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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
ÁGUA DE LASTRO, UMA AMEAÇA SILENCIOSA.
Por: Daniely Corrêa Ferreira Dias
Orientador
Prof. Francisco Carrera
Rio de Janeiro
2010
- 2 -
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Água de lastro, uma ameaça silenciosa.
Apresentação de monografia à Universidade Cândido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Gestão Ambiental.
Por: Daniely Corrêa Ferreira Dias
- 3 -
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus por seu imenso amor, infinita misericórdia e
por estar sempre ao meu lado, me sustentando nos momentos mais difíceis e me
conduzindo a grandes vitórias.
À minha filha Sofia e ao meu esposo Arnaldo, por todo amor, carinho e pela
felicidade proporcionada por sua companhia; por todo apoio, e, especialmente, pela
compreensão nos momentos que mais precisei, além de todo incentivo para a
concretização deste sonho.
Aos meus queridos pais, Francisco e Tânia, por todo amor, confiança e por
estarem sempre ao meu lado em todos os momentos me apoiando.
Ao meu irmão Bruno por sempre encher minha vida de muita alegria e estar
sempre disposto a me ajudar.
Ao meu orientador Francisco Carrera do Instituto A Vez do Mestre,
Universidade Cândido Mendes, por ter me orientado e obrigada por toda a
dedicação que demonstrou ter durante a realização deste trabalho.
À Universidade Cândido Mendes, agradeço pela colaboração e por possibilitar
a realização do trabalho.
- 4 -
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia à minha filha, meu
esposo, meus pais e meu irmão. Sem vocês
nada seria possível. Amarei vocês eternamente.
- 5 -
RESUMO
O transporte de organismos exóticos através da água de lastro de navios é
considerado como um dos principais vetores de invasões biológicas. Este fenômeno
embora seja ainda pouco estudado, é reconhecido como uma das maiores ameaças
à biodiversidade do planeta e, portanto vem causando preocupações a nível
internacional. Diante desta problemática, é necessário o desenvolvimento de
trabalhos que promovam o esclarecimento do assunto e a conscientização da
população quanto aos impactos causados pela bioinvasão via água de lastro.
O presente estudo aborda a disseminação de organismos exóticos na biota
marinha, seus principais impactos e as principais diretrizes internacionais voltadas à
prevenção de desequilíbrios no ecossistema marinho, apontando possíveis soluções
que visem a redução de impactos causados pela carga e descarga de navios e
formas de conscientização da população acerca do problema, buscando assim, o
gerenciamento sustentável das atividades portuárias.
Palavras-Chave: Água de Lastro, Sustentabilidade, Espécies exóticas, Bioinvasão.
- 6 -
METODOLOGIA
A metodologia utilizada no presente trabalho foi baseada em uma revisão
bibliográfica de informações contidas em livros, revistas científicas e artigos
acadêmicos.
- 7 -
SUMÁRIO
Introdução ...........................................................................................................9
Capítulo I .............................................................................................................11
A água de lastro ...................................................................................................11
Capítulo II ............................................................................................................17
Impacto da bioinvasão aquática ...........................................................................17
1. Risco Ambiental ................................................................................................18
2. Impacto Econômico ..........................................................................................20
3. Impacto na Saúde Pública ................................................................................21
4. Principais Espécies invasoras ..........................................................................22
Capítulo III ............................................................................................................26
Controle e gestão da água de lastro .....................................................................26
1. Aspectos legais .................................................................................................26
1.1. Principais Ações Internacionais ...................................................................26
1.2. Ações adotadas no Brasil ............................................................................30
2. Métodos de controle e prevenção da água de lastro ........................................33
2.1. Opções de tratamento a bordo do navio ..................................................... 35
3. Medidas de gestão e controle das espécies exóticas .......................................36
4. Comunicação e Mobilização .............................................................................37
Considerações finais .........................................................................................38
- 8 -
Referências Bibliográficas ................................................................................41
- 9 -
INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos, o transporte marítimo tem contribuído para a
intensificação das trocas comerciais e para o intercâmbio de pessoas ao redor do
mundo. O avanço tecnológico permitiu o surgimento de embarcações cada vez
maiores e mais rápidas, propiciando o aumento da capacidade de carga
transportada pelas embarcações, o que levou a exigência de requisitos de
segurança operacional, como estabilidade estática e dinâmica, manobra e governo.
A realização de operações seguras e eficientes depende da estabilidade do
navio, esta é alcançada através do uso do lastro, que é o elemento equilibrador da
embarcação, em seus tanques ou porões. Até o século XIX, o lastro era sólido
(pedras e areia), o que causava instabilidade aos navios, especialmente com o
movimento de embarque e desembarque da carga nos portos. A partir desta data,
com o aperfeiçoamento da estrutura das embarcações, começou-se a utilizar água
nos tanques. Entretanto, é provável que somente durante e após a 2° Grande
Guerra Mundial, a água de lastro tenha começado a circular em grandes volumes,
dando início à introdução de espécies exóticas por esta via (Carlton et al, 1993).
O transporte de organismos nocivos através do lastro dos navios vem
ocorrendo durante vários séculos. O movimento destas espécies tem sido
desastroso e tem crescido alarmantemente, causando sérios prejuízos aos
ecossistemas marinhos, danos à saúde humana, à biodiversidade, às atividades
pesqueiras e de maricultura, resultando em um problema global, devido ao aumento
do impacto ecológico e econômico em vários ecossistemas.
O tráfego marítimo por ser responsável por cerca de 80% do comércio
mundial, vem contribuindo para a eliminação ou redução das barreiras naturais,
responsáveis pela integridade dos ecossistemas, o que resulta em uma perda da
- 11 -
CAPÍTULO I
A ÁGUA DE LASTRO
Desde a antiguidade, o transporte marítimo representa um meio de
deslocamento de alta relevância. Ao longo dos séculos, este meio de transporte
sofreu várias inovações. Inicialmente as primitivas embarcações eram movidas a
remo e velas e seus cascos eram feitos de madeiras, mas após sucessivas
transformações e especialmente após a Primeira Grande Guerra, com a inovação do
campo tecnológico, ocorreu o surgimento de motores a combustão e a construção
de navios com casco de aço. A capacidade de carga transportada também passou
por evoluções. No século XVIII, as embarcações podiam transportar cerca de 1.000
toneladas, mas atualmente já podemos encontrar navios com capacidade para
transportar 500 mil toneladas. Toda essa evolução resultou em um aumento do
tráfego marítimo com o uso de embarcações maiores e mais rápidas, o que reduziu
o tempo de duração das viagens e intensificou as trocas comerciais. Ao mesmo
tempo, esse avanço contribuiu para o aumento da poluição no ambiente aquático,
além de necessitar de elevado investimento na construção de infra-estrutura
portuária, já que poucos são os portos capacitados para receber navios com 300 mil
toneladas ou mais. No Brasil, um dos principais problemas que afetam o transporte
marítimo é a falta de estrutura e ineficiência na rede portuária que é responsável
pelos grandes congestionamentos e pela deterioração de muitos produtos,
resultando em elevados prejuízos.
O aumento da capacidade de carga transportada levou à exigência de
requisitos de segurança e eficiência operacional, como estabilidade estática e
dinâmica, manobra e governo.
- 12 -
A estabilidade da embarcação é garantida pelo lastro utilizado, quando ela
está totalmente ou parcialmente descarregada. Ele é responsável por assegurar o
equilíbrio do navio, impedindo-o de virar ou afundar quando sujeito a qualquer força
externa, como as ondas e o vento.
Para que o navio realize uma manobra eficiente, é necessário que a sua
hélice encontra-se totalmente submersa. Quando os tanques são cheios com o
lastro, este aumenta o peso da embarcação e conseqüentemente provoca a imersão
da hélice.
O governo diz respeito à capacidade do navio em se manter na rota destinada
a ele, e está diretamente relacionado com a estabilidade e a manobra. Se a
embarcação encontra-se estável e sua hélice encontra-se imersa, ele tenderá a
seguir a sua rota de maneira eficaz.
Quando o navio está carregado, ele encontra-se estável, assim, as forças
externas como as ondas e o vento ao incidirem sobre ele, não poderão causar
nenhum comprometimento a sua estrutura e assim, a segurança da embarcação,
como também da sua tripulação está assegurada. Ao chegar em seu destino final e
entregar a carga, o navio caso não tenha mercadorias para trazer de volta, ele
necessita encher seus porões com um certo peso a fim de garantir a sua
estabilidade, do contrário correrá sérios riscos, pois se encontrará instável e poderá
sofrer impacto da ação do vento e das ondas podendo virar ou afundar.
A fim de garantir a estabilidade da embarcação, quando não está
completamente carregado, o navio depende de um contrapeso, o lastro, em seus
tanques para manter a estabilidade e a integridade estrutural. Durante séculos
utilizavam-se lastros sólidos na forma de pedras, areias e metais, mas após o século
- 13 -
XIX passou-se a utilizar a água do mar como elemento equilibrador, o que tornou o
procedimento mais econômico e eficiente que os usados anteriormente. A grande
desvantagem da utilização de lastros sólidos era a instabilidade causada aos navios,
especialmente no movimento de embarque e desembarque da carga nos portos,
além do alto tempo gasto para encher os porões e de trazer riscos para a vida da
tripulação.
A água de lastro é a água captada nos oceanos e armazenada em tanques
nos porões das embarcações. Esses tanques são carregados com a água do porto
ou do litoral em que se encontram e após a viagem, essa água é descarregada no
litoral ou porto da escala seguinte. Seu uso tem o propósito de dar estabilidade aos
navios quando eles estão navegando sem carga. Sem o lastro, os navios correm
sérios riscos de ter a sua estrutura danificada ou até mesmo afundar em alto mar.
Portanto, o peso do lastro compensa a ausência de carga, regulando a estabilidade
e mantendo a tripulação em segurança. O uso do lastro é imprescindível à
navegação, podendo representar até 50% do total de carga da embarcação.
Os navios bem antigos utilizavam os mesmos porões para carga e para o
lastro. Assim depois de descarregados, a tripulação deveria limpar todo o porão e
secá-lo, dependendo da carga transportada, antes de encher com o lastro, o que
resultava em um grande tempo gasto com todo esse processo. Com o avanço
tecnológico, os navios passaram a ser construído com porões específicos para carga
e para a água de lastro. Além de possuírem um dinâmico sistema de capitação de
água, que apresenta um sistema de bombas, válvulas, controles e tubulações que
atuam na distribuição de água em seus tanques.
O navio, no momento em que descarrega sua carga em seu local de destino,
e não há carga para retornar, simultaneamente bombeia água para dentro de seus
- 14 -
tanques, a fim de garantir a estabilidade. No processo de carregamento, ocorre o
inverso, a água é lançada ao mar. Esse procedimento de lastreamento e
deslastreamento via água de lastro, garante a estabilidade e integridade da
embarcação.
A utilização da água de lastro permitiu uma maior facilidade no processo de
lastrear e deslastrear o navio, entretanto, trouxe graves prejuízos ecológicos,
econômicos e também para a saúde da população, pois juntamente com a água de
lastro e com os sedimentos nela existente, são transportados diversos organismos
da fauna marinha, como bactérias, vírus, protozoários, fungos, algas, cistos, larvas,
pequenos invertebrados e peixes. Essas espécies são transportadas de um lado
para outro do mundo, na coluna d’água, associado aos sedimentos e aderidos na
parede dos tanques. Pelo menos 7.000 organismos marinhos são transportados
diariamente na água de lastro de navios e a maioria deles pertence ao plâncton
(Silva, 2002). A disseminação de tais espécies tem gerado impactos ambientais,
sócio-econômicos e a saúde humana em todo o mundo, especialmente a partir da
década de 1970 (IMO 1997).
No Brasil, o processo de introdução de espécies em ambientes onde antes
não existiam anteriormente conhecido como bioinvasão, ocorre há séculos. O
primeiro registro data da época do Descobrimento, com o tráfico de escravos, aonde
os navios originários do continente europeu e africano que aqui chegavam traziam
em seus cascos inúmeras espécies incrustadas. Nessa época, essas incrustações já
poderiam ser classificadas como principais responsáveis pelas introduções de
organismos invasores no litoral brasileiro. Espécies como o mexilhão Perna perna, o
vibrião da cólera Vibrio cholerae e a ascídia Styela plicata são exemplos de
organismos invasores introduzidos nesse período.
- 15 -
Durante o século XX, com os avanços econômicos e tecnológicos ocorridos
no Brasil e no mundo, resultando no aumento do comércio marítimo e a utilização da
água de lastro nas embarcações, ocorreu uma intensificação das bioinvasões
aquáticas que anteriormente já ocorriam via incrustação nos cascos de navios.
Algumas espécies invasoras se tornaram verdadeiras pragas em países
distantes do seu habitat natural, podendo causar um desequilíbrio na biota local,
além de causar prejuízos na pesca, aquicultura e outras atividades econômicas
quando encontram um ambiente com condições favoráveis à sua sobrevivência e
livre de predadores naturais. Embora haja outros vetores responsáveis pela
transferência de espécies marinhas entre os diferentes ecossistemas aquáticos, a
água de lastro se destaca como uma das vias mais importantes.
Incrustações nos cascos dos navios, materiais sólidos flutuantes como
madeira, plástico, borracha, isopores e materiais orgânicos variados, também são
responsáveis pela dispersão dos organismos invasores. Muitas espécies de vida
marinha como briozoários, cracas e poliquetas, hidrozoários e moluscos utilizam
esses objetos como casas, o que aumenta a sua disseminação. Recentemente com
o aumento da produção de lixo humano, especialmente o plástico, o problema se
agravou bastante. Segundo Barnes, a propagação de espécies devido ao lixo
humano dobrou nos subtrópicos e triplicou nas latitudes maiores que 50°. Espécies
de animais epibiontes, simbiontes ou parasitas que vivem em associação com outros
organismos também servem como via para a bioinvasão marinha.
Atualmente, estima-se que cerca de dez bilhões de toneladas de água são
transportadas anualmente em todo o mundo. Um mesmo navio pode carregar cerca
de três mil espécies de plantas e animais em uma única viagem (Carlton & Geller,
1993). Vários estudos revelam que mais de 50.000 espécies de zooplâncton e de 10
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milhões de células de fitoplâncton podem ser encontradas em um metro cúbico de
água de lastro (Subba Rao et al, 1994) e mais de 22.500 cistos foram encontrados
em sedimentos de tanques de lastro durante estudos na Austrália.
A intensificação do tráfego marítimo devido ao aumento da capacidade de
transporte, além da periodicidade das viagens e à diversidade de rotas permitiu que
a navegação fosse considerada o mecanismo mais eficiente de dispersão de
espécies marinhas e de água doce.
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CAPÍTULO II
IMPACTOS DA BIOINVASÃO AQUÁTICA
Com a intensificação do transporte de espécies exóticas, centenas de
espécies se tornaram cosmopolitas, mostrando que o fenômeno de bioinvasão é a
maior causa da perda da diversidade do mundo. A introdução de espécies nativas
de outras regiões, resultam em grandes impactos sobre a biodiversidade dos
ecossistemas marinhos. Além do ecossistema marinho, o ambiente de água doce
também sofre com a invasão das espécies exóticas. A transferência de espécies de
água doce de uma bacia hidrográfica para outra pode ocasionar um grande dano,
ainda que no mesmo continente. Os peixes amazônicos, especialmente o tucunaré
(Cichla sp.) estão entre as espécies mais introduzidas em outras bacias
hidrográficas no Brasil. De acordo com Agostinho et al na bacia do Paraná, os
peixes da Amazônia alcançam maior sucesso.
A bioinvasão causada pelas atividades antropogênicas é o grande
responsável pela disseminação das espécies invasoras e homogeneização da flora
e fauna do ambiente aquático. No entanto, de acordo com estudos da biogeografia
pode-se observar que a distribuição atual de diversas espécies está relacionada com
fatores geológicos. O surgimento e o desaparecimento de barreiras físicas está
associado com as mudanças na configuração dos oceanos e continentes durante o
tempo geológico, assim, o processo de bioinvasão é um fenômeno esperado e
freqüente em todo o globo terrestre e não apenas de origem humana.
A dispersão de espécies invasoras representa na atualidade um problema
global que afeta não só a biodiversidade do planeta, como também gera prejuízos
para economia e saúde da população.
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1. Risco ambiental
A água de lastro representa um dos maiores causadores de desequilíbrio no
ecossistema marinho. Os navios ao encherem seus tanques com o lastro
armazenam junto com a água os sedimentos por ele transportados, diferentes
espécies de organismos como peixes, algas, mariscos e outros invertebrados,
bactérias, vírus, além de ovos, cistos e larvas que pertencem ao local de onde a
água foi retirada. O tamanho desses organismos varia de milímetros até peixes de
30 cm. A água de lastro ao ser devolvida ao mar, transporta juntamente com ela
inúmeras espécies de organismos que apresentam características naturais de seu
lugar de origem e, portanto, totalmente diferentes do ambiente em que são
depositados, gerando um elevado risco para a diversidade do ambiente marinho
além de trazer riscos para a saúde da população humana.
Os tanques para armazenamento da água de lastro, geralmente são locais
desprovidos de luz, ventilação, apresenta pouco oxigênio além de não receberem a
luz solar. Assim, estima-se que pelo menos 90% das espécies ali existentes morrem
durante a viagem, no entanto, algumas espécies conseguem resistir às longas
viagens nessas condições adversas e acabam se tornando invasoras no novo
ambiente, oferecendo riscos para a população nativa (Endresen et al. 2004; Carlton
1985, Carlton 1996; Fernandes et al. 2007).
O transporte e a introdução de organismos em diferentes ambientes ocorre há
vários séculos e atualmente tem crescido alarmantemente na medida em que o
transporte marítimo internacional é responsável por aproximadamente 80% do
comércio mundial. No Brasil, são transportados por via marítima cerca de 95% de
todo o comércio exterior (Julieta et al, 2002). A transferência de espécies nocivas
- 19 -
através da água de lastro causa graves danos aos ecossistemas marinhos, prejuízos
à saúde humana, à biodiversidade, às atividades pesqueiras e de maricultura,
resultando em um problema de escala global, em virtude do aumento do impacto
ecológico e econômico em vários ecossistemas.
Essa prática vem contribuindo para dispersão de espécies exóticas e
conseqüentemente a homogeneização da flora e fauna em todo o mundo, pois
aumentam a eliminação ou redução de barreiras naturais, originadas pela história
geológica e biológica da Terra, responsáveis pela manutenção da integridade dos
ecossistemas.
Uma espécie exótica ou invasora é considerada qualquer organismo que se
encontre em um ambiente onde antes não ocorria naturalmente, ou seja, não é
nativa, e consegue se reproduzir e estabelecer uma população reprodutora no local,
tornando-se uma ameaça para o funcionamento do ecossistema nativo. Ela pode ser
introduzida por forma intencional (para cultura) ou acidental (via água de lastro ou
incrustada no casco de navios).
A transferência de espécies nocivas através do lastro para um novo ambiente,
constitui um risco ambiental e econômico, pois essas espécies ao encontrarem um
ambiente favorável às suas características e livres de predadores, parasitas e
competidores naturais conseguem se estabelecer podendo atingir elevada
densidade populacional. Uma vez estabelecidos, raramente serão eliminados
(Carlton, 1985).
Vários fatores são necessários para que um organismo consiga se
estabelecer em um determinado ambiente, os mais importantes são as
características biológicas das espécies e as condições do meio ambiente para onde
elas estão sendo transferidas, entre os quais destacamos o clima, a competição com
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as espécies nativas, a disponibilidade de alimento e o número de indivíduos
introduzidos. Os portos de carga e descarga que apresentam características
ambientais semelhantes potencializam o risco de introdução de espécies invasoras,
além disso, suas águas portuárias são ricas em microrganismos o que também
facilita a dispersão das espécies invasoras. Ações como dragagens, drenagens,
canalizações que alteram e provocam danos ao ambiente ou o regime hidrográfico
também favorece a sobrevivência das espécies introduzidas, gerando novas
oportunidades para seu estabelecimento.
Após sua instalação, as espécies exóticas podem acarretar mudanças no
funcionamento da biota invadida, podendo levar a extinção de espécies nativas,
gerando prejuízo à comunidade local, além de causar doenças de transmissão
hídrica. Outra conseqüência grave está relacionada ao cruzamento da espécie
invasora com a espécie nativa promovendo mudanças na genética da população
local (Silva, 2002).
A redução ou o desaparecimento de espécies nativas causada pela
introdução de espécies invasoras pode provocar um dano ambiental de caráter
imensurável, na medida em que o organismo extinto fazia parte de uma cadeia
alimentar. Assim, a supressão de determinada espécie afeta outros organismos
dependentes da espécie eliminada, o que altera todo o funcionamento das relações
tróficas da cadeia alimentar.
2. Impacto econômico
A disseminação das espécies invasoras representa uma grande ameaça as
atividades econômicas como pesca, geração de energia e abastecimento de água.
- 21 -
Essas espécies ao serem transportadas para um novo habitat com ausência de
predadores, se reproduzem rapidamente, alcançando elevada densidade
populacional. Há vários casos registrados de bioinvasão através da água de lastro,
entre os quais podemos destacar a invasão do mexilhão-zebra europeu Dreissena
polymorpha nos EUA, que infestou 40% das vias navegáveis onde se estima que
resultaram em um prejuízo de cerca de U$$ 10 milhões para os cofres americanos.
Avalia-se que somente os Estados Unidos tem prejuízo de 138 milhões de dólares
por ano gastos com medidas de controle desses organismos.
No Brasil, o caso que merece grande destaque foi a introdução do
Limnoperna fortunei, um bivalve asiático conhecido como mexilhão dourado. Essa
espécie vem se expandindo de forma alarmante por todo o mundo, e é responsável
por grandes prejuízos econômicos, pois sua disseminação próximo as usinas
hidrelétricas altera o funcionamento das mesmas.
3. Impacto na saúde pública
O transporte de espécies exóticas gera problemas na saúde pública da
população, pois a água de lastro carrega juntamente com ela agentes patogênicos
altamente nocivos à saúde, como o vibrião da cólera e coliformes fecais, entre
outros, e esse risco é aumentado quando os navios recolhem o lastro em locais
próximos onde há despejo de esgoto. No entanto muitos desses organismos não
conseguem sobreviver à viagem em um ambiente inóspito dentro dos tanques de
lastro, porém alguns organismos resistem às baixas condições existentes e
conseguem se reproduzir como foi o caso do Vibre Cholerae (ANVISA, 2003).
- 22 -
Em 2002, a ANVISA realizou um estudo exploratório em alguns portos
brasileiros a fim de identificar as espécies patogênicas presentes na água de lastro.
Foi detectada a presença de coliformes fecais, Escherichia coli, enterococos fecais,
Clostridium perfrigens, colifagos e Vibrio cholerae, o que evidenciou a água de lastro
como um veiculador de risco epidemiológico.
A cólera surgiu na América Latina no ano de 1991 e desde então já causou
milhares de mortes. No Brasil, o maior número de casos ocorreu nos anos de 1993
e 1994. Estudos científicos revelam que os primeiros casos da doença ocorreram na
região costeira dos portos, apontando que o surto ocorrido teria sido provocado pelo
transporte da água de lastro oriunda de áreas endêmicas.
4. Principais espécies invasoras
Em todo o mundo, já foram registrados vários casos de bioinvasão bem
sucedida, e entre os quais podemos destacar:
• O mexilhão zebra, Dreissena polymorpha, nativo da Europa, se estabeleceu nos
Grandes Lagos, ao norte dos Estados Unidos e ocupa cerca de 40% dos rios
americanos de norte a sul do país, provocando prejuízo de milhões de dólares por
ano com a remoção da incrustação e controle (Gauthier & Stell, 1996).
• A estrela-do-mar, Asterias amurensis e os dinoflagelados tóxicos do gênero
Gymnodinium e Alexandrinium, originários do Japão, invadiram a Austrália causando
prejuízos na pesca a aquicultura industrial (Hallegraef & Bolch, 1991).
- 23 -
• O ctenóforo, Mnemiopsis leidy, endêmico do Atlântico Norte Americano, foi
registrado em 1982 nos mares Negro e Azov. Após o seu estabelecimento, essa
espécie alcançou elevada densidade e causou a extinção da população de
ctenóforos nativa, além da redução das espécies de peixes enchova e espada na
região (Gesamp, 1997). Em 1992, foi detectada a presença desta espécie invasora
no mar Mediterrâneo.
• Em 1961, foi registrada uma epidemia de cólera na Indonésia a qual completou seu
ciclo global em 1991. Acredita-se que essa espécie tenha sido introduzida na
América do Sul através do tráfego marítimo. Em 1991 e 1992, o V. cholerae foi
detectado nos Estados Unidos, em água de lastro de navios oriundos da América do
Sul, que apresentavam salinidades variadas, mostrando a sua habilidade de resistir
em meio ambiente estuarino e marinho (McCarthy & Khambaty, 1994).
• A alga Caulerpa taxifolia oriunda dos oceanos Pacífico e Atlântico tropical e do mar
Vermelho, foi introduzida acidentalmente no mar mediterrâneo e sua distribuição
ocorreu através de barcos e navios domésticos. Essa alga já foi documentada na
Espanha, França, Itália e mar Adriático, e é responsável por eliminar as algas
nativas, limitando o hábitat de larvas de peixes e invertebrados, comprometendo sua
sobrevivência (Meinesz & Boudouresque, 1996).
No Brasil, o caso mais conhecido e bem sucedido de invasão foi do Mexilhão
dourado (Limnoperna fortunei), bivalve asiático, encontrado em 1998, no Lago
Guaíba, afluente da Lagoa dos Patos no Rio Grande do Sul (Mansur et al 2003).
Esta espécie, segundo Darrigran (1997), por apresentar elevado poder reprodutivo,
- 24 -
falta de predadores naturais e grande capacidade de aderência, alcança
rapidamente grandes densidades. Esse mexilhão se tornou uma verdadeira praga
no Brasil e em toda América do Sul. Após alcançar o estuário do Rio da Prata, ele se
proliferou rapidamente para trechos superiores da Bacia do rio Paraná, chegando
aos grandes rios. Sua presença foi detectada na Usina de Itaipu no ano de 2001, e
em 2002, foi encontrado nas usinas hidrelétricas de Porto Primavera e Sérgio Motta
à jusante do rio Paraná em São Paulo.
O impacto causado pelo mexilhão dourado é bastante abrangente, pois além
do risco ambiental causado pela sua capacidade de exterminar as espécies nativas,
prejudicando a pesca e conseqüentemente promover o desequilíbrio do
ecossistema, ele é responsável pelo entupimento de tubulações, de filtros de usinas
hidrelétricas e de bombas de aspiração de água. Os custos para a manutenção e
limpeza das estruturas da hidrelétrica atacadas pelo mexilhão são elevados e o
aumento do custo operacional das usinas é repassado, direto ou indiretamente para
todos os brasileiros.
Além da invasão do Limnoperna fortunei, outras espécies exóticas podem ser
encontradas no nosso território como os crustáceos Pyromaia tuberculata, Scylla
serrata, Charybdis hellerii e outras espécies de decápodes que foram introduzidas
em áreas com grande fluxo de embarcações; o bivalve Isognomon bicolor e duas
espécies de coral, Stereoneophthya aff. Curvata e Tubastrea coccínea foram
registrados em Cabo Frio e na Baía da Ilha Grande.
A ocorrência de espécies de algas microscópicas exóticas causadoras de
floração, tem sido registradas em vários países. Essas microalgas se reproduzem
rapidamente e alcançam elevadas densidades. Além de reduzirem drasticamente a
concentração de oxigênio na água e conseqüentemente, a sobrevivência das
- 25 -
espécies, elas produzem substâncias tóxicas capazes de exterminar diversos
organismos marinhos. Organismos marinhos filtradores como os mariscos, são mais
suscetíveis as contaminações e há registros que o consumo desses mariscos
contaminados podem causar formigamento e entorpecimento dos lábios, boca e
dedos, além de dificuldade de respiração, paralisia e até a morte (IMO).
No Brasil e no mundo, há registros de outras inúmeras espécies invasoras e
estima-se que os impactos causados por elas, segundo a IMO, continuam em ritmo
acelerado, com novas invasões acontecendo em todo momento. A Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA) promove desde 2001, um estudo que informa a
proporção do risco exposto pela água de lastro, além de monitorar e controlar a
qualidade da água de lastro dos navios, onde os funcionários da embarcação devem
informar onde a água foi coletada e onde foi descarregada.
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CAPÍTULO III
CONTROLE E GESTÃO DA ÁGUA DE LASTRO
Diante do conhecimento acerca dos problemas ambientais causados pela
água de lastro, diversos países se uniram a fim de buscar uma solução para a
questão da bioinvasão. No Brasil, programas de controle e combate às espécies
invasoras ainda são escassos, pois necessitam de elevados investimentos
financeiros.
1. Aspectos Legais
1.1. Principais Ações Internacionais
Devido os riscos causados pela água de lastro na biota marinha, vários
países tem se empenhado na busca de soluções para minimizar tal problema. Desde
1948, a Organização Marítima Internacional – IMO, Agência Especializada das
Nações Unidas (ONU), regulamenta o transporte e as atividades marítimas com
relação à segurança e a preservação do meio ambiente. Suas principais
responsabilidades estão relacionadas com a segurança da navegação; facilitação do
comércio marítimo; à prevenção da poluição do mar por navios; e aos regimes de
compensação por danos, tem promovido grandes esforços para minimizar a
disseminação das espécies invasoras por meio da água de lastro (IMO, 2006).
- 27 -
Dentre as principais convenções da IMO destaca-se a Convenção
Internacional para Salvaguarda da Vida Humana no Mar (SOLAS) e a Convenção
Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios (MARPOL).
Em 1982, a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar,
estabelecia que os estados deveriam se prevenir contra a introdução de espécies
exóticas capazes de prejudicar o funcionamento do ambiente marinho.
Em 1991, o Comitê de Proteção ao Meio Ambiente Marinho (MEPC) da IMO
adotou medidas para a prevenção da introdução de espécies exóticas transportadas
pela água de lastro. No ano seguinte, em 1992, a IMO, em virtude da solicitação da
Conferência de Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
(UNCED), buscou a definição de regras adequadas para evitar a dispersão de
organismos aquáticos não nativos através do transporte via água de lastro. Em
seguida, no ano de 1993, foram adotadas Diretrizes para o controle e gerenciamento
da água de lastro de navios para reduzir a transferência de organismos aquáticos
nocivos e patogênicos (CARTA DA TERRA, 1993). O melhoramento destas
diretrizes ocorreu em 1997, através da publicação da Resolução A.868(20) – IMO
“Diretrizes para Controle e Gerenciamento da Água de Lastro de Navios para
Minimizar a Transferência de Organismos Aquáticos Nocivos e Patogênicos”,
documento que aconselhou a adoção de varias medidas de gestão e controle da
água de lastro, que dentre as quais destacam-se:
- Durante o lastreamento, os navios devem evitar áreas portuárias onde se
tem informação da presença de populações de organismos nocivos.
- As embarcações devem realizar com regularidade a limpeza e remoção dos
sedimentos acumulados nos tanques de lastro.
- 28 -
- Evitar a descarga desnecessária do lastro e quando a troca for
imprescindível, deverá ser feita em alto mar, pois os organismos que vivem próximos
à costa (inclusive portos e estuários) geralmente não conseguem sobreviver às
condições do meio oceânico e as espécies oceânicas não conseguem sobreviver em
água costeiras devido as diferentes características ambientais que possuem.
O objetivo dessas Diretrizes elaboradas sob orientação técnica e científica, é auxiliar
as autoridades e governos relacionados com o problema gerado pela água de lastro,
os comandantes de navios, os operadores e armadores, as autoridades portuárias e
outros órgãos interessados, a reduzir os riscos causados pela introdução de
espécies aquáticas nocivas e patogênicas, oriundas da água de lastro e dos
sedimentos nela presentes, assim como proteger a segurança das embarcações.
Elas são destinadas aos Estados Membros, podendo ser aplicadas a todos os
navios, embora uma autoridade do Estado do Porto poderá determinar até que ponto
elas serão aplicáveis.
De acordo com a Resolução A.868(20), todo navio que fizer uso da água de
lastro deverá conter um plano para o seu gerenciamento com o objetivo de fornecer
procedimentos seguros e eficazes. O navio ao chegar ao local de destino é obrigado
a apresentar a documentação e certificação de que os procedimentos para a troca
do lastro foram feitos corretamente. Esse documento deverá ser incluso na
documentação operacional do navio e deverá estar disponível para a autoridade do
Estado do Porto. Os Estados do Porto deverão informar aos responsáveis pelo
navio, as áreas onde poderá ocorrer a descarga e o recolhimento de água de lastro
e também onde esta troca não poderá ser realizada. As áreas e as situações em que
o recebimento e a descarga de água de lastro devem ser restrito, a um mínimo, são
aquelas caracterizadas por apresentarem registros de organismos considerados
- 29 -
nocivos e patogênicos, locais onde há presença de floração dede fitoplâncton, áreas
com descarga de esgoto sanitário e dragagens nas proximidades, áreas em que a
corrente de maré acarreta turbilhonamento de sedimentos, em águas muito rasas
em que a hélice possa levantar os sedimentos e durante a noite, quando os
organismos que vivem em regiões mais profundas são trazidos a superfície pela
coluna d’água em busca de alimentos.
Em 2000, houve a criação do Programa Global de Gerenciamento de Água de
Lastro – GLOBALLAST, que tem como principal objetivo apoiar os países em
desenvolvimento, no trato do problema de água de lastro com recursos provenientes
do Fundo para o Meio Ambiente Mundial (GEF), repassados por intermédio do
Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (UNDP). O projeto tem como
finalidade ajudar os países em desenvolvimento a implementar as medidas previstas
na Resolução A.868 (20) – “Diretrizes para o Controle e Gerenciamento da Água de
Lastro dos Navios para Minimizar a Transferência de Organismos Aquáticos Nocivos
e Agentes Patogênicos” e assim reduzir a transferência de organismos marinhos via
água de lastro dos navios. No Brasil, esse projeto foi coordenado pelo Ministério do
Meio Ambiente, por meio do Projeto de Gestão Integrada dos Ambientes Costeiro e
Marinho (PGT/GERCOM) que busca diretrizes e padrões de levantamento e
monitoramento de organismos invasores na costa brasileira, e auxiliado por um
assistente técnico, contratado pela IMO além de contar com ao apoio técnico e
institucional do instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira. O objetivo deste
programa foi avaliar a qualidade da água de lastro de seis portos distribuídos pelo
mundo, sendo Sepetiba – Brasil, Dalian – China, Bombaim – Índia, Ilha Kharg – Irã,
Saldanha - África do Sul e Odessa – Ucrânia.
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As atividades realizadas no âmbito da GloBallast incluem: educação e
conscientização, avaliação do risco associado a água de lastro, amostragem da
água de lastro, levantamento da biodiversidade na área de influência do porto,
treinamento de funcionários dos portos e dos navios, assistência técnica na
elaboração de leis e regulamentos, mecanismos de financiamento, pois os locais
iniciais de demonstração serão replicados em cada região à medida que o programa
se desenvolva.
Por fim, no ano de 2004, após quatorze anos de difíceis negociações entre a
IMO, países membros, armadores e ONG’s dando origem a Convenção
Internacional para o Controle e Gerenciamento de Água de Lastro de Navios e
Sedimentos – CALS, que ratifica a resolução A.868(20) – IMO, onde as partes
contratantes se comprometem a utilizar medidas de prevenção, redução ou mesmo
eliminação de espécies nocivas através do controle e gestão da água de lastro dos
navios e dos sedimentos nele presente. As partes também ficam comprometidas em
oferecer instalações adequadas para a recepção e destinação segura dos
sedimentos; promoverem e cooperarem com a pesquisa científica sobre a gestão de
água de lastro; realizar vistorias e certificação nos navios, não permitindo, porém,
que as embarcações sejam indevidamente detidas e sofram atrasos em sua agenda
comercial. Fica determinado também, que além das embarcações realizarem a troca
da água de lastro em alto mar com no mínimo 200 milhas da costa e 200m de
profundidade (Pereira & Brinati, 2008), todos os navios tem até 2016 para implantar
um sistema de tratamento de água de lastro à bordo.
1.2. Ações adotadas no Brasil
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No Brasil, há muitos anos se tem conhecimento do problema gerado pelo
processo da bioinvasão, no entanto, somente após a assinatura da Convenção
sobre a Diversidade Biológica em junho de 1992 durante a Conferência das Nações
Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) e após a mesma ser
ratificada em fevereiro de 1994, foi que esse assunto começou a receber a devida
atenção. A CNUMAD, através da Agenda 21 (conjunto de princípios e programa de
ação de desenvolvimento sustentável estabelecido para o século 21), recomendou
que a IMO e outros órgão internacionais tomassem providências a respeito da
transferência de organismos pelas embarcações.
Em 2001, o país deu início a sua participação no Programa Global de
Gerenciamento de Água de Lastro (GloBallast). No dia 20 de fevereiro de 2002 foi
publicado o Decreto n°. 4.136, que dispõe sobre a aplicação de sanções nos casos
de infrações às regras de prevenção, controle e fiscalização da poluição causada
por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas em águas sob jurisdição
nacional, já prevista na Lei n. 9.966, de 28 de abril de 2000. Durante os anos de
2001 e 2002, o Ministério do Meio Ambiente realizou um estudo para identificação
das espécies de fitoplâncton, o qual confirmou a presença de organismos invasores.
No ano de 2002, a Conferência sobre desenvolvimento sustentável, também
conhecida como Cúpula da Terra e Rio +10 reafirmou o compromisso da agenda 21
no sentido de inibir a disseminação das espécies exóticas via água de lastro e
solicitou a IMO, urgência em apressar a aprovação de uma convenção internacional
sobre o assunto. Diversos países tomaram a iniciativa e estabeleceram normas
nacionais contra a invasão de espécies exóticas. No entanto, segundo a IMO, a
forma mais eficaz de combater esse problema é a implementação de medidas que
sejam cumpridas a nível internacional.
- 32 -
Medida que impedem totalmente o transporte de organismos invasores ainda
é desconhecida, porém entre as possíveis soluções apresentadas, a que mais se
destaca é a troca da água de lastro em alto mar. De acordo com a IMO, este método
é apresentado como o mais eficaz e considerado como referencia internacional.
Em seguida, no ano de 2003 foi criado uma Força Tarefa Nacional para o
controle de espécies exóticas, onde foram feitas recomendações de pinturas das
embarcações com tintas antiincrustantes e limpeza dos navios. A Diretoria de Portos
e Costas (DPC), baseada na Lei n°. 9.537/97 colocou em vigor a Norma da
Autoridade Marítima para o Gerenciamento da Água de Lastro de Navios (NORMAN
20/DPC), voltada para a preservação do meio ambiente marinho (Brasil, 1998).
Em 15 de outubro de 2005, entrou em vigor a primeira regulamentação
nacional para tratar do problema gerado pela água de lastro denominada NORMAN
20/DPC – Norma da Autoridade Marítima (Diretoria de Portos e Costas, do Comando
da Marinha) para o Gerenciamento da Água de Lastro de Navios, que estabelece
que todas as embarcações devem realizar a troca da água de lastro a 200 milhas
náuticas da costa antes de entrar em um porto brasileiro, seguindo os mesmos
parâmetros estabelecidos pela CALS.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) junto com a Capitania
dos Portos tem atuado na fiscalização dos portos de acordo com as orientações
impostas pelo Programa Global de Gerenciamento de Água de Lastro (GloBallast)
de modo a evitar a entrada de doenças transmissíveis através das espécies exóticas
via água de lastro. Em 2001, ela publicou a Resolução RDC-nº217 a qual exige que
as embarcações, ao chegarem no porto, devem entregar à autoridade sanitária do
Porto de Controle Sanitário um formulário para informações sobre água de lastro, e
determina que os navios que captarem água de lastro em áreas consideradas de
- 33 -
risco à saúde publica e ao meio ambiente deverão ser inspecionados. Neste
formulário deverá estar registrado entre outras, as datas do carregamento ou
descarregamento, a posição geográfica do local, temperatura, salinidade,
quantidade de água recebida ou descarregada.
No Brasil, são várias as instituições que atuam na questão da água de lastro,
mas as principais são: Ministério do Meio Ambiente (MMA) – Instituto do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA); Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) – Ministério da Saúde; Diretoria de portos e Costas
(DPC), do Comando da Marinha (Marinha do Brasil), responsável pela coordenação
de estudos e ações; Agência Nacional dos Transportes Aquaviários (ANTAQ) –
Ministério dos Transportes; Petróleo Brasileiro S.A. (PETROBRÁS).
2. Métodos de controle e prevenção da água de lastro
Para qualquer método de tratamento que venha a ser utilizado deverão
obedecer as seguintes regras: ser seguro, prático, ambientalmente aceitável, baixo
custo e tecnicamente exequível. No entanto, não existe ainda um método totalmente
eficaz, pois os grandes volumes de água transportados pelos navios, as elevadas
taxas de fluxo, a diversidade de organismos e o baixo tempo de residência da água
no tanque, representam grandes dificuldades para o sucesso do tratamento.
A troca de lastro em alto mar representa o método mais efetivo no combate a
proliferação dos organismos invasores, porém dependendo do tipo do navio, da
carga transportada pelo mesmo, das condições climáticas e marítimas, essa
atividade pode não ser considerada segura e pode assim comprometer a estrutura
da embarcação.
- 34 -
De acordo com a Sociedade Brasileira de Engenharia Naval (SOBENA), os
métodos mais utilizados para a realização da troca do lastro em alto mar são:
- Método de deslastro total e carregamento de lastro subseqüente
Representa o método mais eficaz de troca de lastro, onde todo o conteúdo do
tanque da embarcação é praticamente eliminado por completo. No entanto, ele traz
riscos para a estabilidade do navio e para a segurança da tripulação, pois a
embarcação descarrega toda a sua água de lastro para em seguida carregá-la
novamente.
- Método de fluxo contínuo
Neste, os tanques não são completamente esvaziados durante a troca, na
medida que os tanques são esvaziados a água é captada para o interior do
compartimento. este método é mais eficaz que o citado acima, pois as condições de
estabilidade são mantidas. A desvantagem deste método, é que a tripulação fica em
contato com a água contaminada e assim são expostos a várias doenças.
- Método de transbordamento
Neste método a água é bombeada durante um determinado tempo para que
haja um transbordamento da água dos tanques. Este método é semelhante ao do
fluxo contínuo, no entanto as espécies que se encontram no fundo dos tanques não
são eliminadas.
- Método brasileiro de diluição
- 35 -
Método desenvolvido por engenheiros navais da Petrobrás, como um sistema
para os navios petroleiros e representa o mais efetivo entre os citados acima. Seu
objetivo é fornecer uma contribuição técnica para a preservação do ecossistema
marinho, a prevenção da poluição e a total segurança do navio e consequentemente
da sua tripulação. A água é captada pelo topo do tanque e descarregada
simultaneamente pelo fundo do tanque de lastro com a mesma vazão. A principal
vantagem deste método é a garantia da estabilidade da embarcação no momento da
troca, além disso, os tripulantes não são expostos à água a ser trocada, não
comprometendo assim a sua saúde. Durante uma reunião do Comitê de Proteção ao
Meio Ambiente Marinho (MEPC), o Método de Diluição Brasileiro foi incluído como o
método de troca alternativo referente ao gerenciamento da água de lastro (SOBENA,
1999).
2.1. Opções de tratamento a bordo do navio
De acordo com a IMO, o controle e tratamento da água de lastro é bastante
complexo, envolvendo diferentes aspectos técnicos e legais e dificilmente um único
tratamento preventivo será eficaz.
Inúmeros métodos de tratamento para prevenção da disseminação das
espécies exóticas vem sendo testados, além da troca de lastro em alto mar ser a
alternativa mais eficaz e indicada, pode haver a necessidade do uso de métodos
alternativos a serem utilizados a bordo para o controle dos organismos invasores.
Entre eles podemos citar os seguintes tratamentos: filtração, esterelização por
ozônio, aplicação de biocidas oxidantes e não oxidantes, desoxigenação, campos
- 36 -
magnéticos, tratamentos térmico, elétricos, ultravioleta, acústico e biológico e
revestimentos antiaderentes.
3. Medidas de gestão e controle das espécies exóticas
Diferentemente de outras formas de poluição geradas por navios, o problema
da transferência e disseminação de espécies exóticas decorre de uma atividade
inerente a sua operação (Jablonnski & Neto). Atualmente não existem medidas
totalmente eficientes de prevenção. Diante disso, é importante a adoção de medidas
que possam colaborar para o controle e prevenção dos organismos invasores, entre
as quais podemos citar:
• Catalogar as espécies exóticas invasoras identificadas até hoje no Brasil;
• Identificar, avaliar e divulgar os impactos ambientais causados por esses
organismos;
• Realizar estudos que indiquem, quais espécies são mais facilmente introduzidas e
quais poderão se tornar potencialmente prejudiciais;
• Incentivar o desenvolvimento de pesquisa acadêmico-científico que busquem
soluções eficazes no combate a bioinvasão;
• Divulgar atividades e projetos desenvolvidos atualmente no Brasil sobre o assunto;
• Desenvolver um trabalho de educação ambiental a bordo dos navios para
conscientizá-los sobre a importância e necessidade da troca oceânica como medida
preventiva para preservação da biodiversidade;
• Divulgar novos planos de erradicação ou controle de espécies exóticas invasoras;
• Incentivar a publicação de manuais de identificação de espécies que possam
popularizar o conhecimento da sociedade sobre a biodiversidade local, permitindo a
diferenciação das espécies nativas e não nativas;
- 37 -
• Investigar o vetor de introdução das espécies bioinvasoras;
• Inspeção de navios nos portos;
• Esclarecer a importância de uma fiscalização e monitoramento das espécies
exóticas invasoras no âmbito nacional;
• Buscar parcerias para fortalecer mais o combate deste problema;
• Realização de campanhas de esclarecimento juntos as comunidades do entorno;
• Conhecimento da flora e fauna local para a realização do monitoramento
ambiental;
4. Comunicação e Mobilização
Diante de toda esta problemática causada pela invasão de organismos
exóticos através da água de lastro, há uma necessidade urgente de promover uma
divulgação de informações sobre os impactos gerados pela água de lastro no
ecossistema aquático e nas áreas portuárias. Essa iniciativa deverá ser voltada
especialmente para as comunidades que vivem no entorno das áreas portuárias e
também para o público em geral. Foi implementado um Plano de Comunicação que
inclui entre outras medidas, a produção e distribuição de material informativo sobre
as espécies invasoras e seus impactos; incentivar a produção de documentários
para a televisão sobre o assunto “água de lastro” e “espécies exóticas”; divulgação
do assunto em canais populares; inserção do assunto nas atividades escolares;
estimular os pesquisadores a produzir artigos relacionados ao assunto; criar um
informativo a respeito da implementação do Programa Global e de estudos de casos
no Brasil; preparar um material sobre o gerenciamento da água de lastro, voltado
para a educação a bordo dos navios, para a disseminação em companhias de
navegação.
- 38 -
Considerações finais
As invasões biológicas constituem um fenômeno ainda pouco estudado,
porém reconhecido na década de 90 como uma das maiores ameaças à
biodiversidade do planeta.
Os impactos causados pela água de lastro corresponde a umas das mais
severas ameaças ao ecossistema aquático. A adoção de medidas voltadas para o
controle e avaliação da qualidade ambiental é imprescindível, assim como a
integração de políticas intersetoriais, o desenvolvimento de incentivos econômicos e
a utilização de tecnologias limpas (Egler, 2002).
Em resposta aos impactos ambientais provocados pela introdução de
espécies exóticas, a Conferência Internacional das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), que teve sede no Rio de Janeiro, em 1992,
e sua Agenda 21, convocaram a Organização Marítima Internacional (IMO) e outros
órgãos internacionais para se unirem e promoverem soluções para o problema
causado pela água de lastro. Uma das propostas mais consistente na busca de
soluções para o caso pode ser encontrado na Agenda 21, principal documento da
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,
especificamente no capítulo 17, que é de grande relevância, uma vez que o meio
ambiente marinho, inclusive os oceanos e todos os mares, zonas costeiras e
adjacentes, é um componente essencial do sistema que possibilita a existência de
vida sobre a Terra, além das possibilidades que oferece para o uso racional e
desenvolvimento de seus recursos vivos.
- 39 -
Pode-se observar que os esforços promovidos na realização do
gerenciamento dos recursos marinhos e costeiros ainda não têm sido capazes de
atingir o desenvolvimento sustentável (Teles, 2004).
A primeira barreira para a implantação rápida de leis e diretrizes que venham
a regulamentar as descargas de água de lastro é o grande tamanho do nosso
território. A variedade de ecossistemas o a existência de um grande número de
portos dificultam o monitoramento e controle do despejo da água de lastro ao longo
da costa brasileira, permitindo assim a disseminação dos organismos invasores.
Infelizmente, no Brasil ainda são escassos programas de controle e
erradicação de organismos invasores, devido ao alto custo financeiro que esses
programas necessitam e por não terem como garantir que conseguirão recuperar a
integridade biológica dos ecossistemas afetados. No entanto, a realização de ações
imediatas ao problema, podem reduzir os custos e aumentar a chance da obtenção
de êxito no processo de controle e prevenção.
A prevenção é sem dúvida a melhor medida a ser tomada para o controle das
espécies exóticas, visto que quando já estão instaladas, sua erradicação é
praticamente impossível. Porém o maior empecilho para a prevenção é a falta de
conhecimento da população acerca do problema. No Brasil, há uma grande carência
de divulgação global sobre o assunto, o qual na maioria das vezes fica restrito à
sociedade acadêmica, portanto, a necessidade de um maior conhecimento e
conscientização da população é a principal medida a ser tomada para chegar à
solução do problema gerado pelos organismos invasores.
Para obter um melhor entendimento sobre o problema gerado pela invasão
das espécies indesejáveis via água de lastro, é necessário conhecer os riscos aos
quais os países ficam expostos. É imprescindível a realização de estudos que
- 40 -
viabilizem e identifiquem os organismos invasores, assim como a identificação do
ambiente natural mais sensíveis e potencialmente ameaçados.
A gestão ambiental das áreas costeiras deve ter como objetivo a busca pelo
desenvolvimento sustentável, pelas parcerias intersetoriais, é importante garantir
que se adote em todos os níveis uma abordagem integrada e multisetorial das
questões marinhas.
Portanto, é extremamente necessário que tanto a comunidade marítima
internacional como a não marítima, continuem a buscar incessantemente soluções
seguras e viáveis para a questão da bioinvasão via água de lastro. É importante que
cada cidadão, especialmente aqueles que prezam pelo meio ambiente equilibrado,
atuem como difusores, participando da conscientização junto as comunidades,
informando-lhes sobre os impactos que água de lastro pode causar aos
ecossistemas, à saúde da população e à sustentabilidade do país, visto que a
disseminação de informações acerca do problema é primordial para a resolução da
questão.
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