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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI QUIROPRAXIA ELABORAÇÃO DE UM GUIA DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO EM QUIROPRAXIA DAS DOENÇAS DOS MEMBROS SUPERIORES Subtítulo: GUIA PRÁTICO DO QUIROPRAXISTA VOLUME II Adriana Pegoraro Mara Célia de Paiva Bumerad São Paulo 2009

UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI QUIROPRAXIAperiodicos.anhembi.br/arquivos/trabalhos001/370212.pdf · 2009-09-26 · universidade anhembi morumbi quiropraxia elaboraÇÃo de um guia de

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  • UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

    QUIROPRAXIA

    ELABORAÇÃO DE UM GUIA DE DIAGNÓSTICO E

    TRATAMENTO EM QUIROPRAXIA DAS DOENÇAS DOS

    MEMBROS SUPERIORES

    Subtítulo: GUIA PRÁTICO DO QUIROPRAXISTA VOLUME II

    Adriana Pegoraro

    Mara Célia de Paiva Bumerad

    São Paulo

    2009

  • UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

    QUIROPRAXIA

    ELABORAÇÃO DE UM GUIA DE DIAGNÓSTICO E

    TRATAMENTO EM QUIROPRAXIA DAS DOENÇAS DOS

    MEMBROS SUPERIORES

    Subtítulo: GUIA PRÁTICO DO QUIROPRAXISTA VOLUME II

    Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

    à Universidade Anhembi Morumbi para

    obtenção do Título de Bacharel em Quiropraxia

    Orientador: Djalma José Fagundes

    Corientadora: Aline Pereira Labate Fernandes

    São Paulo

    2009

  • UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

    QUIROPRAXIA

    Coordenadora do Curso: Profª. Ana Paula Albuquerque Facchinato

    Título: Elaboração de um Guia de Diagnóstico e Tratamento em Quiropraxia

    das Doenças dos Membros Superiores.

    Autoras: Adriana Pegoraro

    Mara Célia de Paiva Bumerad

    Orientador: Prof. Dr. Djalma José Fagundes

    Co-orientadora: Profª Aline Pereira Labate Fernandes

    Banca Examinadora:

    ____________________________________

    ____________________________________

    ____________________________________

    ____________________________________

  • ―Ainda que eu fale a língua dos homens e dos

    anjos, ainda que eu tenha o dom de profetizar

    e conheça todos os mistérios e toda ciência e

    ainda que eu distribua todos os meus bens

    entre os pobres, se eu não tiver amor, nada

    disso me aproveitará.‖

    1ª carta aos Coríntios 13 – Bíblia Sagrada

  • DEDICATÓRIA

    ―Dedico esse trabalho ao meu Pai Maior. Aos meus

    pais e irmãos pelo apoio, respeito, compreensão e

    paciência que tiveram durante esses anos de curso.

    Aos meus amigos que sempre me apoiaram e aos

    meus professores que me ensinaram a amar a

    Quiropraxia.‖

    Adriana Pegoraro

    ―Dedico este trabalho ao meu criador YHWH. Ao

    meu marido pela paciência, apoio e carinho

    demonstrados. As minhas amigas Sueli e Elisangela

    que estiveram sempre presentes me apoiando nesta

    etapa da minha vida e a todos ―entões‖ que por

    algum motivo não concluíram o terceiro grau.‖

    Mara Célia de Paiva Bumerad

  • AGRADECIMENTO ESPECIAL

    Agradecemos ao nosso orientador Dr. Djalma José Fagundes, professor de

    Metodologia Científica, da Universidade Anhembi Morumbi, pelos desafios a

    nós propostos durante estes quatro anos e meio de convivência nos mostrando

    que o conhecimento é mais que uma necessidade em nossos dias, mas um

    bem que não pode ser furtado.

    Falar de sua inteligência e competência seria lugar comum. O que gostaríamos

    que soubesse é que desejamos nos espelhar na sua conduta, no seu jeito de

    dar aula, na sua expressividade e agradecer por despertar em nós a

    criatividade latente e permitir que o sonho de escrever um livro deixasse de ser

    só um sonho e fazer valer a canção que diz que ―sonho que se sonha junto é

    realidade‖.

    Nesta fase de rito de passagem de nossas vidas o que muito prazer nos daria é

    ouvir de seus lábios um dia que não somente deixamos de serem aprendizes,

    mas que você nos considera ―amigas‖.

  • AGRADECIMENTOS

    A Professora Aline P. Labate, supervisora da Clínica de Quiropraxia e

    professora da Universidade Anhembi Morumbi, coorientadora deste trabalho,

    pela correção e construção desta pesquisa.

    À coordenação do Curso de Quiropraxia da Universidade Anhembi Morumbi,

    pelo apoio e incentivo na realização deste trabalho.

    À professora Toni Cheri Bleggi Botelho Bracher pela elaboração do

    ―abstract‖ do nosso trabalho de conclusão de curso e pela dedicação

    demonstrada durante todo o período de pesquisa, tirando nossas dúvidas e

    dando excelentes sugestões.

    Ao professor Pablo Blass Valverde pela ajuda na correção do trabalho e por

    ter colocado a disposição para consulta seu material de aula.

    A todos os demais professores que participaram da nossa formação intelectual

    nestes anos.

    Ao Senhor João Aparecido de Oliveira ―in memoriam‖, técnico do laboratório

    de Morfologia Humana da Universidade Anhembi Morumbi pelo criterioso e

    valioso apoio que nos foi dedicado no início de nossa formação.

    À Cristhiane Damiani Iborra, secretária da clínica, pela atenção, amizade e

    profissionalismo durante o período de internato.

    A todos os colegas de classe, pelo ombro amigo, pela paciência, pelas

    lágrimas enxugadas e sorrisos partilhados.

  • LISTA DE FIGURAS

    CAPÍTULO II pag

    Fig.1.18.................................................................................................... 43

    Fig.2.18.................................................................................................... 44

    Fig.3.18.................................................................................................... 44

    Fig.4.18.................................................................................................... 46

    Fig.5.18.................................................................................................... 46

    Fig.6.18.................................................................................................... 51

    Fig.7.18.................................................................................................... 53

    Fig.8.18.................................................................................................... 56

    Fig.9.18.................................................................................................... 58

    Fig.10.18.................................................................................................. 60

    Fig.11.18.................................................................................................. 63

    Fig.12.18.................................................................................................. 66

    Fig.13.18.................................................................................................. 69

    Fig.14.18.................................................................................................. 71

    Fig.15.18.................................................................................................. 71

    Fig.16.18.................................................................................................. 73

    Fig.17.18.................................................................................................. 76

    Fig.18.18.................................................................................................. 78

    CAPÍTULO III pag

    Fig.1.4...................................................................................................... 90

    Fig.2.4...................................................................................................... 92

    Fig.3.4...................................................................................................... 96

    Fig.4.4...................................................................................................... 99

    CAPÍTULO IV pag

    Fig.1.8...................................................................................................... 105

    Fig.2.8...................................................................................................... 105

    Fig.3.8...................................................................................................... 108

    Fig.4.8...................................................................................................... 110

    Fig.5.8...................................................................................................... 112

    Fig.6.8...................................................................................................... 114

  • Fig.7.8...................................................................................................... 116

    Fig.8.8...................................................................................................... 118

    CAPÍTULO V pag

    Fig.1.22.................................................................................................... 126

    Fig.2.22.................................................................................................... 126

    Fig.3.22.................................................................................................... 126

    Fig.4.22.................................................................................................... 133

    Fig.5.22.................................................................................................... 135

    Fig.6.22.................................................................................................... 138

    Fig.7.22.................................................................................................... 141

    Fig.8.22.................................................................................................... 143

    Fig.9.22.................................................................................................... 145

    Fig.10.22.................................................................................................. 148

    Fig.11.22.................................................................................................. 150

    Fig.12.22.................................................................................................. 152

    Fig.13.22.................................................................................................. 154

    Fig.14.22.................................................................................................. 156

    Fig.15.22.................................................................................................. 158

    Fig.16.22.................................................................................................. 158

    Fig.17.22.................................................................................................. 158

    Fig.18.22.................................................................................................. 160

    Fig.19.22.................................................................................................. 162

    Fig.20.22.................................................................................................. 164

    Fig.21.22.................................................................................................. 166

    Fig.22.22.................................................................................................. 168

    CAPÍTULO VI pag

    Fig.1.2...................................................................................................... 180

    Fig.2.2...................................................................................................... 182

    CAPÍTULO VII pag

    Fig.1.60.................................................................................................... 186

    Fig.2.60.................................................................................................... 185

    Fig.3.60.................................................................................................... 188

    Fig.4.60.................................................................................................... 189

  • Fig.5.60.................................................................................................... 189

    Fig.6.60.................................................................................................... 190

    Fig.7.60.................................................................................................... 191

    Fig.8.60.................................................................................................... 192

    Fig.9.60.................................................................................................... 192

    Fig.10.60.................................................................................................. 193

    Fig.11.60.................................................................................................. 194

    Fig.12.60.................................................................................................. 194

    Fig.13.60.................................................................................................. 195

    Fig.14.60.................................................................................................. 196

    Fig.15.60.................................................................................................. 196

    Fig.16.60.................................................................................................. 197

    Fig.17.60.................................................................................................. 198

    Fig.18.60.................................................................................................. 198

    Fig.19.60.................................................................................................. 199

    Fig.20.60.................................................................................................. 200

    Fig.21.60.................................................................................................. 201

    Fig.22.60.................................................................................................. 202

    Fig.23.60.................................................................................................. 203

    Fig.24.60.................................................................................................. 203

    Fig.25.60.................................................................................................. 204

    Fig.26.60.................................................................................................. 205

    Fig.27.60.................................................................................................. 206

    Fig.28.60.................................................................................................. 207

    Fig.29.60.................................................................................................. 208

    Fig.30.60.................................................................................................. 208

    Fig.31.60.................................................................................................. 209

    Fig.32.60.................................................................................................. 210

    Fig.33.60.................................................................................................. 210

    Fig.34.60.................................................................................................. 211

    Fig.35.60.................................................................................................. 212

    Fig.36.60.................................................................................................. 213

    Fig.37.60.................................................................................................. 213

  • Fig.38.60.................................................................................................. 214

    Fig.39.60.................................................................................................. 214

    Fig.40.60.................................................................................................. 215

    Fig.41.60.................................................................................................. 215

    Fig.42.60.................................................................................................. 216

    Fig.43.60.................................................................................................. 217

    Fig.44.60.................................................................................................. 218

    Fig.45.60.................................................................................................. 219

    Fig.46.60.................................................................................................. 220

    Fig.47.60.................................................................................................. 220

    Fig.48.60.................................................................................................. 221

    Fig.49.60.................................................................................................. 222

    Fig.50.60.................................................................................................. 222

    Fig.51.60.................................................................................................. 223

    Fig.52.60.................................................................................................. 223

    Fig.53.60.................................................................................................. 223

    Fig.54.60.................................................................................................. 224

    Fig.55.60.................................................................................................. 224

    Fig.56.60.................................................................................................. 225

    Fig.57.60.................................................................................................. 225

    Fig.58.60.................................................................................................. 226

    Fig.59.60.................................................................................................. 226

    Fig.60.60.................................................................................................. 227

  • LISTA DE QUADRO

    CAPÍTULO II pag

    Quadro 1................................................................................................. 48

    CAPÍTULO III pag

    Quadro 2................................................................................................. 87

    CAPÍTULO IV pag

    Quadro 3................................................................................................. 106

    CAPÍTULO V pag

    Quadro 4................................................................................................. 128

  • LISTA DE ALGORITMOS

    CAPÍTULO II pag

    Algoritmo 1.............................................................................................. 49

    Algoritmo 2.............................................................................................. 50

    CAPÍTULO III pag

    Algoritmo 3.............................................................................................. 88

    CAPÍTULO IV pag

    Algoritmo 4.............................................................................................. 107

    CAPÍTULO V pag

    Algoritmo 5.............................................................................................. 129

    Algoritmo 6.............................................................................................. 130

    Algoritmo 7.............................................................................................. 131

  • LISTA DE ABREVIAÇÕES

    ABQ Associação Brasileira de Quiropraxia

    ADM Amplitude de Movimento

    AINE Antiinflamatório Não-Esteróide

    AR Artrite Reumatóide

    ATM Articulação Têmporo Mandibular

    BIREME Biblioteca Regional de Medicina

    CAO Capsulite Adesiva do Ombro

    DORT Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho

    ENMG Eletroneuromiografia

    FNP Facilitação Neuro Proprioceptiva

    IFD Articulação Interfalângica Distal

    IFP Articulação Interfalângica Proximal

    INSS Instituto Nacional de Seguro Social

    LER Lesões por Esforços Repetitivos

    MCF Metacarpofalangeana

    MEC Ministério da Educação e Cultura

    N.d.n. Nada digno de nota

    OA Osteoartrose

    ODC Osteocondrite Dissecante do Cotovelo

    ODO Osteocondrite Dissecante do Olécrano

    PRICE Proteção Repouso Gelo Compressão Elevação

    RNM Ressonância Nuclear Magnética

    SBOT Revista Brasileira de Ortopedia e Traumatologia

    STC Síndrome do Túnel do Carpo

    TC Tomografia Computadorizada

    TENS Eletroestimulação Transcutânea

    UAM Universidade Anhembi Morumbi

    US Ultrassom

    VHS Velocidade de Hemossedimentação

    WFC World Federation of Chiropractic

    WEB World Wide Web

    RX Radiografia Simples

  • RESUMO

    Objetivo: Elaboração de um manual de cuidados das doenças dos membros

    superiores, projetado como um guia rápido e atual de referência para

    estudantes, quiropraxistas e estudiosos da área neuromúsculoesquelética.

    Métodos: As doenças dos membros superiores selecionadas foram às

    consideradas prevalentes, de acordo com a revisão bibliográfica (base de

    dados da BIREME, UNIFESP, USP e UNICAMP) e o embasamento empírico

    do Corpo Docente de Quiropraxia da Universidade Anhembi Morumbi. O guia

    foi baseado, metodologicamente e fundamentalmente, em um tipo de

    publicação na área médica conhecido como ―current diagnosis and treatment‖ e

    apresentado na forma de ―livro de bolso‖. As informações deste livro foram

    compiladas de fontes confiáveis, resultado de intensa pesquisa, com intuito de

    fornecer ao leitor uma indicação aprofundada em procedimentos de diagnóstico

    e tratamento através de uma abordagem prática e competente. Resultados: A

    obra é apresentada de maneira muito prática e didática: são 41 doenças dos

    membros superiores, consideradas prevalentes, que compõem este guia, e

    distribuídas em cinco seções: (1) Ombro, (2) Neuropatia Periférica, (3) Cotovelo

    (4) Punho e Mão e 5) Artropatias Inflamatórias. Cada doença foi explorada em

    aspectos mais relevantes ao seu diagnóstico e tratamento (sinonímia, conceito,

    fatores de risco, epidemiologia, sinais e sintomas, exame físico, exame

    ortopédico e neurológico, exame de imagem, exames laboratoriais, diagnóstico

    diferencial, tratamento e observações relevantes), dessa forma buscamos uma

    sistematização e uniformidade das informações. Conclusão: Ao final de uma

    profunda pesquisa científica aliada à experiência clínica, pôde-se elaborar um

    guia prático de diagnóstico e tratamento, onde foram selecionadas as 41

    doenças mais prevalentes dos membros superiores tratadas em Quiropraxia,

    que contribuirá para detectar mais precocemente as afecções, melhorará a

    qualidade do diagnóstico anatômico e a identificação da gênese da doença

    proporcionando um tratamento mais eficiente e eficaz ao paciente.

  • ABSTRACT

    Objective: Elaborate a manual for the diagnosis and treatment of upper

    extremity lesions, creating a quick guide that will serve as a reference for

    students, chiropractors, and studies in the musculoskeletal area. Methods:

    The most prevalent conditions of the upper extremity were selected in

    accordance to bibliographic reviews (data base from BIREME, UNIFESP. USP

    and UNICAMP) and guidelines of treatment at the Chiropractic Clinic at

    Universidade Anhembi Morumbi. This guide was based, methodologically and

    fundamentally, on a type of medical reference handbook. The information in the

    book was compiled from several reliable resources, such as a review of

    literature and several current studies in the area of diagnosis and treatment of

    the upper extremity. Results: A handbook that serves as a quick and practical

    reference for diagnosis and treatment of the most prevalent lesions of the upper

    extremity, which is divided into four sections: 1)Shoulder, 2) Peripheral

    neuropathy, 3) Elbow and 4) Wrist and Hand and 5) Inflammatory Arthropathies.

    Each condition is divided into the following categories: synonyms, concept, risk

    factors, etiology, epidemiology, signs and symptoms, physical, orthopedic,

    neurologic, imaging and laboratory exams, differential diagnosis, treatment and

    relevant observations. Conclusion: This handbook will serve as a quick and

    easy reference for diagnosis and treatment of the most common conditions of

    the upper extremity for all health professionals.

  • SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO.......................................................................... 1

    2. OBJETIVOS.............................................................................. 5

    4. MÉTODOS................................................................................ 6

    5. RESULTADOS.......................................................................... 15

    6. DISCUSSÃO............................................................................. 229

    7. CONCLUSÃO............................................................................ 235

    8. REFERÊNCIAS......................................................................... 237

  • 1. INTRODUÇÃO

    Quiropraxia é uma profissão na área da saúde que realiza avaliação,

    diagnóstico (biomecânico), tratamento e prevenção das alterações mecânicas

    do sistema neuromúsculoesquelético e a saúde em geral, enfatizando o poder

    inerente do corpo em curar-se sem o uso de medicamentos ou cirurgias. O

    tratamento se baseia em movimentos rápidos e precisos (ajustes) realizados no

    segmento articular, assegurando ao quiropraxista que realiza a manobra, que

    não haverá tempo para o corpo gerar uma contração da musculatura que

    possa colocar em risco a integridade dos tecidos periarticulares,

    restabelecendo assim a função natural da articulação tratada (1,2).

    A Quiropraxia originou-se nos Estados Unidos da América, por volta de 1895,

    através de Daniel David Palmer fundando a primeira escola, que continua

    sendo uma das principais faculdades da área no país, causando um grande

    conflito já que simultaneamente a formação médica passava por um período de

    reforma significativa no seu exercício profissional (3).

    Ultrapassada a era de conflito com a medicina, que questionava os padrões

    educacionais, econômicos, legais, políticos, terminologias usuais, por volta dos

    anos 70 o Governo dos Estados Unidos reconheceu formalmente a Quiropraxia

    iniciando uma era de integração entre as profissões, oferecendo ao público

    uma abordagem de tratamento mais conciso (4).

    No Brasil entre as várias dificuldades que a profissão enfrenta atualmente

    enfatizamos a desmistificação da profissão que até então é vista, pelo público,

    como uma terapia alternativa, a despeito de inúmeros artigos científicos que

    comprovam a eficácia dos ajustes quiropráticos demonstrando melhora

    considerável em doenças neuromusculares, lombalgias, cefaléias, lesões

    cervicais e ciatalgias, embasando os princípios da Quiropraxia como ciência.

  • Embora o curso tenha sido reconhecido pelo MEC desde 2005 a profissão

    ainda encontra-se em fase de regulamentação pela legislação brasileira o que

    facilita a tentativa de apropriação da Quiropraxia como especialização de

    outras profissões na área da saúde. A parcela de profissionais bacharelados

    em Quiropraxia é ainda pequena para oferecer um atendimento adequado à

    população sendo este fator um empecilho para a divulgação da profissão e da

    importância do seu tratamento dificultando a criação de uma identidade sólida

    dentro do âmbito nacional (5). A facilidade em formar turmas, ditas,

    quiropráticos em cursos não reconhecidos acadêmica e oficialmente, que são

    realizados em finais de semana ou em alguns meses, formando indivíduos sem

    uma qualificação adequada como profissional primário da área da saúde

    colocando em risco a saúde da população é considerada uma dificuldade

    relevante.

    Os impedimentos citados estão sendo paulatinamente sobrepostos pelos atuais

    420 bacharéis em Quiropraxia atuantes, entre graduados dentro e fora do país,

    além dos 685 acadêmicos em curso, distribuídos entre o Centro Universitário

    Feevale, no Rio Grande do Sul e a Universidade Anhembi Morumbi em São

    Paulo, que desde a formação da primeira turma no ano de 2000, pela Feevale

    e em 2004 pela Universidade Anhembi Morumbi buscam trilhar o caminho da

    divulgação da Quiropraxia no Brasil (5).

    Em alguns países desenvolvidos a Quiropraxia é classificada como a terceira

    profissão de atendimento primário de maior procura, sendo que os Estados

    Unidos ocupa atualmente a segunda posição, superada apenas pela medicina

    (6), comprovando assim sua eficácia no tratamento de doenças

    neuromúsculoesqueléticas.

    A Quiropraxia está comemorando 114 anos e está estruturada em 80 países (3).

    Desde sua criação até a década de 80 a maioria de seu material didático

    baseava-se em livros-texto, guias ou manuais procedentes principalmente de

    instituições universitárias de medicina. Por esta razão, nasceu a preocupação

    em elaborar obras científica literárias direcionada aos quiropraxistas e

    estudiosos da área neuromúsculoesquelética. Assim, nos últimos anos tem se

  • observado um crescimento expressivo em produção científica profissional para

    essa área. A Quiropraxia agora possui uma base teórica estabelecida, tanto em

    suas próprias revistas como em livros didáticos e em outras publicações

    cientificas médicas (4).

    É comum em nosso país a escassez de artigos e livros, em língua portuguesa,

    dificultando o acesso a informações para muitos quiropraxistas, alunos-

    estagiários e estudiosos da área neuromúsculoesquelética. As obras

    disponíveis são de inquestionável valor literário, mas as mesmas não estão

    adaptadas a nossa realidade devido à distância que ocorre especialmente na

    incidência e importância de determinadas doenças e a forma de tratamento das

    mesmas.

    Pelas razões expostas, a Universidade Anhembi Morumbi iniciou um processo

    de consolidação desta base teórica através de publicações científicas em

    Quiropraxia, realizadas pelas turmas graduadas desde o início da implantação

    do curso no estabelecimento educacional.

    Continuando o trabalho anterior cujo foco era o diagnóstico e tratamento das

    doenças neuromúsculoesquelética da coluna vertebral em Quiropraxia, foi nos

    apresentada a proposta da continuação da série dos Guias Práticos de

    Diagnóstico e Tratamento, em língua portuguesa, desta feita com ênfase nas

    doenças mais prevalentes encontradas nos Membros Superiores encontradas

    na Clínica de Quiropraxia da Universidade Anhembi Morumbi, no Estado de

    São Paulo.

    A elaboração tem como parâmetro a referência bibliográfica internacional,

    conhecida como Current Diagnosis and Treatment, contendo mecanismos

    fisiopatológicos atualizados dando a possibilidade da intervenção da

    Quiropraxia para prevenção das doenças músculoesqueléticas e promoção à

    saúde (7). Dando continuidade a esta linha de conduta da Quiropraxia da

    Universidade Anhembi Morumbi, essa pesquisa procura sistematizar um Guia

    Prático para quiropraxistas, alunos e demais profissionais da área da saúde,

    fornecendo uma ferramenta que direciona a um diagnóstico mais preciso e

  • tratamento adequados para as doenças músculoesqueléticas dos membros

    superiores.

  • 2. OBJETIVOS

    2.1. Objetivo Geral

    Idealizar um Guia Prático de Diagnóstico e Tratamento das doenças dos

    membros superiores, voltada à consulta rápida para alunos, quiropraxistas e

    estudiosos da área neuromúsculoesquelética.

    2.2. Objetivo Específico

    Elaborar um Guia de consulta rápida, em Língua Portuguesa, com enfoque nas

    principais e mais frequentes doenças dos Membros Superiores encontradas na

    Clínica de Quiropraxia da Universidade Anhembi Morumbi.

  • 3. MÉTODOS

    A preparação do Guia de Diagnóstico e Tratamento dos Membros Superiores

    em Quiropraxia foi realizada sob a orientação normativa do Professor Doutor

    Djalma José Fagundes e corientação da professora responsável pela clínica

    Aline Pereira Labate Fernandes e sob a supervisão do Corpo Docente de

    Quiropraxia da Universidade Anhembi Morumbi (UAM). Considerando a

    natureza da pesquisa, foi dispensada a apreciação da Comissão de Ética da

    Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo.

    3.1 Amostra

    3.1.1 Escolha do Segmento Anatômico

    A Quiropraxia é uma profissão na área da saúde que se dedica ao diagnóstico,

    tratamento e prevenção de alterações do sistema músculoesquelético, e os

    efeitos dessas alterações sobre o sistema nervoso e a saúde em geral. A

    biomecânica de cada articulação do corpo humano bem como a fisiologia e

    anatomia fazem parte de um estudo criterioso dentro da formação de um

    quiropraxista. Para tanto, é necessário que se conheça com detalhes

    anatomia, fisiologia e a biomecânica das estruturas envolvidas nos movimentos

    realizados e posturas adquiridas durante a realização da tarefa que possa fazer

    a relação desses aspectos com o seu diagnóstico, sendo inclusive muitas

    vezes necessário à avaliação ergonômica das atividades realizadas.

    No ano de 2008 visando manter uma educação quiroprática continuada

    vinculada a prática clínica, visto que os livros didáticos são de fundamental

    importância para direcionar e estabelecer os alicerces intelectuais dos

    estudantes elaborou-se um projeto, de uma série, para a confecção de um

    Guia de Diagnóstico e Tratamento da Coluna Vertebral, tendo como parâmetro

    as referências bibliográficas internacionais, nos moldes do conhecido ―Current

    Diagnosis and Treatment‖, com supervisão de quiropraxistas ligados a

    Universidade Anhembi Morumbi.

  • Desta feita, continuando a elaboração da série optou-se pela elaboração de um

    Guia Prático de Diagnóstico e Tratamento das Doenças dos Membros

    Superiores, visto a relevância que tais lesões representam trazendo grande

    risco funcional, com consequências socioeconômicas para toda sociedade

    ativa e com o objetivo de facilitar o trabalho do quiropraxista de maneira a

    facilitar o diagnostico de forma específica, anatômica, correta e precoce

    contribuindo para o planejamento de um tratamento adequado, diminuindo a

    morbidade e a ocorrência de sequelas incapacitantes relacionadas.

    A preparação do Guia Prático envolveu o estudo nos membros superiores,

    abrangendo os segmentos do ombro, cotovelo, punho, mão e as artrites

    inflamatórias: reumatóide e psoriática, que afetam com frequência os membros

    superiores.

    3.1.2 Apresentação dos capítulos do Guia Prático

    A disposição da obra contou com um capítulo introdutório às lesões ósteo-mio-

    articulares nos membros superiores como um todo, apresentando as

    generalidades das lesões, suas diferentes e mais frequentes alterações

    patológicas, sinais e sintomas, epidemiologia, além de hipótese diagnóstica e

    tratamento quiroprático, destacando algumas técnicas e ferramentas utilizadas

    pela Quiropraxia.

    Cada capítulo do Guia Prático do Membro Superior foi disposto de uma

    maneira resumida e objetiva, para cumprir com sua proposta e foram

    apresentados em sete capítulos: Capítulo I - Introdução ao Guia Prático de

    Diagnóstico e Tratamento das Doenças dos Membros Superiores em

    Quiropraxia; Capítulo II - Ombro; Capítulo III - Plexo braquial e neuropatias

    compressivas; Capítulo IV - Cotovelo; Capítulo V - Punho e mão; Capítulo VI -

    Artropatias inflamatórias; Capítulo VII - Testes ortopédicos, generalidades do

    sistema nervoso e mapa dos pontos gatilho do membro superior.

  • Seguindo o modelo introdutório, os capítulos II ao VI contaram com introdução,

    anatomia e função do segmento estudado, fisiopatologia, diagnóstico e uma

    pequena amostra de ajustes quiropráticos. Na sequência foram apresentados

    através de quadros os músculos envolvidos no segmento estudado com sua

    origem, inserção e ação. Na sequência foi apresentado Algoritmos de cada

    estrutura estudada com o intuito de direcionar o raciocínio clínico do

    profissional da área da saúde.

    Para cada doença foi seguido um padrão de formação que envolve: sinonímia,

    conceito, etiologia, fatores de risco, epidemiologia, sinais e sintomas, exames:

    físicos, ortopédicos, neurológicos, de imagens, laboratoriais, diagnóstico

    diferencial, tratamento e observações importantes, fornecendo para o leitor

    conteúdo adequado para o entendimento das doenças mencionadas.

    No capítulo VII foi demonstrado uma sequência de testes ortopédicos,

    referentes ao membro superior, assim como uma breve explanação sobre o

    sistema nervoso e um mapa indicativo de pontos gatilhos do membro superior.

    Esses tópicos foram acrescentados com intuito de fornecer ao profissional, no

    momento da consulta, ferramentas que irão elucidar sua linha de raciocínio.

    3.1.2.1 Relação das doenças abordadas

    As doenças citadas no Guia Prático de Diagnóstico e Tratamento em

    Quiropraxia foram pesquisadas e destacadas como as mais relevantes dos

    Membros Superiores, tendo a revisão bibliográfica e o suporte empírico de

    professores quiropraxistas da Universidade Anhembi Morumbi.

    Ombro

    Tendinite do Supraespinal

    Tendinite do Bíceps

    Tendinite do Subescapular

    Tendinite do Tríceps

  • Tendinite Calcárea

    Síndrome do Impacto

    Lesão do Manguito Rotador

    Capsulite Adesiva

    Lesão do Lábio Glenoidal

    Entorse da Articulação Acrômio clavicular

    Osteoartrose Acrômio clavicular

    Osteoartrose Glenoumeral

    Plexo Braquial e Neuropatias Periféricas

    Neuropatia do Nervo Mediano

    Neuropatia do Nervo Ulnar

    Neuropatia do Nervo Radial

    Desfiladeiro Torácico

    Cotovelo e Antebraço

    Epicondilite Lateral

    Epicondilite Medial

    Bursite Olecraniana

    Síndrome do Pronador Redondo

    Osteocondrite Dissecante do Cotovelo

    Lesão Ligamentar do Cotovelo

    Punho e Mão

    Síndrome do Túnel do Carpo

    Síndrome de Guyon

    Complexo da Fibrocartilagem Triangular do Punho

    Osteoartrose do Punho

    Osteoartrose das Mãos

    Contratura de Dupuytren

    Dedos em Martelo

    Deformidade em Boutonnieri

  • Deformidade em Pescoço de Cisne

    Cistos Sinoviais

    Instabilidade do Carpo

    Entorse do Punho

    Fratura do Osso Escafóide

    Rizartrose

    Artropatias Inflamatórias

    Artrite Reumatóide

    Artrite Psoriásica

    4.2. Procedimentos

    4.2.1. Base de Dados

    A princípio foi realizado levantamento de referências atuais, junto a Biblioteca

    da Universidade Anhembi Morumbi e Internet, através de livros, revistas,

    artigos científicos e periódicos onde houvesse relato de pesquisas pertinentes

    a cada afecção objetivando uma consulta pormenorizada e atualizada. Após

    levantamento das referências procuramos estruturar a pesquisa dispondo as

    informações de forma ordenada dentro da finalidade proposta no trabalho com

    a finalidade de evitar possíveis desvios e finalmente selecionamos o que era

    útil descartando o restante.

    4.2.1.1. Bibliotecas Reais

    Os livros-textos consultados foram retirados das seguintes bibliotecas reais:

    Universidade Anhembi Morumbi (UAM), campus Centro, São Paulo.

    Universidade de São Paulo (USP)

  • 4.2.1.2. Livros textos

    Destacamos as referências bibliográficas mais utilizadas:

    REDWOOD, Daniel; CLEVELAND III, Carls S.; MICOZZI, Marc.

    Fundamentals of chiropractic. St. Louis, Missouri USA: Mosby, Inc. 2003,

    700 p.

    BERGMANN, Thomas F.; PETERSEN, David H.; LAWRENCE, Dana J.

    Chiropractic Technique. Ed. Mosby; 2a edition. 2002. English – 531

    pags.

    HUFF, Lew; BRASY, David M. Chiropractic Guidelines and Protocols.

    Elsevier Mosby, Second Edition, St. Louis, Missouri, 2008. p.442.

    SIMONS, David G.; TRAVELL, Janet G; SIMONS, Lois S. – Dor e

    Disfunção Miofascial – vol 1 – Artmed – 2005.

    RODRIGUES, Maria Inês Garbino. Acupuntura, Pontos-gatilho e Dor

    Musculoesquelética - tradução do original: Acupunture, Trigger Points

    and Musculoskeletal Pain. ed. 3ª, São Paulo: Roca, 2008, 486 p.

    HYDE, Thomas E. GENGENBACH, Marianne S. Conservative

    Management of Sports Injuries. Second Edition. USA: Jones and

    Bartlett, 2007. pg.1173.

    HEBERT, Sizínio; XAVIER, Renato. Ortopedia e Traumatologia -

    Princípios e Prática. ed. 3ª. Porto Alegre: Artmed, 2003.

    DÂNGELO, José Geraldo; FATTINI, Carlos Américo. Anatomia humana

    sistêmica e tegumentar. 2a ed. São Paulo: Atheneu, 2002.

    BRANCH, W. T. Pain in the shoulder, neck and arm. In: BRANCH,

    W.T.Office Practice of Medicine. 3. Ed. W.B. Saunders Company, 1994.

    POLLEY; H. F. HUNDER, G. G. Anamnese reumatológica e exame

    físico das articulações. 2. Ed. Interamericana, 1980.

    RICARD, Francoise V.; SALLE, Jean-Luc. Tratado de Osteopatia.

    Espanha: Médica Panamericana, 2003, 322 p.

    TORTORA, Gerard J.; GRABOWSKI. Fisiologia. 6ª edição. Porto Alegre

    RS: Artmed, 2006 (modificado).

    WEINSTEIN, Stuart L.; BUCKWALTER, Joseph A. Ortopedia de Turek-

    Princípios e sua Aplicação. ed. 5ª. São Paulo: Manoel, 2000.

  • FALOPPA, Flávio; ALBERTONI, Walter Manna. Guia de ortopedia e

    traumatologia. Barueri SP: Manole, 2008.

    CARNES, Michael; VIZNIAK, Nikita. Quick Reference Conservative Care

    - Conditions Manual. Second Edition, Canadá, 2007.

    4.2.1.3. Bireme (Biblioteca Regional de Medicina)

    As atualizações do tema foram realizadas pela consulta de:

    Scientific Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs)

    US National Library of Medicine (PubMed)

    Base de dados Medline

    Base de dados Bibliomed

    Base de dados Scielo

    Revista Brasileira de Ortopedia

    Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia

    Revista Einstein - Publicação Oficial do Instituto Israelita de Ensino e

    Pesquisa Albert Einstein

    Revista da Associação Médica Brasileira

    4.2.1.4. Bases de dados eletrônicos da Biblioteca

    Regional de Medicina

    Foram utilizados os seguintes termos na pesquisa de base de dados da

    BIREME:

    ―chiropractic‖

    ―quiropraxia‖

    ―definition‖

    ―história‖

  • ―history‖

    ―guia‖

    ―current‖

    ―saúde‖

    upper extremities‖

    Como também foram pesquisados termos relacionados às doenças

    osteomusculares dos membros superiores dentro das bases de pesquisa,

    utilizando o sistema de índice bolleano.

    4.2.1.5. Base de dados eletrônicos do “World Wide

    Web” (WEB)

    A busca em sítios (―sites‖) foi realizada com o intuito de consultar as editoras e

    livros, como também para verificar se havia na literatura biomédica algo

    parecido ou igual ao que estava sendo proposto, certificando-se assim da

    viabilidade da elaboração deste guia.

    Os endereços eletrônicos utilizados foram:

    www.google.com.br

    www.yahoo.com.br

    www.altavista.com.br

    4.2.1.6. “Sites” específicos

    www.periodicos.capes.gov.br

    www.sbot.org.br (Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia)

    www.rbo.com.br (Sociedade Brasileira de Ortopedia)

    www. emedicine.medscape.com/sports_medicine

    www.chiroandosteo.com/content/17/1/3

    Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics

    http://journals.lww.com/spinejournal/pages/default.aspx (Spine)

  • www.wgate.com.br/

    www.server.nib.unicamp.br

    www. rev. assoc. med. bras.

  • 4. RESULTADOS

    A esperada carência de bases de dados existentes em língua portuguesa para

    a Quiropraxia foi confirmada. Mesmo na literatura internacional foi necessária

    uma extensa pesquisa de base de dados biomédicos para obterem-se dados

    significativos. Parte relevante dos dados foi obtida em fontes não diretamente

    pertinentes à Quiropraxia.

    Como resultado foi selecionado 41 doenças consideradas prevalentes

    compondo assim este Guia Prático de Diagnóstico e Tratamento em

    Quiropraxia das Doenças dos Membros Superiores.

    1. Tendinite do Supraespinal

    2. Tendinite do Bíceps

    3. Tendinite do Subescapular

    4. Tendinite do Tríceps

    5. Tendinite Calcárea

    6. Síndrome do Impacto

    7. Lesão do Manguito Rotador

    8. Capsulite Adesiva

    9. Lesão do Lábio Glenoidal

    10. Entorse da Articulação Acrômioclavicular

    11. Osteoartrose Acrômioclavicular

    12. Osteoartrose Glenoumeral

    13. Neuropatia do Nervo Mediano

    14. Neuropatia do Nervo Ulnar

    15. Neuropatia do Nervo Radial

    16. Desfiladeiro Torácico

    17. Epicondilite Lateral

    18. Epicondilite Medial

    19. Bursite Olecraniana

    20. Síndrome do Pronador Redondo

    21. Osteocondrite Dissecante do Cotovelo

  • 22. Lesão Ligamentar do Cotovelo

    23. Síndrome do Túnel do Carpo

    24. Síndrome de Guyon

    25. Tenossinovite Estenosante de DeQuervain

    26. Tenossinovite dos Flexores do Carpo

    27. Complexo da Fibrocartilagem Triangular do Punho

    28. Osteoartrose do Punho

    29. Osteoartrose das Mãos

    30. Contratura de Dupuytren

    31. Dedos em Martelo

    32. Deformidade em Boutonnieri

    33. Deformidade em Pescoço de Cisne

    34. Cistos Sinoviais

    35. Instabilidade do Carpo

    36. Entorse do Punho

    37. Entorse da Cápsula Articular das IFP e IFD da Mão

    38. Fratura do Osso Escafóide

    39. Rizartrose

    40. Artrite reumatóide

    41. Artrite psoriática

    Os itens referentes ao guia que se seguirão são:

    Capa

    Página de rosto

    Apresentação

    Índice

    Introdução às doenças ósteo-mio-articulares dos membros superiores

    Doenças do ombro

    Introdução às Neuropatias Superiores e Plexo Braquial

    Doenças Neuropáticas do membro superior

    Introdução às doenças da região do cotovelo

    Doenças do cotovelo

    Introdução às doenças da região do punho e mão

  • Doenças referentes à região do punho e mão

    Introdução às Artropatias Inflamatórias

    Doenças artropáticas que afetam os membros superiores

    Sistema Nervoso e Pontos Gatilho

    Referências

    Os resultados propriamente ditos referem-se ao texto produzido, à organização

    e sistematização das informações coletadas, avaliação crítica de cada capítulo

    e a formatação geral do Guia como um volume de consulta rápida.

    O formato final do Guia é apresentado na sequência.

  • GGUUIIAA PPRRÁÁTTIICCOO DDOO QQUUIIRROOPPRRAAXXIISSTTAA

    VVOOLLUUMMEE IIII

    GGUUIIAA DDEE DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCOO EE

    TTRRAATTAAMMEENNTTOO EEMM QQUUIIRROOPPRRAAXXIIAA DDAASS

    DDOOEENNÇÇAASS DDOOSS MMEEMMBBRROOSS SSUUPPEERRIIOORREESS

    Organizador

    DJALMA JOSÉ FAGUNDES

    Autores

    Mara Célia de Paiva Bumerad Adriana Pegoraro

    Co-autores

    Aline Pereira Labate Fernandes Pablo Blass Valverde

  • GGUUIIAA PPRRÁÁTTIICCOO DDOO QQUUIIRROOPPRRAAXXIISSTTAA

    VVOOLLUUMMEE IIII

    GGUUIIAA DDEE DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCOO EE

    TTRRAATTAAMMEENNTTOO EEMM QQUUIIRROOPPRRAAXXIIAA DDAASS

    DDOOEENNÇÇAASS DDOOSS MMEEMMBBRROOSS SSUUPPEERRIIOORREESS

  • COLABORADORES

    ADRIANA GIBOTTI

    Graduada em Biologia pela UEL - Londrina - PR, Mestre em Microbiologia pelo

    Instituto de Biociências da UNESP - Rio Claro - SP e Doutora em Microbiologia pelo

    ICB II da USP - São Paulo, Professora e líder da disciplina Agressão e Defesa na

    Escola de Medicina, Escola da Saúde e Bem Estar e Escola da Beleza da

    Universidade Anhembi Morumbi e gerente de controle de qualidade da Promicro

    Industrial Ltda

    ALINE SOUTO SOUZA Quiropraxista, graduada pela Universidade Anhembi Morumbi

    ANA LÚCIA FARIA RIBEIRO

    Farmacêutica, especialista em Educação em Saúde pela UNIFESP e Mestre em

    Ensino Superior em Saúde pela UNIFESP

    ANA PAULA ALBUQUERQUE FACCHINATO

    Quiropraxista pela Universidade Anhembi Morumbi; Extensão Universitária na Western

    States Chiropractic College e Los Angeles Chiropractic College; Pós Graduação em

    Residência Clínica pela Western States Chiropractic College

    ANDRÉ LUIZ RIBEIRO

    Fisioterapeuta Especialista em Fisiologia do Exercício pela Unifesp

    CHRISTOPHER ANTHONY ANANIADIS

    Masters Degree in Chiropractic (M.Deg Chiro), South Africa

    specializing in SOT (Sacro-occipital Technique) and Chiropractic craniopathy

    CLARISSA MAGALHÃES CERVENKA

    Nutricionista, Mestre em Ciências da Saúde pela UNIFESP

    DANIEL DUENHAS

    Quiropraxista e professor pela Universidade Anhembi Morumbi

    EDSON RODRIGUES PEREIRA

  • Médico Veterinário formado pela Universidade de São Paulo

    Mestrado em Patologia Experimental e Comparada- FMVZ-USP

    Doutorado em Patologia Experimental e Comparada- FMVZ-USP

    ELAINE FERRÃO FERNANDES

    Fisioterapeuta pela UNICID, mestrado em psicologia da saúde -UMESP, especialista

    em piscina terapêutica e formação em Terapia Manual em diferentes técnicas

    FRANCISCO RIBEIRO DE MORAES

    Biomédico pela Universidade de Mogi das Cruzes em 1978; Especialista em

    Citopatologia, pelo Conselho Federal de Biomedicina, Especialista em Patologia

    Clínica pela Universidade de Mogi Das Cruzes; Mestre em Ciências pela Universidade

    de São Paulo. Professor da Universidade Anhembi Morumbi desde 1999 e Professor

    pelas Faculdades Integradas de Guarulhos desde 1980, pelas cadeiras de Fisiologia e

    Patologia

    KENNETH L. BRYAN

    Doutor em Quiropraxista pela Palmer College of Chiropractic (EUA). Certified

    Chiropractic Wellness Practicioner (CCWP) pela Associação Internacional de

    Quiropraxistas (ICA - EUA) e Life Chiropractic College West

    MÁRCIA ALMEIDA DA SILVA

    Fisioterapeuta e Quiropraxista

    SONG DUCK KIM

    Bacharel em Quiropraxia, professor de Bloco de Conhecimento do Módulo Integrado

    da Pelve e Coluna Lombar, Princípios da Quiropraxia e Práticas em Quiropraxia. Tem

    formação em Farmácia Bioquímica - UNESP - Modalidade de Fármacos e

    Medicamentos

    ROSANGELA HAVEROTH

    Quiropraxista, graduada pela Universidade Anhembi Morumbi, Pós graduação pela

    Escola Paulista de Acupuntura

    TONI CHERI BLEGGI BOTELHO BRACHER, D.C.

  • Doutora em Quiropraxia, título conferido pela Palmer College of Chiropratic-West,

    Califórnia, EUA. Título em ―Radiology Supervisor and Operator‖, Departamento de

    Serviços de Saúde, Califórnia, EUA

    VIVIAN ALESSANDRA SILVA

    Fonoaudióloga e Doutora em Anatomia pelo ICB/USP

    Professora da disciplina de Morfologia Humana na Universidade Anhembi Morumbi

  • AAPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO

    A Quiropraxia está voltada para o diagnóstico e tratamento das doenças e distúrbios

    da coluna vertebral. A profissão além de sua atividade terapêutica específica

    desenvolve atividades que estão voltadas para a promoção da Saúde, prevenção e

    profilaxia das doenças osteo-mio-articulares.

    O ensino universitário da Quiropraxia no Brasil é recente assim como a sua atividade

    profissional. O grande acervo de consulta biomédica existente que aborda a

    Quiropraxia, encontra-se em língua estrangeira, principalmente em inglês, estando

    assim, voltado para a realidade de outros países.

    Foi exatamente por perceber esta lacuna e baseada nas dificuldades da vida

    acadêmica para encontrar e selecionar as diversas doenças de interesse da

    Quiropraxia que o Curso de Quiropraxia da Universidade Anhembi Morumbi se propôs

    a realizar, como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), um guia prático de

    diagnóstico e tratamento das doenças mais prevalentes em nosso meio, procurando

    preencher a lacuna das referências nacionais.

    Aceitei com entusiasmo a proposta de orientar o projeto de pesquisa do TCC. Este

    segundo volume, agora sobre os membros superiores, é fruto desta iniciativa que foi

    plantado, cuidado e colhido pelas alunas Mara Célia de Paiva Bumerad e Adriana

    Pegoraro. Para isto foi fundamental a colaboração direta e efetiva dos Quiropraxistas

    Aline Pereira Labate Fernandes e Pablo Blass Valverde na seleção e revisão dos

    tópicos escolhidos.

    Este guia é um esforço conjunto de discentes e docentes que poderá conter pontos

    falhos ou polêmicos, mas que revela a competência e amadurecimento do projeto

    acadêmico do Curso de Quiropraxia da Anhembi Morumbi.

    Prof. Dr. Djalma José Fagundes

    Professor de Metodologia Científica

    Universidade Anhembi Morumbi

  • PREFÁCIO

    A mais de um século, numa época que sequer existia exames de Raios x, um homem,

    Daniel David Palmer, ousou acreditar na Grande Ideia de que através da coluna

    vertebral o Sistema Nervoso Central estabelece comunicação com as demais partes

    do corpo e com o seu estado de saúde em geral. Um visionário que plantou essa

    Grande Ideia no coração do seu filho, BJ Palmer, que a sistematizou de tal forma que

    além de mostrar a sua cientificidade a transformou numa paixão que transcende o

    tempo e os continentes. Ancorados na coragem, pesquisa e determinação trouxeram a

    Quiropraxia para tríade das principais profissões da área da saúde no mundo.

    A Organização Mundial da Saúde destaca a Quiropraxia como uma das mais eficazes

    profissões para a avaliação, diagnóstico, tratamento e prevenção das desordens

    neuromúsculoesquelética e a correlação dessas desordens com a saúde em geral. Da

    gestante ao recém nascido, do juvenil ao idoso, esportistas e até animais, por meio

    das especialidades nessas áreas, se beneficiam com os cuidados que a Quiropraxia

    oferece.

    O Quiropraxista é um profissional independente, de formação universitária, com sua

    própria história e fundamentos, hoje estruturados em 90 países, sendo reconhecida

    por lei na maioria deles. No Brasil ela chegou por meio de outros visionários que

    perceberam, no mesmo lampejo da Grande Idéia, o bem que fariam ao nosso povo ao

    implantá-la em nosso maravilho país.

    Embora haja no Brasil, cursos universitários que ofereçam o bacharelado em

    Quiropraxia dentro das prerrogativas determinadas pela Organização Mundial da

    Saúde para formação básica e segurança em Quiropraxia, do consenso internacional

    sobre educação em Quiropraxia, todos reconhecidos pelo Ministério da Educação e

    Cultura do país, estudos demonstram que há carência de informação a disposição do

    grande público, que seja consistente, sobre a identidade e legitimidade dessa nova

    profissão no cenário da saúde nacional que é exercida por cerca de 500 profissionais

    com formação universitária plena e reconhecida na área.

    O que vivemos no cenário político, acadêmico, profissional e social da Quiropraxia

    hoje no Brasil é a continuidade ao processo natural da sua evolução como profissão

    independente em todos os países por onde tem se estabelecido essa trajetória de

  • mais de um século. É maravilhoso concluir que em todas as regiões e por todo esse

    tempo ela, a Quiropraxia, SEMPRE é vitoriosa por fazer a diferença e por ser legítima.

    Ao recapitular a nossa história, havendo revisado cada passo de progresso até o nível

    atual, posso dizer que nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que

    esqueçamos os ensinos que foram ministrados no passado e a maneira que a

    Quiropraxia se estabeleceu no mundo. Tudo é questão de tempo, temos

    responsabilidades ética e social com o nosso povo e moral com o nome da nossa

    profissão.

    Daí a louvável e apropriada iniciativa da dupla Adriana e Mara, que iniciam sua vida

    profissional como nos brindando com essa obra direcionada especificamente para

    prática avaliativa técnica no cotidiano do Quiropraxista. Leva-nos também a rever o

    contexto epistemológico dessa fantástica ciência, filosofia e arte chamada Quiropraxia

    nos dias atuais.

    Que esta obra seja a primeira de muitas publicações para benefício da profissão e

    principalmente dos nossos pacientes.

    Prof. Evergisto Souto Maior

    Quiropraxista graduado pelo programa FEEVALE & Palmer College. Membro da

    Federação Mundial de Quiropraxia e da Equipe de Coordenadores da Comissão Pró-

    Regulamentação da Quiropraxia no Brasil.

    Pesquisador em Fundamentos, Filosofia, História e Legitimidade da Quiropraxia no

    Brasil.

  • LISTA DE ABREVIAÇÕES

    ABQ Associação Brasileira de Quiropraxia

    ADM Amplitude de Movimento

    AINE Antiinflamatório Não-Esteróide

    AR Artrite Reumatóide

    ATM Articulação Têmporo Mandibular

    BIREME Biblioteca Regional de Medicina

    CAO Capsulite Adesiva do Ombro

    DORT Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho

    ENMG Eletroneuromiografia

    FNP Facilitação Neuro Proprioceptiva

    IFD Articulação Interfalângica Distal

    IFP Articulação Interfalângica Proximal

    INSS Instituto Nacional de Seguro Social

    LER Lesões por Esforços Repetitivos

    MCF Metacarpofalangeana

    MEC Ministério da Educação e Cultura

    N.d.n. Nada digno de nota

    OA Osteoartrose

    ODC Osteocondrite Dissecante do Cotovelo

    ODO Osteocondrite Dissecante do Olécrano

    PRICE Proteção Repouso Gelo Compressão Elevação

    RNM Ressonância Nuclear Magnética

    SBOT Revista Brasileira de Ortopedia e Traumatologia

    STC Síndrome do Túnel do Carpo

    TC Tomografia Computadorizada

    TENS Eletroestimulação Transcutânea

    UAM Universidade Anhembi Morumbi

    US Ultrassom

    VHS Velocidade de Hemossedimentação

    WFC World Federation of Chiropractic

    WEB World Wide Web

    RX Radiografia Simples

  • ÍÍNNDDIICCEE

    CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO 30

    Generalidade 31 Sinais e sintomas 32 Epidemiologia 32 Hipótese diagnóstica e tratamento quiroprático 33 Referências 38

    CAPÍTULO II - OMBRO 40

    Articulação do ombro 41 Tendinite do supraespinal 51 Tendinite do bíceps 53 Tendinite do subescapular 56 Tendinite do tríceps 58 Tendinite calcárea 60 Síndrome do impacto 62 Lesão do manguito rotador 65 Capsulite adesiva do ombro (CAO) 68 Lesão do lábio glenoidal 71 Entorse da articulação acromioclavicular 73 Osteoartrose acromioclavicular 76 Osteoartrose glenoumeral 78 Referências 80

    CAPÍTULO III NEUROPATIAS COMPRESSIVAS E PLEXO BRAQUIAL

    83

    Neuropatias compressivas e plexo braquial 84 Neuropatia do nervo mediano 89 Neuropatia do nervo ulnar 91 Neuropatia do nervo radial 95 Síndrome do desfiladeiro torácico 98 Referências 100

    CAPÍTULO IV – COTOVELO 102

    Articulação do cotovelo 103 Epicondilite lateral 108 Epicondilite medial 110 Bursite olecraniana 112 Síndrome do pronador redondo 114 Osteocondrite dissecante do cotovelo 116 Lesão ligamentar do cotovelo 118 Referências 121

    CAPÍTULO V - PUNHO E MÃO 123

    Articulação do punho e mão 124 Síndrome do túnel do carpo 132 Síndrome de Guyon 135 Tenossinovite estenosante de DeQuervain 137 Tenossinovite dos flexores do carpo 140

  • Complexo de fibrocartilagem triangular do punho 143 Osteoartrose do punho 145 Osteoartrose das mãos 147 Contratura de Dupuytren 150 Dedos em martelo 152 Deformidade de Boutonniere 154 Deformidade em pescoço de cisne 156 Cistos sinoviais 158 Instabilidade do carpo 160 Entorse do punho 162 Entorse da cápsula articular das IFP e IFD da mão 164 Fratura do osso escafóide 166 Rizartrose do polegar 168 Referências 170

    CAPÍTULO VI - ARTROPATIAS INFLAMATÓRIAS 176

    Artropatias inflamatórias sistêmicas com manifestações em membros superiores

    177

    Artrite reumatóide 179 Artrite psoriática 182 Referências 184

    CAPÍTULO VII – TESTES ORTOPÉDICOS, GENERALIDADES DO

    SISTEMA NERVOSO E MAPA DOS PONTOS GATILHO DOS

    MEMBROS SUPERIORES

    156

    Ombro 186 Plexo braquial 201 Cotovelo 205 Punho e mão 211 Sistema nervoso e pontos gatilho 217 Pontos gatilho 222

  • IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO AAOO GGUUIIAA PPRRÁÁTTIICCOO DDEE DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCOO EE

    TTRRAATTAAMMEENNTTOO DDAASS DDOOEENNÇÇAASS DDOOSS MMEEMMBBRROOSS

    QQUUIIRROOPPRRAAXXIIAA

    - 2009 -

    Capítulo I

    IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

  • Generalidades

    Embora as lesões em membros superiores não representem riscos de vida

    para o trabalhador, o comprometimento de um segmento, como a mão,

    inviabiliza o desenvolvimento de atividades profissionais e pessoais. Assim, tais

    lesões representam grande risco funcional, com consequências

    socioeconômicas para o trabalhador, sua família e toda a sociedade. As

    sequelas funcionais podem ser diretas e/ou indiretas, representadas por

    distúrbios de sensibilidade, dos movimentos articulares, dos desvios

    segmentares e a associação de lesões.

    A terminologia doença ósteo-mio-articular dos membros superiores está

    relacionada frequentemente com as tendinites, bursites, fibroses, lesão

    incompleta ou completa do manguito rotador e correspondem a 60% do motivo

    de consulta de doenças reumáticas, com sinais e sintomas clássicos e se

    forem diagnosticadas de forma específica, anatômica, correta e precoce

    contribuirá para o planejamento de um tratamento adequado, diminuindo a

    morbidade e a ocorrência de sequelas incapacitantes relacionadas(1).

    Doenças mais frequentes que envolvem os nervos periféricos:

    Mediano - síndrome do túnel do carpo, lesão do nervo mediano na base

    da mão, síndrome do pronador redondo e síndrome do interósseo

    anterior.

    Ulnar - síndrome do canal ulnar e síndrome do canal de Guyon.

    Radial - síndrome do supinador; compressão do nervo radial (síndrome

    de Wartenberg) e síndrome do interósseo posterior (estas síndromes

    não foram detalhadas neste trabalho).

    Plexo Braquial - síndrome do desfiladeiro torácico.

    Outras - síndrome complexa de dor regional do tipo I (distrofia simpático

    reflexa) e síndrome complexa de dor regional do tipo II (causalgia),

    ambas não detalhadas neste trabalho.

  • Doenças mais frequentes que envolvem os tendões:

    Ombro - tendinite do supraespinal e bursite.

    Braço - tendinite distal do bíceps e tendinite do bicipital.

    Antebraço - doença de DeQuervain e outras como tenossinovite dos

    extensores dos dedos e do carpo, tenossinovite dos flexores dos dedos

    e extensores do carpo e tenossinovite do braquiorradial.

    Mão - dedo em gatilho e cisto sinovial.

    Doenças mais frequentes que envolvem as fáscias:

    contratura de Dupuytren, epicondilite lateral e epicondilite medial(2).

    SINAIS E SINTOMAS

    A dor de origem ósteo-mio-articular se caracteriza por evoluir com ou sem

    incapacidade laboral, se inicia com uma inflamação ou por alterações

    degenerativas nos tecidos conectivos dos tendões, bainhas tendinosas, bolsas

    serosas, cápsulas articulares, músculos, pontos de inserção musculotendínea

    ou dores osteomusculares difusas com padrões inespecíficos, que trazem

    transtorno do sono, cansaço e dores pela manhã(3).

    Embora esses processos inflamatórios sejam de caráter benigno e a maioria

    dos casos possa ser tratada conservadoramente com imobilização e

    antiinflamatórios não esteróides (AINEs), é necessário a suplementação do

    tratamento de forma multidisciplinar o mais cedo possível.

    EPIDEMIOLOGIA

    À semelhança de outros países, no Brasil os dados oficiais sobre a prevalência

    de distúrbios ósteo-mio-articulares não apresentam estratificação segundo a

    região acometida ou diagnóstico firmado. As estatísticas do Instituto Nacional

    de Seguridade Social (INSS) mostram aumento da concessão de benefícios

    por Distúrbios Osteomusculares. No entanto, sabe-se que tais lesões são

  • comuns em trabalhadores que exercem suas funções atrás de computadores,

    nas linhas de montagem de firmas, atletas, músicos, bailarinos e até donas de

    casa que, apesar de não estarem submetidas às condições peculiares da

    organização moderna de trabalho, apresentam queixas e sinais clínicos

    semelhantes às doenças ocupacionais dos trabalhadores das linhas de

    montagens(4).

    HIPÓTESE DIAGNÓSTICA E TRATAMENTO QUIROPRÁTICO

    Segundo a World Federation of Chiropractic (WFC), a Quiropraxia é uma

    profissão na área da saúde que lida com o diagnóstico, tratamento e a

    prevenção das desordens do sistema neuromúsculoesquelético e dos efeitos

    destas desordens na saúde em geral. Há uma ênfase em técnicas manuais,

    incluindo o ajuste e/ou a manipulação articular, com um enfoque particular no

    complexo articular ou subluxação(2).

    A subluxação ou complexo articular é uma disfunção entre duas articulações,

    onde pode ou não haver um mau posicionamento entre elas, porém sempre

    haverá uma alteração restritiva da sua faixa normal de movimento. É causada

    principalmente por trauma ou microtrauma repetitivo que acumulado e somado

    a tensão, resultam em encurtamento muscular. Especificamente, nas

    extremidades do corpo, esse tipo de subluxação ocorre quando duas estruturas

    ósseas tornam-se desniveladas ou impactadas ao ponto em que esta disfunção

    cause inchaço intrarticular e produza compressão das fibras do nervo, ou pelo

    edema inflamatório dos tecidos perineurais(5;6).

    Tal complexo de subluxação pode produzir irritação ou facilitação neurológica

    com manifestação local ou à distância, além de alterar a biomecânica articular

    incorporando a doença e envolvendo todas as estruturas que circundam esse

    segmento(5).

    O conceito de subluxação ou luxação ortopédica se refere ao deslocamento

    parcial ou total das superfícies articulares visualizado em radiografia simples,

    alterando totalmente a função do segmento analisado, enquanto que em

  • Quiropraxia o termo subluxação articular tem uma conotação funcional e não

    estrutural(7;5).

    O termo Ajustamento ou Manipulação Articular Quiroprática é descrito como:

    “movimentação passiva de uma vértebra ou articulação, com alta velocidade e

    baixa amplitude, além da amplitude de movimento fisiológico no espaço

    parafisiológico e dentro da integridade anatômica”(8).

    Para um diagnóstico preciso e tratamento satisfatório é imprescindível que a

    anamnese e exame físico sejam realizados de forma completa, detalhada e

    sistematizada. O exame físico deve dar ênfase ao aparelho locomotor, e no

    segmento em que a queixa se apresenta. O paciente deve ser observado

    desde o momento em que entra no consultório, atentando-se para os seus

    movimentos, atitudes antálgicas e a postura assumida. Também deve ser

    observado o modo como o paciente se assenta e se levanta, se deita e

    novamente como se levanta da mesa de exame(9;10). São exigências essenciais

    para avaliação clínica quiroprática o histórico do paciente, inspeção, palpação,

    amplitude de movimento, testes ortopédicos e neurológicos.

    Por meio de palpação pode-se verificar a temperatura da pele, tônus e ou

    espasmo muscular, nódulos, aderências, pontos gatilho, crepitação, assim

    como identificar dor ou hipersensibilidade das estruturas acometidas. A

    avaliação dos movimentos de cada região do membro superior deverá ser

    executada por partes, a fim de detectar a limitação dos movimentos, resultante

    do acometimento da articulação ou de estruturas adjacentes. Já a função do

    nervo periférico pode ser verificada pela avaliação da funcionalidade da

    musculatura. Devem ser realizados testes ortopédicos provocativos, de reflexos

    tendíneos profundos; testes sensoriais e quando necessário solicitar exames

    de imagem que confirmarão a hipótese diagnóstica e poderão ser usadas

    posteriormente para comparar a efetividade do tratamento(11).

    Uma vez diagnosticada a doença, além da proposta do tratamento adequado, é

    importante a relação entre o paciente e o trabalho exercido pelo mesmo. É

    fundamental o conhecimento detalhado das estruturas envolvidas nos

  • movimentos realizados e posturas adquiridas durante a realização da tarefa

    que possa fazer a relação desses aspectos com o seu diagnóstico, sendo

    inclusive muitas vezes necessária a avaliação ergonômica das atividades

    realizadas.

    A Quiropraxia atua em todas as articulações do corpo, inclusive nas

    articulações dos membros inferior e superior e emprega diferentes técnicas

    manuais em busca não só do alívio dos sintomas, mas do restabelecimento da

    comunicação entre o sistema nervoso e o restante do corpo. A utilização de um

    tratamento neuromuscular (nos tecidos moles) antes de realizar os ajustes

    articulares, é utilizada na maioria dos tratamentos, pois permite por vias

    reflexas o relaxamento dos tecidos, propiciando um ajuste adequado e

    confortável ao paciente.

    Algumas técnicas e ferramentas utilizadas pela Quiropraxia

    Pontos gatilho - se caracterizam por focos irritáveis, localizados entre

    as fibras musculares, ativados diretamente pela sobrecarga muscular

    aguda, crônica ou uso excessivo da musculatura, desencadeando

    posteriormente pontos de tensão em outros músculos (pontos satélites),

    que demonstram sinais e sintomas característicos, como a dor que,

    normalmente, só é relatada quando palpada a região, limita o

    alongamento da fibra muscular e altera sua amplitude de movimento. A

    liberação consiste, basicamente, em digito pressão do ponto, em media,

    entre dez a trinta segundos (desativação do ponto gatilho) em seguida

    realiza-se o alongamento do músculo envolvido em seu limite máximo;

    também pode ser utilizado crio com spray (vapor congelante) e se

    necessário injeções de corticóides(12;13).

    Active Release Techniques (ART) - tem como objetivo restaurar o

    movimento dos tecidos moles (músculos, tendões, nervos e fáscias),

    melhorar a resistência, a função e a flexibilidade desses tecidos(14).

    Microtraumas, condições agudas e hipóxia, são condições que levam o

    organismo a produzir um tecido cicatricial que leva ao encurtamento

  • dessas estruturas, encarceramento de nervos levando a alterações de

    sensibilidade (formigamento, dormência e fraqueza). O tratamento é

    realizado com as mãos a fim de verificar a textura, tensão e movimento

    dos tecidos, há em media mais de quinhentos protocolos para

    tratamento(15).

    Técnica Graston - é uma forma de terapia manual que detecta e trata

    cicatrizes e as restrições que afetam a função normal dos tecidos moles.

    São utilizados instrumentos de aço inoxidável, patenteados, para realizar

    uma massagem transversa local que atua nas fibroses e inflamações

    crônicas, mobilizando o tecido cicatricial e fascial. A mobilização é

    seguida por alongamento, fortalecimento e gelo. Os pacientes

    geralmente recebem dois tratamentos por semana durante quatro a

    cinco semanas e a maioria dos casos tem uma resposta positiva entre a

    terceira e quarta sessão. Esta técnica deve ser usada simultaneamente

    com o tratamento de ajustes quiropráticos(16).

    Técnica Sacro Occipital (S.O.T.) - um conceito novo, amplo e

    avançado de Quiropraxia, iniciado e desenvolvido através de estudo,

    investigação e aplicação clínica por parte do Dr. M.B. DeJarnette que

    por mais de meio século investigou e estudou todos os aspectos da

    fisiologia e da anatomia e descobriu clinicamente que a distorção

    estrutural humana recai em três grupos básicos. Ele classificou estes

    grupos como categorias I, II e III. O objetivo do tratamento é estabilizar a

    coluna e a pélvis restaurando o equilíbrio normal do mecanismo da

    bomba do sacro, restabelecendo o sistema circulatório entre o encéfalo

    e a medula espinhal e sua função vital para uma saúde perfeita. Os

    pacientes geralmente recebem dois tratamentos por semana durante

    quatro a cinco semanas e a maioria dos casos tem uma resposta

    positiva entre a terceira e quarta sessão. Esta técnica deve ser usada

    simultaneamente com o tratamento de ajustes quiropráticos(17).

    Activator Chiropractic Technique (ativador) - é um método baseado

    em estudos cinesiológicos, tendo efeito neurofisiológico, baseado na

  • força de vibração que será captada pelos receptores e

    mecanorreceptores localizados no corpo. Utiliza-se de um instrumento

    chamado Ativador que dissipa o complexo de subluxação articular, com

    maior ênfase num trabalho proprioceptivo do que mecânico comparado

    ao ajuste quiroprático manual. A técnica incorpora os últimos avanços

    em ortopedia, neurologia e exames quiropráticos, juntamente com

    ajustes que equilibram o bombeamento do líquor cérebroespinhal. Os

    pacientes geralmente recebem dois tratamentos por semana durante

    quatro a cinco semanas e a maioria dos casos tem uma resposta

    positiva entre a terceira e quarta sessão(18;19).

    Técnica de Thompson – é uma técnica de ajuste quiroprático

    desenvolvida pelo Dr. J. Clay Thompson cuja base é a utilização de leg

    checks ou medição do comprimento das pernas para análise e na

    utilização do mecanismo de drop ou tábua de aceleração, cuja finalidade

    é efetuar um ajuste com pouca força. O drop é um conceito que se

    apóia na lei do movimento de Newton que quando dois objetos estão em

    queda, a energia gerada no primeiro objeto é transferida para o segundo

    no momento do impacto. Em outras palavras, a força introduzida pelo

    quiropraxista a uma articulação é amplificada pelo drop sem que isso se

    traduza num ajuste de alto impacto.

    Método Speed Board (tábua de velocidade) – é uma extensão da

    Técnica de Thompson, muito utilizada no tratamento dos membros

    superior e inferior. A tábua utilizada é colocada abaixo da articulação

    tratada e transmite a força aplicada com alta velocidade e baixa

    amplitude, propiciando uma manipulação articular de alta especificidade,

    dispensando a realização de uma pré- tensão antes do ajustamento, que

    seria necessário em um ajuste quiroprático manual. O método corrige o

    movimento afetado pela disfunção articular, restabelecendo a amplitude

    do mesmo. Essa ferramenta é utilizada dentro do tratamento

    quiroprático, a partir da avaliação da região a ser tratada e definido o

    plano de tratamento(20).

  • A duração do tratamento depende do tipo de lesão: mecânica, degenerativa ou

    inflamatória. As lesões sobrepostas, condições pré-existentes, anomalia

    esquelética e doença estrutural tornam a recuperação mais lenta e o tempo

    pode aumentar de 1,5 a 2 vezes. Em geral seis sessões são suficiente para um

    prognóstico mais preciso, ou possível encaminhamento para um tratamento

    mais efetivo(10).

    A necessidade de um trabalho multiprofissional com os cuidados da saúde é

    reconhecida e incentivada pelos quiropraxistas e vem sendo incorporada na

    área da saúde de forma progressiva na prática diária.

  • Referências – Capítulo I - Introdução

    1. MATEO, Garcia G.Y. Reumatismo de partes blandas. Medicine 1990; 8:

    438-444.

    2. REDWOOD, Daniel; CLEVELAND III, Carls S.; MICOZZI, Marc.

    Fundamentals of chiropractic. St. Louis, Missouri USA: Mosby, Inc. 2003,

    700 p.

    3. MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). Norma Técnica do INSS Ordem de

    Serviço/INSS. n. 606/1998. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2001.

    4. MENDONÇA JR, Hélio Pires de.; ASSUNÇÃO, Ada Ávila. Associação

    entre distúrbios do ombro e trabalho: breve revisão da literatura. Rev.

    Bras. de Epidemiologia vol.8 n°.2 São Paulo, Junho 2005.

    5. BERGMANN, Thomas F.; PETERSEN, David H.; LAWRENCE, Dana J.

    Chiropractic Technique –. Ed. Mosby; 2a edition. 2002. English – 531

    pags.

    6. Diretrizes da OMS sobre a formação básica e a Segurança em

    Quiropraxia. Organização Mundial da Saúde, Geneva, Switzerland, 2005.

    7. ALVES, Emmanuel, Dicionário Médico Ilustrado Inglês-Português, RJ:

    Editora Atheneu, 2004.

    8. CHAPMAN-SMITH, David A. Quiropraxia – uma profissão na área da

    saúde – Educação, prática, pesquisa e rumos futuros. São Paulo:

    Anhembi Morumbi, 2001.

    9. WO et al: Report of the Quebec task force on spinal disorders. Spine 12

    (7s): 1-59, 1995.

    10. POLLEY, H.F., HUNDER, G.G. Anamnese reumatológica e exame físico

    das articulações. 2. Ed. Interamérica, 1980

    11. HUFF, Lew; BRASY, David M. Chiropractic Guidelines and Protocols. Elsevier

    Mosby, Second Edition, St. Louis, Missouri, 2008. p.442.

    12. SIMONS, David G.; TRAVELL, Janet G; SIMONS, Lois S. – Dor e

    Disfunção Miofascial – vol 1 – Artmed – 2005

    http://www.quiropraxia.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=78:diretrizes-da-oms&catid=48:geral&Itemid=104http://www.quiropraxia.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=78:diretrizes-da-oms&catid=48:geral&Itemid=104

  • 13. RODRIGUES, Maria Inês Garbino. Acupuntura, Pontos-gatilho e Dor

    Musculoesquelética –- tradução do original: Acupunture, Trigger Points

    and Musculoskeletal Pain. ed. 3ª, São Paulo: Roca, 2008, 486 p.

    14. HYDE, Thomas E. GENGENBACH, Marianne S. Conservative

    Management of Sports Injuries. Second Edition. USA: Jones and Bartlett,

    2007. pg.1173.

    15. ACTIVE RELEASE TECHNIQUES. Disponível em: <

    http://www.activerelease.com/what_patients.asp> Acesso em: 22 abr de

    2009.

    16. ABOUT THE GRASTON TECHNIQUE®. Disponível em:

    Acesso

    em: 22 abr de 2009.

    17. SACRO OCCIPITAL RESEARCH SOCIETY INTERNATIONAL.

    Disponível em: < http://www.sorsi.com/improve-with-sot> Acesso em: 22

    abr de 2009

    18. FUHR A. W. 1ª ed. St. Louis. Missouri: Mosby- year Boock , inc. 1997.

    19. ABOUT ACTIVATOR METHODS. Disponível em: <

    http://www.activator.com> Acesso em: 22 abr de 2009.

    20. VALVERDE, Pablo Blass; KATO, Rogério. Revisão literária - Eficácia do

    Método “Speed Board” em Quiropraxia no tratamento da entorse do

    tornozelo em fase subaguda. Trabalho de Conclusão de Curso

    (Graduação em Quiropraxia) – Universidade Anhembi Morumbi, São

    Paulo – SP - 2004.

  • ARTICULAÇÃO DO OMBRO

    Tendinite do Supraespinal

    Tendinite do Bíceps

    Tendinite do Subescapular

    Tendinite do Tríceps

    Tendinite Calcárea

    Síndrome do Impacto

    Lesão do Manguito Rotador

    Capsulite Adesiva

    Lesão do Lábio Glenoidal

    Entorse da Articulação Acrômioclavicular

    Osteoartrose Acrômioclavicular

    Osteoartrose Glenoumeral

    Capítulo II

    Ombro

  • ARTICULAÇÃO DO OMBRO

    A dor no ombro constitui uma das

    queixas mais frequentes nos

    consultórios dos ortopedistas, somente

    sendo superada pelas queixas de

    lombalgia(1).

    Sendo a articulação mais móvel do

    corpo humano e em virtude de sua

    grande mobilidade, os componentes

    estáticos e dinâmicos que asseguram a

    estabilidade, assumem grande

    importância. A amplitude de movimento

    (ADM), junto com a movimentação do

    cotovelo, permite posicionar a mão em

    qualquer lugar ao alcance do campo

    visual o que nos permite realizar a

    maioria das atividades diárias como,

    levantar, empurrar, puxar e é por meio

    desses movimentos comuns que os

    transtornos clínicos são manifestos(2).

    ANATOMIA E FUNÇÃO

    A complexa estrutura anatômica do

    ombro é composta por três diartroses

    (escápuloumeral, acrômioclavicular e

    esternoclavicular), por três sistemas

    osteotenomioligamentares de

    deslizamento (subacromial, úmero

    bicipital e escápulotorácico), por

    inúmeros ligamentos e músculos. A

    integridade e funcionalidade dessas

    estruturas são fundamentais para a

    ação conjunta do braço. Os

    movimentos da articulação do ombro

    são de abdução e adução, flexão e

    extensão, circundução, elevação e

    rotações.

    A ação dos músculos subescapular,

    supraespinal, infraespinal e redondo

    menor, cujos tendões se fundem, em

    forma de coifa constituindo o que

    chamamos de manguito rotador,

    fornecem ao ombro uma estabilidade

    dinâmica. Esta estrutura tendinosa

    abraça dois terços da cabeça do

    úmero e está parcial e firmemente

    aderida à cápsula articular

    escápuloumeral que lhe é

    subjacente. A ação dos músculos do

    manguito rotador é estabilizar e

    centralizar a cabeça do úmero na

    cavidade glenóide, tornando possível

    o movimento de elevação do braço.

    Estes músculos também produzem

    uma ação de rolamento da cabeça

    umeral e um deslizamento para baixo

    durante a elevação do braço,

    impedindo o atrito da cabeça do

    úmero durante esse último

    movimento com o arco rígido

    córacoacromial, composto pelo

    acrômio e pelo ligamento

    córacoacromial, situando-se sobre a

    bolsa subacromial ou subdeltóidea.

  • Qualquer que seja o movimento de

    abdução ou de flexão anterior, a

    inserção do supraespinal estará

    sempre sob a borda ântero-inferior do

    acrômio ou sob o ligamento

    córacoacromial.

    A cabeça longa do bíceps do braço

    desempenha ação semelhante à do

    manguito rotador ao abaixar e

    comprimir a cabeça do úmero de

    encontro à cavidade glenóide,

    durante a contração muscular,

    principalmente com rotação externa

    do braço.

    O músculo deltóide é o responsável

    pela flexão anterior do ombro a 90°

    (fibras anteriores), abdução do ombro

    até 45° (fibras medias), abdução

    horizontal do ombro (fibras

    posteriores), e sua ação resulta em

    ascensão da cabeça do úmero.

    Existe muita discussão sobre a

    participação do bíceps braquial neste

    movimento. Se ela existe é de

    qualquer forma, de pouca

    importância (3).

    Acima da bolsa serosa

    subacromiodeltoideana localiza-se o

    ligamento córacoacromial, que forma

    um arco sobre a articulação do

    ombro, juntamente com a parte

    horizontal do processo coracóide e o

    acrômio, onde o ligamento está

    fixado. A importância clínica do

    ligamento córacoacromial é de

    proteção da bursa, manguito rotador

    e cabeça longa do bíceps, podendo

    igualmente participar dos fenômenos

    de compressão causados pelo

    impacto entre a grande tuberosidade

    e o arco acromial.

    Entre as estruturas descritas há uma

    estreita vizinhança e as mesmas

    podem ser lesadas, isolada ou

    conjuntamente, a presença de

    importantes vias vásculo nervosas

    que cruzam a região, bem como a

    complexa mobilidade articular

    inerente ao ombro, faz com que,

    muitas vezes, o diagnóstico e a

    localização exata das lesões sejam

    difíceis.

    O ombro também é uma região

    clássica de dor irradiada oriunda de

    doenças cardíacas, envolvimento da

    pleura, hérnia hiatal, doenças da

    coluna vertebral, raízes nervosas ou