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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS - GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL SOB O ASPECTO PEDAGÓGICO
POR
MARIA DE FÁTIMA GOUVEIA TEIXEIRA
PROFESSOR - ORIENTADOR: DIVA NEREIDA M. M. MARANHÃO
RIO DE JANEIRO 2003
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS - GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL SOB O ASPECTO PEDAGÓGICO
Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do curso de Docência do Ensino Superior
RIO DE JANEIRO 2003
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, à DEUS, pois Ele é o responsável pelo maior dom: a VIDA. Agradeço também à amiga DENISE FALCÃO, pois com muita paciência, soube me acalmar nos momentos de “tensão pré -monográfica.”
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu pai, ANIBAL, que com certeza, se estivesse aqui, seria o meu maior incentivador para fazê-lo. Dedico-o também a minha filha, MARIA BEATRIZ, que muitas vezes ausentei-me em prol do mesmo e que no futuro, ela possa espelhar-se nele e ir até mais além.
RESUMO
A construção de uma racionalidade ambiental implica a formação de um novo saber e a
integração interdisciplinar do conhecimento, para explicar o comportamento de sistemas
sócio-ambientais complexos. O saber ambiental problematiza o conhecimento fracionado
em disciplinas e a administração setorial do desenvolvimento, para constituir um campo de
conhecimentos teóricos e práticos, orientado até a rearticulação das relações sociedade-
natureza. Supera os limites do entorno das ciências ambientais, constituídas como um
conjunto de especializações surgidas a partir da incorporação dos enfoques ambientais das
disciplinas tradicionais. Transformar a prática, na procura da qualidade da educação
democrática e inclusiva, atendendo aos preceitos legais da Lei de Diretrizes e Bases de
1996 e às recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais e aos compromissos
internacionais assumidos pelo país, coloca-se como pré-requisito de trabalho analisar a
prática pedagógica a fim de explicar os diversos enfoques pedagógicos que a perpassam,
com o objetivo de construir sobre ela as transformações necessárias para sua melhoria. Em
relação às diversas abordagens pedagógicas produzidas ao longo da história como
explicações do “fazer pedagógico”, é possível concluir que a Educação Ambiental se utiliza
dos elementos positivos dos diversos enfoques, para um “fazer educacional”mais
pertinente.
Meio Ambiente – Conhecimento - Transformação
METODOLOGIA
A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica proporcionando maior familiaridade
com problema, a fim de torná-lo mais explícito, ou seja, buscando o aprimoramento de
idéias ou a descoberta de intuições.
Seu planejamento foi bem flexível, de modo a possibilitar a consideração dos mais variados
aspectos relativos ao fato estudado.
Foram utilizados ainda recursos de multimeios, tais como internet e revistas, os quais foram
altamente satisfatórios quanto à consulta realizada.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I – CONCEITUAÇÃO DE MEIO AMBIENTE
9
CAPÍTULO II – MEIO AMBIENTE, CONSTITUIÇÃO FEDERAL E LEGISLAÇÕES PERTINENTES
16
CAPÍTULO III A INCLUSÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO TEMA TRANSVERSAL
37
CAPÍTULO IV – AS TÉCNICAS PARA AS ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
46
CAPÍTULO V – ESTRATÉGIAS DE ENSINO PARA A PRÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
53
CONCLUSÃO 71
BIBLIOGRAFIA 73
ÍNDICE 75
ANEXOS 77
INTRODUÇÃO O conceito de Educação Ambiental tem evoluído associado ao conceito de meio ambiente e
ao modo como este vem sendo interpretado e construído. A questão da Educação
Ambiental não se restringe à incorporação de uma dimensão ambiental aos sistemas
educacionais tradicionais.
Implica a necessária revalorização da educação no sistema social, no seu conjunto, e na
análise crítica do sistema educativo que, como aparato ideológico do estado, induz à
aceitação passiva de determinados valores geralmente alheios aos reais interesses sociais da
maioria da população.
A Educação Ambiental na abordagem denominada sócio-ambiental é proposta como uma
alternativa educacional complexa que deverá ser levada à prática com a finalidade de
verificar as suas possibilidades reais, na melhoria da qualidade do ensino.
A Educação Ambiental, como um enfoque crítico e integrador da educação, constitui-se
numa importante variável na procura do desenvolvimento sustentável, baseado na
racionalidade ambiental.
Pretende por meio de múltiplas sínteses, recuperar os elementos valiosos do passado e do
presente, para a construção de um futuro socialmente justo e ambientalmente sustentável.
CAPÍTULO I
CONCEITUAÇÃO DE MEIO AMBIENTE
“Tudo o que acontece à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.” ( Carta endereçada ao presidente dos EUA, escrita pelo índio
Seatle, em 1854. ).
1- CONCEITUAÇÃO DE MEIO AMBIENTE “Talvez tudo tenha que ser repensado, talvez mesmo reinventado, mas não refeito. Devemos nos apoiar sobre a base do saberes e técnicas já acumulados, bem como numa identificação e numa definição mais precisa possível sobre: o que entendemos exatamente como meio ambiente?” (Jollivet & Pavé,1996 pág 112)
A expressão “ambiente “ tem sua origem no latim “ambiens”, significando “que rodeia”. Já
a expressão “meio ambiente”é definida de várias maneiras. Como por exemplo a que
expomos a seguir:
“As circunvizinhanças de um organismo, incluindo as plantas, os animais e os
microorganismos com os quais ele interage.” ( Ricklefs, 1993 apud Sueli Amália de
Andrade, pág.143);
“ O mundo biótico e abiótico.” ( Morán, 1990 apud Sueli Amália de Andrade, pág.143);
“O meio físico, químico e biológico de qualquer organismo vivo.”( Vernier, 1994
apud Sueli Amália de Andrade, pág.143);
“O conjunto de todas as condições e influências externas que afetam a vida e o
desenvolvimento de organismo.” ( Batalha, 1987, apud Sueli Amália de Andrade, pág143) .
Estas definições de meio ambiente são essencialmente biológicas, não citando o homem
como parte desse meio.
No Brasil, o documento que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente define o
termo “meio ambiente” como: “ O conjunto de condições, leis, influências e interações de
ordem física , química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas
formas.”
Esta definição é ampla,visto que abrange tudo o que tem vida e a permite; mas, como as
demais, o homem não é citado explicitamente.
Cada estado brasileiro tem a sua própria conceituação de meio ambiente, pela legislação
estadual. Algumas delas têm um caráter um pouco menos biológico do que esta definida
pela Política Nacional do Meio Ambiente: embora não citem explicitamente o homem,
abrem um espaço para suas interações, à medida que mencionam os seres vivos e os
recursos culturais.
A conceituação restrita de meio ambiente o coloca como sendo “ só sinônimo de natureza.”
Mas, o que é natureza ? Natureza é “um termo genérico que designa os organismos e o
ambiente onde eles vivem.” ( Dicionário de Ecologia e Ciências Ambientais,1998 ).
Portanto, o meio ambiente, entendido como sinônimo da natureza, não
tem o componente humano, como se o homem fosse deslocado do mesmo.
Dentro deste enfoque, fazem parte do meio ambiente somente as florestas,
matas, animais, rios, solos e o ar. Mas, será que nós, seres humanos,
estamos fora do meio ambiente? Será que trabalhamos e interferimos
nele, mas não fazemos parte dele? O meio ambiente foi trabalhando como
se fosse somente um objeto científico,divorciado da ação humana, com
limites definidos e áreas estanques. Todas as complexas intra e inter-
relações existentes no trinômio homem-sociedade-natureza presentes no
meio ambiente foram desconsideradas. Como conseqüência, o meio
ambiente tem sido alvo das mais variadas ações humanas,de uma forma
catastrófica, provocando uma degradação dos recursos naturais e dos
ecossistemas.
Diante da crise ambiental, e da necessidade de reverter o quadro de deterioração ambiental
provocado pelas sociedades, um outro conceito relacional ao meio ambiente é proposto,
em que se trabalham “as relações existentes entre o comportamento dos elementos da
natureza (físicos, químicos e biológicos ) com o homem ( como núcleo familiar ) e
sociedade (estrutura político, social e econômica ).” (Jollivet & Pavé, 1996, pág 115 ).
Assim, os sub-sistemas físico-químicos e biológicos da natureza se articulam entre si e com
o sub-sistema social-humano, e vice-versa. Todos eles são intra e inter-dependentes, intra
e inter-ligados, formando o meio ambiente. Portanto, o meio ambiente deve ser visto
como um conjunto de relações integradas entre estes sub-sistemas.
1.1 Evolução dos Conceitos da Educação Ambiental :
Como toda temática em fase de afirmação, a Educação Ambiental
recebeu várias definições ao longo da sua escalada evolucionária. Eis
algumas:
“É um processo que deve objetivar a produção de cidadãos, cujos conhecimentos acerca do ambiente biofísico e seus problemas associados, possam alertá-los e habilitá-los a resolver seus problemas.” ( Stapp et al, 1969, pág. 146 ). “É o processo de reconhecimento de valores e de esclarecimentos de conceitos, que permitam o desenvolvimento de habilidades e atitudes necessárias para entender e apreciar as inter-relações entre o homem, sua cultura e seu ambiente biofísico circunjacente.” ( União Internacional para a Conservação da Natureza - IUCN - 1970). “É um processo no qual deveria ocorrer um desenvolvimento progressivo de um senso de preocupações
com o meio ambiente, baseado num completo e sensível entendimento das relações do homem com o ambiente em sua volta.” ( Mininni-Medina, 1982, pág. 187 ).
De qualquer forma, a evolução dos conceitos de Educação Ambiental tem
sido vinculada ao conceito de meio ambiente e ao modo como este era
percebido. O conceito de meio ambiente reduzido exclusivamente a seus
aspectos naturais não permitia apreciar as interdependências, nem a
contribuição das ciências sociais à compreensão e melhoria do meio
ambiente humano.
Sob esta ótica, as novas definições da Educação Ambiental começaram a
ser delineadas.
Na Conferência de Tbilisi ( 1977 ), a Educação Ambiental foi definida como uma
dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para a resolução dos
problemas concretos do meio ambiente através de enfoques interdisciplinares, e de uma
participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade. Essa definição é
válida até hoje.
O CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente - definiu a Educação Ambiental
como um processo de formação e informação, orientado para o desenvolvimento da
consciência crítica sobre as questões ambientais, e de atividades que levem à participação
das comunidades na preservação do equilíbrio ambiental.
Em 1988/89, no Programa Nossa Natureza, encontramos a Educação Ambiental definida
como o conjunto de ações educativas voltadas para a compreensão da dinâmica dos
ecossistemas, considerando os efeitos da relação do homem com o meio, a determinação
social e a evolução histórica dessa relação.
Nos subsídios técnicos elaborados pela Comissão Interministerial para a preparação da
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, versão
julho/1991, foram apresentadas as bases conceituais da Educação Ambiental onde se lê:
“A Educação Ambiental se caracteriza por incorporar as dimensões sócio-econômica, política, cultural e histórica, não podendo basear-se em pautas rígidas e de aplicação universal, devendo considerar as condições e estágio de cada país, região e comunidade, sob uma perspectiva histórica. Assim sendo, a Educação Ambiental deve permitir a compreensão da natureza complexa do meio ambiente e interpretar a interdependência entre os diversos elementos que conformam o ambiente, com vistas a utilizar racionalmente os recursos do meio na satisfação material e espiritual da sociedade no presente e no futuro. Para fazê-lo a Educação Ambiental deve capacitar ao pleno exercício da cidadania, através da formação de uma base conceitual abrangente, técnica e culturalmente capaz de permitir a superação dos obstáculos à utilização sustentada do meio. O direito à informação e o acesso às tecnologias capazes de viabilizar o desenvolvimento sustentável constitui, assim, um dos pilares deste processo de formação de uma nova consciência em nível planetário, sem perder a ótica local, regional e nacional. O desafio da educação, neste particular,é o de criar as bases para a compreensão holística da realidade.” (In: Educação Ambiental no Brasil, pág. 63 ).
A Lei 9.795 de 27/4/1999, que trata da Política Nacional de Educação Ambiental, em seu
capítulo I, art.1º, define Educação Ambiental como sendo
“os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à qualidade de vida e sua sustentabilidade.”
As definições são abundantes, mas, de certa forma, as mais recentes
guardam, entre si, vários pontos comuns quando acentuam a necessidade
de considerarmos os vários aspectos que compõem uma dada questão
ambiental, isto é, a necessidade de uma abordagem integradora.
CAPÍTULO II
MEIO AMBIENTE, CONSTITUIÇÃO FEDERAL E LEGISLAÇÕES PERTINENTES
“Na natureza não existem recompensas nem castigos. Existem conseqüências.” ( Ingersoll - 1922 ).
2- MEIO AMBIENTE, CONSTITUIÇÃO FEDERAL E LEGISLAÇÕES PERTINENTES
A Constituição Brasileira, promulgada em 1988, destaca no seu capítulo VI - Do Meio
Ambiente
art. 225: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§1º: Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I- preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo
ecológico das espécies e ecossistemas;
II- preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III- definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas
somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos
atributos que justifiquem a sua proteção;
IV- exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade;
V- controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI- promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII- proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os
animais a crueldade;
§2º: Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei.
§3º: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
§4º: A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal
Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na
forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive
quanto ao uso de recursos naturais.
§5º: São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§6º: As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida
em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.”
Paralelamente, no capítulo III, da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I da
Educação, no art. 214 diz:
“A lei estabelecerá o Plano Nacional de Educação, de duração Plurianual, visando à
articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das
ações do poder público, que conduzam à
I- erradicação do analfabetismo;
II- universalização do atendimento escolar;
III- melhoria da qualidade de ensino;
IV- formação para o trabalho;
V- promoção humanística, científica e tecnológica do país.”
Assim, o princípio fundamental estabelecido para o desenvolvimento de uma política
ambiental - Educação Ambiental em todos os níveis- é compatível com os fins, objetivos e
organização do sistema educativo, expresso na Carta Magna.
A inserção de um capítulo que trata especificamente das questões ambientais na
Constituição Federal é reflexo de uma série de compromissos internacionais assumidos
pelo Brasil, em decorrência dos problemas ambientais emergentes e das pressões populares,
que se iniciam a partir da década de 70, com a organização da sociedade civil brasileira. A
organização da sociedade civil é reflexo das organizações semelhantes que começam a se
formar em todo o mundo em decorrência dos manifestos ambientalistas.
É preciso identificar formas alternativas para seu desenvolvimento no decorrer do processo
educativo e delimitar seu alcance. Para o cumprimento deste preceito constitucional foram
posteriormente criados instrumentos legais ( leis, decretos e portarias ) no âmbito federal,
estadual e municipal.
2.1- Histórico do Ministério do Meio Ambiente:
A partir de 1985, data em que é criado o Ministério de Desenvolvimento Urbano e Meio
Ambiente, as questões ambientais vão tomando diferentes proporções, assumindo novos
espaços e problemas, como severifica com as diferentes atribuições e órgãos vinculados
que surgem ao longo dos últimos anos, provocando mudanças no próprio nome do
Ministério. Estas sucessivas mudanças geraram, muitas vezes, descontinuidade nos projetos
iniciados, prejudicando o estabelecimento e a permanência de uma política ambiental
conseqüente.
Desde seu início, o Ministério do Meio Ambiente manifestou preocupação com a Educação
Ambiental, promovendo um conjunto de iniciativas, como por exemplo, a construção, pela
Secretaria da Amazônia Legal, de um Programa de Educação Ambiental para Amazônia em
1996; a constituição de uma Comissão de Educação Ambiental do Ministério do Meio
Ambiente de caráter inter e intra ministerial, no âmbito da Secretaria de Desenvolvimento
Integrado, em 1997; a participação na Câmara Técnica de Educação Ambiental do
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente - e especialmente, a preparação,
elaboração e síntese final da I Comissão de Educação Ambiental.
Apesar destas iniciativas, somente em 1999 é constituída a Diretoria de Educação
Ambiental no âmbito do Ministério do Meio Ambiente. Esta Diretoria começa a planejar e
executar um Programa Nacional de Educação Ambiental que é reforçado com a aprovação
da Lei 9.795/99, que estabelece a obrigatoriedade de criar uma Política Nacional de
Educação Ambiental.
A seguir, um breve histórico do Ministério do Meio Ambiente:
• 1985: Decreto nº 91.145, de 15 de março - Cria o Ministério do Desenvolvimento
Urbano e Meio Ambiente, dispõe sobre a sua estrutura, transferindo-lhe o
CONAMA ( Conselho Nacional do Meio Ambiente ) e a SEMA ( Secretaria de
Meio Ambiente ).
• 1989: Lei 7.797, de 10 de julho - Cria o Fundo Nacional ao Meio Ambiente
(FNMA).
• 1990: Medida Provisória nº 150, de 15 de março - Cria a SEMAM/PR ( Secretaria
do Meio Ambiente da Presidência da República ) como órgão de assistência direta e
imediata ao Presidente da República
• Lei 8.490, de 19 de novembro - Dispõe sobre a organização da Presidência da
República e dos Ministérios.
Art. 21: Transforma a SEMAM/PR, em Ministério do Meio Ambiente - MMA.
• 1993: Lei 8.746, de 09 de dezembro - Cria, mediante transformação, o Ministério do
Meio Ambiente e da Amazônia Legal, altera a redação de dispositivo da Lei 8.490,
de 19 de novembro de 1992.
Art. 19, inc. XVI: Cria o Conselho Nacional da Amazônia Legal ( CONAMAZ ) e é
citado o Conselho Nacional da Borracha ( CNB ) como órgãos específicos na estrutura
básica do Ministério do Meio Ambiente.
Medida Provisória nº 738, de 02 de dezembro, art. 19, inc.XVI - Cria o Conselho
Nacional dos Recursos Naturais Renováveis ( CONAREN ) como órgão específico na
estrutura básica do Ministério do Meio Ambiente, em substituição ao Conselho Nacional da
Borracha, das Florestas e da Pesca conforme Medida Provisória nº 688, de 03 de novembro
de 1994.
*1995: Medida Provisória nº 813, de 1º de janeiro - Dispõe sobre a organização da
Presidência da República e dos Ministérios.
Art.16, inc. X: São órgãos específicos: Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA); Conselho Nacional da Amazônia Legal ( CONAMAZ ); Conselho Nacional
dos Recursos Naturais Renováveis ( CONAREN ) e Comitê do Fundo Nacional do Meio
Ambiente ( CFNMA).
Art. 17, inc.IV: Fica transformado o Ministério do Meio Ambiente e da Amazônia
Legal em Ministério do Meio Ambiente,dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal.
*1996: Medida Provisória nº 813, de 1º de janeiro de 1995, na sua versão nº 1.498-19,de 09
de julho de 1996, art. 34 - Transforma o Jardim Botânico do Rio de Janeiro em Instituto de
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, passando a integrar a estrutura do Ministério
do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, com a finalidade de
promover, realizar e divulgar pesquisas técnico-científicas sobre os recursos florísticos do
Brasil.
• 1997: Lei 9.433, de 08 de janeiro - Institui a Política Nacional de Recursos
Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Art. 34 - Cria o Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
• 1999: Medida Provisória nº 1.795, de 1º de janeiro - Dispõe sobre a organização da
Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras providências.
Art. 17, inc. III - Transforma o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos
Hídricos e da Amazônia Legal em Ministério do Meio Ambiente.
Decreto nº 2.923, de 1º de janeiro - Dispõe sobre a reorganização de órgãos e
entidades do Poder Executivo Federal.
Art. 9, inc. III - São entidades vinculadas:
a) Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -
IBAMA;
b) Companhia de Desenvolvimento de Barcarena - CODEBAR.
Art.10 - Extingue as Superintendências Estaduais e as Unidades Descentralizadas
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, a
que se refere o art. 2º, inc. IV, alíneas “a”e “g” do Decreto nº 78, de 05 de abril de 1991.
Art. 10, § 1º - Transfere as competências de que trata o caput para o Presidente o
IBAMA, que poderá delegá-las pelo prazo estabelecido no parágrafo seguinte.
Art. 10, § 2º - Estabelece prazo de 120 dias para que o Ministro de Estado do Meio
Ambiente proponha o número e a localização de representações regionais do IBAMA,
conforme as peculiaridades dos principais ecossistemas brasileiros.
Medida Provisória nº 1.799-2, de 18 de fevereiro - Dispõe sobre a organização da
Presidência da República e dos Ministérios e dá outras providências.
Decreto nº 2.972, de 26 de fevereiro - Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro
Demonstrativo dos Cargos em Comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores -
DAS e Funções Gratificadas- FG do Ministério do Meio Ambiente, e dá outras
providências.
Lei 9.795, de 27 de abril de 1999, publicada no Diário Oficial da União,de 28/4/99,
seção I, páginas 1 à 3 - Dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a Política Nacional de
Educação Ambiental e dá outras providências.
Decreto nº 3.095,de 14 de maio de 1999, publicado no Diário Oficialda União de
17/5/99, seção I, páginas 2 à 5 - Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo
dos Cargos em Comissão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA, e dá outras providências.
2.2- Plano Nacional de Educação:
O Congresso Nacional decretou a Lei 10.172, de 09 de janeiro de 2001, que aprova
o Plano Nacional de Educação. Este tem a duração prevista de 10 anos, e deverá estar em
sintonia com a Declaração Mundial de Educação Para Todos ( Conferência de Jomtiem ).
Se nos remetermos à Constituição Federal, no art. 214, encontramos a indicação
para que seja elaborado o Plano Nacional de Educação.
A indicação também está presente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, no art.
9º, que trata da elaboração do Plano Nacional de Educação, em colaboração com os
Estados, Municípios, o Distrito Federal e os Municípios.
Com estas bases, este diploma legal foi elaborado recebendo diversas contribuições
do Governo, da Sociedade Civil, de especialistas, enfim, todos aqueles que se relacionavam
com o tema e tinham proposições a fazer.
O Plano Nacional de Educação está montado sobre três eixos:
1º ) “A educação como direito, que deve ser garantida desde o nascimento à idade adulta,
porque sem ela a pessoa não se completa, não se realiza e não contribui com o
desenvolvimento social do grupo.”
O conceito ampliado de Educação Ambiental leva em consideração os processos
continuados da educação, de modo a tornar o indivíduo parte integrante dos processos de
aprendizagem do grupo social ao qual pertence, tendo aí um papel preponderante e
determinante não somente em relação aos aspectos sociais, mas também em relação às
interações do grupo com o ambiente que o cerca.
2º ) “A educação como motor do desenvolvimento econômico e social, onde está ressaltada
a necessidade de formação de quadros universitários e o investimento em ciência e
tecnologia.”
Desta forma, a aquisição de conhecimentos tecnológicos e de acesso à pesquisa
provê o indivíduo, e, conseqüentemente, a sociedade como um todo, de conhecimentos que
serão determinantes na construção do desenvolvimento sustentável.
3º ) “A educação como meio de combater a pobreza e a miséria, onde mais do que nunca,
reverter o quadro de exclusão social, desemprego, pobreza e miséria, é imperativo para um
país que tem cerca de 65 milhões de pessoas nesta deplorável situação, com 38% da
população vivendo abaixo da linha da pobreza.”
A educação como instrumento de inclusão social e a Educação Ambiental como
espaço de interação entre a sociedade e o seu meio, onde se questiona e se buscam
alternativas aos modelos de desenvolvimento sócio-ambientais, podem ser a alavanca para
minorar as desigualdades sociais.
2.3 - Síntese da Legislação da Educação Ambiental:
• 1981: Lei 6.938 - Lei Nacional de Meio Ambiente que dispõe sobre a Política
Nacional de Meio Ambiente.
• 1986: Indicação CFE 10/86 - É a primeira indicação para incluir a Educação
Ambiental nos currículos escolares.
• 1987: Parecer 226/87 - Aprova a indicação 10/86.
• 1988: Constituição Federal.
• 1990: Decreto 99.270/90 - Regulamenta a Lei 6.938/81.
• 1991: Portaria 678-MEC - Determina a inclusão da Educação Ambiental na
Educação Escolar.
• 1996: Lei 9.394 - Diretrizes e Bases da Educação ( LDB ).
• 1999: Lei 9.795 - Política Nacional de Educação Ambiental.
• 2000: Plano Nacional de Educação ( Projeto de Lei).
2.4- Análise dos Documentos Produzidos pelo Ministério da Educação:
O Ministério da Educação ( MEC ) constrói a partir das leis, pareceres e da
organização de atividades, a história da Educação Ambiental formal no país.
A seguir, algumas dessas atividades do Ministério da Educação:
*1978: A Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul desenvolve o Projeto
Natureza ( 1978-1985 ).
*1979: O MEC e a CETESB/SP, publicam o documento “Ecologia - uma proposta
para o ensino de 1º e 2º graus.”
*1987: O MEC aprova o Parecer 226/87 do conselheiro Arnaldo Niskier, em
relação à necessidade de inclusão da Educação Ambiental nos currículos escolares de 1º e
2º graus.
*1988: A Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo e a CETESB,
publicam a edição piloto do livro “Educação Ambiental - Guia para professores de 1º e 2º
graus.”
Inicia as atividades a Coordenação de Educação Ambiental do MEC.
*1991: MEC, Portaria 678, ( 14/5/91 ), resolve que todos os currículos nos diversos
níveis de ensino deverão contemplar conteúdos de Educação Ambiental.
Projeto de Informações sobre Educação Ambiental, IBAMA/MEC.
Grupo de Trabalho para Educação Ambiental coordenado pelo MEC, preparatório à
Conferência do Rio-92.
Encontro Nacional de Políticas e Metodologias para Educação Ambiental.
MEC/IBAMA/Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da
República/UNESCO/Embaixada do Canadá.
*1992: O MEC promove no CIAC do Rio das Pedras, em Jacarepaguá, Rio de
Janeiro,o workshop sobre Educação Ambiental cujo resultado encontra-se na Carta
Brasileira de Educação Ambiental. Destacando a necessidade de capacitação de recursos
humanos para Educação Ambiental.
*1993: Formalização da Coordenação de Educação Ambiental do MEC junto ao
Gabinete do Ministro ( Portaria nº 773/10/05 ).
Criação dos Centros de Educação Ambiental do MEC, com a finalidade de criar e
difundir metodologias em Educação Ambiental.
*1996: Novos Parâmetros Curriculares do MEC, como Diretrizes gerais
orientadoras da melhoria da educação, nos quais se inclui o tema Meio Ambiente (
Educação Ambiental ) como tema transversal no currículo escolar.
Criação da Câmara Técnica Temporária de Educação Ambiental, cuja presidência
fica a cargo do MEC.
Assinatura do Protocolo de intenções entre MEC e o Ministério do Meio Ambiente
com vistas a colaborações técnica e institucional.
*1996/97: Cursos de Capacitação em Educação Ambiental para os técnicos das
SEDUCs e DEMECs para orientar a implantação dos Parâmetros Curriculares. Convênio
UNESCO - MEC.
*1997/98: Cursos de Educação Ambiental organizados pelo MEC / Coordenação de
Educação Ambiental para as escolas Técnicas e segunda etapa de capacitação das SEDUCs
e DEMECs. Convênio UNESCO - MEC.
*1998: Cursos de Educação Ambiental organizados pelo MEC / Coordenação de
Educação Ambiental para as Universidades, Cursos de Pedagogia e segunda etapa de
capacitação das Escolas Técnicas. Convênio UNESCO - MEC.
Publicação do livro “Implantação da Educação Ambiental no Brasil”.
*2000 ( até junho ): Oficina de trabalho de Educação Ambiental: panorama da
Educação Ambiental na educação fundamental, COEA / SEF / MEC.
Assinatura do Termo aditivo do Protocolo de Intenções entre MEC e Ministério do
Meio Ambiente, com vistas a Cooperação Técnica e Institucional.
Programa” Salto para o Futuro” / TV Escola sobre Educação Ambiental nas escolas
e Teleconferência sobre Parâmetros em Ação de Meio Ambiente.
2.5 - Carta Brasileira de Educação Ambiental: Rio - 92:
Como evento oficial, no setor educacional, o Ministério da Educação realizou, em
Jacarepaguá, Rio de Janeiro, o workshop sobre Educação Ambiental. Este encontro teve
como documento final a Carta Brasileira para a Educação Ambiental, com considerações
sobre o estágio da Educação Ambiental no Brasil. Este documento reconhece que no
momento em que se discute desenvolvimento sustentável como estratégia de sobrevivência
do planeta e, conseqüentemente, da melhoria da qualidade de vida, fica definido ser a
Educação Ambiental um dos aspectos mais importantes para a mudança pretendida. Admite
que a lentidão da produção de conhecimentos, a importação de tecnologias inadequadas à
formulação de políticas de desenvolvimento, cada vez mais descomprometidas com a
soberania nacional, consolidam um modelo educacional que não responde às necessidades
do País. Entre as recomendações advindas do referido evento, é importante ressaltar:
“... que haja um comprometimento real do poder público federal, estadual e municipal no cumprimento e complementação da legislação e das políticas específicas para a Educação Ambiental.”; “... que as políticas específicas, formuladas para a Educação Ambiental, expressem a vontade governamental em defesa da escola pública, em todos os níveis de ensino.”; “... que sejam cumpridos os marcos referenciais internacionais acordados em relação à Educação Ambiental, como dimensão multi, inter e transdisciplinar em todos os níveis de ensino.” ( MEC, 1992 ).
2.6 - A Educação Ambiental no Âmbito do Direito Educacional
Brasileiro:
Em 27 de abril de 1999, foi promulgada a Lei 9.795, que dispõe sobre a Educação
Ambiental, definida em seu art. 1º como o conjunto de “processos por meio dos quais o
indivíduo e a coletividade constróem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.” Segundo o art. 9º, na educação
escolar, ela é aquela “desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino
públicas e privadas.”
Essa Lei veio regulamentar o inciso VI do parágrafo 1º do art. 225 da Constituição Federal,
que estabelece ser incumbência do Poder Público “promover a Educação Ambiental em
todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio
ambiente.”
O art. 2º da referida Lei estabelece a sua obrigatoriedade, nos seguintes termos: “A
Educação Ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional,
devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo
educativo, em caráter formal e não-formal.” Dessa forma, a inclusão da Educação
Ambiental se faz indispensável em todos os níveis de ensino, incluindo, nos termos do art.
21 da Lei 9.394/96 ( LDB ), a educação básica ( educação infantil, ensino fundamental e
ensino médio) e a educação superior ( cursos seqüenciais, de graduação - licenciaturas e
bacharelados -, de pós-graduação - especializações, mestrados e doutorados - e de
extensão), independentemente da modalidade de seu oferecimento.
Cumpre, no contexto da obrigatoriedade da Educação Ambiental no ensino formal, destacar
ainda os seguintes dispositivos da Lei 9.795/99:
Art.10: A Educação Ambiental será desenvolvida como uma prática educativa
integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.
§ 1º: A Educação Ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no
currículo de ensino.
§ 2º: Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto
metodológico da Educação Ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de
disciplina específica.
§ 3º: Nos cursos de formação de especialização técnico-profissional,
em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética
ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas.
Art. 11: A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de
professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas.
§ único: Os professores em atividade devem receber formação complementar em
suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos
princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.
Já o art. 12 estabelece que o cumprimento do disposto nesses artigos deverá ser observado
pelo Poder Público, quando da “autorização e supervisão do funcionamento de instituições
de ensino e de seus cursos, nas redes pública e privada”.
Ainda no âmbito da Educação Ambiental formal, cumpre destacar que o Decreto nº
4.281/02 estabelece em seu art. 6º e inciso I, que para a implementação da Educação
Ambiental “deverão ser criados, mantidos e implementados, sem prejuízo de outras ações,
programas de educação integrados”...”a todos os níveis e modalidades de ensino”. Já o seu
art. 5º estabelece:
Art. 5º: Na inclusão da Educação Ambiental em todos os níveis e modalidades de ensino,
recomenda-se como referência os Parâmetros e as Diretrizes Curriculares Nacionais,
observando-se:
I- a integração da Educação Ambiental às disciplinas de modo transversal, contínuo
e permanente; e
II - a adequação dos programas já vigentes de formação continuada de educadores.
Já o Plano Nacional de Educação ( Lei 10.172/01 ), estabelece entre seus objetivos e metas,
tanto para o ensino fundamental quanto para o ensino médio, que “a Educação Ambiental,
tratada como tema transversal, será desenvolvida como uma prática educativa integrada,
contínua e permanente em conformidade com a Lei 9.795/99”. Relativamente à educação
superior, entre seus objetivos e metas destaca-se: “incluir nas diretrizes curriculares dos
cursos de formação de docentes temas relacionados às problemáticas tratadas nos temas
transversais, especialmente no que se refere à abordagem tais como: gênero, educação
sexual, ética, pluralidade cultural, meio ambiente, saúde e temas locais”.
Especificamente no que se refere à Educação Ambiental não-formal, entendida, segundo o
art. 13 da Lei 9.795/99, como o conjunto de “ações e práticas educativas voltadas à
sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e
participação na defesa da qualidade do meio ambiente”, cabe destacar que compete ao
Poder Público ( federal, estadual e municipal ) incentivar “a ampla participação da escola,
da universidade e de organizações não-governamentais na formulação e execução de
programas e atividades vinculadas à Educação Ambiental não-formal”.
Relativamente aos papéis do Estado e das escolas, cumpre destacar ainda o art. 3º da Lei
referida no parágrafo anterior, que estabelece que “como parte do processo educativo mais
amplo, todos têm direito à Educação Ambiental”, estabelecendo como incumbência do
Poder Público “definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental”e como
atribuição das instituições de ensino “promover a Educação Ambiental de maneira
integrada aos programas educacionais que desenvolvem”.
O primeiro passo no sentido do cumprimento das atribuições atinentes ao Poder Público
ocorreu através do Decreto nº 4.281/02, já referido anteriormente, que regulamenta a Lei
9.795/99 e institui a Política Nacional de Educação Ambiental, que “será executada pelos
órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, pelas
instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, pelos órgãos públicos
da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, envolvendo entidades não-
governamentais, entidades de classe, meios de comunicação e demais segmentos da
sociedade”. O art. 4º desse Decreto cria o Comitê Assessor do Órgão Gestor do SISNAMA,
sendo que o Conselho Nacional de Educação (CNE) o integra com um representante. Nesse
sentido, importante também destacar que o art. 3º, inciso II, estabelece que o Órgão Gestor
deve observar, além das decisões do Conselho Nacional de Meio Ambiente ( CONAMA ),
também as decisões do CNE.
A legislação referida não deixa dúvidas sobre a presença obrigatória da Educação
Ambiental, em todos os níveis e modalidades do ensino formal, bem como o dever do
Poder Público de acompanhar e fiscalizar a sua aplicação. O fato de a legislação
educacional brasileira e a própria Constituição Federal garantirem a liberdade e a
pluralidade no processo educacional, não elide essa obrigatoriedade, que se impõe pela
existência de preceito constitucional específico e de seus instrumentos legais
regulamentadores. Em parte a omissão de referência expressa à Educação Ambiental nos
Pareceres e Resoluções do CNE atinentes às diretrizes curriculares decorre do fato de a Lei
9.795 ser de 1999 e o Decreto nº 4.281, que a regulamenta, ser de 2002, enquanto a
regulamentação atinente às diretrizes das diretrizes curriculares ter ocorrido, em grande
parte, em período anterior. De outro lado, tendo em vista a existência de norma
constitucional específica, poderia o CNE já ter tratado desse tema anteriormente, inserindo
nas diretrizes gerais a previsão de que a Educação Ambiental se constitui em tema
transversal obrigatório de todo e qualquer projeto pedagógico, no âmbito da educação
formal. De qualquer forma, independentemente da existência de qualquer referência
expressa, no conjunto normativo atinente às diretrizes curriculares, a Educação Ambiental
é, sim, obrigatória.
Amplamente fundamentada a obrigatoriedade da Educação Ambiental, é relevante agora
aprofundar a forma pela qual o conjunto normativo vigente determina deva ser ela realizada
como “prática educativa integrada, contínua e permanente”, integrando as “disciplinas de
modo transversal”.
Por contínua se deve entender que tem de perpassar toda a educação formal, iniciando na
educação infantil, passando pelos ensinos fundamental e médio e se mantendo na educação
superior, da graduação à pós-graduação; por permanente, que ela não pode ser
interrompida. Já a exigência de que ela deve ser integrada, implica que a Educação
Ambiental não deve ser vista como um conteúdo a ser trabalhado em separado, mas sim
sistemicamente integrado no processo educacional como um todo. Os princípios da
Educação Ambiental, listados na Lei 9.795/99, reforçam essas assertivas
Art. 4º: São princípios básicos da Educação Ambiental:
I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a
interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o oenfoque da
sustentabilidade;
III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi
e transdisciplinaridade;
IV- a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e
globais;
VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e
cultural.
A idéia de tema transversal vem exatamente atender às exigências e princípios
traçados para a Educação Ambiental. A sua adoção sob a forma de eixo transversal, no
contexto do projeto pedagógico de cada curso, possibilita a discussão e análise do tema
meio ambiente em diferentes áreas do conhecimento - nesse sentido implica a adoção de
uma visão ao mesmo tempo sistêmica e holística, possibilitando discussões e práticas que
congreguem diferentes saberes, transcedendo as noções de disciplina, matéria e área.
Para que seja possível realizar, de forma efetiva, a transversalidade, a Educação Ambiental
deve se adotar o planejamento em rede, pois a presença do tema meio ambiente em todos os
espaços curriculares, pressupõe um trabalho coordenado e articulado. Uma forma bastante
efetiva de realizá-lo é adoção da metodologia do projeto, sendo o projeto centrado no
estudo e solução de um problema local ou regional. Essa metodologia permite integrar os
diversos saberes e possibilita um trabalho não apenas teórico, mas voltado a uma
realidade concreta e próxima.
Cabe ainda ressaltar, relativamente à Educação Ambiental,os objetivos que lhe foram
elencados na Lei 9.795/99:
Art. 5º: São objetivos fundamentais da Educação Ambiental:
I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas
múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais,
políticos, sociais, econômicos, científicos culturais e éticos;
II - a garantia de democratização das informações ambientais;
III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática
ambiental e social;
IV - o incentivo à participação individual e coletiva permanente e responsável, na
preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade
ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania;
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e
macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada,
fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social,
responsabilidade e sustentabilidade;
VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;
VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade
como fundamentos para o futuro da humanidade.
Nesse sentido, para que se possa falar em Educação Ambiental é necessário, em resumo,
que o processo educacional permita o conhecimento integral dos problemas atinentes ao
meio ambiente, para poder conservá-lo e melhorá-lo, bem como para implementar
mudanças de comportamento. Ou seja, a função da Educação Ambiental não é a reprodução
/ divulgação de conhecimentos, mas sim a formação de uma consciência e de uma ética
ambiental, como fica claro na leitura de seus príncipios e objetivos, a exigir a sua presença,
nos projetos pedagógicos, como eixo transversal.
A utilização de formas tradicionais de educação, pela criação de disciplinas específicas,
para trabalhar temas transversais, tais como cidadania, direitos humanos e meio ambiente,
que tem objetivo formativo e não meramente informativo, não tem dado certo. Entretanto, a
mudança da estratégia pedagógica por si só não é solução. É necessário, em especial, um
correto planejamento do processo, aliado a uma adequada preparação de todos aqueles que
buscam formação para o exercício do magistério, em qualquer nível ou modalidade.
Ao lado da Educação Ambiental, de caráter formativo de uma cidadania ambiental e,
portanto, geral, é necessário pensar a formação docente, que deve levar em consideração:
a ) que não se trata de formar professores de uma disciplina sobre o meio ambiente, mas
sim de formar todos os professores para que, em sua atividade docente, saibam como
trabalhar a questão ambiental, tema transversal que atravessará todo o processo
educacional;
b ) que a formação docente implicará, necessariamente, a aquisição dos conteúdos e
habilidades necessários para trabalhar o tema meio ambiente; e
c ) que a formação ambiental deve atingir a preparação de docentes para todos os níveis e
modalidades de educação, devendo ser realizada em todos os cursos de licenciatura e em
todos os programas de pós-graduação.
Que, independentemente da presença de sua exigência em nível das diretrizes curriculares,
a questão ambiental deve, por expressa previsão legal, obrigatoriamennte integrar todos os
níveis e modadidades do processo educacional, no denominado eixo transversal;
Que essa obrigatoriedade atinge, portanto, de forma integral, todos os níveis e
modadidades da educação básica ( educação infantil, ensino fundamental e ensino médio )
e da educação superior ( cursos seqüências, de graduação, de pós-graduação e de extensão);
Que a dimensão ambiental deve constar de todos os cursos voltados à formação de
professores (o que inclui as licenciaturas e todos os programas de pós-graduação, lato e
stricto sensu ), em todos os níveis e em todas as disciplinas;
Que o Poder Público, através do CNE, da SESu, da CAPES e do INEP, em nível federal, e
dos Conselhos Estaduais de Educação, em nível dos estados membros, deverá verificar o
atendimento das exigências atinentes à Educação Ambiental.
CAPÍTULO III
A INCLUSÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO TEMA TRANSVERSAL
“A natureza leva milhões de anos para esculpir obras que o homem pode destruir em segundos.” ( Provérbio Chinês )
3-A INCLUSÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO TEMA TRANSVERSAL
O trabalho pedagógico com a questão ambiental centra-se no desenvolvimento de atitudes e
posturas éticas, e no domínio de procedimentos, mais do que na aprendizagem estrita de
conceitos.
A eleição desses conteúdos pode ajudar o educador a trabalhar de maneira a contribuir
para a atuação mais conseqüente diante da problemática ambiental, por meio da
compreensão e indicação de formas de proceder. É diferente encarar os problemas
ambientais apenas como objeto de estudo da ciência ou como uma questão social cuja
solução exige compromisso real.
Os conceitos que explicam os vários aspectos dessa realidade se encontram interligados
entre si e com as questões de natureza valorativa, exigindo portanto, tratá-los também nesse
âmbito.
No entanto, valores e compreensão só não bastam. É preciso que as pessoas saibam como
atuar, como adequar prática e valores, uma vez que o ambiente é também uma construção
humana, sujeito a determinações de ordem não apenas naturais, mas também sociais.
3.1 - Transversalidade e Interdisciplinaridade:
A proposta de transversalidade pode acarretar algumas discussões do ponto de vista
conceitual, como por exemplo, a da sua relação com a concepção de interdisciplinaridade,
bastante difundida nocampo de pedagogia.
Ambas - transversalidade e interdisciplinaridade - se fundamentam na crítica de uma
concepção do conhecimento que torna a realidade como um conjunto de dados estáveis,
sujeitos a um ato de conhecer isento e distanciado. Ambas apontam a complexibilidade do
real e a necessidade de se considerar a teia de relações entre os seus diferentes e
contraditórios aspectos. Mas diferem uma da outra, uma vez que a interdisciplinaridade
refere-se a uma abordagem epistemológica dos objetos de conhecimento, enquanto a
transversalidade diz respeito principalmente à dimensão da didática.
A interdisciplinaridade questiona a segmentação entre os diferentes campos de
conhecimento produzida por uma abordagem que não leva em conta a inter-relação e a
influência entre eles - questiona a visão compartimentada ( disciplinar ) da realidade sobre
a qual a escola, tal como é conhecida, historicamente se constituiu.
A transversalidade diz respeito à possibilidade de se estabelecer, na prática educativa, uma
relação entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados ( aprender sobre a
realidade) e as questões da vida real e de sua transformação ( aprender na realidade e da
realidade). E a uma forma de sistematizar esse trabalho e incluí-lo explícita e
estruturalmente na organização curricular, garantindo sua continuidade e aprofundamento
ao longo da escolaridade.
Na prática pedagógica , interdisciplinaridade e transversalidade alimentam-se mutuamente,
pois o tratamento das questões trazidas pelos “ Temas Transversais” expõe as inter-
relações entre os objetos de conhecimento, de forma que não é possível fazer um trabalho
pautado na transversalidade tornando-se uma perspectiva disciplinar rígida. A
transversalidade promove uma compreensão abrangente dos diferentes objetos de
conhecimento, bem como a percepção da implicação do sujeito de conhecimento na sua
produção superando a dicotomia entre ambos. Por essa mesma via, a transversalidade abre
espaço para a inclusão de saberes extra-escolares, possibilitando a referência a sistemas de
significado construídos na realidade dos alunos.
3.2 - Transversalidade da Educação Ambiental:
Os temas transversais referem-se às questões contemporâneas de relevante interesse social,
que atingem, pela sua complexidade, as várias áreas do conhecimento. Exigem um
planejamento coletivo e interdisciplinar, além da identificação dos eixos centrais do
processo de ensino-aprendizagem, para, em torno deles, elaborar as propostas educacionais.
O conceito de transversalidade é expressado nos Parâmetros Curriculares Nacionais
de Meio Ambiente como: “Os conteúdos de meio ambiente serão integrados ao currículo
através do que se chama transversalidade, isto é, serão tratados nas áreas de conhecimento
de modo a impregnar toda a prática educativa e, ao mesmo tempo, criar uma visão global e
abrangente da questão ambiental.” ( pág. 50 ).
A transversalidade coloca um novo desafio para os professores, dando espaço para a
criatividade e a inovação, pois possibilita a busca de novos caminhos para o fazer
pedagógico, tratando de forma integrada temas de relevância social. A implementação
participativa e ativa dos professores e alunos é uma exigência, além de reconhecer como
ponto de partida do processo de ensino-aprendizagem, os conhecimentos prévios dos
alunos, seus interesses e motivações e seu estágio de desenvolvimento cognitivo-afetivo,
bem como a exigência permanente da contextualização das situações educativas e a
imprescindível busca da relação teoria-prática.
Quando os temas transversais são selecionados e planejam-se unidades didáticas baseadas
neles, como por exemplo na Educação Ambiental, deve-se ter sempre presente que os
sujeitos da educação são pessoas integradas. Deve-se considerar os níveis cognitivos,
afetivos, os das ações e dos valores éticos, considerando, ao mesmo tempo, que os alunos
atuam em meios sócio-ambientais complexos e devem tomar decisões baseados na
compreensão abrangente e atualizada das diferentes questões em análise.
“ ( ... ) os temas transversais são um conjunto de conteúdos
educativos e eixos condutores da atividade escolar que, não
estando ligados a nenhuma matéria em particular, pode-se
considerar que são comuns a todas, de forma que, mais do que
criar disciplinas novas, acha-se conveniente que seu tratamento
seja transversal num currículo global da escola.
Por outro lado, a alta presença de conteúdos atitudinais nesses
temas transversais, junto com o fato do caráter prescritivo das
atitudes e valores, como componentes dos objetivos de etapa e
conteúdos de áreas curriculares, transformam esses temas num
elemento essencial e de tratamento curricular inegável. Outra
coisa é que esse tratamento seja episódico, cedendo assim à
pressão academicista, ou que, pelo contrário, opte-se
colegiadamente para buscar, através das numerosas pistas que
nos abre a transversalidade, a realização de muitas das velhas
propostas da renovação pedagógica, para contribuir assim para
um fazer educativo mais de acordo com os desafios propostos
atualmente no planeta.” ( Yus, 1998, pág. 42-43 ).
Os temas transversais podem ser trabalhados a partir de eixos temáticos e/ou projetos
escolares, pois permitem o exercício da cidadania, oportunizando o envolvimento dos
alunos com as temáticas comunitárias relevantes vinculadas ao cotidiano da sociedade em
que vive, possibilitando optar por diferentes situações, baseados em valores tais como
responsabilidade, cooperação, solidariedade e respeito pela vida, integrando os conteúdos
disciplinares e os temas transversais.
A Educação Ambiental como tema transversal postula-se dentro de uma concepção de
construção interdisciplinar do conhecimento e visa a consolidação da cidadania a partir de
conteúdos vinculados ao cotidiano e aos interesses da maioria da população. Fundamenta-
se em três perspectivas teóricas emergentes: a pedagogia crítica, o pensamento complexo e
o construtivismo num sentido amplo do termo ( Mininni-Medina, 1989, pág. 82 ). Pretende
ser um dos elementos de construção de um projeto educacional que almeje o
estabelecimento de relações sociais e éticas de respeito às outras pessoas, à diversidade
cultural e social, o respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente.
Os conteúdos das disciplinas tradicionais são considerados hoje como meios para atingir
outros fins, em consonância com os desafios contemporâneos, na construção de um novo
modelo de desenvolvimento, de acordo com os interesses e necessidades da maioria da
população.
Os valores gerais propostos nos diferentes temas transversais dos Parâmetros Curriculares
Nacionais se sustentam com base nos grandes valores da sociedade, e necessitam, para sua
execução concreta na escola, de transformações importantes nas próprias relações humanas
que se dão no seu interior.
No Brasil, é necessário buscar os caminhos metodológicos de construção de uma realidade
escolar coerente com os princípios da transversalidade, sustentada nos Parâmetros
Curriculares Nacionais, ou seja, a busca da integração das áreas de conhecimento à luz dos
problemas de relevante interesse social. Deve-se considerar que o país possui uma
experiência educacional e uma realidade cultural e natural muito rica, diferenciada nas
várias regiões do país, que precisa ser considerada na hora de implantarmos os temas
transversais nas escolas.
É possível organizar o conjunto dos temas transversais a partir da Educação Ambiental,
considerando suas relações intrínsecas com o conjunto das áreas do conhecimento escolar,
sem perder de vista a especificidade dos aportes disciplinares e o cumprimento de seus
objetivos particulares.
Após a seleção de um eixo temático abrangente, que pode ser um problema ou
potencialidade ambiental identificada na comunidade e motivadora para os participantes do
trabalho, alunos e professores, é possível estabelecer unidades temáticas a partir de diversas
formas metodológicas, projetos, unidades didáticas, núcleos temáticos, entre outras, que
possibilitem ao mesmo tempo o trabalho conjunto de professores, alunos e comunidade,
quando necessário, e o trabalho individual e disciplinar quando é preciso aprofundar
determinados aspectos do tema selecionado, além de aportar novos conhecimentos e
conceitos para a compreensão dos diferentes níveis do problema ambiental selecionado.
A temática ambiental e a Educação Ambiental não são novas nas escolas. As diversas
disciplinas têm incorporado nos seus currículos muitos dos temas contemporâneos. Não é a
falta dos temas ou conceitos e sim a sua integração numa visão mais abrangente, complexa
e dinâmica, que permite ao aluno estabelecer e identificar as profundas relações entre as
disciplinas e perceber que as análises específicas são, simplesmente, recortes para facilitar
o estudo da realidade.
A mudança proposta visa transformar em permanente aquilo que hoje é esporádico,
limitado a determinadas datas ou ao interesse de alguns professores, mais comprometidos
com as questões ambientais contemporâneas.
Considerando a Educação Ambiental como um eixo integrador dos temas transversais,
acredita-se que se facilita o processo de incorporação destes ao currículo escolar e se
possibilita o trabalho integrado das diferentes disciplinas, sem perder suas especificidades,
possibilitando um processo de ensino-aprendizagem integrado e integrador mais adequado
aos desafios das sociedades atuais.
A inclusão dos temas transversais pode possibilitar um processo de construção e
compreensão das inter-relações dinâmicas dos fenômenos sócio-ambientais complexos e
facilitar o entendimento e a prática da interdisciplinaridade ao longo do processo
educacional.
3.3 - A Educação Ambiental e os Parâmetros Curriculares Nacionais:
Durante o ano de 1996, o MEC / SEF ( Secretaria do Ensino Fundamental ) define as
grandes diretrizes básicas que deverão orientar os processos de ensino-aprendizagem no
ensino fundamental. Entre elas se incluem novos temas, denominados “Temas de Relevante
Interesse Social”: são os temas transversais ao currículo escolar.
O grande objetivo da educação, tal como se declara nos Parâmetros Curriculares Nacionais,
é a construção da cidadania democrática e participativa. O aspecto mais inovador destes, é
a consideração da importância da escola como um espaço de transformação da sociedade.
A inclusão da perspectiva ambiental ( educação ambiental ) nos currículos
“consiste num modo de ver o mundo em que se evidenciam as inter-relações e a interdependência dos diversos elementos na constituição e manutenção da vida. Em termos de educação, essa perspectiva contribui para evidenciar a necessidade de um trabalho vinculado aos princípios da dignidade do ser humano, da participação, da co-responsabilidade, da solidariedade e da eqüidade.” ( Mininni-Medina, 1989, pág. 75 ).
Se o objetivo estabelecido nos Parâmetros Curriculares Nacionais para a
educação brasileira visa principalmente a formação de cidadãos
integrados ao mundo contemporâneo, com capacidade para interpretá-lo
e transformá-lo, a escola passa a ter um papel fundamental para
possibilitar oportunidades que permitam alcançar os objetivos propostos.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais sobre meio ambiente e saúde colocam a Educação
Ambiental como um elemento indispensável para a transformação da consciência
ambiental.
Apresenta três noções centrais para a Educação Ambiental: o conceito de meio ambiente,
de sustentabilidade e de diversidade, compreendendo esta última o conceito de diversidade
biológica e cultural.
Nos objetivos gerais dos Parâmetros Curriculares Nacionais sobre meio ambiente para o
ensino fundamental destacam-se entre outros, a importância de conhecer e compreender de
modo integrado e sistêmico o ambiente natural e social e suas inter-relações, observar e
analisar fatos e situações desde o ponto de vista ambiental, e agir para manter um ambiente
saudável e melhorar a qualidade de vida.
CAPÍTULO IV
AS TÉCNICAS PARA AS ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
“Para adquirir conhecimento, é preciso estudar; mas para adquirir sabedoria é preciso observar.” ( Marilyn von Savant )
4-AS TÉCNICAS PARA AS ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
Reconhecendo que a Educação Ambiental deveria contribuir para
consolidar a paz e desenvolver a compreensão mútua entre os Estados, e
constituir um verdadeiro instrumento de solidariedade internacional e de
eliminação de todas as formas de discriminação racial, política e
econômica, a Conferência de Tbilisi decidiu por quais seriam as
finalidades, objetivos e princípios orientadores da Educação Ambiental,
observando que o conceito de “Meio Ambiente” envolve uma série de
elementos naturais, criados pelo homem, e sociais, da existência humana,
e que os elementos sociais constituem um conjunto de valores culturais,
morais e individuais, assim como de relações interpessoais na esfera do
trabalho e das atividades de tempo livre.
4.1 - As Finalidades da Educação Ambiental:
- Ajudar a fazer compreender, claramente, a existência e a importância da
interdependência econômica, social, política e ecológica, nas zonas urbanas
e rurais;
- Proporcionar, a todas as pessoas, a possibilidade de adquirir os
conhecimentos, o sentido dos valores, as atitudes, o interesse ativo e as
atitudes necessárias para proteger e melhorar o meio ambiente;
- Induzir novas formas de conduta nos indivíduos, nos grupos sociais e na
sociedade em seu conjunto, a respeito do meio ambiente;
4.2 - As Categorias de Objetivos da Educação Ambiental:
• Consciência: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirir consciência do
meio ambiente global e ajudar-lhes a sensibilizar-se por essas questões;
• Conhecimento: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirir diversidade de
experiências e compreensão fundamental do meio ambiente e dos problemas
anexos;
• Comportamento: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a comprometerem-se com
uma série de valores, e a sentir interesse e preocupação pelo meio ambiente,
motivando-os de tal modo que possa participar ativamente na melhoria e na
proteção do meio ambiente;
• Habilidades: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirir as habilidades
necessárias para determinar e resolver os problemas ambientais;
• Participação: proporcionar aos grupos sociais e aos indivíduos a possibilidade de
participar ativamente nas tarefas que têm por objetivo resolver os problemas
ambientais.
4.3 - Princípios Básicos da Educação Ambiental:
A Educação Ambiental deve:
- Considerar o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos
naturais e criados pelo homem, tecnológicos e sociais;
- Constituir um processo contínuo e permanente, começando pelo pré-escolar
(educação infantil ) e continuando através de todas as fases do ensino
fundamental e médio ( formal e não-formal );
- Aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de
cada disciplina, de modo que se adquira uma perspectiva global e
equilibrada;
- Examinar as principais questões ambientais, do ponto de vista local,
regional, nacional e internacional, de modo que os educandos se
identifiquem com as condições ambientais de outras regiões geográficas;
- Concentrar-se nas situações ambientais atuais, tendo em conta também a
perspectiva histórica;
- Insistir no valor e na necessidade da cooperação local, nacional e
internacional para prevenir e resolver os problemas ambientais;
- Considerar, de maneira explícita, os aspectos ambientais nos planos de
desenvolvimento e de crescimento;
- Ajudar a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas ambientais;
- Destacar a complexidade dos problemas ambientais e, em conseqüência, a
necessidade de desenvolver o censo crítico e as habilidades necessárias para
resolver os problemas;
- Utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla quantidade de métodos
para comunicar e adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente,
acentuando devidamente as atividades práticas e as experiências pessoais.
4.4 - Setores da População aos quais está Destinada a Educação
Ambiental:
Deve-se levar em consideração:
• A educação do público em geral: deverá atingir todos os grupos de idade e a todos
os níveis da educação formal, assim como diversas atividades de educação não-
formal destinada aos jovens e aos adultos. Nesta atividade, as organizações
voluntárias podem desempenhar um papel importante.
• A educação de grupos profissionais ou sociais específicos: dirige-se especialmente
àqueles cujas atividades e enfluência tenham repercussões importantes no meio
ambiental
• engenheiros, arquitetos, administradores e planejadores industriais, sindicalistas,
médicos políticos e agricultores. Diversos níveis de educação formal e não-formal
deverão contribuir para essa formação;
• A formação de determinados grupos de profissionais e cientistas: esta formação está
destinada a quem se ocupa de problemas específicos de meio ambiente - biólogos,
ecólogos, hidrólogos, toxicólogos, edafólogos, agrônomos, engenheiros, arquitetos,
oceanógrafos, meteorologistas, sanitaristas, etc - e deve compreender um
componente interdisciplinar.
• Os membros de profissões que exercem grande influência sobre o meio ambiente
devem aperfeiçoarem-se sua educação ambiental em:
• Programas de formação complementar que permitam estabelecer relações mais
apropriadas sobre uma base interdisciplinar;
• Programas de pós-graduação destinados a um pessoal já especializado em certas
disciplinas. Considera-se como método de formação eficaz o que consiste em adotar
um enfoque pluridisciplinar centrado na solução dos problemas. Isto permitiria
formar especialistas que, havendo adquirido essa formação, trabalhariam como
integradores em equipes multidisciplinares.
4.5 - Formação de Pessoal :
Considerando a necessidade de que todo o pessoal docente compreenda que é preciso
conceder um lugar importante em seus cursos à temática ambiental, recomenda-se que se
incorporem nos programas, o estudo das ciências ambientais e da Educação Ambiental.
Considerando que a grande maioria dos atuais membros do corpo docente foi diplomada
durante uma época em que a temática ambiental era descuidada, portanto, sem receber
informações suficientes em matéria de questões ambientais e de metodologia de Educação
Ambiental, recomenda-se que se adotem as medidas necessárias com o objetivo de permitir
uma formação de Educação Ambiental a todo o pessoal docente em exercício e que a
aplicação e o desenvolvimento de tal formação, inclusive a formação prática em matéria de
Educação Ambiental, se realize em estreita cooperação com as organizações profissionais
de pessoal docente.
Considerando que não existem dúvidas quanto à importância da difusão dos conhecimentos
gerais e especializados relativos ao meio ambiente, e da tomada de consciência por parte do
público, de um enfoque adequado das complexas questões ambientais para o
desenvolvimento econômico e a utilização racional dos recursos da terra em benefício dos
diversos povos e de toda a humanidade e reconhecendo a importância dos meios de
comunicação social para a Educação Ambiental, recomenda-se que prevejam a realização
de uma campanha de informação dirigida à educação do público sobre problemas
ambientais de interesse nacional e regional; que apóiem as atividades de Educação
Ambiental não-formal aplicadas por instituições ou associações; que fomentem o
estabelecimento de programas de Educação Ambiental formal e não-formal, e que, ao fazê-
lo, utilizem sempre que seja possível os organismos e organizações existentes ( tanto
públicos como privados ); que desenvolvam o intercâmbio de materiais e de informações
entre os organismos públicos e privados interessados em Educação Ambiental, dentro do
setor da educação formal e não-formal; que executem e desenvolvam programas de
Educação Ambiental para todos os setores da população, incorporando quando for o caso,
as organizações não-governamentais; que fomentem a difusão, por meio da imprensa, dos
conhecimentos sobre a proteção e melhoria do meio ambiente; que organize cursos de
formação destinados aos profissionais da imprensa-diretores, produtores, editores, etc - , a
fim de que possam tratar adequadamente os aspectos da Educação Ambiental; que
instituam os mecanismos da planificação e coordenação dos programas de Educação
Ambiental através dos meios de comunicação de massa, de modo a atingir a população -
rural e urbana -, que está à margem do sistema educacional.
CAPÍTULO V
ESTRATÉGIAS DE ENSINO PARA A PRÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
“O professor que tem curiosidade torna a sua matéria encantadora, levando os alunos a gostarem de suas
aulas.” ( Thomas Browne )
5-ESTRATÉGIAS DE ENSINO PARA A PRÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
5.1 - A Coordenação Geral de Educação Ambiental - COEA: A partir do final de 1998, a Educação Ambiental no Ministério da Educação passa a fazer
parte da estrutura organizacional da Secretaria de Educação Fundamental no Departamento
de Políticas Educacionais. Mas apenas em junho de 1999 inicia-se a estruturação da
Coordenação Geral de Educação Ambiental. Suas atribuições estão contempladas na
Política Nacional de Educação Ambiental ( art. 2º, art. 3º, art. 10, art. 11 ).
No que diz respeito ao ensino formal, a grande novidade da Política Nacional de Educação
Ambiental é que ela, atendendo as recomendações da pesquisa educacional da UNESCO
(Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura ) e de todos os
tratados internacionais sobre Educação Ambiental, propõe a integração da Educação
Ambiental às demais disciplinas.
Tendo por base a Política Nacional de Educação Ambiental, a Coordenação Geral de
Educação Ambiental tem como objetivos básicos:
• Incentivar a prática da Educação Ambiental nas escolas do ensino fundamental de
modo que ela se torne prática permanente, contínua nos projetos educativos de cada
unidade escolar;
• Fortalecer os sistemas educacionais ( secretarias de educação ) para que a Educação
Ambiental seja incorporada como prática regular na formação continuada;
• Difundir informações sobre Educação Ambiental no ensino formal;
• Implementar a Política Nacional de Educação Ambiental de forma participativa e
inclusiva.
A COEA propôs a criação de um Grupo de Trabalho de Meio Ambiente ( GTMA ), criado
pela Portaria nº 1648/99 com representantes de todas as secretarias que compõe o
Ministério. A criação deste GTMA tem a intenção de envolver o Ministério de Educação e
Cultura ( MEC ) como um todo visando institucionalizar a Educação Ambiental em todos
os níveis e modalidades de ensino, bem como no próprio MEC.
Considerando as diretrizes da política educacional do MEC, tais como: garantir o acesso
universal à escola, promover um ensino de qualidade, desenvolver programas de
descentralização e promoção da autonomia da escola; a Secretaria de Educação
Fundamental tem como competência investir na elaboração de materiais que
instrumentalizam a ação prática do professor e elaborar políticas de formação continuada,
subsidiando as políticas públicas de educação nos estados e municípios.
Considerando as ações da Secretaria de Educação Fundamental e tendo como alicerce legal
a Política Nacional de Educação Ambiental, a COEA está trabalhando em duas dimensões:
inserção da temática ambiental nas disciplinas do ensino fundamental e implementação de
projetos de Educação Ambiental incorporados ao projeto educativo da escola. Estas
dimensões estão contempladas em todas as ações da COEA, e refletida no documento
“Parâmetros Curriculares Nacionais em Ação” de Meio Ambiente.
“A preocupação da Coordenação Geral de Educação Ambiental é de produzir uma política de Educação Ambiental que oriente os professores em suas práticas. Nesse sentido, está empenhada em propiciar meios para que os professores possam trabalhar com a temática ambiental e praticar a Educação Ambiental na escola, envolvendo toda comunidade escolar, associada ao projeto educativo e garantindo sua prática. A Educação Ambiental na escola proposta pela COEA é a inserção da temática ambiental no currículo, mas também é a adoção de uma nova postura de toda escola, de prática e atitudes, que podem ser exercitadas em projetos, considerando que a Educação Ambiental trata de conteúdos que devem ser vivenciados.” ( Elizabeth Santos, pág. 214, 2000 ).
5.2 - As Ações da Coordenação Geral de Educação Ambiental (COEA ):
Para alcançar seus objetivos e realizar suas ações a COEA definiu quatro estratégias
básicas:
a) Articulação intra e inter institucional - esta é uma estratégia fundamental para
implementação da Educação Ambiental no ensino formal e para a gestão da Política
Nacional de Educação Ambiental. A articulação institucional promove a participação e o
trabalho integrado dos parceiros, fomentando o intercâmbio e a cooperação técnico-
pedagógica com órgãos governamentais e não-governamentais. Fortalece ainda as ações e
experiências para implementar a Educação Ambiental nas escolas.
Um produto esperado desta estratégia é a formação de uma Rede de Professores de
Educação Ambiental que fortaleça os Centros de Educação Ambiental, os conselhos
interinstitucionais e, finalmente, as escolas.
b) Institucionalização da Educação Ambiental - significa oficializar e universalizar a
prática de Educação Ambiental nas escolas, garantindo sua qualidade, permanência e
continuidade. Nesse sentido, a COEA busca inserir Educação Ambiental nos programas do
Ministério da Educação, por meio de várias atividades como:
• fortalecer e difundir as ações do Grupo de Trabalho de Meio Ambiente/MEC;
• adequar e divulgar a Agenda 21 institucional dentro do Ministério;
• orientar a elaboração de projetos de Educação Ambiental de modo que seja inserido
no contexto escolar em consonância com os projetos educativos;
• As metas da institucionalização:
• promover linhas de financiamento para projetos de Educação Ambiental;
• elencar indicadores que possibilitam a inserção da Educação Ambiental no censo
escolar;
• envolver os funcionários do MEC com práticas sustentáveis.
c) Formação de Professores - a LDB/1996 ( Lei 9394, que institui as Diretrizes e Bases da
Educação Nacional ) é o marco político-institucional que respalda a autonomia pedagógica,
administrativa e a gestão financeira da escola, tornando possível a execução de seu projeto
pedagógico. A LDB/96 também enfatiza a valorização profissional do professor através de
uma política de formação/capacitação. Neste contexto se seguem Diretrizes Curriculares
definidas pelo Conselho Nacional de Educação, Parâmetros e Referenciais Curriculares
elaborados pelo Ministério da Educação, que orientam mudanças nas várias etapas da
Educação Básica.
Apesar de serem instrumentos de natureza diferente, esses documentos têm princípios
comuns: no que se refere ao posicionamento político-filosófico apontam a formação da
cidadania como a principal função da educação escolar.
A formação continuada é a principal política da Secretaria da Educação Fundamental e a
estratégia fundamental para implantação de Educação Ambiental nas escolas, segundo
orientação da Política Nacional de Educação Ambiental.
d) Produção e Disseminação de Materiais - uma das metas da COEA é disponibilizar
informações de Educação Ambiental para subsidiar a formação continuada de professores,
promover intercâmbios de iniciativas de Educação Ambiental nas escolas e conhecer quem
e quais instituições trabalham com este tema no ensino formal.
5.3 - Proposta Curricular da Educação Ambiental:
A Educação Ambiental, na vertente sócio-ambiental, não tem um currículo definido
previamente e integra-se nas diversas disciplinas escolares e pode inclusive orientar e
inserir-se no projeto pedagógico da unidade escolar. Podem ser estabelecidas algumas
características que se consideram necessárias ao seu desenvolvimento. Pretende favorecer
uma educação integral e integradora, que atinja as necessidades cognitivas, afetivas e de
geração de competências para uma atividade responsável e ética do indivíduo como agente
social comprometido com a melhoria da qualidade de vida.
Os conteúdos e metodologias serão organizados apresentando uma multiplicidade de
ofertas curriculares e variados conteúdos, centrados na compreensão das inter-relações
dinâmicas dos ecossistemas, considerados como sistemas complexos naturais e sociais. A
ênfase está nos problemas ambientais, analisados histórica e socialmente, levando em
conta as alternativas de solução. Oportuniza uma educação científica que dê aos alunos
instrumentos de análise para a compreensão e busca de soluções dos problemas ambientais,
uma vez que considera as características estruturais do nível de desenvolvimento cognitivo
do aluno para a evolução e o alcance das estruturas hipotético-dedutivas.
Usará diversas técnicas pedagógicas, adequando-as ao tipo de conhecimento que se
pretende que o aluno construa. O método dará oportunidades de colaboração e confronto,
por meio do trabalho de grupo, permitindo o desenvolvimento da percepção crítica e da
responsabilidade.
Poderá trabalhar com projetos de ação, método de problemas, núcleos temáticos que
possibilitem a observação e a compreensão das inter-relações, tendo a interdisciplinaridade
como um objetivo a ser alcançado no processo educacional e a transversalidade como um
método pedagógico a ser construído pelo conjunto dos professores ao longo da formação
do aluno, permitindo a integração das disciplinas.
A introdução da dimensão ambiental no currículo, desencadeará processos de
sensibilização em relação à questão ambiental, por meio de atividades planejadas que
permitam uma inserção no meio local, regional, nacional e internacional, de forma
progressiva. Deve responder aos interesses e motivações dos alunos, propiciando-lhes
aquisição de conhecimentos científicos e técnicos e atitudes éticas, para que possam
participar de modo eficaz na gestão dos processos de desenvolvimento de sua comunidade.
Iniciar um trabalho multi e interdisciplinar, realizado por grupos de professores e alunos e
dirigidos à solução de problemas e à identificação das potencialidades ambientais de sua
comunidade, município, estado e região, sem esquecer as relações e determinações
nacionais e globais.
Realizar um trabalho transversal entre as disciplinas e no interior delas ( inter e intra
disciplinar ), procurando a utilização dos temas ambientais presentes nos currículos de cada
uma, para explorar as relações complexas entre os diferentes fenômenos ambientais
analisados.
A elaboração participativa do currículo escolar permitirá identificar os temas de relevante
interesse social que motivem os alunos e professores para iniciarem processos de inovação
curricular, considerando as sucessivas adequações necessárias para uma educação de maior
qualidade.
Enfim, precisa ser um currículo aberto e integrado, que para sua concretização necessita de
uma organização menos fragmentada em disciplinas estanques, em todo o âmbito escolar,
dadas as características de suas atividades.
5.4 - Algumas linhas metodológicas que Poderão ser adotadas pela
Educação Ambiental:
A linha metodológica da Educação Ambiental deriva das orientações dos
marcos referenciais internacionais e nacionais e mais recentemente dos
temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN - do
Ministério da Educação.
• Uma educação voltada para a solução de problemas concretos em relação ao meio
ambiente. Isto implica uma capacidade de identificação de um problema,
suficientemente abrangente, para permitir elaborar em torno dele uma unidade de
ensino que possibilite, em sua realização, cumprir os diversos objetivos
educacionais em uma ou mais séries escolares, envolvendo as diversas disciplinas.
• Delimitação do problema. Reconhecer que essa delimitação é arbitrária, mas que é
necessário colocar um limite ao trabalho.
• Estabelecimento dos níveis de análises, individual e coletivo, do problema
correspondente à série e ao grupo que realizarão as tarefas.
• Levantamento prévio das necessidades de tempo, recursos materiais e humanos e
planejamento das atividades, prevendo suas dificuldades.
• Reconhecimento da significação social do problema e relevância para a
comunidade, de modo a verificar se há motivação em torno dele ou se será
necessário prever etapas prévias a fim de gerá-la ( Tema Transversal Meio
Ambiente, PCN, MEC ).
• Identificação dos diversos atores sociais envolvidos.
• Reconhecimento dos conflitos de interesses, explícitos e implícitos, sustentados
pelos diferentes grupos sociais em torno do problema, o que possibilitará a
identificação das manifestações de apoio e resistência da comunidade ao projeto.
• Delimitação das escalas temporais e espaciais que serão consideradas no problema.
• Identificação das variáveis sócio-ambientais, econômicas e culturais que incidem no
problema e seleção das fundamentais a serem consideradas nesse momento ( Tema
Transversal Pluralidade Cultural, PCN, MEC ).
• Elaboração de diversas hipóteses em relação ao problema.
• Levantamento de dados, por intermédio de múltiplas fontes, de acordo com as
características do problema.
• Análise e interpretação dos dados tendo como referencial as hipóteses levantadas.
• Reformulação do problema, se necessário, ou das hipóteses de trabalho se elas não
fornecerem elementos para análise da situação.
• Reconhecimento das possíveis soluções para a situação-problema.
• Identificação de possíveis alternativas de gestão.
• Realização de ações concretas em relação ao problema, ao nível de gestão possível
para o grupo responsável pelo estudo.
A identificação das potencialidades ambientais para o desenvolvimento sustentável:
considera-se necessário trabalhar a Educação Ambiental de maneira positiva, ou seja, não
somente como problema, e sim como aspectos positivos potenciais que um grupo social,
uma manifestação cultural, um conhecimento tradicional, um ecossistema, uma região bio-
geográfica, uma cidade, um parque nacional, entre muitos outros, apresentam e podem ser
otimizados com a finalidade de criar alternativas viáveis para a melhoria da qualidade de
vida das pessoas.
Pelos temas transversais, pretende-se formar um educando que seja capaz de analisar as
múltiplas implicações ideológicas, sociais, culturais, econômicas, das questões sócio-
ambientais, convertendo-o em um agente participativo e consciente nas tomadas de
decisões políticas que definirão os caminhos de desenvolvimento alternativos para a
construção da sociedade do futuro.
A Educação Ambiental exige a constituição de equipes multidisciplinares, constituídas por
professores de diferentes formações, e apoio técnico em momentos específicos do trabalho.
Estas equipes deverão programar suas atividades conjuntamente e elaborar um marco
referencial comum em torno do problema ou potencialidade a ser analisado, mantendo um
fluxo de informações permanente entre o problema/potencialidade selecionado, os
objetivos educacionais propostos e os aportes específicos de suas disciplinas.
O trabalho em equipe poderá ter duas vertentes fundamentais:
a) Constituição da equipe multidisciplinar dos professores:
A atividade conjunta gera a oportunidade de intecâmbio de experiências,
aprofundamento de conhecimentos, elaboração coletiva do planejamento educacional,
interação cognitiva, e sentido de participação solidária. Permite a elaboração de consensos,
aumenta os conhecimentos e a capacidade profissional; estimula a circulação de idéias,
informações e sugestões; promove a iniciativa e a cooperação. Na realização dos objetivos
da Educação Ambiental, é fundamental o desenvolvimento de trabalhos em equipe; este
tipo de trabalho enriquece a formação dos professores, permitindo a reciclagem em serviço,
ampliando os horizontes disciplinares.
b) Constituição de grupos de trabalho pelos alunos, para o desenvolvimento de
unidades de ensino-aprendizagem, orientados pela equipe de professores ( Projeto ):
Em relação à importância do trabalho em grupo, deve-se destacar que ele permite o
diálogo. O confronto de idéias substitui a competição pela cooperação e estimula a
iniciativa, a autonomia e a criatividade, permitindo maior eficácia na aprendizagem, uma
vez que atua positivamente sobre a atenção, a atividade reflexiva, a deliberação
democrática, a compreensão e a elaboração de conhecimentos. Valoriza a noção de trabalho
coletivo como instrumento de construção do conhecimento. Prepara melhor o aluno para a
prática social.
5.5 - O Papel do Professor na Educação Ambiental:
A Educação Ambiental, na medida em que se centra em “situações-problemas” ou
“situações-potenciais”, poderá permitir a interação dos professores das disciplinas, e a
construção de marcos referenciais convergentes que possibilitem, ao longo do processo
educacional, a construção da interdisciplinaridade e da compreensão da complexidade do
mundo contemporâneo.
Poderá avançar em projetos de intervenção sócio-ambiental e comunitário destacando o
papel das ações responsáveis e participativas. O educando poderá ter uma ação mais
aprofundada inserindo-se nos processos de transformação da sociedade.
O professor é o principal ator das mudanças educativas propostas, que é necessário mudar
as práticas de elaboração do currículo escolar, dando lugar às novas modalidades de
atividades propostas nos Parâmetros Curriculares Nacionais em relação aos Temas
Transversais.
A escola deverá estar aberta às transformações de sua prática tradicional, permitindo uma
ampla participação dos professores no planejamento escolar e na definição do Projeto
Político Pedagógico. Compreender ainda que a educação no mundo contemporâneo não se
fecha no interior do local escolar, pelo contrário, se abre à comunidade, estando a seu
serviço e atenta às suas necessidades.
Atualmente, a educação é um processo permanente e dinâmico que se realiza ao longo da
vida do sujeito, e exige competências e responsabilidades sociais em permanente
transformação.
A incorporação da Educação Ambiental ao currículo escolar de forma transversal ou por
meio de projetos pedagógicos abertos, de modo a atingir a comunidade, com a finalidade de
um maior conhecimento das realidades sócio-ambientais dos alunos, perseguindo a
intervenção e participação na solução de problemas locais e suas múltiplas interações e
determinações a nível regional, nacional e global, exige muito do trabalho conjunto do
coletivo escolar, a fim de integrar esta visão no projeto pedagógico da unidade escolar.
O professor precisa ter um bom nível de conhecimento das estratégias didáticas e métodos
de ensino que fazem com que um conteúdo complexo seja compreensível e interessante
para os estudantes e que promovam um desenvolvimento conceitual do conteúdo e das
estruturas mentais do aluno ao mesmo tempo que propiciam o desenvolvimento integral
dos alunos e o exercício prático da cidadania.
Deverá desenvolver a capacidade de criar estratégias e métodos de avaliação qualitativa,
apropriados para a Educação Ambiental e adequados à situação concreta de aprendizagem
em consideração.
Propiciar a organização participativa, interdisciplinar e transversal dos problemas e
potencialidades ambientais e das diversas disciplinas envolvidas no estudo do núcleo
temático, a partir do trabalho de equipe, tanto por parte dos profissionais comprometidos no
desenvolvimento da unidade de aprendizagem, quanto pelos estudantes.
De modo esquemático, podería-se sintetizar as dimensões do processo de capacitação dos
professores para Educação Ambiental como a inter-relação dinâmica das dimensões
pessoais e éticas com a dimensão sócio-ambiental e a profissional.
Os educadores e os formadores ambientais devem desenvolver uma dupla dimensão de sua
profissão: ser facilitador da aprendizagem de seus alunos e investigar sua própria atividade
profissional.
“O professor deve ajudar, facilitar, dinamizar o processo de fazer evoluir os conceitos dos sujeitos do processo de aprendizagem. Não existem conhecimentos prontos para serem transmitidos e memorizados, senão processos de uma dinâmica coletiva de reflexão, negociação e evolução de significados, tanto no aluno como no professor. Este, há de investigar os processos na aula, para ajustar seu planejamento didático aos fenômenos que se dão nela, e, em seus alunos. Não delega aos outros ( agentes externos, técnicos em currículos, administração, livro didático, orientador pedagógico, etc ), a tomada de decisões em relação o que, como, e, quando ensinar, e como avaliar.” ( Elizabeth Santos, 2000, pág. 187 ).
O educador aporta uma visão do conhecimento científico e histórico-social, que seria
desejável adquirir, a bagagem de metodologias e técnicas pedagógicas e sua própria
experiência social e profissional, o conjunto de problemáticas e/ou potencialidades sócio-
ambientais que interessa investigar, compreender e transformar, além das concepções
filosóficas e os valores éticos que pretende construir junto aos educandos.
O educador deve planejar suas ações e definir seu modelo didático de acordo com os
objetivos propostos, sem esquecer, nem substituir, o processo de aprendizagem de seus
alunos, e sem forçar os resultados esperados.
As atividades de Educação Ambiental poderão ser planejadas em conjunto com os alunos e,
desta forma, poderão permitir que estes assumam uma importante parcela na execução dos
projetos.
A Educação Ambiental implica a revalorização do professor e do seu papel no processo de
planejamento educativo. Pretende alcançar um conhecimento significativo e compreensivo,
a partir de um processo permanente de reflexão sobre a prática cotidiana do docente, que
conduzirá a mudanças, numa concepção do ensino-aprendizagem no qual o eixo central
seja constituído pelo aprendizado significativo do aluno e não pela acumulação de
conteúdos ensinados. Paralelamente, procura a incorporação de novos valores e atitudes
éticas, exigindo, portanto, modalidades diferenciadas de avaliação, para que o aluno possa
exercer efetivamente uma cidadania qualificada na sociedade.
5.6 - Conteúdos e Métodos:
Considerando que:
- As distintas disciplinas que podem relacionar-se com as questões
ambientais, se ensinam, com freqüência, de maneira isolada e podem tender
a descuidar o interesse que apresentam os problemas ambientais, e prestar-
lhes atenção insuficiente;
- Os enfoques independentes e pluridisciplinares deverão desempenhar um
papel igualmente importante, segundo as situações e os grupos de
educandos;
- A incorporação da Educação Ambiental aos planos de estudos ou programas
de ensino existentes, é, na maioria dos casos, lenta;
- É necessário aperfeiçoar os critérios em que haverão de basear o conteúdo
dos planos de estudo e os programas de Educação Ambiental;
- São essenciais os enfoques multidisciplinares se se deseja incrementar a
Educação Ambiental;
- Os enfoques multidisciplinares ou integrados somente se aplicam
eficazmente quando se desenvolvem simultaneamente o material
pedagógico;
- É necessário a pesquisa dos diversos enfoques, aspectos e métodos
considerados como ponto de partida das possibilidades de desenvolvimento
dos planos de estudos e programas de Educação Ambiental;
- Será necessário criar as instituições dedicadas a este tipo de pesquisa, e
quando já existentes, melhorar e prestar o apoio que requerem;
Recomenda-se que:
- As autoridades competentes empreendam, prossigam e fortaleçam as
medidas destinadas a incorporar os temas ambientais nas distintas
disciplinas do sistema de educação formal;
- Dêem aos estabelecimentos de educação e de formação a flexibilidade
suficiente para que seja possível incluir aspectos próprios da Educação
Ambiental nos planos de estudo existentes e criar novos programas de
Educação Ambiental de modo a que possam fazer frente às necessidades de
um enfoque e uma metodologia interdisciplinares;
- No marco de cada sistema se estimulem e apóiem as disciplinas
consideradas com o objetivo de determinar sua contribuição especial à
Educação Ambiental e imprimir-lhe a devida prioridade;
- Os programas de pesquisa e desenvolvimento se orientem de preferência à
solução dos problemas e à ação.
As universidades - na sua qualidade de centro de pesquisa, de ensino e de pessoal
qualificado no país - devem dar, cada vez mais, ênfase à pesquisa sobre educação formal e
não-formal, examinando-se o potencial atual das universidades para o desenvolvimento da
pesquisa.
A Educação Ambiental nas escolas superiores diferirá cada vez mais da educação
tradicional, e se transmitirá aos estudantes os conhecimentos básicos essenciais para que
suas futuras atividades profissionais redundem em benefícios para o meio ambiente,
estimulando-se a aplicação de um tratamento interdisciplinar ao problema fundamental da
correlação entre o homem e a natureza, em qualquer que seja a disciplina e elaborando-se
diversos meios auxiliares sobre os fundamentos teóricos da proteção ambiental.
5.7 - Material de Ensino e Aprendizagem: Considerando a maior eficácia da Educação Ambiental em consonância
com a possibilidade de dispor da ajuda dos materiais didáticos
adequados, recomenda-se que se formulem princípios básicos para
preparar modelos de manuais e de materiais de leitura para a sua
utilização em todos os níveis dos sistemas de educação formal e não-
formal; que se utilizem, na maior medida possível, a documentação
existente, e se aproveitem os resultados das pesquisas em educação, ao
elaborar materiais de baixo custo; que os docentes e os educandos
participem diretamente da preparação e adaptação dos materiais
didáticos para a Educação Ambiental; que se informe aos docentes, em
vias de conclusão dos cursos acadêmicos, do manejo da gama mais ampla
possível de materiais didáticos em Educação Ambiental, fazendo-os
conscientes dos materiais de baixo custo, e da possibilidade de efetuar
adaptações e improvisações com respeito às circunstâncias locais.
5.8 - Estratégias de Ensino:
• Discussão em Classe: Esta atividade envolve à todos e cada estudante contribui
informalmente. É utilizada para permitir que os estudantes exponham suas opiniões
oralmente a respeito de um dado problema.
• Discussão em Grupo: Envolve toda a classe com o professor atuando como
supervisor. É utilizada quando assuntos polêmicos estão sendo tratados.
• Debate: Requer a participação de dois grupos para apresentar idéias e argumentos
de pontos de vista opostos aos demais colegas de classe. Essa estratégia é útil
quando assuntos controvertidos estão sendo discutidos, e existam propostas
diferentes de soluções. O tópico escolhido para debate deve ser de interesse para
todos.
• Questionärio: Desenvolvimento de um conjunto de questões ordenadas, a ser
submetido a um dado público. As respostas, analisadas, dão um indicativo de
concordância ou discordância em relação a um assunto. É usado para obter
informações e/ou efetuar amostragem de opinião das pessoas, em relação a uma
dada questão. Pode ajudar a definir a extensão de um problema.
• Projetos: Os estudantes, sob supervisão, planejam, executam, avaliam e
redirecionam um projeto sob um tema específico. Há realização de tarefas com
objetivos a serem alcançados a longo prazo, com maior envolvimento da
comunidade.
• Exploração do Ambiente Local: Prevê a utilização/exploração dos recursos locais
próximos, para estudos, observações. Compreensão do “metabolismo” local, ou
seja, da interação complexa dos processos ambientais à sua volta.
• Imitaçao da Mídia: Estimula os estudantes a produzir sua própria versão dos jornais,
dos programas de rádio e TV, e filmes. Através desta estratégia, os estudantes
podem obter informações de sua escolha e levá-las a outros grupos. A depender das
circunstâncias e do assunto a ser abordado, os produtos podem ser distribuídos na
escola, aos pais e à comunidade.
CONCLUSÃO Defende-se a importância da escola na formação ambiental das
novas gerações, na perspectiva da transversalidade, situando-a no
contexto das diversas influências que a sociedade exerce sobre o
desenvolvimento dos indivíduos.
Se reconhece que é a sociedade em seu conjunto, em condições objetivas e
subjetivas, que educa moralmente seus membros.
As relações sociais, a família, os meio de comunicação e o convívio com outras
pessoas tem um papel fundamental nos comportamentos ambientais e éticos na formação de
cada personalidade.
A instituição escolar como instituição social não pode se eximir desta
responsabilidade, ainda mais, quando na sociedade atual, ela é a grande responsável pela
socialização das pessoas, que desde a mais terna idade, começam a freqüentá-la.
É preciso deixar claro que ela não deve ser considerada como a única instituição social
capaz de educar ambiental e moralmente as novas gerações. Também não se pode pensar
que a escola garanta total sucesso em seu trabalho de formação ambiental e moral dos
educandos. Ela é um espaço social privilegiado para desenvolver esse processo de
formação. Valores e regras ambientais e éticas, são transmitidos pelos professores, pelos
livros didáticos, pela organização institucional, pelas formas de avaliação, pelos
comportamentos dos próprios alunos e professores, enfim, pelas diferentes formas em que
se realizam as relações sociais em seu interior.
Ao se tratar da educação superior deveria ser incluído nas diretrizes curriculares dos cursos
de formação de docentes temas relacionados às problemáticas tratadas nos temas
transversais. Além do mais, os docentes têm que ter formação específica, uma vez que a
Educação Ambiental é meta no ensino fundamental e médio.
Também os programas de formação técnica deveriam compreender informações sobre as
mudanças ambientais resultantes de cada atividade profissional. Desta maneira, a formação
técnica manifestaria mais claramente as relações que existem entre as pessoas e seu meio
físico, social e cultural, despertando o desejo de melhorar o meio ambiente, influindo nos
processos de tomada de decisão.
A fim de alcançar tais objetivos, as autoridades competentes deveriam estabelecer uma
unidade especializada, encarregada de prestar serviços à Educação Ambiental com
atribuições em formação de dirigentes no campo do meio ambiente, elaboração de
programas de estudos escolares compatíveis com as necessidades do meio, preparação de
livros e obras de referência científica necessários ao plano de melhoria dos estudos e
determinação de métodos e meios pedagógicos para popularizar os planos de estudos e
explicar os projetos ambientais.
Desta forma, ao se estabelecer programas de Educação Ambiental, deverá ser levado em
consideração a influência positiva e enriquecedora dos valores éticos que serão
proporcionados.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ANDRADE, S. A. Fundamentos de Ecologia Básica. Rio de Janeiro: Vozes, 1997. BRASIL, Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil - 1988. Brasília: Senado Federal, 1988. BRASIL / MEC. Carta Brasileira para Educação Ambiental. Workshop de Educação Ambiental. Rio de Janeiro: 1992.
BRASIL / MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais. PCNs: Apresentação dos Temas Transversais e Ética: MEC / SEF. Brasília, 1997. DICIONÁRIO de Ecologia e Ciências Ambientais. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1998. EDUCAÇÃO Ambiental no Brasil. In: Subsídios Técnicos para Elaboração do Relatório Nacional do Brasil para a CNUMAD: Comissão Interministerial para a Preparação da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1991. p. 61. FREIRE, G. D. Educação Ambiental - Princípios e Práticas. São Paulo: Gaia, 1992. JOLLIVET, M. & PAVÉ, A. O Meio Ambiente: Questões e Perspectivas para a Pesquisa. São Paulo: Cortez, 1996. LEI 9.394 / 96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Sinepemrj - Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Município do Rio de Janeiro. ( sem data ). LEI 9.795 / 99 - Política Nacional de Educação Ambiental ( MEC ). MININNI-MEDINA, N. Amazônia: Uma Proposta Interdisciplinar de Educação Ambiental. Brasília: IBAMA, 1982. _________________ N. Relações Históricas entre Sociedade, Ambiente e Educação. Montevideo: 1989. PÁDUA, S. M. e TABANEZ, M. ( Org ) et al., Educação Ambiental: Caminhos Trilhados no Brasil, Fundo Nacional do Meio Ambiente - FNMA, Ministério do Meio Ambiente - MMA, Instituto de Pesquisas Ecológicas - IPE, Brasília: Pax, 1997. SANTOS, E. C. Educação Ambiental: Uma Proposta para a Participação. Vozes, Petrópolis, Rio de Janeiro: 2º edição, 2000. STAPP, W. B. et al. O Conceito da Educação Ambiental. São Paulo: v. 1, n. 1, 1989. VERNIER, J. O Meio Ambiente. Campinas: Papirus, 1994. YUS, R. Temas Transversais: Em Busca de uma Nova Escola. Porto Alegre: ArtMed, 1998.
MULTIMEIOS www.brasil.redegoverno.gov.br www.ibama.gov.br www.mec.gov.br www.mma.gov.br PERIÓDICOS REVISTA APRENDER VIRTUAL. Rio de Janeiro; edição nº 10. Ano 3. nº 1. Janeiro / Fevereiro - 2003.
ÍNDICE INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I CONCEITUAÇÃO DE MEIO AMBIENTE
9
1.1 - Evolução dos Conceitos da Educação Ambiental 12 CAPÍTULO II
MEIO AMBIENTE, CONSTITUIÇÃO FEDERAL E LEGISLAÇÕES PERTINENTES
16
2.1 - Histórico do Ministério do Meio Ambiente 19 2.2 - Plano Nacional de Educação 23 2.3 - Síntese da Legislação da Educação Ambiental 24 2.4 - Análise dos Documentos Produzidos pelo Ministério da Educação 25 2.5 - Carta Brasileira de Educação Ambiental - Rio - 92 28 2.6 – A Educação Ambiental no Âmbito do Direito Educacional Brasileiro 28 CAPÍTULO III A INCLUSÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO TEMA TRANSVERSAL
37
3.1 - Transversalidade e Interdisciplinaridade 39 3.2 - Transversalidade da Educação Ambiental 40 3.3 - A Educação Ambiental e os Parâmetros Curriculares Nacionais 44 CAPÍTULO IV AS TÉCNICAS PARA AS ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
46
4.1 - As Finalidades da Educação Ambiental 47 4.2 - As Categorias de Objetivos da Educação Ambiental 48 4.3 - Princípios Básicos da Educação Ambiental 49 4.4 - Setores da População aos quais está Destinada a Educação Ambiental 51 4.5 - Formação de Pessoal 51 CAPÍTULO V ESTRATÉGIAS DE ENSINO PARA A PRÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
53
5.1 - A Coordenação Geral de Educação Ambiental - COEA 54
5.2 - As Ações da Coordenação Geral de Educação Ambiental ( COEA ) 58 5.3 - Proposta Curricular da Educação Ambiental 58 5.4 - Algumas Linhas Metodológicas que Poderão ser Adotadas pela Educação Ambiental
60
5.5 - O Papel do Professor na Educação Ambiental 63 5.6 - Conteúdos e Métodos 66 5.7 - Material de Ensino e Aprendizagem 69
5.8 - Estratégias de Ensino 69 CONCLUSÃO
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
73
ÍNDICE
75
ANEXOS
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ANEXOS FOLHA DE AVALIAÇÃO UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO A VEZ DO MESTRE Pós-Graduação “Lato Sensu” Título da Monografia: A Educação Ambiental Sob o Aspecto Pedagógico Por: Maria de Fátima Gouveia Teixeira
Data da Entrega: ________________ Comentários: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Avaliado por: ______________________________ Rio de Janeiro, _____ de ________________ de 2003.