Unidade I: TEORIA GERAL DOS RECURSOS

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O embasamento vem insculpido nos arts. 496 a 565 do Código de Processo Civil.

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TEORIA GERAL DOS RECURSOS - PRIMEIRA PARTE

CENTRO DO ENSINO SUPERIOR DO AMAP

DISCIPLINA: DIREITO PROECESSUAL CIVIL IV

PROFESSOR: MAURCIO CORRA

ACADMICO (A):

TURMA:

Unidade I: teoria geral dos recursos1.1. Embasamento

O embasamento vem insculpido nos arts. 496 a 565 do Cdigo de Processo Civil.

1.2. Introduo

Os recursos nasceram como necessidade poltica, com o intuito de possibilitar o reexame de questes equivocadas evitando, assim o arbtrio. A insatisfao do vencido da natureza humana, o duplo grau de jurisdio satisfaz essa necessidade de recorrer do vencido. Fazendo uma parfrase de Chiovenda assevera-se que, basta que o juiz saiba que sua sentena pode ser reexaminada e modificada por tribunal superior para que seja mais cuidadoso, formulando sentena com mais desvelo e acuidade.

1.3. conceito

Recurso, numa acepo tcnica e restrita, o meio idneo para provocar a impugnao e, consequentemente, o reexame de uma deciso judicial. O recurso remdio voluntrio e idneo a ensejar, dentro do mesmo processo, a reforma, a invalidao, o esclarecimento ou a integrao da deciso judicial que se impugna. Analisemos apartadamente cada um destes institutos:

1.3.1. Reforma: O recurso visa reformar a deciso judicial quando a parte recorrente alega que a deciso recorrida est equivocada merecendo, assim, ser alterada pela deciso de 2 grau. Nesta primeira hiptese a parte pede que se altere a deciso judicial e se profira outra, atravs do juzo ad quem (rgo superior), em seu lugar. Modificando a deciso do juzo a quo (primeiro grau). O equivoco alegado advm da m aplicao da norma de direito adjetivo (processual) ou material e conduz a pretenso da reforma da deciso. Ambos (direito processual e material) podem ser fundamento da pretenso de reforma no recurso.

1.3.2. Invalidao: nesta hiptese, pretende o recorrente que o juzo ad quem anule a deciso judicial, determinando que outra seja prolatada em seu lugar pelo juzo a quo. Aqui o fundamento para invalidao de deciso sempre norma processual, fundada em vcios intrnsecos da deciso, ou seja, diz respeito aplicao do direito objeto ao caso. Reforma e invalidao so aplicveis a generalidade dos recursos, exceto embargos de declarao.

1.3.3. Esclarecimento: se d quando a parte recorrente pretende aclarar algum ponto obscuro ou contraditrio da deciso recorrida. A parte no quer modific-la ou invalid-la, quer apenas esclarecer a motivao, destarte, a parte requer apenas o esclarecimento, no visando modificao da deciso recorrida.

1.3.4. Integrao: h integrao quando se pretende fazer julgar algum ponto obscuro ou omisso da deciso recorrida, integrando o julgamento do ponto omisso com o restante da deciso. O vcio que se pretende expurgar com o recurso por integrao da deciso a omisso, de certo ponto, da deciso judicial. Aps a integrao, dependendo do caso pode haver modificao da deciso.

Observao 1:O recurso no se confunde com ao, uma vez que, por meio dele, no se forma novo processo, h apenas um prolongamento da relao processual. Constitui o recurso apenas uma etapa do procedimento, seja no processo de conhecimento, de execuo ou cautelar. Nesta parte, inclusive, o recurso difere de outros meios de impugnao das decises judiciais, como, por exemplo, a ao rescisria, o mandado de segurana e os embargos de terceiro.

Observao 2: Uma das caractersticas dos recursos a voluntariedade. A parte que se sentir prejudicada com uma deciso judicial tem o nus de recorrer, mas no h obrigatoriedade. Deixando de recorrer, h precluso, ou seja, supera-se uma fase procedimental ou forma-se a coisa julgada.

Observao 3:O recurso uma faculdade da parte (ou do interessado), que pode no s renunciar ao direito de recorrer (art. 502 CPC) como tambm desistir do recurso j interposto (501, CPC), sem anuncia de quem quer que seja (parte contrria e litisconsortes).Por esta faculdade pode a parte provocar o reexame da deciso, com intuito de:

Evitar a falibilidade humana, corrigindo eventuais erros da deciso de primeiro grau;

Evadir-se da arbitrariedade de juzos de primeiro grau, posto que, a irrecorribilidade enseja arbitrariedade, sendo assim um freio ao despotismo.

Suprir a necessidade humana do vencido de tentar reformar a deciso judicial.

S pode haver recurso de deciso judicial, desta forma, no cabe recurso contra atos processuais de carter no decisrio e contra atos dos serventurios da justia ou das partes. Donde se infere que somente cabe recurso contra sentena, deciso interlocutria ou acrdo.

Ao interpor o recurso, como mencionado, objetiva o recorrente a reforma, a anulao, o esclarecimento ou integrao do julgado. O que d ensejo ao pedido de reforma do julgamento a injustia da deciso recorrida, a m apreciao da prova e do direito aplicado, em ltima anlise, o erro de julgar (error in judicando). A deciso pode ser pleiteada quando h vcio formal na prpria deciso, erro de procedimento (error in procedendo) e quando, por exemplo, a deciso no foi motivada (CR art. 93, IX).

1.4. Error in procedendo X Error in judicando1.4.1 Error in procedendo (erro no proceder): um vcio de forma, extrnseco, de uma deciso judicial. Est sempre ligado a questes processuais, como quando o juiz se omite ou emite declarao obscura, como por exemplo, fundamentao insuficiente. Sua constatao conduz a invalidao da deciso judicial.1.4.2 Error in judiciando (erro no julgar): um vcio de contedo da deciso, que pode ser processual ou material, ou seja, erro de julgamento de uma deciso judicialrecorrida, como por exemplo, m aplicao do direito material. Se verificado error in judicando, dever-se- pleitear a reforma da deciso judicial.1.5. Natureza jurdica do recurso

O julgamento que se faz em grau de recursos substitui a deciso ou sentena no que dele tiver sido objeto (art. 512 CPC).

Alguns doutrinadores consideram a sentena sujeita ou dependente de recurso como ato submetido condio resolutiva, isto , de plena eficcia at o trnsito ou at ser substituda pela deciso do rgo recursal. Outros a tm, porm, como ato perfeito, de fora obrigatria prpria, no importando qual venha a ser seu destino em face da instncia recursal.

Tambm, h os que entendem que a sentena ato sujeito condio suspensiva, quando ainda est sujeita a recurso. No interposto o recurso, a condio no se realiza, e a sentena se considera ato jurdico perfeito, a partir do momento em que foi proferida. Vejamos apartadamente, cada uma dessas correntes:

1.5.1. Primeira corrente: recurso como ao autnoma: para esta teoria o recurso uma ao constitutiva negativa que visa desconstituir uma deciso (sentena ou acrdo), ou seja, considera o recurso como uma ao autnoma. A relao jurdica recursal diversa da primeira fase, fundada tal idia, na necessidade de petio, bem como na intimao da parte diversa para a resposta. Essa formulao teve por base o ordenamento jurdico de alguns povos que no distinguem recursos de ao autnoma de impugnao, como por exemplo, grego e polons. Os precursores desta tese so Emilio Betting e Jilles.

1.5.2. Segunda corrente: recurso como modalidade e prolongamento do direito de ao: essa teoria v no recurso um prolongamento da ao, afirmando que o recurso apenas uma fase do processo e no uma nova ao autnoma, visto no haver deflagrao de nova relao jurdica processual, sendo o recurso apenas fase necessria do processo e um ato voluntrio. Embora haja nova intimao para resposta, no h nova citao, em face disto, no h nova relao processual. Esta teoria adotada nos ordenamentos jurdicos onde h clara distino entre recursos e ao autnoma de impugnao. Sendo esta a adotada pelo direito brasileiro.

O recurso meio especfico para impugnar decises judiciais. Outros meios, contudo, existem, como o caso do mandado de segurana e da ao rescisria.

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Unidade II: Os recursos no CPC2.1. Consideraes iniciais

O art. 496 contempla as seguintes espcies de recursos:

2.1.2. apelao: busca, em regra, proteo de outra pessoa ou rgo. A apelao o recurso cabvel contra sentena, seja ela definitiva (art. 269) ou terminativa (267) visando a sua reforma total ou parcial ou a simples anulao, em regra, oponvel para o Tribunal a que o juiz prolator estiver subordinado, salvo nos casos em que o juiz de direito estiver funcionando no exerccio da jurisdio federal (art. 109, 3, CR/88) ou de jurisdio trabalhista (art. 112, CR/88), casos em que deve ser interposta para o Tribunal Regional Federal ou Tribunal Regional do Trabalho da regio, respectivamente.

Com a apelao, o apelante espera que o Tribunal reexamine a causa e profira nova deciso que substitua a apelada para melhorar sua situao, vez que o direito brasileiro no admite a reformatio in pejus, ou seja, a reforma para piorar a situao do apelante.

2.1.3. agravo: o recurso cabvel contra as decises interlocutrias proferidas no curso do processo (art. 522 CPC). So decises que causam gravame parte, como no caso do juiz acolher o pedido de incabimento de litisconsrcio por falta de base legal e excluir o litisconsrcio ativo ou passivo, ou quando rejeita a denunciao da lide depois que o litisdenunciado j tiver sido citado.

Em ambos os casos o processo ter seu curso normal com as partes no excludas, mas a relao processual do litisconsorte ou do denunciado com a parte adversa foi extinta.

2.1.4. embargos infringentes: o recurso cabvel contra acrdo no unnime que houver reformado, em grau de apelao, a sentena de mrito ou houver julgado procedente a ao rescisria. Admite a interposio autnoma ou na forma adesiva (art. 500, II do CPC).

Este recurso, dirigido ao prprio Tribunal que pronunciou a deciso impugnada, tem por fim provocar o reexame de acrdos proferidos em apelao que houver reforma sentena de mrito ou em ao rescisria julgada procedente, na parte relativa divergncia entre juzes, possibilitando no s a retratao dos que anteriormente votaram, mas tambm a modificao da deciso pelo ingresso de outros juzes no rgo julgador. Busca-se com os embargos infringentes, em sntese, a prevalncia do voto vencido sobre os votos vencedores no julgamento de apelao ou da ao rescisria.

2.1.5. embargos de declarao: a finalidade especfica dos embargos de declarao integrar a sentena ou acrdo que contenha dvida, obscuridade, contradio ou omisso. Integra a sentena ou acrdo significa suprimir a lacuna que tenha deixado, de fato ou, aparentemente.

Assim, embargos de declarao podem ser conceituados como o recurso que visa ao esclarecimento ou integrao da sentena ou acrdo. (art. 535 do CPC).

2.1.6. recurso ordinrio: o meio de impugnao normal das decises proferidas pelos Tribunais dos Estados ou Tribunais Regionais Federais ou pelo Superior Tribunal de Justia em processos de sua competncia originria. Diz-se recurso ordinrio exatamente porque comum, processando-se como se fosse a prpria apelao, com a particularidade de que oponvel, em regra, contra deciso de Tribunal (acrdo).

Assim, recurso ordinrio o meio de impugnao de deciso judicial (sentena ou acrdo e decises interlocutrias) proferidas nas causas elencadas no art. 539 do CPC.

2.1.7. recurso especial: O recurso especial uma variante do extraordinrio, este j consagrado no direito brasileiro. Com o advento da Constituio Federal de 1988, o extraordinrio acabou dividido, fincando instrumento de guarda da prpria constituio, enquanto o especial foi criado para proteo e pacificao do direito federal.

Assim, ser competncia do Superior Tribunal de Justia o julgamento do recurso especial (art. 105, III do CR/88).

2.1.8. recurso extraordinrio: Para que admita o recurso extraordinrio, primeiramente, se exige, na hiptese, que no caiba outro recurso ordinrio e que o ato recorrido contenha matria constitucional, sendo indiferente que seja sentena monocrtica ou acrdo de Tribunal.

Assim, ser competncia do Supremo Tribunal Federal o julgamento do recurso extraordinrio (art. 102, III do CR/88).

2.1.9. embargos de divergncia em recurso especial e em recurso extraordinrio: so cabveis apenas nos recursos especial e extraordinrio, quando o julgamento da turma divergir do julgamento de outra turma, da seo ou do outro rgo especial (no STJ) ou quando o julgamento da turma divergir de outra turma ou do plenrio (no STF).

Objetivam a uniformizao das interpretaes dadas ao direito objetivo (constitucional ou infraconstitucional) pelos diversos Tribunais do Pas.

Observao 1: existem outros recursos em legislao extravagante, mormente nos regimentos internos dos tribunais, entretanto, em razo do objetivo do nosso estudo, ocupar-nos-emos apenas dos recursos elecados no art. 496 do CPC.

2.2. ALGUMAS INFORMAES IMPORTANTES:

2.1. Efeito devolutivo: geralmente, o recurso tem o efeito de devolver (transferir) ao rgo jurisdicional hierarquicamente superior (tribunal ad quem) o exame de toda a matria impugnada. Trata-se do efeito devolutivo, que decorre logicamente do princpio do dispositivo, segundo o qual o rgo julgador age mediante provocao da parte ou do interessado e nos limites do pedido (art. 2, 128 e 460 do CPC).

2.2. Efeito suspensivo: com relao ao efeito suspensivo, embora boa parte dos recursos no contemple tal efeito, a regra a suspensividade. Omissa a lei, o recurso produz o efeito suspensivo, ou seja, impede a produo de produo imediata das conseqncias e dos resultados da deciso recorrida. O efeito suspensivo decorre, em um primeiro momento, do simples fato de a deciso ser recorrvel. Isto porque o fato de a deciso estar sujeita interposio de recurso faz com que no seja imediatamente eficaz, dependendo tal eficcia do trnsito em julgado ou da no atribuio de efeito suspensivo ao recurso eventualmente interposto. Caso seja interposto recurso com efeito suspensivo, prolonga-se a ineficcia da deciso.

2.3. deciso interlocutria: o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questo incidente, porm, com reflexos nos interesses ou direitos das partes, mas no pe fim ao processo. Como por exemplo: o saneamento do processo, a excluso de terceiro interveniente, o indeferimento da petio de ao declaratria incidental, o indeferimento de produo de provas e outros.

2.4. Sentena definitiva: diz-se definitiva a sentena pela qual o juiz decide o mrito da causa, acolhendo ou rejeitando o pedido do autor, com fundamento numa das hipteses prevista no art. 269 do CPC.

2.5. SENTENA TERMINATIVA: diz-se terminativa a sentena em que o juiz no chega a apreciar o mrito da causa, pela ocorrncia de qualquer das hipteses previstas nos arts. 267, 295 ou 301 do CPC.

2.6. coisa julgada material: efeito que recai apenas sobre as decises transitadas em julgado que apreciam o mrito da lide: o processo foi extinto com soluo do conflito, nos termos do art. 269 do CPC.

2.7. coisa julgada formal: a mera impossibilidade de se alterar o que for estatudo na sentena no mesmo processo, mas no impede a discusso da causa em outro processo. Isto ocorre todas as vezes que o processo for extinto sem o julgamento do mrito, pois, no havendo apreciao deste, a questo posta em juzo no analisada e no h que se falar, ento, em coisa julgada material.

2.8. jurisdio voluntria: cuida da integrao e fiscalizao de negcios jurdicos particulares.

2.9. JURISDIO CONTENCIOSA: entende-se a funo do estatal exercida com o objetivo de compor litgios.

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Unidade III: DOS ASPECTOS GERAIS DOS RECURSOS3.1. Recurso x ao autnoma de impugnaoOs mecanismos de que podem se valer as partes para impugnar uma deciso judicial so denominadas pela doutrina, genericamente, de remdios processuais. Tais remdios processuais ora consistem em recursos, ora em aes impugnativas autnomas.

Aes autnomas de impugnao so verdadeiras aes constitutivas negativas que visam invalidar e excepcionalmente reformar a deciso judicial impugnada, ou seja, visam desconstituir uma deciso judicial, como por exemplo, a ao rescisria de julgado, ao ordinria de nulidade de sentena, mandado de segurana para nulidade de sentena ou deciso judicial por vcio de forma, etc. Por fazerem s vezes de recurso so denominados sucedneos recursais.

A primeira diferena entre ao autnoma de impugnao e recurso esta no fato de que enquanto aquela uma ao completamente autnoma, este apenas um prolongamento da ao.Destarte, infere-se que o recurso apenas uma fase do processo, enquanto a ao autnoma de impugnao uma ao completamente diversa do processo que se pretende impugnar. No recurso no existe constituio de nova relao jurdica, na ao autnoma, h.O recurso no ao autnoma, no h nova relao processual que se forma para atacar deciso interlocutria, sentena ou acrdo. Tem ele procedimento especfico, mas se classifica simplesmente no rol dos direitos processuais de que se socorrem s partes e outros interessados no processo.Sendo um direito e no obrigao, o recurso faculdade. Mas faculdade que se revela como verdadeiro nus processual, j que, se no exercida pode fazer precluir a deciso e provocar a formao da coisa julgada.O recurso ocorre antes do trnsito em julgado (coisa julgada material), sendo obstrudo pela coisa julgada que fato impeditivo para a utilizao da via recursal, nada obstante, a finalidade do recurso evitar a coisa julgada. J a ao autnoma no obstada pela coisa julgada, sendo que, no direito brasileiro, a sua principal funo exatamente esta: a desconstituio da coisa julgada.Os casos em que existe a possibilidade de ao rescisria so expressamente previstos no art. 485 CPC (numerus clausus), um rol taxativo que demanda interpretao restritiva.No recurso pode haver admisso do mesmo, por ser ele hbil, mas pode haver negao do provimento. O mrito e a causa de pedir no se confundem.

Nas aes de impugnao autnoma, tal fato no existe, visto que, se se conhecer da ao, obrigatoriamente, ser ela julgada procedente. No recurso pode-se alegar qualquer matria que diga respeito a lide (atinentes aos elementos da causa). Na ao autnoma de impugnao o rol taxativo (numerus clausus), no h possibilidade de ampliao.

3.2. ClassificaoPodemos classificar os recursos da seguinte forma:3.2.1. Quanto extensoToma por critrio a extenso de contedo do recurso, pode ser:3.2.1.1.Total aquele no qual o recorrente vem se irresignar contra todo o contedo impugnvel da deciso judicial (todo o dispositivo da deciso). O recurso insurge-se contra todo o comando sentencial, buscando a anulao do mesmo. Ex.: ao de indenizao julgada procedente a parte recorre pleiteando improcedncia do pedido.3.2.1.2. Parcial aquele em que o recorrente se irresigna contra parte do contedo impugnvel da deciso judicial. Ex.: tomando por base o exemplo acima, a parte viesse a pedir o aumento do valor da ao.

a extenso do recurso que dar a extenso do acrdo do juzo ad quem (princpio da congruncia). Sendo o recurso total, toda coisa julgada atingida. Se parcial somente far coisa julgada a parte no impugnada(art. 505 do CPC).3.2.2. Quanto ao contedoO recurso leva em conta a matria que pode ser alegada, subdivide-se em:3.2.2.1. Recurso ordinrioSo previstos no processo comum para correo de algum prejuzo, podendo o recorrente impugnar tanto matria de fato quanto de direito da deciso recorrida. O contedo do recurso ordinrio o direito subjetivo da parte, aparta-se em:

3.2.2.2. Comum aquele que estabelecem como pressuposto bsico e suficiente a sucumbncia, como por exemplo, a apelao.

3.2.2.3. EspecficoExigem determinada situao ou pressuposto especfico, como por exemplo, os embargos infringentes.

3.2.2.4. Recurso extraordinrio

Apesar de aplicar-se tambm ao processo comum, esto consagrados em nvel constitucional e tm por funo no apenas a correo do caso concreto, mas tambm a uniformidade de interpretao da legislao federal e a eficcia e integridade das normas da prpria Constituio. Neste o recorrente pode impugnar apenas matria de direito da deciso recorrida, ou seja, no h possibilidade de apreciao de matria de fato.

3.2.3. Quanto maneira de interposio

Quanto maneira de interposio os recursos (art. 500 do CPC) podem ser:

3.2.3.1. PrincipalO recurso principal quando interposto de maneira independente em relao a qualquer outro, no h condio que o vincule, possui existncia autnoma. Havendo uma deciso judicial, desde que atendidos os pressupostos de admissibilidade, quaisquer das partes podem interpor recursos, dizer, o recurso do autor independe do recurso do ru.

3.2.3.2. Adesivo aquele cuja interposio dependente de outra, desta feita, o recurso adesivo depende do desfecho do recurso interposto de maneira principal. acessrio em relao ao principal. Assim, se inadmitido o principal o adesivo tambm sucumbir, como por exemplo, se o recorrente desiste do recurso principal, automaticamente suprime-se o adesivo.

3.3. Princpios dos recursos

Em direito processual civil os princpios dividem-se em informativos e fundamentais.3.3.1. Princpios informativos So considerados quase que como axiomas, pois prescindem de maiores indagaes e no necessitam ser demonstrados. No se baseiam em outros critrios que no os estritamente tcnicos e lgicos, no possuindo praticamente nenhum contedo ideolgico. So os princpios:

3.3.1.1. Lgico

O processo deve ser lgico na sua estrutura. Para tanto, a petio inicial deve preceder a contestao; e esta, por sua vez, deve ser deduzida antes da audincia de instruo e julgamento. Na petio inicial, o autor dever, primeiramente, narrar os fatos e fundamentos jurdicos de sua pretenso; somente aps que deduzir o pedido. Esta ordem da petio inicial est mencionada no art. 282 do CPC. O ru na contestao dever, antes de discutir o mrito, alegar as matrias preliminares, como a incompetncia absoluta, existncia de coisa julgada, entre outras, conforme o estabelecido no art. 301 do CPC.

3.3.1.2. Jurdico

Deve o processo seguir as regras preestabelecidas em um determinado ordenamento jurdico.

3.3.1.3. Poltico

As regras polticas tambm devem ser observadas no processo, como por exemplo, aquela que determina ao juiz o dever de sentenciar, ainda que haja lacuna na lei (art. 126 do CPC), devendo para tanto, valer-se da analogia, dos costumes e dos princpios gerais do direito.

3.3.1.4. Econmico

Segundo esse princpio deve-se obter o mximo do processo com o mnimo dispndio de tempo e de atividade, observadas, sempre, as garantias das partes e as regras procedimentais e legais que regem o processo civil.

3.3.2. Princpios gerais dos recursos (ou fundamentais)

So aqueles sobre os quais os sistemas jurdicos podem fazer opo, considerando aspectos polticos e ideolgicos. Por essa razo, admitem que em contrrio se oponham outros, de contedo diverso, dependendo do alvedrio do sistema que os est adotando. Os recursos submetem-se so seguintes princpios que lhes so prprios:

3.3.2.1. Princpio do duplo grau de jurisdioO duplo grau garantia inserta na Constituio, que lhe d os contornos e limites (CF/88, 102, II). , portanto, o objetivo do duplo grau de jurisdio, fazer a adequao entre a realidade no contexto social e o direito a segurana das decises judiciais. Destarte, o duplo grau de jurisdio garantia constitucional de que toda deciso judicial possa ser objeto de reexame por outro rgo jurisdicional, mormente, de hierarquia superior (exceo turmas recursais, juizados especiais). Sendo nesta possibilidade de reexame, garantia constitucional do jurisdicionado, que reside o cerne do duplo grau, portanto, o direito de recurso um direito subjetivo pblico das partes.

Observao 1: No processo penal, contudo, ocorre fenmeno diferente. O art. 8, n. 2, letra h, do Pacto de San Jos de Costa Rica (Conveno Internacional dos Direitos Humanos, de 22/11/1969), da qual o Brasil signatrio, garante ao ru, no processo penal, um segundo julgamento em grau de recurso. Desta forma, o duplo grau de jurisdio no processo penal irrestrito e ser inconstitucional toda disposio de lei ordinria tendente a restringir ou limitar a recorribilidade das sentenas proferidas em sede penal.

Observao 2: Sendo a competncia originria do Supremo Tribunal Federal, no se fala em duplo grau, visto ser, o STF, o tribunal mximo do pas. Nesse caso especfico no se fala em duplo grau de jurisdio.

3.3.2.2. Princpio da taxatividade dos recursos

Preceitua que o rol de recursos cabveis taxativo e demanda expressa previso legal. Desta forma, vedao a criao de novos recursos fruto da adoo do princpio da taxatividade, segundo o qual, somente so considerados recursos aqueles como tais designados, em numerus clausus, por lei federal. Em razo deste princpio no h possibilidade de criao ou ampliao das espcies recursais, legalmente previstas, por vontade das partes (ou qualquer outro meio que no seja lei).

As espcies recursais esto previstas no art. 496 do CPC, quais sejam:

Apelao

Agravo

Embargos infringentes

Embargos de declarao

Recurso ordinrio

Recurso especial

Recurso extraordinrio

Embargos de divergncia em recurso especial e recurso extraordinrio.

Observao 1: Inobstante ao princpio da taxatividade, existem os sucedneos recursais, medidas que parecem recursos, mas no o so. Desta feita, embora se paream com recursos, j que se dirigem as decises judiciais, so exercitados em processo distinto em relao quele que lhe deu origem. o caso das aes autnomas de impugnao, da ao rescisria, se a deciso impugnada j houver transitado em julgado, ou dos embargos de terceiro, mandado de segurana, hbeas corpus e medida cautelar inominada se a deciso ainda no estiver acobertada pela precluso.

Observao 2: Todas essas medidas do incio a novo processo e procedimento, em autos apartados, que recebero sentena, tudo independentemente da ao originaria, dita, principal. Isto acontece tambm com a medida cautelar inominada. Como essas aes no esto no rol do art. 496 do CPC no podem ser classificadas de recursos, devido a direta aplicao do princpio da taxatividade. 3.3.2.3. Princpio da voluntariedade

Todo recurso tem que ser voluntrio, manifesto atravs de um ato de vontade das partes.

O recurso se compe de duas partes distintas sob o aspecto de contedo:

a) Declarao expressa sobre a insatisfao com a deciso (elemento volitivo);

b) Os motivos dessa insatisfao (elemento da razo ou descritivo).

Destarte, recurso que fora interposto sem o conhecimento e vontade da parte recorrente no pode ser conhecido.Manifestao do princpio da voluntariedade , por exemplo, o no conhecimento do recurso, quando houver fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer, tal como a renuncia ou desistncia do recurso, ou ainda aquiescncia deciso que se pretenda ver modificada ou invalidada: faltaria a vontade inequvoca de recorrer.

Por essa razo, no se pode conferir remessa obrigatria o carter de recurso, pois o juiz no manifesta vontade em recorrer. Ao determinar a subida dos autos superior instncia para reexame necessrio no h ato volitivo, mas obrigatoriedade (remessa obrigatria), condio de eficcia da sentena.

3.3.2.4. Princpio da dialeticidade

Segundo esse princpio o recurso dever ser dialtico, isto , discursivo, para que proporcione a parte recorrida entender o processo para que possa contradiz-lo. Assim, o recorrente deve declinar o porqu do pedido de reexame da deciso. S assim a parte contrria poder contra-arrazo-lo, formando-se o imprescindvel contraditrio em sede recursal.

As razes do recurso so elementos indispensveis a que o tribunal, para o qual se dirige, possa julgar o mrito do recurso, ponderando-as em confronto com os motivos da deciso recorrida. A sua falta acarreta o no conhecimento. Tendo em vista que o recurso visa, precipuamente, modificar ou anular a deciso considerada injusta ou ilegal, mister a apresentao das razes pelas quais se aponta a ilegalidade ou injustia da referida deciso judicial.

So as alegaes do recorrente que demarcam a extenso do contraditrio perante o juzo ad quem, fixando os limites da aplicao da jurisdio em grau de recurso.3.3.2.5. Princpio da complementaridade Este princpio liga-se ao princpio da dialeticidade, informando-nos que, todos os recursos devem ser interpostos com as razes recursais, ou seja, o ato de interposio do recurso e as razes recursais devem ser concomitantes. Os recursos devem ser interpostos no prazo previsto no CPC, juntamente com as razes do inconformismo.

No processo civil no permitida a interposio de recurso e, em outra oportunidade mais adiante, deduzir as razoes que fundamentam o pedido da nova deciso, como ocorre no processo penal.

Destarte, haver precluso consumativa quanto deduo das razes, se estas j no vieram acompanhando a petio de interposio do recurso. Vale dizer, a parte no poder mais praticar o ato de fundamentar o recurso por j haver passado a oportunidade de faz-lo.

Pelo princpio da complementaridade, o recorrente poder complementar a fundamentao de seu recurso j interposto, se houver alterao ou integrao da deciso, em virtude de acolhimento de embargo de declarao. No poder interpor novo recurso, a mesmo que a deciso modificativa ou integrativa altere a natureza do pronunciamento judicial o que se nos afigura difcil de ocorrer.

Temos o seguinte exemplo: o ru condenado a indenizar perdas e danos, interpe desde logo recurso de apelao pleiteando a reforma da sentena, com o fito de conseguir a improcedncia da pretenso do autor, este, por sua vez, ope embargos de declarao contra aquela mesma sentena, porque o juiz deixara de manifestar-se quanto ao pedido de lucros cessantes, constante do pedido inicial. Se forem acolhidos e, consequentemente, integrada a sentena para condenar o ru tambm naquela verba, o ru no poder oferecer nova apelao, pois j havia exercido esse direito; dever, isto sim, complementar o recurso j interposto, aduzindo novos fundamentos e pedindo a reforma da sentena, apenas no que concerne a matria que fora objeto da integrao, por acrscimo, dessa mesma sentena pelo acolhimento dos embargos de declarao.

No poder apresentar segunda apelao, pois esse direito j fora exercido, havendo-se opera a precluso consumativa. Como surgiram fatos novos, j que a sentena sofrera alterao, poder, somente quanto parte nova da deciso, aumentar o j interposto recurso de apelao.

Se a apelao houvera sido parcial, no impugnando toda a matria contida na sentena e que lhe fora adversa, a complementao do recurso no poder atingir a matria j preclusa. Quanto ao autor, que ainda no havia interposto recurso algum quando embargara a declarao, estar reservado o direito de apelar da sentena j complementada pela deciso dos embargos.

3.3.2.6. Efeito devolutivo ou vedao da reformatio in pejus

Por este princpio tambm chamado de princpio da defesa da coisa julgada parcial, o juzo ad quem s pode conhecer de matria objeto da impugnao, sendo-lhe defeso apreciar questes que no sejam objeto do recurso.

A proibio da reformatio in pejus tem por objetivo evitar que o tribunal destinatrio do recurso possa decidir de modo a piorar a situao do recorrente, ou porque extrapole o mbito da devolutivadade fixado com a interposio do recurso, ou, ainda, em virtude de no haver recurso da parte contrria.

A reforma para pior fora dos casos mencionados no se insere na proibio da qual estamos tratando. Assim, por exemplo, se a parte adversa tambm interpe recurso, no haver reforma in pejus se o tribunal acolher qualquer dos recursos de ambas as partes.

Desta feita, deve ser observada a regra do tantum devolutum quantum apellatum (o tanto devolvido o quanto apelado), devendo-se ater o tribunal matria constante do recurso, no podendo dele se afastar em face do princpio da congruncia. O objeto do recurso to-somente, a matria efetivamente impugnada, acrescida daquelas questes que o juiz deva conhecer de ofcio. Se julgar fora do que foi pedido, haver infringncia do princpio dispositivo.

Exceo a regra so as matrias de ordem pblica, que podem ser conhecidas de ofcio, neste caso, a regra tantum devolutum quantum apellatum mitigada.

Observao 1: De outra parte, o simples fato de a sentena haver sido proferida contra a fazenda pblica faz com que se obstada a precluso, no s com relao quela, mas tambm s demais partes, transferindo-se toda a matria suscitada e discutida no processo ao conhecimento do tribunal ad quem. Assim, a remessa obrigatria tem devolutivadade plena, podendo o tribunal modificar a sentena no que entender correto. como se houvesse apelao de todas as partes.

No h, para o tribunal, limitao ao reexame.

3.3.2.7. Consumao

Por este princpio tendo a parte deixado de recorrer na oportunidade devida, haver precluso quanto a impugnao do ato judicial. Assim, uma vez j exercido o direito de recorrer, consumou-se a oportunidade de faz-lo, de sorte a impedir que o recorrente torne a impugnar o pronunciamento judicial j impugnado.

3.3.2.8. Singularidade ou incomunicabilidade

Tambm denominado princpio da unirrecorribilidade ou unicidade. Este princpio preceitua que para cada deciso judicial h um nico recurso cabvel previsto pelo ordenamento jurdico, sendo vedada a interposio simultnea ou cumulativa de mais de um recurso visando a impugnao do mesmo ato judicial.

Contudo, h decises judiciais que se consideram atos complexos, por possurem contedo misto, ou seja, podem decidir varias questes de teores diversos, sejam processuais, sejam de direito material, neste caso, o recurso cabvel ser o que melhor ao resultado final da deciso, sendo este critrio que ir nortear qual o recurso cabvel hiptese. Por exemplo: em uma mesma deciso o juiz acata carncia de ao e nega incompetncia absoluta, neste caso tem-se sentena, visto ter colocado termo ao processo sem julgamento de mrito, se tivesse negado os dois (carncia da ao e incompetncia absoluta) ter-se-ia uma deciso interlocutria. Donde se infere que, no caso concreto, importante somente a aferio finalstica do contedo desse mesmo ato para que se defina qual o recurso adequado.

Pode haver vrios recursos em um mesmo processo, mas para cada deciso s pode haver um recurso.

Mas, esse princpio pode ser mitigado em algumas situaes, seno vejamos:3.3.2.8.1. Possibilidade de interposio concomitante de embargos de declarao e apelao

Como embargos de declarao visam esclarecer ou integrar sentena de mrito contraditria ou obscura, quando o embargo referir-se somente a parte da sentena, para que a outra parte no transite em julgado, interpor-se- apelao sobre a mesma deciso (duas aes cumuladas). Mas, embora haja dois recursos para uma mesma deciso, devem ser elaborados em peas distintas, visto que, os embargos de declarao sero julgados pelo juiz e a apelao pelo tribunal.

3.3.2.8.2. Possibilidade de interposio simultnea de recurso especiale extraordinrio

Se uma deciso judicial viola ao mesmo tempo lei federal e norma constitucional, caber interposio simultnea de recurso especial e extraordinrio, ficando este aguardando a soluo daquela, para que seja julgado (via de regra).

3.3.2.9. FungilibilidadeO rol dos recursos taxativo, para cada deciso cabvel h um s recurso, entretanto h hipteses em que a espcie recursal cabvel gera dvida objetiva. Neste caso indaga-se: Qual recurso usar? Nestas hipteses em que se torna difcil aferir qual o recurso cabvel, tendo em vista a natureza do pronunciamento judicial que se pretenda atacar. No s por impropriedades constantes do prprio cdigo, como tambm pela dvida doutrinria e jurisprudencial que envolva determinado caso. Para estas, e to-somente estas hipteses, que se pode lanar mo do princpio da fungibilidade, a fim de que a parte no fique responsabilizada e prejudicada por algo a que no deu causa: dvida na interposio do recurso correto.

3.3.2.10. Juzo de admissibilidade e do juzo de mrito3.3.2.10.1 Juzo de admissibilidadeSo condies de admissibilidade que necessitam estar presente para que o juzo ad quem possa proferir o julgamento do mrito do recurso. um juzo de valor feito pelo rgo jurisdicional a cerca dos pressupostos genricos e especficos de admissibilidade dos recursos, sem os quais, no dado ao rgo jurisdicional julgar o mrito recursal, assim, o juzo de admissibilidade um juzo prvio em relao a anlise do mrito jurisdicional. A anlise do juzo de admissibilidade do recurso antecede lgica e cronologicamente a anlise do mrito, portanto, sendo este negativo no se passar a anlise do juzo de mrito.

3.3.2.10.2 Juzo de Mrito um juzo de valor feito pelo rgo jurisdicional a cerca do prprio mrito recursal. no juzo de mrito que o rgo jurisdicional analisar as questes objeto do recurso posto em discusso.

3.4. dos efeitos dos recursos

3.4.1. efeito devolutivo

3.4.1.1. variaes do efeito devolutivo: efeitos regressivo e de transferncia

O efeito devolutivo aquele em virtude do qual o conhecimento da matria devolvido ao rgo judicante, seja superior quele do qual emanou a deciso, seja ao prprio rgo prolator da deciso.

Pode-se afirmar, com parte da doutrina, que o efeito devolutivo se subdividiria em efeito de transferncia ou devolutivo strictu sensu quando o recurso transferir a matria para instncia superior; e efeito regressivo, quando a matria objeto do recurso for devolvida ao prprio rgo que prolatou a deciso recorrida.3.4.1.2. da extenso e profundidade do efeito devolutivo

Tendo em vista que o efeito devolutivo decorre do princpio dispositivo, a extenso da matria a ser examinada pelo rgo ad quem ser delimitado pelo recorrente, que poder impugnar a deciso recorrida total ou parcial (arts. 505 e 515 do CPC).

O efeito devolutivo se manifesta, tambm, em sua profundidade. Quanto a esse aspecto, por exemplo, dispe o art. 515, 1 do CPC, que ficam devolvidas ao tribunal todas as questes suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentena no as tenha julgado por inteiro.

Ademais, tendo o pedido ou a defesa mais de um fundamento, e acolhendo o juiz apenas um deles, os outros fundamentos podero ser apreciados pelo tribunal (art. 515, 2 do CPC).

3.5. EFEITO TRANSLATIVO

Estudando o efeito devolutivo. Verificou-se que o mesmo decorre de manifestao do princpio dispositivo, de modo que no pode o tribunal manifestar-se alm da matria que tiver sido delimitada pelo recorrente.

H hipteses, contudo, em que, em virtude de expressa disposio legal, fica autorizado o rgo ad quem a julgar fora do que consta das razes ou contra-razes do recurso. Tal circunstncia, ao contrrio do que se d com o efeito devolutivo, decorre do princpio inquisitrio, em virtude do qual, em situaes determinadas em lei, pode o rgo judicial agir e pronunciar-se de ofcio, independentemente de pedido ou requerimento da parte ou interessado.D-se, no caso, o denominado efeito translativo, que ocorre, por exemplo, nas hipteses dos art. 267., 3, e 301, 4, do CPC.3.6. efeito suspensivo

3.6.1. efeito suspensivo ou obstativo?

O efeito suspensivo aquele em virtude do qual se impede a produo imediata dos efeitos da deciso, qualidade esta que perdura at o julgamento do recurso, com a precluso ou com a coisa julgada.

Da, sob esse prisma, a idia de que a suspensividade no deriva da interposio do recurso, mas da perspectiva de o recurso cabvel ter efeito suspensivo por fora de lei.

Nos casos dos recursos que, em regra, tm efeito suspensivo, publicada a deciso recorrvel, ela no produzir os efeitos que lhe so prprios de imediato. Isso ocorrer apenas depois de transcorrido o prazo para interposio do recurso cabvel.

Desse modo, pode-se dizer que a interposio do recurso apenas prolonga um estado j existente: a deciso, enquanto no interposto recurso, no produzir seus efeitos; interposto recurso, esse estado de no-produo de efeitos persiste.

Essas consideraes, atualmente, devem ser tidas como verdadeiras apenas para os recursos que, em regra, possuem efeito suspensivo.

A apelao, por exemplo, de acordo com o art. 520 do CPC, ser, em regra, recebida com efeito suspensivo. Por isso, os efeitos que eventualmente possua a sentena sequer se produzem, pois, mesmo antes de interposto o recurso, a deciso, pelos simples fato de estar-lhe sujeita, ato ainda ineficaz, e a interposio apenas prolonga semelhante ineficcia que cessaria se no se interpusesse o recurso.

O recurso de agravo de instrumento, no tem efeito suspensivo, em regra. Como dispe o art. 497 do CPC, a interposio do agravo de instrumento no obsta o andamento do processo, ressalvando o disposto no art. 558 desta Lei.

Observao 1: Nota-se assim, que h casos em que a interposio do recurso apenas prolonga o estado de ineficcia em que j se encontrava a deciso recorrida podendo-se dizer, no caso, que o recurso no suspende os efeitos da deciso, mas obsta o incio da produo dos efeitos, pela deciso. Noutros casos, d-se, efetivamente, efeito suspensivo, isto , suspendem-se efeitos que j vinham sendo produzido pela deciso recorrida.

3.6.2. efeito expansivo (ou extensivo)3.6.2.1. efeito expansivo objetivo, interno ou externo

Em decorrncia do efeito expansivo ou extensivo, reputam-se sem efeito, os atos ou decises ou captulos da deciso dependentes da deciso recorrida, naquilo em que forem incompatveis com o julgamento do recurso.

O efeito expansivo decorrncia do princpio da causalidade, da concatenao ou da interdependncia dos atos processuais, que aquele segundo o qual, como os atos processuais existem uns em funo dos outros, dependem uns dos outros, a reforma ou cassao de uma deciso afeta todo o segmento processual posterior, naquilo que dependerem da deciso reformada ou anulada.Quando o julgamento do recurso afeta outras decises distintas da deciso recorrida, afirma-se que se est diante do efeito expansivo externo; se, no entanto, recorre-se apenas contra um dos captulos da deciso, que aborda questo prvia (preliminar ou prejudicial), e o acolhimento do recurso venha a repercutir no(s) captulo(s) dedicado ao exame da questo (es) subordinada (s), diz-se que est diante de efeito expansivo interno.

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DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV

PROFESSOR: MAURCIO CORRA

Acadmico (a):

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Unidade IV: DO RECURSO ADESIVO4.1. CONCEITO

O recurso adesivo o previsto no art. 500 do CPC, cabvel to somente quando, na causa, autor e ru forem vencidos parcialmente (sucumbncia recproca). Isto ocorre quando o autor pede R$ 1.000,00 (um mil reais), o ru nega, mas o juiz o condena em R$ 800,00 (oitocentos reais). Neste exemplo, o autor vencido em R$ 200,00 (duzentos reais) e o ru, em R$ 800,00 (oitocentos reais). Ambos so sucumbentes e tm interesse recursal.

Mesmo assim, pode ser que um ou outro resolva no recorrer esperando que o adversrio tambm no recorra. Ao recurso de um deles o outro pode aderir e tambm recorrer depois de vencido seu prazo.

Este o recurso adesivo, que se justifica em face do princpio da proibio da reformatio in pejus, isto , a proibio de que o tribunal modifique a deciso para piorar a situao do recorrente, quando foi o nico a recorrer.

No se trata de uma espcie de recurso (mesmo porque no est previsto no rol do artigo 496 do CPC), mas sim de uma verdadeira forma de interposio. Havendo sucumbncia recproca (pedido julgado parcialmente procedente), recorrendo apenas uma das partes, poder a outra parte interpor o recurso prprio, dentro do prazo que tem para responder ao recurso da outra parte. So requisitos para o cabimento do recurso na forma adesiva:

a) Existncia de sucumbncia recproca (sentena parcialmente procedente);

b) Que no tenha havido a interposio de recurso independente por todas as partes somente poder recorrer na forma adesiva a parte que deixou de interpor o seu recurso independente;

c) Apenas tem cabimento nos recursos de apelao, embargos infringentes, recursos especial e extraordinrio;

d) O recurso adesivo est sujeito aos requisitos e pressupostos especficos do recurso interposto, inclusive preparo prazo, formalidades, etc.

e) Deve ser interposto no prazo para resposta (contra-razes) ao recurso principal interposto pela outra parte.

Observao 1: S poder interpor recurso na forma adesiva a parte que no apresentou recurso independente (dentro do prazo recursal).

Observao 2: Os recursos interpostos na forma adesiva so considerados acessrios do recurso principal. Assim, se o recurso principal no for conhecido, por ausncia de qualquer um dos pressupostos, o recurso adesivo tambm no o ser.

4.2. CABIMENTOO recurso adesivo ou subordinado s cabvel na apelao, nos embargos infringentes e nos recursos extraordinrio e especial (art. 500, II). No admitem recurso adesivo o agravo, embargos de divergncia, embargos de declarao.4.3. QUANTO AO RECORRENTEQuem interpe o recurso principal no pode aderir ao recurso da parte contrria, segundo posio firmada no STJ, mesmo que seu recurso no seja conhecido por ausncia de qualquer pressuposto recursal porque a sentena ter transitado em julgado.4.4. PRAZOO prazo para recorrer adesivamente o mesmo que o recorrido tem para contra-razoar o recurso principal, ou seja, de 15 (quinze) dias.4.5. PROCEDIMENTOVerificada a sucumbncia recproca, cada litigante tem o direito de recorrer para, ver modificada a sentena na parte que lhe seja desfavorvel. Intimados da deciso, a partir da juntada do comprovante nos autos comea a fluir o prazo de quinze dias. O prazo individual por comear independentemente para cada litigante, conforme as respectivas intimaes.Se ambos interpuserem o recurso principal no prazo, no se admite recurso adesivo.Tambm no se admite recurso adesivo quando o recurso principal tiver sido declarado intempestivo.Se apenas uma das partes recorre, a outro pode, ao oferecer as contra-razes, recorrer adesivamente por petio distinta. Assim, a resposta ao recurso principal e as razes do recurso adesivo devem ser apresentadas no mesmo prazo, mas em peas distintas.Se o recorrido apenas responder ao recurso principal, mesmo que o faa antes de vencido o prazo no poder, em data posterior, interpor o recurso adesivo em face da precluso consumativa do direito de recorrer.4.6. A SORTE DO RECURSO ADESIVO4.6.1. DESERO DO PRINCIPALSe o recurso principal for declarado deserto por falta de preparo, a pena de desero atingir, por via oblqua, o recorrente adesivo, cujo recurso no ser conhecido (art. 500, III do CPC)4.6.2. DESISTNCIA DO PRINCIPALSe o recorrente desistir no recurso interposto principal, o que pode fazer independente de anuncia de litisconsortes ou da parte contrria (art. 501 do CPC), o recurso adesivo no ser conhecido (art. 500,III do CPC), por que quele se subordina.4.6.3. INADMISSIBILIDADE DO PRINCIPALSe o recurso principal for declarado inadmissvel, por ofensa ou falta de qualquer pressuposto de admissibilidade, o adesivo tambm ser prejudicado, pode ser dele dependente.

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DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV

PROFESSOR: MAURCIO CORRA

Acadmico (a):

Turma:

Unidade V: DA apelao

5.1. noes

Busca, em regra, proteo de outra pessoa ou rgo. A apelao o recurso cabvel contra sentena, seja ela definitiva (art. 269) ou terminativa (267) visando a sua reforma total ou parcial ou a simples anulao, em regra, oponvel para o tribunal a que o juiz prolator estiver subordinado, salvo nos casos em que o juiz de direito estiver funcionando no exerccio da jurisdio federal (art. 109, 3, CR/88) ou de jurisdio trabalhista (art. 112, CR/88), casos em que deve ser interposta para o Tribunal Regional Federal ou Tribunal Regional do Trabalho da regio, respectivamente.

Com a apelao, o apelante espera que o tribunal reexamine a causa e profira nova deciso que substitua a apelada para melhorar sua situao, vez que o direito brasileiro no admite a reformatio in pejus, ou seja, a reforma para piorar a situao do apelante.

recurso comum porque atende ao anseio do duplo grau de jurisdio. Basta que a parte seja sucumbente para a lei facultar-lhe a interposio da apelao, cujo objeto so as questes e provas suscitadas e debatidas no curso do processo.

Observao 1: de acordo com o art. 513, pouco importa seja a sentena terminativa ou definitiva, o recurso cabvel ser sempre a apelao.

Observao 2: irrelevante tambm o procedimento no qual a sentena foi proferida. Pode tratar-se de procedimento do processo de conhecimento, de execuo, cautelar, ou procedimentos especiais de jurisdio voluntria ou contenciosa; desde que haja extino do processo, o recurso cabvel ser a apelao.

5.2. cabimento

5.2.1. Regra geralA Apelao pode ser interposta no processo de conhecimento, cautelar e de execuo, seguindo os procedimentos comum, seja ordinrio ou sumrio, ou algum procedimento especial. um instrumento processual destinado a corrigir um desvio jurdico, em vez de apenas constat-lo e tirar suas consequncias. portanto, um instrumento de correo, em sentido amplo.

5.3. Prazo

A Apelao deve ser interposta no prazo de 15 dias (art. 508 do CPC), contados da cincia oficial da sentena, ressalvados os casos de prazo especial por privilgios da Defensoria Pblica e do Ministrio Pblico (prazos em dobro) e da Fazenda Pblica, que tem prazo em qudruplo para contestar e em dobro para recorrer (art. 188 do CPC) como tambm no litisconsrcio, desde que o plo ativo ou passivo tenha procuradores diferentes.

A parte contrria pode responder a Apelao tambm no mesmo prazo.

5.4. Procedimentoa) A Apelao deve ser interposta mediante petio escrita, no sendo aceita a forma oral.

b) A petio deve ser dirigida ao juiz de primeira instncia que proferiu a sentena que se pretende reformar (art. 514 do CPC).

c) A parte que interpe o recurso deve indicar os nomes e a qualificao das partes, os fundamentos de fato e de direito e fazer pedido de nova deciso.

d) A Apelao cvel no pode ser genrica, devendo especificar quais os pontos da sentena devem ser anulados ou reformados pelo tribunal.

e) O recurso deve ser subscrito por advogado com mandato e instrudo com o comprovante de recolhimento das custas processuais.f) O juiz de primeiro grau deve se manifestar analisando os requisitos de admissibilidade que so o cabimento, a legitimidade e o interesse recursal, a inexistncia de fato extintivo ou impeditivo, a tempestividade, a regularidade formal e o pagamento das custas processuais.

g) Deve ainda o juiz declarar os efeitos que recebe o recurso. Em regra, recebida nos efeitos devolutivo (j que toda a matria de 1 instncia devolvida apreciao do Judicirio) e suspensivo.

h) A Apelao deve conter o pedido para que seja remetida ao tribunal, onde ser distribuda entre as Turmas ou Cmaras Cveis.

i) No tribunal a apelao distribuda a um dos Desembargadores que exercer a funo de relator e este far nos autos uma exposio dos pontos controvertidos sobre que versar o recurso (art. 549, pargrafo nico do CPC).

j) Aps, o recurso remetido ao Desembargador revisor que deve sugerir ao relator medidas ordinatrias do processo que tenham sido omitidas, confirmar, completar ou retificar o relatrio e pedir dia para julgamento dos feitos nos quais estiver habilitado a proferir voto (art. 551 do CPC).

l) O processo includo na pauta de julgamento que deve ser publicada no rgo oficial de imprensa com antecedncia mnima de 48 horas.

m) Aps a leitura do relatrio, o presidente da Turma ou Cmara Cvel concede a palavra aos advogados do recorrente e recorrido para apresentarem sustentao oral durante o prazo de 15 minutos (art. 554 do CPC).

n) No julgamento vota primeiro o Desembargador relator, seguido do revisor e do Desembargador vogal. Em seguida, o presidente da Turma ou Cmara divulga o resultado do recurso. A deciso colegiada registrada em um acrdo.

5.5. efeitos da apelao

Em geral, a apelao recebida nos efeitos devolutivo e suspensivo. Afora esses dois, parte da doutrina aponta um terceiro efeito presente em todos os recursos, consistente no impedimento da formao da coisa julgada, ou efeito obstativo.

No sistema processual brasileiro, a regra que os recursos sejam recebidos nos efeitos devolutivo e suspensivo. No dispondo a lei de forma diversa, prevalece a duplicidade dos efeitos. Apenas quando h disposio expressa de lei que no incide a suspensividade do recurso.

O efeito devolutivo, que consiste em transferir ao tribunal ad quem todo o exame da matria impugnada, est presente em todos os recursos, exceto nos embargos de declarao.

Na apelao, especificamente, por fora do efeito devolutivo, o recurso tem o condo de transferir ao tribunal o conhecimento da matria impugnada. Se a apelao for total, ou seja, referir-se a toda a sentena, a devoluo ser por inteiro; tratando-se de apelao parcial, parcial ser a devoluo. Essa limitao, expressa nos arts. 505 e 515 do CPC, consagra o princpio do tantum devolutum quantum appellatum. De acordo com esse princpio, tal como o juiz, ao proferir a sentena, est jungido ao pedido formulado na inicial, o tribunal, no exame da apelao, fica adstrito, amarrado, ao que foi impugnado no recurso.

De regra, apenas as matrias que foram objeto de deciso na sentena podem ser impugnadas, porquanto no licito s partes inovarem no recurso. Por outro lado, h matrias que embora no impugnadas, ou pelo menos no expressamente, devem ser apreciadas no recurso. A essa possibilidade de julgamento recursal alm daquilo que fora objeto de impugnao a doutrina denomina efeito translativo do recurso, que nada mais do que uma peculiaridade do efeito devolutivo. Os arts. 515, 1 a 3, e o arts. 516 autorizam a translao.

Segundo o art. 515, 1, sero objeto de apreciao e julgamento pelo tribunal todas as questes suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentena no as tenha julgado por inteira. O Autor ajuizou a ao de cobrana em face do ru ao fundamento da prescrio, julgou improcedente o pedido formulado na inicial. O autor apela, impugnando a declarao da prescrio e, consequentemente, o julgamento de improcedncia. No recurso, afastando-se prescrio, deve-se passar ao exame da outra questo impugnada, ou seja, a improcedncia, cuja analise envolver o fato constitutivo do direito do autor (a obrigao contratual).

Vale a advertncia de que essa peculiaridade do efeito devolutivo translao ao tribunal de questes suscitadas e no decididas no viola o principio do duplo grau de jurisdio.

Com efeito, ao examinar, em sede da apelao, questes suscitadas e discutidas no processo, mas no decididas por inteiro, o tribunal estar complementando a prestao jurisdicional, empreendida de forma incompleta no primeiro grau de jurisdio. No h que se cogitar, portanto, em supresso de instncia.

Quando o pedido ou defesa tiver mais de um fundamento e o Juiz acolher apenas um deles, a apelao devolver ao tribunal o conhecimento dos demais (art. 515, 2). O autor pleiteia a anulao de negcio jurdico com fundamento em erro e dolo. O pedido julgado procedente com base na ocorrncia de erro, silenciado ou refutando o dolo. A simples apelao do ru e bastante para devolver o exame do dolo ao tribunal, caso rejeitado o erro. O mesmo ocorre com referncia aos fundamentos da defesa. Se o ru argi nulidade do contrato e compensao e o juiz julga improcedente o pedido inicial ao fundamento da nulidade. A apelao interposta pelo autor devolve o exame da compensao ao tribunal.

Nos casos de extino do processo sem resoluo do mrito (art. 267), o tribunal pode ou melhor, deve julgar desde logo a lide, se a causa versar sobre questes exclusivamente de direito e estiver em condies de imediato julgamento (art. 515 3). Tal dispositivo aplica-se por extenso aos casos de anulao de sentena no julgamento da apelao, e, ainda, aos casos em que embora no se trate de questo exclusivamente de direito, no h necessidade de realizao de novas provas (causa madura). Assim, anulada a sentena por error in procedendo e encontrando-se a causa madura, ou seja, no havendo necessidade de produo de provas, o tribunal desde j deve julgar o mrito.5.6. procedimento na apelao

A apelao deve ser interposta por petio ao juzo de primeiro grau onde a deciso foi prolatada, devendo conter os nomes e a qualificao das partes, os fundamentos da fato e de direito e o pedido de nova deciso, conforme determina o art. 514 do CPC.5.7. PRAZO PARA INTERPOSIO DA APELAO

O prazo para apelao, que aferido pelo protocolo ou pela entrega em cartrio, de 15 (quinze) dias, conforme regra do art. 508 do CPC.

5.8. DO PREPARO

No ato da interposio, o recorrente comprovar o preparo, quando exigido (art. 511 do CPC). Faltando o preparo, o juiz julga deserto o recurso, a menos que o apelante prove justo impedimento, hiptese em que o juiz relevar a pena de desero, fixando-lhe prazo para efetu-lo (art. 519 do CPC).

5.9. do juzo de admissibilidade da apelao, pelo juiz de 1 grau

Interposta a apelao, o juiz examina os requisitos de admissibilidade. Faltando um dos requisitos de admissibilidade, o recurso no ser recebido. Da deciso que nega recebimento, cabe agravo de instrumento.

Ao contrrio, presentes os requisitos, o juiz receber a apelao, declarando os efeitos em que o faz, mandando dar vista ao recorrido para, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentar resposta (contra-razes art. 518).

Observao 1: No prazo da resposta, poder o recorrido apresentar apelao adesiva (art. 500 do CPC).

Observao 2: O 2 do art. 518 estabelece prazo de 5 (cinco) dias para que o juiz, aps a apresentao das contra-razes pela parte recorrida, possa reexaminar os pressupostos de admissibilidade do recurso. Trata-se, todavia, como bvio, de prazo imprprio, cujo descumprimento no gera conseqncias para o processo.

Observao 3: O despacho que recebe a apelao irrecorrvel, visto que no causa gravame.

Observao 4: Recebida a resposta, se for o caso de interveno do Ministrio Pblico (art. 82 do CPC), ter esse vista dos autos, por 15 (quinze) dias, para exarar seu parecer.

Observao 5: Se o Ministrio Pblico o recorrente, a toda evidncia que no h ensejo para parecer. Nesse caso, deve o MP interpor apelao no prazo de 30 (trinta) dias, conforme determina o art. 188 do CPC, cujos requisitos, exceto o que respeita ao preparo, sero examinados pelo juiz.

5.10. juzo de retratao na apelao

Tendo sido indeferida a petio inicial (CPC, arts. 295 e 285-A), e interposta a apelao, permite-se ao juiz realizar juzo de retratao, isto , alterar a sentena apelada, permitindo que a ao tenha prosseguimento, em primeiro grau de jurisdio.

Observao 1: O indeferimento da petio inicial ex vi do art. 285-A consubstancia-se em sentena de mrito, j que, no caso, o pedido ser julgado improcedente (art. 269, I do CPC).

Observao 2: A hiptese contida no art. 285-A assemelha-se prevista no art. 295, inciso IV, c/c 269, inciso IV do CPC, em que tambm h sentena de mrito, quando o juiz rejeitar o pedido do autor em razo da prescrio ou da decadncia (conforme art. 219, 5 do CPC).

Observao 3: Nas hipteses de indeferimento da petio inicial prevista no art. 295 do CPC, havendo apelao, poder o juiz retratar-se em 48 (quarenta e oito) horas, e, no o fazendo, mandar remeter os autos ao tribunal, no havendo citao do demandado para acompanhar o recurso (art. 296 do CPC)

Observao 4: Diferentemente, indeferida a petio inicial no caso previsto no art. 285-A, havendo apelao, poder o juiz reformar sua deciso no prazo de 5 (cinco) dias ( 1 do art. 285-A). Mantida a sentena, dever o ru ser citado para apresentar resposta ao recurso (art. 285-A, 2 do CPC). 5.11. saneamento de nulidades, antes do julgamento da apelao

Dispe o 4 do art. 515 do CPC que, no julgamento da apelao, constatando a ocorrncia de nulidade sanvel, o tribunal poder determinar a realizao ou renovao do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligncia, sempre que possvel prosseguir o julgamento da apelao.

5.12. julgamento da apelao

5.12.1. competncia do relator para realizao do juzo de admissibilidade e de mrito da apelao

Recebida a apelao pelo relator, este poder conhecer ou no do recurso, e, uma vez admitida a apelao, poder o relator dar-lhe provimento, ou no, desde que presentes as circunstncias referidas no art. 557, caput e 1-A do CPC.Para que o relator d provimento apelao, exige o 1 do art. 557 do CPC que a sentena seja manifestamente contrria a smula ou jurisprudncia dominante do STF ou do STJ.

5.12.2. premissas gerais sobre o mbito do cognio judicial realizada no julgamento da apelao

Como regra, o mbito da cognio judicial realizada por ocasio do julgamento da apelao pode ser assim sintetizado:

a) o objeto do recurso deve ter sido matria decidida na sentena apelada, salvo se se tratar de matria de ordem pblica.

b) a matria decidida poder ser total ou parcialmente impugnada pelo apelante, de modo que o tribunal s poder conhecer da matria que tiver sido impugnada.

c) admitida a apelao pelo tribunal, pode este conhecer de matrias de ordem pblica a respeito das quais se impe a manifestao ex offcio (de que so exemplos as matrias referidas no 3 do art. 267 do CPC), ainda que sobre estas questes no tenha se manifestado o juzo a quo, e mesmo que tais temas no tenham sido suscitados na apelao.5.12.3. proibio da reforma para pior

Tendo em vista que o tribunal, em regra, deve limitar-se ao que tiver sido pleiteado pelo apelante, defeso a reforma para pior (reformatio in pejus). Assim, por exemplo, tendo a apelao por objetivo reduzir o valor da indenizao fixada na sentena, no pode o tribunal aument-la.5.12.4. matrias a respeito das quais poderia o juzo a quo manifestar-se ex offcio Em se tratando de matrias de ordem pblica, a respeito das quais impe a norma, a manifestao ex offcio do Poder Judicirio, torna-se irrelevante, para o fim de se averiguar os limites da cognio judicial que pode ser realizada pelo rgo ad quem, saber se a sentena manifestou-se ou no a respeito.

Assim, no tendo o juiz se manifestado acerca da ausncia de condies ou pressupostos processuais, nada impede que sobre estes assuntos se pronuncie o tribunal, ao julgar a apelao, ainda que a respeito nenhuma das partes tenha se manifestado, na apelao ou nas contra-razes de apelao. 5.12.6. fundamentos da ao ou da defesa rejeitados pela sentena

Pode ocorrer que, tendo a ao dois fundamentos, o juiz de primeiro grau repila o primeiro, mas acolha o segundo, julgando procedente o pedido.

Neste caso, ainda que, na apelao, manifeste-se o ru apenas sobre o segundo fundamento da ao, levando em considerao pelo juiz para julgar procedente o pedido, deve o tribunal, caso acolha a apelao em relao ao segundo fundamento da ao, analisar tambm o primeiro, ainda que a respeito no tenha o apelante se manifestado, em suas razes recursais (CPC, art. 515, 2).CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO AMAP

DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV

PROFESSOR: MAURCIO CORRA

Acadmico (a):

Turma:

Unidade VI: do agravo6.1. noes

Agravo o recurso adequado contra decises interlocutrias proferidas no processo, estando sujeito a dois regimes: retido e de instrumento.

Logo, recurso cabvel contra ato do juiz que resolve questo incidente no curso do processo art. 162, 2, do CPC , sem encerrar o feito, que prossegue em seu andamento regular da ser deciso denominada interlocutria.

Fruto de uma srie de projetos tendentes a reformar o Cdigo de Processo Civil, adaptando-o aos novos anseios do mundo jurdico, foi publicada em 20 de outubro de 2005 a Lei 11.187/05, cujo teor altera o regime do recurso de Agravo, disciplinado nos artigos 522 e seguintes do cdigo processual. Em nosso ordenamento possvel a identificao de trs espcies de agravo: o agravo de instrumento, o agravo retido e o agravo interno. Este ltimo (agravo interno) tem aplicabilidade em sede de segundo grau, cujo manejo se d em face das decises proferidas por relator quando do uso dos chamados "poderes do relator", poderes esses que o autorizam a proferir decises como juzos monocrticos, sem a necessidade de manifestao de seus pares. As duas primeiras espcies de agravo (agravo de instrumento e agravo retido) so cabveis contra decises interlocutrias (decises que no pem fim ao processo) proferidas pelos juzes de primeira instncia. A Lei 11.187/05 veio reformar a disciplina dessas duas espcies de agravo o de instrumento e o retido. No entanto, a nova lei afetou tambm em um ponto o agravo interno, excluindo seu cabimento em uma hiptese restrita relacionada ao novo regramento dos agravos, como veremos a seguir. sob a perspectiva de um novo processo civil de resultados que a lei 11.187/05 reformulou o regramento dos agravos.Com a Lei 11.187/05, que alterou os artigos 522, 523 e 527 do Cdigo de Processo Civil, as mazelas do sistema anterior foram corrigidas. A nova lei conferiu tratamento mais gil ao recurso de agravo, na medida em que derrogou a faculdade de escolha das modalidades (instrumento e retido) pelo agravante. A partir de sua vigncia, pela nova redao do caput do artigo 522 do CPC, das decises interlocutrias caber agravo na modalidade retida. Tambm ser retido o agravo quando a deciso for proferida em audincia de instruo e julgamento. A redao anterior previa que das decises interlocutrias caberia agravo na forma retida ou de instrumento.6.2. das excees forma retida

No entanto, a nova lei manteve algumas excees forma retida, permitindo-se a propositura na forma de instrumento. So as excees: a) Nos casos de leso grave e de difcil reparao

b) nos casos de inadmisso da apelao e nos efeitos em que a apelao recebida. Quanto a essas duas ltimas hipteses inadmisso da apelao e seus efeitos - no h problema em ter a lei mantido a modalidade de instrumento, haja vista que somente o recurso de agravo de instrumento ser meio idneo para converter o provimento. Questes podem surgir com a manuteno da hiptese "leso grave e de difcil reparao". Poderia se pensar que foi tmida a alterao feita pela Lei 11.187/05 com a manuteno da referida hiptese a ensejar a modalidade instrumento. No entanto, andou bem o legislar ao manter a referida possibilidade.Realmente, os princpios da celeridade, hoje com status constitucional por conta da emenda constitucional 45 (art.5, LXXVIII) e o princpio da segurana jurdica (art. 5, caput) so princpios constitucionais que devem conviver, sem, porm, excluir um ao outro.A manuteno da possibilidade de agravar por instrumento de decises que causem grave leso de difcil reparao homenageia o princpio da segurana jurdica e o princpio republicano (toda manifestao de poder necessita de controle), sem, contudo, afastar a celeridade processual. Isso porque, o legislador encontrou um meio termo com a nova lei. Com efeito, ao manter o agravo de instrumento nos casos de leso grave e de difcil reparao, a lei 11.187/05, assim como a redao revogada, previu a possibilidade de converso do agravo de instrumento em agravo retido, s que, desta feita, aboliu a possibilidade de recurso da deciso do relator que determina a converso. Ora, antes o relator sentia-se intimidado em converter o agravo de instrumento em agravo retido, porque, assim fazendo, abriria campo para um novo recurso: o agravo interno. Novo recurso significa trabalho em dobro. Por isso a pouca aplicabilidade da converso. Agora, como foi retirada a possibilidade de agravar internamente da deciso de converso, os relatores, se utilizarem efetivamente o instituto, reduziro a carga processual, mantendo-se somente os agravos de instrumentos que objetivam reformar decises cujo teor realmente causem grave leso de difcil reparao.Assim, por esse novo regime, no se afasta a recorribilidade das decises interlocutrias. O controle de tais decises continuar existindo, s que ao final, quando do conhecimento do agravo retido na apelao. Por isso, no h mcula ao princpio da segurana jurdica nem ao princpio republicano porque as decises continuaro sendo revistas por autoridade superior na apreciao do agravo retido. O que ocorreu apenas foi uma preponderncia processual do valor celeridade em face do valor segurana jurdica, deferindo a reapreciao de decises interlocutrias, na busca de um processo civil de resultados. Portando, laborou com acerto o legislador no novo regramento do recurso de agravo.

Este artigo corresponde a sntese de todo o sistema recursal do processo civil brasileiro, relativamente previso e cabimento dos recursos. dizer, que da interpretao desse artigo de lei que se estabelece a adoo do princpio da taxatividade.

Mas no s os recursos que se encontram no rol do 496 so considerados como tais pelo sistema do prprio CPC.

Temos os recursos previstos no CPC art. 522 e ss:

Agravo instrumento

Agravo retido

H ainda trs outros agravos previstos expressamente no Cdigo fora do elenco do CPC 522. Na doutrina, j corrente a denominao de agravo interno para esses outros agravos que so os seguintes:

Agravo contra indeferimento liminar dos embargos infringentes pelo relator (CPC, 532);

Agravo contra ato do relator que no admite agravo de instrumento, nega provimento ou reforma o acrdo recorrido do RE ou REsp (CPC, 545);

Agravo contra deciso do que negue seguimento a recurso manifestamente inadmissvel, improcedente, prejudicado ou contrrio a sumula ou a jurisprudncia dominante do respectivo tribunal, do STF ou de Tribunal Superior (CPC, 557, caput);

Agravo que der provimento a recurso, quando a deciso recorrida estiver em manifesta contrariedade com smula ou com jurisprudncia dominante do STF, ou de Tribunal Superior (CPC, 575, 1 - A).

Nestes casos o rgo ad quem, para conhecer e julgar o agravo interno ser aquele que tiver competncia para o julgamento do recurso apreciado singularmente pelo relator. Estes agravos internos processam-se dentro dos autos (por instrumento apartado) e no so retidos, porque no h futura apelao para que possam ser reiterados. Por esta razo procedimental que esse recurso nominado de agravo interno. Assim, o agravo (gnero) do CPC 496, II pode ser interposto de trs formas distintas: retido nos autos (agravo retido CPC 523), interno nos autos (CPC 532, 545 e 557 1) e agravo de instrumento (CPC 524)CENTRO DO ENSINO SUPERIOR DO AMAPDISCIPLINA: DIREITO PROECESSUAL CIVIL IV

PROFESSOR: MAURCIO CORRA

ACADMICO (A):

TURMA:

Unidade VII: EMBARGOS INFRInGENTES

7.1. CONCEITO

o recurso cabvel contra acrdo no unnime que houver reformado, em grau de apelao, a sentena de mrito ou houver julgado procedente a ao rescisria. Admite a interposio autnoma ou na forma adesiva (art. 500, II do CPC).

Este recurso, dirigido ao prprio Tribunal que pronunciou a deciso impugnada, tem por fim provocar o reexame de acrdos proferidos em apelao que houver reforma sentena de mrito ou em ao rescisria julgada procedente, na parte relativa divergncia entre juzes, possibilitando no s a retratao dos que anteriormente votaram, mas tambm a modificao da deciso pelo ingresso de outros juzes no rgo julgador. Busca-se com os embargos infringentes, em sntese, a prevalncia do voto vencido sobre os votos vencedores no julgamento de apelao ou da ao rescisria.

recurso interposto perante o mesmo juzo em que se proferiu a deciso recorrida, visando sua declarao ou reforma, ou, como sendo recurso interponvel contra julgado, quando o tribunal, em apreciao a apelao ou a ao rescisria, no decide de forma unnime.

O conceito de embargos infringentes se encontra estampado na lei, previsto no art. 530 do CPC.

Observao 1: cumpre informar que no cabem embargos infringentes: a) nos julgamentos no unnimes de recurso especial e de recurso extraordinrio.

Observao 2: segundo a jurisprudncia do STJ, em reexame necessrio contrariamente Smula 77 do extinto TFR, que permite os embargos infringentes.

Observao 3: nas decises dos plenrios dos tribunais em incidente de inconstitucionalidade

Observao 4: em acrdo proferido em agravo de instrumento.

Observao 5: Ressalte-se que tambm no cabem embargos infringentes contra mandado de segurana, por se tratar de lei especial Lei 1.533/1951.

Os embargos infringentes consistem em modalidade de recurso voltada ao prprio rgo colegiado que proferiu o julgamento, tendo como principal objetivo transformar o voto minoritrio em voto majoritrio sendo interpretado pela corrente minoritria como espcie de retratao.

Para o cabimento dos embargos, a divergncia deve referir-se ao dispositivo do acrdo, ou seja, sua concluso. Em primeira anlise, irrelevante a divergncia na fundamentao, caso a concluso seja a mesma, ou seja, o julgamento unnime.

7.2. cabimento

Diversas foram as modificaes operadas nos embargos infringentes, principalmente quanto ao seu cabimento, que foi bastante restringido pela Lei 10.352/2001, conforme transcrio, por oportuno, do art. 530, in verbis:

Art. 530. Cabem embargos infringentes quando o acrdo no unnime houver reformado, em grau de apelao, a sentena de mrito, ou houver julgado procedente ao rescisria. Se o desacordo for parcial, os embargos sero restritos matria objeto da divergncia.

Sendo assim, observa-se que a nova lei tornou a admissibilidade do recurso de embargos infringentes limitado, ou seja, em caso de apelao, s reformas das sentenas de mrito de primeiro grau, no cabendo das confirmaes pela superior instncia das decises de mrito, ainda que por maioria, nem de eventuais reformas ou confirmaes de sentenas unicamente terminativas.

Concernente s aes rescisrias, no cabem embargos infringentes das decises que as julguem improcedentes ou venham a extingui-las, cabendo o referido recurso unicamente da procedncia de ao rescisria, por maioria.

7.3. efeitos dos embargos infringentes

Os embargos infringentes possuem efeito devolutivo, sendo este limitado divergncia e impugnao feita pelo agravante.

No que tange parte unnime do acrdo, sobre o qual haja interposio de embargos infringentes, cumpre analisar que ficam sobrestados os prazos de interposio de impugnao por meio dos recursos especial e extraordinrio, at a intimao da deciso dos embargos ou do trnsito em julgado da parte no-unnime da deciso, quando correr in albis.

Atende-se, assim, de forma efetiva, ao principio da unirrecorribilidade, uma vez que no s o processamento, mas tambm as interposies dos recursos especial e extraordinrio ficam suspensas.

Em princpio, os embargos infringentes possuem efeito suspensivo, caso a apelao que deu origem ao julgamento embargado tenha obtido esse efeito. A suspensividade s atinge o que foi objeto de devoluo.

Como vimos, os embargos infringentes so dotados dos dois efeitos, devolutivo e suspensivo, sendo certo que este ltimo, mesmo no previsto na legislao, amplamente aceito pela doutrina e jurisprudncia.

Nessa anlise, poderemos dizer que os efeitos pelos quais se recebe o recurso tm como escopo possibilitar a execuo provisria da deciso embargada, ou seja, se no forem recebidos apenas no efeito devolutivo, pode-se dar incio execuo provisria. A contrario sensu, sendo admitido somente no efeito suspensivo, no h que se falar em execuo provisria, uma vez que qualquer mandamento contido na deciso estar suspenso at a deciso final dos embargos.

Existe entendimento na doutrina no sentido de que possvel identificar um terceiro efeito denominado translativo. Esse efeito diz respeito anlise pelo tribunal de questes de ordem pblica, mesmo no suscitadas pela parte no caracterizando julgamento extra, ultra ou infra petita.

Contudo, tal entendimento minoritrio, porquanto se trata de outro efeito que inerente aos recursos -, qual seja, o efeito de devolver ao tribunal a matria impugnada. Caso observada pelos julgadores a existncia de matrias de ordem pblica, no h necessidade de demonstrao expressa das mesmas pela parte, por no se operar a precluso, podendo ser analisada a qualquer tempo e grau de jurisdio.

Por assim ser, trata-se de mero efeito devolutivo, permitindo o ordenamento jurdico conhecimento de questes que no foram suscitadas no recurso, ou mesmo no tiveram apreciao exaustiva do magistrado a quo.

7.4. procedimentos dos embargos infringentes

A admissibilidade dos embargos infringentes feita pelo relator da prpria apelao ou rescisria, podendo ser indeferido o recurso de plano. Caso sejam indeferidos os embargos, caber recurso de agravo para o rgo colegiado competente para julgar os embargos.

Nos termos do que preceitua o art. 531, o juzo de admissibilidade realizado somente aps a apresentao de contra-razes pelo embargado.

J os arts. 533 e 534 determinam que os embargos infringentes sejam submetidos s regras dos regimentos internos dos tribunais no que tange ao seu processamento -, deslocando a competncia, enquanto o art. 534 aconselha que, quando for necessria a escolha de novo relator, que este no tenha participado do julgamento do acrdo embargado, para que o novo julgamento seja mais imparcial possvel, uma vez que poderamos ter, inclusive, alguma mcula referente m-f do julgador.

Pela regra, o recurso interposto perante o relator do acrdo embargado apelao ou ao rescisria para que se proceda citao do embargado, no af de serem apresentadas suas contra-razes.

Observao 1: pertinente observar que existem embargos infringentes cabveis nas execues fiscais de reduzido valor, devendo ser apreciados e julgados pelo prprio rgo ad quem, como disposto na Lei 6.830/1980 Lei de Execues Fiscais.

7.5. cabimento dos embargos infringentes no mandado de segurana e em remessa ex offcioCom efeito, aps a anlise do procedimento e cabimento dos embargos infringentes, pertinente salientar pontos discutidos pela doutrina e jurisprudncia, em especial o cabimento do recurso de embargos infringentes no procedimento de mandado de segurana e em remessa ex officio.

Como visto, os embargos infringentes consistem em uma modalidade recursal que pode ser proposta contra acrdo no unnime, desde que proferido em grau de apelao e em ao rescisria, caso haja reforma da deciso impugnada, com objetivo de modificar o acrdo, com vistas manuteno do voto vencido.

7.5.1. embargos infringentes em mandado de segurana

O cabimento de embargos infringentes em mandado de segurana no pacfico na doutrina, bem como na jurisprudncia.

Alguns doutrinadores entendem que tal recurso no seria cabvel no procedimento do mandado de segurana, visto que a Lei 1533/1950, a qual instituiu o writ constitucional, por ser especial em relao ao CPC, deveria ter previsto o aludido recurso em seu contedo. Outros doutrinadores entendem serem cabveis os embargos, vez que as normas do CPC se aplicam subsidiariamente aos procedimentos especiais, no que no lhes forem contrrias.

O professor Nelson Ney aduz que: So cabveis EI (embargos infringentes) em acrdo no unnime, proferido em apelao nos processo de falncia e de mandado de segurana. Aplica-se o CPC subsidiariamente nas aes regidas por leis especiais, como o caso da LF e da LMS. No h nenhuma incompatibilidade na aplicao do CPC 530 aos processos falimentares e de mandado de segurana (...) entendemos ser momento de os tribunais superiores revisarem suas smulas restritivas dos EI em mandado de segurana.

Independentemente do posicionamento doutrinrio, a jurisprudncia do STF mostra-se contrria no que tange utilizao do referido recurso, tendo inclusive gerado a Smula 597, de seguinte teor: no cabem embargos infringentes de acrdo que, em mandado de segurana, decidiu, por maioria de votos, a apelao.

7.5.2. embargos infringentes e remessa ex offcio

Outra hiptese que suscita dvida se faz presente no cabimento do recurso de embargos infringentes, agora quanto ao procedimento de remessa necessria tambm nomeada como recurso ex offcio ou apelao ex offcio.

Referida dvida inexistia antes do CPC de 1973, pois era indagado que o recurso ex offcio teria a aplicao das mesmas normas referentes ao recurso voluntrio.

Segundo dispe Celso Agrcola Barbi (...) em ao ordinria regida pelo CPC de 1939, vencida a Fazenda Pblica, o juiz interpunha a apelao ex offcio. Se julgada esta por maioria de votos, era pacfico o cabimento de embargos infringentes pelo vencido, quer fosse a Fazenda que fosse a outra parte.

Ocorre que o cdigo vigente omitiu as regras de procedimento que faziam meno aos recursos quando da interposio do recurso ex offcio, criando a dvida ora suscitada. O referido questionamento no suscitado quando existe apelao voluntria, mas somente na ausncia da interposio desta, subindo os autos mediante determinao do juiz, para que se faa o reexame obrigatrio.

A tese inicial pendeu no sentido de que o recurso ex offcio, chamado de apelao ex offcio, no seria um recurso, pois este presume a voluntariedade e a interposio pelas partes o que no se configura nos casos do art. 475 do CPC. Confirmando a tese primitiva, os doutrinadores afirmavam que o magistrado, por no ser legitimado a interpor recurso por no ser parte -, inviabilizaria a admissibilidade dos embargos infringentes contra deciso em recurso ex offcio.

Com o passar do tempo, a doutrina e jurisprudncia vm admitindo que so cabveis os embargos infringentes, por possurem a essncia dos recursos, qual seja, proporcionar o reexame da matria objeto do litgio, para que seja aperfeioada a prestao jurisdicional.

Com efeito, para demonstrar como o tema de difcil compreenso, eis a opinio do professor Elpdio Donizetti respeito do tema: Embora previstos no art. 530, a jurisprudncia no tem admitido embargos infringentes contra acrdo proferido em apelao ou ao rescisria acerca de mandado de segurana (Smulas 169 do STJ e 597 do STF). O fundamento que o respectivo processo regulado por lei especial, de direito material e processual, que no contempla embargos infringentes. O processo de falncia tambm regulado por lei especial, a despeito disso, contraditoriamente, a jurisprudncia do STJ pacificou no sentido de admisso dos embargos infringentes (Smula 88).

7.6. desacordo total e parcial

Os embargos infringentes como visto servem para impugnar pronunciamentos judiciais de segunda instncia, desde que proferidos em grau de apelao e em ao rescisria.

Como os demais recursos, a matria versada em embargos pode ser toda aquela que foi discutida na apelao ou ao rescisria ou apenas parte dela. Isso decorrncia de que todo o acrdo ou parte dele, quando a matria nele contida puder ser separada, tiver sido julgado por maioria. Em sendo julgado todo o acrdo por maioria de votos, o desacordo ter sido total, sendo a matria versada nos embargos tambm. Caso contrrio, em que parte do acrdo tiver sido votada unanimidade e parte por maioria, teremos embargos parciais, relativos apenas parte julgada por maioria de votos.

Sendo assim, caso o acrdo seja composta de mais de um captulo, os embargos sero pertinentes nos captulos que existirem voto vencido. O art. 530, ltima parte, claro ao aduzir que, se o desacordo for parcial, os embargos sero restritos matria objeto da divergncia.

Agora, se o acrdo contiver inmeros captulos, havendo quebra da sua unidade apenas em relao a um ou alugns deles -, somente quanto aos vencidos podero ser opostos os embargos infringentes.

7.6.1. consideraes sobre o voto vencido

A finalidade precpua do recurso em apreo modificar a deciso proferida pelo tribunal, transformando o voto vencido em vencedor. Ao analisar o recurso de apelao, em que o recorrente busca o aumento do quantum indenizatrio e satisfaz tal pretenso por maioria de votos, ou seja, dois votos a um, possui o recorrido legitimidade para interpor o recurso de embargos infringentes, com o intuito de fazer com que o voto proferido no sentido de no se aumentar o quantum seja o vencedor.

Salienta-se que os embargos infringentes podem ser interpostos tanto em relao divergncia entre preliminares de mrito quanto ao prprio mrito, vez que a parte possui direito de ver sua pretenso analisada por completo.

Centro de ensino superior do Amap

Disciplina: Direito processual civil iv

Professor: Maurcio Corra

Acadmico:

Turma:

Unidade VIII: Embargos de declarao

8.1. conceito

Em sede doutrinria, ainda persiste a controvrsia acerca da natureza dos embargos de declarao. Para alguns doutrinadores, tais embargos no constituem recurso, mas sim meio de correo e integrao de sentena.

Para o CPC, no entanto, no h dvida quanto natureza recursal dos embargos de declarao, tanto que foram colocados no ttulo Dos recursos. Tratam dos embargos de declarao, tanto os oponveis contra acrdo como contra sentena, os arts. 535 a 538.

A finalidade especfica dos embargos de declarao integrar a sentena ou acrdo que contenha dvida, contradio, obscuridade ou omisso. Integrar a sentena ou acrdo significa suprimir a lacuna que tenha deixado, de fato ou, aparentemente.

contradio: entre os elementos da deciso embargada, no sendo pertinente inquirir sobre a contradio das provas dos autos ou com o direito aplicado, sendo tais circunstancias matria de apelao.

obscuridade: obstculo que impede a compreenso da sentena.

omisso: ausncia de manifestao sobre uma questo relevante para a soluo da lide, podendo ser considerada questo de fato ou de direito que se tornou controvertido.

Conforme exposto, verifica-se que os embargos constituem remdio processual para ser utilizado aps a prolao de uma sentena ou de um acrdo a que se repute vcio de obscuridade ou contradio, ou mesmo quando da ocorrncia de pronunciamento incompleto por parte de um juiz ou tribunal, sendo extrado o primeiro pressuposto para a propositura do recurso, a saber: a prolao de sentena ou acrdo ou a ausncia de necessria manifestao por parte do juiz singular ou do tribunal.

Com efeito, embargos de declarao podem ser conceituados como o recurso que visa ao esclarecimento ou integrao de sentena ou acrdo.

Dispe o art. 535 do CPC:

Cabem embargos de declarao quando:

I houver, na sentena ou o acrdo, obscuridade ou contradio;

II for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal.

Portanto, cabem embargos de declarao para esclarecer deciso obscura ou contraditria, ou, ainda, para integrar julgado omisso. H obscuridade quando a redao da deciso no e suficientemente clara, dificultando sua compreenso ou interpretao; ocorre contradio se o julgado apresenta proposies inconciliveis, tornando incerto o provimento jurisdicional; e, por fim, h omisso nos casos em que determinada questo ou ponto controvertido deveria ser apreciado pelo rgo julgador mas no o foi.

8.2. procedimento

Os embargos sero opostos, no prazo de cinco dias, em petio dirigida ao juiz ou relator, com indicao do ponto obscuro, contraditrio ou omisso, no estando sujeitos a preparo (art. 536 do CPC).

O juiz julgar os embargos em cinco dias; nos tribunais, o relator apresentar os embargos em mesa de sesso subseqente, proferindo voto (art. 537).

Ao contrrio dos demais recursos, nos embargos de declarao no se d oportunidade de resposta parte contrria, salvo no caso em que a pretenso do embargante de integrao do julgado implicar a modificao da deciso final (efeito infringente ou modificativo).

8.3. efeitos dos embargos

Os embargos de declarao no tm efeito suspensivo nem devolutivo, em outras palavras, no suspendem a eficcia da deciso embargada nem transferem o conhecimento da matria a outro rgo jurisdicional.

A interposio produz um efeito peculiar dos embargos de declarao: o efeito interruptivo.

Os embargos de declarao interrompem o prazo para interposio de outros recursos, por qualquer das partes (art. 538).

H interrupo, e no suspenso, o que significa que o prazo para interposio de outros recursos recomea, por inteiro, a partir de intimao do julgamento dos embargos.

8.3.1. Quanto ao conhecimento da impugnao

Os embargos de declarao, visando to-somente sanar contradies, obscuridades, dvidas ou suprir omisses da sentena ou acrdo, s tm o efeito regressivo, embora predomine o entendimento de que o efeito devolutivo.

O professor Ari Ferreira de Queiroz, a respeito do tema, pontua: fao a distino entre o efeito devolutivo e o regressivo afirmando que o primeiro remete ao tribunal a competncia de reexaminar o caso, enquanto o segundo remete ao prprio rgo que proferiu a deciso (...) ora, os embargos so julgados necessariamente pelo mesmo rgo que proferiu a sentena, preferencialmente pela mesma pessoa, inclusive, seja ele o juiz ou relator, salvo impedimentos legais, como morte, aposentaria ou outro evento justificvel.

8.4. DO CABIMENTO

Por fora da Lei 8.950/94 os embargos de declarao so cabveis quando houver, na sentena ou acrdo, obscuridade, contradio ou omisso.

Com efeito, so incabveis embargos declaratrios para rever deciso anterior; para reexaminar ponto sobre o qual j houve pronunciamento, com inverso, por conseqncia, do resultado final do julgamento. Todavia, sobretudo na hiptese de suprimento de omisso, pode ocorrer excepcionalmente de a integrao do julgado mudar sua deciso final.

o que a doutrina denomina de embargos de declarao com efeitos modificativos ou infringentes. Exemplo: numa ao de cobrana, o juiz omite sobre a pre