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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
EMPREENDEDORISMO NUM CENÁRIO DE INCERTEZA
Por: Antonio Luiz de Melo Resende
Orientador
Prof. Nelsom Magalhães
Rio de Janeiro
2012
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A EMPREENDEDORISMO NUM CENÁRIO DE INCERTEZA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Engenharia de Produção.
Por: Antonio Luiz de Melo Resende.
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e a minha família que
me apoiou nesse momento.
4
DEDICATÓRIA
Dedico a Deus, pois é dEle que vem
minhas forças.
5
RESUMO
O trabalho tem como tema central a importância da avaliação do risco
no empreendedorismo. No decorrer do estudo, serão apresentadas definições
sobre risco e empreendedorismo, abordando a correlação de um para/com o
outro.
O primeiro capítulo contempla o contexto histórico do
empreendedorismo, além de sua definição, assim como a de risco.
No próximo capítulo, dá-se destaque à avaliação do risco, na tentativa
de torná-lo conhecido à empresa, possibilitando assim uma maior efetividade
no seu tratamento.
O último capítulo do trabalho, se propõe a exemplificar algumas
ferramentas, com destaque à Matriz Swot, que visam, de forma prática, atuar
no conhecimento e controle dos riscos.
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para a elaboração do trabalho será, segundo o
modelo proposto por Gil (2002 apud MATIAS e ALEXANDRE FILHO, 2008):
a) Quanto aos objetivos:
Pesquisa explicativa por abordar os conceitos de Empreendedorismo e
Risco;
b) Quanto aos procedimentos:
Pesquisa bibliográfica, porque serão utilizados como fontes livros, redes
eletrônicas e artigos de periódicos.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Empreendedorismo X Risco 10
CAPÍTULO II - Avaliação e Tratamento dos Riscos
no Empreendedorismo 23
CAPÍTULO III – Mensuração do Risco no Empreendedorismo 28 CONCLUSÃO 34
APÊNDICE 35
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 37
WEBGRAFIA 39
ÍNDICE 40
FOLHA DE AVALIAÇÃO
8
INTRODUÇÃO
Embora muito comentado nos dias atuais, empreender é uma atividade
desenvolvida há muitos anos. De origem francesa, por volta de 1800, o termo
empreendedor foi designado ao indivíduo que transferia recursos econômicos
de um setor menos produtivo para um de maior produtividade.
Nos dias de hoje, o sentido de empreender permanece o mesmo, porém
a motivação que leva o indivíduo a se arriscar em um empreendedorismo,
devido a fatores socioeconômicos contemporâneos, difere de outrora.
Questões como desemprego, limitações como empregado, formação técnica e
aposentadoria, fazem com que cada vez mais pessoas, de diferentes idades,
ingressem em novos negócios.
Independente do setor/ramo de atuação, a capacidade de empreender
tem se tornado muito valorizada e desejada pelo mercado. Porém, quando
falamos em empreendedorismo, não podemos desprezar os riscos inerentes a
essa atividade. Diversos fatores, sejam eles internos ou externos a
organização, devem ser muito bem conhecidos e monitorados, reduzindo
assim, as chances de insucesso do negócio.
Os temas acima serão abordados ao longo do trabalho, após a
apresentação da história do empreendedorismo, cujo termo tem origem
atribuída a Marco Pólo numa tentativa de estabelecer uma rota comercial para
oriente. Em seguida, serão apresentados relatos históricos sobre a evolução
do empreendedorismo no mundo e no contexto brasileiro, que teve forte
influência da instabilidade econômica da década de 1900 e serão
apresentadas as características e atribuições do empreendedor.
Serão abordadas questões relacionadas ao risco, como sendo um
evento que pode impactar os objetivos estratégicos da organização, trazendo
graves consequências para empreendedor e levando muitos promissores ao
insucesso por terem desprezados os riscos do negócio. Serão descritas as
possíveis origens de tais eventos, assim como a natureza, avaliação,
mensuração de tratamentos dos riscos.
9
Ao final, apresentam-se ferramentas de apoio na identificação dos
riscos, com destaque a Matriz Swot, pois ela auxilia na análise do ambiente em
que está inserindo o negócio, fazendo um inventário das forças e fraquezas
internas da organização e uma averiguação das ameaças e oportunidades que
circundam a empresa.
10
CAPÍTULO I
ABORDAGEM: EMPREENDEDORISMO X RISCO
O primeiro uso do termo empreendedorismo, conforme relatado por
Hisrich (2004) pode ser atribuído a Marco Pólo numa tentativa de estabelecer
uma rota comercial para oriente. Como empreendedor, Marco Pólo firmou um
contrato com um mercador possuidor de recursos monetários (hoje conhecido
como capitalista) para vender suas mercadorias.
Entrementes, o contrato da época oferecia um empréstimo para o
comerciante aventureiro a uma taxa de 22,5%, incluindo seguro. Quando este
era bem sucedido em seu propósito, e completava a viagem, os lucros eram
divididos, cabendo ao capitalista a maior parte (até 75%), enquanto o
comerciante ficava com os 25% restantes. O capitalista da época era alguém
que assumia riscos de forma passiva enquanto o aventureiro empreendedor
assumia papel ativo, correndo todos os riscos físicos e emocionais inerentes
ao trabalho.
Durante a Idade Média, o termo empreendedor foi utilizado para
designar aquele que gerenciava grandes projetos de produção. Todavia este
não assumia grandes riscos, apenas gerenciava os projetos através da
utilização dos recursos disponíveis, que quase sempre eram oriundos do
próprio país.
O termo empreendedor (entrepreuneur) tem origem francesa e foi
empregado por volta de 1800 pelo economista francês Jean-Baptiste Say, para
identificar o indivíduo que transfere recursos econômicos de um setor de
produtividade mais baixa para um setor de produtividade mais elevada e de
maior rendimento (FERREIRA, 1997). A primeira relação efetiva entre assumir
riscos e empreendedorismo ocorreu somente no século XVII. Estabelecia-se
um acordo entre governo e empreendedor para execução de serviço ou
fornecimento de um produto. Com preços prefixados, os lucros ou prejuízos
provenientes destas transações, eram atribuídos exclusivamente aos
empreendedores.
11
Richard Cantillon, importante escritor e economista do século XVII, foi
considerado por muitos como um dos criadores do termo empreendedorismo,
tendo sido um dos primeiros a diferenciar o empreendedor – aquele que
assumia riscos – do capitalista – aquele que fornecia o capital (DORNELAS,
2001).
No século XVIII, o capitalista e o empreendedor foram finalmente
diferenciados, acredita-se que devido ao início da industrialização tal fato
tenha ocorrido. Um exemplo foi o caso das pesquisas referentes à eletricidade
e à química, de Thomas Edison, que só foram possíveis com o auxílio de
investidores que financiaram seus experimentos.
No final do século XIX e início do século XX, os empreendedores foram
frequentemente confundidos com os gerentes ou administradores, sendo
analisados meramente de um ponto de vista econômico, como aqueles que
organizam a empresa, pagam os empregados, planejam, dirigem e controlam
as ações desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do capitalista
(DORNELAS, 2001).
1.1 Contexto Brasileiro Acerca do Empreendedorismo
O conceito de empreendedorismo tem sido muito difundido no Brasil,
intensificando-se na década de 1990. Esse interesse pelo tema teve forte
influência da instabilidade econômica da época.
No início dos anos 90, o Brasil, tendo à frente o Governo Fernando
Collor de Mello, foi o último país da América Latina a aderir e implementar o
projeto político-econômico neoliberal, sistematizado doutrinariamente em 1989,
de forma inequívoca, pelo chamado "Consenso de Washington". Com a
deposição constitucional desse governo em 1992, e sua substituição pelo
Governo Itamar Franco, o ritmo de implantação desse projeto diminuiu durante
o período 1993/1994, sendo retomado posteriormente com toda a força, e
amplamente executado, pelos dois Governos de Fernando Henrique Cardoso
(1995/2002) (FILGUEIRAS, 2006).
12
1.2 Conceituação de Empreendedorismo
Segundo EMPREENDER (SEBRAE, 2011), o conceito de
empreendedorismo vem sofrendo constantes inovações. Ainda relacionado a
práticas pró-ativas e inovadoras, gradativamente se abandona uma visão
reducionista do empreendedorismo associado exclusivamente ao exercício de
uma atividade econômica e se passa a lhe associar a qualquer atividade
humana; como, aliás, pode-se observar em todas as áreas do saber, que aos
poucos fazem do ser humano sua razão e seu fim. Os empreendedores são
encontrados, agora, em casa, na comunidade, dentro de uma organização ou
no meio de uma assembléia sindical, ou seja, em qualquer lugar onde existam
pessoas.
Para Quadros (2004), empreendedorismo é utilizado especificamente
para designar os estudos relativos ao empreendedor, seu perfil, suas origens,
seu sistema de atividades, enfim, todo o seu universo de atuação. O
empreendedorismo abrange uma área de grande porte e trata de assuntos na
criação de empresas como políticas públicas, intra-empreendedorismo (aquele
empregado que é empreendedor), empreendedorismo de sociedade (aquele
que trata com as comunidades) e auto-emprego (o trabalhador autônomo), ou
seja, é o movimento que introduz novos produtos e serviços, criando novas
formas de organização ou explorando novos recursos e materiais.
Empreendedorismo quer dizer pelo menos três coisas: a capacidade individual
de empreender, isto é, a capacidade de tomar a iniciativa, buscar soluções
inovadoras e agir no sentido de encontrar a solução para problemas
econômicos ou sociais, pessoais ou de outros, por meio de empreendimentos;
o processo de iniciar e gerir empreendimentos, ou seja, o conjunto de
conceitos, métodos, instrumentos e práticas relacionadas com a criação,
implantação e gestão de novas empresas ou organizações e, por fim, o
movimento social de desenvolvimento do espírito empreendedor, que é um
movimento social para a criação de emprego e renda, que recebe o incentivo
dos governos e instituições de diferentes tipos.
13
O empreendedorismo se constitui em um conjunto de comportamentos e
hábitos que podem ser adquiridos, praticados e reforçados nos indivíduos ao
submetê-los a um programa de capacitação adequado de forma a torná-los
capazes de gerir e aproveitar oportunidades, melhorar processos e inventar
negócios. Apesar do termo Empreendedorismo existir há cerca de quatro
séculos, foi somente em 1911, a partir dos estudos de Joseph A. Schumpeter,
que o mesmo ganhou força. Seus estudos geraram a Teoria do
Desenvolvimento Econômico, sua primeira obra de grande influência. Nela já
estavam presentes, mesmo que de forma ainda incompleta, as principais teses
defendidas pelo autor, onde eram exploradas em toda a sua essência a
dinâmica da economia capitalista e os pilares do desenvolvimento de
mercados e novos negócios (Quadros, 2004).
Para Schumpeter apud Quadros (2004), o advento do
Empreendedorismo pode ser ligado a maior contribuição do empreendedor
para a formação da riqueza de um país, num processo que por ele é chamado
de “destruição criativa”. Foi a partir deste conceito, que afirma que toda e
qualquer evolução na sociedade capitalista, independentemente, tem seu
cerne nas modificações que o empreendedor impõe ao lançar novos produtos
e serviços. A partir daí, o termo empreendedor adquiriu um novo significado,
tendo assim a sua figura claramente ligada à inovação, criação e
desenvolvimento de novos modelos de negócios.
Mas para que entender empreendedorismo? Por muitos motivos: alta
taxa de fracasso no mundo das empresas emergentes onde, de cada três
empresas criadas, duas fecham as portas (Dolabela, 1999); mudanças nas
relações de trabalho, onde empresas precisam de colaboradores que, além de
dominarem a tecnologia, conheçam também o negócio, que tenham uma visão
global do processo, que saibam identificar e satisfazer as necessidades dos
clientes; cultura, já que os valores do ensino não sinalizam para o
empreendedorismo; cidadania, pois o empreendedor deve ser alguém com alto
comprometimento com o meio ambiente e com a comunidade, com muita
consciência social.
14
Para Bonson (2004), empreendedorismo é um movimento educacional
que visa desenvolver pessoas dotadas de atitudes empreendedoras e mentes
planejadoras.
1.3 Empreendedorismo como Traços e Características: “Quem é
o empreendedor?”
Sendo um segmento muito tradicional de pesquisa no campo de estudo
do empreendedorismo, a identificação das características únicas de
empreendedores é um fator motivacional de grande parte dos acadêmicos e
praticantes do assunto. Porém, assim como a busca de muitos pela definição
de empreendedorismo, as tentativas de definição sobre “quem é o
empreendedor” também não são unânimes e pouco proveitosas.
Para Dornelas (2001), o destaque de algumas qualidades são
importantes para o empreendedor: capacidade de assumir riscos, identificação
de oportunidades, organização de recursos, trabalho em equipe, segurança na
tomada de decisão, liderança, dinamismo, independência, otimismo, intuição,
busca de riqueza, capacidade de planejar, criação de valor para a sociedade,
networking e visão de futuro.
O empreendedor vem sendo analisado por várias visões: como um dono
de empresa, como um inovador, como um fornecedor de capital financeiro,
como alguém que decide, como um líder industrial, como um intermediador de
recursos ,como um gestor ou executivo, como uma pessoa que assume riscos
em condições de incerteza, como alguém que inicia um negócio, como um
contratante, como um elemento de arbitragem no mercado, como aquele que
aloca recursos entre diferentes alternativas, como um organizador e
coordenador de ativos produtivos.
15
1.4 Empreendedorismo como Processo: “O que faz o
empreendedor?
Corriqueiramente, se debate como começa o processo empreendedor.
Por vezes, partindo de princípios, muitas vezes com diferentes significados, a
respeito do fator motivacional que moveria um indivíduo a se aventurar em um
projeto de construção de um novo negócio. Questionamentos podem surgir a
respeito da motivação da criação de um novo negócio, dentre eles: Novos
negócios são iniciados por necessidade? A partir da visualização de uma
oportunidade? Por acaso? Sorte?
Sendo assim, normalmente, é aceita a definição de “empreendedorismo
por oportunidade” e “empreendedorismo por necessidade” (GEM, 2005), como
fatores mutuamente excludentes, no qual o tipo de empreendimento que visa à
exploração econômica de uma oportunidade é superior ou mais desejável
àquele por necessidade (Tabela 1 - Apêndice).
1.5 Risco como Parte Integrante do Negócio
Para Michaelis (2012), risco pode ser definido como possibilidade de
perigo, incerto mas previsível, que ameaça de dano a pessoa ou a coisa.
Brigham (2001), diz que risco é uma casualidade, perigo ou
possibilidade de perigo. Assim, risco se refere à chance de ocorrer algum
evento desfavorável.
É importante destacar que sempre existirão riscos desconhecidos pela
organização. Continuamente a empresa deve se atentar ao processo de
identificação e análise geral de riscos de forma a sempre aprimorar esse
processo.
Para FGV (2012), a atividade empresarial por si só é inerente à
existência de riscos. Sendo assim, a identificação e a gestão de riscos são
fundamentais para o sucesso e sustentabilidade das organizações, já que,
através do acompanhamento evolutivo e avaliação dos riscos financeiros e
16
operacionais, as organizações podem maximizar seus resultados e minimizar
as perdas. O risco é parte integrante de qualquer atividade, seja ela com fins
lucrativos ou não. Ao se tomar uma decisão, deve-se sempre levar em
consideração o risco envolvido no negócio.
1.6 Associação com os Objetivos Estratégicos e Perfil de Riscos
A estratégia da empresa, dependendo de suas condições (porte, setor,
estrutura, entre outros), pode ser considerada como a mais importante no
âmbito empresarial, em razão da abrangência das decisões estratégicas que a
compõem, entre as quais determinar o rumo e os objetivos da organização,
com impactos em todas as suas unidades de negócios e áreas funcionais
(CAMARGO e DIAS, 2003).
Os objetivos estratégicos são os orientadores de como a organização
irá trabalhar para gerar valor a todos que se dispuseram a investir na
organização, em detrimento a outras oportunidades, o que depende
crucialmente do perfil de riscos corporativos.
O profissional responsável por definir o perfil de risco é o
empreendedor. O perfil de riscos estabelece até qual nível de risco é aceitável
para a organização, o que envolve tanto o nível de ganhos possíveis quanto o
de tolerância a riscos.
O perfil de riscos deve fazer parte da cultura da organização e, para
isto, cabe ao empreendedor outorgar um mandato claro para administrá-lo.
Bom planejamento e um modelo bem definido de gestão e acompanhamento
dos riscos requer conhecimento e participação ativa do empreendedor,
tornando melhor o processo de tomada de decisão, tanto no contexto da
elaboração do seu planejamento estratégico, como na sua execução e
monitoramento.
Definições de indicadores de desempenho e índices de volatilidade são
necessários para determinar o perfil de riscos de uma empresa. Estes são
divididos em dois grupos: um de natureza financeira (valor de mercado,
17
geração de caixa operacional, distribuição de dividendos) e outro de natureza
qualitativa (transparência, idoneidade, reconhecimento de marca, ambiente de
trabalho, responsabilidade socioambiental).
Existem vários critérios alternativos para a classificação dos riscos,
porém há dois componentes que se interrelacionam: Pessoas – principalmente
como causas – e a reputação – principalmente como conseqüência – do bom
ou mau gerenciamento dos riscos. O risco associado às Pessoas é um
componente causal presente na grande maioria dos riscos da organização. Por
exemplo, a falha na formulação de objetivos claramente entendidos, aceitos e
positivamente concatenados dentro da organização como um todo, é um risco
que acarreta perda de sinergia e valor empresarial. Por outro lado, a eficácia e
eficiência na formulação e/ou execução desses objetivos acarretarão ganho de
sinergia e de valor empresarial.
Os eventos que podem atingir criticamente a reputação da organização
– em geral denominados “risco reputacional” ou de “imagem” – na verdade não
se constituem num tipo específico de risco, mas sim numa conseqüência do
mau gerenciamento dos riscos que se torna público. Por exemplo o impacto
negativo sofrido por uma empresa acusada de práticas tais como o uso de
material tóxico para produção de bens, contratação de fornecedores com
práticas trabalhistas condenáveis. O impacto negativo sofrido por essa
empresa, pode causar impacto positivo nas empresas concorrentes.
Não há um tipo de classificação de riscos que seja consensual,
exaustivo e aplicável a todas as organizações; a classificação deve ser
desenvolvida de acordo com as características de cada organização,
contemplando as particularidades da sua indústria, mercado e setor de
atuação. Por exemplo os estoques de materiais de consumo são menos
relevantes para um banco do que para uma indústria, onde pode representar
um dos principais fatores de risco. Analogamente, as variáveis relacionadas ao
“risco de mercado” são cruciais para um banco e podem não ser tão relevantes
para determinada organização manufatureira.
18
1.7 Origem dos Riscos
Maximiano (2006) afirma que “o entendimento das forças competitivas
de um ramo de negócios é fundamental para o desenvolvimento da estratégia”.
É importante determinar a origem dos riscos (externos ou internos), pois
auxilia na definição da abordagem a ser empregada por parte da organização.
1.7.1 Riscos Externos
Serra, Torres e Torres (2004) afirmam que a análise do ambiente
externo pode ser realizada por meio do modelo de cinco forças da
competitividade, desenvolvido por Michael Porter na década de 70.
O modelo possibilita analisar o grau de atratividade de um setor da
economia. Este modelo identifica um conjunto de cinco forças que afetam a
competitividade, dentre os quais uma das forças está dentro do próprio setor e
os demais são externos.
Riscos externos são ocorrências associadas ao ambiente
macroeconômico, político, social, natural ou setorial em que a organização
opera. Por exemplo nível de expansão do crédito, grau de liquidez do
mercado, nível das taxas de juros, tecnologias emergentes, ações da
concorrência, mudança no cenário político, conflitos sociais, aquecimento
global, catástrofes ambientais, atos terroristas, problemas de saúde pública. A
organização, em geral, não consegue intervir diretamente sobre estes eventos
e terá, portanto, uma ação predominantemente reativa. Isto não significa que
os riscos externos não possam ser “gerenciados”; pelo contrário, é
fundamental que a organização esteja bem preparada para essa ação reativa.
1.7.2 Riscos Internos
São eventos originados na própria estrutura da organização, pelos seus
processos, seu quadro de pessoal ou de seu ambiente de tecnologia. A
19
organização pode e deve, em geral, interagir diretamente com uma ação pró-
ativa.
1.8 Natureza dos Riscos
Igualmente importante é classificar a natureza dos riscos, o que permite
sua agregação de uma forma organizada e de acordo com a sua natureza -
estratégica, operacional ou financeira - em função da(s) área(s) da
organização que é(são) afetada(s) pelos eventos. Cabe mencionar que os
riscos podem pertencer a categorias distintas e em alguns casos poderão se
encaixar em duas ou até mesmo em todas as categorias concomitantemente.
Em alguns segmentos de negócio mais regulados, notadamente os bancos, o
órgão regulador estabelece como boa parte dos riscos devem ser agrupados.
1.8.1 Riscos Estratégicos
Os riscos estratégicos podem gerar perda substancial no valor
econômico da organização. Os riscos decorrentes da má gestão empresarial
muitas vezes resultam em fraudes relevantes nas demonstrações financeiras.
Por exemplo diminuição de demanda do mercado por produtos e serviços da
empresa causada por obsolescência em função de desenvolvimento de novas
tecnologias/produtos pelos concorrentes.
1.8.2 Riscos Operacionais
Os riscos operacionais estão associados à possibilidade de ocorrência
de perdas (de produção, ativos, clientes, receitas) resultantes de falhas,
deficiências ou inadequação de processos internos, pessoas e sistemas, assim
como de eventos externos como catástrofes naturais, fraudes, greves e atos
terroristas. Os riscos operacionais geralmente acarretam redução, degradação
ou interrupção, total ou parcial, das atividades, com impacto negativo na
20
reputação da sociedade, além da potencial geração de passivos contratuais,
regulatórios e ambientais.
1.8.3 Riscos Financeiros
Os riscos financeiros são aqueles associados à exposição das
operações financeiras da organização. É o risco de que os fluxos de caixa não
sejam administrados efetivamente para maximizar a geração de caixa
operacional, gerenciar os riscos e retornos específicos das transações
financeiras e captar e aplicar recursos financeiros de acordo com as políticas
estabelecidas. São ocorrências tais como a administração financeira
inadequada, que conduz a endividamento elevado, podendo o causar prejuízo
frente à exposição cambial ou aumentos nas taxas de juros.
É comum que se destaque como uma das categorias o risco associado
à confiabilidade das informações transmitidas nos relatórios financeiros
divulgados pelas organizações. É igualmente relevante enfocar na qualidade
das informações que circulam internamente, destacando-se como categoria de
risco as informações para tomada de decisão (estratégicas, financeiras e
operacionais). Incertezas sobre a relevância e a confiabilidade nas
informações que dão suporte ao processo decisório, que devem estar
disponíveis no momento oportuno, podem ser fontes de risco.
1.9 Exemplo de Tipo de Riscos
Essa tipificação visa assegurar a definição de uma linguagem comum de
riscos dentro da organização, considerando uma descrição ampla dos tipos de
risco.
1.9.1 Tecnologia
Representado por falhas, indisponibilidade ou obsolescência de
equipamentos e instalações produtivas ou fabris, assim como de sistemas
21
informatizados de controle, comunicação, logística e gerenciamento
operacional, que prejudiquem ou impossibilitem a continuidade das atividades
regulares da organização, ao longo da sua cadeia de valor (clientes,
fornecedores, parceiros e unidades regionais). Pode estar também associado
a erros ou fraudes, internas ou externas, nos sistemas informatizados ao
capturar, registrar, monitorar e reportar corretamente transações ou posições.
1.9.2 Ambiental
Associado à gestão inadequada de questões ambientais, causando
efeitos como: contaminação de solo, água ou ar, decorrente da disposição
inadequada de resíduos, ou levando a acidentes com vazamento de produtos
tóxicos. Nesses casos, a empresa se vê impedida de operar até que a causa
do dano ambiental seja remediada, podendo inclusive ser acionada por
terceiros em função de lucro cessante, ou tendo que arcar com esforço
adicional de reparar o prejuízo causado às comunidades do entorno. Os riscos
ambientais não se resumem a catástrofes ou desastres ambientais, mas
também ao potencial de efeitos decorrentes do aquecimento global sobre os
negócios, que podem inviabilizar novos empreendimentos ou a expansão da
capacidade produtiva.
1.9.3 Conformidade
Relacionado à falta de habilidade ou disciplina da organização para
cumprir com a legislação e/ou regulamentação externa aplicáveis ao negócio e
às normas e procedimentos internos. Por incluir as normas e procedimentos
internos, apresenta um contexto mais amplo do que o tipo de risco mais
usualmente citado, o risco legal/regulatório, decorrente da aplicação da
legislação trabalhista, tributária, fiscal, referentes a relações contratuais,
regulamentação de mercado e de prestação de serviços.
22
CAPÍTULO II
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DOS RISCOS NO
EMPREENDEDORISMO
2.1 Avaliação dos Riscos
Para se definir qual o tratamento que será dado a determinado risco, o
primeiro passo consiste em determinar o seu efeito potencial, ou seja, o grau
de exposição da organização àquele risco. Esse grau leva em consideração
pelo menos dois aspectos: a probabilidade de ocorrência e o seu impacto (em
geral medido pelo impacto no desempenho econômico-financeiro do período).
A quantificação do grau de exposição nem sempre é trivial, podendo
haver interdependência entre os riscos em dois níveis: a) os eventos podem
não ser independentes; b) um determinado evento pode gerar “impactos
múltiplos”, ou seja, efeitos sobre diferentes tipos de riscos, em diversas áreas.
Neste caso, o grau de exposição irá depender do impacto financeiro
consolidado e da probabilidade conjunta de todos os eventos e deve ser
medido quantitativamente. Para o caso de eventos independentes que tenham
efeito sobre uma única área – como a maior parte dos riscos operacionais - o
grau de exposição financeira é calculado simplesmente pelo valor aproximado
do impacto financeiro multiplicado pela probabilidade de ocorrência do evento.
Os riscos associados a estes eventos podem ser controlados para cada
processo isoladamente. Incorpora-se ainda na abordagem o impacto intangível
de cada um dos processos.
2.2 Tratamento dos Riscos
Na prática, a eliminação total dos riscos é impossível. Nesse contexto, a
elaboração de um mapa de riscos apóia a priorização e visa direcionar os
esforços relativos a novos projetos e planos de ação elaborados, a fim de
23
minimizar os eventos que possam afetar adversamente e maximizar aqueles
que possam trazer benefícios para a organização. É recomendável alinhar a
estrutura de controles internos aos objetivos estratégicos e ao nível de
exposição desejado pela organização. A alta administração poderá determinar
seu posicionamento frente aos riscos, considerando seus efeitos, grau de
aversão e resposta, complementada por uma análise de custo-benefício.
As várias alternativas para tratamento dos riscos são descritas abaixo,
iniciando-se pelo dilema básico: evitar ou aceitar o risco.
2.2.1 Evitar o risco
Decisão de não se envolver ou agir de forma a se retirar de uma
situação de risco. Por exemplo, uma organização decide se desfazer de uma
unidade de negócios.
2.2.2 Aceitar o risco
Neste caso, apresentam-se quatro alternativas: reter, reduzir,
transferir/compartilhar ou explorar o risco.
2.2.2.1 Reter
Manter o risco no nível atual de impacto e probabilidade. Por exemplo, a
diretoria da empresa decide nada investir em melhorias da área de informática,
assumindo que as perdas e erros atualmente sabidos e esperados de
informações internas para o processo de decisão e de gestão são (riscos)
toleráveis.
24
2.2.2.2 Reduzir
Ações são tomadas para minimizar a probabilidade e/ou o impacto do
risco. Por exemplo, uma organização financeira que identificou e avaliou o
risco de seus sistemas permanecerem inoperantes por um período superior a
três horas e concluiu que não aceitaria o impacto dessa ocorrência. A
organização investiu no aprimoramento de sistemas de auto-detecção de
falhas e de backup para reduzir a probabilidade de indisponibilidade do
sistema.
2.2.2.3 Transferir e/ou Compartilhar
Atividades que visam reduzir o impacto e/ou a probabilidade de
ocorrência do risco através da transferência ou, em alguns casos, do
compartilhamento de uma parte do risco. Por exemplo, uma concessionária de
energia elétrica identificou e avaliou os riscos de falhas naturais com danos
elétricos em seus equipamentos turbo-geradores e de potência de grandes
usinas. Após analisar a melhor estratégia a ser adotada no que tange às
despesas possíveis com franquia vis-à-vis os prêmios de risco a serem
contratados, constitui-se um seguro destes equipamentos junto ao mercado,
transferindo este risco operacional categorizado como de alto impacto e baixa
frequência, inerente ao processo de operação e manutenção.
Devem ser transferidos por meio de seguro os riscos tidos como
catastróficos (riscos de baixa freqüência e alta severidade), os riscos de alta
freqüência que provoquem cumulativamente perdas relevantes e todos
aqueles cujo custo de transferência seja inferior ao custo de retenção. Os
custos de seguro obtidos no mercado podem subsidiar a decisão sobre
retenção versus transferência dos riscos. Além de identificar os riscos que
deseja transferir, os gestores de seguros precisam conhecer profundamente a
dinâmica das operações da organização e o fluxo de informações que
garantirá a adequação do contrato de seguro por toda a vigência das apólices,
25
normalmente de doze meses. A transferência do risco não necessariamente
elimina todas as potenciais perdas e, por isto, é necessário dispor de um
adequado plano de contingência.
2.2.2.4 Explorar
Aumentar o grau de exposição ao risco na medida em que isto
possibilita vantagens competitivas. Por exemplo, uma empresa produtora de
petróleo usa as informações sobre o mercado futuro para especular no
mercado de derivativos, aumentando sua exposição ao preço da commodity.
2.2.3 Prevenção e Redução dos Danos
Os riscos podem ser reduzidos pela prevenção – diminuição da
probabilidade de ocorrência e/ou diminuição do impacto financeiro esperado
sobre a organização, caso o evento ocorra – e/ou pela remediação – controle
dos danos após a ocorrência do evento. Para o risco cujo impacto possa afetar
adversamente a continuidade da operação, faz-se necessária a elaboração de
um plano de contingência adequado e continuamente testado. Ainda mais
amplo do que um plano de contingência, as organizações devem avaliar a
adoção de uma metodologia para a “Gestão da Continuidade de Negócios”
As decisões sobre evitar, reter, reduzir, transferir ou explorar riscos
estão baseadas na avaliação do impacto dos mesmos sobre os indicadores de
desempenho escolhidos e sobre a imagem da organização vis-à-vis os custos
de se estabelecerem controles internos.
Deve-se buscar um nível confortável e balanceado de retenção,
redução, exploração e transferência de riscos, adequado a seu apetite definido
estrategicamente, envolvendo os objetivos, os riscos respectivos e os
controles internos. Da mesma forma, pode haver critérios distintos para
enfocar o conceito e práticas de controles internos, que quando acentuados
podem gerar custos, muitas vezes excessivos. Na questão do equilíbrio riscos
26
versus controles versus custos, são muito utilizadas as “melhores práticas”
aplicáveis aos tipos específicos ou categorias de risco, segmento de negócios
ou tecnologias em questão. As melhores práticas são geradas e disseminadas
por institutos independentes, internacionais ou nacionais, associações de
indústria ou profissionais e organismos de normatização e por entidades
regulatórias. Desta forma, a organização terá uma resposta específica para
cada evento significativo. Deverão ser avaliados e monitorados os impactos
positivos e negativos da ocorrência dos eventos.
2.1.4 Capacitação
Na avaliação dos riscos deve-se considerar a capacitação da
organização em lidar com os mesmos, o que significa ser capaz de identificá-
lo, antecipá-lo, mensurá-lo, monitorá-lo e, se for o caso, mitigá-lo.
Como exemplo, um incêndio pode ser classificado como um evento de
alta magnitude para uma organização do setor florestal. Porém, se a
organização possui forte capacitação interna para prevenir e controlar um
incêndio, o evento, inicialmente classificado como de alto impacto, pode ser
reclassificado para médio ou baixo impacto.
A avaliação da capacitação se dá em duas dimensões principais:
pessoas e processos. O exercício de avaliação de capacitação requer uma
análise comparativa às melhores práticas, com a identificação de eventuais
lacunas de capacitação. Uma vez definido o grau de tolerância ao risco da
organização, deve-se adotar um plano de ação para eliminar as lacunas
inaceitáveis para assegurar um gerenciamento de riscos eficaz.
27
CAPÍTULO III
MENSURAÇÃO DO RISCO NO EMPREENDEDORISMO
Segundo o Sebrae-SP, no Brasil existem 5,1 milhões de empresas.
Desse total, 98% são micro e pequenas empresas (MPEs). Os pequenos
negócios (formais e informais) respondem por mais de dois terços das
ocupações do setor privado. segmento de confecções.
A taxa de mortalidade das micro e pequenas empresas brasileiras é de
80% antes de completarem o primeiro ano de funcionamento. Dois fatores
preponderantes para tais ocorrências são o mau planejamento e a mensuração
equivocada dos riscos inerentes ao negócio.
A atividade de planejamento envolve detalhar, além de outros dados, as
receitas e as despesas operacionais, os custos, investimentos e o fluxo de
caixa projetado. Para isto é necessário que se projetem cenários sobre as
tendências de mercado, trajetórias das variáveis macroeconômicas e
financeiras, bem como as premissas operacionais. Consolida- se, assim, um
conjunto organizado e ordenado de planos e metas das ações, sob o ponto de
vista físico, econômico e financeiro, independente do tamanho da empresa.
Deve-se buscar quantificar as incertezas envolvidas na fase de planejamento e
projetar os resultados da organização em cenários alternativos de preços,
condições macroeconômicas e operacionais.
O impacto financeiro consolidado dos riscos na empresa pode ser
medido quantitativamente em termos da variação potencial do seu valor
econômico, fluxo de caixa e resultado econômico, através de uma metodologia
que se denomina “planejamento sob incerteza”. Para viabilizar tal
quantificação é necessário que a empresa (i) tenha o seu negócio modelado
em alguma ferramenta que possibilite simulações e (ii) seja capaz de gerar
cenários das principais variáveis e consistentes entre si.
A modelagem passa pela identificação detalhada de cada um dos
fatores que afetam as transações e indicadores de desempenho da
organização, incluindo todos os tipos de riscos identificados, e pela
28
determinação da dinâmica de impacto de cada uma das operações nas contas
de resultados.
A geração de cenários envolve o conhecimento e previsões estratégicas
da empresa e deve expressar a evolução conjunta das variáveis. Associando-
se probabilidades aos cenários gerados, é possível quantificar o risco e
estimar a probabilidade de que qualquer métrica de desempenho fique abaixo
das metas orçadas em cada período (por exemplo geração ou necessidade de
caixa, resultado contábil). É recomendável buscar a identificação e o
gerenciamento dos riscos integralmente, não apenas os riscos isolados, mas
também os riscos múltiplos e comuns a diferentes áreas.
Passa-se a envolver, a partir de então: o monitoramento das
exposições, a avaliação antecipada do impacto de novas operações ou
diferentes cenários de mercado e a comparação com os resultados efetivos,
para identificação das fontes de desvio e reavaliação do modelo. Obtém-se,
assim, maior autoconhecimento e, consequentemente, um processo decisório
antecipado de redução de perdas e aumento de ganhos, como também uma
previsibilidade maior para os resultados futuros da empresa
3.1 Ferramentas de Apoio na Mensuração de Riscos
A estratégia proposta por McManus (2004) indica a utilização dos
recursos sugeridos:
3.1.1 Análise SWOT
Os ambientes que circundam a empresa devem sempre ser estudados
por seus gestores, principalmente quem está começando a empreender. Isto é
necessário porque, geralmente, tudo é novo para o empreendedor. E ter uma
forma de analisar o ambiente em que está inserindo o negócio é uma arma
fundamental para ampliar o ciclo de vida da empresa.
29
Uma das ferramentas que possibilita esta analise é a matriz SWOT
(anagrama para os termos Strenghts, Weaknesses, Opportunities e Threats.
Em português: Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças). Desenvolvida
na escola de negócios de Harvard na década de 70, passou desde então a ser
obrigatória dentro das cadeiras de ensino de planejamento estratégico das
escolas de negócios.
A Matriz SWOT (Tabela 2 – Apêndice) funciona montando inicialmente
um inventário de todas as forças e fraquezas internas da organização. Por
exemplo, um atendimento qualificado é uma força da empresa, uma vez que
além de ser um ponto positivo, ele possibilita sua influência direta, seja em
treinamento ou metodologias. Posteriormente é feita uma averiguação das
ameaças e oportunidades que circundam a empresa, no mercado e no
ambiente global.
O principal objetivo da matriz SWOT é permitir um olhar objetivo das
forças que compõem o negócio, isto possibilita desenvolver e firmar bem a
estratégia empresarial.
A seguir, serão analisadas cada uma das partes da Matriz SWOT:
3.1.1.1 Forças
A força descreve quais as competências mais fortes da sua empresa,
aquelas que estão sobre sua influência. Uma forma de encontrá-las é
utilizando as seguintes perguntas: O que a empresa faz bem?; O que a
empresa tem de melhor está sob seu comando?; Quais são os recursos que se
tem?; O que possui melhor que os concorrentes?; O que faz os clientes
voltarem à empresa?
Com estas respostas consegue-se desenvolver esta parte da análise,
sempre lembrando que quanto maior a vantagem competitiva que uma força
traz, mais importante ela é dentro da análise.
30
3.1.1.2 Fraquezas
As fraquezas são as competências que estão sobre influência da
empresa mas que, de alguma forma, atrapalham e/ou não geram vantagem
competitiva. Pode-se encontrá-las fazendo as seguintes perguntas: Os
funcionários são capacitados para suas funções?; Onde deveria melhorar a
empresa?; Por que os clientes escolhem os concorrentes?; Quais são as
deficiências dos colaboradores?; Por que os clientes não voltam depois de
uma compra?
As fraquezas devem ser bem estudadas e mensuradas, pois muitas
vezes é possível revertê-las em forças. Uma pequena parte das causas
costuma causar a maior parte dos problemas.
3.1.1.3 Oportunidades
As oportunidades são as forças externas à empresa que influenciam
positivamente a organização, mas que não se tem controle sobre elas. As
oportunidades muitas vezes podem vir através de algum aspecto econômico
novo, como o advento da classe média, o aumento do número de filhos dos
consumidores, a melhoria da renda e do crédito, entre outros. Outro fator que
pode influenciar o fomento de oportunidades são as ações políticas do
governo, como a escolha de investir em infra-estrutura.
3.1.1.4 Ameaças
As ameaças são as forças externas que não sofrem influência da
empresa e que pesam negativamente. Elas podem ser consideradas como um
desafio imposto à empresa e que pode deteriorar a capacidade de gerar
riqueza. Devem ser constantemente monitorada pelos gestores, pois, muitas
vezes, podem apresentar um risco muito maior que a capacidade de retorno.
31
Por exemplo, para uma empresa importadora, uma forte desvalorização
da moeda pode causar um aumento muito forte no custo de aquisição, em um
cenário onde não é possível repassar este valor ao mercado, deteriorando
assim as margens da empresa. Por isso, é importante que a empresa crie
políticas que possam combater as ameaças. Como no exemplo anterior, onde
ela poderia ter feito uma proteção cambial para manter suas margens em
segurança.
3.1.2 Brainstorming
Um processo simples, porém conhecido e tido como uma ferramenta de
resolução de problemas amplamente utilizada. Um risco sendo identificado,
não é discutido, e procura-se imediatamente o próximo. Sua discussão deve
ser focada em uma área ou tipo de risco, para não se tornar confusa. O
administrador captura as idéias da forma que julgar mais conveniente, por
exemplo: gravação em áudio, anotar palavras chave para lembrar-se depois. O
uso de um quadro ajuda a avaliar as idéias mais promissoras; cada membro
deve poder ver o que está sendo avaliado.
3.1.3 Checklists e Questionários
São ferramentas poderosas para obter informações de riscos em
potencial, se usados logo no início da fase de requisitos. Checklists de
avaliação são bons na identificação do que pode acontecer de errado, e as
conseqüências do erro. Questionários são mais demorados para serem
elaborados e requerem mais esforço para serem analisados, porém são um
método útil para obter informações para áreas potenciais de riscos.
32
3.1.4 Entrevistas
O método consiste de uma série de sessões de entrevistas, sendo cada
grupo entrevistado deve consistir de uma mesma categoria de stakeholders.
Semelhante ao brainstorming, são necessárias regras para definir a
composição dos grupos, e devem ser restritos a no máximo cinco pessoas.
33
CONCLUSÃO
Temas que abordam o empreendedorismo têm recebido muito destaque,
seja no meio acadêmico ou no mundo dos negócios. A questão do
empreendedorismo é bastante complexa e abrangente, indo além, do que
muitos acham, de ser uma grande aventura. Pontos muito importantes devem
ser abordados e muito bem discutidos antes de ingressar em um novo
empreendimento.
Muitas pessoas têm ou já tiveram o desejo em empreender em algum
setor. Desde algo mais simples, como por exemplo a escolha de um curso, até
algo mais complexo como a abertura de uma empresa, o empreendedorismo
faz parte do dia a dia de qualquer pessoa. A maioria, não dá continuidade ao
seu sonho e o projeto não é colocado em prática. As justificativas giram em
torno da dificuldade que será encontrada e o modo de perder o capital que
será investido. A isso damos o nome de risco do negócio.
Em qualquer empreendimento, o risco faz parte do negócio. Na prática,
a eliminação total dos riscos é impossível. Sendo assim, o conhecimento do
risco e o acompanhamento de perto, faz com que as chances de insucesso
diminuam de forma significativa, confirmando a hipótese de que o
planejamento e a mensuração dos riscos são pontos fundamentais para o
sucesso do empreendedorismo.
34
APÊNDICE
Tabela 1 – Características que favorecem o surgimento de novos negócios
Circunstância Delimitação
Empreendedorismo nato
Vocação desenvolvida em função do ambiente e autoridade familiar, tais como valores, habilidades e percepção de negócios
Herança
Continuação de um empreendimento recebido por herança. Essa circunstância pode impactar no encerramento da atividade empreendedora
Limitações como empregado
Frustração em relação à realização pessoal em algum momento da carreira, a pessoa decide partir para a atividade de empreender
Formação técnica Conhecimento e know-how sobre determinado produto ou serviço. O possuidor do conhecimento opta por iniciar seu próprio negócio
Desemprego
Uma modalidade de empreendimento arriscada podendo resultar em sucesso quando o empreendedor possui características para tal e em insucesso se ação não for bem planejada Aposentadoria Quando, em função da idade, as dificuldades
Aposentadoria Quando, em função da idade, as dificuldades de realocação no mercado de trabalho ocorrem. Opta-se por abrir um empreendimento
Fonte: Bernardi (2003).
35
Tabela 2 – Matriz Swot
Fonte: Adminitradores (2012).
36
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BERNARDI, L. A. Manual de empreendedorismo e gestão: fundamentos,
estratégias e dinâmicas. São Paulo: Atlas, 2003
BOLSON, Eder Luiz. Tchau patrão! Como construir uma empresa vencedora e
ser feliz conduzindo seu próprio negócio. 2ª ed. Belo Horizonte: SENAC/MG,
2004.
BRIGHAM, E.F., GAPENSKI, L.C. e EHRARDT, M.C., Administração
Financeira, Teoria e Prática. Atlas, 2001.
CAMARGOS, M. A.; DIAS, A. T. Estratégia, Administração Estratégica e
Estratégia Corporativa: uma síntese teórica. Caderno de Pesquisas em
Administração, São Paulo, v. 10, 2003.
DOLABELA, F. C. O segredo de Luísa: uma idéia, uma paixão e um Plano de
Negócios: como nasce o empreendedor e se cria uma empresa. São Paulo:
Cultura Editores Associados, 1999a.
DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando idéias em
negócios. 2ª ed, Rio de Janeiro: Campus, 2001.
FERREIRA, Ademir Antônio. Gestão Empresarial: de Taylor aos Nossos Dias.
São Paulo: Pioneira,1997.
FILGUEIRAS, Luiz. O neoliberalismo no Brasil: estrutura, dinâmica e ajuste do
modelo econômico. En publicación: Neoliberalismo y sectores dominantes.
Tendencias globales y experiencias nacionales. Basualdo, Eduardo M.; Arceo,
Enrique. CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales, Buenos
Aires. Agosto 2006.
37
GEM - GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR. Empreendedorismo no
Brasil-Sumário Executivo. IBPQ, SEBRAE, IEL, PUC-RJ. Curitiba: 2005.
HISRICH, R. D. Empreendedorismo. 5ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2004.
MAXIMIANO, A. C. Administração para empreendedores .São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2006.
McMANUS, J. Risk Management in Software Developmento Projects.
Burlington, Elsevier Butterworth-Heinemann, 2004.
QUADROS F. Z.. Plano de Negócios e a Empresa de base tecnológica. Um
estudo de caso na Incubadores de empresas do Midi Florianópolis.
Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC.
2004.
SERRA, Fernando; TORRES, Maria Cândida; TORRES, Alexandre Pavan.
Administração estratégica – conceitos, roteiro prático, casos. Rio de Janeiro:
Reichnann e Affonso Editores, 2004.
38
WEBGRAFIA
Administradores<http://www.administradores.com.br/informe-
se/artigos/ferramentas-para-gestao-empresarial-e-tendencias-da-
administracao-uma-estrategia-de-sucesso-da-organizacao/29399/>.10-2, 2012;
Empreender faz parte da condição humana
<www.sebrae.com.br/customizado/desenvolvimento-territorial/o-que-
e/empreendedorismo/integra_bia/ident_unico/336>. 11-01, 2012;
Michaelis<http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=por
tugues-portugues&palavra=risco>. 03-03, 2012;
Sebrae<http://www.sebraesp.com.br/TenhoUmaEmpresa/Biblioteca/OutrosCon
teudos/EstudosEPesquisas/Paginas/EstudosePesquisas.aspx>. 03-03, 2012.
39
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
ABORDAGEM: EMPREENDEDORISMO X RISCO 10
1.1 - Contexto Brasileiro Acerca do Empreendedorismo 11
1.2 - Conceituação de Empreendedorismo 12
1.3 - Empreendedorismo como Traços e Características:
“Quem é o empreendedor?” 14
1.4 - Empreendedorismo como Processo: “O que faz
o empreendedor? 15
1.5 – Risco como parte integrante do negócio 15
1.6 - Associação com os Objetivos Estratégicos e
Perfil de Riscos 16
1.7 - Origem dos Riscos 18
1.7.1 Riscos Externos 18
1.7.2 Riscos Internos 18
1.8 Natureza dos Riscos 19
1.8.1 Riscos Estratégicos 19
1.8.2 Riscos Operacionais 19
1.8.3 Riscos Financeiros 20
1.9 Exemplo de Tipo de Riscos 20
1.9.1 Tecnologia 20
1.9.2 Ambiental 21
40
1.9.3 Conformidade 21
CAPÍTULO II
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DOS RISCOS NO
EMPREENDEDORISMO 22
2.1 Avaliação dos Riscos 22
2.2 Tratamento dos Riscos 22
2.2.1 Evitar o risco 23
2.2.2 Aceitar o risco 23
2.2.2.1 Reter 23
2.2.2.2 Reduzir 24
2.2.2.3 Transferir e/ou Compartilhar 24
2.2.2.4 Explorar 25
2.7.3 Prevenção e Redução dos Danos 25
2.7.4 Capacitação 26
CAPÍTULO III
MENSURAÇÃO DO RISCO NO EMPREENDEDORISMO 27
3.1 Ferramentas de Apoio na Mensuração de Riscos 28
3.1.1 Análise SWOT 28
3.1.1.1 Forças 29
3.1.1.2 Fraquezas 30
3.1.1.3 Oportunidades 30
3.1.1.4 Ameaças 30
3.1.2 Brainstorming 31
3.1.3 Checklists e Questionários 31
3.1.4 Entrevistas 32
CONCLUSÃO 33
APÊNDICE 34
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 36
41
WEBGRAFIA 38
ÍNDICE 39