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UMA LEITURA CONSCIENTE E OBSERVADA DO GÊNERO “FÁBULA” NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Professora PDE 2010 - Maria Rita Medeiro de Wite
Professor Orientador - Dr Fábio Augusto Steyer
“O importante é motivar a criança à leitura, para a aventura de ler." (Ziraldo)
Resumo
Ler fábulas em sala de aula pode despertar no aluno interesse em conhecer outras
histórias. O uso de fábulas pode ser um caminho para incentivar no aluno a formação do
hábito de leitura. O aluno do Ensino Fundamental e Médio abandona a leitura por motivos
pessoais, e também, o avanço tecnológico no mundo de hoje traz acesso a informações e
entretenimento. Ele se depara com jogos eletrônicos repletos de imagens, isso acaba por
fazê-lo perder o interesse pela leitura. Também as redes sociais (msn, orkut) em que se
comunica de maneira rápida com mensagens curtas as quais ele lê em questão de
segundos acabam por desfazer o interesse do estudante em ler e observar os detalhes do
caminho de um texto. O contato do aluno, portanto, com textos literários, se dá apenas no
âmbito escolar. O objetivo deste artigo é refletir sobre a intervenção feita junto aos alunos,
no PDE/Paraná, com o gênero textual fábula, pois se acredita que foi possível estimular o
estudante à leitura, por ser um texto curto e de fácil compreensão e que no final da
história traz uma moral que provoca uma reflexão crítica para quem lê.
Palavras chave: Fábula, incentivo, reflexão e conscientização.
1. INTRODUÇÃO
Este artigo tem a finalidade de apresentar o trabalho realizado com "Gênero
Textual Fábula". É uma prática de leitura e escrita através de narrativas de textos fábulas.
Esta prática foi aplicada no Estabelecimento de ensino do Colégio Estadual Dr.
Epaminondas Novaes Ribas, na cidade de Ponta Grossa, Estado do Paraná, através do
PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional), em 2011, onde o participante
envolvido foi a turma "A", 6º ano; o material pedagógico empregado foi o "Gênero Textual
Fábula": O gato e o rato; A cigarra e a formiga; o Lobo e o cordeiro; A lebre e a tartaruga;
A raposa e as uvas; A raposa e a cegonha; O sapo e o boi; A assembleia dos ratos; O leão
e o ratinho; A coruja e a águia; A rosa e a borboleta.
Estes textos criaram novas estratégias para o hábito de leitura nas aulas de
Língua Portuguesa. A forma da prática de educar deve partir do interesse do educando.
Hoje, num mundo informatizado que traz respostas prontas, os alunos não têm incentivos
para a leitura, nem para adquirirem conhecimentos, ou simplesmente ler por prazer. O
projeto ofereceu uma estratégia diferente nas aulas aplicadas, através dessas histórias
encantadas para crianças.
Percebeu-se que a fábula é um texto cooperativo para formar um indivíduo
leitor. Então, houve necessidade de explicação das raízes desse gênero textual fábula.
Conhecer as origens da fábula tornou o assunto ainda mais empolgante para os alunos.
Aprenderam que a fábula nasceu no Oriente e mais tarde foi reinventada no Ocidente
pelo escravo grego Esopo. E que o próprio Esopo criava histórias baseadas em animais
para mostrar como agir com sabedoria. Mais tarde as fábulas foram escritas em versos
com tons satíricos, pelo escravo romano Fedro. Logo surgiu um responsável pela
divulgação da fábula no Ocidente moderno, foi o francês Jean de La Fontaine, um poeta
de grande conhecimento da cultura popular que tinha como objetivo de mostrar os
animais numa situação simbólica. A formiga simbolizava o trabalho, o leão a força, a
raposa a esperteza, o lobo o poder, a tartaruga a perseverança, a lentidão, a lebre a
rapidez, o cachorro a amizade, a coruja a sabedoria, a pomba a paz, o gato a agilidade e
assim por diante. O leão e o camundongo, a lebre e a tartaruga, a raposa e a cegonha, a
cigarra e a formiga são algumas das duplas que protagonizam fábulas muito conhecidas.
Há também o homem que matou a galinha dos ovos de ouro, fábula de La Fontaine a qual
registra a lição de moral “Quem tudo quer tudo perde”.
Vale sempre lembrar que uma criança aprende melhor e mais depressa
quando se sente querida e valorizada, segura de si e é tratada como um ser singular.
Essa mesma aprendizagem torna-se mais fácil quando a tarefa escolar atende a seu
impulso para a explicação e descoberta, quando a monotonia está ausente na escola,
quando o professor além de falar sabe ouvir e propiciar experiências diversas a seus
alunos.
A aprendizagem é tão pluridimensional quanto a própria vida. Envolve
interesse, curiosidade, coragem que se liga à vida e está vinculada às vivencias do
indivíduo.
Comprova-se que o texto fábula é próprio do interesse da criança. A fábula é um
texto que abre espaço para a alegria do prazer de ler, compreender e interpretar a si e a
realidade do mundo.
O leitor tem um papel ativo no processo da leitura, ele procura pistas
formais, formula e reformula hipóteses, às vezes, até não aceitando ideias ou conclusões,
usa meios baseados nos seus conhecimentos linguísticos, na experiência e na vivência
sociocultural.
Segundo Paulo Freire (1998), a leitura do mundo precede sempre a leitura
da palavra. O ato de ler se veio dando na sua experiência existencial, desde bebê e
criança. Primeiro, a “leitura” do pequeno mundo em que se movia; depois, a leitura da
palavra que, nem sempre, ao longo da sua escolarização, foi a leitura da “palavra mundo”.
Na verdade, aquele mundo especial se dava a ele como o mundo de sua atividade
perspectiva, por isso mesmo como o mundo de suas primeiras leituras. Os “textos”, as
“palavras”, as “letras” daquele contexto em cuja percepção experimentava e, quanto mais
o fazia, mais aumentava a capacidade de perceber se encarnavam numa série de coisas,
de objetos, de sinais, cuja compreensão ia aprendendo no seu trato com eles, na sua
relação com seus irmãos mais velhos e com seus pais.
A leitura é um processo que se evidencia através da interação entre os
diversos níveis de conhecimentos do leitor: o linguístico, o textual e o de mundo. Sendo
assim, o ato de ler caracteriza-se como um processo interativo. Apesar de em nosso
tempo já ter se tornado evidente a importância da leitura enquanto prática social, é
realidade observarmos crianças que freqüentam escolas públicas de Ensino Fundamental
relatarem não gostar de ler.
Observando a nossa realidade, mas sem perder de vista os processos de
aprendizagem, os nossos estudantes necessitam de condições para superar as
dificuldades encontradas no meio em que vivem, tanto familiar quanto social. Portanto,
para sanar essas dificuldades cabe a quem o papel de ensinar?
Os discentes receberam do professor diversidades de gêneros textuais e
identificaram o texto fábula dos demais textos. Assim os alunos puderam selecionar
fábulas de Esopo, La Fontaine, Millôr Fernandes e Monteiro Lobato. O professor fez uma
dinâmica de leitura, dando ênfase na moral da história. Ele mostrou para o educando que
está inserido na moral das fábulas um caráter moralista e ético associado a um contexto
histórico, por meio de comparação das fábulas, e que essas comparações podem estar
relacionadas em diferentes épocas. As comparações podem ser ensinamentos utilizados
em sala de aula, na família, no trabalho e no lazer. Foi organizada uma estante de textos
fábulas, desenhos, atividades, na biblioteca da escola, além do professor usar seus
próprios recursos como apoio pedagógico. Em seguida os alunos trabalharam com textos
fábulas, em sala de aula, e logo após organizaram equipes para contar e dramatizar a
história como se fossem os próprios personagens do texto em estudo. O professor
orientador oportunizou estes alunos a produzirem teatro de fantoche para contarem estes
textos para seus colegas, dando mais ênfase na voz e deixando mais bonita a história
dramatizada.
Assim finalizou-se o projeto, o professor e o aluno fizeram exposições na
sala de aula e pátio da escola, com contos de fábulas destacando as ações das
personagens e uma interpretação sobre a moral da história, mostrando para os visitantes
que muitos adágios populares presentes nas fábulas fazem partes do nosso cotidiano. Aí
reafirma o porquê do ensino das fábulas, há mais de seis séculos na história da
humanidade.
O educador tem liberdade de ensinar, não transfere conhecimento, tem
consciência do que ensinar, exige respeito por essa liberdade de escolha de conteúdos, e
também se exige do educador essa capacidade de transmitir e conhecer as diferentes
dimensões que caracterizam a essência de sua prática de ensinar.
2.DESENVOLVIMENTO
As leituras selecionadas para o desenvolvimento deste estudo pertencem ao
gênero narrativo "fábula". O privilégio pelo gênero tem como objetivo oferecer ao
professor o auxílio de divulgar e valorizar a arte de narrar história para crianças.
O estudo do gênero "fábula" visa proporcionar o desenvolvimento da
percepção das interações de alguns estudiosos que consideram que uma narrativa é
explícita ou implícita, perpassada por uma argumentação que será trabalhada, sob as
perspectivas de autores como Bakhtin e Paulo Freire, entre outros.
Fábula é uma narração curta de natureza simbólica, cujos personagens são
animais que têm atitudes, pensam, agem e sentem como os seres humanos. É uma
história narrada com objetivo de transmitir uma lição de moral que vem com o passar dos
tempos conscientizar e alterar para melhorar as atitudes e comportamentos do ser
humano, mesmo sendo um gênero textual muito antigo. Fábula vem do Latim fari que
significa falar e do grego phaó, que é o mesmo que dizer, contar algo. Nelly Coelho (2000,
p.165) a define como “a narrativa de uma situação vivida por animais que alude a uma
situação humana e tem por objetivo transmitir certa moralidade”.
As fábulas, uma das mais antigas maneiras de contar histórias, ligam moralmente
uma norma de conduta para a criança e oferecem condições principais para aprender a
criticar valores da nossa sociedade. São meios que auxiliam a criança a aprender a lidar
com o presente e preparando-a para enfrentar o futuro, adquirindo condições para superar
o seu mundo adulto.
O autor grego Esopo usava os animais como personagens de suas fábulas, como
tartaruga, lebre, raposa, formiga, gato, rato, cigarra, leão e muitos outros animais como
vilões de suas histórias, e por meio destas ele criticava os valores da sociedade de sua
época para mostrar à humanidade o que era certo e o que era errado em suas atitudes no
meio em que vivia.
Para chegar à conscientização do certo ou do errado, a leitura de fábulas é
importante e garante ao indivíduo a possibilidade de exercer a cidadania. Há muitos
séculos, o homem começou a ter relações com as coisas do mundo, na era primitiva de
sua formação histórica, o ser humano já estabelecia contato com a natureza e com os
seus semelhantes, sem as quais era impossível sua sobrevivência.
A fábula não é um gênero morto. No mundo atual, em todas as classes sociais
estão presentes as tradições populares, como "Vão-se os anéis e fiquem os dedos".
"Quem tudo quer tudo perde". "Águas passadas não movem moinhos". "Devagar e
sempre se chega na frente". "Seja sempre você mesmo". "Inventar é uma coisa fazer é
outra". "Cuidado com as amizades muito repentinas". "Pelas penas não fazem belos
pássaros". "Quem trai os amigos pode estar cavando a sua própria cova". "Mais vale uma
vida modesta com paz e sossego que todo o luxo do mundo com perigos e
preocupações". "Trate o outro tal como deseja ser tratado". "Uma boa ação ganha a
outra". "É burrice tentar ser uma coisa que não se é". "Nada ilumina que a natureza
determina". "Jamais confie nas aparências.". "Cuidado com os favores inesperados". "Os
preguiçosos colhem o que merecem". "Nem sempre as promessas magníficas dão
resultados impressionantes." "Não prive os outros do que não pode desfrutar." Entre
esses ditados populares existem outros que fazem parte da filosofia de vida de cada um
de nós. Não se pode negar que a fábula é um gênero textual muito antigo. São histórias
escritas por Esopo e mais tarde por La Fontaine, histórias curtas e bem humoradas que
encantam as crianças por apresentarem animais como personagens, e muitos desses
personagens são animais de estimação de nossas crianças.
Atualmente o educador tem uma tarefa árdua: é o ser que deve perceber a
realidade com suas tendências, nem tanto para defender as novas gerações, mas sim
para prepará-las, para fazer despertar seus potencias. O uso da fábula faz parte como
recurso didático no processo ensino e aprendizagem. O professor precisa se interagir
mais sobre fábulas e utilizá-las de maneira mais eficiente. É uma metodologia alternativa,
baseada na leitura de fábulas, e a conscientização contida nas histórias vai colaborar para
a formação de valores no aprendizado das crianças.
Freire define que o que diferencia o ser humano dos demais seres é a capacidade
de respostas a muitos desafios que a realidade impõe. Porém, essa capacidade de agir
no mundo não se dá de maneira isolada. É no interagir entre as pessoas com o mundo
que se constrói uma nova realidade e que se fazem novas pessoas, criando cultura e
fazendo histórias. (1998, p. 51).
O trabalho com a leitura das fábulas deve ser uma prática constante, tanto no meio
escolar quanto fora dele. Seu principal objetivo deve ser o de formar leitores competentes,
quer dizer, formar alguém que compreenda o que lê e também aprenda a identificar
elementos implícitos no texto que se lê, e saiba vários sentidos que podem ser atribuídos
a um texto, consiga avaliar o que lê e ser capaz de compreender a interpretação da leitura
de mundo do outro.
A partir de uma boa leitura é que surge o alicerce para a produção de bons textos.
Portanto, devem-se escolher textos, temas adequados à idade dos alunos, a fim de que
eles se integrem ao exercício de leitura de modo prazeroso.
O estudo das narrativas fabulares, num contexto atual interação significativa,
possibilita que o educando abrange o seu conhecimento a respeito de si mesmo, do
homem e do mundo em que vive.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9.394/96 e os parâmetros
Curriculares Nacionais – PCN’s, em especial a parte que se refere às Linguagens códigos
e suas tecnologias, bem como o documento crítico produzido pelos professores Luís
Paulo da Moita Lopes e Rosane Helena Rodrigues Rojo (p. 14-59), preconizam o enfoque
que os professores de línguas devem dar ao seu ensino, ou seja, todo e qualquer cidadão
deve saber lançar mão de estratégias linguísticas e discursivas que tornem o seu texto
(escrito ou falado) capaz de comunicar aquilo que é intencional convencendo o leitor de
através de sua eficiência e eficácia. Pois todo o profissional necessitará narrar,
argumentar, descrever e dissertar em muitos momentos de sua vida.
"Quem conta um conto, aumenta um ponto".
O ditado popular pode bem se referir à fábula, que assim como o enigma é um
tipo de narrativa. A fábula é um texto narrativo curto utilizado desde há muito tempo para
se opor à opressão, para criticar usos e costumes e mesmo pessoas. Para fugir da
repressão que poderia haver por parte de quem fosse criticado, os autores usavam muitas
vezes animais como personagens de suas histórias. A fábula apresenta um fundo moral e
geralmente é utilizada com fins educativos. A moral das fábulas adquiriu vida própria
transformando-se em provérbios - frases prontas, vindas do conhecimento popular,
transmitidas de boca em boca e que encerram certo ensinamento sob algum aspecto da
vida. Por se tratar de um gênero transmitido oralmente, as fábulas costumam ter muitas
versões. A mesma história ganha roupagens diferentes, em épocas e regiões diferentes.
Essas histórias permitem que a humanidade construa explicações sobre o mundo: as
manifestações da natureza, as relações entre as pessoas (seus defeitos, paixões e
virtudes), as relações entre a humanidade e a natureza. São histórias que nos permitem
conhecer a nós mesmos.
O educador ou educadora deve resgatar dentro de si as marcas e as lembranças
da infância tentando recuperar as histórias infantis no seu tempo de criança. E também
deve diagnosticar na comunidade as experiências de pessoas mais velhas, as tradições
de contar essas narrativas, devolvendo-as às nossas crianças, pois contar histórias marca
a importância fundamental à formação educacional para os nossos alunos. Não se trata
de uma educação rígida, mas sim de proporcionar conscientização às nossas crianças a
possibilidade de cultivar a sua própria cultura na sociedade em que vive.
Para a implementação do trabalho organizou-se uma Unidade Didática. A Unidade
Didática é a soma do Programa Educacional do Paraná – PDE, que depositou no
educador a fusão prática e teoria. Unir a teoria dos filósofos pensadores com a prática em
sala de aula no cotidiano do educando.
Durante todo o tempo que ganhamos para fins de estudos, exibimos um trabalho
devidamente pesquisado sobre o tema proposto. Neste buscamos introduzir as Fábulas
como um estudo consciente e comportamental do ser humano, uma indução para
trabalhar sobre valores para crianças do Ensino Fundamental. É nas Fábulas que vamos
encontrar moralidade, ética, respeito, virtudes, defeitos, caráter, boas atitudes que devem
estar presentes no homem interagindo na sociedade. É no texto fábula que esses
conceitos são enfeitados pela maneira dos animais adquirirem semelhanças de seres
humanos.
Esse gênero narrativo crítico é capaz de atrair atenção, servir como lazer e dar
um ensinamento de boas maneiras por meio de sua moral. As fábulas, segundo Feder
(século 1 A.C.), têm como finalidade de aconselhar, conscientizar e entretenimento.
O professor fez uma leitura crítica, conscientizada e reflexiva sobre os conceitos
morais das fábulas exibidas nesta Unidade Didática, induzindo os alunos a ponto de
questionarem os acontecimentos sociais da vida dos personagens do texto em discussão.
Encerrando os comentários sobre o texto fábula, o professor investigou se aconteceu
conscientização sobre os conceitos que os alunos possuíam em si mesmos e observaram
nos outros, e se o trabalho feito com a leitura das fábulas foi favorável a ponto de
acontecer reflexão e conscientização. Então cabe à sociedade avaliar esse indivíduo para
ver se houve ou não aprendizagem.
No encerramento do projeto foi feito um portfólio para as observações de todos os
textos trabalhados, para facilitar a avaliação final.
3.PROCEDIMENTO METODOLÓGICOS
Este estudo teve início com uma reunião discente junto com a Coordenação
Escolar, onde foram discutidas estratégias para o andamento do projeto de forma
eficiente. Os discentes receberam textos de várias fábulas, assim puderam selecionar
Fábulas de Esopo e de La Fontaine. Esses textos fora distribuídos em sala de aula. Foi
também organizada uma estante de textos fábulas, desenhos e atividades do projeto e
colocados em exposição na biblioteca da escola. Assim o professor pôde usar seus
próprios recursos como apoios pedagógicos. Em seguida os alunos trabalharam com
textos fábulas em sala de aula e logo após organizaram equipes para contar ou
dramatizar a história como se fossem os próprios personagens da história estudada. O
professor orientador oportunizou estes alunos a produzirem teatro de fantoche para
contarem estes textos para seus colegas; dando mais ênfase na voz, deixou ainda mais
bonita a história dramatizada e o desenvolvimento de oralidade.
Para finalizar o projeto, o professor fez exposição na sala de aula e pátio da
escola, com contos de fábulas destacando as ações das personagens, e também uma
interpretação da moral da história que conscientizou os alunos que os adágios populares
presentes nas fábulas também fazem partes da nossa vida cotidiana. Aí reafirma o
porquê do ensino das fábulas a mais de seis séculos na história da humanidade.
Para isso foram utilizados livros de fábulas da biblioteca da escola, aparelhos de
som, máquinas fotográficas, data show, TV, filmes, cartolinas, lápis de cor, de cera, giz
colorido, tinta guache e mesas para que o aluno ficasse bem ambientado durante o
andamento do projeto.
O professor leu com os alunos dez fábulas selecionadas e solicitou que
tomassem atenção nas características comuns encontradas nos textos lidos. Após a
leitura, o professor fez interrogações chamando a atenção sobre a criação das histórias e
presença dos personagens animais que agem como seres humanos. Comentou também
sobre a indeterminação do tempo e do espaço, e mostrou a importância da moralidade no
final do texto. Explicou para os alunos que aquela argumentação no final da história está
inserida nos conceitos morais de nossa vida cotidiana.
Após essa demonstração, o professor fez um painel com dez chapéus, cada um
com o título de uma fábula. E convidou um aluno de boa oratória para tirar o chapéu para
as referidas fábulas. Esse aluno teve a liberdade de sentir-se dono da oralidade para
explicar o porquê de tirar ou não tirar o chapéu para referida fábula.
O próprio aluno pôde confeccionar os chapéus de tecidos, cartolina, jornal,
papelão, papel cartão, EVA, TNT, e outros
Após a leitura dos textos, o professor orientou os seus alunos sobre a moral das
fábulas, que através delas é que os personagens animais ganharam as suas
características. O professor induziu os seus alunos a perceberem o prestígio que os
animais trouxeram de séculos passados essa vivacidade e estão presentes nos textos
ensinando o aluno de hoje. Essa colaboração veio formar um indivíduo consciente e
pensador.
Outra atividade: o professor distribuiu para cada aluno lápis de cor ou de
cera, régua, cola, tesourinha, faixa de papel em branco 2X10 centímetros, tinta guache ou
giz colorido, jornais, revistas para recortes. Também deu liberdade para o aluno fazer seu
próprio desenho. O professor explicou para as crianças que fizessem uma moldura bem
criativa na cartolina. Logo em seguida, escrevessem o provérbio popular na faixa de papel
e fixá-lo na parte superior da cartolina, em seguida, criassem uma ilustração para esse
provérbio. O aluno não poderia fugir do tema.
Um exemplo do resultado destas atividades pode ser visto abaixo:
O professor também apresentou outros gêneros textuais para que o aluno
identificasse os diversos tipos de textos. Orientou o seu aluno a identificar cada gênero
textual por meio de suas características, para saber a que gênero o texto pertence.
Um exemplo:
“HISTÓRIA ENGATADA”
CARACTERÍSTICAS
COMENTÁRIOS
O gato e a gata
Se viram e miaram,
Subiram, nas casas,
Miando...e gostaram.
Casaram de noite,
Como os gatos se casam.
E nasceu um gatinho
Dos gatos listrados.
As listras deitadas
E as listras pra cima
Formaram um gatinho,
O número três:
Que gato engraçado,
É um gato xadrez!
Sylvia Orthof
*É um poema;
*Redigido com linhas poéticas;
*Possui rimas;
*Tem melodia;
*Apresenta estrofe;
*Reproduzido de uma
parlenda;
*Apresenta sons semelhantes,
sonoridade;
*Ritmo de uma parlenda
*Paródia do poema “ O gato
xadrez”
Trabalhar com a criança
sobre parlendas, paródia,
comentar a estrutura de
poemas, ortografia (vários
sons do X),rimas e ritmos.
Solicitar aos alunos que
escrevam outras palavras
grafadas com X. Fazer
um pequeno comentário
sobre as raças dos gatos
Aqui estão as minhas experiências de uma prática de ensino em turma de (6º
ano) sobre a importância de ler e registrar os momentos de leitura e produção textual, em
sala de aula, também as inferências de conscientização, leitura, releitura e escrita. Está
presente a contribuição do mestre para construir meios de ensinar e orientar a leitura e a
produção de seus alunos.
É na própria experiência, lendo, construindo, que o professor aprende e vai
adquirindo estratégias como leitor e observador de detalhes sobre a ideologia do texto
explorado. O trabalho proposto foi ler fábulas para as crianças adquirirem hábitos de
leitura. A tarefa não foi fácil, mas também não impossível, porque pensar e dizer é oposto
de fazer algo para obter resultado, sabemos que há uma grande distância de ligação
entre teoria e prática. Este trabalho de leitura dirigido com fábulas é uma oportunidade de
vivenciar situações significativas e adquirir conhecimentos teóricos de um jeito reflexivo e
conscientizador.
A prática "Tirar o chapéu para as fábulas" foi criada a partir de leitura de notícias
de jornais, o aluno lia e gostava de comentar. Até houve necessidade de criar um júri para
acalmar as discussões durante a leitura, então surgiu a ideia de ler fábulas, brincadeira da
pescaria), onde havia diversos gêneros textuais; em cada texto pescado havia uma
provocação de comentários sobre a moral e as personagens de cada fábulas lidas. Assim,
ocorreu oportunidade de oferecer aos alunos outros gêneros textuais para debates.
Observava-se que as crianças gostavam de contar histórias com criatividade, com troca
de personagens, imitar a voz dos animais no texto, ilustrar o ambiente, dramatizar, exibir
seus trabalhos em exposição no mural de leitura.
Nessas aulas foram feitas exposições com os materiais produzidos pelos alunos. O
professor convidou outras turmas e pais dos alunos, para se reunirem no auditório e pátio
da escola.
Ler é familiarizar-se com diferentes textos produzidos em diversas esferas sociais:
jornalistica, artística, judiciária, científica, didática, didático-pedagógica, cotidiana,
midiática, literária, publicitária, etc. No processo de leitura, também é preciso considerar
as linguagens não-verbais. A leitura de imagens, como fotos, cartazes, propagandas,
imagens, digitais e virtuais, povoam com intensidade crescente nosso universo cotidiano.
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação básica do Estado do Paraná:
Trata-se de propiciar o desenvolvimento de uma atitude crítica que leva o aluno a perceber o sujeito presente nos textos e, ainda, tomar uma atitude responsiva diante deles. Sob esse ponto de vista, o professor precisa atuar como mediador, provocando os alunos a realizarem leituras significativas. Assim o professor deve dar condições para para que o aluno atribua sentidos a sua leitura, visando a um sujeito crítico e atuante nas práticas de letramento da sociedade. (PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. 2008. p. 71)
A leitura desperta no indivíduo um conhecimento de mundo. O leitor busca as
suas experiências oriundas de formação familiar, religiosa, cultural e social, para
completar a sua formação educacional.
O gosto pela leitura deve ser despertado no indivíduo desde a alfabetização,
porque quando ele começa a ter as primordiais visões de mundo, deve aprender a
conviver com livros, sinais de comunicação, jornais, revistas e outros meios que levam à
instruções e conhecimentos. Para que a leitura se efetive no ato de comunicação,
configurando o caráter individual que o próprio leitor possui, a prática da leitura passa a
ser um princípio de cidadania. Aí, o leitor passa a ser um procurador de conhecimentos,
ele deve realizar a leitura em diferentes contextos para ampliar a sua experiência de
mundo.
Retomamos Paulo Freire (1998), segundo o qual a leitura do mundo precede
sempre a leitura da palavra.
A leitura do seu mundo foi sempre fundamental para a compreensão da
importância do ato de ler, de escrever ou de reescrevê-lo, e transformá-lo através de uma
prática consciente como explicitado por Freire em “A importância do ato de ler”:
Ao elaborar uma síntese das reflexões sobre o livro "A importância do Ato de Ler"
e as relações da biblioteca popular com a alfabetização de adulto de Paulo Freire,
leva-nos a compreensão da prática democrática e crítica da leitura do mundo e da
palavra, onde a leitura não deve ser memorizada mecanicamente, mas ser
desafiadora que nos ajude a pensar e analisar a realidade em que vivemos. É
preciso que quem sabe, saiba sobre tudo e que ninguém tudo ignora"(FREIRE,
1998, p. 32)
Assim, o trabalho com as fábulas visa fazer com que o educando perceba as
diferenças entre o gênero fabular de outros gêneros quanto ao seu conteúdo e aos seus
aspectos formais. Visa também fazer com que o educando perceba que boa parte de tudo
o que ele faz passa pela linguagem, em situações de interação social e que o domínio
dessa é importante para a sua vida, para conviver, aprender, e resolver situações do seu
dia a dia e, para argumentar, defender o seu ponto de vista, na oralidade e na escrita. E
também que a leitura e a escrita lhe possibilitam o acesso ao conhecimento produzido e
acumulado pelos homens, num processo histórico cultural, em constante mudança, em
que o homem é sujeito e também agente da história fazendo parte da produção do
conhecimento. Pode-se considerar muito importante o estudo, a aprendizagem dos
conteúdos trabalhados na escola; o aluno tem necessidade de reconhecer e valorizar o
papel da escola. E o trabalho com os gêneros, sistematizados pelo professor, constitui-se
numa experiência valiosa neste processo.
Até hoje não houve substituto. Sempre haverá um professor mediador do
processo de leitura. O professor terá de acompanhar e criar condições para que o aluno
consiga tomar como hábito de ler este ou aquele texto, sem discernir gêneros e encontrar
na leitura um meio de chegar ao conhecimento de mundo.
4.CONCLUSÃO
Parece-me que a escola tem a função de educar, mas o papel dela mesmo é o de
instruir e incentivar o aluno para que ele chegue ao seu meio social e seja capaz de
aplicar e demonstrar o conhecimento que aprendeu em seu tempo de estudante.
O aluno do Ensino Fundamental ainda tem dificuldade de identificar os
gêneros textuais. Por esse motivo surgiu à ideia de trabalhar com o Gênero Narrativo
Fábula, o qual apresenta um texto curto em prosa ou em verso e uma moralidade no final
da história, a qual traz para o aprendiz uma conscientização do certo ou do errado. Com a
leitura das fábulas o aluno vai adquirindo comportamentos sociais e acrescentando
conceitos em sua formação educacional.
Incentivar a leitura é o papel da família e do professor. Se o educador não tem o
hábito de ler, jamais conseguirá que o educando passe a tê-lo. A aprendizagem de forma
consciente ocorre quando o educador pode relacionar o conhecimento às suas práticas
cotidianas. Na escola, o professor deverá induzir o aluno à leitura desde início até ao fim
do ano letivo. É a leitura que vai gerar futuros pensadores em nossa sociedade.
Esperamos que o trabalho com o gênero fábula, realizado nesta experiência
prática de aplicação do PDE/Paraná, possa ser uma semente a gerar frutos futuros,
contribuindo significativamente com esse processo todo.
5.REFERÊNCIAS
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Editorial, 2003.
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em Lingüística) Aplicada ao Ensino de Línguas, Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo, São Paulo, 2001.
BUORO, Anamelia Bueno. O olhar em construção – uma experiência de ensino e
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FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 22
ed. São Paulo: Cortez, 1998. Acesso em: http://www2.uol.com.br/millor/, dia 03 de março
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LERNER, Delia. A autonomia do leitor, uma análise didática, Projeto – Revista de
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