67
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE INSERÇÃO DOS ATIVOS INTANGÍVEIS NA CONTABILIDADE, NA EMPRESA E NO MERCADO. QUANTO AOS SEUS TIPOS E MENSURAÇÃO Por: Eduardo Ferreira Brito Orientador: Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves Rio de Janeiro 2009

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

  • Upload
    vucong

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

INSERÇÃO DOS ATIVOS INTANGÍVEIS NA CONTABILIDADE,

NA EMPRESA E NO MERCADO.

QUANTO AOS SEUS TIPOS E MENSURAÇÃO

Por: Eduardo Ferreira Brito

Orientador: Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves

Rio de Janeiro

2009

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

INSERÇÃO DOS ATIVOS INTANGÍVEIS NA CONTABILIDADE,

NA EMPRESA E NO MERCADO.

QUANTO AOS SEUS TIPOS E MENSURAÇÃO

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Finanças e Gestão Corporativa.

Por: Eduardo Ferreira Brito

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

3

AGRADECIMENTOS

A Deus, primeiramente, a meus pais e

familiares, a meus amigos e

professores.

.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

4

DEDICATÓRIA

Dedica-se ao mau pai, minha mãe,

meu irmão e aos amigos que fiz nesta

instituição.

"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina." (Cora Coralina)

"Aquilo que temos de aprender a fazer, aprendemos fazendo." (Aristóteles, 384-322 a.C., filósofo grego)

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

5

RESUMO

A globalização e os avanços da tecnologia da informação estão acirrando a

competição entre empresas, forçando-as, cada vez mais, a se diferenciarem

de seus concorrentes. Ativos intangíveis como marcas, patentes, concessões

públicas e capital intelectual, por exemplo, são ativos singulares, cujas

características únicas determinam diferenciações entre as empresas, pelo que

não podem ser mensurados, apenas quantitativamente, proporcionando assim

a obtenção de vantagens competitivas, devido ao fato da intensificação ou

inclusão dos efeitos desses ativos na empresa e no mercado.

Nesse contexto, alguns autores têm afirmado sobre a geração de

riqueza das empresas estaria diretamente relacionada com os ativos

intangíveis e suas características estratégicas, pois esses ativos seriam

responsáveis por desempenhos econômicos superiores e pela maior geração

de valor aos acionistas.

Sendo assim, uma maior presença de ativos intangíveis não

contabilizados poderia explicar as lacunas entre o valor de mercado das

empresas e o valor refletido pela contabilidade tradicional.

Palavras-chave: Ativo Intangível; Goodwill; Capital Intelectual; Informações

Contábeis.

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

6

METODOLOGIA

Método dedutivo no qual a racionalização e a combinação de idéias em sentido

interpretativo. Para desenvolver o tema escolhido, foram utilizados livros,

artigos, algumas pesquisas na Internet e ainda teses e dissertações.

Destacamos entre a bibliografia pesquisada e estudada o livro “Capital

Intelectual – Descobrindo o Valor Real de sua Empresa pela Identificação de

seus Valores Internos, autorias de Leif Edvinsson e Michael S. Malone”.

Ressaltamos também a tese de Mestrado de Maria Thereza Pompa Antunes e

a Tese de Doutorado do Prof. Eliseu Martins, ambos abordando os temas de

Capital Intelectual e Ativo Intangível, respectivamente.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I

Breve Histórico da Contabilidade 11

CAPÍTULO II

Sobre o Ativo 17

CAPÍTULO III

Ativos Tangíveis “versus” Intangíveis 21

CAPÍTULO IV

Ativos Intangíveis 26

CAPÍTULO V

A Empresa como uma “Árvore” 30

CAPÍTULO VI

A Importância dos Ativos Intangíveis 31

CAPÍTULO VII

Capital Intelectual 40

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

8

CAPÍTULO VIII

Mensuração e Contabilização do Capital Intelectual 48

CONCLUSÃO 59

BIBLIOGRAFIA 62

ÍNDICE 65

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

9

INTRODUÇÃO

As recentes fusões e aquisições experimentadas no mundo dos

negócios apresentam como uma de suas principais características, o

fechamento de negócios com valores muitos maiores do que o valor contábil

das empresas ou o valor de mercado de seus ativos permanentes.

O motivo de ocorrerem negociações envolvendo valores dessa natureza

se deve à existência, nas empresas negociadas, de ativos intangíveis não-

contabilizados e muitas vezes invisíveis, responsáveis pela geração de valor

para os seus acionistas.

Ativos tangíveis (prédios, maquinários, instalações, etc.) não seriam

mais os responsáveis pela maior parte da geração de valor de uma empresa,

porque em um ambiente competitivo são rapidamente reproduzidos e com

facilidade se tornam obsoletos. Ativos intangíveis, como tecnologia em

processos de fabricação, patentes, redes de distribuição e marcas, seriam os

grandes responsáveis pela geração de valor.

Um dos ativos intangíveis de grande importância devido ao seu

potencial para aumentar vendas, conquistar mercados, transmitir valores e

estabelecer uma relação de confiança entre o consumidor e a empresa é o

Capital Intelectual.

O presente trabalho tem por objetivo demonstrar e definir os tipos de

Ativos Intangíveis, analisar como os estes ativos, principalmente o Capital

Intelectual, se inserem na empresa, no mercado ou no contexto geral da

contabilidade e assim evidenciar a verdadeira relação existente entre a

Contabilidade e o Capital Intelectual, no tocante à mensuração dos valores

intangíveis.

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

10

É de fundamental importância a adequada mensuração do Capital

Intelectual, embora, seja bastante difícil devido a sua subjetividade. O grande

desafio para a contabilidade é de encontrar os métodos adequados para a

contabilização do Capital Intelectual, fornecendo demonstrações contábeis

com informações de natureza intelectual, humana e social que visa a atender

de forma eficiente e eficaz os seus usuários.

Com isso, observa-se que a avaliação patrimonial efetuada pela

contabilidade não mais reflete a real situação das empresas. Portanto, o que

está afetando o conceito de patrimônio na sociedade atual é o Capital

Intelectual. E nasce daí, um grande desafio que paira sobre os profissionais da

contabilidade: Como contabilizar este Ativo Intangível, o Capital Intelectual.

Nossos balanços não representam a verdade, não por incompetência

dos nossos contadores e sim por força da lei. Caberá a eles aceitarem e

vencerem o desafio, escolhendo práticas contábeis que projetem o Brasil no

século XXI como uma nação moderna e ética.

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

11

CAPÍTULO I

Breve Histórico da Contabilidade

A contabilidade é uma das ciências mais antigas e complexas, existindo

desde os primórdios das civilizações, quando o homem sentiu a necessidade

de controlar os seus bens, quais sejam: rebanhos, ferramentas de trabalho e

entre outros itens necessários. Alguns historiadores apontam os primeiros

sinais objetivos da existência de contas aproximadamente há 4000 anos a.C.

Entretanto, antes disto, o homem em seus primórdios, ao inventariar o número

de instrumentos de caça e de pesca disponíveis, ao contar seus rebanhos,

assim como suas bebidas, já estava praticando uma forma rudimentar de

Contabilidade.

Na invenção da escrita, a representação dos números normalmente tem

sido uma precedência histórica. Logo, é possível localizar os primeiros

exemplos completos de Contabilidade, seguramente no quarto milênio antes

de Cristo. É claro que a Contabilidade teve evolução relativamente lenta até o

aparecimento da moeda. Na época da troca pura e simples de mercadorias, os

negociantes anotavam as obrigações, os direitos e os bens perante terceiros,

porém, obviamente, tratava-se de um mero elenco de inventário físico, sem

avaliação monetária.

Entretanto, como a preocupação com as propriedades e a riqueza é

constante, o homem com passar dos anos teve de ir aperfeiçoando seu

instrumento de avaliação da situação patrimonial à medida que as atividades

foram desenvolvendo-se em dimensão e em complexidade.

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

12

O próprio conceito e a ênfase sobre o Patrimônio mudaram

relativamente com o aparecimento das primeiras empresas (Pessoas

Jurídicas), aproximadamente no Século XII, sendo que a partir daí as pessoas

físicas deixaram de exercer papel único, mas duplo na sociedade, ou seja,

como indivíduos e sócios dos empreendimentos. A demonstração formal e o

detalhamento dos bens, direitos e obrigações, atendiam agora aos interesses

dos seus sócios, clientes, fornecedores, credores, investidores, etc., e das

firmas e ao Governo, os quais acompanhavam os negócios e os resultados

das mesmas.

1.1 - No Mundo

Existem inúmeras obras que comentam a História da Contabilidade no

mundo, citamos entre elas, a do professor Dr. Sérgio de Iudícibus (1998:31),

no seu livro Teoria da Contabilidade (5ª edição) em que ele comenta:

“... em termos do entendimento da evolução histórica da disciplina, é

importante reconhecer que raramente o "estado de arte" se adianta

muito em relação ao grau de desenvolvimento econômico,

institucional e social das sociedades analisadas, em cada época. O

grau de desenvolvimento das teorias contábeis e de suas práticas

está diretamente associado, na maioria das vezes, ao grau de

desenvolvimento comercial, social e institucional das sociedades,

cidades ou nações. É, assim, fácil de entender, passando por cima

da Antigüidade, porque a Contabilidade teve seu florescer como

disciplina adulta e completa nas cidades italianas de Veneza,

Gênova, Florença, Pisa e outras. Estas cidades e outras da Europa

fervilhavam de atividades mercantis, econômicas e culturais,

principalmente a partir do Século XIII até o início do Século XVII.

Representaram o que de mais avançado poderia existir, na época,

em termos de empreendimentos comerciais e industriais incipientes.

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

13

Foi nesse período, obviamente, que Frà Luca Pacioli escreveu seu

famoso Tractatus de Computiset Scripturis, provavelmente o primeiro

a dar uma exposição completa. Inicia-se, assim, um largo período de

domínio da qual se chamou "Escola Italiana", em particular, e

Européia, em geral, de Contabilidade...”

Em seguida, o Prof. Dr. Sérgio de Iudícibus continua comentando sobre

a Ascensão da Escola Européia, após a disseminação da Italiana, nesta em

que surgiu o método contábil, e sua divulgação na obra de Pacioli. No Século

XIX inicia-se um período denominado por muitos autores de científico, mas que

alguns preferem chamar de período romântico, em que talvez pela primeira vez

a teoria avance com relação às necessidades e às reais complexidades das

sociedades. Nessa fase, são incluídos os expoentes máximos da Itália que

dominaram o cenário contábilaté, provavelmente, os primeiros vinte anos do

Século XX, entre eles: Fábio Besta, Guiseppe Cerboni, Gino Zappa, Aldo

Amaduzzi, Teodoro D’Ippolito e muitos outros, sendo que seus trabalhos

tiveram fortes repercussões e provocaram grandes discussões entre os

adeptos de uma ou outra corrente, nas respectivas épocas. Esses fatos

demonstraram o interesse com que camadas de estudantes acompanhavam o

desenvolvimento da Contabilidade.

Aos poucos a Escola Européia vai perdendo a sua força devido a alguns

dos seus defeitos que dentre os quais podemos enumerar: a relativa falta de

pesquisa indutiva; a preocupação demasiada em demonstrar que a

contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos

vários usuários da contabilidade com a não criação de um modelo ou sistema

contábil de informação; a ênfase excessiva na teoria das contas (partidas

dobradas) em detrimento da flexibilidade necessária na contabilidade

gerencial; a falta de aplicação de muitas teorias expostas; e dando expansão

mais à imaginação do que à pesquisa de campo e de grupo.

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

14

Este conjunto de fatores desfavoráveis foi acentuando-se a partir de

1920 com a ascensão econômica e cultural do colosso norte-americano. A

evolução da contabilidade nos Estados Unidos apóia-se: no grande avanço e o

refinamento das instituições econômicas e sociais; no investidor médio, que é

um homem que deseja estar permanentemente bem informado, cobrando dos

elaboradores de demonstrativos financeiros evidenciações das tendências das

empresas; no governo e as universidades americanas, que investem em

pesquisas sobre princípios contábeis; no surgimento em 1930 do A.I.C.P.A.

(American Institute of Certified Public Accountants) que ativou o

desenvolvimento da contabilidade e dos princípios contábeis e tornou-se um

órgão atuante em pesquisa contábil, diferentemente com o que ocorre em

outros países.

Muito embora o desenvolvimento da teoria e das práticas contábeis

norte-americanas esteja baseado quase sempre no trabalho de equipe, figuras

individuais exponenciais surgiram naquela literatura tais como: Eldon

S.Hendriksen, Richard Mattessich, e outros (Littleton, Paton, Sprouse,

Horngren, etc).

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

15

1.2 - No Brasil

Aqui no Brasil também tivemos a forte influência das Escolas Italiana e

Européia. Posteriormente e até hoje predomina a norte-americana a qual foi

aqui introduzida pela Lei n.º404 de dezembro/1976 das Sociedades por Ações

inspirada (na parte contábil) naquela doutrina.

A primeira escola especializada no ensino da Contabilidade foi a Escola

de Comércio Álvares Penteado, criada em 1902. No entanto, o primeiro núcleo

de pesquisa contábil nos moldes norte-americanos, com professores

dedicando-se em tempo integral ao ensino e à pesquisa, produzindo artigos de

maior conteúdo científico e escrevendo teses acadêmicas de alto valor ocorreu

em 1946 com a fundação da Faculdade de Ciências Econômicas e

Administrativas da USP (Universidade de São Paulo) e a instalação do curso

de Ciências Contábeis e Atuariais.

O professor Dr. Sérgio de Iudícibus (1998:38) comenta sobre a

influência da escola norte-americana na reestruturação do ensino de

contabilidade na Faculdade de Economia e Administração da Universidade de

São Paulo (FEA/USP) na década de 1960:

“...Verifica-se, a partir de 1964, uma modificação substancial no

ensino de Contabilidade na Faculdade de Ciências Econômicas e

Administrativas da USP. Na disciplina Contabilidade Geral, na

regência de cátedra do Professor José da Costa Boucinhas, adota-se

pela primeira vez o método didático norte-americano, baseado no

livro de Finney & Miller, Introductory Accounting, com importantes

adaptações à realidade brasileira, consubstanciadas pela abordagem

do problema da Contabilidade em face da inflação. Como

conseqüência desse trabalho, surge em 1971 o livro Contabilidade

Introdutória, de uma equipe de professores da USP, livro hoje

amplamente adotado nas faculdades de todo o Brasil. Isto significa

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

16

que, desde 1964, gerações de contadores, de administradores e de

economistas são influenciadas pelo novo enfoque, constituindo um

centro de irradiação das novas doutrinas. Note-se que datam desta

época alguns trabalhos de pesquisa elaborados por professores da

Faculdade de Economia e Administração da USP, que focalizam a

Contabilidade e o problema das flutuações de preços, em

profundidade. A escola da correção monetária, que pode surgir a

partir daí, é uma contribuição das mais notáveis à constituição de

uma verdadeira e genuína escola brasileira de Contabilidade, ainda

hoje em pleno desenvolvimento..."

Não podendo deixar de citar a grande contribuição que muitos autores,

de livros específicos da área, contribuindo diretamente para o desenvolvimento

da ciência contábil neste país. Entre eles, citamos além de Sérgio de Iudícibus,

Eliseu Martins, Dante Carmine Matarazzo, Hilário Franco, Francisco D’Auria,

Frederico Herrmann Júnior, José Carlos Marion, Osni Moura Ribeiro, Antonio

Lopes de Sá e outros.

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

17

CAPÍTULO II

SOBRE O ATIVO

O estudo do Ativo é tão importante, podendo-se dizer, que é o capítulo

fundamental do estudo da Contabilidade, porque à sua definição está ligada

aos vários relacionamentos contábeis que envolvem receitas e despesas. É

crítico o entendimento da verdadeira natureza do ativo, em suas características

gerais, a fim de que possamos entender bem as subclassificações que

aparecem em vários tipos de padronização, em vários países.

O ativo será sempre ele mesmo, independentemente de classificação ou

grupo, contudo é necessário o entendimento da sua natureza e características

gerais. O FASB - Financial Accounting Standards Board (Comissão de Padrões

de Contabilidade Financeira, e que denomina o órgão que estabelece os

princípios gerais adotados na elaboração de demonstrativos financeiros e/ou

relatórios de empresas nos EUA), fornece o seguinte conceito de ativo: "Ativos

são prováveis benefícios econômicos futuros obtidos ou controlados por uma

entidade em particular como um resultado de transações ou eventos

passados."

Santos (1998:26) examinou esta definição dada pelo FASB em seus três

componentes essenciais e concluiu que os benefícios econômicos futuros são

prováveis porque se referem ao futuro e, assim, podem apenas ser

razoavelmente esperados, pois o negócio e a atividade ocorrem em um

ambiente caracterizado pela incerteza, no qual nem todo resultado pode ser

definido.

Existem muitos ativos no mundo, porém para ser uma entidade é

necessário que seus benefícios sejam vinculados a esta entidade.

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

18

O Bem é um ativo da entidade, que tem o direito de controlar o obter o

serviço fornecido por este bem, portanto o elemento principal, para bens

contábeis, foi caracterizado pelo controle, desta forma tornando irrelevante a

posse ou propriedade do bem.

A inclusão desta qualificação na definição de ativo é para assegurar que

o ativo contingente seja excluído. Por exemplo, um bem já adquirido por uma

entidade é um ativo, porém um bem a ser adquirido, de acordo com o

orçamento, não é um ativo, pois a operação ainda não se concretizou.

Numa análise mais abrangente da definição de ativo, mas não admitida

pelas normas contábeis atuais (Contabilidade Financeira), pode-se considerar

as elencadas a seguir:

Paton (apud Antunes, 1999:90) ao considerar as características físicas

do ativo afirma que estes não são inerentemente tangíveis ou físicos. Diz que

um ativo representa uma quantia econômica. Podendo, ou não, estar

relacionado ou ser representado por um objeto físico.

Martins (1972:30), em sua tese de doutoramento sobre a mensuração

do ativo intangível, adota que o ativo é o futuro resultado econômico que se

espera obter de um agente.

De forma mais analítica, Iudícibus (1998:106) concorda com a visão de

Paton ao assumir a principal característica de um ativo:

“A característica fundamental é a sua capacidade de prestar serviços

futuros à entidade que os tem, individual ou conjuntamente com

outros ativos e fatores de produção, capazes de se transformar,

direta ou indiretamente, em fluxos de entrada de caixa. Todo ativo

representa, mediata ou imediatamente, direta ou indiretamente, uma

promessa futura de caixa. Quando falamos indiretamente, queremos

referir-nos aos ativos que não são vendidos como tais para

realizarmos dinheiro, mas que contribuem para o esforço de geração

de produtos que mais tarde de transformam em disponível.”

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

19

Martins (1972:29) sintetiza a principal diferença nas duas visões

expostas sobre como conceituar um ativo. Segundo o referido autor, a

diferença reside entre qualificar o agente como sendo ativo (visão tradicional) e

qualificar o resultado trazido pelo agente (visão econômica). Assim,

exemplifica: o caminhão é o agente; o transporte é o ativo. Mais adiante, o

autor complementa que: "o agente tem importância apenas na extensão em

que pode trazer resultados econômicos futuros".

O ativo compreende os bens e os direitos da entidade expressos em

moeda, Caixa, Bancos (ambos constituem disponibilidades financeiras

imediatas), Imóveis, Veículos, Equipamentos, Mercadorias, Títulos a receber,

Clientes (estes últimos sendo quantias que terceiros devem à entidade em

virtude de transações de crédito, como empréstimos de dinheiro ou vendas a

prazo) são alguns dos bens e direitos que uma empresa normalmente possui.

Todos elementos componentes do ativo acham-se discriminados no lado

esquerdo do Balanço Patrimonial.

O ativo precisa ser considerado à luz de sua propriedade e, apenas

subsidiariamente à luz de sua posse. Normalmente as duas condições virão

juntas.

Precisa estar incluído no Ativo, algum direito específico a benefícios

futuros (por exemplo, a cobertura conferida à entidade pela companhia

seguradora por contrato sinistro, em contraprestação ao prêmio pago pela

entidade) ou, em sentido mais amplo, o elemento precisa apresentar uma

potencialidade de serviços futuros (fluxo de caixa futuro) para a entidade.

O direito precisa ser exclusivo da entidade. Por exemplo, o direito de

transportar a mercadoria da entidade numa via expressa, embora, um

benefício, não pode ser considerado como Ativo, pois se trata de um direito

concedido a todos, não sendo exclusivo para a entidade.

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

20

Vale destacar a afirmação do Prof. Eliseu Martins (1972:26) de que:

"...economicamente o agente tem importância apenas na extensão em que

pode trazer resultados econômicos futuros". Percebe-se, portanto, que em uma

perspectiva menos conservadora, o ativo é definido em função do resultado

trazido pelo bem ou direito, enfatizando, desta forma o aspecto mais

econômico. O elemento físico, por si só, não é característica suficiente para

qualificar o ativo.

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

21

CAPÍTULO III

ATIVOS TANGÍVEIS “versus” INTANGÍVEIS

Ativo para a Contabilidade tradicional, como vimos, compreende os bens

e os direitos da entidade expressos em moeda. Por sua vez, são classificados

em ativos tangíveis e ativos intangíveis. Numa diferenciação bem simples, os

primeiros são aqueles que possuem existência física e os segundos os que

não possuem.

Entretanto, na prática empresarial a classificação não é tão simples

assim apresentando transtorno na identificação dos itens que compõem o

grupo dos ativos no balanço patrimonial, principalmente os ativos intangíveis,

afetando, o real valor da empresa.

A palavra tangível tem sua origem do latim "tango" (tocar), que significa

algo que pode ser tocado. Inversamente, intangível é algo que não pode ser

tocado, ou que tem ausência de substância física, sem existência física.

Em nossa Contabilidade, a palavra intangível às vezes não tem sido

bem utilizada. Ativo Intangível representa um elemento sem substância física,

mas com valor econômico como, por exemplo, patentes, marcas, direitos

autorais, Goodwill, etc.

O Prof. Sérgio de Iudícibus (1998:195), fazendo referência a Eric L.

Kohler, diz que intangível é definido como um ativo de capital que não tem

existência física, onde valor é limitado pelos direitos e benefícios que

antecipadamente sua posse confere ao proprietário.

Não é difícil perceber que algumas divergências existem com relação à

classificação entre ativos tangíveis e intangíveis, quer pela sua natureza, quer

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

22

pelo grau de incerteza na avaliação dos futuros resultados que por eles

poderão ser proporcionados.

O Ativo Tangível ou Corpóreo constitui de bens físicos, materiais, que se

pode tocar, aquilo que os nossos olhos enxergam: estoques, veículos,

terrenos, prédios, máquinas, móveis de escritórios, etc. Suas principais

características são a possibilidade de ser utilizado nas operações normais da

empresa (tem utilidade para a entidade) e possuir um ciclo de capacidade

normalmente superior a um ciclo operacional, ou seja, de longa duração.

Entretanto, outros ativos talvez pudessem enquadrar-se nesta conceituação

ampla de que uma característica distintiva dos ativos tangíveis é o fato de não

ser possível adquiri-los pouco a pouco, à medida que o processo produtivo o

requer. São adquiridos em grandes lotes de serviços e propriedade, que serão

utilizados nas produções futuras.

Uma máquina de escrever, adquirida pela empresa "A", tem existência

própria. Ela pode ser visualizada e percebida pelo tato. Mesmo que seja

transferida para a empresa "B", ela continua existindo e em condições de uso.

Assim, os imóveis, maquinários, ferramentas, utensílios, veículos de serviços,

mobiliário, equipamentos de escritório, matérias-primas, materiais de consumo,

mercadorias, produtos fabricados etc. são bens tangíveis, integrando o

patrimônio das empresas ou entidades.

O ativo tangível talvez seja a melhor representação da capacidade

instalada (ou da capacidade produtiva), principalmente em uma empresa

manufatureira, podendo ter significação bem mais modesta em uma entidade

bancária ou em prestadores de serviços.

O Ativo Intangível ou Incorpóreo ou Ativo Invisível são bens que não se

pode tocar, pegar, que passaram a ter grande relevância a partir das fusões e

incorporações na Europa, nos Estados Unidos e ultimamente também no

Brasil.

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

23

A principal característica de um bem intangível é a sua inexistência

como coisa, porém é evidente que assume um valor no contexto do patrimônio

quando vinculado a um bem tangível ou a uma determinada situação da

empresa. As despesas significativas com pesquisas e desenvolvimento de

produtos são conceituadas como bens intangíveis. Há outros bens intangíveis

que assumem características específicas. Podem ser transferidos a outras

empresas que adquirem os seus direitos de uso, como exemplo, podem citar

as patentes de invenção, as marcas de indústria e comércio e o fundo de

comércio.

Uma empresa pode ter mais bens intangíveis do que bens tangíveis.

Segundo o Prof. Antonio Lopes de Sá (2001:04):

“Existem empresas que valem mais pela força de seus intangíveis

que mesmo pela dos elementos corpóreos, como são muitos do

ramo de informática e outras de altas especializações científicas e de

prestação de serviços, onde não se pode desprezar na avaliação,

como riqueza efetiva, o que possuem de imaterial.”

Embora não tenham vida física, que é a característica básica dos bens

tangíveis, as marcas, patentes de invenção, fundo de comércio, direitos para

exploração de minas, jazidas e reservas florestais assumem valor substancial

na formação do patrimônio da empresa.

John Kendrick (apud Lev, 2000:35), um conhecido economista norte-

americano que estudou os principais impulsionadores do crescimento

econômico, relata que houve um aumento geral nos ativos intangíveis que

contribuem para o crescimento econômico dos EUA desde o início do século

XX até hoje: em 1929, o capital intangível respondia por 30% do capital total,

enquanto o tangível ficava com 70%. Em 1990, isso já se invertera: 63% do

intangível contra 37% do tangível.

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

24

Quando se está lidando com ativos tangíveis, nossa capacidade de

alavancá-los, isto é, de obter deles negócio ou valor adicional é limitada.

Exemplificando, não se consegue usar o mesmo avião em cinco rotas

diferentes ao mesmo tempo assim como não se consegue colocar a mesma

tripulação em cinco rotas diferentes ao mesmo tempo. No entanto, não há

limites para o número de pessoas que podem usar os ativos intangíveis, como

um sistema de computador ou o nome de uma marca, por exemplo, que

funciona bem tanto com 1000 (mil) ou com 5 (cinco) milhões de pessoas. O

único limite para sua capacidade de alavancar um ativo intangível é o tamanho

do mercado.

Como explicar, por exemplo, a NIKE, maior indústria de tênis do mundo

e que não fabrica os seus calçados. O seu trabalho compreende pesquisa e

desenvolvimento, projeto, marketing e distribuição, ou seja, serviços que

utilizam o uso de seu conhecimento. Outro exemplo é o da Microsoft, cujo valor

de mercado corresponde a cem vezes o valor de seu ativo tangível.

Embora os benefícios que acompanham os intangíveis possam ser

enormes, eles são muito mais incertos do que os benefícios dos ativos

tangíveis. Quando se investe num ativo tangível, como um prédio, tem-se

sempre algum tipo de retorno mesmo durante uma recessão. Entretanto,

quando se está construindo um ativo intangível, pode-se muito bem acabar-se

sem nada.

Atribuir valor a um ativo tangível parece ser mais fácil do que a um ativo

intangível, pois, com raras exceções, e por definição, os ativos tangíveis

possuem corpo e não necessitam de uma avaliação com maior grau de

subjetividade, levando-se em conta algumas considerações quanto à valoração

a preço de custo, de mercado ou de realização.

A nova realidade demonstra que esses elementos agregam valor às

empresas, a Contabilidade deve considerar tais ativos intangíveis e

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

25

desenvolver uma forma de evidenciá-los, se for esse o caso, mas não se pode

esquecer que evidenciar o valor da empresa não é objetivo do Balanço

Patrimonial, pelo menos até o momento.

Portanto, fica claro que a mensuração das transações envolvendo o

patrimônio de uma entidade, cuja função pertence à Contabilidade, é

demasiadamente complexa e que as críticas ao Balanço Patrimonial não

procedem por inteiro.

Assim sendo, a questão permanece nos ativos intangíveis,

principalmente por ser a essência dos elementos que hoje formam o valor real

da entidade, sendo talvez a característica mais comum a todos os itens do

Ativo Intangível, como observa Martins (1972:54), o grau de incerteza existente

na avaliação dos futuros resultados que por eles poderão ser proporcionados,

quer dizer, a falta de objetividade.

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

26

CAPÍTULO IV

ATIVOS INTANGÍVEIS

Os ativos intangíveis surgiram em resposta a um crescente

reconhecimento de que fatores “extra contábeis”, que podem ter uma

importante participação no valor real de uma empresa. Alguns entre eles eram

muito óbvios: patentes, marcas registradas, direitos autorais, direitos

exclusivos de comercialização – todos conferiam a seus proprietários uma

vantagem competitiva que exercia um impacto sobre o lucro.

Tais ativos são considerados como “invisíveis”, por não se tratarem de

algo material, ou seja, não são palpáveis e sim provenientes da inteligência

humana e dos recursos intelectuais, tanto na economia em geral como na

economia das empresas.

Com o passar dos anos, o papel dos ativos intangíveis tornam-se cada

vez mais importante, chegando ao ponto em algumas empresas, em que estes

se excedem totalmente os ativos tangíveis.

Todo o interesse que o tema vem despertando nos meios acadêmicos e

profissionais durante tantos anos, gerando controvérsias e evolução em termos

de aceitação e conceito, embora não tendo encontrado, ainda, unanimidade

quanto ao seu tratamento, adquire maior urgência na medida em que os ativos

intangíveis ganham espaço na economia atual como um todo, e nas

organizações especificamente.

A fim exemplificar melhor, os parâmetros dos ativos intangíveis, temos o

caso da indústria cinematográfica, a Paramount gastou cerca US$ 200 milhões

para fazer o filme Titanic e faturou em torno de US$ 1 trilhão só nas salas de

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

27

cinema. A Gillette investiu de 1990 a 1997, US$ 700 milhões para produzir a

lâmina de barbear Mach3, porém em menos de um ano após o lançamento, já

havia assegurado mais de 10% do mercado de reposição de lâminas de

barbear dos Estados Unidos. Por sua vez, o medicamento Viagra do

laboratório Pfizer vendeu US$ 700 milhões em menos de 8 (oito) meses depois

de lançado no mercado.

Os direitos autorais sobre o filme Titanic e as patentes do Viagra e do

Mach3 são ativos intangíveis, concedendo a seus proprietários um direito de

exclusividade, durante um período, quanto aos retornos vindos de seu uso

mercantil. Por isso são comercializáveis e têm valor de mercado. O mesmo se

aplica a processos de produção e bens de capital que sejam patenteáveis ou

protegidos como segredos comerciais.

O reconhecimento de marcas pelo público e a reputação de uma

empresa também constituem ativos intangíveis, por permitirem-lhe obter

maiores rendimentos, bem como aumentar as chances de sucesso quando

lançarem novos produtos.

A urgência da Contabilidade em considerar determinados ativos

intangíveis na mensuração do real valor da empresa parece ser senso comum

e os fatos apontados por alguns autores, como Antunes (1999:87), que

expressa a valoração do nome “Bill Gates”, que é o principal ativo de sua

empresa e a Microsoft valer hoje, nas Bolsas de Valores, algo em torno de US$

51 bilhões, quase dez vezes mais do que a empresa fatura. Ainda confirmando

as conseqüências dessa realidade Edvinsson & Malone (1998:02) destacam a

Southwest Airlines:

“A Southwest Airlines é avaliada a um preço maior do que outras

empresas aéreas tradicionais muito maiores. A Intel depara-se com

um grande escândalo devido a deficiências em seu principal produto,

o chip Pentium, e o preço de suas ações mal chegam a oscilar,

sendo hoje avaliada em US$120 bilhões. A Netscape, uma empresa

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

28

de 17 milhões de dólares de patrimônio com cinqüenta empregados,

abre seu capital mediante uma oferta inicial de ações que atribui à

empresa um valor de US$ 3 bilhões no fim do dia.”

O Goodwill é um dos componentes dos Ativos Intangíveis e, vem sendo

alvo de muitos estudos e pesquisas dada a sua complexidade, relevância e

discordância entre os autores estudiosos do assunto.

A definição de Goodwill, a sua natureza e a sua característica de não

ser separável do negócio como um todo, além de seu tratamento contábil,

fazem com que se torne um dos conceitos mais polêmicos e de difícil

consenso dentro da Teoria da Contabilidade.

O Goodwill seria o valor não físico ou intangível e por isso

contabilizado à parte, que expressa o valor da empresa para além do seu

valor contábil ou do valor de venda dos seus ativos, líquidos do seu passivo.

Podendo ser definido também como a capacidade ou a potencialidade da

empresa em gerar lucros.

Desde 1929 até os dias de hoje, observa-se que os estudiosos desse

tema não conseguem convergir para um conceito único, como observamos na

afirmação de Canning (1929:38) onde cita que contadores, escritores de

contabilidade, economistas, engenheiros e os tribunais, todos ele têm tentado

definir Goodwill, discutir a sua natureza e propor formas de mensurá-lo. Desde

aquele tempo, ele declara que a mais surpreendente característica dessa

imensa quantidade de estudos é o número e a variedade de desacordos

alcançados.

O valor do Goodwill está intimamente relacionado a outros intangíveis,

existindo uma linha tênue que os separa daqueles. Alguns autores o

consideram como o mais intangível dos intangíveis.

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

29

Catlett e Olson (1968:8) afirmam que Goodwill, no seu entendimento

mais amplo, pode ser definido de muitas formas, podendo-se destacar as

seguintes:

“Um sentimento agradável: benevolência, amigável; um benefício ou

vantagem na maneira como se comporta um negócio adquirido, além

do valor que ele seria vendido, devido à personalidade daquele que o

conduz, a natureza da sua localização, se a sua reputação for

habilidosa ou precisa, ou qualquer outra circunstância incidental para

o negócio que tende a fazê-lo duradouro; o valor capitalizado do

excesso de lucros futuros estimados de um negócio acima da taxa

de retorno de um capital considerado normal em uma atividade

relacionada; o excesso de preço de compra de um negócio acima ou

abaixo do valor avaliado de seus ativos líquidos, exclusive o

Goodwill.”

Na sua tese de Mestrado, Maria Thereza Pompa Antunes (1999:94) cita

que:

“A conseqüência da não existência de um conceito sobre o Goodwill,

ou o desconhecimento da natureza do Goodwill, pode ser sentida nas

palavras de vários autores consultados. Entre outros, Edvinsson &

Malone (1998:22) empregam a expressão "sacode gatos". A

metáfora empregada caracteriza a extensão da importância dos

ativos intangíveis e quão desigual, e até mesmo injusto, é o seu

entendimento, só que o momento atual apresenta uma tendência de

não admitir subjetivações e os autores Edvinsson e Malone apontam

o Capital Intelectual como sendo o caminho para resolver esta

problemática.”

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

30

CAPÍTULO V

A EMPRESA COMO UMA “ÁRVORE”

Uma maneira produtiva de enxergar uma empresa (ou qualquer outra

organização) é olhar para ela como se fosse uma árvore. No modelo idealizado

por Edvinsson e Malone, explica como é muito simples avaliar o patrimônio

visível das entidades.

O tronco, os galhos e as folhas, que são as partes visíveis a um

observador, representam a empresa como é conhecida pelo mercado e

expressa pelo processo contábil. O fruto produzido por essa árvore representa

os lucros e os produtos colhidos por investidores e consumidos pelos clientes.

O valor oculto de uma empresa é o sistema de raízes daquela árvore.

Para que a árvore floresça e produza frutos, ela precisa ser alimentada por

raízes fortes e sadias. E da mesma maneira que a qualidade do fruto de uma

árvore depende de seu conjunto de raízes, a qualidade da organização

empresarial da companhia e a solidez de seu capital financeiro constituem

igualmente uma função de seus valores ocultos. Cuide dessas raízes e a

empresa florescerá; permita que elas sequem ou se tornem avariadas e a

empresa, não importando quão sólida pareça, irá finalmente entrar em colapso

e morrer.

O que se torna mais importante é saber compreender o que acontece

abaixo da superfície para, assim, podermos prever o que poderá acontecer

com o que ocorre acima. Quando as raízes da árvore estão fortes, ela

certamente irá sobreviver durante uma seca ou uma geada inesperada.

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

31

CAPÍTULO VI

A IMPORTÂNCIA DOS ATIVOS INTANGÍVEIS

A crescente competição entre as empresas tem elevado a importância

estratégica dos ativos intangíveis como fator de diferenciação entre empresas,

proporcionando vantagens competitivas aos seus detentores para enfrentar a

concorrência e se sobressair em seus mercados de atuação, pois os ativos

tangíveis como fábricas ou equipamentos, por exemplo, não seriam mais os

responsáveis pela maior parte da geração de valor em uma empresa, já que

em um ambiente competitivo, eles poderiam ser rapidamente reproduzidos ou

com facilidade se tornam obsoletos. Ativos intangíveis como tecnologia,

processos de fabricação, patentes, redes de distribuição ou marcas seriam os

grandes responsáveis pela geração de valor.

Diferentemente dos ativos tangíveis, os ativos intangíveis possuem

como uma de suas características estratégicas, a singularidade, o que os torna

ativos únicos, difíceis de adquirir, de desenvolver e até mesmo de copiar; além

disto, alguns podem ser até protegidos legalmente. Reilly & Schweihs (1998)

concordam e enfatizam que esta característica de singularidade tem

proporcionado aos ativos intangíveis uma forte posição de destaque.

Conforme Kayo (2002), esta singularidade é um importante elemento de

diferenciação. O autor exemplifica demonstrando que a marca Coca-Cola é

propriedade de apenas uma empresa, enquanto as máquinas que fabricam

refrigerantes podem ser compradas por qualquer outra. Stewart (1999) também

afirma, e de forma contundente, que os ativos intangíveis são a única forma

das empresas se diferenciarem de seus concorrentes.

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

32

Segundo Lev (2001), os ativos intangíveis possuem outras duas

características estratégicas de grande importância: a não-rivalidade e a sua

capacidade de escala. Entende-se por não-rivalidade a capacidade de um

ativo poder ser utilizado simultaneamente e de diversas formas diferentes, o

que ocorre apenas com os ativos intangíveis, pois ativos físicos são sempre

rivais, sendo necessário escolher onde o ativo será alocado em detrimento das

demais opções. Portanto, analisar esta importante característica de não-

rivalidade, significa também, atribuir custos de oportunidade aos ativos que não

a possuem, ou seja, aos tangíveis.

Um exemplo claro de uma possível rivalidade pode ser encontrado no

ativo tangível aeronave de uma companhia aérea, que não pode realizar dois

vôos, para duas rotas diferentes ao mesmo tempo. Por outro lado, a maioria

dos ativos intangíveis é não-rival e pode ser utilizada simultaneamente, como

por exemplo, o sistema de reservas (software) desta mesma companhia aérea,

que pode ser utilizado concomitantemente por um número ilimitado de clientes

e para reservas em um número ilimitado de vôos.

Esta outra característica de capacidade de escala dos ativos intangíveis

aparece, principalmente, quando uma empresa decide aumentar seu volume

de produção. Caso a empresa seja uma indústria, por exemplo, e já esteja

operando a pleno-emprego, ela certamente terá que adquirir novas máquinas e

equipamentos e, eventualmente, ampliar suas fábricas (ativos físicos e custos

fixos). Contudo, seus ativos intangíveis, como suas marcas ou suas patentes,

por exemplo, podem ser explorados indefinidamente e não requerem

investimentos adicionais, ou seja, quanto maior o número de suas aplicações,

melhor. Trata-se do fenômeno que os economistas chamam de retornos

crescentes de escala, onde, quanto maior for o número de lugares onde o ativo

intangível seja aplicado, maior será o seu retorno.

Empresas multinacionais exploram estrategicamente este conceito e

usufruem seus benefícios. Uma indústria automotiva, por exemplo, ao analisar

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

33

alternativas de investimentos em outros países, pode considerar apenas os

gastos em ativos físicos como as máquinas e as instalações físicas, pois seus

ativos intangíveis como a marca, seus processos internos de fabricação (know-

how), os softwares de gerenciamento de produção, o design de seus produtos,

entre outros, são ativos intangíveis, cujo custo marginal de investimento é

mínimo.

Assim, além dos ativos intangíveis poderem ser utilizados

simultaneamente, eles também podem ser utilizados repetidamente de forma

ilimitada e alternativa, ou seja, eles não possuem limites de escala, restrição

típica dos ativos físicos.

Lev (2001) explica que os ativos tangíveis também podem ser

alavancados para explorar economias de escala, porém, até um determinado

limite. Segundo o autor, este limite é a própria capacidade de produção do

ativo ou suas limitações de uso. Kayo (2002) concorda com o conceito e cita o

exemplo do ativo físico plataforma de petróleo, que não pode estar em dois

locais diferentes ao mesmo tempo. Já os ativos intangíveis são limitados

apenas pelo tamanho do mercado, não existindo limitações físicas para a sua

utilização. Por sua vez, Kayo (2002) cita o exemplo de marcas mundialmente

conhecidas e respeitadas, que podem ser alavancadas e expandirem seus

mercados através do seu licenciamento a outras empresas, que se

responsabilizariam pela fabricação e comercialização dos produtos.

Segundo Lev (2001), outra característica estratégica dos ativos

intangíveis está na sua capacidade de influenciar a demanda, criando o

fenômeno chamado pelos economistas de externalidades de rede. De acordo

com Pindyck & Rubinfeld (1994), ocorrem externalidades de rede quando a

demanda exercida por um consumidor também é dependente das demandas

exercidas por outros consumidores ou pelo número de outros consumidores

que já tenham adquirido determinada mercadoria. Elas podem ser positivas ou

negativas.

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

34

“Uma externalidade de rede positiva significa que há um aumento da

quantidade demandada de uma mercadoria por um consumidor típico,

em decorrência do crescimento da quantidade de aquisições feitas

por outros consumidores. Quando ocorre o inverso, dizemos que há

uma externalidade de rede negativa.” (PINDYCK & RUBINFELD,

1994, p.150)

Um exemplo de externalidade de rede positiva é o chamado Efeito

Imitação, ou seja, o desejo de um consumidor em ter determinados produtos,

porque outras pessoas os têm ou porque estão na moda. Assim, à medida que

mais pessoas adquirem estes produtos, o Efeito Imitação, conforme Pindyck &

Rubinfeld (1994), majora a reação da demanda às variações ocorridas no

preço, tornando-a mais elástica e isto traz importantes implicações nas

estratégias de preços das empresas. Como este Efeito Imitação está muito

associado a novidades de moda, estilo e marcas, ou mesmo a novidades

tecnológicas, ele é fortemente influenciado pelos ativos intangíveis. O

lançamento de novas tecnologias de aparelhos celulares ou de versões

atualizadas de softwares como o Windows XP®, ou mesmo a recente explosão

dos DVDs no Brasil e no mundo são exemplos claros deste Efeito Imitação.

Por outro lado, as externalidades de rede também podem ser negativas,

ou seja, a quantidade demandada de determinada mercadoria cai em

conseqüência do crescimento das compras feitas por outros consumidores ou,

de forma inversa, a quantidade demandada de uma mercadoria será mais alta,

quanto menor o número de pessoas que a possuam, é o chamado Efeito

Esnobação, também descrito por Pindyck & Rubinfeld (1994), que é provocado

pelo desejo dos consumidores em possuir bens exclusivos, raros e

diferenciadores. São exemplos de mercadorias sujeitas ao Efeito Esnobação:

obras de arte, automóveis esportivos, roupas feitas sob medida, grifes

famosas, entre outras. Assim, o fato de poucas pessoas conseguirem possuir

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

35

produtos semelhantes ou das mesmas marcas, por exemplo, confere ao seu

detentor status e exclusividade.

Este Efeito Esnobação torna a demanda dos produtos menos elástica,

pois caso o preço fosse muito reduzido e o número de pessoas adquirindo a

mercadoria aumentasse muito, ele teria uma queda substancial de valor, pois

como se trata de uma mercadoria esnobação, seu valor seria reduzido na

medida em que mais pessoas a tenham, já que o próprio Efeito Esnobação

freia o aumento da quantidade demandada. De acordo com Pindyck &

Rubinfeld (1994), muitos esforços de marketing e propaganda são feitos para

promover a ocorrência do Efeito Esnobação, pois, pelo fato da demanda se

tornar menos elástica, este efeito tem importantes reflexos na estratégia de

preços das empresas. Ao se analisar as características e os diferenciais dos

produtos e serviços influenciáveis pelo Efeito Esnobação, percebe-se que, de

forma geral, quanto mais intangível-intensivo for o seu valor, maior o poder

desta estratégia de atuação, principalmente para as empresas que investem

fortemente em ativos intangíveis como marcas, design e atendimento

diferenciado, por exemplo.

Brooking (apud Antunes, 2000) reforça ainda mais esta importância

estratégica dos ativos intangíveis e apresenta outra alternativa para a

alavancagem dos negócios através destes ativos – o seu merchandising –, e

afirma, o valor da comercialização do produto intangível, associado ao produto

tangível, pode ultrapassar em muito este último. A autora exemplifica por

intermédio de um case study do filme Star War, onde o valor arrecadado com a

bilheteria deste filme de grande sucesso (US$ 25 milhões) foi superado pela

venda dos direitos de comercialização das imagens e dos personagens do

filme (US$ 1 bilhão).

De acordo com Kayo (2002), estas questões têm implicações

importantes na avaliação e gestão dos ativos intangíveis. Não resta dúvida,

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

36

que elas produzem impactos nos custos e nas receitas das empresas,

conseqüentemente, em seu fluxo de caixa e em seu valor.

“Duas empresas que fabricam o mesmo tipo de produto podem até

construir fábricas semelhantes, comprar as mesmas máquinas,

utilizar o mesmo tipo de matéria-prima, manter o mesmo nível de

capital de giro e possuir outros ativos tangíveis similares. Entretanto,

essas duas empresas podem apresentar valores de mercado

bastante distintos em função, principalmente, da presença de ativos

intangíveis. A atuação dos intangíveis pode resultar em um preço

superior, custos e despesas inferiores ou uma combinação desses

fatores.” (KAYO, 2002, p.14)

Esta crescente importância dos intangíveis, no entanto, não significa que

os ativos tangíveis estão perdendo importância, pois, conforme Kayo (2002,

p.2), “É extremamente difícil dissociar o ativo tangível do intangível. A

combinação dos dois é que define o valor efetivo de uma empresa. O capital

intangível bem empregado pode fazer o capital tangível render muito mais e,

assim, conjuntamente, maximizar o valor da empresa”. O autor cita ainda

exemplos das relações entre o desenvolvimento tecnológico de equipamentos

e a necessidade de treinamento do capital humano, da mesma forma que

investimentos em ativos intangíveis, como pesquisa e tecnologia, podem levar

ao desenvolvimento de novas máquinas.

Além disto, muitos intangíveis estão também embutidos em ativos

tangíveis, como a tecnologia dos aviões, as marcas dos carros, sistemas e os

computadores, por exemplo, pois é esta interação entre tangíveis e intangíveis

que cada vez mais cria valor. As organizações estão criando valor de um modo

totalmente novo e diferente, utilizando ativos tangíveis e intangíveis e

combinações destes ativos até agora não reconhecidas pelos sistemas

contábeis tradicionais.

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

37

Portanto, o planejamento estratégico tem que compreender a dinâmica

de geração de valor na empresa, ou seja, mapear as características únicas de

criação de valor de seus ativos tangíveis e intangíveis e das combinações

destes ativos, pois apenas uma análise profunda destes value drivers permitirá

a identificação das variáveis que, efetivamente, exercem maior impacto no

valor da empresa. Deve-se ressaltar, ainda, que em alguns setores da

economia, a intensidade e as características dos ativos intangíveis

representam também uma excelente barreira de entrada para novos

competidores.

Por todas as características estratégicas e positivas dos ativos

intangíveis descritas, pode-se imaginar que o potencial de criação de valor

destes ativos é ilimitado e, ainda, questionar quais são os possíveis limites

para investimentos em ativos intangíveis. De acordo com Lev (2001), a

primeira grande restrição à aplicação excessiva de ativos intangíveis está na

sua dificuldade de gerenciamento, pois estes ativos, em geral, possuem uma

administração mais complexa do que a dos ativos tangíveis.

As dificuldades de identificação e mensuração dos ativos intangíveis,

além da falta de informações gerenciais precisas sobre sua performance,

contribuem ainda mais para a complexidade de gerenciamento destes ativos

ou das empresas intensivas em ativos intangíveis, pois a contabilidade

tradicional ainda está estruturada para uma era industrial, alocando gastos

com matérias-primas e salários (trabalho) aos custos de seus produtos,

processos ou atividades, mas considerando como despesas (não alocáveis),

os gastos com treinamento, aquisição de novos clientes e, em alguns países,

até gastos com pesquisas e desenvolvimento. Conforme Lev (2001), os

sistemas de informação gerencial baseado em tangíveis, estão totalmente

inadequados para o gerenciamento de empresa na sociedade do

conhecimento.

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

38

Outro fator que contribui fortemente para a limitação de investimentos

em ativos intangíveis é o risco. O risco é um vetor fundamental de decisão nas

empresas que investem intensamente em ativos intangíveis, pois o

desenvolvimento interno destes ativos é moroso e arriscado e seus custos de

aquisição e gerenciamento são muito altos. Além disto, há uma grande

dificuldade de comercialização destes ativos, pois não existem mercados

organizados para sua negociação. Conforme Lev (2000), os laboratórios

farmacêuticos norte-americanos investem em média US$ 500 milhões no

desenvolvimento de um novo medicamento que, ao término da pesquisa, pode

ou não atingir os objetivos inicialmente propostos.

Outro risco considerável, segundo Lev (2000), consiste no fato de

alguns ativos intangíveis, como o direito de propriedade, por exemplo, serem

difusos, ou seja, podem ser roubados, copiados ou até manipulados. A

proliferação de milhares de processos judiciais na disputa por patentes

demonstra claramente a dificuldade em definir e manter ativos intangíveis,

quando se trata de conhecimento. Além, é claro, de já estar empiricamente

comprovado que os retornos sobre investimentos em ativos intangíveis são

muito mais incertos do que os retornos sobre investimentos em ativos

tangíveis.

Quando se trata de capital humano, este risco é ainda maior. Algumas

empresas, por exemplo, se perdessem um determinado executivo, poderiam

ter seus resultados futuros significativamente prejudicados em função da perda

da capacidade intelectual deste importante recurso humano. Ou ainda, uma

empresa que invista fortemente em treinamento de seus funcionários ou

mesmo pagando aos seus executivos cursos de pós-graduação e

especialização, caso não consiga manter este capital humano em seu quadro

funcional por um bom tempo, dificilmente este investimento terá o retorno

desejado, além, é claro, de estar formando potenciais profissionais para seus

concorrentes diretos.

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

39

Alguns investimentos em ativos intangíveis como a ampliação da base

de clientes, capital intelectual, relacionamentos, logística e canais de

distribuição ou uma administração superior, por exemplo, são investimentos

em ativos intangíveis de provável retorno, mas de altíssimo risco, pois estes

são ativos que estão a serviço (não são propriedades) da empresa,

diferentemente dos ativos tangíveis que, efetivamente, pertencem à empresa.

Outro fator que também adiciona alto risco aos ativos intangíveis é a

constante necessidade de inovação. Ativos intangíveis estão umbilicalmente

ligados à inovação; contudo, inovação é incerta por natureza e apenas

alcançada com investimentos de risco em outros ativos intangíveis, como

capital humano, tecnologia e pesquisa. E mais, o que pode ser inovação e,

provavelmente, uma fonte de vantagem competitiva hoje, pode não continuar

sendo no futuro imediato, pois outras inovações podem ter sido desenvolvidas

e a inovação anterior tornar-se obsoleta antes mesmo do retorno do

investimento realizado.

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

40

CAPÍTULO VII

CAPITAL INTELECTUAL

A definição de Capital Intelectual tem sido bastante vasta, porém nos

últimos anos, algumas tentativas de definir ou explicar Capital Intelectual têm

sido alvo de diversos estudiosos, que diferem em alguns aspectos mas na

essência apresentam o mesmo conteúdo.

Segundo Antunes (1999:99), a primeira matéria empregando o conceito

do Capital Intelectual, foi a publicada por Thomas Stewart, na Revista Fortune,

no ano de 1994 com o título, "Your Company´s Most Valuable Asset:

Intellectual Capital".

Essa matéria, que serviu de base para alguns artigos acadêmicos nos

Estados Unidos e no Brasil, abordava as primeiras experiências realizadas por

algumas companhias para mensurar o seu Capital Intelectual, entre elas a da

Skandia AFS, primeira organização a divulgar um relatório suplementar às

Demonstrações Contábeis divulgando o Capital Intelectual, cujo principal

executivo para esse assunto é Leif Edvinsson. Neste artigo, todas as

organizações empregaram a mesma denominação para explicar o mesmo

fenômeno, Capital Intelectual.

No que diz respeito, ao conceito de Capital Intelectual, embora seja um

assunto novo, de vastas pesquisas e argumentações, atualmente 2 (dois)

autores, se destacam e são considerados os mais consistentes no assunto, os

quais acreditam-se terem sido os pioneiros no desenvolvimento de pesquisas

conclusivas, embora ainda não definitivas, sobre o tema.

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

41

Conforme Brooking (apud Antunes, 1999:94) que define Capital

Intelectual como uma combinação de ativos intangíveis, resultados das

mudanças nas áreas da tecnologia da informação, mídia e comunicação, que

trazem benefícios intangíveis para as empresas e que a deixam em condições

para o seu funcionamento. Para a referida autora, o Capital Intelectual pode

ser dividido em quatro categorias: Ativos de Mercado; Ativos Humanos; Ativos

de Propriedade Intelectual e Ativos de Infra-Estrutura.

A autora define a composição de cada grupo da seguinte forma:

• Ativos de Mercado – que é o potencial que a empresa possui em

decorrência dos intangíveis que estão relacionados ao mercado, tais

como: marca clientes, lealdade dos clientes, canais de distribuição,

franquias, negócios e mandamento, etc.

• Ativos Humanos – que compreendem os benefícios que o indivíduo

pode proporcionar para as organizações por meio da sua criatividade,

conhecimento, habilidade para resolver problemas, tudo de forma

coletiva e dinâmica.

• Ativos de Propriedade Intelectual – incluem os ativos que necessitam de

proteção legal para proporcionarem benefícios às organizações, como:

segredos industriais, copyright, patentes, designs, etc.

• Ativos de Infra-Estrutura – que compreendem as tecnologias, as

metodologias e os processos empregados como cultura, sistema de

informação, banco de dados de clientes, etc.

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

42

Já Edvinsson & Malone (1998:9) definem Capital Intelectual como sendo a

posse de conhecimento, experiência aplicada, tecnologia organizacional,

relacionamentos com clientes e habilidades profissionais que proporcionam à

empresa uma vantagem competitiva no mercado.

Os autores dividem os fatores ocultos em três grupos:

• Capital Humano – que corresponde a toda capacidade, conhecimento,

habilidade e experiência individuais dos colaboradores de uma

organização para realizar as suas tarefas.

• Capital Estrutural – que corresponde a toda a infra-estrutura que apóia o

capital humano. O capital humano é o que constrói o capital estrutural,

mas quanto melhor for o seu capital estrutural, melhor será o capital

humano. Os sistemas de informação, os softwares, os bancos de dados,

as patentes, as marcas registradas e todo o resto da capacidade

organizacional que apóia a produtividade do capital humano são

exemplos de capital estrutural.

• Capital de Clientes - que representa o valor das franquias, do relacionamento com os clientes. Pode ser definido como fidelização ou

a probabilidade dos clientes continuarem a fazer negócios com a

empresa.

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

43

7.1 - Capital Humano

O capital humano de uma empresa é aquele incorporado nas pessoas,

os colaboradores, cujo talento e experiência criam os produtos e serviços, que

tornam-se diferenciais, que são motivos pelos quais os clientes procuram a

empresa e não os concorrentes.

E segundo os próprios autores Edvinsson & Malone (1998:31):

“Toda capacidade, conhecimento, habilidade e experiência

individuais dos empregados e gerentes estão incluídos no termo

capital humano. Mas ele precisa ser maior do que simplesmente a

soma dessas medidas, devendo, de preferência, captar igualmente a

dinâmica de uma organização inteligente em um ambiente

competitivo em mudança. O capital humano deve também incluir a

criatividade e a inovação organizacionais.”

Os conceitos de capital intelectual e capital humano estão intimamente

relacionados e são facilmente confundidos. O capital humano diz respeito às

pessoas, seu intelecto, seus conhecimentos e experiências, é um subgrupo do

capital intelectual que é bem mais amplo.

Quanto maior a “intensidade” do capital humano de uma empresa mais

a empresa pode valorar por seus serviços e menos vulnerável esta ficará

perante aos seus concorrentes.

O capital humano é também a capacidade dos empregados para

“resolver” os problemas dos clientes. Esse capital além de intangível pode ser

"perdido" pela empresa com muita facilidade, pois a empresa não é

proprietária do capital humano, propriamente dito, e apesar do um vínculo

periódico este capital, o mesmo se dissipa com facilidade. Cabendo assim as

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

44

empresas ou organizações “retê-los” ou “concentrá-los” através de políticas

eficazes, no sentido de preservar esse valioso patrimônio.

Quanto mais as empresas começam a pensar em seus funcionários

como um capital humano, ou seja, um ser valioso, que vale a pena ser

desenvolvido, mais ela está colaborando para o crescimento de todos os níveis

de sua organização.

Para fazer diferença, o capital humano precisa de seus pares, o capital

estrutural e o capital de clientes. Não adianta você contratar excelentes

funcionários se você não der uma estrutura para eles poderem trabalhar e

trabalhos para serem desenvolvidos por eles. Tudo tem que estar em perfeita

harmonia. A inteligência, como qualquer outro patrimônio, precisa ser cultivada.

A simples contratação de mão de obra extremamente capacitada não resolve o

problema.

As empresas que investem em educação e treinamento dos seus

funcionários estão à frente de seus concorrentes, pois “concentram”

conhecimentos e experiências na suas atividades. Por outro lado, existe o

problema dos trabalhadores com conhecimentos mais valiosos serem também

aqueles que mais facilmente abandonam seus empregadores, levando consigo

seu talento e seu trabalho. Este tipo de capital não é da empresa e sim das

pessoas que com ela colaboram.

Tentativas para resolver este problema, pode ser o estímulo do trabalho

em equipe, pois com a saída de um elemento do grupo, não afetaria de forma

tão contundente o andamento das atividades. Uma forma de solucionar o

problema de evasão dos bons funcionários é oferecer a eles uma participação

nos lucros da companhia, ou propor participação acionária, dentre outros

benefícios mais atraentes.

Valorizar o capital humano é fundamental para a competitividade

empresarial. Atualmente, apesar da conjuntura econômica, depois da crise no

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

45

final do ano de 2008, observamos que no mercado de trabalho, algumas

premissas permanecem inalteradas, no tange as exigências dos empregadores

quanto a capacitação e experiência dos funcionários indo ao encontro das

exigências também dos empregados no que diz respeito a satisfação, seja por

questões monetárias, de ambiente empresarial, entre outros, o que poderia

levar a estes mudar de empresa.

O principal desafio das empresas é encontrar e fortalecer talentos que

realmente funcionem como patrimônio e aproveitá-los, e transformá-los, de

certo modo, em propriedade da empresa.

7.2 - Capital Estrutural

O capital estrutural se refere às marcas registradas, softwares,

equipamentos de informática, os bancos de dados, as patentes, e todo o resto

da estrutura da organização que interagem com a produtividade dos

funcionários quando executam suas tarefas. Este capital é formado pela infra-

estrutura que apóia o capital humano, ou seja, tudo o que permanece na

empresa.

Para Edvinsson & Malone (1998:32), o capital estrutural pode ser mais

bem descrito como arcabouço, o suporte físico, o esqueleto que auxilia o

capital humano. Ele é também a capacidade organizacional, incluindo os

sistemas físicos utilizados para transmitir e armazenar conhecimento

Intelectual.

Capital estrutural refere-se aos instrumentos de trabalho, ferramentas e

formas de produção do trabalho, que apóia e possibilita que o capital humano

Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

46

concretize todo seu potencial. Equipamentos de informática, softwares, os

bancos de dados, as patentes, as marcas registradas.

E nas palavras de Edvinsson e Malone (1998:35):

“O capital estrutural inclui fatores como a qualidade e o alcance dos

sistemas informatizados, a imagem da empresa, os bancos de dados

exatos, os conceitos organizacionais e a documentação. Aqui,

também, podem ser igualmente encontrados, como lembrança de

um mundo esquecido, itens tradicionais, a exemplo da propriedade

intelectual, que inclui patentes, marcas registradas e direitos

autorais.”

7.3 - Capital de Clientes

Edvinsson & Malone (1998:33) ao se referirem ao capital de clientes,

citam:

“O capital de clientes teria sido uma noção verdadeiramente estranha

aos contadores há apenas algumas décadas. No entanto, sempre

esteve presente, oculto sob a denominação Goodwill, pois quando a

empresa é vendida por um valor maior que o contábil, após subtrair-

se o valor das patentes e dos direitos autorais, o que significa essa

diferença senão o reconhecimento de que a empresa possui uma

carteira de clientes sólidos e leais?...”

O capital de clientes representa o valor das franquias, os

relacionamentos contínuos com as pessoas físicas e jurídicas para as quais a

empresa se relaciona. Mesmo assim, em muitas situações este é o mais mal

administrado dentre os ativos intangíveis.

Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

47

Para Sveiby (2000:70), existem três tipos de clientes: Os clientes que

melhoram a imagem da empresa, no qual suas referências e seus

depoimentos são muito valiosos; os clientes que melhoram a organização,

esses exigem soluções de ponta, melhorando a estrutura interna da empresa;

e os clientes que aumenta a competência, que contribuem com projetos que

desafiam a competência dos funcionários, fazendo com que os funcionários

aprendam e se desenvolvam com eles.

Consta ainda no livro de Leif Edvinsson e Michael S. Malone (1998:33):

“... é no relacionamento com os clientes que o fluxo de caixa se inicia

e não na área contábil como muitos gerentes parecem considerar.

Medir tal solidez e lealdade é o desafio para a categoria do capital de

clientes. Os índices incluem medidas de satisfação, longevidade,

sensibilidade apreços e até mesmo o bem-estar financeiro dos

clientes de longa data....”

Page 48: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

48

CAPÍTULO VIII

MENSURAÇÃO E CONTABILIZAÇÃO DO CAPITAL

INTELECTUAL

A própria definição de Capital Intelectual ainda não está muito bem

consolidada, quanto mais a sua mensuração e contabilização no campo

objetivo da Contabilidade.

Em todo o mundo, as demonstrações das situações patrimoniais das

empresas, deixaram de representar uma realidade. Isto se comprova, num

momento de venda da empresa ou de parte de seu capital para terceiros,

tronando-se “comum” a diferença entre os dados oficiais legais e a realidade

das riquezas.

Visando a atender essa questão, a ciência da Contabilidade, tem

desenvolvido estudos no sentido de fixar condições de apuração das coisas

"imateriais".

Uma empresa pode perder uma linha de crédito porque a análise de sua

situação, a partir de seu balanço, demonstra que ela está em condições de

ineficácia de pagamento. É possível, também, que desanime um investidor, em

aplicar na mesma, porque os resultados apresentados aparentam lucros

baixos ou até perdas.

A realidade, entretanto, pode ser outra, em razão de estar mal

evidenciada através de defeitos de informação. A projeção da imagem da

empresa, através de suas demonstrações contábeis, tem o poder de abrir

linhas de crédito, movimentar investimentos em bolsas, prestar contas a

terceiros.

Page 49: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

49

A proposta deste capítulo é demonstrar a necessidade de se buscar

uma harmonização das práticas contábeis - sintonizadas com a expectativa

dos empreendedores - procurando estimular os contadores a desenvolverem

mecanismos que permitam valorizar e mensurar nos balanços o valor do

capital intelectual. É evidente que, por se tratar de um ativo intangível, torna-se

difícil a mensuração do capital intelectual em virtude de sua subjetividade.

Porém, de acordo com Sérgio de Iudícibus (1998:60):

“Sabe-se que a Contabilidade, em seu aspecto de mensuração, é um

sistema relacional, tipo espelho. Os números que, afinal, são

associados a ativos, passivos, receitas, despesas, perdas, ganhos e

ao patrimônio líquido expressam uma representação da realidade e,

não a própria realidade dos elementos avaliados.”

A Contabilidade deve ser um reflexo da realidade, mesmo em se

tratando de bens intangíveis. A subjetividade de mensurar o capital intelectual

não pode ser um obstáculo para que os profissionais da área contábil não

reconheçam o mesmo. Eles devem, sim, buscar definir parâmetros que

permitam a mensuração dos ativos intangíveis da forma mais fiel possível.

As dificuldades contábeis com respeito aos gastos com a formação de

ativos intangíveis podiam ser ignoradas, sem grande prejuízo, até a poucos

anos. A questão é que a importância dos ativos intangíveis nas empresas vem

crescendo ao longo dos anos.

Os autores Edvinsson & Malone em seu livro "Capital Intelectual –

Descobrindo o Valor Real de sua Empresa pela Identificação de seus Valores

Internos", apresentam uma fórmula de James Tobin para medir o capital

intelectual, onde CI = VM – VC , na qual o Capital Intelectual (CI) de uma

empresa é igual ao seu Valor de Mercado (VM), menos o Valor Contábil (VC).

Page 50: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

50

O atual modelo contábil é inadequado para a economia moderna, porém

é preciso desenvolver novas ferramentas para ampliar o alcance desse

modelo. Apesar das dificuldades dos processos de mensuração do capital

intelectual e das coerentes restrições impostas pelos princípios e convenções

contábeis, são indispensáveis procurar criar mecanismos alternativos que

evidenciem aos usuários dos relatórios contábeis informações sobre o capital

intelectual.

O modelo "tradicional" de contabilidade que descreveu as operações

que se passam nas organizações durante meio milênio, não está mais

conseguindo corresponder com tanta firmeza às mudanças que vêm

ocorrendo. Os demonstrativos contábeis mostram-se cada vez mais obsoletos,

para acompanhar as organizações modernas.

Para as organizações baseadas no conhecimento, os demonstrativos

financeiros registram exclusivamente o capital físico e financeiro, onde perdem

totalmente a relevância, já que as técnicas contábeis existentes no Brasil e no

mundo em geral são bastante precárias na avaliação dos ativos intangíveis

internamente gerados pela empresa, tais como habilidades dos funcionários,

marcas e patentes, treinamento e desenvolvimento.

A contabilidade tradicional, não oferece informações sobre as tradições

e a filosofia da empresa. As informações tradicionais contidas nas linhas de um

balanço patrimonial, como máquinas, terrenos e estoques, não indicam muitas

vezes sobre a competitividade atual ou o potencial de lucros futuros de uma

empresa.

De repente, dá-se conta de que os demonstrativos obrigatórios exigidos

pela Lei 6.404/76 das Sociedades por Ações, não evidenciam a realidade da

empresa. Logo, a avaliação do patrimônio feito pela contabilidade não reflete a

verdadeira situação de muitas empresas. Uma vez que para a Contabilidade

Page 51: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

51

tradicional, o que não se pode medir não se pode compreender, controlar ou

alterar.

Há uma crescente crítica aos demonstrativos patrimoniais tradicionais,

por não evidenciar os ativos intangíveis. Os estudiosos afirmam que não se

pode observar só os bens físicos, é necessário, também, incluir o intelectual e

a riqueza imaterial para se tenha uma real situação patrimonial da empresa.

A incapacidade do modelo contábil atual para refletir corretamente o

impacto dos ativos intangíveis na situação presente e futura da empresa,

decorre da razão de que as demonstrações contábeis encontram-se incapazes

de refletir a imagem fiel (verdadeira e justa) da posição financeira da empresa.

Tal incapacidade deriva-se da intervenção das normas e leis no sistema

contábeis, gerada de fontes nem sempre preocupadas com os princípios

científicos da Contabilidade.

Page 52: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

52

8.1 - Críticas a Lei 6.404/76

O Prof. Antonio Lopes de Sá (1999:101) faz críticas a parte contábil da

Lei 6.404/76 – Lei das Sociedades por Ações, dizendo que deveria ser

revogada por ser de "débil qualidade informativa". Fazendo menção ao projeto

da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) de que é preciso mais

transparência das demonstrações contábeis, sequer tomou conhecimento do

que foi enviado ao Ministério da Fazenda. Ele defende que a matéria contábil

deve regular-se pelos contabilistas, assim como as questões de saúde pelos

médicos etc.

E, ainda Lopes de Sá (1999:114) complementa:

“Legalmente, não há amparo para que o contador registre como

patrimônio, por exemplo, a capacidade do pessoal de uma empresa,

mas, na realidade ela pode ser apurada através de meios

sofisticados, de uma tecnologia aplicada ao denominado Capital

Intelectual. Tudo ocorre porque o critério das escritas é apenas o

oficial, aquele determinado por lei e sabemos que esta nem sempre

está de acordo com a verdade.”

Nossos balanços não representam a realidade, não porque os

profissionais da Contabilidade desejem, não por intenção, mas por

incompetência do texto legal.

O valor do capital de uma empresa, registrado oficialmente, quase

nunca coincide com a realidade. Os valores constantes de registros, dentro da

burocracia exigida pela lei, não funcionam adequadamente no mundo dos

negócios.

Page 53: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

53

Os contadores são obrigados a apresentar em seus balanços os valores

oficialmente registrados, mas, as demonstrações contábeis, elaboradas por

força de lei, não evidenciam o valor efetivo ou real de uma empresa.

A própria legislação é a grande responsável para que a riqueza não seja

traduzida com fidelidade nas demonstrações contábeis. Não é a Contabilidade

que falha, mas, o que o Poder Público faz com ela, obrigando as empresas a

produzirem peças fora da realidade, por força de lei.

Uma empresa tem muitos valores ao seu favor e que não os pode

registrar porque a lei não permite. Dentre eles estão os de seu ponto

comercial, marcas de fábrica, patentes de invenções, direitos autorais,

concessões para exploração de jazidas, concessões de serviços públicos,

cartas de patentes, carteira de clientes, organização, qualidade de pessoal,

etc.

A aplicação restrita dos princípios e convenções contábeis traz uma

série de dificuldades para qualquer tentativa de contabilização do capital

intelectual. O princípio do custo como base de valor (ou do registro pelo valor

original) implica que somente a partir dos valores monetários de entrada (custo

histórico ou custo de reposição) poder-se-ia apurar o valor a ser registrado

para determinado ativo.

Entretanto, ocorre que muitos itens relacionados ao capital intelectual

são produzidos internamente pela empresa em suas atividades e processos.

Algumas convenções contábeis, tais como a da materialidade e a do

conservadorismo, impõem restrições a qualquer tipo de evidenciação que

esteja carregada de subjetivismo e que possa comprometer a confiabilidade e

consistência exigida das demonstrações financeiras.

Os princípios e as normas contábeis devem acompanhar as alterações

que ocorrem nas organizações, orientando e atendendo as necessidades aos

usuários da informação contábil.

Page 54: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

54

8.2 - Ativo ou Despesa?

A maioria dos gastos na formação de ativos intangíveis não é

reconhecida como investimento na contabilidade das empresas. Desta forma,

o valor gerado em decorrência do trabalho humano, constitui-se em um ativo

que precisa ser devidamente contabilizado, mensurado, analisado e divulgado.

Isto significa um grande desafio para a contabilidade, no sentido de mensurar

quanto representa o capital intelectual para uma empresa.

A prática contábil atual tem tratado todos os gastos com

desenvolvimento de recursos humanos como despesas em vez de ativo. Essa

convenção resulta numa mensuração distorcida do retorno de uma

organização sobre seus investimentos. Tal prática não reflete a realidade

econômica da organização, já que os investimentos nas pessoas, os ativos

humanos de uma organização, uma vez satisfazendo alguns critérios pré-

determinados, entendem-se que estes devem ser tratados como ativos.

Ora, reconhece-se que os indivíduos têm muito a contribuir para a

organização em termos de informação e do conhecimento que eles possuem

sobre os seus trabalhos. Entretanto, como as pessoas que agregam "valor”

para empresa, recebem promoções e aumentos salariais, que são lançados

nos demonstrativos como aumento de despesas - sem um visível e

concomitante aumento do ativo da empresa. Ao se tornarem mais produtivos,

os empregados e funcionários se revelam despesas ainda maiores. E o pior:

em tempos de crises, as pessoas passam a ser vistas como despesas que

podem ser cortadas. Porque é mais fácil para uma organização demitir um

empregado do que se desfazer de um bem físico, como uma máquina, que

está ativada nos demonstrativos contábeis da empresa.

Ainda, em decorrência da dificuldade sentida pelos profissionais de

contabilidade na mensuração da força humana de trabalho, Iudícibus (1998:62)

Page 55: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

55

diz que esta "raramente é retratada no ativo, a não ser em artigos de pesquisa

e investigativos". Isto representa, além de uma omissão nos demonstrativos

contábeis, no que concerne ao valor do capital humano, uma demora no

avanço do cenário contábil.

A prática contábil atual (postulados, princípios e convenções) não

reconhece, ainda, os gastos na formação profissional dos recursos humanos

como um investimento – onde esses gastos seriam contabilizados no ativo das

empresas para posterior amortização ao longo do tempo – como é pratica

corrente com os ativos permanentes.

As empresas, temerosas de que sejam tributadas a mais, buscam de

todas as formas ocultar os efeitos dos intangíveis como capitalizações,

buscando, de todas as formas, o máximo de deduções que aliviem suas

cargas tributárias.

Alguns gastos são, na realidade, investimentos, mas devido aos

imperativos da legislação, as empresas preferem considerar tudo como

despesa, visando reduzir os impostos e abandonando classificações que

deveriam apropriar os valores no ativo, como genuínos elementos do capital.

Page 56: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

56

8.3 - Vantagens e Desvantagens da Mensuração

As informações contidas num relatório de Capital Intelectual são de

interesse tanto dos usuários internos (gestores) quanto dos usuários externos,

especialmente para os acionistas. Considerando que as medições de Capital

Intelectual, bem gerenciadas, contribuem para que a empresa possa se

conhecer melhor e, conseqüentemente, para o seu aprimoramento e dando

ênfase as suas utilidades.

Brooking (apud Antunes, 1999:162) enfatiza que o conhecimento do

Capital Intelectual é uma fonte rica de informações sobre a organização como

um todo e, em particular, um instrumento valioso para os seguintes aspectos:

analisar o valor da empresa; fornecer um foco para programas de educação

organizacional e treinamento; confirmar a habilidade da organização para

atingir objetivos; planificar a Pesquisa e Desenvolvimento; fornecer

informações básicas aos programas de reengenharia e ampliar a memória

organizacional.

Os aspectos apontados por Brooking ressaltam as vantagens de se

identificar o Capital Intelectual de uma organização.

Podem-se, por meio do conhecimento do Capital Estrutural distinguir as

diferenças entre criação de patentes, desenvolvimento de novos designs e

desenvolvimento de novos produtos, compreendendo as vantagens

competitivas que cada um desses elementos possuem, contribuindo também

para a decisão de investimento em tecnologia da informação.

O conhecimento do Capital Humano coopera muito para a escolha de

investimentos em treinamento. Se a empresa possui um relatório de Capital

Humano, pode fazer a melhor opção de treinamento mais adequado, levando

em consideração as necessidades identificadas em seus ativos humanos, bem

Page 57: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

57

como proceder a uma avaliação posterior a fim de mensurar os benefícios

trazidos para a empresa. E conforme Antunes (1999:163) podemos ainda citar

que:

“No caso da redução de número de funcionários, o conhecimento do

Capital Humano impede que os cortes afetem pessoas com

capacidade e know-how valiosos para as organizações. Digno de

nota são os Programas de Demissão Voluntária que muitas

empresas, principalmente do setor público, vieram promovendo nos

últimos anos. Deve-se estar atento para o fato de que, se por um

lado, este procedimento contribui para enxugar a máquina

administrativa do governo, por outro, contribui para a evasão de

grandes talentos para a área privada, atraídos pelos valores dos

salários, entre outros atrativos.”

O conhecimento detalhado que o modelo de avaliação dispõe sobre os

Clientes fornece uma visão bem mais abrangente das condições atuais e

futuras da empresa relacionadas a esse foco.

Do ponto de vista externo da organização, os relatórios contendo

indicadores do Capital Intelectual, podem ser identificadas como vantagem,

pois são subsídios valiosos para os analistas e financiadores, em função da

projeção da futura capacidade da empresa em gerar caixa.

Para os acionistas, estes relatórios são de fundamental importância,

porque, fazendo uso das palavras de Edvinsson, "eles mostram o valor oculto

das organizações" que não estão aparentes nas Demonstrações Contábeis.

Os acionistas podem ter, igualmente, a posição do momento e a visão de

futuro, ou seja, as tendências apresentadas pela empresa. E segundo Antunes

(1999:166) "A sua divulgação pode explicar a diferença entre o valor contábil e

o de mercado de uma entidade, mesmo não sendo de forma objetiva".

Page 58: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

58

Em suma, pode-se concluir que as informações contidas em um

relatório de Capital Intelectual são relevantes tanto para os usuários internos

quanto para os usuários externos da Contabilidade. Isto se deve ao fato do

Capital Intelectual identificar, de uma forma dinâmica, o potencial da

organização no presente e a sua capacidade de gerar benefícios no curto e

longo prazo.

Até o momento não se identificaram desvantagens, mas, apenas

algumas limitações, que podem ser consideradas temporárias, e algumas

observações a serem feitas. Deve-se levar em conta, naturalmente, esta nova

abordagem sobre o assunto.

Conforme a autora Maria Thereza Pompa Antunes em sua dissertação

de Mestrado (1999:166), ainda não existe um modelo padrão para a

divulgação dessas informações, embora seja do conhecimento que órgãos

internacionais como o IASC - International Accounting Standards Committee, o

FASB - Financial Accounting Standards Board e a SEC - Securities Exchange

Comission, tenham patrocinado reuniões para debater tal assunto. A

divulgação do relatório do Capital Intelectual objetiva levantar diálogo e

sugestões para um futuro consenso do modelo universal. É nesse sentido que

a Federação Internacional de Contadores (IFAC) vem trabalhando a fim de

divulgar o conceito do Capital Intelectual e a sua importância na sociedade

atual.

E ainda conforme Antunes, embora se considere que a idéia de um

modelo universal seja remota, o máximo talvez seja um modelo por setor,

tendo em vista as particularidades inerentes a cada um dos setores da

economia. E, por se tratar de um modelo desenvolvido para identificar e

mensurar componentes subjetivos do Goodwill não apresenta uma unidade

padrão de mensuração.

Page 59: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

59

CONCLUSÃO

No objetivo central deste estudo, verifica-se que a Contabilidade precisa

estar sempre atualizada para acompanhar os avanços da economia e assim

poder ser útil para as empresas e para os usuários das informações contábeis.

O modelo tradicional de Contabilidade, que descreveu com tanto brilho

as operações das empresas durante meio milênio, não tem conseguido

acompanhar a revolução que está ocorrendo no mundo dos negócios.

Este estudo apresenta as características estratégicas dos ativos

intangíveis na atual sociedade do conhecimento e verificando se, investimentos

em ativos com estas características, efetivamente, poderiam levar as empresas

a desempenhos econômicos superiores e uma maior geração de valor aos

seus acionistas, demonstrando assim, a importância dos ativos intangíveis.

Apesar do Capital Intelectual, ser um dos ativos mais importantes para a

organização, sua difícil administração e avaliação, devido a sua subjetividade.

O desafio da Contabilidade para o novo milênio é justamente encontrar

métodos e meios de como mensurar e contabilizar determinados ativos

intangíveis, principalmente o Capital Intelectual, de forma eficiente e eficaz.

A Contabilidade deverá continuar atual, moderna e sempre

acompanhando as inovações introduzidas ao cotidiano, a fim de conceber nas

demonstrações a natureza intelectual, humana, ecológica e social, de forma

mais precisa.

O valor real de uma empresa está se deslocando de edifícios, estoques,

equipamentos para a era intelectual, exigindo cada vez mais a reformulação da

contabilidade tradicional, para que assim possa avaliar com mais objetividade

os ativos intangíveis e assim proporcionar às empresas uma melhor leitura da

Page 60: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

60

sua própria realidade, visto que para o sucesso das organizações na era do

conhecimento, tais ativos são tão importantes quanto os ativos físicos e

tangíveis.

A importância estratégica dos ativos intangíveis na geração de valor ao

acionista, demonstra que a mudança de ênfase do ativo tangível para o ativo

intangível tem fundamento, e que investimentos em ativos intangíveis, podem,

efetivamente, diferenciar empresas e criar valor, estimulando o seu

crescimento através de novos investimentos e contribuindo positivamente para

o incremento da riqueza dos acionistas.

A avaliação dos ativos intangíveis dentro do modelo de Contabilidade

tradicional nas empresas e as organizações, e conseqüente investimento

nestes ativos, pode-se auferir um benefício maior em toda estrutura

organizacional, na qual envolve não somente os acionistas mas também

fornecedores, clientes, funcionários, e até mesmo a própria sociedade.

O Capital Intelectual torna-se uma ferramenta importantíssima para a

tomada de decisões, como por exemplo: Investir em treinamento, em

educação, substituir ou não homens por máquinas, terceirizar ou não etapas

no processo produtivo, criar ou eliminar níveis de gerência etc.

Apesar das evidências e da importância do tema, não se pode afirmar

que o número de empresas cujos sistemas de informações focalizem o Capital

Intelectual seja expressivo. Várias questões precisam ser mais bem exploradas

no sentido de desenvolver e aprimorar essa nova perspectiva gerencial. O

desafio continua em busca da mensuração de forma mais contundente do

valor do Capital Intelectual (CI) e seus componentes nos Balanços Patrimoniais

da empresas.

Por fim, conclui-se que os ativos intangíveis são relevantes no

desempenho econômico da empresa, pois quanto maior parcela de ativos

intangíveis na empresa, maior a geração de valor aos seus acionistas; ou seja,

Page 61: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

61

as empresas que direcionam uma parcela maior de seus recursos para

investimentos em ativos intangíveis, apesar dos riscos associados a estes

ativos, estão obtendo melhores resultados econômicos, fortalecendo os

pressupostos teóricos de que vantagens competitivas e retornos anormais

estariam relacionados aos ativos intangíveis e intelectuais.

Page 62: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

62

BIBLIOGRAFIA

ANTUNES, Maria Thereza Pompa. Contribuição ao Entendimento e

Mensuração do Capital Intelectual. São Paulo, 1999. Dissertação (Mestrado)

– Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de

São Paulo. Disponível na internet em: www.capes.gov.br, acessado em

30/05/2009.

_____________________________. Capital intelectual. São Paulo: Atlas,

2000.

DAL PIERO, Fernando Antonio. O Momento é de Proteger e Contabilizar o

Capital Intelectual. IOB Comenta. São Paulo: IOB, 3. semana, nov. 2000.

DUFFY, Daintry. Uma Idéia Capital. HSM Management, n. 22, p. 72-78, set/

out. 2000.

EDVINSSON, Leif & MALONE, Michael S. Capital Intelectual – Descobrindo

o Valor Real de sua Empresa pela Identificação de seus Valores Internos.

1.ª ed., trad. por Roberto Galman. São Paulo: Makron Books, 1998.

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 5ª ed. Atlas, 1998.

IUDÍCIBUS, Sérgio e Outros. Manual de Contabilidade das Sociedades por

Ações. São Paulo: Atlas.

KAYO, Eduardo Kazuo. A estrutura de capital e o risco das empresas

tangível e intangível-intensivas. Tese (Doutorado em Administração) –

FEA/USP, 2002.

LEV, Baruch. Intangibles: management, measurement, and reporting.

Washington: Brookings, 2001.

Page 63: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

63

__________. A matemática da nova economia. São Paulo: HSM

Management. nº 20, ano 4, 2000.

LOPES, João Francisco. Capital Intelectual – Contribuições à sua

Mensuração e Classificação Contábil. 1ª ed. Associação de Ensino de

Itapetininga. 2001.

MARION, José Carlos. Análise das Demonstrações Contábeis. São Paulo:

Atlas, 2002.

_______. Contabilidade Empresarial. São Paulo: Atlas, 2000.

MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços – Abordagem

Básica e Gerencial. São Paulo: Atlas, 1998.

MARTINS, Eliseu. Contribuição à Avaliação do Ativo Intangível. São Paulo.

1972. Tese (Doutorado) – Faculdade de Economia, Administração e

Contabilidade da Universidade de São Paulo.

PINDYCK, Robert S; RUBINFELD, Daniel. Microeconomia. S. Paulo: Makron

Books, 1994.

REILLY, Robert; SCHWEIHS, Robert. Valuing intangible assets. N. York:

McGraw, 1998.

RIBEIRO, Osni Moura. Estrutura e Análise de Balanços Fácil. São Paulo:

Saraiva, 1997.

SÁ, Antonio Lopes de. Projeto da CVM e Realidade dos Balanços.

12/04/1999. Disponível na Internet em: http://www.lopesdesa.com.br, acessado

em 02/06/2009.

SANTOS, Ivan Macedo dos. Conceito de Ativo. Pensar Contábil, n. 02, ano I,

Nov.1998.

Page 64: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

64

SCHRICKEL, Wolfgang K. Demonstrações Financeiras – Abrindo a Caixa

Preta. São Paulo: Atlas, 1999.

SILVA, José P. Análise Financeira de Balanços. São Paulo: Atlas, 1998.

STEWART, Thomas A. Intellectual capital. New York: Doubleday, 1999.

SVEIBY, Karl. Capital Intangível. HSM Management, n. 22, p. 67-70, set/out.

2000.

Page 65: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

65

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 9

CAPÍTULO I

Breve Histórico da Contabilidade 11

1.1 – No Mundo 12

1.2 – No Brasil 15

CAPÍTULO II

Sobre o Ativo 17

CAPÍTULO III

Ativos Tangíveis “versus” Intangíveis 21

CAPÍTULO IV

Ativos Intangíveis 26

CAPÍTULO V

A Empresa como uma “Árvore” 30

CAPÍTULO VI

A Importância dos Ativos Intangíveis 31

CAPÍTULO VII

Capital Intelectual 40

7.1 – Capital Humano 43

7.2 – Capital Estrutural 45

7.3 – Capital de Clientes 46

Page 66: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

66

CAPÍTULO VIII

Mensuração e Contabilização do Capital Intelectual 48

8.1 – Críticas a Lei 6.404/76 52

8.2 – Ativo ou Despesa 54

8.3 – Vantagens e Desvantagens de Mensuração 56

CONCLUSÃO 59

BIBLIOGRAFIA 62

ÍNDICE 65

Page 67: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · contabilidade é ciência do que demonstrar as necessidades informativas dos vários usuários da contabilidade com a não criação

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: