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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE UMA PERSPECTIVA DA TOTALIDADE EM EDUCAÇÃO APOIADA NA INTERDISCIPLINARIDADE CARLOS HENRIQUE DO NASCIMENTO Rio de Janeiro 2002

UMA PERSPECTIVA DA TOTALIDADE EM EDUCAÇÃO ... - … HENRIQUE DO NASCIMENTO.pdf · uma transrelação que liga os quatro pilares do novo sistema de educação e que têm sua origem

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDESPRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAISPROJETO A VEZ DO MESTRE

UUMMAA PPEERRSSPPEECCTTIIVVAA DDAA TTOOTTAALLIIDDAADDEE EEMM EEDDUUCCAAÇÇÃÃOOAAPPOOIIAADDAA NNAA IINNTTEERRDDIISSCCIIPPLLIINNAARRIIDDAADDEE

CARLOS HENRIQUE DO NASCIMENTO

Rio de Janeiro2002

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDESPRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAISPROJETO A VEZ DO MESTRE

UUMMAA PPEERRSSPPEECCTTIIVVAA DDAA TTOOTTAALLIIDDAADDEE EEMM EEDDUUCCAAÇÇÃÃOOAAPPOOIIAADDAA NNAA IINNTTEERRDDIISSCCIIPPLLIINNAARRIIDDAADDEE

CARLOS HENRIQUE DO NASCIMENTO

ORIENTADOR:

Prof. Dr. Palmiro Ferreira da Costa

Trabalho Monográfico apresentadocomo requisito parcial paraobtenção do Grau de Especialistaem Docência Superior.

Rio de Janeiro2002

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ÀÀ mmiinnhhaa aammaaddaa eessppoossaaRRoossaannaa ee mmeeuuss ffiillhhooss,,

CCaatthheerriinnee,, CCaarrllooss JJúúnniioorr eeSSaammuueell,, ppeellaass hhoorraassssuubbttrraaííddaass ddee nnoossssoo

ccoonnvvíívviioo,, ccoomm mmuuiittoo aammoorr,,ccoommpprreeeennssããoo,, eemm pprrooll ddaa

ffoorrmmaaççããoo ddoo MMaarriiddoo ee PPaaii ..

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“Aos mestres que encontrei

nesta caminhada, muito obrigado

pela visão maior da educação ”

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Ao maior de todos os

mestres, JESUS CRISTO.

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Nunca diga, encontrei a verdade;Mas antes, encontrei uma verdade.

Khalil Gibran

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SUMÁRIO

RESUMO..................................................................................................... 8

INTRODUÇÃO ............................................................................................. 9

1 EDUCAÇÃO PARA TOTALIDADE.......................................................... 10

1.1 A questão da qualidade.................................................................... 11

1.2 O ser humano total .......................................................................... 12

1.3 O processo educativo ...................................................................... 14

2 . A INTERDISCIPLINARIDADE............................................................... 15

2.1 Pressupostos.................................................................................... 15

2.2 O paradigma disciplinar e as disciplinas........................................... 16

2.2.1 O enfoque epistemológico....................................................... 17

2.2.2 O enfoque pedagógico............................................................ 17

2.2.3 O paradigma positivista que constitui a disciplina................... 19

2.3 Contribuições na área da educação................................................. 22

2.4 Resistências a adoção da interdisciplinaridade................................ 23

3 A INTERDISCIPLINARIDADE NA EDUCAÇÃO PARA TOTALIDADE.... 26

4 A FORMAÇÃO DO EDUCADOR UNIVERSITÁRIO....... ......................... 28

CONCLUSÃO ................................................................................................ 30

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 32

ANEXOS ....................................................................................................... 34

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RESUMO

O Presente Trabalho monográfico traz como enfoque inicial o discurso acerca

da educação para totalidade. Neste sentido, vai-se de encontro a questão da

qualidade sob o prisma da formação do ser humano, ou seja, o ser humano total,

e o seu processo educativo. O tópico seguinte desenvolverá o tema

Interdisciplinaridade, seus pressupostos, a questão das disciplinas, as

contribuições na área da educação e as resistências a sua aplicação.

Continuando a narrativa, faz-se uma correlação entre a interdisciplinaridade e a

educação para totalidade. A dialética entre os temas citados será objeto de

estudo que reafirmem o apoio mutuo na construção da cidadania. A principal

questão deste estudo está contida no último capítulo e diz respeito a preparação

dos educadores para implementar esta teoria, qual seja: uma perspectiva da

totalidade em educação, apoiada na Interdisciplinaridade, podendo levar o

educando do ensino superior ao desenvolvimento integral e a uma educação

transpessoal, construindo a cidadania.

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INTRODUÇÃO

Muito tem sido discutido a respeito da qualidade da totalidade na existência

humana. Verifica-se em especial os movimentos sociais que estão indo muito

além da educação, como por exemplo os esforços empresariais para

desenvolvimento dos recursos humanos de maneira integral, visando os

resultados.

De acordo com os quatro pilares da educação contemporânea, estabelecidos

no Relatório Delors em 1998, citados por Edgar Morin, o aprender a ser, a fazer, a

viver juntos e a conhecer constituem aprendizagens indispensáveis, vez que há

uma transrelação que liga os quatro pilares do novo sistema de educação e que

têm sua origem em nossa própria constituição como seres humanos.

O processo de ensino-aprendizagem só pode ser viável se for pautado numa

visão integral do ser humano, ajudando-o a ter consciência de sua complexidade

(utopias, realidades, legislação, verdades, condição humana, identidade terrena,

consciência da complexidade humana etc.) enquanto ser integrante de um

sistema socio-político-econômico, bem como inserido em algo maior que é o

Universo.

Considerando o contexto da sala de aula, vê-se na interdisciplinaridade a

melhor alternativa na reafirmação de um ensino para totalidade. A questão das

disciplinas fragmentadas não permite hoje que os educandos façam a interelação

dos temas abordados prejudicando-os em seu desenvolvimento integral; apesar

das normas vigentes determinarem esse procedimento ( Nova L D B - Lei 9.394

de 20 de dezembro de 1996).

Um novo paradigma a ser considerado para educação do futuro, que é a visão

holística, vem despontando na interelação da interdisciplinaridade e totalidade,

porém, de forma incipiente, face a grandeza do universo acadêmico.

Vê-se no comprometimento com a formação holísticas dos futuros educadores,

a efetiva metodologia para mudança de paradigmas visando a construção do real

sentido da cidadania, objetivando ainda uma sociedade pautada em valores que

vislumbrem a conscientização do indivíduo no universo em que se encontra

inserido.

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1 EDUCAÇÃO PARA TOTALIDADE

Aristóteles citou a dimensão política da educação, a politicidade da cidade-

estado, e neste sentido influía nos movimentos pedagógicos, cuja condição para

ter sentido deveria ter um elemento como foco: o sujeito a ser educado (Hourdakis

A, 2001). Edgar Morin, pensador contemporâneo de enorme importância no

cenário atual, ao propor saberes necessários a educação do futuro, fala sobre a

necessidade de enfocarmos a própria condição humana. O ser humano, diz ele,

é a um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social, histórico. Esta unidade

complexa da natureza humana é totalmente desintegrada da educação por meio

das disciplinas, tendo se tornado impossível aprender o que significa ser humano.

É preciso restaurá-la, de modo que cada um, onde quer que se encontre, tome

conhecimento e consciência, ao mesmo tempo, de sua identidade complexa e de

sua identidade comum a todos os outros humanos (Morin E,2000).

Desse modo, a condição humana deveria ser objeto essencial de todo o

ensino, para entender sua complexidade e as inúmeras interações dos múltiplos

componentes da realidade torna-se, portanto, uma necessidade inadiável. É

mediante e na medida dessa compreensão que o homem se eleva da dimensão

de objeto e engrenagem, numa máquina social, e supera o senso comum que

domina o seu cotidiano (Lück H, 2001).

Considerando que o maior bem humano segundo a filosofia é a felicidade,

nota-se que os movimentos para o alcance dessa felicidade, no tocante a

educação, estão na contra mão das necessidades humanas, se considerarmos

que os processos de ensino-aprendizagem não vislumbram a totalidade do ser

humano. Baseados nos quatro pilares para a educação contemporânea,

estabelecidos pelo Relatório Delors em 1998, quais sejam: aprender a ser, a

fazer, a viver junto e a conhecer, percebe-se que há uma transrelação que liga os

quatro pilares do novo sistema de educação e que tem sua origem em nossa

própria constituição como seres humanos. Uma educação só pode ser viável se

for uma educação integral do ser humano. Uma educação que se dirige à

totalidade aberta do ser humano e não apenas a um de seus componentes.

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apenas uma educação integral do indivíduo poderá prepara-lo para os novos

tempos (Morin E, 2000)

Neste contexto faz-se necessária uma mudança estrutural na modalidade de

ensino, a qual deve contemplar aspectos como :

• o desenvolvimento psíquico do indivíduo que possibilite a preparação

mental para a lucidez;

• promover conhecimentos pertinentes, com uma visão de conjunto, do

contexto, ao invés de disciplinas fragmentadas;

• a condição humana como objeto essencial do ensino;

• a questão planetária, cuja a globalização faz todos os seres humanos

partilharem de um destino comum

• ensinar para o enfrentamento das incertezas que surgiram nas ciências

físicas, históricas e nas ciências biológicas;

• a compreensão mútua como meio e fim da comunicação humana;

• a ética essencial ao gênero humano.

Desta forma, a educação do ser humano considerando o paradigma da

totalidade e a qualidade do ensino na sua preparação para existência harmônica,

em equilíbrio, é descrito por Fritjof Capra: “A nova visão da realidade, de que vimos

falando, baseia-se na consciência do estado de inter-relação e interdependência

essencial de todos os fenômenos – físicos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais.

Essa visão transcende as atuais fronteiras disciplinares e conceituais e será explorada no

âmbito de novas instituições. Não existe, no presente momento, uma estrutura bem

estabelecida, conceitual ou institucional, que acomode a formulação de novo paradigma,

mas as linhas mestras de tal estrutura já estão sendo formuladas por muitos indivíduos,

comunidades e organizações que estão desenvolvendo novas formas de pensamentos e

que se estabelecem de acordo com novos princípios.” (Capra F, 2001).

1.1 A questão da qualidade

O Paradigma da Qualidade Total – um modelo com seu conjunto de princípios

, idéias e práticas – propõe uma visão holística, integrada e globalizadora.

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Dentro deste todo é possível vislumbrar quatro focos diferentes: o primeiro

foco orientado para as pessoas, a qualidade humana de todos os profissionais da

escola, dos agentes que, direta ou indiretamente, atuam no processo educacional;

um segundo foco orientado para o processo, a qualidade funcional das atividades

técnicas, pedagógicas e administrativas que são realizadas em cada setor da

escola; o terceiro foco orientado para as ferramentas, a qualidade técnica dos

instrumentos e das metodologias empregadas para levantar, analisar e resolver

os problemas da escola; e por fim o quarto foco orientado para os grupos,

qualidade coletiva das equipes que efetivam o trabalho de forma solidária. A

Qualidade Total é ponto de convergência – o núcleo, a essência, o coração – e

acontecerá no espaço de interseção e no tempo de integração dos quatro focos

(Ramos C, 1994).

1.2 Ser humano total

“A Escola é o palco ideal para o surgimento do Ser Humano Total !“

(Ramos C, 1994).

Reduzir o ser humano à razão significa deixar de captar toda complexidade

que o caracteriza. Significa, ainda, negligenciar além da imaginação e da intuição,

os sentimentos, os desejos, o afeto, o corpo, o prazer, fatores que tanto podem

incentivar como bloquear a construção de saberes e conhecimentos (Machado C,

2001).

No centro do cenário passado, encontra-se o Homem como mão-de-obra. O

trabalho manual era considerado uma tarefa indigna dos indivíduos de prestígio e

saber, cabendo aos escravos realizá-lo. A imagem mais recente que retrata este

momento, é a do operário Charles Chaplin, em sua linha de montagem, símbolo

maior dos tempos modernos, o Homem neste paradigma reducionista e

mecanicista é visto como uma mera peça de engrenagem, uma coisa a quem

competia construir (stricto sensu) usando as mãos (Ramos C, 1994).

No centro do cenário próximo passado encontra-se o Homem como recurso

humano. Mesmo com a evolução, continua o divórcio entre as mãos e a cabeça,

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alargando-se o fosso entre o fazer e o saber, O humano entra com um utensílio

(humanware), acompanhando o software e o hardware, e também aparece como

um dos componentes da trilogia, ao lado dos recursos materiais e financeiros. O

Homem, neste paradigma do conhecimento, é visto como um elemento a mais, a

quem compete usar a cabeça para construir o novo (que pode ser a sua própria

redenção ou destruição) (Ramos C, 1994).

No centro do cenário presente (pós-moderno), encontra-se o Homem como ser

humano total. Neste momento, substitui-se o homem-meio/homem-objeto pelo

homem-fim/homem-sujeito, que será o grande responsável por uma nova

revolução (silenciosa) da Qualidade, cujos primórdios já estamos vivenciando em

diferentes lugares do mundo. O Homem, neste paradigma do comprometimento e

da cooperação, é visto como uma unidade holística global e integral: um ser

pensante e executor, que coloca o coração no trabalho que realiza. Eis o Ser

Humano Total – reunificado em suas partes constitutivas ! Eis a pessoa da

Qualidade ! (Ramos C, 1994). O termo holístico, do grego holos, totalidade, refere-

se a uma compreensão da realidade em função de totalidades integradas cujas

propriedades não podem ser reduzidas a unidades menores (Capra.F, 2001).

Ser Humano Total/Pessoa da Qualidade

• que conhece o que faz (com o cérebro)

• que é capaz de adquirir e aplicar conhecimentos

• que usa a inteligência para resolver problemas

• que se compromete integralmente com o que faz (com o coração)

• que bota emoção nas atividades individuais e coletivas que realiza

• que adota atitudes e valores essenciais

• que é capaz de fazer (com as mãos e o corpo)

• que têm competência e habilidade para construir

• que promove mudanças

Este ser humano total, esta pessoa da qualidade busca e encontra no

trabalho, uma fonte gratificante de vida e de felicidade ! (Ramos C, 1994).

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1.3 O processo educativo

Precisamos de uma educação que permita ao indivíduo o seu desenvolvimento

integral, nos seus múltiplos aspectos, fazendo com que ele se perceba como um

todo e, ao mesmo, tempo, como uma parte interdependente do universo

(Machado C, 2001).

Educar para totalidade, deste modo, não se reduz à instrução. Exige que se

provoque uma mudança fundamental de consciência, uma modificação de nossas

atitudes, valores, objetivos. A Educação necessária é, portanto, aquela que deve

proporcionar o desenvolvimento integral do educando nos níveis físico,

emocional, afetivo, mental, social, espiritual, ecológico e cósmico, ou seja, uma

educação transpessoal em que o princípio da totalidade assuma a dimensão de

aspecto fundamental (Machado C, 2001).

Morin destaca a importância da compreensão mútua como base para uma

educação do futuro. Considerando a importância da educação para a

compreensão, em todos os níveis educativos e idades, o desenvolvimento da

compreensão pede a reforma das mentalidades. A compreensão mútua entre os

seres humanos, quer próximos, quer estranhos, é daqui para frente vital para que

as relações humanas saiam de seu estado bárbaro de incompreensão. Ele

propõe inclusive o estudo das raízes, modalidades e efeitos desta

incompreensão, enfocando as causas, e não sintomas, do racismo, da xenofobia,

do desprezo. Esta atitude constituiria ao mesmo tempo uma das bases mais

seguras de uma educação para paz (Machado C, 2001).

Cabe agoira, pois, estabelecer um sentido mais abrangente, aprofundado e

significativo às experiências pedagógicas, para as quais a interdisciplinaridade

muito tem a contribuir. Isso porque a realidade com a qual o ensino propõe-se a

levar o aluno a conhecer “é um fenômeno múltiplo, diversificado; e todos os

conhecimentos e interpretações, enquanto só explicam uma parte da realidade,

permanecem sempre inacabados”(Pavianni, J, 1988).

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2 A INTERDISCIPLINARIDADE

“Interdisciplinaridade é o processo que envolve a integração e engajamento de

educadores, num trabalho conjunto, de interação das disciplinas do currículo escolar

entre si e com a realidade, de modo a superar a fragmentação do ensino, objetivando a

formação integral dos educandos, a fim de que possam exercer criticamente a cidadania,

mediante uma visão global de mundo a serem capazes de enfrentar os problemas

complexos, amplos e globais da realidade atual “ (Lück H, 2001).

2.1 Pressupostos

A construção do conhecimento interdisciplinar é orientada por pressupostos e

seus respectivos métodos, que se diferenciam diametralmente daqueles que

orientam a construção do conhecimento disciplinar especializado.

Como pressupostos fundamentais da ótica interdisciplinar tem-se:

• A realidade, isto é, o campo e horizonte determinado de vida, é construída

mediante uma teia de eventos e fatores que ocasionam conseqüências

encadeadas e recíprocas.

• A realidade desse universo é dinâmica, estando em contínuo movimento,

sendo construída socialmente.

• A verdade é relativa, pois o que se conhece depende diretamente da ótica do

sujeito cognoscente. Vale dizer que a realidade não tem significado próprio,

sendo este a ela atribuído pelo homem.

Quanto ao método, a interdisciplinaridade é construída mediante:

• O estudo das forças interativas que interligam as várias dimensões que

caracterizam um fenômeno. Vale dizer que a interdisciplinaridade não é obtida

procurando estabelecer relações entre conhecimentos considerados

desvinculadamente da realidade.

• A construção do conhecimento interdisciplinar se processa por estágios ou

etapas de maturação de consciência. Em vista disso, o esforço de construção

do conhecimento interdisciplinar constitui um trabalho de construção da

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consciência pessoal globalizadora, capaz de compreender complexidades

cada vez mais amplas.

• Embora complexa, a realidade é una, uma vez que todos os seus aspectos

são interdependentes, nào têm significado próprio e sim no contexto de que

fazem parte. Consequentemente, o conhecimento é unitário e as diversas

ciências se prendem umas às outras por vínculos de profunda afinidade. O

que é importante conhecer sobre a realidade são suas características

unificadoras.

• O conhecimento produzido em qualquer área, por mais amplo que seja,

representa, apenas de modo parcial e limitado, a realidade. A consciência da

parcialidade de nosso conhecimento sobre a realidade supõe a necessidade

de ir além dos limites postos pela visão disciplinar, rompendo fronteiras.

• “Tudo está relacionado com tudo mais: causas, problemas e soluções estão

totalmente interligados em um grande continuum” (Peccei A & lkeda D, 1984).

• “Tudo é Duplo, contudo tem pólos; tudo tem o seu oposto: igual e desigual são

a mesma coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em

grau; os extremos se tocam; todas as verdades são meias-verdades; todos os

paradoxos podem ser reconciliados” (Schuré E,1986).

• “O conhecimento é, como a riqueza, destinado ao Uso. A posse do

conhecimento sem ser acompanhada de uma manifestação ou expressão em

Ação é como um amontoado de metais preciosos, uma coisa vã e tola”

(Schuré E, 1986).

2.2 O paradigma disciplinar e as disciplinas

Orientando-se pela concepção dicotomizadora, o termo disciplina é utilizado

para indicar dois enfoques relacionados ao conhecimento: o epistemológico,

relativo ao modo como o conhecimento é produzido, e o pedagógico, referente à

maneira como ele é organizado no ensino, para promover a aprendizagem pelos

alunos (Lück H, 2001).

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2.2.1 Enfoque Epistemológico

Segundo o enfoque epistemológico, disciplina é:

- Uma ciência (atividade de investigação)

- Cada um dos ramos do conhecimento

A disciplina (ciência), entendida como um conjunto específico de conhecimento

de características próprias, obtido por meio de método analítico, linear e

atomizador da realidade, produz um conhecimento aprofundado e parcelar (as

especializações). Ela corresponde, portanto, a um saber especializado, ordenado

e profundo, que permite ao homem o conhecimento da realidade, a partir de

especificidades, ao mesmo tempo em que deixa de levar em consideração o todo

de que faz parte. Disciplina e Ciência, portanto, se correspondem e têm como

elemento básico a referência e o estudo de objetos de uma mesma natureza

(Ander-Egg E, 1984)

Em conseqüência desse enfoque, a humanidade conta com um acervo de

conhecimentos que se caracteriza por um verdadeiro mosaico, ao mesmo tempo

deslumbrante e estonteante, dados os múltiplos aspectos, a sua diversidade. Os

ganhos que possam promover no entanto depende de uma visão de conjunto

capaz de dar a devida importância a todos os aspectos em conjunto e de forma

interativa (Lück H, 2001).

2.2.2 Enfoque Pedagógico

Segundo o enfoque pedagógico, disciplina é termo que corresponde a:

- atividade de ensino ou o ensino de uma área da Ciência

- ordem e organização do comportamento

No contexto pedagógico, o conhecimento já produzido, conforme o enfoque

epistemológico anteriormente descrito, é submetido, novamente, ao tratamento

metodológico analítico, linear e atomizador, agora com o objeto de facilitar a sua

apreensão pelos estudantes. O objetivo didático promove, no contexto escolar,

mediante raciocínio lógico formal, caracterizado pela linearidade e atomização, já

agora maior do que fora produzida, um mais acentuado distanciamento do

conhecimento, em relação à realidade de que emerge. Tal procedimento estaria

em acordo com o que parece ser uma das funções essenciais da disciplina que,

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conforme demostrado por Faure GO,1962, é “não a de ampliar seu domínio, mas

sim distribuir sanções, através de laudações e conformidade”. Ela estabeleceria,

em decorrência de um princípio de certeza, não apenas barreiras intelectuais

entre uma área e outra, mas também uma inadequada e fictícia segurança no

trato das questões pedagógicas, por evitar ou diminuir o âmbito de incertezas e

inesperados.

Sendo o conteúdo das disciplinas de ensino o resultado de um duplo processo

de atomização, instaura-se, por esse procedimento, e em conseqüência, a ênfase

sobre informações isoladas que passam a valer por elas mesmas e não porá sua

capacidade de ajudar o homem a compreender o mundo, sua realidade e a

posicionar-se diante de seus problemas vitais e sociais; descuida-se, igualmente,

do processo de apropriação crítica e inteligente do conhecimento e mais ainda de

sua produção, uma vez que o ensino, em geral, centra-se na reprodução do

conhecimento já produzido. Consequentemente, o ensino deixa de formar

cidadãos capazes de participar do processo de elaboração de novas idéias e

conceitos, tão fundamental para o exercício da cidadania crítica e participação na

sociedade moderna, onde tanto se valoriza o conhecimento (Lück H, 2001).

É a partir desse enfoque da organização interna dos conteúdos, cuja

apreensão demanda atenção do aprendiz e quietude mental, que poderíamos

explicar o entendimento desenvolvido no contexto escolar de disciplina e “falta de

disciplina”, como comportamento. É muito freqüentemente considerado

“indisciplinado”, o aluno que identifica e questiona as ambigüidades e

contradições do conhecimento ou que, não vendo espaço para tal

questionamento, se desestimula em relação ao objeto de ensino e passa a

assumir comportamentos dispersivos. Nesse contexto, o aluno não é considerado

como pessoa total e sim, tão somente, em sua dimensão cognitiva, em total

rejeição a expressões do domínio afetivo e psicomotor, associados à atividade

(daí por que o ensino venha a ter um elevado caráter de passividade) (Lück H,

2001).

Da mesma forma, não se admite, nem mesmo no plano cognitivo, qualquer

interação entre o indivíduo cognoscente e o conhecimento, questionando-o,

analisando-se o conteúdo em seu significado e sob vários ângulos. A superação

dessa limitação se pode dar no ensino, não apenas mediante o desenvolvimento

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de processos mentais no desenvolvimento da aula, estimulando-se o aluno a

realizar, por exemplo, comparações, extrapolações, interpretações,

exemplificações, sínteses, deduções, como também pondo-se em crítica a forma

de tratamento no processo de ensinar (Lück H, 2001).

2.2.3 O paradigma positivista que constitui a disciplina

As disciplinas ou corpos de conhecimento especializado foram construídos a

partir de um paradigma teórico-metodológico que norteou a determinação da

visão especializada de mundo, centrado, sobremodo, nas proposições de

Descartes e Newton, combinando empirismo e lógica formal. A compreensão de

seus fundamentos nos permite aprender, em parte, como se chegou ao ponto em

que sentimos necessidade de retomar a uma visão de mundo de longe esquecida.

Sendo, pois, a disciplina ou disciplinaridade resultado do paradigma positivista

que vem orientando a produção do conhecimento, para compreendê-la mais

plenamente, é útil, portanto, compreender esse paradigma.

- Sobre que pressupostos se assenta a produção do conhecimento no

paradigma positivista ?

- Qual seu método ?

- Qual seu objetivo ?

a) Pressupostos da construção disciplinar

A visão de realidade positivista que orientou o desenvolvimento de disciplinas

ou áreas especializadas de estudo associa-se à compreensão de que:

• universo é um sistema mecânico composto de unidades materiais

elementares, em vista do que podem ser compreendidas de forma

descontextualizada;

• a realidade nesse universo é regular, estável e permanente, tendo existência

própria;

• a realidade é como é, preexistente à percepção pelo homem, em vista do que

o processo de conhecer é neutro;

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• a matéria é a realidade última e os fenômenos espirituais nada mais são do

que uma manifestação da matéria;

• a verdade é absoluta, objetiva e existe independentemente do sujeito

cognoscente;

• a vida em sociedade é uma luta competitiva pela existência;

• o progresso material é limitado e alcançável pelo crescimento econômico e

tecnológico;

• a matéria é inerte e passiva, contida na forma, com um significado próprio

identificável, mediante a adoção de método científico;

• a ciência é isenta de valores, uma vez que estes são absolutos e existentes na

natureza;

• se alguma coisa existe, existe em alguma quantidade, e se existe em alguma

quantidade, pode ser medida.

b) Método da construção disciplinar

As especializações ou disciplinas específicas são resultantes de um método de

construir o conhecimento que, fundamentado nos pressupostos epistemológicos

caracterizam-se por:

• fragmentação ou atomização gradativa da realidade em suas unidades

menores, para conhecê-las (atomização), de que resultam as variáveis, isto é,

unidades mínimas de análise (reducionismo);

• consideração da percepção sensorial como fonte básica de conhecimento de

verdade;

• isolamento do fenômeno estudado, em relação ao contexto de que faz parte

(a-historicidade);

• organização das partes estudadas, segundo leis causais unidirecionais

(linearidade);

• distanciamento do observador em relação ao objeto observado, de modo a

garantir objetividade;

• estudo de validação e fidedignidade dos instrumentos de medida, com vistas a

garantir objetividade (identificação de regularidade, estabilidade e

permanência);

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• análise quantitativa e explicação estatística da realidade, a partir do

pressuposto de que a representação estatística e a realidade cultural

coincidem e que tudo que existe expressa-se com uma quantidade;

• simplificação, uma vez que cada estágio e momento de produção do

conhecimento é considerado independente de outro;

• lógica dedutiva, a partir do pressuposto de que as importantes dimensões de

um fenômeno, evento ou situação são já conhecidos e podem ser replicados

por experimentação.

c) Objetivo da construção disciplinar

O modelo positivista tem porá objetivo explicar os fenômenos, com vistas a

predizê-los e controlá-los, em razão do que sua orientação é conservadora.

Consequentemente, generaliza informações de uma realidade. Essa

generalização estabeleceria leis explicativas, a partir do pressuposto de

estabilidade, ordem e regularidade dos fenômenos (Lück H, 2001).

Verifica-se, portanto, que o enfoque epistemológico e o pedagógico

apresentam aspectos comuns da disciplinaridade e que são devidos ao

paradigma do qual ambos são emergentes. Alguns desses problemas comuns

são:

a) O domínio de estudo de uma disciplina consiste em vários subconjuntos

claramente circunscritos, que põem em relevo um mesmo domínio material

(por exemplo, ao estudar-se o ser humano, a vida mental do homem é

estudada na psicologia; as propriedades anatômicas, físicas e químicas, que

mantêm um organismo vivo, são estudadas pela fisiologia).

b) As diversas disciplinas se sobrepõem consideravelmente, tratando das

mesmas questões sob diferentes enfoques, criando, dessa forma, campos de

ambigüidade entre elas, que, no entanto, não são levados em consideração

(por exemplo: psicologia escolar, psicopedagogia e pedagogia).

c) A maioria das disciplinas estabeleceram muitas teorias diferentes, sem,

contudo, determinar relações entre si, do que resulta o aparecimento de

teorias paralelas, divergentes, ambíguas e contraditórias, sem ater-se ao

entendimento desses aspectos, a partir da observação dos fenômenos, no

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interior de uma mesma disciplina (p. ex.: o estudo de chuvas, ventos e rios, em

conteúdos isolados uns dos outros).

Acrescenta-se ainda o fato de que, pela atomização, o paradigma positivista

tem estabelecido uma visão dicotomizadora da realidade, segundo a qual a

realidade ou é isso ou aquilo. Por exemplo: o comportamento humano seria

resultado de processamento internos à pessoa (Psicologia) ou de influência

externa (Sociologia). A aprendizagem do aluno seria orientada por seus

processos interiores (Psicologia da Aprendizagem) ou pela organização do ensino

(Metodologia). Essa visão da realidade leva a que se vejam as soluções de

problemas como sendo possíveis mediante intervenções setorizadas e

dissociadas entre si (Lück H, 2001).

2.2 Contribuições na área da educação

Pode-se, resumidamente, apresentar algumas contribuições da

interdisciplinaridade no campo do ensino.

No campo do ensino a interdisciplinaridade constitui condição para melhoria da

qualidade do ensino mediante a superação contínua da sua já clássica

fragmentação, uma vez que orienta a formação global do homem.

No plano imediato, a formação integral ocorre na medida em que os

educadores estabelecem:

a) o diálogo entre suas disciplinas, eliminando as barreiras artificialmente postas

entre os conhecimentos produzidos;

b) a interação entre o conhecimento e a realidade concreta, as expressões de

vida, que sempre dizem respeito a todas as áreas de conhecimento.

No plano mediato, a melhoria da qualidade de ensino corresponde a uma

melhoria da qualidade de vida, uma vez que possibilita ao aluno uma visão global

de mundo e de si mesmo no mundo, que pode permitir o enfrentamento da

realidade e a superação do sentido de fragmentação, de dúvida negativa, de

medo de erro na escolha da profissão, etc. (Lück H, 2001).

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2.4 Resistências à adoção da interdisciplinaridade

“Indicar a necessidade não chega: é preciso que seja possível

responder a seu apelo... Mas é preciso distinguir a verdadeira e a

falsa impossibilidade. A verdadeira decorre dos nossos limites. A

falsa decorre do tabu e da resignação. “ Morin E, 1987.

A idéia de superação da fragmentação do ensino não é nova, afirmam os

professores. A concepção do currículo, proposta no final do século passado, já

indicava uma preocupação com a fragmentação e procurava oferecer o

instrumental conceitual necessário ao estabelecimento da unidade do ensino. A

Lei 5692/71, que propunha a integração vertical e horizontal das disciplinas,

procurou orientar a superação dessa fragmentação. Igualmente, o método de

projetos que foi muito popular em certa época. Esses aspectos correspondem, no

entanto, a estágio elementar e inicial do processo (Lück H, 2001).

Verifica-se, por conseguinte que apenas agora ela surge com a força da

sustentação de uma fundamentação que corresponde ao atendimento de

necessidade percebida pelos profissionais da educação em geral, e não apenas

por aqueles que atuam em seu nível macro-administrativo. Trata-se de uma

concepção que veio evoluindo gradativamente, por meio do amadurecimento

pedagógico. Ela não vem para substituir outras formas de ação, como comumente

tem ocorrido até agora, quando novas idéias se apresentam, mas para superar as

anteriores. E é justamente por esse sentido que a interdisciplinaridade ganha

corpo e vitalidade, como condição para superação dos problemas de

fragmentação do ensino (Lück H, 2001).

Sabe-se que toda inovação gera resistência, sobretudo quando deixa de levar

em consideração a cultura dos grupos onde é implantada, mediante imposição de

fora para dentro e de cima para baixo, que desconsidera qualquer elemento do

modo de ser e de fazer do grupo e que possa constituir-se em base para sua

transformação (Lück H, 2001).

Interdisciplinaridade não deve ser considerada, no entanto, como uma

inovação em seu sentido pleno, uma idéia nova, muito embora muitos educadores

tenham ouvido falar desse tema apenas recentemente. Ela cristaliza a

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preocupação e o interesse pela superação de um problema que tem preocupado

os educadores, de um modo geral e de longa data. E torna-se necessário que

assim seja entendida. Enquanto caminhada de construção do conhecimento e da

prática pedagógica mediante uma nova ótica, mais de distancia do sentido de

inovação e se caracteriza como transformação, como vivência intuitiva e

experiência humana que elabora e reelabora, em seu contexto histórico, seu

próprio situar-se, sua própria síntese de normas criadoras, sua capacidade de

pensar e sua própria racionalidade, conforme indicado por Marques MO, 1988.

Os problemas relacionados às dificuldades de múltiplos estímulos dissociados

e até contraditórios entre si, sobre as pessoas, em seu cotidiano, bem como as

dificuldades resultantes da busca de soluções por aspectos isolados, têm elevado

o nível de angústia vivencial e a ansiedade pela busca de um referencial que as

ajude na solução de problemas. Tal segurança não existe, pois não existe

paradigmas, muito menos receitas para a prática interdisciplinar (Lück H, 2001).

O estabelecimento de um trabalho de sentido interdisciplinar provoca, como

toda ação a que não se está habituado, uma sobrecarga de trabalho, um certo

medo de errar, de perder privilégios e direitos estabelecidos (por menores que

sejam). A orientação pelo enfoque interdisciplinar para orientar a prática

pedagógica implica em romper hábitos e acomodações, implica em buscar algo

novo e desconhecido. É, certamente, um grande desafio (Lück H, 2001).

Dados, portanto, os riscos inerentes a essa situação, o estabelecimento da

interdisciplinaridade provoca reações de resistência, apesar de aceita

intelectualmente. Parte de nós a deseja e aceita; parte a rejeita; mas a rejeição

ocorre não pelos resultados que possa produzir, e sim, pelo trabalho que

promove, pelo desalojamento de posições confortáveis que provoca. O

fundamental no desenvolvimento da interdisciplinaridade é uma questão da

atitude, conforme reiteradamente indicado por Fazenda ICA, 1979,1991.

É básico que aceitemos a condição da associação de trabalho à produção de

resultados. Não podemos ser como rio “que faz o curso sem sair do leito”. Faz-se

necessário lembrar que nada é mais importante e significativo do que uma idéia

cujo tempo chegou. A interdisciplinaridade corresponde a essa imagem no

contexto do ensino, que leva à construção da necessária e urgente humanização

pela visão globalizadora, daí o porquê de sua importância (Lück H, 2001).

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Fica o desafio aos educadores, no sentido de que se esforcem por assumir

uma atitude interdisciplinar que, associada ao empenho por mudar no exercício

da prática, acreditamos há de tornar o trabalho educacional mais significativo e

mais produtivo (Lück H, 2001).

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3 A INTERDISCIPLINARIDADE NA EDUCAÇÃO PARA

TOTALIDADE

A supremacia do conhecimento fragmentado de acordo com as disciplinas

impede freqüentemente de operar vínculo entre as partes e a totalidade, e deve

ser substituída por um modo de conhecimento capaz de apreender os objetos em

seu contexto, sua complexidade, seu conjunto. Uma perspectiva da totalidade em

educação se apoia na interdisciplinaridade. Visa a formação de alianças entre os

diversos tipos de conhecimento, de modo a ampliar a percepção e a consciência

a respeito da própria experiência (Machado C,2001).

Só assim, por intermédio de uma opção crítica, será possível uma

reaproximação entre ciência e tecnologia e os valores fundamentais que

recoloquem o homem no centro e como fim de toda reflexão e ação da

humanidade. O cerne da discussão deixa de se situar na dimensão material, até

então foco das atenções, e faz com que se valorize o homem, na sua expressão

máxima, nas sérias questões com as quais o mundo se defronta. Morin E, 2001,

propõe que devemos formar nas mentes uma ética baseada na consciência de

que o humano é, ao mesmo tempo, indivíduo, parte da sociedade, parte da

espécie. Desse modo, todo desenvolvimento conjunto das autonomias individuais,

das participações comunitárias e da consciência de pertencer `a espécie humana

(Machado C,2001).

Num movimento contrário a fragmentação do homem e do conhecimento, os

educadores não podem ignorar as relações dialéticas e interdependentes nas

quais razão e intuição, ciência e consciência, objetividade e subjetividade, mente

e espírito, ciência ocidental e meditação oriental, exterior e interior são vistas

como complementares, e como expressões de uma mesma realidade (Machado

C,2001).

O primeiro plano a ser atingido deve ser o individual, por meio do

desenvolvimento da percepção do próprio indivíduo dos seus estados interiores,

seus atos. É preciso que aquele que se educa passe a conhecer melhor a si

próprio, conscientizando-se acerca de si mesmo (Machado C,2001).

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Esse desenvolvimento individual deverá possibilitar, a seguir, a percepção das

relações sociais, ou seja, as relações dos seres humanos entre si e com seres

dos reinos animal, vegetal e com os minerais. Finalmente no plano universal, o

indivíduo reconhece suas relações com a finitude e os mistérios da vida. É na

articulação destes três planos que se torna realmente possível uma

transformação integral da consciência necessária a uma mudança sólida de

atitudes diante da existência (Machado C,2001).

Presenciamos a educação do jovem incapaz de se perceber como um ser de

relação com o universo e impossibilitado de assumir a sua parcela de

responsabilidade diante dele. Futuros adultos que, provavelmente, jamais

atingirão a paz interior que advêm desse comprometimento. Viver a paz em si

mesmo é o meio para que, um dia, essa mesma paz possa ser experimentada por

todos os homens do planeta (Machado C,2001).

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4 A FORMAÇÃO DO EDUCADOR UNIVERSITÁRIO

Segundo Freire P, 2001, em seu livro Pedagogia da Autonomia – saberes necessário

à prática educativa, “ Ensinar exige : rigorosidade metódica, pesquisa, respeito aos

saberes dos educandos, criticidade, estética e ética, corporeificação das palavras pelo

exemplo, risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação, reflexão

crítica sobre a prática, reconhecimento e assunção da identidade cultural, consciência do

inacabado, reconhecimento de ser condicionado, respeito à autonomia do ser do

educando, bom senso, humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos

educadores, apreensão da realidade, alegria e esperança, convicção de que a mudança

é possível, curiosidade, segurança, competência profissional e generosidade,

comprometimento, compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo,

liberdade e autoridade, tomada consciente de decisões, saber escutar, reconhecer que a

educação é ideológica, disponibilidade para o diálogo e querer bem aos educandos”.

A educação voltada para totalidade estará, certamente, a serviço da ética, dos

valores espirituais e da plenitude da vida. Há de ser uma educação para paz,

baseada nos valores vitais para o ser humano e em busca da integração corpo,

mente, alma. É considerado ponto central em todo este processo de

transformação social e educacional a preocupação com a formação do educador.

Este projeto de estudo desenvolvido tem como eixo central esta preocupação,

pois transformações são realizadas por pessoas, por profissionais bem

preparados, reflexivos e com valores claros quanto as suas propostas de ação e

educação. O educador é, antes de mais nada, um ser humano, e como tal,

protagonista de um projeto histórico. Não é possível reduzi-lo a um simples

executor de propostas pedagógicas e operacionalizador de tarefas a ele impostas

explicitamente ou através de discurso impregnados de conotações ideológicos

(Machado C,2001).

A formação do educador ao longo de sua história vem sofrendo inúmeros

reducionismos, ora se preocupando exclusivamente com questões relacionadas à

instrumentalização técnica, ora focalizando aspectos inerentes às relações

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interpessoais ou com a dimensão política do processo ensino aprendizagem

(Machado C,2001).

Cada uma destas posições bastante extremadas mostram-se inadequadas.

Temos como pressuposto a multidimensionalidade do processo ensino-

aprendizagem. O que se pretende é uma didática que considere tanto a

competência técnica e humana quanto a competência política, uma que estas

dimensões não podem ser entendidas como opostas ou exclusivas, mas sim

interdependentes e complementares. Uma proposta como esta orienta a formação

de educadores mais críticos e comprometidos com a realidade social (Machado

C,2001).

Aristóteles prega de maneira realista que as idéias estão nas

coisas, como sua própria essência. É também realista em sua

concepção educacional; expõe três fatores principais que

determinam o desenvolvimento espiritual do homem: “disposição

inata, hábito e ensino”. Com isso, mostra-se favorável a medidas

educacionais “condicionantes” e acredita que o homem pode tornar-

se a criatura mais nobre, como pode tornar-se a pior de todas, que

aprendemos fazendo, que nos tornamos justos agindo justamente

(Gadotti, M – 2001).

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CONCLUSÃO.

Visão sem ação, não passa de um sonho; Ação sem visão, é só um

passatempo; Visão com ação, pode mudar o mundo (Artur Barter). É com esta

proposta que iniciamos nossa conclusão deste trabalho, juntos, nós podemos

construir a escola de qualidade total apoiada na interdisciplinaridade, com visão e

com ação, contribuindo assim para mudança na educação brasileira e , por

conseguinte mudar o Brasil.

Várias tentativas foram feitas no Brasil desde a chegada da Família Real e até

1920 na República para criar uma Universidade de qualidade e que atendesse as

necessidades da nova Colônia. A primeira iniciativa oficial no sentido de criar uma

Universidade no Brasil haveria de caber a Dom João VI, que incumbiu ao General

Francisco Borja Garção Stockler, membro da Academia das Ciências de Lisboa

de apresentar-lhe um estudo completo sobre o assunto, este projeto visava

também à organização dos ensinos primários, secundários e profissional, com

isso haveria Pedagogia e Institutos. A falta de recursos, a oposição de políticos

lusitanos, e a falta de professores, foram os motivos que fizeram fracassar o

primeiro e mais completo esforço que se fez no Brasil para formar uma

Universidade, e organizar todo ensino, com isso vemos as dificuldades desde o

início para formar um ensino de qualidade no Brasil.

Em pleno século XXI, deparamo-nos com a necessidade, apesar das grandes

reformas implementadas, de uma Política Educacional, fundamentada na visão

holística da qualidade, apoiada na interdisciplinaridade, na construção de uma

sociedade composta de indivíduos cônscios de sua cidadania.

Os autores pesquisados discorreram sobre a necessidade de um novo

paradigma para a educação do futuro, fundamentados na visão holística da

qualidade de vida do ser humano e principalmente no seu processo educativo.

Sob este aspecto perpassamos por enfoques como: a questão da condição

humana, as relações sociais considerando as diversidades culturais e a

pluralidade dos indivíduos; a preparação de uma consciência sobre a questão

planetária, os valores envolvendo a questão ética e a complexidade humana, a

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realidade das Universidades como formadora de cidadãos, as limitações e

possibilidades humanas, as políticas educacionais e os saberes necessários aos

futuros educadores, a diversidade dos processos de comunicação face a

globalização, as cegueiras do conhecimento, entre outros aspectos demostrando

uma grande preocupação em transformar educadores e educandos em agentes

ativos do processo de interdependência cósmica.

As Universidades ainda possuem ranços no que concerne a docência holística

e interdisciplinar, com raras exceções, muito ainda a que ser reestruturar.

Primeiramente cada indivíduo teria que ter o compromisso com sigo mesmo e

com seu processo de ensino-aprendizagem, entende-se aqui ser um processo

individualizado, tanto por parte do educando como por parte do educador. A partir

desta auto reflexão e desse compromisso individualizado, todas as demais

interações teriam como conseqüência o compromisso com o outro, reafirmando a

necessidade de integração e apoio mútuo para a construção da cidadania. Paulo

Freire em seu livro Pedagogia da Esperança afirma que: “não entendo a

existência humana e a necessária luta para fazê-la melhor sem esperança e sem

sonho”, parafraseando este pensamento, poderia dizer que, em termos de um

novo paradigmas para educação do futuro, centrado numa perspectiva da

totalidade em educação, apoiada na Interdisciplinaridade, para levar o educando

do ensino superior ao desenvolvimento integral e a uma educação transpessoal,

construindo assim sua cidadania: “não entendo a Educação holística do Ser

Humano, e a necessária luta para fazê-la melhor , sem esperança e sem sonho”.

Desta forma a condição humana deveria ser objeto essencial de todo ensino.

Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio ainda; ensina ao

justo, e ele crescerá em prudência (Provérbios cap. 9 v. 9).

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