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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM GESTÃO POR COMPETÊNCIA E SUAS INFLUÊNCIAS NO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL Por: Frederico Gomes do Nascimento Orientador Prof. Paulo José Rio de Janeiro 2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · de recursos humanos, e estava dividido em vários subsistemas, departamentos ou áreas, é chamado atualmente de gestão de pessoas

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

GESTÃO POR COMPETÊNCIA E SUAS INFLUÊNCIAS NO

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

Por: Frederico Gomes do Nascimento

Orientador

Prof. Paulo José

Rio de Janeiro

2011

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

GESTÃO POR COMPETÊNCIA E SUAS INFLUÊNCIAS NO

DESENVOLVIMENTO PRODISSIONAL

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Gestão de

Recursos Humanos.

Por: . Frederico Gomes do Nascimento

3

AGRADECIMENTOS

Eu agradeço à Deus pela graça de ter

realizado o curso de Gestão de Recursos

Humanos, que será de grande importância

no exercício de minha profissão.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha esposa

Andréa, que muito me incentivou. Aos

meus filhos Leandro e Danielle pelo

esforço e dedicação que aplicam na

busca de seus objetivos.

5

RESUMO

Em razão das fortes transformações sociais, econômicas, políticas e

culturais que estão ocorrendo nas últimas décadas em nosso país e a nível

mundial, entre eles o surgimento constante de novas tecnologias e a

globalização da economia, estamos vivenciando um momento de grande

evolução no mundo corporativo. Atualmente, a competitividade e a busca de

novos mercados fazem com que as empresas repensem e atualizem tanto os

seus modelos de gestão organizacional, como os modelos de gestão de

pessoas. È no cenário de equilíbrio entre preço, produto e/ou serviço e

qualidade, que a gestão de pessoas passou a ser mais valorizada, já que o

capital intelectual passou a ser reconhecido como o grande diferencial nas

organizações. Frente a esta realidade, surgiu o Modelo de Gestão por

Competência, este que está sendo bastante discutido no meio organizacional e

acadêmico como uma ferramenta para uma Gestão de Pessoas Estratégica,

visto que esta forma de gestão possibilita alinhar as ações de Recursos

Humanos com os objetivos da organização, atuando com foco em resultados e

em busca das metas estabelecidas para o crescimento e desenvolvimento da

mesma. Desta forma, a Gestão por Competência visa identificar e desenvolver

as competências necessárias a nível individual, coletivo e organizacional, para

o alcance dos objetivos estratégicos da organização, tornando-a sustentável e

competitiva em seu ramo de atuação. O modelo é considerado um recurso

atual, concreto e eficaz que se for bem compreendido e aplicado, além de

trazer os resultados esperados para a empresa e para os colaboradores, irá

reforçar o papel estratégico do RH, ampliando suas responsabilidades e

fazendo com que o mesmo seja reconhecido como um setor fundamental para

o desenvolvimento organizacional.

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METODOLOGIA

Pesquisa bibliográfica em livros acadêmicos da área e artigos de

periódicos, através um processo sistemático de construção do conhecimento

que tem como metas principais gerar novos conhecimentos e/ou corroborar ou

refutar algum conhecimento pré-existente, utilizando-se um estudo teórico com

ênfase na importância da gestão por competência no desenvolvimento dos

indivíduos e da organização.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O que são Competências 09

CAPÍTULO II - Gestão por competências 17

CAPÍTULO III - A Gestão por Competências como

Ferramenta para um RH Estratégico 26

CONCLUSÃO 33

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 36

BIBLIOGRAFIA CITADA

8

INTRODUÇÃO

Atualmente, dizer que o maior patrimônio das organizações são as

pessoas se tornou lugar comum. A constante busca por vantagens

competitivas que diferenciam as organizações de seus concorrentes e a

comercialização de seus produtos e serviços criou o consenso de que o

diferencial pode definitivamente estar nas pessoas que compõem as

organizações e suas habilidades.

Em cenários empresarias nos quais existe alto nível de competição,

considera-se essencial à participação dos profissionais, com o intuito de tornar

a empresa mais ágil e competitiva. Cabe notar que tal participação não se

limita apenas ao comprometimento com os objetivos organizacionais e o

envolvimento com as decisões e processos de trabalho, porém implica melhor

qualificação e capacitação.

O mundo atual passa por uma série de transformações. De fato, a

transição da era industrial (mecanicista e do raciocínio lógico) para uma nova

era caracterizada pelo número infinito de possibilidades, do desconhecido ou

era do conhecimento, mostra não só a necessidade de aperfeiçoamento das

habilidades já existentes, mais principalmente de desenvolvimento de novas

competências.

Neste contexto, a gestão por competências surge como uma resposta

de capacitação e traz importantes reflexões sobre o significado do trabalho, o

papel dos indivíduos e da educação contínua. Para acompanhar estas

mudanças é de fundamental importância a aquisição de novas capacitações e

conhecimentos, o que significa intensificar a capacidade dos indivíduos e

organizações em transformar esse conhecimento em diferencial competitivo.

9

CAPÍTULO I

O QUE SÃO COMPETÊNCIAS

1.1 - Conceito de Competência

Competências representam combinações sinérgicas de

conhecimentos, habilidades e atitudes, expressadas no desempenho

profissional, dentro de determinado contexto organizacional,. Isso significa que

as competências demandadas pela empresa mudam no tempo e no espaço.

Um dos objetivos da gestão por competência é monitorar a

pertinência, relevância e mesmo a necessidade de cada competência para os

objetivos da Organização.

A expressão “Competência” tem sido muito utilizada atualmente no

meio acadêmico e organizacional, no entanto é preciso compreender o seu

real significado para que seja possível desenvolver algum trabalho ou idéia que

gere resultados positivos para as empresas. No modelo de Gestão por

Competências a questão principal é justamente a definição das competências

da empresa e de seus colaboradores, pois são baseadas nessas informações

que as pessoas estratégicas da empresa e a área de Recursos Humanos

atuem estrategicamente e busquem os objetivos esperados.

O campo do desenvolvimento humano nas organizações e de gestão

por competências é extremamente amplo. O que outrora era denominado área

de recursos humanos, e estava dividido em vários subsistemas, departamentos

ou áreas, é chamado atualmente de gestão de pessoas. Os modismos, as

terminologias e a adoção de múltiplos modelos tornaram esse campo

complexo.

Segundo Dutra (2002, p.17), Gestão de Pessoas é “um conjunto de

políticas e práticas que permitem a conciliação de expectativas entra a

10

organização e as pessoas para que ambas possam realiza-las ao longo do

tempo”.

“Cabe às empresas criarem um espaço, estimular o

desenvolvimento e oferecer o suporte e as condições

para uma relação de alavancagem mútua das

expectativas e necessidades. As empresas não

conseguirão fazê-lo sem estar em continua interação com

as pessoas e, ao fazê-lo, conseguirá alavancar sua

competitividade profissional e de sua carreira” (DUTRA,

2002, p. 48).

A crescente competição mundial, aquecida ainda mais pela

globalização, traz como conseqüência incorporação às organizações de novos

modelos de gestão e inovações tecnológicas que lhes garantam um alto nível

de competitividade. Os novos desafios impostos fazem com que as

organizações identifiquem seus diferenciais competitivos e procurem estar

sempre à frente de seus concorrentes.

Por isso, estabeleceu-se relativo consenso de que uma importante

fonte de vantagem competitiva seriam os recursos internos de gestão de cada

empresa. Esses recursos incluem ativos intangíveis, como a capacitação dos

recursos humanos, a organização do trabalho, o modelo de gestão e os

diversos sistemas de apoio como sistemas de TI (Tecnologia da Informação),

logística e outros. Da orquestração desses vários componentes nasce a

capacidade de aprendizado e adaptação. E dessa capacidade surgem às

competências essenciais da organização.

Pode-se dizer que tornou senso comum afirmar que as relações

humanas estão cada vez mais valorizadas nas organizações, afirmar que os

recursos mais valiosos das organizações em um cenário de mudanças e

complexidade crescentes são as pessoas. Termos como capital humano,

capital intelectual, inteligência competitiva, são utilizados cada vez mais. As

organizações estão investindo mais em treinamentos técnicos e

comportamentais visando capacitar melhor suas equipes.

11

.Neste cenário a gestão por competência passa a exercer papel

fundamental na organização,com suas estratégias, diretamente alinhadas às

estratégias da organização. Na verdade o planejamento estratégico da

organização engloba também o planejamento da área de gestão de pessoas.

De nada adianta a área de gestão de pessoas traçar seu planejamento para

objetivos divergentes dos vislumbrados pela organização na visão macro. È

fundamental que a missão, visão e valores da área de gestão de pessoas

sejam complementares à missão, valores e visão da organização como um

todo.

“A Estratégia é a personalidade da empresa. E´com ela

que os rumos serão definidos, a missão confirmada e os

esforços canalizados para um só propósito. A estratégia á

a forma de se atingir um alvo. È quando se reúne todos

os recursos da empresa para alcançar um objetivo

comum” (BEZERRA, 2008, p.8).

Cada vez mais e em maior intensidade as empresas necessitam

desenvolver e adquirir novas competências para se adaptarem às exigências

do mercado. Isto só é possível quando as organizações têm um mapeamento

de suas competências e conseguem gerenciar seu conhecimento.

Depois da Era das empresas de trabalho intensivo e da Era das

empresas de capital intensivo, se vive hoje a Era das empresas de

conhecimento intensivo. Neste momento da história empresarial, a informação

e o conhecimento são alavancas da competitividade (WOOD, 1999).

O termo ‘competência’ remete a outros termos, como competição e

competitividade. Segundo o Dicionário Aurélio (2004), competência e a

“qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer

determinada coisa; capacidade, habilidade, aptidão”. Mas é preciso definir o

significado de competência no contexto organizacional.

A freqüente utilização do termo competência fez com que surgissem

várias definições propostas por diferentes autores.

12

A definição de Dutra (2001) remete à qualidade das relações de

trabalho quando o autor afirma que competência é uma entrega e que essa

entrega agrega valor econômico à empresa, ao indivíduo e ao meio em que

vive. Esse aspecto do conceito de competências é muito importante para

determinados contextos e modelos de gestão já organizados de forma a levar

em consideração não só os processos, mas principalmente resultados como

base para avaliação de desempenhos e competências. Associar o conceito de

competências aos resultados permite ao trabalhador maiores condições de

autogestão e desenvolvimento de carreiras e competências.

Gestão por competência, trata-se de um conjunto de ferramenta que,

reunidas, formam uma metodologia de apoio à gestão de pessoas, que

encontam-se em alta, uma vez que a riqueza das empresas e das nações

depende do conhecimento e das habilidades de suas equipes.

Não se pode dizer que a Gestão por Competência seja considerada

efetivamente uma inovação. Taylor, no início deste século, já alertava para a

necessidade das empresas contarem com homens eficientes, ratificando que a

procura pelos competentes excedia à oferta.

No fim da idade média surgiu a utilização do termo competência. Sua

utilização estava inicialmente restrita à linguagem jurídica. Significava que

determinado tribunal ou individuo era competente para realizar um dado

julgamento. Posteriormente, passou a ser utilizado também para designar

alguém capaz de pronunciar-se sobre certos assuntos. Com o tempo,

começou-se a utilizar a expressão para qualificar pessoas capazes de realizar

um trabalho bem feito, e finalmente passou a uma abrangência maior,

englobando conhecimentos, habilidades e experiências voltadas para o

eXercício de uma função na empresa.

Entretanto, a gestão por competência ainda é pouco difundida e

praticada nas empresas de um modo geral, à exceção de grandes empresas

multinacionais. Talvez por exigir que as empresas tenham processos bem

desenhados onde seja fácil identificar atividades e responsáveis.

Um requisito essencial para que a gestão por competência seja bem

sucedida é a estrutura organizacional adotada pela empresa. Empresas que

13

tenham sua estrutura organizacional verticalizada, onde existam vários níveis

hierárquicos é notoriamente uma empresa onde será bastante difícil implantar

um modelo de gestão de pessoas baseado nas competências. Neste tipo de

organização os cargos são privilegiados, as responsabilidades, remuneração e

outras características estão associadas ao cargo ao qual o profissional ocupa e

não às suas competências ou habilidades.

Em contrapartida, empresas com estruturas organizacionais matriciais

ou horizontalizadas tendem a facilitar a implantação deste tipo de modelo de

gestão visto que apresentam características que são fatores de sucesso como

maior facilidade de comunicação, delegação de tarefas.

1.2 - Os Três Pilares da Competência

Podemos agora refletir sobre os pilares ou dimensões da competência:

o conhecimento, a habilidade e a atitude, que já são bastante conhecidos no

meio acadêmico e profissional como o “CHA”.

O Conhecimento é o saber, os conceitos, as informações que

possuímos através da aprendizagem concebida nas escolas, nos livros, no

trabalho e que acumulamos ao longo da vida. São as informações que fazem

parte da nossa memória e influenciam sobre o nosso julgamento e/ou

comportamento.

A Habilidade é o saber fazer, e a aplicação do conhecimento, ou seja,

a capacidade de utilizar os conhecimentos armazenados na memória no dia-a-

dia de forma prática e produtiva.

A Atitude, por sua vez, é o querer fazer, é o que nos impulsiona a

executar nossas habilidades e conhecimentos. È a predisposição que

influência na nossa conduta frente às pessoas e as situações.

Para Carbone (2006) pode-se observar que a aplicação sinérgica

desses três pilares no trabalho evidencia sua própria interdependência e

complementaridade e gera desempenho profissional, este que é expresso

através dos comportamentos que a pessoa manifesta no ambiente

14

organizacional e pelas suas conseqüências, em termos de realizações e

resultados.

1.3 - Competências TécnicasXCompetências Comportamentais

Diante da conceituação do “CHA”, observamos que o conhecimento e

a habilidade são competências técnicas, enquanto que a atitude constitui a

competência comportamental.

As competências técnicas são os conhecimentos teóricos e práticos,

ou seja, o conhecimento e habilidade em relação a determinado assunto ou

técnica. Já a competência comportamental é expressa através de atitudes e

comportamentos (Ex.: motivação, criatividade, persistência, relacionamento

interpessoal) que influenciam direta ou indiretamente no trabalho do

colaborador e conseqüentemente em seus resultados.

Conforme Leme (2005) as competências técnicas é tudo o que o

profissional precisa saber para desempenhar bem a sua função na empresa e

as competências comportamentais é tudo o que ele precisa demonstrar como

diferencial competitivo e causa impacto em seus resultados. O autor defende

que em Gestão por Competências, é preciso gerenciar os dois tipos de

competências, e para ele o grande desafio do RH é a identificação e

mensuração das competências comportamentais, já que estas não podem ser

investigadas nos currículos dos candidatos e nem em entrevistas e testes

práticos.

Sendo assim, vemos que para ser um bom profissional diante das

demandas do mercado de trabalho atual é preciso possuir os três elementos

(CHA).

Por exemplo, o vendedor precisa ter conhecimentos (técnicas de

vendas, conhecimento do produto, do mercado...), habilidade (agilidade no

atendimento, com o sistema informatizado da loja, habilidade de comunicação

e argumentação...) e atitude (motivação, iniciativa, receptividade e cortesia

com o cliente...). Desta forma, pode-se dizer que o vendedor possui

competências para sua área de atuação, estando elas de acordo com as que

15

são exigidas para sua função. Assim, possivelmente, irá conquistar resultados

e realização (Por ex.: fidelização e captação de novos clientes, elevação do

nível de satisfação dos clientes e conseqüentemente aumento nas vendas).

Não seria interessante para empresa se o vendedor possuísse apenas os

conhecimentos técnicos ou apenas os comportamentais, pois o seu

desempenho estaria comprometido e por isso não traria os mesmos

resultados.

Com isto, podemos concluir que para ser considerado um profissional

competente é preciso desenvolver tantas competências técnicas quanto as

comportamentais que são necessárias para o seu ramo de atuação, e mais

precisamente para a sua função, pois elas se complementam e assim tornam o

profissional qualificado e completo para lidar com as necessidades da

organização e do mercado em geral.

1.4 - Competências IndividuaisxCompetências Organizacionais

Se de um lado temos o conjunto de competências das “pessoas”,

competências estas que precisam ser adquiridas e desenvolvidas para que as

organizações realizem seus objetivos estratégicos, de outro, podemos ressaltar

que estão as competências da organização, ou seja, o seu conjunto de

conhecimentos técnicos, habilidades e tecnologias que resultam em seu

diferenciai competitivo no mercado ao qual está inserida.

Segundo Prahalad e Hamel, 1990, citados por Carbone (2006): “as

competências organizacionais essenciais são atributos da organização, que lhe

conferem vantagem competitiva, geram valor distintivo percebido pelos clientes

e são difíceis de ser imitados pela concorrência” (p.48).

Carbone (2006), fazendo referência a Nisembaum, 2000, coloca que as

competências organizacionais podem ser classificadas como básicas (atributos

necessários para o funcionamento da organização) e essenciais (atributos que

sustentam o diferencial da organização perante as demais).

16

Temos aqui a reflexão de que as competências individuais e

organizacionais estão intimamente ligadas, na medida em que exercem forte

influência uma sobre as outras.

“Organização e pessoas, lado a lado, propiciam um processo contínuo

de troca de competência” (DUTRA, 2001, p.27). Com esta afirmação o autor

quer dizer que a organização transfere seu patrimônio para as pessoas,

desenvolvendo-as para lidar com novas situações pessoais e profissionais,

dentro ou fora dela. E as pessoas, ao desenvolver sua capacidade individual

agregam valor a empresa transferindo para a mesma o seu aprendizado, e

assim contribuindo com o seu patrimônio de conhecimentos, para que ela

mantenha as vantagens competitivas diante do contexto atual do mercado e ao

longo do tempo, e esteja preparada pra enfrentar novos desafios.

17

CAPÍTULO II

GESTÃO POR COMPETÊNCIAS

2.1- Compreendendo o Modelo de Gestão por Competência

Depois do estudo deste modelo de gestão - “competências”, agora

podemos nos perguntar: “Mas afinal o que é Gestão por Competências?”.

Muito se fala sobre o assunto, mas ainda existem muitas dúvidas em torno do

mesmo e poucos conhecem o seu real significado e relevância para o mundo

organizacional.

Na era competitiva cujo cenário organizacional é composto por inúmeras

e rápidas mudanças que aceleram a dinâmica das organizações, pode-se dizer

que a empresa que conseguir adotar um modelo operacional inovador e

propício para criação de competências terá resultados bastante satisfatórios.

Assim a empresa que se mostrar hábil na compreensão da demanda de

necessidades do mercado e atende-las de maneiro pró-ativa, em termos de

competências será teoricamente mais competitiva.

O processo de inovação e criação de novas competências poderá ser

representado pelo número de novos produtos lançados, pelo percentual de

vendas gerado por ele e pelo tempo de desenvolvimento e divulgação de uma

nova geração de mercadorias. Nessa perspectiva, a gestão de recursos

humanos ou gestão de pessoas, deve caminhar lado a lado com o negócio,

desenvolvendo estratégias e pessoas, focando cada vez mais, os objetivos

estratégicos da organização.

Carbone (2006), citando Durand, 2001; Prahalad e Hamel, 1990,

menciona que essa abordagem visa direcionar esforços para desenvolver

competências que são fundamentais para o alcance dos objetivos

18

organizacionais, através da crença de que o domínio de certas competências

garante à organização um desempenho de destaque frente aos seus

concorrentes.

A gestão por competências então, “propõe-se a alinhar esforços para

que as competências humanas, possam gerar e sustentar as competências

organizacionais necessárias à consecução dos objetivos estratégicos da

organização” (CARBONE, ibid, p.49). O autor menciona ainda que muitas

empresas têm adotado este modelo como método de gestão nos diferentes

níveis da organização (individual, grupal e organizacional), buscando orientar

seus esforços para planejar, captar, desenvolver e avaliar as competências

necessárias para a conquista de seus objetivos.

Conforme Leme (2005): “Gestão por Competências é uma ferramenta

que veio para auxiliar as empresas a enxergarem o que ela precisa buscar e

treinar em seus colaboradores” (p.10).

De forma a fornecer uma visão geral, Leme (2005) relata que Gestão

por Competências é: identificar as competências que uma função precisa;

identificar as competências que o colaborador possui; fazer a comparação das

informações dos itens anteriores identificando o gap (ou lacuna), que é a

distância existente entre os dois pontos, quer dizer, entre as competências

necessárias ao alcance do desempenho esperado e as já existentes no

desempenho do colaborador; e a partir daí, traçar um plano de

desenvolvimento para o mesmo. Podemos aqui, acrescentar ainda: traçar

plano para captação de novos talentos, avaliar e reestruturar (se necessário) a

política de remuneração e estabelecer métodos de acompanhamento e

avaliação de resultados, ou seja, direcionar todas as ações estratégicas da

organização para o foco em competências (Gestão de Pessoas, Treinamento e

Desenvolvimento, Seleção, Avaliação e Remuneração).

A consultora Ruano (2003) propõe que a Gestão por Competências

deve ser compreendida e desenvolvida como um recurso para gestão

estratégica do RH, visto que a integração entre o modelo de competências e

de gestão de pessoas pode proporcionar à área a sua dimensão estratégica,

através de uma atuação voltada para resultados e para o auxílio aos

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estrategistas na busca dos objetivos organizacionais. Desta forma, ao passo

que o RH envolve-se mais com a estratégia organizacional, passa a consolidar-

se como uma função fundamental e reconhecida no ambiente organizacional.

Diante do exposto, podemos resumir que Gestão por Competências é

um modelo de gestão que tem como principal função identificar todas as

capacidades e potencialidades que a organização e seus colaboradores

possuem, assim como as competências que são importantes para as suas

funções, para que todos (inclusive com a participação efetiva do RH), de forma

consciente e organizada possam se desenvolver e alcançar os objetivos

traçados pela empresa.

2.2 - Implantação de Gestão por Competências

A implantação da Gestão por Competências é um processo que precisa

ser muito bem planejado, pois se faz necessário o envolvimento de toda

organização, assim como a preparação de todos os membros para lidar com

uma série de desafios. Para isto, é fundamental que o conceito de

competências, do modelo e os seus objetivos estejam bastante claros, tendo

sido bem discutidos pela equipe de implantação.

Leme (2005) menciona que a Gestão por Competências é um projeto

que deve partir da direção da empresa, mas precisa ser compartilhado por

todos os colaboradores. O autor relata que devido à falta de preparação de

muitos profissionais e/ou da crença de que o processo é complicado ou

oneroso, algumas empresas implantam o modelo em apenas algumas

funções, geralmente só em um ou poucos setores da empresas ou apenas em

funções do nível da gerência para cima. Não podemos afirmar que realizado

desta maneira, o processo não é valido ou não trará resultados, mas de fato é

um processo incompleto, e por isso a organização poderá estar usufruindo

pouco diante do que o modelo é capaz de oferecer.

“É possível sim implantar Gestão por Competências em

toda a Organização e em todas as suas funções, até

mesmo as mais simples, independente de tamanho ou do

20

número de colaboradores e, ainda, com recursos

financeiros acessíveis”. (LEME, 2005, p.22)

Conforme Ruano (2003) para obter êxito é preciso levar em

consideração os desafios associados com o desenvolvimento e instalação do

processo. Ela coloca que: “o desafio da competência requer a consideração de

como obter participação, desenvolver medidas confiáveis e validas, gerenciar

feedback negativo, assegurar relação com os cargos e utilizar a tecnologia

para reduzir despesas” (p.33).

A mesma autora menciona ainda três fatores que acredita serem

importantes para a implantação da Gestão por Competências: a participação,

visto que através dela cria-se a oportunidade das pessoas se comprometerem

para utilizar o sistema quando ele estiver funcionando; a medição, que é

relevante para confirmar a validade das ações; e a tecnologia, pois para serem

ágeis e competitivas as organizações precisam alinhar sua estratégia de RH e

estratégia corporativa e a tecnologia da informação é fundamental nesse

processo.

A seguir ,vamos apresentar de forma clara e sucinta, as etapas da

implantação da Gestão por Competência.

2.2.1. Conscientização

O processo de implantação da Gestão por Competência tem início no

trabalho de sensibilização e conscientização. Este é o segredo para o sucesso

do projeto, pois se não for bem-sucedido, o mesmo não será bem

desenvolvido e dificilmente chegará a ser concluído.

Nesta etapa, é preciso apresentar a todos, os setores e com linguagem

clara e acessível, os motivos da necessidade da implantação de Gestão por

Competência, explicando o que são competências, os objetivos almejados e o

que todos conquistarão com o processo, para que assim as pessoas se sintam

envolvidas e motivadas a participarem.

21

2.2.2. Definição, Identificação e Mapeamento de Competências

De uma forma geral, nesta etapa é preciso definir as competências

organizacionais e de cada função, identificar as competências dos

colaboradores e fazer o mapeamento das competências.

Primeiramente é necessário definir quais são as competências de que a

organização precisa para atuar de acordo com a sua Missão, Visão, Valores e

Estratégias (MVVE).

Este momento é fundamental para o processo e segundo Carbone

(2006) é o momento da reflexão e formulação da estratégia da organização,

para que seja possível definir indicadores de desempenho, metas e assim

identificar as competências necessárias para concretização do desempenho

esperado.

Leme (2005) explica que tradicionalmente as definições das

competências organizacionais são elaboradas em reuniões com a direção e

gerência e o consenso das idéias ali discutidas, através da análise do MVVE

da empresa e dos erros e acertos da mesma nos últimos anos. Ele ressalta

que esta é uma forma valida, mas por ser um método subjetivo, sua técnica e

comprovação são difíceis de serem documentados. Desta forma, considera

que esta não é uma etapa fácil e por isso requer grande experiência e

responsabilidade do condutor ou da coordenação do projeto, que é muitas

vezes um consultor externo.

Com as competências da organização definidas deve-se agora

descrever as funções e analisar quais são as competências, sejam elas

técnicas ou comportamentais, necessárias para cada função, e em que

intensidade, estabelecendo assim um perfil ideal para cada cargo da

organização.

O próximo passo é a identificação das competências dos colaboradores.

Com isto, é possível saber o que eles têm a oferecer para a empresa, quais

são as competências que eles precisam ser desenvolvidas e identificar se o

colaborador tem condições de assumir novas atribuições ou até mesmo um

novo cargo.

22

Geralmente essa identificação é feita através de questionário, mas é

importante que esta avaliação seja com foco em competências, e que o

questionário seja respondido não só pelo colaborador, mas também pelo seu

superior e pelos colegas da mesma equipe de trabalho.

Por fim, é realizado o diagnóstico ou mapeamento das competências

(organizacionais ou humanas), sendo necessário identificar o gap do

colaborador, através da comparação das competências exigidas pela sua

função e as que ele possui.

“O mapeamento tem como propósito identificar o gap ou

lacuna de competências, ou seja, a discrepância entre

competências necessárias para concretizar a estratégia

corporativa e as competências internas existentes na

organização”. (CARBONE, 2006 p.55-56)

Carbone (ibid) coloca que no processo de mapeamento, a identificação

das competências humanas ou organizacionais necessárias para consecução

dos objetivos da organização geralmente é realizada através de análise

documental, coleta de dados com pessoas-chaves da organização,

observações, grupos focais e questionários estruturados.

O referido autor propõe que o mapeamento seja realizado

periodicamente, pois dependendo das ações de captação e desenvolvimento

por parte da empresa, o gap irá sofrer variação ao longo do tempo, precisando

por este motivo ser acompanhado.

2.2.3. Plano de Desenvolvimento e Seleção

Agora que foram identificadas as competências e deficiências de todos

os colaboradores, é preciso traçar um plano de desenvolvimento e treinamento

para o colaborador atingir as competências exigidas pela função, assim como

planejar estratégias de captação de novos talentos.

Conforme Brandão e Guimarães, 2001, citados por Carbone (2006), o

desenvolvimento é o aprimoramento das competências internas disponíveis na

23

organização que ocorre através da aprendizagem (no nível individual) e por

meio de investimentos em pesquisa (no nível organizacional). È através da

aprendizagem que são desenvolvidas as competências individuais do

colaborador e a manifestação dessas competências, ou seja, daquilo que

aprendeu, é expressa pelo seu desempenho no trabalho.

Para Leme (2005), o diferencial no plano de desenvolvimento do modelo

de Gestão por Competências é que não se aplica um treinamento genérico,

como é feito geralmente, mas sim específico, baseado nas competências

necessárias para cada colaborador. Assim, os treinamentos passam, a ser

mais focados, preciosos e assertivos diante da busca da eliminação dos gaps

identificados.

Dentro do plano de ação para desenvolvimento dos colaboradores é

preciso também reavaliar a política de remuneração e benefícios, assim como

atribuições de novas responsabilidades ou cargos. Este muitas vezes é um

assunto delicado para a empresa, mas é necessário refletir se a política atual

esta adequada ou poder ser melhorada como forma de reconhecimento e

incentivo para os funcionários.

A Gestão por Competências aparece como alternativa a modelos

tradicionais onde a remuneração está diretamente associada aos cargos

exercidos e não às competências individuais. Gramigna (2007, p.25) elenca as

premissas do modelo de competências: Conscientização de cada tipo de

negócio necessita de pessoas com perfis específicos; crença de que cada

posto de trabalho existente na empresa tem características próprias e deve ser

ocupado por profissionais que apresentem determinado perfil de

competências; reconhecimento de que aqueles que ocupam funções

gerenciais são responsáveis pela oferta de oportunidades que permitam o

desenvolvimento e a aquisição de novas competências, e percepção de que

sempre haverá demanda para o desenvolvimento de novas competências e

que o que hoje é essencial para a boa execução de um trabalho poderá

agregar novas exigências amanhã.

Essas premissas devem ser difundidas até que façam parte da cultura

geral , sejam internalizadas nas atitudes e no comportamento de todos.

24

O impacto que um modelo de Gestão por Competências exerce sobre a

organização é bastante grande, da mesma forma que exerce individualmente

sobre as pessoas que compõem esta organização. Daí a necessidade de

identificar se as pessoas percebem esse desafio como oportunidade de

crescimento e se estão preparadas para essa mudança.

Para Carbone (2006) quando as pessoas são valorizadas e

remuneradas de forma variável, de acordo com as competências que

expressam no trabalho,buscam maior reconhecimento sentindo-se inclinadas

ou predispostas a desenvolver as competências valorizadas pela organização.

Também é importante investir no plano de captação e seleção de novos

talentos para que estes sejam inseridos na organização com o menor gap

possível diante da função que irá desempenhar.

Sabemos que o grande desafio para a área de seleção é a identificação

das competências comportamentais já que estas não podem ser visualizada no

currículo do candidato. Diante disto, é preciso repensar as práticas e técnicas

utilizadas até então, direcionando-as o máximo possível para o foco das

competências. Uma boa maneira é fazer uso de algumas técnicas que poder

ser útil no processo como: entrevistas por competências, maior observação

das competências dos candidatos em Dinâmica de Grupo, entre outros.

O que também contribuirá muito para o êxito da seleção é que o

profissional responsável, antes de realizar o recrutamento e seleção,esteja

com o perfil da função bem definido, para que possa basear o seu trabalho e

conseguir colocar o candidato mais capacitado para o cargo.

2.2.4. Mensuração/Avaliação e Acompanhamento

Para o modelo de Gestão por Competências estar completo é

necessário e fundamental a realização da etapa final que é mensurar a

evolução de cada colaborador e de todo o trabalho que foi realizado.

Esta etapa se refere ao acompanhamento e avaliação, e segundo

Carbone (ibid): “funciona como mecanismo de feedback, ou retroalimentação,

25

dentro de uma abordagem sistêmica, à medida que os resultados alcançados

são comparados com aqueles que eram esperados” (p.54).

O referido autor explica que neste momento monitora-se a execução

dos planos operacionais, de gestão e os indicadores de desempenho dos

mesmos, com a intenção de identificar e corrigir eventuais desvios. Ao final

deste ciclo, são apurados os resultados alcançados e comparados com

aqueles que eram esperados, dentro do processo de gestão de desempenho.

Com isto, é possível verificar se as ações adotadas pela empresa foram

eficazes, ou seja, se promoveu o desenvolvimento das competências

almejadas.

26

CAPÍTULO III

GESTÃO POR COMPETÊNCIAS COMO FERRAMENTA

PARA UM RH ESTRATÉGICO

O grande desafio da nova geração de líderes é olhar para o futuro.

Mesmo vivenciando um tempo de grandes mudanças, as empresas têm

dificuldade de visualizar o futuro. Pesquisas já mostraram que as pessoas

passam a maior parte do seu tempo lamentando o que poderiam ter realizado,

ou o que estão. Os próprios instrumentos de gestão servem para analisar o

presente e o passado. A vida cotidiana da empresa multinacional ou nacional

ainda se concentra em ações imediatistas e resultados de curto prazo.

Segundo Fernandes, “A organização que não projeta o seu futuro desperdiça o

presente.” (2001, p.132).

Assim, uma competência gerencial importante será a capacidade de

prever novos cenários e de obter uma visão que extrapole as fronteiras

tradicionais dos produtos existentes. A gestão de RH pode contribuir com o

desenvolvimento de novas visões e novas lideranças para facilitar o processo

de transformação contínua.

Aliado à necessidade de uma nova visão, o homem está definitivamente

mais informado. A dinâmica da competição está demandando um novo perfil.

O avanço tecnológico permitiu a inserção de milhares de computadores

conectados em diversas partes do mundo. O aumento da escala de vendas

gerou a diminuição de preços e conseqüentemente sua popularização.

A gestão de pessoas pode ajudar a empresa de que há de um novo

perfil de trabalhador que está definitivamente mais informado e por que não

dizer, mais exigente já que adquiriu visão de referências diversas.

È comum algumas empresas aprimoraram-se no lançamento de

programas de retenção de profissionais, com o objetivo de mantê-los

27

motivados e comprometidos com o negócio. Essa perspectiva reforça o

conceito de que o ser humano é o patrimônio mais valioso da organização.

A Gestão por Competências pode ser considerada como uma

alternativa a modelos de gestão tradicionais, e na prática, desenvolve as

seguintes atividades, como foi observado por Fischer (1998), citando Fleury e

Fleury (2000, p.65):

• Captação de pessoas, visando adequaras competências

necessárias às estratégias de negócio formuladas, as

empresas buscam por pessoas que tenham um nível

educacional elevado e, para tal, se valem de programas de

trainees, por exemplo, considerados fundamentais para atrair

novos talentos;

• Desenvolvimento de competências, visto que as empresas

contam ainda com a possibilidade de desenvolver as

competências essenciais dos indivíduos, através das mais

diversas práticas, visando adequá-las às necessidades

organizacionais; e

• Remuneração por competência, que é a prática utilizada por

empresas preocupadas em resguardar parte do

conhecimento tácito de seus colaboradores e mantê-los nas

organizações, e vem servindo para que empresas implantem

novas formas de remuneração de seus empregados, dentre

elas: participação nos resultados, remuneração variável e

remuneração baseada nas competências desenvolvidas.

O RH propõe uma Gestão por Competências mais integrada aos

objetivos e à missão da organização. Assim como as competências

comportamentais devem refletir as competências organizacionais, do mesmo

modo, todas as ações relacionadas às pessoas sejam de desenvolvimento

sejam de retenção, precisam ser articuladas com as competências

organizacionais da empresa.

28

Diante da compreensão do Modelo de Gestão por Competências

podemos aprofundar nossa reflexão sobre a contribuição deste modelo para a

atuação de estratégia dos Recursos Humanos, visto que está área pode

através do mesmo, atuar de forma a integrar-se com a estratégia da empresa e

consolidar-se como uma função relevante e reconhecida no ambiente

organizacional.

A Gestão Estratégica de Recursos Humanos ainda é considerada um

conceito novo para o mundo dos negócios. Ruano (2003) coloca que este

termo foi popularmente utilizado na década de 80 nos Estados Unidos, só

chegando a ser discutido no Brasil nos anos 90. A função do RH tinha sua

identidade e papéis bem definidos até a década de 80, mas com as mudanças

econômicas e sociais, a função desta área dentro da empresa teve de ser

repensada, pois suas práticas já não faziam sentido.

Em muitas empresas o papel do profissional de gestão de pessoas era

(e em alguns casos ainda é!) limitado apenas a atividades como recrutamento,

seleção e treinamento. Por isso é pelas próprias necessidades da empresa e

do mercado, que vem evoluindo e impondo necessidades de mudanças e de

novas táticas de atuação, os gestores e profissionais da área passaram a

perceber que o RH não podia continuar sendo apenas especialista, mas

precisava ampliar sua visão, ter uma visão estratégica, de estrutura e do estilo

gerencial da organização.

Desta forma, muitas mudanças ocorreram nas atribuições dos

profissionais da área, como por exemplo; o RH deixou de ser visto como

operacional,. Reativo, administrativo, voltado para função e preocupado com o

qualitativo para ser mais estratégico, preventivo, consultivo, voltado para o

negócio e preocupado com o quantitativo. Assim, o RH passou a exercer um

papel mais amplo e fundamental para a realização das metas empresarial,

sendo ao mesmo tempo operacional e estratégico.

Segundo Ruano (2003) quando o RH adota o enfoque sistêmico, suas

atividades se estendem da administração de processos e administração de

pessoal, consolidando a característica de múltiplos papéis do profissional da

área. A autora enumera alguns desses papéis, dentro da visão sistêmica:

29

comunicador, selecionador, treinador, avaliador de desempenho, analista de

cargos, motivador, líder, negociador, gestor de qualidade e coach.

Frente a essa necessidade de atualização do papel do RH, têm surgido

muitas ferramentas e modelos para que o mesmo exerça papel estratégico nas

organizações. E é também com esse objetivo que a Gestão por Competência

vem ganhando cada vez mais espaços no mundo corporativo, principalmente

porque a sua intervenção abrange todas as pessoas da empresa e não

somente o RH.

A Gestão por Competência pode ser concedera uma útil e eficiente

ferramenta para uma Gestão Estratégica de Pessoas na medida em que

ambas visam alinhar as práticas de RH com o planejamento estratégico da

organização.

Conforme Carbone (2006) a Gestão por Competências busca aproximar

ao máximo as competências existentes na organização daquelas que são

necessárias para a consecução dos objetivos da empresa e para isso a Gestão

de Pessoas tem importante papel nesse processo, visto que seus subsistemas

(captação e alocação de talentos, educação corporativa, desenvolvimento,

remuneração, benefícios, e outros) podem promover e/ou desenvolver maior

desempenho profissional,e conseqüentemente, a eliminação de gaps ou

lacunas de competências.

Deste modo, a partir da estratégia organizacional, o RH pode orientar

suas políticas, planos e ações, integrando todos os seus subsistemas em torno

da aquisição das competências necessárias para que a organização alcance

seus objetivos.

Vemos então que a Gestão por Competências tem o papel de auxiliar os

gerentes e colaboradores a planejar, organizar, esclarecer, comunicar e

desenvolver seus talentos para que juntos possam alcançar crescimento

profissional e organizacional, possibilitando para o RH, uma atuação mais

próxima das pessoas estratégicas da organização, e , por isso, uma atuação

mais ativa e mais alinhada com as expectativas e necessidades da empresa e

das pessoas.

30

Ruano (2003) enumera os objetivos da Gestão por competências,

ressaltando que os mesmo são muito semelhantes aos da Gestão Estratégica

do RH, são eles:

• Vincular entrevistas, avaliações, treinamentos, coaching e

remuneração à visão, missão, valores e a cultura da empresa;

• Comunicar os comportamentos valorizados;

• Desenvolver a vantagem competitiva da empresa;

• Desenvolver um feedback de 360 graus;

• Encorajar a cooperação transfuncional;

• Focalizar a atenção na qualidade/comportamento orientando

para o cliente e orientas os gerentes quanto à estratégia e à

cultura corporativa;

• Planejar habilidades para quer a organização cresça;

• Facilitar o fluxo de pessoas através do negocio e das

fronteiras globais;

• Fechar as lacunas (gaps) de habilidades;

• Guiar decisões promocionais;

• Alinhar as competências organizacionais e individuais;

• Identificar critérios de seleção para entrevistas.(p.28-29)

Para Leme (2005) a Gestão por Competências surgiu para valorizar o

capital humano das empresas e o seu resultado é proporcionar par elas maior

produtividade, assertividade. Competitividade, ambiente participativo e

motivacional, valorização de talentos, comprometimento dos colaboradores,

gerências e equipes mais fortalecidas, foco em resultados e um diferencial de

mercado.

Podemos perceber que todas essas características são de fundamental

importância para o desenvolvimento das pessoas e da organização, fazendo

parte assim dos objetivos estratégicos propostos pela alta cúpula da

organização.

31

Segundo Dutra (2001) o fato da gestão de pessoas estar mais alinhada

com as expectativas e necessidades da organização, traz uma série de ganhos

tanto para a empresa, quanto para as pessoas. O autor cita tais ganhos:

• Para a organização: Simplicidade, flexibilidade e

transparência; Otimização de recursos e da massa salarial;

Direcionamento e otimização dos investimentos no

desenvolvimento profissional; Capacidade de atração,

retenção e potencialização de talentos; Flexibilidade de

modelo para adaptar-se às mudanças de estrutura,

organização do trabalho e tecnologia; Equilíbrio entre

remuneração e agregação de valor.

• Para as pessoas: Horizontes profissionais claros com critérios

de acesso bem definidos; Remuneração compatível com a

complexidade das atribuições e das responsabilidades e com

o mercado; Estímulo ao autodesenvolvimento e à ampliação

do espaço de atuação; Condições claras e objetivas par a

mobilidade ente as carreiras abrangidas pelo modelo. (p.42)

A gestão de pessoas propõe uma Gestão por competências mais

integrada aos objetivos e à missão da organização. Assim como as

competências comportamentais devem refletir as competências

organizacionais, do mesmo modo todas as ações relacionadas às pessoas

sejam de desenvolvimento sejam de retenção, precisam ser articuladas com as

competências organizacionais da empresa.

È importante salientar que a Gestão de Pessoas não ocorre apenas nos

Departamentos de Recursos Humanos das organizações. Esta atividade deve

ser vista pelos gestores das diversas unidades da companhia como parte do

seu trabalho que, se realizado corretamente, permite empresa atingir seus

objetivos estratégicos com maior efetividade.

Diante do exposto, vemos que o Modelo de Gestão por Competências

traz resultados concretos para o desenvolvimento de pessoas e organizações

e possibilita a atuação de um RH Estratégico, que assume seus múltiplos

32

papéis e caminha em busca de rentabilidade e metas empresarias, tornando-

se desta forma, um “parceiro” da organização, pois deixa de ser um cento de

custos e passa a assumir um papel efetivo, participando ativamente,

promovendo resultados para a empresa e partilhando de seu sucesso.

33

CONCLUSÃO

A partir deste estudo, pode-se afirmar que o desenvolvimento de

competências traz benefícios tanto às pessoas quanto às organizações. No

âmbito das organizações isso pode ser percebido na melhoria da qualidade de

seus produtos, serviços e processos internos. Como foi dito anteriormente aí

pode estar o diferencial competitivo para que uma empresa possa ocupar uma

posição de liderança em seu mercado na era atual

.No âmbito individual, o desenvolvimento de competências ajuda a

aumentar o grau de empregabilidade do profissional. Porém cabe destacar que

um profissional poderá ter todas as competências desejadas para um

determinado cargo em uma empresa, mas para o mesmo cargo, em outra

empresa, ser desejado outro perfil de competências, isso dá a idéia de que as

competências individuais precisam também estar alinhadas com as

competências organizacionais.

Dessa forma é possível perceber que havendo um alinhamento da

equação ‘ambições individuais’ x ‘competências essenciais à organização’, o

resultado será satisfatório par os dois lados.

Em paralelo as novas exigências do mercado corporativas, surgem à

necessidade de que os modelos de gestão organizacional e de pessoas sejam

repensados e atualizados para que as empresas se tornem competitivas e

alcancem os seus objetivos estratégicos.

Neste contexto, o Modelo de Gestão por competências vem ganhando

espaço, visto que o mesmo propõe desenvolver as competências individuais e

organizacionais que são fundamentais para o alcance das expectativas e

necessidades organizacionais. Este modelo acredita que empresa e

colaboradores podem desenvolver-se através da troca de suas competências,

sejam elas técnicas ou comportamentais.

A Gesto por Competências pode ser implementada como um recurso

para a Gestão Estratégica de Recursos Humanos, pois permite que este

departamento atue de forma mais alinhada com as metas e objetivos das

organizações e das pessoas, trazendo ganhos para ambas. Desta forma o RH

34

consolida o seu papel estratégico nas organizações ao passo que atua de

forma mais ativa e presente junto aos gestores e diretores da organização.

De fato, a sua aplicabilidade ainda é muito discutida visto que ainda

existem muitas dúvidas entre gestores e profissionais da área. No entanto,

observamos crescente interesse sobre o tema e percebemos que o modelo se

bem utilizado trará resultados concretos e relevantes para as empresas.

È importante destacar que antes de aplicar Gestão por Competências

o assunto deve ser bem pesquisado e discutido pelos profissionais envolvidos,

pois cada etapa precisa de ser bem compreendida, planejada e cumprida para

que o projeto seja concluído e bem sucedido

Outro fator importante é não esquecer que as organizações são

dinâmicas e por isso a Gestão por Competências, quando implantada, precisa

ser acompanhada constantemente para se ter a certeza de que as

competências organizacionais e de cada função continuam atendendo as

necessidades da mesma, pois as características que a empresa precisa para o

seu bom desenvolvimento podem sofrer alterações ao longo do tempo, diante

de mudanças do mercado ou até mesmo de mudanças realizadas na própria

empresa.

Não podemos deixar de ressaltar, também, que a Gestão por

competência é um conjunto de ferramentas, instrumentos e processos

metodológicos aplicados à gestão de pessoas. Sua implantação em uma

organização passa por um processo de mudança que pode alterar, até mesmo

a cultura organizacional, e como em qualquer mudança é imprescindível haver

apoio da alta administração, comprometimento dos profissionais que exercer

cargos de liderança e transparência no processo de forma a passar

credibilidade.

O grande desafio é dar o primeiro passo, pois toda a compreensão de

Gestão de Pessoas, de seu conceito, implantação e resultados, não terão

nenhuma valia se não sair do discurso e do papel. Sabemos que as dúvidas e

dificuldades existem, e vão existir sempre, mas nunca serão superadas se não

forem encaradas de forma desafiadora e positiva para os ganhos futuros.

35

Neste trabalho, tentamos expor a idéia do Modelo de Gestão de

Pessoas como uma ferramenta para um RH estratégico, a partir de uma visão

geral e objetiva e por isso é bom ressaltar que o mesmo não tem a pretensão

de esgotar as atividades e temáticas em torno do assunto, mas sim de instigar

aos interessados no assunto, a curiosidade e vontade de ampliar os seus

conhecimentos através de novas leituras e discussões sobre o tema.

36

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BEZERRA, J. Apostila da Disciplina Tópicos Especiais em Administração III.

UNESA, 2008.

BUARQUE, Aurélio. Novo Aurélio – Dicionário de Língua Portuguesa Séc.

XXI. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004.

CARBONE, Pedro Paulo, BRANDÃO, Hugo Pena, LEITE, João Batista Diniz,

VILHENA, Rosa Maria de Paula. Gestão por competências e gestão do

conhecimento. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas; o novo papel dos recursos

humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 1999 – 21ª Reimpressão.

DUTRA, Joel Souza, FISCHER, André Luiz, HIPÓLITO, José Antônio Monteiro,

FLEURY, Maria Tereza Leme, EBOLI, Marisa. Gestão por competência: um

modelo avançado para o gerenciamento de pessoas. São Paulo: Editora

Gente, 2001.

DUTRA, Joel Souza. Gestão de Pessoas: modelos, processos, tendências e

perspectivas. São Paulo: Editora Atlas, 2002.

FERNANDES, Almir. Administração inteligente. São Paulo: Futura, 2001.

FLEURY, Afonso, FLEURY, Maria Tereza Leme. Estratégias empresariais e

formação de competências. São Paulo: Atlas, 2001.

GRAMIGNA, Maria Rita. Modelo de competências e gestão de talentos. 2ª

edição. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

37

WOOD JR, Thomaz. Remuneração por habilidades e por competências. São

Paulo: Atlas, 1999.

38

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O QUE SÃO COMPETÊNCIAS 9

1.1 – Conceito de Competências 9

1.2 – Os Três Pilares da Competência 13

1.3 – Competências técnicas X Competências

Comportamentais 14

1.4 – Competências Individuais X Competências

Organizacionais 15

CAPÍTULO II

GESTÃO POR COMPETÊNCIAS 17

2.1 – Compreendendo o Modelo de Gestão por

Competências 17

2.2 – Implantação de Gestão por Competências 19

2.2.1 - Conscientização 20

2.2.2 – Definição, Identificação e Mapeamento das

Competências 21

2.2.3 – Plano de Desenvolvimento e Seleção 22

2.2.4 – Mensuração/Avaliação e Acompanhamento 24

39

CAPÍTULO III

GESTÃO POR COMPETÊNCIAS COMO FERRAMENTA

PARA UM RH ESTRATÉGICO 26

CONCLUSÃO 48

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 52

ÍNDICE 38