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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
COMO COMBATER O AQUECIMENTO GLOBAL ATRAVÉS DO
REFLORESTAMENTO
Por: Rafael dos Santos Barros
Orientador
Profº: Francisco Carrera
Niterói
2012
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
COMO COMBATER O AQUECIMENTO GLOBAL ATRAVÉS DO
REFLORESTAMENTO
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Gestão Ambiental
Por: Rafael dos Santos Barros
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, aos
amigos e parentes, professores,
colegas de curso e de trabalho pela
força nos momentos difíceis.
4
DEDICATÓRIA
Aos meus pais e minha noiva Marcella
pelo apoio e carinho durante esta jornada.
5
RESUMO
O Aquecimento Global é a atual preocupação mundial. São visíveis e
perceptíveis as mudanças já ocorridas no clima do Planeta. E as medidas
preventivas fazem-se mais do que urgentes. Antes eram apenas uma
especulações mas agora, estudos científicos comprovam que o ser humano
precisa modificar seus hábitos e suas atividades de produção. A existência e
evolução da vida na Terra é diretamente influenciada pela temperatura da
superfície do Planeta. Esta temperatura é resultado da retenção de 65% da
radiação solar que atinge o Globo terrestre. Embora o clima mundial tenha
sempre variado naturalmente, a grande maioria dos cientistas agora acredita
que o aumento das concentrações de “gases de efeito estufa” na atmosfera da
Terra, resultante do crescimento econômico e demográfico nos últimos dois
séculos desde a revolução industrial, está ultrapassando essa variabilidade
natural e provocando uma mudança irreversível do clima. Os principais gases
que compõem o efeito estufa são o dióxido de carbono, metano e óxidos de
nitrogênio.
Os impactos serão negativos, trazendo enormes prejuízos para a
humanidade. A devastação das matas brasileiras principalmente através de
queimadas além de contribuir diretamente para o aquecimento global, trouxe
como conseqüência por exemplo a erosão do solo. Dentre as várias soluções
possíveis, o reflorestamento vem surgindo como uma das maneiras de controle
deste aquecimento global além proteger os rio, o solo e o armazenamento de
carbono da atmosfera.
Palavras-chave: Reflorestamento, Aquecimento Global , Meio Ambiente.
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada foi a investigativa e científica. Os métodos foram:
pesquisas em diversos livros na área ambiental, pesquisas em sites renomados
e confiáveis, artigos científicos, revistas especializadas na área ambiental,
leituras de relatórios, consultas à legislação vigente.
Foram selecionados e pesquisados diversos livros com foco no
problema apresentado e nas possíveis soluções para o aquecimento global. E
feita coleta de dados e resultados em pesquisas.
Confecção de tabelas, busca de gravuras que ilustrassem a
problemática e facilitassem o entendimento do leitor. E resumo e tópicos dos
principais livros que serviram de base para este trabalho.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I – Efeito Estufa 10
Biomas brasileiros 17
Protocolo de Kyoto 20
Créditos de carbono 23
Sequestro de carbono 24
CAPÍTULO II - Aquecimento Global 30
Possíveis causas e conseqüências 34
CAPÍTULO III -
Desmatamento & Reflorestamento 36
A floresta e a água 39
As Leis Ambientais 41
CONCLUSÃO 43
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
WEBGRAFIA 47 ANEXOS 48
ÍNDICE 55
8INTRODUÇÃO
A existência e evolução da vida na Terra é diretamente influenciada pela
temperatura da superfície do Planeta. Esta temperatura é resultado da
retenção de 65% da radiação solar que atinge o Globo Terrestre. O que impede
que esta energia seja totalmente dissipada é a camada de gases existentes na
atmosfera terrestre que atua como uma barreira refletindo esta energia fazendo
com que esta retorne a Terra. (Ministério de Ciências e Tecnologia/MCT-
NovaGerar, 2008).
Apesar do Efeito Estufa ser um fenômeno natural e necessário à
permanência de vida no Planeta Terra, o excesso de emissões de gases,
chamados GEEs aumentaram assustadoramente a retenção de calor na
atmosfera. Com isso, o aparecimento repetido de desastres ambientais e
mudanças climáticas.
Segundo Mello Filho (2006), a crise ambiental é a crise de nosso tempo,
questiona o conhecimento do mundo e se apresenta a nós como um limite no
real para uma reorientação do curso da história do homem. Revelados como os
limites do crescimento populacional, econômico, dos desequilíbrios ecológicos,
das capacidades de sustentação da vida, dos limites da pobreza e
desigualdades de sustentação de vida, dos limites da pobreza e desigualdades
sociais.
Embora o clima mundial tenha sempre variado naturalmente, a grande
maioria dos cientistas agora acredita que o aumento das concentrações de
“gases de efeito estufa” na atmosfera terrestre, resultante do crescimento
demográfico e econômico dos últimos tempos desde de a Revolução Industrial,
está ultrapassando essa variabilidade natural e provocando uma mudança
irreversível do clima.
Em 1995, segundo o Relatório de Avaliação do Painel
Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) confirmou que o “balanço
das evidências sugere que há uma influência humana discernível sobre o clima
global” (Depledge, 2000).
9Diante dos atuais problemas sociais e ambientais gerados
historicamente por uma sucessão de modos e técnicas de produção, são de
extrema relevância iniciativas visando desenvolvimento social e um meio
ambiente saudável para todos, como é obrigação federal citada no artigo 225
da Constituição Federativa do Brasil.
O desmatamento é um dos principais causadores para o aumento na
emissão de gases que contribuem para o efeito estufa, os GEEs. E introdução
da consciência ambiental através da correta gestão ambiental e a aplicação
das leis, juntamente com o reflorestamento, diminuem sensivelmente os efeitos
gerados pelo aquecimento global.
O reflorestamento é uma das medidas cabíveis e possíveis para a
mudança desde quadro tão dramático e emergencial. Porém é necessário um
estudo prévio da região a ser reflorestada para evitar a introdução de espécies
não-nativas. O que comprometeria ainda mais a fauna e flora da região
trabalhada.
10
CAPÍTULO I
EFEITO ESTUFA
O efeito estufa é um fenômeno natural para manter o planeta aquecido e
permitir a permanência de vida no Planeta. O problema é que o aumento da
emissão de gases chamados “gases do efeito estufa” (GEEs) na atmosfera, o
planeta se torna cada vez mais quente. Os principais gases que compõem o
efeito estufa, são:
• Dióxido de carbono (CO2);
• Metano (CH4);
• Óxidos de nitrogênio:
• Óxido nítrico (NO)
• Dióxido de nitrogênio (NO2)
• Óxido nitroso (N2O)
• Trióxido de dinitrogênio (N2O3)
• Tetróxido de nitrogênio (N2O4)
• Pentóxido de dinitrogênio (N2O5)
Como citado acima, ao longo dos anos, principalmente após a
Revolução Industrial, a atividade humana gerou altos índices de emissões
desses gases de Efeito estufa (GEEs), o que vem contribuindo para o aumento
da espessura desta camada de gases, desequilibrando assim o efeito estufa
natural e como conseqüência o clima do planeta Terra (SAGAN, 1982).
É preciso salientar que os países desenvolvidos, em função do seu parque
industrial muito desenvolvido, são os maiores contribuintes para o aumento
deste desequilíbrio, como pode ser visto na Tabela 1 da classificação dos
maiores responsáveis pelas emissões de CO2. Nesta tabela o Brasil encontra-
se na 21ª posição em 1994 (Ministério da Ciência e Tecnologia/MCT –
Protocolo de Kyoto/2008). Mais tarde notaremos que esta posição não
11considera as diversas formas de desmatamento pois 75% das emissões
brasileiras estão ligadas a esta atividade criminosa (WWF – Mudanças
Climáticas, 2008).
Tabela 1: Ranking dos maiores responsáveis pelas emissões totais de
CO2 provenientes das indústrias e produção e uso da energia.
País Ranking 1994 Ranking 1950 Estados Unidos 1º 1º
China 2º 10º Rússia 3º 2º Japão 4º 9º Índia 5º 13º
Alemanha 6º 3º Reino Unido 7º 4º Canadá 8º 7º Ucrânia 9º 2º Itália 10º 17º México 11º 20º Polônia 12º 8º
Coréia do Sul 13º 58º França 14º 5º
África do Sul 15º 14º Fonte: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Ministério da Ciência e Tecnologia – MTC (1999).
Desde a Revolução Industrial, houve uma alta na concentração dos
gases do efeito estufa, a concentração de dióxido de carbono por exemplo
passou de 285 ppm para 366 ppm. Entre 1859 e 1998, foram liberados para a
atmosfera em torno de 405+60 Gt. De carbono, cerca de ¾ das emissões
antropogênicas de dióxido de carbono para a atmosfera nos últimos 20 anos
são decorrentes da queimada de combustíveis fósseis. A quarta paret restante
é predominantemente devida à mudança do uso do solo, mais precisamente as
queimadas provenientes de desmatamentos (Scarpinella 2002).
Segundo Goldemberg (1998), a utilização atual de combustíveis fósseis
contribui com 6 Gt. De Carbono e o desmatamento 1,6 Gt. De carbono para o
agravamento do efeito estufa.
Para suprir a necessidade energética dos setores industriais e agrícola,
são utilizadas principalmente a queimada de combustíveis fósseis como o
petróleo, carvão mineral e gás natural. Se somando a isto, o desmatamento
12contribui significativamente no desequilíbrio do ciclo do carbono (MCT-
NovaGerar, 2008).
Isso significou um acréscimo de 28% de dióxido de carbono. As análises
feitas das bolhas de ar nas camadas de gelo na Groelândia e Antártica
confirmam estes dados. As bolhas de ar encontradas no gelo evidenciam que a
camada atmosférica está sendo alterada de forma muito rápida. Os gases do
efeito estufa são liberados em uma quantidade maior do que aquela que os
ciclos biogeoquímicos da Terra conseguem absorver. Não há precedentes da
atual taxa de incremento desse gás nos últimos 20.000 anos (Scarpinella, 002).
Em 1995, o Segundo Relatório de Avaliação do Painel
Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) confirmou que "o balanço
das evidências sugere que há uma influência humana discernível sobre o clima
global". O relatório projetou que as temperaturas médias da superfície global
aumentariam entre 1 e 3,5°C até 2100, o que corresponde à taxa de mudança
mais rápida desde o final do último período glacial, e que os níveis globais
médios do mar aumentariam entre 15 e 95 cm até 2100, inundando muitas
áreas costeiras de baixa altitude. Também são previstas mudanças nos
padrões de precipitação, aumentando a ameaça de secas, enchentes ou
tempestades intensas em muitas regiões (Depledge 2000). Mudanças
causadas por gases estufa conforme ilustrado na figura 1 (efeito estufa).
Figura 1: mudanças causadas pelo crescimento de emissão de gases estufa.
13
Gases do efeito estufa e suas quantidades de emissão. Fonte: www.unep.org
Tabela 2: Gases do Efeito Estufa
1840
Concentração
1994 Concentração
Tempo
Atmosfera Semanas
Potencial Aquecimento
Gás carbônico 278 ppmv 358 ppmv 1 1
Metano 700 ppmv 1721 ppmv 15 21
Óxido de
nitrogênio
275 ppmv 311 ppmv 120
310
HFC-22 0 ppmv 0,5 ppmv 102 6.200 a 7.100
CFC-12 0 ppmv 0,1 ppmv 12 1.400
Perfluorometano 0 ppmv 0,07 ppmv 50.000 6.500
Hexafluoro
sulfeto
0 ppmv 0,03 ppmv 3.200 24.000
Fonte: Scarpinella, 2002.
14De acordo com o IPCC, os impactos econômicos, sociais e ambientais
decorrentes do aquecimento global afetarão os países. Veja abaixo, os
principais impactos:
• Diminuição da produção agrícola;
• Diminuição da disponibilidade de água;
• Aumento dos vetores diversas doenças;
• Aumento da desertificação e arenização;
• Extinção de animais e plantas;
• Aumento do nível do mar (deslocamento de dezenas de milhões de
habitantes de pequenas ilhas);
• Impactos no turismo;
• Diminuição da calota polar, dentre outros.
Especificamente no Brasil os impactos das mudanças climáticas
segundo o 4° relatório do IPCC serão (WWF – mudanças climáticas, 2008).
• No nordeste as áreas semi-áridas e áridas vão sofrer uma redução
dos recursos hídricos por causa das mudanças climáticas. A vegetação
semi-árida provavelmente será substituída por uma vegetação típica da
região árida. Nas florestas tropicais, é provável a ocorrência de extinção
de espécies.
• A recarga estimada dos lençóis freáticos irá diminuir dramaticamente
em mais de 70% no nordeste brasileiro (comparado aos índices de
1961-1990 e da década de 2050).
• As chuvas irão aumentar no sudeste com impacto direto na
agricultura e no aumento de freqüência e da intensidade das inundações
nas grandes cidades como o Rio de janeiro e São Paulo.
• No futuro, o nível do mar, a variabilidade climática e os desastres
provocados pelas mudanças climáticas devem ter impactos nos
mangues.
15• De 38 a 45% das plantas cerrado correm risco de extinção se a
temperatura aumentar em 1.7°C em relação aos níveis da era pré-
industrial.
• Hoje, o planeta já está na média 0,7°C mais quente que em relação a
1961.
Como podemos ver os impactos serão negativos, trazendo enormes
prejuízos para a humanidade. Alguns dos problemas já podem ser vivenciados
como em 2005 que bateu o recorde no registro de furacões e tempestades
tropicais violentas ao redor do globo (wwf – mudanças climáticas, 2008). Para
tentar solucionar este importante problema, a Organização das Nações Unidas
(ONU) vem debatendo o tema em conferências internacionais. Como resultado
desses debates, alguns instrumentos de mercado foram propostos para auxiliar
os países industrializados a reduzirem suas emissões de GEE (Rocha, 2003).
Esse trabalho busca como uma das soluções para o aquecimento global o
reflorestamento. Sabemos hoje que o ecossistema florestal é um dos mais
complexos. É preciso salientar que nos últimos anos, principalmente as
florestas localizadas dentro e no entorno dos grandes centros urbanos têm sido
utilizadas impropriamente para ocupação, ou como áreas de lazer, procuradas
pelos habitantes das grandes cidades com finalidades predatórias como
acampar, caçar ou pescar. Não resta a menor dúvida de que se algumas áreas
destas florestas fossem devidamente manipuladas para fins recreativos não
predatórios e produtivos, proporcionariam uma fonte de grandes benefícios
ecológicos, sociais, econômicos e culturais, (Poggiani, 1979) além de
preventivo como proteção das encostas.
Mais de cem milhões de brasileiros vivem na área de Mata Atlântica e nela
se encontraram os principais pólos de urbanização e o desenvolvimento
econômico desde o início de nossa história (Lino, 2002). A Mata Atlântica teve
mais de 90% de sua cobertura original destruída e os remanescentes
continuam sendo devastados em ritmo inadmissível (Lino, 2002).
A devastação das matas brasileiras principalmente através de queimadas além
de contribuir diretamente para o aquecimento global, trouxe como
16consequência a erosão do solo em muitas regiões antes equilibradas e seu
rápido empobrecimento através da lixiviação. Assim sendo, o reflorestamento
torna-se necessário no controle do processo de aquecimento global, auxilia no
controle da biodiversidade e proteção do solo através de reconstituição da
cobertura florestal e para enriquecer biologicamente as terras,
prolongadamente degradadas. (Homem, 1959).
Em Diegues (2000), encontramos o conceito de conservação elaborado pela
Fundação World Wildlife Fund (WWF) em 1980, onde a "conservação é manejo
do uso humano de organismos e ecossistemas, com fim de garantir a
sustentabilidade deste uso. Além do uso sustentável, a conservação inclui
proteção, manutenção, reabilitação, restauração e melhoramento de
populações (naturais) e ecossistemas" (WWF - UICN - Estratégia Mundial para
a Conservação, 1980, in Diegues, 2000).
Uma área degradada pode ser recuperada tendo em vista sua destinação
para diversos usos possíveis. Todavia, o termo recuperação não se aplica
indistintamente a todos os usos possíveis (Noffs, 1996). O IPT (1993, pg. 207)
sugere que se adote, conforme a possibilidade e a finalidade da recuperação,
os termos:
a) restauração, associado à idéia de reprodução das condições exatas do
local, tais como eram antes de serem alteradas pela intervenção;
b) recuperação, associado à idéia de que o local alterado seja trabalhado de
modo que as condições ambientais situem-se próximas às condições
anteriores à intervenção, ou seja, trata-se de devolver ao local o equilíbrio dos
processos ambientais ali atuantes anteriormente;
c) reabilitação, associado à idéia de que o local alterado deverá ser
destinado a uma dada forma de uso do solo, de acordo com projeto prévio e
em condições compatíveis com a ocupação circunvizinha, ou seja, trata-se de
reaproveitar a área para outra finalidade.
A CESP adota o termo recuperação conforme conceituado acima. E, nesse
sentido, apesar das muitas possibilidades de uso de uma área degradada, a
17sua experiência na recuperação das áreas de empréstimo restringiu-se ao
reflorestamento com essências nativas com o objetivo de recompor a mata
natural e, assim, devolver ao local o equilíbrio dos processos ambientais ali
atuantes anteriormente.
O Brasil é dono de uma das biodiversidades mais ricas do mundo, possui as
maiores reservas de água doce e um terço das florestas tropicais que ainda
restam. Estima-se que aqui está uma em cada 10 espécies de plantas ou
animais existentes.
1.1 BIOMAS BRASILEIROS
Um dos países de natureza mais rica e maior biodiversidade do mundo,
o Brasil possui as maiores reservas de água doce e um terço das florestas
tropicais que ainda restam. Estima-se que aqui está 1 em cada 10 espécies de
plantas ou animais existentes.
Infelizmente, esses recursos naturais têm sido explorados de forma
irracional, sem um modelo de crescimento que proteja e utilize o patrimônio
natural brasileiro de forma equilibrada.
Fonte: WWF-Brasil
18
• Caatinga – presente na região do sertão nordestino (clima semi-árido),
caracteriza-se por uma vegetação de arbustos de porte médio, secos e
com galhos retorcidos. Há também a presença de ervas e cactos;
• Campos – presente em algumas áreas da região Norte (Amazonas,
Pará e Roraima) e também no Rio Grande do Sul. A vegetação dos
campos caracteriza-se pela presença de pequenos arbustos, gramíneas
e herbáceas;
• Cerrado – este bioma é encontrado nos estados do Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Goiás e Tocantins. Com uma rica biodiversidade,
caracteriza-se pela presença de gramíneas, arbustos e árvores
retorcidas. As plantas possuem longas raízes para retirar água e
nutrientes em profundidades maiores;
• Floresta Amazônica – é considerada a maior floresta tropical do mundo
com uma rica biodiversidade. Está presente na região norte (Amazonas,
Roraima, Acre, Rondônia, Amapá, Maranhão e Tocantins). É o habitat
de milhares de espécies vegetais e animais. Caracteriza-se pela
presença de árvores de grande porte, situadas bem próximas umas das
outras (floresta fechada). Como o clima na região é quente e úmido, as
árvores possuem folhas grandes e largas;
• Mata dos Pinhais – também conhecida como Mata de Araucárias, em
função da grande presença da Araucária neste bioma. Presente no sul
do Brasil, caracteriza-se pela presença de pinheiros, em grande
quantidade (floresta fechada). O clima característico é o subtropical;
• Mata Atlântica – Neste bioma há a presença de diversos ecossistemas.
No passado, ocupou quase toda região litorânea brasileira. Com o
desmatamento, foi perdendo terreno e hoje ocupa somente 7% da área
original. Rica biodiversidade, com presença de diversas espécies
animais e vegetais. A floresta é fechada com presença de árvores de
porte médio e alto;
19• Mata de Cocais – presente, principalmente, na região norte dos estados
do Maranhão, Tocantins e Piauí. Por se tratar de um bioma de transição,
apresenta características da Floresta Amazônica, Cerrado e da
Caatinga. Presença de palmeiras com folhas grandes e finas. As árvores
mais comuns são: carnaúba babaçu e buriti;
• Pantanal – este bioma está presente nos estados de Mato-Grosso e
Mato- Grosso do Sul. Algumas regiões do pantanal sofrem alagamentos
durante os períodos de chuvas. Presença de gramíneas, arbustos e
palmeiras. Nas regiões que sofrem inundação, há presença de árvores
de floresta tropical.
A Mata Atlântica que recobre originalmente toda a faixa litorânea brasileira
desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, é classificada como
uma floresta pluvial tropical, por formar um relevo que constitui um anteparo
natural dos ventos úmidos do litoral, gerando precipitação de mais de2.000 mm
anuais (Cezar, 1992).
A floresta atlântica não fugiu à regra e teve seu desmatamento iniciado logo
após a chegada dos colonizadores portugueses, inicialmente para extração do
pau-brasil, mais tarde implantação dos ciclos da cana-de-açúcar e do café, da
pecuária e da garimpagem, seguindo-se sua exploração até os dias atuais
(Almeida, 2000).
O desmatamento no Brasil apresentado freqüentemente pela mídia
como uma das atividades criminosas mais lucrativas e comuns, causou uma
devastação de nossas matas, a vendo diminuição da biodiversidade alem da
perda de refúgio de animais. Restando apenas fragmentos da área original de
Mata Atlântica. Alem do desmatamento contribuiu muito para o aquecimento
global, portanto o reflorestamento se apresenta como a única alternativa para
combater estes dois problemas que vivemos atualmente.
201.2 PROTOCOLO DE KYOTO
O Protocolo de Kyoto constitui um grande avanço em termos de gestão
ambiental, não só, pela fixação de metas, mas por ter criado três importantes
mecanismos para implementá-las, conhecidos como mecanismos flexibilização,
a saber: Implementação Conjunta, Comércio de Emissões e Mecanismos de
Desenvolvimento Limpo. Pelo mecanismo de Implementação Conjunta (Joint
Implementation), estão previstas entre os países do Anexo I a transferência ou
a aquisição das unidades de redução de emissões por fonte ou de aumento da
remoção antrópica por sumidouros, ambas resultantes de projetos que tenham
sido aprovados pelos países envolvidos. Os países do Anexo I podem
participar do Comércio de Emissões (Emission Trade) com o objetivo de
cumprir os compromissos de redução mencionados acima. O Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (Clear Development Mechanism) permite aos países
não incluídos no Anexo I se beneficiarem de projetos que resultem em
reduções certificadas de emissões e os incluídos no Anexo I de utilizar essas
reduções para contribuir com o cumprimento de parte dos seus compromissos
assumidos em decorrência do Art.3º, comentado acima. Enquanto os dois
primeiros mecanismos de flexibilização só se aplicam entre países do Anexo I,
o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) permitirá que estes países
contabilizem como suas as reduções certificadas decorrentes de projetos
realizados nos países não incluídos nesse Anexo, uma vez que estes não
estão obrigados a cumprir metas de redução.
A regulamentação desses mecanismos foi tratada nas COPs que vieram
depois, tendo sido criado um Conselho Executivo no âmbito da ONU para
administrar o MDL. Na COP-7, realizada em Marrakech em 2002, ficou
estabelecido que os países do Anexo I deverão usar o MDL para cumprir suas
obrigações de redução. Os mecanismos de flexibilização, especialmente o
MDL, incentivam a redução de carbono via estímulo econômico e podem se dar
pela implantação de projetos para criar sumidouros de carbono, para aumentar
a eficiência energética de plantas industriais existentes, para usar fontes de
energia renovável, entre outras possibilidades.
21
Protocolo de Kyoto – países do Anexo I e total de emissões de CO2 em 1990
País Emissões (Gg)
% País Emissões (Gg)
%
Alemanha 1.012.443 7,4 Islândia 2.172 0,0 Austrália 288.965 2,1 Itália 428.941 3,1 Áustria 59.200 0,4 Japão 1.173.360 8,5 Bélgica 113.405 0,8 Letônia 22.976 0,2 Bulgária 82.990 0,6 Liechtenstein 208 0,0 Canadá 457.441 3,3 Luxemburgo 11.343 0,1
Dinamarca 52.100 0,4 Mônaco 71 0,0 Eslováquia 58.278 0,4 Noruega 35.533 0,3 Espanha 260.654 1,9 Nova
Zelândia 25.530 0,2
Estados Unidos
4.957.022 36,1 Países baixos
167.600 1,2
Estônia 37.797 0,3 Polônia 414.930 3,0 Federação Russa
2.388.720 17,4 Portugal 42.148 0,3
Finlândia 53.900 0,4 Reino Unido 584.078 4,3 França 366.536 2,7 República
Tcheca 169.514 1,2
Grécia 82.100 0,6 Romênia 171.103 1,2 Hungria 71.673 0,5 Suécia 61.256 0,4 Irlanda 30.719 0,2 Suíça 43.600 0,3 Total 13.728.306 100,000
Fonte: Protocolo de Kyoto à Convenção sobre Mudança do Clima, 1997. Disponível: <www.unep.org> *Obs.: Não estão incluídos Belarus, Lituânia e Turquia, partes do Anexo I da Convenção-quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.
O MDL foi uma contribuição brasileira nas COPs dessa convenção. A
idéia que justifica esse mecanismo é bastante engenhosa: tratando-se de um
problema ambiental global, não importa onde os gases de efeito estufa estejam
sendo retidos ou evitados, o resultado será benéfico para todos. Há
posicionamentos contrários a esse mecanismo, como os que argumentam ser
o MDL uma espécie de anistia à contribuição histórica dos países do Anexo I
para o aquecimento global, permitindo a estes cumprir suas metas de redução
de emissões sem ter que reduzi-las em seus próprios territórios, onde os
custos são elevados.
Quando adotaram a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima, em 1992, os governos reconheceram que ela poderia ser a
propulsora de ações mais enérgicas no futuro. Ao estabelecer um processo
22permanente de revisão, discussão e troca de informações, a Convenção
possibilita a adoção de compromissos adicionais em resposta a mudanças no
conhecimento científico e nas disposições políticas.
A primeira revisão da adequação dos compromissos dos países
desenvolvidos foi conduzida, como previsto, na primeira sessão da Conferência
das Partes (COP-1), que ocorreu em Berlim, em 1995. As Partes decidiram que
o compromisso dos países desenvolvidos de voltar suas emissões para os
níveis de 1990, até o ano 2000, era inadequado para se atingir o objetivo de
longo prazo da Convenção, que consiste em impedir "uma interferência
antrópica (produzida pelo homem) perigosa no sistema climático".
Ministros e outras autoridades responderam com a adoção do "Mandato
de Berlim" e com o início de uma nova fase de discussões sobre o
fortalecimento dos compromissos dos países desenvolvidos. O grupo Ad Hoc
sobre o Mandato de Berlim (AGBM) foi então formado para elaborar o esboço
de um acordo que, após oito sessões, foi encaminhado à COP-3 para
negociação final.
Cerca de 10.000 delegados, observadores e jornalistas participaram
desse evento de alto nível realizado em Kyoto, Japão, em dezembro de 1997.
A conferência culminou na decisão por consenso (1/CP.3) de adotar-se um
Protocolo segundo o qual os países industrializados reduziriam suas emissões
combinadas de gases de efeito estufa em pelo menos 5% em relação aos
níveis de 1990 até o período entre 2008 e 2012. Esse compromisso, com
vinculação legal, promete produzir uma reversão da tendência histórica de
crescimento das emissões iniciadas nesses países há cerca de 150 anos.
O Protocolo de Kyoto foi aberto para assinatura em 16 de março de
1998. Entrará em vigor 90 dias após a sua ratificação por pelo menos 55 Partes
da Convenção, incluindo os países desenvolvidos que contabilizaram pelo
menos 55% das emissões totais de dióxido de carbono em 1990 desse grupo
de países industrializados. Enquanto isso, as Partes da Convenção sobre
Mudança do Clima continuarão a observar os compromissos assumidos sob a
Convenção e a preparar-se para a futura implementação do Protocolo.
23
1.3. CRÉDITO DE CARBONO
Desde a convenção de Kyoto quando mais de 160 países discutiram as
mudanças climáticas no planeta, verifica-se que esta preocupação saiu dos
cadernos de ciência dos grandes jornais, alojando-se nas páginas de finanças
e negócios. As preocupações como o meio ambiente se tornaram
preocupações econômicas. O valor econômico da proteção ao meio ambiente
surgiu quando os países se comprometeram a cortar, em média, 5,2% de
emissões de dióxido de carbono sobre os valores registrados em 1990, com
prazo até 2005.
A tributação foi a primeira idéia para a formalização do controle
econômico sobre a poluição, mas isto afetaria a relação do custo/benefício no
setor de produção ou elevaria o custo final ao consumidor. Assim, para que
fossem alcançados os parâmetros globais de poluição, surgiu outro conceito,
ou seja, os países poderiam negociar direitos de poluição entre si. Um país
com altos níveis de emissão de gases na atmosfera poderia pagar a outro país
que estivesse com os níveis de poluição abaixo do limite comprometido.
A partir de então, além da idéia global da comercialização dos limites de
poluição, muitas empresas começaram a sondar tal mercancia.
Nos EUA, já encontramos legislação específica sobre a emissão de
poluentes. O órgão ambiental americano - Environment Protection Agency -
emite direitos para a emissão de volumes de poluição, títulos que simbolizam
os limites de poluição que determinada empresa deve cumprir no ano. A cada
ano tais limites sofrem reduções.
Caso esta empresa obtenha sucesso na redução anual, poluindo menos
do que o limite estabelecido, ela terá um saldo que poderá ser comercializado
no mercado com outras empresas que não conseguiram cumprir o limite
''materializado'' pelos títulos adquiridos. Com a valorização econômica, a fiscalização e todos os demais custos
operacionais para a redução da poluição acabam sendo arcados pelo mercado
24de commoditties, não repassando o impacto financeiro para a relação
custo/benefício ou para o custo final. Esta é a maneira mais econômica e eficaz
para a fiscalização e a diminuição da poluição. Dentro deste contexto
econômico, o Brasil se encontra em uma posição extremamente valorizada, já
que possui um amplo espaço ambiental. Desta forma, as empresas e os países
altamente industrializados, obrigadas a frearem o aquecimento do planeta,
reduzindo a emissão de gases, poderão participar de projetos de
reflorestamento, adoção de tecnologias limpas, etc.
O Brasil tem no meio ambiente a sua maior riqueza. A preservação
ambiental pode ser a origem da entrada de divisas no País. O Brasil receberia
pela sua baixa emissão de gases, receberia pela enorme capacidade ambiental
de absorção e regeneração atmosférica.
1.4. SEQUESTRO DE CARBONO
O conceito de seqüestro de carbono foi consagrado pela Conferência de
Kyoto, em 1997, com a finalidade de conter e reverter o acúmulo de CO2 na
atmosfera , visando a diminuição do efeito estufa. A conservação de estoques
de carbono nos solos, florestas e outros tipos de vegetação, a preservação de
florestas nativas, a implantação de florestas e sistemas agroflorestais e a
recuperação de áreas degradadas são algumas ações que contribuem para a
redução da concentração do CO2 na atmosfera. Os resultados do efeito
Seqüestro de Carbono podem ser quantificados através da estimativa da
biomassa da planta acima e abaixo do solo, do cálculo de carbono estocado
nos produtos madeireiros e pela quantidade de CO2 absorvido no processo de
fotossíntese. Para se proceder à avaliação dos teores de carbono dos
diferentes componentes da vegetação (parte aérea, raízes, camadas
decompostas sobre o solo, entre outros) e, por conseqüência, contribuir para
estudos de balanço energético e do ciclo de carbono na atmosfera, é
25necessário, inicialmente, quantificar a biomassa vegetal de cada componente
da vegetação.
História
As Mudanças Climáticas Globais (MCG) representam um dos maiores
desafios da humanidade. Pois, além de serem um problema global - como o
próprio nome diz, envolve vários setores da sociedade, necessita de uma
tomada de consciência da importância da questão e exige mudanças em
muitos hábitos de consumo e comportamento.
As crescentes emissões de Dióxido de Carbono (CO2) e outros gases
como o metano (CH4) e o óxido nitroso (NO2) na atmosfera têm causado sérios
problemas, como o efeito estufa. Devido à quantidade com que é emitido, o
CO2 é o gás que mais contribui para o aquecimento global. Suas emissões
representam aproximadamente 55% do total das emissões mundiais de gases
do efeito estufa. O tempo de sua permanência na atmosfera é, no mínimo, de
100 anos. Isto significa que as emissões de hoje têm efeitos de longa duração,
podendo resultar em impactos no regime climático, ao longo dos séculos.
Evidências científicas apontam que caso a concentração de CO2 continue
crescendo, a temperatura média da terra vai aumentar (entre 1,4 e 5,8 °C até
2100), causando aumento no nível dos mares, efeitos climáticos extremos
(enchentes, tempestades, furacões e secas), alterações na variabilidade de
eventos hidrológicos (aumento do nível do mar, mudanças no regime das
chuvas, avanço do mar sobre os rios, escassez de água potável) e colocando
em risco a vida na terra (ameaça à biodiversidade, à agricultura, à saúde e
bem-estar da população humana).
Historicamente, os países industrializados têm sido responsáveis pela
maior parte das emissões de gases de efeito estufa. Contudo, na atualidade,
vários países em desenvolvimento, entre eles China, Índia e Brasil, também se
encontram entre os grandes emissores. No entanto, numa base per capita, os
países em desenvolvimento continuam tendo emissões consideravelmente
mais baixas do que os países industrializados.
26Estima-se que, em 1998, o Brasil tinha emitido, pelo menos 285 milhões
de toneladas de carbono, das quais cerca de 85 milhões resultaram da queima
de combustíveis fósseis (71% do uso de combustíveis líquidos e 15,6% da
queima de carvão mineral, 4% de gás natural). Esse número é relativamente
baixo quando comparado às emissões provenientes da queima de
combustíveis fósseis de outros países. Isto é devido ao fato de que a matriz
energética brasileira é considerada relativamente limpa pelos padrões
internacionais uma vez que se baseia na energia hidrelétrica (renovável). A
maior parte das emissões do Brasil (2/3) provém de atividades de uso da terra,
tais como o desmatamento e as queimadas, o que, atualmente, representa 3%
das emissões globais.
As nações participantes da Convenção de Mudança Climática, que
ocorreu em junho de 1992 na cidade do Rio de Janeiro, se comprometeram a
ratificar uma convenção afim de criar mecanismos que diminuíssem as
emissões dos gases causadores do efeito estufa. Estes mecanismos dizem
respeito à capacidade de as fontes de energia emitirem baixos níveis dos
gases causadores do efeito estufa, e também as alternativas para absorção de
CO2, através dos projetos de seqüestro de carbono.
Desta forma, os países desenvolvidos e as indústrias criaram uma nova
utilidade e um novo mercado para o carbono, que consiste no carbono
capturado e mantido pela vegetação. O interesse e o investimento no
seqüestro de carbono e a comercialização de créditos de carbono são a forma
através da qual estas indústrias e os países industrializados podem equilibrar
suas emissões e mantê-las a níveis seguros. As normas e regras de
comercialização e as quantidades de carbono retidas pela vegetação ainda não
são totalmente conhecidas e estabelecidas, ressaltando assim a importância
dos projetos de pesquisa desenvolvidos nesta área.
27Valores Econômicos Associados ao Seqüestro de Carbono
No Protocolo de Kyoto foi estabelecido que os países desenvolvidos
comprometeram-se formalmente a reduzir suas emissões de gases para
atenuar o efeito estufa em 5% abaixo dos níveis de1990 com o objetivo para o
período 2008 - 2012. Tal ação significa a redução de centenas de milhões de
toneladas por ano, com um custo enorme para estas economias. Espera-se
que estes países, por sua vez, repassem os comprometimentos aos seus
respectivos setores industriais, através da criação de impostos sobre emissões
de gases causadores do efeito estufa. Estes setores deverão encontrar
alternativas de se adaptar aos novos custos de produção ou aos limites de
emissões. O segundo ponto importante do protocolo é que será aceito o
conceito de comercialização de créditos de seqüestro ou redução de gases
causadores do efeito estufa. Sendo assim, os países ou empresas que
reduzirem as emissões abaixo de suas metas poderão vender este crédito para
outro país ou empresas que não atingiram o grau de redução esperado. Um
terceiro ponto do acordo diz respeito aos métodos aceitos para realizar as
reduções das emissões. Geralmente, os métodos preferidos por vários países
são baseados em processos para melhoria da eficiência na utilização e na
transmissão de energia, processos industriais e sistema de transporte. Outra
alternativa é a substituição de combustíveis muito poluentes (carvão mineral ou
diesel) por outros combustíveis menos ricos em carbono. O protocolo também
considera a absorção de CO2 pela vegetação como um método para
compensar as emissões, sendo um ponto interessante para países com
aptidão florestal, pois também pode gerar outros recursos do setor florestal,
trazendo conseqüências de ordem econômica, ambiental e social.
As metas de redução de emissões de CO2,deverão ser alcançadas
principalmente através de políticas públicas e regulamentações que limitem
emissões diretamente, ou que criem incentivos para melhor eficiência dos
setores energético, industrial e de transporte, e que promovam maior uso de
fontes renováveis de energia. Dentre as metas, os países do Anexo I (países
desenvolvidos) poderão abater uma porção de suas metas por meio dos seus
sumidouros, especificamente as florestas.
28Além das ações de caráter nacional, os países poderão cumprir parte de suas
metas de redução através dos três mecanismos de flexibilização estabelecidos
pelo Protocolo de Kyoto e que estão descritos a seguir:
• Comércio de emissões: este mecanismo permite que dois países
sujeitos a metas de redução de emissões (países do Anexo I) façam um
acordo pelo qual o país A, que tenha diminuído suas emissões para
níveis abaixo da sua meta, possa vender o excesso das suas reduções
para o país B, que não tenha alcançado tal condição.
• Implementação conjunta: permitido entre os países do Anexo I, onde
um país A implementa projetos que levem à redução de emissões em
um país B, no qual os custos com a redução sejam mais baixos.
• Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL): os países do Anexo I
poderão desenvolver projetos que contribuam para o desenvolvimento
sustentável de países em desenvolvimento (não pertencentes ao Anexo
I) de modo a ajudar na redução de suas emissões. Essas iniciativas
gerariam créditos de redução para os países do Anexo I, e ao mesmo
tempo ajudariam os países em desenvolvimento, pois estes se
beneficiariam de recursos financeiros e tecnológicos adicionais para
financiamento de atividades sustentáveis e da redução de emissões
globais. Ressalta-se que as reduções obtidas deverão ser adicionais a
quaisquer outras que aconteceriam sem a implementação das atividades
do projeto. Os projetos também deverão oferecer benefícios reais,
mensuráveis e a longo prazo para mitigação do aquecimento global. É
interessante observar que há possibilidade de utilizar as reduções
certificadas de emissões obtidas durante o período 2000 - 2008 para
auxiliar no cumprimento da redução estabelecida durante o período
2008 - 2012.
O financiamento de atividades sustentáveis pelo MDL levaria a menos
dependência de combustíveis fósseis nos países em desenvolvimento e,
portanto, a menos emissões a longo prazo. Os projetos MDL poderão ser
29implementados nos setores energético, de transporte e florestal. Dentro do
setor florestal, projetos de florestamento e reflorestamento poderão participar.
No entanto, projetos que visam a redução do desmatamento e queimadas ou a
conservação de florestas estão excluídos deste mecanismo até o momento.
Nos países em desenvolvimento, os custos relacionados à
implementação de projetos que diminuam emissões de gases de efeito estufa
são, em geral, menores do que nos países desenvolvidos. Isto torna o MDL
atrativo para aqueles pertencentes ao Anexo I. Além disso, o MDL busca
incentivar o desenvolvimento sustentável, levando à criação de novos
mercados que valorizam a redução de emissões de gases de efeito estufa, e
criando oportunidades para a transferência de tecnologia e novos recursos
para países em desenvolvimento, como o Brasil. Mesmo assim, as
expectativas são de que o MDL seja o menos utilizado dos mecanismos de
flexibilização. Isso se deve ao fato dos Estados Unidos, maior investidor em
potencial dos mecanismos, terem anunciado que não pretendem ratificar o
Protocolo de Kyoto antes de 2012, o que provoca uma diminuição da demanda
por métodos alternativos para a redução de emissões por países do Anexo I.
O Brasil poderá se beneficiar do MDL tanto com projetos nos setores
energético, de transporte e florestal. Exemplos de projetos no setor energético
são: implementação de sistema de energia solar, eólica, co-geraçao através de
processos químicos e de aproveitamento de biomassa. No setor florestal, pode-
se falar em projetos de "florestamento" e reflorestamento, os quais permitem
que o carbono, pelo crescimento das árvores, seja removido da atmosfera.
Assim, a floresta plantada atuaria como um sumidouro de carbono ou
promoveria, como tem sido usado, o "seqüestro de carbono". Esse seqüestro é
possível porque a vegetação realiza a fotossíntese, processo pelo qual as
plantas retiram carbono da atmosfera, em forma de CO2 , e o incorporam a sua
biomassa (troncos, galhos e raízes). Exemplos de tais projetos são o
reflorestamento, a silvicultura e o enriquecimento de florestas degradadas.
Como a maior parte das emissões de CO2 do Brasil provêm de desmatamentos
e queimadas, a maior contribuição do Brasil para a redução de emissões seria
através da mitigação e do controle do desmatamento e queimadas.
30
CAPÍTULO II
AQUECIMENTO GLOBAL
O Aquecimento Global é problema essencial da mudança climática que
está ocorrendo, já há fortíssimo consenso de que ele se dá pelo aumento dos
gases chamados de Efeito Estufa, ou seja, o dióxido de carbono, o metano, o
vapor d’água e outros. O efeito estufa, no entanto, não é o vilão da história.
Aliás, se ele não existisse, a humanidade também não existiria, pois a
temperatura média do planeta seria de 33 graus negativos. O que se afirma é
que está havendo um aumento excessivo da concentração desses gases na
atmosfera e, portanto, um rápido superaquecimento.
Essa questão vem sendo tema prioritário de discussão entre as nações
desde a Conferência Rio-92 ou ECO-92, Mas, de tema prioritário à tomada de
atitudes há uma grande distância. Só em 1997 é que foi assinado o famoso
Protocolo de Kyoto, que estabeleceu metas de redução dos gases de efeito
estufa. E foram necessários mais oito anos de negociações até que, em 2005,
esse compromisso pudesse entrar em vigor e se tornasse em tratado
internacional referendado pelos parlamentares dos países envolvidos.
Que não haja ilusão, no entanto, pois se trata de um acordo bem modesto e
que nem foi ratificado pelos Estados Unidos, o país mais rico e poluente do
planeta. A Austrália, também uma nação rica e poluente, só ratificou o
protocolo no final de 2007. E a China, que agora já emite mais que os Estados
Unidos, nem está na lista de países afetados pelo Protocolo.
Apesar de existirem cientistas que contestam a ocorrência do
Aquecimento global, a grande maioria argumenta o contrário. Segundo dados
da NASA (Agência Espacial Norte-americana), a temperatura média da
superfície terrestre (temperatura média dos oceanos e do ar perto da
superfície) aumentou d e13,92º C (graus Celsius) em 1900 para 14,75º C em
2005. E os modelos climáticos que estão sendo construídos e estudados
prevêem aumentos nas temperaturas médias de 1,8º a 4º C de 1990 a 2100.
As previsões climáticas são altamente complexas, mas, de qualquer forma, já
existe um robusto acordo entre a imensa maioria dos especialistas que se
31reúnem no IPCC de que um aumento próximo a 2º.C na temperatura média
global será o suficiente para provocar conseqüências catastróficas: bilhões de
pessoas sofrendo de crescente falta de água; comprometimento irreversível de
florestas tropicais; extinção de 15% a 40% das espécies; desaparecimento de
geleiras; derretimento da placa de gelo da Groenlândia com uma
conseqüência da elevação do nível do mar etc.
As pesquisas desses estudiosos afirmam que, para haver alguma
chance de evitar atingir esse aumento de temperatura, é fundamental
estabilizar num determinado patamar (de 450 partes por milhão) as
concentrações de gases do efeito estufa. Se isso não ocorrer, os prognósticos
de aumento de temperatura global continuarão crescendo e impactos sobre os
ecossistemas são imprevisíveis.
No entanto, o que está ocorrendo no debates internacionais não vai
nesse sentido. A proposta que mais conquista adeptos acha aceitável um
patamar bem mais elevado para a estabilização de concentração desses gases
(55 partes por milhão), argumentando que poderá ser baixo o custo anual do
combate à mudança climática.
Difícil imaginar, portanto, que as soluções venham de negociações entre
todos os governos do mundo. Se as conclusões do IPCC fossem realmente
levadas a sério, as formas de combate ao aquecimento global deveriam ser
acertadas entre os 20 países que são responsáveis por 90% das emissões. E
tais acordos deveriam servir, principalmente, para acelerar pesquisas
avançadas sobre fontes de energia limpa, que possam realmente
descarbonizar as matrizes energéticas e estabelecer o encarecimento da
emissão de gases que agravam o aquecimento global, mediante impostos ou
leilões de direitos de emissão. Ou seja, em vez de os Estados distribuírem
cotas que permitem a aquisição de créditos de carbono, previstos pelo
Protocolo de Kyoto, as empresa seriam de adquiri-las em leilão.
É importante também destacar aqui o papel do Brasil na questão. O país
está entre os grandes emissores de gases do efeito estufa. Sua principal
“contribuição” não vem, no entanto, da esquina de combustíveis de origem
fóssil (petróleo, carvão e gás), como é o caso de maioria dos outros países.
32Apesar de muitos estudiosos do aquecimento global consideram o
desmatamento da Floresta Amazônica como principal causa das emissões
brasileiras, estas se devem também de forma significativa às queimadas
agropecuárias fora da Amazônia. Mesmo não havendo ainda dados confiáveis
sobre a participação de cada uma dessas causas, é possível ver e se
surpreender com a quantidade e localização de queimadas em toda a América
Latina numa imagem noturna, e tristemente bela, do mundo, feita por satélite
do departamento de defesa americano e incluída no livro Uma verdade
inconveniente, do ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore. Em menor
grau, mas de forma perigosamente crescente, contribuem para as emissões
brasileiras a produção de energia elétrica pelo uso de carvão ou diesel, além
dos vários setores mais poluentes: construção, indústrias, transportes etc.
Não é assim, portanto, tão verdadeira e confiável a crença comum de
que as emissões do Brasil serão facilmente minimizadas com o desmatamento
zero da Amazônia. Conseguir estancar o desmatamento é necessário e
urgente, por inúmeras razões além da necessidade de reduzir as emissões de
carbono. Mas é ilusório supor que, quando isso for alcançado, a sociedade
brasileira poderá ficar sossegada a respeito de sua contribuição para o
aquecimento global.
33
Fonte: planeta sustentável
Fonte: planeta sustentável
342.1. POSSÍVEIS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DO
AQUECIMENTO GLOBAL
A queima de combustíveis fósseis e o desmatamento emitem grandes
quantidades de gases, em especial o CO2 na atmosfera. Este gás absorve bem
a radiação terrestre. Quando ocorre o aumento deste gás, ocorre o aumento da
temperatura e da quantidade de vapor de água na atmosfera, ocorrendo
aquecimento da superfície terrestre. As plantas verdes absorvem CO2 durante
a fotossíntese, mas atualmente tem sido liberada uma quantidade de gás maior
que a capacidade de absorção das plantas. O CO2 acumulado na atmosfera
bloqueia a saída de radiação quente para o espaço e manda de volta esta
radiação aquecida, causando o chamado Efeito Estufa. Emissões de metano,
óxido de nitrogênio e os clorofluorcarbonetos (CFC's) também contribuem para
o efeito estufa. Os países industrializados são responsáveis por cerca de 71%
da emissão global de CO2. Os países em desenvolvimento, com 80% da
população mundial, produzem aproximadamente 18% da emissão total. Os
maiores efeitos do aquecimento global considerados por alguns cientistas são:
os efeitos que a mudança climática causará na produção mundial de alimentos,
mudanças na agricultura e a venda de commodities (o que poderá modificar a
estrutura do comércio mundial).
O Ciclo de Carbono e as Florestas
O Ciclo do Carbono consiste na transferência do carbono na natureza,
através das várias reservas naturais existentes, sob a forma de dióxido de
carbono. Para equilibrar o processo de respiração, o carbono é transformado
em dióxido de carbono. Outras formas de produção de dióxido de carbono são
através das queimadas e da decomposição de material orgânico no solo. Os
processos envolvendo fotossíntese nas plantas e árvores funcionam de forma
contrária. Na presença da luz, elas retiram o dióxido de carbono, usam o
carbono para crescer e retornam o oxigênio para atmosfera. Durante a noite,
na transpiração, este processo inverte, e a planta libera CO2 excedente do
processo de fotossíntese. Os reservatórios de CO2 na terra e nos oceanos são
maiores que o total de CO2 na atmosfera. Pequenas mudanças nestes
35reservatórios podem causar grandes efeitos na concentração atmosférica. O
carbono emitido para atmosfera não é destruído, mas sim redistribuído entre
diversos reservatórios de carbono, ao contrário de outros gases causadores do
efeito estufa, que normalmente são destruídos por ações químicas na
atmosfera. A escala de tempo de troca de reservas de carbono pode variar de
menos de um ano a décadas, ou até mesmo milênios. Este fato indica que a
perturbação atmosférica causada pela concentração do CO2 para que possa
voltar ao equilíbrio não pode ser definido ou descrito através de uma simples
escala de tempo constante. Para ter-se alguns parâmetros científicos, a
estimativa de vida para o dióxido de carbono atmosférico é definida em
aproximadamente cem anos. A utilização de uma escala simples pode criar
interpretações errôneas. A redução do desmatamento poderá contribuir muito
consideravelmente para a redução do ritmo de aumento dos gases causadores
do efeito estufa, possibilitando outros benefícios, como a conservação dos
solos e da biodiversidade. Esta redução do desmatamento deve estar
associada a alternativas econômicas, para garantir a qualidade de vida das
populações das regiões florestais.
36
CAPÍTULO III
DESMATAMENTO & REFLORESTAMENTO
Desmatamento
Como um dos principais contribuintes para o aquecimento global o
desmatamento merece ser combatido com mais rigor pelas instituições
governamentais. Quando uma região sofre com o desmatamento, não são
destruídas somente as árvores, todo um ecossistema é exterminado. O calor
gerado pelo fogo faz com que a temperatura do solo também aumente
matando a maioria dos microrganismos presentes no solo e responsáveis pela
captação de nutrientes pelos vegetais.
Gráfico apresentado pelo governo federal no final de 2009, mostrando o desmatamento em Km2 /ano.
Fonte: MMA/ Ministério do Meio Ambiente.
Ao penetrar numa região virgem, cujo ecossistema é recoberto por
floresta, o primeiro trabalho do homem para se fixar à terra terá de ser
fatalmente o desmatamento. Nesta ação, o primeiro efeito é a exposição do
solo, seja para fins agrícolas ou implantação de pecuária. Isso se processado
37de maneira irracional ou antiecológica repercute negativamente e provoca o
rompimento das relações existentes entre planta-solo-água e planta-animal. Na
área, ocorrerá de forma mais intensa a meteorização por meios mecânicos e
químicos (temperatura, desnudamento, ação da gravidade, ação dos ventos,
etc.). As plantas, cujas as raízes e partes aéreas funcionam como abrigo da
superfície, interceptam radiações e também afetam diretamente a
metereorização, diminuem a ação dos ventos, interceptam as gotas de chuvas,
dispersando a energia cinética dessas gotas, modificando sua ação mecânica
de choque contra o solo. A cobertura vegetal intervém também na formação do
solo, pela adição de matéria orgânica e outros fatores.
Modificando-se a cobertura vegetal, altera-se a porosidade do solo que,
por sua vez, comanda o movimento da água. Certas culturas, como a do arroz,
cobrem o solo em apenas 10%. Os tipos de cultura são muito importantes
nessa particular. Um bom manejo da cobertura vegetal se torna, assim,
essencial para a conservação dos recursos hidrológicos, orgânicos e
biológicos. Ao modificá-la, por ação do homem ou mesmo naturalmente, altera-
se o equilíbrio ecológico.
No conjunto de fatores do ambiente, o clima é talvez o mais importante.
A vegetação e as culturas de uma região dependem principalmente do clima.
As boas ou más colheitas são também devidas, em geral, à sua influência
direta ou direta. Além da influência sobre os fatores bióticos (doenças,
enfermidades, etc.), atua também sobre os fatores estruturais do solo, que
agem sobre as plantas como provedores de água e nutrientes. A fertilidade
atual do solo (nutrientes imediatamente assimiláveis) dependem também das
condições meteorológicas.
O fogo é, sem dúvida, o agente mais nocivo ao ambiente, secundado a
ação destrutiva do desmatamento. O manejo da terra na maior parte das
regiões brasileiras não segue medidas restritivas ao uso de fogo. Seu uso,
todavia, deve ser restringido apenas àqueles casos em que não haja soluções
alternativas. Na Amazônia, frequentemente, nem sequer aceiros são feitos para
proteção da mata em torno das queimadas. O seu efeito mais danoso é a
38destruição orgânica superficial, escassa nas florestas equatoriais (entre 30 a 40
metros de profundidade).
O fogo elimina os animais que vivem no solo, sobretudo os
invertebrados e microrganismos, inclusive bactérias e cogumelos (aos milhares
ou milhões), conforme a extensão das queimadas. Além de diminuir os
processos de oxidação e transformação dos nutrientes normais, pela
diminuição da vida microbiana, o fogo destrói também sementes, plantas
jovens, troncos e raízes, eliminando vegetais que comumente não terão
possibilidade de sobrevivência na área, a não ser por introdução posterior,
através do homem, animais ou agentes físicos. As queimadas de várzeas não
são tão ruinosas como as de terra firme, embora acelerem a lixiviação,
solubilização e calcinação de alguns minerais.
Reflorestamento
A manutenção de cobertura permanente torna-se prática essencial para
evitar modificações hidrológicas ou biológicas de vulto em curto prazo. Nos
solos degradados, leva-se cerca de 20 a 30 anos para a reconstituição da
floresta em regiões mais secas. Nos locais úmidos e não desgastados ela se
forma entre cinco a 10 anos.
Nas regiões equatoriais e tropicais o equilíbrio biológico é extremamente
complexo e delicado. Ao longo da escala filogenética, vegetal ou animal, existe
uma extensa cadeia de interligações, formando as comunidades bióticas,
cadeias alimentares e padrões de inter-relações.
Técnicas que visem à exploração de recursos devem manter o
ecossistema tanto quanto possível dentro de suas características ecológicas.
As extensas monoculturas não são recomendáveis. As áreas muito pequenas e
fragmentadas de florestas não favorecem a sobrevivência da fauna.
No ecossistema terrestre, a cobertura vegetal variada é, sem dúvida, o
fator mais importante para a manutenção do equilíbrio biológico das espécies.
39“O problema do reflorestamento, o da restauração das fontes naturais e
o da conservação e distribuição da águas são, em nosso País, problemas
fundamentais...” (TORRES, 1915).
Antes do reflorestamento é importante avaliar a situação e o estágio em que se encontra a floresta, para a escolha do método de enriquecimento a ser
adotado. A avaliação prévia também vai indicar se será ou não necessário
intervir na floresta através do manejo ou corte seletivo de algumas espécies. O
manejo, neste caso, é o trabalho preliminar, que vai preparar a floresta
secundária para ser enriquecida.
3.1. A FLORESTA E A ÁGUA
A relação entre as matas e a água é fundamental para a qualidade do
meio ambiente. Quando ocorre o desmatamento de uma área a qualidade da
água também é alterada. Vários estudos realizados em estados como o Rio de
janeiro e São Paulo comprovaram que a permanência de florestas contribui
para o volume e a proporção de nutrientes presentes na água de um recurso
hidrológico.
Quando a água de chuva que se precipita sobre uma mata, segue dois
caminhos: uma parte volta à atmosfera por evaporação ou atinge o solo,
através da folhagem ou do tronco das árvores. Na floresta, a interceptação da
água acima do solo garante a formação de novas massas atmosféricas úmidas,
enquanto a precipitação interna, através dos pingos de água que atravessam a
copa e o escoamento pelo tronco, atingem o solo e o sua folhagem. Uma parte
da água que chega ao solo escoa superficialmente, chegando de alguma forma
aos cursos d’água ou aos reservatórios de superfície. E a outra parte sofre
armazenamento temporário por infiltração no solo, podendo ser liberada para a
atmosfera através da evaporação, manter-se como água no solo por mais
algum tempo ou como água subterrânea. De qualquer forma, a água
armazenada no solo que não for evaporada, termina por escoar da floresta,
alimentando os mananciais hídricos e possibilitando os seus múltiplos usos.
40As conseqüências do desmatamento de uma floresta poderão ser:
- Aumento do escoamento hídrico superficial;
- Redução da infiltração da água no solo;
- Redução da evapotranspiração;
- Aumento da incidência do vento sobre o solo;
- Aumento da temperatura;
- Redução da fotossíntese;
- Ocupação do solo para diferentes usos;
- Redução da flora e fauna nativas .
Alguns efeitos principais neste cenário ambiental de degradação, podem
ser facilmente identificados como: a alteração na qualidade da água, através do
aumento da turbidez, eutrofização e do assoreamento dos corpos d’água;
alteração do deflúvio, com enchentes nos períodos de chuva e redução na
vazão de base quando das estiagens; mudanças micro e mesoclimáticas, esta
última quando em grandes extensões de florestas; mudanças na qualidade do
ar, em função da redução da fotossíntese e do aumento da erosão eólica;
redução da biodiversidade, em decorrência da supressão da flora e da fauna
local e poluição hídrica, em função da substituição da floresta por ocupação,
em geral inadequada, com atividades agropastoris, urbanas e industriais.
As áreas de com grande declínio precisam ainda mais da proteção com
cobertura florestal, em função do risco de erosão e de deslizamentos do solo,
acarretando em problemas de aumento de assoreamento nos corpos d’água.
Não é só para o meio rural que a boa relação entre floresta e água é
importante. Cada vez mais, e principalmente nas áreas urbanas da zona
costeira brasileira, a conservação e recuperação das áreas de proteção dos
mananciais hídricos tornam-se essenciais. Nesta região o aumento
populacional, com conseqüente aumento no consumo de água e na produção
de esgoto e lixo, levam a um eminente colapso na disponibilidade hídrica para
abastecimento humano. A poluição e escassez de água decorrentes da
ocupação urbana inadequada, são fatores determinantes na degradação da
floresta, especialmente no bioma Mata Atlântica. Ao mesmo tempo, o
desmatamento em terrenos com declínios e a destruição das várzeas para
41ocupação urbana desordenada, criam áreas críticas de risco, principalmente
para as populações de baixa-renda.
3.2 . PRINCIPAIS LEIS AMBIENTAIS
O Brasil possui muitas leis ambientais, porém ainda recentes em relação a
outros países mais desenvolvidos. A questão mais delicada é a aplicação
destas Leis que protegem o Meio Ambiente. Num país com grandes extensões
de terra, a fiscalização torna-se difícil, e algumas vezes até impossível, graças
ao pequeno número de profissionais para este serviço.
A legislação ambiental aos poucos toma sua importância. Porém ainda é
preciso mudar a cultura extrativista enraizada depois de tantos séculos.
Aqui está uma relação das principais Leis Ambientais:
• Código Florestal
Lei Nº 4.771, de 15 de setembro de 1965.
(D.O.U., 16.9.65)
Institui o Novo Código Florestal
• Tabela de Valores de MULTAS por crimes ambientais
LEI Nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 (Anexo)
• Alteração no Código Florestal
Altera dispositivos da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, que
institui o novo Código Florestal.
LEI Nº 7.511, de 7 de julho de 1986.
42• Decreto 750/93
Artigo 1° - Ficam proibidos o corte, a exploração e a supressão de
vegetação primária ou nos estágios avançados e médio de regeneração
da Mata Atlântica. DECRETO N° 750 de 10 de fevereiro de 1993
• Decreto no 1.922/96
Dispõe sobre o reconhecimento das Reservas Particulares do
Patrimônio Natural, e dá outras providências. Decreto no 1.922, de 5 de
junho de 1996
43
CONCLUSÃO
Incentivos que possam vir a apoiar o uso sustentável da terra e das
florestas devem ser apoiados criteriosamente. Afinal, antes da discussão do
sequestro de carbono nas convenções mundiais, a degradação do solo e da
floresta no Brasil já era uma problemática ambiental séria, cuja resolução vem
enfrentando entraves enormes por falta de prioridade política, recursos
financeiros e humanos e preparo institucional.
Desmatamentos e queimadas representam algo em torno de 60% a 70%
das emissões de carbono brasileiras. Para combatê-los, necessita-se montar
uma estratégia própria como contribuição para a mitigação do efeito estufa.
Evidentemente, a floresta natural tem outras finalidades, e oferece uma
grande quantidade de benefícios imensuráveis, de forma que o que foi dito
anteriormente, não tem o objetivo de diminuir a importância da preservação das
florestas.
No caso brasileiro, a redução das emissões passa, em grande medida,
pelo controle dos desmatamentos, que no âmbito da política de seqüestro de
carbono significa defender, a inclusão da proteção das florestas contra
desmatamentos e queimadas. Isso depende muito da iniciativa brasileira de
liderar as discussões e negociações internacionais nos fóruns mundiais.
Atualmente, o debate sobre as questões ambientais se elitizou e se
tornou assunto de cientistas especializados, escapando não só à participação
do cidadão comum, mas à comunidade científica fora da especialidade. Tal é o
caso da discussão sobre a mudança climática, a camada de ozônio, a
biodiversidade e, de pesquisar incessantemente, visto que apenas a realização
de trabalhos certa forma, a engenharia genética. Na verdade é preciso
científicos bem orientados poderá determinar as normas a serem seguidas nos
próximos anos em relação aos reflorestamentos.
Merece menção a iniciativa do governo brasileiro de constituição do
44Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, em junho de 2000, com o objetivo
de ampliar as discussões sobre assuntos relacionados a mudanças climáticas.
O Fórum tem facilitado discussões virtuais diárias, bem como
organizado encontros, com o intuito de promover o conhecimento atualizado e
ampliar a participação de diversos segmentos da sociedade brasileira nos
processos decisórios sobre a questão da mudança climática.
A discussão sobre o sequestro de carbono e os MDLs ainda passa à
margem da atenção da grande maioria da população brasileira. Sobretudo,
caracteriza-se pela falta de consulta efetiva e qualificada às populações e
grupos sociais interessados. Isso desde já coloca restrições, quanto às
medidas e formas de implementação que possam efetivamente trazer
benefícios à sociedade.
45
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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47
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WWF - World Wildlife Fund, www.wwf.org.br – Acesso em janeiro de 2012.
48.
ANEXOS
ÍNDICE DE ANEXOS
ANEXO 1 - Gráfico de desmatamento na Amazônia
ANEXO 2 - Gráfico dos estados brasileiros que mais sofrem com o
desmatamento.
ANEXO 3 – Gráfico com as principais atividades poluidoras do meio ambiente.
ANEXO 4 – Gráfico com os pedidos de licença para desmatamentos no Brasil.
ANEXO 5 – Gráfico das principais ações poluentes responsáveis pela emissão
de gases que contribuem para o aumento do Efeito Estufa.
ANEXO 6 – Mapa das áreas nas afetadas pelo desmatamento.
49
Anexo 1 - Gráfico de desmatamento na Amazônia
Fonte: IPCC
50
Anexo 2 – Gráfico dos estados brasileiros que mais sofrem com o
desmatamento.
Fonte: Imazon
51
Anexo 3 – Gráfico com as principais atividades poluidoras do meio ambiente.
Fonte: IPCC e NASA/2006.
52
Anexo 4 – Gráfico com os pedidos de licença para desmatamentos no Brasil.
Fonte: IBAMA.
53
Anexo 5 – Gráfico das principais ações poluentes responsáveis pela emissão
de gases que contribuem para o aumento do Efeito Estufa.
Fonte: IPCC
54Anexo 6 – Mapa das áreas nas afetadas pelo desmatamento.
Fonte: MMA/ ministério do Meio Ambiente e IBAMA.
55
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I – Efeito Estufa 10
1.1 Biomas brasileiros 17
1.2 Protocolo de Kyoto 20
1.3 Crédito de Carbono 23
1.4. Sequestro de Carbono 24
CAPÍTULO II - Aquecimento Global 30
2.1. Possíveis causas e conseqüências 34
CAPÍTULO III - Desmatamento & Reflorestamento 36
3.1. A floresta e a água 39
3.2 As principais leis ambientais 41
CONCLUSÃO 43
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
WEBGRAFIA 47
ANEXOS 48
ÍNDICE 55