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UNILEÃO
CENTRO UNIVERSITÁRIO DOUTOR LEÃO SAMPAIO
CURSO DE FISIOTERAPIA
THIAGO ROCHA ALVES
MORTALIDADE INFATOJUVENIL POR LEUCEMIA NO TRIANGULO
CRAJUBAR NOS ÚLTIMOS 10 ANOS.
JUAZEIRO DO NORTE - CE
2019
THIAGO ROCHA ALVES
MORTALIDADE INFATOJUVENIL POR LEUCEMIA NO TRIANGULO
CRAJUBAR NOS ÚLTIMOS 10 ANOS.
Trabalho de conclusão de curso apresentado à
Coordenação do Curso de Graduação em
Fisioterapia do Centro Universitário Doutor Leão
Sampaio, como requisito para obtenção do grau de
bacharel em Fisioterapia.
Orientadora: Profª. Me. Lindaiane Bezerra
Rodrigues Dantas
Co – Orientador: Prof. Dr. Jaime Ribeiro Filho
JUAZEIRO DO NORTE – CE
2019
3
MORTALIDADE INFANTOJUVENIL POR LEUCEMIA NO TRIANGULO
CRAJUBAR NOS ÚLTIMOS 10 ANOS
Thiago Rocha Alves1, Lindaiane Pereira Rodrigues2, Jaime Ribeiro Filho 3
¹ Discente do curso de Fisioterapia, Centro Universitário Doutor Leão Sampaio ([email protected])
² Mestre em Bioprospecção Molecular, Universidade Regional do Cariri - URCA. Docente do curso de
Fisioterapia, Centro Universitário Doutor Leão Sampaio 3 Doutor em Biologia Celular e Molecular - Fundação Oswaldo Cruz/ FioCRUZ. Pesquisador do Laboratório de
Investigação em Genética e Hematologia Translacional (LIGHT) do Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz (IGM /
FioCRUZ - BA)
RESUMO
A leucemia é o tipo de câncer que mais acomete a população infanto-juvenil no Brasil, sendo
considerada um problema de saúde pública. O presente estudo tem como objetivo analisar as
taxas de mortalidade e de internação por leucemia no Triangulo Crajubar nos últimos 10 anos,
identificando os tipos de leucemia mais que mais acometem a população infanto-juvenil da
região. Foi realizado um estudo ecológico de agregados temporais, com base em dados
secundários valendo-se de registros da notificação compulsória. Foram avaliados os dados
publicados pelo Atlas Online de Mortalidade do Instituto Nacional do Câncer (AOM – INCA)
e do DataSUS, referentes as cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha e do Estado do
Ceará no período de 2006 a 2016. Foram coletados dados sobre óbitos pelos seguintes tipos de
leucemia: Leucemia Linfoide (LL), Leucemia Mieloide (LM), Leucemia Monocítica (LMON),
outras leucemias especificadas (OLE) e Leucemias tipo celular não especificadas (LCNE). Nos
resultados observou-se entre 2006 e 2016 foram internados 519 indivíduos por leucemia na
faixa etária infanto-juvenil no Triangulo Crajubar. Do total de indivíduos internados, 5,95%
(31), demonstrando uma baixa taxa de mortalidade na região. No estudo, o tipo de LE com
maior número de óbitos foi a LL com 54,84% dos casos, seguido por LM e por LCNE com
38,71% e 6,45%, respectivamente. Não foram detectados óbitos por (LMON) ou (OLE).
Conclui-se as leucemias linfoide e mieloide são importantes causas de mortalidade por câncer
infanto-juvenil no TCJB. Portanto, a elucidação dos determinantes relacionados a doença como
os fatores de exposição, tratamento, diagnóstico e evolução pode contribuir para a compreensão
deste fenômeno, bem como para o desenvolvimento de estratégias que melhorem a qualidade
de vida da população sob estudo.
Palavras Chave: Leucemia, Mortalidade, Crianças, Cariri. DataSUS
4
CHILD AND ADOLESCENT MORTALITY BY LEUKEMIA IN THE CRAJUBAR
TRIANGLE IN THE LAST 10 YEARS
ABSTRACT
Leukemia is the type of cancer that most affects the child and adolescent population in Brazil
and therefore is considered a public health problem. The present study aims to analyze the
mortality and hospitalization rates for leukemia in the Crajubar Triangle in the last 10 years,
identifying the types of leukemia that most affect the child and adolescent population of the
region. An ecological study of temporal aggregates was carried out, based on secondary data
using records of compulsory notification. The data published by the Online Atlas of Mortality
of the National Cancer Institute (AOM - INCA) and DataSUS, concerning the cities of Crato,
Juazeiro do Norte and Barbalha and the State of Ceará, between 2006 and 2016, were evaluated.
Data on lymphoid Leukemia, Myeloid Leukemia (LM), Monocytic Leukemia (LMON), other
specified leukemias (OLE), and unspecified cell-type Leukemias (LCNE) were collected. In
the results, it was observed that between 2006 and 2016, 519 individuals were hospitalized for
leukemia the Crajubar Triangle according to the age criteria. Of the total hospitalized
individuals, only 5.95% (31) passed away, showing a low mortality rate in the region. In the
study, the type of leukemia with the highest number of deaths was LL, with 54.84% of the
cases, followed by LM and LCNE with 38.71% and 6.45%, respectively. No deaths by (LMON)
or (OLE) were detected. We conclude that lymphoid and myeloid leukemias are important
causes of mortality due to childhood and juvenile cancer in TCJB. Therefore, elucidation of
disease-related determinants such as exposure, treatment, diagnosis, and evolution factors may
contribute to the understanding of this phenomenon, as well as to the development of strategies
that improve the quality of life of the population under study.
Keywords: Leukemia, Mortality, Children, Cariri. DataSUS
1 INTRODUÇÃO
O câncer infanto-juvenil (CIJ) é um conjunto de vários processos patológicos
caracterizados como neoplasias que podem afetar vários órgãos e sistemas. Geralmente, afetam
as células sanguíneas e o complexo hematopoiético, bem como os complexos de tecido
conjuntivo que geram as estruturas corporais. Essa variação particular o diferencia do câncer
em adultos. Ainda são particularidades uma melhor resposta ao tratamento, devido serem
compostos de células com pouca (BRASIL, 2019a).
A American Cancer Society relata que a doença é a segunda maior causa de óbitos em
crianças de 0 a 14 anos de idade, sendo precedida somente pelos acidentes e maus súbitos
(ACS,2019). No Brasil, os casos de CIJ se assemelham aos dos EUA, sendo que o mais
frequente em crianças é a Leucemia (LE), que é a principal causa de mortalidade na comunidade
infantil, sendo um problema de saúde pública (INCA,2019)
5
O câncer é uma das doenças mais antigas relatadas na humanidade, cujos primeiros
relatos datam da antiguidade nas civilizações egípcias e mesopotâmicas. Os primeiros achados
têm cerca de 4 mil anos, tendo nessas populações uma boa parte representativa de informação
(JUNIOR, et al, 2011).
O Instituto Nacional do Câncer ensina que a LE é uma doença maligna que acomete
os leucócitos, com origem ainda desconhecida. Sua principal característica é a produção de
células defeituosas com origem nos órgãos hematopoiéticos, que acabam por substituir as
células normais em larga escala. As células ainda em estágio de maturação sofrem mutações,
tornando-se neoplasias com forte resistência ao processo de apoptose, o que não ocorre em
células normais (BRASIL,2019b).
A LE é classificada em aguda e crônica quanto a sua intensidade. Quanto a sua origem,
pode ser dividia em mielóide (LM) e linfoide (LL). A mais comum em crianças é a leucemia
linfoide aguda (LLA) e em adultos a leucemia mielóide aguda (LMA). Após o diagnóstico,
deve-se intervir de forma imediata, a partir da um acompanhamento multidisciplinar e focado
em estudos de refinada acurácia que vem surgindo com os anos. Um motivo de preocupação no
plano de tratamento é a repercussão clínica causada nos pacientes, tendo em vista estar sendo
aplicado em um indivíduo ainda em desenvolvimento (HAZIN et al., 2016).
Na atualidade, existem tratamentos sofisticados e modernos que garantem um
tratamento eficaz com até 90% de chance de cura do quadro apresentado. No entanto, o alto
custo do tratamento é ainda um fator que inviabiliza, em alguns países, o acesso ao plano de
tratamento e reduzem as chances até mesmo de um diagnóstico precoce (MADHUSOODHAN
et al. 2016).
Durante o processo de diagnóstico do câncer na criança, são evidenciadas alterações
de aspecto psicossociais de sofrimento e resignação que culminam em um complexo de estresse
físico, mental e que pode interferir na qualidade de vida tanto do paciente, como da família,
carecendo assim de cuidados especiais e multidisciplinares (HILDENBRAND et al. 2011).
As descobertas citológicas foram um marco importante na avaliação e caracterização
da doença. Devido ao avanço tecnológico, com a elaboração de lentes mais graduadas e
confecção de microscópios, o estudo dos tecidos e das variações que diferiam as células
tumorais, das hígidas, puderam garantir a evolução do diagnóstico (HERZBERG, et al, 1997).
Diante do cenário de saúde da Região Metropolitana do Cariri (RMC), mais
especificadamente do Triangulo Crajubar (TCJB) e dos avanços no diagnóstico e no tratamento
da leucemia passam a surgir alguns questionamentos sobre o enredo da LE no Cariri. O estudo
6
tem intenção de analisar as taxas de mortalidade e de internação por LE no Triangulo Crajubar,
identificando os tipos de LE mais que mais acometem a população infanto-juvenil da região.
2 METODOLOGIA
2.1 TIPO DE ESTUDO
Foi realizado um estudo ecológico de agregados temporais, com base em dados
secundários valendo-se de registros da notificação compulsória. Os estudos ecológicos realizam
comparações dos fenômenos ocorridos, condições relacionadas e exposições em que os
indivíduos se submeteram. Além de verificar se há relação entre elas, uma de suas vantagens é
a possibilidade de examinar associações entre exposição e doença/condição de forma coletiva
(COSTA e BARRETO, 2003).
2.2 LOCAL
O TCJB que é uma cornubação das cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha,
que formam assim ao polo principal da RMC, que é a segunda região Metropolitana do Estado
do Ceará em ordem de criação, instituída pela Lei Complementar Estadual do Ceará nº78 de
2009. A Região Metropolitana do Cariri – RMC é uma circunscrição territorial localizada no
sul do Estado do Ceará fazendo fronteira com os Estados de Pernambuco, Piauí e Paraíba
(OLIVEIRA, 2010)
A região está situada ao sopé da Chapada Nacional do Araripe – CNA fonte de uma
rica e bela fonte de riquezas naturais e terras férteis. Este território se destaca das demais regiões
no nordeste brasileiro devido a sua diversidade artística, cultural, um grande valor religioso
derivado das romarias que ocorrem em Juazeiro do Norte por influência do Pe. Cícero Romão
Batista e pela biodiversidade (PEREIRA, 2005).
2.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA
Foram avaliados os dados de notificação compulsória publicados em duas bases de
informação em saúde: Atlas Online de Mortalidade do Instituto Nacional do Câncer (AOM –
INCA) e o DataSUS. No AOM – INCA foram coletados dados de mortalidade por LE na
comunidade infanojuvenil, com estratificação por sexo e por tipo de LE, sendo analisadas as
cidades componentes do triangulo Crajubar. O período pesquisado foi entre 2006 a 2016. Esse
7
período foi escolhido tendo em visa ser o ínterim mais atual disponível na plataforma.
Permitindo assim uma melhor forma de comparação com os outros dados vindos da plataforma
do DataSUS.
Os tipos de leucemias analisados foram: “Leucemia Linfoide”, “Leucemia Mieloide”,
“Leucemia Monocítica” (LMON), “Outros tipos de Leucemia” (OTL) e “Leucemias de tipo
não específico e SOE”(CSOE). Nessa base de dados foi levada em consideração ainda a faixa
etária e o local de óbito.
No DataSUS foram coletados dados referentes a internação e mortalidade. Foram
levadas em consideração as variáveis sexo, faixa etária, local de internação e óbito e ano da
ocorrência. Nessa base de dados o período escolhido foi entre 2006 a 2016, sendo ainda
coletados dados de 2017 a 2019 para fins de discussão. O DataSUS não apresentou descrição
categórica para os tipos de LE, sendo então desenvolvido o estudo colocando como descritor
somente o nome “Leucemia”.
Esse período foi escolhido como medida de apurar melhor os últimos 10 anos de
publicação em consonância com a plataforma anterior e observar se ambas oferecem os mesmos
resultados, salvaguardar de dados subnotificados e conseguir uma amplitude de estudo mais
confiável, tendo em vista estar trabalhando, em ambas as plataformas, com dados secundários
de origem pública.
Logo em seguida os dados de mortalidade foram comparados, a fim de observar
divergências nos resultados, sendo percebido a subnotificação de 8 casos, que por totalizarem
mais de 25% dos resultados em discrepância, foi usado os dados de mortalidade do AOM –
INCA no referido estudo como base para a estatística de mortalidade, por possuírem amostra
mais significativa. Como os dados de internação somete são fornecidos pelo DataSUS, não
foram comparados com outros dados, a não ser com os de mortalidade no enredo estatístico do
estudo.
Para encontrar os dados sobre as internações seguiu-se a seguinte sequência de
abordagem virtual: Pagina Inicial do DataSUS > Acesso a Informação > Informações de Saúde
(TABNET) > Epidemiológicas e Morbidade > Morbidade Hospitalar do SUS (SIH/SUS) >
Geral, por local de internação - a partir de 2008 > Ceará.
Para encontrar os dados de mortalidade, a própria plataforma do DataSUS nos
direcionou ao Atlas Online de Mortalidade do Instituto Nacional do Câncer (AOM – INCA),
seguindo a seguinte sequência: Pagina Inicial do DataSUS > Acesso a Informação >
Informações de Saúde (TABNET) > Estatística vitais > Câncer (sítio do Inca) > Atlas de
Mortalidade por Câncer > Tabulador.
8
2.4 ANÁLISE DE DADOS
A partir dos dados obtidos no processo de pesquisa, foi construído um banco de dados
em Microsoft Excel 2013®. A análise dos dados consistiu na realização de técnica de
porcentagem simples por categorias e usando as variáveis da pesquisa. Após a realização da
análise, os dados foram agrupados em uma tabela de gráficos em colunas.
3 RESULTADOS
3.1 RESULTADOS DE MORTALIDADE POR MUNICÍPIO.
Durante os anos de 2006 a 2016 foram internados 519 indivíduos por leucemia na faixa
etária infanto-juvenil no TCJB De 100% de internações (n.519), 5,95% (n.31) vieram a óbito
neste ínterim, demonstrando uma baixa taxa de mortalidade na região. O sexo masculino obteve
maior incidência com 62,62% (n.325) dos casos, contra 37,38% (n. 194) no sexo feminino. O
sexo masculino também foi maioria no número de óbitos, com 51,61% (n.16) dos casos em
relação às mulheres, com 48,39% (n.15).
Em relação as origens dos pacientes, o município de Juazeiro do Norte foi a cidade
com maior número de óbitos contando com 61,29 % (n.19), enquanto que a cidade de Crato
apresentou 32,26% (n.10). A cidade de Barbalha apresentou apenas 2 óbitos durante o período
com 6,45%.
Desta forma, se observa que embora o local do óbito seja em Barbalha devido a oferta
de serviços oncológicos no município, a cidade em si não apresenta grande índice de
mortalidade, mas de internação. Observa-se ainda que a ordem de precedência de incidência
dos casos obedece um nível crescente de urbanização.
3.2 RESULTADOS DE MORTALIDADE E INTERNAÇÃO POR ANO.
O ano 2007 obteve o maior número de óbitos com 19,35% (n.6) em relação aos outros
anos, sendo o ano de 2016 o que possuiu o menor número de óbitos com 3,23% (n.1),
caracterizando redução na mortalidade com o passar dos anos. O sexo masculino teve maior
número de óbitos no ano de 2008 com 31,25% (n.5), enquanto que nos anos de 2011,2014 e
9
2015 obtiveram os menores números de morte com 6,25% (n.1), cada um. Nos anos de
2006,2009,2012 e 2016 não ocorreu nenhum óbito do sexo masculino.
O sexo feminino teve seu maior número de óbitos em 2007 com 20,00% (n.3) cada
um. Os anos de 2010,2014,2015 e 2016 foram os anos com menor número de óbitos com 6,67%
(n.1) cada um. Nos anos de 2006 e 2008 não foi computado nenhum óbito do sexo feminino.
Sendo assim, pode-se perceber redução em ambos os sexos, dos indicadores de mortalidade,
levando em consideração a variável tempo.
O ano com maior número de internações foi 2010 com 14,26% (n.74) dos casos, já o
ano com menor número de internações foi 2007 com 5,59% (n. 29) dos casos. O sexo masculino
obteve seu maior ano de internação em 2013 com 13,54% (n.44) e o feminino no ano de 2010
com 18,56% (n.36). Já os menores números de internação foram em 2007 com 3,08% (n.10),
para o sexo masculino e 2012 com 3,61% (n.7) para o sexo feminino.
Não foram computados dados de internação e mortalidade para ambos os sexos no ano
de 2006, em ambas as plataformas consultadas na pesquisa. Esse evento capcioso levanta
hipóteses de não existência de casos, ou de não computação dos casos para aquele ano no TCJB.
Figura 1: Óbitos por ano.
Fonte: Próprio autor.
Figura 2: Relação Internação por Sexo
Fonte: Próprio autor.
3
5
0
3
10
21 1
0
3
0
21
2 2 21 1 1
65
2
43
2
4
2 21
0
2
4
6
8
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
MAS FEM TOTAL
1019
36 38
28
43 44
25
41 41
1912
16
36
17
716
23 222629 31
52
74
4550
60
48
6367
0
20
40
60
80
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
MAS FEM TOTAL
10
3.3 RELAÇÃO ENTRE ÓBITOS E INTERNAÇÕES POR FAIXA ETÁRIA.
A faixa etária com maior número de internações foi entre 5 a 9 anos com 35,45% (n.
184), enquanto que a menor foi > 1 ano com 0,39% (n.2). A faixa etária com maior número de
óbitos foi entre 5 a 9 anos com 29,03% (n.9), sendo que as faixas etárias entre >1 e entre 10 e
14 anos, obtiveram a menor taxa de óbitos.
O sexo masculino apresenta maior taxa de internação com 41,05% (n.133) na idade
entre 5 a 9 anos, enquanto que a menor entre >1 com 0,31% (n.1).
O sexo feminino obteve maior taxa de internação entre 10 a 14 anos com 36,41% (n.71),
enquanto que a menor taxa foi entre >1 ano, com 0,51% (n.1).
Observou-se que a doença apresenta maior incidência na região em indivíduos que
estão chegando na pré-adolescência, sendo que no sexo feminino mais tardiamente que o sexo
masculino. Indivíduos que foram internados com idade entre 15 e 19 anos, tiveram os maiores
índices de insucesso de terapia com progressão a óbito, com o sexo feminino mais acometido
57,14% (n.4). Na faixa etária de indivíduos >1 houve uma subnotificação de 1 indivíduo.
Figura 3: Relação Internação e Óbitos
Fonte: Próprio autor.
3.4 NUMERO DE OBITOS POR TIPO DE LEUCEMIA.
No estudo, o tipo de LE com maior número de óbitos foi a LL com 54,84% (n.17) dos
casos, em segundo lugar por LM 38,71% (n.12) e terceiro e último lugar a CSOE com 6,45%
(n.2). Não foram detectados óbitos por (LMON) ou (OTL). No sexo masculino, os tipos de LE
com maior e menor tipo de óbitos foram a LL com 44% (n.11) e CSOE com 4% (n.1)
respectivamente. No sexo feminino, os maiores e menores números de óbitos foram LM com
24% (n.8) e CSOE com 4% (n.1).
2
139
184 172
223 8 9 4 7
0
50
100
150
200
>1 <1a4 5a9 10a14 15a19
INTERNAÇÕES ÓBITOS
11
Figura 4: Mortalidade por Tipo de Leucemia por Sexo.
Fonte: Próprio autor.
4 DISCUSSÃO
O presente estudo foi realizado a partir de dados do DATASUS. O sistema consiste
em uma ferramenta criada pelo Decreto nº 100, de 16 de abril de 1991, que criou o
Departamento de Informática do SUS. O sistema foi pioneiro na área pública na estratégia de
informação chamada downsizing. O modelo auxilia as secretarias estaduais e municipais de
saúde na implementação de tabelas avaliativas, estimulando a publicação descentralizada das
informações, de acordo com as necessidades locais (BRANCO,1996).
Realizando um comparativo entre os dados do DataSUS e os do INCA, percebeu-se
atualização nos dados do DataSUS sobre os dados de mortalidade e morbidade por LE no
Triangulo Crajubar para os anos de 2017,2018,2019, enquanto que os do INCA não atualizaram
desde 2016. Foram diagnosticados 62 novos casos da doença, com predominância de incidência
no sexo masculino com 59,68% (n.37) dos casos e 75% (n.3) dos óbitos.
No nosso estudo, encontramos dificuldade no sistema de tipificar o subtipo de LE no
site do DataSUS, sendo apresentado somente a variável “Leucemia”. Houve maior clareza sob
essa tipificação no sitio do AOM – INCA. Os dados do AOM – INCA são mais específicos que
os do DataSUS embora demorem mais a ser publicados. Até o final da pesquisa, não foram
identificadas as janelas de tempo de alimentação compulsória dos dois sistemas.
O orçamento familiar no tratamento da LE está envolto de variáveis socioeconômicas
e demográficas que interpelam as famílias que estão em busca de cura dos seus entes. O custo
de vida costuma ser bastante alto, o que pode comprometer a economia familiar de forma
restritiva. Há necessidade de deslocamentos feitos aos grandes centros de saúde, que custam
muito tempo e gastos que excedem o orçamento familiar na estada (KLÜNDER et al., 2012).
11
4
1
6
8
1
0
2
4
6
8
10
12
LINFÓIDE MIELÓIDE TIPO CELULAR E SOE
MAS FEM
12
Na última projeção de índice de desenvolvimento humano (IDH) realizado em 2010
no estado do Ceará, Crato (3º maior IDH do Estado com 0,713), Juazeiro do Norte (5º maior
IDH do Estado com 0,694) e Barbalha (7º maior IDH do Estado com 0,683) estão entre os 10
maiores índices do Estado (IBGE, 2019). Isso pode ter contribuído para a redução da taxa de
abandono e boa qualidade do processo de reabilitação.
A RMC conta com um único centro de oncologia adulto e pediátrica na cidade de
Barbalha, adido ao Hospital Maternidade São Vicente de Paulo, centro de referência em
oncologia clínica e cirúrgica e radioterapia para a Região do Cariri Cearense. Isso justifica o
motivo que a maioria das internações são computadas no município, sendo assim uma variável
ecológica que pode interferir na interpretação correta dos resultados, sendo precisa uma análise
mais aprofundada do contexto assistencial em saúde.
Nosso estudo conclui que há um decréscimo para ambos os sexos nas taxas de
mortalidade com o passar dos anos estudados. Curado et al., (2011) afirma que em estudos
conduzidos em países latino-americanos percebe-se queda da tendência de mortalidade. Há uma
íntima relação com o aprimoramento técnico-científico, técnicas diagnósticas de câncer e
avanços na propedêutica multiprofissional, além de condutas que refletem diretamente na
melhora do prognóstico da doença.
Nos resultados do estudo de Saraiva, Santos e Monteiro, (2018) que avaliou tendência
de mortalidade por leucemias em crianças e adolescentes nas capitais dos estados brasileiros:
1980-2015, percebeu que Fortaleza – CE, apresentava-se estacionária para o sexo masculino e
decrescente para o sexo feminino.
O nosso estudo constatou que o tipo de leucemia mais incidente na região é a do tipo
linfoide, que acomete mais o sexo masculino. No Brasil, somente em 1980 foi formado o Grupo
Cooperativo Brasileiro de Tratamento de Leucemia Linfóide Aguda na Infância (GBTLI-LLA-
80), que tinha finalidade de aplicar um protocolo contra a Leucemia Linfoide Aguda na
comunidade infantil. Esse movimento foi pioneiro no país, sendo a gênese de outras inciativas
de avaliar, tratar e acompanhar a comunidade infantil no manejo humanizado na LE e elaborar
mecanismos que viabilizassem as reais chances de cura (ELMAN e SILVA, 2006).
Nosso estudo diverge de Ibagy et al., (2013) que afirma que a LL em menores de um
ano é mais comum em meninas (1.17:1). Isso nos faz compreender que existem hábitos de vida
e fatores regionais, que se inserem no processo de desenvolvimento da doença, tendo em vista
que esse estudo se passa em Santa Catarina.
Belson, Kingsley, Holmes, (2007) afirma que LL é a mais incidente na comunidade
pediátrica, somando aproximadamente ¾ dos casos de leucemias em crianças, tendo maior
13
proporção que a LM e causando mais morbimortalidade nessa faixa etária e grupo específico.
Zhao e Gonda (2013) afirma que até 85% dos diagnósticos fechados de LL são de células da
origem do tipo B e apenas 15% são do tipo T.
As alterações citogenéticas encontradas no clone leucêmico do tipo linfoide, revelam
valiosas informações sobre o prognóstico da doença. Para tanto, são geralmente realizados
exames de fluorescência in suti de amostras oriundas da medula óssea, no acompanhamento.
Um bom prognóstico é caracterizado quando estão presentes hiperploidias (cromossomos > 50
e índice de ADN > 1,16), enquanto a hipoploidia caracteriza mal prognóstico (número
cromossómico <45 por célula) (LOOK et al.,1985).
No estudo, a leucemia que mais assolou o sexo feminino foi a do tipo mielódie. A LM
é o segundo tipo mais comum de leucemia em crianças e responsável por 15 a 20% das
leucemias infantis. Esta patologia deriva da proliferação clonal de precursores hematopoiéticos
da linhagem mielóide, eritróide e megacariocítica. A indução mielossupressiva intensiva e a
terapia pós-remissão permitem a sobrevivência a longo prazo em apenas 40 a 50% dos
pacientes. A LM pode ocorrer em qualquer idade, com incidência é maior na adolescência; não
há predominância de afecção por sexo. A leucemia congênita é a principal forma de LM, sendo
mais incidente nos 5 primeiros após o nascimento. A etiologia da LM não é conhecida, porém
há relação com a exposição à radiação ionizante. Portadores de Síndrome de Down são também
suscetíveis a desenvolver LM (PUI, 1995).
Numa metanálise realizada por Clarke et al. (2016) percebeu-se que aproximadamente
50% das crianças com leucemia têm fígado e baço palpáveis, palidez, febre ou hematomas no
diagnóstico. No diagnóstico são comuns a anorexia, perda de peso, dor e distensão abdominal,
claudicação e a dor articular.
Há evidencias que ocorram mutações nos genes IDH1 / 2 e TET2 e vias de metilação
do DNA na leucemia mieloide aguda e no câncer cerebral em adultos nessas duas doenças.
Mutações nesses genes não estão presentes na LM ou na LL infantil, que, além de terem várias
translocações, mutações e deleções comuns, não foram totalmente examinadas para a
arquitetura genética e epigenética (WIEMELS, 2012; LANGEMEIJER et al., 2009; ABDEL et
al., 2009)
A faixa etária mais acometida incidentemente é entre 5 e 9 anos e a que tem maior
número de óbitos é entre 1 a 4 anos. Nosso estudo diverge de Silva et al., (2014) que afirma que
de forma global, a mortalidade por leucemias tende a aumentar para meninos e meninas,
principalmente nas faixas etárias de 10 a 14 anos.
14
No nosso estudo, embora a taxa de morbidade tenha sido oscilantemente alta, a taxa
de mortalidade tende ao decrescer com ao avançar dos anos. O abandono do tratamento é uma
das causas mais comuns de aumento na taxa de mortalidade, sendo que com o passar dos anos,
inúmeros estudos vêm surgindo na intenção de estudar as possíveis causas do abandono do
processo de tratamento, principalmente em casos mais graves (ARORA, EDEN e PIZER, 2007;
JABEEN, K. et al., 2016).
5 CONCLUSÃO
O presente estudo conclui que nos últimos anos do período avaliado há um decréscimo
nas taxas de mortalidade para ambos os sexos. O tipo de leucemia mais incidente na região é a
do tipo linfoide, que acomete mais o sexo masculino. O sexo feminino é mais propenso a
desenvolver leucemia do tipo mielóide sendo a mesma constante nos períodos estudados. A
faixa etária mais acometida incidentemente e que possui maior número de óbitos é entre 5 e 9
anos. O município com maior número de óbitos foi Juazeiro do Norte, porém observa-se o
maior número de notificação na cidade de Barbalha, por ser o único centro de atendimento
especializado na região em oncologia. O principal viés do estudo ocorre devido a falha da
notificação do DataSUS, devido este não especificar os tipos de Leucemia e ocultar dados
subnotificados.
Conclui-se as leucemias linfoide e mieloide são importantes causas de mortalidade por
câncer infanto-juvenil no TCJB. Portanto, a elucidação dos determinantes relacionados a
doença como os fatores de exposição, tratamento, diagnóstico e evolução pode contribuir para
a compreensão deste fenômeno, bem como para o desenvolvimento de estratégias que
melhorem a qualidade de vida da população sob estudo.
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