiros e de capitais, à globalização das finanças mundiais.
As mudanças na estrutura produtiva a partir das novas tecnologias (microchip,
semicondutores, fibras óticas) e do surgimento de novos insumos de produção
(cerâmicas mais resistentes, novas ligas metalúrgicas, novos plásticos)
associadas às desregulamentações de mercados acarretaram o
rejuvenescimento das indústrias maduras e o aparecimento de novas. Foram
também alterados processos de produção que se tornaram mais flexíveis pela
difusão de processos digitalizados que permitiram a automação da produção e
a utilização de máquinas com propósitos múltiplos. Isso, por sua vez, levou a
uma maior versatilidade na produção de bens e serviços, concomitantemente à
introdução de novos métodos de gerenciamento da produção e da mão-de
obra. COUTINHO (1992), CANO (1993) e GOLDENSTEIN (1994).
14
A nova fase da hegemonia norte americana levando à maior homogeneização
da demanda e da oferta de mercadorias nos vários países foi viabilizada pelos
baixos custos das comunicações e pela difusão de padrões culturais de
consumo standartizados. A contrapartida, sob a ótica da produção, foi "o
desenvolvimento de novas formas e estratégias de integraçlo e cooperaçlo
entre os oligopólios internacionais (joint venture, exploraçlo de franquias,
acordos de subcontrataçlo, acordos de cooperaçlo, projetos diversos
conjuntos, consórcios de pesquisa), que se somaram à tradicional participaçlo
direta no capital das empresas. As associações foram estimuladas pela
alteraçlo do padrlo de produçlo fordista verticalizado e com base em grandes
plantas industriais, passando as empresas a operarem plantas de menor escala
e a tercelrizar ou subcontratar várias etapas de produçlo, disseminando o
padrlo de produçlo flexivel às empresas fornecedoras, o que passou a exigir
uma maior cooperação e comunicação entre elas, com vistas ao imediato
atendimento de variações de curto prazo da demanda". MENDONÇA (2001)
Conforme destacam CANO (1993}, FlORI (1995) e BAUMANN (1996), em
paralelo à reestruturação tecnológica e produtiva, removeram-se as barreiras
tarifárias e não-tarifárias à entrada e saída de bens, serviços e fluxos
financeiros nos países, de modo a reduzir os constrangimentos à circulação e
expansão do capital, elevando substancialmente tanto o volume do comércio
internacional, quanto o das transações financeiras e patrimoniais.
MENDONÇA (2001) destacou a crítica de BATISTA JR. (1998) à apropriação
ideológica que foi feita da chamada "globalização". Ainda que se reconheça ter
ocorrido uma expansão substancial dos fluxos internacionais de bens e serviços
e das transações financeiras e patrimoniais, BATISTA JR. apresentou dados que
comprovaram o quanto os mercados domésticos dos países capitalistas
centrais ainda detinham a indiscutível primazia na absorção da produção, na
geração e captação de recursos para o seu financiamento, na realização dos
investimentos produtivos, bem como na destinação das aplicações financeiras
das (suas) empresas domésticas. No que respeita aos investimentos externos
diretos realizados pela "Tríade" (EUA, Alemanha e Japão), demonstrou o
15
quanto se destinaram aos próprios países capitalistas centrais4, indicando, ao
mesmo tempo, que os países periféricos não se constituíram em áreas
privilegiadas de atração desses capitais a partir dos anos 80.
Ao adquirirem crescente autonomia os fluxos financeiros ultrapassaram, em
muito, o volume de recursos envolvidos no comércio de bens e serviços. Como
contrapartida dessa situação, potencializaram-se os riscos de choques
financeiros nas economias nacionais, em particular nas periféricas, derivados
da fuga abrupta dos capitais especulativos, como ocorreu, por exemplo, no
México, países asiáticos, Rússia, Brasil e na Argentina.
Fortaleceram-se os oligopólios internacionais como agentes das decisões
econômicas mundiais5, acirrou-se a competição inter-oligopólica e a pressão
política e econômica dos governos dos países capitalistas centrais e das
agências multilaterais de financiamento com vistas à abertura das fronteiras
comerciais e à desregulamentação das transações econômicas e financeiras
entre países.
Como destaca MENDONÇA (2001 ), o produto das transformações apontadas foi
a ruptura do pacto regulador das relações entre o capital e o trabalho nos
países capitalistas centrais, expresso pelo desmantelamento gradativo do
Estado do Bem-Esta~. pelas perdas de direitos trabalhistas, bem como pelo fim
do compromisso keynesiano em priorizar o emprego, abatendo-se sobre o
4 A esse respeito ver também GONÇALVES, R. (1999), p. 69.
5 As 100 maiores empresas não-financeiras, todas com matrizes sediadas nos países capitalistas centrais, deteriam, em 1995, cerca de um terço do estoque total de investimentos mundiais. BATISTA JR, 1998
6 "O denominado Estado do Bem-Estar constitui-se a partir do pós-11 Guerra, apoiado na ampliação do emprego industrial e nas contribuições sociais efetuadas pela classe operária. Com a mudança do padrão de produção industrial dos países capitalistas, a partir dos anos 70, a elevação do desemprego e a precarização das relações de trabalho implicaram em redução do número de contribuintes ao sistema de seguridade social, restringindo substancialmente os recursos arrecadados. Por outro lado, ampliaram-se as transferências efetuadas pela seguridade, em virtude do aumento do número de dependentes do sistema. Este seria o cerne do diagnóstico da crise do Estado do bem-estar nos países capitalistas centrais, partilhado não só pelos intelectuais e políticos conservadores, como também por aqueles vinculados à corrente social-democrata". MENDONÇA (2001)
16
mundo do trabalho pesados reveses. Com a produção industrial estruturando
se de modo a responder às oscilações da demanda, alterou-se a lógica fordista
de produção em massa e em série de mercadorias, com a geração de estoques
relevantes de bens finais e intermediários.
1.2 .. Ao nível interno
a) Perspectiva histórica
Importantes transformações no perfil da indústria brasileira verificaram-se na
segunda metade dos anos 50, sob o Plano de Metas do Presidente Kubitschek
e em meados dos anos 70, com o 11 PND7 do governo militar de Geisel.
No primeiro caso, com os investimentos externos diretos ocorridos nas
indústrias automobilísticas, mecânica e de material elétrico, que aqui se
instalam, conjugados aos investimentos públicos e de empresas estatais em
infra-estrutura e indústrias de base, estava dado o grande passo para
implantação de uma estrutura industrial moderna, no padrão de produção
vigente nos países desenvolvidos. Nesse momento o País beneficiou-se da
concorrência intercapitalista das grandes firmas internacionais.
A segunda transformação visou concluir o ciclo de substituição de importações
através da complementação da estrutura industrial no paradigma da
industrialização pesada (infra-estrutura, insumos básicos e bens de capital),
complementando a estrutura industrial e auto-sustentando o ritmo de
crescimento. Isso implicava em elevados investimentos para bancar as escalas
mínimas dos projetos, já definidos na prática internacional e forte atuação do
Estado para complementar os investimentos em infra-estrutura.
7 11 Plano Nacional de Desenvolvimento, editado em set.74, sob Governo Geisel, no qual se explicitou uma nova estratégia de desenvolvimento, apoiada em incentivos à implementação das indústrias de bens de capital, eletrônica pesada e insumos básicos, complementando a matriz industrial instalada a partir do Plano de Metas que, por sua vez, orientou a política de desenvolvimento brasileiro no período 1956/61, sob o Governo Juscelino Kubitschek.
17
Em ambos os casos, a consolidação da indústria se deu com a contratação de
empréstimos em larga escala, propiciados pela disponibilidade de divisas no
mercado internacional, ainda que sob conjunturas internacionais distintas.
Conforme aponta MENDONÇA (200 1), na década de 70 essa disponibilidade
tinha duas origens: a expansão do euromercado em resposta à
desregulamentação financeira que se seguiu à crise do dólar no final da década
de 60/início da década de 70 (por sua vez gerada pelos enormes déficits
externos norte americanos) e a oferta de petrodolares.
E o Brasil contrairá empréstimos em grande escala e essa política de
endividamento será duramente atingida mais à frente com a alta da taxa de
juros pós 79.
Assim, enquanto os países capitalistas centrais embarcavam na Terceira
Revolução Industrial, o Brasil despendia um enorme esforço para complementar
sua estrutura industrial apoiada no paradigm~ tecnológico e de produção
fordista, com o Estado sobreendividando-se interna e externamente para a
realização dos investimentos necessários.
Com o endividamento externo para a realização do 11 PND implicando, já neste
momento, em uma acentuada fragilidade cambial do país, a política norte
americana de elevação dos juros internacionais - visando à captação de
recursos externos e a valorização do dólar-, a segunda crise do petróleo e a
deterioração das relações externas de troca, desencadearam a "crise da dívida
externa" brasileira, no início dos anos 80.
Comprometida a solvência da iniciativa privada que, então concentrava grande
parte dos compromissos externos brasileiros, o governo optou pela
"estatização" da dívida externa, transferindo a drvida privada em dólar para o
Banco Central .
18
A estatização da dívida externa foi não só a solução encontrada para preservar
a iniciativa privada, como também para contornar o problema de
indisponibilidade de divisas em montantes suficientes para que os devedores
privados pudessem saldar rapidamente suas dívidas com o exterior. Pelo
mecanismo de estatização da dívida, os devedores privados pagavam em
moeda nacional ao Estado o valor de seus débitos com o exterior, que por sua
vez assumia o passivo externo.
A fragilidade financeira do Estado para fazer frente aos compromissos externos
assumidos, obrigou-o a captar no mercado interno os recursos necessários à
aquisição de divisas para o pagamento dos serviços da dívida externa, para
isso recorrendo à emissão de títulos públicos e à elevação da taxa interna de
juros.
O estabelecimento de um circuito especulativo de curto prazo - a denominada
"ciranda financeira"-, ampliou substancialmente o endividamento público interno,
reduziu a capacidade de financiamento e investimento do Estado, restringiu a
expansão da produção e elevou as taxas de. inflação 8
Na tentativa de conter o processo inflacionário e permitir a retomada do
crescimento sustentado da economia, sucessivos planos de ajuste e
estabilização macroeconômica foram aplicados na década de 80, todos sem
êxito (Planos Cruzado, Verão e Bresser).
Por outro lado, para garantir as divisas necessárias ao pagamento dos serviços
da dívida externa- renegociada em condições desfavoráveis ao país no início
da década de 80, o governo implementou políticas de incentivos às
exportações, impôs barreiras tarifárias e não tarifárias às importações e conteve
8 Por outro lado, contrastando com as elevadas taxas de crescimento dos anos 70, a taxa média anual de crescimento do PIB, nos anos 80, foi de 1,5%, enquanto a taxa média de crescimento industrial foi de apenas 0,3% (IBGE, 1992). Na década de 80, a economia brasileira nêo apresentou um comportamento uniforme, com o PIB apresentando um desempenho modesto nos períodos 1980/83 e 1987/89, intercalados por um breve período de recuperação por ocasião do Plano Cruzado (1984/86).
19
a demanda interna, esta última com a finalidade de reduzir o nível de atividades
e, por conseguinte, as importações.
Com a economia brasileira vulnerabilizada interna e externamente, as
transformações em curso no sistema capitalista internacional desde a década
de 70, nos anos 80 passaram a impor sérios limites ao ingresso do país no
novo padrão de acumulação de capital.
Crescentes foram as dificuldades do Brasil em atrair os investimentos
estrangeiros de risco e em viabilizar a transferência de tecnologia de última
geração. Isso porque, com as decisões sobre a produção, o comércio e a
transferência de tecnologia concentrando-se cada vez mais nos grandes
oligopólios internacionais e, com a retomada do crescimento econômico nos
países capitalistas centrais nos anos 80, os mesmos optaram por concentrar os
capitais em suas matrizes aí situadas, em especial através de fusões e
aquisições de empresas.
Diferentemente das décadas de 60 e 70, quando os investimentos
estrangeiros diretos nos países periféricos traziam consigo as
tecnologias de produção já maduras nos países capitalistas centrais - com
vistas à exploração de um mercado de dimensões continentais como o
brasileiro -, na atual fase da acumulação capitalista, com a liberalização
das transações comerciais interpaíses, a permanente capacidade de
geração e controle de inovações tecnológicas passaram a ser um trunfo
para a manutenção da liderança e do poderio econômico dos oligopólios
internacionais.
20
b) A política econômica nos anos 90 e as estratégias
empresariais de reestruturação
Desde o final da década de 80 que as autoridades econômicas vieram
promovendo a abertura da economia brasileira, através de uma atuação do
Estado na economia radicalmente distinta, por suas ações, da forma de
intervenção do passado. Essa mudança vai se acentuar em 1993, como etapa
preparatória ao Plano de estabilização que viria a seguir, o Plano Real, ainda
sob o Governo Itamar Franco. As ações que se consolidam sob o Governo
Fernando Henrique Cardoso referem-se à defesa intransigente desse plano de
estabilização e à reestruturação da economia, o que vai implicar no
prosseguimento da abertura econômica, redução dos incentivos e subsídios
concedidos à indústria, ausência de política industrial específica,
desregulamentação, redução da atuação direta do Estado na economia e
intensificação do processo de privatizações.
A abertura da economia se deu tanto sob o enfoque do movimento de
mercadorias, via eliminação direta ou indireta de incentivos para exportar e das
restrições para importar, como em relação à entrada de capitais externos, para
aplicações internas de qualquer tipo, produtivas ou não, dando tratamento
indiferenciado à empresa estrangeira e à nacional9• Significou uma alteração
drástica das regras até então vigentes, principalmente porque a essas medidas
se somaram os efeitos da política de estabilização expressos na manutenção
do câmbio sobrevalorizado e em taxas de juros internas muito elevadas, o que
amplificou o efeito de várias das medidas citadas.
Para alguns autores a sobrevalorização cambial foi um "protecionismo às
avessas", como afirma MANTEGA {1997), por encarecer as mercadorias
brasileiras e baratear as estrangeiras (p. 15). Por exemplo, em julho de 94, a
9 Uma das emendas constitucionais de 1994 foi abolir a distinção entre empresa brasileira e empresa brasileira de capital nacional, o que tomou possível às empresas estrangeiras acesso à crédito e subsídios oficiais do Governo.
21
taxa de câmbio era de R$ 0,93/US$, alcançando R$ 0,84 em fevereiro de 95 e
R$ 1,00 em julho 96, o que explicita a sobrevalorização desse período.
Em relação aos juros, em maio de 95, por exemplo, a taxa de juros real anual
era de 34,54%, a maior dentre mais de 30 países selecionados em todos os
continentes. Em termos nominais era de 64,8%, nesse caso perdendo para a
Rússia, cuja taxa era de 242,36%. BATISTA JR. (1996), p.51
Nos anos 70/80 havia proteção à produção local (reserva de mercado) e à
substituição dos importados, através de tarifas ad-valorem sobre as
importações. Houve uma primeira grande redução de tarifas alfandegárias em
1987 e, a partir de Collor, a redução do valor das tarifas se acentuou
fortemente, como mostram os dados a seguir.
TARIFAS NOMINAIS
f---------~~y~--:M~biA ~l
i I I l PERÍODO L SIMPLES I , _____ _j ___ ----' !:···--··· ------ ..... "'"J .,. .......•. ,. ............ !
1 Julho/88 1 38.50 i 1:=---:-::~--.. ---~ --.~=-~ I' Julho/93 i 13.20 I f ! !
I. Jan-Ãbr/98! · 14.29 l I I I 1-:---------. Fonte: Baumann, 1999
A consequenc1a dessa política foi o fechamento de importantes fábricas,
principalmente de produtos intermediários (BAUMANN, 1999). Informa
MERCADANTE (1997) que "1 0.000 empresas faliram ou pediram concordata em
1995", acrescentando que foi "um recorde em 32 anos na história econômica do
País" (p. 38).
"Foi uma transição traumática de um regime de protecionismo
tarifário para uma ampla liberdade de comércio, sem estágios
intermediários de acomodação ou aclimatação da indústria
brasileira". MANTEGA, 1997, p.12
Ou seja, várias empresas sucumbiram, vendendo-se às concorrentes
estrangeiras; outras simplesmente fecharam as portas ou faliram.
22
Outras empresas reagiram à conjuntura dos anos 90 e até 95-96, com medidas
que visavam a busca de eficiência e competitividade. Isso se deu,
primeiramente, com brutal reorganização de métodos de trabalho, visando
redução de custos, responsável por cortes drásticos de pessoal; com
importações generalizadas também redutoras de custos e relocalizações
internas de plantas industriais em busca de incentivos creditíceos e fiscais e,
pagamento de menores salários; por ações modernizantes nos seus
equipamentos, notadamente através de importações, nem sempre apropriadas,
de bens de capital e tecnologia. Não houve investimentos em novas fábricas
como característica relevante. (CNI, 1997; PROENÇA E CAULLIRAUX, 1997,
BIELCHOWSKY, 1998; LAPLANE e SARTI, 1999).
OUAPRO 1.1 - EXEMPLO~_DE EMP~ESAS_lNDUSTRIAIS VENDIDAS - 1994 A 1998 _
li m B~~~rli7~A I' ES~~i~~~~RA ·r :~:~~s':. i INDÚSTRIA I~Nol ~--____ VENDI~-_j~--<?_~MPRADORA --~SOMPRADORA l ___ _j_. _j l.iúJRIA. ... ·· !QÜAKEROATS IEUA Alimentos· -·]'19.94! l.cA"ctA: ··· - liPH'IüP M6R.k1à · Aliment~s--- ··- !1995! I[ÃficiNióáAvARr=jNABÍSCÓ Alimentos·· · ]•I995L !AGRÓCERES·---.. -!MONSANTb ~'19~: !'l<f~oN · ---j.uNíLE:veR JtlngiaúHotanda.l.Aúmentos ··-···1 199~• l,fieixe·· ... . ..... ·aóMéRIL~ciR.Io··--· ']Jtâüa~L~xemb. !Ali~el1tos .... - .... ].i998f: hJíefÃLTeve ! ,MA:I-ifeic6F''AP ..... l Alemanha . . .. ! :A~t~-pe.Ças .. ·1 ii9961 ' . -·-·· 1 ~~-~~-~ -- __ ·::.:~:.:.:_·-~-•--•-~:-:·: __ -~·:·:.~·-·:_-1 -~~~-~~~-~-~:~:~-~~~-f:J ~:.á~~~----· ... ·--·-······ ___ -_-__ ·:_~J ~~t~-~-~~:~-~-··-~:- ··••• _:J .~~·~?;. · !:FREIOS VARGA tGRUPO LUCAS jlnglaterra !Autopeças j:I997:J lcoNtiN-eNtAL2oor·--Jrsos-cHiáie~feNs-·~ lA.ieminila:--·······-JE:íeiro<lõilié~ticõJI9-94J!
~~~~~~~~s~::::f~::-:m~:~::::~i ,;(RNÓ--- --- -J-seif ·· --· ··· -- 1iFialiç-~;--- ···-·· ·· "J:Eletr~óõmi&ticõl.i9971.
~~:==~==~~~::Fl~~;c-~~~~~ir~ __ ::- :-: ~:~~~~~;:~-~r::::1: 1::~:~~~:~:~·~···~~~~~_;_zz:-~~~~-:1:~:· :•••• 4;:::~~~::~::3~:~~· l'fi~~~s.~oR~L- ·j:~ _ · ·········- ·····-·· jJ~l!faterra ·-·-·j!§,íiíllliC~,:-~ J !"9"!. ~~:~~AR~:s.~~~- --H~:~~:- -·~~~:::: -~~~dx:~~rgla .. T::::ll L ............................................................................................................................ . Fonte: CEPAL - La lnversion Extranjera {1998)
23.
Os processos de compra/fusão de empresas como estratégia empresarial
explícita de associação entre grupos nacionais e estrangeiros em áreas
específicas foi um fenômeno marcante nesses anos, principalmente pós 1994,
quando se revelou a volta do interesse do capital estrangeiro por aplicações no
Brasil. Vai se observar um aumento significativo no número de fusões,
aquisições e 'joint-ventures' na economia brasileira, bastante expressivo na
indústria. 10
Estudo recente (MIRANDA e TAVARES, 1999) confirma que empresas com
atuação na área de bens de consumo, duráveis ou não, foram alvo de aquisição
por empresas multinacionais. Entre 1991 e 1997 o número de empresas
brasileiras adquiridas por estrangeiras revelado nesse estudo foi: 49 na área de
alimentação e bebidas; 15 em material elétrico e eletrônico; 17 em autopeças e
16 em farmácia e higiene. O Quadro I. 1 apresenta alguns exemplos, como a
venda da Adria, Peixe e Lacta, dentre outras, na área de alimentos, assim como
da Cofap e da Metal Leve em auto-peças e das indústrias de eletrodomésticos
Amo, Continental e Prodóscimo (Refrigeração Paraná).
No início dos anos 90 outra estratégia relevante foi a concentração das
atividades dos grupos em áreas de sua estrita competência, diferente de
posições assumidas na década anterior, onde teria havido um forte processo de
integração vertical e horizontal de empresas. Essa ação levou ao abandono de
áreas onde tinham insegurança de competir com empresários estrangeiros e,
por conseguinte, à redução da integração vertical da produção e à redução das
cadeias de relações intersetoriais, com ampliação drástica do conteúdo
importado de partes e componentes.
Os autores citados mostraram, como exemplo dessa estratégia que em 1998,
dentre os 30 maiores grupos brasileiros, 13 tinham "core-business" em
commodities: Klabin; Ripasa; Sadia; Perdigão; Gerdau; Belgo-Mineira; CSN;
Usiminas; Acesita; Votorantim; Suzano; Hering e Villares, enquanto outros,
24
que tinham atuação anterior não comoditizada, passaram a se expandir nessa
área: Mariano; Odebrecht; lpiranga; Vicunha e Ultra. Esse estudo mostrou
ainda que o caminho de expansão dos grupos foi a compra de empresas
menores ou a participação em processos de privatização da siderurgia,
petroquímica e extração de minérios. Tudo levando a que a concentração de
capitais tenha se dado em setores de menor valor agregado, diferente das
fases anteriores.
Em relação às privatizações, o Quadro 1.2 lista o conjunto de empresas
privatizadas até janeiro de 2000, por setor.
QUADRO 1.2- EMPRESAS DESESTATIZADAS ATÉ 31/01/2000
Petroquimico
Fonte: BNDES
Petroflex, Copesul, Nitriflex, Polisul, PPH, CBE, Poliolefinas, Deten,
Oxiteno, PQU, Copene, Salgema, CPC, Polipropileno, Álcalis,
Pronor, Politeno, Nitrocarbono, Coperbo, Ciquine, Polialden,
Acrinor, Koppol, CQR, CBP, Polibrasil, EDN.
10 Ver a respeito excelente monografia de Marcelo Cano (1998).
25
O resultado financeiro do processo de privatização nos setores industrial, de
infra-estrutura e financeiro totalizou US$ 28,9 bilhões que, somados à
concessão na área de telefonia, alcançou US$ 46,8 bilhões que foram utilizados
para reduzir o "déficit" público. BAUMANN (1999)
As privatizações foram a principal forma de encolhimento do Estado na ponta
do tripé que comandou o processo de acumulação da economia brasileira até
então. São muitas as críticas a esse processo. 11 BAUMANN (1999) argumenta
que o processo foi realizado de forma pouco cuidadosa, nem sempre se
atentando para a lógica da organização industrial dos setores envolvidos,
citando a petroquímica como exemplo. A forma de privatização desse setor teria
levado à dispersão do sistema e à posterior intenção de o BNDES vir a
despender vultosos recursos para promover a reestruturação do setor.
O efeito combinado das medidas de política econômica com as ações dos
agentes econômicos levou a que:
a) de 1990 para 1995, a participação do produto interno bruto (PIB) da
indústria sobre o PIB total caísse de 42% para 34%;
b) o conteúdo importado da produção nacional de bens de capital se elevasse
de 11 o/o em 1989, para 59% em 1995; de 11 o/o para 78% em material
elétrico e eletrônico e de 14 para 68%, em máquinas, equipamentos e
instalações, entre esses anos;
c) tenham sido desempregados, pela indústria, de meados de 1990 a
fevereiro de 1997, cerca de 1.200.000 trabalhadores!
Quanto à desnacionalização da indústria, ela pode ser inferida a partir de
indicadores indiretos, como os dados mostrados no Quadro 1.3 a seguir, que
também explícita o desaparecimento do Estado como capital produtivo.
Destaca-se o elevado número de atividades industriais cujo predomínio dentre
as 500 maiores empresas é de empresas de capital estrangeiro. Assim é que
em várias atividades, pelo critério de presença entre as maiores empresas,
26
predominam as empresas estrangeiras, destacando-se as proporções que se
elevaram nos três anos (recentes) considerados em eletroeletrônica, que
passou de 48% para 88% entre 1997 e 1999; a de telecomunicações, que
passou de zero para 73% nesse curto período, refletindo efeito das
privatizações; a mecânica, que passou de 45% para 78%.
QUADRO 1.3- PARTICIPAÇÃO DAS EMPRESAS ESTATAIS, ESTRANGEIRAS E PRIVADAS ___ .:..cNA~S_;;.VENDAS DAS MAIORES EMPRESAS POR SETORES SELECIONADOS
fAfi\iibÃbESECÓNÓMicAs·l NACIÓNÃ{ -~ l ESTRANGEIRA! ESTATAL .j< ________________ _____!. . _j f:
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O desempenho da indústria apresentou fortes diferenças setoriais, com as
atividades de bens de consumo duráveis apresentando crescimento logo após a
introdução do Real, como mostra do aumento de consumo que se seguiu à
estabilização, o que também ocorreu com alimentos e bebidas. Quanto aos
11 Ver Biondi, 1999.
27
bens de capital mecânicos, acredita-se que estejam desmantelados (LAPLANE e
SARTI, 1997; COUTINHO, 1997) como resultado da retração dos investimentos
doas anos 80 das empresas estatais e pela concorrência dos importados nos
anos 90, mais baratos pela valorização cambial e pelo acesso às linhas
externas de financiamento para importações. Os investimentos industriais
previstos até final de 1999 não sinalizavam reversão desse quadro.
Do ponto de vista do resultado de nossas transações com o resto do mundo:
a) o saldo da balança comercial passou de uma posição superavitária de cerca
de US$ 16 bilhões em 1989, para um déficit de US$ 1 O bilhões em 1997
(após 1994, os saldos são sempre negativos);
b) o saldo das transações correntes passou de uma posição praticamente nula
em 1989 (quando o superávit em conta corrente cobria o tradicional déficit
em serviços) para um déficit deUS$ 34 bilhões em 1997;
c) agregando a esse déficit em transações correntes, o valor relativo à
amortização da dívida externa, de cerca deUS$ 22 bilhões, em 1997, têm
se uma necessidade total de financiamento externo de US$ 56 bilhões, o
equivalente ao montante das reservas internacionais brasileiras.
Ampliou-se a dependência externa e a vulnerabilidade da economia. A abertura
comercial e financeira foi defendida como uma 'estratégia de inserção
internacional competitiva da economia brasileira'. Mais uma vez, é de
FLORESTAN FERNANDES o comentário final:
"O intervalo técnico que separa a economia automatizada e
informatizada do sistema produtivo montado sob os desígnios da
substituição de importações, possui proporções tão descomunais
que não há como conceber tamanho salto econômico-tecnológico
fora do âmbito dos antigos "negócios da China". ( ... ) exige-se do
Brasil uma modernização com duas implicações essenciais. A
primeira equivaleria ao "sucateamento" da economia existente. A
segunda representaria uma promessa irrealizável : erigir uma
"economia competitiva" no cenário internacional, sem as
premissas institucionais financeiras e tecnológicas necessárias."
(FERNANDES, FSP, 14/11/94}
28
CAPÍTULO 11
INTERPRETAÇ0ES PARADIGMÁTICAS PARA O DESENVOLVIMENTO
INDUSTRIAL NOS ANOS 90
Foram vistos, no capítulo precedente, os principais aspectos que
caracterizaram os anos 90, interpretados a partir da ruptura de um padrão de
desenvolvimento que se apoiava sobre a consolidação da indústria mediante
articulação dos capitais privados- estrangeiro e nacional, e estatal, com clara
definição de políticas e forte presença do Estado arbitrando e definindo as
regras da acumulação capitalista. O impacto das mudanças sobre a indústria é
agora debatido, segundo pontos de vista opostos.
Em meados da década de 90 pode-se sumariar o debate sobre o
desenvolvimento industrial brasileiro considerando-se duas posições por
referência: uma expressa por BARROS e GOLDENSTEIN1 em vários trabalhos
publicados em conjunto e outra por COUTINHe>2, as quais tomaremos como
paradigmáticas do discurso oficial e do discurso crítico na discussão que nos
interessa.
1 BARROS foi chefe da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, sendo economista de grande influência nas decisões governamentais; GOLDENSTEIN é economista, consultora do BNDES. Dentre os trabalhos desses autores, foram considerados neste Capítulo: (a)Reestruturação Industrial: três anos de debate. In: Venoso (org), Brasil: Desafios de um país em transformação - Forum Nacional, 19 a 22 de maio de 1997 - José Olympio Editora, RJ.; b) Plano Real Fase 11: Da estabilização ao crescimento sustentado, mimao, maio 1998; c) Avaliação do Processo de Reestruturação Industrial Brasileiro- Revista de Economia política, vol.17, no. 2{66), abril-junho/1997 (publicado originalmente no jornal Gazeta Mercantil, em agosto de 1996, segundo observação dos autores do texto); d) O Real e a aliança inflacionária. In: Motta Veiga (org) - O Brasil e os desafios da globalização, RJ, SOBEETRelumé Dumará, 2000.
2 COUTINHO é economista, professor do Instituto de Economia da UNICAMP e foi um dos coordenadores do Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira - ECIB, amplo trabalho realizado em 1995. Dentre os trabalhos escritos, serão considerados nesse capítulo: (a) A Especialização Regressiva:um balanço do desempenho industrial pós estabilização; b) A fragilidade do Brasil em face da globalização. In: Baumann (Org)- O Brasil e a economia global, RJ, SOBEET c)Nuvem por Juno. Lições Contemporâneas, Folha de São Paulo, 28/10/1997; d) O Estrangulamento do Setor Produtivo. Folha de São Paulo, 13/12/1998; e) Crônica de um grande desmonte. lições Contemporâneas, Folha de São Paulo, 30/01/2000; f) Herança maldita. Lições Contemporâneas, Folha de São Paulo, 08/05/2000.
29
Para os representantes do discurso oficial, o processo de reestruturação
produtiva que se seguiu à abertura da economia e que se aprofundou pós Real,
levaria a uma trajetória de crescimento, efeito da retomada dos investimentos
na economia pós-estabilização.
Para os críticos, o então processo de reestruturação não seria suficiente para
dar sustentabilidade ao crescimento. Os investimentos além de insuficientes em
valor e volume estariam concentrados em produtos de baixo valor agregado,
não comercializáveis no exterior. E os poucos investimentos em produtos mais
sofisticados e de maior valor agregado teriam o mercado interno por destino,
caracterizando-se por baixo efeito multiplicador interno, com alto coeficiente de
importação, tanto de bens de capital, como de insumos e componentes.
Em síntese, "uma política de substituição de produção interna por importações,
com grave impacto negativo na balança comercial, comprometendo a
sustentabilidade do crescimento no médio prazo". (a.a)
11.1 - O discurso 'oficial' - reintegração produtiva
Na visão dos autores citados, o Plano Real teria duas fases, uma relativa à
estabilização de preços que teria deslanchado uma reestruturação na economia
e outra em que seriam retomadas as condições de crescimento. No meio do
caminho uma certa perplexidade porque não se teria avaliado previamente toda
a extensão das conseqüências que a abertura comercial, somada aos efeitos
da estabilização de preços, teria sobre o lado real da economia. E quando se
deu conta disso, os instrumentos de política e intervenção econômica do
passado não mais tinham a ver com a nova realidade das relações entre o setor
produtivo e o Estado.
30
Na palavra dos autores:
"... não existiam politicas públicas que pudessem auxiliar esse
processo, acelerando-o, consolidando-o e definindo seus custos ...
Não só não existiam instrumentos novos, como não havia sequer
qualquer reflexão sobre o que fazer após a estabilização".
(BARROS E GOLDENSTEIN, 1998, p.2)
Focalizaram a origem desta questão na importância que o tema do combate à
inflação ganhou na formulação de políticas, na 'academia' e no cotidiano de
uma sociedade sempre ameaçada de hiperinflação, tornando a discussão sobre
desenvolvimento ausente da reflexão e do debate3 durante a década de 80.
Mais precisamente, depois do 11 PND, a política pública ter-se-ia voltado para o
combate ao processo inflacionário, sucedendo-se planos nesse sentido por
quase dez anos, todos mal sucedidos. A abertura do início dos anos 90 é vista,
pelos autores, como uma ação no contexto das condições para estabilizar a
economia passando, junto com o déficit, a ganhar a cena dos debates públicos.
As mudanças na configuração da indústria foram sendo vistas a partir das
evidências da realidade, não sendo compreendidas em sua totalidade tanto
pela falta de inforrnações4, como pelo ineditismo de uma situação
completamente diferente do que havia prevalecido até então na economia
brasileira. Apesar da percepção tardia dos efeitos da política econômica sobre
a indústria, consideraram que esse efeito seria importante para a manutenção
3 Essa questão é o tema da tese de doutoramento de Lydia Goldesntein, 'Repensando a dependência', RJ, Paz e Terra, 1994. Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, economista da UNICAMP, que faz a apresentação da mesma, mostra sua discordância com essa visão, citando os trabalhos de economistas que recolocaram a história da industrialização brasileira nos marcos do desenvolvimento do capitalismo no Brasil, cujos trabalhos foram concluídos e/ou publicados ainda nos anos 70, como a Economia da Dependência Imperfeita de Francisco de Oliveira, O Capitalismo Tardio, de João Manuel Cardoso de Mello, as teses de Conceição Tavares, dentre outros, bem como a discussão sobre os limites da industrialização defendidos por Goldenstein e que Belluzzo também localiza no período, embora considere que para os economistas de oposição, esse limites eram mais elásticos, enaltecendo o mérito do debate provocado pela tese.
4 Os autores apontam que realizaram mais de um ano de entrevistas com empresários, consultores econômicos, pesquisadores universitários e discussões com as gerências setoriais do BNDES. Suas opiniões sobre o que estava ocorrendo com a indústria resultam dessas discussões e foram apresentadas em trabalho publicado na Gazeta Mercantil, em agosto de 1996.
31
da própria estabilidade, contradizendo discursos opostos, tanto no sentido da
volta dos instrumentos protecionistas como dos setores de esquerda que, no
ponto de vista dos autores, aliam-se a estes, na busca de uma bandeira de
oposição pós-Real.
"É neste ambiente um tanto quanto hostil que emerge
gradativamente e vai ganhando espaço a percepção da
profundidade e importância do processo de reestruturação pelo
qual estava passando a economia. Junto com esta nova percepção
vem a consciência da dificuldade de se entender o processo em
sua totalidade, devido não só a impressionante falta de
informações existente como também à dificuldade de se confrontar
com situações completamente novas, pautadas por uma dinâmica
completamente diferente daquela que até muito recentemente tinha
prevalecido na economia brasileira". (BARROS e GOLDENSTEIN,
1998, p.3)
A consolidação da estabilização permitiria a retomada da questão do
desenvolvimento e, assim, o Real teria sido o ponto de partida de uma trajetória
de crescimento sustentado, isto é, com "elevação da taxa de investimentos o
suficiente para elevar produto, renda e emprego com redução das
desigualdades, sem pressão inflacionária no balanço de pagamentos via taxa de
câmbio e no financiamento do Tesouro Nacional, via juros". (BARROS e
GOLDENSTEIN, 1998)
A fase I do Real (estabilização) teria levado a um deslanche de vários
processos que acarretaram a reorganização do sistema econômico. Para que a
fase 11 viesse a alcançar o desenvolvimento sustentado passava a ser
necessário a consolidação da reestruturação produtiva.
Essa é uma síntese da teoria ex-post que o desenvolvimento ocorreria como
corolário da política explícita de controle de preços, ainda que não pensado
originalmente como efeito.
32
Ou seja, os autores defendiam que estivesse ocorrendo um processo de
reestruturação produtiva profundo e inesperado pelo senso comum e não
contemplado nas análises de especialistas. Em relação às críticas de
desindustrialização e regressão industrial contrapunham que se baseavam em
dados presentes, quando os processos de mudanças estruturais em curso
naquele momento levariam tempo para aparecerem nos números e essas
mudanças, por seu porte, alterariam as tendências. Afirmavam a dificuldade de
os críticos enxergarem o novo, num cenário em construção.
O aumento das importações e sua maior participação na produção interna eram
vistos de uma forma bem particular. Chegam a refutar o elevado índice de
importações sobre a produção interna, questionando: "0 que é melhor, um PIB
estagnado com baixo coeficiente de importações ou um PIB crescendo com um
maior coeficiente?" (BARROS e GOLDENSTEIN, 1997, p.76)
Reconheceram que no início teria havido um aumento de importações em
vários setores para se defender do aumento da competição e do aumento de
salários que teriam ocorrido no início do Plano- ajustes nominais no segundo
semestre de 1994 de 40 a 50%; a seguir, com a percepção do brutal aumento
do mercado interno brasileiro, um aumento de investimentos com novo aumento
de importações, agora de máquinas e equipamentos. Com o crescimento da
economia novos investimentos fluiriam, agora para setores que no período
anterior teriam sido externalizados. Reconheceram que isso impactou
negativamente a balança comercial, o que ainda persistiria, inclusive com
aumento da importação de bens de capital.
Contra a idéia de que a invasão de importados se constituía numa ameaça à
indústria nacional, defenderam a idéia de que isso fosse parte de uma dinâmica
complexa que envolveria a procura por importações de componentes e/ou
máquinas por parte de empresas aqui instaladas visando redução de seus
custos de produção e modernização para fazer frente ao aumento da
concorrência. De outro lado, a elevação das importações seria resultado da
vinda de empresas internacionais que, primeiro teriam importado o produto
final, depois os componentes e máquinas e tudo o mais necessários à
33
internalização de suas produções no mercado brasileiro, chegando a afirmar
que:
"Em ambos os casos, as importações tiveram impactos mais
positivos e profundos que a mera substituição da produção local.
Além de viabilizarem a sobrevivência dos produtores locais, via
redução de custos e modernização, as importações eram o
primeiro passo no processo de vinda de novas empresas para o
Brasil. Através das importações testava-se o mercado, criava-se
uma rede de distribuidores e viabilizava-se a internalização da
produção no país. De chocolates a automóveis, passando por
todos os setores industriais, o processo era parecido. ••. A
conjunção destes dois movimentos ampliava a atratividade do
mercado brasileiro e deslanchava um novo movimento, o de
reintegração. Algumas atividades e/ou setores que no primeiro
movimento tinham sido externalizados tomam-se atrativas como
opção de investimento e, aos poucos, passam a ser intemalizadas
novamente." (BARROS e GOLDENSTEIN, 1998)
Consideravam a indústria automobilística um caso exemplar. De início
ampliaram-se as importações de produto acabado e, a seguir, passou a montar
os veículos no País, mas mantendo grande volume de importações de
componentes. Na fase posterior, as montadoras passaram a buscar
fornecedores locais e/ou estrangeiros que quisessem se localizar no país.
Chamam a isso de 'reintegração produtiva'.
Na indústria de autopeças, com esse procedimento das montadoras, parecia
ser o inicio do fim do setor, o que de fato ocorreu com grande número de
empresas. Os autores defendiam, contudo, outra conclusão. Diziam que os
índices de nacionalização voltariam a crescer, passando de 45% pós-abertura
para 85% e 97%; que o aumento do consumo e a adoção de modernas práticas
produtivas de just-in-time" se revelaram incompatíveis com outsourcin!f
5 Prática operacional associada aos novos métodos de organização da produção, pelo qual os estoques são reduzidos aos mínimos de segurança.
34
levando à busca de fornecedores de autopeças no mercado local ou trazendo
fornecedores externos para produzir aqui. O fornecimento local reduziria custos
de transporte e agilizaria as relações com o mercado. E concluem que ao lugar
da desindustrialização "da oposição", o que se viu foi o aumento dos
investimentos no setor de autopeças cujo perfil tornou-se radicalmente distinto
do existente no início da abertura comercial.
Outro exemplo que consideraram foi o da indústria têxtil. Grandes importações
de náilon ocorreram e, com o aumento do consumo, nova fábrica teria sido
atraída com capacidade para atender ao mercado interno e exportar.
Mencionaram também o algodão. No início ocorreram importações por
problemas de incompatibilidades, como regulagem de máquinas a cada partida
diferente. A expansão da plantação no centro-oeste teria alterado esse quadro.
No setor calçadista a reestruturação chegou a se refletir na geografia do país,
uma vez que foram transferidas plantas industriais do sul para o nordeste, mas
essas indústrias voltaram a investir nas fábricas de Franca e do Rio Grande do
Sul.
Os setores siderúrgico, metalúrgico, papel e celulose seriam exemplos de
setores que não estavam tão defasados tecnologicamente, mas que
necessitavam de investimentos.
Quanto aos eletroetetrônicos, o peso das importações foi muito grande devido
ao aumento do consumo e com isso da produção e externalização de compras.
A seguir estariam ocorrendo investimentos de grandes empresas atraídas pelo
tamanho do mercado, o que deveria modificar o perfil do setor.
No caso dos bens de capital sob encomenda reconheciam a existência de
problemas que esperavam ver revertidos. O setor estaria se recuperando em
face de investimentos em infra-estrutura como privatizações da velha malha
6 Abastecimento no mercado externo
35
ferroviária, concessões na área de energia e a demanda de hidrogeradores;
gasoduto Brasil-Bolívia; também investimentos das empresas privatizadas,
passada a primeira fase de adaptações - citam laminados para a Usiminas e
termoelétrica para a CSN.
E dizem que a reestruturação vem sendo estimulada por quedas nas taxas de
juros e instrumentos de financiamento que, pela primeira vez, permitiriam a
criação de crédito de longo prazo. Diziam também que nada foi casual, mas
resposta à política de investimento e competitividade.
"Suspirar pelo passado e pensar estaticamente tem levado
muitos analistas a equívocos. Não se trata de
desindustrialização, mas de reintegração, de redução de custos
e de elevação de investimentos. Finalmente, não se trata de
imobilismo ou fé, mas do avanço em uma agenda ampla e
sofisticada de construção de instituições e instrumentos
ajustados às novas realidades. Este é o verdadeiro debate de
hoje". BARROS e GOLDENSTEIN (2000}. p.6
11.2 - O discurso 'crítico' - especialização regressiva
A visão aqui destacada para expressar o discurso crítico também é bastante
complexa, partindo de uma análise ampla sobre os efeitos da política
econômica dos anos 90 e de um diagnóstico sobre a competitividade da
indústria brasileira.
"Sem uma mudaoo;a radical das estratégias privadas, de forma a
intemalizar a inovação técnica e a capacitação como atividades
empresariais permanentes e estruturadas não será possivel
enfrentar o desafio da competitividade. Num contexto de rápida
transformação, insinua-se o risco de aprofundamento da
36
heterogeneidade técnica e competitiva da estrutura industrial
brasileira, com reflexos indesejáveis de agravamento das
disparidades sociais e regionais". (ECIB, 1995)7
Em relação ao discurso 'oficial', para COUTINHO, parte da equipe econômica
governamental acreditaria que os problemas revelados pela indústria em
meados da década representariam "um momento difícil e doloroso de
reestruturação", mas que seria superado, com a perspectiva de nos dois ou
três anos seguintes emergir ajustada e competitiva. Quanto ao déficit na
balança comercial, em decorrência, seria uma situação transitória.
Sua visão é distinta. As conseqüências da abertura comercial com câmbio
sobrevalorizado8 e taxas de juros muito elevadas sobre a configuração da
indústria seria de (inexorável) tendência à desindustrialização e à
desnacionalização, porque a dupla câmbio-juros que perdurou nos quatro
primeiros anos do Real, funcionaria como forte incentivo às importações. O
câmbio sobrevalorizado levaria a um barateamento de importações contra o
qual a indústria nacional não teria como competir, na ausência de instrumentos
protetores de política econômica e os juros altos desestimulariam os
investimentos produtivos, sinalizando rendimentos elevados para aplicações
financeiras. A atração de capitais externos daí decorrentes e por eles induzido
se, por um lado, serviria como provedor de divisas para pagamento dos juros
da dívida externa, por outro, aumentaria a vulnerabilidade do balanço de
pagamentos, cujo déficit crônico simbolizaria a falta de autonomia do Governo
para a definição de outro tipo de política e de inserção na economia
internacional.
7 O ECIB foi concebido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e contratado a um consórcio de instituições liderado pela Universidade Estadual de Campinas- UNICAMP, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, Fundação Dom Cabral e Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior - FUNCEX, sob a coordenação técnica dos professores Luciano Coutinho e João Carlos Ferraz, tendo envolvido a contribuição de quase uma centena de especialistas e a análise detalhada de 33 setores industriais.
8 Isso significa que o poder de compra do Real, face ao dólar, estava muito valorizado. Por exemplo, em julho de 1994 a taxa de câmbio nominal era de R$ 0,93/US$; em novembro atingira RS$ 0,842/US$. Vai estabelecer a relação R$ 1 ,00/US$ em junho de 1996.
37
O avanço da industrialização deveria, ao contrário, levar a um aumento do valor
agregado no país, com inovação técnica endógena, setor eletrônico como
elemento dinâmico da estrutura industrial e fortalecimento do porte das
empresas brasileiras, para poderem atuar como players9, no mercado
internacional. Em apoio às preocupações de COUTINHO, BELLUZZO já
afirmara:
"A politica econômica do Real lançou a economia brasileira numa
trajetória de crescimento medíocre, provocou grave
desestruturação da indústria e aumentou a vulnerabilidade do
balanço de pagamentos". (BELLUZZO, FSP, 8/5/00)
A desestruturação da indústria seria decorrente do encolhimento das cadeias
produtivas, por importações predatórias, o que cita ter ocorrido nas atividades
de metalmecânica (autopeças e bens de capital), eletroeletrônica e química. O
referido encolhimento diria respeito a uma avaliação de que elos da cadeia
anterior de relações interindustriais estariam rompidos, expressos numa
redução do valor agregado por unidade de valor produzido10, o que significaria
eliminação de pontos de geração de renda e de empregos na economia.
A questão da desestruturação fica mais grave face às características dos novos
padrões de produção e comercialização mundiais que levaram a um
"rejuvenescimento das indústrias tecnologicamente maduras, à emergência de
outras novas (lideradas pelas tecnologias de infonnação e comunicação), as
quais tomaram-se a base do rápido desenvolvimento tecnológico, da produção
e do comércio internacionais"(ECIB, 1995). Essas mudanças atingem todos os
setores.
9 Com grande poder de barganha nas negociações internacionais.
10 "Por exemplo, se a produção de carros dobrar de 1 ,5 milhão de unidades/ano para 3 milhões, mas o índice de valor agregado no país cair de quase 100% para 50%, estaremos, em tese, produzindo o mesmo valor econômico".(COUTINHO, 1997).
38
E foi enfático ao afirmar que "a desnacionalização foi rápida, crescente e
profunda na indústria e depois em setores de serviços e de infra
estrutura".(COUTINHO, FSP, 30/01/00)
Em relação à discussão sobre investimentos, considera que o mesmo arranjo
câmbio-juros elevado fez com os investimentos não se dirigissem à construção
de nova capacidade de produção; quanto ao investimento estrangeiro,
concentrou-se em setores mais protegidos, nos quais identificou serviços e as
áreas para privatização.
"0 atual padrio de investimentos vem apenas reiterando o padrão
de especialização competitiva que a economia brasileira já havia
logrado alcançar nos anos 70. Nesse sentido, poder-se-ia
precisamente classificar o período pós-estabilização como uma
etapa de especialização regressiva do ponto de vista industrial:
somos cada vez mais importadores de tudo o que é sofisticado e
exportadores de produtos de baixo valor agregado". (COUTINHO,
1997, p.105 e 1998, p.2)
Quanto às repercussões sobre a indústria, considerava que para os setores:
bens de capital seriados e bens eletrônicos; matérias-primas, química,
fertilizantes e resinas; autopeças, têxteis naturais, bens de capital sob
encomenda e borracha, houve desindustrialização, com "forte substituição de
insumos locais por importados, fechamento de linhas de produção e de
unidades fabris inteiras". Em muitos outros setores ocorre desnacionalização
da indústria que se viu em condições desiguais de competição, como
eletrodomésticos, autopeças, alimentos, higiene e limpeza.
"Nos setores tipicamente domésticos não afetados pelo comércio
internacional ou nos setores produtores de commodities, de
grande escala de produção, onde a competitividade brasileira é
forte, o estrago não foi muito grande; outras exceções sl.o a
automobillstica e os têxteis sintéticos cujos coeficientes de
39
penetração (importações/produção) retrocederam porque foram
tomadas medidas de proteção". COUTINHO (1997), p.92
COUTINHO (1997,p.94) mostra o aumento do saldo comercial de todos os
gêneros da indústria de transformação de 1993 para 1996 e a participação de
cada um no total. Com exceção de alimentos, couros, madeira e fumo, todos
pioraram essa relação, destacando-se as indústrias: mecânica (- US$ 4,2 bi),
material elétrico (- US$ 4,1 bi), material de transporte(- US $2,2bi ), química
(- US$ 2,1 bi), metalúrgica (- US$ 1,3 bi), matérias plásticas (- US$ 1,1 bi).
Esses valores representam o quanto caiu o saldo comercial (exportações
menos importações) de 1993 para 1996 nesses setores, os quais representam
86% do saldo comercial da indústria de transformação como um todo.
Onde havia baixo dinamismo setorial foi relevante a importação direta de bens;
onde o desempenho foi mais dinâmico, verificou-se a importação de insumos e
matérias-primas, reduzindo o grau de agregação de valor ao longo das cadeias
produtivas.
As conseqüências da inserção subordinada foram a especialização produtiva
regressiva, ampliação da desnacionalização, redução do valor agregado no
país, substituição da oferta doméstica de produtos finais por importados,
fechamento de linhas de produção e de fábricas inteiras, como já foi citado. No
caso dos bens de capital, a desindustrialização se expressa nas taxas de
crescimento negativas da produção, o que se deu pela elevada importação
desses bens. (LAPLANE e SARTI, 1999, p.31)
40
CAPÍTULO 111
BASES DE DADOS INDUSTRIAIS
111.1 - Disponibilidade de Informações, Classificações e Compatibilidades
Nos últimos anos a economia brasileira passou por grandes transformações,
chegando alguns analistas a caracterizá-las como violentas e fortes
notadamente em seu impacto sobre a configuração da indústria no País. Por
mais paradoxal que possa parecer, exatamente este período foi marcado por
uma quase total ausência de informações estruturais sobre o conjunto da
atividade industrial, produzidas pelo IBGE, fosse via Censos ou Pesquisas
Industriais Anuais, fosse via Contas Nacionais, durante a maior parte da
década.1
A falta de informações foi muito sentida por estudiosos da indústria2. BARROS e
GOLDENSTEIN (1998), economistas cuja avaliação sobre o desempenho da
indústria brasileira nos anos 90 foi objeto de apreciação no capítulo anterior, e
que muito produziram sobre o tema, chegaram a afirmar que:
"Com o corte generalizado de verbas, o conjunto de lnfonnações
sobre a economia, que nunca chegou a se sofisticar multo, foi
sendo seriamente comprometido. Censos slo adiados, grupos de
pesquisa desarticulados, séries estatisticas interrompidas.
Preservaram..se e sofisticaram..se apenas infonnações
concernentes à inflaçlo, necessárias tanto para a atuaçlo
governamental como para a do setor privado, cujo acesso
antecipado a certos Indicadores traduzia..se em ganhos Imediatos
e vultuosos". (p.1)
1 Refiro-me ao acompanhamento anual do Valor da Produção, Valor Adicionado, Pessoal Ocupado e Rendimentos das atividades industriais, também contidos nas Contas Nacionais. Ver http://www.ibge.gov.br.
2 Ver a respeito SUZIGAN e SARTI (1997)
41
Já MESQUITA e CORREA (1996), pesquisadores do BNDES que produziram
uma das séries históricas sobre valor da produção industrial que será objeto de
considerações mais adiante nesse capítulo, compartilhavam de posição
semelhante, ao colocar que:
"Apesar de mais recente este processo (a abertura comercial) jã se
estende por seis anos e, no entanto, são raros os estudos que
procuraram avaliar seu impacto sobre a economia brasileira,
particularmente sobre a estrutura industrial. Isso deve ser
explicado não apenas pela urgência dos problemas de estatização,
mas principalmente pela falta de dados atualizados sobre a
produção industrial, sem os quais qualquer anãlise mais
pormenorizada se torna impossível". (p.61)
E é de HAGUENAUER et al.(1998), especialista em indústria e estatísticas
industriais, a ressalva sobre os limites das estimativas por ela própria
efetuadas:
"Na verdade, a carência de levantamentos abrangentes sobre a
indústria brasileira desde o Censo de 1985 -em particular a não
realização do Censo Industrial previsto para 1990 - amplia a
incerteza na estimativa de variáveis do setor, agravado para
variáveis em valor, pelas distorções introduzidas pelos períodos
de inflação extremamente elevada que ocorreram desde então. O
IBGE deve divulgar em breve os resultados do Censo Cadastro
relativo ao ano de 1994 - o que possibilitará a reavaliação das
séries do valor da produção construídas e das metodologias mais
adequadas para sua atualização". (p.23)
No Estudo da Competitividade da Economia Brasileira- ECIB, amplo trabalho
realizado em 1995 sob a coordenação de COUTINHO e FERRAZ, em seu
relatório final lamentam a "falta de estatisticas nacionais, particularmente do
Censo Econômico de 1990" (p.25)
42
Quanto aos Censos Econômicos, é importante observar que sua realização foi
suspensa pelo Governo Collor (relativo ao ano de 1990) e, finalmente, extinta
sob o Governo FHC, a partir de 1995, sob argumentação política de restrições
orçamentárias, ainda que ao amparo de justificativas técnicas de redesenho da
modelagem do sistema de informações econômicas. O redesenho implicava na
proposição de substituição dos Censos Econômicos como elemento central do
referido sistema de informações por Pesquisas Anuais de atividades
econômicas mais ágeis em tempo de resposta, comparativamente aos Censos.
A maior agilidade vinculava-se tanto à redução do número de respondentes,
como do número de indagações, a novos recursos de informática e outras
conseqüências inevitáveis decorrentes de revisões metodológicas com impacto
sobre a extensão da Pesquisa, como a mudança de conceito da unidade de
investigação4, dentre outros aspectos.
Os últimos Censos Econômicos do País foram realizados em 1986, com
referência ao ano de 1985, tendo seus volumes sido editados a partir de 1988,
com o último Tomo de sua série liberado somente em 1990, após quatro anos
de apuração, validação dos dados, disponibilização para análise e edição em
· papel. São muitas as críticas de demora na edição dos dados dos Censos
Econômicos. Nem todas são, contudo, procedentes. A edição de uma
informação estatística, à luz do processo de produção e publicação de dados à
época, no fim dos anos 80, era potencialmente mais demorada, em termos
comparativos, a uma pesquisa de igual conteúdo e abrangência que viesse a
ser editada pelos métodos hoje disponibilizados pela microinformática e
internet. A prática institucional e a experiência internacional não indicam que os
últimos Censos Econômicos tenham sido liberados com atraso.
3 O Governo Collor também inovou ao adiar a realização do Censo Demográfico de 1990, tradicionalmente desenvolvido a cada dez anos, nos anos terminados em zero, desta vez executado em 1991. A suspensão foi justificada por motivos restritivos, do ponto de vista orçamentário e a repercussão negativa dessa atitude, principalmente no exterior, explicaria o porque de sua reconsideração. Os Censos Populacionais são uma atividade de grande envergadura, realizada por todos os países. No caso seria o 'Censo preparatório para o do final do século', muito amparado pela sociedade mundial.
4 Veja Quadro 111.2 ao final deste capítulo que apresenta uma síntese das características
43
Mais se assim tivesse ocorrido, é indiscutível que, após a realização desse
último Censo, o IBGE reunira condições técnicas e capacitações - tácitas e
explícitas - para alterar esse quadro.
Em primeiro lugar, porque o planejamento desses Censos ocorreu
simultaneamente à sua apuração, o que, se por um lado, demandou
extraordinária capacidade de resposta das equipes envolvidas, agilidade e
competência para operar em várias dimensões do projeto, por outro lado,
produziu um nível de qualificação muito grande, um conhecimento e domínio
sobre 'o pensar e o fazer' associados, inimagináveis de ocorrer em
circunstâncias normais de trabalho, e que necessariamente fariam operar uma
Pesquisa de igual porte, em menor prazo.
Sob outro aspecto, decorridos quase dez anos do lançamento dos últimos
Censos Econômicos, o novo ambiente produtivo em 1995 já era em si mais ágil,
do ponto de vista das tecnologias de informação, e as metodologias e os
problemas de construção dos sistemas de apuração, crítica e edição já eram
conhecidos e estavam resolvidos. Destaque-se, ainda, o enorme ganho com a
microinformática nos anos 90, em especial na área de edição, significando um
substancial encurtamento dos prazos de divulgação das pesquisas. No mínimo,
pode-se afirmar ser superficial o argumento de demora da liberação das
informações, por não considerar adequadamente uma avaliação mais
ponderada da história institucional e do avanço tecnológico recente.
Esses comentários visam apoiar interpretação que as mudanças ocorridas na
produção de informações econômicas pós 1995 devem-se menos a atrasos na
edição dos Censos Econômicos e mais à conjunção de circunstâncias diversas
que levaram à extinção dessa Pesquisa. Ao lado das restrições de verbas,
identificam-se os prováveis efeitos de um estado de perplexidade com as
transformações no ambiente macro, em plena implantação do Real, a
descontinuidade dos trabalhos técnicos institucionais do IBGE por mudanças de
comando de equipes, o acúmulo de tempo sem resposta institucional na área
metodológicas das Pesquisas Industriais do IBGE
44
de indústria (1990-95), já que não se conseguiu trabalhar as Pesquisas
Industriais pós-Censo Industrial conforme planejado.
Em face das dificuldades encontradas para apurar as estatísticas industriais
desse período, já coletadas sob um modelo de produção por amostragem de
informantes, a divulgação restringiu-se, inicialmente, às maiores empresas -
vide Quadro 111.2, o que foi considerado uma alternativa de melhor proveito para
os usuários à alternativa de nada divulgar. Ou seja, havia problemas afetando a
produção das estatísticas contínuas de indústria que se somaram à
necessidade de se apresentar uma saída à complexidade de uma operação
censitária, no tempo de resposta que se tinha para fazê-lo. Posteriormente as
Pesquisas Industriais desse período foram disponibilizadas com expansão de
suas informações para o universo de referência das mesmas.
Acredito, até, que a referida mudança de concepção do sistema de estatísticas
econômicas tenha vindo responder, também, a um tipo de questionamento de
natureza ideológica. A rápida inserção do País num contexto de economias
globalizadas teria levado a uma política minimalista no que produzir. Explicando
melhor, as mudanças em curso eram tão profundas - vide comentários de
BARROS e GOLDENSTEIN (1998) apontando a perplexidade com a extensão
das conseqüências da abertura, no capítulo anterior - que é como se não se
necessitasse, naquele instante, priorizar o gasto de recursos com pesquisas
que incidiriam sobre uma realidade cambiante, deixando de ser importante a
mensuração dos efeitos das mudanças num horizonte de tempo razoável. O
discurso que defendia as radicais transformações do parque produtivo apoiadas
numa visão de que seus benéficos efeitos se fariam sentir mais adiante,
devendo ser aguardados, levaria a uma conseqüente secundarização da
atualidade das bases estatísticas nacionais.
Algumas evidências amparam essa avaliação. A primeira é que a pesquisa que
substituiu os Censos Econômicos, denominada Censo Cadastro, coletava três
variáveis apenas {pessoal, salários e rendimentos e receita líquida) e se
caracterizou como uma pesquisa pontual {realizada apenas uma vez,
relativamente ao ano de 1994) para captar a nova classificação de atividades. A
45
segunda é que, no caso da Indústria, as mudanças nos procedimentos de
realização da Pesquisa Anual levaram, na prática, a um substancial atraso na
liberação dos dados que só em 2000 começou a ser corrigido. A terceira é que
as mudanças introduzidas na Classificação de Atividades Econômicas, que
serão tratadas a seguir, levaram a uma interrupção (break) nas séries históricas
da indústria a partir da Pesquisa Anual de 1996, porque os níveis de
classificação não permitem a ligação dos dados com o passado.
Essas são as questões que fazem com que se possa supor que poderia ter
ocorrido restrição orçamentária sem extinção dos Censos Econômicos -
hipótese que levaria à sua reconfiguração, consoante alguns dos projetos
existentes nesse sentido -, assim como poderia ter ocorrido redesenho do
sistema de informações sem que a restrição orçamentária fosse a sua
motivação.
Só não sofreram interrupção as estatísticas mensais - Pesquisa Mensal de
Produção Física - PIM-PF e Pesquisa Mensal de Dados Gerais - PIM-DG, que
são a base para cálculo de indicadores mensais de desempenho conjuntural da
indústria5 (não são divulgados os dados, apenas os índices deles decorrentes).
Essa regularidade levou-as, inclusive, a novos usos, como será visto a seguir.
Talvez as mudanças ocorridas na economia até justificassem revisão do elenco
de pesquisas e/ou de seu conteúdo, mas nem foi esse o caso.6
5 A PIM-PF investiga a produção física de cerca de 730 produtos em mais de 8000 estabelecimentos, em uma amostra intencional que abrange produtos e informantes de maior valor da produção. A cada produto é associada uma ponderação específica, o que permite a construção de indicadores com diversos níveis de agregação. A PIM-DG levanta, entre outras variáveis, o valor nominal da produção junto a mais de 6000 estabelecimentos industriais, selecionados por amostragem probabilística. O desenho da amostra prevê representatividade por gêneros, único nível disponível para os indicadores calculados.
6 SARTI e SUZIGAM (1997) levantam questões críticas sobre as estatísticas industriais e defendem a necessidade de operacionalização de informações que permitam o cálculo de indicadores variados, a exemplo da proposta contida no ECIB (1995). Outro artigo que aborda questões para se refletir é o de SANTANA (1997) onde são levantadas questões a respeito das dificuldades de se criar novas séries de dados, inclusão de novos produtos, bem como da redução de confiabilidade das séries existentes que estariam desatualizadas em ponderações, pontos de coleta, variáveis, amostra de empresas, conceito de produto, face às profundas mudanças por que passou a economia brasileira.
46
Antes, porém, é importante levantar algumas questões relativas às radicais
mudanças processadas pelo IBGE na Classificação de Atividades Industriais. A
nova classificação é um divisor de águas com relação ao que vem antes dela.
Consta do documento que apresenta a Classificação Nacional de Atividades
Econômicas - CNAE ( 1997) que um de seus objetivos é a
"atualização do sistema classificatório de forma a melhor refletir a
estrutura produtiva do Pais, guardando, ao mesmo tempo,
compatibilidade com a classificação-padrão internacional e
garantindo, desta forma, a comparabilidade internacional". ( p. 7)
Adiante o documento afirma:
"A CNAE representa uma reestruturação bastante ampla em
relação às classificações anteriores utilizadas pelo Sistema
Estatistico e pelos registros administrativos, traduzindo não só a
necessidade de atualização e aperfeiçoamento periódico inerente
às classificações econômicas, como também a mudança de
postura em relação ao compromisso de comparabilidade
internacional. Esta mudança qualitativa tem como contrapartida a
impossibilidade de conversão exata entre os códigos mais
detalhados da CNAE e das classificações anteriores, o que
certamente Implicará algumas restrições na comparabilidade das
séries históricas." (p.9)
Como se pode perceber, optou-se, assumidamente, por uma taxonomia que
sacrifica a comparabilidade histórica em prol de uma aludida comparabilidade
internacional. Isso porque a Classificação Internacional que se constituiu no
referencial da nova Classificação brasileira, a lnternational Standard Industrial
Classification - ISIC7, em sua terceira revisão, denominada por isso mesmo
entre usuários de classificações por ISIC-Rev.3, editada pelas Nações Unidas,
7 Para informações sobre as classificações de atividades usadas em vários países e suas especificidades, consultar o site das Nações Unidas - http://esa.un.org/unsd inclusive as versões 2 e 3 da ISIC e quadro comparativo de suas correspondências. No caso brasileiro, a nova Classificação está disponível também via internet, no endereço http://www. ibge. org.br/concla.
47
não foi adotada como tal pelos demais países até há bem pouco tempo. Em
1999, dentre 142 países, apenas 48 haviam adotado a Revisão 3, o que se
elevou para 97 em 2000. Ou seja, 45 países ainda estavam, no ano passado,
trabalhando com a Revisão 28. Nesse assunto o Brasil foi bastante moderno,
'avant la lettre'.
A demora na introdução da Revisão 3 se deveu às avaliações sobre as suas
substanciais modificações em relação à versão anterior. Em muitos casos,
havia necessidade de novas pesquisas, nem sempre factíveis, para a aplicação
universal da nova tipologia de indústrias, que não era necessariamente melhor
desde a sua concepção9, em vista das distintas histórias e realidades nacionais.
A implantação da Revisão 3 era considerada problemática relativamente ao
que significava de mudanças em relação à Revisão 2 e à capacidade de os
diferentes países conseguirem vir a implementá-la, sem mencionar a incerteza
quanto ao saldo positivo das mudanças de enfoque e de conceitos de
atividades produtivas que tanto desorganizariam o sistema de informações.
Os usuários de estatísticas industriais co~·,,.._,ri:~ciE s que buscarem informações
junto à ONU, através da UNID010, verificarãJ ~~Ie os dados apresentados, por
países, estão apoiados na ISIC-Rev.2. Assim também ocorre com várias
publicações sobre indústria da Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico - OCDE, como aquelas relativas a proposição de
taxonomias de indústrias segundo características do processo de geração e
uso de tecnologias, que serão descritas mais adiante. Ou então publicam-se
dados em separado, alguns com base na Revisão 2 e outros na Revisão 3.
8 Estes dados foram extraídos do documento: Conclusions and recommendations of the Expert Group on lntemational Economic and Social Classifications - Annex - 15 -17 November 1999, New York- p.6.
9 A esse respeito ver Informe del grupo de tareas sobre estadísticas industriales y de la construcción, 24 de enero de 1995, Naciones Unidas, Comisión de Estadística (Doe EJCN.3/1995/4), onde são levantadas dificuldades de implementação da Revisão 3 em sua totalidade e de uma única e só vez, em diferentes países.
1 0 UNIDO - United Nations Industrial Development Organization, cujo endereço eletrônico é http://www.unido.org
48
Aqui também não parece muito esclarecedor apoiar as radicais mudanças na
priorização de uma comparação internacional que é produzida, até o momento,
sob outra base.
Outra questão associada refere-se aos países que construíram seus próprios
sistemas de classificação, não adotando a ISIC, como os Estados Unidos, o
Canadá e o México que mantém sistemas paralelos, a partir do North American
Industrial Classification System - NAICS, que será certamente, e num futuro
talvez bem próximo, o destino de todos os países que aderirem à Aliança de
Livre Comércio das Américas - ALCA. Também têm sistemas próprios a
Austrália e Nova Zelândia. Esses sistemas têm uma tradução possível com a
ISIC, de maneira análoga aos procedimentos de tradução estabelecidos pelo
IBGE entre a versão da Classificação de Atividades dos Censos Econômicos de
1985 e a das Nações Unidas - Revisão 211.
Ou seja, a mudança foi uma escolha, não uma contingência, como pretende
fazer crer o discurso oficial expresso na abertura da CNAE. Havia a alternativa
de não se quebrar séries históricas - quebrou-se a classificação a 6 dígitos,
isto é, no menor nível, na célula básica, da antiga classificação- ou de assumi
las como indispensáveis quando o fato o exigisse, porém nunca com a
generalidade com que foi feito na CNAE, principalmente nas áreas de máquinas
e equipamentos mecânicos e elétricos.
O cuidado com séries históricas também é uma preocupação dos países com
tradição de seus sistemas de informações e que até buscam ter hegemonia
nessa área, como a França, Estados Unidos, Canadá e Espanha, para citar
aqueles com os quais o IBGE já manteve relações técnicas mais próximas na
área de produção de estatísticas econômicas.
11 Já havia desde o Censo Industrial de 1985 procedimentos automáticos para comparar a classificação interna com a ISIC-Rev 2. Vide IBGE (1998), Texto para Discussão que Metodologia e Conceitos Básicos, apresenta a Classificação de 1985 e a Compatibilidade com a ISIC, a 6 dígitos. A classificação de 1980 já traduzia para a ISIC, o que a de 85 trouxe de novo foi que essa tradução passou a ser automatizada.
49
Nos Estados Unidos, por exemplo, o Censo Econômico de 1997 foi a base para
a introdução da nova classificação- a NAICS, tendo seus questionários sido
desenhados para capturar tanto a antiga classificação como a nova (o que
implicou no desenho de mais de 400 questionários) em cada estabelecimento,
que é a unidade de investigação do Censo americano, pois o conceito de
indústria é o de processo produtivo. Com base nisso, os dados coletados são
apresentados de duas maneiras - tabelas comparativas e tabelas ponte (Bridge
Tables). No caso, o que foi bom para os Estados Unidos, não foi bom para o
Brasil.
Em outro exemplo, na OCDE, disponibiliza-se uma versão dos índices de
atividade industrial segundo a Revisão 2, para o período 1975/1998, a 3 dígitos
e eventualmente a 4, tendo o ano de 1990 como base. Em simultâneo,
processa-se a pesquisa corrente, cujos dados estão referidos à ISIC- Rev 3, e
divulgam-se índices de 1990 aos dias atuais, com ano base em 1995.
"As séries históricas são preparadas com o objetivo de fornecer
uma série longa de informações de acordo com a Revisão 2 da ISIC
que pode servir de base para análises econômicas de longo-prazo
e para poder serem usados em complemento aos indicadores de
curto-prazo publicados com base nova em 1995 e na Revisão 3 de
1990 até agora".
Quanto à comparabilidade histórica, os Censos Econômicos de 1985 já haviam
revelado que isso envolve procedimentos tão complexos que se tomam,
involuntariamente, monopólio das equipes produtoras dos dados. É
recomendável prover a edição e disponibilização de elos (linkages) entre
pesquisas, ainda mais quando são produzidas a partir de procedimentos
metodológicos distintos. Não fazê-lo é subtrair e, no limite, negar, valor aos
dados, sejam os do presente ou os do passado, em sua manifestação do
trabalho institucional, para desvendar as realidades que se propôs pesquisar.
50
Nenhum dado é perfeito, por definição e é inegável o esforço que o IBGE
desenvolveu, ao longo de sua existência, para circunscrever os contornos das
informações que produz. A compatibilização é uma prática internacional. Não
proceder- ou ao menos criar as condições mínimas para - à comparação é
esconder o dado, é sinalizar para problemas que não existem. Ou é uma forma
de dizer que o passado não importa, a vida começa pós-Real. A década de 90
inaugura um novo padrão de acumulação capitalista na economia brasileira e
mais do que nunca o IBGE tem a obrigação de desnudar suas pesquisas para
permitir a dissecação dos conteúdos das mudanças.
Essas observações têm a pretensão de um registro histórico, uma vez que o
uso da nova Classificação é hoje irreversível, já se tendo espraiado para todo o
sistema estatístico nacional, inclusive nas estatísticas populacionais relativas ao
setor produtivo de origem da ocupação da força de trabalho, sem falar no
Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério da Fazenda (Cadastro do
Imposto de Renda), da Relação Anual de Informações Sociais - RAIS, etc.
A seguir será feita uma apresentação sumária das bases de dados construídas
no período para análise da indústria que serão analisadas nessa dissertação.
111.2 - Bases de Dados Industriais
A ausência de estatísticas abrangentes que subsidiassem análise e avaliação
dos acontecimentos levou especialistas e pesquisadores a um esforço louvável
de estudo a partir da observação do comportamento de grupos específicos de
empresas, na grande maioria dos casos e, na segunda metade da década, à
própria produção de bases de dados estimados de algumas séries usando-se
as Pesquisas Industriais Mensais do IBGE para esse fim. Essa observação diz
respeito às estimativas de séries históricas do Valor da Produção Industrial
para o final dos anos 80 e primeira metade dos anos 90 que foram
51
desenvolvidas e que passaram a ser referência de consulta e citação de vários
analistas 12.
Por terem, por longo período, se constituído em fontes de dados nos estudos
sobre indústria, serão trabalhadas nessa dissertação as bases de dados
estimados para o Valor da Produção feitas por Mesquita e Haguenauer.
Em simultâneo foram consideradas as novas estimativas das Contas Nacionais
do Brasil, levando à inclusão da série - também estimada - de Valor da
Produção Industrial das Contas Nacionais do Brasil, publicadas pelo IBGE.
Adicionalmente será considerada uma comparação efetuada no Departamento
de Indústria do IBGE entre o Valor da Transformação Industrial do Censo
Industrial de 1985 e as novas Pesquisas Industriais Anuais (1996 a 1998)- que
será chamada de base de dados Censo Industrial 85 - PIA. Ou seja, uma
base compatibilizada segundo a nova Classificação (CNAE) e os novos
procedimentos metodológicos das Pesquisas Anuais.
Essas quatro bases de dados serão trabalhadas a seguir. Resume-se
inicialmente o conteúdo das mesmas e efetua-se, ao final, um paralelo entre
elas, apontando as suas possibilidades e limites. Antes de tratar dos limites,
apresenta-se o Quadro-Resumo 111. 1, que descreve as principais características
metodológicas das bases que estimam a série de valor da produção e o
Quadro-Resumo 111.2 com as características selecionadas das Pesquisas
Industriais do IBGE que são utilizadas nas bases de dados que serão
apresentadas.
12 Para citar alguns autores que se referem em seus trabalhos às contribuições dessas estimativas tem-se: COUTINHO (1997), BONELLI (1998}, VASCONCELLOS et ai. (1999), GONÇALVES (1999) e ERBER (2001).
52
a) Base VP- Mesquita, 1999
Os dados dessa base de dados vêm da revisão que é efetuada em 1999 sobre
o primeiro trabalho realizado em 1996. A base completa 13 contem dados
compatibilizados de valor da produção, importações e exportações para 49
atividades industriais, para o período 1989/1998. Serão usados os dados de
valor da produção e de importações (Anexo Estatístico)
O trabalho de MESQUITA e CORREA (1996) foi o pioneiro na elaboração de
bases de dados sobre indústria para o passado recente. Seu objetivo era
avaliar o impacto sobre a performance industrial da mudança de regime de
comércio ocorrida nos anos 90. Consideraram, na perspectiva de
preenchimento da lacuna de informações então existente em 1996, a
construção de séries anuais, em dólares correntes, para o período 1989/95
sobre o desempenho da indústria, medido pela evolução do valor da produção
industrial, e estatísticas relativas às exportações e importações. Os dados
foram trabalhados incorporando 45 atividades industriais, equivalentes ao nível
de setor-matriz 8014, correspondendo a 76% do valor da produção industrial da
PIA 92.
A série construída de valor da produção industrial considerou: para os anos
1989, 1990 e 1992, os dados foram apropriados tal como apresentados pelas
Pesquisas Anuais desses anos; para os demais anos, os dados foram
estimados a partir da aplicação, sobre os valores revelados pelas Pesquisas
Anuais nos anos citados, de índices de variação nominal anual do valor da
13 Agradeço a Maurício Mesquita a gentil cessão de sua base de dados.
14 As Contas Nacionais do Brasil sempre trabalharam com uma classificação de atividades industriais distinta da utilizada na coleta e edição dos dados das pesquisas econômicas. No caso, setor-matriz 80 é um detalhamento da classificação das Contas Nacionais, a qual, em seu conjunto, contempla um nível600 e níveis mais agregados, como o nível100, o 80 (usado pelos autores) e um nível 50. É uma terminologia influenciada pelo longo tempo de consultoria francesa ao IBGE, os quais têm sua classificação nacional de atividades econômicas estruturada em níveis semelhantes. Ver Nomenclature d'Activités Française (NAF) em http://www.insee.fr. O Departamento de Contas Nacionais do IBGE disponibiliza um Tradutor de Atividades de Bens e Serviços que traça a correspondência entre os distintos níveis de classificação, incluindo o de gêneros industriais- [email protected].
53
produção. Esses índices foram igualmente construídos, no caso a partir da
interação dos índices mensais de produção física da Pesquisa Industrial Mensal
de Produção Física do IBGE (PIM-PF) com os índices de preços por atacado,
conceito de oferta global, divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (IPA-OG).
Ou seja, com a multiplicação dos índices de produção física (quantidades
produzidas) com os índices de preços, os autores estimaram índices de
variação do valor da produção para cada atividade industrial considerada.
MESQUITA efetua nova estimativa em 1999, aperfeiçoando esse primeiro
trabalho, as quais serão apresentadas e comentadas adiante.
O trabalho de 1996 mostrou que no período considerado ocorreu um "aumento
generalizado e substancial" dos coeficientes de importação, levando o total da
indústria a registrar índices compatíveis com aqueles verificados em 1968/73,
isto é, antes mesmo do 11 PND ou mesmo da época do Plano de Metas,
destacando os autores "que os níveis de 1995 não tem precedente na
história da industrialização brasileira". (p. 74)
De concreto os dados indicavam que a participação das importações no total
da produção industrial aumentou sobremaneira entre 1989 e 1998 para o
conjunto das atividades estudadas. Menor dinamismo revelaram as
exportações. A avaliação dos dados segundo categorias de uso dos bens (bens
de consumo, bens intermediários e bens de capital) mostrou elevação do
coeficiente de penetração das importações em todas as categorias, com
destaque para bens de capital onde as importações foram mais impactantes.
Na revisão do trabalho pioneiro de 1996, MESQUITA (1999) amplia as
estimativas anteriores, atualizando-as a partir de novas informações, como
destaca:
"Três anos depois (de seu trabalho anterior, de 1996) já é possível
contar com uma série mais longa e revista das PIAs (1989 a 1995) e
com outra fonte oficial de dados: as Contas Nacionais (1990-1997).
Foram feitas também outras estimativas do valor da produção na
indústria tendo por base o censo de 1985 (a de Haguenauer et ai.
que será vista em seguida). As PIAs, no entanto, pennanecem como
54
a mais atualizada fonte primária do valor da produção na indústria
e, portanto, como a alternativa que nos parece mais confiável."
(p. 3)
Acrescenta em nota de rodapé a justificativa de suas escolhas:
"A PIA 1996, no momento em que esse artigo foi escrito, também já
estava disponlvel. No entanto, dadas as mudanças de
classificação e de unidade de levantamento estatístico feitas pelo
IBGE, não é possivel compatibilizar seus resultados com os
resultados dos anos anteriores." (nota 2, p.3)
"As Contas Nacionais estimam os dados a partir da PIM e do IPA."
(nota 3, p.3)
O novo trabalho abrange 49 atividades industriais, aumentando a cobertura de
sua base de dados para 75% do valor da produção da indústria de
transformação mais extrativa e cobre o período 1989/1998. A base não
incorpora as indústrias de mobiliário, couros, editorial e gráfica e diversas.
b) Base VP - Haguenauer , 1998
Em HAGUENAUER et ai. { 1998), referida nessa tese como HAGUENAUER, são
construídas novas estimativas do valor da produção, em dólares correntes, de
1985 a 1996, para 39 atividades industriais definidas a partir das classificações
utilizadas nas Matrizes de Relações lnterindustriais de 1985/91 e 1991/96
(níveis classificatórios denominados 'matriz-gênero' e 'nível 100',
respectivamente)15. HAGUENAUER trabalha com todas as indústrias. No
trabalho são calculadas, adicionalmente, para o mesmo nível de desagregação
de atividades e período, estimativas de coeficientes de importação, de
exportação e de penetração das importações.
15 A classificaçêo de atividades das Matrizes de Insumo-Produto já foi objeto de nota
55
No caso do valor da produção são calculadas duas séries, ambas a partir do
valor da produção observado no Censo Industrial de 1985, projetado por
índices extraídos das Pesquisas Mensais de Indústria realizadas pelo IBGE. A
diferença entre as duas séries é que uma projeta os dados do Censo Industrial
pelos índices mensais de variação do valor da produção detectados pela
Pesquisa Mensal de Dados Gerais, originando a série intitulada 'VP
GêneroNalor'; ao passo que a outra série é construída considerando os índices
mensais de variação da produção física, investigados na Pesquisa Industrial
Mensal de Produção Física, conjugados aos índices mensais de preços no
atacado divulgado pela FGV, IPA-Oferta Global, para o período e é identificada
como 'VP Matriz-Quantum-Preços'.
A primeira série apresenta as informações para gêneros industriais, enquanto a
segunda usa uma classificação mista montada pelo trabalho, ora referida a
gênero industrial, ora aos níveis de classificação da Matriz (nível 100).
Construídas as séries em moeda nacional, os dados são, posteriormente,
transformados em dólares americanos pela taxa de câmbio média mensal de
venda. É bastante explorado os desdobramentos da utilização de cada uma das
séries, bem como a comparação das mesmas com as calculadas por
MESQUITA e CORREA (1996).
No trabalho foi justificada a escolha do Censo Industrial por ser o levantamento
que abrangeu o total das unidades produtivas e acrescentaram:
"Outras opções possíveis seriam a utilização da Matriz de Insumo
Produto ou da Pesquisa Industrial Anual (PIA). Contudo, as
matrizes nacionais, a partir de 1990, também utilizam estimativas
para a determinação do valor da produção industrial e, em alguns
casos, não permitem o detalhamento segundo o gênero.
Paralelamente, as PIAs restringem, desde 1988, sua abrangência a
unidades com pessoal ocupado e receitas acima de determinado
ponto de corte, o que implica subestimativa da produção nos
explicativa neste capítulo.
56
setores em que é significativa a participação de pequenos
produtores." (p.6 )
E com base nessas considerações afirmaram que:
"As estatisticas atualmente disponíveis para a estimativa do valor
da produção industrial no Brasil impõem como opçlo básica a
escolha entre informações abrangentes, porém defasadas no
tempo, como é o caso do censo de 1985, ou informações mais
atualizadas, mas referidas a um subconjunto das unidades
industriais em operaçlo no pais, que exclui micro e pequenas
empresas, como é o caso das PIAs". (p. 7 )
E alertaram em relação à escolha de trabalhar com o Censo Industrial:
"0 último levantamento abrangente realizado no país foi o Censo
Industrial de 1985, bastante distanciado em relação à realidade
atual, em especial no que se refere a preços, com a inflaçlo da
ordem de 1012 entre 1985 e 1996. Esse fato constitui, certamente, a
principal restriçlo às séries elaboradas neste estudo". (p.7)
A comparação efetuada, no próprio trabalho, entre as duas séries calculadas
tentava escolher a melhor estimativa para o valor da produção. Consideraram
que "há limitações nas estimativas • decorrentes principalmente das distorções
nos preços introduzidas nos perlodos de aceleração inflacionária • mas a
metodologia proposta para a série VP Matriz..Quantum-Preços fornece razoável
aproximaçlo para a estimativa do valor da produçlo mensal da indústria
brasileira· (p.19). O fato de o valor da produção estimado pela série VP-Matriz
Quantum ter se posicionado acima do calculado pela outra série, principalmente
após 1989, foi explicado com base nessa questão dos preços com alguma
influência de uma provável subestimativa do valor da produção declarado na
PIM-DG. Isso, por sua vez, foi levantado sob o argumento de que as empresas
estariam aproximando o conceito de valor da produção do estabelecimento ao
de 'expedições' (vendas mais transferências) da unidade local, o que
acarretaria a subestimativa citada. Concluíram que a série VP-Matriz-Quantum
57
apresentou-se, de modo geral, mais consistente com os resultados registrados
em outras fontes com as quais foram confrontados 16.
Uma certa semelhança verificada entre as estimativas por eles
construídas e os dados das matrizes industriais é justificada porque
seguiriam metodologia semelhante à que empregaram, vale dizer, as
Matrizes também são construídas por estimativas derivadas do uso das séries
mensais de produção física do IBGE e dos índices de preços da FGV.
Outras comparações também foram efetuadas no trabalho, destacando-se
aquelas com o trabalho de MESQUITA e CORREA antes citado17. Para efetuar
as comparações, reagregaram as séries de valor da produção e trabalharam
com alguns gêneros selecionados para compatibilizar com a abrangência das
séries de MESQUITA e CORREA , concluindo que encontraram diferenças
significativas em função das distintas metodologias empregadas.
Como primeiro aspecto a influenciar as diferenças destacaram que MESQUITA e
CORREA, como já visto, partiram das Pesquisas Industriais (que representam
uma parte do conjunto de unidades produtivas industriais) para construção de
suas estimativas, e não do Censo Industrial (o qual investiga todas essas
unidades). Essa questão vai repercutir distintamente nas atividades, sendo
mais significativa naquelas onde há maior número de unidades de pequeno
porte, as quais estariam no Censo e não nas Pesquisas.
Em segundo lugar, fizeram referência às diferenças decorrentes dos conceitos
de unidade de investigação entre esses dois levantamentos. Como
assinalaram, a unidade de investigação adotada em 1985 foi o estabelecimento
industrial, enquanto nas Pesquisas Industriais, atualmente, é a unidade local
(que é o mesmo que um endereço de atuação da empresa).
16 São citadas as seguintes pesquisas do IBGE: Pesquisa Industrial Anual de 1988 a 1990 e Matriz de Insumo-Produto de 1990 a 1994 e Censo Cadastro 1994.
17 Além dele, também consideraram as projeções de BONELLI (1998}, as quais não serão tratadas nessa dissertação.
58
O estabelecimento industrial é uma partição de uma unidade local,
representando um conceito de indústria em que a atividade industrial é
identificada a partir do processo de produção, podendo vir a ser definido, em
uma unidade local, mais de um estabelecimento. Quando isso acontece,
"aumenta o valor do consumo intermediário e o valor da produçlo no montante
de cada transaçlio intra-unidade local. Assim, as séries estimadas ( .•. ) que têm
impllcito o conceito do Censo, devem apresentar valores de produçlo
superiores aos estimados com base em pesquisas referidas a unidades locais,
como acontece com aquelas cujo processo de produçlo é comumente realizado
por meio de etapas distintas e integradas em uma mesma planta (petroquimica,
máquinas e equipamentos, siderurgia, e talvez quimicos diversos - "a partiçlo
em estabelecimentos ampliaria sensivelmente seu valor da produçlo)". (p.9}
Um último aspecto refere-se ao fato de se trabalhar com índices anuais
(MESQUITA e CORREA} ou mensais (HAGUENAUER) para atualizar as séries de
valor da produção e para transformar em dólares as séries calculadas. "Teste
realizado com a série VP-Quanfum-preços comparando-se os resultados obtidos
por meio da conversAo da soma dos valores mensais em moeda brasileira pela
taxa de câmbio média anual com o total dos valores mensais em dólares
(convertidos cada um por taxas mensais) mostra variaçlo máxima para o
conjunto da indústria, no ano de maior inflaçlo (1989), de 11%". (p.19)
Especificamente com relação ao trabalho de MESQUITA e CORREA, este último
avança em abrangência. Enquanto o primeiro cobre um conjunto de atividades
que representam 75% do valor da produção total da Pesquisa Industrial Anual
de 1992, o último cobre toda a indústria de transformação e extrativa. Por outro
lado, o de MESQUITA e CORREA é muito criativo no conjunto de indicadores
que apresenta e nas tipologias de indústria que introduz para análise do
desempenho da indústria.
59
c) Base VP - Contas Nacionais
O IBGE divulgou, na segunda metade da década de 90, as Contas Nacionais
do Brasil para os anos 1990/1998. Essa série representa uma nova metodologia
de construção das Contas, tendo por referência o System of National Accounts
- SNA, de 1993, das Nações Unidas. É um trabalho interessante e de fôlego,
mas que também não compara as séries ora divulgadas com os dados
anteriores, para os anos 80. O Departamento de Contas Nacionais do IBGE
tenta subsidiar essa comparabilidade divulgando, adicionalmente, um período
de observações comuns entre a antiga e a nova metodologia. Ou seja, há duas
séries - uma que contém a estrutura que vai de 1990 a 1995 na metodologia
antiga e uma outra que parte de 1990 em diante, definindo um período comum
(1990/95) entre ambas, a partir do qual supõe-se que os usuários poderiam
proceder ao encadeamento das duas séries.
Como esclarecem as Notas Explicativas que constam da apresentação das
Contas na Internet:
"( .•. )os dados divulgados referem-se às Tabelas denominadas de
Recursos e Usos (TRU), as quais fornecem informações sobre a
origem e destino dos bens e serviços gerados na economia
brasileira, detalhadas por atividade econômica e por produto. As
Tabelas de Recursos e Usos (anteriormente denominadas Tabelas
de Insumo-Produto) permitem analisar o funcionamento da
economia de um país, na perspectiva das atividades econômicas.
Esta abordagem possibilita compreender as principais
caracteristicas do processo produtivo, ao identificar as atividades
econ6micas (agricultura, indústria, comércio, transportes,
serviços, etc.) mais importantes para a geração do produto, renda
e emprego no país".
Essa Tabela fornece dados de valor adicionado, remunerações e excedente,
pessoal ocupado e valor da produção. Pelo sistema antigo não se dispunha do
valor adicionado em separado, mas do valor da produção e do consumo
intermediário. O valor adicionado era calculado pela diferença entre essas duas
60
variáveis nos anos de Censo e projetava-se esse resultado para os demais
anos- hipótese de coeficientes técnicos constantes, isto é, que essa relação
não se alteraria. Na nova série passou-se a divulgar estimativas do valor da
produção a preços correntes para 30 setores no período 1990/98 assim como
do valor adicionado. As novas séries são estimativas que também consideram
as Pesquisas Mensais do IBGE, com a ressalva que o trabalho de fechamento
das Tabelas das Contas Nacionais é muito meticuloso, envolvendo o
balanceamento de várias informações. Aqui uma variável tem graus máximos
de interdependência com as demais.
Da base de dados de Contas Nacionais, serão apropriadas as informações de
valor da produção para as 28 atividades industriais, no período de cobertura da
nova série de dados, 1990 a 1998.
d) Censo Industrial 1985 - Pesquisa Industrial Anual ( PIA 96/98 )
Os dados de 1985 provêm do último Censo Industrial realizado no Brasil
adaptado às mudanças metodológicas introduzidas nas pesquisas anuais pós
1996 de modo a tomá-lo, de alguma forma, comparável. Essas adaptações
foram produzidas pela equipe de trabalho do Departamento de Indústria do
IBGE, e dizem respeito a compatibilização da unidade de investigação e da
classificação de atividades. Já as informações para 1996 e 1998 são das novas
pesquisas anuais disponíveis. Os dados referem-se à ótica de investigação
'unidade local', lócus de realização das atividades industriais - não se referem à
empresa como um todo.
As PIAS representam, atualmente, na ausência do Censo Industrial, a mais
importante pesquisa sobre a atividade industrial (atividade x empresa} que o
IBGE realiza. A série que se (re}inicia com informações para o ano de 1996 tem
seus dados expandidos para um universo de empresas que abrange todas as
empresas industriais com mais de cinco pessoas ocupadas identificadas no
Cadastro Central de Empresas do próprio IBGE. A coleta de dados é feita para
a totalidade daquelas que têm mais de 30 pessoas. Para as empresas com
61
o número de pessoas ocupadas entre 5 e 29 pessoas, efetua-se uma amostra
das empresas, isto é, uma seleção por amostragem probabilística, ou seja,
pesquisa-se um sub-conjunto de empresas que representam uma certa
proporção do universo que se quer representar, proporção que se converte em
fator de expansão dos dados relativos as mesmas, uma vez concluída a
pesquisa.
Assim, a PIA investiga a atividade industrial praticada nas empresas
industriais com mais de 5 pessoas. Não inclui, portanto, em sua
expansão, as empresas industriais com menos de 5 pessoas, tampouco a
atividade industrial realizada em empresas não industriais.18
Muitas foram as mudanças introduzidas pelo IBGE na sua forma de trabalhar as
estatísticas industriais, relativamente ao último Censo Industrial. Uma das mais
importantes, citada na introdução desse capítulo, foi na taxonomia de
indústrias, agora refletindo as desagregações constantes na versão 3 da ISIC.
A identificação da empresa como unidade de pesquisa básica, aonde se
investigam as informações que serão rateadas pelas suas unidades locais, as
quais, por sua vez, investigam um elenco bem reduzido de dados, visando
orientar esse rateio, são outros exemplos de alterações. As empresas entre
cinco e vinte e nove pessoas ocupadas só são investigadas ao nível 'empresa',
não havendo questionário de unidade local, o que pressupõe que todas essas
empresas operam em um único local (talvez isso não seja de todo improvável).
A nova PIA tem comparação com o passado para algumas atividades. Não
há comparação entre as atividades do complexo metalmecânico,
principalmente, em função das mudanças introduzidas ao nível da
classificação de atividades e do conceito de indústria.
18 Uma avaliação dessa exclusêo pode ser feita através dos dados do Censo de Empresas de 1985 e do Cadastro Central de Empresas do IBGE para 1998. As empresas industriais com menos de cinco pessoas ocupadas representavam, em 1985, 4,1% do total de empresas industriais e respondiam por 48,5% do emprego total; em 1998 essas proporções foram de 8,8 % do total de empresas industriais registradas pelo Cadastro e 66,6% do total de pessoal ocupado.
62
A compatibilidade tem que ser buscada ao nível menor de desagregação
possível - questionários para identificar produtos e atividades e
reclassificá-los, o que só pode ser feito pelo produtor da informação.
Um elo foi feito pelo Departamento de Indústria do IBGE, inserido de forma
discreta na Análise de Resultados que acompanha a divulgação da Pesquisa
Industrial Anual de 1997. Esse elo refere-se ao recálculo de algumas
informações referentes a 1985, sob a ótica dos novos procedimentos
metodológicos das PIAS de 1996 em diante, especificamente as informações
sobre a percentagem do valor da transformação industrial e do pessoal
ocupado de cada atividade (nível de divisão da CNAE) no valor total da
indústria extrativa e de transformação.
A forma foi discreta porque tímida face à importância dessa comparação e ao
trabalho nela incorporado, uma vez que são divulgados apenas os percentuais
relativos às participações citadas - ou seja, não se divulgam valores, tampouco
outras variáveis. Também não são apresentados esclarecimentos sobre as
adaptações metodológicas.
De qualquer forma, seja por disponibilização universal ou seletiva (para todos
que solicitarem), os interessados passam a ter um elemento de confronto, no
passado, para apurar as mudanças estruturais no presente.
A base de dados denominada Censo Industrial 85 - PIA será assim constituída
- apenas dois anos de informação e não uma série. Será trabalhada,
basicamente a comparação Censo Industrial 85 - PIA 98. Não se cogitou
trabalhar com os dados de 1996 a 1998 porque a intenção dessa dissertação é
mostrar mudanças no longo-prazo, optando-se pelo último ano mais recente
para estudo. Entretanto, serão usados, os dados da PIA 96 para compor um
período de observação comum com a base de HAGUENAUER, 1985-1996, para
os fins metodológicos do Capítulo IV.
63
Essa base de dados representa o material disponibilizado para análise nesta
tese. Em vista disso, optou-se por acrescentar à linha de investigação via série
histórica de valor da produção, a investigação das mudanças via valor da
transformação industrial -VTI. Isso se deve, em parte, porque já havia grande
investimento de reconstituição do ocorrido no período via análise das bases de
valor da produção e, principalmente, porque essa análise acabou por revelar
limitações que devem ser compartilhadas e que serão apresentadas no item a
seguir.
Consta do Anexo Estatístico a base de dados 1985, 1996 e 1998 relativa às
informações sobre valor da transformação industrial e pessoal ocupado ao nível
de grupo da nova Classificação Nacional de Atividades Econômicas.
64
r-~ QUADRO riú - SOOESE COMP ARATN A ENTRE AS BASES DE DADOS "ESTIMADAS" I ~~· ~~~~~~~~~~~~~·
i ATRIBUTOS [ __ ,..,.,. I' DAS BASES I
PARA OS ANOS 90
H DE DADOS I CONTAS NACIONAIS HAGUENAUER
I --~-l·-· _(estatística oficial)__j ··---·----------------' ----------------' ~ .. I
1990/98 1• Referência 1 •
lL-.. ______ _jc_'_ ----------·-----1 -------------------l
1.· -~etodo1o: . . i Conceitos, critérios e 1 · procedimentos do Novo 1.. Sistema de Contas I Nacionais, baseado no i'- SNA-ONU, 1993. I . SériesdeVPeVA 1. produzidas por ! estun' att' vas
Estimativa de duas séries de evolução do VP de 1985:
· através do produto de índices mensais de produção fisica e
. índices de preços por atacado e através dos índices mensais de
. VP. Deflacionamento mensal. Efetua ajustes "ad hoc".
1989/98
T Estimativa da evolução ! •
. do VP de 1995 até 1998 I através de médias anuais dos índices mensais de
· valor da produção. Deflacionamento anual. Não efetua
I'
l l ! I l· I
I i• ~.-.... -----------' ;.._, ___________ __,l;__ ___ ~---------' '""'i
i l: ji ::m~:, Pesquisa Industrial Anual j.
I! ~como i' 1989/90 e 1992 a 1995 I I' ------------~'---·----------'----------' L ""'""!! ............... _.. L
I; Pesquisas I· Pesquisa Industrial Pesquisa Industrial Mensal de Pesquisa Industrial
1
1:
1• :::spara a j; ~7~g;9~odução Produção Física 90/98 Mensal ~~=os Gerais l•
li estimação I; ...... I'Pesq=~Mensalde r I i Dados Gerais 95/98 I ' ~~-------------~ ··r · --T
l: IPA/00- FGV- 89/98 I.
I ~ :1: Total da indústria: todos .. 1
!1-... T_o_ta1_da_in_dustn-~.-.... -. ·a-:--~od-... -0-. s-o-s--.. -'F Parte da ~d~stria ~~~ l 1: I•
atividades: I' os setores produtivos 1:.·. setores produtivos (37 I .. · categorias) segundo a 1
1
_
. número de : representados ao nível 50 !.·._···. categorias) segundo agregação 1
.. -.. ::!~rãonoesl:~ra0sda pelo 1·;.
I. categorias de e 80 da Classificação de e compatibilização elaborada
1
··;._• ... · agregação dos Contas Nacionais, versão pelos autores nas várias I• fornecidos pelo ffiGE 1·-·.··
setores 1990. Esse nível detalha !' • classificações de atividades I i para os setores da
produtivos 28 atividades industriais. ~~ ~ •. _.. ad0ng~temadads0n8odados levan8
. tamentos de . · Classificação Contas ,.
li. Nacionais, versão 1985-i (ver Quadro ill.2) : Nível100
IP A/00 - FOV - 85/98
.... -, ... -, .. -.... -.... -... -.... -..... -... -.. -, --' ....... - .. -... ,-.. ,.-.,.-,,,-,,-,-,,,.,.-,-,,,-,-,,-.... -:-: ... ,-,, .-,,-,,-,::,,-::. ,"":'", -:-:::'1' "' ""'""'""""""" "'"'' . "'""""'' ""'""" '" '"" ""'"""""'' "'""" ""'"'""""" "'"""" '"'""' "" ,.,,, '"""" ••""''
65
QUADRO ill.2 - CARACTERÍSTICAS SELECIONADAS DO UNIVERSO DE INVESTIGAÇÃO DAS PESQUISAS
~::::-:--:-----_ -:- ~ps~s_l)o 1B~E 1!IILIZ~A.~ ,!'ARA_ A E~T~x~()_l)AS ~A.sF:~ l)~RADOs _______ :-:--:--· I i I i Pesquisa - ·· i PesqUisá l I• Cara~erísticas j Censo Industrial i Pesquisa Industrial Anual j Industrial Mensal i Industrial 1
l do umverso de 1 1985 l 1_ de Produção I, Mensal ; l• investigaç~o j ~-----1989/-1---1 9921 i -- 19961 - l Física j deDadosGerais !. 1 das PesqUisas I i 1990 , 1995 ! 1998 l. 1989/1998 1 1985/1998 ! 1'-----------~ ·-------------- _______ j _____ __j _____________ J ___________ __j _____________ ).
I· I I I CEMPRE 1996/98 i I I Cadastro i Não há CI 85 I sem as empresas i · CI 85 sem 1 CI 80 l 1. básico I /· sem microempresas I com PO menor ! microempresas I !. f:_--____ -_ ---::-_-____ -_ --:J~-------___ j ~-----.. -----~ ~~qu~- _? ~~~--::--1 ~•---... -.. --... -.. _____ ..j:.... ~-L j I i Amostras ! 'Corte' intencional j 'Corte' J
I' Método de 1- Recenseamento j ~robabilísticas i de um painel. d.e i ' int_encional de um !I Amostra 1· seleção dos ! nacional l mdependentes de j . grandes e med1as J pamel de . • probabilística de I I Utfonnantes I Coleta especial I =~::.~de I :;;~~;:'as i ~-=~::, I ~":'vas de [ 1
li durante a operação I Extrato certo para i · quais a coleta é i · industriais 1 PO > 5 pessoas i· 1 · · censitária de um ! . empresas com 1- censitária; seleção !,i_ responsáveis por J para representar ,J.·
, 1 'corte' intencional _11 · PO> 1. 000 e receita , de amostra cerca de 60% do I o universo do
'.!.· I' de um painel de i; bruta > 500 bilhões 1
11 probabilística no j· VP por gêneros l emprego e do 1•
grandes empresas ; de unidades restante do ! . selecionados 1 salário nas 1-
j. 1• para garantia de j monetárias da época. I universo de I' Alguns produtos i unidades I• I• I qualidade I. Acréscimo anual dos I. seleção pesquisa I. têm cobertura i• industriais ! , 1 j• i novos da RAIS. I ( 5<P0<29 I censitária. I i
~~=•• ~----- J. Extração mind:s:d~~trias de tr~fo~ação -~ ·.. ___ _j ! Empresas I . -. . I Ativ. principal:' i I j
1 pesquisadas 1, Ati~~~:.:~~ç~!~~:~p~~;io, I (C~~~~~=ão: I I i j 1 (Classificação: ffiGE.l_ ____ ]• informante)__j ,I 1
I l: ~~=i= ::S l 'microempresas' e j !:~~e~~:; I Idem CI 85 sem I. Estabelecimen- i I i 31 12 85 com ou I empresas sem CGC
1!' ocupadas I' 'microempresas' 1. tos segundo o i'
I l'~t; I I ~~~- I' 080
I
I ~~~-•- =:~.:.!. r ~,: .. _. ~~: ~,:_ •. _. l l ou sem vínculo 1 L
l '::;;:~~c~~;~ li ji J: _j _j
I,:._·Si·· -1,. __ :_• ;:;?.: !11.: ~~: •I,'. ·~~J-·.:_ -ur€ ··-I __ :_· <~-~'----~-~--ab-~-1~-8-~-~·.:11 . produtivo- CI 85l.J ______ __;
~·-~(~E~~~F..·Ji :S:T 1
1
i serviços industriais - só para CI 85 ) e li_ grupos e grupos
1; Classificação Con~:acionais 85/Nível
1, de indústrias)
·------'
73o J>iõ<tuios- e l-
gêneros de I indústrias - ,!
CAE-85;
GênerosCAE 85
CN- 85/N.lOO; e
a~~1~~~5J~• _________ -_------~ 66
111.3 - Possibilidades e limites no uso das bases de dados industriais
O que as três primeiras bases têm em comum é o fato de serem provenientes
de estimativas, já que nenhuma resulta da pesquisa direta de dados. Ainda que
assim seja, a base de Contas tem o 'status' de fonte oficial, de expressar um
sistema integrado de informações, o que faz com que cada um de seus dados
seja parte de um conjunto onde cada informação tem laços de interdependência
com as demais. Outra das três bases, HAGUENAUER, foi construída por uma
especialista em estatísticas industriais que, inclusive, assessora a construção
das Contas Nacionais do Brasil. Por último, a de MESQUITA, cuja inventividade
e criatividade o tornaram autor de um dos trabalhos mais insistentemente
citados pelos estudiosos de indústria, como já foi apontado anteriormente.
De início a existência de mais de uma base de dados levantou a questão da
comparabilidade, ainda que essa não fosse a intenção original. O que uma base
de dados estaria revelando também se observaria nas demais? Isso porque as
bases apresentam diferenças de natureza classificatória, de procedimentos de
estimativa, de detalhes técnicos na sua construção, como ajustamentos
'ad hoc' nos dados, etc. Com que nível de classificação trabalhar era uma
decisão porque elas não são compatíveis de imediato e, em alguns casos nem
permitem agregações. E no caso de classificações compatibilizadas porém com
dados muito divergentes, como proceder? Ou seja, a questão da
comparabilidade implicava em tratar de classificações e de especificidades
metodológicas.
Essas considerações decorrem do insucesso das tentativas de trabalhar com
as três bases compatibilizadas. Chegou-se a trabalhar com um elenco comum
de atividades, o que significou retirar das duas primeiras bases as indústrias
não cobertas por MESQUITA. Não foi possível esclarecer as divergências entre
as séries de participação do valor da produção de cada atividade no total ao
longo dos anos cobertos pelas mesmas, que podem resultar de várias causas,
optando-se por não prosseguir com esse tipo de avaliação - os dados
trabalhados encontram-se no Anexo Estatístico.
67
É com consciência da qualidade desses trabalhos que se foi buscar começar a
reunir informações sobre a questão dessa dissertação, a saber, a natureza da
indústria que emerge das mudanças dos anos 90. Os resultados mostram
que não é indiferente trabalhar com qualquer das bases. A aparência é
que, pela base de Contas Nacionais, a estrutura industrial via valor da produção
praticamente não se alterou. As mudanças são encontradas nas outras bases,
conforme será visto no próximo capítulo. Na base de MESQUITA as mudanças
são muito aprofundadas, o que deve decorrer da não inclusão de algumas
atividades, o que leva a distribuição do peso das mesmas sobre as demais. A
base de HAGUENAUER parece mais robusta, mas só vai até 1996. A mudança
é, inclusive maior quando são considerados os anos 80 e a base Censo
Industrial - PIA. Esta, por sua vez, não engloba as empresas de menos de cinco
pessoas.
Como características gerais das bases de dados 19 tem-se:
1989-1998
95
... l
1985 §. 1998 1
Os gráficos a seguir referem-se ao confronto dos formatos da base de
CONTAS nas estruturas de 1990 e 1996, em relação à de HAGUENAUER e nas
1 9 No Anexo Estatístico consta a apresentação das classificações adotadas por cada uma das três primeiras bases, cujo tradutor de correspondências é o conteúdo da Tabela 1. A seguir, no referido Anexo, as Tabelas 2 a 5, trazem o conteúdo de cada base em si.
68
estruturas de 1990 e 1998, em relação à de MESQUITA. Estão incluídas
atividades comuns, agregadas para permitir comparações - a Tabela 6 do
Anexo Estatístico contém as estruturas de valor da produção por atividades
compatibilizadas, segundo a Tabela 1 citada entre essas três bases de dados.
Uns esclarecimentos sobre o tipo de gráfico e sua leitura são oportunos. É um
gráfico da Planilha Excell, tipo 'radar', onde nos eixos são plotadas as
atividades e ligados os pontos correspondentes às suas participações no total
da variável considerada, no caso o VP, em cada ano analisado. A escala
referente a essa participação é mostrada no primeiro eixo vertical. Círculos
concêntricos permitem visualizar a escala nos demais eixos. Uma linha fechada
significa a estrutura industrial de um ano específico. Os gráficos apresentados
contêm, portanto, duas linhas fechadas, relativas às estruturas industriais de
cada par de anos avaliado entre as bases. Esse tipo de Gráfico permite uma
leitura mais dinâmica das mudanças, como se pode observar diretamente nos
mesmos. E será, por isso mesmo, o tipo de Gráfico básico das avaliações do
próximo capítulo.
Um exemplo de leitura do Gráfico 111. 1. Verifica-se uma substancial ampliação
da participação da indústria de Alimentação, Bebidas e Fumo e o encolhimento
da participação da Química. A coincidência de pontos entre os dois anos
mostra estruturas invariantes (por isso não se percebe muito bem os pontos da
linha escura, apenas os da linha clara que se superpõe a eles).
No Gráfico 111.1 verifica-se a semelhança entre os formatos das duas bases de
dados e, no Gráfico 111.2, as variações mais bruscas na base de MESQUITA e
mais suaves na base de CONTAS, conduzindo a índices de mudança estrutural
tão díspares, como será visto no próximo capítulo.
69
GRÁFICO 111.1 -COMPATIBILIZAÇÃO ENTRE AS BASES DE CONTAS E HAGUENAUER
M = 6,92
ESTRUTURA VP Haguenauer Arm BebeFu
-+-1990
1990-96 -1996
eGraf
M = Índice de Mudança Estrutural ( vide metodologia no Capítulo IV)
70
GRÁFICO 111.2 -COMPATIBILIZAÇÃO ENTRE AS BASES DE CONTAS E MESQUITA (90-98)
ESTRUTURA VP Mesqu~a 1990-98
M = 18.68 Atividades
ESTRUTURA VP Contas Nacionais 1990-98 -+-1990
-1998
Atividades comuns •• M = 8,23
M = f ndice de Mudança Estrutural (Vide Metodologia no Cap.IV}
71
CAPÍTULO IV
ESTRUTURAS INDUSTRIAIS COMPARADAS
As interpretações representativas sobre o processo de transformação porque
passou a indústria brasileira nos anos 90, apresentados no Capítulo 11, sinalizavam
para duas possibilidades:
a) pela primeira, a indústria teria passado pelos momentos mais difíceis de
adaptação à abertura econômica, às desregulamentações e à invasão de
competidores e sairia reajustada, adaptada às novas práticas de
relacionamento nas cadeias produtivas em que estaria organizada. Às
elevadas importações se seguiriam aumentos de investimentos, fossem pelas
empresas internacionais entrantes, fossem pelas empresas aqui instaladas
reestruturadas, que levariam a ampliações da capacidade produtiva e a
aumentos da produção - o processo resultante desse ajustamento foi
chamado de reintegração produtiva;
b) pela outra interpretação, a indústria resultante desse processo de mudanças
estaria mais enfraquecida enquanto potencial de geração e difusão de
tecnologia e garantia de melhor posicionamento futuro para si própria e para a
economia em seu conjunto. Isso porque, além das elevadas importações, o
padrão de investimento subseqüente não teria alterado o padrão de
especialização competitiva da indústria. Pelo contrário, pós estabilização, os
setores que teriam ganho peso na estrutura produtiva seriam menos intensivos
em tecnologia e mais intensivos em recursos naturais, motivo pelo qual o
processo resultante do ajustamento foi chamado de especialização
regressiva.
Mudanças na estrutura industrial são um ponto de partida da tese, sendo objetivo
desse capítulo identificar sua natureza, conforme as interpretações descritas.
72
Assim, a partir das Bases de Dados apresentadas no capítulo precedente foram
pesquisadas as mudanças na estrutura industrial brasileira visando responder à
questão central dessa dissertação, a saber, a natureza da indústria que emerge,
no Brasil, das transformações ocorridas nos anos 90. Muito se percorreu até
chegar ao momento de apresentação dos resultados dessa busca.
IV.1 - Busca de mudanças
Um primeiro aspecto metodológico refere-se à decisão de trabalhar com as
quatro bases de dados a partir de suas configurações originais, ou seja, com
a descrição de atividades de cada uma, pesquisando semelhanças de
comportamento entre essas atividades.
Para auxiliar na identificação de cada atividade segundo a intensidade de sua
variação, optou-se por considerar as seguintes faixas de variação absoluta da
participação de cada atividade no total entre os períodos analisados e seguir os
procedimentos listados:
- 0,5 $;; A $;; + 0,5-+ considera-se que não há mudança no peso da atividade;
- 0,5 > â > + 0,5-+ listam-se as atividades segundo o sentido da mudança
Inicialmente, as bases de dados trabalhadas para revelar a estrutura industrial
decorrente das transformações verificadas nos anos 90 foram as de MESQUITA,
HAGUENAUER e CONTAS NACIONAIS. A estrutura industrial foi avaliada pela
participação do valor da produção de cada atividade considerada, no valor da
produção industrial da indústria de transformação.
As mudanças na estrutura industrial entre os anos iniciais e finais de cada uma
podem ser visualizadas nos gráficos a seguir. As atividades estão listadas em
ordem decrescente da diferença entre a participação no VP no ano final e inicial
de cada série- por exemplo, no caso de CONTAS, entre 1998 e 1990.
73
Na base de CONTAS, dentre as 28 atividades industriais identificadas, destacam
se aquelas cuja variação é menor que (-0,5) ponto e maior que (+0,5) ponto na
diferença de participação entre o ano final e inicial da série. Por esse critério,
ressaltam-se as alterações como: redução da participação de todo o Complexo
Têxtil (que inclui as indústrias têxtil, vestuário e calçados, incluindo couros),
Equipamentos Eletrônicos, Máquinas e tratores, Siderurgia; aumento da
participação de várias atividades da indústria Alimentar, Automóveis, caminhões e
ônibus, da Farmacêutica e perfumaria. Para a maior parte das atividades
praticamente não houve variação em seus pesos, como se vê no Gráfico abaixo
desde a indústria do Açúcar até a de Outros veículos.
3,5 Abs
2,5
1,5 \
0,5
.0,5
·1,5
·2,5
-3,5
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Fonte: Tabela 2- Anexo Estatístico
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Gráfico IV.1· VP ·Contas Nacionais Diferenças Absolutas entre a Participação de cada
Atividade no VP total em 1998 e em 1990
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A base de HAGUENAUER identifica 37 atividades e o período de referência é de
1985 a 1996. Seguindo o mesmo procedimento anterior, identifica-se maior
número de atividades com perdas e ganhos de participação entre os dois anos
considerados. Para o Complexo Têxtil, a perda aqui é mais acentuada. Também
se repete a perda de participação da Siderurgia e de Equipamentos eletrônicos, ao
lado de atividades não identificadas antes e que são: Refino do petróleo e
Petroquímica (que acentuam sua queda nessa base), Não ferrosos, Álcool, Outros
metalúrgicos, Químicos diversos, Máquinas elétricas, Fabricação de óleos
vegetais, Açúcar e Café - esses três alimentares com ganho de peso na primeira
base. Com ganhos de participação igualmente há atividades que se repetem -
Automobilística, Perfumaria, Farmacêutica, as quais se acrescem as indústrias de
74
Bebidas, Outros veículos, Minerais não metálicos, Mobiliário, Madeira e algumas
atividades da indústria Alimentar.
3,51 2,5
1,5
0,5
Abs Gráfico IV .2 VP • HaguenauerDiferenças Absolutas entre a Participação de cada
Atividade no VP total em 1996 e em 1985
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Fonte: Tabela 3- Anexo Estatístico
A base de MESQUITA não cobre as atividades de Mobiliário, Couros, Gráfica e
Diversas, de modo que o VP total da indústria não considera essas atividades. Ao
calcular o peso de cada atividade no total, cada uma tem seu peso aumentado na
proporção da distribuição do peso das atividades não cobertas. Repetindo o
procedimento efetuado nas outras duas bases, as atividades que perdem mais de
0,5 pontos de participação no VP total, entre os anos inicial e final da série, são,
de novo, Siderurgia, parte do Complexo Têxtil (vestuário, fibras têxteis naturais,
fibras têxteis artificiais e sintéticas e calçados}, Eletrônicos e comunicações. Além
dessas, aparecem Outros alimentares, Laticínios, Resinas e fibras químicas, Não
ferrosos, Eletrodomésticos, TV, rádio e som, Abate, Outros metalúrgicos e
Máquinas e equipamentos. As atividades que apresentam ganho de participação
são, tal como apontado nas outras bases, a Farmacêutica, Perfumaria e
Automobilística, além de Refino de petróleo, atividades da indústria Alimentar
(açúcar, abate de aves, óleos vegetais e alimentação de animais}, Fumo, Bebidas,
Cimento e Químicos diversos,
No gráfico a seguir as atividades estão separadas segundo o sentido da variação
da diferença de participação no VP total para facilitar a visualização, uma vez que
o número de atividades nessa base é bem maior que nas anteriores.
75
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
-4,0
-5,0
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Fonte: Tabela 4 -Anexo Estatístico
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Gráfico IV.3 - VP - Mesquita -Diferenças Absolutas entre a Participação de
cada Atividade no VP total em 1998 e em 1989 I - Variação Positiva
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11 - Variação negativa
A base de dados do Censo Industrial 85 e da PIA 98 é mais extensa, cobrindo 95
atividades e levando em conta 13 anos de desempenho industrial. A variável
observada agora é o valor da transformação industrial e não mais o valor da
produção. As atividades referem-se a nova classificação de atividades do IBGE, a
CNAE. Em termos de cobertura não abrange as empresas industriais formais com
menos de cinco pessoas. Reproduzindo o mesmo procedimento de identificação
das maiores variações entre o ano inicial e final de cada base, o que se encontrou
na presente avaliação pode ser visualizado nos gráficos a seguir que, também,
separam as variações positivas, das negativas.
76
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
-2,0
-2,5
Fonte: Tabela 5 - Anexo Estatístico
Gráfico IV.4 Base de Dados Cl 85 - PIA 98 - Diferenças Absolutas entre a Participação do VTI de cada atividade no VTI total em 1998 e em 1985
I - Variação Positiva
11 - variação Negativa
Observa-se que, perdem participação no valor da transformação industrial de 1985
para 1998, parte do Complexo Têxtil (fiação mais tecelagem, serviços de
acabamento e vestuário) e produtos siderúrgicos (não provenientes de siderurgias
integradas), além do Refino de petróleo, que igualmente aparecera na base de
HAGUENAUER (e que consta na de MESQUITA com ganho de participação),
Máquinas-ferramentas, Tratores e máquinas agrícolas (que já haviam sido
listados na base de CONTAS e em MESQUITA, sob denominação mais abrangente)
e, além desses destaques, Qufmica orgânica, Álcool, tal como em HAGUENAUER,
Forjaria, Diversas, Artefatos de cimento e Construção naval.
77
Ganham participação superior a meio ponto as atividades de Edição e impressão
(que não constam de nenhuma das bases anteriores), as que já foram listadas nas
outras três bases, a saber Farmacêutica, Automobilística e Sabões, detergentes e
perfumaria. Adicionalmente, Bebidas, que já aparecera nas duas bases anteriores,
vários alimentares (laticínios, outros alimentares, abate e rações), Fumo, Plástico,
Equipamentos para transmissão de TV, rádio e som, Química inorgânica e,
diferente das demais bases, o Beneficiamento de fibras naturais.
Reuniu-se as informações coletadas no Quadro IV.I mostrado a seguir. Ele
resume as mudanças de participação de cada atividade no total da indústria.
Observa-se que as atividades que mais variaram seu peso na estrutura industrial
não necessariamente se repetem entre as bases, o que pode decorrer das
diferenças de anos iniciais e finais considerados em cada uma e até por causa das
diferenças de metodologia de construção das séries, além do fato de a última base
operar com as mudanças no valor da transformação industrial.
Por outro lado, algumas atividades se repetem em quase todas as bases,
como a Têxtil e Vestuário, na coluna de perdas de participação e as indústrias
Automobilfstica, Farmacêutica e a indústria Alimentar, ainda que com atividades
variadas, na coluna de ganhos nas quatro bases estudadas; já Siderurgia,
Calçados, Equipamentos eletrônicos e de comunicações estão presentes em três
dentre as quatro bases, assim como Máquinas (aqui reunindo Máquinas e tratores,
Máquinas, equipamentos e instalações, Máquinas elétricas e Máquinas
ferramentas), tendo perdido importância na estrutura industrial, enquanto Bebidas
teve ganhos.
78
QUADRO IV. 1- MUDANÇAS DE PARTICIPAÇÃO NA ESTRUTURA INDUSTRIAL POR ATIVIDADES
~~--·---~-·· .-. --·~~··I vâriável e . i Atividades com l . Atividades com I ! , Bases de Dados ! Período 1• Número de ! Perdas de Participação ! • Ganhos de Participação t
i'cont.S~· {··1990-1998.:~- ira~"i~.l;;p,sJ.tAi=~~~ :.:.~. I· I I I Calçados e Couros í Vegetais, Abate, Benef. , I• l. r. 28 atividades I· Equips. Eletrônicos ~,. Prods Vegetais I
i• l' r 14sem I• Máquinas e Tratores .• Auto, Cameônibus j
j I 1 variação* ! Siderurvia 1· Farmacêutica Perfum l I 1 I i l I Haguenauer l198S.1996 í VP !. Têxtil ! -Beb_idas _____ _ 1,1. 1 j j Petroquímica il. Outros Veículos
1 1 37 atividades I· Vesb.lário e Calçados 1• Uin Não Uetálicos J l• i• 1' Alimentares: Óleos veg. !'Automobilística P l I 12 sem I Açúcar, Café I Mobilário l I 1 varia"a.-. l.· Siderumia I· Alimentos Beneficiados í· i• :: 'F" 'lf I ! . n !1, .· li... Refino, Álcool ~· Perfumaria i I• · Não Ferrosos 1 • Farmacêutica 1:
1
• ' ~
1 .• Outros metalúrvicos I• fllladeira
1 1 1
I ' Químicos Diversos 1 Outras A&mentares 1
I• ! 1 1 Máquinas Elétricas 1 Laticínios i I; Í 1 j l Equips Eletrônicos J: [
!·Mesquita ! 1989-1998 t· VP i. Siderurvía I Fumo 1
.I I I j; V~stuárioe.Calçad~ !·Farmacêutica I L 1 i 1 F1bras têxteis na1uraiS l Refino 1
I· i I 49 atividades ·~; Fibras ~xteis artif e ~nt I· ~menta~: ~çúcar, 1 .. 1 Í t •
1 El~·6ruco~ e Comumc.. ! Alim. AnimaiS, ~te de !
i 1 ~~·.·.··· 22 sem I; ~s.Equ1ps. Insta~: . I• Av~, Óleos vegetais 11 .
1· I• variação , • Alimentares: Latic1mos, 1• Bebidas , I I· j ! Abate animais e outras , Auto, Cam e Ônibus ! I
1
1 i , . Eletrodomésticos i • Perfumaria l ! ; 1:. P TV, rádio esom I Químicos diversos l ! 1 l Resinas e Fibras Ar1if. ! Cimento j
1 1!·.·.. l ll'i :~-=úrgk<>s I· I _______ i I
!. Censo lndl85- Pia 98 ·!1
:.· 1985-1998 I VTI L Fiação e tecelagem • Edição e impressão 11
l· I• I. Prods. siderúllJicos Bebidas
~~·.·.·... !'·.·.• ~· i•. 95 atividades I: Refino e Alcool ! • Farmacêutica ~~~.·· l! Química orvânica p Automobilística
n I 68 sem : Vesb.lário ! . Sabão, deferv e perfum I
I, l l•. variação 1: FOJjaria :Alimentares: Laticínios, j.
1
1r.·.
1
1
1
. I' 11
:• .. ·.==ntas. .e:.:-= I I' I" r . : Tratores e maqs. agnc I: Plástico I 1
j' .. ·.. 11
• ! Construção naval j: Eq .. transm.TV rádio 1.
1; • Serv. de acabamento H Quimicos inorvânicos 1 t .. . ........ . .......... . ............................................................................................................. .
* Sem Variação são as atividades com diferença entre {-0,5; +0,5) pontos na estrutura do VP {ou VTI) entre os anos iniciais e finais apontados na coluna 2.
79
No caso da Têxtil e Vestuário a perda de posição vem se manifestando desde os
anos 80, o que foi acentuado sobremaneira com a abertura econômica e a entrada
de competidores a preços mais vantajosos, tanto na linha da malharia e tecelagem
de algodão como das fibras têxteis artificiais e sintéticas.
Quanto à Siderurgia, as privatizações ocorreram nos anos 90/93 e há estudo
mostrando que o setor não teve perda de competitividade, pelo contrário, teria
havido ganhos. As séries de faturamento e as de produção física, entretanto
revelam que ocorreu perda dos níveis de preços médios dos produtos
siderúrgicos, notadamente no comércio internacional.
A indústria automobilística passou por grande transformação nos anos 90,
reestruturando-se em resposta à abertura comercial e as novas 'best practices'
aceitas para o setor. O ganho de peso decorre dessa nova realidade, com novas
filiais de empresas multinacionais se instalando no Brasil1, visando aproveitar as
vantagens de amplo mercado interno, bem como o Mercosul.
Quanto à farmacêutica já foi apontado que seu ganho de participação decorre de
aumentos de preços que conseguiu sustentar nos anos analisados.
Quanto às máquinas em geral e aos produtos eletrônicos, o encolhimento da
produção é registrado nos índices de produção industrial e em estudos que
enfatizam o efeito perverso sobre a produção interna das importações
generalizadas.
Pelo exposto, parece indiscutivel que têxtil e vestuário, siderurgia,
eletrônicos e equipamentos de comunicações e, ainda, máquinas em geral
1 As novas plantas das empresas fabricantes de veículos são Chrysler (PR), Ford (BA), General Motors (RGS), Honda (SP), lveco (MG), Mercedez Benz (MG), Peugeot-Citroen (RJ), Renault (PR), Toyota (SP) e VW-Audi (PR). Dados da ANFAVEA, reproduzidos do Informe Setorial sobre Pólos Automotivos, BNDES, 2000.
80
tenham perdido participação no total da indústria nos anos 90, assim como
alimentares, bebidas, automobilística, farmacêutica e perfumaria tenham
registrado ganhos.
IV.2 - (ndice de Mudança Estrutural
Até agora se estava apresentando uma síntese dos movimentos de mudanças
definidos por variações fora do intervalo (-0,5;+0,5) pontos nas participações das
atividades entre os anos iniciais e finais de cada base de dados. Por essa via se
conseguiu inventariar um conjunto de atividades que, certamente, alteraram sua
participação nos anos 90. O efeito dessas variações sobre o conjunto da indústria
foi avaliado, por sua vez, a partir do cálculo dos índices de mudança estrutural.
Para avaliação dessas mudanças aplicou-se o índice de mudança estrutural,
consoante metodologia da United Nations Industrial Development Organization -
UNIDO (1997), pela qual a mudança estrutural é captada entre um período (t) e
( t- n ) por um índice M referente ao total da indústria, assim definido:
Mct> = {I:i I ( mi(t)- mict-n) I } + 2, onde
i = cada atividade industrial considerada e
mi = participação do valor adicionado da atividade i no total do valor adicionado da indústria
Quanto maior o valor de M, maior a mudança estrutural observada entre os
períodos considerados. Por exemplo, entre 1965 e 1980, conforme é apresentado
no ECIB2, o índice de mudança estrutural calculado pela ONU, para a indústria
brasileira foi de 30,03, o que é considerado muito elevado, constituindo-se em
evidência de mudança na estrutura produtiva do País no período considerado.
2 O recurso aos índices de mudança estrutural da ONU como evidência de mudanças foi utilizado no ECIB (p.30), que reproduziu os cálculos da UNIDO e, mais recentemente, por Cassiolato (2001, p.112) que reproduziu o mesmo quadro.
81
O Quadro IV.2 reúne os diferentes resultados encontrados. Os períodos foram
escolhidos para possibilitar comparações entre as bases de dados.
QUADRO IV.2 -INDICES DE MUDANÇA ESTRUTURAL- SÍNTESE DE RESULTADOS ,--.------.. -.. --. ---.. ~---·-.. --------.--.. -----:---------1 - . . - . I Variável-~ .. -. Períodos de Referência ~os Cálculos ~ 1• Bases de Dados 1· de l-----:-_-1~---._ ------~---=----.. -
1 •. ---·-:-cl~--:--~
i 1 Cálculo ! .1990-96 i 1990-9811989-96/1989-98j1985-96 i 1985-98 ! 1-----------~ ·-·--- -··---·---" ---"---'----· I 1···· i ···1 T 1
I CONTAS NACIONAIS I VP I 6,92 I 8,23 ! I 1-:-.. -,. ~--~:-::--:-;~-~-.-.. !········ - -~~-----~---~--.. --. ----r~~~-:-:-:-l--~~-
1 HAGUENAUER I VP I 10,561 - i 13,281 - 117,521 ! . ! ~-----····------- -·--------- __j ----·--·--····--·-··J '----- _______ j ·---·-· ------- J ·-··----- ________ j ·---------· .J -------------.----1 j
i MESQUITA I ~p i 17,1~ 118,68 i 19,14122,171 - :1!· l i ' I I i I I ! I:-·--=-:--~---~-=--:-·-~--~--.-,-~ ~::-.~:-=-~.-.-:--·=-·-~ -·-::---::··=-:=--~.i---=---.----·=--! ---.. ---···=-~-J -::-:-:-.-.---··--::: --.-_...---..:·-...-·.-:·:! -·-::::-.--.-.-·=-·~ ·. i I I i I I CENSO IND- PIA I· VTI I I 21,34) 39,01 I j .-.- ~- -------:--~--~ :··.:-:::-::-:.-:-~--:··-=-~::::--:-::·- :·:···-: .. -:-~:·:-:::--:-:·:-:::·:-:-:-::··:-:~- :-·:::-:-:::::-:::-::-:-::·::-.: :· :·:·:-:--::------------------·:·--·:-:-:: ::·--:-:.-.:-·--- _\ ;..... ____________ _\ ---·---·------1 .
Fonte: Elaboração Própria. Metodologia da UNIDO (1997)
Calculando o índice de mudança estrutural conforme metodologia da UNIDO
citada, ainda que a variável VP não seja exatamente a sugerida, mas o valor
adicionado ou o que lhe seria conceitualmente mais próximo, o valor da
transformação industrial, o que se tem é que via CONTAS, com base no período
90/98, a mudança estrutural é muito baixa, de 8,23 e torna-se ainda menor se o
índice for calculado levando em conta o período 90/96, quando o índice apurado é
de 6,92 - o que se calculou para comparar com a base de HAGUENAUER.
Nessa Base, para o período 90/96- similar ao de CONTAS, o índice é igualmente
baixo, de 10,56. Agora se for levado em conta todo o período 1985/98, o índice se
eleva para 17,52 mostrando já uma certa mudança na estrutura industrial. Na base
de MESQUITA, 1989/98, o índice é ainda mais elevado, alcançando 22,17.
82
O cálculo do índice para a base Censo Industrial 85 - PIA, considera o valor da
transformação industrial, coerente com a proposta da UNIDO. Calculando o índice
para 1985/96, caso em que se usou a compatibilização do Censo Industrial com a
Pesquisa Industrial Anual de 1996, o resultado é um índice de 21 ,34, superior ao
de HAGUENAUER para o mesmo período. Considerando, por fim, o Censo
Industrial 85 - PIA 98, como usual ao longo desse capítulo, encontrouNse o
resultado mais elevado, um índice de mudança estrutural de 39,01 no periodo
1985-98. Esse índice é superior ao que havia sido calculado para o período
1965/80 pela ONU, de 30,03 antes citado. Não se pode dizer que não houve
mudança estrutural no período, seguindo essa avaliação.
Algumas observações ressaltam da avaliação conjunta dos índices calculados.
Dentro de uma mesma base, quanto maior o período, maior o índice de mudança
estrutural. Isso se observa em todas as bases, quando foi possível o cálculo do
índice para mais de um período.
Por outro lado, para um mesmo período e bases distintas, o índice tem variações,
às vezes significativas. Por exemplo, para o período 1990/96, o índice de
mudança estrutural calculado na base de CONTAS é de 6,92, enquanto na de
HAGUENAUER é de 10,56 e na de MESQUITA é de 17,16; já para o período
1989/96, a diferença entre os índices calculados na base de HAGUENAUER e na
de MESQUITA apresentam diferenças bem maiores, sendo seu resultado de 13,28
em HAGUENAUER, enquanto em MESQUITA é de 19,14. Entre HAGUENAUER
85/96 e Censo Industrial 85 - PIA 96, o mesmo se verifica, com esse último
apontando uma maior variação.
Isso destaca o fato de as bases mostrarem, de modo sistemático, índices maiores
uma em relação à outra, conforme os dados do Quadro apontam. Os menores
índices são sempre encontrados na base de CONTAS NACIONAIS, seguida de
índices um pouco maiores na base de HAGUENAUER, para índices maiores ainda
na de MESQUITA. Isso é um indício de que não é indiferente operar com
83
qualquer uma das bases. Os maiores resultados estão sempre na base do
Censo Industrial-PIA, que trabalha com o conceito de valor adicionado censal.
IV.3 - Interpretando as mudanças
Até aqui se identificaram atividades que estariam presentes em mais de uma,
dentre as quatro bases trabalhadas, em que pesem suas diferenças, e calculou-se
o impacto sobre o total da indústria de transformação do conjunto de mudanças,
através do índice de mudança estrutural. As avaliações que se seguem visam
inferir o sentido das mudanças. Para isso outra decisão de natureza metodológica
foi a opção de tratar com níveis mais agregados de atividades que os até então
vistos. Isso remeteu ao uso de tipologias de indústrias e, apesar de se ter
trabalhado com várias tipologias3, optou-se por apresentar aquela referente aos
fatores de especialização competitiva, a seguir descritos. O objetivo é interpretar o
significado das mudanças e avaliar se há base empírica para apoiar alguma das
teses inicialmente sumariadas.
A intenção original era trabalhar com uma base de dados, principalmente. Mas as
diferenças encontradas entre elas não deram segurança para se fazer uma
escolha apenas. É indiscutível, pelos dados anteriores, que a mudança estrutural
avaliada sobre a base de CONTAS NACIONAIS fica subestimada. Também o é que
a base de MESQUITA está com seus resultados afetados pela redistribuição do VP
das atividades que não contempla, efeito que se soma ao das pesquisas básicas
de que parte para construir suas séries, que contemplam grandes empresas
somente (vide Quadro 111.2). A base de HAGUENAUER parece mais robusta, mas
só vai até 1996. A última base não incorpora os pequenos, devendo amortecer as
mudanças onde essas unidades são mais expressivas, o que tornaria o índice de
mudança estrutural mais elevado. Levando em conta essas ponderações e a
3 As avaliações foram feitas para níveis de agregações relativos à complexos industriais, intensidade tecnológica, categorias de uso e a tipologia de padrões de concorrência definida em KUPFER (1998) e FERRAZ et ai. (1996)
84
decisão de efetuar a análise subseqüente a partir de um nível mais agregado de
tratamento das atividades produtivas, optou-se por continuar a operar com as
quatro bases, ainda que se privilegie a base do Censo Industrial 85 - PIA 98 para
a apresentação de alguns detalhamentos.
A tipologia citada segue metodologia da OCDE (1988)4 e identifica cinco
categorias de indústrias: indústrias intensivas em recursos naturais, intensivas em
trabalho, intensivas em produção - destacando-se as indústrias de produção
intensiva em escala e as indústrias de produtos diferenciados - e as indústrias
baseadas em ciência. O foco dessa classificação é destacar os fatores pelos quais
as indústrias competem principalmente. Por exemplo, as indústrias intensivas em
trabalho teriam como principal fator para lhes assegurar desempenho competitivo,
os custos com trabalho, sendo o complexo têxtil o grande exemplo. No caso das
intensivas em produção, o recorte diz respeito ao processamento contínuo em
grande escala, caso da química, gráfica, dentre outras, ou a natureza diferenciada
da produção, ainda que em grandes plantas, mas sob possibilidades de produção
de pequenos lotes ou segundo especificações particulares do demandante, caso
dos bens de capital sob encomenda, por exemplo.
O Quadro IV.3, a seguir, apresenta a tipologia, destacando aspectos que auxiliam
sua compreensão. Assim é que introduziu-se, à guisa de exemplo, extenso elenco
de indústrias, as quais se associaram os níveis de intensidade tecnológica
correspondentes, diferenciação que também segue metodologia da OCDE (1997).
Quanto à identificação dos níveis de intensidade tecnológica, sua utilização será
apoiar a primeira tipologia, não se procedendo à agregação das atividades
consoante esse critério, até porque os dois têm muito em comum, conforme
ressaltam as correspondências no Quadro.
4 Agradeço a Wasmalia Bivar do Departamento de Indústria do IBGE a cessão da presente metodologia e a classificação das atividades da CNAE segundo a mesma.
85
QUADRO IV.3- TIPOLOGIA DE INDÚSTRIAS SEGUNDO FATORES DE ESPECIALIZAÇÃO COMPETITIVA
í-----------~-í;RIN:IPAL FAT~R-~-· --------------------------~~TENSIDAD~
I CATEGORIAS I DE ! INDÚSTRIAS i TECNOLÓGICA! 'i I ESPECIALIZAÇÃO i (exemplos) I DAS I . / COMPETITIVA ! i INDÚSTRIAS* .
! ________ j ~----------_j·--------------~---·-------! I ....... I - ·-·---~ - -·· -···· ... - - ····-··· f - i
! Intensiva em ! Acesso às fontes i Madeira, lnd. Alimentares- Açúcar, Café, i Baixa I i Recursos l de recursos ! Abate de Animais- Bebidas, Fumo, Couro, ! Baixa I ! Naturais 1 naturais l Cimento, Cerâmica, Celulose e Papel, I Média Baixa I I~~--._----,--.-.. :7~--~! -----,---.. -... ~-c-·::·::---:-:1 '--:_ç_Qgu~~a§,_ ~~co~' e~-~~fino ~.J::~!ról~o .... !c,- Méq!!!_ B~ixa -:-) I, , 1 I '
! !. I 1 Intensiva em 1· Custos de :,; Têxtil, Vestuário, Calçados, Mobiliário, ! Baixa 1
I Trabalho , . Trabalho , Parte da Metalúrgica - Estruturas Média Baixa i , l i Metálicas, Fo~aria, Cutelaria, Diversas J Média Baixa l J. __________ l_ __ , _____ j:_--:----~----:--.-. ---. ----,--~-_j_, _______ _j. I .................... - - ··-· - ... - r -- .. - . --··· .. --·· . ........ - . -··· . i .. -· ... -- T I I I I
i Intensiva em Processo 1 Editorial e Gráfica, i Baixa l I Produção em Continuo l Construção Naval, Siderurgia, Plástico, 1 Média Baixa l I Escala de Produção 1 Vidro, Borracha, Fundição, Não Ferrosos, , Média Baixa i ! I Química, Petroquímica e Perfumaria i' Média Alta 1 I i',_ ! Automobilística e Auto-Peças e Ferroviária ! Média Alta i __ !'-1 ! ______________ ____,!_• --- ---l;
! i ··r 1
11 Intensiva em i Adaptação dos I Bens de Capital sob encomenda, como I • j,
Produção de produtos às i Máquinas-Ferramentas, Motores, Bombas 1 I ! Produtos características de i' e Compressores, I, I 1 Diferenciados demandas I Eletrodomésticos, Geradores, i '
11
1. I
!. variadas i,,_· Transformadores e Motores Elétricos, i I 1
I Tratores e Máquinas Agrícolas, Aparelhos ! Média Alta 1
1 I de Instrumentação Médica, Instrumentos de / 1
1 i' ,
1
,___ Medidas, Testes e Controles, Sistemas i' 1 Eletrônicos de Automação e Controle do l 1~_. I ! , i Processo Produtivo i 1
I 1.• ! I I
------' ---:-c---:-c---:-:-:-'i- ____ _; _________ __,!
Indústrias Baseadas em Ciência
1 -, -r -···· · ·-, I. do conhecimento ,
1
, Telefonia e de Transmissão de TV e rádio, I'; i Rápida aplicação ~ •. Farmacêutica, Eletrônica, Equipamentos de I_· } ll
1
••.
1
···,.. científico • Aparelhos Receptores de TV, de Rádio e . Alta r • de Reprodução e Amplificação de Som e i I
J __ • 1 Vídeo, Aeronáutica 1' I· ----- --------_.) _j. __j
-Erat:ioraÇão-próprii:i' a partir de .~ceo < 19aã ê-1997) e da crassificaÇão etetüaCia pelo DE 1No-fsc3e
86
As indústrias baseadas em ciência têm fator de intensidade alto, enquanto as de
produção diferenciada têm intensidade média alta. Na outra ponta da tipologia
estão as indústrias intensivas em trabalho e em recursos naturais que apresentam
os menores níveis de intensidade tecnológica, a saber, baixa e média baixa. Entre
os extremos ficam as indústrias de produção intensiva em escala que comportam
níveis de intensidade tecnológica que variam de baixa à média alta.
Aplicando a referida metodologia às bases de dados, os resultados encontram-se
a seguir. Antes de prosseguir, um esclarecimento sobre os Gráficos. A forma
'radar' dos mesmos facilita a visualização dos movimentos de uma estrutura para
outra. Os eixos referem-se aos tipos de indústria identificados na presente
tipologia. As linhas concêntricas medem a escala de participação, cujos
percentuais estão indicados no eixo vertical. Cada linha é um ano observado.
Cada Gráfico, uma avaliação de mudanças estruturais na base indicada.
Apresentam-se as Tabelas IV.1 a IV.4 relativas às estruturas industriais definidas
a partir da tipologia de indústrias descrita, segundo fatores de especialização
competitiva, aplicada em cada uma das bases de dados trabalhadas. Associam-se
a cada Tabela os Gráficos IV.5 a IV.8 que retratam os movimentos das mudanças
na estrutura industrial entre os anos considerados em cada base de dados.
Inicia-se com a base do Censo Industrial 85 - PIA 98 porque permite apresentar,
adicionalmente, uma visão das mudanças na estrutura do emprego, o que se
acrescentou à análise até aqui desenvolvida, à guisa de ilustração, bem como
porque será somente sobre essa base de dados que serão explicitadas as
atividades industriais responsáveis pelas mudanças na estrutura em cada nível da
tipologia adotada.
A análise das informações se desenvolve após a apresentação das Tabelas e dos
Gráficos relativos a cada uma das quatro bases de dados.
87
~~be.ta JV~1---· ... Estruturalndustria:-'11~9=-=a=-=s=--'-·e~1-,-99-=-'a~ :
~---B-asede dados-= Cens0Tndustriai19S5 ~PIA 1998 ______ ! ! . . ....... E111 perc~ntagem _do total da indústria detraf1SfOflllé3çáo_ ... _ j ~---------------------~-- VTf----~---PO -----,: ! Indústrias segundo Fatores de ... . i .... .. .. i 1 Especialização Competitiva ,-, -19851--1998l1Ü5l 1998-1 I ... ... : .... i ..... I.... .. .. .. I 1 ·!ProduÇão em-Esc~---~--33,28 !35, 19 r- 2t{36'~-- 24,6J'J • [intenSivas-em-R~c~Naturãts·- ~-~29~98" ~--32~65 !: __ 28, 71. r·=-- 32,i3:i ~.=------'---··-·-·_::. __ _:__:_ ____ _:__ --·-· -··---r-· ·-· _ ___; __ :r·-··.-·-· .. --,r=----"-·-··._:__; :Intensivas em Trabalho \ 19,03 i 13,45 i 30,391 28,731
·IP-ro(jt~Çã() [)iferenci~~~-- :=-~ 12,~1 [ _2 Õ,~I! ... 11 :S~ [-1:9,51 I !Baseadas em Ciência ; 5,571 7,75 C 3,851 3,63; --· __ .. _._ ... _. ------------------- .. . .. .. __ .. _·_.::__· .. _. ·-·-· .. -· --··_j
Gráfico IV.5
Estrutura Industrial - base Censo Industrial-PIA 98, segundo fatores de especialização competitiva
Produção em Escala 40
Baseadas em Ciência· Intensivas em Recurs l
Naturais
Trabalho
j-o-vn 1985 -o-vrt 1998/
88
:lr=~-=-=~.:.:._;_;;c.:.;___~-=~=~~~~~~~~-=·~~=c::-......== ., :L
! L"·-
Indústrias segundo Fatores de
--·---;
Especialização Competitiva \ 1985 r--19ãi j __ 1990 ~""iij r·----.
1 40,94 . 37,971. 38,Q7! 40,54 ,.-- --·---··-·--~r-·--·-,
: ~ntensivas em Recursos i , · 1
!Naturais 1 .. 32,90! 31,7E)j · •ntensivas em Trabalho . 13,26 I 13,931...=:~-:--:::.:; ' . . ... . ......... .... .. ... ...... '· ............... L.. . .......... ..
: !J:'!OciiJ~() pi_ftt.r~f.!ciada.=:= L .... 81ªº !. .. J.?.?4' ! ...... -.1-_1-~.3......,ª' [. .1..~ ·.~--------· --- ,r----,---. . 1B.~e;tclll~.tt.rll Ci~l'lC:i;t_ · . .... 4:, 1.9 L ....... 4·ºª·1 .... .. . 4:.~ 1 . 4,59
Gráfico IV.6
Produção
Estrutura Industrial - VP Haguenauer Fatores Competitivos -Vários Anos
-+-1985 -D-1989 _..... 1990 1996
89
r----·-------------··-----·--·----------·-·--·-····~-·-·--···-·-·--·----------··-----·-------·--·----··-·------·-·-·--------· l- - .... . .. .. -· ·-· .. ,._ ..
1 Tabela IV.3- Estrutura Industrial 1990, 1996 e 1998 ! ~ ' Base de dados- CONTAS NACIONAIS i 1 Em percentagem do total da indústria de transformação :------------·------------------------------------~ I l. VP ~~
I Indústrias segundo Fatores ! ) I de Especialização i---::---. .. -,-.. ----~-.--; i Competitiva t 1990 i 1996 l 1998 i I~·--·~·:-···-··~·-··---~·--·~:--:--~··~-·-·~--·,.-! ~-·-····-:-·-:---~-----1 ··-··--:-·-·:·~-···---·J ----·····-·-·---~~-·-,c1
IPro~uçio em 7sca1~-- 4o,66 )-_,~0,61 )-... 40,~--/ i Intensivas em 1 l i !
1 Recursos Naturais 1 I· l
j.r .. tensivas em i . 1 I !Ira~al:~o .:.... ..... . ........... ;-,- 14,0~ __ 1!M~-~I __ 9,69 _j 1 Pr~duçio Diferenciada!-· --"-L=--.........J
1 Basead~s ~rrl Ciên~ia_j .'-... --'-'--
Gráfico IV.7 Estrutura Industrial - VP Contas Nacionais
Fatores Competitivos- Vários Anos
Produção em Escala 50
aseadas em Ciência Intensivas em Rec r
Naturais
--+-1990 --1996 -6-1998
90
Gráfico N.B Estrutura Industrial • VP Mesquita Fatores Competitivos- Vários Anos
Produção em Escala
--1989 _.,_1990 -·1996 -+--19981
91
Inicialmente sobre a base Censo Industrial 85 - PIA 98, verifica-se que
predominam na estrutura industrial brasileira as indústrias intensivas em
escala e em recursos naturais, na proporção de 68% do VTI total em 1998,
resultado da ampliação do peso dessas atividades de 1985 para 1998. As
indústrias intensivas em trabalho tiveram sua participação reduzida de 19%
para 13% em 1998, seguidas de perto pelas indústrias de produtos
diferenciados com 11%, também revelando queda de participação em relação ao
ano inicial. Importante registrar que as indústrias baseadas em ciência
ampliaram a participação no valor da transformação industrial de 6% para
8%, entre 1985 e 1998.
O Gráfico IV.5 apresentado permite verificar que há um deslocamento da
estrutura de valor da transformação industrial de 1985 para 1998,
encolhendo o peso das indústrias intensivas em trabalho e intensivas em
produção que operam com produtos diferenciados, em menor proporção,
para uma expansão das demais categorias. No saldo desse movimento o
ganho é dividido entre o peso das indústrias intensivas em recursos naturais
e em escala.
Nas indústrias intensivas em trabalho, que perderam peso na estrutura produtiva,
o complexo têxtil tem peso destacado, tendo enfrentado sérias dificuldades
competitivas com o processo de abertura comercial, levando ao fechamento de
fábricas com desemprego e à modernização das empresas que conseguiram
sobreviver {IEL-SENAI-CETIC, 1998).
Nas indústrias intensivas em produção que operam com produtos diferenciados,
todas têm grau de intensidade tecnológica média alta, conforme apontado no
Quadro JV.3. A perda de participação no valor da transformação industrial decorre
de queda na produção devida à importação de produtos verificada depois da
conjugação da abertura econômica com a política de estabilização de preços e
92
valorização cambial. As indústrias que se modernizaram importaram máquinas,
equipamentos e softwares sem necessariamente saberem como usá-los, primeiro
porque seus preços estavam inferiores aos preços vigentes há dois ou três anos
anteriores a 1994/5, segundo porque eram ofertados em pacotes prontos, nem
sempre condizentes com suas reais necessidades (PROENÇA e CAILLIRAUX, 1997)
e porque havia crédito para isso no mercado internacional (LAPLANE e SARTI,
1997). Isso contribuiu para levar muitas indústrias produtoras a virarem
importadoras apenas (ABIMAQ, FSP, 20/01/98).
A perda de importância dessa categoria é muito significativa. Aqui estão as
indústrias que complementaram a matriz produtiva brasileira pós 11 PND e parte do
empresariado brasileiro que se engajou numa 'jornada transformadora', como
lembra BIONDI (1999), citando os Romi, Einar Kock, Bardella e o 'garoto
engenheiro da Gradiente' (BIONDI, 1999), dentre outros.
A importância das importações sobre a produção pode ser visualizada no Gráfico
a seguir, em que se observa que de uma participação de cerca de 1 O% das
importações das indústrias de produção diferenciada sobre o valor total da
produção dessa categoria, em 1989, atinge-se a proporção de 61% em 1998.
Gráfico IV.9 Relação Valor das Importações (M) sobre Valor da Produção
segundo Fatores de Especializaçãp Competitiva
10,2
60,5
Rec Naturais Trabalho Escala Bas Ciência Diferenciado
Fonte: Elaboração própria a partir de MESQUITA (1999)
%MNP
70
40
30
93
As duas categorias de indústrias vistas até aqui, quando observadas nas outras
bases de dados (Gráficos IV.6 a IV.8) também reduzem sua participação na
estrutura industrial (via valor da produção), entre os anos iniciais e finais de cada
base. Na base de HAGUENAUER, ademais, por cobrir um período maior com
informações para todos os anos da série, verifica-se (Tabela IV.2) que de 1985
para 1989, houve ganho de peso na estrutura por parte das indústrias de produtos
diferenciados; a perda de participação vai ocorrer ao longo dos anos 90, o que
converge para a importância do processo de abertura e importações daí
decorrentes sobre o desempenho dessas atividades.
Quanto às indústrias que ampliaram sua participação no total do valor da
transformação industrial (base Censo Industrial 85-PIA 98) e começando pelo
grupo mais importante do ponto de vista tecnológico, o que se observa é que nas
indústrias baseadas em ciência ocorreu o encolhimento do peso de quase
todas as suas atividades no total do valor da transformação industrial, com
um aumento expressivo de participação da indústria farmacêutica, que é o
que eleva o peso desse grupo entre 1985 e 1998 (Gráfico N. 10 a seguir).
A participação da indústria farmacêutica se eleva de 30% para mais de 50%
no grupo, enquanto as de processamento de dados e produtos eletrônicos,
juntos, caem mais da metade de suas posições em 1985. Isso pode ser
explicado pela elevação de preços dos produtos farmacêuticos com aumento das
margens das empresas (SPI/MICT,1997), e pela substituição de produção por
importados, no caso das outras duas atividades citadas.
No Gráfico IV.9, referente à importância das importações no valor da produção, a
categoria das indústrias baseadas em ciência é a segunda em destaque. De uma
relação de 9% sobre o VP em 1989, eleva-se para 47%, em 1998.
ERBER (2001) destaca que a abertura às importações levou a que se eliminassem
a realização de atividades tecnológicas no país, "aumentando apressao para que
94
os bens produzidos no Brasil tivessem os mesmos atributos - preços,
desempenho, durabilidade, confiabilidade, etc - dos produtos importados,
induzindo a adoção de tecnologias de produto e de processo importadas e, por fim
a simples substituição da produção local" (p.187). E conclui que a 'indústria
resultante requer um esforço de pesquisa e desenvolvimento muito limitado e, em
conseqüência, gera uma capacidade endógena de inovação bastante circunscrita".
(p.189)
Gráfico IV.10
Máquinas para
> ocessamento de dados
Estrutura Industrial~ 1985 -1998 Detalhamento das lndllstrias Baseadas em Ciência
Farmacêutica
Em percentagem do total do VTI do Grupo= 100
Equip. de c de TV, som e vi
Nas demais bases de dados consideradas, o peso das indústrias baseadas em
ciência é igualmente baixo, não havendo destaques a mencionar (Tabelas IV.2 a
IV.4)
O outro grupo de indústrias que ampliou sua importância no valor da
transformação industrial foi o das indústrias de produçlo intensiva em escala,
que reúne atividades de intensidade tecnológica variada. Ressalta-se que
95
somente a base de dados representada no Gráfico IV.S (Censo Industrial 1985 -
PIA 98) apresenta este resultado; nas demais bases, o peso dessas indústrias não
se alterou entre os anos iniciais e finais de cada uma - Gráficos IV.6 a IV.8.
Reiterando, nenhuma outra base de dados apresenta ganho de participação na
categoria de indústrias intensivas em escala, observando a estrutura via valor da
produção.
Gráfico IV.11 Estrutura Industrial 85-98 Detalhamento das Indústrias de Produção Intensiva em Escala
-+-VTI85
-o-VTI98
Minerais não MAt,,..,,., .. .:. •·· \ Equipamentos de (\Adro) Transporte
Siderurgia e Metalurgia
Em percentagem do Vll total do Grupo = 1 00
Na constituição das indústrias que compõem a categoria, objeto de detalhamento
no Gráfico acima, na base de dados que está sendo analisada (Censo Industrial
85- PIA 98), o ganho de peso do grupo decorre, principalmente, da expansão da
participação das indústrias editorial e gráfica e, ainda, equipamentos de transporte
(inclui a automobilística e exclui aeronáutica classificada em indústrias baseadas
em ciência). Essa ampliação tem, por contrapartida a perda de participação da
indústria siderúrgica e metalúrgica e da química (toda a indústria química exceto
refino e álcool).
96
É elevado o ganho de participação da indústria editorial e gráfica. De uma
participação de 2,7% no VTI em 1985, registra 6,5 % em 1998. Há indicações
(GORINI e CASTELO BRANCO, 2000) de crescimento da produção editorial no
Brasil, tanto ao nível dos livros paradidáticos e didáticos, como das obras gerais e
livros técnico-científicos. Também verificaram-se algumas alterações patrimoniais
relevantes dentre as empresas- compra de 1/3 das ações da Siciliano, compra da
Ática-Scipione, assim como o nascimento de uma grande editora, a Companhia
das Letras, em 1 986. O faturamento desse grupo teria aumentado em 11 o/o ao
ano, em média, no período 1 990-96. Quanto às empresas gráficas, registraram-se
investimentos em novos parques gráficos - como o de O Globo e o da Folha de
São Paulo, com o faturamento do conjunto das empresas gráficas aumentando,
em média, 4,5% ao ano, no mesmo período (MACEDO e VALENÇA, 1997).
Apesar dessas ponderações favoráveis, a participação da indústria editorial e
gráfica parece muito elevada.
No caso das indústrias de equipamentos de transportes destaca-se o ganho de
peso da produção de automóveis que, como apontado anteriormente, decorre da
nova realidade desta atividade, com novas filiais Oá citadas) de empresas
multinacionais se instalando no Brasil, visando aproveitar as vantagens de amplo
mercado interno, bem como o Mercosul.
Quanto ao ganho das indústrias intensivas em recursos naturais, destaca-se o
movimento de expansão das Indústrias alimentares, de bebidas e fumo, que
ampliaram sua participaçlo no total do valor da transformação industrial de
13 para 20% entre 1985 e 1998. Ao nível da participação dentro do grupo, esta
se elevou de 42% para 60%, como mostra o Gráfico a seguir.
97
Gráfico IV.12 Estrutura lndustrial-1985- 1998
Detalhamento das Indústrias Intensivas em Recursos Naturais
Em percentagem do VTI total do grupo= 100
Em todas as outras bases de dados essa é a categoria de indústrias que
ganha peso entre os anos iniciais e finais das séries. Na base de MESQUITA,
que não incorpora as indústrias editorial e gráfica, diversas, mobiliário e couros,
ERBER (2001) efetua ajustes de classificação e afirma que o setor de indústrias
Intensivas em recursos naturais é o "setor dominante na economia
brasileira". (p.185)
A base de dados Censo Industrial- PIA que está aqui trabalhada não comporta os
pequenos, podendo levar a diminuição do peso na estrutura desta categoria.
Ademais o aumento de peso de Editorial e Gráfica pode estar muito elevado, já
que é essa indústria responsável pelo aumento do peso das categoria intensiva
em escala.
Ainda em relação a essa questão, um avaliação alternativa, realizada sobre a
base de MESQUITA, foi comparar as mudanças na estrutura das importações vis-
98
à-vis na estrutura de produção, medida pelo valor da produção, cujos resultados
estão mostrados a seguir.
QUADRO IV.4- MUDANÇAS NAS ESTRUTURAS DO VP E DAS IMPORTAÇ0ES (M) INDICADORES DE EVOLUÇÃO DA COMPETITIVIDADE -1989-1998
Indústrias segundo os fatores de especialização
competitiva:
RECURSOS NATURAIS
BASEADA EM Cl NCIA
PRODUÇ O EM ESCALA
Competitividade entre 1989/1998 (segundo os movimentos de aumento ou redução na estrutura
das importações e na estrutura do valor da produção)
MANUTENÇ O GANHO
M (%) VP(%) M (%) VP(%)
Menor Maior
Maior Maior
Menor Menor
Maior Menor
Maior Menor
Fonte: Elaboração própria a partir dos dados de MESQUITA (1999)
PERDA de Competitividade; D Manutenção; O GANHO de Competitividade
Sob esse enfoque, as indústrias intensivas em recursos naturais foi a única
categoria que teria tido ganho de competitividade entre 1989 e 1998. Isso
porque essas Indústrias ampliaram sua participação no valor da produção
industrial e reduziram sua participação no valor total importado.
No outro extremo, as categorias intensivas em trabalho e de produção
diferenciada perderam competitividade entre 1989 e 1998, pois tiveram sua
participação no VP reduzida e, ao mesmo tempo, ampliaram seu peso no
valor das importações. As demais categorias teriam 'mantido' sua
competitividade, segundo essa ótica de avaliação, visto sob essa ótica agregada.
99
Sintetizando, parece provável que tenha havido mudança na estrutura
industrial brasileira, de 1985 para 1998, com encolhimento das indústrias
intensivas em trabalho e de produtos diferenciados e, para uma expansão do
peso das indústrias intensivas em recursos naturais (com certeza, presente
em todas as bases) e das indústrias intensivas em escala (provavelmente, só
presente na base do Censo Industrial - PIA). Parece igualmente provável que
as indústrias baseadas em ciência tenham ampliado seu peso no mesmo
período (o que também ocorre nas bases de dados que partem dos anos 80).
Essa é uma conclusão que a avaliação dos dados sobre estrutura do valor da
transformação industrial segundo fatores de especialização competitiva nos
apontou. Uma outra questão diz respeito ao formato dessas distribuições em
bases distintas, para vários períodos. Um outro olhar sobre os gráficos
apresentados anteriormente revela a semelhança dos seus formatos.
seadas em
Gráfico IV .13 Estruturas Industriais Comparadas entre as bases
de Haguenauer, Contas e Mesquita
Indústrias segundo os fatores de especialização competitiva
Produção em Escala
-+-Hag85 --Hag96 Cnac90
-+-Mesq96 --*-Cnac98
-IE-Mesq89 ----Mesq90 -+-Mesq98
100
Gréfico IV.14 Estruturas Industriais Comparadas entre as bases de
Haguenauer 86196 e Contas 90198 Indústrias segundo os fatores de especialização competitiva
Produção em Escala 50
~soadas em Ciência Intensivas em Recursos
Naturais
I
Em percentagem do VP da nd. Transdornação = 100
Hag 85 .....,._ Hag 96 -+-Cnac 90 -o-Cnac 98
A repetição desses formatos, para bases distintas, em anos variados, dentro do
período 85/98, mostra que a alteração de estrutura que se identificou com certeza
- de redução do peso das indústrias intensivas em trabalho para ampliação do
peso das intensivas em recursos naturais, com encolhimento das indústrias de
produtos diferenciados e um pequeno aumento das baseadas em ciência e, dentro
destas, das indústrias de menor intensidade tecnológica - reproduz um padrão
de conformação bloqueado à esquerda dos Gráficos, barrado em ampliações
na direção tanto das indústrias do 'paradigma fordista' (indústrias metal
mecânicas, de produção diferenciada) como das indústrias do 'paradigma
das tecnologias da Informação' (indústrias baseadas em ciência).
À guisa de ilustração final, apresentam-se as estruturas industriais dos Estados
Unidos, Japão e Coréia, em 1985-1995, para mostrar, pela sua semelhança e
101
estabilidade, em confronto com a estrutura industrial brasileira em 1985 e 1998, o
quanto nos afastamos ainda mais de uma estrutura madura e moderna.
Os dados básicos desses países são da UNIDO (1997) e as atividades industriais
apresentadas segundo a ISIC - Rev 2 estão reagregadas de modo a tornar as
informações comparáveis. Observa-se no Gráfico IV. 15 a semelhança das
estruturas americanas e japonesas nos dois anos plotados e como o movimento
dessas estruturas, de 1985 para 1995 foi na direção das máquinas e aparelhos de
instrumentação científica. O maior destaque na indústria química norte americana
em 1995 deve corresponder a maior intensidade da atividade de biotecnologia
associada à química fina.
O Gráfico IV.16 seguinte mostra as estruturas industriais da Coréia do Sul nos
mesmos anos de Estados Unidos e Japão e a brasileira, esta para os anos 1985 e
1998, a partir da base de dados que vimos trabalhando nesse capítulo.
Observa-se como a estrutura industrial coreana evoluiu, de 1985 para 1995, na
direção do formato das estruturas dos Estados Unidos e do Japão. Isso leva a
pensar que nossa estrutura industrial poderia ter reproduzido igual
comportamento, não sendo o número de anos envolvido na comparação
insuficiente para essa mudança de direção. Mas não foi o que ocorreu. O formato
da estrutura industrial brasileira em 1998 é semelhante ao da estrutura industrial
da Coréia do Sul em 1985 (acentuando o peso das atividades de alimentação,
bebidas e fumo e química).
Por tudo isso, conclui-se, a partir da interlocução com os autores trabalhados no
Capítulo 11, que a estrutura industrial brasileira é mais conforme à tese da
'especializaçlo regressiva'.
102
Gráfico IV.15
Compl.
I Em % Valor Agregado lnd Transf=100
Atividades Compatibilizadas
Gráfico IV.16
Estruturas Industriais Comparadas -Estados Unidos e Japão
1985 -1995
F um
Side Metal
-.-usA 85 -o-USA 95 -M-Jap 85 -:-Jap 951
Estruturas Industriais Comparadas -Maqs e lnstr Cient Brasil (85 e 98) e
':,: ::' .. '·' ·'':' Sul (85 e 95)
Compl.
Atividades C~Q~U~il~$ ,: /;t Estrutura EstadciS uniU'~..NifHU.J-----------------, Em% VTI TotaiiT
Fonte dados básicos: EUA, Japão e Coréia do Sul- UNIDO (1997); Brasil- Base Ci85-PIA98
103
CONCLUSOES
Partiu-se de uma premissa que mudanças haviam ocorrido na estrutura industrial
brasileira nos anos 90. Adicionalmente considerou-se que essas mudanças
expressariam um processo de forte reestruturação produtiva, porém com
comprometimento de nossas perspectivas de crescimento e autodeterminação. E
o sentido da tese foi buscar evidências empíricas para avaliar essas hipóteses e
interpretar seu significado.
As mudanças foram consideradas inicialmente como um dado em decorrência de
outras mudanças no âmbito externo e interno. Ao nível macroeconômico e político
as transformações foram tratadas no Capítulo inicial. As alterações na ordem
mundial nas últimas décadas levaram ao delineamento de um novo contexto de
inserção internacional para a economia brasileira. No plano interno, ainda sob os
dois níveis de avaliação citados, as alterações foram radicais. De um lado, o
advento da democracia; de outro, o da opção por uma inserção subordinada que
contemplou a emergência de um novo padrão de acumulação, com o
encolhimento do papel do Estado que se retirou da estrutura produtiva e abriu a
economia ao comércio e ao capital estrangeiro, equiparando-o ao capital nacional.
Ainda do ponto de vista macroeconômico a estabilidade de preços foi alcançada a
partir do Plano Real mas com o concurso de medidas adicionais, como a abertura
abrupta, o câmbio sobrevalorizado e os juros estratosféricos.
Os reflexos sobre a indústria vão ser drásticos e foram avaliados segundo
enfoques distintos ao longo do Capítulo 11, identificando-se duas teses antagônicas
de interpretação do desempenho da indústria pós Real: a tese da reintegração
produtiva, que se associa ao discurso 'oficial' e a tese oposta, denominada de
especialização regressiva, associada ao discurso 'crítico'.
Pela primeira, a indústria teria passado pelos momentos mais difíceis de
adaptação à abertura econômica, às desregulamentações e à invasão de
104
competidores e sairia reajustada, adaptada às novas práticas de relacionamento
nas cadeias produtivas em que estaria organizada. Às elevadas importações se
seguiriam aumentos de investimentos, fossem pelas empresas internacionais
entrantes, fossem pelas empresas aqui instaladas reestruturadas, que levariam a
ampliações da capacidade produtiva e a aumentos da produção sendo, portanto,
o processo resultante desse ajustamento chamado de reintegração produtiva, ou
seja, atividades externalizadas num primeiro momento, voltam a se reintegrar
adiante.
Pela outra interpretação, a indústria decorrente desse processo de mudanças
estaria mais enfraquecida enquanto potencial de geração e difusão de tecnologia
e garantia de melhor posicionamento futuro para si própria e para a economia em
seu conjunto. Isso porque, além das elevadas importações, o padrão de
investimento subseqüente não teria alterado o padrão de especialização
competitiva da indústria porque esses investimentos não se dirigiram à construção
de nova capacidade produtiva pela dupla câmbio-juros elevados. Pelo contrário,
pós-estabilização, os setores que teriam ganhado peso na estrutura produtiva
seriam menos intensivos em tecnologia e mais intensivos em recursos naturais.
Nesse caso, passa-se a exportar produtos de baixa complexidade tecnológica e a
importar produtos mais sofisticados, refletindo um padrão de especialização
regressiva da indústria.
A essência dessas duas formulações será retomada a seguir, à guisa de
conclusões, tendo em vista a análise efetuada em todo o capítulo precedente
sobre as bases de dados apresentadas no Capítulo 111.
Há anos se estava sob um regime de comércio que protegia a produção
doméstica. Reconhece-se hoje que isso gerou ganhos extras para alguns setores,
escondidos sob as elevadas taxas de inflação. A abertura provocou um choque
interno. Produtos passaram a entrar no mercado a preços muito mais reduzidos
105
que os observados internamente. Era evidente que isso levaria a um choque
competitivo para as empresas aqui instaladas. Difícil crer que não fosse previsto.
Mas parece razoável supor que as filiais de empresas estrangeiras ainda que
operando segundo as condições do mercado nacional, não enfrentariam o choque
competitivo do mesmo modo que as empresas privadas de capital nacional.
Dentre essas, inclusive, igualmente é possível acreditar que aquelas com atuação
no mercado internacional também teriam melhores condições de enfrentar esse
choque que as demais, com atuação restrita ao mercado interno. Isso porque
estaria implícito que ao ter atuação no mercado internacional, essas empresas
estariam mais atualizadas e com algum nível de capacitação que lhes conferisse
competitividade.
Com essa diferenciação, as empresas de capital nacional e com área de atuação
restrita ao mercado interno foram as mais afetadas pela abertura econômica.
Postula-se, com essas considerações, introduzir um primeiro nível de qualificação
restritiva nas colocações do discurso da reintegração produtiva. Essa restrição diz
respeito a que esse discurso se aplicava aqueles que permanecessem, após a
eliminação dos mais fracos. As formulações da tese da reintegração produtiva,
sob aparência de generalidade e tratamento indistinto têm, de forma implícita a
eliminação dos mais fracos e, depois disso, a reestruturação dos que
permanecerem e, nesse caso, privilegiando a grande empresa de capital
estrangeiro. Isso porque é igualmente lícito supor que o processo de
reestruturação para enfrentar essa nova realidade por parte das empresas que
não fecharam suas portas foi grande e diferenciado setorial e segundo a origem
do capital.
Assim, os que permaneceram, atualizaram-se, ainda que às custas de
importações - como todos reconhecem. Para o discurso 'oficial', num momento
seguinte, os investimentos seriam retomados e a produção voltaria a crescer,
106
descrevendo um círculo virtuoso entre abertura, investimento estrangeiro,
aumento de produtividade, exportações e aumento do mercado interno. E citaram
setores como exemplo desse virtuosismo.
Mas isso não ocorreu em conjunto. O círculo não se completou. Para alguns
setores é factível considerar que tenha ocorrido a reintegração produtiva em
algumas atividades. Parece inequívoca a modernização da indústria têxtil, que
emergiu das transformações mais competitiva, com atualização de sua base
técnica, ainda que não se possa dizer sobre a amplitude dessa modernização
dentre suas distintas atividades. O mesmo ocorreu com a indústria automobilística,
citada pelo discurso 'oficial' como caso emblemático de sua tese. No entanto, mais
uma qualificação restritiva se coloca que é o fato de, tanto a têxtil como a
automobilística terem se beneficiado de esquemas protecionistas ao longo da
década, com tarifas de importações restauradas.
Outra questão refere-se às implicações da afirmativa de que se tem deixado de
priorizar a discussão sobre desenvolvimento. Nesse particular, está presente
nessa visão que o mercado é eficiente na alocação dos fatores produtivos. Isso
porque a avaliação da política de abertura a partir de suas conseqüências, ou
seja, sem política industrial explícita, nada mais é que priorizar o mais forte. No
caso, os investidores estrangeiros de quem se espera a liderança de uma suposta
expansão.
Parece que cabe ao discurso 'crítico' a contraposição, pontuando questões de
fundo e que estão permeadas por preocupações de longo-prazo com
desenvolvimento econômico via desenvolvimento industrial e tecnológico. O
argumento é que não há mais vantagens competitivas pela disponibilidade de
recursos naturais. A competitividade tem que ser construída e tem um aspecto
sistêmico que é fundamental.
107
Isso porque, por um lado, o capital pode migrar, sem fronteiras e, por outro, a
capacidade de gerar e controlar inovações tecnológicas passaram a ser vitais para
a manutenção da liderança e do poderio econômico dos oligopólios internacionais.
E isso porque mudou o padrão industrial e tecnológico que leva ao
rejuvenescimento das indústrias maduras (como as têxteis, por exemplo) e à
emergência de outras indústrias novas, lideradas pelas tecnologias da informação.
Relegou-se inicialmente ao mercado a seleção dos melhores e induziu-se por
risco de não sobrevivência a uma modernização de qualquer jeito.
Os resultados do presente trabalho se apóiam em detalhada avaliação efetuada
sobre quatro bases de dados industriais, a partir da observação de mudanças na
estrutura industrial medida pela participação de cada atividade produtiva
considerada em cada uma dessas bases no total do valor da produção (em três
bases) e no total do valor da transformação industrial (para uma base) da indústria
de transformação. Não se trabalhou com a indústria extrativa. Buscou-se captar o
sentido das mudanças ocorridas e para isso trabalhou-se com gráficos específicos
para visualizar esses movimentos.
E esses resultados não são alvissareiros. A análise desenvolvida sobre as quatro
bases de dados industriais revelou:
a) Mudanças ao nível da participação das atividades produtivas:
i) algumas atividades apresentaram o mesmo sentido de mudança em
todas as bases estudadas, como a Têxtil e Vestuário, com perdas de
participação e as indústrias Automobilísticas, Farmacêutica e a
indústria Alimentar, ainda que com atividades variadas, com ganhos;
ii) outras atividades apresentaram essa mesma característica, não em
todas as bases, mas em três dentre as quatro bases e que foram
Máquinas (aqui reunindo Máquinas e tratores, Máquinas,
equipamentos e instalações, Máquinas elétricas e Máquinas-
108
ferramentas), Siderurgia, Calçados e Equipamentos eletrônicos e de
comunicações que perderam peso, enquanto Bebidas revelou ganho
de importância na estrutura industrial;
b) Mudança ao nível da estrutura da indústria de transformação como um todo,
expressa em um índice elevado de mudança estrutural (metodologia da UNIDO),
igual a 39,01 para o período 1985-98, superior ao que havia sido calculado para
1965/80, pela ONU, de 30,03;
c) Mudanças ao nível da estrutura industrial brasileira, por indústrias, segundo
tipologia da OCDE de agregação das atividades segundo padrões de
especialização competitiva, de 1985 para 1998, revelaram:
i) o encolhimento das indústrias intensivas em trabalho e das indústrias
de produtos diferenciados (máquinas e equipamentos) e
ii) expansão do peso das indústrias intensivas em recursos naturais
(com certeza, uma vez que esse movimento se repete em todas as
bases de dados trabalhadas) e das indústrias intensivas em escala
(provavelmente, pois só foi verificado na base do Censo Industrial -
PIA). As indústrias baseadas em ciência também ampliaram seu
peso no mesmo período (o que também ocorre nas bases de dados
que partem dos anos 80), em decorrência do aumento de peso da
indústria farmacêutica, já que perderam participação as atividades de
Sobre a base de dados Censo Industrial 85 - PIA 98 verificou-se que predominam
na estrutura industrial brasileira as indústrias intensivas em recursos naturais e em
escala, na proporção de 68% do VTI total em 1998, resultado da ampliação do
peso dessas atividades de 1985 para 1998. As indústrias intensivas em trabalho
tiveram sua participação reduzida de 19% para 13% em 1998, seguidas de perto
pelas indústrias de produtos diferenciados com 11%, também revelando queda de
participação em relação ao ano inicial; as indústrias baseadas em ciência
109
ampliaram a participação no valor da transformação industrial de 6% para 8%,
entre 1985 e 1998.
Nas indústrias intensivas em trabalho, que perderam peso na estrutura produtiva,
o complexo têxtil tem peso destacado. Dados externos reiteram os problemas
enfrentados, de sérias dificuldades competitivas a partir do processo de abertura
comercial, levando ao fechamento de fábricas, com desemprego elevado e à
modernização das empresas que conseguiram sobreviver.
Nas indústrias intensivas em produção que operam com produtos diferenciados, a
perda de participação no valor da transformação industrial decorre de queda na
produção devida à importação de produtos verificada depois da conjugação da
abertura econômica com a política de estabilização de preços e valorização
cambial. As indústrias que se modernizaram importaram máquinas, equipamentos
e softwares sem necessariamente saberem como usá-los, primeiro porque seus
preços estavam inferiores aos preços vigentes há dois ou três anos anteriores a
1994/5, segundo porque eram ofertados em pacotes prontos, nem sempre
condizentes com suas reais necessidades e porque havia crédito para isso no
mercado internacional. Isso contribuiu para levar muitas indústrias produtoras a
virarem importadoras apenas.
A perda de importância dessa categoria é muito significativa. Aqui estão as
indústrias que complementaram a matriz produtiva brasileira pós 11 PND e parte do
empresariado brasileiro que se engajou numa 'jornada transformadora', como
lembrou BIONDI (1999).
A importância das importações foi apresentada sobre a base de dados de
MESQUITA (1999), onde se observou que de uma participação de cerca de 10%
das importações das indústrias de produção diferenciada sobre o valor total da
produção dessa categoria, em 1989, atingiu-se a proporção de 61% em 1998.
110
Nas indústrias baseadas em ciência ocorreu o encolhimento do peso de quase
todas as suas atividades no total do valor da transformação industrial, com um
aumento expressivo de participação da indústria farmacêutica, que é o que eleva o
peso desse grupo entre 1985 e 1998. A participação da indústria farmacêutica se
eleva de 30% para mais de 50% dentro do grupo, enquanto as de processamento
de dados e produtos eletrônicos, juntos, caem mais da metade de suas posições
em 1985.
Nos demais movimentos expansivos encontrou-se as indústrias alimentares, de
bebidas e fumo respondendo pela expansão das indústrias intensivas em recursos
naturais. Quanto às indústrias intensivas em escala, ampliam suas participações
editorial e gráfica e equipamentos de transporte (produção de automóveis), o que
se sobressai à redução da siderurgia e metalurgia.
Em resumo, houve um deslocamento da estrutura de valor da transformação
industrial de 1985 para 1998, encolhendo o peso das indústrias intensivas em
trabalho e intensivas em produção que operam com produtos diferenciados, em
menor proporção, para uma expansão das demais categorias. No saldo desse
movimento o ganho é dividido entre o peso das indústrias intensivas em recursos
naturais e em escala.
d) Em que pesem essas mudanças, do ponto de vista da dinâmica produtiva e
tecnológica, o trabalho revelou, a partir da observação da repetição dos formatos
das estruturas em bases distintas, em anos variados, dentro do período 85/98,
que a alteração de estrutura que se identificou com certeza - de redução do peso
das indústrias intensivas em trabalho para ampliação do peso das intensivas em
recursos naturais, com encolhimento das indústrias de produtos diferenciados e
um pequeno aumento das baseadas em ciência - reproduz um padrão de
conformação bloqueado para ampliações na direção tanto das indústrias do
'paradigma fordista' (indústrias metal-mecânicas, de produção diferenciada) como
111
das indústrias do 'paradigma das tecnologias da informação' (indústrias baseadas
em ciência).
e) No confronto com estruturas industriais de elevado grau de complexidade, de
duas economias maduras e desenvolvidas, que são os Estados Unidos e o Japão
e, adicionalmente, com a estrutura industrial da Coréia do Sul, sobressaiu o
distanciamento que os anos 90 nos levaram desses padrões mais dinâmicos e
competitivos. É angustiante perceber como em dez anos a Coréia moveu sua
estrutura industrial na direção das outras duas, enquanto o Brasil deslocou a sua,
rumo ao passado.
Confirmaram-se as duas hipóteses trabalhadas: primeiro a de que as mudanças
ocorridas na ordem mundial e a forma como rebateram na economia brasileira,
esta em função de uma inserção internacional dependente, subordinada e passiva
acarretaram mudanças na estrutura industrial; segundo que a natureza dessas
mudanças reafirma um padrão industrial e tecnológico que não abre perspectivas
promissoras para nosso futuro, reiterando uma estrutura industrial que não se
move na direção das atividades de maior conteúdo tecnológico e capazes de
imprimir uma dinâmica interindustrial alimentadora de emprego e crescimento em
todas as pontas, revelando-se uma estrutura mais conforme com a tese da
especialização regressiva.
Especializar-se em indústrias intensivas em recursos naturais não foi o caminho
perseguido pelas economias mais bem posicionadas no ranking mundial de
qualidade de vida e de distribuição de renda. Deixar a dinâmica da acumulação
ser conduzida pelas empresas estrangeiras também não parece corresponder ao
exemplo emanado dessas economias. Reconhecer que a estrutura industrial
brasileira precisa se mover na direção das atividades de maior conteúdo
tecnológico, mantendo uma estrutura produtiva diversificada é uma imperiosa
necessidade porque, por um lado, são essas atividades que geram maior
progresso técnico e desenvolvimento mas, por outro, a maior complexidade da
112
estrutura produtiva mantém o maior nível de emprego agregado. Reconhecer
diferenças pode levar a definição de políticas de corte setorial e, em simultâneo,
ao tratamento diferenciado às empresas segundo o porte e a procedência do
capital.
Operar no limite das estatísticas disponíveis foi um árduo trabalho que se tentou
empreender de forma criativa. Apontar as limitações das bases de dados deve
servir de contribuição aos estudos de outros pesquisadores e a própria reflexão do
IBGE. Intensificar esforços na direção das comparabilidades históricas espera-se
que venha a se tomar uma prática institucional.
113
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122
ANEXO ESTATÍSTICO
TAB 1 TRADUTOR DE CLASSIFICAÇAO BASES VP
TAB 2 VP - CONTAS NACIONAIS
TAB 3 VP- HAGUENAUER
TAB 4 VP- MESQUITA
TAB 5 CENSO INDUSTRIAL· PIA 98
TAB 6 BASES VP COMPATIBILIZADAS
123
BASES DE DADOS - TRADUTOR DE CLASSIFICAÇÕES ENTRE AS BASES DE VP CTASxHAGUENxMESQ CTASxHAGUENAUER CONTAS NACS- 90198 HAGUENAUER- 85/96 MESQUITA· 89/98- Nível100
Min Não Metálicos Min Não Metálicos Min Não Metálicos Minerais Não metálicos Fab de cimento e clinquer Fab de peças e estruturas de cimento, concreto e fibrocimento Fab de vidro e artigos de vidro Fab de outros Prod de minerais não-metálicos
Siderurgia Siderurgia Siderurgia Siderurgia Siderurgia Não ferrosos Metalurgia Não ferroso Metalurgia dos não-ferrosos
O Metalúrgicos O Metalúrgicos O Metalúrgicos Outros Metalúrgicos Fab de Fundidos e Fo~ados de Aço Fab de outros Prod metalúrgicos
Maqs Tratores Maqs Tratores Maqs Tratores Máquinas e Equipamen Fab de Maq, equipe instalações, inclusive peças e acess Fab de tratores e Maq rodoviárias, inclusive peças e acess
Maqs Eletricas Maqs Eletricas Maqs Eletricas Material Elétrico Fab de equip para produção e distribuição de energia elétrica Fab de condutores e outros materiais elétrioos, exclusiva para veículos Fab de ap eq elétricos, lncl eletrodoms, máq e utens p/ escrit peças e aces
TV, Rádio e Som Fab de receptores de tv, rádio e equip de som Eq Eletrônico Eq Eletrônico Eq Eletrônico Equipamentos Eletrônic Fab de material e aparelhos eletrônicos e de comunicações Auto, Cam Onibus Auto, Cam Onibus Auto, Cam Onibus Automóveis, Cam. e Or Fab de automóveis, caminhões e ônibus O Veículos O Veículos O Veículos Peças e outros veículo Fab de motores e peças para veículos
Fab de outros veículos FORA MadeMob Madeira e Mobiliário Madeira Indústria da madeira
Mobiliário Não cobre Mobiliário FORA Pape Gráf Papel e Gráfica Celulose e Papel Fab de celulose e pasta mecânica Não cobre Gráfica
Gráfica Fab de papel, papelão e artefatos de papel Borracha Borracha Borracha lnd. Da Borracha Indústria da borracha Química Química Elementos Químicos Elementos Químicos Produção de elementos químicos não-petroquímicos ou carboquímicos
Refino Petróleo e Petro Refino do Petróleo Refino de Petróleo Petroquímica - Petroquimica básica e intermediária Alcool Fab de resinas, fibras artificiais e sintéticas e elastõmeros
Fab de adubos, fertilizantes e corretivos do solo Químicos diversos Químicos Diversos Fab de Prod químicos diversos
Farrne Perf Farme Perf Farmaceutica e Perfum Farmácia Indústria farmacêutica Perfumaria Indústria de perfumaria, sabões e velas
Plastico Plastico Plastico Artigos Plásticos Fab de laminados plásticos Fab de artigos de material plástico
124-125
BASES DE DADOS • TRADUTOR DE CLASSIFICAÇÓES ENTRE AS BASES DE VP CTASxHAGUENxMESQ CTASxHAGUENAUER CONTAS NACS • 90198 HAGUENAUER • 85/96 MESQUITA· 89198 • Nlvel100
Têxtil Têxtil Têxtil Indústria Têxtil Beneficiamento, fiaçao e tecelagem de fibras têxteis naturais Fiaçao e tecelagem de fibras têxteis artificiais ou sintéticas Outras indústrias têxteis
Vestuário Vestuário Vestuário Artigos do Vestuário Fab de artigos do vestuário e acess FORA Calçados e Couros Calçados e Couros Calçados Fab de calçados
Couro Nao cobre Couros Alim Bebe Fumo Alim Beb e Fumo Café Indústria Café Indústria do café
Benef Prods veg Onclui Alimentos Beneficiados Moagem de trigo Prep de conservas de frutas e legumes, incl sucos e condimentos
Fumo Indústria do fumo Abate Abate de Animais Abate de animais {exceto aves) e preparaçao de carnes
Abate e Preparaçao Aves Laticínios lnd. De Laticlnios Resfriamento e preparaçao do leite e laticínios Açucar Fabricaçao de Açucar Indústria do açúcar Oleos Vegetais Fab Óleos Vegetais Refino de óleos vegetais e Fab de gorduras para alimentaçao
F ab de Alimentos para Animais O Alimentares Outros Alimentares Outras indústrias alimentares
Bebidas Indústria de bebidas FORA Diversas Diversas Indústrias Diversas Nao cobre Diversas
124-125
VP· Contas Nacionais do Brasil Agregaçio: Nivel50 Em percentagem do total da lnd transformação • % • (todas as atividades) 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 Mn Não Metálicos 3,98 4,16 3,89 3,70 3,79 3,74 3,62 3,87 4,14 Siderurgia 5,64 5,86 6,59 6,11 5,93 5,66 5,42 5,23 4,94 Não ferrosos 2,48 2,43 2,24 2,04 2,22 2,32 2,30 2,13 2,20 o Metalúrgicos 4,79 4,81 4,61 4,63 4,83 4,83 4,71 4,84 4,70 Maqs Tratores 5,98 5,27 5,73 5,86 5,92 5,53 5,28 5,26 5,28 Maqs Eletricas 3,21 2,92 2,93 2,83 2,85 3,19 2,98 3,00 3,10 Eq Elelr6nico 3,52 3,12 2,45 2,59 2,93 3,62 3,54 3,12 2,48 Auto, Cam Onibus 3,13 3,15 3,08 3,46 3,75 4,74 4,75 5,25 4,15 OVelculos 4,27 3,80 3,91 4,25 4,48 4,61 4,40 4,37 3,95 Madeira e Mobifiário 3,11 2,85 2,56 2,80 2,93 3,00 3,00 2,88 2,84 Papel e Gráfica 4,79 5,42 4,84 4,34 4,29 4,83 4,82 4,68 4,81 Borracha 1,60 1,60 1,64 1,65 1,64 1,62 1,53 1,55 1,43 Elementos Qulmicos 2,81 3,35 3,38 3,51 3,37 2,79 2,89 3,25 3,08 Refino Petróleo e Petroqulmica 11,44 10,87 12,39 12,95 11,48 9,94 9,88 10,39 11,23 Químicos diversos 4,09 4,44 4,17 3,94 3,90 3,73 3,96 4,09 4,18 Farmaceutica e Perfumeria 2,24 2,13 2,41 2,63 2,42 2,48 2,52 2,84 3,18 Plastico 2,16 2,09 1,88 1,94 1,80 1,97 2,13 2,09 2,07 Têxtil 5,73 5,33 4,78 4,49 4,31 4,23 4,01 3,64 3,50 Vestuário 3,18 2,64 2,36 2,26 2,16 2,25 2,20 1,94 1,93 Calçados e Couros 1,82 1,69 1,68 1,72 1,47 1,36 1,33 1,24 1,07 Café 0,98 1,08 0,99 1,18 1,66 1,36 1,45 1,44 2,00 Benef Prods veg (inclui Fumo) 3,76 4,05 4,27 4,15 4,42 4,40 4,79 4,86 4,89 Ablite 3,72 4,00 3,96 4,15 4,07 4,16 4,13 4,02 4,33 Laticínios 1,75 1,89 1,80 1,73 1,65 1,90 1,98 1,91 1,99 Açucar 1,14 1,35 1,46 1,24 1,41 1,29 1,33 1,39 1,48 Oleos Vegetais 2,15 2,35 2,80 2,65 2,87 2,73 3,07 3,02 2,97 O Alimentares 4,83 5,58 5,51 5,40 5,67 6,02 6,36 6,09 6,42 Diversas 1,69 1,75 1,71 1,81 1,77 1,68 1,63 1,60 1,65 T otallnd Transformação 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Fonte dos dados básicos: Tabeles de Usos dos Bens e Serv!9.2! - Com~nentes do Valor ~!!lado, vários anos
126
VP Haguenauer Em eercentagem do total da lnd Transforma21o • o/o • ftodas as atividades! 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996
Minerais Nlo metálicos 3,10 3,44 4,55 4,51 4,80 4,72 4,76 5,23 4,95 4,85 4,86 5,07 Siderurgia 7,44 7,02 6,88 6,82 6,56 5,76 5,50 6,70 6,61 6,76 6,43 6,44 Metalurgia NAo ferrosos 2,61 2,58 2,33 2,11 2,23 2,02 1,92 1,67 1,47 1,54 1,68 1,74 Outros Metalúrgicos 4,01 3,88 3,79 3,51 3,50 3,11 2,90 3,18 3,11 3,31 3,27 3,23 Máquinas e Equipamentos 5,91 6,61 7,82 8,07 9,27 7,89 6,41 6,05 6,51 6,76 6,65 5,49 Material Elétrico 2,89 3,29 2,92 3,12 2,98 3,49 2,64 2,17 2,02 2,00 2,15 2,14 Equipamentos Eletrônicos 1,97 2,24 1,99 2,12 2,03 2,38 1,80 1,29 1,17 1,12 1,28 1,26 TV, Rádio e Som 0,96 1,20 1,07 1,12 1,08 1,44 1,20 0,82 0,93 1,06 1,20 1,28 Automóveis, Cam. e Onibus 3,75 3,63 3,82 4,56 3,78 4,07 4,41 4,80 5,24 5,42 5,65 5,27 Peças e outros veiculos 3,68 4,21 3,75 4,89 4,96 5,16 4,42 4,64 5,04 5,55 5,58 5,67 Madeira 1,25 1,46 1,53 1,13 2,09 2,00 1,88 1,74 2,02 2,15 2,18 2,12 Mobiliário 1,21 1,32 1,62 1,48 1,90 2,13 1,92 1,60 1,87 1,85 2,18 2,52 Celulose e Papel 2,82 2,75 2,94 3,23 3,43 3,20 3,37 3,51 3,38 2,97 3,44 3,11 Gráfica 1,35 1,32 1,41 1,55 1,64 1,54 1,62 1,68 1,62 1,43 1,65 1.49 lnd. Da Borracha 1,66 1,48 1,59 1,57 1,07 1,09 1,14 1,52 1,72 1,74 1,66 1,67 Álcool 1,76 1,42 1,56 1,30 1,02 1,06 1,06 1,03 0,87 0,94 0,78 0,92 Elementos Qufmicos 1,30 1,10 1,21 1,19 1,02 1,11 1,07 1,07 1,07 1,09 0,99 0,99 Refino do Petróleo 5,57 5,15 5,73 5,02 3,81 4,49 4,51 5,03 5,40 5,03 4,15 4,58 Petroqulmica 7,76 6,57 6,84 6,59 6,21 6,44 7,65 8,66 8,57 7,51 6,93 6,23 Quimicos Diversos 4,60 3,89 4,28 4,22 3,60 3,94 3,79 3,84 3,52 3,60 3,57 3,84 Farmácia 1,18 1,23 1,16 1,11 0,99 1,12 1,44 1,47 1,74 1,82 1,99 2,05 Perfumaria 0,84 0,94 1,11 1,23 1,41 1,90 1,79 2,13 2,08 2,01 1,93 2,08 Artigos Plásticos 1,93 1,90 1,85 1,76 1,99 1,93 1,89 1,62 1,65 1,65 1,81 1,91 Indústria Têxtil 5,79 6,13 5,12 5,16 4,71 4,18 3,90 3,36 3,20 2,99 2,76 2,57 Artigos do Vestuário 3,00 2,96 2,58 2,50 4,37 3,71 3,56 2,50 2,54 2,07 1,90 1,65 Calçados 1,44 1,50 1,18 1,03 1,06 0,72 0,67 0,57 0,70 0,64 0,57 0,55 Couro 0,61 0,76 0,68 0,76 0,80 0,66 0,57 0,57 0,63 0,60 0,46 0,42 Indústria Café 1,60 1,94 0,97 0,74 0,75 0,76 0,67 0,71 0,80 0,97 0,92 0,99 Alimentos Beneficiados 2,98 3,68 3,35 3,45 2,96 3,30 4,14 4,02 3,51 3,86 3,88 4,27 Fumo 0,60 0,65 0,89 0,86 1,00 1,25 1,29 1,17 1,13 0,91 0,90 1,02 Abate de Animais 2,83 2,39 2,31 2,11 2,30 2,50 2,83 2,63 2,34 2,51 2.43 2.49 lnd. De Laticinios 1,65 1,65 2,11 1,74 1,81 2,18 2,51 2,52 2.43 2,42 2,87 3,13 Fabricação de Açucar 1,55 1,29 1,43 1,06 0,75 0,85 0,94 1,01 0,82 0,97 0,88 0,92 Fab Óleos Vegetais 2,80 2,06 1,62 2,39 2,08 1,71 1,95 1,99 1,87 1,66 1,73 1,49 Outros Alimentares 2,69 3,06 .. ,.2,69 2,93 2,85 2,44 3,22 3,14 2,88 3,05 2,99 3,48 Bebidas 1,07 1,28 1,37 1,16 1,31 1,81 2,56 2,46 2,64 3,12 3,60 3,82 Indústrias Diversas 1,82 1,99 1,97 1,87 1,88 1,94 2,11 1,90 1,94 2,10 2,09 2,10 Indústria Transformação 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 127
VPMesquita Produção 1989/1998 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998
410 Fabricação de cimento e clinquer 0,73 o.n 0,92 1,31 1,02 1,04 0,93 1,06 1,17 1,31 420 Fabricação de peças e estruturas de cimento, concreto e fibn 0,64 0,49 0,61 0,45 0,43 0,45 0,42 0,44 0,45 0,54 430 Fabricação de vidro e artigos de vidro 0,45 0,50 0,49 0,54 0,59 0,56 0,60 0,62 0,71 0,70 440 Fabricação de outros produtos de minerais não-metálicos 1,78 1,47 1,47 1,51 1,67 1,61 1,54 1,50 1,57 1,69 510 Siderurgia 9,64 8,27 8,81 5,85 5,86 5,40 5,12 5,11 5,15 4,98 610 Metalurgia dos não-ferrosos 2,87 2,68 2,89 2,33 2,05 2,12 2,13 2,19 2,19 2,15 710 Fabricação de Fundidos e Forjados de Aço 1,10 0,84 0,75 0,72 0,77 0,73 0,66 0,57 0,65 0,62 720 Fabricação de outros produtos metalúrgicos 4,03 3,61 3,18 4,06 4,08 3,46 3,44 3,43 3,50 3,51 810 Fabricação de máquinas, equipamentos e instalações, inclus 4,66 4,48 3,57 4,26 4,15 4,28 4,15 3,38 3,41 3,29 820 Fabricação de tratores e máquinas rodoviárias, inclusive peç, 0,99 0,67 0,40 0,61 0,77 1,05 0,66 0,51 0,71 0,79
1010 Fabricação de equipamentos para produção e distribuição de 0,76 0,82 0,61 0,85 0,73 0,67 0,58 0,56 0,59 0,60 1020 Fabricação de condutores e outros materiais elétricos, excluf 1 ,56 1,66 1,66 1,58 1,60 1,62 1,65 1,64 1,68 1,80 1030 Fabricação de aparelhos e equipamentos elétricos, Inclusive 1,74 1,99 1,67 1,78 1,60 1,56 1,64 1,46 1,21 1,07 1110 Fabricação de material e aparelhos eletrônicos e de comunic 3,13 2,62 1,94 2,21 2,70 2,32 2,33 2,35 1,62 1,44 1120 Fabricação de receptores de tv, rádio e equipamentos de sor 1,70 1,60 1,33 1,27 1,73 1,67 1,81 1,89 1,67 1,13 1210 Fabricação de automóveis, caminhões e ônibus 7,04 6,50 6,03 6,94 7,14 8,48 10,84 10,05 10,67 8,62 1310 Fabricação de motores e peças para veículos 3,86 3,66 2,76 3,80 4,24 4,14 3,98 4,19 4,32 3,64 1340 Fabricação de outros veículos 1,08 1,03 0,94 0,64 0,69 0,67 0,64 0,65 0,72 0,84 1410 Indústria da madeira 1,03 0,77 0,69 0,81 1,05 0,83 0,79 0,76 0,76 0,73 1510 Fabricaçao de celulose e pasta mecênica 0,47 0,47 0,54 0,70 0,52 0,62 0,81 0,72 0,61 0,66 1520 Fabricação de papel, papelão e artefatos de papel 3,32 3,10 3,56 2,89 2,76 2,82 3,57 3,22 2,99 3,05 1610 Indústria da borracha 1.59 1,64 1,76 1,61 1,52 1,49 1,54 1,53 1,50 1,43 1710 Produção de elementos químicos não-petroquímicos ou carb 0,86 0,98 1,08 1,62 1,66 1,42 1,36 1,33 1,35 1,33 1810 Refino de Petróleo 5,07 6,81 7,05 6,47 6,30 5,95 5,43 5,92 6,33 7,51 1820 Petroquimica básica e intermediária 2,08 2,21 2,03 2,48 2,40 2,22 2,05 1,94 2,04 2,11 1830 Fabricação de resinas, fibras artificiais e sintéticas e elastôm 2,74 2,23 2,73 2,77 2,49 2,36 2,12 1,92 2,00 2,00 1910 Fabricação de adubos, fertilizantes e corretivos do solo 1,00 0,94 1,01 1,03 0,86 1,10 0,98 1,11 1,14 1,13 1920 Fabricaçao de produtos químicos diversos 2,93 3,74 4,57 3,35 3,06 2,71 3,03 3,46 3,61 3,77 2010 Indústria farmacêutica 1,35 1,69 1,97 2,13 2,16 2,49 2,96 3,01 3,59 4,22 2020 Indústria de perfumaria, sabões e velas 1,17 1,43 1,54 1,97 2,08 1,89 1,86 1,98 2,01 2,16 2110 Fabricação de laminados plásticos 0,71 0,60 0,47 0,43 0,52 0,50 0,50 0,50 0,45 0,42 2120 Fabricação de artigos de material plástico 1,99 1,65 1,71 2,31 1,79 1,86 1,93 2,07 2,01 2,04 2210 Beneficiamento, fiaçao e tecelagem de fibras têxteis naturais 3,19 2,94 2,61 2,88 2,35 2,20 1,87 1,67 1,47 1.41 2220 Fiação e tecelagem de fibras têxteis artificiais ou sintéticas 1,17 1,21 1,06 0,91 1,01 0,80 0,70 0,65 0,54 0,51 2230 Outras indústrias têxteis 1,73 2,06 1,71 1,45 1,96 1,87 1,69 1,58 1,49 1,35 2310 Fabricação de artigos do vestuário e acessórios 4,02 4,06 4,01 2,60 3,43 3,85 1,98 1,70 1,43 1,40 2420 Fabricação de calçados 1,75 2,06 1,63 2,04 2,31 1,74 1,48 1,43 1,18 1,03 2510 Indústria do café 0,47 0,49 0,38 0,49 0,41 0,63 0,61 0,65 0,63 0,61 2620 Moagem de trigo 0,56 0,60 0,73 0,82 0,71 0,55 0,69 0,84 0,75 0,80 2630 Preparação de conservas de frutas e legumes, inclusive succ 1,26 1,53 1,52 1,39 1,26 1,23 1,10 1,48 1,60 1,65 2710 Abate de animais (exceto aves) e preparação de carnes 1,76 2,12 2,28 2,37 2,19 2,53 2,22 1,27 1,45 1,22 2720 Abate e Preparaçao Aves 0,72 1,02 1,02 1,35 1,14 1,29 1,31 2,24 2,06 2,23 2810 Resfriamento e preparação do leite e laticínios 2,33 2,45 2,73 2,67 2,71 2,63 3,20 1,35 1,36 1,53 2910 Indústria do açúcar 1,15 1,32 1,61 1,84 1,73 1,86 1,66 3,46 3,22 3,21 3020 Refino de óleos vegetais e fabricação de gorduras para alirrtE 0,74 0,70 0,86 0,98 0,97 1,01 1,11 1,74 1,75 1,86 3110 Fabricação de Alimentos para Animais 0,51 0,61 0,82 0,82 0,74 0,96 0,90 0,97 0,99 1,27 3120 Outras indústrias alimentares 2,28 2,16 2,83 2,86 2,95 3,44 3,58 1,11 1,03 1,06 2650 Indústria do fumo 0,89 1,13 1,46 1,23 1,12 1,08 1,14 3,86 3,79 4,55 3130 Indústria de bebidas 1,38 1,61 1,99 2,03 2,04 2,22 2,75 2,89 2,91 3,02
100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
128
BASE DE DADOS CENSO INDUSTRIAL DE 1985 -PESQUISA INDUSTRIAL ANUAL DE 1998
(a) (b) (c) (d) VTI, PO e SALARIOS 1985 e 98 ( e ) CNAE3 GRUPO· 3 dlgltDs Generos Agregaçio Gen Competitl CaWso lntTecn OCDE VTI85 VTI98 P085 P098 SAL85 SAL98
151 Abate Produtos Allment Alim. Beb. Fumo trad bcnd baixa recnat 2,02 2,74 2,74 3,91 1,79 2,37 152 Conservas e sucos Produtos Aliment Alim. Beb. Fumo calim bcnd baixa recnat 0,86 1,29 o.n 0,97 0,52 0,62
153 Óleos vegetais Produtos Aliment Allm. Beb. Fumo callm bint baixa recnat 1,57 1,52 o.n 0,48 0,85 0,58 154 Latiolnios Produtos Aliment Alim. Beb. Fumo trad bcnd baixa recnat 1,03 2,21 1,22
~ 1,85 --
155 Rações Produtos Aliment Alim. Beb. Fumo calim bint baixa recnat 1,57 2,12 1,70 1,40
156 Açôcar Produtos Aliment Alim. Beb. Fumo calim bint baixa recnat 1,30 1,41 1,58 2,29 1,13 1,39
157 Café Produtos Allment Alim. Beb. Fumo callm bcnd baixa recnat 0,61 0,60 0,44 0,41 0,36 0,35 158 Outras Alimentares Produtos Allment Alim. Beb. Fumo trad bcnd baixa recnat 2,05 3,11 3,52 5,36 2,11 3,27
159 Bebidas Bebidas Allm. Beb. Fumo trad bcnd baixa recnat 1,23 3,61 1,49 1,96 1,43 2,40 160 Fumo Fumo Allm. Beb. Fumo trad bcnd baixa recnat 0,36 0,99 0,34 0,42 0,47 0,63
172+ 173 Fiação mais Tecelagem Têxtil Têxtil, Vest.Calçaclos oommod bint baixa lnl trab 4,08 0,61 4,50 1,07 3,33 0,71
171 Beneficíamento fl>ras naturc Têxtl Têxtl, VestCalçados trad bint baixa int trab 0,50 1,12 0,38 1,27
174 Artefatos Têxteis Têxtl !Têxtil, VestCalçados :mod~ baixa int trab 0,32 0,29 0,42 0,50 0,29 0,37
175 Serviços de acabamento Têxtl Têxtl, Vest.Calçados baixa int trab 0,69 0,19 o,n 0,40 0,57 0,25 176 Artefatos de tecidos TêxtD Têxtil, Vest.Calçados trad blnt baixa inl trab 0,71 0,67 0,90 1,23 0,63 0,84
177 Malharia Têxtil TêxiH, Vest.Calçados trad bint baixa int trab 0,26 0,29 0,39 0,53 0,27 0,33
181 Vestuário Vestuário TêxtH, Vest.Calçados trad bcnd baixa int trab 2,99 2,15 6,34 7,05 2,99 3,08
182 Acessórios Vestuário Têxtil, VestCalçados trad bcnd baixa int trab 0,26 0,10 0,57 0,28 0,28 0,16
191 Curtimento do oouro Couro Têxtil, Vest.Calçados oommod bint baixa recnat 0,49 0,26 0,69 0,61 0,45 0,37 ···--·
192 Artigos de oouro Couro Têxtl, VestCalçados trad bcnd baixa recnat 0,05 0,15 0,14 0,43 0,07 0,18
193 Calçados Calçados Têxtl, VestCalçados trad bcnd baixa int trab 1,49 5,05 4,2~ 201 Desdobramento Madeira Madeira Madeira e Mobiliário oommod bint baixa recnat 0,38 1,69 1,53 ,55
202 Produtos de madeira Madeira Madeira e Mobftlário trad blnt baixa recnat 0,89 0,78 1,83 2,19 1,03 1,14
211 Celulose e pasta Papel e Celulose Papel e GráfiCa oommod bint mdbaixa recnat 0,57 0,68 0,28 0,21 0,47 0,44
212 Papel e papelão Papel e Celulose Papel e Gráfica oommod bint md baixa recnat 1,37 1,03 1,21 0,70 1,55 1,09
213 Embalagens de papel Papel e Celulose Papel e Gráfica oommod bint baixa recnat 0,69 0,90 0,85 0,95 0,78 0,93
214 Artefatos de papel Papel e Celulose Papel e Gráfica oommod bcnd baixa escala 0,63 1,00 0,50 0,88 0,56 1,01
221 Edição e Impressão Editorial e Gl'áfia Papel e Gráfica lrad bcnd baixa escala 1,75 4,57 2,53 3,09 2,62 4,53
222 Impressão e serviços Editorial e Gráfic! Papel e GráfiCa trad bcnd baixa escala 0,22 o~ 0,37 0,81
223 Reprodução de material gra Editorial e Grãflc! Papel e Gráfica trad bcnd mdbaixa escala 0,07 o, 0,04 0,11
231 Coquerias Combustiveis Siderurugia e Metal oommod blnt mdbaixa recnat 0,08 0,00 o, 11 0,00 0,21 0,00
232 Refino do Petróleo Combustfveis Qulmica oommod bint mdbaixa recnat 6,47 4,23 0,78 0,46 2,31 1,n
234 Aloool Combustfvels Química oommod bcnd md baixa recnat 1,82 1,03 1,35 1,19 1,52 0,95
241 Qulmloos Inorgânicos Qulmica Química oommod blnt md alta escala 1,D4 1,53 0,56 0,71 0,96 1,21 129/131
BASE DE DADOS CENSO INDUSTRIAL DE 1985 ·PESQUISA INDUSTRIAL ANUAL DE 1998
(a) (b) (c) (d) VTI, PO e SALARIOS 1985 e 98 ( e) CNAE3 GRUPO - 3 dlgltos Generos Agregaçio Gen CompeiJti CatUso lntTecn OCDE V1185 V1198 P085 P098 SAL85 SAL98
242 Químicos Orgânicos Qulmlca Química oommod bint mdalta escala 3,53 1,44 1,07 0,44 2,19 1,11 243 Resinas e elastômeros Química Química oommod bínt mdalta escala 1,35 1,36 0,50 0,30 1,08 0,95 244 Fios, fibras, cabos e filamen Qui mica Quimíca oommod bint mdalta escala 0,43 0,17 0,32 0,13 0,74 0,21 245 Farmacêutica Farmacêutica Farmacêutica Difusor bcnd alta oiênoia 1,71 3,99 1,06 1,69 1,67 3,56 246 Defensivos Agrloolas Qulmloa Química Difusor bint alta escala 0,68 0,61 0,19 0,15 0,58 0,48 247 Sabão, detergente e Perfulll Perfumaria Quimioa trad bcnd md alta escala 0,88 2,01 0,83 1,25 0,96 1,62 248 Tintas e vernizes Química Química oommod bint mdalta escala 0,73 0,68 0,46 0,47 o,n 0,76 249 Outros químicos Química Qui mica lrad bint mdalta escala 1,42 1,40 0,72 0,91 1,08 1,46 251 Borracha Borracha Química oommod bint mdbaixa escala 1,931 1,46 1,36 1,30 1,87 1,72 252 Plástico Plástico Plástioo trad blnt mdbaixa escala 2,26 2,87 2,76 4,00 2,29 3,41 261 Vidro Minerais não mel Minerais não metálicos trad bint mdbaixa escala 0,72 0,59 0,60 0,49 0,76 0,63 262 Cimento Minerais não mel Minerais não metálicos oommod bint mdbaixa reonat 0,88 1,22 0,47 0,29 0,60 0,49 263 Artefatos de concreto, etc. Minerais não me Minerais não metálicos trad bínt mdbaixa reonat 1,51 0,80 0,93 1,37 0,60 0,96 264 Cerâmica Minerais não me Minerais não metálicos trad bint mdbaixa reonat 1,03 1,10 2,63 2,69 1,40 1,49 269 Pedras e outros não melálio Minerais não me Minerais não metálicos lrad bint mdbaixa reonat 0,80 0,45 1,07 0,84 0,73 0,52 271 Siderúrgicas integradas Siderurgia Siderurugia e Metal commod bint mdbaixa escala 2,64 2,90 1,40 1,16 2,29 2,53 272 Produtos siderúrgicos Siderurgia Siderurugía e Metal commod bint mdbaixa escala 3,01 0,57 1,82 0,49! 2,72 0,58 273 Tubos Outros metalúrgic Siderurugia e Metal trad bint mdbaixa escala 0,41 0,48 0,32 0,34 0,47 0,44 274 Não Ferrosos Metalurgia dos n~ Slderurugia e Metal commod bínt mdbaixa escala 1,76 1,43 0,99 0,82 1,39 1,28 275 Fundição Outros metalúrgic Siderurugla e Metal trad bínt mdbaixa escala 0,86 0,37 1,25 0,66 1,34 0,51
281 Estruturas Metálicas e oalde Outros metalúrgic Siderurugla e Metal trad bint mdbaixa int trab 0,44 0,71 0,95 1,38 0,73 0,98
282 Tanques e reservatórios me Outros metalúrgk Siderurugia e Metal trad bk mdbaixa int trab 0,26 0,15 0,30 0,19 0,42 0,18
283 Fo~aria Outros metalúrgk Siderurugla e Metal trad bint mdbaixa int trab 1,49 0,71 1,93 1,17 2,05 1,06
284 Cutelaria Outros metalúrgk Siderurugia e Metal trad bond mdbaixa int trab 0,70 0,77 0,88 1,07 0,79 0,96
289 Outras metalúrgicas Outros metalúrgic Siderurugia e Metal trad bint mdbaixa int trab 1,34 1,77 1,52 2,45 1,49 2,33
294+296 Maquinas ferramenta Maquinas e equi~ Metal mecânica Difuso r bk md alta diferenciado 2,11 1,50 2,40 1,64 3,33 2,31
291 Motores, bombas e compres Maquinas e equi~ Metalmecãnica Difusor bk md alta diferenciado 1,32 1,41 1,09 1,18 1,52 1,77
292 Máquinas e equips de uso g Maquinas e equ~ Metalmecânica Difuso r bk md alta diferenciado 1,50 1,51 1,71 1,42 2,28 1,81
293 Tratores e outras para agtfa Maquinas e equi~ Metal mecânica Difuso r bk md alta diferenciado 1,20 0,66 1,08 0,67 1,28 0,76
295 Maqs e Equlp. para extr. é o Maquinas e equi~ Metalmeoãnica Difusor bk mdalta diferenciado 0,43 0,53 0,33 0,33 0,47 0,53
297 Armas e munições Maquinas e equ~ Metalmeoãnica Difuso r bk mdalta diferenciado 0,58 0,10 0,33 0,11 0,55 0,09
298 Fabricação de Eletrodomést Eletrodomésticos Metal mecânica dur cd mdalta diferenciado 0,91 1,09 0,84 0,91 0,95 1,21
301 Máquinas para Escritório Eletrônica Difuso r bk alta ciência 0,19 0,21 0,15 0,08 0,25 0,16
302 Processamento de dados Eletrônica Difuso r bk alta ciência 0,65 0,36 0,33 0,20 0,65 0,33 129/131
BASE DE DADOS CENSO INDUSTRIAL DE 1985- PESQUISA INDUSTRIAL ANUAL DE 1998 (a) (b) (c) (d) VTI, PO e SALARIOS 1985 e 98 ( e )
CNAE3 GRUPO • 3 dlgitoe Generot Agregaçio Gen Competltt CatUto lntTecn OCDE Vfl85 Vfl98 P085 P098 SAL85 SAL98
311 Geradores e T ransfonnado~ Equipam. P/Enen. Maqs e outros elétricos Difusor bk md alta difereooado 0,82 0,73 0,77 0,68 0,98 1,07
312 Equips.Distribuiçao de Enen. Equipam. P/Enen, Maqs e outros elétrioos Difuso r bk mdalta diferenciado 0,58 0,70 0,62 0,53 0,80 0,62
313 Fios, ~os e condutores elétricos Maqs e outros elétricos commod bint mdalta difereooado 0,60 0,51 0,36 0,39 0,48 0,47 314 Pilhas e baterias Maqs e outros elétricos trad bint md alta diferenciado 0,20 0,19 0,18 0,17 0,24 0,22
315 Lampadas e equip. de lumlnaçêo Maqs e outros elétricos commod bcnd md alta difereooado 0,33 0,32 0,40 0,41 0,38 0,47 316 Material Elétrico para velcutos Maqs e outros elétricos trad bint md alta diferenciado 0,52 0,41 0,53 0,43 0,71 0,67 319 Outros equipamentos elétricos Maqs e outros elétricos trad bint md alta difereooado 0,25 0,31 0,24 0,35 0,30 0,36
321 Materiai Eletr6nico Básico 8etr6nica Eletrônica Difusor blnt alta ciência 0,61 0,40 0,55 0,39 0,74 0,57
322 Equip. de transmtssao de TV e rádio Maqs e outros elétricos Difusor bk alta ciência 0,98 1,55 0,90 0,50 1,21 1,14 323 Equip. de recepção de TV, som e video Maqs e outros elétricos Difusor cd alta ciência 1,10 0,78 0,61 0,55 0,69 0,79
331 ' Apar.equipam. médicos e hospitalares Maqs e outros elétricos Difuso r bk md alta difereooado 0,24 0,35 0,22 0,44 0,22 0,44
332 . Apar. e·instrum. de medida e controle 8etrônioa Difusor bk md alta diferenciado 0,24 0,29 0,23 0,26 0,27 0,34
333 Máqs p/sist. eletrônicos de automação Eletrônica Difusor bk md alta diferenciado 0,02 0,11 0,01 0,34 0,02 0,17
334 Ap. e instrumentos óticos e fotográfiCOS Maqs e outros elétricos Difusor bk md alta diferenciado 0,14 0,11 0,21 0,17 0,15 0,13
335 Cronômetros e relógios Maqs e outros elétricos dur cd md alta diferenciado 0,15 0,13 0,13 0,07 0,10 0,09
341 Automóveis Equipam.de Tran Equipam.de Transporte duauto cd md alta escala 1,83 3,73 1,91 1,41 3,82 4,01
342 Caminhões e ônl:lus Equipam.de Tran Equipam.de Transporte duauto bk md alta escala 0,79 0,87 0,51 0,33 1,21 1,08
343 Cabines e carrocerias Equipam.de Tran Equlpam.de Transporte duauto bk mdbaixa escala 0,30 0,42 0,50 0,63 0,40 0,67
344 Peças e acessórios para vei Equipam.de T ran Equlpam.de Transporte duaulo bint mdalta escala 2,57 3,02 2,43 2,77 3,42 4,08
345 Reoondicionamento de mote Equipam.de Tran Equipam.de Transporte trad bk baixa escala 0,13 0,09 0,19 0,31 0,15 0,19
351 Construção e reparação de Equipam.de Tran Equlpam.de Transporte Difuso r bk mdbaixa escala 0,64 0,12 0,59 0,13 0,71 0,11
352 Conslfl!ção e reparaçêo de Equipam.de Tran Equipam.de Transporte Difusor bk md alta escala 0,34 0,12 0,29 0,10 0,51 0,12
353 Construção e reparação de Equipam.de Tran Equipam.de Transporte Difuso r bk alta ciência 0,34 0,46 0,24 0,21 0,49 0,48
359 Outros equipamentos de tra Equipam.de Tran Equipam.de Transporte dur cd mdalta escala 0,37 0,46 0,38 0,34 0,32 0,40
361 MobBiário Mobfliário Madeira e MobHiário trad od baixa int trab 1,44 1,47 3,10 3,98 1,72 2,12
369 Diversos Diversos Diversos trad bond mdbaixa In! trab 1,70 0,96 2,37 1,56 1,82 1,08
371+37T Reciclagem trad blnt mdbaixa reonat 0,09 0,05 0,09 0,08 0,11 0,07
(a} Kupfer, 1998 (c) Departamento de Indústria do IBGE ( OCDE, 1997) (b) Depart Indústria do IBGE (d) OCDE, 1988 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
(e) Em percentagem do total da indústria de transformaçao; Dados compatibilizados entre o Censo lndustrial85 e a Pesquisa Industrial de 1998; apenas a estrutura do VTI foi trabalhada nessa tese.
1291131
Base de Contas Nacionais para Confronto com Haguenauer e Mesquita VP Contas Nacionais
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 Min Não Metálicos 4,50 4,71 4,36 4,14 4,23 4,20 4,05 4,32 4,62 Siderurgia 6,37 6,64 7,39 6,84 6,63 6,35 6,08 5,84 5,51 O Metalúrgicos 8,21 8,21 7,67 7,46 7,87 8,03 7,86 7,78 7,70 Maqs Tratores 6,76 5,97 6,43 6,56 6,62 6,20 5,92 5,88 5,90 Maqs Elétricas 3,63 3,30 3,28 3,17 3,18 3,58 3,34 3,35 3,46 Eq Eletrônicos 3,97 3,53 2,74 2,90 3,28 4,07 3,96 3,48 2,76 Auto, Cam. e Onibus 3,53 3,57 3,45 3,87 4,19 5,32 5,33 5,86 4,63 O veículos 4,81 4,31 4,38 4,76 5,00 5,17 4,93 4,88 4,41 Borracha 1,80 1,81 1,84 1,85 1,83 1,82 1,71 1,73 1,60 Química 20,70 21,14 22,35 22,84 20,94 18,47 18,75 19,79 20,62 Farme Perf 2,53 2,42 2,70 2,94 2,70 2,78 2,83 3,17 3,55 Plástico 2,44 2,36 2,10 2,17 2,01 2,21 2,39 2,33 2,31 Têxtil 6,46 6,03 5,36 5,02 4,81 4,75 4,50 4,06 3,90 Vestuário 3,59 2,99 2,64 2,53 2,41 2,53 2,46 2,16 2,15 Alim Beb e Fumo 20,70 23,00 23,30 22,95 24,30 24,53 25,90 25,37 26,87 Soma 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Base de Mesquita para Confronto com Contas Nacionais e Haguenauer VP • Mesguita
1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 Min Não Metálicos 3,85 3,46 3,73 4,08 3,98 3,90 3,75 3,86 4,13 4,49 Siderurgia 10,31 8,84 9,41 6,26 6,28 5,75 5,48 5,45 5,45 5,27 O Metalúrgicos 8,57 7,62 7,29 7,60 7,38 6,72 6,68 6,59 6,71 6,64 Maqs Tratores 6,04 5,49 4,24 5,20 5,27 5,67 5,15 4,15 4,36 4,31 Maqs Eletricas 7,69 7,57 6,29 6,85 7,10 6,56 6,62 6,41 5,39 5,19 Eq Eletrônico 1,82 1,71 1,42 1,36 1,85 1,78 1,93 2,02 1,77 1,19 Auto, Cam Onibus 7,53 6,95 6,45 7,41 7,64 9,03 11,61 10,71 11,29 9,12 O Veículos 5,29 5,00 3,95 4,75 5,28 5,11 4,95 5,15 5,34 4,73 Borracha 1,70 1,76 1,88 1,72 1,62 1,59 1,65 1,63 1,58 1,51 Química 15,71 18,05 19,73 18,94 17,96 16,n 16,03 16,72 17,44 18,89 Farm e Perf 2,70 3,34 3,75 4,38 4,54 4,66 5,16 5,32 5,93 6,75 Plastico 2,90 2,40 2,33 2,93 2,48 2,50 2,61 2,74 2,60 2,60 Têxtil 6,52 6,63 5,75 5,60 5,70 5,18 4,57 4,15 3,70 3,47 Vestuário 4,30 4,34 4,29 2,78 3,67 4,10 2,12 1,82 1,51 1,48 Alim Beb e Fumo 15,05 16,83 19,49 20,14 19,25 20,67 21,70 23,30 22,80 24,34 Soma 1~001~001~001~001~001~001~001~001~001~00
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Base de Haguenauer ~!ara Confronto com Contas Nacionais e Mesgulta VP Haguenauer
Atividades 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 19SI6 Min Não Metálicos 3,47 3,87 5,13 5,07 5,51 5,37 5,42 5,~11 5,63 5,49 5,56 5,78 Siderurgia 8,32 7,90 7,76 7,67 7,53 6,56 6,26 7,57 7,52 7,65 7,36 7,~14
o Metalúrgi•:::os 7,40 7,27 6,90 6,32 6,5? 5,84 5,49 5,49 S,22 5,50 S,66 5,Ei7 Macjs Tratores 15,60 7,44 8,81 9,08 10,63 8,98 7,29 6,84 7,42 7,66 7,60 6,27 Maq~ Elétricas 4,30 5,06 4,50 4,77 4,65 5,61 4,36 3,39 3,36 3,47 3,83 3,~10
Eq E;.letrônicos 2,20 2,52 2,25 2,39 2,33 2,71 2,04 1,45 1,33 1,27 1,46 1,44 Auto, Cam. e Onibus 4,19 4,08 4,31 5,12 4,34 4,64 5,01 5,43 S,96 6,14 13,46 6,00 o verculos ·~.11 4,74 4,23 5,50 5,68 5,88 5,03 5,25 5,73 6,28 6,39 6,46 Borracha 1,86 1,66 1,80 1,77 1,23 1,24 1,30 1,72 1,96 1,97 1,90 1,90 Química 23,46 20,40 22,12 20,61 17,96 19,41 20,58 22,19 22,13 20,58 18,79 18,87 Farm e Perf 2,25 2,44 2,55 2,63 2,75 3,44 3,69 4,07 4,35 4,34 4,48 4,71 Plástico 2,16 2,14 2,09 1,98 2,29 2,20 2,15 1,84 1,88 1,87 2,07 2,18 Têxtil 6,47 6,90 5,78 5,80 5,40 4,76 4,43 3,80 3,65 3,39 3,16 2,93 Vestuário 3,36 3,34 2,91 2,81 5,0'1 4,23 4,05 2,82 2,89 2,34 2,18 1,88 Alim Beb e Fumo 19,87 20,24 18,87 18,49 18,1:3 19,13 22,89 22,23 20,96 22,05 23,10 24,66 Soma 100100 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100100
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