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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA PRÁTICAS DE INCLUSÃO ESCOLAR NO ENSINO MÉDIO REGULAR TÉCNICO – FAETEC / ETER - QUINTINO Por Sandréa de Oliveira Pontes Orientadora Profª. Mary Sue Pereira Rio de Janeiro 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO … · neurológico, a epilepsia. Observou-se a ação da professora e se ia de encontro à proposta da educação inclusiva nas aulas

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA

PRÁTICAS DE INCLUSÃO ESCOLAR NO ENSINO MÉDIO

REGULAR TÉCNICO – FAETEC / ETER - QUINTINO

Por Sandréa de Oliveira Pontes

Orientadora

Profª. Mary Sue Pereira

Rio de Janeiro

2015

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PRÁTICAS DE INCLUSÃO ESCOLAR NO ENSINO MÉDIO

REGULAR TÉCNICO – FAETEC / ETER - QUINTINO

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de Especialista em

Educação Especial e Inclusiva.

Por Sandréa de Oliveira Pontes.

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AGRADECIMENTOS

....aos meus pais, sempre presentes e totais

colaboradores e incentivadores da minha

formação.

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DEDICATÓRIA

.....dedica-se ao meus pais, meus grandes

amores e fiéis companheiros de todas as

horas.

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RESUMO

Esta monografia tem como linha metodológica o estudo de caso, norteada

pela pesquisa qualitativa de base descritiva, e objetiva discutir as práticas

pedagógicas de uma professora de espanhol língua estrangeira da

FAETEC/ETER – Quintino da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro.

Foi feita uma revisão dos teóricos em educação inclusiva e dos transtornos

de déficit de atenção/hiperatividade e deficiência intelectual e de um distúrbio

neurológico, a epilepsia. Observou-se a ação da professora e se ia de encontro à

proposta da educação inclusiva nas aulas da turma regular.

Os dados foram coletados basicamente através da observação das aulas

da turma em que a aluna incluída estava inscrita, 1º ano do ensino médio regular

técnico em enfermagem e de acesso à documentação da aluna. Não se

questionou a capacidade da professora, mas sim a sua prática pedagógica e se

utilizou estratégias para incluir a aluna com necessidades educacionais especiais,

ou seja, se valorizou os conhecimentos da aluna, desenvolveu suas habilidades e

promoveu a aquisição de conhecimento.

A professora demonstrou preocupação na aprendizagem da aluna com

nees. Não discorda da necessidade da capacitação contínua e da formação

adequada ao atendimento de todos os alunos da escola e da necessidade de

troca de informações do professor generalista com a professora da sala de

recursos, entretanto sinalizou que a falta de tempo e a divergência de horários

prejudicou esse contato e foi um complicador no processo de aprendizagem da

aluna.

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SUMÁRIO

Introdução 8

Capítulo I

O TDAH, a DI e a Epilepsia na perspectiva da Educação Inclusiva

10

Capítulo 2

Um recorte restrito da realidade: a pesquisa descritiva e o estudo

de caso 23

Capítulo 3

Nees e a prática pedagógica da professora de ELE no Ensino

Médio Técnico da FAETEC/ETER - Quintino 27

Conclusão 33

Bibliografia 38

Índice 40

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LISTA DE ABREVIATURAS

AEE – Atendimento Educacional Especializado

DI – Deficiência Intelectual

ELE – Espanhol Língua Estrangeira

LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação

LE – Língua Estrangeira

NEES – Necessidades Educacionais Especiais

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

PPP- Projeto Político-Pedagógico

TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade

UE- Unidade Escolar

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho estuda a prática pedagógica voltada aos alunos com

nees na FAETEC / ETER – Quintino, escola de ensino médio regular técnico.

Inicialmente a caracterização se daria sobre a prática com todos os alunos com

nees e com laudo na unidade em questão, entretanto ao deparar-me com um

caso em particular, revi meu estudo. Percebi que deveria dedicar-me à

observação e análise do caso de uma única aluna, por sua característica plural:

aluna com TDAH, DI e epilepsia.

A partir desse momento, voltei meu olhar para as práticas pedagógicas

vigentes na ETER e de que maneira promoviam a inclusão dessa aluna com

nees. Procurei identificar se foram feitas as adaptações do currículo às

necessidades da aluna em questão e confirmar se tais adaptações valorizavam

seu conhecimento prévio e se estavam focadas no desenvolvimento de suas

potencialidades.

O objetivo deste estudo é verificar se as práticas pedagógicas vão de

encontro às necessidades educacionais especiais da aluna estudada. Além disso,

busco identificar se as mesmas, em algum momento, promovem dependência,

podendo constituir obstáculos no processo de ensino-aprendizagem.

O fato de ser um estudo monográfico, o que lhe caracteriza como de

menor extensão se comparado a uma dissertação de mestrado, fez com que

restringisse o número de informantes, pois tornou-se inviável a análise da prática

pedagógica de mais de 20 docentes que compõem o Curso Técnico em

Enfermagem. Selecionei um docente que apresentava maior disponibilidade e

interesse no estudo, a professora de língua espanhola (ELE). Desta forma, deixo

claro que o estudo de caso abaixo é um recorte da realidade e está atrelado à

prática pedagógica da docente supracitada.

Cabe ressaltar que se vai caracterizar as práticas docentes e não da sala

de AEE que existe na unidade escolar e conta com professores designados para

o atendimento em contra turno.

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Assim sendo, este trabalho se constitui de uma primeira parte onde se faz

uma revisão bibliográfica da Educação Inclusiva e das práticas pedagógicas na

escola regular. Recorreu-se aos estudos de Glat (2009), Glat e Pletsch (2004) e

Glat e Pletsch (2012).

Para levar a cabo tal estudo, também foram necessárias leituras não só na

área de transtornos apresentados (TDAH, DI) como também do distúrbio

neurológico (epilepsia). Focalizam-se os transtornos (TDAH e DI) e o distúrbio

neurológico (epilepsia), recorrendo à leitura de Teixeira (2013), Coll, Marchesi e

Palacios (2004), Silva (2008), Velasques e Ribeiro (2014) e Miranda; Muszkat e

Mello (2014), entre outros.

No capítulo 2 se expõe a metodologia da pesquisa adotada. Ao longo do

capítulo descreve-se o estudo de caso e a pesquisa descritiva. Além disso, o

capítulo tem por objetivo apresentar o contexto da pesquisa em questão.

No capítulo 3 apresenta-se a análise dos dados. O capítulo é reservado a

verificar se as práticas pedagógicas nas aulas de LE corroboram para o sucesso

escolar da aluna com nees.

Na conclusão busca-se caracterizar as práticas pedagógicas de uma

docente de ELE da unidade escolar e aferir se vão de encontro à proposta da

educação inclusiva que é a de valorizar o conhecimento prévio do aluno e focar

no desenvolvimento de suas potencialidades sem desprezar o conhecimento

acadêmico pertinente ao segmento que está cursando.

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Capítulo 1

O TDAH, A DI E A EPILEPSIA NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO

INCLUSIVA

A sociedade passa por mudanças diariamente e a velocidade dessas

muitas vezes se choca com a imutabilidade de algumas instituições dela

constituintes. A escola, segunda instituição ao qual fazemos parte, vive em um

momento de catarse. A quebra de paradigmas é premente, pois a adaptação à

nova realidade é urgente.

A inclusão escolar é a grande necessidade atual. A integração, proposta

inicial da educação especial não abarca e, muito menos, proporciona o suporte

necessário para os alunos com necessidades educacionais especiais (nees).

Inserir esse aluno no espaço da escola regular não corresponde à real inclusão.

Incluído será o aluno que participar, interagir e construir significados a partir de

práticas pedagógicas que viabilizem a aquisição de conhecimento e o

desenvolvimento de suas potencialidades.

É importante ressaltar que a Educação Inclusiva não se traduz na mera

inscrição e matrícula do aluno com nees em turmas regulares ou a sua presença

na escola. O aluno deve interagir no grupo, ter acesso aos conhecimentos

específicos para a ano escolar em curso, claro que a partir das adaptações

necessárias a sua necessidade.

Respeitar as idiossincrasias do aluno e favorecer seu acesso ao

conhecimento acadêmico é premissa expressa na Declaração de Salamanca que

frisa que: “Todas as crianças de ambos sexos, têm direito fundamental à

educação e que a elas deve ser dada a oportunidade de estar e manter um nível

aceitável de conhecimento.” (UNESCO, 1994, p.10)

Historicamente falando a Educação Especial tem sua origem no modelo

clínico. Os médicos foram os primeiros a sinalizar a necessidade de

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escolarização de indivíduos com deficiência que se encontravam em hospitais

psiquiátricos, sem distinção de patologia ou idade, especialmente no caso da

deficiência intelectual (DI). Sob o enfoque médico a deficiência era tida como

doença crônica, tendo todo seu atendimento, ainda que educacional, sob viés

terapêutico.

A preocupação e o objetivo do tratamento então era que o portador de

deficiência adquirisse independência para as atividades diárias e prontidão para a

alfabetização sem perspectivas nem anseio de continuidade de formação

acadêmica.

1.1 O contexto da educação inclusiva no Brasil

No Brasil, a institucionalização da Educação Especial se deu na década de

70, mais especificamente em 1973 com a criação do CENESP – Centro Nacional

de Educação Especial - no Ministério da Educação, que em 1986 passou a ser

Secretaria de Educação Especial – SEESP. Dito órgão implementou subsistemas

de educação especial nas diversas redes públicas de ensino com a criação de

escolas e classes especiais. Neste contexto tornou-se necessária a formação

docente e, para tanto, houve incentivo e promoção de cursos de pós-graduação e

envio de docentes ao exterior, como sinalizam Ferreira e Glat (2003).

Aqui tem início a educação de alunos com nees com vistas a proporcionar

recursos adequados que promovessem não só seu desenvolvimento como

também sua aprendizagem dos conteúdos pertinentes ao ano escolar em que

estava inserido.

Inicialmente a Educação Especial funcionou como atendimento

especializado paralelo em classes especiais que serviam como espaços

excludentes. Ali estavam todos os que não se enquadravam no padrão de

normalidade exigido pelo ensino regular. As turmas se compunham, no geral, por

alunos que não frequentavam instituições especializadas ou estavam fora da

escola.

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Na década de 80, o Brasil adotou uma tendência mundial na Educação

Especial – a filosofia da Normalização. Esta defendia que

pessoas com deficiência têm direito de usufruir as condições de vida o mais comuns ou normais possíveis na sua comunidade, participando das mesmas atividades sociais, educacionais e de lazer que o demais. (GLAT, 2009, p.21)

No esteio da filosofia da Normalização, desenvolveu-se o paradigma

educacional da Integração, regulamentado pelo art. 208 da Constituição Federal

de 1988, que tinha como proposta tornar o ambiente escolar o menos restritivo e

limitado ao aluno com deficiência. Aqui a prática pedagógica se baseava na

preparação desses alunos de classes e escolas especiais para sua integração à

escola regular. Desse contexto advém a proposta da Sala de Recursos (SR) que

funciona como atendimento educacional especializado paralelo às atividades das

classes regulares.

Tal proposta foi amplamente criticada e caracterizada como excludente

uma vez que os alunos com nees continuavam sendo separados, de alguma

maneira, para atendimento diferenciado. Além disso, as atividades propostas em

sala de aula eram distintas das feitas pelos demais alunos, não só pela forma,

mas também pelo conteúdo.

As classes e escolas especiais não tinham por objetivo dar condições do

aluno com nees ingressar nas escolas regulares, mas sim ser depósito daqueles

que não conseguiam acompanhar a rotina de uma escola regular. Sob essa

perspectiva era atribuído ao aluno seu insucesso escolar, justificado por suas

deficiências e/ou problemas sociais. Uma vez caracterizado o problema como de

cunho eminentemente patológico, o aluno com nees passava a um atendimento

terapêutico de medicalização (GLAT & FERNANDES, 2005).

Além desse obstáculo, havia também o distanciamento existente entre o

professor regente e o professor da sala de recursos. Não havia parceria e/ou

complementaridade das atividades propostas por ambos. Desenvolviam-se

trabalhos estanques que não revertiam em prol da aprendizagem do aluno.

As críticas ao paradigma da integração geraram um movimento de

insatisfação no âmbito da Educação Especial que culminou na proposta da

Educação Inclusiva difundida pela UNESCO.

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A Educação Inclusiva é a política educacional do país. Está amparada pela

legislação em vigor em forma de Diretrizes para a Educação Básica, conforme a

Resolução CNE/CEB nº 2 de 2001:

Art.2º: Os sistemas de ensino devem matricular a todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando às condições necessárias para uma educação de qualidade para todos (BRASIL, 2001).

A resolução propõe que independentemente do tipo ou grau da

necessidade o aluno deve ser absorvido diretamente nas classes comuns de

ensino regular, cabendo à escola a necessidade de adaptar-se, transformar-se

para receber esse aluno. Seja a transformação tanto no âmbito da estrutura física

quanto na flexibilização curricular (adaptações do currículo).

Dentro dessa proposta, o fracasso escolar não é atribuído às deficiências

dos alunos mas sim à dificuldade que têm em aprender da forma como é

ensinado. Tais alunos apresentam necessidades educacionais especiais que

requerem da escola uma adequação do ensino.

As nees englobam as especificidades dos alunos, suas idiossincrasias, ou

seja, tanto a dificuldade que possuem quanto o contexto histórico-cultural em que

está inserido. Sendo assim, elas são apresentadas por alunos com diferenças

qualitativas no desenvolvimento com origem nas deficiências físicas, motoras,

cognitivas, distúrbios psicológicos e/ou comportamentais (condutas típicas e com

altas habilidades e superdotação), como frisa Glat (2009).

Desta forma, se a escola consegue alcançar seus objetivos educacionais,

ou seja, sanar as necessidades educacionais especiais do aluno, não significa a

cura da deficiência, uma vez que é um misto de fatores orgânicos e psicossociais.

Além disso, o aluno pode ter necessidades educacionais especiais sem

apresentar transtorno ou deficiência. As nees podem ser derivadas, somente, de

dificuldade de aprendizagem e nada mais do que isso.

Tais fatos só vem a corroborar com o argumento de que as nees possuem

caráter individual e subjetivo. Se manifestam na interação com o outro e com o

novo (conhecimento ou informação). As necessidades educacionais especiais

surgem do tipo de relação que a escola estabelece no processo de aprendizagem

com os discentes.

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Outro aspecto importante no âmbito da educação inclusiva é a formação

docente. Tanto os professores de classe regulares quanto os da educação

especial se veem despreparados para o atendimento desse alunado. No primeiro

caso, o alto quantitativo de alunos em sala acrescido de alto número de alunos

com nees variadas causam desespero no docente, que não sabe por onde

começar o atendimento e nem como fazer. Sua prática se vê prejudicada o que

pode gerar outros problemas como a dificuldade de aprendizagem. A sensação

de incapacidade e fracasso se torna latente, pois o gerenciamento do tempo é

ineficaz.

No que diz respeito aos professores especializados da educação especial

seu trabalho apresenta um perfil diferente, uma vez que atendem a um número

reduzido de alunos e, em alguns casos, de forma individual. O foco é a

minimização dos efeitos da deficiência e não a sistematização de atividades,

como afirmam Glat e Pletsch (2004). Além disso, ainda que as classes especiais

ocupem um espaço na escola, não há uma interação com os grupos regulares.

A Educação Inclusiva propõe uma absorção paulatina do aluno com nees

pela escola regular e para tanto a escola precisa se adaptar seja em termos

físicos ou acadêmicos. Tudo em prol do maior aproveitamento e desenvolvimento

do alunado.

Incluir o aluno com nees em escola regular não significa dizer que não será

necessária a existência de professores especializados e tampouco desmerecer o

trabalho desses profissionais. O sucesso do discente em turmas regulares

depende da continuidade do suporte do especialista. Para tanto, a formação

continuada desse profissional nos diferentes tipos de necessidades educacionais

especiais e níveis de ensino é mister no processo.

1.2 O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um dos

transtornos comportamentais com maior incidência na infância e adolescência. É

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uma síndrome clínica caracterizada pela tríade: déficit de atenção, hiperatividade

e impulsividade, que podem ou não estar presentes simultaneamente.

Crianças e adolescentes com TDAH apresentam dificuldade em focar em

um único objeto, são distraídas, agindo como estando no mundo da lua. Além

disso, têm dificuldade em concluir tarefas, falta de organização e por isso, com

frequência perdem seus pertences (materiais escolares, dinheiro, chaves etc).

Em geral, a criança/adolescente é inquieto, não conseguindo estar parado,

sentado por muito tempo. Falam em demasia, gritam muito e são bastante

impulsivos. A isso se deve o prejuízo acadêmico e social desses indivíduos.

O diagnóstico do TDAH é clínico, feito a partir da avaliação dos pais da

criança, seu relatório de desenvolvimento e sua atuação no contexto escolar. O

histórico da criança é traçado pelo resgate da história gestacional da mãe até o

momento da avaliação clínica. Estudos sobre o transtorno creditam sua causa a

uma junção de fatores sendo o preponderante a herança genética.

Para que uma criança ou adolescente seja diagnosticado como tendo o

TDAH é necessário que haja prejuízo no funcionamento social, acadêmico ou

ocupacional do indivíduo. A criança que tem o transtorno e não é tratada,

apresenta baixo rendimento escolar, sendo reprovada muitas vezes. A perda da

autoestima, tristeza, desmotivação nos estudos e prejuízo nos relacionamentos

sociais podem ocasionar episódios de depressão grave e são algumas das

consequências diretas da falta de tratamento adequado.

Na adolescência o fracasso acadêmico pode gerar abandono escolar ou

propiciar a entrada no mundo das drogas e do álcool. Teixeira (2013) afirma que

é grande a possibilidade de que esses jovens se tornem adultos inseguros, de

pouca habilidade social, baixa qualificação acadêmica o que os levará a ter

dificuldades de inserção e absorção no mercado de trabalho.

O tratamento é multidisciplinar, uma associação de tratamento clínico

(medicamentoso) com intervenções psicoeducativas e psicoterapêuticas. A união

da medicação estimulante que não causa dependência química, à orientação dos

pais, professores e do paciente (intervenção psicoeducativa) favorecem a

melhoria de vida do indivíduo uma vez que ensina os envolvidos a lidar com o

transtorno.

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Mudanças na rotina como posição do aluno em sala de aula pode facilitar a

retenção de atenção. Algumas delas são a mudança para carteiras próximas ao

quadro e sentar-se longe de janelas e portas da sala.

Na tentativa de minimizar sintomas dos indivíduos com TDAH especialistas

indicam a terapia cognitivo-comportamental. Esta pode ajudar no controle da

agressividade e impulsividade, modular seu comportamento social, ensinar

estratégias de solução de problemas e na regulação da atenção.

Além disso, Teixeira (2013) frisa que a participação dos familiares e do

portador do transtorno em reuniões do grupo de apoio ajudam a medida que

difundem informações sobre o transtorno e fornece suporte emocional. Dos

encontros participam médicos, psicólogos, terapeutas, familiares, fonoaudiólogos,

psicopedagogos e demais profissionais de saúde mental (que dão o suporte

técnico e emocional à família e ao portador de TDAH). Neles se compartilham

experiências e conhecimentos formando uma rede de apoio social.

No Brasil, tal iniciativa inspirou a criação da Associação Brasileira do Déficit

de Atenção (ABDA), maior organização brasileira de portadores, familiares e

profissionais da educação e da saúde mental compromissados com o Transtorno

de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

Desde a Declaração de Salamanca, em 1994, o Brasil tem avançado em

relação às Políticas Públicas em Educação Inclusiva, estabelecendo diretrizes e

critérios para o acompanhamento de crianças e adolescentes com nees no

ensino regular e complementação no Atendimento Educacional Especializado –

AEE (Brasil, MEC, Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da

Educação Inclusiva, 2007). A resolução que especifica o público alvo do AEE

(Brasil, MEC, CNE, Resolução CNE/CEB 4/2009) contempla indivíduos

portadores de deficiências física, auditiva, visual, intelectual, transtorno global do

desenvolvimento (distúrbio do espectro autista) e altas habilidades e

superdotação. No entanto, crianças ou adolescentes com TDAH e/ou TEA não

foram contemplados.

Em 2010, o então senador Gerson Camata apresentou o projeto de lei

7081/2010 para corrigir tal lacuna na lei brasileira. O projeto ainda tramita sem a

aprovação do congresso. Com a aprovação, a família conseguirá apoio na escola,

o aluno terá acesso garantido às salas do AEE, favorecendo seu melhor

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aproveitamento escolar, colocando-o em uma situação mais cômoda no ambiente

da turma regular, ou seja, em condições mais justas para que tenha êxito no

processo de aprendizagem.

1.3 A Deficiência Intelectual

A Deficiência Intelectual (DI) consiste na habilidade intelectual abaixo da

média. O déficit de inteligência tem início antes dos 18 anos de idade. Essa

limitação, como assinala Teixeira (2013), causa problemas de distinta ordem no

cotidiano do indivíduo: na comunicação, na interação social, em habilidades

motoras, cuidados pessoais e na vida acadêmica.

Crianças e adolescentes com DI tem quatro vezes mais chance de

comorbidade, ou seja, apresentar outros diagnósticos comportamentais como

TDAH, autismo, depressão, transtorno bipolar, tiques ou transtornos ansiosos.

O diagnóstico é feito a partir da entrevista e exame clínico da criança, além

de entrevista com os pais. A avaliação compreende a análise do histórico

gestacional da mãe, do período neonatal, do desenvolvimento psicomotor da

criança, do seu acompanhamento pediátrico e histórico de DI, das anormalidades

metabólicas ou cromossômicas na família.

Avaliações neuropsicológicas e testes de inteligência padronizados ainda

são instrumentos de avaliação nesses casos, são os chamados testes de QI. Os

valores iguais ou inferiores a 70 dão diagnóstico de DI. E segundo a OMS a DI

pode ser classificada em 4 níveis:

- DI leve: QI entre 50 e 70

- DI moderada: QI entre 35 e 49

- DI grave: QI enter 20 e 34

- DI profunda: QI abaixo de 20

Estudos apontam que 80% dos casos compreendem DI leve. Para estes

indivíduos as intervenções médica, psicológica e pedagógica apresentam

resultados benéficos.

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Crianças ou adolescentes com DI leve adquirem linguagem com atraso,

entretanto não tem prejudicada a sua comunicação e são independentes no

cuidado pessoal. Em geral são capazes de acompanhar os estudos em turmas

regulares e, em determinados casos, chegam a concluir o ensino médio.

Nos casos de DI moderada, a criança apresenta mais dificuldades no uso

da linguagem e também de compreensão. Podem necessitar de auxílio por toda a

vida uma vez que tem dificuldade motora e em cuidados pessoais.

A vida acadêmica é mais limitada, porém pode desenvolver conhecimentos

básicos na leitura, na escrita e no cálculo em classes educacionais especiais. No

que concerne às habilidades sociais pode ser verificada melhora no convívio

diário desse indivíduo com outras crianças que tenham as mesmas necessidades

educacionais especiais.

A DI grave e profunda se caracteriza por alto comprometimento intelectual,

funcional e motor. Além disso, apresentam déficits visual e auditivo. Esse nível de

comprometimento exige que essa criança ou adolescente tenha cuidados

especiais por toda a vida.

A deficiência intelectual pode ter três causas: erros de formação do

sistema nervoso central, influências extrínsecas afetando o sistema nervoso

central e anormalidades biológicas.

A primeira causa se deve à malformação congênita, alterações ou erros no

código genético do feto, levando a síndromes genéticas, como a Síndrome de

Down, forma mais comum de DI.

Outra síndrome é a do X frágil, causada por uma mutação genética no

cromossomo X. Nesse caso, além da deficiência intelectual, alterações físicas

estão presentes, como cabeça e orelhas grandes e longas, baixa estatura e

articulações hiperextensíveis.

As influências extrínsecas abarcam as infecções congênitas como a

rubéola, a toxoplasmose e a sífilis e lesões causadas por agressão ao cérebro

fetal durante a gestação ou no parto. Entre outras causas temos as intoxicações

pré-natais por chumbo, álcool, tabaco, cocaína, hipóxia neonatal, asfixia,

afogamentos e traumatismos.

Já as anormalidades biológicas, na maioria das vezes, têm origem

metabólica como fenilcetonúria e o hipotireoidismo congênito.

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O tratamento da DI tem como primeiro passo a identificação precoce dos

transtornos metabólicos e cromossômicos envolvidos. Para tanto, é necessário o

acompanhamento gestacional desde o primeiro mês de gestação, com avaliações

médicas regulares e orientação pré-natal.

Ao nascer, o teste do pezinho ajuda na identificação de quadros

metabólicos como a fenilcetonúria e o hipotireoidismo congênito, condições

frequentemente relacionadas com quadros de DI.

Após o diagnóstico correto e precoce, o tratamento consistirá no controle

de alterações comportamentais, como quadros de agitação psicomotora,

agressividade e ansiedade.

Outras síndromes podem se associar a DI como o transtorno obsessivo-

compulsivo, o transtorno de tiques, o transtorno de déficit de

atenção/hiperatividade, a depressão e a insônia. Nesses casos, o tratamento é

medicamentoso.

A deficiência mental coloca em xeque a função primordial da escola regular

que é a construção de conhecimento, uma vez que esse aluno tem uma maneira

particular de lidar com o saber, diferente dos padrões de normalidade adotados

pela instituição escolar.

Cabe ressaltar que não corresponder às expectativas de aprendizagem em

uma escola pode não se restringir aos alunos com deficiência mental, qualquer

indivíduo pode enquadrar-se nesse perfil. Entretanto, os alunos com deficiência

mental têm a impossibilidade de atingir o ideal, de forma tácita (MEC, 2006).

A depender das dificuldades e necessidades educacionais especiais da

criança, o tratamento poderá envolver uma equipe multidisciplinar (médico,

fonoaudiólogo, psicólogo cognitivo comportamental, terapeuta ocupacional,

profissional de Educação Física, psicopedagogo, mediadores escolares e

professores especialistas.

O número de alunos classificados como deficientes mentais aumentou

muito nos últimos anos, pois por desconhecimento da deficiência, todos os

discentes que não correspondem aos padrões de construção de conhecimento e

apresentam dificuldades em seguir as normas disciplinares foram enquadrados

nessa categoria.

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A mudança desse quadro se dará quando a escola deixar de ser

excludente e se preocupar em garantir o direito universal à educação. Assim

perderá o foco da padronização e passará a respeitar as diferenças e a valorizar

a individualidade dos alunos. Na realidade heterogênea há diferença de ideias,

opiniões e níveis de compreensão e, por isso, é preciso reconhecer e valorizar as

diferentes formas de lidar com a aprendizagem e de construir conhecimento.

Uma vez que a DI não tem cura, o objetivo do tratamento é a melhoria das

relações interpessoais da criança ou adolescente com seus familiares e a busca

da qualidade de vida para todos os envolvidos. No Brasil, a APAE é uma das

instituições que se encarrega do diagnóstico e tratamento da DI por meio de

serviços de saúde, educação e assistência social, dando o suporte necessário ao

indivíduo e à família.

1.4 A Epilepsia

A epilepsia é uma doença neurológica crônica, que pode ser progressiva

quando diz respeito às alterações cognitivas, frequência e gravidade dos eventos

críticos. Grande parte das síndromes epilépticas tem início na infância e em 50%

dos casos ocorre em crianças com menos de 5 anos.

Impõe aos portadores um peso grande nas áreas psicológica, física, social

e acadêmica, revelando dificuldades tanto ao indivíduo quanto aos seus

familiares, principalmente devido ao preconceito gerado pelo desconhecimento e

ignorância da população em relação a essa condição neurológica.

O indivíduo com epilepsia em geral é estigmatizado, pois as características

da doença chocam pela agressividade de seus sintomas. Desde crises

convulsivas quase imperceptíveis a crises fortes e crises de ausência, todas, em

ambiente social, assustam assistentes pela agressividade da visão e a sensação

de impotência em prestar socorro ao epiléptico.

Segundo Miranda, Muszkat e Mello (2014) nas fases pré-escolar e escolar

há um período benigno em que prevalecem as síndromes epilépticas idiopáticas

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com bom prognóstico: ausência clássica, epilepsia com crises generalizadas

tônico-clônicas, epilepsia mioclônica juvenil, epilepsia parcial benigna rolândica,

com paroxismos occipitais, epilepsia parcial benigna com sintomas afetivos,

epilepsias com crises generalizadas tônico-clônica ao despertar e epilepsia de

ausência juvenil. Por outro lado, há um grupo de síndromes epilépticas de difícil

controle por meio de medicamentos que levam a um atraso do desenvolvimento

neuropsicomotor, entre elas a síndrome de Lennox-Gastaut, a síndrome de

Doose e a encefalite crônica de Rasmussen.

A primeira crise convulsiva geralmente ocorre entre 2 e 14 anos de idade.

As crises ocorridas antes dos 2 anos geralmente acontecem em decorrência de

defeitos cerebrais, desequilíbrios químicos ou febre alta. Já as que se iniciam

após os 25 anos, são provavelmente decorrentes de um traumatismo craniano,

de um AVC, de um tumor ou outra doença.

O diagnóstico da epilepsia é feito com a observação da história clínica do

indivíduo. Exames como eletroencefalograma, tomografias e ressonâncias

magnéticas sugerem a doença, principalmente quando realizados entre crises. O

histórico clínico do paciente, porém, é muito importante, já que exames normais

não excluem a possibilidade de a pessoa ser epiléptica.

O tratamento, em geral, é medicamentoso, com uso de anticonvulsivantes

como Fenobarbital, Valproato, Clonazepam e Carbamazepina. Foi-se o tempo

que epilepsia era sinônimo de Gardenal, apesar de tal medicação ainda ser

utilizada em certos pacientes.

O medicamento escolhido dependerá da idade, do estilo de vida e do tipo

de epilepsia do indivíduo. Estes medicamentos ajudarão no controle da doença e

na diminuição das crises convulsivas e de ausências.

Algumas recomendações complementam o tratamento medicamentoso,

são elas: não ingerir bebidas alcoólicas, não passar noites em claro, ter um adieta

balanceada e evitar uma vida estressada demais.

No tratamento de alguns casos, conhecidos como de difícil controle, no

mês de janeiro de 2015 foi permitido, no Brasil o uso controlado do Canabidiol,

um dos 480 compostos da maconha. O uso de medicamentos com essa

substância encontrada na Cannabis vem apresentando, nos EUA, bons

resultados na redução das crises desse tipo de epilepsia.

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Apesar da exclusão do canabidiol da lista de substâncias proibidas no

Brasil, o processo de importação ainda requer permissão especial. O fato é que a

medicação usa canabidiol em associação com outras substâncias derivadas da

maconha, como o THC, que gera efeitos psicotrópicos.

Além de tratamento medicamentoso, há indicação de cirurgia para o

tratamento de alguns casos de epilepsia, como por exemplo nas que são

causadas pela neurocisticercose. Este caso é típico em países de Terceiro

Mundo, onde há precariedade na higiene, falta de saneamento básico,

atendimento médico incipiente e problemas nutricionais.

A ASPE – Assistência à Saúde de Pacientes com Epilepsia, entidade

vinculada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de

Campinas, é responsável pela Campanha Global Epilepsia Fora das Sombras, da

Organização Mundial de Saúde. Tem por objetivo a valorização da vida do

portador e de sua família, promovendo a saúde biopsicossocial e a qualidade de

vida dessas pessoas. No portal da ASPE

(http://www.websegura.com.br/aspebrasil/main.asp) estão disponíveis várias

informações pertinentes à doença, além de tratamento e projetos nas áreas de

educação, ciência e artes, promovendo o atendimento multidisciplinar. Um dos

projetos mais conhecidos é O mundo de Cris.

O mundo de Cris é uma história em quadrinhos que relata a vida de uma

adolescente de 16 anos que tem epilepsia recém-diagnosticada. Esse fato

influencia a vida de todos os envolvidos: Cris, seus pais e seus amigos, além de

suas relações sociais e atividades diárias.

A história é altamente informativa e ilustrativa da realidade de uma

adolescente epiléptica. As crises, a orientação para seu controle, a reação dos

assistentes, os vários especialistas envolvidos no diagnóstico e tratamento, que

inclui medicação controlada. E, o mais importante, que o paciente, com a doença

sob controle e tratamento, pode levar uma vida normal. Tudo para elucidar,

desmistificar e desfazer o estigma da doença.

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Capítulo 2

UM RECORTE RESTRITO DA REALIDADE: A PESQUISA

DESCRITIVA E O ESTUDO DE CASO

A investigação aqui desenvolvida parte do princípio de que a prática

pedagógica do docente de ELE ainda está distante dos pressupostos da

educação inclusiva. A ação da professora é intuitiva, devido à falta de informação

sobre os transtornos e de como atuar para valorizar o conhecimento prévio do

aluno e desenvolver suas habilidades.

Para tanto, a pesquisadora observou as aulas da professora de ELE e fez

algumas perguntas sobre sua prática e ação com a aluna com nees. Inicialmente

informou à docente o cunho da pesquisa e pediu permissão para a assistência

das aulas. Em um segundo momento, perguntou se poderia responder a algumas

perguntas sobre a aluna e sua produção na disciplina. No entanto, como o tempo

da professora era curto, saía de uma turma e emendava em outra, pouco tempo

teve para esse contato mais estreito.

A metodologia utilizada é a da perspectiva descritiva de base qualitativa e,

por haver se concentrado em um informante em especial, que constitui um

recorte de uma realidade mais ampla, optou-se pelo estudo de caso. Desta

forma, a proposta deste capítulo é explicitar os princípios teóricos do estudo de

caso, bem como descrever o contexto deste estudo, assinalando seu caráter

flexível em relação ao planejamento e ordenamento das etapas.

2.1 Metodologia: A pesquisa descritiva e o estudo de caso

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Devido ao caminho investigativo escolhido, adotou-se uma perspectiva

descritiva como é da pesquisa qualitativa, que, ao trabalhar com um corpus e um

grupo de informantes que constituem um recorte restrito de uma realidade ampla,

está mais próxima a um estudo de caso. Portanto, não se utilizará uma análise

quantitativa dos dados, nem se proporão generalizações sobre a prática

pedagógica da professora de ELE na FAETEC/ETER – Quintino na cidade do Rio

de Janeiro no que diz respeito ao atendimento de uma aluna incluída

diagnosticada com epilepsia, TDAH e DI leve.

O Estudo de Caso é “uma investigação que se dedica a uma situação

específica, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico”

como afirma Vilabol (2008). Evidencia-se como um tipo de pesquisa que tem

sempre um forte cunho descritivo. O pesquisador não interfere sobre a situação

estudada, mas sim a torna conhecida de todos tal como ela é.

Neste tipo de investigação, para melhor compreender a manifestação do

problema, deve-se relacionar as ações, os comportamentos e as interações das

pessoas envolvidas com a problemática da situação a que estão ligadas. O

pesquisador recorre a fontes distintas de informação, em momentos e situações

variadas a fim de cruzar os dados e melhor chegar a um ponto intermediário.

Os estudos de caso tentam representar os diferentes pontos de vista

presentes em uma situação social: a realidade pode ser vista sob diferentes

perspectivas, não havendo uma única que seja a verdadeira. Assim, o

pesquisador vai procurar trazer essas diferentes visões e opiniões a respeito da

situação em questão e colocar também a sua posição.

2.2 O contexto da pesquisa

A presente investigação foi realizada em uma instituição estadual de

ensino médio técnico, situada num bairro da zona norte do município do Rio de

Janeiro. Essa instituição atende a formação de Ensino médio a um público

diverso, oriundo de distintos bairros da cidade. Funciona em três turnos, manhã,

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tarde e noite, tem grupos dos três anos de escolarização do Ensino médio com

grande diversidade de áreas técnicas, distribuídas em mais de 60 turmas,

perfazendo um total aproximado de 2000 alunos. A admissão dos alunos ocorre

por concurso, provas objetivas de língua portuguesa e matemática, além de

redação.

Desde 2011 a docente informante da pesquisa é Professora Regente I –

Língua Espanhola da unidade, fazendo parte da equipe de Língua Estrangeira da

unidade. Tal grupo compõe-se de dezesseis professores, sendo oito de inglês e

oito de espanhol. Em média, cada professor ministra aulas em doze turmas,

distribuídas entre os três anos de formação.

A professora tem carga horária de 40h semanais é de Língua Espanhola e

foi a regente da turma da aluna com necessidades educacionais especiais no ano

de 2014. Ao longo do ano letivo a pesquisadora assistiu as aulas da docente

verificando as práticas pedagógicas utilizadas com a aluna epiléptica que tem

TDAH e DI leve.

A aluna, foco da análise, com 17 anos no momento da pesquisa, cursava o

1º ano do ensino médio Técnico em Enfermagem e assistia as aulas de espanhol

às quintas, nos dois primeiros tempos da tarde (13:30-15:10). Inserida na classe

regular, era atendida pela sala de recursos, em contra turno. Sempre assídua às

aulas, apresentava grande número de faltas somente em Educação Física.

Além da assistência das aulas e algumas conversas rápidas com a

docente de ELE, buscaram-se informações nos setores disponíveis na ue: Sala

de recursos e Orientação Educacional. Além disso, relatos informais de outros

elementos da unidade, como pessoal de apoio (inspetores e coordenadores de

turno) também ajudaram a confirmar o perfil da aluna.

A dificuldade em estabelecer contato com a professora da SR foi um fato

comprovado. Várias foram as tentativas da pesquisadora em contatá-la, mas

todas foram frustradas, ora pela divergência de horário de atendimento ora por

estar ocupada no atendimento de outros alunos com nees.

O contrário pode ser afirmado em relação à Orientação Educacional. A

orientadora responsável pela aluna sempre se mostrou simpática às solicitações

da pesquisadora, disponibilizando a pasta de acompanhamento da aluna além de

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relatar as colocações, postura e a perspectiva da mãe da aluna em relação ao

atendimento da filha, suas dificuldades e necessidades educacionais especiais.

Cabe ressaltar que não houve intervenções, por parte da pesquisadora, em

sala de aula. A participação se resumiu à observação das aulas e o único

momento de contato com a aluna foi em breve momento de final de aula. A

introspecção da aluna foi um dos fatores que impediu uma maior aproximação e

um contato mais “invasivo”, se é que se pode dizer assim. A pesquisadora era

vista como elemento estranho ao contexto, por isso não se estabeleceram laços

afetivos que favorecessem um contato mais próximo.

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Capítulo 3

NEES E A PRÁTICA PEDAGÓGICA DA PROFESSORA DE ELE NO

ENSINO MÉDIO REGULAR TÉCNICO FAETEC / ETER – QUINTINO

A ideia de analisar a prática pedagógica inclusiva na FAETEC/ETER –

Quintino em todas as disciplinas foi abandonada pelo quantitativo de professores

da ue e pela falta de interesse desses docentes em participar da pesquisa. Como

sinalizado na introdução, este trabalho verificará a atuação da professora de ELE,

a única que demonstrou interesse em participar desse estudo.

Um dos poucos comentários feitos por outros professores, no caso da área

técnica, foi que a aluna apresentava problemas no momento das avaliações,

sempre solicitando fazê-las na SR, por não se sentir à vontade. Além disso,

frisaram que a aluna não teria condições de se formar em enfermagem devido

aos transtornos e ao distúrbio neurológico que apresentava (TDAH, DI e

epilepsia).

No momento da pesquisa, a aluna, com então 17 anos, cursava, pelo

segundo ano consecutivo, o 1º ano do ensino médio técnico em enfermagem. O

quadro de epilepsia, controlada, com comorbidade de TDAH e DI leve eram

entraves para seu desenvolvimento acadêmico e por isso o interesse em verificar

o tipo e adequação do atendimento.

A partir das informações da pasta da discente, disponibilizada pela

Orientação Educacional da escola, a aluna tem epilepsia desde os 2 anos de

idade. As crises estavam sob controle desde 2007, quando foi a última registrada.

Apresenta déficit cognitivo leve e se desconcentra com facilidade. Além disso,

tem déficit de atenção e hiperatividade.

O quadro clínico é compatível com diagnóstico de CID-10 = G40 + F94 +

F81, sendo: G40 a epilepsia, F94 transtorno de funcionamento social com início

especificamente durante a infância ou a adolescência e F81 transtornos

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específicos do desenvolvimento das habilidades escolares. Tal quadro exige, por

recomendações médicas, acompanhamento especial, inclusive durante provas e

uso da medicação Oxcarbazepina.

Os portadores de epilepsia são geralmente pessoas retraídas, até porque

parte da sociedade, sem conhecimento da doença, acaba por discriminá-lo. Por

isso o grupo rechaçava a aluna, que se mantinha separada dos demais, por

própria vontade, pois se sentia excluída. Entretanto a exclusão, pela ótica da

aluna, não estava somente atrelada às dificuldades que tinha, mas também em

relação ao seu físico. Diferenciava-se das demais meninas por ser um pouco

mais gorda e não ter preocupação com a estética (sem maquiagem, cabelos

desgrenhados, sem brincos e cordão).

A discente criou uma proteção ao sentar-se próximo à professora e pedir

repetição das explicações tentando não chamar a atenção dos demais. Enquanto

o resto do grupo fazia as atividades propostas, a aluna tinha da professora a

revisão do conteúdo e o acompanhamento da tarefa, na medida do possível, pois

sua produção sempre foi muito lenta.

As avaliações formais eram divididas em trabalhos, que poderiam ser em

dupla ou individuais, teste e prova individuais. A aluna nunca quis fazer os

trabalhos em dupla. Fazia todas as avaliações individualmente, pois não possuía

amigos dentro da turma. Teve frustradas suas expectativas de amizade com o

grupo pelas brincadeiras de alguns colegas. Por ser intolerante à frustação,

característica da hiperatividade/impulsividade, cada vez se isolava mais. O

isolamento é consequência da dificuldade de socialização, característica de

alunos com deficiência intelectual, como nesse caso.

Como a professora não teve habilidade para lidar com essa situação e

promover a interação entre os elementos do grupo, a aluna não conseguiu ser

incluída, ocupava o mesmo espaço, mas não fazia parte do grupo. Fazia as

atividades à parte e vivia em um mundo à parte.

O primeiro teste do ano foi aplicado pela professora da sala de recursos.

No segundo trimestre a aluna já quis fazer todas as avaliações com a professora

na própria turma. Ao longo do ano foi possível perceber que a professora sempre

deixava a aluna à vontade para as avaliações, não restringia o tempo de duração.

Inclusive nos testes, a aluna gastava, por vezes, mais de três tempos de aula.

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Tempo excessivo, levando em consideração que a disciplina só dispunha de dois

tempos semanais, de 50 minutos cada.

A aluna se identificou com a professora, houve a formação de um vínculo

afetivo, o que favoreceu um pouco a aprendizagem. Os laços se estreitaram tanto

pelo fato dos elogios às produções assertivas da aluna quanto pela manutenção

de contato fora de sala. Tal fato é percebido na fala da aluna: “A professora de

espanhol é a única que tem paciência e fala comigo também fora de sala!”

Devido à afinidade, não faltava às aulas, era a primeira a chegar na sala e se

esforçava para cumprir as tarefas, ainda que com bastante dificuldades.

Quando perguntada sobre sua prática e as estratégias que utilizou para

atender essa aluna a professora disse: “Bom, percebia que ela tinha algo, mas

não sabia exatamente o que. Eu falava um pouco mais devagar e sempre olhava

pra ela para saber sua reação, ver se estava entendendo.”

A preocupação da professora com a aluna com nees não se pode

contestar, entretanto não houve uma revisão de suas práticas pedagógicas, uma

mudança no foco da sua ação. Não se preocupou em fazer as adaptações

necessárias para desenvolver as habilidades da aluna e favorecer a aquisição de

conhecimentos pertinente ao ano em questão. A professora não se deu conta de

que o objetivo só seria alcançado se não mantivesse sua prática pedagógica

tradicional, voltada aos padrões de normalidade, mas sim se buscasse adaptá-las

às necessidades educacionais especiais da aluna, como expresso nas Diretrizes

Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica.

A aluna, como portadora de DI leve, apresentou dificuldade de construir

conhecimento como os demais e de demonstrar a sua capacidade cognitiva,

salientada pela forma como a professora conduziu as aulas. Sem se preocupar

em rever sua prática e fazer as adaptações curriculares necessária acentuou as

diferenças e as deficiências da aluna com nees e, consequentemente, aumentou

sua inibição, reforçando os sintomas e agravando suas dificuldades.

Após a assistência de algumas aulas, a pesquisadora retornou à

Orientação Educacional para verificar mais informações sobre a aluna e

constatou que, além da sala de recursos, só o tratamento neurológico para a

epilepsia era feito. Um atendimento que seria benéfico ao TDAH e à DI seria um

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plano individual de tratamento, envolvendo a escola, uma psicóloga cognitivo-

comportamental e uma mediadora escolar.

A mãe, segundo relato da orientadora educacional, estava sempre

presente na escola com atestados para justificar faltas quando das crises e/ou

consultas médicas. Faz valer seus direitos como o acesso à sala de recursos,

acompanhamento especial para a aplicação de provas e abonos para aulas de

Educação física em momentos de troca de dosagem de medicação.

O setor de Orientação Educacional informou, também, que a mãe parece

“se enganar” no sentido das limitações acadêmicas da aluna e a necessidade de

suporte nesse sentido. Vê a Sala de recursos como suporte da epilepsia e não da

DI leve. Pode-se dizer que, “por sorte” apresenta esses problemas, pois se fosse

apenas TDAH, sofreria muito porque não teria direito ao atendimento

especializado e, seguramente, pelo perfil da mãe, esta não buscaria auxílio para

o baixo aproveitamento acadêmico da aluna.

A falta de atenção aos detalhes, a dispersão e distração, a sensação de

que “está voando” e a agitação são, para a mãe, características da adolescência.

A dificuldade de aprendizado e de conclusão de tarefas a mesma vincula à

epilepsia. Já a dificuldade em criar vínculos afetivos e a inibição diz que são

características da filha.

A orientadora educacional responsável pela aluna acrescentou que há um

movimento na ue para que a aluna mude de curso. Os professores da área

técnica, enfermagem, afirmam que a aluna não apresenta condições acadêmicas

nem psicológicas para atuar na profissão. Além disso, a própria aluna se diz

insatisfeita com o curso, que na verdade gostaria de fazer Administração de

Empresas. Sua matrícula e manutenção no curso de Enfermagem se deve ao

sonho da mãe em vê-la tornar-se uma brilhante enfermeira, como foi a avó

materna.

A insatisfação da aluna unida às necessidades educacionais especiais que

nem sempre foram satisfeitas pela prática pedagógica da maioria dos

profissionais envolvidos em sua formação se refletem no seu baixo

aproveitamento e em seu índice de repetência. Em 2014 cursou o 1º ano pela

segunda vez e corria o risco de mais uma reprovação, informação que não foi

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comprovada, pois a pesquisadora já havia se ausentado da unidade antes da

entrega do resultado final.

Um fato relevante identificado ao longo das aulas é que a professora de

ELE nunca entrou em contato com a professora da SR, fato comprovado em uma

fala da docente em uma conversa informal ao final da aula: “Sempre que vou

procurá-la ela nunca está.” Ou seja, não houve troca de informações entre elas,

não havendo, consequentemente, complementaridade nas atuações. Ambas

deveriam ter o mesmo foco, mas seguiram em paralelo e assim não alcançaram

os objetivos propostos nessa disciplina, em particular.

Ao longo da assistência das aulas foi perceptível a manutenção do ritmo e

metodologia da docente. Quando da alteração de sua atuação, em geral era

negativa em prol da aluna com nees, como foi o abandono da repetição das

explicações. O desagrado dos demais alunos era mais incômodo aos olhos da

professora do que seu fazer pedagógico voltado à inclusão e satisfação das

necessidades educacionais especiais da aluna epiléptica, com TDAH e DI leve.

Não se percebeu uma preocupação da docente em uma avaliação

contínua de sua atuação, de sua experiência em uma sala de aula regular com

uma aluna incluída. Se esta tivesse sido a atitude da docente de ELE, poderia ter

sido evitado a evolução inadequada da experiência, do fazer pedagógico não

pertinente ao contexto da inclusão. A frustação das expectativas da aluna e de

sua mãe e sua desmotivação para a aprendizagem gerada pela dificuldade em

adquirir novos conhecimentos.

Não é interesse da pesquisadora atribuir toda a responsabilidade pelo

insucesso escolar da aluna à docente envolvida na pesquisa. No entanto, a falta

de formação docente inicial e continuada em Educação Inclusiva é uma lacuna

perigosa no atendimento aos alunos. Claro que precedida por políticas

educacionais incipientes e escolas que não reservam um espaço privilegiado para

a reflexão em torno da educação inclusiva.

O know-how é condição sine qua non para o sucesso de qualquer projeto

e, indiscutivelmente será, também, quando nos referimos ao processo de ensino

aprendizagem. Exigir práticas pedagógicas adequadas para o atendimento dessa

aluna, desconhecendo os transtornos que apresenta, suas características, como

se manifestam e quais são as necessidades educacionais especiais decorrentes

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deles é como lançar um indivíduo em terra estrangeira. Para dar suporte à aluna

com nees a professora necessitava de suporte em sua formação e do setor da ue

responsável pelo atendimento especializado aos alunos incluídos, ou seja, da

professora especialista da Sala de recursos.

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CONCLUSÃO

O papel do docente é primordial no aprendizado do aluno, seja ele

portador ou não de necessidades educacionais especiais. No caso em estudo, a

professora de ELE deveria ter se munido de informações sobre o histórico da

aluna para replanejar sua prática.

O primeiro passo seria ir à Orientação Escolar solicitar informações sobre a

discente e verificar se a aluna era acompanhada pela Sala de Recursos. Além

disso, solicitar vista à pasta da aluna que contém todos os seus dados clínicos:

descrição e classificação da doença, medicação administrada e orientação para

atendimento escolar.

Ciente da real situação da aluna, a segunda ação seria a professora de

ELE repensar sua prática na turma em que a aluna estava inscrita.

Primeiramente, rever o espaço físico em que leciona e como utilizá-lo para

favorecer sua aprendizagem. Alunos com esse perfil devem estar próximos ao

quadro negro e longe de janelas e portas, para evitar a distração própria do

TDAH.

Outra estratégia seria buscar o contato olho a olho com a aluna, assim

poderia perceber as lacunas no aprendizado, a incompreensão do conteúdo,

típica da DI leve. Nesse caso, a repetição da explicação, por outra perspectiva,

talvez facilitasse a aquisição do novo conhecimento.

A repetição foi uma prática da professora, entretanto, ao longo do ano tal

ação foi diminuindo, pois a mesma percebia o incômodo do grupo, que finalizava

as tarefas e se mantinha com tempo ocioso. Como citado na análise, fazia

explicações individuais à aluna, mas ainda assim o grupo se dispersava pela

demora na conclusão das atividades. A dificuldade acadêmica e a lentidão na

aquisição de novos conhecimentos foram alguns dos motivos do rechaço pelos

demais elementos do grupo.

Permitir tempo extra para a resolução de questões e avaliações também é

uma sugestão para o atendimento de alunos com TDAH. A professora,

intuitivamente, assumiu tal postura, entretanto, não teve o controle necessário

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permitindo tempo em excesso para a realização das tarefas. Orienta-se tempo

extra, mas não sem controle e limite.

Uma atitude pertinente por parte da professora foi o estímulo e o reforço

positivo da produção da aluna com nees através de elogios. A cada avanço e

correção nas atividades propostas a professora de ELE elogiava seus resultados.

Esse foi um elemento positivo na prática pedagógica, ainda que distante da ideal

para as necessidades educacionais especiais da aluna.

Uma proposta interessante no atendimento de alunos com nees é a

elaboração do PEI – Plano Educacional Individualizado. Este atenderia às

necessidades educacionais especiais dos alunos a partir das especificidades de

cada um, uma vez que não há uma única forma de atender às necessidades dos

discentes. Diferenciar as práticas pedagógicas requer revisão do currículo

escolar, do planejamento e da sistematização de avaliações. O PEI estabelece

uma base de ação e intervenção pedagógica contextualizada, de acordo com os

objetivos propostos para o ano de escolarização.

A elaboração do PEI é uma prática pedagógica positiva, pois vê o aluno

em sua totalidade, por isso seria uma estratégia interessante para o caso em

estudo. Leva em consideração a idade, nível de escolarização, as habilidades do

aluno, o conhecimento já adquirido, o conhecimento que deverá adquirir, além de

considerar as expectativas da família e do próprio aluno em relação ao

desenvolvimento de suas habilidades e seu aproveitamento acadêmico.

Pensar em PEIs nada mais é do que pensar o aluno em sua

particularidade, respeitar as diferenças e individualidades. Independentemente da

necessidade educacional especial que se tenha em sala a ideia não é que o

professor estabeleça o que falta ao aluno com nees, o que tenha que aprender

para fazer parte de uma turma regular. Na verdade o aluno é quem será o sujeito

dessa aprendizagem, assimilará o novo conhecimento de acordo com suas

possibilidades de incorporá-lo ao que já sabe.

O professor, ao valorizar as habilidades do aluno com nees permite esse

protagonismo. Valoriza o que já tem e por meio de práticas pedagógicas

pertinentes às necessidades educacionais especiais do aluno favorece o

desenvolvimento de suas habilidades e a construção de conhecimento pertinente

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ao ano de escolarização em que está inscrito e de acordo com o proposto para a

turma regular em que está inserido.

Imprescindível para o planejamento das ações e a adaptação das práticas

pedagógicas para o atendimento da aluna é a interação, a troca de informações

da docente de ELE com a da SR. O que não ocorreu, pois, como sinalizado na

análise, na tentativa de conversar com a professora da SR a docente de ELE não

a encontrou. Seguramente a professora da SR poderia ajudar com as estratégias

que mais funcionariam com a aluna na retenção da atenção e na aquisição de

conhecimento. E a professora generalista, por sua vez, poderia solicitar o

desenvolvimento das habilidades requeridas em suas aulas de espanhol língua

estrangeira.

O trabalho do professor da sala de recursos não esteve em consonância e

não forneceu respaldo ao professor da turma regular. Como a troca de

informações entre os professores não ocorreu, não houve esse suporte ao

desenvolvimento e aproveitamento da aluna. Embora o art.59, inciso III da LDB

proponha a capacitação docente tanto dos professores generalistas quanto dos

especialistas para inclusão de alunos com nees em escolas regulares, ainda há

distanciamento na atuação desses dois profissionais sem citar as lacunas na

formação e capacitação permanente dos docentes.

A bidocência seria uma outra proposta para atuação com a aluna em

questão. É uma prática inovadora que, no Rio de Janeiro, está em vigor no Cap

Uerj. Instituição reconhecida como de ensino de excelência, meritocrática e por

isso excludente, pois ainda há o processo de jubilação. Nesse contexto os alunos

têm em sala de aula dois docentes: o generalista e o especialista em educação

especial que trabalham em esquema colaborativo, compartilhando a

responsabilidade no planejamento das aulas incluindo metodologia e avaliações

com vistas a um grupo heterogêneo de alunos.

O primeiro preocupa-se com os conteúdos pertinentes ao ano de

escolarização e o segundo colabora com propostas de adequação curricular,

atento às possibilidades do estudante e suas habilidades. Ciente das

necessidades educacionais especiais do aluno, elabora recursos adequados para

a promoção de sua aprendizagem.

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A bidocência é uma alternativa de suporte, como o é a sala de recursos.

No entanto pode ser mais eficaz pela presença física do professor da educação

especial em sala atuando em conjunto com o professor generalista. Aqui, a troca

de informações entre os profissionais é obrigatória, diferentemente do que

ocorreu na unidade escolar da presente pesquisa, onde a docente de ELE e a

professora da sala de recursos nunca travaram contato. O encontro, a troca e o

planejamento em conjunto desses profissionais é inevitável.

A bidocência ou coensino é uma parceria entre professor generalista e da

educação especial em prol do aluno e de suas necessidades educacionais

especiais. Aqueles alunos que antes estavam restritos ao atendimento em sala de

recursos têm, nessa perspectiva, a proposta mais eficaz de um ensino

colaborativo e individualizado, quando se faça necessário, a fim de criar situações

que estimulem seu desejo em aprender novos conhecimentos, desafie-os a ser

protagonistas do seu processo de aprendizado.

A realidade das nossas escolas, sejam públicas ou privadas, está longe da

perspectiva da bidocência. As escolas se adaptam a passos lentos em direção à

proposta da Educação Inclusiva. A sala de recursos, o atendimento educacional

especializado é considerado um “luxo” na rede privada e um ganho na rede

pública que, pela lei, é a responsável preferencial pela inclusão de alunos com

nees em escolas regulares. Cabe aos docentes se valerem ao máximo desse

recurso e estabelecer um diálogo contínuo com o professor especialista em prol

da inclusão e do desenvolvimento acadêmico e social do aluno.

Pensar em inclusão é pensar na sensação de pertencimento que um

indivíduo tem quando se sente parte de algo ou de algum lugar, “estar” não

significa “ser”. É óbvio que estamos longe de alcançar os objetivos propostos

para a inclusão. A escola regular não está preparada para o atendimento dos

alunos com necessidades educacionais especiais, uma vez que sua mão de obra

não está capacitada para tal. Além disso, muitas escolas ainda não possuem a

estrutura física adequada para receber e atender alunos com transtornos e

distúrbios variados.

Fato é que escolas despreparadas constituem obstáculo ao processo, mas

não podemos negar que a inclusão atual é muito mais transpiração do que

inspiração. Nossos educadores, no sentido próprio do termo, acabam por

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trabalhar intuitivamente, pela tentativa e erro, acertam em alguns momentos,

falham em outros, mas tentam alcançar os objetivos propostos. O

desconhecimento dos pressupostos da educação inclusiva, a falta de capacitação

dos docentes nesse âmbito e, em alguns casos, seu desinteresse pelo assunto

corroboram para o insucesso de nossos alunos e que, no máximo, ocorra a

integração.

Para seguir a letra da lei, aceitam-se inscrições de alunos com nees, mas

não há preocupação com o desenvolvimento das habilidades do aluno, com a

valorização do seu conhecimento prévio e o aproveitamento acadêmico,

integramos, mas não incluímos. Cabe ressaltar que a premissa básica da vida

humana é, em sua essência, a busca da satisfação de suas necessidades, por

isso não há como negligenciar, ignorar ou negar aos alunos incluídos, seres

humanos que são, a satisfação de suas necessidades educacionais especiais.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

SUMÁRIO 6

LISTA DE ABREVIATURAS 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO 1

O TDAH, A DI, A EPILEPSIA NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A EDUCAÇÃO INCLUSIVA 10

1.1 O CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL 11

1.2 O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDAD E 14

1.3 A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL 17

1.4 A EPILEPSIA 20

CAPÍTULO 2

UM RECORTE RESTRITO DA REALIDADE: A PESQUISA DESCRITIVA E O

ESTUDO DE CASO 23

2.1 METODOLOGIA: A PESQUISA DESCRITIVA E O ESTUDO DE CASO 23

2.2 O CONTEXTO DA PESQUISA 24

CAPÍTULO 3

AS NEES E A PRÁTICA PEDAGÓGICA DA PROFESSORA DE ELE NO ENSINO

MÉDIO REGULAR TÉCNICO FAETEC/ETER – QUINTINO 27

CONCLUSÃO 33

BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 40