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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
DENUNCIAÇÃO DA LIDE E SUA OBRIGATORIEDADE
Por: Gisela Bueno Santos
Orientador
Prof. Jean Alves Pereira Almeida
Rio de Janeiro
2006
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
DENUNCIAÇÃO DA LIDE E SUA OBRIGATORIEDADE
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Direito
Processual Civil.
Por: Gisela Bueno Santos.
3
AGRADECIMENTOS
A todos que de alguma formam
colaboraram para a elaboração deste
trabalho, aos novos amigos da pós, aos
amigos de todas as horas, à minha
querida irmã Tatiana e ao meu
namorado Luiz Fernando.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia aos meus pais,
Elizabeth e Reynaldo, por todo apoio em
todos os momentos.
5
RESUMO
O trabalho aborda de forma sucinta o conceito de partes e intervenção
de terceiros, bem como todas as suas modalidades e algumas controvérsias.
São estudados: oposição, nomeação à autoria, chamamento ao processo,
assistência e recurso de terceiro prejudicado.
De forma mais detalhada é apresentada a denunciação da lide,
conceito, origem histórica, características, natureza, hipóteses de aplicabilidade
e discussão acerca da obrigatoriedade do instituto.
6
METODOLOGIA
Para a realização do presente trabalho foi utilizada a metodologia
dogmático-crítica através de estudo eminentemente bibliográfico, mediante
pesquisa em livros, artigos jurídicos e jurisprudência.
7
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO 8
2 – PARTES 9
3 – INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 11
3.1 – OPOSIÇÃO 13
3.2 – NOMEAÇÃO À AUTORIA 15
3.3 – CHAMAMENTO AO PROCESSO 17
3.4 – ASSISTÊNCIA 19
3.5 – RECURSO DE TERCEIRO PREJUDICADO 21
4 – DENUNCIAÇÃO DA LIDE 22
4.1 – ORIGEM HISTÓRICA 22
4.2 – CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E NATUREZA 24
4.3 – HIPÓTESES DE APLICABILIDADE 35
4.4 – OBRIGATORIEDADE 39
5 – CONCLUSÃO 41
6 – BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42
7 – ÍNDICE 44
8
1 – INTRODUÇÃOConsiderando-se a complexidade das relações modernas e as
demandas daí decorrentes, temos em nosso ordenamento jurídico a previsão
da chamada intervenção de terceiros.
Após breve explanação sobre o conceito de partes e intervenção de
terceiros, serão colocadas de forma sucinta as modalidades de intervenção de
terceiros existentes hoje no Código de Processo Civil, oposição, nomeação à
autoria, chamamento ao processo, assistência, recurso de terceiro prejudicado
e algumas de suas controvérsias.
O presente trabalho visa apresentar o instituto da denunciação da lide,
uma ação incidental de garantia, objetivando atender ao princípio da economia
processual, uma vez que passa a ação de regresso a integrar o processo de
conhecimento e ao permitir a introdução dos garantes na causa é evitado o
estabelecimento de nova ação em momento posterior, para a perseguição do
direito regressivo. Busca-se estabelecer seu conceito, origem e características
para por fim discutir a controvérsia existente acerca da obrigatoriedade do
mesmo.
9
1 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, p. 135.
2 – PARTES
Considerando o conceito tradicional de partes, aquele que pleiteia e
aquele em face de quem se pleiteia a tutela jurisdicional, temos como partes
apenas o autor e o réu. No entanto, este seria na realidade o conceito de
partes da demanda, existindo então um conceito mais amplo para partes do
processo. Segundo Alexandre Câmara:
“devem ser consideradas partes do processo todas
aquelas pessoas que participam do procedimento em
contraditório. Em outras palavras, ao lado do autor e do
réu, que são partes da demanda e também do processo,
outras pessoas podem ingressar na relação processual,
alterando o esquema mínimo (...) que corresponde à
configuração tríplice do processo” 1
O autor adquire a qualidade de parte do processo com a provocação
do exercício da jurisdição, ou seja, pela propositura da demanda; o réu, com a
citação válida; também com a citação, os terceiros intervenientes (casos de
intervenção forçada); outras duas formas de aquisição da qualidade de parte é
pela sucessão e pela intervenção voluntária.
Às partes incumbe auxiliar o juízo no descobrimento da verdade nos
termos do Código de Processo Civil que preceitua em seu artigo 14:
“São deveres das partes e de todos aqueles que de
qualquer forma participam do processo:
I – expor os fatos em juízo conforme a verdade;
II – proceder com lealdade e boa-fé;
III – não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes
de que são destituídas de fundamento;
10IV – não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou
desnecessários à declaração ou defesa do direito;
V – cumprir com exatidão os provimentos mandamentais
e não criar embaraços à efetivação de provimentos
judiciais, de natureza antecipatória ou final.”
2 CARNEIRO, Athos Gusmão. Intervenção de Terceiros, p. 64.
11
3 – INTERVENÇÃO DE TERCEIROS Para entender o fenômeno da intervenção de terceiros é preciso
primeiramente encontrar o conceito de terceiro. Tal conceito pode ser
encontrado por negação e é puramente processual - É terceiro quem não for
parte no processo. Entende-se, dessa forma, a intervenção de terceiros como o
ingresso no processo de quem não é parte.
O processo pode vir a produzir efeitos sobre a esfera jurídica de
interesses de pessoas estranhas à relação processual, o que justificaria a
chamada intervenção de terceiros. Em outras palavras, só se admite a
intervenção quando o terceiro for juridicamente interessado no processo
pendente. Acerca do tema dispõe Athos Gusmão Carneiro citando Cândido
Rangel Dinamarco:
“Cândido Dinamarco alude àquele terceiro que é sujeito
de uma relação compatível na prática com a decisão
passível de ser pronunciada entre as partes, mas que
dela pode receber um prejuízo de fato; àquele terceiro
sujeito de uma relação na prática incompatível com a
decisão, e assim capaz de ser juridicamente
prejudicado.”2
É possível a alteração subjetiva da relação processual nos casos
expressamente previstos em lei, visando diminuir o número de processos e
evitar resultados contraditórios. O terceiro que intervém passa então a ser parte
do processo, apesar de não ser parte da demanda.
O Código de Processo Civil traz um capítulo destinado à intervenção
de terceiros (Livro I, Título II, Capítulo VI). Nele estão elencadas quatro
modalidades: oposição, nomeação à autoria, denunciação da lide e
chamamento ao processo. No entanto, a doutrina majoritária, incluindo autores
como Vicente Greco Filho e Luiz Fux, vem entendendo também ser
12modalidades de intervenção de terceiros a assistência e o recurso de terceiro
prejudicado. Entende-se que o próprio Código de Processo Civil reconheceu a
natureza de intervenção de terceiros a esses dois institutos quando em seu
artigo 280 dispôs que:
“No procedimento sumário não são admissíveis a ação
declaratória incidental e a intervenção de terceiros, salvo
a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a
intervenção fundada em contrato de seguro.”
Com base na iniciativa, pode-se dividir as modalidades de intervenção
de terceiros em dois grupos: intervenções voluntárias ou espontâneas, quando
o terceiro por sua vontade ingressa no processo, desejando fazer parte da
relação processual, como ocorre na assistência, oposição e no recurso de
terceiro interessado e intervenções forçadas, coactas ou provocadas, quando o
ingresso do terceiro é provocado, requerido por uma das partes originárias (não
é possível a determinação de ofício pelo juiz), como ocorre na nomeação à
autoria, denunciação da lide e chamamento ao processo. São provocados
apenas pelo réu o chamamento ao processo e a nomeação à autoria, podendo
a denunciação da lide ser provocada tanto pelo autor quanto pelo réu.
13
3.1 – OPOSIÇÃOA oposição nas palavras de Cândido Dinamarco:
“é a demanda mediante a qual terceiro deduz em juízo
pretensão incompatível com os interesses conflitantes de
autor e réu de um processo cognitivo pendente.”3
Há certa controvérsia acerca da natureza do instituto. Para alguns
autores, como Vicente Greco Filho, Celso Agrícola Barbi e Alexandre Câmara,
a oposição não seria intervenção de terceiros, mas demanda autônoma em que
o opoente é autor, sendo réus em litisconsórcio necessário a partes originárias
da demanda. Outros autores, no entanto, entendem de forma diversa. Para
Athos Gusmão Carneiro, entre outros, há que se distinguir o momento do
oferecimento da oposição. Sendo oferecida antes de iniciada a audiência de
instrução e julgamento, constitui-se intervenção de terceiros; sendo oferecida
após o início da AIJ, antes da prolação da sentença, seria demanda autônoma.
Cândido Dinamarco, representante desta segunda posição, ressalta a distinção
classificando a oposição em duas espécies: oposição interventiva e oposição
autônoma.
Quanto à natureza da oposição, trata-se em regra de ação declaratória
em face do autor originário e condenatória em face do réu também da
demanda originária. No entanto, esta natureza será invertida caso a demanda
originária seja declaratória negativa.
Antes da prolação da sentença pode-se oferecer a oposição a
qualquer tempo. O terceiro, opoente, é autor e deve apresentar sua demanda
através de petição inicial, seguindo para tanto todos os requisitos previstos no
Código de Processo Civil, artigos 282 e 283.
Sendo oferecida a oposição antes da audiência de instrução e
julgamento a mesma será distribuída por dependência ao processo em curso.
Haverá relação de prejudicialidade, cabendo ao juiz julgar primeiro a oposição
e somente depois, a demanda original. Dispõe o artigo 59 do referido código:
14
“A oposição, oferecida antes da audiência, será
apensada aos autos principais e correrá simultaneamente
com a ação, sendo ambas julgadas pela mesma
sentença.”
Sendo a oposição oferecida após o início da audiência de instrução e
julgamento os autos não ficarão apensados conforme artigo 60 do Código de
Processo Civil:
“Oferecida depois de iniciada a audiência, seguirá a
oposição o procedimento ordinário, sendo julgada sem
prejuízo da causa principal. Poderá o juiz, todavia,
sobrestar no andamento do processo, por prazo nunca
superior a 90 (noventa) dias, a fim de julgá-la
conjuntamente com a oposição.”
Cria assim o Código de Processo Civil uma hipótese de fixação de
competência do juízo pelo critério funcional. Ou seja, o juízo do processo
original é o competente para a oposição. Neste caso, mesmo que ocorra a
reunião dos processos, não está o juiz obrigado a conhecer primeiro da
oposição uma vez que não há prejudicialidade.
15
4 CARNEIRO, Athos Gusmão. Intervenção de Terceiros, p. 92 .
3.2 – NOMEAÇÃO À AUTORIAEsta modalidade de intervenção provocada, onde o terceiro é
convocado a ingressar na relação processual, tem por finalidade corrigir vício
na legitimidade passiva. Ou seja, a nomeação à autoria visa a substituição do
réu parte ilegítima ad causam pelo verdadeiro legitimado, permitindo assim,
com a correção do vício, a continuidade do processo e a apreciação do mérito
da causa.
A nomeação à autoria é admitida estritamente nas hipóteses previstas
nos artigos 62 e 63 do Código de Processo Civil. Trata o artigo 62 de demanda
movida em face do detentor como se este fosse o possuidor ou proprietário de
determinado bem. Athos Gusmão Carneiro critica a redação do referido artigo:
“O Código fala, com certa impropriedade de expressão,
naquele ‘que detiver a coisa em nome alheio’. Entretanto,
a mera detenção é sempre em nome alheio; quem dispõe
de uma coisa em nome próprio é possuidor, e não
detentor. O detentor apresenta-se como mero
instrumento de posse alheia, longa manus do vero
possuidor; é o empregado, o preposto, ‘aquele que,
estando em relação de dependência para com outro,
conserva a posse em nome deste e em cumprimento de
ordens ou instruções suas’ – Código Civil, art. 1.198.”4
O artigo 63 do Código de Processo Civil, por sua vez, trata da
nomeação à autoria em processo iniciado por demanda em que se pretende
receber indenização por dano causado à coisa quando o responsável pelo
prejuízo alegar que o ato lesivo foi praticado a mando de terceiros (por ordem
ou instruções).
Nos dois casos apresentados o réu fará a nomeação à autoria em seu
prazo de resposta. Após suspender o processo, o juiz ouvirá o autor e depois
da concordância deste, o nomeado (será devidamente citado). Para que haja a
substituição do réu -nomeante pelo terceiro – nomeado é necessária a dupla
16concordância. Caso o autor não concorde com a nomeação o processo seguirá
em relação ao demandado original e, uma vez constada a ilegitimidade
passiva, será o feito extinto sem julgamento do mérito.
Caso o réu não faça a nomeação à autoria e seja devido fazê-lo,
responderá por perdas e danos. Da mesma forma se indicar pessoa diversa da
devida. Como a nomeação à autoria interrompe o prazo para o oferecimento
da resposta, caso não haja a dupla concordância, deverá o juiz conceder ao
demandado novo prazo.
Outra questão que se apresenta é a possibilidade de nomeações
sucessivas, que o nomeado realize nova nomeação à autoria. Tal hipótese não
se revela cabível frente ao sistema vigente. Uma vez ocorrida a alteração do
pólo passivo o nomeado à autoria torna-se réu, passando a ser além de parte
do processo, parte legítima da demanda.
17
3.3 – CHAMAMENTO AO PROCESSO
Diretamente ligado às situações de garantia simples, o chamamento
ao processo é cabível em casos de coobrigação, onde mais de uma pessoa se
apresentam responsáveis pelo cumprimento de uma prestação perante
terceiros, podendo ser exigida a integralidade da obrigação de qualquer uma.
Aquele que for chamado ao pagamento integral da dívida pode se voltar contra
os demais coobrigados através do chamamento ao processo.
As hipóteses em que é possível o chamamento ao processo estão no
Código de Processo Civil, artigo 77. A primeira, contida no inciso I, trata do
fiador que demandado pode chamar ao processo o devedor principal. Em regra
o fiador não é devedor solidário, podendo exigir, caso o devedor disponha de
bens, que a execução do crédito recaia primeiramente sobre o patrimônio
deste. No entanto, para que se possa alegar o benefício de ordem na execução
é preciso que conste do título executivo o devedor principal, por isso a
importância no caso do chamamento ao processo.
O inciso II do já mencionado artigo 77 traz a hipótese de co-fiadores,
uma vez que entre eles existe a solidariedade. Já o inciso III do mesmo artigo
trata dos devedores solidários. A redação do dispositivo gera certa controvérsia
ao determinar o chamamento “de todos os devedores solidários”. Alguns
autores, como Moacyr Amaral Santos, interpretando literalmente a norma,
entendem que o chamamento ao processo neste caso deva ser de todos os
devedores, não cabendo ao chamante escolher. Entretento, posicionamento
diverso apresenta como argumentação o princípio segundo o qual “quem pode
o mais, pode o menos”. Ou seja, se é possível o chamamento de todos,
também é possível o chamamento de alguns.
O chamamento ao processo, cabível nos casos anteriormente
mencionados, tem como conseqüência a ampliação subjetiva da relação
processual. É formado um litisconsórcio passivo unitário (para a doutrina
majoritária) entre chamante e chamados. Alexandre Câmara critica o instituto,
5 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, p. 185.
18alegando ter sido o mesmo criado para favorecer o devedor, retirando do
credor a vantagem garantida pela solidariedade passiva. Nas palavras do
autor:
“A escolha de um dos devedores permite ao credor ter a
segurança de um processo mais rápido (afinal haverá
apenas um demandado) e mais barato (com menos
despesas processuais, em razão de não se ter formado
um litisconsórcio que, afinal de contas, era facultativo).
Este processo mais rápido e mais barato, ou em outros
termos, este processo mais efetivo, torna-se
praticamente impossível, quando se permite ao devedor
demandado chamar ao processo todos os demais,
forçando-se assim o credor a demandar também em face
daqueles que não pretendia ver incluídos no processo”.5
19
3.4 – ASSISTÊNCIA
A assistência se caracteriza pelo ingresso do terceiro – assistente na
relação processual, visando auxiliar uma das partes originárias – assistido. Da
leitura do artigo 50 do Código de Processo Civil podemos depreender os
pressupostos de admissibilidade da assistência, causa pendente e interesse
jurídico do terceiro. Art. 50:
“Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o
terceiro, que tiver interesse jurídico em que a sentença
seja favorável a uma delas, poderá intervir no processo
para assisti-la”.
Há duas espécies de assistência, conforme o tipo de interesse jurídico
do terceiro. A assistência simples ou adesiva caracteriza-se por ser o terceiro
sujeito de relação jurídica diversa da deduzida no processo, mas subordinada a
ela. O assistente recebe tratamento diverso do dispensado ao litisconsorte,
atua como auxiliar da parte principal, podendo exercer os mesmos poderes do
assistido e sujeitando-se aos mesmos ônus, conforme artigo 52 do Código de
Processo Civil.
A segunda espécie de assistência é a qualificada ou litisconsorcial.
Determina o artigo 54 do Código de Processo Civil:
“Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente,
toda vez que a sentença houver de influir na relação
jurídica entre ele e o adversário do assistido”.
Tem-se neste caso uma relação jurídica plúrima, onde o terceiro
interveniente na realidade também é titular da relação jurídica deduzida no
processo. A redação do artigo 54 trata então o assistente qualificado como
litisconsorte o que leva à divergência doutrinária.
20Alguns autores entendem ser o assistente qualificado verdadeiro
litisconsorte por força de lei, já para outros, o terceiro interveniente neste caso
seria mero assistente. O terceiro não adquire a posição de autor ou de réu,
continuando a ser terceiro. Apenas torna-se parte do processo, podendo
exercer as mesmas faculdades outorgadas aos litisconsortes.
De acordo com a redação do artigo 55 do Código de Processo Civil,
uma vez transitada em julgado sentença que pôs fim à ação principal em que
interveio o assistente, o mesmo não poderá trazer a questão em processo
posterior. Salvo se comprovar que o assistido não atuou de forma correta e
idônea, e tendo o assistente recebido o processo em situação em que não lhe
era mais possível produzir provas ou desconhecia provas ou alegações
omitidas pelo assistido.
Este dispositivo gera controvérsia quanto ao alcance de sua
aplicabilidade. Para alguns autores seria aplicável em qualquer caso de
assistência, uma vez que a lei não fez qualquer distinção. Para outros, no
entanto, apenas quanto à assistência simples, ficando o assistente qualificado
sujeito à coisa julgada. Outra questão acerca da mesma norma diz respeito à
coisa julgada em si. Alguns autores defendem não tratar o artigo 55 de coisa
julgada propriamente dita, mas sim da chamada eficácia da assistência ou
eficácia da intervenção. Desta forma, trataria o artigo da eficácia preclusiva da
coisa julgada.
21
6 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, p. 189.
3.5 – RECURSO DE TERCEIRO PREJUDICADO
Trata esta modalidade de intervenção espontânea de recurso
interposto por terceiro. O terceiro prejudicado pode interpor qualquer dos
recursos de que dispõem as partes, com os mesmos prazos. A grande questão
aqui é a delimitação da figura do terceiro que pode recorrer, quem seria o
terceiro prejudicado.
Segundo Alexandre Câmara:
“Pode-se, assim, definir o terceiro legitimado a recorrer
como aquele que poderia ter intervindo no processo, mas
não o fez antes da decisão, pretendendo fazê-lo agora
com o fim de atacar o provimento judicial que lhe acarreta
prejuízo”.6
Há doutrinadores entendendo que o terceiro que poderia ser opoente
na demanda principal não está legitimado a interpor recurso nesta modalidade
de intervenção de terceiros. Entretanto, outra corrente entende não existir tal
restrição. Bastando para o recurso a comprovação de interesse jurídico na
causa e prejuízo acarretado pela decisão.
Outra controvérsia diz respeito à posição de alguns autores que
entendem ser este recurso de terceiro prejudicado uma assistência em grau
recursal. Combatendo este entendimento, outros alegam que tal definição
esvaziaria a própria assistência, uma vez que o artigo 50 do Código de
Processo Civil autoriza a assistência em qualquer grau de jurisdição. Outro
argumento trazido por esta corrente diz respeito à própria natureza da
assistência, onde o assistente intervém para auxiliar uma das partes, o que não
necessariamente ocorre no recurso de terceiro prejudicado.
22
4 – DENUNCIAÇÃO DA LIDEEsta modalidade de intervenção de terceiros é alvo de inúmeras
controvérsias e está regulada em nosso ordenamento pátrio no Código de
Processo Civil, do artigo 70 ao 76.
4.1 – ORIGEM HISTÓRICAExistia no Direito Romano instituto semelhante chamado denunciatio
litis, diretamente ligado ao instituto da evicção. Sua maior utilização prática se
dava para permitir ao adquirente de um bem, que se voltasse contra aquele de
quem o havia adquirido, caso sofresse a perda do mesmo em razão de
sentença que reconhecesse direito anterior à sua aquisição. Têm-se sinais de
similaridade do instituto com os existentes nos antigos Direito Germânico e
Direito Francês.
Cândido Rangel Dinamarco aborda o assunto com propriedade:
“Entre os povos germânicos invasores do Império
Romano havia o procedimento que se chamava
intertiatio, de cunho misto civil-criminal: perdida a posse
de coisa móvel, cumpria ao dono procurá-la até encontrá-
la e descobrir quem era o detentor, citando-o em juízo.
Poderia o réu, então, assumir uma dessas três atitudes:
a) restituir a coisa ao reivindicante; b) negar o domínio
deste; c) alegar havê-la adquirido de terceiro, indicando o
nome deste e apresentando-o em juízo dentro de certo
prazo. Ao contrário do que sucedia no direito romano,
onde o denunciado poderia omitir-se se quisesse, as
implicações penais do instituto germânico exigiam que
ele comparecesse obrigatoriamente. Também por conta
dessas implicações, só o réu poderia chamar terceiro ao
processo (não o autor), porque essa era uma forma
mediante a qual ele se defendia de uma possível
imposição de pena. Outra característica do instituto, tal
23
7 DINAMARCO, Cândido Rangel. Intervenção de terceiros, p. 133.
como configurado entre os germânicos, era a restituição
do preço: a advocatio ad warrantum continha em si uma
verdadeira e própria ação de garantia, para compelir o
vendedor a restituir o prelo que lhe havia sido pago pela
coisa litigiosa “.7
A matéria foi regulada de forma uniforme no antigo Direito Português
pelas Ordenações Afonsinas, Manoelinas e Filipinas. Podiam-se encontrar
algumas influências do Direito Germânico, como a possibilidade exclusiva do
réu denunciar à lide e a alusão ao furto praticado pelo réu. Da mesma forma
havia características do Direito Romano, como a separação entre a ação
reivindicatória e a ação de garantia e a inexistência do dever ou ônus do
alienante denunciado intervir no processo.
Nosso Código de Processo Civil de 1939 trouxe a mesma
denominação dada no Direito Português, chamamento à autoria. Excluía-se o
denunciante para que em seu lugar ingressasse o denunciado, não se
configurando ação de garantia. A convocação do terceiro não caracterizava
uma ação regressiva no mesmo processo, mas tão somente uma sucessão
subjetiva. A finalidade do instituto tem sido ampliada pelos ordenamentos
processuais modernos, não ficando mais adstrito às limitações originárias
relacionadas à evicção e às ações reais a ela relativas.
O atual Código de Processo Civil, de 1973, modificou não só o modo
de proceder do instituto, como também sua nomenclatura. Temos então sua
configuração atual, Denunciação da Lide, contendo verdadeira demanda
incidental de garantia, formulando-se pretensão em face de terceiro convocado
a ingressar no processo.
24
4.2 – CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E NATUREZA
A denunciação da lide é uma forma de intervenção de terceiros
provocada por uma das partes da demanda original que pretende dar notícia
a terceiro da pendência da lide, com a finalidade de antecipar a ação
regressiva que teria contra o terceiro garante, caso venha a sucumbir na
causa principal, em que se encontra controvertido o seu direito.
Trata-se então de uma ação regressiva in simutaneus processus,
uma vez que o terceiro, que passa a ser denominado denunciado, é garante
do denunciante, tendo com este relação jurídica da qual decorre a
responsabilidade de indenizar o garantido, em virtude da perda de seu
direito.
Há que se salientar o caráter de prejudicialidade da ação principal
em relação à ação regressiva instaurada in simultaneus processus. Sendo o
denunciante vitorioso na ação principal, deve ficar a ação regressiva
necessariamente prejudicada. Sendo assim, a pretensão do litisdenunciante
perante o litisdenunciado tem caráter eventual, pois só será este condenado
a ressarcir, caso haja aquele sucumbido na ação principal.
Com a denunciação o processo se amplia objetiva e
subjetivamente. A ampliação subjetiva se deve ao ingresso do denunciado,
que irá litigar juntamente com o denunciante, autor ou réu. Já a ampliação
objetiva ocorre com a inserção da demanda do denunciante contra o
denunciado, de indenização por perdas e danos.
Como na denunciação da lide o terceiro além de figurar como réu
na ação de regresso, intervém na ação principal, há certa controvérsia
quanto à posição ocupada nesta ação principal pelo terceiro interveniente,
se assistente simples, assistente qualificado (posição de Cândido Rangel
Dinamarco) ou litisconsorte.
25Para alguns autores, como Ovídio Baptista, partindo da origem
romana do instituto, há duplo propósito na denunciação da lide, sendo o
primeiro provocar o ingresso do alienante na causa sustentada pelo
adquirente contra terceiro, a fim de que lhe preste assistência e defenda a
coisa por ele transferida ao denunciante. O segundo propósito consiste em
permitir que no mesmo processo principal o denunciado responda pela
indenização porventura devida ao adquirente.
Nas palavras de Alexandre Câmara:
“correta é a posição de Nelson Nery Júnior,
anteriormente referida, para quem a relação entre
litisdenunciante e litisdenunciado é sempre de
assistência simples. O litisdenunciado não se torna,
com a denunciação da lide, parte da demanda principal,
o que faz concluir que, em não sendo ele autor nem
réu, não pode ser considerado litisconsorte. A
denunciação da lide é verdadeira demanda incidental,
cujo julgamento fica condicionado à sucumbência do
litisdenunciante na demanda principal. Por esta razão,
tem o litisdenunciado interesse jurídico na vitória do
litisdenunciante na demanda principal, podendo assim
atuar como assistente. Assistente simples, diga-se
desde logo, haja vista ser ele sujeito de relação jurídica
diversa da deduzida no processo, a relação de garantia,
o que não permite seja ele considerado assistente
litisconsorcial.
Assim é que cabe ao litisdenunciado assistir o
litisdenunciante, a fim de auxiliar este a obter sentença
favorável na demanda principal. Ao mesmo tempo em
que envida esforços para auxiliar o litisdenunciante a
vencer a demanda principal, cabe ao litisdenunciado, na
qualidade de réu da demanda incidental de garantia,
26
8 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, p. 182.
contestá-la, sob pena de revelia. É de se notar que as
duas atividades devem ser exercidas ao mesmo tempo,
em obediência ao princípio da eventualidade.”8
Carnelutti define o assistente como sujeito da ação, como parte
adesiva ou acessória, embora não seja sujeito da lide. A assistência aqui
tratada é a assistência simples, que se caracteriza pelo fato do terceiro
ingressar no processo objetivando auxiliar uma das partes, por ter interesse
jurídico em sua vitória.
O assistente simples, apesar de não ser pare na demanda, tem
poderes em apoio à atividade do assistido. Poderá requerer provas, formular
quesitos para vistorias, exames periciais e avaliações, recorrer e contra-
arrazoar recursos, fazer impugnações orais e quesitar testemunhas, bem
como impugná-las, ou até ser testemunha. Da mesma maneira, dispõe do
poder de desistir da intervenção, independentemente do consentimento das
partes.
Há limites, no entanto. Não pode o assistente praticar atos que o
assistido já tenha perdido o direito de fazer, nem assumir atitude que esteja
em oposição à conduta do assistido. Sendo assim é vedado ao assistido
desistir da ação, reconhecer o pedido, confessar, suscitar incompetência,
reconvir, ingressar com ação declaratória incidental ou modificar o objeto do
litígio. Ou seja, o assistente recebe a causa no estado em que se encontra,
de forma que as preclusões já ocorridas contra o assistido se estendem a
ele.
Há alguns aspectos que identificam a figura do denunciado com a
do assistente simples. Um deles é o fato do denunciado não possuir direito
ou relação jurídica com a parte contrária ao denunciante, ficando seu
interesse restrito à vitória do mesmo. Outro aspecto, já abordado, é a origem
romana dos institutos.
No entanto, a doutrina vem entendendo majoritariamente, que o
denunciado é na realidade litisconsorte do denunciante na ação principal.
Tal litisconsórcio será eventual tendo em vista que a pretensão manifestada
27em face do litisdenunciado só será apreciada se improcedente a ação
principal. Este posicionamento segue expressamente as normas dos artigos
74 e 75, I do Código de Processo Civil que preceituam:
“Art. 74. Feita a denunciação pelo autor, o denunciado,
comparecendo, assumirá a posição de litisconsorte do
denunciante e poderá aditar a petição inicial,
procedendo-se em seguida à citação do réu.
Art. 75. Feita a denunciação pelo réu:
I – se o denunciado a aceitar e contestar o pedido, o
processo prosseguirá entre o autor de um lado, e de
outro, como litisconsortes, o denunciante e o
denunciado”.
O litisconsórcio caracteriza-se pela reunião de duas ou mais
pessoas assumindo conjuntamente a posição de autor ou de réu. Conforme
a redação do art. 46, do Código de Processo Civil:
“Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo
processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:
I – entre elas houver comunhão de direitos ou de
obrigações relativamente à lide;
II – os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo
fundamento de fato ou de direito;
III – entre as causas houver conexão pelo objeto ou
pela causa de pedir;
IV – ocorrer afinidade de questões por um ponto comum
de fato ou de direito”.
São os litisconsortes titulares de direitos, ou devedores de
obrigações, constantes da demanda principal. Estão, portanto, diretamente
ligados à lide por ter direito ou obrigação próprios em litígio. Há, na opinião
28de Vicente Greco Filho comunhão de direitos ou obrigações quando duas ou
mais pessoas possuem o mesmo bem jurídico ou quando estas têm o dever
da mesma prestação. Trata-se aqui de um único direito com mais de um
titular ou de uma única obrigação sobre a qual mais de uma pessoa seja
devedora, não sendo evidentemente direitos ou obrigações idênticos.
Há conexidade objetiva nas hipóteses dos incisos II e III do artigo
46, quando for comum o objeto (pedido) ou a causa de pedir. Levando o
pedido mediato e os fatos à conexão, não será analisada a necessidade de
o provimento jurisdicional pleiteado ser o mesmo.
De acordo com este posicionamento o inciso IV do referido artigo
enseja a formação do litisconsórcio uma vez que há uma ligação entre as
demandas, existindo ponto comum de fato ou de direito, que se
expressando pelo elemento abstrato da causa de pedir, dá origem a
questões afins. Também se dá tal ligação quando duas ou mais pessoas
alegam um único fato base.
Baseando-se em qualquer dos incisos do artigo 46 do Código de
Processo Civil, o litisconsorte terá relação jurídica ou direito seu colocado
em causa, formulará pedido, ou haverá pedido feito contra si. Desenvolve
então sua atividade de acordo com o que julgar mais conveniente para
alcançar uma decisão favorável ao seu pedido.
A atividade do litisconsorte foi protegida pelo Código de Processo
Civil, de forma a assegurar que a conduta de um dos litisconsortes não
interferisse na do outro, seja para beneficiá-lo ou prejudicá-lo de algum
modo. Assim, o litisconsorte não será atingido pela preclusão do outro. Os
litisconsortes são então considerados como partes distintas das demais,
devendo cada litisconsorte visando obter resultados processuais favoráveis,
exercer suas atividades autonomamente, independentemente da atividade
de seu companheiro de litígio.
Traz o art. 48 do Código de Processo Civil a seguinte redação:
29“Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão
considerados, em suas relações com a parte adversa,
como litigantes distintos; os atos e as omissões de um
não prejudicarão nem beneficiarão os outros”.
Poderia-se, conforme entendimento já mencionado e com base no
próprio artigo 48, concluir que no ordenamento jurídico brasileiro a atividade
de um litisconsorte não acarreta benefício ou prejuízo para os demais. Ou
seja, a atividade de um não produz efeitos jurídicos na posição do outro. Tal
assertiva, ao fazer uma comparação entre o instituto do litisconsórcio e a
posição do denunciado na ação principal, intensifica as críticas ao
entendimento da doutrina majoritária, que afirma ser o denunciado
litisconsorte do denunciante na ação principal.
Tais críticas apresentam os seguintes fundamentos: não se
configura um dos requisitos essenciais do litisconsórcio, o denunciado não
apresenta na demanda relação jurídica ou direito seu com a parte contrária
ao denunciante. Apesar de haver interesse do litisdenunciado na vitória do
litisdenunciante, uma vez que em sendo vitorioso o denunciante não há que
se falar em ação regressiva, não há relação litigiosa entre o litisdenunciado
e a parte adversária do litisdenunciante.
Outro argumento diz respeito a não formulação de pedido por parte
do litisdenunciado, que também não tem pedido feito contra si. Sendo que
uma parte legítima da demanda formula sim pedido ou tem um formulado
contra ela. Conforme mencionado anteriormente o litisdenunciado não tem
pretensão própria contra o adversário do denunciante, assim como o
adversário do denunciante não tem pretensão de direito material formulada
na ação principal contra o denunciado.
Como último argumento neste sentido, temos o fato de ser o
litisconsorte autônomo para desenvolver suas atividades no processo
conforme julgue mais conveniente para alcançar uma decisão da lide
favorável ao seu pedido, sem que isso possa influir na relação processual
30
9CARNEIRO, Athos Gusmão. Intervenção de Terceiros, p. 98 .10 JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil, p. 117.
entre a parte adversa e os demais litisconsortes. Contudo, na relação
existente entre denunciante e denunciado não há tal independência, uma
vez que não existe relação processual entre o denunciado e a parte adversa
do denunciante, mas apenas com o próprio denunciante, na via regressiva
eventual.
Apesar de conter nova demanda, a denunciação da lide não dá
ensejo a novo processo. Esta modalidade de intervenção de terceiros se
desenvolverá no mesmo processo da demanda principal. Nas palavras de
Athos Gusmão Carneiro:
“Teremos, pois, ‘no mesmo processo’, duas ações, duas
relações jurídicas processuais. Mas um só processo, uma
só instrução, uma mesma sentença para ambas as
ações, a ação principal e a ação de denunciação da lide.
É fenômeno ‘típico do processo de conhecimento, ao
qual se confina sua admissibilidade’”.9
Complementa este entendimento Humberto Theodoro Júnior:
“Num só ato judicial, duas condenações serão proferidas:
uma contra o denunciante e em favor do outro
demandante; e outra contra o denunciado, em favor do
denunciante, desde de que este tenha saído vencido na
ação principal e que tenha ficado provada a
responsabilidade do primeiro.
Dar-se-á ensejo, portanto, a duas execuções forçadas,
caso não se observe o cumprimento voluntário do
julgado”.10
O artigo 71 do Código de Processo Civil dispõe sobre o momento em
que deve ser requerida a denunciação da lide:
31
11 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, p. 175.
“A citação do denunciado será requerida, juntamente
com a do réu, se o denunciante for autor; e, no prazo
para contestar, se o denunciante for réu”.
Pela leitura do referido artigo pode-se concluir que o autor que
pretende efetuar a denunciação da lide o deve fazer na inicial, de forma que
seja o denunciado citado no mesmo momento em que o réu o será. Já o réu,
deverá denunciar no prazo da contestação (a lei não define que deve ser no
corpo da contestação, podendo então ser apresentada em petição distinta).
Uma observação importante é que o réu optando por contestar e
apresentar a denunciação em petições diversas, não poderá oferecer a
contestação primeiro, sob pena de ocorrer a preclusão consumativa,
considerando-se encerrado o prazo para a prática do ato. Ou seja, não é
possível que se ofereça a denunciação da lide após a contestação.
Trata o artigo 72 da suspensão do processo:
“Ordenada a citação, ficará suspenso o processo.
§1° A citação do alienante, do proprietário, do possuidor
indireto ou do responsável pela indenização far-se-á:
a) quando residir na mesma comarca, dentro de 10
(dez) dias;
b) quando residir em outra comarca, ou em lugar
incerto, dentro de 30 (trinta) dias.
§2° Não se procedendo à citação no prazo marcado, a
ação prosseguirá unicamente em relação ao
denunciante”.
A suspensão a que se refere a lei tem como finalidade impedir o
desenvolvimento do procedimento enquanto não ocorra a citação do
litisdenunciado. Trata-se então de suspensão imprópria, uma vez que o
32processo não fica inteiramente parado. Suspendem-se apenas os atos
relacionados com a ação principal, enquanto é providenciada a citação do
denunciado.
A lei estabelece ainda prazos para a citação, dez dias caso o
denunciado resida na mesma comarca e trinta dias, caso resida em comarca
distinta. Uma vez que não seja realizada a citação dentro dos prazos previstos,
a denunciação da lide será tida como inexistente. No entanto, se ficar
comprovado que a extrapolação do prazo deu-se por culpa exclusiva do serviço
judiciário ou força maior, sem culpa ou desídia do denunciante, é certo que
este não poderá arcar com o prejuízo.
O artigo 73 dispõe a respeito da denunciação sucessiva:
“Para os fins do disposto no art. 70, o denunciado, por
sua vez, intimará do litígio o alienante, o proprietário, o
possuidor indireto ou o responsável pela indenização e,
assim, sucessivamente, observando-se, quanto aos
prazos, o disposto no artigo antecedente”.
Entende a doutrina majoritária que o artigo é autorizador de
denunciações sucessivas, permitindo que o denunciado traga para o processo
quem guardar com ele relação de garantia. Onde está escrito intimação,
entretanto, deve ser lido citação. Há posicionamento em contrário, defendendo
a interpretação do artigo como autorização apenas para que se comunique a
quem tenha relação de garantia a existência do processo.
Outra questão discutida em sede doutrinária é a natureza da sentença
que decide a denunciação da lide, tendo em vista a redação do artigo 76 do
Código de Processo Civil:
“A sentença, que julgar procedente a ação, declarará,
conforme o caso, o direito do evicto, ou a
responsabilidade por perdas e danos, valendo como
título executivo.”
33Apesar de constar do mencionado artigo a expressão “declarará”,
levando a crer que a sentença seria declaratória, hoje o entendimento
predominante é no sentido de ser a sentença condenatória, uma vez que o
próprio artigo menciona que a sentença terá validade como título executivo,
característica das sentenças condenatórias, conforme se depreende da leitura
do artigo 584, I do Código de Processo Civil:
“São títulos executivos judiciais:
I – a sentença condenatória proferida no processo civil”.
Corrente minoritária entende que não há empecilhos para que uma
sentença meramente declaratória ganhe por força de lei eficácia executiva.
Sendo exatamente este o caso.
Não é possível esquecer que por ser a denunciação da lide demanda
incidental de garantia, seu julgamento fica condicionado à sucumbência do
denunciante na demanda principal. Desta forma, não há que se falar em
condenação do denunciado diretamente em favor da parte contrária ao
denunciante. Uma sentença neste sentido seria extra petita e
conseqüentemente nula.
Após demonstração da discussão acerca da natureza da sentença,
cumpre tratar da coisa julgada. Esta questão está intimamente ligada à
discussão sobre ser ou não o denunciado um litisconsorte, uma vez que
sendo assim considerado, o denunciado será parte, que é atingida pela
coisa julgada. No entanto, sendo o denunciado considerado assistente
sofrerá os efeitos da intervenção, pois, assim, manterá a posição de terceiro
interessado.
Sendo certo que o estudo da coisa julgada demandaria uma
pesquisa mais profunda e entendendo a coisa julgada como forma de
atribuir à sentença a estabilidade protetora necessária à segurança jurídica,
conferindo a ela caráter de imutabilidade, temos a certeza de seu caráter
inter partes. Ou seja, não atingindo terceiros não integrantes do processo.
34Há, no entanto, terceiros juridicamente interessados que são
atingidos pela coisa julgada, desde que tenham participado da relação
processual e terceiros que recebem efeitos ditos reflexos da sentença, sobre
uma relação jurídica da qual são titulares.
Os terceiros sujeitos aos efeitos reflexos da sentença são aqueles
que podem intervir como assistente simples e assim o fazem. Cabe ressaltar
que não sendo intimados regularmente da existência do litígio, ou não
ingressando espontaneamente nele, não serão atingidos pelos efeitos da
sentença.
O efeito de intervenção está previsto no art. 55 do Código de
Processo Civil:
“Transitada em julgado a sentença, na causa em que
interveio o assistente, este não poderá, em processo
posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e
provar que:
I – pelo estado em que recebera o processo ou pelas
declarações e atos do assistido, fora impedido de
produzir provas suscetíveis de influir na sentença;
II – desconhecia a existência de alegações ou de
provas, de que o assistido, por dolo ou culpa, não se
valeu.”
O fenômeno do efeito de intervenção está restrito à intervenção de
terceiros, mormente ao instituto da assistência simples e tem como resultado
prático a impossibilidade do juiz, na demanda de regresso entre o assistido
e o assistente, reapreciar os fundamentos jurídicos, bem como os fatos
aceitos pelo juiz da ação em que a intervenção teve lugar.
Para se saber, então, a quais efeitos estará sujeito o denunciado
cumpre primeiramente decidir qual a natureza de sua posição na causa, se
litisconsorte, sujeito à coisa julgada ou se assistente simples, sujeito à
aplicação do artigo 55 do Código de Processo Civil.
35
11 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, p. 175.
4.3 – HIPÓTESES DE APLICABILIDADE
Os casos em que a denunciação da lide é cabível estão previstos no
artigo 70 do Código de Processo Civil:
“A denunciação da lide é obrigatória:
I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a
coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que
esta possa exercer o direito que da evicção Ihe resulta;
II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por
força de obrigação ou direito, em casos como o do
usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu,
citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa
demandada ;
III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato,
a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder
a demanda”.
O inciso I do supra citado artigo trata da hipótese mais comum de
aplicação do instituto da denunciação da lide. Aqui a denunciação é oferecida
por quem vê questionado em um processo seu direito de propriedade sobre
determinado bem, que lhe foi transferido anteriormente por terceiro.
A denunciação é feita ao alienante, para que caso não seja
reconhecido o direito do denunciante, também fique regulada a relação entre
este e o denunciado, definindo-se a existência ou não dos direitos decorrentes
da evicção. Cumpre lembrar que a evicção, conforme definição de Alexandre
Câmara
“ocorre quando o adquirente de um bem vem a perdê-lo
em virtude de sentença judicial que reconhece a outrem
direito anterior sobre ela”.11
36
Por definição a evicção traz a responsabilidade do alienante sempre
que a coisa seja perdida através de uma sentença judicial que reconheça em
favor de um terceiro algum direito sobre a mesma. No entanto, a jurisprudência
moderna tem entendido que a evicção pode ocorrer não só em virtude de
sentença judicial, como também em decorrência de apreensão por autoridade
policial, conforme REsp nº 51.875, REsp nº 19.391, REsp nº 58.232.
O inciso II do artigo 70 traz a segunda hipótese, permitindo ao
possuidor direto fazer a denunciação da lide ao possuidor indireto para que, em
sendo vencido o denunciante, a sentença defina também a responsabilidade do
denunciado. Entende a doutrina que o rol apresentado pelo inciso é meramente
exemplificativo.
Existe certa controvérsia quanto a possibilidade de ser o autor
denunciante com base neste inciso II. Para alguns autores, como Alexandre
Câmara e Frederico Marques, seria perfeitamente possível. Entretanto, a
doutrina majoritária entende de forma diversa, podendo neste caso apenas ser
denunciante o réu.
A hipótese aqui tratada diz respeito ao possuidor e se diferencia
claramente do disposto no artigo 62 do Código de Processo Civil, que prevê
nomeação à autoria a ser feita pelo detentor. No caso em tela não há
ilegitimidade do pólo passivo, portanto não se trata de nomeação à autoria e
sim de denunciação da lide. O possuidor direto é legitimado e apenas pretende
exercer seu direito de regresso perante o possuidor indireto no mesmo
processo.
Trata, por sua vez, o inciso III do artigo 70 da última possibilidade de
cabimento da denunciação da lide. Há duas correntes para o entendimento
deste inciso, uma restritiva e a outra extensiva.
Para se compreender a divergência existente é preciso primeiro tratar
dos tipos de garantia existentes. Há dois tipos de garantia:
37
12 JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil, p. 113.
“a garantia própria, que decorre da transmissão de um
direito (como no caso da evicção), e a garantia imprópria,
que não é verdadeiramente uma garantia, mas em
verdade trata-se de responsabilidade de ressarcir dano,
responsabilidade esta que decorre de quaisquer outros
títulos (como a culpa aquiliana, o inadimplemento
contratual, a convenção).”12
Para a primeira corrente, restritiva, defendida por Vicente Greco Filho,
somente seria permitida a denunciação da lide nos casos de garantia própria,
em que o direito de regresso da parte perante terceiros decorra da transmissão
de um direito.
Já a segunda corrente, extensiva, entendendo de modo diverso,
defende a possibilidade de haver denunciação da lide também nos casos de
garantia imprópria, uma vez que a lei não faz qualquer distinção.
Outra questão que se apresenta é a possibilidade de o Estado se valer
da denunciação da lide para em um só processo efetuar sua ação de regresso
face ao seu agente causador do dano. Para quem defende a interpretação
restritiva do inciso III, admitindo a denunciação da lide apenas nos casos de
garantia própria, não seria possível. Outro argumento é ter o Estado
responsabilidade objetiva, não sendo possível trazer ao mesmo processo o
elemento culpa, necessário para que haja o direito regressivo em face do
agente.
Por outro lado, os defensores da teoria extensiva têm admitido. Eis o
posicionamento de Humberto Theodoro Júnior:
“quando se exercita a denunciação, promove-se um
cúmulo sucessivo de duas ações, pois a denunciação da
lide faz surgir uma ação secundária e conexa entre
denunciante e denunciado, que impõe julgamento
simultâneo com a ação principal’.
38
13CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, p. 177.14 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, p. 177.
Existindo o direito regressivo a ser resguardado pelo réu,
a instauração do procedimento incidental da denunciação
em nada altera a posição do autor na ação principal. Se
seu direito de indenização é objetivo, continua com esse
caráter perante o Estado-réu. Se o direito regressivo
contra o funcionário depende da culpa do servidor que
praticou o ato lesivo, ao denunciante é que incumbirá o
ônus da prova da culpa, durante a instrução normal do
processo. O autor da ação principal não sofrerá agravo
nenhum em seu ônus e deveres processuais. O direito
regressivo do Estado é que restará condicionado ao fato
da culpa do servidor e só será acolhido se tal restar
evidenciado na instrução”.13
Em posição isolada Alexandre Câmara apresenta uma terceira
posição:
“A denunciação da lide é inadequada nos casos em que
entre o demandado e o terceiro há solidariedade. (...) o
fato de o Estado, civilmente responsável, ter direito de
regresso em face de seu agente que tenha causado o
dano, não exclui a responsabilidade deste perante o
lesado, a qual decorre do art. 159 do Código Civil. Assim
sendo, nada impediria que se formasse um litisconsórcio
(facultativo, obviamente) entre a pessoa jurídica de direito
público e seu servidor (o que já foi admitido pelo
Supremo Tribunal Federal)”.14
39
4.4 – OBRIGATORIEDADE
O caput do artigo 70 do Código de Processo Civil traz expressamente
o conceito de obrigatoriedade da denunciação da lide sendo verificadas as
hipóteses dos incisos. Entretanto, tal redação vem gerando controvérsias.
Para alguns autores, como Marcos Afonso Borges, uma vez obrigatória
a denunciação da lide, sua não realização pela parte acarretaria o perecimento
do direito de regresso. Ou seja, não utilizando o instituto da denunciação da
lide quando se deveria, por ser obrigatória sua utilização, não mais poderia ser
exercido o direito de regresso, nem por demanda autônoma.
Para uma segunda corrente, defendida por Rubens Costa, apesar de o
artigo trazer o termo “obrigatória”, este não teria maiores conseqüências
práticas. Caso não seja feita a denunciação da lide ainda assim seria possível
o exercício posterior do direito de regresso por demanda autônoma.
Outros autores, como Athos Gusmão Carneiro, trazem para cá a
distinção entre garantia própria e garantia imprópria e entendem que nos casos
em que haja garantia própria haveria a perda do direito de regresso caso não
fosse efetuada a denunciação da lide. Entendem ainda que em se tratando de
garantia imprópria não mais seria exigida a denunciação da lide, podendo
haver posterior exercício do direito de regresso em demanda autônoma.
Uma quarta corrente, defendida por Vicente Greco Filho, considera
que há perda do direito de regresso quando não se realiza a denunciação da
lide nas hipóteses do inciso I do artigo 70. Já nos casos previstos nos incisos II
e III do mesmo artigo, haveria mera preclusão. Não seria possível exercer o
direito de regresso no mesmo processo, podendo, todavia, ser exercido em
demanda autônoma.
Para Humberto Theodoro Junior a obrigatoriedade prevista no artigo
70 deveria decorrer do direito material e não estar prevista na lei processual:
40
15 JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil, p. 114.
“Sobre a obrigatoriedade da denunciação da lide, é digna
de acolhida a lição de Pedro Soares Muñoz, para quem,
na dúvida, devem prevalecer as regras de direito
material. Assim, merece subsistir o ensinamento de
Lopes da Costa, segundo o qual ‘quando à denúncia a lei
substantiva atribuir direitos materiais (o caso da evicção
por exemplo) é ela obrigatória. Se apenas se visa ao
efeito processual de estender a coisa julgada ao
denunciado, é ela facultativa’ (para o denunciante). Para i
denunciado, porém, os efeitos inerentes à intervenção
são sempre obrigatórios.”15
41
5 – CONCLUSÃO
O instituto da denunciação da lide, espécie provocada de intervenção
de terceiros, mostra-se fundamental para a economia processual, pois permite
que mediante apenas uma instrução e por uma única sentença sejam julgadas
duas causas em um só processo.
Esta modalidade de intervenção de terceiros, que pode ser proposta
tanto pelo autor quanto pelo réu, é admitida apenas no processo de
conhecimento e constitui ação de regresso antecipada em face de quem o
denunciante possua direito de regresso ou de indenização caso seja derrotado.
Será sempre prejudicial em relação ao resultado da primeira demanda.
O grande questionamento acerca do tema diz respeito a
obrigatoriedade da denunciação da lide, prevista no caput do artigo 70 do
Código de Processo Civil, uma vez que há várias correntes doutrinárias sobre o
assunto que se mostra de enorme importância prática.
O presente trabalho abordou a controvérsia de forma detalhada,
apresentando as correntes existentes e os autores que a defendem sem,
contudo, pretender esgotar o tema. Para uma das correntes a denunciação da
lide é obrigatória; para outra o direito regressivo pode ser exercido
independentemente da denunciação; uma terceira traz o conceito de garantia
própria, entendendo somente ser obrigatória a denunciação da lide nesses
casos; para outro grupo, só haveria a perda do direito de regresso nos casos
do inciso I do artigo 70.
42
6 – BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil, volume I. 6ª
ed. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2001
CARNEIRO, Athos Gusmão. Intervenção de Terceiros. 15ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2003.
DINAMARCO, Cândido Rangel. Intervenção de Terceiros. 3ª ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2002.
JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil, volume I. 34ª
ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2000.
http://www.tex.pro.br/wwwroot/curso/sujeitosdoprocesso/denunciacaodalide.htm
16:54 em 08/01/06
http://www.ufsm.br/direito/artigos/processo-civil/denunciado.htm
16:55 em 08/01/2006
http://www.sintese.com/noticia_integra.asp?id=12072
17:07 em 08/01/06
http://www.justilex.com.br/JustilexPortal/UltimasNoticias.asp?id=1521
17:13 em 08/01/2006
http://www.gentevidaeconsumo.org.br/dir_consumidor/belinda/aspectos_polemicos.htm
17:18 em 08/01/06
http://www.migalhas.com.br/mostra_noticia.aspx?cod=19713
17:20 em 08/1/06
http://www.prolegis.com.br/artigos/PROLEGIS-87.htm
17:29 em 08/01/06
43http://www.tex.pro.br/wwwroot/02de2005/denunciacaodalide_felipejakobsonlerrer.htm
17:32 em 08/1/06
http://www.psj.com.br/apostilas/PROLEGIS%20003.htm
17:38 em 08/01/06
44
7 – ÍNDICE
1 – INTRODUÇÃO 8
2 – PARTES 9
3 – INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 11
3.1 – OPOSIÇÃO 13
3.2 – NOMEAÇÃO À AUTORIA 15
3.3 – CHAMAMENTO AO PROCESSO 17
3.4 – ASSISTÊNCIA 19
3.5 – RECURSO DE TERCEIRO PREJUDICADO 21
4 – DENUNCIAÇÃO DA LIDE 22
4.1 – ORIGEM HISTÓRICA 22
4.2 – CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E NATUREZA 24
4.3 – HIPÓTESES DE APLICABILIDADE 35
4.4 – OBRIGATORIEDADE 39
5 – CONCLUSÃO 41
6 – BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42
7 – ÍNDICE 44
45
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: