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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM FALTA DISCIPLINAR GRAVE E SUA INFLUÊNCIA NO PROCESSO DE EXECUÇÃO DE PENA Por: Geisa Ferreira de Santana Gargel Orientador Prof. Francis Rajzman Rio de Janeiro 2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · constitucional da Lei de Execuções Penais e do Decreto nº 8897, de 31 de janeiro de 1986, além de análise crítica da jurisprudência

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

FALTA DISCIPLINAR GRAVE E SUA INFLUÊNCIA NO

PROCESSO DE EXECUÇÃO DE PENA

Por: Geisa Ferreira de Santana Gargel

Orientador

Prof. Francis Rajzman

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

FALTA DISCIPLINAR GRAVE E SUA INFLUÊNCIA NO

PROCESSO DE EXECUÇÃO DE PENA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Direito e

Processo Penal

Por: . Geisa Ferreira de Santana Gargel

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AGRADECIMENTOS

....aos amigos e em especial ao meus

clientes.

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DEDICATÓRIA

.....dedico aos meus pais, por todo carinho

e compreensão diante da ausência física

e ao meu marido, pela atenção e

dedicação.

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RESUMO

No estudo da Execução Penal, observa-se que o apenado tem direitos

e deveres previstos em lei. Os direitos, em regra, são alcançados pelo lapso

temporal e pelo mérito - por bom comportamento, requisitos objetivo e

subjetivo, respectivamente.

Dentre os deveres se insere a disciplina que, quando desobedecida,

enseja a ocorrência de transgressão disciplinar.

Contudo, para que possa ser aplicada a sanção prevista faz-se

necessário, nos termos da Lei, que haja o respectivo Procedimento Disciplinar,

entretanto, o que ocorre na prática é a violação de uma série de princípios

constitucionais, tais como a legalidade, a ampla defesa, o contraditório, a

razoabilidade, a proporcionalidade, a dignidade da pessoa humana, a

presunção de inocência e a motivação.

Assim, busca-se uma leitura constitucional da Lei de Execução Penal

para que seja dada ao apenado a garantia do devido processo legal,

respeitando seus direitos fundamentais, tendo em vista que a sentença penal

condenatória ou absolutória imprópria apenas lhe retira a liberdade, o direito de

ir e vir, e não os demais direitos garantidos para todos os cidadãos. Afinal, o

apenado é sujeito de direito e não objeto da execução penal.

Para tanto, propugna-se pela jurisdicionalização da apuração das faltas

disciplinares, em respeito às garantias fundamentais constitucionalmente

asseguradas.

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METODOLOGIA

O artigo é resultado de pesquisa bibliográfica, ampliada através de

discussões e reflexões, bem como coleta de dados junto a processos

disciplinares instaurados nas unidades penitenciárias.

Buscou-se fundamentos teóricos em obras de autores como Michel

Foucault, Eugênio Raúl Zaffaroni, Nilo Batista, Juarez Cirino dos Santos, Otto

kirchheimer, Georg Rusche, Francesco Carnelutti, bem como Renato Marcão,

Salo de Carvalho e Andrei Zenkner Schmidt e na prática jurídica, realizada

através da defesa em processos disciplinares.

Diante da teoria e da prática, buscou-se estabelecer uma leitura crítica e

constitucional da Lei de Execuções Penais e do Decreto nº 8897, de 31 de

janeiro de 1986, além de análise crítica da jurisprudência atual dos Tribunais

Superiores.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I - A História das Prisões 11

CAPÍTULO II - A Função da Pena 15

CAPÍTULO III - A Lei das Execuções Penais 19

CAPÍTULO IV - O Decreto 8897/86 23

CAPÍTULO V - Os efeitos da Falta Disciplinar

Grave no Sistema Progressivo 30

CAPÍTULO VI - A jurisprudência dos Tribunais

Superiores 35

CONCLUSÃO 39

ANEXOS 41

BIBLIOGRAFIA 42

ÍNDICE 45

FOLHA DE AVALIAÇÃO 63

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INTRODUÇÃO

Este trabalho, tem como objetivo discutir a necessidade da

jurisdicionalização da apuração das faltas disciplinares.

Busca mostrar que na prática, os direitos constitucionais do devido

processo legal, contraditório e ampla defesa do Apenado, nos Processos

Administrativos de Apuração de Falta Disciplinar, não são efetivamente

respeitado, bem como analisar, discutir e apresentar as conseqüências judiciais

no processo de execução da pena, diante de uma condenação no processo

administrativo.

Tal estudo tem como base o crescente número de faltas disciplinares

no interior das Unidades Prisionais do Estado do Rio de Janeiro, em especial

às relacionadas aos Apenados que estão próximos de terem o requisito

temporal cumprido, para a obtenção de benefícios.

Diante da alta criminalidade que atinge os Estados da Federação, em

especial o Estado do Rio de Janeiro, noticiado diariamente pela mídia televisiva

ou escrita, faz nascer na sociedade uma busca maior pela “punição” dos

infratores.

Com isso têm sido constantes as alterações legislativas e no caso

específico do processo disciplinar imposto ao Apenado, em caso de

cometimento de falta grave, a jurisprudência dos tribunais superiores vem se

modificando, e a condenação ultrapassou os limites de perdas de regalias

(visita íntima, classificação laborativa, etc.) para influenciar diretamente nos

direitos descritos nas legislações constitucionais e infraconstitucionais, como

perda de dias remidos, progressão de regime, comutação de pena, livramento

condicional.

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Diante dessa mudança, agora, mais do que nunca, se torna inaceitável

a condenação do Apenado, por uma Comissão formada de funcionários da

SEAP, que não guardam qualquer autonomia, nem mesmo imparcialidade para

tal.

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CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DAS PRISÕES

Desde os tempos mais remotos da humanidade, o que encontramos na

nossa trajetória histórica são indivíduos vivendo em grupos e não de forma

isolada, e dentro desses grupos, desde logo, foi necessária a implementação

de regras de comportamento social. A vigência das regras resultava do hábito e

a sua obrigatoriedade estava assentada no temor religioso ou mágico. Nessas

formas primárias de comunidade, por óbvio, não existia um órgão que

exercesse a autoridade coletiva. Os grupos sociais se formavam e se regravam

com total ausência do Estado.

As primeiras leis que surgiram nas sociedades primitivas foram leis

penais embora a idéia de prisão como pena criminal não existisse no

pensamento dos homens.

A análise sucinta da história da pena tem por finalidade ressaltar o

momento contexto que envolveu a mudança do paradigma punitivo, isto é, do

corpo à liberdade.

Na história do direito penal já se teve como referência punitiva à perda

da paz, a vingança de sangue e a composição, que eram formas privadas de

solução de conflitos e, como formas processuais, tinham-se as ordálias, o

duelo e o julgamento de Deus. Todas tinham em comum a forma de

exposição pública da punição para coibir futuros delitos.

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Originalmente a prisão era o local onde o condenado aguardava a

execução de sua pena, e não a pena em si. Em regra, as penas eram

corporais ou a capital.

A pena de morte começou a perder sua força na segunda metade do

século XVIII, pois não conseguia conter o avanço da criminalidade e não

alcançava mais os objetivos de segurança das classes superiores.

É no direito penal canônico que se passa a observar o uso da cela,

como o local onde a pessoa cumpria a penitência até o momento em que se

arrependesse, ou seja, o aprisionamento era visto como uma forma de castigo

corporal. De origem religiosa, a penitência era a pena imposta pelo confessor

ao penitente, para a remissão ou expiação de seus pecados. No direito

canônico o penitenciário era o padre, a quem o Papa ou os Bispos

transmitiam a faculdade de absolver certos casos de consciência, que lhe

eram reservados, impondo desse modo, as pena (penitências) para que seja

remido o penitente de suas culpas.

O direito de punir do Estado, especialmente, com pena de prisão é

relativamente recente. Com a decadência da pena de morte e com os

problemas socioeconômicos do início do século XIX é que a prisão, até então

pena corporal, passou a ser considerada a pena das sociedades civilizadas.

Foi no período iluminista que ocorreu o marco inicial para uma mudança

de mentalidade no que dizia respeito à pena criminal. Surgiram, na época,

figuras que marcariam a história da humanização das penas: Cesare Beccaria,

em sua obra intitulada “Dos Delitos e das Penas”, publicada em 1764; John

Howard, que escreveu a obra “O Estado das Prisões na Inglaterra e País de

Gales”; o pensador inglês Jeremias Bentham, idealizador do pensamento

utilitarista, autor do “Tratado das Penas e das Recompensas” (1791); Samuel

Puffendorf, professor de Filosofia do Direito na Alemanha; entre outros.

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Nesta época, com a influência desses pensadores, com destaque

especial para Beccaria, começou a ecoar a voz da indignação com relação às

penas desumanas que estavam sendo aplicadas sob a falsa bandeira da

legalidade.

Quase todos autores são unânimes em afirmar o que Michel Foucault

diagnostica:

O protesto contra os suplícios é encontrado em toda parte

na Segunda metade do século XVIII: entre os filósofos e

teóricos do direito; entre juristas, magistrados,

parlamentares; nos chaiers de doléances e entre os

legisladores das assembléias. É preciso punir de outro

modo: eliminar essa confrontação física entre soberano e

condenado; esse conflito frontal entre a vingança do

príncipe e a cólera contida do povo, por intermédio do

supliciado e do carrasco.”

Conforme Luiz Vicente Cernicchiaro:

“A Revolução Francesa influiu consideravelmente. A

reação contra os princípios vigentes, fez nascer novo

período do Direito Penal: o humanitarismo. As idéias dos

enciclopedistas foram absorvidas por BECCARIA – Dos

delitos e das Penas – combateu veemente a violência e o

vexame das penas, pugnando pela atenuação, além de

exigir o princípio da reserva legal (‘nullum crimen, nulla

poena sine lege’) e garantias processuais ao acusado.”

O problema socioeconômico enfrentado no século XVIII foi outro fator

muito importante na transformação da pena privativa de liberdade. A pobreza

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predominava e, com o aumento da miséria, as pessoas passaram a cometer

um número maior de delitos patrimoniais. Como a pena de morte não

respondia mais aos anseios da justiça e seu caráter de exemplaridade da pena

fracassava, o processo de domesticação do corpo já não atemorizava, surgiu a

pena privativa de liberdade, uma grande invenção que demonstrava ser o meio

mais eficaz de controle social.

Em retrospectiva histórica, observa-se que em 1555 surge a Bridewell,

na cidade de Londres, a primeira casa de correção, onde eram recebidos

vagabundos e mendigos que não desenvolviam nenhuma atividade laboral. E

por toda a Europa começou a surgir instituições como esta. A Casa de

Assistência aos Pobres - poorhouse -; oficinas de trabalho - workhouse; na

França, em 1656, foi criado o primeiro Hôpitaux general, que abrigava viúvas e

órfãos em troca de trabalho. Observa-se que tais instituições visavam a

utilização da força do trabalho dessas pessoas “indesejadas” e paralelamente

às casas de correção, no cárcere, na mesma época, destinados àqueles que

não podiam pagar fiança aos carcereiros, também eram utilizados os trabalhos

forçados, à exemplo dos trabalhos exercidos nas galés.

Michel Foucault, sobre pena-castigo, afirma:

“Pode-se compreender o caráter de obviedade que a

prisão-castigo muito cedo assumiu. Desde os primeiros

anos do século XIX, ter-se-á ainda consciência de sua

novidade; e entretanto ela surgiu tão ligada, e em

profundidade, com o próprio funcionamento da sociedade,

que relegou ao esquecimento todas as outras punições

que os reformadores do século XVIII haviam imaginado.”

No final do século XVIII a pena corporal chega ao seu fim. Surgem,

então, os chamados sistemas penitenciários, baseados na segregação e no

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silêncio, com o objetivo de regenerar o indivíduo. Marcando uma época mais

“racional e humanista”, nascendo o princípio da humanidade.

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CAPÍTULO II

A FUNÇÃO DA PENA

A princípio, estudiosos da Teoria da Pena estabelecem que a pena

privativa de liberdade cumpre determinadas funções. Desta forma as funções

da pena são classificadas em: retributiva de culpabilidade, de prevenção geral

e de prevenção especial.

Sobre a primeira função, nota-se que o discurso oficial explica que

representa um mal justo em face de um mal injusto provocado pelo cidadão em

conflito com a lei. A grosso modo é a compensação de um mal – o crime -, com

outro mal – a pena. A crítica que se faz é que o Estado se arma para retribuir

um mal com outro mal, fria e previamente calculado.

A prevenção geral visa evitar prática de crime futuro. Assim, a

criminalização teria uma função utilitária, vez que intimidaria aqueles que

desejassem delinquir. Divide-se em negativa e positiva. A negativa ocorre

quando o Estado desestimula a prática de uma infração penal com a imposição

de uma pena. Assim, o agente ficaria intimidado a praticar a infração pelo

simples medo de ser sancionado. A crítica que se faz a esta função é que, em

geral, quem comete um crime não espera ser sancionado. Beccaria expõe que

não é a gravidade da pena que repele a pessoa da prática delituosa, mas a

certeza da punição. “A imensa maioria das pessoas evita as condutas

aberrantes e lesivas por uma enorme e diversificada quantidade de motivações

éticas, jurídicas e afetivas que nada têm a ver com o temor à criminalização

secundária”.

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Acerca da prevenção geral positiva, explica Roxin que o objetivo é a

proteção dos bens jurídicos, aumentando a confiança do cidadão no sistema

jurídico; já para Jakobs o objetivo é a intimidação, é a reação contra a violação

da norma, como meio de demonstração de sua validade.

No que diz respeito a esta teoria, para Nilo Batista e Zaffaroni, segundo

ela, uma pessoa seria criminalizada porque com isso a opinião pública é

normatizada ou renormatizada, dado ser importante o consenso que sustenta o

sistema social. Como os crimes de “colarinho branco” não alteram o consenso

enquanto não forem percebidos como conflitos delituosos, sua criminalização

não teria sentido.

Na prática, tratar-se-ia de uma ilusão que se mantém porque a opinião

pública a sustenta, e convém continuar sustentando-a e reforçando-a porque

com ela o sistema penal se mantém: ou seja, o poder a alimenta para ser por

ela alimentado.

Assim, pode-se observar que a prevenção geral tem por escopo a

proteção aos bens jurídicos. Já a prevenção especial tem por fim o próprio

infrator, dividindo-se, tembém, em positiva e negativa. A prevenção especial

positiva visa corrigir o apenado, seja ressocializando-o, seja reeducando-o.

Este é o fim previsto no art. 1º da Lei de Execução Penal. Entretanto,

existem críticas a serem tecidas. Como se pretende ressocializar uma pessoa

afantando-a da sociedade?

Francesco Carnelutti denuncia a falsa pretensão do fim ressocializador.

Ele explica que, uma vez atribuida a pena, fixando-a no quantum determinado,

não importa se o apenado se ressocializa antes do término da pena, ele terá

que continuar a cumprí-la até o prazo previsto na sentença, isto é, a diferença

temporal entre a sua ressocialização e o efetivo fim do cumprimento da pena

não importa; o tempo excedente na prisão é inútil. Consideradas as críticas

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feitas ao verdadeiro papel ressocializador, o professor italiano compara a

penitenciária a um hospital. Neste, quando o paciente melhora, o tratamento se

encerra. Naquele não, “(...) a prova do progresso do doente não importa. O juiz

disse dez, vinte, trinta anos e dez, vinte, trinta anos devem ser, ainda que a

prova demonstre que é muito ou pouco, porque também, antes do período

estabelecido, o doente recuperou a saúde, ou também ao contrário, o período

transcorreu inutilmente”.

Os professores Nilo Batista e Zaffaroni também apresentam críticas à

esta função, dizem eles que (...) está comprovado que a criminalização

secundária deteriora o criminalizado e mais ainda o prisionizado.

Conhece-se o processo interativo e a fixação de papéis que induz

desempenhos de acordo com o esteriótipo e o efeito reprodutor da maior parte

da criminalização.

Definitivamente, trata-se de uma intervenção do estado que, caso fosse

factível – contrariando todos os dados sociais – consistiria numa imposição de

valores na qual ninguém crê, privada de todo momento ético, desde que

desconhece a autonomia da própria pessoa.

Já prevenção especial negativa tem como objetivo neutralizar o

criminoso, sob o argumento de que a privação de sua liberdade importa em

segurança para a sociedade, ou seja, “quando as ideologias re fracassam ou

são descartadas, apela-se para a neutralização e eliminação”.

O que se observa em todos estas teorias é que sempre se cria o efeito

de prisionização na pessoa. Foucault diria que a prisão, assim como outras

instituições de cunho individualizante – escola, fábrica, hospital etc. -, isola o

condenado do mundo exterior, tem o papel “onidisciplinar”, porque tenta

controlar todos os aspectos da vida do cidadão, seja pela força física, pela

atitude moral, ou comportamento cotidiano. Ademais, como se pode pretender

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ressocializar uma pessoa excluindo-a da sociedade, do convívio com sua

família, segregando-a em uma cela?

É notório o discurso falacioso dos papéis re da prisão: ressocialização,

reinserção, reabilitação, readequação e readaptação; bem como é falacioso o

papel de prevenção, seja especial ou geral, por sua ineficácia inibidora.

Assim, tendo visto o estudo sobre as funções da pena, passemos a

execução da pena propriamente dita.

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CAPÍTULO III

A LEI DE EXECUÇÕES PENAIS

Com a reforma do sistema penal, ocorrida em 1984, foi instituída a Lei

de Execuções Penais no ordenamento jurídico, jurisdicionalizando, doravante o

jus exequendi estatal, outrora relegado apenas à discricionariedade da

administração penitenciária. Dentre as inovações promovidas pela nova

sistemática se encontra o sistema progressivo de penas, antes não previsto.

Desta forma, a partir da referida reforma, a execução penal no Brasil se divide,

no que tange à pena privativa de liberdade, em três regimes: fechado, semi-

aberto e aberto, não sendo possível mais imaginar o cumprimento de uma

reprimenda de modo estático.

A Lei 7210/84, na Seção III do Capítulo IV trata da disciplina dos

presos, objeto deste estudo, descrevendo que a disciplina consiste na

colaboração com a ordem, na obediência às determinações das autoridades e

seus agentes e no desempenho do trabalho, estando sujeitos à disciplina o

condenado a pena privativa de liberdade ou restritivas de direitos e o preso

provisório.

A legislação infraconstitucional, garante ao preso, que não haverá falta

nem sanção disciplinar, sem expressa e anterior previsão legal ou

regulamentar, em conformidade com o art. 5º, XXXIX e XLV da CRFB/88,

garantindo ainda aos presos, que as sanções não poderão colocar em perigo a

integridade física e moral do condenado, sendo vedado o emprego de cela

escura e sanções coletivas.

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O preso condenado ou provisório, no início da execução da pena ou da

prisão, será cientificado das normas disciplinares, sendo certo que o poder

disciplinar, na execução da pena privativa de liberdade, será exercido pela

autoridade administrativa conforme as disposições regulamentares e em

consonância com o preceito constitucional de que aos acusados em geral, seja

em processo judicial ou administrativo, são assegurados o contraditório e a

ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

3.1 - Das faltas disciplinares

As faltas disciplinares são classificadas em leves, médias e graves. As

faltas graves são descritas na LEP e as leves e médias são especificadas na

legislação local, bem como as respectivas sanções, sendo certo que se pune a

tentativa com a sanção correspondente à falta consumada.

O art. 50 da Lei 7.210/84 assim descreve:

Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:

I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a

disciplina;

II - fugir;

III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade

física de outrem;

IV - provocar acidente de trabalho;

V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;

VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II (obediência ao

servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se) e V

(execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas) do art. 39 desta lei;

VII - tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de

rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o

ambiente externo.

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3.2 - Das sanções impostas em decorrência da prática da falta grave disciplinar

Na aplicação das sanções disciplinares, levar-se-ão em conta a

natureza, os motivos, as circunstâncias e as conseqüências do fato, bem como

a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão.

Nas faltas graves, aplicar-se-ão as sanções previstas nos incisos III a IV

do art. 53 da LEP, ou seja:

Art. 53 - Constituem sanções disciplinares:

III - suspensão ou restrição de direitos (art. 41 § único - os direitos

previstos nos incisos V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o

trabalho, o descanso e a recreação -, X - visita do cônjuge, da companheira, de

parentes e amigos em dias determinados - e XV - contato com o mundo

exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de

informação que não comprometam a moral e os bons costumes), poderão ser

suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do

estabelecimento;

IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos

estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, observado o disposto no

art. 88 desta lei.

3.3 - Das conseqüências da prática da falta grave disciplinar

Quando apurada a prática de falta grave disciplinar, a autoridade

representará ao juiz da execução, para que este ao tomar ciência da punição

administrativa, possa nos autos do processo de execução de pena, adotar uma

das seguintes determinações:

Art. 118 - A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à

forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais

rigorosos, quando o condenado:

I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;

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Art.125 - O benefício (da saída temporária) será automaticamente

revogado quando o condenado praticar fato definido como crime doloso, for

punido por falta grave, desatender as condições impostas na autorização ou

revelar baixo grau de aproveitamento do curso.

Art. 127 - O condenado que for punido por falta grave perderá o direito

ao tempo remido, começando o novo período a partir da data da infração

disciplinar.

Art. 181 - A pena restritiva de direitos será convertida em privativa de

liberdade nas hipóteses e na forma do art. 45 e seus incisos do Código Penal.

§ 1º - A pena de prestação de serviços à comunidade será convertida

quando o condenado:

d) praticar falta grave;

§ 2º - A pena de limitação de fim de semana será convertida quando o

condenado não comparecer ao estabelecimento designado para o

cumprimento da pena, recusar-se a exercer a atividade determinada pelo juiz

ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras a, d (praticar falta grave) e e do

parágrafo anterior.

Como se pode observar, o juiz recebe a comunicação da decisão do

processo administrativo disciplinar, não participando de qualquer ato,

entretanto, o art. 118, § 2º - exige que o Condenado seja ouvido previamente,

nas hipóteses do inciso I (regressão de regime para qualquer dos regimes mais

rigorosos) e do parágrafo 1º (o condenado será transferido do regime aberto

em caso de regressão de regime, condenação por crime anterior, cuja pena

somada ao restante da pena em execução torne incabível o regime, frustrar os

fins da execução) do referido artigo.

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CAPÍTULO IV

O DECRETO 8.897/86

O Regulamento do Sistema Penal do Estado do Rio de Janeiro, foi

publicado em 1986, ou seja, anteriormente a Lei de Execuções Penais, época

em que a execução de pena estava relegada apenas à discricionariedade da

administração penitenciária.

Com a publicação da LEP em 11.07.1984, o Decreto 8.897/86, passou

a ter o objetivo de complementá-la, devendo ser lido em concomitância com o

citado diploma, para a exata compreensão e aplicação.

Destacando ainda, que ambos são anteriores à Constituição da

República Federativa do Brasil de 1988, motivo pelo qual devemos fazer suas

leituras à luz dos princípios constitucionais do devido processo legal, ampla

defesa e contraditório.

O Decreto descreve as faltas leves e médias, sendo as faltas graves

relacionadas na LEP, entretanto, o procedimento disciplinar e a aplicação de

sanção em decorrência da prática de falta grave, são de competência do diretor

do estabelecimento, assim como a concessão ou cancelamento de regalias,

conforme art. 67 do Decreto 8897/86.

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4.1 - Do procedimento disciplinar

O Decreto em seu art. 74 e seguintes descreve a forma como deve

ser realizado o procedimento, vejamos:

Art. 74 – Cometida a infração, deverá o indiciado ser conduzido à presença do Chefe de Turma que determinará a lavratura da ocorrência.

Art. 75 – O Chefe de Turma em serviço poderá, tendo em conta a intensidade da falta grave ou média, determinar o isolamento preventivo do indiciado, que não poderá ultrapassar de dez dias. Art. 76 – Registrada a ocorrência pelo Chefe de Turma, este dará conhecimento dela ao Chefe de Segurança no primeiro dia útil que se seguir. Art. 77 – O Chefe de Segurança, logo que tiver conhecimento da ocorrência, decidirá sobre as medidas a tomar. Art. 78 – O Chefe de Segurança comunicará, no mesmo dia, a ocorrência ao diretor do estabelecimento, a fim de que este mantenha ou revogue as medidas inicialmente tomadas. Art. 79 – Cabe ao diretor do estabelecimento encaminhar à CTC, no prazo máximo de um dia útil, a comunicação de que trata o artigo anterior. Art. 80 – A CTC, no prazo de três dias úteis, realizará as diligências indispensáveis à precisa elucidação do fato, cabendo-lhe obrigatoriamente: I - requisitar o prontuário do indiciado, com todos os dados de acompanhamento individual; II - presentes pelo menos três membros, ouvir o indiciado, que poderá apresentar defesa escrita; III - ouvir o condutor, quando considerar necessário. Art. 81 – Formado o inquérito disciplinar, a CTC o remeterá com parecer, no primeiro dia útil que se seguir, ao diretor do estabelecimento que: I - convocará, para o primeiro dia útil que seguir, o Conselho Disciplinar, se entender aplicável ao caso a sanção do art. 61, IV; II - julgará o processo, se entender aplicáveis as outras sanções do art. 61.

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Art. 82 – No parecer de que trata o artigo anterior, a CTC opinará quanto à culpabilidade do indiciado e proporá ao diretor do estabelecimento ou ao Conselho Disciplinar a punição que entender cabível. Art. 83 – Se o diretor do estabelecimento ou o Conselho Disciplinar concluírem pela conveniência da aplicação de sanção privativa do diretor-geral, a ele remeterão a respectiva proposta. Art. 84 – No caso de fuga, o processo disciplinar será instaurado no estabelecimento de reingresso do preso e quando de sua recaptura. Art. 85 – Admitir-se-á como prova todo elemento de informação que a CTC entender necessário ao esclarecimento do fato.

Devemos destacar que a CTC (Comissão Técnica de Classificação) é

composta por Assistente Social, Psicólogo, Psiquiatra, Sub Diretor da Unidade

Prisional - todos funcionários da Secretaria de Administração Penitenciária - da

mesma forma que o Funcionário/Inspetor que tenha realizado a Parte

disciplinar - e o Diretor da Unidade Prisional (Funcionário da Secretaria de

Administração Penitenciária ou Ocupante de Cargo Comissionado).

Na legislação é claro o procedimento adotado, entretanto na prática, o

que se pode verificar é que esses prazos não são respeitados.

Inicialmente, o Inspetor que tenha verificado algum ato, que possa ser

classificado como falta disciplinar, imediatamente, coloca o Apenado em uma

cela individual (vulgarmente conhecida como B.....), onde o mesmo fica de

“castigo”, até a apuração do fato - sendo certo que este “castigo inicial”, ou

seja, o isolamento, não ultrapassa 10 dias.

Ao escrever a Parte Disciplinar no livro de ocorrências da Unidade

Prisional, esta é encaminhada para o Diretor da Unidade que determina a

Instauração da Comissão Técnica de Classificação.

A CTC realiza a oitiva do Apenado, no prazo de até 03 dias a contar da

sua instauração, sendo certo que esta oitiva, raramente é realizada com o

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acompanhamento do Advogado ou Defensor Público, seja em razão da não

convocação do Patrono, seja pela ausência de Defensor Público, na Unidade

Penitenciária.

Após a oitiva do Apenado, é determinado o prazo de 03 dias para a

apresentação da Defesa escrita. Sendo este o momento, em regra, que a

Defesa técnica, tem conhecimento dos fatos ocorridos.

Anteriormente, sequer era aberto prazo para a defesa técnica, mas, em

razão de diversas decisões judiciais que declaravam nulo o Procedimento

Administrativo, em razão do desrespeito aos princípios constitucionais, do

contraditório e ampla defesa, passou-se a determinar o prazo para a Defesa

escrita.

Na apresentação da defesa, pode e devem ser requeridas todas

diligências necessárias para a verificação da existência do fato, seja oitiva de

testemunhas, apresentação de material apreendido, apresentação de

filmagem, tendo em vista que os espaços internos das galerias são

monitorados por câmaras de segurança (sendo certo que tal monitoramento

não ocorre em todas as unidades prisionais do Estado), a fim de evitar que o

Apenado, seja vítima do arbítrio das autoridades administrativas.

Infelizmente, o que ocorre na prática é que as diligências não são

realizadas e a sanção é imposta ao Apenado, motivo que enseja os seguintes

questionamentos:

Existe efetivamente o devido processo legal para a apuração da

falta disciplinar?

É respeitado efetivamente o contraditório e ampla defesa?

As decisões são sempre motivadas?

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São esses questionamentos os principais focos deste trabalho.

Esta é uma questão de grande relevância para a execução de pena,

pois a sanção imposta em razão da falta grave “supostamente” cometida pelo

Apenado, importa em restrições de direitos, seja com a aplicação da sanção,

seja como fator eliminador do mérito para a progressão de regime, perda de

dias remidos, ou ainda pela diminuição na classificação carcerária, o que

inviabiliza a obtenção de permissão de saída temporária, livramento

condicional, comutação ou indulto.

Para que se possa manter a eficácia da punição imposta ao

condenado, preservando os efeitos preventivos e ressocializadores da pena e

até mesmo como forma de garantia da estabilidade social dentro dos

estabelecimentos penitenciários, se faz indispensável que a ampla defesa, o

contraditório e o devido processo legal, sejam efetivamente respeitados, e não

“maqueados” .

4.2 - Das inconstitucionalidades do procedimento administrativo

A realização de uma leitura constitucional à Lei de Execução Penal e ao

Decreto 8897, pode-se observar uma séria de inconstitucionalidades nos

dispositivos referentes às faltas e procedimentos disciplinares.

O art. 5º, LVII da CRFB/88, descreve que ninguém será considerado

culpado até o trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória.

O isolamento, imposto ao Apenado, pelo Inspetor que realiza a

notificação da falta disciplinar, já é uma sanção aplicada, mesmo sem que

tenha tido início o procedimento administrativo. Se, eventualmente, for

constatado que tal falta não existiu, ou mesmo que o Apenado não é culpado,

alem de ter sido violado a presunção de inocência, o princípio do in dúbio pro

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reo, a sanção já foi cumprida e não se tem como devolver ao Apenado os

direitos que lhes foram suprimidos, restringidos.

A oitiva do Apenado sem a presença da defesa técnica, por si só deveria

ser causa de nulidade de todo o procedimento.

O mesmo fato (falta disciplinar) é apto a ensejar a imposição de diversas

sanções com níveis de gravidade diferentes, o que demonstra um verdadeiro

bis in idem, como isolamento celular, restrições de direito de visita, perda de

dias remidos, impossibilidade de requerer/exercer a progressão de regime,

entre outros.

A tentativa de falta disciplinar, pode ser punida com a sanção da falta

consumada, afrontando, assim, o princípio da proporcionalidade.

O rol de faltas disciplinares fere a legalidade no que tange a

taxatividade, pois as condutas não são determinadas, claras e objetivas,

cabendo ao agente carcerário fazer a subsunção da conduta do Apenado à

falta disciplinar, dando azo ao abuso de poder. Apesar da LEP no art. 45 prever

que as faltas disciplinares devem ser expressas e anteriormente previstas, na

prática não é o que se verifica lendo os arts. 50 e 52 da LEP.

O princípio da reserva legal diz que a restrição da liberdade só pode

advir de norma suficientemente clara e precisa quanto à sua aplicabilidade,

conforme o brocado: nullum crimen, nulla poena sine lege certa.

Quando o Apenado ingressa no sistema penitenciário, ele não recebe

um rol onde estejam descritos quais os objetos que pode ter, o que pode falar

ou não com os Inspetores, etc.

Desta forma, em total desrespeito a proporcionalidade, vimos Apenados,

serem condenados por falta grave (com fulcro no art. 50, VI - inobservar os

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deveres previstos nos incisos II e V do art. 39 da LEP), por estar no banheiro,

no momento em que o Inspetor adentrou na cela para fazer o confere matinal,

por portar um clips, por portar pedaço ínfimo de fita isolante, utilizada para

isolar os fios da rede elétrica expostos dentro das celas, por ter se negado a

ficar em posição vexatória (de quatro) na frente de outros internos, para

realização de revista, entre tantas outras, onde resta evidenciado que o caráter

subjetivo do Inspetor, sobrepõe-se a legislação.

Ademais, em todas as CTC’S realizadas no interior das Unidades

Prisionais, nunca foi obtida uma decisão favorável ao Apenado. Sendo em

diversos casos as mesmas anuladas em razão de impetração de Habeas

Corpus, visto que nem mesmo o Juiz da Vara de Execuções Penais, analisa tal

decisão, utilizando como fundamento que não cabe a este analisar os critérios

utilizados pela CTC.

Desta forma resta evidenciado que a realização da apuração de falta

grave no interior das Unidades Prisionais, por pessoas vinculadas e/ou

subordinadas, fere totalmente a imparcialidade para realizar o julgamento,

motivo pelo qual se faz urgente a jurisdicionalização da apuração das faltas

graves disciplinares.

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CAPÍTULO V

OS EFEITOS DA FALTA DISCIPLINAR GRAVE NO

SISTEMA PROGRESSIVO

É cediço que muitos juízes e tribunais pátrios, utilizam a falta

disciplinar de natureza grave praticadas por reeducandos dentro do sistema

prisional (artigos 50 a 52 da Lei de Execuções Penais – LEP) como fator de

interrupção de lapso temporal para a progressão de regimes, livramento

condicional e até mesmo indulto/comutação de penas.

Não é demais lembrar que as normas que tratam dos institutos

despenalizadores na execução penal, por se relacionarem diretamente com o

jus exequendi estatal, têm a natureza jurídica de lei penal e a elas, portanto,

aplicam-se os limites traçados pelos princípios e remédios constitucionais

pertinentes ao tema.

O argumento utilizado para embasar a referida interrupção é o de que a

LEP prevê a regressão do sentenciado que está em regime prisional mais

brando (artigo 118, inciso I) quando este comete falta disciplinar grave e, ipso

facto, não seria justo, em uma interpretação tacanha da lei, se o reeducando

que cumpre pena no regime fechado não sofresse a interrupção de lapso para

eventual promoção de regime.

Esta corrente parte do entendimento equivocado de que a regressão é

uma punição ao condenado por pena privativa de liberdade e de que a

progressão de regime, em uma lógica comezinha, é um benefício previsto na

Lei de Execuções Penais.

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Ainda que aludido entendimento representasse a exegese correta do

sistema progressivo da LEP, seria forçoso ainda reconhecer que a interrupção

de lapso por falta grave seria um desvirtuamento teratológico do sistema penal

e dos princípios garantistas adotados pela Carta Magna e pela própria LEP, na

medida em que se aplicaria uma analogia in malam parte proscrita pela

dogmática penal moderna.

Neste sentido:

"Por outro lado, ao juiz que vai aplicar as leis penais é

proibido o emprego da analogia ou da interpretação com

efeitos extensivos para incriminar algum fato ou tornar

mais severa sua punição. As eventuais falhas da lei

incriminadora não podem ser preenchidas pelo juiz, pois é

vedado a este completar o trabalho do legislador, para

punir alguém". (DELMANTO, Celso. Código penal

comentado. 5ª ed. atual. e ampl., Rio de janeiro: Renovar,

2000, p. 04).

Contudo, como já ressaltado, os entendimentos de que a regressão é

punição e de que a progressão de regimes é benefício são manifestamente

incorretos, pois os referidos institutos são formas de execução da pena

privativa de liberdade, em que a ausência ou a presença do mérito do

sentenciado será sempre o fator preponderante para o magistrado decidir num

ou noutro caso.

Neste sentido se posiciona a doutrina pátria:

"Se por um lado o mérito do condenado, detectado no

cumprimento da pena, autoriza a progressão até que

alcance a liberdade definitiva, a ausência de mérito é

causa determinante de sua regressão, que implicará a

ordem inversa da progressão". (MARCÃO, Renato. Curso

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de execução penal. 4ª ed. Ver. e atual., São Paulo:

Saraiva, 2007).

Corroborando esta posição, podem ser citados também vários tópicos

da Exposição de Motivos da LEP, como os abaixo transcritos, in verbis:

n. 118 "O projeto dispõe que o regime inicial de execução da pena

privativa de liberdade é o estabelecido na sentença de condenação, com a

observância do art. 33 e seus parágrafos do Código Penal (art. 110). Mas o

processo de execução deve ser dinâmico, sujeito a mutações. As mudanças

no itinerário da execução consistem na transferência do condenado de

regime mais rigoroso para outro menos rigoroso (progressão) ou de

regime menos rigoroso para outro mais rigoroso (regressão)" (sem

destaque no original).

n. 119 "A progressão deve ser uma conquista do condenado pelo

seu mérito e pressupõe o cumprimento mínimo de um sexto da pena no

regime inicial ou anterior. A transferência é determinada somente pelo juiz da

execução, cuja decisão será motivada e precedida da Comissão Técnica de

Classificação (...)" (sem destaque no original).

n. 120 "Se o condenado estiver no regime fechado não poderá ser

transferido diretamente para o regime aberto. Esta progressão depende do

cumprimento mínimo de um sexto da pena em regime semi-aberto, além

da demonstração do mérito, compreendido tal vocábulo como aptidão,

capacidade e merecimento, demonstrados no curso da execução" (sem

destaque no original).

Conquanto a Exposição de Motivos de uma lei não possua qualquer

força normativa, tampouco vinculante, é inquestionável seu caráter de vetor

interpretativo, no qual o hermeneuta poderá buscar o melhor sentido da norma

para aplicá-la ao caso concreto.

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Por outro lado, seguindo este entendimento de que tanto a regressão

como a progressão são formas de execução de pena, chega-se à fácil

conclusão de que o sistema da LEP não prevê a interrupção de lapso por falta

grave, nem mesmo com a regressão de regime.

Com efeito, o que a LEP exige, quando o magistrado determina a

regressão do sentenciado, para uma nova progressão de regime, é o

cumprimento de novo lapso temporal pela pena remanescente, da mesma

forma que ocorre com o sentenciado promovido do regime fechado para o

semi-aberto, pois para que este consiga uma nova progressão, doravante para

o regime aberto, é necessário também o cumprimento de novo lapso temporal

pela pena remanescente; e, nesta última hipótese, ninguém se atreve a dizer

que houve interrupção de lapso.

Destarte, a necessidade de cumprimento de um novo lapso temporal

em caso de regressão, como requisito objetivo exigido pela lei para uma nova

progressão de regime, nada mais é do que uma decorrência lógica deste

instituto, cuja natureza jurídica, repita-se mais uma vez, é de forma de

execução da pena privativa de liberdade.

Acentue-se, por oportuno, que interpretar a regressão por falta grave

como punição ao sentenciado é ratificar um intolerável bis in idem, uma vez

que o mesmo já terá cumprido uma das penas previstas no artigo 53 da LEP e,

seguindo este entendimento, seria punido novamente, agora pelo retorno ao

regime mais grave.

Outrossim, não é de olvidar-se que, pelo Regulamento do Sistema

Penal do Estado do Rio de Janeiro, cuja natureza é de norma infra-legal

emanada do Governo do Estado, o sentenciado que comete uma falta

disciplinar, seja leve, média ou grave, deverá cumprir um período de

reabilitação, durante o qual a unidade prisional onde o mesmo cumpre sua

reprimenda não poderá atestar o seu bom comportamento (artigos 20 e

seguintes) e, conseqüentemente, não terá preenchido o requisito legal de

ordem subjetiva para a consecução de sua progressão de regime.

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Nada mais lógico e natural, uma vez que o cometimento de falta

disciplinar dentro do sistema prisional se coaduna indelevelmente com o

requisito subjetivo, ou seja, o comportamento carcerário do sentenciado e não

com o requisito objetivo (cumprimento do lapso temporal).

Obviamente que esta natureza jurídica da regressão e da progressão

de regime não dá discricionariedade ao juiz da execução para deferir ou

indeferir indiscriminadamente referidos institutos, pois o mesmo sempre estará

sempre cingido pelas regras dos artigos 112 e 118 da LEP, além dos princípios

previstos no arcabouço jurídico-penal brasileiro. Sendo assim, v.g., quando o

sentenciado preencher os requisitos objetivo e subjetivo destacados no artigo

112 da LEP terá adquirido inexoravelmente o direito de progredir de regime.

Por tudo isto, mostra-se evidente que a prática reiterada e difundida por

muitos juízes e tribunais pátrios de interromper o tempo de cumprimento da

pena privativa de liberdade para efeito de progressão, pela prática de falta

grave disciplinar por reeducandos que se encontram no regime fechado, é

teratológica, decorrendo de uma equivocada interpretação dos institutos da

regressão/progressão de regimes.

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CAPÍTULO VI

A JURISPRUDÊNCIA DOS TRIBUNAIS SUPERIORES

Os nossos Tribunais Superiores já se manifestaram sobre a falta

grave durante à execução da pena, delineando algumas exigências e

conseqüências.

6.1 - Interrupção da contagem do prazo para progressão de regime

Quando um Apenado está em regime fechado e comete falta grave,

não há possibilidade de regredir de regime - conseqüência da punição nos

demais regimes.

No que se relaciona a interrupção da contagem de prazo para fins de

progressão de regime, anteriormente no STJ era pacífico, que o prazo deveria

ser reiniciado, entretanto a contagem deveria ser feita sobre a pena

remanescente.

Por exemplo:

O Apenado está condenado há penas que totalizam 80 (oitenta) anos,

todos os crimes de caráter não hediondo ou equiparado.

Para fazer jus a progressão de regime para o semi-aberto precisa

cumprir 1/6 da pena, ou seja, 13 anos e 04 meses - como requisito objetivo.

Após o cumprimento de 10 anos de pena, onde o mesmo exerceu

atividades laborativas por quase 05 anos, teve sua pena remida em

aproximadamente 03 anos - totalizando 13 anos.

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Cometeu uma falta disciplinar grave - por supostamente ter

desrespeitado funcionário - sendo punido com fulcro no art. 61,III e IV, pelo

prazo de 30 dias.

Em decorrência de tal punição, teve todos os dias remidos perdidos,

bem como o prazo para PR interrompido.

Diante do novo quadro o Apenado, deverá cumprir novamente o

requisito temporal da seguinte forma:

Pena inicial 80 anos - 10 anos (de pena cumprida, sem considerar as

remissões) = saldo de pena 70 anos

1/6 de 70 anos - 11 anos e 08 meses, a contar da data do cometimento

da falta grave.

Precedentes dos Tribunais: HC 64.847/SP, HC 135.190/RS, HC

110.562/ES ;

Em julgados recentes, a partir do julgamento do HC 123.452/RS a 6ª

Turma do STJ, mudou o seu posicionamento, e vem adotando que não há

como exigir a interrupção do prazo, por ausência de previsão legal.

Nesta hipótese, o Apenado ficaria durante 01 ano sem poder obter

qualquer benefício em razão da sua classificação carcerária (que estaria

negativo em razão da falta disciplinar), período necessário para que o mesmo

pudesse retornar ao comportamento “Bom”, exigido para fins de concessão de

benefícios.

Precedentes da 6ª Turma do STJ - HC 123.452/RS, HC 198.761/PR,

HC 155067/RS

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6.2 - Perda dos dias remidos

Anteriormente a publicação da Súmula Vinculante nº 09 - “O disposto no

artigo 127 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) foi recebido pela

ordem constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto no

caput do artigo 58” - os Tribunais limitavam a um ano, a perda dos dias

remidos, com a publicação da súmula vinculante, o posicionamento foi

alterado, fazendo com que a prática da falta grave incida na perda de todos os

dias remidos, ou seja, se o Apenado trabalhou durante 15 anos na unidade

prisional e praticou uma falta grave, terá todos os seus dias remidos perdidos.

6.3 - A contagem de prazos para os benefícios do Livramento Condicional e

Comutação

É pacifico nos Tribunais Superiores, que a prática de falta grave, não

interrompe a contagem de prazos para Livramento Condicional - por não

constar como requisito objetivo no art. 83 do CP, conforme Súmula 441STJ - e

Comutação.

É certo que a prática da falta disciplinar, faz com que o Apenado tenha

sua classificação carcerária rebaixada e desta forma não preencha o requisito

subjetivo do bom comportamento para obter o livramento condicional e de igual

forma não preencherá o requisito subjetivo para a comutação, visto que os

decreto exigem que não tenha sido cometido falta disciplinar nos últimos 12

meses.

Precedentes dos Tribunais: HC 195.476/RJ, HC 193.691/SP, HC

188260/RS

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6.4 - Prazo prescricional para apuração da falta disciplinar

É certo que a punição disciplinar de um reeducando não pode ser

assemelhada à sanção penal em sentido estrito, conquanto possa impedir, por

vias transversais, a obtenção de certos direitos constantes da LEP, ou mesmo

do Código Penal.

A prescrição é regida pelo menor prazo prescricional do CP, em

interpretação analógica, anteriormente 02 (dois) anos e agora 03 (três) anos,

em razão da alteração do art. 109, VI do CP, em combinação com o art. 59 da

LEP e art. 74 e ss do Decreto 8897/86.

Precedentes dos Tribunais: HC 156854/SP, HC 165148/SP, AgRg no

HC 93406/SP

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CONCLUSÃO

Observa-se que tais condutas declaradas como faltas disciplinares não

são taxativas, o que pode ensejar abuso de poder porque um agente pode

considerar que determinada conduta configuraria falta disciplinar, mas outro

agente não. Trata-se de condutas cujas expressões são polissêmicas. O rol de

faltas disciplinares deve ser taxativo e exaustivo, não deixando à margem de

interpretação condutas que para uma pessoa constitui falta disciplinar e para

outra não. A norma proibitiva deve ser suficientemente clara quanto à sua

abrangência. As expressões polissêmicas ensejam abuso na execução penal

por conter elementos do tipo sem precisão semântica.

Ainda, sobre a apuração das faltas disciplinares, há que se observar

que o procedimento não respeita os princípios constitucionais resguardados no

art. 5º, LIV e LV da Constituição da República, neste sentido, nas palavras de

Maurício Kuehne “Ocorre que, na prática, sabe-se de sanções disciplinares que

são aplicadas sem a observância do devido processo legal, mas, mais do que

isto, sem que o preso tivesse a assistência do defensor”.

Desta forma, propugna por uma aplicação garantista da execução

penal, concluindo-se pela jurisdicionalização do Procedimento Disciplinar, até

porque a imputação de infração disciplinar acarreta prejuízos graves para a

vida no cárcere, retardando cada vez mais o resgate da liberdade do apenado,

tendo em vista que o bom comportamento é requisito subjetivo para concessão

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de uma série de direitos, como o livramento condicional, a progressão de

regime, indulto etc.

Além do mais, a ressocialização através da disciplina, sem se respeitar

uma execução penal garantista, é uma ressocialização impositiva e fere a

dignidade humana obrigar o agente em conflito com a lei a se ressocializar por

meio de um processo em que julgam para outra pessoa o que é melhor para

ela sem lhe dar a chance de se manifestar.

Foucault diz que:

(...)

É dócil um corpo que pode ser submetido, que pode ser

utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado.

(...)

Esses métodos que permitem o controle minucioso das operações do

corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma

relação de docilidade-utilidade, são o que podemos chamar as “disciplinas”.

Conclui-se este artigo com as seguintes indagações a serem refletidas:

este tipo de ressocialização serve a que sociedade?

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 Lei 7.210/84 - Lei de Execuções Penais;

Anexo 2 Decreto 8.897/86 - Regulamento do Sistema Penal do Estado do Rio de Janeiro;

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BIBLIOGRAFIA

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Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.

BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direto penal:

introdução à sociologia do Direto Penal. Rio de Janeiro: Revan/Instituto Carioca

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BATISTA, Nilo. Introdução Crítica ao Direito Penal Brasileiro. 10. ed. Rio de

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DAS PRISÕES 10

CAPÍTULO II

A FUNÇÃO DA PENA 15

CAPÍTULO III

A LEI DE EXECUÇÕES PENAIS 19

3.1 - Das faltas disciplinares 20

3.2 - Das sanções impostas de decorrência da

prática de falta grave disciplinar 21

3.3. - Das conseqüências da prática da falta grave

disciplinar 21

CAPÍTULO IV

O DECRETO 8897/86 23

4.1 - Do procedimento disciplinar 24

4.2 - Das inconstitucionalidades do Procedimento Admi-

nistrativo 27

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CAPÍTULO V

OS EFEITOS DA FALTA DISCIPLINAR GRAVE

NO SISTEMA PROGRESSIVO 30

CAPÍTULO VI

A JURISPRUDÊNCIA DOS TRIBUNAIS SUPERIORES 35

6.1 - Interrupção da contagem do prazo para pro-

gressão de regime 35

6.2 - Perda de dias remidos 37

6.3 - A contagem de prazos para os benefícios do livra-

mento condicional e comutação 37

6.4 - Prazo prescricional para apuração de falta disci-

plinar 38

CONCLUSÃO 39

ANEXOS 41

BIBLIOGRAFIA 42

ÍNDICE 45

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ANEXO 1

LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984.

Institui a Lei de Execução Penal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

Do Objeto e da Aplicação da Lei de Execução Penal

Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.

Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal.

Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária.

Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei.

Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou política.

Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de execução da pena e da medida de segurança.

TÍTULO II

Do Condenado e do Internado

CAPÍTULO I

Da Classificação

Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal.

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Art. 6o A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)

Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade.

Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais do serviço social.

Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução.

Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semi-aberto.

Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da personalidade, observando a ética profissional e tendo sempre presentes peças ou informações do processo, poderá:

I - entrevistar pessoas;

II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a respeito do condenado;

III - realizar outras diligências e exames necessários.

CAPÍTULO II

Da Assistência

SEÇÃO I

Disposições Gerais

Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade.

Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.

Art. 11. A assistência será:

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I - material;

II - à saúde;

III -jurídica;

IV - educacional;

V - social;

VI - religiosa.

SEÇÃO II

Da Assistência Material

Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas.

Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e serviços que atendam aos presos nas suas necessidades pessoais, além de locais destinados à venda de produtos e objetos permitidos e não fornecidos pela Administração.

SEÇÃO III

Da Assistência à Saúde

Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico.

§ 1º (Vetado).

§ 2º Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover a assistência médica necessária, esta será prestada em outro local, mediante autorização da direção do estabelecimento.

§ 3o Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao recém-nascido. (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009)

SEÇÃO IV

Da Assistência Jurídica

Art. 15. A assistência jurídica é destinada aos presos e aos internados sem recursos financeiros para constituir advogado.

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Art. 16. As Unidades da Federação deverão ter serviços de assistência jurídica, integral e gratuita, pela Defensoria Pública, dentro e fora dos estabelecimentos penais. (Redação dada pela Lei nº 12.313, de 2010).

§ 1o As Unidades da Federação deverão prestar auxílio estrutural, pessoal e material à Defensoria Pública, no exercício de suas funções, dentro e fora dos estabelecimentos penais. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

§ 2o Em todos os estabelecimentos penais, haverá local apropriado destinado ao atendimento pelo Defensor Público. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

§ 3o Fora dos estabelecimentos penais, serão implementados Núcleos Especializados da Defensoria Pública para a prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos réus, sentenciados em liberdade, egressos e seus familiares, sem recursos financeiros para constituir advogado. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

SEÇÃO V

Da Assistência Educacional

Art. 17. A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do preso e do internado.

Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, integrando-se no sistema escolar da Unidade Federativa.

Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico.

Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino profissional adequado à sua condição.

Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto de convênio com entidades públicas ou particulares, que instalem escolas ou ofereçam cursos especializados.

Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se-á cada estabelecimento de uma biblioteca, para uso de todas as categorias de reclusos, provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos.

SEÇÃO VI

Da Assistência Social

Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade.

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Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social:

I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames;

II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento, os problemas e as dificuldades enfrentadas pelo assistido;

III - acompanhar o resultado das permissões de saídas e das saídas temporárias;

IV - promover, no estabelecimento, pelos meios disponíveis, a recreação;

V - promover a orientação do assistido, na fase final do cumprimento da pena, e do liberando, de modo a facilitar o seu retorno à liberdade;

VI - providenciar a obtenção de documentos, dos benefícios da Previdência Social e do seguro por acidente no trabalho;

VII - orientar e amparar, quando necessário, a família do preso, do internado e da vítima.

SEÇÃO VII

Da Assistência Religiosa

Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos presos e aos internados, permitindo-se-lhes a participação nos serviços organizados no estabelecimento penal, bem como a posse de livros de instrução religiosa.

§ 1º No estabelecimento haverá local apropriado para os cultos religiosos.

§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a participar de atividade religiosa.

SEÇÃO VIII

Da Assistência ao Egresso

Art. 25. A assistência ao egresso consiste:

I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade;

II - na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses.

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Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II poderá ser prorrogado uma única vez, comprovado, por declaração do assistente social, o empenho na obtenção de emprego.

Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta Lei:

I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da saída do estabelecimento;

II - o liberado condicional, durante o período de prova.

Art. 27.O serviço de assistência social colaborará com o egresso para a obtenção de trabalho.

CAPÍTULO III

Do Trabalho

SEÇÃO I

Disposições Gerais

Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva.

§ 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho as precauções relativas à segurança e à higiene.

§ 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho.

Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do salário mínimo.

§ 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá atender:

a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que determinados judicialmente e não reparados por outros meios;

b) à assistência à família;

c) a pequenas despesas pessoais;

d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção do condenado, em proporção a ser fixada e sem prejuízo da destinação prevista nas letras anteriores.

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§ 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será depositada a parte restante para constituição do pecúlio, em Caderneta de Poupança, que será entregue ao condenado quando posto em liberdade.

Art. 30. As tarefas executadas como prestação de serviço à comunidade não serão remuneradas.

SEÇÃO II

Do Trabalho Interno

Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade.

Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado no interior do estabelecimento.

Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas em conta a habilitação, a condição pessoal e as necessidades futuras do preso, bem como as oportunidades oferecidas pelo mercado.

§ 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o artesanato sem expressão econômica, salvo nas regiões de turismo.

§ 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar ocupação adequada à sua idade.

§ 3º Os doentes ou deficientes físicos somente exercerão atividades apropriadas ao seu estado.

Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos e feriados.

Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial de trabalho aos presos designados para os serviços de conservação e manutenção do estabelecimento penal.

Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por fundação, ou empresa pública, com autonomia administrativa, e terá por objetivo a formação profissional do condenado.

§ 1o. Nessa hipótese, incumbirá à entidade gerenciadora promover e supervisionar a produção, com critérios e métodos empresariais, encarregar-se de sua comercialização, bem como suportar despesas, inclusive pagamento de remuneração adequada. (Renumerado pela Lei nº 10.792, de 2003)

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§ 2o Os governos federal, estadual e municipal poderão celebrar convênio com a iniciativa privada, para implantação de oficinas de trabalho referentes a setores de apoio dos presídios. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

Art. 35. Os órgãos da Administração Direta ou Indireta da União, Estados, Territórios, Distrito Federal e dos Municípios adquirirão, com dispensa de concorrência pública, os bens ou produtos do trabalho prisional, sempre que não for possível ou recomendável realizar-se a venda a particulares.

Parágrafo único. Todas as importâncias arrecadadas com as vendas reverterão em favor da fundação ou empresa pública a que alude o artigo anterior ou, na sua falta, do estabelecimento penal.

SEÇÃO III

Do Trabalho Externo

Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado somente em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina.

§ 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez por cento) do total de empregados na obra.

§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à empresa empreiteira a remuneração desse trabalho.

§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do consentimento expresso do preso.

Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena.

Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de trabalho externo ao preso que vier a praticar fato definido como crime, for punido por falta grave, ou tiver comportamento contrário aos requisitos estabelecidos neste artigo.

CAPÍTULO IV

Dos Deveres, dos Direitos e da Disciplina

SEÇÃO I

Dos Deveres

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Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações legais inerentes ao seu estado, submeter-se às normas de execução da pena.

Art. 39. Constituem deveres do condenado:

I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença;

II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se;

III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados;

IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina;

V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;

VI - submissão à sanção disciplinar imposta;

VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores;

VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com a sua manutenção, mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho;

IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;

X - conservação dos objetos de uso pessoal.

Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que couber, o disposto neste artigo.

SEÇÃO II

Dos Direitos

Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral dos condenados e dos presos provisórios.

Art. 41 - Constituem direitos do preso:

I - alimentação suficiente e vestuário;

II - atribuição de trabalho e sua remuneração;

III - Previdência Social;

IV - constituição de pecúlio;

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V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;

VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena;

VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;

VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;

IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;

X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;

XI - chamamento nominal;

XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena;

XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento;

XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;

XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes.

XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente. (Incluído pela Lei nº 10.713, de 2003)

Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento.

Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao submetido à medida de segurança, no que couber, o disposto nesta Seção.

Art. 43 - É garantida a liberdade de contratar médico de confiança pessoal do internado ou do submetido a tratamento ambulatorial, por seus familiares ou dependentes, a fim de orientar e acompanhar o tratamento.

Parágrafo único. As divergências entre o médico oficial e o particular serão resolvidas pelo Juiz da execução.

SEÇÃO III

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Da Disciplina

SUBSEÇÃO I

Disposições Gerais

Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a ordem, na obediência às determinações das autoridades e seus agentes e no desempenho do trabalho.

Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o condenado à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos e o preso provisório.

Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior previsão legal ou regulamentar.

§ 1º As sanções não poderão colocar em perigo a integridade física e moral do condenado.

§ 2º É vedado o emprego de cela escura.

§ 3º São vedadas as sanções coletivas.

Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da execução da pena ou da prisão, será cientificado das normas disciplinares.

Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena privativa de liberdade, será exercido pela autoridade administrativa conforme as disposições regulamentares.

Art. 48. Na execução das penas restritivas de direitos, o poder disciplinar será exercido pela autoridade administrativa a que estiver sujeito o condenado.

Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade representará ao Juiz da execução para os fins dos artigos 118, inciso I, 125, 127, 181, §§ 1º, letra d, e 2º desta Lei.

SUBSEÇÃO II

Das Faltas Disciplinares

Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves, médias e graves. A legislação local especificará as leves e médias, bem assim as respectivas sanções.

Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção correspondente à falta consumada.

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Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:

I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina;

II - fugir;

III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem;

IV - provocar acidente de trabalho;

V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;

VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.

VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007)

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso provisório.

Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direitos que:

I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;

II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta;

III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.

Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características: (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)

I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

II - recolhimento em cela individual; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

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IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

§ 1o O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

§ 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o preso provisório ou o condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

SUBSEÇÃO III

Das Sanções e das Recompensas

Art. 53. Constituem sanções disciplinares:

I - advertência verbal;

II - repreensão;

III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo único);

IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, observado o disposto no artigo 88 desta Lei.

V - inclusão no regime disciplinar diferenciado. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão aplicadas por ato motivado do diretor do estabelecimento e a do inciso V, por prévio e fundamentado despacho do juiz competente. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)

§ 1o A autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar dependerá de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

§ 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime disciplinar será precedida de manifestação do Ministério Público e da defesa e prolatada no prazo máximo de quinze dias. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

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Art. 55. As recompensas têm em vista o bom comportamento reconhecido em favor do condenado, de sua colaboração com a disciplina e de sua dedicação ao trabalho.

Art. 56. São recompensas:

I - o elogio;

II - a concessão de regalias.

Parágrafo único. A legislação local e os regulamentos estabelecerão a natureza e a forma de concessão de regalias.

SUBSEÇÃO IV

Da Aplicação das Sanções

Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares, levar-se-ão em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e as conseqüências do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)

Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se as sanções previstas nos incisos III a V do art. 53 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)

Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição de direitos não poderão exceder a trinta dias, ressalvada a hipótese do regime disciplinar diferenciado. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)

Parágrafo único. O isolamento será sempre comunicado ao Juiz da execução.

SUBSEÇÃO V

Do Procedimento Disciplinar

Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser instaurado o procedimento para sua apuração, conforme regulamento, assegurado o direito de defesa.

Parágrafo único. A decisão será motivada.

Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar o isolamento preventivo do faltoso pelo prazo de até dez dias. A inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado, no interesse da disciplina e da averiguação do fato, dependerá de despacho do juiz competente. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)

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Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclusão preventiva no regime disciplinar diferenciado será computado no período de cumprimento da sanção disciplinar. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)

TÍTULO III

Dos Órgãos da Execução Penal

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 61. São órgãos da execução penal:

I - o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária;

II - o Juízo da Execução;

III - o Ministério Público;

IV - o Conselho Penitenciário;

V - os Departamentos Penitenciários;

VI - o Patronato;

VII - o Conselho da Comunidade.

VIII - a Defensoria Pública. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

CAPÍTULO II

Do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária

Art. 62. O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, com sede na Capital da República, é subordinado ao Ministério da Justiça.

Art. 63. O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária será integrado por 13 (treze) membros designados através de ato do Ministério da Justiça, dentre professores e profissionais da área do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências correlatas, bem como por representantes da comunidade e dos Ministérios da área social.

Parágrafo único. O mandato dos membros do Conselho terá duração de 2 (dois) anos, renovado 1/3 (um terço) em cada ano.

Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, no exercício de suas atividades, em âmbito federal ou estadual, incumbe:

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I - propor diretrizes da política criminal quanto à prevenção do delito, administração da Justiça Criminal e execução das penas e das medidas de segurança;

II - contribuir na elaboração de planos nacionais de desenvolvimento, sugerindo as metas e prioridades da política criminal e penitenciária;

III - promover a avaliação periódica do sistema criminal para a sua adequação às necessidades do País;

IV - estimular e promover a pesquisa criminológica;

V - elaborar programa nacional penitenciário de formação e aperfeiçoamento do servidor;

VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e construção de estabelecimentos penais e casas de albergados;

VII - estabelecer os critérios para a elaboração da estatística criminal;

VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos penais, bem assim informar-se, mediante relatórios do Conselho Penitenciário, requisições, visitas ou outros meios, acerca do desenvolvimento da execução penal nos Estados, Territórios e Distrito Federal, propondo às autoridades dela incumbida as medidas necessárias ao seu aprimoramento;

IX - representar ao Juiz da execução ou à autoridade administrativa para instauração de sindicância ou procedimento administrativo, em caso de violação das normas referentes à execução penal;

X - representar à autoridade competente para a interdição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal.

CAPÍTULO III

Do Juízo da Execução

Art. 65. A execução penal competirá ao Juiz indicado na lei local de organização judiciária e, na sua ausência, ao da sentença.

Art. 66. Compete ao Juiz da execução:

I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado;

II - declarar extinta a punibilidade;

III - decidir sobre:

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a) soma ou unificação de penas;

b) progressão ou regressão nos regimes;

c) detração e remição da pena;

d) suspensão condicional da pena;

e) livramento condicional;

f) incidentes da execução.

IV - autorizar saídas temporárias;

V - determinar:

a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direitos e fiscalizar sua execução;

b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa em privativa de liberdade;

c) a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos;

d) a aplicação da medida de segurança, bem como a substituição da pena por medida de segurança;

e) a revogação da medida de segurança;

f) a desinternação e o restabelecimento da situação anterior;

g) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra comarca;

h) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1º, do artigo 86, desta Lei.

i) (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida de segurança;

VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos penais, tomando providências para o adequado funcionamento e promovendo, quando for o caso, a apuração de responsabilidade;

VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal que estiver funcionando em condições inadequadas ou com infringência aos dispositivos desta Lei;

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IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade.

X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir. (Incluído pela Lei nº 10.713, de 2003)

CAPÍTULO IV

Do Ministério Público

Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a execução da pena e da medida de segurança, oficiando no processo executivo e nos incidentes da execução.

Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público:

I - fiscalizar a regularidade formal das guias de recolhimento e de internamento;

II - requerer:

a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do processo executivo;

b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de execução;

c) a aplicação de medida de segurança, bem como a substituição da pena por medida de segurança;

d) a revogação da medida de segurança;

e) a conversão de penas, a progressão ou regressão nos regimes e a revogação da suspensão condicional da pena e do livramento condicional;

f) a internação, a desinternação e o restabelecimento da situação anterior.

III - interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade judiciária, durante a execução.

Parágrafo único. O órgão do Ministério Público visitará mensalmente os estabelecimentos penais, registrando a sua presença em livro próprio.

CAPÍTULO V

Do Conselho Penitenciário

Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão consultivo e fiscalizador da execução da pena.

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§ 1º O Conselho será integrado por membros nomeados pelo Governador do Estado, do Distrito Federal e dos Territórios, dentre professores e profissionais da área do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências correlatas, bem como por representantes da comunidade. A legislação federal e estadual regulará o seu funcionamento.

§ 2º O mandato dos membros do Conselho Penitenciário terá a duração de 4 (quatro) anos.

Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário:

I - emitir parecer sobre indulto e comutação de pena, excetuada a hipótese de pedido de indulto com base no estado de saúde do preso; (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)

II - inspecionar os estabelecimentos e serviços penais;

III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada ano, ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, relatório dos trabalhos efetuados no exercício anterior;

IV - supervisionar os patronatos, bem como a assistência aos egressos.

CAPÍTULO VI

Dos Departamentos Penitenciários

SEÇÃO I

Do Departamento Penitenciário Nacional

Art. 71. O Departamento Penitenciário Nacional, subordinado ao Ministério da Justiça, é órgão executivo da Política Penitenciária Nacional e de apoio administrativo e financeiro do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.

Art. 72. São atribuições do Departamento Penitenciário Nacional:

I - acompanhar a fiel aplicação das normas de execução penal em todo o Território Nacional;

II - inspecionar e fiscalizar periodicamente os estabelecimentos e serviços penais;

III - assistir tecnicamente as Unidades Federativas na implementação dos princípios e regras estabelecidos nesta Lei;

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IV - colaborar com as Unidades Federativas mediante convênios, na implantação de estabelecimentos e serviços penais;

V - colaborar com as Unidades Federativas para a realização de cursos de formação de pessoal penitenciário e de ensino profissionalizante do condenado e do internado.

VI – estabelecer, mediante convênios com as unidades federativas, o cadastro nacional das vagas existentes em estabelecimentos locais destinadas ao cumprimento de penas privativas de liberdade aplicadas pela justiça de outra unidade federativa, em especial para presos sujeitos a regime disciplinar. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

Parágrafo único. Incumbem também ao Departamento a coordenação e supervisão dos estabelecimentos penais e de internamento federais.

SEÇÃO II

Do Departamento Penitenciário Local

Art. 73. A legislação local poderá criar Departamento Penitenciário ou órgão similar, com as atribuições que estabelecer.

Art. 74. O Departamento Penitenciário local, ou órgão similar, tem por finalidade supervisionar e coordenar os estabelecimentos penais da Unidade da Federação a que pertencer.

SEÇÃO III

Da Direção e do Pessoal dos Estabelecimentos Penais

Art. 75. O ocupante do cargo de diretor de estabelecimento deverá satisfazer os seguintes requisitos:

I - ser portador de diploma de nível superior de Direito, ou Psicologia, ou Ciências Sociais, ou Pedagogia, ou Serviços Sociais;

II - possuir experiência administrativa na área;

III - ter idoneidade moral e reconhecida aptidão para o desempenho da função.

Parágrafo único. O diretor deverá residir no estabelecimento, ou nas proximidades, e dedicará tempo integral à sua função.

Art. 76. O Quadro do Pessoal Penitenciário será organizado em diferentes categorias funcionais, segundo as necessidades do serviço, com especificação

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de atribuições relativas às funções de direção, chefia e assessoramento do estabelecimento e às demais funções.

Art. 77. A escolha do pessoal administrativo, especializado, de instrução técnica e de vigilância atenderá a vocação, preparação profissional e antecedentes pessoais do candidato.

§ 1° O ingresso do pessoal penitenciário, bem como a progressão ou a ascensão funcional dependerão de cursos específicos de formação, procedendo-se à reciclagem periódica dos servidores em exercício.

§ 2º No estabelecimento para mulheres somente se permitirá o trabalho de pessoal do sexo feminino, salvo quando se tratar de pessoal técnico especializado.

CAPÍTULO VII

Do Patronato

Art. 78. O Patronato público ou particular destina-se a prestar assistência aos albergados e aos egressos (artigo 26).

Art. 79. Incumbe também ao Patronato:

I - orientar os condenados à pena restritiva de direitos;

II - fiscalizar o cumprimento das penas de prestação de serviço à comunidade e de limitação de fim de semana;

III - colaborar na fiscalização do cumprimento das condições da suspensão e do livramento condicional.

CAPÍTULO VIII

Do Conselho da Comunidade

Art. 80. Haverá, em cada comarca, um Conselho da Comunidade composto, no mínimo, por 1 (um) representante de associação comercial ou industrial, 1 (um) advogado indicado pela Seção da Ordem dos Advogados do Brasil, 1 (um) Defensor Público indicado pelo Defensor Público Geral e 1 (um) assistente social escolhido pela Delegacia Seccional do Conselho Nacional de Assistentes Sociais. (Redação dada pela Lei nº 12.313, de 2010).

Parágrafo único. Na falta da representação prevista neste artigo, ficará a critério do Juiz da execução a escolha dos integrantes do Conselho.

Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comunidade:

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I - visitar, pelo menos mensalmente, os estabelecimentos penais existentes na comarca;

II - entrevistar presos;

III - apresentar relatórios mensais ao Juiz da execução e ao Conselho Penitenciário;

IV - diligenciar a obtenção de recursos materiais e humanos para melhor assistência ao preso ou internado, em harmonia com a direção do estabelecimento.

CAPÍTULO IX

DA DEFENSORIA PÚBLICA (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela regular execução da pena e da medida de segurança, oficiando, no processo executivo e nos incidentes da execução, para a defesa dos necessitados em todos os graus e instâncias, de forma individual e coletiva. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública: (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

I - requerer: (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do processo executivo; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

c) a declaração de extinção da punibilidade; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

d) a unificação de penas; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

e) a detração e remição da pena; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

f) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de execução; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

g) a aplicação de medida de segurança e sua revogação, bem como a substituição da pena por medida de segurança; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

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h) a conversão de penas, a progressão nos regimes, a suspensão condicional da pena, o livramento condicional, a comutação de pena e o indulto; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

i) a autorização de saídas temporárias; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

j) a internação, a desinternação e o restabelecimento da situação anterior; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

k) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra comarca; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

l) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1o do art. 86 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

II - requerer a emissão anual do atestado de pena a cumprir; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

III - interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade judiciária ou administrativa durante a execução; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

IV - representar ao Juiz da execução ou à autoridade administrativa para instauração de sindicância ou procedimento administrativo em caso de violação das normas referentes à execução penal; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

V - visitar os estabelecimentos penais, tomando providências para o adequado funcionamento, e requerer, quando for o caso, a apuração de responsabilidade; (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

VI - requerer à autoridade competente a interdição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública visitará periodicamente os estabelecimentos penais, registrando a sua presença em livro próprio. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

TÍTULO IV

Dos Estabelecimentos Penais

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao condenado, ao submetido à medida de segurança, ao preso provisório e ao egresso.

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§ 1° A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente, serão recolhidos a estabelecimento próprio e adequado à sua condição pessoal. (Redação dada pela Lei nº 9.460, de 1997)

§ 2º - O mesmo conjunto arquitetônico poderá abrigar estabelecimentos de destinação diversa desde que devidamente isolados.

Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua natureza, deverá contar em suas dependências com áreas e serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho, recreação e prática esportiva.

§ 1º Haverá instalação destinada a estágio de estudantes universitários. (Renumerado pela Lei nº 9.046, de 1995)

§ 2o Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde as condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de idade. (Redação dada pela Lei nº 11.942, de 2009)

§ 3o Os estabelecimentos de que trata o § 2o deste artigo deverão possuir, exclusivamente, agentes do sexo feminino na segurança de suas dependências internas. (Incluído pela Lei nº 12.121, de 2009).

§ 4o Serão instaladas salas de aulas destinadas a cursos do ensino básico e profissionalizante.(Incluído pela Lei nº 12.245, de 2010)

§ 5o Haverá instalação destinada à Defensoria Pública. (Incluído pela Lei nº 12.313, de 2010).

Art. 84. O preso provisório ficará separado do condenado por sentença transitada em julgado.

§ 1° O preso primário cumprirá pena em seção distinta daquela reservada para os reincidentes.

§ 2° O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da Administração da Justiça Criminal ficará em dependência separada.

Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter lotação compatível com a sua estrutura e finalidade.

Parágrafo único. O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária determinará o limite máximo de capacidade do estabelecimento, atendendo a sua natureza e peculiaridades.

Art. 86. As penas privativas de liberdade aplicadas pela Justiça de uma Unidade Federativa podem ser executadas em outra unidade, em estabelecimento local ou da União.

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§ 1o A União Federal poderá construir estabelecimento penal em local distante da condenação para recolher os condenados, quando a medida se justifique no interesse da segurança pública ou do próprio condenado. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)

§ 2° Conforme a natureza do estabelecimento, nele poderão trabalhar os liberados ou egressos que se dediquem a obras públicas ou ao aproveitamento de terras ociosas.

§ 3o Caberá ao juiz competente, a requerimento da autoridade administrativa definir o estabelecimento prisional adequado para abrigar o preso provisório ou condenado, em atenção ao regime e aos requisitos estabelecidos. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

CAPÍTULO II

Da Penitenciária

Art. 87. A penitenciária destina-se ao condenado à pena de reclusão, em regime fechado.

Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios poderão construir Penitenciárias destinadas, exclusivamente, aos presos provisórios e condenados que estejam em regime fechado, sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, nos termos do art. 52 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório.

Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular:

a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana;

b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados).

Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a penitenciária de mulheres será dotada de seção para gestante e parturiente e de creche para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, com a finalidade de assistir a criança desamparada cuja responsável estiver presa. (Redação dada pela Lei nº 11.942, de 2009)

Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e da creche referidas neste artigo: (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009)

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I – atendimento por pessoal qualificado, de acordo com as diretrizes adotadas pela legislação educacional e em unidades autônomas; e (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009)

II – horário de funcionamento que garanta a melhor assistência à criança e à sua responsável. (Incluído pela Lei nº 11.942, de 2009)

Art. 90. A penitenciária de homens será construída, em local afastado do centro urbano, à distância que não restrinja a visitação.

CAPÍTULO III

Da Colônia Agrícola, Industrial ou Similar

Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar destina-se ao cumprimento da pena em regime semi-aberto.

Art. 92. O condenado poderá ser alojado em compartimento coletivo, observados os requisitos da letra a, do parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.

Parágrafo único. São também requisitos básicos das dependências coletivas:

a) a seleção adequada dos presos;

b) o limite de capacidade máxima que atenda os objetivos de individualização da pena.

CAPÍTULO IV

Da Casa do Albergado

Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime aberto, e da pena de limitação de fim de semana.

Art. 94. O prédio deverá situar-se em centro urbano, separado dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga.

Art. 95. Em cada região haverá, pelo menos, uma Casa do Albergado, a qual deverá conter, além dos aposentos para acomodar os presos, local adequado para cursos e palestras.

Parágrafo único. O estabelecimento terá instalações para os serviços de fiscalização e orientação dos condenados.

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CAPÍTULO V

Do Centro de Observação

Art. 96. No Centro de Observação realizar-se-ão os exames gerais e o criminológico, cujos resultados serão encaminhados à Comissão Técnica de Classificação.

Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas pesquisas criminológicas.

Art. 97. O Centro de Observação será instalado em unidade autônoma ou em anexo a estabelecimento penal.

Art. 98. Os exames poderão ser realizados pela Comissão Técnica de Classificação, na falta do Centro de Observação.

CAPÍTULO VI

Do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico

Art. 99. O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico destina-se aos inimputáveis e semi-imputáveis referidos no artigo 26 e seu parágrafo único do Código Penal.

Parágrafo único. Aplica-se ao hospital, no que couber, o disposto no parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.

Art. 100. O exame psiquiátrico e os demais exames necessários ao tratamento são obrigatórios para todos os internados.

Art. 101. O tratamento ambulatorial, previsto no artigo 97, segunda parte, do Código Penal, será realizado no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou em outro local com dependência médica adequada.

CAPÍTULO VII

Da Cadeia Pública

Art. 102. A cadeia pública destina-se ao recolhimento de presos provisórios.

Art. 103. Cada comarca terá, pelo menos 1 (uma) cadeia pública a fim de resguardar o interesse da Administração da Justiça Criminal e a permanência do preso em local próximo ao seu meio social e familiar.

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Art. 104. O estabelecimento de que trata este Capítulo será instalado próximo de centro urbano, observando-se na construção as exigências mínimas referidas no artigo 88 e seu parágrafo único desta Lei.

TÍTULO V

Da Execução das Penas em Espécie

CAPÍTULO I

Das Penas Privativas de Liberdade

SEÇÃO I

Disposições Gerais

Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar pena privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a expedição de guia de recolhimento para a execução.

Art. 106. A guia de recolhimento, extraída pelo escrivão, que a rubricará em todas as folhas e a assinará com o Juiz, será remetida à autoridade administrativa incumbida da execução e conterá:

I - o nome do condenado;

II - a sua qualificação civil e o número do registro geral no órgão oficial de identificação;

III - o inteiro teor da denúncia e da sentença condenatória, bem como certidão do trânsito em julgado;

IV - a informação sobre os antecedentes e o grau de instrução;

V - a data da terminação da pena;

VI - outras peças do processo reputadas indispensáveis ao adequado tratamento penitenciário.

§ 1º Ao Ministério Público se dará ciência da guia de recolhimento.

§ 2º A guia de recolhimento será retificada sempre que sobrevier modificação quanto ao início da execução ou ao tempo de duração da pena.

§ 3° Se o condenado, ao tempo do fato, era funcionário da Administração da Justiça Criminal, far-se-á, na guia, menção dessa circunstância, para fins do disposto no § 2°, do artigo 84, desta Lei.

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Art. 107. Ninguém será recolhido, para cumprimento de pena privativa de liberdade, sem a guia expedida pela autoridade judiciária.

§ 1° A autoridade administrativa incumbida da execução passará recibo da guia de recolhimento para juntá-la aos autos do processo, e dará ciência dos seus termos ao condenado.

§ 2º As guias de recolhimento serão registradas em livro especial, segundo a ordem cronológica do recebimento, e anexadas ao prontuário do condenado, aditando-se, no curso da execução, o cálculo das remições e de outras retificações posteriores.

Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença mental será internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico.

Art. 109. Cumprida ou extinta a pena, o condenado será posto em liberdade, mediante alvará do Juiz, se por outro motivo não estiver preso.

SEÇÃO II

Dos Regimes

Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime no qual o condenado iniciará o cumprimento da pena privativa de liberdade, observado o disposto no artigo 33 e seus parágrafos do Código Penal.

Art. 111. Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, a determinação do regime de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, observada, quando for o caso, a detração ou remição.

Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso da execução, somar-se-á a pena ao restante da que está sendo cumprida, para determinação do regime.

Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)

§ 1o A decisão será sempre motivada e precedida de manifestação do Ministério Público e do defensor. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)

§ 2o Idêntico procedimento será adotado na concessão de livramento condicional, indulto e comutação de penas, respeitados os prazos previstos nas normas vigentes. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 2003)

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Art. 113. O ingresso do condenado em regime aberto supõe a aceitação de seu programa e das condições impostas pelo Juiz.

Art. 114. Somente poderá ingressar no regime aberto o condenado que:

I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente;

II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que foi submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsabilidade, ao novo regime.

Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do trabalho as pessoas referidas no artigo 117 desta Lei.

Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições especiais para a concessão de regime aberto, sem prejuízo das seguintes condições gerais e obrigatórias:

I - permanecer no local que for designado, durante o repouso e nos dias de folga;

II - sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados;

III - não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização judicial;

IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as suas atividades, quando for determinado.

Art. 116. O Juiz poderá modificar as condições estabelecidas, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da autoridade administrativa ou do condenado, desde que as circunstâncias assim o recomendem.

Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de:

I - condenado maior de 70 (setenta) anos;

II - condenado acometido de doença grave;

III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;

IV - condenada gestante.

Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:

I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;

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II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime (artigo 111).

§ 1° O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta.

§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá ser ouvido previamente o condenado.

Art. 119. A legislação local poderá estabelecer normas complementares para o cumprimento da pena privativa de liberdade em regime aberto (artigo 36, § 1º, do Código Penal).

SEÇÃO III

Das Autorizações de Saída

SUBSEÇÃO I

Da Permissão de Saída

Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos:

I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão;

II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do artigo 14).

Parágrafo único. A permissão de saída será concedida pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso.

Art. 121. A permanência do preso fora do estabelecimento terá a duração necessária à finalidade da saída.

SUBSEÇÃO II

Da Saída Temporária

Art. 122. Os condenados que cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter autorização para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos:

I - visita à família;

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II - freqüência a curso supletivo profissionalizante, bem como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Execução;

III - participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social.

Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não impede a utilização de equipamento de monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

Art. 123. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a administração penitenciária e dependerá da satisfação dos seguintes requisitos:

I - comportamento adequado;

II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente;

III - compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.

Art. 124. A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano.

§ 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes condições, entre outras que entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado: (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo do benefício; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

II - recolhimento à residência visitada, no período noturno; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

§ 2o Quando se tratar de frequência a curso profissionalizante, de instrução de ensino médio ou superior, o tempo de saída será o necessário para o cumprimento das atividades discentes. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 12.258, de 2010)

§ 3o Nos demais casos, as autorizações de saída somente poderão ser concedidas com prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

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Art. 125. O benefício será automaticamente revogado quando o condenado praticar fato definido como crime doloso, for punido por falta grave, desatender as condições impostas na autorização ou revelar baixo grau de aproveitamento do curso.

Parágrafo único. A recuperação do direito à saída temporária dependerá da absolvição no processo penal, do cancelamento da punição disciplinar ou da demonstração do merecimento do condenado.

SEÇÃO IV

Da Remição

Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011).

§ 1o A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de: (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)

I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)

II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)

§ 2o As atividades de estudo a que se refere o § 1o deste artigo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)

§ 3o Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas de forma a se compatibilizarem. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)

§ 4o O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição.(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)

§ 5o O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação.(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)

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§ 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova, observado o disposto no inciso I do § 1o deste artigo.(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)

§ 7o O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de prisão cautelar.(Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)

§ 8o A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)

Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)

Art. 128. O tempo remido será computado como pena cumprida, para todos os efeitos.(Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)

Art. 129. A autoridade administrativa encaminhará mensalmente ao juízo da execução cópia do registro de todos os condenados que estejam trabalhando ou estudando, com informação dos dias de trabalho ou das horas de frequência escolar ou de atividades de ensino de cada um deles. (Redação dada pela Lei nº 12.433, de 2011)

§ 1o O condenado autorizado a estudar fora do estabelecimento penal deverá comprovar mensalmente, por meio de declaração da respectiva unidade de ensino, a frequência e o aproveitamento escolar. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)

§ 2o Ao condenado dar-se-á a relação de seus dias remidos. (Incluído pela Lei nº 12.433, de 2011)

Art. 130. Constitui o crime do artigo 299 do Código Penal declarar ou atestar falsamente prestação de serviço para fim de instruir pedido de remição.

SEÇÃO V

Do Livramento Condicional

Art. 131. O livramento condicional poderá ser concedido pelo Juiz da execução, presentes os requisitos do artigo 83, incisos e parágrafo único, do Código Penal, ouvidos o Ministério Público e Conselho Penitenciário.

Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as condições a que fica subordinado o livramento.

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§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as obrigações seguintes:

a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho;

b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;

c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste.

§ 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre outras obrigações, as seguintes:

a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção;

b) recolher-se à habitação em hora fixada;

c) não freqüentar determinados lugares.

d) (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

Art. 133. Se for permitido ao liberado residir fora da comarca do Juízo da execução, remeter-se-á cópia da sentença do livramento ao Juízo do lugar para onde ele se houver transferido e à autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção.

Art. 134. O liberado será advertido da obrigação de apresentar-se imediatamente às autoridades referidas no artigo anterior.

Art. 135. Reformada a sentença denegatória do livramento, os autos baixarão ao Juízo da execução, para as providências cabíveis.

Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a carta de livramento com a cópia integral da sentença em 2 (duas) vias, remetendo-se uma à autoridade administrativa incumbida da execução e outra ao Conselho Penitenciário.

Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será realizada solenemente no dia marcado pelo Presidente do Conselho Penitenciário, no estabelecimento onde está sendo cumprida a pena, observando-se o seguinte:

I - a sentença será lida ao liberando, na presença dos demais condenados, pelo Presidente do Conselho Penitenciário ou membro por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz;

II - a autoridade administrativa chamará a atenção do liberando para as condições impostas na sentença de livramento;

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III - o liberando declarará se aceita as condições.

§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo liberando, ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder escrever.

§ 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz da execução.

Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento penal, ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu pecúlio e do que lhe pertencer, uma caderneta, que exibirá à autoridade judiciária ou administrativa, sempre que lhe for exigida.

§ 1º A caderneta conterá:

a) a identificação do liberado;

b) o texto impresso do presente Capítulo;

c) as condições impostas.

§ 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado um salvo-conduto, em que constem as condições do livramento, podendo substituir-se a ficha de identificação ou o seu retrato pela descrição dos sinais que possam identificá-lo.

§ 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver espaço para consignar-se o cumprimento das condições referidas no artigo 132 desta Lei.

Art. 139. A observação cautelar e a proteção realizadas por serviço social penitenciário, Patronato ou Conselho da Comunidade terão a finalidade de:

I - fazer observar o cumprimento das condições especificadas na sentença concessiva do benefício;

II - proteger o beneficiário, orientando-o na execução de suas obrigações e auxiliando-o na obtenção de atividade laborativa.

Parágrafo único. A entidade encarregada da observação cautelar e da proteção do liberado apresentará relatório ao Conselho Penitenciário, para efeito da representação prevista nos artigos 143 e 144 desta Lei.

Art. 140. A revogação do livramento condicional dar-se-á nas hipóteses previstas nos artigos 86 e 87 do Código Penal.

Parágrafo único. Mantido o livramento condicional, na hipótese da revogação facultativa, o Juiz deverá advertir o liberado ou agravar as condições.

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Art. 141. Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do livramento, computar-se-á como tempo de cumprimento da pena o período de prova, sendo permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas) penas.

Art. 142. No caso de revogação por outro motivo, não se computará na pena o tempo em que esteve solto o liberado, e tampouco se concederá, em relação à mesma pena, novo livramento.

Art. 143. A revogação será decretada a requerimento do Ministério Público, mediante representação do Conselho Penitenciário, ou, de ofício, pelo Juiz, ouvido o liberado.

Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública ou mediante representação do Conselho Penitenciário, e ouvido o liberado, poderá modificar as condições especificadas na sentença, devendo o respectivo ato decisório ser lido ao liberado por uma das autoridades ou funcionários indicados no inciso I do caput do art. 137 desta Lei, observado o disposto nos incisos II e III e §§ 1o e 2o do mesmo artigo. (Redação dada pela Lei nº 12.313, de 2010).

Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração penal, o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o Ministério Público, suspendendo o curso do livramento condicional, cuja revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final.

Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do Ministério Público ou mediante representação do Conselho Penitenciário, julgará extinta a pena privativa de liberdade, se expirar o prazo do livramento sem revogação.

Seção VI

Da Monitoração Eletrônica (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

Art. 146-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monitoração eletrônica quando: (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

II - autorizar a saída temporária no regime semiaberto; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

III - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

IV - determinar a prisão domiciliar; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

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V - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos cuidados que deverá adotar com o equipamento eletrônico e dos seguintes deveres: (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

I - receber visitas do servidor responsável pela monitoração eletrônica, responder aos seus contatos e cumprir suas orientações; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração eletrônica ou de permitir que outrem o faça; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

III - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

Parágrafo único. A violação comprovada dos deveres previstos neste artigo poderá acarretar, a critério do juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa: (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

I - a regressão do regime; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

II - a revogação da autorização de saída temporária; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

III - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

IV - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

V - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

VI - a revogação da prisão domiciliar; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

VII - advertência, por escrito, para todos os casos em que o juiz da execução decida não aplicar alguma das medidas previstas nos incisos de I a VI deste parágrafo. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

Art. 146-D. A monitoração eletrônica poderá ser revogada: (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

I - quando se tornar desnecessária ou inadequada; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

II - se o acusado ou condenado violar os deveres a que estiver sujeito durante a sua vigência ou cometer falta grave. (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)

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CAPÍTULO II

Das Penas Restritivas de Direitos

SEÇÃO I

Disposições Gerais

Art. 147. Transitada em julgado a sentença que aplicou a pena restritiva de direitos, o Juiz da execução, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, promoverá a execução, podendo, para tanto, requisitar, quando necessário, a colaboração de entidades públicas ou solicitá-la a particulares.

Art. 148. Em qualquer fase da execução, poderá o Juiz, motivadamente, alterar, a forma de cumprimento das penas de prestação de serviços à comunidade e de limitação de fim de semana, ajustando-as às condições pessoais do condenado e às características do estabelecimento, da entidade ou do programa comunitário ou estatal.

SEÇÃO II

Da Prestação de Serviços à Comunidade

Art. 149. Caberá ao Juiz da execução:

I - designar a entidade ou programa comunitário ou estatal, devidamente credenciado ou convencionado, junto ao qual o condenado deverá trabalhar gratuitamente, de acordo com as suas aptidões;

II - determinar a intimação do condenado, cientificando-o da entidade, dias e horário em que deverá cumprir a pena;

III - alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la às modificações ocorridas na jornada de trabalho.

§ 1º o trabalho terá a duração de 8 (oito) horas semanais e será realizado aos sábados, domingos e feriados, ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a jornada normal de trabalho, nos horários estabelecidos pelo Juiz.

§ 2º A execução terá início a partir da data do primeiro comparecimento.

Art. 150. A entidade beneficiada com a prestação de serviços encaminhará mensalmente, ao Juiz da execução, relatório circunstanciado das atividades do condenado, bem como, a qualquer tempo, comunicação sobre ausência ou falta disciplinar.

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SEÇÃO III

Da Limitação de Fim de Semana

Art. 151. Caberá ao Juiz da execução determinar a intimação do condenado, cientificando-o do local, dias e horário em que deverá cumprir a pena.

Parágrafo único. A execução terá início a partir da data do primeiro comparecimento.

Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado, durante o tempo de permanência, cursos e palestras, ou atribuídas atividades educativas.

Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006)

Art. 153. O estabelecimento designado encaminhará, mensalmente, ao Juiz da execução, relatório, bem assim comunicará, a qualquer tempo, a ausência ou falta disciplinar do condenado.

SEÇÃO IV

Da Interdição Temporária de Direitos

Art. 154. Caberá ao Juiz da execução comunicar à autoridade competente a pena aplicada, determinada a intimação do condenado.

§ 1º Na hipótese de pena de interdição do artigo 47, inciso I, do Código Penal, a autoridade deverá, em 24 (vinte e quatro) horas, contadas do recebimento do ofício, baixar ato, a partir do qual a execução terá seu início.

§ 2º Nas hipóteses do artigo 47, incisos II e III, do Código Penal, o Juízo da execução determinará a apreensão dos documentos, que autorizam o exercício do direito interditado.

Art. 155. A autoridade deverá comunicar imediatamente ao Juiz da execução o descumprimento da pena.

Parágrafo único. A comunicação prevista neste artigo poderá ser feita por qualquer prejudicado.

CAPÍTULO III

Da Suspensão Condicional

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Art. 156. O Juiz poderá suspender, pelo período de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, a execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, na forma prevista nos artigos 77 a 82 do Código Penal.

Art. 157. O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar pena privativa de liberdade, na situação determinada no artigo anterior, deverá pronunciar-se, motivadamente, sobre a suspensão condicional, quer a conceda, quer a denegue.

Art. 158. Concedida a suspensão, o Juiz especificará as condições a que fica sujeito o condenado, pelo prazo fixado, começando este a correr da audiência prevista no artigo 160 desta Lei.

§ 1° As condições serão adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado, devendo ser incluída entre as mesmas a de prestar serviços à comunidade, ou limitação de fim de semana, salvo hipótese do artigo 78, § 2º, do Código Penal.

§ 2º O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante proposta do Conselho Penitenciário, modificar as condições e regras estabelecidas na sentença, ouvido o condenado.

§ 3º A fiscalização do cumprimento das condições, reguladas nos Estados, Territórios e Distrito Federal por normas supletivas, será atribuída a serviço social penitenciário, Patronato, Conselho da Comunidade ou instituição beneficiada com a prestação de serviços, inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Ministério Público, ou ambos, devendo o Juiz da execução suprir, por ato, a falta das normas supletivas.

§ 4º O beneficiário, ao comparecer periodicamente à entidade fiscalizadora, para comprovar a observância das condições a que está sujeito, comunicará, também, a sua ocupação e os salários ou proventos de que vive.

§ 5º A entidade fiscalizadora deverá comunicar imediatamente ao órgão de inspeção, para os fins legais, qualquer fato capaz de acarretar a revogação do benefício, a prorrogação do prazo ou a modificação das condições.

§ 6º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será feita comunicação ao Juiz e à entidade fiscalizadora do local da nova residência, aos quais o primeiro deverá apresentar-se imediatamente.

Art. 159. Quando a suspensão condicional da pena for concedida por Tribunal, a este caberá estabelecer as condições do benefício.

§ 1º De igual modo proceder-se-á quando o Tribunal modificar as condições estabelecidas na sentença recorrida.

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§ 2º O Tribunal, ao conceder a suspensão condicional da pena, poderá, todavia, conferir ao Juízo da execução a incumbência de estabelecer as condições do benefício, e, em qualquer caso, a de realizar a audiência admonitória.

Art. 160. Transitada em julgado a sentença condenatória, o Juiz a lerá ao condenado, em audiência, advertindo-o das conseqüências de nova infração penal e do descumprimento das condições impostas.

Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital com prazo de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer injustificadamente à audiência admonitória, a suspensão ficará sem efeito e será executada imediatamente a pena.

Art. 162. A revogação da suspensão condicional da pena e a prorrogação do período de prova dar-se-ão na forma do artigo 81 e respectivos parágrafos do Código Penal.

Art. 163. A sentença condenatória será registrada, com a nota de suspensão em livro especial do Juízo a que couber a execução da pena.

§ 1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será o fato averbado à margem do registro.

§ 2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo para efeito de informações requisitadas por órgão judiciário ou pelo Ministério Público, para instruir processo penal.

CAPÍTULO IV

Da Pena de Multa

Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória com trânsito em julgado, que valerá como título executivo judicial, o Ministério Público requererá, em autos apartados, a citação do condenado para, no prazo de 10 (dez) dias, pagar o valor da multa ou nomear bens à penhora.

§ 1º Decorrido o prazo sem o pagamento da multa, ou o depósito da respectiva importância, proceder-se-á à penhora de tantos bens quantos bastem para garantir a execução.

§ 2º A nomeação de bens à penhora e a posterior execução seguirão o que dispuser a lei processual civil.

Art. 165. Se a penhora recair em bem imóvel, os autos apartados serão remetidos ao Juízo Cível para prosseguimento.

Art. 166. Recaindo a penhora em outros bens, dar-se-á prosseguimento nos termos do § 2º do artigo 164, desta Lei.

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Art. 167. A execução da pena de multa será suspensa quando sobrevier ao condenado doença mental (artigo 52 do Código Penal).

Art. 168. O Juiz poderá determinar que a cobrança da multa se efetue mediante desconto no vencimento ou salário do condenado, nas hipóteses do artigo 50, § 1º, do Código Penal, observando-se o seguinte:

I - o limite máximo do desconto mensal será o da quarta parte da remuneração e o mínimo o de um décimo;

II - o desconto será feito mediante ordem do Juiz a quem de direito;

III - o responsável pelo desconto será intimado a recolher mensalmente, até o dia fixado pelo Juiz, a importância determinada.

Art. 169. Até o término do prazo a que se refere o artigo 164 desta Lei, poderá o condenado requerer ao Juiz o pagamento da multa em prestações mensais, iguais e sucessivas.

§ 1° O Juiz, antes de decidir, poderá determinar diligências para verificar a real situação econômica do condenado e, ouvido o Ministério Público, fixará o número de prestações.

§ 2º Se o condenado for impontual ou se melhorar de situação econômica, o Juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, revogará o benefício executando-se a multa, na forma prevista neste Capítulo, ou prosseguindo-se na execução já iniciada.

Art. 170. Quando a pena de multa for aplicada cumulativamente com pena privativa da liberdade, enquanto esta estiver sendo executada, poderá aquela ser cobrada mediante desconto na remuneração do condenado (artigo 168).

§ 1º Se o condenado cumprir a pena privativa de liberdade ou obtiver livramento condicional, sem haver resgatado a multa, far-se-á a cobrança nos termos deste Capítulo.

§ 2º Aplicar-se-á o disposto no parágrafo anterior aos casos em que for concedida a suspensão condicional da pena.

TÍTULO VI

Da Execução das Medidas de Segurança

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

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Art. 171. Transitada em julgado a sentença que aplicar medida de segurança, será ordenada a expedição de guia para a execução.

Art. 172. Ninguém será internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, ou submetido a tratamento ambulatorial, para cumprimento de medida de segurança, sem a guia expedida pela autoridade judiciária.

Art. 173. A guia de internamento ou de tratamento ambulatorial, extraída pelo escrivão, que a rubricará em todas as folhas e a subscreverá com o Juiz, será remetida à autoridade administrativa incumbida da execução e conterá:

I - a qualificação do agente e o número do registro geral do órgão oficial de identificação;

II - o inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver aplicado a medida de segurança, bem como a certidão do trânsito em julgado;

III - a data em que terminará o prazo mínimo de internação, ou do tratamento ambulatorial;

IV - outras peças do processo reputadas indispensáveis ao adequado tratamento ou internamento.

§ 1° Ao Ministério Público será dada ciência da guia de recolhimento e de sujeição a tratamento.

§ 2° A guia será retificada sempre que sobrevier modificações quanto ao prazo de execução.

Art. 174. Aplicar-se-á, na execução da medida de segurança, naquilo que couber, o disposto nos artigos 8° e 9° desta Lei.

CAPÍTULO II

Da Cessação da Periculosidade

Art. 175. A cessação da periculosidade será averiguada no fim do prazo mínimo de duração da medida de segurança, pelo exame das condições pessoais do agente, observando-se o seguinte:

I - a autoridade administrativa, até 1 (um) mês antes de expirar o prazo de duração mínima da medida, remeterá ao Juiz minucioso relatório que o habilite a resolver sobre a revogação ou permanência da medida;

II - o relatório será instruído com o laudo psiquiátrico;

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III - juntado aos autos o relatório ou realizadas as diligências, serão ouvidos, sucessivamente, o Ministério Público e o curador ou defensor, no prazo de 3 (três) dias para cada um;

IV - o Juiz nomeará curador ou defensor para o agente que não o tiver;

V - o Juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, poderá determinar novas diligências, ainda que expirado o prazo de duração mínima da medida de segurança;

VI - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que se refere o inciso anterior, o Juiz proferirá a sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias.

Art. 176. Em qualquer tempo, ainda no decorrer do prazo mínimo de duração da medida de segurança, poderá o Juiz da execução, diante de requerimento fundamentado do Ministério Público ou do interessado, seu procurador ou defensor, ordenar o exame para que se verifique a cessação da periculosidade, procedendo-se nos termos do artigo anterior.

Art. 177. Nos exames sucessivos para verificar-se a cessação da periculosidade, observar-se-á, no que lhes for aplicável, o disposto no artigo anterior.

Art. 178. Nas hipóteses de desinternação ou de liberação (artigo 97, § 3º, do Código Penal), aplicar-se-á o disposto nos artigos 132 e 133 desta Lei.

Art. 179. Transitada em julgado a sentença, o Juiz expedirá ordem para a desinternação ou a liberação.

TÍTULO VII

Dos Incidentes de Execução

CAPÍTULO I

Das Conversões

Art. 180. A pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser convertida em restritiva de direitos, desde que:

I - o condenado a esteja cumprindo em regime aberto;

II - tenha sido cumprido pelo menos 1/4 (um quarto) da pena;

III - os antecedentes e a personalidade do condenado indiquem ser a conversão recomendável.

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Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida em privativa de liberdade nas hipóteses e na forma do artigo 45 e seus incisos do Código Penal.

§ 1º A pena de prestação de serviços à comunidade será convertida quando o condenado:

a) não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender a intimação por edital;

b) não comparecer, injustificadamente, à entidade ou programa em que deva prestar serviço;

c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe foi imposto;

d) praticar falta grave;

e) sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa.

§ 2º A pena de limitação de fim de semana será convertida quando o condenado não comparecer ao estabelecimento designado para o cumprimento da pena, recusar-se a exercer a atividade determinada pelo Juiz ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras "a", "d" e "e" do parágrafo anterior.

§ 3º A pena de interdição temporária de direitos será convertida quando o condenado exercer, injustificadamente, o direito interditado ou se ocorrer qualquer das hipóteses das letras "a" e "e", do § 1º, deste artigo.

Art. 182. (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1996)

Art. 183. Quando, no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou perturbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública ou da autoridade administrativa, poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança. (Redação dada pela Lei nº 12.313, de 2010).

Art. 184. O tratamento ambulatorial poderá ser convertido em internação se o agente revelar incompatibilidade com a medida.

Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo de internação será de 1 (um) ano.

CAPÍTULO II

Do Excesso ou Desvio

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Art. 185. Haverá excesso ou desvio de execução sempre que algum ato for praticado além dos limites fixados na sentença, em normas legais ou regulamentares.

Art. 186. Podem suscitar o incidente de excesso ou desvio de execução:

I - o Ministério Público;

II - o Conselho Penitenciário;

III - o sentenciado;

IV - qualquer dos demais órgãos da execução penal.

CAPÍTULO III

Da Anistia e do Indulto

Art. 187. Concedida a anistia, o Juiz, de ofício, a requerimento do interessado ou do Ministério Público, por proposta da autoridade administrativa ou do Conselho Penitenciário, declarará extinta a punibilidade.

Art. 188. O indulto individual poderá ser provocado por petição do condenado, por iniciativa do Ministério Público, do Conselho Penitenciário, ou da autoridade administrativa.

Art. 189. A petição do indulto, acompanhada dos documentos que a instruírem, será entregue ao Conselho Penitenciário, para a elaboração de parecer e posterior encaminhamento ao Ministério da Justiça.

Art. 190. O Conselho Penitenciário, à vista dos autos do processo e do prontuário, promoverá as diligências que entender necessárias e fará, em relatório, a narração do ilícito penal e dos fundamentos da sentença condenatória, a exposição dos antecedentes do condenado e do procedimento deste depois da prisão, emitindo seu parecer sobre o mérito do pedido e esclarecendo qualquer formalidade ou circunstâncias omitidas na petição.

Art. 191. Processada no Ministério da Justiça com documentos e o relatório do Conselho Penitenciário, a petição será submetida a despacho do Presidente da República, a quem serão presentes os autos do processo ou a certidão de qualquer de suas peças, se ele o determinar.

Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos autos cópia do decreto, o Juiz declarará extinta a pena ou ajustará a execução aos termos do decreto, no caso de comutação.

Art. 193. Se o sentenciado for beneficiado por indulto coletivo, o Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, do Ministério Público, ou por iniciativa do

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Conselho Penitenciário ou da autoridade administrativa, providenciará de acordo com o disposto no artigo anterior.

TÍTULO VIII

Do Procedimento Judicial

Art. 194. O procedimento correspondente às situações previstas nesta Lei será judicial, desenvolvendo-se perante o Juízo da execução.

Art. 195. O procedimento judicial iniciar-se-á de ofício, a requerimento do Ministério Público, do interessado, de quem o represente, de seu cônjuge, parente ou descendente, mediante proposta do Conselho Penitenciário, ou, ainda, da autoridade administrativa.

Art. 196. A portaria ou petição será autuada ouvindo-se, em 3 (três) dias, o condenado e o Ministério Público, quando não figurem como requerentes da medida.

§ 1º Sendo desnecessária a produção de prova, o Juiz decidirá de plano, em igual prazo.

§ 2º Entendendo indispensável a realização de prova pericial ou oral, o Juiz a ordenará, decidindo após a produção daquela ou na audiência designada.

Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá recurso de agravo, sem efeito suspensivo.

TÍTULO IX

Das Disposições Finais e Transitórias

Art. 198. É defesa ao integrante dos órgãos da execução penal, e ao servidor, a divulgação de ocorrência que perturbe a segurança e a disciplina dos estabelecimentos, bem como exponha o preso à inconveniente notoriedade, durante o cumprimento da pena.

Art. 199. O emprego de algemas será disciplinado por decreto federal.

Art. 200. O condenado por crime político não está obrigado ao trabalho.

Art. 201. Na falta de estabelecimento adequado, o cumprimento da prisão civil e da prisão administrativa se efetivará em seção especial da Cadeia Pública.

Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da

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Justiça, qualquer notícia ou referência à condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou outros casos expressos em lei.

Art. 203. No prazo de 6 (seis) meses, a contar da publicação desta Lei, serão editadas as normas complementares ou regulamentares, necessárias à eficácia dos dispositivos não auto-aplicáveis.

§ 1º Dentro do mesmo prazo deverão as Unidades Federativas, em convênio com o Ministério da Justiça, projetar a adaptação, construção e equipamento de estabelecimentos e serviços penais previstos nesta Lei.

§ 2º Também, no mesmo prazo, deverá ser providenciada a aquisição ou desapropriação de prédios para instalação de casas de albergados.

§ 3º O prazo a que se refere o caput deste artigo poderá ser ampliado, por ato do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, mediante justificada solicitação, instruída com os projetos de reforma ou de construção de estabelecimentos.

§ 4º O descumprimento injustificado dos deveres estabelecidos para as Unidades Federativas implicará na suspensão de qualquer ajuda financeira a elas destinada pela União, para atender às despesas de execução das penas e medidas de segurança.

Art. 204. Esta Lei entra em vigor concomitantemente com a lei de reforma da Parte Geral do Código Penal, revogadas as disposições em contrário, especialmente a Lei nº 3.274, de 2 de outubro de 1957.

Brasília, 11 de julho de 1984; 163º da Independência e 96º da República.

JOÃO FIGUEIREDO Ibrahim Abi-Ackel

Este texto não substitui o publicado no DOU de 13.7.1984

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ANEXO 2

Decreto 8897/86 Regulamento do Sistema Penal do Estado do Rio de Janeiro

TÍTULO I DO OBJETIVO

Art. 1º - Subordinando-se a Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984, publicada no DOU de 13.07.84 (LEI DE EXECUÇÃO PENAL), e tendo por objetivo complementá-la, deve o presente regulamento ser lido em concomitância com o citado diploma, para exata compreensão e aplicação.

TÍTULO II DO CONDENADO E DO INTERNADO

CAPITULO I

DA CLASSIFICAÇÃO

SEÇÃO I DOS ÓRGÃOS

Art. 2º - São órgãos complementares do Departamento do Sistema Penal (DESIPE) as Comissões Técnicas de Classificação (CTCs). Art. 3º - As Comissões Técnicas de Classificação (CTCs), existentes em cada estabelecimento do DESIPE são constituídas por um psiquiatra, um psicólogo, um assistente social e dois chefes de serviço, designados pelos diretores dentre os servidores em exercício nos respectivos estabelecimentos. Parágrafo Único – O diretor do estabelecimento indicará um dos membros da CTC para presidi-la, em seus impedimentos.

SEÇÃO II Da COMPETÊNCIA

Art. 4º - Cabe às CTCs: I - elaborar o programa individualizador das penas privativas de liberdade e restritivas de direitos; II - opinar sobre o índice de aproveitamento;

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III - apurar e emitir parecer sobre infrações disciplinares ocorridas nos estabelecimentos; IV - propor aos diretores dos estabelecimentos o encaminhamento ao diretor-geral dos pedidos de conversão, progressão e regressão dos regimes; V - opinar sobre os pedidos de conversão, progressão e regressão dos regimes; VI - estudar e propor medidas que aprimorem a execução penal; VII - opinar quanto ao trabalho externo para os presos sob regime semi-aberto; VIII - dar parecer sobre as condições pessoais do interno para atender ao disposto no parágrafo único do art. 83 do Código Penal.

SEÇÃO III DO INGRESSO NO DESIPE

Art. 5º - O ingresso de presos far-se-á exclusivamente mediante mandado de prisão ou guia de recolhimento expedidos por autoridade competente, através do presídio designado como “estabelecimento de ingresso” por ato do diretor geral. Art. 6º - O ingresso de internados far-se-á exclusivamente mediante guia expedida por autoridade judiciária, através de estabelecimento designado pelo diretor-geral. Art. 7º - As CTCs dos estabelecimentos de ingresso realizarão os exames gerais e o criminológico, sendo os resultados encaminhados ao diretor geral. Art. 8º - O ingressando atenderá às seguintes providências: I - identificação no Instituto Felix Pacheco; II - abertura de prontuário; III - exame médico; IV - ciências dos direitos, deveres e normas vigorantes no DESIPE; V - elaboração de esboço de programa individualizador. Art. 9º - Completadas as providências do ingresso, as informações colhidas serão remetidas ao diretor geral, que determinará a lotação do ingressando e programa individualizador a que se submeterá.

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Art. 10 - Integrado o ingressando no estabelecimento, a CTC reavaliará o programa individualizador respectivo. Art. 11 - Na lotação inicial, cumprirá o ingressando o período probatório. Art. 12 - O ingressando será observado em suas ações e atividades durante o período probatório, findo o qual, ouvida a CTC, o diretor do estabelecimento atestará no boletim penitenciário índice de aproveitamento. Art. 13 - Devidamente preenchido, o boletim penitenciário relativo ao período probatório será remetido ao diretor geral, que efetivará a lotação do ingressando. Art. 14 - Nos estabelecimentos, os presos provisórios e os condenados serão agrupados de acordo com as seguintes circunstâncias e ordem de prioridade: a) serem presos provisórios e condenados; b) regime; c) índice de aproveitamento; d) gravidade do tipo de pena e sua extensão.

SEÇÃO IV DO BOLETIM PENITENCIÁRIO

Art. 15 - O boletim penitenciário registra o índice de aproveitamento do preso, tomando por base as atividades relativas ao trabalho, educação e disciplina. Art. 16 - Do conjunto das atividades referidas no artigo anterior, extrair-se-á a classificação nos índices excepcional, excelente, ótimo, bom, neutro e negativo. Art. 17 - Cabe o diretor do estabelecimento preencher o boletim penitenciário, após ouvir os órgãos, serviços e seções que entender conveniente, além da CTC.

SEÇÃO V DAS TRANSFERÊNCIAS

Art. 18 - As transferências de estabelecimentos são efetivadas pelo diretor geral, em função do regime, da individualização da execução penal, da classificação, assim como por motivos de ordem disciplinar e de segurança.

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Art. 19 - As transferências poderão ser provocadas por indicação dos diretores do estabelecimento ou por solicitação dos interessados.

SEÇÃO VI DO ÍNDICE DE APROVEITAMENTO

Art. 20 - O índice de aproveitamento dar-se-á: I - no conceito excepcional, após seis meses de permanência ininterrupta no conceito excelente; II - no conceito excelente, após seis meses de permanência ininterrupta no conceito ótimo; III - no conceito ótimo, após sei meses de permanência no conceito bom; IV - no conceito bom, após seis meses de permanência ininterrupta no conceito neutro; V - no conceito neutro, durante o período probatório e após o término do prazo de conceito negativo; VI - no conceito negativo, em razão de sanção disciplinar. § 1º - O período probatório de ingressando é de seis meses. § 2º - Aplicada a sanção de rebaixamento de classificação a quem estiver no conceito negativo, o prazo para ascender ao conceito neutro é de seis meses, contado a partir da aplicação da última punição. Art. 21 - Os períodos probatórios de um estabelecimento valem para qualquer outro do DESIPE.

CAPITULO II DA ASSISTÊNCIA

SEÇÃO II

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 22 – Objetivando preservar-lhes a condição de ser humano tanto quanto prevenir o crime e lhes orientar o retorno à convivência em sociedade, o DESIPE propiciará aos presos provisórios, condenados e internados assistência: a) material; b) à saúde;

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c) à defesa legal; d) educacional; e) de serviço social; f) religiosa. Parágrafo único – Estende-se ao egresso e aos filhos das presas assistência do DESIPE, nos termos deste regulamento.

SEÇÃO II DA ASSISTÊNCIA MATERIAL

Art. 23 – A assistência material consiste, primordialmente, no fornecimento de alimentação variada, suficiente e de boa qualidade; vestuário; condições higiênicas satisfatórias. Art. 24 – O vestuário não terá aparência degradante. Art. 25 – Os estabelecimentos possuirão cantinas para venda de produtos não fornecidos pela administração. § 1º - O preço dos aludidos produtos não será superior ao cobrado nas casas comerciais do mundo livre; § 2º - As rendas resultantes das cantinas serão recolhidas ao Fundo Especial do Sistema Penal, a ser criado e regulamentado, revertendo em oitenta por cento, no mínimo, ao estabelecimento de que provierem.

SEÇÃO III DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE

Art. 26 – Quando o estabelecimento não estiver capacitado a prover a assistência à saúde que se fizer necessária, transferirá o paciente para o estabelecimento do DESIPE em condições de implementá-la. § 1º - Em caso de divergência entre os diretores dos estabelecimentos na hipótese supra , será ela dirimida pelo diretor-geral, ouvida a chefia dos serviços de saúde. §2º - Inexistindo possibilidade de ser prestada assistência no âmbito do DESIPE, o serviço de saúde e o serviço social indicarão o local onde dita assistência poderá ser proporcionada, para lá sendo remetido o paciente pela direção do estabelecimento, observadas as cautelas legais de segurança, comunicado o fato, posteriormente, ao Juízo das Execuções.

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Art. 27 – Discordando o internado do diagnóstico dos serviços de saúde do DESIPE, e não dispondo de recursos para contratar profissional de sua confiança (Lei de Execução Penal art. 43), poderá requerer a assistência de servidor especializado da Secretária de Estado de Saúde e Higiene. § 1º - O pedido será dirigido ao diretor-geral, que o encaminhará, devidamente instruído, ao órgão acima referido. § 2º - Na hipótese do presente artigo, em caso de divergência de diagnóstico, o juiz das execuções decidirá a questão.

SEÇÃO IV DA ASSISTÊNCIA À DEFESA LEGAL

SUBSEÇÃO I

Da Assistência Jurídica Art. 28 – A assistência jurídica será prestada aos presos e internados carentes de recursos para contratar advogado, consistindo, basicamente, em: I - defesa nos processos disciplinares; II - defesa de direitos no âmbito do DESIPE; III - agilização no processamento de alvará de soltura; IV - atualização da situação jurídica; V - atividades de defesa judiciária; VI - interposição de recursos administrativos junto ao DESIPE: VII - atendimento e orientação sobre matéria jurídica em geral.

SUBSEÇÃO II Da Defesa Judiciária

Art. 29 – A defesa judiciária, na fase da execução da pena ou da medida de segurança, será prestada, também, pelo DESIPE aos presos e internados que não disponham de advogado constituído, especialmente no tocante a: I - benefícios decorrentes de lei posterior; II - extinção de punibilidade; III - soma ou unificação de penas; IV - modificação de regimes;

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V - detração e remição da pena; VI - suspensão condicional da pena; VII - saídas temporárias; VIII - conversão de penas; IX - substituição de penas; X - revogação de medida de segurança; XI - cumprimento da pena em outra comarca; XII - remoção (Lei de Execução Penal, art. 86,§ 1º); XIII - livramento condicional; XIV - indulto, comutação, graça; XV - cálculo de penas; XVI - obtenção de alvará de soltura; XVII - “habeas-corpus”; XVIII - revisão criminal; XIX - recursos criminais.

SEÇÃO V A ASSISTÊNCIA EDUCACIONAL

Art. 30 – A educação, nos estabelecimentos do DESIPE, compreende a educação formal, informal e profissionalizante.

Art. 31 – A educação formal dar-se-á através das escolas supletivas mantidas em convênio com a Secretaria de Estado de Educação. Art. 32 – Todas as unidades do DESIPE são obrigadas a proporcionar ensino de primeiro grau. Art. 33 – A educação informal visa ao enriquecimento cultural do aluno, buscando desenvolver-lhe as potencialidades nas áreas artísticas, de forma a possibilitar o surgimento e aprimoramento de vocações e o resgate de nossas raízes culturais.

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Art. 34 – Os estabelecimentos do DESIPE disporão de professores de artes plásticas, teatrais, literárias, musicais e de educação física. § 1º - Além das atividades internas, serão incentivadas as apresentações ao mundo livre, sob a forma de exposições, representações de peças e apresentação de espetáculos. § 2º - Na área musical, serão incentivadas, através de aulas teóricas e práticas, a formação de bandas, conjuntos instrumentais e corais. § 3º - No campo literário, se incentivará o gosto pela língua escrita e o desenvolvimento da criatividade dos alunos, inclusive no atendimento à produção de peças teatrais e o exercício de atividades jornalísticas. Art. 35 – Organizar-se-ão certames, concursos e festivais nas áreas de educação física e artística. Art. 36 – São consideradas iniciativas prioritárias na assistência educacional: I - organização e manutenção de bibliotecas; II - realização de palestras e conferências; III - exibições cinematográficas; IV - mostras artísticas; V - programação e realização de educação física; VI - em cooperação com o serviço social, programação de eventos que propiciem cultura e lazer; Art. 37 – A preparação profissional promoverá a indicação ou o aprimoramento da aptidão laboral, com acesso às técnicas especializadas. § 1º - Visará, de preferência, à habilitação do beneficiário para atividade compatível com sua futura necessidade, em vez de se dirigir ao atendimento da conveniência dos estabelecimentos penais. § 2º - Respeitada a regra do parágrafo supra, os cursos profissionalizantes buscarão possibilitar o aproveitamento do benefício no trabalho produtivo intra-muros. Art. 38 – O ensino profissionalizante será desenvolvido através de convênios com órgãos federais, entidades para-estatais e particulares, ou por professores contratados pela Secretaria de Estado de Justiça e do Interior ou cedidos pela Secretaria de Estado de Educação.

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Art. 39 – O artesanato será organizado de sorte a se constituir em atividade produtiva, de maneira a proporcionar efetiva fonte d renda para o beneficiário quando do retorno à liberdade. Art. 40 – O serviço educacional fornecerá relatórios à direção dos estabelecimentos quanto ao desempenho dos alunos.

SEÇÃO VI DA ASSISTÊNCIA DO SERVIÇO SOCIAL

Art. 41 – Cabe ao serviço social, através do emprego da metodologia específica de sua área profissional: I - conhecer, diagnosticar e traçar alternativas, junto com a população presa e os egressos, quanto aos problemas sociais evidenciados; II - ampliar os canais de comunicação dos presos, internados e seus familiares com a administração penitenciária; III - elaborar relatórios e emitir pareceres, se for o caso, em requerimentos e processos de interesse da população carcerária; IV - interagir junto aos quadros funcionais do sistema penal com vistas a possibilitar melhor compreensão dos problemas sociais da população presa, buscando conjugar esforços para solucioná-los; V - interagir com instituições externas no sentido de empreender ações que aproximem recursos diversos para atendimento da população presa, seus familiares, egressos e liberandos, na perspectiva da ação comunitária; VI - coordenar e supervisionar as atividades dos agentes religiosos voluntários e dos estagiários do serviço social; VII - integrar os conselhos de comunidade; VIII - programar com população presa eventos que propiciem lazer e cultura, interagindo com o serviço educacional; IX - orientar a população presa e seus dependentes quanto a direitos e deveres legais, especialmente da área previdenciária; X - acompanhar o desenvolvimento da saídas para visitas a familiares e para o trabalho externo; XI - auxiliar os internos na obtenção de documentos.

SEÇÃO VII

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DA ASSISTÊNCIA RELIGIOSA Art. 42 – Garantida a liberdade de culto, assegura-se aos presos e internados o acesso a todas as religiões que se façam representar no âmbito do sistema penal. Art. 43 – Facultam-se aos presos e internados a posse e o uso de símbolos, livros de instrução e objetos que conotem sua fé. Art. 44 – Nos estabelecimentos haverá, com caráter ecumênico, local apropriado para os cultos religiosos. Art. 45 – Os representantes de diversas religiões serão credenciados pelas direções dos estabelecimentos, com a denominação de “agentes religiosos”. Art. 46 – Os agentes exercerão suas atividades sob a coordenação administrativa do serviço social dos estabelecimentos. Art. 47 – Os agentes religiosos cujas atividades ultrapassem o campo puramente religiosos para atingir outras áreas técnicas ficarão, quanto a estas, subordinados ao órgão técnico correspectivo e submetidos às exigências por ele especificadas.

SEÇÃO VIII DA ASSISTÊNCIA AOS FILHOS DAS PRESAS

Art. 48 – O DESIPE disporá de creche e do pré-escolar para as crianças lançadas ao desamparo por força de prisão das mães. Art. 49 – A creche e o pré-escolar funcionarão em anexo aos estabelecimentos destinados às mulheres, abrigando os filhos das presas ali recolhidas. Art. 50 – Poderão permanecer na creche e no pré-escolar crianças de até seis anos de idade. Parágrafo único – Atingida a idade-limite, serão as crianças transferidas para a área da Fundação Estadual de Educação do Menor (FEEM-RJ) ou organismos similares. Art. 51 – A creche e o pré-escolar serão atendidos, entre outros, por pedagogos, pediatra, nutricionista, assistente social, psicólogo e recreador, subordinados administrativamente à direção do estabelecimento prisional e tecnicamente aos órgãos correlatos do DESIPE.

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Art. 52 – Poderá o DESIPE valer-se do auxílio e apoio de instituições destinadas ao amparo da infância, a fim de complementar os próprios recursos empregados no mister. Art. 53 – Na assistência material prestada aos filhos das presas, dar-se-á atendimento às peculiaridades de referida clientela.

CAPÍTULO III DO TRABALHO

Art. 54 – O trabalho dos presos e internados é de responsabilidade da Fundação Santa Cabrini (Lei de Execução Penal, art. 34 e parágrafo único), que baixará, em conjunto com o DESIPE, as normas regulamentares a respeito.

CAPÍTULO IV DOS DIREITOS E DA DISCIPLINA

SEÇÃO I

DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E INDISPONÍVEIS Art. 55 – São direitos fundamentais e indisponíveis do condenado: I - ver respeitada sua condição de ser humano; II - estar imune a exigências que possam degradá-lo de tal condição, especialmente quanto a procedimentos incompatíveis com a dignidade dela; III - estar ao abrigo de que a aplicação dos dispositivos legais referentes aos seus deveres (Lei de Execução Penal, art. 39) resultem em constrangimento à personalidade ou violação à capacidade de autovolição. IV - isentar-se da aplicação de técnicas de condicionamento psicológico, que visem a alterações de comportamento. Parágrafo único – Aplica-se ao preso provisório no que couber, ao internado, o disposto neste artigo.

SEÇÃO II DOS DIREITOS

Art. 56 – Constituem direitos do preso, além dos estatuídos na lei: I - ser visitado, se estrangeiro, pelos agentes diplomáticos ou consulares do país de origem; II - ser ouvido, sempre que responsabilizado por infração disciplinar;

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III - não sofrer, em nenhuma hipótese, formas aviltantes de tratamento; IV - portar,no interior do estabelecimento prisional, importância não superior a dez por cento do salário mínimo vigente; V - audiência com o diretor do estabelecimento, nos dias e horas para tal fim designados, respeitada a ordem cronológica de inscrição. Parágrafo único – Os diretores de estabelecimento têm de dedicar três horas semanais, no mínimo, para audiência de que cuida o número V deste artigo, sendo vedada a delegação da tarefa de qualquer outra pessoa.

SEÇÃO III DA DISCIPLINA

SUBSEÇÃO I

Disposições Gerais Art. 57 – Não haverá punição disciplinar em razão de dúvida ou suspeita. Art. 58 – O preso que, de qualquer modo, concorre para a prática da falta disciplinar incide nas sanções a ela cominadas, na medida de sua culpabilidade. Parágrafo único – Se a participação for de menor importância ou se o co-autor quis participar de falta menos grave, poderá sofrer o partícipe sanção de falta média para participação em falta grave ou de falta leve para participação em falta média.

SUBSEÇÃO II Das Faltas Disciplinares

Art. 59 – São faltas médias, se o fato não constitui falta grave: I - praticar ato constitutivo de crime culposo ou contravenção penal; II - adquirir, usar, fornecer ou trazer consigo bebida alcoólica ou substância análoga; III - praticar jogo mediante apostas; IV - praticar jogo carteado; V - praticar compra e venda não autorizada, em relação a companheiro ou funcionário; VI - formular queixa ou reclamação, com improcedência reveladora de motivo reprovável;

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VII - fomentar discórdia entre funcionários ou companheiros; VIII - explorar companheiro sob qualquer pretexto e de qualquer forma; IX - confeccionar, portar ou utilizar, indevidamente, chave ou instrumento de segurança do estabelecimento; X - utilizar material, ferramenta ou utensílio do estabelecimento em proveito próprio, sem autorização competente; XI - portar objeto ou valor, além do regularmente permitido; XII - transitar pelo estabelecimento ou por suas dependências em desobediência às normas estabelecidas; XIII - produzir ruídos para perturbar a ordem, nas ocasiões de descanso, de trabalho ou de reunião; XIV - desrespeitar visitantes, seus ou de companheiro; XV - veicular de má-fé, por meio escrito ou oral, crítica infundada à administração prisional; XVI - utilizar-se de objeto pertencente a companheiro, sem a devida autorização; XVII - simular ou provocar doença ou estado de precariedade física para eximir-se de obrigação; XVIII - ausentar-se dos lugares em que deva permanecer; XIX - desobedecer os horários regulamentares. Art. 60 – São faltas leves, se o fato não constitui falta média ou grave: I - sujar intencionalmente assoalho, parede ou qualquer lugar; II - entregar ou receber objetos sem a devida autorização; III - abordar pessoas estranhas ao estabelecimento, especialmente visitantes, sem a devida autorização; IV - abordar autoridade sem prévia autorização; V - desleixar-se da higiene corporal, do asseio da cela ou alojamento e descurar da conservação de objetos de uso pessoal;

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VI - trajar roupa estranha ao uniforme ou usá-lo alterado; VII - lançar nos pátios águas servidas ou objetos, bem como lavar, estender ou secar roupa em local não permitido; VIII - fazer refeição fora do local ou horário estabelecidos; IX - efetuar ligação telefônica sem autorização.

SUBSEÇÃO III Das Sanções Disciplinares e das Regalias

Art. 61 – São aplicáveis as seguintes sanções principais: I - advertência verbal; II - repreensão; III - suspensão ou restrição de direitos; IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos que possuam alojamentos coletivos. Art. 62 – São aplicáveis as seguintes sanções secundárias: I - perda de regalias; II - transferências de estabelecimento; III - rebaixamento de classificação; IV - apreensão de valores ou objetos. Art. 63 – O rebaixamento de classificação poderá verificar-se para qualquer conceito de grau inferior. Art. 64 – Quando o rebaixamento for para conceito negativo,a autoridade competente determinará o respectivo prazo, que não poderá exceder de seis meses. Art. 65 – A sanção do art. 62, IV, será aplicada quando o preso tiver em seu poder, irregularmente, valor ou objeto. § 1º - Quando a apreensão incidir sobre o valor ou objeto que, pela natureza e importância, autorize a presunção de origem ilícita, o diretor do estabelecimento remeterá, através do diretor-geral, ao Ministério Público, para as providências cabíveis.

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§ 2º - Incorrendo a hipótese prevista no § 1º, o valor apreendido será depositado na conta do pecúlio do preso, não podendo, entretanto, ser adicionado à parcela destinada a gastos particulares. § 3º - O objeto de uso não consentido que não tive sido apreendido só será restituído quando o preso houver adquirido condições de usá-lo, ou ao ser posto em liberdade. § 4º - O dinheiro apreendido em razão de infração disciplinar do art. 59, III, será recolhido ao Fundo Especial do Sistema Penal, revertendo na totalidade em favor do serviço social do estabelecimento de onde provier. Art. 66 – Compete ao diretor do estabelecimento aplicar as sanções principais e secundárias, exceto: I - a de transferência de estabelecimento, que é da competência do diretor-geral; II - a de isolamento e conexas secundárias, que são da competência do Conselho Disciplinar. III - Parágrafo único – O Conselho Disciplinar é integrado pelos membros da CTC e pelo diretor do estabelecimento, que o presidirá e cujo voto prevalecerá em caso de empate na votação. Art. 67 – São regalias a serem concedidas gradativamente: I - no regime fechado: a) visita especial, fora do horário normal; b) visita íntima do cônjuge, companheiro ou companheira; c) freqüência ao cinema do estabelecimento; d) participação em espetáculo recreativo; e) práticas esportivas; f) uso de rádio e televisão no cubículo ou alojamento; g) uso de objetos prescindíveis no cubículo ou alojamento; h) circulação por todo o estabelecimento exceto quanto às áreas de segurança; i) recolhimento ao cubículo ou alojamento depois do horário normal;

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j) visita ao local onde se encontra ascendente, descente, cônjuge, companheiro ou irmão, enfermo e em estado grave, com escolta; l) comparecimento à cerimônia fúnebre de ascendente, descendente, cônjuge, companheiro ou irmão, com escolta; m) posse da chave do próprio cubículo; n) trabalho externo, sob vigilância, em serviços ou obras públicas; o) passagem para o regime semi-aberto; II - no regime semi-aberto, além, quando aplicáveis, das previstas no nº I deste artigo; a) trabalho externo sob fiscalização indireta; b) saída para freqüentar curso supletivo, profissionalizante, de instrução de 2º grau ou superior; c) visita de fim de semana à família com um pernoite, renovável, por duas vezes durante o mês, ou visita de uma semana à família, renovável por quatro vezes durante o ano; d) saída esporádica para participar de atividades que concorram para o retorno ao convívio social; e) passagem para o regime aberto. III - no regime aberto, além, quando aplicáveis, das previstas nos números I e II: a) visita de fim de semana à família; b) saída periódica para participar de atividades que concorram para o retorno ao convívio social. Parágrafo único - As regalias serão deferidas pela direção do estabelecimento, ouvida a CTC, dependendo de autorização judicial as previstas nos números I, o; II, b,c,d,e; III, a, b. Art. 68 – A concessão das regalias a que se refere o artigo anterior será gradativa e em função do índice de aproveitamento. § 1º - Não serão concedidas regalias aos presos classificados nos conceitos negativo ou neutro, exceto quanto ao último, durante o período probatório e no que se diz respeito às regalias inerente ao regime determinado como o inicial do cumprimento da pena.

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§ 2º - Em caso de transferência para os regimes semi-aberto ou aberto durante o período probatório, poderão ser concedidas regalias, desde que julgadas necessárias para a condução dos objetivos do regime. § 3º - Em caso de regressão para o regime mais rigoroso, serão canceladas as regalias com ele incompatíveis, além das que o tiverem sido em razão de punição disciplinar.

SUBSEÇÃO IV Da Aplicação das Sanções

Art. 69 – Nas faltas graves, aplicam-se sanções do art. 61, III e/ou IV, pelo prazo de quinze a trinta dias; nas médias, as do mesmo artigo, III e/ou IV, pelo prazo de um a quinze dias; nas faltas leves, as do mesmo artigo I ou II. Art. 70 – A autoridade ou órgão competente para aplicar as sanções principais decidirá se devem ser aplicadas cumulativamente sanções secundárias, neste caso escolhendo as que julgar adequadas. Art. 71 – A execução da sanção disciplinar aplicada poderá ser suspensa condicionalmente por seis meses, quando, a critério do diretor do estabelecimento, as circunstâncias, a gravidade e a personalidade do agente autorizem a presunção de que não voltará a praticar faltas. Art. 72 – Se, durante o período de suspensão condicional, o punido não cometer falta, extinguir-se-á a punibilidade. Art. 73 – Cometendo o punido nova falta durante o período da suspensão condicional, será a sanção suspensa executada cumulativamente com a que vier a sofrer.

SUBSEÇÃO V Do Procedimento Disciplinar

Art. 74 – Cometida a infração, deverá o indiciado ser conduzido à presença do Chefe de Turma que determinará a lavratura da ocorrência.

Art. 75 – O Chefe de Turma em serviço poderá, tendo em conta a intensidade da falta grave ou média, determinar o isolamento preventivo do indiciado, que não poderá ultrapassar de dez dias. Art. 76 – Registrada a ocorrência pelo Chefe de Turma, este dará conhecimento dela ao Chefe de Segurança no primeiro dia útil que se seguir. Art. 77 – O Chefe de Segurança, logo que tiver conhecimento da ocorrência, decidirá sobre as medidas a tomar.

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Art. 78 – O Chefe de Segurança comunicará, no mesmo dia, a ocorrência ao diretor do estabelecimento, a fim de que este mantenha ou revogue as medidas inicialmente tomadas. Art. 79 – Cabe ao diretor do estabelecimento encaminhar à CTC, no prazo máximo de um dia útil, a comunicação de que trata o artigo anterior. Art. 80 – A CTC, no prazo de três dias úteis, realizará as diligências indispensáveis à precisa elucidação do fato, cabendo-lhe obrigatoriamente: I - requisitar o prontuário do indiciado, com todos os dados de acompanhamento individual; II - presentes pelo menos três membros, ouvir o indiciado, que poderá apresentar defesa escrita; III - ouvir o condutor, quando considerar necessário. Art. 81 – Formado o inquérito disciplinar, a CTC o remeterá com parecer, no primeiro dia útil que se seguir, ao diretor do estabelecimento que: I - convocará, para o primeiro dia útil que seguir, o Conselho Disciplinar, se entender aplicável ao caso a sanção do art. 61, IV; II - julgará o processo, se entender aplicáveis as outras sanções do art. 61. Art. 82 – No parecer de que trata o artigo anterior, a CTC opinará quanto à culpabilidade do indiciado e proporá ao diretor do estabelecimento ou ao Conselho Disciplinar a punição que entender cabível. Art. 83 – Se o diretor do estabelecimento ou o Conselho Disciplinar concluírem pela conveniência da aplicação de sanção privativa do diretor-geral, a ele remeterão a respectiva proposta. Art. 84 – No caso de fuga, o processo disciplinar será instaurado no estabelecimento de reingresso do preso e quando de sua recaptura. Art. 85 – Admitir-se-á como prova todo elemento de informação que a CTC entender necessário ao esclarecimento do fato. Art. 86 – O punido poderá solicitar reconsideração de ato punitivo, emitido por diretor de estabelecimento ou Conselho Disciplinar, no prazo de quinze dias, contados da ciência pessoal da punição, quando: I - não tiver sido unânime o parecer da CTC em que o diretor do estabelecimento fundamentou sua decisão;

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II - o ato punitivo tiver sido aplicado pelo diretor do estabelecimento em desacordo com o parecer da CTC; III - não tiver sido unânime a decisão do Conselho Disciplinar. Parágrafo único – O pedido de reconsideração não pode ser reiterado. Art. 87 – O diretor do estabelecimento ou o Conselho Disciplinar, se mantiverem o ato, encaminharão o pedido de reconsideração ao diretor-geral, para decisão. Art. 88 – Em qualquer época, o punido poderá requerer a revisão da punição sofrida, desde que prove: I - ter sido a decisão fundamentada em prova falsa; II - ter sido aplicada a punição em desacordo com a lei ou este regulamento. § 1º - O pedido de revisão só se admitirá se fundado em provas não apresentadas anteriormente. § 2º - Deferida a revisão, os assentamentos do requerente serão corrigidos, para que deles conste, exclusivamente, o registro da nova decisão. Art. 89 – A reabilitação disciplinar poderá ser requerida, decorridos dois anos do cumprimento da sanção, se demonstrada a recuperação disciplinar do punido. Art. 90 – A reabilitação alcança quaisquer sanções disciplinares aplicadas, assegurando ao punido o sigilo dos registros sobre seu processo e punição. Art. 91 – Compete ao diretor-geral decidir os pedidos de revisão e reabilitação disciplinar.

TÍTULO III DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS, SEUS REGIMES E DOS

PATRONATOS

CAPÍTULO I DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS

Art. 92 – Os estabelecimentos penais, ou os diferentes pavilhões do mesmo conjunto arquitetônico, serão, por ato do diretor-geral,, classificados da forma que se segue: I - Penitenciária:

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a) comum; b) especial. II - Estabelecimento semi-aberto: c) Instituto Penal; d) Colônia Agrícola; e) Colônia Industrial. III - Casa do Albergado: f) metropolitana; g) interiorana. IV - Hospital: h) de Custódia e Tratamento Psiquiátrico; i) Penal. V - Presídio (cadeia pública) Art. 93 – A penitenciária especial destina-se a abrigar os presos com direito a cumprir pena em dependência separada dos presos comuns. Art. 94 – A casa de albergado metropolitana se caracteriza por ficar em município da Região Metropolitana a ser operada diretamente pelo DESIPE. Art. 95 – A casa do albergado interiorana se caracteriza por ficar em município não integrante da Região Metropolitana e ser operada por Conselho da Comunidade local ou entidade similar, sob coordenação, controle e apoio técnico do DESIPE e fiscalização do Ministério Público e do Juízo da Comarca.

CAPÍTULO II DOS REGIMES

Art. 96 – Incumbe ao diretor do estabelecimento encaminhar ao diretor-geral, e este a Juízo, as solicitações de transferência de regime, fundamentando-as devidamente, inclusive com base em parecer da CTC, cuja audiência é obrigatória. § 1º - Agirá o diretor de estabelecimento. a) de ofício;

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b) por provocação da CTC; c) em face de requerimento do interessado. § 2º - Na hipótese do parágrafo supra, b, o diretor do estabelecimento só encaminhará a solicitação de transferência se a endossar. Art. 97 – Em caso de urgência, os diretores de estabelecimento poderão promover a suspensão de quaisquer regalias inerentes ao regime em que o preso estiver cumprindo pena, comunicando imediatamente o fato ao diretor-geral, e este a Juízo, para exame e decisão. Art. 98 – A pena de limitação de fins de semana será cumprida em casa de albergado.

CAPÍTULO III DOS PATRONATOS

Art. 99 – Os Patronatos são estabelecimentos destinados: I - a prestar assistência aos albergados e egressos; II - a orientar os condenados a penas restritivas de direitos e fiscalizar o seu cumprimento; III - colaborar na fiscalização do cumprimento das condições da suspensão da pena e do livramento condicional.

TÍTULO IV DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 100 – O DESIPE terá como símbolo um escudo português partido, que encerra, no primeiro campo, de blau (azul), uma árvore seca de prata, e um sol de ouro, postos em pala; no segundo campo de goles (vermelho), inscreve-se a legenda latina FRONDE VIRERE NOVA, de prata, disposta em três linhas, extraída de “Eneida”, VI-206, de Virgílio; na parte superior se dispõe um chefe diminuto, pleno de sinople (verde). Completando o conjunto, um listal, também verde, na base, ostenta as seguintes siglas de prata: SJU – DESIPE – RJ. Art. 101 – Os casos omissos serão resolvidos pelo diretor geral. Rio de Janeiro, 31 de Março de 1986.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DAS PRISÕES 10

CAPÍTULO II

A FUNÇÃO DA PENA 15

CAPÍTULO III

A LEI DE EXECUÇÕES PENAIS 19

3.1 - Das faltas disciplinares 20

3.2 - Das sanções impostas de decorrência da

prática de falta grave disciplinar 21

3.3. - Das conseqüências da prática da falta grave

disciplinar 21

CAPÍTULO IV

O DECRETO 8897/86 23

4.1 - Do procedimento disciplinar 24

4.2 - Das inconstitucionalidades do Procedimento Admi-

nistrativo 27

Page 124: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · constitucional da Lei de Execuções Penais e do Decreto nº 8897, de 31 de janeiro de 1986, além de análise crítica da jurisprudência

124

CAPÍTULO V

OS EFEITOS DA FALTA DISCIPLINAR GRAVE

NO SISTEMA PROGRESSIVO 30

CAPÍTULO VI

A JURISPRUDÊNCIA DOS TRIBUNAIS SUPERIORES 35

CONCLUSÃO 38

ANEXOS 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ___

BIBLIOGRAFIA CITADA ___

ÍNDICE 111