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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO JONILEIDE MANGUEIRA DA SILVA A PSICOLOGIA DO TRÂNSITO E OS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA OBTENÇÃO DA CNH MACEIÓ - AL 2014

UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE … de Jonileide... · 50 GRÁFICO 08 – Índice de reprovação nos testes psicológicos da população ... TABELA 05 – Conversão em Percentil

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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

JONILEIDE MANGUEIRA DA SILVA

A PSICOLOGIA DO TRÂNSITO E OS INSTRUMENTOS DE

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA OBTENÇÃO DA CNH

MACEIÓ - AL

2014

JONILEIDE MANGUEIRA DA SILVA

A PSICOLOGIA DO TRÂNSITO E OS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

PSICOLÓGICA PARA OBTENÇÃO DA CNH

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.

Orientador: Prof Ms. Alessio Sandro de Oliveira Silva

MACEIÓ - AL

2014

JONILEIDE MANGUEIRA DA SILVA

A PSICOLOGIA DO TRÂNSITO E OS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

PSICOLÓGICA PARA OBTENÇÃO DA CNH

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.

APROVADO EM ____/____/____

_________________________________________________

PROF. PROF MS. ALESSIO SANDRO DE OLIVEIRA SILVA

ORIENTADOR:

_________________________________________________

PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA

DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado aos meus dois amores: minha mãe que sempre

presente, confiou-me e incentivou; e meu pai, que me apoiou nos momentos mais

difíceis na busca desta realização.

5

AGRADECIMENTOS

A Deus, por todas as bênçãos dadas ao longo de todo caminho.

Ao meu orientador Prof. Dr. Prof. Dr. Manoel Ferreira do Nascimento Filho, que com

seu apaixonante conhecimento, me abriu o caminho do aprendizado e a

possibilidade de novas construções profissionais.

A Betuca Buril que se fez sempre presente em todos os momentos, ajudando,

apoiando e contribuindo para a realização deste momento.

A todos que, diretamente e indiretamente, contribuíram para a minha chegada até

aqui!

6

“Conhecer o homem – esta é a base de todo sucesso” (Charles Chaplin).

7

RESUMO

Com vistas à Psicologia do Trânsito e o trabalho realizado pelo Psicólogo Perito nas

Avaliações Psicológicas, o presente trabalho buscou inicialmente desenvolver uma

revisão literária sobre a Psicologia do Trânsito e os instrumentos de Avaliação

Psicológica para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação – CNH, abrangendo

os principais instrumentos psicológicos para este fim: os testes de Atenção Difusa –

TADIM, Atenção Concentrada – TACOM, Raciocínio Lógico e Inteligência – R1 e

Personalidade – Palográfico; e posteriormente, um levantamento quantitativo de

1118 candidatos que frequentaram o Departamento de Trânsito – DETRAN, na

cidade de Natal – Rio Grande do Norte, entre os meses de agosto/2012 a

fevereiro/2013, abordando os índices de reprovação destes candidatos na Avaliação

Psicológica, bem como os testes em que obtiveram maiores índices de reprovação.

A referida pesquisa foi realizada mediante consultas às Atas de registro dos

psicólogos no departamento supracitado, e verificou que a maior parte dos

candidatos solicitantes da CNH são aprovados (considerados Aptos) nos testes

psicológicos, assim como, que são os homens, em sua maioria, os interessados na

obtenção deste documento. Outros importantes achados referem-se ao índice de

reprovação que é igual (37%) em ambos os sexos (masculino e feminino), e aos

testes que possuem maiores reprovações: onde se constatou que os homens

tendem a reprovar mais nos testes de personalidade e atenção, e que as mulheres

reprovam em sua maioria nos testes de personalidade e raciocínio. Diante da

escassez de publicações na área e dos resultados encontrados, espera-se que este

trabalho seja um estimulador a novas pesquisas, não somente de cunho psicológico,

mas também social, com vistas a um melhor conhecimento do perfil dos candidatos

à CNH e seus desempenhos nas Avaliações Psicológicas, não somente no estado

de Natal-RN, mas em todo o Brasil.

Palavras-chave: Psicologia no Trânsito. Avaliação Psicológica. Índice de

reprovação.

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ABSTRACT

With a view to Traffic Psychology and the work done by the Expert Psychologist

Psychological Reviews, the present study sought to initially develop a literature

review on Traffic Psychology and Psychological Assessment instruments for

obtaining the Carteira Nacional de Habilitação – CNH (National driver's), covering the

main psychological tools for this purpose: the Teste de Atenção Difusa – TADIM (test

of Diffused Attention Test), Teste de Atenção Concentrada – TACOM (Sustained

Attention Test), Raciocínio Lógico e Inteligência – R1 (Logical Reasoning and

Intelligence), and Personalidade – Palográfico (Personality); and later, a quantitative

survey of 1118 candidates who attended the Departamento de Trânsito – DETRAN

(Traffic Department), in Natal – Rio Grande do Norte, between the months of August

/ February 2012/2013, addressing the failure rates of these candidates in

Psychological Assessment, and the tests that had higher failure rates. The research

was conducted through consultations Proceedings psychologists’ registration in the

department above, and found that most applicants of CNH are approved on

psychological testing. It also found that man are the most interested in obtaining this

document. Other important findings relate to the failure rate that is equal (37%) in

both sexes (male and female), and the tests that have major failures: where they

found that men tend to fail more on personality tests and attention, and that women

disapprove mostly on personality tests and reasoning. Given the scarcity of

publications in the area and this research results, it is expected that this work will

stimulate new researches, not only in psychological but also the social area, with a

view to better understand the profile of the CNH candidates and their performances,

not only in the state of Natal-RN, but throughout Brazil.

Keywords: Traffic Psychology. Psychological Assessment. Failure rate.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

GRÁFICO 01 – Gênero da amostra participante da pesquisa na cidade de

Natal-RN ano 2013 ................................................................................................ 46

GRÁFICO 02 – Índices de aprovação e reprovação da população total

participante da pesquisa na cidade de Natal-RN ano 2013 .................................. 47

GRÁFICO 03 – Índices de aprovação e reprovação da população masculina

participante da pesquisa na cidade de Natal-RN ano 2013 .................................. 47

GRÁFICO 04 – Índices de aprovação e reprovação da população feminina

participante da pesquisa na cidade de Natal-RN ano 2013 .................................. 48

GRÁFICO 05 – Categorias de habilitação solicitadas pela população total

participante da pesquisa na cidade de Natal-RN ano 2013 .................................. 48

GRÁFICO 06 – Categorias de habilitação solicitadas pela população masculina

participante da pesquisa na cidade de Natal-RN ano 2013 .................................. 49

GRÁFICO 07 – Categorias de habilitação solicitadas pela população feminina

participante da pesquisa na cidade de Natal-RN ano 2013 .................................. 50

GRÁFICO 08 – Índice de reprovação nos testes psicológicos da população

masculina participante da pesquisa na cidade de Natal-RN ano 2013 ................. 51

GRÁFICO 09 – Índice de reprovação nos testes psicológicos da população

feminina participante da pesquisa na cidade de Natal-RN ano 2013 .................... 52

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LISTA DE TABELAS

TABELA 01 – Grau de Escolaridade ................................................................................. 26

TABELA 02 – Conversão em Percentil para o Teste TACOM-A ...................................... 26

TABELA 03 – Conversão em Percentil para o Teste TACOM-B ...................................... 27

TABELA 04 – Conversão em Percentil para o Teste TADIM-1 ........................................ 29

TABELA 05 – Conversão em Percentil para o Teste TADIM-2 ........................................ 30

TABELA 06 – Conversão em Percentil para o Teste R1 .................................................. 32

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANTP – associação Nacional de Transportes Públicos

CFP – Conselho Federal de Psicologia

CNH – Carteira Nacional de Habilitação

DETRAN – Departamento de Trânsito

IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas

ISOP – Instituto de Seleção e Orientação Profissional

OMS – Organização Mundial de Saúde

Plg. – Palográfico

R1 – Teste de Raciocínio Lógico ou Inteligência

TACOM – Teste de Atenção Concentrada

TADIM – Teste de Atenção Difusa

12

SUMARIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 15

2.1 O Trânsito no Brasil .................................................................................... 15

2.1.1 Evolução Histórica ................................................................................... 15

2.1.2 Acidentes de Trânsito .............................................................................. 16

2.1.3 Educação para o Trânsito ....................................................................... 17

2.2 A Psicologia do Trânsito ............................................................................ 19

2.2.1 Segurança no Trânsito: Uma Questão Social e Educacional .............. 22

2.3 Avaliação Psicológica para Condutores de Veículos Automotivos ....... 23

2.3.1 TACOM – Teste de Atenção Concentrada ............................................. 24

2.3.2 TADIM – Teste de Atenção Difusa .......................................................... 28

2.3.3 R1 – Teste de Raciocínio Lógico ou Inteligência .................................. 31

2.3.4 Palográfico – Teste de Personalidade .................................................... 33

3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 44

3.1 Ética .............................................................................................................. 44

3.2 Tipos de Pesquisa ....................................................................................... 44

3.3 Universo/População .................................................................................... 44

3.4 Amostra ........................................................................................................ 44

3.5 Plano de Instrumento de Coleta de Dados ............................................... 44

3.6 Plano de Análise de Dados ........................................................................ 44

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................... 46

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 55

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 58

13

1 INTRODUÇÃO

Os meios de transporte evoluíram rapidamente e representam para a

sociedade de hoje um papel decisivo no seu desenvolvimento e no processo de

urbanização das cidades. A evolução dos transportes também contribuiu para a

comercialização de produtos e troca de conhecimentos e culturas.

Entretanto, surge um problema com o uso dos meios de transportes, como é

o caso de infrações e acidentes de trânsito. De acordo com a OMS – Organização

Mundial de Saúde (2006), os acidentes de transito são a maior causa de morte em

jovens dos 19 aos 24 anos de idade, sem contar os milhões de incapacitados e

mutilados. Acredita-se que a grande parte desses acidentes é possível de serem

evitados; mas, se não houver algum tipo de interferência eficaz, esses acidentes

tenderão a aumentar significativamente em números.

Pensando nisso, o governo brasileiro instituiu a obrigatoriedade de cursos

voltados para aquisição da CNH - Carteira Nacional de Habilitação, com o aumento

recentemente do número de aulas práticas e teóricas. Houve também a

obrigatoriedade do exame psicotécnico ou Avaliação Psicológica, que é realizada

pelo Psicólogo Perito, baseado cientificamente na Psicologia do Trânsito, onde,

avalia e analisa características importantes nos candidatos à CNH: atenção

concentrada, atenção difusa, raciocínio lógico e inteligência e traços de

personalidade.

A Psicologia do Trânsito estuda e analisa o comportamento do homem em

função das normas ou leis que buscam segurança e a integridade de todos aqueles

que se locomovem. De acordo com o Conselho Federal de Psicologia – CFP (2000)

– “Trata-se de uma área da psicologia que investiga os comportamentos humanos

no trânsito, os fatores e processos externos e internos, conscientes e inconscientes

que os provocam e o alteram”.

A presente pesquisa objetiva um levantamento quantitativo de 1118

candidatos que frequentaram o Departamento de Trânsito –DETRAN, na cidade de

Natal – Rio Grande do Norte, entre os meses de agosto/2012 a fevereiro/2013, e

aborda os ;índices de reprovação destes candidatos na Avaliação Psicológica, bem

como os testes em que obtiveram maiores índices de reprovação.

Este trabalho justifica-se pela lacuna de conhecimento que existe na área,

assim como os raros trabalhos encontrados na literatura científica. Parto da

14

premissa de que os resultados encontrados servirão para uma maior reflexão sobre

os procedimentos utilizados para a avaliação psicológica no âmbito do trânsito, além

de despertar um maior interesse para posteriores pesquisas nessa área.

15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 O Trânsito no Brasil

É visível na mídia a intensificação de campanhas de trânsito que buscam

educar o motorista sobre a responsabilidade do dirigir, isto porque se subentende

que nos dias de hoje a falta de educação no trânsito1 gera uma série de impactos

negativos tanto para as pessoas como para os patrimônios da cidade – ruas e

estradas; e que um dos maiores agravos é a quantidade de acidentes que

acontecem nas vias e que muitas vezes acomete vítimas fatais.

Para falar sobre a Psicologia do Trânsito e o trabalho do Psicólogo Perito que

avalia e aprova a liberação de condutores de veículos na via, é necessário antes

abordar um levantamento sobre o trânsito e um de seus maiores problemas: os

acidentes e a educação para o trânsito.

2.1.1 Evolução Histórica

No Brasil, o aumento do número de veículos e da população elevou o número

de passageiros transportados por meios rodoviários e estas mudanças estão

diretamente ligadas a características específicas do processo econômico do país.

Entre os países em desenvolvimento, o Brasil é o que tem uma das piores

distribuições de renda e enfrentou por décadas, elevadas taxas de inflação. Com a

queda na inflação, a partir de 1995, houve uma estabilização econômica com

impacto imediato na demanda de bens, principalmente entre as camadas de renda

mais baixa que tinham sofrido muitas desvantagens no período inflacionário.

(GEIPOT2)

Esta estabilidade criou as condições para um novo ciclo de crescimento da

indústria automobilística e a classe média sentiu-se segura para adquirir veículos

novos, devido à flexibilização das formas de pagamento, como prestações mensais

relativamente baixas. O fim das barreiras à importação deu início ao rápido

crescimento da frota de automóveis estrangeiros adquiridos pelas camadas sociais

de alto poder aquisitivo. Como resultado destes fatores, a frota de automóveis

1 Aqui compreendida como o desrespeito às leis de trânsito.

2 Disponível em <htt://www.geipot.gov.br>. Acesso em 05.03.13.

16

começou a crescer rapidamente, e paralelamente, passou-se a verificar uma queda

no uso e na qualidade do transporte público.

Atualmente, o desafio volta-se para como acomodar, com qualidade e

eficiência, estes continentes populacionais adicionais e seus deslocamentos,

considerando que o aumento da frota de automóveis de seu uso e da mobilidade

tende a agravar os problemas de congestionamento, poluição e acidentes,

principalmente em rodovias, local de maior circulação de veículos.

2.1.2 Acidentes de Trânsito

O Brasil apresenta altos índices de acidentes de trânsito, dada a

incompatibilidade entre o ambiente construído das cidades, o comportamento dos

motoristas, o grande movimento de pedestres sob condições inseguras, e a

precariedade da educação e da fiscalização do trânsito. O custo global pode ser

estimado em vários bilhões de reais por ano, sem contar os prejuízos causados aos

que adquirem deficiências físicas permanentes. (ROZESTRATEN, 1988)

Nas capitais de Belo Horizonte e São Paulo, em meados da década de 80,

cerca de 80% e 60%, respectivamente, dos óbitos em acidentes de trânsito,

envolviam pedestres. O que apoia a hipótese de que os índices médios verificados

em grandes cidades brasileiras são muito superiores aos de cidades de países

desenvolvidos. Onde os acidentes de trânsito e transportes compreendem 80% dos

acidentes no Brasil e geralmente são devidos a falhas humana como: imprudência,

imperícia ou negligencia dos condutores. E, Rozestraten (1988) sugere três

condições básicas para que o comportamento no trânsito seja mais seguro:

1. O sujeito deve ser capaz de perceber estímulos e situações de forma clara e

precisa;

2. Deve dispor de condições físicas para poder reagir de forma adequada; e,

3. Deve ter um conhecimento prévio sobre as leis de trânsito.

Conforme Hoffmann (2005) as causas de qualquer acidente são divididas em

dois grupos: diretas e indiretas. As diretas são aquelas que precedem o acidente e

que estão imediatamente ligadas e ele. As indiretas são aquelas que alteram as

variáveis precedentes e aumentam a probabilidade de que o acidente aconteça.

17

A primeira causa de acidente no mundo está relacionada ao dirigir

embriagado (PEDEN et al., 2004). De acordo com a comunidade científica os

acidentes com vitimas relacionadas ao volante com embriaguez estão entre 30% e

50% (MONTORO et al, 2000).

No Brasil, estudos realizados pelo pronto socorro do Hospital de Clínicas da

Universidade Federal de Uberlândia evidenciou que, 40% das pessoas atendidas

pelo pronto socorro com alcoolemia positiva eram vítimas de acidentes de trânsito

(SEGATTO et al., 2008).

Para garantir a segurança e modificar esses números e comportamentos dos

condutores brasileiros é importante planejar e colocar em prática políticas públicas

eficientes, realizar campanhas de educação e acompanhamento profissional (ELVIK

e VAA, 2006).

2.1.3 Educação para o Trânsito

A educação para o trânsito necessita começar cedo. A impressão que temos

é que a pessoa só começa a se preocupar com as informações a respeito de o

trânsito quando está na época de “obter a carteira de motorista”. Aí, é aquele corre-

corre entre aulas teóricas - legislação de trânsito - e aulas práticas. Tudo muito

rápido, já que precisa da carteira “para ontem”. Aprende-se tudo de uma vez, tudo

decorado, coisa que muito rapidamente se esquece e que não é valorizada.

(ALBUQUERQUE, 2007)

Segundo enfatizam Hoffmann (2005) a educação para o trânsito não

necessita limitar-se ao conhecimento, concepção e respeito às normas de

circulação, com vistas à formação do cidadão responsável; porém, como parte da

educação ético-social, precisa facilitar a compreensão e respeito ativo às normas e

aos princípios que as regem, de modo a favorecer atitudes que impliquem na

convivência harmônica das pessoas e grupos.

A educação para o trânsito precisa ser um instrumento de socialização do

indivíduo e de construção de valores sociais. Para isso, o aluno tem de aprender a

construir uma visão de mundo que lhe consinta orientar-se teórica e praticamente no

seu contexto cultural e na sociedade.

Considerando-se o contexto cultural e social em que se põe o comportamento

humano no trânsito, Faria e Costa (2005) em estudo, destacam a defesa

18

imprescindível da inclusão desta matéria no ensino fundamental, para que assim, o

sistema educacional não se limite a conhecimentos enciclopédicos ou que as

questões de vida fiquem ao livre arbítrio de grupos ou interesses determinados.

Nesse sentido, Rozestraten (1988) deriva elaborando textos de educação

para o trânsito para ser trabalhado por outras disciplinas escolares, fazendo-se

entender a necessidade da implementação de estratégias de educação para o

trânsito como um mecanismo de prevenção contra os acidentes de trânsito. A partir

dos estudos desempenhados a respeito de os fatores determinantes do

comportamento humano no trânsito, pode-se constatar a probabilidade de sua

alteração a partir de estratégias educacionais.

Em relação ao papel do ensino superior na preparação para o exercício da

cidadania de seus educados, como prevê a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, o estabelecido no Código de Trânsito Brasileiro em relação à educação

para o trânsito nas escolas de terceiro grau e os resultados obtidos, infere-se a

necessidade da inclusão desta temática nos programas curriculares do ensino

superior.

Essas ponderações procedem admitir que a Educação de Trânsito é uma

questão, além de importante, fundamental, e que não deve ser vista como um

problema particular de grandes centros urbanos.

Ainda apresentando peculiaridades distintas que devem ser abordadas de

forma a atender às necessidades locais, a Educação de Trânsito é quem se mostra

buscar a solução para reduzir os altos índices de mortalidade, tornando mínimo os

traumas psicológicos, as deficiências físicas e outras tantas consequências

causadas, principalmente, pelo comportamento irresponsável e negligente dos

indivíduos no trânsito. (BIANCONI, 2005)

Mas além da educação3 e campanhas voltadas para o trânsito, um

profissional se faz muito importante neste processo de tornar-se condutor: o

Psicólogo Perito. Este, que analisa em Avaliação Psicológica diversas

características do candidato à habilitação e define a sua aptidão ou não para tal

função.

3 Ensinada também nas autoescolas.

19

2.2 A Psicologia do Trânsito

Com o desenvolvimento das grandes cidades a partir do desenvolvimento

econômico mundial e do crescimento populacional, o setor da indústria

automobilística ganhou e tem ganhado grande força e crescimento. Desde então é

comum observar nos jornais e mesmo no nosso dia a dia o agravamento no que

concerne à locomoção em uso tanto de transportes privados quanto públicos: são

engarrafamentos, assaltos, infrações, acidentes, entre outros.

Em vistas às novas políticas de aquisição de automóveis é plausível justificar

parte dos engarrafamentos no trânsito – outra parte pode ser possível também pela

má projeção na elaboração das vias. Com o aumento populacional e desigualdade

social talvez seja possível justificar o crescimento de assaltos nas mesmas vias.

Com a vivência dessas situações, talvez seja possível, por sua vez, justificar o

aumento do estresse vivenciado por motoristas, pedestres e ciclistas, os quais são

geradores de comportamentos inadequados no trânsito. Enfim, existem vários

fatores que podem estar a contribuir com os problemas de trânsitos atuais. (BRUCK,

2007)

O aumento da circulação de automóveis, nas cidades, acarreta para Rocha

(2011) o surgimento de grandes dificuldades chamadas por ela de “problemas

modernos de trânsito”, a contar: a perda da qualidade de vida, os problemas de

segurança, de acessibilidade, de poluição e os acidentes de trânsito. Este último

possível de constatação mediante diversas pesquisas realizadas. Uma das mais

recentes, divulgada pela Organização Mundial de Saúde – OMS4 aponta que o

índice de óbitos por acidentes já ultrapassam um milhão de mortes anuais no

mundo.

Em suma, falar de trânsito5 e suas problemáticas não abrange falar somente

de um pequeno grupo responsável, mas sim de grupos maiores que possuem

diferentes responsabilidades dentro de uma mesma via.

Para Hoffmann (2005, p.22), a Psicologia do Trânsito constitui-se num mix

das Psicologias Social, Experimental e Ambiental, pois as variáveis do trânsito e

4 Resolução ONU-2/2009

5 Baseado no Código Brasileiro de Trânsito, por trânsito entende-se “a utilização das vias por

pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga e descarga.”, sendo os meios de transporte os responsáveis pela maior parte desta condução. (OLIVEIRA, 2010)

20

meio de transporte podem englobar desde a acuidade visual mínima indispensável a

um motorista até a representação social do automóvel feita por determinado grupo.

A Psicologia Social é o ramo que trata de estudar o comportamento dos

indivíduos no que ele é influenciado socialmente, onde a determinação social do

indivíduo consiste em sua visão de mundo, sistema de valores, comportamentos,

sentimentos e emoções decorrentes.

Já as contribuições da Psicologia Ambiental se estendem às questões ligadas

ao trânsito, como viabilizar a construção de uma rodovia onde engenheiros e

ambientalistas somariam esforços na elaboração de um traçado em que

prevalecessem as curvas contra a monotonia das longas retas, que predispõem à

fadiga, causa provável de muitos acidentes. (OLIVEIRA, 2010)

De modo geral, Vasconcelos (1996) aponta o transporte urbano como sendo

crucial para o desenvolvimento das cidades e enfatiza que o objetivo da Psicologia

do Trânsito é estudar e analisar todos os comportamentos relacionados com o

trânsito (vias e veículos) e seus usuários (pedestre, motorista, ciclista e motociclista).

Para atuar na solução desses problemas há diversos profissionais envolvidos,

entre eles o Psicólogo Perito do Trânsito formado mediante Curso Capacitação

Profissional ou Curso de Especialização Lato Senso, cujas atribuições em

concordância com o Conselho Federal de Psicologia são: o desenvolvimento de

estudos, pesquisas científicas, a realização de exames psicológicos em motoristas e

candidatos a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação, a assistência na

elaboração e implantação de sistemas de sinalização de trânsito, participação de

equipes multiprofissionais voltadas à prevenção de acidentes, a participação no

desenvolvimento de estudos e projetos de educação de trânsito, contribuição com a

justiça com laudos, pareceres e depoimentos, entre outros. (ROCHA, 2011)

Mas essa atuação profissional não foi sempre assim bem definida. Rocha

(2011) faz um percurso histórico da Psicologia do Trânsito no Brasil enfatizando que

seus primeiros passos foram dados na década de 40 quando as autoridades

passaram a implementar medidas preventivas de seleção médica e psicotécnica dos

motoristas, para restringir à direção, pessoas propensas a se envolverem em

acidentes de trânsito, visto o aumento do número de acidentes de trânsito devido ao

aumento da quantidade de carros circulantes como consequência da produção em

massa de veículos motorizados. Nessa época os psicólogos centravam sua atuação

21

na seleção de pessoal, orientação e instrução, acreditando que assim tornariam o

trânsito um lugar mais seguro.

Discussões surgiram em cima da necessidade de se usar validade temporária

e não mais permanente da habilitação, instituindo verificações periódicas da

capacidade física e psíquica dos motoristas e a identificação de critérios e da forma

de avaliação de acordo com a habilitação a ser obtida, já que diferentes categorias

de veículos exigiam habilidades diferentes.

Na década de 50 refletia-se sobre a importância da seleção psicotécnica na

diminuição de acidentes de trânsito, bem como a elaboração dos primeiros critérios

e normas dos testes psicológicos para a população brasileira6, cuja iniciativa deu-se

no Estado do Rio de Janeiro no Instituto de Seleção e Orientação Profissional –

ISOP. Já em Minas Gerais o Gabinete de Psicotécnica em Trânsito servia como

modelo de atuação para aos psicólogos vinculados aos DETRANs. (SILVA e

GUNTHER, 2009)

De lá para cá, com o reconhecimento da profissão Psicólogo em 1962 e a

regulamentação da atuação do Psicólogo de Trânsito em 1968, cujos profissionais

passaram a prestar serviços psicotécnicos nos Departamentos de Trânsito

(DETRANs) no processo de aquisição da habilitação, as contribuições, as

possibilidades de atuação e o reconhecimento do dessa área só veio aumentar: o

psicólogo como um agente de mudanças, além da atuação nos DETRANs, pode

inserir-se em meios culturais como comunidades escolares – e outras – juntamente

com outros profissionais de outras áreas, com fins de conscientização social.

(ROCHA, 2011)

Silva e Gunther (2009) destacam ainda duas áreas, a contar: o campo

acadêmico, e o campo de pesquisa e intervenção. O primeiro na formação de novos

profissionais, e o segundo na busca de compreensão das variáveis, suas interações

e influências no trânsito como o entendimento do vínculo pessoa-veículo, a análise

da satisfação do usuário com os transportes, prevenção de comportamentos

negativos, promoção de comportamentos positivos, criação de campanhas de

reeducação no trânsito, entre outros.

Seria muito difícil listar aqui todas as atuações possíveis desses profissionais.

A psicologia do trânsito é uma área em constante crescimento e transformação que

6 Até então a avaliação psíquica do motorista sofria forte influência das teorias estrangeiras, principalmente as

teorias alemãs, francesas, americanas e espanholas.

22

deve acompanhar concomitantemente o crescimento e a transformação

socioeconômico e cultural do país, inventando-se e reinventando-se em busca do

bem-estar social e da qualidade de vida pessoal.

2.2.1 Segurança no Trânsito: Uma Questão Social e Educacional

É censo comum que as condições de segurança no trânsito em nosso país

mantêm estatísticas inaceitáveis, em comparação com outras nações. Dados oficiais

registram anualmente o número de 1,5 milhões de acidentes de trânsito e como

resultado, temos 400 mil pessoas feridas e 30 mil registros de óbitos. Os custos

anuais de acidentes de trânsito no Brasil ficam em torno de R$ 28 bilhões, segundo

estimativa da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos).

O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) trabalha para criar

uma metodologia capaz de prever quais são as sequelas invisíveis da violência nas

pistas, qual o impacto emocional gerado pela perda de um pai, de um filho ou de um

amigo. A pesquisa ainda está no início, no entanto, já se sabe que mais da metade

dos sobreviventes e dos familiares desenvolve estresse pós-traumático, se não for

tratado adequadamente, pode influenciar o destino deles pelo resto da vida.

O tema desde então tem ganhado importância nacional e internacional, em

Novembro de 2009 foi emitida a Declaração de Moscou, durante a 1ª Conferencia

Mundial sobre Segurança Rodoviária Ministerial, foi realizada em Moscou, com o

titulo “Tempo de Ação”. Este encontro orientou a práticas da Década de Ação para a

Segurança Rodoviária 2011-2020.

O Banco Mundial e a Organização Mundial de Saúde publicaram relatório de

2004, “Relatório Mundial sobre Prevenção dos Traumatismos Causados”, que

validam a emergência de ações neste sentido. (DEFESA CIVIL, 1998)

Para Carvalho e Borges (2009) a segurança rodoviária é destacada como um

aspecto social, econômico e de segurança que requer atenção imediata, pois

representa um problema diferente, das demais crises, não se trata de uma catástrofe

natural ou uma guerra é um inimigo visível para ser combatido, a crise provocada

pelos acidentes, é uma criação do próprio homem, e é ainda pior do que é possível

ser prevista.

A perda de vida no trânsito não pode mais ser considerada uma fatalidade, o

acidente. Os fatores que colaboram para o seu acontecimento são conhecidos e

23

dependentes do comportamento humano, tanto dos pedestres como dos condutores

de veículos; as falhas mecânicas, causadas, dentre outros, pela deficiência na

conservação de veículos; as condições ambientais climáticas; as qualidades físicas

das vias; e as sinalizações inadequadas, entre outros.

Conforme Rozestraten (1988) o comportamento individual reflete na

segurança do trânsito e isto pode corroborar ao que está relacionado inteiramente

como o fator humano. Alguns fatores derivam do próprio indivíduo (internos) e outros

contêm sua origem no meio ambiente que cerca o condutor (externos), como os

estados psicológicos transitórios provenientes da fadiga, depressão, stress,

ansiedade, sono.

A capacidade psíquica, física e moral, aliados a responsabilidade do condutor

é notadamente um fator que pode reduzir drasticamente o número de vitimas fatais

no ambiente do trânsito.

Desta maneira os prejuízos causados no ambiente trânsito, passam a ser

vistos como negligência e não mais como acidentais. Conforme Oliveira (2010) os

acidentes são todos “produzidos” pelo homem, pois são resultados de interfaces

sistema “máquina-homem” mal projetadas, de forma que os projetistas e gestores do

sistema são sempre os responsáveis pelo projeto, operação e uso do sistema viário

e, portanto, responsáveis pelo nível de segurança no sistema.

Os usuários são responsáveis por seguirem as regras no uso do sistema de

trânsito, fixadas pelos seus gestores; e caso os usuários desobedeçam a essas

regras devido à falta de conhecimento, não aceitação ou inabilidade, e se ocorrem

ferimentos, os gestores do sistema são requisitados para tomarem as providências

necessárias a fim de evitar que pessoas morram ou fiquem seriamente feridas.

Diversas medidas podem reduzir os prejuízos humanos e materiais neste

espaço, entre elas a regulamentação do trânsito; as interferências da engenharia de

tráfego e transportes; uma avaliação psicológica mais incisiva e periódica a todos os

motoristas (remunerados ou não); e as ações educativas em formas de campanhas

e fiscalizações.

2.3 Avaliação Psicológica para Condutores de Veículos Automotivos

Como falado anteriormente, o papel de um(a) psicólogo(a) no trânsito não é o

de somente atuar na educação social ou no atendimento às vitimas do acidente.

24

Este profissional também atua na seleção de candidatos à Carteira Nacional de

Habilitação – CNH.

Tal seleção é feita através da Avaliação Psicológica realizada pelo agora

intitulado Psicólogo Perito do Trânsito e tem com importância a observância de

características que são essenciais em motoristas, como a Atenção Concentrada, a

Atenção Difusa, o Raciocínio e a Personalidade; com fins de selecionar à condução

de transporte apenas aqueles que se apresentam dentro das normas de aprovação.

Tudo isso com vistas à diminuição de acidentes e maior conscientização

populacional no trânsito.

Para tanto, na cidade de Natal, capital potiguar do Rio Grande do Norte –

Brasil, são aplicados quatro testes psicológicos que visam a mensuração destes nos

candidatos à Carteira Nacional de Habilitação – CNH.

A primeira avaliação aplicada é o Teste de Atenção Concentrada (TACOM)

que mensura a atenção que utilizamos ao dirigirmos nosso veículo, o que inclui:

mantê-lo na pista, trocar suas marchas, olhar nos retrovisores e outras coisas.

A segunda avaliação é a da Atenção Difusa (TADIM) que diz respeito à

atenção que usamos para perceber as coisas e situações que acontecem enquanto

estamos concentrados na direção. Como por exemplo, atentar-nos às placas de

trânsitos, pedestres, fotos-multa, crianças ou animais que de repente possam entrar

na pista, etc.

O Teste de Raciocínio Lógico e Inteligência (R1) é o terceiro teste aplicado e

tem como função a avaliação da capacidade do condutor de raciocinar de forma

correta e rápida em situações que não se tem muito tempo para pensar.

E por fim, o teste de Personalidade – Palográfico – que por meio da projeção,

se faz possível analisar diferentes traços da personalidade de uma pessoa que

possa influenciar no ato de conduzir um veículo como a agressividade, a

impulsividade, a intolerância a ordens e leis, entre outros.

A seguir, serão explicitados os testes acima expostos:

2.3.1 TACOM – Teste de Atenção Concentrada

O Teste de Atenção concentrada, TACOM A e TACOM B são realizados com

fim de investigar, avaliar, classificar e padronizar as funções indispensáveis para o

condutor de veículos (TONGLET, 2002).

25

A Atenção Concentrada nada mais é do que a função mental em que os

interesses de focalização (dos estímulos) é dirigida a um centro onde existe apenas

um estímulo ou onde está reunido um grupo de estímulos que tenham

características em comum. Para alcançar-se este tipo de atenção é necessário um

maior dispêndio de tempo.

Para realizar o TACOM-A o psicólogo se utiliza de placas de regulamentação

de trânsito como símbolos, já para a realização do TACOM-B utiliza-se as placas de

advertência.

No TACOM-A são apresentados ao condutor, 04 modelos de placas de

regulamentação e nas linhas abaixo dessas existem outras placas também de

regulamentação. O candidato à CNH tem como objetivo riscar (com um traço em

cima da placa) toda vez que encontrar uma placa exatamente igual à que foi

apresentada como modelo; nesse sentido, o centro de sua atenção passa a ser as

placas de regulamentação, em especial aquelas apresentadas como modelos.

No TACOM-B são apresentados ao condutor as mesmas estruturas e

instruções que no TACOM-A, com a única diferença de que as placas do teste

TACOM-B são placas de advertência e não de regulamentação, como explicitado

anteriormente.

O tempo de realização para ambos os testes é de 1 minuto e 30 segundos.

Após realização do mesmo parte-se para o processo de avaliação. Neste

encontra-se os seguintes resultados:

Acertos.

Erros.

Omissões.

(O + E) (Omissões e Erros).

Pontos: Subtração de (O + E) (Omissões + Erros) dos acertos.

Após o levantamento dos dados e pontuação total o psicólogo deverá

consultar a tabela de percentis de acordo com a escolaridade do candidato, onde

serão anotados o percentil e a classificação do condutor.

26

TABELA 01 – Grau de escolaridade

A) 1ª a 4ª série do ensino fundamental C) ensino médio completo ou

incompleto

B) 5ª a 8ª série do ensino fundamental D) ensino superior completo ou

incompleto

Fonte: TONGLET (2002)

Para encontrar o percentil, o psicólogo após realizar o procedimento acima

deverá consultar as tabelas 02 e 03, considerando o significado de cada coluna.

TABELA 02 - Conversão em Percentil para o teste TACOM-A

CATEGORIA A B C D GERAL

FAIXA PERCENTIL PONTOS

ZONA

INFERIOR

1

8

10

15

20

20

22

28

30

34

31

36

40

44

48

44

47

49

53

58

41

54

60

66

76

22

32

39

45

49

MÉDIA

INFERIOR

28

30

35

40

36

38

40

43

52

56

59

61

60

61

64

69

83

85

87

94

54

58

61

64

ZONA

MÉDIA

45

50

55

60

47

50

54

57

64

67

70

74

73

76

77

79

98

106

108

114

68

73

76

80

MÉDIA

SUPERIOR

65

70

75

80

62

66

67

71

76

78

80

87

83

85

88

91

118

122

124

127

84

88

94

104

ZONA

SUPERIOR

85

90

95

99

75

84

97

125

91

101

111

129

96

106

115

127

128

129

130

130

112

121

128

130

27

100 128 130 129 130 130

Participantes 104 106 110 119 439

Média do Grupo 54 69 76 100 75

Desvio Padrão 23,4 22,8 20,8 26,4 28,8

Fonte: TONGLET (2002)

TABELA 03 - Conversão em Percentil para o teste TACOM-B

CATEGORIA A B C D GERAL

FAIXA PERCENTIL PONTOS

ZONA

INFERIOR

1

8

10

15

20

20

24

25

28

34

36

40

50

54

56

41

57

64

66

70

47

60

67

80

83

24

34

45

54

58

MÉDIA

INFERIOR

28

30

35

40

40

45

40

54

59

61

64

66

74

78

81

83

86

90

92

96

61

65

69

74

ZONA

MÉDIA

45

50

55

60

54

58

60

62

70

74

79

83

85

86

90

91

96

104

106

109

79

82

85

89

MÉDIA

SUPERIOR

65

70

75

80

65

66

70

75

85

89

92

95

93

96

104

108

112

118

122

126

91

96

99

107

ZONA

SUPERIOR

85

90

95

99

100

80

85

94

123

124

96

106

114

130

130

112

117

123

130

130

127

130

130

130

130

112

120

128

130

130

Participantes 104 106 110 119 439

Média do Grupo 57 79 88 101 81

28

Desvio Padrão 22,8 22,5 20,6 22,8 27,4

Fonte: TONGLET (2002)

2.3.2 TADIM – Teste de Atenção Difusa

Os testes de atenção difusa possuem o mesmo objetivo que os testes de

atenção concentrada, que é de investigar, avaliar, classificar e padronizar as funções

indispensáveis para o condutor de veículos, sendo que direcionado à atenção difusa.

(TONGLET, 2002).

A atenção difusa se difere da atenção concentrada no sentido de que a

função mental nessa focaliza, de uma só vez, diversos estímulos que estão

dispersos espacialmente, realizando uma captação rápida de informações e

fornecendo um conhecimento instantâneo para o indivíduo.

Dentre os diversos testes de atenção difusa temos o TADIM 1 e o TADIM 2

em que se utilizam de placas de regulamentação de velocidade para representarem

uma sequência numérica.

Na folha do teste, seja do TADIM 1 ou TADIM 2, são apresentados 50

números dispersos na mesma de forma aleatória, contidos individualmente no

interior de uma placa ou forma geométrica. Assim, o candidato tem como missão,

dentro de um tempo de 04 minutos, riscar (com um traço) o maior número possível

de números na sequência ordinal.

Caso seja uma aplicação coletiva sugere-se um máximo de 10 candidatos por

sala e ao psicólogo é recomendável que não fique sentado para aumentar o seu

nível de observação.

Após realização do teste parte-se para o processo de avaliação. Neste

encontra-se os seguintes resultados:

Resultado Bruto: é o número da última imagem (placa, losango, etc.) que o

candidato conseguiu atingir e que foi marcada com um círculo.

Omissões na sequência: É a quantidade de imagens que foram omitidas durante a

marcação da sequencia.

Pontos: Corresponde à subtração das omissões do resultado bruto.

29

Após o levantamento dos dados e pontuação total o psicólogo deverá realizar

o mesmo procedimento que no TACOM A E TACOM B, consultar a tabela de

percentis de acordo com a escolaridade onde serão anotados o percentil e a

classificação do condutor. 7

Para encontrar o percentil, o psicólogo irá realizar o mesmo procedimento que

no TACOM A E TACOM B, só que agora a consulta será realizada em outra tabela,

a especifica para o TADIM 1 e TADIM B.

TABELA 04 - Conversão em Percentil para o teste TADIM 1

CATEGORIA A B C D GERAL

FAIXA PERCENTIL PONTOS

ZONA

INFERIOR

1

5

10

15

20

10

14

16

17

18

15

19

23

25

27

22

26

28

29

31

25

29

32

33

35

13

18

22

25

27

MÉDIA

INFERIOR

25

30

35

40

19

22

22

24

28

29

29

31

31

32

33

34

36

38

40

41

28

29

31

32

ZONA

MÉDIA

45

50

55

60

25

25

27

28

32

33

34

35

35

37

38

41

42

42

44

45

33

35

37

39

MÉDIA

SUPERIOR

65

70

75

80

29

31

32

32

37

40

41

42

42

44

46

50

47

50

50

50

41

42

44

46

ZONA

SUPERIOR

85

90

95

36

40

43

44

50

50

50

50

50

50

50

50

50

50

50

7 Ver Tabela 1.

30

99

100

50

50

50

50

50

50

50

50

50

50

Participantes 106 106 122 117 451

Média do Grupo 26 34 38 42 35

Desvio Padrão 9,0 9,2 8,4 7,5 10,3

Fonte: TONGLET (2002)

TABELA 05 - Conversão em Percentil para o teste TADIM 2

CATEGORIA A B C D GERAL

FAIXA PERCENTIL PONTOS

ZONA

INFERIOR

1

5

10

15

20

13

16

19

21

22

17

23

25

28

29

23

28

33

33

34

29

31

33

37

38

15

22

24

26

29

MÉDIA

INFERIOR

25

30

35

40

23

24

25

25

31

32

33

34

35

36

38

39

39

42

43

46

31

33

34

35

ZONA

MÉDIA

45

50

55

60

26

27

28

30

35

36

38

38

40

41

43

44

48

49

50

50

37

38

39

41

MÉDIA

SUPERIOR

65

70

75

80

31

33

34

35

40

41

43

44

45

47

50

50

50

50

50

50

43

45

48

50

ZONA

SUPERIOR

85

90

95

99

100

37

39

40

50

50

46

50

50

50

50

50

50

50

50

50

50

50

50

50

50

50

50

50

50

50

Participantes 106 106 122 117 451

31

Média do Grupo 28 36 41 45 38

Desvio Padrão 8,1 8,5 7,4 7,0 9,8

Fonte: TONGLET (2002)

Para que o candidato seja considerado Apto (aprovado) em ambos os teste,

ele deve realizar uma pontuação mínima de 30% que condiz na tabela como

classificação Média Inferior. Os candidatos que não obtém esta pontuação mínima,

ou seja, que classificam-se na Média Inferior abaixo do percentil de 25%, é

considerado Inapto Temporário e deve retornar em um prazo mínimo de 15 dias

para refazer a avaliação pendente.

Geralmente, nos candidatos que estão fazendo a avaliação psicológica pela

primeira vez, são aplicados os testes TACOM-A e TADIM 1; e nos candidatos que já

foram considerados Inaptos Temporários8, os testes TACOM-B e TADIM 2.

2.3.3 R1 – Teste de Raciocínio Lógico ou Inteligência

O termo “inteligência” é bastante polêmico, possui várias definições e não

existe um consenso sobre seu conceito. Em relação aos testes de inteligência,

também há divergências quanto às suas contribuições.

Em 1904, Spearman, por meio de uma bateria de testes cognitivos, pressupôs

que toda medida de inteligência envolve uma habilidade geral (fator g) e habilidades

específicas (fatores s), e que diante da resolução de uma situação-problema esses

dois fatores estariam sempre presentes (RIBEIRO, 1998).

Após algumas modificações, Spearman (1927) valeu-se do pressuposto de

que toda medida de inteligência está relacionada a uma habilidade geral (fator g), de

habilidades específicas, designadas como fatores específicos (s) e de fatores de

grupo. Dentre os chamados fatores de grupo, incluiu a capacidade verbal e outras,

que passam a conceber uma estrutura hierárquica da inteligência.

Após a proposta de Spearman outras teorias foram surgindo, tais como:

Thurstone (1931, 1938) que usando o método da análise fatorial múltipla, identificou

a existência de sete capacidades mentais primárias; Cattell (1971, 1987) admitiu que

a inteligência poderia ser explicada com base em uma estrutura hierárquica, mas

8 O candidato que anteriormente já fora reprovado na avaliação psicológica é considerado um candidato de

“reteste”.

32

que o fator g teria duas dimensões básicas, a dimensão Gf, ou inteligência fluida

(raciocínio), e a dimensão Gc, ou inteligência cristalizada (conhecimento). Diversos

outros estudos também foram realizados e muitos deles no sentido de construir e

avaliar testes de raciocínio logico e de inteligência como o R1.

Conforme Alves (2004), a avaliação da inteligência do adulto e os testes

coletivos tiveram sua origem nos testes que eram utilizados para a seleção de

soldados no Estados Unidos para a Primeira Guerra Mundial em 1917.

O teste R1, elaborado em 1973 por Rynaldo de Oliveira e denominado como

teste de inteligência não verbal, baseou-se na Teoria Bifatorial de Spearman. Este

teste é constituído por 40 itens apresentados em um caderno, com folha de resposta

à parte. Para cada questão há de 06 a 08 possibilidades de respostas dispostas em

letras (a,b,c,d,e,f,g,h,), sendo que os itens iniciais caracterizam-se por figuras de

objetos concretos e os demais, figuras geométricas. Sua correção implica em atribuir

um ponto a cada resposta correta, sendo 40 o máximo de pontos possíveis.

Para avaliação de condutores o teste tem como objetivo medir a capacidade

intelectual do indivíduo e inicialmente tentava selecionar motoristas amadores e

profissionais, cujo uso potencialmente foi estendido a outros grupos da população.

No momento da correção do teste R1, o psicólogo, assim como nos demais

testes segue uma tabela classificatória, baseado na escolaridade9 do candidato.

TABELA 06 - Conversão em Percentil para o teste R1

CATEGORIA A B C D GERAL

FAIXA PERCENTIL PONTOS

ZONA

INFERIOR

1

5

10

15

20

1

2

4

7

8

2

7

10

11

15

6

15

16

19

21

20

23

24

25

25

2

8

11

15

16

MÉDIA

INFERIOR

25

30

35

40

9

11

12

12

17

18

19

19

23

24

25

25

26

27

28

29

18

19

20

21

9 Ver Tabela 4.

33

ZONA

MÉDIA

45

50

55

60

12

14

15

17

20

20

21

21

26

27

27

28

30

31

31

31

22

23

24

25

MÉDIA

SUPERIOR

65

70

75

80

18

19

19

20

22

22

23

24

29

29

30

31

31

31

31

32

26

27

28

29

ZONA

SUPERIOR

85

90

95

99

100

21

22

23

25

26

26

27

29

33

33

31

32

33

35

36

32

33

33

35

36

30

31

32

35

36

Participantes 34 137 160 20 351

Média do Grupo 14 19 25 29 22

Desvio Padrão 8,9 6,6 6,1 4,1 7,5

Fonte: Oliveira (1973)

2.3.4 PALOGRÁFICO – Teste de Personalidade

A técnica avaliativa do teste Palográfico envolve a realização de um traçado

simples e a análise da escrita de uma forma projetiva com fins de avaliação da

personalidade humana, onde, na execução do teste, há uma atribuição das

necessidades próprias, e das qualidades aos outros, onde o sujeito submetido ao

teste, não possui consciência desse processo. (ALVES, 2004)

De acordo com manual, trata-se de um teste projetivo (subjetivo) de grafismo

que visa a avaliação da personalidade do candidato sendo baseado na realização de

traços (palos) pelo mesmo. Na aplicação o psicólogo fornece uma folha que já

contém alguns traços impressos e o candidato deve procurar reproduzi-los

mantendo a maior fidedignidade possível.

A cada intervalo de tempo cronometrado o psicólogo emite um sinal onde o

candidato deverá riscar um traço na horizontal, e logo em seguida continuar a fazer

os traços verticais. Ex.: | | | | | - | | | | - | | |

34

Para corrigir o teste existem duas formas de análise, a quantitativa e a

qualitativa. Na análise quantitativa serão considerados os seguintes itens:

Produtividade: quantidade total de riscos, somando-se os 5 tempos. Para os

candidatos com escolaridade de NÍVEL MÉDIO, segue-se:

Até 313: Inferior ou Lento - Indica uma produtividade muito abaixo da média.

De 314 a 423: Média Inferior ou Baixa - Este índice denota um rendimento no

trabalho abaixo da média.

De 424 a 693: Média - Indica possuir produtividade mediana no trabalho.

De 694 a 936: Média Superior ou Alta - Denota possuir produtividade acima da

média.

A partir de 937: Superior ou Muito Alta - Este índice revela produtividade acentuada

no trabalho, indicando rendimento bastante acima da média.

Para os candidatos com escolaridade de NÍVEL SUPERIOR:

Até 396: Inferior ou Lento - Indica uma produtividade muito abaixo da média.

De 397 a 546: Média Inferior ou Baixa - Este índice denota um rendimento no

trabalho abaixo da média.

De 547 a 830: Média - Indica possuir produtividade mediana no trabalho.

De 831 a 1059: Média Superior ou Alta - Denota possuir produtividade acima da

média.

A partir de 1060: Superior ou Muito Alta - Este índice revela produtividade acentuada

no trabalho, indicando rendimento bastante acima da média.

Ritmo: soma das diferenças na quantidade de palos entre cada um dos 5 tempos,

proporcional à quantidade total de palos na soma dos 5 tempos. Quanto mais baixo

o nível de oscilação do ritmo, melhor. Também chamado de NOR – Nível de

Oscilação Rítmica. A fórmula é: (diferença) x 100 = NOR (total de palos).

NOR: 0,0 a 2,1: Muito Baixo - Indica rígida regularidade na execução das tarefas,

capaz de manter uma produtividade constante.

NOR: 2,2 a 4,0: Baixo - Revela produtividade estável no trabalho, capaz de manter

rendimento constante.

35

NOR: 4,1 a 8,7: Médio - Revela alguma instabilidade em sua produtividade, porém

sendo capaz de executar satisfatoriamente tarefas repetitivas.

NOR: 8,8 a 13,2: Alto - Indicativo de oscilações na produtividade e rendimento

irregular no trabalho.

NOR: a partir de 13,3: Muito Alto – “Revela preocupante oscilação na produtividade

demonstrando rendimento bastante irregular.”

Gráfico do Rendimento: variação entre os 5 tempos, que poderia ser representada

por um gráfico:

Horizontal Rígido - muito pouca variação entre os tempos: Reflete rigidez na

realização do trabalho caracterizando também sua personalidade.

Horizontal Equilibrado - pouca variação entre os tempos, de modo alternado,

progressivo ou regressivo: Indicativo de regularidade e organização na realização

das tarefas.

Irregular ou Oscilante - muita variação entre os tempos, de modo alternado ou

crescente: Acentuada irregularidade no ritmo de trabalho, pode significar, além de

stress e desmotivação, a interferência de fatores emocionais durante a realização da

tarefa.

Decrescente - começa rápido, mas não consegue manter o ritmo: Indica certa

dificuldade em manter o rendimento no trabalho, possivelmente causado por fadiga

ou estresse.

Na analise qualitativa serão considerados os seguintes itens:

Distância dos Palos:

Normal ou Média.

Aumentada ou Ampla.

Muito Aumentada ou Muito Ampla.

Diminuída ou Estreita.

Muito Diminuída ou Muito Estreita.

Irregular ou Desigual.

Diminuição Progressiva.

36

Aumento Progressivo.

Acentuada Irregularidade com Avanços Bruscos.

Agrupamento dos Palos:

Agrupamento com irregularidades nas distâncias.

Agrupamento em blocos regulares.

Agrupamento para contagem.

Inclinação dos Palos:

Vertical ou Reta.

Inclinado para a direita.

Muito inclinado para a direita.

Inclinado para a esquerda.

Muito inclinado para a esquerda.

Oscilante ou Mista.

Mudança de inclinação.

Tamanho dos Palos:

Normal ou Médio.

Aumentado ou grande.

Muito aumentado ou muito grande.

Diminuído ou Pequeno.

Muito diminuído ou muito pequeno.

Irregular.

Grandes e Pequenos alternados.

Crescente.

Decrescente.

Direção das Linhas:

Horizontal ou retilínea normal.

Horizontal e rígida.

Ascendente.

Muito ascendente.

37

Descendente.

Irregular ou desigual.

Côncava.

Convexa.

Serpentina ou Ondulante.

Sinuosa.

Leque.

Distância entre Linhas:

Normal ou Média.

Aumentada ou afastada.

Muito Aumentada ou muito afastada.

Diminuída, estreita ou próxima.

Linhas que se tocam ou sobrepostas.

Irregular.

Crescente.

Decrescente.

Margem Esquerda:

Normal ou Média.

Retilínea.

Aumentada ou larga.

Muito aumentada.

Diminuída ou estreita.

Muito diminuída ou muito estreita.

Irregular.

Crescente ou alargando.

Decrescente ou estreitando.

Ausência de Margem Esquerda.

Margem Direita

Normal.

Aumentada ou larga.

38

Diminuída.

Irregular.

Crescente ou alargando.

Decrescente ou estreitando.

Precipitada ou interrompida.

Margem Superior:

Normal.

Aumentada.

Diminuída.

Pressão e Qualidade do Traçado:

Forte.

Média ou Normal

Fraca, leve ou delicada.

Irregular.

Forte no início e enfraquecendo.

Fraco no início e ficando mais forte.

Interrompida ou descontínua.

Tipo de Traçado:

Firme e reto.

Frouxo, curvo ou brando.

Côncavo (Abertos para a Direita.

Convexo (Abertos para a Esquerda.

Forte e reto.

Forte e curvo.

Médio e reto.

Médio e curvo.

Leve e reto.

Leve e curvo.

Grosso na extremidade.

Frouxo e pontiagudo.

Muito fino.

39

Inchado ou fusiforme.

Torcido ou sinuoso.

Retos e torcidos alternados.

Com pontas de agulha ou punhal.

Pontas engrossadas.

Irregularidades do Traçado

Cruzamentos.

Contra Impulsos.

Tremor Inicial.

Tremor constante.

Tremor acentuado.

Gancho na parte inferior direita.

Gancho na parte inferior esquerda.

Gancho na parte superior direita.

Gancho na parte superior esquerda.

Palos quebrados.

Laços.

Linhas espelhadas.

Correções e retoques.

Reforço da linha.

Traçado repassado.

Chaminés.

Organização e Ordem

Muito boa.

Boa.

Regular

Ruim

Muito ruim

40

Para os candidatos à CNH, somente algumas dessas características devem ser

levadas em consideração, visto que remetem direta ou indiretamente à função de

dirigir. São elas:

Distância entre os palos

Distância aumentada ou ampla: indica confiança em si, facilidade em desistir

das próprias opiniões e aceitar as dos outros, falta de prudência e

impulsividade aos estímulos. Denota pessoas aptas a realizar “rachas” ou

“pegas” nas ruas e a não respeitar as leis de trânsito.

Distância muito aumenta ou muito ampla: indica ausência de pudor, tendência

exibicionista, necessidade de chamar atenção, extravagância e impulsividade.

Denota o condutor (além do citado acima) que tende a “cantar” pneu na

arrancada de um semáforo ou “racha” e/ou usar o som de música acima do

permitido.

Agrupamento dos palos com irregularidade nas distâncias: indica

despreocupação com as consequências de seus atos. Denota o condutor que

não se preocupa em infringir as leis ou em beber e dirigir.

Cruzamentos: indica traumatismo ou distúrbio motor.

Contra-impulso: indica problemas neurológicos.

Inclinação dos palos

Inclinado para a direita: indica pessoa facilmente influenciável.

Muito inclinado para a direita: indica ausência de racionalidade, emotividade,

dramatização, irritabilidade, vontade de chamar atenção, exibicionismo.

Tamanho dos palos

Aumentado ou Grande: indica vaidade, exibicionismo, megalomania, ambição

desmedida, ausência de sentido crítico, tendência ao autoritarismo.

Muito aumentado ou Muito grande: indica tendências exibicionistas, vontade

de chamar atenção e surpreender os demais com extravagâncias. Se

realizado com lentidão pode significar dificuldade motora (o que pode

atrapalhar na condução do veículo). O tamanho exagerado pode ser

evidência de agressividade (tendência às brigas no trânsito).

41

Muito diminuído ou Muito pequeno: pode indicar depressão ou problema

visual. Caso apareça no teste é importante investigar a causa.

Irregular: indica emotividade com propensão ao desequilíbrio fisiológico e

psicológico. Quando a irregularidade é brusca, indica impulsividade. Denota

condutor que, sob estresse, sofre uma descarga acentuada emocional e que

pode se comportar de forma a se arrepender posteriormente.

Crescente: pode indicar ansiedade e quando o aumento progressivo é

acompanhado de uma produção lenta, indica impaciência e exaltação.

Decrescente: se acompanhado de inclinação à esquerda e/ou tremor pode

indicar depressão.

Direção das linhas / alinhamento

Ascendente acima entre 21º e 30º: indica atitudes maníacas.

Muito ascendente: indica excitação, nervosismo, impulso agressivo, desordem

moral. Denota um condutor que sob estresse pode desacatar ou agredir

alguém, além de ter prazer em utilizar o veículo como meio para

comportamentos de desordem moral.

Decrescente acentuado: pode indicar depressão.

Irregular ou Desigual: pode indicar instabilidade na conduta.

Côncava: indica estados de angústia que se transformam em agressividade.

Serpentina ou Ondulante: pode indicar flutuações de humor.

Sinuosa: pode indicar emotividade, capacidade para mudar a própria iniciativa

quando pressionado, humor variável, irregularidade na execução de tarefas,

nervosismo.

Leque: indica estresse, cansaço e forte propensão à fadiga.

Distância entre linhas

Diminuída, Estreita ou Próxima: indica falta de escrúpulos e de percepção de

limites em relação aos outros. Eventualmente poderá se tornar agressivo e

sem limites

Linhas que se tocam ou Sobrepostas: indica dificuldade de adaptação a

limites impostos (leis de trânsito), agressividade, comportamento vicioso

42

(sempre avançar semáforos), necessidade de imitar o outro para obter sua

aprovação.

Margem Esquerda

Aumentada ou Larga: indica pessoa despreocupada com suas obrigações.

Muito Aumentada: acentuação da característica relativa ao item 6.1.1.

Irregular: indica falta de ordem e disciplina, variabilidade de comportamentos,

rebeldia, emotividade.

Crescente ou Alargando: indica precipitação e impaciência para alcançar os

objetivos.

Margem Direita

Crescente ou Alargando: indica fuga de responsabilidades, imaturidade.

Decrescente ou Estreitando: indica aceitação de riscos.

Precipitada: indica agressividade, adaptação ríspida ao ambiente, excessiva

expansividade ignorando regras básicas de segurança.

Margem Superior

Diminuída: indica falta de limites no relacionamento com as autoridades,

contato social inadequado

Pressão e qualidade do traço

Irregular: indica instabilidade de humor, emotividade, impulsividade.

Interrompido ou Descontínuo: indica distúrbio neurovegetativo, doença

circulatória ou respiratória.

Frouxo, Curvo, Brando: indica despreocupação e tendência à ceder às

vontades dos outros.

Grossos, firmes e organizados com desigualdade de espaçamento e

tamanho: indica acumulação de forte tensão emocional e propensão a

descarregar a energia de forma explosiva e brusca.

Inchados ou Fusiformes: pode indicar alcoolismo.

Torcido ou Sinuoso: indica dificuldade de concentração.

43

Alternância entre palos retos e torcidos: indica falta de aptidão para as tarefas

de responsabilidade.

Extremidade com ponta grossa no final do palo: indica combatividade,

descontrole, agressividade, tendência a contenção da emotividade com

perigo de uma descarga brusca emotiva diante de contrariedade ou

dificuldade.

Extremidade com ponta aguda no final do palo: indica irritabilidade, falta de

domínio sobre si, impulsividade do tipo agressivo, baixa resistência à

frustração.

Irregularidades no traçado

Tremor constante: indica doença neurológica, transtorno no sistema nervoso

central, uso de álcool, droga ou cigarro.

Tremor acentuado: indica lesão neurológica ou traumatismo físico.

Gancho inferior direito: indica heteroagressividade física caracterizada por

pequenas explosões que podem chegar à agressividade física.

Gancho inferior esquerdo: indica autoagressividade física. Em momento de

explosão o condutor pode tentar cometer suicídio.

Gancho superior direito: indica heteroagressividade verbal.

Palo quebrado; indica problemas neurológicos.

Retoque: indica agressividade.

Organização

Regular: indica pouca preocupação com ordem e certa dificuldade em relação

a limites.

Ruim: indica descuido, inconstância, emotividade e certa desordem na

execução das tarefas (poderia ser aquele motorista que estaciona seu carro

de qualquer forma).

Muito ruim: indica desordem moral, inconstância, emotividade, falta de

reflexão.

44

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Ética

A presente Pesquisa segue a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de

Saúde do Ministério da Saúde (CNS-MS) que normatiza as Pesquisas que envolvem

Seres Humanos no Brasil, dentro dos 04 princípios – Autonomia e Anonimato,

Beneficência, Não Maleficência e Justiça.

3.2 Tipo de Pesquisa

Estudo exploratório de abordagem qualitativa.

3.3 Universo/População

Departamento de Trânsito - DETRAN de Natal (RN).

3.4 Amostra

1118 (mil cento e dezoito) candidatos à CNH que frequentaram o referido

local entre os meses de agosto/2012 a fevereiro/2013 a fim de realizarem a

Avaliação Psicológica com fins de permissão à CNH.

3.5 Plano e Instrumento de Coleta de Dados

Levantamento do índice de reprovação dos candidatos a partir do registro em Atas.

3.6 Plano para Análise dos Dados

Primeiramente foi calculado o quantitativo de candidatos que frequentaram o setor

de uma psicóloga no período mencionado anteriormente. Por seguinte, os

candidatos foram divididos em duas categorias: homens e mulheres.

45

Dessas duas categorias expandiram-se outras duas: homens aptos, mulheres

aptas, homens inaptos temporários10 e mulheres inaptas temporárias.

A partir de determinados dados coletados, iniciou-se o período de

interpretação e análise de dados, verificando-se além do percentil de reprovação, os

testes nos quais os candidatos mais foram reprovados e quais as carteiras de

habilitação foram as mais almejadas.

10

Aqueles que foram reprovados em um ou mais testes psicológicos.

46

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A partir do levantamento de 1118 (mil cento e dezoito) candidatos que

frequentaram o DETRAN – RN no período de agosto/2012 a fevereiro/2013 é

possível perceber que a grande maioria das pessoas que buscam a obtenção da

CNH é do sexo masculino, onde, de acordo com Gráfico 1, 79% candidatos foram

homens e 21% candidatos foram mulheres:

GRÁFICO 01 – Gênero da amostra participante da pesquisa na cidade de Natal-RN ano 2013

FONTE: Dados da Pesquisa. Natal/RN. 2013.

No gráfico 02, verifica-se que do número total da amostra (1118 candidatos),

85% dos candidatos foram considerados Aptos (aprovados nos testes), 13% Inaptos

Temporários (reprovados em um ou mais testes) e 02% eram analfabetos, e,

portanto, de acordo com legislação (Artigo 140 do CTB)11, impedidos de realizar a

Avaliação Psicológica.

Vale ressaltar que a população analfabeta era constituída em sua totalidade

por homens.

11

Código do Trânsito Brasileiro, Art. 140 - A habilitação para conduzir veículo automotor e elétrico será

apurada por meio de exames que deverão ser realizados junto ao órgão ou entidade executivos do Estado ou do

Distrito Federal, do domicílio ou residência do candidato, ou na sede estadual ou distrital do próprio órgão,

devendo o condutor preencher os seguintes requisitos:

I - ser penalmente imputável;

II - saber ler e escrever;

III - possuir Carteira de Identidade ou equivalente. Parágrafo único. As informações do candidato à habilitação

serão cadastradas no RENACH. (FONTE: WWW.pr.gov.br)

47

GRÁFICO 02 – Índices de aprovação e reprovação da população total participante da pesquisa na cidade de Natal-RN ano 2013

FONTE: Dados da Pesquisa. Natal/RN. 2013.

Em referência à população masculina (879 candidatos), gráfico 03, percebe-

se que, em sua maioria, foi considerado Aptos, com percentil de 61%; sendo 37%

Inaptos Temporários e 02% Analfabetos:

GRÁFICO 03 – Índices de aprovação e reprovação da população masculina participante da pesquisa.

FONTE: Dados da Pesquisa. Natal/RN. 2013.

Em referência à população feminina, gráfico 04, verifica-se que o índice de

reprovação (Inapto Temporário) possui o mesmo percentil que na população

masculina: 37%. Como não possuem em sua amostra a presença de analfabetas,

48

temos então o percentil de 63% de mulheres consideradas Aptas nas Avaliações

Psicológicas:

GRÁFICO 04 – Índices de aprovação e reprovação da população feminina participante da pesquisa.

FONTE: Dados da Pesquisa. Natal/RN. 2013.

Da quantidade total da amostra (1118 candidatos), apresentada no gráfico 05,

verificou-se que as categorias da CNH que foram mais solicitadas são em ordem

decrescente (da mais solicitada para a menos solicitada):

GRÁFICO 05 – Categorias de habilitação solicitadas pela população total participante da pesquisa.

FONTE: Dados da Pesquisa. Natal/RN. 2013.

55% carteira AB,

22% carteira B,

49

11% carteira AD,

05% carteira D,

03% carteira A,

02% carteira AE,

01% carteira C,

01% carteira E

00% carteira AC.12

Da amostra populacional masculina, gráfico 06, constatou-se que as categorias

da CNH que foram mais solicitadas são em ordem decrescente (da mais solicitada

para a menos solicitada):

GRÁFICO 06 – Categorias de habilitação solicitadas pela população masculina participante da pesquisa.

FONTE: Dados da Pesquisa. Natal/RN. 2013.

57% carteira AB,

15% carteira B,

15% carteira AD,

05% carteira D,

03% carteira A,

03% carteira AE,

01% carteira C,

01% carteira E

00% carteira AC.

12

Categoria A: moto; B: carro; C: caminhão; D: ônibus; E: trator.

50

Da amostra populacional feminina, gráfico 07, constatou-se que as categorias

da CNH mais solicitadas foram:

GRÁFICO 07 – Categorias de habilitação solicitadas pela população feminina participante da pesquisa.

FONTE: Dados da Pesquisa. Natal/RN. 2013.

48% carteira AB,

48% carteira B,

00% carteira AD,

03% carteira D,

01% carteira A,

00% carteira AE,

00% carteira C,

00% carteira E

00% carteira AC.

No gráfico 08, tem-se os resultados da população masculina considerada

“Inaptos Temporários”.

51

GRÁFICO 08 – Índice de reprovação nos testes psicológicos da população masculina participante da pesquisa.

FONTE: Dados da Pesquisa. Natal/RN. 2013.

Verifica-se que os testes psicológicos que obtiveram maiores índices de

reprovação em ordem decrescente, foram:

40% Palográfico,

09% TADIM,

08% TADIM + Palográfico,

07% TACOM,

07% R1 + Palográfico,

06% R1

04% TACOM + TADIM + Palográfico

04% TACOM + R1 + Palográfico

04% TADIM + R1 + Palográfico

03% TADIM + R1

03% TADIM + TACOM + R1 + Palográfico

02% TACOM + TADIM + R1

01% TACOM + Palográfico

01% TACOM + R1

01% TACOM + TADIM

52

Da população feminina, gráfico 09, considerada “Inaptos Temporários”.

GRÁFICO 09 – Índice de reprovação nos testes psicológicos da população feminina participante da pesquisa na cidade de Natal-RN ano 2013

FONTE: Dados da Pesquisa. Natal/RN. 2013.

Verifica-se que os testes psicológicos que obtiveram maiores índices de

reprovação em ordem decrescente, foram:

34% Palográfico,

13% R1

11% R1 + Palográfico,

08% TACOM + R1 + Palográfico

08% TADIM + R1 + Palográfico

05% TACOM,

05% TADIM + R1

05% TACOM + Palográfico

03% TADIM,

02% TADIM + TACOM + R1 + Palográfico

02% TADIM + Palográfico,

02% TACOM + R1

01% TACOM + TADIM + R1

01% TACOM + TADIM

53

00% TACOM + TADIM + Palográfico

Mediante análise dos dados interpretados é possível perceber que a

população masculina é a que mais busca a obtenção da Carteira Nacional de

Habilitação – CNH, o que pode representar que a maioria dos condutores de

trânsito, possivelmente são homens. Pelo simples cálculo de proporção13, é possível

dizer que para cada uma mulher que solicita a CNH, quase quatro homens (3,6) a

solicitam.

Sejam homens ou mulheres, a maior parte dos candidatos submetidos à

avaliação Psicológica são aprovados e considerados Aptos à condução. O índice de

reprovação – aqui entendido como candidatos Inaptos Temporários, e que, portanto,

devem submeter-se novamente à avaliação – é igual entre homens e mulheres,

mesmo as mulheres representando um menor número de procura à CNH, em ambos

os sexos 37% dos candidatos que realizaram a avaliação psicológica, reprovaram.

Outro fator que chama a atenção é o dado de que apenas homens

analfabetos (02% da amostra masculina) buscaram a emissão da CNH, mesmo

conscientes de que legalmente, como falado anteriormente, é proibido.

Dos candidatos considerados Aptos e em referência às carteiras de

habilitação solicitadas, vemos que pouco mais da maioria (55%) buscam a categoria

AB (moto e carro). A minoria (01%) almeja as CNHs com categoria C (caminhão) ou

E (trator), e ninguém, em seis meses, buscou habilitar-se à categoria AC (moto e

caminhão).

Analisando ainda a questão acima, mas referenciando às populações

masculinas e femininas, percebemos que os homens, em sua maioria (57%) buscam

habilitação AB, e possuem na distribuição restante, iguais percentis (15%) para as

carteiras B (carro) e AD (moto e ônibus), e os 13% restantes, distribuídos nas

demais categorias.

As mulheres apresentaram-se mais seletivas ao somente solicitarem as

categorias AB, B, D e A, onde 96% delas distribuíram-se igualmente (48%) no

agenciamento das carteiras AB (moto e carro) e B (apenas carro), 03% carteira D

(ônibus) e 01% carteira A (apenas moto).

É válido ressaltar as categorias que foram requeridas pelos homens, mas que

não foram solicitadas pelas mulheres, são elas: AD, AE, C e E.

13

Número de homes, dividido pelo número de mulheres: 879/239 = 3,6.

54

Sobre os candidatos que reprovaram em uma ou mais alguma(s)

avaliação(ões) psicológica(s) – Inaptos Temporários – podemos perceber que o

teste Palográfico (PLG) é o que possui maior índice de reprovação tanto em homens

quanto em mulheres: 40% e 34%, respectivamente.

Ao comparar-se as populações masculina e feminina, com exceção do PLG

liderar os índices de reprovação, a distribuição dos outros testes, nesse mesmo

índice, dá-se de forma peculiar onde é possível constatar que os homens tendem a

reprovar mais em testes de Atenção (TADIM e TACOM), e menos em combinação

de testes como, por exemplo: TADIM +R1, TACOM+Palográfico,

TADIM+TACOM+R1+PALOGRÁFICO.

Nas mulheres, as avaliações psicológicas que lideraram os índices de

reprovação (com exceção do Palográfico como já mencionado) e diferentemente dos

homens, foram os testes de raciocínio e inteligência (R1).

O topo das listas de reprovação é constituído na população masculina pelos

testes TACOM, TADIM e Palográfico; e nas mulheres, pelos testes R1 e Palográfico,

denotando uma maior dificuldade masculina no tributo da atenção, e feminina, no

raciocínio lógico.

Outra diferença encontrada nos sexos é de que as mulheres tendem a

reprovar mais em combinações de testes do que os homens. Elas reprovam mais

em três testes ao mesmo tempo, e eles, em dois testes ao mesmo tempo.

Nos índices de reprovação, nenhuma mulher reprovou no combinado:

TADIM+TACOM+Palográfico. Combinado este que teve 04% de reprovação na

amostra masculina.

Visto que este trabalho não se esgota em seu assunto, algumas hipóteses

podem ser levantadas em referência às análises feitas e podem, quiçá futuramente,

reelaborarem-se em novas pesquisas que busquem responder, por exemplo: Existe

algum fator social que leve os homens buscarem a aquisição da CNH, mais do que

as mulheres? Ou mesmo: Quais as características do teste Palográfico que mais

estavam presentes nos candidatos reprovados? Ou ainda: Os maiores índices de

reprovação de homens em testes de Atenção; e mulheres, em Raciocínio, são

semelhantes nas demais regiões do país? Ou trata-se de uma característica

regional?

55

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entendendo-se aqui o trânsito como a utilização de via por pessoas e veículos

motorizados ou não, é importante ressaltar que a falta de educação no trânsito gera

uma série de impactos negativos nas ruas e estradas, como os acidentes. A falta de

conscientização da sociedade e a falta de preparo dos motoristas, que realizam as

operações de transportes, geram inúmeros prejuízos que além de graves, por vezes

são irreparáveis aos danos causados na vida das pessoas. O Brasil, segundo dados

recentes do IPEA14 é quarto país com maior número de acidentes de trânsito no

mundo.

Os riscos de acidente no trânsito podem ser reduzidos através de programas

educativos não somente voltados para os adultos como também para as crianças,

caso os recursos interdisciplinares fossem ensinados desde cedo em um espaço

escolar que fosse um ambiente aberto à formação dos novos cidadãos.

Outra forma de facilitar na redução das infrações e acidentes, é a melhora na

qualidade da formação dos condutores de veículos. Aqui entra a Psicologia

enquanto ciência, o Psicólogo Perito enquanto profissional e a variada gama de

testes “psicotécnicos” existentes que possuem relevada importância; pois seja qual

for o teste realizado – atenção, personalidade e raciocínio – eles nos trazem

resultados que podem selecionar melhor os condutores de nosso país.

O presente estudo buscou verificar os índices de reprovação na avaliação

Psicológica de candidatos à Carteira Nacional de Habilitação – CNH. Foram

coletados dados em campo (Detran –RN) de 1118 candidatos que frequentaram o

referido departamento entre os meses de agosto/2012 a fevereiro/2013 e

posteriormente feita a interpretação.

Como resultado, aqui considerado positivo, verificou-se que a maioria dos

candidatos são aprovados (aptos) nas Avaliações Psicológicas à obtenção da CNH.

E mediante interpretação dos resultados, foi constatado que são os homens quem

mais procuram a obtenção da carteira de motorista15 e que a categorias mais

solicitada em ambos os sexos (masculino e feminino) é a AB (moto e carro).

14

http://www.ipea.gov.br/portal/ 15

Como possível pesquisa futura, poderia ser feito um levantamento sobre o quantitativo de carteiras

remuneradas e não remuneradas, que são solicitadas pelos candidatos. A fim de investigar se a maior parte deles

trabalha com a função de motorista

56

Quanto ao índice de reprovação, o mesmo mostrou-se ocorrer de forma igual

(mesmo percentil) em ambos os sexos, não importando quantitativo de candidatos, e

que os homens reprovam mais em teste de atenção; e as mulheres, em teste de

raciocínio.

Supondo que trata-se de uma questão cultural, alertou-me o fato de os

homens procurarem mais a aquisição da CNH, e a existência de mulheres

solicitando carteiras na categoria D (ônibus). Tal averiguação suscita a ideia de uma

pesquisa social que leve a compreender os setores de trabalhos que ambos os

sexos mais atuam.

Uma dificuldade muito grande encontrada na elaboração deste trabalho foi a

carência de pesquisas anteriores que corroborem com o tema atual: os índices de

reprovação na Avaliação Psicológica. Como falado anteriormente, espera-se que o

presente trabalho estimule novas pesquisas e um levantamento do perfil dos

candidatos brasileiros à CNH.

Mas seja como for, a psicologia avaliativa e educadora no trânsito têm sido

importantes instrumentos ou estratégias para a melhora do trânsito brasileiro, porém

não suficientes até o momento, visto o alto índice de acidentes no Brasil.

Seria então necessário, a avaliação Psicológica passar por uma revisão

científica? Ou mesmo que os profissionais desta área fossem mais rigorosos no

momento da correção e aprovação destes candidatos?

Como profissional da área pergunto-me sobe o porquê de apenas os

motoristas de carteira remunerada submeterem-se à Avaliação Psicológica a cada

cinco anos, enquanto que os candidatos à CNH não remunerada, apenas realizam a

Avaliação no momento que requerem a carteira pela primeira vez, e posteriormente

a isso somente se submetem ao exame de vista a cada cinco anos. Se somos todos

seres humanos e motoristas atuantes nas vias de trânsito; por que então a

obrigatoriedade para apenas alguns?

Vejo que se os testes não forem colocados à disposição dos motoristas de

maneira eficiente, o Brasil continuará registrando recordes anuais de incidentes de

trânsito. Esse quadro precisa ser revertido o mais breve possível, visto que, quanto

maior a lentidão nesse sentido, maior o volume de recursos necessários para a

recuperação das rodovias, e maiores serão as perdas para a economia e para a

sociedade.

57

O papel do psicólogo perito tem fundamental relevância na avaliação

psicológica e na formulação de estratégias avaliativas e campanhas educativas para

condutores de veículos automotores; no entanto, para que isso aconteça, é

fundamental que este profissional agrupe seus conhecimentos às estruturas de

governo e que ele – o psicólogo – também seja melhor aceito e reconhecido em

nossa sociedade.

58

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, F. B. A psicologia social dos desastres. Existe um lugar para ela

no Brasil?. In: Coletâneas da ANPEPP (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-

graduação em Psicologia). Trabalho, organizações e cultura. São Paulo, 1997, p.95-

104.

ALVES, Irai Cristina Boccato. O teste palográfico na avaliação da personalidade. 1ª

Ed. São Paulo: Vetor, 2004.

BIANCONI, M.L.; CARUSO, F. Educação Não Formal. Ciência & Cultura, v.57, n.4,

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