41
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EDUCAÇÃO AMBIENTAL CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL DE ALUNOS DO COLÉGIO ESTADUAL PLATAFORMA COMO FORMA DE PROTEGER OS RECURSOS HÍDRICOS LOCAIS Profa. Moselene Costa dos Reis Orientador Prof. Celso Sanchez SALVADOR 2008 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL DE ALUNOS DO COLÉGIO ESTADUAL PLATAFORMA COMO FORMA DE PROTEGER OS

RECURSOS HÍDRICOS LOCAIS

Profa. Moselene Costa dos Reis

Orientador Prof. Celso Sanchez

SALVADOR 2008

DOCU

MENTO

PRO

TEGID

O PEL

A LE

I DE D

IREIT

O AUTO

RAL

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL DE ALUNOS DO COLÉGIO ESTADUAL PLATAFORMA COMO FORMA DE PROTEGER OS

RECURSOS HÍDRICOS LOCAIS

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Educação Ambiental, por Moselene Costa

dos Reis.

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus pela força que ele

me deu, a meu pai, aos meus amigos que me ajudaram

Domingos Filho e Claudia Machado, ao meu tutor Celso

Sanchez, pelo carinho com que tem dispensado para

ajudar-me na elaboração da minha monografia.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia aos meus alunos do Colégio

Estadual de Plataforma, que com toda sua dedicação e

empenho ajudaram-me a construir esta monografia com os

seus trabalhos de campo.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

MENSAGEM

“O grande problema está em como poderão os oprimidos,

que hospedam o opressor em si, participar da elaboração,

como seres duplos, inautênticos, da pedagogia da sua

libertação”.

Paulo Freire (Pedagogia do Oprimido, 1984)

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

RESUMO

O objetivo deste trabalho é estudar o ciclo de água, sua utilização e

conservação, dando ênfase aos problemas ambientais, mostrando conseqüências a

curto e longo prazo da má utilização dos recursos naturais pelos habitantes do bairro

de Plataforma. E a partir disso promover uma conscientização ambiental dessa

população através dos alunos do Colégio Estadual Plataforma.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

METODOLOGIA

O estudo abrangerá uma revisão bibliográfica sobre as várias utilizações da

água, conservação e tratamento da água e esgoto. Dando ênfase ao aspecto

ambiental será realizado um estudo sobre as atuais e futuras conseqüências da má

utilização da água. Em paralelo será realizado um trabalho de conscientização e o

uso racional da água para algumas turmas do ensino médio na Escola Estadual

Plataforma.

O trabalho se desenvolve principalmente através da pesquisa em fontes

diversas como livros, revistas, jornais e internet. A parte prática foi desenvolvida

através de pesquisas, exibição de filmes, trabalhos e visitas que foram realizadas

com algumas turmas do ensino médio, sendo feita uma avaliação pelos próprios

alunos sobre a iniciativa adotada que culminou com experiências que foram

sugeridas para serem adotadas na própria escola.

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

Capítulo 1 – A Água no Mundo 11

1.1 – A Bacia do Cobre 17

1.2 – Educação Ambiental 23

Capítulo 2 - A Importância da Educação Ambiental 25

2.1 – Valores da Educação Ambiental 27

2.2 - A Educação Ambiental na Escola 28

2.3 – Princípios Gerais da Educação Ambiental 29

Capítulo 3 – Formando Cidadãos Conscientes 31

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 39

ANEXO 41

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

INTRODUÇÃO

A água parece ser um recurso natural abundante, porém apenas 3% de toda

água do planeta, é potável e sua utilização não sustentável poderá causar a

escassez no futuro.

Diante deste quadro somado a falta de saneamento básico, em especial na

periferia, torna a situação mais um problema de ordem pública. A falta de

conhecimento leva ao uso irracional dos recursos naturais como a água. Os alunos

sendo educados ambientalmente poderão levar as experiências e os conhecimentos

adquiridos em sala de aula, a sua comunidade minimizando alguns problemas que

são agravados por eles próprios.

A educação ambiental é uma ferramenta importante para a manutenção e

preservação dos recursos naturais. O racionamento de água em algumas localidades

são exemplos e reflexos do uso irracional desses recurso. A quantidade de água no

planeta não está diminuindo. Porém é cada vez mais difícil encontrá-la potável. As

reservas conhecidas estão sofrendo com a poluição e tornando os custos de

tratamento mais dispendiosos.

O fornecimento do conhecimento por meio de fontes diversas (filmes, revistas,

livros, internet e debates) sobre as conseqüências desta má utilização despertará o

interesse do aluno que será importante para a multiplicação deste e formação de

uma geração mais consciente.

Por este motivo, é que o tema desta monografia se baseia na importância do

estudo da educação ambiental para conscientizar os alunos do Colégio Estadual

Plataforma como forma de proteger os recursos hídricos locais, ou seja, o uso

sustentável da água.

Por este motivo, esta monografia tem como objetivos primordiais; Estudar o

ciclo da água, sua utilização e conservação, enfatizando os problemas ambientais,

mostrando conseqüências a curto e longo prazo da má utilização dos recursos

naturais; Avaliar as conseqüências da má utilização da água e sua influência na vida

das pessoas, aplicando atitudes de conservação da água na escola e avaliando

como as pequenas atitudes ajudam na conservação dos recursos hídricos.

A partir deste trabalho, haverá a formação de cidadãos mais conscientes de

seu papel no que tange a preservação do recurso hídrico. A experiência em sala de

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

aula abrirá novos caminhos para que sejam adotados por outras turmas e ampliadas

em novos temas.

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

CAPÍTULO 1

A ÁGUA NO MUNDO

O mundo está descobrindo que a escassez de água não é uma questão

exclusiva de quem mora em regiões desérticas. Guerras por fontes de energia –

como o petróleo – já se tornaram corriqueiras. Neste século, a água está se tornando

a questão central por trás dos grandes conflitos no planeta. E isso, embora soe

exótico para a maioria dos brasileiros, deveria nos preocupar também. Um novo

estudo sobre a crise da água divulgada pela ONU, voltado especificamente para os

países da Bacia do Rio da Prata (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia),

afirma que no Brasil, os conflitos entre usuários de diferentes recursos hídricos estão

aumentando.

O Brasil é um país privilegiado num planeta sedento. Tem cerca de 14% de

toda a água doce que circula pela superfície da terra. Mas a distribuição dessa

abundância é desigual. Cerca de 80% da água disponível está na Bacia Amazônica,

daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da

população – e da atividade econômica – do país está em grandes centros urbanos

dessa bacia onde a oferta de líquido potável é cada vez mais escassa. A maior

cidade do país, São Paulo, está perto do limite. O volume de água de rios e represas

disponível hoje é praticamente igual à demanda da população. A metrópole, de certa

forma, já importa água. As represas da região metropolitana, abastecidas por

nascentes como a do Centro Artemísia, só dão conta de metade do consumo da

cidade. O resto é bombeado da Bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, cujas

águas naturalmente correriam pelo interior do estado ao longo da cidade. Estudos

demonstram que é preciso buscar novas fontes de água para a cidade. Caso

contrário, em cinco anos faltará água na região. Em São Paulo existe um projeto de

ampliar a estação que vai buscar água explorando a região do Alto Rio Tietê, a 36

km da capital, a última fonte possível para os paulistanos. Se o consumo continua

crescendo no ritmo atual, será preciso buscar mais água até 2025. Ela deverá ser

captada no interior ou até em outros Estados, o que tornará tudo mais caro.

A disputa pela água no Brasil já vai muito além dos casos conhecidos no

Agreste nordestino. O estudo da ONU menciona conflitos pelo uso da água dos rios

Paraíba do Sul, Piracicaba, Capivari – na Região Sudeste. “Na Região Sul, as áreas

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

de conflito mais visível resultam da demanda para irrigar campos de arroz e da

degradação da qualidade da água, especialmente nas áreas de criação intensiva de

gado”. A disputa afeta cidades como Santo Antônio da Patrulha, Gravataí, Alvorada

e Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre. A área que reúne 650 mil

habitantes, é abastecida pelo Rio Jacuí. No verão, a estiagem faz a vasão do rio cair

40%. Plantadores de arroz, situados acima dos pontos de captação de água para as

cidades, aumentam o bombeamento para irrigar suas lavouras. O resultado é que as

cidades ficam sem água nos anos mais críticos, o Ministério Público precisa intervir

para garantira prioridade da população.

Os países debatem hoje a melhor forma de gerenciar a água, um recurso cada

vez mais escasso. A tendência mundial é recorrer à iniciativa privada. Em 1980, o

mundo tinha 12 milhões de domicílios atendidos por concessionárias privadas. Hoje,

são 600 milhões. A Inglaterra, a França e o Chile foram pioneiros. Quase todo o

negócio mundial de gestão está nas mãos de duas empresas francesas. A maior

delas, a Veolia, faturou US$ 13 bilhões no ano passado. A segunda, a Suez, ganhou

US$ 7,5 bilhões em negócios com água. O setor apresenta grandes oportunidades.

O banco de investimentos JP Morgan calcula que as concessões municipais de água

geraram USS$ 465 bilhões em 2006. Até 2015, segundo o JP Morgan, o negócio

deverá envolver US$ 1,2 trilhão.

Os defensores da privatização afirmam que só ela é capaz de gerar recursos

para a exploração e gestão da água. Trata-se de um fator essencial no caso de

países como o Brasil, onde o desafio ainda é garantir água tratada para todos. Hoje,

10,7% dos domicílios do país não têm água encanada e 23,3% não contam com

rede de esgotos. O Ministério das Cidades, estima que seria preciso investir R$ 178

bilhões para que os brasileiros tenha água e esgoto até 2020. O modelo de

privatização ainda precisa de ajustes. Há seis anos o governo do Amazonas

licenciou para a Suez o abastecimento de Manaus o serviço ainda está longe do

ideal. Cerca de 15% da população não recebe água em casa e 230 mil pessoas

recebem água menos de 12 horas por dia. Mais de 90% da população não tem

tratamento de esgoto e a tarifa é considerada elevada.

Privatizando ou não o serviço de fornecimento, a escassez crescente tornará

inevitável estabelecer um preço para a água que vem dos cursos naturais, como rios

e lagos. No Brasil, há iniciativas como o Comitê de Bacia do Rio Paraíba do Sul, uma

região que concentra indústrias entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Há quatro anos,

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

as empresas instaladas na região pagam para tirar água do rio e para devolvê-la à

rede de esgoto. Quanto mais poluída estiver a água, maior o preço. Isso incentivou a

implantação de métodos mais eficientes para usar o recurso, diminuindo o consumo

e aumentando o índice de reutilização de água. “O objetivo de cobrar pela

capacitação, pelo consumo e pelo lançamento da água não é arrecadar fundos para

resolver o saneamento, mas criar uma cultura em relação a esse tema”, diz a

secretário – executiva do Comitê da Bacia do Rio Paraíba do Sul, Maria Aparecida

Vargas.

Cuidar da gestão da água é essencial para garantir os recursos necessários ao

crescimento econômico. Basta analisar a experiência da China. O país que resgatou

milhões de pessoas da miséria nos últimos anos, agora enfrenta os limites de seus

recursos hídricos. Para sustentar a superpopulação de 1,3 bilhão de habitantes e o

consumo crescente das indústrias, a China usa água de forma insustentável – e

paga o preço. Os lençóis subterrâneos da capital, Pequim, diminuem 2 metros por

ano. Um terço dos poços da região metropolitana secou. A agricultura também está

comprometida. Na região que se estende ao norte de Xangai, ao norte de Pequim,

responsável pela produção de 40% dos grãos chineses, lençol freático cai a uma

taxa média de 1,5 metros por ano. Os fazendeiros do norte enfrentam perdas tanto

pela exaustão dos aqüíferos quanto pelo desvio da água para cidades e indústrias. A

demanda levou a China a construir canais para transpor as águas do Rio Yang –Tsé

para o Rio Amarelo. A obra, de US$ 60 bilhões, é considerada uma das maiores do

mundo.

A China também paga pela poluição de seus poucos recursos hídricos. Estima-

se que 70% dos rios locais estejam poluídos cerca de 96% da população rural

despeja seu lixo a céu aberto. A sujeira é carregada pelas chuvas, elevando o

número de doenças. Hoje 320 milhões de chineses bebem água com detritos

animais e altas doses de arsênio causador de problemas na pele, cânceres e

doenças circulatórias -, de acordo com a organização não governamental Amigos da

Natureza, com sede em Pequim. Em novembro do ano passado, os habitantes de

Harbin, capital da Província de Heilon Giang no norte do país, descobriram esse de

forma dramática. O Rio Songhiá, que corta a cidade, amanhecer coberto por uma

mancha de substâncias químicas cancerígenas com 80 Km2. O despejo no Songhiá

foi causado pela explosão de uma central petroquímica. Os 3,8 milhões de

habitantes de Harbin ficaram cinco dias sem água. O câncer acaba de assumir a

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

liderança no ranking de causas de morte na China. E a principal razão é a poluição

do ar e da água. Na China, apenas o tabagismo não consegue explicar a escalada

da doença. A principal razão é a poluição do ar e da água.

Na segunda estrela emergente da globalização, a Índia, o combate à pobreza é

prejudicado pela escassez de água, um sexto da produção indiana de alimentos só é

possível graças ao bombeamento da água do lençol subterrâneo, que se esgota

rapidamente. No estado de Tamil Nadu, mais de um terço das aqüíferas são

explorados de forma insustentável. Mais água é retirada deles do que reposta pelo

ritmo de recarga natural das chuvas. Em Punjab, uma região agrícola altamente

produtiva, considerada o celeiro da Índia, os lençóis freáticos caem à velocidade de 1

metro por ano. Segundo estimativas do Banco Mundial, até 2050 a demanda de

água na Índia ultrapassará os suprimentos disponíveis.

A falta de água também explica as tragédias do continente africano. Quem vive

em países como Gâmbia, Mali ou Somália tem menos água por dia qua a usada por

um americano para escovar os dentes. Na Líbia, as reservas subterrâneas da Costa

do Mediterrâneo onde ficam as principais cidades, como Trípoli, ficaram salobras. O

país financiado pelo petróleo, está gastando US$ 25 bilhões para construir um rio

artificial de 1.000 km de extensão, para transferir água de depósitos subterrâneos ao

interior do continente. Essa fonte não dará conta do consumo atual para sempre e

deverá secar em, no máximo, 50 anos.

A situação do Brasil não se compara a da África e está longe da escassez da

China ou da Índia. Mas o país não está em situação confortável. Nosso nível de

consumo pode levar, em algumas décadas, a situações que afetem nosso estilo de

vida. Entender que vivemos escassez de água é difícil para um brasileiro.

Aprendemos na escola que o Brasil tem a maior bacia hidrográfica do planeta e foi

abençoado com chuvas tropicais abundantes. Muitos imaginam que o Brasil um dia

poderia vender água para o mundo. Mas o país mal dá conta de abastecer sua

população. Se uma mudança nessa auto-imagem, é complicado estimular o uso

racional do recurso.

Tem gente que acha porque está pagando pela água pode fazer o que quiser

com ela. Mas os consumidores pagam apenas o custo de tratamento e distribuição.

A taxa de água não reflete sua escassez nos rios.

Precisamos começar a agir agora para não termos problemas no futuro. Isso

envolve três estratégias de ação. A primeira é usar a água de forma eficiente. Isso

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

não implica necessariamente abrir mãos de confortos como mergulho de piscina. O

segredo é adotar tecnologias mais eficazes. Quando descobriu isso, há três anos, o

empresário paulista Luiz Fernando Lucho do Valle, decidiu mudar o foco de seus

negócios. Fundou a incorporadora Espera e passou a construir condomínios

residenciais com cuidados extras no uso da água. Num dos lançamentos, no Rio de

Janeiro, a água do chuveiro e da pia dos banheiros é tratada e reutilizada nos vasos.

A água coletada da chuva é usada para irrigar os jardins. Os chuveiros também têm

redutores da vazão. As torneiras só liberal água quando se aperta um botão. O

sistema, chamado temporizador, é cada vez mais comum em sanitários públicos,

mas não nas casas. A água nunca representou uma preocupação para as pessoas.

Seu valor sempre foi baixo e o volume sempre foi grande. Segundo os empresários,

esses cuidados podem reduzir em até 30% a taxa do condomínio.

Alguns equipamentos simples têm grande poder para reduzir o desperdício de

água. Na Europa é comum encontrar uma válvula de descarga com dois botões. Um,

para dejetos líquidos, libera metade da água do reservatório. O outro, para os

sólidos, despeja a carga total. No Brasil, ainda custa 30% a mais que os modelos

comuns. Mas o retorno do investimento pode ser rápido.

A segunda linha de ação - talvez a mais difícil – envolve a mudança de hábitos.

As campanhas de economia de água frequentemente pregam medidas como banhos

mais curtos, lavagem de roupa com a carga máxima da lavadora ou escovar os

dentes com a torneira fechada. O difícil é pôr isso em prática.

A terceira estratégia para evitar futura escassez de água no Brasil é algo que

parece evidente: parar de matar as nascentes. O desmatamento e a pavimentação

do solo, para construir casas e estradas, estão secando os mananciais de água pura

que alimentam rios e lagos. Esse é o drama de São Paulo, uma cidade cuja periferia

cresce com favelas que ocupam irregularmente o último cinturão verde. É por isso,

que é importante o despertar ambiental.

A quarta e última estratégia se baseia na diminuição da poluição dos oceanos.

Sabe-se que os oceanos são 70% da superfície do planeta. Em volume, representam

muito mais que isso. E sempre o vimos como uma vastidão infinita e onipotente. Mas

não poderíamos estar mais enganados. Segundo a ONU, os mares estão em ruínas

porque pescamos demais, produzimos lixo, gases do efeito estufa e esgoto demais e

bagunçamos os ecossistemas. Pior: nem fazemos idéia do que está acontecendo lá

embaixo em conseqüência disso. Ultimamente, aprendemos a pensar que o oceano

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

está transbordando de tanta água. Mas está acontecendo o contrário: ele esta

esvaziando perdendo vida.

O mar virou a grande lixeira do planeta. São os chamados entulhos marinhos,

pedaços de lixos sólidos levados pela correntes desde a Antártida ata a Groelândia e

que vitimaram até agora 267 espécies da fauna marinha, seguindo o Greenpeace.

Em todo o mar, 60 a 80% desse lixo é plástico. E essa sopa com 6 nacos de sujeira

para cada 1 de legumes – quer dizer, de zooplâncton - existe de verdade num canto

do planeta.

Ela é feita de 3,5 milhões de toneladas de lixo sólidos, que se espalha por uma

área pouco maior que o estado de minas Gerais, a meio caminho entre a Califórnia e

o Havaí É o chamado Grande Lixão do Pacífico. Não, ninguém teve a insanidade de

despejar conscientemente o entulho lá. Foram as próprias correntes marinhas que

carregaram tudo para um tipo de redemoinho, os vórtices, onde eles viçaram presos

e se concentram cada vez mais. Esses vórtices existem em vários lugares dos

oceanos. Mas nenhum é tão entulhado quanto o grande Lixão.

A descoberta dele, em 1997, pelo cientista Charles Moore, levou as campanhas

mais agressivas contra a poluição plástica, em comparação com outras grandes

fontes poluidoras dos oceanos, como os vazamentos de petróleo e o despejo de

esgoto e de fertilizantes. O problema do plástico é que ele não é biodegradável. Ou

seja, a ação da natureza sobre ele não o quebra em elementos simples – como o

papel, que se reduz a água e CO2 quando de composto. Ele só é quebrado pela luz

do sol , muito lentamente (algo como 450 anos para uma garrafinha de água) em

pedaços cada vez menores, mas sempre polímeros plásticos.

Ainda não estamos comendo plásticos, como as espécies marinhas que o

engolem junto com os seus alimentos. Mas não podemos evitar a ingestão das

toxinas do plástico. Um pedaço de plástico tem uma carga tóxica dezenas de

milhares de vezes maior que a da água salgada onde bóia. Quando vários deles são

ingeridos pelo zooplâncton, a carga suja nessas criaturas aumentam, assim como

nos peixes que as comem, nas focas que comem peixes e no urso que come a foca.

Estudos feitos na Noruega mostraram que um urso-polar pode ter no organismo

contaminação 3 bilhões de vezes mais alta do que a água ao redor dele.

Por conclusões assim, a Suécia em 1995, começou a recomendar que as

mulheres em idade fértil limitassem o consumo de arenque e salmão do Báltico – e

olha que arenque e salmão são o feijão com arroz deles. Análises químicos

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

mostraram que eles estavam muito contaminados com substâncias chamadas

endócrinas. Em peixes, elas causam hermefroditismo, em humanos, câncer,

aumento da próstata e puberdade precoce, entre outros distúrbios.

E, se o oceano virou um enorme lixão, a culpa não é de como ocupamos o mar,

mas do que fazemos na terra. O cálculo mais aceito é de 80% de poluição dos mares

é produzida no continente. Do esgoto ao sapato largado no bueiro. O oceano fica

num nível mais baixo do que qualquer lugar no planeta. O entulho plástico não vem

só da costa, mas dos estados do interior, do escoamento dos rios. O oceano é o

destino final de todo o nosso lixo.

Enquanto não enxergarmos o que acontece nos oceanos, não vamos protege-

los. O bom senso pede que tentarmos salvar com urgência esse mundo invisível.

Mas ele mostra que não veio com manual de conserto: ninguém sabe bem o que

ainda está a tempo de ser salvo.

1.1 - A BACIA DO COBRE

A Bacia do Cobre engloba as regiões de São Caetano (Lobato e Marechal

Rondon), Subúrbio ferroviário (Plataforma, Periperi, Coutos e Paripe), Valéria (Pirajá,

São Bartolomeu, Valéria e Palestina).

Estima-se que mais de 600 mil pessoas moram nas áreas que contornam o

Parque de São Bartolomeu, também chamado Parque Metropolitano Pirajá. A área

de 75 hectares de Mata Atlântica, possui o principal manancial de abastecimento

hídrico da região, a Bacia do Cobre.

Além do valor ambiental e histórico, por ter sido palco da mais importante

batalha da independência da Bahia, em 1823, o Parque tem um profundo significado

para as religiões de matrizes africanas, que encontram ali fontes de água corrente, ar

puro, plantas sagradas, enfim um espaço de íntimo contato com a natureza, um dos

valores mais importantes para essas religiões.

Uma parceria do Estado da Bahia juntamente com a prefeitura de Salvador,

visa juntar esforços interinstitucionais no sentido de recuperar, revitalizar, garantir a

salvaguarda das áreas de valor ambiental e cultural na porção que vai do Subúrbio

ferroviário, Valéria e Pirajá com melhorias. A área abriga um dos últimos

remanescentes da Mata Atlântica do município de Salvador, além de importante

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

reserva de água potável, parte integrante do sistema de abastecimento local. Esta

área denominada Parque de São Bartolomeu representa a maior referência dos

cultos afro-brasileiros e seus atributos naturais formam um santuário, objeto de culto

e peregrinação desde a metade do século XIX, por ter sido sítio de quilombos, com

destaque para o Quilombo dos Urubus, além de lutas que contribuíram para a

consolidação da independência política nacional como a batalha de Pirajá. No século

XVII foi cenário de lutas de resistência a invasão holandesa.

A APA do Cobre (Área de proteção ambiental) / São Bartolomeu compreende

uma extensão territorial de aproximadamente 1.134 ha abrange os municípios de

Salvador e Simões Filho e está localizada na borda oriental da Baía de Todos os

Santos, Região Administrativa do Subúrbio Ferroviário.

A APA caracteriza-se por uma grande diversidade de ambientes distribuídos em

uma reduzida porção territorial onde se inclui: Floresta ambrófila densa, ambientes

flúvio-marinhos, pântanos, manguezais, rios e cascatas. Ao centro se destaca a

represa (reserva de água potável, que guarda paisagens bucólicas às margens dos

grandes espelhos d’ água permeando vales.

A montante, destacam-se a lagoa da Paixão e as nascentes do rio do Cobre.

Os aspectos relevantes são: O Parque São Bartolomeu com seus rios e

cascatas, a Represa do Cobre e a burocracia eram os principais entraves para que a

oferta dos serviços acompanhasse o crescimento de demanda.

Inicialmentecaberia à Embasa desenvolver projetos, construir, ampliar e

reformar diversos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário em

todo o estado, enquanto Comae e Caseb ocupariam-se, respectivamente, da

operação dos sistemas de salvador e região metropolitana e do interior baiano. Em

1975, no entanto, essas companhias foram extintas e seus serviços incorporados à

Embasa. Instituída como sociedade de economia mista de capital autorizado e

pessoas jurídica de direito privado, a Embasa foi a primeira companhia estadual do

país a capacitar-se para convênios como o extinto Banco Nacional de Habitação –

BNH – visando a captação de recursos.

Pouco antes da implantação da Embasa, um extenso programa de obras

destinadas a aumentar a produção de água foi desenvolvendo, destacando-se a

construção de barragens como a Joanes II e Ipitanga III, e de centros de reservação

como o do Cabula, com 36 mil m3 de capacidade, e as Duna Grandes e Águas

Claras. Além disso, foram realizadas outras ações como a construção da adutora

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

Bolandeira / Cabula, implantação de abastecimento de água no Subúrbio Ferroviário

e a construção da Estação de Tratamento de Água Theodoro Sampaio, no Parque

de Bolandeira.

Com o crescimento da população baiana, o estado investiu na ampliação

destes sistemas: entre 1976 e 1986, foram ampliados as estações Vieira de Mello e

Theodoro Sampaio, e implantada a segunda adutora Joanes I / Bolandeira, com

tubulação de aço carbono. Neste mesmo período, foi instalado o sistema Santa

Helena, após chuvas intensas.

O fornecimento de água em Salvador ganhou importante reforço com a

construção de Pedra do cavalo e implantação da ETA principal, em 1989, pois

propiciaram aos moradores um abastecimento mais regular, já que a produção de

água tratada era maior que a demanda.

Em 1999, o governo do Estado reconstruiu a Barragem Santa Helena, devido a

elevada capacidade do Rio Jacuípe9 Dez metros cúbicos por segundo). Hoje, essa

barragem é uma importante reserva para abastecimento de Salvador, e está

localizada na zona de indústrias pesadas do Centro industrial de Aratu e do Pólo

Petroquímico de Camaçari.

Em 1992, a Embasa assinou contrato de financiamento com Programa de

Modernização do Setor de Saneamento – PMSS -, através do Banco Mundial – Bird -

, dando início a ações para o seu desenvolvimento empresarial. A empresa

reaparelhou-se e passou a contar com novas tecnologias: o seu laboratório central,

por exemplo, dispõe atualmente dos mais avançados equipamentos de análise da

qualidade da água e é certificada pela norma ISSO 9001 / 2001 na área operacional,

investiu-se em micromedição, visando o aumento do faturamento, e o controle de

perdas de água, além da implantação e reforma das lojas de atendimento.

Nos últimos dez anos, a empresa adotou os processos de Gestão pela

Qualidade Total – GQT -, obtendo bons resultados institucionais e reconhecimentos

externos: em 2006, concorrendo com cerca de 50 instituições públicas e privadas, a

Embasa venceu, e recebeu, em Brasília, do vice-presidente da República, José

Alencar , a faixa ouro do Prêmio Nacional da Gestão Pública.

A Embasa executou o Programa Bahia Azul, obtendo recursos oriundos de um

pool de agentes financeiros internacionais, com participação dos governos federal e

estadual. Com as obras de implantação de redes de esgotamento sanitário. Salvador

e mais dez cidades no entorno da Baía de Todos os Santos receberam obras de

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

esgotamento sanitário. A cobertura dos serviços de esgotamento na capital, que era

de 26% antes das obras, subiu para 67%. A partir de 2007, a Embasa, sob nova

gestão, focou sua energia na capacitação de recursos do Programa de Aceleração

do Crescimento – PAC – para o saneamento e de outros agentes financiadores,

assim como na atualização de projetos de abastecimento de água e esgotamento

sanitário visando a universalização dos serviços prevista pelo programa Água para

Todos do Governo do Estado. A Embasa tornou-se a principal executora das ações

deste com uma carteira de 282 obras de ampliação e implantação de sistemas de

água e esgoto, em todas as regiões do estado, recursos no valor de R$ 1,82 bilhões

de baianos beneficiados.

A Embasa, por intermédio do Departamento de Ações Comunitária (EAC), em

planejando e executando projetos e Educação Ambiental em acordo com a Política

Nacional de Educação Ambiental – PNEA – Programa Nacional de Educação

Ambiental – Pronea – e a Política Nacional de Saneamento.

Departamento de Ações Comunitárias:

Planejar e executar ações socioeducativas, promovendo e educando a

educação ambiental para melhor aceitação e eficiência dos empreendimentos de

saneamento;

Desenvolver planos, programas, projetos e ações de educação ambiental em

atendimento às linhas de financiamentos nacionais e internacionais, assim como dos

órgãos ambientais;

Coordenar programa interno e sistemático de educação ambiental em

consonância com a política ambiental da empresa e diretrizes da Comissão Técnica

da Garantia Ambiental – CTGA;

Capacitar os comitês de Gestão Ambiental – CGAs – das Unidades de Negócio

em Educação Ambiental;

Acompanhar e realizar o controle das informações referentes às ações

socioeducativas desenvolvidas pelo CGA;

Participar de programas e/ou projetos intersetoriais de Educação Ambiental;

Fomentar a inserção dos conteúdos relativos ao saneamento e Educação

Ambiental no âmbito de educação formal, através de projetos institucionais, nos

municípios atendidos pela Embasa;

Elaborar material informativo e educativo para utilização nas atividades

desenvolvidas junto aos diversos segmentos sociais.

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

Tratamento de água: a água em estado bruto, é conduzida até a estação de

tratamento de água – ETA, passando por uma série de processos que vão

removendo as suas impurezas, de forma a assegurar a qualidade da água que

chega até as edificações.

Medição de vazão: O processamento se inicia com a medição da vazão de

água bruta que esta chegando à ETA, servindo para determinar a vazão dos

produtos químicos a serem aplicados, e a produção de água da unidade de

tratamento.

Dosagem do coagulante: o ensaio de floculação (teste de jarro) é o método

empregado nas ETAS para determinar a dosagem dos produtos químicos a serem

aplicados que proporciona a eficiência desejada de remoção das impurezas, de

forma mais econômica.

Mistura rápida e coagulação: Ao chegar a ETA, a água em estado bruto

recebe substâncias coagulantes, em geral sulfato de alumínio ou férrico, para

anular/desestabilizar as cargas elétricas das impurezas, alcalinizante (cal virgem ou

hidratada, se necessário), para modificar o pH da água bruta e favorecer as reações

de coagulação. Estes produtos, principalmente os coagulantes devem ser lançados

em local que permita uma mistura homogênea e rápida.

Floculação: após coagulação, a água segue para as câmaras de mistura lenta

(floculadores), destinadas a promover sua agitação moderada para transformação

das substâncias nas forma de suspensão fina e coloidal, já desestabilizadas pelo

coagulante, em partículas maiores e mais densas que a água (flocos), que possam

ser removidas pela decantação e filtração. Nos flocos estão presentes, ainda, algas,

bactérias, vírus e outros microorganismos presentes na água bruta.

Sedimentação ou decantação: Após a coagulação e floculação, a etapas

seguinte é a separação dos sólidos ou partículas, já na forma de flocos, que estão

suspensas. Isso acontece nos decantadores que realizam a separação dos flocos,

mais densos na água, que ficam depositados no fundo do decantador.

Filtração: depois de decantada, a água é conduzida até os filtros, que são

leitos de um meio poroso, constituído em geral de areia, sustentada por camadas de

seixos, capaz de reter os flocos com densidade próxima da água e que não foram

removidos no processo anterior de sedimentação. Quando o leito filtrante fica

sujo/colmatado, a vazão do filtro fica bastante reduzida. Por isso, é realizada a

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

lavagem em contracorrente, que remove os flocos retidos pelos grãos de areia do

leito filtrante.

Desinfecção/correção de pH: após a filtração, é feita a desinfecção da água

com ampliação de um produto químico capaz de destruir microorganismos

patogênicos com algas e bactérias.

Tratamento de esgoto: a ECP – Estação de Condicionamento Prévio de

esgotos funciona 24 horas, sendo responsável por uma das etapas de destinação

final dos esgotos captados através de quase 3 mil quilômetros de redes coletoras em

toda a cidade de Salvador. Sua capacidade de processamento de esgotos é de 7,5

mil litros por segundo. O bom funcionamento do Sistema de Esgotamento Sanitário

da capital depende diretamente da eficiência operacional dessa unidade da Embasa,

que atende uma população superior a 2,7 milhões de pessoas, obedecendo às

exigências da legislação ambiental do país.

Instalada no Parque Deputado Paulo Jackson, no bairro do Rio Vermelho, a

estação processa os efluentes que convergem das diversas bacias de esgotamento

de Salvador, em etapas distintas. Após processados, os efluentes são encaminhados

para a dispersão segura no oceano, através de emissário submarino, por meio de

difusores localizados a 2,35 km da costa e profundidade de 27 metros.

O que é e como funciona a estação de condicionamento prévio:

Caixa de reunião – reúne os esgotos dos vários interceptores de Camurujipe e

Pituba;

Caixa de confluência – na seqüência, os esgotos coletados na cidade

convergem para a caixa de confluência, recebendo o interceptor do Lucaia;

Gradeamento – a separação de sólidos grosseiros como latas, madeiras,

papelão, vidros, plásticos e panos, é feito através do gradeamento, com

espaçamento entre barras de 25 milímetros, retendo o lixo tipicamente urbano

destinado para o aterro metropolitano;

Estação elevatória de baixo recalque – permite o esgotamento dos afluentes

utilizando 5 bombas parafusos com as seguintes características: vasão unitária 2,06

m3/segundos; altura de elevação 8,42 m; a partir da cota 2,39 m; ângulo de

inclinação 30º; comprimento 20,78m; potência 370cv e diâmetro 2.800mm;

Desaneradores – Retiram a areia, óleos e graxas acumulados nos afluentes,

com a importante função de diminuir o assoreamento no fundo do mar, nas

proximidades dos difusores do emissário submarino;

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

Peneiras rotativas – removem os sólidos suspensos ainda remanescentes nos

esgotos após etapas anteriores, através de 10 peneiras rotativas em abertura de

malha de 2 milímetros, que removem de 10 a 30% do lodo suspenso. O material

retido é prensado, perdendo de 40 a 50% de umidade, e posteriormente enviado ao

aterro metropolitano;

Subestação e Central de Controle de Motores – CCM – são unidades

complementares ao processo de tratamento. A subestação recebe energia para

alimentar motores, unidades auxiliares e promover a iluminação da estação. A CCM

abriga painéis elétricos para acionamento, comando e automação das elevatórias de

alta e baixa carga;

Controle de odores – neutraliza os odores gerados pelas unidades, lançando

na atmosfera gases limpos e inodoros;

Estação elevatória de alto recalque – “Centro nervoso” da Estação de

Condicionamento Prévio – ECP, essa estação bombeia os esgotos pré-

condicionados para o oceano, através de sete bombas, que operam com variadores

de velocidade;

Chaminé de equilíbrio – unidade auxiliar ao processo de bombeamento que

garante a estabilidade do bombeamento do esgoto pré-condicionado em regime

continuo e uniforme;

Emissários terrestres e submarinos – o emissário terrestre tem 1.019 metros,

e o submarino 2.350 metros de extensão. A sua tubulação, com diâmetro de 1,75

metros, está instalada em profundidade de até 27 metros.

1.2 - EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A educação ambiental é definida pelo CONAMA (Conselho Nacional para o

Meio Ambiente), como “processo de formação e informação, orientado para o

desenvolvimento da consciência crítica sobre as questões ambientais, e de

atividades que levam à participação dos consumidores na preservação do equilíbrio

ambienta”.

Neste contexto definido pelo CONAMA, o órgão sintetiza de uma forma bem

simples e paradoxal a questão, mas sabemos de que este processo vai muito mais

além e ainda envolve todo um processo de reflexão crítica do educador sobre a sua

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

própria ação. Sendo também a Educação Ambiental um paradigma que deve seguir

uma linha multidisciplinar, paralela a várias outras ciências a fins, como a geografia,

a biologia, a história, a economia e daí por diante.

Mas, como a Educação Ambiental não se limita somente a este conceito

definido pelo CONAMA, ela também se faz através de uma devida política

governamental, leis e parâmetros que possam lhe garantir uma atuação mais

concreta e coerente com seu próprio conceito.

Assume assim um papel importante no processo participativo onde o educando

assume o papel de elemento central do processo de ensino / aprendizagem

pretendido, participando ativamente no diagnóstico dos problemas ambientais e

busca de soluções, sendo preparado como agente transformador através do

desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes, através de uma conduta

ética, condizentes ao exercício da cidadania.

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

CAPÍTULO 2

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A Educação Ambiental, um segmento multidisciplinar do processo educacional,

envolve um processo no qual a sociedade deve-se de qualquer maneira estar

intimamente ligada. Por isso que se criou a pouco tempo a implantação da Educação

Ambiental nas linhas básicas do ensino, para o qual aquele cidadão que está em

plena formação de idéias e ideologias possa conter um raciocínio crítico, uma visão

mais ampla e produtiva, quando se trata de desenvolvimento e bem estar social,

tanto para sua família quanto para suas próximas gerações.

Tomando como base a definição do segmento pelo CONAMA, pode-se também

perceber que além de se construir como uma definição básica, ela contém

obrigatoriamente a mensagem de alguns objetivos preliminares que devem serem

levados em relevância no momento da prática desta atividade. Estes objetivos são:

A) Consciência: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem

consciência do meio ambiente global e ajudar-lhe a sensibilizarem-se por essas

questões;

B) Conhecimento: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem

diversidade de experiências e compreensão fundamental do meio ambiente e dos

problemas anexos;

C) Comportamento: ajudar os grupos sociais e os indivíduos adquirirem a

comprometerem-se com uma série de valores, e a se sentirem interessados e

preocupados, pelo meio ambiente, motivando-os de tal modo que possam participar

ativamente da melhoria e da proteção do meio ambiente;

D) Habilidades: ajudar os grupos sociais e os indivíduos a adquirirem as

habilidades necessárias para determinar e resolver os problemas ambientais;

E) Participação: proporcionar aos grupos e indivíduos a possibilidade de

participarem ativamente nas tarefas que tem por objetivo resolver os problemas

ambientais.

Assim as atividades deste segmento da educação que é a Educação Ambiental,

atuam basicamente na formação crítica dos indivíduos que constituem o espaço

geográfico, mas o que mais conveniaria para formação dos agentes formuladores do

espaço geográfico, ou melhor, definindo, os proprietários dos meios de produção, a

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

iniciativa privada e essencialmente o estado seria uma passagem mais sensata

sobre as questões em pauta, porque ultimamente as considerações por parte desta

classe quanto a este processo, tem-se passado muito foscamente, no qual estes

meios se apresentam na maioria das vezes por ingênuos em toda a problemática.

Entretanto, a constituição diz que “todos têm direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia

qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de

defendê-lo para as presentes e futuras gerações”.

Mas como nossa constituição, nem sempre cumpre suas obrigações, devemos

que temos em prática, e a Educação Ambiental é mais um fator a ser celebrado pó

Poder Público, sendo este responsável por assegurar a efetividade deste direito que

nós, cidadãos brasileiros, sem hierarquias, temos o pleno direito.

Lembrando de que este processo de educação só lhe é cabível a sociedade, a

partir do momento em que a mesma, isto é, a própria comunidade tomam

conhecimento da sua importância e a sua devida necessidade compulsória de se

criar e manter relações harmoniosas entre o meio ambiente, o desenvolvimento, a

sociedade bem qualificada criticamente e acima de tudo, com a garantia de um bem-

estar garantido e de qualidade.

Partindo da educação ambiental com um processo de conscientização,

conhecimento, comportamento, habilidade participação para com a sociedade

inserida, não se pode utilizar metodologias semelhantes, porque a educação

praticada sobre uma sociedade ribeirinha, que reside sobre as margens de um rio

poluído não é a mesma que se deve praticar sobre uma população que reside em

uma reserva com baixo índice de ação antrópica, na qual se pretende praticar o eco

turismo como atividade de desenvolvimento por exemplo.

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

2.1 - VALORES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A Educação Ambiental deve buscar valores que conduzam a uma convivência

harmoniosa com o ambiente e as demais espécies que habitam o planeta, auxiliando

o aluno a analisar criticamente o princípio antropocêntrico, que tem levado a

destruição inconseqüente dos recursos naturais e de várias espécies. É preciso

considerar que:

A) A natureza não é fonte inesgotável de recursos, suas reservas são finitas e devem

ser utilizadas de maneira racional, evitando o desperdício e considerando a

reciclagem como processo vital;

B) As demais espécies que existem no planeta merecem nosso respeito. Além disso,

a manutenção da biodiversidade é fundamental para nossa sobrevivência;

C) É necessário planejar o uso e ocupação do solo nas áreas urbanas e ruínas,

considerando que é necessário ter condições dignas de moradia, trabalho, transporte

e lazer, áreas destinadas à produção de alimentos e proteção dos recursos naturais.

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

2.2 - A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA

A escola é o espaço social e o local onde o aluno dará seqüência ao seu

processo de socialização. O que nela se faz se diz e se valoriza representa um

exemplo daquilo que a sociedade deseja a prova. Comportamentos ambientalmente

corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo

para a formação de cidadãos responsáveis.

Considerando a importância da temática ambiental e a visão integrada do

mundo, por tempo e no espaço, a escola deverá oferecer meios efetivos para que

cada aluno compreenda os fenômenos naturais, as ações humanas e suas

conseqüências para consigo, para sua própria espécie, para os outros seres vivos e

o ambiente. É fundamental que cada aluno desenvolva as suas potencialidades e

adote posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos, colaborando para a

construção de uma sociedade socialmente justa, em um ambiente saudável.

Com os conteúdos ambientais permeando todas as disciplinas do currículo e

contextualizados com a realidade, da comunidade, a escola ajudará o aluno a

perceber a correlação dos fatos e a ter uma visão holística, ou seja, integral do

mundo em que vive. Para isso a Educação Ambiental deve ser abordada de forma

sistemática e transversal, em todos os níveis de ensino assegurando a presença da

dimensão ambiental de forma interdisciplinar nos currículos das diversas disciplinas

e das atividades escolares.

A fundamentação teórica / prática dos projetos ocorrerá por intermédio do

estudo de temas geradores que englobam palestras, oficinas e saídas a campo.

Esse processo oferece subsídios aos professores para atuarem de maneira a

englobar toda a comunidade escolar e do bairro na coleta de dados para resgatar a

história da área, enfim, conhecer seu meio e levantar os problemas ambientais.

Os conteúdos trabalhados serão necessários para o entendimento dos

problemas e, a partir da coleta de dados, à elaboração de pequenos projetos de

intervenção.

Considerando a Educação Ambiental um processo contínuo cíclico, o método

utilizado pelo Programa de Educação Ambiental para desenvolver os projetos e os

cursos de capacitação de professores conjuga os princípios gerais básicos da

Educação Ambiental.

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

2.3 - PRINCÍPIOS GERAIS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

1 – Sensibilização: processo de alerta, é o primeiro passo para alcançar o

pensamento sistêmico;

2 – Compreensão: conhecimento dos componentes e dos mecanismos que

regem os sistemas naturais;

3 – Responsabilidade: reconhecimento do ser humano como principal

protagonista;

4 – Competência: capacidade de avaliar e agir efetivamente no sistema;

5 – Cidadania: participar ativamente e resgatar direitos e promover uma nova

ética capaz de conciliar o ambiente e a sociedade.

A Educação Ambiental, como componente essencial no processo de formação

e educação permanente, com uma abordagem direcionada para a resolução de

problemas , contribui para o envolvimento ativo de público, torna o sistema educativo

mais relevante e mais realista e estabelece uma maior interdependência entre estes

sistemas e o ambiente natural e social, com o objetivo de um crescente bem estar

das comunidades humanas.

Se existe inúmeros problemas que dizem respeito ao ambiente, isto se devem

em parte ao fato das pessoas não serem sensibilizadas para a compreensão do

frágil equilíbrio da biosfera e dos problemas da gestão dos recursos naturais. Elas

não estão e não foram preparadas para delimitar e resolver de um modo eficaz os

problemas concretos do seu ambiente imediato isto porque, a educação para o

ambiente como abordagem direcionada para a resolução de problemas, contribui

para o envolvimento ativo do público, torna o sistema educativo mais relevante e

mais realista e estabelece uma maior interdependência entre estes sistemas e o

ambiente natural e social, com o objetivo de um crescente bem estar das

comunidades humanas.

Se existe inúmeros problemas que dizem respeito ao ambiente, isto se devem

em parte ao fato das pessoas não serem sensibilizadas para a compreensão do

frágil equilíbrio da biosfera e dos problemas da gestão dos recursos naturais. Elas

não estão e não foram preparadas para delimitar e resolver de um modo eficaz os

problemas concretos de seu ambiente imediato, isto porque, a educação para o

ambiente como abordagem didática ou pedagógica, apenas aparece nos anos 80. A

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

partir desta data os alunos têm a possibilidade de tomarem consciência das

situações que acarretam problemas no seu ambiente próximo ou para a biosfera em

geral, refletindo sobre as suas causas e determinarem os meios ou as ações

apropriadas na tentativa de resolvê-los.

As finalidades desta educação para o ambiente foram determinados pela

Unesco, logo após a Conferência de Belgado (1975) e são as seguintes: “Formar

uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente e com os

problemas com ele relacionados, uma população que tenha conhecimento,

competência, estado de espírito, motivações e sentido de empenhamento que lhe

permitam trabalhar individualmente e coletivamente para resolver os problemas

atuais, e para impedir que eles se repitam”.

Segundo o PCN (1997), um importante passo para a educação ambiental se

deu com a constituição de 1988, quando a Educação Ambiental se tornou exigência

constitucional a ser garantida pelos governos federal, estaduais e municipais.

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

CAPÍTULO 3

FORMANDO CIDADÃOS CONSCIENTES

Frente ao uso irracional e inconseqüente dos recursos naturais do planeta e a

tudo o que foi descrito aqui, a educação ambiental tornou-se fator preponderante no

processo de formação das novas gerações, as quais, num futuro bem próximo, se

defrontarão cada vez mais com as conseqüências negativas do desequilíbrio que

vem ocorrendo entre preservação e desenvolvimento.

Com o intuito de levar as escolas e a comunidade local da periferia do bairro

de Plataforma através dos alunos do ensino médio do colégio Estadual Plataforma,

uma compreensão fundamental dos problemas existentes, da presença humana no

ambiente, das suas responsabilidades e do seu papel crítico como cidadãos de um

país e de um planeta, eles foram levados para conhecer todo o processo de

abastecimento de água da cidade de Salvador e também todo o processo de

esgotamento sanitário na EMBASA – Empresa de Água e Saneamento S.A. ,

localizadas respectivamente nos bairros da Boca do Rio e Rio Vermelho.

A Empresa Baiana de Água e Saneamento S.A. Embasa, é uma sociedade de

economia mista de capital autorizado e pessoa jurídica de direito privado. O Governo

do Estado da Bahia é o seu acionista majoritário.

A empresa é regida pela Lei de Sociedades por ações nº 6.404, de 1976, nos

termos da Lei Estadual 2929 e os órgãos de deliberação superior são a Assembléia

Geral dos Acionistas, o Conselho de Administração (com membros eleitos pela

Assembléia Geral) e a Diretoria Executiva (eleita pelo Conselho de Administração).

As contas da empresa são fiscalizadas por um Conselho Fiscal – designado

pela Assembléia Geral dos Acionistas – e pelo Tribunal de Contas do Estado da

Bahia.

Em 11 de maio de 1971, a Lei Estadual nº 2929 criou a Empresa Baiana de

Água e Saneamento S.A. Embasa. A empresa nasceu quando aconteciam os

primeiros passos em saneamento básico no país, com a responsabilidade de

visualizar ações de saneamento – Planasa – que previa a implantação d eum

organismo em cada estado que centralizasse as ações no setor de saneamento, a

primeira iniciativa federal no sentido de instalar serviços de água e esgoto em

cidades que experimentavam franco crescimento no Brasil.

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

Na época, menos de 50% dos habitantes das zonas urbanas brasileiras

contavam com serviços de abastecimento de água e menos de 25% dispunham de

sistemas de esgotamento sanitário, em uma população que concentrava-se nas

cidades de maior porte. A ausência de recursos financeiros, planejamento, seu

espelho d’água entornado por florestas. A lagoa da Paixão e as nascentes e a

floresta, as nascentes, as cascatas (Nana, Oxum e Oxumaré), as rochas pedra do

tempo e pedra de Omolu compõe o cenário onde frequentemente se realizam

práticas de culto de origem afro-brasileira.

Seus principais conflitos ambientais são: desmatamento, substanciais

minerais, lançamento de esgotos domésticos, disposição de lixo em local

inadequado, ocupações espontâneas destituídas de infra-estrutura básica de

saneamento e caça predatória.

Nestes locais foram visitadas todas as instalações das unidades que mostravam

todas as etapas que permeiam o processo de abastecimento e saneamento básico

da cidade de Salvador. Os alunos puderam tirar dúvidas de como ocorre todo

processo, registrar através de fatos e logo depois elaborar seminários da para toda a

comunidade escolar esclarecendo e conscientizando da importância de se cuidar da

água e do esgoto, representados pela Bacia do Cobre que corta a região e é um

importante meio de sobrevivência da população local. Esta conscientização

ocasionará a longo prazo uma diminuição do nível de poluição das águas que

compõem esta Bacia.

Depois de terem sido visitados todas as unidades da Embasa, os alunos

fizeram as apresentações do que foram vistos. Foram feitas as divisões em dois

grupos: uma ficou com a parte da água e a outra com a parte de esgoto.

No decorrer das apresentações, ficou nítida a euforia dos alunos em apresentar de

forma consistente, tudo que foi aprendido nas visitas.

Desenvolvemos nossas experiências considerando a interdisciplinaridade e a

contextualização como elementos fundamentais ao processo de construção.

Segundo Philippe Perrenoud (2004), a conseqüência de uma prática em que os

conteúdos são “depositados” nas cabeças dos alunos de forma desprovida de

significado é que eles acumulam saberes, mas não conseguem mobilizar o que

aprenderam em situações reais.

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

E essa articulação somente se constrói a partir das necessidades da vida

diária, das emoções e do enfrentamento das situações desafiadoras, com as quais

temos que dialogar.

Nessa perspectiva, acredito no pressuposto de que é mais importante que o

aluno saiba lidar com a informação e não simplesmente, a retenha.

O aluno precisa saber por que está aprendendo a ter clareza em relação aos

seus objetivos e seus processos de vida fora do contexto escolar.

Esta atividade se configura como um processo de construção de uma

cidadania emancipatória de forma interdisciplinar, construindo competências para a

formação de um sujeito, co-responsável e participativo.

Todo o projeto foi desenvolvido de forma interdisciplinar, o que exigiu

ampliação dos conhecimentos, tanto na compreensão da linguagem como da

historicidade dos fatos e suas transformações. O processo geográfico e científico

também envolveu o desenvolvimento de posturas integradas ao ambiente, refletindo

ações de reconhecimento dos fenômenos físicos, químicos e biológicos.

Problematizando e propondo atuação humana um quanto ator histórico,

culturalmente questionador e transformador, o aluno pode valorizar e utilizar o

conhecimento matemático no cotidiano, aplicável no contexto social que favoreceu a

ação de forma efetiva na realidade em que vive.

De acordo com o perfil inicial da turma envolvida, sua necessidade e as

competências previamente estabelecidas, concluímos que os alunos obtiveram

apropriação satisfatória do conhecimento através do desenvolvimento do projeto.

Essa afirmativa baseia-se nas atividades cumpridas pelos adolescentes enquanto

educadores ambientais. Às dificuldades encontradas no início do trabalho foram

superadas, bem como sua atuação na interação com outros atores sociais.

No decorrer desse projeto tentamos adequar os alunos a realidade de

microbacia. Para que através disto pudessem desenvolver senso crítico e criar

soluções para os problemas reais e locais.

Foram utilizadas técnicas participativas nas quais incentivaram a reflexão dos

problemas apresentados. Sensibilizamos para o fato de que o ser homem é apenas

um dos itens que integram todo o meio ambiente, eu ser humano sou um dos

complementos do planeta terra e não vou ser capaz de viver sem outros

componentes.

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

Sensibilizamos para o fato de que a educação ambiental é continuada, ela

não acaba ao sair do portão da escola, sensibilizamos para o fato de que nós somos

os atores ambientais quando tomarmos consciência da nossa realidade quando

temos consciência da nossa relação com o meio ambiente e com os demais homens

sensibilizamos para o fato de se ter ações ambientais essas ações serem praticadas

da escola a família a sociedade.

Segundo Hoffman (1991), a avaliação deverá encaminhar-se um processo

dialógico e cooperativo, por meio dos quais educandos e educadores aprendem

sobre si mesmos no ato próprio da avaliação. E segundo Gasparin (2006), para obter

uma metodologia histórico-crítica temos que ter como método a prática-teórica-

prática, isto significa partir sempre da prática social empírica atual, contextualizando-

a, passando, em seguida, a teoria que ilumina essa prática cotidiana, a fim de chegar

a uma nova prática social mais concreta e coerente. Assim, todo processo avaliativo

do trabalho fundamentou-se em uma prática de avaliação construtiva e libertadora,

baseada no diálogo e na cooperação, onde foram adotados métodos investigativos

de interpretação das alternativas e soluções propostas pelos alunos as diferentes

situações de aprendizagem.

Os resultados obtidos com a aplicação do projeto atenderam as expectativas.

Hoje, podemos afirmar que os alunos envolvidos desenvolveram a capacidade de

saber, saber e saber ser na realização de uma atividade.

“(...) participar desse projeto foi muito produtivo, pois podemos ver como

influenciamos diretamente na contaminação da água que é essencial para nossa

vida. Além do que podemos passar o que, aprendemos a outras pessoas e mostra-

las como não contaminar esse precioso bem e como não matar os poucos rios que

ainda nos restam”.

Conhecendo o local onde se vive e os cuidados com a natureza ajuda a

melhorar a vida. O projeto Educação Ambiental na Escola oportuniza a aplicação e

continuidade dessa prática, permitindo a mudança de hábitos, por meio de um

processo de interação entre escola e comunidade, promovendo melhorias na

qualidade de vida.

Em uma nova etapa do trabalho, este trabalho proporcionará ao aluno a

exposição do aprendizado e a possibilidade de trabalharem como atores sociais,

através de feira de ciências. Não podemos entender a prática educacional apenas

como desenvolvimento profissional dos educadores, mas como um processo social

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

constituído por um conjunto de atividades que envolvam representações sociais e

interagindo não apenas no aspecto informativo, mas, principalmente na consolidação

dos valores e nas atividades individuais e coletivas.

O educador tem que acreditar, tem que insistir, tem que continuar, porque o

nosso tempo é futuro. Sendo a água um bem universal e indispensável à vida.

Durante todo o trabalho vivenciamos as palavras de Paulo Freire educadores

aprendem juntos. Juntos aprendemos a ver os problemas de nossa cidade, juntos

pensamos, refletimos, nos sensibilizamos e nos emocionamos quando sentimos no

final de cada trabalho que temos nos tornado seres humanos melhores.

“Tivemos a oportunidade de ir ajudar a limpar o rio da Sanga Mineira (...)

deixamos o rio limpo novamente. E o que aprendi é que se juntamos nossas forças e

ajudamos o meio ambiente estamos contribuindo para um mundo mais limpo e feliz”.

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

CONCLUSÃO

Ficou evidenciado que o objetivo de formar cidadãos conscientes da

importância de se cuidar dos recursos hídricos locais foi concluído com bastante

êxito e a formação de possíveis monitores ambientais que eram auxiliar a

comunidade local neste processo.

O trabalho apresentado sugeriu muito mais a problematização e o debate

sobre a relação educação / ambiente do que esgotar o assunto ou produzir

conclusões acabadas sobre o tema, por natureza vasto.

A educação e a problemática ambiental são antes de tudo, questões políticas

que envolvem atores, interesses e concepções de mundo diferentes e que podem

assumir direções mais conservadoras ou emancipatórias.

Sem, negar a existência da dimensão teórica da educação e da questão

ambiental defendo, entretanto, que a teoria é e deve ser, subordinada a política e a

critérios éticos na elaboração e implementação de um currículo pedagógico. Entendo

que uma educação ambiental de ênfase somente teórica reduz a complexidade do

real e mesclara os conteúdos e conflitos políticos inerentes a questão ambiental,

favorecendo uma compreensão de um processo educativo identificado com a

autonomia individual e o aluno se limita e não pode prescindir de uma atitude crítica,

participativa e comprometida com a ampliação da cidadania.

A educação deveria estar acompanhada de perto todo esse processo

ambiental, deveria estar à frente das discussões que se desenvolveram no mundo,

deveria conhecer e entender as causas e, mais que isso, ser capaz de propor

soluções. Afinal a educação é a ferramenta que criamos para garantir a continuidade

e expansão do conhecimento sobre nós mesmos e do universo em que vivemos e

nós, profissionais da educação, somos os responsáveis por formar, orientar e

conduzir o desenvolvimento das atuais e novas gerações, transmitindo-lhes os

conhecimentos adquiridos pela humanidade ao longo de sua existência clareando os

caminhos à frente na construção do futuro.

No entanto estamos perdidos, longe de atuar como profissionais e

competentes e sintonizados com a realidade que nos cerca, sem entender a

dimensão do que acontece e sem os conhecimentos básicos que nos permitam

encaminhar essas discussões em salas de aula, escalas e sociedade. E nas poucas

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

tentativas nos esbarramos em uma grade curricular que não abre muitas portas para,

a realização de aulas práticas no campo. Temos uma agenda e um diário de classe a

ser preenchido e seguido, o sistema assim o exige. Os dias letivos não suportam

muitas ações assim. Outra barreira encontrada é a falta de oportunidade

disponibilizada ao profissional da educação para encontros pedagógicos e de

elaboração de um planejamento multidisciplinar.

É preciso, é fundamental, que paremos para refletir sobre as nossas escolhas

pessoais e coletivas, sobre nossas responsabilidades perante as aulas e futuras

gerações. Assim, essas discussões em torno da implementação da educação

ambiental nas escolas, tem de ultrapassar as paredes burocráticas e chegar, rápido,

as salas de aula, e isso não pode acontecer apenas por obra de um professor, um

grupo, uma escola, uma rede. Essas discussões têm de ganhar status de política de

Estado e permear toda sociedade.

É possível termos aulas ambientais teóricas e práticas nas escolas. Os

trabalhos de educação ambiental formal e não formal aqui apresentados comprovam

isso. Mas deve haver com grande urgência uma revisão da grades curriculares. E a

capacitação de profissionais para atuarem em sala de aula.

Quero neste momento do trabalho, pedir licença para deixar de lado dados,

fotos, pesquisas, fatos, resultados, etc. Quero poder falar somente dos laços de afeto

que criamos. Percebi claramente que a pessoa que é amada, ama a natureza. E

quem ama cuida.

Durante esses anos de pesquisa não educamos, mas sensibilizamos.

Aprendemos, a amar o que estávamos fazendo. Aprendemos a valorizar cada ato.

Sentimo-nos importantes quando víamos os esforços dos demais professores e

equipe pedagógica e de equipe administrativa da escala nos auxiliando com aquilo

que precisávamos.

Fomos amados e valorizados e nossos frutos foram e serão ótimos. Alunos

conscientes de suas ações. Sensibilizados com as gerações futuras. Capazes de

atuarem como atores sociais. Capazes de amarem o que os cercam. E o mais

importante, em meio ao aquecimento global, as tragédias, as misérias, a corrupção,

o desmatamento e tantos outros fatores termos alunos com esperança de que o

amanhã é possível. Acreditamos que isso seja muito mais que um dado científico,

uma consideração final.

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

O ser humano é aquilo que ele vivencia. Os frutos que tivemos foram e são

colhidos dentro e fora da escola, com as ações dos alunos. Não ações induzidas.

Mas ações que surgiram de valores adquiridos com este trabalho. Adquirimos

valores diante e para com a natureza. Esse foi o nosso maior resultado.

Com relação à educação ambiental, especialmente, muito ainda há de ser

feito, tanto na escola quanto na comunidade estudada. O trabalho desenvolvido até

o presente momento serviu apenas para disparar, tornar visíveis, muitos aspectos

que devem ser aprofundados.

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

BIBLIOGRAFIA

Constituição da República Federativa do Brasil. Ed. Atlas, 1998

Brasil Secretaria da Educação Parâmetros Curriculares Nacionais: Meio ambiente e

saúde.v9 p.26

FREIRE, PAULO. Educação como prática da liberdade. Ed.11. Paz e Terra, 1980

Anais da Embasa: Como cuidar da sua água. 2007

SOUZA, A.K. A relação escola comunidade e a conservação ambiental. Monografia

João Pessoa, Universidade Federal da Paraíba, 2000

EFFETING, Tânia Regina. Educação Ambiental nas escolas públicas: Realidades e

desafios. Universidade Estadual do oeste do Paraná – Unioeste, Campus de

Marechal Rondon, 2007

Módulo I e II do curso de formação de gestores escolares – Secretaria de Educação

do estado da Bahia 2008

CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes, professores fascinantes. Sextante. Rio de

Janeiro: 2003

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.

Ed.13ª. Paz e Terra. São Paulo: 1999, pg. 32-33

MALDANER, Otávio A. et alli. Currículo contextualizado na área de ciência da

natureza e suas tecnologias: a situação de estudo In Fundamentos e propostas de

ensino de Química para a educação básica no Brasil. Iguí – Rs: Onuyué, 2007, pg.

109 – 138

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

Revista Super Interessante, ed. 260 de 12/12/2008, O Fim dos Oceanos, pág. 60 a

67.

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · daí a preocupação dos especialistas da ONU com a Bacia da Prata. A maior parte da população – e da atividade econômica

ANEXO

Figura 1 Figura 2 Figura 3

Figura 4 Figura 5 Figura 6

Figura 7 TEMA: Seminário sobre a água LEGENDA: Figura: 1, 2, 3, 5, 6 – Alunos explanando Figura: 4 e 7 – Amostras de água coletadas e exibidas pelos alunos