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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” LOGISTICA REVERSA: SUA IMPORTÂNCIA PARA O CONTROLE AMBIENTAL Por: Celio Bagatin Orientador Prof. Ms. Marco Antonio Larosa Rio de Janeiro 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

LOGISTICA REVERSA: SUA IMPORTÂNCIA PARA O

CONTROLE AMBIENTAL

Por: Celio Bagatin

Orientador

Prof. Ms. Marco Antonio Larosa

Rio de Janeiro

2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

LOGISTICA REVERSA: SUA IMPORTÂNCIA PARA O

CONTROLE AMBIENTAL

Apresentação de monografia ao

Conjunto Universitário Cândido

Mendes como condição prévia para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação

“Lato Sensu” em Logística

Empresarial.

Por Célio Bagatin

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AGRADECIMENTOS

Aos meus avós, pais, filhos, tios,

primos e sobrinhos pelo espírito de

unidade familiar e principalmente a

Deus que me proporcionou a

oportunidade desse desafio.

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RESUMO

A discussão da problemática ambiental encontra-se, à nível das

empresas, em fases diferentes nos diversos países do mundo. Percebe-se a

convivência de extremos: de um lado, é o imperativo econômico (objetivando

lucro) que comanda as decisões, enquanto que em outras, a questão social,

incluindo a de ordem ambiental, passa a ter maior peso nas decisões

organizacionais. Diante da globalização e da abertura econômica dos

mercados, contudo, a variável ambiental passa a ser uma das condições de “se

estar” inserido na aldeia global dos negócios. As empresas passam a adotar

práticas ambientais sustentáveis como vantagem competitiva. Assim, a busca

constante de redução de custos, torna-se evidentemente, uma meta

corporativa, e principalmente, focando a sua gestão de forma, a ser mais

competitivo, rompendo com velhos paradigmas, introduzindo muitas vezes,de

forma compulsória, certos modelos de gestão ,as empresas devem adaptar-se,

sob pena, de serem exterminadas ou agregarem a outras, como forma de obter

ganhos de escala, quer seja, respectivamente, pelo processo de concordata ou

falência, quer seja, pelo processo de fusões ou aquisições, fenômenos no meio

corporativo, já observados explicitamente e de forma global.

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METODOLOGIA

Para elaboração do presente trabalho foi realizada uma pesquisa

bibliográfica, em livros e artigos, foram utilizados também sites da internet

sobre o tema em questão.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................ 07 CAPÍTULO I – LOGÍSTICA AMBIENTAL, UM NOVO PARADIGMA A SER CONQUISTADO .................................................................................

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CAPÍTULO II – O PROCESSO DE LOGÍSTICA REVERSA E O CONCEITO DE CICLO DE VIDA ................................................................

24

CONCLUSÕES ........................................................................................... 33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 35 ÍNDICE ........................................................................................................ 36 FOLHA DE AVALIAÇÃO ............................................................................. 37 ANEXOS ..................................................................................................... 38

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INTRODUÇÃO

Nos dias atuais é fundamental para empresas modernas, a

implementação de um sistema de logística. O papel da logística no negócio

aumentou tanto em escopo, quanto em importância estratégica. Integração do

fluxo de material, produção e distribuição, vêm revolucionando não somente a

forma pela qual as empresas gerenciam suas atividades logísticas, mas,

também, como gerenciam todo o seu negócio.

As estratégicas logísticas dentro de um determinado segmento

influenciam, na cultura organizacional da empresa e provoca mudanças: nos

colaboradores ou funcionários desse segmento, nos produtos, nas parcerias,

na seleção de fornecedores e nos clientes. Como um dos segmentos que

atualmente se beneficia com essas estratégias, destaca-se a rede varejista,

especialmente os supermercados.

O emprego da Logística de uma forma integrada, como uma nova

estratégia capaz de criar, dentro das empresas, uma sincronização entre todos

os seus departamentos, é ainda recente no Brasil. Mesmo nos EUA, onde ela

nasceu no pós-guerra, ou na Europa, o seu emprego sempre foi importante na

distribuição física de produtos acabados, tanto que a maior entidade sobre o

assunto - o atual Council of Logistics Management, quando fundado em 1960,

se chamava National Council of Physical Distribution,(Conselho Nacional de

Distribuição Física) e assim permaneceu até 1985.

A logística procura agrupar as diversas atividades da empresa

relacionadas aos processos de produção e distribuição de seus produtos aos

clientes e consumidores finais. Esse agrupamento vai permitir à empresa

melhor controle e maior integração dos diferentes departamentos, que

originalmente tinham a visão limitada de sua área de atividade.

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Muitas vezes, prevaleciam os interesses individuais, não importando

o envolvimento que cada departamento tinha sobre a distribuição dos produtos

finais e conseqüente influência em toda a empresa. (Ching, 1999:26).

Usualmente pensamos em logística como o gerenciamento do fluxo

de materiais do seu ponto de aquisição até o seu ponto de consumo. No

entanto, existe também um fluxo logístico reverso, do ponto de consumo até o

ponto de origem, que precisa ser gerenciado.

Este fluxo logístico reverso é comum para uma boa parte das

empresas. Por exemplo, fabricantes de bebidas têm que gerenciar todo o

retorno de embalagens (garrafas) dos pontos de venda até seus centros de

distribuição. As siderúrgicas usam como insumo de produção em grande parte

a sucata gerada por seus clientes e para isso usam centros coletores de carga.

A indústria de latas de alumínio é notável no seu grande aproveitamento de

matéria prima reciclada, tendo desenvolvido meios inovadores na coleta de

latas descartadas.

Existem ainda outros setores da indústria onde o processo de

gerenciamento da logística reversa é mais recente como na indústria de

eletrônicos, varejo e automobilística. Estes setores também têm que lidar com

o fluxo de retorno de embalagens, de devoluções de clientes ou do

reaproveitamento de materiais para produção.

Este não é nenhum fenômeno novo e exemplos como o do uso de

sucata na produção e reciclagem de vidro tem sido praticados há bastante

tempo. Por outro lado, tem-se observado que o escopo e a escala das

atividades de reciclagem e reaproveitamento de produtos e embalagens tem

aumentado consideravelmente nos últimos anos. Algumas das causas para isto

são discutidas abaixo:

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• Questões ambientais

As questões relativas à conservação ambiental ocupam hoje uma

significativa parcela dos investimentos e esforços administrativos de todos os

segmentos da atividade econômica mundial. Devido a grande competitividade

atual, devemos buscar um grau de diferenciação em relação aos concorrentes.

Além disso, o aumento da conscientização da sociedade, leis

cada vez mais restritivas, pressão de clientes e organizações ambientalistas,

surgimento de “mercados verdes” e normas internacionais na área de

qualidade ambiental, provoca a necessidade de produzir buscando sempre a

preservação ambiental. Diante dessa realidade o setor industrial vem

desenvolvendo ao aplicando novas tecnologias com o objetivo e aliar a

produção à conservação ambiental.

As empresas devem ir mais a fundo e conhecer todas as etapas

da vida de seu produto, desde a extração e processamento de matérias primas,

fabricação, transporte, uso/reuso/manutenção, reciclagem até o descarte final.

A atuação cada vê z mais firme dos órgãos de controle ambiental

e a instituição da lei de crimes ambientais em 1998, que é considerada uma

das legislações mais severas do mundo, trouxeram a realidade industrial

conceitos inovadores, como é o caso da “co-responsabilidade” , ou seja, a

responsabilidade da empresa não é apenas a de produção, mas sim que a

empresa é legalmente responsável pelo destino de seu produto após a entrega

aos clientes e do impacto que esses produzem no meio ambiente. Nesse

sentido, deve ser contabilizada uma etapa no ciclo de vida do produto que até

então, era desconsiderada: o pós-consumo. No mercado utiliza-se

freqüentemente a denominação Logística Reversa.

Historicamente, os processos logísticos terminavam quando os

produtos chegavam ao consumidor, isso porque a operação logística era

entendida como sendo o gerenciamento do fluxo de materiais desde o seu

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ponto de aquisição até seu consumo. No entanto existe um fluxo logístico

reverso que parte do ponto de consumo e retorna ao ponto de origem, que

também precisa ser gerenciado.

A Logística Reversa une as atividades clássicas da logística com

as atividades de conservação, reciclagem e destinação que estão centradas na

preservação do meio ambiente e na necessidade de conservação de matérias-

primas. Este fluxo logístico reverso é comum para uma grande parte das

empresas.Exº. Fabricantes de bebidas que tem que gerenciar todo o retorno

das embalagens (garrafas) dos pontos de venda até seus centros de

distribuição.

O “ganho ambiental”, ou “redução do impacto” poderá ser

contabilizado através da análise do ciclo de vida do produto (ACV), que avalia

as cargas ambientais totais associadas a um produto, emissões geradas e dos

impactos ambientais associados, possibilitando ao administrador obter de

forma objetiva e precisa informações quanto ao impacto de seu produto no

meio ambiente e possíveis condições de melhoria.

Existe uma clara tendência de que a legislação ambiental caminhe

no sentido de tornar as empresas cada vez mais responsáveis por todo ciclo de

vida de seus produtos. Isto significa ser legalmente responsável pelo seu

destino após a entrega dos produtos aos clientes e do impacto que estes

produzem no meio ambiente.

Um segundo aspecto diz respeito ao aumento de consciência

ecológica dos consumidores que esperam que as empresas reduzam os

impactos negativos de sua atividade ao meio ambiente. Isto tem gerado ações

por parte de algumas empresas que visam comunicar ao público uma imagem

institucional "ecologicamente correta".

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• Concorrência - Diferenciação por serviço

Os varejistas acreditam que os clientes valorizam as empresas que

possuem políticas mais liberais de retorno de produtos. Esta é uma vantagem

percebida onde os fornecedores ou varejistas assumem os riscos pela

existência de produtos danificados. Isto envolve, é claro, uma estrutura para

recebimento, classificação e expedição de produtos retornados. Esta é uma

tendência que se reforça pela existência de legislação de defesa dos

consumidores, garantindo-lhes o direito de devolução ou troca.

• Redução de Custo

As iniciativas relacionadas à logística reversa têm trazido

consideráveis retornos para as empresas. Economias com a utilização de

embalagens retornáveis ou com o reaproveitamento de materiais para

produção têm trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas.

Além disto, os esforços em desenvolvimento e melhorias nos

processos de logística reversa podem produzir também retornos consideráveis,

que justificam os investimentos realizados.

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FIGURA 1 - VISÃO DE LOGÍSTICA INTEGRADA

FONTE: Martins e Alt, 2000: 254

Uma empresa que adota a visão logística integrada, tal como

aparece na figura 1, acaba aproximando todos os elos, que poderão ser

esquematizados como um fluído correndo num tubo reto, sem curvas, livre sem

obstruções (gargalos), enquanto a empresa com visão limitada tem desvios e

muitos reservatórios pelo caminho, que acabam criando restrições para a

vazão contínua dos produtos.

As empresas estão encontrando na logística respostas para

melhorar o seu poder de competição, mesmo quando acham que seus

processos já chegaram ao estágio limite de melhoria da qualidade dos

seus serviços.

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Os chamados serviços de valor agregado, como utilização de

embalagens e etiquetas especiais, o estoque gerenciado pelo fornecedor

através dos sistemas de informação, as notificações de remessa antecipada,

entregas diretamente nas lojas, o ressuprimento just in time, entre outros, estão

sendo cada vez mais solicitados. as empresas começam a perceber a

necessidade de adotar estratégias logísticas para satisfazer alguns requisitos

únicos de determinados clientes. nessa perspectiva, a velocidade e a

habilidade na resposta das empresas e os níveis de serviços oferecidos

surgem como importantes fontes de diferenciação. (Chiarini,1998).

Hoje as empresas brasileiras já se deram conta do imenso potencial

implícito nas atividades integradas de um sistema logístico, e, dentro de

estruturas organizacionais ainda não tão bem definidas, começam a utiliza-lo

em grande escala. os sistemas mais bem estruturados e implantados são os

ligados a setores como a indústria automobilística e grandes varejistas, tais

como redes de supermercados. (Martins e Alt, 2000:251-252)

As empresas vencedoras já deixaram para trás o foco de

redução de perdas: diminuição das transações, redução do nível de

inventário e menor custo. Elas utilizam a integração da cadeia logística

para gerar melhores resultados; tais resultados são perenes e trazem

diferenciais competitivos que não podem ser fácil e rapidamente copiados.

O foco agora é agregar maior valor para o cliente: melhoria das

características e funções que atendam a suas necessidades, rápido tempo

de resposta desde o atendimento do pedido até a entrega do produto,

flexibilidade para lidar com lotes pequenos e variados, disponibilidade do

produto e um preço justo para o cliente.(Ching, 1999:66-67)

Uma pesquisa Benchmarking - Serviço ao Cliente desenvolvida

pelo COPPEAD em 1997, mostra que, embora o preço continue a variável

de decisão de compra mais importante entre o comércio e a indústria de

bens de consumo, outras dimensões como o produto e o serviço ao cliente

vêm aumentando seu peso relativo. A previsão era que em 1999 a variável

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produto, fosse ainda mais importante que a variável preço. A importância

relativa da variável promoção e propaganda se mantivessem praticamente

constante, enquanto o serviço ao cliente obtivesse um crescimento

expressivo no mesmo período considerado.

FIGURA 2 - EVOLUÇÃO DO SERVIÇO AO CLIENTE NA DECISÃO DE

COMPRA

FONTE: CEL/COOPEAD, 1997

Este resultado foi bastante significativo, pois mostrou que baixos

preços, isoladamente, não são suficientes, caso os requisitos básicos de

qualidade do produto e de serviço não sejam satisfatórios. Assim sendo,

apesar da evolução invejável do segmento serviços, podemos ver que o

produto ainda exerce uma influência muito grande no processo de decisão de

compra e conseqüentemente irá crescer significativamente. Logo, influenciará

por demasiado no crescimento e melhoria de desempenho da logística.

(CEL/COOPEAD, 1997).

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A importância do pós-venda se dá nesse momento com a

introdução da logística reversa.

A logística reversa de pós-venda deve, portanto, planejar, operar e

controlar o fluxo de retorno dos produtos de pós venda por motivos agrupados

nas classificações: “ Garantia/Qualidade”, “Comerciais” e de “Substituição de

Componentes”.

Classificam-se como devoluções por “Garantia/Qualidade”, aquelas

nas quais os produtos apresentam defeitos de fabricação ou de funcionamento

(verdadeiros ou não), avarias no produto ou na embalagem, etc. Esses

produtos poderão ser submetidos a consertos ou reformas que os permitam

retornar ao mercado primário, ou a mercados diferenciados que denominamos

secundários, agregando-lhes valor comercial novamente.

Na classificação “Comerciais”, são destacadas a categoria de

“Estoques”, caracterizada pelo retorno devido a erros de expedição, excesso

de estoques no canal de distribuição, mercadorias em consignação, liquidação

de estação de vendas, pontas de estoques, etc., que serão retornados ao ciclo

de negócios pela redistribuição em outros canais de vendas.

Devido ao término de validade de produtos ou a problemas

observados após a venda, o denominado recall, os produtos serão devolvidos

por motivos legais ou por diferenciação de serviço ao cliente e se constituirão

na classificação “Validade” em nosso esquema.

A classificação “Substituição de Componentes” decorre da

substituição de componentes de bens duráveis e semiduráveis em

manutenções e consertos ao longo de sua vida útil e que são remanufaturados,

quando tecnicamente possível, e retornam ao mercado primário ou secundário,

ou são enviados à reciclagem ou para um destino final, na impossibilidade de

reaproveitamento.

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A logística reversa de pós-consumo deverá planejar, operar e

controlar o fluxo de retorno dos produtos de pós-consumo ou de seus materiais

constituintes, classificados em função de seu estado de vida e origem: “Em

condições de uso”, “ Fim de vida útil”, e “ Resíduos industriais”.

A classificação “Em condições de uso” refere-se às atividades em

que o bem durável e semidurável apresenta interesse de reutilização, sendo

sua vida útil estendida adentrando no canal reverso de “Reuso” em mercado de

segunda mão até atingir o fim da vida útil.

Nas atividades da classificação “Fim de vida útil”, a logística reversa

poderá atuar no esquema de bens duráveis ou descartáveis. Na área de

atuação de duráveis ou semiduráveis, estes entrarão no canal reverso de

Desmontagem e Reciclagem Industrial; sendo desmontado na etapa de

“desmanche”, seus componentes poderão ser aproveitados ou

remanufaturados, retornando ao mercado secundário ou à própria indústria que

o reutilizará, sendo uma parcela destinada ao canal reverso de “Reciclagem”.

No caso de bens de pós-consumo descartáveis, havendo condições

logísticas,, tecnológicas e econômicas, os produtos são retornados por meio do

canal reverso de “Reciclagem Industrial”, onde os materiais constituintes são

aproveitados e se constituirão em matérias-primas secundárias, que retornam

ao ciclo produtivo pelo mercado correspondente, ou no caso de não haver as

condições acima mencionadas, serão destinadas ao “Destino Final”, os aterros

sanitários, lixões e incineração com recuperação energética.

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CAPÍTULO I

LOGÍSTICA AMBIENTAL, UM NOVO PARADIGMA A

SER CONQUISTADO

Diante da inexorável realidade empresarial, motivado pela

globalização econômica, buscar novos nichos de mercados, com o intuito de

obter um maior "market share", torna-se uma questão "sine qua non" para a

sobrevivência das empresas no mercado.

A busca constante de redução de custos, torna-se evidentemente,

uma meta corporativa, e principalmente, focando a sua gestão de forma, a ser

mais competitivo, rompendo com velhos paradigmas, introduzindo muitas

vezes,de forma compulsória, certos modelos de gestão ,as empresas devem

adaptar-se, sob pena, de serem exterminadas ou agregarem a outras, como

forma de obter ganhos de escala, quer seja, respectivamente, pelo processo de

concordata ou falência, quer seja, pelo processo de fusões ou aquisições,

fenômenos no meio corporativo, já observados explicitamente e de forma

global.

A Logística Empresarial, como forma de gestão moderna da

administração corporativa, chancelado pelo Estado D' Arte, do Gerenciamento

da Cadeia de Suprimento ("Supply Chain Management"), é sem dúvida

nenhuma, um agente faciltador, nesta busca incessante, de reduzir custos,

principalmente, os chamados "custos logísticos", utilizando-se para tal, do

monitoramento de seus processos produtivos, da mais sofisticada Tecnologia

de Informação(TI), desde a entrada da matéria-prima em sua planta, a

introdução no sistema produtivo, a saída de produto acabado, até a entrega ao

cliente final.

O Sistema de Gestão Ambiental (SGA), como agente principal, no

macro-objetivo corporativo, de ser implantado, uma política ambiental, torna-se

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um diferencial competitivo, para as empresas que almejam uma boa

performance ambiental e desta forma, possuírem uma maior possibilidade de

inserção no mercado internacional, cuja globalização dos problemas

ambientais contribui para uma nova postura diante desta questão,

principalmente, no que tange, a nossa visão que passa o Meio-Ambiente, no

meio empresarial, transformando-se para o foco de ser um centro de custo,

para tornar-se investimento, desta forma, as empresas buscam a excelência

ambiental, através do certificado ISO 14.000, como forma de almejar a

notoriedade de seus produtos, no mercado exterior.

Neste cenário, a integração entre a Logística Empresarial e o

Sistema de Gestão Ambiental (SGA), torna-se inevitável, por possuírem uma

intrínseca interdisciplinaridade, por vários fatores consensuais:

• A Logística Empresarial monitora e controla processos e utiliza índices de

desempenho.

• O Sistema de Gestão Ambiental da mesma forma.

• A Logística Empresarial utiliza Tecnologias de Informação (TI).

• O Sistema de Gestão Ambiental também faz uso das Tecnologias de

Informação(TI).

• A Logística Empresarial viabiliza a redução de custos

• O Sistema de Gestão Ambiental possui o mesmo objetivo

Devemos registrar, as premissas básicas, do conceito de eco-

eficiência:

• Intensificar a reciclagem de materiais (utilização da logística reversa)

Menor consumo de matéria-prima

• Menor consumo de energia

• Menor produção de poluentes

• Agregação de valor aos produtos e também aos serviços

• Maximizar o uso sustentável dos recursos naturais, entre os quais se inclui

a água

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Assim, tem-se que a eco-eficiência consiste num instrumento de

desenvolvimento sustentável, ou seja, um novo modelo de gerenciamento,

onde procura-se produzir mais e melhor, associado a elevação contínua dos

predicados do produto, utilizando-se menos insumos, provocando menos

poluição, redução do desperdício e contabilizando-se os menores custos

possíveis.

Embora o objetivo seja econômico, desdobra-se em variações, onde

o sentido social surge com força de expressão própria, em diversos planos de

tempo, estendendo-se até um horizonte, no prazo mais longo, em que estará

contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da sociedade/comunidade,

com redução progressiva do uso de recursos, e redução proporcional dos

impactos ambientais.

Dessa forma, a eco-eficiência é uma ferramenta do

desenvolvimento sustentável, dentro do conceito do pensar globalmente agindo

localmente, considerando de um lado o aspecto econômico, de outro o

ecológico, e ambos associados a visão social, onde as responsabilidades são

de todos, independente dos interessados pertencerem ao setor público ou

privado, considerando que as empresas precisam da sociedade para levar

avante os seus negócios, acrescido de que caso causem qualquer ônus à

comunidade, esse passivo afetará a sua avaliação de desempenho

empresarial, aspecto que não deve ser ignorado.

No que diz respeito às áreas funcionais afetadas diretamente em

relação a questão ambiental, pesquisa realizada na Alemanha, com 600

empresas, obtiveram o seguinte quantitativo (Sá, s/d):

• 83% Produção

• 67% Pesquisa & Desenvolvimento

• 63% Suprimento

• 57% Planejamento

• 41% Relações Públicas

• 34% Marketing

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• 19% Administração

• 14% Recursos Humanos

• 14% Finanças

• 5% Contabilidade

Esses números demonstram, que áreas que a Logística Empresarial,

sendo uma forma de gestão sistêmica, estão inseridas dentro do escopo

conceitual, trata-se da Produção(83% das empresas) e o Suprimento(com 63%

das empresas), sem mencionar que a Logística Empresarial possui interfaces,

com o Planejamento(57% das empresas) e com o Marketing(34% das

empresas).

Desta forma, com o exposto acima, apresentarmos o conceito de

Logística Ambiental, torna-se mais fácil, porque demonstramos que por serem

correlatos, devem ser focados, de maneira sistêmica, pois áreas inseridas na

Logística Empresarial(Produção e Suprimentos), possuem uma forte sinergia

com o Meio-Ambiente.Desta maneira, o conceito de Logística Ambiental é

apresentado na forma abaixo:

Gerenciamento da Cadeia de Suprimento, incluindo o "mix"

conceitual de Supply Chain Management (SCM) e das premissas básicas de

eco-eficiência, utilizando o Sistema de Gestão Ambiental(SGA) como

instrumento gerencial, otimizando processos e uso de materiais(incluindo os

recursos naturais), no intuito de reduzir custos logísticos e/ou gerar receitas.

As razões para a implantação da Logística Ambiental no meio

corporativo, além da redução de custos proveniente da Logística Empresarial e

do Sistema de Gestão Ambiental, possui como objetivo maior, a geração de

receitas, tanto através dos resíduos ou sub-produtos de um processo produtivo

corporativo, tornando insumo de uma indústria, atuando na logística de

suprimento como fornecedor ou entrando no ciclo produtivo interno de outro

processo, como também incentiva a utilização de produtos naturais, dentro do

escopo de eco-eficiência e mediante um envolvimento da alta administração e

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de seus colaboradores. Para tal, foram mapeados algumas condições para

implantar a Logística Ambiental no meio corporativo:

• Conhecer seus processos de produção

• Implantar projetos que reduza custos ou gera receitas, para tal, necessita

alocar, recursos humanos, tecnológicos e financeiros

• Conhecer o nível de Educação Ambiental de seus colaboradores

• A corporação, em geral, possuir um conhecimento a nível, pelo menos

superficial, dos seus custos operacionais

• Estar ciente de seus índices de desempenho

Citaremos alguns exemplos práticos, da utilização da Logística

Ambiental:

· A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), com o aproveitamento dos gases

resultantes do processo siderúrgico, montou uma Termoelétrica de co-geração,

economizando seus custos de energia, enquadrando-se no processo de ciclo

fechado de produção.

• A Daimler-Chrysler está utilizando produtos naturais, como fibra de coco e

látex natural, no lugar de poliuretano no enchimento de bancos e encostos

• A Usina Termoelétrica(UTE) de Sepetiba utiliza-se em seu circuito fechado

de refrigeração, reduzindo drasticamente o volume de água consumido

• A Usina Termoelétrica(UTE) de Sepetiba, os seus sub-produtos(cinzas e

gesso) são insumo, respectivamente, para indústrias cimenteiras e de

gesso, atuando dentro da logística de suprimento dessas empresas

• A reciclagem de alumínio poupa, 5 kg de bauxita (matéria-prima virgem) e

95% do consumo de energia produzido com a bauxita

• A Light utiliza a logística reversa, pelo recondicionamento dos materiais

empregados em suas redes, assim como, a venda de cabos de cobre e

alumínio, vendido em leilões, como fonte de receitas.

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As empresas, dentro do conceito de Desenvolvimento Sustentável,

estão buscando a excelência em seus processos produtivos, através de

Produção mais Limpa (P+L), utilizando tecnologias, com intuito de otimizar

suas cadeias produtivas, com uso racional de energia e matéria-prima, como

exemplo, desta nova realidade, a adoção de monitoramento constante de

ambos no meio corporativo.

A avaliação do processo de produção, deve abranger todos os

setores que formam a cadeia produtiva, desde a extração dos recursos

naturais, passando pelos produtos intermediários até o produto final,

contabilizando o uso racional e sustentável, a demanda de energia, de recursos

naturais e rejeitos para o Meio-Ambiente em cada fase de produção.

A identificação e implantação de projetos, que possam utilizar a

Logística Ambiental, requer um profissionalismo muito forte, para mapear

processos, que reduzam custos e/ou geram receitas, de forma que a empresa

almeje a sua competitividade empresarial e desta forma, o seu relacionamento

com os seus clientes, a sociedade, seus fornecedores, seus acionistas, sejam

os mais transparente possível, demonstrando que a empresa possui uma

Responsabilidade Ambiental, tão necessário para a sua permanência e

sobrevivência no mercado e que de certa forma, trata-se de um novo

paradigma a ser conquistado, para enfrentar a competição cada mais vez

acirrada no mercado globalizado.

Segundo Lambert et al. (1993), a logística reversa considera que

reutilização, reciclagem, substituição e descarte são questões importantes para

a interface com as atividades logísticas de compras e suprimentos, tráfego e

transporte, armazenagem, estocagem e embalagem. O processo inicia-se com

a utilização de materiais virgens ou secundários nas operações de

processamento e fabricação. Os produtos são fabricados e vendidos aos

mercados de consumo (ou à industria). Depois de utilizados pelos

consumidores, são descartados de alguma forma. Tanto no setor de consumo

quanto no industrial, muito dos produtos utilizados são descartados como

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refugo misto, ou seja, não são separados em vários componentes de resíduos

sólidos.

Há várias práticas de sucesso de logística reversa já bem

conhecidas pelo mercado. Em âmbito mais internacional, Moura (2000) destaca

a experiência da empresa Fujitsu, uma das principais empresas japonesas

fabricantes de computadores, que criou um sistema de reciclagem de seus

produtos. Antes, estes eram produzidos e vendidos em massa, ignorando-se as

difíceis tarefas de coleta e reciclagem, dedicando-se pouca atenção à sua

remoção. Baseada neste quadro, a Fujitsu criou um sistema de reciclagem que

abrange desde as etapas de desenvolvimento até o descarte. Tal iniciativa

contribui de maneira efetiva para a revitalização do sistema de distribuição

assim como para a implantação de tecnologia de remoção dos produtos da

Fujitsu, visando a redução e remoção adequada de materiais descartáveis.

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CAPÍTULO II

PROCESSSO DE LOGÍSTICA REVERSA E O CONCEITO

DE CICLO DE VIDA

Tradicionalmente quando estudamos e pesquisamos a logística,

verificamos que suas interpretações dizem respeito ao fluxo de materiais/

produtos do fornecedor ao consumidor final como também, em sentido

contrário, o fluxo informacional.

Diante de tal interpretação unidirecional você deve se perguntar: se

vivemos a era da Logística Integrada e estamos nos preparando para o Supply

Chain Management (SCM) porque as informações não são representadas de

forma compartilhada, ou seja, o seu fluxo nos dois sentidos da cadeia? E as

devoluções? Não fazem parte da Logística?

2.1 LOGÍSTICA REVERSA E SEUS BENEFÍCIOS PARA O

CONTROLE AMBIENTAL

Começamos a observar a existência da Logística Reversa.

Conceitualmente, a Logística Reversa seria então, a área da Logística

Empresarial que tem a preocupação com os aspectos logísticos do retorno ao

ciclo produtivo dos produtos, materiais e embalagens. No entanto há um

tratamento diferenciado da Logística Tradicional para a Logística Reversa, pois

os custos se modificam neste novo sentido, dependendo ainda do tipo de

reprocessamento que os produtos, materiais ou embalagens possam ter:

Retornar ao fornecedor; revender, recondicionar, reciclar ou

descartar. O estudo da Logística Reversa não é nenhuma novidade. Sua

prática já poderia ser observada há algum tempo atrás nas indústrias de

bebidas com a utilização das garrafas retornáveis e seus engradados, o que

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exige um alto grau de cuidado no manuseio durante o processo de entrega ao

consumidor final onde este cuidado e responsabilidade eram transferidas para

estes, de forma que no início de um novo processo de aquisição as garrafas

teriam que ser devolvidas pelos consumidores em sua forma integra, para

serem incorporadas novamente ao ciclo produtivo.

A prática da Logística Reversa pode ser observada também nas

indústrias de latas de alumínio, onde este setor se destaca pelo grande

aproveitamento de matéria-prima reciclada e seu incentivo cultural e de

desenvolvimento técnico de coleta de latas descartadas.

Outro exemplo que pode ser dado para a Gestão da Logística

Reversa é a utilização de paletes, onde, incentivado pelas políticas de estoque

Just in Time (JIT), em que a rotatividade dos produtos é grande, os paletes

tendem a se movimentar por toda a cadeia, e a sua má utilização poderá fazer

com que o palete possa ser eliminado do ciclo produtivo.

Incentivados também pelas Normas ISO 14000 para uma gestão

ambiental mais eficiente e pelo aumento da simpatia dos consumidores para

aquisição de “produtos verdes”, a Logística Reversa será o assunto da logística

nos próximos anos andando de mãos dadas com a implementação das Normas

de Gestão Ambiental, aumentando assim, a missão da Logística Empresarial

para: dispor a mercadoria ou serviço certo, no tempo certo, no lugar certo e nas

condições desejadas, garantindo o controle sobre o seu ciclo de vida.

Por traz do conceito de logística reversa está um conceito mais

amplo que é o do "ciclo de vida". A vida de um produto, do ponto de vista

logístico, não termina com sua entrega ao cliente. Produtos se tornam

obsoletos, danificados, ou não funcionam e deve retornar ao seu ponto de

origem para serem adequadamente descartados, reparados ou reaproveitados.

Do ponto de vista financeiro, fica evidente que além dos custos de

compra de matéria-prima, de produção, de armazenagem e estocagem, o ciclo

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de vida de um produto inclui também outros custos que estão relacionados a

todo o gerenciamento do seu fluxo reverso. Do ponto de vista ambiental, esta é

uma forma de avaliar qual o impacto que um produto sobre o meio ambiente

durante toda a sua vida. Esta abordagem sistêmica é fundamental para

planejar a utilização dos recursos logísticos de forma contemplar todas as

etapas do ciclo de vida dos produtos.

Neste contexto, podemos então definir logística reversa como sendo

o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo de matérias-

primas, estoque em processo e produtos acabados (e seu fluxo de informação)

do ponto de consumo até o ponto de origem, com o objetivo de recapturar valor

ou realizar um descarte adequado1.

Figura 3 - Representação Esquemática dos Processos Logísticos Direto e

Reverso

O processo de logística reversa gera materiais reaproveitados que

retornam ao processo tradicional de suprimento, produção e distribuição,

conforme indicado na figura 3.

Este processo é geralmente composto por um conjunto de atividades

que uma empresa realiza para coletar, separar, embalar e expedir itens

1 ¹Rogers, Dale S.; Tibben-Lembke, Ronald S. Going Backwards: Reverse Logistics Practice

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usados, danificados ou obsoletos dos pontos de consumo até os locais de

reprocessamento, revenda ou de descarte.

Existem variantes com relação ao tipo de reprocessamento que os

materiais podem ter, dependendo das condições em que estes entram no

sistema de logística reversa. Os materiais podem retornar ao fornecedor

quando houver acordos neste sentido. Podem ser revendidos se ainda

estiverem em condições adequadas de comercialização. Podem ser

recondicionados, desde que haja justificativa econômica. Podem ser reciclados

se não houver possibilidade de recuperação. Todas estas alternativas geram

materiais reaproveitados, que entram de novo no sistema logístico direto. Em

último caso, o destino pode ser a seu descarte final (figura 4).

Figura 4 - Atividades Típicas do Processo Logístico Reverso

2.2 CARACTERIZAÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA

A natureza do processo de logística reversa, ou seja, quais as

atividades que serão realizadas dependem do tipo de material e do motivo pelo

qual estes entram no sistema. Os materiais podem ser divididos em dois

grandes grupos: produtos e embalagens. No caso de produtos, os fluxos de

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logística reversa se darão pela necessidade de reparo, reciclagem, ou porque

simplesmente os clientes os retornam.

Na tabela abaixo mostra taxas de retorno devido a clientes, típicas

de algumas indústrias. Note que as taxas de retorno são bastante variáveis por

indústria e que, em algumas delas, como na venda por catálogos, o

gerenciamento eficiente do fluxo reverso é fundamental para o negócio.

Indústria Percentual de retorno Vendas por Catálogo 18-35% Computadores 10-20% Impressoras 4-8% Peças automotivas 4-6% Produtos Eletrônicos 4-5%

Tabela 5 - Percentual de Retorno de Produtos

O fluxo reverso de produtos também pode ser usado para manter os

estoques reduzidos, diminuindo o risco com a manutenção de itens de baixo

giro. Esta é uma prática comum na indústria fonográfica. Como esta indústria

trabalha com grande número de itens e grande número de lançamentos, o risco

dos varejistas ao adquirir estoque se torna muito alto. Para incentivar a compra

de todo o mix de produtos algumas empresas aceitam a devolução de itens

que não tiverem bom comportamento de venda. Embora este custo da

devolução seja significativo, acredita-se que as perdas de vendas seriam bem

maiores casos não se adotasse esta prática.

No caso de embalagens, os fluxos de logística reversa acontecem

basicamente em função da sua reutilização ou devido a restrições legais como

na Alemanha, por exemplo, que impede seu descarte no meio ambiente. Como

as restrições ambientais no Brasil com relação a embalagens de transporte não

são tão rígidas, a decisão sobre a utilização de embalagens retornáveis ou

reutilizáveis se restringe aos fatores econômicos.

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Existe uma grande variedade de containeres e embalagens

retornáveis, mas que tem um custo de aquisição consideravelmente maior que

as embalagens oneway. Entretanto, quanto maior o número de vezes que se

usa a embalagem retornável, menor o custo por viagem que tende a ficar

menor que o custo da embalagem oneway.

2.3 FATORES CRÍTICOS QUE INFLUENCIAM A EFICIÊNCIA DO

PROCESSO DE LOGÍSTICA REVERSA

Dependendo de como o processo de logística reversa é planejado e

controlado, este terá uma maior ou menor eficiência. Alguns dos fatores

identificados como sendo críticos e que contribuem positivamente para o

desempenho do sistema de logística reversa são comentados abaixo:

Figura 6 - Fatores críticos para a eficiência do processo de logística reversa.

• Bons controles de entrada

No início do processo de logística reversa é preciso identificar

corretamente o estado dos materiais que retornam para que estes possam

seguir o fluxo reverso correto ou mesmo impedir que materiais que não devam

entrar no fluxo o façam. Por exemplo, identificando produtos que poderão ser

revendidos, produtos que poderão ser recondicionados ou que terão que ser

totalmente reciclados.

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Sistemas de logística reversa que não possuem bons controles de

entrada dificultam todo o processo subseqüente, gerando retrabalho. Podem

também ser fonte de atritos entre fornecedores e clientes pela falta de

confiança sobre as causas dos retornos. Treinamento de pessoal é questão

chave para obtenção de bons controles de entrada.

• Processos padronizados e mapeados

Um das maiores dificuldades na logística reversa é que ela é tratada

como um processo esporádico, contingencial e não como um processo regular.

Ter processos corretamente mapeados e procedimentos formalizados é

condição fundamental para se obter controle e conseguir melhorias.

• Tempo de Ciclo reduzidos

Tempo de ciclo se refere ao tempo entre a identificação da

necessidade de reciclagem, disposição ou retorno de produtos e seu efetivo

processamento. Tempos de ciclos longos adicionam custos desnecessários

porque atrasam a geração de caixa (pela venda de sucata, por exemplo) e

ocupam espaço, dentre outros aspectos.

Fatores que levam a altos tempos de ciclo são controles de entrada

ineficientes, falta de estrutura (equipamentos, pessoas) dedicada ao fluxo

reverso e falta de procedimentos claros para tratar as "exceções" que são, na

verdade, bastante freqüentes.

• Sistemas de informação

A capacidade de rastreamento de retornos, medição dos tempos de

ciclo, medição do desempenho de fornecedores (avarias nos produtos, por

exemplo) permite obter informação crucial para negociação, melhoria de

desempenho e identificação de abusos dos consumidores no retorno de

produtos. Construir ou mesmo adquirir estes sistemas de informação é um

grande desafio. Praticamente inexistem no mercado sistemas capazes de lidar

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com o nível de variações e flexibilidade exigida pelo processo de logística

reversa.

• Rede Logística Planejada

Empresas com uma logística bem planejada podem ter seu

desempenho aprimorado e seus custos reduzidos de forma significativa. Da

mesma forma que no processo logístico direto, a implementação de processos

logísticos reversos requer a definição de uma infraestrutura logística adequada

para lidar com os fluxos de entrada de materiais usados e fluxos de saída de

materiais processados. Instalações de processamento e armazenagem e

sistemas de transporte devem desenvolvidos para ligar de forma eficiente os

pontos de consumo onde os materiais usados devem ser coletados até as

instalações onde serão utilizados no futuro.

Questões de escala de movimentação e até mesmo falta de correto

planejamento podem levar com que as mesmas instalações usadas no fluxo

direto sejam utilizados no fluxo reverso, o que nem sempre é a melhor opção.

Instalações centralizadas dedicadas ao recebimento, separação,

armazenagem, processamento, embalagem e expedição de materiais

retornados podem ser uma boa solução, desde que haja escala suficiente.

• Relações colaborativas entre clientes e fornecedores

No contexto dos fluxos reversos que existem entre varejistas e

indústrias, onde ocorrem devoluções causadas por produtos danificados,

surgem questões relacionadas ao nível de confiança entre as partes

envolvidas. São comuns conflitos relacionados à interpretação de quem é a

responsabilidade sobre os danos causados aos produtos.

Os varejistas tendem a considerar que os danos são causados por

problemas no transporte ou mesmo por defeitos de fabricação. Os

fornecedores podem suspeitar que está havendo abuso por parte do varejista

ou que isto é conseqüência de um mal planejamento. Em situações extremas,

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isto pode gerar disfunções como a recusa para aceitar devoluções, o atraso

para creditar as devoluções e a adoção de medidas de controle dispendiosas.

Fica claro que práticas mais avançadas de logística reversa só

poderão ser implementadas se as organizações envolvidas na logística reversa

desenvolverem relações mais colaborativas.

A logística reversa é ainda, de maneira geral, uma área com baixa

prioridade. Isto se reflete no pequeno número de empresas que tem gerências

dedicadas ao assunto. Pode-se dizer que estamos em um estado inicial no que

diz respeito ao desenvolvimento das práticas de logística reversa. Esta

realidade, como vimos, está mudando em resposta a pressões externas como

um maior rigor da legislação ambiental, a necessidade de reduzir custos e a

necessidade de oferecer mais serviço através de políticas de devolução mais

liberais.

Esta tendência deverá gerar um aumento do fluxo de carga reverso

e, é claro, de seu custo. Por conseguinte, serão necessários esforços para

aumento de eficiência, com iniciativas para melhor estruturar os sistemas de

logística reversa. Deverão ser aplicados os mesmos conceitos de planejamento

que no fluxo logístico direto tais como estudos de localização de instalações e

aplicações de sistemas de apoio à decisão (roteirização, programação de

entregas etc.)

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CONCLUSÕES

Como conseqüência da globalização, mais empresas

internacionais deverão continuar a aportar em nossas praias. As megafusões

entre as indústrias ainda serão tema corrente nas manchetes econômicas. No

varejo, a divisão entre granes redes e as pequenas lojas de vizinhança tenderá

a se polarizar ainda mais, numa briga acirrada com o comércio eletrônico e o

casamento entre os meios de informação e entretenimento.

No Brasil em particular, presenciamos a consolidação de novos

centros econômicos nas regiões Nordeste e Centro-Oeste, com uma

conseqüente migração de profissionais qualificados. Até mesmo no governo

aumenta a preocupação com investimentos em infra-estrutura e apoio á

produção, com abertura de linhas de crédito e privatização de serviços.

Em todos esses casos, a logística desempenhará um papel

essencial. Isso porque o sucesso de uma empresa vai depender da integração

e do relacionamento com seus clientes e fornecedores, atingindo toda a cadeia

de abastecimento.

Dessa forma, os processos logísticos estão relacionados às

formas da empresa aprimorar as suas ferramentas administrativas, de modo a

melhor atender as necessidades de seus clientes.

Infra-estrutura aborda o que é necessário para a empresa se

integrar com seus clientes e fornecedores nos aspectos de distribuição física e

de informações. Por sua vez, Organização se refere à estruturação de logística

dentro da empresa e da formação dos profissionais que atuam no setor.

Concluímos que o gerenciamento Logístico pode ser definido

como a integração de diversas atividades orientadas para o planejamento,

implementação e controle eficiente, e a um custo correto do fluxo e

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armazenagem de matérias-primas, produtos acabados e informações, desde a

origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender aos requisitos do

cliente.

Isto requer vencer desafios adicionais visto ainda a necessidade

básica de desenvolvimento de procedimentos padronizados para a atividade de

logística reversa. Principalmente quando nos referimos à relação indústria -

varejo, notamos que este é um sistema caracterizado predominantemente

pelas exceções, mais do que pela regra. Um dos sintomas desta situação é a

praticamente inexistência de sistemas de informação voltados para o processo

de logística reversa.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BALLOU, Ronald H.; Business Logistics Management, Quarta edição.; Prentic

Hall; 1998.

LMABERT, D.M.; STOCK, JR.; VANTINE, J.G., 1993, O plano estratégico de

logística. Administração Estratégica da Logística. 3ª ed. São Paulo, IMSM,

Cap. 18, pp. 750-751.

MORITZ, Fleischmann; Patrick Beullens; Jacqueline M Bloemhof-Ruwaard; Luk

Van Wassenhove; The impact of product recovery on logistics network

design; Production and Operations Management; Muncie; Summer 2001;

ROGERS, Dale S. Tibben-Lembke, Ronald S. Going Backwards: Reverse

Logistics Practice; IL: Reverse Logistics Exectuve Council, 1999.

SÁ, Silvio Tupinambá Fernandes de. Logística ambiental. s/d. Disponível em:

http://www.candidomendestijuca.edu.br/artigos_professores/tupinamba/logis

tica.htm

STOCK, James R., Development and Implementation of Reverse Logistics

Programs, Oak Brook, IL: Council of Logistics Management; 1998.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS................................................................................... iii RESUMO...................................................................................................... iv METODOLOGIA........................................................................................... v SUMÁRIO..................................................................................................... vi INTRODUÇÃO............................................................................................. 07 CAPÍTULO I LOGÍSTICA AMBIENTAL, UM NOVO PARADIGMA A SER CONQUISTADO .........................................................................................

17

CAPÍTULO II O PROCESSO DE LOGÍSTICA REVERSA E O CONCEITO DE CICLO DE VIDA ......................................................................................................

24

2.1 Logística Reversa e seus benefícios para o controle ambiental .......... 24 2.2 Caracterização da Logística Reversa ................................................... 27 2.3 Fatores críticos que influenciam a eficiência do processo de logística reversa ........................................................................................................

29

CONCLUSÕES .......................................................................................... 33 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................. 35

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Instituto de Pesquisa Sócio-Pedagógicas

Pós-Graduação “Latu Sensu”

Título da Monografia:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Data da Entrega:______________________________________

Avaliado por:__________________________________Grau______________.

Rio de Janeiro_____de_______________de 20___

____________________________________________

Coordenador do Curso

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ANEXOS