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Uma taxionomia de sistemas informáticos para suportar o processo de desenvolvimento de sistemas de informação
Paula Morais Universidade Portucalense, Departamento Informática, Porto, Portugal
João Álvaro Carvalho Universidade do Minho, Departamento de Sistemas de Informação, Guimarães, Portugal
Resumo Este artigo descreve os fundamentos de uma taxionomia de sistemas informáticos que permita
melhorar o processo de desenvolvimento de sistemas de informação (DSI). Alguém envolvido no processo de DSI que já analisou e compreendeu o sistema organizacional e
que se vê confrontado com a situação de definir que sistema informático melhor se adapta às necessidades organizacionais, poderá encontrar várias dificuldades, resultantes da diversidade de tipos de sistemas existentes.
O que normalmente se passa é que se parte do princípio que os sistemas são indiferenciados, e não
há uma reflexão sobre o tipo de sistema pretendido. É sabido que existem diferentes tipos de sistemas informáticos que oferecem diferente funcionalidade, manuseiam diferentes tipos de informação e suportam diferentes tipos de trabalho.
Estes aspectos deviam ser considerados durante o processo de DSI. Contudo, a identificação do
tipo de sistema necessário, poderá não ser uma tarefa fácil, por um lado devido à grande variedade de sistemas existente, e por outro a uma certa confusão e complexidade de terminologia resultante dessa diversidade. Estes dois problemas apontam para a necessidade de uma taxionomia de SIBC que permita, por um lado clarificar a terminologia usada, e por outro dar uma orientação relativamente ao tipo de sistema necessário numa dada situação.
O artigo apresenta uma revisão das taxionomias de sistemas informáticos publicadas e descreve as
dimensões mais adequadas para suportar uma nova taxionomia usada no âmbito descrito.
Palavras chave: Desenvolvimento de sistemas de informação, sistema de informação, sistema informático
1. Introdução
Durante o processo de DSI, após a fase de análise e compreensão do sistema organizacional, surge
a necessidade de definir que sistema informático deverá ser construído para suprir as necessidades
organizacionais. O que normalmente se passa é que se parte do princípio que os sistemas informáticos
são indiferenciados. Este pressuposto não é no entanto correcto na medida em que existem diferentes
tipos de sistemas de informação baseados em computador, tais como por exemplo, sistemas de
processamento de transacções, sistemas de gestão de informação, sistemas de informação para
executivos, sistemas de suporte à decisão, sistemas periciais, ou sistemas de gestão do fluxo de
trabalho. Diferentes tipos de sistemas oferecem diferente funcionalidade, manuseiam diferentes tipos
de informação e suportam diferentes tipos de trabalho.
Esta realidade deveria ser considerada ao longo do processo de DSI. Contudo, verifica-se que as
metodologias de DSI não contemplam sugestões diferenciadas de desenvolvimento, adequadas a
diferentes tipos de sistemas informáticos. Conhecendo o tipo de sistema a desenvolver, quer o
engenheiro de requisitos quer o desenhador de sistemas, poderão desenvolver o seu trabalho de uma
forma muito mais orientada. Os engenheiros de requisitos poderão levantar os requisitos sabendo o
que procuram. Esta aproximação permitiria não só por si levantar alguns requisitos comuns a um dado
tipo de sistema, mas também apontar requisitos a levantar e consequentemente acelerar o processo de
DSI. Os desenhadores de sistemas, em vez de construírem uma arquitectura para o sistema começando
do zero, poderão começar com a arquitectura típica de um dado tipo de sistema informático.
A identificação do tipo de sistema necessário, poderá contudo, não ser uma tarefa fácil, por um
lado devido à grande variedade de sistemas existente, e por outro a uma certa confusão e
complexidade de terminologia resultante dessa diversidade. Acontece por vezes que, as designações
que são atribuídas aos sistemas não deixam muito claro se de facto se trata de um sistema com
características distintas dos existentes, ou se pelo contrário, é apenas uma questão de designação, ou
de um novo nome para atrair a atenção dos possíveis clientes.
Estes problemas apontam para a necessidade de uma taxionomia de SIBC que permita:
1. Lidar com a complexidade resultante da diversidade de SIBC dando uma melhor percepção da
natureza dos SIBC (características, objectivos, etc.), e clarificando a terminologia normalmente
utilizada.
2. Ligar as fases do processo de DSI, e permitir que ambos, o engenheiro de requisitos e o
desenhador de sistemas desenvolvam o seu trabalho de uma forma mais focada.
A figura 1 ilustra como a taxionomia pode ser usada no desenvolvimento de sistemas.
Padrões de
Arqquitectura
1. Informação existentesobre o sistema
2. Necessidades dosstakeholders
3. Standardsorganizacionais
4. Regulamentações
5. Informação dodomínio
Requisitos,especificações,modelos dosistema
Taxionomiade SIBC
Engenhariade
Requisitos Desenho
Figura 1: A utilização da taxionomia no processo de DSI (adaptado de (Kotonya e Sommerville 1997)).
O objectivo deste artigo é descrever os fundamentos desta taxionomia. As secções 2 e 3
apresentam alguns conceitos sobre sistemas informáticos e o processo de DSI; na secção 4 é feita uma
revisão das taxionomias existentes, e nas secções 5, 6 e 7 são apresentadas as dimensões consideradas
apropriadas para o fim em causa. A secção 8 apresenta uma breve descrição de como utilizar a
taxionomia no processo de DSI.
2. Sistemas de informação baseados em computador
Numa época onde a informação assume um papel crucial em toda a actividade quer a nível pessoal
quer a nível profissional, os sistemas de informação são cada vez mais reconhecidos como um
importante recurso (O'Brien 2000; Rowley 1995; Scott Morton 1991; Tapscott e Caston 1993). No
âmbito deste trabalho apenas vão ser tratados os sistemas de informação que utilizam computadores,
utilizando-se para os referenciar, o acrónimo SIBC, Sistema de Informação Baseado em Computador1
(Mentzas 1994; O'Brien 2000), e adoptando-se a seguinte definição:
Sistema baseado em computador que recolhe, processa, armazena e/ou distribui informação
relevante para a organização com o objectivo de suportar as operações e funções de gestão da
organização e a tomada de decisão e controlo na organização, ou seja um sistema que suporta e
executa trabalho, suportando também as interacções entre a organização e o seu ambiente.
1 O termo sistema de informação baseado em computador é usado normalmente como sinónimo de sistema de informação automático, ou sistema informático, ou sistema computorizado, ou aplicação informática.
É reconhecido que os sistemas informáticos têm mudado para sistemas cada vez mais complexos e
sofisticados: SI especializados suportando a tomada de decisão, sistemas que integram as actividades
organizacionais, servindo processos de negócio em vez de áreas funcionais, e sistemas inter-
organizacionais suportando redes de cadeia de fornecimento e organizações virtuais (Gibson e
Conheeney 1995). Esta mudança tem tido repercussões no tipo de sistemas informáticos que têm vindo
a ser desenvolvidos.
Os sistemas informáticos são normalmente designados tendo em mente diferentes critérios, como
por exemplo a finalidade, o contexto em que são usados, a funcionalidade e a natureza da informação
com que lidam. De todas estas designações resulta inevitavelmente alguma confusão, quer ao nível das
próprias designações, quer ao nível dos conceitos.
Com o objectivo de listar, tão exaustivamente quanto possível, designações de SIBC, e suas
definições, construiu-se uma lista de sistemas informáticos. Esta lista foi construída com base numa
revisão de literatura da área, e utilizando ferramentas de pesquisa na Internet, como o Copernic
(http://www.copernic.com/). Posteriormente a lista foi revista recorrendo a um painel de especialistas,
nomeadamente professores de disciplinas da área de Sistemas de Informação, e alunos de pós-
graduação. Desta revisão não resultaram alterações significativas, apenas algumas correcções nas
definições, e adição de algumas designações. A tabela 1 apresenta as designações encontradas. Note-se
que as linhas da tabela não apresentam nenhuma ordem em particular, a não ser a ordem alfabética.
Como tal, podem aparecer sistemas com designações homónimas, mas com finalidades diferentes, e
sistemas com designações diferentes, mas idênticas finalidades. Visto uma grande parte dos sistemas
ser muitas vezes designado e conhecido pelas siglas anglo-saxónicas, incluíram-se estas também na
tabela.
Sigla SIBC KBS Sistema baseado em conhecimento
Sistema computorizado de criação de empréstimos CSCW Sistema computorizado de suporte ao trabalho cooperativo CKBS Sistema cooperativo baseado em conhecimento
Sistema de administração pública PACS Sistema de arquivo e comunicação de imagens radiográficas FAS Sistema de bens imóveis ATM Sistema de caixa automático
Sistema de call-center Sistema de comércio electrónico Sistema de computação científica Sistema de computação primitivo Sistema de comunicação
Tabela 1: Lista de designações de SIB (continua).
Sigla SIBC
Sistema de controlo de produção Sistema de controlo e comando
C3I Sistema de controlo, comando, comunicações e inteligência E-mail Sistema de correio electrónico Job cost Sistema de custos de trabalho CAD Sistema de desenho assistido por computador CAAD Sistema de desenho de arquitectura assistido por computador CADD Sistema de desenho e esboço assistido por computador CAD/CAM Sistema de desenho e produção assistido por computador IDS Sistema de diagnóstico integrado CASE Sistema de engenharia de software assistida por computador CAI Sistema de ensino assistido por computador
Sistema de execução Supply-chain Sistema de gestão da cadeia de fornecimento CRM Sistema de gestão da relação com cliente KMS Sistema de gestão de conhecimento WMS Sistema de gestão de fluxo de trabalho MRS Sistema de gestão de recursos / Sistema de gestão de relatórios CAFM Sistema de gestão de recursos assistido por computador EMRP Sistema de gestão e planeamento dos recursos da empresa IMS Sistema de gestão educacional DMS Sistema de gestão electrónica de documentação
Sistema de gestão Financeiro ASFMS Sistema de gestão Shop Floor avançado
Sistema de groupware Help Desk Sistema de Help-Desk EIS Sistema de informação ambiental SIBC Sistema de informação baseado em conexões SIBC Sistema de informação baseado em contexto I-BIS Sistema de informação baseado em Intranet CCIS Sistema de informação computorizado para a comunidade AIS Sistema de informação contabilístico OIS/OA Sistema de informação de escritório MIS Sistema de informação de gestão MkIS Sistema de informação de Marketing
Sistema de informação de massas GMIS Sistema de informação de memória de grupo OMIS Sistema de informação de memória organizacional HRIS Sistema de informação de Recursos humanos IRS Sistema de informação de relatórios CAEM Sistema de informação e gestão ambiental assistido por computador SIS Sistema de informação estratégica GIS Sistema de informação geográfica GIS Sistema de informação global
Sistema de informação governamentais IOIS Sistema de informação inteligentes pª organização Sistema de informação para executivos Sistema de informação pictórica Sistema de informação pública
Sistema de informação transnacional CIS Sistema de interacção com o cliente CMS Sistema de mapeamento cognitivo Data minning Sistema de mineração de dados
Tabela 1: Lista de designações de SIB (continua).
Sigla SIBC
CAPP Sistema de planeamento de processos assistido por computador MRP II Sistema de planeamento de recursos de produção MRP Sistema de planeamento de requisitos de materiais ERP Sistema de planeamento dos recursos da empresa DPS, ADP/EDP Sistema de processamento automático de dados
Sistema de processamento de dados administrativos Sistema de processamento de dados maduro Sistema de processamento de dados primitivo
TPS Sistema de processamento de transacções CAM Sistema de produção assistida por computador
Sistema de produção de resposta rápida CBRS Sistema de raciocínio baseado em casos VRS Sistema de realidade virtual
Sistema de recomendação FRS Sistema de relatório financeiro EMS Sistema de reunião electrónica
Sistema de robótica ESS Sistema de sondagem da envolvente externa OASS Sistema de suporte à actividade organizacional DSS Sistema de suporte à decisão KBDSS Sistema de suporte à decisão baseados em conhecimento GDSS Sistema de suporte à decisão em grupo SDSS Sistema de suporte à decisão espacial ODSS Sistema de suporte à decisão organizacional CDSS Sistema de suporte à decisão para clientes MSS Sistema de suporte à gestão GSS Sistema de suporte a grupos NSS Sistema de suporte à negociação WGSS Sistema de suporte ao trabalho em grupo ESS Sistema de suporte para executivos KWS Sistema de trabalho de conhecimento Sistema de transferência de conhecimento – sistema de tradução EDI Sistema de troca electrónica de dados EIES Sistema de troca electrónica de informação
Sistema de vídeo-conferência Sistema de videotexto
EPoS Sistema electrónico de ponto de venda EFT Sistema electrónico de transferência de fundos CIM Sistema integrado de produção
Sistema inteligente de inventário MkIS Sistema inteligente de mercado IOS Sistema inter organizacionais ES Sistema pericial
Tabela 1: Lista de designações de SIBC.
3. O desenvolvimento de sistemas de informação
O processo de DSI tem sido objecto de estudo de vários teóricos e práticos, tendo sido
desenvolvidas diferentes abordagens. Contudo, como é sabido, não há um processo ideal para o
desenvolvimento de sistemas de informação; são usados diferentes processos de acordo com o tipo e
dimensão do sistema a desenvolver (Agresti 1986; Boehm 1988; DTI e NCC 1987; Flynn 1998;
Jensen e Tonies 1979; Pressman 1994; Royce 1970; Skidmore e Wroe 1988). Independentemente das
diferentes abordagens é amplamente reconhecido que qualquer processo de desenvolvimento de
sistemas deverá incluir as seguintes etapas principais: estudo de viabilidade, engenharia de requisitos,
desenho, implementação e testes e manutenção (Boehm 1988; DOD 1994; Flynn 1998; Kotonya e
Sommerville 1997; Pereira 1996; Sommerville 1992).
Destas fases, uma reconhecida como particularmente importante no processo de DSI é a fase de
engenharia de requisitos (ER). É uma fase crítica no processo de DSI, pois quaisquer erros, mal
entendidos, inconsistências, ou omissões cometidas nesta fase, trarão problemas ao sistema final
(Flynn 1998; Pohl 1996; Stevens et al. 1998). O objectivo da ER é determinar as necessidades e
restrições do sistema em estudo, estabelecendo uma visão geral do sistema num dado contexto (Pohl
1996).
Segundo Kotonya (Kotonya e Sommerville 1997), o processo da engenharia de requisitos, ER
pode ser descrito como a conversão da informação sobre os sistemas existentes, as necessidades dos
stakeholders2, os standards organizacionais, a regulamentação e o domínio, para produzir requisitos,
especificações e modelos do sistema. Estes modelos são usados pelos engenheiros de software no
desenho do sistema a construir.
4. Sistemas informáticos e sua classificação
A lista de nomes/designações de SIBC apresentada na segunda secção aponta para a necessidade
de classificação dos sistemas de forma a diminuir a complexidade e clarificar a terminologia usada. A
importância da classificação e diferenciação dos diferentes tipos de sistemas informáticos resulta do
facto de eles suportarem diferentes tipos de trabalho e desempenharem diferentes papéis numa
organização. Já foram feitas várias tentativas para classificar SIBC de algum modo, classificações
essas que usam diferentes critérios, dependendo do objectivo para que foram desenvolvidas. Há
classificações dos sistemas de acordo com os níveis de gestão (Clark 1992), com as áreas funcionais
(Hall 1998; Verstraete 1997), com o nível de complexidade de gestão, incerteza e risco do negócio
(Farbey et al. 1995), com a importância, sucesso e nível de investimento (Ein-Dor e Segev 1984),
entre outras.
2 Stakeholders são todos aqueles que têm interesse nas actividades e resultados da organização. Incluem entre outros, accionistas, funcionários, clientes, fornecedores, comunidade local e agências governamentais.
Esta secção apresenta uma síntese das principais conclusões sobre as diferentes classificações ou
taxionomias de sistemas informáticos encontradas na bibliografia. Para cada taxionomia revista, foram
analisados diferentes aspectos, nomeadamente:
1. Autoria e contexto – nomes, data e objectivo com que foi desenvolvida.
2. Critério – dimensões ou caracteres taxionómicos usados e sistemas considerados, e método de
obtenção das dimensões (quando conhecido).
3. Método de construção – se a taxionomia foi desenvolvida recorrendo a métodos qualitativos
ou quantitativos (Bailey 1994); o método é indicado, apenas quando explicitamente referido pelo
autor.
4. Resultado – classes identificadas; mapeamento da taxionomia com os sistemas considerados.
5. Validação – se existiu alguma validação empírica, quer da validade da própria taxionomia,
quer da sua utilidade, e qual o método usado.
Foram analisadas as seguintes taxionomias, apresentadas por ordem cronológica:
1. Gorry e Scott Morton (Gorry e Scott Morton 1971)
2. Alter (Alter 1977)
3. Projecto AMADEUS (UMIST et al. 1986; UMIST/BIM 1986)
4. Grimshaw (Grimshaw 1992)
5. Ein-Dor e Segev (Ein-Dor e Segev 1993)
6. Teng e Ramamurthy (Teng e Ramamurthy 1993)
7. Mentzas (Mentzas 1994)
8. Alter (Alter 1994)
9. Pearson e Shim (Pearson e Shim 1994)
10. Lewis (Lewis 1994)
11. Vladimir Slamecka (Slamecka 1994)
12. Groupware (Coleman ; Ellis et al. 1991; Khoshafian e Buckiewicz 1995; Nickerson 1997;
Schill 1995; UsabilityFirst )
13. Xu e Kaye (Xu e Kaye 1997)
Apresenta-se na tabela 2 um resumo dos critérios e finalidades das taxionomias analisadas. Da
análise desta tabela pode concluir-se que:
• Uma grande parte das classificações tem um âmbito restrito, focando apenas um determinado
tipo de sistema (Alter 1977; Gorry e Scott Morton 1971; Khoshafian e Buckiewicz 1995; Lewis 1994;
Nickerson 1997; Pearson e Shim 1994; Schill 1995; Teng e Ramamurthy 1993) ou restringindo ainda
mais o âmbito a um determinado domínio de aplicação, como por exemplo a produção (Xu e Kaye
1997).
• Os sistemas de suporte à decisão, sejam eles individuais ou em grupo, são os mais focados, o
que é compreensível, considerando que a tomada de decisão é uma das actividades mais importantes
na organização, e que cada vez mais a função dos sistemas informáticos é fornecer informação útil
para a gestão.
• Em muitas situações, pretende-se apenas sistematizar conceitos; a taxionomia desenvolvida
acaba por ser simplista e nem sempre é claro qual poderá ser a sua utilização (Alter 1977; Alter 1994;
Slamecka 1994); nestas taxionomias, acaba por não haver uma preocupação em esclarecer a
terminologia usada, identificando nomes que são sinónimos ou homónimos.
• Só duas das taxionomias analisadas são taxionomias para acção, ou seja taxionomias que não
são meramente sistematização de conceitos, mas que pretendem ter uma outra utilização prática, como
dar um ponto de partida para o processo de desenvolvimento ou adopção de novos sistemas. São elas
as taxionomias de Pearson (Pearson e Shim 1994) e Teng (Teng e Ramamurthy 1993).
• Os critérios usados tornam-se em alguns casos vagos, como por exemplo quando se considera
o tipo de suporte a processos, mas sem detalhar ou detalhando vagamente que tipo de processos (Gorry
e Scott Morton 1971; Grimshaw 1992; Mentzas 1994; Teng e Ramamurthy 1993).
• Os critérios baseados na tecnologia são claramente susceptíveis de uma mais rápida
desactualização. Fazem apenas sentido quando se pretende também analisar a evolução tecnológica.
Taxionomia Critérios Fiinalidade Gorry Tipo de problema suportado Tipo de actividades de gestão
suportadas Fornecer um enquadramento para analisar o suporte
necessário, dado por diferentes sistemas à tomada de decisão
Alter 1977 Grau relativamente ao qual os outputs do sistema podem determinar directamente a decisão
Sistematizar conhecimento sobre sistemas de suporte à decisão
Amadeus Áreas de aplicação Usada no contexto do projecto AMADEUS, para identificar os objectos reais manipulados por diferentes sistemas
Grimshaw Tipo de tarefa executada Tecnologia usada Tempo (estado de crescimento) Fornecer um enquadramento que possibilitasse uma investigação mais coerente dos sistemas informáticos
Ein-Door Tipo de atributos usados Tipo de funções suportadas Sistematizar conceitos sobre sistemas informáticos Teng Tipo de suporte ao processo Tipo de suporte de conteúdo 1. Ajudar à decisão de que tipo de sistemas de
suporte à decisão em grupo (SSDG) construir 2. Fornecer uma forma sistemática de comparação, para quem numa organização tem que escolher entre diferentes SSDG
Mentzas Tipo de suporte a processos de informação
Tipo de suporte a processos de decisão
Tipo de suporte a processos de comunicação
Fornecer uma maior precisão na classificação de SIBC e facilitar a atribuição de resultados de investigação a determinadas funções dos sistemas
Alter 1994 Tipo de suporte na tomada de decisão
Tipo de suporte na comunicação
Clarificar conceitos sobre SIBC
Pearson Capacidades e características da gestão de modelos
Capacidades e características da gestão de bases de dados
Capacidades e características da gestão de diálogos
Fornecer um ponto de partida no desenho de futuros sistemas de suporte à decisão
Lewis Tipo de actividade suportada Nível de suporte operacional dado
Estabilidade da apreciação relativamente à actividade
Clarificar o tipo de suporte que os SIBC, dão às actividades da organização, em particular à tomada de decisão
Slamecka Abrangencia suportada Tipo de actividades suportadas Sistematizar conceitos Groupware Tempo Local Sistematizar conceitos Xu Natureza da função suportada Sistematizar tipos de sistemas de produção
Tabela 2: Resumo dos critérios e finalidades das taxionomias.
A tabela 2 apresenta a descrição dos critérios tal como os autores os referem. Uma análise
cuidada desses critérios permite verificar que alguns autores usam o mesmo critério apesar de o
referirem de forma diferente. Desta análise resulta a lista seguinte que apresenta uma descrição
dos critérios identificados. Na tabela 3 faz-se uma comparação da utilização dos critérios nas
diferentes taxionomias.
Os critérios identificados foram os seguintes:
• Áreas de aplicação: se trata de sistemas de suporte ou aplicacionais
• Temporalidade: relacionado com o conceito de estado de crescimento (Nolan 1984;
Sutherland e Galliers 1989)
• Atributos de hardware/software usados: as componentes do sistema em termos do
software e hardware que utiliza
• Funções de hardware/software suportadas: as funcionalidades de hardware e software
que o sistema suporta
• Tipo de suporte a processos de informação: tipo de suporte em linha para a extracção,
filtragem e acompanhamento de dados
• Tipo de suporte a processos de decisão: tipo de suporte que é dado aos processos de
tomada de decisão em problemas estruturados, semi-estruturados e não estruturados, e de que
forma influencia decisões
• Tipo de suporte a processos de comunicação: tipo de suporte para a partilha e troca de
informação entre vários utilizadores
• Tipo de actividades suportadas: se suporta actividades operacionais, de gestão ou
estratégicas
• Tempo: se o mesmo tempo (síncrono) ou tempo diferente (assíncrono)
• Local: se o mesmo local ou locais fisicamente distintos
• Abrangência: se suporta sistemas organizacionais ou públicos
A tabela 3 permite concluir que o critério mais usado é o relacionado com o tipo de suporte
ao processo de tomada de decisão, o que é compreensível considerando que uma grande parte
das taxionomias foca sistemas de suporte à decisão. O segundo critério mais usado é o tipo de
actividades suportadas, certamente pela divulgação e aceitação do paradigma que o suporta, o
dos níveis de gestão do Anthony (Anthony 1965). Contudo esta divisão do tipo de actividades
em operacionais, de gestão e estratégicas é demasiado genérico, pensando na variedade de
actividades executadas numa organização. Por outro lado, há alguns critérios que pela sua
especificidade só podem ser aplicados a um determinado tipo de sistemas, como é o caso dos
critérios tempo e local que apenas fazem sentido quando se pretendem classificar sistemas de
groupware.
A tabela 4 apresenta, por um lado uma lista de todos os sistemas informáticos considerados
nas taxionomias, e por outro identifica para cada taxionomia quais os sistemas considerados. A
análise desta tabela permite também tirar algumas conclusões:
• Relativamente à lista de sistemas, dos sessenta apresentados na primeira coluna da
tabela, há alguns que claramente não se enquadram no âmbito da definição de SIBC adoptada
para este trabalho. São eles, os sistemas operativos, os sistemas de tradução de linguagem, os de
armazenamento e acesso, os de interacção, os de reconhecimento e os de comunicação de
mensagens considerados pelo projecto AMADEUS (UMIST et al. 1986).
• Comparando esta lista, particularmente depois de excluídos os sistemas não
considerados SIBC, com a lista apresentada na tabela 1, pode constatar-se que há sistemas que
não foram considerados em nenhuma das taxionomias. Um dos motivos está certamente ligado
com a altura em que as taxionomias foram desenvolvidas. Apenas as taxionomias de groupware
e a de Xu e Kaye (Xu e Kaye 1997) datam de 1997. Todas as outras são anteriores a 1995 e
portanto incompletas, por um lado, devido à rápida evolução das tecnologias de informação nos
últimos anos, que possibilitou o desenvolvimento de uma grande diversidade de SIBC, e por
outro às necessidades das organizações que para competirem num ambiente cada vez mais
turbulento, dão cada vez mais, ênfase à necessidade de outros tipos de sistemas, como por
exemplo os sistemas de gestão de conhecimento.
• Considerando apenas a lista dos sistemas na tabela 4, nem há nenhum sistema que seja
considerado por todas as taxionomias, nem há nenhuma taxionomia que considere todos os
sessenta sistemas. O sistema que mais taxionomias consideram é o sistema de suporte à decisão,
mas em alguns casos, também focam apenas esse tipo. Há por outro lado, vários sistemas que
aparecem apenas numa taxionomia, por exemplo o sistema de apoio à decisão organizacional,
apenas na taxionomia de Mentzas (Mentzas 1994), o sistema de produção integrado, CIM,
apenas na de Slamecka (Slamecka 1994), e o sistema de computação científica apenas na de
Ein-Dor (Ein-Dor e Segev 1993).
Da revisão da literatura pode concluir-se que cada autor usa os seus critérios e métodos de
construção dependendo do objectivo da taxionomia. É também notório que a maioria dos
autores realçam a classificação como produto sem considerarem formalmente o processo de
construção da classificação.
Apenas dois autores (Ein-Dor e Segev 1993; Pearson e Shim 1994) utilizam métodos
quantitativos, numéricos, para identificar grupos de sistemas com características semelhantes,
todos os outros utilizam abordagens qualitativas.
Convém realçar o aspecto positivo da taxionomia de Ein-Dor e Segev ao tentar sistematizar
e introduzir alguma ordem no fenómeno de diversificação dos sistemas informáticos. Por outro
lado convém não esquecer que esta taxionomia foi desenvolvida em 1993, e que desde então
vários novos sistemas foram aparecendo.
Um dos critérios utilizados mais interessante é o relacionado com o tipo de suporte a
processos. Contudo são essencialmente focados processos de tomada de decisão. O facto de
uma grande maioria das taxionomias focar sistemas de suporte à decisão é justificado
considerando que a função principal no centro das actividades de uma organização é a tomada
de decisão (Edwards et al. 2000). Mas esta é apenas a função principal. Muitas outras existem.
Qualquer organização existe para executar trabalho e cumprir uma missão, seja ela qual for. Os
sistemas informáticos, por sua vez existem para suportar esses diferentes tipos de trabalho. Por
este motivo as classificações que se restringem a sistemas de apoio à decisão não são tão
interessantes. É necessária uma classificação mais abrangente e mais detalhada dos diferentes
processos organizacionais.
Um dos principais contributos de algumas das classificações analisadas é reconhecer o
carácter multi-dimensional deste problema de classificar sistemas informáticos.
Critérios usados
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Áreas de aplicação 1 √ Temporalidade 1 √ Atributos de hardware/software usados 2 √ √ Funções de hardware/software suportadas 2 √ √ Tipo de suporte a processos de informação 1 √ Tipo de suporte a processos de decisão 8 √ √ √ √ √ √ √ √ Tipo de suporte a processos de comunicação 3 √ √ √ Tipo de actividades suportadas 4 √ √ √ √ Tempo 1 √ Local 1 √ Abrangência 1 √
Tabela 3: Taxionomias versus critérios usados.
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Sistema de desenho assistido por computador √ √ √ Sistemas de desenho e produção assistidos por computador √ √ Sistemas de produção assistida por computador √ √ √ Sistema de planeamento de processos assistido por computador √ √ Sistema de Chat √ Sistemas de produção integrado √ Computação primitiva √ Controlo processamento em tempo-real √ Sistema de suporte à decisão √ √ √ √ √ √ √ √ √ Sistemas de informação para executivos √ √ √ √ √ Electronic Bulletin Boards √ Sistemas de reunião electrónica √ √ Sistemas periciais √ √ √ √ √ Sistemas de suporte para executivos √ Sistemas de suporte à decisão em grupo √ √ √ Geradores relatórios √ Sistemas de informação inteligentes pª organização √ Sistemas de informação de gestão √ √ √ √ √ Sistemas de planeamento de requisitos materiais √ √ Sistemas de planeamento de recursos de produção √ √ MUDs, Kiosks √ Newsgroups, mailing lists √ Sistemas de apoio à decisão organizacional √ Sistemas de informação de escritório √ √ √ √ Pacotes contabilísticos √ Sistemas de gestão de documentação √ Shared Whiteboards √ Sistema de Acesso à informação √ Sistema de análise estatística e científico √ Sistema de arquivo √
Tabela 4: Os SIBC nas taxionomias (continua).
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Sistema de Brainstorming √ Sistema de calendarização √ Sistema de comando, controlo, comunicações e inteligência √ √ √ Sistema de computação científica √ Sistema de comunicação √ Sistema de controlo de produção √ Sistema de correio electrónico √ Sistema de ensino √ Sistema de execução √ Sistema de informação pública √ Sistema de linguagens de computador √ Sistema de processamento de dados “maduro” √ Sistema de processamento de dados administrativos √ Sistema de processamento de dados primitivo √ Sistema de processamento de documentos √ Sistema de robótica (de produção) √ √ √ √ Sistema de Tele conferencia √ Sistema de Tradução de linguagem √ Sistema de Vídeo conferencia √ Sistema operativo √ Sistemas de armazenamento e acesso √ Sistemas de comunicação de mensagens √ Sistemas de interacção √ Sistemas de reconhecimento (de imagem, de voz, de linguagem natural) √ Sistemas de Workflow √ Sistemas documentação imagem √ Sistemas Groupware √ √ Software Bases de Dados √ Software modelação financeira √ Sistemas de processamento de transacções √ √
Tabela 4: Os SIBC nas taxionomias.
5. Finalidade da taxionomia e dimensões a considerar
A identificação das dimensões apropriadas a uma taxionomia de SIBC que seja útil no
processo de DSI, em particular na fase de ER, decorre precisamente por um lado, do que é fazer
o levantamento de requisitos, e por outro da definição de sistema informático:
• quando se levantam requisitos para um novo sistema informático, pretende-se
identificar que tipo de trabalho é executado, e que tipo de informação é tratada,
• um SIBC é um sistema que executa trabalho e manipula informação, correspondente a
representações de conhecimento.
A primeira parte destas definições foca o suporte a processos e a segunda refere-se ao
suporte ao conteúdo, ou seja aos objectos manipulados pelo sistema informático.
Daqui decorre a necessidade de identificar e sistematizar, por um lado o tipo de processos
organizacionais, e por outro o conhecimento sobre os objectos existentes numa organização.
6. Processos organizacionais Os processos são as actividades de trabalho realizadas na organização, são conjuntos de
tarefas, com um início e um fim, e com entradas e saídas bem definidas, desenvolvidas por
pessoas ou máquinas para atingir um objectivo.
Há vários tipos de processos numa organização, e há várias classificações de processos
(Anthony 1965; APQC 1996; Galliers e Baker 1994; Malone et al. 1999; Ould 1995; Porter
1989). Pela análise destas classificações é possível identificar um conjunto de processos
existente em qualquer organização. Considerando que existem essencialmente dois tipos
principais de processos, os primários relacionadas com a criação e transformação dos produtos
ou serviços, e os de gestão e suporte que apoiam directa ou indirectamente as actividades
primárias, apresenta-se na tabela 5, os processos que qualquer organização poderá executar.
Tipo de processo Processo
Desenvolver e gerir recursos humanos Gerir recursos de Informação Gerir recursos financeiros e físicos Executar programa de gestão ambiental Gerir relações externas Gerir melhoria e mudança
Gestão e Suporte
Desenvolver visão e estratégia
Perceber mercado e clientes Mercado e venda Produção e distribuição Facturar e servir cliente
Primários
Desenhar produtos e serviços
Tabela 5: Classificações de processos organizacionais (adaptado de (APQC 1996)).
7. Conhecimento organizacional
Com o objectivo de identificar categorias de conhecimento, foram analisados diferentes
modelos da organização (Amaral 1994; Davis e Olson 1985; Ferreira et al. 1996; Hatch 1997;
Leavitt 1965; Scott Morton 1991; Scott 1998), e artigos, a maioria da área de gestão de
conhecimento que, por um motivo ou outro, identificavam objectos da organização (Ackerman
1993; Alter 1994; Elliot 1997; Holsapple e Luo 1996; Kjaer e Madsen 1996; KPMG 1997;
Morrison 1997; Seemann et al. 1999; Stein e Zwass 1995; van Heijst et al. 1996; Walsh e Ungson
1991; Wijnhoven 1996).
Pela análise dos diferentes trabalhos optou-se por considerar os seguintes objectos de
interesse na organização: Finalidade, Pessoas, Ambiente, Recursos e Processos. A tabela 6
apresenta exemplos de conhecimento para cada um dos objectos.
Objecto Exemplos de conhecimento Finalidade Missão, objectivos, índices de desempenho Pessoas Visão, valores, opiniões, suposições, ideias, crenças, experiências Ambiente Legislação, normas, necessidades de clientes (o que procuram, o que
procuram), necessidades dos clientes dos clientes, oferta dos fornecedores, índdemográficos, impostos, índices de desemprego, tendências de problemas socinflação
Recursos Pessoas: Identificação, salário, habilitação académica, posições, papéis Características de hardware e software, plantas de edifícios, descrição do inventário, descrição do equipamento, capital
Processos Procedimentos, actividades, resultados, indicadores, regras
Tabela 6: Exemplos de conhecimento organizacional.
Após identificar os tipos de conhecimento organizacional e os processos existentes numa
organização, é necessário identificar que tipos de conhecimento servirão de input para os
diferentes processos. Convém aqui referir que do ponto de vista de sistema informático, há duas
visões a considerar, a visão objecto/informação e a visão objecto/conhecimento, como
apresentado na figura 2.
Desenvolver e gerirrecursos humanos
Gerir recursos deinformação
Desenvolver visão eestratégia
Finalidade Pessoas Ambiente Recursos Processos
VisãoObjecto/Informação
VisãoObjecto/Conhecimento
... ... ... ... ...
Figura 2: Diferentes visões dos objectos para os processos.
Estas duas visões poderão ser mais facilmente explicadas recorrendo à notação usada pelo
método IDEF0 (Marca e McGowan 1993).
Os elementos básicos de um diagrama de actividades do IDEF0, são apresentados na figura
3. As caixas representam as actividades; as setas entrando no lado esquerdo da caixa
representam as entradas que serão transformadas pela actividade para produzir os resultados,
representados pelas setas a sair do lado direito da caixa. As setas entrando pelo topo da caixa
são os controlos, ou seja o que dirige ou restringe as actividades. As setas que entram pela base
da caixa representam os mecanismos, que descrevem os aspectos físicos da actividade, como
por exemplo, os recursos e locais de armazenamento.
A0
ActividadeEntrada Saída
Mecanismo
Controlo
Figura 3: Sintaxe básica usada pelo IDEF0.
Considerando a notação apresentada, as entradas e saídas correspondem à visão
objecto/informação, ou seja é a informação que vai ser transformada pelo SIBC, bem como os
resultados obtidos. Os mecanismos e controlos representam a visão objecto/conhecimento, ou
seja os diferentes tipos de conhecimento sobre os diferentes objectos, que o SIBC necessita para
transformar as entradas e saídas.
A visão objecto/informação permitirá identificar para os diferentes tipos de SIBC, a
informação que manuseiam, enquanto que a visão objecto/conhecimento funcionará como uma
espécie de guião que o engenheiro de requisitos poderá utilizar numa primeira fase da ER, para
identificar as fontes e tipos de conhecimento a levantar.
Apresentam-se na figura 4 os principais conceitos associados à nova taxionomia. As
dimensões são apresentadas enquanto esquema de associação de conceitos, recorrendo à notação
de diagramas de entidade-relação.
Para além de analisar os processos e objectos e as relações entre eles, identificam-se
também as operações ou actividades que podem ser executadas por um processo. Cada operação
pode ou não ser suportada por um ou mais SIBC. Por exemplo as operações de intuir, julgar,
avaliar, criar (sentido de criatividade) associadas ao objecto Pessoas, não são suportadas pelos
SIBC. Por outro lado operações como capturar, ordenar, sumariar, comunicar, filtrar, exibir e
armazenar são suportadas por vários SIBC, e fazem parte de vários processos. A cada uma
destas operações corresponde uma arquitectura típica. Apresentam-se na figura 5 exemplos
dessas arquitecturas.
PROCESSO OBJECTO
OPERAÇÃO
SIBC
DOMÍNIO
Inclui
ARQUITECTURA
Usa
Inclui
É composto
SuportaSuporta
Suporta
Manipula
É suportado
Figura 4: Uma taxionomia de SIBC.
Tipicamente um domínio é suportado por determinados sistemas, como por exemplo os
sistemas hospitalares, bancários, ou de construção civil. E é composto por um determinado
conjunto de processos.
Um determinado SIBC pode ser composto por vários outros tipos, como é por exemplo o
caso dos sistemas de planeamento dos recursos da empresa (ERP3) que inclui sistemas de
processamento de transacções, sistemas de informação de gestão, sistemas de suporte à decisão,
sistemas de planeamento de recursos da produção, entre outros.
Aceder
Armazenar
Figura 5: Arquitectura de operações.
8. Utilização da taxionomia no processo de Desenvolvimento de Sistemas de Informação
A figura 6 pretende mostrar como é que a taxionomia pode ser usada como ferramenta
conceptual para melhorar o processo de DSI, em particular na fase da ER. 3 Enterprise Resource Planning System
Processos
Obj
ecto
s
Levantamento
Especificação/Documentaçã
o
Validação/Verificação
Negociação
D1D2
D3
Domínio
SIBC
DSS
ERPCRM
MIS
EISWMS
EDI
Figura 6: Utilização da taxionomia. Pretende-se que esta ferramenta seja útil numa fase inicial de levantamento de requisitos.
Para a utilizar o engenheiro de requisitos deverá:
1. Identificar o domínio do negócio.
2. Identificar os processos para os quais se pretende desenvolver um sistema
informático. Se existir para o domínio em causa um padrão dos processos
normalmente a ele associados, essa identificação poderá ser automática.
3. Identificar o tipo de conhecimento necessário para cada processo:
• O tipo de conhecimento que os sistemas informáticos manusearão,
• O conhecimento que pode ser necessário para executar o processo, mas que não
estará nos sistemas informáticos,
• Onde está o conhecimento.
4. Identificar que tipos de sistemas podem ser usados.
9. Conclusão Assistiu-se na última década a uma grande mudança na natureza e utilização das tecnologias
de informação e comunicação nas organizações. Esta mudança é provocada por diferentes
factores que passam pela grande e rápida evolução dessas tecnologias, as novas oportunidades
de negócio nos mercados dinâmicos e cada vez mais competitivos, e a globalização dos
mercados. Esta mudança tem tido repercussões no tipo de sistemas informáticos que têm vindo
a ser desenvolvidos. Se é verdade, por um lado, que se tem assistido à criação de sistemas cada
vez mais complexos e sofisticados suportando diferentes actividades organizacionais, por outro
tem-se assistido a uma certa confusão e complexidade resultante dessa diversidade.
Estes sistemas podem ser desenvolvidos usando diferentes abordagens. Independentemente
de existirem diferentes modelos e das evoluções que os modelos sofreram, há um conjunto de
etapas bem conhecidas, que independentemente das designações que recebem, são incluídas em
qualquer processo de DSI: o estudo de viabilidade, a engenharia de requisitos, o desenho, a
implementação, e testes e manutenção. Destas etapas, uma reconhecida como particularmente
crítica é a ER, sendo uma grande parte dos problemas dos sistemas finais atribuídos a erros,
inconsistências ou omissões cometidas nesta fase.
Há vários trabalhos que de diferentes maneiras pretendem melhorar a forma como a ER é
executada. Um dos aspectos que pode ser melhorado neste processo relaciona-se com a
identificação do tipo de sistema a desenvolver, que deveria ser realizado na fase de
levantamento da ER. É sabido que existem diferentes tipos de SIBC suportando diferentes tipos
de trabalho, contudo esta realidade nunca é tida em consideração ao longo do processo de DSI,
passa-se normalmente directamente do estudo do ambiente organizacional para a aplicação
informática.
O que ressalta desta análise, é a necessidade de uma taxionomia que possa auxiliar na
resolução dos dois problemas levantados:
1. Sistematizar e consequentemente clarificar a complexidade resultante da diversidade de
SIBC
2. Fornecer uma ferramenta conceptual quer ao engenheiro de requisitos quer ao
desenhador de sistemas para que desenvolvam o seu trabalho de uma forma mais
orientada.
Foram identificadas como dimensões que parecem mais adequadas para os objectivos
referidos os processos organizacionais e os tipos de conhecimento organizacional,
correspondendo respectivamente, ao suporte a processos e ao suporte ao conteúdo, dados pelos
SIBC.
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